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CAMPUS ARAPIRACA
CURSO DE MATEMÁTICA LICENCIATURA
ARAPIRACA
2022
BRUNO AURELIANO DA SILVA
ARAPIRACA
2022
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Campus Arapiraca
Biblioteca Campus Arapiraca - BCA
CDU 51
Banca Examinadora
Sou grato inicialmente ao universo por, em seu processo de expansão contínuo, ter
cruzado o meu caminho com o de pessoas incríveis que me potencializaram como estudante,
doravante professor de matemática e, sobretudo, como ser humano.
Aos amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade incondicional e pelo
apoio demonstrado ao longo de todo o período em que me dediquei a este trabalho, em especial,
a Riquele Gama e Fabrício Lima.
Aos professores que participaram da banca: Profa. Dra. Simone Fonseca; Prof. Dr. José
Barros; Prof. Dr. Moreno Bonutti e ao Prof. Me. José Fábio Boia, pelas correções, contribuições
e ensinamentos que me permitiram rever, pensar e melhorar a pesquisa. Deixo aqui também,
meu profundo agradecimento aos demais professores do curso de matemática que de alguma
forma contribuíram para a minha formação.
A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste trabalho
de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
Aos meus colegas de turma, por compartilharem comigo tantos momentos de
descobertas e aprendizado e por todo o companheirismo ao longo deste percurso.
“A cultura é como uma lente através do qual o
homem vê o mundo”. Ruth Benedict
RESUMO
This work aims to investigate the contributions of the insertion of to bacco cultivation in the
formulation of questions aimed at the construction of mathematical knowledge in a seventh-
grade class, in Elementary School II, in a school located in a settlement, rural area of Girau do
Ponciano/AL. In this sense, using Ethnomathematics as a methodological resource for Problem-
Based Learning (BPA) in the classroom. The research-based methodology is divided into two
parts. In the first, there is an Ethnographic case study conducted with some fumicultores,
making use of interviews, recordings, notes and conversations. In the second, there is the
application of the aforementioned methodology in the classroom, with application of pre-test
and post-test, that is, quali-quantitative. The theoretical contributions of the study come from
Ethnomathematics. The research material focuses, in particular, on the productions of Ubiratan
D'Ambrosio, considered "the father of Ethnomathematics" and other scholars. The results of
this investigative work show that through this methodology activates the reality of students,
there is a facilitation in learning in the discipline of mathematics, making it attractive, promotes
collaboration and autonomy of students, promotes a recognition and praise of the cultural roots
of students.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................96
REFERÊNCIAS..........................................................................................................99
Nessa pesquisa, o foco, em especial, foi o plantio de fumo, pois é uma atividade
econômica geradora de renda na vida de várias famílias na cidade de Girau do Ponciano/AL.
Nessa perspectiva, o estudo tem o intuito de investigar as contribuições da inserção da
fumicultura na formulação de questões voltadas para a edificação do saber matemático em uma
turma de sétimo ano, no Ensino Fundamental II, em uma escola situada num assentamento,
zona rural de Girau do Ponciano/AL., na Escola Municipal de Educação Básica Luciano Alves
da Silva, localizada no Assentamento 25 de Julho – Padre Cícero, s/nº., situada em Girau do
Ponciano, Alagoas.
Nesse sentido, é notório que a disciplina de matemática é considerada pela maioria dos
estudantes um dos componentes curriculares mais difíceis da grade escolar. Contudo,
possivelmente, um ponto a ser considerado, é o distanciamento dos conteúdos com o cotidiano
dos estudantes. Entretanto, por vezes, o professor de matemática, enquanto mediador, deve
estabelecer uma ponte entre o objeto de conhecimento e a realidade do aluno. Nesse sentido,
tendo em mente que os educandos já trazem consigo um conhecimento matemático a priori,
uma vez que são produtos e produtores de cultura, podemos trazê-lo, simultaneamente, com a
realidade do aluno na construção de problemas matemáticos.
Diante disso, faz-se necessário a busca por novos procedimentos metodológicos e
recursos didáticos que possibilitem a construção do saber matemático, ao passo que estimulem
os alunos a estudarem a matemática escolar. Pensando nisso, esta pesquisa está embasada na
Etnomatemática como recurso metodológico para a Aprendizagem Baseada em Problemas
(ABP) no ensino de matemática, valendo-se da fumicultura. À vista disso, a Etnomatemática
estaria associada a forma que diferentes povos matematizam o seu meio. Daí, segundo
D’Ambrósio (1993, p. 6), ela “Parte da realidade e chega, de maneira natural e através de um enfoque
cognitivo com forte fundamentação cultural, à ação pedagógica”.
Dessa forma, foram traçados os seguintes objetivo específicos: 1. investigar os saberes
matemáticos que estão envolvidos no processo do plantio à venda do fumo; 2. analisar a
aplicação da fumicultura para se trabalhar em sala de aula, propondo-se também, aderir meios
para relacionar o conhecimento matemático escolarizado com os saberes matemáticos do
campo; 3. levantar questões acerca da realidade dos discentes na formulação de problemas
matemáticos, tornando a disciplina matemática mais significativa e atrativa.
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A latu senso, pode-se afirmar que a Etnomatemática estaria associada a forma que os
seres humanos se organizam, comparam, medem, registram, contam, representam, entre outras
situações. Adentrando no campo material, simbólico, imaginário e religioso. Seguindo com essa
linha de pensamento, nos questionemos: desde quando existiram manifestações matemáticas no
contexto cultural dos povos antigos?
Não existe um ponto de partida certeiro para responder essa indagação. O que existem
são apenas teorias de onde foram encontradas as primeiras formas dessas manifestações. A
saber, no continente africano com o surgimento dos primeiros humanos. Entretanto, podemos
partir de forma mais precisa sobre o que é a Etnomatemática e sua origem, considerando o
momento histórico no qual esse termo foi criado, levando em conta sua etimologia e, sobretudo,
a necessidade da sua existência e suas ramificações, tendo em vista que a matemática sempre
esteve presente na vida das pessoas em diferentes épocas e nos mais variados contextos.
Nesse sentido, o termo Etonomatemática origina-se no Brasil, no século XX ou, mais
especificamente, no ano de 1970. Surge como uma proposta educacional em decorrência do
currículo excludente e insuficiente da época, influenciado por grandes revoluções que o
precederam. Como nos diz Matos (2009):
que a sociedade brasileira ganha uma nova caricatura, sua estrutura social sofre transformações
e com elas, o tipo de sujeito que se quer construir também, de acordo com os anseios da
sociedade, ou melhor, dos grupos dominantes que tecem a história.
Até o ano de 1950, a matemática alinhava-se ao modelo Euclidiano, ou seja, segundo
Matos (2009, p. 20) ela é “uma ciência que se encontra pronta, não há construção humana,
portanto, ela é “a-histórica”. Pela intuição, o homem pode apenas descobrir as ideias e os
conceitos que preexistem e que se encontram adormecidos em sua mente.” Nessa perspectiva,
ela era estática e suas conceituações eram inatas ao homem, encontrando-as no seu interior para
serem exteriorizadas. O sistema de ensino era fundamentado em uma tendência Formalista
Clássica, onde
De acordo com Matos (2009), esse movimento visava unir três subáreas imprescindíveis
da matemática, introduzindo componentes unificadores, a saber, a Teoria dos Conjuntos,
Estruturas Algébricas, Relações e Funções. Ressaltando pontos triviais e lógicos dessa ciência
em detrimento de sua aplicação prática e mecanizada. Sem fundamento e metódica,
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estabelecida no currículo escolar. Somado a isso, objetivava que o ensino tanto do 1º quanto 2º
grau, estivessem de acordo com a matemática contemporânea, produto de um processo de
“algebrização”, potente, precisa e bem estruturada logicamente.
Dessa forma, o MMM teve sua culminância em 1960, no Brasil, pois houve uma
conscientização e formações para professores, alguns programas que discutiam sobre o ensino
da matemática e o currículo utilizado nessa década e edições de livros, convergindo para a
disseminação do pensamento modernista. Entretanto, se por um lado a didática utilizada para o
ensino da matemática impossibilitava a sua acessibilidade, não a tornava fácil e nem atrativa.
A postura adotada pelo docente na sala de aula continuava de transmissão, recepção e
reprodução de conhecimento. E segundo Burigo (1989);
Por outro lado, as pesquisas realizadas sobre o MMM, “[...] evidenciam a contribuição
do movimento para o desenvolvimento e estruturação da Educação Matemática, ratificando a
dimensão das reflexões e influências que este momento provocou e ainda provoca nas
discussões relativas à matemática escolar.” (CLARAS; PINTO, 2008, p. 4628).
Em contrapartida, Matos (2009) ainda nos afirma que:
Nos anos 70, com o objetivo de inserir a escola nos modelos de racionalização
do sistema de produção capitalista, a pedagogia adotada tem caráter tecnicista.
A escola teria a função de manter a estabilidade do sistema organizado e
funcional pelo qual passava a sociedade. Nesse sentido, os conteúdos nos
manuais e livros didáticos aparecem dispostos em passos sequenciais, com um
mínimo de texto nas introduções e uma série de exercícios para o aluno fazer
segundo um modelo já resolvido, contribuindo dessa maneira para o
adestramento e treinamento de técnicas. A pedagogia na tendência tecnicista
não estava centrada no professor nem no aluno, mas nos objetivos
instrucionais, nas técnicas de ensino e nos materiais utilizados, tais como
calculadoras e dispositivos audiovisuais. Apesar de tentar romper com o
formalismo pedagógico, a tendência tecnicista apresentou também um
reducionismo ao acreditar que as possibilidades da melhoria do ensino se
encontravam no emprego de técnicas especiais de ensino. No final da década
de 70 e continuando na década de 80, encontramos em praticamente todas as
regiões do país grupos de estudo e pesquisa em Educação Matemática que têm
como grande preocupação levar o aluno a pensar, a raciocinar cientificamente,
a desenvolver sua capacidade de reflexão e independência de pensamento.
