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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPINAS-SP
2021
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CAMPINAS-SP
2021
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Educação
Rosemary Passos - CRB 8/5751
Título em outro idioma: From de human eye to the digital imaging sensor : readings and
practical activity in non-formal physics teaching
Palavras-chave em inglês:
Optics
Physics Teaching
Área de concentração: Educação
Titulação: Doutora em Educação
Banca examinadora:
Maria José Pereira Monteiro de Almeida [Orientador]
Lisandro Pavie Cardoso
Henrique César da Silva
Cassiano Resende Pagliarini
Alessandra Aparecida Viveiro
Data de defesa: 28-06-2021
Programa de Pós-Graduação: Educação
TESE DE DOUTORADO
COMISSÃO EXAMINADORA
CAMPINAS-SP
2021
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Agradecimentos
A Deus que me deu força, fé e coragem para seguir em frente e enfrentar todas as
dificuldades durante o período desse trabalho.
A minha orientadora Prof.ª Dra. Maria José, por me ajudar nas leituras, motivar e
sempre estar disposta a esclarecer as dúvidas. Obrigada por acreditar em mim desde a
graduação!
Aos meus colegas do grupo gepCE: Érika, Alberto, Wanderson, Tatiana, André,
Flávia, David, e todos aqueles que me ajudaram nas discussões e leituras.
Ao meu amigo Lorenzo di Lucia por estar ao meu lado durante minhas decisões,
e acreditar no meu sucesso.
Aos meus amigos (as): Júlio Guedes, Eliane Valente, Ana Vitória, Patrícia Pereira
obrigada por me ajudarem tanto!
À minha mãe Rosamar e ao meu pai Celso. Obrigada por me apoiar e estarem
presentes em todos os momentos da minha vida.
Aos meus gatos: Lello, Babi e Bibito por serem tão fofos e me acalmarem.
RESUMO
Esta pesquisa consiste em analisar a aplicação de uma unidade de Ensino na Educação
Não-Formal. As atividades versam sobre noções de Óptica: formação de imagens e suas
aplicações que constam na leitura de textos extraídos de livros didáticos do Ensino Médio,
textos de divulgação cientifica e uma atividade prática. Os sujeitos participavam de uma
Associação sem fins lucrativos, no período vespertino e durante o período da manhã
cursavam o 8º ou 9º ano do Ensino Fundamental ou um dos três anos do Ensino Médio
em escolas públicas ou privadas da cidade de Jaguariúna - SP. Na Associação eles são
separados em ordem alfabética e distribuídos em três turmas de 25 alunos por turma, num
total de 75 alunos matriculados. Dessa forma em uma mesma turma podemos encontrar
alunos de diferentes anos do Ensino Formal. Para o desenvolvimento da unidade
contamos com nove aulas de 50 minutos cada, distribuídas ao longo de três semanas,
sendo três aulas por semana em cada turma. Discutimos durante as aulas noções sobre
Óptica: formação de imagens e suas aplicações relacionando-as com o olho humano,
câmara escura, máquina fotográfica e com um dispositivo eletrônico que se comporta
como um sensor de imagem digital, o chamado Charge-Coupled Device (CCD). Buscou-
se trabalhar o Ensino de Óptica de uma forma crítica mostrando aos estudantes que a
Ciência é um produto humano que pode ser desenvolvido provocando grandes
modificações no funcionamento da sociedade. Daí a consideração da relevância de se
trabalhar aplicações da Óptica, como o uso de sensores de luz, e de se evidenciar a função
dos sensores existentes, desde olho humano, passando pela câmara escura, máquina
fotográfica até se chegar ao sensor como aplicação tecnológica, o que constituiu um dos
objetivos do ensino através da Unidade trabalhada. Consideramos que esta possibilitaria
a discussão em sala de aula sobre o sensor como um tema tecnológico atual , enquanto
que a leitura de dois diferentes tipos textuais e a atividade prática contribuiria para a
produção de diferentes sentidos pelos estudantes. Assim, procuramos compreender como
estudantes em situação de Ensino Não-Formal produzem sentidos ao lerem diferentes
tipos textuais e ao fazerem uma atividade prática. Para isso elaboramos duas questões de
estudo: 1º) Como estudantes em situação de Ensino Não-Formal produzem sentidos ao
trabalharem com uma unidade de Ensino envolvendo leituras de diferentes tipos textuais
e uma atividade prática? 2º) Como a mediação da professora pesquisadora pode contribuir
para a produção de sentidos sobre temas relacionados à formação de imagens? Como
principal aporte teórico utilizamos noções de Análise de Discurso pêcheutiana,
principalmente pautando-nos em produções de Eni Orlandi. As análises foram realizadas
a partir de respostas a questionários e gravações de aula. Dentre os resultados
encontrados, aqui registramos o fato de, ao procurarmos identificar a noção de repetição,
como é compreendida pela análise de discurso, nas respostas dos alunos ao longo das
atividades, encontramos em diferentes alunos uma das três possibilidades de repetição:
empírica, ou seja, a seleção de trechos do que havia sido lido; repetição formal, ou seja,
a repetição do que havia sido lido com algumas modificações na forma do dizer e a
histórica, ou seja, o que é considerado efetivamente a aprendizagem, pois evidencia que
o estudante relacionou o que havia lido com outros saberes construídos sócio
historicamente ao longo de sua vida.
ABSTRACT
This research consists of analyzing the application of a teaching unit in non-formal
education. The activities deal with notions of Optics: image formation and its applications
that consist of reading texts extracted from high school textbooks, scientific dissemination
texts and a practical activity. The subjects participated in a non-profit association, in the
afternoon and during the morning they attended the 8th or 9th grade of elementary school
or one of the three years of high school in public or private schools in the city of
Jaguariúna - SP. In the Association they are separated in alphabetical order and distributed
in three classes of 25 students per class, for a total of 75 students enrolled. Thus, in the
same class we can find students from different years of formal education. For the
development of the unit we have nine classes of 50 minutes each, spread over three weeks,
with three classes per week in each class. During the classes we discussed notions about
Optics: image formation and its applications relating them to the human eye, darkroom,
camera and an electronic device that behaves like a digital image sensor, the so-called
Charge-Coupled Device (CCD ). We tried to work with Optics Teaching in a critical way,
showing students that Science is a human product that can be developed causing major
changes in the functioning of society. Hence the consideration of the relevance of working
with Optics applications, such as the use of light sensors, and of highlighting the function
of existing sensors, from the human eye, through the darkroom, camera until the sensor
is reached as a technological application, which was one of the objectives of teaching
through the Unit worked. We believe that this would enable the discussion in the
classroom about the sensor as a current technological theme, while the reading of two
different textual types and the practical activity would contribute to the production of
different meanings by the students. Thus, we seek to understand how students in a
situation of non-formal education produce meanings when reading different types of text
and when doing a practical activity. For this, we elaborate two study questions: 1º) How
do students in a situation of non-formal education produce meanings when working with
a teaching unit involving readings of different textual types and a practical activity? 2º)
How can the mediation of the researcher teacher contribute to the production of meanings
on themes related to the formation of images? As the main theoretical contribution, we
used notions of Pêcheutian Discourse Analysis, mainly based on the productions of Eni
Orlandi. The analyzes were carried out based on responses to questionnaires and class
recordings. Among the results found, here we record the fact that, when trying to identify
the notion of repetition, as it is understood by the discourse analysis, in the students'
responses throughout the activities, we find in different students one of the three
possibilities of repetition: empirical, or that is, the selection of excerpts from what had
been read; formal repetition, that is, the repetition of what had been read with some
modifications in the way of saying and the historical, that is, what is effectively
considered learning, as it shows that the student related what he had read with other
knowledge constructed historically throughout his life.
DC – Divulgação Científica.
EM – Ensino Médio.
FC – Física Clássica.
FE – Faculdade de Educação.
LD – Livro didático.
UE – Unidade de Ensino.
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1: Número de artigos encontrados por periódicos nacionais do ano 1979 até 2018.
Tabela 2: Número de artigos encontrados por periódicos internacionais do ano 1990 até
2018.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
“O olho é a janela do corpo humano
pela qual ele abre os caminhos e se
deleita com a beleza do mundo”.
(Leonardo da Vinci 1452-1519)
[…] a física deve vir a ser reconhecida como um processo cuja construção
ocorreu ao longo da história da humanidade, impregnado de contribuições
culturais, econômicas e sociais que vêm resultando no desenvolvimento de
diferentes tecnologias e, por sua vez, por elas sendo impulsionada […].
(BRASIL, 1999, p. 59).
Sabemos que nem a ciência nem a tecnologia são neutras, uma vez que elas são
dependentes de fenômenos sociais, econômicos e políticos. Interferindo assim em nossa
sociedade e participando da construção da história. À medida que, novos conhecimentos
surgem, aprofundamos nossos saberes com a sistematização de métodos baseados na
observação, experimentação e leituras de trabalhos posteriores, abrindo caminho para
o surgimento de novos saberes que podem beneficiar a humanidade. Dessa forma,
podemos dizer que tanto a ciência como a tecnologia percorreram um longo caminho para
chegar ao patamar atual. Segundo Cardoso,
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[...] A geração presente, já tendo nascido sob o signo das vertiginosas mudanças
que a tecnologia acarretou, não tem, em geral, a noção de como todo esse
processo é muito recente e que caminhos a humanidade percorreu para chegar à
atual situação. Entretanto, vivemos num mundo que herdamos, resultado de um
longo e complexo processo histórico, que trouxe muitas mudanças à vida do
homem [...] (CARDOSO, 2001, p. 183).
Dos homens das cavernas aos dias atuais o desenhar, pintar, e registrar as imagens
que retratam momentos inesquecíveis faz parte da vida dos seres humanos. Os homens
das cavernas, por exemplo, já utilizavam as pinturas rupestres nas paredes das cavernas
para registrar seu cotidiano e os acontecimentos que julgavam importantes como: caça,
rituais, crenças etc. As primeiras imagens reveladas, a chamada “fotografia” modificou
crucialmente a vida da população. Houve a democratização da imagem, nesse contexto,
foi possível mudar os horizontes, vislumbrar o desconhecido, guardar momentos e
registrar o cotidiano. Sobre essa “nova janela” os autores Kossoy e Kubrusly falam nesse
sentido.
[…] A introdução da foto na imprensa é um fenômeno de capital importância.
Modifica a visão das massas. Até então, o homem comum só podia visualizar os
acontecimentos que ocorriam nas suas proximidades, em sua rua, em seu
povoado. Com a fotografia se abre uma janela para o mundo [...] (KOSSOY,
1980, p.100).
Tendo em conta o que foi comentado até aqui, nesta pesquisa temos como objetivo
compreender a produção de sentidos por alunos do Ensino Não-Formal, ao trabalharem
com uma Unidade de Ensino (UE) composta por diferentes tipos textuais que versam
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sobre alguns conceitos de Óptica. Dentre eles, destacamos a formação de imagens no olho
humano, câmara escura, máquina fotográfica, e aplicações como o uso do sensor de
imagem digital (CCD). Realizamos também durante a aplicação desta UE uma atividade
prática que tem como principal meta, além de motivar os estudantes e envolvê-los com
esse tipo de atividade, mostrar na “prática” o funcionamento e montagem da câmara
escura e como se deu a formação da imagem. Dessa forma, podemos trabalhar as
semelhanças e diferenças da formação da imagem nos outros dispositivos ópticos
apresentados durante a Unidade de Ensino.
Os sujeitos desta pesquisa participavam da Associação Jaguariunenses de Jovens
Aprendizes (AJJA) uma Instituição filantrópica, sem fins lucrativos, cuja missão é
atender adolescentes na faixa etária de 14 a 18 anos incompletos, com base no critério de
inclusão social. Os estudantes frequentam a Instituição no período vespertino e durante o
período da manhã cursam o 8º ou 9º ano do Ensino Fundamental ou um dos três anos do
Ensino Médio em escolas públicas ou privadas da cidade de Jaguariúna - SP. Nas salas
de aula os alunos são separados em ordem alfabética e distribuídos em três turmas de no
máximo 25 alunos por turma, num total de 75 alunos matriculados. Assim, em uma
mesma turma podemos encontrar alunos de diferentes anos do Ensino Formal. Para o
desenvolvimento da unidade contamos com nove aulas de 50 minutos cada, distribuídas
ao longo de três semanas, sendo três aulas por semana em cada turma.
Dessa forma, com a aplicação da UE buscamos compreender como estes
estudantes em situação de Ensino Não-Formal produzem sentidos ao lerem diferentes
tipos textuais e ao fazerem uma atividade prática envolvendo noções de Óptica, formação
de imagens e suas aplicações. Nesse sentido elaboramos duas questões de estudo:
I. Como estudantes produzem sentidos ao trabalharem com uma unidade de Ensino
envolvendo leituras de diferentes tipos textuais e uma atividade prática?
privada. Consideramos também o fato de que alguns destes estudantes podem não ter
estudado nenhum desses conteúdos na escola regular.
A UE foi orientada no sentido de basicamente provocar a leitura de diferentes
tipos de textos e uma atividade prática, incluindo também discussões dialogadas com a
leitura mediada da professora pesquisadora e dos próprios colegas da turma.
Nossa preocupação foi apresentar diversos tipos textuais aos alunos, pois alguns
deles poderiam não ter acesso ou simplesmente desconhecer textos de divulgação
científica (DC), ficando restritos apenas ao livro didático (LD) na escola. Destacamos
aqui que escolhemos esses tipos de texto pensando também nos possíveis sentidos que os
estudantes produziriam ao trabalhar com a leitura deles mediada pela professora
pesquisadora. Acreditamos que isso era possível com estudantes de diferentes anos
escolares. Preocupamo-nos em escolher textos de coleções de livros didáticos de Física
pertencentes ao PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático), que os
estudantes dessa Instituição não utilizassem na escola regular.
Vários estudos mostram possibilidade para o uso de textos do livro didático e
divulgação científica no Ensino de Física. Traçar novos caminhos e novas perspectivas
de Ensino é a grande motivação para os educadores. Dos vários recursos que existem, a
utilização de textos LD se faz presente na maioria das escolas do país desde 1929, quando
foi implantado o primeiro programa de uso do livro didático. Schubring (2003) discute
que o LD tem história e que o papel que desempenha e sua influência estão sempre ligados
à sociedade de sua época e à maneira como essa sociedade vê a ciência, a cultura e o
ensino. Assim, podemos dizer que o LD não pode ser considerado independentemente de
um contexto sociocultural, sua composição tem influência na maneira de ver e entender
o mundo.
