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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE EDUCAÇÃO - CE
CURSO DE PEDAGOGIA

ISABELLE CAROLINE BARROS DA ROCHA

A MUSICALIZAÇÃO INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

NATAL/RN
2022
ISABELLE CAROLINE BARROS DA ROCHA

A Musicalização Inclusiva na Educação Infantil

Artigo Científico apresentado à


Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como
requisito parcial para a
obtenção de título de
licenciatura em Pedagogia, sob
orientação da professora Dra.
Géssica Fabiely Fonseca.

NATAL/RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE

Rocha, Isabelle Caroline Barros da.


A musicalização inclusiva na educação infantil /
Isabelle Caroline Barros da Rocha. - 2022.
28 f.: il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (graduação) -


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de
Educação, Graduação em Pedagogia. Natal, RN, 2022.
Orientadora: Profa. Dra. Géssica Fabiely Fonseca.

1. Musicalização - TCC. 2. Educação infantil - TCC. 3.


Educação inclusiva - TCC. 4. Psicologia educacional -
TCC. I. Fonseca, Géssica Fabiely. II. Título.

RN/UF/Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE CDU


78:373.2

Elaborado por Jailma Santos - CRB-15/745


A MUSICALIZAÇÃO INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ISABELLE CAROLINE BARROS DA ROCHA

Artigo científico apresentado ao Curso de


Pedagogia do Centro de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para a
obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________
Profa. Dra. Géssica Fabiely Fonseca (Orientadora – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte)

_________________________________________________________________
Profa. Jéssica Maria De Araújo Neves Góis ( Universidade Federal do Rio Grande
do Norte)

_________________________________________________________________
Profa. Maria Lourena de Queiroz (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
“Educar é um ato de amor e, por isso, um ato de coragem”.
Paulo Freire.
AGRADECIMENTOS
A Pedagogia foi um amor inesperado. Em uma simples conversa com a
minha tia, em um domingo à tarde, ela abriu os meus olhos. Fiz ENEM e cá estou,
finalizando-o. De fato, a pedagogia foi um amor que me conquistou.
Agradeço a todos os docentes que tornam esse ambiente um lugar acolhedor
e que foram o alicerce da minha formação profissional. Além deles, agradeço a
todos os profissionais da universidade: zeladores, porteiros, seguranças,
secretários.
Agradeço em especial à professora Dra. Géssica, pela orientação, influência
pelo caminho da educação especial e partilharmos, juntas, uma maternidade com
filhos da mesma idade.
À minha família, meus pais que são a base de tudo. Destaco a minha mãe,
também professora, na qual me orgulho muito de sua trajetória e da profissional que
é. Aos meus irmãos: Marivani, Arthur, Erivan Jr. pelo incentivo de sempre. Em
especial, Marivani que no último semestre cuidou de Guilherme para que eu
pudesse frequentar as aulas.
Ao meu marido, Carlos, obrigada por estar sempre ao meu lado. Partilhar a
vida com você é a maior realização que tenho.
Ao meu filho Guilherme, que gestei durante o curso. Obrigada por trazer mais
vida a minha vida.
Aos meus colegas de curso e, em especial, aos amigos que fiz: Priscila,
Gabriel, Jéssica e, a minha amiga de longas datas, Rossana. Tantos trabalhos
juntos, tantas ajudas mútuas e aqui estamos.
Aos meus amigos, fora do curso, mas que sempre estiveram presentes em
todos os momentos: Felipe, João, Aryan e Fabiano.
Por fim, agradeço a todos que diretamente ou indiretamente fizeram parte da
minha formação.
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar e propor atitudes pedagógicas
inclusivas a partir de vídeos do YouTube que abordam o assunto da musicalização.
Tal problemática justifica-se uma vez que é de extrema relevância a busca de uma
sociedade inclusiva e a melhora na práxis educativa dos docentes da educação
infantil. A musicalização consiste na vivência de práticas musicais. Ela é uma
excelente ferramenta pedagógica inclusiva na educação infantil. Vivemos em uma
sociedade plural, diversificada e devemos buscar práticas que abracem a
diversidade. O número de alunos com deficiência vem aumentando nas salas de
aula brasileiras e, por isso, os professores devem buscar práticas que auxiliem o
processo de aprendizagem. A musicalização compreende atividades lúdicas que
desenvolvem a socialização, coordenação motora, percepção de ritmos, sons e
vibrações. A metodologia adotada para esse trabalho baseou-se na abordagem
qualitativa para a análise de microprocessos, através da análise das ações sociais
individuais e grupais. Os dados evidenciam que os vídeos de aulas de
musicalização na plataforma do Youtube podem contribuir para a construção de
práticas mais inclusivas. O estudo conclui que a análise pode subsidiar a proposição
de propostas pedagógicas inclusivas com base na musicalização nos contextos de
ensino e aprendizagem de crianças com e sem deficiência.

