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2ºMIL - Redação - Brenda Grandini

PROVA DE REDAÇÃO

Leia o texto abaixo.

Por mais que seja de lamentar, o problema do discurso do ódio segue ocupando a agenda das discussões
em torno do alcance da proteção da liberdade de expressão e as possibilidades de sua (juridicamente) legítima
regulação e limitação. Pior que isso, em se prestando mínima atenção ao que se passa no cenário mundial e
no Brasil, o que se percebe é uma tendência de substancial agravamento, seja no que diz com o aumento de
tais discursos, seja no concernente ao seu impacto em diversas searas. Além disso, com a ampliação em
progressão geométrica do acesso à internet e às mídias sociais, a facilidade de veicular manifestações de
caráter discriminatório de toda a natureza e mesmo de incitações diretas a atos de segregação e violência
praticamente não tem encontrado mais limites quantitativos e territoriais. [...]
Nesse contexto, é compreensível que a preocupação com os limites da liberdade de expressão,
designadamente da proibição e mesmo criminalização do discurso do ódio, também aumente e tenha ocupado
a política e a esfera judiciária. Uma das dimensões mais relevantes nesse processo é a compreensão mais ou
menos restritiva da definição jurídica do discurso do ódio, ou seja, quais manifestações podem e quais não
podem ser tidas como assim enquadradas e se — e até que ponto — podem ser reprimidas.
[...] nada mais atual para ilustrar e explorar o tema do que a decisão (1 BvR 673/18) de 22 de junho do
Tribunal Constitucional Federal (TCF) da Alemanha, sediado na cidade de Karlsruhe, que entendeu ser
compatível com a Lei Fundamental e a liberdade de expressão nela consagrada e protegida (artigo 5º, 1) a
criminalização e consequente punição pela negação do genocídio nacional-socialista, designadamente, no caso
concreto objeto do julgamento (com a não admissão para decisão) de reclamação constitucional
(Verfassungsbeschwerde) que impugnava decisão que havia condenado a reclamante por ter negado a
ocorrência do extermínio levado a efeito no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.
Para o TCF — aqui em apertadíssima síntese —, a difusão consciente de afirmações fáticas
comprovadamente inverídicas não contribui para a formação da opinião no contexto público e, portanto, não
se encontra protegida pela liberdade de expressão. Ademais disso, a negação do genocídio nacional-socialista
extrapola as fronteiras de um embate de ideias pacífico na esfera pública e indica uma afetação da paz social.
[...]
Se voltarmos os olhos ao caso do Brasil, percebe-se a existência, no âmbito do STF, de uma crescente
afirmação da posição preferencial da liberdade de expressão, abarcando, mais recentemente, a liberação de
charges e sátiras na esfera da publicidade e do embate eleitoral, interditando-se, todavia, as assim chamadas
fake news. [...]
Com efeito, não se deve olvidar que também manifestações públicas em sede de campanhas eleitorais,
assim como charges, sátiras e outros modos de veicular opiniões e afirmações de natureza fática, podem
envolver um discurso do ódio, bem como de caráter eminentemente difamatório, calunioso e injurioso.
Coloca-se, portanto, o delicado problema de distinguir em que casos uma charge ou sátira implica um
discurso do ódio e se nesse caso a regra da sua liberação nas campanhas eleitorais pode ser excepcionada, sem
que se corra o risco de um esvaziamento da decisão do STF. [...]
De outra parte, mesmo no concernente ao legítimo e necessariamente amplo espaço para o embate de
ideias e críticas no processo democrático-eleitoral, discursos que se caracterizam por um conteúdo
manifestamente hostil e discriminatório em relação a determinados grupos sociais podem colocar em risco a
própria democracia e — a exemplo de determinadas modalidades de fake news (cujo conteúdo igualmente
deve ser objeto de cuidadosa densificação) — chegar ao ponto de comprometer a necessária isonomia
(igualdade de armas) indispensável a um legítimo processo eleitoral.

Retirado e adaptado de https://www.conjur.com.br/2018-ago-10/direitos-fundamentais-liberdade-expressao-discurso-odio-


karlsruhe-charlottesille
2ºMIL - Redação - Brenda Grandini

A partir da reflexão sobre o texto de apoio e de seus conhecimentos gerais, construa um texto
dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, de 25 (vinte e cinco) a 30 (trinta) linhas, considerando
a seguinte temática:

“O limite entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio”

OBSERVAÇÕES:

1. Aborde o tema sem se restringir a casos particulares ou específicos ou a uma determinada pessoa.

2. Formule uma opinião sobre o assunto e apresente argumentos que defendam seu ponto de vista, sem
transcrever literalmente trechos dos textos de apoio.

3. Não se esqueça de atribuir um título ao texto.

4. A redação será considerada inválida (grau zero) nos seguintes casos:

- trecho com qualquer marca que possa identificar o candidato;


- modalidade diferente da dissertativa;
- insuficiência vocabular, excesso de oralidade e/ou graves erros gramaticais;
- constituída de frases soltas, sem o emprego adequado de elementos coesivos;
- fuga do tema proposto;
- texto ilegível;
- em forma de poema ou outra que não em prosa;
- linguagem incompreensível ou vulgar;
- texto em branco ou com menos de 17 (dezessete) ou mais de 38 (trinta e oito) linhas; e
- uso de lápis ou caneta de tinta diferente da cor azul ou preta.

5. Se a sua redação tiver entre 17 (dezessete) e 24 (vinte e quatro) linhas, inclusive, ou entre 31 (trinta e
uma) e 38 (trinta e oito) linhas, também inclusive, sua nota será diminuída, mas não implicará grau
zero.

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