Outro recurso interessante é a utilização de textos de DC que possuem menor
porcentagem de linguagem matemática e grande parte deles está mais próximo da
linguagem do estudante. Diversos autores já vêm desenvolvendo trabalhos que abordam
o uso da DC em sala de aula nos diferentes níveis de Ensino. Dentre eles, citamos:
Almeida e Ricon (1993); Silva (1998); Silva e Almeida (2005); Perticarrari et al, (2010);
Rocha (2012); Zanotello e Almeida (2013) e Silva e Almeida (2014). Sobre divulgação
científica citamos aqui:
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A utilização de diferentes tipos de textos pode ser uma possível alternativa para
ensinar temas de difícil abstração e matemática. Apresentar esses textos para os alunos
pode motivá-los e contribuir para sua formação cultural e tecnológica. Para nós não é
interessante “ler por ler” nem responder questões diretas e fechadas. Queremos saber
como os alunos produziram sentidos sobre o assunto e como uma possível mediação
nossa, discussões em sala, a historicidade de cada sujeito, atuam nesse processo. Cabe
mencionar aqui que nos preocupamos em trabalhar diferentes tipos textuais, sempre
buscando contemplar a Física presente em cada um dos textos, explicando e dialogando
19
com os alunos. Nosso propósito foi trabalhar a leitura com a contribuição da nossa
mediação. De acordo com Almeida,
[...] a substituição de texto de um tipo por outros de natureza diferente não muda
a qualidade da mediação escolar. Um texto com características totalmente
divergentes das do manual didático pode ser trabalhado pelo professor e visto
pelos estudantes segundo os mesmos “hábitos de leitura”, que um e outro foram
construindo em anos e anos de escolarização [...]. (ALMEIDA, 1998, p.54)
No capítulo dois realizamos uma revisão bibliográfica sobre o Ensino de Óptica. Essa
revisão foi importante para conhecermos muito do que já foi feito no campo de pesquisa
do Ensino de Física com foco na Óptica e adensar nosso trabalho. Notamos que muito já
foi estudado sobre a luz e suas aplicações clássicas, assim como propostas educacionais
sobre o uso de experimentação em sala de aula. Notamos que quase não há estudos sobre
a formação de imagens e suas aplicações relacionando-as com o olho humano, câmara
escura, máquina fotográfica e com dispositivos eletrônicos que se comportam como
sensores de imagem digital (CCD).
O capítulo três delimita o referencial teórico-metodológico com princípios e
algumas noções da Análise de Discurso da vertente iniciada na França tendo Michel
Pechêux, como seu principal articulador. Pautamo-nos principalmente em produções de
Eni Orlandi no Brasil. Apresentamos também algumas concepções sobre a Formação de
Imagens numa Perspectiva Cultural. Buscamos relacionar a formação de imagens com
questões históricas, políticas e socioculturais para que possamos contextualizar a
importância do estudo da Óptica, da formação de imagens e suas aplicações no nosso dia-
dia.
No capítulo quatro apresentamos os objetivos do ensino e as principais
estratégias utilizadas durante a aplicação da Unidade de Ensino, além de fornecer
informações sobre os sujeitos que participaram desta pesquisa. Descrevemos aula a aula
e suas principais características como seriam apresentadas aos estudantes. Detalhamos a
leitura de cada um dos tipos textuais e destacamos suas características do ponto de vista
da Física.
No capítulo cinco apresentamos as análises: analisamos o questionário inicial e
final em âmbito geral (nas três turmas); depois analisamos as respostas de uma das três
turmas e, seguimos os discursos produzidos por três estudantes durante o
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desenvolvimento das nove aulas previstas pelo cronograma da Unidade de Ensino. Por
fim, analisamos também as mediações da professora pesquisadora durante algumas das
aulas.
CAPÍTULO 1.0
entender conceitos relevantes sem levar em conta, num primeiro momento, a matemática
envolvida nem a “decoreba” de fórmulas.
Segundo Lobato e Greca, “[...] Atualmente é consensual, entre físicos e
professores de Física, a nível internacional, a necessidade de introduzir conteúdos de
Física Contemporânea nos currículos de Física do Ensino Secundário” (GRECA E
LOBATO, 2005, p.1).
Muitos outros autores, já há bastante tempo, defendem a ideia de que é necessário
inserir tópicos de FMC no Ensino Formal. Na sua tese de doutorado Terrazan, discute a
necessidade dessa inserção. Segundo esse autor devemos nos basear no “equilíbrio” entre
as necessidades que a própria Ciência Física impõe para que haja consistência na
apresentação dos tópicos e para que privilegie leis gerais e conceitos fundamentais. Ele
justifica essa inserção como uma sustentação da Física Clássica, estudando os limites
clássicos, bem como, intercede em favor da seleção de tópicos que não exijam o rigor
matemático. O mesmo autor também defende a necessidade de incluir no Ensino de Física
tópicos que remetam aos desenvolvimentos mais recentes da Física do século XX.
Precisamos de uma “[...] Apresentação dos conteúdos sob um ponto de vista mais
moderno [...]” (TERRAZZAN, 1992, p. 211).
Alguns autores pensam no Ensino de Física como um momento de discussão e
olhar crítico para a Ciência. Concordamos com Wellington apud Silva (2002) ao expor
que um dos objetivos do Ensino de Ciências é ensinar os alunos a olharem crítica, céptica,
porém construtivamente para a ciência, na medida que: “[...] um dos objetivos da
educação formal é certamente o de capacitar futuros cidadãos a darem sentido e
examinarem criticamente os materiais relacionados à ciência que eles encontrarão para
ler ao longo de suas vidas após cessar a educação formal [...].” (WELLINGTON apud
SILVA, 2002, p. 370)
No Ensino de Física, o tópico que estuda as noções de Óptica, formação de
imagens e suas aplicações, sem dúvida é interessante, porém muito abstrato, pois na
maioria das vezes ensinamos conceitos sobre objetos tridimensionais utilizando apenas
quadro negro e giz. Pensando em mudar essa forma de Ensino, esta tese inclui uma
Unidade de Ensino (UE) que busca uma maneira de apresentar aos estudantes conceitos
de Óptica, formação de imagens e algumas das suas aplicações relacionando-as com o
olho humano, câmara escura, máquina fotográfica e com dispositivos eletrônicos que se
comportam como sensores de imagem digital, o chamado Charge-Coupled Device (CCD)
presente no nosso dia-dia. Pensamos numa contribuição para os estudantes que serão
23
Assim de acordo com estes autores, como educadores, buscamos formar cidadãos
atualizados e nesse sentido instruí-los sobre papel da Ciência e da Tecnologia na nossa
sociedade. Neste trabalho seguimos o caminho de evidenciar conceitos de Óptica
24
As aplicações não param por aí. Um texto de Silva, mostra o uso dos sensores
aplicados no agronegócio visando a economia de água devido à forte crise hídrica daquele
ano. De acordo com a reportagem Silva aponta que:
[...] estudos mostram que o uso de sensores permiteuma economia de pelo menos
50% da água quando instalados numa plantação que não usava nenhum método
de manejo. A explicação é simples: quando não possui nenhum aparelho de
medição, o produtor vê que o solo está seco em cima e já irriga. Com o sensor,
ele confere a umidade não na superfície, mas sim nas raízes, que é onde importa,
e só irriga quando a planta realmente precisa de mais água [...] (SILVA, 2015,
p.1)
[...]Os sensores termais são câmeras que registram dados de uma banda espectral
bem específica do Infravermelho, a banda espectral “Infravermelho Termal”.
Essa banda consegue registrar radiações emitidas pela superfície dos objetos
capturados (ou seja, calor emitido pelos objetos). Na literatura é dito que todo
corpo que possui temperatura acima do 0 absoluto (0 K ou -273,15 °C), emite
radiação na faixa do espectro eletromagnético infravermelho termal, sendo
muitíssimo explorada em áreas de segurança, policial, atividades de busca e
salvamento de pessoas, inspeções de obras de energia elétrica, medicina, entre
outros. No entanto, essa tecnologia vem ganhando popularidade dentro da
Agricultura, por ser uma técnica que vem reduzindo os custos ao longo dos anos,
a partir do momento que começa a ganhar mercado dentro da área civil e
tornando-a mais acessível à população. (BELTRÃO, 2017, p.1)
[...] Uma realidade em que pessoas com doenças crônicas usem sensores que sejam
capazes de monitorar seu organismo e enviar as informações diretamente para o
consultório e até para o celular de seu médico foi apresentada pela diretora de
Tecnologia da Informação em Saúde da Intel, Joan Hankin. [...] (LENHARO, 2014,
p.1)
Esses satélites podem possuir sensores passivos que captam a luz do sol e geram imagens.
Ou podem possuir sensores ativos que possuem sua própria fonte para iluminação. O
sensor emite radiação que é direcionada para o alvo que se deseja investigar. A radiação
refletida do alvo é detectada e medida pelo sensor.
O primeiro sensor de luz que faz parte da nossa vida desde que nascemos é o olho.
Não é à toa que Leonardo da Vinci afirmou que “o olho é a janela do corpo humano” de
fato, o sentido da visão, segundo Ramos, é responsável por 75% de nossa percepção.
“[...]um resultado de uma soma de ações óticas, químicas e nervosas realizadas ao mesmo
tempo [...]” (RAMOS, 2006, p.3).
Assim, o olho atua como um sensor que capta a informação luminosa/visual e a
transforma em um impulso nervoso que será decodificado pelo cérebro. No sistema óptico
do nosso olho temos estruturas especificas que são responsáveis por esse processo de
captação da luz até o processamento da formação de imagens. De forma simplificada,
podemos dizer que o olho é formado por: córnea, íris, pupila, retina, e nervo óptico. Na
figura 1 vemos uma representação do olho humano e seus componentes ópticos.
Para que a imagem seja formada os raios de luz provenientes do objeto incidem
no globo ocular passando pela córnea que é a porta de entrada da luz no olho. Depois
esses raios seguem para a íris que tem como papel controlar a entrada de luz no olho. No
centro da íris encontra-se a pupila que dilata e contrai de acordo com a luminosidade. De
29
acordo com Faria e Souza (1990), o diâmetro da pupila pode variar desde 2 mm em
lugares com luz intensa, até 8 mm em lugares escuros.
Ainda de acordo com esses autores, a luz atinge o cristalino que é a lente ajustável
(biconvexa) do olho que focaliza a luz na retina. A retina está localizada na parte detrás
do globo ocular. Ela é formada por células neurais que são fotossensíveis, os cones e os
bastonetes.
A luz visível que chega em nossos olhos é composta por um espectro de cores que
vai desde o azul até o vermelho, passando pelas sete cores do arco-íris. Cada cor tem
como característica sua frequência de oscilação, ou seja, quantas oscilações a onda realiza
por unidade de tempo; seu comprimento de onda, ou seja, a distância entre dois pontos
mais baixos (dois vales) ou a distância entre dois pontos mais altos (duas cristas)
consecutivos; e a sua velocidade.
Os cones são as células responsáveis pela visão das cores, fisicamente falando,
eles são capazes de diferenciar a frequência de cada onda eletromagnética recebida, ou
seja, a luz. Isso porque existem três tipos de células cones que são capazes de identificar
o espectro de cores da luz, chamados de cones longos que são fotossensíveis ao vermelho,
cones médios que são fotossensíveis ao verde e cones curtos que são fotossensíveis ao
azul. A figura 2 ilustra o espectro visível e a frequência para cada uma destas células
cones.
[...] A retina é uma película fina, com espessura que varia de 0,1 a 0,5 mm, que
reveste a maior parte posterior do globo ocular e é composta por células
fotossensíveis que recebem o estimulo luminoso transformando-o em estímulo
elétrico que é transmitido ao cérebro através do nervo óptico. Há uma pequena
região na retina, denominada fóvea, onde a imagem é mais nítida e mais
detalhada e, por essa razão, movemos o globo ocular para que a imagem do
objeto seja formada nessa região [...] (PASSOS, 2008, p.11).
Ainda de acordo com este autor, temos que notar também que na retina é formada
uma imagem invertida, porém quando o cérebro recebe a informação ele a transforma em
uma imagem direita. Como vimos o olho humano é formado por muitos componentes que
são responsáveis por formar a imagem dos objetos na retina.
Dessa forma, podemos comparar o olho humano com a câmera fotográfica que
também possui componentes que têm como objetivo registrar a imagem focalizada pela
câmera. No olho humano, por exemplo, a íris atua como o diafragma da câmera
fotográfica, controlando a entrada de luz. O cristalino funciona como a lente da câmera,
ele muda sua forma para focar a imagem enquanto que a lente da câmera possui
movimento para frente e para traz para obter o foco. Por fim, a retina tem o papel do filme
fotográfico atua como um sensor onde a luz é sensibilizada e seus pulsos elétricos seguem
para o cérebro. Na figura 3 temos uma representação dessa comparação entre olho
humano e máquina fotográfica.
31
(Equação I),
A parede oposta ao orifício (local onde a imagem é formada) pode ser trocada por
um papel vegetal e assim torna-se possível observar fora da caixa e se consegue visualizar
a imagem formada em razão da presença em frente ao orifício do objeto. A figura 5 a
seguir ilustra um homem (objeto) e sua respectiva imagem.
33
Quando estudamos a câmara escura vemos que ela foi de total importância
sociocultural pois as projeções de imagens possibilitadas pela entrada de luz a partir de
orifícios mínimos são observadas há milhares de anos. De acordo com Fainguelernt
(2012), “[...] a câmera escura é um arquétipo da representação – uma forma precursora
de todos os aparatos ópticos que se desenvolveram [...]”.
Baseado nos textos de Grepstad (2015), Wenczel (2007) e Rezende (2011), e
Aumont (2012) fazemos aqui um resumo histórico da evolução da captura de imagens
utilizando a câmara escura. Ao longo do tempo as câmeras escuras despertaram o
interesse em inúmeros cientistas e foram utilizadas em diversos contextos. Os primeiros
relatos sobre a utilização das câmeras escuras datam de escritos deixados na China por
Mo-Tzu no século 5 AC que já mencionava o efeito da inversão de imagens nas câmeras
de orifício. De acordo com Renner,
[...] Aristóteles, em torno de 300 AC, questionava-se sobre a projeção de
imagens. Já nesta época a observação dos fenômenos espaciais, como os eclipses
solares, eram efetuados através de pequenos orifícios a fim de evitar danos à
visão [...] (RENNER, 2000, p.5).
Figure 6: Representação do uso da câmara escura na observação de um eclipse solar. Desenho feito por
Gemma-Frisius no livro De Radio Astronomica et Geometrica (1544).
