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Alimentação Escolar em
tempos de pandemia
O Programa Nacional de
Alimentação Escolar em
tempos de pandemia
F I C H A T É C NI CA
Comitê Gestor
ActionAid
Comitê Ampliado
Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação - FINEDUCA
FIAN Brasil
DEZEMBRO 2021
Lista de siglas
Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional USAID
Articulação do Semiárido Brasileiro ASA
Articulação Nacional de Agroecologia ANA
Associação Agroecológica de Produtores Orgânicos de Paraty AAPOP
Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas ABERC
Associação Brasileira de Agroecologia ABA
Associação Brasileira do Agronegócio ABAG
Associação de Moradores do Quilombo do Campinho AMOQC
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APAE
Associação dos Bananicultores de Ubatumirim ABU
Associação dos Celíacos do Brasil Acelbra
Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação Fineduca
Associação Regional de Produtores Agroecológicos ARPA
Atendimento Educacional Especializado AEE
Base Nacional Comum Curricular BNCC
Cadastro Único para Programas Sociais CadÚnico
Centro de Referência de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional CERESSAN
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CONTAG
Conselho de Alimentação Escolar CAE
Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional CONSEA
Conselho Nacional de Secretários de Educação CONSED
Conselho Regional de Nutrição CRN
Cooperativa Mista Triunfense dos Agricultores e Agricultoras Familiares COAFTRIL
Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro DP-RJ
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos DIEESE
Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas DHANA
Educação de Jovens e Adultos EJA
Emenda Constitucional EC
Equipamento de Proteção Individual EPI
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FIESP
Federação Nacional das Escolas Privadas FENEP
Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional FBSSAN
Frente Parlamentar da Agropecuária FPA
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica FUNDEB
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério FUNDEF
Fundo Monetário Internacional FMI
Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar FNDE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE
Instituto de Defesa do Consumidor IDEC
Instituto de Medicina Social IMS
Instituto de Nutrição da Universidade INU
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA
Instituto Pensar a Agropecuária IPA
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA
Ministério da Educação MEC
Movimento dos Pequenos Agricultores MPA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST
Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde Nupens
Observatório da Alimentação Escolar ÓAÊ
Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina OTSS
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura FAO
Organização de Controle Social OCS
Organização Mundial de Saúde OMS
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico OCDE
Partido dos Trabalhadores PT
Partido Social Liberal PSL
Partido Trabalhista Brasileiro PTB
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos PNCBA
Pesquisa Nacional de Saúde Escolar PeNSE
Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Dhesca Brasil
Programa de Aquisição de Alimentos PAA
Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas PMA
Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF
Projeto de Lei PL
Proposta de Emenda Constitucional PEC
Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional RBPSSAN
Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas REDE
Rede de Mulheres Negras para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional RedeSSAN
Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania SMASAC
Secretaria Municipal de Educação SMED
Segurança Alimentar e Nutricional SAN
Sindicato dos Trabalhadores(as) Rurais de Morros STTR
Sistema de Gestão de Prestação de Contas SIGPC
Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional SUSAN
Supremo Tribunal Federal STF
Tribunal de Contas da União TCU
Tribunal de Contas do Estado TCE
União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária UNICAFES
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação UNDIME
Universidade de Brasília UNB
Universidade de São Paulo USP
Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ
12 Introdução
PA R T E 1 17
A pandemia e a alimentação escolar
PA R T E 3 61
Desafios e ameaças ao PNAE
“Existem dois terços de pessoas que não aumento da fome. De acordo com o
dormem porque sentem fome, e um terço Inquérito Nacional sobre Insegurança
de pessoas que não dormem por medo Alimentar no Contexto da Pandemia
das que sentem fome”, assim afirmou da Covid-19 no Brasil, a situação
Josué de Castro (1908-1972), um dos vem piorando de forma acelerada. O
maiores pensadores da geografia bra- relatório aponta que, em apenas dois
sileira, responsável por mapear a fome anos, o número de pessoas em situação
no Brasil e analisá-la de forma crítica. de insegurança alimentar grave saltou
Em sua obra, Josué de Castro provou de 10,3 milhões para 19,1 milhões.
