Você está na página 1de 129

Regime dos Shifters 13

Charlie Richards

Mantendo a Paz: enquanto escolta seu rei em uma missão


diplomática, um dragão tropeça em alguém que ameaça seu
compromisso com seu dever.
Vicar Rhomes teve a honra de ser chefe da guarda de honra do rei
Leortis, o rei dragão, por vários séculos. Escoltar o rei para Savannah para
discutir um dragão desonesto que eles estão rastreando com o Conselho
Shifter é um procedimento normal. Juntando-se a alguns vereadores para
uma refeição, Vicar enche seu prato apenas para tropeçar em uma linda
gracinha de cabelos ruivos... derramando sua sopa de mariscos em cima
do pobre homem. Mortificado, Vicar ataca o shifter. É só depois que a
beleza ruborizada tira sua camisa que Vicar sente o cheiro do seu
perfume inebriante e descobre quem o homem é para ele, seu
companheiro.
Ficar encharcado de ensopado de mariscos não é a pior coisa que já
aconteceu com Desmond enquanto trabalhava no refeitório. É a
humilhação jorrada pelo enorme e lindo homem negro que o faz corar.
Depois de tirar a camisa suja, Desmond garante ao homem que vai pegar
uma tigela nova para ele... e fica chocado quando o cara faz uma volta de
180 graus quase caindo sobre si mesmo para se desculpar. Então
Desmond sente o cheiro do homem e percebe a origem da sua mudança
repentina. O cara é seu companheiro... e ele não é apenas um dragão,
mas um poderoso. Enquanto Desmond quer seu companheiro, ele
permanece cauteloso. Ele não pode deixar de se perguntar qual
personalidade é a verdadeira do dragão.

2
Vicar pode descobrir como continuar cumprindo seu dever para
com seu rei enquanto prova a Desmond que ele não é um idiota
absoluto?

01 – Hackeando as Consequências
02 – O Gato que enlaçou o Peru
03 – Queimando os pães do Chef
04 – Croc no Menu
05 - Cobra Disfarçada
06 - Técnicas de Interrogação
07 – Serpenteando o Tigre
08 – Curando Seu Para Sempre
09 – Caçando Seu Humano
10 – O Mecânico do Búfalo
11 - Revelando Seu Dragão Escondido
12 - O Coração do Seu Traidor
13 – Tropeçando Em Seu Amor
14 – .....

3
— Gaithnos foi destituído de seu título de ancião e foi rotulado de
desonesto, — disse o rei Leortis Vermilion ao vereador Regales Colearian.
O rei dragão suspirou enquanto balançava a cabeça. — Peço desculpas
por ter levado quase seis meses para que isso acontecesse. — Leortis
sorriu com tristeza. — Posso ser rei, mas ainda tenho que lidar com a
maldita diplomacia de aplacar os dragões anciões.
— A diplomacia é uma droga às vezes. — Regales estremeceu
antes de limpar sua expressão. Um brilho curioso entrou nos olhos
escuros do shifter pardo. — Quanto poder os dragões anciões realmente
têm? Eles são anciãos como o Círculo dos Anciões das gárgulas? Ou isso é
apenas um título?
Vicar Rhomes mal resistiu, permitindo que seus olhos se
arregalassem de surpresa com as perguntas diretas. O funcionamento
interno da realeza e da cultura dos dragões era um segredo bem
guardado. Nenhum dragão real queria admitir que, ocasionalmente, suas
mãos poderiam ser amarradas por um bando de dragões envelhecidos e
autoritários.
Sentado no opulento salão, com quase uma dúzia de pessoas na
sala, Vicar se perguntou como o rei Leortis reagiria.
Enquanto chefe da guarda de honra do rei Leortis, Vicar tinha o
dever e a honra de escoltar seu rei quase todas as vezes que ele deixava o
palácio. O cargo lhe tinha sido oferecido por Leortis quando ele assumiu
como rei dragão de seu próprio Senhor mais de duzentos anos antes.
Vicar tinha muito orgulho dos seus deveres.
Para tanto, Vicar ficou atrás e à esquerda de onde o rei Leortis
estava sentado no grande salão. Além de Leortis e Regales, havia outros
quatro vereadores na sala. O guarda Warzer, um companheiro dragão
que também agia como seu motorista, estava parado perto da porta atrás

4
deles. Havia também um guarda shifter para cada vereador presente na
sala.
Muitas pessoas estão a par dos segredos do dragão.
— Os dragões anciões são qualquer dragão com mais de dois mil
anos de idade e que deseja participar de certas reuniões, — explicou o rei
Leortis, surpreendendo Vicar com sua resposta sincera. — Na maioria das
vezes, os dragões dessa idade são solitários, então a maioria não se
incomoda. — Com um encolher de ombros, o rei acrescentou: — E a
única maneira de eles derrubar algum decreto que eu aprovei é se eles
forem unânimes.
Atrás de Vicar, Warzer reprimiu uma bufada.
Leortis sorriu enquanto olhava por cima do ombro para o dragão
verde, que parecia um guerreiro loiro em forma humana.
Quando Leortis se virou, o conselheiro Vincentius Goldstein arqueou
uma sobrancelha escura. — Acho que isso não acontece com muita
frequência, — o shifter leão brincou.
— Uh, não, — Rei Leortis confirmou. Deixando escapar uma risada
suave, ele lhes disse: — Os dragões realmente são notórios por discutir
apenas por discutir.
Vicar estremeceu mentalmente.
Sim, os dragões podem realmente ser elitistas opinativos.
— De qualquer forma, se alguém do seu povo ouvir alguma coisa
sobre o paradeiro de Gaithnos, por favor, passe para nós o mais rápido
possível, — Leortis continuou, voltando ao assunto original. — Tivemos
algumas pistas, mas até agora, nada deu certo.
— Absolutamente. Vamos espalhar a palavra e fazer com que
nosso pessoal mantenha os olhos abertos. Já é hora de nosso povo se
unir mais, — o vereador Lorian Bakerman concordou com uma inclinação

5
de seu queixo barbudo. Os profundos olhos castanhos do shifter búfalo
brilharam enquanto ele continuava: — E por falar em nos unirmos, vamos
passar para um assunto muito mais feliz. — Com um sorriso, Lorian
terminou, — o nascimento iminente de Charon.
Esse era o segundo motivo da viagem do Rei Leortis aos arredores
de Savannah, na Geórgia.
Charon era um jovem dragão ômega que recentemente encontrou
seu companheiro predestinado em um shifter dragão de Komodo, Dakota
Drudeson. Devido ao ex-ancião Gaithnos ter um feitiço lançado sobre
Charon, os dois estiveram próximos um do outro por anos antes de
perceber que eram companheiros. Sua exuberância em finalmente
descobrir um ao outro resultou em Charon sendo engravidado logo de
cara.
Felizmente, os dois homens estavam ansiosos pelo acréscimo à
família, e Dakota tinha dois irmãos que estavam acasalados e estariam ao
seu lado para ajudar.
Com apenas um dos pares sendo um dragão, no entanto, isso
deixou o pequeno problema de chocar o ovo. Exigia as chamas, ou gelo,
de dois dragões para chocá-lo. Isso significava que o par precisava de
ajuda, e Charon não tinha família reconhecida.
— Estou realmente honrado em intervir e ajudar Charon durante
esta ocasião importante, — afirmou Leortis com um sorriso. — Eu não
participei de um nascimento de dragão em mais de um século. Não desde
que meu herdeiro Leonidas nasceu,
— E nós nunca vimos isso, — admitiu o vereador Nigel Granis com
um sorriso irônico. O shifter tigre relaxou em seu assento, descansando o
tornozelo esquerdo na coxa direita. — Será uma honra fazer parte da
cerimônia.
Incapaz de se conter, Vicar deixou escapar: — Você vai?

6
Nigel assentiu, um sorriso malicioso lentamente curvando seus
lábios. — Desde que ele começou a participar de nossos churrascos,
vários de nós, vereadores, conhecemos Charon. — Ele acenou com a mão
para indicar os outros homens sorrindo e balançando a cabeça na sala. —
Charon é um homem maravilhoso. — Nivelando seu olhar em Leortis,
Nigel comentou: — Eu entendo que você o criou como um protegido. Os
pais dele o deixaram com você?
Leortis fez uma careta ao mesmo tempo em que acenou com a
cabeça em confirmação. — Embora os ômegas tenham feito parte da
nossa cultura desde o início, ainda existem alguns dragões de mente
estreita que pensam que são fracos ou antinaturais. — O rei suspirou
pesadamente, a tristeza preenchendo seu semblante. — Ele foi deixado
em nosso portão quando criança. Pelo que entendi, Charon tem muito
poucas lembranças de seu pai. — Com um revirar de olhos muito
ingênuo, Leortis acrescentou: — Bem, além das palavras de cautela,
sempre tenha cuidado com o que ele promete às pessoas.
Vicar mal conseguiu esconder sua surpresa ao ouvir as palavras
imprudentes de Leortis. O fato de que a palavra de um ômega estava
perto de seu vínculo era um segredo cuidadosamente guardado. Afinal,
esse conhecimento nas mãos erradas poderia causar problemas para
ômegas em todos os lugares.
Na verdade, estou surpreso que o pai de Charon soubesse. Agora
eu me pergunto quem diabos ele era.
— Por que? — Regales perguntou, arqueando uma sobrancelha
escura.
— Ah. Bem. — Leortis sorriu enquanto soltava um suspiro. — Isso é
algo que eu provavelmente não deveria ter mencionado. — Com um
olhar pesaroso, ele afirmou: — Vamos apenas dizer que o poder da
palavra falada é especialmente potente quando se trata de dragões
ômega.

7
— Críptico, — afirmou o vereador Shane Alvaro com um sorriso. O
shifter lobo piscou enquanto continuava: — O que me diz que é algo que
realmente não precisamos saber. — Shane relaxou em sua cadeira. —
Então, os dragões ômega podem realmente planejar ou saber com
antecedência quando terão seus filhotes?
— Um ômega tem esse dom até certo ponto, — revelou Leortis. —
Devido à linha de parto que aparece em seu abdômen, saberemos dentro
de 48 horas.
Sorrindo, Shane afirmou: — Droga, meu companheiro e eu com
certeza teríamos apreciado essa habilidade. — Com uma gargalhada,
Shane admitiu: — A espera é a parte mais difícil de ter um filho.
Leortis sorriu, acenando com a cabeça em compreensão. — Eu
entendo perfeitamente. Leonidas nasceu de um dragão fêmea, então
também não tínhamos essa habilidade. — Dando de ombros, ele lhes
disse: — Nós visitaremos Charon e seu companheiro amanhã junto com o
Doutor Fulstat. Como vocês são todos amigos, tenho certeza de que ele
passará adiante qualquer notícia sobre o tempo depois disso.
— Fico feliz em ouvir isso. — Lorian sorriu amplamente. — Charon
e Dakota serão pais maravilhosos.
— Eles serão, — Regales concordou, sorrindo. Ele esfregou as
mãos. — Faz muito tempo desde que os corredores do quartel-general
shifter ressoaram com o tamborilar de pezinhos. Espero que mais casais
tenham filhos em breve.
Shane balançou as sobrancelhas quando afirmou: — Você e Theo
sempre podem adotar.
Vicar sabia que Shane estava se referindo ao companheiro humano
de Regales — Theodore Conway, Theo para seus amigos. Embora, ele
ainda não tivesse conhecido o homem.

8
Zombando, Regales balançou a cabeça. — Estou muito velho para
criar um filho e sei que Theo não tem nenhum interesse nisso. —
Sorrindo, ele olhou por cima do ombro para o guarda que estava atrás
dele. — Eu serei como Dane, aqui. Um tio amoroso que pode devolver o
pequenino quando ele começa a feder.
Dane, que era o irmão do meio de Dakota, bufou. — Eu não. Vou
apenas entregar o pequenino para Danny ou Miggs, — ele alegou,
referindo-se a seu próprio companheiro humano, bem como ao
companheiro shifter cobaia de seu irmão mais velho, Delanrue. Olhando
de soslaio enquanto balançava a cabeça, Dane acrescentou: — Miggs tem
experiência com esse tipo de coisa e está realmente ansioso por isso. Ele
até deixou Danny animado.
— Parece que Charon e Dakota terão muita ajuda, — afirmou
Leortis, calor preenchendo seu tom. — Fico feliz em ouvir isso.
Levantando-se da sua cadeira com um sorriso curvando seus lábios
carnudos, Regales indicou o fim da reunião sem dizer uma palavra. —
Vou encontrar Theo em alguns minutos no refeitório, — ele lhes disse. —
Vocês gostariam de se juntar a mim?
Enquanto arqueava uma sobrancelha, Vicar se concentrou em
Leortis. — Você gostaria de comer aqui ou voltar para nossos
alojamentos? — Eles alugaram uma grande e adorável casa de quatro
quartos que oferecia a ele, Warzer e ao par acasalado muito espaço.
— Esqueci de te contar? — Leortis estremeceu, parecendo culpado
ao se levantar. — Cardin está fazendo um tour pelo local com Theo.
Devemos nos encontrar com eles no refeitório.
Rosnando baixinho, Vicar murmurou: — Sua alteza, se eu soubesse
disso, teria designado Warzer para acompanhá-lo. — Ele engoliu em seco
antes de murmurar: — E se algo acontece com ele?

9
— Eu designei Priest, um dos nossos melhores executores, para
acompanhar os dois, para grande aborrecimento de Theo, — Regales
ofereceu, movendo-se para o lado deles. — Ele não permitirá que nada
aconteça a nenhum deles. — Com a expressão cheia de orgulho, o shifter
pardo acrescentou: — Além disso, meu homem é um ex-Navy SEAL. Ele
pode cuidar de si mesmo.
— Contra um shifter, talvez. — Vicar não pretendia questionar
Regales, mas ainda sentia muita urgência em chegar ao companheiro do
rei. — Mas e quanto a um dragão?
Dando de ombros, Regales sorriu, não parecendo nem um pouco
chateado. — Bem, ele também carrega uma arma tranquilizante, então
acho que ele vai ficar bem.
Leortis riu enquanto dava um tapinha no ombro de Vicar. — Vamos,
Vic. Vamos rastreá-los. — Com um sorriso largo, ele declarou: — Sei que
isso fará você se sentir melhor.
Vicar assentiu. — Realmente seria.
Enquanto chefe da guarda de honra, Vicar estava encarregado da
segurança não apenas do seu rei, mas também do companheiro do rei.
Ele não podia gritar com Leortis em público, mas uma vez que eles
estivessem atrás de portas fechadas, seu melhor amigo iria receber uma
bronca. Leortis não deveria estar puxando merda assim para cima dele.
Lutando contra sua inquietação, Vicar fez o possível para não
apressar Leortis e Regales enquanto se dirigiam ao refeitório. Os pelos da
sua nuca se arrepiaram, e ele sentiu uma pontada de mal-estar descer por
sua espinha. Vicar até sentiu seu dragão se mexer e se preocupou com o
que estava reagindo.
Há algo de errado com o companheiro do rei?
Dane esbarrou no braço de Vicar, chamando sua atenção. — Vai
ficar tudo bem, — ele assegurou suavemente, obviamente percebendo a

10
inquietação de Vicar. — Acontece que sei que há muitos executores por aí
que ficariam mais do que felizes em intervir e ajudar se algo estranho
acontecesse. — Oferecendo-lhe um sorriso tranquilizador, o shifter
dragão de Komodo acrescentou: — Estaremos lá em um minuto e você
verá por si mesmo.
Com certeza, um momento depois, Vicar seguiu Dane para o
refeitório. Ele examinou a sala, procurando automaticamente por perigo,
mas não havia nenhum. Vicar viu Cardin, no entanto. O humano estava
sentado e conversando com um homem de cabelos escuros enquanto um
enorme homem negro descansava na mesa com eles, mas os olhos do
cara nunca paravam de escanear o lugar.
Obviamente Priest.
O alívio tomou conta de Vicar enquanto ele seguia Leortis em
direção à mesa.
Warzer tocou a parte de trás do seu braço antes de sussurrar em
um tom quase inaudível que mal alcançou Vicar: — Sinto sua dor, Senhor.
O rei teria destruído o mundo se algo tivesse acontecido com seu
companheiro.
Vicar baixou o queixo em um aceno de concordância quase
imperceptível. Ele observou Leortis parar na mesa e dobrar a cintura. Seu
rei pressionou um beijo nos lábios de Cardin, e seu humano deu as boas-
vindas à atenção, mesmo corando levemente. Vicar notou Regales
fazendo algo semelhante com Theo, embora o beijo deles parecesse um
pouco mais carnal, fazendo com que Vicar desviasse o olhar.
Quando Leortis se endireitou, ele continuou a passar os dedos pelo
cabelo de Cardin. — Vou pegar um prato de comida, meu amor. Posso
trazer alguma coisa para você?

11
Cardin olhou para Leortis através dos seus cílios enquanto sorria
para o rei. — Eu adoraria um pouco mais de pudim de tapioca. É
realmente bom.
— Como quiser, meu amor. — Leortis deu outro beijo nos lábios de
Cardin antes de soltá-lo. Então ele se moveu em direção ao bufê.
Em seguida, Vicar olhou para a enorme extensão. Havia todo tipo
de oferta, de bife a lagosta, com uma variedade de pratos de caçarola e
batata como acompanhamento. Ele avistou o bufê de sopas e saladas e
sua atenção se voltou para um recipiente rotulado como tigelas de pão.
Vicar seguiu naquela direção. Quando ele viu que uma das sopas
oferecidas era ensopado de mariscos, ele se decidiu. Depois de pegar um
prato, Vicar pegou um rolo de talheres embrulhado em guardanapo.
Então ele escolheu uma tigela de pão e a encheu até a borda com a sopa
de cheiro delicioso.
Observando Leortis ir para a direita, onde ficava o balcão de
sobremesas, Vicar começou a girar para a esquerda, em direção às
opções de refeição. Sua bandeja bateu em alguma coisa, e seus dedos
deslizaram ao longo da borda. Ele se mexeu, tentando endireitá-la, mas
mesmo com seus reflexos de dragão, ele ainda não conseguiu consertar a
bandeja a tempo.
A tigela cheia de ensopado de mariscos de Vicar caiu para o lado...
derramando-se não em alguma coisa, mas em alguém. Um homem que
obviamente estava enchendo um dos tonéis de sopa estava parado ali,
seus lábios carnudos se abriram em surpresa. Ele olhou para Vicar com
olhos castanhos arregalados e chocados. Sopa grossa escorria de seu
queixo ligeiramente pontudo para cair em sua camisa já encharcada.
Duas coisas atingiram Vicar ao mesmo tempo, o homem de cabelo
ruivo era muito bonito, fazendo seu pau se mexer. Infelizmente, a
segunda sensação venceu, mortificação.

12
O constrangimento inundou Vicar e, embora soubesse que deveria
se desculpar, ele atacou.
— Filho da puta, seu imbecil, — Vicar rosnou, olhando para o
homem bonito. — Você não pode se esgueirar enquanto as pessoas estão
carregando bandejas de comida. O que diabos estava acontecendo
naquele seu cérebro do tamanho de uma ervilha? — Zombando, Vicar
acrescentou: — Você deveria ser dispensado para fazer merdas como
essa.
O homem se encolheu um pouco, fazendo com que o estômago de
Vicar se revirasse desconfortavelmente.
— Sinto muito, Senhor, — o macho afirmou rapidamente, embora
Vicar soubesse que não era realmente culpa dele. Segurando a bainha da
camisa, ele começou a levantá-la lentamente sobre a cabeça, obviamente
tomando cuidado para pegar o máximo possível da sopa. — Só um
segundo. Vou fazer outra tigela para você.
Considerando que o macho não se importava em se despir na
frente dos outros, Vicar o classificou como um shifter. Quando o cara
revelou um torso magro e tonificado, ele sentiu seu sangue fluir para o sul
com o desejo de explorar aquela carne revelada. Então o homem tirou a
camisa inteiramente, levando a maior parte do cheiro de sopa com ele...
deixando para trás apenas o seu próprio.
Ah, pelos deuses.
A bondade doce e masculina do shifter raposa diante dele extasiou
os sentidos de Vicar, e uma onda de necessidade disparou em suas veias.
Este é meu companheiro.
O cérebro de Vicar falhou por um instante enquanto ele observava
o homem pegar uma nova bandeja e começar a servir-lhe uma nova
tigela de ensopado de mariscos. Ele não conseguia desviar o olhar da
beleza diante dele. Exceto, quando o shifter se virou para ele, havia

13
cautela em seus olhos castanhos... e isso atingiu Vicar como um soco no
peito.
Merda. Acabei de xingar meu companheiro.

14
No que diz respeito aos dias, não foi o pior que Desmond Takara
experimentou. Ainda assim, ser xingado pelo homem negro bonito e sexy
realmente era uma droga. Felizmente, a sopa de mariscos não estava tão
quente, então não o queimou nem nada.
Desmond estava tentando se mover rapidamente, substituindo o
barril quase vazio de jambalaya1 por um novo cheio. O prato sempre fazia
sucesso quando o Chef Gage o preparava, então Desmond sempre ficava
de olho nele. Ver o homem sexy, mas de aparência intimidadora pegando
a sopa de mariscos o distraiu um pouco, e ele acabou não sendo tão
eficiente quanto costumava ser.
Pena que a aparência externa do homem não combina com a
interior. Ele é um idiota.
Depois de conseguir uma nova tigela de sopa, Desmond estendeu a
bandeja para o homem. Ele não entendeu o jeito que o cara ficou
olhando para ele, sem pegar a bandeja. Desmond sabia que não podia ser
porque ele nunca tinha visto um cara arrancar uma camisa bagunçada
antes. Afinal, eles estavam na sede dos shifters. Na maioria das vezes,
shifters não eram tímidos.
— Eu, uh, eu realmente sinto muito pelo que eu disse, — o homem
murmurou baixinho, finalmente pegando a bandeja. — Eu não deveria ter
atacado você assim. — Ele esfregou uma grande mão negra sobre sua
cabeça careca, seus lábios carnudos se curvando em uma careta. — A
culpa foi minha. Você vai me perdoar?
Confuso quanto o inferno, Desmond olhou em estado de choque
para o homem. Ele inclinou a cabeça, tentando entender por que o

1
Jambalaiaé uma espécie de paella típica de Nova Orleans e de toda a Louisiana, em que os principais
ingredientes são, além do arroz, frango, lagostim de água doce ou camarão, e vegetais, principalmente
pimentão, aipo, cebola, tomilho e pimenta-caiena.

15
homem de repente fez um cento e oitenta. Precisando farejá-lo, Desmond
deu um passo para longe da comida e do jambalaya ainda afetando seus
sentidos.
Assim que Desmond fez isso, um perfume masculino escuro
provocou seus sentidos com uma pitada de almíscar. O cheiro parecia
envolvê-lo, fazendo-o salivar. O sangue de Desmond começou a
esquentar em suas veias, e seu pau notou, crescendo em seu jeans.
Oh, bolas de merda.
Desmond olhou de olhos arregalados para o grande homem diante
dele. — Você é meu companheiro, — ele deixou escapar.
O homem assentiu. Estendendo a mão, ele declarou: — Sou Vicar
Rhomes.
Olhando para a grande mão do homem, Desmond hesitou. Ele
olhou ao redor, vendo que eles eram o centro das atenções. Desmond
também notou que vários executores do conselho shifter estavam na sala,
muitos dos quais ele chamava de amigos.
Se esse cara tenta fazer alguma coisa, tenho reforços.
Embora Desmond sentisse uma pontada de culpa ao pensar nisso,
ele já sabia que esse cara tinha um temperamento forte e não tinha
problema em exibi-lo. Ele não sabia se o abuso verbal se estenderia ao
físico. Embora o homem fosse seu companheiro, Desmond tinha que ser
cuidadoso.
Desmond estendeu a mão e deslizou sua mão na de Vicar. —
Desmond Takara.
A sensação da grande palma calejada de Vicar contra a sua própria
causou arrepios no braço de Desmond. Formigamentos percorreram seu
membro. Ele sentiu sua pulsação acelerar e seu estômago se contraiu
como se borboletas estivessem lá dentro.

16
Ok. Então a química está aí.
Desmond percebeu que era um pensamento bobo. Claro que
haveria química com seu companheiro. Ele o admirava mesmo antes de
conhecê-lo oficialmente.
— É muito bom conhecê-lo, Desmond, — Vicar lhe disse, sua voz
profunda baixa e rouca. Depois de colocar a bandeja de lado, Vicar
embalou a mão de Desmond entre as suas e deu-lhe um aperto suave. —
Por favor, aceite minhas desculpas. Normalmente não sou tão... uh...
Enquanto a pele quase negra de Vicar escondia um rubor, Desmond
podia sentir o cheiro do embaraço do homem. Junto com esse embaraço
havia uma pitada de aborrecimento e ira. Desmond sabia que Vicar ainda
estava chateado... mas não sabia por quê.
Era porque ele tinha que jogar bem agora que sabia que Desmond
era seu companheiro? Talvez ele não quisesse um companheiro
masculino. Ou talvez fosse porque Desmond era um shifter?
Desmond nunca tinha visto ou ouvido falar de Vicar antes, e
trabalhar na cozinha e no refeitório permitia que ele ficasse a par da
maioria das fofocas. Ele não conseguia nem identificar o cheiro do
homem além do fato de que era inebriantemente delicioso, e o homem
era seu companheiro. Desmond sabia que ele era um sujeito cauteloso,
mas ele já esteve em situações ruins antes e jurou nunca repetir esses
erros.
Nem mesmo para o meu companheiro.
Sua raposa rosnou na mente de Desmond, claramente descontente
com esse pensamento.
Temos de ter cuidado.
Desmond lembrou sua raposa de seu tempo preso em uma gaiola,
e sua besta ofereceu um gemido mental.

