Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Salvador
2011
Mônica Estela Neves Higino
Salvador
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
Inclui referências.
CDD: 299.67
Mônica Estela Neves Higino
_______________________________________________
Professor Dr. Valdélio Santos Silva – UNEB
___________________________________________
Professor Dr. Luciano Bonfim – UNEB
____________________________________________
Professor Msc. Juipurema Sandes - UNEB
Dedico este trabalho a minha mãe,
Adalgisa Lopes Neves (In Memorian),
que com carinho e orientação formou
a mulher que sou hoje.
AGRADECIMENTOS
This work aims to understand the social practice developed within the school the
child candomblecista interacts. This brings your community a pedagogical
experience that differs from the practiced in schools of formal education, which
invariably does not take into account the legacy inherited from ancestors Africans
who contributed in the development of Afro-Brazilian culture and traditions
perpetuate through orality and transmission of knowledge from older an educational
dimension. We also like the school system and their educators deal with the
differences, religious tolerance and children candomblecistas. This work will be used
a methodology based on bibliographic research, experiments and educational
practices observed. This note will be understood if the school social space is
responsible for the child socialization process in which relationships with children of
different religious cores and contact diverse can make school the first area of
religious freedomgiving space for all religious cultures.
INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10
1 A HERANÇA RELIGIOSA E A EDUCAÇÃO NO ÂMBITO DO
CANDOMBLÉ................................................................................................ 13
1.1 OS PRINCÍPIOS EDUCATIVOS DO CANDOMBLÉ PARA
EDUCAÇÃO DA CRIANÇA.......................................................................... 18
2 IDENTIDADE DA CRIANÇA CANDOMBLECISTA NO ESPAÇO
SOCIAL ESCOLAR...................................................................................... 22
3 O PAPEL DO EDUCADOR NO TRATO COM A DIVERSIDADE
CULTURAL E RELIGIOSA.......................................................................... 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 37
REFERÊNCIAS............................................................................................. 38
ANEXOS
10
INTRODUÇÃO
Isso nos leva a pensar nas ações afirmativas para o povo negro e a forma como os
educadores negros e brancos, favoráveis à discussão e à inserção da cultura
religiosa no currículo escolar, posicionam-se diante delas. Assim, esta monografia
pretende discutir as relações da criança candomblecista no espaço social da Escola.
Para a criança, o ambiente escolar pode ser o espaço para a sedimentação da sua
identidade, cuja construção se inicia no seio familiar, ou ainda, pode vir a ser o palco
onde a construção da sua identidade nega suas heranças culturais, abala sua
integridade psicológica, física e moral, caso o espaço escolar seja hostil às suas
referências culturais.
A subjetividade das crianças oriundas dos espaços dos terreiros ganha destaque no
processo educativo, pois as identificações ocorrem a partir das histórias dos sujeitos
reais e concretos com experiências diversas na vida religiosa. Essa dimensão da
subjetividade é um importante instrumento a ser utilizado pelos profissionais da
educação que lidam constantemente com a diversidade religiosa entre alunas e
alunos. No entanto, faz-se necessário a partir de estudos de campo, analisar como
acontecem atitudes de preconceito religioso que comprometem a identidade e auto-
estima da criança candomblecista, podendo levá-la a um processo de exclusão
social.
De acordo com MACHADO (2002, p.10), “[...] muitos anos atrás, antes dos tempos
da Grécia, do Egito e dos Fenícios, bem como no centro da África Negra, um negro
bastante velho, contava história para seus netos e para os netos de seus vizinhos.”
Este velho contador de histórias o Gryot (“aquele que transmite a fala dos
ancestrais para as novas gerações”) na infância da África, iniciava o aprendizado
15
das crianças das tribos através de suas histórias, mantendo viva a tradição da
oralidade falando da vida, dos valores e das origens que estruturava o mundo Nagô.
(ANEXO 03)
Esta experiência africana em grande parte está presente nos terreiros, assim, a
criança absorve princípios e valores através desta vasta oralidade passada por seus
mais velhos em sua comunidade religiosa. Estas poderiam ser utilizadas como
suporte de construção da sua identidade nos estudos sobre relações raciais na
educação.
Vale ressaltar que a discussão sobre a matriz da religião afro-brasileira não pode
desconsiderar a existência do preconceito religioso e da desigualdade entre negros
e brancos em nosso espaço escolar. Tal consideração nos afastará das práticas
educativas que ainda insistem em colocar a cultura trazida como herança no lugar
do exótico e do folclore e possibilitará a construção de uma postura política diante
da questão religiosa no espaço social da escola.
religioso existente em sala de aula ou na área externa da escola é sem dúvida uma
postura que professores regentes devem ter em defesa do futuro de alunos e
cidadãos que tem direitos numa sociedade.
