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PROJETO DE GRADUAÇÃO II
Título do Projeto :
Autor :
Orientador :
Orientador:
Prof. BRUNO CAMPOS PEDROZA, D.Sc.
Niterói
2018
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
CDD 621.43
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
TCE - Escola de Engenharia
TEM - Departamento de Engenharia Mecânica
PROJETO DE GRADUAÇÃO II
Título do Trabalho:
MODELO DINÂMICO DE UM MOTOR
MONOCILINDRO DE COMBUSTÃO INTERNA.
PROJETO DE GRADUAÇÃO II
Às nossas famílias, amigos e futuros familiares com os quais teremos o prazer de contar as
nossas experiências.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus por nos conduzir até aqui a partir do momento em que
nascemos e crescemos em famílias maravilhosas as quais sempre nos deram apoio.
Aos nossos pais e mães que sempre nos incentivaram a estudar e proveram o ambiente
familiar necessário para que pudéssemos crescer como estudantes e como pessoas.
Aos nossos irmãos e sobrinhos que nos inspiram e nos incentivaram sempre que as
dificuldades pareciam intransponíveis.
A todos os nossos amigos, alunos e professores, que dividiram conosco suas dúvidas e
ensinamentos e que sempre estiverem dispostos a nos ajudar sempre que precisamos e os
procuramos.
Ao nosso orientador Bruno Pedroza pela destreza de nos dar uma direção em nosso TCC, pela
paciência de lidar com nossas dificuldades e por não desistir de nós até o fim.
RESUMO
O presente trabalho apresenta o desenvolvimento e a simulação numérica de um modelo
matemático para descrever o comportamento dinâmico de um motor ciclo Otto, monocilindro,
à gasolina.
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 14
1.1.1 PRINCIPAIS FATOS DA HISTÓRIA DOS MOTORES A COMBUSTÃO INTERNA 14
1.1.2 PRINCIPAIS FATOS DA HISTÓRIA DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS 17
1.1.3 PRINCIPAIS FATOS DA HISTÓRIA DO HIDROGÊNIO 18
1.1.4 PERSPECTIVAS FUTURAS NO CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS. 21
1.2 OBJETIVOS 23
1.2.1 OBJETIVOS PRINCIPAIS 23
1.2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS 23
1.3 JUSTIFICATIVA 23
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 24
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26
2.1 MÁQUINAS TÉRMICAS 26
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA 27
2.2.1 CLASSIFICAÇÃO COM RELAÇÃO AO PROCESSO DE IGNIÇÃO: 27
2.2.1.1 Motores de ignição por faísca ou Otto – MIF: 27
2.2.1.2 Motores de ignição espontânea ou Diesel – MIE: 27
2.2.2 CLASSIFICAÇÃO COM RELAÇÃO AO NÚMERO DE TEMPOS: 27
2.2.2.1 Motores alternativos a quatro tempos (4T): 28
2.2.2.2 Motores alternativos a dois tempos (2T) por faísca: 29
2.3 ESTUDO DA TERMODINÂMICA DO MOTOR 33
2.4 ESTUDO CINEMÁTICO DO MOTOR 45
3 MODELOS MATEMÁTICOS 51
3.1 MODELO TERMODINÂMICO 51
3.1.1 MODELAGEM DE ENERGIA FINITA LIBERADA 52
3.2 MODELO DINÂMICO 58
3.2.1 RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E CINEMÁTICAS 59
3.2.1.1 Pistão 61
3.2.1.2 Biela 62
3.2.2 RELAÇÕES DINÂMICAS 64
3.2.2.1 Pistão 64
3.2.2.2 Biela 67
3.2.2.3 Conjunto Eixo de Manivela-Volante de Inércia 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80
6 - APÊNDICES 81
6.1 – TABELA DE DADOS DO MODELO DINÂMICO 82
6.2 – ESQUEMA SIMULINK® COMPLETO DO MODELO DINÂMICO 84
6.3 – PARTE 1 DO ESQUEMA SIMULINK® 85
6.4 – PARTE 2 DO ESQUEMA SIMULINK® 86
6.5 – PARTE 3 DO ESQUEMA SIMULINK® 87
6.6 – PARTE 4 DO ESQUEMA SIMULINK® 88
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A história dos motores a combustão interna, assim como muitas histórias da ciência,
iniciou pela curiosidade, observação e engenhosidade que são características comuns a todo
ser humano focado na compreensão e desenvolvimento de determinado assunto de seu
interesse.
