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NANOBIOTECNOLOGIA

Cluster da Nanotecnologia

Elaborado por:

– Susana Armário
Examinadora de Patentes

Lisboa, 31 de Outubro de 2011


Índice

1. Preâmbulo...................................................................................................... 3

2. Introdução ...................................................................................................... 4

2.1 A Nanotecnologia aplicada à Medicina ..................................................... 8


2.2 A Nanotecnologia aplicada à Cosmética ................................................ 11

3. Evolução da Nanobiotecnologia ................................................................... 13

3.1 Panorama de patenteamento ................................................................. 13


3.2 A classificação para a nanobiotecnologia ............................................... 14
3.3 Análise Tecnológica Mundial .................................................................. 16
3.3.1 TOP 10 de requerentes.................................................................... 17
3.3.1.2 TOP 5 de requerentes ............................................................... 23
3.3.1.2 Mapa tecnológico para o TOP 5 ................................................ 26
3.3.2 TOP 10 da distribuição por país ....................................................... 28
3.3.3 Evolução de publicações de pedidos de patente ............................. 34
3.3.4 TOP 5 dos Inventores ...................................................................... 36
3.3.5 TOP IPCs ......................................................................................... 38
3.4 Análise Tecnológica de pedidos de requerentes PT............................... 41

4. Conclusão .................................................................................................... 43

5. Referências .................................................................................................. 45

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1. Preâmbulo

A NanoBiotecnologia, resultante da convergência da Nanotecnologia com a


Biotecnologia, é um dos ramos mais promissores da Nanotecnologia. Embora
ainda esteja a dar os primeiros passos, esta nova área tecnológica já revelou
desenvolvimentos que se prevêem terem um impacto muito profundo em
Medicina e, em particular, na área de diagnóstico, pois a utilização de
nanopartículas permite efectuar análises químicas e biológicas com um
[1]
elevado grau de sensibilidade, especificidade e reconhecimento. Outra área
muito promissora para a aplicação da nanobiotecnologia reside na cosmética,
já existindo inúmeros produtos disponíveis no mercado derivados desta
tecnologia emergente.

Este artigo tem por objectivo dar as principais áreas de aplicação da


nanobiotecnologia, através do panorama do patenteamento nesta área técnica,
quer a nível mundial, quer a nível nacional, nos últimos 10 anos.

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2. Introdução
A Nanotecnologia é uma tecnologia multidisciplinar que alia os ensinamentos
da química, biotecnologia, física, electrónica, engenharia, entre outros. Esta
tecnologia tem por objectivo produzir novos produtos, ou melhorar as
características de produtos já existentes, à nanoescala “onde as distinções
entre a física quântica, a química molecular, a ciência dos materiais e a
biotecnologia se tornam menos relevantes”. [6]

A importância da nanotecnologia reside no facto de esta se basear na nano-


escala, pois abaixo dos 100 nm, tanto as funções, como as propriedades
físicas e químicas dos materiais, equipamentos e sistemas são alteradas,
passando a exibir propriedades únicas como, por exemplo, maior resistência,
leveza, precisão, pureza e adequabilidade. [3] [4] [5] [11] Para se ter uma ideia mais
precisa, um nanómetro corresponde a 1,0×10−9 metros, o que corresponde,
[11]
tipicamente, ao tamanho de uma molécula pequena. A consequência de se
trabalhar com escalas tão diminutas, é a possibilidade de se poder modificar o
arranjo de átomos e moléculas, adequando a síntese dos materiais pretendidos
[11]
à utilização desejada. Por isso, os nanomateriais oriundos desta tecnologia,
tais como as nanopartículas, as nanoesferas e outras nanoestruturas, são
considerados como os componentes chave no mercado da alta tecnologia do
futuro. [4]

[4]
Figura 1 – Escala demonstrativa dos tamanhos “nano” e “micro” em vários contextos.

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A natureza multidisciplinar a Nanotecnologia permite que esta possa ser
dividida em vários ramos. Um dos ramos mais promissores consiste na
[1]
nanobiotecnologia, que une a nanotecnologia com a biotecnologia. Em
particular, a nanobiotecnologia refere-se, especificamente, ao uso da
nanotecnologia em sistemas biológicos ou à utilização ou produção de
[8]
nanomateriais derivados de moléculas biológicas. Tal como a
nanotecnologia, também a nanobiotecnologia é uma ciência multidisciplinar, na
qual se fundem diversos ensinamentos provenientes das mais variadas áreas
científicas (Medicina, Engenharias, Informática, Ciências dos Materiais,
Biologia, Química e Física). [4]

[4]
Figura 2 – As principiais áreas técnicas que integram a Nanobiotecnologia.

Como a nanobiotecnologia está relacionada com a manipulação da matéria ao


nível molecular, visando a criação de novos materiais, substâncias e produtos
aplicados a processos biológicos, a aplicabilidade desta nova tecnologia é
muito vasta, podendo ir desde a medicina, à cosmética, passando pela área
ambiental e alimentar. [4]

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Embora ainda seja considerada como uma tecnologia ainda em estado inicial
de desenvolvimento, já existem inúmeros produtos derivados desta tecnologia,
à venda no mercado, sobretudo na área da cosmética. Como exemplos, podem
citar-se:

Creme para rugas RevitaLift® e Kérastase Nutritive Ampola


Aqua Oleum, ambos da L’Oreal®, sendo que o primeiro
utiliza nanossomas para o transporte e administração
cutânea de ingredientes activos lipofílicos e o segundo
utiliza nanoemulsões; [9] [3]

Protector solar Bebe/Enfant High Protection SPF 50 da


Mustela®, nanopartículas que absorvem a radiação UV e
que, devido ao seu tamanho, são transparentes; [9]

Verniz Ceramic Nail Lacquer da ARTDECO, constituído por


nanopartículas de cerâmica que melhoram a durabilidade e
resistência do verniz; [9]

Medicamento PEGIntron da Schering-Plough, contendo


nanopartículas de peginterferon alfa-2b, utilizado no
tratamento da infecção crónica causada pelo vírus da
hepatite C; [10]

Medicamento Caelyx® da Schering-Plough, contendo


cloridrato de doxorrubicina lipossomal peguilado, utilizado
no tratamento do cancro de ovário avançado, do cancro de
mama metastático e no tratamento do sarcoma de Kaposi
relacionado com SIDA; [12] [10]

Medicamento Renagel da Genzyme, contendo


nanopartículas de hidrocloreto de sevelâmero, utilizado
indicado no controlo da hiperfosfatemia em doentes adultos
em hemodiálise ou diálise peritoneal. [10] [13]

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PRODUTOS DERIVADOS DA NANOBIOTECNOLOGIA – COSMÉTICA

Creme para rugas RevitaLift® da L’Oreal® Kérastase Nutritive Ampola Aqua Oleum da L’Oreal®

Protector solar Bebe/Enfant High Protection 50 da


Verniz Ceramic Nail Lacquer da ARTDECO
Mustela®

PRODUTOS DERIVADOS DE NANOBIOTECNOLOGIA – MEDICINA

PEGIntron da Schering-Plough Caelyx® da Schering-Plough Renagel da Genzyme

[9]
Figura 3 – Alguns produtos comercializados que são derivados da Nanobiotecnologia.

