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Rio de Janeiro
Junho de 2015
SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS REATIVOS EM CÂMARAS DE COMBUSTÃO
DE TURBINAS A GÁS
Examinada por:
______________________________________
Prof. Albino José Kalab Leiroz, Ph.D.
______________________________________
Prof. Marcelo José Colaço, DSc.
______________________________________
Prof. Felipe Bastos de Freitas Rachid, DSc.
JUNHO DE 2015
Ribeiro, Diogo Dantas
Simulação Numérica de Escoamentos Reativos em
Câmaras de Combustão de Turbinas a Gás/ Diogo
Dantas Ribeiro. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2015.
XXII, 183 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Albino José Kalab Leiroz
Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa
de Engenharia Mecânica, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 144 – 151.
1. Turbinas a gás. 2. Câmara de combustão tubular.
3. Combustores de baixa emissão. 4. Dinâmica dos
fluidos Computacional. 5. Escoamentos Reativos. 6.
Combustão não pré-misturada. I. Leiroz, Albino José
Kalab. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
COPPE, Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.
iii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau Mestre em Ciências (M. Sc.)
SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE
ESCOAMENTOS REATIVOS EM CÂMARAS
DE COMBUSTÃO DE TURBINAS A GÁS
JUNHO/2015
Resumo
iv
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)
JUNHO/2015
Abstract
This work aims for the numerical study of gas turbine combustors using the
computational tool ANSYS® WorkbenchTM, having as a proposal an approach of using the k-
ω SST model combined with the steady flamelet PDF model with treatment of radiation by
the DO model. Based on this objective, the proposal was the study of two combustors, one of
low-emission based on references and the other designed using a simple thermal cycle of
gas turbines.
On what refers the reference combustor, this was treated to concretize the
methodology to be applied on the study of the designed tubular diffusion combustor. It was
identified that the approach used gives the best results when using a SOU scheme for the
treatment of the advective terms. From what resulted the precision limits of the applied
methodogoly considering the experimental and numerical results obtained for the low-
emission combustor.
For the design of the diffusion combustor, it was used zero and one-dimensional
analysis, from what the combustor was numerically implemented. Between the objectives of
this numerical study, the main one was to evaluate the effect of centrifugal forces on
combustion focusing on the investigation of the influences of these on a reactive flow of a
generic tubular combustor, using a moving wall boundary condition applied on the combustor
casing.
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................... 73
vi
4.3.2 Combustor adaptado (seção quadrada)........................................................... 147
5 RESULTADOS............................................................................................................ 185
vii
LISTA DE FIGURAS
viii
contornos de velocidade axial, e renderização de volumes de YCH4 e taxa de
liberação de calor (Q) (imagens abaixo). Fonte: Extraído de BULAT et al. [6]. .. 45
Figura 2.5. Sumário dos resultados obtidos para os experimentos com uma centrífuga de
combustão para uma mistura propano/ar. À esquerda, observa-se a curva da
taxa de propagação da chama com o aumento do campo centrífugo. À direita e
acima, a curva normalizada da taxa de aumento de pressão com o aumento do
campo centrífugo e abaixo a parametrização obtida com os resultados do
experimento. Fonte: Adaptado do texto de LEWIS [45]. .................................... 49
Figura 2.6. Diagrama esquemático comparando o mecanismo de propagação da chama por
transporte de bolha (A) para com o de velocidade de chama turbulenta (B) para
um incremento de tempo ∆t. Fonte: Extraído de LEWIS [47]. ............................ 50
Figura 2.7. Comparação entre os resultados experimentais da centrífuga de combustão para
com aqueles do modelo de transporte de bolha. Fonte: Extraído de LEWIS and
SMITH [47]. ....................................................................................................... 52
Figura 2.8. Perfis de temperatura e concentração de CO resultantes da simulação numérica
por LES, com referência à localização dos pontos experimentais. Fonte: Estudo
numérico de BULAT et al. [4]. ............................................................................ 60
Figura 2.9. Comparação entre a fração mássica de metano obtida da simulação numérica
para com os resultados experimentais. Acima, são apresentados os perfis
médios e abaixo, os perfis RMS. Fonte: Estudo experimental de BULAT et al. [4].
.......................................................................................................................... 62
Figura 2.10. À esquerda, combustor tubular projetado internamente ao eixo vazado girante
discriminado em termos dos componentes principais. À direita e acima, liner do
combustor representado por baffles elements, e abaixo a malha do domínio
fluido computacional elaborada para o combustor. Fonte: Adaptado do texto de
SHIH and LIU [7] e [8]........................................................................................ 69
Figura 2.11. Perfis comparativos da simulação isotérmica. Acima, observam-se os perfis
longitudinal e transversal para uma seção localizada nos furos primários para a
carcaça estacionária e abaixo os mesmos perfis para uma rotação no sentido
horário de 58.000 rpm. Fonte: Adaptado do texto de SHIH and LIU [8]. ............ 70
Figura 2.12. Gráficos obtidos sobre a performance da combustão para os diversos casos
estudados. À esquerda, são exibidas curvas de temperatura média na saída (T4)
e a eficiência do combustor (η), enquanto, à direita, identificam-se as curvas de
TQ (PF) e perda de pressão (pressure drop). Linhas contínuas referenciam os
resultados para os casos de rotação no sentido horário, enquanto as tracejadas
o oposto. Fonte: Adaptado do texto de SHIH and LIU [8]. ................................. 70
ix
Figura 2.13. Comparação entre os perfis de temperatura e velocidade entre os casos
estacionário (à esquerda), rotação no sentido horário (centro) e rotação no
sentido anti-horário (à direita). Fonte: Adaptado do texto de SHIH and LIU [8]. . 72
Figura 3.1. Caracterização das camadas de turbulência em regiões próximas de paredes e
universalização da lei de parede em comparações para com dados
experimentais e numéricos. Fonte: Adaptado a partir das referências SALIM and
CHEA [83] e POPE [84]. .................................................................................... 84
Figura 3.2. Perfis de velocidade adimensional em função de y+ e Re, e requisitos nodais da
malha adotada em função do tipo de abordagem utilizada para tratamento da
parede. Fonte: Adaptado com base no manual ANSYS [67].............................. 87
Figura 3.3. Limites de resolução dos métodos de predição da turbulência em função da
cascata de energia de Kolmogorov em adjunto do espectro de energia (E) em
relação à intensidade da turbulência (k) em escala di-log (curva superior) e da
curva característica de evolução da temperatura em chamas de escoamento
turbulento computada por diferentes técnicas (curva inferior). Fonte: Adaptado
com base nos textos de BAKKER [126] e POINSOT and VEYNANTE [127]. .... 95
Figura 3.4. Elemento de chama difusivo em escoamento laminar de jatos opostos (chama
estirada permanente unidimensional). Fonte: Adaptado do manual ANSYS [67].
........................................................................................................................ 103
Figura 3.5. Gráficos de dispersão obtidos com a técnica Laser Raman para as medições
simultâneas da fração de mistura e temperatura para um jato de chama
turbulento não pré-misturado de hidrogênio, sendo a velocidade de jato
aumentada em um fator três para o gráfico da direita [65]. .............................. 104
Figura 3.6. Esquemático de um registro simultâneo de um jato de chama turbulento não pré-
misturado. Fonte: Extraído de WARNATZ et al. [65]. ....................................... 106
Figura 3.7. Estratégia de resolução do modelo de elementos de chama laminar
permanentes. Fonte: Baseado no manual ANSYS [67]. .................................. 107
Figura 3.8. Classificação das escalas de tempo em fluxo quimicamente reativo. Fonte:
Modificado a partir do texto de WARNATZ et al. [65]. ...................................... 107
Figura 3.9. Exemplo de pacote cinético e termoquímico com descrição dos principais
elementos que compõem sua estrutura. Fonte: Adaptado a partir de SMITH et al.
[136]. ............................................................................................................... 110
Figura 3.10. Comportamento da função-β para diferentes configurações dos parâmetros α e
β (γ =1, para efeito de simplificação). Fonte: LIBBY and WILLIAMS [140].
113
x
Figura 3.11. Gráficos esquemáticos de PDF da fração mássica (w) de combustível para
diferentes localizações em um jato turbulento. Fonte: Extraído de WARNATZ et
al. [65].............................................................................................................. 114
Figura 3.12. Diferentes modelos e estratégias de resolução para a modelagem de
fenômenos reativos. Fonte: Baseado no manual ANSYS [67]. ........................ 116
Figura 3.13. Caracterização da discretização angular e pixelização para a contabilização da
fração do ângulo de controle pendente no modelo DO. Fonte: Baseado no
manual ANSYS [67]. ........................................................................................ 123
Figura 4.1. Dimensões da geometria-modelo baseada no combustor DLE SGT-100. Fonte:
Adaptado do estudo experimental de STOPPER et al. [3]. .............................. 135
Figura 4.2. Geometria desenvolvida para a câmara DLE SGT-100 de seção circular com
referência aos principais componentes. Fonte: Geometria implementada através
do software DesignModelerTM. ......................................................................... 136
Figura 4.3. Geometria computacional desenvolvida em blocos com a ferramenta ICEM-CFD®
(a) e domínio computacional (b). Fonte: Adaptado do texto de BULAT et al. [5].
........................................................................................................................ 136
Figura 4.4. Malha computacional desenvolvida para o combustor DLE SGT-100 para o
estudo de escoamento reativo com base no modelo de turbulência LES. Fonte:
Estudo numérico de BULAT et al. [4]. .............................................................. 137
Figura 4.5. Malha computacional característica (Malha 3 da Tabela 4.2) desenvolvida para a
implementação computacional do combustor DLE SGT-100. Fonte: Malha
desenvolvida no software MeshingTM. .............................................................. 139
Figura 4.6. Detalhes da malha computacional com ênfase às camadas de prismas em
regiões de parede próxima (imagens acima), às interfaces entre swirler e anel de
admissão (à esquerda e abaixo), câmara e bocal de pré-mistura (ao centro),
câmara e cone de transição (à direita e abaixo). Fonte: Malha desenvolvida no
software MeshingTM. ......................................................................................... 140
Figura 4.7. Condições de contorno aplicadas para o estudo do combustor DLE SGT-100 no
que se refere ao caso reativo (A). Fonte: Utilizou-se a interface do solver CFXTM
para uma melhor retratação da localização dos contornos da geometria......... 142
Figura 4.8. Tabela PDF não adiabática gerada para as simulações do combustor DLE SGT-
100 associada às curvas de fração molar de CH4 e CO em função da fração de
mistura. Fonte: Simulação de CFD no FluentTM. .............................................. 144
Figura 4.9. Geometria desenvolvida para a câmara DLE SGT-100 de seção quadrada com
ênfase aos adoçamentos utilizados para o seu desenvolvimento. Fonte:
Geometria implementada através do software DesignModelerTM. .................... 148
xi
Figura 4.10. Malha computacional característica para a câmara com seção quadrada (Malha
5 da Tabela 4.7) desenvolvida para a implementação computacional do
combustor DLE SGT-100. Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM.
........................................................................................................................ 149
Figura 4.11. Detalhes da malha computacional com seção quadrada (Malha 5) ênfase às
camadas de prismas em regiões de parede próxima (imagens acima), às
interfaces entre swirler e anel de admissão (à esquerda e abaixo), câmara e
bocal de pré-mistura (ao centro), câmara e cone de transição (à direita e abaixo).
Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM. ........................................ 151
Figura 4.12. Comparação entre as malhas com seção circular (imagens acima) e quadrada.
À`direita são apresentados seções com diferentes perspectivas para o tubo de
transição e à esquerda para a interface entre tubo de transição e de exaustão.
Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM. ........................................ 151
Figura 4.13. Comparação entre câmaras cilíndrica e de seção quadrada em termos da
distribuição de elementos tetraédricos de alta ortogonalidade pelo domínio.
Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM. ........................................ 152
Figura 4.14. Curvas características corrigidas do compressor centrífugo de alta velocidade
selecionado para o projeto da câmara de combustão. Fonte: Extraído de
KURZKE [163]. ................................................................................................ 156
Figura 4.15. Mapa do compressor centrífugo - Ponto de projeto adotado no ciclo térmico
simulado. Fonte: Mapa do compressor centrífugo especificado no
THERMOFLEXTM. ............................................................................................ 157
Figura 4.16. Resultados apresentados de forma esquemática para a análise zero
dimensional do ciclo térmico implementado. Fonte: Simulação executada no
THERMOFLEXTM. ............................................................................................ 158
Figura 4.17. Mapa do compressor centrífugo – Ponto de operação para uma rotação do
conjunto fixada em 80.000 [rpm]. Fonte: Mapa do compressor centrífugo
especificado no THERMOFLEXTM. .................................................................. 160
Figura 4.18. Mapa do compressor centrífugo- Ponto de operação para uma rotação do
conjunto fixada em 50.000 [rpm]. Fonte: Mapa do compressor centrífugo
especificado no THERMOFLEXTM. .................................................................. 162
Figura 4.19. Esquemático comparativo entre a estrutura de uma turbina a gás de eixo
vazado, i.e. câmara de combustão com carcaça rotativa, em relação a uma
convencional. Fonte: Adaptado de SHIH and LIU [7]. ...................................... 163
Figura 4.20. Partes componentes principais do compressor centrífugo selecionado para o
projeto do combustor tubular. Fonte: Extraído de AUBRY [171]. ..................... 164
xii
Figura 4.21. Dimensões e parâmetros principais do impelidor do compressor centrífugo
especificado para o projeto. Fonte: Adaptado de USHIDA et al. [162]. ............ 166
Figura 4.22. Esquema de generalização geométrica de fração periódica para a obtenção de
combustor tubular equivalente a partir de um anular existente, adjunto do modelo
geométrico e domínio computacional implementado. Fonte: Adaptado de
OLIVEIRA [9]. .................................................................................................. 175
Figura 4.23. Curvas de Estabilidade para o metano. Fonte: Desenvolvidas com base no
método do equilíbrio termoquímico [178]. ........................................................ 178
Figura 4.24. Variação no posicionamento dos furos da zona primária, secundária e de
diluição. Fonte: OLIVEIRA [9]. ......................................................................... 180
Figura 4.25. Esquema macro do aplicativo GTCD. Fonte: Extraído de OLIVEIRA [9]. ....... 180
Figura 4.26. Geometria e malha computacional desenvolvida para o combustor tubular
projetado pelo aplicativo GTCD. Fonte: Desenvolvimentos realizados nos
softwares DesignModelerTM e MeshingTM. ........................................................ 181
Figura 4.27. Condições de contorno aplicadas para a resolução do combustor projetado,
com ênfase às interfaces do swirler. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
........................................................................................................................ 182
Figura 4.28. Caracterização das paredes do combustor tubular equivalente projetado pelo
aplicativo GTCD. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.......................... 183
Figura 4.29. Tabela PDF não adiabática gerada para as simulações do combustor tubular
projetado associada às curvas de fração molar de CH4 e CO em função da
fração de mistura. Fonte: Simulação de CFD no FluentTM. .............................. 184
Figura 5.1. Localização dos segmentos de referência de avaliação das malhas
desenvolvidas para o combustor DLE SGT-100. Fonte: Pós-processamento no
CFD-PostTM. .................................................................................................... 185
Figura 5.2. Gráficos da velocidade absoluta e da taxa de deformação para as malhas 2 e 3
desenvolvidas para combustor DLE SGT-100 com câmara tubular. Fonte:
Simulação pelo solver FluentTM........................................................................ 188
Figura 5.3. Gráficos da velocidade absoluta e taxa de deformação para as malhas 4 e 5
desenvolvidas para o combustor DLE-SGT com câmara de seção quadrada.
Fonte: Simulação pelo solver FluentTM. ............................................................ 189
Figura 5.4. Perfis longitudinais de temperatura obtidos para a simulação numérica do
combustor DLE SGT-100 com seção circular e esquema FOU para os termos
advectivos. Fonte: Simulação computacional no solver FluentTM. .................... 191
xiii
Figura 5.5. Perfis do componente radial de velocidade para as malhas 3 (seção circular) e 5
(seção retangular) para duas seções da câmara, afastando-se do bocal de pré-
mistura. Fonte: Simulação computacional no solver FluentTM. ......................... 192
Figura 5.6. Contornos de temperatura (K) para uma seção longitudinal do domínio do
combustor (Malhas 3 (à direita) e 5), comparando-se os resultados para os
esquemas FOU (imagens acima) e SOU, utilizados para tratamento dos termos
advectivos. Fonte: Simulação computacional no solver FluentTM. .................... 194
Figura 5.7. Extrato de mapas de convergência (Malha 3) para monitoramento da solução. As
imagens à esquerda referenciam o caso com esquema SOU e à direita com
esquema FOU para tratamento dos termos advectivos. Fonte: Solver FluentTM.
........................................................................................................................ 195
Figura 5.8. Variáveis monitoradas de temperatura (K) para a Malha 3. À esquerda,
monitoramento da solução para o esquema FOU e à direita para o esquema
SOU no que se refere aos termos advectivos. Fonte: Solver FluentTM. ............ 195
Figura 5.9. Plot de vetores coloridos por temperatura (K). Acima resoluções com o esquema
numérico FOU e abaixo com o esquema SOU. À esquerda câmara de seção
circular e à direita com seção quadrada. Fonte: Simulação no FluentTM. ......... 199
Figura 5.10. Comparação entre as linhas de corrente coloridas por temperatura (K) para as
geometrias modelo do combustor DLE SGT-100 com seções circular e
quadrada. Fonte: Simulação no FluentTM. ........................................................ 200
Figura 5.11. Localização das seções de referência para o mapeamento dos perfis do
combustor. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM. .................................. 200
Figura 5.12. Perfis de velocidade radial e axial para uma seção localizada a 95 mm do bocal
de pré-mistura para a câmara com seção circular. Fonte: Simulação no FluentTM
e dados de BULAT et al. [5]. ............................................................................ 202
Figura 5.13. Perfis de velocidade radial e axial para uma seção localizada a 95 mm do bocal
de pré-mistura para a câmara com seção quadrada. Fonte: Simulação no
FluentTM e dados de BULAT et al. [5]. .............................................................. 202
Figura 5.14. Perfis de fração mássica de CH4 para as seções estabelecidas na Figura 5.11
no que se refere a resultados experimentais (Exp), LES (LES_Adb) e as
resoluções das malhas 3 e 5 com esquema SOU. Fonte: Simulação FluentTM e
BULAT et al. [5]. .............................................................................................. 203
Figura 5.15. Perfis de fração mássica de CH4 para as seções estabelecidas na Figura 5.11
no que se refere a resultados experimentais (Exp), LES (LES_Adb) e as
resolução das malhas 3 e 5 com esquema FOU. Fonte: Simulação FluentTM e
BULAT et al. [5]. .............................................................................................. 204
xiv
Figura 5.16. Contornos de vorticidade (1/s) (acima) e de velocidade absoluta obtidos na
simulação do combustor com câmara de seção circular em comparação com os
resultados de BULAT et al. [5] (contorno à direita) pelo modelo LES com modelo
estocástico de sub-malha PDF. Fonte: Simulação FluentTM e imagem extraída de
BULAT et al. [5]. .............................................................................................. 205
Figura 5.17. Contornos de vorticidade (1/s) (acima) e de velocidade absoluta (m/s),
comparando-se os resultados para a câmara de seção quadrada a depender do
esquema de resolução dos termos advectivos, i.e. FOU, contornos à esquerda.
Fonte: Simulação no FluentTM. ......................................................................... 206
Figura 5.18. Contornos de evolução para diferentes seções do combustor. Acima são
apresentados os contornos obtidos para a resolução com o esquema SOU para
as câmaras com seção circular e retangular, e abaixo com o esquema FOU.
Fonte: Simulação no FluentTM. ......................................................................... 206
Figura 5.19. Parâmetros de interesse para a caracterização do escoamento reativo no
combustor DLE SGT-100. À esquerda, câmara simulada com seção quadrada;
ao centro, câmara com seção circular e à direita resultados das simulações
realizadas por BULAT et al. [5]. Fonte: Simulação no FluentTM e imagens
extraídas de BULAT et al. [5]. .......................................................................... 207
Figura 5.20. Linhas de correntes tridimensionais (à esquerda) e de superfície para um plano
longitudinal pelo centro do combustor, coloridas por velocidade (m/s) para os
combustores de seção circular (acima) e seção quadrada. Fonte: Simulação no
FluentTM. .......................................................................................................... 209
Figura 5.21. Extrato do mapa de convergência utilizado para monitoramento da solução do
caso isotérmico. Fonte: Simulação no FluentTM. .............................................. 209
Figura 5.22. Linhas de corrente de superfície coloridas por velocidade para o combustor de
seção quadrada, comparando-se os resultados das malhas 4 (à direita) e malha
5. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM. ................................................ 210
Figura 5.23. Linhas de corrente de superfície coloridas por velocidade para o combustor de
seção quadrada, comparando-se os resultados das malhas 3 (à direita) e malha
5 para o caso reativo simulado (caso A). Fonte: Pós-processamento no CFD-
PostTM. ............................................................................................................. 211
Figura 5.24. Linhas de corrente de superfície coloridas por velocidade do caso isotérmico
para o combustor de seção quadrada (malha 5) discriminadas em reversas
(imagem à esquerda) e diretas. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM. .. 212
xv
Figura 5.25. Comparação os perfis de Y+ para as diferentes malhas simuladas, i.e. seções
circular (malhas 2 e 3) e quadrada (malha 4 e 5). Fonte: Simulação no FluentTM.
........................................................................................................................ 213
Figura 5.26. Perfis para as velocidades axiais desenvolvidas para o combustor tubular
(curvas coloridas em vermelho) e o de câmara com seção quadrada. Fonte:
Simulação no FluentTM. .................................................................................... 214
Figura 5.27. Perfis para as velocidades axiais desenvolvidas para o combustor tubular
(curvas coloridas em vermelho) e o de câmara com seção quadrada. Fonte:
Simulação no FluentTM. .................................................................................... 215
Figura 5.28. Comparação entre as linhas de corrente dos casos laminar (imagem acima) e
turbulento coloridos por velocidade (m/s). Fonte: Simulação no FluentTM. ....... 217
Figura 5.29. Perfis de velocidade obtidos para o caso isotérmico laminar (eixo secundário)
comparados com o caso turbulento. Fonte: Simulação no FluentTM. ................ 217
Figura 5.30. Caso laminar reativo simulado no combustor de seção retangular. Acima são
mostrados as linhas de corrente e os contornos de temperatura (K) (à direita), e
abaixo procurou-se dar ênfase aos vetores nas camadas de cisalhamento.
Fonte: Simulação no FluentTM. ......................................................................... 218
Figura 5.31. Perfis de temperatura obtidos para o caso reativo laminar (curva de coloração
roxa), com referência aos locais da Figura 5.11, comparados com o caso reativo
turbulento simulado e os de referência. Fonte: Simulação no FluentTM e dados
obtidos de BULAT et al. [5]. ............................................................................. 219
Figura 5.32. Perfis de fração mássica de CH4 para os casos laminar e turbulento simulados
em comparação para com os resultados experimentais e de simulação por LES
estocástico de sub-malha PDF. Fonte: Simulação no solver FluentTM e dados
obtidos de BULAT et al. [5]. ............................................................................. 220
Figura 5.33. Resultados de simulações preliminares do combustor projetado. Plot de vetores
coloridos por temperatura (K) para a condição de projeto e alternativos, i.e. da
esquerda para a direita, projeto (100.000 rpm), 80.000 rpm e 50.000 rpm. Fonte:
Simulação no FluentTM. .................................................................................... 221
Figura 5.34. Configuração de maior estabilidade reativa e mínimo TQ para a simulação de
um combustor de difusão operado com etanol e querosene. Fonte: Extraído de
OLIVEIRA [9]. .................................................................................................. 222
Figura 5.35. Descolamento evidenciado no bordo de ataque nas simulações preliminares.
Fonte: Simulação no FluentTM. ......................................................................... 223
Figura 5.36. Análise de sensibilidade para determinação da condição de contorno mais
adequada para minimizar o descolamento do ar pelo bordo de ataque do snout.
xvi
Linhas de corrente coloridas em termos de velocidade absoluta (m/s) Fonte:
Simulação no FluentTM. .................................................................................... 223
Figura 5.37. Extrato do mapa de convergência utilizado para monitoramento da solução do
combustor tubular. Fonte: Simulação no FluentTM............................................ 224
Figura 5.38. Vetores coloridos por temperatura (K) para o combustor no caso estacionário
de projeto (100.000 rpm), com ênfase as zonas primária e secundária. Fonte:
Simulação no FluentTM. .................................................................................... 225
Figura 5.39. Vetores plotados em termos de temperatura (K) para os casos estacionários de
projeto (imagem à esquerda) e alternativos, i.e. à direita e acima 80.000 rpm e à
direita e abaxo 50.000 rpm, para um corte através de um plano longitudinal pelos
furos da zona primária. Fonte: Simulação no FluentTM. .................................... 226
Figura 5.40. Característica oscilatória evidenciada nas resoluções com o esquema SOU
para os termos advectivos, i.e. casos estacionários apresentados à esquerda.
Fonte: Simulação no FluentTM. ......................................................................... 226
Figura 5.41. Planos transversais de evolução de CH4 (imagens à esquerda) e CO para os
diferentes casos estacionários simulados, i.e. 100.000 rpm (imagens acima),
80.000 rpm (ao centro). Fonte: Simulação no FluentTM. ................................... 227
Figura 5.42. Resultados obtidos, i.e. plot de vetores coloridos por temperatura (K) à
esquerda e à direita mapeamento da evolução de CH4 (acima) e CO, para o
caso com rotação no sentido horário (100.000 rpm). Fonte: Simulação no
FluentTM. .......................................................................................................... 228
Figura 5.43. Evolução da solução em termos de temperatura (K) incluindo uma condição de
contorno rotativa no sentido horário, onde it. referencia o número de iterações.
Fonte: FluentTM. ............................................................................................... 229
Figura 5.44. Distribuição de ar e combustível, i.e. linhas de corrente coloridas por
temperatura (K) a partir das respectivas entradas, em função do efeito de forças
centrífugas. À esquerda é apresentado o caso estacionário de projeto e ao
centro o caso com rotação no sentido anti-horário (-100.000 rpm). Fonte:
Simulação no FluentTM. .................................................................................... 230
Figura 5.45. Balanço entre fluxos na zona primária, evidenciados por vetores plotados
coloridos por velocidade absoluta (m/s). Acima é apresentado o caso
estacionário de projeto (100.000 rpm) e abaixo os casos com rotação (à
esquerda, de rotação horária). Fonte: Simulação no FluentTM. ........................ 231
Figura 5.46. Plot de vetores coloridos por temperatura, comparando-se o caso com a
inclusão do campo gravitacional (imagem à esquerda) com aquele sem
gravitação, para uma rotação de -80.000 rpm. Fonte: Simulação no FluentTM. 234
xvii
Figura A.1. Diferença entre as metodologias MVF dos solvers CFXTM e FluentTM. Estratégia
de discretização de cada algoritmo numérico exemplificada a partir da
discretização da equação de transporte escalar. Fonte: Baseado nos manuais
ANSYS [67] e [182].......................................................................................... 260
Figura B.1. Parâmetros de entrada e interface gráfica para a análise unidimensional de
compressor centrífugo de 1 estágio. Fonte: Programa VBA EXCEL, onde os
esquemáticos foram adaptados a partir dos textos de VELÁSQUES [194] e
NISHIDA et al. [172]. ....................................................................................... 282
Figura B.2. Comandos de execução e parâmetros de saída do bloco 1. Fonte: Programa
VBA EXCEL, onde as figuras foram adaptadas a partir do texto de ROMUALDO
[175]. ............................................................................................................... 283
Figura B.3. Comandos de execução e parâmetros de saída do bloco 2. Fonte: Programa
VBA EXCEL, onde as figuras foram obtidas do texto de AUBRY [171]. ........... 284
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1. Comparação entre as abordagens RANS, LES e DNS para a simulação
numérica de problemas de combustão que envolvem escoamentos turbulentos.
Fonte: Baseado no texto de POINSOT and VEYNANTE [127]. ....................... 96
Tabela 4.1. Resumo das dimensões principais adotadas para o desenvolvimento da
geometria modelo do combustor DLE SGT-100. Fonte: Sketches e informações
de referência obtidas nos trabalhos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [4],
[5] e [6]. .......................................................................................................... 138
Tabela 4.2. Resumo das características e critérios de qualidade das malhas desenvolvidas,
onde dp é o desvio padrão. Fonte: Malhas computacionais desenvolvidas para o
combustor DLE SGT-100 com o software MeshingTM. .................................... 140
Tabela 4.3. Condições de contorno para o estudo do combustor DLE SGT-100. Fonte:
Dados obtidos do estudo experimental de STOPPER et al. [3]. ..................... 141
Tabela 4.4. Condições de contorno para as simulações dos casos laminares isotérmico e
reativo. Fonte: Baseados nos dados de STOPPER et al. [3]. ......................... 145
Tabela 4.5. Resumo das características e critérios de qualidade das malhas desenvolvidas
para a câmara de seção quadrada, onde dp é o desvio padrão. Fonte: Malhas
computacionais desenvolvidas para o combustor DLE SGT-100 com o software
MeshingTM. ..................................................................................................... 149
Tabela 4.6. Parâmetros de entrada especificados no ciclo térmico estruturado. Fonte: Ciclo
térmico implementado no THERMOFLEXTM. .................................................. 155
Tabela 4.7. Características dos componentes do sistema da microturbina a gás modelada.
Fonte: Ciclo térmico implementado no THERMOFLEXTM. .............................. 155
Tabela 4.8. Resultados de projeto obtidos para o compressor centrífugo adotado no ciclo
térmico modelado. Fonte: Parâmetros especificados no THERMOFLEXTM. ... 157
Tabela 4.9. Propriedades de referência do ar a 25ºC e 100 [kPa]. Fonte: Dados obtidos de
VAN WYLEN et al. [170]................................................................................. 158
Tabela 4.10. Resultados obtidos das simulações do conjunto a gás operando no ponto de
projeto e em cargas parciais, i.e. rotações de 50.000 e 80.000 rpm. Fonte:
Simulações realizadas no THERMOFLEXTM. ................................................. 160
Tabela 4.11. Dados de projeto utilizados para a análise unidimensional do compressor
centrífugo especificado. Fonte: Dados obtidos do texto de USHIDA et al. [162].
....................................................................................................................... 166
xix
Tabela 4.12. Perdas especificadas para a análise unidimensional do compressor centrífugo.
Fonte: Adaptado do texto de AUBRY [171]. ................................................... 168
Tabela 4.13. Perdas especificadas para a análise unidimensional do compressor centrífugo.
Fonte: Análise unidimensional do compressor centrífugo especificado. ......... 168
Tabela 4.14. Dimensões principais especificadas para o projeto do canal de retorno com pás
de deswirl. Fonte: Baseado nos valores otimizados de NISHIDA et al. [172].. 170
Tabela 4.15. Especificações e resultados obtidos da avaliação unidimensional para a
descarga do compressor centrífugo projetado para dimensionamento do
combustor. Fonte: Algoritmo de análise unidimensional de compressor
centrífugo. ...................................................................................................... 172
Tabela 4.16. Principais dimensões do combustor tubular projetado. Fonte: Aplicativo GTCD
[9]. .................................................................................................................. 175
Tabela 4.17. Resultados especificados para o combustor tubular projetado (Vazões
correspondentes a 1/8 do total). Fonte: Aplicativo GTCD [9]. ......................... 177
Tabela 5.1. Desvios obtidos para as simulações do combustor DLE SGT-100. Fonte:
Simulação CFD pelo solver FluentTM. ............................................................ 186
Tabela 5.2. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em temros
de desvios padrão e relativo. Fonte: Dados de referência obtidos de STOPPER
et al. [3] e BULAT et al. [5]. ........................................................................... 196
Tabela 5.3. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos
de desvios padrão e relativo das frações de mistura e temperatura. Fonte:
Dados de referência obtidos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [5]. ....... 197
Tabela 5.4. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos
de desvios padrão e relativo das frações mássicas de CH4 e taxa de
dissipação. Fonte: Dados de referência obtidos de STOPPER et al. [3] e
BULAT et al. [5]. ........................................................................................... 198
Tabela 5.5. Parâmetros obtidos para os diferentes cenários de avaliação do combustor.
Fonte: Simulação no FluentTM. ...................................................................... 232
Tabela 5.6. Parâmetros obtidos para as simulações com a inclusão de um campo
gravitacional. Fonte: Simulação no FluentTM. ................................................ 233
Tabela 5.7. Diferenças entre as vazões de projeto do aplicativo GTCD e as resultante da
simulação em CFD em termos de percentual de vazão do ar de entrada. Fonte:
Aplicativo GTCD [9] e Simulação no FluentTM. .............................................. 235
Tabela 5.8. Resumo dos resultados principais de todos os casos simulados com a inclusão
do campo gravitacional, obtidos para o combustor tubular de difusão. Fonte:
Simulação no FluentTM. ................................................................................. 236
xx
Tabela B.1. Valores de calor específico à pressão constante (Cp) e razão entre calores
específicos (k) em função da temperatura para o ar. Fonte: dados obtidos de
OHIO UNIVERSITY [179] – Valores nominais: Ar a 300 K; Cp = 1,00 kJ/kg.K;
Cv = 0,718 kJ/kg.K; k = 1,4. .......................................................................... 285
xxi
LISTA DE SÍMBOLOS
Caracteres gregos
δ Espessura de referência
ζ Coeficiente de perda
ηc Eficiência de combustão
xxii
Ι Tensor unitário
xxiii
ψi Escalares reativos médios
Ωij Tensor taxa de rotação [1/s]; Termo de rotação do modelo RSM [m2/s3]
Caracteres latinos
AR Razão de áreas
Br Número de Brinkman
Da Número de Damkohler
dp Desvio padrão
xxv
f "2 Variância da fração de mistura
KB Fator de bloqueio
Le Número de Lewis
lm Comprimento de mistura
Ma Número de Mach
.
m Vazão mássica [kg/s]
.
m Fluxo mássico de espécies [kg/m2.s]
~
NS Operador Navier-Stokes
Ns Velocidade Específica
xxvii
n Número de mols [kmol]; índice de refração
Pe Número de Péclet
PR Pressure Ratio
.q
rad Taxa de radiação de calor por unidade de massa [W/kg]
Re Número de Reynolds
T Temperatura [K]; ºC
TQ Traverse Quality
t Tempo [s]
xxix
tb Espessura das pás [m]
X Fração molar
xxx
x Coordenada axial [m]
Y Fração mássica
Índices subscritos
0 Estagnação
3 Entrada do combustor
6 Saída do difusor
a Ativação
abs Absoluta
ad Adiabático
ave Média
B Bloqueio (Blockage)
b Pás
bc Condição de Contorno
C Gases frios
c0 Centro da célula
cond Condução
d Difusor
ds Deswirl
ef Efetivo
ex Saída do Combustor
ft Tubo de chama
g Gases de combusão
H Gases quentes
iso Isentrópico
max Máxima(o)
min Mínima(o)
nb Células vizinhas
op Operação
ox Oxidante
P Produtos
xxxii
p Célula
pol Politrópico
R Reagentes; reação
r Radial
rad Radiação
ref Referência
rel Relativa
st Estequiométrico; Estático
std Standard
t turbulento
UP Upwind
w Parede
Índices sobrescritos
T Transposto
Barra Superior
xxxiii
Valor médio ou média temporal de uma grandeza
Média de Favre
Siglas
CD Central Differencing
DO Discrete Ordinates
DZ Zona de Diluição
FM Flamelet Model
xxxv
PLIF Planar Laser Induced Fluorescence
PZ Zona Primária
SIMPLEC SIMPLE-Consistent
SZ Zona Secundária
WSGGM Weighted-sum-of-gray-gases-model
Espécies químicas
CH4 Metano
xxxvi
C2H6 Etano
CO Monóxido de Carbono
N2 Nitrogênio
O2 Oxigênio
OH Hidroxila
xxxvii
1 INTRODUÇÃO
1
No contexto de aplicação de combustores de pequenos conjuntos a gás, uma das
propostas de valor é a flexibilidade operacional. Neste sentido, a análise em CFD representa
uma ferramenta adequada para a antecipação de resultados e previsão de desempenho das
mesmas no que tange a versatilidade quanto ao tipo de combustível e operações em carga
parcial. Desse modo, no tocante ao projeto de pequenos conjuntos a gás, i.e. microturbinas a
gás, a aplicação de CFD representa uma opção para o dimensionamento otimizado de
câmaras de combustão, tendo em vista que os sistemas que compõem as mesmas, como de
combustível, reação e resfriamento, devem ser suficientemente robustos e capazes de lidar
com as alterações da mudança de combustível, em um amplo leque de qualidade, que varia
desde combustíveis usuais até óleo de peixe e biogases produzidos em aterros sanitários e
fábricas digestoras.
Além disso, estudos em câmaras de combustão de microturbinas a gás também
trazem consigo duas características que beneficiam estudos gerais de escoamentos reativos
em turbinas a gás. Uma, é a de que a simplicidade construtiva e de projeto das mesmas com
relação a turbinas a gás de médio e grande porte, torna mais simples desenvolvimentos
experimentais que validem modelos abordados por CFD. A segunda é a de que por conjuntos a
gás de pequeno porte representarem a princípio turbinas a gás miniaturizadas, podem ser
estabelecidas relações de similaridade e de escalonamento que otimizem o projeto de turbinas
de grande porte.
A dissertação apresenta como objetivo principal o desenvolvimento de simulações
numéricas por CFD em câmaras de combustão de turbinas a gás. Para atender este propósito,
®
basicamente se faz uso do pacote científico ANSYS WorkbenchTM, mais especificamente dos
são então comparados para com resultados numéricos e experimentais de referência [3], [4],
2
[5] e [6] para efeito de avaliação dos limites de precisão da abordagem numérica a ser adotada
no estudo da câmara de combustão tubular projetada.
Sumariamente, as avaliações no combustor de referência se caracterizam por
primariamente realizar estudos comparativos, após o teste de independência de malha para o
caso reativo estudado, entre os resultados obtidos através de duas abordagens numéricas para
tratamento dos termos advectivos em relação aos resultados experimentais e numéricos de
referência. Inicialmente, simplifica-se geometricamente a câmara de combustão para uma
seção circular, que representa aquela do modelo comercial do combustor DLE SGT-100 [3],
embora o combustor estudado experimentalmente apresentasse uma seção quadrada por
questões experimentais. Esta simplificação inicial é feita justamente pela necessidade de
adoçamento dos cantos deste combustor que apresenta um tubo cônico de transição para a
conexão entre a câmara e o tubo de exaustão. Este fato dificulta a geração da malha
computacional devido à descontinuidade entre as geometrias, i.e. câmara e tubo de transição,
devendo os cantos serem adoçados de forma aproximada e o tubo de transição ser
desenvolvido como uma pirâmide que estenda este adoçamento até o tubo de exaustão.
Posteriormente, considerando o nível de refinamento de malha para a geometria com
seção circular, particularmente no que se refere às características dos elementos e a estratégia
de implementação da malha computacional, implementa-se o combustor com seção quadrada.
Vale ressaltar que isto também se apresenta como uma vantagem, tendo em vista que os
principais aspectos termo-aerodinâmicos e reativos da câmara nas condições tubular e com
seção quadrada podem ser comparados. Ao final, dois casos adicionais para a aplicação do
modelo laminar são especificados, i.e. casos isotérmico e reativo, sendo feitas comparações
para com os casos turbulentos isotérmico e reativo.
Fundamentando-se pelos resultados obtidos no combustor de referência, uma
segunda etapa é desenvolvida que tem como objetivo final a avaliação dos efeitos da rotação
em um escoamento reativo não pré-misturado [7] e [8]. Para tanto, preliminarmente, projeta-se
uma câmara tubular através do aplicativo GTCD (Gas Turbine Combustor Design) [9], cujas
condições de contorno são estabelecidas por meio de análise zero-dimensional
®
(THERMOFLEXTM – THERMOFLOW , Inc.) de um ciclo térmico Brayton simples de potência
nominal de 100 kW e unidimensional do compressor centrífugo especificado para este conjunto
a gás. Uma vez projetada a câmara e implementada numericamente, realiza-se as simulações
®
no software ANSYS FluentTM para três diferentes condições de rotação, i.e. nominal (100.000
rpm) e parciais (80.000 rpm e 50.000 rpm), em um total de nove condições de contorno, i.e.
estacionária, parede móvel no sentido anti-horário e parede móvel no sentido horário. A partir
destas diferentes condições de contorno é buscado avaliar comparativamente e
quantitativamente, os impactos do escoamento de ar ser admitido com rotação, considerando o
3
projeto de uma câmara com carcaça rotativa, no que se refere particularmente à misturação,
grau de homogeneização da temperatura na descarga e perda de carga, que representam
parâmetros característicos de combustores de turbinas a gás [1].
A concepção de um combustor com carcaça rotativa se origina da alta velocidade de
rotação apresentada por pequenos conjuntos a gás de eixo simples. A mesma traz
complicações de projeto a rigidez e, consequentemente, estabilidade do conjunto a gás, de
modo que em uma concepção de combustor rotativo, a carcaça se estabelece essencialmente
como um eixo vazado que resulta em um aumento da rigidez do conjunto, assim minimizando
efeitos de instabilidade dinâmica [7] e [8]. A proposta desta dissertação visa avaliar os impactos
da rotação da carcaça do combustor não no contexto da estabilidade mecânica do conjunto,
mas sim no que tange o fenômeno reativo para a condição de rotação.
Nos itens subsequentes deste capítulo se procurará posicionar o contexto das turbinas
a gás no que se refere a características básicas e aplicações mais recentes, descrevendo o
conceito de geradores de pequena escala e caracterizando as particularidades de pequenos
conjuntos a gás que os tornam propícias para o estudo da rotação em um fenômeno reativo.
Por fim, descreve-se algumas características de combustores de turbinas a gás, menciona-se
os tipos básicos, detalhando alguns aspectos relevantes no que se refere a combustores de
difusão e de baixa emissão, particularmente em termos de esquemas de desenvolvimento e
projeto, parâmetros e subcomponentes característicos, para efeito de estabelecer uma relação
para com a estratégia adotada para o desenvolvimento do estudo desta dissertação.
4
potência em turbinas a gás, menciona-se que sempre a mesma é parcialmente utilizada para
acionamento do compressor. Neste sentido, turbinas a gás se caracterizam por não
representarem uma máquina isolada, mas uma combinação, composta de forma fundamental
por compressor, câmara de combustão e turbina.
A depender do campo de aplicação, a potência desenvolvida na turbina pode ser
utilizada com propósito de propulsão (Aircraft Gas Turbine), motores a jato para uso
aeronáutico, ou para uso industrial, de forma geral para a geração de energia elétrica na forma
de turbinas Heavy Duty ou aeroderivativas. Apesar das duas famílias de turbinas a gás,
aeronáutica e industrial, compartilharem certa similaridade, as mesmas possuem parâmetros
de projeto significativamente diferentes.
As turbinas a gás industriais podem ser diferenciadas em Heavy Duty e
aeroderivativas. Estas se caracterizam por se apresentarem como um conjunto gerador de gás
e turbina de potência, sendo propriamente turbinas a gás aeronáuticas de projeto modificado
para atendimento de um propósito industrial. De modo geral, o gerador de gás, que representa
o conjunto aeroderivado, é modificado para queimar combustíveis industriais, de forma que
para adaptar a máquina à geração de eletricidade, o turbofan de by-pass é removido e uma
turbina de potência é incorporada à exaustão.
Turbinas aeroderivativas são principalmente aplicadas para suprimento de potência de
pico em centrais termelétricas e geração de potência em plataformas marítimas, centrais de
bombeamento de gás e para propulsão naval. A faixa de potência de unidades aeroderivativas,
em carregamento de base varia de 2,5 MW até 50 MW com eficiências entre 35 – 45% [10].
Turbinas Heavy Duty seguem uma filosofia de projeto direcionada para a aplicação industrial,
representando usualmente turbinas de ciclo simples de eixo único com compressor axial,
câmara de combustão externa ao corpo da máquina e turbina axial. A faixa de potência das
mesmas é a maior dentre os tipos de turbinas a gás, variando de 3 MW até 480 MW, com
eficiências em um range de 30 - 46% [10].
Essencialmente, as turbinas a gás são classificadas em termos da circulação dos
gases de exaustão e da união entre compressor e turbina a gás. No que se refere à circulação,
podem ser diferenciadas em de ciclo aberto, em que os gases são liberados para a atmosfera,
ou de ciclo fechado, para o qual retornam ao compressor posteriormente à expansão na
turbina, de modo a permitir que se circule sempre o mesmo fluido de trabalho. Quanto ao tipo
de união, podem ser sem ou com turbina livre, eixos em twin shaft ou tandem, na forma de
conjunto gerador de gás (Gas Generator) e turbina de potência (Power Turbine), sendo ambos
os tipos utilizados tanto em aplicações industriais quanto aeronáuticas.
Para a geração termelétrica, turbinas a gás podem aparecer na forma pura, em ciclo
simples, ou associada a unidades a vapor ou de processo (centrais de cogeração), em ciclo
5
combinado. Em aplicações termelétricas, a tecnologia de turbinas a gás tem o propósito de
atender uma larga faixa de aplicações, particularmente para atendimento de picos de carga por
apresentarem um curto tempo de partida e um baixo custo de investimento em comparação
para com ciclos tradicionais, como, por exemplo, o ciclo Rankine. As turbinas a gás se
particularizam pelo ciclo motor padrão de ar rotativo ou mais propriamente o ciclo Brayton.
O projeto de turbinas a gás envolve inter-relações e retroalimentações entre as
análises e especificações termodinâmicas, aerodinâmicas, mecânicas e de sistemas de
controle para se alcançar as relações de compromisso necessárias. A especificação é
raramente um simples estabelecimento das potência requerida e eficiência, mas também de
outros fatores, tais quais [11], peso, custo, volume, vida útil e nível de ruído, sendo que a
maioria destes critérios atuam em oposição.
A primeira etapa consiste em estudos termodinâmicos paramétricos detalhados no
ponto de projeto, i.e. ponto de operação no qual se estabelece a máxima eficiência (menor
consumo específico de combustível ou heat rate (consumo específico de calor)), cuja a
definição está associada a uma escolha adequada de parâmetros do ciclo térmico selecionado
com base em determinadas especificações do conjunto. Estas incluem a faixa de configurações
de potência, se a máquina será utilizada com propósito de transmissão mecânica ou geração
de eletricidade, velocidades de rotação pretendidas e tempo de operação em cada
configuração de potência [12]. Acrescenta-se que a definição do ponto de projeto, embora seja
relativamente simples se as especificações são para atender um único ponto de operação,
pode-se tornar complexa quando envolve a antecipação de uma larga faixa de potências de
saída com consequente necessidade de estimativa de off-design heat rates. Neste caso, o
ponto de projeto se define como aquele que resulta no menor consumo de combustível
integrado em toda a extensão da faixa de operação.
A etapa de estudos termodinâmicos para a definição do ponto de projeto, é de grande
importância e deve ser desenvolvida através de cálculos detalhados que consideram fatores
como a eficiência dos componentes, sangrias de ar, propriedades variáveis dos fluidos
associados e perdas de pressão em variadas faixas de relação de pressão e temperatura de
entrada da turbina para que sejam estabelecidas a potência específica e consumo específico
para variados valores de ciclo dos parâmetros mencionados. Basicamente, o tamanho do motor
e o fluxo de ar necessário são as principais variáveis que influenciam os parâmetros do ciclo.
Por exemplo [11], para o caso de motores de pequeno porte, tendo em vista a restrição usual
para a aplicação de técnicas de resfriamento, i.e. limitação do tamanho das pás do rotor e da
relação de pressão, na maioria das situações apenas compressores centrífugos podem ser
aplicados, de eficiência caracteristicamente menor que a apresentada por axiais. Por outro
lado, em motores da ordem de 50 MW, a viabilidade de utilização de pás resfriadas permite que
6
TIT (Turbine Inlet Temperature) seja maior que 1500 K e, devido ao maior tamanho da unidade,
que sejam aplicados compressores axiais com PR (Pressure Ratio) de até 30:1. Estes tipos de
análise preliminar que norteiam o estabelecimento do ponto de projeto para que possam ser
desenvolvidos os estudos aerodinâmicos.
Fundamentalmente, os estudos paramétricos mencionados têm como objetivo a
obtenção da vazão de gás, relação de pressão e temperatura de entrada da turbina para que
assim seja iniciado o projeto aerodinâmico da turbina a gás. Este pode ser definido como o
estabelecimento da trajetória aproximada do escoamento que objetiva a determinação
principalmente de dimensões anulares e comprimentos, i.e. as dimensões da trajetória do
escoamento aerodinâmico, velocidades de rotação e número de estágios. O projeto
aerodinâmico é desenvolvido basicamente a partir da seleção de parâmetros aerodinâmicos
para o compressor e a turbina, e números de Mach (Ma) através dos componentes do conjunto,
de modo a considerar as várias relações de compromisso entre as opções realizadas, i.e. o uso
de maiores Ma na superfície de escoamento tende a aumentar as perdas por atrito (redução da
eficiência), entretanto, resulta em menor peso e diâmetro do conjunto a gás [12]. O mesmo
pode inclusive retroalimentar o projeto termodinâmico para adequação do conjunto em termos
de mudanças de temperatura e relações de pressão no ponto de projeto.
Posteriormente, uma vez que os projetos termodinâmico e aerodinâmico estejam bem
avançados, inicia-se o projeto mecânico que analisa o conjunto em termos de tensão e
vibração. Tais análises usualmente resultam em novas modificações que têm reflexos no
projeto aerodinâmico, considerando o conflito quase sempre natural entre os requisitos de
tensão e os aerodinâmicos. Paralelamente ao desenvolvimento do projeto mecânico são
realizados estudos em condições fora do ponto de projeto, i.e. variações das condições
ambientes e cargas de operação, e dos sistemas de controle que visam garantir a operação
automática e segura da turbina a gás. Em projetos atuais, uma vez desenvolvidos os estudos
preliminares que determinam as dimensões e parâmetros dos componentes, projetos em CFD
e de Mecânica Estrutural podem ser desenvolvidos precedentes a realização de testes de
ensaio para viabilizar otimizações antecipadas.
Considerando os parágrafos anteriores, percebe-se que devido à complexidade de
projeto e das atualizações e melhorias que se perfazem durante a operação de turbinas a gás,
o ciclo de desenvolvimento dessas é caracteristicamente longo. Este fato permite abstrair que o
desenvolvimento de turbinas a gás está diretamente relacionado aos avanços em simulações
de CFD. Sendo tal fato reforçado, tendo em vista que a decisão para ser iniciado um novo
projeto de turbina a gás é de crítica importância para o bem-estar econômico de um
fabricante[11].