Ainda de acordo com os autores Fergunson and Kirkpatrick (2016, p. 4), em 1872, o
engenheiro mecânico americano, George Brayton (1830-1892), patenteou e comercializou um
motor de combustão interna à pressão constante, denominado “Brayton’s Ready Engine”. O
motor usava dois cilindros com pistões alternativos, onde um cilindro era de compressão e o
outro era de expansão. Este ciclo também era chamado de “flame cycle”, onde a ignição da
mistura gás-ar era feita por uma chama piloto, onde era acesa e queimava a pressão constante,
além de ser bombeada do cilindro de compressão para o cilindro de expansão. O motor à
pistão de Brayton foi usado no primeiro automóvel em 1878. O ciclo de Brayton é, hoje em
dia, o ciclo termodinâmico que é usado nas turbinas a gás, o qual usa lâminas de ventilação
rotativas para comprimir e expandir o fluxo de gás através da turbina.
O primeiro e prático motor dois tempos foi inventado e construído, em 1878, pelo
engenheiro mecânico escocês Sir Dugald Clerk (1854-1932). Em 1876, Clerk formou-se na
Yorkshire College e em 1881 patenteou seu motor dois tempos. Ele é bastante conhecido por
sua longa carreira de contribuições na melhoria dos processos de combustão em motores dois
tempos de grandes diâmetros do cilindro. O motor de Clerk era feito de dois cilindros, onde o
cilindro de trabalho era usado para produzir energia e o outro, denominado de cilindro de
bombeamento, era usado para comprimir e transferir a admissão da mistura de ar e
combustível para o cilindro de trabalho. Válvulas reguladoras de pressão eram usadas para o
fluxo de admissão, e uma porta no cilindro era descoberta pelo pistão no tempo de expansão
para fazer a exaustão dos gases de combustão.
Muitos desses motores primitivos de combustão interna usavam gás de carvão, uma
mistura de metano, hidrogênio, monóxido de carbono e outros gases produzidos pela pirólise
parcial do carvão (decomposição da estrutura molecular do carvão pela ação do calor em um
ambiente com pouco ou nenhum oxigênio). Nos anos 1880, refinarias de óleo cru começaram
a produzir gasolina e querosene em quantidade suficiente para criar um mercado de
combustíveis líquidos para motores de combustão interna.
Estes motores primitivos eram resfriados a ar, desde que produzissem potência
relativamente baixa. Resfriamento por convecção natural da água usando o princípio do
termostato e resfriamento por convecção forçada usando bombas de água, só foram adotados
por volta de 1910 para motores de grande potência.
De acordo com Züttel, Borgshulte e Schlapbach (2008, p. 23), pensa-se que vale a
pena comentar um pouco sobre a história dos combustíveis fósseis por ter relação com a
temática da pesquisa. Afinal, como seria possível o desenvolvimento da humanidade se não
fossem as contribuições dos mesmos? E, portanto, expor informações pertinentes irá
enriquecer o presente trabalho.
O ano de 1960 merece ser comentado porque ocorreu à fundação da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo, a chamada OPEP pela Venezuela, Arábia Saudita, Irã,
Kuwait e Iraque com o intuito de limitar o poder das gigantescas companhias petrolíferas.
Os anos de 1973 e 1979 foram anos de inúmeros questionamentos devido à crise que
se instalou no mercado de petróleo; incluindo aspectos sociais, econômicos e políticos. O
mundo principiou a indagar sobre a dependência em relação à energia majoritariamente
proveniente do petróleo. Tais crises acarretaram o aumento considerável da indústria de
energia alternativa, como, por exemplo, o gás natural. Entretanto, é necessário dizer que essa
indústria demorou muito mais tempo para despontar no cenário mundial.
tratado pela sociedade desde os tempos da descoberta do hidrogênio até os dias atuais na sua
proposta de substituição ao petróleo como principal fonte de energia.
