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A medida do tempo e a idade da Terra

Datação relativa
Um determinado elemento químico é um isótopo de si mesmo, quando possui o mesmo
número atómico, mas diferente número de massa. Alguns isótopos de um determinado
elemento são estáveis e outros são instáveis.
Nos isótopos instáveis, os núcleos decompõem-se, ou seja, há lugar à sua desintegração e
este processo espontâneo designa-se radioatividade.

Os isótopos radioativos instáveis, após um determinado período, registam uma mudança


chamada de decaimento radioativo, que os converte num elemento diferente. O
decaimento radioativo pode ocorrer por uma variedade de reações. Nessas reações, o
isótopo que regista o decaimento é o isótopo-pai, enquanto o que resulta desse decaimento
é o isótopo-filho, sendo o isótopo-filho mais estável do que o que lhe deu origem. Observa-
se que o número atómico vai sendo sucessivamente modificado, o que vai dando origem a
outro(s) elemento(s) químico(s).

A determinação da idade radiométrica baseia-se na desintegração de isótopos radioativos


naturais, tais como o carbono-14, o urânio-235 e urânio-238, o rubídio-87 e o potássio-40.
Este processo de datação resulta do facto de os isótopos radioativos se desintegrarem
espontaneamente ao longo do tempo, sendo este tempo de desintegração diferente para
cada elemento radioativo. O tempo necessário para que metade dos átomos de uma
amostra se desintegrem, ou seja, para que metade dos átomos iniciais, átomos-pai, se
transforme noutros átomos, átomos-filho, designa-se tempo de semivida do isótopo ou
tempo de meia-vida.

Limitações da datação absoluta


A determinação da idade absoluta de uma rocha ou mineral, será tanto mais fiável se se
verificarem as seguintes condições:
-o sistema (rocha ou mineral) deve ter permanecido fechado, ou seja, não deve ter ocorrido
perdas ou ganhos do isótopo-filho e do isótopo-pai por outros processos que não sejam o
decaimento radioativo;

-deve ser conhecido, com o máximo rigor possível, o tempo de meia-vida do isótopo-pai;

-a idade da rocha ou mineral deve ser de tal modo alargada que corresponda a um intervalo
de tempo suficiente que permita a desintegração radioativa do isótopo-pai no isótopo-filho;
-a concentração de isótopos-pai e isótopos-filho, na rocha ou minerais que se pretende
datar, deve ser em quantidade que permita a sua determinação;
-deve ser conhecida a quantidade inicial do isotopo-filho no momento de formação da rocha
ou do mineral a datar ou, melhor ainda, essa quantidade ser igual a zero.

Memória dos tempos geológicos


Para melhor compreender e sistematizar as transformações da Terra, os geólogos resolve-
ram dividir a história da Terra em unidades temporais de diferente duração, construindo a
Escala do Tempo Geológico. A Escala do Tempo Geológico (também designada por Escala
Cronoestratigráfica) subdivide os 4600 Ma da História da Terra em unidades temporais
sucessivamente mais pequenas designadas por Éones, Eras, Períodos e Épocas.

Vulcanologia
Vulcanismo-manifestações primárias
As manifestações primárias de vulcanismo caracterizam-se pela ocurreência de erupções
vulcânicas.

As manifestações primárias de vulcanismo podem ser essencialmente, centrais ou fissurais.

Vulcanismo central:
No vulcanismo de tipo central, o aparelho vulcânico designa-se vulcão. Um vulcão é uma
estrutura complexa, resultante da acumulação de lavas e de outros materiais eruptivos e,
geralmente, é constituído pelo cone vulcânico, chaminé vulcânica, cratera vulcánica e
câmara magmática.
O esvaziamento, total ou parcial, da câmara magmática torna o aparelho vulcânico instável
por falta de apoio de sustentação do cone, o que pode conduzir ao seu abatimento. Neste
caso, formam-se caldeiras vulcânicas, as quais, por definição, têm que possuir, no mínimo, 1
km de diâmetro. A retenção de águas pluviais nestas depressões origina lagoas.

Vulcanismo fissural:
No vulcanismo de tipo fissural, as erupções ocorrem ao longo de fraturas da superficie
terrestre. Os materiais expelidos acabam por preencher vales profundos ou de relevo muito
acidentado, acabando por formar vastos planaltos de acumulação vulcânica, por vezes com
centenas de milhar de quilómetros quadrados e com espessuras que podem exceder 1km.

Materiais expelidos durante uma erupção vulcânica

poeiras

cinzas

sólidos piroclastos lapilli O tamanho aumenta

bombas

blocos

vapor de
água
dióxido de
carbono

gasosos enxofre líquidos lava

metano

...

