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Projeto de Infra-estrutura

Geoespacial Nacional (PIGN)

do Referencial Geodésico (PMRG)


Projeto de Infra-estrutura
Geoespacial Nacional (PIGN)
Projeto de cooperação técnica, assinado em 2004 entre a Agência Internacional de
Desenvolvimento Canadense (Cida) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC). A parte
canadense é da Universidade de New Brunswick (UNB), com o apoio de instituições
canadenses governamentais e privadas, e a parte brasileira é coordenada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Projeto Mudança
Projeto Mudança do Referencial
Geodésico (PMRG)
Objetiva promover a adoção no país de um novo
sistema de referência geodésico, mais moderno, de
concepção geocêntrica e compatível com as mais
modernas tecnologias de posicionamento.

Legislação
h t t p : / / w w w. i b g e . g o v. b r / h o m e /
geociencias/geodesia/pmrg/leg.shtm
Cronograma
Decreto Nº 5334/2005
Dá nova redação ao art. 21 e revoga o Data Ação
art. 22 do Decreto nº 89.817, de 20 de 2000 Criação do PMRG 1
junho de 1984, que estabelece as Instru- 2003 Definição do Sistema de Referência
ções Reguladoras das Normas Técnicas
25/02/2005 Início do Período de Transição 2

da Cartografia Nacional.
(Convivência entre os sistemas)
Decreto nº 89.817 (nova redação)
Redação com as alterações efetuadas
2014 Adoção definitiva do novo sistema
pelo Decreto 5334/2005. 1: I Seminário sobre Referencial Geocêntrico no Brasil
Resolução do Presidente do IBGE nº 1/2005 2: II Seminário sobre Referencial Geocêntrico no Brasil
Período de Transição - Intervalo de tempo durante o qual o novo sistema
Altera a caracterização do Sistema Geo- (SIRGAS2000) e os sistemas anteriores (SAD 69 e Córrego Alegre) poderão ser
oficialmente utilizados, proporcionando ao usuário a adequação e o ajuste de suas
désico Brasileiro. bases de dados, métodos e procedimentos ao novo sistema.

2 Ponto de Referência - 2008


Fale Conosco 04
Índice
Editorial
05

Seminários de Educação 06

Tire suas dúvidas


07

Um olhar social sobre questões técnicas


08
Avaliação teórica da transformação de coordenadas entre os
Sistemas SAD 69 e SIRGAS2000 para o mapeamento cadastral 12

A experiência Canadense - adotando um referencial geocêntrico


15

ProGriD – O novo programa de transformação de coordenadas 19


Capa: Tecnologia avançada aumenta participação na gestão
ambiental 20
Entrevista: Gestores da Rebio União falam dos dados
geoespacias em SIRGAS2000 22

Meio ambiente, cultura e infra-estrutura nos nomes geográficos 24

INDE e Meio Ambiente 25


Elaboração de documentos cartográficos sob a ótica
do mapeamento participativo 26

Notícias 29

Eventos 34

Equipe Técnica 39

Luiz Paulo Souto F


Paulo ortes
Fortes Marcelo Carvalho dos Santos
Coordenador do PIGN no Brasil Coordenador do PIGN no Canadá

Endereço Endereço
Av. Brasil, n0 15671 – Bloco III – B University of New Brunswick
Parada de Lucas21241-051 P.O. Box 4400
Rio de Janeiro/RJ Fredericton NB Canada E3B 5A3
Tel: (21) 2142-4997 2142-4998 Tel: (1-506) 453-4671
Fax: (21) 2142-4910 Fax: (1-506) 453-4943
http://www.ibge.gov.br http://www.unb.ca

2008 - Ponto de Referência 3


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Ponto de Referência
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Mensagens para:
sepmrg@ibge.gov.br
ou passe fax:
(21) 2142-4910

www.pign.org
www.ibge.gov.br/geociencias/geodesia/mudança do referencial

4 Ponto de Referência - 2008


Editorial
Marcelo Carvalho dos Santos
Coordenador do PIGN no Canadá

É com grande satisfação que apresentamos aos nossos de um ponto de vista não-técnico, e outro
leitores a terceira edição da revista Ponto de Referência. apresenta o emprego do SIRGAS2000 den-
Esta revista tem o intuito de mantê-los sempre atualizados tro de uma comunidade, apoiado no uso de
a respeito do novo referencial geodésico brasileiro, o mapas cognitivos. A vantagem do uso de
SIRGAS2000, informando sobre os avanços e as etapas um referencial único na gestão ambiental é
da sua adoção. As etapas já vêm servindo como base para tema das entrevistas com gestores da Re-
atividades que necessitam de informações espacialmente serva Biológica União, no estado do Rio de
referenciadas (que permitem saber o lugar da Terra ao qual Janeiro, e com Izabella Teixeira, Secretária
as informações se referem) e se desenvolvem no contexto Executiva do Ministério do Meio Ambiente.
do Projeto da Mudança do Referencial Geodésico (PMRG). A revista traz ainda uma entrevista com Helen Kerfoot,
Em sua fase atual, denominada período de transição, com presidente do Grupo de Peritos das Nações Unidas em No-
término previsto para 2014, o PMRG tem recebido impulso mes Geográficos e cientista emérita do Natural Resources
do Projeto da Infra-estrutura Geoespacial Nacional (PIGN). Canada, convidada especial do Workshop Nomes Geográfi-
Previsto originalmente para durar quatro anos, o PIGN teve cos e Meio Ambiente do PIGN, que trata dos impactos da
sua duração estendida por mais um ano e será finalizado mudança do referencial geodésico na gestão ambiental.
em setembro de 2009. Helen Kerfoot participa também do I Seminário sobre No-
Além de questões técnicas, o PIGN também se preocu- mes Geográficos da Comunidade de Países de Língua Portu-
pa com todo e qualquer impacto oriundo da adoção e do guesa (CPLP), parte da III Conferência de Estatística.
uso do SIRGAS2000, tanto técnico, quanto operacional, Uma visão panorâmica e histórica de como foi a mudan-
social e ambiental. Com o conhecimento dos impactos, ça do referencial no Canadá é apresentada nesta edição, ao
somos capazes de compreender a importância da adoção lado de visões de futuro, com informações relacionadas ao
e do emprego do SIRGAS2000, bem como entender de desenvolvimento dos Seminários de Educação, a serem ofe-
que modo as informações espacialmente referenciadas são recidos aos usuários em 2009, e ao desenvolvimento do
de fundamental importância em atividades de qualquer tipo, programa ProGriD, que permitirá a transformação de coor-
nas mais diversas áreas. denadas de alguns referenciais em uso no Brasil para
Neste número, é apresentada uma série de artigos que SIRGAS2000. Notícias sobre o andamento do PIGN também
retratam empregos e impactos, além da área ambiental, fazem parte desta edição. Boa Leitura!
notadamente aqueles relacionados ao meio ambiente e os Marcelo Carvalho dos Santos
benefícios sociais da adoção do SIRGAS2000. Entre eles, Coordenador do PIGN no Canadá
um artigo mostra a importância do SIRGAS2000, partindo Prof. Dr. da Universidade de New Brunswick - UNB

2008 - Ponto de Referência 5


Informativo

Seminários de Educação

A
Ao longo do ano de 2009, o IBGE e
seus parceiros, no âmbito do Projeto
Mudança do Referencial Geodésico
(PMRG) e do Projeto de Infraestrutura
Geoespacial Nacional (PIGN), vão dar Locais onde acontecerão
os SEMINÁRIOS de 2009
início aos SEMINÁRIOS DE
EDUCAÇÃO que têm como objetivo Formadores
principal dar conhecimento e Seminários de conscientiza-
ção: alertam o corpo docen-
treinamento sobre a adoção do Pará
te das universidades para
referencial geodésico SIRGAS2000 a importância da prepara- Ceará
a grupos de usuários e produtores ção dos futuros profis-
de informações geoespaciais, que sionais que vão utilizar informa- Bahia
ções georreferenciadas. DF
poderão ser “braços operacionais”
A proposta dos seminários é fornecer
desses projetos. Goiás
respostas mais rápidas e objetivas a
quem precisa conhecer o assunto e/ou
São Paulo
O primeiro treinamento será voltado aplicá-lo em suas áreas de atuação. Em
para gestores federais, em Brasília, mas coerência com a proposta, os módulos Rio de Janeiro
serão organizados mais sete seminários têm títulos bem sugestivos da aborda- Santa Catarina
em diferentes regiões. gem prática, tais como:
Os seminários foram planejados de Como obter coordenadas em
forma que o conteúdo de cada módulo SIRGAS2000 O material didático está sendo prepa-
de treinamento fosse adequado aos di- Como realizar um mapeamento em rado e deve incluir os slides das apre-
ferentes grupos do seguinte modo: SIRGAS2000 sentações feitas durante o treinamento,
Gestores Qual o impacto da adoção do SIRGAS além de textos complementares, na
Seminários informativos: propiciam 2000 na determinação dos limites mesma apostila. Esse material servirá não
aos gestores a compreensão básica dos Os módulos conterão desde a concei- só de suporte aos seminários mas tam-
processos decisórios e fundamentais tuação até exemplos práticos, utilizan- bém para outros eventos que sejam rea-
para a adoção do novo referencial . do, na maioria das vezes, os resultados lizados depois.
Produtores e Usuários dos Projetos de Demonstração (PDs), Após a realização do primeiro trei-
Seminários educativos: auxiliam a pre- que foram desenvolvidos com essa namento, voltado para gestores federais
paração de profissionais que trabalharão finalidade. Também mostrarão ferramen- em Brasília (em data a ser divulgada),
com aquisição de dados no novo referen- tas de suporte que podem ser utilizadas serão organizados mais sete seminários,
cial SIRGAS2000 e sua integração com em cada caso, além de notícias e curio- distribuídos regionalmente por todo o
os referenciais geodésicos anteriores. sidades sobre o tema. território brasileiro. Os eventos regionais

6 Ponto de Referência - 2008


Tire suas dúvidas
1) Por que as altitudes ortométricas das desde a sua operacionalização para a comu-
terão dias distintos para gestores (esta- estações do Sistema Geodésico Brasileiro nidade civil em 1987. Essas atualizações são
duais e municipais), produtores e usuá- mudaram? denominadas de WGS84(G730), WGS84
rios, e formadores, de modo que seja A Geodésia, assim como várias outras (G873) e WGS84(G1150). Sendo assim, os
possível realizar abordagens diferencia- ciências, tem acompanhado o estado da arte. parâmetros publicados na RPR nº 23 (21/2/
das para cada grupo. Novos métodos, ferramentas e aplicativos 1989) devem ser utilizados para transformar
Desta forma, deve ser atingida a prin- vêm sendo desenvolvidos e utilizados pela resultados de levantamentos GPS que foram
cipal meta do Plano de Comunica- Coordenação de Geodésia do IBGE com o realizados até janeiro de 1994. Para
objetivo de estar sempre melhorando os re- levantamentos realizados após esta data, ou
ção do PIGN que é “Fornecer informa-
sultados apresentados e, conseqüentemen- seja, de 1994 até os dias atuais, devem ser
ções para o público brasileiro sobre o te, os produtos disponibilizados para os usu- utilizados os parâmetros publicados
novo referencial geodésico que está ários de informações espaciais. Com o Siste- na RPR nº 1 (25/02/2005), entre SAD 69
sendo implementado pelo IBGE, seus ma Geodésico Brasileiro – SGB não é dife- SIRGAS2000. As diferenças entre os
impactos e como mitigar os efeitos.” rente. Acompanhando o estado da arte, há parâmetros de transformação antigos (RPR
Desde o início de sua implementação, a um constante melhoramento dos resultados nº 23/89) e novos (RPR nº 1/2005) são de
apresentados. Em novembro de 2004, o IBGE 0,48m, 0,49m e -0,30m, para TX, TY e TZ,
equipe do PIGN tem procurado informar
realizou um novo cálculo das altitudes respectivamente, que ocorrem em decorrên-
sobre os benefícios da adoção do cia da evolução no WGS84. Para realizar uma
ortométricas para as estações GPS, em de-
SIRGAS2000, a fim de diminuir as preo- corrência da adoção de um novo Modelo transformação entre o atual WGS84 (G1150)
cupações da comunidade de usuários Geoidal, o MAPGEO2004 (http://www.ibge. e o sistema SAD 69 devem ser utilizados os
com relação aos custos e dificuldades gov.br/home/geociencias/geodesia/ parâmetros de transformação para o
da migração de documentos cartográ- modelo_geoidal.shtm). Trata-se de um sis- SIRGAS2000, pois atualmente o sistema
ficos executados em outros referenciais tema de interpolação da ondulação geoidal SIRGAS2000 e WGS84 (G1150) são compa-
que pode ser aplicado para um ponto ou um tíveis ao nível do centímetro. É motivo de
para o novo referencial, esclarecer so-
conjunto de pontos com coordenadas alerta que o resultado da transformação deve
bre os impactos da mudança de refe- SAD 69 ou SIRGAS2000 (para fins práticos, ser melhor para as coordenadas SAD 69/96
rencial nas comunidades afetadas e, fi- igual ao WGS84-G1150). Com a adoção des- (reajustamento feito no final do ano de 1996)
nalmente, explicitar e demonstrar a uti- se novo modelo, todas as altitudes do que para as coordenadas SAD 69 até
lização das ferramentas (software) de ortométricas das estações GPS foram então utilizadas, principalmente porque no
apoio desenvolvidas para o PIGN. recalculadas por meio de suas respectivas reajuste foram consideradas observações
altitudes geométricas, determinadas pelo GPS, inexistentes no ajuste original.
Com esses treinamentos, a comuni-
GPS e referidas ao elipsóide, e as ondula- 3) Por que quando comparo as coorde-
dade usuária de informações geoespa-
ções geoidais disponibilizadas pelo nadas de uma estação geodésica obtidas
ciais passará a contar com um número MAPGEO2004. Apenas as altitudes ortomé- no banco de dados do IBGE com as mes-
maior de profissionais devidamente ca- tricas das estações foram alteradas, perma- mas coordenadas transformadas no
pacitados, e mais próximos de seus lo- necendo inalteradas as coordenadas programa TCG eo obtenho resultados
TCGeo
cais de atuação, para suporte mais es- planimétricas e altitudes geométricas das es- diferentes?
pecífico às questões relacionadas à mu- tações. Por isso, é recomendável que o usu- As coordenadas disponibilizadas nos des-
ário consulte o Banco de Dados Geodésicos critivos de uma determinada estação
dança de referencial. Treinados, esses
(http://www.ibge.gov. br/home/geociencias/ geodésica não foram obtidas através de
profissionais poderão divulgar as infor- geodesia/sgb.shtm), obtendo, assim, um va- parâmetros de transformação, mas através
mações recebidas e repassá-las a ou- lor atualizado da altitude ortométrica, a qual de ajustamentos de observações. As coor-
tros profissionais, promovendo, dessa é compatível com o MAPGEO2004, oficial- denadas em SIRGAS2000 vieram de um ajus-
forma, um compartilhamento de conhe- mente em uso no Brasil. tamento realizado em 2006, enquanto as co-
cimentos mais rápido e eficaz a toda a 2) Os resultados do meu trabalho devem ordenadas no sistema SAD 69 vieram de um
comunidade. (V.A.) ser em WGS 84. Posso continuar usando os
WGS84. ajustamento em SAD 69, realizado em 1996.
parâmetros SAD 69/WGS
69/WGS8484 publicado na Por isso, quando aplicada a transformação
Para maiores informações, escrevam para RPR nº 23 (21/2/1989)? usando o TCGeo, encontra-se uma pequena
o Grupo de Divulgação do Projeto: Em decorrência da evolução tecnológica, diferença quando comparadas com as coor-
gt1pmrg@ibge.gov.br o WGS84 já passou por três atualizações denadas apresentadas no descritivo. (S.C.)

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Artigo

No PIGN, um olhar social


sobre questões técnicas
Chamados a contribuir com um novo olhar no tocante a iniciativas que envolvem quebra de paradigmas e
construção de referências que exigem o cruzamento de informações e conceitos aparentemente díspares,
os pesquisadores Antonio Ferreira e Andrea Carneiro exploraram o lado social dos impactos da mudança do
referencial geodésico para SIRGAS2000. Segundo eles, é um grande desafio o rompimento do novo com o
antigo, mesmo que esse rompimento seja parcial, até que ele cumpra a nova função e se estabeleça.

