Você está na página 1de 36

O programa de transição

energética
Unindo o Centro Brasileiro de Relações Internacionais
(CEBRI), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Centro de
Economia Energética e Ambiental (CENERGIA), o programa
buscou identificar trajetórias de neutralidade de carbono
para o Brasil no horizonte de 2050.

OBS: Os resultados do Programa de Transição Energética refletem o processo de construção e desenvolvimento de cenários exploratórios e sua quantificação pelo Cenergia. Por isso, não expressam necessariamente a visão individual das instituições que participaram do
Programa, nem necessariamente consideram outros trabalhos que estão sendo desenvolvidos por essas instituições. Naqueles aspectos específicos e recomendações de natureza setorial, devem ser consideradas as medidas de política, trabalhos e análises sobre descarbonização
desenvolvidos pelas instituições/entidades setoriais competentes em cada caso. As análises e recomendações de políticas em nível setorial não são exaustivas e estão sujeitas a revisão quanto à validade e consistência com os marcos regulatórios, técnicos e políticos dos setores
envolvidos e com tais marcos no contexto específico do Brasil.

2
AS FASES DO PROJETO
Para situar o Brasil no processo de compreensão, pela sociedade global, das consequências da mudança
climática e de evolução no desenvolvimento de tecnologias que viabilizam a produção de energia sustentável, o
programa foi dividido em três fases.

DIVERGÊNCIA CONVERGÊNCIA CENÁRIOS

3
1S
2021

DIVERGÊNCIA
Mapeamento das principais tendências e incertezas críticas através de uma série
de eventos virtuais, em debates com especialistas, público e partes interessadas,
e resultou no lançamento de um whitepaper, consolidando as percepções
obtidas.

4
1S
2021 DIVERGÊNCIA

PERGUNTAS NORTEADORAS

Que alternativas trazem os Quais efeitos estruturais a Que tecnologias e fontes de


maiores benefícios para o pandemia pode provocar energia fazem mais sentido
Brasil? Qual a contribuição no setor energético global e para o Brasil na busca pelo
de cada um dos segmentos quais seus desdobramentos atendimento aos acordos
para esse processo? para o Brasil? climáticos?

5
2S
2021

CONVERGÊNCIA
Consolidação de uma visão de futuro para as principais variáveis
explicativas identificadas na fase anterior

6
2S
2021 CONVERGÊNCIA

CONVERSAS COM PRIORIZAÇÃO DAS DEFINIÇÃO DOS CONSTRUÇÃO


EMPRESAS INCERTEZAS BALIZADORES DAS NARRATIVAS
• Debate on-line sobre • Priorização por grau • Estados futuros das • Redação das lógicas
as principais de impacto e incertezas dos cenários
divergências da incerteza priorizadas
primeira etapa • Elaboração do
• Matriz de correlação • Sensibilidades relatório
• Instituições que (What-Ifs)
integram o projeto e • Validação junto ao
convidadas CEBRI, BID e EPE • Verificação de
compatibilidade com
o modelo da COPPE

7
1S
2022

CENÁRIOS
Modelagem dos cenários de futuro com base na
metodologia adotada pelo Cenergia/PPE/COPPE/UFRJ

8
1S
2022 CENÁRIOS

Trajetória ótima custo-eficiente (com base nos compromissos

1 TRANSIÇÃO
BRASIL
assumidos pelo Brasil, recursos, conhecimento e as expectativas de
custos) alcançando a neutralidade líquida em carbono em 2050.

Trajetória tecnológica alternativa para o alcance da neutralidade no

2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA
Brasil em 2050, considerando os impactos da própria mudança
climática no setor energético e as incertezas de novas tecnologias.

Contribuição do Brasil em um mundo que pretende limitar o


3 TRANSIÇÃO
GLOBAL
aumento médio da temperatura superficial global em até 1,5°C em
2100, referente aos níveis pré-industriais.