Palavras-chave: Musicalização. Educação Infantil. Psicologia Educacional.


Educação Inclusiva.
ABSTRACT
This article aims to analyze and propose inclusive pedagogical attitudes from
analyses of YouTube videos with musicalization. This study is justified since the
search for an inclusive society and improvement in the educational practice of early
childhood education. Musicalization consists of experiencing musical practices. It is
an excellent inclusive pedagogical tool in early childhood education. We live in a
plural, diverse society and we must seek practices that embrace diversity. The
number of students with disabilities has been increasing in Brazilian classrooms and,
therefore, teachers must seek practices that help the learning process.
Musicalization comprises recreational activities that develop socialization, motor
coordination, perception of rhythms, sounds and vibrations. The methodology
adopted for this work was based on the qualitative approach for the analysis of
microprocesses, through the analysis of individual and group social actions. The
data show that videos of musicalization classes on the Youtube platform can
contribute to the construction of more inclusive practices. The study concludes that
an analysis can support the proposition of inclusive pedagogical proposals based on
musicalization in the teaching and learning contexts of children with and without
disabilities.

Keywords: Musicalization. Child education. Educational Psychology. Inclusive


education.
1. Introdução
A música proporciona o desenvolvimento do cérebro humano, uma vez que
provoca atividades que envolvem o raciocínio, bem-estar e concentração. Além
disso, a música tem um papel fundamental na formação social dos indivíduos. Ela
faz parte da identidade cultural, é uma forma de expressão da cultura popular e tem
a capacidade de aproximar as pessoas, através do sentimento, emoção, experiência
e sensações.
Adicionalmente, a musicalização é o ato de musicalizar, está relacionada a
vivência de práticas musicais através dos sons, ritmos, timbres englobando o
aprendizado musical.
Dessa forma, a musicalização é uma ferramenta pedagógica que contribui
para a formação social e o desenvolvimento das habilidades. A partir de atividades
lúdicas, os professores podem proporcionar aos alunos um processo de ensino
aprendizagem prazeroso. A musicalização atua no desenvolvimento integral através
do conjunto de atuação entre o cognitivo, o social e estético (MOLL e WACHHOLZ,
2020).
Consequentemente, a musicalização, na educação infantil, proporciona a
autonomia da criança, o desenvolvimento crítico, social, corporal, linguístico e
mental. Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), nos campos de experiência
da Educação Infantil, a música está explicitamente presente em corpos, gestos e
movimentos, em traços, sons, cores e formas. Por conseguinte, a musicalização na
educação infantil é notória para o desenvolvimento das habilidades garantidas no
currículo brasileiro.
Segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF
2021), uma a cada dez crianças apresenta algum tipo de necessidade especial.
Existem, no mundo, cerca de 240 milhões de crianças com necessidades especiais
e, no Brasil, segundo o Censo Escolar 2020 (BRASIL, 2020) existe 1,3 milhão de
crianças e jovens com deficiência na Educação Básica.
A legislação brasileira garante que a educação é um direito de todos. Nessa
perspectiva, é evidente a necessidade da inclusão escolar nos contextos
educacionais. Para tal, a Educação Especial, em uma perspectiva da Educação
Inclusiva, oportuniza novas ferramentas e modelos educacionais. A partir de 2008, a
Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva
entrou em vigor e aumentou, consideravelmente, o número de estudantes com
Necessidades Educacionais Especiais (NEE) na Educação Básica Brasileira.
As escolas inclusivas, por sua vez, partem da premissa de que todos os
alunos, independente de necessidades especiais ou não, aprendam juntos. Para tal,
é necessário que os docentes compreendam as limitações e necessidades diversas
de cada aluno, redimensionando suas práticas e saberes para as necessidades da
turma como um todo.
Apesar de existirem diretrizes e um amplo conhecimento sobre a importância
da educação inclusiva, ela é, na prática, um grande desafio aos profissionais da
educação. A musicalização, por sua vez, pode ser uma ferramenta pedagógica
inclusiva. Segundo Silva (2015, p.4): “A música pode atuar como facilitador de
diversas aprendizagens na educação de crianças com NEE, podendo auxiliá-las no
processo de desenvolvimento cognitiva, motor, oralidade, socialização, respeito,
entre outros”.
Dessa forma, a musicalização na educação infantil pode ser trabalhada
através de uma perspectiva inclusiva, oportunizando, aos alunos, atender às novas
demandas enquanto sujeitos.
Portanto, o presente artigo tem como objetivo analisar e propor propostas
pedagógicas inclusivas, a partir de vídeos do YouTube, que abordam o assunto da
musicalização. Tal problemática justifica-se pela extrema relevância em busca de
uma sociedade inclusiva, bem como melhoria na práxis pedagógica na educação
infantil.
2. Fundamentação Teórica
2.1. A musicalização na Educação Infantil
A Educação Infantil é a primeira fase da educação básica que atende a faixa
etária de crianças de zero a cinco anos. A Educação Infantil tornou-se dever do
Estado a partir da Constituição Federal de 1988, fazendo crescer as escolas e
pré-escolas brasileiras. Ao ser garantida pela Lei, a Educação Infantil faz parte da
Base Nacional Comum Curricular que é um documento normativo que define as
aprendizagens essenciais da Educação Básica brasileira.
Segundo a BNCC as atividades pedagógicas da educação infantil devem
garantir às crianças o direito de conviver com outras crianças e adultos, brincar de
diferentes formas, com diferentes pessoas, participar ativamente das atividades,
bem como explorar todas as áreas para provocar o conhecimento sobre artes,
ciências, tecnologia e escrita, expressar-se livremente, conhecer-se e construir uma
identidade pessoal, cultural e social(BRASIL, 2018).
Para a BNCC (BRASIL, 2018, p.34):