17
Quando Desmond sentiu Vicar apertar sua mão novamente, ele
voltou sua atenção para onde deveria estar, o momento que mudou sua
vida ao encontrar seu companheiro.
— Uh, sim, — Desmond afirmou rapidamente, forçando um sorriso
fraco. — Desculpas aceitas.
Aceita, mas não esquecida.
Vicar sorriu, parecendo aliviado. — Eu aprecio isso, Desmond. — Ele
olhou para o barril quase vazio de jambalaya que Desmond tinha
descansado no chão depois de retirá-lo para que ele pudesse encher o
slot com o cheio. Retornando seu intenso foco de olhos negros para
Desmond, Vicar conjecturou: — Suponho que você trabalhe aqui. Você
acha que pode fazer uma pequena pausa para se sentar comigo? —
Quando Desmond hesitou, Vicar rapidamente acrescentou: — Eu
realmente gostaria de ter a chance de conhecê-lo.
Segurando o olhar de Vicar, Desmond sentiu seus mamilos
endurecer. Podia ter sido do ar-condicionado fluindo em seu peito nu,
mas a causa mais provável era o escrutínio contínuo de Vicar ou a
maneira que ele brincou com o polegar sobre o ponto de pulsação de
Desmond. De qualquer maneira, isso o lembrou que ele precisava mudar.
Embora shifters não fossem puritanos, trabalhar na cozinha sem
camisa não era a melhor ideia.
Feliz por ter a desculpa, Desmond balançou a cabeça. — Sinto
muito, Vicar. Eu realmente deveria levar este tanque de volta para a
cozinha e rastrear outra camisa. — Desmond tinha certeza de que tinha
um sobressalente em seu armário, mas não mencionou isso. Ainda assim,
ao ver o olhar desapontado no rosto de Vicar, ele sabia que tinha que
oferecer algo a seu companheiro. — Uh, eu saio do trabalho em algumas
horas. — Desmond olhou para o relógio. Era meio-dia e meia. — Às três
horas, — ele revelou. — Talvez, uh... — Hesitando, Desmond pensou em
um lugar seguro para encontrar o homem enorme diante dele. Então seu

18
cérebro lhe forneceu a resposta perfeita. — Meu amigo, Delanrue, está
fazendo um churrasco esta noite. Se eu te der o endereço, você me
encontra lá? Podemos nos sentar, comer, conversar, um... nos conhecer?
Vicar assentiu uma vez. — Eu gostaria muito disso, — ele concordou
imediatamente. — Onde e quando?
— Se você me der seu número de telefone, eu enviarei essa
informação para você.
Desmond tentou puxar a mão do aperto de Vicar, e por um
segundo, ele pensou que seu companheiro não iria deixá-lo ir. Com óbvia
relutância, porém, ele o fez. Desmond puxou seu telefone do bolso de
trás e acordou o dispositivo. Enquanto Vicar falava seu número, Desmond
o digitava.
Quando Desmond começou a estender a mão para trás, com a
intenção de guardá-lo, Vicar pegou o telefone da sua mão. Antes que ele
pudesse comentar, ele ouviu um carrilhão de dentro do paletó de Vicar.
Então o homem o estendeu de volta para ele com um sorriso.
— Pronto, — afirmou Vicar, claramente satisfeito. — Agora eu
também tenho o seu número.
Com um leve escárnio, Desmond assentiu. — Sim. — Ele não sabia
mais o que dizer enquanto guardava o telefone. — Uh, então. —
Desmond deu um passo para trás, voltando-se para o tonel e a camisa
suja que ele colocou em cima dele. — Eu vou, uh, falar com você em
breve.
Vicar estendeu a mão grande em direção ao rosto de Desmond.
Incapaz de ajudar a si mesmo, Desmond estremeceu, inquietação
inundando-o.
Por um instante, Vicar congelou. Seus olhos negros se arregalaram
um pouco. Suas narinas dilataram e ele inclinou a cabeça um pouco para
o lado.

19
— Eu nunca machucaria você, meu companheiro, — Vicar
retumbou, soando uma mistura de mágoa e confusão. — Certamente
você sabe disso? — Enquanto Vicar falava, ele terminou o movimento e
gentilmente embalou a mandíbula de Desmond. — Você será meu
coração e minha alma.
Desmond sentiu o calor da palma da mão de Vicar em sua
bochecha, e sua respiração ficou presa em seu peito. O calor percorreu
seu pescoço, uma mistura de prazer e embaraço. Aconchegando-se no
aperto de Vicar, só um pouco, Desmond tentou chegar a uma resposta
que não o fizesse parecer um idiota medroso.
— Acho que não sei. — Desmond sussurrou a admissão.
Segurando o olhar de Vicar, ele admitiu: — Eu não conheço você... ou
mesmo o que você é.
Ele ainda não tinha sido capaz de localizar o cheiro de Vicar.
— Bem, teremos que mudar isso, então, — Vicar murmurou,
acariciando a bochecha de Desmond com o polegar. — Eu sou um
dragão. — Mesmo quando Desmond engasgou ao ouvir essa revelação,
Vicar continuou: — E eu sei que não causei uma boa primeira impressão,
mas também temos nossos companheiros na mais alta estima. — Então
Vicar deu um passo mais perto de Desmond e se inclinou. Ele pressionou
um beijo suave e casto no canto da boca de Desmond antes de sussurrar:
— Estou ansioso para aliviar seus medos e aprender tudo sobre você,
pequena raposa.
Desmond olhou, hipnotizado, enquanto Vicar se endireitava e dava
um passo para trás. Sua mão caiu do rosto de Desmond, deixando um
calor formigante para trás. Vicar sorriu calorosamente para ele, o olhar
fazendo o coração de Desmond disparar em seu peito.
— Até mais tarde, então, — Vicar ofereceu, pegando sua bandeja
mais uma vez.

20
— Sim, — Desmond sussurrou. — Mais tarde.
Mesmo que Desmond realmente quisesse saber como seria um
beijo adequado desse homem, ele ainda pegou o barril, e a camisa com
ele, e se afastou.
Enquanto a raposa de Desmond resmungava em sua mente, ele
sabia que precisava se afastar de Vicar. Ele precisava de alguns minutos de
silêncio para processar o que acabou de acontecer. A presença do
homem era muito cativante, tornando difícil pensar.
Eu me pergunto se todos os shifters se sentem assim ao conhecer
seu companheiro.
Provavelmente.
Quando Desmond utilizou um ombro para abrir a porta de vaivém
que dava para a cozinha, ele não resistiu em olhar para trás. Ele viu Vicar
se movendo em direção ao bufê que continha a carne e os
acompanhamentos. O dragão, uau, um dragão, tinha se juntado a outro
homem, também grande e de terno. Enquanto Vicar estava com a cabeça
inclinada, obviamente ouvindo o que o cara de cabelo castanho estava
dizendo, sua atenção permaneceu em Desmond.
Quando seus olhos se encontraram, Vicar sorriu mais uma vez.
Desmond não pôde deixar de sorrir de volta. Seu coração disparou
em seu peito mais uma vez, e de repente ele se sentiu quente. Então ele
se virou e entrou na cozinha.
— Vi o que aconteceu. — O chef Gage imediatamente pegou o
barril dele. Quando Desmond tirou a camisa de cima da tampa, o shifter
urso perguntou: — Você está bem?
Assentindo, Desmond assegurou ao shifter robusto que ele estava.
— Estou bem. Fiquei chocado, só isso.

21
— Eu estava prestes a sair e prender o idiota por falar dessa
maneira com você, — Gage lhe disse, um rosnado baixo entrando em seu
tom. — Ainda bem que ele se desculpou.
Ao ouvir isso, Desmond sentiu o desejo instantâneo de defender
Vicar. Ele não o fez, no entanto. O homem realmente agiu como um
idiota.
Em vez disso, Desmond deu de ombros e foi em direção ao
vestiário. — Acho que tenho uma camisa sobrando. Volto em um
momento.
— Ei, eu ouvi você dizer que ele é seu companheiro, — Gage gritou
atrás dele. — Você quer decolar depois de limpar?
Desmond pausou e voltou a focar em seu chefe. — Não, obrigado.
— Ao ver o olhar surpreso de Gage, ele admitiu: — O que eu realmente
preciso é terminar meu turno. Isso me dará tempo para pensar. Para
processar essa reviravolta.
— Tem certeza?
Assentindo, Desmond forçou um sorriso tenso. — Sim. Obrigado, no
entanto.
— Ok. — Gage virou-se para o lixo, provavelmente com a intenção
de despejar as dragas de sopa. — Se muda de ideia, me avise.
— Obrigado, — Desmond repetiu, embora soubesse que não
mudaria de ideia. Enquanto ele achava que era um movimento muito
humano, querer ficar longe do seu companheiro para processar, ele não
podia evitar. Desmond lutou com a mudança. Era por isso que ele ficou
feliz em trabalhar na cozinha por mais de sessenta anos.
Desde que Priest me ajudou a fugir de... não, não pense nisso.
Enquanto Desmond limpava algumas manchas de ensopado de
mariscos do seu jeans, seus pensamentos se voltaram para Vicar.

22
Observando seus amigos encontrar seus companheiros, ele pensou
mentalmente como seria. Um relacionamento seria uma mudança, mesmo
uma tão maravilhosa quanto com seu companheiro.
E agora eu o encontrei, e ele é um dragão.
Desmond ficou impressionado com esse fato, apesar de si mesmo.
Ao recordar as feições de Vicar, ele não poderia dizer que estava
surpreso. O homem media cerca de um metro e oitenta e seis, tinha
ombros largos como se pudesse suportar o peso do mundo, e seu traje
apenas acentuava seu corpo musculoso. Quando Desmond o viu pela
primeira vez, ele coçou para esfregar as palmas das mãos sobre a cabeça
careca.
Ele me deixaria?
Com um suspiro, Desmond teve que admitir para si mesmo que
Vicar certamente não era o que ele esperava de um companheiro.
Desmond de repente se lembrou de um comentário que ouviu.
Depois de encontrar seu companheiro, Delanrue conversou com seus
irmãos, Dane e Dakota. O homem havia dito: O destino nos dá os
companheiros de que precisamos, não aqueles que pensamos que
queremos.
No caso de Delanrue, Desmond achou que estava certo. O shifter
dragão de Komodo era um homem duro que era o interrogador chefe do
conselho. Seu companheiro, Miggs, era um shifter cobaia que era doce,
gentil e exuberante sobre a vida. Delanrue era o campeão de Miggs, e
Miggs lembrou Delanrue das alegrias da vida.
Vestindo uma camisa limpa, Desmond não pôde deixar de se
perguntar.
Por que o destino acha que preciso de um dragão temperamental
como companheiro?

23
— Droga, Vicar. — Leortis murmurou em seu ouvido. — O que
diabos aconteceu? — Seu rei franziu a testa um pouco enquanto o olhava,
ainda falando baixinho. — Não consigo me lembrar da última vez que vi
seu temperamento.
Vicar estremeceu. — Sim, isso foi ruim. — Ele não tinha desculpa. —
Eu estava tão envergonhado, e isso simplesmente... fritou meu cérebro. —
Fazendo uma careta, Vicar olhou na direção de Leortis enquanto se
dirigiam para a mesa. — Eu não posso acreditar que xinguei meu
companheiro.
— Então ele é seu? — Leortis pediu confirmação. Depois que Vicar
assentiu, ele sorriu para ele. Ao colocar a bandeja na mesa ao lado de
onde Cardin estava sentado, Leortis deu um tapinha em seu ombro. —
Parabéns. Ele vem almoçar conosco?
Com um suspiro, Vicar se acomodou em sua própria cadeira. —
Obrigado, e não, — ele admitiu. — Ele está terminando seu turno. Sai às
três. — Vicar olhou para o relógio.
Mais de duas horas de distância.
Vicar ficou muito tentado a permanecer no refeitório o tempo todo,
esperando um vislumbre ocasional do homem. Ele sabia que não podia,
no entanto. Ele também tinha responsabilidades. Além disso, Desmond
pediu espaço para processar.
Processar o quê? Nós não somos companheiros? O que há para
processar sobre isso?
Vicar não fazia ideia.
— Quando você vai vê-lo de novo? — Perguntou Leortis, pegando
a faca e o garfo.

24
— Esta noite, — respondeu Vicar. Ele olhou para Dane, que estava
sentado ao lado de Regales. — Na verdade, ele acabou de me convidar
para o churrasco na casa de Delanrue esta noite. Então você conhece
Desmond, certo?
Dane assentiu enquanto mastigava seu pedaço de bife. — Sim, eu o
conheço, — ele confirmou depois de engolir. — Ele é um cara legal. Você
não poderia pedir um companheiro melhor. — Então Dane fez uma careta
enquanto apontava o garfo para ele. — E é melhor você tomar cuidado
com esse temperamento, cara. Desmond merece mais do que isso.
Erguendo as mãos em sinal de apaziguamento, Vicar assentiu. —
Você está absolutamente correto. Não vai acontecer de novo. — Fazendo
uma careta, ele afirmou: — Não deveria ter acontecido desta vez. Vou
compensá-lo. Eu juro que vou. — Ao ouvir Dane grunhir e vê-lo acenar
com a cabeça, Vicar sentiu alívio por Dane ter aceitado sua palavra.
Enquanto cortava seu próprio bife, ele perguntou: — Então, vocês são
amigos. Você pode me falar sobre ele?
Vicar não estava acima de obter as mercadorias do seu
companheiro de outra fonte. Afinal, ele precisava de informações para
saber como agradar seu queridinho. Com mais de 1,80m de altura, Vicar
mal podia esperar para descobrir como o corpo esguio de 1,70m de
Desmond se sentiria pressionado contra o seu corpo muito mais
volumoso. Só de pensar nisso, seu sangue esquentou e seu pau começou
a engrossar. Mas, para ter essa chance, Vicar sabia que precisava
descobrir como compensar sua péssima primeira impressão.
Embora Desmond tivesse dito que perdoava Vicar por suas palavras,
ele sabia que não devia pensar que o assunto havia sido esquecido. Seu
companheiro provavelmente pensou que ele era um cabeça-quente
tagarela quando, na verdade, nada poderia estar mais longe da verdade.
Vicar normalmente era do tipo forte e silencioso, sempre pensando antes
de falar. Enquanto chefe da guarda de honra do rei, Vicar tinha que ser.

25
Então, que hora para perder a paciência.
— Bem, eu sei que ele trabalhou aqui na sede por mais de sessenta
anos, — Dane lhe disse. Cortando a batata assada, ele disse: — A mãe
dele mora na região e, ocasionalmente, ele sente falta dos nossos
churrascos porque ela precisa da ajuda dele com alguma coisa.
Vicar assentiu lentamente. — Então ele é próximo da sua família.
Irmãos? Pai?
Dane balançou a cabeça enquanto mastigava. — Até onde eu sei,
são apenas os dois. — Sorrindo, ele lhe disse: — Você precisará causar
uma primeira impressão muito melhor nela.
— Melhor pé à frente com sua mãe. Entendi, — confirmou Vicar. —
Qual é o nome dela?
Apertando os olhos, Dane cantarolou. — Você sabe. Não tenho
certeza, — ele admitiu. Voltando sua atenção para Regales, ele
perguntou: — Você sabe o nome da mãe de Desmond?
Regales sorriu. — Marisa Takara, — ele lhes disse. — Ela ficará
emocionada que Desmond encontrou seu companheiro.
Isso é uma boa notícia, pelo menos.
Sorrindo, Regales lhe disse: — Você precisa esperar que ela vá
morar com você também.
Por alguns segundos, Vicar congelou ao ouvir isso. — Pacote de
negócios, — ele comentou, processando aquela informação.
— Muito, — confirmou Regales.
Vicar assentiu lentamente. Depois de engolir um pedaço de comida,
ele comentou com Leortis: — Pelo menos há bastante espaço.
— De fato há, — Leortis concordou.

26
— Parabéns, cara, — Warzer declarou do outro lado de Vicar. —
Seu companheiro é um homem bonito. — O loiro olhou para a cozinha
antes de franzir a testa para o prato. — Maldito ciúme.
Rosnando, Vicar olhou para Warzer. — Desmond é meu.
As sobrancelhas loiras de Warzer se ergueram. Encontrando o olhar
de Vicar, ele ergueu a mão livre em sinal de apaziguamento. — Eu sei,
Senhor. Eu sei. — Seus lábios se curvando em um sorriso irônico, ele
admitiu, — Só quis dizer, eu quero conhecer o meu companheiro. Isso é
tudo.
Vicar relaxou, surpreso com seu súbito pico de ciúme possessivo.
Com mais de setecentos anos de idade, ele esteve no quarteirão uma ou
dez vezes. Considerando que Dane lhe disse que Desmond trabalhou na
sede do conselho por mais de sessenta anos, ele percebeu que o shifter
raposa não era uma virgem corada. Na verdade, a cautela do homem em
relação a ele indicava um passado difícil.
Vou ter que descobrir como ganhar a confiança dele depois da
minha exibição estúpida.
Eu vou descobrir isso.
— Você sabe alguma coisa sobre seus gostos, desgostos? — Vicar
voltou sua atenção para Dane enquanto comia. — Hobbies? Interesses?
Dane sorriu para ele. — Tentando começar a descobrir maneiras de
cortejá-lo? — Havia um brilho provocador nos olhos castanhos do shifter
dragão de Komodo. — Eu aprovo. — Sóbrio, Dane pareceu pensativo. —
Bem, ele é um ótimo cozinheiro. — Ele indicou o bufê. — Obviamente.
— Ele gosta de fazer jardinagem com Charon, — acrescentou
Regales, olhando para ele enquanto pegava uma garfada de ervilhas. — E
ele gosta de correr em forma de raposa vermelha com o companheiro de
Lorian, Randy. Ele é uma raposa também.

27
— Então, cozinhar, passar o tempo no jardim, e vamos precisar de
espaço para ele correr como uma raposa — murmurou Vicar
distraidamente, olhando para Leortis. Seu rei sorriu e acenou com a
cabeça, dizendo-lhe silenciosamente que eles fariam funcionar. Voltando
a se concentrar nos outros dois homens, Vicar perguntou: — Mais alguma
coisa?
— Bem... — Dane demorou.
Nos quinze minutos seguintes, Vicar fez o possível para entender o
cérebro dos outros homens à mesa. Ele precisava de todas as vantagens
possíveis após sua falha épica. Por fim, Vicar colocou os talheres no prato
e se inclinou para a frente.
— Quando eu alcancei seu rosto, — Vicar começou lentamente,
lembrando a reação de quase parar o coração de seu companheiro. — Ele
se encolheu... só um pouco. Você se lembra de algum... — Vicar hesitou
por um segundo, odiando o que ele estava prestes a perguntar... — abuso
em seu passado?
Dane, Theo e Regales trocaram olhares. Como um, eles começaram
a balançar a cabeça. Theo deu de ombros.
Para a surpresa de Vicar, Priest falou pela primeira vez. — Sim, mas
não vou contar a você sobre isso, — afirmou sem rodeios. Cruzando os
braços sobre o torso grosso, o moreno o olhou intensamente. — Eu
descobri isso por acidente durante outra missão. É a história dele para
contar. — A expressão de Priest escureceu. — Basta dizer que o idiota
que fez isso nunca mais incomodará Desmond.
Vicar queria exigir respostas, mas viu a dura determinação nos olhos
escuros de Priest. Ele sabia que não conseguiria nada do homem.
— Como é que eu não sei sobre isso? — Regales perguntou
suavemente. O shifter pardo estava no conselho há mais tempo, então ele
provavelmente tinha visto quase todos os relatórios dos últimos cem anos.

28
Os olhos negros de Priest se estreitaram apenas um pouco. —
Como eu disse, eu estava em outra missão quando... ajudei Desmond. —
Um tique flexionou em sua mandíbula, traindo sua aversão pelo que quer
que tivesse acontecido. — Não adicionei ao meu relatório porque não era
relevante para a minha tarefa.
Regales cantarolava baixinho enquanto assentia lentamente. — Eu
vejo. — Inalando profundamente, ele voltou a se concentrar em Vicar. —
Bem, o resto é com você, Vicar. Todos nós desejamos a você boa sorte. —
Apoiando o braço nas costas da cadeira de Theo, Regales acrescentou: —
E se precisar de ajuda, sabe onde nos encontrar.
Vicar assentiu enquanto agradecia. Virando-se para Leortis, ele
declarou: — Vou precisar trazer mais alguns guardas, já que estarei
distraído. Você tem alguma preferência, Senhor?
Leortis gemeu baixinho. — Muito bem. — Ele estreitou os olhos
enquanto olhava pela janela, obviamente pensando. Um momento
depois, ele voltou a se concentrar em Vicar. — Kitoman é bem treinado e
sempre eficiente. Fora isso, confio no seu julgamento.
— Obrigado, Senhor, — Vicar murmurou, honrado pelas palavras
do seu rei. — Acho que verei alguns de vocês novamente em breve.

Vicar solicitou que Kitoman se juntasse a eles, assim como outro


guarda, Yeesom. Ambos os homens estiveram sob seu comando por mais
de um século, e ele confiava neles para cumprir seu dever. Isso deu a
Vicar a oportunidade de se concentrar em cortejar seu companheiro.
Para tanto, Vicar se viu no banco do passageiro do seu SUV. Warzer
estava dirigindo e Leortis e Cardin estavam atrás. Os novos guardas não

29
chegariam até a noite. Dragões não podiam ser vistos voando durante o
dia. Isso significava que Vicar queria o rei com ele.
Além disso, com o churrasco na casa de Delanrue, Vicar imaginou
que Charon e Dakota estariam lá. Eles ainda pretendiam estar no check-
up de Charon com o Dr. Fulstat no dia seguinte. Isso apenas permitiria
que eles se conhecessem em um ambiente mais descontraído.
Vicar sentiu uma pontada de nervos correndo por ele quando
Warzer virou o veículo em uma garagem. A densa floresta havia se
fechado ao redor deles dez minutos antes, e as árvores se erguiam sobre
o caminho. Depois de um momento de estrondo sobre o cascalho bem
ralado, eles fizeram uma curva e uma casa apareceu. Embora não fosse
grande, era definitivamente uma estrutura em estilo de toras bem
mantida.
Vários outros veículos já estavam estacionados perto de uma
garagem individual. Warzer estacionou ao lado de um sedã azul. Vicar
desamarrou lentamente o cinto de segurança, inspirando e expirando
algumas vezes.
Vicar foi o último a sair e viu um sorriso tranquilizador curvando os
lábios de Cardin quando o humano encontrou seu olhar. Quando o rei
tropeçou com o humano em um churrasco, Vicar ficou chocado. Ainda
assim, o macho humano fazia Leortis feliz, e isso era tudo o que
importava. Embora houvesse alguns resmungos de outros dragões sobre
o companheiro predestinado do rei ser humano, a maioria deles havia
morrido. Afinal, o que importava? Leortis já havia cumprido seu dever
para com a coroa ao fornecer um herdeiro mais de cem anos antes.
— Vamos, Vicar. — Warzer deu um tapinha em seu ombro. — Hora
de ir cortejar seu homem.
Vicar sorriu levemente, seu estômago ainda revirando como se
houvesse um frio na barriga. Ele não conseguia se lembrar de uma época
em que tivesse ficado tão nervoso. Mesmo assistindo a luta de seu rei

30
para manter sua coroa depois de acasalar com Cardin, não lhe causou
tanto desconforto.
Reunindo sua coragem, Vicar acompanhou os outros. Ele podia
ouvir o riso vindo do outro lado da casa. Os cheiros de carne grelhada
pairavam pesadamente no ar, assim como os cheiros de uma variedade
de shifters.
Entre eles estava o cheiro inebriante do seu companheiro.
Desmond está aqui.
A boca de Vicar encheu-se de água com o desejo de provar
verdadeiramente o shifter raposa. A pequena sugestão de sabor que ele
recolheu quando ele beijou o canto da boca de Desmond, lambendo
discretamente, não tinha sido suficiente. Vicar queria tomar Desmond em
seus braços, aconchegá-lo e realmente arrebatá-lo.
Seu pênis começou a engrossar com seus pensamentos, e Vicar se
abaixou para se ajustar rapidamente.
Warzer sorriu para ele, e Vicar franziu a testa.
Então Vicar estava dobrando a esquina da casa de Delanrue, e ele
rapidamente limpou sua expressão. Ele não queria que o primeiro olhar
de Desmond para ele fosse aquele em que ele estava carrancudo para seu
companheiro dragão.
Varrendo seu olhar sobre a área, Vicar observou as dezenas de
homens rindo e conversando, com algumas mulheres espalhadas entre
eles. Eles estavam em grupos de dois, três e mais. A maioria segurava
algum tipo de bebida nas mãos. Outros sentavam-se às mesas, comendo
em pratos de comida.
Vicar viu Desmond parado com Charon, Dakota e outro homem que
ele não reconheceu. Vendo a forma que o estranho descansou a mão no
ombro de Desmond, ele teve que lutar contra um rosnado possessivo.

31
Vicar apertou e soltou as mãos, tentando aliviar a tensão que percorria
seus ombros.
Como aquele homem ousa tocar meu companheiro.
— Respire fundo algumas vezes e se acalme, — Leortis ordenou,
tocando discretamente a parte inferior das suas costas. — Seu
companheiro sabe que ele é seu. Ele provavelmente é apenas um amigo,
talvez dando conselhos ou tranquilizando, assim como estou fazendo por
você.
Vicar obedeceu ao seu rei. Ao assentir, ele fez o possível para
relaxar. Ele sabia que precisava. Ele não poderia muito bem ir até lá e
arrancar o estranho de Desmond. Isso certamente não causaria uma boa
segunda impressão, e ele já havia estragado a primeira.
Em vez disso, Vicar olhou para a bebida na mão de Desmond. Sua
visão aguda de dragão permitiu que ele lesse o rótulo da garrafa de
cerveja. Guardando na memória, Vicar foi até a mesa com as bebidas.
Vou levar um refil para o meu companheiro.

32
— Uh, eu acho que você deveria tirar sua mão do meu ombro,
Rigel, — Desmond murmurou, avistando os dragões, e Vicar em
particular, assim que eles viraram a esquina.
— Huh? — Rigel parecia confuso. O shifter jacaré amigável apertou
onde ele o segurava. — O que está errado?
Desmond manteve a maior parte da sua atenção em Vicar quando
ele virou a cabeça para falar com Rigel. Ele notou o olhar irritado no rosto
do seu companheiro antes que o grande macho conseguisse controlar
suas feições. A expressão branda que Vicar colou em seu semblante não
estava enganando Desmond.
— Eu não acho que meu companheiro goste de você me tocando,
— Desmond explicou suavemente, esperando que sua voz não
atravessasse o pátio. — Por um segundo, ele parecia que, uh, bem, talvez
quisesse arrancar seu braço do encaixe.
— Seu companheiro? — O lindo rosto bronzeado de Rigel se
transformou em um enorme sorriso. — Você encontrou seu
companheiro? — Em vez de liberar Desmond, o shifter executor agarrou
Desmond em um abraço apertado. — Isso é fantástico! Parabéns.
Desmond grunhiu quando a maior parte do ar foi espremido para
fora dos seus pulmões. Tocando no antebraço do grande shifter, ele
sibilou, — Ar.
Rigel riu enquanto o soltava. — Me desculpe, cara. — Ele deu um
tapinha nas costas dele algumas vezes antes de prender o polegar da
mão livre no cinto. — Então. — Olhando em volta, Rigel perguntou: —
Quem é ele? — Antes de tomar um gole da cerveja que segurava na outra
mão.