9
CENÁRIOS

AGENDA
Introdução Demanda
Caracterização dos cenários 11 Transportes 30
Matriz energética 13 Indústria 33
Emissões 15 Residencial e Serviços 34

Oferta Considerações finais


Setor elétrico 20 Recomendações 35
Petróleo 23
Gás natural 25
Biocombustíveis 27
Biometano 28
Hidrogênio 29

10
CARACTERIZAÇÃO
DOS CENÁRIOS 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE OS CENÁRIOS

Cooperação limitada Cooperação global


Ambiente internacional
(“blocos regionais”) (“Vila global”)

Processo de transição no Brasil Contexto brasileiro Contexto mundial

CO2 em 2040 CO2 em 2040 CO2 em 2035


Neutralidade de emissões no Brasil
GEE em 2050 GEE em 2050 GEE em ~2050

Orçamento de carbono
24 GtCO2 24 GtCO2 15 GtCO2
(2010-2050)

Revitalização das cadeias globais de


Reestruturação das cadeias globais de produção Orientação mais regional da produção
valor

Mínimo custo para


Mínimo custo para Mínimo custo para um ótimo
Abordagem NetZero GEE em 2050,
NetZero GEE em 2050 global 1,5º
com restrições

11
CARACTERIZAÇÃO
DOS CENÁRIOS 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

FOCO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Descarbonização do setor de O&G


••• ••• •••
Participação do O&G na matriz energética
•• • ••
Geração hidrelétrica (impactos da mudanças climáticas)
•• • ••
Ampliação da capacidade de geração eletronuclear
• ••• •
Ampliação dos biocombustíveis
••• ••• ••
Produção de hidrogênio
•• ••• ••
Produção de biometano
•• •• •••
Ampliação da participação da bioenergia na matriz

PREFERÊNCIAS/CONSENSOS ENTRE STAKEHOLDERS


•• ••• ••
Melhor uso da terra (fim do desmatamento ilegal)
••• ••• •••
Gás como vetor de descarbonização (indústria)
•• • ••
Maior eletrificação da frota de veículos
• ••• • 12
MATRIZ 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

ENERGÉTICA 100% 100% 100%

90% 90% 90%

80% 80% 80%


A demanda de energia primária passará de 268 Mtep
em 2020 para cerca de 400 Mtep em 2050 em todos 70% 70% 70%
cenários.
60% 60% 60%
Em todos os cenários haverá queda da utilização de
combustíveis fósseis e aumento do uso de fontes 50% 50% 50%
renováveis.
40% 40% 40%
As fontes renováveis superarão a participação de 70%
de demanda de energia primária. 30% 30% 30%

A biomassa será a fonte que ganhará maior 20% 20% 20%


participação na matriz energética brasileira, seguida
por eólica e solar. 10% 10% 10%

O óleo e gás será a fonte que mais reduzirá sua 0% 0% 0%


participação. 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Óleo e Gás  Carvão  Nuclear  Cana de Açúcar


 Biomassa  Hidro  Eólica  Solar

13
DESAFIOS DA DESCARBONIZAÇÃO NO BRASIL
O perfil de emissões no Brasil é completamente distinto do perfil global, o que implica conciliar
as agendas agropecuária, energética e de meio ambiente. Desafios para neutralidade

Emissões líquidas de GEE 1. Tendência esperada de crescimento


na demanda por energia
Brasil 31% 62%
2. Eliminação do desmatamento
ilegal, como condição necessária
Mundo 76% 15%
3. Atualização e criação de marcos
Energia Uso da terra e agricultura Outros regulatórios para transição
Fonte: CAIT (2019) energética

Emissões Absolutas GEE do Uso da Energia - Brasil (2021) 4. Novas tecnologias e infraestrutura
ainda precisam de desenvolvimento
e escala
Brasil 17% 10% 17% 47% 12%

Geração Elétrica Produção de Fósseis Indústria Transportes Outros

Fonte: SEEG (2022)

Notas: 1. Restauração vegetal e reflorestamento foram descontados em uso da terra - AFOLU (emissões líquidas); 2. A participação de energia no total das emissões de GEE brutas no Brasil é 18%. Ressalve-se que, por
esse critério, restaurações vegetais e reflorestamento realizados pelo setor de energia implicam em remoção de carbono em AFOLU e não em energia. 3. Na indústria, não está computado as emissões de processo. 14
MATRIZ Energia primária por fonte em 2050

ENERGÉTICA 0% 20% 40% 60% 80% 100%

A demanda de energia primária passará de 268 Mtep BUSINESS AS USUAL 2050

em 2020 para cerca de 400 Mtep em 2050 em todos


cenários.

