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ÍNDICE
De Cesar e de Deus11
DA LEI DIVINA OU NATURAL "Cequessu" 13
DA LEI DE ADORAÇÃO A Comunhão com Deus17
A Porta do Coração22
DA LEI DO TRABALHO Em Favor do Equilíbrio26
O Pão da Vida30
DA LEI DE REPRODUÇÃO Controle da Natalidade34
A Força da Inteligência40
DA LEI DE CONSERVAÇÃO A Exceção que se Perpetua44
Os Limites dos Gozos48
DA LEI DE DESTRUIÇÃO Destruição ou Renovação?51
Desastrado Desembarque54
A Reverencia pela Vida58
Comando Divino62
Miscigenação Carmica 66
DA LEI DE SOCIEDADE A Necessidade de Participar70
A Primeira Pessoa do Plural 74
Eremitas do Asfalto 78
DA LEI DO PROGRESSO Ajuda Inestimável82
Imigração Espiritual86
O Fenômeno e a Crença90
DA LEI DE IGUALDADE Primitivismo ou Subnutrição)95
Mobilização99
O Homem e a Mulher103
DA LEI DE LIBERDADE Os Limites da Liberdade109
Determinismo e Livre-Arbítrio 113
O Objetivo único da Vida117
Fatalidade e Criminalidade 123
DA LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE Tempero Indesejável
127
Justiça Iluminada 130
A Caridade e o Amor134
DA PERFEIÇÃO MORAL A Valiosa Experiência de Agostinho. 138
DE CÉSAR E DE DEUS
"Que se deve entender por Lei Natural?" "A Lei Natural é a Lei de Deus. É
a única verdadeira para a felicidade do Homem. Indica-lhe o que deve fazer
ou deixar de
fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta." Questão n° 614 (Da Lei Divina
ou Natural).
Fora esse o tema escolhido pelo estudante que, como tantos outros, se
alfabetizara na adolescência, em curso tipo "mobral"; em seguida, transitou
precariamente pelo
supletivo ginasial e colegial e, num exame elementar de seleção, em escola
com oferta de vagas maior que a procura, ingressou no curso superior. Um
semianalfabeto
na faculdade, por falta de vivência escolar, de convívio com os livros, em
aprendizado metódico e disciplinado.
Quem raciocina assim desconhece que a oração não objetiva trazer Deus
até nós, mas de elevar-nos até Ele; nem se trata de expor nossos desejos e,
sim, de criar condições
para receber Suas bênçãos, que se espalham por todo o Universo. Estamos
mergulhados nelas, diz André Luiz, como peixes no oceano. Todavia, para que
as assimilemos
é preciso que preparemos o coração, a fim de não nos situarmos como um
homem que morre de sede, embora dentro de uma piscina, por recusar-se a
abrir a boca.
Há quem reclame que suas preces não são ouvidas. É, que pedimos o que
queremos; Deus nos dá o que precisamos, e raramente compatibilizamos
desejos e necessidades
legitimas. A criança com uma fratura na perna pedirá mil vezes a seu pai
que a liberte do gesso que a incomoda. Não será atendida, em seu próprio
beneficio. Todos
temos "fraturas morais". Se pretendemos que o Senhor nos libere de
sofrimentos e dificuldades retificadoras, fatalmente colheremos decepções.
O ideal, portanto, não é pedir que Deus nos favoreça nas situações da Terra,
mas que nos fortaleça para as realizações do Céu, inspirando-nos o
comportamento mais
adequado, a atitude mais digna, o esforço mais nobre.
"Sim, há muito que agradecer. Deus está presente em tudo! Nesta flor que
desabrocha, deslumbrante; naquela cascata que canta a sublimidade da Vida,
no Sol, que ilumina
o Mundo!..."
Com contusões generalizadas, sentindo mil dores, foi socorrido pelo seu
mestre, que ouvira o barulho. Medicado, entre gemidos, o discípulo comentou,
queixoso:
A PORTA DO CORAÇÃO
Havia um preto velho que era escravo. Trata-se, sem dúvida, da mais
degradante condição social a que se possa submeter alguém. O infeliz não
detem a posse de si
mesmo. Há um senhor que pode dispor de seu corpo, de seu trabalho, de
suas horas e até de seu corpo. Não obstante ele vivia relativamente feliz,
porquanto era alguém
profundamente ligado a Deus.
