Alencar Santiago Oliveira Lima Araújo 2022 Nivel-de-Maturidade-na-Industr 70224

Revista GeSec
São Paulo, SP, Brasil v.

13, n. 4, p. 2296-2313
Ed. Esp. 2022

ISSN: 2178-9010
DOI: http://dx.doi.org/10.7769/gesec.v13i4.1473
Nível de Maturidade na Indústria 4.0 - Estudo de caso de uma indústria de

eletroeletrônicos do parque industrial de Manaus
Maturity Level in Industry 4.0 - Case study of an electronics industry in

the industrial park of Manaus
Karina Cardoso de Alencar 1

Sandro Breval Santiago 2
Manoel Carlos de Oliveira Júnior 3
Orlem Pinheiro de Lima 4
Paulo César Diniz de Araujo5
Resumo
Os avanços tecnológicos e o advento da internet nas atividades de produção de bens e serviços
são considerados os percussores da quarta revolução industrial. O presente artigo traz um
estudo de caso de uma indústria de eletroeletrônicos, localizada no polo industrial de Manaus,
com o objetivo de identificar o grau de maturidade na transição de sua planta fabril para o
novo modelo de produção, denominado Indústria 4.0. A metodologia foi baseada em dados
secundários, coletados no sistema PIMM4.0, sistema informatizado que foi desenvolvido para
1
Bacharel em Turismo, Universidade Federal do Amazonas, Av. General Rodrigo Octavio Jordão Ramos, 1200,
Coroado I, Manaus - AM, CEP: 69067-005.E-mail: karina.c.d.alencar@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1868-3298
2
Doutorado em Engenharia de Produção,Universidade Federal do Amazonas, Av. General Rodrigo Octavio
Jordão Ramos, 1200, Coroado I, Manaus - AM,CEP: 69067-005. E-mail: sbreval@gmail.com
3
Doutorado em Gestão da Biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas, Av. General Rodrigo Octavio
Jordão Ramos, 1200, Coroado I, Manaus - AM, CEP: 69067-005. E-mail: manoelcarlos@ufam.edu.br
4
Doutorado em Engenharia de Produção, Universidade do Estado do Amazonas, Av. General Rodrigo Octavio
Jordão Ramos, 1200, Coroado I, Manaus - AM, CEP: 69067-005. E-mail: olima@uea.edu.br
Orcid: http://orcid.org/0000-0003-1007-0734
5
Doutorado em Administração, Universidade do Estado do Amazonas, Av. General Rodrigo Octavio Jordão
Ramos,1200,Coroado I, Manaus - AM, CEP: 69067-005.E-mail: pcdiniz@uea.edu.br
Nível de Maturidade na Indústria 4.0 - Estudo de caso de uma indústria de eletroeletrônicos do parque 2297
industrial de Manaus
mensurar os níveis de maturidade da transformação industrial para novas tecnologias. Por

meio dele foi possível verificar que a indústria em questão segue o nível de maturidade da
manufatura brasileira, ainda em transição para o 4.0, utilizado tecnologia avançada somente
em áreas pontuais da organização, buscando formas de se adaptar ao modelo e manter a
competividade de mercado.
Palavras-chave: Indústria 4.0. Maturidade. Quarta Revolução. Estratégia.
Abstract
The technological advances and the advent of the internet in the activities of production of
goods and services are considered the precursors of the fourth industrial revolution. The
present article brings a case study of an electro-electronic industry, located in the industrial
hub of Manaus, with the objective of identifying the degree of maturity in the transition of its
manufacturing plant to the new production model, called Industry 4.0. The methodology was
based on secondary data collected from the PIMM4.0 system, a computerized system that was
developed to measure the maturity levels of industrial transformation to new technologies.
Through it, it was possible to verify that the industry in question follows the maturity level of
Brazilian manufacturing, still in transition to 4.0, using advanced technology only in specific
areas of the organization, seeking ways to adapt to the model and maintain market
competitiveness.
Keywords: Industry 4.0. Maturity. Fourth Revolution. Strategy.
Introdução
Ao longo dos séculos a atividade industrial exigiu o desenvolvimento de novas