que a fome não é consequência da falta Nas áreas rurais, onde vivem agricul-
de alimentos, mas sim da má distribuição toras e agricultores familiares, quilom-
das riquezas, concentradas cada vez bolas, indígenas e ribeirinhos, a fome
mais nas mãos de menos pessoas. Por se mostrou uma realidade em 12%
isso, a fome só acabaria com a distri- dos domicílios. Voltamos ao mapa da
buição de recursos e da terra, para os fome não apenas pela crise econômi-
trabalhadores nela produzirem. ca e social que se agravou com a pan-
demia, mas pelo avanço das políticas
de austeridade e de um projeto claro
em apenas dois de redução do papel do Estado na
anos, o número de garantia dos direitos humanos.
pessoas em situação Falta comida de verdade no pra-
to dos(as) brasileiros(as), devido ao
de insegurança abandono das políticas de abasteci-
alimentar grave mento alimentar, reforma agrária e
fortalecimento da agricultura familiar;
saltou de 10,3 milhões isso enquanto o governo comemora
para 19,1 milhões safras recorde de exportação de mi-
lhões de toneladas de grãos. Crianças
e adolescentes passam fome, porque,
além de tudo, tiveram o acesso à ali-
Ao analisar o legado de Josué de mentação escolar comprometido du-
Castro, o geógrafo Milton Santos faz rante a pandemia de Covid-19.
um apelo: “(...) ainda é tempo de reto-
mar o caminho que ele nos mostrou e O Observatório da Alimentação Escolar
de ganhar a batalha”. Quase 50 anos (ÓAÊ) surge nesse contexto de crise e
após a morte de Josué de Castro e graves desmontes. Nasce em fevereiro
depois de sair do mapa da fome, em de 2021, a partir da convergência de
2014, o Brasil volta a conviver com o processos de mobilização e incidên-
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A nuário ÓAÊ
14
I ntrodução
de descentralização e direcionamento
das compras públicas para a agricul-
tura familiar, elaborado com base em
Nota Técnica produzida pelo ÓAÊ.
Compartilhamos também a experiên-
cia da equipe do ÓAÊ na tentativa
de acessar informações sobre os Con-
selhos de Alimentação Escolar (CAEs)
nos estados, como forma de reflexão
sobre os tortuosos caminhos para o
engajamento em defesa do PNAE. E,
por fim, apresentamos aquela que é
uma das principais agendas propositi-
vas do ÓAÊ: uma proposta de recom-
posição do per capita do PNAE, fruto
da colaboração com a Associação Na-
cional de Pesquisa em Financiamento
da Educação (Fineduca).
Boa leitura!
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B loco 1
A pandemia e a
alimentação escolar
A nuário ÓAÊ
Mariana Santarelli1
Gabriele Carvalho2
1 Mariana Santarelli é pesquisadora no Centro de Referência de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESSAN)
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), relatora nacional para o direito humano à alimentação da Plataforma
Dhesca Brasil, membro do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar (FBSSAN) e coordenadora de projetos do
Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ).
2 Gabriele Carvalho é doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ), membro do núcleo executivo do FBSSAN e assessora do ÓAÊ.
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B alanço do P rograma N acional de A limentação E scolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
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B alanço do P rograma N acional de A limentação E scolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
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B alanço do P rograma N acional de A limentação E scolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
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B alanço do P rograma N acional de A limentação E scolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
1 Rodrigo Azambuja Martins é Defensor Público do RJ, Coordenador de Infância e Juventude, Mestre em Direito
pela Universidade de Coimbra.
2 Guilherme Pimentel é Ouvidor-Geral Externo da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
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E xigibilidade política e judicial da alimentação escolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
dos alunos. Quando está vinculada mente realizadas na escola, para to-
à agricultura local, a alimentação dos os alunos da educação básica da
escolar também fortalece as econo- rede pública municipal; ii) a distribui-
mias locais e ajuda as famílias rurais
a superar a pobreza e a fome. ção imediata, dando-se preferência
a alimentos in natura e minimamente
Nessa seara, o Brasil desponta como: processados; iii) a utilização de recur-
um dos poucos países do mun- sos provenientes do próprio município
do com um programa universal e, a título suplementar, dos recursos
de alimentação escolar. Todas as
crianças matriculadas em escolas federais provenientes do PNAE; iv) o
públicas recebem uma refeição nu- cumprimento da aquisição de gêneros
tricionalmente balanceada e par- alimentícios diretamente da agricultu-
ticipam de atividades de educa- ra familiar; v) a realização de infor-
ção alimentar e nutricional. Todos mes com indicação dos dias, horários
os dias, o Programa Nacional de
Alimentação Escolar alimenta 43 e locais nos quais os responsáveis po-
milhões de crianças no Brasil. derão comparecer para retirar a ren-
da ou os gêneros alimentícios; e vi) a
Com a publicação da Lei 13.957 e
adoção de medidas sanitárias.
