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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

CAMILA SALES DE OLIVEIRA

A BIÔNICA COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA


BARRACA PARA FEIRA-LIVRE DE FLORIANÓPOLIS.

Florianópolis
2017
CAMILA SALES DE OLIVEIRA

A BIÔNICA COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA


BARRACA PARA FEIRA-LIVRE DE FLORIANÓPOLIS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Design da Universidade do Sul de
Santa Catarina como requisito à obtenção do
título de Bacharelado.

Orientador: Prof. Tiago André Cruz

Florianópolis
2017
CAMILA SALES DE OLIVEIRA

A BIÔNICA COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA


BARRACA PARA FEIRA-LIVRE DE FLORIANÓPOLIS.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel e aprovado em sua forma final pelo
Curso de Design da Universidade do Sul de
Santa Catarina.

Florianópolis, 6 de julho de 2017.

______________________________________________________
Professor e orientador Tiago André Cruz, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Kamilla Souza, Lic
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Fabíola Reinert, Ms
Universidade do Sul de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Silvana e Fernando, pelo apoio, auxílio e por
proporcionarem meus estudos. À minha família que me apoiou. Ao meu namorado, Marcelo,
pelo incentivo e ajuda. Ao meu amigo, Luis Gustavo, que me acompanhou durante todo o
projeto e toda a faculdade. Ao meu orientador Tiago Cruz pelo auxílio e dedicação.
RESUMO

Este trabalho tem como proposta desenvolver uma barraca de feira-livre mais fácil
de montar, desmontar e transportar, seguindo a barraca de feira-livre do Largo da Alfândega,
em Florianópolis. Utilizou a biônica como ferramenta para a criação e foi pensado em todos os
tipos de usuários, para que tanto os feirantes experientes quanto os novatos consigam montar,
desmontar e transportar sem maiores esforços. Utilizou-se a biônica, que consiste em observar
os sistemas naturais e reproduzir seus princípios de solução, buscando respostas relevantes para
o processo de desenvolvimento de produto. A metodologia da biônica foi aplicada no
desenvolvimento da barraca de feira-livre, utilizando o joelho humano como analogia para o
trabalho. Este estudo resultou em uma barraca de feira-livre articulada dividida em duas peças,
para que o facilite a montagem, a desmontagem e o transporte e atenda às necessidades dos
feirantes.

Palavras-chave: Barraca. Feira-livre. Biônica. Design.


ABSTRACT

This project proposes the development of a market-place tent that is easier to


assemble, disassemble and transport, following the market-place from Largo da Alfândega, on
Florianópolis. It must be developed from bionics as a tool for creation, and it must be thought
throughout all the sorts of users, in order to be easier to assemble, disassemble and transport,
either for expert users, or new users. Bionics was used in this project, which definition consists
of observing natural systems and implementing their solution principles, seeking for relevant
answers for the development process of the product. The bionics methodology was applied on
the market-place tent, using the human knee as an analogy for this project. This study resulted
on an articulated tent divided by two pieces, in order to make the assemble, disassemble and
transportation easier, and in order to supply the maket workers demands.
Keywords: Tent. Market-place. Bionics. Design
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
IEA International Ergonomics Association
IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
SESP Secretaria Executiva de Serviços Públicos
SMDU Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Barraca de feira-livre do Largo da Alfândega ......................................................... 14


Figura 2- Exemplos de mobiliário urbano. ............................................................................... 18
Figura 3 - Orelhões representando a cultura das cidades ......................................................... 19
Figura 4 - Troca de mercadorias nas feiras antigas. ................................................................. 20
Figura 5 - Feira-livre do Largo da Alfândega de Florianópolis ............................................... 22
Figura 6 - Produtos comercializados na Feira-livre do Largo da Alfândega ........................... 22
Figura 7 - Ergonomia no local de trabalho. .............................................................................. 24
Figura 8 - Postura no posto de trabalho. ................................................................................... 26
Figura 9 - Diferenças entre as proporções corporais de indivíduos de diferentes etnias.......... 28
Figura 10 - Curva de Gauss ...................................................................................................... 29
Figura 11 - Comparação da mandíbula do besouro com a torquês. ......................................... 31
Figura 12 - Estudo do voo dos pássaros por Leonardo Da Vinci ............................................. 34
Figura 13 - BionicCar da Mercedes-Benz, inspirado no Peixe-cofre. ...................................... 35
Figura 14 - Biônica do Velcro .................................................................................................. 35
Figura 15 - Biônica das vigas ósseas da ossatura do colo do fêmur humano com as vigas da
Torre Eiffel. .............................................................................................................................. 36
Figura 16 - Classificação dos materiais metálicos e não metálicos. ......................................... 38
Figura 17 - Exemplo de alumínio anodizado............................................................................ 39
Figura 18 - Metodologia para o Desenvolvimento de Produtos. .............................................. 42
Figura 19 - Montagem da estrutura da barraca de feira-livre ................................................... 46
Figura 20 - Encaixe da pirâmide da barraca de feira-livre ....................................................... 46
Figura 21 - Remoção da cobertura da barraca de feira-livre .................................................... 47
Figura 22 - Movimento corporal para a remoção das peças ..................................................... 47
Figura 23 - Desmontagem do centro da estrutura da barraca ................................................... 48
Figura 24 - Armazenamento da estrutura da barraca para o transporte .................................... 48
Figura 25 - Estrutura da barraca de feira-livre ......................................................................... 49
Figura 26 - Encaixe das peças da barraca de feira-livre ........................................................... 49
Figura 27 - Dificuldade de manuseio das peças da barraca de feira-livre ................................ 50
Figura 28 - Articulação do cotovelo em extensão e flexão ...................................................... 51
Figura 29 – Articulação do ombro............................................................................................ 52
Figura 30 - Articulação do quadril ........................................................................................... 52
Figura 31 - Joelho em extensão ................................................................................................ 53
Figura 32 - Encaixe dos ossos do joelho .................................................................................. 55
Figura 33 - Ligamentos do joelho ............................................................................................ 56
Figura 34 - Articulação do joelho estendida e fletida ............................................................... 57
Figura 35 - Analogia do encaixe do joelho............................................................................... 59
Figura 36 - Analogia dos ligamentos do joelho ........................................................................ 59
Figura 37 – Alternativa 1 .......................................................................................................... 60
Figura 38 - Alternativa 2 .......................................................................................................... 60
Figura 39 - Alternativa 3 .......................................................................................................... 61
Figura 40 - Alternativa 4 .......................................................................................................... 61
Figura 41 - Alternativa 5 .......................................................................................................... 62
Figura 42 - Alternativa 6 .......................................................................................................... 62
Figura 43 - Parte inferior da estrutura da barraca de feira-livre ............................................... 63
Figura 44 - Parte inferior da estrutura da barraca de feira-livre fechando para o transporte.... 64
Figura 45 - Encaixe da peça de fixação .................................................................................... 64
Figura 46 - Encaixes para receber a parte superior da estrutura ............................................... 65
Figura 47 - Parte superior da estrutura que completa a barraca de feira-livre.......................... 65
Figura 48 - Parte superior da estrutura da barraca de feira-livre .............................................. 66
Figura 49 - Perfil de alumínio quadrado utilizado em toda a estrutura .................................... 66
Figura 50 - Retirada das peças do caminhão ............................................................................ 67
Figura 51 - Abertura da parte inferior da estrutura ................................................................... 68
Figura 52 - Encaixe da peça de fixação .................................................................................... 68
Figura 53 - Encaixe da peça superior na estrutura de baixo ..................................................... 69
Figura 54 - Desmontagem da parte superior estrutura ............................................................. 69
Figura 55 - Desmontagem da parte inferior da estrutura .......................................................... 70
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resultado do questionamento com os feirantes ...................................................... 43
Tabela 2 - Questionamento a respeito da montagem e desmontagem da feira......................... 44
Tabela 3 - Questionamento sobre o tempo para montagem e desmontagem e o número de
ajudantes para realizar a tarefa. ................................................................................................ 45
Tabela 4 - Parametrização do elemento natural........................................................................ 58
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

1.1 TEMA ............................................................................................................................................ 13

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA ..................................................................................................... 13

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................................... 13

1.4 PROBLEMÁTICA ...................................................................................................................... 13

1.5 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 15

1.5.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 15

1.5.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 15

1.6 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................... 15

1.7 METODOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................................................... 15

1.7.1 Aplicabilidade Da Pesquisa .......................................................................................... 15

1.7.2 Abordagem Do Problema ............................................................................................. 16

1.7.3 Objetivos De Pesquisa ................................................................................................... 16

1.7.4 Procedimentos De Coleta .............................................................................................. 16

1.7.5 Instrumentos De Coleta De Dados ............................................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 17

2.1 MOBILIÁRIO URBANO ........................................................................................................... 17

2.1.1 Feiras-livres .................................................................................................................... 20

2.1.1.1 Feira-livre do Largo da Alfândega de Florianópolis .................................................... 21

2.2 ERGONOMIA .............................................................................................................................. 23

2.2.1 Ergonomia física ............................................................................................................ 25

2.3 ANTROPOMETRIA ................................................................................................................... 26

2.4 BIOMIMÉTICA E BIÔNICA .................................................................................................... 29

2.4.1 Exemplos de aplicação da biônica no design de produtos ......................................... 33

2.5 METAIS ........................................................................................................................................ 37

2.5.1 Alumínio ......................................................................................................................... 38


3 METODOLOGIA PROJETUAL ...................................................................................... 41

4 DESIGN DA BARRACA DE FEIRA ................................................................................ 43

4.1 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................................ 43

4.1.1 Análise Ergonômica da Tarefa ..................................................................................... 45

4.2 REQUISITOS DE PROJETO .................................................................................................... 50

4.3 SELEÇÃO DA AMOSTRA ....................................................................................................... 50

4.3.1 Articulações do membro superior ................................................................................ 51

4.3.2 Articulação do membro inferior .................................................................................. 52

4.4 COLETA DE AMOSTRAS........................................................................................................ 53

4.5 IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA ......................................................................................... 54

4.6 OBSERVAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................................. 55

4.7 PARAMETIZAÇÃO ................................................................................................................... 57

4.8 ANALOGIA ................................................................................................................................. 58

4.9 APLICAÇÃO PROJETUAL ...................................................................................................... 59

4.9.1 Gerações de alternativa ................................................................................................. 59

4.9.2 Definição da alternativa ................................................................................................ 62

4.9.3 Instruções de montagem e desmontagem .................................................................... 67

4.9.4 Desenho técnico .............................................................................................................. 70

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 71

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 72

APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados ........................................................... 78

APÊNDICE B – Desenhos técnicos ....................................................................................... 80


1 INTRODUÇÃO

A natureza, com suas formas, texturas e propriedades funcionais tem sido utilizada
para apoiar o desenvolvimento de novos projetos de mobiliário, como também na melhoria de
produtos, pois além de ter propriedades específicas que as ajudam a sobreviver no meio
ambiente, configuram produtos com mais harmonia e eficiência, podendo ser otimizados em
questão a praticidade e funcionalidade nas barracas de feira livre.

As feiras permanecem presentes nas pequenas e grandes cidades do mundo, mesmo


com o aparecimento das lojas, supermercados e shoppings, reafirmando uma das mais antigas
tradições do homem.

Portanto, é importante visar às condições de todas as etapas de trabalho dos


feirantes, pois a barraca é o seu instrumento de trabalho, assim deve ser prática e funcional,
fazendo com que os feirantes possam reduzir a quantidade de tempo e esforço para deixar as
barracas prontas no início e no final da feira.

Neste trabalho, a proposta desenvolvida é um projeto de barraca de feira livre mais


fácil de montar, desmontar e transportar. Deve ser projetada a partir da biônica como ferramenta
para a criação e deve ser pensada para todos os tipos de usuários, para que tanto os feirantes
experientes quanto os novatos consigam montar, desmontar e transportar sem maiores esforços.

