Você está na página 1de 55

sacigógadep-ocitádid sanicifo ed sévarta arielisarb-orfa edaditnedi ad otnemicelatrof oa odacilpa onisne O

O ENSINO APLICADO AO FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE

AFRO-BRASILEIRA ATRAVÉS DE

Oficinas
didático-
pedagógicas

O R G A N I Z A D O R E S :

A N A C R I S T I N A S I L V A D A X E N B E R G E R

E R O S I V A L D O G O M E S D E S Á S O B R I N H O
ANA CRISTINA SILVA DAXENBERGER

ROSIVALDO GOMES DE SÁ SOBRINHO

(Organizadores)

O ENSINO APLICADO AO FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE


AFROBRASILEIRA ATRAVÉS DE OFICINAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS

Universidade Federal da Paraíba


Areia
2021
Projeto PROBEX
“Fortalecimento da identidade afro-brasileira e enfrentamento do racismo: construindo novas
relações sociais”

Projeto PROLICEN

“Formação docente na perspectiva da educação das relações étnico-raciais: contribuindo para


as discussões dos aspectos exigidos pelas leis 10.639/2003 e 11.645/2008”
Universidade Federal da Paraíba
Pró-Reitoria de Graduação
Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais - DCFS

PROBEX: “Fortalecimento da identidade afro-brasileira e enfrentamento do racismo:


construindo novas relações sociais”

Coordenadores:
Ana Cristina Silva Daxenberger
Rosivaldo Gomes de Sá Sobrinho

Bolsista:
Aline Honório da Costa
Voluntários:
Laila dos Santos Pereira
Maria Eduarda Macena dos Santos
Nathan Schineider Ferreira Lopes

PROLICEN: “Formação docente na perspectiva da educação das relações étnico-raciais:


contribuindo para as discussões dos aspectos exigidos pelas leis 10.639/2003 e 11.645/2008”

Coordenadores:
Ana Cristina Silva Daxenberger
Rosivaldo Gomes de Sá Sobrinho

Bolsistas:
Acsa Veras Nogueira Ferreira
Mariana Travassos Duarte Lima
Colaboradores:
Andreia de Sousa Guimarães
Angela Cristina Alves Balbino
Cauby Dantas
Eduardo Fernandes de Araújo
José Antônio Novaes da Silva
Kalline de Almeida Alves Carneiro
Marcos Pimentel Pequeno
Maria Lorena de Assis Candido
Maria Luzitana Conceição dos Santos
Solange Pereira da Rocha
Wilson José Félix Xavier

Revisoras:
Andreia de Sousa Guimarães
Kalline de Almeida Alves Carneiro
ANA CRISTINA SILVA DAXENBERGER

ROSIVALDO GOMES DE SÁ SOBRINHO

(Organizadores)

O ENSINO APLICADO AO FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE


AFROBRASILEIRA ATRAVÉS DE OFICINAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS

Universidade Federal da Paraíba


Areia
2021
APRESENTAÇÃO

Prezados (as) Professores e Professoras, saudações!

Estamos felizes por vocês terem escolhido esse material como consulta e base de trabalhos
pedagógicos relacionados à temática de enfrentamento ao racismo e a construção de práticas
educativas e sociais que valorizem a diversidade cultural brasileira, reconhecendo as
contribuições dos povos africanos e seus descendentes na construção da sociedade brasileira.

Esse workbook foi construído com a intencionalidade de socializarmos orientações


didático-pedagógicas que possam ser desenvolvidas por meio de oficinas, com o objetivo de
construirmos práticas exitosas antirracistas. Para isso, organizamos esse material no formato de
módulos para que os (as) professores e professoras possam desenvolver ações educativas,
adaptando-as a sua realidade regional.

A ideia nasceu por estarmos, desde 2011, trabalhando com a temática por meio de ações
extensionistas, na região do Brejo Paraibano, cerca de 130km da capital do estado. As ações
iniciaram, com um projeto de pesquisa financiado pela CNPq junto às Comunidades
Quilombolas de Areia e depois continuaram financiadas pela Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), a partir de projetos extensionistas nas escolas ao entorno da cidade de Areia/PB.

Com a experiência adquirida na área, entendemos que a necessidade em socializarmos as


ideias para a construção de ações antirracistas nas escolas e oferecer formação continuada aos
professores e professoras das redes pública e privada. Considerando que as escolas são um dos
espaços sociais mais importantes na formação da criança, compreendemos ser oportuno aos
profissionais da educação o conhecimento e a atualização sobre os aspectos históricos e
socioculturais da população afro-brasileira, de maneira a desenvolver um currículo decolonial
e reconstruir a imagem desses sujeitos que, por muitos anos, foram silenciados ou tratados como
personalidades inferiores aos demais membros da sociedade brasileira.

Sendo assim, em 2021, como projeto de extensão “Fortalecimento da Identidade afro-


brasileira e o enfrentamento do racismo: construindo novas relações sociais”, financiado pelo
edital Probex, via Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade Federal
da Paraíba (UFPB), formulamos o novo projeto buscando desenvolver ações para fortalecer a
autoafirmação da identidade afro-brasileira junto aos estudantes do ensino fundamental por
meio de postagens nas mídias sociais, bem como ofertar a formação docente aos interessados
na temática com momentos de discussão, debates e interações sociais. Todas ações do projeto
foram remotas em função da pandemia de Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2 ou Novo
Coronavírus, que atinge o mundo. Todavia, as propostas nesse workbook podem ser
desenvolvidas na modalidade presencial, remoto ou hibrida.

Dentre as temáticas de estudos e debates com os professores, tivemos a honra de termos


especialistas nacionais e internacionais abordando os seguintes temas: Identidade Afro-
brasileira, Música afro-brasileira, Dança e Movimento, Personalidades e Calendário, Religião,
Confecções das Bonecas Abayomi, Estética Capilar e Tranças e Turbantes.

Esse material também é resultado de pesquisas feitas pelos bolsistas e voluntários que
fazem parte do projeto, sob a orientação e supervisão de professores coordenadores e
colaboradores. Especificamente, esse workbook que compõe a formação docente está
organizado em sete módulos que se apresentam com a seguinte estruturação: finalidade que se
compreende na descrição sobre o que e os porquês pretendemos trabalhar com o tema proposto
no módulo; expectativa de aprendizagem que compreende os objetivos esperados a serem
alcançados pelos estudantes, conforme a BNCC; conteúdos, nos quais apresentamos as
diferentes categorias de aprendizagem, sejam eles conceituais, atitudinais e/ou procedimentos,
sempre em busca do fortalecimento da identidade afro-brasileira; procedimentos, no qual
elencamos orientações didáticas por meio da organização de uma sequência didática, contendo
o passo-a-passo como o (a) professor (a) poderá desenvolver as ações, com previsão temporal
para cada etapa do processo; recursos e materiais, sendo assim elencados os materiais e recursos
necessários para o desenvolvimento dos módulos; no item anexos foram inseridos links de
vídeos, documentários, livros, artigos e materiais diversos que o (a) professor (a) poderá fazer
uso como complemento da ação pedagógica sugerida; e por último, não menos importante,
apresentações mais detalhadas, para aqueles que querem aprofundar nos estudos sobre as
temáticas.

Devemos ressaltar que os módulos aqui apresentados atendem as orientações da BNCC


no tocante às competências abaixo. Especificamente, sobre o ensino fundamental as atividades
devem ser adaptadas e readequadas conforme a idade para alcançarem as competências.
Apontamos que todas as atividades podem ser desenvolvidas, observando-se o público local de
cada escola, buscando valorizar as origens e as personalidades locais de cada região. Quanto às
competências apresentadas na BNCC identificamos as seguintes: (EF67LP28) Ler, de forma
autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a
diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances
infanto-juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas,
narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em
quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas,
poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo
preferências por gêneros, temas, autores. (P.167)

(EF15AR25) Conhecer e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas


diversas, em especial a brasileira, incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e europeias,
de diferentes épocas, favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às
diferentes linguagens artísticas. (p.201)

(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas


diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de
diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes
linguagens artísticas. (p.209)

(EF05GE02) Identificar diferenças étnico-raciais e étnico-culturais e desigualdades sociais


entre grupos em diferentes territórios. (p.377)

(EF07GE04) Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando a


diversidade étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática), assim como aspectos de
renda, sexo e idade nas regiões brasileiras. (p.385)

(EF09GE14) Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e


esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e
informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e geopolíticas
mundiais. (p.393)

(EF03HI03) Identificar e comparar pontos de vista em relação a eventos significativos do local


em que vive, aspectos relacionados a condições sociais e à presença de diferentes grupos sociais
e culturais, com especial destaque para as culturas africanas, indígenas e de migrantes. (p. 409)

(EF05HI04) Associar a noção de cidadania com os princípios de respeito à diversidade, à


pluralidade e aos direitos humanos. (p. 413) Do ponto de vista mais geral, a abordagem se
vincula aos processos europeus, africanos, asiáticos e latino-americanos dos séculos XX e XXI,
reconhecendo-se especificidades e aproximações entre diversos eventos, incluindo a história
recente. (p. 416)
(EF07HI12) Identificar a distribuição territorial da população brasileira em diferentes épocas,
considerando a diversidade étnico-racial e étnico-cultural (indígena, africana, europeia e
asiática). (p. 421)

(EF07HI15) Discutir o conceito de escravidão moderna e suas distinções em relação ao


escravismo antigo e à servidão medieval.