33
Imaginando que era uma boa ideia a garrafa ser de vidro, Desmond
imaginou que Rigel teria esmagado uma lata com aquele abraço. — O
negro enorme indo em direção à mesa de bebidas, — ele disse a Rigel,
inclinando o queixo nessa direção.
Desmond não pôde deixar de olhar para a bunda do homem sexy
em seu jeans preto justo. Seus dedos até se contraíram e sua boca ficou
seca. Ele rapidamente tomou vários goles da sua cerveja para molhar o
apito.
Quando Rigel começou a tossir, Desmond desviou sua atenção da
forma de seu belo companheiro. Vendo o grande shifter curvado, sua
mão livre agora descansando em sua coxa, enquanto ele cuspia cerveja
no chão, Desmond começou a dar tapinhas em suas costas. Charon olhou
para Rigel de soslaio, enquanto Dakota, que tinha o braço em volta do
seu companheiro, ria enquanto olhava para o outro executor.
— Você está bem? — Desmond perguntou, preocupando-se com
Rigel.
— Sim, — Rigel respondeu, sua voz baixa e áspera. — A cerveja
desceu pelo caminho errado. — Limpando a boca com as costas da mão,
Rigel se endireitou lentamente. Sua voz ainda soava tensa quando ele
perguntou: — Esse é o seu companheiro?
Desmond assentiu.
Rigel parecia chocado. — Você sabe quem ele é?
Olhando para a mesa de bebidas, Desmond viu Vicar entregando
uma cerveja para o cara de cabelo castanho que estava no refeitório com
ele. — Uh, ele se apresentou como Vicar Rhomes, — ele afirmou com um
encolher de ombros antes de apertar os olhos para Rigel. — Por que?
— Vicar Rhomes? E esse nome não me lembra nada? — Quando
Desmond balançou a cabeça, Rigel acenou para Charon e Dakota. — E
eles nunca o mencionaram?

34
Revirando os olhos, Desmond soltou um suspiro. — Bem, você
obviamente sabe quem ele é. Quer dar uma pista para o resto da aula? —
Desmond realmente não queria soar mal-intencionado, mas estava
ficando cansado do drama de Rigel.
— Não é de admirar que ele tenha uma veia possessiva, — afirmou
Rigel, balançando a cabeça. — Aquele é o Chefe da Guarda de Honra,
Vicar Rhomes. Ele é o guarda-costas pessoal e braço direito do Rei
Dragão Leortis. — Rigel espiou por cima do ombro de Desmond. — O
homem é uma fera.
— Uma fera? — Desmond sussurrou, pavor enchendo-o. Merda.
No que o destino está me metendo? — Uh o quê...
— Não é de um jeito ruim, — Charon rapidamente cortou,
levantando a mão para ele em apaziguamento. — Rigel quer dizer isso
como um elogio. — O dragão ômega fixou seu olhar de olhos castanhos
em Rigel. — Certo?
— Oh, sim, sim, — Rigel rapidamente confirmou. Com uma risada
zombeteira, ele lhe disse: — Quero dizer, você tem que ser muito
inteligente, forte e dedicado para acabar sendo guarda-costas pessoal do
rei. — Sorrindo, Rigel continuou com sua adoração de herói. — Além
disso, ele é o chefe de todos os guardas. Quero dizer, além do rei, ele é o
cara mais importante do reino dos dragões.
Bem maldita.
Agora Desmond realmente se perguntava no que o destino o estava
metendo.
— Obrigado pelas amáveis palavras, shifter.
Vicar veio de trás de Desmond, fazendo-o girar. O homem moreno
sorriu para ele, e se Desmond não errou seu palpite, ele diria que havia
até calor em seus olhos. Definitivamente havia um desejo acalorado, e isso
criou uma resposta de excitação dentro de Desmond.

35
Segurando a cerveja em uma das mãos, Vicar lhe disse: — Percebi
que marca você estava bebendo e trouxe uma recarga. — Ele olhou para
a cerveja na mão de Desmond, que estava quase vazia. — Para quando
você estiver pronto.
— Obrigado, — Desmond murmurou, surpreso com a
consideração do dragão. — E-eu aprecio isso. — Ele rapidamente
esvaziou o que restava em sua garrafa e a colocou em uma mesa
próxima.
— De nada, — Vicar respondeu, entregando-a. Quando ele a
soltou, ele brincou com seus dedos ao longo dos lados de Desmond,
fazendo os pelos do seu braço se arrepiar e seu pulso acelerar. Vicar
sorriu, retirando a mão para indicar os homens com ele. — Permita-me
apresentá-lo ao Rei Leortis, seu companheiro, Cardin, bem como ao
Warzer da Guarda de Honra.
— Uh. — O cérebro de Desmond embaralhou com a resposta
apropriada. — É uma honra conhecê-lo, Sua Alteza, uh, Sua Majestade. —
Como Desmond tropeçou em suas palavras, ele curvou sua cabeça e
mergulhou na cintura.
— A honra é minha, Desmond, — Rei Leortis respondeu. Ele tocou
a parte de trás da sua cabeça antes de deslizar a mão para o ombro e
apertá-lo levemente. — E não há necessidade de títulos aqui. Não em um
churrasco.
Levantando a cabeça, Desmond tentou ler a expressão do rei e seu
cheiro, medindo se ele estava sendo sincero ou não.
Deuses, espero que isso não seja um teste.
O sorriso do rei Leortis parecia amável e acolhedor, sua postura
relaxada com um braço em volta dos ombros do seu companheiro. —
Realmente, nenhum título agora, — ele assegurou, talvez lendo a

36
preocupação no cheiro de Desmond. — Não é sempre que consigo
relaxar em um churrasco, então pense em mim como outro cara normal.
Okay, certo.
Vicar descansou a mão nas costas de Desmond levemente,
esfregando sua espinha para cima e para baixo de uma maneira calmante.
— Leortis é um dos meus melhores amigos. Ele fala a verdade. Considere
este churrasco como sendo feito a portas fechadas no palácio. — Ele
sorriu calorosamente para Desmond. — Espero que você acabe tendo sua
própria amizade, de certa forma, com ele e Cardin. — O sorriso de Vicar
ficou irônico quando ele lhe disse: — A política no palácio pode ser
irritante às vezes, por isso é bom saber que você tem pessoas que o
protegem.
A partir desses comentários, Desmond percebeu que Vicar esperava
que ele se mudasse para... onde quer que ele morasse. Por mais que
achasse que isso fazia sentido, ele achava irritante que Vicar nem se
incomodasse em perguntar. Forçando sua ira, Desmond ofereceu ao rei
um pequeno sorriso.
— Obrigado, Senhor. — Não havia como Desmond se sentir
confortável chamando o rei pelo primeiro nome. Sorrindo timidamente,
ele declarou: — Estou honrado.
Leortis sorriu. — Acho que é o melhor que vou conseguir neste
momento. — Estendendo a mão, o rei apertou o ombro de Desmond
novamente. — Espero muitos anos de amizade com você, Desmond. —
Então o rei seguiu em frente, sua atenção passando por ele. — Charon e
Dakota. — Leortis sorriu amplamente. — Estou muito honrado em atuar
como o segundo dragão em sua cerimônia de nascimento.
Charon engasgou, seus olhos castanhos se arregalando. — Você vai
nos ajudar... pessoalmente? — Ele olhou de Dakota para os outros
dragões, então de volta para o rei. — E-eu... uau, — ele gaguejou,

37
claramente chocado. Suas bochechas adquiriram um tom rosado. —
Obrigado, Sua Majestade. — Charon até inclinou a cabeça em obediência.
Leortis gemeu bem-humorado. — Acabei de falar sobre isso com
Desmond. — Então ele sorriu quando deu um passo à frente e apertou o
ombro de Charon também. — Se você não consegue me chamar de
Leortis, me chame de Senhor ou rei ou nada.
Sorrindo, Charon olhou para o rei através dos seus cílios. —
Obrigado, Senhor.
Sorrindo, Leortis respondeu: — Bom o suficiente. — Então ele
baixou seu foco para o abdômen de Charon. — É sempre fascinante
como os ômegas mal aparecem, mesmo quando estão quase chegando.
— Com um piscar de olhos castanhos, Leortis admitiu: — Você não
acreditaria na quantidade de reclamações que tive que tolerar com a mãe
de Leonidas.
— Eu admito que o enjoo matinal tem sido péssimo, — Charon
admitiu, estremecendo e voltando sua atenção para Dakota. — Depois
que eu tiver este, nós dois vamos fazer controle de natalidade porque eu
realmente não quero ter que utilizar preservativos.
Dakota sorriu amplamente. — Combinado, querido. — Então o
shifter baixou a cabeça e pressionou um beijo firme nos lábios de Charon.
— Você sabe, eu realmente quero ser capaz de fazer isso com
você, — Vicar sussurrou no ouvido de Desmond enquanto deslizava o
braço em volta da sua cintura. Aconchegando-o ao seu lado, Vicar
continuou: — Mas você merece um pseudo-encontro antes que eu possa
esperar isso.
A maneira que Vicar passou as pontas dos dedos sob a borda da
camisa de Desmond para sentir a pele acima do seu quadril causou um
arrepio por ele. Formigamentos se espalharam por seu torso e em seu
peito, fazendo seus mamilos endurecer. Desmond mordeu o lábio inferior,

38
contendo um gemido. Ele não pôde evitar a forma que sua respiração
ficou presa em seu peito ao sentir o toque sensual, e ele certamente não
pôde parar a nova onda de excitação que surgiu em seu corpo.
— Deuses, mas você cheira delicioso, — Vicar retumbou em seu
ouvido. Soltando um gemido suave, ele aninhou seu nariz sobre a carne
da têmpora de Desmond. — Você gostaria de comer alguma coisa
comigo? — Vicar ronronou no ouvido de Desmond, fazendo a sugestão
parecer muito mais provocativa do que realmente era. — Vamos nos
sentar e conversar. Compartilhar um pouco sobre nós mesmos, assim
como nossas expectativas para nosso acasalamento.
Virando a cabeça para a esquerda, Desmond olhou para Vicar. —
Expectativas? — Ele não pôde deixar de olhar para os lábios carnudos e
escuros de Vicar. Eles estavam bem ali, afinal, e ele queria provar seu
companheiro tanto quanto Vicar afirmava querer prová-lo. Ainda assim...
— O que você quer dizer?
— Beeeem. — Vicar pronunciou a palavra com a voz rouca
enquanto voltava sua atenção para a boca de Desmond, reforçando sua
afirmação em relação aos seus desejos. — Eu sei que fiz soar como se
esperasse que você se mudasse para ficar comigo, e tenho que admitir,
isso é verdade. — Torcendo os lábios carnudos em uma careta, Vicar lhe
disse: — Você é meu companheiro, mas eu sou o chefe da guarda de
honra do rei. Eu sou necessário lá. Quero facilitar a transição para você. —
Com um aperto na cintura de Desmond, Vicar admitiu: — Aprendi que
sua mãe é importante para você. Talvez possamos conversar sobre o que
seria necessário para que ela se juntasse a nós?
Surpresa surgindo através dele, Desmond arrancou seu foco dos
lábios de Vicar. Ele encontrou o olhar de Vicar mais uma vez. Vendo a
seriedade dentro daquelas profundezas negras, ele sentiu seu coração
pular uma batida por uma razão diferente da excitação.

39
— Você perguntou sobre mim? — Desmond questionou, os nervos
fazendo seu estômago vibrar. — Sobre minha mãe?
O que mais ele pode ter aprendido?
— Perguntei às pessoas com quem estava sentado sobre o que
você gosta, não gosta, hobbies e família, — Vicar confirmou com um
sorriso caloroso. — Eu queria saber sobre você, meu companheiro,
descobrir que tipo de coisas podemos ter em comum.
Desmond encontrou sua inquietação se dissipando ao ouvir Vicar
chamando-o de seu companheiro. Sua raposa praticamente ronronou no
fundo da sua mente. Ele não conseguia nem começar a expressar quanto
tempo desejava ouvir alguém chamá-lo assim.
— Bem, vamos pegar um pouco de comida, então, — Desmond
respondeu suavemente. — Vamos encontrar um assento, compartilhar
uma refeição e conversar um pouco.
— Soa perfeito. — Vicar começou a guiar Desmond para as mesas
perto da churrasqueira.
Tomando uma chance, Desmond envolveu seu braço ao redor da
cintura do homem maior. O músculo tenso sob sua mão era incrível.
Desmond gostaria de poder ser tão ousado quanto Vicar e deslizar a mão
sob a camisa polo de mangas compridas do homem, mas ele
simplesmente não era. Em vez disso, sonhou com o dia em que seria
capaz de tocar a carne lisa do dragão.
Huh. Eu me pergunto como ele se parece quando um dragão.
Aposto que ele é feroz.
Afinal, Vicar era o chefe da guarda de honra.
— O que normalmente é oferecido nesses churrascos? — Vicar
perguntou quando eles se aproximaram de Delanrue e da churrasqueira.
— Hambúrgueres e cachorros? — Estremecendo, ele declarou: — Acho

40
que deveria ter perguntado se deveria trazer alguma coisa. Estamos
sendo hóspedes muito ruins.
— Oh, os caras não se importam com isso, — afirmou Desmond,
tentando tranquilizar seu companheiro. — Traga alguma coisa ou não.
Eles sempre têm mais do que o suficiente de tudo.
— Os caras? — Vicar questionou. — A quem estamos nos
referindo?
— Os irmãos Drudeson. — Delanrue respondeu por Desmond
quando ele se virou da sua grelha, pinças na mão. Um pequeno sorriso
curvou seus lábios. — Dakota, Dane e eu revezamos o churrasco nas casas
uns dos outros. Nossos lugares são isolados e privados. — Delanrue
utilizou as pinças para indicar a floresta ao seu redor. — Muito espaço
para correr se os hóspedes querem. — Estreitando os olhos, ele varreu
seu olhar para cima e para baixo no corpo de Vicar, não com interesse,
mas avaliando. — Aposto que você é maior que Charon, então você deve
ter cuidado se decide ir para um voo.
Os lábios de Vicar se separaram ao mesmo tempo em que o aroma
picante da sua surpresa fez cócegas no nariz de Desmond. — Eu poderia
voar por aqui? — Ele parecia ainda mais chocado do que cheirava.
Delanrue baixou o queixo em um leve aceno. — Sim. — Sua
atenção se desviou pelo pátio para o grupo que eles haviam deixado. —
Embora você queira que Charon lhe mostre os limites antes que você e o
rei decidam ir longe demais.
Vicar assentiu lentamente. — Vou manter isso em consideração.
Obrigado. — Então ele voltou seu olhar de olhos escuros para Desmond
enquanto sorria. — Mas eu gostaria de nada mais do que pegar um prato
de comida e me sentar com meu companheiro, para que possamos nos
conhecer.

41
— Você está com sorte, — declarou Delanrue, voltando-se para a
grelha. Embora ele continuasse falando. — Temos bastante. Na verdade,
temos até costelas esta noite. Charon tinha um desejo ardente, e Dakota
sempre atende às necessidades do seu homem.
— É bom saber que a companheiro de Charon cuida tão bem dele,
— afirmou Vicar. Sua voz ficou rouca quando ele olhou para Desmond e
murmurou: — Eu definitivamente terei que pegar uma página do livro de
Dakota para ter certeza de tratar bem meu companheiro.
— Sim, depois da sua apresentação inicial, você poderia utilizar
algumas dicas, — Delanrue afirmou sem rodeios, um bufo divertido
escapando dele quando ele olhou para eles novamente. Quando Vicar
arqueou uma sobrancelha negra em uma pergunta silenciosa, Delanrue
sorriu. — Dane estava lá, lembra? Meu irmão.
Desmond sentiu uma onda de sangue correr para suas bochechas, e
ele fez uma careta.
Certo. Aposto que nosso encontro é tudo fofoca agora.
— Lamento que tenha acontecido dessa forma, — reiterou Vicar
com um suspiro. Seu sorriso parecia um pouco apertado quando ele
encontrou o olhar de Desmond. — Então, o que você gostaria de comer?
Querendo superar o constrangimento, Desmond se concentrou em
Delanrue. — De que tipo de carne moída são feitos os hambúrgueres
hoje?
Ocasionalmente, os irmãos faziam um acordo ou iam caçar, e
Desmond nunca queria perder a chance de saborear um hambúrguer de
carne de caça.
Delanrue sorriu amplamente, provavelmente esperando a pergunta,
já que Desmond a fazia todas as vezes. — Hoje, você tem uma escolha.
Búfalo, alce ou vaca.

42
Desmond gemeu. Sua boca instantaneamente começou a salivar. —
Alce, sem queijo, com bacon, — pediu.
— Ótima escolha. — Delanrue pegou um prato de uma mesa
próxima antes de abrir a grelha para atender ao pedido de Desmond.
Enquanto Desmond observava Delanrue colocar um hambúrguer,
bem como várias fatias de bacon no prato, ele cantarolava em
antecipação. Ouvindo um rosnado suave ao lado dele, ele voltou sua
atenção para o rosto de Vicar. Desmond quase perdeu o apetite por
comida quando viu a expressão faminta gravada nas feições do homem
moreno.
Quando Delanrue perguntou a Vicar o que ele gostaria, o dragão
levou alguns segundos para responder. Finalmente, ele se concentrou no
mestre da grelha e deu seu pedido.
Desmond assistiu Delanrue colocar uma enorme costela no prato ao
lado do hambúrguer e bacon. Ele sabia que Vicar utilizaria aquele prato e
pegaria um de papel na mesa para seu hambúrguer. Enquanto eles se
moviam em direção à mesa cheia de fixin's, Desmond se concentrou em
sua respiração, tentando controlar a explosão selvagem de excitação
pulsando através dele.
Enquanto Desmond preparava seu pão de hambúrguer, ele não
podia deixar de olhar para Vicar... e cada vez, seu companheiro dragão
estava olhando para ele, o desejo queimando nas profundezas escuras de
seus olhos.
Bem, puta merda.
De jeito nenhum ele seria capaz de ganhar controle de si mesmo
com seu companheiro o observando assim.

43
Enquanto Vicar carregava seu grande prato de costelas, purê de
batatas cremoso e amanteigado com alho, bem como três pãezinhos
amanteigados, ele não pôde deixar de olhar para a bunda de Desmond. O
cheiro da excitação de seu companheiro pairava pesado no ar, e sua boca
salivava por algo diferente da deliciosa comida em seu prato. Sua psique
de dragão o incitou a pular a besteira, pegar o lindo shifter raposa e voar
para algum lugar para que eles pudessem completar a reivindicação.
Na verdade, Vicar gostaria de poder fazer exatamente isso.
Infelizmente, embora Desmond fosse um shifter raposa e conhecesse o
placar, ele não pôde deixar de notar alguns traços humanos nas ações do
shifter. Embora Vicar não pensasse que havia algo de errado com os
humanos, Cardin tinha sido um campeão em aceitar e se relacionar com
Leortis, Vicar não desejava um humano para si.
Mas mesmo que Vicar tivesse obtido a realização desse desejo, ele
ainda tinha que lidar com qualquer bagagem que estivesse segurando seu
companheiro.
Nós vamos chegar lá.
Com essas palavras de encorajamento para seu lado dragão, Vicar
se sentou em uma mesa. Ele notou que estava localizada bem perto de
onde Charon e Dakota continuavam a conversar com Leortis e Cardin.
Warzer havia se afastado, e uma rápida olhada ao redor o encontrou
conversando com o cara que estava abraçando e apertando Desmond
quando eles chegaram.
Desmond riu, chamando a atenção de Vicar. Ele viu que seu
companheiro estava olhando na mesma direção. Incapaz de se conter, ele
arqueou uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa.
Cortando cuidadosamente seu hambúrguer ao meio com uma faca,
Desmond olhou para ele enquanto sorria. — Bem, parece que Rigel vai ter

44
um pouco de ação, afinal. — Desmond riu enquanto baixava a faca e
cuidadosamente pegava metade do hambúrguer de alce com bacon. —
Faz um tempo desde que ele pegou alguém de um dos nossos
churrascos.
Vicar notou que Desmond adicionou maionese, ketchup, picles,
tomate e alface. Ele observou discretamente para saber como fazer um
hambúrguer para a satisfação do seu companheiro no futuro. Enquanto
ele era conhecido como um homem duro no palácio, principalmente
devido à sua posição, que o forçava a ser, ele não tinha intenção de ser
assim em suas interações com seu companheiro.
— O que você quer dizer com isso? — Vicar perguntou, utilizando
garfo e faca para separar as costelas que Delanrue lhe deu. O shifter
dragão de Komodo tinha sido generoso, e a laje diante dele era grande e
carnuda. Ao cortá-la, os sucos escorriam da carne, deixando Vicar com
água na boca com sua suculência. Olhando para cima quando não obteve
uma resposta, Vicar quase gemeu com a visão diante dele. As pálpebras
de Desmond estavam semicerradas, seus lábios estavam um pouco
curvados, e uma expressão feliz enfeitava suas belas feições enquanto ele
mastigava a mordida de hambúrguer que obviamente acabou de dar. —
Droga, meu companheiro, — Vicar não pôde deixar de resmungar. Ele
respirou fundo, fazendo o possível para controlar o desejo que corria por
seu corpo. — Você comendo é uma visão deslumbrante de se ver.
Desmond piscou duas vezes, engoliu em seco, então encontrou seu
olhar. Seu rosto corou, deixando-o com um lindo tom de rosa. Ele abaixou
a cabeça e olhou para Vicar através dos seus cílios.
Sim. Ainda deslumbrante.
Depois de olhar para longe, onde Desmond largou seu hambúrguer
para colocar uma porção de molho de cebola francesa em uma batata
frita e colocá-la na boca, seu companheiro voltou a se concentrar em
Vicar. O rosa estava quase desaparecendo das suas bochechas, dizendo a

45
Vicar que o shifter havia levado aqueles poucos segundos para ganhar
controle de si mesmo.
Muito ruim.
— Hum, obrigado, — Desmond murmurou suavemente antes de
limpar sua garganta. Ele pegou seu hambúrguer novamente. — Então,
hum, esse é Rigel. Rigel Patterson. Ele é um executor, um shifter crocodilo
e muito bom em seu trabalho. — Com um revirar de olhos, Desmond
acrescentou: — Ele também é um pouco vadia. — Baixando a voz,
Desmond se inclinou para Vicar e murmurou: — Uma vez que o conselho
aceitou o acasalamento do Conselheiro Regales Colearian com Theo, um
grande número de executores e guardas revelaram sua bissexualidade ou
o que quer que seja. — Utilizando o queixo para se projetar em direção a
Rigel, Desmond finalizou: — Rigel adora sexo e fica mais do que feliz em
se envolver com qualquer pessoa... em qualquer lugar... desde que não
interfira em seus deveres.
Vicar riu baixinho, acenando em compreensão. — Nada de errado
com isso, meu companheiro. — Balançando as sobrancelhas, ele
sussurrou com voz rouca: — Posso pensar em vários lugares no castelo
que poderiam ser utilizados para atividades extracurriculares. — Ao ver a
forma que o rosto de Desmond se aqueceu enquanto seus olhos se
estreitavam, Vicar também notou o toque apimentado de ciúme no cheiro
do seu companheiro. Mmmmm... muito bom... exceto, eu não quero que
meu companheiro tenha uma ideia errada. Com um encolher de ombros
enquanto pegava uma costela carnuda, Vicar encontrou o olhar de
Desmond enquanto murmurava: — Pelo menos, de acordo com Leortis.
Ele me disse que ele e Cardin se divertem sempre que o clima bate. —
Estremecendo, ele murmurou: — Diz que a espontaneidade ajuda a
manter a centelha viva, seja lá o que isso signifique.
Para alívio de Vicar, Desmond riu. — Eu entendo o que ele quer
dizer.

46
Balançando a cabeça lentamente, levando a costela aos lábios, Vicar
perguntou: — Talvez você possa me explicar?
Desmond mais uma vez corou lindamente.
— Claro, eu vou, — Desmond murmurou, olhando para ele através
de seus cílios. — Eventualmente.
Então Desmond deu uma grande mordida em seu hambúrguer e
gemeu.
Vicar teve que conter sua própria resposta semelhante, mas por um
motivo tão diferente. Os ruídos do seu companheiro eram muito difíceis
de ignorar. Ainda assim, não era como se Vicar pudesse violentar seu
companheiro ali mesmo no meio do grupo de shifters. Verdade seja dita,
Vicar também não gostaria.
Eu quero os gemidos, as palavras doces e o corpo do meu
companheiro corado de paixão só para mim. Ninguém mais deveria ver.
Decidindo que uma mudança de assunto estava em ordem, Vicar
perguntou: — Eu sei que você trabalha na sede dos Shifter há mais de
sessenta anos. Você trabalhou na indústria alimentícia todo esse tempo?
Os ombros de Desmond perderam um pouco de tensão, dizendo a
Vicar que ele havia feito a escolha certa. — Eu tenho, — seu companheiro
admitiu com um sorriso. — Pode parecer chato para os outros fazer a
mesma coisa por tanto tempo, mas eu adoro criar comida. — Sorrindo
ironicamente, Desmond rapidamente acrescentou: — Não sou um Chef
como Gage ou um padeiro como Miggs, mas sou muito bom em
cozinhar.
— Eu acredito em você, — Vicar se apressou em assegurar. Se as
pontas dos dedos não estivessem cobertas pelo molho barbecue das
deliciosas costelas, ele teria estendido a mão e apertado o pulso de
Desmond. Em vez disso, ele compartilhou: — Não há nada de errado em
fazer a mesma coisa por anos a fio. — Vicar deu de ombros enquanto

47
sorria para sua linda raposa. — Afinal, eu sou o guarda-chefe de Leortis
desde pouco depois que ele assumiu sua posição enquanto rei. Isso foi há
quase trezentos anos.
— Uau. — Desmond assobiou apreciativamente. — Isso é muito
tempo. Não é de admirar que você o considere seu melhor amigo.
— Nós crescemos juntos, — admitiu Vicar. — Meu pai era o
guarda-chefe do pai de Leortis. Eu estava treinando para a posição desde
o momento em que pude levantar uma espada.
— Huh. — Inclinando a cabeça de uma maneira muito canina,
Desmond comentou: — Eu não teria pensado que vocês, dragões,
utilizariam espadas.
Vicar riu. — Bem, naquela época não tínhamos armas de fogo.
Embora, ao longo dos séculos, tenhamos incorporado algumas delas em
nosso treinamento.
— Naquela época, — Desmond murmurou com a boca cheia de
comida. Depois de engolir, ele perguntou: — Quanto tempo atrás, então?
— Desmond limpou a garganta e se mexeu no assento. — Uh, tudo bem
perguntar quantos anos você tem?
— Verdade seja dita, perdi a conta ao longo dos anos, — admitiu
Vicar. Vendo a luz surpresa encher os olhos de Desmond, ele explicou
rapidamente: — Eu resisti a mais de setecentos invernos. Algo ao redor de
setecentos e trinta e cinco, mais ou menos alguns anos.
— Maldição, — Desmond sussurrou, seus lindos olhos castanhos se
arregalando. — Isto é... — Ele fez uma pausa e passou sua atenção pelas
feições e corpo de Vicar antes de encontrar seu olhar mais uma vez. —
Você parece bem. — Então Desmond franziu as sobrancelhas. — Uh, eu
acho que realmente não sei quantos anos os dragões normalmente
vivem. Você é como gárgulas? Alguns milênios? Mais velho significa mais
forte e mais sábio e tal?

