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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E A NOSSA SALA DE AULA:

DESENVOLVENDO CENÁRIOS PARA INVESTIGAÇÃO INCLUSIVOS


(Eixo 5: Inclusão, Resolução de Problemas, Sociedade e Ambiente. )
Ayandara Pozzi de Moraes Campos; Adrielli Aparecida de Andrade
ayandara.campos@edu.cariacica.es.gov.br; adrielli.andrade@edu.cariacica.es.gov.br
EMEF Manoel Mello Sobrinho
Mestra em Educação em Ciências e Matemática; Especialista em Psicopedagogia e em Gestão escolar

INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO
Este trabalho trata de uma das ações desenvolvidas na disciplina de matemática com Conduzimos um momento inicial de investigação dos entendimentos dos estudantes acerca
vistas a promover cenários para investigação inclusivos. Destacamos para essa da história da matemática e das articulações que eles estabeleciam entre esta e os conceitos
exposição, a proposta intitulada “História da matemática e a nossa sala de aula”, matemáticos estudados em sala de aula. Expomos e mediamos reflexões a partir das cenas
desenvolvida com estudantes de uma turma de 7º ano, turno matutino, da EMEF Manoel do documentário produzido pela BBC “A história da matemática”. Com base no Episódio “A
Mello Sobrinho. A proposta foi implementada com o objetivo de proporcionar aos Linguagem do Universo” alguns temas se sobressaíram na discussão, como: unidades de
estudantes situações de aprendizagem que contribuíssem para a apropriação e ampliação medida, sistema monetário, conceito de área e o jogo mancala. Os estudantes foram
de seus conhecimentos no que tange a relação entre tópicos da história da matemática e convidados a pesquisarem informações sobre temas que despertaram interesse e
os conceitos matemáticos estudados no decorrer do ano letivo. Os momentos da proposta registraram suas impressões. Para finalizar, propomos que, de forma colaborativa,
foram planejados e implementados pela professora Ayandara Campos, sob supervisão da produzissem mancalas com uso de massinha. Em termos de avaliação da aprendizagem,
pedagoga Adrielli Andrade. O desenvolvimento da proposta contribuiu para refletirmos o buscamos observar e analisar a participação dos estudantes por meio dos diálogos e na
quanto os estudantes lidam com o conhecimento de diversas formas, evidenciando a execução das tarefas. Esse acompanhamento foi de suma importância para diagnóstico da
relevância de práticas pedagógicas que atendam as demandas e as potencialidades dos aprendizagem e a revisão do processo metodológico em desenvolvimento.
estudantes, em que o foco não está na falta, mas no que é possível aprender acerca das
temáticas e conceitos matemáticos em estudo. RESULTADOS
Nas discussões iniciais surgiram contribuições como: “lembro que começo do ano estuamos
REFERENCIAL TEÓRICO os números babilônicos e egípcios”; houve menções a nomes como “Nikola Tesla, Albert
Einstein e Gottfried Leibniz”; e citaram também “teorema de Pitágoras e de Tales”. Com a
Os cenários para investigação inclusivos são “cenários que facilitem qualquer tipo de
exposição do documentário os estudantes tiveram oportunidade de vivenciar “por meio da
encontro: entre estudantes com diferentes idades, diferentes habilidades, diferentes
televisão” uma viagem através dos tempos e à volta do mundo, conhecendo, por exemplo,
culturas” (SKOVSMOSE, 2019, p. 28), nestes são feitos convites para que os estudantes
práticas matemáticas do Egito, da China e da Índia. Além disso, a professora da turma, com
atuem como investigadores, fazendo perguntas, formulando hipóteses, experimentando
base na leitura da obra “História da matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e
argumentos e ouvindo outros estudantes. Com a intenção de promover tais cenários,
lendas”, autoria de Tatiana Roque, também contribuiu esclarecendo tópicos tratados no
foram planejados momentos que além de alinhados as contribuições de Ole Skovsmose
documentário que geraram questionamentos por parte dos estudantes. Durante e após a
relativas a uma educação matemática inclusiva, consideraram a “diversidade das práticas
exposição do documentário, os estudantes partilharam relações que perceberam entre a
matemáticas que incidem e são mobilizadas no contexto social da escola, relativizando
história apresentada e assuntos estudados durante o 1º e 2º trimestre, como: frações, formas
hierarquias culturalmente estabelecidas entre essas práticas” (GIRALDO et al., 2021, p.
geométricas, sistemas de numeração e unidades de medida, e ainda, socializaram
10). Em vista disto, nos pautamos também nas proposições de Vitor Giraldo e
curiosidades acerca de objetos de conhecimentos previstos para os anos seguintes.
colaboradores a respeito da Matemática Problematizada e aspectos históricos
apresentados por Tatiana Roque. CONSIDERAÇÕES
As ações desenvolvidas com vistas a promover cenários para investigação inclusivos são
desafiadoras e gratificantes. Desafio por implicarem na adoção de propostas mais abertas e
diversas. Gratificante por possibilitarem que as potencialidades dos estudantes sejam
valorizadas e ampliadas, e que as demandas de recomposição de aprendizagem fossem
identificadas. Observando as equipes formadas, é possível perceber como os estudantes
lidam como o conhecimento de formas distintas: Pietra e a escrita, Maria Eduarda e os
desenhos, Jorge e a concentração, Eduardo e a comunicação, Vitória e a habilidade
manual... Vivenciamos uma ação em que por meio de momentos significativos e
apropriados os estudantes se engajaram de forma participativa e protagonista.
Discussão a partir de questões Exposição de documentário Discussão durante e após a
como: O que sabem sobre a “A história da matemática” exposição do documentário e
história da matemática? Como
essa história se relaciona com
da BBC, apresentado por
Marcus du Sautoy.
condução de reflexões a partir
de considerações feita por
REFERÊNCIAS
os assuntos que estudamos? Roque (2012).
SKOVSMOSE, O. Inclusões, encontros e cenários. Educação Matemática em Revista, v. 24, n. 64, p. 16-
32, 2019. Disponível em: http://funes.uniandes.edu.co/24127/. Acesso em: 12 abr. 2023.

GIRALDO, Victor; ROQUE, Tatiana. Por uma matemática problematizada: as ordens de (re) invenção.
Perspectivas da Educação Matemática, v. 14, n. 35, p. 1-21, 2021.

PEREIRA, Rinaldo Pevidor. Potencialidades do Jogo Africano Mancala IV para o campo da educação
matemática, história e cultura africana. 2016. 323f. – Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Ceará,
Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira, Fortaleza (CE), 2016.

PESTANA, Nayta Trancoso Pestana; CAMPOS, Ayandara Pozzi de Moraes; VITORACI, Edna Vanuza;
PAIVA, Maria Auxiliadora Vilela. Estudantes do 9.º ano investigando o conceito de área: uma prática
Pesquisas via chromebooks Produção de registros escritos
Produção de mancalas, de pedagógica alinhada à educação matemática inclusiva. In: Encontro nacional de educação matemática
acerca de temas relacionados sobre o conteúdo do
forma colaborativa, com
ao documentário que documentário e momento de
massinha e exposição destas. inclusiva, III, 2023, Vitória. Anais... Vitória: ENEMI, 2023. [no prelo]
despertaram interesse. partilha das reflexões.
ROQUE, Tatiana. História da matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro:
Zahar, 2012.

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