Piroclastos de fluxo:
-nuvens ardentes-massas incandescentes de cinzas gases e poeiras, libertadas em erupções
cujo o magma\lava é muito viscoso dando origem a erupções explosivas. Por serem muito
densas deslizam pelo cone abaixo em grandes velocidades.
-lahars-emissões de materiais vulcânicos muito finos que se movimentam saturados em
água.

Lava-material rochoso fundido com origem no magma, mas com diferente composição,
visto que perdeu uma parte substancial de gases durante a sua ascensão e chegada à
superfície.

Magma-material rochoso da geosfera, total ou parcialmente fundido.

Classificação do magma\lava em função da viscosidade

Viscosidade- critério de avaliação de magmas e lavas quanto à resistência ao escoamento.


Teor em sílica SiO2 SiO2> 65% SiO2<50%
Ácida Básica
Temperatura 800ºC 1200ºC
Capacidade em libertar Dificuldade em libertar gases Facilidade em libertar gases
gases
Viscosidade Muito viscosa Pouco viscosa
Tipos de erupção Explosiva Efusiva
Altura do cone alto Baixo

Pouco viscosas: pahoehoe (lavas encordoadas), AA (lavas escoriáceas), pillow lavas (lavas
em almofada)
Muito viscosas: agulhas vulcânicas (pitões ou neck vulcânico), domos (cúpulas), nuvens
ardentes (escoadas piroclâsticas)

Tipos de erupção e formas de relevo


Designação Descrição
Vulcões em escudo ou do tipo havaiano Os cones vulcões apresentam veretentes
suaves, com uma inclinação de sucessivas
escoadas lávicas, geralmente lavas pouco
viscosas.
Vulcões compósitos ou estratovulcões Os cones vulcânicos são altos e apresentam
declive acentuado (por vezes superior a
45º). Resultam da acumulação de camadas
alternadas de lavas e de piroclastos
acumulados em torno da cratera principal
ou de crateras adventícias.
Vulcões fissurais ou do tipo islândico Não possuem um cone vulcânico. São
aparelhos constituídos por extensas
fraturas, que alternam entre emissão de
lavas pouco viscosas e a projeção enormes
quantidades de piroclastos.
Vulcanismo – manisfestações secundárias ou residuais

Nascentes termais- lagos de água ricos em sais minerais


Fumarolas- vapor de água – sulfataras (ricas em enxofre) ou mofetas (ricas em dióxido de
carbono)
Geiser- água e vapor de água intermitente

Exemplos de formas de aproveitamento de energia geotérmica


Baixa entalpia: temperatura da água inferior a 150ºC. Usada para aquecimento de casas,
piscinas, estufas, termas,...

Alta entalpia: temperatura superior a 150ºC. Usada para produzir energia elétrica.

Vulcões e placas tectónicas


Os fenómenos vulcânicos ocorrem quer nas zonas de fronteira entre placas tectónicas -
zonas tectonicamente ativas - quer no interior das placas, zonas tectonicamente estáveis.

Vulcanismo de subducção
A convergência de duas placas obriga ao mergulho da placa mais densa, originando-se uma
zona de subducção. A partir de certa profundidade, as condições de pressão e temperatura
induzem a fusão da placa em subducção, dos sedimentos e de parte do manto, formando -
se, desta forma, magma. Este tipo de magma, de origem pouco profunda, origina,
geralmente, erupções do tipo explosivo ou misto.
Oceano-Oceano: A convergência de duas placas oceânicas forma arcos de ilhas vulcânicas
(ex.: Alasca, Indonésia, Filipinas,... )
Oceano-Continente: A colisão de uma placa oceá- nica com uma continental origina cadeias
mon- tanhosas costeiras com atividade vulcânica (ex.: Andes).

Este tipo de vulcanismo representa cerca de 80% dos vulcões ativos.

Vulcanismo de vale de rifte


O afastamento de placas tectónicas origina sistemas de fissuras na crusta, com milhares de
quilómetros de comprimento, através dos quais o magma ascende à superfície.
Estes magmas, muitos deles com formação pouco profunda, originam, geralmente,
erupções de tipo não explosivo (efusivas e /ou mistas).

Este tipo de vulcanismo representa cerca de 15% dos vulcões ativos.

Vulcanismo intraplaca
Este tipo de vulcanismo explica a existência de ilhas no interior de placas oceânicas e de
alguns vulcões isolados no interior dos continentes. Neste caso, os magmas, cuja origem se
pressupõe em zonas mais profundas do manto, desencadeiam, geralmente, erupções de
tipo não explosivo (efusivas e/ou mistas).
Este tipo de vulcanismo representa cerca de 5% dos vulcões ativos.
Neste modelo, pressupõe-se que o magma tenha origem em zonas mais profundas do
manto, nas proximidades da sua fronteira com o núcleo. O material rochoso do manto,
sobreaquecido por transferência de calor do núcleo, ascende sob a forma de colunas
designadas plumas térmicas. Durante a sua ascensão, a rocha sobreaquecida pode fundir,
originando magma. No local onde es- tas plumas atingem a superfície da geosfera forma-se
um ponto quente, ou hotspot, com atividade vulcânica. No entanto, é de salientar que há
vulcões intraplaca isolados que não se enquadram neste modelo.