tecnologias para a transformação de bens e serviços em produtos com alta qualidade e larga
escala de fabricação. O avanço possibilitou a conexão dos países por meio da internet e com
isso padronizou cadeias produtivas transformando empresas nacionais em transnacionais.
Entretanto, mesmo com tecnologia disponível muitas unidades fabris ainda não dispõem da
chamada manufatura avançada, que envolve a integração das tecnologias físicas e digitais
juntamente às etapas de desenvolvimento, de engenharia da produção e da produção da cadeia,
até o uso final do produto e os serviços atrelados a este, a operação autônoma de redes (CNI,
2016).
Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 13, n. 4, Ed. Esp., 2022, p. 2296-2313.
A chegada da quarta revolução industrial, chamada de Indústria 4.0, trouxe a

integração dos processos fabris com a internet, digitalizando a produção de maneira eficiente
e criando o conceito de fábricas inteligentes, que são locais onde máquinas e materiais se
comunicam através das operações industriais fazendo com que o processo de produção possa
ser realizado por meios digitais, podendo ocorrer de forma autônoma ou integrada.
(SACOMANO et al, 2018). Por conta disso, se fazem necessárias a busca da transição e o
alcance do nível de maturidade para o modelo 4.0, guiando os gestores das organizações na
estratégia de mercado para as oportunidades, para a redução de riscos e o auxílio na tomada
de decisões, visando a implantação das diversas tecnologias disponíveis, a fim de tornar os
processos produtivos mais eficientes. (SANTOS, et al 2018)
Neste diapasão, o artigo em tela tem como objetivo medir o nível de maturidade de
uma empresa, por meio de dados coletados pelo sistema PIMM4.0 (SANTIAGO, 2017),
desenvolvido e utilizado para gerar um diagnóstico do nível de maturidade de diversas
indústrias, perante a transição ou adesão de tecnologias ao modelo 4.0. A coleta foi realizada
em uma empresa do polo eletroeletrônico do distrito industrial, localizado na cidade de
Manaus, no estado do Amazonas. O polo possui atualmente 72 empresas operando nesta área,
representando 22% do faturamento anual do estado com contribuições industriais.
Referencial Teórico
A indústria 4.0, modelo 4.0, também conhecida como quarta revolução industrial, é a
integração de diversas tecnologias para desenvolver e inovar os processos de gestão da cadeia
produtiva de bens e serviços. Utilizando como elemento base os sistemas ciber físicos (CPS),
capazes de antecipar falhas e desperdícios, a Internet das coisas (IoT), que utiliza a
comunicação virtual máquina-máquina com sistemas inteligentes e melhoram a qualidade da
produção em diversos níveis, a Internet dos serviços (IoS) que possibilita o fornecimento de
serviços internos e externos, por meio de sistemas operacionais conectados na internet. A
indústria consegue ser eficiente e criar vantagens competitivas e produtivas para enfrentar as
novas demandas do mercado. (KAGERMNN et al., 2013;VERMULM et.al,
2018;SACOMANO et al, 2018 ;SOTT, 2020).
O modelo alemão foi desenvolvido inicialmente para a indústria de partes e peças,
chamada manufatura, mas com o desenvolvimento e implementação observou-se que todos
os setores industriais, conforme sua necessidade e vontade, poderiam fazer uso dos
fundamentos 4.0 em suas plantas fabris. Esse processo é dito como flexível e adaptado, de
acordo com o ramo da organização, seja na customização de produtos, buscando tecnologias

de comunicação com o cliente e softwares de inteligência avançada para fabricação dos
produtos, seja por adaptação de automação digital para produzir mais e gastar menos insumos,
energia elétrica e outros recursos que demandam mais e tornam os processos mais demorados
e menos efetivos. (KAGERMNN et al, 2013;VERMULM et.al, 2018;SACOMANO et al,
2018 ;SANTOS et al, 2018).
2.1 Maturidade da Indústria 4.0
Maturidade na indústria é a capacidade de integração total da organização às novas

