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CAMPUS DE JI-PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – PPGEM
MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Ji-Paraná/RO
Fevereiro de 2023
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Ji-Paraná/RO
Fevereiro de 2023
Catalogação da Publicação na Fonte
Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA - JI-PARANÁ
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado de autoria de ANA PAULA LEITE
CARDILIQUIO, submetida ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática – PPGEM, da
Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, na Linha de Pesquisa Formação de Professores que
Ensinam Matemática, defendida em 15 de fevereiro de 2023, em Ji-Paraná-RO, perante a Banca
Examinadora composta pelo/as docentes:
Documento assinado eletronicamente por RUTE CRISTINA DOMINGOS DA PALMA, Usuário Externo,
em 04/06/2023, às 22:21, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
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RESUMO
The education of teachers who teach Mathematics is the focus of this research, which
aims to investigate the education offered by the Pedagogy courses of the Federal
University of Rondônia (UNIR), regarding the preparation of the pedagogue to act as
a teacher in and with Mathematics teaching in the early years of Elementary Education.
The theoretical bases are supported mainly by Veiga (2008), Bissolli (2006), Franco
(2008), Gatti and Nunes (2008; 2009), Imbernón (2010), Curi (2004; 2005), Lima
(2011), Matos (2016) and Castro (2018). The methodology is based on the qualitative
research approach, anchored in Fiorentini and Lorenzato (2012) and Lüdke and André
(2013), and documentary research was the method of data collection/production,
based on Gil (2007). The Pedagogical Projects of Courses (PPCs) of the six courses
of Pedagogy of UNIR were the objects of analysis. UNIR was chosen for being the only
public university of the state of Rondônia and, thus, responsible for great part of the
active pedagogues in the education network in this state. About the research
considerations, it can be observed the low quantity of topics related to mathematics
contents in the PPCs, evidencing the privilege in relation to didactic and
methodological contents, as well as a reduced number of hours provided for
mathematical education of future pedagogues who will act as teachers of the early
years of Elementary Education. Based on the data, it was also considered a gap in the
mathematical education of future pedagogues who will act as teachers in the early
years of Elementary Education.
RESUMO................................................................................................................................... 5
ABSTRACT ............................................................................................................................... 6
LISTA DE QUADROS ............................................................................................................. 7
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... 9
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................. 10
SUMÁRIO ............................................................................................................................... 12
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13
CAPÍTULO I – O CURSO DE PEDAGOGIA NO BRASIL: DO CONTEXTO
HISTÓRICO À FORMAÇÃO DE PROFESSORES .......................................................... 20
1.1. A História do Curso de Pedagogia no Brasil: um breve panorama de
sua legislação ................................................................................................................... 20
1.2. A Formação do Curso de Pedagogia para a Docência nos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental ................................................................................................. 32
CAPÍTULO II – A FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO E O ENSINO DE
MATEMÁTICA ........................................................................................................................ 35
2.1. A Formação Inicial em Pedagogia para o Ensino da Matemática ........... 35
2.1.1 Conteúdos para a formação matemática do pedagogo .......................... 35
2.1.2 A importância da formação do pedagogo como professor que ensina
Matemática .................................................................................................................... 39
2.2. Conhecimentos para Ensinar Matemática nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental ..................................................................................................................... 41
2.2.1 O currículo de Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental
.......................................................................................................................................... 43
2.2.2 O Referencial Curricular de Rondônia ......................................................... 55
2.3. Pesquisas sobre a Formação Inicial do Pedagogo para Atuar no e com
o Ensino de Matemática................................................................................................. 61
CAPÍTULO III – PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA ................................ 75
3.1. Abordagem Metodológica .................................................................................. 75
3.2. Procedimentos de Coleta/Produção de Dados ............................................. 76
3.3. Etapas da Pesquisa .............................................................................................. 77
3.4. Processo de Análise de Dados ......................................................................... 81
CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................... 83
4.1. Objetivos de Formação e Atuação Docente Propostos pelos Cursos ... 83
4.2. Disciplinas Formativas para o Ensino da Matemática Ofertadas pelos
Cursos de Pedagogia da UNIR..................................................................................... 86
4.3. Dos Componentes Curriculares à Formação Matemática nos Cursos de
Pedagogia da UNIR ......................................................................................................... 92
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 107
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 110
INTRODUÇÃO
Além disso, a legislação publicada no ano de 2015 fixou a carga horária mínima
para os cursos de licenciatura em 3.200 horas, distribuídas em oito semestres, que
deverão ser dispostas da seguinte forma, conforme Dourado (2015, p. 310):
Tendo isso em vista, a mesma Nota (BRASIL, 2022) abre a possibilidade para
que o curso de Pedagogia se divida em duas licenciaturas: licenciatura para Educação
39
possam compreendê-la como uma atividade humana construída ao longo dos tempos,
bem como seu caráter imprescindível à sociedade.