[...] as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos


construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua
comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo
de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas
crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens.

A musicalização, por sua vez, é uma área de estudos musicais, no contexto


da educação musical, que apresenta diversos elementos que levam o sujeito a
compreensão e entendimento da linguagem musical.
De acordo com Melo e Lucia (2013, p. 40):

A musicalização é o processo de construção do conhecimento musical, é


um processo pelo qual o educando tem de desenvolver as atividades
cognitivas da criança, assim como: o lúdico, a socialização, a musicalidade
e as funções rítmicas, percepção espacial, coordenação motora e
memorização.

A musicalização, no ensino com crianças, contribui para o desenvolvimento


global das habilidades necessárias como desenvolvimento cognitivo, linguístico,
corporal e motor. Ela proporciona atividades de socialização, memória, observação,
paciência e espera. A música é, portanto, uma excelente ferramenta pedagógica.
Ainda segundo a BNCC, a organização curricular da Educação Infantil é
pautada em campos de experiência que levam em consideração os direitos de
conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. Nesse contexto, a
própria BNCC traz a música nos campos de experiências corpo, gestos e
movimento, traços, sons, cores e formas(Brasil, 2018).
De acordo com Pereira (2018, p.1) a musicalização: “[...] proporciona um
processo de aprendizagem prazeroso, vivenciado numa perspectiva integradora”.
Assim, a busca por ferramentas pedagógicas que atuem de forma prazerosa e
lúdica oportuniza a potencialização das situações de ensino aprendizagem.
Adicionalmente, a música como forma de ensino vai contra a Educação
Bancária. A Educação Bancária é “[...] um ato de depositar, em que os educandos
são os depositários e o educador, o depositante” (FREIRE, 2017, p. 80). Esse tipo
de ensino é pautado no sistema conteudista ainda tão presente no sistema
educacional brasileiro. Infelizmente, existem escolas que atuam nessa perspectiva
na educação infantil almejando apenas atividades repetitivas, sem significado, sem
contextualização sociocultural.
A musicalização está presente na atuação de uma educação libertadora ou
problematizadora. Para Freire (1986), a educação libertadora é uma educação ativa,
onde os alunos são atuantes no aprender, questionam a realidade, existe um
debate, diálogo, formando um aluno crítico. Para Brito (2003), através dos sons as
crianças percebem o seu tempo-espaço, aprendem e relacionam os sons e
melodias com o meio, exploram e descobrem o mundo.
Além disso, a música é ação social. Ela está presente em todas as culturas
desde os tempos mais antigos. A música é reflexo da sociedade. A música é
também uma forma de arte. E a Arte, por sua vez, é um conhecimento sensível
insubstituível (KONDER, 1996, p.290). Segundo Barbosa (2011), a arte é, e por
consequência, a música, uma forma de conhecer a realidade, desenvolver
sensibilidade, percepção, convicção e imaginação. A autora ressalta ainda que
(BARBOSA, 2011, p. 98): “[…] para que haja a possibilidade de a música cumprir
esse papel na formação dos indivíduos, é necessário que os conteúdos próprios da
linguagem musical sejam trabalhados".
Portanto, a musicalização é uma ferramenta pedagógica que pode
proporcionar uma aprendizagem significativa com crianças, caso seja feita de forma
planejada e com a intenção de uma educação libertadora.