A demonstração em 1783 feita por Jacques Alexandre Charles foi o início da aplicação
do hidrogênio no ramo dos transportes e dessa forma surgiram os dirigíveis como meio de
transporte ao estilo de navios transatlânticos.
A tragédia ocorrida nos céus de Hinderburg mudou a visão pública no que se referia à
segurança em aeronaves. Em 6 de maio de 1937 o desastre de Hinderburg teve uma grande
repercussão na mídia através de fotos, notícias e o relato emotivo que foi gravado da
testemunha ocular Hebert Morrison, que permanece como um dos relatos mais famosos na
história. A alta flamabilidade do hidrogênio foi a principal causa da primeira tragédia do ar.
Mesmo a atratividade do hidrogênio como um gás de reduzida densidade prontamente
disponível foi superada pelo perigo da flamabilidade por 150 anos no voo mais leve que o ar.
Ainda de acordo com os autores Züttel, Borgshulte e Schlapbach (2008, p.35), pensa-
se que é interessante comentar a visão futura no que se referem às consequências, fontes e
consumo de energia.
É sabido que as atividades humanas no mundo inteiro demandam cada vez mais
energia e, portanto, a Agência Internacional de Energia (IEA com as siglas em Inglês) projeta
um crescimento até o ano de 2030 de mais de 50%. Economia e energia ainda continuam
muito ligadas, sobretudo pelos países industrializados e alguns em desenvolvimento.
Entretanto, há várias pesquisas que fazem essa separação.
Devido a esse aumento do uso de energia e pelo fato de que os combustíveis fósseis
ainda aparecem em alta no mercado, as mudanças climáticas do planeta têm sido
exaustivamente debatidas no mundo todo. A intensificação das mudanças climáticas causada
pela queima dos combustíveis preocupa muito, pois há áreas que dependem ainda muito dessa
queima, como a área de transporte.
1.2 OBJETIVOS
Este modelo, após seu desenvolvimento matemático, foi implementado em uma rotina
do Simulink® para simular e analisar o comportamento desse mesmo motor sob condições
diversas de funcionamento.
Para alcançar o objetivo principal antes, porém, será necessário realizar o estudo
teórico do comportamento do motor em duas etapas imprescindíveis, onde em cada uma delas
faremos análises físicas dos comportamentos dinâmico e termodinâmico do motor.
A partir dessas análises serão realizadas as modelagens individuais para cada uma
dessas etapas e no fim fazer a junção dos dois modelos para simulação.
1.3 JUSTIFICATIVA
A partir desse fato, diversos debates políticos têm sido realizados no sentido de
minimizar os efeitos de gases que contribuem para o efeito estufa em diversos setores da
sociedade, inclusive na adoção de novas tecnologias na categoria de transportes.
fontes, incluindo fontes de matérias primas com baixa emissão de carbono e, ambos podem
ser armazenados e utilizados como carregador eventual de potência em um veículo.
O hidrogênio pode ser produzido de várias matérias primas tão variadas quantos são os
métodos de obtenção, como por exemplo, a gaseificação do carvão, gás natural do processo de
reforma do vapor, eletrólise da água usando energia solar ou eólica ou diretamente a partir da
dissociação da molécula de água que ocorre na produção da energia nuclear. Um veículo que
se move a partir do hidrogênio produz pouca ou nenhuma emissão de dióxido de carbono.
De acordo com Gillingham (2007), a título de informação, nos anos 1990, somente o
estado da Califórnia, nos Estados Unidos, investiu maciçamente na promoção dos veículos à
bateria elétrica, campanha a qual fracassou devido à faixa extremamente limitada de
utilização desse tipo de motor. A partir dos anos 2000, este mesmo estado, obteve diversas
ações políticas para prover o desenvolvimento da infraestrutura do hidrogênio na Califórnia, o
que demonstra a importância que muitos acreditam que o hidrogênio terá num futuro
próximo.
Este trabalho, para melhor compreensão do leitor, foi estruturado em seis capítulos da
seguinte maneira:
Uma vez definidas, após rápida leitura, quais das referências encontradas melhor se
adequavam ao escopo do trabalho, foi realizado um estudo aprofundado, que resultou nos
capítulo 1 e capítulo 2 deste trabalho.