C
Conviver com a mudança envolve abrir inclusive na dinâmica do PIGN, exem- características terrestres e permitir a re-
mão da zona de conforto em que nos plos que possam servir de lastro no sen- presentação em mapas de qualquer ele-
encontramos, abrir mão daquelas infor- tido da construção de um novo fazer ci- mento da superfície do planeta, através
mações tão carinhosamente assumidas entífico, em que o técnico e o tecnoló- de um sistema de coordenadas, ou in-
e guardadas, muitas vezes durante anos, gico contribuam cada vez mais para a formações geoespaciais (Santos, 2006).
como verdades quase absolutas. Reco- realização de projetos capazes de influ- Dentre as várias informações que se
nhecer que precisamos (re)aprender e enciar e promover a eqüidade de gêne- podem registrar, acompanhar e geren-
(re)fazer pode ser doloroso, assustador, ro, o acesso eqüitativo à terra, o ciar com precisão, e segurança por meio
mas também pode ser instigante e alta- empoderamento (termo que destaca- de coordenadas geodésicas e do uso de
mente motivador – depende da escolha remos a seguir), a boa governança, a in- geotecnologias estão, por exemplo, as
e do ponto de vista. Por ser uma questão clusão social, a preservação do meio que dizem respeito ao ecossistema
de escolha, resolvemos assumir a segun- ambiente e a democratização do aces- (rios, flora e biomas), as informações ne-
da alternativa, sabendo que aliar o mun- so à informação, subsidiando a susten- cessárias aos trabalhos de avaliação e
do do conhecimento técnico e o do tabilidade do desenvolvimento local. análise de impacto ambiental, navega-
social requer encampar o desafio de ver, Destacamos o termo empodera- ção (terrestre, marítima e aérea), demar-
ser e fazer o diferente e, se possível, mento, definido como “proporcionar cação de limites e fronteiras, e aquelas
fazer a diferença em um mundo cuja úni- maior poder às pessoas pela prática da necessárias a elaboração de documen-
ca certeza estável parece ser a de que cidadania”. Valoura (2006) afirma que tos cartográficos (mapas e cartas).
tudo está em veloz e intensa mudança. esta palavra foi definida pelo grande Quando se listam as possibilidades
Ante o desafio de escrever algumas educador Paulo Freire, que considera oferecidas pelo georreferenciamento de
linhas que permitam uma reflexão de empoderada a pessoa, grupo ou insti- informações, observa-se que a ênfase
como as Ciências Geodésicas e Cartográ- tuição que realiza, por si mesma, as mu- dada, propositalmente, não prioriza o Sis-
ficas, aplicadas às ações do Projeto de danças e ações que a levam a evoluir e tema Cartográfico Nacional, no que se
Infra-estrutura Geoespacial Nacional – se fortalecer. refere ao mapeamento sistemático. No
PIGN, influenciaram positivamente o Construir um mundo técnico presente artigo, o que se deseja é abrir
contexto social local, escolhemos o ca- vinculado ao social impõe um caminho de discussão no sentido
minho de uma análise comparativa. Pro- o desafio de ver e fazer de mostrar novas possibilidades e cha-
curamos iluminar esta reflexão com al- a diferença mar a atenção para o fato de que está
gumas propostas teóricas do campo so- Um dos atributos de um sistema geo- ocorrendo a possibilidade de construir
cial e das ciências geodésica e cartográ- désico de referência é a capacidade de um novo mundo técnico no âmbito das
fica. Buscamos em experiências exitosas, possibilitar o posicionamento de ciências geodésicas e cartográficas, vin-

8 Ponto de Referência - 2008


Artigo

ração de bases cartográficas (mapas e


A informação espacial
cartas) enseja que se criem camadas ou
vista como instrumento categorias de informações, na superfí-
de transformação social cie considerada, enfocando também es-
culado aos desafios sociais. Construir um ção em mapas de qualquer elemento da pecialidades sociais do tipo: educação,
mundo técnico vinculado ao social im- superfície do planeta.O mapeamento for- saúde, meio ambiente, produção cultu-
põe outro desafio: o de ver e fazer a di- nece “informações sobre a conformida- ral e artesanal, habilidades, ocorrência
ferença. Esta, sem dúvida, não é tarefa de espacial do território, os recursos na- de endemias e zoonoses, entre outras.
fácil nem de ação isolada. turais, mas também é capaz de fornecer Em suma, uma intervenção que aparen-
O que se observa no âmbito do PIGN é um mapa das relações sociopolíticas temente teria uma natureza tecni-
uma preocupação em adotar um siste- subjacentes. Mapeamento seria, então, cista agregaria fatores de relevância e
ma (SIRGAS2000) compatível com as um exercício através do qual tanto o co- valor imprescindíveis.
modernas técnicas e tecnologias das nhecimento explícito quanto o conheci- É sabido que as estratégias desenvol-
geociências, mas também que colabore mento endógeno (o que está na memó- vidas e aplicadas para avaliar e monitorar
no sentido da transformação social, seja ria espacial do povo) são convertidos e alguns impactos provocados pelo PIGN
minorando impactos negativos, como revelados como um conhecimento para guardam relações com:
por exemplo, reduzindo conflitos de ter- a posteridade. Neste sentido, o mapea- questões agrárias;
ra, ou favorecendo a ampliação de direi- mento passa a ter utilidade também acesso igual e aberto à informação
tos e garantias sociais, seja “asseguran- como um instrumento de capacitação” geoespacial;
do comunicação com a comunidade de (GESSA, 2008). Isto, por si só, indica a acesso à eqüidade para mulheres,
usuários [...] a fim de disseminar ferra- necessidade de se propor um fazer populações indígenas e quilombolas;
mentas e desenvolver metodologias técnico aliado ao social, o que já pressu- melhoria na governabilidade para
para maximizar o uso da nova estrutura põe, dos agentes envolvidos (pessoas e autoridades internacionais, federais,
geoespacial”. (revista Ponto de Referên- instituições), boa vontade no sentido da estaduais, e locais;
cia, ano 1. Número 1, agosto de 2006) quebra de paradigmas, disponibilidade combinação entre mapas nacionais,
Neste sentido, a adoção do SIRGAS2000 para construir um novo modo de olhar, regionais e municipais;
favorece, dentre outras, iniciativas de in- interagir, considerar formas de interven- transformação de bancos de dados
clusão social, eqüidade de gênero, raça ção no campo e, em especial, no contato geoespaciais digitais;
e etnia, cidadania e empoderamento de com pessoas e grupos. compatibilidade entre bancos de
pessoas e grupos. É desse ponto de vis- O segundo ponto que se deve consi- dados cadastrais;
ta que passamos agora a refletir. derar é a possibilidade de ampliar o sig- delimitação da terra dos povos indíge-
Propor um fazer técnico aliado nificado da palavra “elemento”, extra- nas e quilombolas;
ao social pressupõe boa polando os referenciais técnicos (“ele- melhoria dos serviços públicos;
vontade e quebra de paradigmas mento” é aqui entendido como um gerência e custos da transformação
Um dos principais atributos de um sis- acidente geográfico ou construído/artifi- dos bancos de dados;
tema geodésico de referência é a capa- cial) para incluir nesta categoria não ape- melhoria na gerência ambiental e dos
cidade de, através de um sistema nas informações referentes a relevo e a recursos naturais. (Revista Ponto de
de coordenadas, posicionar caracte- meio ambiente. Sob esta ótica, um sis- Referência agosto/2006).
rísticas terrestres e permitir a localiza- tema geodésico de referência e a elabo- Esta visão pode ser ampliada pela in-

2008 - Ponto de Referência 9


Artigo

serção, neste rol, de outras questões, blicas, a riqueza e o potencial de inter-


algumas das quais no presente momen- venção social que o conjunto de iniciati-
to já apresentam iniciativas isoladas, vas geradas a partir da implantação do
como é o caso da educação cartográfica, SIRGAS2000 tem trazido para o contexto
regularização, gênero e empodera- da sociedade brasileira e que será am-
mento. Isto posto, a relação ficaria acres- pliado após a sua consolidação. Apenas
cida, dentre outras, das seguintes cate- a título de exemplo podem-se citar al-
gorias: guns indicativos no campo da boa
No campo da demarcação em áreas governança.
rurais (moradia, aposentadoria, resolu- Entenda-se boa governança sob o pon-
ção de conflitos, produção, acesso a be- to de vista de como o poder é exercido
nefícios, créditos e fomentos governa- pelos governos na gestão de recursos
mentais); sociais e econômicos de um país. “[...] o
Implementação de políticas públicas aprimoramento da governança é tam-
de saúde, educação, habitação, cultura, bém um meio de se alcançar sistemas Ação do PIGN no território Quilombola
turismo, lazer, esportes (especialmente de saúde, trabalho e emprego mais eqüi- de Castainho - PE

os esportes chamados radicais); tativos.” (Cida, 2005, p. 4-7). Isso equi- quer, especialmente para fins de fiscali-
Identificação de áreas ambien- vale a dizer que uma população zação, um endereço definido (que tem
talmente degradadas; esclarecida em relação a processos de de ser um nome de rua, em um determi-
Identificação de áreas socialmente regularização de terras e planejamento nado bairro de uma cidade de qualquer
degradadas; urbano certamente terá mais condições estado da federação). Por esta via, uma
Delimitação de áreas para pesquisa de argumentar e reivindicar junto aos comunidade quilombola ou uma comu-
arqueológica; governantes. Em outras palavras, haverá nidade indígena, por exemplo, nunca
Identificação de variedades nativas, aumento da intervenção cidadã e o terá oportunidade de acesso, por duas
áreas de produção, doenças étnicas e/ empoderamento das pessoas e dos razões iniciais: não possuem um ende-
ou zonas de endemias; grupos. É bom lembrar que faz parte dos reço formal e podem não estar com a
Identificação de áreas de zoonoses; objetivos do PIGN “assegurar uma boa titulação de posse formalizada. Um pon-
Identificação de patrimônio material e/ comunicação com a comunidade de to georreferenciado pode ser um “ende-
ou imaterial; usuários, através de uma conexão eficaz, reço” muito mais preciso e, nesse caso,
Empoderamento, (questões de gêne- a fim de disseminar ferramentas e o programa de moradias pode perfeita-
ro, raça e etnia); desenvolver metodologias para maximi- mente ser estendido a populações ca-
Direitos do cidadão. zar o uso da nova estrutura geoespacial”. rentes do meio rural. No entanto, se faz
Considerar o PIGN apenas como uma Nada disso impede que se amplie essa necessário demonstrar aos governantes
oportunidade de ajuste de referencial ou comunicação, estimulando o leigo a e gestores este ponto de vista, a fim de
como ferramenta de apoio à regulariza- interagir a fim de ampliar a sua capaci- que se façam os ajustes necessários nas
ção fundiária ou demarcação urbanística dade de intervenção social. normas legais. O mesmo raciocínio pode
é muito pouco, pois este projeto abre Em relação a oportunidades de acesso ser ampliado em relação aos direitos in-
uma série de oportunidades e se confi- à moradia, existem programas de apoio dividuais ou coletivos, inclusive no caso
gura também como o grande elemento à construção de moradias empreendidos de aposentadoria, em que o trabalhador
de divulgação das ciências geodésicas e pelo Governo Federal e voltados para rural tem de comprovar o seu endereço.
cartográficas para o grande público, sen- comunidades carentes, priorizando ques- Em relação aos objetivos do PIGN é pos-
do oportuno que se tente (re)cons- tões de gênero e raça. Estes programas sível supor que os dados geoespaciais
truir no imaginário das pessoas, em es- estão centrados na área urbana sob a ale- podem deixar de ser apenas sistemas
pecial dos que decidem as políticas pú- gação de que a sua implementação re- de referência geográfica para também

10 Ponto de Referência - 2008


Artigo

assumir função de transformação so- Sistemas de referência geográfica como


cial, pois passam a disponibilizar infor-
mações capazes de servir como instru-
elemento efetivo da transformação social
mento objetivo e seguro para tomada de Não é novidade que as ciências geodésicas e cartográficas prestam um rele-
decisão e iniciativas públicas e privadas. vante serviço à sociedade e favorecem processos de transformação contínuos
Ciências geodésicas e para o bem do ser humano. O PIGN é uma prova concreta desta afirmação. O
cartográficas como fonte de que talvez seja novo é a forma de considerar e de olhar o modo como as
participação democrática e o ciências geodésicas e cartográficas atuam ou devem atuar num mundo em
Projeto Infra-estrutura veloz transformação. O fazer técnico dessas ciências carece da participação
Geoespacial Nacional – PIGN dos não técnicos, das lideranças comunitárias e da sensibilidade dos gestores
Com a finalidade de melhor compre- de políticas públicas para a construção da nova realidade. A elaboração deste
ender os impactos sociais da adoção do artigo é outra demonstração clara dessa nova tendência.
SIRGAS2000, foram criados, no âmbito É urgente a necessidade de se identificar novos referenciais teóricos no
do PIGN, diversos projetos de demons- campo das ciências sociais, em especial da antropologia, e ajustá-los/harmonizá-
tração com o intuito de “demonstrar o los aos referenciais das ciências geodésicas e cartográficas, e vice-versa, inclu-
efeito do novo sistema de referência, o sive no sentido de empoderar pessoas e grupos. É também urgente relacionar
Sistema de Referência Geocêntrico para o mundo técnico das informações geoespaciais com o mundo atual, em ter-
as Américas – SIRGAS2000”. (FREITAS mos de suas velozes mudanças, tendo como objetivo primordial a capacitação
e SILVA, 2007, p. 116-124). Dentre eles, e a instrumentalização da população na busca da eqüidade, no empoderamento
destacamos os projetos sobre reorde- e no aperfeiçoamento da participação popular nas decisões, na implementa-
namento agrário, terras indígenas e ção de ações associadas à gestão do conhecimento sobre o território, para
comunidades quilombolas, que incluem ampliar a participação social na gestão pública e na democracia.
aspectos ligados ao reordenamento O processo de construção coletiva aqui pensado requer mais pesquisa, boa
territorial, a etnia e a gênero. vontade dos que desejem empreender esta instigante caminhada e o desafia-
A partir das ações destes projetos e da dor exercício de quebra de paradigmas aliado a um esforço adicional de humil-
parceria do PIGN com a organização não- dade de todos os envolvidos.
governamental (Ong) Djumbay, com
sede em Recife PE, a Cida, agência de
Antonio Ferreira Referências Bibliográficas:
cooperação canadense, decidiu apoiar a CIDA – Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional –
Mestre em Programa Brasil-Canadá Para a Promoção da Eqüidade,
realização do projeto “Do reconhecimen- Desenvolvimento Local e Informações gerais – Folheto 1, ISBN 0-0662-02807-4, 2005.
to à titulação: compartilhando a expe- pesquisador, com formação FREITAS, Anna Lucia Barreto de; SILVA, Nilo Cesar Coelho da, et
alii. Impactos Sociais – Acesso e Uso de Informações Geoespaciais,
riência de Castainho com outros quilom- em Psicologia, Direito Revista Ponto de Referência Número 2, IBGE, Rio de Janeiro,
bos brasileiros”, liderado pela Djumbay. e Administração. outubro de 2007.
GESSA, Stefano Di, Participatory Mapping as a tool for empower-
O objetivo do projeto é fortalecer as rela- ment – Experiences and lessons learned from the ILC network,
ções de gênero e etnia e contribuir para Andrea F.T. Carneiro International Land Coalition, Rome, Italy, 2008.
Professora e pesquisadora Revista Ponto de Referência, ano 1. Número 1, agosto de 2006.
uma governança mais justa e equilibra- Revista Ponto de Referência, ano 1. Número 1, agosto de 2006.
do Departamento de SANTOS, Marcelo, SIRGAS2000: O Referencial Geocêntrico do
da em relação às comunidades quilom- Engenharia Cartográfica Brasil.
bolas. O que se deseja aqui caracterizar da Universidade Federal VALOURA, L.C. Paulo Freire, o educador brasileiro autor do termo
empoderamento, em seu sentido transformador.
é que as ações do PIGN possibilitaram de Pernambuco (UFPE) Disponível em:
um novo olhar para as ações nas ciên- http://www. fatorbrasis.org/arquivos/Paulo_Freire.
Acesso em 16/09/2008.
cias geodésicas e cartográficas.

2008 - Ponto de Referência 11


Artigo

Avaliação teórica da transformação de coordenadas


entre os Sistemas SAD 69 e SIRGAS2000 para
o mapeamento cadastral

E
Em busca de oferecer suporte aos usuários A configuração da Rede Geodésica terá dois Coordenada em SAD 69
no processo decisório para a conversão de um grupos de características: o primeiro, associa- ϕ=-22°,9893
mapeamento cadastral para SIRGAS2000, do ao método de transporte de coordenadas λ = -43°,2115
esta comunicação apresenta uma abordagem (triangulação, poligonação, Doppler e GPS) e Coordenada em SIRGAS2000
teórica para avaliação dos resíduos da trans- o segundo em relação aos ajustamentos pro- ϕ = -22°,9898
formação entre as coordenadas SIRGAS2000 cessados para cálculo da rede (SAD69 original λ = -43°,2115
e SAD 69. e SAD 69 ajustado em 1996. (ftp:// Resíduos:
geoftp.ibge.gov.br/documentos/geodesia/ Rede GPS 0,076m
O programa TCGeo utiliza os valores dos
REL_sad 69.pdf) Rede SAD 69 1996 0,093m
parâmetros de transformação publicados
Essas possibilidades criam três categorias Rede SAD 69 3,481m
pela Resolução n° 1, de 25 de fevereiro de
distintas que vão influenciar diferentemente a O resíduo da transformação de um mapea-
2005. O modelo matemático indicado para
qualidade da coordenada final transformada: mento que foi referenciado à rede clássica
a transformação encontra-se publicado na
Rede Clássica – SAD 69; SAD 69 (triangulação e poligonação), em sua
Resolução n° 23, de 21 de fevereiro de
Rede Clássica – SAD 69, realização 1996 primeira realização, apresenta um resíduo bem
1989.(ftp://geoftp.ibge.gov.br/documen-
Rede GPS. superior ao transformado de um mapeamento
tos/geodesia/pmrg/legislacao/
Para auxiliar os usuários na identificação da referenciado à mesma rede clássica, porém
RPR_01_25fev2005.pdf)
grandeza do resíduo, proporcionado pela trans- após o ajustamento de 1996.
Essa tomada de decisão é importante, pois formação em uma das três categorias da Rede Para comparação com a posição geográfi-
a qualidade da transformação está diretamen- Geodésica, o TCGeo apresenta esses valores ca, foi transformada outra coordenada, esta
te associada à tecnologia empregada na no campo “Resíduo da Transformação”, no lado em Belém.
materialização da rede geodésica e, por con- esquerdo do final da tela. Coordenada em SAD 69
seqüência, utilizada como referência para os Como ϕ = -01°,4554
levantamentos dos pontos de apoio do ma- exemplo, foi λ = -48°,4897
peamento. Outro fator relevante está vincula- calculada a Coordenada em SIRGAS2000
do aos ajustamentos sofridos pela rede, pois, transforma- ϕ = -01°,4557
de certa forma, isso proporciona um conjunto ção de uma λ = -48°,4901
diferente de coordenadas para os marcos coordenada Resíduos:
geodésicos, bem como uma melhoria da sua no municí- Rede GPS 0,039m
precisão. pio do Rio Rede SAD 69 1996 3,911m
Resíduos da Transformação de Janeiro Rede SAD 69 7,271m
O modelo matemático utilizado para a trans- (Fig. 1). Existe uma influência que pode ser sig-
formação é a aplicação direta dos três nificativa no que se refere à posição geo-
parâmetros de translação nos eixos cartesianos gráfica do mapeamento cadastral, mas isso
geocêntricos do sistema de referência de ori- Fig.1: Tela do não é tão significativo quando o mapea-
gem. Os parâmetros oficialmente publicados Programa mento está referenciado aos pontos da
TCGeo
pelo IBGE proporcionam a transformação entre Rede Geodésica determinados por GPS.
coordenadas SAD 69 e SIRGAS2000. Para co- Devido à coincidência atual entre os sistemas de referência WGS84 (G1150) e SIRGAS2000,
nhecer a qualidade da transformação, porém, os parâmetros de transformação publicados entre SIRGAS2000 e SAD 69 devem ser usados
o usuário precisa saber qual era a configuração também para transformar produtos atuais obtidos por GPS em produtos SAD 69.(ftp://
da Rede Geodésica usada para referenciar o geoftp.ibge.gov.br/documentos/geodesia/pmrg/revista_ponto_de_referencia.pdf)
mapeamento cadastral em questão.