(EF07HI16) Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas


diferentes fases, identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas
de procedência dos escravizados. (p. 421)

(EF08HI11) Identificar e explicar os protagonismos e a atuação de diferentes grupos sociais e


étnicos nas lutas de independência no Brasil, na América espanhola e no Haiti. (p. 423)

(EF08HI14) Discutir a noção da tutela dos grupos indígenas e a participação dos negros na
sociedade brasileira do final do período colonial, identificando permanências na forma de
preconceitos, estereótipos e violências sobre as populações indígenas e negras no Brasil e nas
Américas. (p. 423)

(EF08HI16) Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas


rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder centralizado. (p. 425)

(EF08HI19) Formular questionamentos sobre o legado da escravidão nas Américas, com base
na seleção e consulta de fontes de diferentes naturezas.

(EF08HI20) Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da atualidade com os legados
da escravidão no Brasil e discutir a importância de ações afirmativas. (p. 425)

(EF08HI23) Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o determinismo no


contexto do imperialismo europeu e seus impactos na África e na Ásia.

(EF08HI24) Reconhecer os principais produtos, utilizados pelos europeus, procedentes do


continente africano durante o imperialismo e analisar os impactos sobre as comunidades locais
na forma de organização e exploração econômica. (p. 425)

(EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós


abolição e avaliar os seus resultados.
(EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na formação econômica,
política e social do Brasil.

(EF09HI05) Identificar os processos de urbanização e modernização da sociedade brasileira e


avaliar suas contradições e impactos na região em que vive.

(EF09HI06) Identificar e discutir o papel do trabalhismo como força política, social e cultural
no Brasil, em diferentes escalas (nacional, regional, cidade, comunidade).

(EF09HI07) Identificar e explicar, em meio a lógicas de inclusão e exclusão, as pautas dos


povos indígenas, no contexto republicano (até 1964), e das populações afrodescendentes.

(EF09HI08) Identificar as transformações ocorridas no debate sobre as questões da diversidade


no Brasil durante o século XX e compreender o significado das mudanças de abordagem em
relação ao tema. (p. 427)

(EF09HI36) Identificar e discutir as diversidades identitárias e seus significados históricos no


início do século XXI, combatendo qualquer forma de preconceito e violência. (p. 431)

(EF05ER05) Identificar elementos da tradição oral nas culturas e religiosidades indígenas, afro-
brasileiras, ciganas, entre outras. (p. 449)

Ao final desse material encontra-se uma lista de obras que podem contribuir na formação
pessoal dos educadores e das educadoras, com textos de excelente qualidade escrita por
pensadores críticos que tratam a história do Brasil e sobre a população negra brasileira.

Desejamos a todos e todas uma boa leitura!

Profa. Ana Cristina Silva Daxenberger e Prof. Rosivaldo Gomes de Sá Sobrinho


SUMÁRIO

MÓDULO 1: IDENTIDADE AFRO-BRASILEIRA .............................................................14

MÓDULO 2: MÚSICA AFRO-BRASILEIRA .......................................................................17

MÓDULO 3: DANÇA E MOVIMENTO ...............................................................................27

MÓDULO 4: PERSONALIDADES E CALENDÁRIO .........................................................29

MÓDULO 5: RELIGIÃO ........................................................................................................34

MÓDULO 6: CONFECÇÃO DAS BONECAS ABAYOMI ..................................................42

MÓDULO 7: ESTÉTICA CAPILAR – TRANÇAS E TURBANTES ...................................50

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................54
WORKBOOK
14

MÓDULO 1 – Identidade afro-brasileira

Finalidade:

Promover ao educando o autoconhecimento, o reconhecimento e a


valorização da cultura afro-brasileira, realçando a importância da população
negra para a história do Brasil. Apresentar o multiculturalismo e a
diversidade étnico-cultural presente na nossa sociedade para assim ajudar
com estratégias capazes de romper com o preconceito presente no ambiente
escolar e social.

Expectativas de aprendizagem:

Que os educandos sejam capazes de pesquisar sobre suas origens a partir de


entrevistas com familiares e montagens de sua árvore genealógica,
valorizando suas raízes; assim como reconhecer a riqueza da cultura afro-
brasileira presente em nossa sociedade e observar a forte influência africana
em nossa cultura.

Conteúdos:

• Identidade
• Árvore genealógica
• Escrita autobiográfica
• Cultura afro-brasileira
• Contribuição da população negra para o desenvolvimento da
sociedade
• Enfrentamento ao racismo
• História sobre os povos africanos e seus descendentes.

Procedimentos:

Questionar aos educandos sobre a origem de suas famílias e a memória da


descendência deles, solicitando para que eles falem sobre a origem de seus
nomes, significados e relações de ancestralidade. (20 minutos)
WORKBOOK
15

Apresentar o tema para os educandos, através de textos relacionados sobre


os povos africanos que vieram para o Brasil durante a colonização e exibir
documentários e/ou filmes que retratam sobre a diáspora africana. (50 m)

Desenvolver com os educandos pesquisas sobre a história da população


negra na sua cidade através de entrevistas com os mais idosos, lideranças
comunitárias, religiosos, artistas, ou em jornais e registros disponíveis em
acervos locais. (50 min)

Desenvolver com os educandos uma pesquisa sobre sua árvore genealógica


através de conversas com seus familiares e idosos da comunidade. (50 min)
Depois auxilie os educandos na elaboração de texto sobre a importância da
população negra na sociedade (30 M)

Elaborar uma memória autobiográfica sobre os próprios educandos a


partir de depoimentos orais dos familiares. (50min)

Revisar a escrita dos educandos, estruturando o texto em um formato de


livro. (40m)

Apresentar palestras com a temática e fomentar debates acerca do tema


com personalidades locais dentro da escola, em que os educandos sejam
entrevistadores. (50 min)

Organizar a Mostra Cultural para apresentação dos livros dos educandos,


com dia de autógrafo. (3h)

Materiais e recursos:

• Jornais, revistas e registros no geral que tragam a temática


• Internet
• Depoimentos orais e/ou manuscritos
• Data show
• Textos que abordam a importância da população negra para a
sociedade
• Filmes, documentários e vídeos no geral que abordam o tema
WORKBOOK
16

Anexos:

Sugestões de vídeos:

https://youtu.be/MKXwVj35A94

Para saber mais:

https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/62
14
https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/55
77
https://www.seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/62 16
WORKBOOK
17

MÓDULO 2 – Música afro-brasileira

Finalidade:

Música é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que
ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto da sensibilidade
subjetiva quanto das interações sociais, como resultado de saberes e valores
diversos estabelecidos no domínio de cada cultura. (BRASIL, 2018, p. 196).

Assim, o presente módulo tem como objetivo instruir os educadores sobre


como trabalhar a temática de forma didática, de modo a fortalecer a
aplicação da Lei 10.639/03 nas escolas, trazendo informações relacionadas
à música como um elemento constituinte da cultura afro-brasileira, bem
como, evidenciando sua importância para a história, a cultura, os
movimentos de resistência afro-brasileira, e apresentar personalidades
representativas no campo musical, assim, inferir conhecimento e
proporcionar reflexões acerca das suas origens, execução e significado.
Soma-se a isso, a finalidade de levar o assunto às salas de aula, de maneira
diferenciada se tornando um estímulo aos pensamentos bem fundamentados
e livres de estereótipos e preconceitos raciais.

