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Prevenção de Acidentes com

Defensivos Agrícolas NR31.7

MÓDULO 6
Conhecendo os
procedimentos
práticos
Você toma os devidos cuidados com os defensivos
agrícolas? Procura se informar antes de manipular
esses produtos? Nesse curso serão abordadas as
maneiras mais adequadas e seguras de manipulação.
Você conhecerá a origem, os princípios legais de sua
utilização, as formas de exposição, as informações de
segurança contidas em rótulos e bulas, quais as medidas
higiênicas mais recomendadas e os procedimentos
práticos para aplicação de defensivos agrícolas.
Programa Gestão de Riscos em Saúde
e Segurança no Trabalho Rural

Prevenção de Acidentes com


Defensivos Agrícolas NR31.7

SENAR, 2021
Estrutura Organizacional
Presidente do Conselho Administrativo
José Mário Schreiner

Superintendente do Senar Goiás


Dirceu Borges

Diretor do Departamento Técnico do Senar Goiás


Flávio Henrique Silva

Gerente de Educação Formal do Senar Goiás


Mara Lopes de Araújo Lima
Prevenção de Acidentes com Defensivos Agrícolas NR31.7

Módulo 6
Conhecendo os procedimentos práticos
Seja bem-vindo ao sexto módulo! Nesta etapa você irá conferir como se executa trabalhos com
aplicação de defensivos agrícolas na prática, desde a origem da demanda do serviço até a lava-
gem e armazenamento do Equipamento de Proteção Individual - EPI.

Os conteúdos estão divididos nas seguintes aulas:


• Aula 1: Procedimentos práticos para aplicação manual de defensivos agrícolas.
• Aula 2: Destino dos materiais após aplicação e procedimento mecanizado.

Fonte: Getty Images

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Aula 1

Destino dos materiais após aplicação e procedimento


mecanizado

Fonte: Getty Images

Nesta aula veremos como proceder, de maneira correta, a aplicação de defensivos agrícolas.

Iremos iniciar com as aplicações manuais que na maioria das vezes acontecem com a tradicional
bomba costal, o pulverizador, com capacidade para 20 litros. Porém, o conteúdo apresentado
poderá ser realizado em qualquer tipo de aplicação manual. Vamos começar?

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Origem da demanda do serviço, receituário agronômico


Você sabia que as aplicações de defensivos agrícolas não são efetuadas ao acaso? O procedi-
mento é justamente ao contrário disso. Acompanhe!

A aplicação de defensivos agrícolas é um tra-


balho que deve ser executado de acordo com
a necessidade, por exemplo, o controle de de-
terminado inseto considerado praga em uma
lavoura de soja.

Quando o problema é identificado, as medidas


de controle são buscadas junto a profissionais Fonte: Getty Images

capacitados, como os engenheiros agrônomos, que irão gerar uma receita agronômica contendo
a indicação do produto que será utilizado e outras informações complementares: horário propício,
cuidados a serem tomados e o método de aplicação.

Você que irá trabalhar na aplicação de defensivos agrícolas vai precisar entender um pouco
sobre o procedimento de receituário agronômico para seguirmos adiante. Vamos conhecer esse
processo? Veja no quadro abaixo quais são os passos que desencadeiam na aplicação de um
defensivo agrícola:

O proprietário ou funcionário responsável identifica na lavoura um


Passo 1
possível ataque de pragas.

Após a identificação, é necessário buscar o auxílio técnico de uma


pessoa capacitada, como o engenheiro agrônomo, por exemplo.
O profissional pode ser localizado em agropecuárias e também é
Passo 2 possível realizar a contratação de um autônomo ou ser feita consul-
ta ao responsável técnico da propriedade. Como o profissional téc-
nico irá deslocar-se até o local, não há problema que esse primeiro
contato seja feito por telefone, e-mail ou outra forma remota.

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O profissional técnico se desloca até a propriedade, faz a vistoria


Passo 3 da lavoura identificando a possível praga que está causando im-
pacto e também verifica a realidade do local.

O técnico analisa a situação e o método de controle, e, quando o


mais eficaz for o químico, emite uma receita para compra do pro-
Passo 4
duto indicado que pode ser pelo princípio ativo ou pelo nome co-
mercial.

