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Box

Calor Latente
Série completa com 6 e-books

KACAU TIAMO
Copyright © 2014/2018 Kacau Tiamo
Box contendo:
Livro 1: Calor latente
Livro 1,5: Amor em dobro
Livro 2: Inevitável
Livro 3: Incondicional
Livro 4: Indomável e
Livro 4,5: Amor infinito

Capa: Jéssica Gomes/ Kacau Tiamo


Revisão: Ana Aguiar/ Andrezza Santana
Diagramação Digital: Kacau Tiamo

Estas são obras de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais
são mera coincidência.

Todos os direitos reservados.


É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte
destas obras, através de quaisquer meios — tangível ou intangível
— sem o consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil.
Sumário
Calor Latente
Amor em dobro
INEVITÁVEL
Incondicional
Indomável
AMOR INFINITO
A autora
Contato
Calor
Latente

KACAU TIAMO
Copyright © 2014 Kacau Tiamo
Agradecimentos
Calor Latente começou como um desafio para mim mesma,
tornar um velho sonho em realidade.

Agradeço a todas as amigas e amigos do FB, que seguiram o


desenvolvimento da obra e me incentivaram com seus comentários.

Em especial à F. Bittencourt e D. Camêlo, meus adorados


betas, que moram eternamente no meu coração, que me aturaram
diariamente por meses, me dando forças quando eu pensava em
desistir.

Obrigada a todos, de coração.


Sumário

Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Um
Você está vendo essa gordinha aqui no canto, perto dos
espelhos, saindo da esteira, totalmente sem fôlego, descabelada e
totalmente acabada? Então, essa sou eu no primeiro dia de
academia.

Você pode estar pensando o que estou fazendo em uma


academia cheia de corpos malhados, meninas lindas e gostosas,
desfilando a última moda em roupinhas de ginástica e meias cano
alto. E homens lindos, que mesmo após séries e mais séries de
exercícios e horas na esteira, ainda parecem modelos? Eu me
pergunto a mesma coisa.

Mas chega uma hora que devemos tomar as rédeas da nossa


vida nas mãos.

Assim, eu me vi aos trinta e sete anos de idade, mãe de dois


filhos, uma dona de casa, cuja vida se resumia em cuidar do lar, do
marido e dos filhos, ganhando peso e perdendo a autoestima.

Sei que acontece com a maioria das mulheres, mas eu resolvi


que minha vida mudaria e que meus dias de mamãe gordinha
estavam acabados.

Começou em um final de semana em que eu quis ser


romântica.

Meu marido, Anthony, teria a noite de sábado de folga e eu


achei que depois de tantos meses sem tempo para o sexo,
conforme ele dizia, a noite prometia.

Fiz seu prato preferido, combinei com a minha sogra e ela


arrumou uma desculpa, chamando as crianças para passarem a
noite lá. Crianças, modo de dizer, pois ambos estavam com dezoito
anos.

Arrumei a casa, deixei o quarto lindo com lençóis novos e até


comprei uma lingerie sexy. Coloquei um vestidinho preto, que seria
rápido de tirar, fiz as unhas, cabelo, depilação… Bem, o pacote
completo.

Ele deveria chegar às seis horas... já eram oito e meia e nada.


Eu estava desistindo, quando ele finalmente chegou. Ouvi a porta
do carro fechando e fui recebê-lo na porta com um beijo. Ele virou o
rosto e beijou minha bochecha.

— Está muito quieto por aqui, onde estão as crianças?

— Nossa, Tony, mal me cumprimenta e já quer saber das


crianças? Sua mãe ligou e os chamou para dormirem na casa dela
hoje.

— Porra, Jess! Como você toma uma decisão dessas sem me


consultar? Onde você estava com a cabeça? — Virou e subiu as
escadas, batendo os pés e a porta do quarto.

— Eles estão com dezoito anos, Tony, podem decidir sozinhos.


— Sussurrei para mim mesma.

Após trinta minutos, ele saiu do quarto e se jogou no sofá para


assistir a um jogo de futebol. Sua carranca era horrível, mas,
mesmo assim, resolvi seguir em frente com meu plano.

Chamei-o para jantar, disse que havia feito o seu prato favorito.
Respondeu que havia feito um lanche no caminho e não estava com
fome.

Ainda determinada, coloquei a camisola sexy que fazia conjunto


com uma calcinha minúscula, caminhei pela sala e parei em frente à
televisão.

— Nossa, Jess, onde você conseguiu essa roupa? — Ele riu e


fiquei sem entender. — Roubou do botijão de gás? — Quando ele
disse aquilo senti o rubor subir por minha face. — Escuta, ele está
pedindo a roupinha de volta. — Continuou, entre uma gargalhada e
outra.

Sentindo-me a pior das mulheres, corri para meu quarto, atirei-


me na cama e comecei a chorar.

Após um tempo, decidi que essa seria a última vez que me


humilhavam por causa do meu peso. Eu queria minha vida de volta,
meu corpo de volta no controle e, de quebra, quem sabe, a minha
vida sexual de volta também.
Eu mudaria minha vida, daria uma virada de 180 graus. Eu não
admitiria mais ser tratada dessa forma. Eu merecia mais!

Naquele momento, resolvi deixar meu marido.

Que vida era essa, pelo amor de Deus!

Viver para alguém que não vivia para mim? Que não ligava para
mim? Que só me dirigia a palavra para pedir alguma coisa?

Se ele quisesse isso, que contratasse uma empregada, eu


estava fora.

Mas precisava sair dessa por cima. Então, a primeira coisa a


fazer era cuidar de mim. Eu mudaria da água para o vinho e então,
quando minha vida estivesse nos trilhos, o maldito dançaria.

Na segunda de manhã, assim que todos saíram, fui comprar


roupas para começar a academia.

Meu Deus, que martírio! Primeiro que as roupas de ginástica


são feitas em tamanhos tão minúsculos que você precisa ser
esquelética e pesar cerca de trinta quilos para caber nelas. Sério!

Acabei comprando algumas camisetas pretas, um número maior


do que eu usava, para que minhas gordurinhas excessivas não
fossem percebidas na primeira olhada, e algumas leggings da
mesma cor.

Já reparou como o preto emagrece? Bem, munida de


meu uniforme, fui me matricular na Swanson Fitness Club, bem
pertinho de casa. Eu não teria que andar muito para chegar até lá e
esperava que assim eu conseguisse ir com bastante frequência.

Resolvi manter isso em segredo para minha família. Iria à


academia somente quando as crianças estivessem na escola e meu
marido no trabalho. Eles adoravam qualquer motivo para tirar sarro
de mim. Assim, resolvi não dar mais munição para eles.

Queria ver se algum dia eles notariam as mudanças na mamãe


gordinha.

Na primeira semana foi um inferno, cada vez que eu ia até a


academia parecia que estava entrando em um mundo estranho.

Sentia-me um rato entrando no covil dos gatos… Dores


horríveis acabavam comigo e, por não contar nada para ninguém
em casa, eu aguentava tudo bem quietinha, para não chamar
atenção.

Em três semanas, tudo ficou mais fácil, meu corpo foi se


acostumando e afinando… Em três meses, eu havia perdido cerca
de dez quilos e estava me sentindo mais confiante e mais durinha
em várias partes de meu corpo.

Foi então que meu mundo mudou.

Em uma quinta feira, cheguei na academia, cumprimentei a


recepcionista e passei meu cartão pela leitora para liberar o acesso.
Atravessei a área de descanso decorada com uma lareira e
algumas poltronas fofinhas de couro preto rodeando uma mesinha
de centro de vidro, onde descansavam várias revistas e um vaso
com flores.

Logo após a área de descanso, ficava a lanchonete da


academia, com vários salgadinhos orgânicos no balcão, balinhas,
produtos diet e uma tentadora torta de limão que me chamava todos
os dias! Acredite, ela conversava comigo sempre que eu passava
por ali. Ela gritava “Jess, me coma!”.

Hehe, hoje seria o dia da vingança! Assim que eu terminasse


meu treino, eu atacaria com prazer um pedaço daquela delícia!
Afinal, eu merecia, depois de três meses de dietas e exercícios
diários, sem falar que eu precisava comemorar meus dez quilos
perdidos!

Passando reto por ela, segui para a loja de fitness e, pela


primeira vez, resolvi provar alguma coisa. Estava me sentindo
poderosa. Quem sabe as roupas minúsculas pensassem a mesma
coisa? Rá!

Entrei e fui direto pegando algumas peças e, com a ajuda da


vendedora, fui ao provador. Tirei minha camiseta gigante e minha
legging, ficando somente com a calcinha e o top esportivo que
segurava meus peitos enormes.

Virei para o espelho e quando eu me abaixei um pouco para


colocar a perna na calça de ginástica, a cortina do provador foi
aberta com um puxão e um homem entrou, segurando uma braçada
de camisetas e bermudas, olhando para trás, falando com a
vendedora.

Fiquei paralisada, olhando pelo espelho, encarando aquele


gigante que entrava no provador e vinha em minha direção.

Ele deu um encontrão comigo por trás, largando as roupas, que


saíram voando em todas as direções. Nessa hora, eu perdi o
equilíbrio e fui caindo para frente, com uma perna presa na calça
que eu tentava colocar e, por puro reflexo, ele me agarrou pelos
quadris, puxando-me para ele e me impedindo de cair.

Nossos olhos se encontraram no espelho e prendi a respiração,


afogando-me naquele azul intenso.

Meu Deus, ele era o cara mais lindo que eu já tinha visto!

Ele devia estar tão chocado quanto eu, pois não se mexia. Senti
sua ereção crescer de encontro a minha bunda e meus olhos se
arregalaram, em choque. No espelho, vi se formar um sorriso de
lado naquele lindo rosto. Foi quando a vendedora entrou também no
provador, trazendo mais peças para ele.

Descongelamos ao ouvir o grito dela.

Meu Deus, que vergonha!

Corei até a raiz dos cabelos e desviei o olhar. Peguei a primeira


roupa que achei e me cobri, virando-me para encarar o estranho de
olhos azuis.
— Desculpe, não sabia que estava ocupado. — Disse ele, em
um tom de diversão e um meio sorriso no rosto. Sua voz era rouca e
me provocou um arrepio pelo corpo inteiro.

— Tudo bem, isso acontece. — Deus, onde encontrei voz para


responder?

Isso acontece? De onde veio isso?

Balancei a cabeça afastando esse pensamento, afinal já havia


saído da minha boca mesmo.

Seu sorriso cresceu, mostrando uma fileira de dentes perfeitos e


brancos, revelando uma covinha deliciosa na bochecha.

— A parte de trás é tão atraente quando a da frente. — Disse


ele, com olhos fixos no espelho.

Minha boca se abriu e fiquei sem fala. Agora era definitivo, eu


não poderia ficar mais envergonhada.

Percebendo meu olhar chocado, a vendedora o puxou pedindo


desculpas pela intromissão e partiu, fechando a cortina do provador.

Fiquei ali, parada, soltando o ar que, sem perceber, eu estava


prendendo. Coloquei minha roupa novamente e saí o mais rápido
possível da loja, largando tudo no provador, vermelha de vergonha.

Corri até o vestiário e me arrumei para a próxima aula, meus


pensamentos sempre vagando para um sorriso de lado e fantásticos
olhos azuis.
Balançando a cabeça, segui para minha aula de dança no
segundo andar.
Capítulo Dois
PATRICK
Será possível? Meu Anjo, aqui no provador da minha loja?

Aqueles olhos cor de chocolate, o narizinho arrebitado, aquela


boca... Os cabelos negros compridos, lisinhos… E aquele corpo que
sempre me deixou louco, desde meus quatorze anos, quando meus
sonhos começaram.

Sempre o mesmo sonho, noite após noite, até que eu não


precisava estar dormindo para me lembrar dele, em detalhes.
Comecei a fazer aula de desenho só para poder desenhá-la. Enchia
as paredes do meu quarto com esboços dela.

Minha mãe até me levou a um psicólogo na época, achando


que havia algo errado comigo, já que eu sonhava e desenhava uma
mulher mais velha, mas, segundo ele, muitas pessoas tinham esse
tipo de sonho, às vezes não sendo nada, às vezes uma premonição.
Mas aí, você tinha que acreditar em almas gêmeas, vidas passadas,
essas coisas todas.
Mas, como explicar um sonho tão vívido, tão claro, sempre com
a mesma mulher?

Aquele sonho me perturbou a vida toda.

Teve uma época, na minha adolescência, que eu procurava


aquele rosto na multidão, onde quer que eu fosse. Em shoppings,
cinemas, na rua, na escola, em todos os lugares.

Lembro de ter parado de procurar quando fui para a faculdade.


Deixei o sonho de lado e resolvi viver minha vida, afinal era só um
sonho, um sonho que nunca se transformaria em realidade.

Mas, agora, vinte e cinco anos depois, ela estava aqui. Do


mesmo jeito, igualzinha! Na minha loja, no provador ao lado.

Eu não poderia deixá-la desaparecer assim!

Deixei Cristine falando sozinha e fui atrás dela, que saía


depressa da loja. Andei sem pressa, para não chamar a atenção de
ninguém. Ela entrou no vestiário e eu fiquei por perto, esperando-a
sair.

Como eu chegaria nela?

Eu nunca precisei perseguir ninguém, as mulheres sempre


vinham até mim. Eu as atraía como abelhas em um pote de mel.
Não sei se elas caíam em cima de mim pelo meu dinheiro ou por
mim mesmo.

Gosto de ter o controle absoluto de tudo o que me pertence. Eu


preciso disso.
Foi uma estrada árdua para chegar onde estou. Minha entrada
no mundo dos negócios começou cedo, aos dezenove anos eu
herdei um hotel de meu avô. Ele era proprietário de uma rede de
hotéis e em seu testamento dividiu tudo entre os filhos e os netos.

Estudei bastante e trabalhei mais ainda, para fazer do meu hotel


um sucesso. Em dois anos eu inaugurava o meu segundo, e assim
foi indo. Formei-me em administração e hotelaria.

Aos trinta anos, eu já tinha mais dinheiro do que poderia gastar.


Conquistei tudo por contra própria, de forma honesta, e não há nada
que me deixe mais orgulhoso do que isso. Coloquei pessoas
competentes para administrar meus negócios, e há dois anos abri
a Swanson Fitness Club, uma ideia antiga que estava guardada lá
no fundo do baú.

Aos trinta e nove anos, eu posso dizer que sou um homem


realizado. Ganhei muito dinheiro e realizei meus sonhos de
consumo e profissional. Agora iria atrás do meu Anjo.

Eu precisava tê-la em minha vida, em meus braços e em minha


cama.

Eu preciso estar no controle da situação, eu sou assim. Mas


com essa mulher, tudo o que eu não tive foi controle. Ela mexeu
com todos os meus sentidos e roubou minha paz. Ao olhar em seus
olhos, foi como se minha sanidade se esvaísse aos poucos e eu
perdesse o controle de mim mesmo, mas de uma forma positiva.
Minha vontade de tê-la era tanta que chegava a doer.
Estou com uma ereção monstro desde nossa colisão no
provador e dou graças a Deus por usar um jeans justo e uma
camiseta solta, ou então daria um belo espetáculo aqui, no meio de
todos.

Nesse instante, ela saiu do vestiário, trazendo-me de volta ao


mundo real, e foi em direção à sala de dança.

Imaginei-me tirando aquela roupa de ginástica e saboreando


suas curvas suntuosas, passando minha língua por aqueles seios
fartos, sugando-os até a exaustão, descendo até sua barriga, seu
umbigo e, então, abrindo suas pernas maravilhosas para chegar ao
ápice daquelas coxas suculentas e… Merda! Eu estou duro como
uma pedra. Preciso me aliviar ou vou explodir!

Corri até a loja, peguei uma bermuda de lycra para ciclismo,


apertada para domar minha ereção, uma calça de moletom, e voei
para o provador. Troquei-me correndo e fui para a sala de dança. A
aula já havia começado, mas ainda dava tempo de participar.
Capítulo Três
Como sempre, fui para o canto e fiquei esperando que a sala
enchesse. Dez minutos depois, a professora entrou
cumprimentando a todos. Comunicou que a aula seria dança de
salão e solicitou que cada um escolhesse um parceiro.

Uma mão em meu ombro e uma voz rouca em meu ouvido, me


arrepiaram.

— Você aceita ser minha parceira na aula de hoje?

Eu não precisei olhar para trás.

Eu sabia a quem pertencia àquela voz, a lembrança de seus


olhos azuis ainda era nítida em minha cabeça. Sem conseguir achar
minha voz, apenas acenei com a cabeça.

Ele me girou e nossos olhos prenderam-se, calor súbito me


invadiu, senti minha calcinha umedecendo, seguido de um frisson
por todo meu corpo.

Meu Deus, eu estava muito ferrada.


Onde, na vida, eu deveria ter essas reações com um estranho?
Um estranho maravilhoso, dono dos olhos mais lindos que eu já vi e
com um sorriso torto capaz de fazer as mulheres perderem o juízo e
as calcinhas.

A instrutora chamou a atenção da classe e, colocando a música,


começou a dar instruções.

— Acho que ainda não fomos apresentados. Eu sou Patrick,


mas todos me chamam de Rick, prazer em te conhecer. — Sua voz
rouca e sedutora enviou arrepios por todo meu corpo.

— Sou Jéssica, mas todos me chamam de Jess. — Eu disse


em um fôlego.

O que estava acontecendo comigo?

— Então, Jess, eu estou começando as aulas aqui hoje, você já


está aqui há algum tempo?

— Mais ou menos três meses. Todos aqui são muito atenciosos,


você vai gostar. — Respondi, ainda meio tonta pela proximidade
dele, mas conseguindo me controlar.

A instrutora começou ensinando os passos separados, nos


fazendo repetir várias vezes. Então pediu para que nos juntássemos
aos nossos parceiros de dança.

Patrick me abraçou apertado, colocou uma mão atrás da minha


cintura, e com a outra segurou minha mão firmemente. Afastei-me
por reflexo, o que provocou um sorriso torto em seu rosto.
— Queixo para cima. — A instrutora chegou perto de nós,
tocando o dedo indicador na minha mandíbula. — Olhos nos olhos,
sintam a música e repitam os passos que aprenderam. Seus quadris
devem estar se tocando. — E bateu levemente no meu flanco, até
que me encostei mais nele.

A música mudou e começou a tocar I´ve got you under my skin,


de Sinatra.

Começamos os movimentos e Patrick chegou perto do meu


ouvido, seus lábios roçando, e disse baixinho: “Eu adoro essa
música, sempre que ouvir vou me lembrar de você.” Para confirmar
suas palavras me deu um aperto suave com a mão que estava em
minha cintura, nos aproximando ainda mais, só para que eu sentisse
sua ereção em minha barriga.

Isso me deixou em chamas, minha excitação atingindo o limite


em segundos. Como pode um estranho me deixar mais ligada do
que meu marido? Marido. Aquilo me lembrou de que eu não poderia
dar rédea solta a essa coisa que estava acontecendo. Pare, Jess,
pare enquanto pode, disse uma vozinha chata na minha cabeça. Ao
mesmo tempo em que a outra dizia: Para nada, sua boba!
Aproveita! Logo o maldito vai tomar um pé bem tomado na bunda e
você será livre para o que quiser… E é sempre bom ter uma opção.

Ri do meu subconsciente, não sabendo qual voz ouvir.

Olhei em seus olhos e qualquer tipo de aviso que minha mente


tivesse me dado, evaporou como mágica. Havia alguma coisa
naquele semblante que me prendia, me deixando tonta.
Inconscientemente, passei a língua pelos lábios e seus olhos caíram
para minha boca.

Não pude resistir e dei uma boa olhada em seu rosto.

Maxilar forte, boca esculpida por um anjo, com lábios perfeitos


que, quando sorriam daquele jeito meio torto, mostravam uma
covinha sexy na bochecha direita, nariz reto, olhos de um azul
profundo, emoldurados por cílios castanhos e espessos.

Lindos!

Assim como sua sobrancelha e seus cabelos manchados pelo


sol, com tons mais claros, naturalmente bagunçados. Deu uma
vontade enorme de enterrar os dedos naqueles fios que davam a
impressão de serem macios e sedosos.

O clima foi interrompido pela professora.

— Muito bem, vocês foram ótimos. Na mesma hora, quinta-


feira, até lá.

As pessoas pegaram suas toalhas e garrafas d’água, em


seguida saíram da sala. Ele se inclinou para meu ouvido e
murmurou: “Semana que vem, você será minha”. Roçou seus lábios
em meu rosto, virou-se e foi embora.

Fiquei ali, totalmente sem reação, com um sorriso bobo nos


lábios. Depois disso, quem precisava de uma torta de limão idiota?
Desisti de me trocar na academia, peguei minhas coisas e voltei
para casa.
Esse sorriso idiota ficou em meu rosto o resto do dia…

— Mãe, está tudo bem? Você está diferente, parece mais feliz.
Tem mais alguma coisa diferente em você e eu não consigo saber o
que é. — Meu filho disse durante o jantar.

— Ela emagreceu, cabeção! — Minha filha respondeu enquanto


estapeava a cabeça dele.

Ah! Então alguém percebeu?

Hoje acordamos atrasados e tudo desandou.

Crianças reclamando, marido zangado, todos pegando suas


coisas às pressas para chegarem no horário.

Quando todos saíram, a paz reinou no ambiente. Deixei-me cair


no sofá da sala, soltando o fôlego em um longo suspiro. Ainda bem
que acabou. Pensei, me levantando e indo fazer o resto das coisas.
Cheguei ao meu quarto e vi o celular do meu marido na mesinha de
cabeceira.

Aquelas vozes voltaram à minha cabeça. O anjinho, como


chamei a voz mais calma, me dizia para desligar o telefone dele e
guardá-lo, já a outra voz, a do capetinha, chamei assim porque era
mais maliciosa, me disse: Vai, dá uma fuçada, sabe-se lá o que ele
esconde nesse celular! Com certeza ele escondia alguma coisa
nesse treco, pois o maldito o levava até para o banheiro com ele.
Escutando o capetinha, fui desbloquear o celular. Protegido por
senha.

Cacete!

Bem, não há uma coisa no mundo que impeça uma mulher


curiosa de conseguir o que quer. Comecei a pensar o que poderia
ser. Bem, se tinha alguém que o maldito amava, eram seus filhos.
Resolvi tentar o nome da minha filha. Digitei “Camille” e bingo! Rá!
Acertei de primeira. Fui direto para as mensagens de texto.

Nesse momento, senti meus olhos se arregalando. Muitas


mensagens de uma Suzanna. Abri a mensagem mais recente e foi a
vez da minha boca cair aberta.

“Amor, tudo certo pra amanhã à tarde, no lugar de sempre.


Estou louca pra sentir seu pau em mim. Bjkas, Sua Suzi.”

Continuei abrindo suas mensagens, todas com o mesmo tipo de


texto, de conotação sexual.

Senti uma tontura, meus olhos saíram de foco e senti meu


estômago revirando. Respirei fundo e um ódio sem limites começou
a ferver dentro de mim. Como ele pôde? Um casamento de dezoito
anos jogado no lixo! Não tinha consideração com ninguém, nem
respeito!

Outra respiração profunda me deixou mais calma. Precisava


tomar uma decisão. E rápido.

O que fazer? Jogar todas as coisas dele na rua? Trocar o


segredo da fechadura? Detonar o carro dele quando ele chegasse
em casa?

Estava confusa e não sabia o que fazer.

Eu estava sem dinheiro em casa e, se tomasse uma atitude


precipitada, ele ficaria no bem-bom com sua vida de solteiro e eu na
miséria com dois filhos. Bem, não totalmente na miséria porque,
graças à nossa construtora, tínhamos uma poupança razoável, uma
bela casa projetada por nós e construída pela nossa empresa. Mas
ficaria com os meus eternos “guardiões”, enquanto ele ficaria solto
no mundo.

Foi então que o capetinha deu o ar da graça. Você já queria


separar-se dele mesmo, agora, pelo menos, você tem um bom
motivo perante um juiz. Ouvindo o capetinha mais uma vez, copiei e
enviei todas as mensagens do celular dele para o meu e-mail e fui
fuçar um pouco mais no e-mail dele. Protegido por senha outra vez.

Tentei a mesma senha e bingo! De novo.

Que falta de imaginação o maldito tinha! Em seu e-mail fui


surpreendida mais uma vez. Não somente mensagens, mas fotos.
Fotos e mais fotos dela nua, dos dois juntos em vários lugares.
Lugares nos quais ele dizia que teria reunião da empresa, por isso
passaria alguns dias fora.

Novamente enviei para mim mesma. Apaguei meus traços no e-


mail dele, desliguei o celular e deixei-o por ali mesmo, como se não
o tivesse achado.

Resolvi não ir para a academia, e sim procurar um advogado


com todas as provas. Juntei documentos, extratos bancários, contas
pagas e recibos. Peguei tudo o que consegui e fui até o escritório da
Júlia, uma amiga de escola que era formada em direito. Com
certeza, ela me ajudaria.

Em seu escritório, Júlia me atendeu prontamente. Expliquei todo


o ocorrido e entreguei as provas que havia encontrado.

— Amiga, temos o caso! Agora quero saber quão aborrecida


você está, para que possamos traçar um plano de ataque! — Júlia
batia palmas, totalmente eufórica. Ela nunca gostou do Anthony.

Ela foi contra, do momento em que engravidei até quando


resolvi me casar.

Dizia que ele não prestava e que eu não precisava disso, que
ela e sua família me ajudariam. Mas eu estava apaixonada e
acreditava em um conto de fadas. Praticamente não tive família e
queria a minha própria. Queria ser para meus filhos a mãe forte que
minha mãe não foi para mim. E também que meus filhos tivessem
um pai, um pai presente e não como o meu, que eu nem sabia
quem era.

Minha mãe se matou quando eu estava com três anos e fui


enviada para um orfanato, pois ela não possuía parentes vivos. Lá,
fiquei até os dezesseis, quando fui adotada por um casal de idosos.
Eles eram muito carinhosos e me sentia muito bem vivendo com
eles.
Foi aí que conheci Anthony. Lindo e popular na escola em que
fui transferida, eu logo despertei sua atenção. Eu era dona de um
corpo escultural, aparentava ser mais velha, com seios grandes,
cintura fininha e bumbum arrebitado. Foi na escola que conheci Júlia
também, e logo de início nos tornamos as melhores amigas. Aos
dezoito, quando entrei para a Faculdade de Administração e ele
para Engenharia, começamos a namorar e, alguns meses depois,
engravidei dos gêmeos.

Seus pais nos apoiaram e nos casamos em seguida. Não


tivemos uma lua de mel. Os bebês vieram logo após o casamento e,
em um curto espaço de tempo, havia fraldas, vômito, choro,
remédios, dentição, limpeza, lavanderia, além de cozinhar, fazer
compras e tentar me encaixar no padrão de Anthony.

Ele era um homem muito detalhista. Gostava de ordem, de


perfeição, e eu não me encaixava em nenhuma categoria.

Como ele sempre dizia, eu não conseguia fazer nada certo,


nem meus bebês gêmeos, que não eram idênticos. Tínhamos uma
menina e um menino, gêmeos fraternos.

Balançando a cabeça para afastar esses pensamentos, decidi


que eu estava profundamente aborrecida.

Fui maltratada a vida inteira e vivi praticamente para os outros.

Era hora de cuidar de mim.

Assim sendo, respondi para Júlia, que ainda esperava minha


resposta.
— Extremamente aborrecida. — Suspirei.

— Então, amiga, vamos dar entrada nos papéis do divórcio e


fazer algumas exigências, já que estamos de posse de um material
tão generoso. — Júlia me deu um sorriso, balançando os
documentos que eu havia entregue. — Assim que estiver tudo
pronto, te ligo para entrarmos em ação. Enquanto isso, mantenha a
calma e finja que não descobriu nada.

Voltei para casa, fiz almoço e segui minhas atividades normais.


Quando ele chegou em casa à noite, eu já estava dormindo e não
precisei nem olhar para ele. Maldito!

No domingo, ele acordou cedo, tomou café e disse que


iria caminhar. Sei muito bem o que ele ia fazer, afinal, se você fica
andando por quase duas horas, você volta suado, arfando com a
língua para fora e pedindo água. Já o maldito voltava fresco e
cheiroso. Como eu nunca percebi isso? Com certeza ia se encontrar
com a fulana e voltava para casa com aquela cara de inocente e
cheio de sorrisos para as crianças. Fui obrigada a engolir minha ira
e esperar.

Na hora do jantar, minha filha virou-se para ele.

— Pai, no sábado que vem é seu aniversário, o que você vai


querer de presente?

— Nada, filha, você foi o meu maior presente!

Aham, certo que não ganharia nada. Mas isso me deu uma
ideia. Ele não havia me humilhado por anos? Com ações e
palavras? Humm…
Na segunda de manhã, assim que eles saíram, eu liguei para
Júlia.

— Oi, Jú, como está o andamento daquilo?

— Oi, amiga! Tudo quase pronto, só fazendo uns retoques. Está


ansiosa?

— Você nem imagina, Jú! Nem imagina! Escuta, será que tudo
fica pronto e conseguimos dar entrada até sábado? Estou pensando
em preparar uma festa surpresa para o Anthony, é aniversario dele,
você sabe… — Deixei minha frase no ar, sem terminar.

— Hum, a vingança é doce, Jess! Pode deixar que envio tudo


no devido prazo. Precisa de ajuda para a execução do maldito? —
Riu Júlia.

— Tenho algumas ideias. Vou te informar os detalhes mais


tarde.

Falar com a Júlia me acalmava. Ela tinha essa coisa, uma


maneira de falar que fazia tudo fácil, descomplicado. Assim que
desliguei, fui arrumar a sala.

Me sentia leve, apesar de ter descoberto a traição do maldito.


Parecia que um peso estava sendo tirado dos meus ombros.
Capítulo Quatro

Acordei e fui tomar banho.

Tive aquele sonho de novo, nós dois andando pela praia de


mãos dadas, o mar calmo, azulzinho, mais parecia uma piscina.
Sentia os grãos da areia fina em meus pés, a brisa leve que vinha
do mar em meus cabelos, os cabelos dela voando em minha
direção, seu sorriso e seus olhos brilhando para mim.

Uma calmaria tão boa, como se todos os problemas do mundo


não existissem, só nós dois ali, naquela praia.

Ela seria minha. Era só uma questão de tempo. Eu esperaria.

Existia uma coisa inexplicável naquela mulher. Naquele corpo


suntuoso, cheio de curvas, que me deixava enlouquecido. Nunca
em minha vida eu me interessei por modelos. Claro que já havia
saído com várias delas, feito sexo com muitas mulheres, mas tinha
sido só isso, uma função biológica.

Estava ansioso por chegar à academia e ficar esperando que


ela passasse pela loja. Desde quinta eu não a tinha visto, e dando
uma olhada na frequência da academia, eu vi que ela não tinha ido
mesmo.

Vesti-me, fui para a cozinha onde Maria, minha governanta, já


tinha meu café pronto, colocado no balcão.

— Bom dia, senhor Swanson, teve uma boa noite de sono?

— Sim, Maria, obrigado. — Ataquei a comida com vontade.

Acabei em dois tempos, me despedi e corri para a academia.

Chegando lá, cumprimentei a recepcionista, que me entregou


os recados, e fui para o escritório.

A academia era a menina dos meus olhos, minha vida. Tinha


planejado cada sala, cada decoração, cada cantinho. Tinha feito
tudo casado, com clínica de estética, loja de roupas para fitness,
área de descanso, farmácia, loja de suplementos, loja de
conveniência e lanchonete. Um lugar completo.

Fui para a loja e fiquei esperando ela passar por ali. Não
demorou muito e ela chegou, parou na lanchonete, pegou um
pedaço de torta e se sentou em uma mesinha próxima à vitrine da
loja. Nesse momento, uma ideia me veio à cabeça.

JÉSSICA
Mais tarde, cheguei na academia, cumprimentei todas as
pessoas que cruzaram meu caminho.

Parei em frente à lanchonete e me dei conta de que não havia


comido nada ainda. Olhei o balcão e aquela torta deliciosa de limão,
que eu dispensei da última vez, estava lá, me olhando.

Sem pensar duas vezes, pedi um pedaço para a balconista e


um chá gelado. Paguei, peguei a minha torta matadora e fui sentar
em uma das mesinhas.

Dei uma garfada na torta e levei à boca. Hum, que delícia! Tão
boa, que acredito ter escutado um gemidinho de prazer saindo da
minha garganta. Era isso que eu precisava!

Estava na metade da minha torta quando um movimento me


chamou a atenção, na vitrine da loja de fitness. Alguém estava
trocando a roupa do manequim.

Mas alguma coisa estava errada.

Estreitei os olhos, tentando perceber o que era. Meus olhos


foram se arregalando aos poucos, junto com os movimentos
daquelas mãos enormes, que pareciam tirar a roupa de uma mulher,
com muita gentileza…

Devagar, as mãos foram para a barra da blusinha que estava


exposta e foi levantando-a, como que acariciando a pele por baixo,
passando pelo umbigo e subindo em direção aos seios. Aquelas
mãos lentamente envolveram o seio do manequim e os polegares
passaram por onde deveriam ser os mamilos.
Aquilo teve um efeito imediato nos MEUS mamilos, que
responderam prontamente, virando dois pontinhos duros por
debaixo do meu top.

Olhei em volta, mas não havia ninguém mais sentado próximo a


mim. Voltei minha atenção ao manequim, que era seduzido por
alguém. O manequim tinha a blusa levantada em torno de um dos
seios e uma mão o envolvia e acariciava, enquanto a outra descia
até o cós da calça e os dedos desapareciam ali, acariciando
lentamente por baixo.

Engoli em seco e uma onda de excitação me percorreu,


imitando o caminho daquelas mãos no manequim, fazendo com que
todos os meus músculos internos se contraíssem e um calor me
envolvesse lá embaixo. Agora, a mão que estava no seio foi
descendo e juntou-se à outra na cintura, como se a pessoa
estivesse se esmagando às suas costas.

Mãos enormes envolviam a cintura do manequim e os dedos


escovavam por baixo do cós. Lentamente foram abaixando a calça,
e quando atingiu a altura dos quadris, uma das mãos envolveu onde
deveria ser o sexo do manequim. Senti em mim aquela mão, o calor
percorrendo meu corpo, minha calcinha já úmida.

Meu Deus, o que era aquilo? Tentei desviar o olhar, mas não
consegui.

Aquela mão estava se movendo, como se estivesse


estimulando o clitóris do manequim. Arrumei-me na cadeira,
tentando achar algum atrito com a minha calça, na esperança de
diminuir aquela sensação de formigamento que tomava conta de
mim. Nesse momento, uma cabeça apareceu por cima dos ombros
do manequim, olhos azuis me encararam, carregados de desejo, o
que me fez quase cair da cadeira.

Não é possível! O safado estava dando um showzinho particular


para mim? Olhei em volta novamente, mas todos pareciam alheios à
movimentação na vitrine.

Seus olhos me encaravam e ele passou a língua pelos lábios,


umedecendo-os. Balancei a cabeça sorrindo e passando as mãos
nos cabelos, ele devolveu o sorriso, aquele sorriso torto delicioso, e
me deu uma piscadinha.

Voltei minha atenção para a torta, ainda sorrindo e tentando


controlar meu corpo e, pouco depois, senti uma mão no meu ombro.

— Bom dia Jess, estava sumida. — Disse Patrick com uma voz
rouca.

— Oi, Rick, bom dia. Estava se divertindo com o manequim?

— Você gostou? — E se aproximou, baixando o tom de voz. —


Vou fazer tudo aquilo com você, em breve.

Um arrepio percorreu minha coluna, me deixando tonta. Nossa!


Como ele conseguia isso com algumas palavras? Nunca, em toda
minha vida, meu corpo respondeu assim a ninguém. Eu me sentia
viva perto dele.

Respirei fundo e o encarei. Não conseguia dizer uma palavra,


não confiava na minha voz e não queria que ele percebesse o efeito
que exercia em mim.
Ele não se intimidou com meu olhar, pelo contrário, aquilo
pareceu avivar sua vontade.

— Minhas mãos estão loucas para sentir a sua pele novamente.


Desde a nossa aula de dança, eu não penso em outra coisa a não
ser te tocar. Em seu corpo colado ao meu, sua respiração em meu
rosto…

Não havia como negar a atração entre nós. Era palpável.

— Você é tão confiante. Quem disse que eu quero você assim,


tão perto de mim?

— Você não precisa de palavras, seu corpo fala por você. Seus
mamilos estão durinhos por mim, sua respiração está pesada, você
está pressionando as coxas juntas e seus olhos não mentem. Você
me quer, tanto quanto eu te quero. — Disse, me olhando nos olhos.

O ar me faltou e entreabri os lábios, na tentativa de mandar


mais ar para meus pulmões. Ele encarou meus lábios, umedeci-os
com a língua e mordi o inferior.

Sua reação foi imediata. Seus olhos correram para os meus,


suas pupilas dilataram e seus olhos escureceram. Ah, dois podem
jogar esse jogo.

— Não morda os lábios desse jeito, me dá vontade de te


beijar…

Limpei a garganta, me recostei na cadeira e mudei de assunto.

— O que você fazia lá na loja, mexendo no manequim?


— Sou o dono, então posso mexer em qualquer coisa. — E se
ajeitou na cadeira. — Olha o que você faz comigo. Se continuar
assim, vou ter um caso sério de bolas azuis antes do final da
semana.

— No que depender de mim vai mesmo, porque eu não


pretendo ter nada com você. — Pelo menos por enquanto, disse
uma vozinha na minha cabeça. Sai daí, diabinho!

— Por quê? Por que você não quer nada comigo? — Ele
parecia não acreditar no que ouvia.

— Primeiro porque sou uma mulher casada, ainda. Segundo,


porque não posso me envolver com ninguém até os papéis do
divórcio saírem, já que tudo se baseia na traição do meu marido.
Não posso fazer a mesma coisa, não me sentiria bem, isso não está
em mim.

Ele me olhou aliviado.

Aliviado???

— Bem, menos mal. Posso esperar. Pelo jeito, você tem tudo
acertado.

— Se tudo der certo, semana que vem já terei colocado aquele


maldito para fora de casa. Mas isso não é assunto seu, desculpe por
ficar aqui tagarelando.

— Se acostume, Anjo, porque não tenho a intenção de ficar


longe de você. — Disse ele, olhando em meus olhos.
Meu Deus, que olhos! Tão azuis como um oceano calmo,
daqueles que você tem vontade de entrar e não sair nunca mais.

Colocando meu prato de lado, levantei e, pegando minha


mochila, me despedi dele.

— Tenho que ir. Nos vemos por aí. — Levantei-me e fui me


afastando da mesa.

— Eu te acompanho até o vestiário.

Eu me apressei na frente, mas ele me alcançou e colocou uma


mão na dobra das minhas costas e esse toque teve conexão direta
com minha virilha, enviando arrepios por todo meu corpo.