48
Vicar cantarolava, pensando naquela pergunta. — Bem, o dragão
mais antigo de que ouvi falar era um dragão mago e, se as histórias forem
verdadeiras, ele viveu quase quatro mil anos. — Ao ver a mandíbula de
Desmond cair aberta, Vicar rapidamente acrescentou: — Mas o dragão
médio não tem uma vida tão longa. Dois mil e quinhentos a três mil anos
é a média.
— Essa é uma grande média para se ter, — Desmond sussurrou,
sua expressão ficando vazia enquanto seus pensamentos se voltavam para
dentro. Quando ele permaneceu em silêncio por um momento, Vicar
abriu a boca para oferecer um centavo por seus pensamentos, mas então
Desmond falou novamente, suas palavras suaves mal chegando a Vicar
sobre a conversa daqueles ao seu redor. — Possivelmente mil e
quinhentos a dois mil anos juntos. Uau. Eu espero que v-você não esteja...
— Desmond pareceu perceber que ele estava falando em voz alta, pois
ele fechou a boca quando um tom de vergonha penetrou em seu cheiro.
Olhando para Vicar com o canto do olho, Desmond murmurou: — Espero
que gostemos um do outro além da química sexual.
Enquanto Vicar sabia que não era o que Desmond originalmente
pretendia dizer, ele deixou passar. Ele percebeu que era algo que não era
muito lisonjeiro para ele. Afinal, Vicar tinha sido um idiota durante o
primeiro encontro.
Considerando o aviso de Priest, Vicar imaginou que levaria um
pouco de tempo para seu companheiro superar isso.
Mas nós iremos.
— Tenho certeza de que encontraremos coisas em comum,
Desmond. — Enquanto Vicar fazia o possível para tranquilizar seu shifter
raposa, ele pousou sua última costela, estavam deliciosas, e pegou o
guardanapo. — Embora eu esteja ansioso para explorar essa química
incrível que sinto entre nós. — Depois de limpar as mãos, Vicar estendeu
a mão e agarrou o pulso de seu companheiro. Esfregando suavemente

49
sobre o ponto de pulsação, ele sentiu a frequência cardíaca de Desmond
acelerar e sorriu com essa reação. — Como muitos paranormais, nunca
estive em um relacionamento antes. Só nunca quis ninguém além de uma
ou duas noites. Segurando o olhar de Desmond, Vicar não escondeu nada
do desejo que sentia pelo shifter magro sentado ao lado dele. — Você é
diferente, meu companheiro. Você será o coração e a alma de um dragão,
e farei o possível para provar que também sou o homem de que você
precisa.
— Obrigado, Vicar, — Desmond respondeu calmamente. — Eu não
quero fazer você pular de argolas.
Desmond torceu seu pulso, afastando-se do seu aperto. Vicar sentiu
uma pontada de desapontamento surpreso com o movimento, mas foi
imediatamente substituído por prazer quando Desmond entrelaçou seus
dedos juntos. Vicar devolveu o sorriso de Desmond, sentindo uma
estranha sensação de satisfação em simplesmente se sentar e estar de
mãos dadas com seu companheiro.
— Nós encontraremos nosso caminho, — Vicar assegurou. Ele
ergueu seus dedos entrelaçados e beijou as costas da mão de Desmond.
— Nós somos paranormais, meu companheiro. Não vai demorar tanto.
Por vários segundos, eles apenas ficaram sentados olhando um para
o outro, e Vicar se deleitou com o olhar caloroso do seu companheiro.
Então Desmond piscou, e um novo rubor varreu suas bochechas. Ele
olhou para o prato antes de pegar sua cerveja e tomar um gole. Depois
de devolver a garrafa à mesa, Desmond voltou a se concentrar em Vicar.
— Então.
Desmond limpou a garganta e Vicar esperou pacientemente que
seu shifter reunisse seus pensamentos. Na verdade, ele sentiu uma onda
de orgulho por algumas declarações suaves obviamente significarem
tanto para seu companheiro. Embora Vicar não fosse um homem que

50
compartilhasse suas emoções ou sentimentos com frequência, ele fez uma
anotação mental para fazer exatamente isso com seu companheiro, e com
frequência.
— Então, onde você mora, afinal?
Vicar sentiu suas sobrancelhas se levantar com a pergunta
inesperada. Ele sorriu enquanto relaxava em sua cadeira, ainda segurando
a mão de Desmond. O prazer o encheu que seu companheiro nunca
tentou se afastar.
— Acho que esqueci de cobrir isso, hein? — Vicar sorriu quando
viu Desmond arqueou uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa. — A
casa do rei dragão e, por extensão, minha casa, está escondida em
Poconos, no Nordeste da Pensilvânia.
Desmond pareceu surpreso. — Você é?
Vicar assentiu uma vez. — Nós somos.
Seu olhar se transformou em confusão. — Eu achava que Poconos
era um destino turístico. Linda área para caminhadas, pesca, esqui. Coisas
assim.
— De fato é, — Vicar confirmou com uma risada. — E você não
acreditaria no negócio que nosso pessoal faz administrando pousadas
chiques, bem como butiques e restaurantes turísticos.
— Mas como vocês se mantêm em segredo?
— Os humanos raramente veem o que não querem ver. Poucos
acreditam que os dragões já existiram, independentemente de todos os
mitos e lendas criados ao redor da nossa espécie, — Vicar revelou com
um aperto na mão de Desmond. — Isso significa que ninguém realmente
procura por nós. Há cerca de quatrocentos de nós vivendo dentro e ao
redor da área, e possuímos muitas propriedades, o que nos dá uma
proteção contra terras públicas. — Vicar viu Desmond começar a assentir
lentamente, processando aquela informação. Ele continuou explicando,

51
dizendo: — Além disso, temos pessoas na aplicação da lei, guardas
florestais e busca e salvamento. Ficamos de olho em onde os humanos
podem estar caminhando e acampando, para que possamos compartilhar
com todos onde estão as zonas seguras de voo.
— E quanto ao radar e rastreamento? — Desmond se inclinou para
frente, claramente interessado. — Você não tem medo de ser visto por
um satélite ou algo assim?
— Algo na composição metálica de nossas escamas nos esconde
de qualquer dispositivo de rastreamento conhecido, — explicou Vicar
depois de olhar discretamente ao redor. Com um sorriso tenso, ele
acrescentou: — Até agora, pelo menos.
Vicar esperava que todos na área que pudessem ouvi-lo fossem
aliados. Se esse tipo de informação chegasse às pessoas erradas, os
dragões poderiam ser caçados por suas escamas. Eles geralmente não
compartilhavam a informação com estranhos, mas Desmond era seu
companheiro, e ele queria ser honesto com ele.
Obviamente percebendo sua inquietação, Desmond apertou a mão
de Vicar. — Seus segredos estarão seguros conosco.
Suspirando, Vicar assentiu. — Obrigado.
Tenho que ter fé nos amigos de Desmond.
— Vic!
Ao ouvir o chamado de Leortis, Vicar se levantou, puxando
Desmond com ele. Ele olhou ao redor freneticamente, sua atenção
pousando em seu rei. Enquanto Vicar corria em sua direção, ele notou o
pânico no semblante do homem geralmente estoico.
— O que está errado? — Vicar perguntou, parando diante dele.
Um segundo depois, Warzer se juntou a eles, ainda abotoando a
calça jeans e cheirando a Rigel e sexo.

52
Acho que Desmond estava certo.
— Charon está tendo o bebê.
Ao ouvir a declaração de Leortis, Vicar ficou boquiaberto. Ele voltou
sua atenção para Charon, que descansou uma mão em seu abdômen
enquanto ostentava uma expressão de dor. Dakota tinha os braços em
volta do seu companheiro de forma protetora.
— Agora? — Warzer perguntou incrédulo. — Achei que não
aconteceria em mais uma semana ou algo assim.
Charon deu de ombros. — Estou ligado a um shifter, não a um
dragão. — Ele fez uma careta quando foi atingido por outra contração. —
É agora.
Vicar permaneceu congelado por mais alguns segundos. Então ele
entrou em ação.

53
Desmond observou fascinado enquanto Vicar assumia o comando.
Apontando para Warzer, Vicar ordenou: — Encontre o companheiro
de Delanrue, Miggs. Diga a ele que precisamos de cobertores, água
quente e panos limpos. Quandoo Warzer se apressou, ele se virou para
Desmond. — Você notificará Delanrue e Dane que o companheiro de seu
irmão está em trabalho de parto? Tenho certeza de que Dakota apreciaria
o apoio dos seus irmãos. — Um sorriso curvou os lábios de Vicar
enquanto ele olhava na direção de Dakota. — Ele está parecendo um
pouco verde nas guelras, por assim dizer.
Depois de dar uma olhada em Dakota, Desmond viu exatamente o
que Vicar queria dizer. O shifter normalmente sorridente e
despreocupado parecia pálido. Suas sobrancelhas estavam franzidas e a
preocupação brilhava em seus olhos verdes enquanto ele olhava para seu
companheiro.
Desmond assentiu. Virando-se, ele rapidamente saiu correndo,
sabendo que encontrar Delanrue seria bastante fácil. Ele ainda estava na
grelha.
— Del, — Desmond chamou, estremecendo mentalmente quando
o homem enorme se virou e o prendeu com um olhar de olhos estreitos.
Apenas alguns poucos o chamavam pela versão abreviada do seu nome, e
Desmond certamente nunca havia tentado tomar essa liberdade antes.
Ainda assim, Desmond afastou sua preocupação de possivelmente ter
ofendido o enorme executor e lhe disse: — Charon está em trabalho de
parto. — Vendo os olhos de Delanrue se arregalar, Desmond apontou
para a clareira onde havia deixado Charon e Dakota. — Você sabe onde
Dane está?
— Não fora de mão, — Delanrue admitiu mesmo enquanto
percorria seu olhar sobre a área, obviamente procurando por ele. — Vou

54
rastreá-lo, — Delanrue lhe disse quando viu Warzer conversando com um
Miggs de olhos arregalados. — O que ele está fazendo?
— Pedindo coisas, — Desmond admitiu, dançando de um pé para
o outro. — Uh, você sabe. Água, cobertores e outras coisas.
Delanrue assentiu com a cabeça. — Ajude-os. Vou encontrar Dane e
levá-lo de volta ao meu irmão.
Desmond assentiu e rapidamente correu atrás do par onde eles
estavam entrando na casa. Evidentemente, os outros convidados
perceberam a mudança repentina no ar, pois todos se acalmaram. Eles
olharam ao redor, tentando descobrir o que estava acontecendo.
Desmond não teve tempo de compartilhar.
Em vez disso, Desmond encontrou Miggs na cozinha, colocando
água quente em uma panela. — Pegue quando estiver pronto, —
ordenou o shifter cobaia antes de seguir em direção ao corredor,
deixando Warzer com a tarefa de carregar o que provavelmente acabaria
sendo uma pesada panela de água.
Homem inteligente.
— O que posso carregar? — Desmond ofereceu, seguindo Miggs.
Miggs abriu o guarda-roupa do corredor antes de apontar para o
quarto de hóspedes. — Pegue o edredom e o cobertor, assim como
todos os travesseiros que puder carregar. — Então Miggs começou a
empilhar toalhas de diferentes tamanhos e cores em seus braços.
Desmond rapidamente se moveu para obedecer. Entrando no
quarto de hóspedes, ele viu o cobertor dobrado ao pé da cama. Depois
de jogá-lo por cima do ombro, ele agarrou o edredom e o puxou,
enrolando-o e colocando-o debaixo do braço. Finalmente, Desmond
pegou um par de travesseiros.
Enquanto Desmond se apressou para fora do quarto, ele
estremeceu mentalmente. Os itens eram bons, macios e de boa

55
qualidade. Eles também eram azul celeste. Desmond não podia imaginar
obter sangue de um nascimento neles.
Desmond nunca esteve presente durante um parto. Se lhe
perguntassem, teria que admitir que também nunca quis estar. A ideia de
ver um bebê sendo expelido por entre as pernas de uma mulher...
Apenas, eca!
Ele sempre tinha sido muito feliz por ser gay e nunca se deitou com
uma mulher em sua vida.
Ainda assim, pela oportunidade de ver um bebê dragão, Desmond
não resistiu em ficar por perto. Apesar de ter trabalhado com Charon nas
cozinhas por quase uma década, não tinha sido até os últimos seis meses
que ele realmente começou a se tornar amigo dele. Enquanto Charon
estava sob um feitiço que o disfarçava de humano, ele era recluso e
tímido.
Atualmente, Desmond gostava de se juntar a Charon nos jardins de
vez em quando. Embora não fosse tão apaixonado por isso quanto o
ômega, ele achava divertido. Desmond realmente gostou de compartilhar
a exuberância de Charon por isso.
Eles conversaram bastante nos jardins, tornando-se amigos. Ele
sabia que Charon estava carregando um ovo. O que Desmond nunca
perguntou foi se, depois que o ovo chocasse, seria um dragão ou um
bebê?
Considerando que Charon estava ligado a um shifter e não a outro
dragão, era possível que seu amigo nem fosse capaz de responder a essa
pergunta.
Antecipação enchendo-o, junto com um pouco de frio na barriga,
Desmond voltou para o lado de Charon. Delanrue e Dane já estavam lá,
assim como Danny. Com a maneira que Danny ficou para trás, parecendo

56
um pouco pálido, Desmond pensou que o humano tinha uma
mentalidade semelhante à dele.
— Aqui estão os cobertores e travesseiros, — Desmond ofereceu,
estendendo-os para Vicar, que ainda parecia estar no comando. O rei
estava muito ocupado segurando a outra mão de Charon, oferecendo
palavras suaves de encorajamento. — Onde devo espalhá-los?
Vicar sorriu calorosamente para ele enquanto pegava um dos
cobertores. — Isso servirá muito bem para envolver Charon e Leortis
depois deles mudar de volta. Obrigado, meu companheiro. — Ele pegou
o edredom também, deixando-os de lado.
Enquanto Desmond não seguiu completamente, ele simplesmente
assentiu. — E os travesseiros?
— Uh. — Vicar olhou para eles inexpressivamente por um
momento. — Não me lembro de pedir travesseiros. — Com um encolher
de ombros, ele os pegou de qualquer maneira. — Podemos deixar
Charon mais confortável até que ele precise mudar.
Boquiaberto, Desmond deu um passo para trás. Ele ia ver seu amigo
mudar? A excitação o encheu, afastando seu leve mal-estar. Desmond só
tinha visto a mudança de Charon uma vez antes, e ele pensou que era
incrível.
Muito legal!
Desmond assistiu enquanto Vicar ajudava Dakota a colocar Charon
no chão, sentado em um travesseiro com as costas entre as coxas abertas
de Dakota. Dakota descansou as costas nas pernas de Delanrue, seu irmão
oferecendo apoio. Dane se ajoelhou à esquerda de Dakota, descansando
a mão no ombro de seu irmão. Danny e Miggs ficaram para trás,
abraçados.
O rei Leortis se agachou à direita de Charon. Mesmo enquanto
segurava a mão de Charon com a mão esquerda, ele utilizou a direita

57
para desabotoar a camisa. Em algum momento, enquanto Desmond
estava fora, Leortis tirou a jaqueta. Cardin flanqueava o rei, e Warzer
estava ao lado do humano, claramente protegendo-o.
— Eu liguei para o Dr. Fulstat, mas não há como ele chegar a
tempo, — Vicar disse a todos suavemente. — Mas ele prometeu ficar na
linha, caso surja algum problema.
Dakota voltou sua atenção para Vicar. — Os problemas surgem com
frequência? — Ele perguntou, o pânico rastejando em sua voz.
— Não, — Vicar assegurou, balançando a cabeça. — Não me
lembro da última vez que ouvi falar de um dragão ômega tendo
problemas para dar à luz. — Com um sorriso tranquilizador, Vicar
acrescentou: — Na verdade, é muito mais tranquilo para eles do que para
nossas mulheres.
Delanrue apertou o ombro de Dakota, chamando sua atenção. — E
eu liguei para o Doutor Bulgazi, — ele afirmou calmamente, referindo-se
ao médico que trabalhava na sede dos shifters. — Ele está a caminho e
deve estar aqui em vinte minutos.
Ficando fora do caminho, Desmond olhou ao redor. Evidentemente,
todos haviam percebido a gravidade da situação. Eles estavam quietos,
apenas ocasionalmente sussurrando entre si. Eles estavam sentados longe
o suficiente para oferecer um mínimo de privacidade enquanto estavam
perto o suficiente para oferecer ajuda, se necessário.
Deuses, espero que nenhuma ajuda seja necessária.
A incerteza encheu Desmond, e ele se perguntou se deveria ir se
sentar com eles. Ele deu um passo para trás, pensando em fazer
exatamente isso. Afinal, Desmond não era realmente da família.
Vicar estendeu a mão de onde estava ajoelhado perto da coxa de
Charon e agarrou a mão de Desmond. Ele sorriu para ele. — Fique, — ele

58
encorajou suavemente. — Este é um evento abençoado. Eu adoraria
compartilhar com você, meu companheiro.
Desmond apertou a mão de Vicar de volta e assentiu. Quando Vicar
o soltou, ele se abraçou e esperou. Para seu prazer, Danny e Miggs se
aproximaram dele e o envolveram em seu abraço. Desmond ficou muito
feliz em retribuir o abraço, oferecendo o apoio emocional que podia.
— Dakota. — Vicar apontou para a camisa de Charon. — É hora de
você tirar a camisa de Charon. Vamos ver em que estágio está o trabalho
de parto.
Com mãos obviamente gentis, Dakota tirou a camisa de Charon do
seu corpo. Ele imediatamente esfregou as palmas das mãos sobre os
braços do seu companheiro. Mantendo uma travada no braço de Charon,
ele deslizou a outra palma por seu torso magro.
A diferença na aparência de Charon após o feitiço ainda
surpreendeu Desmond. Durante anos, Charon parecia ser um jovem de
um metro e sessenta e cinco, cabelos loiros e olhos azuis. Na verdade, a
constituição de Charon era extremamente semelhante à do próprio
Desmond, medindo um metro e oitenta com uma constituição forte e
tonificada. O cabelo de Charon era na verdade um belo ruivo e seus olhos
eram castanhos. Claro, como acontecia com os companheiros, Dakota não
deu a mínima para a aparência de Charon depois que o feitiço foi
removido. Ele só queria seu companheiro feliz.
Desmond olhou para Vicar, imaginando se seu companheiro teria
agido da mesma forma. Ele teria se importado se Desmond tivesse uma
aparência diferente? Ele percebeu que era um ponto discutível e afastou
os pensamentos.
Não importava, e Desmond estava apenas sendo ridículo.
Enquanto esperava, a antecipação o deixou um pouco nervoso, mas
Desmond lutou contra o desejo de pular de um pé para o outro. Ele

59
observou Vicar alcançar a barriga de Charon. Com as palmas das mãos
pairando sobre a pequena protuberância, exibida pela linha horizontal
vermelha profunda na parte inferior do abdômen de Charon, Vicar olhou
para Dakota.
— Tenho permissão para tocar Charon, Dakota? — Vicar perguntou
solenemente.
Por um segundo, Dakota apenas olhou para ele com as
sobrancelhas franzidas. Então ele balançou a cabeça lentamente. — Sim.
Vicar sorriu e acenou com a cabeça ligeiramente antes de voltar sua
atenção para o abdômen de Charon.
Dakota olhou para Delanrue interrogativamente.
Um segundo depois, Leortis respondeu à pergunta silenciosa. — Os
dragões são extremamente territoriais quando se trata dos seus parceiros
grávidos, — afirmou suavemente. — É por isso que isso normalmente é
feito apenas por membros da família. — Com um pequeno sorriso, Leortis
continuou: — Vicar pediu permissão porque se você fosse um dragão e
ele não fosse seu parente, você poderia se sentir compelido a mudar e
atacá-lo.
— Ok, — Dakota respondeu simplesmente. Curvando um canto de
seus lábios, ele pressionou um beijo no lado da cabeça de Charon antes
de murmurar, — Ainda tenho coisas para aprender sobre sua espécie,
bebê.
Charon inclinou a cabeça para trás e para o lado, olhando para
Dakota com um olhar amoroso. — Não estamos juntos há muito tempo.
A cor de Dakota começou a voltar quando ele sorriu de volta para
Charon. — Não é de longe o suficiente. — Então ele pressionou um beijo
casto na boca do seu amante.
Sentindo-se um pouco como um voyeur, Desmond baixou o olhar
para o que Vicar estava fazendo. Quase desejou não ter feito isso. Seu

60
companheiro parecia estar apalpando a linha vermelha no estômago de
Charon.
Conforme Vicar trabalhava, a carne se separava um pouco, mas não
completamente. Havia tentáculos ainda mantendo-a unida. Quando os
lados se juntaram, quase parecia haver uma substância pegajosa
escorrendo por dentro.
— Oh, deus, — Danny sussurrou, e Desmond sentiu o humano
dobrar seu rosto contra seu pescoço.
— Está tudo bem, — Miggs sussurrou, esfregando as costas de
Danny. — Eu acho que isso é normal.
Vicar obviamente o ouviu, pois olhou para eles e sorriu. — É normal.
Tudo está progredindo como deveria.
Mesmo enquanto Vicar falava, outra onda de dor atingiu Charon, e
ele gemeu baixinho. A lacuna que Vicar continuou trabalhando aumentou.
As gavinhas ficaram mais finas.
— Quase lá, Charon, — Vicar assegurou, sorrindo para ele. — Você
vai sentir o desejo de mudar em breve. Não lute contra isso. — Ele olhou
ao redor para todos. — Estejam prontos para sair do caminho.
Certo. Charon é muito maior em sua forma de dragão.
Assistindo com a respiração suspensa, Desmond sabia que não era
o único que praticamente vibrava com antecipação. Ele sentiu os braços
de Miggs se apertar ao seu redor. Ao ouvir Danny grunhir, o aperto de
Miggs afrouxou enquanto ele sussurrava um pedido de desculpas.
Sim. Alguém está animado.
Quando outra onda de dor atingiu Charon, foi seguida por um forte
estremecimento.

61
Vicar afastou as mãos de Charon. — Afaste-se, — ele ordenou
enquanto se levantava. Vicar envolveu os três em seus braços grossos,
afastando-os de Charon.
Ao mesmo tempo, Desmond notou Delanrue e Dane fazendo o
mesmo com Dakota. Warzer também estava puxando Cardin de volta.
Leortis, no entanto, ficou perto e também começou a mudar.
— É assim, Charon, — Vicar encorajou enquanto o dragão de
Charon se levantava. — Agora é só relaxar e deixar a natureza seguir seu
curso. — Vicar apontou para as toalhas e ordenou a Dakota: — Mova-se
com as toalhas, Dakota. Prepare-se para pegá-lo.
Dakota ficou boquiaberta. — Eu? — Ele praticamente guinchou a
única palavra.
— Você é seu companheiro, — Vicar lembrou. Com um encolher
de ombros, ele acrescentou: — Eu poderia fazer isso, mas acho que
enquanto o pai, você deveria ser o único.
— Dakota, — Charon retumbou, a voz do seu dragão mais
profunda e áspera do que a humana. — Por favor, meu companheiro.
Está na hora.
Dakota rapidamente se moveu. Ele pegou uma toalha grossa do
chão onde Miggs as havia deixado. Espalhando-a, Dakota correu para o
lado de Charon.
Mesmo enquanto Desmond esperava, ele não podia deixar de
admirar o dragão de Charon. A besta era de uma bela cor metálica,
púrpura clara. Ele tinha um focinho longo e afilado e um pescoço
elegante. Seus olhos castanhos escureceram para uma cor âmbar e
mostraram inteligência. Os braços de Charon se alongaram,
transformando-se em asas, e agora estavam dobrados, então ele
descansou seu peso no que eram essencialmente seus cotovelos.

62
Uma enorme cabeça azul-escura se aproximou da menor e roxa de
Charon e aninhou-se em sua bochecha. Incapaz de ajudar a si mesmo,
Desmond engasgou suavemente. Ele ouviu Danny fazendo o mesmo.
Enquanto o dragão de Charon tinha que ter o dobro do tamanho
de um elefante, o dragão de Leortis era ainda maior, provavelmente o
dobro do tamanho novamente. Ele tinha chifres afiados na cabeça sobre
os olhos, e suas escamas eram do azul mais profundo da meia-noite.
Havia pontas em sua cauda. Em vez de seus antebraços serem asas,
Leortis tinha enormes apêndices levantados de um ponto logo abaixo dos
ombros de cada lado do corpo.
— Droga, — Miggs sussurrou.
Vicar riu baixinho. — Sim. Isso resume o nosso rei.
— Quase lá, pequeno, — o rei dragão rugiu, sua voz profunda
praticamente fazendo vibrar o ar ao redor deles. — Deixe seu pequenino
sair.
Com um grunhido suave, Charon pareceu obedecer. As escamas da
sua barriga se separaram e uma esfera oblonga um pouco maior do que
um ovo de avestruz escorregou para dentro da toalha. Dakota
imediatamente embalou o ovo de cores vibrantes em seus braços, um
olhar de admiração em seu rosto enquanto olhava para os redemoinhos
de verde profundo e roxo pálido.
— Descanse o ovo no chão e dê um passo para trás, Dakota, —
Vicar ordenou suavemente.
Dakota pareceu se assustar. Ele olhou ao redor, percebendo os dois
dragões observando-o com expectativa. Com um sorriso, ele colocou o
ovo, toalha e tudo, no chão. Então ele deu vários passos para trás.
Como um, Charon e Leortis soltaram um pequeno fluxo
concentrado de fogo. As chamas lamberam o ovo e o cheiro de tecido

63
queimado encheu o ar. Um segundo depois, um lamento suave alcançou
seus ouvidos e os dois dragões imediatamente cortaram suas chamas.
Vicar soltou os três. Ele rapidamente pegou outra toalha e correu
para frente. De dentro do círculo de tecido carbonizado e grama, ele
pegou um dragão minúsculo com escamas verdes com pontas roxas
pálidas. Quase instantaneamente, o dragão se transformou em um bebê
humano. Ele abriu a boca e soltou um grito poderoso.
Sorrindo amplamente, Vicar enrolou a toalha em volta do bebê
enquanto se dirigia para Dakota. Segurando o pacote, ele lhe disse: —
Parabéns. Você tem um garotinho ômega.
O sorriso de Dakota se estendeu tanto em seus lábios que Desmond
não sabia como seu rosto o acomodava. Ele pegou seu filho e o apertou
contra o peito. Olhando para seu filho, ele se aproximou de Charon, que
ainda estava em forma de dragão.
Vicar recuou alguns passos, e foi quando Desmond o viu, um brilho
em seus olhos.
Algo que Desmond nem sabia que estava lá aliviou em seu peito.
Se meu companheiro pode chorar com o nascimento de um bebê,
sei que posso confiar nele para ser um bom homem.

