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iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do
Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação
Ciências Biológicas
Educação em Saúde
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e
massificação dos computadores pessoais.
Comprometida com a formação de professores em todos os níveis e
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado, Educação em Saúde
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade
estabelecidos pelos normativos legais do Governo Fede-
ral e se articulam com as demandas de desenvolvi-
mento das regiões do Ceará.
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
Ciências Biológicas
Educação em Saúde
1ª edição
Fortaleza - Ceará
2015
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados desta edição à UAB/UECE. Nenhuma parte deste material
poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a
prévia autorização, por escrito, dos autores.
Editora Filiada à
Os autores
Capítulo 1
Construção das Políticas
de Educação e Saúde
no Brasil
Educação em Saúde 9
Objetivo
• Apresentar ao aluno o desenvolvimento histórico e a construção das Políti-
cas de Educação e Saúde no Brasil.
4
A revolução Industrial foi Educação (PNE). O PNE elaborado tornar-se-ia importante, pois seria o do-
um período de intensa cumento que determinaria metas e diretrizes para a educação, bem como
mudança nos meios de delimitaria o prazo em que elas deveriam ser cumpridas. Entretanto, o plano
produção, migrando do
uso artesanal para a não chega a ser aprovado pelo Congresso com a justificativa de que ofenderia
utilização de máquinas "os propósitos essenciais dos constituintes de 1934".
na fabricação de insumos Na tentativa de consolidar nova proposta de educação, a "elite intelectual"
bem como a utilização do
ferro, maior eficiência da
brasileira vislumbrou a abertura para o processo de reorganização da sociedade
energia e da água, entre no tocante à educação. Assim, durante a V Conferência Nacional de Educação
outros. Teve seu início na em Niterói, surgiu o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por 26
Inglaterra, mas, em poucos intelectuais, entre eles: Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Cecília Meireles. Esse
anos, alcançou a Europa
Ocidental e os Estados
manifesto tornou-se um marco no novo caminho do sonho educacional brasileiro.
Unidos. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova denunciava a desorgani-
zação da educação no Brasil e defendia o Estado como responsável por criar
e manter uma escola única, laica, obrigatória e gratuita, com níveis de ensino
5
O Ministério de Educação
e Saúde Pública passou articulados entre si e com manutenção das particularidades regionais. Apon-
em 1937, a ser chamado tava-se, então, a educação como importante ferramenta para a democracia.
de Ministério de Educação Obteve-se, assim, um capítulo exclusivo na constituição de 1934: a elaboração
e Saúde, e, somente
do anteprojeto do Plano Nacional de Educação. Nessa Constituição, em seu
em 1953, houve uma
dissociação dessas pastas. art. 150, afirma-se que é competência da União “fixar o plano nacional de edu-
Com a autonomia dada à cação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especia-
área da Saúde, surgiu o lizados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do País”.
Ministério da Educação e
Cultura (MEC). Como a igreja detinha propriedade de uma quantidade expressiva de es-
colas privadas, ela teceu fortes críticas sobre a educação pública, principalmente
porque, nessa Constituição, instaurou-se a diretriz do ensino religioso como facul-
tativo e de acordo com os princípios de cada família no âmbito da escola pública.
Para a insatisfação dos educadores, o anteprojeto do PNE não chegou a
tornar-se lei, mesmo após longo debate no Congresso Nacional, devido à ditadu-
ra do Estado Novo, imposta por Getúlio Vargas a partir de 1937. Com o advento
do Estado Novo, rejeitou-se a proposta de um PNE que dava ao Estado plenos
poderes para gerir a educação como quisesse. Retirou-se a proposta de obrigato-
riedade do Estado em relação à educação, instituindo uma dicotomia no sistema
educacional com a existência de escolas para as elites e com o ensino profissio-
nalizante às classes trabalhadoras conferindo, assim, restrições aos trabalhado-
res que desejassem ingressar no ensino superior.
Somente com a elaboração da Constituição de 1946 é que o país pas-
sa a ter a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 4.024 de
1961 publicada por João Goulart quase 30 anos após ser prevista pela Consti-
tuição de 1934. A LDB de 1961 propunha maior autonomia aos órgãos estadu-
ais, descentralizando parte do poderio exercido pelo Ministério da Educação;
regulamenta a existência dos Conselhos Estaduais e Federal de Educação;
Educação em Saúde 11
Saiba mais
A Teoria dos Miasmas é uma teoria biológica proposta por Thomas Sydenham e Gio-
vanni Maria Lancisi no século XVII que dizia que as doenças teriam origem nos odores
fétidos vindos da matéria orgânica em estado de putrefação presesntes no solo e nos
lençóis freáticos contaminados.
16 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
Texto complementar
Os direitos de cidadania garantidos na Constituição Brasileira são dinamicamente
(res)significados e (re)dimensionados passo a passo com os movimentos que quali-
ficam a participação dos cidadãos, ampliando os espaços de interlocução no sentido
do protagonismo social.
O direito universal à saúde e à educação adquire um significado como direito de cida-
dania quando reivindicado pela população, garantido na Constituição e operacionalizado
pelas políticas públicas com o objetivo de dar concretude aos compromissos assumidos.
É, portanto, nesta perspectiva, que se justifica a integralidade dessas políticas, ou
seja, uma compreensão de que saúde e educação como direitos de cidadania não
podem ser concebidos de forma fragmentada.