Expectativas de aprendizagem:

Que os educandos se sintam estimulados a praticar a vocalização e a


produção de sons com o próprio corpo e familiarizem aos ritmos das
músicas de matriz africana e afro-brasileira, de modo que se tornem capazes
de apreciar a diversidade étnica musical, bem como, desenvolver olhares
críticos às suas manifestações. Além de compreender, investigar, praticar e
analisar a importância, o significado e as questões sociais que envolvem a
música na cultura afro-brasileira, bem como, refletir sobre as provocações
e aplicabilidades no cotidiano de seus contextos educacionais, pessoais e
sociais.
WORKBOOK
18

Conteúdos:

1. Origem da música afro-brasileira

Sobre o histórico da música de matriz africana no Brasil, Thiago de Oliveira


ressalta:

Música pertence ao domínio cultural que se convencionou em definir como


imaterial. Esta imaterialidade da cultura já se encontra nos primórdios da
presença africana em solo brasileiro, pois quando conseguiam manter-se
vivos na travessia transatlântica, os africanos recém-chegados não
carregavam nada mais consigo do que ideias, crenças, concepções, dentre
as quais também a sua musicalidade. (PINTO, 2018, p.1)

Logo, os sequestros e as migrações forçadas de negros africanos de distintas


regiões da África para o Brasil em meados de 1550 durante o período
escravagista, trouxe consigo diversos costumes, crenças e tradições; além
da imensa bagagem de conhecimento e técnicas, não conhecidas pelos
brasileiros nativos, nem tampouco, pelos neocolonialistas que instauraram
um longo período de escravização neste país. Diante de tal cenário, os
negros escravizados eram proibidos de expressarem sua cultura, tanto pela
falta de tempo decorrida da longa jornada de trabalho, quanto pela opressão
exercida pelos seus donos. Contudo, os negros desenvolveram meios de
manter seus costumes, ainda que de forma muito dificultada. É o exemplo
da prática da capoeira, atividade de dança fundamentada não apenas na arte
e na musicalidade, mas também na resistência já que se tratava de uma
prática que essencialmente tinha como objetivo a luta e defesa. Segundo
Reis (1997, p. 19): “A capoeira é uma manifestação cultural brasileira
nascida em circunstâncias de luta por liberdade, nos tempos da escravidão”.

A capoeira tinha a vantagem de se assemelhar a uma dança e isso permitia


que treinassem, assim, não chamava a atenção de seus senhores. Se tratando
tanto da música quanto de outros elementos culturais afro-brasileiros, em
decorrência da destruição de uma rica documentação acerca do período de
WORKBOOK
19

escravidão no Brasil, muitas informações precisas foram destruídas,


restando apenas a propagação verbal das mesmas entre gerações.

2. A importância da música como elemento da cultura afro-brasileira

Acerca da importância da música no contexto africano, afirma Soyinka,


1982:

A música fazia parte integrante da vida social, domínio em que havia


penetrado a ponto de ser indispensável a diversas atividades, como curas,
casamentos, funerais, lavouras, partos, ritos iniciáticos e uma infinidade de
acontecimentos. Acreditava-se que o instrumento propriamente dito fosse
capaz de projetar seu som em direção ao céu e de estabelecer ligação com
o mundo dos espíritos, criando assim um laço entre as atividades dos vivos
e o mundo dos antepassados (SILVA, 2013).

Sabe-se hoje que uma das maneiras de manter vivos os contos, histórias e
crenças é a música, e se tratando da cultura afro-brasileira, não é diferente.
No passado, a música associada à capoeira funcionava como um disfarce,
onde o canto (ou ladainha) e os instrumentos (os berimbaus, os pandeiros,
o reco-reco, o agogô, e o tambor) marcam o ritmo e energia para a prática
que na condição de escravo, se fazia proibida. Logo, a música já não
significava apenas uma manifestação artística, mas também, um símbolo de
resistência. O canto presente nas músicas propriamente ditas e nas rodas de
capoeiras, desempenha um importante papel de contar histórias que
envolvem ancestralidade e crenças. Os instrumentos podem marcar
intensidade e efeitos sonoros distintos de acordo com a maneira com que é
utilizado, isso se aplica por exemplo, ao candomblé onde o responsável pelo
rum (tambor maior), utiliza do mesmo para se referir aos orixás. Em várias
culturas de matriz africana, a música não é apenas ouvida, mas também
sentida de modo a permitir expressões corporais de acordo com a energia
manifesta. Cada um dos instrumentos utilizados, reproduz pulsações em
ciclos e batidas, cada um a sua respectiva sequência. Além disso, podem
haver misturas ou cross-rhythm, que tratam do cruzamento entre ritmos e
pulsos sonoros, seja intercalando instrumentos, mãos ou dedos. Há toda
WORKBOOK
20

uma organização no que diz respeito principalmente à música tocada em


conjunto no candomblé, onde deve-se haver indivíduos responsáveis pela
dança, que com seus gestos e movimentos, estimularão os responsáveis pela
música; também são necessários indivíduos que farão a marcação constante
de modo a padronizar as batidas, enquanto aos músicos mais experientes, é
permitida a reprodução de variações e improvisos. São vários os gêneros
musicais de matriz afro-brasileira, e uma parte deles sofreu tentativa de
embranquecimento ao longo da nossa história, como o choro ou chorinho.
Destaca-se o samba, pagode e axé.

3. Significado da música quanto aos movimentos de resistência no


Brasil

Em função do longo histórico de lutas por parte dos negros escravizados,


alforriados, nascidos livres e fugitivos, o Brasil caminhou de forma lenta
até o início do estabelecimento dos direitos dos negros como cidadãos.
Ainda que se tenha assinado a lei Áurea, não houve medidas que tornassem
o ingresso de tais pessoas à sociedade com igualdade de direitos e deveres.
A marginalização, a falta de recursos e tantas outras problemáticas sociais
estiveram entrelaçadas às vidas dos negros, conferindo-lhes uma herança
marcada por sofrimento, pobreza, preconceitos e racismo.

Diante disso, representantes da música negra brasileira, fizeram de suas


letras, protestos e desabafos. No entanto, diversas dificuldades foram
enfrentadas, como por exemplo, o período da ditadura militar, no qual a
censura vetava a liberdade de expressão. Com a popularização dos
aparelhos de televisão e com o apoio de algumas mídias, foi possível
propagar a música como protesto, ainda que de forma sutil, como é o caso
da letra da música “Juízo final”, cantada por Tony Tornado que enfatiza a
discriminação e o racismo. Nos últimos anos, têm-se aumentado o número
de representantes negros no mundo da música, sob distintos gêneros
musicais, os quais possuem em comum o objetivo de abordar problemáticas
que envolvem a violência, a intolerância religiosa, o preconceito, os
estereótipos raciais e o reforço às denúncias (ver módulo “mídias”).
WORKBOOK
21

4. Representantes da música afro-brasileira

Várias são as personalidades que fornecem representatividade no mundo


negro, seja com letras que cantam o cotidiano do povo negro ou com ritmos
que trabalham a espiritualidade. Uma delas foi Alfredo da Rocha Viana
Filho, mais conhecido como “Pixinguinha”, (apelido dado pelo seu pai) ou
“Pizin” (apelido dado pela sua avó que veio trazida da África para o Brasil
em condições de cativeiro), um músico negro brasileiro com grande nome
no samba e no chorinho, trazendo letras de homenagens, protestos e
valorização Alfredo conheceu ainda, Mário de Andrade, que o trouxe a
Macunaíma, onde ele faz uma referência ao músico (STROPASOLAS,
2021). Gilberto Gil também se faz grande nome da música brasileira, de
forma a contribuir para a afirmação e valorização da negritude a partir de
suas letras, como “Ilê ayê”, “quilombo, o eldorado negro”, “oração pela
libertação da África do Sul”, entre outras. Gil, contou ainda com
experiências e contato com a África, tomando-a como inspiração aos seus
projetos musicais. Elza Soares é uma das representantes negras da música
brasileira, usando de suas letras como manifestos sobre a realidade de vida
dos negros, como por exemplo, a música “A carne”, a qual possui grande
enfoque ao refrão: A carne mais barata do mercado é a carne negra, sendo
impactante e realista. Além disso, um de seus trabalhos mais recentes é o
novo single com o músico conhecido como Renegado, na qual visa
trabalhar o protesto contra o racismo. Milton Nascimento expressou na
música o preconceito, os problemas e as denúncias da escravidão no Brasil,
quando compôs o álbum “Missa dos quilombos” que foi utilizada na missa
de celebração em Recife, no local em que foi morto Zumbi dos Palmares,
expondo através de suas letras, a discriminação, o racismo e a escravidão,
trazendo também, referências aos deuses da umbanda. Ainda que tenha sido
criado com um objetivo focado em específico aos afrodescendentes na
época, tomou proporções nacionais e foi reproduzido inclusive no
documentário “a missa dos quilombos”, em 2006. O baiano Mateus Aleluia,
também se faz representante da música afro-brasileira, ele viveu 20 anos na
Angola, e sempre procurou meios e pessoas que pudessem contribuir com
seus trabalhos que objetivavam trazer enfoque e voz à ancestralidade
WORKBOOK
22

africana, ele está sempre mencionando a religiosidade e enfatizando suas


raízes em prol do orgulho negro.