o reconhecimento, pelo Poder Legis-
lativo, da necessidade da execução As prefeituras que não prestaram infor-
do PNAE com o fechamento das es- mações (sobre acolhimento ou não das
colas – e edição da Resolução FNDE medidas sugeridas) ou se recusaram ao
02/2020, criando parâmetros para fornecimento de kit merenda ou alter-
execução da política pública –, foram nativas que assegurassem o direito à
encaminhadas recomendações aos 92 alimentação dos alunos foram proces-
municípios do estado do Rio de Ja- sadas: Angra dos Reis, Areal, Barra do
neiro, além do governo estadual. A Piraí, Barra Mansa, Belford Roxo, Cabo
recomendação consiste, como diz o Frio, Cambuci, Cachoeiras de Macacu,
nome, numa sugestão de implementa- Duque de Caxias, Itatiaia, Itaboraí, Ita-
ção de determinado comportamento ocara, Japeri, Mangaratiba, Mendes,
pelo ente público, uma vez constatada Miracema, Nova Friburgo, Paraíba do
omissão. É um instrumento que objetiva Sul, Quatis, Queimados, São João de
solucionar, sem recurso ao Poder Judi- Meriti, São Pedro da Aldeia, Vassou-
ciário, a controvérsia. ras, Volta Redonda, Rio de Janeiro. No
caso do Rio de Janeiro, o governo do
A recomendação sugeria aos entes
estado também sofreu processo.
públicos, executores do PNAE, que as-
segurassem, dentre outras coisas: i) a Muitas das decisões favoráveis não fo-
distribuição de gêneros alimentícios e/ ram cumpridas, o que motivou reque-
ou transferência de renda, correspon- rimentos de execução, inclusive com a
dentes ao número de refeições normal- fixação de multa contra os administra-
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E xigibilidade política e judicial da alimentação escolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
ria, uma vez que um corpo saudável é Outra importante contribuição para o
menos suscetível a adoecimentos. entendimento sobre o caso do estado
Não fosse isso, tentamos demons- do Rio de Janeiro foi a missão de re-
trar que os titulares do direito eram latoria feita no âmbito da Plataforma
crianças, que gozam da garantia de Brasileira de Direitos Humanos (Dhes-
prioridade absoluta, afinal precisam ca Brasil). A relatora, Mariana Santa-
se alimentar para se desenvolverem relli, revela que a omissão do estado
plenamente. Nesse quadro normati- se configura como grave violação de
vo, havendo autorização rectius de- princípios fundamentais relativos à
terminação de execução do PNAE, obrigação do Estado de promover e
era lícito a atuação judicial para prover o Direito Humano à Alimenta-
corrigir a omissão. Cabe destacar a ção e Nutrição Adequadas (DHANA),
manifestação pública feita por or- tais como: i) o princípio da prioridade
ganizações não governamentais, na- absoluta, do uso do máximo de recur-
cionais e internacionais, em denúncia sos disponíveis e da vedação do retro-
ao descaso do STF com o direito hu- cesso social referente à dimensão de
mano à alimentação. estar livre da fome; ii) o princípio da
legalidade de atendimento universal
A alegação da violação à Separa-
ção dos Poderes não pode ser invo- e da não discriminação; iii) os princí-
cada quando o Estado é omisso e pios da participação social, prestação
ineficiente na prestação da política de contas e responsabilização; iv) as
pública, deixando estudantes à mín- diretrizes de provisão de alimentação
gua de seu direito mais fundamen- adequada e saudável e da compra
tal de, inclusive, estar livre da fome.
A obrigação de comportamento do direta da agricultura familiar previs-
Poder Judiciário, perante a Constitui- tas na legislação do PNAE.
