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A Esfinge Helena Blavatsky
A Esfinge Helena Blavatsky
Colaboração:
SH, DC e AS
(Mead, 19)
Mestre Koot Hoomi (KH) Mestre Morya (M)
ÍNDICE
Capítulo 1: Introdução
O Clube de Milagres
Paulos Metamon
Charles Sotheran
Hábitos Alimentares
O Fumo
A Personalidade Explosiva
O “Melhor Disponível”
A Mente de HPB
A Explicação dos Mestres
O Santuário
A “Divina Anna”
A Explicação do Mestre KH
A Carta Britânica
Mary Gebhard
Bibliografia
Introdução
(p. 11)
Capítulo 1
Introdução
(p. 12)
“Onde houve um ser humano com uma tal mescla como essa misteriosa,
essa fascinante, essa portadora da luz que é HPB? Onde podemos
encontrar uma personalidade tão marcante e tão dramática; alguém que
tão claramente apresentava em seus lados opostos o divino e o humano?
O Carma me proíbe que eu lhe faça a mínima injustiça, mas se alguma vez
na História existiu uma pessoa que foi um maior conglomerado de bem e
de mal, luz e sombra, sabedoria e indiscrição, percepção espiritual e falta
de bom senso, eu não posso me lembrar do nome, nem das circunstâncias
ou da época. Tê-la conhecido foi uma educação muito ampla, ter
trabalhado com ela e gozado de sua intimidade, uma experiência do tipo
mais precioso. Ela era uma ocultista demasiado grande para medirmos
sua estatura moral. Ela nos compelia a amá-la, por mais que
conhecêssemos suas faltas; a perdoá-la, por mais que ela pudesse ter
quebrado suas promessas e destruído nossa crença inicial em sua
infalibilidade. E o segredo desse poderoso encantamento eram seus
inegáveis poderes espirituais, sua evidente devoção aos Mestres, a quem
ela descrevia como personagens quase supranaturais, e seu zelo pela
elevação espiritual da humanidade, por meio do poder da Sabedoria
Oriental. Será que veremos alguém como ela novamente? Será que em
nosso tempo, a veremos novamente sob algum outro disfarce? O tempo
nos dirá.” (ODL I, x)
(p. 13)
(p. 14)
(1 Cor 1:18-20)
(1 Cor 1:25)
(1 Cor 1:27)”
Capítulo 2
“Alguém sabe porque ela preferia ser chamada “HPB” e detestava tanto o
título de “Madame”? (...) Ao título “Madame” ela tinha uma certa aversão
pois o associava a uma cadela que uma sua conhecida possuía em Paris e
que lhe desgostava especialmente. Penso que a aparente excentricidade
de chamar-se pelas três iniciais tem um significado mais profundo do que
o que geralmente se suspeita. Significa que a personalidade de nossa
amiga estava tão misturada com aquelas dos seus vários Mestres que, na
verdade, o nome que ela usava raramente se aplicava a qualquer
inteligência que momentaneamente a estivesse controlando; e o
personagem asiático que estava falando através de seus lábios
certamente não era nem Helena, nem a viúva do General Blavatsky, nem
sequer uma mulher. Mas cada uma dessas personalidades que se
substituíam contribuíam para criar uma entidade composta da soma de
todas e da própria Helena Blavatsky. a qual bem poderia ser designada de
“HPB” ou de qualquer outra coisa.” (ODL l, 408).
Helena Petrovna von Hahn era filha do coronel Peter von Hahn e
Helena Andreyevna, nascida Fadeyev, renomada escritora que faleceu
ainda jovem. Seus avós maternos eram o Conselheiro Andrey de Fadeyev
e a Princesa Helena Pavlovna Dolgorukov.
(p. 16)
Ekaterinoslav, Ucrânia. De acordo com uma antiga crença popular russa,
nessa noite o “domovoy” uma espécie de duende da casa, torna-se mau e
irritado, fazendo todo tipo de diabruras na casa. Apenas os nascidos
durante a noite de 30 de julho estão imunes ao seu poder. Por essa razão
as amas ucranianas atribuíam-lhe um poder sobrenatural e lhe tinham
muito medo, aumentado pela constatação dela brincar e conversar com
seres invisíveis. Isso que fez com que se tornasse uma criança
voluntariosa, que a ninguém obedecia.
(p. 17)
A própria HPB e sua tia Nadya contaram para Sinnett que ela
resolvera se casar com o velho Blavatsky, que tinha três vezes a sua
idade, reagindo a uma provocação de sua governanta, Miss Jeffries, que
teria dito que, com seu gênio terrível, nenhum homem, nem mesmo o
velho Blavatsky se casaria com ela. (Sinnett 1886, 54)
É bom lembrar que quando Sinnett escreveu seu livro, HPB ainda
era viva, e não queria que fossem revelados muitos detalhes de sua vida
anterior à fundação da Sociedade Teosófica, época a partir da qual ela se
tornou uma pessoa mais amplamente conhecida. Muitos biógrafos têm
simplesmente repetido essa história, com poucas modificações, até
mesmo em biografias recentes, como é o caso de Sylvia Cranston, em seu
livro The Extraordinary Life and Influence of Helena Blavatsky (Helena
Blavatsky: A Vida e a Influência Extraordinária da Fundadora do
Movimento Teosófico Moderno).
(p. 18)
Madame Pissarev diz em seu livro que esses fatos lhe foram
narrados por Madame Yermolov, esposa do governador de Tiflis entre os
anos de 1840 e 1850. Todos os Yermolovs eram íntimos amigos da
família de HPB, especialmente dos Fadeyevs, enquanto esses residiram
em Tiflis.
(p. 19)
“... meu bisavô materno, Príncipe Paul Vasilyevitch Dolgurouki, tinha uma
estranha biblioteca contendo centenas de livros sobre alquimia, magia e
outras ciências ocultas. Eu os li com o maior interesse antes dos 15 anos.
Todas as artes e magias, tidas como diabólicas, da Idade Média
encontraram refúgio em minha cabeça e logo nem Paracelsus, Kunrath
nem C. Agrippa teriam tido alguma coisa para me ensinar. Todos eles
falavam do “casamento da Virgem vermelha com o Hierofante”, e daquele
do “mineral astral com a sibila”, da combinação dos princípios feminino e
masculino em certas operações alquímicas e mágicas.” (HPB Speaks II,
62)
A Escolha de Nikifor
(p. 20)
“Você sabe por que eu me casei com o velho Blavatsky? Porque enquanto
todos os homens jovens riam das superstições “mágicas”, ele acreditava
nelas! Ele conversava comigo tão frequentemente sobre os feiticeiros do
Erivan, sobre as misteriosas ciências dos Curdos e dos Persas, que eu o
escolhi com o intuito de usá-lo como uma chave do portal para esses
últimos. Porém – eu nunca fui sua mulher, isso eu juro até a hora de
minha morte. Eu NUNCA fui a “ESPOSA Blavatsky”, embora tenha vivido
por um ano sob o seu teto.” (HPB Speaks II, 63)
(p. 21)
até que fugi dele e fui de Erivan até Tiflis – em lombo de cavalo – onde
me refugiei com minha avó.” (HPB Speaks II, 63)
(p. 22)
“Helena P. Blavatsky, que tem cerca de quarenta anos de idade (*), com
dezessete anos casou-se com um nobre russo então em seu septuagésimo
terceiro ano de idade. Por muitos anos (**) eles residiram juntos em
Odessa, e finalmente uma separação legal (***) foi efetuada. O marido
morreu recentemente com 97 anos. (*) uma lorota; (**) uma mentira –
estive com ele por apenas três semanas; (***) legal, porque ele
morreu.” (CW I, 54)
(p. 23)
Capítulo 3
Pouco antes do retorno de HPB à Rússia, sua tia havia escrito para
Nikifor, para saber como ele reagiria diante do retorno de HPB. Ele lhe
respondeu em 13 de novembro de 1858:
“Até agora não sabia nada sobre o retorno de HP [Helena Petrovna] para
a Rússia. Para lhe dizer a verdade, há muito tempo isso já deixou de me
interessar. O tempo atenua tudo, até mesmo cada lembrança. Você pode
garantir a HP, sob minha palavra de honra, que eu nunca a perseguirei.
Desejo ardentemente que nosso casamento possa ser anulado e que ela
possa casar-se novamente.” (Beechey, 295)
(p. 24)
que ela chegasse, mas, curiosamente, assim que ouvi tocar a sino da
porta, levantei-me, sabendo que ela havia chegado.” (Zhelihovsky)
“... ela quis salvar a honra de uma amiga e adotou o filho dessa amiga
como seu próprio filho. Ela nunca se separava dele, educou-o ela mesma e
o chamava de filho diante do mundo. Agora ele estava morto.” (Solovyoff,
141)
A existência dessa criança é pouco conhecida porque a própria
HPB, na época sob suspeita de ser sua mãe biológica, pediu para Sinnett
não mencionar nada a esse respeito na biografia que estava escrevendo.
Pois, mesmo que quisesse, ela não teria permissão para contar a verdade:
(p. 25)
Na carta seguinte para Sinnett ela reforça o pedido para que ele
nada mencionasse a respeito da criança:
O atestado médico a que HPB ser refere na carta acima havia sido
dado pelo Dr. Leon Oppenheimer, a quem ela fora consultar em
Würzburg, devido a um problema de bexiga. Está datado de 3 de
novembro de 1885 e diz:
(p. 26)
“Veja que a palavra grávida engloba todos os sentidos, pois sem estar
grávida ela não poderia ter tido um aborto, nem uma criança. O primeiro
atestado foi mal traduzido. No original em posse do Sr. Sinnett, a palavra
aborto foi traduzida por “doença de mulheres”. O doutor então me disse
que, embora nenhum médico possa atestar positivamente se uma mulher
viveu ou não com seu marido, uma vez que a virgindade pode ter sido
perdida por uma queda ou exercício forte, segundo suas melhores luzes,
Madame Blavatsky não viveu com um homem”. (Neff, 188)
Na verdade o médico não podia atestar que HPB era virgem pelo
simples fato de que ela não o era, como a própria HPB explica numa carta
encontrada nos Arquivos em Adyar, junto com o segundo certificado. É
uma única folha, numerada como folha quatro. Aparentemente é uma
carta de HPB para Sinnett, na qual ela conta, com seu costumeiro exagero,
que “todas as suas entranhas, útero e tudo” haviam saído de seu corpo
devido a uma queda, causando a perda da virgindade:
“... aqui está seu estúpido atestado novo, com seus sonhos de virgo
intactanuma mulher que teve todas as suas entranhas postas para fora,
útero e tudo, devido à queda de um cavalo. E de novo o doutor olhou,
examinou três vezes, e disse o que o Professor Bodkin e Pirogoff disse em
Pskoff, em 1862. Eu nunca poderia ter tido relações
com qualquer homem sem uma inflamação, porque me falta algo e o
lugar está preenchido com algum pepino torto.” (Neff, 187)
“Quando lhe contei que até mesmo meu próprio pai suspeitava de mim e
que, não fosse pelo atestado médico, talvez nunca tivesse
(p. 27)
Isso implica que ela já deve ter chegado no início de 1859 com
Yury, fato que teria despertado desconfianças de seu pai com relação à
maternidade de Yury. Então, ainda em Pskov, ela teria se submetido ao
exame médico pelo Professor Bodkin e Pirogoff para acalmar o pai.
(p. 28)
(p. 29)
“Você diz: “Assim, por exemplo, devemos trazer tudo daquele incidente
Metrovitch.” Eu digo, não devemos. Essas Memórias não trarão minha
defesa(...) simplesmente porque “Metrovitch” é apenas um dos muitos
incidentes que o inimigo joga na minha cabeça. Se eu tocar nesse
“incidente” e me defender plenamente, um Solovyoff ou algum outro
salafrário, trará Meyendorff e “o incidente das três crianças.” E se eu
publicasse suas cartas (que estão com Olcott) dirigidas para sua “querida
Nathalie” em que ele fala de seu cabelo negro como o corvo, “Longs
comme um beau manteau de roi” [longos como um belo manto de rei],
(...) então eu estaria simplesmente dando um tapa na cara de uma mártir
morta, e fazendo surgir uma sombra conveniente sobre mais alguém da
longa galeria de meus supostos amantes.” (LBS, 143)
Por que essas cartas estavam com Olcott é algo difícil de entender,
mas deve ser a elas que ele se refere quando escreve:
“... durante anos tive em minha posse um maço de cartas antigas que
provavam a sua inocência [de HPB], com relação a uma determinada falta
grave da qual ela havia sido acusada, enquanto que deliberadamente
sacrificou sua própria reputação para salvar a honra de uma jovem
senhora que havia caído em desgraça.” (ODL II, 135)
(p. 30)
em seu Scrapbook, HPB comenta que o famoso médium D.D. Home com
certeza “reuniu com o maior cuidado os falatórios mais sujos a
respeito de Nathalie Blavatsky”. (CW I, 204)
“Quem quer que seja que lhe contou sobre mim, lhe falou a verdade, em
essência, se não nos detalhes. Só Deus sabe o quanto tenho sofrido por
meu passado. É claramente meu destino não receber absolvição na terra.
Esse passado, como a mancha da maldição sobre Caim, tem me
perseguido toda a minha vida e me persegue até mesmo aqui, na América
[EUA], para onde vim para estar longe dele e das pessoas que me
conheceram em minha juventude. Tenho um pedido para lhe fazer: Não
me prive da boa opinião de Andrew J. Davis. Não lhe revele aquilo que, se
ele souber e estiver convencido disso, me forçaria a escapar para os
confins da terra. Tenho apenas mais um refúgio no mundo, que é o
respeito dos espíritas da América, que desprezam o ‘amor livre’ mais do
que qualquer outra coisa.” (Solovyoff, 228-230)
(p. 31)
“... seus amigos ficaram tão surpresos quanto pesarosos ao ler anos
depois fragmentos de sua suposta biografia, que a mencionavam como
uma pessoa bem conhecida tanto na alta quanto na baixa sociedade de
Viena, Berlim, Varsóvia e Paris, e relacionavam seu nome com eventos e
historias que teriam acontecido nessas cidades, em várias épocas, quando
seus amigos tinham todas as provas possíveis de que ela estava longe da
Europa. Essas histórias se referiam a ela indistintamente por nomes como
Julie, Nathalie etc., que eram realmente nomes de outras pessoas com o
mesmo sobrenome; e atribuíam a ela várias aventuras extravagantes.”
(Sinnett 1886, 73)
“Ele diz que ele (S.) [Solovyoff] encontrou pessoalmente com o Barão
Meyendorff, que lhe confessou que esteve tão apaixonado por mim (!!)
que havia até mesmo insistido para que eu obtivesse o divórcio do velho
Blavatsky, e me casasse com ele, Barão Meyendorff. Mas que felizmente
eu recusei isso, e ele ficou muito feliz porque descobriu mais tarde que
mulher sem honra, LICENCIOSA eu era, e que a criança era SUA E
MINHA!!! E o atestado do médico de que nunca dei à luz, não apenas a
uma criança, mas nem mesmo a uma doninha? No entanto ele [Solovyoff]
mente, estou certa, pois sendo covarde e fraco como sei que é Meyendorff,
ele nunca poderia ter-lhe dito uma coisa dessas.” (LBS, 207)
Um dos biógrafos hostis à Madame Blavatsky; Bechhofer Roberts,
afirmou que conversando com uma cunhada do Barão Meyendorff, essa
teria lhe contado que ele era um espírita entusiasmado, amigo do
médium Daniel Douglas Home, e que o Barão:
(p. 32)
“... caiu sob a influência de H.P.B. após o retorno dela para Rússia em
1858, e começou um caso com ela. Ela deu a luz um filho, que garantiu ao
Barão ser dele. Ele e seu irmão duvidaram dessa afirmação –
provavelmente suspeitando que Metrovitch fosse o pai – mas assumiram
o sustento da criança, que era doente e corcunda.” (Fuller, 55)
(p. 33)
Mesmo o pai de HPB, que antes dizia que poderiam interná-lo num
asilo de loucos se algum dia ele acreditasse que uma mesa poderia se
mover ou voar, agora passava seus dias e parte de suas noites
conversando com os “espíritos de Helena”. Eles lhe informaram
numerosos eventos e detalhes das vidas de seus antepassados.
(Sinnett 1886, 128)
(p. 34)
“Então, na segunda vez em que vim para Tiflis, para ver meu parente, o
Conselheiro André Mihailovich Fadeyev, em 1860, e fiquei por cerca de
um ano com meu marido Blavatsky (que era então um Conselheiro de
Estado). O endereço era na Avenida Golovinsky, na casa do Sr,
Dobrzhausky.” (HPB SpeaksII, 156)
“Alguém poderia acreditar que você não tem nem mesmo um kopek,
como outras pessoas pobres. E a pessoa ficaria muito surpresa
descobrindo que você recebe 100 rublos todo mês. Porque eu
estou bastante segura que você está recebendo, com a exceção de um
dos meses do inverno, quando Blavatsky também não recebeu seu
salário. Tenho uma carta de Alek. Fed. [Major Alexander Fyodorovitch
von Hahn] na qual ele diz que enviou minha carta e o dinheiro de
Blavatsky para você ... Isso aconteceu em julho; agora estamos em agosto
e Blavatsky novamente lhe enviou dinheiro alguns dias atrás, na presença
do marido de N___.” (Murphet 1988, 51)
(p. 36)
iconoclasta. Todas as suas simpatias estavam com aquela parte proscrita
da humanidade que a sociedade finge ignorar e evitar, enquanto
secretamente corre atrás de seus mais ou menos renomados membros –
os necromantes, os obsedados, os possuídos, e personagens misteriosos
desse tipo.” (Sinnett1886, 145)
“Sempre que era chamada pelo nome, abria os olhos quando ouvia o
chamado e era eu mesma, com minha própria personalidade em todos os
detalhes. Mas logo que me deixavam sozinha, no entanto, recaía em
minha habitual condição semi consciente e me tornava uma
outra pessoa (quem era, Madame B. não contará).
(p. 37)
(...) Quando acordada, e sendo eu mesma, lembrava-me perfeitamente
de quem eu era no meu segundo papel, e do que tinha sido e estava
fazendo.” (Sinnett 1886, 147-48)
(p. 38)
Jean O. Fuller, em seu livro Blavatsky and Her Teachers, acha que
HPB não estava com Metrovitch, mas que talvez ela mesma estivesse
dando alguns recitais de piano durante a viagem. (Fuller, 19) Porém, o
fato de nas anotações não existir qualquer menção a ele ou a qualquer
outro acompanhante, não quer necessariamente dizer que ela estivesse
viajando sozinha. Outros biógrafos acham que ela estava tanto com
Metrovitch quanto com Yury. (Meade, 90-91)
“Então, dos 17 aos 40, tomei o cuidado de apagar todas as pistas a meu
respeito, por onde quer que tenha andado em minhas viagens. Quando
estava em Bari, na Itália, estudando com uma feiticeira local – enviava
minhas cartas para Paris, para postá-las de lá para meus familiares. A
única carta que eles receberam de mim, da Índia, foi quando estava
partindo de lá, na primeira vez. Depois de Madras, em 1857; quando
estava na América do Sul, escrevi para eles e postei através de Londres.
Nunca permiti que as pessoas soubessem onde eu estava e o que estava
fazendo. Tivesse eu sido uma p__ comum, eles teriam preferido isso a que
eu estivesse estudando ocultismo.” (LBS, 154)
(p. 39)
Um local dado como certo que HPB esteve, entre 1865 e 1868 é na
batalha de Mentana, na Itália, que ocorreu em novembro de 1867.