Em posse da receita, o interessado realiza a aquisição do produto


químico. Na receita, além da indicação do defensivo agrícola, tam-
Passo 5 bém poderá conter o EPI necessário, horário e tipo de aplicação.
Estas informações também podem ser encontradas na “bula” do
produto químico.

Bula: a bula normalmente fica junto ao rótulo do produto, colado na parte externa do recipiente.

Dica do Especialista

O processo que gera a necessidade de aplicação de defensivos agrícolas é o receituário


agronômico, porém nem todos os processos têm como indicação de controle um produto
químico. Caso o engenheiro agrônomo, ou similar, após analisar o caso, encontre outro
método mais propício para sanar o problema, poderá indicá-lo. Vamos ver alguns exem-
plos alternativos de controle:
• utilizar barreiras físicas ou naturais que impeçam a entrada e permanência dos inse-
tos maléficos na lavoura;

• utilizar o controle químico em conjunto com outro método.

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Agora vamos verificar como realizar o armazenamento e também o transporte do produto.


Acompanhe!

Armazenamento e transporte do produto


Após a aquisição do produto e o transporte até a propriedade, o próximo passo é a correta
armazenagem do defensivo agrícola para uso futuro. Vamos conferir a maneira certa para fazer
essa guarda?

A armazenagem deve seguir alguns critérios, principalmente referente às edificações para tal
fim. Conforme vimos no módulo 2 deste curso, a NR31, em seu item NR31.7.3-i, traz a seguinte
informação:

É vedada a armazenagem de embalagens va-


zias ou cheias de agrotóxicos, aditivos, adju-
vantes e produtos afins, em desacordo com o
estabelecido na bula do fabricante.

É importante lembrarmos que a bula de cada


produto sempre trará informações sobre o ar-
Fonte: Getty Images mazenamento dele.

No módulo 2 vimos quais são as exigências sobre as edificações para armazenamento do pro-
duto, caso necessário, volte e confira o conteúdo.

Procedimento interno: OS – Ordem de Serviço


Após realizarmos a armazenagem correta, chegará o dia em que a aplicação será efetuada,
onde as atenções com segurança e prevenção de acidentes devem ser redobradas.

Para cada aplicação de defensivo químico sugerimos que seja feito uma OS – Ordem de Servi-
ço, também chamada de permissão de trabalho. Vamos ver o que diz a NR31 sobre a OS:

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Permissão de trabalho - ordem de serviço: do-


cumento escrito, específico e auditável, que
contenha, no mínimo, a descrição do serviço,
a data, o local, o nome e a função dos traba-
lhadores e dos responsáveis pelo serviço e por
sua emissão e os procedimentos de trabalho e
segurança.
Fonte: Getty Images

Como pudemos ver, a OS é um documento interno que deve ser emitido pelo empregador ou
equiparado e entregue ao funcionário que executará o serviço.

Para geração da OS, as principais informações são obtidas no receituário agronômico e na


bula do produto.

Dica do Especialista

A emissão de OS também pode ser implantada em propriedades familiares, mesmo que


o responsável pela geração dela seja a mesma pessoa que fará a aplicação, pois esse
documento poderá servir de orientação para o trabalhador na hora de executar o serviço.
Por exemplo, ele poderá levar uma cópia dessa ordem no bolso e se orientar caso tenha
esquecido de algo, como o EPI necessário. Além disso, em caso de acidentes a OS irá
fornecer informações importantes para o atendimento médico. A ordem deverá ser guar-
dada após a aplicação do produto, servindo para controles futuros.

Agora, vamos verificar quais são os próximos passos para a aplicação do produto.

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Equipamento de Proteção Individual- EPI


Após realizarmos a armazenagem correta do produto, chegará o dia em que a aplicação será
efetuada, onde as atenções com segurança e prevenção de acidentes devem ser redobradas.

Com a OS em mãos, o profissional responsável


pela aplicação irá começar o trabalho prático e
o primeiro passo é vestir os EPIs, lembrando
que cada produto tem a sua exigência de itens.

Podemos encontrar essa informação na ordem


de serviço ou diretamente na bula do produto,
Fonte: Getty Images nos pictogramas.