Mas também existem desvantagens associadas à nanobiotecnologia,


nomeadamente, no que diz respeito à potencial toxicidade dos nanomateriais

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[7]
para a saúde humana. Ainda por quantificar, com exactidão, quais os
principais perigos dos nanomateriais para o homem e para o animal, os
primeiros estudos efectuados revelaram-se contraditórios, pelo que será
necessário mais investigação nesta área. A nível celular, as principais
preocupações residem em alterações da expressão genética, citotoxicidade,
idiossincrasia e apoptose das células. [5] [7]

Seguidamente, serão desenvolvidos os panoramas actuais das duas principais


aplicações da nanobiotecnologia: a medicina e a cosmética.

2.1 A Nanobiotecnologia aplicada à Medicina


A importância desta tecnologia emergente reside principalmente no seu
potencial para revolucionar a medicina tal como a conhecemos. No futuro,
graças à nanobiotecnologia será possível diagnosticar e tratar as doenças a
nível celular, o que irá ter um enorme impacto na saúde humana e animal.
Nesta fase, a medicina passará a ser personalizada e os medicamentos
derivados na nanobiotecnologia serão desenvolvidos à medida do paciente,
sendo, por isso, muito mais eficazes. Grande parte das doenças que hoje são
consideradas incuráveis, tal como SIDA, Alzheimer ou estados mais avançados
do cancro, poderão ser facilmente ultrapassadas com base no desenvolvimento
de nanomateriais personalizados.

As principais aplicações que se perspectivam para a nanobiotecnologia


consistem nos sistemas de libertação controlada de fármacos, os métodos de
diagnóstico (in vivo ou in vitro), a engenharia de tecidos e a produção de
substitutos de sangue. [5]

Na libertação de fármacos, o grande desafio reside no design de sistemas que


permitam que as nanopartículas se dirijam ao alvo pretendido e não a outros
alvos considerados indesejados. Por outras palavras, as nanopartículas
deverão ser produzidas de forma a garantir que a substância terapêutica
apenas actua em locais específicos. Estes sistemas têm inúmeras vantagens

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associadas, nomeadamente, uma maior eficácia terapêutica, diminuição
significativa da toxicidade, protecção contra a instabilidade e decomposição do
fármaco e diminuição das dosagens utilizadas. [5] [4]
A esta tecnologia está muitas vezes associado o nanoencapsulamento de
fármacos através de nanoestruturas como os dendrímeros, nanoemulsões,
nanopartículas poliméricas (nanoesferas e nanocápsulas), nanopartículas
lipídicas sólidas, lipossomas, nanopartículas sólidas e fulerenos. Estas
nanoestruturas nanoencapsuladas são ideais para utilizar nas terapias de
combate ao cancro, pois permitem que apenas as células afectadas recebam
doses letais de ingredientes activos tóxicos para o corpo humano. [3]
Outra aplicação para esta tecnologia reside na preparação de vacinas para
prevenção de doenças como brucelose, listeriose, toxoplasmose, tétano, entre
outras. [5]

Em termos de diagnóstico, as aplicações que têm vindo a ser mais


desenvolvidas prendem-se com os biosensores e os agentes de imagiologia.
Nas técnicas de imagiologia, têm sido investigadas nano-partículas de óxido de
ferro revestidas com dextrano e dendrímeros nanoparticulados de gadolínio
para a detecção de micro-metástases em pacientes com cancro. [4]
Em termos de biosensores, a aplicação é mais vasta: nanotubos subcutâneos
utilizados na gestão da reprodução animal, nanoarames conectados com
receptores de anticorpos para a detecção no sangue de marcadores genéticos
do cancro e arrays baseados em silício possuindo transístores com
[4]
nanoarames para a detecção simultânea de vários tipos de vírus. Na
detecção de cancro, são também utilizados quantum dots e nanoconchas de
ouro. As nanopartículas também podem ser utilizadas para a detecção de
marcadores de Alzheimer, na quantificação de glucose no sangue (através de
nanopartículas de ouro) e na propensão para ataques cardíacos (através de
nanochips). [5]

Por fim, a nanobiotecnologia pode ser empregue na engenharia de tecidos,


com vista ao desenvolvimento de scaffolds, matrizes ou suportes
tridimensionais, biológicos ou sintéticos, que formam um meio apropriado para

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o crescimento e organização das células em estruturas funcionalmente
similares ao tecido original e que, em última análise, podem levar à
[5]
manutenção e regulação do comportamento natural das células. Um bom
exemplo disso, consiste no implante de scaffolds contendo células e compostos
bioactivos podem ser usados em regeneração de tecidos danificados. [14]
Como tal, um dos grandes objectivos da aplicação desta tecnologia na
engenharia de tecidos é o desenvolvimento de implantes e próteses que imitem
as funções das células (restabelecendo-as ou melhorando-as) ao mesmo
tempo que garantem um menor grau de rejeição por parte do receptor,
diminuindo a possibilidade de ocorrência de infecções e inflamações que, em
última análise, podem levar à rejeição do implante/prótese.
Actualmente, estão a ser investigados géis de péptidos para serem utilizados in
vivo em medicina regenerativa, que devido à sua capacidade de “auto-ligação”
(self-assembly), estes géis podem actuar como scaffolds promissores para o
crescimento controlado de células. Estes géis também podem ser aplicados no
rastreio de substâncias activas (screening), diminuindo, assim, a quantidade de
testes animais. [14]

Outro impacto significativo que esta tecnologia emergente poderá ter no futuro
da medicina reside no fabrico de substituintes do sangue, que resolvam os
problemas de falta de sangue para transfusões e da possível transmissão de
doenças virais, como a SIDA ou a hepatite. Até agora foram desenvolvidos
alguns substituintes de sangue que ainda estão em fase clínica. [5]

Embora esta tecnologia na engenharia de tecidos tenha inúmeras aplicações


promissoras, considera-se que, até ao momento, os três segmentos líder em
nanobiotecnologia consistem nos sistemas de libertação de fármacos e nos
métodos de diagnóstico baseados em agentes de imagem e bio-sensores. [4]

A figura seguinte esquematiza os três segmentos líder acima referidos:

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[3]
Figura 4 – Segmentos líderes na Nanobiotecnologia.

2.2 A Nanobiotecnologia aplicada à Cosmética


Actualmente, a nanobiotecnologia já se encontra presente em inúmeros
produtos cosméticos, existentes no mercado, nomeadamente, maquilhagem,
protectores solares, produtos de cuidado da pele e cabelo e pastas dentífricas.
Todos os grandes fabricantes de produtos cosméticos aplicam a
nanobiotecnologia aos produtos que comercializam de forma a melhorar as
suas características e o seu desempenho. Algumas das marcas que se
encontram no mercado a comercializar produtos derivados desta tecnologia
são a L’Oreal, Mustela, Artdeco, Henkel, Avon, The Body Shop, Nívea e
Unilever. [9] [7]

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Os principais nanomateriais utilizados em cosmética consistem em sistemas de
administração vesiculares, como lipossomas e niossomas, nanoemulsões,
nanopartículas sólidas lipídicas, veículos lipídicos nanoestruturados,
dendrímeros e polímeros hiper-ramificados, nanocristais e cubossomas. [7]