7
Esta dissertação, no que se refere a etapa de projeto, desenvolve-se a partir de uma
especificação que atenda o objetivo de estudar o efeito da rotação e de forças centrífugas na
combustão através da definição de um ciclo simples de turbina a gás de pequeno porte,
justamente pela elevada rotação e extenso range de rotação apresentado por essas. Sendo
assim, o conjunto a gás especificado é formado basicamente de de um compressor centrífugo,
combustor tubular e turbina axial. A partir disto são realizados os estudos termodinâmicos do
ciclo através da especificação de um compressor, cujo o mapa atende o objetivo primário da
dissertação no contexto de combustor projetado. Com base na obtenção das condições de
contorno pela análise termodinâmica no ponto de projeto especificado em 100 kW a 100.000
rpm, desenvolve-se o estudo aerodinâmico do compressor para a obtenção de suas dimensões
preliminares e condições de velocidade e propriedades estáticas na descarga. Onde, através
das mesmas, com base na especificação da temperatura de entrada da turbina, dimensiona-se
um combustor tubular apropriado para a avaliação da centrifugação na combustão, sendo esta
etapa desenvolvida através de simulação em CFD.
As simulações de CFD estão naturalmente relacionadas ao desenvolvimento
tecnológico de turbinas a gás, pois estas se caracterizam pela complexidade de escoamento,
que usualmente se apresenta na forma de fenômenos interdependentes tridimensionais de
campos de escoamento de multicomponentes. Para o caso de combustores, isto se agrava,
pois, a depender do combustível, tem-se o impacto de cinéticas complexas, em alguns casos
multifásica, com processos de evaporação e transferência de calor que ocorrem de forma
simultânea. Esta alta complexidade das câmaras de combustão, resulta em escoamentos
reativos cuja análise experimental se torna onerosa ao processo de desenvolvimento. Neste
âmbito, os desenvolvimentos computacionais se tornam vitais para que se sacramentem novas
alternativas e percepções mais amplas. Portanto, para que a análise e estudo da câmara de
combustão e demais componentes da turbina a gás se demonstre viável, eficiente e com o
menor custo, é fundamental que sejam utilizadas simulações numéricas.
A tecnologia de turbinas a gás se apresenta como uma escolha natural para o
desenvolvimento de plantas de geração no futuro. No que se refere a este escopo, podem ser
citados avanços recentes em tecnologias de ciclo combinados convencionais de turbinas a gás
como as classes H e J [14], [15] e [16], ciclos combinados com gaseificação integrada
pressurizada e caldeira em leito fluidizado pressurizado [13] até aplicações em geração
distribuída.
Turbinas a gás e ciclos combinados apresentam atualmente uma forte relação,
principalmente se atentarmos para aplicações de cogeração ou CHP (Combined Heat &
Power), que se caracterizam como sistemas em que se faz, simultaneamente, e de forma
sequenciada, a geração de energia elétrica ou mecânica e energia térmica (calor de processo),
8
a partir da queima de um combustível [13]. De forma sucinta, ciclos combinados se
caracterizam pela colocação em cascata energética de dois ou mais ciclos de modo a
aumentar o rendimento global dos processos e minimizar as irreversibilidades da diferença
finita de temperaturas entre fluidos quente e frio para a troca de calor, i.e. aumentar a
temperatura média de fornecimento de calor a fim de obter trabalho.
Dentro do âmbito dos sistemas modernos de cogeração, um modelo que se destaca é
o da geração distribuída combinada. Este se caracteriza pelo uso de tecnologias de pequena
escala, sendo atualmente predominante o papel das turbinas a gás, na forma de pequenos
conjuntos a gás, assim como de motores de combustão interna.
A geração distribuída não está associada a um sistema de transmissão para o
fornecimento de energia elétrica, sendo fundamentalmente distinta dos modelos tradicionais
para a geração ou transmissão de potência [13]. Com efeito, caracteriza-se como um oportuno
atrativo frente aos grandes sistemas tradicionais e centralizados de geração em termos de
aplicação de tecnologias acionadoras emergentes para a geração termelétrica em pequena
escala, i.e. motores Stirling, células de combustível, células fotovoltaicas, microturbinas a gás,
etc. A geração distribuída nem sempre se caracteriza como a opção mais econômica [17] e
[18], a depender de variados fatores baseados na configuração do sistema em uso pela
concessionária e as cargas a serem atendidas, plantas centrais serão mais atrativas.
Resumindo, a geração distribuída será comumente mais atrativa em cenários nos quais
existem restrições, particularmente nos sistemas de transmissão e distribuição.
A faixa de aplicação da geração distribuída em termos de potência é definida como a
de instalações com menos de 25 MW. Entretanto, em um contexto mais inovador e restrito [13],
tal faixa melhor se estabelece como a de unidades situadas em um range de 45 a 200 kW, em
que sua tipificação pode ser redefinida como o uso integrado ou isolado de geradores elétricos
pequenos e modularizados que estejam localizados próximos do ponto de consumo. Neste
contexto [19], vale referenciar que integrado denota um sistema em que o gerador está
conectado com a concessionária local, enquanto por isolado se entende que o mesmo pode
não estar conectado à concessionária, ou mesmo que esteja, na falta de suprimento ou falha
de fornecimento de energia pela rede elétrica, o sistema ainda estará apto a operar.
Considerando sua capacidade de aplicação isolada, a geração distribuída, em suma,
tem como grande proposta de valor a confiabilidade tanto do sistema de geração como de
distribuição, i.e. garantia de suprimento energético e continuidade das operações críticas em
eventos de interrupção ou inatividade do sistema principal pela presença de um sistema
autônomo reserva de geração. Menciona-se que esta última definição é a que melhor traduz o
escopo de aplicação dos pequenos conjuntos a gás na geração distribuída.
9
1.2.1 Microturbinas a Gás
10
configuram como estratégias associadas a suprimento ininterrupto de potência, potência de
precisão, qualidade de energia e alta confiabilidade no atendimento de cargas.
O projeto de microturbinas em ciclo simples consiste basicamente de compressor
radial de simples estágio, turbina radial de um ou dois estágios e câmara de combustão.
Devido à baixa eficiência dos componentes e limitação da temperatura de entrada da turbina, é
comum que o projeto de microturbinas comerciais seja desenvolvido por meio de ciclos
modificados como o Brayton regenerativo e o subatmosférico ou Brayton invertido (Inverted
Brayton Cycle) [20], [21] e [22].
O ciclo regenerativo é estabelecido como um ciclo simples ao qual é adicionado um
recuperador ou regenerador com propósito de aproveitamento do calor de exaustão para pré-
aquecer o ar de combustão. Conforme o Apêndice B de KOLANOWSKY [19], através da
adoção de um ciclo regenerativo, a eficiência do sistema aumenta de uma faixa entre 14 a 17%
em ciclo simples para 28 a 33%, sendo este resultado bastante influenciado pela efetividade e
perdas de pressão associadas ao trocador incorporado.
Ciclos subatmosféricos operam de forma que o fluido de trabalho seja expandido na
turbina a uma pressão abaixo da atmosférica. Diferentemente de ciclos regenerativos, neste
caso os gases de exaustão após circularem pelo recuperador necessitam ser comprimidos pelo
compressor para serem descarregados. Outra particularidade é a de que a câmara de
combustão opera levemente abaixo ou na pressão atmosférica, o que dispensa um compressor
booster de combustível, que representa um componente de baixa eficiência e de custo
adicional relativamente elevado.
A opção entre um ciclo regenerativo convencional e um subatmosférico está
diretamente relacionada à potência nominal do conjunto a gás e, consequentemente, ao
tamanho do mesmo. Na medida em que o tamanho do conjunto aumenta, o ciclo
subatmosférico perde a atratividade em comparação a um ciclo pressurizado, principalmente,
devido ao recuperador de calor, que em função da menor densidade do ar e dos gases de
exaustão, aumenta significativamente em comparação aos demais componentes do ciclo.
Neste sentido, uma avaliação termoeconômica deve ser utilizada para estabelecer o ciclo a ser
utilizado.
Em turbinas a gás de pequeno porte tradicionalmente compressor e turbina são
especificados como radiais, isto ocorrendo por máquinas centrífugas se tornarem mais
adequadas em serviços de pequenas vazões volumétricas de gás. Particularmente, nesta faixa
de vazão, as mesmas demonstram menores perdas de superfície e de parede,
particularizando-se pela simples construção, baixo custo, menor manutenção e melhor
desempenho que máquinas axiais, cujo tamanho das pás seria muito pequeno para a obtenção
de uma eficiência satisfatória. Mais detalhadamente [11], turbina e compressor de fluxo radial,
11
sendo menos sensíveis a perdas por folgas que a contrapartida axial, são preferenciadas em
pequenas turbinas a gás pelo fato de que as folgas não podem ser reduzidas na mesma
proporção que a altura das pás na medida em que o tamanho físico da máquina decresce. Uma
alternativa aplicável em pequenos conjuntos a gás está na aplicação de turbinas de fluxo misto
[23], tendo em vista que podem lidar com maiores vazões mássicas a uma mesma relação de
expansão que equivalentes radiais, efetuando-se como turbinas mais compactas e eficientes
através da inclusão de bocais bem projetados.
Em linhas gerais, existem dois tipos de microturbinas a gás no que se refere aos
modos de eletrônica de potência, a saber, eixo simples com acionamento direto de gerador
magneto permanente acoplado ao rotor da turbina e eixos desconectados (split-shaft) em que
uma turbina de potência é responsável por acionar um gerador convencional, equivalente ao
utilizado em motores alternativos, através de uma caixa de redução.
No que se refere ao modelo de eixos desconectados, a alternativa proposta pelo
mesmo visa estabelecer, a princípio, um conjunto de maior eficiência e robustez do sistema
elétrico. Naqueles, a relação de pressão está dividida entre a turbina do gerador de gás e a
turbina de potência, de modo que esta pode girar em menores velocidades e ser adaptada de
forma otimizada para a função de transmissão de potência, seja como potência elétrica ou
acionamento de máquinas rotativas.
Em modelos de eixo desconectados, como consequência direta da menor velocidade
de eixo da turbina de potência, pode ser utilizado um gerador convencional, síncrono ou de
indução de 2 ou 4 polos, acoplado à mesma através de uma caixa de redução de
dimensionamento coerente para com aplicações tradicionais de transmissão. Isto resulta na
dispensa da necessidade de condicionamento de potência, não existindo, portanto, perdas por
conversão de frequência, que normalmente resultam em uma penalidade de 5% de eficiência
[17].
A menor velocidade de rotação predispõe a aplicação de mancais lubrificados a óleo,
que representa um mancal mecânico de tecnologia mais tradicional e consolidada que aquela
de mancais de ar. Entretanto, em consequência de sua aplicação, tem-se a necessidade de
bomba de óleo, sistema de filtragem e de resfriamento de óleo, que constituem em linhas
gerais o sistema de lubrificação referenciado. Tão logo, o modelo de eixos desconectados traz
como requisitos básicos a necessidade de caixa de engrenagem e sistema pressurizado de
lubrificação a óleo, equipamento de sincronização e relés discretos de proteção para conexão
com a rede elétrica, e sistema separado de partida. Disto se observa, em comparação para
com um modelo de eixo simples, que a adoção deste tipo de microturbina predispõe uma
unidade de maiores exigências de manutenção.
12
Tipicamente os modelos de microturbinas são projetados como de eixo simples,
particularmente pelo fato desses possuírem apenas uma parte móvel, requererem baixa
manutenção e apresentarem alta confiabilidade. Neste caso, o conjunto apresenta altas
velocidades de rotação, em alguns casos excedendo 100.000 rpm a depender da
especificidade do projeto do compressor e da turbina. Para efeito de referência, turbinas a gás
de médio e grande porte operam em velocidades que variam entre 3.000 rpm até rotações
entre 15.000 e 20.000 rpm a depender da potência especificada para o conjunto e propósito de
aplicação, i.e. geração termelétrica ou acionamento mecânico.
13
geração de uma potência elétrica de alta frequência, modelos de eixo simples requerem uma
unidade de condicionamento de potência com controlador digital, retificador e inversor para
tornar a potência gerada utilizável, existindo, assim, uma penalidade de eficiência pela
conversão de frequência.
Uma outra implicação da alta velocidade de rotação em microturbinas de eixo simples,
é quanto à suportação do eixo girante, em que mancais de ar se tornam necessários, sendo
tipicamente mais caros que mancais convencionais como os de rolamento ou lubrificados a
óleo, embora dispensem sistemas de lubrificação. Em mancais de ar, a alta velocidade de eixo
é suportada aerodinamicamente em um filme de ar, de modo a garantir baixo atrito e
estabilidade durante operação normal, além de minimizar desgaste e vibração. A grande
incerteza quanto à aplicação destes mancais, que vem sendo desmistificada [17], é quanto à
confiabilidade dos mesmos para variados ciclos de partida e parada, e súbitas variações de
carga durante sua operação, em que até que se atinja suficiente velocidade de eixo existe
contato metal-metal pelos elementos deformáveis (conjunto folha de topo e folha flexível)
serem responsáveis por distribuir os esforços resultantes para efeito de suportação.
Em microturbinas a gás de eixo simples, a aplicação de um inversor bidirecional na
arquitetura eletrônica de potência do sistema da microturbina, mais especificamente no sistema
de alimentação com retificador e no inversor de saída, permite que o gerador síncrono magneto
permanente também atue como motor de partida, duplicando a sua função. Nesta condição, o
gerador atuará como motor até que seja alcançada uma suficiente velocidade de eixo, tal que
permita o suprimento de ar pelo compressor para a câmara de combustão que resulte em uma
combustão autossustentada, momento em que o gerador retorna à sua função elementar de
geração de potência elétrica.
Tão logo, ao se utilizar na partida do grupo gerador a frequência e voltagem da rede
elétrica, a sincronização do equipamento é por definição automática e possibilita que o mesmo
tenha capacidade de operar, tanto em modo conectado à rede elétrica quanto em modo
autônomo (stand-alone), i.e. independente ou isolado da mesma. Sendo assim, iniciada a
partida, potência é absorvida da rede até que seja alcançada uma velocidade autossustentável,
a partir da qual a arquitetura do sistema eletrônico impõe uma saída de potência pelo nível de
ajuste de potência e de modo sincronizado com a forma de onda da rede.
Como resultado da combinação dos modos de operação citados, o que usualmente é
referenciado como capacidade de operação Dual-Mode [19], identifica-se que a microturbina
pode operar tanto como um gerador de potência em tempo integral quanto como um
equipamento em espera para suprimento de carga em eventos de emergência, tal qual uma
interrupção de fornecimento pela rede elétrica. Ou seja, quando em modo isolado basicamente
a microturbina disponibilizará eletricidade na proporção para equivaler as cargas que estão
14
sendo alimentadas, variando conforme a demanda e suportando as cargas em termos de
necessidade de voltagem e potências ativas e reativas.
Em caso de falha, i.e. falta de energia pela central de utilidades da instalação ou
concessionária, usualmente se faz uso de um controlador automático, que transfere o sistema
para o modo isolado. Neste caso, uma unidade armazenamento supre a potência necessária
para a partida. A unidade de armazenamento é tipicamente baseada em bateria elétrica na
forma de UPS (Uninterruptable Power Supply), onde o suprimento de potência é feito
alimentando o barramento de corrente contínua através do alimentador de potência. Nesta
configuração a microturbina apresenta capacidade de arranque autônomo (black-start
capability).
Quando na restauração da rede elétrica, o controlador assimila potência na mesma,
transferindo o sistema para o modo conectado. Para tanto, a microturbina é parada e reiniciada
a quente em paralelo com a rede elétrica, onde esta supre as necessidades de carga para a
partida. Este tipo de arquitetura eletrônica de potência poderia ser utilizado em um banco de
microturbinas operado em paralelo [19], onde um servidor de potência monitora a carga e faz a
equivalência entre demanda e potências de saída das microturbinas, em que uma ou mais
podem ser desligadas e reiniciadas, ou mesmo desaceleradas em uníssono para efeito de
compatibilização de carga.
A inclusão de um servidor de monitoramento de carga, que pode ser um dispositivo
medidor de potência associado à lógica de controle, permite que a microturbina seja utilizada
para acompanhamento de cargas em modo de operação isolado. Havendo o monitoramento, a
flutuação de demanda é assimilada pelo sistema, cuja arquitetura eletrônica controla a
microturbina para desacelerar ou acelerar conforme a necessidade de atendimento de cargas,
não havendo exportação para a rede elétrica. A exportação de potência elétrica usualmente
traz pouco ou nenhum benefício econômico [19], além de existirem restrições impostas pela
maioria das concessionárias para um sistema estar apto à exportação.
Apesar de ser referenciada como uma estratégia de controle e suprimento de
potência, o acompanhamento de cargas através de flutuação dinâmica do nível de potência de
saída não se caracteriza como uma prática recomendada pelo baixo desempenho da
microturbina em carga parcial [17]. Este tipo de estratégia implica em reduções de parâmetros
do ciclo em um efeito em cadeia que não é compensado e acaba por resultar em queda de
eficiência, que despenca na medida em que o percentual de carga se torna menor.
Em uma filosofia tradicional de controle, de modo sistêmico, o ajuste da velocidade de
eixo é realizado através de controle dinâmico da vazão de combustível. A redução desta
implica na diminuição, além da velocidade de eixo, também da vazão mássica de gás e
temperatura de entrada da turbina, de modo a resultar em uma menor potência disponibilizada
15
pelo conjunto a gás. Ainda que a diminuição da vazão mássica de fluido de trabalho minimize o
efeito de redução de eficiência que o decréscimo da temperatura de entrada da turbina resulta,
tem-se que a redução da velocidade de eixo implica em redução do aumento de temperatura e
relação de pressão do compressor, e menor variação de temperatura na turbina. Para o caso
de ciclos regenerativos, estando a temperatura do gás de exaustão fixada, a temperatura de
entrada deste no recuperador também o está, o que para uma efetividade estabelecida, resulta
em uma menor temperatura de entrada do ar na câmara de combustão, cuja a consequência é
a de acentuar o decréscimo da temperatura de entrada da turbina. Somando-se cada um
destes efeitos, tem-se como resultado direto uma menor eficiência global.
Uma alternativa [19], [25] e [26] para permitir que a microturbina tenha capacidade de
acompanhamento de carga sem regulação pela rotação e controle dinâmico de combustível, é
o uso de dois inversores de frequência separados, conectados eletricamente ao sistema de
alimentação retificador de potência para resultar em um sistema de potência de precisão. A
proposta básica é a de garantir que a microturbina não enxergue flutuações de carga ou
variações bruscas de demanda e opere em plena rotação na condição de máxima eficiência
com o máximo fator de carga possível.
Nesta seção, em suma, procurou-se contextualizar a estratégia utilizada para o
desenvolvimento dos estudos em carga parcial desta dissertação. Nesta, basicamente se
considerou a estratégia tradicional de operação [19] com regulagem da potência por variação
de velocidade de eixo e controle dinâmico da vazão de combustível em função da vazão de ar
oriunda do compressor, de modo a se mostrar compatível com os estudos apresentados por
SHIH and LIU [7] e [8] em que estes observaram parâmetros do combustor, como eficiência,
perda de pressão e grau de homogeneização da temperatura na descarga em diferentes
rotações.
16
encontram próximas de um limite assintótico, para o qual estudos de CFD poderiam trazer
apenas ganhos marginais de eficiência. Além disso, de modo geral as eficiências mecânica, de
combustão e do gerador já se encontram em patamares elevados [27].
Tendo em vista estes fatos, em microturbinas existem poucas margens para que
sejam alcançados ganhos de eficiência significativos. De modo que basicamente, dois são os
parâmetros cujo aumento poderia resultar em ganhos de eficiência, a saber, temperatura de
entrada da turbina e efetividade do recuperador. Isto é identificado prontamente na própria
aplicação de um ciclo regenerativo em substituição a um ciclo simples, em que para uma
microturbina convencional [17], a aplicação de um recuperador com 90% de efetividade
resultaria em um aumento da eficiência do conjunto de 14% em ciclo simples para 26%.
Nos desenvolvimentos iniciais de microturbinas a gás, particularmente automotivos,
ciclos regenerativos foram adotados a partir da aplicação de regeneradores de matriz na forma
de disco rotativo em detrimento de recuperadores. Os mesmos eram preferenciados devido à
sua caracteristicamente maior efetividade e grau de compacidade. No entanto, por efeito de
problemas de trincamento e de selagem entre os fluidos de alta pressão e baixa pressão
durante a rotação [27], acabaram em segundo plano frente aos recuperadores para o
desenvolvimento das microturbinas a gás de primeira geração.
Normalmente o recuperador representa o componente mais caro de uma microturbina.
Considerando que a efetividade constitui seu parâmetro base de caracterização, definindo-se
fundamentalmente como a relação entre o calor efetivo transferido e o máximo calor possível
de se transferir, é através do aumento da mesma que se busca melhorias de desempenho.
Entretanto, tendo em vista que a complexidade da superfície de transferência de calor em
trocadores compactos se encontra em um patamar elevado de eficiência para o qual estudos
de otimização em CFD levam a pequenas melhorias, usualmente a única maneira de se obter
incrementos é pelo aumento das dimensões e peso do recuperador, o que impõe restrições
econômicas para um dado aumento de efetividade.
O principal fator que contribui para o elevado custo do recuperador é a metalurgia
empregada. Esta deve ser suficiente para garantir um tempo de operação mínimo de 40.000 h,
sendo a temperatura de entrada do gás de exaustão em adjunto da relação de pressão, os
parâmetros principais para a seleção de material. Desse modo, considerando os requisitos de
limite de resistência mecânica, resistência à corrosão, oxidação e fluência para uma
temperatura no entorno de 650ºC, matrizes totalmente metálicas apenas podem ser fabricadas
com material de suficiente teor de níquel. Isto levou ao requisito básico dos recuperadores das
microturbinas de primeira geração serem convencionalmente fabricadas em aço inoxidável
austenítico tipo 347 [27].
17
Apesar da aplicação de um recuperador ser caracteristicamente intrínseca para a
concepção de uma microturbina a gás, justamente pela questão da limitação de eficiência,
nesta dissertação se adotou preliminarmente um ciclo simples para possibilitar o estudo do
efeito da rotação na combustão. Esta escolha é mencionada como preliminar, pois apesar de
não existir atualmente uma alternativa para a concepção de um combustor com carcaça
rotativa que inclua a adoção de um recuperador no ciclo térmico, inovações como a de um
recuperador tipo swiss-roll [28] e [29] poderiam ser estudadas de modo a viabilizar este tipo de
concepção. Entretanto, este tipo de especificação excederia o escopo desta dissertação, pois
implicaria na necessidade de projeto e dimensionamento de um recuperador compatível para
com a concepção de um combustor de carcaça rotativa, pois o ar admitido no combustor teria
sua especificação atrelada à saída do recuperador. Sendo assim, o próprio ciclo térmico e as
condições de contorno para o dimensionamento do combustor demandariam análises de inter-
relação e retroalimentações entre os componentes do conjunto para que se mostrassem
efetivas em um contexto de projeto e, além disso, a própria concepção do recuperador se
caracterizaria pelo ineditismo para o seu desenvolvimento.
Outro componente que também é afetado pelo aumento de temperatura é a câmara de
combustão [30]. Nesta, o impacto da temperatura é principalmente referente ao controle do
NOx, de modo que aumentos de eficiência do ciclo regenerativo predispõem um maior potencial
para a formação daquele. Isto implica diretamente na exigência de projetos mais sofisticados
de câmara de combustão para efeito de controle do nível de NOx, pois caracteristicamente
microturbinas apresentam como atrativo o baixo nível de emissão.
O nível de NOx tem impactos significativos, pois também afeta a flexibilidade
operacional, que em linhas gerais para microturbinas visa atender o propósito da diversificação
de meios de geração de potência e redução de custos das redes de distribuição de energia
com enfoque de alcançar comunidades isoladas. Isto está diretamente associado ao fato de
que as microturbinas foram engendradas de modo a permitir versatilidade quanto ao tipo de
combustível, entre combustíveis gasosos e líquidos.
Apesar das microturbinas serem projetadas convencionalmente para operar a gás
natural [17], [19] e [30], outros combustíveis alternativos figuram como propostas atrativas para
um escopo de versatilidade. Dentre estes podem ser citados: gases ácidos de alto teor de
enxofre e baixo poder calorífico; biogases e gases efluentes que seriam descartados na
atmosfera ou queimados em flares (gases de aterros sanitários, de plantas de tratamento de
esgoto ou fábricas digestoras, etc.); além de combustíveis líquidos como gasolina, querosene,
óleo diesel, gasóleo de aquecimento, metanol, etanol e biocombustíveis.
Para serem capazes de operar com variados combustíveis, o projeto tradicional de
microturbinas deve prever um sistema de combustível suficientemente robusto e apropriado
18
para atender a potência nominal independente da qualidade do combustível. Sendo uma
máquina de fluxo, isto é feito através da variação da vazão mássica de combustível em
correspondência a uma regulagem do sistema de combustível por meio de válvula de controle
sobredimensionada para lidar com variados volumes de fluido.
A qualidade de um combustível em um escopo de versatilidade além de impactar o
projeto do sistema de combustível, também tem reflexos no projeto da câmara de combustão e
da turbina. Tanto combustíveis gasosos quanto líquidos na figura de subprodutos, dentro das
particularidades de cada um, irão trazer impactos no projeto dos sistemas mencionados.
Subprodutos gasosos apresentam em sua composição, além de metano, inertes como CO2 e
N2, e substâncias nocivas à integridade da turbina como H2S, umidade, sólidos e siloxanos. Por
outro lado, combustíveis líquidos apresentam como fatores mais significativos, a pureza e
umidade, o teor de NOx e a viscosidade, tendo impacto direto na qualidade da nebulização e,
consequentemente, na temperatura e estabilidade da combustão.
19
implicar em máquinas mais compactas e de menor comprimento. Em contrapartida, definindo-
se por um escoamento intensamente turbulento de combustão, tais câmaras se tornam
marcadas por fenômenos caracteristicamente transientes para os quais o acoplamento entre os
mesmos é fortemente não linear. Isto dificulta a implementação de métodos numéricos com
suficiente capacidade para capturar os detalhes do escoamento sem a exigência de acentuada
demanda de processamento computacional. Acrescenta-se que este último fato se torna ainda
mais crítico se considerarmos que as regulações ambientais vêm se tornando cada vez mais
rígidas, o que exige um melhor entendimento e controle sobre os mecanismos de combustão e
estruturas de chama, e níveis de emissão dos gases de exaustão, particularmente no que se
refere a CO e NOX.
Nesse sentido, enquanto outros componentes de uma turbina a gás são mais
acessíveis ao tratamento teórico, câmaras de combustão apresentam certas limitações neste
aspecto. Fundamentalmente, em um projeto de câmaras de combustão, o principal problema é
o de alcançar o melhor ajuste entre variados requisitos conflitantes, i.e. a tendência atual [31]
de diminuição do comprimento, tamanho e peso do combustor implica em restrições quanto à
taxa de liberação de calor, grau de homegeinização (Pattern Factor) e aumento da temperatura
de saída, além dos próprios requisitos de emissão. É neste aspecto que abordagens numérico-
computacionais se mostram eficientes para preliminarmente aperfeiçoar este componente
antes de serem realizados testes para garanti-lo. Vale frisar que tais testes devem ser feitos de
forma independente dos demais componentes, o que os torna ainda mais complexos. Em
relação ao tratamento teórico da câmara de combustão, este representa um ponto de partida,
podendo servir como base para pelo menos fornecer uma visão qualitativa da provável
performance da mesma.
Câmaras de combustão trazem em si grandes desafios de projeto [31], pois exigem
que novos conceitos e tecnologias sejam testados para satisfazer os regulamentos no que
tangem as emissões atuais e as projetadas, e ainda prover conservação de energia. Desse
modo, devem possuir baixos níveis de NOx, CO, fuligem, entre outros poluentes, que para
serem atingidos no nível de controle requerido necessitam de um entendimento claro dos
processos físicos e químicos que ocorrem durante a combustão. Dentre os principais tópicos
de pesquisas em câmaras de combustão de turbinas a gás [3] se destacam: instabilidade
termoacústica; estruturas de escoamento coerentes; estabilização de chama; emissão de
poluentes; efeitos de mistura e interação entre turbulência e química; flexibilidade de
combustível; retorno de chama (flashback); e o potencial de novos sistemas de combustão.
As vias de análise que se complementam se dividindo em numéricas e experimentais,
deverão ter como objetivo final o desenvolvimento de modelos confiáveis de sistemas de
câmaras de combustão que possam prover previsões de forma quantitativa e precisa das
20
características do campo de escoamento complexo de combustão, de modo que o projeto de
um sistema ótimo de combustão possa ser alcançado dentro de restrições adequadas de custo
e prazo. Dentro deste escopo, o desenvolvimento de modelos computacionais que descrevam
em detalhes fenômenos como o de formação e química da fuligem, e de estrutura da chama,
além de mecanismos de interações entre gotas, incluindo interações gota-gota, e entre
turbulência e química, torna-se fundamental. Suplementando ou complementando os modelos
computacionais, os estudos experimentais, seja em escala laboratorial real ou de protótipos,
tornam-se importantes para prover os efeitos isolados de química, mistura combustível ar-gota,
injeção e geometria da câmara de combustão, swirl de ar de combustão e distribuição do
escoamento.
De forma geral, os tipos de câmaras de combustão podem ser diferenciados em
tubular, aplicados tipicamente em pequenos conjuntos a gás, e anular, reconhecidos os mais
compatíveis em termos da associação para com os compressores axiais. A combinação entre
estes dois tipos se perfaz no que se convencionou definir por câmaras tubo-anulares, de porte
caracteristicamente maior, entretanto factível para empregos estacionários, nos quais o espaço
ocupado pela câmara tem importância secundária. É com base neste tipo que se estabelecem
as turbinas a gás aeroderivativas para fins de geração termelétrica. A escolha por um tipo
particular e do layout do combustor [32] é determinada em grande parte pelo projeto global do
motor e pela necessidade de uso do espaço disponível da forma mais efetiva possível.
Além da geometria, a classificação de combustores também é estabelecida pela
distribuição de ar e pelo tipo de injeção de combustível. Tradicionalmente, quanto à distribuição
de ar, os combustores podem ser de fluxo direto (usual em turbinas aeronáuticas) ou reverso
(turbinas heavy-duty ou frame-type), existindo alternativas que visam facilitar ou otimizar o
processo reativo através do aproveitamento do calor de gases de exaustão (combustores
regenerativos) ou pela indução de um único vórtice na zona primária (combustor de vórtice
simples); ou minimizar a formação de poluentes, i.e. combustores estagiados, de geometria
variável, completamente pré-misturados ou catalíticos.
Os textos de FHLOR and STUTTAFORD [2] e MELCONIAN and MOLDAK [33] são
excelentes referências para maiores detalhes sobre as diferentes alternativas de combustores
no que tangem as estratégias de projeto mencionadas. Para o caso desta dissertação,
considera-se suficiente nos itens subsequentes uma descrição mais apurada das
particularidades dos combustores de difusão e de baixa emissão (DLE), tendo em vista que faz
parte do escopo o dimensionamento e análise de um combustor tubular e o estudo do
combustor DLE SGT-100.
21
1.3.1 Combustores de Difusão
22
lugares geométricos de pontos onde a velocidade do ar é igual à velocidade de chama. Tal
estabilização pode ser alcançada pela criação de um fluxo reverso toroidal que arrasta e
recircula parte dos gases combustíveis para misturar com ar e combustível de entrada. Para o
caso de uma estabilização por swirl essa estrutura é obtida pela transmissão de uma
componente de velocidade swirl ao ar de entrada através de geradores de swirl que aplicam
um movimento em espiral ao escoamento, que internamente ao combustor se espalha
conforme se movimenta a jusante e, como resultado das forças centrífugas, cria uma região de
baixa pressão no centro do escoamento. Esta, em um determinado ponto a jusante, implica na
desestabilização e colapso dos vórtices interiormente a si mesmos (vortex breakdown) que
estabelece a zona de recirculação no centro do escoamento.
Figura 1.1. Caracterização das regiões típicas de um combustor de difusão, incluindo a fração
de ar distribuído entre as diferentes zonas. Fonte: Adaptado de BOYCE [1].
O uso do swirler representa uma das alternativas mais comuns para a ancoragem e
estabilização da chama, neste caso induzindo a recirculação por turbilhonamento através de
palhetas direcionadoras axiais ou radiais (ver Figura 1.2) adaptadas no domo e no entorno do
bocal de combustível que estabelecem uma forte estrutura vortical. O swirler [33] consiste
basicamente de um conjunto de pás dispostas em um determinado ângulo de montagem
(ângulo stagger), sendo a recirculação estabelecida pelo mesmo em função, para típicas
perdas de pressão, do grau de swirl, da própria perda de pressão e do ângulo de divergência
da parede adjacente. Ainda, tal recirculação induzida é aumentada pela vazão de ar
proveniente dos furos primários, que para uma certa quantidade se evidenciou [33] estar
23
ativamente envolvida na formação daquela. Ou seja, a distribuição do balanço de momentum
axial e rotacional na zona primária deve ser adequadamente projetada para que se alcance
uma região de baixa pressão no eixo do combustor de modo que se promova a recirculação da
chama em direção ao bocal de combustível, em que a admissão de ar pelos furos do liner
suprem uma certa quantidade de ar ao centro vortical levando à chama a crescer uma
determinada extensão.
Figura 1.2. Tipos de swirlers convencionais com destaque às linhas de corrente características
associadas aos mesmos. Fonte: Adaptado com base em LEFEBVRE [32] e
ELDRAINY et al [34].
24
plalhetas são planas, entretanto, existem aplicações onde palhetas curvas podem ser
preferenciadas devido ao maior potencial das mesmas para melhores propriedades
aerodinâmicas. O grau de swirl ou número de swirl (SN) é o parâmetro adimensional que
melhor caracteriza os geradores de swirl quanto à quantidade de rotação transmitida ao
escoamento axial. O critério geral proposto por BEER and CHIGIER [35] se estabelece tal qual
apresentado na Equação (1.1), podendo ser reformulado para a Equação (1.2) [34], onde Gm,
Gt, Dsw, u, w, ρ, r e R, representam, respectivamente, os momentum angular e linear do fluxo
axial, o diâmetro externo do swirler, os componentes axial e tangencial de velocidade, a massa
específica, a coordenada radial e o raio do swirler. Para SN < 0,4 [32] o swirl transmitido é
considerado fraco, não sendo observada a recirculação, de modo que em termos práticos
geralmente são adotados swirlers com SN > 0,6.
2Gm
SN =
(Dsw Gt )
(1.1)
∫ (ρ.u.w.r ) dr
2
SN = 0
R (1.2)
(
R ∫ ρ.u2r dr )
0
25
primária é decisivo, pois deve garantir o processo de combustão evaporando o combustível e o
difundindo com o ar para a formação de uma mistura explosiva; e prover uma zona de
recirculação abarcada para a ignição e estabilização da mistura explosiva recirculando parte
dos produtos quentes e o resfriamento das paredes do tubo de chama, devendo, para tanto, as
vazões serem adequadamente distribuídas entre os trajetos pelo swirler, para resfriamento do
domo e pelos orifícios de admissão. Em complementação a estes requisitos, considerando que
usualmente em combustores de difusão a zona de combustão é formada pelas zonas primária
e secundária, o projeto da zona primária também deve ser especificado de forma a queimar
suficiente mistura e viabilizar a queima completa na zona secundária. Esta é responsável por
receber os gases quentes que deixam a zona primária e, através de gradual admissão de ar,
completar o máximo de combustão na menor distância possível.
Idealmente, todo o combustível deve ter queimado na extremidade da zona de
queima, de forma que a zona de diluição sirva apenas para misturar o gás quente com o ar de
diluição, sendo isto o usual ainda que a combustão não tenha se completado na zona de
queima, pois a adição de ar de diluição por ser muito abrupta provoca arrefecimento
prevenindo a finalização. Entretanto [1], vale mencionar que em alguns casos nos quais a zona
de queima opera com riqueza elevada, certa combustão também ocorre na zona de diluição.
Em termos práticos [33], a zona de diluição tem a função de reduzir a temperatura bulk
(temperatura média de mistura dos gases de combustão) a um nível aceitável em relação aos
limites admissíveis pelo bocal das palhetas direcionadoras e pela turbina, devendo a mistura
entre os gases quente e frio ser realizada na menor distância e com a menor perda de pressão
possível. O esquemático apresentado na Figura 1.3 resume as particularidades de cada zona
do combustor referenciada precedentemente quanto às distribuições ar/combustível (razão de
equivalência) e de temperatura, faixas de eficiência, linhas de corrente e tamanhos
característicos para duas condições de entrada de ar, valendo destacar que estes dependem
fundamentalmente da função esperada para o combustor e das escolhas de cada projetista.
O parâmetro que melhor caracteriza a efetividade da zona de diluição é o grau de
homogeinização da temperatura de saída do combustor, i.e. Traverse Quality (TQ) ou Pattern
Factor (Equação (1.3), onde os subscritos ave, max, 3 e 4 referem-se, respectivamente, à
temperatura média e máxima, e à entrada de ar e saída do combustor), devendo o projetista
atender um determinado grau requerido para os perfis radial e circunferencial de temperatura,
que usualmente [33] é de 0,25 em aplicações aeronáuticas e 0,1 em industriais. LEFEBVRE
and BALLAL [32] descrevem a relevância da distribuição de temperatura na saída como um
dos parâmetros mais importantes, embora, simultaneamente, um dos mais complicados de
lidar no projeto e desenvolvimento do combustor de uma turbina a gás, tendo em vista que o
processo final de mistura é afetado de forma intrincada pelas dimensões, geometria e perda de
26
pressão no liner, incluindo o tamanho, forma e coeficientes de descarga dos orifícios no
mesmo, pela distribuição do escoamento entre as variadas zonas e de temperatura dos gases
que entram na zona de diluição. Sendo assim, espera-se que a temperatura transversal
também varie com a pressão, que em termos de magnitude desta variação se altera de uma
câmara para outra, a depender do projeto e, particularmente, do comprimento.
T4(max) − T4(ave)
TQ = (1.3)
T4(ave) − T3(ave)
Devido à alta rotação [33], as pás da turbina têm sua vida mais precisamente
especificada pela distribuição de temperatura radial na saída do combustor, devendo este perfil
ser engendrado de modo que as pás sejam mais frias na raiz do que nas extremidades. Soma-
se isto o fato de que o pico de temperatura geralmente afeta a vida das palhetas
direcionadoras da turbina. Portanto, considerando a sensibilidade do parâmetro TQ à
distribuição e ao pico de temperatura na saída do combustor, o mesmo se apresenta como
uma relação fundamental na inter-relação entre os projetos do combustor e da turbina. A
uniformidade do perfil de temperatura na saída do combustor também afeta [1] o nível de
aproveitamento da TIT, implicando que um elevado gradiente na saída resultará em uma menor
27
temperatura média do gás e, consequentemente, em uma redução da potência de saída e da
eficiência. Neste sentido, BOYCE [1] define que TQ deve ter um valor reduzido nas palhetas
direcionadoras para um range fixado entre 0,05 e 0,15.
A velocidade [1] é um importante critério no desenvolvimento de um combustor,
especialmente no que tange à estabilização da chama, sendo usualmente adotada uma zona
de transição antes da zona primária, i.e. projeto do difusor, de maneira que a alta velocidade do
ar oriunda do compressor seja difundida a menores velocidades e maiores pressões, de modo
a ser distribuída no entorno do liner do combustor. Isto com o propósito de que o ar das zonas
secundárias e de diluição sejam unicamente adicionados posteriormente a completação das
reações primárias, implicando que o ar de diluição seja adicionado gradualmente de maneira a
não extinguir a reação.
Fundamentalmente [33], a performance de um combustor é afetada pela eficiência de
combustão, perda de pressão, pelos limites de estabilidade e pelo perfil de temperatura na
saída. A eficiência de combustão é essencialmente afetada pelas proporções de mistura entre
combustível e ar, qualidade de ignição e tempo de residência, devendo sempre ser próxima de
100%, sendo o tamanho do combustor crítico para uma operação próxima dos limites de
intensidade. Neste contexto, a velocidade de referência, i.e. velocidade teórica para um fluxo
do ar de entrada do combustor através da máxima seção do casing (entre 24 a 41 m/s para
combustores de turbojato de fluxo direto [1]), que pode ser associada para com o volume de
combustão, quando em valores elevados afeta adversamente a eficiência, o mesmo podendo
ser dito sobre baixas temperatura e pressão de entrada. Do ponto de vista global [11], a
eficiência pode ser avaliada conforme a Equação (1.4), em termos da temperatura de
estagnação média para uma dada relação ar/combustível (AC) ou razão de equivalência (φ),
representando uma forma mais direta de avaliação em comparação à definição fundamental
baseada na razão entre a energia efetiva liberada e a quantidade teórica obtida.
∆T3 − 4(efetivo )
ηc = , para um dado AC (ou φ) (1.4)
∆T3 − 4( teórico)
28
que resulta tanto em perda de potência quanto maior consumo específico de combustível, i.e.
1% de perda de pressão resulta em cerca de 1% de redução na potência de saída e em um
aumento de 1% no consumo de específico de combustível. Uma forma de representar a perda
de pressão (PLF) é aquela apresentada na Equação (1.5), considerando a diferença na
pressão total entre a saída do compressor e a entrada da turbina.
∆P3 − 4(abs)
PLF = (1.5)
∆P3(abs)
29
chama utilizando apenas uma pequena parcela do ar injetado no combustor, o que resulta em
níveis elevados de emissões de NOx.
Considerando a forte correlação existente entre a temperatura de chama e a formação
de NOx térmico, caracteristicamente projetos de combustores de turbinas a gás sempre devem
ser desenvolvidos para operar na região pobre (φ > 1) [1], considerando que no mecanismo
térmico, a formação de NOx cresce abruptamente na medida em que se aumenta a riqueza da
mistura até alcançar um pico na condição estequiométrica (máxima temperatura de chama),
decrescendo acentuadamente na medida em que a combustão se torna mais pobre e distante
deste ponto. Entretanto [1] e [32], apesar da produção de NOx crescer com o aumento da
temperatura, a quantidade de CO e de hidrocarbonetos não queimados (UHC) formada diminui
com a mesma, de modo que o desafio em um projeto de combustor é justamente o de buscar
uma relação de compromisso entre tais emissões para não degradar a estabilidade da unidade
e atingir os requisitos especificados. Outro mecanismo de formação de NOx, que acentua a
complexidade do ajuste entre tais especificações, é o de NOx rápido que tem predominância
em baixas temperaturas em condições ricas de mistura (φ < 1), i.e. o mecanismo térmico tem
predominância em temperaturas acima de 1.500ºC [1]. Este mecanismo se caracteriza pela
produção prematura de NO na região da chama [32], sendo de particular interesse na
combustão pré-misturada pobre.
Um composto relevante ao contexto de projeto de combustores é o monóxido de
carbono, considerando que este e a parcela referente a hidrocarbonetos não queimados,
representam poluentes associados a ineficiência do processo de combustão [32], demandando
que a eficiência de combustão exceda 96% e em nenhum ponto no range de operação seja
menor que 90%. A formação de CO está atrelada a uma operação rica em combustível da zona
de combustão, sendo resultado da falta de oxigênio suficiente para completar a reação a CO2,
também podendo ocorrer quando a mistura na zona de combustão é estequiométrica ou
levemente pobre como resultado da dissociação do CO2.
Na prática, as emissões de CO são muito maiores que aquelas previstas por cálculos
de equilíbrio e têm o nível mais elevado, o que está em conflito com as predições da teoria de
equilíbrio, em condições de baixa potência, onde as taxas de queima e picos de temperatura
são relativamente baixos, sugerindo que a maior parte do CO formado é devido a combustão
incompleta do combustível. Essencialmente a formação de CO em combustores de turbinas a
gás é estabelecida a partir de um ou mais dos seguintes fatores: taxas de queima inadequadas
na zona primária, devido a relações ar/combustível muito baixas e/ou tempo de residência
insuficiente; mistura inadequada entre combustível e ar, que produz algumas regiões onde a
intensidade da mistura é muito fraca para suportar a combustão, e outras nas quais a riqueza é
muito elevada resultando em altas concentrações locais de CO; e arrefecimento brusco
30
(quenching) dos produtos pós-chama por arrastamento no ar de resfriamento das paredes do
liner, especialmente na zona primária.
O grande problema associado à formação de CO [32] é o de que o mesmo, uma vez
formado, é relativamente resistente à oxidação, ocasionando que em muitos sistemas práticos
sua oxidação tenha uma velocidade de reação determinada com base na realização da
combustão completa. Caso contrário, sua redução a um nível extremamente baixo seria
possível através da admissão estagiada de ar adicional a jusante para atingir uma gradual
redução da temperatura do gás queimado. Fatores como as temperaturas de entrada, pressão
de combustão e razão de equivalência da zona primária são os principais em termos de
influência na formação de CO. No que se refere à razão de equivalência, conforme evidenciado
em alguns estudos [32], existe um patamar ótimo (localizado em um estreito range próximo de
0,8) onde a formação de CO é mínima, em que a diminuição da razão de equivalência leva a
baixas taxas de oxidação associadas a baixas temperaturas de combustão e o aumento, a uma
elevação da taxa de reação, que não surte o efeito desejado pela falta de oxigênio necessário
para a conversão do CO em CO2 e H2O, de modo que ambas as situações resultam em
maiores níveis de emissão de CO. Ainda, para um aumento da razão de equivalência que
implique em temperaturas de chama acima de 1.800 K existe também a produção de CO por
dissociação química de CO2, o que agrava a situação.
Alternativas [32] para a redução dos níveis de emissão de CO e UHC todas seguem
uma filosofia comum de aumento da eficiência de combustão, considerando que a presença
destas espécies nos gases de exaustão é uma manifestação de combustão incompleta.
Maneiras efetivas para esse propósito são modificações que melhorem a intensidade e a
qualidade de combustão na zona primária como a redistribuição do fluxo de ar para que a
mesma tenha uma razão de equivalência entorno de 0,8 e uma adequada misturação entre
combustível e ar nessa região, pois misturas pobres podem produzir localmente, ou regiões
nas quais a intensidade de mistura é muito pobre para uma apropriada taxa de queima, ou
muito ricas que implicam em falta de O2 para a conversão de CO e UHC. Ainda, o aumento do
volume da zona primária e/ou do tempo de residência nessa, e a redução do ar de resfriamento
das paredes do liner pela mesma também propiciam melhores níveis de emissão.
A concentração de poluentes na exaustão pode ser mensurada em unidades ppmv
(partes por milhão por volume) com base nas condições de pressão e temperatura daquela e
com referência ao volume molar de um gás ideal na CNTP (Condições Normais de
Temperatura e Pressão), i.e. V = 22,71 m3/kmol; P = 100 kPa; e T = 0ºC. Neste tipo de
abordagem, a concentração de CO na saída do combustor pode ser expressa tal qual a
Equação (1.6), onde ci é a concentração molar da espécie poluente avaliada e o subscrito ex
as condições na saída do combustor. Outra maneira de retratar as emissões em um combustor
31
é através do índice de emissão, i.e. EI (Emission Index), em unidades g/kg de combustível. O
índice de emissão tem sido a forma preferenciada [40], pois é independente da diluição do gás
de exaustão e da eficiência de combustão do sistema, revelando de forma inequívoca a
quantidade de um dado poluente produzido por unidade de massa de combustível. Este tipo de
formulação pode ser representado tal qual a Equação (1.7), onde Χ é a fração molar, i um
subscrito que referencia a espécie poluente avaliada, n o número de mols de carbono em um
mol de combustível hidrocarboneto, MW o peso molecular e f um subscrito referente ao
combustível.
V ⋅P [c i ] T
[c ]ppmv = ⋅ 10
6
(1.6)
T CNTP P ex
Χi n ⋅ MWi
EIi = MW ⋅ 10
3
(1.7)
CO
Χ + Χ CO2 f
32
1.3.2 Combustores de Baixa Emissão
33
Figura 1.4. Gráfico comparativo entre diferentes tecnologias quanto aos efeitos da relação
ar/combustível na temperatura de chama e nas emissões de NOx. À direita são
apresentados esquemáticos característicos de um combustor de baixa emissão e
de um combustor convencional. Fonte: Adaptado de BOYCE [1].
34
limite geralmente é excedido, e a estabilidade apenas é alcançada revertendo para um
processo de combustão não pré-misturada, o que implica na necessidade de estagiamento
para que a combustão pré-misturada opere na mais larga faixa de operação possível,
resultando em diferentes modos de operação para tal propósito [1]. O principal motivo da
estratégia de resolução por estagiamento em combustores pré-misturados se deve ao limite
pobre de estabilidade da chama da combustão pré-misturada [2].
Caracteristicamente, combustores de baixa emissão apresentam um ou mais circuitos
de injeção de combustível e bocais de combustível. Através do uso de múltiplos bocais para a
injeção de combustível é buscada uma ampliação da distribuição espacial do combustível para
efeito de otimizar a pré-mistura e atomização dos gases no combustor. No que se refere aos
circuitos, de forma geral, o combustível principal, cerca de 97% do total, é injetado
imediatamente a jusante do swirler na entrada da câmara de pré-mistura. O piloto é injetado
diretamente na câmara com pouca ou isento de pré-mistura, o que implica que sempre uma
pequena porção de combustível é queimada rica para prover uma zona de pilotagem estável,
enquanto o restante é queimado pobre.
Para aumentar a estabilidade da chama é comum [1] a estratégia de uso de
combustão estagiada, que pode ser do tipo combustível estagiado ou ar estagiado. No primeiro
caso, o escoamento de combustível é dividido entre duas regiões, para que em cada condição
de operação o combustível alimentado seja compatível com a quantidade de ar disponível.
Para o tipo ar estagiado existe um mecanismo que desvia uma parte do escoamento de ar da
zona de chama para a de diluição em baixa carga para aumentar a rangeabilidade.
A instabilidade da combustão, que nos combustores de difusão não se configura como
um problema típico a não ser em motores de pequena potência [1], está fundamentalmente
associada às zonas pobres ocasionadas pelo objetivo de queima de grande parte do
combustível de forma muito pobre para evitar a formação de zonas de elevada temperatura.
Devido à estrutura tridimensional complexa natural de qualquer combustor, sempre existem
certas zonas onde a condição de queima é menos atrativa e susceptível à queima oscilatória,
que em combustores convencionais representa um percentual significativo do total de calor
liberado apenas em condições de baixa potência. Entretanto, em combustores de tecnologia
DLE e DLN devido a maior quantidade de zonas pobres existe uma maior predisposição de
queima oscilatória em qualquer condição de potência. Isto associado à predisposição a
ressonância, pode levar que a amplitude de pressão em qualquer frequência de ressonância
rapidamente se intensifique e, devido à natureza tridimensional complexa do escoamento no
combustor, implique em modos de oscilação axiais, radiais e circunferenciais independentes ou
simultâneos que levam eventualmente a falha do combustor.
