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MINISTÉRIO DA DEFESA

COMANDO DA AERONÁUTICA

PROTEÇÃO AO VOO

ICA 63-50

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO RISCO


ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS PARA
CONTROLADORES DE TRÁFEGO AÉREO E
OPERADORES DE ESTAÇÃO AERONÁUTICA

2023
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO

PROTEÇÃO AO VOO

ICA 63-50

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO RISCO


ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS PARA
CONTROLADORES DE TRÁFEGO AÉREO E
OPERADORES DE ESTAÇÃO AERONÁUTICA

2023
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO

PORTARIA DECEA Nº 1.204/SDAD_ADJ, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2023.

Aprova a edição da ICA 63-50 “Diretriz


para o Programa de Prevenção do Risco
Associado ao Uso Indevido de Substâncias
Psicoativas para Controladores de Tráfego
Aéreo e Operadores de Estação Aeronáutica”.

O DIRETOR-GERAL DO DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO


ESPAÇO AÉREO, no uso da atribuição que lhe confere o inciso I do art. 21 da Estrutura
Regimental do Comando da Aeronáutica, aprovada pelo Decreto nº 11.237, de 18 de outubro
de 2022, e considerando o disposto no inciso IV do art. 10 do ROCA 20-7 “Regulamento do
DECEA”, aprovado pela Portaria nº 2030/GC3, de 22 de novembro de 2019, resolve:

Art. 1º Aprovar a edição da ICA 63-50 “Programa de Prevenção do Risco


Associado ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas para Controladores de Tráfego Aéreo e
Operadores de Estação Aeronáutica”.

Art. 2º Esta Instrução entra em vigor em 01 de março de 2024.

Ten Brig Ar ALCIDES TEIXEIRA BARBACOVI


Diretor-Geral do DECEA
ICA 63-50

SUMÁRIO

1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES .............................................................................. 9


1.1 FINALIDADE ............................................................................................................... 9
1.2 OBJETIVO .................................................................................................................... 9
1.3 ÂMBITO ....................................................................................................................... 9
1.4 SIGLAS ......................................................................................................................... 9
1.5 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................ 9
1.6 PROIBIÇÕES .............................................................................................................. 11

2 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO RISCO ASSOCIADO AO USO INDEVIDO


DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ........................................................................ 12
2.1 FORMA DO PROGRAMA ......................................................................................... 12
2.2 APLICABILIDADE DO PROGRAMA ....................................................................... 12
2.3 DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA ............................................................................. 12
2.4 RESULTADOS DO PROGRAMA .............................................................................. 12
2.5 REPRESENTANTE DESIGNADO ............................................................................. 13
2.6 SUPERVISORES TREINADOS PARA ENCAMINHAMENTO A ETSP .................. 13

3 EIXOS ESTRATÉGICOS DO PROGRAMA DE TESTAGEM DE SUBSTÂNCIAS


PSICOATIVAS .......................................................................................................... 14
SUBPARTE A – SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO
RISCO ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS .... 14
SUBPARTE B – SUBPROGRAMA DE EXAMES TOXICOLÓGICOS DE
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ................................................................................ 15
SUBPARTE C – SUBPROGRAMA DE RESPOSTA A EVENTO IMPEDITIVO....... 21

4 RESPONSABILIDADES COM O PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO RISCO


ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS PARA
CONTROLADORES DE TRÁFEGO AÉREO E OPERADORES DE ESTAÇÃO
AERONÁUTICA ....................................................................................................... 23

5 DISPOSIÇÕES FINAIS ............................................................................................. 24


5.1 RECURSOS ................................................................................................................ 24
5.2 SUPERVISÃO............................................................................................................. 24
5.3 DIVULGAÇÃO ........................................................................................................... 24
5.4 CASOS NÃO PREVISTOS ......................................................................................... 24

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 25

Anexo A - Relatório de Atividades do Programa de Prevenção do Risco Associado


ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas para Controladores de
Tráfego Aéreo e Operadores de Estação Aeronáutica ........................... 26
ICA 63-50

Anexo B - Modelo de Termo de Consentimento à Participação no Subprograma de


Exames Toxicológicos de Substâncias Psicoativas para Controladores de
Tráfego Aéreo e Operadores de Estação Aeronáutica ........................... 29
Anexo C - Modelo de Termo de Recusa à Participação no Subprograma de Exames
Toxicológicos de Substâncias Psicoativas para Controladores de Tráfego
Aéreo e Operadores de Estação Aeronáutica ......................................... 30
ICA 63-50

PREFÁCIO

Nos últimos anos, houve o crescimento do uso de substâncias psicoativas no


mundo, principalmente com o aparecimento de drogas sintéticas, conhecidas como novas
substâncias psicoativas. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde, o uso de
substâncias psicoativas é um problema de saúde pública nas Américas e está associado a mortes
prematuras e incapacidade. Essas substâncias podem interferir no humor, na consciência, no
comportamento, na percepção e na capacidade de operar máquinas. Algumas substâncias
legalizadas são classificadas como psicoativas, devido aos efeitos que podem causar no
organismo. É o caso de álcool, tabaco, remédios antidepressivos e indutores do sono. Além
disso, o abuso de substâncias psicoativas, como os medicamentos psicotrópicos, pode causar
dependência.

A atividade de controle do tráfego aéreo envolve amplo processo cognitivo e


exige conhecimentos específicos de procedimentos operacionais complexos, uma vez que as
informações mudam constantemente. Os controladores de tráfego aéreo têm como tarefa
assegurar que as aeronaves voem em segurança, mantendo a separação regulamentar mínima
entre elas e auxiliam no pouso e na decolagem, momentos mais sensíveis do voo. Esses
profissionais trabalham em escala, com turnos noturnos e sobreavisos. A atividade exige
atenção, foco e tomada de decisão rápida. O consumo de substâncias psicoativas interfere
nessas capacidades e um ATCO com a função cognitiva alterada pode ter o desempenho
comprometido, causando um acidente ou um incidente aeronáutico.

A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), no Anexo 1, que trata de


Licença ao Pessoal, recomenda que os Estados membros implementem um programa de
testagem de substâncias psicoativas voltado para o pessoal sensível à segurança de voo. O
programa deve ter por objetivo: sensibilizar os profissionais que exerçam atividades
relacionadas à segurança de voo quanto ao uso dessas substâncias e suas implicações na saúde
do indivíduo e no trabalho, identificar os profissionais que fazem uso de substâncias
psicoativas, afastá-los da função e monitorar o retorno à atividade de trabalho, após o tratamento
adequado.

