Você está na página 1de 47

COMO PENSAR NO XADREZ (I)

COMO AVALIAR UMA POSIÇÃO

1- Balanço Material;
Foi Wilhelm Steinitz, que primeiro desenvolveu um método para avaliar a posição.
Primeiramente divide uma posição em sua totalidade, em seguida, comparando as
características dos lados das brancas e também das pretas, e só depois se fará uma
opinião formada sobre a posição, optar por um plano, e começar a buscar por um
movimento específico. A prática moderna tem desenvolvido várias facetas da teoria de
Steinitz e hoje uma avaliação da posição deve incluir uma análise dos seguintes
elementos:

2- A Existência de Ameaças Diretas;

3- A Colocação dos Reis


5- A Existência de uma Vantagem de Espaço;

6- Colunas Abertas e seu Controle; , a sua Segurança;

4- O Centro;

7- Diagonais e horizontais e seu Controle

8- Permite a Colocação das Peças;

9- Estrutura de Peões;

10- Casas fracas e fortes no campo de batalha.


Como resultado desses elementos, um jogador faz uma avaliação estática da posição,
escolhe um plano, e então começa a calcular as variantes em busca de um melhor
movimento específico. De estática, a avaliação deve ser transformada em uma dinâmica,
tendo em conta todas as facetas táticas da posição.

De acordo com este método de avaliação posicional, considere a posição inicial :

Hort - Dolezhal

1962

1.fxe5 fxe5 [1...dxe5 2.Axe5 fxe5 3.Dxf8+ Txf8 4.Txf8+ Cg8 5.Cxe5] 2.Dxf8+ Txf8 3.Txf8+
Cg8

Balanço Material:

Os dois lados têm forças iguais, somente uma mudança ocorreu.

A Existência de Ameaças Diretas.

Nenhum dos lados parece ter qualquer ameaça direta, apesar de, obviamente, a casa e5
chama a atenção.
A Colocação dos Reis, a sua Segurança.

É óbvio que o rei branco não está ameaçado de alguma forma, enquanto que o preto tem
motivos para preocupação: o bispo de b2 está às voltas com uma onda de "X-Ray" ao
longo da diagonal a1-h8, que deveria ser interrompidas com o bispo negro. Mas este
último está na casa estranha h6. Os outros defensores também estão algo de errado,
você sente uma certa fraqueza da oitava horizontal.

O Centro e A Existência de uma Vantagem de Espaço.

o peão d5 dá uma vantagem Branco não só no centro, mas também ganhar algum
espaço. Este último fator dá a liberdade de manobra ao branco, e restringe as
possibilidades de manobra das peças pretas.

Colunas Abertas , Diagonais e Horizontais e seu Controle

A posição é fechada e não abrir linhas (para além do vazio diagonal da dama preta, que
não são importantes).

Permite a Colocação das Peças.

Aqui mesmo uma breve olhada na posição é suficiente para determinar a vantagem do
branco. É claro que suas peças principais estão contemplando as operações ao longo da
coluna "f", o bispo de b2, como já mencionado, vem ameaçando o rei negro, e o cavalo
tem as casas d3 e5 e f4 sob ataque. Você sente a preparação geral das peças brancas
para atividade. Ao mesmo tempo, as peças pretas estão posicionadas em seu próprio
campo, sem apoio mútuo. O bispo em h6 traz uma impressão particularmente infeliz.

Estrutura de Peões, Casas fracas e fortes .

As características básicas desta posição é a existência de cadeias de peões. Nas cadeias


próprios peões aqui são impecáveis, sem peões fracos (atraso ou dobrada). Ninguém
pode dizer que existem algumas fragilidades na posição. Por exemplo, as brancas de três
ataques tem de se concentrar em e5 (um peão, duas peças), mas as pretas estão
defendendo o peão e5 com dois defensores. Adiantando, devemos dizer que a avaliação
final da situação mostra que a casa preta e5 é fraca apesar de tudo.

Vamos resumir os primeiros resultados de nossa abordagem para a posição.

Nossa análise de todos os elementos tem mostrado que o branco tem uma vantagem de
espaço, suas peças estão prontas para a ação ao longo da coluna "f" e a longa diagonal,
e da residência do rei negro está enfraquecida. Nos restantes elementos da posição que
você olhar igualdade aproximada.

Daqui resulta que o objectivo deve incluir a posição de plano aberto e de ataque ao rei,
neste caso, os defeitos da posição fraca do preto.

A partir da avaliação estática da posição, vamos a dinâmica: a busca de um movimento


específico e uma avaliação da contra partida do adversário.
O que leva para abrir a posição e desempenhar o plano? Só 1.fe. A réplica preta ... uma
fe com um ataque à dama branca. A dama se retirou, há apenas 2.Dxf8 + Txf8 3. Txf8 +
Cg8.

Como resultado Branco tem duas torres de uma dama. Ao mesmo tempo, o Rei preto em
h8 está ligada, portanto, um companheiro sugeriu fechamento direto em si. Mas o
encerramento mate é dado um cavalo é um cavalo branco para chegar ao f7? Se você
puder!. Ele deve levar em e5 com o seu bispo, e depois ... dxe5 Cxe5 jogando com um
ataque simultâneo à dama nas casas em d7 e f7 (isto é onde a fraqueza em e5 falha).
Verifique se o preto tem algum tipo de desvio: 1.fxe5 dxe5, mas depois 2.Axe5 fxe5
3.Dxf8 + etc

Isso significa que, em princípio, a versão negra não deve levar em e5, mas todas as
ameaças branco permanecem em vigor. 1.fxe5 deve ser jogado!.

Claro que, em um jogo de torneio que o raciocínio deve ser encurtado. 4.Axe5 encontrar
uma boa jogada em poucos minutos. Mas o processo de raciocínio, a direção de busca e
movendo-se de um elemento para outro são claramente mostrado neste exemplo.

Em muitas posições não há dúvida de que um lado tem uma vantagem real. A avaliação
correta de uma posição muitas vezes leva à conclusão de que na situação do alvo (por
exemplo) tem uma ligeira vantagem em colocar seus peões (existem condições para o
estabelecimento de um posto avançado de uma peça), enquanto outros aspectos, a
situação é igual. Ok, para a formação de um plano que é suficiente para orientação
quanto à criação de um posto avançado para uma peça. Se isso pode ser alcançado, o
benefício irá aumentar, a situação mudou e sugerirá um novo plano.

COMO ERRAMOS NO XADREZ


"O Maior Erro na Vida é o de Ter Sempre Medo de Errar"
E. G. Hubbard

O Professor e MI Boris Slotnik escreveu este texto abaixo na revista Jaque há alguns
anos e o traduzi para os leitores deste blog, cujo objetivo é ajudar o jogador e o treinador
de xadrez, a analisar os seus erros mediante uma classificação simples, buscando os
casos mais típicos e frequentes da prática de torneios excluindo aqueles cometidos no
apuro de tempo.

1- FALTA DE CONCENTRAÇÃO
O campeão do mundo Gari Kasparov fala freqüentemente que no xadrez a capacidade de
concentração tem um papel importantíssimo. A prática de torneios demonstra que com
estes tipos de erros estão relacionados as falhas mais trágicas na história do xadrez. Em
certo sentido, todos os erros tem sua raíz na falta de concentração ou com outras
palavras, na falta de atenção, porque segundo a opinião de psicólogos esta é a regulação
de todos os processos da mente humana. Parece que a falta de atenção tem duas formas
básicas. A primeira está relacionada com o relaxamento, e os erros deste tipo ocorrem
freqüentemente nas situações vantajosas e inclusive ganhas.

Petrosian,T - Korchnoi,V
Moscou, 1963

Esta é a primeira parte da partida que disputaram Petrosian e Korchnoi em moscou, 1963.
Nela tem clara vantagem o campeão do mundo naquele momento. Assim escreveu
Petrosian: " Durante muito tempo nas jogadas anteriores pensava que minha posição era
ganhadora... Se o desenvolvimento anterior da partida não fosse tão positivo para mim,
provavelmente jogaria nesta posição 1.Rf3, e poderia ganhar tempos por meios da
famosa manobra de triangulação: Rf2-g2-h3, conseguindo deste modo chegar a mesma
posição, pois em troca de um tempo das pretas. Tudo isto era o que eu tinha no cérebro,
pois minha atenção estava distraída, estive obcecado na idéia principal: a captura do
peão em h6. Por isso chegou um erro impensável: 1.Txh6?? . Não vi a ameaça f4-f3, creio
que provavelmente foi porque a posição das pretas parecia estar indefesa". Depois de
1...f3 2.Tg6 Re8 as brancas se renderam. 0-1

A segunda forma de falta de atenção se relaciona com o cansaço, representa na


realidade o preço psicobiológico do jogo para o enxadrista.

