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Lisboa
2021
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Folha de Rosto
Júri:
Presidente:
Profª. Doutora Fátima Maria de Jesus Assunção
Vogais:
Profª. Doutora Maria José Magalhães
Profª. Doutora Maria João Fonseca Leitão Cunha
Profª. Doutora Dália Maria de Souza Gonçalves da Costa
Lisboa
2021
ii
Dedicatória
Dedico esta dissertação, também, às oito protagonistas das cronologias analisadas nesta
pesquisa. Elas ousaram e disseram NÃO à estrutura sociocultural de discriminação e de
subordinação entre gêneros. A vida foi o preço; mas, indubitavelmente, imprimiram marcas nas
fundações dessa estrutura e dos seus mecanismos reprodutores de discriminações e violências
e estão ajudando a transformá-lo lentamente, de forma irreversível e constante...
Por fim, não podia deixar de dedicar essa investigação aos meus pilares: Neusa;
Arthemas; Elaine; Márcio; Carlos; Isabela e Beatriz. O amor de/por vocês viabiliza-me!
i
Agradecimentos
Agradeço à Instituição Policial Civil, a qual pertenço com muito orgulho e cujas
demandas fomentam minha constante evolução e ao Tribunal de Justiça do Paraná, na pessoa
de seu presidente, Exmo. Sr. Desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira que, prontamente,
autorizou o acesso aos autos que formaram o corpus desta pesquisa.
Agradeço ao querido amigo Adriano Adura, cujo auxílio foi-me essencial e não pode
ser descrito, por superar as páginas dessa dissertação; à “Miga” Tatiana Iwai – sempre – com
ou sem razão; às “irmãs” da ESPC e do EG, Márcia T. Santos e Mari Fukunishi e às “Delegatas”
que amo e admiro muito. Sou grata, ainda, aos demais amigos(as) e familiares pelo apoio
absoluto e por suportarem tanto tempo de conversas monotemáticas.
Por fim, dirijo-me àquele e àquela cujos agradecimentos serão eternos, apesar de
insuficientes. Ao Professor Doutor Rafael Ferreira Vianna, que demonstrou parte de sua
grandeza ao partilhar experiências acadêmicas e ao aceitar a coorientação deste trabalho.
Inteligência diferenciada e disciplina só poderiam resultar em genialidade. Obrigada pelo
constante incentivo e pela difícil missão de iluminar minhas ideias truncadas. À Professora
Doutora Dália Costa, que marca de forma indelével todos(as) que têm a oportunidade de ouvi-
la, meu muito obrigada. Que grande honra ter sido sua orientanda, beneficiando-me de suas
expertises, generosidade e paciência. O seu conhecimento gera encanto e admiração; por isso,
enquanto desenvolver minhas atividades profissionais, seguirei inspirada por sua atuação em
estudos de gênero e criminologia.
ii
O verdadeiro passional não mata.
O amor é, por natureza e por finalidade,
criador, fecundo, solidário, generoso.
Ele é cliente das pretorias, das maternidades, dos lares
e não dos necrotérios, dos cemitérios, dos manicômios.
O amor, o amor mesmo, jamais desceu ao banco dos réus.
Para fins da responsabilidade, a lei considera apenas
o momento do crime. E nele o que atua é o ódio.
O amor não figura nas cifras da mortalidade e sim
nas da natalidade; não tira, põe gente no mundo.
Está nos berços e não nos túmulos.
(Roberto Lyra, 1902-1982)
iii
Resumo
Compreender o feminicídio nas relações de intimidade como crime não episódico nem
aleatório obriga-nos a examinar as circunstâncias que o antecederam e a interpretá-lo numa
perspectiva de gênero. O método de análise retrospectiva é usado para interpretar, com lentes
de gênero, informações coletadas em processos de feminicídios julgados em Curitiba, entre
10/03/2015 e 11/03/2019, quatro anos a seguir à publicação da Lei do feminicídio no Brasil.
Nos oito casos analisados encontramos a combinação entre: i) relacionamentos íntimos
caracterizados por padrões de controle de quem veio a perpetrar o crime; ii) ameaças ao controle
do perpetrador (separação efetivada ou potencial e recentes restrições financeiras) e iii) escalada
da intensidade dos abusos. Em dois casos, não foi constatada violência física anterior à violência
fatal, sugerindo que aquela é uma das várias táticas de controle, não necessariamente presente
na totalidade das situações e, por isso, nem sempre indicadora de violência letal. A análise dos
assassinatos, na sua dimensão cronológica, contribui para reforçar a literatura que sustenta que
as motivações (expressão de posse) transcendem às ações (táticas de controle e de coerção) do
perpetrador e que as vítimas reagem, ou seja, não se submetem passivamente aos abusos, mas
discutiram, tentaram romper o relacionamento e em alguns casos usaram força física reativa. A
análise retrospectiva também revela que todas as mulheres procuraram apoios informais
(amigos, parentes etc.) e apenas uma buscou força policial. A hipótese aqui sugerida, e que
importa aprofundar, a partir dos resultados deste estudo, vai além da falta de confiança nos
apoios de natureza formal, na medida em que o estudo revelou outros achados, como omissão
ou falhas nas respostas, atuações profissionais influenciadas por naturalização de violências,
pretensa neutralidade de gênero e falta de autocrítica.
iv
Abstract
Given that intimate partner femicide is a type of crime that is predictable and
preventable, the goal of the present study is to examine the situational factors that increase the
woman’s risk of being killed by her intimate partner from a gender perspective. Using the
domestic homicides review method, we examine data gathered from femicide cases judged in
Curitiba between October 2015 to November 2019, four years after the publication of the Law
on femicide in Brazil. From the analysis of eight cases, we found a combination of three main
factors: i) intimate relationships characterized by domination and control from the potential
perpetrator over the female partner; ii) threats to the perpetrator’s control (separation real or
imagined, or just threatened and/or recent financial restrictions) and iii) escalation of the abuses’
intensity. In two cases, no physical violence was found prior to fatal violence. Even though
physical violence is one form of control tactics, it is not an indispensable indicator of lethal
violence. The analysis of the murders, in their chronological dimension, contributes to reinforce
the literature that the motivations (expression of possession) transcend the actions (tactics of
control and coercion) of the perpetrator. In turn, the victims react. That is, they do not submit
themselves passively to the abuses. In contrast, they argued, tried to break the relationship and
in some cases used reactive physical strength. The analysis also reveals that all women sought
informal support (friends, relatives etc.) and only one sought police force. Our findings suggest
that the problem of intimate femicide goes beyond the lack of confidence in formal support, but
also comprises omission or failures in responses from government. Such flaws in professional
actions can be influenced by the naturalization of violence, alleged gender neutrality and lack
of self-criticism.
Keywords: intimate partner femicide; domestic homicides reviews; coercive control; Brazil;
lawsuit
v
ÍNDICE GERAL
Introdução ................................................................................................................................ 9
PARTE I O FEMINICÍDIO ENQUANTO FORMA EXTREMA DE VIOLÊNCIA DE
GÊNERO
Capítulo 1 Mulheres assassinadas por razões de gênero ..................................................... 14
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
vii
SIGLAS USADAS NO TEXTO
1
Refere-se a experiência profissional da candidata que atua na Polícia Judiciária Estadual, em Curitiba, desde
2002.
2
Processos judiciais julgados corresponde aos submetidos a julgamento em sessão plenária do Tribunal do Júri
e possuem sentença, ao menos, de primeiro grau. Incluem processos que aguardam decisões de recurso de
instância superior e os que transitaram em julgado, estes com definição de sentença e sem possibilidade de
recurso da mesma para instância superior (Prates, 2020).
9
março de 2015, a Lei do feminicídio. A amostra, definida em termos cronológicos, isola estes
quatro anos para, nesse período se analisar todos os processos disponibilizados, recorrendo ao
método de análise retrospectiva.
O controle sobre a vida e a morte exercido por homens contra mulheres foi identificado
por comissão parlamentar do Senado Federal brasileiro ao investigar a violência de gênero no
País, classificando a dominação segundo as mensagens transmitidas pelos assassinatos: (i)
erradicação da autonomia e da liberdade femininas, associando posse e objetificação em
contexto de intimidade ao assassinato; (ii) subjugação da intimidade e da sexualidade
femininas, associando violência sexual ao assassinato; (iii) destruição da identidade feminina,
associando mutilação ou desfiguração do corpo ao assassinato; (iii) aviltamento da dignidade
feminina, associando tortura, tratamento cruel ou degradante ao assassinato (CPMI, 2013).