25
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os motores de combustão interna são máquinas térmicas, isto é, são dispositivos que
permitem transformar calor em trabalho. Em uma máquina térmica, a fonte de calor pode ser
obtida de diversas fontes tais como a própria combustão, energia elétrica ou mesmo energia
atômica. As máquinas térmicas podem ser classificadas como Motores de Combustão Externa
(MCE) e Motores à Combustão Interna (MCI). Num MCE a combustão se dá externamente
ao fluido de trabalho, o qual serve apenas para transportar a energia térmica que será
transformada em trabalho. Para o caso de um MCI, a fonte de calor é derivada diretamente da
queima de um combustível que também é o fluido de trabalho, na qual ocorre a transformação
de energia química em trabalho mecânico (BRUNETTI, 2012).
Nesse tipo de motor, o pistão comprime somente o ar, até que o mesmo atinja uma
temperatura suficientemente elevada. Quando o pistão se aproxima do Ponto Morto Superior
(PMS), o combustível que no caso é o Diesel, é injetado reagindo com o oxigênio do Ar
previamente aquecido pela compressão até a temperatura, denominada de temperatura de
autoignição (TAI), em que o ocorre a queima do combustível dispensando-se a presença de
faísca proveniente de uma vela.
Num motor quatro tempos temos o seguinte esquema apresentado na Figura 2.2
abaixo.
Num motor dois tempos, representado na Figura 2.3, os processos que ocorrem são os
mesmos que num motor quatro tempos, porém alguns processos ocorrem concomitantemente
num mesmo percurso do pistão. Nesse motor não há válvulas de admissão e escapamento,
somente as entradas A, B e C, cujos funcionamentos serão explicados a seguir.
30
O segundo tempo, começa quando o pistão alterna seu sentido de percurso e começa a
ascender do PMI ao PMS. Percebe-se que de acordo com a Figura 2.3, o pistão em trajeto ao
longo de seu curso vai fechando as entradas das Janelas B e C, e, então, começa o processo de
compressão da mistura no interior do cilindro, que ao aproximar-se do PMS será liberada a
faísca que reiniciará o ciclo de operação. Como se pode perceber, o pistão em ascendência, ao
fechar B e C, libera a passagem A, que é a entrada, para o cárter, de ar, combustível e
31
Como se pode perceber, a diferença básica entre um motor 2T e outro 4T, é que o
primeiro realiza trabalho útil a cada volta do virabrequim enquanto o segundo a cada duas
voltas. Essa relação de voltas por tempo de trabalho positivo dá origem à definição de Fator
de Tempos, designado pela letra x. Dessa forma x é igual a 1, (x = 1) para um motor 2T e por
conseguinte x = 2, para um motor 4T.
Por outro lado, para uma mesma potência de um motor 4T, o motor 2T é mais simples,
pequeno, leve e de baixo custo. As diferenças fundamentais entre os motores 2T e 4T estão
apresentadas na Tabela 2.1 abaixo.
Um motor pode apresentar um ou mais cilindros e estes podem ser dispostos de várias
maneiras de forma a maximizar a performance do veículo.
Na Figura 2.4, tem-se as disposições típicas que os pistões podem ser ordenados no
motor. No primeiro caso temos cilindros dispostos em linha, no segundo em V e o último, os
cilindros são do tipo opostos ou boxer.
Na Figura 2.5 abaixo, representa-se quatros tempos do pistão em cada um dos quatro
cilindros que compõem um motor com 4 cilindros.
De acordo com essas hipóteses, para um ciclo Otto padrão a ar, obtém-se os seguintes
diagramas p-V (Pressão versus Volume) à esquerda e T-S (Temperatura absoluta versus
Entropia) à direita mostrados na Figura 2.6, a seguir.