Fonte: http://cga-flaviabarros.blogspot.com/2011/03/camara-escura-estenopeica-materiais.html
[... ]A natureza que fala à câmera não é a mesma que fala ao olhar; é outra,
especialmente porque substitui a um espaço trabalhado conscientemente pelo
homem, um espaço que ele percorre inconscientemente. [...] Só a fotografia
revela esse inconsciente ótico, assim como só a psicanálise revela o inconsciente
pulsional [...]. (BENJAMIN, 1985, p. 94).
com Maya (2008) esse é um dos processos básicos da fotografia moderna, e as placas
viraram o primeiro produto da empresa. Surge, nesse momento, a ideia do filme
fotográfico revolucionando o mercado da fotografia que não tinha preços acessíveis nem
eram fáceis de se transportar. A marca Kodak foi registrada em 1888 por Eastman e era
só o nome da câmera da empresa. Ela tinha um filme de 100 poses e era a primeira
realmente fácil de usar. Para revelar, você a enviava inteira para a companhia, que
devolvia as impressões e já colocava mais filme.
Segundo Keina (2017), Eastman lançou no ano seguinte de forma comercial o
primeiro rolo de filme celuloide transparente e flexível da história, foi o começo da
fotografia amadora. A empresa investiu em ciência e tecnologia na criação de novos
formatos de filme. Ela também não parou de expandir para outros países. Em 1907, já
eram 5 mil funcionários espalhados pelo mundo.
As câmeras Brownie foram uma série de câmeras de baixo custo produzidas pela
Eastman Kodak, dirigidas a amadores. Lançada em 1900 consistia em uma pequena caixa
de papelão, com uma lente menisco simples, que usava filme de rolo 120, e custava
apenas 1 dólar, podia ser usada por crianças e adultos. As Brownies democratizaram a
prática da fotografia, permitindo que qualquer pessoa tomasse suas próprias imagens.
Segundo o slogan: "Você aperta o botão, nós fazemos o resto".
Com essa síntese podemos notar a importância da fotografia se tornar acessível ao
grande público e ajudar a preservar a história e cultura da sociedade. Ou seja, segundo
Kubrusly,
[...] A fotografia trazia em si vários aspectos democratizantes. Primeiro, um
número muito maior de pessoas podia empreender uma aventura, antes restrita a
uma elite: a transformação de suas emoções seus pensamentos, seu modo de ver
numa imagem passível de ser difundida, analisada e criticada. Em segundo lugar,
a fotografia tornou possível a qualquer pessoa a posse de imagens, e de início
assumiu importância decisiva a posse da sua própria imagem seu retrato [...]
(KUBRUSLY, 1991, p.10-11).
acaba funcionando, já que os detalhes significantes de uma imagem costumam ser muito
maiores do que os pixels do sensor.
Capítulo 2.0
REVISÃO DA LITERATURA
Com o intuito de conhecer mais sobre o tema deste trabalho, noções de Óptica,
formação de imagens e suas aplicações no que se refere a pesquisas realizadas,
inicialmente, fizemos uma revisão bibliográfica sobre os trabalhos publicados em oito
periódicos nacionais com a atual classificação Qualis A1, A2, B1, B2, C das áreas de
Ensino de Ciências/Física do início de cada periódico até 2018. A escolha se justifica pelo
fato de estarem disponíveis na internet com acesso livre, como também pela reconhecida
representatividade das mesmas junto à comunidade acadêmica. Também realizamos uma
revisão bibliográfica em alguns periódicos internacionais de relevância para o Ensino de
Ciências: The Physics Teacher, Physics Education, Revista Electrónica de Enseñanza de
las Ciencias e Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciencias.
Para a revisão nos periódicos brasileiros, utilizamos a base de dados que constam
na internet de cada revista para realizar a busca dos trabalhos publicados desde os
primeiros números dos periódicos até o final do ano de 2018. São eles: Alexandria desde
2008; Ciência & Educação desde 1998; Investigações em Ensino de Ciências desde 1996;
Caderno Brasileiro de Ensino de Física desde 1984; Ensaio: Pesquisa em Educação em
Ciências desde 1999; Revista Brasileira de Ensino de Física desde 1979; Revista
Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências desde 2001; Ciência & Ensino desde
1996, direcionando-os para os oito focos de pesquisa cujos temas apresentamos a seguir.
Inicialmente fizemos a seleção dos artigos para a revisão. Realizamos a busca das
seguintes palavras chaves: Óptica, luz, luminosidade, sensores, funcionamento de
sensores, aplicações de sensores, visão humana, olho humano, câmara escura, máquina
fotográfica e sensor, nas bases eletrônicas de busca de cada um dos periódicos. Nosso
objetivo inicial foi realizar uma revisão que versasse sobre os conceitos de Óptica
relacionados com a luz, incluindo o olho humano, câmara escura, câmara fotográfica
chegando nos sensores ópticos. Isto justifica o uso das palavras chaves escolhidas. Dessa
forma, encontramos para cada periódico, o número de artigos expostos na tabela 1
42
incluindo o período pesquisado. Bastava uma única palavra destas aparecer no título,
resumo ou nas palavras-chave para que o artigo fosse selecionado.
Tabela 1- Número de artigos encontrados por periódicos nacionais do ano 1979 até
2018.
No.de
Periódicos Período trabalhos
Alexandria 2008 a 2018 2
Ciência & Educação (C&E) 1998 a 2018 6
Investigações em Ensino de Ciências (IEC) 1996 a 2018 3
Caderno Brasileiro de Ensino de Física (CBEF) 1984 a 2018 38
Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências
(ENSAIO) 1999 a 2018 2
Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF) 1979 a 2018 8
Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências (RBPEC) 2001 a 2018 3
Ciência & Ensino 1996 a 2018 1
Total: 63
Fonte: Própria
4%
12%
13%
25%
a b c d e f g h
g) Sintetizamos agora trabalhos com foco na análise dos livros didáticos. Encontramos
4% do total de trabalhos que contribuíram com esse tipo de pesquisa. Krapas et al
(2008) apresentaram uma pesquisa que evidencia o caráter polissêmico do termo
“campo” em livros didáticos do Ensino Médio. A autora mostra que a polissemia
desse conceito tem raízes nos significados atribuídos tanto no passado como na
atualidade. Araújo et al (2009) compararam a teoria apresentada por Christiaan
Huygens no Tratado sobre a luz, no século XVII, com a versão que aparece em alguns
livros didáticos de Física para cursos superiores, e estudaram a percepção dos alunos
acerca do desenvolvimento dessa teoria. As informações veiculadas nesses livros
incorporam contribuições posteriores, que levam a uma visão inadequada da evolução
dessa teoria e a atribuir ao passado as concepções atuais. Krapas (2011) estudou nos
livros didáticos a transposição da luz como uma onda eletromagnética
h) Sintetizamos, por último, trabalhos com foco sobre o olho humano e visão; câmara
escura, câmera fotográfica e sensores. Encontramos 22% do total de trabalhos com
esses intuitos. Valadares et al (1998) apresentaram sugestões, conceituais e práticas,
de como introduzir no Ensino Médio tópicos de Física Moderna relacionados com o
cotidiano dos alunos. Os autores destacam experiências de baixo custo que permitem
uma vivência direta de alguns dos princípios subjacentes à tecnologia atual. Silveira
et al (2001) afirmam que ao refletir a luz do Sol, um espelho plano forma manchas
49
Fonte: Própria
Dos 40 artigos selecionados separamos alguns trabalhos que estão mais próximos das
aplicações de óptica que versam sobre a formação de imagens no olho humano, câmara
escura, máquina fotográfica e sensor dentro área de Ensino de Física.
Podemos citar dentre eles o artigo de Otaviano (2010) que descreveu um experimento
para ensinar a “Física do olho humano”. O autor detalhou a montagem de um globo
construído com alumínio e um papel opaco que simula o olho humano produzindo uma
imagem na retina. Um dos objetivos do autor era detalhar o funcionamento do olho
humano e o papel da córnea.
Em Greenslade Jr.(1978) o autor analizou algumas ilustrações de câmeras escuras
destacando suas características em diversos livros, jornais e revistas durante o século
XIX.
52
Criado et all (2007) descreveu como usar em sala de aula uma câmara escura
contruída a partir de uma caixa de papelão na qual os estudantes colocavam a cabeça. Os
autores discutiram a importância da experimentação em sala de aula e a formação da
imagem levando em conta as inúmeras variáveis experimentais como, por exemplo, o fato
de alguns estudantes reclinarem-se ao interior da câmera escura e outros apenas a
olharem.
Hoeling (2011) discutiu dificuldade em ensinar a formação de imagens no olho
humano usando um modelo bidimensional (lousa-giz) e o livro didático. A autora propôs
o uso de jogos autônomos para o ensino da formação de imagens, porém alertou para a
necessidade de uma contextualização e acompanhamento docente para que o Ensino seja
efetivo.
Santillo (2009) apresenetou um modelo de “chip” CCD que pode ser usado em sala
de aula para demostrar o que é um sensor. Ele também discutiu algumas aplicações dos
CCDs usados pela primeira vez em 1980 pelos astrônomos e posteriormente encontados
em câmeras digitais, scanners, fotocopiadoras e dispositivos de imagens médicas.
Assim, consideradas as revistas revisadas com as palavras-chaves de nosso
interesse, podemos notar que nosso tema: “aplicações de óptica que versam sobre a
formação de imagens no olho humano, câmara escura, máquina fotográfica e sensor de
luz (CCD), é pouco discutido em âmbito internacional dentro da área de Ensino de Física.
53
CAPÍTULO 3.0
[...] as palavras não são só nossas. Elas significam pela história e pela língua. O
que é dito em outro lugar também significa nas “nossas” palavras. O sujeito diz,
pensa que sabe o que diz, mas não tem acesso ou controle sobre o modo pelo
qual os sentidos se constituem nele. Por isso é inútil, do ponto de vista discursivo,
perguntar para o sujeito o que ele quis dizer quando disse ‘x’ (ilusão da entrevista
in loco). O que ele sabe não é suficiente para compreendermos que efeitos de
sentido estão ali presentes. [...] (ORLANDI, 2003, p.33).
aluno se relacionar com o repetível, ou seja "[…] criar condições para que o aluno trabalhe
sua relação com suas filiações de sentido, com a memória do dizer" (ORLANDI, 1998)
[...] Da parte dos alunos, uma maneira de instaurar o polêmico é exercer sua
capacidade de discordância, isto é, não aceitar aquilo que o texto propõe e o
garante em seu valor social: é a capacidade do aluno de se constituir ouvinte e
se constituir como autor na dinâmica da interlocução, recusando tanto a fixidez
do dito como a fixação do seu lugar como ouvinte.[...]. (ORLANDI, 1996, p. 33)
[...] Nos situamos entre aqueles que defendem a ideia de que saber física não
significa somente saber fazer exercícios de física, mas também desenvolver uma
cultura em física, adquirindo noções sólidas sobre o que a física produz, quais
seus objetos de estudo, como ela se desenvolve enquanto ciência, quais suas
contribuições no mundo contemporâneo, quais seus conceitos fundamentais e
suas aplicações. [...] (ZANOTELLO; ALMEIDA, 2007, p.437-438).
[...] Infelizmente um cidadão contemporâneo médio (ou seja, igual a todos nós)
é ensinado durante a sua vida escolar que a ciência é uma matéria esotérica, que
não tem nada a ver com a vida atual das pessoas, que não faz parte da bagagem
cultural. Por outro lado, algo que paradoxalmente passa desapercebido da
maioria das pessoas, somos bombardeados pela manipulação ideológica da
ciência pelos meios de comunicação: um creme dental testado cientificamente,
as desastrosas consequências para o desenvolvimento do país da exiguidade de
recursos para as pesquisas científicas, as ciências no vestibular. É tudo uma
ficção científica. Ao mesmo tempo nos deparamos com as dificuldades em lidar
com informações científicas básicas, como foi o caso do acidente radioativo de
Goiânia em 1988. E também há o crescente interesse despertado por livros de
divulgação científica que atingem, às vezes, várias edições no nosso mercado
editorial. Mas há uma dificuldade muito grande em integrar essa incipiente
curiosidade cultural pela ciência e aquilo que se passa na escola. Ou seja, a
maioria das pessoas consome ciência enquanto cultura, mas, ao mesmo tempo,
58
CAPÍTULO 4.0
Como apresentado na introdução desta tese tínhamos como objetivo trabalhar com
estudantes de uma Instituição filantrópica, sem fins lucrativos, em situação de Ensino
Não-Formal, uma Unidade de Ensino (UE) que utiliza textos do livro didático (LD) do
Ensino Médio (EM), textos de divulgação científica (DC), e uma atividade prática. O
tema principal desta pesquisa é Óptica, formação de imagens e suas aplicações.
Trabalhamos durante as aulas noções sobre formação de imagens e suas
aplicações relacionando-as com o olho humano, câmara escura, máquina fotográfica e
com dispositivos eletrônicos que se comportam como sensores de luz, o chamado Charge-
Coupled Device (CCD) que chamamos neste trabalho de sensor de imagem digital. Como
dissemos antes, buscamos realizar esta pesquisa levando em conta, características
culturais, tecnológicas e socioeconômicas. Selecionamos esses temas dada a sua
relevância nos diversos dispositivos tecnológicos utilizados no nosso dia a dia.
Procuramos trabalhar com os alunos a relação sociocientífica presente nas
aplicações da Física. Também por vermos a possibilidade de estudar esses temas com
poucos cálculos matemáticos destacamos o estudo da formação de imagens e
função/funcionamento do olho humano, câmara escura, máquina fotográfica e aplicações
tecnológicas como os dispositivos eletrônicos que se comportam como sensores de
imagem digital. Procuramos não esquecer também do impacto social e político que cada
aplicação tecnológica trouxe para a sociedade como o uso do sensor em diversos
equipamentos.
Acreditamos que podíamos proporcionar aos estudantes um conhecimento de
Física que provocasse interesse e curiosidade o que julgamos fundamental para o Ensino
de Ciências, podendo inclusive perpassar outros conhecimentos que eles já poderiam
possuir. Dessa forma listamos objetivos para a Unidade de Ensino com a qual trabalhamos
durante as aulas:
II. Fomentar o desenvolvimento por parte dos alunos de posturas críticas sobre
questões políticas, sociais, culturais, ambientais e econômicas associadas à ciência
e à tecnologia, no que se refere ao uso de sensores ópticos. Além de uma discussão
sócio cientifica da importância e desenvolvimento do uso dos sensores.
IV. Fomentar a autonomia dos alunos no que se refere à busca de informações que
possam complementar/problematizar as interpretações e sentidos produzidos
durante as aulas;
os dias da semana das 14:00 às 16:50 horas, durante 6 meses. Como já dissemos, são
jovens que têm entre 14 a 18 anos incompletos, regularmente matriculados no Ensino
Formal no 8º ou 9º ano do Ensino Fundamental ou em um dos três anos do Ensino Médio,
em escolas públicas ou privadas e que fizeram a matrícula para participar do programa de
“Capacitação AJJA”.
