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O aborto é um dos pontos mais difíceis da ética médica.

Ele envolve
aspectos religiosos, legais, médicos, socioculturais e políticos. Neste artigo,
examinaremos o aborto somente do ponto de vista da filosofia, expondo os
principais argumentos contra e a favor da interrupção intencional da gravidez.
Há duas posições opostas bem delimitadas na discussão sobre o aborto.
A primeira, pró-vida ou conservadora, defende o direito moral da vida do feto. A
segunda, pró-escolha ou liberal, entende que a mulher tem um direito moral
sobre o próprio corpo, o que lhe permite fazer o aborto.
É claro que existem opiniões intermediárias. Alguns acham errado o
aborto, mas defendem sua prática em casos específicos (por exemplo, quando
a mulher ou o filho correm risco de morte - ou quando a mãe foi vítima de
estupro). Do mesmo modo, entre aqueles que defendem o aborto, há os que
são contra a prática sob certas circunstâncias, por exemplo, quando a gestação
se encontra num estado avançado. Além disso, existem também situações que
fogem a essas duas abordagens. Por exemplo, quando a mulher grávida
precisa remover o útero por conta de um câncer. Neste caso, o aborto seria um
efeito colateral.
A atenção humanizada às mulheres em abortamento pressupõe o respeito
aos princípios fundamentais da bioética (ética aplicada à vida):

a) Autonomia: direito da mulher de decidir sobre as questões relacionadas


ao seu corpo e à sua vida;
b) Beneficência: obrigação ética de se maximizar o benefício e minimizar o
dano (fazer o bem);
c) Não-maleficência: a ação deve sempre causar o menor prejuízo à
paciente, reduzindo os efeitos adversos ou indesejáveis de suas ações
(não prejudicar);
d) Justiça: o(a) profissional de saúde deve atuar com imparcialidade,
evitando que aspectos sociais, culturais, religiosos, morais ou outros
interfiram na relação com a mulher.

Em todo caso de abortamento, a atenção à saúde da mulher deve ser


garantida prioritariamente, provendo-se a atuação multiprofissional e, acima de
tudo, respeitando a mulher na sua liberdade, dignidade, autonomia e
autoridade moral e ética para decidir, afastando-se preconceitos, estereótipos e
discriminações de quaisquer natureza, que possam negar e desumanizar esse
atendimento.

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