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Territórios Negros na
Educação
Reflexões docentes para uma
reeducação das relações étnico-raciais
Organizadores
Alexandre do Nascimento,
Amauri M. Pereira,
Luiz Fernandes de Oliveira,
Selma M. da Silva
ISBN 978-85-7650-169-5
Revisão
Elisa Sankuevitz
Helô Castro
5 INTRODUÇÃO
97 CURRÍCULO E MULTICULTURALISMO:
O NEGRO NA EDUCAÇÃO
Ana Paula Venâncio
1. Os artigos 26-A e 79-B da LDB foram instituídos pela Lei Federal no 10.639,
em 9 de janeiro de 2003, “para incluir a obrigatoriedade da temática História e
Cultura Afro-Brasileira”. Recentemente, a Lei no 11.645, de 10 de março de 2008,
alterou o artigo 26-A da LDB, para incluir também no currículo oficial da rede
de ensino a “obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena”.
INTRODUÇÃO 5
É nesse contexto que apresentamos o livro Histórias, cultu-
ras e territórios negros na educação: reflexões docentes para uma
reeducação das relações étnico-raciais. Uma obra composta de
artigos de docentes da Faetec e integrantes do Grupo de Estu-
dos do Núcleo de Estudos Étnico-Raciais e Ações Afirmativas
(Neera), que apresenta reflexões teóricas, estudos e experiên-
cias que os autores vêm desenvolvendo em sala de aula e nos
em espaços de formação acadêmica.
Os artigos 26-A e 79-B da LDB e as Diretrizes Curriculares
Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira instituem, regulam
e estabelecem a obrigatoriedade do ensino de história da África
e da cultura afro-brasileira e os conceitos e princípios orienta-
dores, a serem observados pelos estabelecimentos de ensino
públicos e particulares. Sua efetiva implementação político-pe-
dagógica vem sendo discutida na sociedade e, no Rio de Janei-
ro, já conta com a atenção e fiscalização do Ministério Público.
Porém o debate ainda está muito restrito ao âmbito acadêmico
e pouco presente nas práticas efetivas do ensino básico.
Assim, as reflexões, as pesquisas e a socialização de expe-
riências que visam a efetivação do ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira e de um processo de reeducação das relações
étnico-raciais é de fundamental relevância e insere-se em um
processo mais geral de promoção de igualdade racial.
Neste sentido, a publicação deste livro não surge ao acaso,
mas reflete uma ampla e coletiva história de profissionais da
educação da Rede Faetec que, mesmo antes da obrigatoriedade
legal, já realizavam reflexões, debates e elaborações na perspec-
tiva de reeducação das relações étnico-raciais entre estudantes
e professores. Portanto, os textos desta publicação, apresentam
reflexões de diversos docentes da Faetec comprometidos com a
luta anti-racista na educação e na sociedade brasileira.
6 INTRODUÇÃO
A CONSTRUÇÃO DOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE
UMA NOVA POLÍTICA PÚBLICA
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
RACIAL NA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Luiz Fernandes de Oliveira
3. Da USP são: Adreia Lisboa de Souza, Eliane dos Santos Cavaleiro, Marcos
Ferreira dos Santos, Lauro Cornélio da Rocha, Márcia Araújo, Geraldo da Silva,
Lucimar Rosa Dias, Marcus Vinícius Fonseca e Surya A. Pombo de Barros.
4. Da UNB são: Nelson Fernando I. da Silva, Rafael Sanzio Araújo dos Anjos e
Sales Augusto dos Santos.
5. Da Uerj são: Maria Alice Rezende e Claudia Regina de Paula
6. Respectivamente: Francisca Maria do Nascimento Souza, Nilma Lino Gomes,
Amauri Mendes Pereira, Henrique Cunha Jr., Lídia Nunes Cunha, Mariléia dos
Santos Cruz e Paulino de Jesus Francisco Cardoso.
9. Ver bibliografia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAVALLEIRO, E. (Org.). Racismo e anti-racismo na educação. São Pau-
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INTRODUÇÃO
Na sociedade e na educação, uma nova demanda se coloca a
partir dos artigos 26-A e 79-B da LDB (Lei no 9.394/1996, que es-
tabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional), institu-
ídos pela Lei Federal no 10.639/2003,10 e do Parecer no 003/2004
e Resolução no 01/2004 ambos do Conselho Nacional de Edu-
cação (CNE). Como já sabemos, o artigo 26-A da LDB institui a
obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira
e a Resolução no 01/2004 do CNE institui as diretrizes gerais
deste ensino.