Para que o aluno seja aprovado na capacitação e direcionado para uma empresa
parceira é necessário que ele atinja a nota mínima 5,0 em todas as matérias. Também é
necessário apresentar bom comportamento e seguir as regras do programa: respeito
mútuo, respeitar os horários de entrada e saída, usar o uniforme, 75% de presença nas
aulas, participar das atividades extraclasse: como passeios culturais e visitas em museus,
e os pais devem participar das reuniões de pais e acompanhar o aluno durante todo o
projeto. O acompanhamento da família é de suma importância para a Instituição e é
cobrado como regra obrigatória. Durante a capacitação o estudante realiza duas provas de
cada disciplina e também é avaliado pelo professor que leva em conta o empenho do aluno
e seu comportamento nas aulas. Ao final, os estudantes são encaminhados para o primeiro
emprego como jovem aprendiz seguindo uma classificação quantitativa. O primeiro da
lista é o aluno que se destacou durante a capacitação e teve a melhor média do semestre.
Segundo os manuais descritivos da Instituição o jovem também apresenta ao final
do semestre um plano de ação chamado de “Agenda 21” diagnosticando e sugerindo
alternativas para questões de ordem pública como: educação, saúde, meio ambiente,
turismo entre outros, da cidade de Jaguariúna. A Agenda 21 segue o princípio de “Pensar
globalmente, agir localmente”. É um plano de ação formulado internacionalmente para
ser adotado em escala global, nacional e localmente por organizações do sistema das
Nações Unidas, pelos governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação
humana impacta o meio ambiente. Foi assinado por 179 países participantes do ECO 92
no Rio de Janeiro.
Uma das bases da Agenda 21 é refletir e afirmar um compromisso político, que
estabeleça um diálogo permanente e construtivo inspirado na necessidade de atingir uma
economia em nível mundial mais eficiente e equitativa cujo alicerce é a sinergia da
sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações
propostas. Alguns setores consideram que a agenda 21 é um guia eficiente para processos
de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua aplicação, por
isso, pode ser considerada um instrumento de formação de políticas públicas no Brasil.
63
mesmo seguindo alguns “moldes” do Ensino Formal como um plano de Ensino a ser
seguido e disciplinas fixas. Os estudantes socializam práticas, participam de feiras de
Ciências, fazem visitas em museus e exposições lúdicas, e também podem pensar
criticamente e debater todas em aulas diferenciadas e também em projetos internos, como
é o caso da “Agenda 21”.
Segundo Gohn, quando se fala em educação não formal, é quase impossível não
a comparar com a educação formal e informal. Assim essa autora faz uma distinção entre
as três modalidades:
[...] A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos
previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem
durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos, etc.,
carregada de valores e cultura própria, de pertencimento e sentimentos herdados;
e a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os
processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e
ações coletivas cotidianas. (GOHN,2006, p. 28)
Neste projeto constituímos uma Unidade de Ensino que utiliza textos do livro
didático do Ensino Médio, textos de divulgação científica, e uma atividade prática. O
tema principal da unidade é Óptica, focalizando na formação de imagens e suas
aplicações.
Como já dissemos, nossa preocupação foi apresentar outro tipo textual aos alunos,
pois alguns deles poderiam não ter acesso ou simplesmente desconhecer textos de
divulgação científica (DC), ficando restritos apenas ao livro didático (LD) na escola.
Destacamos aqui que escolhemos esses tipos de texto pensando também nos possíveis
sentidos que os estudantes produziriam ao trabalhar com esses textos mediados pela
professora pesquisadora. Acreditamos que isso era possível com estudantes de diferentes
anos escolares. Como já dissemos, nos preocupamos em escolher textos de livros
didáticos, pertencentes ao PNLD (2018-2020), que os estudantes dessa associação não
tivessem utilizando na escola formal. Verificamos que duas coleções de livros didáticos
utilizados na unidade, não eram usados nas Escolas Públicas nem nas Particulares da
cidade de Jaguariúna. Pensar em quais textos escolher foi um desafio deste trabalho pois
queríamos discutir não só os conceitos de óptica, mas que relacionassem à prática do
cotidiano, à ciência e à tecnologia.
A coleta de informação para a pesquisa aqui apresentada foi realizada ao longo de
três semanas em nove aulas de 50 minutos cada, nas três turmas da AJJA, formadas por
diferentes séries do Ensino Formal. Essas aulas ocorreram no período vespertino e na
disciplina de “Ciências”, no primeiro semestre de 2019. Cabe assinalar que a proposta é
coerente com a ementa da disciplina em questão, sem haver prejuízo didático para os
alunos. A seguir, explicitamos as atividades, as principais estratégias e objetivos da
unidade proposta. Antes de conhecer os alunos e entrar em sala de aula, participamos da
1ª reunião de pais com a finalidade de apresentar o TLCE- Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Anexo I) e a pesquisa aos responsáveis, além de sanar dúvidas
referente à aplicação da Unidade de Ensino e todo o trabalho de pesquisa.
É importante frisar que todos os alunos que participaram desta pesquisa receberam
impressões coloridas dos textos que constituíram a Unidade de Ensino (Anexo II) e
tiveram acesso aos textos no formato digital. Consideramos isso relevante para a
66
visualização das figuras e maior entendimento dos conceitos. Durante as aulas também
foi utilizado o projetor na exposição dos textos durante as leituras.
Vale destacar também que durante a aplicação da UE coletamos os dados através
da gravação em áudio. Utilizamos a gravação para focalizar as falas da professora
pesquisadora e dos estudantes para posteriormente fazer as análises. O celular da
professora e alguns gravadores de audio foram instrumentos que nos auxiliaram
basicamente durante as atividades em grupos com a finalidade de obtermos as falas dos
alunos. Estes instrumentos foram deixados nas carteiras enquanto eles discutiam as
atividades propostas e também durante a leitura dos textos.
Todas as leituras realizadas durante a aplicação da UE ocorreram da seguinte
forma: num primeiro momento cada aluno leu individualmente o texto, depois foi feita
uma leitura compartilhada. Ora um dos estudantes lia em voz alta ora a professora.
Durante a leitura compartilhada a professora fez algumas pausas para enfatizar e discutir
com os alunos algumas noções importantes da Óptica. Para melhor entendimento da
sequência dos textos trabalhos em cada uma das aulas, construímos o Quadro 1 que
resume as principais atividades propostas.
1ª Aula Apresentação e assinatura do TCLE pelos alunos; Aplicação do questionário inicial com o
objetivo de oferecer à professora pesquisadora informações sobre os sujeitos, seus hábitos de
leitura e conhecimentos de noções sobre a luz.
2ª Aula Leitura do texto “A luz e as cores do mundo” extraído do livro didático: Física em Contextos,
Volume 3, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016
3ª Aula Leitura do texto sobre o “Olho humano” retirado do livro Física em Contextos, Volume 2,
Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016.
4ªAula Leitura do texto sobre a “Óptica da visão” extraído do livro didático: Física: ciência e
tecnologia, Volume 3, Carlos Magno A. Torres, 3º ed – São Paulo, Editora Moderna, 2013.
Correção dos exercícios que foram levados para a casa.
6ª Aula Leitura do texto sobre “Uma abordagem histórica da visão” retirado do livro Física em
Contextos, Volume 2, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016.
67
7ª Aula Leitura do texto sobre o texto extraído do livro: 50 máquinas que mudaram o rumo da história,
Eric Chaline - tradução de Fabiano Morais, Rio de Janeiro Editora Sextante 2014. Projeção
do documentário “ A Arte e a Ciência da Fotografia” desenvolvido em 2015 pela COVEN
PRODUÇÕES para o curso de Rádio e Tv das Faculdades Oswaldo Cruz, (Link:
https://www.youtube.com/watch?v=Pwrri5s7Xg8).
8ª Aula Leitura do texto “Um Nobel tardio” escrito pelo colunista/professor Carlos Alberto dos
Santos, extraído da Revista de divulgação científica Ciência Hoje e publicado em 29 de
outubro de 2009.
Nesta sessão descrevemos cada uma das aulas e suas características que
consideramos mais relevantes. Na 1ª aula referente à pesquisa, os alunos após entregarem
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos responsáveis e por eles, os
estudantes responderam o questionário inicial que ajudou a professora pesquisadora a
obter informações sobre os sujeitos, seus hábitos de leitura e, além disso, encontrar
indícios sobre o que eles já haviam ouvido falar sobre a luz, formação de imagens e suas
aplicações.
Questionário inicial:
a) O olho humano?
c) Um sensor luminoso?
68
O questionário inicial foi pensado basicamente para termos algumas noções sobre
o imaginário dos estudantes, a respeito do que seria trabalhado e que poderia contribuir
para o Ensino da Óptica.
Na 2ª aula realizamos a leitura do texto: “A luz e as cores do mundo” extraído do
livro didático: Física em Contextos, Volume 3, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo;
Editora Brasil – 2016 (Anexo II). A professora pesquisadora começou a leitura do texto
discutindo o conceito de fonte luminosa e luz incidente. Destacamos aqui as fontes de luz
monocromática que possuem apenas uma cor, por exemplo, o azul e fontes de luz
policromática formada por uma combinação de duas ou mais cores monocromáticas.
Ressaltamos aos alunos que a cor dos objetos depende da fonte luminosa. A figura 9 foi
retirada do texto para exemplificar essa relação. Podemos notar que as cores do melão
mudam dependendo da fonte de iluminação.
“dioptria”, baseado no texto da UE. Por fim, com o intuito de estimular e apresentar
alguns cálculos matemáticos sobre o assunto foi realizado na lousa a correção dos 3
exercícios propostos como de tarefa de casa. Também foram discutidos e relembrados os
conceitos discutidos nas aulas anteriores.
Na 5ª aula os alunos foram divididos em grupos (de 3 integrantes), cada grupo
montou a câmara escura a partir de um roteiro experimental (Apêndice V), construído
pela professora pesquisadora, que foi entregue no início da aula. Apesar de divididos em
grupos, cada aluno teve seu próprio roteiro podendo, se fosse do interesse deles
conversarem entre si antes da mediação para a construção da câmara. Cada grupo
providenciou o seu próprio material para construir a câmara escura e a professora
pesquisadora forneceu as lupas. Nessa aula a professora leu o roteiro com os alunos e
auxiliou grupo a grupo durante a montagem. Para a atividade prática utilizamos uma caixa
de papelão ou caixa de sapato, papel cartão/cartolina preta, papel vegetal, cola quente,
fita adesiva e a lupa.
Na 6ª aula foi feita a leitura do texto: “Uma abordagem histórica da visão” retirado
do livro Física em Contextos, Volume 2, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora
Brasil – 2016 (Anexo II). Durante a leitura a professora pesquisadora destacou a
importância deste texto como introdutório ao estudo do funcionamento da câmara escura
e sua abordagem histórica. Alguns grupos não tinham terminado a montagem da câmara
escura e utilizaram o início da 6ª aula para terminar, enquanto outros faziam a leitura
silenciosa. Após a leitura compartilhada do texto e a finalização de todas as montagens,
os alunos discutiram em grupo com a professora pesquisadora como se deu a formação
da imagem na câmara escura. Discutimos com utilização do quadro negro a relação
matemática que nos permite calcular o tamanho do objeto e a imagem, assim como suas
distâncias em relação ao orifício da câmera. E fizemos um desenho esquemático para
representar estas distâncias. A equação 1 e o diagrama utilizados estão da pág.33 desse
texto.
Questionário final:
Ao final deste relato, acreditamos que é relevante destacar que, a partir de algumas
noções do nosso referencial teórico-metodológico, assim como afirmam Almeida e
Sorpreso,
[...]admitimos aqui que, quando pensamos na difusão de conhecimentos
associados às chamadas Ciências da Natureza, é fato que um livro didático, um
texto de divulgação ou um original de cientista, embora comportem relações
tanto com a Ciência quanto com a vida cotidiana dos indivíduos, não o fazem da
mesma maneira nem em igual proporção. (ALMEIDA; SORPRESO, 2011, p.84)
Além disso, cada aluno tem o seu “olhar” ao ler e discutir sobre um tipo de texto
trabalhado nessa UE, pois cada um tem sua vivencia e história em relação aos assuntos
discutidos em sala de aula.
74
CAPÍTULO 5.0
ANÁLISES
No que se refere a esta questão, 41 alunos disseram que gostavam de ler, ou seja,
59% do total, sendo que alguns deles afirmaram que gostavam de leituras cativantes
como: romances, livros de ação, poemas, mangás. Desse grupo dois estudantes afirmaram
que leem pois através da leitura conhecem novas palavras, e um estudante disse apreciar
leituras de pesquisas científicas.
Abaixo listamos alguns exemplos de respostas:
Sim, por que nós conhecemos novas palavras e o vocabulário fica mais
enriquecido e é um passa tempo. (9º ano do EF. II)
Sim, gosto de ler pesquisas científicas. (2ª série do EM)
Sim, gosto de ler livros e notícias, entre outras coisas. A leitura para mim amplia
mais o nosso conhecimento e o nosso vocabulário. (2ª série do EM).
Por outro lado, 16 alunos afirmaram que não gostavam de ler, ou seja 23% do
total. Um aluno afirmou que não lê os livros “velhos” da escola, mas que gostava de ler
1
Em todas as citações de respostas mantivemos a ortografia dos estudantes e todos os nomes de estudantes são
fictícios.
75
mangás e algum livro que ele sentisse interesse. Outro aluno afirmou que não gostava de
ler, mas que precisava começar. Apresentamos alguns exemplos de respostas:
Não, porque não tenho paciência para ficar lendo coisas grandes. (9º ano do EF.
II)
Não gosto de ler, mais preciso ler e começar. (1ª série do EM)
Por fim, os 12 alunos restantes afirmaram que gostavam “mais ou menos” ou que
liam “às vezes” dependendo do assunto, esses alunos equivaleram a 17% do total. Alguns
relataram falta de tempo, desinteresse, falta de paciência, cansaço e sono como motivos
para não ler livros. Abaixo temos alguns exemplos destas respostas:
Não gosto de ler, mais preciso ler e começar. (1ª série do EM)
As vezes, só gosto de quando eu fico curioso para conhecer a historia e saber o
que acontece nela. (9º ano do EF. II)
Se for manga de algum que eu gosto ai sim eu gosto de ler, mas se for um livro
velho da escola sem graça não. (8º ano do EF. II)
O gráfico 2 abaixo representa a porcentagem de sujeitos leitores com as
porcentagens calculadas com base nas respostas à primeira questão do questionário
inicial. Para representar melhor fizemos a seguinte divisão:
III-17%
II-23% I-59%
Pelas respostas apresentadas vemos que a maioria dos jovens que estudam na
Associação Jaguariunenses de Jovens Aprendizes (AJJA) disseram gostar de ler. Em
alguns casos não podemos descartar que os sujeitos podem ter dito “gostar de ler” no
intuito de agradar a professora. Dentre eles, é possível que o aluno que afirmou que: “Sim,
gosto de ler pesquisas científicas”, pode ter apresentado esta resposta, pois no TCLE
assinado pelos responsáveis e pelos alunos, consta que faríamos a leitura de “ textos de
divulgação científica” e o estudante pode ter relacionado a divulgação científica com
pesquisa científica e o que estava escrito no questionário inicial.