Paramos próximo ao elevador e apertei o botão para chamar,


pois a aula era no segundo andar.

— Vamos pelas escadas, o elevador demora muito e está


sempre cheio. — Declarou, me puxando até as escadas.

Subimos o primeiro lance de escadas quando ele me puxou


para o lado, uma porta se abriu e ele me empurrou para dentro,
fechando a porta atrás de si.

— Jess, sei que eu disse que esperaria, mas eu preciso te


beijar. E vou te beijar agora.

Então seus lábios estavam sobre os meus.

Deixei escapar um gemido de surpresa, ele se aproveitou e


aprofundou o beijo, tocando minha língua com a sua. Seu sabor me
invadiu e me deixou mole de desejo. Agarrei-me a ele, incapaz de
resistir ao seu beijo.

Nossas línguas entraram em um duelo de vida ou morte,


famintas, buscando mais. Nossos corpos se encaixaram e eu senti a
sua ereção pulsando em minha barriga, pedindo atenção. Suas
mãos me puxavam para mais perto, como se quisessem nos fundir
em um só. Senti sua mão subindo pelas minhas costas lentamente e
me segurando pela nuca, seus dedos vagando pelos meus cabelos.

Rapidamente ele me girou e me prendeu contra a porta com


seu peso. Dobrando os joelhos, se encaixou entre minhas pernas,
fazendo com que sua ereção roçasse em meu sexo, esfregando-se
em mim, acariciando meu clitóris em movimentos lentos de quadris,
enquanto devorava minha boca.

Minhas mãos ganharam vida própria, explorando seu peito e


subindo até seus cabelos, puxando-o para mim. Oh, meu Deus, se
isso continuasse mais um pouco, eu não sei o que seria de mim.
Nunca havia me sentido assim, tão viva, querendo tanto um homem
como eu queria Patrick.

Sua mão foi subindo pela minha cintura, por debaixo da minha
camiseta, passeando pelo meu corpo, me apalpando as costelas e
subindo para meus seios. Seu polegar roçou meu mamilo por cima
do sutiã e gemi em sua boca. Foi todo o sinal que ele precisava para
cair matando. Sua mão tomou posse de meu seio, segurando firme,
sentindo o peso, pegando meu mamilo e apertando de leve entre o
polegar e o indicador, me deixando louca.
Sua boca deixou a minha, correndo aberta sobre meu queixo,
minha mandíbula, chupando de leve meu pescoço, descendo em
direção ao meu seio. Levantando minha camiseta, ele abocanhou
meu mamilo por cima da renda negra do sutiã, soltando uma
respiração quente, me fazendo queimar por dentro.

Meu sexo pulsava, querendo-o, ansiando por ele.

Ele se esfregava de encontro ao meu corpo, como que pedindo


passagem, querendo abrir caminho para o calor entre minhas
pernas. Ele afastou meu sutiã, puxando o bojo para baixo, expondo
meu seio à sua boca faminta.

O toque da sua língua em meu mamilo enviou faíscas através


de minha barriga, direto para baixo, e senti as paredes de minha
vagina se contraindo, apertando, pulsando, querendo… Como se
ele lesse minha mente, sua mão vagou até o cós da minha calça de
ioga, que não conteve seus avanços. Seus dedos afastaram o
elástico da minha calcinha e foram descendo lentamente,
acariciando, afastando minhas dobras e chegando ao calor úmido
entre minhas pernas.

— Tão molhada. — Seu hálito em meu mamilo, enviou ondas


de arrepio pelo meu corpo.

Devagar ele enfiou um dedo em mim, arrancando um gemido do


fundo da minha garganta.

— E tão apertada. Preciso te provar, preciso colocar minha boca


na sua boceta, te lamber e te chupar até você gozar pra mim.
Preciso… — E foi descendo minha calça e calcinha com a outra
mão. Ajoelhando-se à minha frente, ele olhou para meu sexo, me
fazendo corar de vergonha.

Patrick deixou escapar um gemido e, em um movimento ágil,


deu uma lambida de cima a baixo nos meus lábios, depois outra
profunda que me deixou mole e fez meus joelhos fraquejarem.
Agarrei-me em seus cabelos em busca de equilíbrio, seus dedos
começaram a bombear para dentro e para fora de mim, enquanto
sua língua brincava com meu clitóris latejante.

Minha respiração estava pesada, uma fina camada de suor


cobria minha pele, arrepios percorriam meu corpo e me senti
chegando cada vez mais perto do clímax. As paredes de minha
vagina apertavam os dedos dele, que acelerou os movimentos,
fechando a boca em meu clitóris, chupando forte. Meu corpo
explodiu em sensações e eu gemi alto, tremendo, me senti pulsando
em volta de seus dedos.

Ele só parou de me lamber quando meus tremores e as


pulsações em volta de seus dedos diminuíram.

Levantou-se lentamente, recolocando minha calça. Totalmente


sem fôlego, ele me beijou novamente, colocando seus dedos entre
nossas bocas.

— Que gosto bom você tem... — Sua voz, rouca de desejo.


Saboreei meu gosto em seus dedos e em sua boca, uma sensação
tão erótica!

— Quero descobrir o seu gosto também. — Eu disse, quando


encontrei minhas palavras.
— Sim, mas em outra ocasião. Temos que sair daqui ou não me
responsabilizo por meus atos. E eu fiz uma promessa que espero
cumprir.

Concordei com a cabeça e ele se afastou de mim, ajeitando seu


membro por dentro da calça.

— Por que eu? — Perguntei baixinho. — Você está dentro de


uma academia, com as mulheres mais lindas, saradas, andando
para cima e para baixo com roupas apertadas, todas gostosas… Por
que eu? Não entendo. — Olhei para baixo, balançando a cabeça.

Levantando meu queixo com o indicador, ele me olhou nos


olhos.

— Por que você? Fiquei enfeitiçado pelo seu olhar no espelho


do provador outro dia. Sua reação, o rubor em seu rosto mexeu
comigo. Você é tudo o que eu sempre quis. Não gosto dessas
mulheres magrelas, puro osso. Mulher tem que ter carne, curvas,
seios fartos. Você é meu sonho molhado transformado em
realidade. — Presenteou-me com aquele sorriso de lado, que tanto
mexia comigo.

— Ok, se você diz. — Retribuí o sorriso.

— Então, vamos saindo. — Beijou de leve meus lábios, abriu a


porta, colocou a cabeça para fora e olhou para ver se não tinha
ninguém por ali. — Tudo limpo. Até amanhã, Jess. Vou sonhar com
você hoje à noite. E você, sonha comigo?

Balancei a cabeça concordando, dei um tchau com a mão e me


virei para as escadas, indo para minha aula. Não resisti e olhei para
trás, por cima do ombro. Ele estava parado ali, com um sorriso no
rosto, olhando para minha bunda!

— Vá trabalhar, pervertido! — Rindo alto, pensei em como


algumas horas faziam diferença na vida da gente.
Capítulo Cinco

Eu estava em casa planejando o aniversário do maldito quando


as crianças chegaram. Decidi que era hora deles saberem a
situação real em que nos encontrávamos.

— Crianças, vocês podem se sentar aqui um pouco? Quero


falar com vocês sobre uma coisa. — Olhei séria para eles.

— Nós não fizemos nada, mãe! — Minha filha Camille olhou


para o irmão, sentando-se ao meu lado. — Se você fez alguma
coisa, confessa logo!

— Eu não fiz nada não, você deve ter feito! — Reclamou Erik,
apontando para a irmã.

— Calma, não é nada disso. Quero falar sobre seu pai e eu.

Eles me encararam sérios, com os olhos um pouco mais


abertos do que o normal, como se não acreditassem no que
estavam ouvindo.
— Vou me separar dele e gostaria que vocês soubessem por
mim. — Disse com uma calma disfarçada, mas por dentro queria
gritar as barbaridades que eu havia descoberto do maldito.

— Então você descobriu tudo? Mãe, a gente queria te contar,


mas não tivemos coragem… — Erik encarou a irmã.

— Descobrimos na semana passada, quando fomos ao


shopping para comprar o presente dele. Ele estava em um
restaurante de mãos dadas com uma mulher e o vimos beijá-la.
Ficamos tão bravos com ele! Você não tem ideia!

— Bem, é descobri. Mas foi por acaso também, quando ele


deixou o telefone em casa na semana passada. O fato é que eu me
senti tão humilhada com tudo o que vi que quero dar o troco. Vou
fazer uma festa para ele esse final de semana e mostrar a todos o
crápula que ele tem sido. Já percebi, pela reação de vocês, que
vocês não ligam muito se isso acontecer…

— Já era hora mãe, mas o que você pretende fazer? —


Perguntou Erik. — Você sabe que estamos com você, seja lá o que
você decidir.

— O que vou fazer, ninguém vai saber até a hora certa. Mas
estejam preparados para dizer adeus para o seu pai.

Os pestinhas se olharam e um sorriso surgiu em seus rostos.


Eles pareciam bastante satisfeitos com tudo isso… Levantaram de
suas cadeiras e me deram um abraço apertado.

— Estamos aqui para você mamãe, sempre. — Camille me deu


um beijo na bochecha.
— Sempre. — Repetiu Erik, me beijando também.

— Amo vocês, muito. — Disse, enquanto lágrimas quentes


escorriam pelo meu rosto.

Depois daquela conversa com meus filhos, liguei e encomendei


um telão para a festa, cadeiras, mesas, buffet completo, som e tudo
mais. Seria uma grande festa… Digna de uma grande surpresa.
Convidei todos do escritório dele, sua família e amigos.

O jantar transcorreu maravilhosamente bem, as crianças


pareciam mais tranquilas, conversavam animadamente sobre coisas
da escola, deixando um clima aconchegante entre a gente.

O maldito ligou avisando que chegaria tarde por causa de uma


reunião, e eu já imaginava bem de que tipo era. Aproveitei e disse
que faria uma festa para ele no sábado.

Acabei indo dormir sozinha.

Pela manhã, tudo correu normalmente. As crianças tomaram


café, pegaram suas coisas, mas na hora de sair vieram até mim e
me deram um abraço duplo e um beijo estalado simultâneo,
causando risos em nós três. Meu marido nos olhou perplexo, com
as sobrancelhas elevadas. Aquilo não era nada comum. Ainda
sorrindo, os levei até a porta e fiquei observando enquanto o carro
se afastava. Aquilo seria complicado, mas com eles ao meu lado
seria mais fácil.
Na academia, resolvi mudar meu caminho, desviando da loja de
Patrick. Não sabia como agir depois do nosso último encontro.

Subi direto para o vestiário, me troquei, e quando estava saindo


esbarrei nele, encostado na parede, me esperando.

— Não te vi passando pela loja hoje, então resolvi te esperar


aqui. — Ele levava aquele sorriso torto que tanto mexia comigo. —
Vem comigo até a loja, tenho uma coisa para você.

— Ok. — Retribui o sorriso e o segui escada abaixo. Não podia


me culpar, ele era irresistível!

— Chegaram umas camisetas novas e quero que você escolha


uma, já que parece que você gosta tanto. — Percorreu meu corpo
com os olhos, me fazendo corar.

Na loja, ele me levou até os provadores do fundo, dizendo que


eles eram mais confortáveis. Entregou-me uma camiseta preta e
pediu que eu provasse.

Entrei no provador, tirei a minha camiseta e coloquei a que ele


havia me dado. Quando eu ia dizer que tinha ficado boa, ele entrou
no vestiário e fechou a cortina. Chegou pertinho de mim, me
olhando com aqueles olhos azuis cor do céu e me virou de costas
para ele. Nós nos encaramos no espelho.

— Eu disse que ia fazer isso com você em breve. — Sussurrou


na minha orelha, passando a língua pelo lóbulo. — Olhos no
espelho. Quero que você veja tudo o que vou fazer com você.
Um arrepio se apoderou de mim, me fazendo estremecer. Suas
mãos passeavam pela minha cintura, fazendo pressão contra ele.
Sua ereção se esfregava lentamente na minha bunda, enquanto
uma das mãos levantava a minha camiseta, subindo em direção ao
meu seio, tal qual ele tinha feito com a manequim.

Meus olhos no espelho, seguiam a sua mão, hipnotizados com


o movimento. Quando seus dedos massagearam de leve meu seio,
gemi baixinho. A antecipação me matava. Seus beijos em meu
pescoço enviavam arrepios pelo meu corpo, direto à minha virilha.
Senti meu sexo umedecendo e apertando.

Ele mordeu de leve na curva do meu pescoço com o ombro, no


momento em que seus dedos se fecharam sobre meu mamilo, por
cima do sutiã. Meus joelhos amoleceram e ele me agarrou mais
firme pela cintura com a outra mão, me impedindo de cair. Seus
dedos escovavam pelo cós da minha calça, descendo devagar,
chegando ao elástico da minha calcinha e continuando, até
encontrarem meu clitóris. Começou a acariciar em movimentos
circulares, enquanto beliscava meu mamilo.

A mão que estava em meu seio subiu, rodeando minha


mandíbula, me puxando para trás. Nossos olhos se encontraram e
nossas bocas se procuraram, famintas. Nossa excitação subiu às
alturas, minhas mãos foram direto aos seus cabelos, um gemido
rouco escapou de meus lábios, seus dedos não dando trégua em
minha vagina, sua boca devorando a minha.

— Goza pra mim, Jess — disse ele ao meu ouvido. Na mesma


hora, fui atingida por um orgasmo tão forte, que amoleci em seus
braços, mordendo os lábios para não gritar de prazer e encostei a
cabeça em seu ombro. Ele aproveitou a proximidade para me beijar
na boca de novo.

Com os lábios colados, me virei de frente para ele e enganchei


uma perna em sua cintura. Ele me encostou contra a parede e
começou a mover seus quadris nos meus, sua ereção apertada
contra meu sexo, nossas bocas se devorando, mãos agarrando o
cabelo um do outro, tentando chegar mais perto, querendo fundir um
no outro.

Abaixei minhas mãos, arranhando seu peito, fazendo-o gemer


de prazer. Levantei sua camiseta e passei minha língua pelo seu
tórax, apertando seu mamilo entre meus dentes. Um
estremecimento tomou conta dele e ele gemeu em meus cabelos.
Senti algo quente em minha barriga.

— Você acaba comigo. Se com beijos e amassos é assim,


imagino a hora em que eu me enterrar profundamente em você. —
Sussurrou, enquanto um estremecimento passava pelo seu corpo.

— Hummm.

Puxando a camiseta por cima da calça para esconder a


evidência do que havia acontecido, saímos do provador.

Ele me acompanhou até o salão dos equipamentos. Paramos


ao lado das esteiras.

— Tenho algumas coisas para fazer, a gente se vê amanhã?


— Claro, amanhã tenho aula de dança. Você vai? — Perguntei
como quem não quer nada.

— Não perderia por nada no mundo, Jess. Nunca tenho o


suficiente de você. Quero você em meus braços. — Ele roçou os
dedos nos meus, de leve.

Esse leve toque enviou um arrepio pelo meu corpo. Para um


observador externo não seria nada, mas para nós era uma
despedida sofrida, um distanciamento que nenhum dos dois queria.

Com uma expiração profunda me virei para a esteira e,


colocando os fones, comecei minha sessão de exercícios.

Depois de muito andar, levantar peso, passar pelos


equipamentos previstos em meu cartão, fui para o vestiário, tomei
banho, me troquei e fui comprar meu vestido matador para a festa
do maldito.

No shopping, passei por muitas lojas até encontrar “O” vestido.


Ele era lindo, em um verde profundo, com busto marcado e decote
em V, que deixava meus seios em evidência. Um cinto com um leve
brilho marcava a cintura logo abaixo, a saia rodada em tecido leve,
sobreposto em cortes assimétricos, dava um toque etéreo ao
vestido, fazendo meu corpo parecer bem melhor do que realmente
era.

Pela primeira vez não me importei em deixar os braços de fora,


já que depois de meses na academia eles estavam ficando mais
firmes. Para completar, comprei um sapato preto daqueles que
gritavam “foda-me”, brincos e uma pulseira fina de prata.
Passei pela estética e fiz minha depilação completa,
sobrancelhas, e cortei o cabelo, mudando um pouco o liso escorrido
básico, para um corte esvoaçante em camadas.

Uma boa mudança básica.

Marquei para fazer as mãos e os pés na sexta à tarde.

Tudo estava se encaminhando. Com um suspiro de alívio, voltei


para casa.
Capítulo Seis

Eu não parava de pensar na festa do maldito.

Será que eu conseguiria fazer tudo aquilo?

Agradeci por ter a Júlia para me dar forças e levantar o meu


astral!

Liguei para ela, para saber como estavam as coisas.

— Oi, Jú e aí? Tudo indo?

— Tudo, Jess. Você se importaria se eu tomasse a liberdade de


fazer uma petição ao juiz? Estava aqui pensando e acho que o Tony
não vai levar isso tudo numa boa, e que precisamos nos precaver
contra um ataque de ira da parte dele. — Disse Júlia, preocupada.

— Não me importo não, Jú. Você é a profissional e confio


plenamente que você vai fazer as escolhas certas por mim. Carta
branca, amiga.
— Fico aliviada em ouvir isso, pois já me adiantei e fiz o que
deveria fazer. Já está tudo pronto para sábado. Às cinco, eu chego
aí.

— Ok, preciso ir ou vou me atrasar para a academia.

— Academia, é? O que tem de tão bom nessa academia, hein?


Você não perde um dia! — Perguntou, com uma diversão mal
disfarçada na voz.

— Nem te conto, amiga, nem te conto! Um dia você vai ver.


Agora eu tenho mesmo que ir. Obrigada por tudo! Não sei o que
seria de mim sem você nessas horas.

— Ah, para com isso. Você sabe que eu estou aqui para você,
sempre que precisar.

— Aham, eu também estou aqui para você. Você é a irmã que


eu nunca tive.

— Vamos parar com isso, antes que uma de nós comece a


chorar. Vai lá para sua academia e não se preocupe com nada mais
por aqui. Já está tudo certinho. Agora é só esperar. Beijocas, linda.

— Até mais. Beijo — Desliguei o telefone.

Olhando o relógio, percebi que eu precisava mesmo correr para


não perder a aula de dança… e Patrick. Um sorriso grudou no meu
rosto ao pensar nele.

Ele era tão bonito! E tão grande! E parecia gostar de mim, o que
já era uma sorte grande, se fosse pensar bem. Parecia gostar até de
minha barriguinha, já que passava as mãos em mim de um jeito tão
gostoso, parecendo que queria me comer viva…

Terminei de me arrumar e saí correndo. Chegando na


academia, fui direto para a sala de dança.

Engraçado, havia umas cadeiras espalhadas pela sala, um


cabide com camisas, gravatas, boás fofinhos coloridos… o que será
que iríamos ter hoje?

As pessoas foram entrando na sala, olhando tão espantadas


quanto eu para tudo aquilo. Andréia, uma mulher gordinha como eu,
loira de olhos verdes, aparentando seus trinta anos, que fazia aula
comigo, se aproximou, olhando o cabide com certo receio.

— Menina, o que será que vamos ter aqui hoje, hein?

— Não faço a menor ideia. — Sorri para ela.

— Já ouviu falar em dança sensual? Acho que é isso que


teremos aqui hoje, pelas coisas que estão ali, e essas cadeiras… —
Falou baixinho, sorrindo de volta.

A sala era um burburinho só, todos sussurravam, alguns riam,


outros olhavam com receio. E nada do Patrick ainda.

Será que ele não viria?

A professora entrou na sala com um sorriso no rosto, avaliando


as feições dos alunos.

— Pessoal, aqui comigo estão alguns instrutores da academia


que vieram para a aula de hoje para igualar o número de homens e
mulheres. Meninos, podem entrar por favor.

Todos os instrutores entraram e Patrick entrou atrás deles.


Foram se aproximando das mulheres e Rick veio para o meu lado,
com um sorriso cúmplice nos lábios.

— Agora que estamos todos com seus pares, vou dizer o que
vamos fazer hoje. Dança sensual, lap dance ou strip dance. No
cabide próximo à porta temos camisas, gravatas, chapéus, óculos,
boás, penas e até alguns chicotinhos. Mas teremos uma regra
básica. Sem mãos, sem tocar. Estamos aqui para aprender, certo?
Temos cadeiras para todos, assim, se escolherem fazer o lap dance,
usem uma cadeira vazia, como simulação. Vou passar alguns
passos básicos, mas cada um deve usar sua criatividade. Vejo, pelo
sorriso no rosto de vocês, que acertei em supor isso. — Disse,
dando uma piscadinha para todos.

Ligou o som e a música Kiss, do Prince, começou a tocar e ela


executou alguns movimentos para as mulheres e depois alguns para
os homens.

— Todo mundo entendeu? Alguma dúvida? Não? Então vamos


lá. Vamos começar com os homens. Mulheres sentem-se e
apreciem. Mãos nas costas por favor, para ninguém cair em
tentação. — Continuou ela, rindo. — Meninos, preparem-se.

Todos os homens foram até o cabide e começaram a pegar


camisa, gravata, uns pegaram uma pena, outros pegaram um
chicotinho. Fiquei só observando Patrick, que, ao contrário dos
outros, foi até uma caixa separada, perto do som. Tirou sua
camiseta e trocou por uma camisa preta, arrumou a gravata de um
azul profundo como seus olhos, em um nó perfeito.

Ele vestia uma calça jeans escura, que se agarrava aos


músculos de suas pernas como uma segunda pele. Em seguida
retirou o tênis e as meias, colocou uma pena no bolso traseiro e veio
se posicionar à minha frente.

Coloquei minhas mãos para trás, encarando-o


provocadoramente com um sorriso safado.

— Prontos? Então vamos lá, façam o seu pior! E lembrem-se:


soltem-se. Aqui, não há julgamentos. — Disse a professora ligando
o som. A música Mr.Bombastic, de Shaggy, a todo volume.

Ele me encarou e começou a se mover como um felino,


mexendo os quadris no ritmo da música, seus olhos brilharam para
mim quando ele começou a elevar uma das mãos por seu tórax para
desfazer o nó da gravata e, segurando-a pela ponta, ele deu um
puxão para o lado.

Um sorriso se formou naqueles lábios deliciosos e minha


concentração já estava perdida. Eu não sabia se olhava para os
movimentos de quadris, para suas mãos na gravata, para o sorriso
ou para seus olhos. Percorri o corpo dele inteirinho e quando nossos
olhos se encontraram, ele começou a desabotoar a camisa, se
aproximando um pouco mais, continuando a dançar, me olhando
sempre com aquela imensidão azul.

Minhas mãos coçavam para acariciar aquele peitoral definido,


que ia aparecendo lentamente através da camisa sendo aberta.
Continuando a abrir botão a botão, ia desvendando abdominais
rasgados, gominho abaixo de gominho.

Quando abriu a camisa toda, eu perdi o ar. Aquele V de Apolo


era a perfeição. Arfei uma respiração e abri a boca para ajudar os
meus pulmões com a tarefa de levar o oxigênio que eu tanto
precisava.... Mas estava ficando tão difícil respirar...

Ele elevou uma sobrancelha, ampliando o sorriso, e foi


chegando mais perto. Arrancou a gravata e a colocou em volta do
meu pescoço, roçando os dedos em minhas orelhas, enviando um
arrepio de puro prazer pelo meu corpo.

— Paradinha, hoje você é minha. — Sussurrou próximo a meu


rosto, seu hálito mentolado acariciando minha bochecha. Seu cheiro
em minhas narinas ateou fogo líquido pelo meu ventre, senti a
umidade percorrer meu sexo, direto para minha calcinha.

Endireitando-se, ele tirou um braço da camisa revelando bíceps


que me deram água na boca. Jogando a camisa de lado, ele
acompanhou o BOOM BOOM BOOM da música, projetando a pélvis
para frente, evidenciando o volume gigantesco que queria fugir da
prisão de suas calças.

Aquilo prendeu meus olhos, sua ereção era longa, grossa, se


estendendo lateralmente pela calça, por cima do bolso.

MEU DEUS! Cadê o ar dessa sala?

Pior que eu nem podia me abanar um pouco, por causa da


regra da professora, de mãos para trás. Ele se virou de costas para
mim, ainda mexendo aquela bunda no ritmo da música, levando as
mãos aos cabelos.

Que delícia de homem, devia ser proibido ser tão gostoso! E


aqueles músculos, CRISTO! Tudo tão firme e torneado… O safado
sabia o que estava fazendo.

Com as mãos ainda nos cabelos, ele se virou. Fui obrigada a


umedecer meus lábios, pois estava com a boca seca. Seus olhos se
prenderam na minha boca, aqueles olhos eram duas chamas azuis,
como o núcleo de uma fogueira, cheio de promessas, desejo e
luxúria.

Será que eu aguento mais? Essa música não acaba não?

Eu já estava hiperventilando quando ele tirou a pena do bolso e


deliberadamente começou a passar pela lateral do rosto, pelo
pescoço, colocando umas das pernas à frente, remexendo os
quadris de forma sedutora. Meus olhos grudaram na pena, seguindo
seu caminho, descendo devagar, passando pelo peitoral, os
gominhos do abdômen, indo para aquele V de babar, mais para
baixo, em direção a sua ereção.

— Todo seu. É só você querer... — Sussurrou, encarando-me e


me presenteando com um sorriso de arrancar as calcinhas!

E a música acabou.

Suspirei aliviada e ao mesmo tempo decepcionada. Amei


aquele showzinho. Estava totalmente sem coordenação para
aplaudir. Tudo que consegui foi ficar estática, olhando embasbacada
para ele. Logo seria a minha vez.
A vingança seria doce.

A instrutora começou a bater palmas para os rapazes, dizendo


que eles estavam de parabéns, que guardassem as coisas onde
estavam anteriormente.

— Meninas, agora é a vez de vocês. Deem o troco! Tomem o


tempo que precisarem para se arrumar.

Estava indo em direção ao cabide, mas a instrutora pegou


delicadamente meu braço.

— As suas coisas estão ali, do lado do som. — Piscou para


mim.

Elevando as sobrancelhas, dei de ombros e fui até a caixa. Ali


dentro havia uma camisa branca de um tecido transparente, um
corselet preto, um shortinho preto de cetim com strech, meias 7/8 de
seda com renda na coxa e um par se sapatos de salto alto, pretos.

— Pode ir correndo no vestiário se aprontar, eu dou um jeito


aqui. As mulheres sempre demoram mais do que os homens. —
Comecei a falar alguma coisa e ela me cortou. — Corre, menina!

Juntei tudo com uma braçada e saí o mais rápido que pude.
Aquilo estava muito estranho. O pior era que as roupas eram do
meu tamanho e tinham um caimento perfeito. O corselet deixou
meus peitões em evidência, sem deixar de dar a sustentação
necessária, me deixando sexy. Até a meia, que confesso me deu
arrepios, pois achei que cortaria minha coxa grossa em duas, feito
uma salsicha bock, ficou perfeita.
Os sapatos, então, lindos de morrer, completaram o conjunto.
Quase não reconheci a mulher sensual que me olhava no espelho.
Abri a bolsinha que a professora deslizou disfarçadamente para
mim, junto com as roupas, e encontrei gloss e lápis de olho. Passei
rapidinho, joguei o cabelo para frente e graças ao novo corte, ficou
um pouco mais armado, selvagem.

Voltei para a sala de dança, as outras garotas ainda estavam


acabando de pegar as coisas. Fui até a caixa e peguei o chicotinho
preto que estava lá, coloquei no bolso do short, um boá lilás em
volta do pescoço, posicionei a cadeira de encosto baixo na frente do
Rick, virada para mim e me afastei… Não olhei para ele, nem de
relance.

— Prontas, meninas? Rapazes, sentando na cadeira, mãos nas


costas. Apreciem o show, se conseguirem… — Andou até o som e
ligou a música. Os acordes de Justify my Love, de Madonna,
encheram a sala.
Capítulo Sete

Quando a música começou, eu me virei para ele e travei. Ele


abriu um sorriso convencido e sussurrou: “Perdeu a coragem? ”.
Aquilo era tudo o que eu precisava.

Sem desviar o olhar, comecei a me mexer lentamente,


dançando no ritmo hipnotizante da música. Minhas mãos, que antes
estavam paralisadas, começaram a subir, acariciando as laterais do
meu corpo, a minha mão direita deslizando para a curva do meu
seio, apertando de leve, enquanto eu mordia o lábio inferior.

Aquele sorriso convencido travou e seus olhos se abriram


mais… Vi o movimento de sua garganta, quando ele engoliu em
seco.

Subi um pouco mais e comecei a desabotoar a camisa


lentamente enquanto fazia movimentos sinuosos com os quadris,
como na dança do ventre. Desabotoei só o suficiente para que
aparecesse o início do corselet e meus seios, querendo escapar do
confinamento de cetim preto.
Inclinei-me um pouco para frente, abaixando os braços,
prendendo meus seios entre eles e dando uma pressionada,
fazendo com que se juntassem ainda mais, enquanto mexia os
ombros de um lado para o outro, de leve. Ele seguiu meu
movimento, se inclinando um pouquinho, como se estivesse
hipnotizado por mim.

Passei o boá pelo pescoço, descendo uma parte pelo meio dos
meus seios, deixei a outra cair pelas minhas costas. Virei-me de
costas para ele e abaixei percorrendo minha perna com a mão e
envolvendo um salto. Com a outra cheguei ao meio das minhas
pernas para pegar a ponta do boá e o puxar no ritmo da música,
dando uma rebolada só de quadril, chegando um pouco mais para
trás, muito próximo a ele, mas, ao mesmo tempo, distante demais
para ele me tocar.

Fiquei de pé, me virei de frente para ele novamente, cheguei


mais perto, deixei que a ponta do boá acariciasse seu rosto e o
coloquei em seu pescoço. Ele inspirou profundamente enquanto
separava os lábios um pouco em busca de ar. Agora era minha vez
de provocar.

— Quietinho… Delícia. Agora é a sua vez de sofrer. — Sussurrei


próximo ao seu ouvido.

Fui até a cadeira, rebolando enquanto andava. Nem que eu


quisesse conseguiria andar sem rebolar com esses saltos enormes.
Virei para ele e passei uma perna pelo encosto da cadeira, apoiando
o pé no assento.
Continuei com os movimentos sinuosos, mas dessa vez para
frente e para trás, como se ele estivesse sentado na cadeira e eu
estivesse me moendo contra ele. Repeti três vezes o movimento e
me sentei na cadeira, segurando o encosto e jogando a cabeça para
trás.

Ficando ereta, meus cabelos caíram em meus ombros, por


sobre meus seios. Repeti a moagem na cadeira, fazendo cara de
prazer, passando a língua por meu lábio inferior, sempre encarando
aqueles olhos azuis.

Uma gota de suor escorreu pela lateral de seu rosto e meus


olhos a seguiram. Meu olhar pousou em sua ereção que, se já
estava chamativa antes, agora atingiam proporções enormes.
Parecia que tinha vida própria e dava pequenos espasmos
perceptíveis.

Voltei o olhar para seu rosto, que estava começando a corar,


com os olhos e a respiração pesados, me olhando, seguindo o
movimento dos meus quadris. Na música, a Madona dizia “Kiss me”,
então levantei uma das mãos até meu rosto, acariciando a lateral,
descendo os dedos, puxando de leve meu lábio inferior, enquanto
jogava a cabeça lentamente para trás e moía de encontro ao
assento da cadeira, rebolando ao ritmo sedutor da música.

Elevei-me nos saltos, empinando a bunda e sentando


novamente. Em um impulso, me levantei e tirei o chicote que tinha
no bolso. Indo para frente dele, mais perto. Passei a ponta do
chicote por meu rosto e fui descendo pelos meus seios, meu umbigo
e deixei a ponta descer mais um pouquinho…
Seus olhos estavam agarrados ao trajeto do chicotinho. Ele se
inclinou um pouco mais para frente e inspirou meu cheiro, seu rosto
muito próximo a mim, com os lábios entreabertos. Ele elevou o olhar
até minha boca, que brilhava com o gloss que eu havia passado há
pouco e passou a língua entre os lábios, no exato momento em que
acabava a música.

Afastei-me dele com um sorriso enorme no rosto e olhei em


volta. CARALHO! Quase todos os homens estavam de olho em
mim. E algumas mulheres também. Senti-me corando
violentamente. A professora começou a aplaudir, parabenizando a
sala toda, quebrando o clima que carregava o ambiente. Todos
aplaudiram também, o que era comum ao final de cada aula.

Escutei o suspiro forçado de Rick e olhei de volta, enquanto ele


passava as mãos pelos cabelos e se ajeitava na calça.

— Vamos, levante-se. A aula acabou. — Disse com um tom de


diversão na voz.

— Depois dessa, Jess, eu preciso de alguns minutos para voltar


a terra. Jesus, Anjo. Mais um pouco e eu estaria tendo um AVC
aqui. — Declarou, se abanando com as mãos.

Eu ri alto, me inclinei e dei um beijo em sua bochecha, em cima


da covinha.

— Então, enquanto você se recupera, eu vou tirar essa roupa e


devolver para a professora. — Falei, já me afastando.

— Não, não precisa devolver. Elas são suas. Incluindo o sapato.


E o chicote… — Brindou-me com um sorriso enorme que iluminou
seu rosto e evidenciou sua covinha deliciosa. — Compramos
especialmente para você. — Seus olhos pareciam me estudar,
esperando uma reação.

— Compraram? Como assim compraram? — Repeti baixinho,


meio indignada.

— Sou o dono da academia toda, Jess. Não é nada demais eu


te comprar algumas roupas para a aula. Aceite, é um presente —
Ele ficou sério de repente.

Deus, como era lindo!

— Não adianta argumentar, não é mesmo? Então, obrigada


pelas roupas e por essa aula de dança deliciosa que, com certeza,
foi obra sua.

— Não posso negar, Anjo. Eu avisei que você seria minha hoje
e, de certo modo, foi. — Concluiu, piscando.

Balancei a cabeça, concordando e saindo para o vestiário.

Tomei banho, me troquei e, no caminho para a saída da


academia, os instrutores se despediam de mim com um olhar
diferente.

Poxa, o que alguns movimentos de quadris não fazem com os


homens! Eles nunca me dirigiram uma segunda olhada. Uau!

Na porta da academia, Rick, que estava de pé conversando com


a recepcionista, parou quando me viu e ficou esperando eu passar
por ali.
— Até amanhã, Jess. — Baixando o tom de voz completou. —
Acho que não vou dormir hoje à noite e, se conseguir, vou sonhar
com você dançando para mim. Você vai fazer isso? Dançar daquele
jeito no meu colo? Nua? Só para mim? — Seus olhos caíram para
minha boca e rapidamente ele se deu conta que estávamos em um
lugar público e se endireitou.

— Um dia, talvez. — Sorri para ele. — Até mais, Rick.


Capítulo Oito

PATRICK
Voltei para o escritório e tentei me concentrar no trabalho, havia
muito a ser feito. Mas quem disse que eu consegui?

Em frente à minha mesa havia uma cadeira para atender aos


clientes. Mas em minha mente eu só via Jess rebolando e movendo-
se nela. Eu estava obcecado.

Recostei-me na cadeira, olhei para cima como que procurando


por uma intervenção divina, passei as mãos por meu rosto e apoiei
os cotovelos nos joelhos, segurando minha cabeça entre as mãos.

Eu estava literalmente fodido.

E se depois do divórcio ela me dispensasse? Se decidisse


passar algum tempo sozinha no mundo, a fim de aproveitar tudo o
que não pôde enquanto estava casada? Então, eu seria um bom
amigo e a apoiaria, não a deixaria sozinha, seria sua sombra até
que ela estivesse pronta. Não conseguiria manter distância.
Epa! Epa! Estava divagando de novo e nada de trabalhar.
Melhor parar de pensar nisso e deixar para me preocupar na hora
certa.

Levantei-me e peguei as chaves do carro. Um passeio me faria


bem, talvez até um almoço em alguma churrascaria, uma cantina
italiana… Quem sabe.

Passei pelas lojas da academia, em uma ronda silenciosa,


caminhei entre os aparelhos observando as pessoas, verificando o
trabalho dos instrutores e ouvi dois deles conversando, Juliano e
Marcos. Falando da Jess! Parei, fingindo olhar alguma coisa nas
anilhas.

— Porra! Nunca pensei que aquela gordinha fosse capaz de


tanta flexibilidade. Devia ter visto! Ela rebolava de um jeito na
cadeira que parecia que não tinha ossos no corpo, aqueles peitões
dela querendo escapar do decote. Cara, sem brincadeira, eu não
conseguia piscar! Pensei que meu pau fosse explodir. — Disse o
Marcos.

Juliano ria, sem acreditar no que ouvia.

— Pode perguntar para o Felipe, ele estava na aula também.


Felipe, vem aqui! — Gritou Marcos, chamando o instrutor que
estava do outro lado do salão. — Ele vai confirmar o que eu disse. É
aquela morena que era bem gorda quando chegou aqui, três meses
atrás, lembra? A que nós riamos dela na esteira, descabelada.

— Ah! Lembro sim, a das camisetas gigantes? — Disse Juliano.


— Essa mesma. Se eu soubesse o que se escondia por
debaixo daquelas camisetas, meu irmão… — Disse Marcos,
balançando a cabeça.

Meu sangue fervia de ódio. Ela é minha! Felipe chegou e ouvi


Marcos falando.

— Cara, conta aí para o Juliano da gordinha da aula de dança.


Ele não está acreditando em mim.

Colocando a mão no peito, Felipe suspirou.

— Velho, você não tem noção. O que é aquilo? Parecia uma


dançarina profissional requebrando e moendo na cadeira. Queria
ser aquela cadeira… Saca, quando o sangue foge da sua cabeça e
vai direto para a outra, lá de baixo? Assim! Na hora fiquei duro que
nem pedra. Nenhuma gordinha me deixou daquele jeito, nunca. Mas
depois do que eu vi, juro por Deus que vou tentar alguma coisa. Se
não for com ela, vai ser com aquela loirinha. Você já viu a loirinha
também?

Como? Tentar alguma coisa? Meu Deus, o que eu fiz? Agora


todos ficariam em cima da minha Jess… Perdido em meus
pensamentos, deixei cair uma anilha de dois quilos no chão,
fazendo um barulhão. Os rapazes se viraram em direção ao barulho
e me viram, ficando vermelhos por terem sido pegos falando da
Jess. Se eles perceberam que eu sentia algo por ela, ou se era
vergonha por estarem tão excitados por uma gordinha, eu não sei.

— Desculpa, chefe, a gente só estava contando para Juliano


sobre a aula de dança. — Retratou-se Felipe, saindo e dando um
tapa nas costas dos outros.

— É, chefe, já estamos voltando para o batente. — Disse


Juliano, escapando também, deixando Marcos ali parado comigo.

— Então, você gostou da aula, Marcos? — Perguntei,


estreitando os olhos para ele.