2.2. Um olhar através da psicologia educacional


A musicalização promove o desenvolvimento humano. No contexto escolar, é
uma ferramenta enriquecedora que estimula as mais diversas funções psicológicas
do organismo através do contato e crescimento do sujeito com o meio em que vive.
Segundo Vygotsky (1991), o desenvolvimento cognitivo do ser humano
ocorre através da interação social com o meio. A interação social potencializa o
desenvolvimento cognitivo infantil. Para esse pensador, as relações sociais do
sujeito com o mundo desenvolvem as complexas funções superiores que, por sua
vez, estão relacionadas às ações controladas e pensadas, formando, portanto, as
ações intencionais.
Vygotsky (1991) tem como seus fundamentos que as interações entre o
homem e o meio promovem o desenvolvimento psíquico, onde a mediação social é
o fator primordial. Ainda, segundo o autor, o meio em que a criança está inserida
influencia a sua formação social por toda a vida. Dessa forma, trabalhos planejados
e com intencionalidade pedagógica na educação infantil são essenciais.

2.3. A musicalização inclusiva na Educação Infantil


A Educação Especial está imersa na perspectiva da Educação Inclusiva, que
tem por objetivo ressignificar as práticas pedagógicas docentes, em busca de
redirecionar os saberes e práticas de aprendizagem de forma que englobe todo o
público-alvo do professor.
Segundo Guijarro (2005), a educação inclusiva é pautada “na inclusão,
porém, o centro da atenção é transformar a educação comum para eliminar as
barreiras que limitam a aprendizagem e participação de numerosos alunos e
alunas”.

Para Oliveira (2020, p. 37):

A Educação Especial é compreendida, então, como aquela ofertada não


mais de forma segregada da escolar regular (comum), mas articulada,
oferecendo recursos e serviços que garantam a plena aprendizagem do
estudante público-alvo da Educação Especial [...].

Além disso, segundo Glat e Blanco (2007), a educação inclusiva pode ser
vista como um novo modelo educacional, onde é possível a entrada e permanência
de todos os estudantes através da remoção das dificuldades de aprendizagens que
possam existir.
A sociedade em que vivemos é uma sociedade plural. Apresentamos
diferenças culturais, religiosas, políticas, étnicas e, reconhecer a diversidade
humana e buscar um processo de aprendizagem, pautado na compreensão de nós
mesmos e do mundo que nos cerca, é o alicerce da formação de um sujeito crítico.
Partindo de uma perspectiva social, para (Vigotski, L.S., 2022, p. 247):
[...]o educador começa a compreender que, ao penetrar na cultura, a
criança não só toma algo da cultura, assimila algo, apreende algo do meio
externo, mas também a própria cultura reelabora toda a conduta natural da
criança e restabele de uma nova forma todo o curso do desenvolvimento.
Ressalta-se ainda que para Mantoan (2003, p. 12): “Um novo paradigma do
conhecimento está surgindo das interfaces e das novas conexões que se formam
entre saberes outrora isolados e partidos e dos encontros da subjetividade humana
com o cotidiano, o social e o cultural”. Diante da nova realidade em que estamos
inseridos, a escola não pode continuar tratando os alunos como seres uniformes,
homogêneos, pautando o ensino em currículos engessados, altamente burocráticos
e ineficientes. É necessário um olhar para as diferenças, a pluralidade e diversidade
dos alunos.
Nessa perspectiva, a musicalização é uma proposta que abarca a pluralidade
dos alunos, apresenta uma carga histórico-cultural, faz o aluno conhecer,
reconhecer e se conhecer no meio social. Atividades musicais planejadas são
benéficas para o processo de ensino aprendizagem significativo.
Desde a fase fetal nós estamos imersos em um ambiente musical. De acordo
com Melo e Lucia ( 2013, p. 39):

“Quando um bebê é gerado, todos os órgãos e funções estão em plena


atividade. Neste sentido falamos que o som é uma das atividades mais
aguçadas no momento da concepção. O feto neste período já entra em
contato com o som, e o primeiro deles é o som da voz de sua mãe, e
depois as vibrações sonoras de outros ruídos e vozes que o cercam”.

A partir desse momento, o feto passa a vivenciar a educação musical. Ao


nascer e crescer é necessário um ambiente estimulante para o aprendizado e
desenvolvimento. Dessa forma, a musicalização promove o processo de
socialização e desenvolvimento global das crianças através de atividades lúdicas,
planejadas e inclusivas.