A visão de mundo que a criança adquire, vem da oralidade dos mais velhos nas
comunidades dos terreiros, do que é ensinado na sua iniciação para afirmar sua
19
continuar a manter a identidade religiosa que lhes confere sua cultura, resgatando
sua história e suas origens, seus princípios educacionais a partir dos valores e
respeito às suas matrizes culturais. De acordo com JUNG (1987):
Por outro lado é difícil a criança reconhecer sua matriz religiosa africana e afro-
brasileira, uma vez que a sociedade tem tradicionalmente estigmatizado esta
religião, associando-a ao fracasso, ao demônio, à morte, à sexualidade incontida, à
criminalidade e à marginalidade. Considerando que a educação escolar é um
instrumento que possibilita a inserção do cidadão em vários espaços, com objetivo
23
Mesmo que muitas vezes a escola perceba que está tratando com crianças que
possuem em suas efetivas particularidades valores religiosos e construções sociais
diferentes, o que prevalece é a prática universalista da cultura que resulta no
fortalecimento das culturas hegemônicas. Portanto, o sistema educacional escolar é
inclinado a acolher uma visão eurocêntrica, que reproduz preconceitos na sala de
aula e no espaço escolar.
26
Por essa razão, a escola se defronta com pontos de tensão entre diversidade e
homogeneidade e precisa pensar na necessária abordagem e articulação entre
educação e a perspectiva multicultural, para que os educadores possam assumir a
responsabilidade de desconstruir as atitudes e posturas discriminatórias e
preconceituosas do pensamento hegemônico.
construída a história das religiões no Brasil, ou seja, uma leitura que apresenta um
povo colonizado por portugueses com forte influência católica; assim como uma
visão das manifestações religiosas e culturais do povo africano, que chegou ao
Brasil por meio da força do colonizador e de seus conceitos religiosos e culturais. O
educando, assim, poderá conhecer e debater sobre mais um traço fundamental que
integra e constitui um Brasil multicultural, pluriétnico e pluri-religioso.
Sendo a escola um lugar social concebido como espaço das várias aprendizagens e
das vivências concretas dos professores e estudantes, é possível que os símbolos e
mitos africanos sejam inseridos na escola visto que vivemos numa cidade onde
esses saberes estão presentes e fazem parte da nossa cultura. Assim, é possível na
prática pedagógica, que os docentes utilizem em sala de aula a diversidade cultural
frente ao legado africano e afro-brasileiro e as diversas denominações religiosas.
Candomblé é uma religião culturalmente rica, pois sua dança, roupas, música e
comidas têm um papel muito importante nos rituais, considerado por seus adeptos o
culto afro que mais preserva as origens africanas. O candomblé é a denominação
genérica das religiões de matriz africana, difundidas e praticadas no Brasil,
especialmente na Bahia, onde surgiram os primeiros e mais tradicionais terreiros.
Segundo cadastro da ACBANTU e pesquisas de revistas e censos há
aproximadamente 3.800 terreiros em Salvador.
O espaço social escolar deve estar voltado para a construção de valores e práticas
de relações humanas que permitam o reconhecimento da diversidade, da
pluralidade cultural e religiosa e o respeito a essa diversidade no sentido de superar
as descriminações e relações de exclusão dentro de nossas escolas.
mundo, assim se faz necessário na motivação que buscamos para reforçar a auto-
estima de nossas crianças e adolescentes, incorporar a nossa prática pedagógica,
os mais diversos elementos que contribuam para a interação destas crianças no
mundo social escolar e além dele. “A escola prepara o indivíduo para o Mundo...”
Na prática, a aplicação da lei tem sido feita de forma isolada e precária por alguns
professores de determinadas escolas do país. A implementação deveria ocorrer em
forma de sistema e envolver todos os atores necessários para que seja conhecida e
utilizada um segmento contínuo, não apenas pela boa vontade. Isto porque o
currículo é etnocêntrico, não só de raiz européia, e, portanto, cabe o espaço social
escolar incluir no contexto dos estudos não apenas culturais dos povos que
colonizaram nosso país, mas também suas contribuições históricas que fazem parte
da nossa sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O candomblé, parte desse processo, precisa ser abordado pela escola. Quando se
trata de levar essa temática ao universo do ensino religioso uma polêmica se
estabelece, mas a idéia não é de discutir apenas o ensino religioso previsto na Lei
9475/97, mas sim de refletir sobre a relação do ensino religioso e da religiosidade no
âmbito do espaço social escolar.
REFERÊNCIAS
BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia. Cia. Editora Nacional, São Paulo, 1978.
Educação Anti - Racista: caminhos abertos pela LEI Federal nº 10.639/03. SEC,
MEC/BID/UNESCO. Brasília: Ministério da Educação. 2005.
FREIRE, Paulo- Educação como Pratica de liberdade. RJ: Paz e Terra, 1967.
GUIA, Franci da. Ser negros nas vozes e nos silêncios produzidos na escola.
Mestrado em Educação. Universidade Federal do Ceará. 1999.
SIQUEIRA. Maria de Lourdes. Ago Ago Lonam. BELO Horizonte: MAZZZA. 1998.
ANEXOS
Anexo 01
A educação familiar.
41
Anexo 02
Anexo 03
GRYOT