— Gostei muito, chefe, obrigado por me chamar. — Respondeu,


sorrindo para mim.

Sorrindo? Eu queria matar o filho da puta, e ele sorrindo?

— Aham! Que bom, mas preste atenção? Afaste-se da Jéssica


e avise aos outros para fazerem o mesmo. Ela é minha. E outra, não
se refiram a ela como gorda ou gordinha, ela tem nome.

— Entendido, chefe. Pode deixar! Darei o recado, mas não


garanto nada. Sabe como são os rapazes, o que é proibido é mais
gostoso… — Disse, querendo rir.

Um rosnado saiu da minha garganta e, virando as costas, fui


embora. Passei reto pela recepção e nem respondi aos tchaus que
recebi.

Chegando ao estacionamento entrei no meu carro e arranquei.

Dirigi sem destino por meia hora, tentando me acalmar. Lembrei


do meu plano inicial e resolvi ir ao shopping, comer em algum lugar,
andar um pouco, me distrair.

Caminhei pelo shopping, procurando a praça de alimentação.


Eu não sou muito de ir ao shopping, então estava me sentindo um
peixe fora d’água.

Encontrei um restaurante, entrei e escolhi uma mesa perto da


janela que dava para a praça de alimentação e os corredores, assim
eu poderia ficar olhando as pessoas andando do lado de fora
enquanto eu comia. Pedi um filé com fritas e uma coca cola.
Demorou uma eternidade para chegar minha comida ou assim
pareceu, pois eu já estava muito irritado. Pelo menos a comida
estava boa. Quando acabei, estava com o humor um pouco melhor.
Paguei, me levantei e fui andando cabisbaixo, pensando na Jess. O
que ela estaria fazendo?

De repente, apareceu uma menina na minha frente e dei um


encontrão com a coitada, quase derrubando nós dois no chão.
Consegui me equilibrar, puxando a menina apertada comigo.

— Você está bem? — Perguntei, observando seu rosto e a


soltando, criando alguma distância entre nós. Ela assentiu
confirmando que estava bem e eu não resisti. — Você se parece
muito com alguém que eu conheço! Só que mais nova. — Disse,
com um sorriso constrangido.

Acho que já estou delirando vendo a Jess em todo mundo… Eu


estou muito ferrado.

— Todo mundo diz que pareço com a minha mãe. Com certeza
você não a conhece. Ela nunca sai de casa. Eu até estava falando
isso para ela hoje, que ela deveria sair mais, agora que está se
separando do papai. Sábado ela vai dar uma festa e vai entregar os
papéis do divórcio. Mas… Espera um pouco, por que estou falando
tudo isso para você? — Disse ela, rindo.
— Deve ser pelo susto. Ou pode ser algo que você está com
muita vontade de contar para todo mundo, mas não pode?

— Realmente, eu estava querendo contar para alguém…


Mamãe está acabando de pagar a minha roupa para a festa. Olha
ela ali! — Ela apontou para a loja e eu segurei a respiração.

Era o meu Anjo.

Linda, de calça jeans e com a camisa que eu dei para ela. Os


cabelos soltos, emoldurando aquele rosto lindo.

— Você é filha da Jess? Tá de brincadeira. Qual sua idade?


Vinte anos? Não é possível! — Eu olhava feito um bobo de uma
para a outra.

— Eu tenho dezoito anos e sim, sou filha da ‘Jéssica’. De onde


você conhece minha mãe? — Ela perguntou, meio aborrecida.

Eu não conseguia tirar os olhos da Jess. Essa mulher me


amarrou na pontinha do dedo mindinho.

Ela acabou de pagar as roupas, virou-se para sair da loja e


congelou no lugar. Seu olhar, vagando de mim para a filha, da filha
para mim. Levantei uma mão e dei um tchauzinho para ela. Então
ela veio até nós.

— Rick, o que está fazendo por aqui? Já conheceu minha filha


Camille? Camille, esse é o Patrick, dono da academia que eu estou
indo. — Disse, me cumprimentando com um beijo na bochecha.
Um arrepio passou pela minha pele com o contato dos lábios
dela. A minha vontade era de agarrar ela e meter um beijaço
naquela boquinha linda.

— Eu vim almoçar aqui e acabei dando um encontrão com a


sua filha. — Disse olhando para filha dela. A garota não parava de
me encarar com uma cara de “Já tô entendendo tudo”.

— Nós estávamos indo tomar um sorvete, quer vir junto? —


Disse a filha dela. Aquela menina era casamenteira. Bem, pelo
menos seria uma boa aliada.

— Camy, Patrick é um homem atarefado, não pode ficar por ai


tomando sorvete...— Jess foi dizendo.

Cortei rapidinho. Tá maluco que eu ia recusar passar mais


tempo com ela? Nem morto.

— Imagina, seria um prazer acompanhar as senhoritas em um


sorvete.

Jess me olhou incrédula e dei uma piscadinha para ela. Agora


que eu sabia que, depois de amanhã, ela seria uma mulher
livre... Baixa a bola aí embaixo, campeão, estamos em um ambiente
público, com a futura enteada do papai aqui, não vamos dar um
show, disse mentalmente para o meu pau, que já estava a milhão lá
embaixo.

Também com duas bombas dessas! Uma, saber do divórcio


iminente, e outra, encontrar Jess fora da academia. Coloquei a mão
na base das costas de Jess e senti um tremor percorrer seu corpo
com o meu toque.
Bom. Muito bom.

Fomos andando assim até a sorveteria, perguntei o sabor que


elas queriam e fui pedindo um sorvete para cada um, daqueles de
cascão, para demorar bastante, e fomos nos sentar em uma
mesinha ali perto. Jess se sentou do lado da filha e eu à sua frente.

— Então Jess, sua filha me contou que você vai entregar os


papéis do divórcio para o seu marido na festa que você vai dar no
sábado, verdade? — Fui perguntando assim, de supetão. Jess
quase deixou cair o sorvete e olhou para a filha.

— Camille! Dez minutos conhecendo ele e já está contando


tudo? — E virando para mim, ela explicou. — Isso era um segredo,
Rick, só meus filhos e a advogada que sabiam até agora.

— Eu daria tudo para ver isso. Eu já não gosto dele, pelo


simples fato de ser seu marido. Seria interessante! — Eu disse,
entusiasmado.

— Ah, porque você não vai na festa também? Vai ter muita
gente lá, meus amigos, amigos do meu irmão Erik, os amigos do
trabalho do papai, a família... Vai sim, vai ser superdivertido!
— Camille disse, quase gritando de tanta excitação.

— Ei, ei... Calma aí! Já te disse que o Patrick trabalha


bastante... — Jess foi dizendo e eu cortei de novo.

— Imagina, eu disse que ia adorar ir. Que horas vai ser? Vou ter
que usar um casaco? Percebi a loja que vocês estavam comprando
a roupa dela. Isto é, se você não se importar, Jess. — Dei uma
piscadinha para ela e um sorriso daqueles.
— Bem, por mim tudo bem. Eu marquei para as seis horas da
tarde. Você pode chegar a qualquer hora depois disso. E, quanto ao
casaco, você que sabe. Calça social e camisa já tá bom.
— Suspirou, vencida.

— Yes! — Camille levantou a mão, para eu bater. Rindo alto,


bati a mão na dela. E olhei para Jess. Ela parecia feliz em vez nossa
interação.

Acabamos o nosso sorvete e Camille fez beicinho, virando para


a mãe.

— Mãe, combinei com uns amigos de pegar um cinema daqui a


pouco. Você se importa de pegar um táxi sozinha? E levar a minha
roupa? Por favor, por favorzinho? — Implorou Camille.

— Está bem, não tem problema, bebezinha. Eu vou sozinha e


levo sua roupa. Vá se divertir e não chegue tarde. Amanhã tem aula.
— Respondeu Jess.

Camille levantou, deu um beijo na mãe e estendeu a mão para


mim.

— Prazer em te conhecer, Patrick. Até sábado então. — Foi


dizendo Camille.

Peguei a mão dela e sacudi.

— Estou voltando para a academia, você mora ali perto, não é,


Jess? Posso te dar uma carona, se você quiser.
— Tudo bem. Vou com você, assim você fica sabendo o
endereço da festa. — Acenou para Camille, que já estava indo para
o cinema.

Ficamos ali olhando a menina correndo como uma garotinha.


Ela corria, se virava, dava tchau para nós, andava mais um pouco,
olhava de novo.

— Ela sempre foi assim, hiperativa. Completamente diferente do


irmão que já é todo centrado, observador, na dele. Eles são
gêmeos. — Jess me disse com um sorriso. — Então? Vamos?

Ela se levantou, não me deixando escapatória senão ir embora.

JÉSSICA

ACEITEI!

Eu devia estar com algum parafuso a menos na cabeça. Eu


nunca, em hipótese alguma, ficaria confinada em um carro com ele.
Não depois daquela tortura de vê-lo lambendo o sorvete. Imaginei
ele usando aquela língua em mim de todas as formas. E ainda havia
as lembranças da dança… Fomos andando e chegamos ao carro
dele. Já com o carro em movimento, ele pegou minha mão e deu um
beijinho de leve.

— Preciso passar em casa antes, para pegar um documento.


Importa-se em ir comigo? É rapidinho.
Querido, se você entrasse na minha cabeça, não me
perguntaria isso. Me levaria direto! O que esse homem fazia
comigo? Eu perdia todos os meus limites ao lado dele.

— Tudo bem, só não posso demorar muito. — Olhou-me de


relance com aquele sorriso torto e cara de safado.

Nós paramos na garagem de um edifício elegante. Ele desceu


do carro, abriu a porta para mim e seguimos para o elevador. Ele
morava na cobertura, o apartamento tinha um sacadão, com portas
grandes de vidro e a decoração era de extremo bom gosto.

Fiquei esperando na sala, enquanto ele foi pegar o tal


documento. Tirei os sapatos de salto, deixando-os perto da porta e
fiquei por ali, olhando para o nada e tudo ao mesmo tempo, minha
cabeça em outro lugar… Desviei meus olhos do sofá para não ter
ideias, afinal ele parecia mesmo ter que pegar alguma coisa em
casa.

Lá estava eu, olhando para uma suntuosa coleção de Cd´s e


Dvd´s, quando senti seus braços em minha cintura e sua boca em
meu pescoço.

— Eu preciso te beijar, Jess. Eu estou me segurando desde que


te vi parada lá na loja. Principalmente depois daquela dança
deliciosa que você fez hoje de manhã. — Disse em meu ouvido.

GRAÇAS A DEUS! Meu capetinha fez uma dancinha feliz em


minha cabeça e eu nem me dei ao trabalho de me virar. Só inclinei a
cabeça e minha boca encontrou a dele. Lambi suavemente,
acariciando seu lábio inferior. Com um gemido, ele aprofundou o
beijo, nossas línguas dançando juntas, enquanto suas mãos se
enfiavam por baixo da minha camisa delicadamente, acariciando
minha pele, apalpando, subindo para meus seios, segurando-os,
sentindo seu peso, apertando de leve antes de abaixar o bojo do
meu sutiã e pegar meus mamilos entre o polegar e o indicador,
apertando e rolando devagar.

Gemi em sua boca e ele pressionou sua ereção contra minha


bunda. Virei-me, enquanto ele beijava meu pescoço, descendo para
meu seio. Levantando minha camisa, abocanhou meu mamilo,
sugando, passando a língua e o apertando entre os dentes,
mordiscando levemente, fazendo minha cabeça girar, me deixando
tonta.

Voltou a tomar posse da minha boca, nossos lábios úmidos,


devorando, consumindo, enquanto nos pressionávamos um contra o
outro, como se quiséssemos chegar mais perto, nunca sendo o
suficiente.

Ele me empurrou de leve, e fomos indo em direção ao sofá,


sem desgrudar nossas bocas. Nos beijávamos enquanto nossas
mãos vagavam pelo corpo um do outro, tocando, apalpando,
acariciando. Quando ele tocou meu sexo por sobre a calça jeans, eu
congelei.

— Rick, espera. Não podemos, não é certo. — Me afastei,


arrumando minha camisa no lugar. — Mais alguns dias e eu serei
uma mulher livre. Vamos ter paciência.

— Certo, Anjo. Não precisamos ter pressa. — Ele acariciou


meus cabelos e me puxou para um abraço. — Espero o tempo que
for preciso. — Beijou de leve meus lábios.

— É melhor eu ir embora, você é uma tentação que não posso


ter. — E aquele sofá me chamando não ajudava muito.

Seja forte Jéssica, não vá descer ao mesmo nível do


maldito, disse o anjinho em minha cabeça e pela primeira vez eu
concordei com ele.

Fui até a porta, calcei meus sapatos e, quando me virei, Rick


estava me esperando, com as chaves na mão.

— Vamos? Eu te deixo em casa.

— Na verdade, é melhor eu pegar um táxi. Camille já ficou


muito animada em nos ver juntos no shopping.

— Eu queria deixá-la na porta de casa, mas você está certa.


Tem um ponto de táxi aqui em frente, vamos pegar suas coisas no
carro e eu te acompanho.

Descemos até a garagem, peguei minha bolsa, enquanto


Patrick pegava a sacola de Camille. Quando saímos para a rua, ele
passou um braço pelos meus ombros, me puxando para perto. Era
tão bom, me sentia protegida com ele.

Abrindo a porta do táxi, ele me puxou para seus braços e me


beijou.

— Vou sentir saudades. Nos vemos amanhã na academia?

— Amanhã, não. Tenho algumas coisas para providenciar. Nós


nos veremos no sábado, na festa. Dê-me seu número, eu te mando
o endereço por texto.

Ele retirou um cartão do bolso e me entregou.

— Não precisa, Anjo, eu pego na sua ficha. Sonha comigo.

Murmurei um “aham” e entrei no táxi, falando o endereço para o


motorista. Dei um tchauzinho para Rick, que ainda estava de pé
onde eu o havia deixado e o motorista partiu.

Chegando em casa, achei que alguém perguntaria alguma


coisa, mas a casa estava vazia. Suspirei aliviada.

Agora, era pensar na festa…

Acordei com o barulho do despertador.

Estava sem vontade de sair da cama, já sabia que não veria


meu Anjo… Não teria sua voz, seu cheiro, sua pele, seus beijos…

Fui percorrendo meu abdômen e segurei meu pau. Pensei em


Jéssica e um estremecimento invadiu meu corpo, fiquei duro como
pedra. Uma gota perolada surgiu e escorreu sobre minha mão.

A simples imagem dos seios exuberantes da Jess preencheu


minha mente, me levando à beira do orgasmo. Alguns movimentos a
mais e eu estava feito. Chamando o nome do meu Anjo, gozei em
meu abdômen, fazendo uma enorme bagunça. Maria devia achar
que eu estava tendo um surto adolescente, tendo que trocar meus
lençóis praticamente todos os dias.

Limpando-me, tirei os lençóis sujos da cama e os coloquei na


cesta de roupa suja.

Tomei banho, me troquei e fui para a cozinha, Maria já me


esperava com o café da manhã. Assim que terminei, acenei um
tchau e fui para a academia. O dia estava passando sem maiores
problemas… Até que eu fui treinar.

Cheguei ao salão dos equipamentos de musculação e comecei


meu treino. E o que eu escuto? Dois instrutores conversando sobre
a dança da Jess. Isso ainda?

— Meu, a gordinha não apareceu hoje… Será que ela parou?

— Que nada, deve estar cansada de ontem, vai saber.

— Eu estou louco para vê-la novamente, até sonhei com aquela


dança. — Disse Marcos, passando a mão pelos cabelos.

— Marcos, que bom ver você por aqui. — Eu disse alto,


assustando-o.

— Oi, chefe, recado dado viu?

— Aham, que bom, mas você escutou o que eu te disse antes?


Entendeu? Primeiro: Ela é minha e não é legal você escutar outro
macho dizendo que não para de pensar ou que até sonhou com a
sua mulher. Segundo: Jéssica. Ela se chama Jéssica e não
gordinha. Terceiro: Um conselho? Ache a sua. — E continuei minha
série enquanto ele saia de fininho.

A sexta feira passou voando, entre confirmar as encomendas da


festa com os convidados, passar no escritório da Jú, fazer as mãos
e os pés…

Meus filhos estavam agitados, Erik confirmando a presença dos


amigos, assim como sua irmã.

Pensei em Patrick a cada folguinha. Ainda sentia seus lábios


contra minha pele, suas mãos…

A cada hora que passava eu sentia mais vontade de, pelo


menos, mandar um sms para ele. Contive-me durante todo o dia,
mas acabei cedendo e mandei uma mensagem quando entrei no
banheiro para tomar banho à noite.

Oi… Tudo bem por aí? Saudades?

E fiquei aguardando com o telefone na mão, dentro do banheiro.


Então era assim que o maldito se sentia quando entrava ali,
carregando seu celular. Dei risada de mim mesma e já estava
desistindo de esperar uma resposta quando o celular vibrou.

Muita saudade. Acostumado a te ver todos os dias. Parece que


está faltando alguma coisa, parece que tiraram um pedaço de mim.
E você? Sentiu minha falta?
Aham, tanto que não me aguentei e mandei uma mensagem
para você. Tudo certo para amanhã?

Que bom que você não se aguentou. Alguns textos no celular


não matam minha saudade ou diminuem a sua ausência, mas já é
alguma coisa. Está tudo certo para amanhã. Não se preocupe. Nada
no mundo vai me fazer perder a sua festa. Ou perder você.

Hummm assim eu quase acredito… Te vejo amanhã à tarde.


Bjos

Apaga nossas mensagens do seu celular… Nunca se sabe. Bj.

Apaga aí também, boa noite.


Boa noite, Anjo, sonha comigo.
Toda noite.

Tomei meu banho, coloquei um pijama fresquinho e fiquei


perambulando pela casa, fazendo uma coisa ou outra.

O maldito chegou tarde para variar. Tomou banho e foi ver TV,
adormecendo no sofá. Fui dormir feliz da vida, sozinha, repassando
tudo o que eu faria…
Capítulo Nove

Acordei cedo para deixar tudo pronto até a hora da festa.


Estava muito nervosa, então liguei para a Júlia.

— Oi, Jú. — Disse em voz baixa.

— Por que você está sussurrando, mulher? — Respondeu ela,


no mesmo tom de voz.

— Eu estou sussurrando para ninguém me ouvir aqui em casa,


mas a pergunta é, por que você tá sussurrando de volta? —
Perguntei rindo.

— Verdade, né? — Disse ela, elevando seu tom de voz, rindo


também.

— Tá, não precisa gritar por causa disso. Viu, estou ligando
porque estou nervosa sobre hoje à noite.

— Já sei, vai amarelar?


— Não! Só preciso que você me diga que está tudo pronto, tudo
certo. E que tudo vai dar certo.

— Está tudo certo, Jess, fique tranquila. Eu e meus amigos


especiais vamos chegar aí na hora marcada e tudo vai correr bem.
Mais à noitinha você será uma mulher livre. Esse seu marido maldito
nem vai saber o que o atingiu. — Disse ela meio exasperada. Ela
realmente não gostava dele.

— Ok. Vamos lá, então. Que Deus me ajude! — Disse, rindo. —


Beijos, até mais tarde então.

— Até mais. Respira fundo e se arruma bem gata! Aquele seu


maldito tem que ficar babando e perceber de uma vez por todas, a
mulher que ele perdeu. Beijocas. — Disse ela desligando.

Ufa, menos uma coisa para me preocupar.

Às dez da manhã começaram a chegar as mesas, cadeiras,


decoração e os telões. A equipe de som demorou mais do que
todos, mas no final instalaram caixas de som por todo o gramado,
em volta da piscina, e pela área das mesas. Após o teste, ficou claro
que todos os presentes ouviriam as músicas e todos poderiam ver o
que se passava nos dois telões que estavam estrategicamente
colocados no pátio. Às três da tarde o pessoal do Buffet chegou e
tomou conta da minha cozinha.

Suspirando aliviada, fui me aprontar. Tomei um banho relaxante,


coloquei um roupão, sequei o cabelo e gritei para Camy vir me
arrumar. Em 5 minutos ela entrou correndo no meu banheiro com
sua maleta de maquiagem, babyliss, mousse e mais um monte de
coisas.

— Mamãe, vai arrasar hoje! Seu vestido é verde-musgo, né?


Vamos lá, sente-se de costas para o espelho e não espie. Confie em
mim, mãe. Você vai ficar de parar o trânsito! — Camille estava
inspirada, com aquele jeitão dela, sempre muito animada.

Fiz o que pediu e ela começou a arrumar meu cabelo. Passou


uma boa quantidade de mousse, dizendo que meus cachos tinham
que durar. Meu cabelo é naturalmente escorrido, então isso seria
uma tarefa basicamente impossível, na minha opinião, mas hoje eu
era a boneca dela.

Em quarenta minutos eu estava liberada.

— Antes de se olhar no espelho, vai colocar sua roupa. Só


depois volte aqui e se olhe. Quero estar presente quando você ver o
que eu aprontei.

Camy foi me empurrando para fora do banheiro em direção ao


meu closet. Coloquei as meias de seda, as que eu havia ganho de
Patrick, um conjunto lindo de lingerie que comprei, da cor do
vestido, e por fim o vestido e os sapatos. Um par de brincos
compridos, uma pulseira e pronto.

Voltei para o banheiro, onde Camy fazia sua própria maquiagem


e me olhei no espelho.

A beldade que estava no espelho arregalou os olhos para mim.


Eu não acredito que isso tudo aí sou eu. Toquei meu cabelo, minha
bochecha, só para me certificar que não estava sonhando.
Dei um abraço em minha filha e agradeci com meus olhos
marejados.

— Nem pensar em chorar! A maquiagem é prova d’água, mas


não vamos abusar, sim? Vai dar tudo certo, mãe. — E baixando o
tom da voz, completou. — E aquele gostoso do Patrick estará aqui
para te consolar depois que você der um pé bem-dado na bunda do
papai. Eu vi como ele te comia com os olhos no shopping. — Deu
uma piscadinha para mim.

Nem me dei ao trabalho de negar e retribuí a piscada, rindo.

Os convidados começaram a chegar, um garçom os recebia na


porta de casa e os conduzia para o gramado na parte de trás da
casa.

Fui passando por conhecidos que me olhavam, incrédulos.

Olhei em volta e avistei o maldito sentado em uma mesa, com


uma ruiva de vestido preto. O filho da puta convidou a amante para
a festa? Isso estava ficando cada vez melhor.

Olhei para o relógio, seis da tarde. Chegaram muitos


convidados, mas não via Júlia em parte alguma. Todos me
cumprimentavam, perguntando o que aconteceu comigo, dizendo
que eu estava diferente, mais magra. Respondia sempre a mesma
coisa. — Nada, são seus olhos. — Mas, por dentro, eu sabia muito
bem e pensava Nem te conto! E ria de tudo.

Por que tem que acontecer algo tão drástico para resolvermos
tomar uma atitude e mudar para melhor? Isso eu nunca saberia,
mas o certo é que se não fazemos nada por nós mesmos, ninguém
vai fazer. E, pensando nisso, fui conferir se estava tudo certo com a
apresentação que passaria no telão, com o técnico da equipe de
som.

Quando estava passando em frente à porta do vestiário da casa


da piscina, alguém me puxou para dentro. Quase dei um grito, mas
uma mão grande e forte tampou minha boca.

— Calma, Anjo, sou eu. Você está um arraso!

— Que saudade de você… — Nos beijamos, tentando


extravasar nossa saudade. — Você está absolutamente perfeito. —
Admiti, correndo meus olhos em seu corpo. Ele era a imagem da
perfeição. De terno e gravata, a mesma que ele usou na nossa aula
de dança, da cor de seus olhos. — Não posso demorar aqui. Depois
que eu der o presente ao meu marido, conversaremos mais. — Sorri
para ele.

— Ok, mas não demore muito. — Me deu um beijinho rápido


nos lábios. — Vai você primeiro e daqui a pouco eu vou também.

Saí e fui procurar pelo técnico. Combinamos que eu ligaria no


celular dele quando fosse a hora de passar os slides.

Voltei para a festa e avistei a Júlia conversando com quatro


rapazes, muito bem-vestidos.

Fui até ela e a abracei.

— Ah, Jú, achei que você não viria mais.


— Imagina se eu perderia tudo isso. A propósito, você está um
arraso mulher! Olha o que você estava escondendo embaixo
daqueles camisões!

— Jú, assim você me deixa sem jeito. — Disse baixinho.

— Você tem que fazer ele assinar. — Me mostrou um envelope.


— Como os filhos de vocês já são maiores de idade, o divórcio sai
na hora, como se você tivesse ido ao cartório. Esse é o Ricardo, ele
trabalha lá. Ele vai presenciar a assinatura e levar o documento
direto ao cartório e autenticar. Já estão esperando por ele. Então
você tem que agir rápido. Eles não vão esperar eternamente. E
conhecendo o Tony, ele pode arranjar alguma confusão.

— Ok. Deseje-me sorte. — Suspirei.

Eu estava nervosa.

— Quebre a perna. — Ela sorriu para mim.

Virei-me e vi Patrick perto da casa da piscina. Ele sorriu para


mim e a tensão se esvaiu de meu corpo.

Eu posso fazer isso. Posso e vou. Disse a mim mesma.

Peguei o telefone e liguei para o técnico que veio ao meu


encontro, no palco improvisado.

Quando o microfone foi ligado, ele diminuiu o volume da


música.

— Olá, um minutinho de sua atenção, por favor. Anthony,


estamos aqui para celebrar seu aniversário. As crianças e eu
fizemos um presente especial para você. Aqui está um pouco de
tudo o que se passou em nossas vidas durante os anos em que
estamos casados.

Ele arregalou os olhos, me admirando de cima a baixo, como se


nunca tivesse me visto, e vi em seu rosto o desejo a tanto tempo
perdido. Ele umedeceu os lábios e sorriu para mim.

— O que será que a minha linda esposa e meus lindos filhos


prepararam para mim? — Ele disse alto, rindo e todos riram com
ele. Ele veio em minha direção, passou o braço em minha cintura e
falou baixinho em meu ouvido. — Onde você se escondeu, delícia?
Como você está gostosa, Jess. Nossa noite promete. — Me deu um
beijo nos cabelos.

— Sente-se, Tony. Você precisa de uma visão privilegiada. —


Eu falei ao microfone. — Senhoras e senhores, no telão, por favor.

Com os primeiros acordes de “Careless Whisper”, de George


Michael, nossas fotos começaram a passar no telão.

Algumas imagens de nosso casamento, eu entrando sozinha na


igreja vestida de noiva, ele pegando minha mão no altar, levantando
o véu de meu rosto e me dando um beijo nos lábios; lado a lado no
altar, colocando as alianças, depois saindo da igreja embaixo de
uma chuva de arroz. Na recepção do casamento. Com seus pais.
Nós dois com os padrinhos. Dançando a primeira vez depois de
casados. Fotos dele me rodando em seus braços, nos beijando.
Depois pulou para minha barriga de grávida, crescendo em uma
sucessão de fotos até o nascimento dos gêmeos.
Daí em diante tinha fotos das crianças crescendo e sempre com
um de nós dois perto, pois enquanto um tirava a foto o outro posava.
Até que as fotos mudaram para o tempo em que eles entraram na
escolinha.

Então eles estavam sempre sozinhos ou eu no meio, esticando


o braço para tirar uma foto nossa. Sempre sorrindo, nós três.

Deve ter sido por essa época que nosso casamento começou a
desandar. Será que foi aí que ele começou a me trair?

E as fotos continuaram, a música mudou para “Repetition” de


Information Society. Olhei para ele e vi lágrimas escorrendo em seu
rosto. Maldito! Chora agora, trouxa. Disse o capetinha na minha
cabeça.

Imagens das crianças crescendo e eu perto, crescendo


também… Para os lados! E vieram as fotos mais novas, que tiramos
nos últimos meses, eu sempre junto com os gêmeos.

Respirei fundo, pois sabia que a parte crítica estava chegando.

Junto com a música da Adelle, “Set fire to the rain”, começaram


as fotos dele com Suzana. Todas aquelas que estavam no e-mail
dele.

O burburinho começou e as pessoas apontavam para ela,


sentada ao lado dele. Suzana se encolheu, parecendo querer sumir
dali. Tony olhou para mim, com um giro de cabeça rápido e viu que
eu estava rodeada pelas crianças, Júlia e seus amigos. Com olhos
arregalados, ele olhava do telão para mim. As fotos deles dois
abraçados em restaurantes, no carro, imagens onde aparecia
somente a mão dele descansando na perna dela. As fotos dela nua,
Erik editou e colocou uma tarja preta para cobrir suas partes
íntimas.

Então acabou, congelando em uma foto que tiramos um pouco


antes de descermos para a festa, eu sorrindo no meio de Camille e
Erik, recebendo um beijo duplo.

— Você entendeu errado, vocês entenderam errado. O que eu


tenho com ela não é sério, é só passatempo, eu amo vocês três.
Vocês são minha vida… — Ele começou a balbuciar.

Suzana, que estava do lado dele, levantou-se ultrajada.

— O quê? Eu não sou nada para você, além de um


passatempo? Você acabou de dizer no meu ouvido que me amava
enquanto me comia na despensa da cozinha! — E deu um bofetão
na cara dele com a bolsa na mão, antes de sair correndo de porta
afora.

“Ui”, “Essa doeu”, “Caralho, Véio” ou “Você viu isso? ”, eram


ouvidos por todos os lados.

Pegando o microfone mais uma vez, continuei.

— Aqui está o seu presente real. — Balancei o envelope. —


Vou levar até aí para você.

Fui andando até ele, escoltada por meus filhos, Júlia e seus
amigos, que pareciam guarda-costas.
Joguei o envelope em cima da mesa e o silêncio reinou no
ambiente.

— Abra.

Ele abriu e puxou os papéis, seu rosto ficando mais pálido


ainda.

— Eu quero que você assine os papéis do divórcio. Eu não


quero mais você.

E, como mágica, uma caneta surgiu na frente dele, entregue por


Erik que olhava para o pai com uma expressão de puro desdém.

Pego de surpresa, Tony começou a assinar os papéis. Quando


acabou, eu peguei rapidinho e entreguei para a Júlia, antes que ele
caísse na real e fizesse alguma coisa.

Balançando a cabeça, ele pareceu voltar à realidade e segurou


meu braço.

— Você não pode fazer isso comigo, Jess. Eu amo você, amo
as crianças. Não sei o que me deu para fazer o que eu fiz, mas eu
quero você e quero nossa vida de volta. — Puxei meu braço fora de
seu aperto.

— Foram quase dezenove anos, Tony. É um pouco tarde para


arrependimentos. — Disse Júlia, entregando o envelope para o
rapaz do cartório, que saiu em disparada.

— Não se meta, Júlia, a conversa não chegou ao chiqueiro. —


Tony ficou vermelho e se deu conta da situação e da humilhação
que estava passando na frente de todos, que apontavam e
cochichavam pelos cantos.

— Admita, Tony. Nosso casamento não anda bem já faz algum


tempo. Eu não te amo mais e, mesmo que amasse, eu não aceito
uma traição dessas. Você vai continuar sendo o pai para seus filhos,
mas não será mais nada para mim. Você já não é. — Virei as costas
e fui me afastando.

Foi quando vi o olhar no rosto da Jú e me virei. Tony estava


possesso e vindo para cima de mim como um trem de carga. Fui
puxada por um dos “seguranças” enquanto o outro se atirava sobre
Tony, para contê-lo.

— Eu sabia que precisaria disso. — Disse Júlia, abrindo o outro


envelope. — Essa é uma liminar de afastamento de cônjuge,
expedida pelo Juiz. A partir do momento em que você assinou o
divórcio, ela passa a entrar em vigor. Você não pode, em hipótese
alguma, chegar próximo dessa casa ou próximo de Jess, em um
limite de 100 metros. Se essa distância for violada, você poderá ser
preso e responder judicialmente por isso. Aqui uma cópia
autenticada para você. — Ela jogou o envelope com os papéis, em
cima da mesa. — Cavalheiros, tenham a bondade de acompanhar o
Senhor Anthony até a porta. Erik, você fez a mala de seu pai? —
Erik concordou com a cabeça.

— Então, por favor, a porta da rua é serventia da casa. Depois


você manda uma mensagem de texto para uma das crianças com
seu novo endereço, que mandaremos suas coisas para lá o quanto
antes. — Eu disse, enquanto ele era escoltado para fora da casa
que chamou de lar durante os últimos anos.

— Ah, Tony! — Eu chamei e ele se virou. — Uma auditoria será


instaurada na empresa na segunda pela manhã. Metade de tudo é
meu e quero saber de cada detalhe.

Uma veia saltou em seu pescoço e ele ficou ainda mais


vermelho.

Pegando o microfone novamente me dirigi aos convidados.

— Por favor, aproveitem minha despedida de casada, ela está


só começando. — Fiz sinal para o técnico de som que colocou ‘Fell
so close’, de Calvin Harris para todos dançarem, enquanto o
pessoal do Buffet afastava as mesas, colocando um círculo grande
no chão, de um material parecido com vinil, criando uma pista de
dança; a iluminação sendo virada para ela e luzes multicoloridas
começaram a piscar.

Suspirando aliviada, senti meus filhos me abraçando e a mão


de Júlia em meu ombro.

— Acabou mãe, deu tudo certo, nós te amamos. — Disse Erik.

— E estamos aqui para você sempre. — Completou Camille. —


Ou sempre que der, já que logo estaremos indo para a faculdade,
mas isso não vai ser um problema, vai? — Camy deu uma piscada e
olhou em direção a Patrick.

Rick.... Eu havia me esquecido dele.


— Mano, vem conhecer o Rick, amigo da mamãe. — Ela fez
sinal para que Patrick viesse até nós.

Ele realmente era alguma coisa mandada dos céus para a terra,
para iluminar a vida de uma reles mortal como eu. Seu corpo
perfeito, seus ombros largos, aqueles braços, os cabelos de um
castanho claro lindo, manchado pelo sol, com tons mais claros e
seus olhos azuis. Era realmente uma boa visão.

Ele chegou perto e estendeu a mão para cumprimentar Erik.

— Olá, sou Patrick, amigo da sua mãe. Você deve ser o Erik,
que a Camy tanto falou.

— Patrick, essa é a Júlia, a amiga que lhe falei que estava me


ajudando com tudo.

— É um prazer, Júlia.

Olhei para o rosto de Júlia e ela estava de boca aberta e queixo


caído. Nem sei se percebeu que ele estava sendo apresentado para
ela.

— E você, Anjo, como está? — Me puxou para um abraço de


urso, beijando meus cabelos.

Entreguei-me ao seu abraço e deixei sair de mim um longo


suspiro, encostando a cabeça em seu peito.

Júlia pareceu voltar à vida quando me viu nos braços de Patrick.

— E vocês se conhecem de onde? — Ela perguntou.


— Sou dono da academia que Jess frequenta.

— Ah… Academia… Sei — Júlia tentou esconder um sorriso.

— Vamos dançar! Eu tenho muito o que comemorar.

Enquanto eles se dirigiam para a pista, olhei para os olhos de


Patrick, que estavam com um brilho diferente, um fogo estranho em
seu olhar. Um sorriso cresceu em seu rosto e ele se abaixou,
sussurrando em meu ouvido.

— Você vai dançar para mim? — E voltou a me encarar.

— Mais tarde — Respondi, olhando dentro de seus olhos.


Capítulo Dez
PATRICK

Acordei empolgado. Havia chegado o dia em que meu Anjo


ficaria livre. Livre para mim. E eu estaria lá, para garantir que
ninguém chegasse antes.

Como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar.

Pedi para Maria colocar um jogo de cama novo, abastecer o


banheiro com toalhas, deixar o champanhe no gelo antes de sair e
preparar uma bandeja com petiscos e morangos lavados.

O que faltava?… Brinquedos!

Corri ao sex shop onde eu havia comprado a roupa dela e


comprei um gel beijável, que esquentava em contato com a pele,
camisinhas de diversos tipos, com sabor, textura e cores diferentes,
e mais alguns objetos que, com certeza iriam surpreendê-la.

O dia passou voando na academia e saí mais cedo. Fui para


casa e me arrumei. A gravata azul, camisa e terno pretos.
Quando cheguei a casa dela, fui recebido na porta e conduzido
à área da piscina, onde seria a festa. Fiquei de olho para ver se
achava meu Anjo no meio daquelas pessoas.

E ali estava ela. Linda de viver, com um vestido esvoaçante


verde-escuro e o que eu suspeitava serem as meias que eu havia
comprado.

Eu fui seguindo aquelas pernas roliças e meus olhos caíram em


seus sapatos. Aqueles sapatos gritavam “Me foda”.

Deus, me dê juízo.

Vi que ela estava olhando para um ponto atrás da casa da


piscina e fui para lá. Entrei e esperei, para ver se ela apareceria.

Bingo! Puxei-a para dentro e a surpreendi, ganhando um beijo


cheio de saudade. Não queria largar meu Anjo, mas era meio
impossível. E ela teve que ir.

O que aconteceu em seguida foi emocionante de se ver… A


vida dela passando em fotos no telão. Uma vida linda que eu
desejava ter vivido com ela… Casamento, festa, gravidez, filhos
crescendo… Ainda quero isso. Se ela quiser.

Eu ainda estava incrédulo, quando Camille fez um sinal para


que eu me aproximasse.

Chegando perto, Camille me apresentou para seu irmão, que


era muito parecido com Jess também, uma versão masculina do
meu Anjo. Conheci também sua amiga, a advogada, que olhava
como se eu fosse sumir de repente. Dei um jeito de abraçar meu
Anjo… Precisava dela, do contato, de senti-la em meus braços.

Quando ela disse que queria dançar e comemorar, me lembrei


da sua dança. Não resisti em provocá-la e sussurrei perto de seu
ouvido

— Você vai dançar pra mim? — Me surpreendi com sua


resposta. "Mais tarde".

Minha vontade era agarrá-la, levá-la embora para minha casa e


ganhar minha dança especial. Essa mulher me tirava o juízo, me
deixava queimando. Eu não poderia nem ao menos beijá-la na festa,
depois de todo o alarde pela traição do marido. Olhar, dançar, ficar
em cima, isso eu podia. E fiz.

Fomos dançar com os filhos e a amiga dela. Logo a música


mudou para lenta e coloquei meus braços em torno de sua cintura,
puxando-a para perto de mim.

— Isso lembra nossa primeira dança. — Sussurrei.

Ela levantou o rosto e me observou.

— Estando perto de você, assim, eu só penso em fazer um


outro tipo de dança.

— Você quer sair daqui? Quem sabe, ir pra minha casa? — Um


sorriso se formou naquele lindo rosto, me mostrando uma covinha.

— Só se for agora. — Ela sussurrou de volta.

Parei de dançar na hora e fui puxando-a para a saída.


— Espere, vou dizer para meus filhos que vou sair.

— Aproveita e avisa que você não tem hora para chegar.