64
Infelizmente, mesmo um dragão não conseguia manter suas roupas
intactas quando tomavam sua verdadeira forma.
Era por isso que Vicar pediu os cobertores. Ele ergueu um, pronto
para envolvê-lo ao redor de Leortis assim que ele voltasse à forma
humana. Ele notou Delanrue fazendo o mesmo por Charon. Dane estava
muito ocupado arrulhando para o bebê.
O amor evidente nos rostos dos três irmãos causou um nó na
garganta de Vicar.
Esse bebê vai ser tão bem cuidado.
Afastando-se da bela vista, Vicar engoliu em seco. Ele chamou a
atenção de Desmond e sorriu para seu companheiro. O sorriso caloroso
que seu companheiro devolveu fez seu estômago revirar por um novo
motivo.
Uau. Eu gosto do jeito que ele está olhando para mim.
— Vou levar isso, — Cardin murmurou, arrancando o cobertor das
mãos de Vicar.
Vicar voltou sua atenção para o assunto em questão. Vendo seu rei
agachado em forma humana, ele xingou silenciosamente. Em voz alta,
Vicar disse: — Sinto muito, Leortis. Fui pego em falha.
Leortis bufou enquanto puxava o cobertor que Cardin colocou
sobre seu ombro mais apertado em volta dele. — Você quer dizer que foi
pego admirando seu companheiro. — Com um largo sorriso, Leortis
levantou-se, envolvendo-se com o edredom ao fazê-lo. — Não há nada
de errado com isso. — Utilizando uma mão para segurar o cobertor no
lugar, Leortis envolveu Cardin com a outra, segurando-o perto. — Vá até
ele, Vicar. Seu trabalho aqui está feito. Farei as ligações necessárias aos

65
médicos. O Doutor Fulstat pode orientar o Doutor Bulgazi no processo de
checar um bebê dragão.
— Obrigado, — Vicar respondeu com gratidão. Depois de um
mergulho de seu queixo em deferência a seu rei, ele se virou e se dirigiu
para Desmond. Alcançando-o, Vicar não resistiu em abraçá-lo e puxá-lo
para perto. — Bem? — Ele perguntou suavemente. — O que você achou
disso?
— Isso foi absolutamente incrível, — Desmond respondeu
calmamente, olhando para ele. Ele descansou as palmas das mãos no
peito de Vicar, esfregando os polegares sobre os peitorais. — Obrigado
por me pedir para ficar por perto.
Vicar assentiu uma vez, o toque de Desmond tornando o
pensamento difícil. Embora tivesse acabado de conhecer o homem, sabia
que nunca queria ficar sem ele. Ele não podia imaginar alguém se
encaixando nele tão perfeitamente ou tendo o toque de outra pessoa
causando tal tumulto em seus sistemas.
Desmond não estava fazendo mais do que descansar contra ele,
mas os mamilos de Vicar rapidamente endureceram. Seu estômago se
apertou com calor e desejo. O sangue correu para sua virilha, aquecendo-
o de dentro para fora enquanto seu pau engrossava atrás da braguilha da
sua calça jeans.
Encontrando sua língua, Vicar conseguiu murmurar: — Em geral, os
dragões têm dificuldade em engravidar. — Ele deslizou uma mão para
provocar seus dedos ao longo da coluna do pescoço de Desmond. — O
fato de Charon ter feito isso rapidamente é uma prova da bênção do
destino.
Para a surpresa de Vicar, Desmond sorriu. — Ou a potência de
Dakota.

66
Vicar riu enquanto acenava com a cabeça. — Ou talvez a fertilidade
de Charon.
— Bênção do destino ou não, estamos tomando controle de
natalidade, — Dakota declarou, interrompendo-os. Ele sorriu amplamente
enquanto segurava um Charon de aparência humana dobrado contra ele.
Seu companheiro segurou seu novo bebê em seus braços, e os dois
homens sorriram para Vicar. Dakota olhou para Charon e o bebê que ele
segurava antes de fixar um olhar agradecido em Vicar e dizer: — Muito
obrigado por sua ajuda e orientação.
— Tem sido realmente uma honra ajudá-los, — Vicar respondeu,
um sorriso suavizando suas feições escuras. — Teremos que nos lembrar
de levar em consideração linhas do tempo ligeiramente distorcidas, caso
outros dragões encontrem seus companheiros entre shifters. — Vicar
olhou para Danny, que estava nos braços de Dane enquanto falava
baixinho com Miggs. Com um encolher de ombros, Vicar emendou: — Ou
humanos ou outros.
— Os dragões podem engravidar seus companheiros
predestinados? — Danny perguntou de repente, olhando entre eles. —
Ou isso é apenas uma coisa de gárgula?
Quando Danny fez a pergunta, Desmond endureceu em seus
braços. — Isso é apenas uma coisa de gárgula, — Vicar respondeu,
esfregando para cima e para baixo as costas do seu shifter. — Apenas
dragões ômega podem engravidar. — Vicar sorriu para Desmond,
apreciando que seu companheiro imediatamente relaxou contra ele mais
uma vez. — Desculpe, querido. Não há bebês nas cartas para nós.
— Embora eu certamente não queira ser o único a carregá-lo, isso
é realmente muito ruim. — Desmond devolveu o sorriso. — Aposto que
você seria um ótimo pai. — Então suas sobrancelhas franziram quando ele
olhou para Leortis antes de encontrar o olhar de Vicar novamente. — A
menos que você já tenha algum?

67
Vicar entendeu o que Desmond aludiu. Leortis gerou uma criança
com um dragão fêmea escolhida para produzir um herdeiro. Vicar nunca
teve qualquer desejo de fazer isso.
— Não, meu companheiro, — Vicar compartilhou. — Eu nunca
gerei uma criança. — Recordando as primeiras palavras de Desmond, ele
não pôde deixar de sorrir. — Mas obrigado por pensar que eu seria um
ótimo pai.
— Sempre há barriga de aluguel, — Leortis brincou, parando ao
lado deles. Antes de se virar para o bebê, ele sorriu e acrescentou, —
Afinal, quem vai tomar o seu lugar enquanto chefe da guarda de honra de
Leônidas?
Balançando a cabeça, Vicar sorriu para seu rei. — Esse navio partiu
há muito tempo. — Leônidas já tinha mais de cem anos de idade, sem
falar que tinha dois melhores amigos que eram mais do que dignos e
capazes de ocupar o cargo quando chegasse a hora. — Acho que
Leonidas terá dificuldade em decidir a quem dar minha posição, —
admitiu Vicar. — Llaudsa ou Znyrda.
— Você pode estar certo sobre isso, — respondeu Leortis,
assentindo conscientemente enquanto se aproximava e permitia que
Dakota, Charon e os outros se afastassem para que pudessem exibir seu
novo bebê para todos os outros. — Ambos dariam um bom chefe da
guarda de honra para ele.
— Eles poderiam compartilhar a posição? — Desmond perguntou,
olhando entre eles. Quando todos os olhos caíram sobre ele, ele se
pressionou contra Vicar, buscando silenciosamente seu apoio. Vicar não
estava totalmente certo de que Desmond estava ciente de que ele estava
fazendo isso, mas Vicar adorou. Com a voz muito mais suave, Desmond
murmurou: — Ou isso não é permitido?
Vicar cantarolou, esfregando a palma da mão para cima e para
baixo nas costas de Desmond mais uma vez. — Ideia interessante, — ele

68
ofereceu, sorrindo para seu companheiro. — Acho que isso nunca foi
proposto antes. — Vicar se concentrou em Leortis e arqueou uma
sobrancelha em uma pergunta silenciosa.
Leortis hesitou alguns segundos antes de balançar a cabeça. — Não,
não tem, — ele confirmou. Erguendo o queixo, ele cantarolou baixinho. —
Mas também não consigo me lembrar de nenhuma lei contra isso. Só
porque não foi feito antes não significa que não possa acontecer. Acho
que vou mencionar a ideia para Leonidas. — Com um sorriso largo,
Leortis acrescentou: — Novas ideias são sempre bem-vindas.
— Não deixe alguns dos dragões anciões ouvir você dizer isso, —
Vicar afirmou com um resmungo. — Eles estão presos na idade das
trevas.
Com um suspiro, Leortis assentiu severamente. — Eles são.
Felizmente, eles não aparecem muito e raramente concordam quando o
fazem. Apertando um pouco Cardin contra ele, Leortis se concentrou em
seu companheiro. — Eu acho que é hora de encontrar alguma calça. Eu
deveria ter tido a presença de espírito de tirar minha cueca boxer.
— O tipo de roupa íntima que você prefere é um pouco mais do
que eu queria saber sobre o meu rei, — Warzer brincou, se aproximando
com uma calça. — Cumprimentos de Delanrue.
— Ah obrigado. — Leortis sorriu e começou a se mover em direção
à floresta, Cardin ainda em seu poder. — Eu volto em breve.
— Mas não tão cedo, certo?
Enquanto Cardin sussurrou as palavras, Vicar ainda as ouviu. Incapaz
de se conter, ele sorriu um pouco.
— Absolutamente não muito cedo, — confirmou Leortis. Então ele
acrescentou: — Pegue minha jaqueta. Tem o que precisamos.
Vicar fez uma careta enquanto olhava para o céu estrelado. Ele
realmente não precisava saber que seu rei sempre carregava consigo o

69
necessário para foder seu companheiro. Claro, considerando que Leortis
disse que adorava momentos carnais de espontaneidade com Cardin,
fazia sentido.
Eu me pergunto se meu companheiro vai gostar desse tipo de coisa.
Voltando seu foco para Desmond, Vicar de repente encontrou sua
cabeça preenchida com a imagem das mãos do seu shifter pressionadas
contra uma árvore. Ele teria sua bunda pressionada de volta nas mãos
questionadoras de Vicar. Vicar iria mantê-lo firme enquanto ele
mergulhava em seu buraco convidativo repetidamente até...
— E aqui estão alguns moletons para você, Charon, — Delanrue
rugiu, entregando-os. Então ele se virou para Vicar e cruzou os braços
sobre o peito. — Talvez você e Desmond gostariam de fazer uma viagem
para a floresta também? — Seus olhos se estreitaram quando o canto
esquerdo de sua boca se curvou. — Você pode correr e... ver o que
aparece.
Vicar rosnou baixinho. — Não está acontecendo. Estou
reivindicando meu companheiro em uma boa cama macia. — Então,
percebendo que deveria perguntar sobre esse tipo de coisa, ele se
concentrou em Desmond. Mesmo que ele tenha notado a maneira que
seu shifter raposa mordiscou seu lábio inferior e seu rosto ficou com um
leve tom rosado, Vicar ainda ofereceu: — Podemos dar uma corrida, se
você quiser. — Vendo o rosto do seu companheiro ficar ainda mais
sombrio, Vicar rapidamente acrescentou: — Nada precisa acontecer além
de deixar sua raposa sair. — Ele não pôde evitar e acrescentou: — Eu
adoraria a chance de jogar um jogo de perseguição.
Só preciso lembrar que isso não significa que posso reivindicar meu
prêmio no final se ele não estiver pronto.
Droga. Isso vai ser difícil.

70
Enquanto Vicar sustentava o lindo olhar de olhos castanhos de
Desmond, ele percebeu outra coisa.
Para o meu companheiro, eu vou fazer isso. Eu farei qualquer coisa.
— Eu realmente quero ver o seu dragão, mas eu realmente quero
uma cama também, — Desmond lhe disse, e Vicar se resignou a uma
perseguição sem um prêmio no final. Então, para sua surpresa, Desmond
abaixou o queixo e sussurrou, sua voz tornando-se sensual. — Mas
podemos brincar de perseguir outra noite também. Você precisa ficar
com seu rei? Ou posso levar você para casa comigo?
Vicar respirou fundo e seu pau flexionou dentro dos limites ds sua
calça jeans. Até sua respiração ficou presa na garganta.
Por todo o mundo, Vicar queria acreditar no que ele achava que
Desmond estava pedindo, estava oferecendo.
Meu companheiro quer que eu vá para casa com ele? Foder?
Procriar? Para consumar nosso vínculo?
Vicar não conseguiu fazer nada parecido com essas palavras sair de
sua garganta.
Por que a reviravolta repentina?
Mordiscando o lábio inferior, Desmond soltou um suspiro. Ele
desviou o olhar. Sua expressão parecia vazia, mas seu cheiro denunciava
seus verdadeiros pensamentos.
Desapontamento. Embaraço quase debilitante. Tristeza profunda.
— Hum, me desculpe se eu exagerei...
— Eu te quero tanto que nem sei como colocar em palavras. —
Finalmente, Vicar conseguiu fazer as palavras sair correndo da sua
garganta. Vendo Desmond boquiaberto com ele, Vicar mal conseguiu
resistir a dar um beijo profundo nele para que ele pudesse enfiar a língua
entre aqueles lábios entreabertos e saboreá-lo adequadamente. Em vez

71
disso, Vicar caiu de joelhos e agarrou a cintura fina de Desmond para
segurá-lo no lugar. — Meu doce companheiro, — ele sussurrou com voz
rouca. Passando a outra mão pelo lado de seu shifter, provocando sob
sua camisa, ele sentiu a carne quente e firme por baixo e a maneira que o
abdômen do seu futuro amante se contraía e relaxava em reação ao seu
toque. — Sim. Se eu entendi o que você está pedindo, para me levar para
casa com você e completar nosso vínculo, eu seria a porra do dragão mais
feliz da galáxia.
Mesmo que Vicar soubesse que suas palavras não eram as mais
eloquentes, ele ainda não podia deixar de amar o enorme sorriso que se
espalhava pelas feições ligeiramente pontiagudas de Desmond.
Tão fodidamente sexy.
— Eu sei que tenho sido um pouco humano envolvendo meu
cérebro ao redor da minha conexão, e sinto muito por isso, — Desmond
começou.
Precisando que seu companheiro entendesse que isso não
importava para ele, Vicar se apressou em lhe dizer: — Eu não me importo
com isso. Você poderia ter levado semanas e eu teria encontrado uma
maneira de esperar.
E não vou acrescentar quanto teria tentado seduzi-lo
constantemente e fazê-lo mudar de ideia.
— Eu não quero esperar, — Desmond declarou. Seus lábios se
curvaram em um sorriso conhecedor enquanto seus olhos castanhos
esquentavam. — E eu sei que você também não, meu dragão. —
Agarrando o pulso de Vicar em sua cintura, Desmond puxou, incitando-o
para cima. — Vamos. Eu quero tocar você, sentir você me tocar e nos unir.
— Simmmm, — Vicar sibilou, mais do que a bordo com isso.
Enquanto Vicar permitiu que Desmond o conduzisse pela casa até
os veículos, ele se satisfez com o conhecimento de que Warzer estava lá

72
para proteger o rei. Não só isso, havia dezenas de shifters também. Por
via das dúvidas, mesmo quando Vicar seguiu a insistência de Desmond
para subir no banco do passageiro de seu jipe, ele pegou seu telefone e
mandou uma mensagem com o endereço de Delanrue para o guarda
Kitoman e o guarda Yeesom. Ele imaginou que eles seriam capazes de
chegar lá em pouco tempo.
Enfiando o telefone no bolso, Vicar se concentrou em Desmond
enquanto ele ligava o veículo e os afastava.
Em breve... oh-tão-em breve... vou me relacionar com meu
companheiro.
Vicar praticamente vibrou em seu assento.

73
Além do desejo queimando por seu corpo, Desmond não podia
nem adivinhar o que tinha acontecido com ele. Bem, além da inegável
necessidade que sentia por seu companheiro. Desmond era um shifter,
afinal, e de forma alguma imune aos impulsos potentes da atração de
companheiro.
Além disso, Desmond realmente não queria ser imune. Enquanto
seu companheiro representava a mudança, se ele fosse verdadeiro
consigo mesmo, ele sempre quis aquela pessoa especial.
E agora, eu a tenho.
Desmond quase gemeu ao sentir a pesada fragrância masculina da
excitação de Vicar. Ele viu a maneira que seu dragão flexionou os dedos
onde eles descansavam em suas coxas. Desmond se perguntou como
seriam aquelas mãos enormes sobre sua pele.
Delicioso, aposto.
— D-diga-me diga por que você mu-mudou de ideia.
Ao ouvir a voz profunda e áspera de Vicar, Desmond quase deu
uma guinada no volante. Era tão malditamente sexy. Ele afetou este
macho maciço e incrível assim.
Então o pedido real foi registrado, e Desmond tentou juntar uma
resposta aceitável.
— Desmond?
Percebendo que estava demorando muito, Desmond admitiu: —
Achei você sexy pra caralho quando vi você fazendo sua tigela de sopa. —
Ele se apressou, não dando tempo para Vicar comentar. — A jambalaya
que eu carregava entorpeceu meus sentidos, então não pude sentir seu
cheiro. — Zombando, Desmond olhou na direção de Vicar enquanto ele
parava em uma placa. — Então todo o desastre da sopa. Você me

74
assustou. Percebi quem éramos um para o outro. Achei que precisava de
tempo.
Deuses, essa é uma resposta tão boba. O destino não cometeria um
erro como esse.
Exceto, aconteceu.
— Você estava preocupado que eu fosse um idiota abusivo, como
alguém do seu passado.
Desmond estremeceu quando ele começou a avançar novamente.
— Sim. Deixei minhas experiências passadas obscurecer meu futuro e pedi
tempo para processar. — Dirigindo firmemente, Desmond estendeu a
mão, agarrou a mão de Vicar e apertou. — Você me deu isso, pelo qual
serei eternamente grato, mas depois de ver você ajudar a dar à luz o
filhinho de Charon e Dakota, percebi que meus medos eram infundados.
— Medos? — Vicar virou a mão e apertou a mão de Desmond de
volta. — Eu nunca pretendo causar medo em você. Então, por favor, diga-
me qual ação ou ações causaram isso, e farei o possível para nunca
repeti-las.
Uma risadinha irrompeu de Desmond ao ouvir as palavras sinceras
de Vicar. — Eu sei. Eu entendo isso agora. — Ele apertou a mão de Vicar
de volta. — Eu me preocupei que seus gritos significassem que você era
abusivo.
— Merda, — Vicar sibilou, inclinando a cabeça. Toda a sua
linguagem corporal traía quão desanimado ele se sentia. — Desculpe. Eu
nunca machucaria você de propósito. — Seu olhar de olhos escuros
encontrou Desmond quando eles pararam em outro semáforo. —
Fisicamente, mentalmente ou de qualquer outra forma.
— Eu sei. Eu sei disso agora, — Desmond assegurou, puxando a
mão de Vicar para seus lábios para pressionar um leve beijo em sua junta.
A buzina encorajou Desmond a continuar em frente, e ele voltou sua

75
atenção para a estrada. — E me desculpe por permitir que meu passado e
meus medos atrasassem o que já sabíamos que estava por vir, para agir
como se eu fosse negar o presente que o destino estava dando, não
apenas para mim, mas para você.
Finalmente, Desmond entrou em sua garagem e estacionou ao lado
da sua pequena casa de dois quartos. Depois de desligar o veículo, ele se
virou para encarar Vicar mais completamente. — Somos um casal. Somos
feitos um para o outro. Mesmo ainda não vinculado, sinto que minha
alma clama por você. — Estendendo a mão, Desmond só hesitou um
instante antes de descansar a palma da mão na mandíbula raspada de
Vicar. — A maneira que minha raposa clama pelo seu dragão. Quero
você. — Segurando o olhar de olhos escuros de Vicar, Desmond admitiu:
— Eu preciso de você. Podemos encontrar uma maneira de ficarmos
juntos?
— Definitivamente, minha doce raposa, — Vicar respondeu,
parecendo muito sincero. Seus olhos escuros ardiam enquanto ele
sustentava o olhar de Desmond. Descansando a mão sobre a de
Desmond em sua mandíbula, ele virou a cabeça apenas o suficiente para
beijar a palma da mão antes de resmungar: — Nada me daria maior
alegria do que entrelaçar minha vida com a sua.
O coração de Desmond bateu forte em seu peito, e um
estremecimento de necessidade trabalhou por ele. Os pelos do seu braço
se eriçaram e a pele da sua palma formigou. Ele flexionou os dedos,
deslizando-os ao longo da carne lisa da mandíbula forte de Vicar.
Reunindo sua coragem, Desmond sussurrou: — Então vamos entrar.
— Com prazer, — Vicar respondeu, sua voz profunda e áspera. —
Eu vou seguir você, meu companheiro.
Então Vicar apertou a mão de Desmond levemente antes de abaixá-
la. Ele se afastou dele, voltando-se para a porta. Quando Vicar abriu a

76
porta, o ar fresco da noite arrancou Desmond da sua admiração pela
estrutura forte de Vicar saindo do seu jipe.
Desmond pegou as chaves da ignição e correu para seguir.
Contornando o capô, ele lançou um sorriso para Vicar antes de começar a
caminhada. Quando Desmond chegou à porta da frente, sentiu Vicar atrás
dele, seu grande corpo aquecendo-o por trás.
Com os dedos trêmulos, Desmond lutou para colocar a chave na
fechadura. Ele sentiu Vicar esfregar o focinho contra a lateral do pescoço,
farejando profundamente, e quase a deixou cair. Quando as grandes
mãos de Vicar pousaram nos quadris de Desmond, ele gemeu e agarrou
as chaves com mais força.
— Tendo problemas, — Vicar brincou, pressionando chupando
beijos ao longo da coluna da garganta de Desmond.
— Sim, — Desmond respondeu, porque honestamente, ele não
poderia muito bem negá-lo. O toque do seu companheiro tornava o
pensamento quase inexistente. Vicar beliscou o tendão onde o pescoço
de Desmond encontrava seu ombro, onde Desmond queria
desesperadamente que ele deixasse sua mordida reivindicativa, e gemeu
profundamente. — S-Se você quer e-entrar na c-casa hoje à noite, você
p-precisa parar.
Vicar rosnou contra seu pescoço. — Não quero. — Ainda assim, ele
fez. Vicar se endireitou, embora não recuou. Em vez disso, Vicar alcançou
Desmond e agarrou a mão com as chaves. — Aqui, — Vicar ofereceu,
firmando-o, antes de ajudar Desmond a inserir a chave na fechadura.
Finalmente, Desmond conseguiu destrancar a porta e abrir caminho
para dentro da casa. Vicar puxou as chaves da mão de Desmond
enquanto o seguia de perto. Desmond notou que seu dragão as jogou na
mesa lateral antes de fechar e trancar a porta atrás deles.

77
Desmond aproveitou a oportunidade para colocar um pouco de
espaço entre eles... apenas o suficiente para recuperar o fôlego.
Exceto que Vicar não parecia querer isso. Seu dragão estendeu um
longo braço e agarrou seu pulso, puxando Desmond de volta para ele. Ele
envolveu seu segundo braço ao redor dele assim que pôde, apertando-o
contra seu peito. Mais uma vez, Vicar abaixou a cabeça e acariciou seu
pescoço.
— Você cheira tão bem, Desmond, — Vicar rugiu, cheirando
ruidosamente antes de lambê-lo. — Também tem um gosto incrível.
Quero lamber você em todos os lugares. — Depois de beliscar seu
pescoço mais uma vez, Vicar resmungou: — Onde é seu quarto,
raposinha?
Gemendo com os cuidados de Vicar, Desmond mal conseguia
formar as palavras. — À direita, — ele murmurou sem fôlego. — Fim do
corredor.
Vicar cantarolou em resposta.
Então Desmond se viu arrebatado. Ele mal conteve sua surpresa ao
se ver carregado no estilo de noiva. Por instinto, Desmond envolveu seus
braços ao redor do pescoço de Vicar e se agarrou enquanto Vicar se
movia rapidamente por sua casa.
A porta do quarto estava aberta, e Desmond estremeceu ao ver a
cama desarrumada. Sem mencionar que ele havia deixado uma toalha no
chão do banho e havia roupas penduradas nas costas de uma cadeira de
quando ele estava tentando decidir o que vestir para o churrasco. Uma
aberração para limpeza, Desmond não era.
Vicar nem parou. Ele instalou Desmond no meio da cama desfeita.
Com um puxão, Vicar puxou a lateral do edredom e o lençol de baixo dele
e os empurrou para o fundo da cama.

78
— Eu preciso de você, meu companheiro, — Vicar rosnou,
alcançando os cadarços da bota de caminhada de Desmond. Ele fez um
trabalho rápido de removê-la, assim como a meia, antes de fazer o
mesmo com a seguinte. Então Vicar pegou a braguilha da calça jeans de
Desmond. — Diga-me que eu posso ter você.
Finalmente, Vicar fez uma pausa, seus dedos pairando perto da
braguilha de Desmond, enquanto ele olhava para ele.
O pênis de Desmond latejava, e ele queria sentir aquelas mãos, tão
perto, mas tão longe, nele da pior maneira. — Sim, — ele respondeu
simplesmente. Agarrando a bainha da sua camisa, ele a puxou para cima.
— Claro que sim. — Desmond arrancou o tecido dele antes de jogá-lo
sobre o lado da cama.
— Siiim, — Vicar sibilou em resposta. Ele rapidamente abriu a
braguilha de Desmond, revelando sua ereção chorosa e carente. — Lindo,
— Vicar cantou.
Curvando os dedos, Vicar roçou as costas dos dois primeiros até a
parte inferior da ereção tensa de Desmond. O movimento enviou arrepios
por seu pau, acomodando-se agradavelmente em suas bolas. Gemendo,
Desmond chupou um suspiro agudo quando seu pau empurrou e
balançou. Ele tremeu, agarrando o lençol sob ele enquanto lutava para
controlar seus quadris.
— Lindo, — Vicar rosnou, seus olhos escuros de desejo enquanto
ele olhava para ele. Agarrando as bordas do seu jeans, ele o tirou pelas
pernas de Desmond. — Diga-me, — ele exigiu, deixando cair a calça jeans
no chão e alcançando a bainha da sua própria camisa. — Se eu estiver
indo rápido demais.
Então Vicar tirou a camisa pela cabeça, revelando seu torso largo e
musculoso.

79
— Não muito rápido, — Desmond ofegou, encarando toda a pele
escura e musculosa em exibição. Ele queria tocar, explorar,
desesperadamente. — Na verdade, se apresse.
Vicar riu bruscamente quando deixou cair a camisa no chão. — Seu
desejo. — Suas mãos foram imediatamente para a braguilha. — Meu
comando.
Em pouco tempo, Vicar tirou suas roupas.
Desmond gemeu em apreciação. O homem diante dele era o
epítome da beleza masculina. Seu corpo alto e fortemente construído
ondulava com músculos, mas ele não era grande demais como um
fisiculturista. O suor já brilhava na carne de Vicar, dizendo a Desmond
sobre a necessidade do homem. Sua ereção negra se projetava de um
ninho de cachos quase inexistentes, longa, grossa e sem cortes. Seu
prepúcio já estava meio retraído, mostrando uma cabeça larga e
ruborizada e o brilho de pré-sêmen ameaçando acumular em sua fenda.
Desmond lambeu os lábios, querendo provar tão malditamente mal.
Vicar gemeu, segurando a base do seu pau. — Vê algo que você
gosta? — Ele rosnou as palavras enquanto avançava, tão predador.
— Oh sim. — Desmond não viu nenhuma razão para negá-lo. Ele
queria este homem diante dele, este dragão, seu companheiro.
Arrancando seu olhar da visão espetacular da masculinidade diante dele,
Desmond encontrou o olhar de Vicar. — Eu quero te chupar tão
malditamente. Aposto que você tem um gosto melhor do que cheira.
Um sorriso feroz curvou os lábios de Vicar, revelando que seus
dentes caninos já haviam começado a se afiar e se estender na
expectativa de reivindicá-lo. Desmond percebeu que até viu o brilho dos
olhos do dragão olhando para ele, traindo quão perto da superfície a
besta estava. Alívio e uma nova explosão de excitação correram por
Desmond ao saber quanto Vicar o queria também.