Por outro lado, o aluno que afirmou que: “Sim, gosto de ler livros e notícias, entre
outras coisas. A leitura para mim amplia mais o nosso conhecimento e o nosso
vocabulário”, por se tratar de um aluno que cursava a 2ª série do EM, é possível que
realmente seja um aluno leitor, ou que esteja apenas repetindo o que ouviu de algum
professor.
Entretanto, não podemos descartar o fato de que todos estavam respondendo à
professora. Mesmo tendo sido dito que as respostas não contariam para nota, não podemos
descartar a possibilidade de atuação do mecanismo de antecipação e das relações de força
em algumas respostas.
Por outro lado, alguns estudantes da AJJA sonham em prestar vestibular ou
ingressar em um Curso Técnico. Nesses casos, é possível que já tenham sido informados
da relevância do hábito de leitura, bom vocabulário e escrita adequada. Pois esses quesitos
são essenciais para apresentar uma boa nota nas provas de ingresso no Ensino Superior
ou Técnico.
A segunda questão versava sobre a luz.
V-4%
IV-6%
III-20% I-41%
II-29%
1º) Tem varios tipos de luz, tem a luz solar, luz eletrica, tem vários tipos e
serve para iluminar. (9º ano do EF. II)
78
2º) luz é aquilo que ilumina um local ou algo. (9º ano do EF. II)
3º) luz é aquilo que imite qualquer forma de iluminação. (8º ano do EF. II)
4º) É uma coisa que brilha igual e ilumina como o sol nosso planeta terra. (9º
ano do EF. II)
5º) É uma tecnologia avançada que emite uma claridade que lumeia. (1ª série
do EM)
1º) A luz mede a energia elétrica que chega a conta em casa. Então nois tem
que economizar muito. (9º ano do EF. II)
2º) Fonte de energia que trás luminosidade para o ser humano e outros
animais enchergaram. (9º ano do EF. II)
3º) É um tipo de energia que está presente diariamente em nossas vidas. (2ª
série do EM)
5º) Para mim a luz é uma forma de energia e de calor por conta da sua
transformação. (2ª série do EM)
Em relação ao grupo II, é possível que estes estudantes já tenham lido, ou sido
informados na escola sobre associação entre luz e energia. Esta associação pode-se referir
à energia solar, energia elétrica, energia térmica entre outras, como ressaltam os
estudantes que escreveram na segunda, terceira e quarta respostas da nossa seleção. Nelas
a luz é vista como “fonte e fornecedora da energia luminosa” presente na nossa vida. Na
79
terceira e quarta respostas, não é especificado pelos estudantes, o tipo dessa fonte. Já na
segunda resposta temos a indicação de que a luz é uma “fonte de energia luminosa” que
é responsável pelos humanos e os outros animais enxergarem. Apontamos aqui o indício
de que para esse estudante a luz é necessária para a visão. Os alunos também podem já
ter ouvido falar ou estudado sobre a transformação de energia, nas hidroelétricas, por
exemplo, que é um tema recorrente nas aulas de Ciências. Como nos mostra a quinta
resposta em que o estudante associa a luz como uma forma de transformação de energia.
Estes são alguns indícios do porquê alguns dos estudantes atribuem a luz uma “forma de
energia” ou “fonte de energia”. Em termos Físicos essa é uma associação relevante, uma
vez que, de fato a luz é considerada uma “forma/ fonte de energia”. Notamos também que
entre os alunos com esse tipo de resposta havia estudantes do EF. II (9º ano) e EM que
provavelmente já haviam tido no Ensino Formal algumas noções de Física.
Podemos destacar, por exemplo, o estudante do 9º ano na quinta resposta que diz:
“A luz mede a energia elétrica que chega a conta em casa. Então nois tem que economizar
muito”. Observamos aqui alguns indícios de que a palavra luz é associada a “energia
elétrica” e também notamos a presença da historicidade no cotidiano deste estudante
quando frisa: Então nois tem que economizar muito. Destacamos a questão econômica
envolvida no contexto sociocultural no qual esse aluno está inserido. Pois mesmo sendo
um aluno do 9º ano do EF.II ele já nota a importância da economia da “luz elétrica”.
1º) A luz serve para enchegar e ver coisa no escuro. (1ª série do EM)
2º) luz é tudo que o nosso olho consegue enchergar. (9º ano do EF. II)
3º) É o que nos tira do escuro e nos ajuda a enchegar (9º ano do EF. II)
4º) É aquilo que clareia aonde você passa, é como o sol só que menor e que
você leva para onde quiser, porque o celular tem luz quase tudo tem luz,
porque senão ninguém enchergaria, porque ninguém encherga no escuro. (9º
ano do EF.II)
afirmam que a luz é “necessária” para enxergar, como foi o caso destas respostas. Na
quarta resposta temos indícios de que o estudante relaciona a luz, com a iluminação. Ou
seja, com o uso de luzes externas como: lanternas do celular, luzes dos postes, casas, entre
outros. Pois, ele diz que: “[...] é como o sol só que menor e que você leva para onde
quiser, porque o celular tem luz quase tudo tem luz, porque senão ninguém enchergaria,
porque ninguém encherga no escuro”. Ele faz uma comparação da luz como sendo um
pequeno sol presente em vários lugares e dá como exemplo os celulares. Acreditamos
aqui que ele se referiu à luz externa do celular, que atua como uma lanterna. Notamos
novamente a presença da exterioridade e o contexto sociocultural em que esse aluno está
inserido.
1º) luz é uma série de ondas com um pequeno grau de radioatividade emitida de
um certo ponto. (2ª série do EM)
2º) luz tem a ver com a radiação do sol. Por isso tem que usar o filtro solar. (2ª
série do EM)
No grupo IV, podemos destacar a primeira resposta que diz que: luz é uma série
de ondas com um pequeno grau de radioatividade emitida de um certo ponto. Por estar
na 2ª série do EM é possível que este aluno já tenha estudado nas aulas de Física a luz
descrita como um conjunto de ondas, ou ouvido falar sobre o caráter ondulatório da luz
em algum livro da escola, revista, programa de televisão ou ainda conversando com
alguém. Porém, o estudante se equivoca ao utilizar a palavra radioatividade no lugar de
radiação.
A segunda resposta apresenta a luz como forma de radiação solar. Acreditamos
ser possível que o estudante tenha estudado na escola as “ondas eletromagnéticas” e as
tenha associado à radiação proveniente do sol, uma vez que ele também está matriculado
na 2ª série do EM. E/ou já tenha ouvido falar nos meios de comunicação sobre a
necessidade de utilização do filtro solar devido a radiação solar, pois o estudante ressalta
a importância do uso do “filtro”. Destacamos aqui a exterioridade presente no cotidiano
e também o uso adequado da física pelo estudante.
Finalmente no grupo V foram incluídas as respostas nas quais notamos a
associação da luz com outros significados.
81
1º) luz é igual a Deus está em todos os lugares. (1ª série do EM)
2º) A luz é aquilo que vem do céu. (9º ano do EF. II)
3º) Depende do sentido, tem a luz de casa, do farol do carro e tem a luz que a
mulher dá. (9º ano do EF. II)
que a relação de poder e a imagem de uma professora que eles recém conheciam, pode
ter influenciado alguma resposta. De acordo com Orlandi,
A última questão do questionário inicial possuía três itens. Muitos estudantes não
responderam essa questão de forma “completa” explicitando a função e funcionamento
do olho humano, câmara fotográfica e sensor luminoso. Isso provavelmente aconteceu
devido à falta de conhecimento sobre o assunto ou à pressa para terminar de responder o
questionário e sair para o intervalo. Tivemos 7 % do total de alunos que responderam o
questionário como um todo explicando o que consideravam a função e o funcionamento
do olho humano, câmara fotográfica e sensor luminoso. E o restante 93% do total de
alunos que responderam uma parte, ou a função ou o funcionamento ou deixaram alguma
das alíneas sem resposta.
a) O olho humano?
c) Um sensor luminoso?
a) Para enxergar, nosso olho capta a imagem ao contrário e ele passa por um tipo de
filtro que coloca nossa visão no sentido certo
b) Ela capta a imagem de forma digital
c) Serve para a iluminação.
A aluna Beatriz estava matriculada no 9º ano do Ensino Fundamental II, no item a ela
se preocupa em descrever a inversão da imagem como parte do funcionamento do olho
humano. A estudante cita a existência de um “filtro” que desinverte a imagem capturada,
cita também no item b a captura de imagem na forma “digital”. Destacamos aqui o uso da
palavra “digital” como indício da imersão dos nossos sujeitos no atual mundo
tecnológico, ou seja, estamos trabalhando com estudantes que já nasceram na “Era
Digital”. No item c a estudante relaciona o sensor de iluminação com o sensor luminoso,
encontramos aqui indícios de que o cotidiano dessa aluna pode ter influenciado sua
resposta ao questionário.
Ao terminar de preencher o questionário a aluna foi pessoalmente entregá-lo e contou
que morava em um prédio que recentemente colocou no Hall e nos andares “luzes do tipo
sensor”. Segue a seguir a fala da estudante:
Beatriz: - É dona, lá no prédio que eu moro tem agora uma luz sensor que é
chique. Colocaram no prédio inteiro. Ela ilumina e desilumina quando a gente passa.
Tudo isso por causa da economia. luz é cara né dona.
Professora: - É sim muito cara. Por isso é importante economizar.
Beatriz: - É mesmo dona, e agora ainda tem as têm tais bandeiras. Você viu na
net dona, se tá no vermelho fica mais caro ainda. Minha mãe falou que agora o
condomínio vai abaixar porque vai gastar menos eletricidade, é eletricidade que fala
dona?
Professora: - É sim. Eletricidade ou energia elétrica
84
Beatriz: - Ata.
Constatamos mais uma vez como a exterioridade e a história de vida desta
estudante puderam modificar a relação de “entendimento do texto”, e sua participação
nesta aula.
A seguir as respostas do aluno Bruno (9º ano do EF. II):
a) O olho humano serve para visualizarmos tudo o que está em nosso redor, funciona
como uma espécie de janela que observa tudo e passa a informação ao cérebro.
b) Um aparelho eletrônico usado para paisagens, comidas, acontecimentos etc. E
capturar imagens
c) Um sensor luminoso reage conforme instintos luminosos.
a) Serve para nossa visão e funciona com uma espécie de liquido com partículas
que refletem a luz e faz a gente enxergar
b) Serve para capturar fotos e funciona com engrenagens e fotografam as
imagens.
c) A aluna não respondeu
A aluna Carla estava matriculada no 1º ano do Ensino Médio, no item a ela disse
que o olho “serve para a visão” destacamos aqui a forma adequada de se expressar, já
que olho de fato tem essa função. Já em relação ao funcionamento do olho a aluna citou:
“funciona com uma espécie de liquido com partículas que refletem a luz e faz a gente
enxergar”. Provavelmente ela pode ter “ouvido falar” do humor aquoso e talvez tenha
85
associado a ele o papel de formação da imagem. Ela pode ter associado a palavra
“aquoso” com um “líquido com partículas que refletem a luz”. Temos indícios de que a
palavra “reflexão” pode ter sido usada porque a professora pesquisadora durante a
explicação do questionário falou a palavra “reflexão” como um exemplo de um dos
fenômenos ópticos que ocorre na natureza. Carla citou também no item b que a máquina
fotográfica “Serve para capturar fotos” e destacou seu funcionamento “funciona com
engrenagens e fotografam as imagens”. Provavelmente para a aluna a máquina
fotográfica era considerada um dispositivo mecânico, que apresentava engrenagens na
formação das imagens. Temos indícios de que ela talvez tenha tido contato com máquinas
fotográficas antigas e por isso destacou o uso de engrenagens. O item c a estudante não
respondeu a questão. Lembrando que os alunos cursam a escola formal no período
matutino, e por isso, não podemos descartar que algumas respostas possam estar
associadas a estudos feitos na escola.
1ª Questão:
a) Se você tivesse que contar para alguém o funcionamento do olho humano, o que
você diria?
b) E sobre a câmara escura e a máquina fotográfica?
c) E sobre o sensor de imagem digital CCD?
86
Vamos agora analisar agora as respostas do aluno Bruno que também estava
matriculado no 9º ano do EF. II:
a) Diria que o olho humano funciona como a câmara escura só que envez da
gente enxergar de cabeça para baixo a pupila faz com que a gente enxerge
normal. Mas a varias doenças como milpia, catarata, etc. Quando os raios
de luz chegam nos nossos olhos não refratamos e convergem para a retina.
87
b) A câmara escura funciona da seguinte forma a imagem passa pela lente mas
as luzes e a linha se cruza e então fica de ponta cabeça.
O aluno Bruno no item a faz a comparação da câmara escura com o olho humano.
Ele se equivoca com atribuir à pupila o papel de desinverter a imagem e por fim faz uma
cópia literal de uma frase do texto. Temos aqui novamente indícios de repetição empírica.
No item b o estudante faz um esquema da câmara escura atrás da folha do questionário
buscando reforçar sua explicação (veja a figura 10). Para ele é importante desenhar a
câmara escura para ajudar na compreensão. Vemos aqui o papel da imagem atuando como
uma “representação das palavras”, ou seja, para ele desenho pode atuar como facilitador
do funcionamento da câmara escura. É possível considerar este desenho como uma
repetição empírica pois, o estudante copiou essa imagem ou do texto da UE, ou do
caderno uma vez que esta representação foi desenhada na lousa pela professora
pesquisadora durante a explicação/mediação do texto.
Por fim, no item c o aluno novamente copia parte de uma frase do texto mudando
algumas palavras. Isso nos dá mais uma vez indícios de repetição formal.
A seguir analisamos respostas das alunas Carla e Mel que cursavam a 1ª série do
EM. Essas estudantes eram amigas e durante todas as aulas da aplicação da UE
observamos que elas sentavam perto, uma ao lado da outra, para discutirem os assuntos
abordados nos textos.
c) Ele não precisa do filme para a imagem ser formada. A imagem é formada
por pixels.
Prof.ª: Não tem nosso cérebro é muito esperto. Ele desinverte a imagem mesmo
que você pisque rápido.
Clara: Que louco!
Mel: Eu gostei de saber da Máquina fotográfica. Meu pai tem uma de colocar
filme. Ele guarda de raridade, sabe dona?
Prof.ª: Sei sim. Como se fosse relíquia.