Ela riu e foi falar com eles, que estavam parados próximos à
pista conversando com alguns amigos.

Quando ela se virou e veio em minha direção, Camille levantou


o polegar para mim e piscou. Eu tinha razão, essa menina era
mesmo uma casamenteira. Sorte minha.

Pegando a mão do meu Anjo, fomos até meu carro. Abri a porta
para ela e fui para o meu lado, entrando rápido e dando a partida.
Em dez minutos estávamos entrando no meu apartamento.

— Fique à vontade Anjo, minha casa é sua. — Dei um beijo em


sua testa e a olhei.

— O quanto à vontade? — Ela perguntou, sorrindo meio de


lado, me olhando nos olhos.

— Finja que você está na sua casa. Estamos sozinhos aqui,


pela noite toda…

Então ela se aproximou de mim e lambeu minha boca. Nossas


línguas se encontraram e eu perdi a noção de onde estava ou de
quem eu era.

Passei anos sonhando em ter essa mulher e agora ela estava


em meus braços.

Hoje seria nossa primeira vez, eu queria ir devagar. Se eu


chegasse com muita sede ao pote, poderia assustá-la e essa não
era a minha intenção. Longe disso.

— Anjo, me diz uma coisa. Você tem alguma fantasia? Alguma


coisa que você sempre quis fazer e que nunca teve coragem de
pedir? — Sussurrei em seu ouvido, lambendo e mordendo de leve a
ponta.

— Quem não tem? Eu queria… não me leve a mal, mas eu


sempre quis ganhar uns tapas enquanto, você sabe… — Disse ela,
com a voz sumindo, tímida e corando.

— Tudo bem, eu também tenho essa fantasia. Quer pôr em


prática hoje? Qualquer coisa que você queira, pode pedir e eu farei
para você. — O consentimento dela me deixou aliviado, pois a
minha maior vontade era foder ela com força, enquanto dava uns
tapas naquela bunda deliciosa. Ah, o que eu não faria com aquela
bunda…

Balançando a cabeça para clarear as ideias, esperei sua


resposta.

— Será que eu aguento? Não sei, querer e fazer são duas


coisas muito diferentes e você é tão forte.

— Eu nunca machucaria você. E se você quiser que eu pare,


em qualquer momento, basta pedir.

— Ok.

Minhas mãos subiram para sua nuca e eu enfiei os dedos em


seu cabelo, inclinando sua cabeça para cima, tomei posse daqueles
lábios. Minha. Eu devorava aquela boquinha pequeninha, nossas
línguas duelando em um combate mortal.

Ela se espremeu contra mim, nossos corpos se tocando por


completo. Inclinei meu rosto para aprofundar o beijo e ela chupou
minha língua. O efeito foi imediato e meu pau pulsou de encontro a
sua barriga. Meus dedos desceram pelas suas costas, alcançando o
zíper do vestido, que fui abrindo lentamente. De repente, ele era só
um lago de tecido em seus pés. Ela deu um passo para o lado,
saindo do vestido e eu me afastei para admirar seu corpo. Ela
estava usando um conjunto da mesma cor do vestido, com ligas!

— Você estava pensando nisso tanto quanto eu... — Disse,


admirado.

— Uma menina pode sonhar. — Ela respondeu com um sorriso


travesso.

Meu Deus!

Minhas mãos percorreram o material da liga e foram para a


calcinha, apalpando seu sexo, que já estava quente e úmido para
mim. Afastando o tecido, percorri sua fenda com o dedo,
encontrando seu clitóris e comecei a massageá-lo. Seus lábios se
entreabriram, deixando escapar um suspiro de prazer. Seu corpo
relaxou e ela se entregou completamente a mim, às minhas carícias.

— Vem para meu quarto. Para minha cama. Eu te quero tanto,


Anjo, que chega a doer. — Disse entre beijos e fui conduzindo-a
pelo corredor.
Quando entramos no quarto, eu a encostei na parede, puxando
uma de suas pernas para meus quadris, roçando meu pau onde eu
queria me enterrar.

— Você ainda está vestindo muita coisa. — Ela disse de


encontro à minha boca, enquanto suas mãos subiam para desfazer
o nó da gravata, que deixou pendurada sobre meu pescoço. Então,
começou a desabotoar minha camisa.

Eu estava impaciente e terminei de tirar por ela, puxando,


fazendo voar botões para todos os lados. Seus dedos desceram
para meu cinto, roçando em meu comprimento, me deixando tonto
de prazer pela carícia tímida. Ajudei-a com a calça também e
quando dei por mim, estava só com a boxer, que ela logo tirou.
Admirou o presente que pulou para fora, duro e empinado. Ajudei
nessa parte também, movendo as pernas para me livrar daquele
pedaço incomodo de tecido.

— Agora quem está com roupa demais é você, Anjo. —


Rapidamente desprendi suas ligas da frente da meia calça e depois
atrás. Escorreguei meus dedos pelo elástico e arrastei para baixo
junto com a calcinha e abri seu sutiã, liberando aqueles seios
enormes e deliciosos de seu confinamento.

Seus mamilos enrijeceram e viraram dois picos firmes, que


abocanhei sem piedade. Chupei e mordi a ponta, amansando a dor
com a língua. Fiz o mesmo com o outro e ela gemeu de prazer,
agarrando-se em meus cabelos quando repeti o gesto.

— Isso é tão bom, faz de novo.


Ela mal acabou de falar e eu repeti, arrancando de sua boca um
gemido alto e rouco, que me deixou arrepiado.

Colocando a mão entre suas pernas, a encontrei molhada.


Desci minha boca por sua barriga, lambi seu umbigo e fui descendo
mais, até encontrar a fonte que mataria a minha sede. De joelhos na
frente dela, admirei e logo dei uma lambida de leve, seguida por
uma profunda que a fez estremecer. A penetrei com o dedo, mas
enquanto ela gemia e rebolava na minha boca, coloquei outro e os
abri em seu interior. Eu era grande e ela tão apertadinha. Bombeei
os dedos no corpo dela, aumentei a pressão e a velocidade das
lambidas em seu clitóris. Ela estremeceu e gritou enquanto gozava
na minha boca e sobre meus dedos.

— Camisinha. — Fiquei de pé, esticando o braço para alcançar


em cima da cômoda.

Peguei, abri com os dentes o pacote e desenrolei pelo meu


comprimento.

— Vou começar devagarzinho, Jess. Se quiser parar, ou sentir


alguma dor, eu paro. Sou muito grande e você é toda apertadinha.
Coloque as pernas em minha cintura.

— Rick. Não sei se você percebeu, mas eu sou um pouquinho


pesada… Você tem certeza?

— Absoluta. — Não dei tempo para ela pensar. A levantei pela


bunda, fazendo com que se segurasse em meus ombros. — E caso
você não tenha percebido, eu sou forte. E não estou reclamando. Eu
gosto de você assim, Jess. Não mudaria um centímetro do seu
corpo. Eu adoro seus seios grandes, sua barriguinha, suas coxas
roliças. Você não vê o efeito que tem sobre mim? — Ajustando
nossos corpos, meu pau se aconchegou naquela bocetinha
apertada, pedindo passagem. Ela rebolou e eu me aprofundei um
pouquinho, indo devagar, para não machucar.

— Coloca tudo, Rick, põe tudo agora. — Sussurrou em meu


ouvido, passando a língua pela minha orelha.

Estremeci e meti fundo, com força, entrando todo de uma vez,


arrancando um grito sem fôlego de nós dois. Parei e olhei em seus
olhos, esperando por algum sinal de que tivesse sido demais para
ela, mas o que encontrei foi um rosto tomado pelo prazer, com
pupilas dilatadas, bochechas coradas e boca entreaberta.

— Me fode, Rick, com força. — Ela gemeu.

Comecei a me mexer, aquilo era uma tortura. Ela me apertava


como nada no mundo, molhada e quente, me levando à loucura.
Insanidade tomou conta de mim e acelerando os movimentos, eu fui
mais fundo. Ela começou a pulsar em torno do meu pau, seus
gemidos ficando mais próximos e eu sabia que ela estava perto.

— Mais forte, Rick, eu não vou quebrar.

Eu não queria que acabasse tão rápido.

— Segure firme em mim. — Consegui dizer e a levei até a


minha cama.

Deitei-a na beirada e puxei suas pernas, colocando seus pés


em meus ombros e meti fundo. Ela estava perfeita, só de meias 7/8
e sapatos.

Ela gemia e rebolava em mim e a obedeci, entrando mais forte,


saindo devagar enquanto ela me apertava.

— Quero te comer por trás, Jess, olhando pra essa bunda


deliciosa. — Sem esperar resposta, a virei de bruços, puxando sua
bunda ao meu encontro, entrando de uma vez, fazendo-a arquear
as costas como uma gata. Com uma mão juntei seus cabelos e a
puxei para mim. — Você é minha, Jess. Diga! — Falei em seu
ouvido.

— Eu… ahhh… Eu sou sua, Rick.

— Boa menina. — Dei um tapa em sua bunda enquanto metia


forte.

Jess gozou na hora, me ordenhando com força. Estava difícil


tirar meu pau de dentro dela. Ela parecia me puxar mais para dentro
a cada contração. Não gozar foi um esforço tremendo, que me
deixou suando, rangendo os dentes.

Quando as contrações diminuíram, continuei a foder aquela


delícia, batendo em sua bunda. Batendo e acariciando, acalmando a
pele que ruborizava embaixo de meus dedos.

Afastei-me e lambi aquele buraquinho apertado que estava me


tentando. Esperei que ela se assustasse ou se retesasse, mas, me
surpreendi ao ouvir seu gemido de prazer. Era tudo o que eu
precisava. Afundei-me nela de novo e aumentei o ritmo, como eu
percebi que ela gostava, mais rápido e mais forte.
Curvando-me sobre ela, sussurrei em seu ouvido.

— Goza pra mim, Jess. — Lambi meu dedo e enfiei em seu


buraquinho apertado, arrancando de Jess um grito, enquanto ela
gozava em meu pau mais uma vez. Deixei-me levar também,
gozando com ela, espasmos percorriam nossos corpos, um
chamando o outro, nossas respirações ofegantes e nossos corpos
suados.

Ficamos largados na cama, de lado, eu ainda dentro dela, a


segurando firme de encontro ao meu peito.

— Ainda estamos vivos? Acho que morri um pouquinho hoje à


noite.

— Estamos bem vivos, Anjo. Eu só comecei com você. —


Disse, acariciando seus cabelos.
Capítulo onze

— Só começou? Ai, meu Deus…

— Está vendo ali, em cima da cômoda? Tudo aquilo é pra você.


Claro que não vamos usar tudo hoje, mas podemos pegar alguma
coisa depois que comermos. Eu estou faminto. — Tirou o
preservativo, dando um nó, colocando no cesto de papéis, próximo
a cama.

Levantei nos cotovelos e dei uma espiada na cômoda. Em cima


estava um vibrador vermelho. Outro parecido, mas prateado de um
formato diferente, outro menor ainda, um anel lilás, umas bolinhas
atadas como um colar de contas, umas bolinhas coloridas, gel ou
óleo colorido, um par de algemas com pelúcia lilás, uma máscara de
dormir, um chicote de plumas, duas coisinhas redondas que
pareciam brincos de pressão, entre outras coisas. Ele havia
comprado toda a loja???

— Ok, vamos comer então.


Ele se levantou e pegou uma camiseta.

— Sente-se. — Seu tom de voz não me deixava alternativas.


Sentei e ele, em pé na minha frente, levantou meus braços, me
vestindo com uma camiseta branca. Olhei para aqueles olhos azuis.
— A ideia de você usar minhas roupas me excita. — Baixei meu
olhar instintivamente para conferir a informação. Ele estava duro
novamente, como se não tivesse acabado de gozar.

— Acho que a comida vai ter que esperar então. — Caí de boca
nele. Ele gemeu alto, agarrando meus cabelos.

— Espera, Anjo. — Saiu da minha boca, correndo em direção à


porta.

Suspirei, me atirando na cama.

Fui rápido demais. Eu o assustei. Cobri o rosto com um braço, e


fechei os olhos, para não ter que ver sua cara quando ele voltasse
com alguma desculpa para eu ir embora.

— Anjo, olhe pra mim. — Escutei ele falar do meu lado.

Abri os olhos e não acreditei no que vi. Ele estava parado, em


pé ao lado da cama com o pau coberto de chantily! Passei a língua
pelos lábios ao ver aquilo e um sorriso se formou em seu rosto, e
seus olhos brilharam.

— Pode continuar, meu Anjo, sou todo seu. — Ele colocou o


frasco de chantily spray na mesinha, do lado da cama.
Me sentei e comecei a saborear o doce, dando longas lambidas,
chupando a ponta. Ele puxava o ar entre os dentes, o barulhinho me
deixando louca de tesão, até que começou a gemer alto e bombear
em minha boca.

Eu não conseguia colocar nem metade de tudo aquilo na boca,


mas me esforcei para chupar o que conseguia. Uma delícia. Chupei
com vontade, tirando todo o chantily. Ele me afastou um pouco.

— Se você não parar agora, eu vou gozar na sua boca.

Eu cheguei mais perto.

— Ninguém nunca fez isso antes. Eu quero. — Abaixei a


cabeça nele, lambendo a ponta grossa de seu pênis, bombeando
ele com as mãos. Ele não aguentou muito. Gemeu alto.

— Vou gozar, Anjo. — Seu corpo estremeceu e ele chamou


meu nome. — Jess...— Senti um jato quente e espesso em minha
garganta.

Seu gosto era tão bom, misturado ao sabor do chantily em


minha boca, que engoli tudo. Continuei chupando de leve até seu
corpo parar de estremecer.

— Meu gosto é tão bom quanto o seu? — Me deitou na cama,


vindo por cima de mim e me beijando na boca, provando-se em
meus lábios.

— Você é uma delícia, ainda mais misturado com chantily.


— Agora vou ter que provar você de novo, não recordo mais o
seu sabor… — Riu e desceu pelo meu corpo, lambendo o caminho
até meu sexo, chupando e sugando. Largou-me de repente, foi até a
cômoda e pegou o vibrador, passando-o pela minha fenda, enfiando
devagar. Alcançou o chantily e colocou um pouco sobre meu clitóris.
O geladinho me arrepiou de cima a baixo, mas então sua língua
começou a lamber todo o doce enquanto ele ligava o vibrador em
mim.

Bombeando sem piedade, ele me fez gozar de novo.

Deus, esse homem era bom nisso. Lindo, gostoso, gentil e


habilidoso, além de um pouquinho dominador… Tudo o que uma
mulher podia querer.

Fique ali, sem fôlego, tentando me recuperar daquele orgasmo


avassalador, enquanto ele já estava de pé.

— Vamos comer agora? Depois vamos tomar uma ducha e


deixo você descansar um pouco… — Puxou-me pela mão e me
levou para a cozinha.

Chegando lá, ele foi até a geladeira e começou a trazer para


mesa um monte de coisas. Abriu uma garrafa de champanhe, serviu
em duas taças.

— Sente-se e aproveite. Minha governanta, Maria, deixou tudo


pronto para nós.

— Você estava mesmo confiante, hein? — Dei um sorriso


debochado.
— Como dizem é melhor estar prevenido, e eu te quero tanto,
Jess. — Aproximou-se, me dando um beijo de leve nos lábios. —
Agora que você me pertence, não consigo ter o suficiente de você.
— Me abraçou apertado descansando a cabeça sobre a minha.—
Venha, sente-se aqui. — Puxou-me para seu colo.

Ele estava totalmente nu, e eu só com sua camiseta. E sentada


em seu colo. Isso não ia dar certo.

Ele pegou um morango de uma bandeja e mergulhou em uma


calda de chocolate que havia ao lado e o aproximou de minha boca.

— Deixe-me te alimentar, Anjo. Abra a boca.

Dei uma mordida no morango e o suco escorreu pelo meu


queixo. Levantei a mão para limpar, mas ele me impediu.

— Deixa comigo, Anjo. — Chegou perto, lambendo meu


pescoço, meu queixo, terminando em minha boca. — Hum, esse
morango está gostoso, hein? Docinho! Vamos tirar isso aqui para
não corrermos o risco de sujar. — Foi tirando minha camiseta.

Ai, meu pai amado.

Pegando outro morango ele passou na calda, e aproximou da


minha boca novamente.

— Opa, acho que exagerei na calda. — Deu uma balançadinha


no morango sobre meus seios, fazendo a calda pingar por ali.

Humm… Me olhou e fiquei na expectativa. Meus mamilos


endureceram com o contato da calda gelada. Dando atenção aos
meus seios, ele passou o morango em volta do meu mamilo, o
arrastando até minha boca.

— Abra. — Comi o morango e quase me engasguei quando


senti sua língua em meu seio, lambendo a calda, sugando forte.

Que delícia de homem, obrigada, Senhor! Agarrei seus cabelos


e o puxei para um beijo.

Suguei seus lábios, que estavam doces por causa da calda e


senti sua mão em meu seio, apalpando, apertando de leve. Ele
pegou meu mamilo entre o polegar e o indicador e apertou. Forte.
Um gemido escapou de meus lábios e eu já não queria mais saber
de comida, ou o que fosse. Só o queria. De novo. Mesmo depois de
quatro orgasmos, eu queria mais.

— Você precisa comer também, disse que estava faminto!

— Estou faminto mesmo. Mas faminto de você.

— Então me come. — Juntei nossas bocas de novo.

Sua mão foi para o meio de minhas pernas e começou a


acariciar.

— Lá vamos nós! — disse em meus lábios. Senti ele se


esticando para pegar algo na mesa e começou a ecoar pela casa os
acordes de Justify my Love.

— Dança pra mim. — Levantei e refiz a dança sensual do outro


dia, com a diferença que não tinha roupa para tirar.
No ritmo da música, cheguei bem pertinho do lado dele e
coloquei um pé na sua perna e rebolei para ele, que me segurou
pela bunda e me puxou para sua boca, abaixando o rosto,
pressionou a língua em meu clitóris que estava sensível de tanta
atenção. Um arrepio passou pelo meu corpo e ele levantou a
cabeça.

Pegando sua taça, tomou um gole. Ainda dançando tentei me


sentar nele, mas ele agarrou minha bunda novamente e veio direto
para meu seio. Gritei de surpresa ao perceber as bolhas geladas do
champanhe fazendo cócegas em meu mamilo. Deixou ali um
pouquinho e engoliu, sugando forte.

Só depois de repetir no outro e me deixar meio louca, me largou


e me sentei em suas pernas, chegando mais perto, rebolando e
lambendo seu pescoço. Ele gemeu quando fiquei na ponta dos pés
e tentei montar seu pau, mas não alcancei a altura suficiente.

Ele empunhou seu membro e roçou a cabeça em meu sexo.


Remexi um pouco mais e ele jogou a cabeça para trás, enquanto eu
sentava nele, levando-o fundo dentro de mim. Gemendo alto ele se
esqueceu da dança e colocando as mãos por baixo da minha
bunda, começou a me levantar e abaixar, marcando o ritmo, cada
vez mais forte.

Eu alucinada o beijava onde alcançava, entre gemidos.

— Eu esqueci… a camisinha… no quarto. — Cerrando o


maxilar ele inspirou forte, se preparando para levantar.
— Se você não quiser não precisa, eu uso um implante
hormonal. — Consegui dizer em um fôlego, enquanto a tensão
aumentava em meu ventre.

— Você tem certeza? — Olhou dentro de meus olhos e eu me


afoguei naquele azul, perdi o fôlego e a sanidade com seus
movimentos e só concordei com a cabeça. Em nenhum momento
ele parou de meter em mim. Nessa posição seu pau enorme
encontrava um ponto dentro de mim que nunca havia sido
estimulado. A cabeça pressionava e senti que estava perdendo o
controle, gozando fortemente enquanto espasmos percorriam meu
corpo e o nome dele saía de meus lábios, entrecortado pelos meus
gemidos.

Ele travou a mandíbula e rangeu os dentes, tentando se


segurar. Subi quase tirando ele de mim e desci com tudo, ainda o
apertando. Ele não aguentou e com um soluço estrangulado, gozou
dentro de mim. Senti seu jorro quente e forte direto no meu pontinho
sensível e gozei de novo. Nunca senti aquilo em minha vida.
NUNCA.

Nos beijamos e quando recuperamos o controle de nossos


corpos, comemos e bebemos, conversando, rindo e brincando.

— Vamos tomar uma ducha, Anjo. — Se levantou e me puxou


pela mão. Voltamos ao quarto e entramos em uma porta lateral que
eu não tinha notado antes. O banheiro era lindo e enorme, com uma
banheira de hidromassagem de dois lugares, um box gigante com
um chuveiro de teto que pegava uma boa parte do box.
Acionando o controle na parede ele ligou o chuveiro e o vapor
tomou conta do ambiente. Abriu o box e entramos embaixo da
ducha deliciosa, que fazia uma massagem aonde encostava, devido
à intensidade do fluxo.

Rick pegou uma esponja, espirrou um pouco de sabonete


líquido e começou a ensaboar meu corpo. Lavou-me delicadamente
e em todos os lugares. Nunca alguém cuidou de mim com tanto
carinho. Retribui, ensaboando-o também, percorrendo cada
músculo, cada cantinho. Peguei o shampoo e coloquei um pouco na
mão e pedi para ele se abaixar, para eu lavar seu cabelo.
Massageei seu couro cabeludo e ele gemeu, deliciado.

— Está gostoso?

— Uhum, uma delícia.

Acabando de me dar banho, ele abriu o box e pegou uma


toalha. Puxou-me para a parte onde a água não chegava, me secou
e me enrolou. Estávamos exaustos e o banho só nos deixou mais
sonolentos.

Fomos para a cama, me sentei, sequei meu cabelo como


consegui e me deitei, nua como ele. Não sei como, mas eu não
sentia vergonha do meu corpo perto dele. Gordinha como era,
nunca fiquei à vontade perto de alguém, nem mesmo de roupa,
quanto mais nua. Mas com Rick era diferente, ele me olhava com
tanto carinho e me tocava com tanta vontade, que a timidez não
tinha vez.

Ele colocou o lençol sobre nós e me puxou de encontro a ele.


— Você tem que voltar para casa, Anjo?

— Não. A Camy disse que eu deveria aproveitar a noite, que


não me preocupasse em voltar para casa e ela tem razão. Então
não, não preciso.

— Ótimo, porque quero dormir e acordar com você em meus


braços.

Me deu um beijo nos cabelos e dormimos abraçados.


Capítulo Doze

Despertei meio assustada, mas logo me lembrei de onde


estava.

Eu dormi com Rick.

Me virei e o olhei, ainda adormecido. Ele era tão lindo... seus


cabelos castanhos claros, seu rosto sereno, pescoço largo, tórax
definido que subia e descia lentamente, abdômen de deixar as
mulheres babando. Fui descendo meu olhar por seu corpo.

Realmente uma ótima visão.

O lençol havia se amontoado em seus quadris e sua perna


estava descoberta, mostrando músculos perfeitos e nadinha de
gordura. Até seus pés eram lindos.

Levantei devagar e fui ao banheiro. Fiz o que tinha que fazer e


me olhei no espelho. Eu estava com uma aparência ótima. Acho que
realmente o ditado de que sexo faz bem para a pele, é real. Peguei
a escova de dentes dele e escovei os meus. Depois de tudo o que
fizemos juntos, usar sua escova não me parecia nada demais.

Voltei para o quarto e Rick ainda dormia. Olhei no relógio sobre


o criado-mudo, ao lado da cama, e vi que já eram quase onze horas
da manhã.

Subi na cama e passei as mãos em seus cabelos.

— Acorda, dorminhoco. — Eu disse baixinho.

Ele abriu os olhos devagar e me encarou.

— Me diz que eu não estou sonhando.

— Não, amor, você não está. — Me abaixei e dei um beijo em


sua boca.

— Humm. — Ele se espreguiçou. — É tão bom acordar e te ver.

Passou a mão em meus cabelos, descendo para minha nuca,


continuando pela minha clavícula e parou em meus seios. Varreu os
dedos pelo meu mamilo, bem de leve, que respondeu
intumescendo, virando um pontinho duro. Aproximando o rosto, ele
lambeu, me arrepiando.

— Bom dia, Anjo. — Foi abaixando e lambendo minha barriga,


meu umbigo e, me deitando, se ajeitou, virando com a cabeça para
os pés da cama.

Abraçou meu quadril, separando minhas pernas com as mãos


por dentro de minhas coxas e foi mordendo de leve a parte interna,
raspando a barba que havia crescido, ali. Um arrepio percorreu meu
corpo todo e minha respiração ficou pesada, pela antecipação.

Devagar ele foi arrastando a barba pela minha coxa até meu
sexo, onde enfiou o rosto entre minhas pernas, me penetrando com
a língua e acariciando meu clitóris com o queixo. Gemi alto de
prazer e virando a cabeça de lado, me deparei com sua ereção.

Não pensei duas vezes e o agarrei, bombeando devagar, dando


uma lambida na ponta grossa. Ouvi seu gemido e foi como uma
vibração interna, já que ele estava com a língua enterrada em mim.
Involuntariamente meus músculos internos se contraíram, apertando
sua língua, arrancando outro gemido dele e outra contração de
minha parte, gerando um padrão de gemidos e contrações que
estavam me levando à beira do orgasmo, rapidamente.

Tentei com todas as minhas forças resistir, mas Rick estava tão
louco quanto eu, seu pau se contraía em minha mão como se
tivesse vida própria. No momento em que eu abocanhei o que pude
e chupei forte, ele apertou o queixo em meu clitóris, fez uma
pressão com a língua e enfiou o dedo na minha bunda, tudo de uma
só vez. Eu o liberei de minha boca e joguei minha cabeça para trás,
gozando e gemendo enquanto ele gozava em meus seios, gritando
meu nome. Ele se abraçou mais forte em minhas pernas, e
sussurrou uma coisa que me deixou em estado de alerta…

Será que eu ouvi direito? Ele sussurrou um, “Eu te amo,


Anjo”??? Não, acho que ouvi errado.

Suspirei fundo e pensei que estava ficando louca mesmo.


Provavelmente era um sonho.

Rick escolheu exatamente esse momento para morder minha


coxa, como se soubesse o que eu estava pensando, me mostrando
que tudo aquilo era real, que ele era real e o que nós fizemos era
real.

— Sabe o que eu quero, Anjo? Sua bunda. Essa delícia está me


chamando desde nosso encontro no provador. — Disse ele me
largando e procurando minha mão. — Mas não agora. Quando você
estiver preparada. Escolha uma palavra que não tenha nada a ver
com sexo.

— Hummm... Surf.

— Tem certeza que essa é a palavra?

— Sim, qualquer coisa, você sempre pode confirmar antes.

— Ok, então quando quiser, é só me dizer “surf” que eu largo


tudo e vou onde você estiver.

— Uhum. Entendi. Qualquer hora e qualquer dia? — Perguntei,


pensando em dizer “surf” agora mesmo. Se tinha uma coisa que eu
gostava na vida era isso, se bem que o maldito não fazia quase
nunca.

Aliás, ele não fazia nada, nem na frente e nem atrás


ultimamente.

Balançando a cabeça para afastar o fantasma do maldito, me


abracei a ele.
— Vamos tomar uma ducha, café e então vou te levar pra casa.
Seus filhos devem estar preocupados com você.

Após o banho ele se trocou, colocou jeans e camiseta, calçou o


tênis e foi buscar meu vestido.

— Se você não tivesse que ir pra casa, não sairíamos da cama


o dia todo. Você estava muito gostosa só de lingerie e sapatos
esperando pelo vestido. — Sussurrou enquanto me ajudava a me
vestir e subia o zíper.

Virei-me dando um beijo em seus lábios.

— Sou sua, você pode me ter quando quiser.

— Hummm. Isso está me dando umas ideias… — Pegou em


minha bunda com as duas mãos.

— Vamos logo tomar café, antes que eu mude de ideia e acabe


morando aqui de vez.

Rindo, ele foi me puxando em direção ao corredor.

Na cozinha, uma senhora já havia colocado a mesa e arrumado


a bagunça da noite anterior. Sorriu, enquanto me desejava bom dia.

— Anjo, essa é Maria, minha governanta. Maria, conheça Jess,


meu Anjo. — Passou um braço pela minha cintura, me dando um
beijo no alto da cabeça.

— Prazer em conhecê-la, Maria. — Retribui o sorriso.

— Sente-se, Anjo.
Obedeci e ele se sentou à minha frente, atacando a comida.
Coloquei um pouco de leite com café em uma xícara e uma torrada.

— Você só vai comer isso?

— Sim, isso é o suficiente.

— Não, senhora, pode comer mais alguma coisa. Você vai


emagrecer se ficar comendo tão pouco e indo na academia todos os
dias.

— Rick, essa é a intenção.

— Na-na-não. Você está perfeita assim, não precisa emagrecer


mais. — Disse ele, com convicção.

Eu estava mesmo com fome e peguei um pedaço de mamão.


Ele abriu um sorriso e voltou a comer. Que homem mais mandão!
Mas eu adorava isso nele.

Acabamos de comer, nos despedimos da Maria e ele disse que


tinha que ir ao quarto pegar a mochila da academia. Peguei minha
bolsa, fiquei ali esperando e quando ele voltou, fomos embora. Já
estávamos no carro, quando não me aguentei de curiosidade.

— Pra que a mochila? A academia vai abrir hoje?

— Não, mas vou passar lá mais tarde. Tenho que resolver


algumas coisas.

Aceitei com um movimento de cabeça e fiquei admirando-o.


Jesus, só de olhar eu já me sentia tonta, com um calor subindo… E
de pensar em nunca mais ver aquele rosto e as covinhas quando
ele sorria, apertava o meu peito e me ardia os olhos.

Eu estava apaixonada por ele.

Essa convicção me pegou de surpresa e não havia nada que eu


pudesse fazer.

Ele me olhou e ficou sério de repente. Droga, eu tenho que


aprender a esconder meus sentimentos.

— O que foi, Anjo? Está com medo de alguma coisa? Da


reação de seus filhos quando souberem de nós dois? O que foi, me
fala. Não deve existir segredos entre nós.

— Eu preciso saber. Você disse alguma coisa, quando estava


lá, no meio das minhas pernas, que eu não entendi direto. O que foi
que você disse?

— Eu disse que te amo. — Respondeu tranquilamente, com


aquele sorriso largo e lindo.

Arfei com a afirmação. Um ataque de pânico estava prestes a


me alcançar.

— Calma, Anjo. Respire devagar. — Massageou meu braço,


enquanto intercalava o olhar entre caminho e eu.

Parou na primeira oportunidade , me encarando, preocupado.

— Jess, não precisa ficar assim. Eu te amo. Ponto. É um fato.


Não lute contra isso. Você é minha. Estava predestinado a ser
assim. Acredite em mim quando digo isso. Você. É. Minha. — Me
puxou para seu abraço.

Com lágrimas nos olhos, olhei direto naquele azul profundo.

— É que… eu descobri… que te amo também. — E foi a vez


dele arfar e seus olhos ficaram marejados também. Juntou seus
lábios aos meus e nos beijamos, calmamente.

— Você me faz tão feliz. Não tem nem ideia do quanto. —


Beijou meus cabelos e me abraçou.

Um sorriso idiota apareceu em meu rosto e não queria mais ir


embora. Se eu achava que amava o maldito quando nos casamos, o
que eu sentia por Rick, era impossível medir agora.

***

Chegamos à minha casa e pedi para ele entrar. O silêncio


reinava no lugar.

— As crianças devem estar dormindo ainda. Venha até a


cozinha, que vou providenciar alguma coisa para o almoço, eles vão
acordar com fome.

— Eu te ajudo. — Ofereceu, me seguindo.

Olhei na geladeira e estava cheia de salgadinhos da festa.


Separei alguns em um pote e coloquei no freezer.
— Você fica para o almoço?

— Eu estou achando melhor irmos almoçar fora. Nós e as


crianças. Eles vão ter que se acostumar comigo de qualquer forma,
porque eu não vou te deixar. Nunca.

E como se tivessem escutado, os dois apareceram na porta da


cozinha.

— Bom dia, mamãe. — Disseram ao mesmo tempo e como


sempre cada um beijou um lado da minha bochecha.

— A noite de alguém foi boa, para estar com roupa de festa, até
essa hora. — Camy deu uma piscadinha para nós.

— É tão bom te ver feliz mãe. E se você magoar nossa mãe, vai
ter problemas comigo. Você pode ser grande, mas não é dois. —
Disse Erik, em um arroubo de coragem.

Patrick riu alto e se chegou perto de mim, me abraçando pela


cintura.

— Eu amo sua mãe, garoto. Nada no mundo é capaz de me


fazer magoá-la. — E me deu um selinho.

— Wow... Muita informação visual! — Disse Erik cobrindo os


olhos, arrancando gargalhadas de Camy que só assistia.

— Vamos almoçar fora, crianças? — Patrick perguntou.

— Ai, Deus, outro para nos chamar de crianças. Estamos


fodidos, mano.
— Ei, ei! Olha essa boca, mocinha. E aí? Vamos?

— Tudo para ver esse sorriso no teu rosto, mãezinha. — Disse


Erik. — Ah, antes que me esqueça, a Tia Jú mandou entregar isso
pra você. É sua certidão de divórcio. Você é uma mulher livre. E
passa a assinar seu nome de solteira. Agora que o recado está
dado, vamos nos trocar, maninha, porque eu estou morrendo de
fome. — Me entregou um envelope pardo.

— Vou me trocar também. Espera na sala? Eu não demoro.

— Eu te espero. Volte logo pra mim. — Me deu um beijo forte,


cheio de possessividade.

Subi as escadas, indo para meu quarto. Quando entrei, quase


tive um ataque cardíaco. Sentado em minha cama, estava Anthony.

— O que você está fazendo aqui? — Eu não podia acreditar


que ele teve a cara de pau de invadir a casa e ficar me esperando.

— Preciso falar com você. Você precisa me perdoar Jess. Eu...


eu não sei viver sem você.

— Olha, me desculpe, Tony, mas você poderia ter pensado


nisso antes de sair enfiando essa sua coisinha em outras mulheres.
Acabou, perdeu. Não tem mais volta.

— Não! — Ele gritou. — Você é minha mulher!

Veio em minha direção. Caramba!

— Não, ela é minha agora. — Alertou uma voz atrás de mim.


— É melhor você sair dessa casa, antes que eu chame a
polícia, papai. — Concluiu Erik, que também havia chegado.

— E rápido. Que parte da liminar de afastamento você não


entendeu? — Disse Camy.

Oh, Deus, o circo estava armado.

— Quem é você, posso saber? O segurança? — Tony olhou


para Patrick com um ar dividido, entre a bravata e o medo.

Patrick dava no mínimo dois dele. Tanto em altura, como em


largura. Enquanto Tony tinha 1,75m no máximo, Patrick media entre
1,90m e 1,95m. Tony era normal, enquanto Patrick era uma parede
de músculos, muito bem esculpidos.

— Ele é o namorado da mamãe. — Disseram os dois juntos.

Para confirmar a afirmação deles, Rick me abraçou por trás.

— Você acredita que esse cara vai se interessar por uma baleia
como você? Ele deve estar brincando, com você e com a gente.
Olhe para ele e pra você. — Tony disse com voz de desdém,
debochado, abanando as mãos em nossa direção.

Ouvi o maxilar de Patrick ranger atrás de mim e segurei suas


mãos em minha cintura.

— Nunca mais se refira a ela como baleia, ou qualquer outro


termo pejorativo. A menos que queira responder direto a mim. Eu a
amo pelo que ela é. Aliás, preciso te agradecer pela sua cagada. Se
não fosse por isso, ela nunca teria entrado na minha vida. Obrigado
por ser um idiota completo e não perceber a mulher maravilhosa
que você teve a vida inteira. Idiota.

Eu segurava as mãos de Patrick e parecia que, se eu o


soltasse, ele voaria para o pescoço de Tony. E bem que ele merecia.
Mas nós não. Estávamos começando e não precisávamos disso
para deixar as coisas ruins.

— Bem, pai, você tem dois minutos para sumir daqui, ou chamo
a polícia. E você já sabe, vai pra delegacia por ignorar a liminar. —
Erik disse, com o celular em punho.

— Você, sua… sua… — E olhou para Patrick, que balançava a


cabeça. — Você colocou meus filhos contra mim! — Ele estava
espumando de raiva.

— Você mesmo fez isso, pai. Toda vez que você não aparecia
pra jantar, ou saía para suas caminhadas no final de semana, ou
perdia alguma apresentação na escola quando éramos mais novos.
Para ficar por aí, com as suas mulheres. Nós dois aqui, sabemos
que essa Suzanna não foi a primeira. Então não venha colocar a
culpa na mamãe. Ela teve a decência de esperar, para ter alguma
coisa mais íntima com alguém. Você não está com a razão. E ah!
Seu tempo acabou. — Camille esbravejou, puxando seu próprio
celular do bolso.

Tony ficou lívido ao ouvir as palavras de Camille. Elas o


atingiram com mais força do que se Patrick tivesse batido nele.
Derrotado, ele se dirigiu para a porta do quarto e saiu cabisbaixo.
Suspirei, respirando fundo em seguida. Patrick me abraçou
mais forte.

— Calma, amor. Vamos trocar as fechaduras e instalar um


sistema de segurança na casa. Ele não vai mais entrar assim.

Virei-me e o enlacei pela cintura.

— O que eu faria sem você? — Fiquei na ponta dos pés e lhe


dei um beijo rápido.

— Você estava indo muito bem sem mim. Agora se arrume e


vamos sair com eles. Vocês estão precisando espairecer, depois
disso. Vou ligar para os seguranças da academia, e pedir para
enviarem alguém pra cá. Assim aquele idiota não tentará entrar, até
estar tudo providenciado. Vou te esperar lá embaixo. Não demore.
— Me beijou de novo e saiu do quarto.

Sozinha, entrei no closet e tirei o vestido, colocando jeans, uma


blusinha de manga e tênis. Fiz uma maquiagem leve e desci.

Quando cheguei na sala, o segurança já estava lá, afinal, a


academia fica a uma quadra e meia de casa.

— Anjo, esse é o Chris. Ele vai ficar de guarda na frente de sua


casa, por enquanto. Mais tarde virá o Marcelo, que é de confiança
também. Eles trabalham para mim há muitos anos.

Disse um oi para o Chris e as crianças chegaram.

— Vamos? Estamos morrendo de fome! — Disseram, em


uníssono. Muitas vezes falavam juntos ou completavam as frases
um do outro.

— Crianças, esse é o Chris, ele ficará aqui, de olho em casa,


por enquanto.

Eles o cumprimentaram e saímos. Chris se postou próximo à


porta e eu dei a chave para ele.

— Se ficar com fome ou precisar usar o banheiro, fique à


vontade.

— Obrigado, Senhora. — O observei guardar a chave no bolso.

— Preferem ir no meu carro? — Perguntou Patrick.