Mas a educação e a saúde apresentam características que as fazem também políticas
de governo, as quais necessariamente não estão colocadas ao lado de e/ou comprometi-
das com a população. E, nesse caso, as políticas públicas podem servir de mecanismos de
legitimação de governos autoritários, de estratégia para satisfazer os interesses de deter-
minados grupos da sociedade e como dispositivo de dominação, submissão e controle.
Fonte: DANTAS, V. L. A.; REZENDE, R. PEDROSA, J. I. S. Integração de políticas de saúde e edu-
cação. IN: BRASIL. Ministério da Educação. Saúde e Educação: uma relação possível e necessária.
2009, p. 12. Disponível em: http://portaldoprofessor. mec.gov.br/storage/materiais/0000012177.pdf.
Síntese do Capítulo
Nesse capítulo inicial, apresentamos o desenvolvimento e a construção das
Políticas de Educação e Saúde no Brasil numa perspectiva histórica. Com
as Políticas de Educação no Brasil, nascem as Leis de Diretrizes e Bases da
Educação e os Planos Nacionais de Educação, pilares para a organização e
o direcionamento de ações e metas da política educacional vigente.
Discutimos as Políticas de Saúde do Brasil desde o período da Primeira
República até os dias atuais, pontuando as principais leis a partir das quais o
sistema de saúde brasileiro foi constituído, como a Lei Orgânica da Saúde - nº
8.080/90 e a Lei nº 8.142/90.
Educação em Saúde 25
Atividades de avaliação
Analise a figura abaixo:
Referências
AGUIAR, Z. N. Antecedentes históricos do Sistema Único de Saúde (SUS) –
breve história da política de saúde no Brasil. In: AGUIAR, Z. N. (Org.). SUS:
Sistema Único de Saúde – antecedentes, percurso, perspectivas e desafios.
São Paulo: Martinari, 2011, p. 15-40.
BALANÇO do Plano Nacional de Educação (PNE) 2001-2010. Nova Escola.
[Internet] Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/le-
gislacao/pne-plano-nacional-de-educacao-537431.shtml. Acesso em 14 Mai
2014.
BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educa-
ção nacional. 5. ed. Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação Edições
Câmara, 2010.
_______. Ministério da Educação. O PNE 2011-2020: metas e estratégias.
Brasília, 2010.
_______. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as con-
dições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização
e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Disponível em: <HTTP://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>.Acesso
em: 17 Mar. 2013.
_______. Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a parti-
cipação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e so-
bre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da
saúde e dá outras providências. Disponível em: <HTTP://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8142.htm>. Acesso em: 17 Mar. 2013.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participa-
tiva. Decreto n. 7.508 de 28 de junho de 2011: regulamentação da Lei nº
8080/1990. Brasília: Ministério da Saúde, 2011, 16p.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordena-
ção de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia à reorien-
tação do modelo assistencial. Brasília: Ministério da Saúde, 1997.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério
da Saúde, 2012, 110p.
CONILL, E. M. Ensaio histórico-conceitual sobre a Atenção Primária à Saúde:
desafios para a organização de serviços básicos e da Estratégia Saúde da
Educação em Saúde 27
Objetivos
• Apresentar ao aluno as concepções pedagógicas da Educação.
• Refletir sobre a influência das correntes pedagógicas da educação na prá-
tica de Educação em Saúde.
Introdução
Conhecer os princípios que fundamentam as práticas educativas é importante
para a compreensão da construção histórica da educação em saúde, bem
como para o desenvolvimento e a evolução de sua prática.
Devemos pensar que a prática de educar surge bem antes das con-
cepções pedagógicas e que aparece da necessidade de organizar as ações
educativas direcionadas a fins e objetivos desejados.
Estudiosos contemporâneos brasileiros apresentaram diversas concep-
19
A evolução da
educação está ligada
ções pedagógicas que sustentam a prática educativa. Devemos saber que
à da própria sociedade
essas concepções estão alicerçadas em três níveis: a filosofia da educação, em suas diversidades.
a teoria da educação e a prática pedagógica. Nesse capítulo, discutiremos Diversos pensamentos
sobre as filosofias e as teorias da educação. pedagógicos podem ser
descritos na literatura:
A filosofia que fundamenta uma corrente pedagógica nos apresenta a o oriental, o grego, o
compreensão de homem e de mundo que será utilizada para desenvolver o romano, o medieval, o
fenômeno educativo. A teoria da educação nos ajudará na organização do renascentista, o moderno,
o iluminista, o positivista,
conhecimento, bem como apresentará os processos e procedimentos para
o socialista, o da escola
desenvolver o ato educativo. A prática pedagógica é a forma como organiza- nova, o fenomenológico
mos e vivenciamos a ação educativa. existencialista, o
antiautoritário, o crítico,
Das diversas teorias pedagógicas formuladas, apresentaremos as que
o do terceiro mundo e o
têm sido amplamente discutidas e reconhecidas no Brasil como estruturantes brasileiro. Para melhor
da prática de educação: teorias não críticas e críticas, as quais dão origem a conhecer cada um desses
diversas tendências pedagógicas utilizadas na educação brasileira18. pensamentos, podemos
consultar o livro do
professor e pesquisador
Moacir Gadotti, intitulado
História das ideias
pedagógicas.