No DOC 9654, Manual de Prevenção ao Uso Indevido de Substâncias


Psicoativas no Ambiente da Aviação, a OACI busca fornecer uma ferramenta para que os
Estados membros desenvolvam suas próprias políticas e estratégias de combate ao uso indevido
de substâncias psicoativas na aviação. Este Manual destaca, ainda, que mesmo o uso de
substâncias psicoativas prescritas por médicos ou o consumo do álcool de forma socialmente
aceita pela comunidade podem representar um perigo para a segurança da aviação.

Do exposto, faz-se necessário que o Departamento de Controle do Tráfego Aéreo


(DECEA) estabeleça uma Instrução própria, visando ao enfrentamento do consumo de
substâncias psicoativas entre os Controladores de Tráfego Aéreo e os Operadores de Estação
Aeronáutica, em todas as suas dimensões, abrangendo a identificação, o tratamento, o retorno
ao trabalho e a sensibilização quanto ao uso. Esta Instrução deve ser seguida pelas organizações
militares e empresas prestadoras de serviço de controle do tráfego aéreo e deverá ser fiscalizada
pelo DECEA quanto a sua implementação e seus resultados. O programa organiza-se em três
eixos estratégicos de atuação:

- Subprograma de Educação, na forma da subparte A desta Instrução


(capacitação dos agentes envolvendo diversas áreas, com integração de ações ligadas a
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educação, prevenção, diminuição de oferta, informações sobre diagnóstico, tratamento e


redução dos agravos relacionados ao uso ilícito ou abusivo de substâncias psicoativas);

- Subprograma de Exames Toxicológicos de Substâncias Psicoativas, conforme


a subparte B desta Instrução (inclui a testagem); e

- Subprograma de Resposta a Evento Impeditivo, conforme a subparte C desta


Instrução (inclui o tratamento, visando à reinserção do paciente no ambiente de trabalho e na
sociedade).
ICA 63-50

1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1.1 FINALIDADE

Estabelecer as bases para o programa de prevenção do risco associado ao uso


indevido de substâncias psicoativas para Controladores de Tráfego Aéreo (ATCO) e
Operadores de Estação Aeronáutica (OEA), com vistas a garantir a segurança das atividades de
controle do tráfego aéreo e assegurar o compromisso assumido como país membro junto à
Organização da Aviação Civil Internacional.

1.2 OBJETIVO

Estabelecer os requisitos mínimos necessários para o funcionamento do


Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas para
ATCO e OEA, a ser desenvolvido por todas as empresas prestadoras de serviço de controle do
tráfego aéreo, militares e civis.

1.3 ÂMBITO

Esta Instrução aplica-se a todas as empresas prestadoras de serviço de controle


do tráfego aéreo militares e civis.

1.4 SIGLAS

ATCO Controlador de Tráfego Aéreo


ARSO Atividade de Risco para Segurança Operacional
DAIN Divisão de Assistência Integrada
DECEA Departamento de Controle do Espaço Aéreo
ESP Especialista em transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso
de substância psicoativa
ETSP Exame Toxicológico de Substâncias Psicoativas
OEA Operador de Estação Aeronáutica
OM Organização Militar
PPSP Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias
Psicoativas

1.5 CONCEITUAÇÃO

Os conceitos fundamentais, os princípios e os vocabulários para o entendimento


do Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas
para ATCO e OEA estão disponíveis nesta Instrução.

1.5.1 Atividade de Risco à Segurança Operacional (ARSO) – atividade que expõe a risco a
aviação civil.

1.5.2 Empresa responsável – qualquer entidade que empregue, diretamente ou por contrato,
ATCO e OEA, podendo ser esta militar ou civil.
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1.5.3 Especialista em transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de


substância psicoativa (ESP) – trata-se de profissional médico ou psicólogo, devidamente
habilitado para a realização de avaliação abrangente em indivíduos para os quais haja um evento
impeditivo, conforme o subprograma de resposta a evento impeditivo específico da subparte C.

1.5.4 Evento de segurança operacional – acidente, incidente grave, incidente, ocorrência de


solo, ocorrência anormal ou qualquer situação de risco que tenha o potencial de causar dano ou
lesão ou ameace a viabilidade da operação de uma empresa responsável.

1.5.5 Evento impeditivo – ocorrência para um indivíduo de um resultado positivo para um


Exame Toxicológico de Substâncias Psicoativas (ETSP) ou de uma recusa em submeter-se a
um ETSP.

1.5.6 Exame Toxicológico de Substâncias Psicoativas (ETSP) – exame toxicológico


laboratorial destinado à detecção de substâncias psicoativas no organismo, incluindo, no
mínimo, as seguintes: álcool, metabólitos de opiáceos, metabólitos de canabinoides,
metabólitos de cocaína, anfetaminas, metanfetaminas, metilenodioximetanfetamina e
metilenodioxianfetamina. Para a substância álcool, o ETSP também pode ser realizado por meio
de etilômetro. Um ETSP é considerado quando da realização de exames para todas as
substâncias citadas.

1.5.7 Manual de um PPSP – documento, ou conjunto de documentos, elaborado pelas


empresas responsáveis, contendo a descrição detalhada do seu Programa de Prevenção do Risco
Associado ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas (PPSP), bem como de seus
subprogramas, incluindo os métodos de cumprimento específicos adotados.

1.5.8 Médico Revisor – profissional médico devidamente habilitado para referendar um


resultado positivo para um ETSP requerido e para desempenhar as funções descritas na subparte
B, seção 2.

1.5.9 Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias


Psicoativas (PPSP) – programa adotado por empresas que desempenham ARSO, na forma desta
Instrução.

1.5.10 Recusa em submeter-se ao ETSP significa que um indivíduo:

a) não se submeteu a qualquer etapa requerida de um ETSP. Não será


considerado como uma recusa em submeter-se ao ETSP quando um
indivíduo, por razões médicas avaliadas por um médico revisor, não
conseguir fornecer amostra corporal para um ETSP; ou
b) interferiu ou tentou interferir na integridade da amostra corporal necessária
ao ETSP requerido.

1.5.10.1 A recusa em submeter-se a um ETSP implica a suspensão da licença do ATCO e


OEA.

