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RENDA DE
BEM-ESTAR NA
CAFEICULTURA
BRASILEIRA
PRIMEIRAS DESCOBERTAS DO ESTUDO
SOBRE A RENDA DE PRODUTORES
DE CAFÉ DE MINAS GERAIS E
ESPÍRITO SANTO
Texto: Coordenação geral: ESTUDO: RENDA DE BEM-ESTAR LIVING INCOME | 2023
• Promover diálogo, conscientização e educação sobre legis- A iniciativa, com duração estimada de quatro anos (setem-
lação e boas práticas sociais entre cafeicultores, trabalhado- bro de 2020 a dezembro de 2024), conta com o apoio e
res, técnicos de campo, líderes e formadores de opinião; envolvimento de entidades dos diversos segmentos da cadeia
• Mapear e monitorar condições de trabalho e riscos sociais; cafeeira do Brasil.
• Promover comunicação positiva.
INTRODUÇÃO 04
METODOLOGIA 16
PRINCIPAIS DESCOBERTAS 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS 60
REFERÊNCIAS 67
O produto para cada estrato é o mesmo, café, mas são sistemas de produção dife-
rentes, heterogêneos, o que implica em riscos distintos. Independente do risco, há
produtores que conseguem obter renda para cobrir os custos de produção e custos
de vida e outros não conseguem alcançar uma renda de bem-estar.
De acordo com dados da COMEX STAT (2022), o café do Brasil está em 6º lugar no
• Minas Gerais é o maior estado produtor de café do Brasil com 43% da produ-
ranking das exportações de commodity agrícola, depois de soja, milho, carne bovina,
ção nacional e 65% da produção de café arábica.
açúcar e frango; em 3º lugar no ranking das exportações do setor agropecuário, de-
pois apenas de soja e milho; e em 10º lugar no ranking das exportações totais com
• Espírito Santo é o segundo maior estado produtor de café do país e o principal
2,55% de participação. Cerca de 188 mil unidades produtivas de café arábica e cerca
produtor de café conilon. Cerca de 68% da produção nacional de café conilon/
de 75 mil unidades produtivas de café conilon/robusta estão em mais de mil muni-
robusta ocorre em terras capixabas.
cípios brasileiros. Dessas, cerca de 75 mil unidades têm matas ou florestas naturais
destinadas à preservação permanente ou reserva legal (cerca de 55 mil unidades da
• Aproximadamente 123 mil unidades produtivas estão no estado de Minas Gerais
agricultura familiar) e mais de 2 mil unidades (1.374 unidades da agricultura familiar)
(cerca de 95 mil unidades são da agricultura familiar). O estado representa 46,5%
produzem em sistemas agroflorestais (IBGE, 2017).
dos estabelecimentos com café do Brasil.
O Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE em 2017, encontrou cerca de 205,6 mil
• Aproximadamente 75 mil unidades produtivas estão no Espírito Santo (cerca de
unidades produtivas da agricultura familiar, de um total de 264,36 mil. No entanto,
58 mil unidades são da agricultura familiar).
cerca de 179 mil unidades produtivas não recebem assistência técnica (IBGE, 2017).
MG
250
500
750
SP
1000
1250
RJ
5 Elói Mendes
região, os produtores visitados foram nos municípios
6 de: Paraguaçu e Elói Mendes.
7
8
10
O Cerrado Mineiro teve o desenvolvimento da
13 produção de café tardiamente quando comparada às
A paisagem no Cerrado Mineiro foi bastante modificada pela agropecuária. A região Nessa região, a paisagem das pequenas propriedades produtoras de café tem
possui menos áreas de vegetação nativa que as outras áreas visitadas. Como a geo- elementos mais diversos que em outras regiões, como a presença marcante de bana-
grafia é plana, a cafeicultura é altamente mecanizada e menor dependente de mão neiras, milho, cana de açúcar e outras variedades alimentares que ajudam a compor
de obra. Nesse sentido, as pequenas propriedades de café no Cerrado tendem a ser a nutrição familiar, além de ser uma alternativa de renda ao café. Na região Matas de
geridas pelos próprios produtores; em alguns casos, o produtor atua mais na função Minas, as propriedades tendem a ser menores que em outras regiões, são muito aci-
administrativa e contrata um ou mais funcionários para fazer os serviços de campo, dentadas, e com traço de herança forte em uma comunidade que parecia se conhe-
com máquinas, ficando o proprietário da fazenda como responsável por acompanhar cer bastante. Presença marcante de montanhas em propriedades que se estendem
os trabalhos, garantir as manutenções das máquinas, insumos etc.; ou optam pelo até a região do Alto do Caparaó, com clima fresco e área de matas preservadas.
arrendamento de suas terras para terceiros.