Mel: É isso. Bom agora eu já sei que a foto também sai de ponta cabeça !
a) Primeiro precisamos de luz para enxergar. Ela chega nos nossos olhos passa pela
pupila, íris e vai formar a imagem na retina. A imagem é ao contrario e é nosso
cérebro que coloca ela da forma certa.
b) Se a gente for pensar bem é tudo igual. O olho, a câmara escura e a maquina
fotográfica. O que eu acho que vai mudar é onde a luz forma a imagem. No olho
é a retina já na câmara escura é no papel mantega que a gente colou e na maquina
é no filme.
c) É como um chip que salva a imagem em pixels de luz dai a gente não gasta
dinheiro com o filme.
Podemos notar pelas respostas que Silvia apresenta, o que podemos chamar de
repetição histórica, ou seja, ela torna-se autora do que diz. A estudante explica como se
dá a formação de imagem no olho, câmara escura e fotográfica comparando em que local
ocorre essa formação da imagem: “eu acho que vai mudar é onde a luz forma a imagem.
No olho é a retina já na câmara escura é no papel mantega que a gente colou e na
maquina é no filme”.
É como um chip que salva a imagem em pixels de luz dai a gente não gasta dinheiro com
o filme (grifo nosso). Durante as aulas discutimos que os “filmes” das máquinas
fotográficas eram caros e que muitas vezes tínhamos que economizar e tirar poucas fotos.
Talvez para Silvia o uso do CCD seja uma vantagem pois possibilita a economia de
dinheiro.
5.3 Análise dos questionários iniciais e finais para uma das turmas.
No que se refere a essa questão 14 estudantes, (I-56% do total), afirmam que gostam
de ler, 10 alunos dizem que não gostam de ler (II-40% do total), e apenas 1 estudante diz
gostar de ler “ás vezes” (III-4% do total).
91
II-40%
I-56%
Exemplos de respostas:
“Sim, é bastante importante ler cada vez mais e procurar novos saberes. Fico
curioso” (2º ano do EM)
“Não, porque não consigo se concentrar para fazer a leitura” (1ºano do EM)
“As vezes, so gosto quando eu fico curioso para conhecer melhor a historia e saber
oque vai acontece nela” (9º ano do EF. II)
Temos indícios que essa turma é composta por muitos estudantes que gostavam de
ler. Isso pode ter ocorrido devido à sua constituição, pois encontramos um total de 10
estudantes do EM. Além disso, a AJJA possui uma Ecoteca situada na Sede da Instituição
que tem como objetivo disseminar o hábito da leitura. Os estudantes podem retirar livros
para a leitura durante todo o período que estão inscritos no programa. É importante
destacarmos nas falas dos alunos o papel da “curiosidade”, temos indícios de que o “ler”
ou “não ler” está muito relacionado com a emoção e sentimentos que cada um dos
sujeitos. Embora de uma vertente diferente da AD a que nos referimos, aqui citamos que,
de acordo com Bakhtin/Volochinov,
V-8%
IV-12%
I- 40%
III-24%
II-16%
A seguir apontamos uma resposta dos estudantes selecionada para cada grupo:
Nessa resposta o estudante fez uma relação entre átomo, luz e energia. Ele talvez
esteja estudando na escola regular os átomos e daí tenha feito essa associação. Ou talvez
tenha apenas lido algo a respeito ou tenha visto na mídia. Nesse caso também notamos a
94
“A luz é um bem muito precioso que a sociedade adquiriu, por que atravéz dela
que podemos enchegar a noite” (9ºano do EF. II)
Análise da 3ª Questão:
a) O olho humano?
c) Um sensor luminoso?
95
O estudante Tales acreditava que o olho humano serve para “ver e enxergar”, a
máquina fotográfica serve para tirar as fotos e relevar e, por fim, o sensor de luz estava
relacionado com a presença de luz e um apito. Talvez o estudante tenha pensado em um
sensor de estacionamento por isso escreve sobre um “apito” relacionando-o à presença
ou ausência de luz.
[...] o que é dito em outro lugar também significa em "nossas" palavras. [...] o
fato de que um já - dito que sustenta a possibilidade mesma de todo dizer, é
fundamental para se compreender o funcionamento do discurso, a sua relação
com os sujeitos e a ideologia. [...] Disto se deduz que há uma relação entre o já
-dito e o que se está dizendo [...]. (ORLANDI, 2015, p.30)
96
a) “Que nós enxergamos porque a luz passa por um pequeno orifício, a pupila,
sendo projetada no interior do olho. Para produzir imagens mais nítidas, a
córnea, o humor aquoso e a lente do olho fazem a função de lentes convergentes,
como nas máquinas fotográficas. Quando os raios de luz chegam aos nossos
olhos, são refratados e convergem para a retina”.
O estudante Diego copiou partes dos textos lidos em aula em todas os itens da
questão 3 logo, segundo a AD, temos um caso de repetição empírica. Talvez o
aluno tenha recorrido ao texto por se tratar de temas que ele não tenha total
domínio para escrever, o que pode ter causada insegurança. Por outro lado, a
seleção adequada de partes do texto indicou um relativo domínio sobre o que havia
sido trabalhado no desenvolvimento da Unidade de Ensino.
a) “O olho humano funciona como a câmara escura fora aparece uma imagem e
dentro ela está ao contrário, passando pelas lentes cristalinas e fazendo a
formação da imagem dentro dos nossos olhos”.
97
b) “A câmara escura funciona com uma imagem grande de uma arvore passando
passando por um pequeno buraco e do outro lado mostra ela ao contrario. A
maquina fotográfica funciona como um aparelho que a pessoa usa para tirar
algumas fotos da sua vida ou ocasiões boas”
Já item c o estudante copiou uma parte do texto e deu um exemplo que também estava
presente no texto quando diz: “ a primeira imagem de uma galáxia distante é a nossa”,
contudo utilizou suas próprias palavras em alguns momentos quando por exemplo,
descreve a câmara escura. Nesse caso continuamos a caracterizar como repetição formal
e empírica.
Aula 1
a) O olho humano?
R: Uma parte importante do ser humano, tendo a função de fazer os humanos
enxergarem.
b) Uma máquina fotográfica?
R: Para registrar momentos e acontecimentos, um objeto pequeno porem útil e fácil
de ser utilizado.
c) Um sensor luminoso?
R: Algo capaz de detectar coisas ou pessoas com uma luz de laser.
Ao analisar as respostas ao questionário inicial (aula 1), notamos que Sara apesar
de dizer que não possui o hábito de ler, foi uma aluna que se dedicou à leitura dos textos
e à participação nas aulas. Ela atribuiu ao “olho a função de enxergar” e disse que a “luz
ilumina locais escuros”. Ou seja, essa resposta foi classificada no Grupo III do gráfico 3
da página 77. Como já dissemos, em relação à Física esses conceitos são totalmente
relevantes pois, temos indícios de que a aluna “quebrou” alguns paradigmas propostos na
antiguidade como o que a “luz era advinda dos nossos olhos”. Notamos ainda em relação
ao questionário inicial que a aluna escreve que o sensor é “Algo capaz de detectar coisas
99
ou pessoas com uma luz de laser” percebemos aqui indícios de que ela pode ter ouvido
falar sobre isso em seu cotidiano, e acreditado que os sensores funcionam com uma luz
laser. As respostas de Sara, já no questionário inicial indicam que suas condições de
produções, que na AD chamamos de condições de produção históricas, eram bastante
propícias para o trabalho com a UE.
Aula 2
Leitura mediada do texto “A luz e as cores do mundo” extraído do livro didático: Física
em Contextos, Volume 3, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016.
(Veja o Anexo II)
Prof.ª: Então olha só gente, vocês receberam um texto que se chama: A luz e as cores do
mundo. Nós vamos ler este texto juntos, tá bem? Para ajudar na leitura eu coloquei aqui
no projetor o texto colorido, o mesmo que vocês receberam. Daí vai ficar melhor também
para ver as figuras. Vamos lá?
Prof.ª: Eu vou ler em voz alta e vocês vão me ajudando, tá ok? Todo mundo já terminou
a leitura silenciosa do texto?
Dada a leitura individual inicial é possível que a aluna tenha feito a associação da
luz policromática no texto “A luz e as cores do mundo” com os arco-íris vistos por ela.
Ela também pode ter visto este ou um assunto semelhante na escola ou ter lido um texto
ou visto algo na mídia.
Aula 3
Leitura mediada do texto sobre o “Olho humano” retirado do livro Física em Contextos,
Volume 2, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016- (Veja o
Anexo II)
100
Aula 4
Leitura mediada do texto sobre a “Óptica da visão” extraído de outro livro didático:
Física: ciência e tecnologia, Volume 3, Carlos Magno A. Torres, 3º ed – São Paulo,
Editora Moderna, 2013. (Veja o Anexo II)
Aula 5
Sara: Olha dona que legal ! Eu não sabia que isso acontecia. É igual a câmera de foto
né ! Existe em outro lugar essa câmara escura? Esse experimento é legal mais do que o
disco de Newton.
Prof.ª: Existe sim, muito pintores, artistas usavam a câmara escura para deixar a luz
entrar e iluminar seus trabalhos.
101
Sara: Nossa que legal! No Brasil tem isso dai também! Tipo eu falo assim, existe um
lugar que tem pintura feita com a câmara?
Prof.ª: Olha com 100% de certeza eu não sei. O que eu sei que muitos artistas na
Europa usaram a câmara escura como o Leonardo Da Vinci.
Sara: Ah a gente estudou ele na escola. Vou pesquisar em casa pra vê se eu acho aqui
no Brasil .
Prof.ª: Isso pesquisa e me fala!
Na aula 5 a estudante após montar a câmara escura faz algumas perguntas para a
professora pesquisadora e deixa claro seu entusiasmo com a atividade prática feita.
Também cita que realizou do experimento do disco de Newton. Acreditamos que
possivelmente, ela pode ter feito este experimento na escola, ouvido falar, ou visto algum
vídeo ou até lido algum texto sobre esse assunto. Além disso, durante a discussão a
estudante apresentou interesse sobre pinturas feitas com utilização da câmara escura no
Brasil e se propôs a pesquisar mais sobre o assunto. Destacamos aqui a questão cultural,
a historicidade e o cotidiano presente na história de vida dessa aluna. Segundo Orlandi,
Aula 6
Leitura mediada do texto sobre “Uma abordagem histórica da visão” retirado do livro
Física em Contextos, Volume 2, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil –
2016. (Veja o Anexo II)
Aula 7
Leitura mediada do texto sobre o texto extraído do livro: 50 máquinas que mudaram o
rumo da história, Eric Chaline - tradução de Fabiano Morais, Rio de Janeiro Editora
Sextante 2014. (Veja o Anexo II)
102
Após a leitura do texto Sara foi até a mesa da professora e começou a conversar
sobre o assunto.
Sara: Dona, meu avó tem uma máquina velha e ele revelava as fotos dentro de casa. Era
assim que ele se divertia de domingo. Eu lembro mais ou menos porque eu era pequena.
Mas em casa tem muita foto velha. Tem até foto que dá saudade, sabe!
Prof.ª: Nossa Sara que legal, Vai ver esse era o Hobby dele. Se você quiser pode trazer
pra gente ver as fotos.
Sara: Não dona, só queria te contar mesmo perto do seu gravador.
Prof.ª: Ahhh !!! esperta! Eu gostei de saber da sua história!
Na aula 7 a estudante relacionou o conteúdo estudado a um fato vivido por ela e
compartilhou com a professora pesquisadora. Notamos aqui uma certa proximidade da
aluna e professora, a relação de poder pode ter sido enfraquecida pelo contato direto entre
professora e a aluna. Ou pode ser que a estudante tenha o intuito de agradar a professora
contando essa história, ou decidiu apenas compartilhar.
Aula 8
Leitura mediada sobre o texto “Um Nobel tardio” escrito pelo colunista/professor Carlos
Alberto dos Santos, foi extraído da Revista de divulgação científica Ciência Hoje e
publicado em 29 de outubro de 2009. (Veja o Anexo II)
Sara: Nossa dona, demorou bastante né para que a gente tivesse o CCD
funcionando? Porque tanta demora?
Prof.ª: É Sara, algumas pesquisas demoram para ter aplicações práticas e chegar
até a gente. É assim que funciona. Depende de muitos fatores. O CCD demorou!
Sara: uhum. Numa dessas a gente fica esperando a tecnologia. Tipo o câncer né
dona. Minha mãe falou que um dia vai ter cura. Será?
Prof.ª: Não sei... tudo depende de muita vontade. As vezes além da pesquisa as
grandes indústrias têm que querer. Essa é uma conversa que vai longe...
Sara: É acho que eu entendo. É complicado.
Na aula 8 a aluna questionou a “demora” das aplicações tecnológicas. Notamos
aí algumas inquietações da estudante e sua crítica social. Na frase: Numa dessas a gente
fica esperando a tecnologia. Tipo o câncer né dona. Minha mãe falou que um dia vai ter
cura. Será? Na fala da estudante há indícios de questionamentos sobre a “demora do
desenvolvimento tecnológico” em algumas áreas de pesquisa, como, por exemplo, no
103
tratamento e a cura do câncer. Percebemos como a leitura do texto “Um Nobel tardio”,
trouxe à tona o papel da tecnologia, mesmo sendo um texto classificado por nós como de
“difícil leitura”, ele deu suporte a discussões relevantes pautadas por questões
socioculturais e políticas.
Aulas 9
Por fim, na aula 9 podemos notar que as respostas de Sara apresentam nos itens a
e b repetição histórica, pois a estudante explicou como se deu a formação de imagem no
olho, câmara escura e fotográfica comparando em que local ocorre essa formação da
imagem. E também comparou a câmara escura e a máquina fotográfica com o olho
humano. Porém, no item c ela copiou integralmente uma passagem do texto que se refere
ao CCD. Portanto destacamos aqui a repetição empírica. É possível que essa cópia
integral esteja relacionada com a “dificuldade de leitura do texto” e apesar de ter sido
discutido em sala de aula, se trata de um assunto bastante novo.
Aula 1
a) O olho humano?
R: Serve para observar e funciona através do cérebro.
b) Uma máquina fotográfica?
R: Serve para tirar foto e funciona através de um monitoramento do celular.
c) Um sensor luminoso?
R: É um monitor de segurança.
Ao analisar as respostas do questionário inicial (aula 1), notamos que Davi apesar
de dizer que não possui o hábito de ler participou das aulas que esteve presente. Ele
relaciona a Luz com a fotossíntese, temos indícios que o estudante faz essa relação, pois
a presença de luz para que ocorra a fotossíntese é algo estudado no Ensino Fundamental
II. Notamos ainda em relação ao questionário inicial que o aluno escreve que o sensor é
“Um monitor de segurança”. Notamos aqui indícios da historicidade e como o estudante
responde o questionário inicial relacionando ao seu dia-dia.
