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O LED na Podologia

Desde a introdução da foto estimulação na medicina, a efetividade de


uma variedade de fonte luz tem sido avaliada. Quando nos referimos à
Fototerapia, dizemos que este termo diz respeito à terapia (ou tratamento) por
meio de luz (foto), a qual foi empregada inicialmente à diversas dermatoses. Em
alguns casos é possível combinar o tratamento por luz com medicamentos,
sendo tanto sistêmicos quanto locais.

Os primeiros estudo sobre a Fototerapia advém do uso da luz solar


investigados desde a Antiguidade, contudo, apenas no século XVIII e XIX os
resultados passaram a ser esclarecidos.

Na última década, alguns pesquisadores demonstram a aplicabilidade


do LED terapêutico em estudos experimentais e clínico para determinar a
eficiência fotobiomoduladora celular abrindo caminho às novas tendências sobre
cicatrização de feridas em humanos e diversos outros tratamentos. Sua eficácia
clínica tem diversas finalidades variando de acordo com seu comprimento de
onda de 405 nm (luz visível azul) a 940 nm (infravermelho), que apresenta
determinadas reações no organismo, o que será tratado mais adiante.

O termo “LED” é um acrônimo de Light Emitter Diode (Diodo Emissor


de Luz), que, quando energizado, emite luz. Os Diodos são tipos simples de
dispositivo semicondutor. Semicondutor é um material com uma habilidade
variada para administrar corrente elétrica. Muitos semicondutores são feitos de
um condutor pobre que teve impurezas (átomos de outros materiais)
adicionadas. O processo de adicionar impurezas é chamado de dopagem.
Neste documento, você poderá associar os termos LED para Ligth
Emitter Diode, um dispositivo amplamente encontrado no comércio, enquanto o
LEDT, corresponderá ao LED Terapêutico. Nas aulas abordaremos o aparelho
de LED utilizado na podologia, o qual possui o mesmo significado de LEDT.
Capiche, cari studenti?

O processo de emissão de luz pela aplicação de uma fonte elétrica de


energia é chamado “eletroluminescência”. Geralmente, os LEDs são utilizados
em substituição às lâmpadas de sinalização ou lâmpadas piloto nos painéis de
aparelhos e instrumentos variados. Os LEDs têm grandes vantagens sobre as
lâmpadas incandescentes convencionais. Eles não possuem filamento que
queimam facilmente, proporcionando um tempo de vida útil de 100.000 ou mais
horas, são atérmicos e possuem menor consumo energético.

Para alguns autores, o LED é quase um laser, diferenciando-se na


formação da luz, pois, quando o diodo de um laser está contido no interior da
cavidade ressonântica, promove fótons que são amplificados pela emissão
estimulada da luz e proporciona feixes de luz coerente e colimado. Por outro
lado, no LEDT (LED Terapêutico) não existe esta cavidade óptica, desprovendo
a luz de coerência e colimação, mas produz uma banda de espectro
eletromagnético próxima do laser, conforme ilustração abaixo.
Mesmo afirmando que o LED é um quase LASER, a diferença entre
LED (Light Emission, Diodo) e laser (Light Amplification by, Stimulated, Emission
of, Radiation) é que o LED não emite radiação, ao contrário do laser, que tem
ondas coerentes. E no caso do LED ser mais indicado nos tratamentos da
podologia, isso está relacionado ao fato de que a luz projetada é mais aberta e
atinge uma área maior. Por fim, o custo é mais baixo e a utilização é mais
simples.

A aplicação do LED faz com que a luz atue nos primeiros extratos
da pele, antes que produza a absorção da luz pelas moléculas fotorreceptoras
especializadas (melanina, porfirina, citocromo c oxidase e hemoglobina). Novos
estudos apontam ainda a importância para a promoção dos efeitos terapêuticos
proporcionados pela luz, pelos seus diversos comprimentos de onda. No caso
do LED, as ondas mais utilizadas em estudos são três: Azul, Vermelho e
Infravermelho. Contudo, é possível encontrar outras ondas, tais como, Verde,
Âmbar e Violeta. A seguir, é possível verificar as cores (visíveis ao olho humano)
e seus respectivos comprimentos de onda, cuja unidade de medida é
nanometros (nm).
Nos dias atuais, é possível afirmar que todas as células possuem
citocromos (constituintes celulares que efetuam a absorção de luz em vários
espectros de ação, permitindo sua estimulação. Além disso, é possível que a
emissão da luz ocorra sobre a membrana celular, conforme ação do Laser,
facilitando a mobilidade iônica (cálcio, sódio e potássio) e aumentando
indiretamente a produção de ATP, uma vez que a energia liberada pela hidrólise
de ATP promoverá o correto funcionamento da bomba de sódio e potássio,
melhorando o metabolismo celular.

Um exemplo se dá sobre as células sanguíneas, as quais possuem


uma ampla absorção da luz, determinando picos em algumas faixas de
comprimentos de onda, garantindo uma satisfatória extensão da fotomodulação
na janela biológica, ou seja, ativação das células mesmo que haja uma redução
no número delas.