5. Apreciação e olhar crítico à musicalidade

A partir das informações prestadas e das leituras sugeridas acerca do


contexto teórico do presente tema, o professor, dispondo de tal
conhecimento poderá ministrar uma aula teórica para os seus alunos,
discorrendo, discutindo e estruturando pensamentos críticos com
propriedade, de tal modo que o educando possa compreender a dinâmica
das etapas a serem sugeridas no próximo módulo.

Procedimentos:

Diante da situação emergencial decorrida pela pandemia promovida pelo


vírus da covid-19 e suas variantes, as medidas de isolamento social
impedem momentaneamente a execução de atividades educacionais
práticas de maneira convencional. Neste período de transição, adotam-se
alternativas que minimizem as perdas em questão de aprendizado. Assim,
propõe-se a execução de atividades musicais com enfoque na cultura afro-
brasileira de modo a permitir que os alunos possam conhecer os ritmos, as
danças, bem como, o simbolismo que elas trazem nos campos sociais,
étnicos, históricos e religiosos e, portanto, proporcionar enriquecimento de
saberes e desconstruir quaisquer pensamentos de cunho racista e
preconceituoso.

Para a primeira etapa da execução da atividade, o professor deve reservar e


utilizar-se de uma aula com sua turma para a abordagem teórica sobre o
surgimento, desenvolvimento e importância da música para a identidade
afro-brasileira, ficando ao seu critério a escolha de apresentação da aula,
como o uso de powerpoint, lousa e oratória (em sistema remoto, o uso de
salas virtuais como Google Meet, e Zoom, por exemplo).

Com isso, os alunos poderão refletir e construir opiniões que serão


discutidas na segunda etapa, caracterizada pela aula de debate, onde o
educador deve reservar uma aula, na qual serão levantadas questões, como
WORKBOOK
23

a falta de incentivo governamental para práticas musicais em comunidades


quilombolas ou descendentes das mesmas, bem como, a falta de materiais
para momentos de prática, além de discussões sobre o preconceito que gira
em torno das músicas que integram os cultos em religiões de matriz
africanas; a composição das letras, como maneiras de expressar crenças,
lutas, movimentos, ancestralidade, etc.

Após o debate, as oficinas musicais tornam-se parte da terceira etapa que se


mostra como um excelente meio de interação entre os professores, alunos e
contribuintes exteriores. A oficina contará com a exposição da música
propriamente dita e para tal, o professor deve reproduzir músicas e vídeos
sobre as mesmas no momento da aula, para que os alunos reflitam sobre
suas letras e significados, além de apreciá-las após conhecer todo o seu
contexto. Sendo possível, é interessante que o professor convide cantores e
músicos locais para a sala de aula, possibilitando não apenas a reprodução
da música, como também a apresentação dos instrumentos utilizados. Esta
etapa permite a apreciação do conteúdo anteriormente mencionado, de tal
modo que o aluno sinta a expressão negra através da música e a enxergue
não somente como uma arte, mas, também como símbolo de resistência e
cultura negra. Para tanto, em situação de isolamento social, o professor deve
dominar sistemas remotos para a apresentação dos vídeos sugeridos.
Havendo a possibilidade de aulas presenciais ou híbridas, o professor pode
utilizar-se de programas audiovisuais que permitam a reprodução de
músicas, cantigas, vídeos, imagens, animações de acordo com a faixa etária
dos alunos participantes.

Na quarta etapa, o educador reserva metade de uma aula para a aplicação


de uma atividade que conterá a questão: “Porque a música é importante para
a identidade afro-brasileira?” Sendo ela, respondida de forma anônima,
onde o aluno não precisará se identificar e após o tempo estimado, a mesma
será recolhida. A outra metade da aula consistirá em redistribuir as
atividades, de modo que cada aluno leia a resposta de outro, e que sejam
feitas discussões acerca da questão, de forma coordenada pelo professor.
Isso permitirá avaliar a compreensão e visão que o aluno teve a partir das
WORKBOOK
24

abordagens anteriores e dará ao professor a possibilidade de desconstruir


más interpretações.

Materiais e recursos:

Se fazem necessárias as ferramentas remotas com acesso à internet


(computador, aparelho celular, tablets ou notebooks) que permitam a
reprodução e apresentação dos materiais digitais sugeridos, como os vídeos,
as músicas e os documentários relacionados. Também será necessário
material de apoio visual (slides) para que os educandos acompanhem o
conteúdo teórico de forma mais didática. Na possibilidade de aulas
presenciais, é indispensável à utilização de equipamento sonoro como
autofalantes, ou aparelho de som que permita aos alunos ouvirem de forma
satisfatória os materiais de áudio. Também é necessária a utilização de
projetor ou televisor funcional e, sendo possível, a utilização de
instrumentos e/ou a participação de personalidades musicais seria uma
ótima alternativa para o enriquecimento da experiência.

Anexos:

Sugestão de atividade para o ensino básico, sobre os principais


instrumentos da música de matriz afro-brasileira. Para acessar, clique no
link: encurtador.com.br/iEHR2
Leitura para o professor: As cores do som: estruturas sonoras e concepção
estética na música afro-brasileira. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/africa/article/view/74580

Mídias:

Alguns artistas negros usam da música como contadora de histórias, como


expositora do orgulho negro ou até mesmo como protesto às problemáticas
de cunho racista como atentado à identidade afro-brasileira. A seguir,
algumas músicas e vídeos sobre o tema:
WORKBOOK
25

Vídeo: Maestro “Pinxinguinha”. Disponível em:


https://youtu.be/0ufeKDF4qBY

Musica: CD Mestre Ananias – Capoeira.


Disponível em: https://youtu.be/fTP0wTLzhh8

Música infantil de respeito à identidade negra. Disponível em:


https://youtu.be/O9tp2lmWC-M

Vídeo: Amawolé - Chanson africaine. Disponivel


em: https://youtu.be/Uw3pprp_btw?list=PLZbcm4OKOh5CubtHiaqegZrI
Ye6UgHHh4

Vídeo: Instrumentos musicais africanos – Disponível em:


https://youtu.be/fyQmHjjy0ZU

Música: “Eu sou” de WD – Disponível em:


https://youtu.be/QJ8Zp_HYsbI

Música: “Respeite a minha pele” de Marvyn – Disponível em:


https://youtu.be/ZBWKxgQoyyo?list=PLdTGiP6if18wzpNHOOhRQy
Kxx0xy1Nueo

Música: “Olodum” de Raça Negra – Disponível em:


https://youtu.be/RU021itCWk0?list=PLdTGiP6if18wzpNHOOhRQy
Kxx0xy1Nueo

Curta-metragem: Goma que trata da música, cultura periférica e


contradições. Disponível em: https://youtu.be/ODHfDMy8L2c

Música: a mão da limpeza por Gilberto Gil e Caetano Veloso. Disponível


em: https://youtu.be/tzFxd4gxbpQ

Para saber mais:

Artigo: “Culturas Africanas e Cultura Afro-brasileira: uma abordagem


antropológica através da música” - Disponível em:
WORKBOOK
26

https://www.academia.edu/download/59440519/culturas_africanas_e_
afro-brasileira20190529-21671-4137e3.pdf

Vídeo: “O Jongo, constituinte da cultura afro-brasileira e originado dos


povos Banta. Documentário social Vamos abrir o jogo. O jongo na
Comunidade Dito Ribeiro, produzido para o PREX - Trabalho de conclusão
de curso - Comunicação social/ Jornalismo”. Disponível em:
https://youtu.be/06bN_HrF-fI

Vídeo: entrevista com a cantora, parteira e artesã, Dona Edite da


comunidade quilombola de Alagoa Grande, denominada Caiana dos
Crioulos - Mestres Da Parahyba: Caiana Dos Crioulos – Disponível em:
https://youtu.be/a5nYG6TWoQo

Vídeo: “Cota não é esmola” de Bia Ferreira – Disponível em:


https://youtu.be/QcQIaoHajoM
WORKBOOK
27

MÓDULO 3 – Dança e movimento

Finalidade:

Apresentar a dança enquanto manifestação cultural e política. Mostrar o seu


sentido e significado, além de proporcionar movimento, quebrar
preconceitos e valorizar a cultura negra.