Diariamente, em plena madrugada, dirigia-se à gleba de terra sob seus
cuidados e, antes de iniciar o trabalho do dia, tirava o chapéu, erguia o olhar
para o céu,
levava a mão direita ao peito e dizia, humilde:
"Sinhô! Preto veio ti qui!" Apenas isso. Ele era analfabeto e não conhecia
muitas palavras, mas fazia o essencial: exercitava o sentimento, com o
impulso do filho
de Deus que não quer iniciar seu dia sem pedir a bênção do pai.
"O essencial não é orar muito, mas orar bem. Essas pessoas supõem que
todo o mérito está na longura da prece e fecham os olhos para seus próprios
defeitos. Fazem
da prece uma ocupação, um emprego, nunca, porem, um estudo de si
mesmas. A ineficácia, em tais casos, não é do remédio, sim da maneira por
que o aplicam."
No quadro "A Luz do Mundo" o pintor Holan Hunt mostra Jesus num jardim,
à noite, segurando na mão esquerda uma lanterna, e com a direita batendo
numa porta. Ao ver
o quadro um critico de arte observou:
- Senhor Hunt, esta obra não está acabada. Falta pintar a maçaneta da
porta.
EM FAVOR DO EQUILiBRIO
A semente que germina, a flor que desabrocha, a criança que vem à luz,
originam-se de outros seres. A Natureza lhes oferece alimento, o tempo lhes
impõe transformismo
incessante, a Vida cumpre seus ciclos, mas é o Governador Supremo quem
comanda o processo.
O PÃO DA VIDA
É elementar que não podemos analisar a Bíblia em seu sentido literal, sob
pena de cairmos em infantilidades como a de supor que Deus tenha criado o
Universo em
seis dias, descansando no sétimo, como se fora um operário cósmico.
A Bíblia revela que Adão e Eva perderam o paraíso por terem cometido o
"pecado" de comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Um incrível
absurdo, se tomado
ao pé-da-letra. Imaginemos um pai ameaçando o filho:
O castigo divino, "ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto", registrado
na Bíblia, apenas exprime uma contingência imposta pelas necessidades
evolutivas do
Homem, não mais um simples animal irracional, controlado pelo instinto,
mas um ser inteligente chamado a exercitar o livre-arbítrio.
Para tanto é preciso trabalhar por um outro tipo de alimento, que muito mais
que o mero suor do rosto, exige o desenvolvimento da sensibilidade, a
disciplina das
emoções e muita humildade, para que, habilitado a enxergar alem das
limitações fisicas, encontre os sinais de sua gloriosa destinação.
Algo desse "pão da vida" foi oferecido ao Homem num instante glorioso da
história humana, por um mensageiro divino que se chamou Jesus.
CONTROLE DA NATALIDADE
As três questões propostas por Kardec, em relação ao tema que ele define
como "obstáculos à reprodução",
são sugestivas e representam preciosa contribuição para uma definição
espirita a respeito do assunto.
Ora, se ele pode fazê-lo em relação aos seres inferiores, colaborando com
o Criador, obviamente pode desfrutar de idêntica prerrogativa em relação a si
mesmo. A
paternidade é um compromisso intransferível e quanto mais conscientes
estiverem o homem e a mulher dos cuidados que devem dispensar aos filhos,
mais amplo o seu
direito de planejar a família. Não é razoável impor-lhes que não evitem filhos,
brandindo ameaças de sanções
divinas, porquanto os que assim proclamam não irão ajudá-los a sustentar
a prole, nem enfrentarão os intermináveis cuidados e preocupações que ela
exige.
Realmente isso ocorre, mas não como regra geral. HA muitos casamentos
acidentais e uniões passageiras, motivados por mera atração física, sem
ascendentes espirituais
(o crescente contingente de pessoas que partem para novas experiências
conjugais evidencia esta realidade, já que, normalmente, ninguém, ao
reencarnar, propõe-se
a essa diversificação). Considere-se%tambern, que há muitos Espíritos que
literalmente são tragados pelas leis do renascimento quando o óvulo é
fecundado pelo espermatozOide,
após a relação sexual, que estabelece um campo de força magnética
passível de atrai-los para a reencarnação, quando ligados ao casal, não raro
em processos obsessivos.