Segundo o princípio de que não se ensina o que não se sabe, e considerando
os estudos de Barreto (2011) e Lopes (2009), que apontam para uma possível aversão
à Matemática atrelada ao pedagogo, justificada muita das vezes pelas experiências
negativas na Educação Básica, chegamos ao apontado por Curi (2004), que sai em
defesa de uma formação de professores pedagogos que contemple conteúdos
matemáticos.
Para tanto, Curi (2004) e Castro (2018) sustentam que currículos para o curso
de Pedagogia devam abordar conteúdos de Matemática, com vistas a fornecer
subsídios à prática docente desses conteúdos, defendendo que, ao serem ministrados
no curso, devam ir para além dos conteúdos propostos para os anos iniciais do Ensino
Fundamental.
A este respeito, Fiorentini (2005, p. 110) ressalta que,
[...] para ser um professor de Matemática não basta ter um domínio conceitual
e procedimental da Matemática produzida historicamente. Sobretudo,
necessita conhecer seus fundamentos epistemológicos, sua evolução
histórica, a relação da Matemática com a realidade, seus usos sociais e as
diferentes linguagens com as quais se pode representar ou expressar um
conceito matemático.
Isso significa que o modo pelo qual esse entendimento é comunicado leva ao
aluno o que é essencial sobre um assunto e o que é periférico. Ao enfrentar
a diversidade dos alunos, o professor deve ter a flexibilidade e a
compreensão multifacetada, adequada para conceber explicações
alternativas dos mesmos conceitos e princípios (ALMEIDA; BIAJONE, 2007,
p. 288).
Portuguesa. Todavia, supõe-se que ele também tenha tido uma forte base de estudo
quanto à formação pedagógica, que envolve a didática, as metodologias de ensino, a
avaliação, entre outros. Além de tais conhecimentos, presumimos que tenha recebido
conhecimentos do currículo, assim como sobre as normas que regem a educação.
Demarcado este ponto, esclarecemos que nesta pesquisa analisamos a
formação do pedagogo, que se trata de uma formação multidisciplinar, em que o
conteúdo específico se divide em diversas áreas de conhecimento, como Língua
Portuguesa, Ciências, dentre outras, no entanto, nosso foco é o conhecimento
específico relativo à Matemática como área de conhecimento.
de 2010, que fixou DCNs para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos; DCNs Gerais
da Educação Básica (BRASIL, 2013); e BNCC (BRASIL, 2017).
Em se tratando dos conteúdos recomendados para a Matemática no Ensino
Fundamental, cabe observar que durante a década de 1990 foi intensificada a
discussão sobre a construção de um currículo na rede básica de educação, dando
origem aos PCNs, que buscavam construir um currículo em âmbito nacional para a
Educação Básica.
O propósito dos PCNs era dar a todos os alunos da rede básica acesso aos
mesmos conteúdos, sem deixar de considerar a autonomia das secretarias de
educação, com vistas a respeitar as diversidades culturais do Brasil.
No tocante à proposta dos PCNs para o currículo de Matemática, havia uma
compreensão de que este não deveria ser apresentado de forma neutra, mas de modo
que propiciasse um ensino que levasse ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da
criticidade e criatividade do aluno, por meio de estudos, pesquisas, práticas e debates,
balizados pelos seguintes princípios:
Com o avanço na educação brasileira ocorrido no início dos anos 2000, o CNE
do MEC promoveu diversas discussões em debates e audiências públicas, com a
participação de entidades representativas ligadas à Educação Básica e pesquisadores
da área de educação, para a atualização das diretrizes.
