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II - TIMÓTEO

“MANTENDO A PUREZA DA
DOUTRINA EVANGÉLICA”
“ Mantém o padrão das sãs palavras que de
mim ouvistes com fé e com o amor que está
em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito,
mediante o Espírito Santo que habita em
nós.” II Timóteo I.13 e 14.
INTRODUÇÃO

A primeira carta de Paulo a Timóteo trata da vida da Igreja local e


sua administração. Em sua primeira epístola ao jovem pastor Timóteo,
Paulo alerta-nos contra os perigos da apostasia e como combatê-los.
Na segunda carta que Paulo escreve a Timóteo encontramos o
velho e incansável apóstolo de Cristo conclamando-nos a guardarmos
integralmente o Evangelho e a batalharmos pela manutenção da pureza
doutrinária da fé cristã.
Paulo está encarcerado na capital do Império, Roma, a mando do
imperador Nero. Está cônscio de sua execução e conseqüente partida
para a eternidade. Então, toma providências para que, após sua partida a
fé seja transmitida sem “contaminações” às gerações futuras.
Competia a Timóteo, e por extensão a todos nós, preservarmos o
Evangelho tal qual o recebemos, e transmiti-lo a “homens fiéis e idôneos,
para que eles, por sua vez o ensinassem a outros, que também o
transmitissem igualmente puro” - II Tm. 2.2.
Tendo em mente a preocupação do apóstolo Paulo com a
manutenção da pureza do Evangelho, o “depósito” da verdade que nos foi
confiado por Deus, é que vamos estudar nesta campanha assunto tão
relevante. Embora saibamos que estamos vivendo os tempos da pós-
modernidade, tempos esses intensamente caracterizados pela falta de
paixão pela verdade evangélica, peçamos ao Senhor que nos dê a clara
compreensão do que é o Evangelho e, sobretudo, nos faça ardorosos
defensores da fé e da verdade que professamos - Fp. 1.27,28.

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GUARDANDO O EVANGELHO DA GRAÇA

Antes de trabalharmos pela pureza da doutrina evangélica,


devemos compreender acuradamente o que é o Evangelho. Percebe-se
hoje tantas misturas no evangelicalismo brasileiro que parece inútil falar da
pureza doutrinária evangélica. A face trágica da pós-modernidade é
exatamente a falta de compromisso e paixão pela verdade.
Precisamos urgentemente atentar-nos para a exortação que
Paulo fez a Timóteo e a todos nós, servos de Deus, no sentido de
guardarmos intacto o conteúdo da verdade do Evangelho, pois
percebemos à nossa volta cristãos, e até mesmo igrejas ditas evangélicas,
abrindo mão do Evangelho e pregando uma perigosa mistura resultante do
amálgama das filosofias de auto-ajuda e o misticismo sincretista da cultura
brasileira. O desafio que se nos impõe nesta conjuntura atual é sermos
guardiães da verdade, “o bom depósito” que recebemos da parte de Deus,
o Evangelho, a fim de proclamarmo-lo como o poder transformador de todo
aquele que crê - Rm. 1.16.

I - O QUE É O EVANGELHO
1.1 - O Evangelho é as boas novas de salvação, prometida desde os
tempos eternos e historicamente realizada em Cristo Jesus;
1.2 - O Evangelho tem sua origem em Deus. Procede de Deus e d’Ele
emana - Rm. 1. 8,9;
1.3 - A essência do Evangelho é o CRISTO DE DEUS, o Verbo Vivo;
1.4 - O propósito do Evangelho é incluir todos os homens e levá-los à fé e
à obediência da verdade - I Tm. 2.3,4; Rm. 1. 1-6;
1.5 - O Evangelho destina-se a todas as nações - Mt. 28. 18,19; Mc. 16.
15,16;
1.6 - O Evangelho é para todo homem e o homem todo, em todo tempo e
em todo lugar.

II - SOMOS CONVOCADOS A SOFRER PELO EVANGELHO - I Tm.


1.12; II Tm. 2.3
2.1 - Paulo desafia-nos a sofrermos pelo Evangelho sem nos
envergonharmos de sua escandalosa mensagem da graça;
2.2 - A proclamação da salvação unicamente pela graça, mediante a
fé, ofende determinadas pessoas;
2.3 - O homem, enquanto no pecado odeia ter que admitir a gravidade
do seu pecado e culpa;
2.4 - A mensagem da cruz continua sendo “loucura e escândalo” para
muita gente;

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2.5 - John Stott disse: “Ninguém consegue pregar com fidelidade o
Cristo crucificado sem sofrer oposição, ou até mesmo
perseguição”.