Em cosmética, a nanobiotecnologia é empregue, essencialmente, no


desenvolvimento de nanopartículas que actuem como filtros UV e em sistemas
de administração de ingredientes activos, em particular, com recurso ao
nanoencapsulamento. Em relação ao primeiro aspecto, os compostos mais
utilizados como filtros UV consistem no óxido de zinco (ZnO) e no dióxido de
titânio (TiO2) e, mais recentemente, têm vindo a ser desenvolvidas alternativas
orgânicas. Em termos de nanoencapsulamento, os materiais mais utilizados
consistem nas nanocápsulas e nas chamadas nanoconchas (em inglês,
nanoshells) ocas de sílica. Quanto ao segundo fim aspectos, os nanomateriais
que mais são utilizados na administração de ingredientes activos consistem
nos lipossomas e niossomas, nanopartículas sólidas lipídicas e veículos
lipídicos nanoestruturados (que têm vindo a demonstrar serem mais eficazes
que os lipossomas), dendrímeros, nanocristais e nanoemulsões. [7]

Embora a aplicabilidade da nanobiotecnologia seja bastante elevada, na


prática, as formulações disponíveis comercialmente baseiam-se,
principalmente, em lipossomas, nanoemulsões e nanopartículas de óxidos
metálicos. Para além disso, também as nanopartículas de prata, cobre, silício e
sílica são utilizadas em cosmética como ingredientes activos utilizados, bem
como os fulerenos que têm vindo a ser incorporados em formulações
cosméticas. [7]

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3. Evolução da Nanobiotecnologia
3.1 Panorama de patenteamento

Uma das formais mais simples e claras de verificar a evolução de qualquer


tecnologia é através da análise ao panorama de patenteamento dessa
tecnologia. Qualquer tecnologia que seja interessante em termos de mercado,
é protegida por meio de direitos de incidência tecnológica (protecção das
invenções por meio de patentes ou modelos de utilidade) e/ou comercial
(protecção dos sinais distintivos do comércio como marcas, logótipos,
desenhos ou modelos), logo nos estádios mais iniciais do seu
desenvolvimento. Como tal, a análise aos pedidos de patente de invenções é
uma excelente forma de verificar o desenvolvimento de novas tecnologias.

Ao obter o panorama de patenteamento da nanobiotecnologia é possível


verificar quais os países onde ocorre um maior grau de patenteamento nessa
área técnica (ou seja, quais os mercados mais apetecíveis para a
comercialização dos produtos/processos derivados dessa tecnologia) ou quais
as entidades (empresas ou universidades) que mais operam nessa área, com o
objectivos de identificar concorrentes ou possíveis parceiros com vista a uma
futura comercialização da tecnologia. Também é possível analisar a evolução
global dos pedidos de patente ao longo de determinado período de tempo e,
ainda, quais os principais inventores que mais publicam pedidos de pantente
na área da nanobiotecnologia.

Uma das ferramentas utilizadas para este fim é a base de dados comercial
fornecida pela Thomson/Reuters, a ThomsonInnovation®, através da qual é
possível obter o panorama de patenteamento da nanobiotecnologia, com base
na classificação de patentes. [2]

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3.2 A classificação para a nanobiotecnologia

Tal como acima referido, a análise ao panorama de patenteamento dessa


tecnologia pode ser efectuada através da classificação de patentes. Esta é uma
das formas mais simples de quantificar e analisar a evolução dos pedidos de
patente derivados na nanobiotecnologia, que têm surgido nos últimos anos.

Estas classificações consistem em códigos que pretendem ser representativos


da(s) característica(s) técnica(s) essencial(is) da invenção. A atribuição de uma
classificação a um determinado pedido de patente, permite agrupar os diversos
documentos pelo seu conteúdo técnico, facilitando, assim, o arquivo
documental e a realização de pesquisas ao estado da técnica. Desta forma, é
possível utilizar a classificação como uma ferramenta de pesquisa.

Dos vários sistemas de classificação existentes os mais conhecidos e utilizados


correspondem à classificação internacional IPC (International Patent
Classification) e à classificação europeia ECLA (European Classification).

Em ambos os sistemas de classificação, foi dado o código B82Y 5/00 para a


classificação da nanobiotecnologia, o qual está inserido na secção B, referente
à “Execução de operações e Transporte”. A chamada nanomedicina também
se classifica segundo o grupo principal B82Y 5/00.

Quadro 1 – Descrição da classificação (IPC e ECLA) em estudo.

IPC/ECLA DESCRIÇÃO

Secção B Performing operations; Transporting…

Classe B82 … nano-technology…

… specific uses or applications of nano-structures;


Sub-Classe B82Y measurement or analysis of nano-structures;
manufacture or treatment of nano-structures…
… nano-biotechnology or nano-medicine, e.g.
Grupo principal B82Y 5/00
protein engineering or drug delivery.

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As figuras seguintes ilustram a localização da classificação acima identificada
dentro da IPC e da ECLA, respectivamente.

Figura 5 – Classificação Internacional de Patentes (IPC) para a área da Nanobiotecnologia.

Figura 6 – Classificação Europeia (ECLA) para a área da Nanobiotecnologia.

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3.3 Análise Tecnológica Mundial

O presente estudo compreende, ainda, a realização de uma análise tecnológica


realizada através da tag classe B82Y 5/00 da Classificação Internacional de
Patentes (IPC) ou da Classificação Europeia (ECLA), referente à área técnica
da Nanobiotecnologia.

[2]
Usando a ferramenta Thomson Innovation® verificou-se que se encontram
cerca de 3951 famílias de pedidos de patente associadas a esta classificação
especifica. Para tal, foram somente tidas em consideração as publicações
existentes nesta área tecnológica durante o período de 1 de Janeiro de 2000 a
31 de Dezembro de 2010, ou seja, aproximadamente o último decénio. Quanto
ao ano de 2011, este não foi incluído por ainda estar em curso, o que poderia a
resultados errados, uma vez que a análise das publicações não iria reflectir o
verdadeiro número destas.

Nesta primeira análise tecnológica, de cariz mundial, foram analisados os


seguintes indicadores:

TOP 10 de requerentes em nanobiotecnologia;


TOP 5 de requerentes em nanobiotecnologia;
Mapa tecnológico para o TOP 5 de requerentes em
nanobiotecnologia;
TOP 10 da distribuição por país em nanobiotecnologia;
Evolução de publicações de pedidos de patente na área da
nanobiotecnologia;
TOP 5 dos inventores em nanobiotecnologia;
TOP IPCs associados à nanobiotecnologia.

Seguem-se os resultados obtidos para cada um destes indicadores, bem como


os respectivos comentários.

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3.3.1 TOP 10 de requerentes

Estando ainda a nanobiotecnologia numa fase inicial de desenvolvimento é


importante verificar quais as empresas ou universidades que são pioneiras
nesta área e analisar quais as direcções que estas têm tomado ao longo dos
últimos 10 anos. A tabela e gráfico seguintes demonstram os principais players
nesta área ainda recente, que, tal como se pode verificar pela informação
fornecida, já têm dado muitos passos significativos, nomeadamente a nível de
preparações medicinais e de cosmética.

Quadro 2 – TOP 10 dos requerentes que mais publicam famílias de patentes em


Nanobiotecnologia.

REQUERENTES FAMÍLIAS DE PATENTE

1 L’Oreal 120

2 Universidade da Califórnia 51

3 Universidade do Texas 36

4 Henkel KGAA 35

5 Massachusetts Inst. Technology 29

6 Immunomedics Inc 28

7 Koninkl Philips Electronics NV 26

8 Centre Nat. Rech. Scient. 25

9 Beiersdorf AG 24

10 Intel Corp. 20

A principal empresa que mais publica pedidos de patente nesta área


corresponde à internacionalmente conceituada empresa de cosmética, L’Oreal
(que no gráfico 1 surge como “Oreal”), tendo, entre 2000.01.01 e 2010.12.31,
publicado 120 famílias de pedidos de patente. Esta empresa utiliza a
nanobiotecnologia, na preparação de formulações cosméticas para
maquilhagem e para a higiene, no cuidado do cabelo e da pele e na
preparação de protectores solares.