12 Ponto de Referência - 2008


Artigo
Avaliação dos Resíduos
A proposta de avaliação dos resíduos está
fundamentada no Padrão de Exatidão Carto-
gráfico (PEC), publicado no Decreto n° 89.817,
de 20 de junho de 1984 (http://www.concar.
ibge.gov.br/indexf7a0.html?q=node/41).
Fig.2: resíduos do TCGeo
Capítulo II - Especificações Gerais para estações Rede GPS
Seção 1 Classificação de uma
Carta Quanto a Exatidão - Art.8º
As cartas quanto à sua exatidão devem
Mesmo com o erro-padrão
obedecer ao Padrão de Exatidão Cartográfica
aceitável, esse conjunto de pon-
- PEC, segundo o critério abaixo indicado:
tos não seria aprovado num teste de
1. Noventa por cento dos pontos bem defi- ção com elementos geográfi- qualidade da carta. Isso só seria obtido quan-
nidos numa carta, quando testados no ter-
cos. Eles foram distribuídos em do testado para a escala 1:5.000 na classe B,
reno, não deverão apresentar erro superior
cinco cidades (25 pontos em cada ci- onde o PEC é igual a 4m, e o erro-padrão é de
ao Padrão de Exatidão Cartográfica - dade), uma para cada região do Brasil. 2,5m.
Planimétrico - estabelecido. Os dados da avaliação da cidade do Rio de Quando o resultado é identificado por “Sim”,
2. Noventa por cento dos pontos isolados
Janeiro serão apresentados com mais deta- Não
Não”
indica que o teste do PEC foi aprovado e “Não
de altitude, obtidos por interpolação de cur-
lhes. como sendo reprovado. A tabela 1 apresenta o
vas-de-nível, quando testados no terreno, 1. Rede GPS: resultado final para a cidade do Rio de Janeiro.
não deverão apresentar erro superior ao Pa- Os 25 pontos utilizados apresentam resídu- As tabelas de 2 até 5 apresentam os resul-
drão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico -
os cuja média é igual a 5,1cm, e o erro-padrão tados finais para as outras quatro cidades
estabelecido.
de 2,5cm, sendo que o maior valor do resíduo (Belém, Salvador, Brasília e Porto Alegre). É im-
Seção 2 Classes de Cartas - Art.9º
atingiu 8,5cm, e o menor, 9mm. Com esses portante ressaltar que no caso de Belém os
As cartas, segundo sua exatidão, são clas- resultados, 100% dos pontos ficaram abaixo valores dos resíduos para SAD 69 ficaram mui-
sificadas nas classes A, B e C, segundo os
do PEC da escala de 1:1.000, que vale 50cm, e to altos, até mesmo para um mapeamento na
critérios seguintes:
o erro-padrão ficou abaixo do estipulado para escala 1:25.000 classe A. Os resultados dos
a- Classe A : Padrão de Exatidão Cartográfica a escala de 1:1.000, que é de 30cm. resíduos foram significamente consistentes,
- Planimétrico: 0,5mm, na escala da carta, 2. Rede SAD 69 1996: porém, para a rede SAD 69 – GPS.
sendo de 0,3mm na escala da carta o Erro-
Os 25 pontos utilizados apresentam resídu- Conclusão
Padrão correspondente.
os cuja média é igual a 12,6cm, e o erro-pa- Assim, como conclusão desta comu-
b- Classe B : Padrão de Exatidão Cartográfica drão é de 4,2cm, sendo o maior valor do resí- nicação, de cunho puramente teórico,
- Planimétrico: 0,8mm na escala da carta, duo de 24cm, e o menor, de 8,9cm.
sendo de 0,5mm na escala da carta o Erro- está evidenciado que não é possível apli-
Com esses resultados, 100% dos pontos fi-
Padrão correspondente. car a conversão de coordenadas, via ins-
caram abaixo do PEC da escala de 1:1.000,
c- Classe C : Padrão de Exatidão Cartográfica trumental TCGeo, sem levar em conta o
que vale 50cm, e o erro-padrão abaixo do esti-
- Planimétrico: 1,0mm na escala da carta, PEC já existente no mapeamento a ser
pulado para a escala de 1:1.000, que é de
sendo de 0,6mm na escala da carta o Erro- convertido. Porém, ele é um indicativo
30cm.
Padrão correspondente.
3. Rede SAD 6969:: para os casos em que realmente o resí-
Os 25 pontos utilizados apresentam resídu- duo da transformação não vai garantir
A diferença entre uma coordenada obtida os cuja média é igual a 3,46m, e o erro-padrão uma transformação adequada para a es-
numa carta e aquela considerada como refe- de 20cm, sendo o maior valor do resíduo de cala do mapeamento.
rência será denominada resíduo da transfor- 3,87m, e o menor, de 3,17m. Exemplificando, no caso de Salvador,
mação. Com esses resultados, nenhum ponto ficou os parâmetros de transformação não vão
Para avaliação, será utilizado um total de 25 abaixo do PEC da escala de 1:1.000, que vale garantir a qualidade da conversão de um
pontos. Esses pontos são apenas teóricos 50cm, porém o erro-padrão ficou abaixo do es- mapeamento na escala de 1:1.000 clas-
escolhidos aleatoriamente, pois não foram tipulado para a escala de 1:1.000, que é de se A e B, quando o apoio de campo, que
medidos em campo e não têm nenhuma rela- 30cm.

2008 - Ponto de Referência 13


Artigo
Tabela 1: Resultados da avaliação para a cidade do RJ originou o mapeamento, for referen-
SAD 69 Clássica SAD 69-96 Clássica SAD 69 GPS
ciado à Rede Clássica SAD 69-96. No caso
Escala Classe Classe Classe de Belém isso é ainda mais evidenciado
A B C A B C A B C na Rede Clássica SAD 69, em que o resí-
1.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim duo é superior ao PEC de um mapeamen-
2.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim to na escala 1:25.000.
5.000 Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim No caso específico da Rede GPS, ela
10.000 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim se apresenta com níveis de resíduos da
ordem de 3cm em média. Isso pode ser
Tabela 2: Resultados da avaliação para a cidade de Belém PA visto no mapa da Fig. 2(página anterior),
SAD 69-96 Clássica SAD 69 GPS onde é retratado um conjunto de 722
SAD 69 Clássica
Escala Classe Classe Classe pontos espalhados pelo território brasi-
A B C A B C A B C leiro com espaçamento de 1° e com os
1.000 Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim valores dos resíduos obtidos pelo TCGeo.
2.000 Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Como o resíduo da transformação da
5.000 Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Rede GPS em todos os casos pesqui-
10.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim sados é aceitável para os padrões do PEC,
25.000 Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim tem-se uma boa garantia de transforma-
50.000 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim ção. Este estudo, porém, não é conclusi-
vo, pois não foram empregados dados
Tabela 3: Resultados da avaliação para a cidade de Brasília DF
reais, nem foi incluído teoricamente todo
SAD 69 Clássica SAD 69-96 Clássica SAD 69 GPS o território nacional. Além disso, o valor
Escala Classe Classe Classe
final do erro após a transformação de-
A B C A B C A B C
pende da qualidade do produto original.
1.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Do exposto, é relevante lembrar que a
2.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim
5.000
transformação de coordenadas entre
Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
10.000 SAD 69 e SIRGAS2000 não vai melhorar
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
a qualidade de um mapeamento que já
Tabela 4: Resultados da avaliação para a cidade de Salvador BA apresentava um alto grau de incerteza.
Para se ter idéia da qualidade obtida no
SAD 69 Clássica SAD 69-96 Clássica SAD 69 GPS
processo de transformação, é condição
Escala Classe Classe Classe
fundamental se conhecer a qualidade do
A B C A B C A B C
Não Sim
produto na sua forma original.
1.000 Não Não Não Não Sim Sim Sim
2.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim
5.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim João Bosco de Azevedo, M.E.
10.000 Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE/Diretoria de Geociências.
Tabela 5: Resultados da avaliação para a cidade de Porto Alegre RS
Leonardo Castro de Oliveira, D.E.
SAD 69 Clássica SAD 69-96 Clássica SAD 69 GPS Instituto Militar de Engenharia – IME/Seção
Escala Classe Classe Classe de Ensino de Engenharia Cartográfica.
A B C A B C A B C
1.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Marcelo Carvalho dos Santos, Ph. D.
2.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim University of New Brunswick – UNB/
5.000 Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Department of Geodesy and Geomatics
10.000 Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Engineering.

14 Ponto de Referência - 2008


Artigo

A experiência canadense
Adotando um referencial geocêntrico

E
Este artigo fornece uma perspectiva
abrangente dos referenciais usados
no Canadá, com atenção especial à
implementação do NAD83 e à
implementação nas três Províncias
marítimas do leste, incluindo
New Brunswick, onde a Universidade
de New Brunswick está localizada.

1. Perspectiva histórica levantamento inercial tornaram possível obter rede de controle do levantamento norte-ame-
O datum geodésico original, usado para o o posicionamento preciso de forma dinâmica. ricano para produzir um único conjunto de co-
mapeamento no Canadá, foi baseado no Nos anos 1970, porém, observações e posicio- ordenadas para controle de monumentos, tan-
elipsóide de Clarke de 1866, com o seu ponto namentos precisos tiveram que ser distorcidos to quanto possível sem distorção. Um acordo
de origem no Rancho Meades, Kansas, Esta- para se “ajustarem” aos valores antigos do formal internacional especificou que os cálcu-
dos Unidos (EUA). O Rancho Meades, próximo NAD27. los seriam baseados num elipsóide geocêntrico
ao centro geográfico do terrritório continental A tecnologia de posicionamento por satéli- de referência internacionalmente aceito. As-
dos EUA, era o ponto de base geodésico para tes utiliza um referencial centrado na Terra, ou sim, o Datum Norte Americano de 1983
o Datum Norte-Americano de 1927 (NAD27). geocêntrico, que pode ser usado em qualquer (NAD83) foi concebido.
Durante o período de 1928 a 1932, todas as lugar do mundo para determinar as posições 2. NAD83 no Canadá
redes norte-americanas foram reajustadas para precisas e compatíveis entre si, o que tornava A primeira e principal realização do NAD83
o NAD27 e, até o início dos anos 1980, o óbvio os benefícios principais da mudança para no Canadá foi feita através da finalização do
NAD27 foi o sistema de referência para quase um referencial geocêntrico para a comunidade projeto da redefinição e ajustamento continen-
todos os levantamentos de medição terrestre técnica no Canadá: tal do NAD83, em 1986. O objetivo era minimi-
no Canadá. um sistema mundial para levantamentos zar as distorções existentes no NAD27 e pro-
Durante esse período, com o advento de globais, duzir um grande conjunto de valores de coor-
tecnologia de ponta, houve melhorias signifi- um sistema comum com o nosso vizinho EUA, denadas em NAD83. O ajustamento das ob-
cativas na habilidade de se medir e calcular um datum mais preciso, de modo que o refe- servações geodésicas no datum do NAD83 foi
distâncias, ângulos e posições com melhor pre- rencial de controle do levantamento não resultado de um esforço internacional entre o
cisão. As distâncias eram medidas por distorcesse levantamentos precisos mais avan- Canadá, os EUA e a Dinamarca (Groenlândia).
Interferometria de Bases Muito Longas (VLBI) çados e Os dados geodésicos do México e da América
e os equipamentos eletrônicos de medição de simplificação do sistema para obtenção da Central também foram coletados e validados
distâncias e ângulos foram aperfeiçoados, com vantagem total do potencial da tecnologia GPS. para inclusão no ajustamento.
teodolitos empregando raios laser. Com com- O Canadá e os EUA também levantaram A primeira tarefa, principal, foi a seleção e
putadores de alta velocidade e programas so- várias questões a respeito da precisão e do organização de todas as observações geodé-
fisticados, os cálculos de posicionamento pre- uso do NAD27. Em 1974, os governos dos sicas coletadas durante o estabelecimento das
ciso ficaram mais fáceis e rápidos. Os sistemas Estados Unidos, do Canadá, do México e da redes de controle primário. O ajustamento final
de posicionamento por satélite e sistemas de Groenlândia concordaram em reajustar toda a continha 1.785.772 observações e 266.436

2008 - Ponto de Referência 15


Artigo

estações dos Estados Unidos, Canadá, Méxi-


co e América Central. Redes na Groenlândia,
Havaí e Caribe foram conectadas através de
observações Doppler e VLBI. Os dados cana-
denses, incluídos no ajustamento do NAD83
(1986), consistiam de 7.454 estações princi-
pais e de 44.347 observações. Redes de se-
gunda ordem não foram incluídas neste está-
gio. Em maio de 1990, o NAD83 foi adotado
como o datum oficial para as operações do
governo federal.
3. Assistência Governamental
com a Implementação Hierarquia de Controle do Sistema de Referência Espacial Canadense
do NAD83
Para integrar as redes secundárias às redes Geodésico no Canadá. Todas as agências de NAD83, a comunidade dos usuários era res-
primárias, o Geodetic Survey forneceu progra- levantamento provinciais são membros junto ponsável pela conversão de seus próprios da-
mas1 e parâmetros de transformação repre- ao Serviço Hidrográfico Canadense, ao Geodetic dos e, conseqüentemente, o custo se tornou
sentativos para as coordenadas entre os sis- Survey, e ao Geodetic Survey Nacional dos um fato. A conversão dos arquivos digitais era
temas NAD27 e NAD83. A consistência ao re- Estados Unidos. relativamente simples, porém a conversão de
dor das redes de controle de levantamento Para auxiliar a indústria, o Geodetic Survey mapas impressos era bem diferente. Havia
era importante. O uso dessa transformação contratou os serviços da Associação das In- problemas com as bordas das folhas do ma-
singular assegura que diferentes usuários pro- dústrias Geomáticas do Canadá (GIAC) para peamento em larga escala, por exemplo. O
duzam os mesmos valores novos para os mes- fornecer seminários públicos em todo o Cana- reticulado da latitude e da longitude do NAD27,
mos pontos – uma excelente vantagem na dá, para todos os interessados. Esses semi- os valores dos cantos de folha e marcas do
redução em potencial de fontes de dúvidas ou nários divulgaram a transformação do datum e reticulado para a longitude se tornaram incor-
de discordâncias. a ajuda disponível para usá-lo. As agências de retos para o NAD83, e novos valores tiveram
Houve muitos casos onde projetistas e usu- mapeamento das províncias também foram que ser divulgados. O trabalho envolvido era
ários de SIG preferiram usar as técnicas de encorajadas a disseminar as informações e a considerável – não somente o esforço carto-
transformação locais que foram instaladas em Província de New Brunswick conduziu 10 semi- gráfico mas também o trabalho reprográfico. O
seus sistemas ou técnicas que apresentaram nários em sua jurisdição para cartógrafos, texto localizado próximo das extremidades foi
custos mais baixos a utilizar os cálculos de trans- topógrafos e usuários de SIG. A Província tam- reposicionado e a informação do mapa foi adi-
formação nacional. Para ajudar esses bém forneceu uma listagem de coordenadas cionada e deletada das folhas adjacentes.
usuários, o Geodetic Survey criou tabelas a em ambos os sistemas para todos os marcos Padronização. A conversão para o NAD83
intervalos de 7,5 minutos de arco em uma rede de New Brunswick, um arquivo de Mudança foi também uma oportunidade para reconside-
de pontos computados da transformação de Grid para uso em programas, um programa rar práticas existentes a respeito da utilização
nacional. de computador para a conversão de coorde- de projeções de mapas. Houve oportunidades
Além de fornecer os programas e parâmetros nadas e assistência técnica por telefone. para adoção de projeção comum de mapas
de transformação nacionais, o Geodetic Survey 4. Impactos na mudança em todas as jurisdições.
respondeu solicitações para assistência no uso para o NAD83 Estimativa de erro e precisão dos dados. O
e entendimento de procedimentos. O Comitê Custo da conversão. Os cartógrafos do go- NAD83 superou deficiências do modelo do
do Sistema do Referencial Geodésico Cana- verno aceitaram o NAD83 como uma melhoria, NAD27 quanto ao fornecimento de controle
dense, comitê de trabalho federal-provincial, mas os envolvidos em mapeamento estavam de precisões que são consistentes com as pre-
foi criado com o objetivo de coordenar a manu- céticos. Enquanto o governo era responsável cisões que são realizáveis com técnicas de me-
tenção e melhoria do Sistema de Referência pelo pagamento dos custos da criação do dição e posicionamento; isso facilitou o desen-

1
Esta transformação é computada em duas partes: a primeira, o programa SCTRANS é usado para aplicar uma conversão média entre os datums do NAD27 e NAD83
(computados usando o programa DATUM), e, então so programa ESTPM é usado para modelar a distorção entre os sistemas de ajustamento do NAD27 e NAD83.

