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Biologia /Geologia Ano Lectivo 2011/2012

10º Ano

Ficha Informativa

Tema 3 – Compreender a estrutura e a dinâmica da geosfera

Capitulo 2 – Vulcanologia

Vulcanismo – é uma manifestação do geodinamismo constituindo o mecanismo central


da evolução do planeta. Os vulcões oferecem um espectáculo por vezes trágico, mas
deslumbrante e com interesse para o conhecimento do interior do nosso planeta.

A vulcanologia é o ramo das Ciências da Terra que estuda a formação, a distribuição e


a classificação de fenómenos vulcânicos. Distinguem-se dois tipos principais de vulcanismo:
o primário e o secundário ou residual.

Vulcanismo primário

O vulcanismo primário caracteriza-se pela ocorrência de erupções vulcânicas. Uma


erupção vulcânica é caracterizada pela emissão de materiais no estado de fusão ígnea, a
lava, pela emissão de gases e pela expulsão de materiais sólidos de dimensões variadas.
A lava resulta do magma oriundo de zonas profundas que se movimenta através da
crusta. O magma tem uma constituição complexa, sendo formado por uma mistura de
silicatos fundidos e cristais em suspensão e por diversos gases em suspensão. Durante a
ascensão do magma este vai desgaseificando-se com a libertação de uma grande variedade
dessas substancias.
De acordo com alguns aspectos da conduta emissora podem-se considerar dois tipos
fundamentais de vulcanismo: vulcanismo do tipo central e vulcanismo do tipo fissural

Vulcanismo do tipo central

As estruturas naturais que permitem a emanação destes materiais do interior do


nosso planeta designam-se aparelhos vulcânicos.

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O magma, é menos denso do que as rochas e quando ascende acumula-se e
preenche espaços no interior da crosta formando reservatórios – câmaras magmáticas – ou
pequenos depósitos – bolsadas magmáticas.
As rochas no seio das quais se instala a bolsada magmática são as rochas encaixantes.
Nos flancos do cone principal é frequente haver brechas que se abrem formando
cones secundários que são alimentados pela chaminé principal.
Quando há um aumento de pressão o magma é forçado a sair através de uma
elevação de forma cónica – o cone vulcânico.
No interior do cone vulcânico forma-se uma coluna tubular designada por chaminé
vulcânica onde ascendem os materiais.
A parte superior do cone vulcânico termina numa depressão afunilada que resulta da
explosão da chaminé – cratera.
A lava ao atingir a superfície entra em contacto directo com o ar ou a água arrefece e
solidifica.

Em determinadas situações podem formar-se caldeiras no topo dos vulcões. As


caldeiras têm uma forma grosseiramente circular, paredes íngremes e geralmente alguns
quilómetros de diâmetro. Estas caldeiras de subsidencia formam-se devido ao afundimento
da parte central do vulcão após fortes erupções em que grande quantidade de materiais é
rapidamente expelida ficando um vazio na câmara magmática. A existência de fracturas
circulares e o peso das camadas superiores provocam o colapso do tecto da câmara
ocasionando o seu afundimento.

Vulcanismo fissural

Existem situações em que a lava não é expelida através de uma chaminé vulcânica
mas sim através de fendas alongadas que podem atingir vários quilómetros de distância. As
erupções fissurais estão associadas a magmas basálticos. Quando ocorrem ao nível dos
continentes a lava espalha-se formando mantos basálticos com enormes extensões. Os
materiais acabam por preencher vales profundos ou de relevo muito acentuados acabando
por formar vastos planaltos de acumulação vulcânica.

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Os mais extensos sistemas de erupções vulcânicas verificam-se nos fundos oceânicos
ao nível das dorsais onde existem fissuras por onde são expelidos grande quantidade de
magmas que solidificando geram fundos oceânicos.

Materiais expelidos pelos vulcões

Durante as erupções vulcânicas são libertados vários tipos de materiais


nomeadamente piroclastos, lava e gases.

Lava

Entre os vários factores que influenciam a actividade vulcânica são de grande


importância a composição do magma, a temperatura e a quantidade de gases dissolvidos. O
magma é formado por uma mistura de silicatos fundidos por cristais em suspensão e por
diversos gases que se designam por substâncias voláteis. Quanto à composição é habitual
classificar os magmas e portanto as lavas de acordo com a sua riqueza em sílica.