1.5.10.2 O ATCO e OEA que se recusarem a se submeter a um ETSP deverão preencher o


Termo de Recusa, conforme o modelo do Anexo C, e serão encaminhados, imediatamente, para
uma inspeção de saúde nas Juntas de Saúde da Aeronáutica, com a finalidade de serem
submetidos a uma “INSPEÇÃO PARA VERIFICAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE”, de
acordo com o preconizado na ICA 63-15, item 2.2.17.
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1.5.11 Representante designado – pessoa física designada pela empresa/OM responsável,


dentre seus empregados, que terá autoridade e responsabilidade para responder pelo programa,
pelo cumprimento dos requisitos desta Instrução e pela prestação de contas, sem prejuízo da
responsabilidade final da empresa responsável.

1.5.12 Resultado negativo – resultado para um ETSP de qualquer tipo que não acuse
concentração de substância psicoativa ou resultado positivo não referendado avaliado como
negativo pelo médico revisor.

1.5.13 Resultado positivo – resultado para um ETSP de qualquer tipo que acuse concentração
de substância psicoativa acima do valor de corte estabelecido e que tenha sido referendado pelo
médico revisor.

1.5.14 Resultado positivo não referendado – resultado para um ETSP de qualquer tipo que
acuse concentração de substância psicoativa acima do valor de corte estabelecido e que não
tenha sido avaliado pelo médico revisor.

1.5.15 Substância psicoativa – álcool ou qualquer substância no escopo da Portaria SVS/MS


nº 344, de 12 de maio de 1998, do Ministério da Saúde, excetuando as substâncias pertencentes
às classes C2, C3, C4, C5 e F3 da referida Portaria.

1.5.16 Supervisor treinado para encaminhamento a ETSP – qualquer supervisor que tenha
recebido o treinamento específico previsto no programa educativo para encaminhamento de
empregados subordinados ao ETSP, baseado em suspeita justificada.

1.5.17 Suspeita justificada – suspeita fundada em observações específicas, atuais e articuladas,


justificadas por escrito, com base em indicadores físicos, comportamentais e de desempenho.

1.5.18 Uso indevido de substâncias psicoativas – utilização devidamente comprovada de uma


ou mais substâncias psicoativas cujos efeitos se façam presentes na situação de trabalho de
qualquer pessoa responsável pelo desempenho de ARSO.

1.6 PROIBIÇÕES

1.6.1 É vedado a qualquer ATCO e OEA:

a) o uso de substâncias psicoativas durante o exercício de suas atividades;


b) o exercício de suas atividades enquanto estiver sob o efeito de qualquer
substância psicoativa; e
c) o exercício de suas atividades caso tenha sido envolvido em um evento
impeditivo e não tenha obtido um resultado negativo em um ETSP de
retorno ao serviço, conforme a subparte B, seção 5, item 5.5, desta Instrução.

1.6.2 Toda empresa/OM responsável deve tomar as providências necessárias, conforme a


legislação brasileira vigente e esta Instrução, para afastar de suas atividades qualquer ATCO e
OEA que contrarie a proibição contida no subitem 1.6.1, “a”.
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2 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO RISCO ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE


SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

2.1 FORMA DO PROGRAMA

2.1.1 O Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias


Psicoativas (PPSP) deverá conter, no mínimo:

a) um Subprograma de Educação, na forma da subparte A desta Instrução;


b) um Subprograma de Exames Toxicológicos de Substâncias Psicoativas,
conforme a subparte B desta Instrução; e
c) um Subprograma de Resposta a Evento Impeditivo, conforme a subparte C
desta Instrução.

2.2 APLICABILIDADE DO PROGRAMA

2.2.1 A empresa/OM responsável deve submeter os ATCO, OEA e seus supervisores aos
requisitos do seu PPSP, integralmente.

2.2.2 No caso de empresa/OM prestadora de serviço de controle de tráfego aéreo, todos os


seus ATCO, OEA e supervisores devem estar submetidos ao seu próprio PPSP.

2.2.3 Todos os ATCO e OEA devem preencher o Termo de Consentimento à Participação no


Subprograma de Exames Toxicológicos de Substâncias Psicoativas para Controladores de
Tráfego Aéreo e Operadores de Estação Aeronáutica, conforme o modelo do Anexo B, desta
Instrução.

2.3 DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA

O PPSP deverá ser amplamente divulgado a todos os ATCO e OEA, inclusive


às empresas e ao pessoal contratado para desempenhar as funções de ATCO e OEA.

2.4 RESULTADOS DO PROGRAMA

2.4.1 O DECEA requererá, às organizações militares subordinadas e às empresas


empregadoras de ATCO e OEA, um relatório semestral contendo os resultados consolidados
do PPSP e os dois indicadores agregados e impessoais, de acordo com o Anexo A desta
Instrução:

a) Proporção de ATCO e OEA submetidos ao Subprograma de Resposta a


Eventos Impeditivos em relação aos eventos impeditivos ocorridos; e
b) Proporção de retorno ao serviço de ATCO e OEA em relação ao total de
ATCO e OEA submetidos ao Subprograma de Resposta a Eventos
Impeditivos.
2.4.2 O relatório também deverá conter a quantidade de ATCO e OEA com indicação da
atividade realizada, e a quantidade de ATCO e OEA submetidos aos ETSP (prévios, aleatórios,
pós-acidente, baseado em suspeita justificada, de retorno ao serviço, de acompanhamento)
realizados no período.
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2.4.3 O relatório semestral deverá conter o nome do representante designado da empresa/OM,


do supervisor treinado e do médico revisor.

2.4.4 O relatório semestral deverá ser remetido à autoridade médica do órgão licenciador, por
meio de documento oficial direcionado ao SDAD do DECEA, até o dia 15 de julho e 15 de
dezembro de cada ano, conforme o modelo do Anexo A.

2.4.5 Não poderão constar no relatório informações pessoais dos ATCO ou OEA, visto que
se trata de um documento para envio ao órgão administrativo.

2.5 REPRESENTANTE DESIGNADO

Toda empresa/OM responsável deve eleger um representante designado para


responder pela elaboração, execução e manutenção do seu PPSP e de todos os subprogramas
associados. A empresa/OM deve manter as informações atualizadas desse representante, como
nome e dados de contato, para todos os fins internos e externos à empresa, com o envio dessas
informações ao SDAD do DECEA.

2.6 SUPERVISORES TREINADOS PARA ENCAMINHAMENTO A ETSP

2.6.1 As empresas/OM responsáveis poderão treinar supervisores para a atribuição de


Supervisor Treinado para Encaminhamento a ETSP.

2.6.2 Cada Supervisor Treinado para Encaminhamento a ETSP terá a atribuição de


encaminhar os ATCO e OEA à realização de Exame Toxicológico de Substâncias Psicoativas
(ETSP) baseado em suspeita justificada.

