Você está na página 1de 18

Universidade Federal do Maranhão - UFMA Departamento de

Engenharia Elétrica / CCET

Professor: Dr. Francisco Sávio Mendes Sinfrônio


Aluno: Maycon Costa Correa – 2021036840

1º Relatório de Laboratório de Materiais Elétricos


“Circuitos Retificadores – Diodos”

1. INTRODUÇÃO

Antes de mergulharmos nos experimentos de laboratório, é importante


estabelecer uma base teórica para os conceitos que serão abordados. Um dos
componentes-chave desses experimentos são os diodos, que são dispositivos
eletrônicos semicondutores essenciais em muitas aplicações.
Os diodos são dispositivos semicondutores eletrônicos. Eles consistem
em uma junção PN, que é uma estrutura composta por duas regiões de material
semicondutor. A região tipo P possui átomos com falta de elétrons, chamados de
lacunas, enquanto a região tipo N possui átomos com um excesso de elétrons.
Quando aplicamos uma tensão externa na polarização direta, os elétrons
livres da região N são atraídos para a região P, preenchendo as lacunas e
criando uma zona de depleção na junção. Essa zona de depleção atua como
uma barreira de potencial, permitindo que a corrente elétrica flua através do diodo
quando a tensão externa é suficientemente alta.
Por outro lado, na polarização reversa, a tensão externa aplicada
aumenta ainda mais a zona de depleção, tornando a passagem de corrente
praticamente impossível. Isso é útil em aplicações de proteção contra
sobretensões.
Os diodos têm uma ampla gama de aplicações na eletrônica. Eles são
usados em circuitos retificadores, onde convertem corrente alternada em corrente
contínua. Além disso, desempenham um papel fundamental em circuitos de
proteção contra sobretensões, agindo como limitadores de tensão, e em circuitos
de comutação, onde controlam o fluxo de corrente elétrica.
Para que um diodo conduza a corrente, é necessário que a tensão
aplicada diminua até que a passagem de elétrons e lacunas através da barreira
seja permitida. Isso requer uma tensão mínima de cerca de 0,7 V (para diodos de
silício) ou 0,3 V (para diodos de germânio).
Além dos diodos, também utilizamos resistores e capacitores na
montagem dos sistemas. Os resistores são usados para limitar o fluxo de
corrente elétrica em um circuito, sendo essenciais para o ajuste de tensão,
controle de corrente e proteção de componentes eletrônicos sensíveis. Sua
resistência elétrica é medida em Ohms (Ω) e eles são encontrados em uma
variedade de dispositivos e circuitos eletrônicos.
Os capacitores, por outro lado, são componentes eletrônicos passivos
que armazenam energia elétrica na forma de um campo elétrico. Eles consistem
em duas placas condutoras separadas por um material isolante chamado
dielétrico. A capacidade de armazenamento de carga de um capacitor é medida
em farads (F) e é determinada por fatores como a área das placas, a distância
entre elas e a constante dielétrica do material isolante. Os capacitores são
amplamente usados em eletrônica em aplicações como filtragem de sinais,
temporização e acoplamento de sinais.
2. OBJETIVOS E MATERIAIS UTILIZADOS

• Conhecer o funcionamento de um osciloscópio;


• Descrever a montagem dos circuitos retificadores de meia-onda,
de onda completa, de onda completa em ponte e de onda completa
em ponte com filtro capacitivo;
• Mostrar a influência do filtro capacitivo e da atuação dos diodos da
ponte para retificação;
• Comprovar a correspondência dos modelos teóricos estudados
com a prática.

2.1 MATERIAIS UTILIZADOS

• 01 transformador Phywe 110/220VAC - 12VAC;


• 01 placa protoboard PEKCarist (35500.10);
• 04 diodos 1N4007;
• 01 capacitor de cerâmica de 10 pF (500 V);
• 01 capacitor de cerâmica de 10 nF (500 V);
• 01 capacitor eletrolítico de 10 μF (70 V);
• 01 capacitor eletrolítico de 50 μF (70 V);
• 01 capacitor eletrolítico de 500 μF (70 V);
• 01 resistores de 470 Ω (1W);
• 01 multímetro digital;
• 01 osciloscópio digital de 100 MHz (1GS.s-1);
• 02 cabos conectores de 45 cm (plug de 4 mm, 32 A);
• 18 cabos conectores de 15 cm (plug de 4 mm, 32 A);
• 01 cabo de 20 cm (plug de 19 mm).
4. ESQUEMAS E PROCEDIMENTOS

Antes da realização da montagem dos sistemas retificadores propostos,


foi primeiramente demostrado o processo correto a se fazer para a calibragem e
utilização do osciloscópio analógico, além da explicação básica de como ele
funciona. Também foi mostrada a utilização do multímetro digital, empregado na
medição de resistência, corrente e tensão dos dispositivos dos sistemas. Depois
foi apresentado a protoboard PEKCarist, que possui uma estrutura diferente de
uma protoboard usual, pois, além do tamanho de suas conexões, as mesmas
para a presença de “ddp” se apresentavam em seu centro no formato de uma
“cruz” e nas extremidades na horizontal, diferenciando-se assim da usual,
apresentadas em seu centro na vertical e nas extremidades na horizontal. Além
disso, foi utilizado um varivolt para a regulação da tensão nos circuitos em
corrente alternada, determinada em 10 volts.