Botvinnik - Petrosian
Moscou, 1966

Para jogadores de primeira categoria e candidatos a mestres, além destas duas formas, é
típico também desviar a atenção, o que na maioria das vezes deriva em graves
conseqüências. Veja algumas mais comuns, onde os jogaores deixaram de fazer a jogada
obrigatória. 1.e4 c5 2.c3 Cf6 3.e5 Cd5 4.Cf3 e6 5.d4 Cc6?
Exemplo na abertura 1 [B22]

[tinha que jogar >=5...cxd4 ] 6.c4 Cb6 7.d5 *

1.d4 Cf6 2.Cc3 c5 3.d5 g6 4.e4 Ag7?

Exemplo na abertura 2 [A43]

[>=4...d6] 5.e5 Cg8 os dois peões na quinta fila dão as brancas uma vantagem decisiva. *

2- FALTA DE CONHECIMENTO
Nenhum jogador, inclusive o campeão do mundo, não sabe tudo, por isso os erros deste
tipo são inevitáveis. A raíz fundamental destas falhas têm uma estreita relação com a
limitação de nossa memória. Isto se deve a que a memória humana conserva bastante
bem os métodos, as formas e as conseqüências lógicas, pois muito pior a informação
concreta. O desenvolvimento da teoria moderna de aberturas requer altas exigencias da
memória do enxadrista. Por isso não é surpreendente que os erros de conhecimento
concreto possa se ver com freqüência, não só nas partidas de aficcionados, mas também
nas dos profissionais. 1.e4 c6 2.d4 d5 3.Cd2 dxe4 4.Cxe4 Cd7 5.Cg5 Cgf6 6.Ad3 Dc7?!
7.C1f3 e6 8.De2 h6? 9.Ag6!

Wolf - Epishin [B17]


Maringa, 1991

Apesar da sua experiência na a defesa Caro-Kann e de seu alto Elo(2615, naquele


tempo), o GM Epishin caiu nesta famosa armadilha. depois de... 9...hxg5 10.Axf7+ Rd8
11.Cxg5 ... as brancas têm vantagem decisiva. Entretanto, para os jogadores de alto nível
são mais típicas as imprecisões posicionais na abertura que ao longo influi negativamente
no desenvolvimento de toda a partida. 1-0

1.e4 c5 2.c3 e6 3.d4 d5 4.exd5 exd5 5.Cf3 Cc6 6.Ab5 c4?


Karpov,A - Polgar,J [B22]
Linares

7.Ce5 Db6 8.Axc6+ bxc6 9.0-0 Ad6 10.b3! cxb3 11.axb3 Ce7 12.Aa3 Axe5 13.dxe5 Ae6
14.Dd4! Cf5 15.Dc5 h5 16.Cd2 f6 17.exf6 gxf6 18.Ab4 Rf7 19.Ta4! Dxc5 20.Axc5 e as
brancas têm clara vantagem no final. *

Nas partidas entre jogadores sem títulos se pode encontrar grande variedade destes erros
de conhecimento. Aqui temos alguns exemplos do último Campeonato Espanhol por
Equipes(Cala Galdana, 1994): 1.e4 e5 2.Cf3 Cf6 3.Cc3 Cc6 4.Ac4?!

Vilar - Blásquez [C55]


Campeonato Espanhol por Equipes Cala Galdana, 1994

como é bem sabido a teoria pede, em vez de 4.Ac4?! o melhor é 4.Ab5 ou 4.d4. 4...Ac5?!
[>=4...Cxe4! 5.Cxe4 (5.Axf7+ Rxf7 6.Cxe4 d5-/+) 5...d5-/+ as pretas optaram por uma
jogada indiferente.] *

Gómez,A - Gómez,J. C. [C68]


Campeonato Espanhol por Equipes Cala Galdana, 1994

1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Ab5 a6 4.Axc6 dxc6 5.0-0 Ad6?! [>=5...f6; >=5...Dd6] 6.d4 f6?!
[>=6...exd4] 7.dxe5 fxe5 8.Cxe5! e as pretas não têm compensação pelo peão perdido. *

Para os jogadores que querem conseguir o título de mestre é obrigatório saber a base
tática de suas linhas nas aberturas. Pois, infelizmente e muito freqüentemente eles não
sabem. Veja um exemplo com um dos melhores juvenil da Galícia, que durante anos
jogou a variante Záitzev na Espanola: 1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Ab5 a6 4.Aa4 Cf6 5.0-0 Ae7
6.Te1 b5 7.Ab3 0-0 8.c3 Ab7 9.d4 Te8
Exemplo na Abertura 3 [C88]

entretanto ele não era capaz de demonstrar ou responder, o que ocorre se a partida
continua: 10.Cg5 Tf8 11.f4 , que representa a combinação mais evidente das brancas.
Durante uma partida de torneio, inclusive para o jogador profissional, é muito complicado
encontrar a idéia original do GM Záitzev: 11...exf4 12.Axf4 Ca5 13.Ac2 Cd5! 14.exd5
[14.Cxh7? Cxf4] 14...Axg5 15.Dh5 h6=/+ , com bom jogo para as pretas. Ë evidente que
desconhecimento deste tipo podem provocar dolorosas derrotas. *

3-ERRO DE CÁLCULO

O cálculo de variantes é a capacidade que permite ao jogador analisar com efetividade as


posições que desfilam por sua mente após considerar as conseqüências de tal ou qual
jogada aspirante. Esta capacidade se baseia em três fatores principais: a imaginação, que
permite sair da posição inicial; a memória operativa(de curto prazo), que leva a mente a
trocas da posição inicial em forma de quadros intermediários; a atenção, que força e
regula a intensidade e que comprova por demais a exatidão do cálculo. Ao contrário do
cientista ou o pintor, o enxadrista t6em que exercitar sua imaginação durante o tempo
limitado da partida real de torneio. Por isso é muito útil ter métodos individuais para forçar
a imaginaçào de cada um.
Tal - Vasiúkov
Kiev, 1965

Durante 40 minutos, o gênio da combinação não foi capaz de encontrar as conseqüências


do sacrifício 1.Cxg7! e ajudou a consegui-lo ...uma canção para meninos famosa na
URSS, que se chama "como içar um hipopótamo do pántano". A partida seguiu: 1...Rxg7
[se 1...Cf4 2.Dd2!; 1...Axc4 2.Cxe6!] 2.Cd4 Cf4 3.Dg4+ Rh8 4.Cxe6 Cxe6 5.Dxe6 , com
vantagem branca. Infelizmente as canções não são um remédio universal. Entretanto, o
método para desviar a atenção, e inclusive a possibilidade de falar consigo mesmo
durante o cálculo, merece atenção. *

Os erros da memória operativa sào muito típicos nos jogadores jovens, carentes todavia de
grande experiência.

Iglesias,F - Anca,J
Campeonato da Galícia Sub-16 Mondariz, 1994
apartir desta posição, se seguiu: 1.f5? e5 2.Ce6 e4 somente agora as brancas
descobriram que em caso de 3.Cc7, jogada que havia planejado, segue 3...Te5, e depois
de 4.Ce6 Ae6 5.fe6+ Re7 as pretas têm uma clara vantagem. *

As falhas de atenção nas partidas de jogadores profissionais sucede na maioria das


vezes nas primeiras rodadas do torneio, quando o mecanismo enxadristico cerebral ainda
não está suficientemente aquecido
Aqui petrosian aceitou empate, devido a seguinte variante: 1.Cxd5

Bobócov - Petrosian
Moscou
Mondariz, 1967

exd5 [1...Dxd5? 2.Axf6 Axf6 3.Th3 Axe2 4.Axh7+ Rh8 5.Ae4+; em caso de 1...Cxd5 2.Th3
Axe2 3.Axh7+ Rh8 4.Ae4+ com igualdade.] 2.Axf6 Axf6 3.Th3 Axe2 4.Axh7+ Rh8 5.Af5+
Rg8? [ Pois mediante: 5...Ah4 Petrosian poderia cobrir seu rei e ganhar a partida.]
6.Ah7+ , com xeque perpétuo. 1/2-1/2