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Partimos da importância da análise do contexto do feminicídio, à luz de quadro teórico
dos estudos de gênero, questionando a motivação do perpetrador fundada nessa ânsia por poder
e controle, justificada e reforçada pela ordem de gênero. Com efeito, evidências indicam que
controle e coerção em relacionamentos íntimos favorecem agressões, incluindo as letais, cujo
risco aumenta em um fator de nove, diante do nível de controle de mulheres nessas uniões,
segundo Glass e outros (2004) citados por Stark (2012). Essa associação entre comportamentos
de controle e de coerção e o feminicídio, justifica atenção às táticas de controle coercitivo entre
outros marcadores de perigo, como a posse de arma de fogo e o histórico de violência física
anterior, referenciados pela Organização Mundial da Saúde (2012, p. 4), tendencialmente mais
explícitos e, por isso, menos difíceis de interpretar, mesmo num contexto de homicídio distinto
de feminicídio.
É na interconexão de sentidos e motivações, de que nos fala Segato (2005) que situamos
o estudo. O objetivo é compreender, numa perspetiva de gênero, a violência letal, que culmina
no feminicídio, após o exercício de um controle coercitivo, ao qual as mulheres opõem pedidos
de apoio que, aparentemente, não possuem eficácia para impedir o seu assassinato. A
consecução deste objetivo permitirá identificar, a partir de casos julgados, fatores de risco que
atuam de forma isolada ou num processo dinâmico em que o feminicídio ocorre, sem que tivesse
sido possível evitá-lo: nem os agentes aos quais a mulher dirigiu pedidos de apoio tiveram
oportunidade e/ou capacidade para os prevenir; nem os pedidos de apoio foram feitos pela
mulher ao(s) agente(s) adequado(s) e/ou no momento em que ainda seria possível a
oportunidade para a intervenção.
A dissertação está dividida em duas partes, seguindo uma apresentação clássica do texto.
A primeira parte estabelece o enquadramento do estudo, enquanto a segunda apresenta as
opções metodológicas e os resultados.
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O primeiro capítulo é dedicado ao conceito de feminicídio e aí procuramos expor a
origem do termo, os motivos para uma denominação específica de mortes de mulheres por
razões de gênero, o tratamento jurídico conferido a esses assassinatos no Paraná e sua
ocorrência em contexto de intimidade, incluindo dados estatísticos para melhor a documentar.
A seguir, e visando ainda fazer o enquadramento do estudo, abordamos a importância de se
analisar as determinações sociais na violência de gênero e a ordem de gênero, que revelam,
ambas, os fundamentos do controle coercitivo e o caráter evitável dos abusos, que sugerem o
enfrentamento de causas estruturais que mantêm e reproduzem a violência de gênero.
Assim, neste estudo não vamos nos limitar às ações dos perpetradores, integrando na
análise as reações das mulheres submetidas aos abusos daqueles e o mapeamento das agências
e/ou agentes e mecanismos de resposta que tiveram oportunidades de intervenção.
O texto foi redigido usando o português da candidata, embora alguns termos tenham
sido adequados para facilitar a clareza na exposição de ideias e evitar dúvidas que dispersem a
atenção na leitura da dissertação.
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PARTE I
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Capítulo 1 Mulheres assassinadas por razões de gênero
A maneira encontrada por Segato (2005, p. 279), antropóloga argentina, para destacar a
gravidade do feminicídio foi compará-lo ao genocídio, aproximando-os pela generalidade dos
alvos, pelo foco em uma categoria da população e não em um sujeito específico e afastando-os
por reconhecer no genocídio um ódio ao outro que conduz à sua eliminação, enquanto que a
misoginia atrelada ao ato feminicida assemelha-se ao sentimento de “caçadores por seu troféu”,
envolve o desprezo pela vida da mulher ou a convicção de que seu valor restringe-se à
disponibilidade para a apropriação.
1.1 Feminicídio
Nos anos 90 do século XX, movimentos feministas dos Estados Unidos e México
denunciaram o elevado número de mulheres vítimas de mortes violentas. Dos debates emerge
o termo femicide, divulgado internacionalmente como “the killing of one or more females by
one or more males because they are female” (Russell, 2012, p. 2). Diana Russell é aclamada
pelo pioneirismo do vocábulo (EIGE, 2017; Meneghel & Portella, 2017) que, em verdade, fora
mencionado anteriormente por John Corry em 1801 (Russel, 1992, p.75 apud Bandeira &
Magalhães, 2019, p.31) e Carol Orlock (Neves, 2016). Já para Lagarde (2004) e o feminicídio
faz referência a assassinatos de mulheres em razão do gênero e vinculados à omissão estatal.
Neste estudo, como o corpus de análise é formado por processos criminais, adotamos o
termo escolhido pela legislação brasileira (Lei n° 13.104, de 09 de março de 2015). Com sua
14
vigência, dispõe o Código Penal Brasileiro: “Feminicídio: Homicídio qualificado por
cometimento contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: § 2°-A Considera-se
que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I – violência doméstica
e familiar; II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher” (Prates, 2020, p.29).
15
seleção sexual). A vertente judicializadora, defende que um tipo penal específico leva ao
(re)conhecimento das causas estruturais subjacentes ao crime, demonstrando que as mortes não
são episódicas. Insere uma “lente de gênero na compreensão do crime de homicídio contra as
mulheres”, incluindo os fatores estruturais que o enquadram (Neves, 2016, p.10). Esta vertente
é a adotada neste trabalho, por um lado por ser adequada à análise de processos criminais e, por
outro lado, por ser base para a inserção legislativa brasileira da Lei n° 13.104/2015, ao criar a
qualificadora de assassinato em razão do sexo feminino, a qual abordaremos adiante.
Perante esta opção, doutrinária, mas também epistemológica, prolongamos este capítulo
situando este tipo penal específico – o feminicídio – no (re)conhecimento das suas causas
estruturais, começando por questionar resistências do direito e dos seus agentes (que o
produzem e aplicam).
3
Efeitos da classificação em crime hediondo: i) antes da condenação: o prazo da prisão temporária passa de 10
dias para 30 dias, prorrogável por igual período e ii) depois da condenação: perde-se o direito a indulto, anistia
ou graça; a depender de decisão judicial, o condenado não poderá apelar em liberdade; o início de
cumprimento da pena será sempre em regime fechado; exige-se o cumprimento de 2/5 da pena (condenado
primário) ou de 3/5 (condenado reincidente) para a progressão de regime, sendo o requisito objetivo exigido
nos demais crimes de 1/6 da pena privativa de liberdade e o prazo para livramento condicional aumenta para
2/3, sendo o réu primário (Prates, 2020).
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desemprego, entre outros). Seguindo tendência semelhante, ainda podemos citar iniciativas
recentes, como: i) a Resolução Conjunta nº 05, de 03 de março de 2020, firmada entre o
Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público, que institui o
“Formulário Nacional de Avaliação de Risco para a prevenção e o enfrentamento de crimes e
demais atos praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher”, que
busca reunir informações para avaliar o risco e atuar de forma preditiva (CNJ/CNMP, 2020) e
ii) a Portaria nº 340, de 22 de junho de 2020, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que
cria o “Protocolo Nacional de Investigação nos Crimes de Feminicídio”, com a finalidade de
subsidiar e contribuir com a padronização e uniformização dos procedimentos aplicados pelas
policias judiciária e científica (BRASIL, 2020).
“(...) deixar andar e ir calando” (Lisboa & Pasinato, 2018, p. 78), é uma expressão de
uma mulher açoriana que ilustra o silêncio de mulheres agredidas em contexto de intimidade,
seja em território português, brasileiro e outros no globo. Este silêncio é agravado pela
inércia/omissão de organismos estatais que, por sua vez, pode ser explicada pela separação entre
os domínios e espaços público/privado (Limna, 2018) e pelo obsoleto entendimento de não
intervenção do poder público em âmbito doméstico. A gradual assunção de responsabilidade
por parte dos Estados, com a consequente definição de políticas públicas, emissão de legislação
protetora de vítimas e sancionadora de perpetradores de crimes por razões de gênero,
reveladores da subalternidade feminina (Costa, 2019), deve-se a ações de movimentos
feministas e organismos internacionais, que inseriram a violência de gênero na agenda política
de muitos países (Mendes, Duarte, Araújo, & Lopes, 2013). Dentre os importantes documentos
internacionais para o reconhecimento dos direitos das mulheres, destacamos a Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), também
por ter antecedido outros documentos igualmente fundamentais e talvez mais conhecidos, como
a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, de 1995. A CEDAW sigla para Convention on
the Elimination of All Forms of Discrimination against Women (Resolução 34/180, de 18 de
Dezembro de 1979) definiu, de forma inovadora uma agenda para a ação: eliminar a
discriminação contra as mulheres; alcançar a igualdade substantiva, na prática do quotidiano;
agir quer no domínio público quer no privado; agir em todas as áreas da vida das mulheres e
agir em prol de todas as mulheres, de todo o mundo (Costa, 2017, p. 51).