tecnologias. Ao verificar o nível de maturidade de uma empresa dentro da quarta revolução
industrial possibilita-se a formulação do planejamento estratégico voltado para evoluir os
resultados, integrando a cadeia de produção em todos os processos organizacionais.
(SANTIAGO, 2021).
Países desenvolvidos possuem a vantagem sobre os chamados emergentes porque as
políticas de investimento na área econômica são voltadas para a pesquisa e desenvolvimento
tecnológico, para a manutenção de parques industriais com maior capacidade de produção e
tendentes a dominar a economia de mercado mundial. (DALENOGARE et al, 2018). Em
países como os Estados Unidos, Alemanha e China vê-se um nível avançado de maturidade,
uma vez que estes países investem em todos os setores da sociedade, economia, educação,
ciência, tecnologia e políticas públicas para aderir ao modelo e aperfeiçoá-lo, ao ponto de
transformar seus parques industriais em modelo para as demais nações (CNI, 2016; SANTOS,
et al 2018).
No Brasil, a maturidade da cadeia produtiva ainda caminha em adaptação. Boa parte
dos setores não aderiu ao modelo 4.0 e diversas áreas industriais ainda estão migrando suas
linhas de produção para a automação simples, presente na terceira revolução industrial
(SACOMANO et al, 2018). A implementação de tecnologia inteligente e a consequente
transição para manufatura avançada ocorre em áreas pontuais das plantas fabris, como
automação da linha de produção e a cadeia logística de suprimentos. Porém, o que se observa
é que o investimento é feito não pela estratégia de integração ao modelo 4.0, mas por conta
da modernização que o mercado exige das indústrias nessas áreas para garantir
competitividade. (CNI, 2016; DALENOGARE et al, 2018).
2.2 Indústria de Eletroeletrônicos
A indústria brasileira possui dois tipos de processo de industrialização, a de processos

contínuos, representada por empresas siderúrgicas e químicas, onde não é necessário parar um
processo para iniciar outro e muitas vezes há consumo de matéria-prima única, do início ao
fim da produção. O perfil de geração de riqueza econômica para o país vem desta empresa e,
portanto, recebe maiores investimentos do setor público e privado por representar ganhos mais
relevantes no produto interno bruto (PIB) brasileiro.
Já a indústria de processos discretos, também chamada de processos de montagem ou
manufatura, no qual o polo eletroeletrônico está contido, por representar menos de 30% no
PIB brasileiro, ainda carece de investimentos para se tornar altamente produtiva e competitiva
no mercado mundial. (VERMULM, 2018).
No caso da manufatura, por ser uma empresa de montagem, composta por diversos
processos ao longo da cadeia produtiva, as vantagens para customização e padronização dos
serviços, por meio de tecnologia inteligente, demonstram ser mais vantajosas. Porém, em
bases comparativas com a indústria alemã, propositora do modelo 4.0, a Alemanha investe em
manufatura avançada porque a indústria automobilística e de parte e peças (eletroeletrônicos),
que tem perfil de processos industriais discretos, representa receita relevante na composição
do PIB do país.
2.3 Estratégia Organizacional para Indústria 4.0
ESTRATÉGIA é uma palavra de origem grega que associa liderança e exército, seu
significado era utilizado em épocas de guerra onde um general observava o campo de batalha
e liderava de longe seu exército, até a vitória contra o inimigo.
A estratégia da empresa, considerando a competitividade, do mercado deve ser feita
como em um campo de batalha. Assim, o gestor observa as oportunidades, reconhece os riscos
e estabelece o plano de “guerra” que deve ser executado por seus líderes. Porém, para
conquistar o mercado e dominar a concorrência, gestores e líderes precisam entender como
ele funciona, quais as vantagens de utilizar as ferramentas disponíveis e quais resultados
efetivos se espera alcançar ao aderir ao plano proposto. Para isso, investir em inovação e em
educação é uma das principais formas de aumentar a compreensão do que é digitalização, mas
gerar mão de obra qualificada e de mercado não é suficiente para a indústria brasileira
competir globalmente. Para aumentar sua produtividade e sua participação na economia, a
indústria do país precisa investir em parques fabris de manufatura avançada e inserir na cultura
organizacional da empresa a importância de se alinhar às escolhas das tecnologias a serem
implementadas, as vantagens de integração digital dos processos, utilizando CPS para unificar
produção e tornar a cadeia produtiva efetivamente competitiva para o mercado global.
(SANTOS, et al 2018; BARBOSA; CAMPANI, 2021).
Metodologia
Este artigo consiste em um estudo de caso, tendo como objeto de investigação uma
empresa do polo industrial da cidade de Manaus, Amazonas, verificando por meio de dados
secundários, obtidos no banco de dados produzido pelo sistema PIMM4.0 (SANTIAGO,
2017) o nível de maturidade da transição do modelo Indústria 4.0, em sua cadeia produtiva.
O sistema utiliza como critério de análise: as notas avaliativas de colaboradores de
áreas de liderança da empresa; da equipe técnica especialista que opera o PIMM4.0 e; atores
que participam da cadeia de suprimentos. Os dados foram fornecidos resguardando sigilo
quanto ao nome da empresa. Ademais, a avaliação foi feita por parte de colaboradores-chave
da empresa, sendo assim, a análise e os resultados são baseados em uma amostra de
avaliações, que representa as impressões de líderes e atores da cadeia produtiva que compõem
a planta fabril.
A metodologia utilizada para a análise dos resultados foi quantitativa – descritiva, visto
que que emprega artifícios quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemática de dados sobre
populações ou programas, utilizando métodos estatísticos para mensurar os resultados e a
partir deles produzir informações avaliativas dos conjuntos analíticos abordados (LAKATOS,
2003).
O PIMM 4.0 avaliou seis (06) dimensões e 38 subdimensões e para cada variável foi
atribuída um valor de um (1) a quatro (4) que representam o nível de maturidade (Figura 01),
sendo nível 1 – Digital: apresenta baixo alcance organizacional na integração da cadeia
produtiva com sistemas tecnológicos e interligação de processos verticais e horizontais
digitais; nível 2 – Tecnológico: neste nível já se tem a presença de sistemas integrando parte
das linhas organizacionais, presença de automação na produção, mas ainda sem integração
total e apresentando baixa visibilidade do modelo 4.0; nível 3 – Transição: neste ponto é
possível perceber elevada integração entre sistemas permitindo visibilidade, além de
importantes iniciativas de automação com ganhos de capacidade, níveis de transparência e
capacidade preditiva; nível 4 – Avançado: evidencia alta otimização dos processos, com
interoperabilidade integrada em todos os níveis organizacionais.
Resultados
A empresa objeto do estudo de caso é uma indústria de eletroeletrônicos, este tipo de