— Não, vão vocês nele. Sigo vocês com o meu. — Respondeu


Erik, já com as chaves na mão. — Vamos ao cinema com alguns
amigos mais tarde.

Chegando ao restaurante, ele estava lotado. Mas quando o


maitre viu Patrick, ele veio em nossa direção.

— Senhor Swanson, que prazer. Por favor, sigam-me. —Fomos


andando pelo meio do salão, seguindo-o até uma mesa de canto.

O almoço transcorreu sossegado, todos conversando,


brincando e rindo. Patrick pegou no meu pé de novo, dizendo que
eu estava emagrecendo e que eu precisava comer. Camille me
olhou com olhos arregalados e eu dei um sorriso para ela.

Meu homem mandão me queria gordinha, fazer o quê?


Patrick negou que dividíssemos a conta, fazendo questão de
pagar e ainda deixou uma bela gorjeta para os garçons.

— É por isso que você não pega fila!— Brincou Camille.

— Todos os funcionários daqui, frequentam a academia. Vocês


dois poderiam ir também. Vou providenciar passes para vocês.

Nos despedimos, entramos no carro e Patrick avisou que


passaria na academia.

Chegamos lá e, estava vazia exceto pelos seguranças do lado


de fora. Os vidros com películas, permitiam ver o lado de fora, mas
ninguém enxergava nada dentro. Uma privacidade para os membros
da Swanson Fitness Club.

Era estranho entrar naquele prédio sem ninguém. Ele entrou no


balcão da recepção, ligou o som ambiente e me puxou pela mão.

— Tem uma coisa que eu preciso fazer, Anjo.

— Ok, eu te espero por aqui. Pode ir.

— Não. O que eu preciso fazer é com você. Desde que nos


esbarramos no provador eu fico de olho em você, te vendo treinar
nesses equipamentos todos. Quero você, neles. Um em especial. —
Me beijou.

Nosso beijo calmo, não ficou assim muito tempo. Fogo crescia
em nós e nossas mãos foram para as roupas um do outro e, em
questão de segundos, estávamos nus. Sempre colocando uma
toalha por baixo de nós, fomos batizando os aparelhos da
academia, começando pela adutora, me abrindo e me dando um
banho de língua delicioso, depois passando de um aparelho para
outro, em cada um ele me pegava de uma maneira diferente, me
levando a loucura.

— Ah, Anjo, você fica tão bonita quando goza assim, em cima
de mim, essa bocetinha me apertando forte, me puxando mais pra
dentro. Ahhh! — Gemeu. — Eu ainda não terminei com você. Esse
aqui é onde eu realmente te quero. — Jogou a toalha sobre o apoio
da máquina de glúteos. — Você já sabe como fazer. Se encoste,
coloque os antebraços ali e segure.

Fiz o que ele pediu e fiquei com a bunda virada para cima. Ele
desencaixou a parte de apoio para o pé e colocou no chão.

— Hummm, que delícia que você fica assim, Anjo. Com esse
bundão gostoso empinado pra mim. Afaste as pernas.

Afastei e ele me penetrou por trás, roubando minha sanidade.


Ele ia tão fundo e tocava aquele pontinho antes desconhecido,
dentro de mim. Algumas estocadas e eu estava gozando de novo.
Não conseguia evitar.

— Surf.

— Hã? Você tem certeza amor?

— Sim, tenho. Quero você assim.

— Você vai dar a bundinha pra mim? Agora? — Ele parecia


meio perplexo.
— Logo, amor. Vem.

— Espera um pouquinho. — Saiu de mim, indo para onde tinha


deixado a mochila.

Trazendo-a para perto de nós, a apoiou em um banco e


começou a tirar coisas dali. Um tubo de lubrificante, camisinha e o
falo pequenininho que eu tinha visto em cima da cômoda na noite
anterior.

— Eu sabia que não era só roupa de ginástica que tinha aí.

— Um homem tem que estar preparado. — Ele sorriu,


desenrolando a camisinha.

Veio por trás de mim e passou os dedos pelo meu buraquinho,


espalhando lubrificante por ali.

— Se doer você me diz e eu paro. Irei bem devagar.

Encostou seu pau enorme na minha bunda. Devagar ele foi


entrando, me alargando e eu adorando aquilo.

— Ah, Rick, isso é tão bom, hummm.

Ele ia e voltava, entrando mais um pouquinho a cada vez. Eu


gemia e empurrava meu corpo contra o dele, até que ele estava
todo em mim, suas coxas entre as minhas. Ele começou a entrar
mais rápido e sair devagar, meu corpo apertando em volta de seu
pau.

— Que bundinha deliciosa você tem, Jess. Você me mata de


tesão. Gostosa! — Sua mão passou pela parte baixa da minha
barriga, descendo para massagear meu clitóris, mas o que me
encontrou foi um vibrador.

Então isso que era aquele negocinho prateado!

Aquilo e ele em minha bunda, estavam me deixando louca.


Segurei-me para não gozar, tranquei os dentes e joguei a cabeça
para trás. Ele agarrou meus cabelos com a outra mão e puxou
enquanto entrava forte.

— Rick, eu vou… ahh…

— Goza, Anjo, goza que eu vou junto com você.

— Ahhh, Rick! — Gritei gozando forte, meu corpo contraindo em


volta dele, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.

— Anjo, isso é uma loucura. Que de…lí…cia! Ahh, Jess! —


Gritou ele, se derramando dentro de mim, seu corpo convulsionando
junto ao meu.

— Eu te amo, Jess. Eu te amo! — Disse ele, se grudando em


cima de mim. — Não quero sair daqui, nunca mais.

Virei o rosto para ele que, vendo minhas lágrimas, ficou


assustado.

— Eu te machuquei, Anjo?

— Não, amor, é que eu nunca tinha me sentido assim, tão


completa em minha vida. Nunca senti nada tão intenso por alguém.
São lágrimas de felicidade.
Ele saiu de mim com cuidado, tirou a camisinha, deu um nó,
juntou o vibradorzinho que tinha caído no chão, pegamos nossas
roupas e fomos até o vestiário, tomamos uma ducha e nos vestimos.

— Nunca mais vou voltar a usar esses equipamentos da mesma


maneira. — O abracei forte, encostando a cabeça em seu peito.

— Nem eu, amor, nem eu.

E fomos para a minha casa.


Capítulo Treze

Assim que cheguei na casa de Jess, parei para conversar com


Marcelo, enquanto ela seguia na frente. Quando entrei ela estava
sentada no sofá.

— Tudo certo com o segurança?

— Tudo sim, Anjo. Ninguém tentou entrar de novo. Pode ficar


sossegada. — Me sentei a seu lado.

Ela se acomodou em mim, apoiando o braço sobre meu peito.

A TV estava ligada em um filme e ficamos assistindo por algum


tempo. Comecei a acariciar seus cabelos com uma mão e com a
outra, seus dedos. Eu não conseguia afastar minhas mãos dela.
Percebi que ela não se mexia e chamei baixinho.

— Jess. — Nada. — Anjo? — Ela estava dormindo em meu


peito.

Um sentimento gostoso tomou conta de mim. Minha. Ela era


minha.
Encostei a cabeça no sofá e comecei a me lembrar de todos os
acontecimentos das últimas 24 horas. Como nosso relacionamento
mudou do incerto e casual, para tudo.

Um estremecimento percorreu meu corpo ao recordar tudo o


que fizemos. Meu pau ganhou vida com as lembranças como se
dissesse: “Oi, me chamou?”

Fechei os olhos e tudo voltou com força total. Ela dormiu em


meus braços, como agora. Fiquei olhando ela dormindo por um
longo tempo, não acreditando ainda que meu Anjo estivesse ali.

Depois de tudo, a aceitação dos filhos dela e o encontro com o


ex marido. Minha sorte foi ter escutado uma voz diferente, vindo de
cima e voado pelos degraus da escada, para proteger meu Anjo.
Aquele maldito a chamou de baleia! Só de lembrar, meu sangue
correu mais rápido, o ódio tomando conta. Se eu pegasse aquele
filho da puta rondando de novo… Não sei o que eu faria.

Agora ela era minha e estava tudo bem, pelo menos a parte que
interessava.

Ela se entregou de um jeito que me deixou estarrecido. Ela era


uma submissa, só precisando de um empurrãozinho. O que será
que ela pensaria de ser amarrada e vendada? Humm… Mas apenas
se ela quisesse. Eu não faria nada se ela se negasse. Mas eu
precisava tentar.

Nesse momento os filhos dela entraram. Camille abriu um


sorriso, feliz pela mãe. Já Erik me olhou meio de lado, avaliando o
que eu estava fazendo com a mãe dele. O que era compreensível.
Só esperava que, com o tempo, ele me aceitasse tão abertamente
como Camille fazia.

— E aí? O velho não apareceu mais? — Ele me perguntou.

— Não. Ninguém tentou entrar. Com a segurança lá fora, eu


acho que ele não volta. Mas é preciso que fiquem de olho.

— Eu falei sério mais cedo, quando disse que vou atrás de


você, se você a magoar. Ela já sofreu muito com o velho. Merece
ser feliz.

— Não se preocupe, Erik. Minhas intenções com a sua mãe,


são as melhores possíveis. Eu a amo. — O tranquilizei novamente.
Filho homem era possessivo, não?

— Certo. — Me deu um tapinha no ombro. Subiu as escadas e


ficamos sozinhos novamente.

— Ele agora é o homem da casa, está subindo à cabeça, né?


— perguntou Jess, ainda deitada em meu peito.

— Você não estava dormindo?

— Eu estava quase dormindo, quando alguma coisa se mexeu


perto do meu cotovelo. — Ela levantou a cabeça, me mordendo o
queixo. — Estava pensando no quê?

— Eu estava me lembrando do chantilly, sua boca em mim,


minha boca em você. Da sua dança nua na cozinha. — Suspirei e
me ajeitei na calça que ficou muito apertada, de repente. — O pior
foi quando me lembrei da academia. Você quase me causou um
ataque cardíaco quando disse a palavra, Anjo. — A puxei mais para
cima, para beijar aquela boca linda.

Ela se ajoelhou no sofá, se aproximando.

— Você não faz ideia de como foi gostoso. — Lambeu minha


orelha, mordiscando o lóbulo.

Eu coloquei as mãos em sua nuca e subi os dedos por seus


cabelos, enquanto beijava seu pescoço e o queixo.

— Agora você está me provocando. — Dei uma olhada rápida


na escada para ver se não tinha ninguém olhando. Peguei sua mão
e a coloquei sobre meu pau. — Olha como você me deixa. Eu nunca
tenho o suficiente de você. — Sussurrei em sua boca, para que eles
não escutassem.

Ela gemeu e me apertou por cima do jeans.

— Meu Deus, será que isso não vai acabar? Esse fogo quando
te toco, quando te beijo?

Ela montou por cima de mim. O calor se propagando através de


sua calça, se esfregando contra mim, enquanto me beijava. Essa
mulher me deixava tonto. Agarrei seus cabelos com as duas mãos e
aprofundei o beijo. Ela chegou mais perto, roçando os seios em meu
peito, senti-os duros de encontro a mim. Ela me queria de novo,
como eu a queria. Muito.

— Mãe! — Escutamos Camille gritando lá de cima e barulhos


de pés correndo. Ela saiu de meu colo e se sentou correndo,
enquanto eu puxava uma almofada para o meu colo, tentando
esconder minha ereção.

Camille desceu correndo as escadas, querendo saber de uma


roupa, pois eles sairiam em seguida.

— Humm, eles vão sair e teremos a casa só para nós. — Ela


cochichou em meu ouvido.

Ô meu pai, obrigado.

— Você sabe que eu não quero me aproveitar de você? O que


fazemos não é só sexo. É amor. E eu te amo.

— Sim meu lindo, eu sinto isso. Mas sabe de uma coisa? Eu


quero me aproveitar de você. — Ela arranhou meu peito por cima da
camiseta, enviando uma corrente elétrica, direto para o meu pau.

— Se você gosta dessa almofada, é melhor parar de me


provocar, porque eu não vou aguentar muito não. — A puxei,
enfiando o rosto em seus cabelos, lambendo sua orelha, fazendo
ela se encolher, arrepiada.

— Ei, vocês dois. Querem ir com a gente? — Camy veio


dizendo, lá da área.

— Não. Os velhinhos estão cansados. Vamos ficar vendo TV e


depois Patrick tem que ir embora, porque ele trabalha amanhã,
cedinho.

— Aham. Não chegaremos muito tarde. Temos aula amanhã


também. E agora que o papai não está mais aqui, acho que vamos
de carro para escola? Foi para isso que você comprou o carro pra
nós, certo?

— É, vocês vão de carro. Feliz?

— Super. Por tudo. Te amo mamãe. Quero te ver feliz, você


sabe, né? Então é isso. Podem continuar o que vocês estavam
fazendo aí…

— É… ela não perde nada. — Jess sorriu para mim. — O que


você acha de um mergulho depois que eles saírem?

— Acho que nós vamos ter que batizar cada cômodo dessa
casa depois. Só para exorcizar velhos fantasmas.

Ela me olhou com olhos famintos.

— Eu sonhei que estávamos na piscina, um dia.

— E o que fazíamos na piscina em seu sonho? —

— Eu não vou te dizer. — Ela balançou a cabeça. — Vou te


mostrar.

— Bem, já vamos. A gente não volta tarde. — Disse Erik,


acenando.

— Ah, e quando vocês voltarem, a segurança terá mudado. —


Avisei.

— Ok. Sem problemas. Comportem-se aí, hein? — Camille


piscou para nós e saíram batendo a porta.
Escutamos o carro se afastando. Então ela se levantou e me
puxou pela mão.

— Vamos pra piscina?

— Eu vou pegar minha bermuda no carro. — Me fiz de besta,


como quem não quer nada.

— Não vai precisar de roupa de banho. — Me puxou pela mão.

Passamos pela porta no final da sala que conduzia a área da


piscina. Agora, sem as mesas e as pessoas, o espaço parecia
enorme. Espreguiçadeiras brancas beiravam a piscina, junto com
pequenas mesas redondas que pontilhavam entre elas.

Ela acendeu as luzes da piscina e ligou o filtro de água. A


piscina pareceu ganhar vida, com iluminação interna de luzes azuis
e o movimento da água. Entrou no vestiário e saiu de lá com uma
braçada de toalhas brancas.

Colocou-as em cima de uma das espreguiçadeiras e se virou


para mim. Me olhou nos olhos e tirou os sapatos com os pés,
atirando-os para o lado. Começou a tirar a camiseta e a calça
lentamente, e as jogou em cima dos sapatos. Virou de costas e me
olhou por cima do ombro, tirou o sutiã e jogou para mim. Colocou os
polegares no elástico da calcinha e começou a abaixar .

— Espera. Essa eu tiro.

Cheguei perto dela e beijei seu pescoço, fui descendo pelas


costas, beijando a trilha até sua bunda deliciosa. Mordi a beirada da
calcinha e com os dentes, fui puxando para baixo, enquanto
acariciava suas pernas.

— Você quer me matar de tesão, Anjo. — Dei um beijo em sua


bunda e a virei para mim. Ajoelhado a seus pés, fiquei admirando
por alguns segundos. Ela estava linda, nua e desinibida, ao ar livre.
Beijei sua barriga e enfiei a língua em seu umbigo, roubando um
gemido de seus lábios.

Com o polegar e o indicador, afastei os lábios de seu sexo,


acariciando suas dobras internas com a outra mão.

— Você é tão linda aqui. Toda lisinha. Toda minha. — Comecei


a lambê-la devagar, atormentando sua entrada com os dedos,
tentando-a, levando-a a pedir mais. Continuei até que seu corpo
começasse a tremer em minhas mãos. Levantei a mão que a
acariciava e passei em seu seio, capturando o mamilo e rolando-o
entre os dedos. As mãos dela se fecharam em meus cabelos.

— Por favor Rick. Ponha um dedo em mim. Não me atormente


mais. Por favor...

Acatei sua ordem/súplica e a penetrei com o dedo.

— Mais Rick, coloca mais um.

Obedeci na hora, colocando o indicador junto, entrando e


saindo daquele calor úmido e apertado. Minha mente perversa teve
uma ideia e retirando um dedo de dentro dela, me aventurei pela
sua outra abertura, mais atrás. Quando a toquei lá, ela estremeceu
forte.
— Humm Rick… mais… — Pediu gemendo, completamente
entregue.

Espalhei sua umidade por ali e avancei com o dedo, arrancando


um gemido gutural de seus lábios. Quando dei por mim, eu mesmo
estava gemendo em antecipação, grudado naquele corpo delicioso
e bombeando os dedos nela. Quando seus músculos internos
começaram a pulsar, eu sabia que ela estava perto. Troquei o dedo
de seu sexo pela minha língua e apertei forte seu mamilo, ao
mesmo tempo em que introduzia meu dedo atrás, mais fundo.
Fortes tremores tomaram conta de seu corpo quando ela gozou em
minha boca e se apoiou em meus ombros com as duas mãos, que
antes estavam em meus cabelos.

Somente então me dei conta que meus joelhos estavam


latejando, naquele chão áspero. Mas isso era o de menos. O que eu
queria mesmo, mais do que tudo agora, era me enterrar naquele
corpo fofinho e quente.

Me levantei e arranquei minhas roupas.

— Vamos ao nosso mergulho. — A peguei no colo e pulei na


piscina.

Jess gritou de surpresa e afundamos. Ela veio à tona tossindo


e rindo, jogando água em mim.

— Vem aqui Anjo. — Estiquei meus braços, em um convite.

Jess aconchegou-se em mim, passando os braços pelo meu


pescoço.
— Eu li em algum lugar que, se o seu primeiro e o último
pensamento do dia for sobre a mesma pessoa, se o pensamento de
perder essa pessoa te apertar o coração. — Coloquei suas pernas
em minha cintura e me aconcheguei em sua bocetinha. — Então,
agradeça aos céus por ter mandado o amor da sua vida. — E a
penetrei de uma vez, entrando todo, sentindo sua pele lisinha de
encontro a minha virilha, me apertando. — É assim comigo, Jess.
Acordo pensando em você e vou dormir pensando em você. Eu te
amo tanto.

— Eu te amo, Rick. — Me disse com lágrimas nos olhos,


começando a se mexer, se alavancando em meus ombros, me
deixando louco, estabelecendo um ritmo calmo, mas delicioso.

A água em nossa volta foi se agitando com nossos movimentos,


espirrando conforme eu aumentava seu ritmo, a conduzindo pela
bunda, mais rápido, mais forte, mais profundo como eu já sabia que
ela gostava. Nenhum de nós duraria muito tempo naquele ritmo,
mas isso não importava. Nós éramos assim juntos, intensos.
Sensações avassaladoras tomaram conta de mim, uma tensão em
minha coluna, minhas bolas e senti que explodiria.

Ela chamou meu nome e se apertou mais em mim, rebolando e


gozando no meu pau, mandando meu autocontrole as favas. Me
abracei a ela como se minha vida dependesse daquilo e gozei forte
dentro dela. Como da última vez, meu gozo causou um novo
orgasmo nela, que gemeu deliciada em meu ouvido.

— Ah! Jess, é tão gostoso te sentir assim, gozando desse jeito.


— Meu corpo estremeceu forte e gozei de novo com um gemido
estrangulado. Isso nunca aconteceu comigo antes! Já tinha ouvido
falar, mas nunca vivenciado. Era uma loucura de bom!

Quando nossa respiração voltou ao normal, ficamos mais um


pouco na água brincando como duas crianças.

Por fim, nós saímos, nos enxugamos e colocamos nossas


roupas de volta. Fomos até a cozinha pegamos duas taças, um
vinho e voltamos para a piscina. A noite estava linda. Eu me
encostei, meio sentado na espreguiçadeira e ela se aconchegou em
meu peito, sentada no meio das minhas pernas.

Ela me contou da perda de sua mãe, da vida no orfanato até


que foi adotada por um casal de idosos. Não tinha nenhuma
recordação de sua mãe. Apenas uma chave e um bilhete que ela
guardava em sua carteira. Como era sua única recordação, ela
levava sempre consigo.

Contei de minha família, da minha infância, demos risada das


situações engraçadas que aconteceram quando era pequeno; falei
de minha mãe, de meu pai e de meus irmãos.

— Vocês parecem ser muito unidos.

— Ah, com o passar dos anos cada um vai levando sua vida e
acaba se distanciando um pouco. Semana que vem é aniversário do
meu pai, você quer ir? Eu já falei de você pra minha mãe e ela está
louca pra te conhecer.

— Oh… conhecer sua mãe? — Ela disse meio constrangida.


— Sim Anjo, conhecer minha mãe e toda minha família. Eles
vão te adorar. Podemos até levar seus filhos também. É bom, assim
eles vão se enturmando. Minha família é muito grande e cheia de
adolescentes como eles. Eles vão gostar também.

— Ok, vou falar com eles, mas não garanto nada. Mas, eu vou
com você sim.

— Isso aí, minha menina corajosa! — Agarrei seu cabelo,


fazendo-a virar a cabeça para mim, dando-lhe um beijo cheio de
paixão.

— Rick, posso te perguntar uma coisa? O que você viu em de


mim? Já te perguntei antes, mas agora é sério. Eu não sou como a
maioria, tenho noção do meu tamanho, sei que estou acima do
peso...

— Anjo, quando te vi, nada mais me importou. Se você era


magra, gorda, careca ou com cabelos lindos. Você me encantou e
eu não te deixaria escapar por nada nesse mundo. E para falar a
verdade, prefiro assim. Tem mais de você para eu amar, beijar,
acariciar… agarrar. Já te disse que sou um homem carnívoro, gosto
de carne! — Conforme falava, fui apalpando aquele corpo fofinho. A
beijei com vontade, o calor tomando conta de nós dois, a vontade
crescendo e nos apertamos um ao outro.

— Mãe, cadê você? — A voz de Camille chegou até nós.

— E acabou o sossego. — Ela sussurrou em minha boca. —


Aqui fora, na piscina.
— Eita, espero que vocês estejam vestidos. — Ela foi dizendo,
chegando com uma mão na frente dos olhos, mas abrindo os dedos
para enxergar, de brincadeira.

— Agora estamos. — Sussurrei em seu ouvido. Ela riu,


encostando-se em mim novamente. — Bem, é melhor eu ir
andando. — Dei um apertãozinho em sua coxa. Ela se levantou e
olhou para mim. — Amanhã tenho que acordar cedo. Vejo você
amanhã, na academia? — Me levantei também.

— Sim, na mesma hora. Vou te levar até a porta. — Pegou


minha mão, me guiando pela casa. Na porta, me virei para ela e dei
um beijo de boa noite. — Vai sonhar comigo? — Encostei a testa na
dela.

— Sempre. — Suspirou e se afastou um pouco. — Você


também?

— Eu sempre sonho com você. Um dia vou te contar meus


sonhos também.

Dando um selinho em seus lábios fui me afastando, sem soltar


de sua mão, adiando o momento em que teria que deixá-la. Nossos
dedos foram escorregando até se soltarem. Antes de entrar no
carro, conferi se o segurança estava em seu lugar e fui para casa,
pensando no que aprontar amanhã

para o meu Anjo, na academia.


Capítulo Quatorze

Patrick e eu estamos tão bem juntos, tão sintonizados que


parecem meses de relacionamento. Dezoito anos casada com o
maldito e eu nunca senti essa conexão que tenho com Patrick, nem
uma só vez.

E o sexo então? Era aquela coisa de fria para morna, nada


comparado com o fogo que me consome quando estou com Rick.

Orgasmos com o maldito? Nunca, nem uma vezinha, a não ser


que eu me esforçasse e ajudasse com os dedos em mim.

Lembrando-me de ontem, do namoro no sofá... Nunca tive isso.


Também. Afinal, meu namoro com Tony foi rápido, ele era atirado
demais e eu tonta demais. Namorávamos no carro dele, às vezes
ele me levava ao cinema, mas sempre acabávamos no banco de
trás.

Lua de mel...
Não tivemos também pois, com a gravidez dos gêmeos, eu
passei mal o tempo todo e meu barrigão enorme não era muito
atrativo para o maldito. Depois os bebês e a trabalheira...

MEU DEUS! O que eu fiz com a minha vida?

Eu tinha muito para aproveitar com Rick. Tirar dezoito anos de


atraso! Ontem na piscina... Jesus. Quando eu achava que não podia
ficar melhor, ele se superava.

Depois na água, as palavras que ele me disse não saíam da


minha cabeça. Lembrei, com meus olhos marejados. O que eu fiz
para merecer um homem desses? Só Deus sabe.

Lindo carinhoso, romântico... E ainda por cima me ama do jeito


que sou.

Segunda-feira.

Eu odeio as segundas! Sou igual ao gato amarelo e gordo dos


desenhos, comedor de lasanha. Ainda mais as segundas que
começam chovendo. A única coisa boa, seria encontrar meu Anjo,
na academia.

Como será que meu Anjo estaria hoje?

Teria dormido direto?


Ah, se eu pudesse ficar com ela vinte e quatro horas por dia,
cuidando e protegendo... Essa minha necessidade de controle! Jess
precisa de espaço, depois de tudo o que aconteceu nesse fim de
semana. Com a festa do marido, o divórcio e depois com a invasão,
eu não sei se sou capaz de ficar afastado e não me impor.

Algo dentro de mim gritava por proximidade.

Me sentia carente, uma carência de Jess e seu amor, seus


carinhos... Precisava tê-la por perto. O resto era consequência e
quando fazíamos amor era intenso e delicioso. Todos os lugares da
casa, me lembravam dela. Minha cama, o banheiro, a mesa da
cozinha... sentar-me para tomar café hoje, foi uma tortura. Lembrei-
me de alimentá-la, ali mesmo naquela cadeira, daquela boquinha se
abrindo e mordendo o morango, o suco escorrendo pelo queixo,
minha língua naquela pele... depois ela em cima de mim... Caralho!

Peguei meu telefone e liguei para ela. No segundo toque ela


atendeu e parecia tão ansiosa quanto eu.

— Oi... — Atendeu, com a voz enrouquecida.

— Bom dia, Anjo. Te acordei? Sei que é muito cedo, mas eu


queria falar com você, antes de ir para a academia.

— Me acordou sim, mas é muito bom acordar com a sua voz


em meu ouvido. — Ronronou, do outro lado.

— Hummm... Então você ainda está na cama. Dormiu bem?


Sonhou comigo?

— A noite toda... Sonhos muito nítidos, para dizer a verdade.


— Vai me contar?

— Não seria justo para você, se eu contasse. Você está muito


longe de mim e eu não sou uma torturadora. — Ela riu e o som de
seu riso me arrepiou.

— Oh Deus, nem precisa contar, por que eu já tenho uma ideia


de que tipo de sonho você está falando. — Gemi, passando a mão
pelos cabelos.

— Isso que você nem faz ideia do que estou vestindo, aqui
deitada na cama, sozinha e com a porta trancada... — Sua voz
rouca me causou um formigamento pelo corpo.

— Me diz Anjo, o que você está usando? — Sussurrei, saindo


da cozinha e indo para meu quarto. Não ia me arriscar que Maria
ouvisse nossa conversa, que já tinha tomado outro rumo.

— Nada.

— Ahhh, Jess. — Gemi no telefone, me jogando na cama. —


Isso sim, é provocação.

— Humm, provocação seria se eu te dissesse onde estou com a


mão. — Gemeu ela, do outro lado.

— Ah, Anjo... Me diz... Me diz onde está essa mãozinha.

— Não.. Ao invés disso, me diga. Onde quer que eu a coloque?

Meu Anjo queria brincar! E um jogo de controle. Meu corpo


estremeceu, com uma onda de poder e excitação.
— Ok. Coloque no viva voz e deixe-o perto de você para que eu
te escute. Primeiro, quero que feche os olhos e ouça minha voz. Vai
me obedecer e fazer tudo o que eu mandar?

— Aham, eu prometo. Já fechei os olhos.

— Agora, passe os dedos entre seus cabelos. Sente como são


macios? Desça pelo seu rosto, pense que são as minhas mãos em
você. Passe pelos seus lábios, contorne-os com o dedo indicador.
Entreabra os lábios e deixe que seu dedo encoste em sua língua.

Um gemido baixinho do outro lado da linha, me deixou duro


como pedra.

— Desça para seu pescoço com as duas mãos o envolvendo,


devagar. Continue descendo até seus seios e os segure. Firme.
Com o polegar e o indicador de cada mão, aperte seus mamilos.

Parei para escutar sua reação. Só escutei um gemido baixinho


demais para meu gosto.

— Mais forte, como eu faria.

Agora sim, escutei o gemido que eu queria. Aquele gemido


rouco, que me arrepiava até os cabelos da nuca.

— Continue com uma mão em seu seio e vá deslizando a outra,


mais para baixo. Abra as pernas para mim, Anjo. Agora mergulhe
um dedo em você. Profundamente. — Do outro lado da linha, veio
um gemido abafado. — Não morda o lábio amor, isso me deixa
louco para te beijar. Está molhadinha para mim?
Ouvi seu "uhum" e continuei.

— Agora desça a outra mão e acaricie seu clitóris. Vamos amor,


faça como eu faria. Está sentindo como você está molhadinha?
Coloque mais um dedo nessa bocetinha deliciosa. Está vendo como
é quentinha e apertada?

Os gemidos do outro lado foram ficando mais fortes, abafados.

— Mais rápido amor, se acaricie mais rápido, se penetre mais


profundamente, tire e coloque os dedos mais forte. Pense que são
os meus dedos em você. — Minha voz estava rouca de desejo.
Como eu queria estar com ela agora, fazendo tudo isso...

— Goze para mim, anjo. Agora.

Para o meu deleite, um gemido rouco e arrastado chegou aos


meus ouvidos. Quase gozei em minhas calças, com aquele som.
Em minha cabeça, vi a expressão de seu rosto, seu corpo se
contorcendo, estremecendo... me apertando...

— Pegue o celular, Anjo. Me diga, você gostou? Gostou de


seguir minhas ordens?

— Nossa amor. Foi uma delícia, mas seria muito mais, se você
estivesse aqui.

— É o que eu mais queria no mundo, nesse momento. —


Suspirei e, olhando para o relógio, completei. — Tenho que ir, amor.
Ou todos ficarão para fora hoje.
— Daqui a pouco vou acordar as crianças e lá pelas sete eles
saem. Vou ficar aqui, sozinha e abandonada... — Ela falou, com
uma voz sensual, que fez minha ereção latejar.

— Posso passar aí, mais tarde? Tenho que abrir a academia e


verificar as lojas. Creio que, por esse horário, eu possa dar uma
escapadinha.

— Então vem, amor. Essa brincadeira no celular me deixou com


fome de você.

Puta que pariu! Eu queria entrar pelo telefone e chegar até ela.
Aquela voz rouca me deixava louco e a nossa brincadeira, só
aumentou o meu tesão.

— Chego aí, logo depois das sete. Beijo, Anjo.

— Te espero. Beijo.

Desliguei o telefone, me ajeitei na calça jeans, peguei a chave


do carro e fui trabalhar.

Quando cheguei à academia, os instrutores e outros


funcionários, já estavam esperando na entrada dos fundos. Abri a
porta para eles e fui para o escritório. Mesmo atrasado, eu não
perdia meu sorriso. Meu ódio pelas segundas, esquecido. Olhei a
hora. Ainda eram seis e dez da manhã.

Separei as contas, que teriam que ser pagas hoje, conferi os


pedidos que recebi das lojas da academia no sábado, assim como a
lista de compras para a lanchonete... Enfim, toda a manutenção
para a semana. Mais tarde teria que verificar o pagamento dos
funcionários e o recebimento das mensalidades. Hoje seria um dia
daqueles!

Faltavam ainda vinte minutos para as sete, quando desci para


fazer uma ronda entre as lojas, salas e área de equipamentos, antes
de ir para casa da Jess.

As aulas de aeróbicas já estavam a pleno vapor, as salas


repletas de alunos, assim como a área das esteiras e equipamentos.
Cheguei perto da máquina de glúteos, que tinha sido muito bem
utilizada por mim e Jess ontem, e uma bisnaga no chão me chamou
a atenção. Entre os pesos da máquina, estava a bisnaga de
lubrificante que eu tinha deixado cair e não tinha percebido.
Discretamente me abaixei, peguei e guardei no bolso. Olhei em
volta e todos estavam envolvidos em suas atividades e não
perceberam nada. Se bem que, com tanto movimento na academia,
qualquer pessoa poderia ter largado aquilo ali.

Meu relógio apitou sete horas e saí em disparada para o


estacionamento. Quando cheguei ao carro, meu celular vibrou e vi
que era uma mensagem de Jess.

A porta está destrancada, entre e suba até meu quarto. Eles já


saíram. Estou te esperando. Bjkas

Eu já havia pensado no que fazer com meu Anjo hoje na


academia, para surpreendê-la, mas para variar, ela me superou
outra vez.

Parei o carro na frente da casa dela, dois minutos depois. Era


tão perto da academia, que eu poderia ter vindo a pé, mas queria
deixar claro que ela tinha companhia, só para o caso do ex marido
resolver dar o ar da graça.

Dei oi com a mão para o Chris, que estava em posição e entrei,


subindo direto ao quarto dela. A visão que me recebeu me tirou o
fôlego.

JÉSSICA

Estava sonhando com ele, uma mistura de tudo o que havíamos


feito juntos e, de repente escutei meu celular tocando ao lado do
meu travesseiro. Despertei ofegante e olhei no relógio.

Eram cinco e vinte da manhã.

Peguei o celular e vi que era Rick. Atendi rapidinho.


Conversamos um pouco e sua voz rouca em meu ouvido, me dando
aquelas ordens todas, me deixou com mais saudades.

Acabei fazendo-o prometer vir depois que os gêmeos saíssem


para a aula. Mandei um beijo e desliguei.

Sentindo-me desperta, tomei uma ducha e fui acordar meus


filhotes, feliz da vida. Preparei um baita café da manhã para eles e
pela primeira vez foram sozinhos, de carro para a escola.

Meus bebês cresceram. No próximo ano, iriam para a


faculdade. Eles prestaram o vestibular em várias faculdades e
passaram em todas, tendo a chance de escolher qual seria a mais
conveniente para eles.
Erik cursaria engenharia, como o pai, para tomar conta dos
negócios, pois desde pequeno se apaixonou pela construção. Já
Camille, nem pensava em trabalhar com isso, optou por
fonoaudiologia e em abrir sua própria clínica. A faculdade escolhida,
era um pouco longe de casa e eles estavam procurando um
apartamento por lá.

Seria uma novidade para todos nós. Eles morando sozinhos,


sem os pais, e eu morando sozinha sem eles. Mas eu não ficaria
sozinha, agora que eu tinha Rick em minha vida.

Rick... Só em pensar, um arrepio de excitação percorreu meu


corpo. Logo ele estaria aqui.

Mandei uma mensagem para ele, dizendo para entrar e subir


até meu quarto e corri para minha cama. Arrancando a roupa, me
deitei colocando o cabelo para trás, espalhando-os pelo travesseiro.
Não via a hora de senti-lo, entrando em mim, me beijando...

Foi pensar nisso e ele apareceu na porta. Meu Deus, ele estava
tão lindo e aquela protuberância em seu jeans me deixou com água
na boca. Abri meus braços para ele.

— Vem amor. Vem rápido. Preciso de você.

Ele arrancou os sapatos e veio em minha direção, arrancando


as roupas pelo caminho. Chegou ao meu lado e tentou colocar a
mão entre minhas pernas, mas eu não precisava disso. Eu
precisava dele, dentro de mim e quando disse, ele veio para cima,
com um gemido gostoso. O enlacei com as pernas e nos perdemos
em carinhos.
Caímos de lado e adormecemos exaustos.

Acordei com o celular dele tocando e ele se levantando para


atender. Avisou que precisava ir para a academia, perguntando se
eu queria acompanhá-lo. Mas eu não podia, precisava ir para a
auditoria.

— Ah Rick, não vai dar. Tenho que ir até a construtora, para ver
o andamento da auditoria que começa hoje.

Ele, que estava colocando a roupa, congelou e me encarou.

— Não vai sozinha Anjo, leva o Chris com você.

Ele me pediu e eu o tranquilizei dizendo que já havia planejado


isso. Ele terminou de se arrumar e com um beijo, me pediu para
ligar quando chegasse. Disse que ligaria e ele foi embora.

Fiquei ali deitada, pensando no que poderia acontecer quando


eu chegasse à construtora.

Eu quase nunca aparecia por lá, mas tinha tanto direito quanto
ele. Com esse pensamento, me levantei, tomei um banho e coloquei
um tailleur preto com a camisa branca e os sapatos que Rick me
deu.

Desci e Chris estava na porta, com a chave do carro na mão,


me esperando.

— Senhora, o patrão pediu que a acompanhasse e que


usássemos seu carro.
Rick sempre tão prestativo e controlador! Eu adorava esse lado
dele, protetor e mandão. Suspirando, concordei com a cabeça e saí
em direção ao carro, enquanto Chris trancava a porta.

Passei o endereço e partimos. Quando chegamos, eu já ia


abrindo a porta, mas a voz de Chris me fez parar no meio do
caminho.

— Eu abro, Senhora. — Saiu do carro, vindo abrir minha porta.

Posso me acostumar com isso, pensei. Afinal, quem não gosta


de ser mimada?

Saí e ele se postou alguns passos atrás de mim e fui entrando.


Havia marcado com o auditor na sala de reuniões e segui para lá.
Todo mundo me olhava admirado, não sei se por causa da festa, por
eu ter emagrecido ou pelo segurança atrás de mim.

Cheguei à sala de reuniões e Tony estava ao lado do auditor.


Seu olhar caiu sobre meu corpo, me medindo de cima a baixo, se
demorando em minha cintura e depois em meus seios, um pouco
expostos pelo decote da camisa. Veio caminhando em minha
direção, quando Chris se colocou entre nós.

— Senhor, por favor, mantenha distância da Senhorita Jéssica.


— Ele era intimidante, alto e tão forte quanto Rick, com um vozeirão
grosso. Dei risada por dentro, pela reação de Tony, que parou onde
estava.

— Vai ser assim? Não posso cumprimentar minha mulher?

— Tony, não sou mais sua mulher, esqueceu?


— Mera formalidade. Você é minha e sempre será. Só está
chateada. — Ele disse, balançando a cabeça.

— Só posso lamentar, você pensar dessa forma. — Então


passei a ignorá-lo e me virei para o auditor, o cumprimentei e ouvi
seu relatório. Ele havia feito uma lista de propriedades da
construtora e me passou uma cópia. Senti meu queixo caindo,
enquanto lia. O maldito fizera ótimos investimentos, em todos esses
anos. Havia dezenas de imóveis que, juntos deviam valer milhões.
Uau! E ainda tinha o faturamento mensal da construtora.