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A violência de gênero é transversal, independe de padrão socioeconômico e apresenta
discretas variações quanto a idade, instrução ou rendimento da vítima (Lisboa & Pasinato,
2018). Pode manifestar-se de forma combinada, reunindo mais de um tipo de violência: física,
psicológica, sexual, patrimonial etc. e, apesar desta diversidade, tende a ser sonegada diante de
negativa de “fracasso” afetivo e velada imunidade usufruída pela esfera privada. No Brasil,
contribuem com a invisibilidade da violência de gênero: a violência urbana e o que Marilena
Chauí (2011) denomina de mito da “não-violência” a coberto do qual se mantêm cenários de
violações, ofuscando a autopercepção (e a de terceiros) sobre a condição estruturalmente
violenta da sociedade brasileira.
20
tem 91,8% de vítimas do sexo masculino, 8% do feminino e 0,2% ignorado (Cerqueira et al.,
2020, p.67), além de citarmos os cinco grupos sugeridos por Feltran (2019):
21
A distinção de tendência entre esses dois cenários de crimes, também foi observada por
Cerqueira e outros (2020), com redução da taxa de homicídios femininos fora da residência em
11.8%, entre 2013 e 2018, e aumento da taxa de homicídios femininos na residência em 8,3%,
no mesmo período e pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, conforme ilustração abaixo
(Figura 3):
Uma análise precipitada poderia induzir em erro, quando o Estado do Paraná apresenta
35,1%, figurando entre os três Estados brasileiros com as maiores reduções da violência letal
contra as mulheres no decênio (2008-2018), atrás do Estado do Espírito Santo (52,2%) e de São
Paulo (36,3%). Outras estatísticas mostram, porém, que entre 2017 e 2018, os assassinatos de
mulheres no Paraná diminuíram 21,2% enquanto os feminicídios aumentaram 47,7% (Bueno et
al., 2019).
22
Figura 4 – Homicídios de mulheres e feminicídios no Brasil e no Paraná
23
cuidadora, também é associado à violência na intimidade (Aboim, 2008, p. 285), na
contemporaneidade por via de perda do estatuto simbólico masculino de provedor. Existem
constrangimentos sociais sobre o homem não provedor, elemento de maior peso na definição
de virilidade, segundo Saffioti (2004).
Johnson e outros (2017), incluem fatores de ordem familiar e pessoal que também
podem contribuir para o feminicídio: histórico de violência masculina no relacionamento,
separação real ou pendente, comportamento obsessivo e depressão por parte do agressor,
escalada de violência, ameaças ou tentativas anteriores de suicídio, ameaças anteriores de matar
a vítima, tentativas de isolar a vítima e sensação de medo das vítimas. O fim ou manifesta
vontade de romper o relacionamento, já citados, também figuram no rol de motivos reunidos
por estudo global (UNODC, 2018) ao lado de ciúme (eg. Lisboa et al., 2009) e constatação ou
suspeita de infidelidade. O que está em causa é a expressão de perda de alguém que se considera
controlar e possuir. Nas palavras de Conceição (2009):
Como o território humano não é meramente físico, mas, também, simbólico, o homem,
considerado todo-poderoso, não se conformava quando sua mulher o abandonava por
não mais suportar seus maus tratos. Qualquer que seja a razão do rompimento da relação,
quando a iniciativa é da mulher, isto se constituiu uma afronta para ele. Na condição de
macho dominador, não pode admitir tal ocorrência, podendo chegar a extremos de
crueldade (Conceição, 2009, p. 116).
24
Capítulo 2 Estratégias de domínio e manutenção da subalternidade feminina
Caridade & Machado (2006, p. 485) recorrem à Walter (1994) para reforçarem que “as
mulheres sempre foram maltratadas pelos homens, assumindo um estatuto de subordinação e
subserviência”, chamando a atenção para a persistência do fenômeno ao longo dos tempos,
além da transversalidade, em diferentes sociedades e nas várias categorias da população
sociologicamente criadas, com base na idade, rendimento, escolaridade, entre outros fatores. A
mudança necessária é também analítica e, consideramos neste estudo, está na importância de
aplicar uma lente de gênero, que transcende o foco nos fatores de ordem individual e/ou
relacional para os dotar de sentido e significado em função também das circunstâncias em que
decorrem os abusos. As circunstâncias permitem trazer, numa análise mais complexa e
integrada, fatores macrossociais e estruturais para a análise, sem, no entanto, dispensar os
restantes, suprarreferidos.
25
A dominação masculina é sustentada pelo patriarcado que, segundo Saffioti (2005),
evidencia sua força e mecanismos que operaram sem cessar e quase automaticamente. Pierre
Bourdieu, responsável pela disseminação do conceito de dominação masculina, atribui à
dispensa de sua justificação a força da ordem masculina, posto que a “visão androcêntrica
impõe-se como neutra e não tem necessidade de se enunciar em discursos que visem a legitimá-
la” (Bourdieu, 2002, p. 18).
26
Figura 5 – Fatores que contribuíram com a origem da hierarquização/dominação do masculino
sobre o feminino
Com o tempo, a dominação masculina foi-se tornando mais sutil ou sofisticada, até que
a influência dessa ordem de gênero tornou-se tão poderosa a ponto de afetar as escolhas das
mulheres que, por imposição social, têm suas condutas predefinidas e dispõem de
possibilidades comportamentais restringidas (Costa, 2017). Combinação entre ordem de gênero
e binarismo sexual que, destaca “o homem como machista, provedor e com inserção no espaço
público e a mulher como cuidadora, frágil e subalterna” (Rodrigues, Machado, Santos, Santos,
& Diniz, 2016, p. 9), constitui ponto central das violências de gênero (Torres et al., 2018;
Neves, Pereira & Torres, 2018; Ataíde, 2015; Guerreiro et al., 2015; Neves, 2014; Ventura,
Ferreira & Magalhães, 2013; Murta et al., 2010).
27
Apesar de, entre outras/os, Aboim (2008, p. 275) constatar que existe uma combinação
de tradições e modernidades para a construção das masculinidades, numa interpretação que
suaviza dualidade entre masculinidades hegemônicas e não-hegemônicas, considerando que
constituem “um bloco híbrido que incorpora elementos diversos e até contraditórios”, as
transformações das masculinidades, ainda mantêm subordinação de mulheres e de outras
masculinidades.
Retomando Stark (2009; 2012; 2014) o controle objetiva isolar, regular e garantir a
obediência indireta, pela privação de recursos vitais e sistemas de apoio, ao explorar a vítima,
ditando escolhas de forma prévia, estabelecendo regras para a vida cotidiana e
microgerenciando seu comportamento. Dentre as táticas usadas, sobressaem: limitação da
autonomia, regulação e monitoramento de atividades associadas a estereótipos femininos como
mães, esposas, mulheres “de bem” e é exercido mesmo diante da ausência física do dominador,
i.e., fazem com que a parceira sinta que o abuso é abrangente e o agressor é onipresente.
A coerção objetiva ferir e intimidar a vítima pelo uso de força ou ameaças para obrigar
ou desestimular uma resposta específica, gerada por meio da dor, sofrimento ou medo de morte
imediata; a longo prazo, a coerção pode gerar consequências físicas, comportamentais ou
psicológicas. Dentre as táticas usadas para coagir, sobressaem: violência, intimidação, ameaça,
perseguição, degradação e vergonha por humilhação (Stark, 2009; 2012; 2014).
Outras referências à obra de Stark (2009; 2012; 2014), permite-nos expor que tal modelo
de opressão, experienciado em relações de intimidade, se vai consolidando num padrão por
meio de táticas adaptáveis, por tentativa e erro, e identificando e manipulando as
vulnerabilidades da parceira e os benefícios e custos percebidos pelo agressor, que vai
percebendo o que parece resultar melhor naquele relacionamento e naquele determinado
momento do relacionamento; as táticas usadas são também influenciadas pela sociedade e pela
cultura.
Consider the case of a man who, among other degrading acts of abuse, ejaculates over
his partner while she asleep and forbids her to wash it off before she sees him again.
This man controls most elements of his partner’s life, including her clothing and sleep.
He makes threats to harm her and things close to her, such as her pets. He is sometimes
also physically violent. His partner remains with him because she is scared, he will kill
her if she tries to leave (Myhill, 2017, p. 40).
30
O grave impacto das táticas de controle coercitivo, mesmo sem incluir a violência física
pode ser identificado e dimensionado por seus efeitos duradouro e de onipresença, pois o medo
do perpetrador, referido por mulheres pós relação com controle coercitivo não-violento supera
o temor das que sofriam controle coercitivo violento – como resulta de um estudo que
investigou mães que sofriam controle coercitivo não-violento, mães vítimas de controle
coercitivo violento e mães livres de controle e violência (Crossman, Hardesty, & Raffaelli,
2016). Apesar de o estudo citado não coincidir com o nosso, no objeto, sujeitos, nem objetivo,
é importante analisar melhor os seus resultados (apresentados na Figura 7), pois, admitimos em
tese, que o controle coercitivo não-violento tem elevada probabilidade de ser encontrado na
análise retrospetiva dos casos julgados, e que constituem o corpus de análise do nosso estudo.