34
Processo 1-2: Compressão isoentrópica. De acordo com a hipótese III, não temos
admissão ou escape, e o fluido ativo que no caso é o ar, sofre compressão isoentrópica de 1
até 2. Num diagrama p-V essa transformação é dada pela curva:
onde:
Cp
k (2.2)
Cv
35
onde:
Vale lembrar que a equação de estado para um gás ideal pode assumir as seguintes
formas:
onde:
Ou
onde:
Ou ainda
p
R.T
(2.5)
onde:
R C p Cv (2.6)
R
Cv (2.7)
k 1
k .R
Cp (2.8)
k 1
Em razão da hipótese VII, no diagrama p-V, as áreas entre as curvas dos processos e o
eixo dos volumes são proporcionais aos trabalhos realizados nos respectivos processos, assim
a área do gráfico compreendido entre 1 2 V2 V1 corresponde ao trabalho de
Analogamente, no diagrama T-S, a hipótese VII permite concluir que as áreas entre as
curvas representativas dos processos e o eixo das entropias são diretamente proporcionais aos
calores trocados nos respectivos processos. Como no diagrama T-S o processo 1-2 é uma
vertical por se tratar de um processo isoentrópico, conclui-se que o calor trocado é nulo.
Processo 2-3: Fornecimento de calor dado por Q2-3 num processo considerado
isocórico, que simula o calor liberado na combustão, admitindo-se que seja totalmente
fornecido quando o pistão se encontra no PMS. No diagrama T-S a área 2 3 S4 S1 é
positiva.
Processo 4-1: Retirada do calor do sistema dado por Q4-1 , simulando o calor perdido
W Q Q4-1 Q
t 2-3 ⇒ t 1 4-1 (2.9)
Q2-3 Q2-3 Q2-3
onde:
Qc T
t 1 t 1 c (2.10)
Qh Th
38
onde:
O ciclo de Carnot representa o ciclo com a maior eficiência térmica possível para uma
máquina térmica operando entre as temperaturas das mesmas fontes. Assim sendo, para um
ciclo termodinâmico real, a eficiência térmica será menor que a do ciclo ideal de Carnot.
onde:
onde:
Analogamente temos:
39
onde:
T T4
T1. 4
m.Cv .T4 T1 T1 T1 T1
t 1 ⇒ t 1 ⇒ t 1 .
m.Cv .T3 T2 T3 T2 T3 (2.14)
T2 . T
2
T 2
k -1
T2 V1
T1 V2 (2.15)
onde:
k -1
T3 V4
T4 V3 (2.16)
40
onde:
T2 T3
(2.17)
T1 T4
Dessa última relação podemos obter o rendimento térmico em função das temperaturas
em (1) e (2), onde a Equação 2.14, se transforma em:
T1
t 1 (2.18)
T2
k -1
V
t 1 2 (2.19)
V1
V1
O termo é conhecido como taxa de compressão, rv , e se relaciona com as
V2
respectivas pressões em (1) e (2) da seguinte forma:
41
V1 P2
rv (2.20)
V2 P1
1
t 1 (2.21)
rvk -1
Para o caso de ciclos reais, o diagrama p-V pode ser obtido, através de aparelhos
denominados de Indicadores de Pressão. Os primeiros indicadores de pressão foram
mecânicos e seu uso é mais adequado a motores grandes com baixa rotação. As limitações dos
indicadores mecânicos são superadas pela introdução da eletrônica através dos Indicadores
Eletrônicos de Pressão, cujo funcionamento é bem mais complexo, porém mais preciso que o
primeiro. Dependendo de onde são colocados os Indicadores de Pressão podem fornecer dois
tipos de diagramas: o diagrama p-V e o diagrama p-α.
42
O diagrama p-V é dado pelo gráfico esquematizado fora de escala na Figura 2.8,
abaixo, representativo do funcionamento de um único cilindro.
Processo 1-2, Tempo de Admissão: O pistão desloca-se do PMS ao PMI com a válvula
de admissão aberta, permitindo que o cilindro entre em contato com ambiente. A pressão no
interior do cilindro é um pouco menor que a pressão atmosférica em razão do escoamento da
mistura ar-combustível no de caso do motor PFI ou apenas ar no caso dos motores GDI, as
quais são aspiradas pelo pistão.
43
Processo 4-1, Tempo de Escape: No ponto (b), pouco antes do PMI, ocorre a abertura
da válvula de escape e os gases, por conta da alta pressão que ainda reina no interior do
cilindro, escapam rapidamente para o meio ambiente até alcançar uma pressão ligeiramente
maior que a pressão atmosférica. Para complementar o processo de escape dos gases de
combustão o pistão ascende para o PMS e ao alternar seu movimento reinicia um novo ciclo
de operação com nova mistura e de acordo com os mesmos tempos descritos.