4-ERRO DE SENTIDO

O sentido da posição é o núcleo, a essência, da maestria, por isso os erros deste tipo são
relativamente pouco freqüente no nível profissional. Ao contrário, nas partidas de
jogadores de primeira categoria e candidatos a mestre, este tipo de erro se pode observar
com bastante freqüencia.na continuação veremos erros típicos para jogadores deste
nível:
De La Fuente - Abella
Ferrol Mondariz, 1993

1...g4? [mediante 1...Rf8! , que diminui a pressão do trem branco Db3 e Ac4 sobre f7
devido a uma resposta preta 2....Ca5 e evitaria o perigo que supõe a abertura da coluna
"e" com e4-e5, as pretas poderiam conservar um peão a mais e a vantagem posicional.
Normalmente as jogadas deste tipo 1....Rf8! são difíceis para os jogadores de primeira
categoria que estão acostumados a resolver quase exclusivamente os problemas
concretos. ] 2.Cfd2 Dh4 3.Txf4 com clara vantagem branca na partida. *

Leira - Cruz
Santiago de Compostela Mondariz, 1993

Nesta posição seguiu: 1.Ac2? [>=1.Te1! daria as brancas clara vantagem, tanto depois de
1...Cxd3 (como depois de 1...Ce6 2.Dd2 f4 3.Te5) 2.Dxd3 f4 3.Te5 . Em geral, os
jogadores de nível "candidatos a mestre" têm certa orientação no jogo posicional, pois
freqüentemente seu jogo carece de elasticidade suficiente como para sair das decisões
estereotipadas. Isto é o que sucedeu na partida com 1.Ac2?, "o bispo é mais forte que o
cavalo".] 1...Ce6 2.Dd2 f4 3.g6 hxg6 com jogo equilibrado *

5- FALTA DE CRIATIVIDADE

Em certo sentido, todo conteúdo do jogo se pode dividir em duas partes: o conhecido e o
novo. Pois segundo o nível e a experiência do jogador, o percentual destas partes são
muitos diferentes. Para o aficcionado, o xadrez é como uma selva, já o contrário, para um
jogador profissional, se parece a sua casa. Por isto vamos aqui ter em conta a definição
de criatividade no sentido mais geral, é dizer, a qualidade de descobrir algo novo para seu
nível atual. Há posições onde os grandes mestres e jogadores de nível modesto podem
equivocar-se igualmente.

Svéshinikov - Bareev
Moscou, 1992

Esta posição surgiu depois de 1.e4 e6 2.d4 d5 3.e5 c5 4.c3 Cc6 5.Cf3 Ch6 6.dc5 Cg4?. A
primeira vista as pretas têm que recuperar o peão entregado por causa da dupla ameaça
em c5 e e5, que ocorre em posições semelhantes da Defesa Francesa, com o cavalo
preto em d7, em vez de g4. Esse pequeno detalhe tem, entretanto, muitíssima
importância. Svéshnikov jogou 1.Da4! agora as pretas poderiam abandonar, porque as
brancas não somente têm um peão a mais, como também vantagem posicional. *

Em outro exemplo, as pretas chegaram a seguinte posição,as brancas achavam que


ganhariam o bispo preto de maneira forçada, graças a seu par de peões passados. Pois não
se deram conta de que aqui capturar o bispo não significa ganhar a partida.
Bueno - Ruiz
Campeonato Juvenil Espanhol Sant Feliú, 1994

1...e4 2.c5 e3! 3.cxd6+ Rd8 4.Ab5 a4 5.Rc5 a3 6.Rb4 a2 e as brancas abandonaram. *

6- ERRO DE LÓGICA

Aqui tem de ter em conta os erros de sentido comum, que se pode dividir em dois grupos
principais: O primeiro reflete nossas falhas, desde um ponto de vista do xadrez como um
jogo. O segundo demonstra erros na lógica da luta. Vejamos um exemplo típico do
primeiro grupo:

erro de lógica 1
Ao resolver este problema didático, inclusive ao encontrar a variante ganhadora. 1.Ah7+!
Rh8 2.Axh6 Axh3 3.Axg7+ Rxg7 4.Dg6+ Rh8 5.Ag8!! alguns jogadores jóvens, começram
seus cálculos por 1.Ah6, que representa um erro típico de lógica, porque depois de
1...Ah3 2.Ah7+ há também de calcular outra possibilidade das pretas(2...Rf7) e não
importa que seja bom ou mau para as brancas, porque de todas as formas aumenta o
volume de cálculos sem necessidade. *

Szabo - Petrosian
Amsterdam, 1952

Muito frequentemente, os jogadores, inclusive profissionais, não são capazes de evitar


aproveitar-se dos apuros de tempo de seu rival. Esta forma de jogar tem certo sentido nas
posições inferiores, pois não tem nenhuma razão lógica nas situações vantajosas. Deste
modo, o xadrez castiga aqules que jogam como ocorreu, por exemplo, nesta partida, que
reflete a posição do diagrama. É evidente que as brancas têm vantagem clara não só
devido a qualidade a mais, mas também pela maior mobilidade de suas peças.
Entretanto, a partir daí o GM húngaro tentou aproveitar os apuros de tempo de Petrosian
e começou a jogar sem aprofundar na posição. Continuou: 1.Td6?! [segundo Petrosian
1.Td1! seria mais forte por 1...Cxd5 2.Dxd5 Tf8 (2...Db8 3.Dd6) 3.De6+ De7 4.Dc8+ Rf7
5.Dc4+ Re8 6.Td5+/- com forte vantagem depois de 7.Tc5.] 1...0-0 2.Td1?! [2.Th4 Dc5
3.Tb4 conservaria a vantagem] 2...Dc5 3.Td8 Dxa3+ 4.Rb1 h5 5.Txf8+ Dxf8 6.De4?! (ou
também Dd8+) 6...De7 7.Db4 Dc7 8.Dd6? Dxd6 9.Txd6 Cc4! e as pretas ganharam este
final. 0-1

Outro erro típico, especialmente para os juvenis, é a intenção de jogar para ganhar sem ter
em conta a situação real no tabuleiro.
Carrasco - Suares
Campeonato Juvenil da Espanha Sant Feliú, 1994

1...Cd4 que é um grave erro posicional porque aumenta a ação do Ag2. Na partida seguiu
[Nesta posição, as brancas estão um pouco melhor graças a pressão do bispo em g2.
Entretanto, mediante 1...Ad7 2.Ab2 (2.Cfe5? Cxe5 3.Cxe5 Ad4-+) e logo 2...Tac8 , as
pretas poderiam conseguir equilíbrio. Pois as pretas queriam complicar o jogo a qualquer
preço, e jogaram] 2.Cxd4 Axd4 3.Ta2 devido a ameaça 4.Td2 as brancas têm clara
vantagem. *
COMO PENSAR NO XADREZ (II)

UM MÉTODO PRÁTICO DE AVALIAR UMA POSIÇÃO

MF Carlos Pinto
Recomendo REPACE como método sintético de análise posicional

Ao analisar uma posição sigo o método REPACE.


Antes de calcular os planos e variantes para cada posição utilize primeiro o REPACE

REI - SEGURANÇA

Faça primeiro essas perguntas:

1-Está meu Rei seguro?

2-O Rei do meu adversário está seguro?

3-Há alguma ameaça iminente a ambos os Reis?

ESTRUTURA DE PEÕES

F aça estas seguintes perguntas:

1-Há buracos, peões isolados, dobrados, retrasados, ilhas de peões, casa forte ou fraca,
na minha estrutura e também do meu oponente? Onde?

2-Posso fazer algumas manobras de peças para forçar fraquezas na estrutura de peões
do meu oponente? Ou o meu oponente pode fazê-las contra a minha estrutura também?
Onde? E como?

PEÇAS PARA O ATAQUE


Faça as seguintes perguntas:

1-Têm colunas abertas ou semi-abertas para as minhas torres? Meu oponente também?

2-Meus bispos têm diagonais abertas completas? Meu oponente também?

3-Meus cavalos têm pontos ou casas avançadas para coloca-los? Meu oponente
também?

CENTRO - CONTROLE

Faça as seguintes perguntas:

1-Eu controlo as casa do centro ou meu oponente?

2-Posso usar ou fazer alguma manobra com peões ou peças para exercer mais pressão ou
controle sobre o centro?
Posição 1
Veja esta posição e responda as seguintes perguntas:

1) Quem tem a vantagem?


2) Por que?

3)Qual o plano do inimigo?

4)Qual a idéia nesta posição para você?

5)Qual a jogada mais indicada?