A revisão de literatura, incluindo estudos como este, por exemplo, sugere a importância
de incluir controle coercitivo não-violento na triagem, avaliação de risco e durante a pesquisa
criminal, como defendido por exemplo por Nevala (2017); Crossman, Hardesty e Raffaelli
31
(2016) e como sugere também o resultado da análise de feminicídios em contexto de intimidade
sem histórico anterior de violência física (Johnson, Eriksson, Mazerolle, & Wortley, 2017).
32
Fonte: adaptação de Stark, 2019; 2012; 2014.
33
O controle coercivo pode ser entendido como práticas de “um casamento ‘ruim’” (com
episódios interpretados como menos graves), sendo a sua descrição recorrente em serviços de
apoio a vítimas. Limna (2018, p. 122), relacionou a prática do feminicídio ao controle coercitivo
e encontrou, em autos criminais, referências ao “sentimento egoístico de posse”, onde foi
explorado de forma naturalizada, como uma característica biológica masculina, tanto pela
acusação (qualificando-o negativamente) como pela defesa (considerando-o positivo ou
compreensível), sem que houvesse no embate jurídico uma problematização das origens sociais
do controle coercitivo.
34
PARTE II
35
Capítulo 3 Opções metodológicas
Este estudo assume natureza exploratória por abordar um tema pouco estudado,
principalmente numa perspectiva de gênero e no domínio ou área dos estudos de gênero,
predominando o domínio dos estudos jurídicos.
36
Doroteia, 2015) e apurar eventuais manifestações de controle coercitivo, para caracterizar e
melhor conhecer.
De acordo com Max Weber, na Sociologia clássica, esta é a “ciência que tem como meta
a compreensão interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas,
de seu curso e de seus efeitos” (Weber, 2002, p. 11).
37
Além de ajudar a compreender esses assassinatos, a elaboração de cronologias de
feminicídios, a partir de assentamentos e narrativas em sede processual, pode contribuir para
melhor calcular o risco de violência letal. Isto, por sua vez, poderá apoiar definição de políticas
públicas adequadas à prevenção do feminicídio e a melhoria da capacitação dos agentes.
Uma vez que os processos judiciais são casuísticos, os indicadores disponíveis para
análise são predominantemente de ordem pessoal. Assim, os quatro primeiros fatores de risco
dizem respeito a indivíduos: perpetrador e vítima do crime. O quinto fator de risco.
Figura 9 – Indicadores com potencial para sugerirem risco de prática de feminicídio ou de ser
vítima deste crime
Fonte: Elaboração própria baseada em fatores de risco sugeridos pela OMS, 2012.
Os indicadores de controle coercitivo têm definição inspirada nas oito fases de padrão
comportamental proposto por Monckton-Smith (2019). Esses indicadores traduzem marcos de
possessividade, ciúme extremo, ameaças etc. que, segundo Johnson e outros (2017) são
38
desencadeados por outros marcadores identificáveis da perda de controle, como a separação
iminente ou a infidelidade real ou imaginada.
39
3.1.3 Modelo de análise
40
Figura 10 – Modelo de análise: Dinâmicas de controle coercitivo em processos criminais julgados em Curitiba nos primeiros quatro anos de
vigência da lei do feminicídio
ORDEM DE GÊNERO
ISOLAR REGULAR FERIR INTIMIDAR
(privação de recursos/apoios) (imposição de regras) (agressão) (ameaça/perseguição)
2017
Intervenção da sociedade civil Contactos com a Justiça; Contactos com as Forças de Segurança; Contactos com a LNES - 144
governamentais GATILHO ESCALADA MUDANÇA PLANEJAMENTO
DE TÁTICA
Na RVD-1L foram assinalados 10 fatores de risco – Risco ELEVADO:
O 1.º “O ofensor alguma vez usou violência física contra a vítima? Há quantos anos ocorreu o 1.º episódio? 10 anos”; o 2.º “O ofensor alguma vez usou violência física cont
o 3.º “O ofensor já tentou estrangular (apertar o pescoço), sufocar, afogar a vítima ou outro familiar?” o 6.º “O número de episódios violentos e/ou a sua gravidade tem vi
Legenda
matar ou mandar matar (está convicta de que ele seja mesmo capaz?”; o 9.º “O ofensor já tentou ou ameaçou matar a vítima ou outro familiar?”; o 10.º “O ofensor perse
tenta controlar tudo o que a vítima faz?”; o 11.º “O ofensor revela instabilidade emocional/psicológica e não está a ser acompanhado por profissional de saúde ou n
problemas financeiros significativos ou dificuldade em manter um emprego (no último ano)?”; o 18.º “A vítima separou-se do ofensor, tentou/manifestou intenção de o faz
LEGENDA: Barra preta – Tentativa de homicídio Barra verde – Inicio da relação/nascimento filhos; Barras vermelhas - Antecedentes/fatores de risco; Barras azuis – Oportunidades de intervenção.
Na RVD-1L foram assinalados 10 fatores de risco – Risco ELEVADO: Fonte: Criação da discente, 2020.
O 1.º “O ofensor alguma vez usou violência física contra a vítima? Há quantos anos ocorreu o 1.º episódio? 10 anos”; o 2.º “O ofensor alguma vez usou violência física contra outros membros do agregado doméstico?
o 3.º “O ofensor já tentou estrangular (apertar o pescoço), sufocar, afogar a vítima ou outro familiar?” o 6.º “O número de episódios violentos e/ou a sua gravidade tem vindo a aumentar no último mês?”; o 8.º “Acre
matar ou mandar matar (está convicta de que ele seja mesmo capaz?”; o 9.º “O ofensor já tentou ou ameaçou matar a vítima ou outro familiar?”; o 10.º “O ofensor persegue a vítima, intimidando-a intencionalment
tenta controlar tudo o que a vítima faz?”; o 11.º “O ofensor revela instabilidade emocional/psicológica e não está a ser acompanhado por profissional de saúde ou não toma a medicação que lhe tenha sido re
problemas financeiros significativos ou dificuldade em manter um emprego (no último ano)?”; o 18.º “A vítima separou-se do ofensor, tentou/manifestou intenção de o fazer (nos últimos/próximos 6 meses)? Tentou”.
41
3.2 Definição e delimitação da amostra
O acesso aos dados, neste caso, aos processos judiciais, foi facilitado pelo exercício de
funções profissionais da investigadora. O pedido foi efetuado e as devidas autorizações foram
obtidas no fim do ano 2019. A análise dos processos obedeceu a critérios de ética na
investigação implicando, entre outros aspetos, a presença da investigadora em Curitiba,
eliminando a possibilidade de os processos poderem ser vistos por terceiras pessoas.
Fonte: Lei Estadual nº 14.277/2003, TJPR, 2003 e Matsuda et al., 2015, p.56.
42
O acesso aos processos teve início com um pedido formal identificando os critérios
4
busca encaminhado ao presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) em
novembro/2019. Obtida a autorização, técnicos do TJPR separaram os processos de interesse e
consolidaram o acesso integral aos autos no PROJUDI5, mediante concessão de chave pessoal
temporária.
Importa ainda referir que o conjunto probatório reunido durante o processo penal é
composto por vários documentos, incluindo os de mero expediente. Estes, não serão objeto de
análise. Por outro lado, para tornar possível e deixar o mais completa possível a construção da
“linha do tempo” dos feminicídios, recorremos a informações complementares. Os dados, fora
do processo, aos quais foi dada primazia na análise para a elaboração da cronologia dos
acontecimentos, foram peças de fase policial, denúncia, resposta à acusação, alegações finais
(da acusação e da defesa), decisão de pronúncia e sentença.
O corpus de análise foi previamente preparado para que cada um dos processos, de
forma autônoma, fosse analisado tendo por referentes a grelha de análise6 construída para o
4
Parâmetros apresentados: processos que tramitaram nos Tribunais do Júri de Curitiba; com sentença de 1º grau
após fase de pronúncia e publicada entre 10/03/2015 e 11/03/2019 e com natureza criminal: feminicídio.
5
O sistema PROJUDI (Processo Judicial Digital) é um software de processo eletrônico que possibilita a
tramitação e comunicação de peças e autos processuais em qualquer grau de jurisdição (TJPR, 2009).
6
Para assegurar o anonimato das pessoas envolvidas e garantir a confidencialidade das informações, as grelhas
de análise, preenchidas para cada caso, não são apresentadas em anexo, embora esteja devidamente
guardadas pela investigadora.
43
efeito e a descrição dos procedimentos metodológicos a adotar na aplicação do método de
análise retrospetiva efetuada pela EARHVD.
Este dado é importante quando se mobiliza para este estudo as caraterísticas de uma
ordem de gênero que mantém a dominação masculina praticamente inquestionada e inalterada.
De acordo com Macedo (2015), a transgressão legal pode ser agravada pela percepção de
impunidade, traduzida pela tardia e/ou baixa taxa de condenação. No contexto do Brasil, do
Estado do Paraná e também na capital Curitiba, concordamos com Monteiro e Domingos
(2013), que explicam a taxa de condenação também através de outros fatores, designadamente,
ineficientes sistemas de segurança/justiça, escassos direitos legais, vertidos nas leis vigentes e
políticas públicas que garantam o acesso e o usufruto às leis.