ção Federal e os Tratados Interna- Embora suspensas as liminares, e sem
cionais, é justamente a de garantir
direitos desta magnitude, quando os que tenha ocorrido julgamento definiti-
demais poderes falham ou mostram- vo das ações propostas, houve avanços
-se ineficientes. Não se trata aqui de na execução da política pública, a par-
se substituir ao Estado na realização tir de efeitos indiretos da propositura
da política pública, mas de compe- das demandas. Com efeito, a conquis-
lir o Estado do Rio de Janeiro para
que garanta efetivamente o direito ta normativa não encerra a luta pela
à Alimentação Escolar de Estudantes. sua implementação. O ajuizamento das
Se não for este o papel do Poder Ju- ações coletivas, com ampla cobertura
diciário, especialmente do STF, fren- da imprensa e mobilização social das
te aos Direitos Humanos Fundamen- famílias dos alunos, fez com que o esta-
tais Sociais, como a alimentação e a
educação, qual será? do de letargia, em muitas dessas cida-
des, fosse superado. Aqui destacamos
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E xigibilidade política e judicial da alimentação escolar na pandemia
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A nuário ÓAÊ
Andressa Pellanda1
Marcele Frossard2
Atualmente no Brasil existe uma rede mia de Covid-19, contudo, para seguir
de educação composta por 131.641 os protocolos de segurança e evitar o
escolas que, através do Progra- aumento do contágio, a distribuição
ma Nacional de Alimentação Escolar de alimentos também foi suspensa.
(PNAE), deveria disponibilizar alimen- A Campanha Nacional pelo Direito
tação saudável e de qualidade para à Educação se manteve atenta des-
seus estudantes. Desde que as aulas de o início desse processo, realizan-
foram suspensas em função da pande- do consultas públicas e produzindo
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D ebates sobre a reabertura das escolas
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A nuário ÓAÊ
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D ebates sobre a reabertura das escolas
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B loco 1
Alimentação saudável e
agricultura familiar
A nuário ÓAÊ
ENTREVISTA
“Um programa capaz de acompanhar a evolução do conceito de
alimentação saudável”
1 Gabrielle Araujo é jornalista formada pela UFRRJ e atua com produção de conteúdo digital. No ÓAÊ, é Assessora de Comunicação Social.
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E ntrevista
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A nuário ÓAÊ
consumidos. Foi então que surgiu uma ÓAÊ - Queremos saber um pouco
nova classificação de alimentos, que é mais sobre a relação da alimentação
a chamada Classificação Nova, que com fenômenos como a sustentabili-
leva em consideração não a composi- dade dos sistemas alimentares e as
ção química do alimento, o que tem de mudanças climáticas?
nutriente lá dentro, mas sim a extensão Patrícia Jaime - Os estudos dos ultra-
e o propósito do processamento que processados começam com avaliações
esse alimento sofreu antes do consumi- relacionadas à qualidade da alimen-
dor adquirir, ou seja, antes das pessoas tação e sobre os desfechos de saúde,
comerem. Então essa classificação se como a obesidade. Já não há mais
divide em quatro grupos: o primeiro, dúvida na academia sobre o fato de
que são os alimentos in natura ou mini- que padrões alimentares baseados
mamente processados; o segundo, são em alimentos ultraprocessados aumen-
os ingredientes culinários; o terceiro, tam o risco em saúde para as doenças
são os alimentos processados; e o últi- crônicas não transmissíveis. Agora, um
mo grupo, e essa é a grande sacada, outro aspecto que ganha relevância
são os alimentos ultraprocessados, que na pesquisa científica é o entendimen-
permitem um olhar específico aos ali- to sobre o impacto dessas dietas ultra-
mentos industrializados. Esses alimentos, processadas na sustentabilidade.
que você não consegue reproduzir em
casa, utilizam muitos poucos ingredien- Esses alimentos nos levam a um modelo
tes extraídos de alimentos de verdade. de produção que é baseado em pou-
A eles são adicionados vários produ- quíssimas espécies, porque eles partem
tos e substâncias que vão dar sabor basicamente de uns três ou quatro in-
artificial e consistência. Esses alimentos gredientes para a produção, como soja
ultraprocessados são em geral de um ou milho, que são as grandes commodi-
perfil nutricional muito ruim, mas mais ties agrícolas. Então eles oferecem um
do que isso, eles alteram a nossa forma risco, que não é só mais para a saúde
de comer, eles substituem a comida, a humana, mas também para a saúde
refeição, eles são feitos para isso e são ambiental. Porque eles geram um im-
hiper palatáveis, induzem à gula. pacto na perda de biodiversidade, in-
duzem a um sistema alimentar voltado
para a produção de poucos alimentos.
Além disso, tem uma outra externalida-
de para ser considerada, porque eles
produzem muitos resíduos ambientais.