14.f4!?N Diagrama
Solução da posição 1
Este peão nos servirá de cunha para pressionar a coluna "e" aberta.
Restringe uma possível expansão das pretas no flanco do rey, liberando a ação de suas
peças. [ 14.Dc2 isto é o que se havia jogado antes na posição]

Avançando na partida nos encontramos nesta seguinte posição:

Posição 2

A última jogada das pretas foi Tb8 com idéia de poder jogar b6 ante o possível intento de
ruptura temática das brancas "c5", bem visto isto vem as seguintes perguntas:
1)Em vista do plano das pretas, deve as brancas abandonar a idéia de jogar "c5"?

2)Acha boa a jogada e4? Explique seus critérios.

3)Qual jogada deve realizar as brancas? Por que?

15.Dc1! Diagrama

Solução da posição 2
A coluna "c" é sumamente importante para as brancas porque ameaçam penetrarem com a
torre em c7, depois da ruptura temática c5. As brancas farão a tentativa nas melhores
condições e as pretas tentarão impedí-la.
Posição 3
Estamos na posição 3 ,chave para conseguir a vantagem pertinente se acertarmos o
plano.
Responda as seguintes perguntas:

1)Na posição as pretas parecem controlar a casa c5. então poderiamos pensar que
a dobrada na coluna não tenha sido muito correta. Por que é superficial esta
apreciação?
2) Qual a pior peça das pretas e por que?
3) Qual a melhor jogada das brancas?

16.Te3! Diagrama

Solução da posição 3
As torres procuram colunas abertas.

É essencial que você siga REPACE antes de calcular quaisquer variações de


movimento.

Escreva em seu caderno, baseado na análise feita, o próximo passo é escrever dois
planos:

1) O Primeiro é o plano do seu oponente (onde as peças inimigas mais provável serão
colocadas).

2) O segundo é o seu próprio plano (onde você quer colocar suas próprias peças).

Agora que você escreveu os planos, você pode escolher os movimentos candidatos para
cumprir o seu plano.

O cálculo de variante requer outra forma de abordagem que mostraremos mais na frente.

COMO PENSAR NO XADREZ (IV)

MÉTODO DORFMAN E O ALGORITMO DA BUSCA DE JOGADAS


A DINÂMICA EM FAVOR DAS PEÇAS.

Como levar a cabo a avaliação das posições críticas? Faz muitos anos que vivo e
trabalho na França. Creio que dedico-me a treinar mais por razões econômicas que
enxadristicas. No princípio dirigi concentrações com a equipe nacional e treinamentos
individuais com os melhores representantes deste país. Depois houve trabalho constante
com os jovens Etienne Bacrot, Elua Relange, Robert Fontaine e outros. A continuação
abri minha própria escola, pois obtive um material muito amplo. Faz cinco anos que
começou a ser viável o meu desejo de expor em um livro minha visão do xadrez, ou seja
minha crença enxadristica. Devia empreender uma nova tarefa. De momento tenho
editado dois livros: "O Método no Xadrez" (1998) e "O Momento Crítico" (1999). Agora
estou trabalhando sobre o terceiro livro - que provavelmente será o último desta série -
que está próximo a editar. A parte técnica da edição é simples. Negócio com a editora
meu manuscrito e depois de 10-12 dias levo para casa o livro editado com a tiragem.
Depois eu mesmo divulgo os meus livros através das pessoas em que confio.
Seguramente esta cadeia pode funcionar na França, aonde eu tenho as coisas muito as
claras. Editar meus livros em outro idioma não me interessa demasiado, segundo a
experiência que tenho tido com diferentes editores na Inglaterra, Alemanha e EUA. Por
razões óbvias poderia aceitar condições menos favorável e editá-lo em Russo, porque
preciso do contato com os leitores de alto nível. Minha ideia do método nasceu durante a
análise de centenas de partidas de meus alunos. A estatística mostra que a imensa
maioria dos erros se cometem nas posições críticas e tentei elaborar um algoritmo de
busca das jogadas nas posições críticas. Imaginemos a partida de xadrez como aquelas
fases técnicas divididas entre si pelas posições críticas: Como definir a existência de uma
posição crítica no tabuleiro de xadrez? Já minha meta era escrever um manual de xadrez,
trabalhei com muitíssima minuciosidade para elaborar as definições. Se consideram as
posições críticas aquelas aonde se tem que tomar decisões importantes. Pois tudo isso é
absolutamente inútil desde o ponto de vista prático e do treinador. Eu propus três critérios
para descobrir as posições críticas:
1) As posições onde há que tomar decisões quanto a estrutura de peões(sobretudo no
centro).
2) As posições onde se tomam as decisões relacionadas com as trocas. Por exemplo se
as trocas são forçadas, estaremos dentro da fase técnica.
3) Ao final de uma série de jogadas forçadas(não se pode confundi-las com combinação!).

ESTÁTICA E DINÂMICA

Em qualquer partida conflitiva um dos rivais possuem uma vantagem permanente(a isto
chamamos de vantagem estática) e em troca o outro terá vantagem posicional(dinâmica).
Como exemplo da vantagem permanente e temporal podemos citar a vantagem material e
a vantagem em desenvolvimento. Estou profundamente convencido que o jogador que
possuir a vantagem estática deve mantê-la com recursos técnicos, sua posição pode
melhorar a cada instante. Com frequência a meus alunos planejo exercícios de que
encontrem uma série de jogadas que podem melhorar a posição sem entrar em contato
com a outra parte. Se isto é realmente realizável, então a posição é boa estaticamente.
Ao mesmo tempo o jogador que possui a vantagem dinâmica não pode melhorar sua
posição a longo prazo, sem entrar em contato com o seu contrictante. tudo não é tão
inocente como pode parecer a primeira vista. Um dos importantes pilares parece ser
refutar o postulado tão popular: "o jogador que detém a vantagem deve atacar". Isto é tão
absurdo como a afirmação de que os ricos devem fazer as mudanças revolucionárias
para os pobres. Este postulado deve ser trocado por outro: "o jogador que detém a
vantagem dinâmica está obrigado a atacar para não perder sua vantagem", que a meu
juízo tem mais lógica.

Dorfman,I - Tal,M [E38]

Barcelona Espanha, 1992

[Dorfman]

Permita-me mostrar um comentário de minha partida contra Tal, extraído do meu livro "O
MÉTODO NO XADREZ". 1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cc3 Ab4 4.Dc2 c5 5.dxc5 Dc7 6.a3 Axc5
7.b4 Ae7 8.Cb5 Dc6 9.Cf3 d6
Escrevi: "um dia vou provar a dinâmica 10.g4!?, que encontrei em 1994 - em Rejkjavik -
durante o match França - Islândia". Alguns dias antes de publicar meu livro encontrei uma
ideia parecida no livro de Mark Devoretsky e Yusupov - Os Métodos do Ensino do Xadrez
na página 254 se mostra a partida Kiriakov - Sakaev, Semferopol, 1990. *

Kiriakov - Sakaev [E38]

Simferopol, 1990

[Dorfman]

1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cc3 Ab4 4.Dc2 c5 5.dxc5 Axc5 6.Cf3 Db6 7.e3 Dc7 8.Ad2 0-0 9.Ad3
Rh8 10.0-0-0 Ae7
Os autores oferecem a jogada 11.g4, pois encontrei erros no seguintes comentários: "ele
tinha a vantagem deve atacar". Quando se fala sobre a vantagem estática este postulado
pode levar a erros fatais. Durante as aulas repito com frequência que "uma partida não é
ganha duas vezes". Voltando a posição de Dorfman - Tal e Kiriakov - Sakaev, se têm que
jogar g4, porque a vantagem permanente - maioria de peões no centro - pertence ao
contrário. Meu método propõe fazer um balanço estático nas posições críticas que
permite definir quem tem a vantagem estática. Para este objetivo realizei uma escala de
elementos estáticos de maior a menor. O elemento mais importante da escala é a posição
estática do rei. Nesta escala não existe a categoria de espaço como elemento
independente. Em minha opinião o espaço deve-se apreciar em conjunto com a posição
estática ou com as peças boas ou mal. Muito frequentemente o termo de peça mal deve
ser usado com cuidado, porque a mal colocação de uma peça pode ser temporal. Essas
razões bastantes evidentes nos permite evitar algumas confusões. Vejamos outro
exemplo do livro Os métodos de Ensino no Xadrez, na página 110 se analise o fragmento
da partida. *