35
Além do problema de instabilidade da combustão, em combustores DLE e DLN os
fenômenos de autoignição e de retorno de chama (flashback) também se configuram como
problemas potenciais [1], podendo implicar em repentina perda de potência pela falha
assimilada pelo sistema de controle e consequente desligamento do motor. A autoignição
representa o acendimento espontâneo de uma mistura explosiva, que para uma dada pressão
e temperatura depende de um tempo finito até que ocorra (atraso de ignição), tal qual o
princípio de funcionamento de motores a diesel. Sendo assim, os módulos de pré-mistura
devem ser projetados de forma que o tempo de residência no tubo de pré-mistura seja menor
que o de autoignição, mas suficiente para uma mistura uniforme entre combustível e ar.
Previsões incorretas do atraso de ignição, variações da composição do combustível e a
ingestão de partículas combustíveis, além da subestimativa do tempo de residência, são
fatores que propiciam a ocorrência da autoignição nos combustores de baixa emissão.
O fenômeno de retorno da chama também se manifesta nos dutos de pré-mistura,
ocorrendo quando a velocidade local da chama supera a da mistura combustível e ar que deixa
os dutos, evidenciando-se em eventos transientes repentinos do motor, i.e. surge do
compressor. O efeito da perda de pressão da frente de chama na saída do duto de pré-mistura
amplifica o distúrbio causado, pois implica em uma redução da velocidade da mistura ao longo
do duto, prolongando a ocorrência do flashback. Considerando que a uniformidade da relação
ar/combustível na saída dos tubos de mistura é atingida normalmente por interação entre
escoamentos, a modelagem por CFD se torna essencial [1] para corretamente prever as
estruturas de swirl, camadas de cisalhamento e vórtices presentes nesses escoamentos,
garantindo o sucesso do processo de mistura e de que há uma suficiente margem de
segurança para evitar a autoignição.
Atualmente [2], combustores pré-misturados operam em níveis de NOx bem abaixo de
25 ppmv. Os desafios de projeto atuais se encontram justamente no desenvolvimento de
combustores com nível de emissão de NOx menor que 5 ppmv, i.e. tecnologia ultralow NOx. Os
combustores de pré-mistura pobre e variantes, adjunto de combustores com combustão
catalítica, representam as tecnologias mais promissoras para este propósito [32]. Uma
excelente referência no tocante aos principais desenvolvimentos e resultados para a redução
das emissões de NOx a dígitos unitários em combustores de turbinas a gás para aplicações
industriais é apresentada no texto de ANDREWS [42]. Neste é mencionado que existe
potencial para a redução em temperaturas de chama inferiores a 1.950 K, i.e. 1 ppmv a 1700 K,
2 ppmv a 1.800 K e 3 a 4 ppmv a 1.900K, sem influência da pressão operacional e com
margens de estabilidade de chama praticáveis.
36
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
38
STOPPER et al. [3] equiparam um conjunto queimador tipo swirl radial comercial e
piloto, modelo SITL DLE (Siemens Industrial Turbomachinery, Lincoln), utilizado em turbinas a
gás para a geração de eletricidade e potência mecânica entre 4,9 a 15 MW, com uma câmara
de combustão opticamente acessível e instalada em um aparato de ensaio HBK-S (High-
Pressure Combustor Rig Stuttgart) para efeito de teste em alta pressão. A câmara de
combustão utilizada nos experimentos foi engendrada de modo a apresentar dimensões
similares àquela de uma tubular de turbinas a gás SGT-100, porém com seção transversal
quadrada (165 [mm] de largura) para efeito de garantir acesso óptico, sendo que originalmente
tais combustores na versão comercial apresentação seção circular.
O queimador de capacidade bicombustível SITL DLE foi estruturado com o propósito
de promover uma mistura rápida entre combustível e ar precedentemente à combustão para
imprimir uma distribuição de temperatura de chama uniforme com enfoque a alcançar baixas
emissões de NOx. O swirler radial integrado é dotado de 12 canais retangulares, cada um com
múltiplos pequenos furos para a injeção de combustível que se mistura com o fluxo de ar.
A proposta do estudo de STOPPER et al. [3] foi a de variar parâmetros como a
pressão da câmara, entre 3 e 6 [bar], e a queda de pressão através do queimador, assim como,
consequentemente, a velocidade de admissão e o nº de Reynolds do escoamento, e a razão
de equivalência para estudar variadas chamas pré-misturadas de gás natural a 96,6% de CH4
e ar pré-aquecido em potências térmicas de até 1 [MW]. Particularmente, o grande diferencial
do estudo experimental se marcou pela investigação de escoamentos reativo e não reativo
(isotérmico) em elevadas pressões. Um dos objetivos foi o desenvolvimento de um banco de
dados para ser utilizado em validações de simulações numéricas com pretensão do estudo
servir como um caso teste padrão para a comparação de performance entre diferentes códigos
e implementações de CFD.
O fato da câmara ser opticamente acessível permitiu que se aplicassem técnicas de
medição a laser e ópticas para obtenção de detalhes sobre a complexa interação entre campo
de escoamento, combustão e modos acústicos do sistema, em termos de qualidade de pré-
mistura, interação turbulência-chama e processos não estacionários de combustão. Dentre as
variadas técnicas aplicadas, destacam-se a espectroscopia de espalhamento a laser Raman
1D para a determinação de PDFs conjuntas de concentração das principais espécies, fração de
mistura e temperatura. A mesma permitiu que pela primeira vez fossem quantificados
gradientes espaciais de fração de mistura e os efeitos de não mistura em condições de
operação realística.
Em termos de resultados do estudo, identificou-se que a variação dos parâmetros
estudados não teve influência na estrutura do escoamento reativo, que diferiu
significativamente daquela do não reativo, particularmente no tocante ao comprimento do
39
núcleo de vórtice central, tal qual se constata na Figura 2.2, e permitiu abstrair que
aparentemente a qualidade da pré-mistura turbulenta é bastante insensível a variações do
ponto de operação. Isto é particularmente interessante pela forte relação que a qualidade na
região de admissão resguarda para com o nível de emissões de NOx e com pulsações
termoacústicas que podem levar a flutuações espaciais e temporais da razão de equivalência.
No que se refere à Figura 2.2, à direita, observa-se os campos instantâneos e à esquerda, a
média de conjunto, tendo sido os campos médios obtidos para um total de 120 instantâneos
para o caso isotérmico e 80 para o caso reativo.
Figura 2.2. Linhas de corrente coloridas pela velocidade absoluta no plano yz para os casos
isotérmico (localizado acima, case iso) e reativo (localizado abaixo, case a), a partir
do bocal de pré-mistura. As setas identificam as direções do escoamento e a
coloração roxa na escala radial, o diâmetro do bocal de pré-mistura. Fonte:
Adaptado do texto de STOPPER et al. [3].
Observou-se que a estrutura média do campo de escoamento nos casos reativos foi
em grande parte pré-definida pelos parâmetros geométricos da câmara de combustão, como o
número de swirl e as dimensões relativas do bocal do queimador. Em oposição a isto, as
medições de PLIF de OH (Planar Laser Induced Fluorescence) revelaram uma forte influência
de parâmetros operacionais na corrugação da frente de chama. A estrutura da frente de chama
40
variou significativamente com Re desde frentes de chamas onduladas até fragmentadas e
fortemente corrugadas (Figura 2.3). O aumento da pressão intensificou a corrugação da
chama, além de ter evidenciado a presença de eventos locais de ignição e extinção que foram
associados com a interrupção da frente de chama em alguns pontos.
As medições de PLIF de OH se caracterizaram por informações qualitativas, sobre as
distribuições instantâneas dos radicais OH em um plano de simetria vertical da câmara de
combustão, sendo isto resultado dos efeitos de absorção que levam a erros sistemáticos nas
imagens, como a assimetria nas distribuições dos sinais. Os radicais de OH se evidenciam nos
produtos de combustão para temperaturas no entorno de 1.400 K. Na Figura 2.3, identifica-se
nos instantâneos da intensidade de PLIF de OH que as zonas coloridas em azul e roxo refletem
os produtos de reação; as zonas escuras, o afluxo da mistura não consumida entre combustível
e ar; e as regiões em laranja e amarelo, concentrações de superequilíbrio de OH
imediatamente depois da formação de OH na frente de chama. Este intenso gradiente no sinal
de PLIF entre o gás fresco que aflui e as concentrações de superequilíbrio, é um bom marcador
da localização da frente de chama, sendo visualizado claramente quando são aplicados filtros
Sobel nas imagens (ao centro, fotografias à esquerda na Figura 2.3), o que permite evidenciar
a corrugação da frente de chama pela turbulência. Para as fotografias do caso B na Figura 2.3,
nota-se claramente que a maior pressão intensificou acentuadamente a corrugação da frente
de chama, a ponto de em alguns locais a mesma parecer interrompida, podendo isto ser
resultado de eventos de ignição e extinção locais, tal qual mencionado.
Ainda na Figura 2.3, identifica-se nitidamente que as reações na frente de chama se
iniciam em duas zonas separadas, i.e. zona de chama interna e externa, sendo estas divididas
pelo afluxo relativamente frio de gás fresco para x < 40 mm e se fundindo mais a jusante. As
linhas pontilhadas nas imagens de média de conjunto marcam os máximos (PDF radial) dessas
duas zonas. Percebe-se pelas médias de conjunto na Figura 2.3 que a zona de chama interna
se inicia a montante das localizações com x < 0, o que indica que uma quantidade significativa
de reações se iniciaram no interior do bocal de pré-mistura. Quanto à zona de chama externa,
a mesma se desprende da saída do bocal por uma distância de 5 a 10 mm onde o afluxo da
mistura ar/combustível claramente não reage, embora já devam estar em contato com os
produtos quentes da zona de recirculação externa. Pelas fotografias do caso B, o aumento de
pressão, resultou que menos reações ocorressem na zona de chama externa, enquanto a de
chama interna, devido a maior frequência da frente de chama, se estendeu radialmente em
direção ao eixo do combustor. O aumento da pressão pelas imagens das medições de
luminescência química de OH* (fotos à direita na Figura 2.3), evidenciou um pequeno
decréscimo da altura de suspensão da chama, que pode ter sido resultado do menor tempo de
atraso de ignição e do aumento da velocidade chama turbulenta em maiores pressões.
41
Figura 2.3. À esquerda, mapas das medições de OH PLIF, onde as linhas pontilhadas marcam
as zonas de chama interna e externa. À direita, mapas da deconvolução da
intensidade da média das medições de luminescência química de OH*. Nesses, as
linhas segmentadas e cruzes indicam o término da zona de afluxo não reativa e os
locais com máxima liberação de calor, e as linhas pontilhadas as zonas de chama
interna e externa. Caso A: 3 bar; Caso B: 6 bar. A coloração verde na escala radial
indica o diâmetro do bocal de pré-mistura. Fonte: Adaptado do texto de STOPPER
et al. [3].
43
alteradas transladando o detector e o laser óptico por meio de um suporte translacional
bidimensional em 4 posições axiais x/D = 1,21; 1,44; 1,66; e 2.
Na parte numérica do estudo, aplicou-se o modelo LES-PaSR, cujas equações são
resolvidas na biblioteca do OPENFOAM C++ por um método de volume finito semi-implícito. O
código empregado faz uso de uma técnica compressível PISO (Pressure-based Implicit
Splitting of Operators) para lidar com o acoplamento de pressão-velocidade-densidade.
O modelo LES adotado é baseado em um de escoamento reativo, no qual a mistura é
assumida ser de fluido viscoso linear com condução por Fourier e difusão por Fick. A
viscosidade é calculada pela lei de Sutherland, enquanto que a condutividade e difusividade
das espécies o são pela viscosidade e constante de Prandltl e números de Schmidt. O LES
empregado utiliza equações de momentum, massa, energia e espécie filtradas implicitamente,
nas quais o fechamento dos tensores tensão de submalha e vetores de fluxo é feito pelo
modelo de mistura. Os termos filtrados da taxa de reação são modelados pelo PaSR (Partially
Stirred Reactor) que é um de multi-escala que se baseia no fato de que a combustão
majoritariamente ocorre em regiões de estrutura fina distribuídas em um entorno de baixa
atividade química. As taxas de reação são tomadas por ponderações da estrutura fina e
vizinhanças por meio de fração volumétrica. As equações de massa e energia de submalhas
são resolvidas em todas as células de LES para estrutura fina e temperaturas vizinhas, e
concentrações com um tempo de residência de estrutura fina.
A mistura térmica e calórica das equações de estado é obtida a partir da consideração
de que cada espécie é um gás perfeito termicamente com entalpias de formação e calores
específicos tabulados. A química da combustão utiliza a lei de ação das massas de Guldberg-
Waage que envolve a soma de todas as reações participantes a partir de taxas de reação de
Arrhenius. A radiação é levada em conta usando um modelo óptico de pequena espessura.
Quatro mecanismos de cinética em ordem crescente de complexidade, dois passos
globais (WD2), quatro passos globais ajustado para lidar com a influência da pressão na
velocidade de chama laminar (JL4), skeletal de 20 passos (SR20) e skeletal de 25 passos
(SG25), foram aplicados para avaliar a importância destes em predizer a dinâmica do
escoamento e da chama. Comparados com o mecanismo-GRI-3.0 em termos de chamas
laminares e simples de jatos opostos de 0 e 1-D, identificou-se que os atrasos de ignição e a
extinção por taxa de estiramento dos mecanismos JL4 e SR20 apresentaram um grande
afastamento se desviando consideravelmente do GRI-3.0, em que o SG25 foi o que melhor
concordou. Entretanto, na comparação entre temperaturas de chama adiabáticas e velocidades
de chama laminar, evidenciou-se que o SR20 concordou bem com o GRI-3.0 para a segunda,
seguido dos mecanismos SG25 e o JL4, enquanto que em termos das temperaturas de chama
44
adiabáticas de chama houve uma concordância geral, praticamente não existindo diferença
entre os mecanismos.
Em termos de fração mássica de CH4, a nuvem se evidenciou mais difusa no
mecanismo SR20 do que a calculada pelo JL4 (Figura 2.4, onde as siglas ORZ, CRZ, PVC e
CVC referenciam, respectivamente, a zona de recirculação externa, de recirculação central, o
núcleo de vórtice de precessão e o de vórtice central), enquanto que aquela do SG25 fica entre
ambas, sendo a calculada pelo WD2 similar a de JL4. Em todos os mecanismos a liberação de
calor ocorreu em um volume constrangido no entorno da superfície interna e das arestas
externas na nuvem de fração mássica de CH4, onde se notou que regiões de intensa liberação
se encontraram naquelas de alta taxa de deformação. A diferença na topologia foi devido à
complexidade do mecanismo, incluindo a formação de piscinas e transporte de radicais, assim
como a diferença da extinção por taxas de estiramento.
Figura 2.4. Resultados da simulação numérica com LES do combustor adaptado DLE SGT-
100. À direita são mostrados os resultados da cinética JL4 e à esquerda da SR20,
em termos de renderização de volumes de temperatura (T), fração mássica de CH4
(YCH4) e vetores de velocidade (imagens acima), e em termos de contornos de
velocidade axial, e renderização de volumes de YCH4 e taxa de liberação de calor
(Q) (imagens abaixo). Fonte: Extraído de BULAT et al. [6].
Constatou-se que a região de recirculação interna se estende bem para dentro da pré-
câmara formando uma base aerodinâmica firme para a estabilização da chama no combustor
DLE SGT-100. Baseando-se nas iso-superfícies de pressão, estabeleceu-se um PVC que
desenvolve uma instabilidade helicoidal, tendo sido ocasionalmente identificado na pré-câmara
45
e a montante da câmara. Em adição a isto, foi identificado um CVC que resultou da contração
da câmara de seção quadrada para um duto redondo de saída.
Um bom indicador da localização da frente de chama se evidenciou pelo gradiente de
OH entre a admissão da mistura CH4/ar e o superequilíbrio de OH, em que concentrações de
superequilíbrio existiram logo depois do OH ter se formado na frente de chama. Uma diferença
importante observada foi a de que na camada de cisalhamento externa, essencialmente
preenchida com produtos quentes em recirculação, todas as reações estiveram virtualmente
apagadas nos mecanismos de arquitetura, enquanto que nos globais isto não ocorreu, ainda
podendo existir reações.
Concluiu-se que o modelo LES-PaSR concordou bem com o escoamento médio e as
flutuações RMS obtidas experimentalmente, mas com diferenças a depender do mecanismo
utilizados. Tanto as zonas central e externa de recirculação, assim como as camadas de
cisalhamento foram bem reproduzidas. Os mecanismos de reação influenciaram muito pouco
as velocidades axiais média e RMS, o que atestou que a expansão volumétrica devido à
exotermicidade é similar em todos os mecanismos de reação examinados. Mecanismos de
arquitetura foram mais precisos em refletir os perfis médios e de RMS das frações mássicas de
CH4 e CO2, embora os globais também apresentaram boa concordância. Em particular o JL4
previu uma chama mais compacta com uma muito rápida liberação de calor.
O maior afastamento, apesar da boa concordância, foi identificado em termos de perfis
de temperaturas média e de RMS, nos quais os de arquitetura se evidenciaram melhores,
sendo que ambos os globais resultaram em chamas muito compactas. Todos sobrestimaram a
temperatura em 60 K em relação ao experimento. Isto se explica pelo modelo de radiação
térmica ser inadequado, tendo em vista que a mesma temperatura foi obtida por todos
mecanismos sobre uma larga faixa de razão de equivalência. Ainda, acrescentou-se que os
efeitos de radiação não tiveram relação com as diferenças no entorno da chama, mas sim
foram elementos intrínsecos dos mecanismos que influenciaram.
O escoamento se mostrou bastante insensível ao mecanismo de reação optado,
diferentemente dos perfis de temperatura e concentração de espécies principais. O WD2 não
conseguiu reproduzir bem os dados experimentais. Os mecanismos de arquitetura
apresentaram diferença em lidar com as taxas de deformação, caracterizadas por taxas de
estiramento de extinção, que no SR20 foram subestimadas e no SG25 sobrestimadas. A
chama prevista pelos mecanismos de arquitetura indicou que a mesma é de natureza fina e
enrugada, podendo ser interpretada como composta por elementos de chama inseridos em
uma vizinhança de zonas de reação distribuídas, sendo isto parcialmente suportado pelos
dados experimentais obtidos por avaliação de luminescência química de OH.
46
2.1.1 Forças Centrífugas na Combustão
47
Constatou-se que os processos normais controlaram a combustão até que a força do
campo centrífugo fosse de 50g, ponto no qual as forças centrífugas parecem se tornar
dominantes, conforme o gráfico à esquerda na Figura 2.5. No que se refere à taxa de
propagação da chama, o nível de pressão inicial é desprezível, entretanto, afeta
significativamente o processo de ignição. Este fato foi identificado em campos centrífugos
acima de 50g, nos quais a ignição foi marginal para uma pressão de 1 atm e em muitos testes
a ignição não foi obtida até que a velocidade de rotação fosse decrescida, inclusive, existindo
casos onde as taxas de chama mensuradas foram atipicamente muito baixas. Entretanto, para
uma pressão inicial de 2 atm, a ignição se mostrou confiável, estando isto consistente com a
vulnerabilidade da chama a rupturas em baixas pressões devido ao estiramento turbulento.
Tendo sido a combustão efetuada em um contentor fechado, existiu um movimento
médio da mistura gasosa da extremidade de ignição em direção à mistura não queimada,
resultando que a velocidade de chama no início da combustão fosse afetada por quatro fatores
principais: velocidade de chama laminar; movimento médio da mistura gasosa tanto dos gases
quentes quanto frios se afastando da fonte de ignição; turbulência e misturação ocasionadas
por expansão devido à queima da mistura; e estiramento causado por empuxo dos gases
quentes no campo centrífugo. Sendo este o único fator afetado substancialmente pela
velocidade de rotação, as diferenças mensuradas nas taxas de propagação de chama em
diferentes campos centrífugos, evidenciou ser o empuxo o efeito dominante na combustão
quando nestas condições.
A taxa de aumento de pressão mensurado pelo transdutor foi utilizada como indicador
da taxa de queima média da mistura, sendo, para tanto, aquela normalizada pela pressão
inicial. Isto pode ser observado no gráfico superior à direita na Figura 2.5, que claramente
evidencia que a taxa de queima média da mistura aumenta com o aumento do campo
centrífugo, praticamente no mesmo range da taxa de propagação. Uma regressão linear dos
dados mensurados resultou na relação S = 5,67(P0,106)(g0,387) válida para a faixa de 50 a 850g
com um desvio médio de 5,78%, onde g é a aceleração gravitacional e S a velocidade de
chama calculada, conforme pode ser observado no gráfico inferior à direita da Figura 2.5.
Em outro trabalho, LEWIS [46] desenvolveu um estudo experimental em uma
centrífuga de combustão de 2,65” de diâmetro interno e 6’ de comprimento para misturas
propano/ar e hidrogênio/ar. Um plug de ignição foi montado em uma das extremidades atrás de
um gerador de turbulência (consiste de um disco plano perfurado com 40% de bloqueio),
enquanto um disco de ruptura de 2000 psi foi instalado na outra extremidade. A instalação do
gerador de turbulência atrás do ignitor a 2,5”, foi para garantir a geração de uma chama
plenamente turbulenta antes que a mesma alcançasse a seção instrumental. Sondas de
ionização foram instaladas em onze seções para a medição da taxa de propagação da chama,
48
provendo uma seção longa de teste de modo a reduzir a dispersão por pequenas oscilações da
velocidade de chama local e obter dados antes da combustão de grande parte da massa e de
que o aumento da pressão devido à combustão se tornasse significativo. A unidade foi
montada em mancais de rolamento de rolos cônicos sendo rotacionada por um motor elétrico
com variador de velocidade de 400 HP.
Figura 2.5. Sumário dos resultados obtidos para os experimentos com uma centrífuga de
combustão para uma mistura propano/ar. À esquerda, observa-se a curva da taxa
de propagação da chama com o aumento do campo centrífugo. À direita e acima,
a curva normalizada da taxa de aumento de pressão com o aumento do campo
centrífugo e abaixo a parametrização obtida com os resultados do experimento.
Fonte: Adaptado do texto de LEWIS [45].
Os resultados experimentais obtidos para a mistura propano/ar foram para três razões
de equivalência (1, 1,6 e 0,8) e para a mistura hidrogênio/ar em razões de equivalência
estequiométricas a 1 atm e 0,33 atm, e para 0,6 a 1 atm. Observou-se que a taxa de
propagação da chama para a mistura propano/ar não é afetada pela rotação até cerca de 200g,
quando, após uma zona de transição até 500g, passa a ser por uma relação proporcional a raiz
quadrada da força centrífuga. Entretanto, próximo de 3500g a velocidade da chama
abruptamente reverte esta tendência até que a combustão não mais ocorre, i.e. um limite
superior, a princípio em função da velocidade de chama laminar, foi expresso como g =
4500.Su, onde Su é a velocidade de chama laminar. Além dos resultados apresentados, outras
49
razões de mistura combustível/ar apresentaram a mesma tendência. Para o caso da mistura
hidrogênio/ar estequiométrica a 1 atm, a taxa de propagação da chama não foi afetada sobre
uma larga faixa de valores de força centrífuga testadas. Por outro lado, para uma razão de
equivalência de 0,6, as taxas de espalhamento da chama corresponderam àqueles da mistura
propano/ar para valores equivalente de g.
A partir das constatações experimentais mencionadas, concluiu-se que um limite
superior de força centrífuga existe, além do qual a combustão se extinguirá. Outro fato que se
concluiu foi o de que a chama se propaga através do mais rápido de três mecanismos de
propragação, i.e. transporte de chama laminar, transporte de chama turbulento ou transporte de
bolhas por empuxo (buoyant bubble transport) (Figura 2.6). Esta hipótese, baseada na teoria de
propagação de chama por transporte de bolha, foi apresentada a partir do fato de que apesar
da velocidade de chama laminar da mistura hidrogênio/ar ser aproximadamente três vezes
maior (2,6 fps para φ = 0,6) que a de propano/ar (0,9 fps para φ = 0,8), tendo sido todos os
testes realizados em condições estáticas relativamente ao tubo, os dados indicaram que a
mistura hidrogênio/ar se propaga na centrífuga a uma mesma taxa que a de propano/ar para
um dado nível de força centrífuga, i.e. pensando de forma lógica seria esperado que a chama
da mistura hidrogênio/ar se propagasse a taxas significativamente maiores. Outro detalhe que
direciona para tal hipótese foi o fato de que para uma mistura hidrogênio/ar estequiométrica
(velocidade de chama laminar maior que 6 fps) esta se mostrou independente do campo da
força centrífuga.
50
A hipótese proposta se fundamenta no fato de que forças de empuxo que atuam em
uma bolha de chama a movem em uma direção oposta àquela aplicada pela força centrífuga
em uma velocidade correspondente à condição na qual as forças de empuxo e de arrasto que
atuam na bolha são iguais. Sendo assim, para forças centrífugas de elevada magnitude, a
velocidade de bolha excede a velocidade de chama turbulenta e controla a taxa de propagação
da chama, não afetando esta em valores menores. O fenômeno é explicado considerando uma
bolha de chama imersa em uma mistura mais densa de combustível/ar, sendo deslocada para
frente por uma força de empuxo (resultante da diferença em massa do gás quente para com a
massa de gás frio circundante que é deslocada) em função do elevado campo de força
centrífuga e da diferença de densidade. A força de empuxo mencionada pode ser definida
como FB = ρ.A.L.g.(1-TC/TH), onde TC e TH são, respectivamente, as temperaturas absolutas
dos gases frios e quentes, e o produto A.L define o volume de gás quente.
Em alusão à Figura 2.6, reconhecendo que o exemplo na extremidade esquerda da
mesma se configura como o caso onde a velocidade de bolha é desprezível, identifica-se que
para um dado incremento de tempo ∆t, a bolha se move uma distância do produto entre o
incremento e sua velocidade (SB), i.e. velocidade de bolha. Simultaneamente, a propagação da
chama turbulenta causa que a frente de chama avance em todas as direções pelo produto
entre o incremento e a velocidade de chama turbulenta (ST), desprezando-se a expansão dos
gases quentes atrás da frente de chama. Isto resulta que para SB > ST, o movimento da frente
de chama é controlado pela velocidade de bolha, sendo independente da velocidade de chama
turbulenta (caso A da Figura 2.6. Opostamente (caso B da Figura 2.6), para ST > SB, a
velocidade de chama turbulenta controla a taxa de propagação da chama complementamente.
Neste estudo experimental, foram medidas velocidades de bolha de até 65 fps, valor que
excede velocidades de chama turbulenta convencionais para misturas propano/ar em cerca de
quatro vezes.
A força de empuxo que atua na bolha de gás quente acelera o mesmo até que a força
de arrasto a equilibre, fazendo com que a bolha se desloque em velocidade terminal. Este
comportamento foi constatado por DAVIES and TAYLOR [48] para bolhas de ar em
nitrobenzeno ou água e por SCORER [49] para a penetração de plumas, em que o arrasto
pode ser obtido a partir de uma aproximação para um comportamento de corpo sólido
aerodinâmico. Nestes estudos a expressão obtida para a velocidade de bolha foi SB =
(C1.g.B.L)1/2, em que C1 é uma constante empiríca que inclui um coeficiente de arrasto, B é um
termo adimensional que define o arrasto e L um comprimento característico. Para o estudo de
LEWIS [46] parte da curva obtida para uma primeira aproximação da velocidade de bolha em
função da força centrífuga pode ser expressa como SB = 1,25(g)1/2, que se extrapolada para
uma força gravitacional de 1g passa através dos dados experimentais obtidos por DAVIES and
51
TAYLOR [48], entre outros. Este fato permite constatar que o fenômeno de alta velocidade de
chama observado em elevada força centrífuga é uma extensão dos efeitos de empuxo
observados no campo gravitacional da terra.
No trabalho de LEWIS and SMITH [47], estes ampliaram os testes realizados na
centrífuga de combustão (LEWIS [46]) para demonstrar através de modelos que o aumento do
empuxo produzido por forças centrífugas pode ser utilizado para aumentar a velocidade de
chama de forma significativa, superando a velocidade de chama turbulenta. Tão logo, a partir
dos resultados obtidos, que incluem a mensuração dos efeitos de Re e os limites de tamanho
de bolha em campos gravitacionais, foram desenvolvidos dois modelos, um para predizer a
taxa de espalhamento da chama em variadas condições do queimador e outro para a previsão
dos limites de extinção da chama em condições de forças centrífugas muito elevadas.
O modelo analítico de transporte de bolhas foi formulado a partir de conceitos da
dinâmica de bolhas para predizer a taxa de propagação da chama, exibindo razoável
concordância com os dados obtidos nos testes com a centrífuga de combustão (Figura 2.7) e
na comparação para com variados resultados experimentais. A partir do modelo desenvolvido e
de algumas simplificações, dois programas foram elaborados com integração por passos para
a resolução da equação diferencial, um tal qual um sistema estático, como o apresentado pela
centrífuga de combustão, e outro para um sistema fluido como um turbojato com augmentor.
52
Para o modelo de transporte de bolhas foi considerado que existe um Re limite para o
qual a escala ou intensidade da turbulência se torna elevada o suficiente para a ruptura da
bolha, tendo em vista que esteiras turbulentas se formam atrás de bolhas de ar. Testes
experimentais foram conduzidos em água do mar, onde simples bolhas de ar de variados
tamanhos foram lançadas de uma profundidade de 60’ e fotografadas quando atingiam a
superfície, e comprovaram que sempre para um Re limite existia uma ruptura da bolha, tendo
sido comparadas para com resultados teóricos, e exibindo razoável concordância, as
velocidades terminais experimentais em relação ao Re da bolha. Consequentemente, tratando-
se de sistemas de intenso swirl e relativamente confinados, Re foi calculado como 70.000
baseado no diâmetro da bolha, estabelecendo uma hipótese para o máximo tamanho de bolha
quando o Re da bolha é igual ou maior que 70.000.
Os limites de extinção de chamas em campos centrífugos foram avaliados. Devido a
restrições estruturais o limite de velocidade da centrífuga de combustão se restringiu à
produção de 5.000g. Desse modo, não foi possível mensurar o valor limite de força centrífuga
em grande parte da relação combustível/ar, apenas em razões muito pobres ou muito ricas,
que pela alta sensibilidade de tais limites implicaram em certa dispersão dos resultados. Em
função da pressão, três diferentes mecanismos de extinção foram identificados para diferentes
regimes de operação. O primeiro se definiu como um limite inferior de pressão abaixo do qual a
chama não se propaga independente da força centrífuga, provavelmente por extinção da
chama na passagem pelos furos do gerador de turbulência (flame-quenching), sendo isto
equivalente para a condição estacionária. O segundo, que se estabeleceu acima do nível de
pressão do primeiro, mas abaixo de 1 atm, foi postulado ser dominado por efeitos de
viscosidade em relação à diferença de densidade, de modo que efetivas bolhas de chama
controladas por forças de empuxo não se tornam organizadas antes da criação de turbulência,
assim resfriando e apagando a chama. O terceiro, que foi observado na maior parte do regime
de operação (acima de 1 atm), definiu-se como uma situação equivalente à de uma bolha de
chama que ascende por uma mistura fria de combustível/ar influenciada por forças de empuxo,
permitindo assim que fosse desenvolvido um modelo analítico de extinção de razoável para
com os dados experimentais.
Outra investigação realizada experimentalmente foi a influência de Re na velocidade
de chama turbulenta em campos gravitacionais baixos o suficiente para que o empuxo não
tivesse influência sobre a taxa de propagação da chama. A partir destes resultados se
identificou que a razão entre as velocidades de chama turbulenta e laminar aumentou
rapidamente até que um máximo fosse atingido, além do qual a chama é estirada, tornando-se
tão fina, a ponto de resfriar e se extinguir em alguns locais. Tão logo, implicando que qualquer
aumento de Re (acima de 110.000) resultasse em menores velocidades de chama turbulenta.
53
Fato interessante identificado foi o de que as misturas avaliadas de propano/ar e hidrogênio/ar
para velocidades de chama laminar estequiométricas de, respectivamente, 1,3 fts e 6,2 fts, se
ajustaram na mesma curva teórica desenvolvida para a relação da razão entre as velocidades
de chama turbulenta e laminar para com Re.
LEWIS and SMITH [47] esclarecem que tentativas no passado foram empreendidas
para o aumento da velocidade de chama turbulenta, entretanto, a perda de pressão necessária
para produzir turbulência se mostrou proibitiva para aplicações práticas ou se evidenciou
limitada por problemas de estabilização da chama em velocidades maiores. A limitação destas
tentativas se concentrava no fato de que apenas consideravam dois mecanismos de
propagação da chama, o laminar, que depende da condução de calor e da difusão de espécies
quimicamente ativas em misturas adjacentes combustível/ar e o turbulento, que adiciona o
transporte turbulento de pequenos elementos de chama por uma curta distância na mistura
não-queimada, atuando como novas fontes de ignição, que é o característico em sistemas de
combustão práticos. Entretanto, tendo em vista que a gravidade e as forças centrífugas tendem
a reorganizar fluidos de diferentes densidades, produzindo uma força de empuxo oriunda da
expansão dos produtos de combustão em relação à mistura não queimada, pode-se utilizar a
mesma para controlar a combustão através de um campo centrífugo que suplemente o campo
gravitacional.
Ou seja, LEWIS and SMITH [47] mencionam que sendo a gravidade terrestre ínfima
comparada às forças produzidas pelo escoamento da corrente de ar, a mesma não afeta o
processo de combustão, entretanto, quando é suplementada por uma força centrífuga milhares
de vezes maior, as forças de empuxo novamente passam a ser predominantes na combustão,
tal qual ocorre na chama de uma vela, podendo isto ser utilizado para controlar o processo de
propagação da chama em combustores ou queimadores de equipamentos como turbinas a
gás.
55
os componentes de velocidade e de gradiente zero para os campos escalares, enquanto que
as paredes (liner e parede externa) foram estabelecidas com não escorregamento e função de
parede para regiões próximas, e as paredes laterais com condição de contorno não periódica.
Identificou-se que a abordagem numérica por LES se mostrou bastante compatível
para com os resultados experimentais. Algumas discrepâncias foram identificadas, mas estas
poderiam ser superadas por aumento da precisão das medições e aperfeiçoamentos do
modelo de combustão bifásica adotado para as pequenas escalas. Em linhas gerais, observou-
se uma complexa interação entre os escoamentos oriundos da entrada principal, furos e
fendas, constatando-se um elevado grau de turbilhonamento e acentuados gradientes de
pressão radial e axial, que resultaram em uma zona central de recirculação localizada adjunto
da entrada principal e outras secundárias. Foi constatado que o tamanho destas depende
fortemente da intensidade do swirl, geometria e razão combustível/ar. O efeito da variação
deste se mostrou diretamente proporcional em termos de aumento da temperatura de saída e
concentração de CO2. No tocante à distribuição e quantidade dos furos primários, estes tiveram
reflexos significativos nas distribuições de temperatura e concentrações de CO2 e O2 de cada
câmara. Particularmente se notou que a câmara A apresentou uma zona de alta temperatura
menor que a da B, sendo os contornos similares aos perfis de temperatura.
A fim de incorporar efeitos cinéticos nas simulações de turbulência de uma câmara de
turbina a gás tubular (LESCALC) para aplicações aeronáuticas, ZAMUNER et al. [51]
desenvolveram uma abordagem híbrida para tratar o escoamento reativo da mistura metano-ar
em pressão atmosférica. A mesma se caracterizou pelo uso do código numérico tridimensional
euleriano DIAMANT em adjunto da aplicação de uma técnica de Monte-Carlo lagrangiana para
resultar no modelo PEUL+ (Probabilistic Eulerian-Lagrangian).
A câmara discretizada consistiu de 36.825 células para 1/8 de seu tamanho devido a
considerações de simetria, de forma a se gerar uma malha de 68 x 39 x 16 elementos. Como
condições de contorno se fixou uma razão de equivalência global para a qual se observou uma
combustão estável experimentalmente, prescrevendo-se a proporção de ar a 300 [K] para a
entrada em swirl com metano, múltiplos orifícios de resfriamento, filme de resfriamento para
proteção do escudo térmico na zona primária e orifícios de diluição. Para efeito de incorporar
os efeitos cinéticos à termoquímica do escoamento e evitar onerosos gastos computacionais,
utilizou-se a técnica de tabulação ILDM (Intrinsic Low Dimensional Manifold) com manifold
bidimensional (2D-ILDM). Foram utilizadas duas variáveis de progresso para a descrição da
dinâmica do sistema químico, de modo a manter o comportamento complexo do sistema
cinético detalhado.
O código DIAMANT utilizado se estrutura como um modelo algébrico de cinética
rápida de combustão (CLE) com tratamento de turbulência pelo modelo k-ε e aplicação
56
presumida de PDF de forma β para lidar com as flutuações da fração de mistura. A
metodologia numérica do PEUL+ representa um procedimento iterativo que utiliza como
entrada do passo lagrangiano o campo de escoamento e valores médios obtidos da primeira
convergência do passo euleriano, sendo isto feito através do modelo IEM (Interaction by
Exchange with the Mean) e um procedimento estocástico de correlações cruzadas locais do
tensor-tensão de Reynolds e correlações lagrangianas baseadas em uma lei isotrópica de
Poisson.
Os valores médios lagrangianos foram avaliados através do acompanhamento de
20.000 partículas que evoluíram no espaço físico e de composição do domínio computacional,
considerando um mecanismo cinético de 17 espécies. Após a primeira convergência
lagrangiana, duplicou-se a quantidade de partículas para a avaliação de erros estatísticos e as
diferenças se mostraram infinitesimais, de modo que aquela se mostrou satisfatória. Sendo
assim, aproximações mais precisas das taxas de reação médias puderam ser obtidas e
poderiam ser aplicadas diretamente como termos fontes nas equações de conservação para
uma nova rodada de convergência do sistema euleriano.
No tocante aos resultados obtidos, apenas uma rodada de convergência foi assumida
para a simulação euleriana. Esta se mostrou concordante em termos de captura da zona de
recirculação, onde uma chama de difusão se mostrou estabilizada próxima do filme de entrada,
e também foi capaz de evidenciar que a máxima formação de CO se localiza próxima da
isolinha estequiométrica na região inferior da câmara (mais rica do escoamento). Porém, exibiu
níveis de temperatura superestimados nas proximidades da chama de difusão e, de modo
geral, perfis de concentração e valor médio de CO bem próximo do equilíbrio.
A abordagem PEUL+/2D-ILDM trouxe ganhos significativos aos resultados numéricos
obtidos, principalmente quanto à estrutura da chama e a formação de CO, estando esta
previsão diretamente relacionada à habilidade de se representar o fenômeno de interação entre
turbulência e química. Ao incorporar o efeito da cinética através da abordagem híbrida,
constatou-se um aumento mais lento da temperatura, onde a maior foi identificada no entorno
do centro da recirculação por efeito de flutuações da fração de mistura.
A melhor captura das flutuações, mostrou-se mais significativa nas regiões de
contrafluxo próxima do eixo e adjunta da injeção de filme de resfriamento, nas quais o
espalhamento de valores por muitas partículas permanecerem não queimadas atestou que as
extinções locais tiveram influência significativa no resultado médio final de concentração de
CO. Ainda, naquelas os valores instantâneos de temperatura refletiram processos de mistura,
sem efeitos de combustão, para os quais a turbulência perturbou fortemente a estrutura da
chama. Tais resultados configuraram indícios positivos da abordagem híbrida, principalmente
57
quanto à formação de CO, cujo valor médio de fração mássica se estabeleceu em uma ordem
de magnitude abaixo do obtido pela simulação euleriana.
Os avanços em potência computacional e esquemas numéricos permitiram que
atualmente se tornasse factível a aplicação de modelos de turbulência mais detalhados, tal qual
a proposta de tratamento por LES. Esta, tornou-se uma atrativa ferramenta para entender a
natureza transiente de escoamentos complexos, tais quais aqueles de câmaras de turbinas a
gás, tornando-se atualmente como de grande interesse neste âmbito. Entretanto, para a
análise por LES da combustão a mesma necessita uma suficiente resolução de malha, onde o
tamanho da malha determina a largura do filtro, que por sua vez configura a razão entre as
escalas resolvidas e as modeladas. A combustão ocorre no nível de sub-malha sendo
fortemente influenciada pela turbulência das maiores escalas e processos de misturas,
configurando a necessidade de uma boa qualidade de malha para capturar o campo de
escoamento.
Variados são os estudos representativos da tendência de aplicação de LES para o
tratamento da combustão em turbinas a gás, como o de WEIGAND et al. [52] e MEIER et al.
[53], nos quais dados experimentais obtidos para o queimador experimental Preccinsta, que
representa um combustor radial Turbomeca experimental que opera em condições
atmosféricas com chamas parcialmente pré-misturadas, foram confrontados com aqueles
simulados de forma detalhada por LES em casos reativos e isotérmicos; SELLE et al. [54] e
ROUX et al. [55] que aplicaram LES por meio de um solver compressível não-estruturado em
conjunto com uma análise acústica, onde o modelo LES se revelou equivalente ao solver
acústico, também concordando com as medições dos campos de velocidade por LDV (Laser
Dopper Velocimetry), identificando que o modo PVC (Precessing Vortex Core) foi bastante
intenso para o escoamento a frio, entretanto, desaparecendo quando a combustão ocorre
Porém, tais estudos iniciais, embora tenham sido desenvolvidos em geometrias
industriais envolveram química simplificada de dois ou três passos, resultando em uma boa
concordância dos campos de velocidade, entretanto, com alguma sobrestimativa de
temperatura e concentrações de espécies. Neste sentido, identifica-se que o uso de química
simplificada não permite que se aproveite o máximo potencial do LES para capturar a interação
entre turbulência e química em geometrias complexas. Tão logo, tendo em vista a notável
relevância que o tratamento da turbulência por LES em escoamentos reativos de combustores
de turbinas a gás tem apresentado atualmente, mais recentemente as abordagens são ditadas
por aplicações que envolvam complexa cinética. Grande parte dos trabalhos têm sido
dedicados para a validação deste tipo de abordagem através de dados experimentais
mensurados em condições realísticas operacionais através de bancadas de alta pressão.
58
Entretanto, tal qual mencionado por BULAT et al. [5], em se tratando de escoamentos
turbulentos reativos a elevadas pressões em geometrias industriais, o entendimento da
complexa natureza de tal fenômeno se torna marcante. Nestes casos, a complexidade para o
tratamento numérico se acentua pela espessura da chama ser proporcional à razão entre a
difusividade e a velocidade de chama laminar, e a escala de tempo à razão entre a difusividade
e o quadrado da velocidade de chama laminar. Ou seja, considerando que a velocidade de
chama laminar decai lentamente com a pressão, e a difusividade com o inverso da pressão, o
efeito da pressão é o de reduzir as escalas de combustão de tempo e comprimento. Nestas
condições, o número de Damkohler, que estabelece a relação entre a escala de tempo de
turbulência e a de tempo químico, irá aumentar proporcionalmente à pressão e, então, o regime
da chama pode ser afetado. Ademais, as concentrações de NOx são propensas a aumentar a
pressão. Isto exige a aplicação de métodos de simulação com modelos suficientemente
detalhados e precisos para o completo entendimento sobre o comportamento de chamas em
tais circunstâncias.
BULAT et al. [4] simularam o queimador industrial de turbina a gás DLE SGT-100 em
pressão de 3 bar e 1 MW de potência térmica para demonstrar que problemas complexos de
combustão em geometrias industriais são factíveis de serem modelados. Os resultados
mostraram boa concordância com os dados experimentais na região de chama em diferentes
localizações axiais. A simulação foi estruturada usando evolução SGS (Sub-Grid Scale)-PDF
em adjunto do método de solução de campo estocástico Euleriano no contexto de LES, através
do código de volumes finitos estruturado em blocos BOFFIN-LES. Este faz uso de um arranjo
de malha colocalizado e esquemas de discretização de segunda ordem para todos os
gradientes, exceto para a parte convectiva para a qual se utiliza um esquema TVD (Total
Variation Diminishing). Oito campos estocásticos foram utilizados para caracterizar a influência
das flutuações de sub-malha, utilizando uma versão dinâmica calibrada do modelo
Smagorinsky para o tensor tensão de sub-malha. A cinética foi representada usando o
mecanismo ARM reduzido GRI 3.0 de 15 passos de reações e 19 espécies. Um modelo tipo
gradiente Smagorinsky foi aplicado para representar os termos de transporte de sub-malha da
pdf e de micro-mistura com fechamento por LMSE (Linear Mean Square Estimation). A
equação que descreve a evolução da PDF é resolvida por um método estocástico Euleriano. A
formulação Ito de integração estocástica é adotada para a obtenção da evolução dos campos
estocásticos, que não devem confundidos com qualquer realização dos campos reais, sendo
que por ambos possuírem a mesma one-point PDF, meramente formam um sistema
estocástico equivalente suavizado pela escala da largura do filtro.
Apenas os elementos geométricos do queimador DLE SGT-100 foram mantidos,
enquanto que as condições de operação de pressão, temperatura e frações de mistura se
59
propuseram diferentes. Tal qual o estudo experimental realizado em uma bancada de alta
pressão na DLR [3], a seção transversal da câmara foi mantida quadrada. Basicamente, o
combustor implementado numericamente consistiu de entrada de ar, furos de injeção de
combustível, painel de entrada de ar (experimental leakage) e uma saída. O combustível
utilizado foi gás natural com 96,97% de CH4 injetado a 319,8 K em múltiplos furos dentro das
palhetas direcionadoras do swirler. O ar principal de combustão é admitido a uma temperatura
de 685,3 K com velocidade volumétrica de 4,87 m/s. Baseado no diâmetro de entrada, o Re
calculado de 118.000. A fração de mistura global que inclui o ar do painel é 0,0343, sendo o
valor estequiométrico de 0,055. Todas as paredes foram consideradas adiabáticas, sendo
utilizadas funções de parede. O número de swirl é 1,3. Para tal geometria, foi gerada pela
®
ferramenta ICEM-CFD uma malha composta de 8 milhões de células estruturadas em 240
domínios estruturados em blocos. Para realizar a simulação se utilizou um cluster que deteve
entre 160 a 240 processadores.
Os dados obtidos por LES foram comparados com quatro localizações experimentais
axiais, i.e. x/D = 1,21, 1,44, 1,66 e 2,00, conforme a Figura 2.8, onde também são observados
os perfis de temperatura média e concentração molar média de CO servindo para ilustrar a
localização da chama no que se refere aos pontos experimentais.
60
Com referência aos resultados obtidos, identificou-se que o índice de chama calculado
sugere que a maior parte da combustão ocorreu em um regime de pré-mistura, entretanto, com
pequenas regiões dentro da chama ocorrendo em regime de difusão. Isto atestou que o
queimador SGT-100 apresenta regiões de natureza difusiva, operando em um regime
parcialmente pré-misturado. O modelo LES-PDF capturou a complexa estrutura da chama
assimilada pelas regiões de extinção local e de alta temperatura local com valores muito
similares de fração de mistura, e também pelo engolfamento por vórtice da chama. Valores
finitos de gradientes de OH indicaram que a reação ocorre no entorno de regiões de alto valor
de fração de mistura (alta temperatura) e concentração de NO, de valor máximo a jusante da
frente de chama, onde nas proximidades da mesma foi encontrado o pico de CO.
Comparando-se os dados obtidos experimentalmente com os valores do modelo LES,
constatou-se uma compatível identificação das zonas de recirculação interna e externa, e das
regiões de camadas de cisalhamento. Apesar da mistura ter sido bem capturada como
atestaram os perfis de fração de mistura, a concentração simulada de metano não o foi, o que
sugere que no LES o combustível é consumido prematuramente, como sugerem os gráficos da
Figura 2.9. As medições experimentais por 1D RAMAN da evolução temporal da temperatura e
de espécies, foram confrontadas por meio de gráficos de dispersão, apresentando boa
concordância dentro da camada de cisalhamento interna, com uma pequena sobrestimativa da
temperatura na ponta da chama, próximo da parede da câmara, onde perdas de calor por
radiação não capturadas pelo modelo numérico utilizado podem ter contribuído para a extinção
local por resfriamento brusco no experimento. Por fim, concluiu-se que o modelo dinâmico de
Smagorinsky como escala de submalha se mostrou bastante compatível com os dados
experimentais. Além disso, as previsões de temperatura e espécies, tendo sido constatadas
boas concordâncias, permitiram inferir que o método de campo estocástico Euleriano foi capaz
de representar a PDF de submalha conjunta das espécies químicas e entalpia. Portanto, a
metodologia LES com modelagem de submalha por PDF em conjunto com o método de campo
estocástico foi capaz de prever com boa precisão um queimador industrial real.
BULAT et al. [5] investigaram a formação de emissões na câmara experimental DLE
SGT-100 [3] utilizando uma metodologia similar àquela mencionada para o estudo BULAT et al.
[4], entretanto, nesta abordagem as perdas por radiação foram investigadas considerando um
mecanismo alternativo de 4 passos. Nesta resolução, a malha foi mais refinada dentro das
palhetas do swirler para melhor capturar a mistura entre combustível e ar, tendo sido o y+
especificado a partir da parede para uma distância média normal como: 268 (swirler); 251 (pré-
câmara); e 130 (câmara). Como resultado mais significativo das simulações realizadas,
demonstrou-se neste estudo que a estrutura da chama é bastante dependente da natureza de
turbilhonamento do escoamento.
61
Identificou-se que a chama se localizou dentro da câmara sem estar aderida à
paredem, sendo observado que enquanto algumas reações tomaram lugar na pré-câmara
dentro da camada de cisalhamento, a maior parte do calor foi liberado dentro da câmara
através da ponta da chama nas vizinhanças tanto das camadas interna quanto externa de
cisalhamento. A partir de linhas de contorno de velocidade axial zero, constatou-se uma zona
de recirculação na linha de centro que se estende desde o início da pré-câmara até uma
extensão razoável da região principal de combustão e uma zona de recirculação toroidal no
canto da região principal, existindo entre as mesmas uma região de alta velocidade de jato.
Figura 2.9. Comparação entre a fração mássica de metano obtida da simulação numérica para
com os resultados experimentais. Acima, são apresentados os perfis médios e
abaixo, os perfis RMS. Fonte: Estudo experimental de BULAT et al. [4].
63
campos estocásticos em que o de 4 passos (7 espécies) resultaria em 68 equações, enquanto
que o de 15 (19 espécies) a 164.