16 Ponto de Referência - 2008


Artigo

volvimento de estimativas confiáveis das pre-


cisões relativas das estações. Isto, por sua
vez, melhorou a precisão e a integridade do
posicionamento de todas as informações rela-
cionadas à Terra, e ajudou a assegurar a con-
sistência e a compatibilidade dos dados em
base de dados de informação da terra. A pre-
cisão posicional mais elevada assegurou que
muitas das solicitações mais exigentes dos
usuários pudessem ser atingidas, e a necessi-
dade de reajustamentos futuros foi minimizada.
Questões marítimas e legais. A discrepân-
cia entre os grids geográficas do NAD27 e
Website do Sistema de Referência Espacial Canadense
NAD83 no Canadá era tão maior quanto maior
era a distância à costa, variando entre 60 e As posições das estações geodésicas fede- des, ocasionando dificuldades no ajustamento
120 metros. Um impacto dessa discrepância rais de primeira ordem e a informação da das observações GPS junto às redes antigas.
era o de determinar como as descrições legais variância-covariância do ajustamento nacional O GPS tem provado ser uma ferramenta ex-
de arrendamentos para exploração de petró- de outubro de 1977 foram fornecidas em ATS77 celente para o controle geodésico, com preci-
leo e gás no mar, que são definidas por coor- ao LRIS pelo Geodetic Survey. Para se prepa- sões previamente não alcançáveis em grandes
denadas, seriam afetadas. rar para o ajustamento regional, rigorosos mé- distâncias. As redes de controle observadas
5. New Brunswick todos de redução de observação foram aplica- por GPS podem também ter custos viáveis de
muda para o NAD83 dos pela UNB e, em conjunto com o LRIS; um implementação e manutenção , em parte por-
O escopo do projeto do NAD83 era conti- programa de suporte foi desenvolvido. O LRIS, que elas podem ser significativamente mais es-
nental e levou vários anos para ser finalizado. então, testou os sistemas e, a partir de 1976, paçadas que o controle tradicional.
Em seu início, na década de 1970, entretanto, preparou os dados de observação durante um No passado, as redes de controle horizontais
o leste do Canadá já estava no meio de seu período de três anos. Como resultado deste eram estabelecidas separadamente das redes
próprio programa de mapeamento e levanta- esforço cooperativo, as coordenadas de 40.887 de controle vertical, mas a tecnologia GPS per-
mentos em larga escala. Havia benefícios evi- estações geodésicas regionais foram mite o posicionamento de um ponto em todas
dentes da mudança para um datum publicadas em ATS77 em 1979. as três dimensões e a integração desssas duas
geocêntrico para apoiar esse programa e a Era esperado que o referencial e elipsóide do redes de controle que, anteriomente, eram se-
região não queria esperar o processo para o ATS77 chegassem bem perto daqueles do paradas. As coordenadas horizontais obtidas
NAD83 ser finalizado. Conseqüentemente, NAD83. Entretanto, quando o NAD83 foi fina- com o GPS, e referenciadas a um datum geo-
uma redefinição e ajustamento regional foram lizado, foram usados um referencial e um désico específico, podem ser utilizadas direta-
realizados, resultando no estabelecimento de elipsóide ligeiramente diferentes,com um des- mente ou podem ser reduzidas a um mapea-
um referencial intermediário chamado ATS77. locamento horizontal de aproximadamente 4,5 mento planimétrico. A altura elipsoidal, gerada
O desenvolvimento de um sistema de con- metros entre as coordenadas em ATS77 e em através do GPS, deve ser transformada para
trole de levantamentos baseado no ATS77 foi NAD83 . uma altura ortométrica para o uso em projetos
um esforço conjunto da Divisão do Geodetic 6. Usando o GPS: de mapeamento e engenharia.
Survey, do antigo Serviço de Registro e Infor- NAD83 e CSRS Como o uso do GPS se tornou mais dissemi-
mação da Terra (LRIS), da Universidade de New O processo de redefinição e reajustamento nado, os usuários podem escolher entre vários
Brunswick e da comunidade de usuários. Para do NAD83 foi rigorosamente matemático e a métodos diferentes para o estabelecimento de
o propósito desta redefinição, todos os dados maioria das distorções existentes nas antigas posições. Alguns usuários de GPS terão a van-
de observação deveriam ser reduzidos a uma redes foi removida. Entretanto, as precisões tagem da rede regional de alta precisão en-
superfície de referência (ATS77) usando o finais realizáveis ainda estavam limitadas pelas quanto outros usarão um serviço comercial de
melhor geóide regional gerado. O ATS77 foi o precisões das observações originais e, em cer- GPS diferencial, em qualquer deles, usando
primeiro elipsóide geocêntrico na região. tas áreas, pelas fracas configurações das re- método de pós processamento ou em tempo

2008 - Ponto de Referência 17


Artigo

real. Em todos os casos, embora em diferen- ceira camada do CSRS, a CBN,


tes níveis de precisão, existe potencial para está ligada diretamente aos dois
produzir coordenadas consistentes. Para isso acima usando estações e obser-
ocorrer, um referencial comum que seja bem vações CACS nas suas realiza-
definido, é necessário um GPS compatível e ções.
prontamente acessível ao usuário. Para falar Todos os componentes do
sobre esta questão, o Geodetic Survey intro- CSRS que sustentam as coorde-
duziu o Sistema de Referência Espacial Cana- nadas NAD83 e NAD83 estão dis-
dense (CSRS) em meados de 1990. O CSRS poníveis na hierarquia de pontos
é um sistema multinível que é compatível com indicada acima. Foram calcula-
o GPS e facilita o compartilhamento de dados das coordenadas em NAD83 al-
entre usuários. tamente pecisas para estações
Os usuários podem acessar o CSRS através CACS antes da instalação do CBN;
da rede de controle ou através dos produtos o que assegurou que as coorde-
de dados GPS gerados dentro do sistema. A nadas do NAD83 para o CBN se-
rede de controle do CSRS forma uma hierar- jam também altamente precisas.
quia com a camada do topo consistindo dos A Rede de Alta Precisão (HPN)
sites do VLBI Canadense, a segunda camada das Províncias Marítimas foi ins-
contém os pontos do Sistema de Controle talada simultaneamente com o CBN e está
Ativo Canadense (CACS), e a terceira camada completamente integrada e consistente com (CSRS)’ para identificar esta realização do
contém os pontos da Rede de Base o mesmo. Deste modo, as Províncias Maríti- NAD83.
Canadense (CBN). mas asseguraram que as coordenadas em A adoção do datum do NAD83 tem sido
As observações de VLBI fornecem orienta- NAD83, geradas para os pontos provinciais, particularmente significativa para quem usa sis-
ção e escala para os referenciais terrestres. também serão altamente precisas. Com a im- temas de posicionamento de satélite por cau-
Existem atualmente cinco estações VLBI no plementação do CBN e do HPN Marítimo, as sa do relacionamento matemático simples en-
Canadá que fornecem uma ligação entre o Províncias Marítimas possuem um conjunto de tre o datum do satélite e o NAD83. Por exem-
CSRS e os referenciais globais. Elas também coordenadas em NAD83 novo e muito preci- plo, o navegador ou cartógrafo será capaz de
fornecem pontos fiduciais para a rede CACS so. As coordenadas derivadas desta realiza- locar sua posição, como determinado pela na-
de pelo menos dez pontos de rastreamento ção de ‘cima-para-baixo’ podem se diferenciar vegação do satélite ou pelo sistema de posi-
GPS em estações remotas. Algumas das es- significativamente das derivadas da realização cionamento eletrônico, diretamente numa carta
tações CACS estão posicionadas em estações do NAD83 (1989). Por esta razão, as Provínci- do NAD83 sem conversão de datum, facilitan-
VLBI, assim ligando as duas camadas. A ter- as Marítimas adotaram o termo ‘NAD83 do, assim, bastante o uso desses sistemas.

Mark Doucette, P.Eng. Jones, Harold E. and David H. Gray. 1986. News? Director, Mapping Branch, Land Information
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18 Ponto de Referência - 2008


Artigo
ProGriD – O novo programa
de transformação de
coordenadas
No âmbito do Projeto de Infra-estrutu- mação não vai melhorar
ra Geoespacial Nacional – PIGN, foi pre- a qualidade das coorde-
vista a elaboração de ferramenta para es- nadas. Por exemplo, a
tabelecer a relação entre coordenadas em coordenada oriunda de
referenciais anteriores e coordenadas em levantamentos em
SIRGAS2000. Com esse objetivo foi cria- Córrego Alegre em que
do o ProGriD, para prover os usuários de se tenham usado técni-
informações geoespaciais de uma ferra- cas clássicas conterá erros associados, abandoná-las), resultando no que se cha-
menta que lhes permite relacionar coor- e esses erros vão permanecer após a ma de distorções da rede.
denadas bidimensionais (latitude e lon- transformação para SIRGAS2000. O A indicação deste fato já se faz pre-
gitude ou UTM e N) entre os referenciais ProGriD não vai fazer o tão esperado mi- sente no TCgeo (programa atualmente
Córrego Alegre e SIRGAS2000 e entre lagre da transformação de erros da água em uso, disponibilizado na página do
SAD 69 e SIRGAS2000. O ProGrid permi- para o vinho. Vai, sim, permitir que os IBGE, que transforma coordenadas de
te também relacionar coordenadas tridi- usuários possam usar suas antigas coor- SAD 69 para SIRGAS2000). O TCGeo in-
mensionais (latitude, longitude e altitu- denadas. Antigos, aqui, refere-se a tudo dica explicitamente a incerteza associa-
de elipsoidal, ou X, Y e Z) entre referen- que seja pré-SIRGAS2000. da à transformação e ainda pode ser usa-
ciais determinados por técnicas espaci- A questão dos erros existentes nas do se o usuário estiver interessado ape-
ais (no caso, pontos satélite em SAD 69 coordenadas, nos quais o ProGriD não nas na utilização dos parâmetros de
e SIRGAS2000). tem como interferir, traz um aspecto im- transformação, opção que também exis-
O ProGriD vai ajudar usuários a trans- portantíssimo relacionado a outro tipo de te no ProGriD.
formar coordenadas existentes em erro, pois existem erros asso- Surge então a pergunta: quais são as
Córrego Alegre, SAD 69 original e ciados à transformação propriamente principais diferenças entre o ProGriD e o
SAD 69 realização 1996, de modo a se dita. Em outras palavras, as redes em TCGeo? Em primeiro lugar, o ProGriD é
tornarem compatíveis com as novas co- Córrego Alegre e em SAD 69 são de pior mais abrangente que o TCGeo ao incluir
ordenadas em SIRGAS2000. Deve-se qualidade que a rede em SIRGAS2000 mais referenciais. Em segundo lugar,
atentar para o fato de que essa transfor- (aliás, este fato é um dos motivos para enquanto o TCGeo oferece a transforma-
ção baseando-se apenas nos parâmetros
de transformação, o ProGriD oferece a
ProGriD: mais que um acrônimo, uma idéia sobre três pilares
capacidade de modelar os resíduos des-
ProGriD não é uma simples sigla, mas o cia, com suas tecnologias, produtos e ativida-
ta transformação (ou grande parte de-
nome criado para designar o sistema des, tendo a satisfação dos seus estudiosos
les). Como conseqüência disto, a trans-
computacional que permite a transformação e usuários como uma de suas diretrizes;
formação oferecida pelo ProGriD será
entre os referenciais oficiais antigos, não- (2) Grid
Grid, a forma de disponibilização e a
geocêntricos, usados no Brasil (Córrego Ale- facilidade de uso: o emprego do grid permite mais precisa, permitindo, por exemplo,
gre e SAD 69), e o SIRGAS2000, geocêntrico maximizar a abrangência e minimizar a resis- que dados possam ser representados
e mais avançado. tência de quem precisa realizar a atividade de em escalas cadastrais (dependendo da
O nome se baseia na própria idéia do transformar coordenadas; sua localização no território brasileiro).
ProGriD
roGriD, apoiada sobre três pilares: (3) D
D, o diferencial: evidencia a aplicação da
(1) Pro
Pro, o fundamento: marca a evolução e Modelagem de Distorção, paradigma atual- http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/
.ibge.gov.br/home/geociencias/
http://www.ibge.gov
o progresso no Brasil da Geodésia como ciên- mente presente para a solução do problema. geodesia

2008 - Ponto de Referência 19


Capa

Tecnologia avançada aumenta


participação na gestão ambiental

D Dominante na costa brasileira na época do


descobrimento pelos portugueses, o bioma
Mata Atlântica hoje se encontra reduzido a
menos de 8% de sua área original, o que au-
menta a importância da gestão eficiente de
unidades de conservação como a Reserva Bi-
ológica União, no Estado do Rio de Janeiro, e
outras onde estão sendo conduzidos projetos
de demonstração dos impactos da mudança
de referencial geodésico. Situada nos municí-
pios de Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e
Macaé, a reserva foi criada há dez anos no
território de uma fazenda que pertencia à ex-
tinta Rede Ferroviária Federal S.A., após gran-
de mobilização da comunidade científica naci-
onal e internacional, ONGs, instituições públi-
cas da área ambiental e ambientalistas de se tornam aliadas da gestão ambiental quan- especiais dos níveis federal, estadual e munici-
várias nacionalidades, para que a área, ao in- do todas as informações podem ser interliga- pal, além das reservas particulares. Os corre-
vés de vendida, fosse protegida em forma de das pelo uso do mesmo sistema de referência. dores ecológicos são áreas interconectadas
Unidade de Conservação, a fim de contribuir Ao tornar possível a leitura integrada dos ma- para permitir a migração das espécies
na recuperação das espécies mais seriamente peamentos existentes e os vários esforços de ameaçadas e sua perpetuação no bioma de
ameaçadas da fauna e da flora do bioma. Um gestão, o SIRGAS2000 viabiliza a implemen- mais rica biodiversidade em todo o mundo.
quinto de toda a população de mico-leão-dou- tação de soluções de grande impacto poten- Há outros ganhos ligados à implantação de
rado que vive hoje em ambiente natural se cial na gestão do meio ambiente. Aqueles que um sistema único de referenciamento para todo
abriga na Reserva Biológica União, área apon- enfrentam o desafio da gestão ambiental sa- o país e as Américas. Na gestão da Reserva
tada em estudos como a de maior riqueza e bem que os mapas precisam “falar a mesma Biológica União e em muitos outros casos, a
diversidade vegetal dentre todos os remanes- língua” para serem usados como suporte no simplificação dos processos torna possível a
centes estudados da Mata Atlântica do Esta- planejamento e implementação de propostas inclusão de novos atores sociais nas decisões
do do Rio de Janeiro. como os mosaicos de preservação e os corre- e o conseqüente aumento da capacidade de
As novas tecnologias de geoprocessamento dores ecológicos. Os mosaicos integram áreas governança e participação.

20 Ponto de Referência - 2008


Artigo

Representantes de Rio das Ostras,


Casimiro de Abreu, Associação Mico
Leão Dourado, ICMBio/MMA, Rebio,
Ibama-RJ, IEF/Sea-RJ

10 anos de Rebio União


O gerenciamento de unidades de conservação antevê os benefícios da implementação do
SIRGAS2000 nas ações anunciadas pelas autoridades do Ministério do Meio Ambiente du-
rante as comemorações de dez anos de criação da Reserva Biológica União, em Casimiro de
Abreu RJ. O Diretor de Geociências do IBGE e coordenador do PIGN, Luiz Paulo Souto Fortes,
fez a entrega dos produtos viabilizados pelo Projeto Demonstrativo 6 do PIGN aos gestores,
que demonstraram sua satisfação por contar agora com as facilidades do mapeamento digital
nos planos de manutenção e ampliação da área da reserva. Segundo Bernardo Britto, Coor-
denador do Bioma Mata Atlântica e Pampa – ICMBio/MMA, o novo mapeamento digital
eleva a Reserva Biológica União à condição de vanguarda tecnológica em gestão ambiental,
pois é a primeira unidade de conservação federal a ser mapeada pelo IBGE com as novas
Luiz Paulo (IBGE) - Apresentando o novo coordenadas SIRGAS2000, de acordo com o sistema geodésico que estará totalmente im-
mapeamento já em SIRGAS2000
plementado até 2014.
Engenheiros do IBGE participaram do evento científico que, no dia 15 de maio,
marcou o início das comemorações do décimo aniversário da criação da Resrva
Biológica União, com palestras destinadas a estudantes, professores e pesqui-
sadores da região. No dia seguinte, foi anunciada a doação de 113 hectares
para ampliação da área da unidade pela Associação Mico-Leão-Dourado.
Os coordenadores de Cartografia e de Meio Ambiente e Recursos Naturais do
IBGE apoiaram a exposição e a distribuição de informativos na tenda montada
pelo PIGN, onde também foi mostrado o projeto que promoveu a instalação de
uma estação geodésica SIRGAS2000 na área da reserva. Instalada também
para apoiar o projeto piloto Nomes Geográficos e Meio Ambiente (PD6 do
Moema Augusto (IBGE), Celso Monteirro (IBGE),
PIGN), a estação geodésica foi homologada e já serve de apoio para atividades de pesquisa
Representante da Polícia Militar e Vania Nagem
(IBGE) e educação ambiental da reserva, agora integradas com ações de educação cartográfica e
geodésica inseridas no PIGN. A instalação da estação geodésica SAT 93.948 pela Coordena-
ção de Geodésia do IBGE faz parte de uma proposta de valorizar a precisão das medições e
permitir o uso eficiente do geoprocessamento de informações na gestão ambiental e na
preservação do meio ambiente.