A produção de conilon está concentrada nas regiões Norte e Noroeste do Espí-
A Zona da Mata, ou também denominada como Matas de Minas, é uma região rito Santo, altamente mecanizada, sendo mais de 70% da cafeicultura irrigada, com
com produção de café arábica pautada principalmente na agricultura familiar (IBGE, mecanização parcial da colheita. A área ocupada com a cultura no estado é de cerca
de 285 mil hectares. Foram visitados produtores dos municípios de: Nova Venécia,
tionários que representam a população de 1.222 Conilon 50-100 38 3,0 2 2,2 36 2,9 3 4,4
cafeicultores.
Total 1.247 100,0 92 100,0 1.222 100,0 68 100,0
• Custos de moradia;
PRINCIPAL
acidentes).
Eventos adversos: incêndio, seca, RENDA
enchente, acidente EFETIVA Receita líquida
PRODUÇÃO
da propriedade CONSUMIDA
ESTUDO: DE BEM-ESTAR
RENDAINCOME
ESTUDO LIVING | 2023 LIVING INCOME | 2023 PLATAFORMA GLOBAL DO CAFÉ 19
Este estudo utilizou as estimativas de custo de vida de Tabela 2:
duas fontes secundárias (Tabela 2):
Custo de vida do trabalhador (living income benchmark), segundo mesorregião.
1. O custo de vida necessário para produtores de café
de até 10 hectares, em 2021, estimado entre R$ 0-10 ha 10-100 ha
3.283 e R$ 3.920 mensais, dependendo da região, (Barbosa et al.) (DIEESE)
foi extraído de Barbosa et al 2022.
ES ES
2. O custo de vida necessário para produtores de café MG MG MG Centro Norte Todas as
Mesorregião Cerrado Matas Sul Sul Noroeste regiões
entre 10 e 100 hectares, em 2021, foi extraído do
“salário mínimo necessário” estimado pelo DIEESE, Custo de vida (R$/mês) 3.920 3.283 3.417 3.283 3.283 5.801
no valor de R$ 5.801 mensais.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
• a renda líquida da produção agropecuária (produção vendida principal e secundária, consumida, menos os custos
de produção);
3. Critérios para orientar a visita dos pesquisadores às famílias produtoras, que orien-
tasse o pesquisador a considerar também a existência de vulnerabilidades sociais
e climáticas, permitindo a formação de informações preliminares sobre riscos às
vulnerabilidades.
Relembrando:
A renda de bem-estar é obtida depois de descon-
tar os custos de vida da renda líquida domiciliar. A ren-
da líquida domiciliar é obtida a partir da receita bruta,
descontados os custos de produção.
DA RENDA DE BEM-ESTAR: Renda média de bem-estar (saldo) (R$/mês) 23.796 2.841 18.115 29.478
2
Os limites inferior e superior, apresentados nas Tabelas, são estimativas do interva- Fonte: Dados da pesquisa (2022).
lo de confiança (o intervalo de confiança indica a margem de incerteza da média) da
média com probabilidade de 95% de representatividade da população.