Além disto, também sabemos que a impunidade pode resultar de legislações omissas
quanto a medidas de prevenção e procedimentos voltados a investigação, processamento e
julgamento das mortes, chegando à quase inaplicabilidade legal, como denuncia uma fundação
alemã (HBS, 2013). Entre tantos argumentos provavelmente ainda é mais fácil de perder de
vista a importância da ordem de gênero e eventuais influências sobre o sistema de justiça e as
práticas profissionais daqueles e daquelas que o integram.
A amostra é constituída por oito processos, porém ressaltamos a sua relevância, por
representar a totalidade dos casos julgados em capital de estado brasileiro, nos quatro primeiros
anos de vigência da Lei nº 13.104/2015 (lei do feminicídio) e por servir um estudo qualitativo,
44
com objetivos de compreender o fenômeno de feminicídio, numa análise em profundidade.
Ademais, pesquisa realizada por Bugeja e outras (2017, p. 15), sobre equipes internacionais de
análise retrospectivas de mortes por violência doméstica/familiar, verificou que a maioria delas
revisa entre um e dez incidentes por ano.
Cerca de metade das mulheres do estudo estavam com 22, 28 (N=2) e 34 anos. As
demais tinham 40, 46, 50 e 59 anos. A literatura, como se mencionou na primeira parte, revela
que o feminicídio acomete mulheres de todas as idades, com predomínio das que estão em idade
reprodutiva (Pereira, Bueno, Bohnenberger, & Sobral, 2019). Os resultados do estudo estão
também em linha com o que se conhece acerca da idade das mulheres vítimas de feminicídio
no Brasil em 2019.
45
diferença cai para 13 anos e, depois, 8 anos, sendo os homens mais velhos (diferença de 7 anos)
que as companheiras em dois casos.
46
Figura 14 – Relacionamentos íntimos entre feminicida e mulher
47
Em relação à ocupação laboral na época dos fatos, cinco mulheres estavam ativas, uma
auferia renda de imóveis e duas estavam desempregadas. Das mulheres com atividade
econômica, as atividades profissionais eram: assistente administrativa (N=1), atividade
doméstica não remunerada (N=2), autônoma (N=1), catadora de resíduos recicláveis (N=1),
“diarista” (N=2), operadora de caixa (N=1). A escolaridade é baixa, embora uma mulher tivesse
ensino superior incompleto; três, o ensino médio completo; uma ensino médio incompleto; duas
o ensino fundamental completo; e uma o ensino fundamental incompleto.
Situação relativamente distinta das vítimas é a dos autores dos feminicídios, quer em
relação à atividade econômica, quer em relação à escolaridade. Dos oito processos em análise,
sete feminicidas estavam desempregados e um desempenhava uma ocupação profissional ao
mesmo tempo que recebia aposentadoria. Das atividades econômicas exercidas, ativas ou, no
caso destes homens, sem estarem ativas à data dos fatos, um era catador de resíduos recicláveis,
um contramestre/metalúrgico, um frentista, um jardineiro, um pedreiro, um pintor, um repositor
e um autônomo. A maior parte exercia profissões não qualificadas. Em relação à escolaridade,
tendencialmente apresentam níveis de escolaridade baixos: cinco com o ensino fundamental
incompleto, um com o ensino fundamental completo e dois com o ensino médio completo.
Nesta parte, a análise é orientada pela grelha construída, de modo inovador, para este
estudo, agregando indicadores inspirados nos fatores de risco identificados pela OMS (2012) e
descritos no capítulo em que se apresenta e justifica as opções metodológicas, e os indicadores
de controle coercitivo – que correspondem a comportamentos. A dimensão simbólica da
violência de gênero é mais difícil de captar em estudos assentes na análise de dados secundários,
todavia, terá ficado manifesta no subcapítulo anterior, em que os resultados também já indicam
manifestações de controle coercitivo por parte dos feminicidas.
Os dados são apresentados num quadro (Figura 15), infra, para tornar mais clara a sua
leitura, com identificação dos indicadores encontrados em cada dimensão; sendo que os
indicadores representam fatores de risco, recordamos.
50
Figura 15 – Fatores de risco para a perpetração de feminicídio
Dos fatores de risco, a situação de desemprego, foi identificada na quase totalidade dos
casos; já a notícia de posse de arma de fogo, não foi identificada em nenhum deles, apesar de
ter havido a suspeita, num dos casos, segundo relato de testemunhas, mas sem efetiva apreensão
ou confissão de posse. Histórico de abuso de parceiro íntimo em relacionamento atual e/ou
pregresso foi observado em todos os casos e a ameaça, com o uso de qualquer arma (não
exclusivamente a arma de fogo), na metade das situações, não havendo informações à respeito
nas demais, o que não permite afirmar que não ocorreu.
Nenhuma das vítimas de feminicídio dos casos que integram a amostra estava grávida e
os dados referem que três não foram agredidas pelo condenado durante gravidez anterior,
porque não os conheciam na época. Não há informações em outras três situações. Contudo,
agressões intensas em período gestacional foram referidas em dois casos, como se apresenta,
de forma detalhada no quadro infra (Figura 16).
52
Figura 16 – Fatores de risco para ser vítima de feminicídio
Em cinco casos existe registro de lesão grave recente. A distância emocional entre o
casal observa-se em cinco casos, apesar de, em dois deles, coincidir com a existência de lesão
grave no mês anterior. Já o processo de ruptura do relacionamento afetivo foi identificado em
todas as situações.
53
fato; mas uma estava vigente; e, num terceiro caso, a medida não tinha nem sido comunicada
ao agressor.
4.2.2 Dinâmicas de controle coercitivo evidenciadas através das cronologias dos casos
54
4.2.2.1 Caso I:
Ato contínuo, B busca uma pá, vai até o quarto do sogro (65 anos) e o golpeia mais de
uma vez na região da cabeça, não o matando por circunstâncias alheias à sua vontade, pois o
idoso é socorrido por vizinhos, após a fuga de B. O agressor leva o enteado consigo e se entrega
à polícia de cidade litorânea próxima, depois de se despedir da genitora e do filho biológico que
residem na região.
55
Figura 18 – Cronologia do Caso I – representação da “linha do tempo” do feminicídio
56
Figura 19 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso I
57
4.2.2.2 Caso II
A tinha 46 anos e morava em residência própria com B (28 anos), com quem se
relacionava afetivamente há três anos. Durante a madrugada do dia 26/03/2016, no interior da
residência do casal, B despeja substância inflamável sobre A e a incendeia. Por descuido, B tem
pequena parte do corpo atingida pelas chamas e é encaminhado ao hospital, assim como A. B
se recupera, enquanto A falece (02/05/2016) em ambiente hospitalar, devido a sepse por
broncopneumonia, “lesões corporais graves, caracterizadas por extensas queimaduras de área
de superfície corpórea próximas a 45%, localizadas no rosto, pescoço, face anterior do tórax,
abdômen e nos membros superiores”.
58
Figura 20 – Cronologia do Caso II – representação da “linha do tempo” do feminicídio
59
Figura 21 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso II
60
4.2.2.3 Caso III
A tinha 22 anos e no dia anterior deixou de conviver com B (29 anos), com quem se
relacionava afetivamente há 1 ano e 7 meses e tinha uma filha em comum (nove meses de
idade). Na tentativa de terminar o relacionamento, A vai para a casa da avó e, na manhã do dia
seguinte (20/12/2015, 6h30min), B a procura. Discute com irmão de A e vai embora. Retorna
(às 9h) e consegue falar com A. Insiste para que A, acompanhada pela filha, afaste-se dos
demais para conversarem. Diante de negativa, B mostra faca que porta na cintura e dá prazo de
uma hora para que a A volte para casa. A teme por sua vida e pela de familiares e simula aceitar
a reconciliação para ganhar tempo.
Vencido o prazo (10h), B vai pela terceira vez em busca de A. A progenitora defende a
filha, confronta B ao afirmar que o relacionamento afetivo acabou. A confirma tal afirmação e
B finge aceitar a rejeição. Só que retorna pela última vez (11/12h), armado com faca e barra de
ferro e entra na residência da avó de A. Os familiares fogem, B tenta golpear A no ventre e,
depois, usa a barra de ferro. Para contê-lo, A segura a barra com as duas mãos e é cortada no
rosto. A progenitora sai para o quintal gritando por ajuda, B a alcança e a golpeia duas vezes
no ventre. Horas depois, a mãe de A falece por “feridas perfuroincisas toracoabdominais”. B,
que estava foragido, envia mensagens numa rede social para A, no dia dos fatos, e um dia depois
do crime sobre a mãe dela:
20Dez2015 (15h03min) – “Eu implorei pra sua mae não se mete eu tava cuidando de vc. Vc
deveria ter ido embora agora aguente as conseguencias e a dor da sua própria concienciencia
eu avisei...e nem comecei não era o que vc queria me deixar na rua fantasma aparece quando a
gente menos espera”.