Entretanto, o que ela fazia por lá é um mistério, que mesmo na época era
conhecido apenas por poucas pessoas: “Os Garibaldi (os filhos) são os
únicos que sabem de toda a verdade e mais alguns garibaldianos com
eles. O que eu fiz, você sabe parcialmente, não sabe de tudo.” (LBS,
144) Mas HPB garante que:
“Nunca estive no “grupo de Garibaldi”. Fui com amigos para Mentana para
ajudar a atirar nos Papistas e fui alvejada. Isso não é da conta de ninguém
– menos ainda de qualquer m__o [maldito] repórter.” (CW I, 55)
“Eu escrevo histórias sobre fatos que aconteceram aqui e acolá, com
pessoas vivas, apenas mudando seus nomes (não em ‘Pode o Duplo
Matar?’, onde fui tão tola que coloquei os personagens verdadeiros); e
isso me foi apresentado e arranjado por Illarion”. (LBS, 152)
(p. 40)
“... ele fez tudo que pode por mim, mais do que um irmão. Então a criança
morreu; e como ela não tinha nenhum tipo de documento, e eu não me
importava em dar meu nome como alimento para os falatórios amáveis,
foi ele, Metrovitch, que assumiu todo o trabalho, que enterrou
o aristocrático filho do Barão – sob o seu próprio nome, Metrovitch,
dizendo que “não se importava”, numa pequena cidade do sul da Rússia,
em 1867. Depois disso, sem avisar meus familiares que havia retornado à
Rússia para trazer de volta o infeliz menininho, que não consegui
devolver com vida para a governanta que o Barão escolhera para ele,
simplesmente escrevi para o pai da criança notificando-o sobre essa
ocorrência agradável para ele e voltei para a Itália com o mesmo
passaporte.” (LBS, 144)
“Eu estava com 35 anos quando o vi pela última vez. Não vamos falar
dessa época terrível e eu lhe imploro que a esqueça para sempre. Eu
havia recém perdido o único ser que fazia a vida valer a pena ser vivida,
um ser a quem amei, parafraseando Hamlet, como “quarenta mil pais e
irmãos nunca amarão seus filhos e irmãs”.” (HPB Speaks II, 19)
(p. 41)
perdoe-me por não dizer, mas não tenho forças para tanto) – digamos,
para ver meu país – vim a Kieff, onde perdi tudo que me era mais caro no
mundo e quase fiquei louca.” (HPB Speaks II, 26)
Há algumas evidentes confusões nessas referências. Como vimos,
para Sinnett ela diz que estava com Yury e que levou-o para Bolonha para
tentar salvar sua vida. Teria encontrado com Metrovitch na Itália, que a
acompanhou e, juntos, acabaram enterrando a criança numa cidadezinha
do sul da Rússia, em 1867.
Para Dondoukoff ela dá outra versão: que aos 35 anos – isto é, 1866
ou no primeiro semestre de 1867, Yury havia recém morrido. Que ela
estava no Egito entre 1865 e 1868, e não na Itália e que, ao invés de ir
para o Tibet, voltou para a Rússia. E em Kiev, Yury teria morrido e sido
enterrado.
Nele Coues diz que o Sr. W.E. Coleman recebeu uma carta de Daniel
D. Home, situando HPB “em Paris em 1857 ou 58, como uma mulher de
reputação suspeita, tendo um caso com o príncipe Emil de
Wittgenstein, de quem ela teve um filho deformado, que morreu em
Kiev, em 1868.”(Coues)
Essa afirmação fez com que HPB movesse uma ação contra Coues e
o jornal The Sun, na qual Judge atuou como seu advogado. Ao comunicar
à Sociedade Teosófica sua decisão de entrar com a ação judicial, HPB
escreve:
“Por cerca de quinze anos tenho calmamente aguentado e visto meu bom
nome sendo atacado por intrigas de jornais (...) Alguns membros podem
perguntar porque nunca respondi àqueles ataques que eram dirigidos
contra o Ocultismo e os fenômenos. Por duas razões: o Ocultismo nunca
deixará de existir, não importa quão atacado, e os fenômenos ocultos
nunca poderão ser provados numa corte de justiça durante esse século.”
(Judge 1999, ii)
(p. 42)
Mas como nesse caso o jornal além de atacar sua moral, atacava a
de um velho amigo da família, já falecido, ela decidira entrar com um
processo por difamação. Ser chamada de uma mulher de reputação
suspeita era “tão ridículo que dá vontade de rir” (Judge 1999, iii), mas
as outras acusações não podiam ficar sem uma condenação. O caso
acabou sendo encerrado antes de ser concluído devido a morte de HPB,
em 8 de maio de 1891.
“... ele diz que ela [HPB] estava em Paris em 1858. “Eu não tive nenhum
interesse especial nela”, diz o Sr. Home, “a não ser uma estranha
impressão que tive, na primeira vez que encontrei com um jovem
cavalheiro, que desde então tem sido como um irmão para mim. Ele não
seguiu meu conselho. Naquela época ele era seu amante, e era por demais
repulsivo para mim que ela, com o intuito de chamar a atenção, fingisse
ser uma médium. Meu amigo ainda pensa que ela é mediúnica, mas
também está plenamente convencido de que ela é uma impostora.”
(Coues)
(p. 43)
“Em 1858 eu voltei a Paris, e conheci Daniel Home, o espírita. Ele havia se
casado com a condessa Kroble, uma irmã da condessa Koucheleff
Bezborrodke, uma senhora de quem fui muito íntima em minha
mocidade. Home me converteu ao Espiritismo. (...) Vi Home sendo
carregado para fora de uma janela no quarto andar, baixado bem
vagarosamente até o chão e sendo colocado em sua carruagem. Depois
disso voltei para a Rússia e converti meu pai ao Espiritismo.”
(Anonymous)
“... em toda a minha vida nunca vi nem D.D. Home, nem sua esposa; nunca
estive na mesma cidade que ele por meia hora, em minha vida. De 1851 a
1859 estava na Califórnia, Egito e Índia. Em 1856-58 estava no Kashmere
e em outros lugares.” (Anonymous, fac-símile)
(p. 44)
Mas de outras fontes fica claro que HPB conhecia pelo menos a
primeira esposa de D.D. Home, a Condessa Alexandrine (Sasha) de Kroll.
O periódico Human Nature de abril de 1872, anunciava a formação
da Société Spirite no Cairo e publicava uma nota da própria HPB, onde
ela se apresenta como uma amiga da falecida esposa de D.D. Home:
“Gostaria de assinar sua valiosa publicação, O MÉDIUM. Por favor, me
informe qual será o preço da assinatura. Se por acaso encontrar com o Sr.
D. Home, o médium, por favor, lhe diga que uma amiga de sua falecida
esposa, “Sacha” – uma amiga de St. Petersburgo de anos passados – lhe
envia suas melhores recomendações e lhe deseja prosperidade.” (Burns)
(p. 45)
Capítulo 4
“Presume-se que HPB foi via Índia para algumas partes do Tibet, e que
isso ocorreu em alguma época de 1868; há menções de sua passagem
cruzando as Montanhas Kuenlon e indo via Lago Palti (Yamdok-Tso),
embora isso seja geograficamente inconsistente. Foi nessa viagem para o
Tibet que ela encontrou o mestre KH pela primeira vez, e morou na casa
de sua irmã, em Shigadze. Esse pode ter sido o período em que ela passou
cerca de sete semanas nas florestas não longe das Montanhas de
Karakorum.” (CW I, xlviii)
(p. 46)
“... cada um estava empenhado num objetivo algo diferente. Madame não
aceitaria a direção do Chela e estava resolvida a fazer uma tentativa, por
ela mesma, de entrar no Tibet através do Nepal. Por essa ocasião, sua
tentativa falhou, principalmente, acredita ela, no que diz respeito às
dificuldades externas e visíveis, pela oposição do então Residente
britânico no Nepal”.(Sinnett 1886, 66)
Olcott ainda diz que o capitão Murray tinha ordens escritas de não
permitir que nenhum europeu atravessasse o rio Rungit, pois eles quase
que certamente seriam mortos pelas tribos selvagens daquele país. (Neff,
58)
Note-se que Murray declara que seu encontro com HPB aconteceu
em 1854 ou 1855, e não em 1853 como Sinnett relata. Se essa viagem foi
com o “inglês” norte americano Albert Rawson, uma época provável para
a viagem é a mencionada por Murray (1854 ou 1855).
(p. 47)
Outro aspecto que reforça a data dada por Murray é o fato de que
ele só foi apontado como comandante do Sapers and Miners em julho de
1854. Apesar dele dizer que era capitão, sua patente era a de tenente. Ele
só foi promovido a capitão em 28 de dezembro de 1857, época em que
Madame Blavatsky já estaria fora da Índia, uma vez que ela diz ter
deixado esse país um pouco antes do motim em Meerut, que ocorreu em
10 de maio de 1857. (Gilbert)
Supõe-se que HPB tenha ido, via Índia, para algumas partes do
Tibet, e que isso ocorreu em alguma parte do ano de 1868. Foi nessa
viagem ao Tibet que ela encontrou com o Mestre KH pela primeira vez e
viveu na casa de sua irmã em Shigatze. Ela relata um episódio dessa
estadia em carta para Sinnett, ao lhe contar sobre o método que o Mestre
KH usara para lhe ensinar a língua inglesa, que até então limitava-se ao
que uma governanta havia lhe ensinado na infância.
(p. 48)
(p. 49)
(p. 50)
“... ela entrou novamente em contato com seu velho amigo, o Copta de
fama misteriosa, cuja menção foi feita em conexão à sua primeira visita ao
Egito, no início de suas viagens. Por várias semanas ele foi seu único
visitante.” (Sinnett1886, 160)
(p. 51)
mesmo assim para Alexandria e eu fui atrás dele (...) fazendo como
Illarion me disse (...). Eu nunca o deixei, pois sabia que ele iria morrer,
como Illarion havia dito, e assim aconteceu.” (LBS, 189-190)
Ela ainda relata para Sinnett que nenhuma igreja quis enterrá-lo e
que os franco-maçons, a quem apelou, também ficaram com medo. Então,
com a ajuda de “um abissínio – um discípulo de Illarion – e com o
servente do hotel nós cavamos uma cova embaixo de uma árvore a
beira do mar (...) e enterramos seu pobre corpo.” (LBS, 190)
(p. 52)
Capítulo 5
(p. 53)
Olcott foi então convencido pelo editor do New York Graphic a voltar
para a granja dos Eddy. Ele foi para lá em 17 de setembro de 1874, e
permaneceu até novembro realizando investigações. Os artigos de Olcott
eram publicados duas vezes por semana, com seus relatos acompanhados
de desenhos das aparições. Em março de 1875 os artigos foram
compilados e publicados sob o título “People from The Other
World” (Gente do Outro Mundo).
(p. 54)
“Eu aprendi que não há como convencer pessoas apenas com fatos
suspeitos, e também que todo fenômeno genuíno sempre mostra um ou
outro lado fraco, sobre o qual é fácil os oponentes se apegarem.”
(Solovyoff, 248)
(p. 55)
O Dr. Henry Child passou atuar como uma espécie de promotor dos
Holmes e escreveu para o jornal de Chicago, Religio-Philosophical
Journal, uma biografia de Katie King em capítulos, onde dava detalhes de
quem havia sido o espírito, onde nascera etc. Para Child, ela teria sido
Annie Morgan, filha de Sir Henry Morgan, mais conhecido como John
King. Após a partida de Owen, os Holmes também deixaram a cidade.
(p. 56)
(p. 57)
Assim, HPB nesse artigo mostra que a situação era complexa e que
qualquer julgamento nesse momento poderia ser precipitado, havendo a
necessidade de maiores investigações. Porém, em seu Scrapbook, ao lado
do recorte de seu artigo, ela anotou:
(p. 58)
“Sim, eu sinto ter que dizer que tive que me identificar com os espíritas
durante aquele vergonhoso desmascaramento dos Holmes. Tive que
salvar a situação, pois fui enviada de propósito de Paris para a América
para provar os fenômenos e sua realidade e – mostrar a falácia das
teorias espíritas de ‘Espíritos’. Mas como poderia ter feito melhor? Não
queria que as pessoas em geral soubessem que poderia produzir a
mesma coisa à vontade. Eu havia recebido ORDENS em contrário e,
ainda assim, tinha que manter viva a realidade, o caráter genuíno e
a possibilidade de tais fenômenos nos corações daqueles que
de materialistas se tornaram espíritas e agora, devido ao
desmascaramento de vários médiuns, retrocederam novamente, voltando
para seu ceticismo. É por isso que, escolhendo alguns poucos entre os
confiáveis, fui à casa dos Holmes e, auxiliada por M.:. e seu poder, mostrei
as faces de John King e Katie King na luz astral, produzi o fenômeno da
materialização e – permiti que os espíritas em geral acreditassem que
isso havia sido feito através da mediunidade da Sra. Holmes. Ela mesma
estava terrivelmente assustada porque sabia que dessa veza aparição era
real. Será que agi mal? O mundo ainda não está preparado para
compreender a filosofia das Ciências Ocultas – deixe-os antes de tudo se
assegurarem de que existem seres em um mundo invisível, sejam eles
‘Espíritos’ dos mortos ou Elementais; e de que há poderes ocultos no
homem que são capazes de transformá-lo em um Deus na terra.” (CW I,
73)
(p. 59)
Página 6 de 19
(p. 60)
Capítulo 6
“Quem é o John King mencionado acima? Como HPB foi ordenada a não
revelar, de início, que os fenômenos que ocorriam em sua presença eram
realizados por ela mesma, ela tinha que atribuí-los a alguém, e John King,
um nome familiar nos círculos espíritas, foi o escolhido. lsto satisfez a
Olcott, que ainda era um espírita convicto. Ele próprio comenta: “Não me
fizeram de início acreditar que eu estava lidando com espíritos
desencarnados; e não me apresentaram um disfarce para dar
batidas, escrever e produzir para mim formas materializadas sob o
pseudônimo de John King?” O nome era também usado por HPB nessa
época como
(p. 61)
“... o espírito John King gosta muito de mim e eu gosto mais dele do que de
qualquer outra coisa na terra. Ele é meu único amigo e se estou em dívida
com alguém pela mudança radical em minhas ideias sobre a vida, meus
esforços e assim por diante, é tão somente com ele. Ele me transformou e
eu estarei em dívida com ele quando ‘for para o andar de cima’, por não
ter que viver, talvez por séculos, na escuridão e no desalento.” (Solovyoff,
247)
(p. 62)
John King trouxe quatro dos Mestres à minha atenção, dos quais um era
um Copta, outro era um representante da escola neoplatônica de
Alexandria; outro – um muito elevado, um Mestre dos Mestres, por assim
dizer – era um Veneziano; e outro um filósofo inglês, desaparecido da
vista dos homens, porém não morto. O primeiro foi meu primeiro Guru”.
(ODL I, 17-19)
Como é que um ser com quem ela diz estar em dívida “pela
mudança radical em minhas ideias sobre a vida, meus esforços e
assim por diante”poderia ter uma importância pequena na vida de HPB?
Como alguém que “trouxe quatro dos Mestres” à atenção de Olcott
poderia ter uma importância menor? É claro que sua importância não é
marginal, mas sim decisiva!
(p. 63)
mais de um John King, entre os quais um elemental que HPB usava como
instrumento em seu treinamento:
“Ela manteve a ilusão por meses – pela distância dos anos, não consigo
me lembrar exatamente quantos – e eu vi muitos fenômenos feitos,
conforme se afirmava, por John King. (...) Primeiro ele era John King, uma
personalidade independente; depois era John King, mensageiro e servo –
nunca igualado – dos adeptos vivos e, finalmente, era um elemental, puro
e simples, empregado por HPB”. (ODL I, 11)
Como Brown passava por uma fase financeira difícil, HPB pediu a
Olcott que escrevesse uma circular falando do jornal. Olcott diz ter escrito
toda a circular sem que ninguém tivesse lhe ditado uma palavra sequer.
Quando estava para ser publicada, Olcott perguntou a HPB, por carta, se a
circular deveria ser assinada por ele ou deveria ficar anônima.
(p. 64)
“Eu a recebi nesse exato momento. Tenho o direito e ousei segurar por
algumas horas a carta enviada a você por Tuitit Bey, pois somente eu
devo responder pelos efeitos e resultados das ordens de meus Chefes. (...)
A mensagem foi ordenada em Luxor, um pouco depois da meia noite,
entre segunda e terça feira. Escrita [em] Ellora, na aurora, por um dos
secretários neófitos, e muito mal escrita. Eu quis me certificar com T.B. se
ainda era sua vontade que ela fosse enviada num tal estado de
rabiscos humanos, uma vez que ela era direcionada para alguém que
recebia uma tal coisa pela primeira vez.” (HPB Speaks I, 1-2)
(p. 65)
Então, ela revela que sua opinião era que, ao invés dessa carta,
Olcott deveria receber um pergaminho mágico para que, tendo um
fenômeno concreto em suas mãos, ele pudesse dissipar um pouco das
dúvidas que os “truques de John” certamente estavam lhe causando:
(p. 66)
HPB foi morar na fazenda mas logo entrou em litígio com a Sra.
Gerebko e voltou para Nova Iorque, buscando judicialmente ter seu
dinheiro de volta. A firma de advogados Bergen, Jacobs e Ivins de Nova
Iorque representou-a no caso, que foi a julgamento em 26 de abril de
1875.
“Eu ganhei mais uma ação judicial, e talvez possa recuperar $5.000 do
que perdi. John me ajudou na minha ação judicial, isso é certo, mas ele fez
uma coisa muito feia, embora não do ponto de vista
do ‘Summerland’ [morada dos espíritos], mas sim de acordo com o
código de honra humano, terreno.” (HPB Speaks I, 90)
(p. 67)
É provável que a “coisa muito feia” a que ela está se referindo seja
uma briga ocorrida entre os dois advogados, aparentemente insuflada
por John King, pois ela escreve ao general Lippitt:
“... Sr. John, em seu ardente desejo de me ajudar, levou seu zelo longe
demais. Ouça o que aconteceu. Após o veredicto, Marks, o advogado da
acusada, me insultou, dizendo que eu havia ganho a causa através da
falsificação de certos documentos. Se eu tivesse ignorado o insulto, tudo
estaria bem, mas eu não o fiz, e chamei meu advogado para testemunhar
o insulto. Meu advogado chamou Marks de um maldito perjuro, um judeu
e um mentiroso. O outro devolveu o cumprimento, e meu advogado,
instigado por John (pois ele diz que não pode entender como ele fez isso),
agarrou-o pelo pescoço e, jogando-o no chão, lhe deu a mais
espetacular surra para o deleite da audiência e dos jurados, pois isso
ocorreu na Sala da Corte, bem diante do nariz do juiz.” (HPB Speeks II,
175)
“Não tenho tempo, nem espaço, para lhe contar tudo que J.K. faz
conosco mas, se contado, daria a mais notável história jamais escrita
sobre manifestações de espíritos.” (HPB Speaks I, 60)
(p. 68)
“John sempre lhe pede dinheiro. Algumas vezes ela [HPB] lhe dá, outras
não, então ele rouba, e depois aparece e lhe conta para provocá-la. Ele
pediu a ela $50, mas ela não lhe deu, porque ele não disse a razão. Então
ele me pediu, e me disse que se eu lhe prometesse os $50, ele faria um
homem, que me devia $500, me pagar. Então ele disse à Madame B. e
barganhou com ela, que se ele conseguisse $100 de um homem que devia
a ela, e não queria pagar, ela teria que lhe dar $50. John manteve sua
palavra e no sábado ela recebeu $100 do homem, sem lhe pedir, e eu
recebi os meus $500. John disse que ‘psicologizou’ aos dois; e isso deve
ter acontecido, pois ele conseguiu o dinheiro. Ela deu a John $50. E os
meus $50, ele disse, eu devo a ele, e pagarei quando ele me pedir. Nós
colocamos o dinheiro na escrivaninha de John, sua mesa particular, com
seus papéis e correspondências, que ninguém na casa ousa tocar, pois ele
pregará suas peças.” (HPB Speaks I, 94)
“Você ouviu falar do fenômeno que John fez para Olcott? Ele realmente
lhe escreveu uma longa carta e, ao que parece, ele próprio postou-a, e
nela lhe contou alguns segredos maravilhosos. Ele é um ótimo sujeito, o
meu John.” (HPB Speaks I, 63)
“... ele está tão poderoso que ele mesmo, de fato, escreve cartas sem a
ajuda de qualquer médium. Ele se corresponde com Olcott, com Adams,
com três ou quatro senhoras que eu nem mesmo conheço; vem e me
conta ‘o bom divertimento que ele teve com eles’, e como ele os iludiu. Eu
posso lhe dar o nome de dez pessoas com quem ele se corresponde.”