Valores (R$/mês)
25.000
mostra-se mais importante para os produtores de 9.514 23.350
Regiões
MG MG MG ES ES
Cerrado Matas Sul Centro-Sul Norte-Noroeste Total
Estrato de área
PRODUTORES DE CAFÉ
ARÁBICA SEGUNDO 0-5 ha 5-10 ha 10-20 ha 20-50 ha 50-100 ha Total
ESTRATOS DE ÁREA Renda média de bem-estar 3.890 6.669 10.383 30.904 46.420 24.701
(saldo) (R$/mês)
Estrato de área
(53,9%); e auxílios 4 nas regiões Sul e Matas de Minas 3 - Seguro (%) 1,4 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0
Gerais e Centro-Sul do Espírito Santo (de 5,8 a 9,8%). 4 - Outros imóveis rurais (%) 0,1 0,9 0,0 0,8 6,4 0,5
0
Café Trabalho fora
MG Cerrado MG Matas MG Sul ES ES Todos
(n=37) (n=10) (n=12) Centro-Sul Norte-Noroeste (n=68) Outros produtos Serviços e aluguéis
(n=5) (n=4)
-20
Seguro Auxílios
as alternativas da produção agrícola para esses cafei- 2 - Outros produtos (%) 30,0 1,0 -6,8 5,9 -2,3 1,5
cultores. 3 - Seguro (%) 0,0 0,0 0,0 0,5 1,9 1,1
4 - Outros imóveis rurais (%) 1,8 0,0 0,0 0,3 0,1 0,2
Estrato de área
A amostra de café conilon compreende apenas 4
produtores, portanto os resultados desdobrados por 0-50 ha 50-100 ha Total
estrato devem ser tratados com cautela (Tabela 14).
Renda efetiva anual
O café conilon participa da renda efetiva do domicílio
com 33,5%. As principais fontes de complementação Total (%) 100,0 100,0 100,0
de rendimentos (53,9%) estão no conjunto: presta- 1 - Café (%) 36,1 33,0 33,5
ção de serviços, aluguéis e arrendamento de terras. 2 - Outros produtos (%) 3,5 -2,9 -1,9
Os produtores no estrato 50-100 hectares têm o
3 - Seguro (%) 0,0 0,0 0,0
café como fonte para 33,0% da renda efetiva, sen-
do serviços e aluguéis a principal fonte complementar 4 - Outros imóveis rurais (%) 35,2 1,1 6,4
(63,9%). Os resultados no estrato de 0 50 ha podem 5 - Trabalho fora (%) 25,2 3,8 7,1
conduzir para uma interpretação equivocada devido 6 - Serviços e aluguéis (%) 0,0 63,9 53,9
ao baixo número de observações (n=1).
7 - Auxílios (%) 0,0 1,1 0,9
de café até 100 ha, segundo região: (a) arábica, (b) conilon. Outros produtos Serviços e aluguéis
Seguro Auxílios
a. Arábica b. Conilon
100 100
4.1 3.7
10.9 6.2 6.8
20.7 11.8 4.7 4.6 25.2
14.1 6.1
80 6.1 80
16.8 53.9
12.3 63.9
Receita líquida (%)
0 0
-6.3
-20
0-5 ha (n=6) 5-10 ha (n=10) 10-20 ha (n=7) 20-50 ha (n=29) 50-100 ha (n=14) Todos (n=64) 0-50 ha (n=1) 50-100 ha (n=3) Totala (n=4)
A produtividade média do café no biênio das safras 2019/20 e 2020/21 foi de 34,85
sacas 60kg/ha. Destaca-se a alta produtividade no primeiro ano, 46,20 sacas 60kg/ha e a
baixa produtividade na safra 2020/21, de 22,26 sacas 60 kg/ha (Tabela 15).
Tabela 15:
Produtividade média da produção de café, safras 2019/20 e 2020/21,
resultados expandidos para população (n=68, N=1.222).
Limite Limite
Erro inferior superior
Média padrão (95%) (95%)
Tabela 16:
Produtividade média do café arábica segundo estrato, safras 2019/20 e
2020/21, resultados restritos à amostra (n=64).
Estrato de área
Tabela 17:
Produtividade média do café conilon segundo
estrato, safras 2019/20 e 2020/21, resultados
restritos à amostra (n=4).
Estrato de área
Tabela 18:
Produtividade média da produção de café segundo regiões, safras 2019/20 • Destaca-se os efeitos adversos do clima, de forma
e 2020/21, resultados restritos à amostra (n=68). diferenciada entre regiões, sobre a produtividade
na safra 2020/21. A geada seguida de seca, afetou
mais fortemente as regiões do Cerrado e do Sul de
Regiões Minas Gerais, com quedas entre 60 e 65% entre
as safras de 2019/20 e 2020/21.