Dolmatov,S - Romanishin,O

Minsk, 1979
Jogam as brancas. Citaram os autores: "As brancas têm vantagem no espaço, pois as
pretas estão em poder da casa e5. Os pretendentes para conquistar essa casa são os
dois cavalos. Junto ao bispo preto. As brancas não podem e não devem lutar pela casa
e5 - uma das peças de outro bando vai ocupar a casa e as restantes vão sobrar. Têm que
começar a valer seu próprio jogo. Por exemplo: 1.Aa5! (debilita a casa c6 e os peões do
flanco dama e não se pode retroceder a torres por. 2.Aa4). 1...b6 [1...Tde8 2.Aa4 Ad8! e
as brancas esperam uma tarefa ingrata para igualar a partida. Isto é uma clara amostra de
confusão dos elementos estáticos e dinâmicos no xadrez. Se repetem os mesmos erros
no mesmo livro e na mesma página mostrando o fragmento do encontro Karpov -
Dolmatov (Amsterdam, 1980). Lamento muito pois vejo erros similares em MI SISTEMA
de Nimzovitsch. Trata-se não de erros táticos, que também em meu livro podem constatar
por várias dezenas, e sim por erros do sistema. Dos muitos exemplos mostrarei meus
preferidos:] 2.Ac3 C4e5 3.Cd4! seguido de a2-a4-a5. Este plano prometia as brancas uma
magnífica perspectivas. Na partida atuaram com muito menos lógica". Como pode-se
comentar tudo isto? Em minha opinião não existe nenhuma vantagem de espaço, por que
o rei branco esta mal situado estaticamente e as pretas não t6em peças má colocadas.
Assim por exemplo o cavalo se transladará desde de g4 a e5(mais tarde a d3), o cavalo
de g6 pode ocupar a casa e5 e f4 e o bispo preto pode pode eleger entre a casa b6 ou f6.
Cutiosamente a variante concreta oferecida subtraia ao defeituoso raciocínio dos autores:
*

Nimzovitsch,A - Mishel

Zimmering, 1926
Jogam as pretas. Brindo a palavra a Nimzovitsch: "e6-e5 provoca a perda da casa d5, por
exemplo: 1...e5 2.Dg3 (ameaça agora Axe5) 2...Ag7 [ ë possível compensar tudo isto com
uma jogada tática 3.Axe5? Penso que não, vou demonstrar. 2...Ae6! 3.Axe5 Ae7 talvez
seja mais preciso do que Ag7 (3...Ag7 A utilidade do meu método permite encontrar as
possibilidades mais profundas e interessantes. Começarei alguns exemplos do tema "A
Posição Estática do Rei". 4.Ac7 Dd7 e a posição é muito difícil para as brancas.) ] 3.e4
seguido de d3 e Cc3-d5 com vantagem posicional para as brancas...". Por que estes
comentários me chamaram atenção? As pretas têm clara vantagem estática: o material,
os dois bispos, um melhor final em perspectiva e a melhor estrutura de peões (as brancas
têm um peão isolado "a" o peão retrasado "d" e várias casas brancas débeis). *

Matveeva - Litinskaya

Erevan, 1985
Jogam as pretas. Nào é suficiente abordar esta posição de forma intuitiva. Em troca meu
método proporcionava inclusive aos jogadores fracos encontrar as jogadas candidatas
corretamente. Estaticamente as pretas estão melhores porque seu rei tem um refúgio
seguro em b7; a parte disto há a possibilidade de manter o duo "D + C" contra "D + A" é
muito elevada. A conseqüência dele as brancas devem jogar com dinâmica. Os recursos
da luta dinâmica são modificar as estruturas de peões, troca de material e a tomada da
iniciativa. Por conseguinte, depois de 1...Rd7 as brancas têm três possibilidades: 2.e4,
2.h4 e Dg7+. Está claro que para alterar a vantagem estática das pretas, as brancas
devem trocar as damas Para isto serve simplesmente: 2.Dg7+ Rc8 3.Df7! Dd6 4.Dg7 1/2-
1/2

De la Riva,O - Gallager,D

França, 1998
Jogam as brancas. Aqui as coisas são mais difíceis que no exemplo anterior. As brancas
retrocederam com seu cavalo. 1.Cc1 e depois [1.Ca5! com ideia de 23.b4. As brancas
quase têm vantagem decisiva. Esta claro que as dimensões da revista não permitem
repercutir as idéias de vários livros no artigo. Para terminar a apresentação de meu
método, ofereço a análise da posição T. Petrosian - G. Pfeifer, leipzig, 1960. Aqui se pode
ver que o mesmo elemento estratégico existe tanto estaticamente como também
dinamicamente. ] 1...f5 as pretas ganharam a partida por ataque. Eu estava presente
durante as análises posteriores ao encontro, porque Gallager era membro de meu clube
em Cannes. Devido a que o rei branco estaticamente está mal situação, era necessário
buscar possibilidades dinâmicas. Assim encontrei a ideia correta 0-1

Petrosian,T - Pfeifer,G

Leipzig, 1960
Jogam as brancas. A posição em caso de troca das damas e quando a estrutura é melhor
para as pretas. Desde o ponto de vista das brancas se precisam de ações dinâmicas. as
jogadas candidatas são: 1.Ce5 e 1.d5. Na partida sucedeu isto: 1.Ce5 [ Esta claro que a
posição dinâmica do preto não é boa. O jogo correto na posição inicial consistia em
>=1.d5! exd5 2.Cxd5 Cxd5 3.cxd5 Af6 4.e4 Axb2 5.Dxb2 0-0 6.a4 com clara vantagem
das brancas.] 1...cxd4 2.exd4 Cxe5 3.dxe5 Cd7 4.f4 Cc5 5.Ae2 e aqui em vez da
imprudente 5...g6? que terminou em catástrofe depois de [5...f5 6.exf6 Axf6; 5...Dc7
6.Tad1 (6.f5 0-0-0 7.fxe6 fxe6 8.Tf7 Cb3! 9.axb3 Ac5+ 10.Tf2 Thf8 11.Taf1 Dc6 12.Af3
Txf3 e as pretas ganham.) 6...Td8 7.f5 (7.Txd8+ Rxd8 e o rei buscará refúgio no flanco
dama) 7...Txd1 8.Axd1 0-0 9.f6 gxf6 10.exf6 Ad6] 6.Tac1 Dc7 7.Cd5! 1-0

COMO PENSAR NO XADREZ (VI)

O PLANEJAMENTO NO XADREZ
"Um mau plano é melhor do que nenhum plano"

Frank Marshall
Antes de dedicar-se a qualquer atividade, quase todas as pessoas contemplam as
operações que terão de executar para atingir suas metas, e tenta descobrir qual a
melhor sequência para executá-las. Eu acredito firmemente que o xadrez é, até
uma certa extensão, o espelho de vida e que, portanto, o planejamento é uma
característica fundamental deste jogo. O que é o planejamento em uma partida de
xadrez? É uma série de operações em uma ordem bem calculada que visam a um
objetivo concreto, sendo que esta ordem é determinada pelas posições que se
apresentem no tabuleiro e é constantemente alterada pelas ações do adversário.
O plano não deve ser confundido com o objetivo do jogo. Algum amador poderia
pensar, "eu quero dar um xeque-mate, por isso eu vou jogar visando um mate
desde o inicio e por isso eu jogo de acordo com um plano". Trata-se de uma
abordagem redondamente equivocada; não existem condições de se dar mate ao
rei do adversário no início da partida. O mate é o objetivo máximo do jogo e "jogar
visando um mate desde o início" é tão somente uma vontade de satisfazer este
desejo. Primeiro desenvolva as suas peças segundo um padrão, para estabelecer
uma supremacia em alguma parte do tabuleiro. Em seguida aumente a pressão
para conquistar vantagens posicionais concretas ou vantagens materiais no meio-
jogo. Finalmente, explore as vantagens no final, através do estabelecimento de
uma vantagem material que torne qualquer resistência impraticável. O lado que se
defende também não deve jogar de qualquer maneira; deve jogar segundo um
plano, considerando todos os perigos, ameaças e debilidades na sua posição e
tentando - acima de tudo - livrar-se delas. O plano é elaborado com base em uma
avaliação concreta da posição e das suas peculiaridades. Portanto, é importante
ser capaz de analisar as formações de combate de ambos os lados e
compreender todas as sutilezas desta posição. A capacidade de se elaborar um
plano e executá-lo de modo consistente no tabuleiro é um dos aspectos mais
atraentes do xadrez; às vezes, chega a ser mais gratificante que, digamos, lançar
um Ataque Direto ao Rei inimigo. E se você levar em conta que, frequentemente,
os jogadores disfarçam suas intenções, lançando mão de manobras que visam
distrair o adversário, você entenderá que jogar segundo um plano é uma grande
arte. É claro que demora muito para que alguém aprenda a conduzir as suas
operações no tabuleiro de xadrez. Erros graves e erros menores irão acontecer e
estes são inevitáveis. Mas acredito que aprender com seus erros é melhor do que
jogar sem qualquer plano.
O Plano