Essa tendência comumente chamada de Construtivismo na Matemática
defende atividades a serem desenvolvidas em grupo. Assim, os alunos
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Segundo essa concepção, mesmo tentando romper com a forma de ensinar matemática
dos anos anteriores, a didática apresentada nos anos 70, colocava tanto o professor como
também os alunos em uma peça de coadjuvantes no processo de ensino e aprendizagem. Nesse
momento, os holofotes estavam direcionados para as técnicas, ao passo que se buscava uma
adaptação da nova realidade que estava se instaurando, isto é, com o advento da tecnologia.
Seguindo resoluções pré-determinadas e reduzindo a matemática através de estratégias de
cálculos e exercícios de fixação.
Em compensação, no final dessa década e até os anos 80, nasce uma nova tendência
para o ensino da matemática, conhecida como Construtivismo da Matemática, nela, almeja-se
formar sujeitos pensantes, autônomos, críticos e reflexivos. Trabalhando com o socioemocional
dos sujeitos através da cooperação. Assim, essa nova tendência considerava a matemática como
uma construção a partir da interação com o meio, o ensino e aprendizagem centraliza o discente.
Essa abordagem de ensino considera o professor como o mediador dos objetos de
conhecimento, em outras palavras, os objetos de conhecimento não são tratados como um fim
em si mesmo, mas um viés para se chegar à conclusão de conceitos, explicações e soluções para
as questões. Também são fundamentais. Diante disso, a matemática assume um caráter
formativo.
Desse modo, conforme Sanchis e Mahfoud (2010), quando falamos sobre a
aprendizagem nos referindo a abordagem construtivista, não podemos limitá-la de forma
alguma a aprendizagem formal, ela existe entrelaçada ao processo decisivo na construção do
sujeito, considerando seu estado de aprendizado do nascimento à morte, apreendendo e
interpretando sua realidade. Em contraste, “Essa tendência toma a psicologia como orientação
pedagógica principal, mas como a psicologia não é pedagogia, nem teoria educacional, não
podemos adotá-la como única fonte de orientação na prática pedagógica” (MATOS, 2009, p.
21).
À vista disso, considerando os acontecimentos anteriores, o professor e matemático
Ubiratan D’Ambrosio, com a alcunha de “o pai da Etnomatemática”, conta em uma entrevista
realizada pelo canal brasileiro UNIVESP TV, em “Vida de Cientista”, no ano de 2013, que
estava à frente de um projeto da Unesco intitulado “Análise Matemática” para a formação de
doutores em Mali, na África, sua vivência após algumas viagens nesse país, fizeram a
cultura/tradição daquele lugar chamar sua atenção. Além disso, constatou que a matemática é
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uma parte da história que é contada pelo povo do Ocidente, isto é, europeizada. Todavia,
questionou-se como seria a história contada pelos outros povos (Oriente). Ele queria
compreender como as pessoas das diferentes épocas ao longo da história viam o seu “fazer
matemático”. Daí, surge o Movimento de Etnomatemática nos anos de 1970. Assim, segundo
D’ Ambrósio (2012), sua proposta é mais extensa em relação ao construtivismo, tendo em vista
que essa tendência ganhou uma forma efetiva de proposta pedagógica. Seu enfoque holístico
nesse programa inclui o campo sensorial, intuitivo, emocional e o racional mediado por uma
vontade do sujeito de sobreviver e de transcender.
De acordo com D’Ambrósio (2012):
[...] esse programa reconhece que na sua aventura, como espécie planetária,
o homem (espécie homo sapiens sapiens) – bem como as demais espécies que
o precederam, os vários hominídeos reconhecidos desde 4,5 milhões de anos
antes do presente – tem seu comportamento alimentado pela aquisição de
conhecimento, de fazer (es) e de saber (es) que lhe permite sobreviver e
transcender por meio de maneiras, de modos, de técnicas ou mesmo de artes
(techné ou tica) de explicar, de conhecer, de entender, de lidar com, de
conviver (matema) com a realidade natural e sociocultural (etno) na qual ele,
homem, está inserido. Ao utilizar, num verdadeiro abuso etimológico, as
raízes tica, matema e etno, dei origem à minha conceituação de
etnomatemática. (D’AMBROSIO, 2012, p. 24).
Logo, podemos notar que o homem à medida que vai transformando a realidade a sua
volta, vai adquirindo conhecimento, através de um “saber fazer” e “fazer sabendo”, um processo
de retroalimentação necessário para criar as condições da sua sobrevivência e transcendência.
Para tanto, utilizando-se de diferentes formas, técnicas e da arte para interpretar sua realidade e
agir sobre ela, para se adaptar ao seu meio natural, culturalmente e socialmente, daí, conceitua-
se o termo Etnomatemática. Ressaltando e esclarecendo o termo entno, ou seja, considerando-
o para além das diferentes etnias, levando em conta questões naturais, sociais e culturais. Em
outras palavras, como esses sujeitos “fazem matemática em diferentes situações”, seja em um
determinado grupo, profissão, dentre outras situações.
Em contrapartida, D’Ambrósio (2012) faz uma crítica pelo caminho traçado para a
formação dos sujeitos ao dizer que:
Com esse posicionamento frente ao contexto educativo, nota-se que D’Ambrósio (2012)
ressalta a resistência em admitir as relações entre culturas iguais dentro desse cenário. Ainda se
adota o critério de distribuir as crianças em determinadas séries através da sua faixa etária,
repetição de currículo anualmente, propostas de currículos nacionais e, sobretudo, tratar como
iguais alunos que possuem realidades diferentes no processo avaliativo. Em consequência, com
potencialidade de esterilizar os alunos que são produtos desse sistema educacional.
Com isso em mente, D’Ambrósio (2012) propôs um currículo comum, tendo em vista
que os conhecimentos programáticos propostos pelos professores na sala de aula não devem se
limitarem aos objetos de conhecimento. Dessa maneira, para conceituar o termo
Etnomatemática, D’Ambrósio (2018) utiliza raízes gregas com os seguintes conceitos:
Dessa forma, percebemos que esse currículo é pensado como estratégias para o ensino
e não como propostas de disciplinas. Nessa perspectiva, trazer para a sala de aula os
conhecimentos prévios do aluno mediante a sua realidade possibilitando um diálogo entre o
formal e o não formal, complementando-se mutuamente. Para que se construa uma
aprendizagem significativa, ou seja, uma aprendizagem no qual os alunos associem o objeto de
conhecimento com a sua realidade, reconhecendo-se como matemáticos. Diante disso,
esbarrando em uma matemática humanizada que considera e ressalta códigos éticos de
tolerância, os valores morais, um caráter colaborativo e empático pelo outro.
Dessa maneira, segundo Fiorentini (2009):
Não obstante, por volta de 1986 cria-se um grupo de estudo conhecido como Grupo
Internacional de Estudo em Etnomatemática (IGSEm), constituindo-se por vários
pesquisadores de diferentes países, apontando e assegurando o aparecimento da
Etnomatemática. Dessa forma, afirmando dentre outras definições que a Etnomatemática
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estaria em uma confluência entre a matemática e a antropologia cultural, bem como explicita-
se na Figura 1.
Apesar disso, algumas pesquisas realizadas ainda sobre essa nova tendência apontam
para o entrelaçamento da Etnomatemática com a Educação, rompendo com um conceito
etnológico onde considera-a apenas como parte de um determinado grupo. Daí, afirmam que a
Etnomatemática estaria contida na área da Educação e a matemática inclusa nela, como
ilustrado na Figura 2.
De fato, enxergamos o mundo a nossa volta de acordo com a nossa cultura, isso inclui
a matemática, ou seja, com as nossas referências eurocêntricas. Em outras palavras, tomamos
nossa cultura como ponto de partida para analisar os outros. Porém, é possível olhar pela “lente
cultural” dos outros povos e enxergar sua forma de “fazer matemática” em seu meio natural.
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Dessa forma, podemos elencar alguns pontos que faz o Programa Etnomatemática ser
uma proposta curricular promissora para a formação dos sujeitos. Daí, Matos (2009) afirma
que:
Como razões para a incorporação da Etnomatemática no currículo escolar
podemos destacar que a Etnomatemática possibilita a inclusão da história da
matemática nas aulas; permite que professores revejam seus modos de
conceituar o conhecimento matemático; permite também que o aluno perceba
que conhece mais matemática do que imagina e possibilita a valorização
cultural dos alunos. Portanto, a inserção da escola no contexto social
acontecerá não só fisicamente, mas também possibilitará a troca recíproca de
saberes e fará com que ambas, a escola e o contexto, cresçam culturalmente
(MATOS, 2009, p. 25).