32 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
Esse modelo surgiu para formar mão de obra para o sistema capitalista,
21
O Behaviorismo visto que os alunos serveriam para suprir as necessidades desse sistema. De
Clássico, proposto por acordo com essa concepção a escola teria a função de formar pessoas com
John Broadus Watson,
o objetivo de se integrarem à máquina social, com comportamento moldado a
apresenta a Psicologia
como um ramo puramente partir de habilidades e conhecimentos adquiridos.
objetivo e experimental O Behaviorismo21 ou Comportamentalismo foi a teoria de base para a
das ciências naturais. A
Pedagogia Tecnicista. Métodos que envolviam técnicas de incentivos e de
finalidade da Psicologia
seria, então, prever e recompensas eram propostos como elementos motivadores do processo de
controlar o comportamento desenvolvimento do aluno, promovendo a competitividade entre eles e fortale-
de todo e qualquer cendo a dimensão do "saber fazer".
indivíduo. Existe também
o behaviorismo radical, Essa pedagogia não conseguiu transformar os marginalizados em indi-
proposto por Skinner, que víduos competentes e produtivos devido à falta de experiência da escola em
introduz outras variáveis articular a educação ao processo produtivo.
no sentido de analisar o
comportamento humano.
http://www.nndb.com/ 2. Teorias críticas: Pedagogia Libertadora, Libertária e
people/078/000030985/
Histórico Crítica
As teorias críticas entendem que a educação deve dispor da autonomia da so-
ciedade, para que os indivíduos membros dessa sociedade, venham a intervir
no mundo, na tentativa de potencializar a igualdade social. Essas teorias são
denominadas assim, pois apresentam criticidade diante das realidades sociais,
valorizam as finalidades sociopolíticas da educação e não apoiam as propostas
do capitalismo. As teorias críticas questionam os compromissos sociais e políti-
cos do sistema educacional. As três principais tendências que compõem essa
corrente são a Pedagogia Libertadora, a Libertária e a Histórico Crítica.
A pedagogia Libertadora surgiu no final do Regime Militar com mobi-
lização de educadores na busca de uma educação crítica motivada pelas
transformações sociais, econômicas e políticas. A pedagogia libertadora, ou
da problematização, pensava o ensino a partir de uma vivência educativa par-
ticipativa com envolvimento ativo da população.
A abordagem libertadora idealizava a educação como um ato criativo
de intervenção no mundo. Nessa concepção, o educador deveria ser media-
dor do novo saber, produzido pelo educando por meio de perguntas inseridas
em seu contexto e de experiências vividas. Segundo essa vertente, o aluno
não se comportaria apenas como mero expectador e reprodutor de saberes,
valores, técnicas e conhecimento. O fundador dessa corrente pedagógica foi
o educador Paulo Freire (discutiremos essa corrente pedagógica e sua apli-
cabilidade no Capítulo 4).
A pedagogia libertária, também conhecida como pedagogia anarquista,
tinha como um de seus principais objetivos a vivência plena da aprendizagem.
Educação em Saúde 35
Texto complementar
Experiências pedagógicas de Educação Popular em Saúde: a pedagogia
tradicional versus a problematizadora
A educação não é apenas um repasse de informações, mas um momento de co-
munhão, de desprendimento, em que o educador disponibiliza tempo e energia para
alcançar o objetivo desejado, ou seja, promover saúde. Para isso, é necessário conhe-
cer, de forma mais objetiva, o indivíduo ou a comunidade que se quer educar, e esse
conhecer implica troca, proximidade e especialmente a consciência e o conhecimento
das crenças, dos comportamentos, dos medos, do modo de vida e de tudo o que per-
meia e forma o cotidiano do objeto de educação.
Faz-se necessário o conhecimento da estrutura da personalidade. Cada indivíduo
é único, age e reage de forma peculiar a cada evento. Isso ocorre em função da sua
própria experiência de vida, das suas motivações, dos seus anseios, dos bloqueios e
de toda a estrutura pregressa de vida, desde a concepção, vida intrauterina, até o mo-
mento presente. O importante é determinarmos de que forma poderemos ter acesso
a esse indivíduo, quais os canais disponíveis e como acessá-los. As informações são
captadas por meio dos sentidos (auditivo, visual, olfativo, sinestésico e gustativo).
É importante também identificarmos qual é o sentido mais disponível no momento
para podermos acessá-lo bem e de forma eficiente.
Para tanto, estudaremos de forma simples e resumida os instrumentos que dispo-
nibilizamos na Análise Transacional e na Neurolinguística. Assim, a educação deveria
sempre, como uma de suas principais tarefas, convidar as pessoas a acreditar em
si próprias. A abordagem educacional deve encorajar as pessoas a questionarem os
problemas do dia a dia, a se tornarem capazes de realizar ações em saúde e a per-
ceberem a transformação valorizando suas próprias experiências. Neste cenário, a
Educação para a Saúde cumpre papel destacado: favorece a consciência do direito à
saúde e instrumentaliza para a intervenção individual e coletiva sobre os determinan-
tes do processo saúde/doença.
Fonte: http://www.uesb.br/revista/rsc/v4/v4n2a07.pdf
Síntese do Capítulo
Neste capítulo, apresentamos alguns dos pensamentos pedagógicos discu-
tidos e reconhecidos no Brasil como estruturantes da prática de educação e
suas tendências: Pensamento Liberal (Tradicional, Escola Nova e Tecnicista)
e Pensamento Progressista (Libertadora, Libertária e Histórico Cultural). Apre-
40 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
Atividades de avaliação
Observe as duas imagens abaixo. Observe o comportamento dos alunos e
professores e digam a qual tendência pedagógica cada uma parece represen-
tar. Relate algum fato que tenha acontecido com você, seja como professor ou
como aluno que esteja relacionado a essas duas tendências.
Vídeo
Acesse o link: <http://www.youtube.com/watch?v=oHpKgqyUgK0>. Nesse ví-
deo, Roberto Freire fala sobre a pedagogia libertária. Vale a pena assistir para
saber um pouco mais sobre essa corrente pedagógica.