Concluiu-se que o mecanismo de 4 passos se mostrou inadequado pelas
temperaturas terem se mostrado muito elevadas, apresentando resultados inconsistentes com
as informações experimentais, embora tenha identificado de forma bastante similar os campos
de escoamento. Nos casos simulados com o mesmo, a chama apenas se propagou a meio
caminho na pré-câmara e aderiu à parede da mesma. Isto provavelmente foi resultado do efeito
da pressão nas taxas de reação e, consquentemente, na velocidade de propagação da chama,
em que o excesso desta leva a uma propagação a montante da chama para dentro da pré-
câmara, além de elevadas temperaturas globais nas regiões de alta deformação (máxima taxa
na camada externa de cisalhamento). Uma alternativa foi para impedir a ocorrência deste efeito
foi quebrar a reação para limitar a propagação da chama de forma que nenhuma reação
ocorresse abaixo de 1400 K. Utilizando esta estratégia, a chama simulada apresentou uma
forte adesão com o queimador piloto, não sendo identificada adesão à pré-câmara, ainda que
elevadas temperaturas na camada interna de cisalhamento foram identificadas e um fenômeno
não-físico de alta temperatura próximo do piloto.
Com a introdução da perda de calor por radiação os resultados de forma ampla foram
melhorados. Conforme os gráficos apresentados no artigo, a inclusão da perda por radiação
resultou em uma alteração da posição da chama, constatada pelo deslocamento do valor
máximo de fração de mistura e capturou na localização imediatamente a jusante do bocal de
pré-mistura o mesmo mergulho observado nos resultados experimentais e uma aperfeiçoada
espessura de chama. A comparação com o experimento de espectroscopia 1D RAMAN em
pontos estratégicos atestou que o modelo que considera perda por radiação se mostrou mais
preciso para capturar a distribuição de espécies e temperatura, embora o ganho seja
relativamente pequeno.
Com a inclusão das perdas por radiação, a máxima concentração de CO ocorreu nas
proximidades da frente de chama. As localizações de maior liberação de calor foram
identificadas na ponta da chama tanto nas camadas de cisalhamento interno quanto externo,
embora algum calor tenha sido liberado na pré-câmara, na câmara de cisalhamento interna. A
estrutura da chama se evidenciou muito similar ao caso adiabático, tanto em termos de
localização instantânea quanto evolução no tempo, exibindo regiões de extinção local e
elevadas temperaturas para regiões bastante similares de fração de mistura, i.e. bolsões de
fração de mistura correspondentes a altos valores de temperatura foram capturados em regiões
plenamente queimadas, e com engolfamento de vórtice.
As taxas de formação de NO também foram quantificadas nas simulações realizadas
por BULAT et al. [5]. A partir destas se identificou que o NO rápido foi dominante em relação
64
aos caminhos de formação de NO térmico e N2O. Com relação ao nível de CO, assimilou-se
que a maior parte desse é produzido na região de chama nas proximidades de radicais de OH,
enquanto que o NO é produzido tanto na frente de chama como rápido e a jusante da mesma
como térmico.
Resumindo, a formação de emissões e nível de NO a partir de tratamento por LES
com modelo sub-malha PDF e química reduzida teve sucesso em reproduzir um queimador de
turbina a gás industrial, tendo sido constatado que o mecanismo químico teve significativa
influência sobre a chama e sua localização de queima. O comportamento da mistura se
mostrou bem capturado, estando a temperatura e concentrações médias das espécies em boa
concordância, apesar da existência de discordâncias locais. A espessura da chama também se
mostrou concordante, desse modo a elevada temperatura da simulação, particularmente no
centro da câmara, pode estar associada a perdas por radiação que não foram incluídas no
caso adiabático, o que também deve ter contribuído para a distinção quanto à localização da
chama. Entretanto, foi ressaltado que este não é o principal erro, pois a perda por radiação é
de cerca de 2% da potência térmica da chama, sendo que algum erro pela consideração
adiabática seria mais notável na parede, o que fatalmente não acarretaria um desvio de 300 a
400 K como o encontrado na região da chama.
A aplicação de modelos numéricos com enfoque à otimização de câmaras de
combustão, busca assimilar a influência de parâmetros de projeto no desempenho daquelas.
Para tanto, busca-se uma abordagem, que além de avaliar a influência da modificação de um
parâmetro de controle com relação a um caso base, também analisa a inter-relação dos
parâmetros modificados sobre o campo de escoamento resultante. Particularmente, o objetivo
final é o de obter entradas fundamentais para o projeto e identificar quantitativamente e/ou
qualitativamente tendências que permitam balizar dilemas e perscrutem maior compreensão
dos fenômenos associados ao escopo de câmaras de combustão.
Orientando-se pelo dilema existente entre as eficiências de 1ª e 2ª Leis, SOM e
SHARMA [56] estudaram o processo de combustão em spray de uma câmara de combustão
tubular. Em suma, o objetivo principal foi o de, em termos quantitativos, reconhecer parâmetros
pertinentes de controle (pressão de entrada; swirl de entrada; ângulo cônico de spray e SMD
inicial (Sauter Mean Diameter)) em associação para com o tipo de combustível (volatilidade), e
fornecer aspectos de influência dos mesmos no que tangem tanto a efetividade da conversão
de energia quanto a preservação da qualidade da energia.
Os casos simulados foram estruturados com base em um modelo típico de duas fases
Euleriano (gás) - Lagrangiano (gotas) axissimétrico com cinética de reação global de passo
único para três combustíveis líquidos (N-Hexano, Querosene e N-Duodecano) e com hipótese
de modelo stick para a evaporação das gotas. Para a turbulência da fase gasosa se utilizou o
65
modelo k-ε padrão pelo enfoque do estudo ser a identificação de parâmetros médios ou globais
do escoamento. A influência da fase gasosa nas gotas foi estabelecida através de uma
abordagem estocástica e a radiação foi tratada como um fenômeno puramente gasoso.
Basicamente, a câmara tubular estudada consistiu de um modelo de combustão em
spray para um escoamento bifásico com swirler helicoidal na entrada, jatos radiais de ar
secundário e de diluição. Referenciando-se às condições de contorno se assumiu para o ar
velocidades axial e tangencial, e temperatura uniformes no plano de entrada, gradiente axial
zero para todas as variáveis na saída e uma lei logarítmica padrão para a região próxima da
parede. No que se refere à radiação, planos de saída foram considerados adiabáticos e se
aplicou condição de contorno de Marshak para a parede sólida.
Para o desenvolvimento numérico se utilizou uma malha de 89 x 31 elementos gerada
a partir de um sistema de rede de tamanho variável adaptativo. A validação do modelo
desenvolvido para a metodologia de solução, cuja precisão está fundamentalmente relacionada
à capacidade do modelo em determinar os campos de velocidade, temperatura e concentração
de espécies, foi feita por meio de comparação com os resultados obtidos por estudos de
referência similares (numéricos e experimentais), que abordaram a expansão isotérmica de
escoamento turbilhonado e escoamento reativo turbilhonado em câmara de combustão tipo
dump, i.e. filosofia de projeto que adota um difusor anular curto para uma expansão brusca do
escoamento imediatamente na saída do compressor. As comparações permitiram identificar
que a adoção do modelo k-ε e das hipóteses de axissimetria e stick, resultaram em menor
precisão na determinação do campo de velocidade em regiões próximas do eixo e afastada da
entrada com subestimativa do comprimento da zona central de recirculação, e do campo de
temperatura quando próximo da parede e longe da entrada.
Como principais resultados obtidos e tendências observadas, notou-se que os
fenômenos basicamente são regulados pelas taxas de penetração, vaporização e misturação
das gotas, difusão de vapor de combustível no ar e volatilidade do combustível. Desse modo,
observou-se que um aumento do swirl de entrada em altas pressões, independente da
volatilidade, foi em termos termodinâmicos negativo para a conservação da quantidade e
qualidade de energia, praticamente não tendo influência quando em baixas pressões. No caso
de aumento do ângulo cônico e do SMD inicial, estes resultaram em maior eficiência de 1ª Lei,
entretanto, em aumento das irreversibilidades.
ZAMUNER et al. [57] avaliaram a influência do número de swirl prescrito sobre os
elementos globais do escoamento reativo bifásico de uma mistura querosene-ar para uma
câmara de combustão tubular (LESCALC) desenvolvida e testada nas instalações da
TURBOMECA. O estudo foi elaborado através do código doméstico 3D-CFD ONERA “MSD”,
para o qual se simulou o escoamento bifásico por meio de um modelo de duas fases Euleriano
66
(gás) - Lagrangiano (gotas), em que para a fase gasosa os modelos de turbulência e
combustão adotados foram, respectivamente, k-ε padrão e CLE. Para tratamento da dispersão
turbulenta das gotas se utilizou o modelo Eddy Life Time, sendo desprezados efeitos de
atomização secundária e de coalescência. Além disso, assumiu-se uma regra de 1/3 para as
propriedades da fase gasosa na superfície e para o comportamento interno se adotou um
modelo de condução infinita pelo elevado nº de Reynolds do escoamento.
Como elementos principais, a câmara de combustão se constituiu de atomizador
aerodinâmico padrão para a injeção de combustível líquido na forma de jato cônico vazio, duplo
swirl para a injeção de ar primário e secundário, parede perfurada com múltiplos furos e oito
furos de diluição, ambas servindo para injeção de ar de resfriamento que corresponde a mais
de 70% da massa total de ar injetada. As condições de contorno foram especificadas de modo
a prescrever um nº de swirl global para o plano de injeção do escoamento, sendo assumidas
condição de contorno periódica para a simetria da geometria e de parede porosa para
simplificar a representação dos múltiplos furos de injeção de ar de resfriamento da parede
perfurada. A simulação numérica foi desenvolvida em uma geometria tridimensional com malha
estruturada de 71.852 células para uma seção de 45º da câmara de combustão como resultado
de simplificação por simetria. O desenvolvimento numérico foi dividido em duas partes para
obtenção de um escoamento reativo turbulento permanente. Neste caso, primeiro se injetou
querosene gasoso e depois, após a convergência da primeira etapa, foram injetadas as gotas,
cuja distribuição no spray foi assumida como de Rosin-Rammler.
As simulações mostraram que o aumento do número de swirl de 0,75 para 1,2 levou a
um maior confinamento do combustível à zona primária, o que resultou em uma mistura mais
eficiente e caracteristicamente pobre. Neste sentido, embora tenha resultado em uma maior
carga térmica transferida ao escudo térmico resfriado por filme de ar, permitiu que fosse obtida
uma combustão mais eficiente e de distribuição de temperatura radial na saída mais uniforme,
que reflete a maior intensidade de swirl. Apesar da melhor performance e provavelmente menor
nível de emissão, foi comentado que se fazem necessárias modificações da metodologia e
modelagem numérica que permitam uma melhor descrição das dinâmicas do spray e das
gotas, que contabilizem o efeito de spray denso, interação parede e gotas, e maiores detalhes
da influência das gotas na estrutura da chama.
SHIH and LIU [7] e [8] modelaram uma câmara de combustão tubular para avaliar
qualitativamente a estrutura da chama na circunstância da carcaça ser rotativa. O engendro se
prezou pela estrutura central dos rotores da máquina ser montada dentro de uma carcaça, que
se configura como um eixo anular externo majorado no qual as pás da turbina estão acopladas
internamente. Esta iniciativa na qual a carcaça representa um eixo vazado que retém inclusive
a câmara de combustão, faz parte de um projeto inovador de microturbina a gás de 60 [kW],
67
cujo enfoque principal foi o de aumentar a rigidez e estabilidade do sistema para
prolongamento de vida útil da máquina. Em suma, o estudo se marcou pela inovação,
considerando que o impacto de uma carcaça rotativa sobre o fenômeno reativo de combustão
nunca foi estudado em câmaras de turbinas a gás.
Como o enfoque do estudo foi qualitativo, adotou-se um modelo tridimensional
compressível k-ε para uma cinética reativa de um passo global para a reação metano-ar com
mecanismo estruturado por uma PPDF (Presumed Probability Density Function), sendo o
®
desenvolvimento numérico realizado com o código comercial STAR-CD . O domínio
computacional incluiu câmara, liner e o espaço entre liner e carcaça. Neste âmbito, a malha foi
gerada por meio de uma técnica multi-blocos, com refinamento de regiões de intensa reação e
nos furos de admissão de ar, onde as propriedades físicas variam mais intensamente,
terminando constituída de 302.139 células. O liner da câmara, assumido como estacionário e
de paredes impermeáveis, foi modelado através de uma camada de células de espessura zero
insertadas no domínio fluido, i.e. baffles elements. Diferentemente do tradicional, neste caso a
especificação do swirler apenas teve o propósito de produzir a zona de combustão, sendo
estruturado através de 12 fendas retangulares dispostas regularmente com ângulo entre pás de
30º. O diâmetro especificado para a carcaça rotativa foi de 95 mm, tendo sido o combustor
dimensionado com 75 mm de diâmetro para um comprimento de 180 mm, com oito furos
primários de 7 mm, oito furos secundários de 5 mm e seis furos de diluição de 11 mm. A Figura
2.10 apresenta as características da geometria tubular projetada e o domínio computacional
estruturado.
No que se referem às condições de contorno especificadas, a condição rotativa foi
aplicada na parede da carcaça que gira com uma dada velocidade angular. As condições de
entrada do ar na câmara foram de 0,473 kg/s a 3,2 atm a 431 K, para uma vazão de metano
especificada em 0,0096 kg/s, resultando em uma razão de equivalência global de 0,35 para um
Re de aproximadamente 340.000. A solução das equações governantes é feita pelo algoritmo
SIMPLE, tendo sido os efeitos gravitacionais desprezados.
Simulações isotérmicas e reativas foram realizadas em diferentes velocidades de
rotação comparadas entre si e para com o caso estacionário. Conforme se percebe na Figura
2.11, na circunstância da simulação isotérmica, com a carcaça estacionária se evidencia uma
recirculação do escoamento na zona primária induzida pelo colapso de vórtices, enquanto, para
a rotação da carcaça no sentido horário e oposto ao transmitido pelo swirler, identificou-se que
a velocidade axial diminuiu e a zona de recirculação pareceu mais curta, entretanto, um pouco
mais larga. Além disso, a segunda zona de recirculação identificada próxima dos furos de
diluição com a carcaça estacionária, para uma carcaça rotativa não mais está presente. Ou
seja, nesta condição, assimila-se que o escoamento que penetra o combustor não o faz em
68
linha reta em direção ao centro, mas com uma certa angulação pelos furos do liner. Desse
modo, com a introdução da rotação, percebeu-se que a mesma se torna dominante sobre o
movimento do escoamento no interior do combustor, levando que o fluxo interno ao tubo de
chama também gire no mesmo sentido da carcaça.
Figura 2.10. À esquerda, combustor tubular projetado internamente ao eixo vazado girante
discriminado em termos dos componentes principais. À direita e acima, liner do
combustor representado por baffles elements, e abaixo a malha do domínio fluido
computacional elaborada para o combustor. Fonte: Adaptado do texto de SHIH
and LIU [7] e [8].
69
Figura 2.11. Perfis comparativos da simulação isotérmica. Acima, observam-se os perfis
longitudinal e transversal para uma seção localizada nos furos primários para a
carcaça estacionária e abaixo os mesmos perfis para uma rotação no sentido
horário de 58.000 rpm. Fonte: Adaptado do texto de SHIH and LIU [8].
Figura 2.12. Gráficos obtidos sobre a performance da combustão para os diversos casos
estudados. À esquerda, são exibidas curvas de temperatura média na saída (T4)
e a eficiência do combustor (η), enquanto, à direita, identificam-se as curvas de
TQ (PF) e perda de pressão (pressure drop). Linhas contínuas referenciam os
resultados para os casos de rotação no sentido horário, enquanto as tracejadas o
oposto. Fonte: Adaptado do texto de SHIH and LIU [8].
70
Resumindo, em casos cujo sentido de rotação foi contrário ao transmitido pelo swirler
a chama se estabilizou na região central da zona primária, apresentando uma forma côncava e
mais larga na máxima rotação, entretanto, para um sentido equivalente, a chama se estreitou
na região central e se estabilizou entre as zonas primária e secundária, i.e. a zona de alta
temperatura se moveu a jusante. O perfil do escoamento indicou que a recirculação na zona
primária, para a condição de máxima rotação anti-horária, terminou dividida em duas pequenas
zonas de recirculação, conforme os perfis à direita na Figura 2.13.
As duas principais conclusões dos trabalhos de SHIH and LIU [7] e [8] podem ser
resumidas pelos gráficos apresentados na Figura 2.12. Ou seja, a primeira foi a de que com a
carcaça estacionária, parâmetros como temperatura de saída, eficiência de combustão e perda
de pressão, respectivamente, especificados em 1.200 K, 90% e 6%, não atingiram valores alvo
de projeto. A segunda, que com o efeito da rotação, a eficiência de combustão e o TQ foram
melhores que para o caso estacionário, não importando em qual direção a carcaça gira,
atestando que com o turbilhonamento por fora do liner pode-se melhorar a misturação,
performance de combustão e o resfriamento. Na medida em que a rotação aumentou, os
problemas de resfriamento e a perda de pressão no combustor decresceram (Figura 2.12),
entretanto, ainda se apresentaram muito aquém do satisfatório para um combustor de turbina a
gás, i.e. PLF mínimo de acima de 11% e TQ mínimo acima de 0,5. Para uma rotação no
sentido horário de 58.000 rpm, as maiores temperaturas de saída foram deslocadas para a
circunferência interna devido ao turbilhonamento promovido pela rotação, ocasionando que o
pico de temperatura reduzisse para 1.700 K, não mais aparecendo os pontos quentes
observados na situação da carcaça estacionária.
A partir dos gráficos apresentados na Figura 2.12, percebe-se que em todos os casos
estudados por SHIH and LIU [8], notou-se um aumento de eficiência e diminuições da perda de
carga e do parâmetro de homogeneidade da temperatura na saída do combustor em
comparação para com o caso estacionário, o que atestou um melhor desempenho da câmara
pelo efeito da rotação da carcaça, tanto para rotações no sentido horário quanto anti-horário.
Adicionalmente, tendo em vista o TQ na saída da câmara, ficou claro que a carga de
combustão para o combustor compacto se evidenciou muito elevada, e a estratégia de diluição
precisa ser reconsiderada, tendo sido a mesma uma consequência do requisito de diminuir o
tamanho do combustor para que ele fosse adaptado ao eixo vazado. Embora o estudo tenha
meramente identificado tendências, ele permitiu preliminarmente concluir que a alta velocidade
de rotação exibida pelas microturbinas pode ser aproveitada para melhorar o desempenho da
câmara tanto em carga parcial quanto na máxima potência contínua nominal.
71
Figura 2.13. Comparação entre os perfis de temperatura e velocidade entre os casos
estacionário (à esquerda), rotação no sentido horário (centro) e rotação no sentido
anti-horário (à direita). Fonte: Adaptado do texto de SHIH and LIU [8].
72
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Dρ
Dt
( )
+ρ ∇⋅u =
~
∂ρ
∂t
( )
+ ∇ ⋅ ρu = 0
~
(3.1)
73
N
∑
i =1
ρi u
~i
i) u =
~ N
∑
i =1
ρi
ii) U = u − u
~ i ~i ~
.
iii) m = ρi u (3.2)
~ ~i
J
~i
iv) U =
~i ρi
ρi
v) Yi =
ρ
∂Yi 1 J ωi ∂Yi
+ u⋅ ∇Yi + ∇ ⋅ ρYi ~i = → ρ + u⋅ ∇Yi +
∂t ~ ρ ρi ρ ∂t ~
(3.3)
(
+∇ ⋅ ρYi U = ωi
~i )
Em um sistema reativo, a equação de conservação de momentum ou de Navier-
Stokes para uma resolução constitutiva pode ser expressa como a Equação (3.4). Nesta, pe é a
pressão termodinâmica, δij é o tensor delta de Kronecker, µ é a viscosidade dinâmica, f é o
~
tensor força externa por unidade de massa atuante na espécie e os subscritos i, j e l
referenciam índices da notação indicial, e k a k-ésima espécie.
O coeficiente κ que se observa na Equação (3.4) é um com dimensões de viscosidade
usualmente referido como viscosidade de expansão (bulk viscosity), representando um termo
de desequilíbrio (coeficiente de amortecimento) associado à parcela irreversível do trabalho
que a pressão exerce para um dado fluido em movimento [59]. Para a maioria dos
escoamentos, incluindo compressíveis e particularmente em processos de combustão [58], a
hipótese de Stokes é válida, o que implica que κ é geralmente igual a zero. Fisicamente,
situações em que κ assume valores diferentes de zero se originam em gases poliatômicos, i.e.
em misturas de gases monoatômicos [58] e [59] a teoria cinética mostra que κ = 0, por efeitos
de relaxação entre movimentos de translação e os vários graus internos de liberdade,
tornando-se significativo apenas em casos onde a taxa de expansão de volume é periódica e
de alta frequência.
74
Dui ∂ 2 ∂ ul ∂ ui ∂ u j N
ρ = −peδij + κ − µ δij + µ + + ρ∑ ( Yk fk )i →
Dt ∂ x j 3 ∂ xl ∂ x j ∂ xi k =1
∂ ui ∂ ui ∂ pe ∂ ∂ ui ∂ ∂ ui ∂ u j 2 ∂ ui
→ ρ + uj =− + κ + µ + − +
∂t ∂ xj ∂ x j ∂ x j ∂ xi ∂ x j ∂ x j ∂ x i 3 ∂ x i (3.4)
N
+ρ∑ ( Yk fk )i
k =1
( )
N
Dh Dpe 2
ρ − = κ ∇ ⋅ u + ρΦ − ∇ ⋅ ρ∑ hi Yi U +
Dt Dt 144 ~2443 i=244
~i
14243 144 1 3
Acréscimo de energia interna Adição de calor irreversível por atrito Fluxo de energia por difusão
.
( )
N N
Yj αi
+ ∇ ⋅ ( k∇T ) − ∇ ⋅ Ru TMW ∑∑ U − U + ρ qrad +
1424 3 i=1 j=1 MWi MWj Di j
~i ~ j {
Condução
144444444 42444444444 3 Radiação
(3.5)
Efeito Dufour
( )
N
+ ρ∑ Y f ⋅U
k =1
~~k
14 4244 3
Trabalho por Forças de Corpo
de energia mecânica por deformação que equivale a 2 (µ / ρ ) SijSij , onde Sij representa o
1 ∂ ui ∂ u j 1 ∂ uk
Sij = + − δij (3.6)
2 ∂ x j ∂ xi 3 ∂ xk
N N
1
J = −ρ∑ Dij∇Yj → U = − ∑ D ∇Yij j (3.7)
~i j=1
~i Yi j=1
N
∂ µk
Dij = ∑ L 'ij (3.8)
k =1 ∂ cj
1 − Yi
D'i = N (3.9)
Yj
∑
j=2 Dij
( ) Xi X j α j αi ∇T
N N
Xi X j
∇Xi = ∑
j=1 Dij
U −U
~ j ~i
+ ∑
j=1 ρD
−
ij Yj Yi T
+
1442443 1444 424444 3
Efeito das Velocidades de Difusão Efeitos de Termo-Difusão ou Efeito de Soret
(3.10)
( )
N
1
+ (14243
Yi − Xi ) ∇p + ρ∑ YY i j f − f
p j=1
~i ~ j
Efeito dos Gradientes de Pressão 1442443
Efeito de Forças de Corpo
nas moléculas de diferentes
espécies
Yi / Wi
Xi = N (3.11)
∑ ( Yj / Wj )
j =1
77
As taxas de produção de espécies ωi [58] presentes nas equações de continuidade
das espécies (Equação (3.3)) podem ser determinadas pela expressão fenomenológica da
cinética química, conforme a Equação (3.12), sendo R é o número total de reações químicas
presentes no domínio em análise, e ν” e ν’, respectivamente, os coeficientes estequiométricos
dos produtos e reagente. Ainda na Equação (3.12), nota-se a que a expressão entre colchetes
representa a forma temperatura-dependente da equação de Arrhenius, onde Ak é o fator pré-
exponencial, βk o expoente da temperatura e Eak a energia de ativação, todos referentes à k-
ésima reação. Nesta estratégia de resolução, a determinação [64] das taxas de consumo ou de
formação de cada espécie é efetuada a partir de conceitos de taxas finitas de reações químicas
elementares na forma de reações bimoleculares e teorias de colisão, o que a depender da
complexidade do problema reativo pode onerar a resolução numérica, a ponto de inviabilizá-la,
conforme será esclarecido nas seções posteriores.
Ea k
− N
ν ' j, k
R
X jp
ωi = MWi ∑ ( ν "i, k − ν 'i, k ) A k T e ∏
αk Ru T
(3.12)
k =1 j=1 Ru T
78
Os modelos RANS [65] são obtidos a partir das equações de Navier-Stokes através de
procedimentos de obtenção de médias temporais e de Favre, o que resulta em equações
reconhecidas como Reynolds-Averaged, que se estruturam a partir do conceito de que
qualquer grandeza física irregular ou randômica pode ser descrita como uma soma de duas
parcelas, uma que corresponde à média e outra à flutuação. Em tal abordagem as equações de
conservação são tratadas visando a obtenção de valores médios do escoamento,
discriminando-o para com suas flutuações, de modo a tal transformação resultar em um
conjunto de valores desconhecidos ou mais apropriadamente Tensões de Reynolds. Adotando-
se tal procedimento [66] nas Equações (3.1), (3.3), (3.4) e (3.5), obtém-se as equações médias
de conservação, i.e. Equações (3.13) (3.14), (3.15) e (3.16), onde os símbolos sobrescritos
∂ρ
∂t
+∇⋅ ρ u =0
~ ( ) (3.13)
ρ
∂ Yi
∂t
( )
N
+ ∇ ⋅ ρ u Yi = ∇ ⋅ ρ∑ Di j∇Yj − ∇ ⋅ ρ u ' Yi '
~ 3
42444 ~ 3 (
+ )
3 Transporte turbulento
144244 j =1 14 4244
1
424 3 Termo convectivo 144
Termo de acúmulo Termo difusivo
da i−ésima espécie
(3.14)
+ ωi
{
Termofonte devido
à taxa de reação
turbulenta
(
∂ ρ ui )+ ( ∂ ρ ui u j )
∑= ( Y )
∂ Τi j ∂ N
= − ρ ui 'u j ' + ρ f
k k
∂t ∂ xj ∂ xi ∂ x j 123 k 1 i
(3.15)
Tensor de
Reynolds
79
(
∂ ρ h )
∂t
(
+∇⋅ ρ u h =
~
D
Dt
( ) ~
pe ) + pe ∇ ⋅ u + ∇ ⋅ k∇T − ρ ui 'h' u'h' +
144244 ~
3
( )
Transportede
EnergiaTurbulenta (3.16)
.
~ ~
N
k =1
(
+ Τ : ∇u + ρ ∑ Y f⋅U
~ ~ ) k
+ qrad ; sendo,
D
Dt
( )≡
∂
+ u ⋅∇
∂t ~
requerendo a definição destes termos para serem resolvidas, i.e. estes não são explicitamente
conhecidos como funções das variáveis médias dependentes. Para resolver o problema de
fechamento referenciado são propostos modelos de turbulência para a definição das Tensões
de Reynolds.
A forma mais simples de modelagem é aquela que utiliza a hipótese de Boussinesq ou
do gradiente difusivo, que origina os modelos algébricos e de uma equação, de modo geral
atualmente obsoletos [65]. Esta hipótese, que se baseia na teoria cinética dos gases, assume
que o Tensor de Reynolds é definido pela multiplicação entre a viscosidade turbulenta (µt) e os
gradientes de velocidade, conforme definido pela Equação (3.17), onde o sobrescrito T
representa o transposto do gradiente do vetor campo de velocidade. Observa-se que a principal
desvantagem da hipótese é a de assumir que µt é uma quantidade escalar isotrópica, o que
não representa uma verdade estrita [67], mas que funciona em situações dominadas apenas
por tensões de cisalhamento turbulentas, i.e. camadas limites em paredes, camada de mistura,
jatos, etc.
( )
ρ u ' ⊗ u ' = −µt ∇ u+ ∇ u
T
~ ~ (3.17)
~ ~
80
modelo completo, justamente pela viscosidade cinemática turbulenta (ξ )
t representar a
81
muito afastados do cisalhamento simples, como de jatos incidentes ou tridimensionais, além
daqueles caracterizados por camada limite de acentuado gradiente de pressão, forte separação
ou curvatura, e regiões adjuntas de uma estagnação, onde a produção de k pode ser excessiva
(não física) devida à alta taxa de deformação.
( )
2
k
µt = Cµ ρ (3.18)
ε
82
Proposto por SHIH et al. [81], o modelo k-ε Realizable também representa uma
variante do modelo k-ε Standard, sendo a motivação de seu desenvolvimento o
reconhecimento de que certas relações matemáticas não eram estritamente obedecidas no
modelo original [67], i.e. positividade das tensões normais de Reynolds e desigualdade de
Schwarz para as tensões de cisalhamento, quando a taxa de deformação média é elevada.
Neste sentido, embora a equação de k permanecesse a mesma, para evitar tais violações,
propôs-se uma nova formulação para a equação de transporte de ε, que se fundamenta na
equação dinâmica média quadrática da flutuação de vorticidade, e para a viscosidade
turbulenta, considerando o coeficiente Cµ variável e fortemente influenciado pelos termos
relacionados à taxa de deformação. Esta consideração se fundamentou por resultados da
literatura que apontavam para uma variação do mesmo em função do campo médio de
velocidade e da turbulência.
As modificações propostas no modelo k-ε Realizable visam principalmente assimilar o
comportamento do escoamento em condições de elevada taxa de deformação, i.e. casos com
gradientes de pressão adversos, fluxos de cisalhamento com rotação, forte curvatura da linha
de corrente, separação de camada limite, tendo sido validado em casos como o da anomalia da
taxa de espalhamento em jatos, entre outros [67] e [82]. A mesma, diferentemente do resultado
previsto pelos modelos k-ε Standard e RNG k-ε, experimentalmente resulta ser menor em jatos
circulares ou axissimétricos em comparação para com jatos planos, estando isto atrelado
fundamentalmente à estrutura da equação de ε.
A maior limitação dos modelos k-ε se encontra na dificuldade de formulação para o
tratamento próximo da parede, que representa a principal fonte de vorticidade e turbulência,
estando em suas imediações elevados gradientes das variáveis de solução adjunto de
ocorrências mais intensas de momentum e escalares de transporte. Considerando a condição
de não escorregamento a ser respeitada na mesma e o consequente impacto no campo de
velocidade médio, a turbulência é afetada de maneira não trivial por variados efeitos, que muito
próximo da parede reduzem as flutuações tangenciais e normais, respectivamente,
amortecimento viscoso e bloqueio cinemático, e nas proximidades aumentam-na abruptamente
pela produção de energia cinética turbulenta devido aos elevados gradientes na velocidade
média.
Variados experimentos demonstram [67] que a região próxima da parede,
sumariamente, pode ser dividida em três camadas, i.e. subcamada viscosa, camada intermédia
e completamente turbulenta. A Figura 3.1 ilustra isto e também inclui o detalhamento das
subdivisões da camada limite em função das distâncias adimensionais y/δ (y é a distância de
+
parede e δ uma espessura de referência) e y , e de Re. Consequentemente, abstrai-se que em
simulações numéricas a distância do primeiro nó da malha desenvolvida é definida
83
+
essencialmente em função do y , que em suma estabelece a abordagem a ser utilizada para a
solução do tipo de problema físico em análise. Ou seja, em problemas de arrasto aerodinâmico
não desprezível, ou de fluxos altamente viscosos, baixo Re incidente, gradientes de pressão
adversos com descolamento de camada limite, onde o efeito de proximidade da parede é
significativo faz-se necessária a resolução da subcamada viscosa, resultando em aumento dos
requisitos de malha (y+ = 1) e inviabilizando a aplicação de funções de parede, i.e. estas [67], a
depender do Re, em média deterioram e perdem a acurácia a partir de y+ = 15.
Tal qual se observa na Figura 3.1, as funções de parede baseadas na lei logarítmica
tendem a perder precisão e gradualmente incorrer em erros ilimitados na determinação da
tensão de cisalhamento e transferência de calor pela parede, isto porque os resultados
numéricos das mesmas deterioram, com exceção da função de parede escalável, com o
refinamento da malha na direção normal à parede. Neste sentido, a universalidade da lei de
parede [67] e [84] pode ser resumida no que se refere aos perfis de velocidade em termos de
84
três faixas: subcamada viscosa (Equação (3.19)), camada logarítmica ou função de parede
padrão (Equação (3.20)) e camada falha (Defect Layer) (Equação (3.21)).
1 (3.20)
→ u+ = ln(y + ) + B
κ
U∞ y
Camada Falha : y + ≈ 103 ( y / δ > 0,2 ) → u+ = −Γ (3.21)
uτ δ
+
parede, y é a distância adimensional de parede ( (uτ .y ) ξ ) , U∞ a velocidade da corrente livre
esteira) e w(y/δ) é a função esteira, que pode ser aproximada [84] por 2 sin 2 ( π / 2 )( y / δ ) .
y 1 y y
Γ = − ln + Π 2 − w (3.22)
δ κ δ δ
+
Considerando as faixas mencionadas, na região da camada intermédia, i.e. y entre 5
e 30, a lei da parede assume uma forma distinta [84] daquelas apresentadas para a
subcamada viscosa e camada logarítmica. Empiricamente, VAN DRIEST [86] demonstrou
+
através da hipótese do comprimento de mistura que o perfil de velocidade média (u ) tanto na
camada intermédia quanto nas subcamada viscosa e logarítmica é adequadamente
+
representado pela relação expressa na Equação (3.23), onde lm pode ser especificado como a
Equação (3.24). Nesta, o termo entre colchetes é designado como função de amortecimento de
85
+ +
Van Driest, sendo utilizado para reduzir na subcamada viscosa a especificação lm = κ.y da
+
região logarítmica, em que lm representa o comprimento de mistura normalizado por escalas
+
de viscosidade, i.e. lm ≡ lm δξ ; lm: comprimento de mistura; δξ: escala de comprimento
viscoso, e A+ um parâmetro usualmente prescrito como A+ = 26, podendo variar a depender do
gradiente de pressão que atua na camada de parede.
y+
2dy '
∫ 1+
0 1 + 4lm+ (y ')2
(3.23)
+
+ −y +
l = κy 1 − exp +
m (3.24)
A
86
concepção, que inclui variantes, tendo sido aperfeiçoado em termos de engenharia,
particularmente para aplicações aerodinâmicas, por WILKOX [105] em um modelo que ficou
reconhecido como Standard k-ω.
87
ξ
( ω) = ∇ ⋅ t + ξ ∇ ω + ( C1ε − 1) k − ( C2ε − 1) ω +
D P ω 2
Dt σ ε k
(3.25)
2ξ t
+ ∇ ω ⋅∇ k
σω k
k
µt = α∗ ρ (3.26)
ω
constantes e que agora representam funções das variáveis de fluxo. Basicamente, WILCOX
[103] propôs tais funções como medidas para atenuar a forte sensibilidade das soluções no que
se refere aos valores de k e ω fora da camada de cisalhamento e para compatibilizar o modelo
em termos de resposta no que se refere à anomalia jatos circulares-jatos planos.
A função limitada fβ ∗ foi adotada para seletivamente aumentar através do parâmetro
de difusão cruzada, que é alta no escoamento cisalhante livre e baixa na camada limite, a
dissipação na equação de k e, desse modo, reduzir a viscosidade turbulenta no escoamento
cisalhante livre, aperfeiçoando o modelo em uma de suas limitações que é a baixa performance
neste tipo de escoamento (sensibilidade à corrente livre). No que se refere à função limitada
fβ , esta é proposta como um ajuste introduzido na equação de ω para contabilizar a redução
da escala de comprimento promovida pelo estiramento da vorticidade média, que nas regiões
afetadas resulta em uma redução em escala e estiramento da vorticidade turbulenta com
consequente aumento da dissipação.
Os coeficientes de dissipação β∗ e β, que adicionalmente incluem correções de
compressibilidade para escoamentos de alto Ma, i.e. efeitos de pressão-dilatação e dilatação-
dissipação, e o coeficiente de produção α, assim como α∗ , incluem correções de baixo Re.
Tais correções de modo geral não são recomendadas [67]. No que se refere à
compressibilidade, tal qual mencionado por WILKOX [106], a mesma tem um efeito
relativamente pequeno nos vórtices turbulentos de escoamentos adjuntos de parede, sendo
isto válido de modo geral para Ma até 5, ou, em determinadas circunstâncias, até
aproximadamente 8, de modo que o fluxo não experimenta grandes variações de pressão em
88
uma curta distância como poderia ocorrer em uma onda de choque. Ainda, as próprias
correções de compressibilidade utilizadas na versão de WILKOX [105] foram calibradas a partir
de um número limitado de experimentos e aplicações de escoamentos cisalhante livre, não
sendo geralmente aceitáveis [107] para escoamentos de camada limite e inclusive preferível a
sua não adoção.
Quanto às correções de baixo Re as mesmas foram introduzidas para mimetizar
processos de transição laminar-turbulento e reproduzir o pico de energia cinética observado em
simulações DNS em regiões muito próximas da parede. Entretanto, podem produzir um retardo
do surgimento da camada limite turbulenta na parede, não sendo suficientemente robustas
para definir a transição laminar-turbulenta (early transition prediction), i.e. esta é sensível a um
amplo espectro de perturbações como gradiente de pressão, rugosidade da superfície,
turbulência da corrente livre, ambiente térmico, etc., e também implicando na necessidade de
um apropriado refinamento de malha, i.e. primeiro nó localizado em y+ = 2 e no mínimo 15 para
nós localizados na camada limite, e na adequada especificação dos níveis de turbulência na
entrada.
A alta sensibilidade ao valor de corrente livre de ω apresentada pelo k-ω representa
uma de suas maiores limitações, afetando a resolução do escoamento tanto na camada
cisalhante livre quanto em camadas limites afetadas por gradientes de pressão adversos,
embora [108], quando estes se demonstram moderados, se mostre adequado para a resolução
deste tipo de escoamento na região logarítmica. Dentre outras limitações do modelo, que
também se observam no k-ε, podem ser citados que o mesmo é inapto para capturar
escoamentos secundários e apresenta baixa precisão na resolução de escoamentos
caracterizados por intensa curvatura geométrica ou das linhas de corrente. Adicionalmente,
MORGANS et al. [109] mencionam, na aplicação do modelo para o estudo de jatos em
escoamento coaxial, uma alta sensibilidade ao comprimento de desenvolvimento da camada
limite e a pequenas intensidades de turbulência nas condições de contorno de entrada, sendo
isto aparentemente resultado da sensibilidade do modelo às condições contorno, fato
observado por MENTER [110].
No que se refere às suas capacidades provadas, tal qual afirmado por BARDINA et al.
[108] o modelo é provado superior em relação ao k-ε em termos de estabilidade numérica na
resolução da subcamada viscosa próxima da parede, dispensando funções de amortecimento
explícitas. Ou seja, devido aos elevados valores de ω característicos do modelo na região da
parede, suas equações podem ser integradas através da subcamada viscosa. Isto torna natural
sua formulação de tratamento de parede próxima, resultando em robustez e precisão para a
resolução de escoamentos primariamente afetados pela parede, que incluem fenômenos de
transferência de calor por parede sólida e, dentro de certos limites, i.e. a separação é
89
tipicamente prevista de forma excessiva e prematura, escoamentos complexos de camada
limite com separação, i.e. aerodinâmica externa e turbomáquinas.
A fim de estruturar um modelo que combinasse a independência à corrente livre do
modelo k-ε e a formulação robusta e precisa na região de parede próxima do k-ω, MENTER
[111] propôs o modelo SST (Shear-Stress Transport) k-ω. A estrutura base adotada para esta
abordagem foi aquela do modelo k-ω de WILKOX [105], sendo a equação ε do modelo k-ε
transformada para a formulação do k-ω a partir da relação ε = β∗ k ω . Como resultado deste
novo modelo [112], tem-se a presença de um termo adicional de difusão cruzada na equação
de ω e uma estratégia diferente 0bde modelagem dos coeficientes. Com efeito, o modelo SST
se perfaz, além da soma das equações correspondestes a cada modelo, por uma ponderação
zonal dos coeficientes através do uso de uma função de transição (blending function) (F1) que
multiplica alguns parâmetros dos modelos k-ω e k-ε transformado, sendo que neste, mais
especificamente, multiplica-se pela função (1 – F1). Neste sentido, a função F1 é definida de
modo que tenha valor 1 na região de parede próxima (ativando o modelo k-ω) e 0 distante da
parede, de modo que a transição ou fusão entre os modelos ocorra na região da esteira da
camada limite. As Equações (3.27) e (3.28) sumarizam a estrutura do modelo SST k-ω. Nestas,
assumem valor igual a 1, sendo β∗ definido da mesma forma, enquanto β é avaliado em função
de F1 e (1 - F1).
Além das diferenças mencionadas, uma característica importante que representa um
aperfeiçoamento do modelo em relação ao modelo k-ω, é a capacidade do SST k-ω assimilar
efeitos de transporte de tensões turbulentas, garantindo que τ t (tensor de cisalhamento
turbulento) seja proporcional a k. Tal capacidade, evita a perda de precisão em escoamentos
de camada limite com gradientes de pressão adversos ou com separação, evidenciada na
maioria dos modelos de duas equações, incluindo modelos k-ε, que superestimam as tensões
turbulentas na esteira, i.e. região de velocidade falha. No modelo SST k-ω, isto foi
implementado através de uma modificação da formulação da viscosidade turbulenta pelo uso
de uma função de transição (F2) na camada limite, que cerceia aquela de modo que as tensões
turbulentas permaneçam nos limites ditados pela hipótese da similaridade estrutural do
movimento turbulento, baseando-se nos estudos de BRADSHAW [113] e [114].
BRADSHAW [113] sugeriu que as grandes escalas podem ser grosseiramente
imaginadas como universais, diferenciando-se por fatores de escalas de velocidade e
comprimento. Neste sentido, como os grandes vórtices têm contribuição significativa na tensão
de cisalhamento local e, portanto, na produção de turbulência, BRADSHAW [114] especulou
que os mesmos controlam o suprimento de energia para as menores escalas pela parte mais
90
exterior da camada limite. Entretanto, considerando que não alteram a universalidade do
movimento das menores escalas na camada interna, os movimentos de grande escala são em
sua maioria inativos e podem ser pensados como oscilações quase-permanentes, aumentando
sua influência com o aumento de Re e dos gradientes de pressão [115]. Neste sentido, a
viscosidade turbulenta no modelo SST k-ω passa a ser calculada de acordo com a relação
apresentada na Equação (3.29), em que E representa a magnitude do tensor taxa de
deformação (Equação (3.30)), α∗ é calculado de maneira equivalente àquela do modelo k-ω e
a1 é uma constante do modelo.
∂ ρ k ∂ ρ k uj ∂ µt ∂k ∂ ui ∂ ui ∂ u j
+ = + µ + µt + −
∂t ∂ xj ∂ x j F1 (1 − F1) ∂ xj ∂ x j ∂ x j ∂ xi
+
σk,1 σk,2
144424443
Produção de Turbulência
1444442444443
Transporte escalar
de Turbulência
(3.27)
2 ∂ uk ∂ uk
− µt + ρ k − ρ β∗ k ω + S k
3 ∂ xk ∂ xk 14243
1444 424444 3 Dissipação de
Produção de turbulência por Turbulência
efeitos de compressibilidade
∂ ∂ω
∂ ρ ω ∂ ρ ω uj µt
( )
2
+ = + µ − ρ β ω + Sω +
∂t ∂ xj ∂ x j F1 (1 − F1) ∂ x j 14243
+
σω,1 σω,2 Dissipaçãode
144444 42444444 3 Turbulência
Transporte Escalar
de Turbulência
(3.28)
α ∂ ui ∂ ui ∂ u j 2 ∂ uk ∂ uk 1 ∂k ∂ω
+ µt + − µt + ρ k + 2(1 − F1) ρ
ξ t ∂ x j ∂ x j ∂ xi 3 ∂ xk ∂ xk 14444 ω σω,2 ∂ x j ∂ x j
1444444444 24444444443 4244444 3
Produção de Turbulência Difusão Cruzada
(Termo Adicional)
−1
ρ k 1 E ⋅ F2
µt = max ∗ , (3.29)
ω α a1 ω
E= 2 eijeij (3.30)
91
Em termos comparativos, o modelo SST k-ω apresenta um nível maior de
detalhamento em cálculos computacionais de escoamentos turbulentos pelas melhorias
implementadas através da combinação das resoluções dos modelos k-ε e k-ω, o que permite
uma transição suave entre estes a partir da função de transição F1 e que, por meio de uma
segunda função de transição (F2), possibilita um melhor tratamento do transporte da tensão de
cisalhamento turbulenta em camadas limites. Ainda que permaneça restrito à hipótese de
Boussinesq, a qual modela as tensões de Reynolds por meio da definição de uma viscosidade
turbulenta isotrópica, e a uma maior dificuldade para a implementação computacional, i.e.
cálculo das funções de transição e da distância de parede, é atestado por BARDINA et al. [108]
com uma melhor performance global em uma larga faixa de casos testes de ausência de
parede (free shear) e em escoamentos de camada limite. Também é referenciado por
ALENCAR [80] como o modelo de maior precisão dentre os modelos de duas equações. Neste
estudo, foram realizados testes de validação de diferentes modelos de turbulência com base na
geometria do combustor anular FLOXCOM [116], que foi estudado por um consórcio de
institutos e empresas entre 2000 e 2003 com o objetivo de desenvolvimento de uma câmara de
combustão de baixa emissão de NOx, tendo sido seus dados experimentais disponibilizados na
literatura. ALENCAR [80] estruturou um procedimento de validação precedido de testes de
independência de malha e comparou os modelos k-ε, RNG k-ε e SST k-ω, resultando ser este
o que apresentou menor desvio médio padrão da magnitude da velocidade média adimensional
com referência à velocidade de entrada de ar.
O ganho de popularidade do modelo SST k-ω e sua aplicação em áreas que excedem
a aerodinâmica estão particularmente associados à capacidade do modelo adequadamente
predizer camadas limites em gradientes de pressão adversos, escoamentos com separação e
envolvendo transferência de calor, tendo sido isto demonstrado em variados estudos de
validação, i.e. HELLSTEIN and LAINE [117], VIESER et al. [118] e LANGTRY et al. [119], e
inclusive em casos mais complexos como o estudo de aplicação de correções de
compressibilidade e temperatura em jatos supersônicos realizado por GROSS et al. [120] em
que os demais modelos testados ou se mostraram muito difusivos ou excessivamente
supressivos em termos de mistura. Ainda que validado em uma larga gama de casos, existem
alguns casos conhecidos em que o modelo SST k-ω apresenta baixa performance
evidenciando limitações como na previsão da extensão da região de separação e
reestabelecimento do escoamento [121], a subestimativa das tensões turbulentas na camada
de cisalhamento desprendida que emana da linha de separação explica em parte esta
imprecisão, separação excessiva [122] e também na captura de escoamentos secundários e
com forte curvatura geométrica ou curvatura das linhas de corrente, em que estes últimos se
92
constituem basicamente como restrições em função da hipótese de viscosidade turbulenta
isotrópica.
Em modelos que se baseiam na teoria de KOLMOGOROV [123] e [124] as pequenas
escalas de movimento turbulento são estatisticamente isotrópicas, sendo assim determinadas
universalmente e unicamente pela relação entre a viscosidade cinemática (ξ) e a taxa de
dissipação de energia (ε), conforme as expressões vi a viii apresentadas na Equação (3.31). A
hipótese da viscosidade turbulenta isotrópica limita a capacidade de modelos que baseiam na
mesma em casos onde existe mais de uma escala de comprimento ou tempo, e em situações
em que a história da anisotropia (escoamentos em esteira) ou a presença de forças
anisotrópicas (empuxo ou coriolis) ou de efeitos de não equilíbrio, que próximo da parede
passam a ter influência significativa no escoamento.
Dos modelos que utilizam a abordagem RANS, o modelo RSM é o que se apresenta
mais robusto, entretanto de custo computacional significativamente maior. O modelo RSM não
se estabelece pela hipótese de Boussinesq para fechamento das equações RANS, mas sim
resolve o transporte de cada tensão de Reynolds independente e o termo de dissipação, o que
resulta em um total de sete equações adicionais de transporte às equações de momentum e
continuidade. Isto implica em uma maior dificuldade para a obtenção da convergência da
solução, de modo que o modelo RSM geralmente é aplicado em situações onde os modelos
RANS de duas equações são reconhecidamente falhos, i.e. escoamentos turbulentos
anisotrópicos (falham em prever qualquer anisotropia das tensões de Reynolds em planos
normais à direção do escoamento), de fluxos secundários significativos que induzem tensão no
escoamento, com intensa curvatura da linha de corrente ou de intenso swirl ou rotação
(ciclones).
ξ3
vi) Comprimento: η ≡ 4
ε
ξ
vii) Tempo: τ ≡
ε (3.31)
93
o tensor tensão de Reynolds; Pij é um termo de produção e Ωij um de rotação, em que ambos
se preservam em sua forma exata; Jijk é um termo de difusão turbulenta que requer
modelagem; εij é um termo de dissipação que pode ser obtido a partir da equação de transporte
de ε; Πij é um termo de redistribuição de pressão-deformação. Este é de modelagem complexa,
que se contextualiza como a mais crítica, cuja a causa fundamental está relacionada às
flutuações de pressão na interação entre vórtices e entre vórtices para com regiões do
escoamento de velocidade média distinta, e o efeito é o de redistribuir a energia entre as
tensões normais de Reynolds (i = j) e torna-las mais isotrópicas, e decrescer as tensões de
cisalhamento de Reynolds (i ≠ j).
∂ ui ∂ ui ∂ p ∂ 2ui
NS ( ui ) = ρ + ρuk + −µ (3.32)
∂t ∂ xk ∂ xi ∂ xk ∂ xk
DRij ∂J ijk
= Pij + − εij + Πij + Ωij (3.34)
Dt ∂xk
Ainda que se apresente com uma formulação mais complexa, conforme se assimila
pelo mencionado, o modelo RSM ainda requer o uso de hipóteses para a modelagem de
determinados termos, embora se apresente mais robusto para lidar com as restrições
identificadas em modelos de duas equações. Desse modo, é usual que seja aplicado apenas
em situações onde as limitações se evidenciam e necessitam ser superadas, pois implicaria em
custos computacionais adicionais desnecessários.