O diagrama p-α é dado pelo gráfico esquematizado na Figura 2.9, onde a pressão é
função do ângulo de rotação do virabrequim. O desenvolvimento desse gráfico é de acordo
com os tempos do ciclo de operação descritos acima, porém mostra a pressão no interior do
cilindro em função do ângulo de giro do virabrequim.
44
O estudo do ciclo real de um motor ciclo Otto 4T a gasolina será apresentado na modelagem
termodinâmica.
45
Na Figura 2.10 destaca-se ainda o curso do pistão (S), definido como sendo a distância
percorrida pelo pistão quando este se desloca de um ponto morto para outro, o volume total
( V1 ), que é o volume compreendido entre a cabeça do pistão e o cabeçote, quando o pistão
está no PMI, e o volume morto ou volume da câmara de combustão ( V2 ), volume
compreendido entre a cabeça do pistão e o cabeçote, quando o pistão está no PMS.
Na Figura 2.11, a seguir, observa-se o volume deslocado útil ( Vdu ), também conhecido
como cilindrada unitária ou deslocamento volumétrico, que é o volume deslocado pelo pistão
de um ponto morto a outro, e o diâmetro dos cilindros do motor (D).
46
D2
Vdu V1 V2 S (2.22)
4
D2
Vd Vdu z Sz (2.23)
4
47
V1
rv (2.24)
V2
Vdu
rv 1 (2.25)
V2
D 2
.S
Vdu 4
V2 ⇒ V2 (2.26)
rv 1 rv 1
Da Figura 2.12, conclui-se que a relação entre a distância x e o ângulo α é dada por:
r
2
x r 1 cos L1 1 sen 2 (2.27)
L
S 2r (2.28)
2 n (2.29)
49
onde:
Vp 2 S n (2.30)
V ( ) V2 .D 2 .x (2.31)
4
onde:
V ( )
1 r 1.
~ x
V ( ) (2.32)
V2 S
r S
(2.33)
L 2L
x
O termo é adimensional. De acordo com a Equação 2.27 tem-se que:
S
1
1
.1 cos
x 1
.1 1 .sen 2
2 2
2.
(2.34)
S 2
~
V ( ) 1
r 1 .1 cos 1
1 1
2
.sen 2
1
2
2.
(2.35)
2
Para ℰ < 1, é possível expandir o termo sen 2α pela série de Taylor e assim obtemos:
1
1
1 2
2
.sen
2 2 .sen 2 O( 4 ) (2.36)
2
Dessa forma:
.1 cos .sen 2
x 1
(2.37)
S 2 4
~ (r 1)
V ( ) 1 .(1 cos ) (2.38)
2
51
3 MODELOS MATEMÁTICOS
O estudo dos ciclos de máquinas térmicas como modelos simples dos processos de
motores de combustão interna é bastante útil para ilustrar os principais parâmetros que
influenciam o desempenho do motor. As análises de máquinas térmicas tratam o processo de
combustão como o fornecimento equivalente de calor a um gás ideal. A modelagem da
combustão pelo fornecimento de calor é simplificada desde que os detalhes da física e da
química da combustão não são necessários. Os vários processos de combustão são modelados
como volume constante, pressão constante ou como processos de energia finita liberada.
A teoria científica dos ciclos das máquinas térmicas teve seu início em 1824 quando
começou a ser desenvolvida pela primeira vez pelo engenheiro francês Sadi Carnot (1796-
1832). Sua teoria tem dois axiomas principais. O primeiro axioma diz que para um fluxo de
energia gerar potência deve haver dois corpos, também chamados de reservatórios, em
diferentes temperaturas, um corpo quente e outro corpo frio. O trabalho é extraído do fluxo de
energia, calor, do corpo quente para o corpo frio. O segundo axioma diz que não deve haver
nenhum ponto de perda de energia, dessa forma a transferência de calor é realizada à
temperatura constante.