2.6.3 Todo Supervisor Treinado para Encaminhamento a ETSP deverá ser submetido a
treinamento específico, conforme a subparte A desta Instrução, seção 1, item 1.1, “b”.
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3 EIXOS ESTRATÉGICOS DO PROGRAMA DE TESTAGEM DE SUBSTÂNCIAS


PSICOATIVAS

O plano estratégico do Programa de Testagem de Substâncias Psicoativas para


ATCO e OEA organiza-se em três eixos de atuação, conforme as Subpartes abaixo
discriminadas.

SUBPARTE A – SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO


RISCO ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

1 GERAL

1.1 A empresa/OM responsável deve desenvolver, elaborar e executar, internamente ou por


contrato, um subprograma de educação fornecendo:

a) aos empregados ATCO e OEA e seus supervisores informações sobre o uso


indevido de substâncias psicoativas; e
b) aos Supervisores Treinados para Encaminhamento a ETSP treinamento
específico para encaminhamento de ATCO e OEA a um ETSP, baseado em
suspeita justificada, conforme seção 2 desta subparte, item 2.2.

1.2 A empresa/OM responsável deve manter em arquivo, em papel ou mídia eletrônica, por 5
(cinco) anos, os documentos que comprovem o atendimento dos requisitos desta subparte.

1.3 A empresa/OM responsável deve distribuir e exibir o material informativo conforme o


item 2.1 da seção 2 desta subparte.

1.4 Todos os ATCO e OEA devem passar pelo programa de educação.

1.5 A empresa/OM responsável deve fornecer atualização do programa de educação aos


ATCO e OEA, no mínimo, a cada 5 (cinco) anos.

1.6 A empresa/OM responsável deve fornecer treinamento de atualização a cada 5 (cinco)


anos aos Supervisores Treinados para Encaminhamento a ETSP.

1.7 A empresa/OM responsável deve discriminar na documentação dos programas de


treinamento os indivíduos treinados para a atribuição de Supervisores Treinados para
Encaminhamento a ETSP.

1.8 O desenvolvimento, a elaboração do conteúdo e a execução do subprograma de educação


não precisam ser coordenados pelo ESP ou profissional com formação equivalente, desde que
os temas contemplados pela seção 2, item 2.1, alíneas “a” a “l”, desta subparte sejam tratados
a partir das orientações do DECEA publicamente divulgadas.

1.9 O treinamento previsto no subprograma de educação pode ser ministrado na modalidade


presencial ou a distância.

2 CONTEÚDO DO SUBPROGRAMA DE EDUCAÇÃO

2.1 O material educacional voltado para ATCO e OEA deve incluir:

a) informação de que os ETSP são exigidos por esta Instrução;


ICA 63-50 15/30

b) as categorias de ARSO abrangidas pelo programa (ATCO e OEA);


c) as circunstâncias em que um ETSP é requerido;
d) procedimentos dos ETSP;
e) informações relativas ao rol de substâncias psicoativas a serem testadas;
f) informações relativas às substâncias, incluindo medicamentos acompanhados
ou não de prescrição médica, de uso restrito para ATCO e OEA;
g) política relativa ao uso de substância psicoativa no ambiente de trabalho;
h) indicação do nome de pessoas designadas para tirar dúvidas sobre o programa;
i) explicação do que constitui uma recusa em submeter-se ao ETSP e suas
consequências;
j) informações sobre resultado positivo e suas consequências;
k) informações sobre o programa de resposta a evento impeditivo; e
l) informações gerais sobre os:
˗ efeitos do uso de substâncias psicoativas na saúde, no trabalho e na vida
pessoal do indivíduo;
˗ sinais e sintomas do uso nocivo e de dependência de substâncias
psicoativas; e
˗ métodos de tratamento disponíveis na comunidade para resolução de
problemas associados ao uso de substâncias psicoativas.

2.2 O conteúdo do material educacional específico de instrução de Supervisores Treinados


para Encaminhamento a ETSP deve conter a identificação de indicadores físicos,
comportamentais e de desempenho para a realização de observações específicas, atuais e
articuladas visando ao encaminhamento a exame por suspeita justificada.

SUBPARTE B – SUBPROGRAMA DE EXAMES TOXICOLÓGICOS


DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

1 GERAL

1.1 Toda empresa/OM responsável deve submeter aos ETSP os ATCO e OEA de acordo com
o previsto nesta subparte.

1.2 O ETSP deverá ser utilizado para avaliar o cumprimento do estabelecido no item 1.6, “a”,
desta Instrução. Admite-se o uso de exames que avaliem o uso recente de substâncias
psicoativas.

1.3 O ATCO e o OEA somente poderão ser conduzidos a um ETSP enquanto cumprem sua
jornada de trabalho, exceto no caso do ETSP admissional.

1.4 O PPSP deve conter os procedimentos utilizados para:

a) coleta, manuseio e armazenamento das amostras para os ETSP;


b) realização dos ETSP, incluindo as matrizes biológicas utilizadas e os níveis
de corte adotados;
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c) notificação pelo médico revisor de um resultado positivo e de um resultado


positivo não referendado ao indivíduo examinado; e
d) garantia da integridade das amostras, utilizando-se para este fim procedimentos
de cadeia de custódia.

1.5 O medidor de alcoolemia – etilômetro – deve ser utilizado conforme limites e condições
estabelecidos pela legislação metrológica em vigor. Devem ser observados os seguintes
requisitos:

a) Ser aprovado na verificação metrológica inicial realizada pelo Instituto


Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) ou órgão da
Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade (RBMLQ);
b) Ser aprovado na verificação periódica anual realizada pelo INMETRO ou
RBMLQ; e
c) Ser aprovado em inspeção em serviço ou eventual, conforme determina a
legislação metrológica vigente.

1.6 Os ETSP deverão incluir, para a caracterização de um resultado positivo, sua confirmação
pela técnica de espectrometria de massa. Esse requisito não se aplica ao uso do etilômetro.

1.7 O ATCO e OEA com um resultado positivo, após a confirmação pela técnica de
espectrometria de massa, deverão ser encaminhados imediatamente para inspeção de saúde nas
Juntas de Saúde da Aeronáutica com a finalidade de serem submetidos a uma “INSPEÇÃO
PARA VERIFICAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE”, de acordo com o preconizado na ICA 63-
15, item 2.2.17.