Filmes
Ao mestre com carinho. Drama. Dirigido por James Claveel. 1967. Esse
filme mostra a história de um professor negro que começa a lecionar em uma
escola de alunos indisciplinados e de predominância branca. O professor não
se amedronta diante do desafio de ensinar essa turma.
Escritores da liberdade. Drama. Dirigido por Richard LaGravenese. 2006.
Uma jovem professora leciona em uma escola de um bairro pobre e, para que
seus alunos aprendam apesar de todas as dificuldades que enfrentam no dia
a dia, essa professora lança mão de diferentes métodos de ensino.
Sociedade dos Poetas Mortos. Drama. Dirigido por Peter Weir. 1990. Numa
escola de costumes rígidos, um novo professor de literatura incentiva os alunos
a pensarem por si. Seus métodos causam grande impacto na direção da escola.
O Sorriso de Monalisa. Drama. Dirigido por Mike Newell. 2003. Uma profes-
sora de arte de formação liberal leciona em uma escola tradicional na qual o
ensino para mulheres deve ser voltado para transformá-las em esposas e em
mães. O maior desafio para essa professora será fazer com que suas alunas
assumam sua identidade cultural como ser social e histórico.
Referências
BRANDÃO, C. R. O que é o método Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Brasi-
liense, 1981.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participa-
tiva. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de educação
popular e saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 160 p.
COELHO, M. M. F. Educação em saúde: os ditos e não ditos da prática de
enfermagem com adolescentes [Dissertação]. Curso Mestrado Acadêmico
Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, UECE. Fortaleza-CE, 2012.
FIGUEIRÊDO, M. F.; RODRIGUES NETO, J. F.; LEITE, M. T. S. Modelos apli-
cados às atividades de educação em saúde. Rev Bras Enferm., v. 63, n. 1,
p.117-121, 2010.
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação. Uma introdução
42 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
Objetivos
• Apresentar a construção histórica da Educação Popular no Brasil e sua
aproximação com a Educação em Saúde.
• Discutir conceitos da Educação Popular propostos por Paulo Freire.
1. Educação Popular
Na década de 50, intelectuais e educadores influenciados pelo movimento huma-
nista que eclodia na Europa no momento pós-guerra voltaram a sua atenção para
questões populares. Nesse período, surgiu o movimento de Educação Popular
que tinha base em movimentos políticos e culturais focados na melhoria da qua-
lidade de vida da classe baixa, em busca de participação, autonomia e liberdade
reais. Os trabalhos sistemáticos de teorização da Educação Popular foram inicia-
dos, no Brasil, por Paulo Freire.
Como vimos anteriormente, várias concepções sinalizam a história da Edu-
cação em Saúde no Brasil, que, até a década de 70, foi manipulada basicamente
pela elite brasileira, que agia de acordo com seus interesses, impondo normas e
comportamentos considerados adequados por essa elite. A assistência individua-
lizada à saúde se sobressaía às necessidades dos grupos populares.
Uma das concepções mais básicas sobre a prática de Educação em
Saúde funde-se com situações formais que funcionam agregadas aos servi-
ços de saúde. O didatismo e a assimetria marcam a ação do profissional de
saúde (educador) para com o usuário do serviço (educando). O didatismo
encontra-se presente quando as atividades se desenvolvem sem considerar
as situações de risco de cada comunidade e sem levar em conta o conjunto
das ações de saúde desencadeadas nesse sentido, ou seja, desenvolvem-se
aparentemente como um fim em si mesmo. Nessa prática, não há vinculação
entre os problemas de saúde e as pessoas em suas condições reais.
A assimetria acontece na passagem de um saber ou de uma informa-
ção que objetiva apenas o desenvolvimento de comportamentos ou de hábi-
tos saudáveis, configurando os profissionais da saúde como “os que sabem” e
os usuários como “os que desconhecem”, negando o diálogo e a participação
desses usuários como sendo de fundamental importância nessa relação.
48 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
Por isso, palavras como: Eva, Ivo, ovo, ave, sapato, são tão univer-
sais quanto vazias. E, na verdade, elas nada precisam dizer nem
evocar, porque tradicionalmente alfabetizar tem sido considerado
um trabalho mecânico de ensino de uma habilidade necessária, mas
neutra. Uma espécie de mágica que vira mania, ato coletivo compul-
25
Fonêmica: área da sivo com que se aprende pelo esforço do simples repetir sem refletir
linguística que busca (BRANDÃO, 1981 p. 30).
estabelecer as relações
entre fonemas e alofones, As palavras escolhidas além da riqueza fonêmica25 e da dificuldade fo-
sua ideia de formulação nética26 devem possuir densidade pragmática de sentido. Esse é o segundo
principal era propor um
momento do método.
método para converter a
fala em sistemas de escrita. Essas palavras conduzirão debates que sugerem a constituição de
mundo do grupo. Estarão codificadas e apresentadas em situações reais,
Fonética: área da
26
porém desafiadoras. Essas situações-problemas deverão ser decodificadas
Linguística que estuda a
produção e as percepções pelos sujeitos, levando a uma conscientização concomitante ao processo de
dos sons da fala humana. alfabetização.
O momento que atravessa o abstrato para demonstração do concreto
é o da leitura das fichas de cultura. Nelas, desenhos são realizados a partir
da codificação-decodificação dos temas geradores. O debate gira em torno
das situações apresentadas, em que os homens descobrem-se como seres
relacionais, produtivos e políticos. Em último momento, em que as palavras
geradoras representadas foneticamente são apresentadas aos educandos,
ocorre a decomposição e o reconhecimento dos fonemas, oportunizando a
criação de outras palavras.