61
Figura 22 – Cronologia do Caso III – representação da “linha do tempo” do feminicídio
62
Figura 23 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso III
63
4.2.2.4 Caso IV
A tinha 40 anos e convivia com B (27 anos), com quem se relacionava afetivamente há
sete anos. Tanto A como B consumiam bebidas alcoólicas de maneira excessiva e B ainda usava
substâncias ilícitas. O casal vivia em situação de rua e abrigava-se em carro de mão para
catadores de resíduos recicláveis em meio urbano. A e B tinham 3 filhos em comum, que não
residiam com eles, assim como os outros 7 filhos de relacionamentos anteriores de A.
7
Programa social de transferência de renda.
64
Figura 24 – Cronologia do Caso IV – representação da “linha do tempo” do feminicídio
65
Figura 25 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso IV
66
4.2.2.5 Caso V
A tinha 28 anos e morava com B (35 anos), com quem se relacionava afetivamente há
mais de dois anos e tinham uma filha em comum de 9 meses. O casal morava em cômodos
anexos à casa da mãe de B. Há tempos A tentava se libertar do relacionamento abusivo. Ela
formalizou denúncia de violência doméstica que manteve B preso por apenas 3 dias. Passados
mais de um mês do regresso de B para casa, A decide fugir para outro Estado. Pede auxílio à
sobrinha de B, para quem entrega documentos pessoais (dela e da filha) e quantia em dinheiro,
esta a ser entregue à mãe de B, para que comprasse as passagens de ônibus, pois elas
manifestaram-se dispostas a ajudar A. Neste mesmo dia 18/10/2016, a progenitora de B não
consegue adquirir as passagens. B persegue A pela casa, com faca enrolada em camiseta, presa
na cintura e tenta criar uma oportunidade para ficar sozinho com ela. Diz para saírem e
procurarem uma casa que seria só deles, pede para A acompanhá-lo até agência bancária e,
diante das negativas, diz aceitar o fim da relação, anunciando que sairá de casa. B reúne
pertences em uma mochila e pede para A acompanhá-lo até as dependências do casal, pois
precisa acessar documentos guardados por ela. A se recusa e eles discutem. Por volta das 18h,
quando A cede e o acompanha, a sogra rapidamente os segue. Esta ouve os gritos de A e, ao
entrar no cômodo, já a encontra lesionada. A sogra socorre A, enquanto B foge. A é
encaminhada a ambiente hospitalar, recebe alta médica no mesmo dia e falece pouco depois,
devido a “lesões torácicas por instrumento perfurocortante” (mais de 5 golpes).
67
Figura 26 – Cronologia do caso V – representação da “linha do tempo” do feminicídio
68
Figura 27 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso V
69
4.2.2.6 Caso VI
A tinha 50 anos e morava com B (32 anos), com quem se relacionava afetivamente há
mais de 4 anos. No início do mês em que ocorreram os fatos, A percebeu extravio de dinheiro
reservado ao pagamento de contas. O evento coincidiu com recém estada da mãe de B na
residência, fazendo com que A desconfiasse dela.
Na véspera do Ano Novo, 31/12/2015, por volta das 16h30min, B chega em casa
alcoolizado e o casal discute. Vizinhos ouvem A chamar B de covarde, por agredir mulheres e
não homens, seguindo-se a resposta: “Cala a boca, você não sabe do que eu sou capaz, não sabe
do que eu sou capaz!”. A seguir, fez-se silêncio, até B gritar por socorro, por ter matado A.
Enquanto B fugia, buscou-se ajudar A, porém esta faleceu no local, devido a lesão penetrante
no pescoço. Em situação de fuga, B se abriga na casa de uma ex-companheira, aqui identificada
por X e, em 01/06/2016, a agride. Tal fato sugere que a necessidade de controle coercitivo de
B não cessa mesmo com a morte de A. Vizinhos de X chamam a polícia, que é ludibriada na
abordagem, pois B usa nome falso e o casal alega composição.
O processo criminal ainda aguarda decisão de interposto recurso (após mais de 16738
dias de tramitação) e B foi condenado em primeira instância à pena privativa de liberdade, em
regime inicial fechado, de 16 anos e 4 meses de reclusão, pela prática do crime de feminicídio
consumado.
8
Última consulta ao PROJUDI realizada em 31/12/2020.
70
Figura 28 – Cronologia do Caso VI – representação da “linha do tempo” do feminicídio
71
Figura 29 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso VI
72
4.2.2.7 Caso VII
A tinha 34 anos e morava na residência materna com três filhos (13, 8 e 6 anos) de outro
relacionamento e com B (26 anos), com quem se relacionava afetivamente há aproximadamente
quatro anos.
73
Figura 30 – Cronologia do caso VII – representação da “linha do tempo” do feminicídio
74
Figura 31 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso VII
75
casados) e tinha três filhos: uma mulher de 37 anos e dois homens, um de 34 e outro de 21 anos.
A e B discutiam constantemente e A manifestou o desejo de pedir o divórcio. B era contrário à
divisão de bens e ao pagamento de pensão alimentícia e recusava-se a aceitar que, desta vez, A
iria mesmo deixar a família. Dependendo das exigências e queixas de A, B atribuía a elas novos
significados ou as desconsiderava, afirmando que os remédios consumidos pela esposa
distorciam as verdadeiras intenções dela.
No início da manhã do dia 20/01/2017, antes de ir para o trabalho, o filho que reside
com o casal ouve a mãe no quarto, falando ao telefone. B diz ter visto A, pela última vez, por
volta das 12h, quando sai para levar almoço ao filho mencionado. Ele acrescenta que volta para
casa antes das 16h e a mulher já tinha saído, levando consigo uma mala, além de pertences
pessoais. B diz não ter estranhado a ausência de A, primeiro por pensar que ela tinha saído para
vender roupas usadas a conhecidas e, depois, por acreditar que A fora visitar parentes que
residem em outro Estado. No dia seguinte, filhos e demais familiares buscam notícias sobre o
paradeiro de A e B não apresenta muita preocupação. Filha dá notícia a uma unidade policial e
começam as investigações. Traços de sangue humano são encontrados na residência do casal e,
tempo depois, confirma-se que corpo carbonizado (sem cabeça, braços e membros inferiores
abaixo do joelho) encontrado em matagal, um dia após o desaparecimento de A, pertence a ela.
Anos atrás, B fora o principal suspeito de ser o mandante dos assassinatos dos pais
(mortos em um intervalo de 17 dias), pois tinha conhecido interesse no recebimento da herança.
Quanto ao feminicídio em tela, B negou participação durante todo o processo, apesar de
envolver-se em várias contradições e de não conseguir apresentar qualquer explicação ou
palpite para o acontecido. Os próprios filhos atribuem ao pai a culpa pela morte da progenitora.
O processo criminal ainda aguarda decisão de interposto recurso (após mais de 13689
dias de tramitação) e B foi condenado em primeira instância à pena privativa de liberdade, em
regime inicial fechado, de 21 anos e 4 meses de reclusão e 25 (vinte e cinco) dias-multa, pela
prática dos crimes de feminicídio consumado (acrescido da qualificadora: motivo torpe) e
ocultação de cadáver.
9
Última consulta ao PROJUDI realizada em 31/12/2020.
76
Figura 32 – Cronologia do Caso VIII – representação da “linha do tempo” do feminicídio
77
Figura 33 – Indicadores de controle coercitivo identificados na cronologia do Caso VIII
78
4.3 Reações das vítimas ao comportamento controlador e oportunidades de intervenção
protetora
Com base nos autos criminais, observamos que apesar dos constrangimentos a elas
impostos, as mulheres agem. A análise das reações foi feita caso a caso, procurando estabelecer-
se a ligação entre reações e apoios pedidos, como se apresenta na Figura 34.
79
Figura 34 – Reações das mulheres submetidas aos abusos e relação com os apoios formais e
informais acionados e comunicados
80
Em apenas um dos oito casos a mulher efetivou, por iniciativa própria e de forma
consciente, denúncia da violência a representante de apoio formal (força de segurança). Na
maior parte dos casos, os apoios acionados e comunicados pelas mulheres foram: amigo/a(s),
em quatro casos; pai (num caso), mãe (num caso), filho/a(s) (em três casos); outro familiar da
vítima (em três casos), familiar do agressor (num caso) e vizinho/a(s) (em dois casos). Em dois
casos, os/as vizinhos/as tiveram ciência da violência, mas não por comunicação voluntária das
ofendidas, sim por ouvirem as agressões e/ou verem os hematomas posteriormente. O mesmo
ocorreu com comerciantes locais e empregadores da vítima (no caso IV).
Sabemos que os atos reiterados de dominação têm o poder de influenciar as reações das
mulheres vítimas de violência. Stark (2012), vai mais longe ao atribuir-lhes mesmo o condão
de desabilitar a capacidade delas para acessarem recursos pessoais, materiais e sociais, tornando
vulneráveis os seus meios de resistência e escape. Em suma, as opções restantes à disposição
da ofendida acabam limitando suas reações (Day et al., 2003).