Apesar disso, atualmente a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não deixa tão
explícito a implementação da Etnomatemática no currículo nacional. Apenas uma fragmentação
desse programa. De acordo com Lara e Viana (2019), tendo como referência essa tendência, “é
possível desenvolver algumas competências específicas da área da Matemática apresentadas
pela BNCC.” (LARA; VIANA, 2019, p. 11). A seguir temos as competências específicas para
o Ensino Fundamental no que tange a matemática:
Fica claro, portanto, que apenas algumas competências trazem de forma implícita a
intencionalidade da Etnomatemática. Assim, podemos citar a competência 1, pois podemos
dizer que os professores que ensinam tanto no Ensino Fundamental, quanto no Ensino Médio,
devem levar em conta os corpos de conhecimentos presentes na realidade dos estudantes,
através de jogos de linguagens que existem no grupo cultural do qual eles se encontram (LARA;
VIANA, 2019). Já a competência 4, “reforça a importância do reconhecimento de diferentes
formas de matematizar presentes em distintas práticas”. (LARA, VIANA, 2019, p. 3). Dessa
forma, percebemos que a proposta do programa está dissolvida indiretamente em algumas
competências da BNCC.
No próximo tópico a Etnomatemática será abordada como um recurso metodológico
para o ensino da matemática.
Por vezes, alguns professores recaem no erro de considerar a Etnomatemática como uma
metodologia para o ensino da matemática, no entanto, enxergá-la dessa maneira vai na
contramão da sua real proposta. Nesse sentido, quando falamos em metodologia estamos nos
referindo a um método, um caminho sistematizado e único. Daí, enjaulá-la nesse conceito a
reduziria e eliminaria sua essência. Uma vez que a partir dela, inclui-se diferentes caminhos
advindos do contexto cultural dos educandos nas aulas. Logo, segundo Fiorentini (2009):
Nesse sentido, de acordo com Rosa e Clark Orey (2003), construir modelos que possuam
conexão com a vida dos estudantes, ou seja, de acordo com cada grupo cultural, é uma iniciativa
marcante para se constituir definições matemáticas abstratas. O programa viabiliza o controle
destes modelos como estratégias para o ensino em Educação Matemática, uma vez que se utiliza
outras formas de codificações, simultaneamente, com a formalidade da matemática acadêmica.
Dessa maneira,
Outra metodologia ativa que a Etnomatemática pode ser incluída para o ensino da
matemática é a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Ela também rompe com o ensino
tradicional, onde o professor estava no centro e o conhecimento era transmitido, as práticas
pedagógicas adotadas ficavam restritas a memorização e repetição de técnicas. Tornando o
aluno passivo. Entretanto, de acordo com Paiva (2016) a ABP
Apesar dessa metodologia ter sido desenvolvida para o ensino na área da saúde,
sobretudo, para os cursos de medicina, podemos estender sua aplicação para outras áreas.
Tendo em vista que o educando passa ser protagonista do seu saber. Para tanto, faz-se
necessário que o docente seja um tutor orientando seus alunos. O problema em questão é
considerado o elemento incentivador e unificador do saber. Esse método consiste em trabalhar
com situações reais ligadas as profissões do estudante, podendo ser trazidos da realidade dos
alunos ou elaborado pelo tutor/professor. Nesse sentido, a ABP permite que o aluno tenha
independência ao se deparar com problemas do seu cotidiano, seguindo diversos caminhos para
se chegar a possíveis soluções, consequentemente, tornando-se um sujeito responsável da sua
aprendizagem.
Ao professor/tutor, cabe orientar e promover dinâmicas individualizadas ou coletivas
que incentive ao pensamento reflexivo e crítico, e da criatividade das respostas propostas por
eles. Para tanto, faz-se necessário perguntas direcionados advindas do professor/tutor para
fazerem os estudantes pensarem sobre as hipóteses construídas. Vale também ressaltar que o
intuito dessa metodologia é criar as condições necessárias para que os alunos desenvolvam suas
múltiplas habilidades mediante a utilização do teórico e real, juntos.
Além disso, propicia junto a Etnomatemática uma proposta transdisciplinar e uma
significação de conhecimentos que fazem sentido para eles. A avaliação não ocorre tão somente
pelo tutor/professor, mas também entre os alunos à medida que vão participando e interagindo
entre si, isso possibilita enxergar os erros e corrigi-los. Em outras palavras, podemos aplicar a
ABP utilizando os seguintes passos:
Como podemos observar, o problema é crucial para essa metodologia, ele deve provocar
a curiosidade do aluno, desestabilizá-lo no sentido de incentivo e fortalecimento do seu “olhar
criativo” para a resolução do problema. Então nos questionemos: Quais critérios utilizar na
formulação do problema? De acordo com Paiva (2016), o problema
Notamos com o recorte supracitado que a palavra verificar, no cenário educativo, trata
a aprendizagem dos alunos como um processo acabado, apesar de investigar, possuir
intencionalidade, observar, analisar e sintetizar, o que importa é o resultado obtido. Em outras
palavras, quando temos aparentemente uma configuração do conhecimento dos educandos. No
entanto, não é tomado atitudes significativas quanto a isso. Esse tipo de abordagem deixa
abertura para algumas falhas, a saber, podendo não atingir objetivos da aprendizagem pré-
estabelecidos ao ensinar determinados conteúdo. Reduzir e enxergar a aprendizagem através
das notas, utilizando a prova como principal instrumento de verificação. Por vezes, promovendo
o medo nos educandos, refletido através de notas baixas e de uma posterior reprovação.
Em contrapartida, Luckesi (2014) ainda nos diz que
ação avaliado. Isso quer dizer que o ato de avaliar não se encerra na
configuração do valor ou qualidades atribuídas ao objeto em questão, exigindo
uma tomada de posição favorável ou desfavorável ao objeto de avaliação, com
uma consequente decisão e ação (LUCKESI, 2014, p. 48).
Diante do exposto, avaliar é uma ação didática fundamental que faz parte do trabalho
do professor, devendo-se acompanhar cada etapa do processo de ensino e aprendizagem.
Através dela, os resultados extraídos conjuntamente da interação docente-educando, são
considerados como uma referência comparativa em relação aos objetivos pré-estabelecidos, a
fim de enxergar progressos, dificuldades e nortear novamente o trabalho docente rumo as
correções necessárias. Em outras palavras, podemos dizer que a avaliação é a forma de refletir
sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto dos estudantes como do docente. A partir
desses dados (qualitativos ou quantitativos) são atribuídos um juízo (bom, muito bom,
satisfatório etc.) de valor tendo como base um padrão de desempenho, na perspectiva do
aproveitamento escolar (LIBÂNEO, 2013).
Entretanto, devemos nos questionar: como avaliar para o ensino e aprendizagem sob
uma concepção holística da realidade do aluno possibilitada pelo Programa Etnomátemática?
Nas palavras do pai desse Programa, para o caso de estudos teóricos, propõe-se:
[...] uma análise de como a aula foi recebida pelo aluno, qual conteúdo que
ficou após aquela hora em que o professor tentou transmitir algo. Isso pode
ser visto por meio de um relatório-avaliação da aula, entregue para o professor
na aula seguinte. Trata-se de um relatório escrito, reconhecendo que o mundo
moderno exige a escrita em praticamente todas as ações. Além disso, é
amplamente admitido que, por intermédio da escrita, o indivíduo pode, mas
facilmente, reconhecer seu próprio processo cognitivo e assim encaminhar
adequadamente esse processo (D’AMBRÓSIO, 2012, p. 65).
Assim, tendo em mente que a aprendizagem dos alunos é muito subjetiva para
acompanhar apenas por uma análise qualitativa, faz necessário também a utilização da escrita
para registrar o desenvolvimento do seu raciocínio e autorreflexão acerca do seu aprendizado
sobre os objetos de conhecimentos tratados em sala de aula. Seguindo essa lógica, na Figura 4
temos um modelo desse relatório-avaliação proposto por D’Ambrósio na perspectiva do
Programa Etnomatemática.
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Diante disso, nos cabe ressaltar que o intuito dessa proposta não é aprovar ou reprovar
o professor, mas justamente promover o aprimoramento da sua prática docente, através da
práxis educativa. Em outras palavras, é uma avaliação íntegra do professor onde não cabe
reprovar o aluno.
Outra forma de avaliar sob a perspectiva do Programa Etnomatemática, é através de um
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resumo analítico. De acordo com D’Ambrósio (2012), ele é símile às fichas de leitura. Contudo,
não é comum encontrar na matemática sua aplicação e por isso deve ser estimulado. Entretanto,
ele auxilia no desenvolvimento da disciplina de leitura e relato das vivências relevantes no
processo de ensino e aprendizagem. Cabe destacar, segundo o autor, que em leitura entende-se
também: assistir filmes e vídeos, a teatralidade, musicalidade, acompanhar um jogo, isto é, toda
vivência que possa ser investigada e compreendida. Na Figura 5 temos um modelo analítico
proposto pelo autor.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
I. Ter no mínimo seis anos de trabalho com o fumo (trabalhar com fumo é um
processo longo e para aprender e ter conhecimento é necessário ter uma
experiência considerável);
II. Acima de trinta anos (pensando na maturidade do entrevistado e enquanto
conhecimento ele já possui para responder as perguntas);
III. Que não tenham/ tenham pouco conhecimento sobre a matemática escolar (o foco
da pesquisa, em parte, é identificar a forma que esses sujeitos encontraram para
matematizar o meio no qual fazem parte).
Com o aceite dos participantes para participar da pesquisa, foi apresentado o Termo de
Livre Consentimento e Esclarecido (TLCE) (conforme o Apêndice A), explicando a
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intencionalidade da pesquisa e como deveria ocorrer. Diante disso, foi realizado observações,
gravações, análise e conversações durante três encontros individuais com esses participantes.