Para tal, o planejamento do mediador é fundamental. Portanto, o professor


deve planejar sua atividade para que as crianças possam se perceber, perceber
suas individualidades, limitações, bem como perceber também as das pessoas ao
seu redor. Esse contato entre colegas instiga momentos de socialização e interação
que, por meio deles e até mesmo de forma involuntária, ocorre a superação dos
limites.
Segundo Bréscia (2013) a musicalização é uma ferramenta de construção do
conhecimento. Ela promove o desenvolvimento da ritmicidade, melhora da
coordenação motora, percepção e autonomia corporal, traz momentos de prazer e
relaxamento, auxilia na memorização, concentração, diminui a timidez, ajuda na
expressão dos sentimentos, participa na formação de um sujeito crítico. De acordo
com Pereira (2018), a musicalização oportuniza o controle de ansiedade, ajuda no
diálogo e induz ações coletivas.
A musicalização é, portanto, um recurso educacional para se efetivar a
inclusão, uma vez que ajuda a diminuir as dificuldades que alunos com deficiência
encontram no processo de escolarização.
3. Metodologia
A metodologia adotada para esse trabalho baseou-se na abordagem
qualitativa. De acordo com Martins (2004) a metodologia qualitativa prima por
análises de microprocessos, através da análise das ações sociais individuais e
grupais. Dessa forma, esse artigo teve como princípio a análise intensiva dos dados
coletados, investigando ações sociais.
Assim, a metodologia também foi pautada na netnografia. Na atualidade, o
acesso à informação e aos estudos é variado. A internet é o maior canal de
pesquisa e não abrange apenas a busca de teses e dissertações. Ela é reflexo da
sociedade nos mais variados sentidos e uma análise aprofundada de, por exemplo,
mídias sociais, torna-se um material enriquecedor para um trabalho científico.
Segundo Santos & Gomes (2013) a netnografia baseia-se no método
predominantemente usado para análise das mídias sociais. Para Soares & Stengel
(2021), a netnografia é uma metodologia científica em que a produção dos dados
acontece através do mundo on-line. Ainda, segundo Soares & Stengel (2021, p.1):
“Investir na pesquisa científica de forma consciente e criativa, aproveitando toda a
diversidade e variedade de dados que o ambiente virtual nos apresenta, se faz
necessário”.
Por isso, a análise qualitativa e a netnografia são dois eixos norteadores da
metodologia científica do presente artigo.
Dessa forma, o presente estudo teve quatro passos principais: o primeiro
consistiu no levantamento bibliográfico, posteriormente a busca pelos dados na
internet, depois o estudo, a análise e problematização e, por fim, a produção do
artigo.
O primeiro passo consistiu no levantamento bibliográfico. Para tal, foi
realizada uma busca e estudos dos mais variados trabalhos científicos já publicados
como artigos, revistas, teses, dissertações, buscando, assim, fundamentar o estudo
e criar o estado da arte.
O segundo passo consistiu na busca, através da internet, dos dados a serem
analisados. Para essa finalidade, foram pesquisados materiais didáticos que
abordassem sobre educação e musicalização. Por fim, foi definido qual o material
seria analisado. Os dados selecionados estão presentes na plataforma do Youtube.
O canal escolhido se chama “Musicalizando com Tio Carlos” e tem como link
https://www.youtube.com/channel/UC0pXSdkKPR9Vecj9RGJBmbg. Então, foram
escolhidos alguns vídeos para propor, a partir da ótica desse professor, uma
proposta pedagógica mais inclusiva.
Após a escolha dos dados, o terceiro passo consistiu na análise e
problematização dos vídeos escolhidos. Dessa forma, foi pensada em uma proposta
pedagógica inclusiva, construída em conjunto com a orientação proposta pelo
professor Carlos. À vista disso, foi possível aprimorar as aulas de musicalização em
uma perspectiva inclusiva.
Por fim, o último passo consistiu na elaboração do presente artigo científico
com as considerações do estudo.
4. Análise e problematização
A musicalização inclusiva na Educação Infantil é uma ferramenta pedagógica
que promove a destruição de barreiras na educação. Ela trabalha em uma
perspectiva de uma sociedade plural, com crianças típicas e atípicas, bem como
contribui para o desenvolvimento integral das crianças em busca de uma sociedade
igualitária, inclusiva, diversa e democrática.
Porém, para que esse objetivo seja alcançado, é necessário que exista todo
um labor pedagógico planejado, por parte dos profissionais da educação, que
permitam que a inclusão aconteça em sala de aula.
Nessa ótica, foi realizada uma busca na internet por materiais pedagógicos
que abordassem o tema da musicalização para pensar em uma proposta de
intervenção que tivesse uma perspectiva mais inclusiva. Para tal, foi encontrado o
canal no youtube chamado “Musicalizando com Tio Carlos”.
Tio Carlos é um professor de Música e compartilha em seu canal estratégias
de ensino de musicalização voltado para crianças. Além disso, ele também posta
vídeos cantando histórias e canções, como produzir materiais musicais, tipos de
sons, os diferentes tipos de sons dos mais variados lugares (onde provavelmente a
criança se reconhece nesse espaço), sequências rítmicas, silêncio, discussões
científicas e participações em apresentações e palestras. O canal conta com
aproximadamente 260 vídeos e é extremamente rico.
O canal é gerido pelo professor Carlos Antônio Freitas da Silva. Ele é
professor de Música da educação básica. Formou-se em 2017 pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte em licenciatura em Música. O professor Carlos,
além do canal do youtube, é um pesquisador com diversos artigos científicos
publicados e todo o seu trabalho na plataforma é fundamentado por pensadores que
norteiam a educação infantil e musical.
O canal tem a seguinte descrição: “Fala galera, fala fofos e fofas! Sejam
bem-vindos ao meu canal de musicalização. Aqui eu compartilho estratégias de
ensino de música para a iniciação musical de crianças. As propostas apresentadas
aqui foram fundamentadas a partir das minhas experiências práticas como professor
de Música e na pesquisa de autores da Educação Musical e áreas afins como:
Jaques Dalcroze, Edgar Willems, Murray Schafer. Zoltán Kodály, Teca Alencar,
Violeta Gainza, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Henri Wallon . Meu objetivo é promover
um ambiente de atividades práticas, onde você possa dar um up nas suas aulas de
musicalização.”
A escolha pelo canal se deu diante da proposta apresentada, a fim de
pensarmos possíveis intervenções - a partir de alguns dos vídeos, que visem tornar
o material pedagógico disponibilizado, mais inclusivo.