Em nosso esforço para agrupar as reações das vítimas, elaboramos um mapa (Figura 35)
em que o eixo central (vertical) permite distribuir o nível ou grau de consciência que a mulher
submetida ao abuso tem em relação à sua ocorrência e ao modo como influencia as ações e
omissões dele decorrentes, sobretudo as suas. O outro eixo, horizontal, permite distribuir a
variação da iniciativa e a intenção/vontade manifesta ou explicita da mulher em reagir.
81
Figura 00 – Ilustração: Mapa da(s) reação(ões) das mulheres submetidas aos abusos e de agentes/mecanismos cientificados
Figura 35 – Mapa da(s) reação(ões) das mulheres submetidas aos abusos e de agentes/mecanismos
Reação constrangida – manifesta-se, sem querer, sobre o abuso Reação protagonista – manifesta-se, por querer, sobre o abuso
Intervenção da sociedade civil Contactos com a Justiça; Contactos com as Forças de Segurança; Intervenção daContactos
sociedadecom
civila LNES - 144
Contactos comContactos
a Justiça;com a Saúde;
Contactos com
Contactos
as Forças
comd
Resposta involuntária governamentais governamentais Resposta voluntária
Na RVD-1L foram assinalados 10 fatores de risco – Risco ELEVADO: Na RVD-1L foram assinalados 10 fatores de risco – Risco ELEVADO:
O 1.º “O ofensor alguma vez usou violência física contra a vítima? Há quantos anos ocorreu o 1.º episódio? 10 anos”;
O 1.ºo“O
2.ºofensor
“O ofensor
alguma
alguma
vez usou
vez usou
violência
violência
físicafísica
contra
contra
a vítima?
outrosHámembros
quantos do
anos
agregado
ocorreudoméstico?
o 1.º episódio?
Contra
10 qa
Reação “cega” – não controla manifestação
o 3.º “Oeofensor
ignora influência
já tentou do abuso
estrangular (apertar Reação
o pescoço), sufocar, afogar irreflexiva
a vítima ou outro familiar?” o–6.ºcontrola
“O número manifestação
o 3.º “Odeofensor
episódios
já tentou
violentos e/oue
estrangularignora
a sua
(apertar
gravidade influência
o pescoço),
tem vindo
sufocar, do abuso
a aumentar
afogarno
a vítima
últimoou
mês?”;
outroofamiliar?”
8.º “Acredita
o 6.ºque
“O
matar ou mandar matar (está convicta de que ele seja mesmo capaz?”; o 9.º “O ofensor já tentou ou ameaçou matar mataraou
vítima
mandar
ou outro
matarfamiliar?”;
(está convicta
o 10.º
de“Oque
ofensor
ele seja
persegue
mesmo acapaz?”;
vítima, intimidando-a
o 9.º “O ofensorintencionalmente,
já tentou ou ameaçou
demon
tenta controlar tudo o que a vítima faz?”;Legenda
o 11.º “O ofensor revela instabilidade emocional/psicológica
Legendae não tenta
está acontrolar
ser acompanhado
tudo o que pora vítima
profissional
faz?”;de
o 11.º
saúde“Oouofensor
não toma
revela
a medicação
instabilidade
queemocional/psicológica
lhe tenha sido receitada?”
e nã
Exs.: mudança de comportamento, prostração da saúde; omissão da Exs.: rejeição a investidas sexuais; venda de roupas/bombons;
problemas financeiros significativos ou dificuldade em manter um emprego (no último ano)?”; o 18.º “A vítima separou-se
problemasdofinanceiros
ofensor, tentou/manifestou
significativos ou dificuldade
intenção de
emo manter
fazer (nos
umúltimos/próximos
emprego (no último6 meses)?
ano)?”; Tentou”.
o 18.º “A vítima s
denúncia (não reconhece o ato violento) envolvimento em relação extraconjugal; viagens rotineiras e
Barra preta – Tentativa de homicídio Barra verdeBarra
– Inicio
preta
da relação/nascimento
– Tentativa de homicídio
filhos; Barra
Barras
verde
vermelhas
– Inicio- da
Antecedentes/fatores
relação/nascimentode
filhos;
risco; Barras
Barrasvermelhas
azuis – Op
busca frequente por atendimento médico
Fonte:
Na RVD-1LCriação da discente
foram assinalados 10 fatores de (2020).
risco – Risco ELEVADO: Fonte: Criação da discente, 2020.
O 1.º “O ofensor alguma vez usou violência física contra a vítima? Há quantos anos ocorreu o 1.º episódio? 10 anos”; o 2.º “O ofensor alguma vez usou violência física contra outros membros do agregado doméstico? Contra quem? Outros familiares”
o 3.º “O ofensor já tentou estrangular (apertar o pescoço), sufocar, afogar a vítima ou outro familiar?” o 6.º “O número de episódios violentos e/ou a sua gravidade tem vindo a aumentar no último mês?”; o 8.º “Acredita que o ofensor seja capaz de a
matar ou mandar matar (está convicta de que ele seja mesmo capaz?”; o 9.º “O ofensor já tentou ou ameaçou matar a vítima ou outro familiar?”; o 10.º “O ofensor persegue a vítima, intimidando-a intencionalmente, demonstra ciúmes excessivos e
tenta controlar tudo o que a vítima faz?”; o 11.º “O ofensor revela instabilidade emocional/psicológica e não está a ser acompanhado por profissional de saúde ou não toma a medicação que lhe tenha sido receitada?”; o 16.º “O ofensor tem
problemas financeiros significativos ou dificuldade em manter um emprego (no último ano)?”; o 18.º “A vítima separou-se do ofensor, tentou/manifestou intenção de o fazer (nos últimos/próximos 6 meses)? Tentou”.
19
82
i) Reação protagonista – a ação/omissão é decidida e realizada pela vítima em
resposta consciente ao abuso sofrido. Este quadrante resulta da análise dos casos em
que a mulher: usou violência reativa; saiu de casa de forma anunciada ou clandestina
(fugiu); pediu a saída do agressor; ocultou cartão de benefício social para evitar
violência patrimonial; optou por comunicar o fato a familiares, amigos e demais
apoios familiares e formalizou denúncia.
Neste conjunto foram, nos casos analisados, acionados: apoios informais e o sistema
de segurança.
Neste conjunto foram, nos casos analisados, acionados: apoios informais, dos
sistemas de saúde, de segurança e justiça e agentes de serviços sociais.
iii) Reação irreflexiva – neste caso, a ação/omissão da mulher que sofre abuso, apesar
de voluntária, não é percebida como manifestação à dominação, i.e., ela não tem
consciência de que seu ato é influenciado pela violência sofrida. Este quadrante
resulta da análise dos casos que podem envolver a sexualidade da mulher, como a
rejeição sexual e a traição; esforços paliativos econômicos (venda de roupas e
bombons caseiros); viagens sob a justificativa de visitar parentes, mas com o
verdadeiro intuito de conferir felicidade e alívio das dores (físicas e psicológicas) e
a insistente busca por atendimento médico.
83
Neste conjunto foi, nos casos analisados, acionado o sistema de saúde e apoios
informais.
iv) Reação “cega” – nesta última classificação, a mulher não controla as suas
ações/omissões e não parece ter consciência de que são influenciadas pelos abusos
sofridos. Os exemplos encontrados na amostra incluem: mudança de
comportamento, adoecimento e omissão em formalizar a denúncia por não
identificar o ato violento como tal.
Neste conjunto foi, nos casos analisados, acionado o sistema de saúde e apoios
informais.
A intervenção do sistema de saúde, muito presente, pode explicar-se pelo fato de que
violências físicas geram lesões que necessitam de tratamento médico. Além disto, é importante
aprofundar esta proposta de criação de uma tipologia pois, por opção da investigadora, a
hospitalização involuntária foi inserida no conjunto da Reação constrangida e os danos
psicológicos que, por não terem sido reconhecidos como efeitos dos atos de dominação,
integraram a Reação “cega”.
É importante acentuar que não observamos, nos processos, informações de vítimas que
procuraram atendimento médico, de forma voluntária e consciente, para tratar de enfermidades
geradas pelos abusos. Este resultado, aproxima-nos de outras pesquisas que afirmam que a
maioria delas não o fazem (Paiva & Figueiredo, 2004), mesmo diante da magnitude dos danos
à saúde (física e psicológica), que se verificam em média em quase 70% das vítimas (EIGE,
2017). No entanto, importa ainda mais refletir acerca do caso.
84
Observamos apenas um caso em que a vítima dos abusos buscou, por iniciativa própria,
órgão policial. As forças de segurança tendencialmente são pouco demandadas, como referem
pesquisas que analisam a generalidade de violências de gênero (Lisboa & Pasinato, 2018; EIGE,
2018; MDH, 2019), como pesquisa específicas, como a que analisou feminicídios em contexto
de intimidade constatando que dos 124 casos estudados, em apenas 4% havia boletim de
ocorrência policial e 3% tinham medida protetiva (Fernandes, 2018).