organização se classifica como uma indústria de processos discretos ou manufatura. Possui
oitocentos funcionários (800) na filial estabelecida no polo industrial e é considerada uma
empresa transnacional, por possuir nacionalidade estrangeira e filial em outros países.
Figura 01 – Níveis de Maturidade.

Elaboração própria.
Os resultados obtidos são descritos a partir dos quadros e figuras que seguem:
Dimensão Subdimensões Indicadores

Processo produtivo quanto à padronização,
1- Customização
tamanho de lotes e customização do portfólio.
O nível dos valores físicos, digitais e
Produtos e Serviços
2 - Valores digitais propriedade intelectual dos produtos

constantes do portfólio.
Característica inerente aos serviços oferecidos
3- Orientação a serviço aos clientes, a partir da interação e dados
fornecidos deste relacionamento.
4- Análise e tratamento de Característica relativa à coleta de dados e sua
dados aplicação no portfólio de produtos.
Característica inerente à origem das receitas a
5- Fontes Receitas partir das informações coletadas via pesquisas
sobre produtos/clientes/mercado.
Quadro 01- Produtos e Serviços:
Fonte: Elaboração própria.
Figura 02 - Produtos e Serviços

Na dimensão: Produtos e Serviços nota-se maior tendência a nível 2 de maturidade,

embora as subdimensões: 2 – Valores Digitais e 4 – Análise e tratamento de dados,
apresentem avaliações de nível 3. Observa-se que a presença do modelo 4.0 nestes processos
ainda não possui visibilidade suficiente para classificar em nível 3 ou 4 de maturidade, por
serem resultados isolados e identificados por uma pequena parcela da amostra analisada. Além
disso, uma vez que os produtos agreguem valor e a coleta de dados seja usada para melhoria
da qualidade, ainda não existe uma integração expressiva entre os processos de customização
e aplicação de receitas exclusivas para a maturidade da organização.
Quadro 2- Manufatura e Operações

Dimensão 2: Manufatura e Operações

1
4,0 1 Controle automação
10 2
2 M2M
3,0
3 Preparação Ind 4.0
9 2,0 3 4 Transp Autônomos
MP/PA
1,0
5 Auto otimização
8 4 6 Modelagem digital
7 Coleta de dados fabris
8 Uso dados Manufatura
7 5
9 Soluções em Nuvem
6
Figura 03 – Manufatura e Operações
A dimensão que analisa a manufatura e as operações envolvidas teve sua classificação

em nível 2, porém pela análise gráfica é possível verificar uma tendência de nível 3 nas
subdimensões 5, 7 e 8, respectivamente, auto otimização, coleta de dados fabris e uso dos
dados fabris coletados na manufatura. Esse resultado demonstra o que a literatura afirma ser
a adaptação das empresas as exigências do mercado para não perder a competitividade,
fazendo com que a planta fabril seja modernizada para não perder posição de mercado.
Entretanto, não volta seus projetos para inovar nos processos de integração organizacional e
interoperabilidade uniforme (DALENOGARE et al, 2018).