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Seguem-se duas universidades americanas, as universidades da Califórnia e
do Texas com 51 e 36 publicações, respectivamente. Ambas universidades
centram os seus esforços na preparação de formulações medicinais contendo
nanopartículas, actuando principalmente nas áreas de administração de
medicamentos (drug delivery) no tratamento de doenças como o cancro. Em
particular, destaque para a universidade da Califórnia que tem especialização
na área dos lipossomas.

A empresa seguinte é a Henkel KGAA, líder em três áreas de negócio:


Detergentes e Cuidado do Lar, Cosmética e Cuidado Corporal e Adhesive
Technologies. Com 35 publicações no período em consideração, esta empresa
utiliza a nanobiotecnologia essencialmente na área da cosmética, através da
investigação de emulsões e/ou dispersões para a higiene oral e cuidado da
pele.

A meio da tabela surge uma das universidades americanas mais famosas,


reconhecida pela sua excelência e qualidade. Trata-se do MIT (Massachusetts
Institute of Technology), que detém 29 publicações de famílias de pedidos de
patente durante o último decénio. A actividade do MIT, nesta área particular,
centra-se no desenvolvimento de preparações medicinais, contendo micro e
nanocápsulas, que são usadas em terapia génica.

A Immunomedics Inc, que surge em sexto lugar do quadro 2 com 28


publicações nesta área cientifica, é uma empresa americana biofarmacêutica
com escritório na Alemanha, que se dedica ao desenvolvimento de
preparações medicinais contendo substâncias radioactivas, trabalhando com
anticorpos e imunoglobulinas.

Também a empresa Koninkl Philips Electronics NV, actua na área das


preparações medicinais contendo substâncias radioactivas, trabalhando
também com anticorpos e imunoglobulinas no desenvolvimento de

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composições que sejam utilizadas no tratamento do cancro. Esta empresa é
responsável por 26 publicações no período em consideração.

A entidade seguinte, o Centre National de la Recherche Scientifique consiste


num organismo de investigação público francês que, à semelhança das
empresas anteriores, também possui actividade na área do desenvolvimento
de fármacos contendo substâncias radioactivas. Com 25 publicações de
famílias de pedidos de patente, este centro desenvolve nanopartículas
destinadas ao combate ao cancro.

No final da tabela encontram-se duas empresas mundialmente conhecidas: a


empresa internacional de cosmética Beiersdorf AG, com 24 publicações, que
detém a famosa marca NIVEA, e a empresa Intel Corp., mais conhecida na
área dos computadores, que agora começa a dar os primeiros passos numa
área totalmente diferente, a nanobiotecnologia, contando já com 20 famílias de
pedidos de patente publicadas.

A empresa Beiersdorf AG desenvolve preparações cosméticas,


nomeadamente, emulsões, que podem ter inúmeras aplicações,
nomeadamente, como formulações para a pele, maquilhagem, desodorizantes
e protectores solares.

Por seu lado, a Intel Corp. actua essencialmente na área das análises químicas
executadas a materiais biológicos, através de ensaios imunológicos
(imunoassays), em particular, com adjuvantes insolúveis para a imobilização de
químicos imunológicos. Esta empresa, também actua no desenvolvimento de
testes e processos de medição usando ácidos nucleicos.

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Figura 7 – Top 10 dos requerentes associados a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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O gráfico seguinte tem por objectivo retratar o Top 10 dos requerentes que
publicam pedidos de patente em nanobiotecnologia, evidenciando a proporção
entre cada um destes.

Analisando o gráfico seguinte, observa-se a clara predominância dos 3


principais requerentes na área da nanotecnologia face ao restante Top 10, uma
vez que a soma das publicações destes três requerentes correspondem a
quase metade do total de publicações contabilizadas pelo Top 10.

Se comparamos os requerentes do Top 10 que actuam sobretudo na área da


nanomedicina (Universidade da Califórnia, Universidade do Texas,
Massachusetts Inst. Technology, Immunomedics Inc., Koninkl Philips
Electronics NV, Centre Nat. Rech. Scient. e Intel Corp.) com as empresas que
operam essencialmente na área na “nanocosmética” (L’Oreal, Henkel KGAA e
Beiersdorf AG), pode verificar-se que as primeiras representam 55% das
publicações do Top10, face às segundas que representam 45%.

Assim sendo, embora o principal requerente associado a pedidos de patente da


área da nanobiotecnologia consista numa empresa de cosmética (que se
destaca claramente das restantes), no global, a maioria das entidades que
actuam nesta área estão mais direccionadas para a medicina. No entanto, face
ao facto desta diferença ser praticamente inexistente, pode afirmar-se que a
nanobiotecnologia está a ser empregue igualmente em ambas as áreas
(medicina e cosmética).

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Figura 8 – Top 10 dos requerentes associados a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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3.3.1.2 TOP 5 de requerentes

Analisando somente o Top 5, verifica-se que as empresas de cosmética


(L’Oreal e Henkel KGAA) representam 57% das publicações, enquanto que as
entidades ligadas à medicina (Universidade da Califórnia, Universidade do
Texas e Massachusetts Inst. Technology) representam 43% das publicações
do Top 5.

O gráfico seguinte representa a evolução do número de publicações dos 5


primeiros requerentes na área da nanobiotecnologia: L’Oreal, Universidade da
Califórnia, Universidade do Texas, Henkel KGAA e Massachusetts Inst.
Technology.

A L’Oreal, a empresa que mais utiliza a nanobiotecnologia no seu método de


negócio, manteve-se bastante activa durante o último decénio, tendo, no
entanto, diminuído significativamente a sua actividade nos dois últimos anos,
2009 e 2010, que correspondem ao começo da crise mundial. De notar que no
ano de 2009, não ocorreram quaisquer publicações derivadas de pedidos de
patente por parte desta empresa. Esta empresa teve como picos de actividade
os anos de 2000 a 2006, tendo por pico máximo, o ano de 2006.
Comparativamente às outras entidades, a L’Oreal destaca-se claramente no
gráfico, evidenciando a sua forte actividade no patenteamento de invenções
nesta área técnica.

A Universidade da Califórnia, que tem estado sempre activa na publicação de


pedidos com excepção do ano de 2001, tem como pico máximo o ano de 2009,
que curiosamente corresponde ao início da crise mundial. Verifica-se também
que esta universidade teve como maior período consecutivo de actividade de
publicação, o período correspondente aos anos de 2004 a 2006. Em 2010, esta
entidade diminuiu a sua actividade de patenteamento (como, aliás todas as
outras), devido provavelmente à presente crise instalada na Europa.

A Universidade do Texas, tem-se mantido activa em publicações desde 2001,


tendo a sua actividade máxima ocorrido nos anos de 2008-2009 e a mínima
nos anos 2001 e 2007. Tal como os outros requerentes pertencentes ao Top 5,

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também esta entidade tem sofrido oscilações na sua actividade de
patenteamento ao longo dos últimos 10 anos.