Dessas discussões decorreu um grande marco na Educação Básica, que foi a
publicação da Resolução CNE/CEB nº 7/2010, pois, por meio dela, torna-se
obrigatória a matrícula de crianças com seis anos completos – ou a completar até o
dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula – no Ensino Fundamental. Além
disso, essa resolução apresenta o currículo do Ensino Fundamental como uma
constituição das vivências e experiências escolares em torno do conhecimento,
“permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos
com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as
identidades dos estudantes” (BRASIL, 2010, p. 3).
Novamente, com as mudanças ocorridas na educação do país, surge:
Em relação à seleção dos conteúdos que devem estar presentes nos currículos
de Matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental do estado de Rondônia, o
referido referencial se baseou nos PCNs, apresentando os conteúdos divididos em
quadros, por ano escolar, destacando, ainda, o eixo temático e as competências e
habilidades relativas a cada um dos conteúdos.
Em observância a esse documento, podemos sintetizar os conteúdos
matemáticos por ele preconizados, apresentando-os a seguir, na forma de quadros
para cada um dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
1A busca foi realizada no dia 4 de agosto de 2022, às 15h33. Destacamos dia e horário, pois, como o
Catálogo é atualizado constantemente, o leitor pode encontrar um número diferente ao realizar
pesquisar com o mesmo descritor em datas futuras.
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A importância da educação
Darcio Pereira
matemática na formação do
Damaceno Mestrado Profissional em
pedagogo: um estudo com
Matemática em Rede (PROFMAT)
discentes de Pedagogia em 2018
Orientador: Prof. Dr. da Universidade Estadual do
uma instituição privada de
Raimundo J. B. Maranhão (UEMA)
Paço do Lumiar – MA
Brandão
(Dissertação)
Insubordinação, invenção e
Joao Carlos Pereira de
educação matemática: a
Moraes Programa de Pós-Graduação em
produção de reflexões por
2018 Educação da Universidade de São
meio do espaço na formação
Orientador: Prof. Dr. Paulo (USP)
inicial docente em Pedagogia
Oscar João Abdounur
(Tese)
Formação do pedagogo para
Amanda Scapini
o ensino da Matemática nos Pós-Graduação em Educação em
Maldaner
anos iniciais: um olhar para Ciências e Matemática da
2020
os currículos das Universidade Federal do Paraná
Orientadora: Prof.ª Dr.ª
Universidades Federais no (UFPR)
Tania T. Bruns Zimer
Brasil (Dissertação)
Formação docente em ensino
Fernanda Cíntia Costa
de Matemática anos iniciais
Matos
do Ensino Fundamental: Programa de Pós-Graduação em
caminhos trilhados a partir da 2020 Educação da Universidade Federal
Orientador: Prof.ª Dr.ª
metodologia Sequência do Ceará (UFC)
Maria José Costa dos
Fedathi e da Teoria da
Santos
Objetivação (Tese)
Conhecimentos necessários
ao ensino da Matemática nos
Sirley Leite Freitas Programa de Pós-Graduação em
anos iniciais do Ensino
Educação da Universidade Estadual
Fundamental à luz da 2021
Orientador: Prof. Dr. Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
aprendizagem
José Carlos Miguel (UNESP)
desenvolvimental: estudo no
estado de Rondônia (Tese)
Ronaldo Floreano dos
Santos
A formação do pedagogo e o Programa de Pós-Graduação em
ensino da Matemática 2021 Educação da Universidade Católica
Orientador: Prof. Dr.
(Dissertação) de Brasília (UCB)
Renato de Oliveira
Brito
Formação do pedagogo e a
Base Nacional Comum Dina Séfora Santana
Programa de Pós-graduação em
Curricular (BNCC): uma Menezes Lima
Ensino de Ciências e Matemática do
análise sobre os saberes
2021 Instituto Federal de Educação,
pedagógicos necessários ao Orientadora: Prof.ª Dr.ª
Ciências e Tecnologia do Ceará
ensino de Probabilidade e Maria Cleide da S.