Olhei para o Tony, querendo matá-lo. Em todos esses anos eu


sabia que tínhamos dinheiro, mas nunca pude ter uma empregada,
nem uma diarista, meu Deus! Ele sempre dizia que estava apertado,
que gastava muito na construtora e eu tonta, acreditava!

— Não acredito nisso! E esse tempo todo eu não tinha a mínima


noção do patrimônio que tínhamos. Quando eu dizia que queria
fazer uma plástica na barriga, você dizia que não podia gastar. Nem
uma empregada em casa, Anthony. Como você foi capaz de ser tão
mal? Porque isso, foi pura maldade!

— Eu gostava de ver você me servindo em casa, cozinhando,


limpando, cuidando de tudo, de mim e das crianças. — Ele deu de
ombros.

Meu sangue ferveu e estava a ponto de partir para cima dele,


quando a mão de Chris pousou em meu ombro.

— Não perca a razão, Senhora. — Me aconselhou, baixinho.


Respirei fundo e tentei me acalmar. Não adiantaria nada
mesmo. O que estava feito, não tinha volta.

Voltei-me para o auditor, que me informou que ainda estava


conferindo tudo, que ele poderia se reunir comigo quando
finalizasse, e que assim, daríamos andamento a partilha de bens
junto aos advogados.

Assenti e me despedi dele com um aperto de mão. Sem olhar


para Tony, me virei para ir embora, com Chris em meus
calcanhares. Estava quase na porta, quando senti a mão de Tony
em meu braço.

— Você vai voltar pra mim. Essa sua atitude e esse seu corpo,
estão me deixando louco de tesão. Marque minhas palavras.

Olhei para Chris que já avançava sobre ele e balancei a cabeça,


encarando Tony.

— Anthony. Vou dizer somente uma vez, espero que você me


ouça e entenda de uma vez. Você me teve por dezoito anos, só pra
você. Você me usou como sua empregada, eu cortava até suas
unhas do pé, pelo amor de Deus. E você me deu valor? Nunca!
Nunca pensou em mim e nas minhas necessidades. Era um porco
egoísta, que só pensava em você e se aproveitava das outras fora
de casa, enquanto negligenciava o que tinha aos seus pés. Cansei
há anos, de tudo isso. Você não me perdeu agora, quando descobri
esse seu casinho. Você começou a me perder quando ria da minha
cara, quando criticava tudo e qualquer coisa que eu fazia. Nunca me
apoiando ou incentivando a nada. Você me perdeu há anos e nunca
percebeu. Hoje eu sei o que é ser cuidada e amada. Sei qual a
sensação de amar alguém e me sentir completa perto dessa
pessoa. O que nunca senti com você. Esqueça-me e viva a sua
vida, que é o melhor que você faz! — Puxei meu braço de seu
aperto e saí porta à fora, deixando ele para trás, atônito e de boca
aberta.

Chris abriu a porta do carro para mim e eu entrei. Não precisava


olhar para trás, para saber que Tony estava de pé na porta, me
olhando. Sentia seu olhar me queimando. Bem que dizem que as
pessoas só dão valor às coisas, quando as perdem. Que pena, pois
no que dependesse de mim, ele ia ficar querendo.

— Vamos para onde, Senhora? — A voz de Chris me tirou do


devaneio.

— Vamos para a academia, por favor.

Mandei uma mensagem para as crianças, dizendo que me


atrasaria por causa da reunião na construtora e relaxei no banco. Só
queria me atirar nos braços do Rick e sentir seu corpo no meu, suas
mãos em mim, sua boca na minha...

Quando chegamos, esperei Chris abrir a porta do carro e sem


pensar, entrei na academia. Passei meu cartão pela leitora e
perguntei para a recepcionista onde ficava o escritório do Sr.
Swanson. Ela perguntou se eu queria que me anunciasse, mas eu
disse que seria uma surpresa.

Passei pelo salão das máquinas de musculação e ouvi os


comentários dos instrutores. Um assobio me fez virar e perceber
que os comentários eram para mim. Corei até a raiz dos cabelos e
continuei andando, já que o escritório do Rick ficava nos fundos
desse salão.

PATRICK

Depois da notícia, de que meu Anjo iria encontrar o canalha do


ex marido, meu dia que estava perfeito, desandou.

Problemas e mais problemas se acumularam em minha mesa,


durante o tempo em que fiquei na casa da Jess. Uma segunda feira
típica. Sentei em minha cadeira e comecei com os telefonemas para
manutenção dos equipamentos, pedidos e mais pedidos de todas as
lojas que compunham o Swanson Fitness Club. Antes do meu Anjo
entrar em minha vida, esses contratempos me ocupavam, pois tinha
muito tempo ocioso. Agora, precisaria de um gerente para lidar com
tudo isso, urgente.

Não que eu fosse um celibatário, que se enterrava no trabalho.


Eu até tinha o que chamam de amiga de foda, que me servia
perfeitamente. Nem eu, nem ela queríamos as complicações de um
relacionamento e quando a vontade batia, um ligava para o outro,
nos encontrávamos no meu hotel e depois de ambos satisfeitos,
cada um ia para o seu lado e pronto. Cindy... eu havia me esquecido
totalmente dela e tínhamos combinado de ser sinceros um com o
outro, quando encontrássemos alguém, e eu teria que ligar para
avisar que nosso acordo havia acabado.
Só complicação! Pensei, passando a mão no rosto. Será que
nada podia ser simples? Preto no branco e pronto? Uma batida na
porta, me fez sair de meus pensamentos e largar os papéis.

—Pode entrar. — Falei alto para que, quem quer que fosse,
ouvisse.

—Interrompo alguma coisa?— Aquela voz! Que saudade dela!

—Oi linda! — Me levantei, indo até ela e a abraçando forte. —


Quanto tempo que não te vejo! Como foi de viagem? — Me afastei
um pouco, para poder olhar para ela. Com os cabelos loiros como o
da nossa mãe e os olhos idênticos aos meus e de papai, minha irmã
mais nova, de 18 anos, era realmente linda.

—Tudo certo, e não é uma viagem Rick. São só 100km.


Desculpa eu vir sem avisar, mas tinha que te contar uma novidade!
Estou me mudando. Começo a faculdade, no próximo semestre. —
Ela disse, toda animada.

— Parabéns! Eu sabia que você conseguiria! E eu também


tenho uma. Lembra do meu Anjo, dos desenhos que eu fazia? Eu a
encontrei e estamos juntos. Há pouco tempo... mas se tudo der
certo, para sempre. Ela ainda não sabe da história toda, mas
pretendo contar no aniversário do papai.

— Ah mano, não acredito! Isso é quase impossível! Todo mundo


achava que você era meio pirado, você sabe né? — Me abraçou
forte, emocionada. Respondi ao seu abraço com igual intensidade,
respirando seu perfume. Seu aroma me lembrava de casa... Logo
veria a todos e mostraria o meu Anjo a eles. Queria só ver a cara
daquele povo todo, quando vissem que eu não era louco em
acreditar em meus sonhos e que havia alguém no mundo que
estava destinado a ficar comigo, para o resto da vida.

Um pigarrear na porta me chamou a atenção, e lá estava ela de


tailleur, com a camisa e os sapatos que dei para ela. Sorri, pronto
para apresentar minha irmã, quando ela me olhou de cara feia e
virou as costas, indo embora. Xi, ela entendeu tudo errado. E
caramba, meu Anjo era ciumenta!

—Jess! Jess, volta aqui! —Larguei Layla lá no escritório e saí


atrás dela.

JÉSSICA

Chegando à porta, dei uma batidinha, não esperei pela resposta


e fui entrando. A cena que me recebeu, me deixou gelada da
cabeça aos pés e paralisada na porta, segurando a maçaneta. Rick
estava abraçado com uma mulher loira de cabelos compridos e
brilhantes, alta, magra, toda cheia de curvas. Estava pendurada em
seu pescoço, retribuindo o abraço. Ele estava com a cabeça em seu
pescoço, como se cheirasse seus cabelos e estava de olhos
fechados!

Fiz um barulho, limpando a garganta, certa de estar pálida como


cera.
Ele abriu os olhos e sorriu para mim, ainda abraçado na loira.
Que cara de pau! O fuzilei com os olhos e virei as costas, indo
embora.

— Jess, Jess volta aqui! — Me chamou lá de dentro.

— Quem era? — Escutei a loira perguntando. — Era ela? E


você nem me apresenta, mano.

Opa! Para tudo! Mano? Será que aquela era a irmã mais nova
dele? Ele havia me contado, quando estávamos tomando vinho na
piscina, que tinha uma irmã bem mais nova que ele, a raspinha do
tacho, como ele disse. Ele e seus irmãos, já eram adultos quando a
mãe chegou com a novidade. Lembro-me dele dizendo que, sendo o
mais velho, se apegou mais à irmã e a tratava como sua filha.

Ai. Meu. Deus! Pensei, parando na hora. Ele se aproximou por


trás de mim e me envolveu pela cintura. Respirei fundo e me
entreguei ao abraço.

— Oi, Anjo. Sei que é clichê, mas não é nada disso que você
está pensando. — Me beijou o pescoço, perto da orelha.

— Ela é a sua irmã? — Perguntei suspirando, envolvendo suas


mãos com as minhas.

— Uhum! E ela está louca pra te conhecer. No momento em


que você entrou, ela estava me felicitando, por ter encontrado o
amor da minha vida, por ter encontrado o meu Anjo. Vem, venha
conhecer a Layla.
Meu Deus que vergonha! O que ela estaria pensando de mim?
Segui Rick até seu escritório e ele nos apresentou.

— Mana, essa é Jess, meu Anjo. Anjo essa é minha irmã, Layla.

— Olá, Jess. Fico muito feliz em conhecê-la. Rick me contou


tudo sobre você.

— Hum, então, você deve estar pensando que eu sou uma


louca ciumenta, não é? — Perguntei, olhando para seus olhos azuis,
tão parecidos com os de Rick.

— Imagina. Entendo perfeitamente. Achei até que você se


comportou muito bem. Eu em seu lugar teria gritado com ele e
batido a porta com toda a minha força. — Ela sorriu para mim.

Começamos a conversar e Rick perguntou se nós estávamos


com fome, propondo que pegássemos as crianças e que
almoçássemos todos juntos. Layla devia ter entre 17 e 18 anos e se
daria bem com meus filhos. Liguei para eles, que toparam na hora.

Em cinco minutos estávamos em casa e ficamos esperando no


sofá da sala, enquanto eles tomavam um banho rápido. Mais quinze
minutos e ouvimos as vozes e a correria habitual dos dois,
descendo pela escada. Erik, que descia na frente, parou de repente,
encarando Layla. O pobrezinho ficou olhando para ela, de boca
aberta e olhos arregalados.

Limpando a garganta para chamar sua atenção, os apresentei.


Meu filho ficou vermelho quando ela chegou perto e o
cumprimentou, dando beijinhos nele e na Camy. Isso iria ser
interessante...
Capítulo Quinze

Depois de algum tempo, Camy e Layla pareciam as melhores


amigas de infância, conversando e rindo, enquanto Erik só
observava, como de costume. O que Camy tinha de extrovertida e
comunicativa, meu querido Erik tinha de tímido e envergonhado.
Rick e eu tentamos, por várias vezes, trazê-lo para a conversa, mas
ele respondia e voltava a se fechar. E ficava observando Layla.

Ele a olhava fascinado e, quando ela retribuía o olhar, ele ficava


vermelho e voltava sua atenção para a salada, remexida em seu
prato. Rick ainda fez uma última tentativa para integrar os três.

— Então, lembram quando eu disse que daria um passe livre


para vocês na academia? Aqui está. Vocês três podem ir treinar
juntos. — Entregou um cartão de acesso para cada um.

Chegou perto de mim, como se fosse me dar um beijo na


bochecha, mas foi direto para meu ouvido.

— O seu passe livre está pronto também, em cima da minha


mesa. Mas você vai ter que ir até lá buscar, sozinha, no meu
escritório. — Sua mão foi para minha coxa, subindo pela minha
perna por debaixo da mesa, roçando seus dedos em meu sexo, em
uma leve promessa.

— Ei vocês dois! Estamos aqui! Parem de ficar se agarrando na


nossa frente. Ficam fazendo inveja pra quem não tem namorado.
Isso é jogo sujo! — Disse Layla, brincando, dando uma olhada para
Erik.

— Ah Layla, vai se acostumando, porque esses dois não se


largam. Você devia ter visto eles ontem, namorando no sofá… —
Camy entrou na brincadeira.

— Não largo mesmo. E se tentar tirar meu Anjo de mim, eu


mordo! — Rick imitou um rosnado e riu com elas. — Jess, você vai
comer só isso? — Olhou para meu prato, com cara de reprovação.

— Não estou com muita fome.

— Então vai comer uma sobremesa deliciosa que eles tem aqui.

— É mesmo? E o que seria?

—Morangos, com calda de chocolate e chantilly. — Sussurrou


no meu ouvido. Então se afastou, balançou as sobrancelhas e sorriu
abertamente.

Na hora me veio à cabeça nossa primeira noite, ele pingando


calda de chocolate em meus seios, lambendo tudo e depois o
chantilly… Senti meu rosto ficando corado e uma contração
involuntária dos meus músculos internos, fez a umidade crescer lá
embaixo. Encarei aquele olhar e me perdi naquele azul… Baixando
os olhos para sua boca, não podia esquecer aquilo. Por Deus, ele
sabia usar aquela boca…

— O que vamos ter de sobremesa? Fala pra gente também,


porque pela reação da mamãe, deve ser deliciosa mesmo. — Camy
riu alto.

Limpando a garganta, balancei a cabeça.

— Pettit Gateau com sorvete de baunilha e calda de chocolate


quente. — Menti, rezando para que eles realmente tivessem essa
sobremesa.

Ah, isso não ficaria assim! Ficar me provocando


deliberadamente na frente deles… Se bem que Erik parecia alheio a
tudo e a todos, exceto Layla. Eu teria uma conversinha com ele
depois, afinal ela era da família agora.

Pedimos a sobremesa e as meninas voltaram a conversar


animadamente sobre fazer compras durante a semana, para a festa
do pai de Rick que, agora sem dúvida, todos iriam.

Quando a sobremesa chegou, verifiquei a toalha da mesa e me


certifiquei que ninguém veria nada. Escorreguei uma mão para
baixo e distraidamente pousei na coxa do Rick. Ele nem ligou, pois
ficávamos mesmo assim, sempre tocando um ao outro. Fui subindo
lentamente em direção ao zíper e o agarrei firme. No mesmo
instante ele ficou duro como pedra, Rick arfou de surpresa e me
olhou.

Continuei a comer minha sobremesa, tranquilamente. Tomando


cuidado para não mexer demais o braço e chamar a atenção das
crianças, movimentei meus dedos, percorrendo toda a extensão,
apertando levemente a ponta, roubando um gemido baixo de seus
lábios, que ele disfarçou.

— Humm, que delícia esse bolinho, não?

Sorri satisfeita e recolhi a mão. Dois podiam jogar esse jogo.

Voltando minha atenção para os três, fiquei aliviada ao perceber


que Erik estava se enturmando aos poucos, conversando com as
meninas. Acho que o deslumbramento estava passando. Ufa! Uma
mãe tem que se preocupar com a felicidade de seus filhos. E ver
meu filhotinho assim, todo retraído e deslumbrado a ponto de não
conseguir nem comer e mal falar, era realmente preocupante. Ainda
mais porque estaríamos sempre juntos.

— Vai me contar como foi a reunião? — Rick perguntou,


enquanto colocava uma colherada de bolinho com sorvete na boca.

— Bem, descobri que sou uma mulher rica, muito rica. E que o
maldito se aproveitou de mim todos esses anos, me fazendo de
empregada e me colocando para baixo, a fim de limpar seus
sapatos em mim.

— E o que você fez? — Vi seus nódulos embranquecerem,


apertando a colher, segurando sua raiva.

— Falei umas verdades. Só não voei na garganta dele porque


Chris estava comigo e me fez ver a razão.

— Então fiz bem, em dizer pra você levar ele junto?


— Aham, ele é muito gentil. Quando Tony foi se aproximando,
ele se colocou entre nós e o lembrou da liminar.

— Ele tentou alguma coisa com você, Anjo? Juro que eu vou lá
e arrebento a cara do canalha.

— Só com palavras. Disse que eu seria sempre dele. Que eu só


estava brava e voltaria pra ele quando me acalmasse.

— Filho da puta! — Esbravejou, colocando a colher na mesa


com força demais, chamando a atenção de todos. — Na próxima
vez, eu vou com você. — Seu tom de voz baixo, ameaçador, me
deixou tonta.

Caramba! Em vez de me assustar com isso, me deixou mais


quente que o inferno. Esse homem estava desenterrando um fogo
de dentro de mim, que eu nem sabia existir.

— Uhum, mas eu o coloquei em seu lugar. Acho que sei lidar


com ele, depois de tantos anos. — Tentei respirar normalmente.
Está quente aqui ou sou só eu entrando em combustão
espontânea?

Recostei-me na cadeira, peguei meu celular na bolsa e mandei


uma mensagem para ele.

Você fica tão gostoso assim, irado, que quero pular em


você.

Coloquei o celular entre as pernas, para que não houvesse o


risco de nenhum deles pegar e ver a mensagem. Alguns segundos
depois, um zumbido me fez saber que ele havia recebido. Ele pegou
o celular do bolso, leu, digitou uma resposta e voltou a comer sua
sobremesa, com uma colher, agora, meio torta.

Meu celular vibrou e esperei um pouco para ver sua resposta.

Mais tarde em meu escritório, você vai poder pular em mim


como quiser. Sou todo seu. Te quero curvada, sobre minha
mesa e eu te fodendo por trás, metendo fundo nessa bocetinha
gostosa.

Senti meus mamilos enrijecerem e minha boca ficou seca.


Passando a língua nos lábios, levantei o olhar do celular para ele,
que estava sorrindo descaradamente.

Confirmei levemente com a cabeça e tentei terminar minha


sobremesa, mas quem queria comer depois de uma mensagem
dessas?

Rick pediu a conta, pagou e nos levou para casa. Layla ficou
junto conosco, pois ela, Camy e Erik iriam ao shopping mais tarde.
Eles foram entrando e eu dei a volta no carro, indo até a janela dele.

— Vejo você depois, Anjo?

— Vou pra academia, assim que eles saírem para o shopping.

— Ok, te espero lá. — Me deu um beijo e foi embora.

Esse homem era insaciável! “E você tá reclamando? Ainda


bem!” Disse o capetinha na minha cabeça. Esse capetinha estava
ficando abusado! Hahaha.
Falando em capetinha, assim que entrei, o inferno estava
armado lá dentro. Os três pareciam crianças pequenas, estavam
espalhados pelo chão da sala com os Dvd’s entre eles e discutiam
qual filme iriam ver, rindo e jogando coisas uns nos outros.
Conhecendo minha filha, posso dizer que demorou para o circo
armar. Ela tinha o dom de se enturmar em qualquer lugar e fazer
com que as pessoas se sentissem em casa. Olhando os três ali na
sala, ninguém diria que se conheciam a menos de duas horas.

O tempo foi passando e depois do filme com pipoca, foram para


a piscina e o passeio ao shopping foi adiado. Mandei uma
mensagem avisando que eu não iria para a academia. Os olhares
entre Erik e Layla se transformaram em pequenos toques aqui e ali,
sorrisos pra lá e pra cá, acionando o meu radar de mãe.

Não é que eu não confiasse em meu filho, longe disso! Eu o


tinha criado muito bem e sempre fui muito sincera com ele e ele
comigo. Mas como diz o ditado: A ocasião faz o ladrão e eu não
vacilaria com aqueles dois.

— Vocês vão adorar o resto da família. — Disse Layla. —


Somos uma família grande e animada, vocês vão ver. Os
aniversários, churrascos ou jantares sempre são uma maravilha,
divertidíssimos! Podemos sair pra dançar depois da festa, o que
vocês acham?

Ambos concordaram e ficaram lá, felizes da vida, aproveitando


o resto da tarde, enquanto eu só pensava em uma certa mesa de
escritório…
Já eram quase sete da noite quando resolveram pedir uma
pizza e saíram da piscina. Os três estavam exaustos e, depois da
pizza, Layla despediu-se combinando de se encontrarem na sexta.
Eles tomaram um banho, me deram boa noite, o meu habitual beijo
duplo e caíram na cama.

PATRICK

Chegando à academia, fiz minha ronda habitual e passando


pelo salão dos equipamentos, encontrei Cindy e fui falar com ela. Eu
tinha que colocar um final certo nisso, para poder ir realmente em
frente, com meu Anjo.

—Oi, Cindy. Preciso falar com você. Pode vir até meu
escritório? — Disse, sério.

Ela abriu um sorriso e me seguiu. Quando fechei a porta do


escritório, ela se atirou em meu pescoço. Caramba! Essa sim, se a
Jess pegasse eu estava ferrado. Peguei suas mãos com cuidado e
as afastei de mim.

—Cindy, você entendeu errado. Não te chamei aqui para isso.


Quando começamos com nosso acordo, combinamos que seriamos
sinceros um com o outro e que diríamos quando encontrássemos
alguém. Eu estou apaixonado por uma mulher, a mulher da minha
vida e não podemos mais nos encontrar. — Falei de uma vez e
esperei por sua resposta.
—Oh! Percebo que me enganei mesmo. Mas você tem certeza,
Rick? Há duas semanas atrás, nós nos divertimos juntos lá no hotel,
e hoje você me diz que encontrou o amor da sua vida? Sua alma
gêmea, por assim dizer? Isso é muito estranho, para não dizer
impossível. Ninguém se apaixona assim, em tão pouco tempo e
muito menos sai alardeando isso.

Ela estava meio aborrecida, não entendendo ou não querendo


entender; o que para mim, tanto faz.

—Bem, Cindy, era isso. Espero que você também encontre o


seu amor por aí. Quando isso acontecer, você vai entender o que
estou sentindo nesse momento.

—Rick, sinceramente eu não acredito. Mas se você quer assim,


tudo bem. Eu não vou desaparecer de sua vida. Você sabe onde me
encontrar. — E chegando bem perto de mim, sussurrou, fazendo
uma voz sexy. — Eu ainda quero você e vou esperar essa paixonite
passar. Eu sou paciente. — Veio seca para me beijar, mas me
esquivei, virando o rosto. —Ok, que seja. — Virou as costas e saiu
de meu escritório, pisando duro.

O que acontecia com essas pessoas? Primeiro o ex idiota da


Jess e agora Cindy, com discursos idênticos. Será que eles tinham
uma cartilha, onde aprendiam essas coisas? Jesus!

Deixei ela pra lá e voltei ao trabalho, sem realmente terminar


nada.

Um gerente. Preciso de um gerente urgente.


Liguei para a agência de empregos e fiz a requisição. Ficaram
de me mandar alguém, no dia seguinte. Menos uma coisa na lista.

Comecei a olhar a papelada e quando dei por mim, já começava


a escurecer lá fora. Meu Anjo prometeu que viria e até agora nada.
Alcancei meu celular e vi que o lazarento estava sem bateria. Por
sorte sempre tenho um carregador aqui e ligando na tomada, o visor
acendeu, mostrando uma mensagem da Jess.

Merda! Ela não viria. Respirei fundo e voltei ao trabalho. Às dez,


fechei a academia e resolvi dar uma passada na casa dela, nem que
fosse só para um beijo de boa noite. Estava quase na frente da casa
dela quando o telefone tocou.

JÉSSICA

Ajeitei a bagunça deles e pegando meu celular, liguei para Rick.


Eu precisava pelo menos ouvir sua voz. Mal completou a ligação
e…

— Oi, Anjo. — Meu coração acelerou, assim como minha


respiração.

— Oi amor, tudo bem?

— Hummm, não tá não, porque não te vi mais hoje. Fiquei te


esperando, esperando e nada. Achei que tinha cansado de mim.
Mas aí, vi sua mensagem, dizendo que eles mudaram de ideia.
Minha irmã deu muito trabalho?

— Não, trabalho nenhum. Eles se enturmaram tão bem, que


pareciam amigos de infância. Você precisava ver.

— E a paixonite do Erik?

— Pelo visto não é só ele que ficou encantado não. E foi por
isso que não os deixei sozinhos aqui. Eles chegaram e foram
assistir a um filme. Os três deitados no chão, com almofadas
espalhadas, o habitual, mas quando prestei atenção esses dois
estavam deitados muito pertinho e depois na piscina…

— Desencana Anjo, se for pra ser, vai ser. Mas todo caso, vou
ter uma conversa com ele, assim como ele teve comigo… só pra
deixar avisado. — Ele brincou, não dando muita atenção. Talvez eu
estivesse exagerando mesmo.

— Você está certo. É só que eu nunca o vi assim, por ninguém.


É coisa de mãe superprotetora. Esquece.

— Nos vemos amanhã então?

— Com certeza. Vou tomar um banho e dormir. Foi um dia


agitado por aqui.

— Pensa em mim, no banho… e sonha comigo. Boa noite, Anjo.


— Ele falou, em um tom voz sexy.

— Uhum, você também, sonha comigo. Boa noite.


Desligando, coloquei o celular em cima da mesinha de
cabeceira, tirei a roupa, liguei o chuveiro e entrei no box.

Fechei meus olhos, deixando a água escorrer pelo meu corpo.


Estava totalmente distraída quando senti alguém atrás de mim e
uma mão agarrando meu seio, enquanto a outra cobria minha boca,
sufocando um grito de puro pânico.

— Sou eu, Anjo. — Sussurrou em meu ouvido.

— Rick! Quer me matar do coração! Como você chegou aqui


tão rápido?— Me virei e dei um soco em seu bíceps. Meu coração
batia alucinado e eu estava ofegante.

— Eu já estava vindo de qualquer maneira, para te dar um beijo


de boa noite, quando você me ligou. E Jess, existem maneiras
melhores de se morrer… morte por orgasmo por exemplo.

— Amor, isso não existe. — Me aconcheguei naquele corpo


forte.

— Vou te fazer gozar tão forte, Anjo, que você vai mudar de
ideia. — E me beijou. Que beijo, meu Deus!

Agarrei-me em seu pescoço e retribui, faminta por mais. Nossas


bocas grudadas, assim como nossos corpos embaixo da água. Um
beijo devastador. Fiquei tonta e me derreti em seus braços.

Sua boca deixou a minha e se arrastou, beijando, chupando e


lambendo seu caminho até minha orelha.

— Diga que me quer dentro de você.


Suas mãos desceram até minha bunda, estreitando mais o
contato, me fazendo sentir sua ereção pulsando em minha barriga.
Meu coração acelerou e minha respiração falhou. Um tesão
irracional tomou conta de mim.

— Eu te quero Rick. Quero você enterrado em mim, profundo e


forte. — Sussurrei, jogando a cabeça para trás. Sua boca magistral
agora descia em direção aos meus seios. Não consegui segurar o
gemido rouco que escapou de minha garganta, arqueando o corpo
como uma gata, quando sua boca tomou posse de meu mamilo,
chupando forte. Um arrepio percorreu meu corpo e um calor subiu
pela minha espinha.

Me encostei na parede e o frio do azulejo do box nada fez para


apaziguar meu fogo. Ele se mudou para o outro, dando a mesma
atenção, ao mesmo tempo em que sua mão percorria minha barriga,
descendo e apalpando meu sexo. Abri as pernas para ele e seu
dedo escorregou pela minha umidade, encontrando meu clitóris
latejante.

Foi a vez dele gemer e sussurrar em meu seio.

— Sempre tão pronta pra mim.

Descendo um pouco mais, me penetrou com o dedo, fundo, me


roubando o fôlego. Retirou o dedo de mim e o levou a boca,
chupando.

— Você tem uma bocetinha tão doce, Anjo. Tão gostosa. —


Tornou a me penetrar com o dedo e me beijou outra vez.
Sentir meu gosto em sua boca, me levou a beira do orgasmo.
Era uma sensação tão erótica, tão proibida… E seu dedo retornou,
agora entre nossas línguas. Gemi no meio de todo aquele turbilhão
de sensações, perdida nele, em seu beijo e suas safadezas. Eu
estava tão excitada que sentia minha umidade quente escorrer de
meu sexo, enquanto ele com a outra mão me penetrava novamente,
com dois dedos, me abrindo.

— Você me deixa doido. Não pensei em outra coisa hoje, a não


ser em você. Não consigo me concentrar em nada, só quero estar
perto de você, sentindo seu cheiro, sua pele. — Ele foi dizendo e
traçando com a boca o caminho até minha orelha. Mordeu a
pontinha e enquanto me fodia mais rápido com os dedos e gemeu
baixinho, quando meus músculos internos apertaram seus dedos.

— Rick, eu quero você… por favor… — Falei entre gemidos, já


louca para gozar, o orgasmo chegando, a tensão tomando conta de
meu corpo, construindo, tão perto… e ele parou. Seus dedos
pararam de me penetrar, sua boca deixou a minha e um gemido
frustrado escapou, assim como meu orgasmo.

— Por que parou? — Perguntei sem fôlego, meu peito subindo


e descendo rápido.

— Shhhh. Não fale, só sinta… — E começou de novo.

Sua boca veio com força renovada, assim como o ataque de


seus dedos. Um beijo selvagem, faminto. Sua língua tomou posse
de toda minha boca, abafando meus gemidos, mais frequentes
agora. Tudo voltou com mais força, as sensações me consumindo,
calafrios de prazer percorriam meu corpo, minha pele arrepiada.
— Não goza, Anjo. Só quando eu mandar, ok? Senão vou ter
que te castigar…

Sem me dar chance de resposta, grudou sua boca na minha.

O quê??? Como segurar o que parecia ser o maior orgasmo da


minha vida? Tentei segurar com todas as minhas forças, minhas
pernas ficaram tensas, encostei a cabeça na parede e mordi meu
lábio, enquanto ele roçava a boca pelo meu pescoço, descendo...
Queria esperar pelo seu comando, mas quando ele chupou meu
mamilo e em seguida deu uma leve mordida, a pontada de dor
juntou-se à avalanche de sensações e gozei alucinadamente, com
um gemido longo e rouco, esmagando seus dedos dentro de mim,
tamanha foi a intensidade do meu aperto. Meu corpo amoleceu e
meus joelhos cederam. Ele estava atento e me segurou firme contra
a parede com seu corpo.

— Tsc tsc... Você me desobedeceu. Sabe o que acontece com


as meninas más? Elas são punidas. — Ele falou, em um tom baixo e
ameaçador.

— Que tipo de punição? — Perguntei ofegante.

— Feche os olhos e espere um pouco. Não vale olhar.

Fechei os olhos e me apoiei na parede, esperando. Não estava


com medo de sua ameaça, pois mesmo depois disso seu tom era
carinhoso.

Escutei o barulho suave de um zíper sendo aberto. Sua bolsa


de ginástica. Os brinquedos ainda deviam estar lá. Um
formigamento me percorreu, em antecipação.
— Confie em mim. Venha e não abra os olhos ainda.

Ele me puxou para fora do box e pisei em uma coisa fofa. Ele
devia ter colocado uma toalha no chão, para que não
escorregássemos.

— Se curve e segure na pia.

Fiz o que me pediu e já ia abrindo os olhos, quando escutei seu


aviso.

— Sem olhar ainda.

Aproximou-se, afastou as bochechas de minha bunda e senti


sua língua… na minha entrada de trás. Ele escorregou mais para
baixo, lambendo e enfiando a língua em mim. Tremi da cabeça aos
pés quando senti seus dedos em minha bunda, besuntados de
lubrificante. Escorregou um dedo para dentro de meu buraquinho e
gemi alto.

— Tome, morda isso. Não queremos as crianças batendo na


porta. — Me entregou uma toalha de rosto.

Um momento depois, senti uma coisa fria e comprida sendo


arrastada pelas minhas costas.

— Relaxe, Anjo. — Forçou devagar aquele negócio frio em


minha bunda, me penetrando, me enchendo lá atrás, entrando
lentamente.

— Agora vou te bater. E te foder, forte.


E sem esperar mais, me deu um tapa na bunda, enquanto
entrava fundo com aquele pau grosso, de uma só vez, empurrando
a coisa em minha bunda ao mesmo tempo, com seu corpo. A
sensação foi tão intensa e deliciosa que gozei de novo, apertando
seu pau e me contraindo toda contra a coisa em minha bunda. Ele
parou, enfiado até as bolas, gemeu baixinho e senti seu corpo
estremecer todo e seu pênis saltar dentro de mim.

— Assim você vai me matar Anjo. Você está ordenhando meu


pau com essa bocetinha apertada. — Gemeu de novo.

Quando meus tremores diminuíram, ele continuou, saindo


devagar e entrando forte. De vez enquanto eu ouvia seu gemido
torturado, se juntando ao meu, abafado pela toalha. Senti que ia
gozar de novo, e pelo jeito ele também, pois começou a tirar o
objeto de minha bunda e a empurrar de volta, na mesma velocidade
em que me fodia.

PATRICK

— Goza anjo, goza para mim...— Sussurrei rouco, tenso, me


segurando.

Seu corpo obedeceu minha ordem e ela gozou de novo,


agarrada a pia, de olhos fechados e mordendo a toalha.

No meio de seu orgasmo, retirei quase todo o plug e me afastei,


voltando forte, a puxando de encontro ao meu corpo, enfiando de
uma só vez, meu pau e o plug. Outro orgasmo se juntou ao anterior,
mais forte e avassalador, me levando junto, gozando forte dentro
dela e a senti desmaiando em meus braços.

A apoiei na pia, saí de dentro dela e retirando o plug, a peguei


no colo e levei para a cama.

Voltei ao banheiro, desliguei o chuveiro, lavei e guardei o plug


na mochila, junto com o lubrificante, recolhi a toalha e coloquei para
lavar. Não ia deixar bagunça, para que meu Anjo tivesse que
arrumar.

Voltei para a cama e fiquei acariciando seus cabelos, até ela


voltar a si.

JÉSSICA

Acordei em minha cama, com Rick acariciando meus cabelos.

— Acho que morri e voltei à vida. — Sorri como uma boba.

— Não disse que você mudaria de ideia?

— Devo ter sido muito boa em outra vida, para Deus te colocar
em meu caminho.

— Acredito que seja o contrário. Ele que me mandou um de


seus anjos lá do céu. Te amo Jess, mais do que a vida. Pode ser
que você não entenda, mas esperei a vida toda por você. E agora
que te tenho, nada vai ser capaz de me separar de você.

Uma lágrima quente rolou em meu rosto. Ele sabia o que dizer
para me deixar toda emotiva.

— Também te amo, Rick. Muito. Nunca senti nada parecido por


ninguém.

— Nem eu, Anjo.

— Dorme aqui, comigo. Você precisa acordar bem cedo


mesmo, pode sair antes que eles acordem.

— Certo. Podemos fazer isso todos os dias. Eu não gosto de


acordar sem você. Eu venho depois deles estarem dormindo e saio
antes que acordarem.

— Uhum. — Resmunguei e adormeci em seus braços.


Capítulo Dezesseis

Acordei, com uma vontade louca de fazer xixi. Soltei-me do


abraço dele, devagar para não acordá-lo e fui até o banheiro,
fazendo o máximo de silêncio.

Quando acabei, fui lavar as mãos e minha imagem no espelho,


me chamou a atenção. Não me parecia mais com aquela mulher
tonta, que ficava esperando o marido chegar. Mal arrumada, mal-
amada. Meu cabelo tinha um brilho diferente, minhas sobrancelhas
estavam delineadas e minha pele estava radiante. Eu me sentia
mais confiante, e além de tudo ainda tinha daquele homem lindo na
minha cama, que me amava como eu era, uma mãe de dois filhos
adolescentes e gordinha.

Deus! E eu o amava também, como nunca amei ninguém antes.


Sentia-me bem com ele, como se ele fosse uma parte de mim, uma
parte que me fez falta a vida toda.

Sequei minhas mãos e voltei para a cama, me aconchegando


de conchinha. Mesmo dormindo, ele me abraçou e me encaixou em
seu corpo, puxando-me para ele, sua ereção se encaixando em
minha bunda. Ele devia estar em um sonho muito bom, pelo jeito.

Fechei os olhos e o sono chegou, me levando para o mundo


dos sonhos.

Acordei com o barulho de alguém socando a porta.

— Mãe, acorde! Estamos atrasados. — E mais socos. —


Mãããe!

Ai, essa minha filha… De repente me lembrei de Rick e levantei


depressa do travesseiro, olhando para ele.

— Já vou. — Disse alto, sem saber bem o que fazer.

— Não demora… — Escutei seus passos, descendo a escada.

—Calma, Anjo. — Ele sussurrou. —Você se troca e desce.


Assim que eles forem, eu vou também. Tenho certeza que coloquei
seu celular para despertar. — Pegou meu celular para conferir. —
Sem bateria. Vou pegar minhas roupas e ficar dentro do closet.
Assim, se eles subirem aqui, não vão me ver. — Colocou meu
celular para carregar e se deitou novamente ao meu lado.

— Mas, e seu carro lá fora?

—Eu parei bem mais pra frente para que, se eles olhassem pela
janela por qualquer razão, não o vissem lá embaixo. Agora vai. —
Me deu um tapinha na bunda, me apressando.

Deus do céu, o que estava acontecendo com o meu corpo? Eu


respondia a ele, ao menor estímulo. Corri para o closet e coloquei a
primeira camiseta e jeans, sem me preocupar com sutiã ou calcinha.
Dei um beijo nele, que ainda estava deitado e saí, fechando a porta
atrás de mim.

Cheguei lá embaixo e eles já estavam prontos, tomando café.


Não precisei fazer nada, só fiquei olhando enquanto eles, sozinhos,
terminavam tudo. Colocaram café para mim, junto com um pão de
forma com requeijão.

— Humm… o que eu fiz para merecer um café desses? —


Perguntei, em tom de brincadeira.

— Você tomou a iniciativa certa e não voltou atrás, em nenhum


momento mãe. — Disse Erik, se sentando ao meu lado.

— Sem falar que, de quebra arrumou um gostosão, que parece


fazer de tudo para te ver feliz. — Completou Camy.

— E que tem uma irmã linda… — Erik emendou baixinho.

Dei risada dos dois e mandei que se apressassem, pois


chegariam atrasados. Correram para pegar suas coisas, me deram
o já esperado beijo duplo e saíram. Fiquei na porta até o carro se
afastar, cumprimentei Chris que estava de plantão lá fora, e subi
correndo. Cheguei ao quarto e encontrei Rick acabando de colocar
a roupa.

— Tudo certo, Anjo?

— Tudo. Eles já foram e você está superatrasado. Não acha


estranho fazer as coisas assim, às escondidas?
— É sim Anjo, mas como dizem; tudo o que é proibido é mais
gostoso. — Chegou mais perto de mim, colocou o dedo embaixo do
meu queixo e levantou meu rosto, me dando um beijo.

— Gostoso é você. Porque você não entrega as chaves da


academia para o Chris levar e tira essa roupa de novo? — Raspei
as unhas em seu peito, arrancando um gemido baixo dele. Mais
confiante, disse que ele sempre poderia ficar doente e lambi sua
boca, provocando, contornando seus lábios.

