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O vale dos Ossos Secos

Essa noite gostaria de conversar com vocês sobre uma profecia muito conhecida
dentro do meio cristão e que tem sido tema de muitos sermões. Trata-se de texto que se
encontra no livro do profeta Ezequiel, capítulo 37:1-14, conhecida como “o vale dos ossos
secos”.
Trata-se de uma visão que o Senhor conduziu o profeta Ezequiel, para servir de
exemplo para aquilo que Ele iria fazer sobre o seu povo. Para contextualizar melhor essa
passagem, vale lembrar que o texto aqui se passa no período do cativeiro babilônico,
quando o povo de Deus, os judeus da nação do Sul, os descendentes de Davi, quando
esse povo se viu caindo diante de uma nação estrangeira, com outros deuses. Ezequiel foi
levantado como porta voz de Deus, para mostrar ao povo que Ele estava conduzindo toda
a história, e fazia isso para mostrar quem Ele é (Ez 36:22-23).
Quando o rei e os principais homens de Judá foram levados cativos, o povo começou
a morrer. Não tinham mais esperança de que sua identidade como nação poderia ser
restaurada, pois eles perderam terras, reis, o templo, e toda sua cultura precisa agora se
adaptar a nova realidade diante deles. Mas o que Deus mostrou a Ezequiel foi mais do que
um simples milagre, foi uma revelação o que Ele pretendia fazer.
Existem algumas implicações que encontramos nesse texto que gostaria de ressaltar
com vocês:

1) A NECESSIDADE DE UMA INTERVENÇÃO SOBRENATURAL DE DEUS:


Um vale de Ossos secos não pode, por si mesmo, se restaurar. Um homem morto
não tem nenhum poder ou ação que lhe permite reviver, é necessária uma ação externa,
uma força precisa ser aplicada para que exista alguma reação.
Deus, ao mostrar os ossos ao profeta e lhe perguntar se eles poderiam reviver estava
fazendo uma pergunta retórica. É claro que não poderiam simplesmente reviver, segundo
as leis naturais que podemos observar. Mas o mesmo Deus que criou o homem do pó da
terra tem poder para fazer ossos reviver, para fazer tendões crescerem, músculos se
formarem, pele se estender sobre onde não havia nada. A resposta de Ezequiel demostra
a soberania divina, somente a vontade do Senhor poderia fazer com que aqueles ossos
revivessem, não o desejo do profeta.

2) EXISTE UM PROCESSO DE RESTAURAÇÃO


Deus ordenou ao profeta que ele proferisse palavras aos ossos, palavras de
restauração, de reconstrução. Apesar de parecer loucura, proferir palavra aos ossos para
que eles revivam, esse foi o primeiro passo da restauração. Os corpos foram
reconstituídos e o antes vale dos ossos secos se tornou agora o vale dos cadáveres. Isso
ainda não era o cumprimento da profecia que o Senhor havia falado ao homem, mas havia
mais um passo, era necessário o Espírito. Agora a palavra foi direcionada e o Espírito veio
e encheu aqueles corpos, antes mortos, e eles se colocaram em pé e formaram um grande
exército.
O que antes era uma cena de morte e desespero, se torna uma cena de gozo e
esperança. Um grande exército foi formado e estava pronto para cumprir a vontade de
Deus.
O próprio Senhor explica o significado da visão ao profeta. Esses ossos secos são a
casa de Israel, ou seja, o seu povo, que parecia estar derrotado e morto, mas que com o
poder de Deus, levantaria das sepulturas e receberiam o Espírito Santo

3) O VALE DOS OSSOS SECOS E A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO


Todos que já caminham comigo a um tempo sabem que foi apaixonado pelo texto de
Romanos, pois é uma carta que fala comigo e não canso de me surpreender com aquilo
que ela tem para nos ensinar.
É nessa carta que encontro uma passagem que acredito ter um paralelo com esse
texto de Ezequiel, em romanos 8:10 e 11 o apóstolo Paulo nos mostra exatamente a
mesma situação que encontrávamos lá no vale dos ossos secos. Um povo que foi criado
por Deus, mas que estava morto por causa dos seus pecados (Cl 2:13) e que foi revivido
pela obra do Senhor, por meio da qual houve restauração de músculos, de tendões, de
pele, enfim, recebemos toda a capacidade de agirmos com o propósito dado por Deus,
mas ainda não podemos esquecer do Espírito Santo, É ele que vivificará nossos corpos
mortais para fazermos a vontade de Deus, não basta apenas termos nossos corpos
restaurados, pois ainda continuaremos a ser como cadáveres no chão, como todo
potencial de se locomover e agir, mas sem o mais importante que é o espírito que vivifica.
Para finalizar, gostaria de ler uma última passagem, Atos 8:4-8 e depois 14-17. Aqui
vemos o relato da pregação de Filipe, em Samaria, onde ele anunciou a Cristo e
demostrou os milagres de Deus para aquele povo, ou seja, houve um processo inicial de
restauração, mas ainda lhes faltava algo. Foi então que receberam Pedro e João, e esses
profetizaram e lhes impuseram as mãos para que eles recebessem o Espírito Santo.
Gostaria de orar com vocês exatamente nesse sentido.

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