III - NOSSA RESPONSABILIDADE PARA COM O EVANGELHO


3.1 - Zelarmos pela pureza do Evangelho - I Tm. 1. 13-18;
3.2 - Guardarmo-lo fielmente;
3.3 - Proclamarmo-lo e difundirmo-lo ativamente;
3.4 - Sofrermos por ele corajosamente;
3.5 - Portanto, concluindo esta aula, precisamos assumir nossa
responsabilidade de guardarmos o Evangelho da graça de Deus,
tal qual o temos recebido nas páginas das Sagradas Escrituras,
conservando-o puro a qualquer preço, preservando-o de toda
corrupção. Eis o grande desafio a nós imposto. Que o Senhor
seja conosco no cumprimento dessa tão nobre tarefa.

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COMBATENDO EM PROL DA VERDADE DO EVANGELHO
(II Tm. 2.1-10)

Depois de ter desafiado Timó teo a guardar intacto o Evangelho da


graça de Deus, Paulo, agora, concita-o a combater incansavelmente pela
verdade da fé evangélica.
Embora alguns líderes da Igreja da Á sia houvessem desertado da fé e
abandonado a verdade, Timó teo foi chamado a resistir firme batalhando pela
causa do Evangelho de Cristo, sem se deixar intimidar pelos opositores da sã
doutrina. Seu dever era o de exercer responsavelmente a liderança cristã na
Igreja e ensinar a verdade insofismá vel do Evangelho, tal como ele o recebera
do apó stolo Paulo.
Certamente a tarefa era extremamente grande e, para cumpri-la
Timó teo deveria permanentemente fortificar-se na graça do Senhor.
Felizmente, podemos contar com a graça de Deus, nã o apenas para a
salvaçã o, mas também, para o serviço de Cristo. É parte indispensá vel do
combate cristã o a transmissã o da verdade a fim de fazer avançar o Reino de
Deus. Na aula de hoje estaremos analisando a natureza da luta pela verdade e
por que devemos nela nos envolvermos.

I - A FORÇA PARA O COMBATE CRISTÃO VEM DA GRAÇA DE DEUS


1. Paulo exorta Timó teo a demonstrar sua devoçã o pela causa do
Evangelho;
2. Nunca devemos nos esquecer que o que temos, temo-lo porque
recebemos de alguém;
3. A razã o por que precisamos lutar pelo Evangelho, é o fato de que o
recebemos como legado da parte de Deus, e por instrumentalidade de
outras pessoas que vieram antes de nó s;
4. A consciência de que estamos continuando o projeto do Reino de
Deus livra-nos da jactâ ncia e do perigo de pensarmos que somos o
“inventor da roda”;
5. Acima de tudo, devemos estar cô nscios de que recebemos o conteú do
do Evangelho e precisamos transmiti-lo a outros;
6. No Reino de Cristo, há homens que sã o singulares, mas nenhum deles
é indispensá vel, pois o projeto é maior do que todos nó s;
7. Portanto, Timó teo e também todos nó s, devemos demonstrar
hombridade, nã o por nossas habilidades e resoluçõ es, mas na força
que vem da graça do Senhor.

II - O COMBATE CRISTÃO EXIGE A DEDICAÇÃO DE UM SOLDADO - II Tm. 2.


3,4.

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1. O bom soldado de Cristo deve ser um homem dedicado à causa do
Evangelho;
2. Deve sempre estar disposto a sofrer, bem como viver
permanentemente em estado de alerta;
3. Qualquer displicência pode ser fatal, pois o inimigo pode atacar a
qualquer momento;
4. O soldado de Cristo sabe que, enquanto no serviço, nã o deve contar
com segurança e facilidades;
5. Riscos e sofrimentos sã o aceitos sem contestaçã o;
6. Nesta metá fora, Paulo ensina-nos a necessidade de disciplina e
submissã o, a fim de vencermos no combate pela verdade;
7. O soldado de Cristo deve evitar tudo o que possa desviá -lo do seu
propó sito, pois o seu objetivo é “agradar Aquele que o alistou para a
guerra”.

III - O COMBATE CRISTÃO EXIGE QUE ESTEJAMOS SUJEITOS ÀS REGRAS - II


Tm. 2.5.
3.1 - Precisamos entender que a luta pela verdade nã o pode prescindir
dos meios legítimos e do modo correto de realizá -la;
3.2 - No Reino de Deus é necessá rio que tenhamos “fins” legítimos e
“meios” igualmente legítimos;
3.3 - Os que combatem pela verdade nã o devem abraçar a má xima
maquiavélica de que “os fins justificam os meios”;
3.4 - Ninguém está autorizado a inventar o seu pró prio padrã o, pois a
Bíblia estabelece o padrã o normativo para o exercício do serviço
cristã o;
3. 5 - Nã o receberemos o galardã o e a coroa se nã o obedecermos à s
normas estabelecidas;
3.6 - Estamos engajados em uma luta pela verdade do Evangelho, mas é
preciso submetermo-nos ao regulamento, pois fora da regra nã o há
prêmio a receber.