Usando esses dois axiomas Carnot desenvolveu um ciclo de máquina térmica ideal. A
eficiência do ciclo, conhecido como Ciclo de Carnot, é função unicamente das temperaturas
dos reservatórios e a eficiência é incrementada à medida que a temperatura do reservatório
quente aumenta. O Ciclo de Carnot é reversível e o mais eficiente possível, e é o padrão com
o qual todos os motores são comparados.
realizada a volume constante. Neste ciclo, entretanto, como será visto, a combustão não
ocorre necessariamente a volume constante e, além disso, o fluido de trabalho é considerado
um gás ideal.
Uma curva típica da fração de massa cumulativa queimada, que representa a fração da
energia do combustível liberada é mostrada na Figura 3.1.
A Figura 3.1 mostra como a fração de massa cumulativa queimada varia em função do
ângulo α do virabrequim. O comportamento de uma curva de fração de massa queimada é
caracterizado por uma região de pequena declividade que se inicia com o salto da faísca e
começo de liberação de energia, ambos no ângulo inicial i , seguida por uma região de
crescimento rápido e então um decaimento mais gradual. As três regiões correspondem ao
desenvolvimento de uma ignição inicial, uma região de queima rápida e outra região de
conclusão da queima. Essa curva de forma em S pode ser representada analiticamente por
uma função trigonométrica como a equação:
1 i
xc ( ) .1 cos
2 d
(3.1)
onde:
Por outro lado, a Equação 3.1 pode ser representada pela relação exponencial
denominada de função de Wiebe:
n
xc ( ) 1 exp a. i
d
(3.2)
onde:
dQ dx
Qe . c
d d
(3.3)
onde:
dQ
= taxa de calor liberado em relação à α, [J/rad];
d
dx c
= taxa de variação da fração de energia cumulativa liberada em relação à α,
d
[1/rad].
n-1
i
n.a. e .1 xc .
dQ Q
d d d
(3.4)
55
Q W dU (3.5)
onde:
onde:
. p.dV V .dp
1
m.dT (3.7)
R
. p.dV V .dp
Cv
Q p.dV (3.8)
R
Diferenciando esta última equação em relação ao ângulo α e introduzindo a relação da
Equação 3.3 obtemos:
dxc dV Cv dV dp
Qe . p. . p. V.
d d R d d (3.9)
onde:
dV
= taxa de variação de volume em relação à α, [m³/rad];
d
dp
= taxa de variação da pressão em relação à α, [Pa/rad].
d
57
dp p dV Q dx
k. . (k 1). e .
d V d V d
(3.10)
~ p ~ V ~ Q
p ,V , Q e (3.11)
p1 V1 p1.V1
~ ~
d~ ~
k 1. ~ .
p p dV Qe dx
k. ~ .
d V d V d
(3.12)
~ ~
dW ~ dV
p.
d d
(3.13)
As Equações 3.12 e 3.13 para serem integradas necessitam de uma equação do volume
em função de α e dessa forma diferenciamos a Equação 2.38, obtendo:
~
dV r 1
.sen
d
(3.14)
2r
58
As Equações 3.12 e 3.13 são facilmente resolvidas por integração numérica através do
programa F4 desenvolvido no MatLab® pelos autores Fergunson e Kirkpatrick (2016, p. 415).
Uma vez calculadas a pressão e o trabalho, estes permitirão o cálculo da eficiência térmica e o
comportamento do ciclo. Convém lembrar que nesta análise simples foram desprezadas as
perdas por transferência de calor e massa.
Para a obtenção das relações dinâmicas, precisamos das relações cinemáticas referenciadas
em relação ao sistema de coordenados adotado.
onde:
r
arcsen .sen (3.16)
L
r.cos
.
L. cos
(3.17)
onde:
onde:
3.2.1.1 Pistão
onde:
r sen
x p . .L. cos r. cos .
L cos
(3.20)
onde:
xp r cos . sen . (3.21)
onde:
3.2.1.2 Biela
Pela direção x, ainda de acordo com a mesma Figura 3.2 temos a posição do centro de
massa da biela:
onde:
onde:
xb r.cos . . sen . . L2 . cos . . sen . (3.24)
onde:
onde:
onde:
yb L1 - sen . . cos . ⇒ yb L1. cos . - sen . 2 (3.27)
onde:
Inicialmente, foi realizada uma análise de corpo livre do pistão, da biela e do conjunto
eixo de manivela-volante de inércia, cujos resultados são apresentados a seguir.
