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CONTROLADORIA, CUSTOS E

ORÇAMENTOS
Reitor
Prof. Me. Stefano Barra Gazzola

Pós-Graduação a Distância
Profa. Ma. Letícia Veiga Vasques

Arte
Isabella de Menezes

Diagramação
Elias Márcio Tavares

PALMUTI, Claudio Silva.

Guia de estudo – Controladoria, Custos e Orçamentos, Cláudio Silva Palmuti.

Revisão Técnica: 2020


Revisão Ortográfica: 2020
186 p.

74 p.
Mestre em Administração de Empresas pela
FacCamp; Especialista em Matemática e
Estatística pela UFLA e Bacharel em Ciências
PROFESSOR ME. Econômicas pela FACECA. Atua como professor
CLÁUDIO titular do Centro Universitário do Sul de Minas:
SILVA PALMUTI
UNIS-MG, desde o ano de 2007, em diversos
cursos de graduação e pós-graduação.
Atualmente leciona as disciplinas de Pesquisa
Operacional; Economia de Negócios; Estatística;
Contabilidade; Gestão Estratégica de Custos;
Econometria Financeira; Teoria de Carteiras e
Decisão Financeira em Condição de Risco;
Gestão Estratégica de Finanças; Administração
Financeira do Capital de Giro e Fluxo de Caixa;
Jogos de Empresas; Análise de Investimentos;
Bioestatística; Gestão Financeira; Controladoria
Custos e Orçamentos e Análise de Crédito e
Risco. Ministra cursos de Excel Avançado com
Programação em VBA e HP 12C. Palestrante e
consultor financeiro empresarial e pessoal.
APRESENTAÇÃO

Meta
Apresentar os conceitos iniciais da contabilidade de custos que
nos auxiliem na tomada de decisão e no controle empresarial.
Demonstrar o procedimento de análise de indicadores econômicos
extraídos das demonstrações contábeis para que sirvam de balizadores
no planejamento e controle organizacional, bem como os modelos
utilizados na elaboração do fluxo de caixa visando maior transparência e
normatização da informação, como parte de um processo decisório.

Objetivos
Após o estudo deste material esperamos que o aluno possua:

 Pleno entendimento da Gestão de Custos, e suas ramificações;


 Conhecimento dos critérios de rateio dos custos entre os diversos
departamentos de uma empresa;
 O domínio do significado de Capital de Giro e Liquidez;
 Capacidade de realizar a análise da liquidez e dos indicadores
econômicos e financeiros, e a compreensão exata das análises
vertical e horizontal para uma empresa;
 Entendimento claro sobre as Fontes de Recursos para uma
empresa, bem como a definição das Políticas de Investimento, de
Financiamento e de Dividendos.

Pré-Requisitos
Para um bom desenvolvimento do conteúdo proposto, espera-se
que o aluno tenha noções de matemática, de contabilidade gerencial e de
custos.
Contabilidade de Custos para a gestão de empresas, Ponto de
equilíbrio, formação do preço de venda. Classificação de Custos.
Critérios de rateio. Margem de Contribuição, Custos por absorção,
Custo padrão, Custeamento direto e Custeio ABC. Análise crítica dos
critérios de custeamento. Administração de Capital de Giro. Variações
do CCL, Administração do Ativo e do Passivo Circulante. Alavancagem
Operacional e Financeira. Fluxo de Caixa: balanços consecutivos,
restrito e amplo, efetivo, operacional e incremental. Fontes de
Recursos. Políticas de Financiamentos. Políticas de Investimentos.
Políticas de Dividendos.
ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do
capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011

ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Fundamentos de


administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2014

BRUNI, Adriano Leal; GOMES, Sonia Maria da Silva. Controladoria: conceitos,


ferramentas e desafios. Salvador: EDUFBA, 2010.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. São Paulo:


Harbra, 1997.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e


gerencial. 4. ed. SãoPaulo: Atlas, 1997.

MATIAS, A. B.; LOPES JÚNIOR,F.Administração financeira nasempresas de


pequeno porte.São Paulo: Manole, 2002.

PADOVEZE, Clóvis Luis. Introdução à administração financeira. 2. ed.São


Paulo: Cengage Learning, 2011

VIEIRA, Marcos Villela. Administração estratégica do capital de giro. 2. ed. São


Paulo: Atlas, 2008.

VADE MECUM. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2014


05 |Unidade I
Introdução à Controladoria Empresarial

13| .......................1.1.Objeto de estudo da controladoria


13| .......................1.2.Enquadramento científico da controladoria
16| .......................1.3.Subdivisões da Controladoria
16| .......................1.4.Atividades e funções da controladoria
18| .......................1.5.A Controladoria e o Processo de Gestão

35 |Unidade II
Teoria de Agência e Governança Corporativa

38 |Unidade III
Administração Financeira

40| ........................ 3.1. A ciência das finanças


41| ........................ 3.2. O que é maximização da riqueza?
41| ........................ 3.3. O que faz o administrador financeiro?
41| ........................ 3.4. Decisões de administração financeira

48 |Unidade IV
Administração do Capital de Giro

50| ....................... 4.1.Conceitos Básicos na Administração do Capital


de Giro
58| ........................ 4.2.Gráfico de Solvência

60 |Unidade V
Alavancagem Profissional e Financeira

61| ........................ 5.1.Análise do ponto de equilíbrio (break-even-point)


61| ........................ 5.2.Cálculo do ponto de equilíbrio operacional ou
contábil
63| ........................ 5.3.Exemplo de cálculo de Q
63| ........................ 5.4.Exemplo de variação do Q
64| ........................ 5.5.Sensibilidade do Q
64| ........................ 5.6.Cálculo do ponto de equilíbrio financeiro
UNIDADE I
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70 |Unidade VI
Contabilidade Gerencial e Indicadores Contábeis

71| ........................6.1.História da contabilidade


74| ........................6.2.Evolução da Contabilidade
74| ........................6.3.O processo contábil
77| ........................6.4.Princípios fundamentais da contabilidade
82| ........................6.5.Demonstrações Contábeis
82| ...........................6.5.1.O Balanço Patrimonial
84| ........................6.6.Ativo circulante
85| ........................6.7.Ativo realizável a longo prazo – Ativo Não
Circulante
86| ........................6.8.Ativo permanente
86| ........................6.9.Passivo circulante
87| ........................6.10.Passivo exigível a longo prazo – Passivo Não
Circulante
88| ........................6.11.Patrimônio líquido
88| ........................6.12.Demonstrativo de resultado do exercício - DRE
91| ........................6.13.Análise e Interpretação das Demonstrações
Contábeis
94| ........................6.14.Análise vertical ou de estrutura
94| ........................6.15.Análise vertical do balanço patrimonial
98| ........................6.16.Análise vertical da demonstração de resultado
do exercício
101| ........................6.17.Análise horizontal ou de evolução
102| ........................6.18.Análise horizontal do balanço patrimonial
105| ........................6.19.Análise horizontal da demonstração do resultado
do exercício
109| ........................6.20.Índices econômico-financeiros de análise
110| ........................6.21.Índices de liquidez
111| ........................6.22. Índice de liquidez corrente – ILC
112| ........................6.23. Índice de Liquidez seca – ILS
112| ........................6.24. Índice de Liquidez imediata– ILI
113| ........................6.25. Índice de liquidez geral –ILG
114| ........................6.26. Índices de endividamento e estrutura de
capitais
114| ........................6.27. Participação de capitais de terceiros – PCT
116| ........................6.28. Composição do endividamento – CE
117| ........................6.29. Imobilização do patrimônio líquido – IPL
117| ........................6.30. Índices de rentabilidade
118| ........................6.31. Giro do ativo – GA
119| ........................6.32. Margem líquida – ML
119| ........................6.33. Rentabilidade do ativo total – RAT
119| ........................6.34. Rentabilidade do patrimônio líquido – RPL
UNIDADE I
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122 |Unidade VII


Gestão de Custos

125| ........................ 7.1.Contabilidade de Custos – conceito, origem e


objetivos
125| ..........................7.1.1.Conceito
125| ..........................7.1.2.Origem
126| ..........................7.1.3.Objetivos
127| ........................7.2.Terminologias Aplicadas à Gestão de Custos
131| ........................7.3.Princípios contábeis relacionados a custos
134| ........................7.4.Classificação de custos
135| ........................7.5.Custos diretos e indiretos
135| ..........................7.5.1.Custos Diretos
135| ..........................7.5.2.Custos Indiretos
136| ........................7.6.Custos fixos e variáveis
136| ..........................7.6.1.Custos variáveis
137| ..........................7.6.2.Custos fixos
141| ........................7.7.Demonstração de resultado na indústria
141| ..........................7.7.1.Alguns conceitos de custos
145| ........................7.8.Métodos de custeio
145| ..........................7.8.1.Custeio por Absorção
146| ..........................7.8.2.Custeio Variável ou Direto
146| ..........................7.8.3.Custeio Padrão (ou Standard)
146| ..........................7.8.4.Custeio Baseado em Atividades (Activity
Based Costing - ABC)
147| .......................7.9.Custeio por Absorção
147| .......................7.10.Custeio Variável (ou Direto)

166 |Unidade VIII


Preço de venda, margem de contribuição e ponto de
equilíbrio

167| ........................8.1.Mark-up
170| ........................8.2.Margem de Contribuição
171| ........................8.3.Conceitos básicos de margem de contribuição
174| ........................8.4.Ponto de Equilíbrio
176| ........................8.5. Ponto de equilíbrio Contábil/Operacional
UNIDADE I
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184 |Unidade IX
Fontes de Recursos

185| ........................ 9.1.Política de Financiamento


185| ........................ 9.2.Política de Investimento
185| ........................ 9.3.Política de Dividendos
UNIDADE I
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INTRODUÇÃO À
CONTROLADORIA EMPRESARIAL
UNIDADE I
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UNIDADE I
Introdução à Controladoria Empresarial

Sabemos que Empresas são organizações que envolvem


recursos humanos, materiais e financeiros, e que podem ser analisadas
segundo diferentes pontos de vista. Por exemplo, podemos considerar
a empresa como entidade de natureza política, privilegiando-se a
análise da luta pelo poder e das formas como este é exercido. Sendo
assim, a análise do processo decisório na empresa não pode prescindir
desse tipo de consideração. De outra forma, ou alternativamente,
podemos encarar a empresa como unidade sociocultural, destacando-
se o contexto em que as pessoas interagem e a forma como isso
influencia a sobrevivência e o crescimento da empresa. Desse ponto
de vista, ganham destaques os valores, os símbolos, os códigos, os
costumes e a tradição que caracterizam a empresa e lhe emprestam
certa “personalidade”. Do ponto de vista administrativo, os enfoques
podem ser diferenciados, mas todos consideram a empresa como uma
organização que dispõe de um conjunto de recursos e busca atingir
certo(s) objetivo(s). Ou seja, neste contexto, as atividades de
planejamento e controle são privilegiadas.
UNIDADE I
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Na Teoria Econômica, a empresa é vista como uma unidade


produtiva, que transforma insumos em produtos, gerando, desta forma,
valor. A empresa, ao produzir bens e serviços demandados pelo
mercado, obtém lucro para sobreviver e crescer, contribui para o bem-
estar com sua produção e estimula outras atividades produtivas para a
frente, através de seu produto, e para trás, através de suas compras de
insumos.
Por outro lado, verificamos que na visão contábil, a empresa é
vista principalmente como uma unidade de contas, uma “azienda”, pois
procura mostrar a evolução do patrimônio em movimento. O
patrimônio de qualquer empresa modifica-se a todo instante, devido às
decisões de seus gestores, e a contabilidade provê os registros
necessários (nas diversas contas) para que se possa acompanhar sua
evolução.
A nível de Engenharia, a empresa é uma unidade técnica que
desenvolve determinado processo de transformação, sujeito aos
princípios e leis da Física e da Química. Dessa maneira, a empresa é
vista como um conjunto de quantidades, coeficientes e parâmetros que
envolvem fluxos materiais e energéticos, além de trabalho humano.

É interessante ressaltarmos que existe um aspecto comum a


todas as possíveis visões que se pode ter de certa empresa: esta é
sempre vista como uma unidade. Isso quer nos dizer que, seja qual for a
UNIDADE I
página|8

ênfase (política, econômica, administrativa, técnica, contábil ou


sociocultural), a empresa é sempre um conjunto integrado e
interdenpendente, com objetivo(s) comum(ns). A integração e a
interdependência podem ser mais harmônicas ou mais conflituosas, e
no extremo poderia haver ruptura, mas a existência da empresa
pressupõe sua unidade.

O surgimento do conceito de Controladoria deveu-se à


necessidade aparente de controle por parte das organizações norte-
americanas, de suas subsidiárias e filiais, no início do século XX. Devido
ao processo de fusão ocorrido com muitas empresas, que proliferaram
durante a Revolução Industrial, durante o século XIX, foram originados
grandes conglomerados, os quais eram caracterizados por ter uma
estrutura verticalizada em forte crescimento, organizada sob a forma
de departamentos e divisões. Com a formação desta estrutura tão
complexa foi requisitado por parte dos acionistas e gestores um
controle central em relação aos seus departamentos e divisões que se
espalhavam rapidamente pelos Estados Unidos e outros países,
seguindo a tendência da descentralização. (MARTINS, O., 2005).
Com a evolução contínua da necessidade de informações
relevantes ao negócio e o aumento da complexidade da atividade
UNIDADE I
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empresarial, conceito se amplia e, segundo Figueiredo e Caggiano


(2004), a Controladoria acaba se focando em zelar pela continuidade e
progresso da empresa, assegurando a otimização do resultado global.
Surge, assim, a definição da missão da Controladoria, como área de
atuação dentro das empresas.

Definição de Controladoria
A Controladoria, segundo Orleans Martins (2005), tem a
finalidade de garantir informações adequadas ao processo decisório
dos gestores, colaborando assim para a busca pela eficácia da empresa
e de suas subdivisões, levando-se em conta o aspecto econômico. O
que é reafirmado por Mosimann, Alves e Fisch (1999) que comentam
que a Controladoria pode ser conceituada como o conjunto de
princípios, procedimentos e métodos oriundos das ciências de
Administração, Economia, Psicologia, Estatística e principalmente da
Contabilidade, que se ocupam da gestão Econômica das empresas,
com o fim de orientá-las para a eficiência. Já Borinelli (2006) faz um
apanhado geral dos principais teóricos do assunto incluindo José
Pereira, (1991), Mosimann, Alves e Fisch (1999), Almeida, Parisi e Pereira
(2001), e Garcia (2003), tentando consolidar uma definição única, que
leva em conta as ideias préexistentes como complementares, ou seja,
uma definição mais completa. Desta forma, Borinelli (2006) chega a
seguinte conclusão: Controladoria é um conjunto de conhecimentos
que se constituem em bases teóricas e conceituais de ordem
operacional, econômica, financeira e patrimonial, relativas ao controle
do processo de gestão organizacional.
Porém, apesar de a Controladoria ser conceituada através de
um conjunto de princípios e apesar da nova tecnologia gerencial
existente, Orleans Martins (2005) afirma que o modelo contábil-
financeiro continua sendo a base de tudo, ou seja, o instrumento
central, mas não único. O modelo contábil-financeiro é subdividido em
três itens, conforme Figueiredo e Caggiano (2004): orçamento que é
um instrumento direcional visando orientar a administração a atingir
fins específicos, ou seja, objetivos empresariais; custos que são
essencialmente medidas monetárias dos sacrifícios que a organização
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tem que arcar para alcançar esses objetivos; e finalmente, contabilidade


que é o sistema de informação e mensuração de eventos que afetam a
tomada de decisões. Desta forma, segundo Orleans Martins (2005), os
princípios contábeis servem de referência para expansão, flexibilização
e adaptação das novas realidades e situações empresariais. Não deixa
de levar em conta outros instrumentos e técnicas provenientes de
outras ciências de gestão, permitindo desta forma que cada empresa
busque atender as necessidades da governança corporativa, ou seja,
dos acionistas ou investidores. Sell (2004) identifica de forma bem
clara, o uso da Contabilidade pela Controladoria, que auxilia a gerência
e aos superiores na administração do negócio, como forma de
expansão, flexibilização e adaptação às novas realidades empresariais à
medida que ele argumenta que a Controladoria (ou contabilidade
gerencial) confecciona relatórios conforme as necessidades dos
administradores, muitas vezes utilizando como fonte de informações
dados contidos nos relatórios advindos da contabilidade financeira (ou
contabilidade tradicional), em que os dados são transformados em uma
linguagem mais concisa e clara para o administrador. Além disso, Sell
(2004) vai mais longe e apresenta, no quadro abaixo, as diferenças
entre a contabilidade financeira (tradicional) e a gerencial
(Controladoria), em que as duas formas de contabilização são
comparadas referentes aos seguintes fatores: atuação, objetivos,
custos, controle, relatório e restrições nas informações. Desta forma,
Sell (2004) consegue esclarecer, com sucesso, as características natas
de cada contabilidade, deixando de certa forma subentendido o grau
de relação entre uma e outra.

Contabilidade Contabilidade
Tópicos
Financeira Gerencial
Transforma dados Preocupa-se em como
financeiros e melhor
econômicos em gerenciar as fontes de
Atuação registros contábeis, informações
cuja fonte são da empresa,
documentos como envolvendo todos os
notas fiscais, extratos que participam do
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bancários, processo
contratos, etc. produtivo

Preocupa-se com
aspectos
Auxilia na gestão de
tributários exigidos
Objetivo recursos da
pela legislação,
empresa
pertinentes a cada
ramo de atividade
Aloca os custos a fim
Apura os custos dos de
Custos serviços compreender a
ou produtos dinâmica dos
processos
Concilia contas Em termos de
patrimoniais e de controle, incentiva
Controle
resultado como forma a performance da
de controle empresa
Elabora as Transforma números
demonstrações em
Relatórios
financeiras exigidas informações úteis à
pela Legislação administração
Segue as
Segue os princípios determinações
Restrições nas
contábeis julgadas
Informações
geralmente aceitos importantes pelos
administradores
Quadro 1: Diferenças entre contabilidade financeira e gerencial.
Fonte: Sell (2004).

É válido salientar, conforme abordado anteriormente, que o


modelo contábil-financeiro, focado no Quadro 1.1, é a base para uma
grande quantidade de informações para as atividades da Controladoria,
mas não deve ser entendido como única fonte, visto que a
Controladoria embeber-se-á de outros ramos da administração para
tentar transmitir toda a realidade empresarial existente aos seus
gestores.
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A preocupação da Controladoria em englobar outras áreas, não


só a contábil-financeira, é mostrada por Kaplan e Norton (1997) e
Oliveira, Perez Júnior e Silva (2002) quando abordam a metodologia
criada pelos últimos, o Balanced Scorecard, BSC.
O BSC consiste em metodologia disponível e aceita no mercado
desenvolvida pelos professores da Harvard Business School, Robert
Kaplan e David Norton, em 1992. Os métodos usados na gestão do
negócio, dos serviços e da infraestrutura, baseiam-se normalmente em
metodologias consagradas que podem utilizar a tecnologia da
informação e os softwares de ERP como soluções de apoio,
relacionando-a à gerência de serviços e à garantia de resultados do
negócio, buscando sempre a maximização dos resultados através de
desenvolvimentos de indicadores baseados em quatro perspectivas
que refletem a visão e a estratégia empresarial: financeira, clientes,
aprendizado e crescimento e processos internos.
Os autores argumentam que o objetivo dos sistemas de
mensuração e avaliação de desempenho é traduzir a estratégia
organizacional, por meio de um conjunto integrado de medidas
financeiras e não financeiras, que abranjam do nível executivo ao nível
operacional. Neste sentido, os objetivos do controle estratégico
baseiam-se em comunicar ou transmitir as estratégias para toda a
organização e receber o feedback operacional sobre o desempenho
das estratégias formuladas e comunicadas pelas áreas afins.
Portanto, o sistema de gestão das empresas, que é vangloriado
por ser grande responsável pela sustentabilidade da empresa, seria
basicamente a maneira como os princípios, procedimentos e métodos
são usados pela Controladoria para produzir informações para as
diversas tomadas decisões dos gestores, abrangendo, além das áreas
mais tradicionais como Administração, Economia e Contabilidade,
outras tão bem importantes como Recursos Humanos, Ambientais,
Tecnológicos, Regulatórios, Marketing etc.
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1.1. Objeto de estudo da controladoria


Com o conceito de Controladoria já estabelecido e esclarecido,
surge a necessidade de elucidação do seu objeto de estudo. Segundo
Borinelli (2006), o objeto de estudo seria o campo de aplicação, ou
área de eficácia da Controladoria. Ou seja, qual seu foco. Para definição
deste objeto, o autor segue a mesma linha de pensamento que definiu
o conceito de Controladoria. Portanto, o autor agrega as principais
definições dos principais autores da Controladoria: Guerreiro, Catelli e
Dorneles (1997), Farias (1998), Mosimann, Alves e Fisch (1999),
Francisco Fernandes (2000), Almeida, Parisi, Pereira (2001), Catelli e
colaboradores (2001), Oliveira, Perez Júniore Silva (2002), Regel
(2003), analisam pensamento por pensamento, extraindo as
informações coerentes e descartando as incoerentes, consolidando o
objeto de estudo da Controladoria.
Borinelli (2006) conclui que o objeto de estudo da
Controladoria são as organizações, ou seja, o modelo organizacional
como um todo, os quais podem ser subdivididos em: a) processo (e o
modelo) de gestão como um todo, especialmente em suas fases de
planejamento e controle, com suas respectivas ênfases: gestão
operacional, econômica, financeira e patrimonial;b) necessidades
informacionais, consubstanciadas nos modelos de decisão e de
informação; c) processo de formação dos resultados organizacionais,
compreendendo o modelo de mensuração e o modelo de identificação
e acumulação.

1.2. Enquadramento científico da controladoria


Conforme a análise de Borinelli (2006), a Controladoria é um
campo de estudos que se enquadra nas Ciências Factuais Sociais, visto
que estas são todas as ciências que se dedicam a tornar inteligível a
vida social em um de seus aspectos particulares ou em sua totalidade.
Esta classificação se baseia em estudo anterior, que subdivide as
ciências em: Ciências Formais, como a Lógica e Matemática; Ciências
Factuais Naturais, como a Física, Química e Biologia; e Ciências
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Factuais Sociais, como a Antropologia Cultural, Direito, Economia,


Política, Psicologia Social, Sociologia.
Identificado onde a Controladoria está posicionada no mundo
das ciências, é válido descrever e abordar a inter-relação entre a
Controladoria e as demais ciências. Mosimann, Alves e Fisch (1999),
como já abordados anteriormente, já diziam que a Controladoria é
oriunda das seguintes ciências:
Administração, Economia, Psicologia, Estatística e principalmente
da Contabilidade. Porém, ele apenas cita não chegando a oferecer
nenhuma argumentação teórica em relação a esse assunto, que ofereça
algum tipo de base para o aprofundamento do estudo. Porém, Borinelli
(2006) vai mais longe, cita e explicita cada relação existente. Segundo
ele, a Controladoria tem interface com a Contabilidade, Administração,
Economia, Direito, Estatística, Matemática, Psicologia e Sociologia,
conforme estabelece o Quadro 1.2.

• Contabilidade: encontra-se no fato de utilizar conceitos


contábeis para identificar, classificar, registrar e sumarizar as
transações e eventos decorrentes das operações de uma entidade.
Essa sistemática irá produzir informações que serão utilizadas pela
Controladoria para o controle do processo de gestão organizacional,
ou seja, a Contabilidade fornece a matéria-prima para Controladoria;
• Administração: está no fato de que os conceitos de gestão
presentes na Administração são empregados pela Controladoria para
balizar os conhecimentos teóricos dos quais se utilizará para o controle
do processo de gestão organizacional. Além disso, pode-se adicionar a
concepção de que a Administração é uma área do saber que se ocupa,
dentre outras coisas, da gestão dos recursos econômicos. Recursos
estes que são mensurados, avaliados e controlados pela Controladoria,
de forma que a gestão possa geri-los eficiente e eficazmente;
• Economia: há uma interface com a Controladoria devido à
economia extrair o conceito de valor econômico, elemento essencial
para avaliação dos ativos da empresa e na apuração de resultados, os
quais são importantes pelo fato de exercer controle sobre o processo
de gestão organizacional. Além disso, pode-se evidenciar a Economia
na Controladoria quando a última usa em suas bases teóricas conceitos
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econômicos para mensurar: os recursos utilizados, os bens produzidos


e distribuídos, as necessidades e a renda;
• Direito: a interface ocorre na medida em que a Controladoria
tem que conhecer e respeitar as relações jurídicas nas quais a
organização está inserida, ou seja, deve levar em consideração as
regras de conduta e organização emanadas do Direito. Desta forma,
verifica-se que a Controladoria tem interface com, praticamente, todos
os ramos do direito: Direito Comercial, Direito do Trabalho, Direito Civil,
Direito Mercantil, Direito Tributário, dentre outros;
• Estatística: a ligação ocorre na medida em que a Controladoria
exerce o controle no processo de gestão organizacional, ela recorrerá
para buscar conceitos relativos à coleta, organização, descrição, análise
e interpretação de dados que servirão para estudar, medir,
quantitativamente, os fenômenos relacionados a tal controle. Além
disso, para a Controladoria subsidiar para estudos de alternativas de
decisões e para organização de processos ou sistemas de avaliação de
desempenho, ela necessita de conceitos e instrumentos da Estatística;
• Matemática: a relação se dá na medida em que fornece
conceito relativos a símbolos, métodos e valores numéricos para a base
conceitual da Controladoria principalmente no controle de gestão onde
são usados quantificações físicas e monetárias;
• Psicologia: a interface ocorre na medida em que a Controladoria
inserir em suas bases conceituais elementos que norteiem o
entendimento de como se decide e do efeito comportamental das
respectivas decisões;
• Sociologia: a relação ocorre na medida em que a Controladoria
precisa entender como a sociedade se organiza para poder oferecer
seus subsídios, diversos tipos de informações, à luz dessa forma de
organização.
Quadro 1.2: Interfaces com a Controladoria.
Fonte: Borinelli (2006).
UNIDADE I
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1.3. Subdivisões da Controladoria


A Controladoria pode ser subdividida de duas formas: quanto à
natureza da organização em que se aplica e quanto à eficácia da
organização. Na primeira, considerando a forma como o mercado
encontra-se segmentado, tem-se: Controladoria Empresarial,
Controladoria Pública e Controladoria em Entidades do Terceiro Setor.
Já quanto à eficácia, segunda forma, tem-se que: a organização deve
ser considerada como um todo, ou seja, o objeto maior, e esse ainda,
subdividido em: o processo (e o modelo) de gestão, o processo de
formação dos resultados organizacionais e as necessidades
informacionais. Ao se levar em consideração a área de eficácia dentro
de uma organização em que se aplica, ela apresenta características
diferentes em alguns aspectos, como por exemplo, o modelo
organizacional adotado, a forma como a gestão é disseminada e como
os resultados são segmentados. Assim, no processo de aplicação
dessas bases teóricas de Controladoria, é preciso definir de que forma
estas serão inseridas no contexto organizacional. O que dependerá do
arranjo organizacional de cada empresa. (BORINELLI, 2006)
Tung (1993), Roehl-Anderson e Bragg (2000) e Borinelli (2006),
entre outros autores, também apresentam e destacam aspectos,
formas e métodos que necessitam ser identificados e analisados no
processo de aplicação de bases teóricas de Controladoria. Seguindo
sua análise comparativa aos demais autores citados e destacados em
sua tese, ele conclui que, quanto à área de eficácia dentro da
organização tem-se a seguinte segmentação: Controladoria
Corporativa e Controladoria de Unidade, esta podendo dividir-se em:
Controladoria de Filial, de Planta, de Marketing, de Divisão, de Unidade
de Negócio e Internacional.

1.4. Atividades e funções da controladoria


Segundo Borinelli (2006), a área do conhecimento da
Controladoria se materializa dentro das organizações da seguinte
forma, sinteticamente apresentada no Quadro 1.3. O autor destaca que
as funções e atividades a seguir apresentadas são as que fazem parte
UNIDADE I
p á g i n a | 17

da Controladoria, são sua essência, não sendo atividades específicas de


uma organização. O que ocorre de diferente está relacionado à forma
como essas atividades e funções serão distribuídas na organização, de
acordo com as suas necessidades. Logo, essas atividades e funções
não variam.