Em todos os cenários haverá queda da utilização de


combustíveis fósseis e aumento do uso de fontes
renováveis.
1 TRANSIÇÃO
BRASIL
2050

2
As fontes renováveis superarão a participação de 70% TRANSIÇÃO 2050
de demanda de energia primária. ALTERNATIVA
A biomassa será a fonte que ganhará maior
participação na matriz energética brasileira, seguida
por eólica e solar.

O óleo e gás será a fonte que mais reduzirá sua


3 TRANSIÇÃO
GLOBAL
2050

participação.

 Óleo e Gás  Carvão  Nuclear  Cana de Açúcar


 Biomassa  Hidro  Eólica  Solar

15
EMISSÕES: URGÊNCIA DE AÇÃO
Os cenários buscaram a neutralidade de gases de efeito estufa (GEE) em 2050, sendo necessário
atingir a neutralidade de carbono (CO2) em torno de 2040, ou seja, dez anos antes da meta do país. PONTO DE ATENÇÃO

• O modelo não encontrou uma


solução tecnicamente viável e
Emissões GEE (MtCO2 e) Emissões CO2 (MtCO2) realista para neutralidade em 2050
2.500 2.500
sem que o desmatamento ilegal seja
zerado até o final desta década.
2.000 2.000 Sendo essa uma condição necessária
para a neutralidade no Brasil.
1.500 1.500
• Acabar com o desmatamento ilegal
1.000 1.000 evitará 21 Gt CO2 em emissões até
2050.
500 500
• Caso não seja evitado, alcançar a
0 0 neutralidade implicará um custo de
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
compensação que pode chegar a
-500 -500
US$ 3,4 trilhões a fim de atingir os
-1.000 -1.000
compromissos assumidos na NDC do
Brasil.
Brasil Alternativa Global

16
EMISSÕES: Quantificação territorial dos usos e ocupação das terras no Brasil, 2018

USO DO SOLO
Destaca-se a grande dimensão das áreas Pastagens nativas
dedicadas à preservação e à proteção da
Uso 8%
vegetação nativa, no total dos usos e agropecuário 30%
Áreas destinadas a
ocupação das terras no Brasil. Pastagens preservação da
plantadas vegetação no
13% mundo rural no
Não há competição entre agroenergia e
CAR
alimentos no Brasil hoje. 26%
Lavouras
8%
Florestas
Unidades de
plantadas conservação
1%
Infraestrutura e integral
outros Vegetação
nativa 10%
4%
4% em terras
devolutas e não 66%
cadastradas Terras indígenas
16% 14% Vegetação
protegida e
Fontes: SFB, EMBRAPA, IBGE,
preservada
MMA, FUNAI, DNIT, ANA E MPOG

17
USO 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

DO TERRA Mudanças no uso da terra (Mha) em 2050


Na trajetória de neutralidade brasileira é
120 120 120
possível conciliar objetivos: agropecuários,
energéticos e ambientais.
100 100 100

Oportunidades de 80 80 80
85
soluções baseadas na
Remoção de CO2 natureza (NBS) no Brasil 60 60 78 60

30% 20% 40
61
40 40
(IPCC) do total dos países
tropicais
(Griscom et al, 2020) 20 20 20

0 0 0
Redução Aumento Redução Aumento Redução Aumento

Reflorestamento Recuperação
 Pastagem degradada  Monocultura  Savana
40 Mha 27 Mha  Floresta  Pastagem saudável  Integração Lavoura-Pecuária (ILP)
Cenário TA Cenário TA
 Sistemas agroflorestais  Cultivo Duplo

18
EMISSÕES 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL
2.500 2.500 2.500

As mudanças estruturais apresentadas nos setores


de oferta e demanda de energia são parte da 2.000 2.000 2.000
transição energética necessária para alcançar a
neutralidade climática.
1.500 1.500 1.500