(HPB Speaks I, 85)
(p. 69)
“... abriu cada uma delas antes que o carteiro tivesse tempo de entregá-
Ias. Minha empregada, que é magnificamente mediunística – talvez tanto
quanto é estúpida – e que passa todo o dia em
transe desmaterializando tudo na cozinha, entrou correndo em meu
quarto, meio chorando e tão assustada que estava muito pálida, me
dizendo que “aquele espírito amigo, grandão, de barba preta, rasgou e
abriu os envelopes bem na minha mão” e, então, eu li sua carta (de
Lippitt).” (HPB Speaks I, 83)
O Clube de Milagres
(p. 70)
“Ele rouba tudo na casa; outro dia, na época em que eu estava tão
doente, ele trouxe $10 para Dana; pois Dana havia lhe escrito de manhã
em seu quarto, secretamente, pedindo-lhe o dinheiro (Dana o conhece há
29 anos). Ele trouxe $10 para o Sr. Brown; trouxe um anel de rubi para a
Sra. Magnon, o qual ela havia perdido há meses (se tinha perdido ou se
ele havia sido roubado, eu não sei) para ‘recompensá-la’, ele disse, pois
ela havia tomado conta de ‘sua amada Ellie’ (pobre ego)”. (HPB Speaks I,
83-85)
“Ele me ama, eu sei, e faria por mim mais do que por qualquer outra
pessoa; [ainda assim] veja as peças que ele me prega quando contrariado:
à menor coisa que eu não faça como ele gostaria que eu fizesse, ele
começa a se fazer de velho Harry, fazendo travessuras – e que
travessuras. Ele me xinga horrivelmente, me chama dos nomes mais
assombrosos, ‘nunca antes ouvidos’; vai aos médiuns e lhes inventa
histórias sobre mim, dizendo-lhes que feri seus sentimentos, que sou
uma mentirosa maliciosa, uma ingrata e assim por diante (...). Ele falsifica
a letra das pessoas e cria problemas nas famílias; ‘ele desaparece e
aparece rápida e inesperadamente’ como algum Deus ex
machina infernal; ele esta em todo lugar ao mesmo tempo,
(p. 71)
e mete seu nariz nos negócios de todo mundo. Ele me prega as mais
inesperadas peças – algumas vezes peças perigosas, me indispõe com as
pessoas e, então, vem rindo e me conta tudo o que fez, se gabando e me
provocando. (...)
“Há alguns dias ele queria que eu fizesse algo que eu não queria
fazer, pois eu estava doente e não achava aquilo correto; [então] ele
jogou em mim um cáustico pedaço de pedra ‘infernale’, que estava
chaveado num porta-joias dentro das gavetas, e queimou minha
sobrancelha direita e minha bochecha. E, na manhã seguinte, quando
minha sobrancelha se tornou preta como o azeviche, ele riu e disse que eu
parecia uma ‘bela moça espanhola’. Agora vou ficar marcada pelo menos
por um mês. Sei que ele me ama, eu sei disso, ele é devotadamente ligado
a mim, mas me xinga da maneira mais vergonhosa, o miserável criador de
problemas. Ele escreve longas cartas para as pessoas sobre mim, faz elas
acreditarem nas coisas mais horríveis e, então. se gaba disso!” (HPB
Speaks I, 85-86)
“Suas ideias e as minhas sobre o mundo dos espíritos são duas coisas
diferentes. Meu Deus! Você talvez pensará: ‘John é um Diakka’, ‘John é um
espírito mau, um espírito brincalhão e malicioso’, mas ele não é nem
um pouco isso.” (HPB Speaks I, 87)
Além disso, tal hipótese não é sustentável logicamente quando
consideramos que, nessa época, Madame Blavatsky já havia desenvolvido
extraordinariamente seus poderes psíquicos e, mesmo assim, o “espírito”
John King, exercia um grande poder e influência sobre ela. Com ele, ela
nada podia fazer, nem mesmo prever suas travessuras, como ela atesta:
(p. 72)
(p. 73)
“Escreva diariamente para nossa Irmã que está sofrendo. Conforte seu
coração dolorido e perdoe as deficiências infantis de alguém cujo
verdadeiro e fiel coração não compartilha dos defeitos resultantes de
uma tenra infância mimada. Você deve endereçar seus relatórios e notas
diárias para a Loja, enquanto estiver em Boston, através do Irmão John,
não omitindo os sinais cabalísticos de Salomão no envelope.” (LMW 2nd
Series, 39)
(p. 74)
“Ela pegou-o entre suas mãos fechadas, sem dizer nada a ninguém e sem
atrair a atenção de qualquer um exceto a minha, esfregou as mãos por um
minuto ou dois, quando eu ouvi o tilintar de metal sobre metal. Ela sorriu
chamando a minha atenção e, abrindo suas mãos, mostrou-me outro anel
junto com o meu, igualmente grande, mas de um padrão diferente: a placa
do sinete sendo de uma jaspe sanguínea (“bloodstone”) verde escuro,
enquanto que a minha era uma cornalina vermelha. Aquele anel ela usou
até sua morte, e agora é usado pela Sra. Annie Besant, e é familiar a
milhares de pessoas. A pedra quebrou-se na nossa viagem para a Índia e,
se me lembro corretamente, a do anel em questão foi esculpida e
engastada em Bombay.” (ODL I, 347)
(p. 75)
tivesse um anel semelhante para ela mesma. HPB não tinha objeção. Duas
pedras, ágatas de um verde muito escuro quase preto, foram cortadas
com o mesmo desenho, ambas exatamente iguais. O sinete de HPB foi
fixado num pesado anel de ouro, sendo a pedra montada numa moldura
oval com uma dobradiça, de modo que fosse a tampa de um
compartimento muito raso. O da Srta. Arundale foi montado num anel
mais leve. A Srta. Arundale usou sempre seu anel e, por ocasião de sua
morte, ele passou para seu sobrinho, Bispo George S. Arundale, que
posteriormente doou-o para os Arquivos da EE.” (Jinarajadasa 1931,
662)
Jinarajadasa relata ainda que HPB usou seu anel desde 1884 até o
dia de sua morte e que, algum tempo antes de seu falecimento, ela teria
deixado instruções ao Círculo Interno de que o anel deveria ser dado
para Annie Besant após a sua morte. Como nessa ocasião, em 8 de maio
de 1891, Besant estava nos EUA, o anel só lhe foi entregue depois, na sua
volta.
Muitos acreditam que esse anel tem sido passado pelos presidentes
da Sociedade Teosófica (Adyar) para seus sucessores. Porém, há uma
outra versão defendida por aqueles que seguiram Judge quando ocorreu a
divergência entre ele e Besant – e a consequente criação de outra
Sociedade Teosófica (Point Loma), atualmente com sede em Pasadena
(USA). De acordo com eles, o anel que pertenceu a HPB não teria ficado
com Besant, mas sim com Judge. (Informativo HPB Nº 2)
(p. 77)
“John Fez todo o restante ele mesmo – por partes, algumas vezes de dia e
algumas vezes à noite. Eu estava na casa durante a maior parte desse
tempo e em mais de uma ocasião sentei-me próximo dela [HPB] enquanto
pintava, e com ela saí da sala por alguns minutos enquanto o espírito
artista desenhava alguma parte da pintura, embaixo do pano que cobria
sua face. As palavras gregas e hebraicas e os símbolos cabalísticos foram
as últimas coisas a serem colocadas.” (HPB Speaks I, 78)
“Eu ainda não a vi, pois ele não quer que ninguém a veja antes que ele a
termine completamente. (...) John levou embora seu próprio retrato da
moldura por duas vezes, ficou com ele por alguns dias e trouxe-o de volta
– e tudo tão rápido como um raio.” (HPB Speaks I, 59)
(p. 78)
“Eu estou contente que você tenha gostado da pintura de Johny, mas você
não deve chamá-Io de turco, pois ele é um nobre e querido espírito, e
gosta muito de você. Não é culpa de ninguém se você ainda não o viu, até
agora, como ele é na realidade, e sempre o imaginou parecido com o
velho médico judeu meio materializado que geralmente lhe era
apresentado nos Holmes. Apenas em Londres ele aparece como ele é;
mas ainda trazendo, em suas queridas feições, alguma semelhança com
seus respectivos médiuns, pois é difícil para ele mudar completamente as
partículas extraídas por ele de vários poderes vitais.” (HPB Speaks I, 65)
(p. 79)
“... e os símbolos e a joia que John King usa sobre seu peito são todos
símbolos Rosacruzes, tendo sido ele um irmão da Ordem, e sendo esse o
laço que o liga à nossa dotada amiga Madame de B.” (HPB Speaks I, 79)
Ora, se ela se declarava uma Rosacruz, mas dizia que o último dessa
Fraternidade havia partido com Cagliostro, ela devia estar se referindo a
uma Fraternidade – ou Ordem – num sentido mais elevado, ou seja, ligada
à Hierarquia Oculta. Portanto, se essa Fraternidade era o laço que ligava
HPB a John King, então, ele também seria um membro da Hierarquia
Oculta.
“Se Madame de B. foi admitida para dentro do véu ou não [nos ramos
superiores da Magia Branca], pode-se apenas conjeturar, pois ela é muito
reticente sobre
(p. 80)
(p. 81)
excesso de trabalho. Embora ela ajude aos outros, ela não pode, ou não
quer ajudar a si mesma, nem mesmo para curar sua perna.” (Gomes 1987,
76)
“Você precisa agradecer a “John King” se sua última carta teve qualquer
resposta, pois o Sr. Betanelly foi para o Oeste. Eu o mandei embora pelo
dia 26 de maio, quando supunham que eu estava tão doente, e os
doutores começaram a pensar em me privar da minha melhor perna. Pois
eu pensei, nessa hora, que estava indo “para o andar de cima” pour de
bon [para melhor] e, como detesto ver caras tristes, lamentações,
choradeira e coisas desse tipo quando estou doente, mandei-o embora.
(...) eu lhe disse que estivesse pronto para voltar quando lhe escrever que
estou melhor, ou quando alguma outra pessoa lhe escrever que eu fui
para casa, ou “chutei o balde” como “John” muito bondosamente me
ensinou a dizer. Bem, eu ainda não morri (...) mas ainda estou na cama,
muito fraca, irritada, e geralmente me sinto enlouquecida das 12h às
24h. Então ainda mantenho o camarada longe, para benefício dele e meu
próprio conforto.” (HPB Speaks I, 80)
“Todos estes dias Madame estava sempre na mesma: três ou quatro vezes
ao dia, perdendo energia e deitada como se estivesse morta, por duas ou
três horas a cada vez, quando o pulso e o coração
(p. 82)
paravam, e ficava fria e pálida como uma morta. John King disse a
verdade imediatamente, em tudo. Ela estava num tal transe segunda-feira
de manhã e à tarde, das três às seis, que nós pensamos que ela estava
morta. As pessoas dizem que, nessas ocasiões, o espírito dela viaja, mas
eu não sei nada disso, e simplesmente pensei muitas vezes que tudo
estava acabado. (...) John fez coisas estranhas, materializou sua cabeça e a
beijou, mas como ela não gosta de ser beijada, quando ela melhorou, o
xingou e eles ficavam sempre brigando, como você lembra; pois ela
detesta quando ele beija nos lábios.” (HPB Speaks I, 93-94)
“Não tenha medo de que eu esteja louca. Tudo o que posso dizer é que
alguém positivamente me inspira – ... mais do que isso: alguém entra em
mim. Não sou eu quem fala e escreve: é algo dentro de mim, meu Eu
superior e luminoso, que pensa e escreve
(p. 83)
(p. 84)
Para sua tia Nadya ela reafirma tanto a cura quanto a dualidade que
ela vivenciava:
“Quando minha perna tinha que ser operada (eles queriam operar
quando a gangrena estava se desenvolvendo), o ‘dono da hospedaria’
(‘host’) me curou. Ele estava todo o tempo de pé, próximo a um velho
negro, e ele pôs um pequeno prendedor branco em minha perna. Você se
lembra que eu lhe escrevi sobre esse incidente? Agora, ele vai em breve
me levar, a Olcott e a vários outros para a Índia para sempre, nós apenas
precisamos primeiro organizar a Sociedade em Londres. Se ele ocupa
outros corpos além do meu, eu não sei. Mas sei que quando ele não está
aqui – às vezes por muitos dias – eu frequentemente ouço sua voz e lhe
respondo ‘através do mar’; Olcott e outros também muitas vezes veem
sua sombra, algumas vezes ela é sólida como uma forma viva, várias
vezes como fumaça; ainda mais frequentemente não é vista, mas sentida.
Observemos que HPB está dizendo para sua tia e para sua irmã que
esse “alguém”, “dono da hospedaria”, “Nº 2” ou “Sahib” – aquele que
ocupava o corpo dela, que a fazia passar por uma vida dupla, que a
ensinava “a sair do corpo” e em companhia de quem ela “não tinha
medo de nada” – havia sido também o responsável pela cura de sua
perna!
(p. 85)
“Não sou eu quem fala e escreve: é algo dentro de mim (...). A única coisa
que sei é que agora, quando estou para alcançar a velhice, me tornei uma
espécie de depósito do conhecimento de outra pessoa.” (Letters of H.P.
Blavatsky, I)
Quando HPB escreve, por exemplo, que: “Meu John King sozinho é
uma recompensa suficiente por tudo; ele é, em si mesmo, um dono de
hospedaria para mim. (...) John King é uma personalidade, uma
definida, viva, personalidade espiritual” (Solovyoff, 243), Solovyoff
interpreta essa como sendo a primeira “aparição” do Mestre Morya:
“O que ela diz é bem suficiente para que cada leitor de minha narrativa
reconheça imediatamente nesse John King a primeira aparição no palco,
de nosso velho conhecido, o famoso Mahatma Tibetano Morya (...) mas ele
já está incessantemente visitando nossa heroína, e é ‘em si mesmo, um
dono de hospedaria’ para ela. Ele já manda Olcott para Havanna
[localidade em Nova lorque]. Ele logo será transfigurado e transformado
no Mahatma Morya ou M., o famoso ‘mestre’.” (Solovyoff, 244)
(p. 86)
“Conheço John há 14 anos. Não é de hoje que ele está comigo; ele se fez
conhecido de toda Petersburgo e metade da Rússia, sob o nome
de Janka, ou “Johny”; ele viajou comigo por todo o mundo. Salvou minha
vida por três vezes: em Mentana, num naufrágio e, na última vez,
próximo a Spezia, quando nosso vapor explodiu no ar em átomos, e de
400 passageiros restaram apenas 16, em 21 de junho de 1871.” (HPB
Speaks I, 84)
Vamos examinar essas três ocasiões em que ela diz que John King
lhe salvou a vida. HPB primeiro fala da batalha de Mentana, que ocorreu
em 02 de novembro de 1867. Observemos que ela está afirmando que
quem a salvou foi John King, e não o Mestre Morya, como tantas vezes se
afirma. Já a explosão do Eunomia ocorreu próximo à ilha de Spezzia em
1871, quando Madame Blavatsky ia de Chipre para Alexandria. Mas, e
quanto ao outro naufrágio?
(p. 87)
“Meu caro amigo, posso lhe contar apenas aquilo que lhe contei desde o
começo, quer o resto do mundo me acredite ou não. A
(p. 88)
pintura no cetim, com as exceções que coloquei, não foi feita por mim,
mas por aquele poder que chamei de John King; o poder que assumiu as
características e o nome genérico de John King; pois é um nome genérico
e é responsável pelas muitas afirmações contraditórias de e sobre ele, o
John King em diferentes partes do mundo. Com esse poder, tenho estado
familiarizada desde a minha infância, mas vi sua face, como você diz, anos
depois, numa viagem (quando o Sr. Blavatsky era governador em Erivan,
capital da Armênia, não em Tiflis.) (HPB Speaks I, 237)
(p. 89)
povo são muito emocionantes. Madame Blavatsky parece ter sido uma
aluna que prontamente atraiu seu interesse e que absorvia suas lições
com entusiasmo. Ela encontrou-se com ele novamente alguns anos mais
tarde, e passou algum tempo com ele em Boulak, mas seu contato com ele
no começo não durou muito tempo, pois naquela época ela passou apenas
cerca de três meses no Egito.” (Sinnett 1886, 59)
(p. 90)
“– Somos estudantes que ouviram falar de seus grandes
conhecimentos e habilidades em magia e desejamos aprender a seus
pés.
Paulos Metamon
Olcott, em seu livro Old Diary Leaves fala um pouco mais sobre
Paulos Metamon, relatando uma experiência que HPB lhe contara:
“Ela estava viajando no deserto, com um certo mago branco copta, que
deve permanecer sem ser nomeado e, acampando uma noite, expressou o
ardente desejo por uma xícara de um bom café com leite francês. ‘Bem
certamente, se você o deseja tanto’, disse o guia guardião. Ele foi até o
camelo das bagagens, tirou água de um odre, e após um momento
retornou, trazendo em suas mãos uma xícara de um fumegante e
aromático café com leite. HPB pensou que isso era, é claro, uma produção
fenomênica, uma vez que seu companheiro era um elevado adepto e
possuía poderes muito grandes. Então ela lhe agradeceu e bebeu
deliciando-se, e declarou que nunca havia tomado um café melhor no Café
de Paris. O mago não disse nada, mas apenas se inclinou, se divertindo, e
ficou de pé ao seu lado, como se estivesse esperando para receber a
xícara de volta. HPB sorveu a bebida fumegante e tagarelou feliz e – mas o
que é isto? O café havia desaparecido e nada
(p. 91)
senão água pura permaneceu em sua xícara! Nunca havia sido nada além
disso; ela estava bebendo, cheirando e sorvendo a Maya [ilusão] de um
quente e aromático café com leite.” (ODL I, 432)
Olcott ainda conta que soube por meio de uma testemunha ocular
[que só pode ser Albert Rawson] que enquanto HPB estava no Cairo os
mais extraordinários fenômenos ocorriam em qualquer sala que ela
estivesse. Por exemplo, a luminária que estava numa mesa mudaria para
outra, passando pelo ar, como se estivesse sendo carregada por uma mão
invisível, e que:
“... esse mesmo misterioso Copta sumiria de repente do sofá onde estava
sentado, e muitas outras maravilhas, não mais consideradas como
milagres, desde que os cientistas nos provaram a possibilidade de
inibição dos sentidos de visão, audição, tato e olfato por mera sugestão
hipnótica. Sem dúvida, essa inibição foi provocada no grupo presente,
fazendo o grupo ver o Copta desaparecer e a lâmpada se mover pelo
espaço, mas não a pessoa cuja mão a estava carregando.” (ODL I, 23)
(p. 92)
Sinnett também relata que em 1852 ela foi para o México através
do Texas. Após suas andanças pelo México, ela resolveu que iria para a
Índia:
“... ela logo verificou ser o que se chama de um ‘chela’, ou aluno dos
Mestres ou adeptos da ciência oculta oriental. Os três peregrinos do
misticismo foram, via o Cabo, para o Ceilão e, depois disso, num veleiro,
para Bombay onde, pelo que eu deduzi das datas devem ter chegado
quase no final de 1852.” (Sinnett 1886, 66)
(p. 93)
“Copau”, México, nunca foi identificada e muitos autores tendem a
crer que ela estivesse se referindo a Copán, que fica em Honduras, um
pouco ao sul do México. O grupo separou-se em Bombay. (Sinnett 1886,
64-66). Como já vimos, é bastante provável que esse “inglês” seja o
americano Albert Rawson, o companheiro de HPB no Cairo quando
ambos foram instruídos por Paulos Metamon.
(p. 94)
A segunda, que é o que nesse momento mais nos interessa, está
assinada por John King, e Boris de Zirkoff descreve que “está na
caligrafia arcaica usada por John King e está assinada por ele”. (CW II,
342) É uma frase curta que diz “Pessoal eu lhes recomendo ponderar e
discutir.” (CW II, 320) (Figura 1)
Isso está nos indicando que o John King que instruía Olcott, que
atuava como seu intermediário nas correspondências com a “Loja” e que
aparecia nas sessões mediúnicas na casa dos Eddy, era o mesmo que, no
início da década de 1850, estava aconselhando HPB e seus companheiros
a “ponderar e discutir”sobre planos de viagens à América do Sul e,
portanto, já estava com HPB desde essa época! Como vimos, isso deve ter
ocorrido entre 1851 e 1855, novamente nos remetendo a um período de
conhecimento entre HPB e John King bem anterior a 1860.