1.1 TEMA

Biônica aplicada ao design de produtos.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A biônica como meio para promover a melhoria do modelo da barraca de exposição


e comercialização de produtos em feira livre do Largo da Alfândega em Florianópolis.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Como aplicar a biônica em projeto de design de produto para facilitar a utilização


da barraca de feira livre do Largo da Alfândega em Florianópolis pelos feirantes?
1.4 PROBLEMÁTICA

As feiras livres, comuns em todo o mundo, foram criadas com o objetivo de permitir
ao feirante oferecer diretamente ao consumidor os produtos de suas atividades. Geralmente
13
acontecem nas ruas em dias específicos e oferecem aos consumidores frutas, legumes, verduras,
carnes, biscoitos e embutidos, além de barracas de pastéis e de flores; e tudo quanto há que
possa ser trocado ou comercializado.
As barracas de feira normalmente são erguidas na calçada e são compostas por
armações de metal que formam a estrutura e a cobertura e comportam os produtos
comercializados. Além de expositores de mercadorias, as barracas de feira são ferramentas de
trabalho, portanto devem facilitar a atividade do feirante no seu dia-a-dia.
Na feira livre realizada no Largo da Alfândega em Florianópolis, local de estudo
deste trabalho, o modelo de barracas foi definido pela Secretaria Executiva de Serviços Públicos
(SESP) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU).

Esta barraca consiste em quatro metros por quatro metros em cor azul sobre a lona
e vermelho sobre a saia – cores padrão da Prefeitura -, com aplicação do símbolo do Executivo
na parte inferior, como se pode ver na Figura 1 abaixo.

Figura 1 - Barraca de feira-livre do Largo da Alfândega

Fonte: Tripadvisor (2017)1

Como as barracas são instrumentos de trabalho para os feirantes e elas não ficam
montadas à sua disposição, o trabalho de montagem, desmontagem e transporte também fazem
parte da rotina destes profissionais. Por isso, esta parte do trabalho se releva importante para a
melhoria das atividades das pessoas que têm que repetir sempre o mesmo processo, que pode
ser exaustivo, ao início e término de todo o dia de feira.

1
Disponível em: < https://www.tripadvisor.com.ar/Attraction_Review-g303576-d7258334-Reviews-
Feira_do_Largo_da_Alfandega-Florianopolis_State_of_Santa_Catarina.html> Acesso em: 07 jun. 2017.

14
1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Geral

A partir da biônica, projetar do modelo de barraca para feira livre que tenha foco
nas necessidades de montagem e desmontagem dos feirantes melhorando as suas condições de
trabalho.
1.5.2 Objetivos Específicos

x Descrever a Biônica como possibilidade de uso em projetos de design;


x Verificar quais são as necessidades dos feirantes com relação à barraca;
x Aplicar biônica como ferramenta de projeto;
x Avaliar a funcionalidade do modelo reprojetado da barraca padrão de
Florianópolis;
x Avaliar a biônica como ferramenta de design para este caso desenvolvido.

1.6 JUSTIFICATIVA

O modelo oficial de barraca de feira livre de Florianópolis em princípio, pode não


atender às necessidades dos feirantes de montagem e desmontagem.

Ainda que tenha certo aspecto estético padronizado para as feiras, estabelecendo o
tamanho, cores e layout da barraca; é importante visar às condições de todas as etapas de
trabalho dos feirantes. Adicionando praticidade e funcionalidade ao reprojeto deste produto, os
feirantes poderão reduzir a quantidade de tempo e esforço para deixar as barracas prontas no
início e no final da feira.

Ao realizar este trabalho, além de propor uma solução de melhoria das condições
de trabalho para os feirantes de Florianópolis também será possível aplicar a biônica em um
projeto acadêmico de design e avaliar a sua eficiência e eficácia dentro de um estudo de caso
de design.

1.7 METODOLOGIA CIENTÍFICA

1.7.1 Aplicabilidade Da Pesquisa

A pesquisa a ser realizada é aplicada, porque “gera conhecimentos que visam a


solução de problemas práticos” (GOHR, 2008, p.29).

15
1.7.2 Abordagem Do Problema

A abordagem é qualitativa, pois “considera a relação dinâmica entre o mundo real


(objeto) e o sujeito (pesquisador) ” (GOHR, 2008, p.29).

1.7.3 Objetivos De Pesquisa

Quanto aos objetivos é uma pesquisa exploratória, porque “busca criar


familiaridade com um tema ainda desconhecido. ” (GOHR, 2008, p.29)

1.7.4 Procedimentos De Coleta

Quanto aos procedimentos, é uma pesquisa bibliográfica, visto que a


fundamentação teórica “é realizada a partir de material já publicado e disponibilizado. ”
(GOHR, 2008, p.29) e de levantamento, visto que “é quando a coleta de dados é feita
diretamente com os grupos pesquisados (objetivo), por meio de amostragem. ” (GOHR, 2008,
p.29)
1.7.5 Instrumentos De Coleta De Dados

Foi utilizado observação passiva ou aberta onde “o pesquisador observa o objeto de


pesquisa, sem se envolver. ” (GOHR, 2008, p.29). Equipada, “quando são utilizados
equipamentos para registrar os dados coletados (filmadoras, gravadores, cronômetros, etc.). ”
(GOHR, 2008, p.29). E entrevista semiestruturada “com um roteiro definindo, mas flexível. ”
(GOHR, 2008, p.29)

16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MOBILIÁRIO URBANO

O conceito de mobiliário urbano é muito amplo, envolvendo uma coleção de


artefatos implantados no espaço público da cidade, de natureza utilitária ou de interesse
urbanístico, paisagístico, simbólico ou cultural.

De acordo com o dicionário de urbanismo, mobiliário urbano é definido como:

Conjunto de elementos materiais localizados em logradouros públicos ou em locais


visíveis desses logradouros e que complementam as funções urbanas de habitar,
trabalhar, recrear e circular: cabinas telefônicas, anúncios, idealizações horizontal,
vertical e aérea; postes, torres, hidrantes, abrigos e pontos de parada de ônibus,
bebedouros, sanitários públicos, monumentos, chafarizes, fontes luminosas etc.
(FERRARI, 2004, p. 240)

Os mobiliários urbanos possuem usos e funções diferenciados que vão surgindo


simultaneamente, de acordo com as novas necessidades de seus cidadãos. Eles são instalados
nos espaços públicos com o propósito de oferecer serviços específicos, tais como o descanso, a
comunicação, a limpeza, a limitação e ordenação dos espaços para pedestres, entre outros.

A legislação brasileira, por meio da Lei 10.098/2000, define o termo mobiliário


urbano como “conjunto de objetos presentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou
adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação” (BRASIL, 2000).

Já a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) considera mobiliário


urbano “todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana,
de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público em espaços
públicos e privados” (ABNT, 1986, p.1).

De acordo com a norma, encontram-se exemplos de mobiliário urbano que compõe


a paisagem em Florianópolis, como abrigos de ônibus (Figura 2), caixa de correio, cabines
telefônicas, postes e fiação de luz, bebedouro, lixeiras, barracas, relógios (Figura 2), bancos,
entre outros. Portanto entende-se que o mobiliário urbano são elementos instalados em meios
públicos nos espaços urbanos que se complementam ao conjunto de edificações para uso da
população.

17
Figura 2- Exemplos de mobiliário urbano.

Fonte: Acervo da autora

Para definir o que é mobiliário urbano optou-se pelo conceito utilizado pelo IPPUC
(Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) no Plano de Mobilidade Urbana e
Transporte Integrado:

Entende-se como mobiliário urbano todos os objetos, elementos e pequenas


construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, de uso
comercial ou de serviços, implantados em espaços e logradouros públicos
relacionados à: circulação e transporte; infraestrutura dos sistemas de comunicação,
iluminação pública e saneamento; segurança pública e proteção; comércio;
informações e comunicação visual; e ornamentação da paisagem (IPPUC, 2008, p.26).

O mobiliário urbano desempenha um papel determinante na presença das pessoas


nas áreas mais frequentadas, agradáveis e confortáveis da cidade. Considera-se mobiliário
urbano o conjunto de móveis e utensílios que compõe a paisagem urbana, como os pontos de
ônibus, placas de sinalização, latas de lixo entre outros como mobiliário urbano (LIMA, 2001).

Outro aspecto do mobiliário urbano diz respeito à comodidade e ao conforto dos


usuários. As esculturas, postes, placas de sinalização de logradouros, guarda-corpo e floreiras,
são objetos urbanos que possuem funções específicas inatingíveis que vão da estética à
simbólica satisfazendo os desejos e aspirações dos cidadãos relacionados à contemplação do
belo, como as esculturas e as floreiras; necessidades funcionais de localização e segurança como
as placas de sinalização e guarda-corpo.

Ao planejar e projetar o mobiliário urbano, como expresso por Mourthé (1998), faz-
se necessário considerar a existência de culturas sociais em diferentes níveis, de modo que esse
se integre ao espaço onde será implantado, representando referenciais e signos tanto tangíveis
quanto intangíveis de um dado contexto. Importante verificar que a paisagem pode ser

18
facilmente alterada caso o desenho do mobiliário não se adeque a ela, causando interferências
de ordem estrutural, simbólico-cultural ou organizacional.

Além disso, devem ser pesquisadas as interações entre a comunidade e seu entorno,
interpretando as informações geradas com a finalidade de definir conceitos ou parâmetros que
possibilitem uma tomada de decisões e que estejam relacionadas direta ou indiretamente com
todo o processo projetual de intervenção urbanística e de desenvolvimento do mobiliário urbano
(MONTENEGRO, 2005)

Para Lima (2001), o mobiliário urbano pode caracterizar e representar uma cidade
(Figura 3), como é o exemplo das famosas cabines de telefone vermelhas que sempre remetem
a cidade de Londres e as cabines telefônicas em Recife que são formato de coco ou berimbau
remetendo a cultura local.

Figura 3 - Orelhões representando a cultura das cidades

Fonte: HostelBookers (2016)2

A forma como o desenho das cidades é percebida permite buscar uma lembrança
das características visuais que poderiam despertar perspectivas relacionadas a organização do
espaço urbano.
Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, é conhecida pela sua paisagem
natural, suas praias, costões e dunas. O centro da cidade é um reflexo da história de das
transformações passadas ao longo do tempo, como é visto em seu planejamento urbano, no
contraste da arquitetura e nas construções modernas mais recentes. (ADDISON, 2003)

2
Disponível em: <www.pt.hostelbookers.com/blog/ideias-de-viagem/cabines-telefonicas-orelhoes-engracados-
pelo-mundo/> Acesso em: 09 out. 2016.
19
2.1.1 Feiras-livres

Para melhor compreender a feira livre realizada no Largo da Alfândega é necessário


compreender como se desenvolveram as feiras livres pelo mundo, desta forma este tópico
apresenta um breve histórico deste tipo de comércio, bem como os conceitos importantes para
a realização do design de sua barraca.

As feiras livres surgiram por volta de 2.000 a.C. no Egito antigo, na Grécia e Roma
antigas e entraram em extinção na sociedade ocidental após a queda do Império Romano, porém
continuaram a existir na China e na Índia (AZEVEDO; QUEIROZ, 2013).

As feiras ressurgiram no século XII, com a retomada das rotas comerciais europeias,
como sendo uma forma eficaz de comércio para os materiais agrícolas que sobravam, havendo
a necessidade de troca de mercadorias (Figura 4), começando entre os grupos vizinhos e,
posteriormente, comercializando para os grupos do entorno das comunidades (AZEVEDO;
QUEIROZ, 2013). O comércio era tão ativo que nos locais onde eram realizadas, surgiam as
aldeias, pois as feiras dinamizavam a economia desses locais

Figura 4 - Troca de mercadorias nas feiras antigas.