Implementação da Indústria 4.0 na estratégia
1- Implementação Ind40 da empresa, a exemplo de projetos, POC´s e
etc.
Existência de KPI, relativamente à indústria
2 - Medição da Indústria 4.0
4.0, no âmbito organizacional.
Estratégia e Organização
Grau de investimentos, e sua respectiva

3 - Investimentos Ind40 abrangência, relativos à indústria 4.0 quanto
aos seus requisitos.
Grau de capacitação dos colaboradores
4 - Capacitação RH quanto à indústria 4.0, verificando aquisição
de competências e habilidades inerentes.
Grau de colaboração e integração entre os
5 - Colaboração Deptos.
departamentos e a interoperação entre eles.
De que forma a liderança apoia a indústria
6 - Apoio Liderança Ind4 4.0 no processo de diagnóstico e transição
(transformação digital).
Grau de retorno do investimento feito para a
7 - ROI - Custo Benefício
transição da indústria 4.0.
Quadro 3- Estratégia e Organização
Figura 04 – Estratégia e Organização

Na figura 04 vê-se a tendência de nível 2 de maturidade para esta dimensão.

Analisando as subdimensões constatou-se que a empresa não possui seu planejamento
estratégico voltado para a transição 4.0. Pode-se perceber que as lideranças e os departamentos
entendem a importância da transição, porém as ações voltadas para a gestão de pessoas para
capacitação profissional ainda não possuem visibilidade significativa para o Modelo. Também
nota-se da mesma forma que a subdimensão 5 (Fontes de Receita) analisada na Dimensão 1:
produtos e serviços não mensura a adesão ao Modelo, a subdimensão 7 – Investimento: Custo
– Benefício verificada aqui, também não é direcionada ou mensurada, partindo dos benefícios
da transição tecnológica. Desta forma para o alcance de nível 4 o investimento necessário para
a digitalização de uma unidade fabril não é desprezível, o que equivale dizer que, embora seja
uma tendência clara, o grau de digitalização das empresas industriais será diferenciado
segundo seu fôlego financeiro e sua estratégia. (VERMULM, 2018).

Gerenciamento de dados, em tempo real, referente
ao controle de estoque seus o para melhoria da
1- Estoque Tempo Real
gestão e processos, como também a
interoperabilidade logística.
Cadeia de Suprimentos
Grau de integração da cadeia de suprimentos,

2 - Integração SCM
observando os canais existentes entre os seus elos.
Grau de visibilidade da cadeia de suprimentos –
3- Visibilidade SCM ponta a ponta, permitindo verificar a
interoperabilidade logística.
Grau de agilidade da cadeia de suprimentos, com
4 - Agilidade SCM base no relacionamento de fatores externos
(ecossistema negocial).
Caracteriza o tempo de entrega da organização,
5 - Lead Times considerando o ciclo da manufatura, tempo de
atravessamento e redução de “aging”.
Quadro 4- Cadeia de Suprimentos
Dimensão 4: Cadeia de Suprimentos

1
4,0
1 Estoque Tempo
3,0
Real
5 2,0 2 2 Integração SCM
1,0 3 Visibilidade
SCM
4 Agilidade SCM
5 Lead Times
4 3
Figura 05- Cadeia de Suprimentos

A dimensão cadeia de suprimentos, embora apresente resultado no nível 2, demonstra

tendência para nível 3 nas subdimensões 1 – estoque em tempo real e 5 – lead times.
Esta dimensão se coaduna ao estudo feito por (Woschank; Dallasega, 2021) que afirmam
existir uma relação significativa entre o desempenho da logística, a cadeia de suprimentos e
as linhas de manufatura e, finalmente, a maturidade de uma tem relação direta com essas
dimensões, uma vez que a interoperabilidade logística influencia diretamente o bom
funcionamento da cadeia de suprimentos.
Nesta dimensão verificam-se elementos do modelo 4.0 de forma mais explícita, como
o uso de automação e sistemas operacionais inteligentes para planejamento de gestão de
produção, uma vez que a planta fabril tem seus processos da cadeia de suprimentos
interligados com seus fornecedores internos e externos e pode-se notar a presença de
interoperabilidade tanto na logística interna quanto na externa.