Função Característica

Atividades relativas ao desenvolvimento da


contabilidade financeira: gerenciar atividades de
Contábil
contabilidade, realizar o processamento contábil
etc.
Prover informações de natureza contábil,
Gerencial-
patrimonial, econômica, financeira e não financeira
Estratégica
ao processo de gestão como um todo.
Registrar, mensurar, controlar, analisar e avaliar os
Custos
custos da organização.
Contabilidade Tributária: atender as exigências
Tributária
legais.
Proteção e
Prover proteção aos ativos: selecionar, analisar e
Controle dos
contratar opções de seguro.
Ativos
Estabelecimento e monitoramento do sistema de
Controle Interno
controles internos.
Controle de Identificar, mensurar, analisar, avaliar, divulgar e
Riscos controlar os riscos envolvidos no negócio.
Conceber modelos de informações e gerenciar as
Gestão da
informações contábeis, patrimoniais de custos,
Informação
gerenciais e estratégicas.
Auditoria, tesouraria, processo de gestão e
Outras
controle interno.

Quadro 1.3: Estrutura da Controladoria nas Empresas.


Fonte: Borinelli (2006).
UNIDADE I
p á g i n a | 18

1.5. A Controladoria e o Processo de Gestão


A função do Controller vai além dos registros contábeis uma vez
que provê habilidades interpretativas e analíticas, informações
estatísticas e contábeis feitas sob medida para atender às necessidades
gerenciais. O que representou o primeiro exemplo da importância da
Controladoria no processo de gestão, seguidas das colocações,
discussões e definições de autores com os quais Borinelli (2006)
concordou integralmente no que diz respeito à importância da
Controladoria no processo de gestão de uma organização. Ainda que,
em alguns deles, tenha tratado mais da função do Controller, para
Borinelli (2006), estas extrapolam o âmbito da Controladoria.
Nessa linha de pensamento, apresenta e analisa diversos
posicionamentos de autores acerca do tema. Concluindo que “[...] é
função da Controladoria dar suporte ao processo de gestão, haja vista
que esta realiza atividades de produzir informações operacionais e
estratégicas, as quais são de fundamental importância para o processo
de gestão”. (BORINELLI, 2006, p. 142)
Mais adiante de sua análise, o autor apresenta o posicionamento
de Marcelino Carvalho (1995), com o qual declara concordar
integralmente com a visão de que a função da Controladoria diz
respeito a coordenar o processo de planejamento e controle, mas não
de elaborar planos. Ou seja, gerar informações que subsidiem na
direção, nos processos de tomada de decisões dos negócios da
empresa: subsidia o processo de gestão da empresa.
Assim sendo, Borinelli (2006), em suas análises, busca
identificar em quais e quantas etapas, encontra-se estruturado o
processo de gestão, caracterizado, segundo ele, como uma das
principais funções da Controladoria dentro de uma organização.
Corroborando Orleans Martins (2005), destaca os aspectos definidos
no Quadro 1.4.
UNIDADE I
p á g i n a | 19

• Planejamento: para determinar se os planos são consistentes ou


viáveis, se são aceitos e coordenados e se realmente servirão de base
para uma avaliação posterior;
• Coordenação: centralização de informações com a função de
aceitação de planos sob o ponto de vista econômico e alertando à
assessoria da direção sobre situações desfavoráveis ou sugerindo
soluções para os pontos visualizados;
• Acompanhamento: para a contínua verificação da evolução dos
planos traçados a fim de corrigir falhas e revisar o planejamento;
• Avaliação: com a finalidade de interpretar fatos e avaliar
resultados por centro de resultado, por área de responsabilidade e
desempenho gerencial.
• Informação: a qual é gerada pela tradução de um dado, o qual é
administrado por bancos de dados que compreendem os sistemas
contábeis e financeiros da empresa;
• Motivação: refere-se ao sistema de controle sobre o
comportamento das pessoas envolvidas.
Quadro 1.4: Características estruturais da Controladoria.
Fonte: Borinelli (2006).

Já Figueiredo e Caggiano (2004) definem essas funções, com


algumas alterações de nomenclatura, porém com significados
semelhantes, como sendo referentes ao processo de gestão, conforme
quadro 1.5.
• Planejamento: é o processo de reflexão que precede a ação e é
dirigido para a tomada de decisão futura;
• Organização: é o estabelecimento da estrutura e da forma da
firma definir as responsabilidades e linhas de autoridade que se
assemelharia um pouco ao que Orleans Martins (2005) definiu como
coordenação;
• Controle: está ligado a função de planejamento, esta função
compara tudo o que foi desempenhado com o estipulado e depois
determina se o próprio plano deve ser modificado ou não, olhando sob
a óptica de Orleans Martins (2005) define-se controle como duas
UNIDADE I
p á g i n a | 20

funções: avaliação e acompanhamento;


• Comunicação: é a troca de fatos, ideias e opiniões, por duas ou
mais pessoas. Esta função se aproximaria da informação, visualizando o
sistema de informação como intermediário entre a troca destas
variáveis;
• Motivação: traduz o envolvimento total da organização em
busca de formas de melhorar a performance.
Quadro 1.5: Tarefas do processo de gestão.
Fonte: Borinelli (2006).

Para Figueiredo e Caggiano (2004), a Controladoria subdivide-


se basicamente em: planejamento e controle, sendo o processo de
gestão o grande responsável pela validação desta subdivisão. Sell
(2004) afirma que o trabalho gerencial, que está inserido no papel da
Controladoria, é um processo administrativo que envolve planejamento,
organização, direção e controle voltados para resultados, o que se
aproxima em muito das funções administrativas já discutidas
anteriormente. Para tanto é necessário a atuação do Controller.
O Controller, segundo Mendes (2002), seria uma espécie de
almoxarife da base de dados da empresa, em que se encontram além
de dados, os critérios de mensuração, de valoração e de regras de
decisão além de outros. Esta base irá controlar todas as vertentes de
decisão da empresa sejam elas operacionais, econômicas ou
financeiras. Já segundo Orleans Martins (2005), o Controller é o
principal executor dos princípios e fundamentos da Controladoria, este
profissional será responsável por constatar e considerar os pontos
fortes e fracos da empresa em suas análises, identificar problemas
atuais e futuros que venham afetar o desempenho da companhia e
apresentar alternativas de solução e monitorar os gestores para que as
políticas e objetivos estabelecidos no planejamento da empresa, bem
como suas divisões, sejam cumpridos.
Por sua vez, objetivando a compreensão das atividades e
funções da Controladoria, Borinelli (2006) estrutura o processo de
planejamento e controle da seguinte forma: planejamento, orçamento,
execução, controle, medida corretiva e avaliação de desempenho.
UNIDADE I
p á g i n a | 21

• Planejamento: estabelecimento de objetivos, metas e planos;


• Orçamento: transformação dos planos em orçamento
operacional e financeiro;
• Execução: implementação dos planos;
• Controle: observação e mensuração o desempenho,
comparando o real do esperado e analisando suas variações e suas
causas;
• Medida Corretiva: sugestão, implementação e
acompanhamento de medidas corretivas;
• Avaliação de Desempenho: atribuição de conceito ao
desempenho medido.
Quadro 1.6: Atividades e funções da Controladoria.
Fonte: Borinelli (2006).

Neste último posicionamento acerca da forma como a


Controladoria é estruturada, em que foram apresentadas as divisões da
Controladoria feitas por Orleans Martins (2005), Figueiredo e Caggiano
(2004) comparativamente à defendida por Borinelli (2006), observa-se
que esta última materializa o processo de gestão de maneira mais
fundada e fundamentada em processos com maior embasamento
teórico.
O fato de se concordar com o estudo e estrutura apresentados
por Borinelli (2006) com mais afinco está diretamente relacionado com
a forma com que ele visualiza as funções da Controladoria: com o foco
nos resultados – planejamento, orçamento, execução, controle, medida
corretiva e avaliação de desempenho – além de estas apresentarem
uma sequência lógica desde o início e até o fim de cada etapa, assim
como se caracterizarem por serem atividades fim.
Ao contrário do que foi apresentado por Orleans Martins
(2005), ao defender informação como sendo uma etapa ou função da
Controladoria, quando esta denota meio para execução do
planejamento, funcionando como subsídio para as demais funções
apresentadas. Ou seja, sem informação não se tem planejamento,
orçamento, não se permite executar, controlar, medir nem avaliar.
Dentro dessa linha de pensamento, em que se coloca o modelo
de Borinelli (2006) como teoria mais lógica do que seriam funções e
divisões da
UNIDADE I
p á g i n a | 22

Controladoria, destaca-se também a motivação apresentada no


modelo de estrutura de Figueiredo e Caggiano (2004). Ou seja, neste
considera-se a motivação aspecto determinante para que todas as
etapas aconteçam, não devendo então estar destacado como função
específica e distinta das demais.
Pois, para se planejar, executar, avaliar etc., é necessário ter
motivação para desempenhar tais processos.
Borinelli (2006) estrutura ou divide o processo de gestão em
planejamento, orçamento, execução, controle, medidas corretivas e
avaliação de desempenho. As divisões podem ser apresentadas como:

a) Planejamento: entende-se por planejamento


como sendo “[...] um exercício organizacional que
envolve análise, avaliação e escolha de alternativas
de ações futuras da entidade, organizadas na forma
de planos, para o alcance de um estado futuro
objetivado [...]”. (BORINELLI, 2006, p. 146) Além
desta, o autor ainda discute definições dentro da
literatura, amplia seu conceito em estratégico e por
fim chega ao conceito de planejamento dentro da
função Controladoria. Esse conceito estratégico,
segundo Borinelli (2006), consiste em: participar
ativamente das escolhas das diretrizes e definição
de objetivos estratégicos tomando decisões
conjuntamente com os gestores das demais
funções, contudo, sendo esta a coordenadora do
processo; coordenar o processo de construção,
como um topo, do plano a nível operacional;
assessorar as diversas unidades com informações e
aconselhamentos de caráter operacional,
econômico, financeiro e contábil, e, consolidar os
diversos planos das diversas unidades num
planejamento único.

b) Orçamento: segundo definição de Borinelli


(2006, p. 152), orçamento é “[...] o processo
UNIDADE I
p á g i n a | 23

organizacional de quantificação, detalhada, dos


planos empresariais, em termos de recursos a serem
consumidos e produzidos, na forma de custos,
despesas, receitas, resultados e investimentos, para
ser utilizado como direcionador das atividades dos
membros da organização e, posteriormente, como
elemento de controle”. Acerca do que seria o papel
da Controladoria no processo de elaboração do
orçamento de uma organização, Borinelli (2006)
apresenta uma sequência de posicionamentos,
alguns distintos, porém outros com linhas de
pensamentos similares e, após intensas pesquisas
acerca do assunto, descreve as seguintes atividades
como sendo aquelas que representam e
compreendem a função da Controladoria no
processo de elaboração do orçamento:

– Coordenar o processo de construção do


orçamento;
– Determinar as premissas e diretrizes
orçamentárias, à luz dos planos estratégico, tático e
operacional;
– Assessorar as demais funções e unidades da
organização na elaboração dos seus respectivos
orçamentos;
– Consolidar os orçamentos das áreas, num
orçamento global para toda a organização, em seus
aspectos operacionais, econômicos, financeiros e
patrimoniais, buscando a otimização do todo;
– Avaliar os orçamentos em questão, com o intuito
de verificar se atendem aos planos estratégico,
tático e operacional.

c) Execução: para Borinelli (2006), a fase de


execução compreende o momento em que os
gestores fazem os planos acontecerem: ações
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p á g i n a | 24

planejadas são implementadas. Assim sendo, no


processo de gestão, esta etapa, que segundo
Borinelli (2006) compreende o processo de
implementação, concretização dos planos,
materializa-se, para ele, através das seguintes
atividades:

– Auxiliar as diversas unidades e funções


organizacionais na aplicação dos recursos
planejados;
– Dar suporte às diversas unidades e funções
organizacionais na implementação dos projetos;
– Coordenar os esforços dos gestores das diversas
unidades e funções organizacionais na consecução
de seus objetivos assim como dos da empresa
como um todo;
– Fornecer apoio informacional sobre o andamento
da implementação dos planos.

d) Controle: “O controle é a etapa do processo de


gestão em que se verifica se os objetivos, planos,
políticas e padrões estabelecidos no planejamento
foram obedecidos” (BORINELLI, 2006, p. 159)
Seguindo a lógica do processo, depois de planejado,
orçado e posto em prática, executado, tem-se neste
momento a etapa de controle, que consiste em
realizar o acompanhamento da execução no intuito
de checar se tudo está caminhando de acordo com
o que havia planejado. O que para Borinelli (2006),
integram como atividades dentro da função de
controle, as seguintes:

– Gerar informações que contemplem eventos


planejados e realizados;
– Gerar relatórios que apontem desvios em relação
ao planejado;
UNIDADE I
p á g i n a | 25

– Interagir com as demais funções a fim de se


identificar as causas dos desvios encontrados;
– Exercer, efetivamente, o controle;
– Garantir a eficácia do controle;
– Revisar periodicamente;
– Coordenar o processo de controle.

e) Medidas Corretivas: dando seguimento ao


processo de gestão, tem-se a etapa de medidas
corretivas. Uma vez que algo que foi planejado,
orçado e executado, e, nesta última etapa exista
algo que não esteja de acordo com o que de fato
deveria ser, tem-se, nessa etapa, a possibilidade de
inserir no processo ações corretivas capazes de
redirecionar ao futuro desejado. Assim sendo, tem-
se, dentro deste processo, as seguintes atividades
descritas por Borinelli (2006):

– Em conjunto com as outras funções e áreas


organizacionais, identificar as possíveis e
necessárias medidas corretivas a serem adotadas;
– Avaliar o impacto dessas medidas;
– Monitorar e avaliar essas medidas.

f) Avaliação de Desempenhos: “O ato de avaliar,


entendido num sentido genérico [...] é o exercício da
análise e do julgamento sobre qualquer situação que
exija uma apreciação de fatos, idéias, objetivos e,
também, uma tomada de decisão a fim de se atingir
uma situação desejada”. (PEREIRA, J., 1991, p. 75).

Nesta última etapa dentro do processo de gestão, Borinelli


(2006) segue a mesma linha de análise das realizadas anteriormente,
ou seja, analisando e verificando posicionamentos de outros autores,
ele chega a seguinte conclusão no que diz respeito às atividades
UNIDADE I
p á g i n a | 26

essenciais no processo de realização da avaliação de desempenho, a


seguir descritas:

– Auxiliar no processo de escolha dos indicadores


e parâmetros que compõem o desempenho;
– Mensurar o desempenho;
– Fornecer bases informativas para que os
gestores procedam à avaliação e julgamento do
desempenho;
– Participar do processo de avaliação de
desempenho fornecendo opiniões que possam
auxiliar a entidade na correta avaliação do
desempenho.
Ferramentas da Controladoria

As ferramentas da Controladoria podem ser subdivididas e


relacionadas com as principais atividades, levando-se em conta a
divisão de processos da função de gestão, descrita por Borinelli
(2006). Pode-se apresentar as seguintes ferramentas:
a) Planejamento: Segundo Orleans Martins (2005),
existem duas ferramentas que são utilizadas
pelas empresas – planejamento estratégico e o
planejamento operacional. O planejamento
estratégico, seguindo a linha de Orleans Martins
(2005), seria a identificação de fatores
competitivos de mercado e potencial interno,
para atingir as metas e planos de ação que se
transformem em vantagem frente à
concorrência. Para tanto a empresa deve levar
em conta os seus principais números, estudar a
concorrência analisando internamente e definir
objetivos a serem alcançados que servirão de
guia à empresa. Conforme Orleans Martins
(2005), a ferramenta planejamento envolve os
seguintes passos: projeção de cenários; definição
de objetivos a serem seguidos; avaliação das
UNIDADE I
p á g i n a | 27

ameaças e oportunidades ambientais; detecção


dos pontos fortes e fracos da empresa;
formulação e avaliação de planos alternativos; e
escolha e implementação do melhor plano
alternativo. Já o planejamento operacional,
conforme aborda Orleans Martins (2005), define-
se como a materialização prática para a
realização das metas definidas no planejamento
estratégico. Seria uma espécie de
operacionalização do planejamento estratégico,
ou seja, um plano destinado à execução do plano
estratégico. Segundo ele, é neste momento que
se estabelece as responsabilidades, recursos
humanos, financeiros e materiais, bem como um
cronograma de trabalho.
Orleans Martins (2005) busca em Catelli,
Pereira e Vasconcelos (2001), a definição dos
passos do planejamento operacional que,
conforme eles, são: estabelecimento de objetos
operacionais; definição dos meios e recursos;
identificação das alternativas de ação; simulação
das alternativas identificadas; escolha das
alternativas e incorporação ao plano;
estruturação e quantificação do plano; e
aprovação e divulgação do plano. O papel do
Controller na formalização do planejamento
estratégico é o de participar ativamente na
escolha das diretrizes e objetivos estratégicos da
organização e consolidar os diversos planos
operacionais num planejamento global integrado.
Como os empresários e gestores não têm o
apuro técnico e o distanciamento necessário
para o desenvolvimento e implementação prática
do Planejamento, o Controller acaba tendo um
papel essencial de auxílio da formulação desta
atividade, conforme Orleans Martins (2005). O
UNIDADE I
p á g i n a | 28

Controller acaba fazendo o papel de


coordenador do plano operacional: assessorando
as unidades e funções organizacionais com
informações e aconselhamentos tanto
operacional quanto financeiro, econômico e
contábil. Sempre é válido ressaltar que nas micro
e pequenas empresas tudo fica centralizado na
figura do proprietário ou gestor.

b) Orçamento: É neste momento em que a


organização busca ligar de forma lógica o que foi
determinado pelos gestores estratégicos com o
que foi visualizado como possível pelos gestores
operacionais, através do estabelecimento de
números que darão inclusive referência para o
sistema de controle usado na organização. Será
com base neste agregado que se avaliará o
resultado esperado com o resultado realizado.
Borinelli (2006) comenta que o orçamento
é dividido em dois blocos: etapa operacional e
etapa financeira. A etapa operacional representa
os planos que viabilizam condições para
estruturação de atividades da organização,
integrando desta forma essas atividades as
devidas operações. A etapa financeira
corresponde à decodificação de todas as
atividades, para uma linguagem comum, a
linguagem monetária.
Conforme Orleans Martins (2005), que
estuda as micro e pequenas empresas do varejo,
o orçamento, geralmente, é representado por
ferramentas como: orçamento de caixa, que seria
uma espécie de projeção de fluxo de caixa, uma
demonstração de resultado orçada e um balanço
patrimonial orçado.
UNIDADE I
p á g i n a | 29

Os Controllers atuam coordenando todo o


processo, determinando as premissas que devem
ser seguidas pelos gestores, assessorando-os em
qualquer tipo de dúvida na construção dos
resultados, consolidando todos os orçamentos,
transformando-os em uma única linguagem lógica
e avaliando-os para ver se eles realmente estão
coerentes com o que foi requisitado.

c) Execução: Conforme Orleans Martins


(2005), a execução é a fase em que os planos são
implementados, as ações se concretizam e as
transações ocorrem. Seria a implantação dos
planos operacionais que em consequência
atenderiam ao estabelecido no orçamento e
planejamento estratégico. O papel dos Controllers
apenas seria de acompanhamento e
monitoramento da execução por parte dos
gestores operacionais, oferecendo apoio e
assessoria quando requisitado para que os
gestores venham alcançar tudo o que ficou pré-
estabelecido.

d) Controle: Prestes (2002) apresenta um


enfoque todo especial em controles gerenciais
para pequenas empresas de varejo. A decisão e
definição dos principais tipos de ferramentas de
controle para empresas do setor varejista, passa
pelo desenvolvimento de um sistema de controle
de gestão que deve ser baseado nos processos
vitais: compra, venda e administração geral, no
caso de varejo, buscando atender todos os
pontos críticos destas empresas, processos estes
que vão garantir a sustentabilidade financeira,
econômica, patrimonial e social das mesmas.
Segundo ele, as principais ferramentas de
UNIDADE I
p á g i n a | 30

controle da gestão seriam: controle de capital de


giro; controle de contas a receber; controle de
contas a pagar; controle de estoque; controle de
Fluxo de caixa; controle de custos e despesas.

Vale apena observar que os índices de rotação que são


colocados por Prestes (2002) também como ferramenta de controle,
foram inseridos como parte dos controles: de contas a receber, a pagar
e de estoque.
Para definir o que cada ferramenta controla, como ocorre o
controle, assim como a forma de atuação da Controladoria no uso das
suas atividades para com essas ferramentas e as especificidades das
ferramentas, foi construído o Quadro 1.7,que sintetiza os assuntos.

Grupo de Especificidade
O que controla? Como controla?
Ferramenta Varejo
As empresas
comerciais
aplicam
Através de menos recursos
Controla os
acompanhamento em
recursos
de fluxo de ativos
destinados à
caixa, conforme permanentes e
manutenção das
IEF e concentram as
atividades
dos prazos aplicações em
Controle de operacionais. Para
médios de circulante:
Capital de Giro tanto são
pagamento, estoques e
monitorados: tanto
recebimento e constituição de
o ativo quanto o
estocagem, créditos.
passivo
segundo Geralmente
circulante e suas
Prestes (2002, p. focam em contas
interrelações
34) a
receber, a pagar
e
estoques
Controle de Controla as vendas Por meio de As empresas
UNIDADE I
p á g i n a | 31

Contas a a prazo acompanhamento costumam


Receber concedidas pela de tercerizar o
empresa, inadimplência, serviço de
expressada pelo prazo contratar
crédito dado médio de serviços de
aos clientes recebimento, factoring
análise constante (descontos
na de duplicatas) e
concessão de empresas de
novos análise de
créditos e crédito
acompanhamento
de fluxo de caixa
Controla as
obrigações
assumidas pelas
empresas,
Com o
derivadas de
Por meio do fortalecimento
compras de
acompanhamento das relações com
mercadorias para
de os
revenda,
Controle de fluxo de caixa da fornecedores os
impostos e outros
Contas a Pagar empresa e do prazos de
custos
prazo pagamentos
varíaveis e fixos.
médio de das mercadorias
Portanto,
pagamento são
controla dívidas de
extendidos
curto
prazo a serem
pagas pela
empresa
Por meio do uso Muitas das
Controla a
da empresas
armazenagem e
Controle de seguintes utilizam sistemas
saída de
Estoques ferramentas: que
mercadoria para
inventário de dão baixa
revenda
estoques, automática
UNIDADE I
p á g i n a | 32

lote econômico no estoque por


de se
compras, ponto tratar de uma
de conta
pedido, método estratégica
ABC e
giro de estoques.
Por meio do
método de
fluxo de caixa
prospectivo, em Geralmente
Controla entrada e
que encontrase
saída de
serão necessidade de
dinheiro
discriminados capital de giro
Fluxo de Caixa elucidando a real
todos os valores devido
situação financeira
a aos prazos
da
serem recebidos concedidos
empresa
e pagos aos clientes
num determinado
intervalo de
tempo
O custo
encontrado no
varejo é
Deve-se
basicamente o
contabilizar,
preço de compra
classificar em
Controla todos os da
custos,
Controle de gastos mercadoria a ser
despesas fixas e
Custos e relacionados com revendida e os
variáveis
Despesas atividade gastos
e acompanhar
comercial com frete
periodicamente
envolvidos na
através
compra e as
de planilhas
comissões
de vendas, os
outros
UNIDADE I
p á g i n a | 33

gastos são
apenas
despesas
Deve-se
comparar os
preços dos
produtos no
mercado
periodicamente e
Busca controlar as Na prática se
fazer
margens de aplica o
Controle de o processo
lucro e de preço sugerido
Preço de Venda inverso de
contribuição dos pelo
marcação de
produtos fornecedor.
preço.
Deve ser
realizada em
conjunto com o
controle de
custos
Quadro 1.7: Ferramentas de controles e suas aplicações.
Fonte: Elaboração do autor.

A Controladoria perante as ferramentas apresentadas acima,


conforme a estrutura desenvolvida e difundida por Borinelli (2006),
deve coordenar todo o processo de controle. Portanto, o responsável
pela Controladoria, apontará os principais desvios, descobrirá as causas
desses desvios, cobrará ações corretivas por parte dos gestores
operacionais, repassando assim as informações para os gestores
estratégicos. Vale ressaltar que os controllers não irão executar os
controles, quem executará serão os gestores operacionais. Uma outra
observação a ser feita é que para as micro e pequenas empresas,
empresas essas focadas no trabalho de Prestes (2002), o papel do
controller é confundido com o do gestor, ou seja, representam a
mesma pessoa que geralmente é o proprietário.

e) Medidas corretivas: O processo de


medida corretiva é algo que vem correlacionado
UNIDADE I
p á g i n a | 34

com o controle, seria um tipo de consequência do


controle segundo Borinelli (2006). Como o
controle serve para garantir que tudo saia
conforme o estabelecido, qualquer fuga desta
conformidade acusada pelo controle deverá ser
passível de uma ação corretiva, ou seja, seria uma
medida que, segundo Borinelli, (2006) viria a
corrigir os rumos e reposicionar as ações em
direção a situação futura desejada.
O Controller tem um papel fundamental
neste processo, visto que, além de auxiliar na
identificação de possíveis ações, ele será
responsável em monitorar tais ações a serem
implementadas além de avaliar o impacto de tais
medidas.

Avaliação de desempenho: Para avaliação do desempenho da


organização frente a tudo o que foi planejado e executado, cabe a
formulação, definição e utilização de indicadores como forma de
mensurar os resultados obtidos. Esses indicadores costumam ser
comparados com indicadores médios do setor como parâmetro de
definição daquilo que se considera como bom ou mal desempenho. Os
Controllers são os principais atores neste processos, eles são os
grandes responsáveis pela mensuração do desempenho, contribuindo
ainda com auxílio na escolha dos indicadores e na avaliação de
desempenho, inclusive fornecendo bases informativas para facilitação
da análise dos gestores.
UNIDADE II
p á g i n a | 35

TEORIA DE AGÊNCIA E
GOVERNANÇA CORPORATIVA
UNIDADE II
p á g i n a | 36

UNIDADE II
Teoria de Agência e Governança
Corporativa
A Teoria da Agência considera que em qualquer tipo de
organização, em todos os níveis de gestão, sempre há necessidade de
se manter pessoas (agentes) com autoridade para tomar decisões, com
vistas ao atingimento das finalidades propostas. Esses agentes são
selecionados e recebem delegação para atuar em nome de outros (os
principais), que podem ser:

 Acionistas
 Controladores
 Ou mesmo a sociedade

Essa relação entre agentes e principais pressupõe alguns custos


(custo de agência), sendo eles:

 Gastos de monitoramento dos administradores pelos acionistas;


 Gastos dos administradores para manter uma relação próxima
com os acionistas;
 Perdas residuais dessa relação.

Dessa forma, percebe-se que sempre haverá conflitos entre os


acionistas de uma organização e seus executivos, embora existam
mecanismos nas organizações que visam alinhar os objetivos de
ambos. Assim, os executivos seriam contratados para atender aos
objetivos dos acionistas, que é a maximização dos lucros no longo
prazo, mas, por buscarem maximizar suas utilidades pessoais, muitas
vezes tomam atitudes que vão de encontro aos objetivos dos
acionistas. É importante notar que um dos pressupostos da teoria da
agência é que os agentes são racionais e egocêntricos.
UNIDADE II
p á g i n a | 37

O principal mecanismo usado pelas organizações para driblar a


diferença de objetivos entre administradores e seus acionistas é o
sistema de incentivos. Partindo do pressuposto de que, por serem
racionais, ambos buscam maximizar seus ganhos financeiros. Assim, os
acionistas criaram uma estrutura que atrela os ganhos dos executivos
ao resultado financeiro (lucro) da empresa. Com isso, torna-se
interessante para ambos a maximização dos lucros da organização.
Contudo, conforme pode ser observado na atualidade, não é isso que
acontece. Embora essa estrutura (sistema de incentivos) faça com que
os executivos busquem maximizar o lucro, eles o tratam como uma
questão de curto prazo, pois serão remunerados pelos lucros neste
tempo. Contudo, para os acionistas, o interessante é a maximização
dos lucros no longo prazo, uma vez que é só assim que os valores das
ações da empresa aumentam. Assim, pode-se afirmar que o conflito
entre administradores e acionistas permanece, mesmo com a
implementação dos sistemas de remuneração sobre o lucro, pois este é
afetado pela questão temporal do problema.
A raíz do problema da agência está no conflito de interesses
entre agentes e principais, sendo este oriundo daAssimetria de
Informações. Esta ocorre quando uma das partes envolvida em uma
transação econômica detém informação de forma exclusiva, usando-a
de forma a obter benefícios próprios e prejudicando a outra parte. Essa
assimetria pode ser de duas formas:

 Seleção adversa: que ocorre antes de uma transação


econômica se concretizar;
 Risco moral: que ocorre depois da concretização da
transação econômica.
UNIDADE III
p á g i n a | 38

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
UNIDADE III
p á g i n a | 39

UNIDADE III
Administração Financeira
A sociedade humana, no seu viver e conviver diário, emprega os
recursos de que dispõe, e que poderiam ter utilizações alternativas,
para produzir bens variados e distribuí-los para consumo, agora ou no
futuro, entre os vários indivíduos e grupos desta mesma sociedade.
Estes recursos são escassos, porque a sociedade possui desejos
ilimitados, enquanto os recursos disponíveis normalmente não o são.
Dessa forma, é preciso que os recursos sejam utilizados com eficiência,
isto é, que tenham a melhor utilização possível dada a tecnologia
disponível para a produção dos bens que a sociedade demanda.
Portanto, toda escolha implica custo de algo em termos da
oportunidade não escolhida, ou seja, a escolha de uma determinada
opção impede o usufruto dos benefícios que as outras opções
poderiam proporcionar.
Podemos dizer, então, que o custo de alguma coisa é o que
você desiste para obtê-la. A isso chamamos de custo de oportunidade.
Por exemplo, o custo de oportunidade de uma hora dedicando-se ao
estudo de finanças representa o que você deixou de usufruir em lazer.
Na Administração Financeira enfrentamos dois problemas
básicos, o primeiro é a tomada de decisão de investimento, isto é,
decidir em qual das opções disponíveis aplicaremos nossos recursos, o
segundo é a decisão de seu financiamento, ou melhor, qual a fonte de
recursos, entre as disponíveis, será utilizada.
Para tanto o Administrador deve encontrar as respostas que
deixem os investidores na melhor situação possível.