Fonte: Ivanil de Jesus (2012)3

Os produtos que não eram consumidos pelas famílias camponesas eram expostos
para a troca de mercadorias, gerando um mercado de compra e venda, assim promovendo o

3
Disponível em: <http://ivanildejesus.blogspot.com.br/2012/08/feira-livre-desde-o-periodo-medieval.html>
Acesso em: 26 jun. 2016.
20
surgimento do artesanato urbano. Esta troca de mercadorias passou a ser chamada de feiras
livres (WEBER, 1979 apud Lopes 2014).

O surgimento das feiras foi acompanhado de uma demanda natural das pessoas para
criar um ambiente onde fosse possível expor a maioria dos produtos, disponibilizando-os a um
maior número de pessoas, vendendo ou trocando excessos por outros produtos dos quais se
tinha falta (BRAUDEL, 1998).

No Brasil, as feiras livres foram trazidas pelos colonizadores portugueses seguindo


as tradicionais feiras medievais europeias. Conforme Mott (1975 apud. Brugger, 2014):

As primeiras feiras brasileiras foram criadas nos interiores das capitanias e das
províncias e estavam associadas a atividade criadora, onde eram realizadas as trocas
de gado e burros, animais utilizados como transporte e tração nas principais atividades
econômicas no período colonial. Logo se tornaram expressivas com o crescimento
demográfico e com a diversidade econômica da colônia. Ainda hoje, as feiras são a
forma mais eficaz de abastecer a população. (MOTT, 1975 apud. BRUGGER, 2014,
p. 67)

Há evidências de feiras livres desde os tempos da colonização e, mesmo atualmente,


elas resistem, sendo em muitas cidades do interior do país, o único local de comércio da
população, funcionando também como centros de educação, cultura e entretenimento
(FORMAN, 1979). Constituindo assim uma modalidade de mercado varejista ao ar livre, de
periodicidade semanal, organizada como serviço de utilidade pública.

Atualmente, as feiras livres são reconhecidas como uma parte importante na


formação do meio urbano. Elas oferecem oportunidades para que o pequeno agricultor familiar
possa comercializar os produtos de sua produção, adquirindo assim a independência econômica,
com o objetivo de disponibilizar e valorizar o acesso a alimentos de qualidade oriundos da
produção familiar (BRASIL, 2007).

2.1.1.1 Feira-livre do Largo da Alfândega de Florianópolis

Conforme Moreira e Teixeira (2013), o Largo da Alfândega (Figura 5), localizado


no centro da cidade, na rua Conselheiro Mafra, é uma área de espaço aberto, de uso público e
também é uma zona de comércio, recebendo a tradicional feira-livre durante a semana,
apresentações artísticas, além de ser uma área de comércio popular e de diversas lojas de
magazine.

21
Figura 5 - Feira-livre do Largo da Alfândega de Florianópolis

Fonte: Acervo da autora

A Casa da Alfândega, foi inaugurada em 1876, e até hoje é tida como um exemplo
da arquitetura neoclássica do Sul do país. Hoje, o local é um ponto de exposição e exposição
no centro da cidade. Ao lado da Casa da Alfândega, é feita a feira-livre, às terças, quartas, sextas
e sábados, com barracas vendendo frutas, verduras, queijos, salames, produtos naturais, pastéis,
biscoitos, caldo de cana, entre outros (SOUZA, 1992).

A feira livre tem o fim de proporcionar ao consumidor o abastecimento de produtos


hortifrutigranjeiros, cereais, doces, laticínios, pescados, flores, lanches, caldo de cana,
temperos, confecções, tecidos, armarinhos, calçados e bolsas, bijuterias, artigos religiosos,
ferramentas e utensílios domésticos (SILVEIRA, 2006).

Figura 6 - Produtos comercializados na Feira-livre do Largo da Alfândega

Fonte: Acervo da autora

Como visto na Figura 6, na Feira da Alfândega encontra-se uma grande diversidade


de produtos à venda nas barracas, como pastéis, condimentos, cereais, frios, massa caseira,
22
flores, biscoitos, o que torna a feira bastante frequentada e conhecida na cidade, devido a
quantidade de produtos que são comercializados nela.

2.2 ERGONOMIA

Outra área de interesse deste trabalho, além da Biônica, também é a Ergonomia


porque esta área de estudo auxiliar na avaliação da forma como o feirante utiliza a barraca na
montagem, desmontagem e transporte, trazendo mais conforto e praticidade para realizar este
processo.

A qualidade do mobiliário urbano, como a de qualquer produto, envolve quesitos


ergonômicos, fundamentais às questões de uso do produto, por serem responsáveis por uma
bem-sucedida interação entre produto e usuário (IIDA, 2005). Por isso, este trabalho também
levanta conceitos fundamentais para a compreensão da Ergonomia que serão aplicados ao
projeto proposto.

Ao projetar um produto de mobiliário urbano é imprescindível a percepção de que


existe um nicho muito grande em relação ao público, sendo assim deve-se pensar em todos os
usuários de maneira geral. Atendendo todas as especificações de circulação física, limitações
de idosos e portadores de necessidades especiais, diferenças de experiência na utilização do
produto, através de um estudo ergonômico.

Oficialmente, a IEA (InternationalErgonomicsAssociation) apresenta a definição


de ergonomia como “a disciplina dedicada à compreensão das interações entre o ser humano e
outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica princípios, dados e métodos para o
projeto, de modo a otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema” (IEA, 2016).

Já segundo Munari (1998), ergonomia é a ciência que estuda as maneiras de


melhorar as condições dos trabalhos no local de trabalho (Figura 12). Vale-se das contribuições
advindas do conhecimento da anatomia humana, da fisiologia e da medicina do trabalho.

23
Figura 7 - Ergonomia no local de trabalho.

Fonte: Mundo Ergonomia (2017)4

A ergonomia há muito tempo desempenha um importante papel para a garantia de


usabilidade e, consequentemente, melhor desempenho de produtos. Atributos ergonômicos,
como facilidade de uso, conforto, segurança e adaptabilidade são amplamente utilizados como
elementos que qualificam produtos, e cuja importância já é conhecida pelos usuários.

De acordo com Filho (2003, p.17):

“Pode-se inferir que a ergonomia nasceu informalmente a partir do momento em que


o homem primitivo construiu seus primeiros objetos para garantir sua sobrevivência
(design de objetos rudimentares, como armas, utensílios, moradias, ferramentas,
vestimentas, veículos, etc.) fazendo uso apenas de sua intuição criativa e bom senso.
Assim, ao longo do tempo, foram criados e desenvolvidos incontáveis objetos, cada
vez mais bem elaborados. ”

Oficialmente, na 2ª Guerra Mundial, a ergonomia nasceu de maneira sistematizada


devido a demanda dos militares. Este foi o início a uma nova abordagem das ciências quanto a
tratar das questões de interação entre o ser humano e as novas tecnologias. Com o passar da
guerra, o contingente de profissionais que atuaram para resolver os problemas causados pela
operação de equipamentos militares complexos (engenheiros, médicos, psicólogos e
fisiologistas) foram aproveitados pela indústria no pós-guerra (GUIMARÃES, 2004 apud.
PIZZATO, 2013).

Terminada a guerra, alguns desses especialistas permaneceram unidos e


constataram a possibilidade de aplicar na área industrial os conhecimentos e experiências

4
Disponível em: <
http://www.mundoergonomia.com.br/website/conteudo.asp?id_website_categoria_conteudo=6960 > Acesso em:
06 jun. 2017.
24
adquiridos (Laville, 1997apud Filho, 2003). Hoje, os estudos ergonômicos são muito amplos,
podendo contribuir para melhorar as residências, a circulação de pedestres em locais públicos,
ajudar pessoas idosas, crianças em idade escolar, portadores de deficiências físicas e assim por
diante. (IIDA, 2005, p. 15)

Conforme Iida (2005, p.22): “A ergonomia tem contribuído para a vida cotidiana,
tornando os meios de transporte mais cômodos e seguros, a mobília doméstica mais confortável
e os aparelhos eletrodomésticos mais eficientes e seguros”.

Assim tornando um estudo essencial contribuindo para o desenvolvimento do


projeto fazendo com que se tenha um conhecimento básico sobre a fisiologia e estudo corporal,
para que o desenvolvimento do produto supra às necessidades dos usuários.

A Ergonomia se divide em três grandes áreas: Física, Cognitiva e Organizacional.


Como este trabalho se concentra somente na primeira delas, a Ergonomia Física é melhor
detalhada no tópico seguinte.

2.2.1 Ergonomia física

Segundo a ABERGO (2016), a ergonomia física está relacionada com às


características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação a
atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de
materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho,
projeto de posto de trabalho, segurança e saúde.

Vidal (2010) descreve que a ergonomia física é o foco da ergonomia sobre os


aspectos físicos de uma situação de trabalho. As aplicações da ergonomia física vão desde os
postos e métodos de trabalho até o ambiente que o cercam.

Realizar determinado trabalho obriga o corpo do trabalhador a atuar de várias


formas ao longo da jornada. A ergonomia física busca adequar as exigências para desenvolver
o trabalho considerando os limites e capacidades do corpo, através do projeto de interfaces
adequadas para a interação humano-máquina. Para tanto são necessários diversos
conhecimentos sobre o corpo e o ambiente físico onde a atividade se desenvolve (Figura 13).

25
Figura 8 - Postura no posto de trabalho.

Fonte: Acervo da autora

Segundo Iida (1990, p. 148):

O enfoque ergonômico tende a desenvolver postos de trabalho que reduzam as


exigências biomecânicas, procurando colocar o operador em uma boa postura de
trabalho, os objetos dentro dos alcances dos movimentos corporais e que haja
facilidade de percepção de informações. Em outras palavras, o posto de trabalho deve
envolver o operador como uma “vestimenta” bem adaptada, em que ele possa realizar
o trabalho com conforto, eficiência e segurança.

No campo dos postos de trabalho, as especificações da ergonomia física se orientam


para modificações do contexto físico do trabalho que evitem a produção de esforços excessivos
ou inadequados como os movimentos repetitivos. Essas especificações colocam como
exigência, em geral, reconfigurações do posto de trabalho que irão implicar em mudanças na
tecnologia física que muitas vezes podem se tornar inviáveis do ponto de vista financeiro, como,
por exemplo, elevar ou abaixar uma plataforma, ou ainda modificar toda uma instalação.

2.3 ANTROPOMETRIA

Segundo Panero (2002), a antropometria é a ciência que determina diferenças em


grupos e indivíduos, utilizando-se especificamente das medidas do corpo humano. Ela

26
apresenta medidas representativas e confiáveis de uma população, que é composta de
indivíduos dos mais variados tipos e dimensões (IIDA, 2005).

Até a década de 40, apenas as medidas médias da população, como peso e estatura
eram determinadas pela antropometria. Com o tempo, adicionou-se o estudo das variações e os
alcances dos movimentos e, atualmente, o interesse se concentra nas diferenças entre grupos
em função e a influência de certas variáveis como etnias, alimentação e saúde. Com o
crescimento progressivo do comércio internacional, aumenta também a necessidade de
estabelecer padrões mundiais de medidas antropométricas que possibilitem a comercialização
de produtos que se adaptem aos mais variados tipos de usuários (IIDA, 2005)

Os produtos excessivamente padronizados dificilmente oferecem conforto,


segurança e eficiência para os consumidores. Por isso, precisa-se ter informações
antropométricas detalhadas e confiáveis, para que a indústria garanta a produção de produtos
adequados aos usuários, com dimensionamentos precisos que não ultrapassem os custos de
fabricação necessários (IIDA, 2005).