IV - O COMBATE CRISTÃO EXIGE O TRABALHO DILIGENTE DE UM


LAVRADOR - II Tm. 2.6.
4.1 - Se o atleta precisa competir com honestidade, a metá fora agora
proposta, diz que, tal qual o lavrador, precisamos trabalhar
arduamente;
4.2 - Mesmo que o solo seja pobre, o tempo inclemente, as
circunstâ ncias desfavorá veis, devemos, mesmo assim,
permanecermos fazendo com diligência o nosso trabalho;
4.3 - Pode ser que os resultados nã o sejam imediatos, mas eles
aparecerã o no devido tempo;
4.4 - Lutar pela verdade nesta sociedade relativista e permissiva parece
ser uma tarefa ingló ria, mas nã o desfaleçamos, pois os benefícios
do trabalho denodado surgirã o;
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4.5 - Quando o Senhor fizer aparecer os frutos do nosso trabalho,
seremos os primeiros a alegrarmo-nos e deles desfrutarmos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

- Somos desafiados pelo texto sagrado a termos a DEDICAÇÃ O de


um BOM SOLDADO, a OBEDIÊ NCIA de um ATLETA à s regras da
COMPETIÇÃ O, e a DILIGÊ NCIA e o LABOR de um LAVRADOR
incansá vel;
- Nã o haverá vitó ria para o soldado se ele nã o se entregar aos seus
deveres de combatente;
- Nã o haverá coroa para o atleta, se ele nã o observar o regulamento
da competiçã o;
- Nã o haverá colheita e nem alegria na participaçã o dos frutos se o
lavrador nã o trabalhar o solo;
- Finalmente, Paulo exorta-nos a equilibrarmos ponderaçã o e
meditaçã o humana, com iluminaçã o divina. Meditaçã o e estudo
meticuloso das Escrituras sem dispensarmos a iluminaçã o do
Espírito Santo. Equilibrarmos conhecimento e graça. Graça que
nã o abra mã o do conhecimento e conhecimento que nã o
dispense a graça - II Tm. 2.7; II Pe. 3.18.

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PERMANECENDO NA VERDADE DO EVANGELHO
( II Tm. 3. 10-15)

Apó s ter conclamado Timó teo a sofrer e a batalhar pelo Evangelho,


Paulo exorta-o, entã o, a permanecer na verdade do Evangelho, a despeito dos
difíceis dias que se prenunciavam.
Certamente Paulo está pensando na timidez de Timó teo quando lhe
escreve estas recomendaçõ es. O teor da presente exortaçã o é para que o
jovem pastor Timó teo permanecesse no Evangelho, apesar das oposiçõ es e da
agudeza espiritual e moral dos “ú ltimos dias”.
Evidentemente, por ú ltimos dias Paulo está se referindo aos dias que
abrangem o período do advento de Cristo e do Evangelho até ao segundo
advento, a parousia.
Desde a composiçã o da carta até o retorno do Senhor na sua segunda
vinda as dificuldades se intensificariam em funçã o da prevalência do erro
doutriná rio e da açã o de homens corruptos que causaria uma generalizada
deterioraçã o da moral, da lei, da tradiçã o e dos bons costumes - II Tm. 3. 1-7.
O grande desafio imposto a Timó teo e, por conseguinte, também a
nó s, é de permanecermos no Evangelho, a despeito das oposiçõ es à fé e à
completa degeneraçã o da raça humana. Consideremos entã o as verdades
abaixo relacionadas:

I - A PERMANENTE OPOSIÇÃO À VERDADE

1.1 -O texto deixa claramente consignado que a oposiçã o ao Evangelho nã o


seria algo passageiro, mas permanente;
1.2 - John Stott diz que “quando o navio da Igreja foi posto ao mar, nã o lhe
foi prometido que esperasse uma travessia serena e calma”;
1.3 - Os tempos seriam difíceis, trabalhosos e caracterizados por
comportamentos indignos do ser humano criado à imagem de Deus;
1.4 - A grande verdade a nó s colocada é que deveríamos permanecer na
verdade do Evangelho, embora vivêssemos cercados por homens
extremamente corruptos e defensores de toda sorte de malignidade.