No módulo 4, vimos quais são os pictogramas que podem conter em uma bula e no módulo 5,
vimos quais são todos os componentes de EPI que podem ser solicitados na hora da aplicação
do defensivo agrícola. Se achar necessário, volte e reveja esses conteúdos!

Preparo da calda
Nesta etapa, o aplicador irá fazer a diluição do produto químico em um recipiente com água,
que posteriormente será diluído novamente na bomba de aplicação ou então, em caso de apli-
cação com pulverizadores costais, a calda pode ser preparada dentro do próprio pulverizador,
com o auxílio de um dosador.

Esta ainda não é a etapa de aplicação, porém


deve ser tratada com igual precaução. Inclu-
sive, deve-se utilizar o EPI necessário, pois há
contato direto e muito próximo com o produto
químico utilizado.

É aqui que será feita a dosagem do produto de


acordo com as recomendações técnicas. A do- Fonte: Getty Images

sagem indicada poderá ser consultada na OS, na receita agronômica ou na bula do produto,
este também é o momento onde serão adicionados os produtos adjuvantes.

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Alguns produtos já vêm com ele na formulação e por isso não precisam ser adicionados na
hora da aplicação.

Adjuvantes: os adjuvantes possuem funções específicas e os mais comuns são: espalhantes adesivos,
supressores de espuma, reguladores de pH, solubilizantes, penetrantes, entre outros.

Por se tratar de doses específicas, nesta etapa o aplicador necessitará de um recipiente dosador
ou então recipiente com a medida conhecida.

Em algumas situações o EPI para o preparo da calda é o mesmo da apli-


cação, às vezes não. Essa informação poderá ser obtida nos documentos
que já mencionamos ao longo do módulo. Na dúvida, utilize o EPI com-
pleto recomendado para aplicação.

Fonte: Getty Images

Vamos ver abaixo o passo a passo de preparo de calda no próprio pulverizador costal:

Passo 2 Passo 3
Coloque água no recipiente do
Vista o EPI.
pulverizador até a metade do
Vestido, coloque
total que será preparado. Faça a
o pulverizador
Passo 1 dosagem de acordo com a
costal em cima
recomendação e, com o auxílio
de uma bancada,
Separe o produto, os de um copo graduado ou similar,
em um ambiente
equipamentos e as despeje a dosagem também na
aberto e com
ferramentas necessárias bomba. Complete a outra
disponibilidade
para o preparo da calda. metade do volume de água,
de água.
mexa com uma haste de madeira
e tampe o pulverizador costal.

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Aplicação do produto
Chegou o momento da aplicação. Após o preparo da calda e o produto colocado na bomba, é
hora de realizar o serviço na área de tratamento.

O primeiro passo é, caso ainda não esteja com


todos os componentes do EPI, colocá-los.

Fonte: Getty Images

Outra atenção especial que se deve ter é com a


ergonomia: a tradicional bomba de aplicação
manual tem capacidade de 20 litros e esse peso
extra precisa de atenção. Tomar cuidado na hora
de colocar a bomba e também manter uma pos-
tura correta e ereta no momento da aplicação
são cuidados fundamentais. Fonte: Getty Images

No caso da bomba costal, ela pode ser colocada


em cima de alguma bancada ou deve-se solicitar
o auxílio de uma segunda pessoa. Isso evita que
o aplicador tenha que se abaixar. A escolha de
horas com temperaturas mais amenas do dia,
quando possível, também é muito eficaz.
Fonte: Getty Images

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Boas práticas na aplicação de defensivos

Ainda com relação ao horário recomendado para aplicação dos produtos, quando ele não for
descrito na OS, receituário ou bula, pode-se prezar pela boa prática de aplicar em um horário
no qual o impacto sobre insetos benéficos seja menor.

Um exemplo é aplicar o produto químico em


um horário no qual os insetos, como as abe-
lhas, não estão polinizando as flores. Afinal de
contas, o objetivo do controle químico é con-
trolar apenas aquilo que causa dano.

Fonte: Getty Images

Insetos que não são considerados pragas podem proporcionar um equilíbrio natural. Alguns
deles são até mesmo benéficos para a produção e podem agir como predadores de pragas na
cadeia alimentar.