Grande parte das pesquisas de coleta de dados antropométricos são no setor militar,
devido ao resultado de investimentos durante a II Guerra Mundial, pois a coleta de dados com
uma amostra nacional representativa exige observadores habilitados e demanda tempo, alto
investimento e muita dedicação (PANERO, 2002).

A heterogeneidade da população e as condições em que são realizadas as medições


podem influenciar consideravelmente os resultados (IIDA, 2005). A variação das dimensões
corporais com o avanço da idade, e as diferenças entre os sexos e as particularidades de cada
etnia estão entre as grandes dificuldades envolvidas para determinar as medidas
antropométricas (PANERO, 2002).

Iida (2005) apresenta as diferenças das proporções corporais de indivíduos de


diferentes etnias, assim como ilustra a Figura 14, onde é possível observar que não apenas a
massa corporal e a estatura são diferentes, mas também as próprias dimensões corporais se
diferenciam conforme a etnia.

27
Figura 9 - Diferenças entre as proporções corporais de indivíduos de diferentes etnias.

Fonte: Iida (2005)

De acordo com Iida (2005), a antropometria se divide em três diferentes áreas de


atuação de acordo com o tipo de movimentação do usuário, representando diferentes níveis de
complexidade e instrumentos de medição distintos. A primeira área é chamada de antropometria
estática, que engloba todas as medidas referentes ao corpo parado e possui uma grande base de
dados, ela deve ser aplicada em projetos sem partes móveis ou que exijam pouca movimentação
do usuário. A segunda é a antropometria dinâmica, que estuda os alcances durante a realização
dos movimentos e é aplicada nos casos em que o usuário precisar manipular partes móveis. E,
por fim, a antropometria funcional, que caracteriza a execução de tarefas especificas em que
um conjunto de movimentos estão envolvidos.

Para definir o tamanho do corpo humano ou de suas partes, utiliza-se o conceito de


percentil. Os dados antropométricos de uma população são representados pela curva de Gauss
(Figura 15), onde cada medida antropométrica corresponde a um determinado percentil, que
representa a fração da população que não excede tal medida (ABDALA, 2012).

28
Figura 10 - Curva de Gauss

Fonte: Abdala (2012 p. 42)

Isso quer dizer que para qualquer dimensão do corpo humano (por exemplo, a
estatura), a maioria dos indivíduos está em torno do valor médio, existindo poucos indivíduos
muito baixos ou muito altos.

Estatisticamente, independente do grupo populacional considerado, as medidas do


corpo humano se distribuem numa faixa média, enquanto as pontas, que representam as
medidas mais extremas, concentram um número menor de pessoas. Para fins de projeto,
trabalha-se com um segmento da porção central, geralmente 90% do grupo em questão, uma
vez que não se projeta para toda a população (PANERO, 2002).

Conforme Lopes e Burjato (2010, apud. CHIOSSI, 2015, p. 56) “é importante


considerar os extremos, com intuito de atender o maior número de pessoas com segurança.
Utilizar somente a média como referência além de ser contra à legislação, prejudica o
custo/benefício e a sustentabilidade do projeto”

Portanto, a antropometria revela muitas informações físicas da população e para


garantir conforto aos usuários, é indispensável que o desenho do projeto esteja adequado às
variações físicas e às diferenças dimensionais dos mesmos.

2.4 BIOMIMÉTICA E BIÔNICA

Como o projeto parte do princípio de avaliar a biônica, este tópico apresenta os


conceitos importantes deste método que serão úteis para o desenvolvimento do projeto da
barraca de feira livre.

O termo biomimética vem do grego “Bios” (vida) e “Mimesis” (imitação). Não se


limita apenas a uma ferramenta que copia os elementos da natureza, mas trata-se da
29
aplicabilidade dos elementos e conceitos da natureza em diversos campos através de uma
análise completa e detalhada dos atributos desenvolvidos pelos seres vivos que, ao longo do
processo evolutivo, possuem maior desempenho em relação à seleção natural, comprovando
sua superioridade através da composição física e estrutural. (ARRUDA,2012)

Dapper (2013, p. 27) descreve a biomimética como, "uma área da ciência que tem
por objetivo a análise e o entendimento das estruturas biológicas, suas funções, propriedades,
mecanismos e processos, visando à aplicação no desenvolvimento das criações humanas".

Segundo Benyus (1997), a biomimética é uma nova ciência que estuda os modelos
da natureza e depois imita-os ou inspira-se neles ou em seus processos para resolver os
problemas humanos.

Compreender e replicar as estruturas biológicas a partir da observação de novos


conceitos e paradigmas “projetuais” vindos da natureza, que se somam ao conhecimento
tecnológico desenvolvido pelo homem, é, em suma, a principal premissa da Biomimética, que
tem sido considerada uma ferramenta profícua para a criatividade e a inovação.

Para Age e Pazmino (2011),

A biomimética apresenta-se como um termo mais amplo que poderá ser aplicada em
áreas diversas e ainda conta com poucos exemplos de aplicação prática. Por outro
lado, a aplicação da biônica tem sido mais estudada e possui um campo teórico mais
definido, no design de produtos pode ser feita na pesquisa básica: identificando
sistemas naturais com características úteis para serem aplicadas em novos produtos
ou em produtos já existentes.

Ambas as terminologias, biomimética e biônica, têm derivação da palavra


“Biotécnica”, que com o passar do tempo, a palavra foi sofrendo algumas derivações, sendo
citada por estudiosos como o Dr. Otto Shmitt e por Janine Benyus como biomimética e por
outros como o Major J. E. Steele, engenheiro da US Air Force, como biônica (ARRUDA, 2012,
apud ARRUDA, 2002).

A biomimética, é a observação minuciosa e categórica dos elementos da natureza,


sem simplesmente tentar imitá-los, mas também aplicar seus conceitos na produção e projeto
de produtos, (ARRUDA, 2012), enquanto os princípios da Biônica fundamentam-se numa
disciplina científica, com “uma abordagem sistêmica à realização técnica e aplicação de

30
processos de construção e princípios de desenvolvimento observados nos sistemas biológicos”
(SANTOS, 2009, p. 31).

A biônica consiste em observar os sistemas naturais e reproduzir seus princípios de


solução, buscando respostas relevantes para o processo de desenvolvimento de produto. Essas
adaptações permitem a criação de formas análogas, funções análogas ou ainda comportamentos
análogos (DETANICO; TEIXEIRA; SILVA, 2010). Por esta razão, este trabalho pretende
estudar a utilização da biônica em seu projeto de design de produto.

O estudo da biônica tem o objetivo de proporcionar aos designers uma maneira


prática de aplicar um método separado às etapas quando forem projetar novos produtos, além
de auxiliar na organização das ideias e na busca por saídas criativas para solução dos problemas
do projeto. O ambiente natural é fruto de milhões de anos de evolução, o que facilita o processo
de desenvolvimento de um produto, estabelecendo uma sequência lógica e estudos elaborados
pela natureza através do processo evolutivo do meio ambiente (KINDLEIN; GUANABARA,
2005).

Segundo Broeck (1989) a biônica é o estudo dos sistemas e organizações naturais


visando analisar e recuperar soluções funcionais, estruturais e formais para aplicá-las na
resolução de problemas humanos por meio da geração de tecnologias e concepção de objetos e
sistemas de objetos. Como visto na Figura 7, por exemplo, a mandíbula do besouro que serve
para segurar a presa com eficácia, inspirando no desenvolvimento de uma torquês, que precisa
de força para arrancar pregos.

Figura 11 - Comparação da mandíbula do besouro com a torquês.

Fonte: Vaden Broeck p. 5 (1989)

Sendo uma área de estudo da relação entre forma, função e material na natureza, a
biônica pode auxiliar o designer a compreender os princípios da natureza para projetos na
31
procura de soluções, indicando os sistemas naturais que podem ser a solução para os problemas
encontrados.

Conforme Gomes, (1988 apud Pazmino, 2007) a biônica é uma ferramenta que faz
a análise de “princípios de funcionamento e solução” de processos biológicos, sendo necessário
a compreensão profunda das funções, características e aplicações dos sistemas naturais com o
auxílio de disciplinas como: biologia, mecânica, física entre outras. Utilizando a Biônica, pode-
se observar a combinação de diferentes materiais, funções, formas e estruturas que os sistemas
naturais utilizam. Esta ferramenta não é apenas uma simples comparação e aplicação de
resultados encontrados no mundo natural.

De acordo com Bonsiepe (1992 apud NETO, 2013):

A análise biônica dos fenômenos formais da natureza é particularmente adaptada a


estimular as capacidades de recolha dos pormenores tridimensionais e os princípios
formais que os estruturam e para desenvolver as capacidades de transformar aquilo
que se viu e analisou num objeto análogo.

Bluchel (2009) afirma que a biônica pode fornecer valiosos serviços pioneiros à
pesquisa e ao desenvolvimento muito antes de todas as outras áreas parciais técnicas e
científicas.

Os sistemas biológicos existentes conseguiram sobreviver ao longo de milhares de


anos através da adaptação às condições do meio ambiente predominante, utilizando os recursos
da natureza de uma forma surpreendentemente eficiente, o que torna a inspiração da natureza
um meio sustentável para o desenvolvimento de produtos e podem contribuir para o processo
criativo de projeto, tanto na forma de analogia como através de seus padrões
geométricos/matemáticos (DETANICO; TEIXEIRA; SILVA, 2010).

Segundo Ramos (1994), o ser humano utiliza a experiência da natureza como fonte
de inspiração para suprir suas necessidades desde os tempos mais primitivos. Criou modelos de
habitação, como as ocas que se assemelhavam com o ninho de pássaros, até os produtos como
a ponta do arpão, usado desde a idade da pedra, semelhante ao ferrão dos insetos e aos espinhos
de algumas plantas.

A natureza levou milhares de anos para aprimorar a forma e o material. Uma boa
compreensão de como ela lida com tais tarefas sob as desfavoráveis restrições ambientais em

32
que se encontra é uma questão fundamental para muitos investigadores de hoje em dia
(MARTINS, 2012).

A aplicação da biônica à metodologia de design propõe soluções simples e


econômicas, com base nos sistemas naturais, na elaboração de produtos funcionalmente viáveis
e adequados estruturalmente. Assim, pode-se considerar que os procedimentos básicos da
biônica são praticados pelo homem de forma espontânea e ao mesmo tempo rigorosa
metodologicamente falando para extrair da natureza as melhores soluções para os problemas
do cotidiano (ARRUDA,2012)

Meira (2008), afirma que através de investigações dos sistemas biológicos, pode-se
aprender técnicas de fabricação permitindo o desenvolvimento de produtos inspirados na
biônica. “Ao contrário do ser humano, que tem uma curta existência para criar, a natureza possui
milhões de anos de experiência, modelando e adequando suas criações, sempre buscando a
eficiência” (RAMOS, 1994, p. 96).

As formas, texturas e propriedades funcionais da natureza têm sido utilizadas para


o desenvolvimento e melhoria dos produtos, pois os elementos naturais possuem milhares de
anos se desenvolvendo e se aperfeiçoando, além de possuírem propriedades específicas que
ajudam a sobrevivência no meio ambiente. Utilizar a natureza no projeto de produtos facilita a
inovação nos mesmos e agrega mais harmonia e eficiência, podendo reduzir o custo e matéria-
prima e adiciona sustentabilidade aos produtos.

Apresentados e discriminados os conceitos de Biomimética e Biônica, este trabalho


utiliza o segundo e não o primeiro porque deseja-se utilizar os princípios de desenvolvimento
observados nos sistemas biológicos, suas funções, estruturas e formas, para resolver o problema
da montagem, desmontagem e transporte da barraca de feira livre.