Tendo como norte basilar o Questionário I, (indicado no Apêndice D). Assim sendo, foram
feitas quinze perguntas (poderiam ramificar em outros questionamentos durante a entrevista)
direcionadas. Nele, buscou-se identificar a idade; a quantidade de pessoas que constituem a
família; a/as profissão/profissões; o processo de plantio à venda do fumo (o tempo de semear o
fumo, como é feita a plantação, o processo de colheita, secagem, o cultivo da terra, as técnicas
de medição de terra, os fertilizantes e agrotóxicos utilizados, o trabalho braçal necessário, as
ferramentas utilizadas para pesar o fumo e, posteriormente, a venda e compra); a importância
da fumicultura para a geração de empregos temporários em Girau do Ponciano. Por fim, nas
últimas perguntas, sobre a concepção que eles (fumicultores) tinham sobre a matemática escolar
e do campo e eles mesmos. Dessa maneira, foi adotado a postura de um pesquisador em
Etnomatemática, assim como aponta Syryczyk (2013), ao dizer que a Etnomatemática é
Fica claro, portanto, que durante o desenvolvimento da primeira parte da pesquisa foi
utilizado o método científico de investigação Etnográfico, assim como ainda ressalta a autora
Syryczyk, ao dizer que “[...] a etnografia descreve a cultura de um grupo de pessoas, interessada
no ponto de vista dos sujeitos pesquisados.” (SYRYCZYK, 2001, p. 28).
Cabe ressaltar ainda que os participantes residem em comunidades distintas, isto é, dois
deles moram no Povoado Lagoa das Piabas e o terceiro participante no Povoado Chã do
Alecrim, porém ambos os povoados são pertencentes a cidade de Girau do Ponciano. Além
disso, fez-se necessário essa aproximação para uma melhor apreensão daquela realidade e,
posterior descrição e análise para se trabalhar em sala de aula com os alunos. Dessa maneira,
“uma investigação que assume o formato do estudo de caso, no quadro de uma perspectiva
interpretativa e crítica e que se centra nos fenómenos simbólicos e culturais das dinâmicas de
acção no contexto organizacional da escola é um estudo de caso etnográfico.”
(SARMENENTO, 2011, p. 16).
Dentro dessa concepção, de acordo com Oliveira (2010), uma investigação focada em
temáticas educacionais se valendo da etnografia deve possuir cautela para pensar acerca do
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drogas. A escola oferece Educação Infantil, Ensino fundamental I e II, EJAI (Educação de
Jovens, Adultos e Idosos) 1º e 2º Segmento no turno da noite e Educação Prisional. São
atendidos no total 1556 alunos pela instituição de ensino. Para o funcionamento da escola, há
uma diretora e um adjunto, um secretário escolar, três vigias, três coordenadores (as), quatro
agentes administrativos, nove auxiliares de serviços gerais e sessenta e quatro professores.
Durante a entrevista com o diretor adjunto, ele afirmou que o município oferece cursos de
formação continuada e acontece mensalmente.
Sobre os recursos financeiros e pedagógicos que a escola tem acesso, são: Programa
Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Programa Sala de Recursos Multifuncionais; Programa
Escola Acessível; Campo (PDDE Estrutura); Programa de Inovação Educação Conectada
(PDDE Qualidade); Programa Tempo de Aprender, Programa Educação e Família (PDDE
Emergencial). A instituição não possui biblioteca, possui apenas uma sala onde trabalham os
secretários, auxiliares administrativos e coordenação, direção e onde os professores se
organizam no intervalo. Ainda nesse espaço, temos recursos pedagógicos, bem como material
dourado, tangram e outros.
A turma escolhida foi o 7º ano “A”, composta por 19 alunos. A escolha dessa turma deu-
se devido o autor dessa pesquisa já conhecer a realidade dos alunos e das suas dificuldades em
aprender matemática, e ali foi identificado uma possibilidade de desenvolver a sequência
didática envolvendo a cultura do fumo. Desse modo, para a segunda parte da pesquisa, de
antemão, apresentei a turma o objetivo da pesquisa que estava desenvolvendo, ou seja, para
poder contribuir para a aprendizagem dos alunos na matemática através de novas metodologias
e para a finalização do meu curso de Licenciatura em Matemática, os alunos levaram a sério o
Questionário II (localizado no Apêndice E) e responderam com veracidade. Cada
questionamento contava com um total de dezoito perguntas, com apenas duas questões abertas
e o restante questões de múltiplas escolhas. No questionário, foi investigado a profissão dos
pais/parentes/conhecidos dos alunos, seu grau de proximidade com a fumicultura e sua
concepção sobre a matemática escolar e os saberes matemáticos do campo. Logo após, foram
ministradas doze aulas de 60 minutos cada, utilizando a Etnomatemática como recurso
metodológico para Aprendizagem Baseada em Problemas, abordando os seguintes conteúdos:
Comparação com números inteiros; Operações com números inteiros: adição, subtração,
multiplicação e divisão.
Por fim, foi aplicado um pós-teste ou Questionário III (conforme Apêndice F), para uma
nova investigação. O Questionário III foi composto por dezessete questões, sendo duas abertas
e quinze questões de múltiplas escolhas, com o objetivo de verificar se houve mudança em
43
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Participante A possui quarenta e oito anos de idade. É casado. Seu núcleo familiar é
formado por cinco pessoas. Estudou até o 4° ano da Educação Infantil. Trabalha com agricultura
e fumicultura. Teve contato com a fumicultura desde os dez anos de idade, porém, trabalha
ativamente há uns quinze anos com o plantio do fumo. Sobre o plantio do fumo, afirmou que
o período de semeia acontece no início do mês de abril, ao final do mês de maio ou do início
ao final do mês de junho o fumo é plantado, inclusive, depende de cada fumicultor. Como o
processo do plantio à venda do fumo é longo, ele mencionou de forma objetiva algumas
situações: cultivo da terra, compra de fertilizantes, plantação do fumo, quebração1 do fumo,
tempo de secagem2 no varal3, podendo variar de acordo com a espécie do fumo e do clima.
Logo após, o fumo é enrolado4, virado5 e curado6, sendo vendido na feira do fumo que acontece
na cidade de Craíbas nos sábados e na cidade de Arapiraca nas segundas-feiras. Além disso, o
entrevistado disse que “a mão de obra é grande” sendo necessário ajuda de outras pessoas, ou
seja, pagar pelo trabalho de terceiros.
Somado a isso, ao ser questionado sobre a existência de matemática no plantio de fumo,
o Participante A disse que tem pouca matemática, embora reconheça que ela está em tudo.
Contudo, a utiliza em decorrência das circunstâncias e necessidades, baseando-se
principalmente na sua relação com o sagrado, uma entidade divina.
Participante A: “[...] tem muito pouca. É o conhecimento, né?! Em tudo se tem
matemática, né?! Tudo hoje em dia se tem matemática. É pra fazer conta do que gasta, do que
não gasta. Mas é por opção, porque não tem outra, que às vezes a gente num bota nem a
matemática no mei, quem trabalha na agricultura é uma incerteza, tem que acreditar em Deus
que pranta e que colhe.”
Nesse sentido, o fumicultor diz que a matemática está na ação de "prantar", “fazer conta
do que você tá gastando pra você ver se você tira”, “a matemática de você medir uma tarefa de
terra, cubar ela”, “pra você pagar o pessoal”. Ao ser questionado sobre a medição de terra,
conhecida como cubação7. O Participante A dá um exemplo desenhando e descrevendo uma
figura no chão, cujos comprimentos medem 30 e 17 braças, respectivamente, nos aceiros, tendo
30 e 21 braças de largura, respectivamente. Assim, considerando uma aproximação para suas
descrições, temos a ilustração na Figura 7 a seguir:
cubos.
Segundo o Participante A, uma tarefa seria seiscentos e vinte e cinco cubos. Para tanto,
os aceiros devem ter a mesma medida de vinte e cinco braças. Para o fumicultor, a tarefa é
7 Processo realizado para medir terra, havendo várias formas a depender do formato do terreno.
46
formada por quadrados unitários tendo uma braça como medida, conforme ilustrado na
Figura 8.
Nesse caso, de acordo com as instruções do fumicultor, devemos fazer a média entre os
dois lados do triângulo e depois multiplicar pela metade do terceiro lado. Daí, temos que:
braças
Área do Terreno Triangular: Média dos Dois Lados do Triângulo x Metade do Terceiro
Lado, logo, temos: cubos.
nublado estende-se para os dezesseis dias. Em seguida vem a destalação e enrolação do fumo.
Se for pouco deixa em casa, quando a safra é muito grande é necessário pagar pela “mão de
obra” de outras pessoas.
Nesse sentido, quando o fumo está enrolado com 100kg é chamado de “bola de fumo”,
para tanto, é fundamental ter técnica, o fumicultor aprendeu olhando outros fumicultores
enrolando, parecia fácil, mas não era segundo ele. Na enrolação é colocado o mel, caso o fumo
tenha pouca adubação (menos de três). Na viração o fumo é virado todos os dias nos quarenta
primeiros dias. Após esses quarenta dias, basta virar duas vezes na semana (dois a cada sete
dias) durante aproximadamente três meses. Caso o fumo seja tirado sequinho é de 10kg/15kg
de mel, ele perde menos kg em relação ao fumo tirado mais “verdoso”. Para vender, chama-se
o comprador para sua casa ou leva para a feira do fumo.
Sobre a presença da matemática no plantio de fumo, ele diz que “[...] se você faz o
fumo... se você quer saber quanto você perdeu em uma bola de fumo de quebra, tem matemática
porque aí é o seguinte... num vai dar mais os sem…”. Além disso, ainda nos diz que “[...] é a
gente querer um valor e a gente chegar na praça pra vender ele, é outro valor... aí eu vendo
pelo aquele valor que eu tava pensando ou espero mais pra frente. Tem que saber negociar...
ter uma noção de prejuízo e lucro.”. O Participante B afirma saber medir a terra, porém não
sabe explicar como fazer a cubagem. Ao ser questionado sobre o que está calculando
(quadrados/cubos), nos diz que “Quadrado! Porque o quadrado é o seguinte... representa
aquela área de onde você tá medindo, se você for medir uma tarefa, vinte e cinco quadrados
dá uma tarefa, cada quadrinho desse é formado pela braça.”.