O escopo desta dissertação se limita ao âmbito das estratégias de modelagem RANS,
mais especificamente aos modelos de duas equações, sendo suficiente para a sua completude
o discutido até o momento. As diferentes abordagens da turbulência e suas restrições podem
ser visualizadas na Figura 3.3, que resume a cascata de energia de Kolmogorov e os limites e
características de cada tipo de estratégia de resolução da turbulência. Um maior detalhamento
sobre os fundamentos e características que perfazem as resoluções LES e DNS podem ser
encontrados no texto de POPE [84], e, no que se refere à turbulência reativa, nos textos de
WARNATZ et al. [65] e KUO and ACHARYA [66]. Em termos de simulações numéricas que
envolvem combustão, uma comparação geral pode ser observada na Tabela 3.1. Ainda,
referencia-se o texto de POINSOT [128] para uma visualização global de casos de aplicação de
DNS para o tratamento do fenômeno reativo.
94
A principal restrição para a aplicação de DNS pode ser observada na própria relação
entre as maiores e menores escalas de comprimento l/η que resulta ser aproximadamente
Ret 3/4 , em que l é a escala integral de comprimento e Re t é o número de Reynolds turbulento.
Considerando um caso reativo de combustão [129], tipicamente ter-se-ia um tamanho de
câmara pelo menos 101 a escala de comprimento integral e como a combustão requer mistura
molecular na menor escala de turbulência, esta e escalas ainda menores teriam de ser
resolvidas. Isto implicaria, em aplicações de combustão, onde a relação entre l/η é de
aproximadamente 102, na necessidade de pelo menos três ordens de magnitude entre os
tamanhos da câmara e da malha computacional para que os processos que ocorrem na escala
de Kolmogorov sejam resolvidos por DNS em uma dimensão. Ou seja, para um tamanho de
malha constante e tridimensional, a resolução do problema por DNS resultaria na necessidade
de uma rede nodal da ordem de 109. Por fim [84], caso o problema fosse de caráter transiente,
o tempo global para a computação aumentaria com a quarta potência de Re. Tão logo, as
simulações com DNS são em sua maioria proibitivas e estão tipicamente restritas a domínios
bidimensionais de baixo Re t .
Figura 3.3. Limites de resolução dos métodos de predição da turbulência em função da cascata
de energia de Kolmogorov em adjunto do espectro de energia (E) em relação à
intensidade da turbulência (k) em escala di-log (curva superior) e da curva
característica de evolução da temperatura em chamas de escoamento turbulento
computada por diferentes técnicas (curva inferior). Fonte: Adaptado com base nos
textos de BAKKER [126] e POINSOT and VEYNANTE [127].
95
Tabela 3.1. Comparação entre as abordagens RANS, LES e DNS para a simulação numérica
de problemas de combustão que envolvem escoamentos turbulentos. Fonte:
Baseado no texto de POINSOT and VEYNANTE [127].
Técnica de
Aspectos Positivos Aspectos Negativos
Resolução
i) Malha numérica constituída de
elementos mais grosseiros; i) Sua resolução é restrita aos valores
ii) Simplificações geométricas são médios do escoamento;
RANS
aplicáveis (escoamentos ii) Requer o uso de modelos para a
bidimensionais, simetria, etc.); sua estruturação.
iii) Menor custo computacional.
i) Requer o uso de modelos para a
i) Possui atributos para resoluções sua estruturação;
transientes; ii) Apenas aplicável em casos
LES ii) Comparativamente a RANS, o tridimensionais;
impacto de modelos em sua iii) Requer o uso de códigos
estruturação é menor. precisamente estruturados;
iv) Elevado custo computacional.
i) Requer o uso de códigos precisos e
i) Não requer o uso de modelos
o desenvolvimento de malhas
para resolver a interação
numéricas formada por elementos
DNS turbulência / combustão;
altamente refinados;
ii) Ferramenta para o estudo de
ii) Limitada à resolução de problemas
modelos.
acadêmicos.
96
ou de simetria que permitam o desenvolvimento de geometrias parciais com menor tamanho de
malha, embora seja mantida a precisão necessária para a descrição do problema.
No que se refere à condição inicial, em escoamentos reativos gasosos usualmente a
resposta em regime permanente da câmara se mostra suficiente, sendo a condição inicial
estabelecida para facilitar a convergência. Entretanto, para situações em que se utiliza
combustível líquido, a complexidade se torna maior, sendo necessária modelagem bifásica e
uma análise transiente que considere a atomização do combustível líquido e os processos de
mistura entre combustível e ar, e que permita a avaliação da interação gás-gota. Ainda, por tais
sistemas se caracterizarem por fenômenos não estacionários como os citados, modelos de
turbulência que se baseiam em RANS não possibilitam uma descrição detalhada do
escoamento reativo. Vale mencionar que para o caso de escoamentos turbulentos transientes é
virtualmente impossível, até mesmo numericamente, calcular todas as estruturas instantâneas
de maneira prática.
A generalização desenvolvida no item 3.1 deste capítulo é importante para a
compreensão das características elementares que governam qualquer fenômeno reativo.
Entretanto, a resolução de problemas específicos de uma forma ampla utilizando técnicas de
CFD não se configura como uma estratégia prática e aceitável. Isto porque [58] variados efeitos
presentes nas equações governantes não tem relevância em uma larga classe de problemas
reativos, podendo ser omitidos em muitas aplicações, e também por existirem limitações de
processamento e custo computacional.
Uma estratégia de modelagem reconhecida e válida para determinados problemas de
combustão, e para efeito de desenvolvimentos preliminares no âmbito de fenômenos reativos é
o procedimento geral denotado como formulação de Shvab-Zel’dovich. Nesta, termos fontes
químicos são removidos da maioria das equações através de combinações lineares entre
variáveis dependentes, o que permite expressar [58] as equações de conservação de energia e
de espécies em uma forma comum.
Basicamente, a formulação de Shvab-Zel’dovich parte do princípio de que os efeitos
de força de corpo, i.e. Dufour e Soret, da viscosidade de expansão e difusão por gradientes de
pressão são desprezíveis, podendo ser omitidos das equações governantes. Além disso, são
assumidas algumas considerações restritivas, tais quais: regime de escoamento permanente e
de baixa velocidade, i.e. mudanças na energia cinética são desprezíveis; efeitos viscosos
usualmente desprezíveis; coeficientes binários de difusão de todos os pares de espécies
presentes na mistura são iguais; número de Lewis (Le = α/D, i.e. razão entre o transporte de
energia e o de massa) unitário; e efeitos de radiação e adição externa de calor são nulos. Em
resumo, duas são as considerações principais da formulação de Shvab-Zel’dovich [64], Le
97
unitário e, como consequência das hipóteses precedentes, a capacidade de se fazer uso da 1ª
Lei de Difusão de Fick para descrever o fluxo mássico das espécies.
Considerando a resolução expressa pela formulação de Shvab-Zel’dovich, é adequado
comentar sobre o conceito simplificador de escalar conservado (hipótese de conservação de
uma propriedade escalar ao longo do escoamento), que é particularmente útil em problemas de
chamas não pré-misturadas, i.e. casos em que combustível e oxidante estão inicialmente
separados, não existindo pré-mistura precedente à câmara de combustão. Em problemas deste
tipo, a formulação de Shvab-Zel’dovich pode ser adicionalmente simplificada por resultar na
conservação de dois escalares, i.e. fração de mistura (f) (razão entre a massa relacionada ao
escoamento de combustível e a massa da mistura), e entalpia da mistura (h) [64], i.e. hipóteses
simplificadoras apresentadas nas relações ix e x da Equação (3.35) para uma reação simples
de passo único irreversível, onde λ é a razão oxidante/combustível estequiométrica, cp é o calor
específico a pressão constante e ∆h0f ,i é a entalpia padrão ou calor de formação específico da
i-ésima espécie.
1
ix) f ≡ Ycomb. + Yprod.
λ + 1 (3.35)
N T
x) h ≡ ∑ Y ∆h + ∫ C dT
i=1
i
0
f,i
T0
p
99
2
χ = 2D ∇f (3.38)
Tal qual no modelo EBU, o modelo EDM admite que a taxa de reação global é
controlada pela mistura turbulenta, ou seja, para o caso não pré-misturado assume-se que a
turbulência lentamente circula/mistura combustível e oxidante para a zona de reação, onde
rapidamente estes queimam. Uma variante do modelo EDM que amplia a possibilidade de
aplicação deste em intervalos mais amplos de Da, tornando-o inclusive viável de aplicação em
chamas pré-misturadas, é o modelo EDM/FRCM. O FRCM (Finite Rate Chemistry Model) é um
modelo controlado pela cinética química, no qual os termos fontes químicos são calculados por
expressões de Arrhenius e as flutuações de turbulência são ignoradas. Desse modo, o modelo
EDM/FRCM combina tais modelos de forma a calcular em cada célula da malha numérica
desenvolvida a taxa de reação de ambos, selecionando localmente a menor delas. Isto implica
fundamentalmente na prática [67] que a taxa de reação de Ahrrhenius age como um
comutador, prevenindo reações antes do estabilizador ou ancorador de chama, o que é
particularmente útil em chamas pré-misturadas, tendo em vista que geralmente ocorrida a
ignição da chama a taxa do EDM é menor que aquela do FRCM.
Concluindo, modelos que assumem cinética infinitamente rápida comparada com o
tempo característico do escoamento, a depender do escopo da análise não alcançam o nível
de detalhes necessários para a obtenção de resultados satisfatórios por utilizarem descrições
aproximadas dos produtos de combustão. Estas, resultam em modelos que se caracterizam por
chama fina e cinética de reação global de passo único, o que ocasiona sobrestimativas de
valores médios e descrições pobres dos campos de concentração de espécies e de
temperatura, particularmente na zona primária. Sendo tais modelos denotados como Mixed-Is-
Burned tipo EBU [57], os mesmos são suficientemente precisos para predizer de forma
aproximada a localização da zona de reação e o perfil de temperatura médio no plano de
saída, porém, insuficientes para uma descrição minimamente detalhada da chama e previsão
101
de poluentes. Uma alternativa para melhorar a resposta destes modelos, é adaptá-los de modo
a se calcular a composição exata dos produtos de combustão ou se adequar a capacidade
térmica das espécies em função da temperatura.
Um exemplo de modelo adaptado com abordagem distinta é o CLE (Combustion
Limited by Equilibrium) [57] cujos valores obtidos são limitados pelo equilíbrio para a obtenção
de resultados médios mais precisos. Essencialmente, o modelo se apresenta como um de
cinética global infinitamente rápida de escalar inerte relacionado à fração de mistura. Neste
sentido, pode ser definido como um de abordagem similar àquela do modelo EBU, ou seja, em
que a taxa média de produção é controlada pelo processo de mistura turbulenta. Entretanto, no
CLE limita-se a fração mássica de combustível para cada fração de mistura, de modo a se
obter um valor médio de fração mássica limitada de combustível calculado a partir de uma PDF
para considerar o efeito da elevada intensidade das flutuações da fração de mistura no
escoamento. Consequentemente, obtém-se uma taxa média de reação cuja variável de
progresso da reação irreversível é limitada pela temperatura final não superar o valor daquela
de equilíbrio adiabático. Tão logo, o CLE assimila a variação de composição dos produtos
quentes ao considerar a razão local de equivalência, o que evita uma sobrestimativa da
temperatura média nas regiões quentes. Ainda que o modelo CLE consiga prestar informações
mais precisas, as hipóteses assumidas pelo mesmo são impeditivas para casos de análise da
estrutura de chama e composição dos produtos quentes.
Uma maneira de retratar a relação de χ para com os efeitos de não equilíbrio e de
representar o elemento de chama em um fluxo turbulento é através do contexto de chamas
laminares difusivas de fluxos opostos (Figura 3.4), cuja a geometria consiste basicamente de
jatos axissimétricos opostos de combustível e oxidante. Neste tipo de configuração, as
soluções crescentemente se afastam do equilíbrio enquanto a taxa de mistura é aumentada,
sendo esta essencialmente caracterizada por χ. Conforme apresentado por DAHM and BISH
[132] e BISH and DAHM [133], χ por sua vez tem relação para com a taxa de deformação
característica (as) em fluxos localmente bidimensionais, caso em que pode ser aproximada pela
solução de fluxo potencial (as = v/(2.d)); v: velocidade relativa dos jatos de combustível e
oxidante; d: a distância entre os bocais dos jatos. Assim sendo, na solução apresentada por
DAHM and BISH [132] e BISH and DAHM [133] se observa que para qualquer taxa de
deformação, a taxa de dissipação escalar varia conforme a diferença entre a máxima e mínima
fração de mistura, i.e. quanto maior ou menor for esta diferença, respectivamente, maior ou
menor será χ. Isto implica que χ reflete corretamente o fato de que a depender se a distância
entre os jatos é menor e/ou a velocidade destes é maior, i.e. aumento da taxa de mistura, a
chama é estirada (estiramento aerodinâmico) e crescentemente se afasta do equilíbrio químico
até que eventualmente se extingue.
102
Figura 3.4. Elemento de chama difusivo em escoamento laminar de jatos opostos (chama
estirada permanente unidimensional). Fonte: Adaptado do manual ANSYS [67].
103
Figura 3.5. Gráficos de dispersão obtidos com a técnica Laser Raman para as medições
simultâneas da fração de mistura e temperatura para um jato de chama turbulento
não pré-misturado de hidrogênio, sendo a velocidade de jato aumentada em um
fator três para o gráfico da direita [65].
104
abordagem teria um custo computacional que certamente excederia os limites atuais conforme
se empreendessem tentativas para predições com o uso de cinéticas mais detalhadas, devido
ao elevado número de espécies envolvidas.
Assim sendo, considerando a resolução expressa pela abordagem que utiliza f e χ
para relaxar a hipótese de cinética infinitamente rápida, pode-se reduzir a complexidade da
cinética de forma que os cálculos dos elementos de chama podem ser pré-processados em
tabelas bibliotecas, i.e. pré-processamento da cinética, o que reduz consideravelmente o custo
computacional. Neste tipo de modelo a chama turbulenta é tratada como um agrupamento
discreto de elementos de chama permanentes [67], i.e. diffusion flamelets, em que estas são
assumidas terem a mesma estrutura de chamas laminares estiradas em configurações simples,
i.e. modelo de chama laminar de fluxos opostos (Figura 3.4). A interação entre turbulência e
química é então desenvolvida através de métodos estatísticos PDF de modo a incorporar tais
elementos em um pincel de chama turbulento (Figura 3.7). Este tipo de estratégia de resolução
representa aquela adotada no modelo Steady Diffusion Flamelet, i.e Flamelet Model (FM) ou
Laminar Flamelet Model (LFM). Proposto originalmente nos trabalhos de PETERS [134] e
[135], neste tipo de modelo o afastamento do equilíbrio ocorre pelo efeito de estiramento
aerodinâmico e a resposta química é assumida ser rápida com relação a este efeito, i.e. a
chama responde instantaneamente ao estiramento aerodinâmico, o que leva a uma tendência
ao equilíbrio na medida em que o estiramento tende a zero.
Chamas turbulentas [65] não pré-misturadas se evidenciam em diversas situações de
interesse prático, i.e. motores a jato, motores a diesel, caldeiras, fornos e em foguetes a
propulsão líquida. Em suma, exceto em motores de ignição por centelha (ciclos Otto), a maior
parte da combustão é turbulenta e não pré-misturada ou predominantemente não pré-
misturada, sendo este tipo de combustão mais seguro em termos de controle, justamente por
combustível e oxidante apenas se misturarem no combustor. A Figura 3.6 exemplifica o
escoamento reativo não pré-misturado, contextualizando o fato de que usualmente nestes tipos
de fenômenos pode-se assumir que as reações químicas entram em equilíbrio tão rápido
quanto se misturam, o que permite que se considere um equilíbrio químico global do domínio
sujeito a não equilíbrios locais (estiramento aerodinâmico), i.e. conceito dos modelos FM e
LFM.
Tão logo, o modelo de elementos de chama permanentes é aplicável [67] em casos
onde a cinética é relativamente rápida (Da > 1000) e pode ser considerada próxima do
equilíbrio em todo o domínio. Efeitos profundos de não equilíbrio como ignição, extinção e
cinética lenta, i.e. formação de NOx e oxidação de CO a baixa temperatura, não são capturados
pelo modelo. Nestes casos, atentar para a Figura 3.8, o tempo característico químico é
105
comparável ao tempo característico de mistura, resultando que as espécies estejam em não
equilíbrio global.
Figura 3.6. Esquemático de um registro simultâneo de um jato de chama turbulento não pré-
misturado. Fonte: Extraído de WARNATZ et al. [65].
ρ
∂f
∂t ~ (
+ ρ u ⋅ ∇ f + ∇ ⋅ ρ Dt ∇ f = 0) (3.40)
106
Figura 3.7. Estratégia de resolução do modelo de elementos de chama laminar permanentes.
Fonte: Baseado no manual ANSYS [67].
Figura 3.8. Classificação das escalas de tempo em fluxo quimicamente reativo. Fonte:
Modificado a partir do texto de WARNATZ et al. [65].
Caso a PDF da fração de mistura seja conhecida, os valores médios dos escalares
podem ser calculados, tendo assim um sistema acoplado de equações de conversão médias
que pode ser resolvido, justamente pela massa específica média estar presente em todas as
equações. Idealmente [65], a PDF deveria ser calculada a partir de suas próprias equações de
conservação e condições de contorno associadas, entretanto, para efeito de simplificação
limita-se a mesma a uma forma genérica (PDF presumida ou PPDF), i.e. gaussiana ou função-
β, de modo a descrevê-la a partir de dois parâmetros, i.e. a fração de mistura média e sua
variância (f”)2. Para tanto, ao invés de uma equação de conservação para a PDF, necessita-se
107
para a descrição da chama no espaço de fração de mistura, além da equação de transporte
para a média de Favre de f, também uma que descreva sua variância (Equação (3.41)). Em
relação ao último termo apresentado nesta equação, identifica-se a média de Favre da taxa de
dissipação, a qual é responsável por carregar o acoplamento para com o modelo de
turbulência. Em modelos RANS, a mesma pode ser descrita tal qual a expressão apresentada
na Equação (3.42), onde CΧ é uma constante cujo o valor usual é 2 [67].
∂ ( f ")
2
ε
( f ")
2
χ = Cχ (3.42)
k
∂ Yi 1 ∂ 2 Yi
ρ = ρχ 2 + ωi (3.43)
∂t 2 ∂f
∂ T 1 ∂2 T 1 1 ∂ cp ∂ Yi ∂ T
ρ = ρχ 2 −
∂t 2 ∂f 2c p
∑ hiωi + 2cp ρχ ∂ f + ∑ cp i ,
∂t ∂f
(3.44)
i i
108
( )
2 2
as 3 ρ∞ / ρ + 1 −2erfc ( 2f )
−1
χ (f ) =
e (3.45)
4π 2 ρ∞ / ρ + 1
Figura 3.9. Exemplo de pacote cinético e termoquímico com descrição dos principais elementos
que compõem sua estrutura. Fonte: Adaptado a partir de SMITH et al. [136].
χ st =
(
as exp −2 erfc −1 ( 2fst )
2
) (3.46)
π
Realizadas as tabulações das flamelets estas são associadas à chama turbulenta por
meio de uma PDF, o que possibilita que efeitos realísticos da cinética química possam ser
incorporados ao fenômeno reativo, considerando a inexistência do problema de diferenças
entre escalas de tempo de reações e que cinéticas detalhadas podem ser utilizadas. Tal PDF
como mencionado tem uma forma presumida e tipicamente em solvers de CFD [67] é
estruturada em termos de dois parâmetros, associados à fração de mistura e sua variância,
110
sendo utilizada com este propósito usualmente a função beta, justamente pela fração de
mistura variar entre 0 e 1.
O método estatístico de PDF representa uma maneira interessante de evitar o
problema já referenciado com relação à taxa de reação. O desenvolvimento do conceito pode
ser referenciado tal qual proposto por LIBBY and WILLIAMS [139] e [140] para a definição da
probabilidade de um fluido em uma dada posição r possuir uma densidade entre ρ e ρ + dρ,
~
local que corresponde às frações mássicas entre Yi e Yi + dYi. Neste sentido, considerando a
condição de normalização, i.e. a probabilidade global para o sistema estar em algum lugar do
espaço que contém todas as configurações possíveis deve ser 1, pode-se escrever a Equação
(3.47), onde P representa a função densidade de probabilidade. Com base nisto, caso P r ( ~)
seja conhecida em um dado local, as propriedades médias podem então ser calculadas, o que
permite abstrair [65] que o peso estatístico de qualquer estado realizável está contido na PDF.
Isto pode ser percebido de uma forma mais objetiva em uma reação do tipo A + B Produtos,
onde, considerando que a PDF seja conhecida, a taxa média de reação pode ser determinada
por integração, sendo kR o coeficiente da taxa de reação (Equação (3.48)).
∞ ∞ ∞ ∞ 1 1 ∞
1 1 ∞ ∞
xi) α = f γ
(
xii) β = 1 − f γ ) (3.49)
xiii) γ =
(
f 1− f ) − 1≥ 0
( f ")
2
β−1
f α−1 (1 − f )
(
P f; x,t =
~ ) Γ ( α) Γ (β)
Γ ( α + β) (3.50)
Uma vez definida a forma da PDF e se assumindo [67] que f e Χst são estatisticamente
1 ∞
( ~) ∫∫ ψ ( f, χ
ψi x = i st ) P ( χ st ) P ( f ) d χ st df (3.51)
0 0
112
Figura 3.10. Comportamento da função-β para diferentes configurações dos parâmetros α e β
(γ =1, para efeito de simplificação). Fonte: LIBBY and WILLIAMS [140].
xiv) T f , ( f " ) , h , χ
2
xv) Yi f , ( f " ) , h ,χ = 0
2
xvi) Yi f , ( f " ) , χ , χ ≠ 0
2 (3.52)
xvii) ρ f , ( f " ) , h , χ
2
Figura 3.11. Gráficos esquemáticos de PDF da fração mássica (w) de combustível para
diferentes localizações em um jato turbulento. Fonte: Extraído de WARNATZ et
al. [65].
115
ambas as variáveis. Fundamentalmente, a hipótese do modelo se estabelece em assumir que a
evolução escalar, i.e. trajetórias realizadas no manifold termoquímico, em uma chama
turbulenta pode ser aproximada por uma evolução escalar em uma chama laminar. Este tipo de
modelo é indicado [67] tanto para situações predominantemente pré-misturadas quanto não
pré-misturadas, sendo um modelo de elevada robustez, entretanto, com significativo aumento
de custo computacional, e aplicável em situações como de extinção por diluição, ignição e
captura de espécies poluentes.
O foco desta dissertação está na resolução de problemas não pré-misturados com
enfoque ao modelo de elementos de chama laminares permanentes (LFM), tendo este sido
testado com sucesso por NICKOLAUS et al. [142], GOSSELIN et al. [143] e LEE et al. [144]. Os
conceitos, características e um maior detalhamento sobre os modelos parcialmente pré-
misturados e pré-misturados podem ser obtidos através do manual ANSYS [67], e dos textos
de WARNATZ et al. [65] e KUO and ACHARYA [66]. A Figura 3.12 mapeia as diferentes
estratégias que podem ser adotadas para a resolução de um problema reativo.
sYf smf
.
φ= = . (3.53)
Yox mox
A radiação [32] é uma das formas mais comuns de transferência de calor realizada
entre um meio fluido quente e as paredes que o limitam, i.e. em combustores entre 70% e 80%
do calor transferido é devido à radiação em processos de combustão com fuligem. Tal
transferência de calor se efetiva proporcionalmente à temperatura dos meios, sendo isto
descrito pela Lei de Stefan-Boltzman para o corpo negro.
Basicamente, a proposta de modelagem da radiação térmica se concentra em obter o
volume total de absorção e emissão de radiação térmica, a partir da resolução da Equação de
Transporte da Radiação Espectral (RTE), obtenção do termo de geração interna de calor e
estimativa do fluxo pelas paredes que limitam o domínio. Considerando a resolução
apresentada em CHUNG [145], para a obtenção da RTE, pode-se prescrever as condições de
contorno segundo três alternativas, a saber, superfícies opacas reflexivas com emissão de
radiação difusa, superfícies reflexivas com emissão de radiação difusa ou superfícies semi-
transparentes.
Tendo em vista a complexidade do fenômeno de radiação devido à quantidade de
variáveis envolvidas, os modelos em CFD são descritos de acordo com a transparência do
meio, sendo assim, em ordem crescente de transparência, identificam-se os seguintes modelos
[80]: Modelo de Rosseland; Modelo P1; Modelo de Transferência Discreta (DTM); Modelo de
Monte Carlo; e Modelo Espectral. Em combustores, considerando as características de
emissividade, absorção e reflexão do meio constituído pelos produtos da combustão, dentre os
modelos mencionados são aplicáveis os seguintes: Modelo P1; Modelo DTM; Modelo
117
Espectral; e, adicionalmente, os modelos de Dispersão da Radiação e de Ordenadas Discretas
ou Discrete Ordinates (DO).
A presença de elementos particulados (fuligem) afeta fortemente a radiação no
escoamento, justamente por absorverem a mesma, assim tornando a temperatura mais
elevada no meio. Em processos de combustão completa, pode-se considerar os mesmos
isentos de fuligem, de modo que a participação da radiação se torna menos significativa, sendo
responsável por cerca de 40% a 50% da transferência de calor [32]. Diferentemente de chamas
pré-misturadas, chamas difusivas sofrem um impacto significativo da radiação, justamente
devido à elevada concentração de carbono e maiores temperaturas da chama, sendo, portanto,
necessária a inclusão da parcela de radiação na resolução computacional.
Considerando o processo como isento de fuligem, pode-se considerar o meio como
transparente à radiação. Neste caso, a radiação não transfere energia radiante diretamente ao
meio, sendo isto feito mediante interação para com suas superfícies. Por outro lado, em meios
opticamente densos, a radiação interage com o meio no interior do domínio e também com
suas superfícies, o que leva à radiação a ser dispersa, ou absorvida e reemitida em todos os
sentidos em uma pequena escala de comprimento comparada ao tamanho do domínio.
Um aspecto relevante a ser mencionado é o do tratamento da intensidade do campo
da radiação como função do espectro, onde basicamente se pretende vincular o escoamento
dos gases quentes resultantes da combustão e o espectro da radiação. Uma das maneiras
mais simples para este propósito é aquela apresentada no modelo de corpo cinza, no qual a
radiação é assumida uniforme através do espectro, sendo a mesma para todas as frequências.
Isto implica que apenas a equação de transferência de calor é resolvida, de forma que as
quantidades de radiação e seu espectro são os mesmos em todo o domínio. Uma alternativa a
este modelo, i.e. modelo Multi-Banda (Non-Gray), é a de utilizar um espectro dividido em N
faixas espectrais de comprimento de onda finito, que se baseando na hipótese de que a
radiação é aproximadamente uniforme, permite a distribuição da intensidade da radiação de
maneira uniforme sem perda de precisão. Cada faixa espectral é representada pelo valor do
ponto médio da mesma no domínio da frequência, de modo que o parâmetro principal
analisado neste modelo é o da frequência de radiação que depende do índice de refração do
material. Como exemplo, para o caso de um fenômeno de combustão, tais faixas devem se
estender sobre a seção do espectro do fenômeno.
Uma alternativa [67] que busca uma relação de compromisso entre o modelo gasoso
de corpo cinza e um completo Multi-Banda, que contabilize as bandas particulares de
absorção, é o modelo WSGGM (Weighted-Sum-of-Gray-Gases Model) que relaxa o
comportamento descontínuo do coeficiente de absorção no espectro de radiação,
aproximando-o como constante a partir da divisão do espectro em I regiões. Sendo assim, o
118
modelo WSGGM assume que a emissividade total (ε) em uma distância s pode ser
representada pela Equação (3.54), em que a emitância do gás real é uma soma ponderada das
emitâncias dos gases cinzas contidos no espectro da radiação, utilizando como fator de
ponderação basicamente a temperatura. Na Equação (3.54), bε,i,j são coeficientes polinomiais
da emissividade do gás em função da temperatura e ki é o coeficiente de absorção do i-ésimo
gás, que neste caso é exemplificado ajustado para situações (combustão em altas
temperaturas) em que a pressão total (estática) (ptot) do gás é diferente de 1 atm, onde m é um
valor adimensional [146] que depende das pressões parciais e temperatura dos gases
participantes, e de ptot. Os valores bε,i,j e ki são estimados ajustando a Equação (3.54) à tabela
de emissividades totais [147], [148] e [149]. Acrescenta-se que p representa a soma das
pressões parciais de todos os gases participantes e s o comprimento do percurso óptico, que
com base na dimensão média do domínio pode ser definido como o comprimento médio do
feixe.
Neste trabalho, se tem como enfoque a aplicação de combustíveis gasosos, i.e. gás
natural e metano, isentos de particulados, permitindo assim que o meio seja admitido como
transparente. Além disso, considera-se que as paredes apresentam emissividade total e não
são catalíticas, i.e. refletem toda a radiação recebida para o meio fluido e não afetam as
reações. Nestas condições, dos modelos mencionados os mais adequados são o DTM, o P1 e
o DO.
O modelo P1 é um modelo de aproximação diferencial que expande a RTE em uma
série ortogonal de harmônicos esféricos, sendo isto feito através da consideração de que a
intensidade da radiação é independente da direção e isotrópica para uma dada posição do
espaço. Consequentemente, o modelo resolve uma simples equação de difusão para a
radiação incidente, cujo valor representa a soma de todas as intensidades radiantes em todas
as direções. Trata-se de um modelo conservativo, indicado para meios participantes
opticamente espessos, i.e. não é recomendado para casos de limites finos ou puramente
transparentes [67], que tende a sobrestimar o fluxo radiante, principalmente devido à perda de
precisão em localizações próximas a fontes ou sumidouros de calor. O uso do modelo P1 é
mais apropriado, no que se refere ao escopo de combustão, para o estudo de chamas de
combustível pulverizados, na região da vizinhança imediata da chama.
Em relação ao modelo DTM, este considera que a transferência de calor por radiação
se realiza em um meio isotrópico, de modo a seguir o domínio pelos raios múltiplos que saem
119
das superfícies. Isto é resultado da hipótese assumida pelo modelo de que a radiação em uma
certa faixa de ângulos sólidos a partir de uma superfície de contorno pode ser aproximada por
um único raio. Tão logo, este modelo faz uso de uma técnica que depende da discretização da
equação de transferência ao longo de raios retilíneos, i.e. a absorção e emissão são
contabilizadas unicamente ao longo dos raios. Uma das principais limitações do modelo DTM é
o de que considerando sua estratégia de resolução, o mesmo apresenta lacunas quanto aos
resíduos e erros obtidos na simulação, caracterizando-se como um modelo não conservativo,
cujo balanço de energia é difícil de ser avaliado. Ainda, conforme o número de raios utilizados
na modelagem aumenta este modelo tende a se tornar caro computacionalmente. Portanto, é
um modelo recomendado para meios opticamente finos, em que não exista interação entre
partículas e radiação, e dispersão.
O modelo DO resolve a equação RTE para um número finito de ângulos sólidos
discretos, cada qual associado a um vetor direção fixado no sistema de coordenadas globais.
No contexto de resolução do modelo DO, este resolve equações de transporte similares
aquelas relacionadas ao escoamento e à energia, mostrando-se como um modelo
suficientemente robusto para lidar com uma ampla faixa de problemas, na medida em que a
RTE é escrita nos volumes de controles e resolvida pelo método de volumes finitos.
Comparativamente, o modelo DO se mostra como a alternativa mais robusta na
medida em que pode ser aplicado em superfícies cinzas, com reflexão especular ou difusa, em
meios semitransparentes, incluindo a possibilidade de cálculo da radiação em sólidos na
medida em que o material das superfícies de contorno absorve a radiação (paredes espessas,
i.e em paredes de espessura zero a energia absorvida é calculada, porém não é dissipada).
Também é adequado para simulações que contenham particulados e dispersão anisotrópica,
sendo aplicável para qualquer espessura óptica. O custo computacional do modelo DO
depende basicamente da discretização angular adotada, mostrando-se moderado para setups
típicos.
No solver FluentTM [67], o modelo DO é implementado de duas maneiras, i.e. acoplado
com a equação de energia e desacoplado. No primeiro caso, as equações discretizadas de
energia e intensidade de radiação são resolvidas de forma simultânea, assumindo que as
vizinhanças no espaço são conhecidas. Sua principal vantagem reside em casos de elevada
espessura óptica e/ou elevados coeficientes de dispersão, acelerando a convergência da
solução em relação àquela do método sequencial, que nos casos mencionados a desacelera
drasticamente. Não se contextualizando este trabalho em nenhuma destas situações, utilizou-
se o método desacoplado. Este é de natureza sequencial e utiliza uma variante conservativa do
modelo DO denotada como esquema de volume-finito [150], [151] e [152], onde as equações
de energia (Equação (3.55)) e de intensidade de radiação (Equação (3.57)) são resolvidas uma
120
a uma, assumindo valores prevalentes das demais variáveis. Neste contexto, o modelo DO
considera a equação RTE na direção s como uma equação de campo, tal qual expresso pelo
~
Equação (3.57), onde r é o vetor posição, I é a intensidade de radiação que depende da
~
posição r e da direção s , a é o coeficiente de absorção, n o índice de refração, σs o
~ ~
coeficiente de dispersão, s ' o vetor direção da dispersão, Φ a função de fase e Ω o ângulo
~
sólido.
No que se refere à Equação (3.55) esta é apresentada na forma adotada pelo FluentTM
[67] em modelos não adiabáticos de combustão não pré-misturada, utilizando a definição da
entalpia total (H) apresentada na relação xxi da Equação (3.56), onde kt é a condutividade
térmica turbulenta que depende do modelo de turbulência utilizado. O termo de dissipação
viscosa da Equação (3.55) que atua na forma de aquecimento viscoso é usualmente
desprezível, não aparecendo na formulação pressure-based padrão do solver, entretanto, é
apresentado aqui para fins de generalização, na medida que pode ser incluído a depender do
número de Brinkman (Br), i.e. escoamentos compressíveis para Br ≥ 1. Naquele, observa-se a
viscosidade efetiva (µeff), que representa a soma das viscosidades laminar (efeitos de baixo Re
e parede próxima) e turbulenta do fluido, e o tensor unitário (Ι). No termo fonte devido a
reações químicas, R é a taxa de criação volumétrica da i-ésima espécie. Por fim, nota-se o
termo fonte de radiação que depende da determinação da intensidade de radiação, conforme a
relação xxii apresentada na Equação (3.56), que em suma define que aquele é a diferença
entre a energia absorvida e a emitida, onde Ib é a intensidade de radiação de corpo negro. Em
termos práticos, para o caso de combustores e fornos a gás o modo predominante de
participação da radiação é através de absorção, sendo o coeficiente de dispersão igual a zero
para a maioria dos casos.
T
∂
∂t
(
(ρH) + ∇ ⋅ ρuH
~ ) kt
= ∇ ⋅ ∇H −
14p24
∑ ∫
Yi cp,i (T)dT J +
~i
3
c i
Tref
Condução 1444424444 3
Difusão de espécies
(3.55)
∆h
( )
0
∑
2
+ ∇ ⋅ µ eff ∇ u+ ∇ u − ∇ ⋅ uΙ ⋅ u − − ∇ ⋅ qr
T f,i
Ri
~ ~ 3 ~ ~ M ~
144444424444443 14243 i
i 1
424 3
Dissipação viscosa Termo fonte Termo fonte
de reação de radiação
121
T
xviii) H ≡ ∑ Yi c p,i (T)dT + ∆h f,i ( Tref ,i)
Tref∫
0
i
(3.56)
∫ ( )
4π
xix) − ∇ ⋅ q r ≡ a I r,s − IB dΩ
~ ~~
0
123
4 METODOLOGIA
124
da Fração de Mistura, sendo os termos restantes especificados em primeira ordem para
melhorar a estabilidade da solução. Posteriormente, completado o primeiro ciclo de simulações
das geometrias de referência e projetada, foi adotado um esquema de segunda ordem para os
termos advectivos para fins de comparação para com os resultados obtidos inicialmente.
Conforme pode ser observado no Apêndice A, exceto para a pressão e termos difusivos, o
esquema de segunda ordem adotado no FluentTM é um baseado no esquema Second Order
Upwind (SOU).
A resolução das equações governantes foi estabelecida pelo método pressure-based
acoplado com tratamento dos gradientes pelo método dos quadrados mínimos (Least-Squares-
Cell-Based), considerando os tipos de modelos adotados nesta dissertação e com base na
similaridade dos casos estudados para com as recomendações e casos de referência
apresentados nos manuais ANSYS [67], [153] e [156]. Todos os casos foram inicializados pelo
método de inicialização híbrida considerando as pressões especificadas na entrada. Baseando-
se nas dimensões e no tempo de residência em ambos os domínios (combustor DLE SGT-100
e tubular) o método pseudo transiente foi especificado, em ambos, no modo automático e com
fator de escala de tempo inicial de 0,05, tendo sido este valor aumentado em alguns casos na
medida em que se observou uma maior estabilidade na evolução da solução. Adicionalmente,
em todos os casos, utilizou-se de modo geral os coeficientes de relaxação padrão do solver.
Entretanto, para as variáveis de densidade se reduziu inicialmente o fator para 0,25 e se
aumentou o fator da escala de tempo da energia, temperatura e fração de mistura para 25,
sendo isto uma maneira de ganhar maior estabilidade e também de acelerar o passo de tempo
de processos caracteristicamente moleculares, conforme recomendação do manual [156].
Sendo assim, na medida em que a solução ganhou estabilidade procurou-se aumentar
gradativamente a relaxação da densidade para avaliar o status e sensibilidade da
convergência.
Com propósito de avaliar a convergência da solução foram acompanhados os
resíduos das equações governantes e também as variáveis em pontos estratégicos do domínio,
sendo isto melhor detalhado no transcorrer do texto, considerando que, a depender da
geometria ou caso de simulação, tais variáveis foram selecionadas de maneira distinta. O
Apêndice A detalha todas as particularidades, no que se refere a métodos numéricos e de
geração de malhas, adotadas e relevantes para o contexto desta dissertação. Sendo, todos os
esquemas de interpolação, de resolução das equações governantes e monitoramento da
convergência utilizados, referenciados naquele.
No que se refere ao combustor da microturbina a gás, a câmara tubular foi projetada a
partir das condições de contorno obtidas com o software THERMOFLEXTM v 23.0.1 –
®
THERMOFLOW , Inc. [161] e através de um código computacional de projeto aerodinâmico
125
unidimensional de compressor centrífugo (ver Apêndice B) de um estágio [162] pertencente ao
ciclo térmico modelado. Este representa um ciclo simples de microturbina a gás com ponto de
projeto fixado em 100 kW a 100.000 rpm, cujo alicerce é estabelecido no mapa [163] do
compressor mencionado. Com base nas condições de contorno obtidas, utiliza-se o aplicativo
GTCD [9] para o projeto da câmara tubular. O apliciativo GTCD é uma ferramenta
computacional estruturada em código VBA que se baseia em abordagens zero e
unidimensional [32] e [33] para um projeto preliminar completo de combustores tubulares,
anulares e tubo-anulares.
Através das dimensões preliminares obtidas pelo aplicativo, estes resultados são
automaticamente associados com as ferramentas DesignModelerTM e MeshingTM para gerar o
modelo computacional a ser simulado no FluentTM. No contexto desta dissertação,
diferentemente dos estudos desenvolvidos por OLIVEIRA [9], realizados com querosene de
aviação e etanol injetados na forma de spray, foi utilizado o metano como combustível de
projeto, demandando que o aplicativo fosse ampliado e adaptado para o dimensionamento de
um combustor compatível para com esse combustível. Além disso, este trabalho foi
desenvolvido a partir da especificação de um compressor centrífugo e de um ciclo térmico
compatível para com os requisitos e expectativas de análise desta dissertação, não tendo sido
adotado um motor de referência para o dimensionamento do combustor pelo aplicativo GTCD,
tal qual realizado por OLIVEIRA [9].
As simulações numéricas foram executadas em cluster e demandaram cerca de seis a
oito meses para serem adequadamente finalizadas, para um total de 50 casos resolvidos
considerando ambos os combustores, tendo em vista as estratégias preliminares de solução
que foram descartadas antes de se alcançar uma resolução definitiva para os estudos das
câmaras de referência e projetada. O cluster utilizado está instalado no CENPES (Centro de
Pesquisa da PETROBRAS), possuindo um total de 880 processadores, os quais são
distribuídos em máquinas com dois processadores Intel Xeon E5-2679 de oito núcleos por
processador, capacidade de 32Gb de memória e interconexão Infiniband de 40Gbps.
A especificação das condições iniciais e de contorno [67], [153], [157], [158] e [159],
em adjunto da seleção e adequação dos modelos físicos governantes de um problema
contextualiza a etapa de modelagem para o pré-processamento de uma simulação
computacional. A escolha mais apropriada da condição inicial representa um parâmetro
decisivo para a aceleração da convergência e estabilidade da solução, podendo em alguns
casos uma escolha inadequada resultar em divergência prematura. Enquanto que a correta
126
aplicação das condições de contorno define a qualidade da solução final do problema. Isto faz
parte da experiência para a resolução de problemas de engenharia, tendo em vista que em
problemas reais as condições de contorno não são óbvias e apenas o conhecimento detalhado
das características dos fenômenos relacionados permitem que sejam feitas escolhas
apropriadas.
Para efeito da definição das condições iniciais [67] e [153], não havendo
fundamentação experimental, basicamente se tem duas alternativas: i) valores de variáveis
dependentes são calculados para uma determinada fronteira do domínio ou a partir da
indexação de soluções preliminares em regiões ou variáveis de interesse, i.e. escoamentos em
jato livre: perfil de velocidade ou velocidade máxima do jato; combustão: temperatura de
chama, perfil ou campo de temperatura na região de queima; escoamentos multifásicos:
especificação de frações volumétricas para diferentes fases em uma ou mais regiões de
interesse; etc.; ii) inicializa-se a solução a partir de resultados de versões simplificadas do
problema, i.e. em problemas de transferência de calor: escoamento isotérmico; de convecção
natural: problema de baixo número de Rayleigh; de escoamento reativo ou combustão:
escoamento a frio; de turbulência: solução de Euler não viscosa, etc. Independentemente da
necessidade da especificação de uma condição inicial, vale ressaltar que, a princípio, para um
problema bem-posto e não caótico a condição inicial não afeta o resultado final.
No solver FluentTM [67] a alternativa de solução por versões simplificadas pode ser
feita de forma geral utilizando-se um dos seguintes recursos, inicialização híbrida ou full
multigrid. Este é utilizado particularmente em problemas de escoamento de alta complexidade
que envolvam acentuados gradientes de pressão e velocidades, i.e. máquinas rotativas ou
escoamentos em dutos de expansão ou em espiral, em malhas com grande quantidade de
elementos. O método faz uso da tecnologia multigrid FAS (Full-Aproximation Storage) que a
partir de uma solução uniforme constrói o desejável número de níveis de malha iniciando pelo
nível mais grosseiro e progressivamente reduzindo os resíduos das equações através de ciclos
pelos níveis de malha até alcançar a ordem de redução desejável, quando se interpola a
solução para um nível de malha acima, repetindo-se a resolução até alcançar o nível mais
grosseiro. Este método resolve as equações de Euler para escoamento não viscoso com
esquema de primeira ordem e as equações de espécies, caso estas estejam presentes.
Entretanto [67], não resolve as equações de turbulência ou de transporte de escalares.
A inicialização híbrida se constitui como o método de inicialização padrão do solver
FluentTM, tendo sido adotado para a inicialização de todos os casos simulados nesta
dissertação. Neste método, tem-se uma rápida aproximação do campo de escoamento através
de um conjunto de métodos, incluindo métodos de interpolação das fronteiras do domínio. Para
tanto, utiliza-se uma aproximação do campo de velocidade através da resolução da equação de
127
Laplace (Equação (4.1)), onde φ é o potencial de velocidade e n o vetor normal unitário à
~
superfície do domínio em análise, em associação para com condições de contorno pertinentes,
i.e. relações de i a iii na Equação (4.1). Ademais, a princípio, podendo ser alternativamente
especificados, o campo de temperatura e os parâmetros de turbulência são obtidos através de
uma média do domínio, e as frações de espécies são inicializadas com valor zero.
Equação de Laplace : ∇ 2φ = 0
∂φ
i) Im penetrabiliade: =0
∂n
~ wall
(4.1)
∂φ
ii) Velocidade normalpara entradas: = U⊥
∂n
~
(U~ = ∇φ ) . Além disso, resolve-se uma equação de Laplace adicional para a obtenção de um
campo suavizado de pressão no domínio (Equação (4.2)) com base nas condições de
contorno, considerando a especificação da pressão em pelo menos uma entrada e uma saída.
Neste sentido, a pressão é definida com base na pressão manométrica especificada na(s)
entrada(s) e com um valor 1% maior em saída(s). Para as paredes considera-se a condição de
de gradiente normal zero para a pressão, i.e. relação iv na Equação (4.2).
∂p (4.2)
iv) =0
∂n
~ wall
No tocante às condições de contorno, para serem robustas estas devem ser alheias à
condição inicial [67] e [159], i.e. a especificação de pressão total na entrada e de pressão
estática na saída resulta que a vazão mássica seja parte da solução, e não podem ser
especificadas de modo a superespecificar ou subespecificar um problema, resultando em
inconsistência física ou imprevisibilidade de alguma variável. Condições de contorno mal
postas resultam em instabilidades numéricas e que determinadas variáveis, i.e. pressão
128
estática, não estejam fixadas em termos de ordem de grandeza. Em termos fundamentais,
entradas e saídas devem ser especificadas de forma a compensarem informações sobre as
fronteiras. Desse modo, condições de contorno reconhecidamente bem postas [67], assumindo
uma entrada e uma saída, são do tipo velocidade prescrita ou fluxo prescrito na entrada e
pressão estática prescrita na saída. A primeira é a mais robusta pois resulta que a pressão total
na entrada seja um resultado implícito da solução, enquanto que na segunda a pressão total na
entrada será ajustada em termos da vazão mássica.
Em linhas gerais, as condições de contorno para a solução de PDEs, particularmente
em regime permanente, podem ser divididas em três tipos [158] e [159], i.e. Condição de
Dirichlet ou 1o tipo (prescrição de uma variável dependente, i.e. velocidade (fluidodinâmica) e
temperatura (transferência de calor)), Condição de Neumann ou 2o tipo (prescrição do
gradiente em relação ao vetor normal à fronteira) e Condição de Robin , convectiva ou de 3o
tipo (combinação linear entre uma determinada variável dependente e o gradiente relativo à
normal ao contorno). Estas condições são usualmente especificadas para entradas e saídas de
um domínio, devendo ser complementadas através da especificação da relação entre o fluido e
as fronteiras sólidas que restringem o domínio. Para escoamentos viscosos, geralmente se
estabelece uma condição de não escorregamento e impenetrabilidade para a velocidade, i.e. o
fluido assume velocidades tangencial zero relativa a uma parede e tem componente normal
zero. Alternativamente [67], a tensão de cisalhamento, quando conhecida, pode ser
especificada em termos de componentes, perfil ou, em problemas nos quais o gradiente da
tensão superficial tem relevância (escoamentos de Marangoni), através da modelagem da
tensão de cisalhamento pela tensão de Marangoni, i.e. gradiente da tensão superficial em
função da temperatura da superfície. Outra especificação relevante em fronteiras sólidas, a
depender do impacto na turbulência e no efeito sobre o arrasto, e na transferência de massa ou
calor através da superfície, é a da rugosidade da superfície.
Por fim, limitando-se a situações de escoamentos reativos com combustão sem
reações de superfície, devem ser especificadas as condições térmicas que regem as relações
entre o fluido e a(s) parede(s). Tipicamente, além das condições usuais mencionadas no início
do parágrafo, no que se refere à prescrição da temperatura, do fluxo de calor ou de uma
relação convectiva na interface fluido-parede, pode ser necessário o estabelecimento de uma
espessura, i.e película de material na parede, caso exista uma comunicação entre duas zonas
∆x
de fluido através da parede. Neste caso a resistência térmica , onde ∆x é a espessura do
k
material, regula a troca de calor entre as interfaces através da resolução da equação
.
unidimensional permanente de condução de calor qx " = −k
∂T
.
∂x
129
De modo geral [67] e [153], a especificação da pressão total na(s) entrada(s),
conforme as relações v e vi da Equação (4.3), onde γ é a razão entre calores específicos, e da
pressão estática na(s) saída(s) é suficiente para a a maioria dos casos, em adjunto da
especificação da temperatura total (Equação (4.4)) em escoamentos compressíveis, devendo a
direção do fluxo ser adequadamente especificada para não incorrerem valores não físicos.
Entretanto, o efeito da compressibilidade em um escoamento é uma importante informação
para o correto estabelecimento das condições de contorno, considerando que usualmente são
utilizados em simulações de CFD por MVF métodos de acoplamento pressão-velocidade, em
que uma condição adicional para a pressão é obtida através de um rearranjo da equação da
continuidade.
ρU2
v) incompressível: PT = Pst +
2
γ/ ( γ −1)
(4.3)
γ −1 2
vi) compressível: PT,abs = Pst,abs 1 + Ma
2
γ −1 2
TT,abs = Tst,abs 1 + Ma (4.4)
2
. . .
(~
vii) m x → in ar ) =m ar → ρun~ =
m
A in
ar
(
viii) T x → inar = Tar
~ ) (4.5)
( )
ix) f x → inar = 0 → Yar = YO2 = 0,233
~
. . .
x) (~
m x → in = m
c ) c → ρun~ =
m
A in
c
( )
xi) T x → inc = Tc
~ (4.6)
( )
xii) f x → inc = 1 → Yc = 1
~
131
.
(
xiii) q " x → wall = 0 →
~ ~
)
∂T
∂n
=0
~ wall
(4.7)
xiv) uτ = u⋅ τ = 0
~~
xv) un = u⋅ n = 0
~~
(4.8)
xvi) ∇Yi wall
=0
No tocante à saída, a pressão estática foi prescrita, sendo assumida com perfil
constante. Para efeito de consideração da recirculação, que pode ocorrer em condições de
contorno de prescrição de pressão [159] na saída, esta é assumida como normal ao contorno,
sendo apenas a temperatura total prescrita tendo em vista o valor médio previsto para a saída
do combustor, fato que é melhor detalhado nos itens 4.3 e 4.4 deste capítulo. Vale mencionar,
que quando no uso do código FluentTM [153], as especificações de condições de contorno de
pressão são relativas à pressão de operação (Pop) (Pabs = Pop + Prel) [67], sendo assim esta
deve ser especificada em termos da pressão média esperada para o domínio, particularmente
em escoamentos incompressíveis ou de baixo Ma (Ma < 0,1). Isto é recomendado para evitar
erros de arredondamento da pressão dinâmica quando esta é pequena comparada para com o
nível de pressão absoluta, i.e. em escoamentos incompressíveis de gás ideal Pop determina
diretamente a densidade (ρ = Pop / (Ru.T/MW)). Por outro lado, para o caso de escoamentos de
alto Ma, recomenda-se que a pressão de operação seja especificada como zero.