O seu sucesso é julgado pelo valor.


UNIDADE III
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Assim, podemos dizer que uma boa decisão de investimento ou


financiamento é aquela que resulta na compra de um ativo que vale
mais do que custa, ou seja, o segredo de uma boa administração
financeira é aumentar valor, isto é, o principal objetivo da administração
financeira é maximizar a riqueza da empresa, e consequentemente dos
proprietários e investidores, sendo que, para que esse objetivo seja
alcançado, os gestores financeiros devem escolher entre as alternativas
de investimento e financiamento disponíveis à empresa, somente
aquelas que efetivamente agreguem valor ao empreendimento.
Essas decisões, na maioria das vezes, ligadas à expansão ou
melhorias tecnológicas, requerem grandes investimentos em ativos de
longo prazo, que podem fazer com que a empresa incorra em gastos
que somente poderão ser reembolsados através da utilização do ativo,
jamais pela sua venda. São decisões cujo fracasso pode comprometer a
própria continuidade do negócio.
Por outro lado, esses investimentos precisam ser, de alguma
forma, financiados, e a maneira de obtenção desses recursos, requer a
escolha entre as várias opções possíveis, daquela mais adequada e
menos onerosa para a empresa, o que, além de ser um fator
determinante do risco, vai também influenciar na maior ou menor
rentabilidade. Assim, fica claro que o planejamento financeiro de longo
prazo é uma função de extrema importância e que pode determinar o
sucesso ou fracasso de uma empresa.

3.1. A ciência das finanças


Pode-se definir Finanças como a arte e a ciência de administrar
fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm
receitas ou levantam fundos, gastam ou investem.
Finanças ocupa-se do processo, instituições, mercados e
instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas,
empresas e governos.
Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos e
financeiros objetivando a maximização da riqueza da empresa e do
valor das suas ações.
UNIDADE III
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3.2. O que é maximização da riqueza?


É a contribuição para o valor da empresa pela seleção daqueles
investimentos que possuem a melhor compensação entre risco e
retorno.
E como se define compensação entre risco e retorno? Dado um
nível de risco, é a taxa desejada de retorno que justifica a execução de
um investimento.

3.3. O que faz o administrador financeiro?


A função de gestão financeira geralmente é associada a um alto
executivo da empresa, denominado frequentemente diretor financeiro
ou vice-presidente de finanças. O vice-presidente de finanças coordena
as atividades do tesoureiro e do controlador. A controladoria
preocupa-se com a contabilidade de custos e a contabilidade
financeira, com os pagamentos de impostos e com os sistemas de
informação gerencial. A tesoureira responsabiliza-se pela gestão do
caixa e da área de crédito da empresa, por seu planejamento financeiro,
e pelos gastos de investimento. Numa empresa menor, o tesoureiro e o
controlador talvez sejam a mesma pessoa, não se encontrando dois
departamentos distintos.

3.4. Decisões de administração financeira


O administrador financeiro deve preocupar-se com três tipos
básicos de questões:

 Orçamento de Capital: Processo de


planejamento e gestão dos investimentos de uma
empresa em longo prazo. Nessa função o
administrador financeiro procura identificar as
oportunidades de investimento cujo valor para a
empresa é superior a seu custo de aquisição. Em
termos amplos, isto significa que o valor do fluxo de
UNIDADE III
p á g i n a | 42

caixa gerado por um ativo supera o custo desse


ativo.

 Estrutura de Capital: Combinação de capital de


terceiros e capital próprio existente na empresa. O
administrador financeiro tem duas preocupações, no
que se refere a essa área. Primeiramente, quanto
deve a empresa tomar emprestado? Em segundo
lugar, quais são as fontes menos dispendiosas de
fundos para a empresa? Além destas questões, o
adm. financeiro precisa decidir exatamente como e
onde os recursos devem ser captados, e, também,
cabe ao adm. financeiro a escolha da fonte e do tipo
apropriado de recurso que a empresa, por ventura,
tomará emprestado.

 Administração do Capital de Giro: Capital de


giro são os ativos e passivos circulantes de uma
empresa. A gestão do capital de giro de uma
empresa é uma atividade diária que visa assegurar
que a empresa tenha recursos suficientes para
continuar suas operações e evitar interrupções
muito caras.

Estas três áreas de administração financeira – orçamento de


capital, estrutura de capital e administração do capital de giro – são
muito amplas. Cada uma delas inclui uma variedade de tópicos.
A Administração Financeira constitui-se como uma das
importantes áreas de qualquer organização, tanto aquelas que
possuem o lucro como objetivo, quanto aquelas sem fins lucrativos.
Alguns dados e estudos apresentados por entidades como IBGE
e SEBRAE apontam um grande índice de empresas que encerram suas
atividades antes mesmo de completar 5 anos. Um dos motivos
apontados para agravar esse resultado é a falta de conhecimento ou
implementação de um planejamento financeiro.
UNIDADE III
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Abaixo segue parte de um texto publicado no XII


Semead/2009, cujo os autores Corrêa, A. C. C., Matias, A. B. e Vicente,
E. F. R. retratam o cenário de gestão empresarial do Brasil, no qual
demonstram um certo amadorismo do micro e pequeno
empreendedor.
“ Os pequenos e médios empreendimentos respondem por 40%
do PIB brasileiro, sendo que 99,8% dos estabelecimentos industriais,
comerciais e de prestação de serviço são PME’s (pequenas e médias
empresas). Além disso, essas empresas respondem por 80% das
vendas comerciais, 56% da produção industrial, 71% da receita de
prestação de serviços, 84% da força de trabalho e 71% da massa de
salários do país. Só por estes dados percebe-se a importância das
pequenas empresas no desenvolvimento econômico e social do país
(MATIAS e LOPES JÚNIOR, 2002).
Como se pode perceber, há pouca profissionalização e
qualificação gerencial neste tipo de empresa, o que gera como uma de
suas conseqüências a alta taxa de mortalidade de micro e pequenas
empresas no Brasil.

De acordo com o Sebrae, as taxas de mortalidade nacional são


as seguintes:

• 49,4% para as empresas com até 2 anos de


existência;
• 56,4% para as empresas com até 3 anos de
existência;
• 59,9% para as empresas com até 4 anos de
existência.

Assim, uma das formas de diminuir a alta taxa de mortalidade


destas empresas, que possuem grande relevância no âmbito
econômico e social nacional, seria a realização da análise financeira por
parte das mesmas, que normalmente não é feita, como cita Timmins et
al (1979).
Segundo Matias e Lopes Júnior (2002), a má administração
causa grande parte dos fracassos nas pequenas empresas. Em relação
UNIDADE III
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à administração, pode-se dizer que a administração financeira é a área


na qual ocorre o insucesso das pequenas empresas.
Isto pode ser afirmado porque todas as áreas da empresa, como
marketing, produção e recursos humanos estão intimamente ligadas
com finanças, pois, sem capital que atenda às necessidades da
empresa, seja para financiar seu crescimento, seja para atender às
operações do dia-a-dia, não se pode desenvolver e testar novos
produtos, criar ações de marketing, comprar matéria-prima, manter a
estrutura atual ou crescer.
De acordo com Patrone e duBois (1981), na maioria dos casos de
pequenas empresas, falta conhecimento da área financeira para os
gestores. Além disso, eles possuem resistência neste aprendizado.
Como citado por estes mesmos autores, é comum ouvir o seguinte
comentário: “Eu não preciso saber sobre análise financeira de índices –
Eu deixo isto para meu contador”. Porém, este conhecimento poderia
ser exatamente o que faria diferença no aumento da probabilidade de
sucesso das micro e pequenas empresas.
A administração financeira possui diversos instrumentos de
gestão que visam planejar, operacionalizar e controlar qualquer tipo de
organização empresarial. Os instrumentos são estratégicos quando
possuem visão de médio e longo prazo, mas também podem ser
operacionais para uma visão de curto prazo.

Em finanças, basicamente, a administração de longo prazo é


dividida em duas importantes decisões:
UNIDADE III
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Ressalta-se que está atribuído a todo gestor financeiro de uma


empresa, aumentar a riqueza dos seus proprietários, ou seja, dos
investidores que resolveram incorrer em riscos.
Portanto, o administrador deverá decidir sobre a viabilidade de
alguns investimentos como expansão, abertura de novos mercados,
lançamento de novos produtos, entre outros.
Diante disso, percebe-se que para crescer, será necessário
investir, o que exigirá financiamentos.

Todo gestor financeiro precisa ficar atento à essas duas


demandas. Sobre a decisão de investimento ele deve se atentar para o
custo de capital (K), a estrutura de capital ideal, as fontes de
financiamento e os gastos de capital com expansão, substituição e
renovação.
Já para a decisão sobre financiamento de longo prazo, e preciso
atentar-se para o valor do dinheiro no tempo e a importante relação
risco e retorno.
Assim como acontece em outros mercados, as fontes de
financiamento no Brasil são escassas, o que torna o custo de capital
bem elevado. Diante desse cenário, a engenharia financeira toma lugar
de destaque, pois as decisões de investimento e financiamento se
transformam em marcos definidores para a continuidade dos negócios.
Abaixo são apresentadas algumas decisões estratégicas de
longo prazo que um gestor financeiro precisa observar. Grande parte
destas decisões irão repercutir, em termos de retorno, somente no
longo prazo. Outra característica dessas decisões é o alto grau de risco
que elas apresentam. Por isso, muitas técnicas são utilizadas, tais como
UNIDADE III
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o orçamento de capital, juntamente com a utilização de instrumentos


sofisticados de estatísticas.

Com a mesma importância das decisões de longo prazo,


apresentam-se também as de curto prazo, que poderão definir o
sucesso de uma empresa. Algumas perguntas surgem diante de vários
eventos em uma empresa, exigindo estudos e aplicações de técnicas.
Em uma indústria, como exemplo, surgem algumas perguntas na
área de produção, que desencadeia outras no departamento de
compras, como:

 Quanto estoque a empresa deve ter? Quais itens


giram mais?
 Como pagar, à vista ou parcelado? Com recursos
próprios ou de terceiros?
 Qual tecnologia de produção deve ser aplicada?
 Vender à vista ou à prazo? Qual prazo deve ser
dado? Como se comporta o concorrente? Qual a política
de crédito ideal?
 Como receber as vendas? Como cobrar? Deve
utilizar-se de produtos de cobrança
 Bancária? Deve utilizar-se de serviços de cartões de
crédito e débito? Como se comportar diante da
inadimplência?
UNIDADE III
p á g i n a | 47

Portanto, as decisões de curto prazo podem ser resumidas


conforme figura abaixo:
UNIDADE IV
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ADMINISTRAÇÃO DO
CAPITAL DE GIRO
UNIDADE IV
p á g i n a | 49

UNIDADE IV
Administração do Capital de Giro

A administração do capital de giro (ou capital circulante – de


giro – líquido) está relacionada à administração dos itens relacionados
aos ativos e passivos circulantes.
O capital de giro constitui indicador de importância fundamental
para julgar a situação de equilíbrio ou desequilíbrio financeiro da
empresa. Uma empresa está em equilíbrio financeiro quando seu
gerenciamento produz fluxos financeiros de entrada dimensionados e
distribuídos ao longo do tempo, de tal modo que permitam enfrentar
as necessidades financeiras correspondentes aos fluxos financeiros de
saída. Ao contrário, encontra-se em situação de desequilíbrio financeiro
quando a gestão produz entradas relacionadas às receitas em
montante insuficiente e/ou distribuídos no tempo de tal forma que não
cubra as necessidades financeiras relativas às necessidades de
desembolso.
Alcançar uma situação de equilíbrio financeiro é indispensável
para a sobrevivência da empresa. Podemos encontrar empresas que se
encontram em condições de equilíbrio econômico (receitas superiores
aos custos), quer podem enfrentar dificuldades em decorrência de
problemas financeiros, ou seja, de um desequilíbrio entre entradas e
saídas.
A Administração do Capital de Giro corresponde às operações
de gerenciamento dos seus principais elementos: gerenciamento de
liquidez, dos créditos aos clientes, dos estoques e das diversas formas
de passivos em curto prazo.
UNIDADE IV
p á g i n a | 50

4.1. Conceitos Básicos na Administração do


Capital de Giro
a) Capital de Giro: o termo “giro” refere-se aos
recursos correntes (curto prazo) da empresa,
geralmente identificados como aqueles capazes de
serem convertidos em caixa no prazo máximo de um
ano. O capital de giro ou capital circulante é
representado pelo ativo circulante, isto é, pelas
aplicações correntes, identificadas geralmente pelas
disponibilidades, valores a receber e estoques. Num
sentido mais amplo, o capital de giro representa os
recursos demandados por uma empresa para financiar
suas necessidades operacionais identificadas desde a
aquisição de matérias-primas (caso de uma indústria)
até o recebimento pela venda do produto acabado.
b) Capital de Giro (Circulante) Líquido (CGL): é
mais diretamente obtido pela diferença entre o ativo
circulante e o passivo circulante. Reflete a folga
financeira da empresa e, dentro de um conceito mais
rigoroso, o CGL representa o volume de recursos de
longo prazo (exigibilidades e patrimônio líquido) que
se encontra financiando os ativos correntes (de curto
prazo):

CGL = Ativo Circulante – Passivo Circulante


ou
CGL = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo) –
(Ativo Permanente + Realizável a Longo Prazo)

c) Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro: O Ciclo


Operacional representa o período de tempo
compreendido entre a aquisição da matéria-prima
UNIDADE IV
p á g i n a | 51

(caso de uma indústria) ou de uma mercadoria (caso


de um comércio) e o recebimento pela venda
efetuada. Podemos dividir este ciclo em fases
operacionais: o prazo entre a aquisição pela empresa e
a venda da mercadoria ao cliente é denominado prazo
médio de estocagem (PME). Se a venda for efetuada à
vista, não há prazo médio de recebimento de vendas
(PMRV). Caso contrário, o PMRV representa quantos
dias a empresa espera para ver sua venda
transformada efetivamente em caixa. Entretanto, é
comum os fornecedores concederem prazo para a
empresa adquirente efetuar o pagamento de suas
compras. A esse prazo, damos o nome de prazo
médio de pagamento a fornecedores (PMPF).
Comentários idênticos podem ser feitos quanto ao
pagamento de empregados e do fisco. Trabalhadores,
comumente, recebem seus salários ao término de cada
mês. As vendas efetuadas ao longo do mês geram
impostos que devem ser pagos. Estes, por sua vez, são
recolhidos em dias específicos apenas no mês
subsequente. Os prazos que os trabalhadores e o fisco
concedem à empresa são benéficos para o caixa.
Podemos, então, denominá-los como: prazo médio de
pagamento de despesas operacionais (PMPDOp),
para o caso dos trabalhadores e das demais despesas
comerciais e de vendas, e prazo médio de
recolhimento de obrigações fiscais(PMROF), para o
caso do pagamento de impostos incidentes sobre as
vendas e encargos trabalhistas. Se subtrairmos do
ciclo operacional o somatório dos prazos de
pagamento concedidos por fornecedores,
empregados e fisco, chegaremos ao conceito de Ciclo
Financeiro.
UNIDADE IV
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Ciclo Operacional = PME + PMRV


Ciclo Financeiro = (PME + PMRV) – (PMPF + PMPDOp
+ PMROF)

O ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das


características de atuação da empresa. Inúmeras empresas têm ciclo
operacional com prazo inferior a um ano; entende-se, nessas situações,
que o ciclo operacional se repete várias vezes no ano, evidenciando
maior giro (rotação) para os investimentos operacionais.

Ativos e Passivos Circulantes Cíclicos (Operacionais) e de Tesouraria


(Financeiros ou Erráticos):

a) O ativo circulante financeiro (ACF), de natureza


errática, é formado sem apresentar necessariamente
um vínculo direto com o ciclo operacional da empresa.
Não denota, por conseguinte, qualquer
comportamento preestabelecido, variando mais
estreitamente em função da conjuntura e do risco de
maior ou menor liquidez que a empresa deseja
assumir. As principais contas representativas do ACF
são: caixa e bancos e aplicações financeiras.
b) O ativo circulante cíclico (ACC), ou operacional,
é composto de valores que mantêm estreita relação
com a atividade operacional da empresa. Estes
elementos são diretamente influenciados pelo volume
de negócios (produção e vendas) e características das
fases do ciclo operacional (condições de recebimento
de vendas e dos pagamentos a fornecedores, prazo de
estocagem, etc.). As principais contas representativas
do ACC são: duplicatas a receber (clientes), estoques,
adiantamentos e despesas do exercício seguinte.
c) O passivo circulante financeiro (PCF) inclui as
dívidas da empresa junto a instituições financeiras e
outras obrigações que também não apresentam
nenhuma vinculação direta com sua atividade
UNIDADE IV
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operacional. Exemplos: empréstimos bancários,


financiamentos, duplicatas descontadas, dividendos e
IR.
d) O passivo circulante cíclico (PCC), ou
operacional, representa as obrigações de curto prazo
identificadas diretamente com o ciclo operacional da
empresa. As características de formação dessas
contas são similares as do ativo circulante operacional,
representando as dívidas de funcionamento da
empresa. As principais contas representativas do ACC
são: fornecedores, salários e encargos, impostos e
taxas (obrigações fiscais) e adiantamentos a clientes.

Podemos afirmar, então que:

AC = ACC + ACF
PC = PCC + PCF

e) Necessidade de Capital de Giro (NCG) e Saldo


de Tesouraria (ST): quando, no ciclo financeiro, as
saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, a
operação da empresa cria uma necessidade de
aplicação permanente de fundos, que se evidencia no
balanço por uma diferença positiva entre o valor das
contas cíclicas do ativo (ACC) e das contas cíclicas do
passivo (PCC). Denomina-se de Necessidade de
Capital de Giro (NCG) esta aplicação permanente de
fundos. A NCG é um conceito econômico-financeiro e
não uma definição legal, sendo diferente do capital de
giro líquido. Já o Saldo de Tesouraria (ST) é
conseguido pela diferença entre o ativo circulante
financeiro (ACF) e o passivo circulante financeiro
(PCF).
UNIDADE IV
p á g i n a | 54

NCG = ACC – PCC


ST = ACF – PCF

f) “Caixa de Ferramentas”: abaixo, as relações


necessárias para a resolução dos exercícios e a
compreensão da dinâmica da gestão do capital de
giro:
AC = ACC + ACF
(-) (-) (-)
PC = PCC + PCF
______________
CGL = NCG + ST

As contas cíclicas do ativo e do passivo circulante têm


características de perenidade, dadas suas constantes renovações.
Assim, a NCG assume caráter de investimento de longo prazo e, como
tal, deve ser financiado com recursos de igual maturidade para que se
preserve a solvência da empresa em níveis adequados. Portanto, o nível
de CGL pode ser considerado adequado se cobrir as exigências de
investimentos no giro (NCG). Caso suplante essas exigências, haverá
reflexos positivos no caixa da empresa (ST positivo). Caso se mostre
insuficiente, a empresa pode ter que recorrer a empréstimos de curto
prazo para honrar posições assumidas junto a fornecedores e
colaboradores, comprometendo sua saúde financeira, a ponto de levá-
la até à insolvência.

O Capital de Giro pode ser negativo. Neste caso, o ativo


permanente (NCG + Ativos Fixos) é maior do que o passivo
permanente (ELP + PL), significando que a empresa financia parte de
seu ativo permanente com fundos de curto prazo. Embora esta
condição aumente o risco de insolvência, a empresa poderá se
desenvolver, desde que sua NCG seja, também, negativa.
UNIDADE IV
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g) Capacidade de Autofinanciamento: variações


positivas na NCG de um período para o outro
representam necessidade de aumento nos passivos
permanentes (capitais de terceiros de longo prazo e
capital próprio). Uma gestão financeira criteriosa
deverá financiar os aumentos na NCG com sua
capacidade de autofinanciamento. Esta, por sua vez, é
representada pela soma dos lucros retidos (parcela do
lucro líquido não distribuída) e da
depreciação/amortização (despesas que não
representam saída efetiva de recursos):

AUTOFINANCIAMENTO = LUCROS
RETIDOS + DEPRECIAÇÃO

h) Necessidade de Capital de Giro calculada com base


em dias de vendas: a NCG mantém estreita relação
com o ciclo financeiro da instituição. Quanto maior o
Ciclo Financeiro, maior a NCG. Assim, podemos
calcular a NCG de duas maneiras: a) relacionando ao
nível de vendas e ao ciclo financeiro; e b)
discriminando-a em seus prazos médios componentes,
com base em dias de vendas.

VB x CF
NCG 
360
Sendo:

VB = Vendas Brutas;

CF = Ciclo Financeiro

NCG = (PMRV+PME+PMOACC) - (PMP+PMROF+PMPD+PMOPCC)

Onde:
UNIDADE IV
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PMRV = prazo médio de recebimento de vendas

PME = prazo médio de estocagem;

PMOACC = prazo médio de recebimento de outros ativos


circulantes cíclicos

PMP = prazo médio de pagamento a fornecedores

PMROF = prazo médio de recolhimento de obrigações fiscais

PMPD = prazo médio de pagamento de despesas operacionais

PMOPCC = prazo médio de pagamento de outros passivos


circulantes cíclicos

Os prazos acima, contudo, são operacionais, não vinculados ao


volume de negócios da empresa. A NCG calculada com base em prazos
operacionais deve estar relacionada com algum parâmetro, de maneira
a se apurar um resultado em unidades monetárias. O parâmetro de
comparação geralmente adotado é o volume de vendas.

Pode-se escrever da seguinte maneira os prazos médios


ajustados às vendas:

PMRV = Clientes/Vendas x 360

Onde:

Vendas = Vendas Brutas ou Vendas Líquidas.

PME = (Estoques/CPV) x 360 x (CPV/Vendas)

Onde:

CPV = Custo do Produto Vendido

PMOACC = (Outros ACC/Vendas) x 360

PMP = (Fornecedores/Compras) x 360 x (Compras/Vendas)

PMROF = (Impostos a Pagar/Impostos sobre as Vendas) x


360 x (Impostos sobre as Vendas/Vendas)
UNIDADE IV
p á g i n a | 57

Onde:

Impostos a Pagar = conta integrante do balanço patrimonial,


representativa dos impostos a pagar incidentes sobre as vendas
(PIS,COFINS,ICMS,IPI,ISS);

Impostos sobre as Vendas = conta integrante do demonstrativo


do resultado do exercício.

PMPD = (Despesas a Pagar/Despesas Incorridas) x 360 x


(Despesas Incorridas/Vendas)

Onde:

Despesas a Pagar = conta integrante do balanço patrimonial,


representativa das despesas a pagar classificadas como administrativas
e comerciais;

Despesas Incorridas = conta integrante do demonstrativo do


resultado do exercício, representativa do somatório entre as despesas
administrativas e comerciais.

PMOPCC = (Outros PCC/Vendas) x 360

A magnitude da NCG dependerá das características do setor no


qual a organização está inserida. Empresas que têm mais
financiamentos do que investimentos operacionais possuem um ciclo
financeiro e uma NCG negativos. Nesses casos, uma liquidez corrente
“menor que um” não representa necessariamente uma situação ruim.
Aliás, uma liquidez corrente muito maior do que “1” pode representar
má gestão financeira da entidade. Isso posto, é válido afirmar que um
índice mais adequado para medir a solvência – chamado, agora, de
índice de solvência () - é aquele que associa saldo de tesouraria (ST)
e necessidade de capital de giro (NCG). A relação entre ST e NCG
pode ser disposta num gráfico e expressa a previsibilidade de
dificuldades financeiras e até mesmo de falência ou não de uma
empresa:
UNIDADE IV
p á g i n a | 58

4.2. Gráfico de Solvência

O ideal é que as empresas operem nos oitantes superiores (I, II,


VII e VIII). No oitante II, a liquidez corrente (LC) é maior que 1, o CGL é
positivo e maior que a NCG, representando folga financeira. O índice de
solvência é positivo, mas menor que “1”. É a situação da maior parte das
empresas que têm boa gestão financeira e NCG positiva. Um índice de
solvência situado no oitante VII é negativo e menor que “1” e representa
uma empresa com CGL e NCG negativos, mas uma NCG de maior
magnitude, o que representa um ST positivo. Os melhores índices de
solvência estão situados nos oitantes I e VIII. No oitante I, a empresa
tem NCG positiva mas o CGL destinado a financiá-la é, no mínimo, duas
vezes maior, o que representa uma ampla folga financeira. O índice de
solvência é positivo e maior do que “1”. No oitante VIII, talvez a melhor
situação. A empresa não necessita de investimentos de longo prazo no
giro (NCG negativa), mas tem (CGL positivo). O índice de solvência é
negativo mas maior do que “1”. Os comentários são opostos para os
oitantes inferiores.

“Overtrading” – Superexpansão das Vendas: Também conhecido


como “Efeito Tesoura”, o conceito de overtrading refere-se a uma forte
expansão no volume de atividade de uma empresa sem o devido lastro
de recursos disponíveis para financiar as necessidades adicionais de
giro. Esta expansão das operações de produção e vendas demanda
naturalmente maior volume de investimentos em giro (duplicatas a
receber e estoques, principalmente). O overtrading revela-se na
UNIDADE IV
p á g i n a | 59

hipótese de o capital de giro líquido existente não ser suficiente para


cobrir financeiramente estes investimentos adicionais. A NCG passa a
crescer bastante, superando, em pouco tempo, o nível de CGL da
empresa. Os Saldos de Tesouraria (ST) tornam-se negativos e pioram
ao longo do tempo, dada a necessidade de a empresa financiar suas
atividades de giro com recursos financeiros de curto prazo.
De modo geral, o “Efeito Tesoura” ocorre quando estão
presentes as seguintes condições:

a) As vendas da empresa crescem a taxas anuais elevadas.


b) A relação NCG/Vendas mantém-se, substancialmente, mais
elevada do que a relação Autofinanciamento/Vendas, durante o
período de crescimento das vendas.
c) Durante o período de crescimento das vendas, as fontes
externas (empréstimos de longo prazo e/ou aumentos de capital
social – em dinheiro) que aumentam o Capital de Giro Líquido são
utilizadas somente para novos investimentos em bens do ativo
permanente que, por sua vez, diminuem o capital de giro.
UNIDADE V
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ALAVANCAGEM PROFISSIONAL
E FINANCEIRA
UNIDADE V
p á g i n a | 61

UNIDADE V
Alavancagem Profissional e Financeira
Para o maior entendimento do grau de alavancagem
operacional (GAO) é importante conhecer primeiro os efeitos dos
custos fixos nas operações da empresa, medido pelo ponto de
equilíbrio.

5.1. Análise do ponto de equilíbrio (break-


even-point)
O Ponto de Equilíbrio (PE), também conhecido como análise
custo – volume – lucro, é utilizado com objetivo de:

a) Determinar o nível de operações necessário


para cobrir todos os custos operacionais
b) Avaliar a rentabilidade associada a diversos
níveis de vendas.

O ponto de equilíbrio operacional está relacionado ao nível de


vendas necessário para cobrir todos os custos operacionais. Portanto, o
ponto de equilíbrio ocorre no momento em que receitas totais e os
custos totais se equivalem – ou seja, não há nem lucro nem prejuízo.