Andersson,Ulf - Sokolov,Andrei [A30]


Bilbao Bilbao, 1987
[Pinto,C]

O xadrez não é um jogo de azar, onde as chances de ganhar ou perder não


dependem da habilidade do jogador. O xadrez é um jogo onde os planos
estratégicos e táticos devem estar presentes, senão estamos sucumbindo
imediatamente ou ficamos na pior posição e clara desvantagens. Às vezes,
durante um jogo, há vários planos, o plano é saber o que fazer em cada situação
ou posição. O GM Ulf Andersson, mostra magistralmente neste exemplo sua
vitória através do desenvolvimento de um bom plano estratégico. 1.Cf3 Cf6 2.c4
b6 3.g3 c5 4.Ag2 Ab7 5.0-0 e6 6.Cc3 d6 7.b3 Cbd7 8.Ab2 Ae7 9.d4 cxd4
10.Cxd4 Axg2 11.Rxg2 Dc7 12.e3 a6 13.f4 0-0 14.Df3 Tac8 15.g4 Cc5 16.g5
Cfd7 17.Tad1 Tfe8 18.h4 Af8 19.Td2 Cb8 20.Tfd1 Cc6 21.Cxc6 Dxc6 22.Dxc6
Txc6 23.Aa3 Ae7 24.Axc5 bxc5

Estamos em uma posição onde o cavalo branco é superior em atividade ao bispo


preto.O branco tem vantagem posicional, Ulf Andersson desenha um plano que
vai levar a vantagem posicional concreta: Agora seria um bom plano preparar f5 e
ganhar mais espaço na ala do rei ou quebrar a estrutura de peões preto no
centro. 25.Ce4 Td8 26.Rf3 Rf8 27.Rg4 Re8 28.f5 exf5+ 29.Rxf5 Rf8
Desde a ruptura ocorrida em f5, proporcionando uma melhoria posicional
substancial para as brancas. Como deve continuar o branco? Qual o plano
aqui? 1. Colocar o cavalo em d5, onde será inexpugnável. 2. Dobrar as torres
na coluna f para atacar o peão f7. Vamos ver como Andersson executou
ambos os planos: 30.Rg4 Re8 31.Tf1 Td7 32.h5 Ad8 33.Tfd1 Ae7 34.Cc3 Tcc7
35.Cd5 Tb7 36.Tf1 Ad8 37.Tdf2 Rf8 38.g6 h6 39.Txf7+ Txf7 40.Txf7+ Txf7
41.gxf7 Rxf7 42.Rf5 Ah4 43.b4 cxb4 44.Cxb4 a5 45.Cd3 Ad8 46.e4 Ab6 47.a4
Re7 48.Cf4 Ad4 49.Ce6 Ac3 50.c5 dxc5 51.Cxc5 Rd6 52.Cd3 Aa1 53.e5+ Rd5
54.Cf4+ Rc4 55.e6 Af6 56.Cg6 Rc5 e as brancas ganham 1-0

A IMPORTÂNCIA DO PLANO

Lasker,Em - Capablanca,J [C68]

St.Petersburgo, 1914
[Capablanca/Pinto,C]
"A estrutura de peões determina o plano" essa é a opinião de Emanuel
Lasker. Para confirmar essa tese veremos uma de suas partidas. 1.e4 e5
2.Cf3 Cc6 3.Ab5 a6 4.Axc6 Esta jogada tem por objetivo chegar rapidamente
ao meio jogo sem as damas e com a superioridade para as brancas de
quatro peões contra três no flanco do rei ; entretanto a superioridade dos
peões pretos no lado oposto encontra-se compensada , a certo ponto ,
porque um deles esta dobrado. Por outro lado , as pretas tem a vantagem do
par de bispos , contra um só das brancas. 4...dxc6

Essa é a conhecida variante das trocas da Ruy Lopez. Que plano de ação
para as brancas sugere a posição dos peões? As circunstância em que os
peões pretos se encontram, dobrados na coluna "c", dão às brancas uma
superioridade numérica de peões no centro e na ala do rei. Se por exemplo,
tirarmos do tabuleiro todas as peças (exceto os Reis é claro), veremos que,
no final, será mais fácil para as brancas criarem um peão passado, do que
para as pretas. Desse modo, o final será favorável às brancas. Por isso, é
racional que as brancas na posição do diagrama, optem por trocas,
simplificando o jogo. É óbvio que as pretas devem agir contra a realização
deste plano. Elas baseiam seu contrajogo num rápido desenvolvimento de
peças, depositando esperanças no poder do par de bispos. 5.d4 exd4 6.Dxd4
Dxd4 7.Cxd4 Ad6 Para um jogo mais ativo seria melhor 7...Bd7 seguido de
grande roque. As pretas se propõe a fazer o roque pelo lado do rei , pois
calculam que o rei deve deve coloca-se no lado mais débil , para contrapor-
se ao avanço dos peões.Na teoria , o raciocínio anterior nos perece
perfeitamente lógico ; pois decidir se este plano seria o melhor , desde o
ponto de vista prático , é difícil de provar. O leitor observará que se agora
trocassem todas as peças , as brancas têm praticamente um peão a mais ,
portanto , um final de partida ganho. 8.Cc3 Ce7 Uma jogada de
desenvolvimento perfeitamente calculada.Qualquer outra não permitiria
desenvolver este cavalo tão rápido e tão bem. Nesta variante , a casa "e7" é
a casa ideal para o cavalo preto , com o fim de não obstruir o avanço dos
peões , e também , segundo as eventualidades que se apresentam , para
saltar a casa "g6". Por último , teremos a possibilidade de ocupar a casa
"d4" , via "Cc6" , depois de "c5". 9.0-0 0-0 10.f4 Quando se jogou a partida ,
este lance me pareceu débil , me segue parecendo todavia , porque deixa
débil o peão "e4" , a menos de avança-lo a e5 , ademais , permite as pretas a
cravada do cavalo , jogando Ac5. 10...Te8 O melhor , ameaçando Ac5 ; Ae3,
Cd5. Ao mesmo tempo impede Ae3 , pela resposta Cd5 ou Cf5. 11.Cb3
f6 Preparando b6 , seguido de c5 e bispo b7 , em combinação com Cg6 que
criaria grandes dificuldades as brancas para proteger seus dois peões
centrais do ataque combinado das peças inimigas. 12.f5

Este lance é de difícil decisão, porque agora o peão de e4 fica atrasado, e as


pretas têm o ponto e5 a disposição. Mas Lasker considera difícil as pretas
ocuparem este ponto, pois com o peão em f5, o bispo de c8 está limitado em
suas ações. Erroneamente se há escrito que esta jogada ganha a partida ;
pois da minha parte nada desejo mais que voltar a mim confrontar com esta
posição. Foram precisos vários erros sucessivos para chegar finalmente a
uma posição perdida. 12...b6 13.Af4

13...Ab7? Jogada contra o meu melhor juízo da posição. O melhor sem


dúvida era Axf4. o doutor Lasker há dado a variante seguinte : 13...Axf4
14.Txf4 Pc5 15.Td1 Ab7 16.Tf2 Tad8 17.Txd8 Txd8 18.Td2 Txd2 19.Cxd2 e
segundo ele as brancas estão melhores. Pois como indicou Nimzowitsch
imediatamente após a partida 16...Tad8 que dá Lasker em sua variante , não
é o melhor . Se 16...Tac8! as brancas teriam grandes dificuldades para
ganhar a partida , pois não se ver um bom plano para impedir as pretas Cc6 ,
seguido de Ce5 , ameaçando Cc4. Se as brancas tentarem opor-se a esta
manobra retirando seu cavalo de "b3" , o cavalo preto iria então a casa "d4" ,
e o peão "e4"será o objetivo do ataque. Voltando a variante do doutor Lasker
, sem dúvida qualquer que fosse a vantagem das brancas desapareceriam no
instante da jogada das pretas 19...Cc6 , ameaçando Cb4 ou Ce5 , nenhuma
das casas se pode evitar. Se as brancas contestam com 20.Cd5 Cd4 e as
pretas dariam por empate pelo menos. Com efeito , depois de 19...Cc6 , são
tão numerosas as ameaças das pretas que dificilmente meu adversário
poderia impedir a perda de um ou mais peões. 14.Axd6 cxd6 As pretas
livraram-se dos peões dobrados, mas as brancas têm um novo ponto de
referência, o ponto fraco e6, para onde se dirige o cavalo b3. 15.Cd4 É uma
coisa certa curiosa , pois certa , que quando eu joguei 13...Ab7 não vi esta
jogada das brancas , pois então teria jogado 13...Axf4 , que é a
precisa. 15...Tad8 Seria possível voltar com o bispo para c8, mas seria forte
16.Tad8 com pressão na coluna d. A partida estar muito longe todavia de se
perder , pois contra a entrada do cavalo , as pretas podem jogar mais adiante
c5 , seguido de d5. 16.Ce6 Td7 17.Tad1