Além da eliminação das emissões decorrentes do


uso de energia é necessário promover as NBS, que
1.000 1.000 1.000
em 2050, devem proporcionar emissões negativas
da ordem de 562-747 Mton.
500 500 500
Nas trajetórias de neutralidade, serão evitadas
aproximadamente 30 bilhões de toneladas de CO2
equivalente para os cenários TB e TA e 40 bilhões 0 0 0
de toneladas de CO2 equivalente para o cenário
TG.
-500 -500 -500

-1.000 -1.000 -1.000


2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Uso da terra  Energia


 Não-CO2 (Metano, Óxido nitroso, Clorofluorcarbonos, etc.)
 Processos  Resíduos
19
SETOR ELÉTRICO 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

O cenário Transição Alternativa tem uma maior Capacidade Instalada (GW)


demanda de eletricidade a ser atendida e um menor
450 450 450
fator de despacho das usinas hidrelétricas. De modo
que as fontes Solar, Eólica e Nuclear apresentam uma 400 400 400
expansão maior neste cenário
350 350 350

300 300 300

Adição de capacidade solar 2020-50 (GW) 250 250 250

BRASIL ALTERN. GLOBAL


200 200 200
Adição solar 56 70 56
150 150 150
Centralizada 15 30 15
100 100 100
Distribuída 40 40 40

% da adição líq. Total 81% 31% 86% 50 50 50

0 0 0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
A fonte nuclear alcança 8 GW de potência, em 2050,
no cenário TA.
 Solar  Eólica  Hidro  Biomassa Total  Cogeração
 Nuclear  Carvão  Óleo e Gás
20
GERAÇÃO ELÉTRICA 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Participação da geração em 2050 Geração elétrica (TWh)

Brasil 1.400 1.400 1.400


Alternativa
Global
1.200 1.200 1.200
0% 20% 40% 60% 80% 100%

1.000 1.000 1.000


Parte da geração a partir da biomassa nos cenários Brasil
e Global está associada a CCS.
800 800 800

Adição de geração elétrica 2020-2050 (TWh) 600 600 600

BRASIL ALTERN. GLOBAL


Biomassa +11 +12 -19 400 400 400
Biomassa CCS +18 - +85
Eólica +102 +565 +76
200 200 200

0 0 0
Em todos os cenários o gás natural perde participação 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
na matriz elétrica, mas em termos absolutos,
apresenta uma geração em 2050 superior à realizada  Solar  Eólica  Hidro  Biomassa
em 2020.  Nuclear  Carvão  Óleo e Gás  Cogeração
21
SETOR ELÉTRICO 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Capacidade de Transmissão (GW)

Necessidade de expansão das linhas de transmissão


e do intercâmbio de energia entre os subsistemas
do Sistema Interligado Nacional (SIN). 221

A capacidade de transmissão requerida é função 185 181


não apenas do fluxo de eletricidade mas também
do tipo de geração. Por isso, no cenário Transição
Alternativa, em que destaca-se a geração eólica, há 141 141 141
maior demanda por linhas de transmissão, com
expansão de 57% da capacidade em 2050,
comparado a 2020.

2020 2050 2020 2050 2020 2050


PETRÓLEO
O petróleo brasileiro apresenta tripla resiliência (técnica, Intensidade de carbono do petróleo no mundo (kg CO2 por barril)
econômica e ambiental), sendo um óleo
majoritariamente médio e de baixo teor de enxofre.
200
Também é um dos que tem menor intensidade de
180
carbono no mercado internacional: a média do petróleo
no mundo é de 22 quilos de CO2 por barril de óleo 160

equivalente produzido (kg CO2 /b), enquanto a do Brasil é 140


de cerca de 15 kg CO2 eq/b (sendo que o pré-sal chega a 120
10kg CO2 eq/b).
100

O petróleo continua como vetor para atender a 80


segurança energética dos países ao longo da transição 60
energética. No longo prazo, cenários que projetam a Média mundial:
40
neutralidade em carbono global indicam a manutenção 22 kgCO2/bbl
de uma demanda remanescente por petróleo, a fim de 20

satisfazer as demandas dos setores de difícil de 0

descarbonização e para fins não energéticos. Fonte: Rystad, 2022

23
PETRÓLEO 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Volume de petróleo (Mbbl/d)

Redução do consumo de petróleo na economia


8 8 8
brasileira. Por outro lado, indicação de aumento da
produção nacional, voltada ao atendimento da
demanda externa. 6 6 6

O aumento da produção sustenta-se na tripla


4 4 4
resiliência do petróleo brasileiro. A produção
nacional desloca outros óleos internacionais com
maior pegada de carbono, contribuindo assim para 2 2 2
mitigar emissões de GEE.