Uma das explicações que fundamentam a ação da luz sobre as


diversas células do corpo humano envolve o ponto de vista eletromagnético.
Nesse caso, os sistemas de vida, como as moléculas, macromoléculas ou
células vivas são geralmente administrados pela interação eletromagnética das
partículas chamadas fótons. As células fagocitárias humanas são naturalmente
emissoras de luz, sendo as moléculas de oxigênio simples fontes desta luz
emitida em 480, 570, 633, 760, 1060 e 1270 nm.

A profundidade de penetração da luz emitida está depende do


comprimento de onda da radiação, sendo de 0,5 a 2 milímetros (mm) para a luz
vermelha (635 - 670 nm) e de 2 a 4 mm para a luz infravermelha (820 - 904 nm).
Na imagem abaixo, é possível verificar o comprimento de onda de 200 até 1400
nm, assim como profundidade atingida.

Em relação aos estudos, há de se considerar que novos tratamentos


estão considerando a profundidade da ação em relação à potência da energia
aplicada, geralmente em Joules por centímetro quadrado (J/cm2) e miliWatts por
centímetro quadrado (mW/cm2). Quando a fototerapia é focada sobre a
epiderme, a quantidade de energia absorvida é proporcional à qualidade do
tecido. Por exemplo, em tecido com elevado índice de melanina, a energia
luminosa é altamente absorvida. Nestas circunstâncias, as janelas de potência
óptica (mW) e o limiar de densidade energética (J/cm 2) influenciarão a
profundidade de penetração devido à absorção da luz por estes tecidos hiper
pigmentados.

No caso da Podologia, em vista das lesões localizadas principalmente


nos pés, o uso da fototerapia por meio do LED tem sido muito investigado. E os
resultados obtidos envolvem aumento da circulação local, proliferação celular e
síntese de colágeno, melhora do metabolismo oxidativo mitocondrial e da
produção de energia (ATP) levando a um o estímulo do reparo tecidual,
diminuição da dor e produção de uma cicatriz esteticamente mais satisfatória.
Isso tudo porque o uso do LED atua sobre as três fases do processo cicatricial:
inflamatória, proliferativa e de remodelação da cicatriz. Novos estudos ainda
indicam que há um aumento sobre a síntese proteica, estimulando a
neoangiogênese em vista da atividade metabólica celular (mitoses) facilitando a
multiplicação celular e formação de novos tecidos e vasos.
Na imagem abaixo é possível verificar alguns estudos e seus
respectivos resultados alcançado, extraídos do estudo de Moura, Nunes, de
Carvalho e de Miranda (2014), os quais realizaram um estudo de revisão
bibliográfica sobre acerca dos efeitos cicatricial do LED e da quitosana de forma
isolada e associada.

Vale lembrar que essa modalidade de fototerapia através do LED não


emite radiação por sua luz não ser colimada, portanto, não há reflexão e não
agride os olhos. Além disso, o LED surgi como forte candidato à terapêutica por
não emitir calor, ser portátil, fácil aplicação e ter maior vida útil em relação às
outras modalidades de fototerapia, como o laser e o infravermelho.

De acordo com Rodrigues e Guimarães (1998) e Agne (2005), os


efeitos terapêuticos da fototerapia consistem em:

✓ Efeito analgésico: reduz a inflamação provocando a reabsorção


de exsudatos, favorecendo a eliminação de substâncias
alógenas;
✓ Efeito anti-inflamatório: interfere na síntese de prostaglandinas
determinando uma sensível redução nas alterações
proporcionadas pela inflamação;
✓ Efeito antiedematoso: o estímulo da microcirculação proporciona
melhores condições para resolução da congestão causada pelo
extravasamento de plasma que forma o edema;
✓ Efeito cicatrizante: devido ao aumento da velocidade mitótica e da
formação de novos vasos que geram melhores condições para
uma cicatrização mais rápida e esteticamente significante.

No que diz respeito às possíveis contra indicações da fototerapia, os


autores Silva (1997), Low e Reed (2001), Guirro e Guiro (2002) e Agne (2005)
afirmam que aplicações sobre a retina, em pacientes com glaucoma, em
pacientes com neoplasias e processos tumorais, em portadores de epilepsia e
em pacientes com histórico de foto sensibilidade devem ser evitados. Além disso,
a aplicação do LED em áreas de hemorragia (principalmente em pacientes
hemofílicos), de glândulas mamárias ou não, linfonodos e até em regiões onde
constam uso de ácidos também não são permitidos.

Ao dizer que a terapia por LED permite uma aceleração no


metabolismo celular é possível associar que o uso dos diversos comprimentos
de onda podem ter outras vantagens sobre o processo cicatricial, desde o
processo de reparo tecidual até à cicatrização de feridas, redução dos níveis de
dor e até retorno da funcionalidade da região tratada.

Em vista da comercialidade do LED oriunda de diversos estudos, é


possível encontrar aparelhos com aplicação de diversas cores, assim como seus
respectivos benefícios. Abaixo seguirá uma identificação das cores,
comprimento de onda e aplicabilidade.