5. DADOS OBTIDOS E RESULTADOS ALCANÇADOS

5.1 TENSÃO NA FONTE E NO RESISTOR

Durante os experimentos realizados em laboratório, o circuito retificador


de meia onda foi alimentado por um varivolt regulado em 10V, e com as
conexões realizadas com a protoboard, a medição no multímetro digital deu
10.06V. Logo depois foi adicionado um resistor de 470Ω, e com a medição,
utilizando o multímetro, a tensão decaiu para 9,91V. Ademais, ao conectar a
protoboard com o resistor inserido ao osciloscópio analógico pôde-se observar a
formação de uma onda senoidal não retificada, devido à ausência de um diodo.
A montagem deste experimento pode ser visualizada logo abaixo.
Figura 1: Montagem do circuito com apenas 1 resistor.

Figura 2: Onda Senoidal não retificada do resistor.


5.2 RETIFICADOR DE MEIA ONDA

Usando um diodo semicondutor, o circuito retificador de meia onda


converte um sinal de corrente alternada (AC) em corrente contínua (DC) de forma
parcial. Ele permite que apenas uma metade do ciclo da onda de entrada seja
transmitida, enquanto a outra metade é bloqueada. Ele é conectado em série
com uma carga e uma fonte de corrente alternada, com sua polaridade oposta à
polaridade da fonte de entrada. Quando a tensão da fonte é positiva, o diodo
permite a passagem da corrente elétrica e a carga é alimentada. Quando a
tensão da fonte é negativa, o diodo bloqueia a passagem da corrente elétrica e a
carga não é alimentada. Como resultado, a corrente que flui através da carga é
unidirecional, ou seja, DC.
Visto isso, o sistema retificador de meia onda montado em laboratório foi
composto também por um resistor de 470Ω, porém foi inserido um diodo que
estava em série com a tensão de 10.06V. Então, foi medida a tensão, utilizando o
multímetro, tanto no resistor quanto no diodo, tendo o valor de queda de tensão
no resistor de 4.86V e no diodo de cerca de 5.54V, sendo o circuito depois
conectado ao osciloscópio, gerando a meia onda retificada. A montagem dos
circuitos e o sinal de meia onda podem ser observados nas imagens abaixo:
Figura 3: Montagem do circuito para medição do resistor.

Figura 4: Montagem do circuito para medição do diodo.


Figura 5: Formato da retificação de meia onda no
osciloscópio.

5.3 RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM PONTE SEM


FILTRO CAPACITIVO

Os retificadores de onda completa em ponte sem filtro capacitivo são


circuitos eletrônicos que convertem uma tensão alternada em uma tensão
contínua pulsante. Esses retificadores utilizam quatro diodos conectados em
ponte, que permitem que a corrente flua em apenas uma direção, também a sua
tensão de saída é pulsante e não constante, com uma ondulação maior do que a
dos retificadores com filtro capacitivo, podendo assim resultar em um “ripple”
maior na tensão de saída e uma eficiência um pouco menor. Também é
importante relembrar que um único diodo retifica apenas um dos ciclos da onda
alternada, tendo uma queda de tensão de aproximadamente 0,7V.
Diante disso, no experimento, para retificar toda a onda, foi construído
um circuito em ponte, que continha 4 diodos, apresentando assim uma queda de
tensão de cerca de 1,4V em cada ciclo do sinal alternado, e o uso dos 4 diodos
ocorreu devido ao fato de o transformador utilizado não possuir uma divisão no
meio do enrolamento de bobinas do secundário conhecido como o “center tap”.
Durante uma etapa experimental, foi possível observar a retificação da
onda completa, dobrando a frequência para 120Hz, que antes era de 60Hz. Os
resultados obtidos podem serobservados nas imagens abaixo:
Figura 6: Montagem do sistema retificador em ponte sem filtro capacitivo.