A participação da demanda doméstica de derivados 0 0 0


2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
de petróleo de uso não-energético em 2050 é de
12,3%.
-2 -2 -2

-4 -4 -4

 Produção  Importação  Exportação

24
GÁS NATURAL Participação do gás na matriz energética em 2050

Como o gás natural no Brasil é majoritariamente


associado, a produção de gás natural segue
comportamento similar a produção de Petróleo, com
aumento em 2050, com relação a 2020, nos cenários
Brasil e Global e queda no cenário Alternativo.

Em todos os cenários a produção é voltada para o


mercado interno.

O consumo final de GN perde sua relevância no


setor elétrico, mas se intensifica nas edificações e na
indústria, puxado pelos setores de química, cimento,
cerâmica, entre outros.

No segmento de transportes, observa-se que o gás


continua a ser marginal no setor.

25
PARQUE DE 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

REFINO Fator de utilização das refinarias

100% 100% 100%

O fator de utilização nas refinarias do petróleo se 90% 90% 90%


reduz de 84%, em 2020, para 70% no cenário Brasil, e
80% 80% 80%
74% no cenário Global em 2050. No cenário
Alternativa observa-se uma queda drástica no fator 70% 70% 70%
de utilização em virtude do grau de eletrificação da
60% 60% 60%
frota.
50% 50% 50%
Em todos os cenários, o fator de utilização é
majorado devido à introdução, em refinarias com 40% 40% 40%

HDT e FCC, de coprocessamento de óleo vegetal, 30% 30% 30%


óleo residual (UCOS) e óleo de pirólise, alcançando,
20% 20% 20%
em 2050, em torno de 10% de conteúdo de biomassa
nos inputs do coprocessamento 10% 10% 10%

0% 0% 0%
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Processamento de petróleo  Coprocessamento e diesel verde

26
BIO- 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

COMBUSTÍVEIS Produção de Biocombustíveis (EJ)

6 6 6

Os biocombustíveis convencionais (etanol e


biodiesel) crescem em quase todos os cenários, 5 5 5
respondendo pela maior parcela dos biocombustíveis
até 2040.
4 4 4

Os biocombustíveis avançados apresentam um


aumento expressivo na última década, em 3 3 3
especial, para o atendimento da demanda dos
segmentos de transportes de difícil descarbonização,
2 2 2
como o transporte de cargas, aéreo e marítimo.

1 1 1

0 0 0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Etanol  Biodiesel  Diesel verde e coprocessado  BioGLP  Bionafta


 Biobunker  Bioquerosene
27
BIOMETANO 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Incremento de Produção de Biometano (Mm³/d)


O biometano se mostra uma fonte importante para
o atingimento das metas climáticas, com os três
20 20 20
cenários alcançando em 2050, entre 17 e 18
Mm³/dia incrementais. 18 18 18

16 16 16
O Biometano tem um papel de descarbonizar o gás
natural. Contribui ainda para o aproveitamento da 14 14 14
infraestrutura de gás fóssil.
12 12 12

O biometano poderá potencializar o valor de 10 10 10


térmicas, gasodutos, etc., que vierem a deixar de
8 8 8
utilizar gás natural.
6 6 6

4 4 4

2 2 2
% de biometano na demanda de gás
BRASIL ALTERN. GLOBAL 0 0 0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
10% 19% 11%

28
HIDROGÊNIO 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Produção de Hidrogênio (Mt)

O H2 pode ser produzido a partir de diversas fontes


de energia, como eletricidade, gás natural, biomassa
(via eletricidade, gaseificação ou reforma,
dependendo da biomassa e da cadeia de conversão).

Neste estudo, destaca-se a aplicação indireta do H2,


ao ser utilizado para produção de gás de síntese para
produção dos biocombustíveis avançados.