3.2.2.1 Pistão
Na Figura 3.3, a seguir, tem-se o diagrama de corpo livre adotado para o pistão do
motor, onde foram representadas todas as forças que atuam no pistão.
onde:
FcpAt
= força de atrito entre a parede do cilindro e o pistão, [N];
Pp m p g (3.29)
onde:
A força de atrito entre a parede do cilindro e o pistão pode ser calculada pela equação,
apresentada a seguir:
onde:
Finalmente, a força de atrito viscoso entre a parede do cilindro e o pistão, pode ser
determinada pela seguinte equação:
onde:
Desta forma, usando as Equações 3.29, 3.30 e 3.31, a Equação 3.28 pode ser reescrita
como:
mp.xp -Fc - mp.g Fpx Fct -μvcp .x p- FasAt μcp . FcpN sgn x p (3.33)
onde:
mp .xp -Fc -mp .g Fpx Fct -μvcp .x p - FasAt μcp . Fpy sgn x p (3.36)
As componentes Fpx e Fpy representam os elos de ligação do pistão com a biela. Dessa
3.2.2.2 Biela
Uma vez analisado o pistão, realizou-se uma análise análoga da biela do motor. Para
isto adotou-se o diagrama de corpo livre apresentado na Figura 3.4, a seguir.
68
onde:
onde:
onde:
TbvAv = Torque resistivo decorrente do atrito viscoso entre a biela e volante de inércia.
[N.m].
O torque resistivo do atrito viscoso entre a biela e volante de inércia, pode ser
determinado pela equação:
onde:
J b β = -Fmx .L.senβ + Fmy .L.cosβ + μbv . α - β (3.41)
Note que há um torque resistivo na união pistão-biela, mas, segundo Duygu e Karabulut
(2015), esse torque pode ser desprezado.
Direção x:
onde:
Direção y:
onde:
J vα = Fmx .r.senα + Fmy .r.cosα - μbv .(α - β) - Tev + Ta - Tr (3.44)
onde:
Tev = Torque resistivo decorrente do atrito viscoso entre o volante de inércia e seu
rolamento. [N.m];
O torque resistivo do atrito viscoso entre o volante de inércia e seu rolamento, pode ser
determinado pela equação:
onde:
J v α = Fmx .r.senα + Fmy .r.cosα - μbv .(α - β) - μev .α + Ta - Tr (3.46)
Utilizando as Equações 3.36, 3.37, 3.38, 3.41, 3.42, 3.43 e 3.46 é possível estabelecer
o modelo dinâmico de funcionamento do sistema mecânico.
Vale ressaltar que a simulação foi realizada com um precisão denominada de “max
step size” da ordem de 2e-5. Esse parâmetro constitui o tamanho de passo máximo entre cada
iteração.
73
O modelo dinâmico foi submetido a simulações com dados da Tabela 6.1 e da Tabela
6.2 e mostrou comportamento condizente com o que era esperado de um motor real.
Na simulação mostrada na Figura 4.2 abaixo, são retiradas todas as forças de atrito e o
modelo é testado novamente por 6,0 s. Assim como na simulação anterior o torque atua
somente por 1,0 s e o sistema se mantém em movimento indefinidamente sem forças externas.
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Figura 4.3 - Torque aplicado por tempo indeterminado ao motor com atrito.
Fonte: Próprios autores (2018).
75
4.3 CONCLUSÕES
O efeito dos atritos limita a rotação máxima do sistema como ilustrado na Figura 4.5
replicando o que acontece em um motor real. Na Figura 4.8 podemos observar esse efeito com
mais detalhes. O sistema ganha momento na expansão dos gases, mas perde energia no resto
do ciclo. Fazendo com que a velocidade média de rotação se comporte de forma assintótica
tendendo a um valor máximo médio de rotação da ordem de 8000rpm para a simulação com
os parâmetros da Tabela 6.1 e da Tabela 6.2.
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BRUNETTI, Franco. Motores de Combustão Interna, Vol. 1. São Paulo: Blucher, 2012.
DUYGU, Ipci and KARABULUT, Halit. Thermodynamic and dynamic modeling of a single
cylinder four stroke diesel engine. Ankara: Gazi University, 2015.