2.4.1 Exemplos de aplicação da biônica no design de produtos

Segundo Ramos (1994), a utilização proposital de princípios naturais no projeto de


objetos criados pelo homem já pode ser vista nos trabalhos de Leonardo Da Vinci (1452-1519)
(Figura 8) que estudou o voo dos pássaros, analisando o batimento das asas, o voo planado, e o
voo em equipe.

33
Figura 12 - Estudo do voo dos pássaros por Leonardo Da Vinci

Fonte: Beraldo Figueiredo (2016)5

A partir destes estudos, Da Vinci projetou asas para humanos se movimentarem


com a força dos braços, porém percebeu que o homem não teria força para sustentar um voo
deste modo, então Da Vinci estudou uma forma de aproveitar a força do vento e a resistência
do ar para tornar possível a ideia de uma máquina voadora (RAMOS, 1994).

Um exemplo contemporâneo de biônica aplicada ao projeto de design é o BionicCar


(Figura 9) da Mercedes-Benz que foi inspirado no Peixe-Cofre, resultando em um carro com
melhor aerodinâmica, mais seguro, confortável e ambientalmente compatível. O peixe possui
linhas fluidas que caracterizam um ideal aerodinâmico. Para usar da característica da
aerodinâmica com a finalidade do desenvolvimento automotivo, especialistas da Mercedes-
Benz criaram primeiro um modelo do carro na proporção 1:4, com a forma baseada no Peixe-
Cofre. Com isso foram feitos testes no túnel de vento, onde foi obtido um baixo coeficiente de
arrasto. Assim, a Mercedes-Benz utilizou as descobertas desta pesquisa durante o
desenvolvimento do BionicCar, desenvolvendo um carro compacto totalmente funcional e
pronto para a estrada (MERCEDES-BENZ,2016).

5
Disponível em: <http://www.espiritualismo.info/leonardo_vinci.html> Acesso em: 26 jun. 2016.
34
Figura 13 - BionicCar da Mercedes-Benz, inspirado no Peixe-cofre.

Fonte: Amanda Mendes (2015)6

Um dos produtos inspirados na natureza mais conhecidos é o Velcro (Figura 10). O


cientista suíço George de Mestral percebeu que no retorno dos passeios com seu cachorro,
vários carrapichos estavam grudados em seu corpo e na pelagem do cachorro. Mestral estudou
a planta e observou o desenho do elemento vegetal e descobriu como se dava o mecanismo de
agarre. Desenvolveu estudos e inventou o Velcro, derivado da palavra francesa veludo e croché.
(BROECK, 1989)

Figura 14 - Biônica do Velcro

Fonte: Biomimetic Architecture (2016)7

George estudou por dez anos uma forma de desenvolver um equipamento com um
sistema que funcionasse de forma similar à adaptação natural encontrada nos carrapichos. Então

6
Disponível em: <http://www.cascadeovo.com/2015/10/01/aprendendo-ux-com-as-coisas-que-a-natureza-da-
pra-gente/> Acesso em: 26 jun. 2016.
7
Disponível em: < http://www.biomimetic-architecture.com/2009/stick-like-a-burr/> Acesso em: 26 jun. 2016.
35
o cientista desenvolveu um equipamento composto de duas partes. A primeira formada por
pequenos pinos com ganchos em suas pontas. A segunda composta por pequenos laços de
tamanho similar ao dos pinos. Quando ocorre a junção de ambas as partes, têm-se uma região
de forte aderência, formando-se o Velcro (RAMOS, 1994).
As formas encontradas na natureza oferecem uma fonte rica em ideias para uma
possível aplicação nas estruturas de engenharia. As conchas, os ossos e as folhas das plantas
estão entre as formas naturais que servem como potenciais fontes de imitação para a concepção
de novos edifícios (MARTINS, 2012).
Como pode ser visto na Figura 11, segundo Broeck (1989) a disposição das vigas
ósseas do colo do fêmur humano tem semelhanças com a ossatura da Torre Eiffel que é uma
estrutura ultraleve e resistente.

Figura 15 - Biônica das vigas ósseas da ossatura do colo do fêmur humano com as vigas da
Torre Eiffel.

Fonte: Broeck, 1989.

A natureza tem fornecido inspiração para muitos projetos de designers, arquitetos


e engenheiros. Os processos e mecanismos idealizam uma nova forma de recriar produtos
industriais. Além de fornecer modelos, a natureza pode servir como um guia para determinar o
destino das inovações nos termos da durabilidade, do desempenho e da compatibilidade.

36
2.5 METAIS

Os materiais começaram a serem usados pelo homem no período compreendido


entre 5000 e 4000 a.C. Principalmente o cobre e o ouro, que eram encontrados em grande
quantidade, além de serem fáceis de transformar e de extrair da natureza (LIMA, 2006)

Os metais marcaram a história, como a Era do Bronze e a Era do Ferro, além da


Revolução Industrial, que simbolizou o auge da indústria do metal com o surgimento do aço
(KULA; TERNAUX, 2012).

A Era do Bronze iniciou-se há cerca de 3000 a.C. com a produção/obtenção do


bronze (liga de cobre e estanho). Na época, o fato representou um grande avanço pela obtenção
da liga, quanto pela melhoria das propriedades do cobre puro, além das grandes evoluções dos
processos de fundição e metalurgia. O cobre foi muito explorado devido suas propriedades
estruturais, como a ductilidade e a maleabilidade. Estas propriedades ampliavam as
possibilidades de aplicação do material, que iam desde um utensílio comum até a fabricação de
armas e ferramentas (LIMA, 2006).

Kula e Ternaux (2012) afirmam que os metais não existem na natureza como os
conhecemos em nossas vidas, prontos para o uso. Apenas alguns, como o cobre, o ouro, a
platina ou as rochas meteoríticas que contêm ferro e níquel, estão disponíveis na natureza e são
conhecidos como metais em estado natural.

Ainda segundo os autores Kula e Ternaux,

Os metais geralmente se apresentam como óxidos, na forma de minérios, e são


necessários certos processos de transformação (entre outras coisas para reduzir a
oxidação) para convertê-los em uma forma mais familiar. Quando associados com
outros elementos, como oxigênio, por exemplo, os átomos do metal perdem um ou
diversos elétrons: isso se chama oxidação. A redução (ou desoxidação) possibilita
recuperar os elétrons perdidos, recuperando assim os átomos originais do metal
(KULA; TERNAUX, 2012, p. 60).

Os materiais metálicos podem ser compostos por um ou mais elementos metálicos


e pode, também, conter elementos não-metálicos. O aço, alumínio, cobre, níquel e titânio são
exemplos de materiais metálicos. Os elementos não-metálicos têm como exemplo o carbono, o
nitrogênio e o oxigênio que podem estar contidos em materiais metálicos (CARAM, 2000). A
Figura 16 exemplifica como materiais podem ser classificados em metálicos e não metálicos e
subdivididos.

37
Figura 16 - Classificação dos materiais metálicos e não metálicos.

Fonte: Sales Gomes (2014)8

Kula e Ternaux, dividem as principais propriedades dos metais em: brilho metálico,
dureza, resiliência, elasticidade, plasticidade/ductilidade, magnetismo, isotropia, condução de
eletricidade e condução de calor e dilatação. Citando algumas destas propriedades, a dureza,
trata da resistência de um componente à penetração e ao desgaste em sua superfície. A
elasticidade é a capacidade do metal de retornar à sua forma original depois de ser tencionado.
A plasticidade é a propriedade de se sujeitar a uma deformação permanente e irreversível sem
que se rompa. A ductilidade, ou a capacidade de ser esticado sem se quebrar, é o desafio da
plasticidade do material. (KULA; TERNAUX, 2012, p. 62).

Em geral, os metais são bons condutores térmicos e elétricos. Quase todos são
mecanicamente resistentes, dúcteis e elétricos e são mecanicamente resistentes, dúcteis e muitos
mantêm resistência mesmo em altas temperaturas. (CARAM, 2000)

Para Barros (2016) as ligas metálicas são materiais que possuem propriedades
metálicas compostos por dois ou mais elementos, sendo pelo menos o maior constituinte deles,
um metal. Kula e Ternaux (2012) completam que os metais raramente são usados em sua forma
pura e que a liga é obtida ao se combinar um metal com outro ou com vários elementos
(metálicos ou não).

2.5.1 Alumínio

O alumínio é o metal mais abundante na Terra, ele é oriundo da bauxita. Pode ser
utilizado praticamente puro, na forma de ligas de alumínio ou como elemento de liga de aço,

8
Disponível em: <http://etec-mecatronica.weebly.com/tecnologia-materiais-mecanicos.html> Acesso em: 26
jun. 2016.
38
zinco, cobre, titânio, etc. Devido à industrialização, o alumínio se tornou um metal comum,
amplamente utilizado na indústria, concorrendo com os plásticos (KULA; TERNAUX, 2012).

O alumínio merece destaque dentre os metais não-ferrosos pela sua versatilidade de


aplicações e pela flexibilidade de processos e transformações por diversos segmentos
industriais em todo mundo (LIMA, 2006).

O material apresenta boa resistência a corrosão devido à estabilidade do seu


principal óxido (Al2O3) que se forma na superfície do metal. Pode-se melhorar a resistência à
corrosão por anodização, que ainda melhora sua aparência, o que ajuda em aplicações
decorativas (SENAI, 2006).

O alumínio anodizado é fácil de encontrar por ser sua utilização muito comum no
mercado atual. Pode substituir a pintura, sendo tão resistente quanto a mesma. A Figura 17 traz
exemplos de alumínio anodizado, para ser possível observar e conhecer sua aparência.

Figura 17 - Exemplo de alumínio anodizado.

Fonte: CPA Alumínio (2016)9

Lima (2006) explica que, de acordo com as propriedades desejadas, o alumínio


deverá ser fundido com elementos básicos como: o manganês, o magnésio, o silício, o cobre, o
zinco entre outros. E a liga obtida nesta fundição pode resultar em lingotes ou placas. O
alumínio empregado na fabricação de produtos laminados e extrudados necessita de
especificação para a têmpera.

9
Disponível em: <http://acpa.net.br/anodizacao/> Acesso em: 26 jun. 2016.
39
Devido a sua alta ductilidade, o alumínio é facilmente laminado, forjado e trefilado,
de modo que possa ser utilizado na forma de chapas, folhas muito finas, fios, tubos etc. (SENAI,
2006)

As características deste material são: a possibilidade de obtenção de diferentes ligas


(Mn, Si, Co, Zi etc.), autoproteção à corrosão (o óxido de alumínio forma na superfície do
material uma película que protege o material contra corrosão), não produz faíscas durante o
desbaste realizado em alta rotação (LIMA, 2006). Suas principais aplicações são em
construções e decoração (portas, batentes e caixilhos de janela), na aeronáutica, na indústria
alimentícia (papel e embalagens de alumínio, latas) e nos utensílios de cozinha (KULA;
TERNAUX, 2012).
As propriedades do alumínio são a baixa densidade, a elevada condutibilidade
elétrica, elevada condutibilidade térmica, baixo ponto de fusão (se comparado ao aço), boa
elasticidade, média a fraca resistência à tração, alta refletividade de luz e calor. (LIMA, 2006)
Seus pontos fortes caracterizam por ser um material leve, reciclável, possui grande
variedade de acabamentos e resistência à corrosão (KULA; TERNAUX, 2012).