Nesta posição estive a ponto de jogar c5 , seguido de d5 , que em minha


opinião , me dava o empate ; pois subitamente me senti ambicioso e achei
que poderia fazer a jogada do texto , 17....Cc8 , seguida depois do sacrifício
da qualidade por o cavalo em "e6" , ganhando um peão na entrega e
deixando o peão do rei mais débil todavia . Eu propunha levar adiante este
plano antes ou depois de g5 , segundo as circunstâncias. Analisemos :
17....c5 se 18.Cd5 Axd5 19.ed5 b5 e uma análise cuidadosa demonstra que as
pretas nada têm a temer . Neste caso meu plano se resumia em levar o
cavalo a casa "e5" , via Cc8 , Cb6 e Cc4 ou Cd7. Novamente , 17....c5 18.Tf2
d5 19.exd5 Axd5 20.Cxd5 ( o melhor , pois se Tfd2 , Axe6 daria a vantagem as
pretas ) Txd5 21.Txd5 Cxd5 e não há razão nenhuma para que percam as
pretas. 17...Cc8 As pretas perdem tempo em vão, a posição de seus peões
requer lances ativos na ala da dama. Seria bem mais forte 17...c5, com idéia
de d6-d5, e pretas poderiam ativar o cavalo por e7, conduzindo-o pela rota
c8-b6-c4-e5. A fraqueza do ponto e5 também é um importante ponto de
referência para a avaliação da posição. 18.Tf2 b5 19.Tfd2 A vulnerabilidade
do peão d6 tornou-se um fator importante que determina o plano das
brancas. 19...Tde7 20.b4! Rf7 21.a3 Aa8 A passividade aqui é fatal. Haveria
mais chance de defesa com o sacrifício de qualidade. Trocando meu plano
uma vez mais , e agora sem nenhuma boa razão.se eu houvesse jogado aqui
Te6 fe6+ , Te6 , como era a minha intenção quando joguei Cc8 , duvido muito
que as brancas conseguisse ganhar a partida . Ao menos seria
extraordinariamente difícil. 22.Rf2 Ta7 23.g4 h6 24.Td3 a5 25.h4 axb4 26.axb4
Tae7 As pretas têm poucas perspectivas na coluna a, e que logo será
ocupada pelas brancas. Esta jogada já não tem objetivo. As pretas , com
uma mal partida se permitem esta pequena divagação. Melhor seria Ta3 ,
para guardar a coluna aberta , e , ao mesmo tempo , ameaçar o cavalo em
"c3"e c5 levando esta peça em jogo. 27.Rf3 Tg8 28.Rf4 g6 Outra mal jogada.
Os dois últimos movimentos das brancas são fracos , pois seu rei nada faz
aqui. Deveria ter jogado sua torre em na casa "b7" , na jogada 27. As pretas
deveria mover agora g5+. Uma fez desperdiçada esta ocasião , As brancas
tem o campo livre para realizar seu plano e terminam a partida com grande
correção , pois a posição das pretas é cada vez mais desesperada. Não são
mais necessários comentários , pois devo dizer que meu jogo apresentou
um caracter Irresoluto ao longo da partida . Quando se tem um plano deve
leva-lo adiante , sempre que seja possível . Tocante ao jogo das brancas
seus movimentos 10. e 12 me parecem muito fracos , depois jogou bem até a
27. que é mal , o mesmo com a 28. O resto da partida é bom , provavelmente
perfeito. 29.Tg3 g5+ 30.Rf3 [30.hxg5 hxg5+ 31.Rf3 Th8 as brancas
dificilmente penetrariam na posição adversária.] 30...Cb6 31.hxg5 hxg5
32.Th3! Por que as brancas recusaram a captura do peão d6? 32...Td7 33.Rg3
Re8 34.Tdh1 Ab7 35.e5! Esta é uma manobra típica. Ao sacrificar um peão, as
brancas tornam possível a penetração do cavalo c3 nos pontos fracos do
campo inimigo. 35...dxe5 36.Ce4 Cd5 37.C6c5 Ac8 no caso de retirada da
torre decidiria 38.Cd6+ 38.Cxd7 Axd7 39.Th7 Tf8 40.Ta1 Rd8 41.Ta8+ Ac8
42.Cc5 as pretas abandonaram. 1-0

Suetin,A - Bondarevsky,I [C72]


Moscou, 1963
[Kasparov]
1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Ab5 a6 4.Aa4 d6 5.0-0
Esta é uma das linhas mais antigas da abertura Ruy Lopez. Após cumprirem a primeira
metade do plano na abertura (tirar o Rei do centro), as brancas planejam a criação de um
centro de peões através dos lances c3 e d4, que também pressionam o peão preto na
casa e5. As pretas normalmente tentam sustentar seu peão na casa e5 jogando Cg8-e7-
g6, seguidos de Be7. Também é possível montar uma outra formação defensiva: ...Cg8-
e7, ...g6, ...Bg7. Ambos os lados parecem estar dispostos a engajarem-se em lentas
manobras posicionais. De repente as pretas jogam um lance impulsivo e anti
posicional. 5...g5?! 6.d4! As ações enérgicas no centro devem ser consideradas como a
melhor resposta para o avanço prematuro dos peões da ala do rei das pretas. A melhor
maneira de se explorar o desenvolvimento lento das pretas é abrindo o centro. O sexto
lance das brancas é um bom exemplo de uma correção de um plano anterior no momento
adequado, de modo a explorar as ações do adversário. 6...g4 7.Axc6+ bxc6 8.Ce1
exd4? Outra concessão posicional. Iludido por achar que sua vantagem em conservar o
par de bispos lhes permitirá abrir o centro, as pretas ainda pouco desenvolvidas fazem
concessões importantes no centro. 9.Dxd4 Df6 10.Da4 Ce7 11.Cc3 Mais uma correção
efetuada no plano para a abertura. Esta posição não mais requer o avanço do peão à
casa c3, por isto esta casa é agora ocupada pelo cavalo, que tomará parte no combate
pelo centro - o setor decisivo. 11...Ad7 12.Da5! As brancas alteram o seu plano e se
valem da debilidade do peão na casa c7 para impedir que as pretas façam o roque,
frustrando a intenção do adversário de mobilizar suas peças. A perda de tempo é mais do
que compensada pela desarmonia das peças pretas. 12...Rd8 13.Cd3 Ag7 14.e5!

Esta é a parte do plano das brancas que visa organizar um ataque


ao rei, sem rocar. O modo mais rápido é limpar o caminho do
centro. 14...Df5 [após 14...dxe5 15.Cc5 não há defesa para
Td1.] 15.Te1 d5 O único meio de salvar a partida é evitando a
abertura da coluna da dama. No entanto, as debilidades das casas
no território das pretas acabam por tornar-se um fator
decisivo. 16.Ce2 Cg6 17.Cg3 De6 18.Ag5+ Rc8 19.Cc5! De8
20.Ch5! Os cavalos das brancas ganharam controle total sobre o
tabuleiro. O último estágio do plano das brancas é obter uma
vantagem material decisiva. 20...Tg8 21.Cxg7 Txg7 22.Cxa6 Ta7
23.Ae3 Txa6 24.Dxa6+ e as pretas abandonaram logo. 1-0

EXEMPLOS DE PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO NOS FINAIS

Gligoric,Svetozar - Smyslov,Vassily [A30]


Candidates Tournament Zuerich (12), 19.09.1953
[Bronstein/Kasparov/Pinto,C]

1.c4 Cf6 2.Cc3 e6 3.Cf3 c5 4.g3 b6 5.Ag2 Ab7 6.0-0 Ae7 7.d4 Se tem chegado
a um Defesa Índia da Dama por transposição de jogadas, transposição que
resultou favorável as pretas, pois ao fazer a jogada ...c5 antes que as
brancas efetuarem d4, lhes permite trocar neste ponto, impedindo a jogada
restritiva d5. 7...cxd4 8.Dxd4! A idéia consiste em não retomar com o cavalo
para evitar a troca dos bispos e assim perdem um tempo, depois de Cc6 das
pretas, a dama se colocará bem em f4 e logo a torre em d1 pressionará a
coluna. 8...0-0 9.Td1 Cc6 10.Df4 Db8 Neutralizando completamente os
esforços brancos para conseguir vantagem na abertura. 11.Dxb8 Taxb8
12.Af4 Tbc8 13.Ad6 Como é possível que as brancas elegeram esta variante
para uma inoperante ocupação de d6. 13.Ce5 era melhor. 13...Axd6 14.Txd6
Ce7 15.Ce5?