1.8 A empresa/OM responsável somente poderá contratar os serviços de um laboratório para


ETSP que seja acreditado:

a) pela Coordenação-Geral de Acreditação (CGCRE) – INMETRO;


b) pelo Sistema Nacional de Acreditação segundo requisitos da Sociedade
Brasileira de Análises Clínicas – Sistema DICQ-SBAC;
c) pelo Sistema Nacional de Acreditação segundo requisitos da Organização
Nacional de Acreditação – Sistema DICQ-ONA;
d) pelo Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) da
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
(SBPC/ML); ou
e) por um organismo acreditador que faça parte do Multilateral Agreement
(MLA) do International Laboratory Accreditation Cooperation (ILAC).
1.8.1 Deve ser garantido ao ATCO e OEA o direito à contraprova para um resultado laboratorial
positivo.
1.8.2 A análise de contraprova deve ser realizada segundo os padrões usados na obtenção do
resultado positivo.

1.9 Previamente à realização de qualquer ETSP, o ATCO e o OEA devem ser informados de
seu direito à recusa de submeter-se ao ETSP e das consequências dessa recusa.
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2 FUNÇÕES E REQUISITOS DO MÉDICO REVISOR

2.1 A empresa/OM responsável deve designar um médico revisor para desempenhar as


seguintes funções:

a) Encaminhar, imediatamente, o ATCO e o OEA com um resultado positivo


para inspeção de saúde nas Juntas de Saúde da Aeronáutica com a finalidade
de serem submetidos a uma “INSPEÇÃO PARA VERIFICAÇÃO DO
ESTADO DE SAÚDE”, de acordo com o preconizado na ICA 63-15, item
2.2.17.
b) Determinar se o resultado positivo não referendado de um ETSP é devido a
um tratamento legítimo ou outra fonte inócua;
c) Avaliar se um indivíduo não pôde realizar um ETSP por não poder produzir
a amostra corporal necessária em razão de uma condição médica específica;
NOTA: Demais funções relativas aos ETSP e às responsabilidades estão
descritas nas seções 6 e 7 desta subparte.
d) Notificar conforme seção 1 desta subparte, item 1.4, “c”.

3 SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS CONSIDERADAS PARA TESTAGEM

3.1 As substâncias psicoativas a serem testadas em cada ETSP, independentemente do tipo,


são:

a) álcool;
b) metabólitos de opiáceos;
c) metabólitos de canabinoides;
d) metabólitos de cocaína; e
e) anfetaminas/metanfetaminas/metilenodioximetanfetamina/metilenodioxi-
anfetamina.

3.2 O médico revisor deve possuir diploma registrado no MEC e registro profissional válido
e vigente que o habilitem ao exercício da medicina.

4 TERMO DE CONSENTIMENTO

A empresa/OM responsável deve requerer ao ATCO e/ou ao OEA a assinatura


de um termo de consentimento específico para cada ETSP a ser realizado e para cada uma das
movimentações, requeridas por esta subparte, da amostra corporal ao laboratório e da circulação
das informações referentes aos ETSP deste empregado.

5 TIPOS DE EXAMES TOXICOLÓGICOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

5.1 ETSP prévio

Toda empresa responsável deve conduzir ETSP prévios, conforme os seguintes


requisitos:
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a) Nenhuma empresa/OM responsável deve contratar qualquer ATCO e/ou


OEA para o desempenho de ARSO, a não ser que conduza um ETSP prévio
e receba um resultado negativo para este indivíduo, conforme previsto na
ICA 63-15, itens 3.5.3 e 3.5.3.6;
b) A empresa/OM responsável deve realizar um ETSP prévio antes que o novo
ATCO e OEA desempenhem uma ARSO pela primeira vez;
c) A empresa/OM responsável deve realizar um ETSP prévio se um ATCO e
OEA forem realocados de uma atividade que não é de risco à segurança
operacional para uma ARSO;
d) Empresas/OM responsáveis devem conduzir outro ETSP prévio e receber
um resultado negativo antes de contratar ou alocar um ATCO e/ou OEA para
desempenhar uma ARSO se mais de 180 dias transcorreram entre o ETSP
prévio requerido no item 5.1, “b” e “c” desta seção e o início do desempenho
de ARSO por este indivíduo;
e) Antes de contratar ou alocar um indivíduo para desempenhar a atividade de
ATCO e OEA, a empresa/OM responsável deve notificar previamente este
indivíduo de que a ele será requisitado um ETSP prévio; e
f) A empresa/OM responsável deve requerer que o indivíduo demonstre
ciência da política relacionada ao PPSP da empresa responsável antes de
realizar o ETSP prévio, conforme seção 4 desta subparte.

5.2 ETSP aleatório

Toda empresa/OM responsável deve conduzir ETSP aleatórios, conforme os


seguintes requisitos:

a) A taxa percentual mínima anual de ATCO e/ou OEA examinados de forma


aleatória deverá ser:
˗ 50% (cinquenta por cento), para uma empresa/OM responsável que possui
até 500 (quinhentos) ATCO e/ou OEA, inclusive;
˗ 28% (vinte e oito por cento) ou 250 (duzentos e cinquenta) ETSP, o que
for maior, para uma empresa/OM responsável que possui de 501
(quinhentos e um) a 2000 (dois mil) empregados ATCO e OEA, inclusive;
e
˗ 7% (sete por cento) ou 560 (quinhentos e sessenta) ETSP, o que for maior,
para uma empresa/OM responsável que possui mais de 2000 (dois mil)
empregados ATCO e OEA;

b) A metodologia eleita para o ETSP aleatório deve garantir uma seleção isenta
e imparcial da pessoa a ser testada, devendo identificar claramente cada
pessoa de forma única e ser auditável;
c) Cada ATCO e OEA deve ter a mesma chance de ser selecionado a cada vez
em que é realizada a seleção;
d) A empresa/OM responsável deve selecionar e examinar uma taxa percentual
anualizada de ATCO e OEA igual ou maior à taxa mínima e deve dividir o
número de resultados de ETSP aleatórios realizados pelo número médio de
ICA 63-50 19/30

ATCO e OEA para determinar se alcançou a taxa mínima anual, conforme


alíneas “a” e c” deste item;
e) Toda empresa responsável deve certificar-se de que os ETSP aleatórios
conduzidos sob esta subparte não sejam previamente anunciados e que as
datas para as realizações desses ETSP sejam distribuídas de forma não
regular durante o ano;
f) Toda empresa/OM responsável deve requerer que o ATCO e o OEA,
selecionados para um ETSP aleatório, desloquem-se para o local de coleta
imediatamente, considerando que:
˗ se o ATCO e OEA selecionados para um ETSP aleatório estiverem
desempenhando uma ARSO no momento da seleção, eles deverão, tão
logo seja possível, ser encaminhados para o ETSP; e
˗ a notificação requerida ao ATCO e OEA para que se dirijam ao local de
coleta da amostra deverá ser feita assim que eles estiverem disponíveis
para comparecer ao local de coleta.
g) Para o primeiro ano de implementação do programa, a taxa percentual anual
deve ser ajustada proporcionalmente ao período, desde a implementação do
programa até 1º de janeiro do ano seguinte.