40
3 METODOLOGIA PROJETUAL

Orientando-se pela metodologia proposta por Kindlein e Guanabara (2005), o


designer identifica as possíveis estruturas naturais que podem vir a servir como fonte de
inspiração para o projeto. Os autores sugerem uma metodologia composta por sete etapas
direcionadas para o estudo biônico. São elas:

x Seleção da amostra: começa a partir da identificação de uma necessidade de um


produto. Com isso, o designer deve selecionar, na natureza, amostras de
elementos naturais que se adaptem ao projeto.
x Coleta de amostras: é uma fase prática, onde o pesquisador vai a campo a procura
das amostras na natureza.
x Identificação da amostra: identifica-se a amostra que se deseja investigar,
podendo pedir ajuda para especialistas em áreas biológicas buscando melhor
compreensão das características morfológicas, físicas e os sistemas de
funcionamento da referência natural.
x Observação da amostra: Nesta etapa deve-se observar o sistema natural como se
estivesse analisando um protótipo, levando em conta os componentes, partículas,
células, organismos, componentes físicos, etc., a estrutura e morfologia, as
funções e processos, a distribuição do tempo, a distribuição espacial, a relação
com o meio ambiente e a classificação (taxonomia, a classificação dos
ecossistemas, etc.). Para melhor visualização da amostra, a observação pode ser
feita a olho nu, fotografia macro, lupa ótica e análise em microscópio.
x Parametrização: as imagens obtidas são transferidas para um computador e
editadas. As imagens são parametrizadas, transformando os dados obtidos em
formas simples e detalhadas.
x Analogias entre o sistema natural e o produto: Tendo as informações necessárias
adquirida nas fases anteriores, o pesquisador possui elementos suficientes para
iniciar um estudo sobre a possibilidade de aplicar uma analogia entre a amostra
analisada e a ideia concebida ou produto. Antes disso, no entanto, é necessário
compreender a função, a morfologia e a estrutura do elemento natural analisados,
bem como de avaliar a viabilidade da sua aplicação.
x Aplicação projetual: Quando o projeto proposto é considerado viável, é
necessário começar a investigar como adaptar as proposições e interligar as

41
atividades no âmbito da análise funcional com os requisitos e necessidades do
produto proposto, bem como a sua forma e estrutura analisados, ajustando-os à
morfologia do projeto. Nesta etapa deverá ser analisado e avaliado o
funcionamento do sistema artificial e, se necessário, o sistema deverá ser
analisado novamente.

A Figura 18 representa a Metodologia para o Desenvolvimento de Produtos


Baseados no Estudo da Biônica de forma mais detalhada, conforme Kindlein e Guanabara
(2005).

Figura 18 - Metodologia para o Desenvolvimento de Produtos.

Fonte: Kindlein e Guanabara (2005)

42
4 DESIGN DA BARRACA DE FEIRA

4.1 PESQUISA DE CAMPO

Com o objetivo de descobrir quais as necessidades e problemas enfrentados pelos


feirantes no dia-a-dia da feira, foram entrevistados vinte feirantes entre 20 a 69 anos na feira
livre do Largo da Alfândega, em Florianópolis, no dia três de novembro de 2015 e o
questionário encontra-se anexo ao trabalho. Constatou-se que 65% dos feirantes são homens e
dos vinte entrevistados, 40% deles são feirantes há mais de 11 anos, desta forma, percebe-se
que os feirantes, na sua maioria, são muito experientes na sua prática profissional, porém
mesmo tendo muita experiência, eles ainda sentem dificuldade em realizar a montagem e a
desmontagem das barracas.

Tabela 1 - Resultado do questionamento com os feirantes

0%

5% 10% 20 a 29 anos

30 a 39 anos
30% 20% 40 a 49 anos
Faixa etária
50 a 59 anos

60 a 69 anos

35% 70 anos ou mais

35%
Feminino
Gênero
Masculino
65%

43
10% 15%
Menos de 5 anos
Tempo de
5 a 10 anos
experiência na
11 a 20 anos
40%
feira 35%
Mais de 20 anos

Fonte: Elaboração da autora, 2017

Foi constatado que a montagem e a desmontagem são realmente trabalhosas para


80% dos entrevistados e poderiam melhorar, conforme a resposta dos feirantes, visto na Tabela
2.

Tabela 2 - Questionamento a respeito da montagem e desmontagem da feira

20%
Montagem e
Sim
desmontagem
Não
complicadas
80%

0%

Poderia
melhorar a
Sim
montagem e a
Não
desmontagem?

100%

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

44
Os trabalhadores relataram que para montar a barraca, o feirante, acompanhado de
três ou quatro ajudantes, levam de 31 a 40 minutos para realizar a montagem.

Tabela 3 - Questionamento sobre o tempo para montagem e desmontagem e o número de


ajudantes para realizar a tarefa.

0% 0%
Número de
15% 1 pessoa
pessoas
40% 2 pessoas
necessárias 3 pessoas

para montar e 4 pessoas


45%
Mais de 5 pessoas
desmontar a
barraca

0% 0%

10%
10 a 20 minutos

Tempo para a 21 a 30 minutos


50% 31 a 40 minutos
montagem e a
40% 51 a 60 minutos
desmontagem Mais de 1 hora

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Além disso, foi relatado que o tempo para a montagem varia de acordo com a
experiência e habilidade da pessoa em montar a barraca e das condições climáticas, podendo
atrasar o início das vendas ou fazendo com que o feirante chegue mais cedo para a montagem.

4.1.1 Análise Ergonômica da Tarefa

Foi realizada uma análise por observação passiva da montagem e da desmontagem


da barraca de feira-livre da Feira do Largo da Alfândega, detectando problemas relacionados
com a ergonomia que afetam a realização da atividade.

A montagem da barraca de feira-livre inicia-se com a retirada das peças da estrutura


do caminhão ou da caminhonete e as colocam no chão para organiza-las. Primeiramente um
trabalhador segura a peça da coluna enquanto outro em cima de uma escada encaixa a peça da
pirâmide ficando como na Figura 19.

45
Figura 19 - Montagem da estrutura da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

São montados todos os quatro cantos desta forma e em todos são necessários que
fique um trabalhador em cada ponta segurando-a e que leve a escada para a montagem de todas
as pontas.

Seguindo com a montagem, o trabalhador posiciona a escada no centro e encaixa


todas as partes formando a pirâmide (Figura 20), o que libera os demais trabalhadores que
estavam segurando a estrutura.

Figura 20 - Encaixe da pirâmide da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

Por fim encaixam as partes que formam o quadro, finalizando a estrutura para seguir
encaixando as partes que ficam os produtos expostos.
46
A desmontagem da barraca de feira-livre inicia-se com a remoção da lona de
cobertura, para ter acesso as peças. Observou-se que para remover a cobertura da barraca, foi
necessário a ajuda de uma peça comprida para que fosse possível empurrar a lona para fora,
deixando as peças expostas para a desmontagem como visto na Figura 21. Este movimento está
fora do alcance corporal, fazendo com que seja preciso da ajuda de outro equipamento para
ajudar a realizar a atividade.

Figura 21 - Remoção da cobertura da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

Após a estrutura estar descoberta, os trabalhadores começam retirando as peças que


não afetam o equilíbrio da estrutura. Para a remoção, eles precisam esticar o corpo para alcançar
as peças, além do esforço para segura-las devido ao tamanho da peça, como visto na Figura 22.

Figura 22 - Movimento corporal para a remoção das peças

Fonte: Acervo da autora

Para desmontar o centro da armação, é necessário o auxílio de uma escada (Figura


23), devido à altura das peças nesta parte. Mesmo emcima da escada, o trabalhador teve que
levantar os braços para realizar a tarefa. Para a retirada do meio, é preciso de uma pessoa para
47
desencaixar a peça encima da escada e outras 4 no chão para segurar as pontas não deixando a
estrutura desabar.

Figura 23 - Desmontagem do centro da estrutura da barraca

Fonte: Acervo da autora

Por último os trabalhadores organizam todas as peças no chão, prendem-nas e


colocam na parte de cima da Kombi ou dentro de um caminhão junto com a mercadoria (Figura
24), dependendo do feirante.

Figura 24 - Armazenamento da estrutura da barraca para o transporte

Fonte: Acervo da autora

A estrutura da barraca de feira-livre do Largo da Alfândega e composta de 12 peças,


desconsiderando as peças adicionais como expositores e prateleiras que não contam na
estrutura. Ela mede 4 por 4 metros e as peças vistas na cor azul na Figura 25 são inteiras, tendo
48
2 metros de altura, as peças na cor vermelha são divididas ao meio, medindo 2 metros cada e
as peças na cor amarela medem 3 metros. Seu peso total é de 60kg.

Figura 25 - Estrutura da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

Os encaixes são feitos por um furo em cada peça, onde é encaixado um tipo de
parafuso que prende a estrutura, como visto na Figura 26. Foi observado que estes parafusos
são soltos e podem cair e serem perdidos com facilidade e por isso diversos encaixes encontram-
se sem a fixação necessária.

Figura 26 - Encaixe das peças da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

Durante o processo de desmontagem, os trabalhadores são obrigados a se esticar,


levantar muito o braço, abaixar para pegar as peças no chão, forçando a coluna e fazer força
para segurar a transportar as peças. O manuseio é complicado devido ao tamanho das peças,
tornando difícil o movimento das mesmas e é necessário aplicar força para segurá-las e

49
movimentá-las. Na Figura 27 é possível observar a dimensão das peças e a dificuldade para
movimentá-las.

Figura 27 - Dificuldade de manuseio das peças da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

4.2 REQUISITOS DE PROJETO

1. Facilitar a montagem, a desmontagem e o transporte;


2. Facilitar o manuseio;
3. Menor tempo de montagem e desmontagem;
4. Reduzir o número de peças e encaixes;
5. Reduzir do tamanho das peças;
6. Reduzir o número de pessoas necessárias para a montagem e desmontagem;
7. Melhorar a postura do trabalhador na montagem e desmontagem;
8. Manter a dimensão total;

4.3 SELEÇÃO DA AMOSTRA

Conforme constatado em pesquisa com os feirantes e com a Análise Ergonômica


da Tarefa, verificou-se que a maior necessidade dos trabalhadores é quanto a montagem e a
desmontagem da barraca de feira-livre, devido aos problemas ergonômicos, quanto à postura e
dores no corpo, além do tempo para realizar a tarefa e problemas para o transporte, visto que as
peças são grandes, dificultando o trabalho.

50
As amostras da natureza selecionadas para serem estudadas neste projeto foram
escolhidas a partir da necessidade identificada, que é uma barraca de feira-livre que utiliza
articulações para que assim seja mais fácil de montar e desmontar. As amostras de elementos
naturais que se adaptam ao projeto foram as articulações dos membros superior e inferior
humano. Estas articulações possuem a capacidade de ficar fixa e de dobrar, além de serem
resistentes e conseguirem suportar o peso colocado sobre elas sem danificar.

4.3.1 Articulações do membro superior

As articulações presentes no membro superior são: do ombro, do cotovelo, radio,


do punho e da mão. As articulações que mais se adaptaram ao projeto foram a articulação do
cotovelo e do ombro devido suas características descritas abaixo.

A articulação do cotovelo (Figura 28) é formada entre o úmero e os ossos do


antebraço. É uma articulação sinovial, o que significa que ela possui o líquido sinovial, um
lubrificante orgânico para a articulação. Também é classificada como sendo do tipo gínglimo,
ou seja, uma articulação em dobradiça, onde os movimentos de flexão e extensão são
predominantes (VERONEZ, 2017).

Figura 28 - Articulação do cotovelo em extensão e flexão

Fonte: Netter (2011, p. 424)

A articulação do ombro é formada pela junção de três ossos, o úmero, a clavícula e


a escápula. É capaz de realizar amplos movimentos de rotação, flexão, extensão, adução,
abdução e circundação devido seu formato. Esta articulação é sinovial esferóide entre a cabeça
do úmero e a cavidade glenóide, da escápula, ou seja, a cabeça do úmero em forma de esfera
que se encaixa na cavidade da escápula, conforme a Figura 29, permitindo a movimentação
(PACHECO, 2010).
51
Figura 29 – Articulação do ombro

Fonte: Aula de anatomia (2017)10

4.3.2 Articulação do membro inferior

As articulações do membro inferior mais importantes são: do quadril, do joelho, do


tornozelo e as articulações do pé. Elas são principalmente sinoviais. As articulações do quadril
e do joelho são as que melhor se encaixam no projeto.