80
— Onde está o seu lubrificante, Desmond?
Incapaz de obter palavras além da sua garganta muito seca,
Desmond respondeu por ação. Ele meio que rolou para a direita e
estendeu a mão para o criado-mudo. Depois de um mergulho rápido em
uma gaveta, Desmond saiu com seu prêmio, segurando o lubrificante
para Vicar ver.
— Perfeito, — Vicar rugiu, rastejando para a cama. Ele o agarrou da
mão de Desmond, então se ergueu sobre ele, segurando a cabeça de
Desmond com seus antebraços. — Antes de deixar você me chupar, há
algo mais que eu quero primeiro.
Olhando para Vicar, seu rosto a apenas alguns centímetros de
distância, Desmond ergueu as mãos e colocou-as nas laterais de seu
companheiro. — O que é isso? — Ele perguntou baixinho, apreciando a
forma que a expressão do seu companheiro muito maior de repente se
tornou pesada apenas com aquele contato leve.
— Um beijo.
Após essa declaração, Vicar abaixou a cabeça. Ele selou sua boca
sobre a própria de Desmond. Vicar mordeu o lábio inferior, incitando-o a
abrir, e Desmond não teve vontade de negar. Desmond rapidamente
separou seus lábios, acolhendo a língua questionadora de Vicar.
Desmond gemeu quando a essência masculina de Vicar explodiu
em suas papilas gustativas. O sabor do seu companheiro consistia em um
toque de cerveja, costela, molho barbecue e, por baixo disso, algo próprio
de Vicar. Era profundo e robusto, masculino e inebriante, e fez a
necessidade de Desmond, de se unir a este homem, aumentar ainda mais.
Deslizando os braços para cima e ao redor das costas de Vicar,
Desmond agarrou seu companheiro mais apertado. Ele o incitou a se
aproximar, a se deitar em cima dele. Desmond queria desesperadamente

81
sentir a carne de Vicar contra a sua. Arqueando o corpo, ele tentou ficar
pele a pele.
Enquanto a língua de Vicar mergulhava e provocava, mapeando a
boca de Desmond, sua mão esquerda se moveu para o ombro de
Desmond, então para baixo em seu braço. O dragão moveu a palma da
mão pelo torso de Desmond, parando para beliscar um mamilo. Então ele
passou a mapear o lado, estômago e abdômen de Desmond, explorando
seu corpo enquanto ele saqueava sua boca.
Finalmente, finalmente, quando a mão de Vicar pousou no quadril
de Desmond, seu companheiro se abaixou contra ele, pressionando seus
corpos juntos do ombro à coxa.
Desmond virou a cabeça, quebrando o beijo. Gemendo
desenfreadamente, ele balançou debaixo do seu companheiro. Com suas
diferenças de tamanho, a ereção de Desmond esfregava os abdominais
rasgados de Vicar da maneira perfeita. Ele sentiu a protuberância da
cabeça do pênis de Vicar contra suas bolas, então abaixo quando deslizou
ao longo da sua fenda. Quando o pênis do seu companheiro cutucou em
seu buraco, ele engatou uma perna ao redor da perna de Vicar e
balançou com ele, incitando-o a aumentar a pressão.
— Foda-se, — Vicar rosnou, afastando-se dele. Seus olhos escuros
brilharam com uma intensidade feroz quando ele murmurou: — Você não
está pronto, bebê. — Levantando-se, Vicar respirou fundo antes de
acrescentar: — Precisa se preparar. — Então ele sorriu. — E você
prometeu chupar meu pau.
Lambendo os lábios, Desmond baixou o olhar para o grosso pau de
Vicar. Ele ficou com água na boca. Ele cantarolou apreciativamente,
sabendo que a ereção do seu dragão seria mais do que um bocado.
— Você está me matando, — Vicar disse com um gemido. —
Preciso tanto de você.

82
— Então suba aqui, — Desmond pediu, tentando puxar os ombros
de Vicar, não que ele pudesse mover o homem enorme.
Para surpresa, e decepção, de Desmond, Vicar se afastou. — O que?
— Ele começou.
Vicar girou, movendo-se para montar na cabeça de Desmond.
Desmond encontrou sua atenção voltada para o lindo comprimento
masculino e bolas escuras e pesadas balançando oh... tão-sedutoramente
perto. Quando Vicar agarrou a base do seu pau e apontou seu pau para
baixo em direção a sua boca, ele abriu rapidamente. Por alguns segundos,
seu companheiro utilizou seu domínio para roçar sua coroa úmida no
lábio inferior de Desmond, pintando-o com seu pré-sêmen.
Incapaz de ajudar a si mesmo, Desmond estalou a língua para
lambê-lo. O sabor sempre tão suave ainda conseguia fazer suas papilas
gustativas vibrar. Em sua próxima volta, Desmond pegou a ponta da
coroa de Vicar, e o sabor quente do homem explodiu em sua língua,
arrancando um gemido dele.
O som profundo do rosnado de Vicar respondeu a Desmond.
Precisando de mais, no próximo passe provocador de Vicar,
Desmond agarrou as coxas de seu companheiro. Ao mesmo tempo, ele
levantou a cabeça e apertou os lábios ao redor da coroa do seu
companheiro. Ele aliviou a língua sob o prepúcio para lamber
profundamente a fenda vazando enquanto chupava fortemente a carne
inchada de Vicar.
Vicar soltou um grito, o som cheio de êxtase. Seu corpo arqueado,
empurrando mais do seu comprimento na boca de Desmond. Ele
começou a se retirar, apenas para dar meio impulso novamente.
Desmond gemeu, vibrando no pau de Vicar, deleitando-se com o
conhecimento que estava fazendo este homem grande e poderoso
perder o controle, mesmo que só um pouco.

83
— Deuses acima e abaixo, bebê, — Vicar rosnou, continuando seus
curtos golpes leve. — Esse é o caminho. Porra, isso é perfeito.
Sorrindo ao redor da sua boca cheia de carne, Desmond cavou seus
dedos mais apertados nas grossas coxas de Vicar enquanto ele se
segurava para o passeio, fazendo o seu melhor para explodir a mente do
seu companheiro.

84
Vicar quase perdeu a cabeça com a felicidade que Desmond estava
proporcionando. O calor de sucção úmido envolvendo a metade superior
de seu pênis era melhor do que qualquer boquete profundo que ele já
havia recebido no passado. Seu cérebro fritou com a felicidade disso, e ele
temeu que fosse explodir naquele segundo.
Conseguindo abrir as pálpebras que não lembrava de fechar, Vicar
se forçou a relembrar seus planos.
Certo. Preparar meu companheiro.
Embora Vicar não conseguisse se lembrar da última vez que tinha
caído em cima de um cara, ele ainda se concentrava no pau balançando e
chorando de Desmond diante dele. Ele sabia que queria provar isso. Além
disso, Vicar precisava distrair Desmond da felação experiente que ele
estava dando em seu pênis.
Depois de derramar uma quantidade saudável de lubrificante nos
dedos da mão direita, Vicar fechou a garrafa e a colocou de lado. Ele
inseriu sua outra mão entre as coxas de Desmond. Para seu prazer de
apertar o estômago, seu companheiro abriu com apenas uma pressão.
A atenção de Vicar se concentrou instantaneamente no lindo buraco
rosa que ele queria desesperadamente tapar. Ajustando um pouco sua
posição, ele agarrou a base da ereção de Desmond. O movimento
arrancou um suspiro do seu amante, mesmo quando puxou seu pau um
pouco para fora da boca de Desmond, oferecendo-lhe um toque de
alívio.
Fazendo o possível para não pensar demais, Vicar envolveu os
lábios ao redor da coroa de Desmond. O sabor do seu companheiro
explodiu em sua língua e ele cantarolou apreciativamente. Enquanto Vicar
desfrutava do néctar ligeiramente doce do pré-sêmen do seu

85
companheiro, ele percebeu que poderia se acostumar a fazer isso com
frequência.
Meu companheiro tem um gosto tão bom.
Vicar achou que era quase tão bom quanto o sabor da sua boca.
Desmond estremeceu e balançou debaixo dele, seus quadris sacudindo
espasmicamente. Suas pernas tremiam, seu movimento chamando a
atenção de Vicar de volta para seu buraco de espera.
Movendo sua mão lisa, Vicar pressionou um dedo grosso contra o
buraco de Desmond e empurrou. Seu dedo foi imediatamente engolido
pelo calor intenso. Enquanto seu companheiro apertava seu dedo, ele
imaginou afundar seu pau naquele calor, e não pôde evitar seu gemido.
Desmond respondeu com um gemido enquanto levantava os
quadris, balançando seu pau mais fundo em sua boca enquanto
empurrava contra a mão de Vicar.
Lendo os sinais com facilidade, Vicar sabia o que seu companheiro
queria, precisava mesmo. Ele aliviou o dedo parcialmente, tocou um
segundo dedo em seu buraco e aliviou aquele ao lado do primeiro. Vicar
começou a foder Desmond com os dedos, entortando os dedos...
procurando.
Com um grito, Desmond virou a cabeça, liberando a ereção de
Vicar. Seu corpo estremeceu embaixo dele. Os dedos em suas coxas
apertaram quase ao ponto da dor, traindo a intensidade do gozo de
Desmond tanto quanto o jorro de pré-sêmen que encheu sua boca.
Vicar rapidamente engoliu o fluido antes de sair do pênis do seu
companheiro. Ele passou a perna sobre a cabeça de seu companheiro,
puxando fora do seu aperto. Ele admirou a expressão de queixo caído de
Desmond e rosto, pescoço e peito profundamente corados.
Enquanto Vicar ajustava suas posições, ele nunca parava de foder
com os dedos seu companheiro. Ele batia na próstata com quase todos os

86
passes. No momento em que ele ficou em posição, Vicar tinha três dedos
esticando a bunda de Desmond, e seu companheiro os pegou
lindamente.
Feito apenas para mim.
Com um grunhido, Vicar começou a se esticar sobre Desmond,
precisando do seu companheiro da pior maneira. Olhando para baixo, ele
percebeu o quão menor seu companheiro era comparado a ele. Ele fez
uma pausa, até mesmo parando os dedos. Com a mão limpa, Vicar traçou
a ponta dos dedos ao longo da mandíbula de Desmond.
Desmond piscou para ele, suas pupilas amplamente dilatadas com
luxúria.
Vicar sorriu, adorando aquele olhar. — Você está pronto para mim,
bebê? — Ele perguntou suavemente. — Você está pronto para ser meu
para sempre?
— Já seu, — Desmond respondeu suavemente, suas palavras
sempre tão ligeiramente arrastadas. Seu sorriso parecia quase
embriagado. — Desde que você derramou sopa em mim.
Gemendo, Vicar lutou contra a vontade de revirar os olhos. —
Obrigado, mas você realmente estava no lugar errado na hora errada, —
ele murmurou, incapaz de ajudar, mas riu quando Desmond riu. Ele sorriu
com a leviandade. Ele não conseguia se lembrar da última vez que
brincou com uma amante. Balançando os dedos ainda cravados no
buraco de Desmond, Vicar brincou: — Mas agora, você está no lugar
certo na hora certa. Está pronto?
Desmond apertou os dedos de Vicar, arrancando um gemido dele.
— Estou tão pronto, — disse ele, estendendo a mão para agarrar os
ombros de Vicar. — Reivindique-me.

87
Vicar gemeu, querendo fazer isso mais do que qualquer coisa. Ainda
assim, ele tinha a oferecer, — Eu sou um homem grande, Desmond. Você
ficaria mais confortável em suas mãos e joelhos nesta primeira vez?
Estreitando os olhos, Desmond balançou a cabeça. — Não, eu
quero ver você. Preciso, realmente. — Ele mordiscou o lábio inferior por
apenas um segundo antes de admitir: — Então eu posso reivindicar você
também. E... tudo bem?
Com a aprovação do rugido do dragão em sua mente, Vicar emitiu
um rosnado feroz. — Isso aí. Isso parece perfeito.
— Então, por favor. — Desmond conseguiu abrir as pernas um
pouco mais. — Por favor, meu companheiro. Reivindique-me, — ele
repetiu.
— Nunca precisa implorar, meu companheiro, — Vicar assegurou.
— Eu darei a nós dois o que precisamos.
Tirando os dedos de Desmond, Vicar balançou sobre os joelhos. Ele
pegou o lubrificante e esguichou uma quantidade saudável diretamente
em seu pau saliente. Sentindo um leve calafrio, Vicar sibilou, mas pelo
menos isso o ajudou a se acalmar um pouco. Ele realmente não queria
explodir assim que entrasse em seu companheiro, mas temia estar
perigosamente perto de fazer exatamente isso.
Depois de passar sobre seu pênis, espalhando a mancha, Vicar se
inclinou. Ele pegou um travesseiro de cima da cama. Desmond parecia
saber exatamente o que ele estava pensando, pois plantou os pés e se
arqueou. Vicar aceitou o convite e empurrou o travesseiro sob os quadris
do seu companheiro.
Com a bunda de Desmond levantada convidativamente, Vicar
deslizou as palmas das mãos até as coxas. Ele brincou com a virilha do seu
shifter com a ponta dos dedos de uma mão enquanto envolvia seus
dedos lubrificados ao redor da longa e esbelta ereção do seu homem.

88
Levantando-o lentamente, Vicar não pôde deixar de admirar a carne
inchada perfeitamente proporcional. Ele imaginou que era um belo pau
vinte centímetros, e por apenas um segundo, ele se perguntou como seria
a sensação em sua bunda.
Vicar nunca chegou ao fundo... mas para seu companheiro, ele
pode considerar isso.
Ouvindo o gemido de Desmond, deleitando-se com o som do seu
companheiro gritando seu nome, Vicar descartou o pensamento aleatório.
Ele soltou o pênis do seu companheiro e rapidamente se posicionou. Com
a base do seu pau na mão, ele guiou sua coroa para o buraco preparado
por Desmond.
Segurando a coxa de Desmond com a outra mão, Vicar ergueu a
perna do seu companheiro mais acima, espalhando-o ainda mais. Ele
cutucou a abertura do seu shifter, testando-o. Sentindo o músculo ceder,
Vicar empurrou.
O músculo cedeu, permitindo-lhe a entrada.
Vicar gemeu profundamente enquanto observava o corpo de
Desmond engolir sua coroa. O aperto firme o envolveu, ameaçando seu
controle. Suas bolas formigavam, e ele lutou contra sua vontade de gozar.
Desmond sibilou, empurrando o olhar de Vicar para o rosto do seu
companheiro. Ele viu a linha franzida da sua testa e a maneira que suas
narinas se dilataram. Alcançando a ereção de Desmond novamente, Vicar
mais uma vez começou a erguê-la.
— Respire por mim, bebê, — Vicar insistiu entre os dentes
cerrados. Seus músculos abdominais se contraíram enquanto ele lutava
contra seu corpo, forçando-se a ficar parado. — Apenas respire e relaxe.
— Deuses, — Desmond murmurou, soltando um suspiro. — Você é
enorme.
— Vou caber, — Vicar assegurou. — Eu prometo.

89
Também vou me certificar de trabalhar com ele até quatro dedos da
próxima vez.
— Eu sei que você vai, — Desmond ofegou. — Eu fui feito para
você.
Vicar sorriu para seu amante, sua própria tensão diminuindo um
pouco. — Sim, você é.
A pressão ao redor do seu pau aliviou um pouco, dizendo a Vicar
que Desmond estava relaxando, que ele estava se acostumando com sua
intrusão.
Desmond soltou uma respiração lenta e profunda. — Estamos bem
agora. Obrigado pela pausa.
Segurando o olhar de Desmond, Vicar murmurou, — Você é meu
companheiro, Desmond. Sempre me esforçarei para torná-lo bom para
você.
O doce sorriso que Vicar recebeu em resposta à sua reivindicação
fez o coração de Vicar disparar por uma razão completamente diferente
da intensidade da necessidade queimando em suas veias.
Droga. Como eu tive tanta sorte?
Desmond flexionando os músculos do seu buraco chamou a
atenção de Vicar para onde deveria estar, reivindicando seu companheiro.
Ele estalou seu foco de volta para o rosto de Desmond. Seu companheiro
sorriu para ele.
— Aí está você. — As sobrancelhas de Desmond franziram um
pouco. — Onde você foi?
Vicar deu a seu companheiro um largo sorriso, esperando que o
afeto que sentia preenchesse sua expressão. — Apenas me perguntando
como tive tanta sorte, — ele lhe disse com sinceridade.

90
Sem se preocupar em esperar por uma resposta, Vicar começou a
avançar. Ele olhou para baixo onde ele penetrou seu companheiro.
Observando-se afundar cada vez mais em Desmond, Vicar sentiu seu
cérebro começar a falhar novamente.
Havia algo tão malditamente erótico em vê-lo afundar seu pênis em
seu amante, ver-se desaparecer nas profundezas do homem com quem
passaria o resto da sua vida.
Quando Vicar finalmente chegou ao fundo, suas bolas pressionadas
contra a fenda de Desmond, ele finalmente desviou o olhar. Ele percorreu
com o olhar o corpo magro do seu companheiro, admirando o brilho
suado em sua carne corada e a forma que seu abdômen e peito subiam e
desciam com cada respiração ofegante. Encontrando o olhar de
Desmond, Vicar se deleitou com o olhar de completa felicidade que
estava gravado em suas feições.
Absolutamente deslumbrante.
Liberando o pau de Desmond, Vicar alavancou sobre seu
companheiro. Ele o incentivou a envolver a perna em volta da cintura
antes de soltar a coxa. Vicar apoiou o peso nos antebraços, segurando a
cabeça do seu novo e eterno amante.
— Olá, meu companheiro, — Vicar cantou, seu coração batendo
descontroladamente com a intensidade do momento. Ainda em seus
cotovelos, ele estendeu a mão e agarrou a mão de Desmond,
entrelaçando seus dedos com eles, antes de colocar ambas de volta ao
lado da sua cabeça de raposa. Vicar sorriu. — Você é meu.
O sorriso de resposta de Desmond era de completo êxtase, e Vicar
planejava ver aquele olhar com frequência. — Olá, companheiro, — seu
shifter respondeu sem fôlego. — Você também é meu.
— Sim, — Vicar concordou imediatamente. — Sim, eu sou.

91
Segurando o olhar de Desmond, Vicar começou a se mover. Ele
aliviou seu pau para fora até que sentiu os músculos de seu amante
puxarem as bordas da sua coroa. Por um segundo, ele se acalmou antes
de apertar os músculos abdominais e empurrar.
Desmond gemeu, sua cabeça tombando para trás enquanto suas
pálpebras baixavam. Seu companheiro resistiu sob ele, dizendo a Vicar
que ele acertou em cheio. Permitindo que um sorriso feroz de deleite
curvasse seus lábios, Vicar fez isso de novo e de novo e de novo. Ele
saqueou seu companheiro, deleitando-se com as doces sensações dos
músculos do seu companheiro apertando e ondulando ao longo do seu
pênis.
— V-Vic, — Desmond lamentou, fazendo seu melhor para
encontrá-lo impulso por impulso. — Oh, deuses!
Abaixando a cabeça, Vicar enfiou o rosto no pescoço de Desmond.
— Você vai gozar para mim? — Ele perguntou rispidamente, nunca
diminuindo seus quadris. — Você vai gozar para o seu companheiro?
— SSS-Sim!
O grito de Desmond encheu a sala. Seu corpo arqueou. Seus dedos
apertaram os de Vicar, assim que seu canal o agarrou ainda mais
apertado.
Vicar rosnou, seu prazer crescendo, suas bolas apertando. Batendo
em casa uma última vez, ele se enterrou tão profundamente em seu
companheiro quanto pôde. Ele se acalmou, derramando rajada após
rajada de sêmen profundamente dentro do seu amor eterno.
Com seus sentidos em alta, Vicar se deleitava com o conhecimento
de que estava marcando seu companheiro internamente da maneira mais
básica. Então o instinto de completar o vínculo rugiu através dele. Mesmo
que Vicar tivesse a intenção de pará-lo, o que ele não fez, ele não teria
conseguido.

92
Jogando a cabeça para frente, Vicar afundou seus longos e afiados
caninos profundamente no pescoço de Desmond. O grito do seu amante
instantaneamente se transformou em um gemido gutural. Enquanto Vicar
sugava a ferida, amando o sabor rico em ferro do fluido vivificante de
Desmond enquanto fluía por suas papilas gustativas, ele sentiu seu
amante sacudir sob ele mais uma vez.
Um segundo depois, Vicar sentiu os dentes em seu pescoço. Ele mal
os havia registrado antes de perfurar sua pele. A pontada de dor estava lá
e desapareceu em um piscar de olhos para ser substituída por uma onda
de formigamento, alfinetadas indutoras de êxtase. Elas desceram da
mordida, em seu torso, e pareciam ter penetrado em sua virilha. Seu pau
embutido estremeceu enquanto seus testículos forçavam vários outros
jorros de sêmen profundamente dentro do seu amante.
Lentamente, depois de quem sabe quanto tempo, Vicar sentiu seus
sentidos começar a voltar para ele. Ele registrou Desmond puxando seus
dentes dele e lambendo onde ele tinha mordido. Sorrindo ao redor da
carne de Desmond, ele mal podia esperar para ver a cicatriz que seu
companheiro tinha lhe dado. Ele tirou os dentes do pescoço de Desmond
e lambeu a ferida. Vendo a grande cicatriz deixada para trás, uma
explosão de orgulho inundou Vicar.
— Droga, — Vicar murmurou com a voz rouca, levantando a
cabeça para sorrir para seu amante. — Minha marca fica bem em você.
Desmond sorriu de volta para ele. — Eu poderia dizer o mesmo
para você.
Vicar riu enquanto deslizava a ponta dos dedos pelo lindo cabelo
ruivo de Desmond. — Obrigado, Desmond. — Apreciando a sensação do
cabelo do seu companheiro, mesmo um pouco úmido de suor, ele lhe
disse: — Você me fez o maldito dragão mais feliz da terra.
— E eu sou o shifter raposa mais feliz, — Desmond respondeu de
volta, agraciando Vicar com outro dos seus doces sorrisos.

93
Precisando provar isso, Vicar baixou a cabeça e capturou a boca de
Desmond. Ele provou toda a inebriante maravilha de antes, juntamente
com os vestígios do seu sangue rico em ferro. A combinação causou uma
explosão de excitação renovada que correu lentamente por seu sistema.
Vicar começou a explorar seu lindo shifter raposa novamente.
Sim. Hora da segunda rodada.

94
Despertando lentamente, Desmond se espreguiçou... e
imediatamente soltou um gemido suave quando os músculos não apenas
de seu buraco, mas também dos seus braços, pernas e abdominais
doeram. Seu corpo bem utilizado o estava lembrando de quão voraz e
talentoso era seu amante dragão. Ao longo da noite, Desmond havia
perdido a conta de quantas vezes Vicar o havia levado e feito voar.
Droga! É assim que minha vida vai ser agora? Certamente não vou
reclamar.
Desmond não pôde deixar de sorrir.
— Mmmm, eu gosto desse olhar em seu rosto. — A voz de Vicar
ronronou no ouvido de Desmond quando a cama atrás dele afundou. —
Sobre o que você pensa? — Vicar pousou a mão quente em seu braço,
apenas para deslizá-la sob as cobertas até o quadril, apertando-o
provocativamente.
Quando Desmond abriu os olhos, pensando em como responder, o
cheiro de café provocou seus sentidos. Ele virou a cabeça e sorriu
descaradamente para seu amante. — Estou sorrindo por ter café servido
na cama pelo homem mais sexy do mundo.
Vicar riu, o som um estrondo baixo e rouco. — Realmente? — Ele
envolveu seus dedos ao redor da meia ereção matinal de Desmond e
apertou levemente. — Não está pensando nisso?
Uma explosão de prazer e dor irrompeu por Desmond, arrancando
um gemido da sua garganta. Seu pau deu uma contração indiferente,
mesmo quando os músculos do seu buraco doeram. Gemendo
novamente, Desmond agarrou o pulso de Vicar e apertou levemente,
puxando sua mão.

95
Ao ver a sobrancelha arqueada de Vicar, Desmond sentiu seu peito
aquecer quando um rubor o aqueceu de dentro para fora. — Você é
insaciável, — ele lamentou. — Eu amo e odeio tudo ao mesmo tempo.
Rindo mais uma vez, Vicar aliviou seu pulso do aperto de Desmond.
— Desculpe, bebê, — ele resmungou, sua expressão se transformando
em compreensão. — Simplesmente não consigo me cansar de você.
— E eu espero que isso nunca mude, — Desmond assegurou seu
dragão, esperando aliviar o brilho preocupado que ele podia ver nos
olhos negros do grande homem. Balançando as sobrancelhas, ele afirmou:
— Felizmente, minha cura shifter significa que estarei pronto para ir em
nenhum momento.
— Até então, como é que um bom banho naquela grande banheira
que vi soa? — Vicar ofereceu. Ele até estendeu uma xícara de café. — E
não consegui encontrar nenhum creme, mas posso pegar o leite e o
açúcar se você precisar.
Plantando suas mãos no colchão, Desmond grunhiu quando ele se
sentou. — Tudo bem. — Ele deslizou sobre o colchão até que suas costas
estiveram contra a cabeceira da cama, um travesseiro entre a madeira e
sua pele. — Eu estou bem com preto.
Desmond pegou a bebida oferecida e a levou aos lábios. Depois de
um gole hesitante para testar a gostosura, ele tomou um gole muito
maior. Ele suspirou profundamente ao sentir o líquido quente descer por
sua garganta.
— Deuses, mas você é tão tentador, — Vicar rosnou, então gemeu
e descansou as mãos nas pernas vestidas de jeans.
Vicar estava vestindo uma camisa, e Desmond pensou que era uma
pena porque a visão dos músculos do seu companheiro era
absolutamente deliciosa.