De um modo geral, a musicalização já é uma atividade mais inclusiva pois


trabalha em uma perspectiva lúdica. Ela foge ao tradicionalismo em sala de aula e,
portanto, a proposta aqui apresentada é uma análise que traga uma adaptação das
atividades, transformando o educador em um facilitador do processo de
ensino-aprendizagem, minimizando as limitações de alunos com necessidades
especiais.
De acordo com Benites (2020, p. 26), a música tem uma série de definições,
mas pode ser resumida em três básicas:
[...] sua definição parece com o seguinte: (1) música é um evento
intencional produzido e organizado, (2) com finalidade para ser escutado e
(3) que tenha alguma característica musical básica como altura e ritmo, ou
para ser interpretada a partir de tais recursos.
Portanto, é fundamental refletir que a música engloba uma intencionalidade
musical, bem como, uma percepção de escuta. Dessa forma, os mais variados
elementos musicais devem ser pensados na busca por uma perspectiva inclusiva.
Ainda, segundo Benites (2020): “[...]a música está permeada por muitos elementos,
vários deles com caráter extrassonoro”.
Para se trabalhar a musicalização, voltada para inclusão, é necessário
planejar toda uma atividade que englobe elementos que possam ser escutados,
sentidos ou assistidos por crianças. Por exemplo, em uma melodia existem
elementos de ritmo, vibrações, intervalos, pausas que são organizadas para uma
percepção de apreciação. E é justamente, procurando se aprofundar nesses
elementos, que se pode construir uma ferramenta pedagógica inclusiva a partir da
musicalização.
Antes da aplicação da musicalização em sala de aula, é necessário que o
professor faça um estudo sobre a diversidade dos seus alunos e saiba ou sonde as
necessidades especiais e individuais de cada aluno. A partir desse levantamento, é
possível que ele elabore o seu planejamento.
Sabemos que a rotina permeia a Educação Infantil. Segundo Bilória &
Metzner (2013): “[...] para a criança, é fundamental que exista uma rotina para que
ela se sinta segura, possa desenvolver a sua autonomia, bem como, ter o controle
das atividades que irão acontecer”. Por isso, é importante que o professor, antes de
inicializar a atividade musical, pense em estratégias que a criança, através de uma
rotina, identifique qual será a atividade a ser realizada, criando uma maior
familiaridade, bem como segurança na atividade a ser proposta.
De acordo com Silva (2015), antes de começar as atividades musicais,
deve-se organizar o espaço da sala de aula com o auxílio dos alunos, afastando as
carteiras, decorando o espaço, buscando os instrumentos que serão utilizados.
Nesse momento, todos os alunos podem participar. Ao fazer isso todas as vezes
antes de inicializar as atividades de musicalização, os alunos já entenderão que a
organização da sala precede a atividade. Para crianças com o transtorno do
espectro autista (TEA), a rotina é primordial, uma vez que existe um forte
desconforto com as mudanças em seus hábitos.
Após esse momento é que se pode desenvolver a proposta pedagógica.
Dentre os inúmeros materiais trazidos no canal foram escolhidos três vídeos:

Vídeo 1: Contação de história para crianças do youtube no canal Musicalizando


com Tio Carlos (Figura 1).

Figura 1 - Vídeo Contação de história para crianças do youtube no canal Musicalizando com Tio
Carlos
Fonte: YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aqSMjJHJ5Vg).