A articulação do quadril (Figura 30), é classificada como sinovial do tipo esferóide,


formada pela cabeça do fêmur e a cavidade do acetábulo. Ela permite movimentos amplos por
todos os eixos, como rotação, adução, abdução, extensão e circundação (VERONEZ, 2017).

Figura 30 - Articulação do quadril

Fonte: Medicina do quadril (2017) 11

A articulação do joelho é a ligação de dois ou mais ossos, como visto na Figura 31.
O encontro dos ossos numa articulação é denominado de superfície articular e existe uma folga

10
Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com> Acesso em: 11 jun. 2017
11
Disponível em: < medicinadoquadril.com.br/site/nocoes-de-anatomia/> acesso em: 11 jun. 2017.
52
entre eles, permitindo mover livremente entre si. As superfícies articulares são cobertas por
uma cartilagem articular, que é uma camada macia, aderente e bem lubrificada (CESAR, 2017).

Figura 31 - Joelho em extensão

Fonte: Netter (2011, p. 497)

Cesar (2017), explica que os principais movimentos do joelho são a flexão e a


extensão e há uma pequena rotação quando o joelho é flexionado. O joelho fica firme enquanto
a perna está estendida com o pé no solo devido a rotação medial do fêmur sobre a tíbia, o que
torna o membro inferior completo uma estrutura fixa e rígida e adaptada para a sustentação de
peso. Para dobrar o joelho, o musculo poplíteo contrai-se, fazendo o fêmur girar lateralmente,
possibilitando a flexão do joelho.

O joelho foi a articulação definida para o projeto devido suas características. Esta
articulação tem a capacidade de flexionar e entender, permitindo extensa mobilidade para a
estrutura. O joelho é resistente para suportar o peso todo do corpo humano sem danificar, além
do formato do encaixe dos ossos que compõe a articulação que traz estabilidade ao corpo.

4.4 COLETA DE AMOSTRAS

Amostras de exemplares das articulações foram retiradas de livros e sites de


fisioterapia e biomecânica para visualização das estruturas completas. A amostra foi
identificada para que pudesse ser submetida às futuras análises.

53
4.5 IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA

A seleção da amostra foi definida através de estudos bibliográficos sobre os


elementos que permitem um estudo profundo, como visto na análise, sobre as amostras
selecionadas e que auxiliam na compreensão de todos os aspectos do sistema natural.

Dentre as amostras, foi selecionado o sistema de articulação dos membros


inferiores, mais especificamente da articulação do joelho humano para estudos de suas
características e funções. Posteriormente, foi feita a analogia com estas amostras para o
desenvolvimento da barraca de feira-livre.

A estrutura existente da barraca de feira-livre do Largo da Alfândega possui peças


grandes e difíceis de transportar, o que torna a montagem e a desmontagem complicadas. Desta
forma, considerando os membros inferiores e as articulações, pode-se criar analogias com a
estrutura da barraca, pois a estrutura dos membros inferiores permite que se desenvolva uma
barraca resistente e com peças articuladas.

Cada membro inferior é dividido em regiões como coxa, perna, tornozelo e pé. A
coxa corresponde à região entre a articulação do quadril e a articulação do joelho, o osso da
coxa é o fêmur, o mais longo do corpo. O joelho articula-se com a tíbia e a fíbula, que são os
dois ossos da perna. A região frontal do joelho é protegida por um osso pequeno circular, chamo
de rótula. O tornozelo é formado pelos tarsos, que são pequenos ossos, a planta do pé é formada
pelos metatarsos e os dedos dos pés, pelas falanges (LACERDA, 2009).

O fêmur, a tíbia e a fíbula são ossos longos, isto é, eles têm o comprimento maior
que a largura e são constituídos por um corpo e duas extremidades. A característica principal
do osso longo é sua forma tubular, por isso ele é oco, possuindo uma cavidade medular interior.
Os ossos longos também possuem extremidades largas que se articulam com outros ossos. Eles
possuem maior resistência, absorvem o estresse mecânico do peso do corpo em vários pontos,
de tal forma que há melhor distribuição do mesmo (RIZZOLO; MADEIRA, 2012).

As juntas, também chamadas de articulações, permitem o movimento entre os ossos


e possibilita o esqueleto realizar movimentos (LACERDA, 2009). O joelho é uma articulação
que está presente no corpo humano e no de outros mamíferos.

Para o projeto da barraca de feira-livre, a articulação do joelho humano possibilita


analogias para o desenvolvimento da estrutura, pois esta articulação tem a função de dobradiça,

54
oferecendo mobilidade a estrutura, além de possuir grande estabilidade e extensão, diversas
possibilidades de movimento, além de possibilitar uma estrutura fixa, rígida e adaptada para a
sustentação de peso. Esta articulação pode auxiliar na diminuição do tempo de montagem da
barraca, tornando as peças articuladas, diminuindo o número de encaixes, menos peças na
estrutura e menos pessoas necessárias para realizar a tarefa.

4.6 OBSERVAÇÃO DA AMOSTRA

Após seleção e coleta das amostras das articulações, foi escolhida para o projeto a
articulação do joelho devido suas características que auxiliam no desenvolvimento do projeto,
como visto na identificação da amostra, e nela observou-se os componentes, estruturas e
morfologias (organização das partes) e funções e processos.
Sua anatomia é formada pela extremidade do fêmur, pela extremidade proximal da
tíbia e pela patela. O joelho sustenta todo o peso do corpo e possibilita que a perna se dobre,
realizando o movimento de flexão, extensão e pequena rotação (CESAR, 2017).

O joelho funciona como uma dobradiça de uma porta, onde o fêmur e a tíbia se
encaixam de tal modo que a tíbia alcança um ângulo de quase 180 graus para trás em relação
ao fêmur conforme a Figura 32. A patela impede que esse osso dobre para a frente e auxilia no
aumento de força da extensão do joelho.

Figura 32 - Encaixe dos ossos do joelho

Fonte: Precision Nutrition (2017)12

Os músculos e ligamentos do joelho dão estabilidade à articulação, eles dão força


para que a perna estique e flexione. Quando a perna está estendida, os ligamentos ficam mais

12
Disponível em: < http://www.precisionnutrition.com/all-about-the-knee> Acesso em: 20 abr. 2017
55
firmes, mantendo a perna esticada e evitando que a parte inferior da perna gire ou faça a dobra
contrária como visto na Figura 33 (KAEMPF, 2017).

Figura 33 - Ligamentos do joelho

Fonte: Fisioterapia para todos (2017)13

Para manter o joelho fixo sendo possível resistir ao peso do corpo sem dobrar, os
ligamentos ficam tensionados dando estabilidade e o osso do fêmur sofre uma pequena rotação
sobre a tíbia, tornando o membro inferior uma estrutura fixa e rígida e adaptada para a
sustentação do peso. Para flexionar o joelho, ocorre uma contração no musculo, fazendo com
que o fêmur gire lateralmente, possibilitando a flexão.

A flexão e a extensão (Figura 34) do joelho são possíveis pela sua anatomia, que
possibilita o encaixe e os ossos deslizam entre si durante o movimento. A flexão é o movimento
que aproxima a parte de trás da perna e da coxa, a amplitude deste movimento é de 0º a 140º
(WHITING et al 2001).

13
Disponível em: < http://www.fisioterapiaparatodos.com/p/anatomia/anatomia-do-joelho/> Acesso em: 20
abr. 2017
56
Figura 34 - Articulação do joelho estendida e fletida

Fonte: Anatomia Online (2017)14

Já a extensão é o movimento que afasta a parte de trás da perna e da coxa,


tracionando os meniscos para frente. Este movimento permite o retorno da perna a posição reta,
antes da flexão (RODRIGUES; SILVA, 2017).

4.7 PARAMETIZAÇÃO

Após a observação da análise, realizou-se a parametrização dos elementos naturais


que constitui na simplificação das formas e detalhes das imagens obtidas, para posteriormente
aplicar no projeto. Na Tabela 1 encontra-se a função a ser parametrizado, o elemento natural a
ser estudado e sua parametrização.

14
Disponível em: <http://anatomiaonline.com/articulacoes-membro-inferior/> Acesso em: 31 mar. 2017
57
Tabela 4 - Parametrização do elemento natural

Função a ser Elemento natural a ser estudado Parametrização


parametrizada

Encaixe do
fêmur com a
tíbia

Ligamentos
do joelho

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

4.8 ANALOGIA

O joelho humano tem a função de movimentar a perna possibilitando a extensão e


a flexão e de sustentar o peso do corpo sem dobrar. Os movimentos de extensão e flexão são
possíveis pela sua anatomia, seguindo a forma dos ossos do fêmur e da tíbia, que se encaixam
e permitem que os ossos deslizem entre si, realizando o movimento, além da patela que ajuda
no aumento de força da extensão do joelho. Já a sustentação da perna é feita com o auxílio dos
ligamentos que ficam tensionados deixando os ossos estabilizados.

Para reduzir o número de peças e o tempo de montagem e desmontagem da barraca,


faz-se analogia com o encaixe dos ossos do fêmur e da tíbia e do movimento e flexão e extensão

58
do joelho, que trazem para o projeto a possibilidade de desenvolver peças articuladas, com
menos encaixes e mais rápida de realizar a montagem e a desmontagem.

Figura 35 - Analogia do encaixe do joelho

Fonte: Acervo da autora

A estabilização da estrutura é feita com a analogia dos ligamentos, que quando


tensionados permitem que a estrutura fique firme e estável, sustentando o peso. A analogia é
feita com cabos que tencionam quando a barraca está montada, mantendo a estrutura rígida.

Figura 36 - Analogia dos ligamentos do joelho

Fonte: Acervo da autora

4.9 APLICAÇÃO PROJETUAL

Nesta etapa inicia-se a projetação do produto, onde todas as informações coletadas


e estudas nas etapas anteriores são analisados e levadas para o projeto da nova barraca de feira-
livre do Largo da Alfândega, a fim de viabilizar sua produção. Este projeto não envolve a
engenharia para cálculos da estrutura.

4.9.1 Gerações de alternativa

As gerações de alternativa deste projeto seguiram a biônica como ferramenta de


projeto para auxiliar na organização das ideias e na busca por saídas criativas para solução dos
problemas do projeto. Visto que o encaixe estudado seguindo a biônica é viável, começou-se
59
a estudar e adaptar os encaixes para o projeto da barraca de feira-livre, seguindo os estudos
das necessidades do trabalhador, da análise ergonômica da tarefa e dos requisitos de projeto,
visando melhorar a estrutura da barraca de feira-livre atual.

Na primeira geração de alternativa, inicialmente pensou-se em uma barraca com as


peças articuladas, mas separadas (Figura 37), porém a ideia não foi seguida pois seria necessário
encaixar todas as peças, o que não resolveria da melhor forma o problema com o tempo de
montagem e desmontagem da barraca.

Figura 37 – Alternativa 1

Fonte: Acervo da autora

Depois, estudou-se a possibilidade de tornar a estrutura toda articulada em uma peça


só (Figura 38), porém esta não se tornaria prática, pois seria muito pesada e quando fechada
continuaria grande.

Figura 38 - Alternativa 2

Fonte: Acervo da autora


60
Seguiu-se para uma barraca dividida em duas peças, sendo a de baixo um quadrado
4x4m e a parte de cima encaixada, ambas as peças articuladas.