Quando falamos de sustentabilidade,
temos que falar nas diferentes dimen-
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E ntrevista
sões; porque eu posso falar da perspec- mentar que é mais sustentável. Por ou-
tiva ecológica, ou seja, de quanto, por tro lado, modelos de sistema alimentar
exemplo, isso induz a um maior consu- hegemônico também levam a padrões
mo de água para produção de deter- alimentares ultraprocessados. É uma
minadas commodities agrícolas, o uso coisa de retroalimentação em termos
extensivo de terras com os agrotóxicos, de demanda e oferta.
que é muito presente nos sistemas de
produção dos quais derivam os alimen-
tos ultraprocessados. E hoje a gente já a regra de ouro
tem estudos que mostram essa pegada que é faça a sua
ecológica de dietas ultraprocessadas. É
possível também a gente estabelecer a alimentação a base
relação com a diversidade. Então, uma de alimentos in natura
dieta baseada em ultraprocessados,
ela demanda pouquíssimas espécies,
ou minimamente
tanto vegetais quanto animais. Já uma processados e
dieta mais diversificada induz um siste- preparações culinárias
ma alimentar que é mais variado em
termos de produção. Então entramos em detrimento
na dimensão social da sustentabilida- dos alimentos
de. Sistemas alimentares baseados em
poucos produtos geram ainda maiores ultraprocessados
desigualdades entre o pequeno pro- Patrícia Jaime
dutor e a grande indústria, que vai ser
a grande fornecedora de alimentos
ultraprocessados. Mirena Boklis Berer - E é justamente
aí que entra a alimentação escolar. Ela
Acho que todas essas recomendações tem o poder de atuar nos eixos globais,
que aparecem no Guia Alimentar da das mudanças climáticas, para além da
População Brasileira – na regra de desnutrição e obesidade. Porque com
ouro que é faça a sua alimentação a um programa estruturado, que vai ofe-
base de alimentos in natura ou mini- recer uma alimentação de qualidade,
mamente processados e preparações baseada em alimentos in natura e mi-
culinárias em detrimento dos alimentos nimamente processados, estimulamos
ultraprocessados –, elas buscam esta- uma alimentação mais saudável, en-
belecer esse nexo que quando a gen- tão acaba que ajudamos a combater
te tem a possibilidade de ter padrões a obesidade e a desnutrição, porque
alimentares baseados em alimentos in estaremos oferecendo menos alimentos
natura, isso organiza um sistema ali-
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A nuário ÓAÊ
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E ntrevista
Mirena Boklis Berer - Acredito que foi que o consumo da alimentação escolar
mais ou menos a partir de 2009 que estava associado à melhor qualidade
se deram as principais mudanças. Para da dieta, que foram estudos conduzi-
mim, a Lei 11.946/2009 é o grande dos com os dados da PeNSE de 2012
marco. Contribui muito a obrigatorie- com alunos do nono ano; mas a gente
dade do profissional nutricionista como ainda não tinha esses dados relaciona-
responsável pela elaboração dos car- dos com a obesidade. E o PeNSE de
dápios e a fiscalização dos Conselhos 2015 teve uma segunda amostra que
de Alimentação Escolar, entre outros envolveu não só o nono ano, mas todo o
aspectos. Na minha dissertação, eu fiz ensino fundamental, e também coletou
uma linha do tempo e vejo que sem- os dados de peso e altura.
pre tem alguma coisa nova. O PNAE
acompanha muito as mudanças e os
avanços que temos tido na área de o que encontramos foi
nutrição. E quando comparamos a ali- o que esperávamos:
mentação que é ofertada hoje com a
alimentação que meus pais tinham na consumir alimentação
época da escola, que era muito aque- escolar todos os dias
les mingaus, aquelas misturas que todo
mundo tem trauma até hoje, a gente vê
está associado com
que realmente teve um avanço grande. o maior consumo
de alimentos
ÓAÊ - Quais são as evidências de saudáveis, como as
estudos que associam o consumo da
alimentação escolar oferecida pelo
frutas, hortaliças,
PNAE com a mudanças de dietas e feijão etc. e com
também a ocorrência de obesidade? um menor consumo
Mirena, você pode nos contar sobre
o seu estudo? de alimentos não
Mirena Boklis Berer - Estudei dados saudáveis, entre eles
de adolescentes a partir da Pesquisa os ultraprocessados
Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) de
2015 para avaliar a associação entre Mirena Boklis Berer
o consumo da alimentação escolar, tan-
to na qualidade da dieta, quanto no
Analisamos dados de mais de 12.000
estado nutricional – principalmente a
estudantes de escolas públicas de todo
obesidade e o sobrepeso. Já existiam
o Brasil, olhando para a associação en-
alguns estudos brasileiros que sugeriam
tre consumir alimentação escolar todos
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A nuário ÓAÊ
os dias, com a qualidade da dieta. E o uma política pública que dialoga com
que encontramos foi o que esperáva- as questões de nutrição e saúde, não
mos: consumir alimentação escolar to- só de educação, e ele pode ser supe-
dos os dias está associado com o maior rimportante para diminuir o problema
consumo de alimentos saudáveis, como de saúde pública que é a obesidade,
as frutas, hortaliças, feijão etc. e com um mas para isso a gente também tem que
menor consumo de alimentos não sau- entender melhor porque que essa ade-
dáveis, entre eles os ultraprocessados. são é baixa e então poder atingir todo
O nosso estudo mostrou que o PNAE é esse potencial.