2008 - Ponto de Referência 21


Bicuda Pequena
Entrevista
113 hectares de
RJ 162
Dados geoespaciais, em terras recém-
adquiridas
SIRGAS2000, na gestão Rebio
União
da Rebio União Boa Esperança
O meio ambiente e o impacto da mudança SIRGAS2000 é poder iniciar a Rio Dourado BR-101
de referencial geodésico na gestão de unida- gestão integrada, pois muitos
des de conservação são o tema da entrevista elementos precisam ser con- Modelo Digital de Elevação da área de entorno da Reserva
feita por participantes do PIGN com os gesto- siderados numa área que, por ter sido uma que saber o tamanho das áreas de eucalipto,
res da Reserva Biológica União. Situada no Es- fazenda da Rede Ferroviária Federal, é cortada avaliar através de fotografia, propor os siste-
tado do Rio de Janeiro, a Rebio União é a por estradas, linhas de transmissão de ener- mas de corte. Em tudo vamos ter vantagens
primeira unidade de conservação federal gia, gasodutos. A homogeneização proporcio- com o novo sistema. Também tem a questão
mapeada em SIRGAS2000, no âmbito do Pro- nada pelo SIRGAS2000 vai facilitar para todo da água....
jeto Demonstrativo Número 6 do PIGN. Whitson mundo. Todas as agências e concessionárias PR – Sabemos que a área da reserva abri-
José da Costa Junior, chefe da Rebio União, e vão falar a mesma linguagem na hora de tra- ga importantes cursos d´água e nascentes.
Carlos Lamartine, analista ambiental respon- çar novos projetos, como, por exemplo, para De que forma o novo mapeamento pôde con-
sável pelo laboratório de geoprocessamento ampliação da própria reserva ou para o reco- tribuir com questões relacionadas aos recur-
da reserva, falam das vantagens de contar com nhecimento das áreas do entorno a fim de sos hídricos?
os novos produtos do IBGE em SIRGAS2000, implantar corredores florestais, criar RPPNs, que
Lamartine – Tínhamos dúvidas relaciona-
inclusive a carta topográfica Rio Dourado são reservas particulares, e reservas legais.
das às bacias do rio das Ostras e do rio São
(1:25.000), o índice de topônimos, a ortofoto- Com um sistema único, o SIRGAS2000, vai ser
João, em Casimiro de Abreu, assim como rela-
carta, o mapa de vegetação, para auxiliar na muito mais fácil gerenciar essas questões
tivas ao rio Iriry. Durante a elaboração do nos-
tomada de decisão e nos planos de ampliação ambientais.
so Plano de Manejo, constatamos divergênci-
da reserva. Na criação de corredores ecológi- PR – Os modelos digitais de elevação tam- as entre as informações sobre os limites des-
cos e de mosaicos que contribuem para a pre- bém poderão ajudar? Esse recurso pode ser sas bacias entre os dados da prefeitura de Rio
servação da Mata Atlântica, em especial as útil na gestão da unidade? das Ostras e a realidade em campo, com uma
espécies mais ameaçadas, como o mico-leão-
Whitson – Nós estamos agora com uma falsa informação, com a bacia do rio das Ostras
dourado, espécie símbolo da Rebio União.
proposta de ampliação da unidade. Essa ferra- avançando sobre a bacia do rio São João. Com
Ponto de Referência – Como vocês avali- menta é importante para nós propormos essa essa nova carta, essa questão poderá ser
am o impacto da mudança de referencial ampliação ao Instituto Chico Mendes. Ainda esclarecida definitivamente.
geodésico na gestão ambiental, tomando por não sabemos a proporção da ampliação, mas PR – Além do mapeamento topográfico e
base a sua própria experiência depois de vocês temos vários fragmentos em estudo e alguns da vegetação, o IBGE fez a instalação e ho-
terem recebido do IBGE os novos produtos vão proporcionar um corredor ligando a Serra mologação da Estação Geodésica SA SATT 93.948
do mapeamento topográfico da Reserva Bi- do Mar e outras unidades. Outra questão que no interior da reserva, além de editar o pri-
ológica União? temos é o gerenciamento da unidade no que meiro índice de topônimos vinculado a um
Whitson – A principal vantagem de ter o diz respeito ao plantio de eucalipto que havia projeto de mapeamento topográfico. Como
mapeamento topográfico atualizado em na reserva e que precisa ser retirado. Temos esses produtos se integram e contribuem com
trabalhos e pesquisas em andamento na re-
serva?
Whitson – O marco veio para enriquecer as
visitas dirigidas, principalmente para a Trilha
Interpretativa do Pilão, mas vai permitir tam-
bém explorar novos temas que dependam de
georreferenciamento em outras atividades ci-
entíficas e de educação ambiental conduzidas
Whitson da Costa, chefe da Reserva Carlos Lamartine, responsável pelo laboratório de
Geoprocessamento da Rebio na reserva. O índice de topônimos também é

22 Ponto de Referência - 2008


Entrevista
importante, pois há muito tempo nós nos pre-
ocupamos em preservar os nomes originais usa-
Reserva União comemora
dos pela população que utilizava aquela área dez anos em grande estilo
no tempo em que era uma fazenda. A trilha do Entrevista do Jornal Eletrônico Macaé News com o Coordenador do PIGN – Brasil, Luiz Paulo
athiana Campolina www
Souto Fortes / 16/05/2008-18:11 / TTathiana .macaenews.com.br
www.macaenews.com.br
Lava-Pés, por exemplo, tem esse nome por-
que era o ponto onde as pessoas que estavam O aniversário de dez anos da cipais e onze particulares. Isso permitirá uma maior
a caminho da cidade interrompiam a caminha- Reserva Biológica (Rebio) União troca de experiências e diminuição de custos de
da para limpar os pés e calçar os sapatos com foi comemorado em grande es- alguns programas para conseguirmos preservar
que chegariam à cidade ou ao povoado mais tilo, com atividades culturais, a mata atlântica e o mico-leão-dourado, que só
recreativas, palestras e cami- tem na nossa região”, frisou Whitson.
próximo.
nhadas, desde o início da se- Por último e não menos importante, foi assina-
PR – Voltando aos benefícios do PIGN, a mana. Na tarde desta sexta-feira (16), encerrando do o Plano de Manejo da Reserva Biológica União,
diferença entre as coordenadas SAD 69 e a programação, cinco ações foram assinadas por que possui todas as diretrizes que são necessá-
SIRGAS2000 na estação geodésica SA SATT autoridades da área, a fim de garantir a conserva- rias seguir, a fim de cumprir os quesitos de pre-
ção da unidade da mata atlântica e das espécies servação. “Temos a segunda maior população de
93.948 é de cerca de 40 metros. Em termos
que lá vive. mico-leão-dourado silvestre e é muito importante
das demandas internas e externas, como
Neste dia, a Reserva União recebeu uma doa- preservá-la para que o animal saia do perigo de
vocês visualizam que esta diferença pode ser ção de 113 hectares de terras, que ligará a área à extinção”, reforçou o chefe da reserva.
representativa, em termos práticos, nas ações mata da Serra do Mar. “Esta área, que recebemos Rocco enfatizou o aniversário de dez anos da
presentes e futuras relacionadas à Rebio através de uma campanha realizada a nível interna- reserva já é um motivo importante para comemo-
União e aos demais atores envolvidos na ges- cional, é estratégica, pois proporcionará o fluxo de rar e que realmente há motivos importantes para
animais entre a reserva e a Serra do Mar. Atual- festas. “A situação do mico-leão-dourado estava
tão da unidade e do entorno?
mente a Rebio está ilhada por áreas de pasta- crítica. Tínhamos menos de 500 espécies na
Whitson – As próprias áreas de manejo de gens”, informou o chefe da Reserva Biológica União, natureza. A Reserva União, junto com outras uni-
eucaliptos, que são pequenos fragmentos da Whitson José da Costa Júnior. dades, contribuiu para a espécie sair do declínio e
área total, são muitas vezes inferiores a este Para realizar a revegetação dessa área doada, atualmente temos mais de 1.500 animais na
valor. Além disso, há o monitoramento e o um termo de parceria foi assinado entre a prefeitu- natureza. É um modelo a ser seguido”, disse.
ra de Casimiro de Abreu, Comitê de Bacia Lagos “O Instituto Chico Mendes vê a reserva como
acompanhamento das pesquisas científicas, em
São João e a Reserva Biológica União. um modelo. Ela foi elaborada em cima de uma
andamento para as quais determinamos o uso Um outro projeto assinado nesta sexta-feira foi bandeira, o mico-leão-dourado, e preservar o ani-
do GPS. O mapeamento em SIRGAS2000 será a parceria entre a Reserva com a Secretaria de mal a longo prazo, já que o Poço das Antas é
extremamente útil para o correto lançamento Estado Meio Ambiente, que fará uma adaptação pequeno para preservar o animal durante muito
destes pontos coletados no campo e para maior da Trilha Interpretativa do Pilão, para portadores de tempo”, destacou Bernardo.
integração entre as diversas pesquisas e ações necessidades especiais. “O Jardim Botânico, na No evento desta sexta, a reserva também ga-
capital, possui jardins interpretativos, mas trilha nhou um presente do Instituto Brasileiro de Geo-
na reserva.
adaptada é a primeira vez que tenho conhecimento grafia e Estatística (IBGE). “Nós entregamos um
Lamartine – E 40 metros podem significar no estado do Rio de Janeiro”, salientou o superin- mapa atualizado do local, a partir de um novo
muito, por exemplo, na questão legal de lavrar tendente do Ibama/RJ, Rogério Rocco. Implanta- sistema de medição, proposto por nós. O siste-
um auto de infração, ou quando você vai se ção de corrimão e placas em braile são algumas ma geodésico do país, com informações de lati-
adaptações que os 900 metros de trilha ganharão. tude e longitude, será substituído por esse novo
dirigir ao ministério público por algum motivo de
“As reservas são mais restritivas, não permi- sistema que difere em 65 metros as coordena-
ordem legal.
tem visitas e as trilhas são importantes para a das. O novo mapeamento é realizado em todo
PR – Em que aspecto prático as novas educação. Toda a trilha tem parâmetros técnicos e estado do Rio de Janeiro e o primeiro a ser entre-
tecnologias trouxeram contribuição na esta interferência é feita em cima dos estudos para gue é o da Reserva União”, informou o diretor do
gestão da área da Rebio União? que o local tenha menor impacto possível. A edu- IBGE, Luiz Paulo Souto Fortes.
cação ambiental e o contato com a natureza au- Além disso, Luiz Paulo disse que o IBGE im-
Whitson – Praticamente em todas as ações mentam a sensibilidade das pessoas em relação à plantou um marco geodésico dentro da reserva, a
de administração e manejo da Unidade de Con- Mata Atlântica. É conhecendo que se preserva”, fim de facilitar qualquer nova medição dentro do
servação e de seu entorno, como, por exem- observou o coordenador do Bioma Mata Atlântica local. “Isso vai facilitar e é uma base de dados de
plo, nas ações de fiscalização, licenciamento, do Instituto Chico Mendes, Bernardo Brito. muita precisão”, explicou.
pesquisa, manejo do meio ambiente, etc. A criação do Mosaico de Unidades de Conser- Todos os índices de topônimos oficiais foram
vação Mico-Leão-Dourado foi o quarto programa catalogados em um CD e distribuídos para três
Temos um mapeamento atualizado, mais pre-
assinado nesta sexta-feira. “O Mosaico permitirá prefeituras locais (Casimiro de Abreu, Rio das
ciso e um sistema único, o que nos dá mais uma integração das equipes e dos programas de Ostras e Macaé), para a Reserva e para órgãos
visão da região e mais segurança nas nossas três unidades de conservação federais, três muni- presentes no evento.
decisões. (V.N.)

2008 - Ponto de Referência 23


Entrevista

Meio ambiente, cultura e infra-estrutura


nos nomes geográficos
Desde a década de 1960, as Nações Unidas incentivam discussões técnicas sobre a
padronização de nomes geográficos, considerados elementos fundamentais da infra-
estrutura de dados de uma nação, além de expressão de sua cultura. Em entrevista a
Dave Carney, consultor do PIGN, Helen Kerfoot, presidente do Grupo de Peritos das
Nações Unidas em Nomes Geográficos (UNGEGN) desde 2002, fala sobre o papel
fundamental dos governos nacionais na padronização e da profunda relação dos nomes
geográficos com o meio ambiente. No início de dezembro, Helen KKerfoot
erfoot vai participar,
no Brasil, de várias atividades ligadas a nomes geográficos, com o apoio do Projeto
Demonstração 6, sobre Meio Ambiente, do PIGN.

DAVE– Como você se interessou por no- HELEN – Uma vez a cada cinco anos, desde duplicação de nomes e políticas públicas para
mes geográficos? 1967, as Nações Unidas fazem uma Conferên- nomes geográficos tiveram de ser confron-
HELEN – Quando trabalhei no Serviço Geo- cia sobre Padronização de Nomes Geográfi- tadas para promover a padronização inter-
lógico do Canadá (Geological Survey), tive a cos. O Canadá foi um dos primeiros países a nacional. Hoje o UNGEGN (Grupo de Peri-
oportunidade de passar um tempo no norte participar, e em 1987 sediou a Quinta Confe- tos) também estabeleceu ligações com a
do Canadá. Comecei a gostar do relaciona- rência em Montreal. Como assistente junior, UNESCO na consideração dos aspectos cul-
mento do povo indígena com a terra e vi como eu participei pela primeira vez em uma ativida- turais dos nomes.
o processo de nomeação dos elementos geo- de da ONU! Desde então, fui ampliando mi- DAVE– Qual é a atração em trabalhar
gráficos era parte integrante da sua cultura, nha participação, liderei a delegação do Ca- com nomes geográficos?
das suas tradições orais e do seu relaciona- nadá e primeiramente fui eleita vice-presiden-
HELEN – Os nomes geográficos têm um
mento com o seu meio ambiente. te e depois, em 2002, para a posição de pre-
papel importante em nossa vida diária – para
sidente do Grupo de Peritos das Nações Uni-
DAVE– Que tipo de formação ou treina- descrever os locais próximos d eonde
das em Nomes Geográficos (UNGEGN), que
mento você teve para realizar este traba- estamos, para acessar dados espaciais
dá continuidade ao trabalho no intervalo en-
lho? (através de mapas, SIGs e mecanismos de
tre as conferências.
HELEN – A maioria dos que seguem carrei- busca na internet), para revelar detalhes
DAVE– Por que a ONU está interessada sobre nossa história e nosso patrimônio
ra em pesquisa ou administração de nomes
em nomes geográficos? cultural. O trabalho na ONU oferece uma
geográficos são lingüistas, geógrafos, historia-
dores, cartógrafos, especialistas em sistemas HELEN – A ONU está interessada em me- oportunidade maravilhosa de interagir com
de informação geográfica (SIGs), e assim por lhorar a comunicação mundial e, desde a dé- tanta gente de diferentes culturas – pessoas
diante. Minha própria formação é em Geogra- cada de 1950, tem procurado resolver ques- que vêm o mundo de diferentes
fia, seguida por certo número de anos em que tões de ambigüidade na escrita e de aplica- perspectivas.
ganhei mais experiência no trabalho com a ção dos nomes geográficos, originalmente DAVE – Obrigado Helen, estou ansioso
autoridade nacional canadense em nomes. para fins cartográficos. A responsabilidade de por sua apresentação no 1º Seminário em
cada país com as formas padronizadas de Nomes Geográficos dos Países da Comuni-
DAVE– Como você se envolveu com o tra-
nomes tornou-se da maior importância, e ques- dade de Língua Portuguesa, a ser realizado
balho de padronização de nomes nas Na-
tões de sistemas de romanização, exônimos, dia 2 de dezembro no Rio de Janeiro.
ções Unidas?

24 Ponto de Referência - 2008


Entrevista
Artigo

Entrevista com Izabella Teixeira


Secretária Executiva do MMA - INDE e Meio Ambiente:

Novas tecnologias e gestão ambiental


Em entrevista à Revista Ponto de Referência, Izabella Teixeira comenta a impor-
tância da adoção de um sistema de referência único para a integração de dados de
recursos naturais e para a construção de uma Infra-estrutura Nacional de Dados
Espaciais adequada às demandas da gestão ambiental. Atual Secretária Executiva
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Izabella Teixeira tem sólida formação
acadêmica e já ocupou diversos outros cargos de relevo no Governo do Estado do
Rio de Janeiro e no próprio Ministério do Meio Ambiente, além do Ibama, onde
ingressou em 1984 como analista ambiental.

Ponto de Referência - Quais vão ser os comum nos sistemas de instituições estadu- temas definidos pelo e-PING. O MMA
benefícios imediatos e de longo prazo para ais, como aqueles voltados para o disponibiliza desde 2006 os limites das UCs ao
a área ambiental com a adoção gradual, até licenciamento ambiental, e precisam ser con- público em geral e adota para isso as orienta-
2014, do novo sistema de referência geodé- siderados com atenção. ções globais sobre como implementar uma
sico único, o SIRGAS2000? PR - Como o Ministério do Meio Ambien- INDE, ou seja, adotando padrões abertos de
eixeira – A adoção do
Izabella TTeixeira te poderá orientar
orientar,, em conjunto com o IBGE
IBGE,, disseminação de dados, inclusive web services
SIRGAS2000 é uma das ações da CONCAR os órgãos federais, estaduais e municipais de padrões internacionais. Além dos limites das
que visam ao aprimoramento da cartografia que atuam na área ambiental quanto à ne- unidades de conservação, o MMA já está com
nacional e sua adequação às tecnologias mais cessidade de representação e identificação toda sua base de dados cartográficos docu-
modernas de mapeamento. Os benefícios para precisa e padronizada dos limites de suas mentada no padrão de metadados do ISO-
a área ambiental estão relacionados à melhoria áreas de estudo e gerenciamento, buscan- 19115. Esses metadados estão disponíveis para
na qualidade dos mapeamentos, conseqüên- do a construção de uma futura INDE – Infra- consulta no sítio eletrônico do Ministério por
cia dessas ações. O importante, nessa fase estrutura Nacional de Dados Espaciais que meio do software GeoNetwork e já estamos
de transição entre o SAD69 e o SIRGAS2000, venha realmente beneficiar toda a socieda- integrados ao banco de metadados do IBGE,
é a definição de procedimentos de conversão de usuária de informações geoespaciais? ou seja, na prática o MMA já possuí uma IDE e
dos mapeamentos temáticos existentes para está preparado para integrar-se à infra-estru-
eixeira – O MMA é uma das ins-
Izabella TTeixeira
o novo sistema. O acervo de dados temáticos tura nacional de dados espaciais, inclusive pres-
tituições mais atuantes na definição da INDE,
é, para a área ambiental, tão importante quan- tando apoio técnico às outras instituições go-
participando ativamente nas reuniões técni-
to a cartografia básica, mas a definição das vernamentais que deverão criar seus bancos
cas da CONCAR e do e-PING. Nas discussões
responsabilidades pela conversão e o desen- de metadados. Complementando, o MMA de-
sobre o modelo de dados da base cartográfica
volvimento de softwares para tal finalidade senvolveu um software livre na área de
digital, parte integrante da INDE, a questão
ainda foi pouco discutido. O processo de con- geoprocessamento, denominado I3Geo, volta-
da delimitação das unidades de conservação
versão entre os sistemas deverá também con- do para a disseminação de dados e geração de
foi contemplada e o MMA implementou um
siderar os bancos de dados convencionais que mapas interativos. Esse software já está sen-
sistema para o cadastramento dessas unida-
armazenam coordenadas e que, muitas ve- do utilizado por várias instituições fazendo parte
des. Esse sistema armazena os limites das
zes, não estão relacionados a sistemas de in- inclusive do Portal do Software Público
unidades e está apto a se integrar à INDE,
formação geográfica. Esse tipo de dado é muito Brasileiro.
conforme os padrões de integração entre sis-