(IFCE)
Estatística nos anos iniciais Barroso
(Dissertação)
Fonte: Pesquisas levantadas pela autora desta pesquisa no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES
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2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Após a análise das pesquisas relacionadas nos Quadros 18 e 19, foi constatada
a fragilidade na formação inicial dos pedagogos quanto aos conhecimentos
matemáticos necessários à atuação docente nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
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[...] grande parte dos cursos de Pedagogia, hoje, tem como objetivo central a
formação de profissionais capazes de exercer a docência na Educação
Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nas disciplinas
pedagógicas para a formação de professores, assim como para a
participação no planejamento, gestão e avaliação de estabelecimentos de
ensino, de sistemas educativos escolares, bem como organização e
desenvolvimento de programas não-escolares (MATOS, 2016, p. 93).
Por outro lado, com base no objetivo geral destacado nos PPCs em análise,
verificamos que todos os cursos de Pedagogia da UNIR, exceto o do Campus de
Guajará-Mirim, preveem uma formação voltada para a docência nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
Neste caso, vale considerar que os cursos de Pedagogia dos campi de Porto
Velho e Ji-Paraná, ao contrário dos cursos de Pedagogia dos campi de Rolim de
Moura, Vilhena e Ariquemes (conforme enunciado nas citações anteriores),
direcionam sua formação ao pedagogo apenas para o exercício da docência, sem
previsão de uma formação voltada para a atuação na gestão escolar ou educacional.
Cunha (2010, p. 43) destaca que nos cursos de formação docente, em especial
de Pedagogia, “deve ser oferecida uma formação específica que permita ao futuro
professor ter domínio dos conhecimentos na área do conhecimento na qual atua. Ou
seja, é necessário que o curso forneça estes elementos conceituais básicos da
Matemática”.
Nessa perspectiva, considerando que a formação docente multidisciplinar do
pedagogo deve abranger diversos conteúdos da educação formal, sobretudo nos
primeiros anos da Educação Básica, incluído entre eles a Matemática, buscamos
dentre os componentes curriculares oferecidos pelos cursos de Pedagogia analisados
quais deles se referem a conteúdos voltados para o ensino da Matemática,
especialmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Aqui, voltamos a atenção para as matrizes curriculares dos cursos analisados,
com base nos estudos de Matos (2016, p. 23), considerando que a:
Porto Velho e Ji-Paraná, ambos com o nome de Matemática Básica e carga horária
de 40h, estão relacionados a conhecimentos ou conteúdos matemáticos gerais, com
suas ementas destacando:
“Construção histórico-pedagógica da prática e do pensamento
matemático; conjuntos numéricos; naturais, inteiros e racionais;
fração; razão; proporção; porcentagem; potenciação; radiciação;
racionalização; situação-problema” (UNIR/DED/Porto Velho, 2012, p.
113).
É difícil crer que um curso com 3.200 horas possa formar professores para
três funções que têm, cada uma, sua especificidade: a docência, a gestão, a
pesquisa, ou formar, ao mesmo tempo, bons professores e bons
especialistas, com tantas responsabilidades profissionais a esperar tanto do
professor como do especialista. Insistir nisso significa implantar um currículo
inchado, fragmentado, aligeirado, levando ao empobrecimento da formação
profissional (LIBÂNEO, 2006, p. 861).
Autores como Curi (2004; 2005), Cunha (2010), Nacarato, Mengali e Passos
(2014), Lima (2011), Montibeller (2015), Maldaner (2020), entre outros, apresentam
em seus estudos um panorama que evidencia ser insuficiente a carga horária
destinada aos conteúdos relacionados à Matemática nos cursos de Pedagogia. Neste
contexto, constatamos, ainda, que além de carga horária reduzida nos cursos
analisados, os conteúdos matemáticos em seus PPCs são apresentados de forma
reduzida, inviabilizando, assim, um aprofundamento de estudos.
Ao observarmos as cargas horárias totais dos cursos aqui analisados,
verificamos que variam entre 3.200 e 3.740 horas e, a partir dessa informação,
ativemo-nos, na sequência, a verificar qual a porcentagem dessa carga horária é
destinada aos conteúdos relacionados à Matemática.