Resultados do estudo
O estudo School meals consumption is associated with a better diet quality of Brazilian
adolescents: results from the PeNSE 2015 survey apontou que o consumo mais
frequente de alimentação escolar esteve positivamente associado à qualidade da
dieta de adolescentes de 11 a 19 anos. Além disso, o consumo mais frequente de
alimentação esteve diretamente associado tanto ao menor consumo de alimentos não
saudáveis quanto ao maior consumo de alimentos saudáveis. Nesse sentido, com a
maior frequência de oferta da alimentação escolar, os adolescentes apresentaram,
significativamente, maior ingestão regular de feijão e legumes ou verduras, além de
diminuir o consumo regular de refrigerante.
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E ntrevista
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A nuário ÓAÊ
Vanessa Schottz1
Juliana Casemiro2
Morgana Maselli3
Flávia Londres4
1 Vanessa Schottz é professora no Curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/Campus Macaé,
pesquisadora no CERESSAN, membro do Conselho Consultivo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional (RBPSSAN). Representa o FBSSAN no Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ).
2 Juliana Casemiro é professora adjunta no Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (INU/UERJ) e
membro do Núcleo Executivo do FBSSAN.
3 Morgana Maselli integra a Secretaria Executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
4 Flávia Londres integra a Secretaria Executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
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C omida de verdade nas escolas do campo e da cidade
5 SCHOTTZ, V; CASEMIRO, J. Lei da alimentação escolar: uma importante conquista da sociedade. In: ARAÚJO, MA; MARTINS,
JA; LACERDA, MB; TRAMARIM, E. A agricultura familiar e o direito humano à alimentação: conquistas e desafios. Brasília: Câmara
dos Deputados, Edições Câmara, 2015.
6 PEDREZA, DF; MELO, NLS; SILVA, FA; ARAUJO, EMN. Avaliação do Programa Nacional de Alimentação Escolar: revisão da
literatura. Ciência & Saúde Coletiva [online], v. 23, n. 5, 2018.
7 MACHADO, PMO; SCHMITZ, BAS; GONZÁLES-CHICA, DA; CORSO, ACT; GABRIEL, CG. Compra de alimentos da agricultura
familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): estudo transversal com o universo de municípios brasileiros.
Ciência & Saúde Coletiva [online], v. 23, n. 12, 2018.
8 CORRÊA, EN; NEVES, J; SOUZA, LD; FLORINTINO; CS; PORRUA, P; VASCONCELOS, FAG. School feeding in Covid-19 times:
mapping of public policy execution strategies by state administration. Revista de Nutrição [online], v.33, 2020.
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C omida de verdade nas escolas do campo e da cidade
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C omida de verdade nas escolas do campo e da cidade
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C omida de verdade nas escolas do campo e da cidade
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ENTREVISTA
“A comida é um ato revolucionário desde a etapa da infância ”
Por Thais Iervolino1
ÓAÊ - Como você trabalha o tema do criança e é também uma forma de esti-
direito à alimentação escolar dentro mular as crianças a conhecer os saberes
da sala de aula? do mundo.
Silvia Cristina dos Santos Carvalho - A gente costuma pensar que a alimen-
Eu trabalho com a Educação Infantil e tação é uma questão sociopolítica.
então, para essa etapa de ensino, a ali- Enquanto professora, o engajamento
mentação é mais do que a refeição no político, o engajamento educativo, pe-
cotidiano escolar. Ela é um vínculo com a dagógico com o estudante se faz na
1 Thais Iervolino é jornalista e pesquisadora feminista com mestrado em sociologia. Atua há mais de 20 anos em organizações
e movimentos sociais que lutam pela garantia dos direitos humanos principalmente nas áreas de Educação, Meio Ambiente,
Gênero e questões LGBTQIA+.