Somente anos mais tarde, em 1884, é que HPB nos revela quem
realmente era John King. Arthur Lillie havia escrito um artigo
chamado Koot Hoomi Unveiled (Koot Hoomi Sem Véu), com muitas
críticas à HPB e aos Mestres. No artigo, Lillie afirmava: “Por catorze anos
(1860 a 1875) Madame Blavatsky foi uma espírita declarada,
controlada por um espírito chamado John King”. (CW VI, 269) Em
agosto de 1884, Madame Blavatsky responde:
“... Sr. Lillie afirma que eu conversei com esse ‘espirito’ (John King)
durante quatorze anos, ‘constantemente, na Índia e em outros lugares.’
Para começar, eu aqui afirmo que nunca ouvi o nome de John King antes
de 1873. É verdade que falei ao Coronel Olcott e a muitos outros, que a
forma de um homem, com uma face pálida morena, barba preta, roupas
brancas flutuantes e turbante, que alguns deles haviam encontrado pela
casa e em meus aposentos, era aquela de um ‘John King’. Eu tinha lhe
dado aquele nome por razões que serão completamente explicadas muito
em breve, e ri muito ao ver o modo fácil como o corpo astral de um
homem vivo pode ser confundido, e aceito como sendo um espírito. E eu
lhes contei que eu havia conhecido aquele ‘John King’ desde 1860; pois
era a forma de um adepto oriental, o qual, desde então foi para sua
iniciação final. nos visitando
(p. 96)
“... um ‘adepto oriental, o qual, desde então foi para sua iniciação final’,
que havia passado, en route do Egito para o Tibet, por Bombay e nos
visitou em seu corpo físico. Por que esse ‘Adepto’ deveria ser o Mahatma
em questão? Então, não há nenhum outro Adepto além do Mahatma Koot
Hoomi? Todo teosofista na sede sabe que eu mencionava um cavalheiro
grego a quem conheço desde 1860, enquanto que nunca vi o
correspondente do Sr. Sinnett antes de 1868.” (CW Vl, 291)
(p. 97)
“Por favor, não fale de Mentana e não fale do MESTRE [M.], eu lhe
imploro. Eu voltei da Índia num dos primeiros vapores. Mas primeiro fui
à Grécia e vi Illarion, em que lugar eu não posso e não devo dizer.” (LBS,
153)
Note-se que ela está dizendo que primeiro foi à Grécia e viu
Hillarion, e não que foi à Grécia e pela primeira vez viu Hillarion. No
original: “But I first went to Greece and saw Illarion, in what place I
can not and should not say.” Além da tradução nesse caso não dar
margens a dúvidas, já identificamos que o Mestre Hillarion é John King e,
conforme vimos acima, ela já o havia encontrado bem antes de 1860.
(p. 98)
“Eu fui avisada por lliarion, então fisicamente no Egito – e fiz com que
Agardi Metrovich viesse diretamente até mim e não deixasse a casa por
dez dias. (...) Ele (...) foi para a Alexandria mesmo assim e eu fui atrás
dele (...) fazendo como Illarion me disse (...). Eu nunca o deixei, pois sabia
que ele iria morrer, como Illarion havia dito, e assim aconteceu.”
(LBS, 189-190)
(p. 99)
“... olhou para mim e notou uma mudança em minha aparência; eu havia
me tornado rígida, ou como alguém transformada em pedra, como ela
expressou; meus olhos estavam firmemente fechados, mas eu escrevia
sem parar, tão rápido como sempre, e ela me assistiu jogando página
após página para o lado, com a tinta ainda molhada.
(p. 100)
“... quando a encontrei [Mabel Collins] ela havia recém terminado O Idílio
do Lótus Branco o qual, como ela afirmou para o Coronel Olcott, lhe havia
sido ditado por uma ‘pessoa misteriosa’. Guiados por suas descrições, nós
dois reconhecemos um velho amigo nosso, um grego. que não era um
Mahatma, embora fosse um Adepto; acontecimentos posteriores
provaram que estávamos certos”. (CW VIII, 427)
“... viu diante dela, muitas vezes, a figura astral de um homem moreno
(um grego que pertence à Fraternidade de nossos Mestres), que a
instigou a escrever sob seu ditado. Era Hillarion, a quem Olcott conhece
bem. O resultado foi Luz no Caminho e outros.” (Gomes 1991, 194)
(p. 101)
Observemos, nas duas citações acima, que HPB diz que não apenas
ela, mas também Olcott, reconheceram de imediato o “velho amigo
grego”, e que era “Hillarion, a quem Olcott conhece bem.” Isso é muito
revelador porque sabemos que era com John King que Olcott havia
convivido mais intensamente, desde seus primeiros passos no Ocultismo,
em Filadélfia e em Nova Iorque.
(p. 102)
__________________
Figura 4: Caligrafia de Mabel Collins em seu estado normal. (CW VIII, 428)
(p. 103)
Tudo isso nos indica que só pode haver um John King – que é difícil
de “digerir” – e cujos métodos e modos de ação se chocam com as noções
mundanas que temos do que deve ou não deve ser a conduta de um
Adepto. Mas, não nos esqueçamos de que, na verdade, conhecemos muito
pouco dos métodos Deles. Como o Mestre KH escreveu:
(p. 104)
Capítulo 7
“... as obras sobre Ocultismo não foram, eu repito, escritas para as massas,
mas para aqueles Irmãos que fazem da solução dos mistérios da Cabala o
principal objetivo de suas vidas, e que se supõe que conquistaram as
primeiras abstrusas dificuldades do Alfa da Filosofia Hermética. Aos
candidatos fervorosos e perseverantes da referida ciência, eu tenho a
oferecer apenas uma palavra de conselho, “Tentem e tornem-se”.” (CW I,
132)
(p. 105)
Charles Sotheran
“... a Sociedade não era uma sociedade secreta (...) Mas ele começou a
atacar injuriosamente nossos experimentos e nos denunciar
(p. 106)
(p. 107)
(p. 108)
(p. 109)
“Ele me respondeu que não sabia de nenhum no momento mas que tinha
uma amiga, Madame Blavatsky, que havia lhe pedido que me convidasse
para visitá-la. Fui a seu apartamento em lrving Place, 46, Nova Iorque, e a
conheci.” (Van Mater)
“Muito foi dito naquela primeira noite que prendeu minha atenção e
atraiu minha imaginação. Eu percebi meus pensamentos secretos sendo
lidos, minhas questões íntimas sendo conhecidas por ela. Sem ser
perguntada e certamente sem qualquer possibilidade de ter pedido
informações sobre mim, ela referiu-se a várias circunstâncias privadas e
peculiares de um modo que mostrou imediatamente que tinha um
perfeito conhecimento sobre minha família, minha história, minhas
circunstâncias e minhas idiossincrasias.” (Sinnett 1886, 186)
(p. 110)
(p. 111)
“E quanto às cartas que vieram de .:., tenho muitas que chegaram a mim
que se assemelham à minha caligrafia. Como eles explicarão isso? Eu
me auto iludi? E assim por diante.
“Você pode contar comigo, nesse ponto, para todo o auxílio que
julgar necessário. Lembre-se que eu estava com você em Enghien no dia
de um dos fenômenos. Eles não consideraram aqueles tempos em que eu
recebia cartas pelo carteiro com mensagens dentro delas. Tenho aqui
algumas cartas antigas e uma delas está relacionada com a cremação do
[Barão] De Palme.” (LBS, 313)
“Você certamente tem sido honrado. Por que? Eles devem ter algum
motivo. Enquanto HPB estava aqui, eles vieram, muitos e várias vezes, e
falaram com Olcott e comigo. Mas suas identidades foram protegidas
porque nenhum de nós, naquela época, poderia penetrar na parede de
matéria e ver o verdadeiro ocupante. Tínhamos que depender
inteiramente das mudanças de expressão.
“Eu lhe agradeço o livro (...). Para mim, ele serve para manter
vívidos e frescos os fatos que certa vez testemunhei os quais, não fosse
isso, o tempo poderia tornar fracos e possivelmente inacreditáveis.” (LBS,
312)
(p. 112)
“Olcott era bem conhecido como um homem que gostava da vida dos
clubes e ninguém jamais supôs que ele mostraria uma tal renúncia como
tem mostrado, desde então, com relação às coisas mundanas. A sabedoria
de sua escolha como presidente tem sido demonstrada por nossa história.
A Sociedade foi impopular desde seu início, e tinha de fato tão pouco
dinheiro que todos os primeiros diplomas foram escritos à mão por um
dos membros dessa cidade.” (Judge, em A Servant of The Masters: Col.
Henry S. Olcott)
(p. 113)
A Ordem Sat Bhai (Sete Irmãos), era assim chamada porque cada
grupo era composto por sete pessoas. Se dizia que essa Ordem havia sido
iniciada, ou transmitida, por um Pandit brâmane de Benares.
Aparentemente alguns oficiais britânicos haviam sido iniciados e
pretendia-se que eles espalhassem os ideais da Sat Bhai pelo mundo. O
Major J.H. Lawrence Archer havia introduzido o ritual na Inglaterra, em
torno de 1872. Yarker escreve sobre a Sat Bhai:
(p. 114)
(p. 115)
ideia era que ela formaria um complemento natural aos graus mais
elevados da Ordem, restaurando-lhe o elemento vital do misticismo
Oriental que lhe faltava ou que havia perdido. Ao mesmo tempo, tal
arranjo daria força e permanência à Sociedade, por associá-la com a
antiga Fraternidade cujas lojas estão estabelecidas por todo o mundo.
Agora que volto a olhar para isso, estávamos, na verdade, tão somente
planejando repetir o trabalho de Cagliostro, cuja loja Egípcia foi em sua
época um centro tão poderoso para a propagação do pensamento oculto
Oriental. Não abandonamos a ideia até muito tempo depois de mudarmos
para Bombay”. (ODL I, 468)
(p. 116)
(p. 117)
Capítulo 8
Em seu livro Old Diary Leaves, Olcott descreve com detalhes o dia
a dia da vida com Madame Blavatsky em Nova Iorque. O apartamento
onde moravam era conhecido como “A Lamaseria”. HPB não tinha nem
mesmo uma noção rudimentar de como cuidar de uma casa e seus
repentes de personalidade atrapalhavam o pobre Olcott e as várias
empregadas que para eles trabalharam.
“Os hábitos em nossa casa eram os mais simples; não bebíamos vinho ou
bebidas alcoólicas, e comíamos apenas uma comida simples. Tínhamos
uma empregada que fazia todo o serviço, ou melhor, uma procissão de
empregadas que iam e vinham, pois não conseguíamos mantê-las por
muito tempo. A moça ia para casa depois de limpar as coisas do jantar, e
daí por diante tínhamos que nós mesmos atender a porta. Isso não era
nada, o problema mais sério era providenciar chá, com leite e açúcar, para
uma sala cheia de convidados, digamos, pela 1:00 da madrugada, quando
HPB, com arrogante desdém pelas possibilidades domésticas, pediria
uma xícara de chá para si e exclamaria alto: “Vamos tomar um pouco
todos nós: o que vocês acham?”
“CHÁ”
(p. 118)
Hábitos Alimentares
“HPB sempre foi, mesmo em sua juventude, uma pessoa roliça e mais
tarde tornou-se bastante corpulenta. Isso parece que era uma tendência
familiar, porém em seu caso a tendência foi agravada por seu modo de
vida, pois ela quase não fazia exercícios e comia muito, a não ser quando
estava seriamente doente. Mesmo então, comia grandes porções de
carnes gordas e costumava colocar grandes quantidades de manteiga
derretida sobre seus ovos fritos no café da manhã. Nunca tocou em
vinhos ou bebidas alcoólicas, sendo suas bebidas o chá e o café,
preferivelmente esse último. Seu apetite, na época em que a conheci, era
extremamente caprichoso e ela era praticamente rebelde a qualquer hora
fixa para as refeições e, portanto, um terror para todas as cozinheiras e o
desespero de seu colega.
“(...) Ela nunca foi uma asceta, nem mesmo uma vegetariana, e enquanto a
conheci, a carne era indispensável para sua saúde e conforto, assim como
para tantos outros em nossa Sociedade, incluindo a mim mesmo.” (ODL I,
449-451)
“... um dia ela saiu com minha irmã e foi se pesar: a balança deu que ela
estava com 111,1 kg, e então ela anunciou que pretendia reduzir seu peso
para algo apropriado para viajar o que ela fixou em 70,8 kg. Seu método
era muito simples; todos os dias, dez minutos após cada refeição lhe
traziam um copo cheio de água; então ela punha a palma da mão sobre
ele, olhava-o mesmericamente e bebia tudo. Eu me esqueci por quantas
semanas ela continuou esse tratamento, mas finalmente ela pediu para
minha irmã ir novamente com ela para se pesar. Elas trouxeram e me
mostraram o certificado do dono da balança, atestando que o peso de
Madame Blavatsky nessa data era 70,8 kg!” (ODL I, 453)
O Fumo
Um outro hábito que HPB cultivou por muitos anos foi o fumo.
Aparentemente ela sempre fumou algum tipo de cigarro que ela mesma
preparava e não o comprado pronto. Olcott diz a esse respeito:
(p. 120)
“HPB era, todo mundo sabe, uma fumante inveterada. Ela consumia um
número imenso de cigarros por dia e para enrolá-los possuía a maior das
destrezas. Ela podia até mesmo enrolá-los com a mão esquerda enquanto
ela estava “copiando” com a direita.” (ODL I, 452)
(p. 121)
algumas ocasiões ela podia até mesmo dar uma palestra num
determinado dialeto que, em outras, não conseguia nem mesmo
compreender!
Quando Olcott perguntou à tia Nádia sobre a educação de HPB, ela
lhe respondeu que:
“... sua educação havia sido simplesmente aquela de uma jovem de boa
família. Que ela havia aprendido, além do Russo que era sua língua
materna, o Francês, um pouco de Inglês e um conhecimento superficial de
Italiano, além de música. Ela estava assombrada com meus relatos sobre
a erudição dela, e só podia atribuir isso ao mesmo tipo de inspiração que
havia sido desfrutado pelos Apóstolos, os quais, no dia de Pentecostes,
falaram em línguas estranhas das quais eles antes ignoravam. Ela
acrescentou que desde a infância sua sobrinha tinha sido uma médium de
extraordinário poder psíquico e variedade de fenômenos, maior do que
qualquer outro que ela tivesse lido a respeito no curso de uma vida de
estudos sobre esse tema.” (ODL l, 104)
Mas Madame Blavatsky explica para sua irmã Vera que quem a
fazia ter o conhecimento de outras línguas, era a “Voz”, isto é, seu Sahib, o
Mestre Hillarion:
(p. 122)
(p. 123)
com aspereza, seria tão amiga quanto antes com seu inveterado
provocador.” (ODL I, 411-412)
Ela não tinha um bom olho para cores e proporções, e muito pouco
senso estético. Certa vez ela e Olcott foram ao teatro e ele imaginou que
toda a casa fosse se levantar quando eles se chegaram, pois:
(p. 124)
Ninguém podia ser mais fascinante do que ela quando queria atrair
pessoas para seu trabalho público. Ela seria cuidadosa no tom e nos
modos, e faria a pessoa sentir-se como se fosse o melhor, senão o único
amigo que ela possuía. Olcott relata:
“Com as pessoas comuns como eu, não poderia dizer que ela fosse leal ou
fiel. Nós éramos, creio eu, nada mais que peões num jogo de xadrez, por
quem ela não tinha nenhum amor profundo. Ela me repetia os segredos
de pessoas de ambos os sexos – mesmo os mais comprometedores – que
lhe haviam confiado, e tratava os meus, estou convencido, da mesma
maneira. Mas ela era leal até o fim para com sua tia, seus outros
familiares e para com os Mestres, por cujo trabalho ela sacrificaria não
apenas uma, mas vinte vidas, e calmamente veria toda a raça humana ser
consumida no fogo, se necessário fosse.” (ODL I, 462)
Essa devoção aos Mestres sempre foi a luz que guiou HPB por toda
a sua vida, uma característica reconhecida e admirada por todos aqueles
que com ela conviveram mais intimamente. Como diz Olcott:
“Ela era uma ocultista grande demais para que julguemos sua estatura
moral. Ela nos compelia a amá-Ia, por mais que pudéssemos conhecer
suas faltas; a perdoá-la, por mais que ela pudesse ter quebrado suas
promessas e destruído nossa primeira crença em sua infabilidade. E o
segredo desse encantamento poderoso era seus inegáveis poderes
espirituais, sua evidente devoção aos Mestres que ela descrevia como
personagens supranaturais, e seu zelo pela elevação espiritual da
humanidade através do poder da Sabedoria Oriental.” (ODL I, x)
(p. 125)
O “Melhor Disponível”
“Julgo que é uma positiva vantagem para todos os demais que ela seja da
maneira que é, pois assim foi-lhes dado um maior estímulo para realizar,
apesar das dificuldades que você crê que ela tenha criado. Eu não digo
que a teríamos preferido, caso estivesse disponível um agente mais
tratável; mas ainda assim, no que diz respeito a vocês, isso foi uma
vantagem”. (MLcr., 435)
Eles reconheciam também que tinham muitos problemas com a
mente de Madame Blavatsky, e não apenas com seu temperamento:
(p. 126)
o ‘Deserdado’ [Djual Khool] (...) estava falando com ela sobre um assunto
importante, ela emprestou um ouvido a um dos nossos que está passando
por Bombay vindo de Chipre, em seu caminho para o Tibet – e, assim,
misturou as duas numa confusão inextricável. Mulheres realmente
carecem do poder de concentração.” (MLcr., 52)
“... embora eu possa convencer aos outros – quase perdi o meu próprio
convencimento. Até que eu viesse a defender nossa posição, jamais
havia compreendido sua extrema fragilidade. Você, você querida velha
pecadora (...) é a pior de todas as fissuras em nossa posição – sua
completa falta de controle do temperamento – sua maneira totalmente
não budista e não cristã de falar de todos que a ofendem – suas
afirmações precipitadas, formam em conjunto uma acusação difícil de
defender”. (LBS, 306)
(p. 127)
“Muito esperto – mas suponha que não seja nenhum dos sete em
particular, mas todos? Cada um deles sendo um “mutilado” e impedido do
exercício de seus plenos poderes? E suponha que essa seja a sábia lei de
um poder com ampla capacidade de previsão!” (LBS, 307)
(p. 128)
“... a tolice dos seres superiores que a mandaram para combater o mundo
armada apenas com uma parte de suas faculdades, e cuidadosamente a
envolveram com uma tal rede de fatos contraditórios e
comprometedores, de modo a tornar impossível que o amigo que mais a
ama, e de modo algum o menos inteligente, não tenha às vezes graves
dúvidas, não apenas quanto à existência deles, mas também quanto à sua
boa fé.” (LBS, 307)
(p. 129)
Capítulo 9
(p. 130)
Aos 22 anos, quando seus pais resolveram que ele tinha que se
casar, Dayanand fugiu de casa e entrou para a Ordem dos Sanyasis. Mas
pouco tempo depois seus pais descobriram seu paradeiro e o levaram de
volta para casa.
(p. 131)
(p. 132)
“Com uma tal Samaj como a última (se for como a descrevi),
a Sociedade Teosófica tem a maior das afinidades. De fato, no que diz
respeito a seu departamento de trabalho no campo das religiões, ela já é
uma Arya Samaj sem o saber... Se a Arya Samaj é o que imagino, ficarei
orgulhoso de ser admitido como seu membro e proclamar o fato para
todo o público cristão. Mande-me todos os documentos necessários para
que eu possa compreender exatamente o que ela ensina.” (Olcott)
(p. 133)
(p. 134)
Há uma carta de HPB para sua tia onde ela fala sobre a existência
de dois Krishnavarmas. Não há dúvidas de que HPB está se referindo ao
Krishnavarma descrito acima quando
escreve: “o segundo Krishnavarma Sheyamaji, principal apóstolo e
aluno de nosso Swami virá no próximo inverno para nos ensinar”.
(HPB Speaks I, 200)
HPB escreve para sua tia que esse outro misterioso Krishnavarma
tinha sido de grande auxílio para eles. Ele havia chegado há duas semanas
de Multan (Punjab, Índia) numa carroça (!!) e estava hospedado com eles.