De acordo com o Participante B, a braça mede exatamente dois metros e vinte
centímetros, alguns ainda usam os palmos para construí-la, devendo-se medir vinte e dois
centímetros. Além disso, ainda diz que o conhecimento foi construído através do “fazer e
observar”, assim como coloca na frase “É.…isso é coisa do nosso trabai, a gente começa a
trabaiar e vai pensando o que tá fazendo e pensando se vai dar lucro ou não.”. Ainda
complementa afirmando ao dizer “Muitas coisas eu aprendi assim... vendo os otos fazer e eu
com o interesse de aprender e conseguir.”.
Ao ser questionado sobre a diferença entre a matemática escolar e a utilizada na
fumicultura, o Participante B respondeu: “[...] a diferença pra gente que não estudou, é a gente
observar as coisas e ver que aquelas coisas que você tá fazendo tem sentido, porque tem que
dá certo o que você tá fazendo. Errando e acertando”, ainda complementa ao dizer: “São
diferentes pro quê a da escola é muito estudada e aqui o trabai é no pensamento”. Nesse
sentido, o fumicultor declara ser um matemático, bem como coloca na seguinte frase: “pro quê
49
a gente pega uma bola de fumo... uma bola de fumo não, você pega os móio e você pegar ela e
virar e fazer uma bola de fumo aí... uma coisa que é matemática, você tem que pensar, se você
errar o dono não vai ficar satisfeito.”, afirmando ainda que “Se você pegar dois, três mói de
diferença e botar diferente ali, ela vai dar errado... tem que ter a matemática, uma conta, um
limite de você pegar aquela quantidade e botar ali.”.
Por fim, o Participante C possui oitenta e dois anos de idade. É casado. Seu núcleo
familiar é formado por duas pessoas. Não estudou. É agricultor e trabalha também com o plantio
de fumo há sessenta anos. Segundo o Participante C, a semeia de fumo ocorre em abril para
plantar no mês de maio (quando inicia o inverno), cuidar da terra, colocar adubo, comprar
veneno, depois plantar o fumo, quebrar o fumo, colocar no varal para secar, depois destalar e
juntar o fumo, ou faz isso em casa quando é pouco fumo, tem a enrolação e depois a cura dele.
Ainda de acordo com esse fumicultor, o trabalho com o fumo gera serviços para outras pessoas.
Durante a entrevista, o Participante C afirmou que não tem matemática do plantio à venda do
fumo, pois não sabe o que é a matemática. Somado a isso, disse que sabe medir a terra, para
tanto, deve-se somar os lados de um terreno, divide-se por dois e em seguida multiplica entre
si os valores. E é assim que se cuba a terra.
Ao ser questionado sobre o que se está calculando no terreno (cubos/quadradinhos) ele
afirma ser cubos e diz que um quadrado é um cubo. São iguais. Esse conhecimento, segundo o
fumicultor, foi passado por seu cunhado. Diante disso, em meio às gravações e
questionamentos, foi questionado como ele mediria a terra de um triângulo. De acordo com o
Participante C, somamos todos os lados do triângulo, depois divide por quatro (transformando
em um quadrado) e multiplicará pelo mesmo valor. Assim, vamos considerar um exemplo
ilustrativo de um terreno cujo formato é triangular, com os seus três lados medindo
respectivamente, 12, 15 e 10 braças, conforme a Figura 10.
braças
braças
[...] utilizam números de uma certa forma, outros em outras formas, criam
figuras e geram representações e criam símbolos e abstrações, analisam
simetrias e relações, estruturam seus modos de pensar, inventam lógicas,
generalizam e geram modelos, e ao trabalhar esses modelos, criam processos
de modelagem, sempre, obviamente, a partir da realidade e mediante
processos cognitivos extremamente complexos. Mas sempre convergindo
para dois focos: a sobrevivência e a transcendência, ou seja, o imediato e o
remoto, ou o fazer e o saber, o prático e o teórico, o concreto e o abstrato, a
ação e a reflexão e assim se desenvolvendo várias ticas de matema
(D’AMBROSIO, 1993, p. 9).
Contudo, faz-se necessário destacar que alguns fumicultores têm uma concepção
equivocada do quadrado em relação ao cubo e sobre o que estão calculando. É consensual entre
eles que o cálculo da área do terreno é formado por quadrados, contudo, existem variações no
entendimento. Nesse sentido, o Participante A considera às 25 braças que é a medida, como a
quantidade de quadrados que formam a tarefa e afirma que 625 é a quantidade de cubos. Assim
52
(2,2m), utilizadas para plantar o fumo, construir os canteiros, medir a terra dentre outras
situações. Na medição da terra através de cálculos aproximativos utilizando a braça, pesagem
do fumo, e nas tantas outras manifestações matemáticas.
Em contrapartida, a análise da realidade mesmo orientando-se pela razão é passível de
erros e faz-se necessário uma reconstrução do pensamento no processo de devir dos
participantes. Nesse sentido, temos o exemplo da “confusão” na interpretação dos sujeitos sobre
as medidas utilizadas nos lados dos terrenos, a quantidade de quadrados que constituem a área
de uma tarefa e a distinção das características inerentes ao quadrado e ao cubo. Vale também
ressaltar que a matemática escolar ainda é apontada como a “superior” em relação aos saberes
matemáticos existentes na realidade dos sujeitos. Cabe aqui salientar que não existe “o
conhecimento matemático absoluto e único”, mas os conhecimentos matemáticos e todas as
suas diferentes pluralidades construídas por diversos sujeitos em seu meio natural, cultural,
político, social e histórico.
Outrossim, não devemos colocar a matemática escolarizada em detrimento dos saberes
matemáticos da fumicultura e vice-versa, mas adotar uma outra postura, uma postura
transdisciplinar da matemática que dialogue com a formalidade da matemática escolar. A
propósito, como dizer que um sujeito que faz medições aproximativas de área, cálculos mentais,
estimativas de prejuízos e lucros, desenvolve técnicas, manipulam os números e, sobretudo,
guiam-se através da observação, análise da realidade e da sua razão, não pode ser considerado
um matemático?
Dessa maneira, com base nas entrevistas, a próxima subseção discorrerá sobre a
fumicultura desde o seu plantio à venda do fumo, haja vista que as informações dos sujeitos
tornarão mais completa a descrição dessa atividade econômica de Girau do Ponciano, à
proporção que serão utilizadas na formulação de problemas matemáticos para se trabalhar em
sala de aula.
No trator apresentado na Figura 12, tinha milho, feijão, batata, mandioca, macaxeira,
melancia, abóbora, fumo e um apicultor. Cabe destacar o fumo, objeto dessa pesquisa. Mas no
que consiste a fumicultura e quais conhecimentos matemáticos podemos encontrar dentro dessa
cultura?
Diante desse questionamento, será apresentado todo o processo. Nesse sentido, alguns
fumicultores iniciam a semeia do fumo no início/meio/final do mês de abril, dizem que é quando
começa o inverno segundo sua experiência. As sementes são semeadas com regador ou à mão
em alguns canteiros fertilizados.
A germinação das plantas de fumo depende da quantidade de água utilizada para regá-
las, geralmente são utilizados três regadores de doze litros de água por cada canteiro de
aproximadamente quatorze metros, três vezes ao dia ou mais vezes (às 8: 00 e às 11:30 da
manhã e às 16:00 da tarde). Na Figura 13 tem-se a semeia de fumo no seu ciclo inicial.
Na Figura 13, pode-se observar a semeia do fumo sendo regada por um fumicultor. Ele
está utilizando um regador como ferramenta de trabalho para regar as sementes ou até mesmo
fazer sua distribuição sob o canteiro. Alguns fumicultores optam por um lugar próximo a
barragens com água, pois economizam em relação a esse gasto. Outros fazem os canteiros
próximo às suas casas e compram água através de caminhões pipas ou encanação. Na Figura
14 temos o regador utilizado pelos fumicultores.
Após trinta dias com essa rotina, as plantas já estão boas para o plantio. Para tanto,
enquanto os fumicultores estavam cuidando delas, a terra para serem plantadas era cultivada
simultaneamente. Na terra são usados bois para aração ou um trator, quando se usam os bois,
em seguida é feita a fertilização da terra (Ureia, 10-10 de lavoura, 10-10 de fumo, torta de
mamona, estrume de bode, estrume de galinha, potássio, dentre outros) conforme o fumicultor
desejar e couber no seu orçamento, para então, cavar os canteiros com uma enxada e depois
plantá-las quando chover. Arando com o trator, em seguida elas já são plantadas quando chover
e, posteriormente, são adubadas novamente, ou não.
A distância entre os canteiros é contada através de aproximadamente cinco palmos.
Somado a isso, existe um espaço utilizado entre os fumicultores, um distanciamento entre as
plantas no canteiro, para que elas possam crescer e se expandir sob a terra, é utilizada,
geralmente, a medida de dois palmos de distância entre as covas que são cavadas com uma
enxada. Essa medida se dá pela noção de quem está executando esse trabalho, o tamanho dos
palmos deve medir de 40cm a 60cm. A Figura 15 mostra a terra pronta para a plantação.
56
8
Negociar um valor para um determinado trabalho.
