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“(...) quando se entende a política em geral como uma relação entre dominadores e
dominados. Sob tal ponto de vista, conseguiríamos, em lugar da abolição da política,
uma forma de dominação despótica ampliada ao extremo, na qual o abismo entre
dominadores e dominados assumiria dimensões tão gigantescas que não seria mais
possível nenhuma rebelião, muito menos alguma forma de controle dos
dominadores pelos dominados.” (ARENDT, 2002).
“Ao se falar de política, em nosso tempo, é preciso começar pelos preconceitos que
todos nós temos contra a política — quando não somos políticos profissionais. Pois
os preconceitos que compartilhamos uns com os outros, naturais para nós, que
podemos lançar-nos mutuamente em conversa sem termos primeiro de explicá-los
em detalhes, representam em si algo político no sentido mais amplo da palavra —
ou seja, algo a se constituir num componente integral da questão humana, em cuja
órbita nos movemos a cada dia.” (ARENDT, 2002).
“Nisso, o preconceito diferencia-se do juízo — com o qual, por outro lado, tem em
comum o fato de nele os homens se reconhecerem e a ele sentirem-se integrados
— de modo que o homem dotado de preconceitos sempre pode ter certeza de um
efeito, enquanto que o idiossincrático quase nunca pode realizarse no espaço
político-público, só revelando-se no privado íntimo. Por conseguinte, o preconceito
desempenha um grande papel na coisa social pura; na verdade, não existe
nenhuma estrutura social que não se baseie mais ou menos em preconceitos,
através dos quais certos tipos de homens são permitidos e outros excluídos. Quanto
mais livre de preconceitos é um homem, menos apto será para a coisa social pura.”
(ARENDT, 2002).
“Não importa como pode ser feita a pergunta, se é o homem ou o mundo que corre
perigo na crise atual, mas uma coisa é certa: a resposta que empurra o homem para
o ponto central das preocupações do presente e que acha que deve modificá-lo,
remediá-lo, é apolítica em seu sentido mais profundo. Pois, no ponto central da
política está sempre a preocupação com o mundo e não com o homem — e, na
verdade, a preocupação com um mundo assim ou com um mundo arranjado de
outra maneira, sem o qual aqueles que se preocupam e são políticos, julgam que a
vida não vale a pena ser vivida.” (ARENDT, 2002).
“Os homens agem nesse mundo real e são condicionados por ele e exatamente por
esse condicionamento toda catástrofe ocorrida e ocorrente nesse mundo é neles
refletida, co-determina-os.” (ARENDT, 2002).
REFERÊNCIAS