96
— Então, a banheira? — Vicar pressionou. Descansando a mão no
braço de Desmond, ele acariciou o bíceps de Desmond com o polegar. —
Gostaria de um banho com alguns sais de banho?
Sorrindo por cima da borda da sua xícara de café, Desmond
perguntou: — Você estava explorando meu armário?
Vicar sorriu, não parecendo nem um pouco arrependido. — Sim. Eu
definitivamente estava. — Balançando as sobrancelhas escuras, ele
afirmou: — Você pode aprender muito sobre uma pessoa examinando
suas coisas. E eu quero saber tudo sobre você.
Lembrando que Vicar perguntou a seus amigos sobre ele mesmo
antes do churrasco, Desmond riu enquanto balançava a cabeça. — Você é
incorrigível.
Encolhendo os ombros largos, Vicar continuou a sorrir. — Culpado
da acusação.
Relaxando com seu café, Desmond admitiu: — Eu gostaria de um
banho relaxante. Obrigado. — Isso o ajudaria a se curar mais
rapidamente. — Se você se juntar a mim, de qualquer maneira.
Vicar rosnou baixinho, seus olhos se estreitando. — Se eu me junto
a você, a água pode acabar por todo o chão.
Desmond tinha adivinhado isso. — Vamos colocar toalhas para
pegá-la.
Gemendo, Vicar levantou-se. — Depois de trinta minutos com você
lá sozinho, eu me juntarei a você, — ele prometeu. — Você vai precisar
desse tempo para se curar.
A maneira que Vicar varreu seu olhar sobre o corpo nu de Desmond
quase parecia uma carícia física, e ele sentiu seu corpo se mexer.
Vicar gemeu e deu um passo para trás. — Porra. — Pressionando a
palma da mão contra a virilha, ele exibiu o contorno da sua ereção. —

97
Você é tão sexy. — Vicar apontou para o banheiro. — Você precisa se
molhar e precisa de comida. Vou trazer algo para você.
— Você cozinha? — Desmond perguntou curiosamente. Enquanto
eles conversaram um pouco durante a noite entre as sessões de amor, na
maioria das vezes, eles apenas relaxaram abraçados, se recuperando.
— Eu posso sobreviver, — Vicar lhe disse. Dando um passo à
frente, ele mergulhou e pressionou um beijo nos lábios de Desmond. —
Provavelmente não sou tão bom quanto você, no entanto. —
Endireitando-se, Vicar deu um passo para trás mais uma vez. — Vá
relaxar. Estarei ai em breve.
Depois de varrer um olhar aquecido sobre Desmond novamente,
Vicar girou e saiu correndo da sala.
Desmond sorriu, pensando que o homem parecia estar fugindo da
tentação. Rindo baixinho, ele deslizou para a beira da cama. Seus
músculos lhe diziam que ele realmente precisava de uma pausa nas
atividades de ginástica.
Café na mão, um sorriso no rosto, Desmond se dirigiu ao banheiro.

Uma hora depois, Desmond descansou contra o peito de Vicar,


aproveitando a água quente que os rodeava. Ele suspirou feliz enquanto
seu dragão acariciava círculos preguiçosos sobre seu peito e abdômen.
Não era para excitar, mas para acalmar, e estava funcionando.
Desmond sentiu suas pálpebras deslizar a meio mastro. Colocando
as mãos nas coxas carnudas de Vicar, ele apoiou a cabeça em seu ombro
forte. Olhando para o teto do banheiro, Desmond aproveitou o momento
de silêncio.

98
Seu estômago estava agradavelmente cheio de biscoitos e molho
de salsicha que Vicar havia servido. O dragão também incluiu fricassé e
bastante bacon, ambos crocantes à perfeição sem serem exagerados.
Junto com isso, havia mais café e suco de laranja.
Desmond nem percebeu que tinha suco de laranja, mas Vicar
garantiu que o havia encontrado em sua geladeira. Tinha sido empurrado
para trás, mas ainda estava dentro do prazo de validade. Desmond
pensou que tinha sido muito bom que o dragão tivesse checado.
Ele também estava relaxado de outro orgasmo fantástico. Embora
Vicar não o tivesse fodido, ele havia brincado com sua bunda com um
dedo enquanto cavalgava seu vinco. A construção lenta tinha sido tão
maravilhosa quanto as fodas duras da noite anterior.
— Sentindo-se bem, querido? — Vicar murmurou, pressionando
um beijo na têmpora de Desmond.
— Sim, obrigado. — Desmond virou a cabeça e aceitou um beijo
profundo e lânguido. Quando Vicar levantou a cabeça, Desmond
continuou a sorrir para ele enquanto brincava: — Se aquele café da
manhã era passável, estou um pouco preocupado com o que você acha
que uma refeição gourmet deveria ser.
Rindo, Vicar deu de ombros. — Talvez eu tenha feito um pouco
mais. — Ele sorriu calorosamente para ele enquanto admitia: — Eu não
queria que você pensasse que teria que cozinhar o tempo todo ou
morreríamos de fome. — Após um segundo de hesitação, Vicar
acrescentou: — E eu gostei da ideia de cuidar de você.
— Eu também gostei, — Desmond admitiu. — Eu nunca tive isso
antes.
— Nem eu. — Vicar deu um beijo nos lábios de Desmond
novamente, então apenas sorriu para ele. — Isso é muito bom.

99
Desmond assentiu. — Sim. — Sabendo que tinha que confessar, ele
murmurou: — Mas não foi exatamente isso que eu quis dizer.
Vicar inclinou a cabeça, sua confusão clara. — Estamos falando de
duas coisas diferentes?
Bufando silenciosamente, Desmond assentiu. — Receio que sim. —
Ele apertou a coxa de Vicar. — Quero dizer, nunca tive alguém
interessado em cuidar de mim antes. No passado, eu sempre teria que
cuidar da outra pessoa.
— Você já teve relacionamentos antes? — Vicar parecia surpreso.
Seu sorriso apertou um pouco, mesmo quando seus braços o agarraram
perto. — Acho que os anos podem ser solitários. Embora eu não achasse
que a maioria dos paranormais fizessem o relacionamento, a menos que
estivessem procurando especificamente por progênie.
— Sim, mas eu não fui criado em um esconderijo de raposa, —
Desmond admitiu.
— Não? — O cheiro de Vicar traiu seu choque. — Como isso
aconteceu?
— Bem, minha mãe se apaixonou pelas doces palavras de um
jogador, um humano. Ela pensou que estava apaixonada, — Desmond
explicou, estremecendo mentalmente. — Ela acabou grávida. Ele a largou
e seu esconderijo a expulsou. Recebemos ajuda do Conselho Shifter, mas
não nos juntamos a um novo esconderijo nem nada. Crescendo, passei
muito mais tempo com os humanos do que com shifters. Pensando
naquela época, Desmond relembrou: — Havia alguns caras que eu achava
que eram meus melhores amigos. Quando eles começaram a namorar, eu
também namorava, então acabei entrando e saindo de alguns
relacionamentos de curto prazo. — Encontrando o olhar de Vicar,
Desmond murmurou: — Então eu conheci Phil.

100
Mesmo a água quente não poderia impedir Desmond de tremer
com a memória de Phil.
Vicar deve ter sentido, pois esfregou as mãos molhadas no peito e
no estômago, depois pelas coxas e de volta aos braços. — Você não
precisa me dizer, se não quiser, meu companheiro, — Vicar murmurou em
seu ouvido. — Não vou deixar ninguém te machucar de novo, e não vou
te machucar do jeito que aquele idiota deve ter feito.
Relaxando sob seus cuidados, Desmond suspirou profundamente.
Essa oferta era muito tentadora. Exceto que ele precisava que Vicar
soubesse, especialmente se ele escorregasse e se encolhesse ou algo
assim. Desmond nunca quis machucar seu companheiro, mas ele ainda
tinha alguns hábitos arraigados que precisava explicar.
— Eu preciso dizer a você, — Desmond sussurrou. Ele se virou um
pouco nos braços de Vicar, para poder olhar para ele com mais facilidade
enquanto ainda estava em seu abraço. — Eu ainda vacilo. Você viu isso no
refeitório. — Desmond odiava quando fazia isso, mas às vezes não
conseguia evitar. — Se eu fizer isso quando você me alcança, quero que
saiba que não é você. Ainda é algo em que estou trabalhando. Eu
chegarei lá.
Vicar assentiu lentamente. — Ok. — Sua voz profunda permaneceu
suave, e suas mãos massagearam suavemente o corpo de Desmond. —
Então, acho que Phil era abusivo.
Mordiscando o lábio inferior, Desmond assentiu. — Sim. Ele era
humano. Grande, embora não tão grande quanto você. — Ele sorriu
fracamente enquanto olhava para Vicar através dos seus cílios. — Acho
que sempre tive uma queda por homens grandes, e o destino com
certeza me deu o meu sonho.
Sorrindo, Vicar baixou a cabeça e pressionou um beijo casto nos
lábios de Desmond. — Obrigado, meu companheiro. — Traçando um

101
dedo molhado ao longo do queixo de Desmond, ele lhe disse: — Eu acho
que ela escolheu perfeitamente para mim também.
Desmond se aqueceu com o elogio, a sensação superando o
calafrio que havia causado ao pensar em Phil. — Ok, então. — Ele hesitou,
imaginando por onde começar. — Hum, ele foi muito legal no começo.
Quando ele me pediu para morar com ele, fiquei tentado. Eu disse a Phil
que precisava pensar sobre isso. No dia seguinte, Phil me apresentou
planos de viagem. Ele havia alugado uma cabana por cinco dias. Ele disse
que seria um ótimo teste, bem como férias incríveis. — Desmond se
forçou a continuar falando, embora ainda se sentisse um tolo por aceitar
o convite. — Foi remoto. Havia trilhas para caminhadas e tal, e ele sabia
que eu amava o ar livre. — Encontrando o olhar de Vicar, ele lhe disse: —
No segundo dia lá, ele me agarrou pelos cabelos. Eu o tinha mais
comprido naquela época. Ele puxou minha cabeça para trás e olhou para
mim com um olhar de desgosto e ódio em seus olhos. Ele me disse que
sabia que eu era um monstro. Eu ainda não sei como Phil sabia que eu
era um shifter, mas ele me obrigou a uma jaula. Fiquei três dias lá, a
menos que ele decidisse me tirar e me bater. Mudei e tentei atacá-lo, para
fugir, mas ele era muito forte. — Balançando a cabeça, Desmond franziu a
testa para o lado da banheira, apreciando o silêncio de Vicar para que ele
pudesse colocar tudo para fora. — Ele me agarrava pela nuca e me
sacudia até que eu mudasse. Então ele utilizaria meu cabelo para me
controlar.
Desmond pausou, perdendo-se nas memórias por um momento.
Vicar gentilmente brincou ao longo da sua mandíbula, incitando-o a
levantar o olhar e se concentrar nele. — Então, quando as pessoas pegam
seu rosto ou cabelo, você foge, — ele murmurou, sua expressão cheia de
compreensão. — Eu amo a sensação do seu cabelo. Eu não vou mentir. —
Sorrindo um pouco, Vicar acrescentou: — Mas terei cuidado. Sempre vou
me certificar de que você saiba que meu toque está chegando.

102
Enquanto Vicar falava, ele passou os dedos pela lateral do rosto de
Desmond em direção ao cabelo. Ele passou os dedos entre os fios. Suas
unhas arranharam levemente, oferecendo uma espécie de massagem.
Suspirando, Desmond inclinou a cabeça no toque de Vicar.
Realmente se sentiu fantástico. Formigamentos se espalharam por sua
cabeça, pescoço e peito. Mesmo seus mamilos frisaram.
— Agora, isso é um olhar maravilhoso em você, — Vicar retumbou,
mergulhando a cabeça para lamber seus lábios antes de selar sua boca
sobre a de Desmond. Por um momento, Vicar lambeu e brincou
sensualmente, como se estivesse fazendo amor com sua boca.
Finalmente, Vicar quebrou o beijo e sorriu para ele. — Sim,
definitivamente uma boa aparência.
— Amo seus beijos, — Desmond admitiu. Erguendo a mão, ele
brincou com a ponta do dedo ao redor dos lábios carnudos e negros de
Vicar. — Tão sexy.
Vicar continuou a manter o olhar de Desmond enquanto ele virava a
cabeça e sugava aquele dedo em sua boca. Ele beliscou a ponta
levemente antes de soltá-lo.
— Todo seu, bebê, — Vicar retumbou com um sorriso aquecido. O
olhar desapareceu rapidamente e ele perguntou: — Phil é o homem de
quem Priest salvou você?
Desmond assentiu, lembrando-se do grande shifter leão negro que
havia tropeçado neles. — Ele estava em missão para caçar um bandido na
área. — Zombando baixinho, ele murmurou: — Ainda me lembro desse
grande e negro estranho irrompendo pela porta. Eu estava na jaula e, a
princípio, ele me matou de susto. — Desmond não insistiu muito na
memória. Tinha sido sangrento. — Basta dizer que Priest matou Phil sem
dizer uma palavra ao cara. Eu pensei que ele era um assassino de
machado ou algo assim, e eu seria o próximo, — ele admitiu com
escárnio. — Mas então Priest se agachou na frente da jaula e disse: Você

103
está seguro agora, pequeno shifter. Vamos levar você para casa. Então ele
abriu a gaiola, me ajudou a sair e me levou ao conselho. Eles prepararam
novas identidades para mim e minha mãe. Arranjei um emprego no
refeitório deles e estou lá desde então.
Assentindo lentamente, Vicar o olhou com sabedoria. — Você tinha
uma queda pelo Priest, — ele comentou astutamente.
Incapaz de se conter, Desmond corou enquanto soltava um gemido.
— Sim. Adoração de herói e tudo. Descansando as palmas das mãos no
peito de Vicar, ele encontrou seu olhar e garantiu: — Mas já superei isso
há muito tempo e nunca fizemos nada juntos. — Bufando, Desmond
acrescentou: — Eu não sou o tipo de Priest.
— Como isso é possível? — Vicar pareceu ofendido em nome de
Desmond. — Você é perfeito. Você é o tipo de todo mundo.
Rindo silenciosamente, Desmond agitou sua cabeça. — Não, mas
obrigado. Priest gosta de twinks. Loiros e pálidos. Quanto mais pálidos,
melhor. — Com um encolher de ombros, ele acrescentou: — Talvez seja
toda a coisa dos opostos que se atraem.
Desmond sorriu para Vicar quando ele caiu de joelhos. Balançando
a perna sobre a coxa do seu companheiro, ele se acomodou no colo do
grande dragão. Ele deslizou as mãos pelo pescoço de Vicar e subiu ainda
mais, apreciando a sensação do seu couro cabeludo macio.
— De qualquer forma, obrigado por me ouvir, — Desmond
murmurou, gostando de como Vicar imediatamente colocou as mãos nos
quadris, segurando-o perto. — Eu aprecio você me deixar explicar.
— Farei o meu melhor para sempre ouvi-lo, — Vicar lhe disse, seu
sorriso caloroso. Enquanto esfregava uma mão para cima e para baixo no
lado de Desmond, ele estreitou os olhos e murmurou: — Então, sobre o
que você gostaria de falar agora?

104
— Falar é superestimado, — Desmond sussurrou antes de se esticar
e capturar a boca de Vicar.
Para a alegria de Desmond, Vicar não hesitou em retribuir o beijo.

105
Vicar olhou para a pequena casa de estilo artesanal e sentiu uma
estranha onda de nervosismo.
Porque a ideia de conhecer uma mulher pequena o deixou tão
apreensivo? Exceto, foi. Esta era a mãe de Desmond. Ele sabia que seu
companheiro e sua mãe eram um pacote desde o início.
E se ela não gosta de mim? Ou não me aprova?
— Você está bem?
Olhando para Desmond, Vicar o viu já parado do lado de fora. Ele
ainda estava com a porta aberta e olhou para ele. A preocupação encheu
sua expressão e começou a permear o jipe.
— Uh, é estranho estar... preocupado? — Vicar perguntou
lentamente, decidindo confiar em seu companheiro. Eles eram uma
equipe, afinal. — Se ela não gosta de mim, ela vai tentar causar problemas
entre nós?
Desmond sorriu tranquilizadoramente. — Mamãe vai te amar. — Ele
piscou e deu-lhe um levantar de sobrancelha deselegante. — Só não do
jeito que eu te amo.
Vicar suspirou profundamente enquanto abria a porta. — Estou
falando sério, Desmond. — Ele fechou a porta antes de se mover para
encontrar seu companheiro perto do capô. Descansando as mãos nos
quadris de Desmond, Vicar o imobilizou com um olhar sério. — Você é o
bebê dela. Inferno, sem esconderijo, ela é sua razão de viver. E se ela não
estiver feliz com... nós?
Descansando as mãos no peito de Vicar, Desmond esfregou
suavemente. — Minha mãe realmente ficará feliz por nós, — disse ele. —
Ela ficará absolutamente extasiada por eu ter encontrado meu
companheiro predestinado. — Com um pequeno encolher de ombros,

106
Desmond acrescentou: — Ela pode até estar com um pouco de ciúmes,
mas ela vai lidar com isso.
Precisando confiar em seu companheiro, Vicar assentiu. — Ok.
Vamos fazer isso então. — Após essas palavras, ele se virou e deslizou seu
braço direito ao redor da cintura de Desmond.
Para o prazer de Vicar, Desmond imitou o movimento. Ele até
enfiou os dedos no cinto de Vicar perto do seu quadril. Juntos, eles
começaram a curta caminhada até a porta da frente.
Mesmo antes de chegar à pequena varanda da frente, Vicar viu a
porta se abrir. Uma mulher pequena com cabelo ruivo que tinha um
pouco mais de loiro do que o do seu filho apareceu na varanda, mas seus
olhos eram do mesmo castanho quente de Desmond. Ela olhou entre
eles, obviamente observando a maneira que Desmond e Vicar se
abraçavam.
Então, esta é Marisa Takara.
— Eu pensei que isso soava como seu jipe, Des, — ela
cumprimentou, embora parecesse um pouco preocupada. — Você
costuma trabalhar às quintas-feiras. Está tudo bem?
— Está tudo bem, mãe, — Desmond assegurou enquanto eles
davam alguns passos para parar na varanda. — Mais do que bem, na
verdade. — Sorrindo amplamente, Desmond indicou Vicar. — Gostaria de
apresentá-lo a Vicar Rhomes. — Ele fez uma pausa momentânea, talvez
para um efeito dramático. — Vicar é meu companheiro. — Baixando a
voz, Desmond acrescentou: — Meu companheiro predestinado.
A mulher congelou por alguns segundos antes da sua mandíbula
cair aberta. — Seu companheiro predestinado? — Ela sussurrou,
claramente incrédula. — Verdadeiramente? Você tem certeza?
— Sim, — Desmond respondeu firmemente. — Tenho certeza.

107
Então Marisa gritou mesmo enquanto dançava no lugar. Um
segundo depois, ela jogou os braços ao redor de ambos e os apertou
com força. Antes que Vicar pudesse decidir se deveria retribuir o abraço,
Marisa os soltou e correu para a porta.
— Entre, entre, — insistiu Marisa, abrindo a porta com tanta força
que as dobradiças rangeram. Ela riu enquanto acenava com a outra mão.
— Quero saber tudo sobre você, Vicar. Como vocês se conheceram? O
que você faz?
Devido à insistência de Desmond, Vicar começou a avançar. Ao
passarem por ela, Marisa deu uma fungada nada discreta.
— E também estou um pouco curiosa para saber o que você é, —
afirmou Marisa, fechando a porta atrás deles. — Não reconheço seu
cheiro.
— Não é surpreendente, em realidade, — respondeu Vicar. Seu
sorriso veio facilmente, o alívio o inundou ao ver sua exuberância. — Eu
sou um dragão.
Marisa ficou boquiaberta. Então suas pernas pareceram cair debaixo
dela, e ela se jogou na caixa de botas situada perto da porta. Olhando
para ele, ela apenas continuou a olhar.
Libertando-se, Desmond correu para o lado de sua mãe. — Mãe? —
Ele se ajoelhou ao lado dela e pegou uma das mãos dela entre as suas. —
Mamãe? Você está bem?
Depois de algumas piscadas, Marisa desviou sua atenção de Vicar
para se concentrar em Desmond. — Um dragão? — Ela sussurrou,
claramente incrédula.
Desmond assentiu com a cabeça, seu sorriso encorajador. — Sim,
mamãe. — Ele olhou para Vicar com calor em seus olhos antes de se
concentrar novamente em Marisa. — Vicar é um dragão.
— Eles existem?

108
Sim. Ela está tendo dificuldade em acreditar.
— Nós existimos, — Vicar assegurou, incerto. Ele não tinha certeza
do que fazer consigo mesmo. — Ficamos escondidos, assim como outros
paranormais.
— Uau. — Marisa piscou mais algumas vezes. Então ela voltou sua
atenção para ele, um sorriso pálido curvando suas feições. — Desculpe.
Só... — Marisa soltou uma risada curta. — Menino, olá. — Ela utilizou sua
mão livre para dar um tapinha em uma das de Desmond. — Boa maneira
de tentar provocar um ataque cardíaco na sua mãe, garotinho.
Desmond riu quando ele balançou a cabeça. — Desculpe, mamãe.
— Dando de ombros, ele disse a ela: — Acho que não te contei sobre
meu amigo, Charon, hein?
— O humano que trabalha na cozinha com você? — Marisa
inclinou a cabeça, confusão enchendo seu perfume. — O que ele tem a
ver com isso?
— Temos algumas coisas para explicar, — Desmond revelou,
balançando a cabeça. Levantando-se, ele ajudou sua mãe a se levantar. —
Vamos fazer um café, mamãe. — Envolvendo seu braço ao redor da
cintura de Marisa, começou a guiá-la mais para dentro da casa. —
Alguma chance de você ter feito alguns snickerdoodles recentemente?
— Claro, querido, — Marisa respondeu com um sorriso. — Vou
pegar os biscoitos. Você faz o café. — Ela olhou para Vicar. — Você gosta
de snickerdoodles, filho?
Vicar quase riu. Ele não conseguia se lembrar de ninguém
chamando-o de filho há muito tempo. Ainda assim, ele resistiu e
respondeu. — Não tenho certeza, Senhora, — Vicar disse a ela. — Não
me lembro de ter experimentado um biscoito chamado snickerdoodles.
— Que pena, — exclamou Marisa, claramente chocada. — Bem,
não se preocupe, querido. Tenho certeza de que você vai gostar disso. —

109
Sem hesitar, ela acrescentou: — E me chame de mamãe ou Marisa. —
Alcançando sua mão quando ela passou por ele, Marisa apertou sua mão.
— Você é da família, afinal.
Nunca nos sonhos mais loucos de Vicar ele teria imaginado alguém
pedindo para ele chamá-la de mamãe. Na verdade, ele não sabia se
conseguiria. Ainda assim, ele poderia cumprir sua segunda opção.
— Obrigado, Marisa.
A linda mulher sorriu para ele, então correu para a cozinha.
Vicar seguiu lentamente, imaginando que sua vida estava realmente
mudando.
São boas mudanças, no entanto.

— Oh meu Deus. — Marisa olhou para Vicar com os olhos


arregalados. — Você jogou sopa no meu pobre menino?
— Receio que sim, — Vicar confirmou com uma careta. — Minha
atenção estava em meu rei e não olhei para onde estava indo.
— E meus sentidos estavam confusos pelo jambalaya picante que
eu estava carregando, então eu também não percebi, — Desmond
interrompeu com uma risada. Sentado ao lado de Vicar no pequeno sofá,
ele apertou levemente a coxa de Vicar. — Então eu tirei minha camisa e...
— E foi como ser atingido por um dois por quatro, mas no bom
sentido, — explicou Vicar, aliviado por Desmond ter decidido pular a
parte sobre Vicar gritando com ele. — Marcamos um encontro no
churrasco de Delanrue ontem à noite e estamos nos conhecendo desde
então. — Prendendo Desmond com um olhar apreciativo, Vicar agarrou

110
sua mão e levou-a aos lábios para um beijo. — E eu não poderia estar
mais feliz.
— Oh meu Deus. — A voz de Marisa soou como se ela estivesse
lutando contra as lágrimas, e quando Vicar voltou seu foco para ela, ele
notou que seus olhos brilhavam. — Isso é tão maravilhoso. — Marisa
pousou as mãos nos seios. — Então é por isso que você não está
trabalhando hoje. Quanto tempo você tem para forjar seu vínculo? —
Inclinando-se para a frente, ela perguntou: — Vocês já se morderam?
Desmond gemeu, suas bochechas assumindo um tom rosado. —
Mamãe, — ele disse em um gemido.
Vicar engoliu a risada. Afinal, ele também não tinha vontade de
discutir sua vida sexual com Marisa. — Sim, é por isso que Desmond tem
o dia de folga.
Vicar tinha ouvido o Chefe Executor Mycroft quando ele ligou para
Desmond naquela manhã. O shifter chita o parabenizou, então lhe disse
para levar um par de semanas para conhecer seu companheiro antes de
deixá-lo saber se ele voltaria. Quando Desmond questionou seu chefe,
Mycroft gentilmente o lembrou que Vicar morava em outro estado.
Na época, Vicar estremeceu mentalmente. Felizmente, seu shifter
não o negou naquele segundo. Ele fez um comentário sobre esquecer
isso. Então Desmond agradeceu a Mycroft e desligou o telefone.
— Espere, você disse que estava observando seu rei? — A voz de
Marisa interrompeu os pensamentos de Vicar, trazendo-o de volta à
conversa. — Os dragões são governados por um rei? — Então ela riu
enquanto varria seu olhar sobre ele. — Faz sentido. Você parece muito
formidável. — Marisa piscou para Vicar antes de se concentrar em
Desmond e piscar. — O destino com certeza te tratou bem.
Desmond abriu a boca, então a fechou novamente, como se não
tivesse ideia de como responder a isso.

111
Vicar também não. Ele estava prestes a pegar sua xícara de café
quando seu telefone tocou em seu quadril.
Droga. Salvo pelo gongo.
Abaixando-se, Vicar puxou o telefone. Suas sobrancelhas se
ergueram. — Falando no diabo, — ele murmurou. Depois de apertar a
mão de Desmond, ele o soltou e se levantou. — Desculpe. Eu preciso
levar isso.
— Claro. — Desmond sorriu para ele antes de se concentrar
novamente em sua mãe. — Sim, uh. Os dragões são governados por um
rei, e seu nome é Leortis. — Limpando a garganta, ele riu
apreciativamente. — Eu o conheci. Ele é um cara muito legal. Acasalado
com um humano.
— Olá, Senhor, — Vicar cumprimentou, movendo-se em direção à
sala de jantar. — Com o que posso ajudar?
— Sinto muito por interrompê-lo quando você está se relacionando
com seu novo companheiro, — Leortis respondeu em vez de uma
saudação. — Eu planejei dar a você alguns dias, mas algo aconteceu.
— Sempre dá, não é? — Vicar respondeu com um suspiro.
Esfregando a careca, ele não pôde deixar de lembrar quando Leortis foi
chamado para lutar por sua posição enquanto rei na mesma noite em que
conheceu seu próprio companheiro. Merda acontece. — Eu entendo o
dever. Você sabe disso.
— Eu sei quanto é importante cumprir seu dever, velho amigo. —
Leortis baixou a voz. — Temos uma pista sobre Gaithnos. Preciso que
você me encontre na Sede dos Shifters o mais rápido possível.
— Huh, não tenho certeza de quanto tempo vou demorar —
admitiu Vicar, carrancudo. — Estamos na casa da mãe de Desmond. Vou
precisar pegar um Uber ou algo assim para me levar de volta ao hotel
para que eu possa pegar um veículo.