Expectativas de aprendizagem:

Que os educandos sejam capazes de observar a pluralidade da cultura


brasileira e entendam mais sobre a cultural afro-brasileira através da dança,
som, ritmos e movimentos mostrados. Que os educandos conheçam e
aprendam a respeitar as expressões culturais negras dentro e fora do espaço
escolar.

Conteúdos:

• Capoeira
• Maracatu
• Samba Duro
• Coco
• Ciranda
• Maculelê
• Samba de Roda
• Jongo
• Marabaixo

Procedimentos:

Apresentar o tema para os educandos, através de textos e documentários


que falem sobre a dança, a música e a cultura negra (50 min). Após essa
primeira aula de apresentação desenvolver com os educandos coreografias
e teatros que desenvolvam o que foi aprendido (50min). Apresentar os
trabalhos desenvolvidos para a comunidade escolar (50 min.).
WORKBOOK
28

Materiais e recursos:

• Som
• Data show
• Textos que falam sobre música, dança, ritmos e movimentos
• Vídeos e documentários que abordam o tema

Anexos:

https://drive.google.com/drive/folders/1jRUlofVA2UEOd21KBhgituFN-
uwRhl-S?usp=sharing

Mídia

Sugestões de vídeos:

(61) DOCUMENTÁRIO - COCO DE RODA NOVO QUILOMBO -


YouTube

(61) Danças Brasileiras – Jongo - #Brincanteemcasa - YouTube

(61) Danças Brasileiras – Maracatu Nação - #Brincanteemcasa -


YouTube

(61) Danças Brasileiras – Samba de Roda - #Brincanteemcasa - YouTube

(61) Danças Brasileiras – Capoeira - #Brincanteemcasa - YouTube

Para saber mais:

Manifestações Culturais Negras – Fundação Cultural Palmares


WORKBOOK
29

MÓDULO 4 – Personalidades e calendário

Finalidade:

Apresentar nossa diversidade cultural através do estudo de grandes


personalidades negras, de movimentos impactantes e datas no geral que
contribuíram de maneira significativa para a história e cultura dos africanos e
afro-brasileiros visando a autoaceitação e valorização da identidade
brasileira, conscientizando os educandos sobre diversos pontos que por
muitas vezes não são mencionados em livros didáticos.

Contribuir teoricamente com os professores e disponibilizar alguns exemplos


de atividades e como poderiam ser desenvolvidas nos diferentes níveis de
ensino.

Expectativas de aprendizagem:

Que os educandos sejam capazes de desconstruir todos os estereótipos


existentes dentro e fora do espaço escolar, compreender e valorizar a história
africana (cultura, costumes, dialetos e religião). Esperar que ao final do
módulo, o educando possa ter aprendido sobre a contribuição desse povo e
seu legado na história do Brasil e que valorizem a

diversidade étnico-racial e cultural existente nas salas de aula

Conteúdos:

1. Personalidades
• Agenor de Oliveira, o Cartola.
• André Rebouças, engenheiro e inventor brasileiro, abolicionista e
monarquista.
• Ângela Davis, professora, filósofa socialista e militante pelos direitos
das mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados
Unidos.
• Antonieta de Barros, primeira deputada negra brasileira.
• Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho
WORKBOOK
30

• Arlindo Veigas dos Santos, acadêmico e primeiro presidente da Frente


Negra Brasileira (FNB).
• Ataulfo Alves, cantor e compositor negro.
• Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar o cargo de
governador.
• Bob Marley, cantor, guitarrista e compositor jamaicano.
• Carolina Maria de Jesus, uma escritora, compositora e poetisa
brasileira.
• Clementina Jesus da Silva, sambista e ícone da luta contra a
discriminação racial.
• Dandara dos Palmares, uma das lideranças femininas negras que lutou
contra o sistema escravocrata do Brasil colonia.
• Francisco Solano Trindade, poeta do povo e pai da poesia negra
brasileira.
• Francisco Lucrécio, Fundador da Frente Negra Brasileira.
• João Cândido, o "Almirante Negro", líder da Revolta da Chibata.
• José Correia Leite, fundador do jornal O Clarim da Alvorada.
• José do Patrocínio, jornalista negro e ativista da causa abolicionista.
• Lélia Gonzalez, autora, política, professora, filósofa, antropóloga
brasileira e pioneira nos estudos sobre Cultura Negra no Brasil.
• Lima Barreto, escritor brasileiro pré-modernista.
• Luís Gama, jornalista, poeta e um dos gigantes da causa abolicionista.
• Machado de Assis, gênio da literatura.
• Malcom X, um dos grandes defensores dos direitos afro-americanos.
• Marcus Garvey, um ativista político, editor, jornalista, empresário e
comunicador jamaicano.
• Martin Luther King Jr, ativista negro, defensor dos direitos civis e da
mudança social não violenta.
• Milton Santos, grande geógrafo negro.
• Nelson Mandela, líder negro que lutou conta o regime do Apartheid
na África do Sul.
• Paulo Lauro, primeiro prefeito negro de São Paulo
• Steve Biko, idealizador do movimento pela consciência negra.
WORKBOOK
31

• Yalorixá Mãe Menininha do Gantois, ícone da luta contra a


intolerância religiosa.
• Zumbi dos Palmares, símbolo da luta e da resistência dos africanos
contra a escravidão.

2. Movimentos e revoltas
• Revolta do malês, rebelião contra o escravismo e imposição da
religião católica.
• Revolta do Queimado, principal movimento de luta contra a
escravidão do estado do Espírito Santo.
• Criado Conselho Nacional de Mulheres Negra
• "Negro History Week atualmente o "Black History Month" (Mês da
História Negra)
• Primeiro Festival Mundial das Artes Negras
• Criado o Partido dos Panteras Negras
• Fundado o Clube Negro de Cultura Social.
• Criado o bloco afro Olodum.
• Revolta dos Alfaiates
• Primeira Conferência sobre a Mulher Negra nas Américas
• Fundado o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação
Racial (MNUCDR)
• Primeiro Congresso de Cultura Negra das Américas, na Colômbia
• I Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a
Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância
• Revolta da Chibata.
• Fundada a Frente Negra Brasileira

3. Leis
• Lei Federal n° 10.639 obrigando o ensino da história afro-brasileira
na rede de ensino.
• Lei Afonso Arinos (nº 1390), estabelecendo a discriminação racial
como contravenção penal.
WORKBOOK
32

• Lei nº 7.668, a Fundação Cultural Palmares, instituição pública


vinculada ao Ministério da Cultura que tem como principal atribuição
promover a valorização da cultura negra.
• Lei Euzébio de Queiroz, extinguindo o tráfico de escravos no Brasil.
• Lei do Ventre Livre, considerava livres todos os filhos de escravas
nascidos a partir da data da lei.
• Lei do Sexagenário, garantindo a liberdade aos escravos com mais de
60 anos de idade.
• Lei nº 7437/85 condena o tratamento discriminatório no mercado de
trabalho, por motivo de raça ou de cor.
• Lei 12.288 instituiu o Estatuto da igualdade racial.

Procedimentos:

No primeiro momento, o (a) professor (a) deve introduzir a temática com os


educandos, trazendo para os alunos a história dessas pessoas (10 min). No
segundo momento o (a) professor (a) deve aprofundar o tema com os
educandos através da utilização de músicas, obras de arte, filmes,
documentários, matérias jornalísticas (50 min). Mostrar como ocorreram essa
revoltam e movimentos o (a) professor (a) deve promover debates conscientes
acerca do tema (15 min).

Em uma segunda aula o professor (a) apresenta o perfil biográfico de alguma


personalidade, diferencia perfil biográfico de biografia (20 min). Em um
segundo momento ensina os educandos a montar um perfil biográfico (40
min).

Materiais e recursos:

• Textos e matérias jornalísticas que abordem o tema.