Ela também relata que havia retornado a três dias de uma viagem com
Krishnavarma e Olcott, na qual foram até um local “quase tão distante
quanto a Califórnia”. (HPB Speaks I,198) HPB descreve a viagem:
(p. 135)
“Todas as manhãs, seu velho servo (...) ia à cidade para trazer frutas e
arroz em suas próprias travessas de prata. Esse homem se diria ter 1000
anos de idade. Sua face é velha, velha como um pergaminho, mas que
força! Alguns dias atrás meninos e alguns adultos aborreceram-no muito,
seguindo-o por toda parte e provocando-o. Ele segurou um deles pelo
pescoço e jogou-o do outro lado da rua numa vala com água suja e outro
uns 50 passos mais adiante. A multidão estava brava, mas Krishnavarma
jogou no meio deles um punhado de moedas de ouro e eles pularam sobre
o dinheiro como feras selvagens e gritavam para os dois Hurra! até que
eles entraram em nossa casa. Agora, para evitar escândalos, Olcott está
indo com o velho homem até o mercado, comprar provisões.” (HPB
Speaks l, 199)
(p. 136)
a verdade é que sua relação com a Sociedade nunca foi muito profunda,
ainda que seus pontos de vista pessoais tivessem muitas semelhanças
com aqueles expostos em Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta. (Deveney
et al., 51) Apesar de vários convites de HPB, os dois nunca se
encontraram pessoalmente.
(p. 137)
(p. 138)
(p. 139)
(p. 140)
(p. 141)
(p. 141)
lhe implorar que ela se revelasse. Mas, considerando-se impuro para
receber tal revelação, ficou em silêncio, consolando-se com o pensamento
de que, se algum dia o julgasse digno, ela lhe revelaria esse segredo. Ele
achava que ela era “algum grande Adepto indiano que havia assumido
aquela forma ilusória.”(Eek 1978, 34)
“Um de nossos Irmãos me disse que uma vez que você está insistindo
tanto comigo, é melhor que eu lhe diga de uma vez por todas que, sendo
uma europeia, não tenho nenhum direito de lhe dar qualquer informação
sobre eles; mas que se você continuar perguntando para indianos o que
eles sabem sobre o assunto, você poderá saber por eles; e um daqueles
Elevados seres talvez possa se colocar em seu caminho sem que você o
conheça, e lhe dirá o que deve fazer.” (Eek 1978, 35)
(p. 143)
“... disparou suas críticas sobre ele com excessivo rancor. Ao ouvi-la voltar
a falar sobre esse assunto, várias vezes durante a noite, alguém poderia
ter pensado que as aspirações de sua vida haviam sido comprometidas,
embora a reunião e a palestra (...) não fossem importantes para o
progresso da Sociedade de qualquer forma mais séria. Col. Olcott
suportou todos esses acessos de raiva com maravilhosa firmeza,
considerando-os todos como provações, a serem atribuídas a seu chelado
oculto; e apesar de todo esse comportamento exasperante, Mad.
Blavatsky tinha uma estranha faculdade de conquistar afeição.”
(Sinnett 1886, 229)
(p. 144)
“... fingia rir de mim por acreditar em poderes obtidos por um logue. E
quando lhe perguntei se conhecia uma mulher chamada “Mâji”, ele
respondeu – Se é que essa mulher existe por aqui, ela não é
conhecida. Sempre que lhe perguntava qualquer coisa com relação a
esses assuntos, me respondia com respostas evasivas. Fiquei
desapontado quando vi que todas as minhas expectativas ao ir a Benares
eram apenas castelos no ar.” (Eek 1978, 35)
(p. 145)
para ser tratada como um espetáculo. O casal Sinnett e Alice Gordon,
decepcionados, passaram parte da noite conversando com HPB e Olcott
sobre o assunto dos fenômenos.
“... o encontrei num estado não usual, como o que ele sempre está, quando
está explicando o Ritual. E eu percebi que o fenômeno correspondeu
exatamente à hora em que vi Swamiji no estranho estado
de “Samadhi” que lhe descrevi acima: “Samadhi” sendo, como você
talvez saiba, aquele estado quando o adepto deixa seu corpo. Portanto,
para mim não havia dúvida do que e como isso havia ocorrido.”
(Eek 1978, 37)
(p. 146)
(p. 147)
com Dr. Thibaut, diretor do Benares College, falou sobre flores. Então
HPB disse ao Pandit com quem conversava, que tentaria fazer com que
um dos Irmãos lhe desse algum sinal. Em dois segundos caiu uma chuva
de flores a seus pés.
Para Olcott, HPB contou que um Adepto, invisível para todos exceto
para ela mesma, é que havia feito a chama aumentar ou diminuir, quando
ela dava tais ordens. Outra explicação, dada em ocasiões semelhantes, era
que ela tinha poder sobre os elementais do fogo, que obedeciam a suas
ordens. Olcott comenta que o fenômeno era mais um de uma longa série:
(p. 148)
(p. 149)
direção e nós dois, para não falar de HPB, vimos que era um Mahatma.
Sua veste e turbante brancos, a grande cabeleira escura caindo sobre os
ombros e a barba cheia nos fizeram pensar que era “o Sahib”, mas quando
ele chegou na lateral da carruagem e ficou de pé a não mais que uma
jarda [91,4 cm.] de nossos rostos, colocou sua mão no braço esquerdo de
HPB, que repousava no corpo da carruagem, nos olhou nos olhos e
respondeu as nossas saudações reverentes, então vimos que não era ele,
mas um outro, cujo retrato HPB usou, mais tarde, num grande medalhão
de ouro, e que muitos viram.” (ODL Il, 144)
(p. 150)
Capítulo 10
“Conheço essa senhora há oito anos e preciso dizer a verdade de que não
há nada contra seu caráter. Nós vivemos na mesma cidade e, ao contrário,
ela era considerada como uma das senhoras mais inteligentes da época.
Madame B. é uma música, uma pintora, uma linguista, uma autora e posso
dizer que muito poucas senhoras e, de fato, poucos cavalheiros têm um
conhecimento das coisas em geral como Madame Blavatsky.” (ODL II, 97)
Essa defesa pública, somada à gentileza com que Emma Coulomb
havia recebido HPB no Cairo, abriu o caminho para uma relação mais
estreita e iniciou-se uma correspondência entre elas. Em 28 de março de
1880 o casal apareceu inesperadamente em Bombay, trazendo apenas
algumas roupas e uma caixa de ferramentas, mas foram bem recebidos.
(ODL II, 147)
(p. 151)
(p. 152)
(p. 153)
“Eu a abri, e que grande alegria senti quando vi .:. novamente! Num
sussurro muito baixo, ele me ordenou que me vestisse e o seguisse. Na
porta dos fundos da pousada está o mar. Eu o segui,
(p. 154)
como ele me ordenou. Ele me levou para a porta dos fundos do local e
andamos por cerca de três quartos de hora pela beira do mar. Então nos
movemos em direção ao mar. Tudo à volta era água, exceto o local por
onde estávamos andando, que estava bem seco!! Ele caminhava na
frente e eu o seguia. Assim andamos por cerca de sete minutos, quando
chegamos a um local que parecia uma pequena ilha. (...) Lá, num pequeno
jardim em frente, encontramos um dos Irmãos sentado. Eu o havia visto
antes na Sala do Conselho, e é a ele que esse lugar pertence. .:. sentou-se
próximo dele e eu fiquei de pé em frente a eles. Estivemos lá por cerca de
meia hora. (...) O Mestre desse local, cujo nome não sei, colocou sua
abençoada mão sobre minha cabeça, e .:. e eu fomos embora novamente.
Voltamos para perto da porta do quarto onde eu iria dormir e ele
subitamente de lá desapareceu, imediatamente.” (Eek 1978, 56-57)
(p. 155)
Pela maneira como HPB tratou Emma Coulomb até 1884, não me
parece que ela soubesse desse fato em 1880. Ela provavelmente soube
dessa tentativa de venda dos “segredos” bem mais tarde.
(p. 156)
Apesar de Olcott dizer que estava tentando saber qual era a posição
do Swami quanto aos siddhis, ele a conhecia bem, pois em dezembro de
1879 Dayanand já se recusara a fazer qualquer exibição de fenômenos
(tamasha) para o casal Sinnett. E em 26 de julho de 1880, Dayanand lhe
escrevera:
“O que eu disse para o Sr. Sinnett está certo, pois eu não considero
apropriado ver e exibir tais questões de ‘tamasha’, sejam realizadas por
prestidigitação ou pelo poder ióguico, porque ninguém
(p. 157)
(p. 158)
(p. 159)
Após pedir várias vezes para conversar com Olcott e HPB, sem
resultados, em 26 de março de 1882, Swami Dayanand fez uma palestra
pública em Bombay denunciando a ST e os fundadores por mudanças em
suas atitudes e crenças, como o fato de antes terem se declarado
membros da Arya Samaj e agora se apresentarem como budistas.
(Ransom, 169) Olcott respondeu às acusações num artigo para o The
Theosophist, em julho de 1882.
em detalhes, uma vez que tudo aconteceu como ele nos havia
prevenido.”(ODL II, 294) Ao partir, ele deixou “um barrete, muito
usado, bordado a ouro, de um formato peculiar, o qual tenho até
hoje.” (ODL II, 294) Um resultado dessa visita foi que alguns dias depois,
em 25 de fevereiro, HPB e Olcott tiveram uma longa discussão sobre a ST,
que resultou:
Logo depois, em abril, Olcott foi para o Ceilão, onde ficou até
dezembro trabalhando em prol do Budismo. Sua principal meta era
levantar um fundo para educação, que se encontrava quase
completamente nas mãos dos missionários cristãos. Logo que chegou,
Olcott editou dois folhetos: “Por que não sou Cristão?” e “Por que sou
Budista?”. Os missionários logo contra-atacaram publicando artigos
contra HPB e Olcott. (Ransom, 158)
Como já vimos, quando foi morar com HPB e Olcott, Damodar havia
renunciado à sua casta, com a autorização de seu pai, que dava todo o
apoio às buscas espirituais de seu filho. Nessa ocasião, seu pai, seu irmão
e um tio também ingressaram na Sociedade Teosófica. Entretanto, com
sua conversão ao Budismo o pai de Damodar, o tio e seu irmão mais
velho, Krishnarao, saíram da ST e se tornaram abertamente hostis a ela:
Olcott relata:
(p. 162)
“... uma carta maldosa dirigida contra a honestidade e retidão dos
fundadores da Sociedade Teosófica e jogando uma nódoa sobre os
Mahatmas, com referência a questões de minha própria família. De fato,
se fazia uma tentativa de induzir o público a acreditar que eles haviam me
feito de fantoche, para me trapacear e tirar minhas propriedades.”
(Eek 1978, 484)
(p. 163)
Quando retomou a consciência, viu que estava num outro lugar, aos
pés dos Himalaias. No local, havia apenas duas casas, uma oposta à outra.
De uma delas saiu Aquele a quem Sinnett dedicou seu livro O Mundo
Oculto: o Mestre “Koot Hoomi .:.”. Então Damodar seguiu seu guia por
cerca de meia milha, até uma passagem subterrânea natural que fica sob
os Himalaias. (Eek 1978, 61)
(p. 164)
seu corpo astral “ao verdadeiro local de Iniciação, onde estarei em meu
corpo para a Cerimônia, se me mostrar ser merecedor da
bênção.” (Eek1978, 62)
“Os ‘Irmãos’ desejam que eu informe a todos vocês, nativos, que a menos
que um homem esteja preparado para tornar-se um verdadeiro
teósofo, i.e., fazer como fez D. Mavalankar, – renunciar completamente à
casta, às suas velhas superstições e demonstrar ser um autêntico
reformador (especialmente no caso de casamentos infantis), ele
permanecerá simplesmente como um membro da Sociedade, sem
esperança alguma de receber uma comunicação nossa. (...) É inútil para
um membro argumentar: ‘Tenho uma vida pura, me abstenho de álcool,
carne e vícios. Todas as minhas aspirações são para o bem etc.’, enquanto
que constrói com seus atos uma barreira intransponível no caminho
entre ele mesmo e nós.” (MLcr., 95)
Página 11 de 19
(p. 165)
Capítulo 11
Subba Row divide com Damodar a honra de ter sido um dos mais
destacados membros indianos dos primeiros tempos da ST. Por seu
intelecto brilhante e seus conhecimentos ocultos, ele era carinhosa e
respeitosamente chamado de Swami (Instrutor) Subba Row.
(p. 166)
(p. 167)
“Para lhe falar a verdade, minha “sincera crença” é que a Índia ainda não
perdeu seus adeptos e seu “NOME INEFÁVEL” – a Palavra perdida! A
Índia ainda nãoestá espiritualmente morta embora esteja rapidamente
morrendo. Ainda temoshomens serenos entre nós (...) aqueles que quase
alcançaram as praias do oceano do Nirvana. (...) É apenas para os que
crêem sinceramente na Yoga Vidya e na existência de Adeptos, que esses
austeros místicos estão acessíveis. Mesmo se um teosofista inglês como o
Sr. Hume, por acidente, se encontrasse com um desses homens, ele logo
colocaria sua filosofia em prova. Sua aparência externa seria revoltante
para o refinado gosto de um cavalheiro inglês. Aparentemente – seu
comportamento seria aquele de um louco ou de um e idiota, e ele falaria
bobagens ininteligíveis de propósito, para afastar o visitante.” (LBS, 316)
Numa carta para HPB, em agosto de 1882, apenas quatro meses
após conhecê-la, falando de seus próprios conhecimentos, Subba Raw
escreve:
“Quanto ao adeptado, sei muito bem o quão distante estou dele. Até
agora não ouvi falar de ninguém em minha posição que tivesse tido
sucesso em se tornar um Adepto. Mesmo na prática conheço muito
pouco de nossa Antiga Ciência Arcana.” (LBS, 321)
(p. 168)
(p. 169)
“... uma tarefa além de suas forças e capacidades; pois uma vez
compromissado se quebrar sua promessa, isso o afastaria por anos, se
não para sempre, de qualquer progresso futuro. Eu disse desde o início
para Rishi“M” que sua intenção era boa, mas seu projeto precipitado.
Como pode você, em sua posição, empreender qualquer trabalho desse
tipo? O Ocultismo não deve ser tomado sem a devida seriedade. Ele
exige tudo ou nada.” (MLcr., 155)
(p. 170)
“Várias vezes me foi solicitado nos últimos três meses, por Madame
Blavatsky, que lhe desse tais instruções práticas em nossa Ciência Oculta,
conforme me seja permitido dar para alguém em sua posição; e agora sou
ordenado por ... [M] a ajudá-lo, até certo ponto, a erguer uma parte do
primeiro véu de mistério.” (MLcr., 154)
Subba Row também diz que era necessário que Sinnett agisse
estritamente de acordo com essas instruções e alterasse seu modo de
vida para estar em conformidade com as mesmas. Esse era um ponto
onde Subba Row via grandes dificuldades, pois considerava que Sinnett
não estava preparado para esse compromisso. Ele escreve para HPB
sobre essa questão, revelando nessa carta sua apreensão bem como seu
enorme conhecimento de Ocultismo prático:
(p. 171)
(p. 172)
“Nossa infeliz “Velha Senhora” está doente. Fígado, rins, cabeça, cérebro,
pernas, cada órgão e membro manifesta um duelo e estala os dedos ao
esforço dela em ignorá-los. Um de nós terá que “ajustá-la” como nosso
leal Sr. Olcott diz, ou teremos que lhe dizer adeus.” (MLcr., 56)
“Não creio que jamais tenha sido tão profundamente tocado, em toda
minha vida, por algo que testemunhei, como com o arroubo em êxtase da
pobre velha criatura, quando nos encontrou recentemente, ambos em
nossos corpos naturais (...) Mesmo nosso fleumático M. foi tirado de seu
equilíbrio, por uma tal exibição – da qual ele era o principal herói. Ele
teve que usar seu poder, e mergulhá-la num sono profundo, pois de outro
modo ela teria rompido algum vaso sanguíneo, incluindo rins, fígado e
seus “interiores” (...) em suas tentativas delirantes de achatar seu nariz
contra sua capa de montaria suja com a lama do Sikkim! Nós dois rimos,
mas como poderíamos deixar de nos sentir tocados? É claro, ela é
completamente inadequada para um verdadeiro adepto: sua natureza é
por demais apaixonadamente afetuosa e nós não temos o direito de
condescender em apegos e sentimentos pessoais.” (MLcr., 297)
“Ela está melhor e nós a deixamos perto de Darjeeling. Ela não está a
salvo no Sikkim. A oposição dos Dugpas é tremenda e a menos que nós
devotemos todo o nosso tempo cuidando dela, a “Velha Senhora” poderá
ser prejudicada, uma vez que ela agora está incapaz de cuidar de si
mesma.” (MLcr., 286)
(p. 173)
“O novo quarto, recém acabado, teve sua construção apressada para que
pudéssemos vê-lo pronto; ele foi destinado pela Madame para ser seu
‘quarto oculto’, seu próprio sanctum, especialmente privado, onde ela
seria visitada tão somente por seus amigos mais íntimos. Ele veio a ser
tristemente profanado por seus piores inimigos um ou dois anos depois.
No seu ardor de afeição por tudo que dizia respeito aos ‘Mestres’, ela
havia especialmente se dedicado em decorar um certo pequeno armário
suspenso, que seria mantido sagrado, exclusivamente para as
comunicações ocorrendo entre esses Mestres e ela mesma, e já tinha lhe
dado a designação, sob a qual ele mais tarde se tornou tão tristemente a
célebre – o santuário [shrine]. Aqui ela havia colocado alguns pequenos
tesouros ocultos – relíquias de sua estadia no Tibet – dois pequenos
retratos que ela possuía dos Mahatmas e algumas outras pequenas coisas
associadas a eles em sua imaginação.” (Sinnett 1886, 258)
O santuário ficava cercado por cortinas, no quarto oculto, vizinho
ao dormitório de HPB. Ele foi desenhado pelo próprio Alexis Coulomb, e
construído em partes desmontáveis, para que a Madame pudesse levá-lo
em sua bagagem quando fosse passar algum tempo fora de Adyar. (CW VI,
415) Funcionava como um local para comunicação com os Mestres – as
cartas a Eles endereçadas eram ali colocadas e as a respostas lá
apareciam materializadas. Esse é um fenômeno oculto:
(p. 174)
“Parece que Maha Sahib (o grande) é que insistiu com o Chohan para que
Olcott tivesse a permissão de encontrar pessoalmente dois ou três dos
adeptos além de seu guru M. Tanto melhor. Eu não serei, quem sabe, a
única a ser chamada de mentirosa, quando afirmar a realidade de suas
existências.” (LBS, 62)
“Eu lhe disse que faltavam poucos minutos para as seis da tarde. Ele
disse: “Eu recém estive na Sede” – querendo dizer no duplo [astral] – “e
aconteceu um acidente com Madame Blavatsky”. E lhe perguntei se
havia sido algo sério. Ele disse que não podia me dizer, mas achava que
ela havia tropeçado no tapete e caído pesadamente sobre seu joelho
direito.” (SPR Appendix I)
Na estação seguinte, Olcott enviou um telegrama para HPB
perguntando: “Que acidente ocorreu na Sede, em torno das 6h?
Responda para Lahore.”No dia seguinte, ele recebeu a resposta: “Quase
quebrei a perna direita, caindo da cadeira do Bispo, arrastando
Coulomb, atemorizando Morgans. Damodoss [Damodar] nos
assustou.” (SPR Appendix I)
(p. 175)
Com medo, ele agarrou o intruso pelos braços e perguntou quem era e o
que queria. Então ouviu uma voz suave e gentil lhe perguntando: “Você
não me conhece? Não se lembra de mim?” (ODL III, 37)
(p. 176)
(p. 177)
Capítulo 12
Anna Kingsford
(p. 178)
(p. 179)
(p. 180)
das igrejas. Para eles o Cristianismo era apenas uma das religiões da
Antiguidade, cujos mistérios ensinavam as mesmas verdades sobre o
destino da alma. As Iluminações confirmaram suas hipóteses, pois nelas
os Evangelhos eram quase totalmente alegóricos, uma descrição do
destino da alma.
(p. 181)
“Naturalmente, não é da minha conta porque ela não nos foi ensinada (...)