Não nos referimos As entidades malfazejas, inteligentes, conscientes dos
transtornos que causam. São apenas companheiros de inconsequência do
passado, empolgados
pelas impressões da vida material, que se imantam ao seu psiquismo, em
decorrência dos princípios de afinidade. Funciona aqui o automatismo das leis
de Sintonia
Psíquica, Causa e Efeito e Reencarnação, sem que tenha ocorrido prévio
entendimento entre eles.
A FORÇA DA INTELIGÊNCIA
Outro exemplo típico está nas grandes usinas hidroelétricas, onde o imenso
potencial de força de um rio domado e utilizado para movimentar turbinas que
geram energia
que substitui o esforço físico, oferecendo conforto e facilidades a milhões de
pessoas.
Só não vivemos num paraíso terrestre porque ainda ha no homem atual uma
característica que o aproxima dos habitantes das cavernas: a tendência de
resolver seus problemas
com o exercício da força. Isso ocorre tanto no plano coletivo como individual.
A Doutrina Espirita pode nos auxiliar nesse sentido, desde que nos
disponhamos a ultrapassar a superficialidade que marca o comportamento de
muitos protitentes que
a procuram por mero instinto de conservação, como quem busca uma poção
milagrosa. Não entendem que o Espiritismo não pode ser encarado como
"remédio". É muito mais
uma "receita" de equilíbrio, que jamais entenderemos em toda sua
abençoada extensão, enquanto não nos dispusermos ao estudo diligente de
seus princípios, habilitando-nos
a disciplinar nossos impulsos com o exercício da razão.
"Traçou a Natureza limites aos gozos?" "Traçou, para vos indicar o limite do
necessário. Mas, pelos vossos excessos, chegais à saciedade e vos punis a
vós mesmos."
"Que se deve pensar do homem que procura nos excessos de todo gênero
o requinte dos gozos?" "Pobre criatura! Mais digna é de lástima que de inveja,
pois bem perto
está da morte!" "Perto da morte física, ou da morte moral?" "De ambas."
Questões 713, 714 e 714-a (Da Lei de Conservação).
No irracional tais gozos são disciplinados pelo instinto. Ele exercita o sexo
somente no cio, e se alimenta observando estritamente suas necessidades.
Com o Homem é diferente. Detendo a coroa da razão, que lhe outorga o
livre-arbítrio, ultrapassa os limites do instinto e pode experimentar os prazeres
do sexo e
da alimentação onde, como e quando queira.
DESTRUIÇÃO OU RENOVAÇÃO?
O dia morre quando chega a noite que, por sua vez, apenas antecipa novo
alvorecer; a primavera sucede o inverno, que voltará em novo ciclo; o próprio
mundo em que
vivemos teve sua origem há perto de cinco bilhões de anos e desaparecerá
passados mais alguns bilhões. Enquanto isso, incontáveis planetas estão
surgindo no Cosmos
para cumprir idêntica trajetória...
O mesmo ocorre com os seres vivos, vegetais e animais, que nascem,
crescem, reproduzem-se e morrem, mas são eternos em essência espiritual
que se aprimora incessantemente,
a caminho da racionalidade que os
promoverá a Espíritos, com uma nova meta pela frente: a angelitude.
DESASTRADO DESEMBARQUE
Daí ser tão forte o instinto de conservação nos seres vivos, instrumento da
Natureza para que sejam aproveitadas integralmente as oportunidades
oferecidas pela jornada
terrestre.
Este assunto deve ser abordado com frequência no Centro Espirita; onde
em reuniões públicas de assistência espiritual pelo menos vinte por cento dos
presentes, pensam
ou já pensaram no suicídio como solução para seus problemas.
Em visita a enfermos em hospitais encontramos frequentemente pessoas
que tentaram se matar. Os motivos geralmente são fúteis: briga com
namorado, desentendimento
familiar, desemprego... Há até os que alegam simplesmente ter perdido a
graça de viver... Certamente modificariam suas cdisposições se esclarecidos
sobre o que espera
aqueles que "saltam do trem".
Assim como responderão por suas iniciativas os que matam por prazer,
serão responsabilizados perante as leis divinas aqueles que judiam dos
irracionais para atender
As suas ambições.