4. Conceitos freirianos
Compreender as implicações dos movimentos relacionais propostos pela
educação inspira a transpor a superficialidade da concepção de homem. O
pensamento crítico-reflexivo de Freire, que introduz o diálogo como princípio
primeiro de uma educação baseada na participação ativa da comunidade
em que os sujeitos estão inseridos, apresenta a conscientização do indiví-
duo, de sua incompletude e de sua opressão como produto gerador da liber-
dade. Segundo Freire, esse construto ideológico poderia apoiar o educador
e justificar o trilhar pelos caminhos dos conceitos explorados a seguir.
27
Desmitologização: É
Texto complementar
desmascarar tudo o que é "Papo irado": tecnologia de educação popular em saúde com adolescentes
Manuela de Mendonça Figueirêdo Coelho, Karla Corrêa Lima Miranda, Sara Taciana Firmino Bezerra, Maria
considerado um mito uma
Vilaní Cavalcante Guedes, Riksberg Leite Cabral, Edna Moraes de Lima.
lenda.
Este relato apresenta a experiência da implantação de uma ação de Educação Po-
pular em Saúde junto a adolescentes - o "Papo Irado" – em Maracanaú-CE. – Proposta
metodológica dessa ação promove a articulação de saberes populares e científicos a
fim de reelaborar em conhecimentos, habilidades e atitudes em uma perspectiva dia-
lógica. Papo Irado tem configuração de um programa de auditório. O projeto foi rea-
lizado trimestralmente com adolescentes da comunidade de Maracanaú, com partici-
pação de profissionais dos serviços vinculados à Secretaria de Saúde e à Secretaria de
Juventude, além de outros parceiros, como escolas e centros de convivência social. A
cada programa, atividades interativas foram produzidas, destacando-se aquelas que
possibilitavam o desprendimento dos jovens para expressar ideias e se envolverem
com a discussão levantada. Os encontros foram finalizados com apresentações cultu-
rais ao vivo de adolescentes da comunidade, com bandas de pagode, rock, forró; gru-
pos de dança; teatro e recital poesia, de modo a valorizar os talentos e a estimular os
adolescentes em suas manifestações culturais. Ao longo dos últimos dois anos, foram
realizadas oito edições do programa, alcançando cerca de mil jovens, consolidando a
estratégia como tecnologia educacional para estimular comportamentos saudáveis
através do empoderamento dos jovens e do incentivo à participação autônoma dos
sujeitos no processo educativo.
Publicado: Revista APS, v.14, n.4, 2011.
Acesso em: http://aps.ufjf.emnuvens.com.br/aps/article/view/1595
Educação em Saúde 59
Síntese do Capítulo
Discorremos, neste capítulo, sobre a conjuntura histórica, política e social em
que se origina a Educação Popular, bem como sobre sua aproximação com a
saúde no Brasil (Educação Popular e Saúde).
Vimos também que Paulo Freire foi o filósofo e teórico da educação que
criou as bases teóricas metodológicas da Educação Popular. Por fim, apresen-
tamos alguns conceitos-chave elencados por Freire na perspectiva da educa-
ção problematizadora: homem, educação, diálogo e conscientização.
Atividades de avaliação
Procure identificar, no seu bairro/cidade, práticas de cuidado em saú-
de que estão fundamentadas no saber popular. Descreva essas práticas,
apresente o que as faz existir nos dias de hoje mediante tanta tecnologia de
ponta e discuta acerca da importância dessas práticas na vida das pessoas
dessa comunidade.
Site
Centro de Referência Paulo Freire. http://acervo.paulofreire.org/xmlui.
Referências
BRANDÃO, C. R. O que é o método Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: Brasi-
liense, 1981.
60 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
Objetivos
• Problematizar sobre o que devemos esperar da prática de Educação em
Saúde.
• Apresentar o planejamento de atividades de Educação em Saúde.
• Expor os principais métodos e materiais instrucionais utilizados na prática
de Educação em Saúde.
Introdução
Compartilharemos aqui a responsabilidade de construir um caminho para que
se possa vivenciar ações educativas junto à comunidade. Vamos conhecer
discutir, avaliar, planejar e pensar na produção de ações e nos compromissos
para a realização de uma prática educativa consciente.
Ao pensarmos nas ações de Educação em Saúde que desejamos pra-
ticar, devemos considerar diversas maneiras de educar.
Figura 11 - Fluxograma do
planejamento de atividades de
Educação em Saúde.
Educação em Saúde 67
Observamos que o questionário não foi a melhor técnica a ser usada Atenção!
nessa situação, pois não promoveu diálogo nem suscitou relações, não asso- Aqui se faz urgente
relembrar um pouco
ciando, assim, o conhecimento às necessidades da população. A forma como sobre duas das principais
a população e os profissionais interagiram para realização do diagnóstico numa concepções pedagógicas
perspectiva participativa, com instrumentos que possibilitaram o diálogo (nesse da educação apresentadas
caso o desenho das casas e posteriormente as reuniões na área), aproxima- no capítulo anterior.
ram efetivamente o conhecimento popular do científico. Nesse contexto, a sen-
sibilidade e o estímulo ao trabalho em grupo possibilitaram uma integração para
a fase posterior de discussão, análise e interpretação dos dados.
Quadro 2
4. Estabelecimento de prioridades
Chegamos à última fase do diagnóstico. Aqui, os profissionais e a comunida-
de pensam na realidade levantada, determinam os problemas existentes e de-
finem, entre esses problemas, aqueles os que são passíveis de intervenção,
as quais podem ser imediatas para médio ou longo prazo.