Não acredito que o mistério da incongruência dos ensinamentos de Nova
Iorque de 1875, e os posteriores na Índia possa ser explicado, pelo menos
a ponto de satisfazer àqueles que atacam o problema do ponto de vista da
crítica literária: para aqueles que têm o poder de levantar o véu e estudar
a questão a partir do interno, essa dificuldade desaparece. Mas não se
pode esperar que estudantes limitados ao plano físico recebam como
sendo conclusivas as explicações de alunos avançados da Loja Branca. A
conclusão que cheguei há muito tempo é a de que essa questão deve
simplesmente ser deixada como um mistério.” (ODLV, 38)
“... ela de fato a ensinou para mim e para outros, naquela época como
agora. (...) HPB me falou muitas vezes, pessoalmente, da real doutrina da
reencarnação, compelida pelo caso da morte de minha própria filha;
portanto, eu sei o que ela conhecia e acreditava”. (Judge 1989, 119)
(p. 182)
“O próprio crítico literário – o Sr. Sinnett – que escreve com tanta pseudo
autoridade no The Theosophist, no intervalo de um ano alterou
completamente suas visões em pelo menos uma questão importante – me
refiro à reencarnação. Quando veio nos ver a um ano atrás, em Londres,
ele veementemente negou aquela doutrina e afirmou, com imensa
convicção, que eu estava completamente enganada em meu ensinamento
referente a ela. Leu uma mensagem de Ísis Sem Véu para me contestar e
discutiu longamente sobre a questão. Ele não havia então recebido
quaisquer instruções de seu Guru indiano sobre ela. Agora ele foi assim
instruído, e escreveu uma longa carta ao Sr. Maitland reconhecendo a
verdade da doutrina que, depois que nos encontrou, foi ensinado.”
(Shirley, 15)
(p. 183)
Entretanto, o fato é que isso ocorreu após sua longa discussão com
Kingsford e Maitland. O Mestre KH diz:
(p. 184)
restantes que constituem o Espírito, ou “Mônada Espiritual” são eternos e
indestrutíveis. Esse esquema pode ser melhor compreendido
observando-se o quadro abaixo:
GRUPO I ESPÍRITO
7. Atma –
“Espírito
Puro”.
Mônada Espiritual ou “Individualidade” – e seu veículo. Eterna e
6. Buddhi – indestrutível.
“Alma
Espiritual ou
Inteligência”.
GRUPO II ALMA
5. Manas –
“Mente ou
Alma
Animal”.
Mônada Astral – ou o Ego pessoal e seu veículo. Sobrevive ao Grupo III e é
destruída depois de um tempo, a menos que reencarne, como foi dito, sob
4. Kama-
circunstâncias excepcionais.
Rupa–
“Desejo” ou
Forma
“Passional”
GRUPO III CORPO
3. Linga-
sharira –
“Corpo Vital
ou Astral”.
1. Sthula-
sharira –
“Corpo”.
(p. 185)
Maitland diz que essa questão não foi adiante nesta época, mas
depois eles ficaram surpresos ao saber que Kingsford havia sido
reconhecida pelos misteriosos chefes da ST como “a maior mística
natural de nossos dias, e com incontáveis idades adiante da grande
maioria da humanidade”. (Kingsford 1916, 11-12)
(p. 186)
A “Divina Anna”
Entretanto, o desejo de Anna Kingsford de transformar a Loja de
Londres num “corpo realmente influente”, não comprometido “apenas
com o Orientalismo”, dando especial ênfase ao estudo “da nossa Igreja
(p. 187)
Católica ocidental” (Kingsford 1916, 14), era algo que não agradava
HPB que tinha uma conhecida implicância com o Cristianismo dogmático,
tendo uma preferência particular pela filosofia oriental.
Mas havia ainda outros pontos de atrito. Anna Kingsford era uma
pioneira na luta pelo vegetarianismo e pela defesa dos animais, enquanto
Madame Blavatsky não era nem mesmo vegetariana. Além disso,
Kingsford se considerava uma profetisa, porta-voz de uma nova era e de
um novo evangelho, e com um conhecimento que ela dizia ser superior
àquele que HPB recebia, uma vez que era obtido diretamente, sem
intermediários, em suas Iluminações, enquanto a Sociedade Teosófica:
“... afirmava que suas doutrinas eram derivadas de fontes que, mesmo que
tivessem existência real – uma questão da qual não tínhamos nenhuma
prova – não podiam ser comparadas com aquelas das quais as nossas
eram derivadas, enquanto que a doutrina em si mesma era
palpavelmente inferior, até o ponto em que havia sido revelada, e isso
tanto no conteúdo quanto na forma.” (Kingsford 1916, 11)
Talvez essa seja a origem do apelido irônico com que HPB se referia
a ela em suas cartas particulares para Sinnett: a “divina Anna”. (LBS, 44)
Embora publicamente Madame Blavatsky não demonstrasse seus
sentimentos em relação a Anna Kingsford, em suas cartas para Sinnett ela
os extravasava livremente, revelando suas críticas:
“Eu era, desde o começo, contra sua nomeação, mas tive que segurar
minha língua, uma vez que é a escolha de KH e que Ele percebe sementes
tão maravilhosas nela, que Ele até mesmo desconsidera suas críticas
pessoais arrogantes acerca Dele.” (LBS, 60).
“... não foi ele, e somente ele que propôs e a elegeu como a única possível
Salvadora da Sociedade Teos. Britânica? Bem, agora agradeça a ele e fique
com ela para que os transforme todos numa geleia [um grupo amorfo,
sem identidade]. É claro que ela irá lhe adular mais do que nunca. Eu sei
que isso irá acabar com um escândalo.” (LBS, 22)
O fato é que a “divina Anna” também incomodava HPB em outros
aspectos bem mais pessoais. Anna Kingsford era uma mulher de
(p. 188)
“Diga, por que ela estava usando um vestido que parecia com “o pelo
preto e amarelo das zebras da criação do Rajá do Kashmir?” E é verdade
que usava rosas em seu cabelo “o qual é como um pôr de sol flamejante,
amarelo dourado”? E por que – piedade! Por que ela tinha “suas mãos e
braços pintados de preto, bem preto – até os cotovelos?” Ou eram luvas?
E mais, é verdade que naquela noite ela trazia uma bolsa de metal
brilhante a sua frente, com fivelas e guizos e mais alguma coisa, e
“tilintantes brincos de lua crescente” – simbólicos do crescente brilho da
“Loja de Londres”? Essa lua tomou luz emprestada do Satélite. Mas por
que – por que ela, a “mística do século” tinha que usar tantas joias! Como
pode confabular com os deuses invisíveis quando se parece “com uma
vitrine de uma joalheria inglesa em Delhi”? Bem, eu penso também tê-la
visto, e gostaria de ter o seu retrato para comparar. Pois ela me
foi mostrada. Não é alta, fina na cintura
(p. 189)
mas larga nos ombros, e muito bonita, bochechas ligeiramente rosadas e
com lábios bem vermelhos, e um nariz que fica mais largo quando ela fala,
do que quando está em repouso? Seus olhos são azul claro.
Ela é fascinante; mas então, por que fazer seu lindo cabelo ficar parecido
com “a mitra de um Dugpa Dashata-Lama”? Bem, tudo isso é besteira.
Estou extremamente triste, e não tenho ânimo para brincar.” (LBS, 51-52)
(p. 190)
(p. 191)
Para HPB e outros chelas, como Subba Row, uma tal posição era
um desrespeito inaceitável em relação aos Mestres, que lhes causava
indignação:
HPB continua sua carta dizendo que, de acordo com o Mestre esse
já havia avisado a Sinnett que, a menos que ele criasse uma Seção secreta
e também a presidisse, “enquanto que a Sra. K seria o lindo e cintilante
cartaz da “Loja”, representando o Cristianismo Esotérico ou qualquer
outra tolice – eles (os Mahatmas) não teriam mais nada a ver
membros ingleses.” (LBS, 64) E que, sob ordens do Mestre M.,
(p. 192)
Mas poucos dias depois, ela escreve para Sinnett: “Estamos fritos,
tanto você quanto eu. (...) Estamos fritos além de qualquer
redenção”.(LBS, 69) Seu plano de tirar de cena a “divina Anna” – “uma
criatura egoísta, fútil e mediunística, que gosta demais de adulação,
vestidos e jóias cintilantes para ser do tipo certo” (LBS, 69) – havia
falhado completamente, pois os Mestres haviam decidido que ela era
necessária para o movimento e deveria permanecer. Com esses
sentimentos em relação à “divina Anna”, HPB lhe respondeu com
uma “longa, polida e, pelo que eu imaginava, diplomática carta”. (LBS,
71) Porém, para sua tristeza:
“... eu mal havia acabado de copiar minha carta (inglês corrigido por
Mohini), uma operação realizada no meu melhor papel e com minha
caneta nova, que me tomou toda uma manhã, em detrimento de, e
negligenciando outros trabalhos, quando o seguinte ocorreu. Minha carta
de 8 páginas – foi silenciosamente rasgada, uma página após a outra, por
meu PATRÃO!! Sua grande mão aparecendo na mesa debaixo do nariz de
Subba Row (que queria que eu escrevesse de um modo bem diferente) e
Sua voz dizendo um cumprimento em Telugú, o qual não devo traduzir,
embora Subba Row parecesse me traduzir com grande júbilo.
(p. 193)
“KH quer que eu escreva de um modo diferente” – era a ordem. Eles (os
Patrões) confabularam e decidiram que a “divina Anna” deve ser
agradada. Ela énecessária para eles; ela é um
maravilhoso paliativo (seja lá o que for nesse mundo que essa palavra
signifique nesse caso!) e eles pretendem usá-la. Ela deve ser levada a
permanecer como a presidente auréola, e você o presidente núcleo e (ou
nucleático?). Vocês devem ver um ao outro como os dois pólos,
oportunidade guiada por Mestres, traçando finalmente o verdadeiro
meridiano entre vocês dois, para [o bem da] a Sociedade. Agora, não
imagine que eu ri ou caçoei. Estou num estado de mudo e impotente
desespero – pois dessa vez estou perdida, se entendi o
que eles pretendem!” (LBS, 71)
“As palavras de uma mulher ferida em sua vaidade física, brava por não
chamar a atenção do Mestre (KH) são menos que uma brisa passageira.
Ela pode dizer o que quiser. Os membros cumpriram seu dever
protestando, como fizeram, ela saberá melhor agora, mas ela deve
permanecer, e o Sr. Sinnett deve se tornar o líder e presidente do
círculo interno.” (LBS, 71)
Então Madame Blavatsky teve que “lhe escrever; e dizer para ela
todos os tipos de piedosas e mentirosas congratulações que não
sinto”. (LBS, 72) E, se o fez, foi apenas porque devia obediência a seu
Mestre, pois ela própria era claramente contrária, como escreve:
“Deixe o Carma disso cair sobre meu PATRÃO (“Boss”) – pois eu tenho
sido única e exclusivamente seu instrumento e agente sem
responsabilidade em tudo isso. E suponho que Mahatma KH atuou em
primeiro plano e meu Patrão, em segundo, como de costume. E como
você diz, eu tenho apenas que obedecer.” (LBS, 72)
“Sinnett Sahib – você não deve estranhar. Nós temos o bem de todo o
Movimento e da Sociedade no coração. Mesmo os desejos da maioria não
devem prevalecer – os sentimentos da minoria
(p. 194)
menos iluminada também têm que ser consultados. Deve chegar o dia em
que tudo será melhor compreendido. Enquanto isso a akhu tenta fascinar
KH com seu retrato!” (LBS, 73) [Akhu: Inteligência, entre os egípcios.
(Glossário Teosófico, 27)]
Anna B. Kingsford.
Página 13 de 19
(p. 195)
Capítulo 13
“... em uma das cartas apresentadas pelo Sr. Sinnett como tendo sido
transmitidas a ele por Koot Hoomi, na misteriosa maneira descrita, uma
passagem tirada quase que verbatim de um discurso sobre Espiritismo
feito por mim no Lago Pleasant, em agosto de 1880, e publicada no
mesmo mês pelo Banner of Light. Como o livro do Sr. Sinnett não
apareceu senão após um tempo considerável (cerca de um ano, eu penso),
é certo que não citei, consciente ou inconscientemente, de suas páginas.
Como, então, ela foi parar na misteriosa carta de Koot Hoomi?” (Kiddle)
(p. 196)
(p. 197)
“... os costumeiros ‘John’ e ‘Katie Kings’ seja lá quem eles possam e ser, e
seja lá o que ela e seus amigos acreditem acerca do que essas
inteligências invisíveis afirmam quanto às suas identidades. (...) quando
ela estava na América, um de seus espíritos que na época atendia
regularmente às suas sessões, de fato deu seu nome como sendo ‘John
King’. Agora que Koot Hoomi está em cena, será que o John King, mais
humilde, dos primeiros dias desapareceu?” (Harrison)
(p. 198)
(p. 199)
A Explicação do Mestre KH
(p. 200)
(p. 201)
Ainda nas primeiras cartas entre Sinnett e o Mestre KH, esse havia
compreendido mal a caligrafia de Sinnett, trocando “out of tune” (fora de
sintonia) por “out of time” (fora de hora). Quando Sinnett percebeu a
troca e lhe falou a respeito, o Mestre respondeu:
“Você escreveu ‘tune’? Bem, bem; eu preciso lhe pedir que me compre um
par de óculos em Londres. (...) Mas você deveria adotar o meu hábito
antiquado de ‘pequenas linhas’ sobre os “m”. Aquelas barras são úteis,
muito embora estejam ‘fora de sintonia e fora de hora’ [out of tune and
time] com relação à caligrafia moderna. Além disso, tenha em mente que
essas minhas cartas não são escritas, mas impressas, ou precipitadas, e
depois é que todos os erros são corrigidos.” (MLcr., 26)
(p. 202)
“É claro que eu tenho que ler cada palavra que você escreve; de outro
modo faria uma bela confusão com elas. E seja através de meus olhos
físicos ou espirituais, o tempo requerido para fazer isso é praticamente
igual. O mesmo pode ser dito de minhas respostas. Pois, quer eu as
‘precipite’, as dite ou as escreva eu mesmo, a diferença no tempo
economizado é mínima. Eu tenho querefletir sobre elas, fotografar cada
palavra e sentença cuidadosamente em meu cérebro, antes que elas
possam ser repetidas por meio da ‘precipitação’. Assim como a fixação
das imagens formadas pela câmara, sobre superfícies quimicamente
preparadas requer uma preparação prévia dentro do foco do objeto a ser
representado, pois do mesmo modo – como frequentemente acontece em
fotografias ruins – as pernas do modelo podem parecer fora de proporção
com relação à sua cabeça e assim por diante – temos que primeiro
arrumar nossas sentenças e imprimir cada letra que irá aparecer no papel
em nossas mentes, antes que elas fiquem prontas para serem lidas. No
presente, isso é tudo que posso lhe contar.” (MLcr., 37)
(p. 203)
(p. 204)
(p. 205)
Poucos meses após o recebimento dessa carta Sinnett foi
dispensado do segredo e, caso se sentisse preparado para “enfrentar o
fogo das negações furiosas e críticas adversas”, ele estava autorizado a
publicar a carta com as explicações. (MLcr., 420) Ele assim fez,
aproveitando o lançamento da 4ª edição de seu livro, O Mundo Oculto.
(p. 206)
Capítulo 14
“Em uma de suas cartas recentes para a “V.S.” [Velha Senhora, isto é,
HPB], você expressa sua prontidão em seguir meu conselho em quase
tudo que eu pudesse lhe pedir. Bem – o tempo chegou para você provar
sua boa vontade. E como, nesse caso específico, estou simplesmente
executando a vontade de meu Chohan, espero que você não experimente
demasiada dificuldade em compartilhar de meu destino, agindo – como
eu estou agindo. A “fascinante” Sra. K. tem que permanecer como
presidente – jusqu’au nouvel ordre [até nova ordem]. Explicações
detalhadas seriam uma tarefa por demais longa e tediosa. É suficiente que
você saiba que sua luta contra a vivissecção e sua dieta estritamente
vegetariana conquistaram completamente, para o lado dela, nosso
austero Mestre. Ele liga menos do que nós para qualquer expressão ou
sentimento de desrespeito externo – ou mesmo interno – aos
“Mahatmas”. Deixe-a cumprir seu dever para com a Sociedade, ser
verdadeira aos seus princípios e todo o resto virá no seu devido tempo.
Ela é muito jovem, e sua vaidade pessoal e outras falhas femininas devem
ser deixadas para o Sr. Maitland e o coro grego de seus admiradores.”
(MLcr., 406)
(p. 207)
E o Mestre anexa a essa uma outra carta, para ser lida numa o geral
reunião da Loja de Londres, a respeito da qual comenta Virginia
Hanson: “É uma das cartas mais importantes do livro, no que diz
respeito à Sociedade Teosófica – especialmente no
Ocidente”. (MLcr., 409) O Mestre começa dizendo que o fato de Kingsford
permanecer como presidente não era apenas o desejo dele e do Mestre
M., mas a vontade expressa do próprio Maha Chohan:
“A eleição da Sra. Kingsford não é uma questão de sentimentos pessoais
entre nós e aquela Senhora, mas baseia-se inteiramente na conveniência
de ter na direção da ST, num local como Londres, uma pessoa bem
adaptada para o padrão e aspirações de um público (por enquanto)
ignorante (das verdades esotéricas) e, portanto, malicioso. Também não é
questão que tenha a menor importância se a dotada presidente da “Loja
de Londres” da Soc. Teos. nutre sentimentos de reverência ou desrespeito
para com os humildes e desconhecidos indivíduos que estão na direção
da Boa Lei Tibetana – ou para com o autor da presente, ou qualquer de
seus Irmãos – mas antes uma questão de se a mencionada Senhora está
capacitada para o propósito que todos nós temos em nossos corações, a
saber, a disseminação da VERDADE através de doutrinas esotéricas,
transmitidas por qualquer canal religioso, e a atenuação do materialismo
crasso e dos preconceitos e ceticismo cegos.” (MLcr., 409)
(p. 208)
(p. 209)
“... também é leal e verdadeira – àquilo que ela acredita ser a Verdade. E
como ela é assim leal e verdadeira às suas convicções, por menor que
seja a minoria que a apoie no presente momento, a maioria, liderada pelo
Sr. Sinnett, nosso representante em Londres, não pode, com justiça,
atribuir-lhe a culpa, a qual (...) assim o é apenas aos olhos daqueles que
forem por demais severos. Todo teosofista ocidental deveria aprender e
recordar, especialmente aqueles que pretendam ser nossos seguidores –
que em nossa Fraternidade todas as personalidades submergem numa
ideia – direito abstrato e absoluta justiça prática para todos. E que,
embora não possamos dizer como os cristãos
(p. 210)
“... dolorosa para alguns, e cansativa para outros, ainda assim é melhor
isso do que se a velha calma paralítica tivesse continuado”. (MLcr., 413)
(p. 211)
“Não sei o que é que o Mestre ordenou Olcott a fazer. Ele guardou segredo
sobre sua instrução e não diz nada. Mas estou certa de que nem mesmo o
Chohan a imporia à Sociedade contra a vontade da maioria. Deixe que
funde uma sociedade separada da sua (...). Agora meu Patrão quer que ela
permaneça como presidente – uma vez que o Velho Chohan está
apaixonado pelo seu vegetarianismo e seu amor pelos animais – mas não
necessariamente da sua Sociedade. O Chohan a quer dentro da
Sociedade, mas não consentiria em forçar a opinião ou voto de um único
membro da LL. Ele não influenciará o último deles, pois então ele não
seria melhor que o Papa, que pensa que pode obrigar a uma obediência
inquestionável e depois evitar que caia sobre si mesmo os carmas da
pessoa. Isso é o que o Patrão acabou de me dizer para lhe escrever.
Portanto, é melhor você se preparar e buscar o conselho e a opinião de
cada membro que pensa como você, e estar pronto para se dividirem em
duas Sociedades, pois isso é o que o Coronel tem que fazer – me foi dito.”
(LBS, 81-83)
(p. 212)
trazendo uma carta fechada endereçada para “P. Sreenivas Row”. Ao abri-
la, o juiz encontrou uma afetuosa carta do Mestre KH agradecendo seus
serviços e anexando notas promissórias do governo, nas costas das quais
estava escrito, em lápis azul, as iniciais “K.H.” e que somavam 500 rúpias!
(ODL III, 66)
(p. 213)
“Não se surpreenda com nada que você possa ouvir de Adyar. Nem se
desencoraje. É possível – embora tentemos evitar isso, dentro dos limites
do carma – que vocês tenham que passar por grandes aborrecimentos
domésticos. Vocês abrigaram sob seu teto um traidor e um inimigo por
anos, e o grupo dos missionários está mais que disposto a se aproveitar
de qualquer auxílio que ela possa ser induzida a prestar. Uma completa
conspiração está a caminho. Ela está furiosa com o aparecimento do Sr.