Quanto à empresa Henkel, verifica-se que esta já não teve uma prestação tão
pronunciada como a da sua concorrente mais directa do Top 5, a L’Oreal.
Inicialmente, parecia que esta empresa iria aumentar substancialmente a sua
actividade de patenteamento nesta área, a julgar pelos resultados de 2000 e
2001, correspondendo este último, ao pico máximo de actividade de
patenteamento demonstrada por esta empresa. No entanto, não foi isso que
aconteceu. Nos anos seguintes, esta empresa sofreu um decréscimo na sua
actividade, tendo mesmo cessado as suas publicações em 2006. O ano
seguinte, 2007, prometia o retorno da actividade, mas tal facto não se tornou
realidade nos anos posteriores: em 2008, a actividade de publicação voltou a
diminuir e nos últimos anos não se registou qualquer publicação realizada.

Por fim, o MIT registou como picos máximos de actividade os anos de 2007-
2008, tendo cessado completamente as suas publicações nos anos 2001 e
2010.

Na generalidade tem ocorrido uma actividade de patenteamento bastante


significativa ao longo dos últimos 10 anos, registando-se algumas oscilações
do número de publicações em todos os requerentes do Top 5. Nos primeiros
anos, 2000 a 2006, o cenário foi preenchido essencialmente pela L’Oreal,
enquanto que nos últimos anos, 2007 a 2010, já houve uma manutenção semi-
equitativa destes requerentes, não se tendo destacado nenhum em especial.
Nos anos críticos de 2009/2010, apenas três empresas mantiveram a sua
actividade de patenteamento: o MIT e as Universidades da Califórnia e do
Texas, para o ano de 2009, e a Universidade do Texas e as empresas Henkel
e L’Oreal, para o ano de 2010.

Quanto às entidades a operar essencialmente na área cosmética, verifica-se


que há um maior destaque da sua actividade nos primeiros anos (graças à
L’Oreal e aos picos de actividade da Henkel), enquanto que nos últimos anos
existe uma maior evidência nas publicações derivadas da área da medicina.

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Figura 9 – Evolução do nº de publicações do Top 5 dos requerentes associados a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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3.3.1.2 Mapa tecnológico para o TOP 5

O gráfico seguinte, designado como Mapa Tecnológico (ou ThemeScape Map)3


foi produzido com o intuito de fornecer uma visualização rápida e simples das
subáreas nas quais se subdivide a nanobiotecnologia e para as quais existe
maior actividade de patenteamento. Por outro lado, este mapa também aponta
as subáreas que ainda não foram exploradas, podendo estas constituir futuras
linhas de investigação/investimento.

Para a produção deste mapa, foram considerados os requerentes acima


identificados como o Top 5: L’Oreal, Universidade da Califórnia, Universidade
do Texas, Henkel KGAA e Massachusetts Inst. Technology. Para uma melhor
visualização e identificação da actividade patenteamento de cada uma destas
entidades, foram atribuídas cores representativas ao Top 5.

Quadro 3 – Cores correspondentes ao TOP 5 dos requerentes que mais publicam famílias
de patentes em Nanobiotecnologia.
Nº DE FAMÍLIAS DE
REQUERENTES COR CORRESPONDENTE
PATENTE
1 L’Oreal 120 

2 Universidade da Califórnia 51 

3 Universidade do Texas 36 

4 Henkel KGAA 35 
Massachusetts Inst.
5 29 
Technology

3
O mapa tecnológico é realizado com a ajuda de uma ferramenta fornecida pela Thomson, a
ThomsonInnovation®, que procura semelhanças entre palavras-chave retiradas dos
documentos (patentes) do universo em estudo, e agrupa essas mesmas patentes pelo seu
grau de semelhança num mapa topográfico em que a quantidade de patentes num certo ponto
corresponde à altitude do mesmo. Assim, nos cumes das “montanhas” encontram-se as áreas
de maior actividade, e no oceano, as de menor. Neste mapa estão representados os 5
requerentes com maior número de publicações, por cores, sendo que cada ponto corresponde
a uma publicação. (Fonte: INPI)

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Figura 10 – Themescape Map do TOP 5 dos requerentes que mais publicam em
Nanobiotecnologia.

Embora exista uma dispersão do Top 5 por todo o gráfico, verifica-se que a
L’Oreal se destaca sobretudo no canto superior esquerdo. Tal como seria
expectável, a L’Oreal centra a sua actividade em subáreas ligadas à cosmética,
nomeadamente, a nível de tratamento e cuidado da pele e cabelo. Também a
Henkel tem alguma actividade nestes picos, sendo esta menos significativa que
a L’Oreal. Imediatamente por baixo, destaca-se um pico referente à actividade
da Henkel em pastas de dentes. O MIT e as universidades da Califórnia e do
Texas têm alguma actividade em termos de imagiologia e de métodos de
diagnóstico/tratamento, nomeadamente, cancro. Também foi detectada a
utilização de anticorpos na investigação levada a cabo por estas entidades.

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3.3.2 TOP 10 da distribuição por país

Uma forma de analisar e identificar quais os mercados mais apetecíveis para a


protecção e comercialização de invenções na área da nanobiotecnologia, é o
estudo dos principais países ou organizações regionais onde mais se protege
invenções desta área.

Como tal, é essencial determinar, aquando da internacionalização de uma dada


invenção, quais os países ou instituições regionais consideradas pelos
investigadores como sendo os mais propícios ao sucesso comercial da
invenção, isto é, quais os territórios que poderão oferecer uma vantagem
competitiva, no caso de existir direitos de incidência tecnológica, face aos
demais concorrentes.

Dispondo os requerentes de apenas 12 meses a contar da data do primeiro


pedido para solicitar protecção noutros estados contratantes da Convenção de
Paris para a protecção da propriedade industrial (Paris, 20 de Março, 1883), é
fundamental estabelecer quais os mercados mais propícios à comercialização
da invenção e sobre os quais é necessário solicitar a protecção.

Com esse objectivo procedeu-se ao estudo do Top 10 dos países onde


ocorreram mais publicações, durante o período em consideração. Usando o
programa Thomson Innovation®, verificou-se que o Top 10 representava,
aproximadamente, 84% do total de publicações nesta área técnica, ou seja,
das 3951 publicações de famílias de pedidos de patente detectadas no período
decorrente de 2000 a 2010, 3309 destas publicações pertencem ao Top 10,
pelo que se pode concluir que estes países são realmente os mais apetecíveis
para a protecção de invenções na área da nanobiotecnologia.

O quadro seguinte tem por objectivo demonstrar quais os países onde ocorrem
maior número de publicações de famílias de pedidos de patentes em
nanobiotecnologia.

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Quadro 4 – TOP 10 dos países que mais publicam famílias de patentes em
Nanobiotecnologia.