54
E ntrevista
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A nuário ÓAÊ
A criança vai recontar a história em tão de que o alimento não era apenas
uma roda de conversa, vai dizer o que uma refeição, mas um direito e tam-
pensa sobre a atividade na horta, e bém uma questão sociocultural.
assim a gente consegue receber esse Outra problematização surgiu quan-
retorno em relação ao desenvolvimen- do algumas famílias não concordavam
to cognitivo da criança no decorrer das com a qualidade dos alimentos servi-
nossas sequências didáticas e até mes- dos na escola. Nesse momento, pro-
mo o retorno das pessoas que moram curamos dialogar da melhor manei-
com ela, porque a criança comenta em ra com elas e chegamos a conversar
casa como foi a aula e o que aprendeu. com a secretaria de educação para
Antes da pandemia – e agora com recebermos alimentos com mais qua-
a reabertura das escolas –, tínhamos lidade, o que realmente aconteceu já
uma atividade em que a criança le- com as mudanças que chegaram com
vava para sua casa o alimento que o Programa de Aquisição de Alimen-
plantava na horta. Minha filha, inclu- tos (PAA) e o Programa Nacional de
sive, não comia beterraba e quando Alimentação Escolar (PNAE).
trouxe a beterraba da escola, ela co- Inclusive, muitas famílias da escola são
meçou a comer, porque ela ficou feliz fornecedoras de alimentos para o PAA,
e orgulhosa do fato de ter plantado o já que fazem parte da agricultura fa-
alimento. Então esse é um exemplo do miliar. Esse é um vínculo que temos cons-
que a criança vai levar de significativo truído para além da didática, o vínculo
para a sua aprendizagem futura. participativo da comunidade escolar
dentro da escola. Nesse sentido, a es-
ÓAÊ - Como vocês colocam a impor- cola passa a ser importante não só em
tância da escola em relação ao direi- relação à refeição do estudante, mas
to à alimentação? também para a sobrevivência das co-
munidades. As famílias garantem, des-
Silvia Cristina dos Santos Carvalho - sa forma, sua soberania financeira ao
Já tivemos situações nas quais proble- fornecer alimentos à escola.
matizamos o direito à alimentação na
escola por várias situações. Na horta,
por exemplo, conversamos não só com
o estudante, mas também com sua fa-
mília e a comunidade escolar, porque
precisávamos de um consenso da so-
ciedade para levar a criança a tra-
balhar na horta, a ter um manejo da
horta. Então problematizamos a ques-
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E ntrevista
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E ntrevista
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B loco 1
Desafios e ameaças
ao PNAE
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Andressa Pellanda1
Marcele Frossard2
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R eformas de E stado , redução de direitos e possíveis repercussões
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Mariana Santarelli1
Vanessa Schottz2
Patricia Gentil3
1 Mariana Santarelli é pesquisadora no Centro de Referência de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESSAN)
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), relatora nacional para o direito humano à alimentação da Plataforma
Dhesca Brasil, membro do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar (FBSSAN) e coordenadora de projetos do
Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ).
2 Vanessa Schottz é professora no Curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/Campus Macaé,
pesquisadora no CERESSAN, membro do Conselho Consultivo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional (RBPSSAN). Representa o FBSSAN no ÓAÊ.
3 Patrícia Chaves Gentil é mestre em Nutrição, consultora do Programa Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de
Defesa do Consumidor (IDEC) e membro da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável.
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A meaça no C ongresso N acional
4 A tese de doutorado de uma das autoras deste texto, Vanessa Schottz, denominada Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE): controvérsias sobre os instrumentos de compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar, defendida em 2017
na UFRRJ, pode ser acessada em: https://tede.ufrrj.br/jspui/bitstream/jspui/2375/2/2017%20-%20Vanessa%20Schottz.pdf
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Priscila Diniz1
Simone Magalhães2
1 Priscila Diniz é engenheira de alimentos e assessora de advocacy em políticas públicas para alimentação adequada e
saudável na ACT Promoção da Saúde. Compõe a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável e o Conselho Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA-DF).
2 Simone Magalhães é educadora popular, faz parte do setor de educação e do grupo de estudos Terra, Raça e Classe do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Representa o MST no Comitê Gestor do Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ).
