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Apresentação
Nesta aula, abordaremos os cálculos para determinar o tipo de entrada a ser solicitada na concessionária de energia local.
Esses cálculos valem para as entradas em média tensão, quando a potência demandada é superior a 76kVA. Caso
contrário, o fornecimento de energia será em baixa tensão.
Objetivos
Descrever as etapas para elaboração do cálculo da entrada de energia a ser solicitada na concessionária;
Para clientes industriais, comerciais e mistos, a entrada é individual. Para fornecimento da energia com medição direta, a
potência demandada deve ser até 76kVA. Após esse valor, a medição é indireta, de baixa ou média tensão.
Fonte: Shutterstock
É praxe num projeto dividirmos as cargas por tipos para facilitar seu levantamento total. A metodologia apresentada a seguir é
baseada na técnica constante na NBR 5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão), na NBR 14039 (Instalações Elétricas e
Média Tensão) e na regulamentação para fornecimento de energia da concessionária Light S. E. S. A. cuja área de
abrangência é parte do estado do Rio de Janeiro. Em áreas de outras concessionárias, deve ser feito um estudo de cada
regulamentação local.
CP1 CP2
Iluminação e tomadas de uso comum Aparelhos resistivos de aquecimento
CP3 CP4
Aparelhos condicionadores de ar Centrais de condicionamento de ar
CP5 CP6
Cargas indutivas de motores elétricos (bombas, aparelhos de Aparelhos especiais odonto-médicos (raio-x, tomógrafos etc.)
solda etc.)
CP7
Outros equipamentos não citados
Veja um exemplo para levantamento da potência instalada de uma unidade consumidora com as seguintes cargas.
TOTAL 3240
TOTAL 12050
Ar condicionado (CP3)
TOTAL 4200
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Cargas Indutivas
TOTAL 30,88
TOTAL 160000
Não há.
Em kVA:
Fonte: Shutterstock.
Nessa etapa, é fundamental fazer reuniões com o dono do projeto para alinhar quais cargas possuem funcionamento
simultâneo e seus regimes de funcionamento para evitar que se determine uma demanda superior à necessária, o que geraria
gastos desnecessários. Assim, será disponibilizado um estudo mais assertivo para a concessionária, sem a necessidade de
aumento de carga na rede de distribuição.
A metodologia apresentada a seguir é baseada na Regulamentação para fornecimento de energia da concessionária LIGHT
S. E. S. A., cuja área de abrangência é parte do estado do Rio de Janeiro.
Cumpre lembrar que esta metodologia é baseada em uma estimativa mais provável da utilização das diversas cargas de uma
instalação. O projetista deve avaliar as tabelas a seguir para determinar se, na sua instalação, o percentual de demanda nas
tabelas será compatível à utilização das cargas a fim de evitar erros. Nesses casos, em que existem percentuais diferentes de
demanda, o projetista deve fazer a indicação nos cálculos enviados para a concessionária para avaliação.
Um exemplo de percentuais diferentes de demanda é a iluminação de instituições de ensino, como na UNESA, que, nos
períodos de maior público e no horário noturno, apresenta uma demanda próxima aos 100%.
A Demanda Total (DT) é calculada pela soma das Demandas Parciais (DP) conforme as categorias já divididas anteriormente.
Para a demanda DP1, temos a seguinte tabela para determinação da simultaneidade do uso:
Carga mínima
Descrição Fator de demanda
(kVA/ m²)
Unidades consumidoras residenciais (casas, 0,030 0 < P (kVA) ≤1 6 < P (kVA) ≤7 (40)
apartamentos etc.) (80) 7 < P (kVA) ≤8 (35)
1 < P (kVA) ≤2 8 < P (kVA) ≤9 (30)
(75) 9 < P (kVA) ≤10 (27)
2 < P (kVA) ≤3 10 < P (kVA) →(24)
(65)
3 < P (kVA) ≤4
(60)
4 < P (kVA) ≤5
(50)
5 < P (kVA) ≤6
(45)
Tabela DP1: Carga mínima por área e fator de demanda para instalações de iluminação e tomadas de uso geral em residências
e comércios. Fonte: Light.