CÓDIGOS DE PAÍSES OU
FAMÍLIAS DE PATENTE
INSTITUIÇÕES REGIONAIS
1 WO (PCT – via internacional) 1820

2 US (EUA) 1016

3 EP (Pedido Europeu) 192

4 DE (Alemanha) 122

5 FR (França) 105

6 CN (China) 14

7 KR (Coreia do sul) 14

8 JP (Japão) 12

9 CA (Canadá) 9

10 GB (Grã-Bretanha) 5

A via internacional (com o código WO) constitui a principal via de protecção


utilizada pelos requerentes da nanobiotecnologia. Estes consideram que
invenções nesta área são suficientemente importantes para justificar um
investimento a nível mundial. A via PCT4 permite efectuar um pedido de
patente simultaneamente em 144 países, em especial, nos três mercados mais
importantes a nível mundial: Europa, EUA e Japão. Associada a esta via estão

4
PEDIDO DE PATENTE INTERNACIONAL OU PCT: Instrumento de pedido de patentes reconhecido
internacionalmente, criado através do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (Patent
Cooperation Treaty, Washington, 19/06/1970) e administrado pela Organização Mundial da Propriedade
Intelectual (OMPI). Permite ao requerente, mediante um único pedido, solicitar protecção para uma
invenção em todos os países contratantes do PCT. O pedido deve ser apresentado no INPI sempre que
não seja reivindicada a prioridade de um pedido anterior feito em Portugal. Os pedidos apresentados no
INPI podem ser redigidos em português, inglês, francês ou alemão. Se o pedido for apresentado em
língua portuguesa, o requerente tem um mês para apresentar a tradução numa das outras três línguas.
Ao fim de dezoito meses contados a partir da data de prioridade mais antiga, o pedido é publicado,
normalmente com um relatório de pesquisa, e ao fim de trinta meses o pedido dá entrada nas fases
regionais e/ou nacionais. Nesta altura, o pedido é estudado, independentemente, nos Institutos de cada
um dos países designados, ou numa autoridade regional de concessão de patentes (caso da Organização
Europeia de Patentes) e conferirá em cada um deles, o mesmos direitos que um pedido de patente
nacional. (fonte: INPI)

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1820 publicações, que representam 55% do total de publicações referentes ao
Top 10.

Também os EUA (código US) apresentam uma expressão bastante significativa


em termos de publicações nesta área técnica: 1016 publicações, que perfaz
30,7% das publicações do Top 10. Este resultado não constitui qualquer
surpresa visto que a maioria das entidades, acima identificadas como o Top 10
dos requerentes que mais publicam em nanobiotecnologia, representam
sobretudo universidades e empresas americanas.

Segue-se o código EP5 referente aos pedidos europeus que aparece em 3º


lugar no quadro 4, com 192 publicações, um valor mais reduzido em
comparação com os valores correspondentes à via PCT e aos EUA. Este
código representa 5,8% das publicações do Top 10.

Seguem-se dois países pertencentes à Europa, a Alemanha (DE) e a França


(FR), que ocupam a 3º e a 4º posição, respectivamente. Estes países
representam, respectivamente, 3,7% e 3,2% do total de publicações do Top 10.

De seguida encontram-se representados 3 países asiáticos: China (CN) e


Coreia do sul (KR), ambos com 14 publicações, e Japão (JP), com 12
publicações.

Os últimos lugares da tabela são preenchidos com o Canadá (CA), com 9


publicações e a Grã-Bretanha (GB), com 5 publicações.

Estes últimos 5 países demonstram uma expressão pouco significativa face


aos restantes códigos do Top 10, uma vez que representam percentagens
inferiores a 0,5% face ao total de publicações do Top 10.

5
PATENTE EUROPEIA: Patente concedida pelo Instituto Europeu de Patentes (IEP), ao abrigo da
Convenção da Patente Europeia de 5 de Outubro de 1973 e que permite ao requerente, mediante um
único pedido de patente depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial ou no IEP, se for
reivindicada a prioridade de um pedido anterior apresentado em Portugal, obter protecção em todos e/ou
cada um dos países contratantes da referida Convenção. Uma vez concedida a patente, esta produzirá
efeitos em todos os países designados, desde que sejam entregues traduções nos respectivos institutos
nacionais e pagas as taxas exigíveis (validação). (fonte: INPI)

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Figura 11 – Distribuição por país (Top 10 dos países associados a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia).

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Todos os resultados atrás indicados encontram-se representados no gráfico
anterior. A análise deste gráfico permite verificar que os códigos WO e US se
destacam claramente em relação aos restantes códigos e que os códigos EP,
FR e DE, também sobressaem, embora de uma forma muito menos expressiva
que os códigos WO e US. Os restantes códigos têm uma expressão pouco
significativa face aos principais códigos do Top 10.

O gráfico seguinte demonstra a evolução das publicações em cada um dos


códigos ao longo dos anos (2000 a 2010). Neste gráfico pode observar-se
claramente a grande disparidade existente entre os pedidos PCT e os pedidos
americanos face aos restantes países ou instituições regionais. A linha do
gráfico referente ao PCT (código WO) revela uma boa performance em termos
de publicações ao longo do período em causa. Verifica-se que os anos mais
prósperos, em termos de publicações de pedidos PCT, correspondem aos anos
de 2006 e 2008. Entre 2001 e 2010, as publicações estiveram sempre acima
das 100 publicações. A partir de 2009, o gráfico revela uma diminuição
acentuada do número de publicações PCT.

Situação semelhante ocorre nas publicações americanas que, entre 2002 e


2009, apresentam um número de publicações acima dos 100 e que a partir de
2009, apresentam uma diminuição mais acentuada, mas não tão significativa
quanto a diminuição observada nos pedidos PCT.

Os restantes países ou instituições regionais revelam uma prestação mais


baixa mas relativamente constante ao longo dos anos, demonstrando uma
diminuição nos seus números de publicações a partir de 2009. De notar que,
ao contrário do que acontece para os restantes códigos, os pedidos europeus e
alemães registam valores abaixo das 25 publicações. Poderá haver aqui
alguma associação entre os pedidos DE e EP, publicados em 2000, e os
pedidos publicados no mesmo ano pelas empresas L’Oreal e Henkel, a
Universidade da Califórnia e o MIT.

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Figura 12 – Evolução do nº de publicações por Top 10 dos países associados a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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3.3.3 Evolução global das publicações
O gráfico seguinte traduz a evolução das publicações globais a nível mundial,
durante o período de tempo em consideração.

Como já seria expectável pela análise do gráfico anterior, existe uma


expressão significativa na actividade de patenteamento nesta área técnica
registada entre 2001 e 2010, com sinais evidentes de abrandamento a partir de
2009. No entanto, os números relativos a publicações nesta área continuam
elevados, registando-se mais de 300 publicações por ano entre 2002 e 2009.
Esta boa performance em termos de actividade de patenteamento é
certamente motivada pela forte presença dos pedidos PCT e dos pedidos
americanos que possuem bons resultados em termos de publicações ao longo
dos anos em estudo.

Observa-se, ainda, que os picos máximos de actividade correspondem aos


anos de 2005 e 2006, enquanto que os mínimos correspondem aos anos de
2001 e 2010.

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Figura 13 – Evolução das publicações anuais associadas a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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3.3.4 TOP 5 dos Inventores

Analisando as famílias dos pedidos de patente da área da nanobiotecnologia,


no período em consideração, verifica-se que os cinco principais inventores que
surgem nestas publicações são:

1. Goldenberg, David M. (US)

2. McBride, William J. (US)

3. Simonnet, Jean Thierry (FR)

4. Su, Xing (US)

5. Yamakawa, Mineo (US)

Os nomes dos inventores americanos David Goldenberg e William McBride


surgem associados, essencialmente, a pedidos de patente das empresas IBC
Pharmaceuticals L.L.C. e Immunomedics Inc (uma das empresas pertencente
ao Top 5 dos requerentes com mais publicações nesta área técnica). De notar
que a primeira empresa, que actuava no desenvolvimento de novas terapias de
combate ao cancro, foi adquirida, mais tarde, pela segunda empresa [1].