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O agro não é pop , mas até nas escolas quer ser
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O agro não é pop , mas até nas escolas quer ser
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O agro não é pop , mas até nas escolas quer ser
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Luana de Brito1
Thais Iervorino2
Mariana Santarelli3
1 Luana de Brito é membro da Rede de Mulheres Negras para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (RedeSSAN) e
assessora de gênero e raça do Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ).
2 Thais Iervolino é jornalista e pesquisadora feminista com mestrado em sociologia. Atua há mais de 20 anos em organizações
e movimentos sociais que lutam pela garantia dos direitos humanos principalmente nas áreas de Educação, Meio Ambiente,
Gênero e questões LGBTQIA+.
3 Mariana Santarelli é pesquisadora no Centro de Referência de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESSAN)
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), relatora nacional para o direito humano à alimentação da Plataforma
Dhesca Brasil, membro do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar (FBSSAN) e coordenadora de projetos do ÓAÊ.
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A lô , gostaria de falar com o C onselho de A limentação E scolar
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A lô , gostaria de falar com o C onselho de A limentação E scolar
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Conselho Regional de Nutrição; 2Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional; 3Universida-
de de Brasília; 4Associação dos Celíacos do Brasil; 5Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.
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A lô , gostaria de falar com o C onselho de A limentação E scolar
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1 Adriana Dragone Silveira (UFPR), Cacilda R. Cavalcanti (UFMA), João Paulo Marra Dantas (UFG), Nalú Farenzena (UFRGS) e
Thiago Alves (UFG) são pesquisadores associados à Fineduca.
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F inanciamento do PNAE
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nº 59/2009) do dever do Estado para básica, pois o Programa era antes res-
o atendimento em todas as etapas da trito ao ensino fundamental.
educação básica por meio de “pro- A partir da maior abrangência do
gramas suplementares de material di- PNAE, ocorreram reajustes nos valores
dático escolar, transporte, alimentação per capita para os anos de 2010 (os
e assistência à saúde”. É de observar maiores entre os anos considerados),
que, antes do preceito constitucional, a 2013 e 2017, conforme se pode ob-
referida lei já havia previsto a exten- servar na tabela abaixo.
são do PNAE para toda a educação
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Recursos do PNAE transferidos pelo FNDE aos entes federativos por dependência
administrativa (2014-2019)1
Fonte: Elaborado com base nos Dados Orçamentários e Financeiros do PNAE – Rede Federal – Por Entidade Executora
disponibilizados pelo FNDE.
(1) Valores pagos atualizados pelo IPCA Alimentação e Bebidas para dez/2020.
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Valores per capita do PNAE de 2017 a 2021 e projeção para 2022 com base na
atualização/projeção de valores pela inflação
Fonte: Elaborada com base nas resoluções do FNDE e atualização/projeção de valores utilizando o índice IPCA/IBGE –
Alimentação e Bebidas.
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atualizados (última coluna da tabe- tados para 2022. Para isso, foram
la acima)2. A projeção foi realizada utilizados os ‘Dados Financeiros do
recalculando os recursos efetivamen- PNAE – Redes Estadual, Distrital e
te transferidos (valores pagos) pelo Municipal – Por Entidade Executora’
PNAE aos estados e municípios em disponibilizados pelo FNDE.
2019 com valores per capita proje-
Recursos do PNAE transferidos pelo FNDE aos entes federativos por dependência
administrativa de 2014 a 20191 e projeção para 2022
Nota: (1) Valores pagos atualizados pelo ‘IPCA-Alimentação e Bebidas’ para dez/2020.
2 Para a projeção do orçamento para 2022 realizou-se uma análise dos valores repassados pelo FNDE em 2019, contendo
informações desagregadas das 12 ações de etapas e modalidades do PNAE e das unidades executoras (Distrito Federal, 25
redes estaduais e 5.501 redes municipais). O arquivo 2019 não contém informações da rede estadual do Amapá. Como não
foi informado no arquivo do FNDE o número de matrículas por cada ação, realizou-se um procedimento para calcular o número
equivalente de matrículas atendidas em 2019 em cada ação, utilizando a seguinte fórmula: ‘Matrículas equivalentes PNAE
2019 = [Valor pago ação / per capita ação / 200 dias letivos]’. Nesse procedimento, foram utilizados os valores per capita
vigentes em 2019. Depois, como último procedimento para projeção do orçamento do PNAE 2022 aplicou-se a fórmula ‘VT =
A x D x C’ para cada entidade executora.
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