2008 - Ponto de Referência 25


Entrevista

Estado do Rio lidera a mudança Elaboração de


para mapeamento documentos
em SIRGAS2000 cartográficos
sob a ótica do
mapeamento
participativo
A Cartografia considera o mapa como a
O Estado do Rio de Janeiro avança nos planos de elaboração de uma base cartográfica principal forma de comunicação de
mais completa e atual, em escala 1:25.000, totalmente realizada em SIRGAS2000. A dados e como instrumento de
Secretaria de Ambiente do Rio de Janeiro – Sea RJ e o IBGE finalizaram a aquisição de visualização científica. Para que a
fotografias aéreas de cerca de 90% da área do Estado, visando a elaboração de produtos
comunicação ocorra, no entanto, é
de mapeamento, inclusive ortofotomosaicos na escala 1:25.000 e ortofotocartas, além
necessário que a mensagem (o mapa)
de um modelo digital de elevação.
seja decodificada pelo usuário, que
O Rio de Janeiro passa, assim, para um novo estágio no planejamento e zoneamento
deve ter um mínimo de conhecimento
territorial, com a produção de componente da infra-estrutura de dados espaciais - IDE,
que recobre integralmente o território estadual, materializada por base cartográfica con- cartográfico. Se, por um lado, as novas
tínua vetorial estruturada para Sistemas de Informações Geográficas – SIG, com tecnologias descortinaram o mundo
metadados geográficos no padrão ISO, e banco de nomes geográficos. dos mapas para muitos, observa-se
O Mapeamento Topográfico Sistemático do Estado do Rio de Janeiro foi executado em que outros cidadãos são mantidos à
sua maior parte pelo IBGE, na escala de 1:50.000, a partir de aerolevantamentos realiza- margem dos benefícios trazidos pelas
dos na década de 1960, a partir de vôos AST10. Esse material foi trabalhado principal- potencialidades dos mapas digitais.
mente na década de 1970, mas, desatualizado, não atende as demandas, principalmen-

A
te relacionadas à questão ambiental e uso do solo, que requer um mapeamento de maior
As tecnologias de mapeamento digi-
detalhe, preciso e atual.
tal permitem ao usuário participar ativa-
O novo mapeamento, em formato digital em SIRGAS2000, facilitará a geração e a
mente da construção do documento
atualização de diferentes mapas temáticos, o planejamento estadual, regional e munici-
cartográfico, enquanto a democratiza-
pal, necessários ao planejamento e subsidiar a tomada de decisão com informações
socioeconômicas, ambientais, de infra-estrutura, de evolução da ocupação urbana e ção das ferramentas de mapeamento e
rural, entre outras. Na concretização do projeto de mapeamento do Rio, Izabella Teixeira, visualização gera oportunidades de ação
secretária executiva do Ministério do Meio Ambiente, reconheceu a necessidade de um social. Embora essas tecnologias sejam
sistema único e mencionou a importância de se complementarem os esforços dos gover- cada vez mais utilizadas em processos
nos dos níveis municipal, estadual e federal para permitir a geração de mapas temáticos de tomada de decisão, de um modo ge-
para o território brasileiro: ral, encontram-se fora do alcance dos
“O mapeamento necessário ao Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) ou a outros cidadãos comuns, tanto no sentido ma-
projetos que definem políticas de intervenção sobre nosso espaço geográfico não será terial como no sentido cognitivo.
possível sem a colaboração entre as instituições públicas das três esferas de governo, Tecnologias de geoinformação e da-
dada a complexidade de tais mapas e a extensão do Brasil. Isto significa que o mapea- dos espaciais exigem alto nível de trei-
mento básico, que serve de referência para mapeamentos temáticos, deve ser o mais
namento para sua utilização adequada,
recente possível e seguir normas técnicas únicas. Sem isto, a integração entre os esforços
o que impossibilita a participação mais
de mapeamento das várias instituições não resultará em bons produtos.”
direta da comunidade na elaboração
dos mapas. Por essa razão, multiplicam-

26 Ponto de Referência - 2008


Artigo

Mapa-imagem parti-
cipativo da comuni-
dade Quilombola de
Castainho - PE

se os projetos e as pesquisas voltados informação territorial voltada para o vo, o processo de inclusão cartográfica
para a busca da inclusão de comunida- empoderamento dessas comunidades, demanda documentos cartográficos ela-
des tradicionais rurais e indígenas, atra- além da resolução de conflitos de ge- borados a partir da concepção do usuá-
vés do desenvolvimento de instrumen- renciamento territorial. Através desse rio, aliados ao processo de educação
tos que possam ser construídos e utiliza- processo, os habitantes têm sido enco- cartográfica e ao desenvolvimento da ca-
dos pela própria comunidade para o ge- rajados a desenhar e modelar seu terri- pacidade perceptiva e cognitiva dos usu-
renciamento e as reivindicações de na- tório e recursos, decidindo o que deve ários, independentemente do seu nível
tureza territorial. ser representado e de que forma. de entendimento sobre o espaço geo-
Pesquisadores afirmam que o mapea- Na visão do mapeamento participati- gráfico.
mento e o trabalho com documentos
cartográficos aumentam a capacidade das Mapeamento participativo no território
comunidades de negociar o acesso a re- Quilombola de Castainho
cursos, possibilitando desenvolver habi-
A Comunidade Quilombola de Castainho
lidades de entendimento local e seus re-
está localizada na área rural do município
lacionamentos com as regiões vizinhas
de Garanhuns, situado na zona Agreste do
(FOX et al., 2005). Assim, a informação
Estado de Pernambuco (Fig. 1). Tem área
espacial representa um instrumento de
aproximada de 190 hectares e perímetro
construção do conhecimento para apoi-
de 11km.
ar os objetivos mais amplos de gerencia-
O trabalho realizado na comunidade está
mento baseado na comunidade.
dirigido, no âmbito do Projeto de Infra-es-
O mapeamento de povos baseados na
trutura Geoespacial Nacional – PIGN, ao
terra (land-based commons) – mapea-
reconhecimento dos limites do seu terri-
mento de, por e para as pessoas – tem
tório e ao acesso e uso das informações
sido chamado de contra-mapeamento
espaciais. Com o objetivo de proporcionar
(counter-mapping), mapeamento base-
aos membros da comunidade maior inclu-
ado na comunidade (community-based
são no processo de regularização, através Figura 1 – Localização do Território
mapping) ou ainda mapeamento partici- Quilombola de Castainho
da compreensão dos documentos que re-
pativo (participatory mapping).
presentam a sua realidade espacial, algumas atividades foram desenvolvidas e
As técnicas de mapeamento participa-
são apresentadas a seguir. O processo baseou-se na construção de representa-
tivo visam apresentar o mapa como um
ções cartográficas obtidas a partir do entendimento do espaço e das feições
instrumento tanto para a compreensão
consideradas relevantes e representáveis pela própria comunidade, de acordo
do modo de utilização do território pelas
com os processos utilizados no mapeamento participativo.
comunidades, quanto para a utilização da

2008 - Ponto de Referência 27


Artigo
Mapeamento participativo Elaboração do mapa
planimétrico de Castainho na
com jovens e adultos
concepção da comunidade
As primeiras dinâmicas de grupo (Fi-
gura 2) estavam relacionadas ao pro- A partir desse trabalho inicial de con-
cesso de educação cartográfica e fo- tato com representações cartográficas Figura 3 – Identificação dos limites territoriais e
elaboração da simbologia
ram realizadas com a finalidade de fa- diferenciadas, foi proposta à comunida-
miliarizar os participantes com os do- de a elaboração de um documento car- sentação das feições, foram utilizados os
cumentos cartográficos disponíveis da tográfico segundo a concepção do gru- seguintes materiais cartográficos:
região. po, para o entendimento geral da comu- Globo terrestre;
nidade. A idéia foi bem aceita, pois mui- Mapa político do Brasil, do IBGE, na
tos não reconheciam nos símbolos apre- escala de 1:16.600.000;
sentados nos mapas convencionais as Mapa Rodoviário do Estado de
feições do território. Esse documento Pernambuco, do DER/PE, na escala de
deverá servir para posterior utilização nos 1:750.000; e
processos de tomada de decisão e de Fotografia aérea na escala de 1:5.000,
efetiva participação comunitária na do Funtepe Garanhuns.
melhoria da infra-estrutura de seu terri- A comunidade foi convidada a identifi-
tório. car os limites do território nos documen-
A primeira fase da elaboração do do- tos cartográficos existentes e a elaborar
Figura 2 – Dinâmicas de grupo na Comunidade sua própria simbologia no processo de
cumento cartográfico foi a escolha do
Quilombola de Castainho - Garanhuns
tema, definido pelo usuário, de modo representação do documento cartográ-
Foram utilizados os seguintes docu- que estivesse de acordo com a finalida- fico, como ilustra a Figura 3.
mentos cartográficos: de da representação. Como o foco do No processo de mapeamento partici-
Mapa Municipal Estatístico do IBGE trabalho realizado na comunidade de pativo, após a conclusão do processo de
do município de Garanhuns, na escala Castainho era o reconhecimento dos li- definição e escolha da representação, o
de 1:100.000; mites do território, escolheu-se repre- documento cartográfico pode não
Mapa planimétrico do Funtepe, ano sentar, nestes limites, além das edifica- atender as expectativas dos usuários, ou
1985, na escala de 1:5.000; e ções, o uso do solo, para fins de planeja- ao propósito do mapa. Na etapa de
Fotografias aéreas na escala de mento territorial. validação do documento cartográfico, é
1:25.000. Após a definição do tema, foi escolhi- dada ao grupo a oportunidade de
O trabalho consistiu na identificação da a base cartográfica. Foi utilizada a base redefinição dessas feições, bem como
dos limites do território nos diferen- digital do processo de demarcação dos de ajuste da base cartográfica à repre-
tes documentos disponíveis. Cada do- limites do território quilombola elabora- sentação solicitada. Tendo sido consta-
cumento apresentava informações da pelo Incra em 2006, que usa as coor- tado, por exemplo, que a linha de trans-
complementares que auxiliavam os denadas no sistema UTM e está missão havia sido representada apenas
membros do grupo na localização do referenciada ao Sistema Geodésico Bra- por uma linha, foi solicitada uma retifica-
território na área do município e, pos- sileiro – SIRGAS2000. ção, ocasião em que a comunidade sen-
teriormente, na identificação dos seus A fase seguinte consistiu na definição tiu a necessidade de representação das
limites a partir de feições reconheci- das feições geográficas e da simbologia, torres de alta tensão. Outro ajuste disse
das no mapa planimétrico, principal- bem como das informações a elas asso- respeito à representação do poço
mente nas fotografias aéreas. O siste- ciadas, utilizadas para a representação artesiano, que recebeu outro símbolo,
ma viário mostrou-se um identificador do tema. elaborado pelos usuários.
de grande importância para a orienta- Em outra dinâmica de grupo, realizada Finalizando a etapa de validação do
ção. para a escolha da simbologia e da repre- mapa planimétrico, foram executadas a

28 Ponto de Referência - 2008


Notícias

Empresa Canadense doa


receptores GPS para
Figura 4 – Entrega do Mapa-
comunidades no Brasil
imagem Participativo à Comunida-
de Quilombola de Castainho. Ex-aluno da Uni-
versidade de New
edição, a revisão e a reprodução final do ponto de vista cognitivo, quando falta o Brunswick (UNB),
Mapa-imagem Participativo da Comuni- entendimento necessário à interpretação Instituição Canaden-
da informação disponibilizada. se líder do PIGN,
dade Quilombola de Castainho.
Este projeto foi desenvolvido no âmbi- Mark Doucette, da
A elaboração de documentos cartográ-
to da identificação dos impactos sociais WaterMark Indus-
ficos com a intervenção direta do usu-
tries, de Fredericton,
ário sobre o trabalho do cartógrafo cons- da mudança do referencial geodésico –
Canadá, doou oito
titui uma abordagem recente no Brasil. Projeto PIGN. Pode-se concluir que a co-
receptores GPS para
No entanto, é considerada uma tendên- munidade foi beneficiada não apenas
serem utilizados no treinamento voltado para
cia moderna por pesquisadores da área com o resultado dos procedimentos medições realizadas pelos grupos envolvi-
de Cartografia, por proporcionar o acesso técnicos referentes ao georreferencia- dos nos projetos demonstrativos apoiados
aos benefícios da informação espacial a mento dos limites no novo referen- pela Cida – financiadora do PIGN no Brasil.
usuários que, de outra forma, estariam cial, como no acesso e compreensão da Os receptores serão usados pela comunida-
excluídos. informação cartográfica produzida, co- de Guarani nas aldeias de Sapukai, Paraty
A elaboração do mapa planimétrico, a nhecimento que vai permanecer nas pró- Mirim e Araponga, localizadas no município
partir dos princípios do mapeamento ximas gerações, devido a esta pesquisa de Paraty e Angra dos Reis no sul do Estado
participativo, na Comunidade Quilombola e também ao trabalho de educação do Rio de Janeiro, e pela comunidade
cartográfica realizado pelo IBGE com as quilombola de Castainho, no município de
de Castainho, demonstrou as possibili-
crianças e professoras da comunidade. Garanhuns, 300km a oeste de Recife, capi-
dades do processo de construção
tal do Estado de Pernambuco. Após o trei-
cartográfica pelas comunidades. Na en-
namento, os receptores GPS serão doados
trega do documento cartográfico à co- Ericka Delania Veríssimo de Andrade às comunidades. (M.C.)
munidade, foram ressaltados a impor- Engenheira. Cartógrafa, Mestre em Ciências
tância e os benefícios, o poder dessa in- Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação. PIGN é estendido
formação, no auxílio à tomada de deci- por mais um ano
Andréa Flávia Tenório Carneiro
são no planejamento territorial e
Engenheira Cartógrafa, Mestre em Ciências
ambiental, além do apoio a outras reivin- Originalmente programado para termi-
Geodésicas, Doutora em Engenharia de
dicações da comunidade (Figura 4) Produção. nar em 2008, o PIGN teve seu tempo de
A partir das pesquisas realizadas du- duração estendido por um ano. A Agência
Referências Bibliográficas
rante a execução deste trabalho, pode- Canadense para o Desenvolvimento Inter-
ANDRADE, E.D.V. A elaboração de documentos
se afirmar que as sofisticadas tecnolo- cartográficos sob a ótica do mapeamento nacional – Cida, financiadora do PIGN, con-
participativo, Dissertação de Mestrado, Programa de cordou com a extensão, a fim de permitir
gias da geoinformação tanto permitem Pós Graduação em Ciências Geodésicas e
empoderar como marginalizar grupos Tecnologias da Geoinformação, Recife: UFPE , 2008. que as atividades ligadas aos estudos de
CRAMPTON, J. W. Maps as social constructions: impactos técnicos e sociais sejam concluí-
sociais, dependendo do acesso a essas power, communication and visualization. Progress in
Human Geography, 2001. pp. 235–252. Disponível dos, assim como o programa ProGriD, e que
tecnologias. E, principalmente em áreas em: http://phg.sagepub.com/cgi/content/abstract/ os Seminários Educacionais sobre o
rurais e indígenas de países menos de- 25/2/235. Acesso em 15/05/2008.
FOX, J.; SURYANATA, K.; HERSHOCK, P. PRAMONO, SIRGAS2000 possam ser montados e rea-
senvolvidos, observa-se a inexistência A. H. Introduction. In: Mapping communities, Ethics, lizados em todo o país, chegando a todos
desse acesso, tanto do ponto de vista values, practice. East–West Center, 2005. Disponível
em: http://www.eastwestcenter.org/fileadmin/stored/ os usuários. Com a extensão, o PIGN tem
material, pela falta de equipamentos e pdfs//FoxHershockMappingCommunities.pdf. Acesso previsão de conclusão em setembro de
em 15/05/2008.
pessoal especializado na área, como do 2009. (M.C.)

2008 - Ponto de Referência 29


Notícias
Educação cartográfica e acesso e uso de informação cartográfica
Comunidade Indígena Guarani
No contexto do Projeto de Demonstração 5 identificação e a classificação de elementos e os parceiros (Funai, Funasa e Fiocruz), dêem
do PIGN, foi realizado em 2007 um curso de cartográficos, com equipes formadas por continuidade à implementação do SIG das TI-
capacitação em leitura de mapas (“Alfabeti- parceiros e pela comunidade treinada de cada Guarani/RJ.
zação cartográfica”) para 29 indígenas e sete aldeia. As pesquisas abordarão vários temas Como resultado do projeto, estão sendo
técnicos das entidades parceiras (Funasa, (social, educação, habitação, saúde, sanea- elaborados os seguintes produtos:
Fiocruz e Secretarias de Educação). A iniciativa mento, cultura e habilidades) que vão compor (1) Ortofoto Mapa1 (escala 1:10.000), com:
se insere nas atividades do grupo de trabalho os bancos de dados propostos para a comu- os elementos principais de hidrografia, as
que trata dos impactos sociais no âmbito do nidade a ser inserido no Sistema de Informações principais vias de acesso, as curvas de nível e
PIGN, o qual vem atuando com a comunidade Geográficas - SIG para gestão e monitoramento moldura e legenda padronizadas (a serem
Guarani do Estado do Rio de Janeiro residente das terras indígenas Guarani do Estado do Rio consolidadas com os Guarani)
em terras indígenas homologadas (Araponga, de Janeiro (SIG -Guarani). Ficou evidenciado (2) Ortofoto Mapa2 (escala 1:10.000): sem
Bracuí / Sapukai e Paraty Mirim) e em processo que a capacitação, consolidada com os curvas de nível e com visualização tridimensional
de homologação (Mamanguá e Rio Pequeno), levantamentos realizados pelos índios treinados, (3D) das áreas (associação de MDE e
todas situadas nos municípios de Angra dos permitirá que as aldeias realizem as ortofotos).
Reis e de Paraty. Em decorrëncia da doação de atualizações de elementos e áreas de interesse Os produtos foram gerados a partir de
receptores de GPS pela empresa canadense nos mapas a serem produzidos. levantamento aerofotogramétrico colorido na
Watermark, o grupo espera bons resultados As bases espaciais de referência para o SIG- escala 1:30.000. Após a fase de aerotrian-
da etapa da capacitação, denominada Guarani serão os ortofotomosaicos das três gulação, executada em estações fotogra-
“Introdução e uso de GPS”, realizada de 27/10 terras indígenas homologadas. A documen- métricas digitais, foi feita a extração automática
à 5/11/2008. tação cartográfica é fornecida no âmbito de de Modelo Digital de Elevação (MDE). A grade
A capacitação possibilitou que os índios um convênio entre a Secretaria de Ambiente escolhida para o MDE tem 40m x 40m e, em
capacitados realizassem as medições que do Rio de Janeiro (Sea/RJ) e o IBGE. A alguns casos, 20m x 20m, suficiente para
referentes ao posicionamento: das habitações, disponibilização desses insumos, associada ortorretificação. As coordenadas no sistema
de edificações coletivas e religiosas, das com a capacitação técnica para manipulação UTM estão referidas ao Sistema Geodésico
plantações e outras áreas de interesse da de informações geográficas, vai permitir que os SIRGAS2000, e a referência altimétrica é o
comunidade. Também foram efetuadas a representantes das aldeias, junto com o IBGE marégrafo de Imbituba - SC.