5.2. Cálculo do ponto de equilíbrio operacional


ou contábil
Inicialmente, para calcular o ponto de equilíbrio operacional (Q),
é necessário conhecer o custo dos produtos vendidos (mercadorias e
serviços), decompondo-os em fixos e variáveis.
UNIDADE V
p á g i n a | 62

a) Os custos (despesas) fixos são independentes


do volume de vendas e estão relacionados com a
função tempo.
b) Os custos (despesas) variáveis dependem
diretamente do volume de vendas e não estão
relacionados com o tempo.

Para calcular o ponto de equilíbrio, é necessário conhecer as


seguintes variáveis:

P = Preço unitário de venda


Q = número de unidades vendidas
CF = custo operacional fixo por período
CV = custo operacional variável por período

Abaixo são apresentadas as equações que poderão ser


utilizadas para o cálculo de quantidade, preço e nível de operações
necessárias.
UNIDADE V
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5.3. Exemplo de cálculo de Q


Supondo-se que uma empresa possui custos fixos de
R$2.500,00, que o preço de venda por unidade seja de R$10,00 e o
custo variável seja R$5,00/unidade. Qual é o ponto de equilíbrio (Q)?

Neste caso então, o ponto de equilíbrio operacional é de 500


unidades. A representação gráfica abaixo permite visualizar com mais
compreensão o ponto de equilíbrio e os benefícios que o cálculo
proporciona.

5.4. Exemplo de variação do Q


Suponhamos que a mesma empresa fazer um teste,
aumentando todas as variáveis:

1 – Aumentar o P para R$12,50


2 – Aumentar o CF para R$3.000,00
UNIDADE V
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3 – Aumentar o CV para R$7,50/unidade


4 – Aumentar todas as variáveis simultaneamente

5.5. Sensibilidade do Q
O ponto de equilíbrio (Q) é sensível a qualquer aumento nas
variáveis:

Aumento na
Efeito sobre Q
Variável
CF Aumenta
CV Aumenta
P Diminui
Tabela 01: Sensibilidade do Ponto de Equilíbrio

Neste caso então, o ponto de equilíbrio operacional vai alterar,


podendo aumentar ou diminuir.

5.6. Cálculo do ponto de equilíbrio financeiro


Também é necessário apurar o ponto de equilíbrio financeiro,
pois nem todas as despesas e custos fixos foram desembolsados
imediatamente do caixa, já que é apurado pelo regime de competência.
Assim, faz-se necessário retirar do cálculo as despesas que não saíram
do caixa e somar os juros de endividamento que já deverão ser
amortizados.
UNIDADE V
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CustoseDespesasFixos
PeF 
 Preço Venda  Custo Variável 
 
 Pr eçodeVenda 

Como ilustração, imagine que a empresa Ieccos SA vendeu dois


produtos:

Produto X Produto Y
Preço de Venda 340,00 560,00
Custos (despesas) Variáveis 153,00 392,00
Margem Contribuição 187,00 168,00
Tabela 02: Dados ilustrativos para cálculo de Ponto de Equilíbrio

É notável a diferença quando se analisa os produtos


individualmente e o resultado operacional. Pela tabela, nota-se que o
produto X deveria ser incentivado, pois possui uma contribuição maior
para o resultado. Entretanto, uma análise simplista como esta pode ser
imprudente, pois outros fatores como aceitação do produto X ou Y no
mercado, disponibilidade de matéria prima, capacidade produtiva,
entre outros, poderão interferir na tomada de decisão.
Nesse período os custos e despesas fixos da Ieccos SA foram de
R$870.000,00, podendo ser calculado agora a margem de
contribuição total e o lucro operacional (LAJIR/EBTIDA).

A – Para que os custos fixos possam ser pagos e zere o LAJIR,


qual o volume de produtos X e Y precisam ser vendidos?

Para simplificar o cálculo, uma vez que foi inserido o conceito de


margem de contribuição, uma equação equivalente também poderá ser
utilizada, quando acompanhada da tabela 02, ou seja:

CF  Despesa Fixa
Pe 
Margem de Contribuição Unitária
UNIDADE V
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Sendo Margem de Contribuição Unitária = PV - CV

Produto X Produto Y Total

Nº Unidades 2.326,20 2.589,30 4.915,50


Receita Vendas 790.909,00 1.450.000,00 2.240.909,00
Custos (despesas)
355.909,00 1.015.000,00 1.370.909,00
Variáveis
Margem de
435.000,00 435.000,00 870.000,00
Contribuição
Custos e Despesas
--- --- (870.000,00)
Fixos
Tabela 03: Resolução ítem A

B – Agora avalie a situação apresentada na tabela 04


Descrição Produto X Produto Y Total
Preço Unitário 320,00 280,00
Capacidade Produtiva 5.000 5.000 10.000
unidades unidades unidades
Consumo de Matéria
2 Kg 1 Kg 15.000 Kg
Prima por Unidade
Receita Bruta 1.600.000,00 1.400.000,00 3.000.000,00
Gastos Variáveis
100,00 90,00
Unitários
Gastos Variáveis Totais 500.000,00 450.000,00 950.000,00
Margem de
1.100.000,00 950.000,00 2.050.000,00
Contribuição Total
Custo Fixo Total 980.000,00

LAJIR 1.070.000,00

Tabela 04: Dados fictícios para análise


UNIDADE V
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Neste cenário, a empresa gasta 15.000 Kg de matéria prima


para fabricar os dois produtos. No entanto, diante de um novo cenário
com escassez, o fornecedor reduziu em 50% o fornecimento de matéria
prima, ou seja, somente vai entregar 7.500 Kg. Portanto, qual deve ser
sua decisão para a empresa não cair no LAJIR negativo? Produzir o
produto que possibilita maior margem de contribuição (X) ou aquele
que consome menos matéria prima (Y)?
Agora que já se conhece o efeito dos custos fixos nas
operações empresariais, é possível o estudo da Alavancagem
Operacional (GAO).
Conforme Assaf Neto e Lima (2010) essa é uma medida que
aponta como uma alteração no volume de atividade pode influenciar o
resultado operacional de uma empresa. Ou seja, quanto o aumento de
20% nas vendas impacta no lucro operacional desta. Essa medida pode
ser obtida pela seguinte equação:

Porcentage m da Variação do Lucro


GAO 
Porcentage m da Variação no Volume da Atividade

A estrutura de custos e despesas da empresa determina o GAO,


sendo mais potencial a que tiver maiores custos e despesas fixos em
relação aos custos e despesas variáveis. Mas os riscos também são
maiores proporcionalmente.

Veja o exemplo abaixo:

Empresa X Empresa Y
Receita de Vendas 200.000,00 200.000,00
Custos e Despesas 60.000,00 140.000,00
Variáveis
Margem de Contribuição 140.000,00 60.000,00
Custos e Despesas Fixos 120.000,00 40.000,00
Resultado Operacional 20.000,00 20.000,00
Tabela 05: Dados para exemplo
UNIDADE V
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Caso as empresa X e Y aumentem em 20% o volume de vendas,


qual será o GAO de cada?
Empresa X Empresa Y
Receita de Vendas 240.000,00 240.000,00
Custos e Despesas 72.000,00 168.000,00
Variáveis
Margem de Contribuição 168.000,00 72.000,00
Custos e Despesas Fixos 120.000,00 40.000,00
Resultado Operacional 48.000,00 32.000,00
Variação nas Vendas 20% 20%
Variação no Lucro 140% 60%
GAO 7 3
Tabela 06: Verificação do Grau de Alavancagem com aumento nas vendas

Percebe-se claramente que um aumento de 20% nas vendas da


empresa X eleva o lucro operacional em 7 vezes (140%). Já a empresa
Y aumenta 3 vezes (60%). Isto acontece porque os custos fixos se
mantiveram e aumentaram a diluição pela elevação do volume de
vendas. Como a estrutura da empresa X é mais arriscada, numa
hipótese oposta de redução de 20% nas vendas, somente a empresa Y
ainda se manterá com lucro.

Empresa X Empresa Y
Receita de Vendas 160.000,00 160.000,00
Custos e Despesas 48.000,00 112.000,00
Variáveis
Margem de Contribuição 112.000,00 48.000,00
Custos e Despesas Fixos 120.000,00 40.000,00
Resultado Operacional -8.000,00 8.000,00
Variação nas Vendas -20% -20%
Variação no Lucro -140% -60%
GAO 7 3
Tabela 07: Análise do grau de alavancagem com redução nas vendas
UNIDADE V
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Portanto, a alavancagem operacional é uma decisão complexa,


pois a aumentando, eleva-se proporcionalmente o risco, obrigando um
nível de vendas adequado. O lucro aumenta mais rápido em empresas
alavancadas, mas no caso de redução no volume vendas, o prejuízo
também aumenta rapidamente.
UNIDADE VI
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CONTABILIDADE GERENCIAL
E INDICADORES CONTÁBEIS
UNIDADE VI
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UNIDADE VI
Contabilidade Gerencial e Indicadores
Contábeis
Nossa finalidade nesta primeira unidade do Guia de Estudos é a
de apresenta conceitos da Contabilidade, bem como sua história e sua
utilização como ferramenta de gestão. A Contabilidade por si só, pode
ser resumida como o ato de registrar monetariamente o Patrimônio e
suas variações, em decorrência de uma atividade produtiva, comercial
ou de prestação de serviços. Entretanto, não podemos resumir a
Contabilidade tão somente como o ato de registrar valores.
Atualmente, a era moderna da Contabilidade nos brinda com
uma ciência que vai além de registros. Hoje em dia a Contabilidade é
uma importantíssima ferramenta de gestão, que ao ser bem utilizada e
bem compreendida, pode contribuir de sobremaneira para tomadas de
decisões assertivas, na gestão de um negócio. Podemos dizer que, com
o advento da globalização, onde recursos financeiros, humanos e de
produção se deslocam em uma velocidade cada vez mais crescente, na
busca pela maximização do resultado, o braço da ciência contábil que
desponta e toma força a cada dia, conhecido como Contabilidade
Gerencial, assume de vez papel fundamental dentro da análise
financeira e suporte para tomada de decisão.

6.1. História da contabilidade


A História do surgimento da contabilidade se confunde em
muitos momentos com a própria história da Humanidade. A partir do
surgimento das primeiras necessidades humanas de proteção social,
manutenção e análise dos fatos ocorridos com suas posses, surgem os
primeiros indícios dos registros contábeis.
UNIDADE VI
p á g i n a | 72

Mas por que registros contábeis tornam-se


importantes com a evolução da sociedade
humana?

Enquanto o homem se dedicava à caça como sua principal


atividade de subsistência, o que lhe preocupava era somente encontrar
a presa e saciar sua necessidade imediata. Entretanto, a partir do
momento que a caça deixa de ser a principal atividade, partindo então
para a organização da agricultura e do pastoreio, surge a necessidade
da devida separação da organização econômica, no que tange ao
direito de uso do solo. Desta forma, põe-se fim a vida comunitária até
então existente e inicia-se uma nova era patrimonial e as divisões de
propriedade, onde cada pessoa passa a criar e acumular sua riqueza
individual.
Desta forma, à medida que o proprietário individual morria, seus
bens eram passados em forma de herança aos seus filhos e/ou
parentes, dando origem assim à palavra Patrimônio. A partir de então,
o patrimônio começa a ser entendido como sendo os valores
econômicos e as posses construídas ou herdadas por qualquer
indivíduo.
Mas ficava a sociedade humana restrita somente
ao acúmulo de bens através do cultivo de terras e
do pastoreio? Ou com o seu desenvolvimento,
atividades comerciais também se faziam
necessárias? Com isso os registros se mantinham
ainda interessantes?

Sem dúvida nenhuma, com o crescimento da complexidade dos


controles patrimoniais e com as diversas transações comerciais, surge a
necessidade de que registros sejam realizados com o intuito de
individualizar e mensurar tais valores. Para isso, as atividades de
troca e venda de mercadorias, que careciam de acompanhamento
das variações dos valores dos bens, passam a ser registradas fazendo
com que impostos também sejam cobrados. As primeiras evidências de
cobranças de impostos com base em registros contábeis, foram
UNIDADE VI
p á g i n a | 73

observados na Babilônia e no Egito, por volta de 2.000 a.C. Isto mostra


uma nova finalidade para tais registros: a fiscalização para a cobrança
de impostos.
Conforme o indivíduo passa a possuir uma quantidade cada vez
maior de bens e valores, surge a preocupação da análise de quais
poderiam lhe render mais e qual a forma mais eficaz e simples de
aumentar seu patrimônio. Com isso, a dificuldade de memorização,
devido ao volume de transações se torna maior, o que cria também a
necessidade da utilização de registros. Neste momento, podemos
afirmar que se inicia as primeiras utilizações dos registros contábeis
como ferramenta gerencial e de tomada de decisão. É com esse
pensamento e com a visão de futuro, que o homem passa a utilizar os
primeiros registros para poder conhecer suas reais possibilidades de
utilização, consumo e produção.
Mas e com esse crescimento patrimonial, o
indivíduo necessita também de colaboradores que o
auxilie na condução dos mesmos?

Realmente, com o passar do tempo, as administrações


particulares, com a contratação de colaboradores para sua execução,
começam a surgir e, mais uma vez, os registros contábeis são
fundamentais no auxílio gerencial e para a prestação de contas do
negócio administrado.
É neste conceito, através dos registros da evolução humana, que
se pode observar que a história do surgimento da contabilidade está
intimamente ligada a história humana. Antes mesmo da criação do
papel, registros de posses eram efetuados em paredes de cavernas e
pedras. Desde as atividades de registros mais rústicas, estas auxiliam na
evolução econômica e social da humanidade. Com a complexidade das
atividades, os próprios registros se tornam mais apurados através da
história, com inovações que passam a ser introduzidas por governos,
empresas e indivíduos.
Nos dias atuais, a Ciência Contábil contribui de maneira
relevante na administração financeira, tendo em vista que fornece uma
considerável gama de informações que possibilitam a gestão eficiente,
por parte de empresas e indivíduos, uma fiscalização eficaz, por parte
UNIDADE VI
p á g i n a | 74

de governos e a possibilidade da mensuração do resultado, tão


interessante para os investidores.

6.2. Evolução da Contabilidade


CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - período que se inicia
com as primeiras civilizações e vai até 1.202 da Era Cristã, quando
apareceu o Liber Abaci, da autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano.

CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de


1.202 da Era Cristã até 1.494, quando apareceu o Tratactus de
Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei
Luca Paciolo, publicado em 1.494, enfatizando que à teoria contábil do
débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e
negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os
ramos do conhecimento humano.

CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de


1.494 até 1.840, com o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta
alle Amministrazioni Private e Pubbliche" , da autoria de Franscesco
Villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra marcante na história da
Contabilidade.

CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se


inicia em 1.840 e continua até os dias de hoje.

6.3. O processo contábil


Em conformidade com diversos pronunciamentos realizados
pelo IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores), a contabilidade
consiste em um sistema de informação e avaliação, através de
demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade.
UNIDADE VI
p á g i n a | 75

Sistema de informação é um conjunto articulado de dados,


técnicas de acumulação, ajustes e preparação de relatórios que
permite:

 Tratar as informações de natureza repetitiva, com o


máximo possível de relevância e o mínimo de custo;
 Dar condições para, através da utilização de
informações primárias constantes do arquivo básico,
juntamente com técnicas derivadas da própria
contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios
de exceção para finalidades específicas, em
oportunidades definidas ou não.

Como já dito, as informações podem ser de natureza


econômica, financeira, física e estatística:

 Informação de natureza econômica e financeira – na


visão da contabilidade, o movimento de receitas e
despesas e o capital investido dos acionistas são
dimensões econômicas, enquanto que o fluxo de caixa e
as mutações do capital de giro, constituem aspectos da
informação de natureza financeira;

 Informação de natureza física e estatística – a


informação monetária deve ser ilustrada com
mensurações físicas: quantidade de produtos ou serviços
elaborados, quantidade de clientes, evolução do
desempenho produtivo e sua relação com o faturamento
e outros elementos quantitativos não monetários que
auxiliem da melhor maneira a compreensão do
desempenho empresarial.

A Contabilidade tem como propósito subsidiar a avaliação da


situação econômico financeira da empresa, do ponto de vista estático,
de tal forma que permita fazer inferências sobre a tendência futura. As
demonstrações contábeis/financeiras dão suporte fundamental a estas
UNIDADE VI
p á g i n a | 76

avaliações, entretanto, em determinados momentos, é necessária a


utilização de informações não monetárias, as quais não são tratadas
pela contabilidade, para que possa haver um diagnóstico mais
completo. O desenho de cenários futuros envolve reflexões e análise de
ambiente, compostos por elementos não tratados pela contabilidade,
mas indispensáveis para o planejamento plurianual das empresas.
A grande utilidade dos relatórios contábeis está na apreciação
dos dados que apresentam o passado e o presente da empresa. Mesmo
assim, a contabilidade pode contribuir de sobremaneira se as
conjunturas passadas apresentarem tendências a se repetirem ou se o
usuário conseguir adaptar o modelo contábil dentro de suas
possibilidades intelectuais e de sensibilidade em relação ao negócio e
segmento analisados.

Quais informações, no que tange aspectos da gestão


empresarial, um sistema contábil de credibilidade
deverá fornecer?

 Formulação de estratégias globais e planejamento


de longo prazo – Desenvolvimento de novos produtos,
decisões de investimento, treinamento de pessoal, etc.
 Decisões de alocação de recursos – em relação a
produtos, investimentos, políticas de preços e clientes,
sempre visando e analisando a lucratividade da
operação.
 Planejamento de custos e controles – análises
detalhadas de centros de custos, formação de custos e
preços de vendas, rotatividade de estoques.
 Medição de desempenho – análises comparativas de
resultados alcançados com as metas estipuladas,
envolvendo mensuração financeira e não financeira.
 Atendimento às normas e procedimentos dos órgãos
reguladores – as demonstrações contábeis e seus
relatórios emitidos devem sempre atender às normas
básicas dos órgãos reguladores e ter como objetivo final
atender a demanda pelas informações.
UNIDADE VI
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Cada aspecto citado acima possui suas particularidades. Cabe


ao contador e ao analista, a partir de sua base de dados, elaborar a
combinação ideal destas informações, buscando atender de maneira
ótima as necessidades de seu usuário. Os usuários podem ser pessoas
físicas ou jurídicas e são aqueles que têm interesse na avaliação da
situação e do progresso de determinada empresa, organização sem
fins lucrativos ou até mesmo patrimônio individual de uma pessoa.

6.4. Princípios fundamentais da contabilidade


Como falamos anteriormente, para que a informação contábil
possa ser gerada através da coleta e registro de dados, faz-se
necessária a observação de algumas regras ou fundamentos. Um
contador, no ato de efetuar os registros de dados, leva em
consideração alguns critérios contábeis. Estes critérios são conhecidos
como os Princípios Fundamentais da Contabilidade. A observância
destes princípios é obrigatória no exercício da profissão de Contador e
constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de
Contabilidade (NBC).

Imagine que dentre os milhares de contadores


espalhados pelo mercado de trabalho, cada um, no
exercício de sua profissão, adotasse os critérios que
julgassem necessários, à margem de uma legislação
específica que os regulamentassem. Por
consequência, os usuários iriam se deparar com
relatórios e informações contábeis que não
inspirariam confiança, muito menos possibilitaria
comparações e verificações de sua veracidade.
Desta forma, padronizações e regras são necessárias
para que o correto emprego do processo contábil
seja realizado.

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade representam a


essência das doutrinas e teorias da Ciência Contábil, pois, elevam a
UNIDADE VI
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Contabilidade ao seu sentido mais amplo da ciência social, cujo objeto


principal é o Patrimônio das Entidades.

São Princípios Fundamentais da Contabilidade:

 Princípio da Entidade Contábil: Este princípio tem


por objetivo reconhecer o Patrimônio como objeto da
contabilidade, afirmando a autonomia patrimonial e a
necessidade da diferenciação de um patrimônio
particular no universo de patrimônios existentes,
independente de pertencer a uma pessoa, um conjunto
de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer
natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Ou
seja, o patrimônio das entidades não se misturam com os
das pessoas físicas que a possuem ou administram. Cada
entidade jurídica que efetue movimentações
quantificáveis monetariamente, desde que haja
necessidade de manter uma contabilidade, será
considerada uma entidade contábil separadamente.
 Princípio da Continuidade: A continuidade ou não de
uma entidade, bem como sua vida definida ou provável,
devem ser consideradas quando da classificação e
avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e/ou
qualitativas. A continuidade influencia o valor econômico
dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento
dos passivos, especialmente quando a extinção da
entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível.
Toda entidade é criada para que tenha sucesso e
continuidade e com isso realize grandes investimentos e
obtenha retorno. A aplicação deste conceito contribui
notavelmente para a avaliação monetária dos bens da
entidade, pois avalia os ativos com base no seu valor de
entrada e não pelo valor de mercado, tendo em vista que
não se pretende vendê-los.
UNIDADE VI
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 Princípio da Oportunidade: Este princípio aponta que


o registro do patrimônio e/ou suas mutações devem
sempre ser realizadas na contabilidade na medida em
que acontecerem e de maneira imediata. Refere-se à
tempestividade e à integridade destes acontecimentos,
sendo realizados de maneira correta,
independentemente das causas que os originaram.

 Princípio do Registro pelo Valor Original: De maneira


bem simples, este princípio aponta que, os componentes
do patrimônio, bem como suas alterações, devem ser
registrados pelos valores originais de suas transações
com o mundo exterior, expressos em valor presente da
moeda do país em que se encontra instalada a entidade
contábil. Ao aplicar este princípio a avaliação dos
componentes patrimoniais se dará com base nos valores
de entrada. Uma vez integrado ao patrimônio, o bem,
direito ou obrigação não poderá ter seu valor alterado,
aceitando-se apenas sua decomposição em elementos
e/ou agregação parcial ou integral a outros elementos
patrimoniais. Desta forma, o valor original será mantido
enquanto o componente permanecer como parte
integrante do patrimônio.

 Princípio da Atualização Monetária: Os efeitos do


poder aquisitivo da moeda nacional devem ser
reconhecidos nos registros contábeis através do
ajustamento da expressão formal dos valores dos
componentes patrimoniais. Tendo em vista que a moeda,
embora aceita universalmente como medida de valor,
não representa unidade constante em termos de poder
aquisitivo. Para que a avaliação do patrimônio possa
manter os valores das transações originais, é necessário
atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim
de que permaneçam substantivamente corretos os
valores dos componentes patrimoniais e, por
UNIDADE VI
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consequência, o do patrimônio líquido. A atualização


monetária não representa nova avaliação, mas tão
somente, o ajustamento dos valores originais para
determinada data, mediante a aplicação de indexadores,
ou outros elementos aptos a traduzir a variação do
poder aquisitivo da moeda nacional em um dado
período. Entretanto, com o advento do plano Real, onde
a economia e a moeda brasileira vêm apresentando
estabilidade, o Conselho Federal de Contabilidade,
através da resolução 900/01, resolveu que a aplicação
deste princípio se torna compulsória (obrigatória)
somente quando a inflação acumulada do triênio for de
100% ou mais, sendo que o indexador para essa
atualização é o IGPM.

 Princípio da Competência: A aplicação deste


princípio implica no registro das receitas e despesas no
momento da apuração do resultado do período em que
estas ocorrerem, independente do recebimento ou
pagamento efetivo, determinando assim, quando as
alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento
ou diminuição do Patrimônio Líquido, estabelecendo
diretrizes para a classificação das mutações patrimoniais.

 Princípio da Prudência: Este princípio trata da atitude


de precaução por parte do contador. Ser conservador é
não dar uma imagem de otimismo aos
acionistas/administradores em uma situação que, com o
passar do tempo poderá se reverter. Assim, para
avaliação de estoques, utilizaremos o menor valor entre
o custo e o valor de mercado. Em uma situação dúbia,
contabilizaremos uma dívida pelo maior valor previsto. O
Princípio da Prudência tem em sua essência: Antecipar
prejuízo, mas nunca antecipar lucro.
UNIDADE VI
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 Princípio do Denominador Comum Monetário:


Princípio o qual estabelece que o registro de valores
expressos em moedas diferentes, devem ser convertidos
para a moeda corrente do país onde a entidade contábil
se encontra. Ou seja, uma entidade contábil no Brasil,
deve ter todas as suas transações registradas em Real.
Caso haja transações em outras moedas, estas devem ser
convertidas para a moeda corrente no ato de seu
registro.

 Princípio da Objetividade: É o princípio que não


permite a subjetividade na operação contábil. Isso quer
dizer que, sempre que houver um registro contábil,
haverá uma documentação (NF, recibo, contrato, etc)
que dê suporte à sua realização, com clareza de valores,
datas e referências. Desta forma, o contador poderá
exercer sua função com clareza e imparcialidade.

 Princípio da Consistência: A permanência dos


mesmos critérios propiciam ao usuário maior eficiência
na comparação dos relatórios contábeis de diversos
períodos. Isto não implica que por motivo de força maior,
esporadicamente, não possa haver alterações nos
critérios. Todavia, se houver tais alterações, deverão ser
evidenciadas em Notas Explicativas. A uniformização dos
relatórios contábeis contribui notavelmente para
comparação entre diversas empresas, mesmo de
atividades diferentes, porém do mesmo setor. É isso que
este princípio prega, a consistência nos critérios de
registro adotados.

A Contabilidade, assim como qualquer outra atividade, tem um


elenco de regras que a orienta e a disciplina. Entre os contadores existe
um consenso geral na aceitação destas regras, por isso diz-se:
PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE GERALMENTE ACEITOS.
UNIDADE VI
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6.5. Demonstrações Contábeis


6.5.1. O Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial demonstra a situação estática da
empresa em determinado momento e, para ele, é canalizado todo o
resultado das operações e das transações que terão realização futura.

Existe alguma periodicidade


para a emissão do Balanço
Patrimonial, ou cada
empresa o emite conforme
sua necessidade?
Cada empresa pode determinar a data de encerramento de seu
balanço conforme sua conveniência, desde que esta não ultrapasse o
período de 12 meses. Entretanto, a maioria das empresas brasileiras
opta pelo seu encerramento sempre no dia 31 de dezembro de cada
ano, juntamente com o encerramento do ano civil.

O Balanço Patrimonial retrata a situação financeira da empresa,


ao contrário do que alguns gestores pensam, este relatório não é
elaborado para informar o valor da empresa, uma vez que este valor
pode ser obtido através de outros cálculos, subsidiados por dados do
Balanço e de outras informações.
Uma das mais requisitadas características desta demonstração
contábil é a sua padronização em termos de apresentação pelos
diversos períodos em que é elaborada. Esta característica facilita a
realização de análises, comparação retrospectiva e sua apreciação em
relação a outras empresas.
Quando falamos que o balanço retrata a situação financeira da
empresa, dizemos que nele encontramos registradas as origens,
aplicações, bens, direitos e obrigações das empresas. A estrutura do
relatório, permite que estes registros sejam agrupados de maneira
uniforme e bem definidas.
No Ativo, encontramos registrados os bens e direitos da
empresa, ou seja, máquinas, estoques, títulos a receber, etc. Podemos
dizer ainda, que encontramos registradas as aplicações da empresa,
uma vez que demonstra para onde estão sendo canalizados os
UNIDADE VI
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recursos captados. Estes bens, direitos e aplicações, encontram-se


devidamente registrados em contas que devem ser apresentadas no
Balanço em ordem de realização, ou seja, pela ordem em que se
transformam em dinheiro mais rapidamente.
No passivo, encontramos registradas as obrigações da empresa
com terceiros, ou seja, impostos a pagar, fornecedores a pagar,
empréstimos a pagar, etc. Dizemos também que estão registradas as
origens de financiamento com terceiros da empresa, ou seja, de onde
estão sendo captados os recursos. Estas obrigações e origens também
são devidamente registradas em contas que devem ser apresentadas
no Balanço em ordem de exigibilidade, ou seja, pela ordem em que são
exigidas pelos seus credores (vencidas).
Dentro ainda do Passivo, temos uma importante subdivisão
chamada de Patrimônio Líquido. Este grupo de contas registram os
capitais próprios, ou seja, as origens e as obrigações da empresa com
seus acionistas e proprietários.
Podemos sintetizar a estrutura básica de apresentação do
Balanço Patrimonial da seguinte forma:
UNIDADE VI
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A seguir vamos conhecer as principais contas patrimoniais


agrupadas de acordo com sua natureza:

6.6. Ativo circulante

Encontramos classificados no Ativo Circulante, todos os bens e


direitos que se convertem em dinheiro no curto prazo. Considera-se
como Curto Prazo, os valores realizáveis (conversíveis em dinheiro) até
o final do exercício social seguinte.
UNIDADE VI
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Entretanto, existem empresas as quais seu ciclo operacional


excedem o período de 12 meses, por exemplo 14 meses. Desta forma, é
permitido considerar nestes casos, o período do ciclo operacional
como sendo o período de curto prazo.