Quanto ao inventor francês Jean Thierry Simonnet, verifica-se que este surge
sempre em publicações de pedidos de patente da L’Oreal.

Outros dos inventores americanos que aparece no Top 5, consiste em Xing Su,
que aparece, tipicamente, nas publicações de pedidos de patente da Intel
(outra empresa do Top 10).

Por fim, o último nome que surge neste Top 5 corresponde a Mineo
Yamakawa, que também surge como inventor nos pedidos da Intel. À
semelhança do seu colega Xing Su, o inventor Mineo Yamakawa também tem
nacionalidade americana.

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Figura 14 –Top 5 dos inventores associados a pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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3.3.5 TOP IPCs

Para a realização deste estudo, foi necessário procurar as invenções que


tinham como código da Classificação Internacional de Patentes (International
Patent Classification, IPC), a classificação B82Y 5/00, referente à área da
nanobiotecnologia, que inclui também a nanomedicina.

No entanto, todas as invenções são mais complexas, também sendo


classificados outros aspectos da invenção que contribuem para a sua novidade
e originalidade. Por outras palavras, não basta classificar a invenção como
pertencente à nanobiotecnologia, pois existem outras características técnicas
essenciais à invenção que também devem ser classificadas como, por
exemplo, se a invenção consiste em lipossomas, emulsões, entre outros, ou se
a invenção consiste em preparações medicinais ou de cosmética, qual a sua
aplicação (cuidado da pele ou dos cabelos, higiene oral, composição de
maquilhagem), etc. Em suma, numa invenção existem inúmeros aspectos que
também podem ser classificados e que, ao serem analisados, fornecem uma
visão das restantes subáreas onde os requerentes da nanobiotecnologia
também operam.

Na análise às classificações associadas à classificação da nanobiotecnologia,


a B82Y 5/00, surgem os seguintes códigos IPC: A61K 47/48, C12Q 1/68, A61P
35/00, A61Q 19/00, A61K 9/00, A61K 9/51, A61K 49/00, A61K 8/04, A61K 9/14
e G01N 33/543.

Esta informação diz-nos que a nanotecnologia é utilizada principalmente em


preparações medicinais e, em especial, na preparação de agentes anti-
neoplásticos, usados em quimioterapia no tratamento do cancro. Também se
aplica a nanobiotecnologia a processos de medição e experimentação
envolvendo enzimas ou microorganismos e preparações para experimentações
in vivo. A nível da cosmética, a nanobiotecnologia é habitualmente usada para
fazer preparações cosméticas empregues no cuidado da pele (como, por
exemplo, cremes anti-rugas e protectores solares), sob a forma de emulsões
ou dispersões. Na nanomedicina, a forma física mais utilizada consiste nas
nanocápsulas e nos pós.

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Quadro 5 – TOP 10 das classificações CIP mais associadas às famílias de patentes de
Nanobiotecnologia.
FAMÍLIAS DE
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE PATENTES (CIP)
PATENTE
Medicinal preparations characterized by the non-active
ingredients used, e.g. carriers, inert additives… the non-
1 A61K 47/48 858
active ingredient being chemically bound to the active
ingredient, e.g. polymer drug conjugates.

Measuring or testing processes involving enzymes or micro-


2 C12Q 1/68 organisms; Compositions therefore; Processes of preparing 309
such compositions… involving nucleic acids.

3 A61P 35/00 Antineoplastic agents. 235

4 A61Q 19/00 Preparations for care of the skin. 213

Medicinal preparations characterized by special physical


5 A61K 9/00 194
form.

Medicinal preparations characterized by special physical


6 A61K 9/51 form… Preparations in capsules, e.g. of gelatin, of 194
chocolate… Nanocapsules.

7 A61K 49/00 Preparations for testing in vivo. 190

Cosmetics or similar toilet preparations… characterized by


8 A61K 8/04 171
special physical form… Dispersions; Emulsions.

Medicinal preparations characterized by special physical


9 A61K 9/14 170
form… Particulate form, e.g. powders.

Investigating or analyzing materials by specific methods…


Biological material, e.g. blood, urine; Haemocytometers…
Chemical analysis of biological material, e.g. blood, urine;
10 G01N 33/543 Testing involving biospecific ligand binding methods; 154
Immunological testing… Immunoassay; Biospecific binding
assay; Materials therefore… with an insoluble carrier for
immobilizing immunochemicals.

O gráfico seguinte permite visualizar todas a informação acima produzida em


relação às principais IPC associadas à nanobiotecnologia, destacando-se,
claramente, as preparações medicinais como a aplicação mais relevante da
nanobiotecnologia.

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Figura 15 –Top 10 das IPC mais habituais em pedidos de patente da área da nanobiotecnologia.

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3.4 Análise Tecnológica de pedidos de requerentes PT

No panorama nacional, embora a nanobiotecnologia ainda esteja a dar os primeiros


passos, foram detectadas 7 publicações de pedidos ou famílias de pedidos de
patente, desde pedidos nacionais, PCT, europeus e americanos.

De uma maneira geral, os requerentes portugueses que mais publicam pedidos de


patente na área da nanobiotecnologia consistem nas universidades do Algarve,
Aveiro e Coimbra e na empresa farmacêutica portuguesa Tecnimede.

De todos os requerentes portugueses, a empresa farmacêutica Tecnimede é a que


tem mais apostado no patenteamento de invenções na área da nanobiotecnologia,
contando já com 3 pedidos europeus de patente (2 destes, já concedidos).

Em termos de famílias de patente, destaque para o pedido de patente


US2008213185 A1, que tem como documentos da mesma família: WO2007012004,
US2011077387, US2008213185, EP1904642, JP2009502135, AU2006269879,
BRPI0615562, CA2615617, KR20080042804, MX2008000994 e NO20080830. Isto
é, foram efectuados pedidos nos EUA, Japão, Brasil, Noruega, Canadá, Austrália,
Coreia do Sul e México e também pedidos PCT e europeu.

Estes pedidos de requerentes portugueses aplicam a nanobiotecnologia ao


desenvolvimento de preparações medicinais, em particular, sob a forma de pós
(granulados ou aglomerados), comprimidos, pastilhas ou microcápsulas,
envolvendo piridinas não condensadas, ou halogenatos derivados destas, como
ingredientes orgânicos activos, envolvendo aminas ou compostos quaternários de
amónia como ingredientes não-activos, etc. Estas preparações podem ter diversas
aplicações, nomeadamente, no tratamento de doenças relacionadas com o sistema
digestivo, a nível de úlceras, gastrite ou refluxo gástrico.

A comprovar todos estes factos, estão as principais classificações associadas a


estes pedidos que são: A61K47/48, A61K9/16, A61K31/44, A61K47/18, A61K9/20,
A61K9/50 e A61P1/04.

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Quadro 6 – Pedidos de patente de requerentes portugueses.