A análise dos casos permite identificar outra regularidade, embora relacionada com esta
que se referiu. O motivo imediato do assassinato é o que está registrado. Assim, nas peças
analisadas, o contexto macrossocial de desigualdade estrutural e o contexto de prevalência de
violência contra as mulheres são invisibilizados. Mesmo que possam fazer notar-se, é preciso
usar umas lentes de gênero para o notar, de fato. O registro motivo imediato deixa registrado
85
que a mulher é morta por (suposta) traição, por ter discutido, por “ousar” se separar, por reter o
cartão do “Bolsa Família” ...
Para corrigir tal omissão, à referência explicita de que a mulher é morta em decorrência
de violência de gênero, Lisboa e Pasinato (2018, p. 185) sugerem que a investigação policial se
aproprie das “provas e evidências relativas às circunstâncias, contextos, meios e modos como
o crime foi praticado, fatores associados a históricos pessoais e sociais onde o crime se insere”.
Com isto, se promove que a perspectiva de gênero e as razões de gênero façam-se presentes
também durante o processo, julgamento e decisão (UNWomen, 2016).
Ressaltamos, porém, haver indícios de que razões de gênero não foram totalmente
excluídas durante processo criminal, fazendo-se presentes em debates orais da sessão plenária.
Percebemos que, para evitarem alegação de nulidade processual, representantes do Ministério
Público anexam aos autos pedido de juntada de documentos (matérias da mídia, casos de grande
repercussão, rol com nomes de vítimas etc.) sobre casos pregressos de feminicídios, a serem
explorados nos debates orais. Estes, não são objeto de gravação/arquivo, inviabilizando
integração ao corpus.
Este resultado, decorrente dos documentos existentes para analisar, sustenta uma
hipótese de tendente desinteresse por aqueles indicadores pelos sistemas de segurança e de
justiça. Isto é corrente, apesar de a literatura, por exemplo, Johnson Leone e Xu (2014, p. 202)
asseverar a importância de se investigar rotineiramente os relacionamentos passados dos
perpetradores de violência, sob pena de acesso, quase que exclusivo, à “violência conjugal
situacional”. Além deste ponto, os mesmos autores também referem os escassos registros em
agências (de saúde, apoio social, educação, entre outras), que nem sempre conferem atenção a
importantes casos de “terrorismo íntimo”.
86
Os dados também traduzem algumas regularidades encontradas noutros estudos, mesmo
os desenvolvidos noutros contextos. Um dos resultados a assinalar é o curto período de tempo
entre a situação inicial de relacionamento e o estabelecimento de compromisso sério encontrado
em seis casos. No caso VIII, o período de relacionamento é de quase dez anos entre namoro,
noivado e casamento. No caso IV, que envolveu um casal em situação de rua, não havia dados
sobre o início da relação, contudo, há pesquisas a indicar serem comuns os relacionamentos
precoces entre pessoas em situação de rua, uma vez que, em tal realidade, as mulheres são muito
disputadas e permanecem sós por curtos períodos (depois de recorrentes separações),
consolidam rapidamente novos laços afetivos, por carência, necessidade de proteção/acolhida
e reduzido número de mulheres nas ruas (Cunha, Garcia, Silva, & Pinho, 2017).
Estes resultados também vão ao encontro de outros, noutros estudos, que referem ser o
feminicídio revelador da letalidade da violência, anteriormente exercida sobre as mulheres
(Gomes, 2015), num continuum violento e com várias manifestações de controle coercitivo,
i.e., tensões latentes de mal-estar ou conflitualidade entre os parceiros (Agra, Quintas, Sousa,
& Leite, 2015). Insistindo neste ponto, é de acentuar que a violência física foi encontrada
registrada em seis dos oitos casos, persistiu em dois durante o período gestacional das ofendidas
e foi associada a ciúme excessivo/obsessivo. Os dois casos sem registros de histórico de
violência física entre o casal, por sua vez, ressaltam a necessidade de serem revistos os
entendimentos de violência que, por vezes, atribuem mais significado à violência que gera
ferida ou outro dano passível de ser observado e avaliado pela medicina clínica física.
A análise dos casos revelou outro ponto comum: a ligação, muito próxima, em termos
cronológicos, e muito estreita, em termos de nexo de causalidade, entre o feminicídio e o
processo atual de separação ou a manifestada intenção de terminar o relacionamento. Outros
estudos, nacionais e internacionais, por exemplo, Lisboa e Pasinato (2018) elegem o fim do
relacionamento afetivo como um fator de risco de violência contra as mulheres. Day e outros
(2003), atribuem ao período pós-separação o maior risco de a mulher ser assassinada pelo,
então, ex-companheiro/marido. Como ficou referido na apresentação dos dados, recorremos à
explicação de Limna (2018, p. 121) quando refere que tal motivação revela crença de que: “as
mulheres são pertenças de seus maridos, ao terminarem um relacionamento, justifica-se a
morte”. No seguimento desta ideia de reprodução de uma ordem de gênero, é importante
destacar um dos resultados do estudo: dos seis homicidas confessos, cinco justificaram o seu
ato por suposta traição. O fato de esse argumento não ter sido mencionado na fase policial,
indica que foi uma tese de defesa. Também Limna (2018) encontrou uma padronização
estereotipada da alegação defensiva, tendo sido considerada por ele, indicativo de
comportamento machista dos perpetradores, reiterado por suas defesas.
88
As raízes dessa tese advêm da legitima defesa da honra, que ainda está presente em
plenários que julgam feminicídios. Decisão proferida em 29/09/2020, pelo Supremo Tribunal
Federal brasileiro, manteve a absolvição por “legítima defesa da honra” de um homem que, em
2016, esfaqueou seis vezes a ex-companheira, devido a suspeita (não confirmada) de traição
(Mota & Idoeta, 2020). Traços desse argumento igualmente foram identificados por Matsuda e
outros (2015, p. 48) em “operação que procura afastar a culpabilidade do réu e legitimar a
violência perpetrada, a partir do comportamento da vítima”.
A análise retrospetiva de feminicídios revelou também neste estudo ser um método útil.
Desde logo, por facilitar a identificação da escalada. A intensidade das violências é aferida
pelo aumento da frequência e intensidade dos desentendimentos e/ou abuso de álcool e drogas
(em três casos), violência física grave duas semanas antes dos fatos (num caso), séria discussão
dois dias antes (num caso), violências verbais e físicas na véspera do crime (num caso) e ameaça
com faca na véspera do feminicídio (em dois casos), sendo que, em um desses casos, o
feminicida tinha sido preso em flagrante por violência doméstica 1 mês antes.
No único evento em que não houve a consumação do Feminicídio, a mãe da vítima foi
assassinada no local, tendo o agressor culpado a companheira, conforme a mensagem que lhe
enviou um dia depois referindo: “Eu implorei pra vc voltar sua mae que dize e culpa sua vc
devia te saído pra fala comigo...”.
Em relação à violência reativa, descrita em cinco dos casos, é muito importante recordar
que pesquisas indicam haver significante assimetria quanto às circunstâncias, motivações,
efeitos, intensidade e gravidade das agressões praticadas pelas mulheres (Johnson, Leone, &
Xu, 2014 e Neves, Pereira, & Torres, 2018). Estas reações violentas não geram terror ou riscos
físicos aos homens, em comparação ao que ocorre com elas: “Poucos homens ficam seriamente
feridos ou se sentem verdadeiramente assustados” (Molidor & Tolman, 1998, apud Neves,
2014, p.64).
90
Considerações finais
91
Mas, a influência da ordem de gênero foi também observada nas lacunas no registro de
dados, no uso de uma aparente escala de gravidade da violência que documenta a violência
física e os danos físicos, mas não documenta a doença mental, nem como motivação, nem como
efeito para/da violência. Aqui, são os agentes formais de apoio que não o prestam a tempo de
prevenir o feminicídio. A estes, acresce uma aparente perceção de normalidade do recurso dos
indivíduos do sexo masculino a violência para se imporem e para se fazerem obedecer, pelas
mulheres. Aqui, são os agentes informais de apoio, acionados pelas mulheres na maior parte
dos casos, que também mantêm inalterada e contribuem para a reprodução e reforço da ordem
de gênero.
92
Não há como ignorar que apesar da ineficiência demonstrada por parte dos apoios
formais acionados, não encontramos qualquer referência a “mea culpa” nos autos. Em nenhum
momento, se observou anotação a uma autocrítica acerca da omissão e/ou falha estatal na
proteção à vítima específica ou a mulheres em geral. Todas/os e cada um, assim como a Justiça,
não podemos ser cegas/os em questões de gênero e, igualmente, não podemos retirar da balança
reflexões acerca do dever geral de empreender esforços na prevenção e no combate a violências
de gênero, incluindo a fatal.
93
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