Dentro deste grupo, encontramos os seguintes subgrupos:

 disponibilidades;

 direitos realizáveis no curto prazo;

 estoques;

 despesas Antecipadas.

6.7. Ativo realizável a longo prazo – Ativo Não


Circulante
Encontramos classificados no grupo Ativo Realizável a Longo
Prazo, todos os direitos realizáveis a partir do final do exercício
seguinte. Seus grupos de contas apresentam a mesma característica do
Ativo Circulante, diferenciando-se somente pelo período de realização.

De acordo com a legislação, mesmo que sejam de realização a


curto prazo, os adiantamentos e empréstimos concedidos a empresas
coligadas ou controladas, bem como as transações não operacionais
com estas empresas, devem ser classificadas como de longo prazo. Isto
UNIDADE VI
p á g i n a | 86

se dá pois, por se tratarem de empresas de mesmo grupo, a realização


e/ou exigibilidade torna-se bem mais tolerante.

6.8. Ativo permanente

Pela própria denominação, podemos entender que este grupo é


formado de contas e itens que não são destinados a venda e com
características permanente.

Encontramos no Ativo Permanente os bens e direitos de vida


útil longa e que são utilizados pela empresa como meios de atingir seus
objetivos de operação.

O Ativo Permanente é composto basicamente por 4 subgrupos


como segue:

 investimentos;

 imobilizado;

 intangível;

 diferido.

6.9. Passivo circulante

Encontramos registrados no Passivo Circulante, todas as


obrigações exigíveis a curto prazo, ou seja, vincendas até o final do
exercício social seguinte, ou até o final do ciclo operacional da
empresa, assim como no caso do Ativo Circulante. Tendo em vista o
UNIDADE VI
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grande número de contas existentes neste grupo, podemos agrupá-las


nos seguintes subgrupos:

 empréstimos e Financiamentos;

 fornecedores;

 obrigações Fiscais;

 outras Obrigações;

 provisões.

6.10. Passivo exigível a longo prazo – Passivo


Não Circulante

Encontramos registrados no grupo Passivo Exigível a Longo


Prazo, todas as obrigações exigíveis, ou vincendas, após o término do
exercício social seguinte, ou após o ciclo operacional da empresa. Seus
grupos de contas apresentam as mesmas características do Passivo
Circulante, salvo o prazo de exigibilidade.

Entre estes grupos, podemos destacar: Empréstimos e


Financiamentos de Longo Prazo, Debêntures a Pagar, Provisão para
Imposto de Renda Diferido, Provisão para Riscos Fiscais, etc.
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6.11. Patrimônio líquido

Encontramos no grupo Patrimônio Líquido o registro dos


recursos próprios da empresa, aqueles que pertencem a seus
acionistas, proprietários ou sócios. É constituído basicamente pelos
subgrupos:

 Capital Social;

 Reservas de Capital;

 Reservas de Lucros.

Em alguns casos, as sociedades por ações podem adquirir suas


próprias ações, caso necessitem. Desta forma, as ações adquiridas são
classificadas em uma conta chamada Ações em Tesouraria e, por ser
esta uma conta devedora, reduz o valor do Patrimônio Líquido.

6.12. Demonstrativo de resultado do


exercício - DRE
A Demonstração do Resultado do Exercício, sintetiza as
operações realizadas pelas entidades em determinado intervalo de
tempo. Este demonstrativo permite a verificação de diversos aspectos
da eficiência empresarial, sejam eles operacionais, administrativos e/ou
financeiros.
UNIDADE VI
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Sua elaboração processa-se na mesma época de fechamento do


Balanço Patrimonial, entretanto, o precede e se reveste de elevada
importância, tendo em vista que os acionistas sempre aguardam
notícias sobre dividendos, o Governo espera pela apuração dos
impostos, os empregados desejam sua justa participação nos lucros e
ainda há outros interessados nesta informação, pelos mais diversos
propósitos e interesses.
Trata-se da demonstração contábil que mais fornece
indicadores para o planejamento e o acompanhamento dos planos
estratégicos na dimensão econômica e financeira da organização,
especialmente no que se referem às receitas, despesas e resultado
(lucro ou prejuízo). Através de seus números, é possível chegar a
causas operacionais e comportamentais, face à riqueza de informações
em relação a operação da empresa.
Evidentemente que, quando elaborada a partir de um plano de
contas bem estruturado e sintonizado com as peças orçamentárias e
de planejamento, seus dados expõem o grau de competência da alta
administração e dos gerentes da companhia na tarefa de criar valor
para os acionistas.
A Demonstração de Resultados do Exercício, ou simplesmente
DRE, apresenta o fluxo de receitas e despesas da empresa em
determinado período, que resulta em aumento ou redução do
patrimônio líquido. Ela deve ser apresentada de forma dedutiva, isto é,
inicia-se com a Receita Operacional Bruta e dela deduzem-se custos e
despesas, para que assim seja apurado o resultado.

A DRE, por convenção, é disposta por


ordem de dedutibilidade. O que significa
que, sua estrutura de montagem inicia-se
dos valores de vendas, dos quais vão
sendo deduzidos seus custos e despesas,
para assim haver a devida apuração do
resultado.
UNIDADE VI
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Ao discriminar as diversas contas que formaram o lucro ou


prejuízo do período, a DRE aponta para a análise e a estatística da
empresa como as estratégias, as medidas e as metas de todos os níveis
organizacionais contribuíram para a criação de valor para os acionistas
ou proprietários, possibilitando que a administração ressalte as
estratégias acertivas e corrija as que não tragam resultados.

A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE pode ser


resumida conforme quadro a seguir:
UNIDADE VI
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6.13. Análise e Interpretação das


Demonstrações Contábeis
A análise das Demonstrações Financeiras é uma ferramenta que
representa um dos segmentos mais importantes do estudo da
administração financeira. Ela desperta interesse não só na gestão
interna de uma empresa, mas também em todos os segmentos do
mercado contemplado pelos mais variados analistas e seus objetivos.
Quando o gestor interno lança mão das análises financeiras em
seus demonstrativos, este busca basicamente avaliar o desempenho
geral de seu negócio, identificando retrospectivamente os resultados
obtidos pelas decisões tomadas no passado. Este gestor, tem sua
atividade de análise simplificada e dinâmica, tendo em vista a facilidade
de acesso à todas informações que originam o dado analisado.
Já o analista externo, quando inicia uma análise desse tipo, tem
como objetivo resultados mais específicos, ou seja, busca apurar
resultados que embasem decisões voltadas para o seu segmento, seja
ele de investidor ou de credor. É o caso por exemplo de um indivíduo
que investe em ações ou um banco que está sendo consultado para
liberar uma linha de crédito. Este analista não encontra as mesmas
facilidades que um gestor interno, uma vez que enfrenta determinadas
limitações de informações, tendo em vista que realiza seu trabalho,
galgado apenas nos demonstrativos que são publicados, mesmo com a
grande abrangência de informações disponíveis.

Mas se o acesso às informações é um pouco


diferente para o usuário interno e para o usuário
externo, podemos dizer que as conclusões e os
objetivos das análises podem satisfazer mais a um
do que a outro?

Evidentemente que, independente da quantidade de


informações que cada usuário dispõe para a realização de seu trabalho,
ambos irão atingir seus objetivos. Isto se dá pois, a análise das
demonstrações financeiras visam apontar o desempenho econômico e
financeiro da empresa analisada, com base em números já realizados,
UNIDADE VI
p á g i n a | 92

com o intuito de se obter diagnósticos do passado e seu


posicionamento atual, fazendo com que haja a possibilidade e o
suporte para a definição de tendências futuras. Acima de tudo, busca-
se avaliar as consequências sobre o resultado, a liquidez, o
endividamento e a estrutura patrimonial, de decisões aplicadas no
passado e o que isso pode interferir no andamento futuro do negócio.
Desta forma, cada usuário busca focar sua análise no segmento que
mais lhe traga respostas a seus anseios.

Ao montar um estudo sobre determinada


empresa, não basta que o analista em questão
conheça todas as metodologias de análises
disponíveis pelos estudiosos, mas sim, o importante
é que este saiba combinar indicadores que lhe
tragam respostas confiáveis sobre a informação que
deseja analisar.

Várias técnicas de análise são desenvolvidas para facilitar o


trabalho dos analistas que buscam interpretar as informações
financeiras. Entretanto, a utilização de índices é a forma mais comum e
mais utilizada no mercado.
Mesmo tratando-se da prática mais comum, algumas
precauções são válidas na aplicação desta análise. Inicialmente, aponta-
se que um simples índice, isolado de outros complementares ou que
ilustrem a causa de seu comportamento, não fornece elementos
suficientes para uma conclusão satisfatória. Um índice isolado, na
realidade, dificilmente contribui com informações relevantes para o
analista. É importante ressaltar ainda que, mesmo que se tenha
mensurado um conjunto de índices complementares, é necessário
efetuar uma comparação temporal e setorial. A comparação temporal
envolve conhecer a evolução desses indicadores nos últimos anos
como forma de se avaliar, de maneira dinâmica, o desempenho da
empresa e as tendências que servem de base para o estudo
prospectivo. Já a comparação setorial é desenvolvida por meio de um
confronto dos resultados da empresa em análise com os de seus
principais concorrentes e, também, com as médias de mercado e de
UNIDADE VI
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seu setor de atividade. Para esse estudo são utilizadas, normalmente,


como fontes de informações, as principais publicações de índices
setoriais disponíveis.

O grande benefício gerado pela análise


através de índices é a possibilidade de se comparar
empresas de portes diferentes. Empresas que
faturam milhões podem ter seu desempenho
comparado ao de empresas que faturam bem
menos ou bem mais. Isto é possível pois os índices
nos possibilitam a análise relativa dos números.

Como já dito, o enfoque segundo o qual a análise é


desenvolvida pode variar conforme a necessidade e o interesse do
analista. Por exemplo, o administrador da empresa, ao medir
periodicamente seus resultados, procura avaliar, na realidade, o
impacto determinado pelas decisões financeiras sobre o desempenho
global da empresa. Em princípio, está interessado igualmente em todos
os seus aspectos econômico e financeiro, sem atribuir relevância maior
ou menor a qualquer deles.
Já os acionistas ou os interessados em investir nas ações da
empresa, têm o objetivo central da análise voltado sobre seus lucros
líquidos e desempenho de suas ações no mercado e seus dividendos.
Por outro lado, os atuais e os futuros credores, buscam focar suas
análises para a capacidade que a empresa apresenta de liquidar seus
compromissos, não deixando de lado é claro, a preocupação com os
resultados econômicos obtidos e a capacidade de continuidade da
empresa.
Os dados básicos para a análise do desempenho econômico e
financeiro, que será desenvolvida adiante, baseiam-se nos diversos
valores e rubricas constantes das demonstrações financeiras,
normalmente levantadas pelas empresas. Com bases nestas
informações, que em determinados momentos podem ser
complementadas por índices agregados de mercado, são aplicados os
vários critérios de análise, buscando obter conclusões sobre o
desempenho retrospectivo, do presente e do futuro da empresa.
UNIDADE VI
p á g i n a | 94

Quando falamos de analistas internos e externos estamos nos


referindo a quem? Podemos ilustrar como principais usuários e seus
respectivos objetivos:

6.14. Análise vertical ou de estrutura


A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura,
tem em sua essência a avaliação da proporção de cada componente
em relação ao total de qual faz parte. Busca facilitar a avaliação da
estrutura do Ativo e do Passivo, no Balanço Patrimonial, bem como a
participação de cada item da Demonstração de Resultados do
Exercício na formação do lucro ou do prejuízo.
A análise vertical irá apontar, por exemplo, qual a participação
das Duplicatas a Receber no Total do Ativo; qual a participação dos
Empréstimos Bancários no Total do Passivo ou qual a relação dos
Custos dos Produtos Vendidos sobre a Receita Líquida de Vendas.

6.15. Análise vertical do balanço patrimonial


Ao realizarmos uma Análise Vertical do Balanço Patrimonial,
estamos evidenciando a participação de cada item em relação ao seu
total. Ou seja, ao analisarmos o Passivo e o Patrimônio Líquido
obteremos a composição detalhada, em percentuais, dos recursos
UNIDADE VI
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tomados pela empresa, evidenciando qual a participação dos capitais


próprios e dos capitais de terceiros, de curto e de longo prazo em
relação ao total das fontes financiadoras. Já ao analisarmos o Ativo,
estaremos evidenciando detalhadamente e em termos percentuais,
quanto dos recursos obtidos estão aplicados em Ativo Circulante, Ativo
Realizável a Longo Prazo e Ativo Permanente.
A seguir podemos verificar a metodologia da Análise Vertical do
Balanço Patrimonial:

 O cálculo da participação relativa dos itens do


Ativo e do Passivo é feito dividindo-se o valor de
cada item pelo valor total do Ativo e do Passivo
respectivamente e, multiplicando-se por 100 para
conversão em percentual. Ressalta-se que a soma
dos percentuais encontrados no cálculo dos valores
do Ativo, devem sempre totalizar 100%. O mesmo
se aplica para o Passivo.

Segue abaixo exemplo de uma Análise Vertical do Balanço


Patrimonial:
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Após efetuarmos os cálculos, que conclusões podemos tirar dos


números obtidos? Como podemos interpretar tais resultados?
Tendo em vista os percentuais obtidos, podemos verificar
pequenas alterações na estrutura patrimonial do balanço em questão.
Percebemos que o Ativo Circulante que em X-1 representava 66%
sofreu leve redução, registrando 64,4% em X-2. O item que mais
contribuiu para a queda da concentração de recursos no Ativo
Circulante é o Disponível, o qual representava 22,5% do total dos
recursos aplicados, passando para os atuais 16,1%. Isto significa que a
empresa possui no momento menos recursos disponíveis para giro em
seu negócio.
Em relação aos ativos não circulantes, observamos que o Ativo
Realizável a Longo Prazo, embora este não apresente grande peso na
estrutura patrimonial, sofreu pequena variação, passando dos antigos
0,6% para os atuais 1,3% em X- 2. Essa variação sinaliza que a empresa,
entre outros fatores, pode estar estendendo muito seu prazo de
recebimento das vendas, o que pode gerar problemas de caixa caso a
tendência se mantenha. Já em relação ao Ativo Permanente, que
passou dos 33,4% em X-1 para os atuais 34,3% em X-2, sinaliza que a
empresa vem efetuando investimento de recursos em Ativos Fixos,
com o intuito de manter e até aumentar sua capacidade produtiva.
As análises feitas sobre o Ativo, nos permitem entender como a
empresa aplica os recursos que dispõe para a manutenção de sua
atividade.
Já em relação ao Passivo, ao observarmos o Passivo Circulante,
verificamos que este apresentou um leve aumento de X-1 para X-2,
passando dos 33,6% para os atuais 35,1%, mostrando que do total das
fontes de financiamento (origens de recursos) 35,1% tem vencimentos
de curto prazo. No Passivo Exigível a Longo Prazo, o qual constituía
12,4% das fontes de financiamentos, este aumenta no último período
para 21%. Isto mostra que a empresa tem buscado se financiar cada vez
mais com linhas de crédito e financiamentos de longo prazo.
A soma do Passivo Circulante e do Passivo Exigível a Longo
Prazo totaliza os Capitais de Terceiros dentro da empresa. Desta forma,
podemos afirmar que a empresa em questão, passou a financiar suas
operações em X-2 com 56,1% de Capital de Terceiros.
UNIDADE VI
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A participação do Patrimônio Líquido nas fontes financiadoras,


que era de 54%, diminuiu para 43,9%. Os itens mais significativos que
alteraram sua composição são: Reservas de Lucros de 15,7% caiu para
10,3% e os Lucros Acumulados que era de 6,5%, passou para 2,2%.
Inicialmente, podemos deduzir que a empresa apresentou prejuízo na
operação do ano de X-2.
Ao analisarmos a estrutura do Passivo, podemos evidenciar
como a empresa se financia. Quais são suas fontes de financiamento e
quais os perfis de dívida esta empresa apresenta.
A Análise Vertical do Balanço possibilita assim, que o analista
identifique decisões de aplicações e financiamentos que os
administradores da empresa vem tomando, de forma a diagnosticar
determinadas tendências e resultados.

6.16. Análise vertical da demonstração de


resultado do exercício
Tendo em vista que a DRE registra os esforços (gastos)
realizados para a efetivação das receitas, com o intuito de apurar o
resultado da operação, podemos dizer que a análise vertical realizada
neste demonstrativo, nos auxilia a evidenciar a estrutura de custos e
despesas em relação à receita.
Esta análise propicia o aspecto da avaliação de lucratividade do
negócio, levando sempre em consideração como parâmetro
comparativo a Receita Operacional Líquida.
A importância da análise ser feita com base na Receita
Operacional Líquida se dá pois, como esta é obtida após a dedução
dos impostos, devoluções e abatimentos, trata-se do recurso que
realmente pertence à empresa. Desta forma, ao analisarmos os fatores
que compuseram o resultado com base nesta receita, podemos ter
uma conclusão mais apurada dos esforços realizados na operação.
Neste caso a Receita Operacional Líquida assumem base 100% e, todos
os demais itens têm seu percentual calculado com base nestas receitas.
A seguir podemos verificar um modelo que apresenta a
metodologia da Análise Vertical da DRE:
UNIDADE VI
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 O cálculo do percentual de participação


relativa dos itens da DRE é feito dividindo-se cada
item pelo valor da Receita Líquida, que é
considerada como base, multiplicando-se o
resultado por 100%.
UNIDADE VI
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Segue abaixo exemplo de uma Análise Vertical do DRE:

Como já dito anteriormente, a análise vertical realizada na DRE,


busca apresentar a estrutura de custos e despesas na formação do
resultado final. Desta forma, podemos realizar algumas conclusões:
Verifica-se uma grande alteração na composição dos Custos de
Produtos Vendidos. Estes custos em X-1 eram de 44,5%, passando no
período seguinte para 62,4%, ressaltando que estes percentuais
UNIDADE VI
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correspondem às Receitas Operacionais Líquidas. Isto indica que em


algum momento, a empresa pode ter tido variações consideráveis de
preço dos componentes de seus custos. Como consequência, observa-
se uma redução no lucro bruto dos 55,5% em X-1 para 37,6% em X-2.
Em contrapartida, as despesas com vendas, administrativas, financeiras
e outras despesas operacionais sofreram uma pequena queda em sua
participação. Entretanto, essa melhora nas despesas não foram
suficientes para a empresa alcançar um resultado satisfatório em X-2.
No ano de X-1, 14,2% das Receitas Operacionais Líquidas eram
transformadas em Lucro Líquido, sendo que, 85,8% destas receitas
eram utilizadas para a cobertura de custos e despesas (100% - 14,2% =
85,8%). Já no exercício de X-2, devido ao aumento considerável dos
Custos de Produtos Vendidos, houve a necessidade de utilização de um
percentual maior desta receita para a cobertura destes custos e
despesas, o que acarretou no final da apuração do resultado em um
prejuízo líquido de (0,4%).
Como pudemos observar, a análise vertical do DRE permite que
o analista identifique com agilidade e segurança, qual componente de
sua operação está onerando mais a receita e conseqüentemente,
prejudicando o resultado. Com isso, fica mais fácil analisar
profundamente o item em questão, fazendo com que a decisão a ser
tomada seja mais efetiva trazendo assim, maiores benefícios à
operação.

6.17. Análise horizontal ou de evolução


A análise horizontal ou de evolução tem como finalidade
apontar a evolução ou involução de itens das demonstrações contábeis
através de períodos, ou seja, aponta o aumento ou a diminuição de
valores monetários de cada item através de períodos regulares de
tempo.
A análise horizontal irá evidenciar, por exemplo, qual item do
Balanço Patrimonial ou da DRE sofreram grandes variações de um
período para o outro. É importante ressaltar que, ao compararmos
demonstrativos de dois períodos diferentes, estes devem compreender
períodos semelhantes. Ex.: balanço anual com balanço anual, DRE
UNIDADE VI
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mensal com DRE mensal, balanço trimestral com balanço trimestral,


DRE semestral com DRE semestral, etc.
Ao realizar uma análise horizontal em determinado
demonstrativo, tendo em vista que esta análise envolve relatórios de
períodos diferentes, o analista deve se atentar para a questão de
períodos inflacionários. Caso determinado período tenha sofrido com
efeitos inflacionários que possam distorcer a análise, o usuário deverá
expurgar a referente inflação. Existem algumas formas de se expurgar a
inflação que afeta a análise entre períodos. Normalmente pode-se
converter todos os valores à moeda de uma mesma data,
deflacionando-os para a moeda do período-base. Para converter os
valores da demonstração para a moeda do período-base, basta
multiplicar a demonstração que se quer deflacionar por um fator obtido
através da divisão do Índice Geral de Preços (IGP), da data do período-
base, pelo IGP do período da demonstração que se quer deflacionar.
Pode-se ainda, utilizar qualquer outro índice ou moeda estrangeira que
melhor se enquadre e/ou reflita a situação da empresa. Entretanto, esta
prática tornava-se necessária antes da estabilidade da economia
brasileira, onde períodos com grandes impactos inflacionários eram
comuns. Hoje em dia, as taxas mínimas de inflação permitem que as
análises horizontais não sofram influência das mesmas. Para nosso
estudo, utilizaremos sempre demonstrativos levando em consideração
a não ocorrência de períodos inflacionários.
Por fim, a análise horizontal tem por objetivos mostrar a
evolução de cada conta das demonstrações financeiras, fazendo com
que a comparação entre si, permita a emissão de conclusões sobre a
evolução da empresa.

6.18. Análise horizontal do balanço patrimonial


A análise horizontal no Balanço Patrimonial busca apresentar
aumentos ou diminuições dos componentes patrimoniais entre os
períodos eleitos para verificação. Para seu cálculo faz-se necessário
que se tome por base um determinado período, o qual será o ponto de
partida. Os dados referentes aos outros períodos a serem comparados,
serão definidos como evoluções ou involuções do período base.
UNIDADE VI
p á g i n a | 103

Calcula-se a variação de um período a outro, dividindo-se o


último período pelo imediatamente anterior.

Ativo Circulante em X-1 = $ 1.500


Ativo Circulante em X-2 = $ 3.000
Análise Horizontal do Ativo Circulante:
Divide-se 3.000 por 1.500 menos 1 vezes 100
((3000 / 1500) – 1 ) x 100 = 100%

A principal contribuição desta análise é permitir que haja


identificação da tendência passada e futura de cada valor observado,
tendo em vista que na maioria das vezes, determinado número da
empresa está afetado por um momento específico, o qual poderá ainda
refletir em períodos futuros.
O modelo abaixo nos permite verificar a Análise Horizontal do
Balanço
Patrimonial:

Segue abaixo um exemplo de análise horizontal do balanço


patrimonial, bem como sua interpretação:
UNIDADE VI
p á g i n a | 104

Com base nesta análise, podemos observar a existência de uma


deterioração na capacidade de pagamento de curto prazo da empresa,
tendo em vista que se torna evidente um crescimento do Passivo
Circulante, de 25,4%, enquanto o Ativo Circulante registrou aumento de
17,9%. Isso quer dizer que a empresa está caminhando para ter mais
obrigações vencidas no curto prazo, do que direitos a realizar no
mesmo período. Caso não haja inversão e a tendência continue, esta
empresa apresentará desencaixe de recursos para honrar seus
compromissos de curto prazo.
UNIDADE VI
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Embora apresente pequena participação na estrutura


patrimonial, o Ativo Realizável a longo prazo cresceu cerca de 165,5%.
Já o Passivo Exigível a longo prazo registrou aumento de 106,4%,
puxado basicamente pelos Empréstimos e Financiamentos de Longo
Prazo, que cresceram 115,6% durante os períodos analisados. Em
princípio a empresa deve atentar para o aumento expressivo do
Realizável a longo prazo. Se este se mantiver constante, poderá causar
problemas de liquidez de curto prazo, uma vez que demonstra a
concentração de recebíveis com prazos maiores. Por outro lado, o
crescimento registrado no Exigível a longo prazo, especificadamente
na conta Empréstimos e Financiamentos, demonstra que a empresa já
vem tomando providências para melhorar sua liquidez de curto prazo e
possivelmente deve estar trocando obrigações de curto prazo por
obrigações de longo prazo.
Ainda em relação ao Ativo, podemos identificar a preocupação
da empresa com a manutenção de sua capacidade produtiva, uma vez
que registrou aumento de investimentos no Ativo Permanente na
ordem de 24,0%.
Podemos observar também que o Patrimônio Líquido da
empresa recuou cerca de 1,7%, basicamente influenciado pela conta de
Lucros e Prejuízos Acumulados que registrou diminuição da ordem de
59,1%, tendo em vista a apuração de prejuízo no exercício. Esta
retração no PL, fez com que a empresa buscasse fontes passivas de
terceiros para o financiamento de seus ativos (conforme já falado o
Passivo Circulante e o Exigível a Longo Prazo cresceram). Como
resultado desta política de financiamento, existe um maior risco
financeiro para a empresa.

6.19. Análise horizontal da demonstração do


resultado do exercício
A análise horizontal na DRE permite a visualização do
crescimento ou decréscimo de cada item da demonstração. Neste
caso, efetuamos a análise dos itens dentre os períodos eleitos e
tomamos a variação encontrada na Receita Operacional Líquida como
base de comparação. Os itens de custo e despesa que apresentarem
UNIDADE VI
p á g i n a | 106

crescimento proporcional maior que o registrado na Receita


Operacional Líquida, demandará maior atenção e estudos mais
aprofundados, tendo em vista que podem passar a comprometer o
resultado do negócio. Já os que apresentarem crescimento
proporcional inferior, ou até mesmo retração, em princípio
caracterizam itens sob controle.

O modelo a seguir, ilustra a análise horizontal da DRE:


UNIDADE VI
p á g i n a | 107

Segue abaixo um exemplo de análise horizontal da DRE, bem


como sua interpretação:

Ao analisarmos a DRE em X-1 e X-2, podemos verificar que a


Receita Operacional Líquida sofreu um crescimento da ordem de
49,0%. Entretanto, os gastos diretos, ou seja, o Custo dos Produtos
Vendidos mais que dobraram no mesmo período, apresentando um
crescimento de 108,9%. Este vertiginoso crescimento, aliado ao
crescimento das Despesas com Vendas e Despesas Administrativas,
33,3% e 38,6%, respectivamente, foram os principais responsáveis para
que o resultado final sofresse um decréscimo de 103,3%. Isto demonstra
que a empresa vem perdendo eficiência em sua operação, uma vez que
UNIDADE VI
p á g i n a | 108

vem aumentando seu dispêndio proporcionalmente mais do que suas


vendas. Neste caso, faz-se necessária uma análise mais minuciosa da
composição dos Custos dos Produtos Vendidos, das Despesas com
Vendas e das Despesas Administrativas. A partir daí, identificando qual
é a principal causa da variação destas contas, pode-se tomar uma
decisão visando recuperar a eficiência operacional do negócio.

Exercícios

Com base nos conceitos aprendidos até então, vamos realizar


os seguintes exercícios:
1) No que consiste a Análise Vertical?
2) No que consiste a Análise Horizontal?
3) Com base nas Demonstrações Financeiras abaixo, pede-se:
UNIDADE VI
p á g i n a | 109

a) Faça a análise Vertical e Horizontal dos períodos.


b) Emita um relatório único, comentando os resultados das
análises.
c) Com base no Balanço Patrimonial, aponte qual o valor em
$ dos Capitais de Terceiros na empresa.
d) Informe qual é o grupo de contas do Balanço Patrimonial
que representa as aplicações de recursos permanentes ou fixos,
para atender à manutenção das atividades econômicas da
empresa e qual o seu valor nos dois períodos.

6.20. Índices econômico-financeiros de análise


A técnica mais comum de análise dos demonstrativos
financeiros, empregada por analistas e usuários em geral, baseia-se na
apuração de índices econômico financeiros. Entende-se por índices a
relação entre contas ou grupos de contas dos demonstrativos
financeiros, que têm o objetivo de expor aspectos da situação
econômica e financeira de uma organização. Como já falamos
anteriormente, dentre a gama de índices existentes, o papel
fundamental do usuário é a estruturação de um portfólio de índices que
busque retratar da melhor maneira, a situação da empresa estudada de
forma a melhor atender ao seu objetivo.
UNIDADE VI
p á g i n a | 110

Para um melhor atendimento e compreensão do significado dos


indicadores econômico-financeiros, bem como para que haja uma
melhor metodologia de análise destes resultados, estes indicadores são
divididos em grupos que expressam a situação financeira e econômica
da empresa analisada. Os grupos são: Índices de Liquidez, Índices de
Endividamento e Estrutura de Capitais e os Índices de Rentabilidade.