Em complementação aos parágrafos precedentes, em escoamentos turbulentos, os
parâmetros de turbulência devem ser especificados. Dentre as alternativas possíveis [158],
pode-se especificar os parâmetros de forma explícita ou utilizar a intensidade de turbulência (I)
(Equação (4.8)), onde uref é a velocidade de referência representativa do domínio ou condição
de contorno, usualmente especificada em 5% para a maioria dos escoamentos, em associação
para com a escala de comprimento turbulento, taxa de viscosidade turbulenta (µt / µ) ou o
diâmetro hidráulico (Equação (4.9)), sendo A área da seção transversal e P o perímetro
molhado.
2
k
I= 3
(4.9)
uref
132
4A
DH = (4.10)
P
Resumindo, condições de contorno bem postas devem sempre ser buscadas para a
resolução e a estabilidade de qualquer problema numérico. Recomendações básicas devem
sempre ser atendidas [67], [153] e [158], i.e. evitar a colocação de uma entrada com
especificação de velocidade próxima de uma obstrução sólida (minimizar a ocorrência de
soluções não físicas); a localização e forma das fronteiras de um domínio devem ser
estruturadas para que o fluxo ou entre ou saia (otimização da convergência); não devem existir
acentuados gradientes em relação à normal de uma dada entrada ou saída (evitar incorretas
especificações de um problema); distorções da malha devem ser evitadas próximas do
contorno; zonas de recirculação devem estar afastadas da saída para que o escoamento se
desenvolva quando na especificação de uma pressão estática na saída (evitar escoamentos
inversos significativos), etc.
Adicionalmente, no FluentTM [153], valores de referência (densidade, velocidade,
pressão, temperatura, viscosidade e razão de calores específicos) devem ser especificados
adequadamente, calculados em termos de uma dada região do domínio, i.e. condição de
contorno, ou diretamente especificadas a partir de valores médios conhecidos, adjunto da área
e comprimento representativos do domínio da simulação. Tais valores têm influência
unicamente no pós-processamento da solução e são utilizados para a determinação pelo solver
dos coeficientes de força, de momentum, de atrito e de transferência de calor, do número de
Re, da pressão e pressão total, entropia e eficiência de turbomáquinas. A zona de referência,
particularmente em casos de múltiplos frames de referência ou malhas deslizantes, também
deve ser especificada permitindo que sejam plotadas velocidades, pressão total, temperatura,
etc. de forma relativa ao movimento das diferentes zonas.
Além das condições de contorno em entradas, saídas e fronteiras, existem
especificações que visam principalmente reduzir o esforço computacional de uma simulação
numérica, dentre estas se destacam o uso de simetria e periodicidade. Quanda na aplicação de
simetria basicamente existem duas alternativas [67], i.e. uso de axissimetria ou de planos de
simetria. A axissimetria visa principalmente reduzir uma simulação tridimensional a um caráter
bidimensional através de um eixo ou uma linha de centro que espelhe a geometria. Neste caso,
a resolução passa a ser desenvolvida em coordenadas cilíndricas assumindo como hipótese
que os gradientes circunferenciais no escoamento são desprezíveis ou inexistem. Quanto à
consideração de planos de simetria, assume-se que em relação aos mesmos os gradientes de
qualquer variável em relação à normal são zero, o sendo também o componente normal de
velocidade com relação a este plano. Um exemplo clássico de uso inadequado de planos de
simetria é o efeito Coanda [67] que ocorre devido a instabilidade, acima de um determinado Re,
133
de um escoamento tipo jato que é admitido pelo centro de simetria de um duto, que causa uma
deflexão no mesmo e o leva a aderir a um dos lados da superfície como efeito do balanço de
transferência de momentum pela diferença de pressão através do jato conforme o fluxo
acelera.
A periodicidade [67], [153] e [159] se define pela característica do padrão esperado
para a solução de um escoamento ter uma natureza periódica de repetição, sendo uma forma
de reduzir o tamanho de uma malha computacional, podendo ser aplicada de duas maneiras,
i.e. periodicidade rotacional ou translacional. A primeira se estabelece como fronteiras que
formam um ângulo incluso pela linha de centro de uma geometria rotacionalmente simétrica e a
segunda a partir de planos periódicos em geometrias retilíneas. Em combustores a
peridiocidade rotacional pode ser um recurso extremamente vantajoso, em vista do ganho pela
redução da malha computacional, o que permite ampliar seu refinamento na fração periódica
de simulação. Nesta dissertação, para o combustor tubular projetado, tal qual realizado por
OLIVEIRA [9], a periodicidade foi utilizada para o desenvolvimento de um combustor tubular
equivalente a partir de um anular de referência com um total de 8 swirlers. Neste sentido, foi
utilizada uma razão de 1/8 para o dimensionamento do combustor tubular, o que corresponde à
fração axissimétrica do combustor anular de referência que é coberta por um swirler.
135
Figura 4.2. Geometria desenvolvida para a câmara DLE SGT-100 de seção circular com
referência aos principais componentes. Fonte: Geometria implementada através
do software DesignModelerTM.
®
Figura 4.3. Geometria computacional desenvolvida em blocos com a ferramenta ICEM-CFD
(a) e domínio computacional (b). Fonte: Adaptado do texto de BULAT et al. [5].
136
Figura 4.4. Malha computacional desenvolvida para o combustor DLE SGT-100 para o estudo
de escoamento reativo com base no modelo de turbulência LES. Fonte: Estudo
numérico de BULAT et al. [4].
Referenciando à Figura 4.2, a câmara DLE SGT-100 representa uma câmara tubular
[3] que se caracteriza por um swirler composto de 12 canais retangulares, em que cada um tem
múltiplos pequenos furos para a injeção de combustível. A jusante do swirler a mistura
ar/combustível flui por um tubo de 46 [mm] de largura com diâmetro de saída de 86 [mm], no
qual grande parte da pré-mistura ocorre. Quando no formato DLE, a câmara se estabelece em
um formato predominantemente pré-misturado para resultar em uma combustão pobre de baixa
emissão, justamente pela mistura entre combustível e ar não ser perfeita e existir alguma
combustão não pré-misturada [5]. Sendo assim, a câmara pode ser definida como composta
por três seções, i.e. de pré-mistura ou pré-câmara, câmara de combustão e exaustão. A seção
pré-câmara é formada pelo swirler e tubo queimador ou bocal de pré-mistura, enquanto que a
câmara de combustão se caracteriza por uma seção transversal quadrada de 165 [mm],
adotada inicialmente como circular, conforme a Figura 4.2, e a exaustão é composta de um
duto de transição de formato aproximadamente cônico que faz a conexão entre a câmara e um
tubo de exaustão de 50 [mm] de diâmetro. Adicionalmente, no entorno do bocal de pré-mistura
existe um painel metálico equipado com resfriamento por jatos, sendo que parte do
escoamento de ar, cerca de 8,8% da vazão mássica total de ar, após ter contato com este
137
painel é admitido na câmara de combustão pela lacuna existente no anel circular (ou quadrado
na geometria de STOPPER et al. [3] com propósito de resfriamento (ver Figuras 4.2 e 4.3).
Para a implementação computacional, esta corrente de ar fugitivo (air leakage) foi tratada como
uma condição de contorno de entrada.
Tabela 4.1. Resumo das dimensões principais adotadas para o desenvolvimento da geometria
modelo do combustor DLE SGT-100. Fonte: Sketches e informações de referência
obtidas nos trabalhos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [4], [5] e [6].
138
privilegiando-se as regiões do interior da câmara e a regularidade de preenchimento do
domínio, e procurando-se minimizar as descontinuidades entre os elementos de parede para
com os restantes do domínio fluido através de ajustes por análises de sensibilidade.
Figura 4.5. Malha computacional característica (Malha 3 da Tabela 4.2) desenvolvida para a
implementação computacional do combustor DLE SGT-100. Fonte: Malha
desenvolvida no software MeshingTM.
139
(equivalente à informada na Tabela 4.3) e pressão relativa prescrita, com base nas condições
médias da câmara.
Figura 4.6. Detalhes da malha computacional com ênfase às camadas de prismas em regiões
de parede próxima (imagens acima), às interfaces entre swirler e anel de admissão
(à esquerda e abaixo), câmara e bocal de pré-mistura (ao centro), câmara e cone
de transição (à direita e abaixo). Fonte: Malha desenvolvida no software
MeshingTM.
Tabela 4.2. Resumo das características e critérios de qualidade das malhas desenvolvidas,
onde dp é o desvio padrão. Fonte: Malhas computacionais desenvolvidas para o
combustor DLE SGT-100 com o software MeshingTM.
140
Tabela 4.3. Condições de contorno para o estudo do combustor DLE SGT-100. Fonte: Dados
obtidos do estudo experimental de STOPPER et al. [3].
Caso P [bar] Tar [°C] mar [g/s] mc [g/s] uin [m/s] Rein/103
ISO 5 15 251 0 12,9 100
A 3 412 175 6,2 40,6 39
141
da PDF e do pacote termoquímico GRI-Mech 3.0 (SMITH et al. [136]), todas as propriedades
físicas para o escoamento simulado apresentaram dependência para com as variáveis
governantes do problema.
Figura 4.7. Condições de contorno aplicadas para o estudo do combustor DLE SGT-100 no que
se refere ao caso reativo (A). Fonte: Utilizou-se a interface do solver CFXTM para
uma melhor retratação da localização dos contornos da geometria.
Figura 4.8. Tabela PDF não adiabática gerada para as simulações do combustor DLE SGT-100
associada às curvas de fração molar de CH4 e CO em função da fração de mistura.
Fonte: Simulação de CFD no FluentTM.
Tabela 4.4. Condições de contorno para as simulações dos casos laminares isotérmico e
reativo. Fonte: Baseados nos dados de STOPPER et al. [3].
Caso P [bar] Tar [°C] mar [g/s] mleak [g/s] mc [g/s] uin [m/s]
ISOlam. 5 15 4,543 0,4384 0 0,2583
lam.
A 3 412 8,186 0,7898 0,318 2,082
O modelo reativo adotado para o caso laminar (Alam.) foi o de transporte de espécies
com reações volumétricas, i.e. reações ocorrem na fase de mistura, pelo modelo de taxas
finitas laminar (Laminar Finite-Rate). Neste, apenas a taxa de Arrhenius é calculada, tendo em
vista que as flutuações de turbulência e a interação entre turbulência e química são
desprezadas. Não existindo turbulência, as equações governantes do problema reativo laminar
são equivalentes àquelas apresentadas no item 3.1 do capítulo 3, i.e. Equações (3.1), (3.3),
(3.4), (3.5), (3.7) e (3.12). Neste sentido, em referência às Equações (3.7) e (3.12), formulando-
se estas tal qual apresentado no manual ANSYS [67] e se desprezando o efeito de eficiências
de terceiro corpo na taxa de reação, obtém-se as Equações (4.12) e (4.13), onde Cj é a
concentração molar da j-ésima espécie na k-ésima reação e η é a ordem de reação das
espécies reagentes (‘) e produtos (‘’) na k-ésima reação, que contextualizam a estratégia de
resolução do modelo de transporte de espécies de taxas finitas laminar. Vale observar que na
resolução expressa pela Equação (4.12), que representa uma generalização da Lei de Difusão
de Fick, o coeficiente de difusão térmica (DT) (ver o item 3.1 do capítulo 3, Efeito de Termo-
Difusão ou Soret), pode ser incluído para a resolução do fluxo de difusão mássica.
145
∇T
J = −ρDi∇Yi − DT,i (4.12)
~i T
R N
Ea k
−
( η' j, k +η" j, k )
ωi = MWi ∑ ( ν "i, k − ν 'i, k ) A k T e u ∏ [C j,k ]
αk R T
(4.13)
k =1 j=1
A estratégia de resolução adotada para o escoamento laminar reativo foi tal aquela
apresentada no manual ANSYS [156] para o combustor BERL (Burner Engineering Research
Laboratory) de 300 kW com exceção da aplicação do modelo laminar para tratar a equação de
momentum. Neste sentido, a difusão térmica (Efeito de Soret) não foi incluída na resolução do
problema. Uma análise de sensibilidade poderia ter sido feita para avaliar o impacto da difusão
térmica, entretanto, considerando que a especificação do problema envolveu uma reação
global, tal necessidade se assumiu ser dispensável. Os efeitos de difusão térmica tornam-se
importantes em situações nas quais elevados gradientes de temperatura surgem a partir de
superfícies aquecidas (ou regiões quentes (chama) de um domínio), i.e. problemas de CVD
(Chemical Vapour Deposition) ou em reatores químicos, causando que moléculas pesadas em
misturas multicomponentes complexas (moléculas de variados pesos moleculares) se difundam
mais lentamente que as leves em direção à superfície.
Para a formulação de um mecanismo de reação global de único passo para o gás
natural adotado nas simulações do combustor DLE SGT-100, com referência à sua composição
em base molar, i.e. 0,967 CH4; 0,003 CO2; 0,017 C2H6; e 0,013 N2, considerou-se uma reação
de combustão completa para um mol de combustível tal qual o expresso pela Equação (4.14).
Nesta, obtidos os coeficientes da reação pelo balanço de átomos, a formulação do combustível
é abreviada sendo designada como fuel, sendo o N2 tratado como inerte e, portanto, omitido da
reação, i.e. no solver FluentTM [156] para reduzir erros de arredondamento a espécie em maior
quantidade é considerada como última espécie, não sendo resolvida uma equação de
transporte para o seu balanço, pois sua concentração é determinada por diferença.
147
exaustão. Conforme mencionado precedentemente, a existência do tubo cônico dificulta a
transição entre interfaces para uma câmara com seção quadrada, tendo sido assim
preferenciado adotar inicialmente tal seção como circular. Para efeito de regularizar a
descontinuidade entre as interfaces, o tubo cônico foi implementado como uma pirâmide de
base quadrada, utilizou-se para a câmara um adoçamento de raio fixo especificado como 10
mm e para a compatibilização câmara, tubo cônico de transição e tubo de exaustão foi adotado
um adoçamento de raio variável com transição suave de raio inicial de 10 mm e final de 27 mm.
Figura 4.9. Geometria desenvolvida para a câmara DLE SGT-100 de seção quadrada com
ênfase aos adoçamentos utilizados para o seu desenvolvimento. Fonte: Geometria
implementada através do software DesignModelerTM.
A partir da geometria tal qual apresentada na Figura 4.9, foram desenvolvidas duas
malhas, tendo em vista a estratégia de desenvolvimento das malhas para a câmara com seção
circular e os resultados numéricos preliminares obtidos para a mesma. A partir destes,
identificou-se que o tamanho mínimo de malha necessário para o combustor DLE SGT-100
seria aquele caracterizado pela Malha 2 da Tabela 4.2, fato que será esclarecido
posteriormente. A Figura 4.10 apresenta uma visão em duas perspectivas para um contexto
geral da Malha 5 desenvolvida para a câmara com seção quadrada. No que se refere às
características das duas malhas (Malhas 4 e 5) geradas, as dimensões e as métricas principais
de referência são apresentadas na Tabela 4.5. Nesta, percebe-se que devido ao maior número
de elementos tetraédricos utilizados no desenvolvimento das malhas para efeito de
compatibilização entre interfaces, a métrica de ortogonalidade apresentou resultados um pouco
piores (valor mínimo e média) que aqueles observados para a câmara com seção circular
(Tabela 4.2), comparando-se malhas de magnitude semelhante. Entretanto, com referência às
148
demais métricas, percebe-se que as diferenças não se mostraram relevantes, particularmente
considerando os melhores resultados observados para a razão de aspecto que apresentou um
valor máximo menor em ambas as malhas.
Figura 4.10. Malha computacional característica para a câmara com seção quadrada (Malha 5
da Tabela 4.7) desenvolvida para a implementação computacional do combustor
DLE SGT-100. Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM.
Tabela 4.5. Resumo das características e critérios de qualidade das malhas desenvolvidas para
a câmara de seção quadrada, onde dp é o desvio padrão. Fonte: Malhas
computacionais desenvolvidas para o combustor DLE SGT-100 com o software
MeshingTM.
149
Tabela 4.5. Resumo das características e critérios de qualidade das malhas desenvolvidas para
a câmara de seção quadrada, onde dp é o desvio padrão. Fonte: Malhas
computacionais desenvolvidas para o combustor DLE SGT-100 com o software
MeshingTM.
Com referência aos detalhes das malhas 4 e 5 desenvolvidas, na Figura 4.11 são
observadas as características dos elementos para as mesmas regiões apresentadas na Figura
4.6 para a câmara de seção circular. Percebe-se claramente que devido ao problema das
interfaces não serem topologicamente semelhantes, existiu a necessidade de serem utilizados
uma razoável quantidade de elementos tetraédricos para o seu desenvolvimento,
particularmente no tocante às regiões entre câmara e tubo de transição, e entre este e o tubo
de exaustão. Isto pelo fato de que as malhas implementadas se caracterizaram pelo uso do
método multi-zone, que representa um método para a geração de malhas híbridas,
considerando a impossibilidade de utilização do método sweep. Este se trata de um para a
geração de malhas não-estruturadas preponderantemente hexaédricas, definindo-se com um
método de considerável regularidade, pois as malhas são desenvolvidas entre faces de origem
e destino (ver Apêndice A). Neste caso, não havendo topologias semelhantes entre câmara,
tubo de transição e de exaustão, o único método caracteristicamente mais regular que pôde ser
utilizado foi o método multi-zone para estas regiões.
Como resultado da escolha do método multi-zone para a implementação das malhas
de tais regiões, identifica-se claramente na Figura 4.12 que existe uma maior irregularidade
entre as regiões quando são comparadas nas interfaces as malhas 3 e 5. Isto é corroborado
pela Figura 4.13, que compara a quantidade de elementos tetraédricos para uma
ortogonalidade de aproximadamente 0,4, resultando ser 644 para a malha com seção
quadrada e 450 para a de seção circular, justamente pela maior quantidade desse tipo de
elemento utilizado no domínio do tubo de transição.
150
Figura 4.11. Detalhes da malha computacional com seção quadrada (Malha 5) ênfase às
camadas de prismas em regiões de parede próxima (imagens acima), às
interfaces entre swirler e anel de admissão (à esquerda e abaixo), câmara e
bocal de pré-mistura (ao centro), câmara e cone de transição (à direita e abaixo).
Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM.
Figura 4.12. Comparação entre as malhas com seção circular (imagens acima) e quadrada.
À`direita são apresentados seções com diferentes perspectivas para o tubo de
transição e à esquerda para a interface entre tubo de transição e de exaustão.
Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM.
151
Figura 4.13. Comparação entre câmaras cilíndrica e de seção quadrada em termos da
distribuição de elementos tetraédricos de alta ortogonalidade pelo domínio.
Fonte: Malha desenvolvida no software MeshingTM.
153
Neste caso, tratando-se de um compressor centrífugo de um estágio com elevada
relação de pressão, devido às inerentemente elevadas velocidades circunferenciais de ponta,
tem-se alto Ma no difusor, implicando que seja atingido escoamento sônico na entrada e saída
das pás do mesmo devido à baixa contrapressão. Isto leva a mesma estrutura de fluxo
observada na situação supersônica. Porém, observando o diagrama de trabalho específico,
nota-se uma linha horizontal que reflete o estrangulamento da fileira de pás na saída do
compressor, que ocorre pelo fato de que a redução da contrapressão abaixo da relação de
pressão onde existe choke na saída do compressor não tem efeito sobre o campo de
escoamento do rotor. Ou seja, sendo o trabalho feito unicamente no rotor, o trabalho específico
deve permanecer constante. Isto é diferente da característica exibida por fluxos supersônicos
no primeiro rotor, onde sempre o trabalho específico depende da relação de pressão.
W TT / TT,s td
(4.15)
PT / PT,s td
154
Tabela 4.6. Parâmetros de entrada especificados no ciclo térmico estruturado. Fonte: Ciclo
térmico implementado no THERMOFLEXTM.
Componentes Parâmetros
Margem de Surge % 10
Eficiência Politrópica % 85
155
Tabela 4.7. Características dos componentes do sistema da microturbina a gás modelada.
Fonte: Ciclo térmico implementado no THERMOFLEXTM.
Componentes Parâmetros
Tipo Alternativo
Eficiência Politrópica % 85
Compressor Booster
Adiabaticidade % 75
Potência Nominal [kW] 14,91
Tabela 4.8. Resultados de projeto obtidos para o compressor centrífugo adotado no ciclo
térmico modelado. Fonte: Parâmetros especificados no THERMOFLEXTM.
Com referência à Tabela 4.7, considerou-se os valores informados na Tabela 4.9 para
a obtenção do head adiabático através da Equação (4.16) e, consequentemente, da velocidade
específica em uma forma dimensional a partir da Equação (4.17). Esta também é utilizada para
a obtenção dos resultados apresentados na Tabela 4.8, entretanto, o head adiabático é
calculado a partir da relação xx da Equação (4.18), onde o head efetivo é obtido através da
relação xxi da mesma. No que se refere a parâmetros e relações de compressores,
particularmente centrífugos, referencia-se os textos de AUNGIER [167], LÜDTKE [168] e
CAMPOS [169].
Tabela 4.9. Propriedades de referência do ar a 25ºC e 100 [kPa]. Fonte: Dados obtidos de VAN
WYLEN et al. [170].
Ns =
(N / 60 ) VF
(4.17)
H ad(
3/ 4 )
Hef
xx) Had =
ηiso
(4.18)
Pc
xxi) Hef =
mc
159
Na Tabela 4.10 vale referenciar que os subscritos ar, c e g são utilizados para aludir,
respectivamente, às condições na saída do compressor, do compressor de gás combustível e
do combustor com referência aos gases de combustão.
Figura 4.17. Mapa do compressor centrífugo – Ponto de operação para uma rotação do
conjunto fixada em 80.000 [rpm]. Fonte: Mapa do compressor centrífugo
especificado no THERMOFLEXTM.
Tabela 4.10. Resultados obtidos das simulações do conjunto a gás operando no ponto de
projeto e em cargas parciais, i.e. rotações de 50.000 e 80.000 rpm. Fonte:
Simulações realizadas no THERMOFLEXTM.
Casos Parâmetros
Potência líquida do ciclo [kW] 99,63
Eficiência % 22,3
mar [kg/s] 0,448
Projeto (100.000 rpm) Par [kPa] 496,1
Tar [K] 494,7
Entrada do Combustor
mc [kg/s] 0,0089
Pc [kPa] 694,5
Tc [K] 425,3
160
Tabela 4.10. Resultados obtidos das simulações do conjunto a gás operando no ponto de
projeto e em cargas parciais, i.e. rotações de 50.000 e 80.000 rpm. Fonte:
Simulações realizadas no THERMOFLEXTM.
Casos Parâmetros
Pg [kPa] 468
Projeto (100.000 rpm) Saída do Combustor
TIT [K] 1.315
Potência líquida do ciclo [kW] 51,04
Eficiência % 16,44
mar [kg/s] 0,288
Par [kPa] 310,6
Alternativo 1 (80.000 Tar [K] 424,3
rpm) Entrada do Combustor
mc [kg/s] 0,0062
Pc [kPa] 434,8
Tc [K] 389
Pg [kPa] 293
Saída do Combustor
TIT [K] 1.315
Potência líquida do ciclo [kW] 11,62
Eficiência % 7,01
mar [kg/s] 0,137
Par [kPa] 166,4
Alternativo 2 (50.000 Tar [K] 343,4
rpm) Entrada do Combustor
mc [kg/s] 0,0032
Pc [kPa] 233
Tc [K] 343,8
Pg [kPa] 157
Saída do Combustor
TIT [K] 1.315
161
Figura 4.18. Mapa do compressor centrífugo- Ponto de operação para uma rotação do conjunto
fixada em 50.000 [rpm]. Fonte: Mapa do compressor centrífugo especificado no
THERMOFLEXTM.
Figura 4.19. Esquemático comparativo entre a estrutura de uma turbina a gás de eixo vazado,
i.e. câmara de combustão com carcaça rotativa, em relação a uma convencional.
Fonte: Adaptado de SHIH and LIU [7].
163
do impelidor. O processo difusivo que ocorre no difusor é usualmente auxiliado por pás
estacionárias que aumentam a estabilidade do escoamento encurtando seu percurso pelo
difusor de modo a reduzir as perdas por atrito. Isto [194], [168] e [169] resulta em um maior
aumento da pressão estática se comparada com difusores sem pás e, embora, reduza a
margem operacional leva a ganhos de eficiência e suprime a tendência ao fenômeno de
rotating stall que eventualmente levaria ao surge.
Basicamente o compressor centrífugo especificado é constituído de cinco partes
componentes, representadas de forma esquemática na Figura 4.20. Desse modo, percebe-se
que o compressor adotado no estudo é estruturado tal qual um estágio de entrada ou
intermediário de um compressor multi-estágio, não possuindo voluta e cone de saída, que
representam partes comumente atreladas ao projeto de compressores centrífugos de um
estágio ou do estágio de descarga de um multi-estágio.
De forma geral [167] e [168], o emprego da voluta e do cone de saída é adotado
quando na necessidade de que o gás seja ejetado da carcaça para resfriamento ou à
extremidade posterior do compressor, servindo como uma câmara coletora de gás. Em
referência aos projetos tradicionais, a voluta apresenta uma seção variável e crescente na
circunferência em relação à direção de rotação (tipo scroll “externo”, i.e. aquele em que o
centro de gravidade aumenta em direção à saída). Neste caso, o conjunto serve basicamente
para coletar o escoamento de forma suavizada, regularizando-o, i.e. diminuição das perdas
pelo menor nível de velocidade, e aumentando adicionalmente sua pressão ao custo de
aumento do diâmetro de descarga. Para o caso do compressor adotado, este papel é
desempenhado pelo conjunto curva de retorno e canal de retorno.
164
Adicionalmente, no que se refere ao canal de retorno, este foi especificado com pás de
deswirl para a garantir a obtenção de um perfil uniforme na descarga com o menor nível de
perdas e turbilhonamento do escoamento. Para tanto, adotou-se as relações otimizadas
desenvolvidas por NISHIDA et al. [172] e os critérios de dimensionamento apresentados em
AUNGIER [167].
No tocante às demais partes componentes, o impelidor foi especificado como do tipo
backswept [162], i.e. pás inclinadas para trás. Este tipo de impelidor é referenciado como de
alta performance e característico de compressores modernos quando na ausência de restrições
físicas [194] e [173], tendo sido especificado para este compressor especialmente pela
necessidade de se mesclar uma alta eficiência com uma ampla faixa de vazão, considerando
sua aplicação original em um motor automotivo [174]. Este requisito é uma característica de
equipamentos que apresentam uma ampla faixa de operação, sendo isto válido também para o
caso de microturbinas a gás para geração termelétrica, conforme já referenciado no item
1.2.1.1 do capítulo 1. Por fim, o difusor especificado para o projeto é do tipo bidimensional com
pás diretoras, justamente pela maior estabilidade associada a este tipo difusor.
Baseando-se na Figura 4.20, o procedimento de cálculo adotado para a estruturação
apresentada no Apêndice B foi desenvolvido para a obtenção dos componentes de velocidade
sequencialmente em sete seções, i.e. entrada e saída do impelidor (impeller), difusor (diffuser)
e pás de retorno (return bend e return vane), e descarga (90º bend). O procedimento se
estrutura a partir de dados de referência [162] do impelidor e difusor do compressor centrífugo
adotado para o estudo, atentar para a Figura 4.21, projeto secundário, e Tabela 4.11. Com
base nisto e considerando o fluido como gás perfeito, relaciona-se a temperatura de
estagnação (T0) com a estática (T) através da relação xxii da Equação (4.19), e se desenvolve
um procedimento iterativo a partir de uma estimativa inicial da velocidade (C) para a obtenção
das propriedades estáticas do escoamento, baseando-se nas equações de Euler para
turbomáquinas, conforme os conceitos e desenvolvimentos apresentados no texto de COHEN
et al. [11]. A partir das mesmas, uma vez convergido o procedimento com base no erro máximo
especificado, i.e. 0,010%, obtém-se os componentes de velocidade em cada seção do
compressor. Menciona-se que o loop estabelecido para o critério de convergência permanece
enquanto o erro relativo, calculado pela relação xxiii da Equação (4.19), é maior que o erro
máximo.
C2
xxii) T0 = Tst −
2c p
(4.19)
Cnew − Cold
xxiii) abs
Cold
165
Figura 4.21. Dimensões e parâmetros principais do impelidor do compressor centrífugo
especificado para o projeto. Fonte: Adaptado de USHIDA et al. [162].
166
que não existem pás de pré-rotação. A partir destas definições e do procedimento iterativo
referenciado, obtém-se o componente de velocidade absoluta do escoamento, que permite o
estabelecimento do triângulo velocidade para cada velocidade periférica (relação xxiv da
Equação (4.20)), i.e. velocidade periférica média, da raiz e ponta, onde o raio médio é obtido
pela relação xxv da Equação (4.20).
2πrN
xxiv) U =
60
(4.20)
r1s2 − r1h 2
xxv)
2
xxvi) A 2r = 2 π r2 b2
sinβ b2
xxviii) σ = 1 −
z 0,7
C2u _r r2
C4u = (4.22)
r4
Neste ponto, vale mencionar que a estratégia do programa se estrutura com base em
uma distribuição de perdas predefinida, conforme a Tabela 4.12. Tal distribuição tem como
base os percentuais de coeficiente de perda (Equação (4.23)) apresentados no texto de
AUBRY [171], justamente por este caracterizar quantitativamente os mecanismos de perda em
canais de retorno compactos. O denominador da Equação (4.23) representa a pressão
dinâmica na entrada da seção avaliada e o numerador, a diferença entre as pressões totais a
montante e a jusante da região de análise. Os dados de referência são então compatibilizados
(Tabela 4.13) para com o percentual de 50% de perdas definido até a garganta do difusor, o
que permite calcular a eficiência efetiva de compressão para as demais seções do compressor.
Base de Referência
Subcomponente Distribuição das perdas [% total]
Difusor 29
Curva de Retorno 18
Pás de Retorno 39
Curva de 90º 14
168
Tabela 4.13. Perdas especificadas para a análise unidimensional do compressor centrífugo.
Fonte: Análise unidimensional do compressor centrífugo especificado.
pT,upstream − pT,downstream
ς= (4.23)
0,5ρin uin2
A R sen ( 90 + βb4 ) r4
sen ( 90 + βb6 ) = (4.24)
r6
Tabela 4.14. Dimensões principais especificadas para o projeto do canal de retorno com pás de
deswirl. Fonte: Baseado nos valores otimizados de NISHIDA et al. [172].
Z ds t b7
KB = 1 − (4.27)
2 π r7 sin(90 + βb7 )
1 b 6 tan(α 6 )
b7 = (4.28)
K B tan(α 7 )
170
O parâmetro de referência para a inter-relação entre a entrada e saída do difusor de
deswirl é a razão entre áreas (AR), cuja a estimativa inicial é definida baseada nos parâmetros
otimizados de NISHIDA et al. [172], i.e. 0,66, sendo aquela recalculada em função das
restrições [167] para o ângulo de divergência e raio de curvatura do hub. Basicamente, a
avaliação da saída das pás de retorno, inicia-se pela consideração [167] de que o ângulo de pá
referente à direção meridional deve ser 0º. Através desta consideração, calcula-se a
profundidade da passagem na saída do canal, de modo que, tendo em vista as limitações do
raio do hub, i.e. deve ser maior que 0,8(b8 - b6), onde os subscritos 6 e 8, referem-se,
respectivamente, à saída do difusor e saída do canal, e do ângulo de divergência que é
limitado a 5,5º, obtém-se a razão de área efetiva. Dentro desta estratégia, que se estrutura
fundamentalmente nos requisitos e diretrizes de AUGIER [167], é importante referenciar o uso
de quatro equações para o cálculo do raio de curvatura hub (Rh), ângulo de divergência (θ),
comprimento médio da passagem (Lds) e profundidade do canal (b8), respectivamente,
Equações (4.29), (4.30), (4.31) e (4.32), onde os subscritos 4, 7 e 8, referenciam, a entrada do
difusor, e a entrada e saída do difusor de deswirl. A expressão adotada neste caso para o
ângulo de divergência, com referência à Equação (4.26), origina-se de uma resolução que
contabiliza o efeito tanto da espessura das pás quanto de variações na profundidade de
passagem, fundamentando-se pela largura entre pás na entrada e saída, que se define pela
relação xxix da Equação (4.31). Acrescenta-se que para efeito de simplificação, tratando-se de
um projeto preliminar de compressor centrífugo, a espessura das pás foi desprezada nesta
abordagem para obtenção do ângulo de divergência.
b7 + b 4
Rh = (4.29)
2
r7
2r8 − 1
L ds = r8
(4.30)
sin(βb7 + 90) + sin(βb8 + 90)
π r8 sin(βb8 + 90)b8
θ = arctan − r7 sin(βb7 + 90)
Z dsL ds b7
(4.31)
2 π r sin(β b + 90)
xxix)
z
b7 r7 sin(βb7 + 90)
b8 = (4.32)
A R r8 sin(βb8 + 90)
171
Obtidas as principais dimensões, a resolução adotada considera que a direção do
escoamento na saída do canal de retorno é próxima de 90º, possibilitando que se adote como
estimativa inicial que a velocidade absoluta equivalha ao componente radial de entrada do
canal. Partindo-se desta consideração e tendo em vista a seção radial de saída obtida com
base na profundidade do canal calculada, obtém-se as propriedades estáticas e finalmente a
velocidade absoluta na saída do canal de retorno.
Enfim, como resultado da resolução sequencial progressiva para a consecução dos
componentes de velocidade de cada seção, tem-se as condições suficientes para a obtenção
preliminar da velocidade e da área da seção de descarga do compressor centrífugo projetado.
Com este objetivo, é necessário que estejam definidos [167] tanto o raio da raiz quanto o da
ponta na descarga. Neste sentido, adotou-se, por não se tratar de um projeto detalhado e não
existirem até então restrições construtivas ou de performance exceto aquelas que se
constituem como diretrizes de projeto, que o raio da raiz na descarga equivale aquele do
impelidor. Tendo em vista esta definição e a somando à profundidade de passagem na saída
das pás de retorno, obtém-se o raio da ponta na descarga, o que permite que se obtenha a
seção da descarga. Admitindo-se a hipótese de que não existem perdas adicionais, as
propriedades na descarga são aquelas referentes à saída do canal de retorno, de modo a se
obter a velocidade na descarga. A Tabela 4.15 sumariza as especificações e resultados obtidos
para a descarga do compressor.
Propriedades de Estagnação
Pressão [kPa] 496,1
172
Tabela 4.15. Especificações e resultados obtidos da avaliação unidimensional para a descarga
do compressor centrífugo projetado para dimensionamento do combustor. Fonte:
Algoritmo de análise unidimensional de compressor centrífugo.
Especificações de Projeto
Raio da Ponta [mm] 20,71
Velocidade Absoluta [m3/s] 167,3
Área de Escoamento [cm2] 7,755
O aplicativo GTCD representa uma ferramenta desenvolvida por OLIVEIRA [9] para o
projeto preliminar de combustores de turbinas a gás. Tal ferramenta foi implementada em
EXCEL com uso intensivo de programação VBA e se fundamenta nas abordagens zero e
unidimensionais desenvolvida por LEFEBVRE [32] e MELCONIAN and MOLDAK [33]. Através
do mesmo é possível obter o projeto preliminar completo de combustores tubulares, anulares e
tubo-anulares.
Conforme MELCONIAN and MOLDAK [33] mencionam, modelos podem ser
classificados em termos da dimensionalidade, de modo a serem classificados como zero-, uni-,
bi-, ou tridimensionais, tendo sido os dois primeiros utilizados na estrutura do aplicativo GTCD,
uma breve explanação sobre os mesmos será feita.
Modelos zero-dimensionais em sistemas de combustão tratam a zona de reação como
uma unidade simples, tipificando-se pelo conceito de reator perfeitamente misturado (PSR
(Perfectly Stirred Reactor)). Nestes tipos de sistemas, é geralmente conveniente expressar a
performance do reator em termos de uma equação de reação de simples passo, considerando
velocidades, temperaturas, densidades de fluxo térmico e composições uniformes por toda a
zona de reação. Com base nestes conceitos são estruturadas a equação de carregamento
cinético da zona primária de Odgers-Carrier [176] e o parâmetro θ de Lefebvre-Halls [177]. Este
é usualmente utilizado para obter uma estimativa a inicial da seção transversal para o projeto
de um combustor, entretanto, traz como principal desvantagem o fato de requerer que uma
curva seja obtida para cada relação combustível/ar operacional.
Desse modo, modelos zero-dimensionais apenas conseguem prever a eficiência de
combustão, não tendo condições de prever a composição dos gases de exaustão. Para este
propósito tentativas para a previsão de emissões de hidrocarbonetos e monóxido de carbono
fazem uso de relações empíricas, que não são únicas, embora existam similaridades entre
173
certas famílias de combustores. Devido ao fato da cinética de reação ser sensível a variações
da relação combustível/ar, ainda que sejam adicionadas uma série de equações para a
descrição parcial ou completa da cinética em substituição à equação de reação única, para que
seja considerado o espectro completo das misturas combustíveis o modelo pode vir a se tornar
muito amplo [33], excedendo limites praticáveis dentro do escopo desta metodologia.
No que se refere aos modelos unidimensionais, estes permitem que se considere um
reator limitado pela reação ou mistura, ou ambos (WSR (Well Stirred Reactor)). Modelos que
fazem uso desta abordagem permitem que perfis de temperatura ou concentração sejam
funções da distância ou do tempo, também possibilitam determinar as distribuições de
temperatura em seções pelo uso de módulos associados de PSR e WSR distribuídos pelas
zonas do combustor, sendo os volumes tratados com base na teoria de arrasto de jatos.
Para o presente estudo, o GTCD foi adaptado de maneira a se compatibilizar com as
características do combustível metano, particularmente no que se refere aos parâmetros
termoquímicos de aumento de temperatura em função da razão de equivalência. A partir das
dimensões obtidas da análise zero e unidimensional, estrutura-se a partir de parametrização
um modelo tridimensional por meio do software DesignModelerTM, pertencente ao pacote de
®
softwares científicos do ANSYS WorkbenchTM 15.0, que subsequentemente é convertido em
174
Figura 4.22. Esquema de generalização geométrica de fração periódica para a obtenção de
combustor tubular equivalente a partir de um anular existente, adjunto do modelo
geométrico e domínio computacional implementado. Fonte: Adaptado de
OLIVEIRA [9].
Tabela 4.16. Principais dimensões do combustor tubular projetado. Fonte: Aplicativo GTCD [9].
Parâmetros
Casing 127,05
175
Tabela 4.16. Principais dimensões do combustor tubular projetado. Fonte: Aplicativo GTCD [9].
Parâmetros
Número de Pás Swirler 12
Comprimento total [mm] 167
Zona Primária 8
Número de Furos Zona Secundária 8
Zona de Diluição 8
177
Tabela 4.17. Resultados especificados para o combustor tubular projetado (Vazões
correspondentes a 1/8 do total). Fonte: Aplicativo GTCD [9].
Entrada 14,3
Diâmetros do Swirler [mm]
Saída 38
Fator de Ângulo 0,7
Parâmetros
SN 1,58
PZ 12,5
Figura 4.23. Curvas de Estabilidade para o metano. Fonte: Desenvolvidas com base no método
do equilíbrio termoquímico [178].
178
xxx) T3_200K = 150x6 - 1.568x5 + 6.246x4 - 11.441x3 + 8.509x2 - 530x + 278
xxxi) T3_300K = 143x6 - 1.501x5 + 6.002x4 - 11.019x3 + 8.174x2 - 443x + 253
xxxiv) T3_600K = 123x6 - 1.311x5 + 5.306x4 - 9.832x3 + 7.285x2 - 271x + 214,5 (4.33)
xxxv) T3_700K = 112x6 - 1.205x5 + 4.911x4 - 9.142x3 + 6.736x2 - 126x + 197
xxxvi) T3_800K = 99x6 - 1.073x5 + 4.417x4 - 8.266x3 + 6.026x2 + 73,8x + 174
179
Figura 4.24. Variação no posicionamento dos furos da zona primária, secundária e de diluição.
Fonte: OLIVEIRA [9].
Figura 4.25. Esquema macro do aplicativo GTCD. Fonte: Extraído de OLIVEIRA [9].
180
Para o desenvolvimento da malha numérica é utilizado o software MeshingTM. Neste, o
domínio foi dividido em cinco regiões volumétricas, buscando-se obter uma malha estruturada
na máxima parcela destas regiões, hexaédrica em sua maior parte, com exceção do swirler que
é composto por elementos tetraédricos. A malha resultante apresentou um tamanho de
1.421.898 nós x 1.456.901 elementos, que se mostrou suficiente considerando testes de
independência de malha realizados no desenvolvimento do aplicativo [9] e os próprios
resultados preliminares obtidos das simulações realizadas nesta dissertação, que demandaram
algumas modificações para uma maior consistência da geometria e da malha a ser utilizada.
Entre tais modificações, duas se mostraram fundamentais para regularizar a solução
computacional e minimizar possíveis efeitos de difusão numérica: suavização da fenda de
transição entre o domo e o swirler; e redução do tamanho dos furos de admissão da zona
primária, de modo a aumentar o momentum do ar primário. Ainda, a partir das simulações
realizadas, mostraram-se necessários alguns ajustes adicionais em termos de dimensões e
parâmetros do aplicativo GTCD para uma compatibilização em função do combustível gasoso
(metano) utilizado. As características e alguns detalhes da geometria e da malha desenvolvida
nesta dissertação, podem ser visualizados na Figura 4.26, com ênfase às camadas prismáticas
implementadas para tratamento das camadas de turbulência e suavizão da interface entre o
domo e o swiler.
Figura 4.27. Condições de contorno aplicadas para a resolução do combustor projetado, com
ênfase às interfaces do swirler. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
182
Adicionalmente, no que se refere à entrada de combustível, a vazão foi definida segundo um
vetor orientado em coordenadas cilíndricas ([1,1,1]), de modo a considerar a admissão de
combustível em sentido contrário à direção das pás do swirler com o propósito de potencializar
a mistura. O uso de vetor orientado também se mostrou necessário para a entrada de ar, tendo
em vista alguns preliminares que exibiam um descolamento pela incidência no bordo de ataque
do snout. Neste caso, se especificou, posteriormente a uma análise de sensibilidade, o fluxo
orientado conforme o ângulo do snout.
Para os casos simulados com rotação, a condição de contorno rotativa foi aplicada na
carcaça do combustor (Figura 4.27). Ou seja, considerou-se um movimento giratório da parede
com relação ao eixo z e relativo às zonas de células adjacentes, definindo-se em cada caso
uma velocidade angular a depender da rotação do conjunto a gás, i.e. 100.000, 80.000 e
50.000 rpm. Todas as paredes do combustor, enfatizadas na Figura 4.27, foram especificadas
como adiabáticas e sem escorregamento. Ademais, as propriedades para a mistura são
equivalentes àquelas adotadas nos casos de referência do combustor DLE SGT-100.
Figura 4.28. Caracterização das paredes do combustor tubular equivalente projetado pelo
aplicativo GTCD. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
183
Na circunstância do combustor tubular, as flamelets foram calculados segundo um
piso de temperatura de 425,3 [K] para o combustível e 494,7 [K] para o oxidante, para um
máximo número de flamelets definido como 20. A partir das mesmas obteve-se a PDF
apresentada na Figura 4.29 que novamente referencia o caráter não adiabático da tabela de
look-up da temperatura para um corte na entalpia adiabática. Na Figura 4.29 se identifica que
para o sistema não adiabático do combustível metano especificado, o valor máximo da
temperatura média de 2.362 K ocorre para uma fração de mistura de 0,0567 e o pico da fração
molar de CO que equivale a 0,163 para uma fração de mistura de 0,162, um pouco menor e
perfil mais estreito que aquele obtido para o gás natural da Figura 4.8, o que é consistente
considerando a menor temperatura observada.
Figura 4.29. Tabela PDF não adiabática gerada para as simulações do combustor tubular
projetado associada às curvas de fração molar de CH4 e CO em função da
fração de mistura. Fonte: Simulação de CFD no FluentTM.
184
5 RESULTADOS
Figura 5.1. Localização dos segmentos de referência de avaliação das malhas desenvolvidas
para o combustor DLE SGT-100. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
185
Com o propósito de comparação e averiguação da influência da malha na solução,
foram selecionadas quatro variáveis (taxa de deformação, velocidade absoluta, temperatura e
fração de mistura), sendo estas representativas dos campos do escoamento em qualquer
fenômeno reativo não pré-misturado. A partir dos perfis gerados para estas variáveis, foi
realizada uma análise do desvio padrão e relativo, com referência à malha de maior resolução,
tanto para o combustor com seção circular quanto com seção quadrada, comparando-se
separadamente as malhas desenvolvidas para cada tipo de câmara. A Tabela 5.1, resume os
resultados obtidos para o caso reativo, onde as designações das malhas seguem aquelas
definidas no item 4.2 do capítulo 4 e as abreviações FOU (first-order upwind) e SOU
referenciam o tipo de esquema numérico adotado no tratamento dos termos advectivos. Vale
ressaltar que os desvios são com referência aos resultados da malha de maior resolução, i.e.
Malha_3 para o combustor de seção circular e Malha_5 para o com seção quadrada. Além
disso, os desvios explicitados representam a média dos desvios obtidos em cada segmento
(Figura 5.1), sendo o relativo calculado com base no valor médio da distribuição da variável no
trecho em análise.
Tabela 5.1. Desvios obtidos para as simulações do combustor DLE SGT-100. Fonte: Simulação
CFD pelo solver FluentTM.
Velocidade Taxa de
Temperatura Fração de
Malhas Testadas Absoluta deformação
[K] Mistura
[m/s] [1/s]
desvio
3,68 523,9 103,2 0,0145
padrão
Malha_0 FOU
desvio
9,96 24,97 6,23 14,83
relativo %
desvio
1,87 711,6 58,46 0,0071
padrão
Malha_1 FOU
desvio
4,9 26,04 3,41 7,67
relativo %
desvio
1,64 356,1 43,83 0,00476
padrão
FOU
desvio
3,63 14,17 2,52 5,49
relativo %
Malha_2
desvio
4,26 850 62,16 0,007
padrão
SOU
desvio
7,51 18,27 3,71 16,79
relativo %
186
Tabela 5.1. Desvios obtidos para as simulações do combustor DLE SGT-100. Fonte: Simulação
CFD pelo solver FluentTM.
Velocidade Taxa de
Temperatura Fração de
Malhas Testadas Absoluta deformação
[K] Mistura
[m/s] [1/s]
desvio
1,35 234 33,83 0,00367
padrão
FOU
desvio
3,78 10,04 2,16 4,48
relativo %
Malha_4
desvio
9,63 1.520 87,01 0,00879
padrão
SOU
desvio
18,92 37,34 5,30 15,33
relativo %
189
É notável, através de uma avaliação comparativa dos gráficos das Figuras 5.2 e 5.3,
que existe uma certa influência da geometria no estabelecimento dos campos de velocidade e
deformação. Percebe-se pelos gráficos da Figura 5.2 que a câmara com seção circular
apresenta uma regularidade maior na formação destes campos, exibindo inclusive uma nítida
característica de simetria, que não é identificada na câmara com seção quadrada quando se
adota o esquema SOU para o tratamento da advecção, i.e. quando no uso do esquema FOU, a
solução obtida para a câmara com seção quadrada se exibiu praticamente equivalente àquela
apresentada pela câmara tubular. Isto permite concluir que a natureza do escoamento interno à
câmara é adequadamente resolvida para os níveis de refinamento das malhas 2, 3, 4 e 5. Além
disso, tendo em vista que o nível de resolução de malha adotado para as malhas 4 e 5 se
baseou nos resultados obtidos pelas malhas desenvolvidas para o combustor com seção
circular, mostrou-se desnecessário aumentar o grau refinamento das malhas 3 e 5, podendo
estas serem consideradas como adequadas para o tratamento do sistema reativo do combustor
DLE SGT-100. Isto se torna evidente quando se observa o decréscimo monotônico dos desvios
apresentados na Tabela 5.1, onde para todas as variáveis analisadas houve uma redução
continuada dos mesmos, e inclusive quando são confrontados os desvios obtidos para as
malhas 2 e 4 na solução por FOU dos termos advectivos, que se evidenciaram bastante
próximos.
Neste sentido, justifica-se que as malhas selecionadas para comparação com os
casos experimentais e numéricos de referência foram as malhas 3 (câmara com seção circular)
e 5 (câmara com seção retangular). Isto pode ser reforçado se forem observadas a natureza
monotônica de aproximação entre as curvas para as seções longitudinais, onde na medida que
se aumentou gradativamente o refinamento da malha, o resultado foi o estreitamento do desvio
entre as curvas, conforme se observa na Figura 5.4 que apresenta os perfis de temperatura
para os dois segmentos longitudinais avaliados (Figura 5.1).
Vale mencionar que com base nas curvas da Figura 5.4, para as simulações
empreendidas existe uma clara simetria com relação à linha de centro do combustor, onde as
curvas para os dois segmentos longitudinais se mostraram virtualmente idênticas. O que indica,
considerando a natureza assimétrica de componentes radiais de velocidade (Figuras 5.2 e 5.3),
que tende a aumentar na medida em que se desloca do bocal de pré-mistura para o interior da
câmara, que o efeito da assimetria na distribuição regular dos canais retangulares de swirl, i.e.
assimetria das condições de contorno, serve principalmente para criar instabilidades no campo
do escoamento, que por se tratar de um escoamento turbilhonado está sujeito a pequenas
oscilações.
190
Figura 5.4. Perfis longitudinais de temperatura obtidos para a simulação numérica do
combustor DLE SGT-100 com seção circular e esquema FOU para os termos
advectivos. Fonte: Simulação computacional no solver FluentTM.
191
Figura 5.5. Perfis do componente radial de velocidade para as malhas 3 (seção circular) e 5
(seção retangular) para duas seções da câmara, afastando-se do bocal de pré-
mistura. Fonte: Simulação computacional no solver FluentTM.
192
5.1.2 Avaliação dos casos de referência
193
que o salto observado nos gráficos à esquerda se caracterizam pelo aumento do fator de
escala do método pseudo transiente, para efeito de checar o nível de convergência da solução,
onde esta se mostrou, conforme se evidencia na Figura 5.7.