• Filmes e documentários.
• Músicas e obras que abordem o tema.
• Trechos de obras biográficas.
WORKBOOK
33

Anexos:

https://drive.google.com/drive/u/2/folders/1a2QimA8xQ8nIYSSQ8xL4yrU
q8fTfEPTy

Sugestões de vídeos:

(387) Curta Metragem "Dúdú e o Lápis Cor da Pele" - YouTube


(387) Ninguém nasce racista. Continue Criança. - YouTube
(387) O Xadrez das Cores (completo) - YouTube
(387) Doll Test - Os efeitos do racismo em crianças (POR) - YouTube

Para saber mais:

Institucional – Fundação Cultural Palmares


WORKBOOK
34

MÓDULO 5 – Religião

Finalidade:

A intolerância religiosa que ainda persiste e fomenta uma séria perseguição


às religiões de matriz africana, religiões estas que possuem diversas
denominações regionais, dificulta cada vez mais o diálogo sobre o
reconhecimento e a valorização da identidade afro-brasileira. Sendo assim,
este conteúdo tem como objetivo ampliar os conhecimentos e saberes
acerca da temática e ofertar uma educação mais democrática e pluralista,
formando assim, uma base de ensino que auxilie nas discussões sobre as
religiões de matriz africana dentro das escolas sem qualquer forma de
preconceito, possibilitando debates e reafirmando as raízes históricas
através da ressignificação de conceitos equivocados suplantados pela
sociedade. Além disso, apresentar algumas das principais religiões e suas
divindades, alguns ritos, discutir o sincretismo religioso e suscitar o
autoconhecimento ancestral histórico nos estudantes.

Expectativas de aprendizagem:

Que os educandos conheçam e sejam estimulados a compreender parte de


sua ancestralidade através da execução das atividades propostas que
valorizem à religiosidade de matriz africana. Ao final deste módulo espera-
se que o educando seja capaz de exercer o senso crítico mediante a
estruturação das bases religiosas da sociedade, afim de que este se permita
aprofundar sobre o conhecimento proposto e possa respeitar as diferentes
manifestações religiosas que temos na sociedade brasileira.

Conteúdos:

1. O que são religiões de matriz africana?

Religiões de matriz africana como o próprio nome já bem indica possuem


sua teologia advinda de religiões tradicionalmente africanas. Aqui no
Brasil, tem como desdobramento, o candomblé, a umbanda, a Jurema, entre
outras, presentes no vasto território brasileiro, com ritos religiosos
WORKBOOK
35

diferenciados em virtude da chegada de diferentes grupos étnicos africanos


que foram trazidos Da África para o Brasil.

Essas religiões são uma forma de resistência e preservação da tradição, do


idioma, do conhecimento e a religiosidade trazida da África pelos negros
que foram escravizados pelos colonizadores europeus, ou que surgiram no
próprio país em função das características culturais dos povos africanos que
pela diáspora, vieram ao Brasil, e se adaptaram a nova terra, mantendo suas
tradições religiosa.

2. As religiões: Candomblé

O Candomblé é uma religião afro-brasileira que foi trazida pelos africanos


escravizados.

Seguindo leis da natureza, os orixás são suas divindades que possuem o


papel de cuidar e equilibrar a energia vital.

Os orixás são como ancestrais divinos, deuses da natureza e representantes


de um Deus criador.

3. Umbanda

A Umbanda é uma religião brasileira, ela é marcada pelo forte sincretismo


entre catolicismo, espiritismo e religiões afro-brasileiras, através de
adaptações nas três vertentes.

Além de seguir as leis da natureza, segue também as leis do plano espiritual


e dos princípios de fraternidade e caridade.

Os orixás são considerados espíritos ancestrais, além de serem a


manifestação do Deus único.

Trabalhos espirituais: os espíritos que aparecem durante os trabalhos são de


pessoas que voltam para a terra para a prática da caridade.

4. Jurema
WORKBOOK
36

''Jurema'' é um termo que deriva de uma árvore, sendo um símbolo e


ferramenta que formaliza o que se é conhecido como ''Jurema Sagrada'', ou
o famoso Catimbó.

Essa espécie carrega consigo fortes elementos indígenas, tendo em vista que
se fundamentou principalmente pelo norte e nordeste do Brasil, elementos
tais como a pajelança, que possui influência do catolicismo e que
atualmente reflete como sendo uma forte influência religiosa do panteão
africano.

O catolicismo advindo dos europeus, e as religiões africanas carregadas na


diáspora negra, passaram a influenciar nos costumes e rituais da Jurema.
Outras divindades começaram a compor as ritualísticas desta religião e por
isso ela é conhecida como uma doutrina afro-ameríndia.

5. Macumba

Macumba é o nome dado a uma árvore e também o nome de um instrumento


musical de percussão utilizado em cerimônias de religiões afro-brasileiras.

No Brasil, a palavra "macumba" designa de forma popular e equivocada


toda oferenda aos orixás, cujo termo correto para isto, seria o “ebó”, “padê”
ou em linguagem vulgar "despacho". A discriminação das oferendas aos
orixás ao longo da história brasileira se dá em virtude da identificação da
religião Católica será a única considerada a “salvadora” da civilização
humana, devendo todos os demais grupos étnicos se converterem a mesma.
Todavia, como forma de resistência religiosa, os africanos escravizados
encontraram por meio do sincretismo religioso uma forma de resistência
para permanecer cultuando suas divindades.

6. Rezadeiras, benzedeiras e curandeiras

No território brasileiro existem pessoas que aplicam a sabedoria ancestral


no processo de cura, os chamados curadores, que através de seus chás de
ervas, banhos e benzimentos, com rezas e cantos, conseguem mitigar os
sofrimentos e auxiliar as pessoas que os consultam nos muitos dos males
WORKBOOK
37

que as atingem. Pessoas que possuem conhecimento dos mais diversos


elementos da natureza para coordenar as rezas e orientar sua fé na cura.

7. Sincretismo religioso

O sincretismo religioso se caracteriza pela mistura ou associação de duas


ou mais culturas religiosas distintas, resultando em uma terceira cultura
diferente das duas anteriores. O Brasil formaliza-se um cenário sincrético
religioso desde sua colonização, processo que resultou da forma persistente
com que os negros escravizados cultuavam aos seus ancestrais e orixás se
utilizando de elementos do catolicismo europeu que era imposto
forçadamente por seus senhores, portanto, para que tal cultura fosse
legitimada e conseguisse sobreviver às circunstâncias, ocorreu uma
reorganização, havendo mesclas étnicas ameríndias, africanas e europeias.

8. Africanidade religiosa

Durante o período de colonização, os povos africanos que foram trazidos


pra o Brasil, trouxeram seus conhecimentos e práticas religiosas que até
hoje estão presente em nossa cultura e cotidiano. Entende-se por
africanidade as marcas culturais presentes em nosso cotidiano que
caracterizam e marcam a cultura brasileira em diferentes elementos de
expressão social. Entre essas expressões podemos identificar: a comida, a
qual faz parte do culto e oferenda aos Orixás, e que temos um cardápio bem
africanizado pelo leite de dendê (fruto oriundo da África) e do leite de coco;
o vatapá, carajé, farofa, feijoada, mugunzá e outras tantas alimentações
típicas da culinária brasileira. Podemos ainda identificar a africanidade em
nossos ritmos musicais, dança e lutas, como a Roda de Coco, o Maracatu e
a capoeira. Todas essas representações musicais e corporais têm elementos
histórico, socioculturais africanos e devem ser resgatados com seus valores
culturais. Outro elemento da africanidade está em nosso vocabulário com a
incorporação de verbetes e termos etimologicamente da língua ioruba ou de
outras línguas africanas, como amuo que significa triste ou abatido, dando
origem ao adjetivo amuada ou amuado, benguela, moleque, atabaque,
abata, afoxé, azoeira, axé, balangandã, caçula, cachimbo, cachaça e tantas
WORKBOOK
38

outras do vocabulário de língua portuguesa. O estudo sofre a origem das


palavras, quando surgiram os termos e quando eram e é hoje usado, podem
contribuir para a compreensão da história da população negra brasileira na
sociedade.