Mais adiante: "Se ele está penetrado pela ética da reverencia pela vida, ele
só prejudica ou destrói outras vidas em caso de necessidade, e não por
leviandade. Ele
procura desfrutar a felicidade de proteger a vida e afastar dela o sofrimento
e a destruição."
Em homens como Schweitzer a reverência pela vida é instintiva, algo que
brota espontâneo das profundezas de seus espíritos, sedimentado por
milenárias experiências.
Não obstante, ela pode ser desenvolvida também a partir de um processo
de conscientização.
o que faz a Doutrina Espirita com o enunciado das Leis Divinas, induzindo-
nos a meditar sobre a extensão de nossas responsabilidades no trânsito pelos
domínios da
Natureza. Conhecemos pescadores e caçadores de fim de semana que,
tocados pelos princípios espiritas, cultivam hoje lazeres mais edificantes.
COMANDO DIVINO
"Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?"
"Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma
necessidade para
a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem
um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo,
para que os resultados
possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os
apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos
causam. Essas
subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto
se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em
alguns anos o que teria
exigido muitos séculos." Questão n° 737 (Da Lei de Destruição).
MISCIGENAÇÃO CÁRMICA
- Não fui eu! Vários golpes no rOsto o derrubam. - Não fui eu! Pontapés
distribuem-se pelo seu corpo...
- Pelo amor de Deus! Piedade! Não fui eu!... A agressão prossegue, violenta,
até que o infeliz desmaia. - Podem parar. Continuaremos amanhã. Esse
cretino há de confessar!
Uma das iniciativas fundamentais nesse sentido é aquela que nos conduz
ao encontro daqueles que foram marginalizados pela penúria, ajudando-os
com recursos materiais
e espirituais, bem como oferecendo-lhes os indispensáveis valores da
educação, a fim de que os Espíritos imaturos que há em seu meio, como em
toda a sociedade, não
se disponham a resolver seus problemas apelando para a violência, a
exercitar a crueldade com a mesma naturalidade com que o homem culto e
virtuoso exercita a bondade.
A NECESSIDADE DE PARTICIPAR
"A vida social está em a Natureza?" "Certamente. Deus fez o homem para
viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras
faculdades necessárias
à vida de relação." Questão n° 766 (Da Lei de Sociedade).
Em 1932 Aldous Huxley, conhecido escritor inglês, lançava seu mais famoso
livro: "O Admirável Mundo Novo", uma visão pessimista do futuro da
Humanidade, em que imaginava
uma sociedade onde a família estaria abolida. Isso deveria ocorrer até o final
deste século.
Nessa "admirável" loucura a mulher não mais daria luz. Os filhos nasceriam
em incubadeiras altamente sofisticadas, madres artificiais. Ninguém teria pai
nem mãe.
Seria considerado subversão falar-se do assunto.
Exercitar-se-ia o sexo sem compromisso, heterogeneamente. Cada
indivíduo cuidaria da própria vida, sem deveres com ninguém a não ser com o
Estado.
"Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração; ser mãe e ter no alheio lábio
que suga o pedestal do seio onde a Vida, onde o amor, cantando vibra.
Ser mãe é ser um anjo que se libra sobre um berço dormido, é ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio, é ser força que os males equilibra.
Todo o bem que a mãe goza é bem do filho, espelho em que se mira
afortunada, luz que lhe põe nos olhos novo brilho.
Ser mãe é andar chorando num sorriso, ser rude é ter um mundo e não ter
nada, Ser mãe é padecer num paraiso."
Estes versos exprimem com fidelidade o que é o amor sublime que brota
espontâneo na mulher que concebe, luz divina depositada em seu coração,
transformando-a em
colaboradora do Céu a iluminar os caminhos de filhos de Deus sob seus
cuidados.
Por isso a família jamais desaparecerá, sejam quais forem as novidades
inventadas pelo homem e as fantasias inspiradas no decantado amor livre,
que não passa de
mero exercício de sexo irresponsável. Qual a mãe que se sente com
liberdade plena de fazer o que lhe aprouver, sem considerar a prole? Amor é
compromisso, é dedicação,
é esforço, é trabalho em favor do ser amado.
EREMITAS DO ASFALTO
"Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um
sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objetivo de
ordem mais geral?"
"O homem tem que progredir. Insulado, não lhe é isso possível, por não
dispor de todas as faculdades. Falta-lhe o contato com os outros homens. No
insulamento, ele
se embrutece e estiola." Questão n. 768 (Da Lei de Sociedade).