MG MG MG ES ES
Cerrado Matas Sul Centro-Sul Norte-Noroeste Total
• Este efeito é propagado diretamente para as recei-
Produtividade 2019/20 (sc.60kg/ 47,72 58,21 39,99 22,04 44,98 46,20
ha) tas obtidas, bem como para a estimativa de rendi-
Produtividade 2020/21 (sc.60kg/ 24,78 22,77 14,08 12,86 31,61 22,26 mento de bem-estar (living income), revelando-se
ha)
Produtividade biênio (sc.60kg/ha) 37,20 41,43 27,01 17,10 38,28 34,85
uma importante fonte de vulnerabilidade dos cafei-
cultores.
Frequência amostra (n) 37 10 12 5 4 68
Limite Limite
As estimativas de rentabilidade da produção de café Erro inferior superior
Média padrão (95%) (95%)
relativa à área – receita líquida e receita bruta – são
apresentadas na Tabela 19 a seguir. A receita bruta (por
hectare) média corresponde à R$ 29.230, enquanto a Receita bruta (R$/ha) 29.320 2.283 24.756 33.885
receita líquida (por hectare) é de R$ 15.186, para um Receita líquida (R$/ha) 15.186 2.198 10.792 19.581
custo operacional efetivo médio de R$ 14.134, (por
Custo operacional efetivo (R$/ha) 14.134 935 12.266 16.003
hectare). Como resultado da relação entre as três va-
riáveis, a receita líquida média está na faixa de 43 e
Custo fixo (R$/ha) 2.371 275 1.821 2.923
58% da receita bruta por hectare. Os custos variáveis
Custo variável (R$/ha) 11.762 847 10.070 13.455
correspondem a 83,2% do custo operacional efetivo.
MG MG MG ES ES
Cerrado Matas Sul Centro-Sul Norte-Noroeste Total
Custo operacional efetivo (R$/ha) 12.780 20.344 14.321 6.753 16.042 14.134
preços históricos de café arábica. Esta é desdobrada café beneficiado (1994 a 2021) e preços constantes dos preços declarados na pesquisa de campo realizada em 2022,
referentes ao café arábica comercializado em 2020 e 2021. Os
tematicamente, em renda de bem-estar, rentabilidade da amostra (2020/2021*). preços originais foram corrigidos para Dezembro/2021, utilizan-
do-se o Índice Geral de Preços (IGP-DI, FGV).
e receita bruta do café, finalizando com custo opera-
cional efetivo. 1800
Histórico
Amostra
1600
1400
1000
Média=879
800 Mediana=801
P10=624
600
400
Histórico
MG Cerrado
800
MG Matas
MG Sul
600 ES Centro-Sul
ES Norte-Noroeste
400
Histórico Arábica Arábica Arábica Arábica Arábica Conilon Conilon Fonte: Dados da pesquisa (2022), OIC (2022).
5
Os estratos de produtores de café conilon foram adicionados ao conjunto de resul- 0-5 ha 5-10 ha 10-20 ha 20-50 ha 50-100 ha 0-50 ha 50-100 ha
tados somente para efeito comparativo. O mercado de café conilon é caracterizado
por preços mais baixos correspondentes à menor qualidade relativa, comparada à Estrato
qualidade do arábica.
* O período de 28 anos compreende uma janela de tempo suficiente para a consolidação de um produtor na cafeicultura. É tempo
suficiente para desenvolver conhecimento – por meio das experiências com distintos cenários econômicos e ambientais – e patrimônio
produtivo.