Lane-Fox e com os poderes que você deu ao Conselho de Controle.”
(LMW 1st Series, 43)
(p. 214)
“Não preciso, não devo e não irei a Londres. Faça o que quiser. Nem
mesmo vou me aproximar de lá. Mesmo que meu Patrão tivesse me
ordenado isso – penso que preferiria enfrentar seu desagrado – e
desobedecê-lo.” (LBS, 74)
(p. 215)
odiar alguns de vocês da L.L. se tivesse que ir até lá. Você não
entende por que? Você não pode compreender, com tudo o que sabe a
meu respeito e da verdade (essa última é ignorada apenas pelos que não
querem vê-la), que seria para mim um indizível sofrimento ver como os
Mestres e sua filosofia são ambos mal interpretados?” (LBS, 78)
(p. 216)
HPB então lhe disse que o Mestre acabara de lhe ordenar que fosse para
Londres pelo expresso das 7:45 h da noite seguinte. Que ficasse por lá
apenas um dia, retornando no seguinte. Assim, inesperadamente,
obedecendo a ordens, embora confessando que não estava entendendo,
ela partiu para Londres no dia 6 de abril, ficando hospedada com os
Sinnett.
“O altivo e sério Mohini veio correndo por aquela longa sala, na maior
velocidade e, assim que alcançou o corredor, jogou-se incontinente, com
sua face no chão, aos pés da senhora de preto.” (Leadbeater, 36)
(p. 217)
(p. 218)
“... você irá encontrá-la e recebê-la como se estivesse na Índia e ela fosse
sua própria mãe. Você não deve ligar para a multidão de franceses e
outros. Você tem que impressioná-los; e, se o Coronel lhe perguntar por
que, você lhe responderá que é o homem interior, o ocupante interno que
você está saudando, não HPB, pois você foi avisado por nós nesse sentido.
E saiba, para sua própria edificação, que Alguém muito superior a mim
gentilmente concordou em inspecionar toda a situação, sob o disfarce
dela, e então visitar, através do mesmo canal, ocasionalmente, Paris e
outros locais onde membros estrangeiros possam residir. Você irá saudá-
la desse modo ao vê-la e ao despedir-se dela, durante todo o tempo em
que estiver em Paris – independente de comentários e de sua própria
surpresa. Isso é um teste.” (LMW 2nd Series, 111)
Maitland diz que Olcott teria feito essa regra, que proibia a filiação
múltipla, seguindo conselhos de Sinnett. (Kingsford 1916, 24) Talvez
(p. 219)
“Então você nega que jamais tenha havido qualquer rancor em você
contra K. [Kingsford]. Muito bem; chame-o de qualquer outro nome que
quiser; ainda assim foi um sentimento que interferiu com a estrita justiça,
e fez O. [Olcott] cometer um erro ainda pior do que o que ele já havia
cometido – mas que foi permitido seguir seu curso, pois se adequava
aos nossos propósitos, e não causou nenhum grande mal, a não ser para
ele o mesmo – que foi tão mesquinhamente desdenhado por isso.”
(MLcr., 424)
Capítulo 15
(p. 223)
entusiasmado, sobre a visita astral de seu Guru em Nova Iorque, as
viagens astrais de Damodar, a visita do Mestre KH à sua tenda em Lahore,
e a recente carta que havia caído do teto do vagão de trem enquanto
viajava entre Paris e Calais.
(p. 224)
(p. 225)
(reverendos) da Igreja. (LBS, 102) Ele estava de boa fé, abrindo seu
coração, expondo suas experiências pessoais mais íntimas e sagradas,
pensando que esse testemunho poderia ajudar na causa da ciência
espiritual e dar conforto e esperança para aqueles que não eram tão
afortunados quanto eles que passaram por tais experiências. (ODL III,
104) No entanto, diz HPB que após a publicação do relatório final
da SPR, “quando seu julgamento teve um tal fim glorioso para nós, ele
[Olcott] ficou extremamente assustado, ao ponto de transformar-se
num brâmane, um perfeito Subba Row quanto à secretividade.” (LBS,
102)
“... em seus métodos, ou melhor, nas coisas que são ditas e feitas em nome
deles, um tal desvio de nosso senso prosaico de verdade e honra de modo
a nos assegurar que algo está muito errado em algum lugar. Pois isso não
é de modo algum um caso isolado. A repetida necessidade de explicações
– que são sempre mais formidáveis do que as coisas a serem explicadas –
deve com o tempo extenuar a fé mais paciente, exceto a fé que supera
toda a inteligência, o credo quia impossibile.
(p. 226)
A Carta Britânica
“Por favor, peça a ele para pegar a carta anexa e colocá-la em seu bolso,
ou em algum lugar ainda mais misterioso. Mas ele não deve saber que é
de Ski. Deixe-o pensar o que quiser, mas ele não deve suspeitar que você
esteve perto dele com Ski às suas ordens. Ele não suspeita de você, mas
sim de Ski. (Também seria bom se ele pudesse dar à L.L. alguma prova de
afeição oriental, mas nenhum deles deve suspeitar que é de Ski, portanto
será mais difícil para fazê-lo do que seria se fosse produzido em uma de
suas seancés.)” (Price 1985a, 58)
(p. 227)
Para Massey, o fato de HPB ter pedido à Sra. Hollis Billing para
enviar a carta de “um modo misterioso”, dando a impressão de que o
próprio autor da carta é que a havia enviado ocultamente era algo que,
além de não ter resposta, lançava suspeita de fraude sobre HPB. Essa
suspeita foi ainda reforçada pelo fato de que, numa das cartas atribuídas
a Madame Blavatsky e publicadas no Christian College Magazine, ela
teria escrito a Emma Coulomb algo semelhante: “Eu lhe imploro que
envie essa carta (aqui anexa) para Damodar de um modo miraculoso.
É muito importante.” (CW VI, 301)
Sobre essa carta para Massey, o Mestre KH escreve para Sinnett, em
janeiro de 1883, que havia sido realmente “Ski” que colocara a carta
dentro do livro de atas da L.L., e que:
“Me é suficiente dizer que “Ski” por mais de uma vez tem servido
como portador e até mesmo porta-voz para vários de nós; e que no caso a
que o Sr. Massey se refere, a carta de um ‘Irmão Escocês’, havia alguém
genuíno para entregá-la, o que misteriosamente para ele, nós
terminantemente nos recusávamos a fazer – inclusive o irmão ‘Escocês’ –
uma vez que, não obstante os pedidos exaltados de Upasika de que
fizéssemos umas poucas exceções em favor de C.C. Massey, seu ‘melhor e
mais querido amigo’, (...) não estávamos autorizados a desperdiçar nossos
poderes tão insensivelmente. Madame B., portanto, foi deixada para
despachá-la pelo correio ou, se ela o preferisse, por meio de ‘Ski’ – tendo
M. a proibido de exercer seus próprios meios ocultos.” (MLcr., 352)
(p. 228)
(p. 229)
“Em vista da recente renúncia do Sr. Massey e da razão dada para ela, a
saber, suspeita dos Mahatmas, e a inclinação que tem sido demonstrada
por alguns outros membros da Loja de Londres, de desacreditar nos
ensinamentos orientais e desconfiar de seus Instrutores nós, os abaixo
assinado membros da Loja de Londres, estando convencidos de que
nenhuma educação espiritual é possível sem absoluta e simpática união
entre os estudantes companheiros, desejam formar um grupo interno. (...)
(p. 230)
(p. 231)
(p. 232)
(p. 233)
Ela também relata que, embora HPB não pudesse ver o quadro no
cavalete, fazia algumas observações ao artista, como: “Cuidado
Schmiechen; não faça o rosto redondo demais, alongue o perfil e
preste atenção na grande distância entre o nariz e as
orelhas.” (Caldwell 1991, 185) Numa carta para Sinnett, o Mestre KH
comenta sobre seu quadro:
“Acredito que agora você esteja tão satisfeito com meu retrato pintado
por Herr Schmiechien, quanto descontente com o que você tem?
Entretanto todos possuem, a seu modo, semelhanças. Apenas enquanto os
outros são produções de chelas, o último foi pintado com a mão de M. na
mente do artista, e muitas vezes usando seu braço.” (MLcr., 430)
“... por algum truque do pincel do artista, a aura brilhante ao redor das
duas cabeças parecia realmente estar num movimento trêmulo, bem
como ela é na natureza. Não surpreende que o visitante de mente
religiosa se sinta, como se fosse, tocado por um senso da sacralidade da
sala onde estão os dois retratos e a introspecção meditativa é mais fácil lá
do que em outro local. Embora grandiosos de dia, os quadros são ainda
mais impressionantes à noite, quando adequadamente iluminados, e as
imagens parecem como se prontas para sair de suas molduras e se
aproximar da pessoa.” (ODL III, 164)
(p. 234)
(p. 235)
Koot Hoomi”, escrito por seu editor, o reverendo George Patterson, com
base em 15 cartas que os Coulombs alegavam terem sido escritas para
eles por HPB. Algumas estavam em francês, outras em inglês e nelas HPB
estaria lhes dando instruções de como produzir fenômenos ocultos de
forma fraudulenta. Na edição de outubro mais um conjunto de cartas foi
publicado. (CW VI, 295)
(p. 236)
“É claro que sem ver as cartas não posso ajudá-lo com nenhuma pista
para o mistério. Eu sei como foi feito, mas uma vez que não posso prová-
lo (...) de que adianta falar nisso? A caligrafia naquele cartão não
era idêntica à minha?Entretanto você sabe que não foi feito por mim. A
letra de Alexis Coulomb é naturalmente parecida com a minha. Todos nós
sabemos como Damodar foi certa vez enganado por uma ordem
escrita na minha caligrafia para subir ao andar de cima e me procurar
em meu quarto em Bombay, quando eu estava em Allahabad. Era um
truque do Coulomb, que pensou que seria um bom divertimento enganar
a
(p. 237)
Outra pessoa que influenciou a SPR contra HPB foi o Sr. St. George
Lane-Fox, membro do Conselho de Controle em Adyar. Em 24 de
setembro de 1884 ele voltou da Índia para passar o verão na Europa.
Logo entrou em contato com a SPR, da qual era membro, para expor seus
pontos de vista com relação ao que estava acontecendo em Adyar. Massey
escreve para Myers, em 17 de outubro de 1884:
“Tive uma longa conversa esta noite com Lane-Fox e, do que ele disse, não
há dúvidas de que Damodar é muito pouco confiável. L.F. estava muito
ansioso em fazer justiça às boas qualidades de Damodar, mas deixou
claro (em linguagem direta) que ele é um mentiroso, e do relato geral
sobre ele, não tenho dúvidas de que ele tem sido usado. Isso, para minha
mente, é bastante consistente com que ele tenha sido, por sua
vez, enganado, pois ele parece ser um jovem vaidoso e convencido, usado
devido à sua faculdade mediunística, e que lhe fizeram acreditar que era
um favorito dos Mahatmas.
(p. 238)
“Você faria bem em mostrar essa carta para Sidgwick ou Hodgson,
se algum deles já não estiver a par dos fatos. Mas faça como quiser.”
(Price 1985b, 75)
(p. 239)
(p. 240)
“Pois mesmo supondo que seja provado que as cartas que os Coulombs
alegam terem sido escritas por Madame Blavatsky tenham sido por eles
falsificadas, ainda permanecerá como certo que os próprios Coulombs,
que residiram por longo tempo na Sociedade Teosófica ocupando cargos
de confiança, são trapaceiros, e que Madame Blavatsky, se não sua
cúmplice, tem sido pelo menos enganada por eles, a ponto de, pelo
menos, depositar confiança em pessoas extremamente indignas. Mais
ainda, do que é conhecido como o incidente Kiddle – e algumas outras
evidências que nos foram trazidas privadamente pelo Sr. C.C. Massey –
sugerem, pelo menos para a mente ocidental, que nenhuma precaução
pode ser excessiva ao lidar com evidências desse tipo.” (SPR Report)
(p. 241)
(p. 242)
Capítulo 16
“Se eu fosse exigir que você fizesse uma ou outra coisa, ao invés de
simplesmente aconselhá-lo, seria responsável por cada efeito que
pudesse brotar desse passo e você adquiriria apenas um mérito
secundário. (...) O discipulado é um estágio tanto educacional quanto
probacionário (...). Chelascom uma ideia errada de nosso
(p. 243)
(p. 244)
“Os adúlteros destilam um aura venenosa que inflama toda paixão ruim e
enlouquece seus ardentes desejos. O único caminho para o sucesso é a
separação absoluta: não permitirei nem um encontro, uma olhada à
distância, uma palavra ou carta. No momento em que quebrar qualquer
uma dessas uma dessas ordens você terá deixado de ser meu chela.”
(LMW 2nd Series, 151)
Podemos constatar que quanto mais profunda se torna a ligação
entre Mestre e discípulo, isto é, quanto mais o discípulo avança no
Caminho, mais usuais se tornam as ordens. Para HPB, uma discípula mais
avançada, as ordens eram tão frequentes que ela afirmava sobre seu
Mestre: “Ele sabe que eu sou apenas uma ESCRAVA e que Ele tem o
direito de me ordenar a respeito de qualquer coisa sem consultar meu
gosto ou desejo.” (LBS, 13) E exatamente por estar sempre obedecendo
ordens, diz ela, é que as pessoas pensavam que ela estava sempre
mudando de ideia:
“Ordens não são brincadeira, assim eu obedeço, e não posso fazer nada
melhor que isso. (...) Tudo depende dos caprichos de meu Patrão; (...)
Você pensa que nunca sou capaz de me decidir; você está me
considerando como quase insana. E o que posso fazer? Como posso dizer
que vou para lá ou para outro lugar quando, na undécima hora, Ele
geralmente faz uma aparição e muda todos os meus planos”. (LBS, 10)
“... é por eu confiar cegamente Nele, mesmo quando não entendo Sua
política e quando para todos os fins e propósitos Ele é o primeiro a me
sacrificar e a permitir que as coisas mais cruéis aconteçam comigo, que eu
sou o que sou: na visão dos cegos apenas uma velha mulher caprichosa e
‘lamuriosa’, mas aos olhos daqueles ‘que sabem’, sempre
uma Upasika agindo sob ‘ordens’ e, por isso, sempre tão pouco
constante.” (HPB to Judge, 2)
(p. 245)
Naquela época não havia trens de Porto Said para o Cairo e a única
forma de lá chegar era descer pelo canal de Suez até Ismailia, onde havia
um trem para a capital. À meia noite eles embarcaram no único
transporte disponível: um pequeno, sujo e desconfortável vapor que mais
parecia um rebocador. A descrição que Leadbeater faz desse trajeto nos
oferece um vislumbre das dificuldades que HPB e seus companheiros
passavam em suas viagens.
(p. 246)
noite andando – limitados pelo espaço de seis passos para cada lado do
convés – e parando ocasionalmente para olhar o Sr. Oakley que “dormia
calmamente, embora absolutamente coberto pelas repugnantes
criaturas já mencionadas – e outras.” (Leadbeater, 60)
(p. 247)
Foi então que eles viram uma espécie de bola de névoa branca se
formando num buraco do teto e se condensando num pedaço de papel
dobrado que caiu no chão do compartimento do trem. Leadbeater pegou-
o e entregou-o a HPB. Ao lê-lo ela ficou com a face vermelha e
disse: “Umph! Isso é o que ganho por tentar lhes avisar sobre os
problemas que estão à frente de vocês!” e passou o papel para CWL, que
lhe perguntou se poderia lê-lo. Ela respondeu: “Por que você pensa que
lhe dei?”
(p. 248)
(p. 249)
mesmo isso não importaria. A felicidade não é para ser ganha na terra.
Aqui temos apenas o escuro hall de entrada, e somente abrindo a porta
para o local onde verdadeiramente se vive, para a sala de estar da vida,
onde poderemos ver a luz. Seja no Céu, no Nirvana, no Swarga, é tudo a
mesma coisa: o nome não importa. Mas quanto ao Princípio divino, ele é
Um, e há apenas uma Luz, por mais diferentes que sejam as maneiras que
ela possa ser compreendida pelas várias escuridões terrenas. Esperemos
pacientemente pelo dia de nosso real, nosso melhor nascimento. Sua, até
aquele dia, até o Nirvana e para sempre.” (Letters of H.P. Blavatsky, VIII)
(p. 250)
(p. 251)
Desaparecimento do Santuário
(p. 252)
que ele lá entrasse, uma vez que tanto Madame Blavatsky, quanto Olcott e
Hartmann estavam no Ceilão.
“... logo após ter sido originalmente pendurado na parede, serrou o painel
central em dois e colou um pedaço de couro atrás, de modo que a parte de
cima pudesse ser facilmente levantada. Atrás desse painel deslizante foi
feito um buraco na parede.” (Hodgson)
“... o Sr. Coulomb afirma que os tijolos foram retirados, de modo que havia
uma comunicação através da cômoda (no fundo da qual o Sr. Coulomb fez
uma abertura com dobradiças) com o espaço vazio, e daí, através do
buraco na parede de trás, com o santuário.” (Hodgson)
(p. 253)
“Mas o painel era novo demais para funcionar bem e tinha que ser
violentamente golpeado para poder ser aberto. Tudo estava mal
planejado, sem lubrificação e não estava bem lixado. Ele havia sido
mandado embora antes de ter tido tempo de terminar.” (Cranston, 269)
“... que já havia confessado para a Sra. Oakley que havia sido ele quem
tinha queimado o santuário, ficou com medo e levando Hodgson para seu
quarto lhe mostrou as duas portas de veludo sob seu colchão, onde as
escondera por meses, dizendo que as tinha queimado porque o santuário
havia sido profanado. Ele disse a Hodgson que você [Judge], ele e Bowajee
é que tinham queimado o santuário. Bowajee o nega, e diz que você
entenderá o que isso significa.” (HPB to Judge, 2)
Naturalmente, com essas sucessivas e contraditórias versões, a
credibilidade de Hartmann ficou bastante abalada, bem como a
credibilidade do panfleto que ele havia escrito em defesa de HPB. Como
escreveu Madame Blavatsky para Judge, essas atitudes de Hartmann
fizeram com que ele fosse: “proclamado por Hodgson o maior dos
mentirosos e alguém que havia evidentemente me ajudado em minha
fraude!!” (HPB to Judge, 2)
(p. 254)
(p. 255)
Capítulo 17
Seus médicos disseram que era um milagre que ela não tivesse
morrido. Como Olcott escreve para Srta. Arundale, isso só ocorreu
porque:
(p. 256)
Isabel Cooper-Oakley ficara cuidando de HPB, numa crescente
ansiedade e preocupação à medida que ela piorava. Ela relata que mesmo
com HPB aparentemente a ponto de morrer, sentia-se sempre segura.
Para ela:
“... apesar dos médicos (que proclamaram meus quatro dias de agonia e a
impossibilidade de minha recuperação) eu subitamente melhorei, graças
à mão protetora do Mestre. Carrego em mim duas doenças mortais que
não estão curadas – coração e rins. A qualquer momento o primeiro pode
ter ruptura e o último pode me levar embora em poucos dias. Eu não
verei mais um ano. E tudo isso é devido a cinco de anos de constante
angústia, preocupação e emoção reprimida.” (MLcr., 444)
(p. 257)
Hodgson afirmou ao Sr. Oakley que havia visto, numa carta de HPB
para Chintamon, uma frase onde ela lhe pedia: “Encontre-me alguns
membros que não sejam leais, mas desleais” ao governo anglo-hindu.
(LBS, 76) Para ele era uma evidência de que ela era contra o governo.
HPB diz que sempre trabalhou para conciliar os hindus com os ingleses e,
se foi ela que escreveu essas palavras, as escreveu em algum tipo de
brincadeira. Ela lembrava que certa vez Chintamon lhe havia perguntado
sobre o governo russo, se ele era tão cruel quanto o inglês com os povos
que conquistava, ao que ela teria respondido:
(p. 258)
“E agora Hume e Hodgson incitaram Subba Row à fúria lhe dizendo que,
como um amigo e companheiro ocultista de Madame B. o governo
suspeitava que ele também fosse um espião. É a história do “Conde St.
Germain” e Cagliostro contada novamente.” (MLcr., 449)
Essa não era a primeira vez que HPB era acusada de ser uma espiã
russa. Assim que chegaram à Índia ela era constantemente vigiada por
um detetive, que a seguia por todos os lados. (ODL II, 82) Embora nada
tenha sido provado, essas acusações sempre acompanharam a vida de
Madame Blavatsky.