Trata-se, de um modo geral, da concretização de uma das
propostas e exigências mais importantes da luta histórica do
Movimento Social Negro,11 que se insere no campo da educação
e, pois, da produção de uma nova consciência social-histórica
e uma nova cultura. Esta demanda se coloca para o currículo
escolar e para a pedagogia, que necessariamente, devem passar
por uma reestruturação, sobretudo nas disciplinas de História,
10. O artigo 26-A da LDB sofreu alteração em 10/3/2008, pela Lei no 11.645/2008.
Esta nova lei alterou o texto do artigo em questão incorporando, além do ensi-
no de história e cultura afro-brasileira, a obrigatoriedade do ensino de história
e cultura indígena. O novo artigo, instituído pela Lei no 11.645, passou a ter a
seguinte redação: “Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e
cultura afro-brasileira e indígena.”
11. Para os organizadores do I Encontro Nacional de Entidades Negras, realiza-
do em 1991 na cidade de São Paulo, “o Movimento Negro se define como o con-
junto de entidades e grupos, de maioria negra, que têm o objetivo específico
de combater o racismo e/ou expressar valores culturais de matrizes africanas e
que não são vinculados a estruturas governamentais e partidárias” (D’ADESKY,
2001).
14. Esses princípios constam das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu-
cação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana. In: MEC/Secad (2006).
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20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da edu-
cação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá
outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasília, 10 de janeiro de 2003.
BRASIL. Lei no 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de
20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janei-
ro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil. Brasília, 11 de março de 2008.
CENTRO DE ESTUDOS DAS RELAÇÕES DE TRABALHO E DESIGUAL-
DADES. Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Educação: exer-
citando a definição de conteúdos e metodologias. São Paulo: Ceert,
2005.
INTRODUÇÃO
Quatro anos após a sanção da Lei no 10.639/2003 e quase três da
aprovação e ampla divulgação das Diretrizes Curriculares Na-
cionais para a Educação Étnico-Racial, ainda está desequilibra-
da, nos sistemas educacionais, a balança entre as medidas de
implementação e o “corpo mole”, ou indiferença, menosprezo,
ou ainda simples ignorância mesmo, que a empurra para o rol
das “leis que não pegaram!”.
Tenho pensado que é essencial se assenhorar da nova con-
dição de “agentes da lei” para o “cumpra-se!”. É necessário prio-
rizar a articulação e ações sistemáticas por dentro dos organis-
mos de estado e de governo, responsabilizando a hierarquia dos
sistemas educacionais; e no âmbito acadêmico pressionando a
“abertura” a novos olhares sobre o acontecer da sociedade bra-
sileira. Estes são liminares na produção de conhecimentos mais
e mais consistentemente universais – é hora de se valer do peso
institucional da lei e das legitimidades política e histórica.
Apesar dessa postura de princípio, esse texto pretende
dialogar com os educadores. E, especialmente, homenagear a
ação subterrânea daqueles que no esforço de dar visibilidade
à história e cultura afro-brasileira desde muito enfrentaram e
enfrentam hostilidades e estranhezas no ambiente educacio-
nal e, a cada iniciativa, conquistam a lei. Qualquer que seja a
intensidade e qualidade das mediações teóricas e da “alta po-
lítica”, sempre recai sobre educadores e os momentos mágicos
(ou não) das salas de aula a responsabilidade final – educadores
“seguram a Pemba!”.