Seguem esse caminho abençoado aqueles que se empenham por ser úteis,
buscando ajudar o semelhante em suas necessidades, onde estiverem,
conscientes de que serão
felizes na medida em que trabalharem pela felicidade alheia.
AJUDA INESTIMÁVEL
IMIGRAÇÃO ESPIRITUAL
O FENÔMENO E A CRENÇA
Muitos religiosos perguntam por que Deus não evidencia sua existência com
prodígios que convençam os incrédulos irredutíveis e os materialistas
impenitentes.
- Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tão pouco acreditarão, mesmo que
alguém se levantasse dentre os mortos!
Oh! estranha contradição! Tu, bem perto de mim, e eu, tão longe de Ti!
PRIMITIVISMO OU SUBNUTRIÇÃO?
"Perante Deus, são iguais todos os homens?" "Sim, todos tendem para o
mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: "O Sol
brilha para todos"
e
enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais." Questão
n° 803 (Da Lei de Igualdade).
Nessa longa jornada rumo aos objetivos finais de nossa existência, não
partimos todos ao mesmo tempo. HA, por isso, Espíritos em variadas faixas
de evolução. Natural,
portanto, que os encontremos na Terra, encarnados ou desencarnados,
revelando profunda diversificação de entendimento, compreensão,
inteligência, vocação, moralidade.
Aos que supõem que semelhante esforço é mera utopia, recordamos que
Jesus não foi um visionário empolgado por sonhos irrealizáveis. Ao empenhar
seu apostolado no
esforço em favor dos humildes, deixou bem claro que verdadeira utopia é
pretender que o Reino de Deus se estabeleça no Mundo por decreto divino,
sem adesão da criatura
humana aos princípios de solidariedade e fraternidade que o fundamentam.
MOBILIZAÇÃO
Isto equivale a dizer que os males do Mundo são obra de Deus, o que está
fundamentalmente errado. Eles são produzidos pelo Homem, que, com suas
ambições,
sua incúria, seus preconceitos, gera os desníveis sociais, as crises
econômicas, as guerras destruidoras, a crônica infelicidade.
Quando Jesus proclama que não cai uma folha da árvore sem que seja pela
vontade de Deus, isto não significa que Deus derrube as folhas. O Criador
sustenta a vida,
que se perpetua no transformismo incessante da Natureza, segundo as leis
por Ele instituidas.
Da mesma forma, Deus não gera os males humanos, mas permite que
aconteçam para que o Homem aprenda, com a força de suas experiências, o
que é melhor para ele, no
incessante transformismo da moral em evolução, igualmente orientada por
leis divinas.
O HOMEM E A MULHER
Em 1857, quando foi lançado "O Livro dos Espíritos", era inconcebível
qualquer pretensão de igualdade entre os sexos. Estavam por ser articulados
os movimentos feministas
que garantiriam à mulher o direito de votar, de exercer profissão liberal, de
gerir seus próprios negócios, de exercitar o livre-arbítrio. Nesta como em
muitas outras
questões, a Doutrina Espirita situava-se numa vanguarda de ideias
renovadoras em favor de uma sociedade mais justa.
Muitos lares estão em crise porque a mulher não admite ser contestada em
sua disposição de fazer o que julga conveniente, em favor de sua auto-
realização, não vacilando
em partir para a separação se encontra resistência no cônjuge.
"Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso e que cada um esteja no lugar
que lhe compete"...
"O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher o mais sublime dos
ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar. O trono
exalta; o altar santifica.
Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra. A mulher onde começa
o céu."
OS LIMITES DA LIBERDADE
Um naufrago vem ter a uma ilha deserta. Constrói tosca habitação e ali se
instala. Sua liberdade é plena. Movimenta-se A. vontade. Faz e desfaz,
conforme lhe parece
conveniente, senhor absoluto daquela porção de terra.
Não nos é licito, na vida comunitária, dar livre expansão a impulsos como o
de transitar de automóvel pelas ruas A velocidade de cem quilômetros
horários; a ninguém
é permitido, em logradouro público, postar-se nu, nem ali despejar lixo ou
satisfazer determinadas necessidades fisiológicas.