Índios aprendem a utilizar GPS para montar banco de dados das aldeias
RIO - Índios Guarani de Angra dos Reis, no
litoral sul do estado, estão aprendendo a usar
o GPS, um sistema de localização por satélite.
A tecnologia vai ajudar a montar um banco de
dados sobre as aldeias da região. As
informações colhidas pelos índios darão origens
a mapas e um sistema de informação
geográfica monitorado pela própria locais que estão sendo marcados. que não tenha vindo ao posto - conta Diana
comunidade indígena. O banco de dados deve Técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia Marinho, pesquisadora da Fiocruz.
estar disponível no primeiro semestre do ano e Estatística (IBGE) e Fundação Nacional de Quando os técnicos forem embora os
que vem. Saúde (Funasa), Fundação Nacional do Índio trabalhos continuam. Cada aldeia ficará com
- Eu pensei que era difícil , mas depois que (Funai) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) um equipamento de GPS.
mexi no equipamento parece fácil - contou o capacitam os indígenas desde o ano passado. - Na aldeia, sempre há movimento, outras
índio Aldo ao Bom Dia Rio. Ele é um dos 18 A ação é realizada em parceria com uma pessoas mudam de casa então saberemos e
alunos que estão aprendendo a utilizar o universidade do Canadá (Universidade de New poderemos atualizar os mapas da aldeia -
localizador por satélite. Brunswick). afirma o índio Leandro Mendes.
O grupo será responsável por identificar - Se eles tiverem vários índios que estão Fonte: Globo Online sobre as atividades do PIGN com
geograficamente cada ponto da aldeia. Em vindo dos mesmos posicionamentos das os índios Guarani de Angra dos Reis:
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2008/11/05
uma delas no Bracuí, vivem 79 famílias. casas, eles poderão fazer uma investigação e indios_aprendem_utilizar_gps_para_
Banheiros públicos e residências são um dos ver se existe alguém doente naquela região montar_banco_de_dados_das_aldeias-586263066.asp

30 Ponto de Referência - 2008


Notícias

PIGN facilita uso de modelo Anatel vai formalizar


geoidal para a Amazônia uso do SIRGAS2000
Como resulta-
Um pacote de programas desenvolvido pela do satélite Grace e os dados de do do workshop
Universidade de New Brunswick, Instituição gravimetria terrestre observados basi- “Impactos da
Canadense Líder o PIGN, foi utilizado por pes- camente ao longo dos rios. Mudança do Re-
quisadores para produzir um estudo de modelo A análise da altura da superfície da ferencial Geodé-
geoidal para a Bacia Amazônica que foi apre- água dos rios é uma informação muito sico nas Áreas de
sentado no simpósio de 2007 da International importante para a validação do modelo Atuação das
Association of Geodesy (IAG). Aceito para pu- geoidal, pois a região Amazônica é Agências Regu-
blicação nos anais do evento realizado de 2 a muito plana. Portanto, calcularam-se ladoras”, promo-
13 de julho em Perugia, na Itália, o estudo perfis longitudinais da altura da água vido pelo PIGN
descreve o cálculo do modelo geoidal para a ao longo dos rios Solimões, Amazonas em abril de 2008,
Bacia Amazônica (Geoama) com área limitada e Madeira. Para isso, utilizou-se a altura a Anatel – Agên-
entre 5º N e 10º S em latitude e 70º W e 50º W geoidal do referido modelo combinada com a cia Nacional de Telecomunicações infor-
em longitude. A equipe formada por Bliztkow, altitude geodésica obtida por GPS, visando ob- mou que está concluindo uma minuta de
Campos, Ellmann, Vanícek e Santos assina o ter a altitude do zero da régua. Em seguida, resolução para tratar o assunto da mu-
trabalho, que vai ser incluído no livro “Earth: esta altitude foi transformada para a altitude dança do referencial geodésico. A reso-
our changing planet”, da IAG. da superfície da água, adicionando-se a altura lução vai estabelecer formalmente o uso
A equipe utilizou, para o cálculo, o pacote de da água de 28 estações maregráficas, medida do SIRGAS2000 do Sistema Geodésico
programas SHGEO, desenvolvido pela Universi- pela Agência Nacional de Águas (Ana) na data Brasileiro para as finalidades daquela
dade de New Brunswick, Canadá, facilitado de 26 de junho de 1999. O mesmo estudo foi agência, em substituição aos instrumen-
para uso em função do PIGN (Projeto da Infra- feito utilizando três outros importantes mode- tos normativos anteriores, baseados em
estrutura Geoespacial Nacional). O processa- los (EGM96, e MAPGEO2004, EIGEN-GL 04C) WGS84. Entre as atividades da Anatel
mento foi realizado utilizando as seguintes in- e verificou-se a concordância entre os modelos que demandam informações geográficas,
formações: modelo digital de terreno SRTM3 para o perfil da superfície dos rios. Entretanto, destacam-se aquelas ligadas a outorga,
(Shuttle Recovery Topography Mission) versão o Geoama apresentou melhor aproximação do licenciamento, fiscalização e controle das
2.0 com 3" de resolução; o modelo geopotencial gradiente médio para os rios Solimões e Ama- obrigações. Após os trâmites de aprova-
EIGEN-GL 04S1, de grau e ordem 150, derivado zonas (~ 20mm/km). (D.B.) ção dentro da Anatel, o documento será
colocado para consulta pública e posteri-
Pernambuco prepara transição de sistema geodésico or aprovação, provavelmente no início de
2009. A agência utiliza o WGS84 desde
A Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco está preparando um
2003 e vê a mudança de sistema como
termo de referência que será um instrumento norteador para o processo de mudança do
extremamente necessária e positiva para
sistema de referência geodésico do Estado de Pernambuco. O documento tem como objetivo
facilitar o processo de adaptação à nova
subsidiar a execução, a fiscalização e o georreferenciamento do mapeamento básico e temático
realidade cartográfica brasileira. (V.A.)
existente no Estado de Pernambuco, sob a jurisdição da Agência Condepe/Fidem. (J.A.)

Doação de servidor de tempo


Como contribuição para o processo de modernização da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), a Universidade de New
Brunswick está promovendo a doação do servidor de tempo SyncServer® S350™, construído pela empresa Symmetricon. Servidores de
tempo versáteis são necessários para atender a demandas de sincronização de tempo em redes de alta performance, bem como para fornecer
tecnologia tradicional de tempo e freqüência. A SyncServer® S350™ oferece performance NTP para redes IT sem precedentes e, ao mesmo
tempo, é o mais versátil servidor de tempo do mundo para aplicações tradicionais de tempo e freqüência. (M.C.)

2008 - Ponto de Referência 31


Notícias

SIRGAS2000 contribui para a


regularização de imóveis no Pará
São João da Ponta, no nordeste do Pará, conseguiu se
tornar o primeiro município brasileiro totalmente
georreferenciado em SIRGAS2000. Todos os 760 imóveis ru-
rais ali existentes tiveram seus limites identificados e materia-
lizados com o auxílio de marcos instalados no terreno. O levan-
tamento seguiu a abordagem proposta, pela qual todos os
imóveis, independentemente de suas dimensões, são cadas-
trados e georreferenciados de acordo com o que estabelecem
as Normas Técnicas para Georreferenciamento de Imóveis Figura 1 – Área verde indica a localização
Rurais do Incra. de São João da Ponta - PA
O trabalho, considerado pioneiro, teve início em novembro
de 2005 com o planejamento de toda a ação, e foi concluído em dezembro de 2006 com a titulação dos
imóveis que atendiam aos requisitos legais, a composição da malha fundiária do município e do cadastro
Figura 2 – Malha Fundiária do município
georreferenciado em SIRGAS2000.
em SIRGAS2000 O trabalho de levantamento foi executado pelo Iterpa – Instituto de Terras do Pará, em parceria com a
Superintendência Regional do Incra de Belém. Além do georreferenciamento no novo referencial geodésico
brasileiro, o trabalho consagra a metodologia que vem sendo chamada de “levantamento massivo”, pois visa promover a regularização fundiária de
forma abrangente ao entregar títulos de domínio devidamente georreferenciados de imóveis de qualquer tamanho, contribuindo, assim, para o fim
da incerteza sobre os domínios e favorecendo o desenvolvimento do município como um todo. (E.S.)

IBGE prepara-se para a implantação da


Infra-estrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE
Dentre as diversas ações em aspectos práticos da implementação de cartografia.
desenvolvimento no IBGE objetivando a serviços web geográficos, divididos em dois Os serviços da INDE estarão acessíveis na
implantação da Infra-Estrutura Nacional módulos: rede através do chamado Diretório Brasi-
de Dados Espaciais - INDE
INDE, será realizado o primeiro, com duração de dois dias (16 leiro de Dados Geoespaciais – DBDG, que
um curso no período de 8 a 19 de horas), terá foco nos fundamentos e diretrizes consiste num sistema de servidores distri-
dezembro de 20082008, nas dependências do para a implementação de uma IDE e será buídos na Internet. Este diretório reunirá ele-
IBGE / CDDI (Centro de Documentação e essencialmente teórico, podendo ser cursado tronicamente produtores, gestores e usuá-
Disseminação de Informações), no Rio de isoladamente por profissionais que necessitem rios de dados geoespaciais, com vistas ao
Janeiro, em cooperação com o Instituto
Janeiro familiarizar-se com os conceitos básicos por armazenamento, compartilhamento e aces-
Geográfico da Espanha e a Universidade trás de uma IDE, especialmente profissionais so aos dados, seus metadados e serviços
Politécnica de Madrid
Madrid. em cargos gerenciais; relacionados, em consonância com Plano de
Sob o título Infraestructuras de Datos o segundo, com duração de oito dias (64 Ação a ser elaborado pela Comissão Nacio-
Espaciales, o curso será oferecido a público horas), abordará os aspectos tecnológicos de nal de Cartografia - Concar
Concar. O SIG Brasil,
interno e externo e terá por objetivo formar implementação de uma IDE e terá aulas nó principal de acesso ao DBDG, será
os técnicos que estarão envolvidos na práticas, sendo voltado para técnicos dos quais construído e operado pelo IBGE. (I.T.)
implementação da INDE. Serão abordados se requer conhecimentos de informática Para maiores informações consulte
os princípios básicos que regem as infra- avançados, a nível de Analista ou Administrador a página da Concar
estruturas de dados espaciais e os de Sistemas, e conhecimentos gerais de (http://www.concar.ibge.gov.br/)

32 Ponto de Referência - 2008


Notícias

Mudança para o SIRGAS2000 – A Opinião do Usuário


O Projeto de Infra-estrutura Geospacial Na-
cional (PIGN) continua a incentivar a comuni- Iniciativas para facilitar a transição
cação com a comunidade de usuários impac-
tados pela mudança de referencial geodésico
e a desenvolver ferramentas com essa finali-
dade. Entre as ferramentas de comunicação
desenvolvidas se inclui o projeto de website,
material promocional impresso, além de pes-
quisas de opinião e levantamentos feitos jun-
to ao público usuário. Alguns dos resultados
mais interessantes foram obtidos por meio de
um levantamento online realizado em meados
de 2007.
O IBGE precisava entender como os usuá-
rios atualmente percebem o novo datum e
como é o entendimento dos problemas asso-
ciados à transformação de coordenadas. Um
dos métodos usado pelo PIGN para coletar a
informação do usuário foi um levantamento
online. Uma empresa especializada em coletar
informação online foi selecionada para aplicar
um questionário, cujo conteúdo foi desenvol- listas de sistemas, engenheiros florestais, bió- cursos naturais, militar e indústria.
vido pelos funcionários do IBGE e pela equipe logos, engenheiros civis, geólogos, topógrafos 6. As ferramentas de programas mais popu-
do PIGN. Quando finalizado, o questionário foi e ambientalistas. lares empregadas pelos que responderam são
disponibilizado na internet e notificações sobre 3. Dos que responderam ao questionário, 85% ArcGIS, ArcView, AutoCAD, MapInfo, Micro-
sua disponibilidade foram distribuídas para uma disseram que estavam cientes do novo siste- station, GeoMedia e Spring.
lista de participantes em potencial fornecida ma de coordenadas geocêntricas e de seus 7. A ferramenta mais popular de GPS em uso
pelo IBGE. impactos. A maioria foi capaz de identificar cor- é o GPS Pathfinder fornecido pela Trimble/
O questionário permaneceu disponível na retamente o impacto do novo sistema sobre Thales, com o equipamento manufaturado pela
internet de fevereiro a agosto de 2007. Após suas atividades. Topcon e Ashtech também.
esse período, os resultados foram baixados, 4. Dos que responderam ao questionário, 60% 8. O referencial mais amplamente usado pe-
coletados e fornecidos ao IBGE para análise. se identificaram como usuários de dados digi- los que responderam é o WGS84 seguido do
Completaram o questionário 123 pessoas e a tais, 37% responderam que eram produtores SAD 69, SAD 69/96 e Córrego Alegre em se-
análise dos resultados revelou algumas infor- de dados, e 3% não eram nenhum dos dois. gundo lugar.
mações relatadas a seguir. 5. Uma grande variedade de aplicações foi 9. Enquanto a maioria dos mapas atuais dis-
1. Uma grande variedade de setores de citada entre aquelas praticadas pelos que res- poníveis são atribuídos ao referencial WGS84,
usuários foi representada nos resultados do ponderam ao questionário, incluindo topogra- a maioria das estações de referenciais geodé-
levantamento, incluindo o governo federal, go- fia, engenharia, agricultura, pesca comercial, sicos são apenas sistemas de coordenadas
vernos estaduais, governos municipais, com- SIG, gerenciamento da zona costeira, GPS, uti- primárias.
panhias privadas, companhias de utilidade pú- lidades públicas (concessionárias), municipa- 10. Cerca de 40% dos que responderam dis-
blica, organizações não-governamentais e ins- lidades, gerenciamento da terra, planejamen- seram que os mesmos ou suas institutições
tituições de ensino. to, organização não-governamental, floresta e têm planos para converter suas operações para
2. Uma grande variedade de carreiras foi re- vegetação, recreacional, atividades desportivas, SIRGAS2000 dentro de um a três anos. Os
presentada nos resultados do levantamento, transportes, montanhismo e caminhada, mi- outros responderam, em proporções iguais
incluindo engenheiros cartógrafos, engenhei- neração, caça recreativa, caça e pesca, petró- (30%), que estariam convertendo num prazo
ros agrimensores, geógrafos, arquitetos, ana- leo e gás, prospecção, desenvolvimento de re- de quatro a sete anos ou de oito a dez anos.
continuação ➧
2008 - Ponto de Referência 33
Notícias Evento
11. A maioria dos que responderam (81%)
disseram que estiveram envolvidos com
transformações de coordenadas geodési-
A divulgação do PIGN
cas anteriormente.
12. Dos que responderam que tiveram através dos eventos
experiência anterior, os problemas com re-
lação as suas experiências incluíram termi- Estande e artigos
nologia empregada, grande número de sis-
temas, falta de processos automáticos para divulgam o PIGN
facilitar conversões, fórmulas antigas que no 23º Congresso
são inadequadas, falta de disponibilidade
de procedimentos corretos, documentos ofi- Brasileiro de
ciais que não estão claros e/ou incomple-
tos, falta de um programa oficial de trans-
Cartografia
formação, e erros nas coordenadas como
resultado do processo de conversão.
13. Os usuários disseram que o IBGE po-
deria ajudar com a transição para
SIRGAS2000, oferecendo seminários sobre
Eduardo Nunes e
assuntos associados ao novo sistema de
a equipe do PIGN
referência, criando e sustentando um
website com informação e produtos do
PMRG/PIGN para download, a elaboração
Eduardo Nunes, Presidente do IBGE, Valéria Araujo
de respostas a Perguntas mais Frequentes
Luiz Paulo (IBGE) e Marcelo (UNB), coordenadores (IBGE)
(FAQ), que poderiam também estar afixa- do PIGN
das na internet, fornecendo telefone e su- Tendo como tema “A Cartografia feitas apresen-
porte técnico, oferecendo assistência com como instrumento de preservação da tações previa-
migração de bancos de dados digitais, dis-
integridade nacional”, foi realizado o mente progra-
ponibilizando as especificações técnicas para
23º Congresso Brasileiro de Cartogra- madas para
várias aplicações e desenvolvendo e apoi-
fia (CBC), que contou com um estande grupos meno-
ando programas de conversão de coorde-
nadas para uso pelo público.
especial dedicado ao PIGN. Quase mil res e mais es-
Muitas dessas ferramentas, procedimen- profissionais atuantes no mercado de pecializados. O
tos e produtos identificados como de utili- trabalho público e privado, estudantes e estande também abrigou várias reuni-
dade pelos usuários foram desenvolvidos professores participaram do evento, rea- ões com profissionais e estudantes que
pelo PIGN. O projeto continua envolvido com lizado pela Sociedade Brasileira de Car- procuravam informações e esclareci-
o desenvolvimento dos Seminários Educa- tografia de 21 a 24 de outubro de 2007, mentos sobre o projeto e sobre a mu-
cionais sobre os impactos do novo datum e no Hotel Windsor, na cidade do Rio de dança de referencial. Entre os profissio-
está desenvolvendo pacotes de programas Janeiro. Participantes do PIGN apresen- nais atendidos, destacam-se especialis-
de aplicação que vão dar sustentação às taram diversos trabalhos e relatórios téc- tas do Instituto de Cartografia da Aero-
conversões de coordenadas. nicos ligados à mudança do referencial náutica – ICA, da Petrobras, da UNESP
A pesquisa confirmou o caminho que o geodésico, conforme divulgado na seção de Presidente Prudente, entre outras
projeto já estava trilhando. Houve várias con-
Eventos da Revista Ponto de Referência instituições. O estande também recebeu
firmações do que já estava sendo feito e do
nº 2 . o Presidente do IBGE, Eduardo Pereira
que está planejado para acontecer. Vários
No estande especialmente montado Nunes, que visitou a ex-
comentários serviram para redirecionar al-
gumas ações e melhorar a transmissão des-
pelo PIGN, foram expostos painéis com posição de painéis. (V.A.)
as principais atividades do projeto e, num http://b200.nce. ufrj.br/sbc/
ses conhecimentos para os usuários. (M.D.)
mini-auditório, foram exibidos vídeos e base.htm