57
Após algum tempo são quebradas as primeiras folhas do fumo, denominadas sapatas
(são as últimas folhas da planta). Passando mais alguns dias, são quebrados o baixeiro, meião
e a primeira, com períodos de tempos intercalados entre elas. Com exceção da sapata (raramente
são aproveitadas), o fumo quebrado é junto no canteiro e depois colocado no varal até a secagem
das folhas, que dependem da espécie da planta em questão.
58
Quando as folhas estão secas (cada fumicultor tira à sua maneira) são tiradas para passar
por dois processos: destalação e juntação de fumo. Como os próprios termos sugerem, no
primeiro, o talo do fumo é arrancado com uma faca ou qualquer outro objeto cortante que auxilie
nesse processo, já no segundo, o fumo é junto folha por folha até formar um molho (alguns são
pisoteados para que as folhas fiquem grudadas através de uma substância liberadas pelas folhas
que os fumicultores chamam de mel do fumo). Alguns fumicultores trabalham com a família
para fazê-los, outros optam por pagar por esse trabalho, por kg de fumo destalado e junto.
O valor desse trabalho depende de qual o tipo do fumo e a qual quebração ele pertence
(baxeiro, meião, primeira), levando para algumas pessoas trabalharem, seja da própria
comunidade ou de outras comunidades vizinhas. O fumo é transportado em carros com uso de
reboque ou através de carroças de burra. Na Figura 19 temos molhos de fumo juntos.
59
Figura 20 - Bola de fumo sendo enrolada com mel, Girau do Ponciano, 2022
São usados dois tipos de balança para pesar o fumo, uma pequena que é digital (fora
introduzida em decorrência da tecnologia recentemente a vida dos fumicultores) e tem no limite
50kg e outra construída de madeira com alguns pesos, pesando mais de 200kg de uma vez.
Geralmente a balança de madeira é usada quando os fumicultores irão vender bolas de fumo.
Na Figura 21 temos a imagem da balança de madeira pesando uma bola de fumo.
9
É feito de uma mistura de açúcar com a água e levando ao fogo à lenha, até ficar em uma consistência
adequada de acordo com a necessidade do fumicultor.
60
Figura 22 - Bola de fumo sendo enrolada com pirulito e mel em Girau do Ponciano (2022)
10
São folhas de fumo destaladas colocadas dentro dos molhos na enrolação.
61
disso, a bola de fumo é virada todos os dias enquanto está nova (refere-se ao tempo que foi
enrolada). Para isso, são utilizadas as seguintes ferramentas: macaco, banco, mão e alguns
carrinhos.
Depois das bolas de fumos viradas são colocadas no sol. O intuito da viração é secar o
miolo e apertar para que não entre ar e mofe. Para curar as bolas de fumo (safra), é necessário
esse processo de viração que acontece em um período de aproximadamente sete meses. Durante
esse processo chega a perder mais de 25 kg por bola de fumo. Na Figura 23 temos a imagem
de uma bola de fumo no processo de viração.
Após a viração, as bolas de fumo são expostas ao sol em um lugar denominado curador. O
objetivo desse lugar é secar a bola de fumo e deixá-la cheirosa. Na Figura 24 temos a imagem de um
curador de fumo.
Interessante ressaltar que acontecem vários negócios de venda de fumo nas cidades
próximas a Girau do Ponciano, como em Craíbas nos dias de sábados e em Arapiraca nos dias
de segunda-feira. Alguns girauenses levam seu fumo para negociar pelo melhor preço, que
depende de muitos fatores a serem considerados, bem como a qualidade da mercadoria, a
quantidade de chuvas durante o inverno, a economia do país, pois tem alguns fertilizantes que
são importados e agrega mais valor pelo gasto e o preço de tabela usado pelos compradores.
Vale ressaltar que a fumicultura está voltada para o plantio do fumo, englobando todo
um processo extenso desde o plantio até a venda, promovendo empregos temporários para
algumas famílias e também lucros aos que investem dinheiro na plantação de fumo.
Além disso, olhando através da Etnomatemática, percebemos o quanto a fumicultura é rica em
saberes matemáticos, considerando os valores a serem pagos nos agrotóxicos, fertilizantes e
para empregar os trabalhadores, quantidade de água necessária para regar as plantas, quantidade
de dias para a secagem do fumo, utilização de balança digital ou de madeira para pesar o fumo,
utilização de medidas como os palmos, técnicas de medição usando a braça para calcular a área
da terra, técnicas para construir um varal, quantidades de fumo necessárias para formar uma
bola de fumo, compra e venda do fumo, dentre outros saberes matemáticos.
Gênero
32%
68%
Masculino Feminino
Ao analisarmos a Tabela 1, percebemos que mais da metade dos alunos possuem treze
anos de idade, sete alunos possuem doze anos de idade e apenas um possui quinze anos de
idade. Cabe aqui destacar que se espera uma faixa etária numa turma de 7º Ano variando dos
11 até os 13 anos de idade. Assim, tem-se um aluno que ultrapassa a faixa etária adequada para
a sua idade. Além disso, no que se refere ao quantitativo, foi adequado para o espaço estrutural
da sala, haja vista que as atividades propostas não foram dificultadas por ele. A seguir, temos a
Tabela 2 que mostra o quantitativo de membros da família dos alunos.
3 4 21%
4 4 21%
5 5 26%
6 3 16%
7 2 11%
8 1 5%
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Professora 1
Organizar de Eventos 2
Garçonete 1
Agricultor 15
0 5 10 15 20
Ao analisarmos o Gráfico 2, podemos verificar que a maioria dos pais dos alunos são
agricultores ou, especificamente, 79%. Nesse sentido, cabe aqui destacar que ser agricultor
nesse contexto não implica necessariamente dizer que são fumicultores. Além disso, o Gráfico
3 traz informações acerca da quantidade de familiares/conhecidos dos alunos que trabalham
com o plantio de fumo.
Nesse gráfico de barras, percebemos que todos os alunos possuem familiar ou algum
conhecido que trabalhe com a fumicultura. Assim, podemos constatar que a fumicultura está
bem próxima da realidade do aluno, ou por que não dizer, faz parte dela. Além disso, a Tabela
3 mostra o grau de parentesco com os familiares ou conhecidos que trabalham com a produção
de fumo.
Sujeito 9 x x
Sujeito 10 x x
Sujeito 11 x x
Sujeito 12 x x
Sujeito 13 x x
Sujeito 14 x x x x
Sujeito 15 x x
Sujeito 16 x x
Sujeito 17 x
Sujeito 18 x x
Sujeito 19 x
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Verifica-se na Tabela 3 que 84,2 % dos alunos afirmam que seus pais trabalham com o
plantio do fumo, dentro dos 15,8%, tem-se os alunos que os pais possuem outra profissão ou
são agricultores, mas não plantam o fumo. Além disso, nota-se que 31,6 % das pessoas que
trabalham com o fumo são irmãos/irmãs, 57,9% são tios/tias, 47,4% são avôs /avós. Dessa
forma, podemos dizer, quanto ao parentesco, que os pais se apresentam não só como os mais
próximos dos alunos, mas também o maior percentual das pessoas que trabalham com a
fumicultura. Contudo, o menor grau de parentalidade dos que trabalham com fumo são os
irmãos/irmãs. Fica claro, portanto, que a parte majoritária dos alunos tem em sua realidade a
presença da fumicultura tomando como referência a profissão dos pais. No Gráfico 4 temos a
apresentação do conhecimento dos alunos em relação as etapas da produção do fumo.
Verifica-se na Tabela 4 que dez alunos conhecem o processo de cultivo da terra, ou,
52,6%, enquanto nove alunos não conhecem, ou 47,4%. Contudo, quinze alunos conhecem o
processo de plantação e colheita do fumo, ou, 78,9%, enquanto quatro alunos não conhecem,
ou 21,1%.
Porém, dez alunos conhecem alguns fertilizantes utilizados no plantio do fumo, em
dados percentuais, temos 52,6%, enquanto nove alunos não conhecem, ou 47,4%. Em
68
18 17
Empregos gerados pela fumicultura
16
14
12
10
8
6
4 2
2
0
Sim Não
Resposta dos alunos
18 17
No Gráfico 6 podemos verificar que dezessete alunos ou, a grande maioria, acredita que
é necessário saber matemática nessa atividade econômica.
No entanto, apenas dois dos alunos acreditam que não é necessário saber matemática na
fumicultura. Além disso, cabe ressaltar que a próxima questão foi aberta e os alunos deveriam
citar algumas situações que a matemática estava presente.
Dos dezenove alunos, cinco deixaram as respostas em branco e, dentre as respostas dos
quatorze, temos: venda do fumo, cálculo de contas, preços, preço do adubo, preço do fumo,
preço dos venenos, aração da terra e na colheita do fumo. Nesse sentido, o Gráfico 7 apresenta
o quantitativo de alunos que gostam ou não da disciplina de matemática.
18 17
Gosto pela disciplina de matemática
16
14
12
10
8
6
4
2
2
0
Sim Não
Resposta dos alunos
70
Gráfico 10 - Dificuldade dos alunos em matemática por ela não fazer parte da sua realidade
No Gráfico 10 nota-se que oito alunos acreditam que a matemática é difícil, pois não
faz parte do seu dia a dia. No entanto, onze alunos acreditam que a matemática é difícil mesmo
fazendo parte da sua realidade. Diante disso, no Gráfico 11 temos a relação dos alunos que
acreditam que a aplicação da fumicultura no ensino de matemática pode facilitar a
aprendizagem desses conhecimentos.