Na definição das intervenções imediatas, deve-se levar em considera-
ção a rede de serviços e o apoio que poderão subsidiar a população durante e
após a vivência das ações educativas. Após definidos os pontos que carecem
de intervenção educativa, iniciamos a produção do plano de ação.
Quadro 3
apresentada pelo educador. O ideal é que cada etapa da técnica seja realiza-
da pausadamente e com espaço para perguntas sobre o que foi demonstrado.
A demonstração estimula o ensaio mental do procedimento, e, em particular, é
utilizada para alcance de objetivos psicomotores.
Logo após a demonstração o educando deve partir para o planejamento
da execução. Esse educando deve ser tranquilizado para que a ansiedade
que possa sentir não prejudique o seu desempenho. Deve ser permitido ao
educando manipular os equipamentos que irá utilizar.
Quando o educando estiver realizando a técnica, o educador deve fi-
car em silêncio e intervir somente quando necessário. Se ocorrer algum erro,
o educador deve se utilizar dele para mostrar como deve ser solucionado,
afastando-se assim do papel de avaliador.
O método de demonstração e execução envolve o educando por meio dos
estímulos sensoriais (visão, tato e audição) e deve prover a possibilidade de repe-
tição do procedimento para aumentar a confiança do educando para executá-lo.
No entanto, esse método carece de um tempo razoável para levar à aprendiza-
gem, sendo mais oportuno, assim, utilizá-lo com um pequeno grupo de pessoas.
Ademais, ele exige que haja equipamento/material suficiente para a execução
livre dos participantes.
8.5. Simulação
É um método que requer experiência hipotética para envolver o educando em
uma atividade que proporcione a reflexão a respeito da vida real. A simulação
permite aos educandos tomar decisões em um ambiente seguro, bem como
observar e discutir sobre as consequências de suas decisões.
As simulações podem ocorrer de forma escrita, utilizando-se de estudos de
caso sobre situações reais ou fictícias, nos quais, onde o educando deve reagir
ao cenário proposto e deve escrever como lidaria com o problema/situação apre-
sentado. Simulações por computador têm sido amplamente utilizadas, tendo em
vista o interesse real da maioria da população pela tecnologia virtual. Simulações
vivenciais são montadas para replicar as situações e permitem ao educando par-
ticipar tanto na aplicação de técnicas como na formulação crítica de respostas.
Esse método é excelente para o desenvolvimento de habilidades psico-
motoras, além de propor a interação entre os domínios cognitivo e afetivo, que
propiciam o educando aja ativamente nas situações, refletindo sobre as pro-
blemáticas, as possíveis soluções e suas consequências. A simulação deve
ser sempre seguida de uma discussão sobre o fato simulado. O desenvolvi-
mento do método também carece de disponibilidade de tempo.
78 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
8.6. Dramatização
É um método a partir do qual os educandos realizam uma representação teatral
não ensaiada. Eles são solicitados a representar as ações de um personagem
em uma determinada situação, estimulando assim os sentimentos e as respos-
tas emocionais de cada indivíduo. A dramatização ensina os educandos a de-
senvolverem entendimento e empatia pela realidade do outro, o que o auxilia a
compreender determinado problema pela ótica do outro. Esse método possibili-
ta, de uma forma intensa, a exploração de sentimentos e atitudes, diminuindo a
distância entre os papeis que as pessoas assumem na sociedade.
Tal método deve ser realizado com grupos pequenos. O educador deve
ter cuidado com a tendência de alguns participantes em exagerar na inter-
pretação dos papeis, podendo cair no caricaturismo e na perda da realidade,
inativando assim o dispositivo dramático.
a) Flanelógrafos
O flanelógrafo é uma superfície que pode ou não ser rígida. É coberto por
flanela ou material semelhante, no qual podemos fixar textos, figuras e ilus-
trações capazes de despertar o interesse e a capacidade de discussão. São
muito úteis para o trabalho educativo realizado em grupo, além de ser um
equipamento de baixo custo, de grande acessibilidade e de fácil construção.
O flanelógrafo é uma TE que possibilita variedade na comunicação utili-
zando a linguagem verbal e a não verbal no processo de ensino-aprendizagem.
Ao utilizarmos o flanelógrafo, é fundamental analisarmos a mensagem
que será compartilhada e o público-alvo com o qual a atividade será desen-
volvida, bem como separar com cautela os elementos gráficos que nele serão
expostos. Esses elementos devem estar de acordo com o conteúdo abordado
e em consonância com a cultura local.
Devemos, enquanto educadores, explorar cada elemento exposto no
flanelógrafo. Essa TE pode vir previamente pronta, ou ser construída pelos
educandos durante as ações educativas.
b) Cartilhas
As cartilhas são TE utilizadas primariamente no repasse de informações. No
Brasil, as cartilhas foram e são amplamente utilizadas para diversos fins: en-
sinamentos religiosos, alfabetização ou instrumento de campanhas políticas.
Atualmente é uma das diversas TE incentivadas e propostas pelo Ministério
da Saúde como facilitadora e mediadora de discussões sobre a saúde.
Essa tecnologia apresenta, como ponto positivo, a possibilidade de di-
fusão da informação em larga escala. Além disso, ocupa pouco espaço e tem
baixo custo. Entretanto, deve-se tomar cuidado com o uso indiscriminado des-
se equipamento, pois a diversidade de informações e imagens propostas nas
cartilhas educativas pode, ao invés de levar informações aos educandos e de
produzir conhecimento, suscitar compreensões errôneas por parte do leitor. É
recomendada cautela na "distribuição" em larga escala de cartilhas.