E aí, há o risco, até por falta de formação, da reprodução
acrítica do que “já há”. Para alguns (já que existe a lei e ela pre-
II
Construir não é, contudo, aproveitar qualquer coisa, pensar e
agir em qualquer direção, embora isso também ocorra e “faça
parte!”. Se não há fórmulas de antemão preparadas, certas, de-
finitivas, há acúmulos que não devem ser menosprezados. Por
outro lado, se é correta a visão de que os avanços científicos
ou de outras formas de melhor compreensão do mundo, da na-
tureza, das relações sociais e da história, muitas vezes se dão
através de “saltos”, quebrando paradigmas e inaugurando no-
vas metodologias e teorizações, novos sentidos e perspectivas,
porque não aproveitarmos tão valiosas lições, no interesse de
O PROTAGONISMO E A LEGITIMIDADE
DA CONQUISTA
Toda lei tem uma história, que resguarda sua coerência e legiti-
midade política. Pode-se implementar a Lei no 10.639/2003 sem
se interrogar sobre sua história? Como deixar de lado essa ques-
tão nodal: porque foi preciso alterar a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDBEN), ou seja, a própria Constituição
Brasileira, para introduzir na educação básica a História e Cul-
tura Afro-Brasileira e Africana? Por que só agora?
De meu ponto de vista, a própria história da conquista da
lei é capaz de dirimir essas dúvidas. Ela se confunde com as de-
mandas do Movimento Negro Brasileiro, particularmente no
que toca aos “lugares raciais” na educação e às demandas por
conteúdos e práticas educativas anti-racistas. Desde muito:
15. NICE. Apelo às mulheres negras. O Clarim (um órgão da Imprensa Negra de
SP), abril de 1935.
16. SOUSA, R. de. Pioneirismo e Luta. Dionysos, Minc/Fundacen, (número es-
pecial), 1988.
O SILÊNCIO HISTORIOGRÁFICO
A solidariedade e mesmo o respeito de Florestan Fernandes
e de Roger Bastide aos militantes e à “causa negra” renderam
um trabalho extraordinário de recuperação histórica. Isso não
impediu, no entanto, que suas interpretações pecassem pela
visão de que havia um “problema do negro” e não uma ques-
tão racial. Segundo Florestan Fernandes era o “déficit negro”, a
incapacidade dos negros (deformados psicologicamente pela
opressão escravista), se adaptarem às exigências de uma so-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ção Cultural Palmares, 1994.
(...)
(...)
(...)
37. CRUZ E SOUSA. Litania do pobres. In: Op. cit. p. 60, 62-63.
(...)
(...)
Quebranto
às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada
(...)
(...)
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes !...40
arreliam medos
escavam toco seco
procuram verdades
escondidas nas encruzilhadas
sem despachos41
FATO
Aboliram
Escravidão
A
não
condição42
DANÇANDO NEGRO
Quando eu danço
atabaques excitados,
o meu corpo se esvaindo
em desejos de espaço,
a minha pele negra
dominando o cosmo,
envolvendo o infinito, o som
criando outros êxtases...
Não sou festa para os teus olhos
de branco diante de um show!
Quando eu danço há infusão dos elementos,
sou razão.
O meu corpo não é objeto,
sou revolução.43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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— et al. Reflexões sobre a literatura afro-brasileira. São Paulo: Cons. de
Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, 1985.
INTRODUÇÃO
A escrita desse trabalho se traduz na continuidade da última re-
senha que trazia em seu eixo principal: “O Negro e a Educação”.
Sentindo a necessidade de fazer uma pesquisa mais aprofunda-
da no assunto não só para fins investigativos como também para
uso no cotidiano escolar, as leituras empenhadas para a realiza-
ção deste trabalho abriram novas perspectivas de reflexão sobre
o cotidiano, a autonomia curricular e a crítica auto-avaliativa so-
bre o papel do educador no contexto racial da educação.
Estarão sendo abordadas a seguir perspectivas que não es-
tão fechadas em grandes explicações teóricas, pelo contrário,
estão em processo de compreensão para quem quiser abordá-
las, criticá-las e referendá-las junto a outras teorias e autores
que podem ajudar na reflexão. Em uma proposta ousada de
estudo, esse trabalho mostra o currículo em uma perspectiva
pós-crítica, o Multiculturalismo e o Currículo em Ação e uma
incipiente proposta para um futuro trabalho de pesquisa sobre
a Literatura Infanto-Juvenil Brasileira e Européia, em uma visão
multiculturalista.
AS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS
A redefinição do cenário mundial globalizado nos faz pensar
sobre as divisões econômicas e políticas que contemporanea-
mente vem ocorrendo no mundo, pois ao mesmo tempo que se
rompe fronteiras o mundo se polariza em globalizantes e glo-
balizados.