A figura abaixo ilustra o que cada indicador busca expressar.

Sempre que os indicadores detectarem problemas de liquidez,


rentabilidade ou de estrutura, cabe à administração da empresa
promover medidas de ajustamento para que realinhe as ações às reais
necessidades, buscando assim o melhor funcionamento operacional e
de financiamento da companhia. Desta forma, a análise financeira por
intermédio dos indicadores, objetiva detectar situações e verificar
tendências de acontecimentos, dando subsídios para que a
administração da companhia efetue esforços corretivos, conforme
necessidade.

6.21. Índices de liquidez


Os índices de Liquidez buscam apontar a capacidade de
pagamento da empresa, ou seja, a folga financeira que esta possui o
UNIDADE VI
p á g i n a | 111

que possibilita ou não o devido cumprimento de suas obrigações


passivas acumuladas.

Mas como os indicadores de Liquidez


podem evidenciar a capacidade de pagamento
de uma empresa? Qual a relação realizada que
permite tal conclusão?

Basicamente, todos os índices de liquidez apuram a relação


entre os ativos e os passivos. Normalmente, são relacionados os bens e
direitos à curto e longo prazo com as obrigações de curto e de longo
prazo, cada índice à sua maneira. Com isso, ao relacionar o que a
empresa tem a realizar (receber) com o que ela tem de exigível (a
pagar), é possível a obtenção de um índice relativo que proporciona
evidenciar se, no período analisado, a empresa possui capacidade de
honrar seus compromissos com terceiros.
Vale ressaltar, que esta análise apresenta a posição de liquidez
estática da empresa, ou seja, reflete a situação de momento não
evidenciando a magnitude e a época em que ocorrerão as entradas e
saídas de recursos, bem como não reflete ainda, se a empresa está ou
não pagando e recebendo em dia.

6.22. Índice de liquidez corrente – ILC


Fórmula:

O índice de Liquidez Corrente, tendo em vista que relaciona o


Ativo Circulante com o Passivo Circulante, evidencia qual a capacidade
de pagamento de curto prazo da empresa com seus ativos de curto
prazo, ou seja, o que está vencendo no curto prazo com que ela tem a
receber de curto prazo. Para interpretação, o resultado deste indicador
UNIDADE VI
p á g i n a | 112

deve ser sempre igual ou acima que 1,00, sendo que, quanto maior
melhor.

6.23. Índice de Liquidez seca – ILS

O índice de Liquidez Seca busca medir a capacidade de


pagamento da empresa de curto prazo, levando em consideração
somente ativa de rápida conversibilidade em dinheiro.
Ao excluirmos do Ativo Circulante os Estoques, que
teoricamente devem ser primeiramente vendidos e as Despesas
Antecipadas, que é um ítem que não se converte em dinheiro, restam
no Ativo Circulante, basicamente, os valores em Caixa, Banco,
Aplicações Financeiras e Duplicatas a Receber. Trata-se de itens ou já
convertidos em dinheiro ou de fácil conversão, caso haja necessidade.
No caso das Duplicatas a Receber, caso haja necessidade da empresa,
podem ser descontadas em banco, conforme disponibilidade de limite
de crédito.
Este indicador evidencia quanto a empresa possui de Ativos de
rápida conversibilidade para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo. Para
interpretação, o resultado deste indicador deve ser o quanto maior
melhor.

6.24. Índice de Liquidez imediata– ILI


UNIDADE VI
p á g i n a | 113

O índice de Liquidez Imediata mede a capacidade de


pagamento da empresa no curto prazo, levando em consideração
somente ativos disponíveis.

O quê podemos considerar como ativos


disponíveis?

Consideram-se ativos disponíveis, aqueles já convertidos em


dinheiro e que estão à disposição da empresa para utilização. O
disponível de uma empresa é composto pelas contas: Caixa + Bancos +
Aplicações Financeiras de curto prazo.
Este indicador apontará quanto a empresa possui de maneira
imediata para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo. Em sua
interpretação, dizemos que quanto maior ele for, melhor.

6.25. Índice de liquidez geral –ILG

O índice de Liquidez Geral, mede a capacidade total de


pagamento da empresa. Isto se dá pois, leva em consideração todos os
bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo, em relação à todas
obrigações com terceiros, exigíveis a curto e longo prazo. Ou seja,
quanto a empresa possui de Ativo Circulante e Realizável a Longo
Prazo, para cada $ 1,00 de Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo.
Para sua interpretação, devemos considerar que quanto maior for seu
resultado, melhor.
O índice de Liquidez Geral retrata a saúde financeira de longo
prazo da empresa.
UNIDADE VI
p á g i n a | 114

6.26. Índices de endividamento e estrutura de


capitais
Estes índices são utilizados basicamente para medir a
composição / estrutura das fontes passivas de recursos de uma
empresa. Ao serem analisados, possibilitam a verificação de como a
empresa está se financiando, como são utilizados os recursos de
terceiros e qual a relação deste capital frente aos capitais próprios.
Além disso, fornecem ainda, elementos para avaliação do grau de
comprometimento financeiro perante os credores.
Este grupo de índices revela as grandes linhas de decisões
financeiras, no que tange a obtenção e a aplicação de recursos na
empresa.

6.27. Participação de capitais de terceiros – PCT

O índice de Participação de Capitais de Terceiros mede quanto


a empresa tomou de Capitais de Terceiros para cada $ 1,00 de Capital
Próprio investido. Em outras palavras, este indicador aponta quanto a
empresa possui de capital próprio para garantir as dívidas contratadas
com terceiros, para giro e/ou financiamentos. Neste sentido, o
interessante para a empresa é que quanto menor for seu resultado,
melhor.
A soma do Passivo Circulante e do
Passivo Exigível a Longo Prazo, também é
conhecida como o Exigível Total da empresa,
uma vez que totaliza o valor dos Capitais de
Terceiros que a financia.

O índice PCT retrata o Grau de Endividamento da empresa, uma


vez que relaciona as duas principais fontes de recursos da mesma:
UNIDADE VI
p á g i n a | 115

Capital Próprio e Capital de Terceiros. Por ele, o analista consegue


mensurar o grau de risco e a dependência a capital de terceiros que a
empresa tem.
Quando analisamos pela ótica financeira, que é o que este
indicador se propõe a fazer, dizemos que quanto menor for o PCT
melhor é, tendo em vista que, quanto menor for o indicador, menor é o
grau de dependência a capitais de terceiros da empresa.

Daí deixamos um questionamento: Não é


interessante para uma empresa trabalhar com
um grau elevado de capital de terceiros?

Do ponto de vista dos lucros, é interessante que uma empresa


trabalhe com capitais de terceiros, desde que a remuneração paga a
estes capitais sejam inferiores ao lucro obtido em sua operação. Ou
seja, sempre que uma empresa conseguir trabalhar com outros capitais,
fazendo com que este renda acima do custo de sua obtenção, ela
estará alavancando sua operação e gerando riqueza. Entretanto, existe
o risco da dependência elevada a estes capitais, o que pode levar a
problemas de solvência, porém este risco deve ser analisado de forma
a atingir o equilíbrio ótimo entre a utilização do capital próprio e do
capital de terceiros, e é esta análise que o índice PCT proporciona.
É preciso salientar que nível de dependência para capitais de
terceiro e grau de endividamento varia muito de empresa para
empresa. Tem empresa que administra bem um alto grau de
endividamento e tem empresa que não consegue ter bons resultados
com isso. O objetivo de analisar por intermédio de índices é definir
padrões gerais de análises sobre o endividamento. Vale ressaltar
algumas variáveis que são fundamentais na definição da capacidade de
endividamento empresarial:

 Geração de Recursos – é um fator


primordial. Como já dito, a empresa que
consegue trabalhar o capital de terceiros, de
forma a fazer com que este gere resultados
superiores ao custo de sua obtenção e assim
UNIDADE VI
p á g i n a | 116

tenha capacidade de amortizar suas dívidas,


tem uma maior capacidade de endividamento.

 Liquidez – caso a empresa tome capitais


de terceiros para investir em seu giro
operacional, tendo por outro lado uma boa
quantia de capital próprio então esta terá um
efeito negativo sobre sua liquidez bem menor.
Entretanto, a empresa que imobiliza todo o seu
capital próprio e ainda utiliza parte dos capitais
de terceiros para imobilização, correrá grande
risco de insolvência.

 Renovação – toda empresa que


consegue renovar bem suas dívidas, ou seja,
sempre comprando a prazo e/ou renovando
empréstimos que estão vencendo por outras
linhas com maior prazo e menor custo, com
certeza não terá problemas de solvência. É a
velha máxima: “Dívida não se paga, se
administra.” Isto nada mais é do que trabalhar
bem com capitais de terceiros, com eficiência e
eficácia, pois daí pode depender a lucratividade
e a continuidade da empresa.

6.28. Composição do endividamento – CE

O índice de composição do endividamento busca medir qual o


percentual de dívidas de curto prazo a empresa possui, frente ao seu
total de dívidas com terceiros. Em sua interpretação, dizemos que
quanto menor for este percentual, melhor é para a empresa. Isto se dá,
UNIDADE VI
p á g i n a | 117

pois, indica que suas dívidas estão com prazos de vencimento bem
dilatados.
Visto que já conhecemos o grau de participação de capital de
terceiros e a relação de capitais de terceiros, o próximo passo é
conhecer a composição deste capital de terceiros. As dívidas de curto
prazo impõem uma necessidade mais imediata de se gerar recursos
para o seu pagamento. Por outro lado, para fazer frente às dívidas que
vencerão em longo prazo, a empresa disporá de mais tempo para gerar
os recursos (lucros) para pagá-las.

6.29. Imobilização do patrimônio líquido – IPL

Este índice tem por finalidade indicar quanto a empresa investiu


no Ativo Permanente para cada $ 100 do Patrimônio Líquido. Em sua
interpretação, podemos dizer que quanto menor for o seu resultado
melhor é para a empresa.
Quanto mais a empresa investir no Ativo
Permanente, menos recursos sobrarão para se
investir no circulante e no realizável a longo
prazo, fazendo aumentar sua dependência por
capitais de terceiros para financiamento de seu
giro operacional.

6.30. Índices de rentabilidade


Este grupo de indicadores tem a finalidade de avaliar os
resultados obtidos pela empresa que estará sendo analisada. Esta
avaliação se faz baseada em determinados parâmetros que melhor
possibilitem a revelação das dimensões do resultado.
Sempre em que uma análise de resultado é feita somente
baseada em números absolutos, falsas interpretações podem ocorrer. A
UNIDADE VI
p á g i n a | 118

partir do momento em que se analisa o resultado auferido pela


empresa, através de números relativos, levando em consideração os
esforços destinados para a obtenção do resultado ou até mesmo o
potencial econômico existente, pode-se tirar conclusões de que se
realmente a empresa está atingindo seus objetivos.

Vale ressaltar que os analistas em geral dispensam grande


atenção de sua análise aos Índices de Rentabilidade, tendo em vista
que estes exercem grande influência sobre a tomada de decisão, no
que tange o mercado financeiro e/ou acionário.

6.31. Giro do ativo – GA

Este indicador tem como objetivo apontar quanto a empresa


obteve de receita operacional líquida para cada $ 1,00 de investimento
total no Ativo. Tratando-se de rentabilidade, em sua interpretação,
temos que quanto maior for o resultado deste indicador, melhor será
para a empresa.
Na verdade, esse indicador busca mostrar a velocidade com que
o investimento total se transforma em volume de vendas. Sabemos que
as vendas representam o coração de uma empresa. Quanto mais
vendermos, quanto mais rápido for o ciclo operacional, mais
possibilidades teremos de incrementar a rentabilidade. Um dos
objetivos básicos das finanças é mostrar a maior produtividade do
UNIDADE VI
p á g i n a | 119

capital investido. O indicador fundamental da produtividade financeira


do capital investido é o giro do ativo.

6.32. Margem líquida – ML

Este indicador tem por finalidade apontar qual o lucro em


percentual a empresa obtém para cada unidade monetária de venda.
Ou seja, qual o percentual de lucratividade para cada $ 1,00 de vendas.
Em sua interpretação, dizemos que quanto maior for o resultado deste
índice, melhor será para a empresa.

6.33. Rentabilidade do ativo total – RAT

Índice que tem por objetivo apontar qual o lucro em percentual


a empresa obtém para cada unidade monetária de investimento total.
Ou seja, qual o percentual de lucratividade para cada $ 1,00 de
investimento no Ativo. Em sua interpretação, dizemos que quanto
maior for o resultado deste índice, melhor será para a empresa.

6.34. Rentabilidade do patrimônio líquido – RPL


UNIDADE VI
p á g i n a | 120

Da mesma maneira em que existe a necessidade de se conhecer


a rentabilidade do ativo, margem de lucro das vendas e o giro que o
ativo está realizando, os sócios, acionistas e administradores querem
conhecer qual o retorno o Patrimônio Líquido está oferecendo para a
empresa. Para isso, este indicador busca apresentar quanto a empresa
obtém de lucro, em percentual, para cada $ 100,00 de Capital Próprio
investido. Em sua interpretação, assim como os outros indicadores de
rentabilidade, quanto maior for seu resultado, melhor será para a
empresa.
Considerando que o Patrimônio Líquido
sofre alterações, devido ao pagamento de
dividendos e às integralizações de capital no
decorrer do ano, por uma questão de
simplicidade toma-se para cálculo o Patrimônio
Líquido Médio entre o Inicial e o Final. Contudo,
se o analista achar prudente fazer a média de
todos os balancetes mensais ou trimestrais
verificados no decorrer do período em análise,
isso seria uma decisão também aceita. Para
nossos cálculos, adotaremos o PL médio entre
o inicial e o final.

Este índice mede a rentabilidade do Capital Próprio em


percentuais, por isso, oferece uma medida muito interessante do ponto
de vista dos sócios.
O papel desse índice é mostrar qual a taxa de rendimento do
Capital Próprio. Essa taxa deve ser comparada com outros rendimentos
alternativos no mercado.

Exercício

Com base nos relatórios abaixo, calcule todos os Índices de


Liquidez, Endividamento e Estrutura de Capitais e os índices de
Rentabilidade, emitindo ao final um relatório com sua percepção sobre
a situação da empresa.
UNIDADE VI
p á g i n a | 121
UNIDADE VII
p á g i n a | 122

GESTÃO DE CUSTOS
UNIDADE VII
p á g i n a | 123

UNIDADE VII
Gestão de Custos
No atual cenário econômico a necessidade de se conhecer
profundamente a estrutura de custos da empresa, ter controle sobre os
mesmos e determinar de forma clara os custos é de vital importância
pelas suas próprias características:

 Não se sabe mais de onde vem a concorrência.


Hoje dormimos líderes de determinado
seguimento do mercado e acordamos com
uma concorrente ameaçando nossa empresa.
A globalização tornou a concorrência mais
apertada e mais dinâmica;
 Os preços passaram a serem leiloados na
internet. Muitas vezes, em uma loja perto de
nós, encontramos um produto que precisamos
e nos agrada. Contudo, podemos comprar
esse mesmo produto, com apenas alguns
“clicks”, com preços que chegam a 40% de
diferença e o mais interessante é que este
concorrente pode estar do outro lado do país
e mesmo assim, nos entrega o produto
desejado mais barato em nossa casa;
 O ciclo de vida de produtos é cada vez mais
curto. Quem nunca ouviu a seguinte frase:
“compramos essa geladeira quando casamos,
e estamos juntos há mais de vinte anos”. Os
produtos hoje são feitos para durarem pouco,
o que diminui o seu custo e
consequentemente, aumenta seu consumo.
 A estrutura de altos custos fixos requer um
investimento financeiro pesado de capital de
UNIDADE VII
p á g i n a | 124

giro que são captados no mercado financeiro


ou no bolso dos sócios. Empresas procuram
enxugar cada vez mais sua estrutura com o
intuito de diminuir sua estrutura de custos e
despesas fixos.
 Inversão de fixação de preços. Hoje, quem dita
os preços, na maioria dos casos, é o
consumidor, já que existem diversas fontes de
obter o que se procura. Os sistemas de custos
devem ser adequados para demonstrar onde
estão aplicados os recursos e auxiliar na
formação do preço de venda, contudo, nada
adianta se o preço praticado não atender esse
cliente que diz quanto quer pagar.

A apuração de custos surgiram em atendimento às


necessidades da administração nas organizações e, desde a época da
Revolução Industrial, vem sendo aperfeiçoada como parte do sistema
de informação gerencial das empresas.
O objetivo da implantação de um sistema de custo é:

 a avaliação dos estoques;


 alocação dos custos de produção;
 apuração dos custos dos produtos vendidos e
em estoque;
 controle operacional dos recursos consumidos
durante o período e;
 a apuração individual dos custos dos produtos.

A escolha de um método ou outro de custeio vai depender muito


do tipo de negócio de cada empresa, do seu perfil de administração e
principalmente do seu planejamento estratégico.
UNIDADE VII
p á g i n a | 125

7.1. Contabilidade de Custos – conceito, origem


e objetivos

7.1.1. Conceito
A Comissão de Conceitos e Padrões de Custo da Associação
Americana de Contabilidade definiu custos, genericamente, como:
Custo é a antecipação, medida em termos monetários, incorrida, ou
potencialmente a incorrer, para atingir um objetivo específico.
A contabilidade de custos é um instrumento de controle
dinâmico, pois acompanha os fatos internos da empresa, e funciona
como instrumento de tomada de decisões. Ela tem a função de gerar
informações precisas e rápidas para a administração, para a tomada de
decisões.
A contabilidade de custos planeja, classifica, aloca, acumula,
organiza, registra, analisa, interpreta e relata os custos dos produtos
fabricados e vendidos. Uma organização necessita ter uma
contabilidade de custos bem estruturada para acompanhar e atingir
seus objetivos em um mercado dinâmico e globalizado.
Portanto, podemos concluir que toda decisão da empresa
envolve em maior ou menor escala a variável custo.
Segundo Eliseu Martins, CUSTO é o gasto relativo à bem ou
serviço utilizado na produção de outros bens e serviços.

7.1.2. Origem
A contabilidade de custos teve sua origem ainda na Era
Mercantilista, antes da Revolução Industrial, tendo como sua principal
fonte a Contabilidade Financeira. O sistema de apuração dos custos
consistia em levantar os estoques no início do período, adicionando as
compras do mesmo período e deduzindo o que ainda restava em
estoque, valorizados pelo constante nas últimas notas de compras,
resultava portanto, o valor do custo com as mercadorias vendidas,
assim representados:
UNIDADE VII
p á g i n a | 126

Nessa época, as empresas viviam basicamente do comércio e


para obter o preço de compra dos bens bastava fazer uma consulta
nos documentos de aquisição – notas fiscais de compra.
Com o evento da revolução industrial, a contabilidade de custo
teve seu grande desenvolvimento, quando da necessidade de avaliar
estoques.

7.1.3. Objetivos
A contabilidade de custos tem por objetivos principais:

 Fornecimento de dados para apuração de


custos para o cálculo do preço de venda e
avaliação de estoques;
 Fornecimento de informações à administração
para o controle das operações e atividades da
empresa;
 Fornecimento de informações para
planejamento, orçamentos e tomadas de
decisões;
 Atendimento a exigências das normas
tributárias, societárias e contábeis.
UNIDADE VII
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7.2. Terminologias Aplicadas à Gestão de


Custos
Deste ponto em diante, utilizaremos alguns conceitos que serão
de suma importância para alocação dos valores.

 Gasto: sacrifício financeiro para a


obtenção de um produto ou serviço,
representado por entrega ou promessa de
entrega de ativos (dinheiro). Perceba que o
gasto pode ser ENTREGA ou PROMESSA DE
ENTREGA DE ATIVOS. Pode estar relacionado
tanto com um custo na produção quanto com
uma despesa administrativa ou financeira ou,
ainda, com as vendas e distribuição dos
produtos vendidos.

Obs.: O gasto implica em entrega de ativos, portanto


encargos, tais como depreciações, amortizações ou custo de
oportunidade não são gastos.
UNIDADE VII
p á g i n a | 128

 Investimento: Gasto ativado em função


de sua vida útil ou em função de benefícios
atribuíveis a futuro(s) período(s). Os
investimentos são, em sua maioria, as
aquisições para o imobilizado, como veículos,
máquinas e equipamentos, computadores, etc.

 Custo: Gasto relativo à bem CONSUMIDO


ou serviço UTILIZADO na produção de outros
bens e serviços.

 Despesa: Bem ou serviço consumidos


direta ou indiretamente para obtenção de
receitas. São itens que reduzem o Patrimônio
Líquido e que tem essa característica de
representar sacrifícios no processo de
obtenção de receitas. São bens ou serviços
consumidos para manter e administrar a
empresa, financiar a atividade, vender e
distribuir o produto vendido.

Podemos perceber que o conceito de CUSTO e DESPESA são


parecidos e pode causar confusão, então qual a diferença entre os
dois?
Custo é o gasto com a fabricação do produto (processo
produtivo). A parcela do custo que afetará o resultado é somente
aquela que foi incorporado no produto que foi vendido (CPV) e
Despesa é o gasto que não está relacionado ao processo produtivo.
São todos os demais fatores identificáveis com a administração, vendas
e distribuição, e encargos financeiros. A despesa afetará diretamente o
resultado do exercício em que foi consumida. Não incorpora o Custo
dos Produtos Fabricados no Período.

 Desembolso: Pagamento resultante da


aquisição (compra) do bem ou serviço. Pode
UNIDADE VII
p á g i n a | 129

ocorrer antes, durante ou após a entrada da


utilidade comprada. Perceba que no
desembolso existe a necessidade de ENTREGA
de ativo, o que diferencia do gasto. Portanto,
podemos ter ao mesmo tempo o GASTO e um
DESEMBOLSO.

Ex.1: Compra de papel sulfite para o escritório


com pagamento à vista. Neste momento, houve
um gasto e um desembolso, uma vez que tivemos
uma obtenção de produto com a entrega ou
promessa de entrega de ativos (neste caso,
dinheiro) e a efetiva entrega de ativos (dinheiro)
já que o pagamento foi à vista.

Ex.2: Compra de papel sulfite para o escritório


com o pagamento para 30 dias. Neste momento
houve somente um gasto, uma vez que tivemos
uma obtenção de produto com a promessa de
entrega de ativos (dinheiro) e não houve, ainda, a
entrega de ativos (dinheiro).

 Perda: Bem ou serviço consumidos de


forma anormal e involuntária. Podem ser
normais ou anormais. Um exemplo de perda
anormal é o incêndio. Ninguém constrói uma
empresa esperando que ela pegue fogo. Como
perda normal temos as deterioração ou perda
na produção, como por exemplo na fabricação
de pote de plástico. No primeiro momento
injeta-se o polipropileno na prensa e ao prensar
para moldar a peça ficam rebarbas de plástico.
Essas rebarbas são perdas previstas, portanto,
normais.
UNIDADE VII
p á g i n a | 130

Vamos praticar, classificando os itens abaixo em: GASTO (G),


INVESTIMENTO (I), CUSTO (C), DESPESA (D), DESEMBOLSO (DB) ou
PERDA (P), e justificar a classificação.
Uma empresa teve os seguintes fatos contábeis no mês de
março:

(G) (I) (C) (D) (DB) (P)

Compra de Matéria Prima

Material de Escritório setor


Administrativo

Consumo de Energia Elétrica –


mês Março

Pagamento Conta Água mês ref.


Fevereiro

Compra de Máquinas para a


fábrica

Depreciação de móveis e
utensílios

Compra de Matéria Prima e


Embalagens

Consumo de material de
escritório na fábrica

Embalagens consumidas na
produção
UNIDADE VII
p á g i n a | 131

Salários e encargos pessoal de


vendas

Pagamento aluguel prédio fábrica

Salários e encargos pessoal da


fábrica

7.3. Princípios contábeis relacionados a custos

Princípio da realização da Receita


“A receita é considerada realizada e, portanto, passível de
registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços
produzidos ou prestados pela Entidade ou pessoa física com a
anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de
pagamento especificado perante a Entidade produtora...”

Este princípio determina que a contabilidade deverá reconhecer


a receita em seu resultado somente no momento de sua realização. A
receita é considerada realizada, quando os produtos ou serviços
prestados pela empresa são transferidos para terceiros com a anuência
destes e mediante pagamento ou compromisso de pagamento
especificado.
Portanto, uma entidade somente reconhecerá que tem uma
receita quando de fato entregar o produto ao cliente. Vamos imaginar
a seguinte situação. Uma empresa que vende fogões efetuou uma
venda de Minas Gerais para uma empresa em São Paulo, com frete por
conta do vendedor (FOB), ou seja, o vendedor é responsável pela
mercadoria até a entrega no cliente. A nota fiscal foi emitida e a
UNIDADE VII
p á g i n a | 132

mercadoria embarcada no dia 03 com previsão de chegada no dia 05.


Muitos pensam que o fato de a nota fiscal ter sido emitida no dia 03 a
receita já teria que ser reconhecida. Imagine que o caminhão tenha
sofrido um acidente no dia 04 e a mercadoria ficou totalmente
destruída. Pergunta: De quem será cobrado o produto? Do cliente?
Não. O transporte do produto e a entrega correram por conta do
vendedor e não o comprador. Entenda que neste caso não houve a
transferência da mercadoria, portanto, ainda não houve a realização da
receita.
Às vezes o dia da emissão da nota fiscal coincide com
transferência da mercadoria ou a modalidade de venda permite que a
receita seja reconhecida no mesmo dia do embarque, por exemplo,
quando a venda é CIF, ou seja, o transporte e os riscos deste correm
por conta do adquirente. Neste caso a transferência de posse da
mercadoria já ocorreu. Qualquer dano no produto é de
responsabilidade do comprador.

Princípio da competência ou da confrontação


entre despesas e receitas

“Toda despesa diretamente delineável com as receitas


reconhecidas em determinado período, com as mesmas
deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos
(atuais ou futuros), realizados em determinado período e que
não puderam ser associados à receita do período nem às dos
períodos futuros, deverão ser descarregados como despesa do
período em que ocorrem...”

Este princípio determina que a despesa deverá ser reconhecida


no momento em que for consumida, independente de seu pagamento.
Segundo Eliseu Martins, as despesas podem ser separadas em dois
grandes grupos:
UNIDADE VII
p á g i n a | 133

 Despesas especificamente incorridas para


a consecução daquelas receitas que estão
sendo reconhecidas;

 Despesas incorridas para obtenção de


receitas genéricas, e não necessariamente
daquelas que agora estão sendo contabilizadas.

O primeiro grupo diz respeito às despesas referente ao total


gasto para aquisição ou produção de determinado produto. Estes
gastos somente serão considerados como despesas quando a receita
da venda deste produto for reconhecida.
Em linhas gerais, somente podemos considerar uma despesa
diretamente relacionada ao produto quando este for vendido.

Exemplo:
Uma fábrica de refrigerantes produziu, no mês
de março, 100.000 litros de refrigerante de Limão
em garrafas de 2 litros descartável. Para realizar
esta produção foram gastos matérias primas e
insumos, como, água, essência, açúcar, garrafa, etc.
Todo esse material foi consumido no mês de março,
contudo, não pode ser considerado como despesas,
nesse momento, porque eles estão diretamente
ligados ao produto/produção, e os mesmos ainda
não foram vendidos. Suponhamos que a empresa
realize a venda de toda essa produção no mês de
abril. Neste momento reconheceremos todo gasto
necessário para a fabricação ou obtenção do
produto. Em resumo, temos que reconhecer a
receita e posteriormente os gastos relativos
diretamente ao processo de obtenção dessas
mesmas receitas.

No segundo grupo temos as despesas que não conseguimos


mensurar seu valor no produto e não são específicas de determinada
UNIDADE VII
p á g i n a | 134

receita. Temos como exemplo, manutenção predial, de máquinas e


equipamentos, salários dos vendedores, propaganda e publicidade.

Seguindo o mesmo caso da indústria de


refrigerantes, suponhamos que a empresa tenha gasto
R$ 25.000,00 com manutenção da predial no mês de
abril. Este gasto não pode ser relacionado somente à
receita do mês de abril, uma vez que esta manutenção
irá permitir que o prédio esteja em condições de uso por
meses e meses, gerando outras receitas. Neste caso,
esses gastos serão descarregados como despesa no
período em que foi consumido.

Princípio do custo histórico como base de valor

“Os ativos são registrados pelos valores de entrada (histórico).