Aula 2
Leitura mediada do texto “A luz e as cores do mundo” extraído do livro didático: Física
em Contextos, Volume 3, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016.
(Veja o Anexo II)
Maria Clara: Vai lá Davi. Fala para a professora que ela sabe se está certo o que
você falou para mim.
Davi: Dona, você disse que a luz é na verdade um monte de cores juntas, Espectro
diz o texto. Mas eu posso ter uma cor separada da outra né? Sabe quando tem o rodeio
aqui, eles colocam uns holofotes coloridos da frente da Red, dai é uma cor só né.
Prof.ª: Isso mesmo, nós podemos ter apenas uma cor, ela se chama
monocromática e quando temos a luz branca formada pelas sete cores do arco-íris daí
temos a luz policromática.
105
Davi: Pode crê, mas assim eu já vi que uma cor passa por cima da outra no
holofote, tipo verde e azul elas não ficam colorida onde elas encontra, continua
monocromática as cores.
Prof.ª: Muito bem Davi, continua.
Maria Clara: Você está me dizendo para a professora que as cores são
independentes né Davi, fala direito com ela! Tem que chamar de professora e não de
Dona.
Davi: Tá eu chamo de professora. Mas ela tinha entendido o que eu expliquei.
Prof.ª: Eu entendi sim Davi. Mas a sua irmã está certa, na Física é importante
conhecer os termos “corretos” dessa forma, você já se prepara para ler uma questão e
interpretá-la. O conceito que nós estamos falando é o princípio da independência dos
raios de luz.
Davi: hum .... legal! Agora em aprendi certo! Vou anotar isso aqui na folhinha
do texto.
Maria Clara: Muito bem!
Em alguns casos os alunos podem se sentir mais confortáveis quando dialogam
entre eles do que quando o fazem com a professora. A professora pesquisadora, num
primeiro momento, não se posicionou e permitiu que os alunos apresentassem os sentidos
que estavam produzindo. E aos poucos acrescentou conceitos como: luz monocromática
e policromática. Podemos notar que os sentidos que esses alunos produzem estão
associados com o tema estudado. Davi usa a palavra espectro, que dito pela professora na
aula 2 para explicar a formação das cores, e se apoia no texto para explicar para a
professora sua dúvida. É interessante observar como Maria Clara exige que seu irmão fale
corretamente e não chame a professora de “Dona”, exige também que ele fale os termos
“técnicos” corretamente. Isso pode ser uma tentativa de agradar a professora ou uma
relação de força, já que Maria Clara é mais velha . Na fala da professora existem indícios
de sua formação escolar, pois ela também acredita ser importante conhecer os termos
científicos para a preparação para provas ou vestibular. Por fim, a análise dessa aula nos
permite identificar indícios de que houve a produção de sentidos sobre a independência
dos raios de luz, ambos os estudantes com a ajuda do texto e a mediação constroem
sentidos e verbalizam com a professora. É importante notar que David anota na “folhinha”
do texto para não esquecer, essa escrita do discurso mostra novamente, indícios de que
para ele aquele conhecimento parece ser importante , logo não deve ser “esquecido”.
Aula 3
106
Leitura mediada do texto sobre o “Olho humano” retirado do livro Física em Contextos,
Volume 2, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016. (Veja o
Anexo II)
Aula 4
O estudante faltou
Aula 5
O estudante fez a câmara escura com seu grupo, mas não falou com a professora.
Aula 6
O estudante faltou
107
Aula 7
Leitura mediada do texto sobre o texto extraído do livro: 50 máquinas que mudaram o
rumo da história, Eric Chaline - tradução de Fabiano Morais, Rio de Janeiro Editora
Sextante 2014. (Veja o Anexo II)
Davi: Nossa professora eu não sabia que a máquina fotográfica era tão velha. É
bem interessante o vídeo explica bem isso. Qual é a menor máquina que existe, a do
celular?
Prof.ª: Que bom que gostou do vídeo. Davi eu não sei qual é a menor máquina
fotográfica já construída. Mas amanhã nós vamos ler um texto sobre um sensor chamado
CCD e ele está presente no celular. A máquina fotográfica do celular funciona com um
mecanismo diferente da máquina fotográfica mecânica. Pórem, o “jeito” como a imagem
é formada é igual. É isso, pessoal podem aguardar o material e sair já bateu o sinal.
Aula 8
O estudante faltou
Aulas 9
Aula 1
Notamos que a aluna Mel apesar de escrever na pergunta 1 que “gostava de ler”
não participou de nenhuma leitura oral nas aulas que esteve presente. Na pergunta 2 ela
relacionou a luz a um “brilho que reluz”, possivelmente a estudante fez essa conexão
109
pensando na luz solar, no céu, ou ainda em uma lâmpada forte que tenha visto. Notamos
ainda na pergunta 3b que a aluna descreveu o funcionamento da máquina fotográfica
pautada na imagem de um homem tirando foto utilizando o daguerreótipo. Provavelmente
ela já viu em desenhos, livros, ou mesmo na escola uma ilustração dessa máquina. Em
seguida, a estudante retornou ao seu dia a dia e citou a máquina fotográfica digital. Por
fim, relacionou o sensor luminoso a “algo que ilumina igual no meu prédio” percebemos
aqui indícios do cotidiano da aluna, pois a estudante se referiu ao sensor de
presença/iluminação utilizado em prédios, casas ou praças que ela tenha visto.
Aula 4
Leitura mediada do texto sobre a “Óptica da visão” extraído de outro livro didático:
Física: ciência e tecnologia, Volume 3, Carlos Magno A. Torres, 3º ed – São Paulo,
Editora Moderna, 2013. (Veja o Anexo II)
Mel: Boa tarde professora. Eu li no texto mas queria saber mais das doenças
oculares. Na minha família todo mundo usa óculos. Isso tem a ver com a biologia?
Prof.ª: Oie Mel, na verdade tem sim. Há uma probabilidade genética. A miopia
da mãe pode passar para seu filho. Mas veja bem, pode não é uma certeza. Por isso
chamamos de probabilidade.
Mel: Entendi. Mas a catarata é diferente né? Só quando ficamos velhinhos. Meu
avô teve.
Prof.ª: É sim mel, existem doenças que estão relacionadas com a idade. A catarata
é uma delas. Outras são de nascença, outras aparece no decorrer da vida. Por isso é
importante sempre cuidar dos olhos.
Mel: Obrigada Profe.
Vemos na fala da estudante Mel sua preocupação e curiosidade em entender um
pouco mais sobre as doenças oculares. Essa inquietação provavelmente ocorreu por que
todos os membros de sua família usam óculos. Por isso Mel, após a leitura do texto
“Óptica da visão”, questionou a professora sobre outros temas como a relação das doenças
oculares e a genética. A própria estudante construiu sentidos que permitiu chegar à
conclusão que nem todas as doenças são genéticas e podem ocorrer com o tempo, como
foi o caso da catarata de seu avô. Ela fez uma associação da palavra “genética” às questões
relacionadas à saúde.
Aulas 9
110
5.5 Análise de algumas falas dos estudantes antes e depois das falas da professora
pesquisadora durante a aplicação da unidade de Ensino
Para finalizar esse capítulo de análises elegemos algumas falas dos estudantes
antes e depois de inferências feitas pela professora pesquisadora em uma das turmas.
Escolhemos a turma de forma aleatória e todas as falas abaixo ocorreram em uma mesma
turma. Separamos trechos em que foi possível acompanhar a interação antes e depois da
fala da professora. O intuito aqui foi analisar como a forma de abordar certo conteúdo
pode ajudar os estudantes a produzir sentidos sobre o tema abordado e como isso
colaborou para o aprendizado e interesse dos estudantes sobre o tema da UE.
Aula 3
Leitura mediada do texto sobre o “Olho humano” retirado do livro Física em Contextos,
Volume 2, Maurício Pietrocola, 1ª ed – São Paulo; Editora Brasil – 2016. (Veja o
Anexo II)
Antes:
Profª: - Pessoal vocês sabiam que temos células específicas no nosso olho para enxergar
o preto/branco e colorido?
Carol: - Oie Prô, eu não sabia. São células iguais a do sangue? Onde elas ficam na frente
do olho junto com a cor?
Profª: - Boa pergunta Carol. Vamos ler nosso texto e discutir essas ideias todas. Agora
quero que vocês façam a leitura silenciosa do texto. Bem devagar e prestando atenção
em tudo que está escrito e desenhado.
Mediação:
Prof.ª: -Pessoal então vamos estudar um pouco sobre como se dá a formação da imagem.
Vamos começar estudando o nosso olho. Na leitura do texto nós vimos que existem dois
tipos de células: cones e bastonetes. Os cones são as células responsáveis em “enxergar”
o preto e o branco, e os bastonetes as cores. E esses nomes vêm dos formatos dessas
células que estão na retina, local onde a luz chega é a captada. Ambas são necessárias
para que a gente veja de forma correta. Digo, da forma como enxergamos as cores do
nosso dia-dia. Lembrem-se que a retina fica no fundo do olho e é lá que a imagem se
forma.
Carol: Agora eu entendi Prô, a luz chega no olho vai até o fim e é lá que forma a imagem
e as cores igual no desenho do texto.
Profª: - Na verdade as cores são “decodificadas pelas células cones que passam a
informação de “cor” para o cérebro. Daí sim temos a imagem associada com a cor.
112
Carol: - Muito interessante Prô. Eu achava que essas células ficavam junto com a cor do
olho. É ao contrário. Mas agora entendi.
Nessa fala a professora pesquisadora, reforçou a importância dos cones e
bastonetes para que ocorra a visão normal, reforçou também o formato das células e sua
localização dentro do olho humano. Notamos que essa introdução foi importante para
contextualizar o tipo de célula presente no olho forma, função, funcionamento e o estudo
da óptica e as ilustrações do livro também ajudaram bastante. Isso pode ter ajudado na
memória discursiva dos alunos a criar um diálogo entre o tema a ser estudado e o
cotidiano. A professora também instruiu os alunos a lerem o texto devagar e com calma,
para que eles apreciassem a leitura antes da continuação da aula. De acordo com Almeida,
[...] Acredito que, mesmo que um leigo na área leia o texto “como um romance”,
essa leitura, certamente, será enriquecedora, aumentando seu gosto pela leitura
mediadora de conhecimento e pela física. Para tanto, é fundamental que ao ler
não busque encontrar apenas conceitos específicos e definições (ALMEIDA,
1996, p.12)
A estudante tem em seu imaginário que as cores são definidas quando a luz entra
no olho. Depois da leitura do texto e explicação da professora pesquisadora ela associa a
cor com as células cones e bastonetes, mas não relaciona o cérebro. Contudo a aluna cita
a figura do texto que ajuda no entendimento destes conceitos de óptica. Ressaltamos aqui
mais uma vez a importância do papel da imagem em livros didáticos exemplificando
fenômenos físicos.
Aula 4
Leitura mediada do texto sobre a “Óptica da visão” extraído de outro livro didático:
Física: ciência e tecnologia, Volume 3, Carlos Magno A. Torres, 3º ed – São Paulo,
Editora Moderna, 2013. (Veja o Anexo II)
Antes:
Prof.ª: - Pessoal, nós discutimos na aula passada sobre o olho e como funciona aquelas
estruturas, lembra? A pupila, retina, as células cones e bastonetes.... Depois começamos
a falar sobre as doenças oculares. Houve algumas perguntas sobre isso e eu resolvi voltar
novamente nesse ponto.
-Vamos lembrar. Vejo que aqui na sala temos vários alunos com óculos. Quem tem
miopia?
(Nesse momento a professora faz a contagem dos alunos)
-Ótimo 9 alunos e hipermetropia?
113
-Hum.... 5 alunos. Alguém sabe se as lentes dos óculos de quem tem hipermetropia é igual
ou diferente das lentes dos óculos para miopia? Levanta a mão para falar.
-Fala Matheus.
Matheus: - Dona eu acho que é diferente porque tem muita miopia o olho fica pequeno e
quem tem muita hipermetropia o olho fica grande.
-Muito bem Matheus. Elas são diferentes. Alguém saberia me dizer o nome dessas lentes?
(A professora pesquisadora espera alguns minutos, porém ninguém fala nada.)
-Ok. Então vamos fazer a leitura silenciosa do texto.
Mediação:
-Quem tem miopia é aquele que precisa de uma lente de correção chamada de divergente
para conseguir enxergar de longe. Já o hipermetrope é aquele que usa lente convergente
para enxergar de perto. Essa questão de qual lente usar é importante pois a lente vai
mudar o lugar onde a imagem será formada para que ela se forme no lugar certo da
retina. Entendido?Vamos lembrar que o míope tem o olho mais curto, ou seja, a imagem
se forma antes da retina. Enquanto que o hipermetrope tem o olho longo, logo a imagem
se forma depois da retina. Veja as páginas 256 e 257 do texto de hoje.
- A lente divergente espalha a luz enquanto que a convergente acumula a luz em um
ponto. Como uma lupa!
Depois:
Matheus: - Ah! Agora entendi tudo. Sou míope uso lente divergente.
Antes da explicação e leitura do texto Matheus sabia que os tipos de lentes para a
correção de doenças eram diferentes pela observação do seu cotidiano. Porém não sabia
relacionar a doença ao tipo de formação de imagem e a lente de correção. Após a aula
temos indícios pela sua fala que este aluno conseguiu fazer esta correlação quando afirma
que entendeu tudo e dá seu exemplo ilustrando este entendimento.
Aula 7
Leitura mediada do texto extraído do livro: 50 máquinas que mudaram o rumo da história,
Eric Chaline - tradução de Fabiano Morais, Rio de Janeiro Editora Sextante 2014. (Veja
o Anexo II)
Antes:
Profª: -Oie Pessoal. Boa tarde! Hoje nós vamos falar um pouco da evolução da máquina
fotográfica e seu papel na sociedade. Alguém sabe como a máquina funciona ou gostaria
de falar um pouquinho antes de começar?
(Jéssica levanta e mão e fala)
Jéssica:- Bom profê...eu não sei como funciona a máquina ao certo. Só sei que ela é algo
antigo que antes precisava de um filme e que era bem caro. Meu pai tem umas fotos dele
com 18 anos que ele guarda junto do filme se um dia precisar revelar dinovo. Hoje é mais
fácil, só pegar o celular e tirar Selfie depois você pode postar no “FACE” ou mandar
para alguém. (Risos na sala de aula).
Profª: -Era bem caro os filmes fotográficos mesmo Jéssica. Vamos assistir um filme que
vai mostrar bem esta evolução. Depois faremos a leitura do texto. Daí quero ouvir a
opinião de vocês!
Mediação:
Prof.ª: -Pessoal, vamos pensar um pouco na tecnologia. Vocês viram no documentário
quantas coisas evoluíram depois do surgimento da máquina fotográfica? Tentem
imaginar um mundo sem fotografia e depois um mundo com a fotografia. Diferente não?