Partindo desse vídeo, serão colocadas aqui propostas pedagógicas que


podem ser acrescentadas pelo professor em busca de uma melhor práxis
pedagógica.
Para essa atividade, os professores devem criar os objetos que serão o
cenário como o sol, as nuvens, as árvores, o Baltazar e os outros animais da
floresta. Os alunos podem manejar esses objetos para sentir e tatear. O professor
pode produzir esses objetos com texturas diferentes, auxiliando, assim, na
percepção das diferentes estruturas geométricas, auxiliando o entendimento dos
objetos por parte dos alunos com deficiência visual.
A contação da história musical é sobre o dia do aniversário do Baltazar que
achou que seus amigos haviam esquecido. O aniversário é um tema muito presente
na vida das crianças que esperam ansiosamente por essa data. Antes do início da
contação da história o professor pode trazer problematizações como: O que é
aniversário? Quem faz aniversário esse mês? Qual música é tocada no dia do
aniversário? O que acontece nesse dia?
Também podem ser distribuídos objetos musicais para os alunos tocarem no
decorrer da contação da história. Para os alunos surdos, é muito importante pensar
nesse momento pois a vibração dos instrumentos, a pausa, o ritmo, é fundamental
para que ele possa ter a sua percepção musical.
Ao decorrer da história são apresentados diferentes tipos de sons para
representar os animais. Por exemplo, a batida de dois cascos de cocos representa o
som do cavalo, o sino representa o som da vaca. Nesse momento, o professor pode
produzir esse som com o auxílio dos alunos ou, até mesmo, buscando uma maior
socialização, distribuir certos instrumentos para cada aluno para que, com o auxílio
do educador, ela faça o som ao decorrer da história e no momento certo. Dessa
forma, estará trabalhando além da coordenação motora e ritmicidade, a paciência e
espera.
De acordo com que a história vai sendo contada, é fundamental que o
professor faça perguntas problematizadoras e deixe as crianças responderem,
trazendo o seu ponto de vista da situação. De acordo com Janoelo et. al (2018, p.
4):
A metodologia da problematização é uma das maneiras ativas de ensino e
aprendizagem, que visa superar o modelo tradicional de educação por meio
do protagonismo da criança, fator que permeia as atuais discussões do
cenário educacional.

Baltazar fica triste, no início da história, por achar que seus amigos tinham
esquecido do seu aniversário e vai para a lagoa com o seu amigo. O professor pode
fazer perguntas como: Vocês acham que os amigos tinham esquecido do
aniversário dele? Será que alguém está escondendo algo? Por que vocês acham
que os animais estavam todos reunidos na lagoa?
Nos momentos da contação em que ocorrem o parabéns todos podem
participar batendo palmas, dançando e cantando. Na verdade, por toda a contação,
principalmente nos momentos musicais, as crianças podem dançar, bater palma,
cantar e trocar os seus instrumentos.
Os amigos de Baltazar vão ao supermercado comprar os ingredientes para
preparar um bolo. Podem ser feitas provocações como: Alguém já fez um bolo?
Quais os ingredientes que usamos? Vocês conhecem algum segredinho na
preparação do bolo? É importante que existam objetos que imitem os ingredientes,
ou até mesmo, que se tenham os ingredientes reais para auxiliar os alunos com
deficiência visual. Os alunos podem manusear alguns desses ingredientes, sentir a
textura, como colocar a mão em um saco de farinha.
Essa contação pode ser uma atividade extremamente rica e interdisciplinar,
trabalhando matemática com a quantidade de ingredientes, português com o gênero
textual receita, literatura com a contação de história, ciências e geografia pelo
ambiente da natureza. Por isso, o planejamento pedagógico é fundamental para o
sucesso do ensino-aprendizagem. Para Libâneo (2001), o trabalho pedagógico
organizado está relacionado a um plano de trabalho prévio, que indique os objetivos
e como executá-los, superando a improvisação e a falta de rumo.
No final da contação, os amigos prepararam uma festa surpresa para Baltzar,
que chorou de alegria. O professor pode abordar sobre como é importante
expressar os seus sentimentos.
O professor que trabalha contação de história com musicalização oportuniza
ao aluno situações de arte musical, expressões musicais, sociabilização, memória,
concentração, além do acesso a diferentes culturas.
O musicograma também é uma ferramenta que pode auxiliar nos momentos
das músicas para que os alunos surdos percebam as diferentes vibrações e ritmos.
Ao longo da contação, o professor pode provocar a identificação dos diferentes tipos
de sons praticando a audição e a percepção musical.

Vídeo Dois: Cantigas de roda (O jacaré foi passear lá na lagoa, Peixe vivo, o fundo
do mar): musicalização (Figura 2).

Figura 2 - Vídeo Cantigas de roda no canal Musicalizando com Tio Carlos.


Fonte: YouTube. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=qHmROHMwZP8.