5.3 ETSP pós-acidente: toda empresa/OM responsável deve conduzir ETSP pós-acidente,
conforme os seguintes requisitos:

a) Após a ocorrência de acidente e/ou incidente aeronáutico grave, a


empresa/OM responsável deve encaminhar o ATCO e o OEA para uma
inspeção de saúde e realização de ETSP, de acordo com o preconizado na
ICA 63-15, item 3.20, se houver condições adequadas;
b) Nenhum ATCO e OEA requerido a realizar um ETSP pós-acidente e/ou
incidente aeronáutico grave poderá consumir substância psicoativa até que o
referido exame seja conduzido, considerando que haja condições adequadas;
c) Nada nesta seção pode ser usado para atrasar ou impedir a atenção médica
necessária para algum indivíduo envolvido em acidente e/ou incidente
aeronáutico grave; e
d) As condições adequadas para realizar um ETSP pós-acidente mencionadas
acima incluem:
˗ a não introdução de empecilhos ou atrasos a um atendimento médico
necessário; e
˗ que não tenham decorrido:
· 8 (oito) horas do acidente, para exame de concentração de álcool; e
· 32 (trinta e duas) horas do acidente, para outras substâncias psicoativas.

5.4 ETSP baseado em suspeita justificada: toda empresa/OM responsável deve conduzir
ETSP baseados em suspeita justificada, conforme os seguintes requisitos:

a) A empresa/OM responsável deve conduzir o ATCO e o OEA ao ETSP se


houver suspeita justificada de que ele está sob influência de substância
psicoativa;
20/30 ICA 63-50

b) A suspeita justificada deve ser fundada em observações específicas, atuais e


articuladas, justificadas por escrito, com base em indicadores físicos,
comportamentais e de desempenho;
c) a decisão de examinar um ATCO e OEA deve se basear em suspeita
justificada, realizada por um Supervisor Treinado para Encaminhamento ao
ETSP;
d) o supervisor que determina a existência de suspeita justificada não deve
realizar o ETSP no ATCO e OEA; e
e) na ausência de um ETSP, nenhuma empresa/OM responsável pode tomar
medidas no âmbito desta Instrução com base exclusivamente na suspeita
justificada.

5.5 ETSP de retorno ao serviço após um evento impeditivo: uma empresa/OM responsável,
antes de permitir que o ATCO e o OEA voltem a desempenhar uma ARSO após um evento
impeditivo, deve submetê-los a uma inspeção para verificação do estado de saúde, de acordo
com o item 2.2.17 da ICA 63-15, e obter um resultado negativo no ETSP para este indivíduo.
O ETSP de retorno ao serviço não deve ocorrer até que o ESP da empresa responsável tenha
determinado que o indivíduo cumpriu as recomendações feitas a ele, conforme subparte C desta
Instrução.

5.6 ETSP de acompanhamento após evento impeditivo: toda empresa/OM responsável deve
conduzir ETSP de acompanhamento após evento impeditivo, conforme os seguintes requisitos:

a) A empresa/OM responsável deve realizar ETSP não anunciados para todos


os ATCO e OEA que estejam voltando a desempenhar a atividade de ATCO
e OEA, após evento impeditivo;
b) O número e frequência de tais ETSP devem ser determinados pelo ESP da
empresa/OM responsável (ou ESP contratado pela empresa responsável) e,
deve conter no mínimo 6 (seis) ETSP nos primeiros 12 (doze) meses
seguintes ao retorno ao serviço;
c) Os ETSP de acompanhamento após evento impeditivo não devem exceder
60 (sessenta) meses a contar da data de retorno ao serviço do indivíduo que
desempenhará uma ARSO. O ESP da empresa/OM responsável pode
cancelar os ETSP de acompanhamento a qualquer momento se determinar
que tais ETSP não são mais necessários, desde que, no mínimo, 6 (seis)
ETSP nos primeiros 12 (doze) meses tenham sido conduzidos; e
d) Os ATCO e OEA que estiverem sendo submetidos aos ETSP de
acompanhamento após evento impeditivo devem ser excluídos do conjunto
de ATCO e OEA elegíveis para a realização de ETSP aleatórios e devem
retornar ao conjunto imediatamente após o término da série de ETSP de
acompanhamento programada.

6 RETENÇÃO DE DOCUMENTOS PELA EMPRESA RESPONSÁVEL

A empresa/OM responsável deve manter em local seguro, de acesso controlado,


em papel ou mídia eletrônica, por um período de 5 (cinco) anos:
ICA 63-50 21/30

a) documentos apresentados pelo empregado abrangido nesta Instrução, que se


contrapõem ao resultado dos ETSP sob esta subparte;
b) registros e notificações relacionados a qualquer evento impeditivo; e
c) demais documentos que comprovem o cumprimento dos requisitos desta
subparte.

7 RETENÇÃO DE DOCUMENTOS PELO MÉDICO REVISOR

Registros sobre resultados de ETSP avaliados pelo médico revisor devem ser
mantidos por ele por 5 (cinco) anos em papel ou mídia eletrônica. Se a empresa/OM responsável
mudar o médico revisor por qualquer motivo, a empresa/OM responsável deve assegurar que o
antigo médico revisor encaminhe todos os registros mantidos de acordo com esta seção ao novo
médico revisor.

8 CONFIDENCIALIDADE DE DOCUMENTOS E ACESSO AOS REGISTROS

8.1 Exceto como requerido em lei, ou expressamente autorizado, ou requerido nesta subparte,
nenhuma empresa/OM responsável ou médico revisor deve divulgar ou permitir o acesso a
informações sobre ATCO e OEA que estejam contidas em registros requeridos a serem
mantidos sob esta subparte.

8.2 O ATCO e o OEA podem, por meio de requerimento escrito, ter vistas e obter cópias de
quaisquer registros pertinentes aos ETSP aos quais foram submetidos.