As cartilhas podem ser produzidas de maneiras teórico-conceituais dife-
rentes. Podem estar fundamentadas num padrão problematizador, convidando o
leitor a buscar seus conhecimentos e experiências para dialogar com o conteúdo
exposto, ou limitar-se simplesmente à transmissão de informações fechadas.
Então, a depender do objetivo delineado para a ação de Educação em
Saúde, a cartilha pode ser utilizada durante uma palestra educativa como com-
plemento à informação repassada; durante uma instrução individual como pos-
sibilidade de romper o silêncio e de aproximar educador-educando, bem como
pode conter o passo a passo de técnicas/habilidades que devam ser desenvol-
vidas durante o método de demonstração e execução.
c) Cartazes
Os cartazes educativos são importantes no auxílio da familiarização do
educando sobre determinado tema. Essa TE pode ajudar nos objetivos de
advertir, expor conceitos e conscientizar o leitor do cartaz. É um material de
grande potência visual, que leva em consideração diversas possibilidades de
tamanhos, promovendo visibilidade a certa distância.
É importante também, antes de utilizar o cartar como TE fazermos os
seguintes questionamentos para que possamos ficar seguros sobre sua utili-
zação: de que é composto este cartaz? Ele tem um fim apelativo, informativo
ou problematizador? Qual será sua função nesse grupo? O que ele comunica?
Um bom cartaz não deve conter elementos escritos e gráficos em demasia
para que não haja possibilidade de confusão das informações. Ademais, deve-se
apresentar com cores vivas, de modo que mantenha uma harmonia visual.
Pode ser utilizado durante a execução de métodos instrucionais,
como a palestra educativa, discussão em grupo e demonstração e execu-
ção. Após utilizá-lo numa atividade educativa específica, por exemplo, deve-
mos pensar com cuidado onde o cartaz deverá ficar, se em um lugar restrito
para um público específico, ou em locais de grande movimento para atingir
um público amplo.
82 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
d) Álbum seriado
O álbum seriado é uma TE composta por lâminas/páginas que apresentam e
desenvolvem um conteúdo de forma sequencial e facilmente compreensível.
Pode ser apresentado em diversos tamanhos (pequeno, médio e grande) e
traz, em seu conteúdo, fotografias, textos e gráficos com o propósito de facili-
tar a compreensão de determinado tema.
O álbum seriado pode apresentar, no verso de cada lâmina, um rotei-
ro que auxilie e direcione o educador na discussão do tema que está sendo
apresentado no anverso da página. Apresenta-se como excelente TE para
desenvolvimento de palestras educativas e de grupos de discussão, devendo
sempre ser posicionado de forma visível para todo o grupo. Algumas dicas
são valiosas ao utilizar o álbum seriado em atividades de educação em saúde,
como manter contato visual com o grupo, evitando que o seu olhar fique fixo
no álbum; mudar as páginas uma de cada vez e somente após ter esgotado
as informações/discussões sobre o tema em tela, entre outras dicas.
O educador pode utilizar diversos álbuns seriados já existentes ou produ-
zir o seu. Para isso, pode usar papeis grandes como cartolina ou papel pardo.
Outra observação relevante é que as ilustrações e os textos devem aparecer 10
cm abaixo da borda superior, pois, nesse espaço, deverá ser realizada a fixação
das páginas do álbum, com cola, barbante, espiral ou dobradiças metálicas. É
importante lembrar que essa TE, bem como outras, deve apresentar linguagem
clara, textos curtos, ilustrações, e, no máximo, três cores devem predominar em
cada lâmina para manter a harmonia visual.
Saiba mais
Literatura de cordel
A literatura de cordel é uma importante expressão cultural do Nordeste brasileiro,
que pode ser utilizada nas ações educativas em saúde. [...] O cordel pode ser utiliza-
do como uma tecnologia educacional que propicia, de forma lúdica, um reestudo de
questões inerentes à promoção e à educação em saúde. Fonte: MARTINS et al. Litera-
tura de cordel: tecnologia de educação para saúde e enfermagem. Rev. Enferm. UERJ,
Rio de Janeiro, v.9, n. 2, p.324, 2011.