A composição e a temperatura da lava conferem-lhe uma propriedade, a viscosidade


que condiciona o tipo de erupção. A viscosidade é uma propriedade comum a todos os
fluidos, representado a resistência da substancia a fluir. Quanto maior a riqueza da lava em
sílica, mais baixa é a temperatura necessária para a manter no estado liquido e maior é a sua
viscosidade.

Lavas básicas – possuem uma composição semelhante à do basallto, possuem baixa


viscosidade e temperaturas que oscilam entre os 1100ºC e os 1200ºC. movem-se
rapidamente e percorrem grandes distancias. A fracção volátil é reduzida e liberta-se
facilmente. As erupções correspondentes a este tipo de lava são, predominantemente,
efusivas podendo a rocha resultante da sua solidificação assumir diferentes aspectos.

Lavas encordoadas Lavas escoriáceas Lavas em almofada


Quando a superfície externa Superfície externa da lava Formam-se em erupções
da lava é lisa mas contorcida rompe-se durante o subaquáticas marinhas. A
em pregas lembrando cordas arrefecimento e torna-se lava solidifica em contacto
rugosa e irregular formada com a água tomando um
por fragmentos porosos aspecto em forma de massas
arredondadas devido ao
rápido arrefecimento.

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Lavas ácidas – apresentam temperaturas compreendidas entre os 800ºC e os 1000ºC,
sendo muito viscosas, fluindo lentamente e solidificam dentro da própria cratera ou próximo
dela. Os gases têm dificuldade em libertar-se adquirindo grandes pressões de voláteis que
provocam erupções extremamente violentas. A violência dessas erupções podem provocar a
destruição parcial ou total do aparelho vulcânico, pulverizar a lava solidificada ou ainda
pastosa formando materiais sólidos, os piroclastos que são projectados durante a erupção

Agulhas vulcânicas Domos vulcânicos Nuvens ardentes


Lava quando solidifica na Lava solidifica na abertura Massas de cinzas
chaminé, funcionando como vulcânica, obstruindo a incandescentes libertadas de
uma rolha gigante cratera modo explosivo.

Piroclastos

Os piroclastos são materiais resultantes da explosão de lava de dimensões variadas.

Cinzas Lapilli Bombas


Fragmentos muito finos que Fragmentos angulosos Podem pesar varias dezenas
podem ser facilmente arredondados que podem de quilos. Caracterizam-se
transportados pelo vento até ser expelidos no estado pela forma que adquirem no
longas distancias sólido ou no estado semi ar.
fluido

Gases

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De entre os gases libertados durante uma erupção o que predomina é o vapor de água,
mas muitos outros são lançados na atmosfera, como o monóxido de carbono, o dióxido de
carbono, hidrogénio, azoto e compostos de enxofre.

Tipos de actividade vulcânica

As erupções vulcânicas podem manifestar-se de modo diferente e, no decurso de uma


mesma erupção podem alternar períodos com diferentes tipos de actividade.

Actividade explosiva

- Lavas viscosas que fluem com dificuldade impedindo a libertação de gases;


- Ocorrem violentas explosões com emissão de lavas acidas;
- Nas erupções explosivas a lava não chega a derramar constituindo estruturas
arredondadas chamadas domos ou cúpulas dentro da própria cratera.
- A lava pode, noutras ocasiões, solidificar dentro da própria chaminé vulcânica,
formando agulhas vulcânicas.
- As explosões fortíssimas provocadas pelos gases comprimidos, sucedem-se
rebentando e provocando o desmoronamento do cone vulcânico, pulverizando a lava que é
projectada sob a forma de fragmentos.
- Durante as explosões os fragmentos são projectados, solidificando os que ainda
estão pastosos no trajecto do ar, que devido ao seu peso, acabam por cair, constituindo os
piroclastos de queda. Os piroclastos que se deslocam ao longo das vertentes do vulcão
constituem os piroclastos de fluxo.

Actividade efusiva

- O magma é fluido, a libertação de gases é fácil e a erupção é calma, com


derramamento de lava abundante a altíssima temperatura.

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- A lava deslizarapidamente, espalhando-se por grandes áreas, cnstituindo os mantos
de lava. Se houver declive acentuado, pode formar-se autênticos lagos de lava denominados
por correntes de lava.
- Os cones vulcânicos são baixos.

Actividade mista

- Erupções que assumem aspectos intermédios, observando-se fases explosivas e


fases efusivas.
- As explosões são explicadas pela entrada de água na chaminé ou na câmara
magmática, que devido às altas temperaturas se vaporizou originando uma grande
quantidade de vapor de água.
- Formam-se cones mistos que alternam camadas de lava com camadas de
piroclastos.