Gráfico 11 - Uso da fumicultura no ensino da matemática
72
Vê-se no Gráfico 12 que a maioria dos alunos acreditam existir diferença entre a
matemática escolar e a utilizada no campo ou, especificamente, onze alunos da turma. Enquanto
oito alunos acreditam não existir diferença. No Gráfico 13, temos a concepção dos alunos sobre
algumas metodologias ativas para o ensino de matemática trabalhadas em sala antes da
pesquisa.
Gráfico 13- Metodologias Ativas no Ensino de
Matemática
73
Constata-se na Figura 26, que os alunos devem interpretar uma questão semelhante ao
problema I, porém, no problema II eles têm que indicar uma forma de mostrar a relação
comparativa entre os números inteiros postos no Quadro 1, dispondo de ferramentas auxiliares
(livro didático e celular).
Somado a isso, eles mostraram-se receptivos a metodologia e entusiasmados na
resolução do problema. Na Figura 27, temos a aplicação dela em sala de aula.
75
Figura 27 - Uso da Etnomatemática como recurso metodológico para
Aprendizagem Baseada em Problemas
Os alunos entenderam com facilidade o que se pediam nos problemas, porém algumas
dificuldades mostravam-se explícitas ao estabelecer uma comparação entre os números inteiros
no Quadro 1 presente no problema matemático I. Eles poderiam organizar os valores de forma
direta comparando ou usando a reta numérica. Utilizando conhecimentos de aulas anteriores
que já tinham trabalhado em sala. Além disso, poderiam usar o livro didático e outras
ferramentas para ajudá-los. A maior dificuldade encontrada foi construir um pensamento
comparativo entre os números negativos na reta numérica ou ordenando diretamente do maior
para o menor.
Nesse momento, buscou-se a facilitação da aprendizagem com questionamentos
direcionados, bem como “Se fulano deve 35 e ciclano deve 10, nesse caso, quem deve mais?
Nessa situação, o maior valor será quem deve menos, ou seja, menos dez é maior que menos
trinta e cinco”. Fazendo associações com dívidas ou perdas, ou questionando se existia algum
símbolo matemático que representa essa comparação numérica no problema matemático II.
Nesse momento, eles conseguiram estabelecer a relação comparativa dos valores afirmando,
por exemplo, que “120kg é maior que 100kg”.
Diante disso, na terceira e quarta aula que ocorreram no dia 10/10/2022, os grupos foram
formados novamente, agora com uma outra quantidade de alunos, dois grupos de cinco e um
de quatro alunos, durante essas aulas houve a finalização dos problemas I e II e avaliação do
professor sobre os cálculos e respostas encontradas, através de um visto no caderno. Outrossim,
foi apresentado no quadro branco as diferentes formas de resolver os problemas matemáticos I
e II para que eles pudessem refletir sobre os seus erros e aprenderem outras maneiras de resolver
(comparando diretamente os valores do quadro, utilizando a reta numérica, escrevendo por
extenso o tipo de ralação comparativa ou apresentado o símbolo de desigualdade em relação
aos valores apresentados no Quadro 1). Em seguida, foi atribuída uma outra situação-problema,
76
agora trabalhando com as quatro operações envolvendo os números inteiros, onde tem-se uma
tabela apresentando produtos, valores e quantidades conforme mostrado na Figura 28.
tabela, como na soma das dívidas ou multiplicação do valor pago pelo produto através da
quantidade mostrada na tabela. No entanto, cabe salientar que os alunos usaram o algoritmo da
adição, divisão e multiplicação para resolver os problemas matemáticos. A maioria dos alunos
conseguiram chegar nas soluções e foram recompensados com um brinde. O intuito das
questões eram fazer com que eles deduzissem as regras de sinais mediante a sua necessidade
de resposta, ao passo que operavam com números inteiros.
Durante a quinta e sexta aula ocorridas no dia 13/10/22, foi finalizado a resolução dos
problemas matemáticos e apresentado pelo professor diferentes caminhos para os alunos
resolverem os problemas propostos através do quadro branco. Além disso, na sétima e oitava
aula ocorridas no dia 17/10/22, pensando na dificuldade dos alunos nas aulas anteriores,
utilizando o quadro branco, foi deduzido as regras de sinais da multiplicação e divisão com
números inteiros, utilizando uma tabuada no quadro branco.
Diante disso, a organização da turma ficou em fileiras para que pudessem acompanhar
a explicação e exposição, a maioria dos alunos entenderam os conceitos apresentados e
participaram da aula respondendo algumas perguntas feitas pelo professor. Por fim, foi utilizado
alguns exercícios do livro didático para fixar o conhecimento sobre operações com números
inteiros e aplicação do conhecimento nas regras de sinais ensinadas.
No mais, a nona e décima aula ocorridas no dia 18/10/2022, aconteceram com a
aplicação de atividade em grupo. Cada aluno recebeu uma atividade impressa com dois
problemas matemáticos envolvendo o fumo, apesar de estarem em grupos, deveriam responder
individualmente, uma vez que deveriam entregar posteriormente. Essa atividade também foi
necessária para atribuição de nota no terceiro bimestre. Na Figura 30, temos a atividade
impressa trabalhada com a classe, nela temos a questão I.
78
Na Figura 32 percebe-se o quanto o Aluno I foi objetivo nas respostas, valendo-se dos
algoritmos da adição, subtração, multiplicação e divisão. Contudo, estão corretas. Nesse
sentido, as respostas não diferem muito das respostas do Aluno II. Conforme mostrado na
Figura 33.
81
Nota-se na Figura 33 que o Aluno II também foi direto nas respostas e usou os
algoritmos da adição, subtração, multiplicação e divisão. Além disso, esqueceu o sinal negativo
na resposta da letra b) na questão II. Assim sendo, na Figura 34 temos as respostas do Aluno
III na questão I.
82
Constata-se na Figura 34 que o Aluno III também respondeu com objetividade a questão
I, valendo-se do algoritmo da subtração, adição e multiplicação, usando corretamente o sinal
negativo para representar a dívida na letra c) do problema matemático. As respostas e o esboço
deveriam estarem na página de cálculo, pois havia espaço para organizarem as respostas
encontradas. Nesse sentido, faltou organização de alguns alunos ao responderem e um
explicação mais detalhada para facilitar o entendimento do seu raciocínio. Na Figura 35, temos
os cálculos do Aluno III ainda sobre a questão I.
83
Na Figura 35, pode-se notar que o Aluno III utilizou o algoritmo da adição e
multiplicação para calcular e encontras a resposta da letra c) na questão I. A segunda conta ao
lado direito, está associada a letra b) da questão II. Assim sendo, na Figura 36 temos outras
respostas do aluno III acerca da questão II, onde é utilizado o sinal negativo para representar a
dívida na resposta da letra a) e na letra b) junto com o resultado obtido. Além disso, observa-se
a utilização do algoritmo da divisão.
84
Por fim, na décima primeira e segunda aula que ocorreram no dia 20/12/2022, as
atividades foram devolvidas aos alunos. Em seguida, foram corrigidas no quadro branco
apresentando diferentes caminhos de resolução, respostas dos alunos e comentários. Na Figura
37, temos a devolutiva de algumas questões propostas e aplicação do Questionário III.
85
Cabe ressaltar que durante as aulas com os problemas matemáticos propostos, alguns
alunos apenas transcreviam as respostas dos colegas, às vezes apresentavam dificuldade para
interpretar alguns problemas e perguntavam se era de “multiplicar”, “menos” ou “mais”.
Somado a isso, comentavam que nas aulas eles não precisavam escrever muito, na verdade, o
foco e atenção estaria voltada para resolver os problemas matemáticos propostos.
Ao final da décima segunda aula foi aplicado o Questionário III (Apêndice F). No
Gráfico 14 temos respostas dos alunos acerca da aplicação da matemática na fumicultura.
Não 0
Sim 19
0 5 10 15 20
Resposta dos Alunos
16 15
Diferença entre a matemática escolar
14
da matemática usada na fumicultura
12
10
8
6
4
4
2
0
Sim Não
Resposta dos Alunos
Podemos verificar no Gráfico 15 que a parte majoritária dos alunos mudaram sua
concepção sobre a diferença da matemática utilizada na escola em relação a matemática
presente no campo, quando confrontado as respostas do Gráfico 15 com o Gráfico 12,
percebemos que a concepção de sete alunos mudou acerca da distinção supracitada após as doze
aulas utilizando a Etnomatemática como recurso metodológico para Aprendizagem Baseada em
Problemas. Contudo, cabe aqui destacar tomando como base o desenvolvimento e
acompanhamento dos alunos durante as doze aulas, que essa mudança que iguala a matemática
da escola com os saberes do campo, demonstra que os alunos não se apropriaram o suficiente
dos saberes matemáticos pertencentes a fumicultura ou preferiram não utilizar diante dos
87
16
14
de
14
12
disciplina
10
8
6 5
da
4
2
Atratividade
matemática
0
Sim Não
Resposta dos Alunos
Podemos notar que no Gráfico 16, a maioria dos discentes acharam atrativas as aulas de
matemática utilizando a Etnomatemática como recurso metodológico para Aprendizagem
Baseada em Problemas, tendo como base a fumicultura. Em contrapartida, quando comparado
com o Gráfico 8, podemos afirmar que quatro alunos mudaram a sua concepção de positiva
para negativamente. Diante disso, no geral, a turma apresentou resultados positivos, pois o
intuito dessa metodologia propondo problema matemático com a realidade dos alunos, segundo
Paiva (2016) é “[...] levar o aluno a uma inquietação, um desequilíbrio que estimule e encoraje
cada estudante a resolvê-lo.” (PAIVA, 2016, p. 21). Vale também ressaltar que no Gráfico 17,
temos a apresentação do gosto dos alunos pelo componente curricular de matemática com o uso
da fumicultura no ensino de matemática durante as doze aulas.