LUZ VIOLETA

A luz Violeta, cujo comprimento de onda permanece entre 380 – 450


nm, permite que ocorra regeneração celular e aumento do metabolismo local,
além da melhora da viscoelasticidade (tanto colágeno quanto elastina) e acelerar
a renovação da pele. Na estética é possível associar seu uso à redução das
linhas de expressão e rugas, aumentando o nível de hidratação celular e tecidual,
atuando inclusive sobre o controle de celulite.

LUZ AZUL
A luz Azul, cujo comprimento de onda permanece entre 400 – 470 nm,
tem ação bactericida, fungicida e de hidratação do tecido. É importante no
combate à bactéria e age aumentando a hidratação tecidual, além disso tem
efeito clareador das unhas e atua como fotopolimerizador. A aplicação da luz
azul tem efeito oxigenante e cicatrizante, reduzindo a produção de secreção
sebácea responsável pela oleosidade.

A ação bactericida surge pelo processo denominado stress oxidativo


- que é a ação do oxigênio removendo os elétrons das camadas externas das
moléculas que formam a membrana citoplasmática da bactéria. Contudo, é
importante dizer que a luz azul possui uma limitação de baixa penetração.

LUZ VERDE

A luz Verde, cujo comprimento de onda permanece entre 470 – 550


nm, é capaz de inibir o estímulo dos melanócitos que provocam a
hiperpigmentação (manchas). Devido a sua capacidade de penetração (região
da derme - epiderme) pode atuar na microcirculação implicando em estimulação
à movimentação sanguínea e linfática, de certo modo, atuando sobre edemas e
em manchas relacionadas à senilidade.

LUZ AMBAR

A luz Âmbar, cujo comprimento de onda permanece entre 570 – 590


nm, possui uma profundidade maior de atuação podendo atingir até camadas da
tela subcutânea, onde há um aglomerado de células adiposas. Tem atuação
sobre o sistema linfático, a síntese de colágeno e elastina, implicando em
melhora na textura da pele.

Além da característica referente à profundidade, a luz Âmbar é


direcionada aos tratamentos sobre os sinais do foto envelhecimento em vista do
mecanismo não térmico produzido pela luz e do estímulo sobre a organela
ribossômica, a qual otimiza a síntese de colágeno. Com isso, é possível verificar
que o uso dessa luz ocorre em menor proporção à podologia, pois grande parte
das ações à estética estão voltadas ao rejuvenescimento.

LUZ VERMELHA
A luz Vermelha, cujo comprimento de onda permanece entre 630 –
700 nm, possui efeito anti-inflamatório e combate radicais livres, por isso tem
ação antioxidante. Além disso, estimula também a síntese de colágeno e
elastina, importantes nos processos de reparo e regeneração tecidual e estimula
a vasodilatação e a angiogênese (acelera a multiplicação celular), assim como
tonificação cutânea.

Na Terapia Fotodinâmica com Azul de Metileno, a luz vermelha é a


mais utilizada. Contudo, é menos efetiva na foto ativação das porfirinas, quando
comparada à luz azul, mas penetra mais profundamente nos tecidos.

A propriedade anti-inflamatória influencia a liberação de citoquinas


dos macrófagos e outras células. Quando estes são expostos à luz vermelha
liberam citoquinas que estimulam a proliferação de fibroblastos e a produção de
fatores de crescimento, influenciando o processo de cicatrização e reparo de
feridas.

Vale dizer ainda que ao submeter a pele à luz na cor vermelha ou


próximo ao infravermelho, uma pequena parcela é absorvida pela derme e outra
pela epiderme. Isso ocorre devido à presença de fotorreceptores, tais como,
aminoácidos e melanina presentes nestas camadas.

Após uma lesão de pele, a ação do LED vermelho possibilita a


angiogênese, estimula a mitose celular, a regulação dos fibroblastos e normaliza
a produção de fibras elásticas e colágenas, impedindo a ocorrência de queloides,
hipertrofias e alargamentos. O que inclusive aumenta a possibilidade de uso,
principalmente no pós cirúrgico de cirurgia plástica, diminuindo o tempo de
resolução dos efeitos secundários, tais como, eritema, edema e hematomas, em
metade do tempo a um terço. .

LUZ INFRAVERMELHA

A luz Vermelha, cujo comprimento permanece entre 700 – 1200 nm,


é considerada como um potente analgésico, inibindo o sinal de dor. Através da
mudança na permeabilidade da membrana celular, a aplicação da luz permite
que as células envolvidas estejam prontas para suas reações, sendo uma delas
referente ao sistema imunológico.
Nesse aspecto de melhorar a função celular, facilitando a passagem
de íons, proteínas e outros elementos pela membrana, é possível associar ainda
uma melhora no funcionamento do sistema linfático, impedindo ou até reduzindo
edemas. E com isso, estimulando até o crescimento das unhas atingindo as
camadas mais superficiais até as profundas, como ocorre em ossos, cartilagens
e tecido nervoso.

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