Em uma versão hegemônica de discurso, se diz que a glo-
balização serviu para aproximar povos e romper fronteiras, mas
O MULTICULTURALISMO E A LITERATURA
INFANTO-JUVENIL NO BRASIL
Depois de traçado um breve panorama das propostas curricu-
lares que atualmente estão sendo mais discutidas e em algu-
mas escolas postas em prática, esse momento do trabalho es-
tará, não mais mostrando uma proposta ou uma perspectiva
de currículo, mas tentando apontar para um possível objeto de
pesquisa.
Os textos anteriores nos mostram entre outros aspectos
importantes, a diversidade dos sujeitos sociais. Embora nós
educadores já soubéssemos disso, nas escolas onde nos for-
mamos, fomos deseducados para percebermos as diferenças,
as diversidades, as culturas, os vários sujeitos. Aprendemos a
ver nossos alunos como modelos saídos de formas, os olhamos
como modelos e os classificamos como tal e ainda somos cha-
mados de educadores.
A perspectiva multiculturalista nos propicia obter outros
modos de análise e crítica, juntamente com outros referenciais
teóricos onde podemos ter novos olhares sobre algo que está
familiarizado ou mesmo sob um outro aspecto crítico. Esse é
mais um caminho traçado por tantas outras perspectivas, que
podem nos ajudar ou colocar dúvidas nas nossas “certezas”.
CONCLUSÃO
Tomando a escola como um dos espaços privilegiados de crí-
tica e discussão, podemos dimensionar a sua complexidade
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84. Cf., a propósito, a obra Dos jornais às armas, de Marcelo Bittencout (1999).
85. Idem, p. 9.
86. FANON, 1979. p. 31.
87. Idem, p. 9.
88. PEPETELA, 2000. p. 364.
104. Citamos as três últimas estrofes do poema: “Uma flor nasceu na rua!/Pas-
sem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego./Uma flor ainda desbo-
tada/ilude a polícia, rompe o asfalto./Façam completo silêncio, paralisem os
negócios, garanto que uma flor nasceu.//Sua cor não se percebe./Suas péta-
las não se abrem./Seu nome não está nos livros./É feia. Mas é realmente uma
flor.//Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde/e lentamen-
te passo a mão nessa forma insegura./Do lado das montanhas, nuvens maci-
ças avolumam-se./Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em
pânico./É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.” In:
ANDRADE, 1973. p. 78-79.
105. RUI, 1984. p. 111.
juntar as palavras
suaves e verdes
da estrela viva.
É na palma da mão
Olha, meu amor
Nesse meu Brasil
Todo mundo bate tambor
Bumba-Boi e Boi-Bumbá
Ijexá, maculelê
Carimbó, tambor de mina
Ciranda,cateretê
Tem calango, tem fandango
Tem partido versador
Nesse meu Brasil todo mundo bate tambor
Samba-enredo, samba-reggae
Caboclinho e lundu
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho busca dar visibilidade às mulheres brasilei-
ras que ficam à margem da história, apesar de sua liderança e
trajetória, por não pertencerem a etnias hegemônicas. O tam-
bor é a representação do coração que bate, pulsa, chama, aco-
lhe e revigora. As mulheres negras tiveram este papel em toda a
história deste País.
Contar a história de mulheres que transformaram o nosso
mundo com seus sons e sonhos é contar um pouco da histó-
ria do Brasil vivida pelas mulheres negras, que sempre foram
deixadas de lado ou tratadas como heroínas anônimas. Em um
momento em que nossas escolas passam a se preocupar com
a cultura negra em seus currículos, é muito oportuno oferecer
um material que permita um mergulho maior na história de um
segmento que sempre ficou em segundo plano.
Queremos mostrar “as muitas mulheres” (quilombolas, re-
ligiosas, guerreiras, sambistas, artistas) que acreditaram nelas
mesmas, em suas tradições e, que em diferentes momentos his-
tóricos, teceram as teias da manhã do amanhã de cada um de
nós, com seus ritmos e sons do tambor: os sons do coração.
