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Procura Apresentar-te a Deus...

Texto base: 2 Timóteo 2


Autor: Marcus Martins
O capítulo 2 de segunda Timóteo começa com uma convocação, Paulo chama o seu filho amado
e discípulo, Timóteo, a buscar forças e persistir na jornada que está diante dele, mas para isso
primeiro ele precisaria da referência correta.
Por um momento vamos nos colocar no lugar de Timóteo, um jovem não muito mais velho do
que nós e que cresceu sob a instrução de pessoas mais velhas que o ensinaram a Palavra de
Deus. Agora, com a ausência de Paulo, seu pastor e discipulador, ele se vê na posição como
próximo pastor da igreja de Éfeso, uma igreja que, apesar de ser uma das maiores igrejas da
Ásia Menor (Apocalipse 2:1-7), tinha grandes desafios combatendo heresias (1 Timóteo 1:3 e
Apocalipse 2:2) e também lidava com graves problemas de divisões entre judeus e gentios
(Efésios 2:11-22 e 3:5-6).
Tendo em mente tudo isso, Paulo faz questão de mostrar a Timóteo que a sua referência é Jesus,
Aquele que o fortifica, Aquele a quem o jovem pastor de Éfeso ouviu falar desde criança pela
boca de homens e mulheres idôneos.
A seguir o apóstolo Paulo passa a expor sua mensagem de convocação a partir de três alegorias:
o soldado, o atleta e o lavrador.
• O Soldado
Ao tratar dessa primeira alegoria Paulo chama Timóteo ao exercício de concentração na missão
que lhe foi dada, deixando de lado “os negócios dessa vida”, que preocupavam o jovem pastor
e que poderiam distraí-lo do seu real objetivo que é a propagação do Evangelho por meio de
um serviço abnegado a Deus.
Quantos de nós não estivemos no mesmo lugar de Timóteo, por vezes nos afogando nos
afazeres da vida, escola, trabalho, relacionamento, amizades, vestibular etc. Dedicando tanto
tempo as coisas do nosso cotidiano que nos esquecemos da missão que nos foi dada no início
da nossa jornada cristã, inclusive, esse é um dos problemas da igreja de Éfeso, como vemos
em Apocalipse 2:4-5, mesmo que essa igreja fosse conhecida pelo seu bom proceder na
doutrina, ela havia se afastado do primeiro amor, em outras palavras, havia se esquecido
daquilo que deveria ser a sua maior prioridade que é propagar a mensagem da cruz, e servir a
Deus e aos irmãos.
• O Atleta
Prosseguindo em sua exposição Paulo fala sobre o atleta que não é recompensado se não agir
conforme as normas e seguindo toda a disciplina necessária. Não há vida fácil no Evangelho,
a jornada cristã é cheia de obstáculos e dificuldades, – tentações, medo, pessoas perversas, falta
de recursos e muito mais – todavia, a nossa vitória só pode ser conquistada se nós estivermos
dispostos a lidar com esses desafios e vencê-los sem dar um jeitinho, sem atalhos, sem trapaça.
A mensagem que o apóstolo Paulo replica é a que Jesus já havia estabelecido “se alguém quer
vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." (Mateus 16:24), “aquele que
não toma a sua cruz e não me segue, também não é digno de mim.” (Mateus 10:38) e na oração
sacerdotal de Jesus (João 17), onde o próprio Cristo intercede por nós sabemos que o mundo
nos odiaria pela pregação do Evangelho.
• O Lavrador
Como a última das três alegorias Paulo fala sobre o lavrador, aquele que está engajado no
plantio e no cuidado de uma grande safra de alimentos é o primeiro a colher dos frutos. Quem
melhor que um lavrador para nos ensinar sobre a perseverança? As atividades de plantar, regar,
cuidar e colher são árduas exigem a nossa dedicação e as foco na recompensa eterna. O
evangelismo não é uma atividade fácil, mas o próprio Cristo nos ensina que essa é uma
atividade que envolve compaixão e dedicação, principalmente porque os trabalhadores são
poucos (Mateus 9:35-38). Essa é a lembrança de que o chamado que todo crente recebe para
viver uma vida voltada a Jesus não é uma vida cheia de promessas vazias, Deus por meio da
sua Palavra nos promete a salvação, a oportunidade e o privilégio de participar do maior dos
milagres: ser parte da obra divina da redenção como emissários da mensagem da cruz e da sua
santa igreja agora militante e futuramente triunfante.
Do versículo 8 ao 13 podemos ver com clareza a referência de Paulo, o apóstolo que por tantas
vezes foi açoitado, preso, ameaçado de morte, apedrejado, fome, sede, frio e nudez como ele
mesmo narra em 2 Coríntios 11:23-28, sempre teve como referência Jesus e a promessa de vida
eterna que encontra na morte e ressurreição do Filho de Deus. Paulo entendia que apesar do
sofrimento e da humilhação era o lugar onde Deus o queria como ele relata nos versículos 9 e
10 “pelo qual estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não
está algemada. Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que eles obtenham a
salvação que está em Cristo Jesus”.
Após instruir Timóteo a persistência na jornada da fé Paulo dedica as suas próximas orientações
ao trabalho ministerial na Igreja de Éfeso. Timóteo como um líder passa a ser o exemplo e a
referência para os seus liderados, o jovem pastor deveria evitar as contendas, mas apresentar-
se de modo irrepreensível quando se trata do domínio da Palavra de Verdade (a Bíblia).
Por meio de lições e exemplo Paulo relata que os falatórios inúteis de nada acrescentam na vida
da Igreja, mas por outro lado, o mesmo apóstolo relata que devemos manejar bem a Bíblia e
conhecê-la profundamente, tal dicotomia é extremamente relevante. Até porque, talvez hoje
mais do que nunca, nos apegamos a conversas e discursos polarizados, mas que no final das
contas não levam a nada, apenas a contenda e raiva. São exatamente esses temas que devemos
evitar, mas quando se trata da Palavra de Deus e das suas santas verdades é nosso dever estar
pronto para dar as respostas quando formos perguntados. No mesmo sentido, o apóstolo Pedro
disciplina em 1 Pedro 3:15 “antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão
da esperança que há em vós”.
Paulo, assim como nós e como Timóteo, um dia foi jovem, ele sabia muito bem como nessa
idade nosso espírito é inquieto, seja porque buscamos a aprovação de um grupo, seja porque
nos revoltamos com a situação do mundo ao nosso redor e é por isso que ele passa a nos
recomendar para fugirmos das paixões da mocidade (v. 22), mas ele não lança apenas
reprimendas, também nos convoca a não viver de contendas, mas a instruir, ser pacientes e
disciplinar com mansidão (v. 24-25), porque somente Deus por meio do seu santo Espírito
Santo que tem o poder de convencer o homem da verdade, da justiça, do pecado e do juízo (2
Timóteo 2:25-26 e João 16:7-11).
Ao nos debruçamos sobre as alegorias propostas e as imagens que Paulo nos traz a imagem do
obreiro ideal. Sendo bons soldados, atletas diligentes e perseverantes agricultores, nós devemos
nos dedicar totalmente a missão que nos é proposta. Não devemos nos envergonhar da
mensagem do Evangelho, mas sermos sábios e pacientes na nossa exposição, e evitando as
conversas inúteis. Somente cumpridos todos os requisitos citados conseguiremos obedecer a
tudo aquilo que o Senhor nos demanda, não à toa que o capítulo começa com a exortação
“fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus”.

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