50.000 50.207 Renda líquida se fosse aplicado 60.000 Preço Percentil 10% (R$ 624)
o preço que corresponde aos
MAIORES valores históricos 90.000
(limite dos 10% maiores)
40.000 80.000
70.000
Renda líquida se fosse
30.000 aplicado o PREÇO MÉDIO 60.000
dos últimos 28 anos
27.599
50.000
24.701 Renda líquida realizada ao 46.419
PREÇO CORRENTE 40.000
20.000
30.000 30.904
13.636 Renda líquida se fosse aplicado
o preço que corresponde aos
10.000 20.000
MENORES valores históricos
(limite dos 10% menores)
10.000
10.383
3.890 6.669
0 0
Secas prolongadas afetaram a safra de 2022 no Sul de Minas Gerais. A cooperativa Boa parte dos produtores entrevistados só percebeu diminuição na lavoura por efei-
local, participante do estudo, forneceu um seguro rural para os produtores coope- tos do clima para a safra de 2022, ou seja, não perceberam alteração climática in-
rados para contornar as perdas de rentabilidade causadas pela seca, mas o seguro terferindo na produção de café até 2021. Outros, já perceberam em 2021 e não
começa a valer para efeitos de seca a partir de 2023. Preocupações com o clima e o em 2022. A região de Manhumirim é próxima à Serra do Caparaó, é montanhosa e
êxodo rural já estão no planejamento da cooperativa, sendo a agricultura regenerativa possui ainda considerável parte de mata nativa, ou seja, o microclima pode ajudar na
e os sistemas diversificados os caminhos sendo colocados em prática, assim como regulação do clima e atenuar diferenças no regime de chuvas que foram percebidos
treinamentos e cursos para a permanência da família no campo. Alguns produtores em outros locais. Talvez, se a geografia fosse mais plana e houvesse pouca ou quase
encontraram meios para minimizar o uso de agrotóxicos e fertilizantes como forma nenhuma área de mata, haveria um panorama diferente. Por outro lado, a erosão
de reduzir os custos de produção, através de um manejo racional da nutrição do passou a ser um problema preocupante na área de Manhumirim, derrubando cafezais
cafezal e do solo. e colocando em risco casas de produtores e a produção de café.
Diversos foram os relatos de perda de safra pela falta de chuvas, excesso de chuvas Muitos entrevistados relataram que há dez anos a adoção dos sistemas de irrigação foi
concentradas, granizo e geada, e até mesmo ausência de insetos para polinização. fundamental para se alcançar maiores níveis de produtividade, manter o nível médio
De todas as regiões visitadas, a que apresentou maior presença de geada parece ter de produção e contornar problemas de secas prolongadas. No entanto, somente
sido o Cerrado Mineiro. A geada de 2021, para diversos produtores, não teve efei- a irrigação não é suficiente e a água se torna cada vez mais escassa na região, dessa
to naquele ano, porque, em determinada região, o café já estava formado. A partir forma, muitos produtores, com poder aquisitivo, estão considerando adotar práticas
disso, colheu-se, e só depois se esqueletou, recepou ou retirou a planta. Ou seja, de agricultura regenerativa, integração de cultivos, dentre outras abordagens para
o prejuízo virá a partir da safra de 2022 e não na safra de 2021. A geada de 2019, alcançar uma produção sustentável e mais resiliente.
acontecendo como a de 2021, também diminui a produção dos anos seguintes.
As propriedades são organizadas e têm produtores com mais poder aquisitivo do que
em Matas de Minas. Tanto em Matas de Minas quanto na região de Marechal Floriano,
é comum uma lavoura de café mais dependente de mão de obra para as atividades da
lavoura, já que ali o uso de tratores é impossibilitado pela geografia, o que deixa essa
região à mercê de trabalhadores temporários em épocas de maior demanda. No
caso, há presença de meeiros para resolver este problema. Os produtores observa-
ram diferenças no padrão de chuvas e seca. Inclusive, para 2022 foi relatado perdas
de café devido ao excesso de chuvas no final de 2021.
6
Lembrando que as observações feitas em campo não representam a amostra. São observações feitas pelos pesquisadores durante
visitas aos produtores.
Nesse sentido, os resultados deste estudo contribuem para a disseminação de uma É importante notar que durante o período de referência para os dados coletados nes-
nova perspectiva aliada à sustentabilidade, junto ao ambiente facilitador, com a pre- te estudo, que foi de janeiro de 2020 a junho de 2021, ocorreram eventos climáticos
sença de cooperativas, buscando posicionar os agricultores familiares como parte da relevantes: uma geada e uma seca significativas, que fizeram com que os preços do
solução ambiental e baixa emissão de carbono, a partir das boas práticas agrícolas, café subissem para um patamar muito acima da média histórica. E a pandemia, que
proteção do meio ambiente e das águas, como ações importantes para superar as mudou um pouco a dinâmica financeira dos mercados e produtos.
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