Deus não nos deu a Vida por mero diletantismo. Criados à Sua imagem e
semelhança, segundo a expressão bíblica, deuses em potencial, somos, como
Jesus, instrumentos
da Vontade Divina.
O exercício do Bem não só torna tolerável o mal que nos é atirado, como
nos ajuda a extingui-lo, evitando que se alastre, qual pequena chama que
pode transformar-se
em incêndio devastador.
Esta seria a fórmula ideal para acabar com a violência e o crime. Se todos
nos habituássemos a procurar os desvalidos, ajudando-os a vencerem seus
problemas, erradicaríamos
a miséria, a fome e o desespero que fomentam a violência e o crime.
Isto significa que, não obstante o bem que venhamos a praticar, há males
que, por sua natureza, não podem ser afastados, porquanto são necessários
à. nossa economia
espiritual.
FATALIDADE E CRIMINALIDADE
TEMPERO INDESEJÁVEL
Não matar. Não roubar. Não levantar falso testemunho. Não cometer
adultério. Não cobiçar nada do próximo. Imaginemos que mundo feliz seria o
nosso se ninguém
cometesse crimes, nem mentisse, nem cultivasse a traição ou a cupidez!
JUSTIÇA ILUMINADA
No entanto, sem cogitar dessa saudável atitude, nosso herói parte para a
retaliação, caprichando na adjetivação ofensiva, a fermentar um
desentendimento que poderá
culminar com deprimente pugilato.
Agir assim é como apagar fogo com gasolina. As prisões estão repletas de
adeptos do "olho por olho", que revidaram à ofensa com o assassinato do
ofensor. Não levaram
desaforo para casa - apenas a desolação, o sofrimento e, não raro, a penúria
para os familiares.
Falta um componente básico em nossos exercícios de justiça: o Amor.
Isso não significa que compactuemos com o mal, mas que não
discriminemos o malvado, como se contestássemos sua filiação divina que faz
dele nosso irmão.
"Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais
entrareis no reino dos céus" (Mateus, 5:2O.).
A CARIDADE E O AMOR
Mas que amor vazio, efêmero! Um amor quase inútil, que se limitou à esmola
para aliviar a consciência, transferindo para o Cristo providencia melhor, sem
considerar
que Ele esperava por nós para atendê-la com a iniciativa de parar,
conversar, conhecer melhor a extensão de seus problemas, ajudando-a. Sem
caridade o amor
pode ser muito displicente...
Temos um grande amigo. Gostamos muito dele. Um dia ele faz algo que
nos desagrada. Irritamo-nos profundamente. Azedamos nosso
relacionamento. Distanciamo-nos, jogando
fora uma gratificante amizade. Sem caridade o companheiro mais querido
pode converter-se num estranho...
O casal vive muito bem. Marido e mulher amam-se profundamente. Um dia
ele comete um deslize: envolve-se em aventura extraconjugal. A esposa toma
conhecimento e o
abandona imédiatamente, não obstante ele implorar-lhe que fique,
dilacerado de remorsos. E estagiam ambos em crônica infelicidade, marcada
por insuperável nostalgia.
Sem caridade o afeto mais ardente pode ser afogado num oceano de
mágoas e ressentimentos. , No passado muitos religiosos instalavam-se em
lugares ermos, impondo-se
privações e flagícios como sacrifício em favor da Humanidade. Em sua
maioria apenas comprometeram-se em excentricidades e desequilíbrios. Sem
caridade o amor pelo
semelhante pode converter-se em perturbadora paixão por nós mesmos...
O apóstolo Paulo vai bem mais longe no assunto (I Corintios 13:1-3), quando
destaca que ainda que detenhamos o verbo mais sublime, .a mediunidade
mais apurada, o conhecimento mais profundo, a convicção mais poderosa, o
desapego mais amplo e inabalável destemor da morte, isso tudo pouco valerá
se faltar a caridade, isto é, se não estivermos imbuidos do desinteresse
pessoal, no desejo sincero de servir o semelhante.
"Qual o meio prático mais eficaz que tem o Homem de se melhorar nesta
vida e de resistir it atração do mal?" "Um sábio da antiguidade vô-lo disse:
Conhece-te a ti mesmo." Questão n° 919 (Da Peeição Moral).
"Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço."
"Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso
próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o
descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser
curado.
FIM DO LIVRO