Para os casos simulados do combustor DLE SGT-100, as variáveis foram monitoradas
na saída do combustor e no plano de saída do bocal de pré-mistura. As variáveis selecionadas
para monitoramento quando no uso do esquema FOU representaram valores médios e
máximos de frações mássicas de CH4 e CO, de temperatura, velocidades médias, axiais e
radiais, e, principalmente, a perda de pressão que se evidenciou altamente sensível para a
captura da convergência do problema. A partir da Figura 5.8, percebe-se que na circunstância
de aplicação do esquema SOU para tratamento dos termos advectivos, a temperatura máxima
na saída do bocal de pré-mistura é maior que aquela apresentada pelo esquema FOU, sendo
inclusive maior que a temperatura máxima na saída do combustor, ocorrendo exatamente o
oposto quando na aplicação do esquema FOU. Isto exemplifica que a natureza turbulenta do
escoamento foi fortemente afetada pelo esquema de tratamento dos termos advectivos,
influenciando o regime de combustão e a característica da chama.
Figura 5.6. Contornos de temperatura (K) para uma seção longitudinal do domínio do
combustor (Malhas 3 (à direita) e 5), comparando-se os resultados para os
esquemas FOU (imagens acima) e SOU, utilizados para tratamento dos termos
advectivos. Fonte: Simulação computacional no solver FluentTM.
194
Figura 5.7. Extrato de mapas de convergência (Malha 3) para monitoramento da solução. As
imagens à esquerda referenciam o caso com esquema SOU e à direita com
esquema FOU para tratamento dos termos advectivos. Fonte: Solver FluentTM.
195
Avaliando-se qualtitativamente a estrutura do escoamento reativo e se comparando os
casos reativos resolvidos nas câmaras de seção circular e quadrada, percebe-se uma clara
distinção a depender do tipo de esquema numérico empregado. A Figura 5.9 ilustra isto por
meio da distribuição dos vetores, onde se evidenciam as zonas de recirculação interna,
ancoradas por camadas de cisalhamento, e externa, e uma forte estrutura vortical central, que
pode ser identificada a partir das linhas de corrente apresentadas na Figura 5.10, para ambas
as câmaras circular e quadrada, apenas nos casos em que se adotou o esquema SOU.
Quantitativamente, quando se confrontam os resultados com aqueles obtidos
numérico e experimentalmente por BULAT et al. [5], estes podem ser resumidos pelo
apresentado nas Tabelas 5.2, 5.3 e 5.4. Nesta, são reunidos os desvios padrão e relativo,
tendo sido a média baseada nos perfis obtidos experimentalmente [5], das Malhas 3 e 5 em
ambos os formatos de resolução pelos esquemas FOU e SOU. Associado a estes também se
incluiu nas Tabelas 5.2, 5.3 e 5.4, os desvios apresentados por uma abordagem utilizando LES
[5] com um método estocástico de sub-malha PDF com as paredes sendo consideradas
adiabáticas tal qual os estudos numéricos realizados nesta dissertação. Os perfis avaliados
foram plotados para os segmentos apresentados na Figura 5.11.
Tabela 5.2. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em temros de
desvios padrão e relativo. Fonte: Dados de referência obtidos de STOPPER et al.
[3] e BULAT et al. [5].
196
Tabela 5.2. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos de
desvios padrão e relativo das velocidades radiais e axiais. Fonte: Dados de
referência obtidos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [5].
Tabela 5.3. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos de
desvios padrão e relativo das frações de mistura e temperatura. Fonte: Dados de
referência obtidos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [5].
197
Tabela 5. 3. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos de
desvios padrão e relativo das frações de mistura e temperatura. Fonte: Dados de
referência obtidos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [5].
Tabela 5.4. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos de
desvios padrão e relativo das frações mássicas de CH4 e taxa de dissipação.
Fonte: Dados de referência obtidos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [5].
Taxa de
YCH4/10-4
Casos Avaliados Dissipação [1/s]
L1 L2 L3 L4 L1
desvio
74,8 62,1 20,9 2,1 -
LES sub-grid padrão
PDF (BULAT et desvio
al. [5]) relativo 40 49 48 51 -
%
desvio
172 22,5 12,3 14,1 1255
padrão
FOU desvio
relativo 93 18 28 338 24
%
Malha_3
desvio
124,5 80,7 22,4 1,75 2457
padrão
SOU desvio
relativo 67 63 52 42 47
%
198
Tabela 5. 4. Comparação dos estudos realizados para com dados experimentais em termos de
desvios padrão e relativo das frações mássicas de CH4 e taxa de dissipação.
Fonte: Dados de referência obtidos de STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [5].
Taxa de
YCH4/10-4
Casos Avaliados Dissipação [1/s]
L1 L2 L3 L4 L1
desvio
229,4 75 16,5 14,7 1032
padrão
FOU desvio
relativo 124 59 38 355 20
%
Malha_5
desvio
143 70,4 15,6 2 1677
padrão
SOU desvio
relativo 77 55 36 42 32
%
Figura 5.9. Plot de vetores coloridos por temperatura (K). Acima resoluções com o esquema
numérico FOU e abaixo com o esquema SOU. À esquerda câmara de seção
circular e à direita com seção quadrada. Fonte: Simulação no FluentTM.
199
Figura 5.10. Comparação entre as linhas de corrente coloridas por temperatura (K) para as
geometrias modelo do combustor DLE SGT-100 com seções circular e quadrada.
Fonte: Simulação no FluentTM.
Figura 5.11. Localização das seções de referência para o mapeamento dos perfis do
combustor. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
200
Fundamentando-se pelas Tabelas 5.2, 5.3 e 5.4, observa-se que os desvios médios
relativos do modelo LES para os campos de velocidades axial e radial é de, respectivamente,
35% e 46%. Ou seja, caracterizando-se por um escoamento de alta complexidade as
perturbações provocadas pelo elevado turbilhonamento dificultam a previsão por modelos com
razoável precisão. Comparando-se as resoluções na câmara tubular e com seção retangular,
identifica-se que os desvios para tais campos, resolvendo-se os termos advectivos pelo
esquema FOU são de 52% e 165% para a câmara cilíndrica, e de 48% e 77% para a com
seção quadrada. No que se refere à aplicação do esquema SOU, os valores apurados foram de
75% e 85% para a cilíndrica e de 68% e 142%. Entretanto, vale ressaltar que tais valores de
forma isolada não são representativos, e se constata que quando na resolução com esquema
SOU para os termos adjectivos houve uma significativa melhoria na captura das nuâncias
características dos perfis do escoamento, conforme se observa nos gráficos das Figuras 5.12 e
5.13, que comparam os perfis entre os dois esquemas para ambas as câmaras.
Portanto, considerando a estratégia de tratamento da turbulência pelo modelo k-ω
SST, este mostrou uma maior precisão na medida em que se utilizou o esquema SOU para os
termos advectivos. Isto se evidenciou tanto na captura das grandes estruturas do escoamento
quanto no que se refere às nuâncias dos perfis das seções características da câmara. Para o
uso do esquema FOU, o modelo se caracterizou por uma maior simetria e por uma chama de
características mais difusivas, não sendo evidenciados desequilíbrios provocados por
estiramentos como ocorreu ao se fazer uso do esquema SOU. Na resolução por este esquema
os desvios, conforme pode ser observado nas Tabelas 5.3 e 5.4, decresceram
significativamente no que se refere à fração de mistura e fração mássica de CH4 apresentado
uma razoável compatibilidade para com o modelo LES estocástico de sub-malha PDF. A partir
dos gráficos apresentados na Figura 5.14 se percebe que tanto o modelo de elementos de
chama com PDF, aplicado neste trabalho, quanto o aplicado por BULAT et al. [5] se
caracterizaram por um consumo de combustível prematuro em relação aos experimentos.
Entretanto, quando são avaliados os perfis para um esquema FOU aplicado aos termos
advectivos (Figura 5.15), o oposto se constata. Isto permite inferir que o consumo de CH4 está
diretamente associado aos processos de desequilíbrio afetados pela turbulência e não
propriamente ao modelo químico adotado. Ou seja, para uma menor intensidade da mesma, o
consumo de CH4 se mostrou mais lento se estendendo ao longo da câmara.
201
Figura 5.12. Perfis de velocidade radial e axial para uma seção localizada a 95 mm do bocal de
pré-mistura para a câmara com seção circular. Fonte: Simulação no FluentTM e
dados de BULAT et al. [5].
Figura 5.13. Perfis de velocidade radial e axial para uma seção localizada a 95 mm do bocal de
pré-mistura para a câmara com seção quadrada. Fonte: Simulação no FluentTM e
dados de BULAT et al. [5].
202
Figura 5.14. Perfis de fração mássica de CH4 para as seções estabelecidas na Figura 5.11 no
que se refere a resultados experimentais (Exp), LES (LES_Adb) e as resoluções
das malhas 3 e 5 com esquema SOU. Fonte: Simulação FluentTM e BULAT et al.
[5].
204
concentrações de CO se evidenciaram mais amplas, estendendo-se até um certo valor residual
na saída do combustor. Isto permite concluir que a chama, tal qual mencionado, para o
esquema FOU se estabeleceu com uma natureza mais difusiva, distinto do que é esperado em
combustores de pré-mistura.
Figura 5.18. Contornos de evolução para diferentes seções do combustor. Acima são
apresentados os contornos obtidos para a resolução com o esquema SOU para
as câmaras com seção circular e retangular, e abaixo com o esquema FOU.
Fonte: Simulação no FluentTM.
206
Ainda no que se refere à Figura 5.19, constata-se que a natureza da chama no
combustor tubular se efetivou de maneira mais difusiva, sendo os efeitos de estiramento pela
turbulência menos pronunciados que aqueles do combustor com seção quadrada. Isto se
explica pela maior regularidade que o escoamento apresentou na geometria tubular,
caracterizando-se por estruturas simétricas ao longo do domínio, enquanto que no combustor
de seção retangular se tornam claras as assimetrias, inclusive podendo ser identificadas nas
linhas de corrente (Figura 5.10). Tão logo, embora as estruturas principais do escoamento
tenham se apresentado similares na geometria tubular, as assimetrias evidenciadas na câmara
de seção quadrada, modificam em grande parte a forma como se estabelecem os fenômenos
reativos, em parte por efeitos de não equilíbrio acentuados pela maior intensidade de
turbulência.
208
esquema FOU foi especificado, utilizando o acoplamento baseado na pressão pressure-based
coupled.
Figura 5.22. Linhas de corrente de superfície coloridas por velocidade para o combustor de
seção quadrada, comparando-se os resultados das malhas 4 (à direita) e malha
5. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
210
ancorado entre as camadas de cisalhamento externa e a entrada de ar secundário, ocorrendo
nas imediações da saída do bocal de pré-mistura. Tão logo, devido à expansão abrupta que
ocorre imeditiatamente a jusante do bocal de pré-mistura na entrada da câmara, com forte
desaceleração do escoamento, o fenômeno parece estar associado a efeitos de baixo Re como
reflexo de uma inadequada discretização desta região. Isto se evidencia (ver Figura 5.23),
quando se observa as linhas de corrente do caso reativo, comparando-se os resultados para as
câmaras de seção circular e quadrada, que também apresentam a mesma inconsistência.
Comparando-se os resultados das Figuras 5.20, 5.22 e 5.23, percebe-se que para a seção
circular as velocidades são significativamente maiores nesta região, permitindo uma maior
consistência das linhas de corrente e, consequentemente, da formação das zonas de
recirculação externas.
Figura 5.23. Linhas de corrente de superfície coloridas por velocidade para o combustor de
seção quadrada, comparando-se os resultados das malhas 3 (à direita) e malha 5
para o caso reativo simulado (caso A). Fonte: Pós-processamento no CFD-
PostTM.
211
4 e 5 (seção quadrada), nota-se que o y+ das malhas de seção quadrada são significativamente
menores que aqueles das seções circulares, tão logo, podendo ter sofrido a formação do
escoamento nesta região a influência de efeitos de baixo Re na camada limite, justamente
como consequência da utilização nas simulações de correções de curvatura e de baixo Re na
aplicação do modelo k-ω SST. Uma recomendação imediata para efeito de análises de
sensibilidade, é a de remover tais correções e avaliar os resultados das linhas de corrente para
a câmara de seção quadrada. Particularmente [67], as correções de curvatura foram
intraduzidas com o propósito de adequar a capacidade do modelo em assimilar a influência da
curvatura das linhas de corrente. Neste caso, considerando a abrupta expansão na saída do
bocal de pré-mistura tais correções podem ter introduzido distorções por efeito de uma
inadequada discretização desta região. Outra possibilidade seria o refinamento da região de
entrada da câmara para efeito de reduzir o y+ e assim adequadamente capturar a formação da
camada limite no que se refere aos efeitos de expansão, de curvatura das linhas de corrente e
de baixo Re.
Figura 5.24. Linhas de corrente de superfície coloridas por velocidade do caso isotérmico para
o combustor de seção quadrada (malha 5) discriminadas em reversas (imagem à
esquerda) e diretas. Fonte: Pós-processamento no CFD-PostTM.
Figura 5.25. Comparação os perfis de Y+ para as diferentes malhas simuladas, i.e. seções
circular (malhas 2 e 3) e quadrada (malha 4 e 5). Fonte: Simulação no FluentTM.
213
Figura 5.26. Perfis para as velocidades axiais desenvolvidas para o combustor tubular (curvas
coloridas em vermelho) e o de câmara com seção quadrada. Fonte: Simulação no
FluentTM.
Nota-se pelas Figuras 5.26 e 5.27 que na região de localização das zonas de
recirculação internas, uma contribuição mais significativa de componentes axiais de velocidade
que aquelas radiais, o que influencia diretamente a estabilização das zonas de recirculação,
pois valores elevados de tal componente são identificados na linha de centro do combustor
para câmara de seção circular. É interessante identificar que neste caso o combustor tubular
não exibiu características simétricas como haviam sido identificados na análise do caso reativo.
Isto pode ser um reflexo do turbilhonamento mais intenso que parece ocorrer neste tipo de
câmara (Figura 5.20). Enquanto a câmara com seção quadrada parece apresentar uma
estrutura em swirl mais dispersa, na câmara tubular o turbilhonamento promove uma agitação
intensa no estabelecimento do núcleo vortical, tornando-o mais evidente e com valores
razoáveis de velocidade.
214
Figura 5.27. Perfis para as velocidades axiais desenvolvidas para o combustor tubular (curvas
coloridas em vermelho) e o de câmara com seção quadrada. Fonte: Simulação no
FluentTM.
216
Figura 5.28. Comparação entre as linhas de corrente dos casos laminar (imagem acima) e
turbulento coloridos por velocidade (m/s). Fonte: Simulação no FluentTM.
Figura 5.29. Perfis de velocidade obtidos para o caso isotérmico laminar (eixo secundário)
comparados com o caso turbulento. Fonte: Simulação no FluentTM.
217
Para o caso de aplicação do modelo laminar reativo estudado (Tabela 4.4) foi aplicado
o modelo de transporte de espécies baseado na lei de difusão de Fick. Neste caso, como
esperado uma chama laminar difusiva de alta temperatura ancorada nas camadas de
cisalhamento é identificada quando se atenta para a Figura 5.33. Analisando-se os vetores
desta, percebe-se que as camadas de cisalhamento formadas são caracterizadas por um alto
grau de alinhamento entre as mesmas, desse modo, criando as condições apropriadas para a
instalação da chama nesta região, o que se evidencia claramente diferente da situação
turbulenta, na qual uma chama de formato M é observada mais ao centro da câmara, bastante
influenciada pelos efeitos de não equilíbrio da turbulência e de natureza relativamente
corrugada.
Figura 5.30. Caso laminar reativo simulado no combustor de seção retangular. Acima são
mostrados as linhas de corrente e os contornos de temperatura (K) (à direita), e
abaixo procurou-se dar ênfase aos vetores nas camadas de cisalhamento. Fonte:
Simulação no FluentTM.
218
de equivalência do caso laminar é equivalente a dos demais. No que se refere aos perfis de
temperatura os resultados apresentam um comportamento relativamente similar, exceto pelos
picos localizados nas imediações das camadas de cisalhamento, onde a chama está instalada.
É interessante notar que isto é exatamente o oposto dos outros casos, onde as camadas de
cisalhamento tem um efeito similar ao de um local quenching.
Figura 5.31. Perfis de temperatura obtidos para o caso reativo laminar (curva de coloração
roxa), com referência aos locais da Figura 5.11, comparados com o caso reativo
turbulento simulado e os de referência. Fonte: Simulação no FluentTM e dados
obtidos de BULAT et al. [5].
Os perfis de fração mássica de CH4 são apresentados na Figura 5.32. Novamente, tal
qual identificado no caso turbulento, neste caso também se evidenciou uma subestimativa da
concentração de CH4 nas distintas seções em relação ao obtido experimentalmente. Neste
caso, a explicação se perfaz no sentido de que a chama é fundamentalmente difusiva, portanto
sempre existirá uma previsão de consumo prematuro de combustível.
219
Figura 5.32. Perfis de fração mássica de CH4 para os casos laminar e turbulento simulados em
comparação para com os resultados experimentais e de simulação por LES
estocástico de sub-malha PDF. Fonte: Simulação no solver FluentTM e dados
obtidos de BULAT et al. [5].
220
entre a diferença de pressão estática e a pressão dinâmica estava muito baixa acarretando em
em desequilíbrios no balanço de momentum na zona primária. Sendo assim, duas melhorias
foram implementadas para regularizar a solução computacional e minimizar possíveis efeitos
de difusão numérica, a primeira foi a suavização da fenda de transição entre o domo e o
swirler, comentada precedentemente, e a segunda foi a redução do tamanho dos furos de
admissão da zona primária, de modo a aumentar o momentum do ar primário.
Realizadas as modificações mencionadas, evidenciou-se um outro problema
relacionado à incidência do escoamento no snout. Tal incidência implicava em uma elevada
perda de pressão precedente à admissão pelos furos do combustor, o que novamente
resultava em uma baixa penetração e não instauração da zona de recirculação para os casos
estacionários. Sendo este um combustor de difusão a instauração da zona de recirculação é
determinante para a estabilização e ancoragem da chama. A Figura 5.34 exemplifica as
características que foram buscadas nas simulações iniciais para efeito de proceder com os
demais estudos.
222
nesta, a partir desta modificação a penetração dos jatos de ar pelos furos de admissão é
corrigida.
224
insatisfatório, pois implica no aumento de TQ e na concentração de CO na saída do combustor.
Nesta condição, os valores obtidos para a concentração de CO e TQ, foram 73,71 ppmV, o que
é razoável, considerando a faixa entre 30 e 330 ppmV apresentada por combustores de difusão
convencionais, e 0,61, valor relativamente elevado, considerando os limites aceitáveis
informados no item 1.3.1 do capítulo 1. Portanto, identifica-se de imediato que possíveis
melhorias de projeto podem ser efetuadas através do aumento dos furos primários e
principalmente da passagem de ar para o swirler. Resultados similares foram encontrados
também para os casos alternativos de projeto a 50.000 e 80.000 rpm, podendo isto ser
observado na Figura 5.39 que representa um corte para um plano longitudinal atravessando os
furos da zona primária. Vale mencionar que tais resultados foram obtidos utilizando
basicamente a mesma metodologia empregada para a solução do combustor DLE SGT-100,
exceto que o uso do esquema SOU para a resolução dos termos advectivos quando nos casos
de rotação não apresentou estabilidade suficiente, sendo razoavelmente estável para os casos
estacionários, implicando que apenas o esquema FOU nestas circunstâncias se evidenciou
aceitável (Figura 5.40).
Figura 5.38. Vetores coloridos por temperatura (K) para o combustor no caso estacionário de
projeto (100.000 rpm), com ênfase as zonas primária e secundária. Fonte:
Simulação no FluentTM.
225
Figura 5.39. Vetores plotados em termos de temperatura (K) para os casos estacionários de
projeto (imagem à esquerda) e alternativos, i.e. à direita e acima 80.000 rpm e à
direita e abaxo 50.000 rpm, para um corte através de um plano longitudinal pelos
furos da zona primária. Fonte: Simulação no FluentTM.
Figura 5.40. Característica oscilatória evidenciada nas resoluções com o esquema SOU para
os termos advectivos, i.e. casos estacionários apresentados à esquerda. Fonte:
Simulação no FluentTM.
226
Figura 5.41. Planos transversais de evolução de CH4 (imagens à esquerda) e CO para os
diferentes casos estacionários simulados, i.e. 100.000 rpm (imagens acima),
80.000 rpm (ao centro). Fonte: Simulação no FluentTM.
A partir das Figuras 5.38 e 5.39, identifica-se que através da adequação da condição
de contorno de entrada de ar, os jatos de ar conseguem penetrar adequadamente no tubo de
chama até próximo da linha de centro do combustor em todos os casos analisados. Entretanto,
observa-se que a penetração, particularmente pelos furos da zona primária, não é
adequadamente efetiva, tendo em vista que a angulação do jato apresenta um certo desvio
para a jusante da zona de recirculação, o que limita a intensidade desta, particularmente nos
casos alternativos, e gera maiores instabilidades. Isto implicou em uma maior quantidade de
combustível de combustível sendo carreado para a jusante do tubo de chama, ocasionando
queimas secundárias e, consequentemente, em maior teor de CO na saída do combustor, o
que pode ser identificado na Figura 5.41.
Identificado que o combustor estava razoavelmente especificado, procedeu-se para as
simulações considerando a rotação da carcaça, inicialmente no sentido horário. Neste caso,
para nenhuma das rotações positivas, i.e. de direção equivalente à imposta pelo swirler, houve
227
estabilidade suficiente para haver combustão, de modo que se concluiu ter sido isto resultado
do balanço de momentum não compensatório entre o ar oriundo do swirler e aquele a partir dos
furos primários, resultando na não instalação de uma zona de recirculação. Em função disto em
qualquer rotação no sentido horário se observou a mesma instabilidade, com altíssimas
concentrações de CO na saída do combustor, baixa eficiência e elevado TQ, e sem haver
ancoragem e estabilização da chama, apenas um fino jato carreando combustível para a saída,
conforme se observa da Figura 5.42. Nesta também são observadas as respectivas evoluções
de CH4 e CO por planos transversais ao longo do tubo de chama, permitindo concluir que
nestes casos não houve efetivamente combustão devido ao abafamento da chama.
Figura 5.42. Resultados obtidos, i.e. plot de vetores coloridos por temperatura (K) à esquerda e
à direita mapeamento da evolução de CH4 (acima) e CO, para o caso com
rotação no sentido horário (100.000 rpm). Fonte: Simulação no FluentTM.
228
Figura 5.43. Evolução da solução em termos de temperatura (K) incluindo uma condição de
contorno rotativa no sentido horário, onde it. referencia o número de iterações.
Fonte: FluentTM.
Entretanto, para o caso de uma rotação anti-horária, a situação oposta foi evidenciada,
de modo que a compensação entre os fluxos pelo swirler e pelos furos primários viabilizou que
se instaurasse uma região estável para a combustão se efetivar. Isto permite concluir que na
presença de campos centrífugos, tratando-se de combustores de difusão, faz-se necessário
que existam condições para instaurar uma zona de recirculação favorável para a ancoragem da
chama. Não havendo tais condições, tem-se como resultado o que ocorreu para a rotação no
sentido horário. A Figura 5.44 evidencia justamente isto. Ou seja, percebe-se que na situação
de rotação com sentido horário o combustível é carreado pela linha de centro do tubo de
chama. Enquanto que existindo a compensação entre os termos advectivos se vê nitidamente a
instauração da zona de recirculação. Porém, como consequência da presença de forças
centrífugas, o escoamento acaba sendo carreado de forma turbilhonada, adjunto do eixo do
combustor em uma estrutura vortical central, o que resulta em acentuadas instabilidades, com
maiores níveis de CO na saída do combustor que aqueles apresentados no caso estacionário.
229
Figura 5.44. Distribuição de ar e combustível, i.e. linhas de corrente coloridas por temperatura
(K) a partir das respectivas entradas, em função do efeito de forças centrífugas. À
esquerda é apresentado o caso estacionário de projeto e ao centro o caso com
rotação no sentido anti-horário (-100.000 rpm). Fonte: Simulação no FluentTM.
Com base em tais resultados, a partir de gráficos de vetores coloridos por velocidade
absoluta (Figura 5.45), nota-se efetivamente a compensação que existe na circunstância de
uma rotação anti-horária. Observa-se, ainda na Figura 5.45, que a penetração de ar pelos furos
das diferentes zonas do combustor é dificultada pela presença de forças centrífugas,
resultando que o ar seja admitido no tubo de chama com uma certa angulação. Diferentemente
dos casos estacionários, nota-se que tal angulação evidenciada nos casos de rotação,
estabelece um diferente cenário para a ancoragem da chama, onde o balanço entre os fluxos
de ar pelo swirler e furos da zona primária é que se torna o responsável pela instalação da
zona de recirculação, e não propriamente a profundidade de penetração dos jatos de ar.
Conforme se visualiza na Figura 5.45, ainda que nos casos com rotação sejam
evidenciadas elevadas velocidades entre a carcaça e o liner, em função da condição de não
deslizamento inserida nas paredes do combustor, internamente ao tubo de chama velocidades
significativamente menores são observadas (abaixo de 100 m/s), embora um pouco maiores
que as apresentadas pelo caso estacionário, o que permite concluir que a combustão
230
efetivamente ocorre em um regime de baixo Ma. Entretanto, devido ao nível relativamente
maior de velocidade evidenciado nas condições de rotação, a razão entre a variação de
pressão estática e a pressão dinâmica na zona primária, fator fundamental para o
estabelecimento da zona de recirculação, é caracteristicamente baixa, assim prejudicando a
largura e intensidade da mesma. Isto fundamentalmente implica no carreamento da mistura
combustível/ar a jusante do tubo de chama, resultando na maior instabilidade observada na
presença de forças centrífugas.
Figura 5.45. Balanço entre fluxos na zona primária, evidenciados por vetores plotados
coloridos por velocidade absoluta (m/s). Acima é apresentado o caso
estacionário de projeto (100.000 rpm) e abaixo os casos com rotação (à
esquerda, de rotação horária). Fonte: Simulação no FluentTM.
231
Os resultados obtidos para os nove casos simulados podem ser resumidos pelas
informações apresentadas na Tabela 5.5, onde a eficiência é calculada com base na
temperatura de saída de projeto (1.315 K). A partir destes nota-se que para a condição de
projeto o combustor tubular dimensionado pelo aplicativo GTCD, necessita de algumas
modificações, principalmente no que se refere à distribuição de ar no interior do tubo de chama
e à suavização do ângulo do bordo de ataque na entrada para minimizar a elevada perda de
pressão observada. Vale observar na Tabela 5.5 que os níveis de perda de pressão (PLF) são
relativamente elevados neste combustor, usualmente em combustores valores da ordem de 6%
são aceitáveis, sendo os mesmos similares para o caso estacionário e com rotação anti-
horária. Um dos motivos para isto é o descolamento evidenciado no bordo de ataque do snout,
cuja a angulação necessita ser otimizada. Outro detalhe, é o de que na situação com rotação
horária o fator PLF é significativamente menor, o que corrobora o já mencionado sobre a não
existência de combustão nestas condições, e o fato de que devido ao carreamento da mistura
combustível/ar na presença de forças centrífugas são observados elevados valores de
temperatura máxima na saída do combustor (rotação anti-horária), o que é indesejável.
Tabela 5.5. Parâmetros obtidos para os diferentes cenários de avaliação do combustor. Fonte:
Simulação no FluentTM.
232
no que se refere às simulações apresentadas na Tabela 5.5. Todas as simulações foram
realizadas novamente, de modo que os resultados se encontram expressos na Tabela 5.6.
Tabela 5.6. Parâmetros obtidos para as simulações com a inclusão de um campo gravitacional.
Fonte: Simulação no FluentTM.
A partir da Tabela 5.6, observa-se que o campo centrífugo teve influência nos
resultados onde existe a rotação, enquanto que para os casos estacionários, os resultados
obtidos foram praticamente idênticos. Identifica-se na presença de um campo gravitacional
suplementado por um centrífugo, que para os casos com rotação anti-horária, existe uma maior
instabilidade da combustão com decréscimo da eficiência, porém com uma melhor ancoragem
da chama na zona de recirculação instalada na zona primária, o que minimizou o carreamento
da mistura combustível/ar para a jusante do tubo de chama, reduzindo o TQ de forma sensível
em todos os casos. Isto é consonante para com a conclusão de LEWIS [45] e [46] e LEWIS and
SMITH [47], de que nestas condições, efetivamente o empuxo e as flutuações de densidade
passam a ter um papel mais relevante no processo reativo, alterando a taxa de propagação da
chama. Isto é atestado no plot de vetores coloridos por temperatura para uma seção
longitudinal através dos furos da zona primária, onde se observa claramente uma largura e
intensidade maior da zona de recirculação para o caso de menor TQ observado nas
simulações anti-horárias, i.e. -80.000 rpm (Figura 5.46).
Em suma, os efeitos de forças centrífugas foram avaliados neste caso para um
combustor tubular tradicional. Diferentemente da resolução de SHIH and LIU [7] e [8], cujo o
projeto do combustor foi desenvolvido com o enfoque de aplicação forças centrífugas.
Basicamente, constatou-se que no combustor tubular projetado nesta dissertação, a presença
de forças centrífugas teve um papel de formação de uma intensa estrutura de swirl dentro do
233
tubo de chama, que em alguns casos acaba impedindo que a combustão se efetue. Isto pode
ser ratificado considerando que para todos os casos avaliadas, foi identificada uma combustão
mais instável, justamente pela presença de um acentuado nível de CO na saída.
Figura 5.46. Plot de vetores coloridos por temperatura, comparando-se o caso com a inclusão
do campo gravitacional (imagem à esquerda) com aquele sem gravitação, para
uma rotação de -80.000 rpm. Fonte: Simulação no FluentTM.
Localizações (Vazão %)
Casos Saída Entrada do
Saída Saída PZ Saída DZ
SZ Swirler
GTCD 99,45 16,43 19,29 40,36 16,79
Estacionário 100 19,01 21,98 45,5 10,39
Projeto
100.000 rpm 100 18,89 19,42 31,14 24,41
-100.000 rpm 100 19,59 20,1 32,25 21,53
Estacionário 100 18,99 21,99 45,44 10,5
Alternativo 1
80.000 rpm 100 19,39 19,67 31,26 23,7
-80.000 rpm 99,99 19,97 20,38 32,39 20,99
Estacionário 100 18,99 21,98 45,22 10,75
Alternativo 2
50.000 rpm 100 20,37 20,20 31,52 22,28
-50.000 rpm 100 20,89 20,95 32,26 20,12
100.000 rpm 100 19,18 22,42 47,38 8,16
SOU
80.000 rpm 100 19,12 22,46 47,3 8,33
(Estacionários)
50.000 rpm 100 19,1 22,55 47,02 8,56
No que se refere à Tabela 5.8, o número de swirl é calculado com base na Equação
(1.1), a razão de equivalência é obtida a partir do valor médio oriundo de cinco seções
transversais extraída a parcela de ar entre a carcaça e o liner do combustor considerando a
quantidade 9,52 mols para a combustão estequiométrica do metano, e o índice de emissão de
CO através da Equação (1.7).
Fundamentando-se pela Tabela 5.8, nota-se que o índice de emissão obtido para a
condição de projeto é consistente com os resultados apresentados por OLIVEIRA [9] para o
combustor tubular alimentado com etanol e para com os dados experimentais apresentados por
MONGIA [154], atestando a validade do projeto, ainda que existam margens para otimizações.
Além disso, considerando a razão de equivalência da zona primária especificada em projeto
pelo GTCD como 0,99905, os valores obtidos para os casos estacionários, particularmente os
235
obtidos com o esquema SOU, caracterizam uma combustão levemente rica. O que, tendo em
vista os valores mais baixos de SN que aquele de projeto (1,58), corroboram a necessidade de
intensificação do swirl para uma melhoria da queima na zona primária.
Tabela 5.8. Resumo dos resultados principais de todos os casos simulados com a inclusão do
campo gravitacional, obtidos para o combustor tubular de difusão. Fonte:
Simulação no FluentTM.
SN
Calor de EIco [g CO/kg
Casos Simulados (Número φPZ
Reação [W] comb.]
de Swirl)
Estacionário 2,23 55.435 0,91 4,4
Projeto
-100.000 rpm 2,52 55.996 0,345 66
100.000 rpm 2,67 9.488,41 0,16 524,5
Estacionário 2,13 38.469,04 1,22 22,7
Alternativo 1
-80.000 rpm 2,5 37.169,14 0,58 99,35
80.000 rpm 2,56 6.483 5,75 546,175
Estacionário 1,942 19.407,07 1,59 120,3
Alternativo 2
-50.000 rpm 2,5 16.609,24 1,1 314
50.000 rpm 2,35 3.482,54 0,228 547,62
100.000 rpm 1,43 55.442,7 1,36 4,52
SOU
80.000 rpm 1,56 38.523,54 1,083 30,23
(Estacionários)
50.000 rpm 1,5 19.803,16 1,34 60,3
Para os casos com rotação, nota-se que SN é um pouco maior que os valores
apresentados pelo caso estacionário, sendo isto consistente com a necessidade de aumento
progressivo dos furos primários para uma melhoria da combustão. Observa-se também que o
calor de reação gerado no tubo de chama é consistente entre os casos de rotação anti-horária
e os estacionários, caracterizando que nesta condição a combustão efetivamente se estabiliza,
sendo inclusive mais intensa no caso de projeto. Maiores investigações se tornam necessárias
para avaliar os efeitos de forças centrífugas neste combustor tubular, devendo ser
implementadas alterações para avaliações de sensibilidade quanto aos aspectos da
combustão. Particularmente, devido aos baixos valores da razão de equivalência evidenciados
nos casos com rotação, é interessante que além do tamanho dos furos, também se aumente a
razão de equivalência global, entorno de 0,4 para todos os casos avaliados, através de
aumento da vazão de combustível.
236
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
238
No que se refere ao efeito de forças centrífugas na combustão, para o combustor
analisado tal efeito se mostrou resultado do balanço de momentum entre os fluxos oriundos do
swirler e dos furos da zona primária. Ou seja, em uma condição na qual houve superposição
dos termos advectivos, a zona de recirculação não se formou e, consequentemente, a
combustão não foi efetiva. Por outro lado, quando houve uma compensação entre os termos,
uma zona de recirculação pôde ser formada e assim a combustão se estabilizou. De forma
geral o efeito da centrifugação se mostrou negativo, resultando em elevada concentração de
CO na saída do combustor e em carreamento de combustível ao longo do tubo de chama, nào
existindo uma efetiva distribuição. Efetivamente se constatou que a atuação da força centrífuga
no escoamento reativo está diretamente relacionada ao empuxo e às flutuações de densidade,
de forma a suplementar o efeito do campo gravitacional, considerando que com a inclusão do
mesmo os resultados para casos com rotação alteraram em grande parte, diferentemente dos
casos estacionários, em que praticamente não houve alteração.
Enfim, a alta complexidade do fenômeno da combustão influenciado por forças
centrífugas foi tratada através de uma abordagem estruturada de CFD, balizada por uma
metodologia aplicada em um combustor de referência. Tão logo, considerando os resultados
obtidos para o efeito da centrifugação em um combustor tubular de projeto genérico, entende-
se que a melhor proposta para tratar tal fenômeno seja a de direcionar um estudo orientado
para o desenvolvimento de um combustor sob a influência de forças centrífugas. Sendo assim,
pode-se desenvolver a distribuição de ar otimizada no interior do tubo de chama e na
passagem entre os variados setores do combustor considerando a presença de tais forças, o
que certamente irá influenciar determinados parâmetros do combustor.
De modo geral se constatou que para os casos com rotação, faz-se necessário um
aumento progressivo dos furos primários para uma melhoria da combustão. Particularmente,
devido aos baixos valores da razão de equivalência evidenciados nos casos com rotação, é
interessante que a razão de equivalência global seja aumentada por meio aumento da vazão
de combustível, permitindo assim investigar de forma mais conclusiva o efeito das forças
centrífugas para o tipo de combustor tubular projetado.
239
originalmente para lidar com combustíveis líquidos, tendo sido ampliado para que pudesse ser
desenvolvido um combustor apropriado para operar com metano. Logicamente, para este tipo
de análise é necessário que se assumam relações de compromisso e estas devem estar
alicerçadas basicamente em um contexto que modele as reações de NOx para estas
suplementearem os parâmetros de TQ e CO. Ou seja, neste sentido uma oportunidade
interessante é a de estudar tais parâmetros em adjunto dos mecanismos de formação de NOx,
incluindo este na modelagem por CFD, seja através de um modelo de cinética de arquitetura ou
por meio de pós-processamento.
A avaliação da relação entre a penetração de jatos e a estabilização e a ancoragem da
chama para formação da zona de recirculação na zona primária, é um problema em
combustores de difusão que deve ser melhor explorado. Tal relação se mostrou fundamental
no combustor projetado nesta dissertação e ficou claro que não havendo penetração de jatos
no caso estacionário, a zona de recirculação não se formava. Outro ponto é o de que quando a
mistura combustível/ar esteve sujeita a um campo centrífugo, o papel da penetração de jatos
deixou de ter relevância na formação da zona de recirculação, existindo basicamente um
balanço entre termos advectivos para que a zona se formasse.
As forças centrífugas em turbinas a gás demonstraram ter um papel relevante,
entretanto, as mesmas devem ser exploradas com um enfoque mais objetivo à aplicação do
CFD, para que assim se desenvolva um combustor adaptado para este tipo de efeito. Ou seja,
um dos pontos a se destacar nesta direção é o de que o espaço entre o liner e a carcaça do
combustor sejam devidamente dimensionados considerando a rotação da parede neste
processo, pois tal restrição implica em elevadas perdas de pressão que acabam prejudicando a
relação entre a pressão estática e a dinâmica na zona primária. Além disso, o diâmetro deve
ser desenvolvido considerando a rotação presente, de maneira que se defina um limite de
aceleração centrífuga, assim evitando que elevadas velocidades sejam observadas na parede
do combustor. Outro detalhe a ser explorado, é o de que diferentes razões de equivalência
global devem ser avaliadas para um entendimento mais profundo sobre os aspectos da
combustão na presença de tais forças.
A própria condição de periodicidade aplicada para a implementação computacional do
combustor tubular pode ter afetado os resultados finais na resolução que inclui um campo
centrífugo. Basicamente se constatou que na presença de tal campo uma intensa estrutura de
swirl se forma no escoamento e esta pode ter sido prejudicada em termos de resolução em
função da adoção da periodicidade para a descrição do domínio computacional do combustor.
Tão logo, é interessante que se aborde o efeito da centrifugação na combustão em câmaras de
turbinas a gás considerando o domínio total para que se tenha uma efetiva sensibilidade sobre
as características de formação e impactos do turbilhonamento originado nestas condições.
240
No que se refere ao combustor DLE SGT-100, como proposta de melhoria do estudo
realizado, deve-se fazer uso de um modelo parcialmente pré-misturado, que dentre outras
alternativas pode ser utilizado o modelo FGM. Isto permitiria que melhor se rastreasse os
limites de precisão de uma abordagem da combustão com tratamento da turbulência pelo
modelo k-ω SST. Além disso, considerando que em todas as análises realizadas se fez uso de
paredes adiabáticas, um próximo passo seria tratar o combustor de forma realista, tendo em
vista perdas por radiação e convecção. Outro detalhe a ser considerado no tratamento de
validação do combustor DLE SGT-100 que não foi aplicado neste trabalho está na
consideração sobre os mecanismos de formação de NOx, que também poderiam ser aplicados
em uma análise avançada deste combustor. Além disso, como oportunidade para tratamentos
avançados pode-se aplicar neste combustor os modelos LES e FGM como forma de ampliar o
nível de resolução alcançado nesta dissertação.
Outro detalhe a ser comentado, foi o da influência da geometria da câmara na
formação das zonas de recirculação próximas à parede do combustor a jusante do bocal de
pré-mistura, que se mostraram caracteristicamente distintas no que se refere às linhas de
corrente do domínio de cada tipo de seção avaliada, i.e. circular e quadrada. Uma análise
preliminar das linhas de corrente, considerando os casos de simulação com modelos laminar e
turbulento, evidenciou que provavelmente a discretização do domínio nesta região deva ser
melhor refinada para efeito de uma correta captura da zona de recirculação externa no
combustor de seção quadrada. Vale mencionar que para o caso do combustor de seção
circular, a inconsistência física das linhas de corrente nas imediações de entrada da câmara
não foi observada, o que naturalmente implicou em uma melhor captura da zona de
recirculação externa característica deste combustor, que se evidencia nos trabalhos de
STOPPER et al. [3] e BULAT et al. [4], [5] e [6]. Recomenda-se, portanto, que em avaliações
futuras que envolvam o combustor adaptado com seção quadrada simulado nesta dissertação
(DLE SGT-100), análises de sensibilidade sejam realizadas a partir de casos laminares para
uma adequada eliminação da inconsistência das linhas de corrente, a partir de refinamentos
progressivos nas adjunções de entrada da câmara para posteriores análises de casos
turbulentos e reativos.
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257
APÊNDICE A: Tratamento numérico e
metodologias de solução por CFD.
259
têm uma correspondência direta para com a malha computacional, i.e. técnica de discretização
baseada em volumes de controle. A Figura A.1 sumariza a diferença entre os métodos.
Figura A.1. Diferença entre as metodologias MVF dos solvers CFXTM e FluentTM. Estratégia de
discretização de cada algoritmo numérico exemplificada a partir da discretização
da equação de transporte escalar. Fonte: Baseado nos manuais ANSYS [67] e
[182].
260
como convectivos, difusivos ou temporais, SΦ = (0, ωi, ∇p + Su, Sh, Sk, Sε e Sω), onde os
subscritos u, h, k, ε e ω fazem referência às equações de transporte.
∂
∂t ∫
ρΦdV +
V
∫ ρΦ u~⋅ n~ dA = ∫ Γ ∇Φ ⋅ n~ dA + ∫ S dV
S S
Φ
V
Φ (A.1)
A solução pelo MVF sempre [158] pode ser desenvolvida de maneira segregada ou
acoplada, sendo a principal diferença entre esses a maneira como a solução é obtida. No
método segregado uma dada equação para uma certa variável é resolvida para todas as
células e depois se procede para a próxima variável, enquanto no acoplado para uma dada
célula, equações são resolvidas para todas as variáveis. Isto implica, tendo em vista a
estratégia como a solução é obtida, que o método segregado, demandando menos
armazenamento e tendo uma contagem das operações, é mais apropriado para escoamentos
incompressíveis ou compressíveis de baixo Ma, sendo o método acoplado mais adequado para
escoamentos compressíveis, especialmente de alto Ma envolvendo ondas de choque. Ou seja,
enquanto no método segregado, considerando a resolução pressure-based, primeiro são
resolvidas as equações de momentum, pressão corrigida, atualizando a pressão e fluxo
mássico pela face, e por último são resolvidas as demais equações (energia, turbulência,
espécies, entre outras equações escalares), no algoritmo acoplado as equações de
continuidade, momentum, energia e espécies são resolvidas simultaneamente, para então
serem resolvidas as equações de turbulência e demais equações escalares.
No solver FluentTM [67] a resolução das equações governantes pode ser desenvolvida
a partir de dois métodos numéricos: pressure-based solver ou density-based solver. A diferença
entre esses reside no fato de que o primeiro emprega um algoritmo pertencente a uma classe
geral de métodos como métodos da projeção, fundamentados no método desenvolvido por
CHORIN [183], ou tipo SIMPLE (Semi-Implicit Method for Pressure-Linked Equation), baseados
nos desenvolvimentos de PATANKAR and SPALDING [184], em que a restrição de
conservação de massa do campo de velocidade é alcançada pela solução de uma equação de
pressão (ou de pressão corrigida), oriunda das equações de continuidade e momentum, i.e. o
campo de velocidade satisfaz a continuidade corrigido pela pressão. No método numérico
density-based as equações governantes discretizadas e não-lineares são linearizadas, de
maneira implícita ou explícita, para produzir um sistema de equações das variáveis
dependentes em todas as células computacionais, onde o campo de pressão é obtido por uma
equação de estado.
Na abordagem segregada pressure-based todos os métodos empregam uma técnica
predictor-corrector, que se desenvolve por meio de algoritmos implícitos ou semi-implicítos. Os
261
métodos da projeção se baseiam na decomposição de Helmholtz-Hodge, na qual qualquer
vetor w petencente a um domínio Ω com fronteira suave ∂Ω pode ser decomposto em um
~
campo solenoidal e paralelo ao contorno e em um campo gradiente (Equação (A.2)), onde v é
~
um campo vetorial solenoidal que satisfaz as relações i e ii da Equação (A.2), e Φ é um campo
escalar. Com base nestes conceitos, como exemplo, a equação de momentum na forma
conservativa com µ e ρ constantes no domínio Ω pode ser escrita [183] como a Equação (A.3),
em que dado u , o vetor S( u ) é conhecido e pode ser projetado em ambos os subespaços de
~ ~
divergência nula (iii) e rotacional nulo (iv), conforme as relações v e vi da Equação (A.3). Sendo
P e Q operadores de projeção que satisfazem as relações vii e viii da Equação (A.3) para
qualquer vetor w do domínio Ω, os mesmos podem ser escritos segundo a forma apresentada
~
nas relações ix e x da Equação (A.4). O método FSM (Fractional-Step Method) presente no
solver FluentTM [67] faz uso deste tipo de resolução através da técnica de fatorização
aproximada, caracterizando-se como uma extensão do método da projeção.
w = ∇ × v + ∇Φ
~ ~
i) ∇ ⋅ v = 0 em Ω (A.2)
~
ii) v⋅ n = 0 em ∂Ω
~~
∂u
~ + ∇p = S u
∂t ~ ( ) S ( ~u ) = ξ∇ 2
~ ~ ( )
u g − ∇ ⋅ u⋅ u
~~
∂u
iii) ∇ ⋅ ~ = 0
∂t
iv) ∇ × ∇ ⋅ p = 0
∂u
v)
∂t
()
~ = P S u
~ (A.3)
()
vi) ∇p = Q S u
~
vii) ∇ ⋅ P w = 0, ∀ w ∈ Ω
~ ~
viii) ∇ ⋅ Q w = 0, ∀ w ∈ Ω
~ ~
262
( ) ( ∇ ⋅)
−1
ix) P = Ι − ∇ ∇ 2
(A.4)
( ) ( ∇ ⋅)
−1
x) Q = ∇ ∇ 2
xiv) J f = J *f +
( ap,c0
Af
+ ap,c1 ) / 2
(p'c0 − p'c1 ) (A.6)
uur uur
[ A ij ] + X j = B i
xv) ∑a
j
ij
u ku k
ukj + ∑ aiju k pp j = biu k
j
(A.7)
xvi) ∑∑ a
k j
ij
pu k
ukj + ∑ aijppp j = bip
j
campos de solução e à falsa difusão, calcula Φ f pela média aritmética dos valores centrais de
células vizinhas (Equação (A.9)). Alternativamente a esta (node-based), utiliza-se a média
aritmética dos valores nodais na face Φ n , a partir de uma média ponderada dos valores
centrais das células que circundam os nós (Equação (A.10)), que representa a estratégia ideal
264
para malhas não estruturadas preponderantemente triangulares ou tetraédricas, caracterizadas
por irregularidades (distorções e torções), minimizando efeitos de falsa difusão. No esquema
node-based, preserva-se uma precisão espacial de segunda ordem, na medida em que se
reconstrói valores exatos de uma função linear em cada nó a partir de valores centrais de
células vizinhas em malhas arbitrariamente não estruturadas.
uur
( ∇ Φ )c0 = ν1 ∑ Φ f A f (A.8)
f
Φc0 + Φc1
Φf = (A.9)
2
Nf
1
Φf =
Nf
∑n Φ n; Nf : número de nós da face (A.10)
que implica que a mudança nos valores das células entre uma célula c0 e uma i-ésima célula ci
pelo vetor posição δ ri através de seus respectivos centroides pode ser escrita como a
Equação (A.11). Generalizando esta expressão para a célula que circunda c0, tem-se o
sistema da Equação (A.12), onde J é uma matriz dos coeficientes que é basicamente uma
função da geometria. Tão logo, o objetivo se resume em resolver um problema de minimização
para o sistema da matriz não quadrada J (sistema sobredeterminado) utilizando o método dos
mínimos quadrados para determinar o gradiente da célula. O que, decompondo-se a matriz J
pelo processo de Gram-Schmidt [186] resulta em uma matriz de ponderação para cada célula
(Equação (A.13)), onde W é o fator de ponderação para cada um dos componentes x, y e z. O
método Least-Squares-Cell-Based tem um custo computacional um pouco maior que aquele do
método Green-Gauss-Cell-Based, entretanto, inferior aquele do Green-Gauss-Node-Based e
acurácia semelhante a este, sendo adequado para se trabalhar com qualquer tipo de malha por
reconstruir de forma exata campos lineares em malhas de elevado skew (torção) ou
distorcidas.
265
n
∇Φ0 = Φx ,Φy ,Φz → ( Φi )c0 = ∑ Wk0i
⋅ ( Φck − Φc0 ); i = {x, y,z} (A.13)
k =1
266
( )
1 1 r r
Φf = ( ΦE − ΦP ) + ∇ΦE ⋅ rE + ∇ΦP ⋅ rP (A.16)
2 2
r
Φf = Φ + ∇Φ ⋅ r (A.17)
Os esquemas CD, adotado no FluentTM [67] para os termos difusivos, e SOU são
considerados com precisão de segunda ordem [181] por incluírem a derivada de primeira
ordem da série polinomial de Taylor (Equação (A.18)). Na circunstância de esquemas com
precisão de segunda ordem, apesar destes apresentarem maior precisão que o esquema de
primeira ordem, os mesmos têm maior instabilidade devido a oscilações não físicas ou
divergências que aumentam proporcionalmente a Pe (esquema CD) e em regiões de intensos
gradientes podem levar a valores que excedem o range da célula (esquema SOU). Para o caso
do esquema CD uma opção [181] é aplicar o mesmo apenas para Pe < 2, comutando para o
esquema de primeira ordem para valores que excedem este limite. Alternativamente a isto [67],
pode-se utilizar a relação apresentada na Equação (A.19), onde UP se refere a upwind, que
representa uma correção atrasada que leva a uma abordagem literal de diferenças de segunda
ordem. Para o uso do esquema SOU a questão da instabilidade e oscilações artificiais
usualmente é tratada através da aplicação de limitadores de gradiente aos valores previstos
para as faces.
∞ Φn (xP )
Φ(x f ) = ∑ ( x f − xP )
n
(A.18)
n =0 n!