a) Vídeos 33
Os vídeos podem ser
retirados da internet,
Os vídeos educativos33 que apresentam filmes ou documentários so- de bibliotecas ou de
bre um determinado assunto são considerados potentes instrumentos para acervo pessoal do
a construção do saber. Ao buscarmos vídeos disponíveis na internet, encon- educando. Como
anteriormente relatado,
traremos diversos temas sobre saúde abordados: saúde ambiental, gravidez
pode ser produzido pelos
na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, doenças infecciosas, educadores ou pelos
higiene, cuidados com alimentos e com alimentação, entre outros. educandos. Quem tiver
interesse pode utilizar um
O vídeo enquanto TE deve ser sempre utilizado como ferramenta dis-
destes cinco sites para
paradora ou conclusiva de uma discussão, não devendo, portanto, ser apre- criar e compartilhar vídeos
sentado sem a devida contextualização e ligação com a temática desejada. educativos: O Screen
Para sua utilização, a atividade deve ser planejada. A apresentação do vídeo Toaster, que é um serviço
gratuito de captura e de
geralmente ocorre no início do processo educativo, como dispositivo proble-
gravação em vídeo com
matizador, ou no final, para consolidar as informações discutidas, podendo ser áudio; o Pixorial, a partir
utilizado em palestras educativas, em discussões em grupo, em simulações do qual podemos enviar
ou demonstração e execução. arquivos multimídia do
nosso computador ou
O educador deve assistir ao vídeo com antecedência, tomando cuida- importá-los das redes
do para identificar se ele possui imagens e linguagem adequadas ao público sociais e perfis de serviços
que irá assistir. Ao utilizar o vídeo, é importante que o educador pontue o(s) web, permitindo ordená-
los, adicionar transições
objetivo(s) a ser(em) alcançado(s) com a apresentação desse TE, conduzin-
e exportar o resultado de
do assim para uma discussão aberta, e consciente dos pontos que deverão forma simples, o PowToon,
ser minimamente discutidos pelo grupo, evitando que o vídeo em si tome es- o WeVideo e o Teachem,
paço maior que a discussão da temática a ser apresentada. também são muito úteis,
pois são uma plataforma
Embora haja a indicação da discussão/problematização do tema apre- desenvolvida para permitir
sentado, frequentemente podemos ver vídeos educativos sendo utilizados iso- a criação de cursos usando
ladamente. Um exemplo disso são os vídeos que são expostos nas salas de vídeos já existentes. A ideia,
neste caso, não é criar
espera de unidades de saúde. Nesses ambientes, esses TE são apresentados
vídeos e sim organizar, em
continuamente como forma de entretenimento para as pessoas que esperam lições, os já existentes na
atendimento. Outro exemplo são os vídeos veiculados em redes de televisão, Internet, ajudando assim a
que atingem um grande número de telespectadores e que apresentam uma agrupar o conteúdo criado
com outras plataformas.
determinada informação, mas que, naquele instante, pode não encontrar es-
Fonte: http://canaldoensino.
paço para discussão. No entanto, essas estratégias não se encontram esva- com.br/blog/5-sites-para-
ziadas de sentidos, pois o individuo, nesse instante, como receptor passivo, criar-videos-educativos
por vezes, apreende informações importantes.
b) Paródias
A paródia é a imitação de alguma obra literária, seja filme ou música, que, com o
apoio da imitação e da criatividade, utiliza-se do efeito cômico num processo de
intertextualização34. A paródia consagra-se por apresentar uma nova interpreta-
Intertextualização: é a
34
ção de determinado produto artístico, geralmente de grande sucesso, e embora criação de um texto a partir
tenha muita semelhança com a obra original, gera sentidos diferentes. de outro já existente.
86 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
9. Recursos pedagógicos
Após a definição do método e do material instrucional a ser utilizado, bem
como o público alvo e local de realização, pensar sobre os recursos pedagó-
gicos é fundamental. Acreditamos que, muitas vezes, o reconhecimento dos
recursos a serem utilizados precede a escolha do método e do material. Isso
não se configura como uma prática errada, tendo em vista a reduzida disponi-
bilidade de recursos em alguns locais.
É importante considerar os recursos estruturais, como local para reali-
zação da atividade, cadeiras e mesas (se necessários), equipamentos multi-
mídias (TV, DVD, Data Show, caixa de som, microfone). O recurso ambiental
deve ser compreendido como fundamental no quesito espaço e conforto para
os participantes.
O material instrucional pronto, ou os materiais que possam ser neces-
sários para o desenvolvimento de uma atividade, deve ser checado com aten-
ção e disponibilizado de forma fácil. Além disso, deve ser produzido levando
em consideração o número de pessoas que dele farão uso.
Síntese do Capítulo
Este capítulo nos apresenta inicialmente a necessidade de repensar nossa
prática de Educação em Saúde, instigando-nos a refletir acerca do motivo
pelo qual devemos nos preocupar ao realizarmos Educação em Saúde. Após
essa reflexão, apresentamos que a organização e a realização dessa prática
Educação em Saúde 89
Atividades de avaliação
1. Os materiais instrucionais que podem ser utilizados nas práticas de Edu-
cação em Saúde são diversos. Alguns deles foram aqui apresentados,
porém, existem outros que foram aplicados na prática de Educação em
Saúde no Brasil. Pesquise, na literatura nacional, outros materiais educati-
vos aplicados para Educação em Saúde e faça uma breve análise dessas
experiências (no mínimo duas).
2. Busque, realizar em sua realidade (condomínio, trabalho, igreja) uma ativi-
dade de Educação em Saúde. Descreva detalhadamente todos os passos
de sua ação (diagnóstico, plano de ação, execução e avaliação).
Referências
BASTABLE, S. B. O enfermeiro como educador: princípios de ensino-apren-
dizagem para a prática de enfermagem. Tradução Aline Capelli Vargas. 3ª ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
DIAZ BORDENAVE, J. Além dos meios e mensagens: introdução à co-
municação como processo, tecnologia, sistêmica e ciência. 4ª ed. Petrópolis:
Vozes, 1987.
IPEA, IPLAN. Subsídios metodológicos para a prática da educação e par-
ticipação em saneamento rural. Brasília: Ipea, 1989.
90 COELHO, M. de M. F.; MIRANDA, K. C. L.; CABRAL, R. L.
F
iel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE,
como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do
Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação
Ciências Biológicas
Educação em Saúde
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e
massificação dos computadores pessoais.
Comprometida com a formação de professores em todos os níveis e
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado, Educação em Saúde
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade
estabelecidos pelos normativos legais do Governo Fede-
ral e se articulam com as demandas de desenvolvi-
mento das regiões do Ceará.
Ciências Artes
Química Biológicas Plásticas Computação Física Matemática Pedagogia