— Ok, você venceu. Espere que já volto. — Pegou as chaves


na mochila, deixando-a aberta e saiu.

O brilho vermelho do vibrador me chamou a atenção e percebi


que ele não tinha tirado as coisas de lá. Tive uma ideia e
rapidamente arranquei o jeans e a camiseta, peguei as algemas e a
venda, deixando na mesa de cabeceira. Corri até o closet e coloquei
o primeiro par de saltos que encontrei, voltei, fechei as algemas em
meus pulsos, coloquei a venda e fiquei de pé ali, perto da porta,
esperando por ele.

PATRICK

Desci correndo as escadas.

— Chris, preciso de um favor. Vá até a academia e abra pra


mim. Diga que vou chegar um pouco atrasado, ok?
— Sim, Senhor. — Pegou as chaves da minha mão e foi
correndo. A academia era a apenas duas quadras, então não
deveria demorar.

Fechei a porta e subi o mais rápido que consegui, já que estava


com uma ereção monstruosa pulsando.

Abri a porta do quarto e uma vertigem tomou conta de mim,


tanto que tive que me segurar no batente da porta. Minha respiração
acelerou e meu coração pulou um batimento.

Usando só um par de sapatos vermelhos, de salto fino, Jess


estava parada próxima a porta com a venda e as mãos presas com
as algemas que guardei na mochila.

— Anjo… você tem certeza disso? — Me aproximei lentamente.

— Sim, Senhor. — Ela respondeu, tímida, baixando a cabeça.

Oh, Deus! Minha submissa escondida mostrou as garrinhas!


Senti o sangue se esvaindo de minha cabeça, indo direto para
minha ereção. Eu não tinha noção de que poderia ficar tão duro! E
ainda maior do que o normal, minha ereção parecia se esticar ainda
mais a cada reação submissa que ela demonstrava.

— Você sabe o que está me pedindo? Tem alguma coisa que


você não queira fazer? —Acariciei seu rosto.

— Não, Senhor. Mas confio em você. Errr… no Senhor. O


senhor tem carta branca — Um meio sorriso apareceu em seu rosto.

— Você tem uma palavra de segurança, Anjo?


— Não, Senhor.

— Então escolha uma, mas tem que ser uma palavra que você
se lembre, caso as coisas passem do ponto e você queira parar.
Porque pare não é uma opção, você pode me implorar várias vezes,
mas não vai adiantar. Só vou parar mesmo, se você disser a palavra
de segurança.

— Chiclete, essa é minha palavra de segurança, Senhor. —Sua


voz, baixa e sensual. — Senhor?

— Diga, Anjo.

— O Senhor vai usar aquele chicote em mim? — Seu sorriso


aumentou, ao me ouvir puxar o ar entre os dentes.

— Tem certeza Anjo? Depois que eu começar…

— Sim, Senhor, tenho certeza.

— Vamos lá então. Vamos brincar. Você não pode falar a menos


que eu permita, ou para dizer a palavra de segurança, certo? — Ela
apenas balançou a cabeça, em aceitação.

— Responda, Jéssica. — Meu tom de voz, mais áspero.

Um tremor de excitação percorreu seu corpo visivelmente, ao


me ouvir dizer seu nome.

— Sim, Senhor.

Senti meu lado dominador tomando posse de mim


completamente. Bem, quase completamente. Não queria que ela
sofresse, então fui até a cama e peguei um travesseiro, colocando
próximo a ela.

— De joelhos. — Dei uma ajudinha, já que ela estava com as


mãos algemadas e era sua primeira vez. Então deixei-a ajoelhada.
— Você vai cometer alguns erros, já que é sua primeira vez como
submissa, mas eu vou ter prazer em te punir por isso. Você quer
isso, Jéssica?

— Sim… Sim, Senhor.

Oh, Deus, essa mulher ainda me mataria. Precisaria de todo


meu autocontrole, para levar isso até o fim. Só a visão dela ali,
ajoelhada, mãos atadas na frente do corpo, vendada,
completamente a minha mercê, para fazer o que bem entendesse
com aquele corpo gostoso e exuberante, me deixava à beira da
loucura. Abri meu jeans e deixei minha ereção livre.

— Abra a boca. Me chupe. — Ela elevou a cabeça um pouco e


abriu aquela boquinha deliciosa.

Encostei a cabeça do meu pau em seus lábios e sua língua saiu


para me cumprimentar. Lambeu toda a ponta e ,sem aviso, se
inclinou e engoliu uma boa parte. Senti a cabeça raspando no fundo
de sua boca e ela chupou forte. Minha respiração falhou e abri a
boca em busca de ar. Ela recuou, sugando, até quase escapar de
sua boca e a abriu, soltando um fôlego quente. Contornou a ponta
com a língua e me engoliu de novo.

Autocontrole? Hein? Não sabia mais o que era isso, só tinha


noção da boca de Jess me ordenhando duro, suspirando e
lambendo meu pau. Como aquela boquinha aguentava toda minha
grossura? Nunca saberia e na realidade nem queria. Se ela queria
isso, ela teria. Forcei mais um pouco e para a minha surpresa ela se
inclinou para a frente e me engoliu completamente.

Sugando e lambendo.

Suspirando e gemendo.

Senti o orgasmo se aproximando, a tensão percorrendo minha


coluna, minhas bolas se apertando e meu pau pulsando. Juntando
todas as minhas forças, me forcei a sair daquela boquinha deliciosa.

— Levante-se. — A ajudei de novo.

Fui até a mochila e peguei o grampo de mamilos que havia


comprado para ela, o vibrador vermelho, o lubrificante e as contas
anais. Meu Anjo teria uma iniciação inesquecível na submissão.

JÉSSICA

Fiquei ali, parada e de cabeça baixa, prestando atenção e o


escutei pegando alguma coisa na mochila. O que mais tinha ali? Eu
não conseguia me lembrar.

A voz dele chegou até mim outra vez, com uma ordem.

— Fique quieta, não se mexa.


Fiquei como estava e de repente senti sua boca em meu seio,
chupando forte. A surpresa e a delícia de sentir sua boca em meu
corpo, me fez gemer alto. Parecendo querer me punir, ele fechou os
dentes em meu mamilo, não para machucar, mas sim como
advertência, mas não pude me ajudar, pois a sensação foi tão
avassaladora que me arrancou outro gemido.

Ele largou meu mamilo dolorido e foi para o outro, chupando


forte outra vez. Eu, estando distraída, não percebi seu movimento e
ele prendeu alguma coisa no meu mamilo mordido, que apertava,
causando uma sensação de formigamento e uma leve dor. Sabendo
que deveria ficar quieta, entreabri os lábios para poder puxar o ar
que me faltava nos pulmões e ele se afastou prendendo a mesma
coisa no outro. Já tinha lido sobre aquilo, grampos de mamilo, mas
como muitas outras coisas, eu nunca tinha visto, tocado ou usado.

Suas mãos percorreram meu corpo, enquanto ele me atiçava


ainda mais lambendo minha boca. Foi acariciando minha barriga,
apertando e passeando com a mão até chegar em meu sexo,
separando minhas dobras e acariciando meu clitóris. Ele gemeu alto
e sussurrou em meu ouvido.

— Você está tão excitada que seu suco está escorrendo. É


assim que eu te quero. Excitada, enlouquecida e faminta pelo meu
pau.

Continuei calada, sentindo que minha umidade aumentava lá


embaixo, enquanto ele me penetrava com os dedos, forte e
profundo. Gemi sentindo que meus músculos internos se contraiam
sobre aqueles dedos.
Ouvi um zumbido e senti alguma coisa se aproximando de meu
rosto e minha boca. Era o vibrador e coloquei a língua nele, para
provocar Rick. Sua língua se juntou a minha e retirou o vibrador,
descendo pelo meu corpo, enquanto devorava minha boca. Quando
ele tocou meus mamilos com o falo, não pude evitar gemer de
prazer.

A sensação era devastadora, dor e formigamento, faíscas de


prazer percorriam meu corpo, se acumulando em meu clitóris e
minha abertura, meus músculos pulsando em volta de seus dedos…
Eu estava tão perto do orgasmo que beirava o desespero. Ele se
esfregou em minha barriga e em minhas mãos, e eu o agarrei. Eu o
queria dentro de mim, agora, mas como uma boa submissa que eu
queria ser, fiquei quieta e ele se afastou.

— Não! Sem me tocar. Quietinha.

Voltou com tudo, arrastando o vibrador até minha barriga


colocando entre nós dois. Senti seu corpo estremecer agarrado ao
meu, sua boca na minha.

Aprofundando o beijo, ele pressionou o falo em meu clitóris.


Gemi alto e joguei a cabeça para trás, sentindo meu corpo
convulsionar e me segurei para não gozar. Ele percebeu e escutei
seu comando.

— Não goze. Só quando eu mandar. — Substituiu seus dedos


pelo vibrador colocando-o profundamente, me fazendo contorcer e
gemer. Ele aumentou a velocidade da penetração e passou a língua
pelo meu mamilo preso.
— Senhor… eu não… aguento mais… — Disse entre gemidos.

— Aguenta sim. — A próxima coisa que senti foi sua língua em


meu clitóris.

— Ahhh... — Gemi alto e tentei me afastar dele. Isso era


tortura… Ele me segurou pela bunda e me puxou mais perto de sua
boca, pressionando ainda mais a língua em meu clitóris. Minhas
pernas ficaram tensas e mordi o lábio na tentativa de conter um
gemido longo que escapou de mim. Deus, eu ia gozar, não
aguentava mais. Foi quando ele parou e se afastou.

— Curve-se. Apoie na cama e afaste as pernas.

Trêmula, eu obedeci, me curvei e esperei.

— Relaxe.

Encostou a ponta do seu pau em minha abertura, e empurrou


uma coisa pequena em minha bunda, mais uma e mais uma... Meu
pai amado, ele sabia como me matar de prazer.

Seja lá o que fossem aquelas bolinhas que eu sentia dentro de


mim, era muito gostoso. O orgasmo estava ali, construindo, comecei
a tremer de prazer e gemidos escapavam de mim, fora do meu
controle, a cada estocada lenta de seu pau.

— Rick, por favor! — Pedi sem fôlego. Sua resposta foi um tapa
ardido na minha bunda.

— Repita. — Havia me esquecido da brincadeira.

— Senhor, por favor… mais rápido.


— Tem que ser assim. Do meu jeito.

— Ah! Eu não vou aguentar mais… — Ganhei outro tapa forte


na bunda, fazendo minha pele pinicar e formigar. Havia me
esquecido de novo. — Senhor.

Então ele puxou uma bolinha para fora de mim, e meu corpo
tremeu forte. Senti que ia gozar a qualquer momento e me forcei a
pensar em outra coisa, mas ele puxou outra bolinha e gritei de
prazer, implorando para que ele me deixasse gozar.

— Por favor, eu não vou conseguir segurar mais… Deixe-me


gozar, por favor, Senhor.

— Você. É. Minha. Diga. Diga pra mim. — Ele ordenou, sem


fôlego.

— Sou sua… para sempre. Senhor.

Do nada, senti suas mãos em meus seios, retirando os


grampos que estavam prendendo meus mamilos. Uma dor forte
tomou conta de mim e senti meus mamilos pulsando e latejando.

— Ah Rick! — eu gritei.

Ele se agarrou em minhas costas, puxou meu cabelo


levantando meu rosto e me beijou enlouquecido, metendo forte.
Soltou minha boca, se afastando um pouco e passou a mão pela
minha bunda.

— Pode gozar, agora.


Me larguei na cama, empinei mais a bunda, me apertando nele
e gozei intensamente, sensações fortes demais se apossaram de
meu corpo, que convulsionava e tremia, enquanto me apertava em
volta de seu pau, meu sexo pulsando. O alívio tomando conta de
mim. Mas por pouco tempo, pois ele se afastou e meteu forte
novamente, de uma vez, enquanto arrancava as bolinhas de minha
bunda.

Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo, quando um


segundo orgasmo quase me rasgou em duas e gritei seu nome,
enquanto ele gozava dentro de mim, seu corpo tremendo, gemendo
alto e ofegante.

— Oh, Jess… foda… — Caiu na cama, me levando com ele.

Segundos depois, ele me puxou até o travesseiro e retirou


minha venda.

— Oi, Anjo. Bem-vinda ao meu mundo. — Pegou as chaves das


algemas e me soltou. — E então? Gostou?

— Rick, estou sem fôlego ainda… Meu Deus! Isso é muito bom!
Não, bom é pouco… e essas bolinhas? Jesus!

— Essas, são contas anais. Elas são presas por um cordão…


você queria o chicote, mas ele não é apropriado para uma primeira
vez.

— Oh, Deus! Vamos fazer de novo? — Perguntei, animada.

— Vamos Anjo, muitas vezes, mas não hoje. — E acariciou


meus cabelos.
Um silêncio se seguiu a essa declaração, e eu sabia que estava
com caraminholas na cabeça. Raspei as unhas em seu peito.

— Estou escutando as engrenagens funcionando na sua


cabeça. O que você está pensando?

— O que você sente por mim? — Me perguntou, incerto.

— Rick, eu te amo. Sei que estamos juntos só há alguns dias,


mas nunca senti isso por ninguém. Quando estou longe de você, só
penso em te ver de novo, estar perto, sentir seu toque, seu perfume.
Parece que é tão certo, como se fosse para ser, entende? Eu não
sei explicar, mas tenho certeza de que te amo. — Respondi, sendo
sincera.

— E você casaria comigo, assim, um dia? — Falou baixinho,


levantando meu rosto para olhar em seus olhos.

Essa pergunta me roubou o ar.

— Porque você está me perguntando isso?

— Porque eu quero você pra mim, para sempre. Quero acordar


ao seu lado. Quero ter filhos com você, quero viver minha vida com
você e envelhecer ao seu lado.

Enquanto ele falava, lágrimas se formaram em meus olhos e


escorreram para o travesseiro.

— Sempre quis isso para mim, Rick. Alguém pra viver e


envelhecer junto, amar essa pessoa incondicionalmente. Mas o que
passei com o Tony…
— Não fale nele, Jess. Eu não sou ele. Nunca faria nada para te
magoar ou machucar. Nunca.

— Vamos pensar nisso mais tarde. É tudo muito recente. Eu…


eu… só não sei. — Disse, balançando a cabeça.

— Sim Anjo, mais tarde. — Beijou de leve meus lábios. —


Vamos tomar um banho e ir para academia? Você vem comigo?

— Não. Irei mais tarde, tenho algumas coisas para fazer. Mas o
banho me parece bom. — Montei nele, o beijando, com segundas
intenções.

— Anjo, você é insaciável. Eu criei um monstro!

— E por falar em monstro, acho que o seu está acordando. —


Rebolei em cima dele.

— Quando você está por perto ele está sempre acordado… —


Me deu um tapa na bunda de brincadeira, levantando e me levando
para o banheiro.

Tomamos banho rapidinho e nos trocamos, entre beijos e risos.


O levei até a porta e lhe dei um beijo.

— Daqui a pouco eu vou para a academia.

— Vou ficar esperando. Peça para quem estiver na recepção


me avisar que você chegou. Ok?

— Sim, Senhor.

— Tchau, Anjo. — Me beijou e foi embora.


Entrei e fui arrumar a cozinha, colocar a roupa para lavar e
arrumar a casa. Eu precisava contratar uma boa governanta para
mim. Assim teria mais tempo para o meu amor. Eu queria tanto ficar
com ele, o tempo todo! Parecíamos adolescentes em início de
namoro. Em três dias de relacionamento eu fiz mais sexo do que em
meu último ano de casada e tive mais orgasmos do que em
qualquer outra época da minha vida.
Capítulo Dezessete

Liguei para Júlia, e a conversa que era para ser rápida,


demorou uma eternidade. Ela queria saber detalhes dos últimos
acontecimentos.

— Bem, agora que serei uma mulher muito rica, pode me dizer
quanto te devo, pelos honorários e tudo mais. — Eu disse, feliz da
vida.

— Não amiga, você não me deve nada, nem um centavo. Ver a


derrota do Tony, no dia da festa, pagou por tudo e mais um pouco.
Agora se quiser me fazer um grande favor e me apresentar para
algum irmão ou primo do Rick, isso sim eu gostaria. Que cara mais
lindo! Por isso você estava indo na academia todo dia, hein?

— Que nada! Se eu te contar que o conheço só há umas duas


semanas, você acreditaria?

— Não pode! E ele está assim, caidinho em tão pouco tempo?

— Pois é. E diz que me ama. Eu também o amo. É uma coisa


estranha, uma sensação de conhecer ele por anos, não semanas.
Junto dele, tudo está tão calmo, tão certo...

— Bem, se você está dizendo, acredito, mas parece meio


impossível pra mim. Eu não acredito em amor a primeira vista. Mas
não é comigo que está acontecendo tudo isso e quero ver você
assim, feliz e animada. Mesmo sem conhecer o Rick direito, eu já
gosto dele.

— Tá certo então, pode deixar. Beijo amiga e até mais.

Dei uma olhada no relógio e já era quase hora das crianças


chegarem. Fiz o almoço e eles entraram correndo, dizendo que
estavam com fome, como sempre.

Depois do almoço, convidei-os para irem à academia comigo,


mas não quiseram, dizendo que estavam cansados. Essa era a
última semana de aula deles e iam mais por farra do que para
estudar, uma vez que já tinham passado de ano.

Me arrumei e como de costume fui andando para a academia.


Um carro preto com vidros escuros estava me seguindo lentamente.
Acelerei o passo e cheguei rápido. Entrei e suspirei aliviada. Na
recepção, perguntei por Rick. Mas a recepcionista disse que ele
havia passado por ali há pouco tempo e que estava fazendo a ronda
nas lojas.

Fui para o salão das máquinas de musculação, peguei meu


cartão e comecei a fazer minhas séries. Sempre procurando Rick no
meio da multidão. Em uma dessas olhadas, notei alguém que não
imaginaria dentro de uma academia, nem em um milhão de anos.
Em seu terno e gravata, Tony se aproximava de mim.
— Podemos conversar? — Ele me perguntou, mantendo certa
distância.

— Não temos mais nada para conversar, Anthony. Daqui em


diante, só através de nossos advogados. Como você conseguiu
entrar aqui?

— Fiz a matrícula e entrei para conhecer as instalações. Amor,


me perdoe. Eu te amo tanto, sinto falta de você e das crianças. —
Passou a mão pelos cabelos. — Prometo nunca mais te trair, ser
atencioso com você. Demonstrarei que te amo todos os dias. Por
favor, me dê outra chance.

Agora, a distância e o volume de sua voz estavam chamando a


atenção de algumas pessoas por perto.

— Pare de drama Anthony, está chamando a atenção de muita


gente e me fazendo passar vergonha. Vá embora, volte pra
Suzanna ou a mulher da vez. Deixe-me em paz.

Ele chegou mais perto.

— Volta pra mim Jess, eu peço perdão por tudo outra vez. A
minha vida não é nada sem você. Eu te amo! — Me agarrou,
beijando minha boca na frente de um monte de pessoas.

O empurrei e plantei a mão no meio de sua cara, o barulho


chamou a atenção dos instrutores, que foram chegando, fazendo
um semicírculo a nossa volta.

— Nunca Tony. Nunca vou voltar pra você e nunca mais me


toque. — Passei as costas da mão na boca, tentando limpar ele de
mim.

— Por favor Jess, não me deixe sozinho. Não sei viver assim.
Foram dezoito anos juntos, pelo amor de Deus!

— Sim, dezoito anos de negligência, humilhações e traições.


Aceite que tudo acabou, Tony.

— Eu te perdoo pela sua aventura com esse marombado, eu sei


que mereci. Volta pra mim, por favor.

— Anthony, você ficou surdo? Não! Estou melhor sem você.


Nunca mais quero te ver, muito menos voltar a viver o inferno que
era minha vida com você.

Alheio a nossa audiência, ele ficou vermelho. E perdendo o


controle, agarrou meu pulso.

— Você vai voltar por bem ou por mal. Você acha que esse
marombado vai querer alguma coisa com uma gorda como você?
Ele só está querendo se divertir as suas custas, sua idiota. Deve ser
alguma aposta aqui dentro ou coisa assim. — Percebendo que eu
empalideci com sua ladainha, continuou. — Ele tem outra gostosa
para comer depois que passa por você. Vamos admitir que você
nunca foi grande coisa na cama, Jess. E não começaria agora, só
porque perdeu algumas gramas. Não se iluda, com esse amor
relâmpago.

— Senhorita Jéssica, esse senhor está te incomodando? — Um


dos instrutores, chegou mais perto.
— Porque podemos dar um jeito nele rapidinho. — Disse outro,
fechando mais o círculo.

— Vocês garotos, saiam daqui, que tem gente mais velha


tentando se entender.— Disse Tony, sem me soltar.

— Sinto muito senhor, mas isso é coação, não uma conversa.


— Outro se juntou ao grupo, batendo um punho fechado na mão,
ameaçador.

— Tony, vá embora. Você está perdendo seu tempo. — Tentei


me soltar.

— O marombado está pagando vocês para isso? Para interferir


na vida dos outros? Deixem-me aqui com minha esposa e vão
cuidar de seus afazeres.

— Ex esposa, pelo que sabemos. Escutamos você dizer que o


patrão só está com ela por causa de uma aposta. Eu, pessoalmente,
posso dizer que, se ele não tivesse tomado a iniciativa primeiro, eu
mesmo teria chamado a Senhorita Jéssica pra sair comigo. Cego é
quem só enxerga o exterior de uma mulher. Se uma pessoa está
fora de forma, ela pode malhar para mudar isso. Mas quem não tem
caráter, não tem jeito não. E acho que essa última, se refere ao
senhor. Um homem que trata assim uma mulher, humilhando, e
usando a força para coagir, não tem caráter. — Disse um deles, me
surpreendendo.
PATRICK

Chegando a academia, encontrei tudo funcionando


perfeitamente e um rapaz me esperando.

— Sr. Swanson, sou Paolo. A agência me enviou para a vaga


de gerente.

— Vamos até meu escritório, por favor. — O levei até lá, peguei
suas referências e mostrei o que deveria ser feito.

O deixei organizando os papéis, enquanto resolvia algumas


coisas, por telefone. Paolo era muito competente e tinha um ótimo
curriculum, mas no início teria que ficar de olho, delegando apenas
algumas coisas mais corriqueiras e ficando ainda com a parte mais
pesada. Com o tempo jogaria tudo em suas mãos e passaria meu
tempo com o meu Anjo.

Conferindo o relógio, vi que já era a hora do almoço e que Jess


não havia aparecido. Olhei meu telefone e nada de mensagem ou
chamada dela. Fiz a ronda pelas lojas, conversei com os
funcionários e parei na lanchonete. Pedi dois lanches de peito de
peru com cheddar, rúcula, tomate e cenoura ralada e um suco de
laranja sem açúcar, com gelo.

Eram duas e meia da tarde. Eu estava faminto. Terminei de


comer e, quando ia me levantar, notei uma agitação no salão de
musculação. Alguns instrutores estavam circulando uma pessoa e o
bate boca estava aumentando. Eles se insinuavam para cima do
homem e eu temi pelo pior. Cheguei perto e o que vi, fez meu
sangue esquentar. A fúria tomou conta de mim e me contive para
não voar no pescoço do idiota.

Jess estava sentada na adutora e o ex marido dela ali,


segurando seu pulso. Os instrutores estavam em volta, discutindo
com o maldito, tentando retirá-lo do local.

Olhei para o canto atrás deles e vi que a câmera estava


filmando tudo. Puxei meu celular do bolso e liguei para a polícia.
Jess tinha uma liminar contra ele e eu iria usá-la. Em questão de
minutos os policiais chegaram à recepção. Expliquei o que estava
ocorrendo e eles partiram na direção do canalha. Fiquei distante,
para me segurar, pois se chegasse muito perto do desgraçado, não
responderia pelos meus atos. Pelo menos, enquanto ele estivesse
segurando meu Anjo.

Quando os policiais estavam com ele algemado e carregando


para fora, entrei na frente dele.

— Ninguém mexe com o é meu. É melhor você ficar esperto e


nunca mais chegar perto dela. Você não soube cuidar do que tinha e
perdeu. PERDEU, entendeu? Não volte aqui ou da próxima vez, não
acabará assim, com a polícia te levando.

O desgraçado apenas sorriu para mim.

— É melhor você ficar esperto, senhor Patrick Swanson. Sei


coisas sobre você e não vou ficar quieto. Aproveite enquanto pode.
E ela é minha, sempre foi e sempre será. Ou não será de mais
ninguém.

Me virei para o policial.


— Vocês ouviram ele nos ameaçando? Não se esqueçam de
colocar isso no relatório.

— Fique tranquilo Rick, cuidaremos muito bem desse aqui. —


Disse Ethan, que era policial, mas frequentador da academia desde
sua abertura.

— Valeu Ethan, te devo essa. — Dei um tapinha em seu ombro.

— Até mais, Rick. — E se foram levando o maldito até a viatura.

Corri até Jess, que estava branca como cera.

— O que aconteceu, Anjo? O que ele fez?

— Nada Rick, está tudo bem... Vamos esquecer que isso


aconteceu. — Me abraçou forte.

— Como ele conseguiu entrar aqui? E vocês garotos, obrigado.


— Disse aos instrutores, que ainda estavam rodeando Jess.

— Escutamos ele dizer que fez a matrícula e que estava


conhecendo as instalações. Você tem certeza que não precisa de
nada, Jéssica? — Perguntou Marcos.

— Podem ir agora rapazes, eu cuido dela. Sozinho! — Enfatizei,


para que nos deixassem.— Vem Anjo, vou te levar para casa. As
suas coisas estão no vestiário? — Perguntei, puxando-a pela mão.

Ela negou com a cabeça, estava pálida ainda. Seja lá o que o


maldito disse, mexeu com ela. Isso não ficaria assim. De jeito
nenhum.
— Eu não trouxe nada hoje, só a toalha e o cartão de acesso.
Rick, eu não quero ir para casa. As crianças estão lá e vão perceber
que alguma coisa está errada.

— Para minha casa, então. Só vou avisar para o gerente e


vamos.

JÉSSICA

Andamos até seu escritório, nos fundos do salão e ele disse


alguma coisa para o rapaz que estava lá, mexendo em alguns
papéis. Ele me cumprimentou e eu respondi, sem prestar atenção.
As palavras da Júlia sobre nosso amor ser impossível e as palavras
de Tony, envenenavam minha mente, me fazendo pensar em mil e
uma possibilidades. Será que existia alguma coisa, por trás desse
comportamento apaixonado do Rick? Será que ele tinha outra
mesmo?

Quando estávamos saindo, ele com o braço por cima de meu


ombro, acariciando meus cabelos com a mão e eu abraçada a sua
cintura, percebi uma morena dizendo oi para ele e ele não dando
nenhuma atenção. Isso era incomum, pois sempre cumprimentava
quem quer que fosse. Ela me olhou de cima abaixo, e eu e a
encarei.

Seu olhar era penetrante e ela visivelmente não estava


gostando de me ver abraçada com ele. Um sentimento de posse
tomou conta de mim e um sorriso cresceu em meu rosto. Ele é meu
queridinha. Pode ficar brava o quanto quiser. Ele é meu! Escutei o
diabinho falando em minha cabeça. E não é que ele tinha razão?

— Quem é a morena?

— Que morena?

— Humm, resposta errada. Aquela morena ali, que te deu oi e


você não respondeu. Vai me dizer? — Parei no meio do caminho,
olhando em seus olhos.

— Ok, tá certo. Sem mentiras. Ela é uma ex que não aceitou


bem o rompimento. Só isso.

— Certeza, que é ex? — Estreitei meus olhos.

— Sim Anjo, ela é ex. Sou todo seu e só seu. Está com ciúmes?
— Sorriu, dando um beijo leve nos meus lábios.

— Sim. Não gosto de compartilhar o que é meu. — Passei os


braços em seu pescoço.

— Você não corre esse risco. Se você soubesse o quanto eu te


amo, nunca, nunca mesmo pensaria isso. — Me beijou
profundamente, me estreitando em seus braços.

— Olha só o que você faz comigo. Já estou toda derretida e te


querendo dentro de mim. De novo. — Puxei o ar entre os dentes, de
leve.

— Ah, Jess, não fale assim, a menos que você queira voltar
para o meu escritório, agora! — Me abraçou mais apertado,
esmagando sua ereção em mim.
— Oh, Deus. Isso não está certo. Não é certo te querer desse
jeito. Não penso em mais nada quando você me beija assim,
quando você me olha, ou sorri desse jeito pra mim, mostrando essa
covinha linda. — Passei o dedo em sua bochecha, seu sorriso
aumentando.

— Ah, está sim. Sou louco por você também, Anjo. Sempre que
estou perto de você fico duro como pedra. Quero você a toda hora.
Na realidade, você nem precisa estar perto para eu te desejar. É só
eu pensar em você que fico assim. Então, não vamos te deixar
querendo. Vamos logo pra minha casa. — Me puxou pela mão em
direção à saída. Olhei para trás e dei um sorrisinho para a morena
que estava observando tudo. Ele é meu, entendeu?
Capítulo Dezoito

Em menos de dez minutos estávamos na garagem do prédio


dele. Ele saiu do carro e fez um sinal para que eu esperasse. Veio
até minha porta e abriu. Colocou a mão na minha coxa e puxou para
fora, abrindo minhas pernas. Virei o corpo em sua direção e ele se
encaixou em mim.

— Um dia, vou te comer assim, aqui na garagem. Se você


estivesse de saia, seria tão fácil, tão bom. Tão proibido.

Se esfregou em mim, demonstrando a facilidade. A altura do


carro era perfeita e quem olhasse de longe, não perceberia. Um
calor tomou conta do meu corpo e me vi querendo tanto quanto ele.

— Venha, vamos subir.

Chegamos ao elevador e ele ficou passando o polegar pelos


nós dos meus dedos, impaciente. Quando ele chegou estava vazio
e entramos. As portas se fecharam, nos prendendo dentro. Olhei em
seus olhos e um arrepio me percorreu, dava quase para ver o plano,
formando-se em sua cabeça. Ele se aproximou lentamente, me
prendeu na parede com os quadris e me beijou. Um beijo
possessivo, devorador, de arrepiar os cabelinhos da nuca. Sem
fôlego ele se afastou e olhando dentro de meus olhos, sussurrou.

— Você é minha? Só minha? Para sempre?

— Sou toda sua Rick. Para sempre. Você pode fazer de mim o
que quiser. — Me derreti em seus braços.

— Humm... venha.

As portas do elevador se abriram e ele abriu a porta do


apartamento.

— Maria, não estou pra ninguém. — Sem olhar para ela, foi me
puxando para seu quarto. Eu acenei, sorrindo sem graça. Ela
retribuiu o cumprimento, sorrindo abertamente, visivelmente feliz por
ele.

Entrando no quarto ele fechou-a atrás de si. Percebi que sua


postura mudava, parecendo mais ereto, seu rosto mais sério e sua
voz mais firme, quando me olhou e ordenou.

— Tire a roupa, Jéssica. Fique só de calcinha.

Rapidamente obedeci e tirei tudo, ficando só com minha


calcinha fio dental de renda negra.

— Você foi uma menina má hoje, quando não me contou o que


o maldito falou para você. Por isso vou te colocar em meus joelhos e
espancar sua bunda.
Senti o sangue subindo para meu rosto, corando minhas
bochechas. O pensamento de estar nua, em seus joelhos e sentir
sua mão em minha pele, causou uma inundação imediata entre
minhas pernas. Ele se sentou na cama, colocou um travesseiro ao
seu lado e me estendeu a mão.

— Venha, deite-se em minhas coxas.

Fiz o que me pediu e deitei, ficando com a cabeça e o peito no


travesseiro, com a bunda empinada em seu colo.

— Você quer ter a bunda espancada, Jéssica? Diga.

— Sim senhor, quero que espanque minha bunda. — Eu estava


totalmente sem fôlego e ele mal tinha me tocado.

— Se lembra da sua palavra de segurança? Se for demais, é só


dizer, que eu paro. — Passou a mão pela minha bunda,
contornando a calcinha. — Sua bunda fica tão linda com essa
calcinha enfiada nela.

Borboletas encheram meu estômago e uma vertigem tomou


conta de mim. Eu queria isso mesmo? Ah, você quer ser espancada
pelo bonitão. E ser bem fodida também! Disse o diabinho, na minha
cabeça. Como sempre ele estava certo e me vi rebolando sob sua
mão.

— Olhe para mim. — Sua mão alcançou meu cabelo,


colocando-o atrás da orelha. — Quero ver seu rosto, enquanto bato
na sua bunda.
Sua mão acariciava toda a minha bunda e sem aviso ele a
levantou e bateu em mim. Minha pele pinicou e ardeu, mas, ao
mesmo tempo, tudo dentro de mim se apertou e o ar escapou de
meus pulmões... Rick realmente sabia como me levar à loucura.

—Mais seis dessas. — E acariciou aonde tinha batido.


Levantou a mão e desceu com tudo no outro lado. Estremeci e senti
meus mamilos enrijecerem. Acariciou e bateu, intercalando os lados
e acariciando, após cada batida. Seus dedos se insinuaram por
baixo da minha calcinha, tocando meu sexo. Puxou-a para baixo,
até meus joelhos.

—Abra as pernas. Você quer ter sua boceta espancada? Diga


pra mim.

Oh céus, eu queria tudo o que ele me desse.

—Quero, quero ter minha boceta espancada. Por favor, senhor.

Seu rosto se transformou e vi refletido nele, todo seu desejo,


sua vontade de mim e seu amor. Abri as pernas e senti seus dedos
me acariciando.

— Você está sempre tão pronta pra mim. Eu quero isso aqui.
— Enfiou dois dedos em mim, bombeando devagar. Retirou os
dedos e subiu um pouco, espalhando minha umidade. —E quero
isso aqui também. — E colocou os dedos em minha bunda, me
fazendo estremecer e me apertar neles. Um gemido escapou dele,
enquanto o meu era abafado pelo seu dedão que acariciava minha
bochecha e escorregou para a minha boca. Retirou os dedos de
mim, levantou a mão e me acertou no meio das pernas.
Puta que pariu, que sensação deliciosa!

A dor que senti se perdeu no meio da corrente elétrica, que


atravessou meu corpo. Meu clitóris latejava e tudo dentro de mim
pulsava. Quase gozei, só com a força de sua mão em minha carne
úmida.

— De novo... Faz outra vez, por favor... — Gemi, abrindo os


lábios um pouco mais, chupando seu dedo mais para dentro. Ele fez
de novo e senti meu corpo convulsionando e mordi seu dedo de leve
enquanto gemia baixinho, arrancando outro gemido dele. Ele me
deu mais dois tapas na bunda.

—Seis. Mas você ganhou mais um, por pedir mais.

Abrindo um pouco mais minhas pernas, ele abaixou a mão em


meu sexo, acertando as pontas dos dedos em meu clitóris. Sem
conseguir me conter, gritei e gozei em seu colo, meu corpo
tremendo e meus olhos grudados nos dele.

—Te olhar gozando é a coisa mais linda do mundo.

Me levantou, minha calcinha escorregou e caiu no chão. Ele


arrancou a camiseta e jogou longe. Abriu sua calça e abaixou, sem
retirar totalmente.

—Me monte, Anjo. Te quero em cima de mim, me enterrar bem


fundo em você, olhando em seus olhos. Quero te ver gozar, de
novo.

Me olhou, com tanto desejo que, rapidamente eu estava


montada nele, de pernas abertas.
—Me coloque dentro de você.

Suas mãos foram para meu pescoço, segurando minha cabeça


para um beijo devastador. Me posicionei e coloquei a ponta de seu
pau em minha entrada, descendo devagar. Gememos na boca um
do outro, ao sentir nossos sexos se fundindo. Deixei entrar todo,
rebolando nele, que gemeu outra vez.

—Assim você me mata, Anjo. Essa bocetinha quente, molhada


e me apertando tanto.

Aprofundou o beijo, me lambendo, me levando a loucura.


Comecei a me mover sobre ele, subindo e descendo, me agarrando
em seu pescoço, enfiando os dedos em seus cabelos. Sua mão
desceu até meus quadris e assumiu o controle dos movimentos,
aumentando a velocidade.

— Ah, Rick!

Seus lábios deixaram os meus, escorregando pelo meu


pescoço, lambendo seu caminho aos meus seios. Abocanhou meu
mamilo e me bateu na bunda. Gritei de prazer, me apertei nele,
meus músculos internos convulsionaram e achei que ia gozar outra
vez. Me segurei e outra palmada ardeu, me levando a um orgasmo
poderoso.

Ele não me deu trégua e se deitou. A nova posição, fez ele ir


mais fundo, tocando naquele pontinho especial dentro de mim a
cada estocada. Jesus!

Me segurou pela bunda, com um braço, impedindo meus


movimentos e começou a se mover insanamente, bombeando
rápido. Com a outra, ele me afastou e me colocou sentada, indo
para meu sexo, se movendo sobre meu clitóris, na mesma
velocidade de suas estocadas. Gozei novamente, sem poder
impedir, achando que iria desmaiar de prazer, sem fôlego, gemendo,
olhando em seus olhos.

Um gemido estrangulado saiu de seus lábios, e ele parou,


enfiando fundo em mim, seu rosto vermelho, sua mandíbula tensa,
enquanto eu rebolava nele, em um orgasmo sem fim.

Achei que tudo tinha acabado, mas me enganei feio. Ele me


puxou e rolou na cama, ficando por cima de mim e tirando a calça
com os pés.

—Que coisa mais linda que você é, Anjo. Não vou me cansar
nunca. Quero te ver gozando de novo.

— Não dá mais, Rick. Acho que vou desmaiar.

—Não vai não, Anjo, não vou deixar. — Começou a se mover


outra vez, me imobilizando, embaixo dele. — Te quero louca, Anjo.
Alucinada, se contorcendo de prazer, sem controle. — Desceu pelo
meu corpo até o V de minhas coxas e me lambeu daquele jeito
delicioso, se aprofundando lentamente, lambendo e chupando, sua
mão em meu seio apertava o bico, rolando entre os dedos.

Louca de prazer, eu gemia e já não tinha noção de mais nada, a


não ser aquela boca em minha pele.

—Olhe aqui, Anjo. Veja minha boca em você.


Levantei-me nos cotovelos e o que vi foi a coisa mais erótica da
minha vida. Estremecendo incontrolavelmente, gritei ao sentir seus
dedos invadindo minha bunda.

