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PROCEDIMENTOS E DIAGNÓSTICO

A auditoria à QAI divide-se em 3 pilares:

1- colheita e revisão da informação existente

2- inspeção do edifício

3- comunicação/debate com os responsáveis sobre os resultados

O responsável pelo edifício deve ter conhecimento prévio da auditoria

Antes da intervenção deverá ser elaborado um Plano de Auditoria e passar aos responsáveis
pelo edifício

Pode ser feita uma auditoria prévia para a preparação dos trabalhos

1- PREPARAÇÃO E PLANEAMENTO DA AUDITORIA:

1- recolha da informação relevante sobre o edifício

A- relatórios de auditores anteriores

B- memória descritiva do sistema AVAC e peças desenhadas do edifício

C- esquemas e princípios de funcionamento das várias redes de fluídos

D- plano de manutenção preventiva e registos relevantes de manutenção (preventiva e


corretiva)

E- catálogos e manuais dos equipamentos

F- horário de funcionamento do sistema AVAC

G- identificação e caracterização de áreas com uso especial (cafetaria, sala de cópias,


laboratórios, ...) e com uso ocasional (corredores, hall dos elevadores, wc, armazéns, ...)

H- número de ocupantes, tipo de atividades e padrão de ocupação dos espaços

I- registo de queixas

J- na falta dos elementos anteriores, o auditor deve fazer o levantamento da situação

K- se não for possível realizar o levantamento dos elementos em falta estes devem ser
solicitados ao responsável do edifício
L- os pedidos de informação do auditor e respostas obtidas devem ficar documentados

2- Visita preliminar ao edifício

A- verificar e atualizar a informação previamente obtida e recolher informações


complementares necessárias ao planeamento da auditoria

B- se existirem queixas dos ocupantes relativamente à QAI, o auditor deve:

-recolher informações sobre os sintomas e os momentos de início de de alívio

-identificar a zona a que se referem as queixas

-entrevistar os queixosos

C- deve ser registada qualquer fonte óbvia de poluentes, interna ou externa

D- os indicadores que permitem detetar as fontes de poluição mais comuns são: odores;
sobrelotação; falta de condições sanitárias ou de limpeza; pó, partículas e fibras; problemas
relacionados com humidade ou infiltrações/fungos visíveis; presença de substâncias químicas

E- aspetos a considerar na avaliação:

-comparar a situação atual vs projeto ou última auditoria, verificando se a


utilização dos espaços foi alterada, se o nº de ocupantes aumentou, se houve áreas de
trabalho rearranjadas ou convertidas para outro uso e se há novos equipamentos
(impressora, desumificador...)

-identificar áreas sujeitas a obras atuais ou recentes e verificar se os


procedimentos de controlo são adequados

-procurar fungos visíveis - indicadores de condensação, infiltração de água ou


níveis de humidade relativa elevados

-observar a localização dos terminais de insuflação e extração: padrões de


escoamento com zonas de estagnação ou curto circuito?

F- a visita deve ser feita em horário de funcionamento normal do edifício com o


acompanhamentos do responsável pelo mesmo

G- o auditor deve fazer o registo fotográfico de todos os elementos ou situações que


considere relevantes para efeitos de evidência e elaboração posterior do relatório

H- da visita preliminar, deve ser elaborado um relatório-síntese, datado e validado pelo


responsável do edifício.
3- Medição rápida dos níveis de CO2

A- verificação dos níveis de CO2 no interior do edifício durante o seu período normal de
funcionamento (2-3 horas depois do início da ocupação)

B- medição efetuada durante a visita preliminar

C- avaliação externa junto à tomada de insuflação

D- níveis de CO2 elevados podem indicar a deficiente ventilação dos espaços interiores
ou elevada concentração de outros poluentes

E- o objetivo principal desta verificação é identificar e caracterizar eventuais situações


de não cumprimento e alertar o responsável ainda antes da auditoria

F- devem ficar documentados no relatório da visita a realização destas medições de


CO2 e respetivos resultados, bem como a informação dada ao responsável sobre as situações
detetadas.