II - A INTENSIDADE DA CORRUPÇÃO MORAL GENERALIZADA-II Tm. 3. 2-4

2.1 - O texto arrola dezoito adjetivos para descrever as características dos


homens maus;
2.2 - Profeticamente Paulo descreveu os terríveis dias em que estamos
vivendo;
2.3 - A característica dominante nesses tempos finais é a total rebeliã o do
homem contra tudo que é norma e lei;
2.4 - Sã o tempos de completa deterioraçã o moral, e a norma vigente é nã o
ter norma alguma;
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2.5 - Percebe-se uma voluntá ria e arrogante quebra de tradiçõ es e bons
costumes;
2.6 - Vivemos hoje a época de completa anulaçã o dos valores mais caros à
vida, à família e, sobretudo a Deus e Sua Palavra.

III - A PREVALÊNCIA DA RELIGIÃO DAS APARÊNCIAS - II Tm. 3.5

3.1 - Vivemos a era da espiritualidade de fachada;


3.2 - Externamente, certos indivíduos ditos “crentes” têm a forma da mais
visível religiosidade e piedade, mas sem transformaçã o e sem
correspondência no cará ter;
3.3 - Certamente, o Evangelho nã o se resume a um moralismo cheio de
regrinhas piegas, mas, se verdadeiro, precisa ser moralizante;
3.4 - A fé cristã nã o é simplesmente uma questã o de crença, e nem a
simples assimilaçã o de um conjunto de idéias. Ela envolve conduta
e cará ter;
3.5 - A melhor maneira de mantermos a pureza do Evangelho é vivermos
à altura de sua proposta. O exemplo convence mais que o discurso;
3.6 - A religiosidade de aparência externa, sem a correspondente
realidade interna e sem a devida internalizaçã o dos valores
cristã os, é mera falá cia e nã o tem valor algum aos olhos de Deus;
3.7 - Precisamos urgentemente enfatizar a verdade transformadora do
Evangelho, a fim de influenciarmos positivamente a sociedade
brasileira.

IV - O PREOCUPANTE CRISTIANISMO SEM PROFUNDIDADE - II Tm. 3.7

4.1 - Fé superficial, sem enraizamento no solo da verdade;


4.2 - Nunca se viu tanto desapego e desinteresse pelo estudo sistemá tico
da Bíblia como é percebido nos dias atuais;
4.3 - Em nossas reuniõ es lemos a Bíblia em pequenas doses
homeopá ticas, pois a maioria nã o quer porçõ es mais elaboradas da
doutrina cristã ;
4.4 - Sem ensino consistente da Palavra de Deus, geramos uma
perspectiva de fé caracterizada pela sintomania;
4.5 - Fé sem discernimento e profundidade, é facilmente induzida ao erro
doutriná rio;
4.6 - Nesse tipo de cristianismo o culto precisa oferecer entretenimento, e
nã o reflexã o bíblica;
4.7 - Na cristandade pó s-moderna o que conta é a ú ltima “novidade”,
trazida pelo ú ltimo “guru” de plantã o. Compreender e conhecer a
verdade ficam sempre para depois.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
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- O chamamento que recebemos da parte do Senhor nesta hora final
é no sentido de permanecermos comprometidos com o Evangelho
e de defendermos a verdade da fé. Para que cumpramos a
ordenança do Senhor concernente à manutençã o do Evangelho, é
necessá rio que atentemo-nos para as seguintes verdades:

a) - Que assumamos o compromisso de permanecermos no Evangelho


e rejeitemos toda inovação que se apresente como substituta da
Palavra de Deus;

b) - Submetermo-nos à Palavra de Deus como único crivo de verdade.


Ela é suficiente e não precisamos de nada além dela para
realizarmos os propósitos de Deus na terra;

c) - Empenharmo-nos no ensino do Evangelho e pedirmos ao Senhor


que nos dê mestres que sejam exemplos e referenciais de
compromisso com a verdade;

d) - Estabelecermos de uma vez por todas que a base da nossa fé é a


verdade do Evangelho e não nossas intuições e sentimentos
subjetivos.

BIBLIOGRAFIA

01 - A BÍBLIA ANOTADA - Versã o Almeida, Revista e Atualizada


Editora Mundo Cristã o - Sã o Paulo - SP.

02 - ESTUDO PANORÂ MICO DA BÍBLIA MEARS, Henrietta, C.


Editora Vida - Miami - Fló rida - USA.

03 - A MENSAGEM DE 2 TIMÓ TEO - Série A Bíblia Fala Hoje STOTT, John R.W.
ABU - Editora - Sã o Paulo - SP.

04 - COMENTÁ RIO DO NOVO TESTAMENTO - 1 Timó teo, 2 Timó teo e Tito


HENDRIKSEN, William
Editora Cultura Cristã - Sã o Paulo - SP.

05 - I E II TIMÓ TEO E TITO - Série Cultura Bíblica KELLY, John N.D.


Ediçõ es vida Nova - Sã o Paulo - SP.

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