No cenários de Transição Alternativa temos uma


maior participação do H2 de eletrólise para
exportação.

 Reforma do gás natural no refino  Reforma do gás natural na indústria química


 Embutido em combustíveis sintéticos  Eletrólise  Biomassa
29
TRANSPORTES 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Uso total pelo setor de transportes (PJ)

Em face desse imperativo de descarbonização do 5.000


5.000 5.000

setor, duas alternativas tecnológicas se apresentam


4.500 4.500
4.500
de forma inequívoca:
4.000 4.000
4.000
(i) eletrificação da frota por meio da substituição
3.500 3.500
dos veículos atualmente em circulação; 3.500

3.000 3.000
3.000
(ii) a substituição dos combustíveis fósseis por
biocombustíveis. 2.500
2.500 2.500

2.000 2.000
Ressalte-se que essas alternativas podem se 2.000

complementar não só em nichos distintos de 1.500


1.500 1.500

mercado (luxo x econômico), mas também se


1.000 1.000
1.000
combinar (veículos híbridos flex, veículos a célula
combustível de etanol, etc.). 500
500 500

0 0
0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
2020 2030 2040 2050

 Diesel fóssil  Gasolina fóssil  Querosene fóssil


 Diesel verde  Gasolina verde  Querosene verde
 Biodiesel  Etanol  GNV  Eletricidade  Outros
30
TRANSPORTE 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

RODOVIÁRIO: Transporte rodoviário de passageiros (bilhões de passageiros-quilômetro transportados)

PASSAGEIROS 5 5 5

4 4 4

Nesse movimento de eletrificação do transporte


rodoviário de passageiros no cenário TA, se destacam
3 3 3
os ônibus urbanos e os comerciais leves, favorecidos
pela previsibilidade de seus trajetos e regime de
operação, bem como as motocicletas, por sua vida
2 2 2
útil curta e seu baixo custo de substituição.

1 1 1

0 0 0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Diesel (incluindo biodiesel)  Gasolina  Etanol


 Diesel verde e coprocessado e gasolina renovável  Eletricidade
 Outros
31
TRANSPORTE 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

RODOVIÁRIO: Carga transportada (bilhões de toneladas-quilômetro transportados)

CARGA 10 10 10

9 9 9

8 8 8
O uso de energia do segmento de transporte de cargas
7 7 7
do modal rodoviário concentra-se em caminhões de
alta capacidade que transitam em trajetos longos. 6 6 6

Movimentar cargas por longas distâncias torna a


5 5 5
densidade de energia da fonte utilizada um elemento
particularmente importante. 4 4 4

3 3 3
A densidade de energia das baterias ainda é
significativamente menor do que a dos combustíveis 2 2 2

líquidos, o que torna o emprego de células combustível


1 1 1
uma alternativa de eletrificação preferencial nos
cenários TB e TG. O emprego de baterias no transporte 0 0 0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050
de cargas fica restrito ao cenário TA, onde a tecnologia
se concentra em caminhões leves.  Diesel (incluindo biodiesel)  Diesel verde e coprocessado
 Etanol (célula combustível)  Eletricidade  Outros
32
INDÚSTRIA 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

Uso total de energia pelo setor industrial (PJ)

O setor industrial contribui para as emissões totais 2.500 2.500 2.500

do país tanto pela queima de combustíveis fósseis


quanto por seus próprios processos produtivos.
2.000 2.000 2.000

Nesse último aspecto, os subsegmentos que mais


emitem são a metalurgia e a fabricação de cimento.
Além de serem os maiores emissores, apresentam 1.500 1.500 1.500

também os maiores obstáculos tecnológicos à


descarbonização, uma vez que as emissões são
1.000 1.000 1.000
intrínsecas de seus próprios processos de fabricação.