Parece agressivo, mas perde um peão. Os erros, entretanto tem sua razão de
ser. Não é fácil conseguir vantagem em uma abertura tão tranquila como
esta e uma vez iniciada a simplificação, Gligoric tem chegado a uma perfeita
posição de empate. Pois agora, repentinamente, começa a jogar para ganhar.
A lógica enxadristica não permite isto. se verdadeiramente a posição está
equilibrada, o desejo por somente não pode superar a realidade. Perguntado
após a partida, sobre este erro, Gligoric confessou que havia estado
preparando esta variante por toda manhã e finalmente chegou cansado a
sala de jogo. Os jovens mestres devem tomar por exemplo esta
circunstância e compreender que nem sempre é conveniente fatigar-se
demasiado estudando possibilidades teóricas antes da partida quando
quando lhe aguardam cinco horas de contínua e dura luta. [entretanto não
era tarde para defender o peão c4. (15.b3 Cf5 16.Td3 d5 17.cxd5 Cxd5
18.Cxd5 Axd5)] 15...Axg2 16.Rxg2 Cf5 Naturalmente! Em primeiro lugar, as
pretas desviam a torre e logo também fará o mesmo com o cavalo, ganhando
c4. Menos mal para as brancas que podem dobrar o peões das pretas com
e4. 17.Td2 d6 18.e4 Cxg3 19.hxg3 dxe5 20.b3

Existe uma ampla concepção difundida e portanto perigosa, segundo a qual


a vantagem de um único peão conduziria automaticamente a uma vitória. A
principal vantagem das pretas na posição não radica na vantagem de um
peão a mais, que se pode explorar a longo prazo, e sim no controle de
muitas casas centrais : d4, d5, c5, f5, f4. As chances das brancas residem em
sua maioria de peões na ala da dama e na coluna aberta d. Quantas partidas
deste gênero finalizam em empate, depois de um preciso jogo. Pois Smyslov
controla o temor com mão firme. Seu plano pode-se dividir nas seguintes
etapas: 1) Trocar uma das torres de imediato, reversando a outra para a
provável luta contra os peões do flanco dama e o ataque dos peões "c" e
"e". 2) Ameaçar de criar um peão passado e distante na coluna"h e obrigar a
torre branca a ir defender e ocupar logo a coluna d. 3) O avanço g5-g4 para
minar o peão branco f e impedí-lo de proteger e4. 4)Atacar o peão e4, atando
as peças brancas. 5)Mover o Rei para ganhar os peões débeis inimigos.
Como veremos, se trata de um plano ganhador simples ...(para Smyslov,
naturalmente). 20...Tfd8 21.Tad1 Txd2 22.Txd2 Rf8 23.f3 Re7
A primeira parte do plano se completou. 24.Rf2 h5! 25.Re3 g5!

A segunda parte do plano: as brancas devem deixar a coluna d, para evitar a


criação de um peão passado. 26.Th2 Td8 27.Th1 g4

A terceira parte do plano incorpora um ataque ao peão f minando a defesa de


e4. 28.fxg4 Cxg4+ 29.Re2 Cf6 30.Re3 Td4 Quarta parte: pressão sobre e4 com
dois ataques de peças e as pretas projetam continuar com Rf8-g7-g6-g5-
g4. 31.Tf1 Cg4+ 32.Re2 Rf8 33.Tf3 Rg7 34.Td3 ... as brancas vêm o perigo e
tentam salvar-se num final de cavalos. 34...Rf6! em vista da alterada situação
- possibilidade de troca de torres - o rei negro modifica seu itinerário.
[depois da automática 34...Rg6 35.Txd4 exd4 36.Cb5 e5 37.Cxa7 e alguma
esperança aparece para as brancas.] 35.Txd4 exd4 36.Cb5 Re5 37.Cxa7 Rxe4
38.Cc8 d3+ [38...e5?? 39.Cd6#] 39.Rd2 Rd4 40.c5 bxc5 41.Cd6 Ce5 e as
brancas abandonaram. 0-1
A PSICOLOGIA NO XADREZ - ANAND - GELFAND

TRAÍDO PELOS NERVOS

Gelfand no momento crítico psicológico do match .


No xadrez, como em qualquer outro esporte, a psicologia desempenha um
papel crítico. Uma coisa é certa, não se tornar um campeão do mundo tendo
um caráter fraco. No entanto, mesmo o mais corajoso e mais autoconfiante
for o jogador não estará garantido o êxito. O maior do desafio, é o controle
dos nervos. Vladimir Kramnik mencionou enquanto comentava sobre o jogo
que, provavelmente, a principal diferença entre os jogadores do topo e os
grandes mestres top-100 é que o primeiro pode lidar melhor com o estresse.
O jogo não é decidido apenas no tabuleiro, é um confronto de mentes,
personalidades. Pode-se estar melhor preparado na abertura, geralmente
jogar o xadrez melhor, mas ainda assim perdem devido ao seu descontrole
emocional. Mesmo o melhor dos melhores falha às vezes.

Para ilustrar este pensamento vamos analisar o que aconteceu no match


Anand e Gelfand pelo título mundial do xadrez. Do ponto de vista
psicológico o match pode ser dividido em duas partes: antes e depois da
oitava partida. Claramente o campeão Anand não estava na sua melhor
forma. Durante as primeiras oito partidas Vishy passou à impressão de
pouco confiante e passivo. Gelfand pelo contrário mostrava-se melhor
preparado e ganhava a iniciativa tanto de brancas como de pretas e na
sétima partida os problemas psicológicos de Anand aumentaram após
perder de forma terrível, foi um verdadeiro choque para o Campeão do
Mundo. Muitos analistas esperavam ele se recompor após a derrota, mas ele
continuou jogando mal na oitava partida até um momento fortuito, quando
Gelfand tinha uma grande vantagem na posição, cometeu um erro crucial
com sua dama e caiu numa cilada, fazendo-o perder uma partida talvez
ganha. O placar do match estava novamente igualado. A partir daí houve
uma mudança radical no humor dos jogadores. Anand passou a ficar mais
relaxado, concentrado e mais confiante, Gelfand passou a ficar mais tenso,
desconcentrado e pouco confiante. Por exemplo: na nona partida Anand
estava defendendo uma fortaleza contra a dama de Gelfand. Tendo feito
alguns movimentos rápidos e fortes, ele ofereceu o empate ao seu
adversário e Gelfand prontamente aceitou. Normalmente o lado mais forte é
que oferece o empate, foi um sintomático momento psicológico de pouca
confiança ou medo. Anand percebeu e a partir daquele instante começou a
ter as rédeas do combate e acabou vencendo no tie-break.

Então eu considero a oitava partida o ponto crítico do match.

COMO PENSAR NO XADREZ (VII)

O CÁLCULO DE VARIANTES

A ÁRVORE DE KOTOV
A força prática de um jogador de xadrez está prontamente dependente do processo de
decisão. Este processo, por sua vez depende fortemente da habilidade de calcular
variantes. Para ilustrar sua importância T. Petrosian disse antes do seu segundo match
pelo título mundial contra Boris Spassky (Moscou 1969): “Nem a estratégia, nem as
sutilezas incontáveis da abertura será mais importante. O destino do match será decidido
principalmente pela capacidade no cálculo de variantes. Quero dizer, terá êxito o que se
orientar melhor no – tu moves aqui e eu movo ali”.

AS GRANDES BATALHAS DO XADREZ III

O JOGO POSICIONAL DE KASPAROV

Kasparov vs Karpov , Sevilla, 1987, 8a partida do match

AS GRANDES BATALHAS DO XADREZ IV

A ARMADILHA DE FISCHER
Reshevsky foi o maior rival de Fischer na América

Você também pode gostar