Figura 39 - Alternativa 3

Fonte: Acervo da autora

Nesta alternativa, continuou-se com a barraca dividida em duas peças, a inferior


seguindo a alternativa 3 e para a parte de cima pensou-se como uma estrutura sendo parecida
com o mecanismo do guarda-chuva (Figura 40).

Figura 40 - Alternativa 4

Fonte: Acervo da autora

61
A próxima alternativa possui a parte de baixo um quadrado e com um “X” no centro
para dar estabilidade a estrutura e para poder encaixar a parte de cima. A parte superior com
peças que se encaixam no centro da de baixo e os tentáculos encaixam nas extremidades da
parte inferior (Figura 41).

Figura 41 - Alternativa 5

Fonte: Acervo da autora

Nesta alternativa buscou-se melhorar a alternativa anterior, fazendo com que a peça
superior também fosse articulada, o que a tornaria menor quando fechada. Na parte inferior
seguiu-se com o mesmo desenho, pois é simples e fácil de montar e desmontar (Figura 42).

Figura 42 - Alternativa 6

Fonte: Acervo da autora

4.9.2 Definição da alternativa

Com base nas gerações de alternativa, chegou-se a um resultado final. A alternativa


final foi escolhida a alternativa 6, pois ela é a que melhor resolve necessidades do trabalhador,
os requisitos de projeto.

Para facilitar a montagem e a desmontagem, estudou-se uma maneira de reduzir a


quantidade de peças da barraca, trazendo os encaixes da biônica para o desenvolvimento de
uma estrutura articulada que pudesse ser mais rápida e montar e desmontar, assim podendo
reduzir também o número de pessoas necessárias para a tarefa e o tempo para a montagem e a
62
desmontagem. Então, após estudar alternativas para uma estrutura com menos peças e mais
leve, chegou-se a uma estrutura dividida em duas peças que se encaixam e formam a barraca
de feira-livre.

A primeira peça forma a parte de baixo da estrutura (Figura 43), possui as quatro
pontas da barraca tradicional, seguindo as mesmas medidas, porém é articulada. Esta parte é a
que dá sustentação a e forma o quadrado de baixo.

Figura 43 - Parte inferior da estrutura da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

Mantendo as medidas originais da barraca de feira-livre do Largo da Alfândega,


esta parte da estrutura é formada por 21 peças e 12 articulações que possibilitam que a estrutura
abra e feche.

A parte central da barraca é formada por peças que se cruzam para dar mais
estabilidade à estrutura e também é para apoiar a segunda parte da estrutura que vai por cima.
Esta parte, quando puxada para baixo, encolhe todo o resto da estrutura, fechando-a, fazendo
com que seu tamanho fique bem reduzido, medindo 26cm por 26cm e 2,7m de altura, facilitando
no transporte, como visto na Figura 44.

63
Figura 44 - Parte inferior da estrutura da barraca de feira-livre fechando para o transporte

Fonte: Acervo da autora

A primeira peça da estrutura possui encaixes nas quatro articulações identificadas


na Figura 45, que quanto encaixadas as peças de fixação, mantêm as articulações regidas,
impossibilitando que a barraca se dobre.

Figura 45 - Encaixe da peça de fixação

Fonte: Acervo da autora

Também possui encaixes para que a segunda parte da estrutura possa ficar em cima.
No centro encontra-se o encaixe que fica a peça central da parte de cima e nas extremidades
estão os encaixes para receber as pontas da peça superior (Figura 46).

64
Figura 46 - Encaixes para receber a parte superior da estrutura

Fonte: Acervo da autora

A segunda parte da estrutura é a peça que forma a tenda (Figura 47), que
corresponde a parte de cima da barraca.

Figura 47 - Parte superior da estrutura que completa a barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

Esta parte é articulada e é colocada em cima da primeira para formar a barraca


completa. Ela é encaixada no centro e nas extremidades da parte de baixo da estrutura, possui
uma peça no meio que se encaixa no centro da outra peça.

65
É formada por 10 peças, sendo 8 delas articuladas. A parte de cima tem 30 cm por
30 cm e 1,5 metros de altura quando fechada (Figura 48). Esta é uma peça individual articulada,
que também facilita no transporte pois seu tamanho fica reduzido quando fechado.

Figura 48 - Parte superior da estrutura da barraca de feira-livre

Fonte: Acervo da autora

A estrutura completa será feita de alumínio, afim de deixa-la mais leve para facilitar
o trabalho dos feirantes na montagem, desmontagem e transporte. Foi projetada sendo utilizado
o perfil quadrado de alumínio de 30mm por 30mm, com o centro vazado que será utilizado por
toda a estrutura (Figura 49). Os encaixes serão feitos de chapas de alumínio de 1,5mm e
confeccionados por soldas para chegar no desenho final.

Figura 49 - Perfil de alumínio quadrado utilizado em toda a estrutura

Fonte: Acervo da autora

66
Pela sua estrutura ser feita de alumínio, as peças não ficam tão pesadas, sendo
possível que os trabalhadores as carreguem facilmente. A primeira peça pesa 20kg e a segunda
pesa 7,8kg. A segunda peça, que precisa ser erguida, é leve, o que facilita o trabalho e ficou
mais leve que o modelo da barraca antigo, que pesava 60kg.

4.9.3 Instruções de montagem e desmontagem

Nesta barraca de feira-livre reprojetada a partir da biônica, resolveu-se os


problemas enfrentados pelos trabalhadores no dia-a-dia quanto a montagem, a desmontagem e
o transporte da barraca de feira-livre atual da Feira do Largo da Alfandega, seguindo as
necessidades do trabalhador, a análise da tarefa e os requisitos de projeto. É visto neste tópico
os alcances e posições corporais para realizar a tarefa, conforme um boneco ergonômico de
1,75m de altura.

A montagem da barraca de feira-livre inicia-se com a retirada das duas peças da


estrutura fechadas do caminhão (Figura 50) e levando-as até o local adequado para a montagem
da barraca.

Figura 50 - Retirada das peças do caminhão

Fonte: Acervo da autora

67
Para abrir a peça número 1 que fica embaixo, apoia-se o centro no chão e dois
trabalhadores precisam se locomover para duas extremidades, esticando-as para abrir a
estrutura. (Figura 51).

Figura 51 - Abertura da parte inferior da estrutura

Fonte: Acervo da autora

Com a primeira parte estrutura em pé, é necessário que coloque os encaixes nos
buracos para que a estrutura fique fixa, impossibilitando que a articulação se mova (Figura 52).
As fixações encontram-se nas articulações da peça de dois metros.

Figura 52 - Encaixe da peça de fixação

Fonte: Acervo da autora

Após a primeira peça aberta e fixada, inicia-se a montagem da segunda peça. Está
mais rápida, basta encaixar a peça central no centro da estrutura de baixo, se necessário pode
ser utilizado um apoio como uma banqueta, por exemplo, para esta tarefa, para em seguida abrir

68
as articulações até que elas cheguem aos encaixes nas extremidades da primeira peça como
demonstrado na Figura 53.
Figura 53 - Encaixe da peça superior na estrutura de baixo

Fonte: Acervo da autora

Na desmontagem, primeiro retira-se a segunda peça que fica em cima. O


trabalhador desencaixa as extremidades e fecha as peças articuladas. Depois desta ação,
desconecta o centro da estrutura abaixo e coloca esta peça no caminhão (Figura 54).

Figura 54 - Desmontagem da parte superior estrutura

Fonte: Acervo da autora

69
Para desmontar a parte de baixo, retira-se as peças de fixação, fazendo com que a
estrutura deixe de ficar rígida e, assim, basta o trabalhador puxar as articulações para baixo,
fazendo com que a estrutura feche em relação ao centro (Figura 55). Por fim leva-se ao
caminhão.

Figura 55 - Desmontagem da parte inferior da estrutura

Fonte: Acervo da autora

4.9.4 Desenho técnico

Os desenhos técnicos das peças e da estrutura completa da barraca de feira-livre


encontram-se no Apêndice B.

70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se por este trabalho que a natureza, mesmo após milhares de anos de
evolução, segue se reinventando, selecionando aquilo que funciona e está sempre evoluindo.
Ela contribui como uma forma de criatividade e de soluções aos problemas encontrados no
design, devendo o designer sempre olhar para esse meio como uma forma de aprimorar seus
trabalhos, pois a natureza sempre terá algo para oferecer.

Com o desenvolvimento deste projeto, foi adquirido mais conhecimento da biônica


e sua aplicação para o desenvolvimento de produtos. Após os estudos e análises, foi visto como
é possível obter uma série de novas ideias e como a criatividade pode se expandir utilizando a
natureza como fonte de inspiração.

A metodologia de projeto baseada no estudo da biônica se mostra viável para a


utilização, pois com os conceitos foi possível desenvolver um projeto que atendesse os
problemas e necessidades do público estudado. Ela auxiliou a desenvolver uma barraca
articulada, seguindo a articulação do joelho humano, resultando em uma barraca de feira-livre
com muito menos peças, mais rápida de montar e desmontar, mais ergonômica e que necessita
de menos pessoas para realizar a tarefa.

Por fim, é possível obter um resultado final com soluções inovadoras partindo da
biônica, fundamentando-se no conhecimento obtido ao analisar as soluções que a natureza
encontra para seus problemas.

71
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77
APÊNDICE A – Questionário para coleta de dados

O presente questionário destina-se à coleta de dados para elaboração do trabalho de


conclusão de curso do Curso de Design.

1. Faixa etária:
o 20 a 29
o 30 a 39
o 40 a 49
o 50 a 59
o 60 a 69
o 70 ou mais

2. Gênero
o Feminino
o Masculino

3. É feirante há quanto tempo?


o Menos de 5 anos
o 5 a 10 anos
o 11 a 20 anos
o Mais de 20 anos

4. Você acha a montagem e a desmontagem das barracas complicadas?


o Sim
o Não

5. Poderia melhorar a montagem e a desmontagem?


o Sim
o Não

6. Quanto tempo leva a montagem e a desmontagem?


o 10 a 20 minutos

78
o 21 a 30 minutos
o 31 a 40 minutos
o 41 a 50 minutos
o 51 a 60 minutos
o Mais de 1 hora

7. Quantas pessoas são necessárias para montar a barraca?


o 1
o 2
o 3
o 4
o Mais de 5

79
APÊNDICE B – Desenhos técnicos

80
VISTA
SUPERIOR

2000

4000
1199,41

3170,10
2000
VISTA LATERAL
VISTA FRONTAL
Nome: Camila Sales de Oliveira
Barraca de feira-livre - Estrutura Completa
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:50
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

2000 30
1,50

30

VISTA INFEIROR

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - Peça 1
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:10
15
15
R30
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL
10
10

2000

30
1970

VISTA INFERIOR

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - peça 2
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:10
2750
2690

30
VISTA SUPERIOR

15
R30
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

10
10

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - Peça 3
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:20
50

30
VISTA SUPERIOR

30

1200
1168,50
30

VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - Peça 4
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:10
1523
1463

30
VISTA SUPERIOR

15
R30
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

10
10

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - Peça 5
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:10
1529,34
1470,86

30
VISTA SUPERIOR

30

108
,33°
30

25
R30

VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

67°
10
15

46,6
6
71
Nome: Camila Sales de Oliveira
Barraca de feira-livre - Peça 6
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:10
10 10

60
30

VISTA SUPERIOR

45°

100
30
30

100

15

25
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

30
R3
0
70
Nome: Camila Sales de Oliveira
Barraca de feira-livre - Peça 7
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:2
6
6,6
20

10
VISTA SUPERIOR
30

29,11

15
R30
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - Peça 8
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:5
0
R8

30
VISTA SUPERIOR

30

215,14 R30
30

15
VISTA FRONTAL VISTA LATERAL

158,14 10

Nome: Camila Sales de Oliveira


Barraca de feira-livre - Peça 9
Data: 06/06/2017
Design Escala: 1:5

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