O vídeo “Cantigas de roda (O jacaré foi passear lá na lagoa, Peixe vivo, o


fundo do mar): musicalização” trata-se de um vídeo que orienta os professores a
como fazer uma atividade de musicalização a partir das cantigas de roda descritas
no vídeo. Tio Carlos traz a utilização de materiais, como trabalhá-los, ideias de
como produzir, que provocações fazer.
Para aprimorar as provocações já feitas pelo professor, o material pode ser
produzido com texturas diferentes para que os alunos sintam os diferentes
desenhos e formatos. Principalmente se houver crianças com deficiência visual. Por
isso, é importante que os alunos manuseiem os objetos que serão utilizados ao
longo da contação.
Pode-se fazer uma atividade antes da cantiga em que todos os alunos
fechem os olhos e escutem ao som que o professor fará. Caso exista algum aluno
surdo, ela pode auxiliar o professor a fazer o movimento da caixa, sentido a
vibração e o movimento. A partir desse momento, podem ser feitas várias
provocações, como o próprio professor Carlos trouxe: “Vocês reconhecem esse
som? De onde vem? O que vem na cabeça ao escutar isso?”
Na proposta de Tio Carlos, existe a possibilidade dos alunos manusearem a
caixa em conjunto, o que é muito importante para o desenvolvimento da
sociabilização, além da coordenação motora, ritmicidade, reconhecer as vibrações e
os sons. A produção desse material pode auxiliar o professor a trabalhar variadas
cantigas e atividades pedagógicas.

Vídeo três: Jogo musical para criança (Figura 3).

Figura 3 - Vídeo jogo musical para criança no canal do youtube Musicalizando com Tio Carlos.

Fonte: YouTube. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=LugdannXYkY

No vídeo “Jogo musical para a criança”, tio Carlos ensina a fazer construção
de um chocalho através de materiais recicláveis. No contexto do planejamento
pedagógico do professor, buscando a construção de um sujeito crítico, autônomo e
independente, a presença de atividades de construção do instrumento são muito
importantes, principalmente se as atividades antecederam os momentos de
musicalização. Dessa forma, os alunos irão utilizar, nas intervenções, os
instrumentos confeccionados por eles.
Os alunos, ao vivenciarem o processo de produção dos instrumentos, se
reconhecerão na atividade. Dessa forma, haverá um processo de
ensino-aprendizagem significativo. Além disso, manusear os objetos, perceber as
diferentes texturas, cores, forma, auxilia no desenvolvimento das crianças.
Como o próprio tio Carlos frisa, em seu vídeo, essa atividade pode trabalhar
diversas habilidades motoras, desenvolvimento da motricidade fina, conhecimentos
matemáticos de quantidade, noção de mais, menos, promove a estimulação rítmica,
vibrações, os diferentes tipos de sons de acordo com os diferentes tipos de
materiais.
O professor pode fazer vários chocalhos de arroz, feijão, milho, pedra, até
mesmo líquidos, e, em conjunto com os alunos, perceberem e analisarem os
diferentes sons emitidos por cada chocalhos. Os estudantes, ao manusearem os
chocalhos podem sentir as diferentes vibrações, criarem ritmos diferentes.
Atividades como essa permitem momentos de socialização, atividade em conjunto.
Repercute envolvendo a família, pois muitas crianças reproduzem a confecção
desses instrumentos em casa. Percebe-se que as atividades de confecção são
bastante inclusivas, uma vez que, o que mais envolve é o fazer de cada um, o
famoso colocar a mão na massa. A vivência de produzir, tocar, experimentar,
reproduzir são enriquecedoras na educação infantil.
5. Considerações finais.
A musicalização inclusiva na educação infantil é uma proposta pedagógica
enriquecedora. Ela oportuniza a formação de sujeitos ativos na sociedade e é uma
ferramenta que professores podem utilizar na sua atuação por uma pedagogia
libertadora e inclusiva.
A musicalização oportuniza nas crianças o desenvolvimento da
concentração, memória, criatividade, cooperação, parceria, expressões dos
sentimentos, coordenação motora, motricidade fina, paciência, espera, linguagem,
percepção sonora, rítmica, etc. É uma atividade pedagógica lúdica que perpassa
barreiras da educação tradicional e enriquece as práticas pedagógicas da educação
infantil.
Assim, os professores podem, através do seu planejamento, adaptar as
atividades para que os objetivos do seu trabalho alcancem todos os alunos. A
sociedade em que vivemos é plural e a nossa prática pedagógica deve ser pautada
em sua diversidade.
Percebe-se que, ao trabalhar a musicalização, os profissionais têm um
material enriquecedor que facilita a sua busca por uma prática inclusiva. Não é só
uma questão educativa, é uma questão humana educar todos os alunos que
encontramos em nosso caminho.
Através de um planejamento pedagógico com afinco é possível que a
pedagogia inclusiva diminua as barreiras que as pessoas com deficiência enfrentam
no seu processo educativo.
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