Orientação a serviços no âmbito de seu
1- Orientação a Serviço ecossistema de negócios, com possível transição
processo-produto-serviço.
Descreve até que ponto os dados são usados para
2- Decisão com base em
fornecer serviços e instruções para decisões de
dados
negócios.
Modelo de Negócio
Descreve até que ponto os produtos podem ser

3 - Ciclo de Vida PLM rastreados durante todo o seu ciclo de vida em
sua cadeia de valor.
Indica o nível de automação das paradas de
manutenção, visualizando os aspectos de
4- Manutenção Preditiva
autodiagnóstico, predição e tecnologias
envolvidas.
Descreve as relações como ecossistema negocial
5 - Canal de MKT
e sua estrutura de canais para o mercado.
Descreve as atividades de tecnologia da
6- Apoio TI informação, e suas respetivas ações, no âmbito da
empresa.
Quadro 5- Modelo de Negócio
Dimensão 5: Modelo de Negócio

1
4,0
1 Orientação a Serviço
3,0
6 2 2 Decisão com base em
2,0 dados
3 Ciclo de Vida PLM

1,0
4 Manutenção Preditiva
5 3 5 Canal de MKT
6 Negócio apoio TI
4
Figura 6 – Modelo de Negócio.
Dentro da perspectiva da dimensão 5, o nível de maturidade resultou em 2. Como

modelo de negócio tem relação direta com estratégia organizacional, os níveis tiveram a
mesma classificação. Uma vez que a planta fabril precisa alinhar seus interesses, assumindo
a importância de escolha das tecnologias a serem implementadas na empresa alinhadas aos
seus objetivos estratégicos. Ademais, a fim de obter os melhores resultados e nesse estudo
constatou-se, como já citado, que a adoção de recursos tecnológicos da empresa está
relacionada à modernização da planta fabril que o mercado exige para se manter, e não com a
estratégia de inovação para o modelo 4.0. (BARBOSA; CAMPANI, 2021).
Outro ponto verificado no modelo de negócio é o fato de tratar-se de uma filial tendo sua
tomada de decisão centralizada na matriz brasileira, localizada em outro estado, o que dificulta
ainda mais a modelagem de projetos específicos para a melhoria da produção local.

Como os projetos inerentes à indústria 4.0 estão sendo
1- Req. de contratação para
atendidos, por meio dos novos requisitos inerentes às
Ind40
questões tecnológicas, de gestão e processo.
Como a linha de produção é abastecida, contemplando
Interoperabilidade
2- Abastecimento LP o relacionamento com os fornecedores regionais (JIT)

e logística interna.
Grau de proteção de dados da empresa, considerando
3 - Proteção de dados a existência de procedimentos institucionalizados e
conformidade com normas técnicas.
4 - Sistemas ERP, EDI, Grau de uso de sistemas integrados relacionados à
WMS, VMI. gestão, aos processos da empresa.
Grau de compartilhamento de dados na cadeia
5 - Compartilhamento SCM logística da empresa, considerando a metodologia de
geração das informações.
Quadro 6- Interoperabilidade
Dimensão 6: Interoperabilidade
1
4,0
1 Req de contratação
3,0 para Ind40
2 Abastecimento LP
5 2,0 2
3 Proteção de dados
1,0
4 Sistemas ERP, EDI,
WMS, VMI
5 Compartilhamento SCM
4 3
Figura 07 - Interoperabilidade
Na última dimensão analisada (6), que verifica os indicadores da interoperabilidade