Após o término da aplicação do produto, a área deverá ser identificada e sinalizada. A sinali-
zação serve para informar os demais trabalhadores ou terceiros sobre a aplicação do produto,
nesta identificação duas informações são primordiais: período de carência e intervalo de reen-
trada. Veja no quadro abaixo o que é cada um deles:

Período de Intervalo de dias a serem aguardados entre a aplicação do produto


carência e a colheita do mesmo.

Intervalo de Intervalo entre a aplicação do produto e entrada de pessoas sem


reentrada EPI na área tratada.

Tanto o período de carência quanto o intervalo de reentrada podem ser encontrados na OS, na
receita agronômica ou na bula do produto.

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Estudo de caso

Renato é um trabalhador experiente e já parti-


cipou da capacitação para trabalhar com a apli-
cação de defensivos agrícolas. Ele recebeu uma
OS de seu empregador para fazer a aplicação de
um produto químico para controle de determina-
da praga na lavoura. Após concluída a aplicação,
seguindo todos os cuidados mencionados na
OS, no receituário e na bula do produto, Rena-
to observou que não constava na OS qual era o
intervalo de reentrada na área tratada. Isso não
preocupou Renato, pois como é um funcionário
bem instruído, buscou essa informação direta-
mente na bula do defensivo agrícola. Após verificar que o período é de 16 dias, ele sina-
lizou essa informação e informou seus colegas de trabalho.

No 11º dia após aplicação, Augusto, outro funcionário da fazenda, mas que não trabalha
com exposição direta a defensivos agrícolas, precisou entrar na área tratada pois estava
procurando uma ferramenta que havia perdido e suspeitava ter deixado no local antes
do tratamento feito por Renato. Então, por conta própria, para não incomodar ninguém,
colocou parte dos EPIs que estavam guardados no vestiário da fazenda, faltando a más-
cara facial. Augusto entrou no local e conseguiu encontrar a ferramenta que estava pro-
curando. Tudo isso foi muito rápido, levando menos de 15 minutos até voltar para sua
atividade.

Observando o caso acima, a atitude de Augusto está correta?

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Reflexão

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Aula 2

Destino dos materiais após aplicação e procedimento


mecanizado
Nesta aula vamos aprender como dar o destino correto aos produtos e materiais utilizados na apli-
cação dos defensivos agrícolas e também as etapas para o procedimento mecanizado. Vamos lá?

Fonte: Getty Images

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Veja no quadro abaixo como proceder ao final do trabalho de aplicação:

Destinação das sobras e água Após a aplicação, as possíveis sobras e a água re-
residuária do enxágue da siduária do enxágue da bomba devem ser desti-
bomba nadas à bordadura da área da tratada.

Quando o produto for completamente utilizado,


o aplicador deverá proceder com o descarte da
embalagem vazia. Esse procedimento consiste na
tríplice lavagem, inutilização com furos ao fundo
do recipiente e devolução ao centro de recolhi-
mento, também chamado de ponto de entrega
Descarte da embalagem ou ou coleta. Caso não tenha ponto de recolhimento
rearmazenagem do produto na região, a devolução deve ser realizada ao ven-
dedor do produto. Em hipótese alguma essa em-
balagem pode ser reutilizada. Quando o produto
não for usado por completo, o aplicador deverá
proceder com o rearmazenamento do produto
com vedação com a tampa original e estocagem
no local adequado.

Cessado o contato direto com os produtos quími-


Retirada do equipamento de cos, o aplicador poderá dar início à retirada dos EPIs.
proteção individual Vimos essa sequência na aula 2 do módulo 5, você
pode consultar novamente caso tenha dúvidas.

Após o final do serviço, cessado o contato com


os produtos, o trabalhador deverá proceder com
Lavagem dos EPIs e a lavagem do EPI, e com a higienização pessoal.
higienização do trabalhador Esses procedimentos detalhados foram vistos na
aula 1 do módulo 5. Caso seja necessário, volte e
veja o conteúdo novamente.

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Bordadura: toda área de plantio tem uma extremidade do talhão que é considerada como bordadura.
Pode ser apenas a área mais externa do talhão, um carreador, uma área de preservação permanente,
uma rodovia ou mesmo um perímetro pertencente a um vizinho.