500 500 500

0 0 0
2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Gás natural  Eletricidade  Carvão mineral e coque


 Carvão vegetal  Derivados do petróleo
33
RESIDENCIAL E 1 TRANSIÇÃO BRASIL
2 TRANSIÇÃO
ALTERNATIVA 3 TRANSIÇÃO
GLOBAL

SERVIÇOS Uso total de energia pelo setor residencial e de serviços (PJ)

2.500 2.500 2.500


A posse e o uso crescente de equipamentos,
potencializados pela expansão da renda e pela ampla
disseminação da telefonia móvel e da internet, bem 2.000 2.000 2.000
como a rápida ampliação na área total edificada em
países emergentes como o Brasil, apontam para a
elevação da demanda de energia nesses segmentos. 1.500 1.500 1.500

A eletricidade, que já se constitui em uma das


principais fontes de suprimento no uso final do setor
1.000 1.000 1.000
residencial, deve ter sua participação ampliada em
todos os cenários. O aumento do poder de compra de
uma classe média em expansão representa um 500 500 500
importante vetor de crescimento na demanda por
energia. O desafio da transição energética será
conciliar essa tendência de crescimento na demanda 0 0 0
com a sustentabilidade. 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050 2020 2030 2040 2050

 Eletricidade  Gás natural  Biomassa  GLP  Outros

34
CONSIDERAÇÕES
FINAIS RECOMENDAÇÕES (1/2)
4
Aproveitar vantagens competitivas existentes no
Brasil para construir e financiar vantagens
1 2
competitivas do amanhã, requalificando ativos e
Adotar agenda de política Minimizar arrependimentos mediante migrando expertises no sentido da transição
energética e desenho de abordagens de mercados abertos, energética de indústrias de O&G, biocombustíveis,
mercados que criem condições diversos e competitivos, bem como renováveis e nuclear (co-queima com renováveis,
para caminhos flexíveis de permitindo inclusive a combinação e a novos energéticos descarbonizados, sinergia de
descarbonização, a fim de lidar competição entre soluções tecnológicas projetos com renováveis, novos propósitos para
com incertezas identificadas de diversas (neutralidade tecnológica). infraestrutura e ativos, financiamento de novos
cunho tecnológico e de mercado, negócios etc.).
e aproveitando as sinergias
possíveis graças à diversidade de
recursos energéticos do país, em
linha com a abordagem da NDC
do Brasil, que estabelece metas 3
5
para o conjunto da economia Harmonizar objetivos de
Cumprir objetivos/metas já estabelecidas pelo país
(economy-wide). desenvolvimento sustentável, transição
em linha com o compromisso de neutralidade
energética e segurança energética,
climática (líquida), como zerar o desmatamento
aproveitando o potencial de recursos e
ilegal até 2028, recuperar áreas degradadas, reduzir
as oportunidades de mercado e
as emissões fugitivas de metano, descarbonização de
inovação para o Brasil.
combustíveis, entre outros.

35
CONSIDERAÇÕES
FINAIS RECOMENDAÇÕES (2/2)
6 7 9
Assegurar que o setor Aprofundar estudos
energético brasileiro Aperfeiçoar ou estabelecer arcabouços institucional, legal e regulatório que sobre resiliência
tenha uma transição promovam o desenvolvimento e adoção de tecnologias e modelos de negócios climática das soluções
justa, inclusiva e custo- com foco na redução de emissões e remoção de carbono de emissões de gases de energéticas
efetiva, sem que precise efeito estufa. Em particular, é fundamental estabelecer ou aperfeiçoar arcabouços encontradas no
contrabalançar emissões para CCS (chave para BECCS e papel de O&G na transição energética), renováveis projeto. Em particular
de GEE relacionados a para geração elétrica, biocombustíveis avançados, novos energéticos (hidrogênio para hidrelétricas,
uso do solo e florestas e de baixo carbono, combustíveis sintéticos, etc.), armazenamento de energia e eólica, solar e
pecuária extensiva, o que precificação de carbono, bem como para a adoção de novas tecnologias de uso- biocombustíveis
implicaria custos mais final (inclusive eletrificação do transporte, novas aplicações nas indústrias etc.). (agricultura
elevados para a energética).
sociedade e a economia
brasileira.

8
Mapear, detalhar e disseminar informações sobre potencial técnico, econômico e
de mercado para as alternativas identificadas nos diferentes cenários. Sobretudo,
CCS, renováveis para geração elétrica, biocombustíveis avançados e hidrogênio.

36

Você também pode gostar