Φf = Φf,UP + Φf,CD − Φf,UP
(A.19)
123 1442443
parte implicíta parte explícita
O esquema SOU adotado no FluentTM utiliza a técnica desenvolvida por BARTH and
JESPERSEN [187] que basicamente se estabelece como um procedimento linear de
reconstrução multi-dimensional monotônico, baseado na técnica MUSCL (Monotone Upstream-
Centered Schemes for Conservation Laws), resultando em esquemas de alta resolução para
malhas não-estruturadas, de particular simplicidade [188]. Tal técnica é restrita a esquemas
onde o perfil base de alta ordem utiliza um gradiente baseado na célula, não sendo adequado
para a maioria dos limitadores utilizados em malhas estruturadas. No esquema de BARTH and
JESPERSEN [187] a condição do critério de monotonicidade foi modificado de modo a
estabelecer que os valores reconstruídos do polinômio dentro do volume de controle não
devem exceder os valores máximos e mínimos nas vizinhanças desse. Vale destacar [188] que
267
para uma discretização unidimensional o esquema de BARTH and JESPERSEN [187] é
equivalente ao esquema TVD-MUSCL, tendo resultados similares em casos mais gerais.
Menciona-se que para o caso dos termos de pressão, o esquema de interpolação de
segunda ordem no FluentTM [67] é um que reconstrói a pressão da face (Pf) através de um
esquema de diferenças centrais. Ou seja, com referência à Equação (A.16), os valores de
pressão da face, tendo sido especificado o esquema de segunda ordem, são interpolados a
partir da Equação (A.21). Além do esquema de segunda ordem, a interpolação da pressão
também pode ser realizada por meio dos esquemas: Linear: a pressão da face é uma média
dos valores de células adjacentes; Standard: a interpolação da pressão nas faces se baseia
nos coeficientes de Rhie-Chow [185] da equação de momentum; PRESTO!: em essência,
similar aos esquemas de arranjos desencontrados (ou deslocados) em malhas estruturadas,
utilizando o balanço da equação discretizada da continuidade para um volume de controle
desencontrado na face para calcular a pressão na mesma; e Body Force Weighted: cálculo da
pressão da face assumindo que o gradiente na direção normal da diferença entre as forças de
corpo e a pressão é constante, funcionando bem para cálculos de empuxo e swirl axissimétrico,
em situações onde as forças de corpo são significativas na equação de momentum. Na maioria
dos casos o esquema de segunda ordem é aceitável, apresentando maior precisão que o
Linear e o Standard, entretanto, em modelos de mistura ou multifásicos, e em escoamentos de
alto swirl, ou em domínios acentuadamente curvos, ou que envolvam rotação em alta
velocidade, ou casos de convecção natural de elevado número de Rayleigh, recomenda-se
[153] o uso do esquema PRESTO!.
( )
1 1 r r
Pf = (Pc0 − Pc1 ) + ∇Pc0 ⋅ r c0 + ∇Pc1 ⋅ r c1 (A.20)
2 2
269
possa suprimir oscilações oriundas de erros numéricos, pode também levar a convergências
aparentes da solução na medida em que é por demais reduzido e desacelera significativamente
a convergência. Recomenda-se [181], que sempre se utilize α com o maior valor possível sem
que ocorram oscilações ou divergências da solução. Ainda, quando no uso de solvers
comerciais, a estratégia básica é manter o setup padrão do solver, considerando que estas
representam configurações oriundas de testes em casos diversos e que foram especificadas
com base na arquitetura de resolução numérica do solver. Alternativamente [153], a depender
particularmente da intensidade da turbulência no escoamento, pode-se reduzir inicialmente os
fatores α e aumentá-los paulatinamente na medida em que se obtém estabilidade da solução.
apΦp 1− α
= ∑ anbΦnb + b + apΦold (A.21)
α nb α
Considerando que [67] discretizações de alta ordem podem ser escritas como um
esquema de primeira ordem somado a termos adicionais para o esquema de ordem superior, o
solver FluentTM permite que se utilize uma relaxação de alta ordem para tais termos com o
recurso HOTR (High Order Term Relaxation). Neste sentido, em tais casos, a sub-relaxação
pode ser escrita para qualquer propriedade genérica Φ tal qual a Equação (A.24), onde f é o
fator de sub-relaxação, que no setup padrão do solver para casos em regime permanente é
definido como 0,25. A proposta de relaxação de termos de ordem superior é a de aperfeiçoar a
inicialização e o comportamento geral da solução em simulações que envolvam discretizações
espaciais de alta ordem, além de prevenir quanto à estagnação da convergência, justamente
pela predisposição a instabilidade numérica de termos de alta ordem em alguns casos.
∑ ∑a nb Φnb + b − apΦp
R =
Φ P nb
(A.25)
∑a Φ
P
p p
1 ∑
2
n
anbΦnb + b − apΦp
∑
células n
nb
ap
RΦ =
( Φmax − Φmin )domínio
(A.26)
272
No solver FluentTM, além do controle de parâmetros de relaxação, existe o método
pseudo transiente, que representa uma alternativa adicional [153] para controle da estabilidade
da solução em simulações de regime permanente. O método pseudo transiente representa
uma forma de subrelaxação implícita através da qual se controla um passo de tempo fictício
(∆t) baseado em uma escala de tempo fluido (regiões de escoamento) ou sólido (regiões
sólidas ou porosas). Este tipo de estratégia para controle da estabilidade da solução mimetiza
aquela associada ao solver CFXTM, que sempre utiliza o tempo em sua formulação
independente do tipo de regime, implicando em um falso passo de tempo em soluções
permanentes. Vale destacar que sendo o tempo uma subrelaxação natural que permite que se
abstraia da física do problema um conceito natural de relaxação, é sempre interessante que
permaneça na formulação de um solver de CFD em qualquer tipo de regime, por isso tendo
sido adotado o método pseudo transiente para as resoluções numéricas apresentadas nesta
dissertação.
No método pseudo transiente são resolvidas equações de subrelaxação do tipo
(Equação (A.27)), onde o parâmetro ∆t pode ser especificado diretamente ou pela escala de
tempo calculada para o domínio (∆tfluido) com base no valor mínimo das relações xvii a xxii da
Equação (A.28). Nesta, cada escala de tempo é obtida dividindo a escala de comprimento
representativa do domínio (Lescala) por uma apropriada escala de velocidade representativa da
física apresentada pelo escoamento. Neste sentido, ∆tu é a escala de tempo advectivo, ∆tp é a
escala de tempo dinâmica, ∆tg a escala de tempo gravitacional e ∆tvisc. a escala de tempo de
difusão. Em casos que envolvam rotação a escala de tempo rotacional (∆trot) é calculada com
base na magnitude do vetor velocidade angular (ω), e em situações de Ma > 0,3 (obtido
segundo a fórmula apresentada na relação xxi da Equação (A.28)), é calculada uma escala de
tempo de compressibilidade (∆tcomp.) a partir de c que é a velocidade média do som através
de todas as células. Por fim, U∆P é uma escala de velocidade baseada na diferença de pressão
em condições de contorno abertas (subscrito bc) (Openings, i.e. pressão prescrita em entradas
ou saídas, e velocidade prescrita em entradas).
Φp − Φpold
ρp ∆V + apΦp = ∑ anb Φnb + b (A.27)
∆t nb
273
∆t fluido = Min ( ∆tu , ∆tp , ∆t g , ∆t rot , ∆t comp. , ∆t visc. )
xvii) ∆tu =
0,3L escala
Max (Ubc ,Udomínio )
; Lescala = Min ( 3
V,Max (L x ,L y ,L z ) )
0,3L escala Pbc, max − Pbc, min
xviii) ∆tp = ; U∆P =
U∆P ρ células
L escala
xix) ∆t g = ; g= g
g ~
(A.28)
0,1
xx) ∆trot =
ω
0,3L escala
xxi) ∆t comp. = ; Ma = Max (Ubc ,Udomínio ,U∆P ) c
Max (Ubc ,Udomínio ,U∆P , c )
0,3 (Lescala )
2
xxii) ∆t visc. =
ξ
274
quando no mapeamento de geometrias complexas. Tal dificuldade, acabou por originar o
método de estruturação em blocos ou multi-blocos, que flexibiliza a estruturação da malha por
dividir a região do escoamento em vários subdomínios onde são implementadas malhas
separadamente e depois unidas considerando suas vizinhanças. O método BFC se distingue
em termos do desenvolvimento de malhas ortogonais e não ortogonais. Em malhas ortogonais,
i.e. intersecção entre as linhas da malha são perpendiculares, particularmente em geometrias
complexas, existe uma dificuldade intrínseca para a descrição da aproximação em fronteiras e
também pela necessidade de que o refinamento da malha em uma dada região de interesse
implica em refinamento desnecessário em outras regiões do domínio. Para o caso de
coordenadas não ortogonais tais limitações são superadas, entretanto, resultam em um
aumento significativo da complexidade para a descrição das equações governantes, exigindo
procedimentos especiais para a minimização de erros da implementação numérica.
Uma consequência direta do uso de malhas estruturadas é a de que tendo uma
característica de ordenção simples, as mesmas produzem matrizes diagonais cujas as
soluções são facilitadas e mais eficientes [157]. Em contrapartida, malha não estruturadas,
tradicionalmente aplicadas em MEF, são mais versáteis, possuindo maior adaptatividade e
elevada eficiência para a discretização de irregularidades geométricas (cantos, furos,
saliências, obstáculos, etc), porém, caracterizam-se por difícil ordenação (conectividade
irregular), o que oriunda matrizes não diagonais, cujas variações no tamanho da banda
inviabiliza a aplicação da maioria dos métodos de solução de sistemas lineares. A maior
dificuldade na ordenação acaba podendo se traduzir em uma alta ineficiência em termos de
espaço por demandar um armazenamento explícito das relações de vizinhanças, i.e. em
malhas estruturadas pontos vizinhos no espaço físico da malha representam os elementos
vizinhos na matriz computacional associada à mesma [189].
O uso de malhas não estruturadas é intrínseco, em aplicações de CFD, à
complexidade da geometria, na medida em que conforme essa aumenta, torna-se necessário o
uso de um número cada vez maior de blocos, o que acaba tornando lógico a necessidade de
aplicação daquelas. As malhas não estruturadas podem ser desenvolvidas a partir de qualquer
elemento estruturante, i.e. triangulares ou quadrilaterais (geometrias bidimensionais) e
tetraédricos, prismáticos, piramidais ou hexaédricos (geometrias tridimensionais), embora se
caracterizem pelo uso de elementos triangulares e tetraédricos, justamente pela adptatividade
destes elementos que se conformam a qualquer nível de complexidade geométrica, sem
quaisquer limitações à fronteira do domínio. Em termos comparativos, malhas
preponderantemente hexaédricas se tornam mais adequadas pelo elemento estruturante ser
constituído de 6 faces e 8 nós, enquanto o elemento tetraédrico possui 4 faces e 4 nós, i.e. o
volume definido por um elemento hexaédrico equivale a pelo menos cinco elementos
275
tetraédricos [190]. Isto, em referência ao mencionado sobre a discretização das equações
governantes, tratamento dos gradientes no MVF e uso de funções de interpolação, implica em
uma menor quantidade de elementos necessária para alcance da precisão desejada e
consequentemente uma maior velocidade de processamento computacional. Entretanto, a
construção de malhas hexaédricas se torna uma tarefa árdua, considerando que do ponto de
vista geométrico o elemento de malha hexaédrico representa uma estrutura muito rígida, o que
inviabiliza a utilização de algoritmos tipo point insertion (inserção de nós por modificações
locais) e advancing front (a malha volumétrica é desenvolvida iniciando pela discretização de
sua superfície para então ser construída camada por camada) que se provaram altamente
eficazes para a geração de elementos de malha tetraédricos.
Em problemas de escoamento reativo turbulento, onde a parede tem efeito
significativo no desenvolvimento dos campos das variáveis dependentes, a utilização de
malhas híbridas, que basicamente consistem de elementos de volume prismáticos e
tetraédricos, se contextualiza como a estratégia básica. Essencialmente, o objetivo de malhas
híbridas é o de conciliar a eficiência e precisão que é alcançada pelo uso de elementos de
volume hexaédricos regularmente dispostos e a flexibilidade e adequação para adaptação
inerente a elementos de volume tetraédricos irregularmente conectados, de modo a obter uma
alta qualidade de malha em toda a extensão do domínio através da aplicação do elemento
mais adequado em cada situação.
Na abordagem através de malhas híbridas, percebe-se de imediato que a
complexidade da geometria pode ser tratada estrategicamente visando o melhor
aproveitamento do recurso computacional e a precisão desejada para a solução computacional.
Em locais afetados pela camada limite no domínio do escoamento, o uso de malhas não
estruturadas implicaria [191] em uma densidade de pontos aproximadamente dez vezes maior
que aquela de malhas estruturadas para a obtenção da mesma resolução, considerando que a
densidade de pontos normais à superfície é a mesma para a modelagem da camada de
cisalhamento do escoamento. Este fato, em adjunto de que o maior número de faces e arestas
resultantes pela adoção de uma malha não estruturada resultaria em elevado endereçamento
indireto, permite concluir que o tempo e esforço computacional seriam significativamente
maiores em abordagens da camada limite por malhas não estruturadas.
Portanto, em regiões próximas da parede e em esteiras para capturar de forma precisa
o desenvolvimento das camadas de turbulência e os gradientes da camada limite são utilizados
elementos estruturados (hexaédricos) ou semi-estruturados (prismas), i.e. camadas prismáticas
®
através do recurso inflation no software ANSYS MeshingTM, preenchendo o restante do
domínio com elementos não estruturados [145]. Ou seja, em regiões próximas da parede o uso
de malhas estruturadas se torna fundamental para o cálculo de fluxos de momentum e de calor,
276
exigindo que o tratamento da parede seja o mais adequado em termos do regime do
escoamento (baixo Re, alto Re ou de elevada curvatura da linha de corrente, i.e. descolamento
da camada limite ou separação), pois este afeta o perfil da camada limite e consequentemente
os gradientes associados, e tipos de modelos utilizados, i.e. em termos de modelos de
turbulência [67]: y+ entre 20 e 100 (k-ε); y+ < 2 (SST).
Além disso, em regiões afetadas por irregularidades, grandes mudanças de geometria,
obstáculos e acidentes, caracterizadas por acentuados gradientes, onde elementos
estruturados ou semi-estruturados se tornam não funcionais, viabiliza-se a aplicação de
elementos não estruturados através de um alto grau de refinamento dessas áreas, assim
minimizando o impacto de possíveis erros de truncamento. Outro detalhe [192] sobre os
elementos não estruturados é a sua natureza isotrópica que permite uma maior precisão na
captura do escoamento em regiões onde este se altera equivalentemente em todas as direções
e também de vórtices pela isotropia característica destes. Diferentemente, os elementos
estruturados são mais adequados para lidar com a anisotropia e direcionalidade das escalas, o
que os torna mais aptos para capturar a pequena escala requerida pela camada limite na
direção normal à superfície, enquanto maiores tamanhos se mostram suficiente para as
direções laterais, i.e. são compatíveis com o requisito da direcionalidade que impõe uma
elevada razão de aspecto das células da malha em determinadas regiões. Similarmente, o
mesmo pode ser dito sobre a resolução do escoamento quando na presença de esteira e
ondas de choque, que também se caracterizam pela direcionalidade.
Tendo em vista, o mencionado sobre malhas híbridas, percebe-se que as mesmas se
mostram usualmente como a melhor alternativa para lidar com fenômenos de elevada
complexidade. Entretanto, observante ao emprego de métodos numéricos para a resolução das
equações governantes, cuja a acurácia e estabilidade dependem crucialmente da resolução
local e uniformidade da malha, a heterogeinedade das malhas híbridas posta o desafio de que
existam transições suaves nas interfaces entre elementos estruturados e não estruturados. Isto
impõe que a tessitura da malha mantenha uma consistente regularidade em toda a extensão do
domínio de modo a evitar mudanças abruptas entre regiões com diferentes características.
Para efeito de controlar a qualidade dos elementos de malha são utilizados
parâmetros que principalmente visam estabelecer métricas para a regularidade dos elementos
e a minimização da ocorrência de valores não físicos. Isto é particularmente útil em malhas
híbridas para manter a regularidade do domínio e nas interfaces, onde elementos de transição
(piramidais) fazem a comunicação entre elementos hexaédricos e tetraédricos, i.e. deve-se
evitar ao máximo transições abruptas de densidade da malha. Basicamente, os parâmetros são
definidos a partir de relações, proporções, formas e orientações que caracterizam os elementos
que constituem a malha.
277
Um dos parâmetros principais de avaliação da qualidade de uma malha [193] é a
ortogonalidade dos elementos e das faces. Esta, em termos de elementos, define-se como uma
relação normalizada que avalia o desvio angular através do menor valor entre as relações xxiii
ur
e xxiv da Equação (A.29), calculadas para cada i-ésima face, onde A i é o vetor normal
r
associado à face de um elemento, f i um vetor que associa o centroide do elemento ao de uma
r
respectiva face e c i um vetor do centroide da célula ao centroide de uma célula adjacente que
compartilha uma face. Para as faces a relação é similar, entretanto, é estruturada a partir de
r
um vetor e i que associa o centroide da face ao de uma i-ésima aresta, conforme a relação xxv
na Equação (A.29), definindo-se como o menor valor calculado por esta relação em cada
aresta associada à respectiva face. Valores próximos de zero da métrica de qualidade
ortogonal indicam uma inadequada formação das faces e elementos, e da associação entre os
mesmos, pela presença de acentuados desvios angulares, o que acentuará a rigidez das
equações numéricas desacelerando a convergência. Isto devido ao fato de que o desvio
angular afeta diretamente o cálculo do gradiente nas faces, adicionando difusão à solução e
impactando a resolução dos termos difusivos. Desse modo, prescreve-se [193] que o valor
mínimo da ortogonalidade de uma malha qualquer, seja sempre maior que 0,1.
ur r
Ai ⋅ f i
xxiii) ur r
Ai f i
ur r
Ai ⋅ ci
xxiv) ur r
Ai ci (A.29)
ur r
A i ⋅ ei
xxv) ur r
A i ei
Outros dois parâmetros são relevantes para a avaliação das distorções dos elementos
de malha, i.e. skewness e razão de aspecto (aspect ratio). O parâmetro de skewness apura a
torção de elementos e faces comparando-os com as formas equilaterais, i.e. triângulo
equilátero ou tetraedro regular, e equiangulares do elemento relacionado, i.e. pirâmide formada
por triângulos equiláteros e base quadrada. A razão de aspecto avalia o quanto uma das
dimensões do elemento é diferente das outras.
Uma das formas de se avaliar o skewness da malha [193] é através das relações de
volume equilateral (relação xxvi da Equação (A.30)) para elementos triangulares e tetraédricos,
em que vótimo é o tamanho da célula equilateral associada ao mesmo raio circunscrito, e de
ângulo de desvio normalizado (relação xxvii da Equação (A.30)), aplicável a qualquer elemento
278
ou face (utilizada para elementos hexaédricos, prismáticos e piramidais), onde θe é o ângulo
associada à face ou elemento equiangular, i.e. 60 para triângulos e tetraedros, e 90 para
quadriláteros e hexaedros, θmax o maior ângulo na face ou célula, e θmin o menor. De acordo
com estas definições o skewness varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1
maiores são as distorções que tipificam o elemento ou face, i.e. recomenda-se [193] que o
skewness máximo da malha seja menor que 0,9. Valores elevados de skewness afetam
consideravelmente as interpolações dos valores centrais das células para as respectivas faces,
adicionando difusão à solução e inclusive afetando os termos advectivos, também implicando
em maior rigidez das equações e desaceleração da convergência.
ν ótimo − ν elemento
xxvi)
ν ótimo
(A.30)
θmax − θe θe − θmin
xxvii) max ,
180 − θe θe
279
uniformidade da malha; etc. Entretanto, de um modo geral o enquadramento das três métricas
detalhadas precedentemente já atribui uma qualidade apropriada da malha para a maioria dos
problemas.
Nos parágrafos precedentes procurou-se dirimir alguns dos tópicos relevantes no
contexto de desenvolvimento de malhas computacionais. A estratégia preferencial a ser
adotada é sempre buscar construir malhas utilizando elementos hexaédricos, principalmente
quando o escoamento apresenta anisotropia, utilizando como uma segunda opção a
construção de malhas híbridas formadas por hexaedros ou prismas nas camadas de
cisalhamento e em regiões próximas da parede. Malhas puramente tetraédricas apenas devem
ser utilizadas em contextos nos quais a resolução e o desenvolvimento da camada limite não
tem influência significativa na solução.
A qualidade da malha terá influência significativa em termos de esforço computacional
e na retratação da física do problema, mas aquela não representa o único critério a ser utilizado
para a validação de uma malha computacional. A mesma deve ser embasada por um nível de
refinamento suficiente que ateste a independência dos resultados para com a sua resolução.
Neste sentido, devem ser realizados estudos de convergência ou independência de malha para
fins de validá-la e atestar o nível de refinamento suficiente para minimizar os impactos dos
erros de truncamento. Este representa o dilema da limitação computacional, pois refinar uma
malha implica, usualmente, em ter uma melhor definição dos gradientes, das funções de
interpolação e da qualidade dos elementos, o que garante uma maior precisão da resposta
estudada, entretanto, resulta em uma quantidade muito maior de equações a serem resolvidas
e, consequentemente, em maior esforço e tempo de processamento computacional. É neste
ponto que sempre se deve ponderar o que representa resultados satisfatórios, embasando-se
pela física esperada para o problema, domínio sobre os modelos físicos adotados e objetivo do
estudo, pois nem sempre uma malha altamente refinada representa a solução para os
resultados mais precisos.
®
O software ANSYS MeshingTM [193] representou o recurso computacional adotado
280
conforming e sweep); e hex dominant (gera malhas não estruturadas hexaédricas ou
preponderantemente hexaédricas). O software também permite que se realizem controles
globais e locais na malha desenvolvida a depender da necessidade de ajustes para
dimensionamento dos elementos, suavização e controles de curvatura, criação de camadas
prismáticas, etc.
281
APÊNDICE B: Análise unidimensional de
compressor centrífugo (Código em VBA).
O programa estruturado considera o fluido como gás perfeito, sendo portanto válidas e
utilizadas as relações [11] i, ii, iii e iv da Equação (B.1). No que se refere às propriedades de
calor específico à pressão constante (cp) e razão entre calores específicos (γ), as mesmas
foram interpoladas linearmente com base na Tabela B.1. Para tanto, foram desenvolvidas três
sub-rotinas, divididas em Módulos 1, 2 e 3, cuja a listagem é apresentada posteriormente
àquela referente ao programa principal, sendo referenciada como programa auxiliar.
284
C2
i) T0 = T −
2c p
γ
p0 T0 2 (γ −1)
ii) =
p T
(B.1)
c p ( γ − 1)
iii) Rar =
γ
P
iv) ρ =
Rar T
Tabela B.1. Valores de calor específico à pressão constante (Cp) e razão entre calores
específicos (k) em função da temperatura para o ar. Fonte: dados obtidos de
OHIO UNIVERSITY [179] – Valores nominais: Ar a 300 K; Cp = 1,00 kJ/kg.K; Cv =
0,718 kJ/kg.K; k = 1,4.
Temperatura K Cp kJ/kg.K k
250 1,003 1,401
300 1,005 1,400
350 1,008 1,398
400 1,013 1,395
450 1,020 1,391
500 1,029 1,387
550 1,040 1,381
600 1,051 1,376
650 1,063 1,37
700 1,075 1,364
750 1,087 1,359
800 1,099 1,354
900 1,121 1,344
1000 1,142 1,336
1100 1,155 1,331
1200 1,173 1,324
1300 1,19 1,318
1400 1,204 1,313
1500 1,216 1,309
285
Código em VBA (sub-rotinas) – Programa Principal
287
cp8 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(111, 26) = cp7
Rar8 = (cp8 / gama8) * (gama8 - 1)
Plan5.Cells(116, 26) = Rar8
rho8 = P8 / (Rar8 * T8)
Plan5.Cells(117, 26) = rho8
C8r_New = mdot / (A8r * rho8)
ErrRel_C8r = Abs((C8r_New - C8r) / C8r)
Plan5.Cells(118, 26) = ErrRel_C8r
Plan4.Cells(3, 6) = T8
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp8 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(111, 26) = cp8
C8r = C8r_New
Plan5.Cells(119, 26) = C8r
Loop
C8r = C8r_New
Plan5.Cells(119, 26) = C8r
C8 = C8r
Plan5.Cells(112, 26) = C8
M8 = C8 / Sqr(gama8 * Rar8 * T8 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(120, 26) = M8
End Sub
288
Dim C7r_New As Double
Dim M7 As Double
'Utilizou-se as relações otimizadas presentes em Nishida et al. (2012) para estabelecer as
principais dimensões.
'O raio r8 foi meramente estipulado com base em um valor intermediário entre o raio do
impelidor (r2)
'e o raio da ponta (r1s). Neste caso, adotou-se o valor médio quadrático.
P01 = Plan5.Cells(5, 15)
T01 = Plan5.Cells(4, 15)
mdot = Plan5.Cells(8, 15)
Pi = Plan5.Cells(10, 15)
r1s = Plan5.Cells(12, 15)
r2 = Plan5.Cells(17, 15)
r8 = Sqr(((r1s ^ 2) + (r2 ^ 2)) / 2)
Plan5.Cells(37, 15) = r8
r7 = 2 * r8
Plan5.Cells(38, 15) = r7
Delta_Ch_Rt = Plan5.Cells(35, 15)
Eta_Iso = Plan5.Cells(20, 15)
Eff_C_Ch_Rt = 1 - (Delta_Ch_Rt * (1 - Eta_Iso))
Plan5.Cells(87, 26) = Eff_C_Ch_Rt
'Escoamento adiabático (T07 = T02)
T07 = Plan5.Cells(36, 15)
Plan4.Cells(3, 6) = T07
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp7 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(88, 26) = cp7
betab7 = Plan5.Cells(39, 15)
Zds = Plan5.Cells(40, 15)
'A estimativa do ângulo de incidência (ids) é feita com base em Aungier (2000), que para as
pás do canal de retorno
'define que o valor se encontra entre 2 e 4º, neste caso se adotou o valor de 3º.
'Para a obtenção do fator de bloqueio (Kb), considerou-se inicialmente a espessura das pás na
entrada (tb7) como 1 [mm].
'Conforme proposto em Aungier (2000) para o projeto preliminar do canal de retorno, a
profundidade (b7)
'deve ser definida no intervalo: b6 <= b7 <= (2*b6).
ids = Plan5.Cells(41, 15)
alfa7m = (-1) * (betab7 - ids)
Plan5.Cells(89, 26) = alfa7m
alfa7 = (-1) * (alfa7m - 90)
Plan5.Cells(90, 26) = alfa7
tb7 = Abs(Plan5.Cells(42, 15))
tb7_New = tb7
Delta_tb7 = tb7 / 10
Kb = 1 - ((Zds * tb7) / (2 * Pi * r7 * Sin(((90 + betab7) * Pi) / 180)))
Plan5.Cells(91, 26) = Kb
If (Kb <= 0) Then
Kb = 0.01
Plan5.Cells(91, 26) = Kb
289
tb7 = ((Kb - 1) * (-1) * (2 * Pi * r7 * Sin(((betab7 + 90) * Pi) / 180))) / Zds
Plan5.Cells(42, 15) = tb7
tb7_New = tb7
Delta_tb7 = tb7 / 10
Else
If (Kb > 0.9999) Then
Kb = 0.99
Plan5.Cells(91, 26) = Kb
tb7 = ((Kb - 1) * (-1) * (2 * Pi * r7 * Sin(((betab7 + 90) * Pi) / 180))) / Zds
Plan5.Cells(42, 15) = tb7
tb7_New = tb7
Delta_tb7 = tb7 / 10
End If
End If
Do
Kb = 1 - ((Zds * tb7) / (2 * Pi * r7 * Sin(((90 + betab7) * Pi) / 180)))
Plan5.Cells(91, 26) = Kb
b6 = Plan5.Cells(79, 26)
alfa6 = Plan5.Cells(72, 26)
b7 = ((b6 * Tan((alfa6 * Pi) / 180)) / (Tan((alfa7 * Pi) / 180))) / Kb
Plan5.Cells(92, 26) = b7
If (b7 > (2 * b6)) Then
tb7 = tb7_New - Delta_tb7
Plan5.Cells(42, 15) = tb7
Else
If (b7 < b6) Then
tb7 = tb7_New + Delta_tb7
Plan5.Cells(42, 15) = tb7
Else
Exit Do
End If
End If
tb7_New = tb7
Loop
'Considera-se para a obtenção de C7u a conservação do momentum angular de um
escoamento não-viscoso.
C6u = Plan5.Cells(73, 26)
r6 = Plan5.Cells(31, 15)
C7u = (C6u * r6) / r7
Plan5.Cells(93, 26) = C7u
C7r = C7u * Tan((alfa7 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(94, 26) = C7r
ErrRel_C7r = 1
MaxErr = Plan5.Cells(13, 15)
A7r = 2 * Pi * r7 * b7
Plan5.Cells(95, 26) = A7r
Do While (ErrRel_C7r > MaxErr)
C7 = Sqr((C7r ^ 2) + (C7u ^ 2))
Plan5.Cells(96, 26) = C7
T7 = T07 - (C7 ^ 2 / (2 * cp7 * 10 ^ 3))
290
Plan5.Cells(97, 26) = T7
Plan7.Cells(3, 6) = T7
Call Módulo3.ENTRADA_DE_DADOS
gama7 = Plan7.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(98, 26) = gama7
P07 = P01 * ((1 + ((Eff_C_Ch_Rt * (T07 - T01)) / T01)) ^ (gama7 / (gama7 - 1)))
Plan5.Cells(99, 26) = P07
P7 = P07 * (((T7 / T07)) ^ (gama7 / (gama7 - 1)))
Plan5.Cells(100, 26) = P7
Plan4.Cells(3, 6) = T7
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp7 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(88, 26) = cp7
Rar7 = (cp7 / gama7) * (gama7 - 1)
Plan5.Cells(101, 26) = Rar7
rho7 = P7 / (Rar7 * T7)
Plan5.Cells(102, 26) = rho7
C7r_New = mdot / (A7r * rho7)
ErrRel_C7r = Abs((C7r_New - C7r) / C7r)
Plan5.Cells(103, 26) = ErrRel_C7r
Plan4.Cells(3, 6) = T7
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp7 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(88, 26) = cp7
C7r = C7r_New
Plan5.Cells(94, 26) = C7r
C7u = C7r / Tan((alfa7 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(93, 26) = C7u
Loop
C7r = C7r_New
Plan5.Cells(94, 26) = C7r
C7u = C7r / Tan((alfa7 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(93, 26) = C7u
C7 = Sqr((C7r ^ 2) + (C7u ^ 2))
Plan5.Cells(96, 26) = C7
M7 = C7 / Sqr(gama7 * Rar7 * T7 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(104, 26) = M7
End Sub
291
Dim alfa6 As Double
Dim alfa6m As Double
Dim betab6 As Double
Dim senbetab6 As Double
Dim C6u As Double
Dim C6r As Double
Dim C6 As Double
Dim ErrRel_C6r As Double
Dim rho6 As Double
Dim gama6 As Double
Dim Rar6 As Double
Dim C6r_New As Double
Dim P6 As Double
Dim P06 As Double
Dim M6 As Double
P01 = Plan5.Cells(5, 15)
T01 = Plan5.Cells(4, 15)
mdot = Plan5.Cells(8, 15)
r6 = Plan5.Cells(31, 15)
Pi = Plan5.Cells(10, 15)
'A distribuição das perdas considera a base de referência em termos de coeficiente de perda
(Aubry, 2010),
'tendo como base que 50% das perdas ocorrem até a garganta do difusor. Desse modo, o
restante se distribui
'entre difusor, curva de retorno e retorno palhetado + curva de 90º.
Delta_Diff = Plan5.Cells(32, 15)
Eta_Iso = Plan5.Cells(20, 15)
Eff_C_Diff = 1 - (Delta_Diff * (1 - Eta_Iso))
Plan5.Cells(65, 26) = Eff_C_Diff
'Escoamento adiabático (T06 = T02).
T06 = Plan5.Cells(33, 15)
Plan4.Cells(3, 6) = T06
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp6 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(66, 26) = cp6
'O ângulo de pá na saída do difusor, conforme Campos (2013), é definido variando-se seu valor
e monitorando-se
'o ângulo de divergência e a razão de áreas, que, respectivamente, segundo Aungier (2000),
fixam-se entre
'3.5º a 5.5º e 1.4 a 2.4.
'Inicia-se o procedimento considerando que a razão de áreas equivale 1.4.
AR6 = 1.4
Plan5.Cells(67, 26) = AR6
AR6_New = AR6
r4 = Plan5.Cells(23, 15)
betab4 = Plan5.Cells(49, 26)
Delta_AR6 = 5 * 10 ^ -3
Zd = Plan5.Cells(24, 15)
Do
senbetab6 = (AR6 * Sin(((90 + betab4) * Pi) / 180) * r4) / r6
292
Plan5.Cells(68, 26) = senbetab6
betab6 = Plan5.Cells(69, 26)
Ld6 = (2 * r4 * ((r6 / r4) - 1)) / (Sin(((90 + betab4) * Pi) / 180) + Sin(((90 + betab6) * Pi) / 180))
Plan5.Cells(70, 26) = Ld6
theta6 = ((Atn(Pi * (((r6 * Sin(((betab6 + 90) * Pi) / 180)) - (r4 * Sin(((betab4 + 90) * Pi) / 180))) /
(Ld6 * Zd)))) * 180) / Pi
Plan5.Cells(71, 26) = theta6
If theta6 > 5.5 Then
AR6 = AR6_New - Delta_AR6
Else
If theta6 < 3.5 Then
AR6 = AR6_New + Delta_AR6
Else
Exit Do
End If
End If
AR6_New = AR6
Plan5.Cells(67, 26) = AR6
Loop
id = Plan5.Cells(27, 26)
alfa6m = (-1) * (betab6 - id)
alfa6 = (-1) * (alfa6m - 90)
Plan5.Cells(72, 26) = alfa6
'Para a estimativa inicial é aplicada a conservação do momentum angular
C4u = Plan5.Cells(50, 26)
C6u = (C4u * r4) / r6
Plan5.Cells(73, 26) = C6u
ErrRel_C6r = 1
MaxErr = Plan5.Cells(13, 15)
'A profundidade de passagem é assumida como constante (b6=b4)
b6 = Plan5.Cells(79, 26)
A6r = 2 * Pi * r6 * b6
Plan5.Cells(80, 26) = A6r
C6r = C6u * Tan((alfa6 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(74, 26) = C6r
Do While (ErrRel_C6r > MaxErr)
C6 = Sqr((C6r ^ 2) + (C6u ^ 2))
Plan5.Cells(75, 26) = C6
T6 = T06 - (C6 ^ 2 / (2 * cp6 * 10 ^ 3))
Plan5.Cells(77, 26) = T6
Plan7.Cells(3, 6) = T6
Call Módulo3.ENTRADA_DE_DADOS
gama6 = Plan7.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(78, 26) = gama6
P06 = P01 * ((1 + ((Eff_C_Diff * (T06 - T01)) / T01)) ^ (gama6 / (gama6 - 1)))
Plan5.Cells(81, 26) = P06
P6 = P06 * (((T6 / T06)) ^ (gama6 / (gama6 - 1)))
Plan5.Cells(82, 26) = P6
Plan4.Cells(3, 6) = T6
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
293
cp6 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(66, 26) = cp6
Rar6 = (cp6 / gama6) * (gama6 - 1)
Plan5.Cells(83, 26) = Rar6
rho6 = P6 / (Rar6 * T6)
Plan5.Cells(84, 26) = rho6
C6r_New = mdot / (A6r * rho6)
ErrRel_C6r = Abs((C6r_New - C6r) / C6r)
Plan5.Cells(76, 26) = ErrRel_C6r
Plan4.Cells(3, 6) = T6
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp6 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(66, 26) = cp6
C6r = C6r_New
Plan5.Cells(74, 26) = C6r
C6u = C6r / Tan((alfa6 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(73, 26) = C6u
Loop
C6r = C6r_New
Plan5.Cells(74, 26) = C6r
C6u = C6r / Tan((alfa6 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(73, 26) = C6u
C6 = Sqr((C6r ^ 2) + (C6u ^ 2))
Plan5.Cells(75, 26) = C6
M6 = C6 / Sqr(gama6 * Rar6 * T6 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(85, 26) = M6
End Sub
294
r4 = Plan5.Cells(23, 15)
Zd = Plan5.Cells(24, 15)
b4_i = Plan5.Cells(25, 15)
alfa4 = Plan5.Cells(26, 15)
Pi = Plan5.Cells(10, 15)
'O desvio entre os ângulos relativos do escoamento e das pás do difusor é considerado como -
1º, Aungier (2000).
id = Plan5.Cells(27, 15)
'Determinação do ângulo relativo das pás na direção meridional.
alfa4m = 90 - alfa4
Plan5.Cells(48, 26) = alfa4m
betab4 = (90 - (id + (90 - alfa4m))) * (-1)
Plan5.Cells(49, 26) = betab4
'Considera-se para a obtenção de C4u a conservação do momentum angular de um
escoamento não-viscoso.
C2u_r = Plan5.Cells(30, 26)
r2 = Plan5.Cells(17, 15)
C4u = (C2u_r * r2) / r4
Plan5.Cells(50, 26) = C4u
C4r = C4u * Tan((alfa4 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(51, 26) = C4r
'Escoamento adiabático (T04 = T02).
T04 = Plan5.Cells(28, 15)
Plan4.Cells(3, 6) = T04
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp4 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(53, 26) = cp4
'Como 50% das perdas totais ocorrem até a garganta, a pressão de estagnação na entrada
'do difusor equivale a da ponta do impelidor (P04=P02).
P04 = Plan5.Cells(29, 15)
MaxErr = Plan5.Cells(13, 15)
ErrRel_C4r = 1
ErrRel_Alfa4 = 1
b4 = b4_i
Plan5.Cells(61, 26) = b4
A4r = 2 * Pi * r4 * b4
Plan5.Cells(59, 26) = A4r
Do While (ErrRel_Alfa4 > MaxErr)
b4_new = b4
Do While (ErrRel_C4r > MaxErr)
C4 = Sqr((C4r ^ 2) + (C4u ^ 2))
Plan5.Cells(52, 26) = C4
T4 = T04 - (C4 ^ 2 / (2 * cp4 * 10 ^ 3))
Plan5.Cells(54, 26) = T4
Plan7.Cells(3, 6) = T4
Call Módulo3.ENTRADA_DE_DADOS
gama4 = Plan7.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(55, 26) = gama4
P4 = P04 * (((T4 / T04)) ^ (gama4 / (gama4 - 1)))
Plan5.Cells(56, 26) = P4
295
Plan4.Cells(3, 6) = T4
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp4 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(53, 26) = cp4
Rar4 = (cp4 / gama4) * (gama4 - 1)
Plan5.Cells(57, 26) = Rar4
rho4 = P4 / (Rar4 * T4)
Plan5.Cells(58, 26) = rho4
C4r_New = mdot / (A4r * rho4)
Plan4.Cells(3, 6) = T4
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp4 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(53, 26) = cp4
ErrRel_C4r = Abs((C4r_New - C4r) / C4r)
Plan5.Cells(60, 26) = ErrRel_C4r
C4r = C4r_New
Loop
C4r = C4r_New
Plan5.Cells(51, 26) = C4r
C4 = Sqr((C4r ^ 2) + (C4u ^ 2))
Plan5.Cells(52, 26) = C4
alfa4_new = (Atn(C4r / C4u) * 180) / Pi
alfa4d = alfa4_new - alfa4
If (alfa4d > 0) Then
b4 = b4_new + (b4_i / (10 ^ 5))
A4r = 2 * Pi * r4 * b4
Plan5.Cells(59, 26) = A4r
Else
b4 = b4_new - (b4_i / (10 ^ 5))
A4r = 2 * Pi * r4 * b4
Plan5.Cells(59, 26) = A4r
End If
C4r_New = mdot / (A4r * rho4)
Plan4.Cells(3, 6) = T4
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp4 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(53, 26) = cp4
ErrRel_C4r = Abs((C4r_New - C4r) / C4r)
Plan5.Cells(60, 26) = ErrRel_C4r
ErrRel_Alfa4 = Abs((alfa4_new - alfa4) / alfa4)
Plan5.Cells(62, 26) = ErrRel_Alfa4
Loop
Plan5.Cells(61, 26) = b4
C4r = C4r_New
Plan5.Cells(51, 26) = C4r
C4 = Sqr((C4r ^ 2) + (C4u ^ 2))
Plan5.Cells(52, 26) = C4
M4 = C4 / Sqr(gama4 * Rar4 * T4 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(63, 26) = M4
End Sub
296
Private Sub Discharge_Velocity_Click()
Dim r9 As Double
Dim rho9 As Double
Dim A9 As Double
Dim r9h As Double
Dim r9s As Double
Dim C9 As Double
Dim M9 As Double
'Orientando-se pelos critérios de Aungier (2000) é necessário que o raio da raiz na descarga
(r9h) seja definido. Para tanto, adotou-se
'tal raio com o mesmo valor daquele da raiz do impelidor (r1h).
r9h = Plan5.Cells(49, 15)
b8 = Plan5.Cells(106, 26)
'O raio da ponta na descarga (r9s) pode ser estabelecido se somando a profundidade dos
canais de passagem obtida para a saída do difusor
'de deswirl.
r9s = r9h + b8
Plan5.Cells(122, 26) = r9s
Pi = Plan5.Cells(10, 15)
mdot = Plan5.Cells(8, 15)
A9 = Pi * ((r9s ^ 2) - (r9h ^ 2))
Plan5.Cells(124, 26) = A9
'Assumindo-se que não existem perdas adicionais, a massa específica na descarga (rho9),
entre outras propriedades,
'equivale àquela da saída do difusor de deswirl (rho8).
gama8 = Plan5.Cells(114, 26)
Rar8 = Plan5.Cells(116, 26)
T8 = Plan5.Cells(113, 26)
rho9 = Plan5.Cells(117, 26)
Plan5.Cells(123, 26) = rho9
C9 = mdot / (rho9 * A9)
Plan5.Cells(125, 26) = C9
M9 = C9 / Sqr(gama8 * Rar8 * T8 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(126, 26) = M9
End Sub
297
Dim C2 As Double
Dim Eta_Iso As Double
Dim gama2 As Double
Dim P02 As Double
Dim P2 As Double
Dim T2 As Double
Dim Rar2 As Double
Dim rho2 As Double
Dim A2r As Double
Dim b2 As Double
Dim C2r_New As Double
Dim ErrRel_C2r As Double
Dim W2 As Double
Dim W2t As Double
Dim C2t As Double
Dim beta2 As Double
Dim alfa2 As Double
'O escoamento no compressor é assumido como adiabático, de forma que a temperatura de
estagnação
'se mantém constante a partir da descarga do rotor.
T02 = Plan5.Cells(15, 15)
r2 = Plan5.Cells(17, 15)
Z = Plan5.Cells(18, 15)
betab2 = Plan5.Cells(19, 15)
Ca1 = Plan5.Cells(13, 26)
Pi = Plan5.Cells(10, 15)
N = Plan5.Cells(9, 15)
mdot = Plan5.Cells(8, 15)
b2 = Plan5.Cells(21, 15)
A2r = 2 * Pi * r2 * b2
Plan5.Cells(39, 26) = A2r
'Obtenção do fator de escorregamento pela correlação de Wiesner (1967).
sigma = 1 - (((Sin((betab2 * Pi) / 180)) ^ (1 / 2)) / (Z ^ 0.7))
Plan5.Cells(26, 26) = sigma
U2 = (2 * Pi * N * r2) / 60
Plan5.Cells(25, 26) = U2
P01 = Plan5.Cells(5, 15)
T01 = Plan5.Cells(4, 15)
MaxErr = Plan5.Cells(13, 15)
ErrRel_C2r = 1
'Assume-se para iniciar o procedimento iterativo que o componente radial da velocidade (Cr2) é
igual
'a velocidade axial de entrada (Ca1)
Plan5.Cells(40, 26) = ErrRel_C2r
C2r_New = Ca1
Plan4.Cells(3, 6) = T02
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp2 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(32, 26) = cp2
Do While (ErrRel_C2r > MaxErr)
298
C2r = C2r_New
Plan5.Cells(28, 26) = C2r
C2u_t = U2 - (C2r / Tan((betab2 * Pi) / 180))
Plan5.Cells(29, 26) = C2u_t
C2u_r = sigma * C2u_t
Plan5.Cells(30, 26) = C2u_r
C2 = Sqr((C2r ^ 2) + (C2u_r ^ 2))
Plan5.Cells(31, 26) = C2
T2 = T02 - ((C2 ^ 2) / (2 * cp2 * 10 ^ 3))
Plan5.Cells(33, 26) = T2
'Assume-se que 50% das perdas totais ocorrem no impelidor até a garganta do difusor, Cohen
et al. (1987).
Delta_ImpED = Plan5.Cells(16, 15)
Eta_Iso = Plan5.Cells(20, 15)
Eff_C = 1 - (Delta_ImpED * (1 - Eta_Iso))
Plan5.Cells(27, 26) = Eff_C
Plan7.Cells(3, 6) = T2
Call Módulo3.ENTRADA_DE_DADOS
gama2 = Plan7.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(34, 26) = gama2
P02 = P01 * ((1 + ((Eff_C * (T02 - T01)) / T01)) ^ (gama2 / (gama2 - 1)))
Plan5.Cells(35, 26) = P02
P2 = P02 * (((T2 / T02)) ^ (gama2 / (gama2 - 1)))
Plan5.Cells(36, 26) = P2
Plan4.Cells(3, 6) = T2
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp2 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(32, 26) = cp2
Rar2 = (cp2 / gama2) * (gama2 - 1)
Plan5.Cells(37, 26) = Rar2
rho2 = P2 / (Rar2 * T2)
Plan5.Cells(38, 26) = rho2
C2r_New = mdot / (A2r * rho2)
ErrRel_C2r = Abs((C2r_New - C2r) / C2r)
Plan5.Cells(40, 26) = ErrRel_C2r
Plan4.Cells(3, 6) = T2
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp2 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(32, 26) = cp2
Loop
C2r = C2r_New
Plan5.Cells(28, 26) = C2r
C2u_t = U2 - (C2r / Tan((betab2 * Pi) / 180))
Plan5.Cells(29, 26) = C2u_t
C2u_r = sigma * C2u_t
Plan5.Cells(30, 26) = C2u_r
C2 = Sqr((C2r ^ 2) + (C2u_r ^ 2))
Plan5.Cells(31, 26) = C2
W2t = C2r / Sin((betab2 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(42, 26) = W2t
299
beta2 = (Atn(C2r / (U2 - C2u_r)) * 180) / Pi
Plan5.Cells(44, 26) = beta2
W2 = C2r / Sin((beta2 * Pi) / 180)
Plan5.Cells(41, 26) = W2
alfa2 = ((Atn(C2r / C2u_r)) * 180) / Pi
Plan5.Cells(45, 26) = alfa2
C2t = Sqr((C2r ^ 2) + (C2u_t ^ 2))
Plan5.Cells(43, 26) = C2t
M2 = C2 / Sqr(gama2 * Rar2 * T2 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(46, 26) = M2
End Sub
300
r1h = Plan5.Cells(11, 15)
r1s = Plan5.Cells(12, 15)
MaxErr = Plan5.Cells(13, 15)
r1m = Sqr(((r1s ^ 2) + (r1h ^ 2)) / 2)
Plan5.Cells(12, 26) = r1m
Ain = Pi * ((r1s ^ 2) - (r1h ^ 2))
Plan5.Cells(11, 26) = Ain
U1s = (2 * Pi * r1s * N) / 60
Plan5.Cells(15, 26) = U1s
rho01 = P01 / ((R / MW) * T01)
Plan5.Cells(4, 26) = rho01
'Estimativa da velocidade axial Ca1 na entrada. Assume-se que o escoamento entra
uniformemente no indutor.
'Além disso, considera-se a inexistência de pás de pré-rotação no duto de admissão (alfa1 =
90º).
Ca1 = mdot / (rho01 * Ain)
Plan5.Cells(13, 26) = Ca1
ErrRel1 = 1
Plan5.Cells(22, 26) = ErrRel1
Plan4.Cells(3, 6) = T01
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp1 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(9, 26) = cp1
Do While ErrRel1 > MaxErr
C1 = Ca1
Plan5.Cells(17, 26) = C1
T1 = T01 - ((C1 ^ 2) / (2 * cp1 * 10 ^ 3))
Plan5.Cells(5, 26) = T1
Plan7.Cells(3, 6) = T1
Call Módulo3.ENTRADA_DE_DADOS
gama1 = Plan7.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(8, 26) = gama1
P1 = P01 / ((T01 / T1) ^ (gama1 / (gama1 - 1)))
Plan5.Cells(6, 26) = P1
Rar1 = (cp1 / gama1) * (gama1 - 1)
Plan5.Cells(10, 26) = Rar1
rho1 = P1 / (Rar1 * T1)
Plan5.Cells(7, 26) = rho1
Ca1 = mdot / (rho1 * Ain)
Plan5.Cells(13, 26) = Ca1
ErrRel1 = Abs((C1 - Ca1) / Ca1)
Plan5.Cells(22, 26) = ErrRel1
Plan4.Cells(3, 6) = T1
Call Módulo1.ENTRADA_DE_DADOS
cp1 = Plan4.Cells(4, 6)
Plan5.Cells(9, 26) = cp1
Loop
C1 = Ca1
Plan5.Cells(17, 26) = C1
W1 = Sqr((C1 ^ 2) + (U1s ^ 2))
301
Plan5.Cells(18, 26) = W1
beta1s = (Atn(C1 / U1s) * 180) / Pi
Plan5.Cells(20, 26) = beta1s
U1h = (2 * Pi * N * r1h) / 60
Plan5.Cells(14, 26) = U1h
U1m = (2 * Pi * N * r1m) / 60
Plan5.Cells(16, 26) = U1m
beta1h = (Atn(C1 / U1h) * 180) / Pi
Plan5.Cells(19, 26) = beta1h
beta1m = (Atn(C1 / U1m) * 180) / Pi
Plan5.Cells(21, 26) = beta1m
M1 = C1 / Sqr(gama1 * Rar1 * T1 * 10 ^ 3)
Plan5.Cells(23, 26) = M1
End Sub
302
Dim x(10000) As Double
Dim y(10000) As Double
Dim xint As Double
Dim yint As Double
Dim ilin As Integer
Dim icol As Integer
N = Plan4.Cells(2, 6)
xint = Plan7.Cells(3, 6)
For ilin = 3 To 3 + N - 1
x(ilin - 3) = Plan7.Cells(ilin, 1)
y(ilin - 3) = Plan7.Cells(ilin, 2)
Next ilin
Call Interpolação_Linear(x, y, N, xint, yint)
Plan7.Cells(4, 6) = yint
End Sub
303