112
— Você pode utilizar meu Jeep, — Desmond ofereceu, aparecendo
ao seu lado. Tocando seu braço direito, seu companheiro estendeu as
chaves. — Eu preciso ficar aqui e explicar a mudança para minha mãe.
Mesmo quando Vicar pegou as chaves, ele perguntou: — Você tem
certeza?
— Aceite a oferta dele, Vicar, — Leortis ordenou através da linha. —
Quanto mais rápido você chegar aqui, mais rápido poderá voltar para ele.
Desmond sorriu. — Me ligue quando estiver voltando.
Vicar assentiu uma vez. — Eu vou. — Então ele abaixou a cabeça e
pressionou um beijo duro nos lábios de Desmond. — Espero que seja
rápido. — Depois que Desmond assentiu, Vicar começou a voltar pela
casa. Ele acenou para Marisa enquanto se dirigia para a porta da frente.
— Foi um prazer conhecê-la, Senhora. — Vicar estremeceu antes de
corrigir: — Marisa. Tenho certeza de que a verei novamente em breve.
Marisa assentiu, levantando-se. — Sim nós vamos. — Apontando
para ele, ela acrescentou: — Fique seguro, filho.
Sim. Isso ainda soa estranho.
— Sim, m... Marisa.
Porra, isso vai levar algum tempo para se acostumar também.
Enquanto Vicar saía correndo pela porta, ele trouxe o telefone de
volta ao ouvido. — Você pode me dizer alguma coisa? — Ele perguntou
enquanto abria a porta do motorista.
— Eu vou te dizer quando você chegar aqui, — afirmou Leortis.
Então ele pareceu se divertir ao dizer: — Eu diria para você se apressar,
mas ser pego em alta velocidade só vai atrasá-lo.
Então seu rei desconectou a linha.
Revirando os olhos, Vicar sentou-se ao volante e colocou o celular
em um porta-copos. Antes mesmo de ligar o Jeep, ele teve que mover o

113
banco para trás. Pensando em seu companheiro muito mais baixo, Vicar
sorriu e começou seu caminho.

Um pouco mais de vinte minutos depois, Vicar virou o Jeep na


garagem para o campo de golfe e spa que cobria a Sede dos Shifters. Ele
dirigiu até o estacionamento subterrâneo e encontrou uma vaga. Então
Vicar fez uma pausa, imaginando para onde ir.
Felizmente, alguém deve ter estado olhando para ele. O Executor
Germaine, um shifter anaconda alto e esbelto, abriu uma porta à esquerda
e acenou para chamar sua atenção. Uma vez que Vicar estava focado no
executor, ele acenou.
Vicar caminhou rapidamente em direção a Germaine. — Você é
meu acompanhante? — Ele perguntou.
Germaine sorriu. — Sim. — Inclinando a cabeça para o lado, ele
insistiu: — Vamos. Vou lhe mostrar onde o Rei Leortis está escondido com
alguns outros.
Sentindo o cheiro da honestidade nas palavras do homem, Vicar
acertou o passo ao lado dele. — Você sabe alguma coisa sobre o que está
acontecendo?
— Receio que não, — admitiu Germaine. — Um dos nossos
técnicos, Link, recebeu um alerta. Ele notificou o conselheiro Goldstein,
que passou a informação ao seu rei. — Tocando o telefone em seu cinto,
Germaine finalizou: — O vereador Goldstein acabou de me mandar uma
mensagem para conhecê-lo.
Vicar assentiu e ficou em silêncio. Afinal, não havia mais nada a
dizer.

114
Quando Vicar entrou no quarto indicado por Germaine, ele verificou
automaticamente os ocupantes. O Guarda Real Warzer estava atrás de
onde o Rei Leortis estava sentado com Kitoman flanqueando-o do outro
lado. O vereador Goldstein estava na sala, assim como outro par de
shifters que ele não reconheceu. Aquele perto do vereador era
obviamente um executor. Enquanto o homem na frente da vasta gama de
computadores provavelmente poderia ser um executor, a julgar por seu
tamanho, seus dedos voaram sobre o teclado, fazendo Vicar pensar que
ele deveria ser Link.
— Obrigado por chegar aqui tão rapidamente, — afirmou o Rei
Leortis, olhando para ele. — Desculpe arrastá-lo para longe do seu novo
companheiro. — Depois de fungar, Leortis estremeceu. — Seu
companheiro recém-vinculado.
— Ele entende, — Vicar assegurou a seu rei. — Ele... — Ouvindo
seu telefone tocar, ele fez uma pausa e puxou-o para fora. Franzindo a
testa, Vicar murmurou: — Desmond está ligando.
— É melhor aceitar — incentivou Leortis. — Eu sei que você é
totalmente responsável pelo dever, mas se ele está ligando para você
logo depois de lhe emprestar o jipe, deve ser importante.
Assentindo, Vicar seguiu o conselho de Leortis. Ele atendeu a
ligação e levou o telefone ao ouvido. — Desmond? O que está errado? —
Ele perguntou, sem se incomodar com uma saudação.
— Você tem algo que eu quero, Vicar. — Uma voz profunda e
estrondosa veio através da linha. Uma presunção fria preencheu o tom. —
E eu tenho algo que você quer.
Vicar sentiu o coração apertar no peito. Ele reconheceu a voz do
orador.

115
— O que você quer, Gaithnos? — Vicar rosnou, a preocupação e o
medo o corroendo. Ele notou que todos que estavam sentados
começaram a se levantar, exceto Link. — Onde está Desmond?
Porra! Acabei de deixá-lo! Como Gaithnos poderia tê-lo?
— Deixe a prole de Charon em um local que eu vou designar, e eu
devolverei seu companheiro.
Vicar sentiu um aperto no estômago enquanto olhava ao redor da
sala. Ele sabia que todos os paranormais na sala ouviram a demanda de
Gaithnos. Link girou em sua cadeira e fez um movimento para mantê-lo
falando.
Mesmo quando a bile ameaçou subir por sua garganta apenas com
a ideia de entregar o bebê de Charon e Dakota para o dragão psicótico,
Vicar perguntou: — E como diabos espera que eu faça isso?
E isso não está acontecendo. Deve haver outra maneira.

116
Ouvir a profunda voz gutural tirou Desmond do seu sono. O latejar
em sua cabeça foi registrado.
Não. Não dormir. Eu fui nocauteado.
Desmond fez o possível para manter a respiração regular, lenta e
regular, enquanto lutava contra os flashbacks do seu passado.
Eu não estou em uma gaiola. Não estou sendo segurado por Phil.
Então as palavras do estranho foram registradas. — Deixe a prole de
Charon em um local que eu vou designar, e eu devolverei seu
companheiro.
Ah Merda. Que diabos?
Assim tão rápido, o que aconteceu voltou correndo.

Assim que Vicar saiu, sua mãe pulou da cadeira, agarrou suas mãos
e perguntou: — Você está feliz?
— Sim, — Desmond afirmou, sorrindo para ela. — Definitivamente
feliz.
Sua mãe suspirou, dando-lhe um olhar carinhoso. — Vou sentir sua
falta, garotinho.
— Não, você não vai, — Desmond negou, balançando a cabeça.
Antes que ela pudesse contestá-lo, ele lhe disse: — Porque Vicar é um
bom homem que sabe que somos um pacote. Quando ele volta, tem toda
a intenção de pedir que você se mude conosco.

117
Ofegando, sua mãe olhou para ele com os olhos arregalados. — Eu
viver com dragões? — Quando Desmond acenou com a cabeça em
confirmação, ela guinchou, — Viver com o rei dragão?
Sorrindo, Desmond brincou: — Bem, tenho certeza de que o rei e
seu companheiro têm sua própria ala, mas... sim, no mesmo prédio ou
perto dele.
— Ó meu Deus. — Sua mãe o soltou e se recostou no sofá.
Quando ela balançou a cabeça, Desmond começou a se preocupar que
ela iria recusar. — Eu com dragões. Jamais teria pensado nisso. — Então
ela saltou de volta para seus pés e sorriu para ele. — Bem, é melhor eu
pegar algumas caixas. Vou ao supermercado e ver o que eles têm nos
fundos. — Depois de dar um beijo na bochecha de Desmond, ela o
apertou mais uma vez antes de sair correndo de casa, o tempo todo
resmungando sobre morar com dragões.
Menos de um momento depois, Desmond ouviu o pequeno sedã de
sua mãe ligar, anunciando sua partida.
Desmond estava na sala de estar, diversão e preocupação
enchendo-o, e ele esperava que ela se lembrasse parar os resmungos
antes de chegar à loja.
Justamente quando Desmond decidiu preparar uma refeição, já que
parecia que eles estariam ocupados passando a tarde separando e
empacotando, ele ouviu o som de vidro quebrando. Ele se virou, mal
conseguindo registrar o enorme homem mais velho antes que a dor
batesse em sua têmpora.
Então foi luzes apagadas.

118
— Eu sei que você está acordado, — afirmou seu sequestrador. Um
rosnado baixo entrou na voz profunda enquanto ele exigia: — Olhe para
mim quando falo com você.
Pelo menos minha mãe está segura. Ela não estava lá.
Lentamente, com cuidado, Desmond piscou para abrir os olhos.
Levou algumas tentativas para se concentrar. Quando conseguiu,
surpreendeu-se com o ambiente. Enquanto as cortinas de todas as janelas
próximas foram fechadas, Desmond não teve problemas para entender as
coisas.
Desmond estava deitado em um sofá de couro no que parecia ser a
sala de estar ou central do que parecia ser um alojamento ou um grande
edifício semelhante a uma cabana. Havia uma enorme lareira de dois
andares no canto. A chaminé era toda de pedras coloridas de rio, e a
lareira parecia ser de ardósia. Uma enorme cabeça de alce pendia sobre
ela.
Vários outros sofás e cadeiras de couro pontilhavam a área ao seu
redor. Havia uma mesa de centro diante dele e uma TV de bom tamanho
pendurada na parede à sua esquerda.
Lentamente, Desmond se sentou. Ele desviou o olhar para a direita e
avistou uma escada de troncos que levava ao segundo nível. Parado nas
sombras no nível do loft acima, Desmond viu uma figura tão imponente
que não pôde evitar de ofegar surpreso.
— Quem é você?
Desmond se sentiu malditamente satisfeito por ter conseguido
manter a voz firme.
— Sou o ancião Gaithnos.
Gaithnos. Merda. O dragão desonesto.
Isso é muito pior do que Phil.

119
Recordando a ordem que Gaithnos deu... a alguém... Desmond
empurrou esses pensamentos da sua mente. Eles não tinham lugar em
seu cérebro se ele quisesse manter seu juízo sobre ele. Ele sabia que,
lidando com um dragão, ele definitivamente precisaria da sua inteligência.
— Por que você quer o filho de Charon e Dakota? — Desmond
perguntou, esperando por mais informações. Em sua experiência,
informação significava maior chance de fuga. — Você vai criá-lo como se
fosse seu?
Gaithnos zombou enquanto se movia lentamente em direção às
escadas. — Por favor. Meu? Um dragão ancião criando um ômega? — A
luz da tarde de uma janela do segundo andar brilhou em Gaithnos
enquanto ele se movia, traindo seu frio desdém. — Claro que não. Eu
preciso de dinheiro.
— Dinheiro? — A confusão encheu Desmond, e seu estômago
endureceu um pouco. — Você vai resgatá-lo de volta para Charon e
Dakota?
Latindo uma risada, Gaithnos balançou a cabeça. Ele parou em um
raio de sol no meio da escada e olhou para ele imperiosamente, sua
expressão altiva. — Esses dois réprobos nunca conseguiriam juntar a
quantia de dinheiro que eu preciso para ficar à frente dos homens do rei.
— Apoiando um quadril na grossa grade de madeira, ele sorriu. — Oh
não. Charon arruinou minha vida, então vou pegar sua cria e vendê-la
para um açude dragão que gosta de manter ômegas como criadores.
Ainda há alguns deles por aí, e eles pagarão um bom dinheiro pelo
mestiço.
Ofegando, Desmond saltou levantado. — Você vai vendê-lo para
reprodução? — Exclamou ele, absolutamente abalado.
— Claro. — Gaithnos não parecia nem um pouco chateado com a
perspectiva. Na verdade, ele parecia ansioso quando um estrondo baixo
encheu sua voz. — Adoro a ideia de Charon saber que seu bem maior

120
está por aí em algum lugar, sendo um criador, e ele não pode fazer nada
para impedi-lo.
— Então você sabe que o que aqueles outros dragões estão
fazendo é errado, certo? Que tratar um ômega como nada além de um
receptáculo para gerar mais bebês é... errado. — A mente de Desmond
fritou quando ele forçou seu cérebro para uma explicação melhor. — Vil.
Desprezível. Mal!
— Charon me custou meu filho! — Gaithnos rugiu, sua voz
assumindo um tom que lhe dizia que o dragão do homem estava muito
perto da superfície. Com um grito rosnado, ele continuou: — Farei Charon
pagar mil vezes por isso!
Gaithnos rugiu tão alto que a casa tremeu ao redor deles.
Desmond cambaleou para trás. Mesmo enquanto agitava os braços,
ele tropeçou, incapaz de se segurar. Caindo de bunda com um baque,
Desmond sibilou, sua cabeça batendo contra o lado da perna da mesa de
centro. Desmond resistiu ao desejo de balançar a cabeça, sabendo que
provavelmente iria exacerbar a dor ali.
Em vez disso, Desmond se virou e se enrolou de lado. Embora ele
nunca tirasse sua atenção do dragão nos degraus, o homem estava com a
cabeça inclinada para trás e ria dele como se vê-lo cair fosse a coisa mais
engraçada do mundo, algo chamou sua atenção à direita. Pelo canto do
olho, Desmond processou o que viu.
Do outro lado do sofá ficava a sala de jantar. Além disso, ele viu um
enorme bar com capacidade para seis pessoas, marcando o início da
cozinha. À direita da geladeira havia uma porta, uma porta com porta
para cachorros.
Posso sair? Quais são as chances de estar bloqueada?
Desmond se acalmou, seu corpo se contorcendo enquanto ele
pensava em arriscar.

121
Ah, quem se importa. Eu tenho que tentar. Afinal, ele precisa de
mim vivo... certo?
Enquanto afastava o fato de que ser necessário vivo não significava
que ele era necessário são e saudável, Desmond rolou de joelhos. Ele
choramingou um pouco, fazendo-se soar lamentável. Então ele começou
a rastejar ao redor da borda do sofá.
— Onde diabos você pensa que está indo? — Mesmo enquanto
Gaithnos o xingava, sua pergunta saiu modulada, como se ele pensasse
que a resposta estava abaixo dele.
— Á-Água, — Desmond murmurou. Recordando seu tempo com
Phil e como o idiota adorava ouvi-lo implorar pelas coisas mais simples,
ele acrescentou um pequeno gemido à sua voz enquanto implorava: —
Por favor.
Deuses, implorar a esse idiota é uma merda.
Todo o tempo, Desmond continuou a rastejar em direção à cozinha.
Ele notou que a porta não era particularmente grande, talvez pensando
em um cachorro de tamanho médio. Felizmente, mesmo sendo um
shifter, Desmond sabia que ele ainda era uma pequena raposa.
Talvez fosse por causa de seu pai humano.
— Muito bem. — Gaithnos acenou com a mão imperiosamente,
como se estivesse concedendo um grande desejo. — Pegue um pouco de
água.
Desmond mudou-se para a cozinha. A pia estava na ilha, então,
uma vez atrás dela, ele se ajoelhou e abriu a torneira. Utilizando o barulho
da torneira para esconder o estalo revelador de osso e estalo de músculo
movendo-se sob sua pele, Desmond alcançou sua raposa e mudou.
Em sua forma de raposa, Desmond não era muito maior que seu
corpo humano. Exceto que suas pernas eram mais curtas. Felizmente, sua
cintura era mais fina também, então enquanto ele não podia fazer nada

122
sobre a camisa vermelha que utilizava, Desmond facilmente deslizou para
fora de seu jeans. Sentado no traseiro, ele agarrou primeiro uma meia
com os dentes e arrancou-a, depois a segunda.
— Ei, o que você está fazendo? — O andar pesado de Gaithnos
desceu as escadas. Com um aviso letal escorrendo de seu tom, ele rosnou:
— Não me faça perseguir você.
Ignorando-o, Desmond pulou em suas patas e disparou em direção
à porta do cachorrinho. Ele abaixou a cabeça e inclinou-a para o lado.
Mesmo quando ele se lançou para a aba de plástico, Desmond puxou
com seu ombro.
Desmond sentiu a ponta do seu nariz bater contra o lado da
pequena abertura retangular, mas a aba cedeu facilmente. No instante
seguinte, suas patas bateram nas ripas de madeira de um deck traseiro... e
quase caíram debaixo dele. Cavando em suas garras, Desmond se
segurou.
Vendo os grossos troncos de árvores ao redor, Desmond percebeu
que ele tinha pelo menos dois andares de altura. Ele avistou as escadas,
mas elas estavam atrás de um portão. Correndo em direção a elas, mediu
a distância até o patamar do outro lado e saltou. Quando ele pousou,
Desmond mais uma vez deslizou, e seu ombro bateu no corrimão.
Com um salto rápido para suas patas, Desmond começou a descer
as escadas. Enquanto corria, ele ouviu um rugido todo-poderoso. A casa
tremeu quando cacos de vidro e madeira de repente se espalharam ao
redor dele. Os cacos caindo em suas costas não o incomodaram, mas
então Desmond pisou em um pedaço de vidro, fazendo-o gritar quando
este afundou.
Sobre três pernas, Desmond chegou ao final da escada. Ele fez uma
pausa longa o suficiente para inspecionar sua pata e viu o pedaço de
vidro saindo dela. Mais do que feliz por ser um shifter com um cérebro

123
capaz de analisar, Desmond cuidadosamente utilizou seus dentes para
retirá-lo.
— Eu sinto seu cheiro, pequeno shifter, — Gaithnos declarou, sua
voz profunda e estrondosa em forma de dragão. — Volte, ou você vai
pagar por desperdiçar meu tempo e energia.
Desmond o ignorou.
Sabendo que um lugar elegante como este tinha que ser conectado
a um sistema rodoviário, Desmond começou a correr. Infelizmente, o
convés dava para uma ravina. Quando ele tentou contornar a casa, ele se
deparou com um alto muro de contenção de pedra.
Em vez de tentar escalá-lo, Desmond correu para a vegetação
rasteira... e imediatamente se viu caindo sobre uma chaleira em uma
ladeira íngreme. Quando suas costas bateram em uma árvore,
interrompendo sua descida, ele não pôde evitar o grito que escapou. A
lufada do vento acima de sua cabeça fez com que ele desviasse o foco
para cima, e um arrepio percorreu sua espinha.
Pairando quase quinze metros acima dele, apenas mantido sob
controle pelas árvores, estava um enorme dragão vermelho.
Enquanto Desmond observava, o dragão abriu suas mandíbulas e
inalou profundamente. Um brilho vermelho apareceu entre seus dentes.
Desmond saltou para suas patas e enfrentou a ravina mesmo
quando sentiu o calor do fogo e o chamuscar ocasional de faíscas. Ele
caiu mais do que correu enquanto descia a rampa lateral. Para sua
surpresa, Desmond encontrou-se caindo debaixo de alguns arbustos e em
uma clareira de tamanho decente. Dentro dela corria um riacho.
Quando Desmond conseguiu ficar em suas patas e começou a
galopar em direção a ele, ele notou um conjunto de escadas à sua direita.
Se ele tivesse que adivinhar, eram o caminho que um humano seguiria.
Ah bem.

124
O vento aumentou ao redor dele novamente, sinalizando a
aproximação de Gaithnos.
Merda!
Voltando-se para o riacho, Desmond avaliou a força da água em
movimento.
Quão rápido ela vai me levar rio abaixo?
Antes que Desmond tivesse a chance de decidir, um rugido alto
atravessou o ar. Algo caiu ruidosamente acima da sua cabeça. Um
segundo depois, ele teve que deslizar para fora do caminho quando duas
formas enormes se chocaram contra a terra, quase bem em cima dele.
Desmond entrou na floresta quando o fogo irrompeu, seguido por
tentáculos gelados, apagando-os. Virando-se para observar, ele se
arrastou para a frente. Embora não se considerasse corajoso, Desmond
sabia que várias coisas eram verdadeiras.
Em primeiro lugar, qualquer dragão atacando Gaithnos tinha que
estar contra ele, então talvez ele pudesse utilizar sua ajuda. Especialmente
se o cara era um guarda ou executor ou algo assim. Em segundo lugar,
Desmond não saberia para onde correr para evitar ser esmagado por seus
enormes corpos ou chamas se não ficasse de olho neles. A terceira e
última coisa era, se esse cara matasse Gaithnos, Desmond poderia
facilmente sair da floresta e caçar seu companheiro.
Olhando entre as folhas, Desmond fez o possível para ficar quieto
enquanto observava o espetáculo diante dele. Um gigantesco dragão
negro prendeu suas enormes mandíbulas ao redor do pescoço de
Gaithnos, afundando seus dentes profundamente entre as escamas e
tirando sangue. Com um giro do seu corpo, ele evitou facilmente o
porrete na ponta da cauda de Gaithnos, utilizando esse ímpeto, o dragão
negro bateu com sua cauda pontiaguda no ventre de Gaithnos,
arrancando um rugido de dor da outra fera.

125
Enquanto Desmond observava Gaithnos arquear o pescoço de dor,
ele teria se sentido mal pelo cara... se não fosse pelo que ele sabia que o
bastardo pretendia fazer com o filho dos seus amigos.
— Vicar! — Uma voz profunda chamou de cima. — É o bastante.
Eu o quero vivo.
Um segundo depois, um dragão azul escuro que Desmond
reconheceu sendo o Rei Leortis se estabeleceu na pequena clareira ao
lado do par que lutava. — Submeta-se, Gaithnos. Ou você não vai sair
daqui vivo.
Gaithnos rugiu enquanto virava o pescoço e soprou uma corrente
de fogo na direção de Leortis. O rei saiu do alcance antes de diminuir a
distância. Utilizando sua cauda pontiaguda como uma clava, Leortis
acertou o outro dragão em sua cabeça.
Com um gemido, Gaithnos caiu e o dragão vermelho ficou imóvel.
— Solte-o, Vicar, — Leortis ordenou novamente.
Depois de fazer exatamente isso, embora ele nunca tenha desviado
sua atenção do dragão abatido, o dragão negro rugiu: — Droga, Leortis.
Como devo encontrar meu companheiro agora?
De repente, algo atingiu Desmond. Aquele enorme e feroz dragão
negro era seu companheiro.
A excitação crescendo dentro dele, Desmond ganiu e pulou de
onde ele se escondeu. Ele saltou para a clareira, seu rabo vermelho e
espesso abanando como se fosse um cachorro, não que ele fosse admitir
isso para qualquer outro. Quando os dois dragões se concentraram nele,
Desmond percebeu que deveria estar preocupado, mas não estava.
Os lábios azuis profundos de Leortis realmente se curvaram em um
sorriso de dragão. — Ah, aí está o seu companheiro agora. — O rei
golpeou Vicar com uma asa. — Warzer e eu cuidaremos desse idiota.
Você cuida do seu companheiro.

126
— Desmond? — Vicar rugiu, abaixando a cabeça para olhar para
ele com um olho grande e preto. — Você está bem? — Suas narinas
enormes se alargaram antes de ele rosnar: — Sinto cheiro de sangue.
Sabendo que não poderia responder como uma raposa, Desmond
mudou rapidamente. A diversão o encheu quando Vicar utilizou uma
grande asa negra para esconder sua nudez do rei, bem como de um
grande dragão verde pousando ao lado deles, Warzer, aparentemente.
Desmond agarrou a borda superior da asa do seu companheiro e
sorriu para Vicar. — Eu sabia que você viria, mas como você me
encontrou tão rapidamente?
— Sinto cheiro de sangue, — Vicar rosnou, ignorando sua
pergunta.
Com um revirar de olhos, Desmond ergueu a palma da mão. —
Acabei de me cortar em um vidro quando o idiota aqui decidiu quebrar a
parede da casa. — Isso foi o que ele assumiu que tinha acontecido, de
qualquer maneira. — Eu realmente estou bem. — Desmond utilizou a
outra mão para esfregar a asa de Vicar, o que ele achou muito legal. — E
você deveria questionar totalmente aquele idiota. — Olhando para
Gaithnos abatido, Desmond lhes disse, — Ele disse que iria vender o filho
de Charon e Dakota para um açude dragão que gosta de utilizar ômegas
para reprodução. Isso é um grupo de dragões, certo? Como um
esconderijo de raposa? — Depois de obter um aceno de cabeça de Vicar,
Desmond rosnou e voltou seu olhar para o dragão vermelho inconsciente.
— Quão doentio é isso? Precisamos encontrar esses idiotas e acabar com
eles.
Leortis rosnou profundamente. — Vou conseguir essa informação
extraída dele, — o rei assegurou. — Não se preocupe, raposinha.
Balançando um aceno de cabeça, Desmond resmungou, — Bom. —
Então ele olhou para seu companheiro. Mesmo enquanto admirava a

127
impressionante forma de dragão de Vicar, ele perguntou: — Então, uh,
como você me encontrou tão rápido?
Vicar zombou profundamente. — O idiota utilizou seu telefone para
me ligar. Seu pessoal o rastreou.
Desmond não pôde deixar de dar uma gargalhada. — Uau.
Movimento total de novato.
— Sim. — Então Vicar abaixou a cabeça e gentilmente aninhou a
ponta do seu focinho contra a bochecha de Desmond. — Você é uma
raposa muito bonita, — ele de alguma forma conseguiu ronronar. — E
nunca chegamos a brincar de perseguição. Esta é uma área perfeita. —
Então a voz do dragão de Vicar até conseguiu se aprofundar. — E para o
vencedor vão os despojos.
Sugando um suspiro agudo, Desmond sentiu seu corpo corar com a
necessidade de se reconectar com seu companheiro. Ele esteve em
perigo, e seu amante esteve em uma briga. Sua natureza exigia que eles
se reconectassem.
Com um gemido, Desmond murmurou: — Sim, por favor.
— Não se preocupe, — Leortis falou lentamente. — Vou deixar sua
mãe saber que você está bem.
Ops!
Sorrindo para o rei, Desmond gritou: — Muito obrigado!
Desmond não esperou por uma resposta. Embora ele ouvisse os
sons estrondosos da risada do dragão, sua necessidade o estava
montando com muita força. Ele mudou. Menos de um momento depois,
ele voltou à forma de raposa e olhou para seu dragão com expectativa.
Vicar abaixou seu enorme focinho e o aninhou. Então ele agarrou os
restos esfarrapados da camisa que ainda estava agarrada a ele. Com um
empurrão, Vicar arrancou-os do seu corpo.

128
Com uma risada estridente, Desmond se virou e correu para o mato.
Desmond sentiu o vento aumentar ao seu redor, e a adrenalina
vibrou por ele por um motivo totalmente novo.
Hora de jogar perseguição com o meu companheiro.
Enquanto Desmond se abaixava, balançava, pulava e serpenteava
entre os arbustos e as árvores, ele sabia que esta não seria a única vez
que eles fariam isso juntos.
Minha vida com meu companheiro incrível está no caminho certo.

129

Você também pode gostar