REQUERENTE(S) NÚMERO DE PUBLICAÇÃO EPÍGRAFE

King Saud University [SA]; Universidade do Algarve


A nanoparticle comprising a micelle formed by an amphiphilic block-
1 [PT]; Mouffouk Fouzi [SA]; Rodrigues dos Santos WO2011113616 A1
copolymer and encapsulating a gadolinium complex
Nuno [PT]; Alrokayan Salman A H [SA]

Processo de encapsulamento de aluminatos luminescentes de berílio,


2 Univ. Aveiro [PT] PT104801 A magnésio, cálcio, estrôncio ou bário dopados com cério (III)
encapsulados com tio2 e as suas respectivas utilizações

Hong Chang Soo [US]; Yamada Tohru [US]; Fialho


Transport agents for crossing the blood-brain barrier and into brain
3 Arsénio M [PT]; das Gupta Tapas K [US]; US2008213185 A1
cancer cells, and methods of use thereof
Chakrabarty Ananda M [US]

Univ. Coimbra [PT]; Ribeiro Rama Ana Cristina da


C [PT]; Baptista Veiga Francisco Jose [PT]; Santos
Pharmaceutical form of reduced toxicity for oral administration of
4 Pereira Isabel Vitória [PT]; Ramos Carmona Maria WO2005074992 A1
indomethacin
Margarida [PT]; Silvério Cabrita Antonio Manuel
[PT]; Barbosa De Sousa Adriano Teixeira [PT]

Inclusion aminoacid salts compounds of benzimidazole derivatives with


5 Tecnimede Sociedade Técnico Me [PT] EP1018340 A1 cyclodextrins, their preparation and pharmaceutical formulations
containing them
A process for preparing pharmaceutical compositions through deposition
6 Tecnimede Sociedade Tecnico Me [PT] EP0745381 A1
of complexes of drugs with cyclodextrins on inert or active cores
Complexes of vinpocetine formed with cyclodextrins, process for their
7 Tecnimede Sociedade Tecnico Me [PT] EP0689844 A1
preparation and pharmaceutical compositions containing them

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4. Conclusão

Este estudo centrou-se essencialmente na evolução da nanobiotecnologia através


da análise do panorama de patenteamento nesta área emergente, através da IPC
B82Y 5/00, o código da Classificação Internacional de Patentes para a
nanobiotecnologia, que inclui também a nanomedicina. Com base neste código
foram estudados os principais requerentes, os principais inventores e os principais
países nesta área técnica. Também foi estudada a evolução, ao longo dos anos,
das publicações a nível global e das publicações por país.

As principais conclusões prendem-se com a constatação de que a


nanobiotecnologia é usada essencialmente em medicina e em cosmética. A nível da
cosmética, os principais players correspondem às empresas L’Oreal e à Helkel,
sendo que a L’Oreal é líder absoluto em publicações de pedidos de patente de
nanobiotecnologia, tendo já desenvolvido inúmeros produtos que estão actualmente
no mercado e que produzem receitas substanciais. A nível da medicina, destaque
para as Universidades da Califórnia e do Texas e o MIT. Estes resultados permitem
constatar que, em relação ao Top 5, existe uma predominância de empresas a
aplicar a nanobiotecnologia na área da cosmética e uma predominância de
instituições de ensino que trabalham no sentido de desenvolver novas invenções
em medicina com base na nanobiotecnologia.

No entanto, a nível global é a área da medicina que prevalece em termos da


aplicação da nanobiotecnologia, nomeadamente, no desenvolvimento de
preparações medicinais, como agentes anti-neoplásticos que são usados em
quimioterapia no tratamento do cancro.

Os anos de 2005 e 2006 são de particular relevância no panorama de


patenteamento mundial observado para a área da nanobiotecnologia. Uma
observação atenta destes anos revela que são vários os indicadores estudados cujo
pico máximo assenta num destes dois anos. Constata-se, assim, que os picos
máximos de actividade de publicação correspondem aos anos de 2005 (que
também pico máximo de publicações nos EUA) e 2006 (que também corresponde
ao pico máximo de publicações PCT e de publicações da L’Oreal).

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Em relação a Portugal, a tendência observada consiste na aplicação da
nanobiotecnologia para fins de medicina. Em particular, a empresa farmacêutica
Tecnimede tem vindo a apostar no patenteamento de invenções na área da
nanobiotecnologia, contando já com 3 pedidos europeus de patente (2 destes, já
concedidos). Esta empresa tem vindo a apostar no desenvolvimento de novas
composições farmacêuticas para o tratamento de doenças gástricas e
cardiovasculares. De relevar também o trabalho desenvolvido nas três
universidades portuguesas identificadas (Algarve, Aveiro e Coimbra), que são
pioneiras em termos de actividade de patenteamento nesta nova área tecnológica.

Embora a nanobiotecnologia ainda seja uma das subáreas da nanotecnologia com


menor desenvolvimento, prevê-se que o próximo decénio será decisivo para este
novo campo tecnológico. Havendo grandes expectativas acerca desta nova área
tecnológica, sobretudo na área da medicina e da cosmética, a nanobiotecnologia
promete revolucionar o mundo. Nesta medida, embora Portugal tenha ainda um
longo percurso para efectuar nesta nova área tecnológica, o nosso país não se
encontra de todo atrás dos outros países, tendo já começado a dar os primeiros
passos nesta nova área.

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5. Referências
[1] Fortina, P., et. al., “Nanobiotechnology: the promise and reality of new approaches to
molecular recognition”, TRENDS in Biotechnology, Vol.23, Nº 4, Abril de 2005.

[2] Site da Thomson Innovation: http://www.thomsoninnovation.com/

[3] Paper de Durán, N., et. al., “Nanotecnologia e Nanobiotecnologia: conceitos básicos”,
Laboratório de Química Biológica, Instituto de Química, Universidade Estadual de
Campinas: http://nano.iiep.org.br/sites/default/files/conceitos_basicos_nano.pdf

[4] Paper de Durán, N., et. al., “O que é nanobiotecnologia? Actualidades e Perspectivas”,
Instituto de Química, Laboratório de Química Biológica:
www.ifi.unicamp.br/extensao/oficinas/anteriores/of_9_duran.doc

[5] Maharana, B. R., et. al., “Nanobiotechnology: A voyage to future?”, Veterinary World, Vol.3,
Nº (3), Págs145-147, Março de 2010.

[6] Scheu, M., et. al., “Mapping nanotechnology patents: The EPO approach”, World Patent
Information, Elsevier, 2006-09-01, Vol 28, Nº 3, Págs 204 – 211.

[7] Paper de ObservatoryNANO, “Nanotechnology in Cosmetics”:


http://www.observatorynano.eu/project/filesystem/files/Cosmetics%20report-April%2009.pdf

[8] Paradise, J. “Developing Oversight Frameworks for Nanobiotechnology” MINN. J.L. SCI. &
TECH, Vol 9, Nº 1, Págs 399-416, 2008.

[9] Site do “The project on emerging nanotechnologies”:


”http://www.nanotechproject.org/inventories/consumer/

[10] Bawa, R., “Nanoparticle-based Therapeutics in Humans: A Survey”, Nanotechnology Law


and Business, Vol. 5, Nº 2, Págs 135-155, 2008.

[11] Pina, K. V. et. al., “Nanotecnologia e nanobiotecnologia: estado da arte, perspectivas de


inovação e investimentos”, XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS,
Brasil, 29 Out. a 01 de Nov. de 2005
®
[12] Site da bula do Caelyx : http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM%5B26242-1-
0%5D.PDF

[13] Site da bula do Renagel:


http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HUMANO/FA
RMACOVIGILANCIA/INFORMACAO_SEGURANCA/MATERIAIS_EDUCACIONAIS/P_T/Fol
heto_m%E9dico_Renagel_Vers%E3o%20final_12102010.pdf

[14] Koopmans, R.J., et. al., “Nanobiotechnology – quo vadis?”, Curr. Opin. Microbiol., Vol. 13, Nº
3, Págs 327-334. 9 Fevereiro de 2010.

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