Assim que todas essas etapas forem realizadas, o serviço estará encerrado de forma segura e regular.

Saiba mais

Para saber mais sobre devolução de embalagens, assista a essa reportagem do jornalismo
da Band: https://www.youtube.com/watch?v=MH6GaW_6MSc

Agora vamos ver como realizar a aplicação de defensivos agrícolas de forma mecânica.

Aplicação mecanizada de defensivos agrícolas


Em alguns casos, a aplicação do produto químico poderá ser efetuada de forma mecanizada,
com uso de tratores e implementos.

A identificação desses casos pode ser realizada


nos pictogramas no rótulo do produto. Na aula
1 do módulo 4 você viu um exemplo de picto-
grama de aplicação mecanizada. Caso precise,
volte ao conteúdo para relembrar.

Fonte: Getty Images

É importante ressaltar que, para aplicações mecanizadas, o trabalhador também deverá estar
capacitado para o desempenho de trabalho com máquinas e implementos agrícolas.

Neste tipo de aplicação é recomendada a manutenção preventiva da máquina e implementos


utilizados, evitando possíveis imprevistos que possam causar impactos negativos.

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Momentos antes da aplicação, o trabalhador também poderá fazer um check-up rápido na má-
quina e verificar se tudo está funcionando perfeitamente.

Check-up: significa checagem, conferência.

Agora, vamos conferir o passo a passo para que esse procedimento seja realizado.

Etapas iniciais
Em caso da aplicação mecanizada, as etapas iniciais se assemelham com a aplicação manual
as etapas: 1.1 Origem da demanda do serviço,
receituário agronômico; 1.2 Armazenamento e
transporte do produto e 1.3 Procedimento in-
terno, OS – Ordem de Serviço, são as mesmas.

Porém a exigência do EPI, quando em tratores


Fonte: Getty Images
cabinados, não se faz necessária, visto que a
cabine do trator já atua como equipamento de proteção, desde que seja vedada.

Em casos de tratores não cabinados ou com cabines não vedadas, o EPI se torna necessário.

Preparo da calda
O preparo da calda na aplicação mecanizada também deve ser efetuado com cautela e com o EPI
exigido corretamente vestido. A diferença é que, após o preparo da calda, ela não será colocada
em uma bomba manual, mas sim no recipiente do implemento para aplicação.

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Boas práticas na aplicação mecanizada


Fique atento, a aplicação do produto de forma
mecanizada não oferece os riscos ergonômicos
presentes na aplicação manual.

Neste formato, os procedimentos de aplicação


estarão relacionados com o domínio de pilota-
gem e planejamento do serviço.
Fonte: Getty Images
Mesmo na aplicação mecanizada devem ser observadas as boas práticas, por exemplo, o horário
da aplicação para evitar que insetos benéficos sejam atingidos.

Etapas posteriores
As etapas posteriores à aplicação mecanizada como descarte das embalagens, rearmazenamen-
to do produto, retirada e limpeza do EPI (quando utilizado) também seguem os mesmos precei-
tos que vimos na aplicação manual.

Estudo de caso

Marcos trabalha com aplicação de defensivos agrícolas no sítio Rio Bonito e recebeu
uma OS para fazer uma aplicação motorizada na lavoura. Como o trator do sítio tem
cabine vedada, que atua como EPC – Equipamento de Proteção Coletiva, Marcos colo-
cou o EPI apenas para o preparo da calda. Após pre-
parar a mistura, ele retirou o EPI e deixou-o no local
onde preparou a calda para lavar e guardar após o
término do serviço. Durante a aplicação na área tra-
tada, Marcos, que é um condutor experiente de tra-
tor, percebeu um ruído que possivelmente seria um
parafuso solto. Então, sem desligar o trator, desceu
e fez o aperto do parafuso rapidamente, voltando
assim a fazer a aplicação com sucesso. A prática
realizada por Marcos está correta?

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Reflexão

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Recapitulando
Chegamos ao final do módulo e também do nosso curso, parabéns! Aqui você conheceu como
proceder com a correta aplicação de defensivos agrícolas na prática cotidiana de um trabalhador
do setor.