O curso de Pedagogia do Campus de Porto Velho apresenta uma carga horária
total de 3.480 horas, das quais apenas 120 horas delas são destinadas à Matemática,
ou seja, 3,4% do curso.
No curso de Pedagogia do Campus de Guajará-Mirim verificou-se uma carga
horária total de 3.200 horas e a oferta de apenas uma disciplina de 80 horas
relacionada à Matemática, o que corresponde a 2,5% do curso.
O curso de Pedagogia do Campus de Ji-Paraná apresenta a maior carga
horária entre os cursos analisados: 3.740 horas. Entretanto, ao tratarmos dos
conteúdos relacionados à Matemática, temos um quantitativo de 120 horas,
representando 3,2% do curso.
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Nesse sentido, tomamos como base a premissa de que, para que seja possível
ensinar, é preciso conhecer o que será ensinado, ou seja, que,
[...] para ensinar bem, o professor precisa ser um profissional que domine
com segurança os conteúdos do ensino e as condições de ensino, o que
requer conhecimentos específicos. Pressupõe um conhecimento base e
necessita de espaço e condições para a tomada de decisões. O professor
deve ser aquele que faz, sabendo como e quando fazer (CURI, 2011, p. 93).
Não distante do que tem sido observado pelos autores aqui mencionados, nota-
se que diante do quadro de ementas apresentado (Quadro 20), formulado com base
nos cursos em análise, constatamos que apenas os cursos de Porto Velho, Ji-Paraná
e Ariquemes apresentam disciplinas relacionadas especificamente aos conteúdos
matemáticos, a saber: Matemática Básica, nos campi de Porto Velho e Ji-Paraná; e
Matemática Básica e Estatística Aplicada à Educação, no campus de Ariquemes.
Destacamos que apenas o componente curricular do curso de Ariquemes é
obrigatório, sendo os demais optativos.
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Lima (2013, p. 157) aponta que “é necessário ao professor que ele tenha o
conhecimento científico da disciplina que irá ensinar para transformá-lo em
conhecimento pedagógico”. Em consonância com o afirmado, Montalvão e Mizukami
(2002, p. 105) esclarecem que o conhecimento do conteúdo da disciplina:
Uma vez que os PCNs são a principal base de formação para o currículo de
Matemática da Educação Básica no espaço temporal de integralização dos PPCs
analisados, verificamos que apenas o curso de Pedagogia do Campus de Vilhena faz
menção a esse aspecto, apresentando o conteúdo específico de “Parâmetro
Curricular Nacional de Matemática” (Campus Vilhena).
Nacarato, Mengali e Passos (2014, p. 38) evidenciam em sua pesquisa a
importância de o professor ter acesso, durante sua formação inicial, às “atuais
tendências em Educação Matemática”, com vistas a contribuir no processo de ensino-
aprendizagem da Matemática.
Nas ementas em análise, observamos a existência de tópicos que tratam de
tais tendências nos seguintes componentes curriculares, conforme apresentado a
seguir: Metodologia do Ensino de Matemática, tratando sobre: “O uso dos recursos
didáticos nas aulas de Matemática. Jogos e recursos tecnológicos para o ensino de
Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental” (UNIR/DACHS/Ji-Paraná,
2018, p. 66); Fundamentos e Prática do Ensino de Matemática, abordando: “As
brincadeiras e jogos nas aulas de matemática. A história da Matemática como recurso
pedagógico” (UNIR/DEPED/Rolim de Moura, 2008, p. 82); Fundamentos e Prática do
Ensino de Matemática I, enfocando: “abordagens metodológicas para o ensino e
aprendizagem da Matemática na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental”, e Fundamentos e Prática do Ensino de Matemática II, com enfoque
em: “Tendências para o ensino de Matemática: Etnomatemática; Solução de
problemas; Modelagem; História da Matemática. O uso de jogos como estratégia de
ensino de Matemática” (UNIR/DACED/Vilhena, 2009, p. 93).