SUBPARTE C – SUBPROGRAMA DE RESPOSTA A EVENTO IMPEDITIVO

1 GERAL

Após um evento impeditivo, a empresa/OM responsável, antes de permitir o


retorno do ATCO e OEA envolvidos no desempenho da atividade, deve incluí-los no
subprograma de resposta a evento impeditivo, conforme esta subparte, que inclui as seguintes
medidas:

a) Avaliação abrangente por um ESP;


b) Recomendação pelo ESP de uma ou mais das seguintes ações:
˗ orientação sobre normas e requisitos de segurança operacional da
aviação civil;
˗ aconselhamento terapêutico profissional, por profissional habilitado;
˗ psicoterapia;
˗ farmacoterapia;
˗ programa de tratamento em regime ambulatorial; e
˗ programa de tratamento em regime de internação.

c) A empresa/OM responsável deve permitir que o indivíduo cumpra o


encaminhamento proposto;
d) O ESP deverá produzir relatórios e mantê-los arquivados, em papel ou mídia
eletrônica, por um período de 5 (cinco) anos;
22/30 ICA 63-50

e) O método de cumprimento do Programa de Resposta a Evento Impeditivo


da empresa responsável deve estar descrito no PPSP desta empresa
responsável.

f) Quando do retorno ao serviço o ATCO/OEA deverá ser submetido ao ETSP


de acompanhamento após evento impeditivo, conforme o item 5.6, da
subparte B.

2 REQUISITOS DO ESP

2.1 O ESP deve ser detentor de diploma devidamente registrado no MEC e registro
profissional em conselho de classe válido e vigente que garantam a ele prerrogativa de
realização de avaliação abrangente.

2.2 Além da formação básica e do registro profissional, o ESP deve ter, com relação ao
tratamento dos transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, dependência química
ou equivalentes, no mínimo:

a) 2 (dois) anos de experiência de trabalho; ou


b) curso de extensão cujo currículo perfaça no mínimo 90 (noventa) horas e 1
(um) ano de experiência de trabalho; ou
c) diploma de curso de pós-graduação, lato ou stricto sensu (especialização,
mestrado ou doutorado), reconhecido pelo MEC.
ICA 63-50 23/30

4 RESPONSABILIDADES COM O PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO RISCO


ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS PARA
CONTROLADORES DE TRÁFEGO AÉREO E OPERADORES DE ESTAÇÃO
AERONÁUTICA

As organizações militares subordinadas ao DECEA, as organizações militares


externas ao COMAER e as empresas civis prestadoras de serviço de controle do tráfego aéreo
pertencentes ao escopo devem:

a) ter suas linhas de responsabilidade bem definidas no Programa de Prevenção


ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas para ATCO e OEA, com
pessoas formalmente identificadas e com atribuições específicas, publicadas
em documentos internos;
b) definir, documentar e comunicar a todos os interessados as funções e as
responsabilidades relativas ao Programa de Prevenção ao Uso Indevido de
Substâncias Psicoativas para ATCO e OEA; e
c) manter o SDAD informado e atualizado sobre todos os aspectos inerentes à
implementação, composição e manutenção do Programa de Prevenção ao
Uso Indevido de Substâncias Psicoativas para ATCO e OEA.
24/30 ICA 63-50

5 DISPOSIÇÕES FINAIS

5.1 RECURSOS

Sem prejuízo do preconizado nesta legislação, a execução das ações


estabelecidas nesta Norma, quando do âmbito do COMAER, será custeada pela Diretoria de
Saúde da Aeronáutica. Quando fora do âmbito do COMAER, pelas Organizações Militares
externas e pelas empresas civis, prestadoras de serviço de controle do tráfego aéreo.

5.2 SUPERVISÃO

A supervisão do cumprimento desta Norma é de competência do SDAD do


DECEA, por intermédio da DAIN, mediante a autoridade médica do órgão licenciador.

5.3 DIVULGAÇÃO

Para surtir o efeito desejado, esta Norma, bem como seus Objetivos, devem ser
divulgados, compreendidos e atendidos por todas as Organizações Militares subordinadas ao
DECEA, pelas Organizações Militares externas ao COMAER e pelas empresas civis,
prestadoras de serviço de controle do tráfego aéreo.

5.4 CASOS NÃO PREVISTOS

Os casos não previstos nesta Norma serão submetidos à apreciação do Diretor-


Geral do DECEA, por intermédio do Chefe do SDAD.
ICA 63-50 25/30

REFERÊNCIAS

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Comando-Geral do Pessoal. Plano de Enfrentamento ao


Uso de Drogas no Comando da Aeronáutica: DCA 160-1. Rio de Janeiro, 2020.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Comando-Geral do Pessoal. Abordagem do Uso Indevido


de Substâncias Psicoativas na Aeronáutica: NSCA 160-14. Rio de Janeiro, 2023.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Inspeção de


Saúde e Certificado Médico para ATCO e OEA: ICA 63-15. Rio de Janeiro, 2023.

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Diretoria de Saúde da Aeronáutica. Programa de


Monitoramento do Uso Indevido de Substâncias Psicoativas na Aeronáutica: Ordem Técnica
nº 015. Rio de Janeiro, 2023.

CANADA. International Civil Aviation Organization. Annex 1 to the Convention on


International Civil Aviation: Personnel licensing. 11st. ed. Montreal, 2011.

CANADA. International Civil Aviation Organization. Manual of Civil Aviation Medicine.


Doc 8984. 3rd. ed. Montreal, 2012.

PERU. Sistema Regional de Cooperación para la Vigilancia de la Seguridad Operacional. LAR


67 – Reglamento Aeronáutico Latinoamericano: Normas para el Otorgamiento del
Certificado Médico Aeronáutico. 4. ed. Enmienda 12. Lima, 2023.

PERU. Sistema Regional de Cooperación para la Vigilancia de la Seguridad Operacional. LAR


120 – Reglamento Aeronáutico Latinoamericano: Prevención y Control del Consumo
Indebido de Sustancias Psicoactivas en el Personal Aeronáutico. 2 ed. Lima, 2023.
26/30 ICA 63-50

Anexo A - Relatório de Atividades do Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso


Indevido de Substâncias Psicoativas para Controladores de Tráfego Aéreo e
Operadores de Estação Aeronáutica

Este relatório deverá ser utilizado por todas as OM da FAB e empresas privadas,
empregadoras de ATCO e OEA, subordinadas ao DECEA, para avaliação do cumprimento da
Ordem Técnica nº 015/DIRSA/2023, de 19 de junho de 2023, e da ICA 63-50, do DECEA. O
envio deste relatório deverá seguir a cadeia de Comando, via SIGADAER, sendo direcionado
para o Subdepartamento de Administração do DECEA. Os campos efetivamente a serem
preenchidos são os “cálculos” das tabelas de Indicadores Quantitativos, a composição do
Programa de Testagem de Substâncias Psicoativas e o campo “observações”. Este relatório
deverá ser remetido ao DECEA semestralmente, até o dia 15 de julho e 15 de dezembro de cada
ano. Não poderão constar no relatório informações pessoais dos ATCO ou OEA, visto que se
trata de um documento para fins de envio ao órgão administrativo.