integrada, o nível 2 manteve-se como nas demais dimensões analisadas, porém a
subdimensão 4, sistemas ERP, EDI,WMS,VMI recebeu indicadores de nível 4, podendo
reafirmar o que propõe (Woschank; Dallasega, 2021) com o estudo da relação direta de
desenvolvimento tecnológico das cadeias de suprimento para melhorar o desempenho
logístico horizontal e vertical e ainda o que afirma (Dalenogare et al, 2018) ao postular que a
indústria é forçada a se modernizar e fazer uso de recursos tecnológicos para se manter
competitiva no mercado.
A interoperabilidade se mostra em níveis avançados quando se trata de sistemas, pelo
fato da logística de suprimentos conter sistemas tecnológicos mais avançados e tendentes à
adaptação até em regiões com pouco acesso à tecnologia, motivo pelo qual na maioria das
industrias os operadores logísticos de transportes são os primeiros a se modernizarem.
A figura 08, a seguir, demonstra a média dos dados analisados. E, a partir deles, pode-
se concluir que a indústria de eletroeletrônicos, objeto deste estudo, está em transformação
para o nível 3 – Transição - de maturidade na indústria 4.0, demonstrando que se o
planejamento estratégico focar seus esforços é possível alcançar o nível 4 e usufruir das
vantagens econômicas e de qualidade que o modelo proporciona.
Setor eletro-eletrônico
1
- Manufatura
4,0
3,0
6 2
2,0
1,0 1- Produtos e Serviços

2 - Manufatura e
Operações
3 - Estratégia e
5 3 Organização
4
Figura 08 – Análise das notas avalativas baseada na média para cada dimensão.
Conclusão
De modo geral, observou-se que os dados coletados apontaram a empresa em nível 2

de grau de maturidade. Neste nível já se tem a presença de sistemas tecnológicos integrando
parte das linhas organizacionais, presença de automação na produção, mas ainda sem
integração total e apresentando baixa visibilidade do modelo 4.0, com tendência média de
transição para nível 3, onde é possível perceber elevada integração entre sistemas permitindo
visibilidade.
Além disso, percebem-se importantes iniciativas de automação com ganhos de
capacidade, níveis de transparência e capacidade preditiva. Quando se analisa individualmente
cada dimensão percebe-se essa tendência de transição para nível 3 em dimensões que
relacionam logística e linha de produção. Nas demais dimensões, a tendência transita entre 1
e 2 para as que envolvem a integração de níveis organizacionais ligados à gestão estratégica
da empresa. A partir disso, verificou-se que no caso específico desta indústria, para alcançar
o nível 4, seria preciso a reformulação do plano estratégico visando a integração de todos os
níveis da organização ao modelo 4.0, com ênfase na mentalidade de inovação em todos as
áreas operacionais que envolvem a cadeia produtiva disposta à mudança.
Pode-se inferir ainda, baseado nos resultados apresentados, que a indústria de
eletroeletrônicos, objeto deste estudo de caso, segue dentro da margem de projeção ditada pela
literatura que coloca este setor em nível de digitalização mínima e afirma que este segmento
da indústria ainda carece de investimentos e de gestão estratégica voltada para adesão ao
modelo 4.0.
Neste contexto, percebe-se a necessidade de planejar estrategicamente políticas

públicas de investimento em áreas de pesquisa e setores da economia que se tornam aliadas
para a transição do modelo. Além disso, a modernização das plantas fabris aumentaria a
produção com qualidade suficiente para garantir novos mercados, gerando demanda
expressiva para aumentar a participação da indústria de manufatura de eletroeletrônicos no
PIB do Brasil. Contudo, a falta de investimento estatal em pesquisa faz com que a indústria
de manufatura importe tecnologia de outros países, onerando o valor final dos produtos a
ponto de não conseguir competividade com a manufatura de outros países detentores de
patentes.
Além disso, as mudanças no câmbio de maneira desordenada impedem o planejamento
industrial para o médio prazo, causando a necessidade de uma gestão contingencial que
precisa projetar diversos cenários possíveis para continuar operando.
Para se criar uma gestão estratégica, precisa-se que a indústria incorpore em sua cultura
organizacional metas de transição para a manufatura avançada dentro dos processos
organizacionais físicos, monetário e humano e, a partir desta constatação, criar um plano
alinhado à missão e visão de futuro da empresa para reestruturar sua planta fabril.
Para a indústria chegar ao nível máximo de maturidade, classificado neste estudo como
nível 4.0, as políticas econômicas do país devem estar em sintonia com as transformações que
o modelo gera. Assim, são importantes desde investimentos para melhoria de sinal da internet
a fomento nas empresas de tecnologia, uma vez que importar tecnologia tem custos maiores
do que utilizar as próprias ferramentas para dinamizar as operações. Por outro lado, os
investimentos não devem ser apenas financeiros, mas em educação voltada para pesquisa de
inovação e soluções que demonstrem as vantagens de transformar a fábrica em uma planta de
alta tecnologia integrada em todos os seus processos físicos e digitais, gerando competividade
no mercado e mantendo seus produtos em níveis superiores de customização e inovação.
Agradecimentos
Esta pesquisa foi realizada com apoio da Universidade do Estado do Amazonas, Universidade
Federal do Amazonas e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES)
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Submetido em: 23.11.2022

Aceito em: 30.12.2022

Alencar Santiago Oliveira Lima Araújo 2022 Nivel-de-Maturidade-na-Industr 70224

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Revista GeSec

São Paulo, SP, Brasil v.