Ao somarmos os custos de fabricação de um determinado
bem, para estocá-lo no ativo ou para apurar o lucro na época
de sua baixa pela venda, todos os valores considerados
deverão ser os de aquisição ou de produção na época em que
foi elaborado.”

7.4. Classificação de custos


Podemos classificar os custos seguindo duas vertentes de
pensamento e análise.
A primeira vertente é a forma de associação dos custos aos
produtos elaborados ou serviços prestados.
De acordo com a forma de associação, os custos podem ser
Diretos e/ou Indiretos.
A segunda vertente a ser analisada é a variação dos custos em
relação à variação na quantidade produzida.
UNIDADE VII
p á g i n a | 135

De acordo com a variação, os custos podem ser Fixos e/ou


Variáveis.

7.5. Custos diretos e indiretos


7.5.1. Custos Diretos
Os custos diretos são aqueles que podem ser
apropriados diretamente a cada unidade ou lotes de
produto fabricado. É facilmente atribuível ao
produto que o consumiu. Exemplos: matérias
primas, materiais de embalagem e mão de obra dos
operários que manipulam diretamente o produto.
Não necessitam de rateio para serem apropriados
aos produtos fabricados, existem medidas objetivas
para medir seu consumo em cada produto, como
litros, quilos, horas trabalhadas, etc.

7.5.2. Custos Indiretos


Custos indiretos são todos os custos que não estão
vinculados diretamente ao produto, mas a toda
fábrica (a todo o conjunto do processo produtivo).
Pelas suas características, não podem ser
apropriados de forma direta aos produtos por não
oferecerem condição de uma medida objetiva, (são
chamados também de gastos gerais de fabricação
ou Overheads), pois são consumidos na fábrica e
não no produto. Exemplos: aluguel da fábrica,
depreciação e máquinas, seguros da fábrica,
manutenção da fábrica, administração da produção,
etc.

Para serem incorporados (apropriados) aos produtos fabricados


passam por um processo de rateio. Existe uma certa dificuldade de sua
atribuição aos produtos. A apropriação é estimada e muitas vezes
arbitrária.
UNIDADE VII
p á g i n a | 136

7.6. Custos fixos e variáveis

7.6.1. Custos variáveis


Os custos variáveis aumentam ou diminuem
na direta relação com o volume da produção,
exemplo: matérias primas e embalagens, e em
alguns casos a mão de obra direta.

Este custo aparece somente quando a empresa inicia o processo


de fabricação de seus produtos. Ele é fixo se analisada por unidade e
variável se analisado no total.

Quanto mais se produz, maior vai ser o volume consumido de


matéria prima, consequentemente, o custo variável total.

Seguindo os exemplos anteriores, nossa


indústria de refrigerantes produziu 100.000
litros. Suponhamos que o custo variável (água,
açúcar, garrafa e demais componentes)
totalizem $2,00 por unidade. Caso a produção
seja de 500 litros, nosso custo variável total
seria de $1.000 (500 litros x $2,00), se for de
1.000 litros, nosso custo total seria de $2.000
(1.000 litros x $2,00).
Percebam que quanto mais produzimos, maior será o custo
variável total. Contudo, independente da quantidade produzida, o
custo variável unitário será sempre $2,00. Por isso podemos dizer que
UNIDADE VII
p á g i n a | 137

o custo variável é fixo se analisado por unidade e variável se analisado


pelo total.

7.6.2. Custos fixos


Os custos fixos são indispensáveis ao
funcionamento da empresa, porém sem nenhuma
relação com o volume da produção, exemplo:
aluguel da fábrica, salários indiretos da fábrica,
manutenção de máquinas, assistência técnica da
fábrica, seguros, etc.

Como o próprio nome diz, esse custo é fixo e não varia de


acordo com a quantidade produzida, ou seja, independente da
quantidade produzida o custo fixo sempre será o mesmo. Vale ressaltar
que esse custo não se altera com o volume produzido até sua
capacidade total de produção. Quando a empresa atinge sua
capacidade total de produção e decide aumentar, isso requer novos
investimentos e novos gastos fixos.

O custo fixo é fixo quando analisado pelo total, mas é variável


se analisado pelas unidades produzidas. Quanto mais produzir, menor
será o custo por unidade.
UNIDADE VII
p á g i n a | 138

Seguindo os exemplos anteriores, nossa


indústria de refrigerantes produziu 100.000
litros e teve um custo fixo de $25.000. Com
base nesses dados podemos concluir que cada
litro absorve $0,25 ($25.000 / 100.000 litros)
de custo fixo. Suponhamos que o custo variável
(água, açúcar, garrafa e demais componentes)
totalizem $2,00, portanto, nosso refrigerante
custa $2,25 para ser produzido. Caso seja
produzido 125.000 litros, nosso custo seria de
$2,20, assim distribuídos: $2,00 de custo
variável e $0,20 de custo fixo ($25.000 /
125.000 litros)

Percebam que quanto mais produzimos, menor será a absorção


do custo fixo pelo produto. Por isso podemos dizer que o custo fixo é
variável quando analisado de forma unitária e fixo se analisado de
forma total.
Todo custo pode ser classificado como custo direto ou indireto
e fixo ou variável. Vamos analisar alguns custos e classificá-los como
direto ou indireto, fixo ou variável.
O gerente da área de custos levantou algumas informações sobre
os custos do mês.

Vamos analisar os casos:

 Matéria Prima e Embalagens: estes


gastos são de fácil identificação no produto,
pois se sabe o quanto é consumido para
fabricar cada produto, portanto é um custo
direto. Quanto mais a empresa produz, mais
matéria prima será consumida, portanto, trata-
se de um custo variável.

 Material de Consumo: geralmente são


peças de pequeno valor, lubrificantes,
UNIDADE VII
p á g i n a | 139

combustível e são de difícil associação ao


produto, portanto é um custo indireto. Se a
empresa aumentar ou diminuir sua produção,
dificilmente teremos um acréscimo ou
decréscimo nestes gastos, pois eles não são
proporcionais a quantidade produzida, sendo
assim, este custo é fixo.
 Energia Elétrica: a energia elétrica pode
ser alocada diretamente aos produtos caso a
empresa possua equipamentos de medição nas
máquinas para apontamento de consumo. Caso
contrário, dificilmente conseguiremos alocar o
custo de energia diretamente ao produto.
Neste exemplo, a empresa não dispõe de
equipamento adequado para medição e
alocação de custo, portanto, custo indireto. No
que diz respeito a ser variável ou fixo, temos
que analisar alguns detalhes. Geralmente o
consumo de energia não varia de forma
proporcional ao aumento de produção. Desta
forma a energia seria tratada como custo fixo.
Nos casos em que a empresa pode segregar o
consumo de energia por produto (através de
equipamentos de medição), neste sim
podemos classificar como variável.

 Mão de Obra: a mão de obra consumida


na fabrica pode ser dividida em dois grupos:
mão de obra direta e indireta. Geralmente a
mão de obra direta são dos funcionários na
linha de produção. Na maioria dos casos,
conseguimos identificar o tempo empregado
na fabricação de determinado produto e com
isso quantificar a mão de obra classifica como
direta. O gerente industrial, PCP, manutenção é
impossível determinar o quanto do tempo
UNIDADE VII
p á g i n a | 140

deles foi dedicado a cada produto, portanto


são considerados como custo indireto.
Resumindo, a mão de obra pode ser direta e
indireta. Quanto a ser fixo ou variável aquela
parte que for identificável e classificada como
direta, pode ser classificada como variável. As
demais serão classificadas como custo fixo.

 Aluguel do Prédio Fabril: o aluguel é


exemplo clássico de custo indireto e fixo. É
impossível alocar o custo aluguel de forma
direta no produto e o fato de produzir mais não
significa que pagaremos mais aluguel.

Agora, vamos classificar os custos a abaixo em direto ou indireto


e fixo ou variável.
UNIDADE VII
p á g i n a | 141

7.7. Demonstração de resultado na indústria

7.7.1. Alguns conceitos de custos


Neste tópico abordaremos algumas nomenclaturas utilizadas
quando se trata de apurarmos o DRE na área industrial.

Custo de Produção do Período

São todos os custos incorridos dentro da fábrica no


período.

Custo de Produção Acabada

É total dos custos da produção acaba no período. Pode

ter custos incorridos no período assim como custos de

produção de períodos anteriores existentes em estoque como

produtos acabados ou produção em andamento.


UNIDADE VII
p á g i n a | 142

Custo dos Produtos Vendidos

É o total dos custos incorridos na fabricação dos produtos


que só agora estão sendo vendidos. Podem existir custos de
períodos anteriores, caso os itens vendidos tenham sido
produzidos em períodos anteriores. Os custos dos produtos
não vendidos no período figuram dentro do Ativo da empresa
em Estoques de Produtos Acabados, não afetando a
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).

Demonstração de resultado

Apresentação de forma clara e objetiva de toda a receita


da empresa que, deduzindo-se seus custos, apresentará o
resultado bruto.

Faremos agora uma simulação de custo e apuração de


resultado. Com o intuito de simplificar o exemplo, não teremos
produtos semi-acabados.

Vamos utilizar o exemplo da indústria de refrigerantes citado


anteriormente.

1) Primeiro mês

Custos incorridos no mês:

- Matéria Prima $ 50.000,00


- Mão de Obra $ 12.000,00
- Manutenção Máquinas $ 8.000,00
- TOTAL $ 70.000,00

Litros produzidos no mês 35.000,00


UNIDADE VII
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Litros vendidos no mês = $ 33.000,00

Estoque final em litros (35.000 – 33.000) = $ 2.000,00

Custo unitário de produção do mês ($70.000 / 35.000) = $ 2,00

Preço de venda $ 2,80

Receita bruta (33.000 x $ 2,80) = $ 92.400,00

Custo do produto vendido (33.000 x $2,00) = $ 66.000,00

Estoque final (2.000 x 2,00) = $ 4.000,00

Com base nessas informações teremos a seguinte demonstração:

( + ) Vendas $ 92.400,00
( - ) Custo produtos vendidos ($ 66.000,00)
( = ) Lucro bruto $ 26.400,00

2) Segundo mês

Custos incorridos no mês:

- Matéria Prima $ 55.000,00


- Mão de Obra $ 11.500,00
- Manutenção Máquinas $ 7.000,00
- TOTAL $ 73.500,00

Litros produzidos no mês 35.000,00

Litros vendidos no mês 34.000,00

Estoque anterior 2.000,00

Estoque final em litros (2.000 + 35.000 – 34.000) = 3.000,00

Custo unitário de produção do mês ($73.500 / 35.000) = $ 2,10

Preço de venda $ 2,80

Receita bruta (34.000 x $ 2,80) = $ 95.200,00


UNIDADE VII
p á g i n a | 144

Custo produto vendido estoque anterior (2.000 x $2,00) = $ 4.000,00

Custo do produto vendido do mês (32.000 x 2,10) $ 67.200,00

Estoque final (3.000 x 2,10) = $ 6.300,00

Com base nessas informações teremos a seguinte demonstração:


( + ) Vendas $ 95.200,00
( - ) Custo produtos vendidos
- Estoque mês anterior ($ 4.000,00)
- Estoque do mês ($ 67.200,00) ($ 71.200,00)
( = ) Lucro bruto $ 24.000,00
Veja que no primeiro mês temos custo de produção do período
que é o mesmo do custo de produção acabada (uma vez que não
temos produtos em estoque), custo do produto vendido e custo
unitário de produção.

Exercício

Com base nesse exemplo, vamos fazer uma demonstração de


resultado e apurar algumas informações importantes.

1) A empresa Alfa Indústria de Móveis Ltda, atua no ramo de


fabricação de estofados.

a) Primeiro mês

Custos incorridos no mês:

- Matéria Prima $ 75.000,00


- Mão de Obra $ 23.000,00
- Manutenção Máquinas $ 14.000,00

Unidades produzidas no mês 350,00


Unidades vendidas no mês 325,00
Preço de venda $ 400,00
UNIDADE VII
p á g i n a | 145

b) Segundo mês

Custos incorridos no mês:

- Matéria Prima $ 73.000,00


- Mão de Obra $ 25.000,00
- Manutenção Máquinas $ 13.600,00

Unidades produzidas no mês 360,00


Unidades vendidas no mês 370,00
Preço de venda $ 400,00
Com base nas informações, pede-se:
1) Calcular e informar, referente o primeiro e segundo mês:

a) Custo total de produção período;

b) Custo unitário de produção;

c) Custo dos produtos vendidos;

d) Estoque final em quantidade e valor;

e) Demonstração do Resultado.

7.8. Métodos de custeio


Existem algumas formas de se atribuir custos a um produto ou
serviço.

7.8.1. Custeio por Absorção


Consiste em atribuir aos produtos ou serviços todos
os custos da área de fabricação, sejam eles diretos e
indiretos, com comportamento fixo ou variável. O
próprio nome nos diz muito sobre sua
UNIDADE VII
p á g i n a | 146

particularidade, que consiste em absorver os custos


diretos e indiretos relacionados à fabricação.

7.8.2. Custeio Variável ou Direto


Consiste em atribuir aos produtos ou serviços
somente os custos variáveis (ou diretos) de
produção. Neste método, somente os custos
variáveis são alocados no produto sendo que os
demais custos são considerados como “despesas”
do período, reduzindo assim o resultado.

7.8.3. Custeio Padrão (ou Standard)


Consiste em predeterminar os custos antes da
produção, como sendo o custo normal de um
produto ou serviço. Este custeio é utilizado para
acompanhar as variações ocorridas entre o custo
padrão (projeto e ideal) e custo real (apontado pela
contabilidade).

7.8.4. Custeio Baseado em Atividades (Activity


Based Costing - ABC)
Consiste inicialmente na identificação dos
custos às atividades desenvolvidas pela empresa,
para, em seguida, alocar aos produtos com base em
medida de consumo apropriada a cada atividade.

O objetivo principal de qualquer método de custeio é determinar


o custo de produção de um bem ou serviço, e dependendo da utilidade
que será dada a essa informação, escolhe-se o método a ser utilizado.
UNIDADE VII
p á g i n a | 147

Para uma melhor abordagem e fixação do conteúdo, iremos


enfatizar nossos estudos sobre os seguintes métodos de custeio:

 Absorção;

 Variável.

7.9. Custeio por Absorção


Consagrado pela Legislação Fiscal e Tributária, pela Lei
6.404/76 e também pelos Princípios Fundamentais de Contabilidade é
o sistema indicado para fins contábeis.
Isto significa dizer que devem ser adicionados aos custos de
produção os custos reais incorridos obtidos através da contabilidade
geral. O sistema por absorção é a inclusão de todos os gastos relativos
à produção, quer diretos, quer indiretos com relação a cada produto.
Já os gastos incorridos para administrar a empresa, vender e
distribuir o produto vendido e financiar a atividade constituem
despesas operacionais, não sendo ativadas, ficam fora dos custos de
produção e vão diretamente a resultado.
As rotinas para se calcular o custeio por absorção serão
abordadas adiante.
Abaixo temos fluxograma simples do custeio por absorção.
UNIDADE VII
p á g i n a | 148

Exemplo – Custeio por Absorção

Como foi abordado anteriormente, estamos capacitados a


separar o que é custo e despesa e classificar os custos como diretos ou
indiretos. Portanto, o primeiro passo consiste em separar os gastos em
custos ou despesas.
Uma empresa Industrial fabrica três modelos de monitores (A, B,
C), e teve durante o mês, os seguintes gastos:

Matérias primas e embalagens consumidas na produção........... $ 150.800 CUSTO


Salários do pessoal administrativo .................................................. $ 30.000 DESPESA
Salários e comissões do pessoal de vendas .............................. $ 11.300 DESPESA
Salários do pessoal da Fábrica .......................................................... $ 80.000 CUSTO
Materiais diversos consumidos na Fábrica ................................... $ 4.000 CUSTO
Materiais diversos consumidos no Escritório da Administração .....$ 5.000
DESPESA
Energia Elétrica consumida na Administração ................................ $ 500 DESPESA
UNIDADE VII
p á g i n a | 149

Energia Elétrica consumida na Fábrica ............................................. $ 2.000 CUSTO


Depreciação das máquinas, equip. e ferramentas da Fábrica ........ $ 3.000 CUSTO
Depreciação dos móveis, utensílios e CPD da administração ........... $ 1.000
DESPESA
Depreciação dos Veículos de Vendas ............................................. $ 300 DESPESA
Aluguel do Galpão da Fábrica ........................................................... $ 1.500 CUSTO
Aluguel do prédio da administração .................................................. $ 1.000 DESPESA
Seguros da Fábrica ............................................................................... $ 500 CUSTO
Seguros da Administração .................................................................... $ 400 DESPESA
Despesas Financeiras ............................................................................ $ 800 DESPESA
Outros Custos Indiretos ..................................................................... $ 9.000 CUSTO
Outras despesas administrativas ................................................. $ 1.400 DESPESA

Segundo passo: Com todos os custos e despesas separados, a empresa


precisa fornecer informações para que possamos apropriar os custos
diretos. A empresa possui um sistema de apontamento de consumo de
material consumido e nos passa a informação:

 O consumo de matéria prima foi: no a: 40.050, no b:


45.000 e no c: 65.750.

 Do total de $80.000 da mão de obra $70.000 é


direta. Foram apontadas, nas linhas de produção, 3.200
horas de mão de obra no mês, sendo: 1200hs no a,
800hs no b e 1.200 hs no c.

 Os demais custos são indiretos e deverão ser


apropriados aos produtos com base no total de
quantidades produzidas.

 Foram produzidas: 100 unidades do a, 100 un do b e


200 un do c.

De posse dos valores consumidos em cada produto, alocamos o


custo direto de matéria prima nos produtos A, B e C, sendo, $ 40.050,
$ 45.000 e $ 65.750.
A mão de obra foi alocada com base nas horas apontadas na
fabricação de cada produto. Assim, foram consumidas 3.200 horas
UNIDADE VII
p á g i n a | 150

apontadas, sendo 1.200 no produto A, 800 no produto B e 1.200 no


produto C. Para alocar o custo da mão de obra, vamos encontrar o
percentual de participação da mão de obra em cada produto.
No produto A foram apontados 1.200 horas o que equivale a
37,5% (1200 horas / 3000 horas x 100). O total de mão de obra direta é
$ 70.000, portanto o total alocado no produto A foi de $ 26.250 ($
70.000 x 37,5% = $ 26.250). Os demais produtos também devem
receber o custo de mão de obra da mesma forma. Lembramos que o
total de custo de mão de obra é de $ 80.000 e total apontado como
direta é apenas $ 70.000, ou seja, o restante $ 10.000 será considerado
custo indireto e deverá ser rateado posteriormente junto com os
demais custos indiretos.

Terceiro passo: Agora vamos alocar os demais custos indiretos


aos produtos, e para este exemplo será utilizado o total de quantidade
produzida.
Primeiro vamos calcular o percentual que representa cada
produto no total produzido no mês, já que a base para rateio será a
quantidade produzida.
O produto A teve 100 unidades produzidas e o total produzido
é de 400 unidades, portanto, o produto A representa 25% do total
UNIDADE VII
p á g i n a | 151

produzido (100 unidades / 400 unidades x 100 = 25%). Faremos o


mesmo para todos os outros produtos.
O total de custo indireto a ser rateado é $ 30.000 conforme
demonstrado abaixo. Veja que foram calculados os percentuais de
participação de cada produto (25%, 25% e 50%), faremos então a
alocação destes custos aos produtos. No produto A, temos um total
rateado de $ 7.500 ($ 30.000 x 25% = $7.500). O mesmo será feito
para os demais produtos. O total rateado deverá ser, obrigatoriamente,
o total dos custos indiretos.

Com base nas informações temos:

 O produto A teve $ 66.300 de custo direto, recebeu


$ 7.500 de rateio de custo indireto, totalizando $ 73.800.
Foram produzidas 100 unidades, portanto o custo total
por unidade produzida é de $ 738 ($ 73.800 / 100
unidades = $ 738);

 O produto B teve $ 62.500 de custo direto, recebeu


$ 7.500 de rateio de custo indireto, totalizando $ 70.000.
Foram produzidas 100 unidades, portanto o custo total
por unidade produzida é de $ 700 ($ 70.000 / 100
unidades = $ 700);

 O produto C teve $ 92.000 de custo direto, recebeu


$ 15.000 de rateio de custo indireto, totalizando $
107.000. Foram produzidas 200 unidades, portanto o
custo total por unidade produzida é de $ 535 ($ 107.000
/ 200 unidades = $ 535).
UNIDADE VII
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Feito todos os rateios e alocações, vamos elaborar a DRE


(Demonstração do Resultado do Exercício).
De todos os gastos informados pela contabilidade, separamos
os custos das despesas. Agora, vamos separar as despesas em
comerciais, administrativas e financeiras. Despesas comerciais são,
como o próprio nome diz, despesas do setor comercial. As despesas
administrativas são os gastos para manutenção do funcionamento das
atividades. Despesas financeiras, são em sua maioria, valores pagos
pelo uso de capital de terceiros.
UNIDADE VII
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Com base nas informações de vendas, vamos finalizar a DRE.


 As quantidades vendidas foram: a: 90 un, b: 95 un e
c: 185 unidades.

 O preço de venda foi: a: $ 900; b: $ 830; c: $ 850.

O total da receita é calculado com base na quantidade vendida


multiplicado pelo preço de venda (ex. produto A => 90 unidades x $
900 = $ 81.000). Faremos a mesmo cálculo para os demais produtos.
Como já foi visto anteriormente, custo do produto vendido só
ocorre quando da venda da produção. Neste caso, o CPV (custo do
produto vendido)será calculado com base na quantidade vendida
multiplicado pelo custo de produção formado na planilha de rateio (ex.
produto A => 90 unidades x $ 738 = $ 66.420). Faremos a mesmo
cálculo para os demais produtos.
UNIDADE VII
p á g i n a | 154

E para finalizarmos, vamos calcular o estoque final, ou seja, o


que sobrou no estoque para venda em períodos futuros.
Para calcular o estoque final temos que levantar a quantidade
de estoque no final do período e multiplicar pelo custo unitário. Vamos
pegar o produto A como exemplo: Foram produzidas 100 unidades e
vendidas 90, portanto temos 10 unidades que custaram $ 738 para
serem produzidas, portanto, temos 10 unidades x $738 totalizando um
estoque de $ 7.380.
UNIDADE VII
p á g i n a | 155

Exercício

Agora vamos exercitar todo conteúdo que vimos até aqui.


Resolva o exercício a seguir, com base no exemplo acima.

Uma empresa Industrial, fabricante de Pneus, teve durante o mês,


os seguintes gastos:
Matérias primas e embalagens consumidas na produção ............................. $ 374.800
Salários do pessoal administrativo ................................................................. $ 40.000
Salários e comissões do pessoal de vendas .................................................... $ 15.000
Salários do pessoal da Fábrica ........................................................................ $ 90.000
Materiais diversos consumidos na Fábrica ....................................................... $ 4.000
Materiais diversos consumidos no Escritório da Administração ...................... $ 5.000
Energia Elétrica consumida na Administração .................................................... $ 500
Energia Elétrica consumida na Fábrica (toda indireta) .................................... $ 2.000
Depreciação das máquinas, equipamentos e ferramentas da Fábrica ............... $ 3.000
Depreciação dos móveis, utensílios e CPD da administração .......................... $ 1.000
Depreciação dos Veículos de Vendas ................................................................... $ 300
Aluguel do Galpão da Fábrica .......................................................................... $ 1.500
Aluguel do prédio da administração ................................................................. $ 1.000
Seguros da Fábrica .............................................................................................. $ 500
Seguros da Administração ................................................................................... $ 400
Despesas Financeiras ........................................................................................... $ 800
Outros Custos Indiretos .................................................................................... $ 1.700
Outras despesas administrativas .......................................................................... $ 700
Essa empresa fabrica 3 modelos: Modelos: a, b e c

 O consumo de matéria prima foi: no a: 111.487,50, no


b: 155.237,50 e no c: 108.075,00.
 Dos $90.000 da mão de obra $50.000 é direta.
Foram apontadas, nas linhas de produção, 3.200 horas
de mão de obra no mês, sendo: 1.200hs no a, 800hs no b
e 1.200 hs no c.
 Os demais custos são indiretos e deverão ser
apropriados aos produtos com base na quantidade
produzida.

 Foram produzidas: 150.000 unidades do a, 150.000


un do b e 100.000 un do c.
UNIDADE VII
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 As quantidades vendidas foram: a: 122.000 un, b:


98.000 un e c: 97.000 unidades.
 O preço de venda foi: a: $2,20, b: $2,30, e c: $ 1,90.
Calcule o custo total de produção e o custo unitário dos
produtos com base no custeio por absorção, elabore o DRE e o
controle de estoques desta empresa, utilizando as tabelas auxiliares a
seguir.
UNIDADE VII
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7.10. Custeio Variável (ou Direto)

Nesse método, somente são considerados para avaliação dos


estoques em processo e acabados os custos variáveis, sendo que os
custos fixos são lançados diretamente nos resultados. Por isso, o
custeio variável não é ainda um critério plenamente consagrado, já que
não é adequado aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e
também por não atender à legislação tributária.
Todavia, não se pode deixar de reconhecer que o método tem
inúmeros méritos, particularmente para fins gerenciais, por permitir a
análise do desempenho da empresa.
Assim, só serão apropriados à produção os custos variáveis. Os
custos fixos serão alocados diretamente à conta de resultados
(juntamente com as despesas) sob a alegação (fundamentada) de que
estes custos ocorrerão independentemente do volume de produção da
empresa. Isto quer dizer, que mesmo que a empresa não produza, os
custos fixos ocorrerão.
O Custeio Variável é indicado para a tomada de decisões, pois
permite visualizar com clareza a margem de contribuição, o ponto de
equilíbrio, a margem de segurança e o grau de alavancagem
operacional.
UNIDADE VII
p á g i n a | 158

Aplicações
 Uma vez que os custos variáveis são
inevitavelmente necessários, sua dedução da receita
identifica a Margem de Contribuição do produto,
sem nenhuma interferência de manipulação devido
aos critérios de rateio dos custos fixos.
 Identificação da quantidade de unidades a
serem vendidas, para que um projeto seja
viabilizado.
 Fornecimento de informações gerenciais, por
haver relação entre o lucro e o volume de produção.

Vantagens

 Destaca o Custo Fixo (que independe do


processo de produção);
 Não ocorre a prática do rateio, por vezes
arbitrário;
 Evita manipulações;
 Fornece o Ponto de Equilíbrio com base na
margem de contribuição real de cada produto.

Desvantagens
 Não é aceito na elaboração do Balanço
Patrimonial, pois fere princípios fundamentais de
contabilidade;
 O valor dos Estoques não mantém relação com
o Custo Total.

Método de Cálculo

Os passos a serem adotados para calcular o custo pelo método


de custeio variável é semelhante ao custeio por absorção, contudo,
vale lembrar que neste último os custos indiretos não vão para o
estoque (produto) e sim, para o resultado, juntamente com a despesa.
UNIDADE VII
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Vamos nos utilizar do mesmo exemplo do custeio por absorção para


compararmos os resultados.

Exemplo – Custeio Variável

O primeiro passo, assim como no custeio por absorção, consiste


em separar os gastos em custos ou despesas. Lembre-se que estes
valores são os mesmos do exemplo de custeio por absorção.

Matérias primas e embalagens consumidas na produção .............. $ 150.800 CUSTO


Salários do pessoal administrativo .................................................. $ 30.000 DESPESA
Salários e comissões do pessoal de vendas ..................................... $ 12.000 DESPESA
Salários do pessoal da Fábrica ......................................................... $ 80.000 CUSTO
Materiais diversos consumidos na Fábrica ........................................ $ 4.000 CUSTO
Materiais diversos consumidos no Escritório da Administração ....... $ 5.000 DESPESA
Energia Elétrica consumida na Administração ..................................... $ 500 DESPESA
Energia Elétrica consumida na Fábrica ............................................. $ 2.000 CUSTO
Depreciação das máquinas, equip. e ferramentas da Fábrica ............ $ 3.000 CUSTO
Depreciação dos móveis, utensílios e CPD da administração ........... $ 1.000 DESPESA
Depreciação dos Veículos de Vendas .................................................... $ 300 DESPESA
Aluguel do Galpão da Fábrica ........................................................... $ 1.500 CUSTO
Aluguel do prédio da administração .................................................. $ 1.000 DESPESA
Seguros da Fábrica ............................................................................... $ 500 CUSTO
Seguros da Administração .................................................................... $ 400 DESPESA
Despesas Financeiras ............................................................................ $ 800 DESPESA
Outros Custos Indiretos ..................................................................... $ 9.000 CUSTO
Outras despesas administrativas ........................................................... $ 700 DESPESA

Segundo passo: Apropriar os custos diretos. A empresa precisa


nos fornecer subsídios para alocação destes custos. O departamento
de custo nos fornece o seguinte:
 O consumo de matéria prima foi: no a: 40.050, no b:
45.000 e no c: 65.750.