34 Ponto de Referência - 2008


Eventos
Disseminando
padronização para INDE
O Coordenador do PIGN no Brasil e Di-
retor de Geociências do IBGE, Luiz Paulo
Souto Fortes, participou recentemente
de eventos especializados nos quais
mostrou como a questão do referencial
geodésico foi uma das primeiras ações
da Comissão Nacional de Cartografia –
Concar para a construção da Infra-estru-
tura Nacional de Dados Espaciais – INDE. mente o SIRGAS2000 como Sistema
Em trabalhos apresentados em outubro Geodésico de Referência oficial do país, GEOSummit 2008
de 2008 na Reunião de Consulta dos 50 a Concar contribuiu para a padronização Latin America
anos da Sociedade Brasileira de Carto- – imprescindível para a composição da http://
grafia (SBC) e no Cobrac, em Florianópo- INDE – da primeira categoria de informa- www.geobr.com.br/
lis, e no GeoSummit, em julho, em São ção, que é a geodésica. (V.A.) conteudo/
Paulo, Luiz Paulo mostrou que a INDE congressos_pt.php
COBRAC – São Paulo, de 15 a 17 de julho de 2008
deve se apoiar em normas, especifica-
8º Congresso de Centro de Exposições Imigrantes
ções técnicas e critérios comuns e de
Cadastro Técnico
consenso entre usuários e produtores de Multifinalitário e Gestão Territorial - Reunião de Consulta – 50 anos da SBC
informação geoespacial. Com a homolo- http://www.cobrac.ufsc.br http://www.cartografia.org.br
gação da legislação que promove oficial- Florianópolis, de 19 a 23 de outubro de Rio de Janeiro, de 13 a 15 de outubro de
2008 - Hotel Castelmar 2008 - Instituto Militar de Engenharia – IME

II SIMGEO
Foram apresentados cin- 3. “Projeto Infra-
co trabalhos relacionados ao estrutura Geoespa-
Projeto de Infra-estrutura cial Nacional – An-
Geoespacial Nacional – PIGN damento dos Proje-
no II Simpósio Brasileiro de tos de Demonstração
Ciências Geodésicas e Tec- dos Impactos Soci-
nologias da Geoinformação ais” – Andréa Flávia
– II SIMGEO, realizado de 8 Tenório Carneiro
a 11 de setembro de 2008, no Mar Hotel, em te. Os temas seguintes foram apresentados (UFPE); Anna Lúcia Barreto de Freitas, Ericka
Recife PE. Promovido pela Universidade Fede- por participantes do PIGN no II SIMGEO. Delania Veríssimo de Andrade, Nilo César Coe-
ral de Pernambuco – UFPE, no âmbito do Pro- 1. “RBMC em tempo real, via NTRIP e seus lho da Silva (IBGE); Silvane Karoline da Silva
grama de Pós-graduação em Ciências Geodé- benefícios nos levantamentos RTK e DGPS” Paixão, Sue Nichols (Universidade de New
sicas e Tecnologias da Geoinformação/Depar- – Sônia Maria Alves da Costa; Marco Aurélio Brunswick – Canadá)
tamento de Engenharia Cartográfica, o even- de Almeida Lima; Newton José de Moura A elaboração de um modelo 3D na co
4. ““A co--
to atingiu seus objetivos de promover o inter- Júnior; Mário Alexandre de Abreu; Alberto Luis munidade quilombola de Castainho utilizan-
câmbio técnico-científico dos participantes e a da Silva; Luiz Paulo Souto Fortes (IBGE) eoria da Cognição
do os conceitos da TTeoria Cognição” –
divulgação de trabalhos nas áreas de 2. “Redes estaduais GPS: situação atual e Ericka Delania Veríssimo de Andrade (IBGE);
Geodésia, Cartografia, Sensoriamento Remo- perspectiva futura” – Alberto Luis da Silva; Andréa Flávia Tenório Carneiro (UFPE).
to, além de Geoprocessamento em estudos Marco Aurélio de Almeida Lima; Sônia Maria 5. “Reflexões quanto ao SIRGAS2000” –
de Geociências, Engenharias e Meio Ambien- Alves da Costa (IBGE) João Bosco de Azevedo (IBGE) (C.L.)

2008 - Ponto de Referência 35


Eventos

Workshop
com Agências
Reguladoras
resulta em
recomendações
O PIGN promoveu, nos dias 8 e 9 de
abril de 2008, no Rio de Janeiro, o
workshop “Impactos da Mudança do Re-
ferencial Geodésico nas Áreas de Atua-
ção das Agências Reguladoras”, com o
objetivo de apresentar as principais
questões envolvidas no processo de
mudança, por meio de apresentações e Ricardo Lomba e João Bach (Petrobras)
exemplos práticos. No workshop, foram
identificar a origem e a qualidade
identificadas as aplicações que envol- Adriana Lannes - ANEEL
dos dados a serem convertidos,
vem as questões do referencial geodé-
promover ampla divulgação sobre de Dados Espaciais, com vistas ao com-
sico nas frentes de produção de cada
a preocupação que deve orientar a pro- partilhamento de informações geoespa-
agência. Também foram repassados co-
dução de documentação normativa para ciais produzidas pelas diversas institui-
nhecimentos e orientações para que as
recebimento de informações geográfi- ções brasileiras, e
agências possam utilizá-los, por exem-
cas das empresas e instituições atuan- adotar o SIRGAS2000 o mais rápido
plo, na contratação de serviços. A equi-
tes na área setorial correspondente, possível, de modo a evitar o custo da
pe do PIGN participou por meio de apre-
substituir as legendas WGS84 por manutenção de duplicidade no banco
sentações sobre conceitos, estudos de-
SIRGAS2000, exceto naquelas subor- de dados (dois sistemas de referência),
senvolvidos em projetos pilotos, consi-
dinadas a uma norma internacional. bem como na contratação de serviços
derações gerais a respeito da adoção
Nestes casos, sugere-se a inclusão de de georreferenciamento.
do SIRGAS2000 e as ferramentas
nota de rodapé explicitando que, no A experiência adquirida no evento ser-
(software) para conversão de dados.
caso do Brasil, WGS84 é coincidente virá para o desenvolvimento da aborda-
Ao final do evento, foi elaborado um
com SIRGAS2000, gem a ser utilizada nos Seminários de
documento com as recomendações
evidenciar os benefícios do desen- Educação que vão ser realizados em
que servirão para nortear o grupo. As
volvimento da Infra-estrutura Nacional 2009 para grupos de gestores. (V.A.)
principais recomendações foram:

Simpósio da Petrobras
O Projeto de Infra-estrutura Geoespacial Nacional (PIGN) participou do Simpósio de Tecnologias da Petrobras, no qual foram
apresentadas as atividades desenvolvidas pelos Grupos de Trabalho de Divulgação, de Conversão entre Referenciais e de
Impactos (Projetos Demonstrativos 1, 3 e 5, respectivamente). No simpósio, foi feita uma apresentação relatando o estágio
atual do processo de modelagem da distorção da Rede Geodésica e como isso será aplicado para as questões de conversão
entre referenciais. Também foram apresentados os estudos atuais referentes aos impactos causados pela mudança de
referencial. (J.A.)

36 Ponto de Referência - 2008


Eventos

II Workshop Territórios
Quilombolas
Questões sociais,
legais e técnicas
Nos dias 17 e 18 de abril de 2008, em
Recife, realizou-se o “II Workshop Territórios
Debates no encerramento do II Workshop
Quilombolas – Questões sociais, legais e técnicas”, com a proposta de
promover discussões sobre os desafios, aprendizados e experiências
nos processos de regularização de territórios urbanos e rurais, já
concluídos ou em andamento, e apresentar os resultados e produtos
das ações desenvolvidas no âmbito do PIGN.

Durante os dois dias do evento, as ins- área, alfabetização cartográfica (profes- Sue Nichols (UNB), Antônio Ferreira e
tituições presentes – IBGE, Incra, Ufpe, soras e ensino fundamental) e elabora- Chris Fox (UNB)

Seppir, Mda, Unb – e representações ção, em conjunto com membros da co-


comunitárias de Castainho - PE, Família munidade, da linguagem cartográfica do
Silva - RS, Campinho da Independência Ortofoto-mapa de Castainho, na escala
- RJ, além de organizações não-gover- 1:5.000 (IBGE); e
namentais (Ongs), apresentaram e de- (4) Os estudos envolvendo questões
bateram ações e questões relacionadas relacionadas ao acesso à terra e aos di-
aos temas do workshop. reitos das mulheres quilombolas (UFPE
O PIGN participou do evento, por in- e UNB/Canadá).
termédio dos parceiros ligados aos pro- Outras experiências foram apresen- Rui Santos (Incra), Anna Freitas (IBGE)
jetos, que fizeram apresentações sobre tadas. e Renata Leite (MDA)
os seguintes temas: O Quilombola Campinho da Inde-
(1) A experiência de regularização do pendência mostrou aspectos da auto- gre, por ser considerada área de interes-
Território Quilombola de Castainho (Uni- sustentabilidade da comunidade por se cultural;
versidade Federal de Pernambuco – meio das atividades culturais (dança, O IBGE apresentou aspectos da utili-
UFPE), música, artesanato) e ambientais (cami- zação de informações de territórios qui-
(2) O georreferenciamento e o levan- nho turístico-ecológico); lombolas e o apoio ao Censo 2010; e
tamento da área e as questões legais O Incra do Rio Grande do Sul co- A Ong Djumbay, com a UFPE e a Cida
(Incra-Pernambuco); mentou o processo de regularização fun- apresentou o Projeto Cartilha Quilombo-
(3) A densificação da rede geodésica diária do Quilombola Família Silva, locali- la: a regularização passo a passo. (A.F.)
para apoio ao georreferenciamento da zado em área urbana nobre de Porto Ale- http://www.ufpe.br/decart/wsquilombola2/

2008 - Ponto de Referência 37


Eventos
IV Geonordeste
Mostra de Meio
Ambiente do IBGE
Para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente
(5 de junho), o IBGE realizou, de 2 a 4 de junho, a
Mostra de Meio Ambiente. O objetivo do evento foi
divulgar informações ambientais produzidas ou com-
piladas pelo instituto para subsidiar a formulação de
políticas públicas e ações sobre o território e o meio
ambiente, bem como reforçar a consciência
ambiental da sociedade em geral e estimular ações
voltadas para a educação e a proteção ambiental. O O IV Simpósio Regional de Geoprocessa- presentado por João Bosco de Azevedo (IBGE)
IBGE dispõe de um significativo acervo de informa- mento e Sensoriamento Remoto – IV e Valéria Oliveira Henrique de Araújo (IBGE) ,
ções, que vem sendo enriquecido ao longo do tem- Geonordeste foi realizado de 12 a 15 de agos- que apresentaram o trabalho “Como se pre-
po, de grande valia na gestão do território e na ava- to no hotel Parque dos Coqueiros, em Aracaju parar para adotar o SIRGAS2000”.
liação da qualidade ambiental. Além de produzir da- SE. O evento, realizado a cada dois anos, teve Promovido pela Embrapa Tabuleiros Costei-
dos básicos, o instituto também compila, organiza e como tema “Geotecnologias e Meio Ambien- ros – Unidade da Empresa Brasileira de Pes-
divulga informações sobre o meio ambiente produzi- te” e promoveu a discussão de questões rele- quisa Agropecuária vinculada ao Ministério da
das por outras instituições públicas e privadas. vantes em torno do uso de geotecnologias no Agricultura, Pecuária e Abastecimento – e pela
Durante a Mostra de Meio Ambiente do IBGE, estudo e desenvolvimento de biomas, áreas Rede Sergipe de Geotecnologia (Resgeo), o
foram lançados importantes produtos, como os Indi- urbanas e rurais, bacias hidrográficas, tendo IV Geonordeste contou com o apoio institu-
cadores de Desenvolvimento Sustentável 2008 (IDS
como guia os princípios básicos do uso racio- cional do Instituto Nacional de Pesquisas
2008), o Mapa de Insetos e Outros Invertebrados
nal dos recursos naturais. Segundo o coorde- Espaciais (Inpe) e da Sociedade de Especialis-
Terrestres Ameaçados de Extinção, a Estimativa do
nador do evento, o pesquisador da Embrapa tas Latino-Americanos em Sensoriamento
Potencial de Poluição Industrial do Ar no Estado do
Tabuleiros Costeiros, Marcos Silva, “as infor- Remoto (Selper).
Rio de Janeiro, o Banco de Dados sobre a Vegetação
mações resultantes de processos da A Feira de Geotecnologias da conferência
da Amazônia Legal. Além do conjunto de produtos
geotecnologia têm subsidiado gestores públi- foi aberta ao público e contou com a presença
inéditos, também foi oferecido um sistema na internet
cos e privados na definição de políticas públi- de 15 instituições públicas e privadas que ex-
para permuta de informações sobre coleções cientí-
cas, como arranjos produtivos locais, controle puseram publicações, equipamentos de posi-
ficas botânicas e zoológicas. (C.L.)
epidemiológico, segurança pública, territoriali- cionamento global, sistemas de informação ge-
O PIGN participou do evento com a apresentação do
trabalho “Impactos da Mudança do Referencial zação municipal e ações privadas, como ográfica e software de processamento de ima-
Geodésico do Brasil na Produção de Informações de marketing e gestão ambiental”. O PIGN foi re- gens de satélites. (C.L.)
Recursos Naturais: o Caso da REBIO União”, por
Paulo Roberto Alves (IBGE).

XXIV Reunión Científica de la Asociación Argentina de Geofísicos y Geodestas e Primer Taller de Trabajo
de Estaciones Continuas GNSS de America y del Caribe, de 14 a 17 de abril de 2009, em Mendoza, Argentina.
VAI ACONTECER: des, organismos públicos e empresas das da UNCuyo, a Unidad de Aplicaciones Geodési-
A reunião científica tem Américas e do Caribe, responsáveis pelo funci- cas y Gravimétricas; o Instituto de Argentino de
por objetivo convocar pesquisadores e onamento de Estações Contínuas GNSS. O Nivología, Glaciología y Ciencias Ambientales, a
tecnólogos para apresentar trabalhos científi- objetivo é gerar aportes, compartilhar expe- Dirección Provincial de Catastro do governo de
cos, de inovação tecnológica, e comunicações riências e desenvolver estratégias de alcance Mendoza, a Asociación Argentina de Geofísicos
nas seguintes disciplinas: Geofísica Aplicada, continental que permitam otimizar os serviços y Geodestas. No Brasil, os organizadores do
Geodésia, Física Solar Terrestre, Geomagnetis- e gerar vínculos inter-institucionais, fortalecen- evento são o Grupo de Estudos em Geodésia
mo, Hidrologia, Meteorologia, Oceanografia, do os recursos humanos e a capacidade cien- Espacial da FCT da Universidade Estadual
Sismologia, Gravimetria, Vulcanologia, tífica dos grupos de trabalho. Paulista (Unesp), o Instituto Nacional de Colo-
Climatologia, Cartografia e Teledetecção. O taller Os organizadores responsáveis pelo evento nização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto
de trabajo pretende gerar um espaço de parti- incluem o Instituto de Geodesia y Geodinamica Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (J.G.)
cipação para instituições científicas, universida- e o Instituto CEDIAC da Facultad de Ingeniería http://www .aagg2009.org/espanol/home
http://www.aagg2009.org/espanol/home

38 Ponto de Referência - 2008


Equipe Ténica
Coordenadores dos Grupos de Trabalho Coordenação de Produção da Revista
Valéria Oliveira Henrique de Araújo - IBGE
Secretaria Executiva
Maria Cristina Barboza Lobianco - IBGE Textos
Coordenadores dos Grupos de Trabalho e Colaboradores
Interface com o Usuário
Maria Cristina Barboza Lobianco - IBGE Copidesque e revisão
Mark Doucette – WaterMark / Canadá Grupo de Divulgação - GT1

Divulgação Projeto Gráfico


Valéria Oliveira Henrique de Araújo - IBGE Elza Suzuki - Linetron Design
Mark Doucette - WaterMark / Canadá
Fotos
Questões Técnicas Banco de Imagens - PIGN/IBGE
João Monico Galera - FCT/UNESP Banco de Imagens - Rebio União
Pierre Tétrault - NRCan Banco de Imagens - Linetron

Definição do Sistema Colaboradores


Edvaldo Fonseca - USP Ana Maria Goulart Bustamante - IBGE
Andrea Flávia Tenório Carneiro – UFPE
Conversão de Referencial Antônio Ferreira
Leonardo Castro de Oliveira - IME Élcia Ferreira da Silva - Consultgel
Éricka Delania Veríssimo de Andrade - IBGE
Modelo Geoidal Vania de Oliveira Nagem - IBGE
Denizar Blitzkow - USP Silvane Paixão – UNB/Canadá
Sônia Maria Alves da Costa – IBGE
Impactos do Projeto
Moema José de Carvalho Augusto - IBGE
Dave Carney - WaterMark / Canadá

Impactos Técnicos
João Bosco de Azevedo - IBGE

Impactos Sociais
Anna Lúcia Barreto de Freitas - IBGE
Nilo Cesar Coelho da Silva - IBGE
Susan Nichols - UNB / Canadá

Equidade de Gênero
Anna Lúcia Barreto de Freitas - IBGE
Susan Nichols - UNB / Canadá

2008 - Ponto de Referência 39

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