Ed. Esp. 2022

Nível de Maturidade na Indústria 4.0 - Estudo de caso de uma indústria de

Maturity Level in Industry 4.0 - Case study of an electronics industry in

Karina Cardoso de Alencar 1

mensurar os níveis de maturidade da transformação industrial para novas tecnologias. Por

Ao longo dos séculos a atividade industrial exigiu o desenvolvimento de novas

A chegada da quarta revolução industrial, chamada de Indústria 4.0, trouxe a

acordo com o ramo da organização, seja na customização de produtos, buscando tecnologias

2.1 Maturidade da Indústria 4.0

Maturidade na indústria é a capacidade de integração total da organização às novas

2.2 Indústria de Eletroeletrônicos

A indústria brasileira possui dois tipos de processo de industrialização, a de processos

2.3 Estratégia Organizacional para Indústria 4.0

A empresa objeto do estudo de caso é uma indústria de eletroeletrônicos, este tipo de

Figura 01 – Níveis de Maturidade.

Dimensão Subdimensões Indicadores

2 - Valores digitais propriedade intelectual dos produtos

Figura 02 - Produtos e Serviços

Na dimensão: Produtos e Serviços nota-se maior tendência a nível 2 de maturidade,

Quadro 2- Manufatura e Operações

Dimensão 2: Manufatura e Operações

A dimensão que analisa a manufatura e as operações envolvidas teve sua classificação

Dimensão Subdimensões Indicadores

Grau de investimentos, e sua respectiva

Figura 04 – Estratégia e Organização

Na figura 04 vê-se a tendência de nível 2 de maturidade para esta dimensão.

Dimensão Subdimensões Indicadores

Grau de integração da cadeia de suprimentos,

Dimensão 4: Cadeia de Suprimentos

5 2,0 2 2 Integração SCM

Figura 05- Cadeia de Suprimentos

A dimensão cadeia de suprimentos, embora apresente resultado no nível 2, demonstra

Dimensão Subdimensões Indicadores

Descreve até que ponto os produtos podem ser

Dimensão 5: Modelo de Negócio

3 Ciclo de Vida PLM

Dentro da perspectiva da dimensão 5, o nível de maturidade resultou em 2. Como

Dimensão Subdimensões Indicadores

2- Abastecimento LP o relacionamento com os fornecedores regionais (JIT)

Na última dimensão analisada (6), que verifica os indicadores da interoperabilidade

1,0 1- Produtos e Serviços

De modo geral, observou-se que os dados coletados apontaram a empresa em nível 2

Neste contexto, percebe-se a necessidade de planejar estrategicamente políticas

AZEVEDO, Americo; SANTIAGO, Sandro Breval. Design of an assessment industry 4.0

International Conference on Industrial Engineering and Operations Management,

BARBOSA, Joyce; CAMPANINI, Luciano. Modelagem da transformação 4.0 em uma

BARROS,Michele Ines de; CASSEL,Ricardo Augusto; SILVA,Bibiana Porto da.

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DE SOUZA, Stanley Soares et al. Metanálisis de los modelos de madurez de la industria

ITIKAWA, Mauricio; SANTIAGO, Sandro Breval. A Systematic Review on Industry 4.0

KAGERMANN, H.; WAHLSTER, W.; HELBIG, J. 2013. Recommendations for

LAKATOS, E. MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. 5ed São Paulo:

SACOMANO, José Benedito; SÁTYRO, Walter Cardoso; GONÇALVES, Rodrigo Franco;

SANTOS, Marcos; MANHÃES, Aline Martins; LIMA, Angélica Rodrigues.Indústria 4.0:

SOTT, Michele Kremer. Reengenharia de Processos de Negócios: Desafios para a

VERMULM, Roberto. Políticas para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil. IEDI,

WOSCHANK, Manuel; DALLASEGA, Patrick. The Impact of Logistics 4.0 on

Submetido em: 23.11.2022

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