 Do total de $80.000 da mão de obra $70.000 é


direta. Foram apontadas, nas linhas de produção, 3.200
horas de mão de obra no mês, sendo: 1200hs no a,
800hs no b e 1.200 hs no c.
UNIDADE VII
p á g i n a | 160

 Foram produzidas: 100 unidades do a, 100 un do b e


200 un do c.

De posse dos valores consumidos em cada produto, alocamos o


custo direto de matéria prima nos produtos A, B e C, sendo, $ 40.050,
$ 45.000 e $ 65.750.
A mão de obra foi alocada com base nas horas apontadas na
fabricação de cada produto. Assim, foram consumidas 3.200 horas,
sendo 1.200 no produto A, 800 no produto B e 1.200 no produto C.
Para alocar o custo da mão de obra, vamos encontrar o percentual de
participação da mão de obra em cada produto. Percebam que neste
caso não estamos rateando o custo e sim alocando com base em um
apontamento real, ou seja, cada produto consumiu um determinado
número de horas e receberá seu custo com base nesse apontamento. O
rateio é mais arbitrário, não existe proporção real como no
apontamento. Por exemplo, o gasto com energia na fábrica foi rateado
(no custeio por absorção) com base na quantidade produzida e nem
por isso, podemos dizer que o produto que teve mais produção foi o
que consumiu mais energia para ser produzido. Por isso, os rateios
podem e, quase sempre, são arbitrários.
No produto A foram apontados 1.200 horas o que equivale a
37,5% (1200 horas / 3000 horas x 100). O total de mão de obra direta é
$ 70.000, portanto o total alocado no produto A foi de $ 26.250 ($
70.000 x 37,5% = $ 26.250). Os demais produtos também devem
receber o custo de mão de obra da mesma forma. Lembramos que o
total de custo de mão de obra é de $ 80.000 e total apontado como
direta é apenas $ 70.000, ou seja, o restante $ 10.000 será considerado
custo indireto e neste caso, alocado diretamente no resultado, com a
denominação de CUSTO FIXO.
UNIDADE VII
p á g i n a | 161

Terceiro passo: No custeio por absorção, alocamos os demais


custos indiretos aos produtos, e no custeio variável não existe esta
etapa.
Agora, vamos elaborar a DRE (Demonstração do Resultado do
Exercício). Como os custos indiretos não foram alocados nos produtos,
os mesmos deverão ser elencados e alocados nas despesas com a
denominação de CUSTO FIXO, lembrando de separar as despesas em
comerciais, administrativas e financeiras.
UNIDADE VII
p á g i n a | 162

Com base nas informações de vendas, vamos finalizar a DRE.

 As quantidades vendidas foram: a: 90 un, b: 95 un e


c: 185 unidades.

 O preço de venda foi: a: $ 900; b: $ 830; c: $ 850.

O total da receita é calculado com base na quantidade vendida


multiplicado pelo preço de venda (ex. produto A => 90 unidades x $
900 = $ 81.000). Faremos a mesmo cálculo para os demais produtos.
Como já foi visto anteriormente, custo do produto vendido só
ocorre quando da venda da produção. Neste caso, o CPV (custo do
produto vendido) será calculado com base na quantidade vendida
multiplicado pelo custo de produção formado na planilha (ex. produto
A => 90 unidades x $ 663 = $ 59.670). Faremos a mesmo cálculo para
os demais produtos.

E para finalizarmos, vamos calcular o estoque final, ou seja, o


que sobrou no estoque para venda em períodos futuros.
Para calcular o estoque final temos que levantar a quantidade
de estoque no final do período e multiplicar pelo custo unitário. Vamos
pegar o produto A como exemplo: Foram produzidas 100 unidades e
vendidas 90, portanto temos 10 unidades que custaram $ 663 para
UNIDADE VII
p á g i n a | 163

serem produzidas, portanto, temos 10 unidades x $663 totalizando um


estoque de $ 6.630.

Exercício

Resolva o exercício a seguir, com base no exemplo acima.

Uma empresa Industrial, fabricante de Pneus, teve durante o mês,


os seguintes gastos:
Matérias primas e embalagens consumidas na produção ............................. $ 374.800
Salários do pessoal administrativo ................................................................. $ 40.000
Salários e comissões do pessoal de vendas .................................................... $ 15.000
Salários do pessoal da Fábrica ........................................................................ $ 90.000
Materiais diversos consumidos na Fábrica ....................................................... $ 4.000
Materiais diversos consumidos no Escritório da Administração ...................... $ 5.000
Energia Elétrica consumida na Administração .................................................... $ 500
Energia Elétrica consumida na Fábrica (toda indireta) .................................... $ 2.000
Depreciação das máquinas, equipamentos e ferramentas da Fábrica ............... $ 3.000
Depreciação dos móveis, utensílios e CPD da administração .......................... $ 1.000
Depreciação dos Veículos de Vendas ................................................................... $ 300
Aluguel do Galpão da Fábrica .......................................................................... $ 1.500
Aluguel do prédio da administração ................................................................. $ 1.000
Seguros da Fábrica .............................................................................................. $ 500
Seguros da Administração ................................................................................... $ 400
Despesas Financeiras ........................................................................................... $ 800
Outros Custos Indiretos .................................................................................... $ 1.700
Outras despesas administrativas .......................................................................... $ 700

Essa empresa fabrica 3 modelos: Modelos: a, b e c


UNIDADE VII
p á g i n a | 164

 O consumo de matéria prima foi: no a: 111.487,50, no


b: 155.237,50 e no c: 108.075,00.
 Dos $90.000 da mão de obra $50.000 é direta.
Foram apontadas, nas linhas de produção, 3.200 horas
de mão de obra no mês, sendo: 1.200hs no a, 800hs no b
e 1.200 hs no c.
 Foram produzidas: 150.000 unidades do a, 150.000
un do b e 100.000 un do c.
 As quantidades vendidas foram: a: 122.000 un, b:
98.000 un e c: 97.000 unidades.
 O preço de venda foi: a: $2,20, b: $2,30, e c: $ 1,90.

Calcule o custo total de produção e o custo unitário dos


produtos com base no custeio variável, elabore o DRE e o controle de
estoques desta empresa, utilizando as tabelas auxiliares a seguir.

Custo Total
Produção

Custo Unitário
UNIDADE VII
p á g i n a | 165
UNIDADE VIII
p á g i n a | 166

PREÇO DE VENDA,
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E
PONTO DE EQUILÍBRIO
UNIDADE VIII
p á g i n a | 167

UNIDADE VIII
Preço de venda, margem de contribuição e
ponto de equilíbrio
Padoveze (1997) aborda a eficiência do sistema de formação de
preços de venda a partir do custeio direto/variável, ou seja, os valores
básicos de referência para formar o preço de venda, são os custos
diretos/variáveis, mais as despesas variáveis do produto que possam
ser identificadas. Após isso, a margem a ser aplicada deverá cobrir,
além da rentabilidade mínima almejada, também os custos e despesas
fixas, que não foram alocados aos produtos.

Este critério é coerente com a análise


custo/volume/lucro, ao determinar na
formação de preço de venda, a margem de
contribuição de cada produto. Portanto
utilizaremos somente os custos e despesas
variáveis para determinar o preço de venda
(PADOVEZE, 1997).

8.1. Mark-up

É a determinação de preços através do acréscimo de uma


porcentagem predeterminada ao produto. O apreçamento de mark-up
pode ocorrer sobre o custo, ou sobre as vendas.

Elementos do Mark - up:

Para definirmos qual o preço de venda a ser praticado, temos


que levar em consideração:
UNIDADE VIII
p á g i n a | 168

 Despesas comerciais;

 Custo variável;

 Despesas com impostos;

 Margem de lucro/margem de
comercialização.

A determinação da Margem de Comercialização, dependerá de alguns


fatores:

 Setor de atuação;

 Rentabilidade desejada;

 Competitividade do setor;

 Escalas de produção;

 Momento econômico do país ou do


mercado base;

 Participação dos empregados;

 Custos fixos.

Mark-up sobre o custo

PV = (1+ i) x CVU

Onde:

PV = Preço de venda
i = Margem de lucro + as despesas comerciais variáveis
CVU = Custo variável unitário do produto fabricado ou mercadoria que
será comercializada

Mark-up sobre as vendas

PV = CVU
1 - ML + DCV
100
UNIDADE VIII
p á g i n a | 169

Onde:

ML = Margem de lucro
DCV = Despesas comerciais variáveis
CVU = Custo variável unitário do produto fabricado ou mercadoria que
será comercializada
PV = Preço de Venda
Suponha mos que uma empresa comercial tenha os custos e
despesas variáveis:

 Custo de aquisição de mercadoria: $ 9,00


 Impostos sobre vendas: 6,76%
 Comissão sobre vendas: 3% mais um acréscimo
de 8% de FGTS
 Margem de Lucro: 18%
 Quantidade vendida: 100 unidades

Vamos precificar com o mark-up sobre as vendas. Uma sugestão


para resolução de qualquer exercício é separar todas as informações
do problema.

PV = ?

DCV = 10% (sendo 6,76% de impostos e 3,24% de comissão mais FGTS.


A comissão é de 3% com o acréscimo de 8% de FGTS (3 *
8% = 0,24), totalizamos 3,24%)

CVU = $ 9,00

ML = 18%
PV = CVU PV = 9,00
1 - ML + DCV 1 - 18% + 10%
100 100

PV = 9,00 PV = 9,00
1 - 0,18 + 0,1 0,72

PV = 12,50
UNIDADE VIII
p á g i n a | 170

Portanto, um produto que custe $ 9,00 (para produzir ou


comprar) será vendido por $ 12,50 tendo as premissas acima.

8.2. Margem de Contribuição


Os produtos, ao serem fabricados, provocam a ocorrência dos
custos variáveis. Além dos custos variáveis, ao serem comercializados,
os produtos provocam certas despesas também variáveis: comissões,
fretes, seguros etc.

Assim temos custos e despesas que ocorrem em virtude de


produzir e vender. São os custos e as despesas variáveis.

O custeio variável considera que aos produtos devem ser


alocados apenas os custos variáveis, diferentemente do custeio por
absorção, em que, além dos custos variáveis, os produtos recebem
também os custos indiretos fixos. Enquanto no custeio por absorção
podemos falar em lucro por produto, ou seja, que do preço de venda,
deduzidos os custos de produção, temos o lucro, no custeio variável
isso não ocorre. Nesse, os produtos geram uma margem denominada
margem de contribuição.

A margem de contribuição é o quanto resta do


preço, ou seja, do valor de venda de um
produto são deduzidos os custos e despesas
por ele gerado. A empresa só começa a gerar
lucro quando a margem de contribuição dos
produtos vendidos superar os custos e
despesas fixos do período.

Assim, essa margem pode ser entendida como a contribuição


dos produtos vendidos aos custos e despesas fixos e também ao lucro.
UNIDADE VIII
p á g i n a | 171

Finalidades da margem de contribuição para fins de decisão

O uso da margem de contribuição permite aos administradores


utilizarem os custos como ferramenta auxiliar na tomada de decisões
tais como:

 Quais os produtos contribuem mais para a


lucratividade da empresa;
 Determinação de quais produtos devem ter
suas vendas incentivadas, reduzidas ou mesmo ser
excluídos da linha de produção;
 Que produtos proporcionam a melhor
rentabilidade quando existirem fatores que
restringem a produção;
 Qual o preço mínimo a ser praticado em
condições especiais;
 Decisão entre comprar ou fabricar;
 Determinação do nível mínimo de atividades
em que o negócio passa a ser viável;
 Definição, em uma negociação com o cliente,
de qual o limite de descontos permitido.

8.3. Conceitos básicos de margem de contribuição

Margem de Contribuição por Unidade é a diferença entre o Preço


de Venda e o Custo mais as Despesas Variáveis de cada produto. É o
valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de sobra entre sua
receita e o custo que de fato provocou e lhe pode ser imputado sem
erro.
Margem de Contribuição em Taxa representa a participação
percentual da Margem de Contribuição Unitária, sobre o preço de
venda do produto.
Margem de Contribuição Total é a diferença entre a Receita Total
e os Custos e Despesas Variáveis Totais de um produto em
determinado período. Também pode ser encontrada, multiplicando-se
UNIDADE VIII
p á g i n a | 172

a quantidade vendida pela Margem de Contribuição Unitária do


produto.

Fórmulas:

Margem de Contribuição por unidade

MC/un = PV – ( CVU + DCV )

Margem de Contribuição em taxa

MC/tx = PV – ( CV + DCV ) x 100


PV

Margem de Contribuição total

MCT = RT – (CVU Total + DCV Total )


onde:
RT = Receita Total

Seguindo o mesmo exemplo do cálculo do preço de


venda, vamos encontrar a margem de contribuição
unitária, em taxa e total. Relembrando as premissas
são:

 Custo de aquisição de mercadoria: $ 9,00

 Impostos sobre vendas: 6,76%

 Comissão sobre vendas: 3% mais um acréscimo


de 8% de FGTS

 Margem de Lucro: 18%

 Quantidade vendida: 100 unidades

Com base no preço de venda encontrado (no exemplo da


formação do preço de venda), vamos calcular os valores dos demais
itens:
UNIDADE VIII
p á g i n a | 173

PV = $ 12,50 Comprovação da Margem de Contribuição Unitária


( + ) Receita .............................................. $ 12,50 ..... 100%
CVU = $ 9,00
( - ) Desp. Com.Variável .......................... $ 1,25 ...... 10%
DCV = $ 1,25 ($ 12,50 x 10%) ( - ) Custo Unitário Var. ........................... $ 9,00 ...... 72%

ML = $ 2,25 ($ 12,50 x 18%) ( = ) Margem Cont. Unitária ..................... $ 2,25 ...... 18%

Margem de Contribuição por unidade

MC/un = PV – ( CVU + DCV )

MC/un = 12,50 – (9,00 + 1,25)

MC/un = 2,25

Margem de Contribuição em taxa

MC/tx = PV – ( CV + DCV ) x 100


PV
MC/tx = 12,50 – (9,00 + 1,25) x 100
12,50
MC/tx = 18%

Margem de Contribuição total

MCT = RT – (CVU Total + DCV Total )


MCT = 1.250,00 – (900,00 + 125,00 )
MCT = 225,00

 A receita total (RT) foi calculada com base na


quantidade vendida x preço de venda (100 unidades
x $ 12,50)

 O custo variável total (CVU total) foi calculado


com base na quantidade vendida x custo variável
unitário (100 unidades x $ 9,00). Este valor também
UNIDADE VIII
p á g i n a | 174

pode ser calculado através do percentual. No


demonstrativo de Comprovação da Margem de
Contribuição Unitária foi calculado o percentual de
representatividade do CVU em 72%. Independente
do volume de atividade ou valor, o custo sempre
representará 72%, quer seja 1 unidade ou 100.000
unidades (desde que as premissas sejam as
mesmas). Portanto, para calcular o Custo Variável
Unitário Total, pegamos a receita x percentual do
custo ($1.250,00 x 72% = $ 900,00).

 As despesas comerciais variáveis totais (DCV


total) foram calculadas com base na quantidade
vendida x despesa comercial variável unitária (100
unidades x $1,25 = $125,00). Este valor também
pode ser calculado com base em percentual. Este
percentual foi dado nas premissas (impostos +
comissões e acréscimos) ou pode ser encontrado
no demonstrativo de Comprovação da Margem de
Contribuição Unitária. Portanto, para calcular as
despesas comerciais variáveis totais, basta pegar a
receita x percentual da despesa comercial variável
($1.250,00 x 10% = $ 125,00).

8.4. Ponto de Equilíbrio


O Ponto de equilíbrio é o volume de atividades ou receitas que a
empresa deve atingir para cobrir seus custos e despesas totais, isto é,
ponto em que a empresa vai equilibrar-se, servindo também para
demonstrar a magnitude dos lucros ou perdas da empresa se as
vendas ultrapassarem ou caírem para um nível abaixo desse ponto.
A determinação do ponto de equilíbrio é de extrema
importância para a análise financeira e econômica do empreendimento,
pois indicará o faturamento mínimo que a empresa terá que obter no
mercado onde está inserida para conseguir pelo menos cobrir seus
custos e despesas totais.
UNIDADE VIII
p á g i n a | 175

Elementos envolvidos
Preço de Venda
Custos e despesas Fixos
Custos e despesas variáveis
Volume de atividade (Receita) (Faturamento)

Legenda: Pec unidades = CDF .

MCun
Pec = Ponto de Equilíbrio Contábil
CDF = Custo Despesa Fixos Pec valor = CDF ou .

CDV = Custo Despesas Variáveis CDF


PV = Preço de Venda
MCun = Margem de Contribuição Unitária MC% 1–(CDV)
MC% = Margem de Contribuição Percentual
PV
UNIDADE VIII
p á g i n a | 176

8.5. Ponto de equilíbrio Contábil/Operacional


Tem a finalidade de demonstrar o ponto onde a receita total é
igual aos custos e despesas totais. Momento este em que todos os
custos e despesas foram cobertos, não apresentando lucro ou prejuízo
contábil.
Vamos dar sequência no exemplo que utilizamos no cálculo do
preço de venda. Vamos agregar a essas informações os custos e
despesas fixos (CDF) da empresa e aumentar a quantidade vendida de
100 para 10.000 unidades.

 Custo de aquisição de mercadoria: $ 9,00

 Impostos sobre vendas: 6,76%

 Comissão sobre vendas: 3% mais um acréscimo


de 8% de FGTS

 Margem de Lucro: 18%

 Quantidade vendida: 10.000 unidades

 Custo de Despesas Fixos (CDF): $ 17.325,00

Vamos calcular o Ponto de Equilíbrio Contábil e demonstrar


através da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

PEC$ = CDF =>17.325 = $ 96.250,00


MC% 0,18

PECunidade = CDF =>17.325 = 7.700 unidades


MCun 2,25

Vamos analisar as demonstrações de Resultado com base nos


percentuais e nas quantidades.
UNIDADE VIII
p á g i n a | 177

Comprovação do Ponto de Equilíbrio Contábil


(com base nos percentuais)

( + ) Receita Total .................$ 96.250,00 ... 100%


( - ) Desp. Com.Variável ... $ 9.625,00 ..... 10%
( - ) Custo Merc. Vendida.$ 69.300,00 .....72%
( = ) Margem Cont. Total.....$ 17.325,00 ..... 18%
( - ) Custo e Despesas Fixos$ 17.325,00
( = ) Lucro ou Prejuízo .......$ 0,00

Com base nos percentuais

Vale lembrar que os cálculos serão feitos em relação à receita


total.

 A receita total (RT) foi calculada com a fórmula


do PEC$ ($ 96.250,00)

 As despesas comerciais variáveis totais (DCV


total) foram calculadas com base no percentual das
despesas comerciais variáveis ($ 96.250,00 x 10%)

 O custo variável total (CVU total) foi calculado


com base no percentual do custo unitário em
relação ao preço de venda unitário, ou seja, 72% ($
96.250,00 x 72%).
Comprovação do Ponto de Equilíbrio Contábil
(com base na quantidade)

( + ) Receita Total ...................... 7.700 un x $ 12,50 ........................... $ 96.250,00


( - ) Desp. Com.Variável ........ 7.700 un x $ 1,25 ............................$ 9.625,00
( - ) Custo Merc. Vendida. .... 7.700 un x $ 9,00 .........................$ 69.300,00
( = ) Margem Cont. Total........ .................................................................... $ 17.325,00
( - ) Custo e Despesas Fixos .................................................................... $ 17.325,00
( = ) Lucro ou Prejuízo............. .................................................................. $ 0,00
UNIDADE VIII
p á g i n a | 178

Com base nas quantidades

A quantidade a ser vendida no ponto de equilíbrio foi


calculada com base na fórmula do PEC em quantidade.

 A receita total (RT) foi calculada com base na


quantidade encontrada no PEC x preço de venda
(7.700 unidades x $ 12,50 = $ 96.250,00)

 As despesas comerciais variáveis totais (DCV


total) foram calculadas com base na quantidade
encontrada no PEC x despesa comercial variável
unitária (7.700 unidades x $1,25 = $ 9,625,00).

 O custo variável total (CVU total) foi calculado


com base na quantidade encontrada no PEC x custo
variável unitário (7.700 unidades x $ 9,00 = $
69.300,00).

Com base nestas informações podemos concluir


que a empresa está operando acima do seu ponto de
equilíbrio em 2.300 unidades, uma vez que está
vendendo 10.000 unidades e seu ponto de equilíbrio é
de 7.700 unidades. Essa folga de 2.300 unidades é a
chamada Margem de Segurança, ou seja, quanto a
empresa pode perder em atividades sem que entre
campo do prejuízo.

Vamos então, calcular o resultado da empresa com base no seu


volume atual demonstrando com base na quantidade e nos
percentuais.

Demonstração do Resultado do Exercício


(com base na quantidade)

( + ) Receita Total ...................... 10.000 un x $ 12,50 ...................... $ 125.000,00


( - ) Desp. Com.Variável ........ 10.000 un x $ 1,25 ....................... $ 12.500,00
( - ) Custo Merc. Vendida. .... 10.000 un x $ 9,00 ...................... $90.000,00
( = ) Margem Cont. Total ........ ............................................................... $ 22.500,00
( - ) Custo e Despesas Fixos. ................................................................. $ 17.325,00
( = ) Lucro ou Prejuízo ............. ................................................................. $ 5.175,00
UNIDADE VIII
p á g i n a | 179

Demonstração do Resultado do Exercício


(com base nos percentuais)

( + ) Receita Total .............. $ 125.000,00.... 100%


( - ) Desp. Com.Variável . $ 12.500,00......10%
( - ) Custo Merc. Vendida.$ 90.000,00. 72%
( = ) Margem Cont. Total $ 22.500,00...... 18%
( - ) Custo e Despesas Fixos$ 17.325,00
( = ) Lucro ou Prejuízo$ 5.175,00

Podemos, ainda, calcular a Margem de Contribuição Total e o


Resultado da empresa, pelas fórmulas:

MC Total = Faturamento x MC%


MC Total = $ 125.000,00 x 18%
MC Total = $ 22.500,00

Resultado = (Faturamento Atual x MC%) – CDF


Resultado = ($ 125.000,00 x 18%) - $ 17.325,00
Resultado = $ 22.500,00 - $ 17.325,00
Resultado = $ 5.175,00

Vamos exercitar os conceitos e fórmulas estudados até aqui.

A empresa Alfa Ltda. é uma pequena empresa que atua com a


comercialização de produtos para informática. Sua estrutura de custos,
despesas e vendas e a seguinte:

Custos e despesas fixos mensais


Custos e despesas fixos/mês R$
Aluguel $ 1.000,00
Salários fixos mais encargos $ 1.800,00
Água, luz, telefone. $ 500,00
Contador. $ 180,00
Retirada pró – labore. $ 2.500,00
UNIDADE VIII
p á g i n a | 180

Despesas Gerais $ 300,00


Manutenção e limpeza $ 520,00
Café e lanches $ 400,00
Total dos gastos fixos mensais $ 7.200,00

Despesas comerciais variáveis:


Despesas Alíquota Reduções/Incidência
Impostos s/ Vendas 12,84% Não possui redução
Comissão sobre vendas 2% Incidência de 8% (FGTS)
Total das despesas 15%
comerciais

Formação do Preço de venda


 A empresa agrega todas as suas despesas variáveis na
composição do preço de venda.

Margem de Comercialização (“Margem de lucro”)


 Trabalha com um mark–up genérico de 15% sobre as vendas

Informações Mercadológicas:
Faturamento Atual/Mensal R$ 75.000,00
Pede - Se:
1. Formar o preço de venda de determinado produto
que possui como custo final de aquisição R$ 84,00.
2. Calcular:
2.1. O valor monetário das despesas comerciais
incidentes sobre o preço de venda formado.
2.2. O valor percentual dos custos variáveis sobre o preço
de venda formado.
2.3. A contribuição monetária que a venda desse produto
trará para a empresa.
3. Calcular o Ponto de Equilíbrio da empresa em
quantidade e valor e comprovar pela DRE.
4. O Resultado atual da empresa (Comprovar pela DRE
e equação do resultado).
UNIDADE VIII
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RESOLUÇÃO

1. Preço de Venda => $ 120,00

PV = CVU PV = 84,00
1 - ML + DCV 1 - 15% + 15%
100
100

PV = 84,00 PV = 84,00
1 - 0,15 + 0,15 0,7

PV = 120,00

1.1. Despesa Comercial Variável => $ 18,00

Já encontramos o percentual da despesa comercial variável que é 15%.


Portanto, para encontrarmos o valor da despesa comercial, basta
multiplicar o preço de venda pelo percentual das despesas comerciais,
ou seja, $ 120,00 x 15% = $ 18,00

1.2.Percentual do Custo Variável => 70%

Para encontrarmos o percentual do custo variável basta fazer uma


regra de 3. Como o preço de venda representa, sempre, 100% e já foi
dado o custo da mercadoria, $ 84,00, então fica simples:

$ 120,00 100%
$ 84,00 X
X = 70%
UNIDADE VIII
p á g i n a | 182

1.3. Margem de Lucro ou Margem de Contribuição => $ 18,00

MCun = PV – ( CVU + DCV )


MCun = $ 120,00 – ($ 84,00 + $ 18,00)
MCun = $ 18,00

2.1. Ponto de Equilíbrio em valor => $ 48.000,00

PEC$ = CDF =>7.200 = $ 48.000,00


MC% 0,15

Comprovação doPonto de Equilíbrio Contábil


(com base nos percentuais)

( + ) Receita Total ................ $ 48.000,00 ......100%


( - ) Desp. Com.Variável ... $ 7.200,00 ....... 15%
( - ) Custo Merc. Vendida. $ 33.600,00 .......70%
( = ) Margem Cont. Total ... $ 7.200,00 ....... 15%
( - ) Custo e Despesas Fixos$ 7.200,00
( = ) Lucro ou Prejuízo ........ $ 0,00

2.2. Ponto de Equilíbrio em quantidade => 400 unidades

PECunidade = CDF =>$ 7.200,00 = 400 unidades


MCun $ 18,00

Demonstração do Resultado do Exercício


(com base na quantidade)

( + ) Receita Total ...................... 400 un x $ 120,00.......................... $ 48.000,00


( - ) Desp. Com.Variável ........ 400 un x $ 18,00 ........................... $ 7.200,00
( - ) Custo Merc. Vendida. .... 400 un x $ 84,00 .........................$ 33.600,00
( = ) Margem Cont. Total ........ .................................................................. $ 7.200,00
( - ) Custo e Despesas Fixos .................................................................. $ 7.200,00
( = ) Lucro ou Prejuízo ............. .................................................................. $ 0,00
UNIDADE VIII
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3.Resultado da Empresa => $ 4.050,00

Resultado = (Faturamento Atual x MC%) – CDF


Resultado = ($ 75.000,00 x 15%) - $7.200,00
Resultado = $ 11.250,00 - $ 7.200,00 = $ 4.050,00

Demonstração do Resultado do Exercício


(com base nos percentuais)

( + ) Receita Total ............. $ 75.000,00.... 100%


( - ) Desp. Com.Variável .. $ 11.250,00...... 15%
( - ) Custo Merc. Vendida.$ 52.500,00.. 70%
( = ) Margem Cont. Total .. $ 11.250,00...... 15%
( - ) Custo e Despesas Fixos$ 7.200,00
( = ) Lucro ou Prejuízo.... $ 4.050,00
UNIDADE IX
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FONTES DE RECURSOS
UNIDADE IX
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UNIDADE IX
Fontes de Recursos
9.1. Política de Financiamento
Política de financiamento é a determinação das origens dos
recursos necessários à implementação da política de investimento,
como obtenção de empréstimos, retenção de lucros, venda de ativos,
emissão de novas ações, debêntures, etc. Ao desenvolver uma política
de financiamento, a empresa deve ter cuidado em definir quais serão as
fontes dos recursos necessários para seus investimentos planejados.

9.2. Política de Investimento


A Política de Investimentos guia o processo de investimento,
ajudando o investidor a entender suas necessidades individuais, e
aumentando a probabilidade de decisões adequadas ao seu perfil de
investidor.

9.3. Política de Dividendos


Uma das principais decisões financeiras tomadas pelas
empresas refere-se à definição de uma política de distribuição de
dividendos. A decisão de pagar lucros pode servir de financiamento
aos acionistas, de sinalização positiva ao mercado sobre o desempenho
da empresa e também para ajustar a sua estrutura de capital.
UNIDADE IX
p á g i n a | 186

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