Acompanhamos toda sistemática que envolve a aplicação de defensivos agrícolas, desde a gera-
ção da demanda, o receituário agronômico, a geração da ordem de serviço, o armazenamento, a
aplicação e, por fim, as medidas de higiene ao término da aplicação.

Vimos a importância da identificação da área tratada após cada aplicação e também boas prá-
ticas na hora da aplicação, visando minimizar os riscos de acidentes e também os impactos no
meio ambiente.

Constatamos que a aplicação mecanizada segue os mesmos passos iniciais da aplicação ma-
nual, diferenciando-se no momento da aplicação.

Por fim, sabemos que seguindo as recomendações e efetuando a aplicação de forma eficiente, os
riscos de acidentes com defensivos agrícolas são extintos ou minimizados. Por isso, essas etapas
merecem toda atenção que proporcionamos neste módulo.

Esperamos que todo conteúdo que vimos aqui seja útil na sua lida diária.

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Módulo 6 – Atividade de aprendizagem

1. Nos trabalhos com uso de defensivos agrícolas há um procedimento que é realizado nas
primeiras etapas. Trata-se do processo de receituário agronômico. No surgimento da ne-
cessidade de controle de uma praga, o aplicador não deve realizar nenhum serviço sem
orientação adequada, seguir dicas de vizinhos ou recomendações feitas no passado para
controles semelhantes. Afinal, quem é o responsável por fazer esse processo de receituário
agronômico?
a) Um responsável técnico com formação em ciências agrárias, como um engenheiro
agrônomo.

b) O empregador rural ou equiparado, que deverá fazer a aquisição do produto e, conse-


quentemente, executar o processo de receituário.

c) O vendedor da casa agropecuária, pois já conhece todos os produtos da loja e seus


meios de ação.

d) O trabalhador que fará a aplicação do produto, visto que ele poderá escolher aquele
com uma melhor forma de aplicação.

2. Durante a lida cotidiana, certo funcionário de uma propriedade rural, com capacitação para
trabalhos com exposição direta a defensivos agrícolas, percebeu que a lavoura de milho es-
tava precisando de reaplicação de inseticida para controle de uma praga que causa sérios

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danos econômicos. Então lembrou que, por mais que ele já havia feito outra aplicação há al-
guns dias, deveria buscar uma nova Ordem de Serviço antes de começar o planejamento para
a nova aplicação. Com quem ele deverá se comunicar para fazer a emissão desta OS e poder
realizar com segurança o serviço?
a) O engenheiro agrônomo.

b) O trabalhador que irá aplicar o produto.

c) A OS já vem descrita na bula do produto.

d) O empregador rural ou equiparado.

3. Quando falamos de aplicação de defensivos agrícolas, o trabalho do aplicador na exposi-


ção direta não termina com o término do serviço, pois há algumas etapas e recomendações
pós-aplicação que devem ser desenvolvidas. Um dos deveres é a identificação da área tra-
tada. São dois os períodos/intervalos que devem ser identificados. Um deles é o período de
carência, ou seja, o intervalo de dias a serem aguardados entre a aplicação do produto e a
colheita do mesmo. E o outro é o intervalo de reentrada. Como o trabalhador deve interpre-
tar o intervalo de reentrada?
a) Intervalo entre o dia da aplicação do produto químico e a reaplicação sugerida.

b) Intervalo entre a aplicação do produto químico e a devolução da embalagem ao ponto


de entrega.

c) Intervalo entre a aplicação do produto químico e a reentrada de pessoas na área tratada.

d) Intervalo entre a compra do produto químico e a reentrada da nota fiscal para controle
sanitário.

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Finalizando o Curso
No decorrer deste curso, você estudou os riscos existentes na manipulação de produtos tóxicos,
como é possível evitar acidentes dessa espécie e os procedimentos práticos para aplicação. Com
base na NR31.7, descobriu os princípios legais de utilização e quais são as medidas mais seguras
de manipulação.

Aproveite todo conhecimento adquirido para atuar de forma adequada durante o exercício diário
da sua função. Fique sempre atento também às informações presentes nas bulas e rótulos. Com
todo esse conhecimento, certamente, você estará pronto para exercer sua função com segurança.