4- Pré-avaliação das condições de higiene e de manutenção dos sistemas AVAC

A- avaliação qualitativa (inspeção visual)

B- verificação da higiene e de manutenção de todos os órgãos do sistema AVAC:

-consistência entre o que é observado e os registos de manutenção (qualidade


técnica das intervenções; componentes oxidados ou sujos; estado geral da filtragem)

-sifão do tabuleiro de condensados inexistente, entupido ou indevidamente


ligado

C- o auditor deve identificar situações corrigíveis de imediato e comunicar ao respons.

D- considerar as situações identificadas no plano de auditoria para posterior avalização


e identificação de causas

5- Avaliação do nível de contaminação do ar de insuflação/ventilação

A- avaliação qualitativa de prováveis fontes de poluentes na envolvente para pedido


atempado de mais informações:

-em meio urbano - grandes linhas de tráfego próximas e comércio ou serviços


com potencial de contaminação (lavandarias, abastecimento de combustível, churrasqueiras,...)

-em meio suburbano ou rural - além dos anteriores, verificar a existência de


outras fontes de elevada potência (indústria, portos e aeroportos, agricultura intensiva, ...)

B- se possível, deverá ser avaliado o nível de contaminação microbiológica do ar


insuflado ou no ar envolvente (em caso de ventilação natural):

-se efetuada, a avaliação deverá incidir apenas nos níveis totais de fungos e
bactérias no ar

-identificação de fontes prováveis de microorganismos na envolvente para


pedido atempado de mais informação

6- Relatório da visita e análise preliminar

A- no relatório preliminar (relatório-síntese da visita ao edifício) o auditor deve fazer


evidência de todas as ações desenvolvidas, registando os resultados

B- o relatório deve conter:

-registos dos pedidos de informação e respostas obtidas

-informação dada ao responsável sobre as situações de não conformidade


detetadas

-evidências devidamente documentadas (fotos, resultados de inquéritos)

C- este relatório deve ser datado e validado pelo responsável do edifício

2- PLANO DA AUDITORIA

Este plano deve conter:

A- descrição das zonas definidas para efeito de medições

B- definição dos pontos de medida para cada zona

C- métodos de medida a utilizar

D- momento e duração das medições

E- avaliação das condições higiénicas (definição dos componentes a avaliar;


procedimento de avaliação para cada componente; momento da avaliação)

F- cronograma de execução
3- AUDITORIA

A- identificação e caracterização do edifício

B- visita preliminar ao edifício

C- medição dos níveis de CO2 no interior e exterior

D- condições de higiene e manutenção dos sistemas AVAC

E- avaliação do nível de contaminação do ar interior e exterior

F- relatório da auditoria e recomendações ao responsável

G- poluentes a medir (no interior)

-poluentes fisico-químicos (PM10 e PM2,5; COV totais; CO; CH2O; CO2; radão)

-poluentes microbiológicos (bactérias e fungos; legionella spp na água dos sistemas de


climatização)

H- outros parâmetros (a título complementar)

-temperatura do ar

-temperatura média de radiação das superfícies

-humidade relativa do ar

-pressão atmosférica

´ -velocidade do ar (à saída dos difusores de ar e/ou ao nível dos ocupantes)

-estes parâmetros são uma mais-valia na interpretação dos resultados, na avaliação do


conforto térmico, podendo contribuir para a deteção de eventuais anomalias.

ESTRATÉGIAS DE CONTROLO

1- LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO

A- dados climáticos (temperatura e humidade relativa - padrões sazonais e extremos;


vento - predominância sazonal de direção e velocidade)

B- qualidade do ar exterior (qualidade do ar local; fontes de emissão exterior - carta com


marcação das fontes mais próximas)

C- qualidade do solo e das águas subterrâneas (passado do local; inventário das fontes
locais - localização passada de tanques de combustível e aterros sanitários; avaliação da
qualidade da água subterrânea e do solo)

2- EMISSÕES

O controlo da qualidade do ar interior depende de:

A- tipo de fontes de emissão e de poluentes emitidos

B- taxa de emissão dessas fontes

C- condições ambientais

D- taxa de ocupação humana e a atividade desenvolvida

As estratégias de controlo são:

- impor taxas de ventilação obrigatórias

- proibir a utilização de determinadas substâncias nos materiais utilizados no interior

- impor normas e diretivas para a QAI

-impor normas de emissão

-o controlo das fontes deve ser feito na fonte - escolha dos materiais de construção e de
revestimento; mobiliário; minimização da utilização de fontes de combustão