Figura 7: Retificação de onda completa sem filtro capacitivo no


osciloscópio.
5.4 RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA EM PONTE COM
FILTRO CAPACITIVO

Outrossim, durante o experimento, foram testados


diversos capacitores, incluindo capacitores cerâmicos de 10pF, 10nF
e capacitores eletrolíticos de 10uF, 50uF, 100uF e 500uF. O objetivo
era observar como a escolha do capacitor afeta a qualidade da
retificação do sinal.
Na fase inicial do experimento, foram utilizados capacitores
cerâmicos de 10pF e 10nF, mas não se observou uma diferença
significativa na retificação do sinal. Os capacitores cerâmicos
geralmente são adequados para aplicações de alta frequência e não
têm capacidade suficiente para suavizar a tensão retificada. Os
resultados desta conclusão estão visíveis nas imagens a seguir.

Figura 8: Montagem do sistema retificador em ponte com filtro capacitivo de


10pF
Figura 9: Sinal da retificação de onda completa com filtro capacitivo de
10pF no osciloscópio.

Figura 10: Montagem do sistema retificador em ponte com filtro capacitivo


de 10nF
Figura 11: Sinal da retificação de onda completa com filtro capacitivo de
10nF no osciloscópio.

A primeira mudança significativa ocorreu quando foram introduzidos


capacitores eletrolíticos de 10uF. A partir deste ponto, observou-se uma melhora
notável na qualidade da retificação. Os capacitores eletrolíticos têm uma
capacidade muito maior de armazenar carga em comparação com os cerâmicos,
o que ajudou a suavizar a tensão retificada.
No entanto, a maior melhoria foi alcançada com o uso de um capacitor de
100uF. Com este componente, a retificação do sinal tornou-se ainda mais eficaz.
A capacidade extra permitiu uma redução significativa nas flutuações de tensão e
uma saída mais estável.
Surpreendentemente, ao aumentar o capacitor para 500uF, não foram
observadas grandes alterações na retificação do sinal em relação ao capacitor de
100uF. Isso pode ser explicado pelo fato de que, após um certo ponto, o aumento
da capacitância não resulta em melhorias significativas na suavização da tensão
retificada. Além disso, os capacitores de maior capacitância podem ter
características de resposta mais lentas, o que pode afetar a eficácia do filtro.
Pode-se observar os resultados abaixo.
Figura 12: Montagem do sistema retificador em ponte com filtro capacitivo de
10uF.

Figura 13: Sinal da retificação de onda completa com filtro capacitivo de 10uF
no osciloscópio.
Figura 14: Montagem do sistema retificador em ponte com filtro capacitivo de
50uF.

Figura 15: Sinal da retificação de onda completa com filtro capacitivo de 50uF
no osciloscópio.
Figura 16: Montagem do sistema retificador em ponte com filtro capacitivo de
100uF.

Figura 17: Sinal da retificação de onda completa com filtro capacitivo de 100uF
no osciloscópio.
Figura 18: Montagem do sistema retificador em ponte com filtro capacitivo de
500uF.

Figura 19: Sinal da retificação de onda completa com filtro capacitivo de 500uF
no osciloscópio.
6. CONCLUSÃO

Os resultados deste experimento têm implicações significativas para a


construção de fontes de alimentação retificadas. Para aplicações em que uma
retificação mais eficaz é necessária, a escolha de capacitores eletrolíticos de
maior capacitância, como 100uF, pode ser vantajosa. No entanto, deve-se ter em
mente que, em algumas situações, o uso de capacitores excessivamente grandes
pode não trazer benefícios adicionais e pode aumentar o custo e o espaço
ocupado pela fonte de alimentação.
O experimento demonstrou a importância dos capacitores na retificação
de sinais em fontes de alimentação. A escolha adequada do capacitor pode
significar a diferença entre uma saída de tensão estável e uma com flutuações
significativas. Os capacitores cerâmicos são adequados para aplicações de alta
frequência, enquanto os capacitores eletrolíticos de 10uF e 100uF mostraram-se
eficazes para suavizar a tensão retificada em experimentos. No entanto, é
importante considerar as necessidades específicas da aplicação ao selecionar o
capacitor apropriado para uma fonte retificada.
7. BIBLIOGRAFIA

Malvino, P.; Bates, D. Eletrônica: Teoria e Aplicações. São Paulo: McGraw


Hill, 2007. Capítulo 6.

Raju, PN e Murthy, KRK (2013). Comparação de desempenho de fontes de


alimentação CA-CC monofásicas usando retificador de meia onda e
retificador de onda completa. International Journal of Engineering Research
and Applications, 3(6), 2013, pp. 555-561.

Malvino, Albert e Bates, David. "Princípios Eletrônicos". McGraw-Hill


Education, 8ª edição, 2006. Capítulo 9.

EC Jordan e KG Balmain. Ondas Eletromagnéticas e Sistemas Radiantes.


Prentice Hall, 2ª edição, 1968.

Você também pode gostar