88
Sim 17
0 5 10 15 20
Resposta dos Alunos
42%
58%
Sim Não
Analisando o Gráfico 18, podemos constatar que 58% dos alunos afirmaram que a
aprendizagem na disciplina de matemática foi facilitada utilizando a fumicultura no ensino de
89
matemática durante as aulas, porém, 42% dos alunos afirmaram que não houve uma facilitação
no aprendizado. Assim, nota-se que a maioria dos alunos tiveram seu aprendizado facilitado
pela Etnomatemática como recurso metodológico da Aprendizagem Baseada em Problemas,
sendo umas das vantagens destacadas por Paiva (2016) sob a concepção de Barrows (1986):
Diante disso, podemos ressaltar que algumas dessas vantagens também foram
verificadas ao analisarmos os respectivos Gráficos 19, 20, 21, 22, 23 e 24.
14
para
Gosto sobre a Etnomatemática como
12
Aprendizagem Baseada em Problemas
12
10
metodológico
8 7
6
4
2
0
recurso
Sim Não
Resposta
Fonte: Elaborado dos Alunos
pelo próprio autor.
16%
84%
Sim Não
No Gráfico 20, constata-se que 84% dos alunos afirmaram que houve um trabalho
colaborativo durante as atividades em grupo. No entanto, podemos afirmar, segundo o gráfico,
que 16% dos alunos responderam que não houve colaboração nas aulas. No Gráfico 21 temos
as respostas dos alunos sobre a facilitação da aprendizagem mediada pelo professor.
95%
Sim Não
No Gráfico 21, percebe-se que 95% da turma afirmou que o professor facilitou a
aprendizagem durante as aulas. Porém, 5% dos alunos responderam que não. Já o Gráfico 22
apresenta as respostas dos alunos em relação as explicações do docente em aula.
91
Sim 18
0 5 10 15 20
Resposta dos Alunos
No Gráfico 22, nota-se que dezoito alunos concordam que as explicações acerca dos
problemas matemáticos através da fumicultura foram apresentadas com clareza. Diante disso,
apenas um aluno respondeu que o professor não explicou com clareza. No Gráfico 23, temos
as respostas dos alunos sobre a orientação do docente em aula.
0%
100%
Sim Não
No Gráfico 23, nota-se que 100% da turma concorda que o docente orientou
adequadamente nos problemas propostos.
92
18 17
Professor avaliou as respostas e
apresentou diferentes caminhos de
16
14
12
10
8
6
4
2 1 1
0
resolução
Através do gráfico da figura 24, podemos notar que a parte majoritária dos alunos
responderam que o professor avaliou as respostas apresentadas por eles e propôs diferentes
caminhos de resolução para os problemas matemáticos construídos por meio da fumicultura ou,
especificamente, dezessete alunos.
Nesse sentido, a avaliação acontecia através do visto no caderno dos alunos, a
participação durante o desenvolvimento das aulas, anotações de cálculos, dúvidas, a
colaboração em sala de aula entre os alunos. Além disso, a avaliação aconteceu por meio do
próprio pós-teste.
Contudo, nota-se que um aluno deixou em branco as opções do questionário III e outro
afirmou que não. Além disso, temos ainda no Gráfico 25, a apresentação da relação do
entendimento dos alunos acerca dos problemas matemáticos produzidos através da fumicultura.
93
18 17
0
Sim Não
Resposta dos Alunos
16 14
O livro texto, celular o outra
que ajudaram na
problemas
14
12
10
8
6 5
dos
4
2
matemáticos
0
ferramenta
resolução
Sim Não
Resposta dos Alunos
Percebe-se no Gráfico 26 que a maioria dos alunos utilizaram o livro texto, celular,
slides ou outra ferramenta/recurso que pôde auxiliar durante as aulas na resolução dos
problemas matemáticos envolvendo a fumicultura, especificamente, quatorze alunos.
Entretanto, cinco alunos responderam que não. Contudo, faz necessário destacar, segundo Paiva
(2016), que a “Necessidade de produzir recursos em abundância para os alunos como livros,
slides, vídeos, modelos, amostras, equipamentos etc.” (PAIVA, 2016, p. 22), apresenta-se como
uma desvantagem na ABP. Por fim, o Gráfico 27 informa sobre o gosto dos alunos pela
continuação da metodologia em sala de aula.
Não
21%
Sim
79%
Sim Não
Observa-se no Gráfico 28 que 79% dos alunos querem que as aulas continuem com a
metodologia, ou seja, utilizando a Etnomatemática como recurso metodológico para
Aprendizagem Baseada em Problemas. Entretanto, 21% dos alunos não gostariam que as aulas
continuassem com a metodologia. Mediante aos resultados obtidos, pode-se afirmar que a
maioria dos alunos queriam que as aulas continuassem daquela forma. Diante disso, podemos
ressaltar a eficácia positiva na turma, da metodologia ativa para o ensino de matemática ABP,
destacando também o quão “É importante apresentar contextos relacionados com as
experiências e com a vida dos alunos no dia-a-dia.” (MATOS, 2009, p.54).
Por fim, tiveram duas questões abertas em que na primeira os alunos deveriam comentar
pontos negativos na metodologia adotada. Dentre os comentários, alguns alunos comentaram
que não tem pontos negativos, outros deixaram em branco, um comentou que era a parte do
docente, outro comentou que era a parte das amigas que atrapalhavam, um aluno menciona que
95
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo minha
participação nesta pesquisa, por meio desta (as) entrevista (as), pois fui informado de forma
clara e detalhada, livre de qualquer constrangimento e coerção, dos objetivos, das justificativas
e dos procedimentos da mesma.
Fui especialmente informado:
I) Da garantia de receber, a qualquer momento, resposta a toda pergunta ou
esclarecimento de qualquer dúvida acerca da pesquisa e dos seus procedimentos;
II) Da liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo, sem que isso me traga qualquer prejuízo;
III) Da garantia de que não serei identificado quando da divulgação dos resultados e
que as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados
a pesquisa;
IV) Do compromisso do pesquisador de proporcionar-me informações atualizadas
obtidas durante o estudo, ainda que isso possa afetar a minha vontade em continuar
participando;
V) De que esta investigação está sendo desenvolvida como requisito para a obtenção
do certificado de colação de grau no curso de Licenciatura em Matemática, pela
Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca;
VI) Da inexistência de custos.
O pesquisador responsável pela pesquisa é o graduando em matemática Bruno Aureliano,
orientado pelo professor José da Silva Barros, professor da Universidade Federal de Alagoas –
Campus Arapiraca, AL, que poderá ser contatado pelo e-mail jose.barros@arapiraca.ufal.br ou
pelo telefone (82) 9 8874 – 6737.
______________________________________________________________________
Local e data
______________________________________________________________________
Nome e assinatura do pesquisado
______________________________________________________________________
Nome e assinatura do pesquisador
103
APÊNDICE B - DECLARAÇÃO
DECLARAÇÃO
______________________________________________________________________
Local e data
______________________________________________________________________
Nome e assinatura do (a) diretor (a)
104
8. Quais são os passos que devem ser seguidos no cultivo do fumo (do plantio à
venda)?
13. Como esse conhecimento foi passado para o (a) senhor (a)?
14. O (a) senhor (a) acredita que existe alguma diferença entre a matemática escolar e
a usada na fumicultura? De qual forma?
15. O (a) senhor (a) se considera um (a) matemático (a) exercendo essa atividade?
106
4. Qual a profissão dos seus pais (caso possua mais de uma profissão, responder quais
são)?
Resposta: __________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
6. Se a sua resposta no item anterior foi “Sim”, marcar abaixo a (as) opção (s)
correspondente (s).
( ) Cultivo da terra
( ) Período da plantação e colheita do fumo
( ) Fertilizantes/adubos usados na terra
( ) Venenos/agrotóxicos utilizados no fumo
( ) Venda do fumo
( ) Outro: ___________________________________________________________
9. A fumicultura dá oportunidade para outras pessoas trabalharem e terem uma renda além
dos próprios fumicultores?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
11. Se sim, em que situações são utilizados cálculos matemáticos?
Resposta:
______________________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
15. Se respondeu “Sim” no item anterior, você acredita que a matemática da escola é difícil
pois não faz parte do seu dia a dia?
( ) Sim ( ) Não
16. Você acredita que inserir a fumicultura no ensino da matemática pode ajudar a entender
melhor conteúdos matemáticos?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
18. Marque as metodologias ativas/ propostas de ensino abaixo que seu/sua professor (a) de
matemática utiliza no ensino da matemática.
( ) Gamificação
( ) Aprendizagem Baseada em Problemas – ABP
( ) Aprendizagem Baseada em Projetos – ABP
( ) Sala de Aula Invertida
( ) Resolução de Problemas
( ) História da Matemática
( ) Jogos matemáticos
( ) Tecnologia da Informação e Comunicação – TICs
( ) Outra: _______________________________________________________
108
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
8. Você gostou do uso da Etnomatemática como Recurso Metodológico para Aprendizagem Baseada
em Problemas (ABP)?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
10. O livro texto, o celular, ou outras ferramentas te ajudaram na resolução dos problemas matemáticos
envolvendo o fumo?
109
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
13. O professor orientou com perguntas reflexivas acerca da solução dos problemas matemáticos
envolvendo o fumo?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
15. Você gostaria que as aulas continuassem com essa metodologia para o ensino de matemática?
( ) Sim ( ) Não
Resposta:__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Resposta:__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
110