Distribuição geográfica dos vulcões

anel de fogo
Minimização do risco vulcânico

perigo danos Minimização de alguns


riscos
Escoadas de lava -Raramente constituem -Identificação de possíveis
ameaça direta para o ser pontos emissores de lava
humano -Antecipação do padrão de
-Destruição de estradas, escorrência de lava
edifícios... -Controlo do avanço das
-Incêndios escoadas através de
-Cortes de vias de barreiras, canais e
comunicação arrefecimento da lava com
água
Projeção de piroclastos -Destruição de estradas e de -As pessoas devem manter-
edifícios se afastadas do vulcão em
-Incêndios atividade
-Problemas respiratóriuos e -Uso de capacete de
oculares proteção
-Intoxicações -Proteção de olhos e vias
-Perigo para a aviação civil e respiratórias
militar -Desvio das rotas aéreas
Libertação de gases -Intoxicações -As pessoas devem manter-
-Envenenamento se afastadas da fonte
-Asfixia emissora de gases
-Proteção de vias
respiratórias
Sismos de origem vulcânica -colapso das edificações por -construção à prova de
efeito de fadiga dos sismos
materiais
Tsunamis -Inundação de zonas litorais -Ordenamento do território
e impedimento da
construção desenfreada nas
zonas litorais

Medidas de autoproteção
A identificação dos perigos vulcânicos constitui um importante meio de prevenção dos seus
efeitos. Uma população informada dos perigos associados à proximidade de u ma zona
vulcânica ativa estará mais bem preparada para encarar e ultrapassar situações de
emergência.
Uma forma de estimar o comportamento futuro de um vulcão é a de conhecer a sua
atividade no passado. A reconstituição da história eruptiva de um vulcão ativo tem em conta
diversos aspetos, nomeadamente:

-o estudo da génese e evolução dos fluídos magmáticos;


-a identificação e periodicidade das fases eruptivas;
-a identificação dos mecanismos eruptivos;

-a génese, o transporte e a deposição de produtos vulcânicos;


-a evolução morfológica e estrutural do aparelho vulcânico;

-a avaliação dos perigos vulcânicos;

-a identificação dos riscos associados.

Estado eruptivo de um vulcão:


Ativo- encontra-se em erupção ou tem potencial para isso.
Adormecido- não se encontra atualmente em atividade mas poderá mostrar sinais
ercursores e entrar de novo e erupção.
Inativo\extinto- não possui registros de atividades durante o Holocénico e apresenta sinais
fortes de erosão.

O estudo do estado eruptivo dos vulcões, para além de ajudar a prever potenciais erupções
assume-se como um instrumento relevante para o estudo da história da Terra. Os diferente
estudos científicos parecem demonstrar que a atividade vulcânica foi importante para :
-potenciar a origem da vida na Terra, através da libertação de calor, vapor tos essenciais
para a síntese orgânica; de água e compos
-a criação de uma atmosfera primitiva (proto-atmosfera) rica em CO2 e o surgimento do
efeito estufa, mecanismo importante para a manutenção de uma temperatura constante no
nosso planeta;
-as alterações dos mecanismos climáticos, nomeadamente da temperatura do ar e do ciclo
hidrológico, tornando, por vezes, as chuvas mais ácidas;

-momentos de extinção em massa de organismos terrestres e marinhos;


-a modelação do relevo continental e oceânico, sobretudo a formação de cones vulcânicos,
de ilhas vulcânicas e de planícies e planaltos de origem lávica.

Benefícios do vulcanismo:

-solos férteis por causa dos inúmeros minerais que contêm


-materiais de origem vulcânica que podem ser matéria-prima para a edificação de
construções\monumentos

-energia geotérmica
-rochas vulcânicas e gases que são importantes recursos naturais para a industria de
construção, química e metalúrgica

-fenómenos vulcânicos que são atrações turísticas


-por vezes há a instalação de termas nas quais se aplicam tratamentos para doenças de
pele, respiratórias e digestivas.
-a água do mar que circula nas fissuras das dorsais oceânicas constitui um dos principais
mecanismos de formação de jazigos minerais e na regulação do quimismo dos oceanos
-os fenómenos vulcânicos permitem conhecer alguns aspetos químicos e físicos do interior
da geosfera

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