THEREZA SANTOS
Mulheres como Aqualtune e Teresa do Quariterê foram guerrei-
ras, mães, líderes espirituais, preservando todas as dimensões
das grandes mães ancestrais, as Iyá-mi, delineando toda uma
maneira de ser e estar no mundo das mulheres negras brasilei-
ras, seja no século XIX, como Chica da Silva ou Luiza Mahin ou
no século XX como Mãe Aninha, Tia Ciata, Mãe Senhora, Mãe
Menininha do Gantois, Tia Zica, Tia Neuma ou Thereza Santos,
cuja história aqui trazemos:
MULHERES RITMISTAS
A relação das mulheres com os instrumentos de percussão, não
pode ficar desvinculada da concepção de ritmo vital do prin-
cípio feminino da tradição africana, mais especificamente da
tradição nagô. O papel da mulher se delineia a partir da idéia
de criação da vida, que se revela desde suas rotinas diárias, que
envolvem o nutrir, o organizar a comunidade até o administrar
a vida. Entre os gorjeios de um canário amarelo, que com seu
canto encanta as manhãs, em meio à conversa com as plantas
– energia cósmica revelada no verde, que responde, entende e
comprova a estreita relação de nossa energia com a dos orixás,
as mulheres vivem a relação de vida e morte, marcada pelos ba-
timentos do coração, que comanda o ciclo vital. Vida é ritmo, é
movimento em harmonia.
Na cultura negra brasileira as mulheres são representa-
das nos mitos como propiciadoras de caminhos e meios para
a aquisição, transformação ou transferência de axé (energia de
vida). O axé se transmite em uma relação interpessoal e dinâ-
mica, em um processo de comunicação direta, plena de ritmo
vital, onde a palavra, compassada e rítmica, é básica e funda-
mental. O axé se desenvolve na comunidade-terreiro que fun-
ciona como um centro irradiador de todo um sistema cultural,
do qual a oralidade é um de seus elementos, mas que deve ser
visto em função do todo.
Pode-se concluir, então, que na cultura negra, o “som”, a “pa-
lavra”, são elementos mobilizadores, que conduzem a ação, que
propiciam “axé”. Desta forma, a mulher se destaca como doadora
da vida, guardiã principal e transmissora das tradições religiosas
e culturais, sendo o laço que liga o Sagrado com a vida biológica
e espiritual, por ser a zeladora da matéria mítica que modelou o
ORI (cabeça) de cada pessoa, mantendo o ritmo da vida.
MULHERES RELIGIOSAS
A perseguição impiedosa feita aos quilombos em função da
íntima relação entre as insurgências negras e as comunidades
religiosas de base africana, além da ameaça representada pelo
Quilombo dos Palmares, oportunizou a liderança religiosa das
mulheres, já que o governo promoveu um extermínio brutal dos
líderes religiosos. O culto aos orixás, que pode ser liderado por
homens ou mulheres, encontrou na mulher negra o principal
esteio para a manutenção das tradições religiosas e culturais da
comunidade.
As comunidades-terreiros surgiram de confrarias religio-
sas baianas, especificamente da Ordem Terceira do Rosário
de Nossa Senhora das Portas do Carmo, fundada na Igreja de
MULHERES POETISAS
Conceição Evaristo
Mineira de Belo Horizonte, Conceição Evaristo, nascida em
1946, vive atualmente no Rio de Janeiro. Tendo se formado em
Letras, é mestre em Literatura Brasileira pela PUC/RJ e douto-
ra em Literatura Comparada. A força de sua obra é sentida nas
mais diversas formas, tanto na poesia, quanto na ficção. Eis
como Conceição Evaristo se define:
CONCLUSÃO
As mulheres negras se caracterizam por discutirem o seu dia-a-
dia, sendo que em 1975, quando as feministas comemoravam o
Ano Internacional da Mulher, elas apresentaram um documen-
to que delineava sua situação de opressão e exploração. Os anos
seguintes testemunharam a criação de diferentes grupos, que
enfatizam as mulheres negras e o princípio feminino africano:
Lelia Gonzalez constatou:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BARRETTO, M. P. Os voduns do Maranhão. São Luís: Unesp/Fundação
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BEATA DE YEMONJA, Mãe. Caroço de dendê. A sabedoria dos terreiros.
Como ialorixás e babalorixás passam conhecimentos a seus filhos. Rio
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1999.