Nacarato, Mengali e Passos (2014) destacam, ainda, a importância de que os
programas de formação inicial de professores que ensinam Matemática abarquem
conteúdos que favoreçam, de fato, um contato com as tendências da Educação
Matemática, de modo que seja viável proporcionar aos profissionais em formação
subsídios para o ensino da Matemática em consonância com as atuais tendências.
Outro ponto que chamou a atenção na análise dos PPCs diz respeito aos jogos
como recursos metodológicos para o ensino de Matemática. Nesse caso, constatamos
105
que três dos PPCs apresentaram conteúdos relacionados à utilização desse recurso
didático voltado especificamente para a Matemática, sendo eles os cursos de
Pedagogia dos campi de Ji-Paraná, Rolim de Moura e Vilhena.
Os PCNs de Matemática (BRASIL, 1997) orientam para a importância da
utilização desse recurso como facilitador no processo de ensino-aprendizagem.
[...] um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam
no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso é importante que os jogos
façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a
potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se
deseja desenvolver (BRASIL, 1998, p. 36).
Outra ferramenta de ensino que chama a atenção está relacionada aos usos
de recursos tecnológicos. A tecnologia avançou de maneira tal que se faz presente no
cotidiano dos mais diversos setores e não seria diferente no cotidiano da vida escolar,
mas há que se entender que o professor deve estar atento à inserção da tecnologia
em sala de aula e, a partir daí, estabelecer objetivos claros e voltados ao ensino e
aprendizagem. Sobre isso Valente (2008, p. 76) destaca que:
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Esta pesquisa tinha como objetivo geral investigar qual formação vem sendo
proposta pelos cursos presencias de Pedagogia da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR) quanto à preparação do pedagogo para atuar como docente no e com o ensino
da Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para que fosse possível
alcançar tal objetivo, este foi desmembrado em quatro objetivos específicos.
Deste modo, em relação ao primeiro objetivo específico, buscou-se mapear
os cursos presenciais de Pedagogia da UNIR, bem como seus respectivos PPCs.
Então, após realizado o levantamento, foram identificados seis cursos de Pedagogia
ofertados pela IES, mas que, apesar de serem ofertados pela mesma Instituição,
possuem PPCs diferentes.
No levantamento dos dados, averiguou-se que os PPCs dos seis cursos
analisados datam de diferentes anos de (re)formulação. O PPC (re)formulado há mais
tempo é do curso de Pedagogia do Campus de Rolim de Moura, que data do ano de
2008. Observou-se, também, que o mais recente é PPC do curso do Campus de Ji-
Paraná, do ano de 2018. Assim, com base nessas informações, foi possível constatar
um lapso temporal de 10 anos, uma vez que todos os PPCs do curso de Pedagogia
em análise foram (re)formulados entre os anos de 2008 e 2018. Consideramos
importante ressaltar os anos de aprovação e publicação dos PPCs, pois, como já
apresentado, houve diversas alterações na legislação educacional, que se constituem
também como importante objeto para análise desses conteúdos.
No ano de 2006, foram promulgadas as DCNs para o curso de Pedagogia, por
meio da Resolução CNE/CP nº 1/2006, e, considerando que todos os PPCs em
análise foram publicados após o lançamento dessas diretrizes, pressupõe-se que
todos eles estejam de acordo com essas diretrizes, que têm como escopo nortear o
curso de Pedagogia no Brasil. Em 2015 houve a publicação da Resolução CNE/CP nº
2/2015, que: “Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em
nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados
e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada” (BRASIL, 2015),
sendo assim, os PPCs dos cursos de Rolim de Moura, Vilhena e Porto Velho, que
datam de 2008, 2009 e 2012, respectivamente, não atendem a essas diretrizes. Por
fim, nenhum dos cursos analisados contemplam as recomendações da Resolução
CNE/CP nº 2/2019, que definem as DCNs para formação inicial de professores para
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BAZZO, Vera Lúcia; SCHEIBE, Leda; DURLI, Zenilde; KOCH, Zenir Maria. Docência
como base e identidade do curso de Pedagogia no Brasil. In: XI Seminário
Internacional de la Red Estrado, 2018, Cidade do México. Anais... Cidade do
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114
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LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez,
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http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S2176-
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