Fonte: Shutterstock

Até a próxima e boa lida!

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Bibliografia
ASSOCIAÇÃO Nacional de Defesa Vegetal. Manual de Segurança e Saúde/ANDEF. Campinas,
São Paulo: Linea Creativa, 2006.

BRASIL. Anvisa vai reclassificar defensivos agrícolas que estão no mercado. Disponível em: ht-
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xicos-que-estao-no-mercado Acesso em: 23 ago 2021.

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GARCIA, Eduardo. ALVES FILHO, José Prado. Aspectos de prevenção e controle de acidentes no
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IWAMI, Alcino. Et al. Manual de uso correto e seguro de produtos fitossanitários - agrotóxicos.
São Paulo: Linea Creativa, 2010.

LUNA, A J; SALES, L. T e SILVA, R. F. AGROTÓXICOS: Responsabilidade de Todos (Uma aborda-


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MTE. Norma Regulamentadora n. 31: NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pe-


cuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. Brasília, 2005.

YAMASHITA, Maria Gabriela Nunes. Análise de rótulos e bulas de agrotóxicos segundo dados
exigidos pela legislação federal de agrotóxicos e afins e de acordo com parâmetros de legibili-
dade tipográfica. Bauru: UNESP/FAAC, 2008.

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Gabarito – Atividades de aprendizagem

Módulo 1
1) A
2) B
3) B

Módulo 2
1) C
2) D
3) A

Módulo 3
1) B
2) A

Módulo 4
1) D
2) A
3) C

Módulo 5
1) C
2) D
3) C

Módulo 6
1) A
2) D
3) C

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Prevenção de Acidentes com Defensivos Agrícolas NR31.7

Reflexão Estudo de Caso 1:

Se você respondeu que a mudança teve influência direta na diminuição do impacto ambiental e
para o ser humano, você está certo. A combinação de doses menores e menos toxicidade tem in-
fluência direta na segurança dos trabalhadores e também na preservação da natureza.

Reflexão Estudo de Caso 2:

Se você respondeu que a primeira medida seria afastar a pessoa da fonte de contaminação e ob-
servar a presença de anormalidades que possam representar risco de vida imediato, você está cer-
to. O contaminado pode apresentar sinais que levam à parada ou dificuldade respiratória, parada
circulatória, estado de choque, convulsões ou até mesmo ao coma. Por isso, é importantíssimo que
nas propriedades que utilizam produtos fitossanitários as pessoas envolvidas na atividade tenham
treinamento em primeiros socorros.

Reflexão Estudo de Caso 3:

Se você respondeu que a atitude está errada, você acertou. O intervalo de reentrada deve ser se-
guido à risca, em hipótese alguma, outro funcionário deve adentrar a área tratada antes do término
desse intervalo, muito menos sem todos os componentes do EPI recomendados. Neste caso, o cor-
reto seria Augusto conversar com Renato, explicar a situação, e então Renato, que é quem possui a
capacitação e as orientações adequadas para o trabalho com exposição direta a defensivos agríco-
las colocaria o EPI, com os componentes adequados e adentrar a área tratada para procurar a ferra-
menta de Augusto. O possível incômodo, ou contratempo, em procurar o profissional adequado ou
então informar ao encarregado sobre a situação são irrelevantes perante os riscos de tal situação.

Reflexão Estudo de Caso 4:

O recomendado é que o funcionário carregue o EPI junto à cabine do trator, mesmo que não esteja
vestindo-o, justamente para casos de emergência. Já em situações onde essa recomendação não foi
seguida e acontece um imprevisto, a primeira orientação é que o condutor analise se há a possibi-
lidade de conduzir o trator para fora da área tratada para assim fazer o reparo na máquina, se isso
não for possível, o condutor deverá sair do trator e sair da área tratada imediatamente, procuran-
do passar por um caminho onde ainda não tenha sido feito aplicação, e então vestir o EPI e voltar
para fazer o reparo no trator. Outra orientação é que sempre desligue o trator e certifique-se que
o mesmo está com os freios acionados para fazer as manutenções, pois além dos riscos químicos
proporcionados pelos defensivos, há também outros riscos presentes no trabalho com máquinas.

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