Procedimentos:

Com atual cenário de pandemia, se fez necessária a criação de restrições


impostas pela política de isolamento social, as quais exigem certa
adaptabilidade no modo de execução das aulas. Mediante mudanças sobre
a dinâmica de ensinar devido ao isolamento social imposto pela pandemia,
os processos aqui sugeridos podem ser efetuados em sala de aula ou de
forma remota, fazendo uso de técnicas e ações pedagógicas que promovem
a valorização da diversidade religiosa brasileira, em 3 abordagens distintas:

Estudos sobre as religiões e religiosidade:

• Conversar com os estudantes o que eles sabem sobre as religiões de


matriz africana, pedindo para que eles possam levantar palavras que
lhe venham à cabeça quando ouve a palavra candomblé e pedir para
eles listarem. (10 m)
• Explicar que muitos dos termos que foram elencados podem estar
associados à falta de conhecimento que a sociedade tem em relação
as religiões da matriz africana e que irão estudar sobre as mesmas
de maneira a desvelar suas características e romper com a visão
preconceituosa construída ao longo da colonização portuguesa.
(15m)
• Apresentar sobre a origem do candomblé possibilitando a
compreensão geográfica e histórica sobre a mesma, assim como a
umbanda e outras religiões de matriz africana, assim como o
panteão da religião de matriz africana. (15m)
• Exibir o filme Exu e o universo que trata sobre a religião africana e
discutir em grupos que elementos eles desconhecem. (10m)
• Explicar sobre o culto aos orixás, a ancestralidade e a energia vital.
(15m)
WORKBOOK
39

• Abordar sobre os elementos de religiosidade presentes em nosso


cotidiano que faz parte da religião de matriz africana como a
alimentação, o vocabulário, a música, os instrumentos musicais
(atabaque), a dança e os movimentos. (15)
• Solicitar aos estudantes que façam pesquisas sobre essas diferentes
representações de religiosidade em nosso cotidiano que marca a
africanidade do povo brasileiro. (1h)
• Apresentar em formato de painel as pesquisas de cada grupo.
Mostra de trabalhos (1hora)

Identificação de plantas simbólicas:

• O professor irá apresentar algumas plantas de valor simbólico


utilizadas em alguns rituais. (10 m)
• Solicitar que os alunos as identifiquem nas suas próprias casas, em
casa de familiares ou até mesmo na residência de algum colega,
tirando uma foto ou coletando um fragmento da mesma, e realizem
uma pesquisa sobre a aplicabilidade da planta em questão nas
religiões de matriz africana. (30 m)
• Após a coleta e realização da pesquisa, o material é levado para
dentro da sala de aula e a discussão é iniciada, fazendo os discentes
conhecerem alguns dos processos realizados por seus antepassados.
(30 m)

Confecção de fitas:

A fita do Senhor do Bonfim é um amuleto típico da cidade de Salvador,


utiliza-se atada ao pulso ou tornozelo, mas é possível encontrá-la atada
também em portões de igrejas. Segundo tradição, o uso dessas fitas deriva
do antigo costume de utilizar algumas tiras de roupas de santos objetivando
adquirir sorte ou proteção. Na crença popular, a fita deve envolver o pulso
esquerdo por duas vezes, sendo atada por três nós, onde cada nó irá
corresponder a um pedido feito em silêncio, quando finalmente as fitas
forem rompidas de forma espontânea, os desejos serão realizados.
WORKBOOK
40

Importante mencionar que a fita não deve ser comprada, mas sim,
presenteada.

As cores das fitas correspondem às cores dos Orixás que, por sua vez, de
forma sincrética simbolizam os anjos da guarda católicos, assim sendo,
verde-escuro associa-se a Oxóssi; azul a Iemanjá; amarelo a Oxum.

• Sugere-se que o professor auxilie os alunos, que em dupla irão


confeccionar fitas artesanais que reproduzam as fitinhas do Bonfim.
(15m)
• Cada discente irá fazer uso de uma fita de cetim na cor de sua
escolha entre as já citadas (verde-escuro, azul ou amarelo) para a
confecção da sua própria fita, após este passo, o estudante pode
presentear sua dupla com a fitinha que ele mesmo elaborou, para
que de forma simbólica a tradição seja ensinada. (10m)
• Introdução ao conteúdo, falando das bases do sincretismo religioso,
como surgiu, com que finalidade foi criado, e qual a razão de
perdurar até os dias de hoje, mas deixando aberto o assunto para que
se aprofunde cada vez mais. (20m)

Materiais e recursos:

Arquivo em powerpoint com imagens das regiões de onde vieram os povos


sudaneses e bantos e outros que foram trazidos para o Brasil.

Identificação de plantas simbólicas: Aparelho celular, tablet ou câmera


fotográfica que possibilite a captura das imagens solicitadas e subsequente
apresentação do material (caso o aluno não consiga levar o material para a
escola).

Confecção de fitas: Fitas de cetim nas cores citadas (verde-escuro, azul ou


amarelo), lápis para realizar a personalização, demais adereços a critério do
professor e dos alunos.
WORKBOOK
41

Anexos:

Aula: https://drive.google.com/file/d/1n0C-
Rqld_H6Pi8f_j3feCT9CgmHALe_/view

Vídeo:
https://www.facebook.com/oduduwatemplodosorixas/videos/9782210
68969150

Aula:
https://drive.google.com/file/d/1C5VT9OxzAfNNgD9a_k_5yfz1a9U4
qihp/view

Documentário: https://www.youtube.com/watch?v=aG3-rGiG45A

Mídias:

Vídeo: “conheça a história da fitinha do Bonfim” pela TV Brasil.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=acaU5qU9E8o

Vídeo: “Várias queixas” (clipe oficial) de Gilsons– Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=bBHPq3UQFsw

Vídeo: “Banho de folhas” (clipe oficial) de Luedji Luna – Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=bmWm6I3aAqw

Vídeo: “tutorial: pulseira com agorlinhas e fitinha estilo senhor do

Bonfim” – Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=MCcLaJMpNVY

Para saber mais:

Artigo: “Candomblés: como abordar esta cultura na escola” – Disponível


em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/vie
w/7738/4810
WORKBOOK
42

MÓDULO 6 – Confecção das bonecas Abayomi


Finalidade:

Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros
– navio de pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África
e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles
criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como
amuleto de proteção. As bonecas, símbolo de resistência, ficaram
conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘Felicidade’, em Iorubá,
uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte
da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim. O entendimento da história
dessas bonecas busca trazer uma reflexão sobre as vivências do povo negro
na época da escravidão no que se refere a afeto e humildade entre os
afrodescendentes.

Expectativas de aprendizagem:

Que os educandos sejam capazes de compreender a importância do artefato


cultural que é a boneca Abayomi e promover a valorização da cultura afro-
brasileira. Para isso é necessário que os educandos conheçam a história e a
construção de uma boneca que se dá sem qualquer costura (apenas nós ou
tranças). As bonecas não possuem demarcação de olho, nariz nem boca,
isso para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas.

Inspirado pela tradição dessa arte histórica, a artesã e arte-educadora


Cláudia Muller desenvolveu um trabalho único, e, com o objetivo de
evidenciar a memória e identidade popular do povo brasileiro, valorizando
a diversidade cultural que reina na terra brasilis, criou o projeto Matintah
Pereira. A iniciativa produz versões próprias das Abayomi e promove
oficinas tanto para ensinar o processo de criação quanto para discutir a
importância histórica e social entorno das bonecas através da arte africana.

Conteúdos:

1. A boneca Abayomi
WORKBOOK
43

Boneca de pele negra é feita com retalhos de pano e malhas, sem utilizar
qualquer cola ou costura. A oficina da artesã Lena Martins foi criada em
1987 por Lena Martins, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento
da autoestima da população afrodescendente. Na língua iorubá, “abayomi”
significa “meu presente”.

Para fazer o corpo da boneca são necessárias duas tiras de tecido, uma maior
e outra mais curta. Em cada ponta da tira mais comprida se faz um nó.
Depois dobra ao meio a tira e se faz um terceiro nó, esta será a cabeça e as
pernas da boneca. Com a tira menor são feitos os braços. Um nó em cada
ponta e então se amarra a tira mais curta logo abaixo do nó da cabeça.

Procedimentos:

Inicialmente o professor irá contar a história sobre a boneca e de sua


importância como artefato cultural afro-brasileira associado à história da
diáspora africana para o Brasil. Esta boneca é um símbolo de resistência e
força, ao mesmo tempo de ingenuidade e esperança.

Para confecção destas bonecas negras de estética afro, será preciso dois
retalhos pretos para construção do corpo da boneca, nas proporções (24 x
12 cm e 24 x 5 cm), para as vestimentas e acessórios, duas fitas mais
coloridas e um tecido com 14 x 8 cm para o vestido.

O primeiro passo é fazer a cabeça e o corpo da boneca, com a tira de pano


escura maior, é necessário dar um nó na ponta onde será a cabeça, e depois
dividir o resto do tecido em duas partes que serão as pernas, dando um nó
em cada ponta. Para a confecção dos braços, com o outro retalho menor da
mesma cor, unir à primeira tira com um nó no meio, e então outro nó em
cada extremidade, formando os braços, esticando o tecido que formam o
corpo. O corpo está pronto!