Depois:
Jéssica: -A fotografia trouxe uma revolução né profê. Achei muito legal. Eu não sabia
que era tão antiga assim. Ainda bem que hoje todo mundo pode tirar quantas fotos quiser.
Seria bem chato se só quem tem dinheiro pudesse igual era antes. Gostei do vídeo e do
texto.
115
Aula 8
Leitura mediada sobre o texto “Um Nobel tardio” escrito pelo colunista/professor Carlos
Alberto dos Santos, que foi extraído da Revista de divulgação científica Ciência Hoje e
publicado em 29 de outubro de 2009. (Veja o Anexo II)
Antes:
Prof.ª: Pessoal hoje vamos falar um pouco sobre sensor. Alguém gostaria de falar um
pouquinho sobre o que é um sensor e onde podemos encontrar?
Ricardo: Eu falo professora. Sensor é um aparelho que usa em vários lugares... eu já vi
aqueles que acendem a luz a noite e já vi aqueles que abre porta de elevador sozinho.
Mediação:
Prof.ª: Vamos pensar na palavra sensor. Sensor está relacionado com mudança. Por
exemplo, podemos ter um sensor de luz que sente a luz e emite algum sinal, como um
bipe, que vai dizer para a gente se existe ou não luz chegando nele. O Sensor é um
116
dispositivo que transforma um sinal de chegada (a luz, por exemplo) em uma resposta de
saída.
- Na câmera fotográfica do nosso celular temos um sensor que é o responsável pela
formação das imagens em pixels de luz. – É o CCD, que chamaremos de sensor digital.
Vocês vão ler no texto um pouco mais sobre ele e vamos discutir qual é o papel de sensor
na nossa vida, será que é uma tecnologia que causou mudanças na nossa vida?
Depois:
Profª: Agora nós conhecemos o CCD ele é o sensor que faz com que não exista mais o
filme fotográfico e que ajudou a popularizar ainda mais a câmera fotográfica. É um
sensor tão importante que ganhou o prémio Nobel.
Ricardo: Eu achei merecido os inventores ganharem. Esse sensor ajudou muito a gente.
Ricardo: Ele existe nas câmeras fotográficas digitais e celulares, certo Dona?
Profª: Isso mesmo. Também estão presentes em câmeras de segurança, satélites, enfim,
em qualquer dispositivo que forme uma imagem utilizando os pixels.
Ainda nesse aspecto, de acordo com Almeida (2004), não ter a preocupação em
apenas procurar a resposta correta e utilizar atividades cuja única preocupação não seja
responder: “o que o aluno aprendeu de tal conteúdo”, mas que tipos de deslocamentos
foram produzidos em relação ao seu discurso, levando-se em consideração o contexto em
que está inserido, também passa a ser um mecanismo de produção de novos
deslocamentos e uma forma de construir sentidos. De acordo com Almeida,
118
conteúdo, não basta pensar o que ensinar, mas também de que maneira fazê-lo. Forma e
conteúdo não são dissociáveis em situações de ensino” (PAGLIARINI; ALMEIDA,
2016, p.302). Assim concordamos com Zanotello (2011) quando, em sua pesquisa com a
leitura de originais de cientistas, afirmou que os alunos:
[...] Sentiram-se, na maioria das vezes, mais estimulados pela leitura dos
originais em comparação com os manuais através dos quais estão habituados a
estudar, e obtiveram novos elementos para a formação de suas concepções a
respeito da evolução do conhecimento científico. E a viabilidade didática desta
abordagem envolve o fundamental papel mediador do professor, tanto para tratar
das dúvidas apontadas quanto das dificuldades de leitura e dos sentidos
equivocados que surgem. (ZANOTELLO, 2011, p. 1011)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KAMINSKI, W., Conceptions des Enfantes (et des autres) sur la Lumière. Bulletin de L
Union des Physiciens, no. 716, p. 973-995, 1989.
124
KEINA, N. A história da Kodak, a pioneira da fotografia que parou no tempo. Blog Tecnomundo, 2017
Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/mercado/122279-historia-kodak-pioneira-
da-fotografia-nao-evoluiu-video.htm Acesso em: 17 jun. 2019
ORLANDI, E. P. Discurso e leitura. 9. ed. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora
da Unicamp, 2012.
__________. Leituras por alunos do ensino médio de textos de cientistas sobre o início
da física quântica. Ciência & Educação, Bauru, 22, p. 299-317, 2016.
PASSOS E.; Neto A.V. Lemaire T.; Caderno de Física da UEFS v. 06 n.(01 e 02), p. 7-
18, 2008
PERTICARRARI, A.; TRIGO, F. R.; BARBIERI, M. R.; COVAS, D. T. O uso de textos
de divulgação científica para o Ensino de conceitos sobre ecologia a estudantes da
educação básica. Ciência & Educação, Bauru, v.16, n.2, p. 369-386, 2010.
PINTO, A. C.; ZANETIC, J. É possível levar a Física Quântica para o Ensino médio?
Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 16, n. 1, p. 7-34, 1999.
Justificativa e objetivos:
Procedimentos:
Ciências, caso seja de interesse dos alunos, pode acontecer uma reunião posterior para
uma discussão sobre as atividades realizadas.
De acordo com a resolução CNS 510/16, Art.28 Inciso IV após o término da
pesquisa todo o material coletado (físico ou digital) será guardado sobre responsabilidade
da pesquisadora em um período de 5 anos. Dessa forma, ele estará disponível para
quaisquer consultas.
Desconfortos e riscos:
Benefícios:
Acompanhamento e assistência:
Sigilo e privacidade:
Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma
informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores.
Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.
Ressarcimento e Indenização:
A pesquisa não conta com nenhum tipo de ressarcimento, uma vez que acontecerá
em horário letivo e ambiente escolar. Da mesma forma como a possível discussão
posterior. Você terá a garantia ao direito a indenização diante de eventuais danos
decorrentes da pesquisa.
Contato:
______________________________________________________________________
Ass.
Data: ____/_____/______.
(Assinatura do participante da pesquisa ou nome e assinatura do seu RESPONSÁVEL
LEGAL)
Eu, ____________________________________________________, RG nº
_______________________, responsável legal por (nome do
menor)_______________________________________________, nascido(a) em
______/______/______, declaro ter sido informado (a) e concordo com a participação,
do (a) meu filho (a) como participante, no Projeto de pesquisa “Leituras E Atividade
Prática sobre Formação de Imagens No Ensino Não Formal De Física”
Ass.________________________________________________________________
Nome e assinatura do pai/responsável legal pelo menor
131
Jaguariúna, _____/________/_______
Responsabilidade do Pesquisador:
______________________________________________________
Jaguariúna, ____/_____/______.
(Assinatura do pesquisador)
Nome: _________________________________________________________
Nº inscrição:________________________ Turma:________Série:________
Texto Retirado do livro: Física em contextos, Volume 2, Maurício Pietrocola 1ª ed – São Paulo;
Editora Brasil – 2016
136
137
138
Nome: _________________________________________________________
Nºinscrição:________________________ Turma:________Série:________
Texto Retirado do livro: Física em contextos, Volume 2, Maurício Pietrocola 1ª ed – São Paulo;
Editora Brasil - 2016
146
Nome: _______________________________________________________________
Nºinscrição:______________________________________ Turma:______________
Um Nobel tardio
O Prêmio Nobel de Física deste ano tem duas características notáveis. A primeira
é que ele foi atribuído a cientistas que inventaram duas tecnologias revolucionárias e
perfeitamente complementares. A metade do prêmio foi concedida ao chinês Charles
Kuen Kao, pela invenção da fibra ótica. A outra metade foi dada ao canadense Willard
Sterling Boyle e seu colega norte-americano George Elwood Smith, pela criação do
dispositivo de carga acoplada (CCD, na sigla em inglês), utilizado como sensor de
imagem.
Kao publicou seu primeiro trabalho sobre fibra ótica em 1966, nos anais da
Institution of Electrical Engineering. Quatro anos depois, Boyle e Smith apresentaram o
CCD no Bell Systems Technical Journal. Esse longo intervalo de tempo entre a
divulgação da invenção e a premiação (43 anos para Kao e 39 para Boyle e Smith) é a
segunda característica notável do Prêmio Nobel de Física deste ano. Entre os mais de 100
prêmios concedidos até hoje, apenas cinco apresentam intervalo superior a 40 anos entre
a descoberta e a premiação.
O Prêmio Nobel de Física deste ano foi dividido entre o chinês Charles Kuen Kao (à esquerda), pela
invenção da fibra ótica, e o canadense Willard Sterling Boyle (no centro) e seu colega norte-americano
George Elwood Smith (à direita), pela criação do CCD, dispositivo usado como sensor de imagem
(fotos: David Dobkin e National Academy of Engineering).
passando por inúmeros tipos de sensores, o CCD é uma presença constante em nosso
cotidiano. Por essa razão, vamos dedicar esta coluna à sua descrição.
Antes de enveredarmos pelos detalhes conceituais, vamos apresentar uma visão
panorâmica. O CCD é um dispositivo que transforma impulsos luminosos em dígitos.
Esse processo gera uma imagem digital. No início do processo, quando o feixe luminoso
interage com a superfície do CCD, ocorre a liberação de elétrons por meio do efeito
fotoelétrico. A quantidade de elétrons liberados é proporcional à intensidade do feixe.
Para a captura de uma imagem colorida, é necessária a utilização de filtros para luz verde,
vermelha e azul sobre a superfície do CCD. Um sofisticado sistema eletrônico transforma
a carga elétrica liberada pelo efeito fotoelétrico em sinal digital. Agora vejamos como a
invenção de Boyle e Smith tornou isso possível.
Aplicações comerciais
Não há, virtualmente, área científica que não tenha se beneficiado dessa tecnologia.
Dispositivos CCD têm aumentado de modo inimaginável há algumas décadas a
capacidade funcional dos microscópios. Observações in situ de células e tecidos têm
156
Tecnologia ameaçada?
Ano, Vol.
Revista Título Autores
e nº
El Fenómeno De La Difracción En
La Historia
2015,
De La Óptica Y En Los Libros De Silvia Bravo e Marta Pesa
v.20, n.2
Texto Reflexiones Sobre Sus
Dificultades De Aprendizaje
Investigações
Evaluación Del Aprendizaje De
Em Ensino de 2016,
Interferencia Y Difracción De La Silvia Bravo e Marta Pesa
Ciências (IEC) v.21, n.2
luz En El Laboratorio De Física
Saberes Docentes Desenvolvidos
2016, Por Professores Do Ensino Médio: Aline Ribeiro Sabino e Maurício
v.21, n.2 Um Estudo De Caso Com A Pietrocola
Inserção Da Física Moderna
Ensaio –
Narrativa, Mito, Ciência e
Pesquisa Em 2002, v.2, Maria Cristina Leal e Guaracira
Tecnologia: o Ensino da ciência
Educação Em n.1 Gouvêa
na escola e no museu
Ciências
A Estrutura Argumentativa E As
Características Dos Argumentos
2014, Fábio Marineli, e Lúcia Helena
(Ensaio) No Texto Que Aborda A “Nova
v.16, n.2 Sasseron
Teoria Sobre luz E Cores” De
Isaac Newton
Revista
Brasileira De
2001, v.1, O Uso De Um Vídeo No Estudo Dalva Aldrighi Vergara, e
Pesquisa Em
n.3 Do Fenômeno De Refração Da luz Bernardo Buchweitz
Educação Em
Ciências
Uma Estratégia Construtivista E
2004, v.4, Jorge Valadares, e Fédora
(RBPEC) Investigativa Para O Ensino Da
n.3 Fonseca
Óptica
Utilizar As Tic Para Ensinar Física
2006, v.6, A Alunos Surdos – Estudo De
Ana Paula Sintra Paiva
n.3 Caso Sobre O Tema “A luz E A
Visão”
Fonte: Própria
El cambio conceptual en el
Revista aprendizaje de las ciencias. Un
Electrónica estudio de los procesos
de involucrados al aprender sobre la
Enseñanza 2016, 15, 2 luz y la visión Bettina M. Bravo y Marta Pesa
162
Leia completamente cada questão antes de iniciar sua resposta. Respondendo a este questionário
você estará colaborando para que possamos analisar, de forma mais adequada, o desenvolvimento
de nossas aulas, e melhorar a nossa docência futura. Caso julgue necessário, sinta-se à vontade
para utilizar o verso desta folha para concluir suas respostas. Lembramos ainda que, embora os
questionários sejam identificados com nome, turma e número de inscrição, se trata apenas de um
controle das pesquisadoras. Todas as informações veiculadas não serão relacionadas diretamente
com essa identificação.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
a) O olho humano?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
b) Uma máquina fotográfica?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
c) Um sensor luminoso?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Leia completamente cada questão antes de iniciar sua resposta. Respondendo a este
questionário você estará colaborando para que possamos analisar, de forma mais
adequada, o desenvolvimento de nossas aulas, e melhorar a nossa docência futura. Caso
julgue necessário, sinta-se à vontade para utilizar o verso desta folha para concluir suas
respostas. Lembramos ainda que, embora os questionários sejam identificados com nome,
turma e número de inscrição, se trata apenas de um controle das pesquisadoras. Todas as
informações veiculadas não serão relacionadas diretamente com essa identificação.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Data: .../.../......
Nome: .......................................................................................
OBJETIVOS GERAIS:
Montagem de uma câmara escura e estudo de princípios ópticos.
MATERIAL
PROCEDIMENTO:
O passo a passo é basicamente assim: desmonta a lupa, separa a lente, faz um tubo
com a cartolina e encaixa a lente na ponta (como uma luneta), recorta um quadrado no
fundo da caixa de papelão, tampa o buraco que ficou com papel vegetal e fita isolante (o
papel vegetal deve ser maior que o buraco), faz um furo no lado oposto da caixa e encaixa
o tubo de cartolina.
Quanto menor a abertura do furo, mais nítida será a imagem formada e menor a
quantidade de luz que passará através dele. Em outras palavras, se a imagem se torna mais
nítida com a redução do furo, por outro lado ela se torna mais fraca e menos perceptível.
167
É por essa razão que normalmente se usa uma lente convergente na abertura dessas
máquinas: ela garante a adequada projeção da imagem e a luminosidade necessária. A
câmara escura é também um modelo simplificado do olho humano. Este dispositivo foi
bastante usado no passado, principalmente por artistas que “decalcavam” e “pintavam”
diretamente uma cena, como mostra a figura seguinte. Se colocarmos um filme
fotográfico na face interna da câmara onde será projetada a imagem, teremos uma
máquina fotográfica rudimentar, a conhecida máquina lambe-lambe, encontrada ainda em
muitas praças e cidades.