CACCIATORE, O. G. Dicionário de cultos afro-brasileiros. Rio de Janei-
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FERRETTI, S. F. Querebentam de Zomadonu: etnografia da Casa das
Minas. São Luís: Edufuma, 1985.
INTRODUÇÃO107
O rio Paraíba do Sul nasce no Estado de São Paulo, passa pela
região serrana fluminense, faz a divisa natural do Estado de Mi-
nas Gerais com o Estado do Rio de Janeiro, atravessa o norte
fluminense e deságua no Oceano Atlântico.
Formado pelo rio Paraibuna, que nasce na serra do Mar, e
pelo rio Paraitinga, que nasce na serra da Bocaina, o rio Paraí-
ba do Sul tem em seu vale um relevo de ondulações suaves, os
morros meia-laranja.108
As cidades de Paty do Alferes e de Vassouras, cenários do
tema deste artigo, localizam-se no médio vale fluminense do
rio Paraíba do Sul.
Com o declínio do ouro em meados do século XVIII e a ne-
cessidade de investir o capital acumulado com a mineração,
numerosas famílias vindas das regiões das minas de Minas Ge-
rais vão se estabelecer ao longo do médio vale fluminense do
rio Paraíba do Sul em busca de novas atividades que dessem
lucro.
Inicialmente essas famílias irão investir na plantação da
cana e do milho para abastecer o mercado consumidor do Rio
de Janeiro, mas aos poucos, esses cultivos vão sendo substituí-
dos pela plantação do café que utilizará o mesmo sistema agrí-
cola da cana-de-açúcar: grandes extensões de terra, monocul-
tora, e trabalho escravo para abastecer o mercado externo.
O QUILOMBO
Na noite de 5 de novembro de 1838, um grupo de 80 escravos
fugiu da fazenda Freguesia, em Paty do Alferes, em direção à
mata de Santa Catarina.
Na madrugada seguinte, portanto no dia 6, os escravos fu-
gitivos foram à fazenda da Maravilha, do mesmo proprietário e
lá tentaram matar o feitor, que fugiu, e convocaram os escravos
que lá viviam para a fuga. Arrombaram as portas dos paióis e
depósitos, em busca de mantimentos e ferramentas de trabalho
e seguiram em direção à mata onde encontraram escravos de
outras fazendas.
Essa informação nos é dada pelo juiz de paz de Paty do Al-
feres, José Pinheiro de Souza Werneck, em ofício enviado, da-
tado do dia 8 de novembro para o chefe da legião da Guarda
Nacional sediada em Valença.
Ilustríssimo Senhor
CONCLUSÕES
Através da comunicação entre as autoridades vê-se a importân-
cia que foi dada à fuga dos escravos para a mata de Santa Cata-
rina em novembro de 1838.
Também podemos saber que os escravos estavam organi-
zados, que não foi uma idéia individual, que os escravos prepa-
raram-se e, depois, quando da chegada da força policial à mata,
os escravos reagiram como puderam com armas de fogo e com
instrumentos de trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FLORENTINO, M. R. A. V.; SILVA, D. D. Aspectos comparativos do tráfi-
co de africanos para o Brasil (séculos XVIII e XIX). Afro-Asia, Salvador,
v. 31, p. 83-126, 2004.
CONTEXTUALIZAÇÃO
A cidade do Rio de Janeiro, durante a primeira década da Repú-
blica, sofreu mais intensamente as transformações que ocor-
riam desde a época do Império, visto que o Rio de Janeiro ocu-
pava o posto de maior cidade e capital econômica, política e
cultural do País.
Dentre as transformações ocorridas, o crescimento da po-
pulação em termos relativos foi o primeiro a ser sentido pelos
habitantes da cidade. Houve uma alteração profunda no que
se refere ao número de habitantes, de composição étnica e de
estrutura ocupacional. O crescimento da população deveu-se
a Abolição, que liberou o restante da mão-de-obra escrava da
zona rural, à intensificação da imigração, da migração interna e
ao saneamento do Rio de Janeiro que favorecia a expansão in-
dustrial, incrementando a oferta de mão-de-obra e o mercado
consumidor.