Organização Militar/Empresa Organização-Sede Semestre/Ano

I – RESULTADOS DO PROGRAMA – INDICADORES QUANTITATIVOS

1 – PROPORÇÃO DE ATCO E OEA SUBMETIDOS AO SUBPROGRAMA DE


RESPOSTA A EVENTOS IMPEDITIVOS EM RELAÇÃO AOS EVENTOS
IMPEDITIVOS OCORRIDOS

PROPORÇÃO SUBMETIDA AO SUBPROGRAMA


DE RESPOSTA A EVENTOS IMPEDITIVOS
ATCO
OEA
TOTAL

Legenda:
Evento Impeditivo
Ocorrência para um indivíduo de um resultado positivo para um ETSP ou de uma recusa em
submeter-se a um ETSP.

Subprograma de Resposta a eventos impeditivos


Após um evento impeditivo, uma empresa/OM responsável, antes de permitir o retorno do
ATCO e OEA envolvidos ao desempenho da atividade, deve incluí-los no subprograma de
resposta a evento impeditivo, conforme a subparte C da ICA 63-50.

2 – PROPORÇÃO DE RETORNO AO SERVIÇO DE ATCO E OEA EM


RELAÇÃO AO TOTAL DE ATCO E OEA SUBMETIDOS AO SUBPROGRAMA DE
RESPOSTA A EVENTOS IMPEDITIVOS

PROPORÇÃO DE RETORNO AO SERVIÇO


ATCO
OEA
EVENTOS IMPEDITIVOS TOTAIS
ICA 63-50 27/30

Legenda:
Subprograma de Resposta a eventos impeditivos
Após um evento impeditivo, uma empresa responsável, antes de permitir o retorno do ATCO e
OEA envolvidos ao desempenho da atividade, deve incluí-los no subprograma de resposta a
evento impeditivo, conforme a subparte C da ICA 63-50.

3 – QUANTIDADE DE ATCO E OEA TOTAL E A QUANTIDADE DE ATCO


E OEA SUBMETIDOS AOS ETSP (PRÉVIO, ALEATÓRIO, PÓS-ACIDENTE,
BASEADO EM SUSPEITA JUSTIFICADA, DE RETORNO AO SERVIÇO, DE
ACOMPANHAMENTO) REALIZADOS NO PERÍODO.

TOTAL PRÉVIO ALEATÓRIO PÓS- BASEADO EM RETORNO ACOMPANHAMENTO


ACIDENTE SUSPEITA AO
JUSTIFICADA SERVIÇO
ATCO
OEA

TOTAL

Legenda:
Consultar ICA 63-50, subparte B, seção 5 – “Tipos de Exame Toxicológico de Substâncias
Psicoativas”.

II – COMPOSIÇÃO DO PROGRAMA DE TESTAGEM DE SUBSTÂNCIAS


PSICOATIVAS

1 – NOME DO REPRESENTANTE DESIGNADO DA EMPRESA/OM, DO


SUPERVISOR TREINADO E DO MÉDICO REVISOR

NOME
REPRESENTANTE DESIGNADO
DA EMPRESA

SUPERVISOR TREINADO

MÉDICO REVISOR

Legenda:

Representante Designado
Pessoa física designada pela empresa/OM responsável, dentre seus empregados, que terá
autoridade e responsabilidade para responder pelo programa, pelo cumprimento dos requisitos
desta Norma e pela prestação de contas, sem prejuízo da responsabilidade final da empresa
responsável.

Supervisor Treinado
As empresas/OM responsáveis deverão treinar supervisores para a atribuição de Supervisor
Treinado para Encaminhamento a ETSP. O supervisor treinado terá a atribuição de encaminhar
empregados à realização de Exame Toxicológico de Substâncias Psicoativas (ETSP) baseado
em suspeita justificada.
28/30 ICA 63-50

Médico Revisor
Profissional médico devidamente habilitado para referendar um resultado positivo para um
ETSP requerido e para desempenhar as funções descritas na subparte B, seção 2, da ICA 63-
50.

III – OBSERVAÇÕES

Rio de Janeiro, de de .

Assinatura do Médico Revisor

DE ACORDO:

Comandante do Regional/Diretor da Empresa


ICA 63-50 29/30

Anexo B - Modelo de Termo de Consentimento à Participação no Subprograma de


Exames Toxicológicos de Substâncias Psicoativas para Controladores de
Tráfego Aéreo e Operadores de Estação Aeronáutica

Eu, ____________________________________________, declaro ter conhecimento


(Posto/Graduação/Especialidade e nome) de que serei submetido ao PROGRAMA DE
PREVENÇÃO DO RISCO ASSOCIADO AO USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS PARA CONTROLADORES DE TRÁFEGO AÉREO E OPERADORES DE
ESTAÇÃO AERONÁUTICA, de acordo com o preconizado na ICA 63-50, do DECEA.

Local e data

________________________

Assinatura

_________________________ _________________________

Testemunha Testemunha
30/30 ICA 63-50

Anexo C - Modelo de Termo de Recusa à Participação no Subprograma de Exames


Toxicológicos de Substâncias Psicoativas para Controladores de Tráfego Aéreo
e Operadores de Estação Aeronáutica

Eu, ____________________________________________, declaro ter conhecimento de que:

(Posto/Graduação/Especialidade e Nome)

a) A recusa em submeter-se a um ETSP implica a suspensão da licença de ATCO e OEA no


SGPO.
b) Nesse caso, o ATCO e o OEA serão encaminhados, imediatamente, para uma inspeção de
saúde nas Juntas de Saúde da Aeronáutica, com a finalidade de serem submetidos a uma
“INSPEÇÃO PARA VERIFICAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE”, de acordo com o
preconizado na ICA 63-50, item 2.2.17.
c) Não será considerado como recusa em submeter-se ao ETSP quando um indivíduo, por
razões médicas avaliadas por um médico revisor, não conseguir fornecer amostra corporal
para um ETSP.
d) Será considerada recusa se o ATCO e/ou o OEA interferiu ou tentou interferir na
integridade da amostra corporal necessária ao ETSP requerido.

Local e data

________________________

Assinatura

_________________________ _________________________

Testemunha Testemunha

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