Vulcanismo residual

A actividade vulcânica pode manifestar-se de um modo menos espectacular que a


actividade eruptiva. Assim, apos as erupções vulcânicas terem terminado nas zonas
vulcânicas mantêm-se emissões de gases ou água a elevadas temperaturas. Estas
manifestações consistem em fenómenos de vulcanismo secundário ou residual.

 Nascentes termais
 Géisers

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 Fumarolas: sulfataras e mofetas

Nascentes termais

São fontes de libertação de água quentes ricas em sais minerais. Estas águas
subterrâneas são sobreaquecidas devido ao calor dissipado nas regiões vulcânicas ou apenas
devido ao aumento da temperatura com a profundidade. As águas libertadas resultam do
arrefecimento e consequente condensação do vapor de água que se liberta do magma.
Quando as águas têm origem magmática designam-se por águas juvenis.
A água libertada nas nascentes termais resulta da infiltração da acumulação em
rochas porosas e aquecimento de águas pluviais, por rocha a elevada temperatura, situadas
na proximidade da camada magmática.
Como durante a ascensão em direcção à superficie através de fracturas no interuor
da Terra, as águas termais são misturadas com águas frias, logo a sua temperatura é inferior
ao ponto de ebulição.

Fumarolas

São emissões de gases. Quando não ocorre mistura com água frua as águas termais
ao encontrarem uma fenda começam a ferver devido á diminuição da pressão. Originando
assim, as fumarolas com emissão de vapor de água. Estas emissões podem ainda conter
outros gases como o enxofre (sulfataras) ou gases tóxicos (mofetas).

Géisers

São emissões de gases e de vapor de água descontínuas, através de fracturas. A água


sobreaquecida ascende a reservatórios subterrâneos sujeitos, inicialmente, a uma pressão
que impede a sua ebulição. Devido ao aumento progressivo da temperatura, alguma água
começará a ferver. O vapor de água formado aumenta a pressão no reservatório fazendo
com que esta ascenda, arrastando consigo água. Assim, a pressão, diminui, aumentando a
produção de vapor, o que culmina com a expulsão violenta sob a forma de jacto do resto de
água acumulada.

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Vulcões e tectónica de placas

A distribuição dos vulcões à superfície do Globo não é uniforme, havendo zonas de


grande distribuição vulcânica – zonas tectonicamente activas – que contrastam com outras
onde, na actualidade, não há manifestação vulcânica.
A actividade vulcânica coincide essencialmente com zonas de fronteira de placas e o
tipo de actividade vulcânica depende do contexto geotectónico:

 Convergência de placas tectónicas – vulcanismo de subducção


 Divergência de placas tectónicas – vulcanismo de vale de rifte
 Intraplaca – vulcanismo intraplaca

Divergência de placas tectónicas – Vulcanismo de vale de rifte

O afastamento de placas tectónicas (oceânica/oceânica ou continental/oceânica)


origina o sistemas de fracturas na crusta, através dos quais o magma ascende à superfície.
Estes magmas têm uma origem pouco profunda originando erupções do tipo efusivo ou
misto. Nas zonas de rifte não é visível a actividade vulcânica, devido à profundidade dos
oceanos.

Exemplo 1: Islândia são ilhas cinstruidas inteiramente de rocha vulcânica emanadas a


partir do rifte Atlântico (Surtsey é uma ilha criada em 1963 devido a uma erupção vulcânica)
Exemplo 2: vulcanismo açoriano relaciona-se com a posição do arquipélago
relativamente a fronteiras divergentes ao longo do rifte.

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Convergência de placas tectónicas – Vulcanismo de subducção

A colisão de duas placas (oceânica/oceânica ou oceânica/continental) obriga ao


mergulho da placa mais densa originando-se uma zona de subducção. A partir de certa
profundidade as condições de pressão e de temperatura induzem a fusão da placa em
subducção formando-se o magma. Este tipo de magma de origem pouco profunda original
geralmente erupções de tipo explosivo.
Existem exemplos da colisão de duas placas oceânicas, formando arcos-ilhas
(Indonésia e filipinas) e a colisão de uma placa oceânica com uma placa continental,
originando cadeias montanhosas com actividade vulcânica (Andes, Japão).