-adequação das atividades e taxas de ocupação ao espaço disponível e/ou taxas de


ventilação

3- VENTILAÇÃO

A ventilação é o meio de excelência de controlo da QAI e/ou mitigação dos efeitos de taxas de
emissão elevadas de determinados poluentes

A ventilação é o movimento do ar através de um espaço onde o ar viciado ou usado é


substituído pelo ar proveniente de uma fonte exterior. Este pode ser todo ou em parte ar fresco
e o restante ar recirculado

As forças que promovem a circulação podem ser naturais, mecânicas ou a combinação de


ambas

Ventilação:

-por deslocamento (insuflação ao nível do pavimento e extração junto ao teto)

-por mistura (insuflação e extração distanciados) - se não estiverem suficientemente


distanciados existem zonas mal ventiladas; se estiverem muito perto faz curto-circuito

As partículas mais problemáticas são as com dimensão inferior a 10 um (pó; fibras de


asbestos; alergénicos - pólen, esporas de fungos, ...; microorganismos patogénicos; fumo do
tabaco)

O tipo e o design dos filtros determina a eficiência na remoção de partículas

O controlo de compostos gasosos pode passar por diversos sistemas de absorção e adsorção
química aplicados ao ar interior e/ou ao ar de insuflação - como o carvão ativado.

IMPACTO DOS SISTEMAS AVAC NA QAI

1- MANUTENÇÃO

Todos os equipamentos e seus componentes têm de estar acessíveis para efeitos de


manutenção, assim como as portas de visita para a inspeção e limpeza da rede de condutas

Os equipamentos e condutas deverão ser protegidos durante a fase de obras e transporte. No


caso de construção local, estes devem ser limpos e revestidos por um material que impeça a
libertação do pó derivado dos materiais de construção

2- BOAS PRÁTICAS

A- nenhuma conduta deverá ser isolada pelo interior; evitar o contacto direto entre o material de
isolamento e o ar circulante

B- as condutas e restante equipamento devem permitir o acesso para limpeza, manutenção e


inspeção, nomeadamente por robots

C- devem existir dispositivos que permitam o ajuste aos caudais especificados no projeto

D- os locais previstos para a exaustão e captação de ar novo têm que cumprir os requisitos de
boas práticas capazes de garantir uma boa qualidade do ar interior do edifício
E- devem estar garantidos os caudais de renovação de ar previstos na legislação

F- nas tomadas de ar novo, deve ser evitada a proximidade a:

-descargas de cozinha e refeitório

-descargas da zona de WC

-extração de sistemas avac

-descargas de garagens

-torres de arrefecimento

3- CASO ESPECÍFICO DE GARAGENS DE EDIFÍCIOS

Deve haver pressão negativa - evita migração dos poluentes para outras áreas

Dotação de sistemas de extração capazes de manter dentro dos valores aceitáveis os níveis de
CO, NOx, Partículas e COV

Dotar o acesso ao elevador de uma antecâmera com condições controladas

4- MATERIAIS A EVITAR

-aglomerados de cortiça de ligante fenólico

-tintas, colas e mástiques de base solvente

-lã mineral

-têxteis de fibra curta

-amianto e respetivos tecidos

-fibrocimento ou compósitos de amianto

-betumes ou massas de regularização com COVs

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

A nova legislação privelegia a ventilação natural em detrimento da ventilação mecânica,


favorecida na legislação anterior
Procedimento de diagnóstico de ventilação e QAI de acordo com a legislação (decreto-lei 101-
D/2020, de 7 de Dezembro):

-edifício novos ou renovados: requisitos relativos à ventilação do espaço

-GES+ : requisitos relacionados com a QAI; avaliação simplificada anual (ASA);


entidades competentes pela fiscalização verificam conformidade a pedido dos proprietários

-verificação da conformidade:

1-recolha de indícios sobre uma situação de degradação da QAI ( incumprimento


de requisitos)

2- o incumprimento da obrigação da ASA

3- o registo de reclamações ou de denúncias sobre a QAI

-verificação de desconformidades - vincula os proprietários a adotar as medidas


necessárias para a sua regularização

-registo - registo atualizado e disponível para a verificação

GES+: incluem serviços que abrangem creches, estabelecimentos de educação pré-escolar e


primeiro ciclo do ensino básico bem como estruturas residenciais para pessoas idosas.

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