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Índice
Introdução 9
Agradecimentos 303
Nota do autor 305
Notas 307
Passos seguintes 333
Índice remissivo 335
INTRODUÇÃO 9
Introdução
Somos atraídos pelo amor como somos atraídos por uma flor
– primeiro pela beleza e pelo fascínio –, mas a única maneira de
a mantermos viva é através de cuidados e uma atenção constantes.
O amor é um esforço diário. E o que pretendo neste livro é desen-
volver o hábito do amor consigo. Vou mostrar-lhe práticas, formas
de pensar e ferramentas que o ajudarão a amar e a ser retribuído
por esse amor todos os dias, estação após estação.
Diz-se que o maior propósito do ser humano é amar e ser amado.
Acreditamos no amor – faz parte da nossa natureza sentirmo-nos
atraídos por histórias de amor, ansiarmos por viver a nossa e termos
esperança de que o verdadeiro amor exista. Muitos de nós, contudo,
também sabemos como é ser uma flor que foi colhida e posta na
água, apenas para murchar e perder o vigor. Talvez já se tenha sen-
tido assim, ou também já tenha colhido e descartado algumas flores.
Ou talvez ainda não tenha encontrado o amor e continue à procura.
Estas desilusões podem assumir diferentes formas: acreditar que está
apaixonado e depois sentir-se ludibriado. Acreditar que o que sente
é amor e acabar por descobrir que é apenas desejo. Ter a certeza
de que é amor, mas descobrir que, afinal, tudo não passou de uma
mentira. Achar que é um amor para durar e, em vez disso, vê-lo es-
morecer. Talvez tenha medo de assumir um compromisso, ou escolha
pessoas que tenham esse medo, ou estabeleça padrões muito altos
sem que o outro tenha hipótese de corresponder. Talvez ainda tenha
na cabeça um relacionamento passado ou talvez tenha tido apenas
azar. Em vez de acreditar em falsas promessas ou em pessoas que
não correspondem ao que deseja, em vez de se sentir derrotado ou
desanimado, em vez de ter desgosto atrás de desgosto, quero que
experiencie o amor pleno que sempre acreditou existir.
A prática do amor
que cresça a cada dia, que expanda e evolua, e não que lhe chegue
às mãos já realizado e completo. Não podemos saber onde nem
quando encontraremos o amor, mas podemos preparar-nos e pôr
em prática o que aprendemos quando o encontrarmos.
Os Vedas descrevem quatro etapas da vida, e essas são as salas
de aula onde aprenderemos as regras do amor para o podermos re-
conhecer e aproveitar ao máximo quando vier ao nosso encontro.
Em vez de apresentar o amor como um conceito etéreo, os Vedas
descrevem-no como uma série de passos, etapas e experiências que
traçam um caminho claro a seguir. Depois de aprendidas as lições
de um nível, passamos para o seguinte. Se tivermos dificuldade
ou avançarmos uma etapa antes de a dominarmos, acabaremos
por regressar à lição que ficou por saber – a vida encarregar-se-
-á de nos empurrar de volta a esse trilho. As quatro salas de aula
são: Brahmacharya ashram, Grhastha ashram, Vanaprastha ashram
e Sannyasa ashram.
Se procurar a definição de ashram num dicionário, descobrirá
que significa “eremitério”. Geralmente, os significados das palavras
em sânscrito aparecem reduzidos ao essencial nas definições tradu-
zidas, mas na prática têm mais profundidade. Defino ashram como
uma escola de aprendizagem, crescimento e apoio. Um santuário
para o autodesenvolvimento, um pouco como o ashram onde vivi
como monge durante alguns anos. Estamos destinados a aprender
em todas as etapas da vida.
INTRODUÇÃO 15
a forma como lida com o conflito, seja qual for a situação. Estas
regras entram em jogo em todos os cenários da vida.
Este livro não é um conjunto de técnicas manipuladoras. Não
lhe vou ensinar frases de engate infalíveis. Não lhe vou dizer como
se transformar na pessoa que a sua cara-metade gostaria que fosse
nem como a converter na pessoa dos seus sonhos. O que aqui se
pretende é que assuma as suas preferências e inclinações para que
não perca tempo com alguém que não é a melhor opção para si.
Que aprenda a comunicar os seus valores, e não a anunciar-se ao
mundo. Trata-se de deixar de lado toda a raiva, ganância, ego, inse-
gurança e confusão que lhe toldam o coração e interferem na sua
capacidade de amar. Pelo caminho, ensinar-lhe-ei técnicas para
aprender a lidar com a solidão, a libertar-se de falsas expectativas,
a cultivar a intimidade e a curar um coração partido.
por cavalos brancos que nos levou a passear, passando pelos prin-
cipais pontos turísticos da cidade. Enquanto desfilávamos, a Radhi
ia gritando “estou noiva!” e as pessoas aplaudiam-nos pelas ruas.
Finalmente, decidimos partilhar as boas novas com os pais dela.
Mas, pelo caminho, umas manchas vermelhas estranhas come-
çaram a aparecer por todo o rosto da Radhi. Quando chegámos
a casa dos pais dela, a Radhi estava cheia de urticária, e as pri-
meiras palavras dos progenitores não foram “parabéns!”, mas antes:
“O que se passa com a tua cara?” Esse foi o dia em que descobri-
mos que a Radhi é alérgica a cavalos.
Achei que tinha engendrado o pedido de casamento perfeito,
mas com o passar do tempo percebi que todas as minhas ideias
eram o resultado direto da influência dos filmes da Disney e de
vídeos virais de pedidos de casamento que tinha visto na Internet.
A Radhi gosta de música a capella? Sim, mas não gosta de ges-
tos grandiosos nem de grandes alaridos. Tem algum apego especial
pelo rio Tamisa ou o sonho de passear a cavalo por Londres? Na
verdade, não. Claramente, estar perto de cavalos e coberta de urti-
cária não foi a noite ideal. E ainda por cima, os diamantes não são
a sua pedra preciosa de eleição. De que gosta realmente a Radhi?
Bom, é verdade que adora comida, mas, embora eu tivesse provi-
denciado que um restaurante vegano nos entregasse o jantar junto
ao rio, a comida chegou fria e desenxabida. O único detalhe que
lhe poderia ter agradado mais foi precisamente aquele a que dedi-
quei menos cuidado, e que resultou na pior execução. Além disso,
a Radhi é muito chegada à família, e se eu tivesse tido isso em con-
sideração, ter-lhes-ia pedido que saltassem dos arbustos para nos
surpreenderem, em vez dos cantores. Ela teria adorado!
Feitas as contas, foi uma noite com peripécias engraçadas e eu
tive sorte. A Radhi disse sim e nunca se queixou de nada, mas o meu
pedido não foi particularmente pessoal. Ao longo da vida, vi sempre
o amor representado através de gestos românticos exagerados, e pen-
sei que era a única maneira de lhe mostrar o que sentia. A urticária
foi um pequeno indício de que eu não sabia o que estava a fazer; de
que deveria ter pensado na pessoa que estava à minha frente e não
20 AS 8 REGRAS DO AMOR
PRIMEIRA PARTE
Tempo a sós:
aprender a amar-se