Para a demanda parcial DP2, segue a tabela para determinação da demanda de aparelhos de aquecimento.
1 100
2 75
3 70
4 66
5 62
6 59
7 56
8 53
9 51
10 49
11 47
12 45
13 43
14 41
15 40
16 39
17 38
18 37
19 36
20 35
21 34
22 33
23 32
24 31
25 ou mais 30
Para a demanda DP3, veja duas tabelas para aparelhos de ar-condicionado em utilização residencial e não residencial.
1a4 100
5 a 10 70
11 a 20 60
21 a 30 55
31 a 40 53
41 a 50 52
Acima de 50 50
Tabela DP3a: Percentual de demanda para aparelhos de ar condicionado, utilização residencial. Fonte: Light.
Para a demanda DP3, veja duas tabelas para aparelhos de ar-condicionado em utilização residencial e não residencial.
1 a 10 100
11 a 20 75
21 a 30 70
31 a 40 65
41 a 50 60
51 a 80 55
Acima de 80 50
Para a demanda DP4, veja a tabela para aparelhos de ar condicionado Central e SELF.
1 a 10 100
11 a 20 75
21 a 30 70
31 a 40 65
41 a 50 60
51 a 80 55
Acima de 80 50
Tabela DP4: Percentual de demanda para aparelhos de ar condicionado Central, Self contained e similares, utilização não
residencial. Fonte: Light.
1 100,00
2 75,00
3 63,33
4 57,50
5 54,00
6 50,00
7 47,14
8 45,00
≥ 10 43,33
Para este item, é importante frisar que, em situações onde a diferença de potência dos motores é bem elevada, o projetista
deve ter atenção quanto à demanda para evitar erro na demanda final.
A demanda calculada não deve ser menor que a demanda do maior motor. Nestes casos, o projetista deve considerar a maior
demanda entre a calculada e a do maior motor.
Para a demanda parcial DP2, segue a tabela para determinação da demanda de aparelhos de aquecimento.
Potência do motor
CV kVA
1/4 0,66
1/3 0,77
1/2 0,87
3/4 1,26
1 1,52
1 1/2 2,17
2 2,70
3 4,04
4 5,03
5 6,02
7 1/2 8,65
10 11,54
12 1/2 14,09
15 16,65
20 22,10
25 25,83
30 30,52
40 39,74
50 48,73
60 58,15
75 72,28
100 95,56
125 117,05
150 141,29
200 190,18
A seguir, veja dois exemplos práticos para elucidar os cálculos desta demanda.
Exemplos práticos
Exemplos práticos
Calcule a demanda para cinco motores trifásicos de 4CV cada, dois motores trifásicos de 2CV cada, 1 motor trifásico
de 7 ½CV, um motor trifásico de 10CV, totalizando nove motores.
Solução:
A demanda será:
Solução:
5 CV= 6,02kVA;
60 CV= 58,15kVA.
Nesses casos, devemos observar a condição, pois, como a demanda calculada é menor que a demanda do maior motor,
consideramos a demanda do maior motor.
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 ≥𝑄(𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟)
2a3 70
4a7 60
Mais de 7 50
Mais de 10 40
Tabela DP6: Percentual de demanda para aparelhos odonto-médicos e máquinas de solda. Fonte: Light.
Atenção
Semelhante à demanda de motores, a demanda calculada não pode ser menor que a individual da maior máquina. Se isto ocorrer,
deve ser considerado a da maior máquina ao invés da calculada.
Para a demanda DP7, deve se considerar cada aparelho não citado e avaliado individualmente, com atenção à demanda.
Quando há unidades após o disjuntor geral, agrupamentos distintos de medidores, alimentadores distintos para grupos de
cargas, blocos de apartamentos residenciais e/ou salas comerciais distintas, circuitos de serviço em condomínios etc. devem
ser realizados os cálculos vistos anteriormente para determinar a demanda de cada agrupamento ou ramal alimentador
considerando sua natureza (residencial ou comercial) separadamente.