Intraplaca – Vulcanismo intraplaca

Por vezes existe actividade vulcânica no interior das placas litosfericas explicando
assim a existência de ilhas no interior de placas oceânicas e de alguns vulcões isolados no
interior dos continentes. Os magmas provenientes de zonas mais profundas do manto,
desencadeiam erupções do tipo misto ou efusivo.
Estes centros de actividade vulcânica são chamados os pontos quentes e podem estar
representados por vulcões isolados ou por grupos de vulcões nos fundos oceânicos ou ainda
nos bordos divergentes próximos de rifte e mesmo em zonas continentais.

Os pontos quentes estão relacionados com as chamadas plumas térmicas que são
longas colunas de material quente e pouco denso que sobem através do manto até à base
da litosfera.
Devido à subida, o material experimenta uma descompressão, levando á fusão,
originando assim, uma fonte de magma que alimenta o vulcão á superfície.
Admite-se, assim, que as cadeias de ilhas consideradas se formam por cima de um
ponto quente, correspondente a uma pluma térmica do manto.
Os pontos quentes mantém uma posição fixa no manto e originam vulcões à
superfície com uma acumulação de lava basáltica.
À medida que as placas se vão deslocando os vulcões vão-se afastando do ponto
quente e os mais velhos vão sendo erodidos, acabando por submergir sob as águas do
oceano passando do estado de atol para guyot. Outros vulcões vão-se formando em cima do
ponto quente.
Com o tempo forma-se assim uma cadeia de vulcões e ilhas tanto mais antigas
quanto mais afastadas do ponto quente

Certas actividades vulcânicas em zonas localizadas em placas continentais distantes


de zonas activas, também se relacionam com a existência de pontos quentes. Desses pontos
quentes localizados por baixo da placa litosferica continental ascendem volumes de enormes
quantidades de magma basáltico que atingem a superfície e se derramam por fissuras
formando espessos mantos de lava.

Exemplo:Islandia possui vários vulcões activos que correspondem á existência de um


ponto quente. O derrame de lava foi tão grande que originou uma ilha.

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Minimização de riscos vulcânicos

O vulcanismo primário activo constitui um risco natural para o Homem que com ele
coabita. Muitas erupções vulcânicas são verdadeiramente catastróficas causando avultados
prejuízos e por vezes milhares de mortes.

A definição de áreas de maior perigosidade vulcânica - zoans de risco vulcânico –


resulta de um levantamento dos perigos e ameaças associados aos fenómenos de
vulcanismo.
Não é possível evitar uma erupção vulcânica mas por vezes é possível prever-se
antecipadamente, ou seja, que ela pode ocorrer num período mais ou menos lato, indicando
uma data especifica provável, procedendo assim, à evacuação atempadamente das
populações salvando vidas humanas. Um passo importante na previsão é identificar se o
vulcão está activo adormecido ou extinto, bem como o tipo de vulcanismo apresentado pelo
vulcão.

 Vulcão extinto – se apresenta muitos sinais de erosão sem sinais de futura actividade.
 Vulcão activo – se entrou em actividade recentemente
 Vulcão adormecido – se não está completamente erodido e o vulcão não apresenta
sinais de actividade.

A vigilância de um vulcão permite detectar fenómenos precursores que põem de


sobreaviso as populações em relação a uma eminente erupção. Diferentes técnicas são
utilizadas para recolher dados que depois de analisados e interpretados permitem fazer uma
previsão da erupção vulcânica.
- Comportamento das ondas sísmicas
- Variações da força gravítica e do campo magnético permitem seguir a distribuição e
movimentos do magma

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- Detecção de anomalias físicas e químicas como deformações no cone, variações na
temperatura da água dos lagos e rios e do solo, alterações da composição dos gases
emanados.

Uma outra forma de prever uma erupção vulcânica é estimar o comportamento de


um vulcão conhecendo a sua actividade no passado, reconstituindo a história eruptiva:
- Estudo da génese e evolução do magma
- Identificação das fases eruptivas
- Identificação dos mecanismos eruptivos
- Evolução do aparelho vulcânico
- Avaliação dos perigos vulcânicos

Um bom processo para minimizar os riscos vulcânicos e fazer mapas de zonas de


risco vulcânico para todos os vulcões potencialmente activos, com base na historia da
actividade vulcânica, podendo assim, realizar planos de evacuação das populações. Uma
população informada está melhor preparada para encarar e ultrapassar situações de
emergência.

Os perigos vulcânicos dependem directamente das características dos magmas


nomeadamente da sua viscosidade e da libertação de gases. A perigosidade dos perigos
vulcânicos pode ser agravada pela topografia, pelas condições climáticas e pela eficácia do
sistema de alarme. Contudo, o risco vulcânico depende da área populacional e das
actividades humanas ai desenvolvidas.

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