(p. 259)
“... pior do que isso, para meu coração, foi que HPB, de quem tenho sido
amigo leal através de todas as circunstâncias, pudesse
(p. 260)
Madame Blavatsky escreve para Sinnett que não negava que tivesse
escrito a Chintamon algo como:
“Não se preocupe com Olcott e com o que ele diz (sobre a fusão das duas
Sociedades), eu farei com que ele faça isso. Eu posso ‘psicologizar o
velho o homem com um olhar’ etc. Alguma coisa do tipo, de brincadeira,
é claro. Isso é utilizado pelo Sr. Hodgson para mostrar claramente,
baseado em minha própria confissão, que desde o início tenho iludido
e psicologizado Olcott e que; portanto, seu testemunho não tem valor.
Pobre Olcott está pronto para cometer suicídio.” (LBS, 75)
(p. 261)
“... que havia assinado algo que eles lhe trouxeram em seu leito de morte e
que disseram que era muito importante para a Sociedade, mas que ela
nunca havia compreendido tratar-se do que eu lhe descrevi, e que ela
repudiava tal ingratidão. Ela me disse para rasgar os papéis, mas eu disse
que não, que deveria guardá-los como a memória de um episódio que
poderia ser útil para o historiador do futuro.” (ODL III, 218)
(p. 262)
“Quatro pessoas desse lado dos Himalaias tiveram voz nessa questão, das
quais três eram HPB, T. Subba Row e Mâji de Benares: a principal
autoridade, é claro, era HPB, o Sr. Subba Row tendo apenas algumas
questões para serem respondidas e Mâji algumas informações
clarividentes para dar. Não mencionarei o nome da quarta pessoa, mas
apenas direi que ele é alguém igualmente bem conhecido de ambos os
lados das montanhas, e faz frequentes viagens religiosas entre a Índia e o
Tibet. Damodar esperava ter a permissão de ir com ele em sua volta a
Lhassa, embora sua constituição, naturalmente delicada, estivesse
esgotada pelo excesso de trabalho, com sinais de tuberculose e ele havia
tido algumas hemorragias. Logo após ele ter deixado Darjeeling,
circularam os mais preocupantes rumores sobre o nosso querido rapaz
ter perecido em sua tentativa de cruzar as montanhas.” (ODL III, 270)
(p. 263)
(p. 264)
(p. 265)
“Subba Row disse que a menos que o Dr. H. [Hartmann] deixasse Adyar
ele iria renunciar. Todos os hindus se recusaram unanimemente a estar
no mesmo comitê que ele; e Olcott foi notificado de que a menos que se
fizesse o Doutor ir embora, muitos renunciariam. (...)
“Ainda está para ser visto o que acontecerá com a Doutrina Oculta –
a Sociedade etc., sem mim. Eu não ligo. Estou tão enojada com suas
eternas intrigas, mentiras, conspirações e assim por diante, que à menor
provocação renunciarei até mesmo da minha filiação & romperei para
sempre toda conexão com a Sociedade.
(p. 266)
Olcott prepara, como ele me escreve, para me sacrificar pelo bem &
salvação da Sociedade & firmemente acredita que ele está fazendo o que é
correto. Ele não hesitaria em sacrificar mesmo, isso eu sei. (...)
(p. 267)
Em carta para HPB, de outubro de 1885, Olcott lhe conta que Subba
Row havia declarado que “se HPB continuar com essa agitação (...), ele
não apenas sairá da Sociedade Teosófica, mas levará todos aqueles
sobre quem tiver influência a fazer o mesmo.” (Ransom, 228)
“Por alguma razão seus sentimentos com relação a ela haviam mudado
completamente; ele agora estava positivamente hostil, e protestou
dizendo que ela não deveria ser chamada por mais um ou dois anos, de
modo a dar tempo para que a animosidade pública amainasse e evitar o
escândalo que seria causado pelos missionários, incitando novamente os
Coulombs a processá-la por difamação.” (ODL Ill, 372)
Hodgson achou HPB “difícil” por perceber que ela não confiava
nele. (Ransom, 217) Suas conversas com Damodar, Subba Row e Bowajee
também foram “difíceis”, pois para eles era degradante ter que responder
sobre assuntos sagrados. Para os três era preferível calar-se,
(p. 268)
não defendendo HPB, pois divulgar qualquer coisa acerca dos Mestres
seria uma vulgar profanação.
(p. 269)
dela, para que assim ela não divulgasse mais conhecimentos. HPB escreve
a esse respeito para Francesca Arundale e sua mãe, em junho de 1885:
“Você deve ter entendido por agora, meu amigo, que a tentativa
centenária feita por nós de abrir os olhos do mundo cego quase falhou: na
Índia – parcialmente; na Europa, com umas poucas exceções –
completamente. Há apenas uma chance de salvação para aqueles que
ainda acreditam: unirem-se e enfrentarem a tempestade bravamente. (...)
(p. 270)
“É necessário uma cabeça fria e uma natureza justa para ficar do lado da
minoria, e quando o Sr. Hodgson chegou na Índia ele encontrou toda a
comunidade anglo-indiana armada contra Madame Blavatsky, por dois
pontos principais: (1) porque ela era uma espiã russa; (2) porque ela
ficava do lado dos hindus contra os anglo-indianos, se achasse que eles
eram injustamente tratados e, sobretudo, porque tinha a coragem de
dizer isso. Agora, a posição de um jovem homem que queria ao mesmo
tempo fazer a coisa certa e ser popular com a maioria era
necessariamente muito difícil, e uma contínua série de jantares não
tendia a esclarecer suas visões, pois ele tinha incessantemente em seus
ouvidos uma torrente de calúnias contra ela. As investigações do Sr.
Hodgson não foram conduzidas com uma mente imparcial, e de ouvir
todos dizendo que Madame Blavatsky era uma impostora ele começou a
acreditar: após umas poucas entrevistas com Mad. Coulomb e os
missionários, vimos que suas opiniões estavam se voltando contra a
minoria.” (Some of Her Pupils, 16)
Página 18 de 19
(p. 271)
Capítulo 18
“Aqui estou eu. Para onde irei em seguida, não sei mais do que um
homem no mundo da lua. O único amigo que tenho na vida e na morte é o
pobre pequeno Bowajee D. Nath exilado na Europa; e o pobre querido
Damodar – no Tibet. D. Nath fica ao pé de minha cama, acordado por
noites inteiras, me mesmerizando, como prescrito por seu Mestre. Por
que Eles ainda querem me manter com vida é algo estranho demais para
eu compreender; mas Seus modos são e sempre têm sido –
incompreensíveis.” (LBS, 100)
(p. 272)
(p. 273)
(p. 274)
“Meus hábitos provavelmente não são os seus. Se você viesse para cá, eu
sabia que você teria que suportar muitas coisas que poderiam lhe parecer
desconfortos intoleráveis. É por isso que decidi recusar sua oferta e lhe
escrevi nesse sentido; mas depois que minha carta foi postada o Mestre
falou comigo e disse que era para eu lhe dizer que viesse. Eu nunca
desobedeço uma palavra do Mestre e lhe telegrafei imediatamente. Desde
então estou tentando tornar o quarto mais habitável. Comprei um grande
biombo que dividirá o quarto, de modo que você ficará com um lado e eu
com o outro, e espero que você não fique desconfortável demais.”
(Wachtmeister, 13)
(p. 275)
“... uma amiga e instrutora que fez mais por mim do que qualquer outra
pessoa no mundo, que ajudou a me mostrar a verdade, e que me indicou o
caminho para testar e conquistar o eu – com todas suas pequenas
fraquezas – e a viver mais nobremente para ser útil e para o bem dos
demais.” (Wachtmeister, 72)
A presença da condessa em Würzburg foi essencial para que HPB
retomasse o trabalho de escrever a Doutrina Secreta. Como continuavam
os rumores sobre HPB como impostora etc., Sinnett resolveu escrever sua
biografia, como um modo de tentar contrabalançar esses falatórios
adversos. Seu título inicial era Memoirs (Memórias). Entretanto, HPB
não aprovava a ideia. A condessa escreve para Sinnett, em 7 de fevereiro
de 1886:
(p. 276)
uma pessoa pode ter tantos inimigos rancorosos. Suponho que seja, em
grande medida, porque ela deixa sua língua solta, ferindo as
susceptibilidades das pessoas, sem ter essa intenção ou pensar nas
consequências. É verdade que seu Mestre lhe disse que se ela consentisse
em viver, teria que passar por amargas provações e tudo se voltaria
contra ela; mas, vendo o que vejo e sabendo o que sei, acredito que
haveria um positivo perigo em publicar suas Memoirs esse ano.” (LBS,
285)
“... primeiro a criança adotada, pois há muitas pessoas que podem trazer à
luz desagradáveis segredos de família sobre esse ponto – também a
Madame ter viajado tanto usando roupas de homem (...) e, por
último, nenhuma mençãosobre os Mahatmas, Seus nomes já foram
suficientemente profanados.” (LBS, 176)
Ainda em fevereiro surgiu mais uma razão para HPB pedir a Sinnett
que ele pelo menos postergasse a publicação das Memoirs. Um russo
conhecido de sua família, Solovyoff, que nessa época já se voltava contra
ela, começou ameaçá-la com a acusação de bigamia, pois ele dizia que:
“... o Sr. Blavatsky não está morto, mas é um “charmoso centenário” que
achou apropriado se esconder por anos na propriedade de seu irmão –
daí as falsas notícias de sua morte. Imagine o resultado se você publica
as Memoirs e se ele realmente estiver vivo e eu – não for viúva!! (...) se
isso for verdade (...) e nós falando o tempo todo dele, como se estivesse
no Devachan [no Céu, morto] (...) isso nos trará problemas sem fim.”
(LBS, 179-180)
O livro foi publicado logo depois com o título sugerido por HPB. Em
maio de 1886, HPB deixou Würzburg planejando ir para Ostende, na
Bélgica. Antes de viajar enviou o que havia escrito da Doutrina
Secreta para Subba Row, em Adyar. No caminho fez uma visita
(p. 277)
Mary Gebhard
(p. 278)
(p. 279)
“De nossa parte, nós não a consideramos como o arauto de sábios ocultos,
nem como uma aventureira vulgar; pensamos que ela atingiu um título,
para nos lembrarmos permanentemente, de uma das mais perfeitas,
engenhosas e interessantes impostoras na história.” (Ransom, 214)
Entre as novidades estava a de que Babula, seu fiel servo, que não
conhecia uma única letra em inglês, era apontado como o autor das cartas
do Mestre de HPB. Outra era que Mohini, Babajee, Bawani Row,
(p. 280)
“Tudo mudou. Um vento hostil está soprando sobre nós. Que cura, que
saúde será possível para mim? Terei que voltar rapidamente para o clima
que é fatal para mim. Não há como evitar. Ainda que eu pagasse por isso
com a morte, preciso esclarecer esses esquemas e calúnias porque não é
apenas a mim que eles prejudicam: eles abalam a confiança das pessoas
em nosso trabalho e na Sociedade, à qual eu dei toda a minha alma. Então,
como posso ligar para a minha vida? Eles nos escrevem que em Madras,
Bombay e Calcutá os muros das ruas estão cobertos com milhares de
cartazes: ‘Queda de Madame Blavatsky; suas Intrigas e Fraudes
Descobertas’ – e assim por diante.” (Letters of H.P. Blavatsky, VII)
“Não; você está errado, se pensa que são os Mestres que querem que as
pessoas acreditem que sou culpada. Ao contrário; embora incapazes de
me ajudar diretamente, pois não ousam interferir com meu carma, eles
são justos demais para não desejar me ver defendida por todos aqueles
que honestamente sentem que sou inocente. Aqueles que o fazem, apenas
ajudam os seus carmas, aqueles que não – colocam uma mancha nele. O
que Eles querem é apenas mostrar que fenômenos sem a compreensão
das condições filosóficas e lógicas que os produzem – são fatais e sempre
se tornarão desastrosos.” (LBS, 113)
(p. 281)
(p. 282)
(p. 283)
“... não está no fato dele assumir o nome, pois era o nome de
mistérioescolhido por ele quando se tornou chela do Mestre; mas em se
aproveitar de que meus lábios estavam fechados; das concepções
errôneas das pessoas sobre ele, de que ele, esse atual Babajee, era um
ELEVADO chela, quando era apenas um chela em provação (...) Você fala
de “fraudes” mistérios e ocultamentos nos quais você
“nunca deveria estar envolvido”. Muito fácil de falar por alguém que não
está sob o compromisso de qualquer juramento ou voto. Eu gostaria que
você, com suas noções europeias de veracidade e “código de honra”, e
mais isso e aquilo, fosse submetido à provação por uma quinzena.” (LBS,
170)
(p. 284)
um reflexo desse verdadeiro D. Nath. E lhe revela acerca dela mesma que:
George R. S. Mead.
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(p. 286)
Capítulo 19
Archibald era quase um ano mais velho que o irmão de seu pai,
Bertram, que nasceu em Birkenhead, Inglaterra, em 4 de abril de 1860.
Bertram foi educado dentro do Cristianismo místico de Swedenborg e
também estudou em Cambridge, onde formou-se em Matemática. Ele
sentia grande atração por filosofia e ciência e, na época de Cambridge,
estudou mesmerismo, Eliphas Levi, os místicos medievais e os escritores
neoplatônicos. (CW IX, 427)
Em 1884, Archibald e seu tio Bertram entraram para a ST em
Londres, juntamente com o casal Oakley. A primeira vez que os dois
encontraram com HPB foi na reunião da Loja de Londres convocada para
discutir a eleição entre Sinnett e Anna Kingsford. Durante a estadia de
HPB na Europa em 1884, Archibald quase não pode conviver com ela,
pois estava ocupado com seus estudos, mas Bertram passou muito tempo
com HPB, em Paris, Londres e Elberfeld, na casa dos Gebhards.
(p. 287)
“... era uma série de ensaios com informações do maior interesse mas, a
meu ver, não tinha nenhum plano concatenado. Era um caos de
possibilidades, mas de nenhum modo um vazio, ainda que estivesse sem
forma. (...) eu começava a trabalhar nos manuscritos, enquanto Mad.
Blavatsky trabalhava em seu próprio quarto e ficava invisível até o fim da
tarde. Ela poderia aparecer para o seu jantar, mas suas refeições eram o
desespero da empregada que as preparava, pois eram banquetes cujo
horário era muito mutável. À noite ela emergia e então conversávamos
sobre a sua planejada visita à Inglaterra, o trabalho a ser feito lá,
a Doutrina Secreta e assuntos gerais. Na maior parte da noite, enquanto
conversávamos, ela jogava sua “paciência”, conversando enquanto
arrumava as cartas.” (Keightley)
HPB prometeu a Archibald que iria a Londres, mas que ainda não
podia fixar a data. Após dois ou três dias ele voltou à Inglaterra e
começou a procurar um local onde pudesse hospedá-la. Porém, dez dias
após seu retorno, chegaram notícias de que ela estava muito doente, com
infecção nos rins. Dr. Ellis, um médico que fazia parte do grupo de
teosofistas de Londres, foi para Ostende.
(p. 288)
(p. 289)
HPB, então, lhes disse que ela lavava as mãos, e que eles tentassem
organizá-la o melhor que pudessem. Os dois estudaram os manuscritos e
lhe apresentaram uma organização com base no caráter do assunto,
sugerindo que o trabalho fosse feito em quatro volumes, cada qual
dividido em três partes: (1) as Stanzas e os Comentários; (2) Simbolismo
e (3) Ciência.
A tarefa tornava-se ainda mais difícil pelo fato de que HPB lhe dizia
para fazer como quisesse, enquanto que outros, que também haviam sido
chamados para ajudar, insistiam que a linguagem original devia ser
mantida, de modo que aqueles que fossem ler o livro pudessem ter a sua
escolha sobre o que a autora queria dizer. Enquanto isso:
(p. 290)
“ ‘Apenas você pode nos iluminar e dar vida à Sociedade em Londres, que
está hibernando e inativa.’ Bem, agora eles têm o que queriam; eu vim e
joguei mais lenha na fogueira – espero que eles não se arrependam. Sento
em minha mesa e escrevo, enquanto todos eles pulam à volta e dançam a
minha música. Ontem tivemos uma reunião na qual foi formado um novo
ramo da ST e imagine só – unanimemente a chamaram ‘A Loja Blavatsky
da Soc. Teosófica’! (...) Isso é o que chamo de bater direto na face
da Psychical Research Society; que eles saibam de que material nós
somos feitos!” (Letters of H.P. Blavatsky, XI)
Ela também escreve para a condessa, que ainda estava na Suécia,
sobre a fundação da Blavatsky Lodge e lhe pedindo que viesse logo, pois
havia tanto trabalho teosófico para fazer que:
“Até agora ela está composta por quatorze pessoas. Você também
sabe que uma Theosophical Publishing Company foi formada pelas
mesmas pessoas e que nós não apenas começamos uma nova revista
teosófica, mas que eles mesmos insistem em publicar a Doutrina Secreta.
Tenho reuniões regulares às quintas-feiras, quando dez ou onze pessoas
têm que se apertar em meus dois quartos, e sentar em minha
escrivaninha e sofá. Eu durmo no meu sofá de Würzburg, pois não há
espaço para uma cama. Você, se vier, terá um quarto no andar de cima.”
(Wachtmeister, 65)
(p. 291)
“Deixe S.R. [Subba Row] fazer o que ele quiser. Eu dou a ele carte
blanche. Confio em sua sabedoria muito mais do que na minha, pois eu
posso, em vários pontos, ter compreendido mal tanto o Mestre quanto o
Velho C. [Cavalheiro, ou o Mestre Narayan]. Eles me dão apenas fatos e
raramente ditam em sequência.” (Zirkoff, 38)
(p. 292)
“... me ajudar e corrigir minha D.S. desde que eu tirasse dela todas as
referências aos Mestres! Agora, o que é isso? Será que ele quer dizer que
eu deveria negar os Mestres, ou que eu não Os compreendo e mutilo os
fatos que Eles me dão, ou que ele, S.R., conhece as doutrinas do Mestre
melhor que eu? Pois pode significar tudo isso.” (Zirkoff, 48)
(p. 293)
A casa na Lansdowne Road era bem maior e HPB pode ocupar todo
o andar de baixo. Tinha um pequeno dormitório que ligava-se a um
escritório grande, onde ela escrevia. Os Keightleys se preocupavam com
pequenos detalhes que pudessem contribuir com o bem-estar de HPB.
Assim, no escritório a mobília foi arrumada à volta de HPB de modo que
ela pudesse alcançar seus livros e papéis sem dificuldades.
(Wachtmeister, 67)
(p. 294)
(p. 295)
(p. 296)
Essa profunda luta interna não se resolvia, e Besant mais uma vez
foi a Lansdowne Road para ter mais informações sobre a ST. Então
Madame Blavatsky olhou-a penetrantemente e lhe deu o relatório da SPR,
dizendo apenas: “Vá e leia-o; e se, após sua leitura, você voltar – muito
bem.”(Caldwell, 269) Annie leu o relatório e, no dia seguinte, formulou o
pedido de ingresso na Sociedade Teosófica. Ao receber seu diploma de
membro, dirigiu-se para Lansdowne Road, onde encontrou HPB sozinha.
Ela relata o encontro:
“... aproximei-me dela, inclinei-me e beijei-a mas sem falar nada. “Você
ingressou na Sociedade?” “Sim.” “Leu o relatório?” “Sim” – “E então?” Caí
de joelhos diante dela e apertei suas mãos entre as minhas, olhando
direto em seus olhos. “Minha resposta é: você me aceitaria como sua
discípula e me daria a honra de proclamá-la ao mundo como minha
instrutora?” O seu austero semblante se suavizou e lágrimas irreprimíveis
lhe brotaram dos olhos;
(p. 297)
depois, com dignidade mais régia, colocou a sua mão sobre a minha
cabeça, dizendo: “Você é uma nobre mulher! Que o Mestre a abençoe!”.”
(Caldwell, 269)
(p. 298)
(p. 299)
(p. 300)
“H.P.B. era uma guerreira, não uma sacerdotisa, era uma profetisa mais
do que uma vidente; ela era, além disso, muitas coisas que você não
esperaria como um instrumento para trazer de volta
(p. 301)
HPB.