No caso da demanda do agrupamento de medidores (Dagr) e da demanda circuito de serviço do condomínio (Ds), deve-se
utilizar a seguinte expressão para a demanda total (Dt).
𝐷𝑡=(𝐷𝑎𝑔𝑟+𝐷𝑠) 𝑥 0.9
Semelhante às demandas anteriores, a demanda totat (Dt) calculada não pode ser menor que a demanda individual do
agrupamento ou serviço. Se isto ocorrer, deve ser considerada a demanda ao invés da demanda calculada.
Demanda total com mais de um agrupamento de medidores
Se o local possuir consumidores residenciais e comerciais (mista), a demanda da proteção geral (Dpg) será:
𝐷𝑝𝑔=(𝐷𝑎𝑔𝑟+𝐷𝑎𝑔𝑟𝑛𝑟 𝑥 0.9
Dagr - Demanda de cada agrupamento de medidores residenciais;
Dagrnr - Demanda de cada agrupamento de medidores não residenciais.
Se a diferença de demanda total das cargas for expressiva, como no caso de lojas e escritórios, devemos considerar as
cargas individualmente.
𝐷𝑝𝑔=(𝐷𝑎𝑔𝑟+𝐷𝑎𝑔𝑟𝑛𝑟 𝑙𝑜𝑗𝑎𝑠+𝐷𝑎𝑔𝑟 𝑒𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡ó𝑟𝑖𝑜𝑠) 𝑥 0.9
A demanda total será calculada pela soma das demandas da proteção geral (DPG), do serviço residencial (Dsr) e não
residencial (Dsnr) para o caso de condomínios quando for o caso, multiplicando o total por 0,90.
𝐷𝑝𝑔=(𝐷𝑝𝑔+𝐷𝑠𝑟+𝐷𝑠𝑛𝑟) 𝑥 0.9
Atividades
1. Sobre o fornecimento de energia elétrica, analise as sentenças abaixo:
Para fornecimento da energia com medição direta, a potência demandada deve ser até 100kVA. Após esse valor, a medição é
indireta, baixa ou média tensão.
A carga instalada é a soma da potência elétrica de cada equipamento e dispositivo da instalação, incluindo iluminação, tomadas e
cargas de uso específico, que pode ser obtido pela consulta à placa do equipamento ou ao manual do fabricante.
Os equipamentos titulados como reserva devem ter sua potência computada com as demais potências instaladas.
Atribuindo V para verdadeiro e F para falso, assinale a alternativa com a sequência correta:
a) V, V, V.
b) V, F, V.
c) F, V, V.
d) V, V, F.
e) F, V, F.
É praxe num projeto dividirmos as cargas por ________ para facilitar seu levantamento total.
A carga instalada é a soma da potência elétrica de cada equipamento e dispositivo da instalação, incluindo _____________,
_____________ e cargas de uso específico, que pode ser obtida pela consulta à placa do equipamento ou manual do fabricante.
Os equipamentos titulados como ____________ não devem ter sua potência computada com as demais potências instaladas.
O cálculo das demandas é realizado com a multiplicação do valor da potência total instalada pelo fator de demanda obtido nas
tabelas.
Em situações em que a diferença de potência dos motores é bem elevada, o projetista deve ter atenção à demanda para evitar
erro na demanda final. Nestes casos, o projetista deve considerar a maior demanda entre a calculada e a do maior motor
Nos cálculos de demanda total, em que há mais de um agrupamento de medidores seja residencial ou comercial, devemos somar
todas as potências demandadas de cada agrupamento e multiplicar o total por 0,80.
Atribuindo V para verdadeiro e F para falso, assinale a alternativa com a sequência correta:
a) V, V, V.
b) V, F, V.
c) F, V, V.
d) V, V, F.
e) F, V, F.
Notas
Título modal 1
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Referências
MAMEDE, João Filho. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2013. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
LIGHT. Regulamentação para o Fornecimento de Energia Elétrica para os Consumidores Atendidos em Baixa Tensão
(Recon-BT). Disponível em: //www.light.com.br/para-residencias/Informacoes/normas-tecnicas.aspx. Acesso em: 12 set. 2019.
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