Para a roupa, dobra-se o tecido colorido (14 x 8 cm) e faz uma abertura por
onde será passado a cabeça da boneca, para modelar a roupa, amarra-se uma
das fitas coloridas na cintura da boneca. O turbante será feito dando um laço
com a outra fita colorida na cabeça, e para soltar o cabelo da boneca,
WORKBOOK
44

fazemos pequenos cortes na ponta do nó. A nossa boneca abayomi está


pronta!

Veja o passo a passo da construção da boneca no anexo “Como fazer”


abaixo.

Materiais e recursos:

Feita apenas com pedaços retalhos de pano e malhas, sem utilizar qualquer
cola, costura ou demarcações de olhos, nariz nem boca, isso para favorecer
o reconhecimento das múltiplas etnias africanas.

Utiliza-se apenas tecidos e tesoura para confecção das bonecas.

Como fazer:

As fotos a seguir mostram o passo a passo para confecção das bonecas


abayomi;

Fonte das imagens de A até B: Youtube

Fig. A. Quantidade e proporções dos tecidos

Fig. B. Montando o corpo com retalho maior iniciando pela cabeça.


WORKBOOK
45

Fig. C. O nó será a cabeça da boneca e o restante o corpo.

Fig. D. Dividindo o resto para formar o corpo e as pernas.

Fig. E. Dando um nó em cada extremidade.


WORKBOOK
46

Fig. F. Esticando as partes, finaliza-se as pernas.

Fig. G. Os braços são feitos com a outra tira de retalho da mesma cor,
unindo os dois tecidos com um nó.

Fig. H. Esticando todas as extremidades, e o corpo está pronto

Fig. I. Com o corpo pronto.


WORKBOOK
47

Fig. J. Faremos a roupa da boneca, utilizando o tecido colorido, fazendo


uma abertura no meio do retalho com a tesoura.

Fig. K. Então, passa a cabeça da boneca pela abertura do tecido formando

Fig. L. Para modelar a roupa no corpo da boneca, utiliza-se uma das fitas
na cintura da boneca.

Fig. M. O turbante será feito com a outra fita, dando um laço na cabeça da
boneca.
WORKBOOK
48

Fig. N. Para soltar o cabelo da boneca, faça cortes pequenos na ponta do


nó.

Fig. O. A nossa boneca abayomi está pronta!

Fonte das imagens A até O: Youtube


Sugestões de vídeos:

O canal Clique criativo na plataforma do Youtube ensina o passo a passo


para a confecção das bonecas abayomi de forma rápida e didática. Para
acessar o vídeo clique no link a seguir: Como fazer bonecas abayomi

Sugestão adicional: Como fazer uma boneca abayomi de forma simples


WORKBOOK
49

Para saber mais

DIY Boneca Abayomi - Ancestralidade, História e Resistência -


https://youtu.be/iDSLwltlva0

Sobre a artesã Cláudia Muller: bonecas abayomi: símbolo de resistência,


tradição e poder feminino you tube.
https://www.youtube.com/watch?v=wD7z27RjeNc&t=0s

VIEIRA, K. Bonecas abayomi: símbolo de resistência, tradição e poder


feminino. Afreaka. Disponível em:

http://www.afreaka.com.br/notas/bonecas-abayomi-simbolo-deresistencia-
tradicao-e-poder-feminino/
WORKBOOK
50

MÓDULO 7 – Estética capilar: tranças e turbantes

Finalidade:

Desenvolver oficina de tranças e turbantes com objetivo de aprendizado


sobre estética capilar africana como símbolo de resistência, bem como
compreender a história por trás dos penteados na cultura africana. Falar
sobre o culto à beleza negra resgatando a ancestralidade afro-brasileira,
elevando a autoestima de pessoas negras ao repassar esse conhecimento
cheio de significados, trazendo um sentimento de pertencimento.

Expectativas de aprendizagem:

Trabalhos que abordam a diversidade na sociedade contribuem para o


combate ao racismo, discriminação e preconceito. Este tópico sobre estética
capilar africana insere a educação étnico racial para o aprendizado de
princípios básicos com relação ao respeito às diversidades raciais para cor
de pele, cabelos, estilos e afins

Conteúdos:

História dos tipos de cabelo considerando a África como berço do mundo,


suas condições geográficas que classifica o continente como tropical,
portanto a biologia dos indivíduos cria mecanismos para adaptação ao clima
como melanina acentuada na pele e textura capilar mais entrelaçada.

Tranças e turbantes como símbolo de resistência na cultura africana e afro-


brasileira devido a herança histórica de passagens do período de escravatura,
significados em grupos sociais e tradições de religiões de matriz africana.

Procedimentos:

O método mais dinâmico para oficina de tranças consiste em uma etapa de


aprendizado com fios de lã e uma etapa de treino com confecção de
penteados em voluntários, neste caso os próprios alunos na sala de aula
outros.
WORKBOOK
51

Materiais e recursos:

Rolos de linhas de lã coloridas: as quantidades variam de acordo com o


tamanho da turma e participantes, sendo 9 fios de 1 metro por aluno o
suficiente para treino. Segue abaixo o tutorial para cada etapa.

Modelo 1: Um tecido colorido com 1.20 cm x 60 cm

Modelo 2: Um tecido colorido com 2m x 60 cm

Como fazer:

1. Aprendizado

Fonte: beleza.umcomo.com.br

2. Prática
WORKBOOK
52

Fonte: Pinterest Esboço de Cabelos

Existem inúmeras amarrações e laços de turbantes, logo um tecido e


criatividade são o bastante para se inventar um lindo turbante, seja em
cabelos presos, soltos ou raspados.

Modelo 1:

Fonte: Pinterest Encrespando


WORKBOOK
53

Modelo 2:

Fonte: Pinterest Turbante.se

Para saber mais:

Geledés: Meu turbante é minha coroa - https://www.geledes.org.br/meu-


turbante-e-minha-coroa/?amp=1

Geledes: 45 turbantes incríveis - https://www.geledes.org.br/45-turbantes-


incriveis-selecionados-para-voce-esperamos-que-curta/?amp=1
WORKBOOK
54

REFERÊNCIAS

BARRETO, Daniela Coutinho et al. O uso de recursos didáticos como auxílio na


implementação da lei 10.639 na educação infantil. Anais IV CEDUCE. Campina
Grande: Realize Editora, 2015. Disponível em:
http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/11350. Acesso em: 20 jul. 2021

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site. pdf.
Acesso em: 20 jul. 2021

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. BRASIL. História e cultura africana e afrobrasileira na


educação infantil. Brasília: [s. n.], 2014. 143 p. ISBN 978-85-7994-083-5. Disponível em:
https://www.mpma.mp.br/arquivos/CAOPDH/HIST%C3%93RIA_E_CULTURA_AFR
ICANA_E_AFRO-BRASILEIRA_NA_EDUCA%C3%87%C3%83O_INFANTIL.pdf.
Acesso em: 3 ago. 2021.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os Desafios da


Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE, 2013. Curitiba: SEED/PR,
2016. V.1. (Cadernos PDE). Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2
013_uel_hist_artigo_isabel_da_silva.pdf. Acesso em: 3. Ago. 2021. ISBN 978-858015-076-
6

PINTO, Thiago Oliveira. As cores do som: estruturas sonoras e concepção estética na música
afro-brasileira. Africa: Revista do centro de estudos africanos, São Paulo, ano 2004, 4 dez.
2004. 22/23, p. 1-23. DOI https://doi.org/10.11606/issn.2526-303X.v0i2223p87-109.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/africa/article/view/74580/78183. Acesso em: 13
jul. 2021.

SILVA, José Carlos Gomes da. Culturas Africanas e Cultura Afro-brasileira: uma
abordagem antropológica através da música. São Paulo (UNIFESP), 2013. Disponível em:
https://silo.tips/download/universidade-federal-de-sao-paulo-15. Acesso em: 17 jul.2021
WORKBOOK
55

SILVEIRA, Sergio Roberto. Religiosidade africana e a cultura religiosa afro-brasileira, in


DAXENBERGER, Ana Cristina Silva e SÁ SOBRINHO, Rosivaldo Gomes; Comunidades
Quilombolas: das reflexões às práticas de inclusão social, UFPB, 2013.

STROPASOLAS, Pedro. Pixinguinha: 124 anos do maestro que fez do choro a matriz da
música brasileira. Brasil de Fato, 23 abr. 2021. Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2021/04/23/pixinguinha-124-anos-do-maestro-que-fezdo
choro-a-matriz-da-musica-brasileira. Acesso em: 3. Ago. 2021.

Você também pode gostar