De acordo com Eulália Lobo, em 1872 a população da capi-
tal contava com 274.972 habitantes, passando para 522.651 ha-
bitantes em 1890. Em 1900, a população da capital era aproxi-
madamente 691.565 habitantes, chegando a 811.443 em 1906.109
A autora ressalta que, os recenseamentos de 1872 e 1890 englo-
bavam, o primeiro, os ausentes na época do censo, e o segundo,
a população regular e flutuante. O censo de 1900 foi considera-
do falho pelo próprio governo que classificou o resultado como
uma estimativa. Já o censo de 1906 foi o mais perfeito.
Os nacionais eram em número de 190.689 em 1872. Em
1890, contavam 398.299 habitantes e em 1900, chegaram a
519.849. Os estrangeiros perfaziam a seguinte marca: em 1872,
eram 84.283 habitantes, ou seja, 30,65% da população; em 1890,
124.352 habitantes (23,80% da população); e em 1900, 171.716
habitantes (24,83% da população).110
CONCLUSÃO
Nossa instituição tem um grande valor histórico e social no es-
paço onde está inserida, por isso, recuperar sua infra-estrutura
significa revitalizar não apenas um prédio onde funciona uma
escola – o que por si só já seria relevante – mas um lugar que
atende a comunidade local e adjacências.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cláudia Rezende do original: Putting Hierarchy in its Place, por Arjun
Appadurai. In: MARCUS, George E. (Org.). Rereading Cultural Anthro-
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DURKHEIM, É. Educação e sociologia (com um estudo da obra de
Durkheim, pelo professor Paul Fauconnet). 7. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, [s. d.].
EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS
Ficou interessante abordar nas turmas de 7a série (8o ano esco-
lar), no caso da História, os conteúdos referentes à Colônia e
Império em seus aspectos macros e micros, a partir da inven-
115. Modernidade no sentido dado por Jorge Larrosa Bondía no texto: Nota so-
bre a experiência e o saber da experiência, publicado pela Secretaria Municipal
de Educação de Campinas e que ora transcrevo: O sujeito moderno é um sujeito
informado que, além disso, opina. É alguém que tem opinião supostamente
pessoal e supostamente própria e, às vezes, supostamente crítica sobre tudo o
que se passa, sobre tudo aquilo de que tem informação. In: LARROSA, J. Notas
sobre a experiência e o saber da experiência. p. 3.
Carta 1
Olá,
Somos da turma 705. Todos na faixa de 12 e 13 anos.
Três meninas e dois meninos: Victoria, Tâmara, Jés-
sica, Jhonatan e Ricardo.
Tâmara e Ricardo moram no Barreto, Victoria, Jho-
natan e Jéssica em São Gonçalo.
Carta 2
Oi!
Meu nome é Pamella Ellen, tenho 13 anos sou mo-
rena, olhos castanhos escuros, cabelos cacheados,
magra. A coisa que mais gosto de fazer é sair com mi-
nhas colegas. Meus grupos preferidos são LS’Jak, Os
Moleques, Jota Quest entre outros.
Sou brasileira e moro no Estado do Rio de Janeiro
onde há muitas belezas naturais que acabaram vi-
rando pontos turísticos. Um destes pontos que é
muito interessante é a Baía de Guanabara.
116. Projeto Aceleração, alunas e alunos retidos por mais de dois anos na mes-
ma série e que completaram a idade de 15 anos, sendo encaminhados por ne-
cessidades pessoais ao ensino noturno no intuito de ter um processo de ensi-
no-aprendizagem que diminua sua defasagem ano/idade na permanência do
ensino fundamental. O projeto está montado em torno de ciclos I (6o e 7o ano)
e II (8o e 9o ano).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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—. (Org.). Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez Editora,
1997.
—. (Org.). História da arte-educação. São Paulo: Max Limonad, 1986.
Alexandre do Nascimento
Mestre em Educação (Uerj); doutorando em Serviço Social
(UFRJ); professor da Faetec, onde integra o Núcleo de Estudos
Étnico-Raciais e Ações Afirmativas (Neera), da Faculdade Re-
dentor e do Movimento Pré-vestibular para Negros e Carentes
(PVNC).
Helena Theodoro
Doutora em Filosofia pela Universidade Gama Filho; mestre em
Educação pela UFRJ; professora da Faetec/Cetep Mangueira.
Patrícia Freitas
Mestre em História pela UFRJ; doutoranda da mesma institui-
ção; professora da equipe de História da EEEF República.