Ele se ajoelhou entre minhas pernas e alinhou seu pau em


minha entrada de trás. Agora eu morreria. O prazer de sentir ele
enfiado, em minha bunda era inenarrável, alucinante, mágico, me
transportava para um lugar onde nada mais importava a não ser nós
dois, corpos fundidos e suados. Ele entrou devagar, mordendo o
lábio inferior e, fechando os olhos, gemeu alto. Seu gemido, junto
com a invasão de seu pau, me deixou louca e o enlacei com minhas
pernas, trazendo-o mais perto, fazendo ele entrar todo em mim.
Minhas pernas tremiam, tensas. Ele se deitou sobre mim, e segurou
meu rosto, me encarando.

— Anjo, eu te amo. — E começou a se mover, com estocadas


lentas. —Quero você pra mim, só para mim. Não vou esperar mais.
Vem morar comigo, quando eles se mudarem?

Hã? Agora era hora dele falar sobre isso? Enterrado em minha
carne com o orgasmo me perseguindo loucamente? Eu não
lembrava nem do meu nome, como tomar uma decisão dessas?
“Tonta, o que você tem a perder? Vai querer ficar sozinha naquela
casa enorme?” Disse meu diabinho. E então me vi respondendo.

— Sim, Rick, eu venho morar com você.

Um sorriso se abriu naquele lindo rosto e ele me beijou, me


devorando e aumentando suas estocadas, gemendo em minha boca
e eu na dele. Seu ritmo implacável, logo nos levou ao limite e gozei
mais uma vez, quase perdendo a consciência. Ele se retirou de mim
e gozou em minha barriga, chamando meu nome, com a cabeça
jogada para trás.

— Mulher, vamos nos matar de tanto fazer amor. — Ele disse,


se deitando sobre mim, apoiado nos antebraços.

— Uma morte tão boa... — Falei baixinho, beijando-o de leve.

— Você não vai se arrepender de morar comigo.

— Eu te amo, amor. Muito, muito, muito.

— Vamos tomar uma ducha?

— O que? Não consigo nem me mexer... Acho que vou ficar


uma semana sem poder andar depois de tudo isso. — Ri da sua
cara de espanto. Saiu de cima de mim e se deitou ao meu lado.

— Vamos molenga, levantando dessa cama, já! — Foi até o


banheiro, pegou uma toalha e me limpou.

— Ok, ok, já estou levantando. Daqui quinze minutos. — Me


ajeitei nele.

***

Acordei sobressaltada, meio desnorteada sem saber onde


estava e principalmente sem o Rick!

Escutei sua voz, no banheiro. Ele discutia com alguém e estava


muito bravo. Após algum tempo ele saiu, passando as mãos pelos
cabelos, abalado.

— O que aconteceu? Alguma coisa grave?


— Um idiota lá do hotel não consegue fazer seu trabalho. Vou
ter que ir até lá

— Não entendo o porquê de tanto alarde. Vá lá e resolva.

— Acontece que esse hotel, fica do outro lado do país. Vou ter
que ficar por lá alguns dias. Mas volto até sábado, para o
aniversário do meu pai. Você vai comigo né?

— No aniversario do seu pai? Sim, eu vou.

— Não, para o hotel. Vai comigo? Não conseguirei ficar longe


de você, todos esses dias.

— Rick, eu não posso ir com você. Tem as crianças, não posso


largá-los assim.

— Anjo, eles já são maiores de idade. Logo vão morar sozinhos.

— Sim, eu sei, mas até lá quero ficar com eles. Não vai ser tão
ruim assim. Temos celulares, internet e chamadas de vídeo. Vai dar
tudo certo, amor. — Me levantei e fui até ele, o abraçando.

Ele se agarrou a mim, trêmulo.

—Calma amor, não é o fim do mundo. Vamos ficar bem.

— E se você resolver que não me ama mais, enquanto


estivermos longe? — Me olhou nos olhos e vi que sua dúvida era
genuína.

— Rick, eu te amo. Uns dias distante de você, não vai mudar


isso. — O beijei.
Seu celular tocou novamente e ele se afastou.

— Odeio quando começa a dar problemas em todo lugar. Alô.


— Eu escutei alguém falar do outro lado. — Que parte você não
entendeu? Fui bem claro com você. Acabou, entendeu? Não me
ligue mais. — E desligou.

— Deixe-me adivinhar. A morena da academia?

— Ela não desiste. Mas eu só me importo com você. Você vai


ficar bem, sozinha? Vou dobrar a segurança na sua casa. Caso
precise sair, leve alguém com você.

— Qualquer coisa, pra te ver mais calmo. — Passei a mão em


seus cabelos. — Vamos tomar um banho e você me leva pra casa.
Quer ajuda pra arrumar sua mala? Você vai quando?

— Saio assim que liberarem o plano de voo. Creio que em uma


hora.

— Plano de voo, hein? Tem um jatinho particular, te esperando


no aeroporto? — Brinquei com ele.

— Sim, a tripulação já está avisada. Mandei um texto para o


piloto e ele vai arrumar tudo.

Fiquei olhando para ele, como uma boba. O que era só a


academia, se transformou em um hotel e avião particular. O que
mais ele esconderia de mim?

— O que foi, Jess?


— O que mais você não me disse? Do nada surgiu um hotel e
um avião particular...

— Ah, Anjo, sei lá, não sou muito de ficar alardeando sobre o
que eu tenho. Tenho uma rede de hotéis, oito no total. Herdei meu
primeiro hotel, aos dezenove anos, quando meu avô morreu. De lá
pra cá, fui trabalhando, estudando e expandindo. E é isso aí.

— Fico orgulhosa de você, amor. Não é fácil conseguir tudo isso


sozinho.

Ele corou forte.

—Vá tomando banho, que eu vou arrumar alguma coisa pra


levar, depois te deixo em casa e vou para o aeroporto.

Tomei uma ducha, me troquei rapidinho e fiquei olhando ele,


ainda nu arrumando a mala. Que bela visão ele era.

— Vou tomar uma ducha rápida e já venho. Sinta-se em casa,


afinal logo você virá morar aqui. — Me deu um beijinho e entrou no
banheiro.

Arrumei a cama e me deitei, olhando em volta. Um quadro na


parede, me chamou a atenção e me aproximei. Era um desenho, de
uma mulher em uma praia. Não, não era uma mulher qualquer, era
eu!

— Lindo, não é? Eu que fiz.

— É demais. Você tem muito talento.

Ele me abraçou por trás, enterrou o rosto em meus cabelos.


— Nada se compara ao original. Vamos.

***

Logo estávamos parando em frente de casa.

—Vou passar na academia, para avisar que vou ficar alguns


dias fora e depois vou para o aeroporto.

—Quando chegar ao hotel, me mande uma mensagem ou me


ligue, ok?

—Pode deixar anjo. Te amo. Promete me ligar sempre?

—Aham, ligo sim. A gente pode se ver, por vídeo, também.

—Humm, isso vai ser muito gostoso. Já estou até tendo umas
ideias... — E me beijou de leve. —Tchau Anjo, sonha comigo.

—Tchau amor, você também. Mas, ei! Vou falar com você outra
vez, antes disso.

—Sim eu sei, mas é só para não perder o hábito.

Eu ri alto, enquanto ele dava partida no carro e se afastava. Ele


era um piadista. E tão carinhoso, tão gostoso e tão meu.

Dei um oi para o Chris, que ainda estava lá, coitado. Faria um


suco gelado e traria para ele, com um lanche. Não devia ser fácil
ficar ali parado o dia todo. Entrei em casa, pensando em Rick e sua
proposta...
Capítulo Dezenove
Entrei e fui fazer o lanche para o pobre coitado do Chris. Pão,
maionese, alface, peito de peru e queijo. Acho que está bom, um
copo de suco gelado para completar e pronto. Coloquei em uma
bandeja e levei para fora.

— Chris, olha, um lanchinho pra você. Não é fácil ficar aqui, o


dia todo de guarda. — Estendi a bandeja para ele.

— Obrigado Senhorita Jéssica, mas não precisava se


preocupar. A senhorita Camille tem me trazido lanches, água ou
suco gelado regularmente. — Pegando a bandeja, ele foi para um
canto protegido do sol, onde tinha uma cadeira e um ventilador.
Reconheci como sendo itens de dentro de casa.

Alguém estava cuidando muito bem do nosso segurança e eu


sabia quem era. Pelo jeito, não foi só o Erik que caiu de amores por
alguém.

O Senhor Cupido estava trabalhando bastante esses dias.


Balançando a cabeça, eu entrei em casa novamente. Lembrei-me
da correntinha com crucifixo que eu havia comprado há anos, mas
nunca tinha usado, porque as crianças acharam muito masculino.
Peguei, embrulhei e escrevi um bilhete. Desci e pedi para o Chris se
ele poderia levar até a academia, já que era quase hora da troca de
turno da segurança. Ele se despediu e saiu.

PATRICK

Cheguei à academia e fui falar com Paolo, o novo gerente, que


ficou muito satisfeito com a confiança depositada nele e me garantiu
fazer o seu melhor, na minha ausência. Já estava saindo, quando
Chris chegou e me entregou um pacote, disse que Jess havia
mandado. Abri e dentro estava uma corrente fina de ouro, comprida
com um crucifixo. Junto tinha uma nota.

“Use. Para dar sorte na viagem.


Sua, Jess.”

Coloquei a corrente e coloquei para dentro da camisa. Ela era


tão preocupada e tão carinhosa.

Droga de viagem! Teria que largar Jess sozinha, para ir resolver


um assunto idiota. Não que desfalque fosse um assunto idiota, mas
um assunto que o imbecil poderia ter resolvido sem minha presença.
Bem simples de resolver, para falar a verdade. Provas. Polícia.
Demissão. Processo. Fim de papo.
Deus! Quase me esqueci de ligar para Pam, minha prima
responsável pela vigilância eletrônica. Precisava das imagens da
semana em um pen drive, para o caso de um processo contra o
maldito. Assim que chegasse ao aeroporto, mandaria uma
mensagem de texto pedindo.

Sem trânsito, cheguei ao aeroporto minutos depois.

Entrei e fui recebido pelo piloto.

— Boa tarde, Sr Swanson. Deveremos partir em dez minutos.


Hoje teremos uma comissária nova, nos auxiliando durante o voo.
Espero que não seja nenhum problema.

— O que aconteceu com a Srta McKenna? — Estranha essa


mudança abrupta.

— Sua mãe está no hospital, passará por uma cirurgia em


breve, então ela não pode comparecer e pede que a perdoe pela
falta.

— Bom, não escolhemos o dia para adoecer. Diga a ela que


não se preocupe com nada. — Fui me sentar, mandando a
mensagem para Pam, pedindo as imagens.

De repente, uma voz conhecida, me fez sobressaltar.

— Boa tarde, Sr. Swanson, hoje serei sua comissária de bordo.


Posso providenciar algo para o Senhor?

Cindy! O que ela estava fazendo aqui e como assim, comissária


de bordo?
— Não, está tudo bem, por enquanto. Mas me diga, o que
diabos você está fazendo aqui? De comissária?

— Bem, era para ser uma surpresa, uma boa surpresa. Tentei
avisá-lo mais cedo, quando me ligaram e passaram minha escala,
mas você não quis me ouvir. Então, aqui estamos, confinados nesse
avião por horas, praticamente sozinhos e eu só para te servir.

— Esse tom sexy não funcionará, Cindy. Acho que deixei bem
claro que acabou entre nós.

— Sim, Rick, deixou bem claro. E eu, deixei bem claro que não
iria embora de sua vida. Não vou parar de frequentar a academia ou
ignorar quando for escalada para esse trabalho. Cabe a você fazer
bom uso desse tempo, ou não.

— Obrigado Cindy, mas aqui só encontrará trabalho se você se


comportar como uma profissional. Caso contrário, eu terei que fazer
uma reclamação formal.

— Ok, entendido. Coloque seu cinto, por favor. Decolaremos


dentro de alguns minutos. — Se virou e entrou na cozinha do avião,
puxando a cortina, atrás de si.

Coloquei o cinto e me recostei na poltrona.

Jess... Ela era ciumenta e não tinha medo de demonstrar isso.


Se soubesse que Cindy era a comissária, não gostaria.

Ela me surpreendeu, quando aceitou ser espancada em meu


quarto. Aceitou e adorou, pelo jeito que se entregou a mim, como
respondeu aos tapas, seu rosto corado, seus olhos vidrados de
prazer. Suspirando e gemendo, me pedindo mais, gozando em meu
colo, sob minha mão e depois na cama... Hummm, só de lembrar
meu corpo já respondia, ficando duro e pronto para ela.

Um pigarrear me tirou de minhas lembranças.

— Senhor, estamos prontos para decolar. — Seus olhos caíram


para o volume da minha ereção, em minhas calças. — Tem certeza
que não precisa de nada? — Completou em voz baixa, passando a
língua pelos lábios.

— Cindy... Não faça isso com você.

— Tudo bem, ninguém pode perder por tentar. — Voltou para


seu lugar, próximo a cabine do piloto atrás de mim e fechou a
cortina.

Novamente sozinho, me ajeitei na poltrona, meus pensamentos


correndo de volta para Jess. Como eu conseguiria ficar longe dela
tanto tempo? Longe de seu amor, de seus carinhos, de seu corpo
quente e maravilhoso... Tão meu. Peguei meu celular e tirei uma
foto minha, recostado e mandei para ela.

Quando o avião começou a se mover, recebi a resposta.

Tem alguma coisa para me contar?

Como assim, de onde ela tirou isso? Respondi rapidamente.

Por que está me perguntando isso, Anjo?

A resposta chegou mais rápida ainda, como se já estivesse


pronta para mandar.
Dê uma boa olhada na foto que você me mandou e pense
bem na sua resposta. Essa é a sua única chance de se explicar.

Saí das mensagens e entrei na galeria de imagens do celular. A


foto que eu acabei de tirar... Cadê a maldita foto...

Porra! Na foto, atrás de mim, Cindy sorria descaradamente. E


agora? Merda!

Não pude fazer nada, ela já tinha tudo acertado e agora não
há o que fazer. Mas não se preocupe que eu já a coloquei em
seu devido lugar. Eu te amo, confie em mim, por favor.

Mandei. Hein? Sem sinal? Eu tenho que mandar essa


mensagem, agora!

Tirei o cinto de segurança e fui para a porta do avião, que já


estava fechada, o que era óbvio, já que o avião já taxiava pela pista.
Puxei a porcaria da alavanca e nada.

— Cindy, venha abrir a porra dessa porta, já! — Gritei para ela,
que veio correndo da cabine do piloto.

— Rick, não podemos abrir a porta da aeronave, já estamos


taxiando. Vá se sentar e coloque seu cinto de segurança.

— Argh! Saia da minha frente. — Segui para a cabine do piloto.

— Armand PARE O AVIÃO!

Ele se sobressaltou com a minha presença, mas acatou a


ordem e parou a aeronave.

— Agora Cindy, abra a maldita porta!


— Ok. Já estou abrindo. — E ela fez seu truque.

Assim que ela abriu a porta, coloquei a mão para fora,


procurando sinal. Graças a Deus, apareceu duas barrinhas e a
mensagem foi enviada.

— Pronto. Pode fechar. — Voltei para minha poltrona,


suspirando aliviado. — Cindy esse será seu último voo, como minha
comissária de bordo. Não vale a pena o risco. Por que você se
enfiou atrás de mim, na foto? Posso saber?

— Ah, querido, eu queria que você tivesse uma última


recordação minha. — Ela foi se chegando e se curvou, passando a
mão pelo meu peito, arrastando as unhas, como ela sabia muito
bem que eu gostava. Mas não obteve nenhuma reação da minha
parte. E percebeu isso, pela minha expressão fria e depois, com seu
olhar, seguindo para meu zíper.

— Ceeerto... entendi. Não pode me culpar por tentar.


Novamente. — Se virou e tornou a sumir na cabine do piloto.

Maldição. Por que tudo estava saindo errado para mim? O que
mais eu teria que passar para poder ficar em paz com a Jess?

Mais tarde fiz um jantar para nós. Ficamos conversando e rindo


das besteiras da Camy. Erik foi o primeiro a subir e fiquei sozinha
com ela.
— Sabe, hoje eu fiquei sabendo de uma coisa bem
interessante... Fui levar um lanche para o Chris, por ficar o dia todo
lá fora cuidando de nós, quando ele me disse que você anda
fazendo isso, regularmente, desde que ele veio cuidar de nós.
Levou até uma cadeira e ventilador para ele. Foi muito bonito de sua
parte filha. — Esperei sua reação. Camy ficou vermelha, olhou para
baixo e começou a gaguejar.

— Eu... eu... só queria ajudar. Coitado, lá fora...

Eu comecei a rir dela. Ri tanto que ela começou a rir comigo.

— Filha, eu te conheço. Você está caidinha pelo Chris, assim


como o Erik está pela Layla.

— Ah mãe, é verdade. Ele é tão lindo, que eu não resisti.


Aqueles cabelos pretos bagunçados, seus olhos verdes lindos... —
Suspirou.

Parei de rir e cheguei perto dela, abraçando-a.

— Filha, tome cuidado. Ele é muito mais velho que você, mais
experiente. Não vá machucar esse coraçãozinho, tá?

— Pode deixar mãe, parece que meu interesse está sendo


correspondido. Vamos sair na folga dele e ver no que dá.

— Nossa Senhora Camy, você não perde tempo hein?

— Xi mãe, você está tão envolvida com o Rick, que não tá


prestando muita atenção no que está acontecendo a sua volta não?
Você acha que a gente não percebeu que o Rick dormiu aqui? Não
somos bobos e nem surdos. — Foi minha vez de ficar vermelha.

— Como assim? Vocês tinham ido dormir...

— Você acha mesmo que, só porque fomos pro quarto, a gente


tava dormindo? Escutei ele entrando, subindo as escadas e
trancando a porta do seu quarto. Fiquei esperando pra ver se ele ia
embora, mas nada dele sair. Daí, acabei dormindo também. E a
noite deve ter sido boa, porque você até perdeu a hora. — E morreu
de rir de mim.

Ri junto, porque não tinha mais jeito. Dei boa noite para ela e
subi.

Foi o voo mais longo da minha vida. Fui direto falar com o
gerente-geral do hotel. A coisa era pior do que parecia, não era um
desfalque qualquer. Ele havia descoberto uma verdadeira quadrilha,
agindo dentro do hotel. Juntamos as imagens em um pen drive e
pedimos que um detetive de polícia viesse ao hotel. Quando ele
chegou, explicamos a situação, entregamos o pen drive e a partir
daí era com eles. Eles deveriam pegar os integrantes da quadrilha
em flagrante.

Ficaram de monitorar as câmeras de segurança a partir da


manhã seguinte e agir na hora certa.
Sem mais nada a fazer, a não ser esperar pelo dia seguinte, fui
para o restaurante do hotel, já era tarde e eu estava faminto. Fiz
meu pedido e enquanto esperava a comida chegar, eu liguei para
Jess. Precisava ouvir a voz dela antes de dormir e se deixasse para
depois, ficaria tarde demais. Ao segundo toque ela atendeu.

— Oi, recebeu minha mensagem?

— Oi, amor, recebi sim. Ela aprontou então?

— Sim, cheguei ao avião e ela era a comissária de bordo. Disse


que já tinha tudo preparado e que deveria ser uma surpresa, mas
acabou não sendo.

— Me diz uma coisa... Quando foi a última vez que você ficou
com ela?

Passei a mão pelos cabelos, suspirei fundo e respondi.

— Um dia antes de te conhecer. — Esperei por sua resposta.

— Humm... Agora entendo o porquê da olhada que ela me deu.


Não deve ter ficado muito feliz, com a sua escolha. Queria que
entendesse minha reação. Não é o caso de confiar ou não em você,
mas uma foto é uma foto, não tem como mudar. E quando eu a vi,
ao fundo, meu sangue ferveu de ódio.

— Anjo, fica sossegada. Se fosse o contrário, eu ficaria puto


também. Mas não aconteceu nada, eu juro.

— Eu acredito em você. O que você está fazendo agora?


— Esperando o jantar, no restaurante do hotel. Depois vou
direto para o meu quarto.

— Me liga quando estiver na cama... Sinto tanto sua falta, estou


com tanta saudade.

— Assim que eu colocar o pé dentro do quarto te ligo, Anjo.

— Ok, vou deixar você comer então. Beijo, amor.

— Beijo, até depois. — Desliguei, na mesma hora em que


minha comida chegou. Pedi um vinho para acompanhar, ajudaria a
relaxar, depois de tantos problemas.

A comida estava deliciosa e o vinho muito bom, como sempre.


O restaurante do hotel era um cinco estrelas e o Chef era muito
famoso e competente. Durante o jantar eu havia tomado duas taças
de vinho. Estranho, minha cabeça estava pesada, como se eu
tivesse bebido a garrafa inteira. Devia ser o cansaço da viagem
batendo. Saí do restaurante e fui até o elevador. O chão estava se
mexendo e eu me sentia meio tonto, com muito sono.

JÉSSICA

Quando cheguei ao meu quarto, meu celular tocou e corri para


atender, sabendo que era ele.

Ao ouvir sua voz, meu coração falhou uma batida. Era como se
fizesse dias que não o ouvia e não horas. Conversamos um pouco e
ele me garantiu que quando chegasse ao quarto, ia me ligar de
novo. Esperei uns vinte e cinco minutos e então meu celular vibrou,
com uma mensagem de um número restrito.

Abri e comecei a ver meu amor andando... Ele falou alguma


coisa, mas o som estava muito ruim. De repente, a coisa toda
mudou e Cindy apareceu no vídeo e eles começaram a se beijar.

Eu não estava acreditando. Ele também?

Eles foram arrancando as roupas e direto para a cama. Ela o


empurrou e ele caiu deitado de costas, exibindo uma ereção
completa, a correntinha, que eu tinha pedido para o Chris entregar,
pulando em seu peito, quando ele caiu e o vídeo acabou. Como
para um bom entendedor, meia palavra basta, eu sabia muito bem o
que viria depois.

Meus olhos encheram de lágrimas e meu estômago revirou. Saí


correndo para o banheiro, me agarrando ao vaso sanitário,
despejando todo meu jantar, onda após onda de ânsia, até não
sobrar mais nada. Me arrastei, meio tonta até a pia, escovei os
dentes e me olhei no espelho. Será que eu estava fadada a ser
traída?

Me atirei na cama e chorei a noite toda... Não podia acreditar no


que meus olhos tinham visto. Meu coração parecia estar quebrado
em mil pedaços e minha cabeça tonta, sem conseguir parar de
chorar.

Quando o céu já estava mudando de cor, consegui controlar


meu choro, tomei um banho e passei um pouco de maquiagem,
esperando disfarçar minhas olheiras, mas sem poder fazer nada aos
meus olhos inchados.

Desci e fui fazer o café das crianças, coloquei na mesa e fui


chamá-los, dizendo, ainda da porta, que já tinha feito o café e eu ia
voltar a dormir, porque estava com dor de cabeça. Voltei para meu
quarto, me enfiei embaixo dos lençóis e esperei eles aparecerem
para me dar um beijo de despedida.

Fiquei deitada, olhando para o vazio, me sentindo mais vazia


ainda. Esse simples vídeo me deixou pior do que todas as fotos do
maldito com a Suzana. Tentei dormir, rolei de um lado para o outro,
e nada.

Desisti e desci para a cozinha, pensando em comer alguma


coisa, já que tinha despejado todo o meu jantar fora ontem à noite.
Suspirei fundo, tentando não pensar no que o Rick e a Cindy haviam
feito a noite toda. Eu sabia muito bem, do que ele era capaz.

PATRICK

Acordei com um gosto ruim na boca. Minha garganta estava


seca. Minha cabeça latejava e eu não me lembrava de ter chegado
até o quarto. Eu precisava ligar para Jess. Eu havia prometido. Olhei
no relógio da mesinha de cabeceira para ver as horas e fiquei
surpreso em ver que já eram quase dez da manhã.
O que tinha acontecido comigo? Tomei um banho, escovei os
dentes e desci até a sala da segurança para conferir se os detetives
já haviam chegado.

— Bom dia a todos. Tudo certo por aqui?

— Sim Senhor, tudo certo. — O policial me olhou e ficou muito


sério. — O Senhor está bem? Eu já vi essa expressão em muitas
pessoas. Aconteceu alguma coisa?

— Bem, eu não me lembro de muita coisa, mas estou achando


tudo muito estranho. Minha cabeça está latejando, tenho um gosto
ruim na boca e a garganta seca. E dormi a noite toda até agora, o
que não é do meu feitio.

— O Senhor foi a algum lugar? Bebeu alguma coisa?

— Ontem depois que você foi embora, fui ao restaurante do


hotel, jantei, bebi um pouco de vinho. Só isso.

— Por favor, o Senhor se importaria de fazer um exame rápido?


Posso ligar para a central, o pessoal vem até aqui e colhe um pouco
de sangue. Acho que o senhor foi drogado. Ontem estava com um
rosto sadio e corado, hoje está pálido e com olheiras escuras,
apesar de ter dormido a noite toda. Além dos sintomas que me
descreveu.

— Como assim? Drogado, em meu próprio hotel?

— Senhor, estamos no meio de uma investigação, com uma


quadrilha solta pelo seu hotel. Isso é possível sim, Senhor.
— Ok, vá em frente.

— Vamos puxar as imagens de ontem à noite e refazer seus


passos. Vamos olhar também as imagens gravadas da área da
cozinha e corredores.

— Obrigado.

O detetive chamou a central pelo seu rádio e em menos de


quinze minutos, paramédicos entraram na sala da segurança e
retiraram uma amostra do meu sangue. Peguei meu celular para
ligar para Jess, mas a porcaria estava sem bateria. Não sabia nem
como havia chegado a meu quarto, então, com certeza, nem
coloquei a maldita coisa para carregar.

Pedi licença a todos, voltei para meu quarto e liguei na tomada.


Sem esperar carregar totalmente, fiz a ligação com ele ainda
conectado a tomada.

— Oi, Anjo, bom dia.

— Como você pode Rick? — Jess estava chorando. E chorando


muito.

— O que aconteceu? O que foi que eu fiz? — Perguntei, já me


desesperando.

O que teria acontecido pra ela chorar desse jeito?

— Fiquei esperando você me ligar ontem à noite, mas você não


ligou. Então recebi esse vídeo, de um número restrito. Como você
foi capaz, Rick? Achei que você me amava. E não venha me dizer
que é um vídeo antigo, pois você estava usando a correntinha que
mandei te entregar. — Escutei uma fungada do outro lado. — A Júlia
e o Tony tinham razão. Impossível que você me amasse em tão
pouco tempo e, é claro que você tinha outra. Por que brincar comigo
assim? Acabou Rick. Eu não posso, não tenho estômago para
passar por tudo isso de novo. — E desligou o maldito telefone.
Tentei ligar outra vez e nada, não atendia mais.

Cristo! O que havia


acontecido na noite anterior?
Capítulo Vinte

Peguei o carregador e o celular, desci correndo para a sala de


segurança novamente e contei para o detetive sobre o tal vídeo que
Jess tinha falado. Ele começou a puxar as imagens do dia anterior,
a partir da hora em que fui jantar e lá estava. Na copa do
restaurante, uma figura alta jogou alguma coisa dentro do meu
vinho, pegou o celular do bolso, ligou para alguém e falou alguma
coisa. Desligou e saiu, de costas para a câmera.

Olhando as gravações do meu andar, na mesma hora, Cindy


recebia uma chamada, falava brevemente ao celular e abria um
sorriso convencido. Andou até a porta do meu quarto e com um
cartão magnético, entrou. Passaram-se quinze minutos eu subi, fiz o
mesmo caminho que ela, no meu andar e entrei em meu quarto,
cambaleando como um bêbado. Dez minutos depois ela saiu de lá,
com um sorriso perverso, mexendo no celular.

Foi ela! Safada, sem vergonha!


Com essas provas, ela estava encrencada e eu não moveria
uma palha para ajudá-la. Saí da sala e tentei ligar novamente para
Jess, mas o celular dela estava desligado. Liguei no do Chris, na
esperança de que ele pudesse levar o celular para ela, ou ao
menos, transmitir um recado.

— Chris, aqui é Patrick. Eu preciso falar com a Jéssica. Você


pode levar o telefone até ela, por favor?

— Senhor, a Senhorita Jéssica acabou de vir até aqui e


dispensar meus serviços. Eu estava ligando para o Senhor, nesse
momento.

— Bem, não saia daí. Alguém me drogou na noite passada e


mandou um vídeo pra ela, nada foi apurado aqui ainda, mas não
sabemos se foi obra de uma pessoa só. Não saia daí. Toque a
campainha e veja se ela atende. Eu não consigo chegar aí, antes do
final da tarde.

Escutei a campainha tocando. Nada.

— Senhor, ela deve ter subido para o quarto. Ela estava com
jeito de quem andou chorando e que não dormiu bem à noite. Vai
ver ela foi dormir ou está no banho.

— Você não tem o telefone dos filhos dela?

— Negativo, Senhor.

— Ok. Não saia daí e se por acaso ela sair de casa, vá atrás.
Não a deixe sozinha, nem por um segundo.
Desliguei e mandei uma mensagem para ela.

A njo,fui drogado na noite passada, nada daquilo foi culpa


minha. Eu te amo muito e nunca te machucaria. Acredite em
mim. A polícia já esta atrás de quem fez isso e, em questão de
horas, já saberemos se foi obra pura da Cindy ou se tem
alguém mais envolvido. Por favor, preciso de uma chance para
provar que sou inocente em tudo isso. Te amo, te amo, te amo.

E mandei. Em algum momento, ela receberia a mensagem.

JÉSSICA

Olhei pela sala, perdida, repassando a conversa que tive com


ele, na minha cabeça.

Que merda, alguma coisa não estava certa. Rick parecia nem
saber o que tinha acontecido e seu desespero era sincero. Juntei as
peças do celular, que voaram em todas as direções após eu ter
desligado na cara dele e atirado a porcaria longe, e corri para pegar
o cabo dele e o notebook. Passaria o vídeo para o computador,
ouviria bem e prestaria atenção no que eu estava vendo, em vez de
me desesperar e chorar como uma idiota.

Assim, fui para o meu quarto e me debrucei no note. No início


do vídeo, quando ele entrava no quarto, cambaleando como bêbado
e agora, com o som do notebook, consegui entender o que ele havia
dito. “Como chegou aqui, Anjo.” Ele estava tão bêbedo que pensou
que ela fosse eu? Será que ele tinha mania de beber tanto? Peguei
o celular de novo e vi que tinha uma mensagem dele, que não tinha
visto chegar, dizendo que era inocente.

Ah, amor, eu mesma já percebi isso...

Lágrimas diferentes vieram aos meus olhos. Meu amor não


tinha me traído, muito pelo contrário, havia sido pego em uma
armação bem bolada. Só que nem tanto, já que tinha sido quase
desmascarada, em tão pouco tempo, mas foi por muito pouco.

Mais calma, a fome pegou e o sono bateu forte. Desci de novo e


terminei meu lanche, tomando um copo de suco e deitei no sofá
mesmo e de tão cansada, adormeci instantaneamente.

PATRICK

Agora era só achar a Cindy e colocar ela contra a parede.


Vagabunda!

Voltei para a sala da segurança e o detetive ainda olhava as


imagens. Seguiram o homem, que drogou minha bebida, e agora
estavam com a imagem dele. Mas não era ninguém que eu
conhecesse. Teríamos que pegar Cindy e fazê-la explicar.

Refizeram seus passos a partir do meu quarto e viram que ela


foi diretamente para o seu próprio, sem medo algum de ser pega.
No mínimo, quando me viu desmaiado na cama, pensou que não
me lembraria de nada e nem se preocupou em ir embora, sumir do
mapa.

O detetive acompanhado de dois policiais, subiram para o


quarto. Eu, no rastro deles. Queria ouvir o que ela tinha a dizer. O
que ela ganharia com tudo isso? Porque era meio óbvio que eu
descobriria em algum momento.

Bateram em sua porta e ela atendeu, envolta em um dos


roupões do hotel.

— Em que posso ser útil?

— Podemos entrar? Somos da polícia e temos algumas


perguntas para a Senhorita.

Seu olhar correu para o meu e fiquei muito sério, sem entregar
nada.

— O que a Senhorita estava fazendo ontem, por volta das dez e


meia da noite?

—Nada, estava em meu quarto, dormindo, eu acho.

— Resposta errada, Senhorita. Temos imagens da senhorita


entrando no quarto do Sr. Swanson nesse horário e saindo cerca de
vinte e cinco minutos depois. Rastreamos seu telefone e
descobrimos que enviou uma mensagem de vídeo para o telefone
da Senhorita Jéssica De Lucca. Já estamos conseguindo o
conteúdo. Gostaria de mudar sua declaração?
— Eu... eu... Ah, Rick , me perdoe. Ele disse que ninguém
descobriria nada e a única coisa que eu deveria fazer era um vídeo
nosso e mandar para aquela mulher, me passou o número e tudo.

— Ele quem, Cindy? Quem te pediu pra fazer isso? Diga! —


Ordenei, quase gritando.

—Aquele homem que estava na academia, que foi levado pelos


policiais ontem pela manhã. Quando saí da academia, uns homens
conversaram comigo e me levaram até o escritório dele. Foi ele
também, quem conseguiu que eu tomasse o lugar da substituta da
comissária de bordo. Ele é muito influente. Conseguiu tudo com
apenas algumas ligações, até o rapaz daqui, que colocou o “boa
noite cinderela” na sua bebida. Tudo para ele, é fácil demais.

— Bem, e como ele passou as informações para a Senhorita?


Tem como provar que foi essa pessoa, quem armou tudo isso?

— Ele me passou os detalhes finais por mensagem, está aqui


no meu telefone.

— Pegue isso e tente rastrear o número. — O detetive passou o


celular dela para um dos policiais. — Senhorita Cindy, a senhorita
está detida. Conhece seus direitos?

— Rick, me ajude! Foi tudo ele, eu não tenho culpa, me ajude.


— Implorou Cindy, com lágrimas em seus olhos.

— Sinto muito, Cindy. Ele pode ter armado tudo isso, mas sem
sua ajuda, ele não teria conseguido tão rápido. Você tem tanta culpa
quanto ele. Por que você não o procura e pede sua ajuda? — Virei
às costas e saí, muito puto da vida com aquele maldito canalha do
ex-marido da Jess e com a duas caras da Cindy. Cobra!

Voltei para o meu quarto e liguei para o piloto.

— Armand? Preciso que você consiga uma equipe para fazer


uma checagem completa no avião e nos consiga outro, para decolar
o quanto antes. Não importa o quanto custe. Cindy acabou de ser
detida, então terá que conseguir alguém que a substitua ou
retornaremos sem uma comissária.

— Entendido, Senhor. Retornarei a ligação em poucos minutos.

— Ok, Armand. Fico no aguardo.

E agora o que fazer? Ah! Layla deveria ter o telefone da Camille


ou do Erik. Liguei para ela.

— Oi, mano, tudo bem? — Ela atendeu ao telefone meio


sobressaltada, já que não era comum eu ligar para ela, na parte da
manhã.

— Tudo nada, Layla. Eu preciso de um favor. Você teria o


telefone da Camy ou do Erik? Preciso falar com um deles, urgente.

— Espere um minuto, Camille está aqui comigo. Ela foi até a


escola, mas não teve aula hoje e está me ajudando a escolher os
móveis do meu apartamento, só um segundo, que eu já passo pra
ela. Beijo, Mano.

— Obrigado, Layla. — Esperei um pouquinho e Camille pegou o


telefone.
— O que aconteceu, Rick?

Contei resumidamente o que havia acontecido.

— Meu Deus, mamãe deve estar arrasada. Mas se tudo isso é


verdade, você não teve culpa de nada. Vou te ajudar nessa. Me
diga, o que você está pensando?

Repassei meu plano com ela, para recuperar meu Anjo.

— Ah, isso é tão romântico! Pode deixar que a minha parte eu


faço. Só esteja lá em casa, até às seis. Você consegue?

— Passe seu número, qualquer imprevisto, eu te aviso. Tenho


que conseguir um avião para voltar, já que não confio mais no que
possam ter aprontado pra mim. Mas o piloto já está providenciando
isso e creio que logo ele me retorna com novidades.

— Pode deixar com a gente. Layla está me dizendo que vai


ajudar. Até mais, Rick.

— Até, Camy e obrigado. Não sei o que seria de mim agora,


sem você.

— Ah, para com isso. Você agora é da família, ou ao menos eu


considero. Tchau. Vem logo. — E desligou.

Oh, Deus, que desse tudo certo. Arrumei as poucas coisas que
eu havia trazido e desci até a sala da segurança, o detetive já
estava com os papéis para eu assinar, com a confissão da Cindy e a
acusação. Depois, eu mandaria meu advogado atrás disso. Fui até o
gerente-geral e passei as recomendações para o caso. Se fosse
preciso, eu voltaria em breve, mas agora eu não podia ficar aqui.

Decidi esperar no aeroporto mesmo, assim economizaria


tempo. Armand era muito competente e assim que cheguei, ele já
tinha um outro avião a nossa espera.

— Senhor, pode entrar e se acomodar. Partiremos em breve.

— Obrigado, Armand. Eu te devo essa.

— Imagina, Senhor. Estou aqui, a seu dispor. —Retornou para


sua cabine, enquanto fui me sentar.

Repassei o plano em minha cabeça, torcendo para que Camille


e Layla conseguissem arrumar tudo. Em vinte minutos, estávamos
decolando. Minha cabeça ainda doía pra caramba, mas tinha
certeza de que quando visse Jess, tudo se resolveria.
Capítulo Vinte e Um
JÉSSICA
Acordei algum tempo depois com Camy e Layla me
chacoalhando, pedindo para eu me arrumar, para almoçarmos em
algum lugar, só nós, as meninas.

Subi, troquei de roupa, lavei o rosto e passei uma maquiagem


leve. Saímos e fomos para o shopping, comer um lanchão daqueles
que eu deveria passar longe, ainda mais por ter matado a academia,
mas uma delícia que não recusaria.

Durante nosso almoço elas perguntaram como eu estava e


começaram a defender o Rick, me contaram que ele havia ligado
para elas, já que não tinha conseguido falar comigo, tinha mandado
uma mensagem, mas não sabia se eu havia recebido. Contou que
haviam descoberto que a Cindy o tinha drogado com a ajuda de um
homem desconhecido, enfim, fizeram a defesa do Rick em uma
grande performance. Nem me dei ao trabalho de dizer que tinha
tirado minhas próprias conclusões sozinha, antes de cair desmaiada
de sono, no sofá.
Era tão bonito ver minha filha defendendo assim o Rick, já que
não teve o mesmo trabalho tentando absolver seu pai das
palhaçadas que ele aprontou. Ela estava realmente bem com tudo
isso e se dando melhor ainda com a Layla, uma boa amizade havia
nascido ali.

Dali, fomos fazer as unhas e uma drenagem linfática. Isso era


maravilhoso, além de relaxante iria me fazer perder alguns
centímetros. Eu adorava isso. Às 5 e meia quando saímos da
estética, eu me sentia uma outra mulher. Chegando em casa elas
disseram que uma surpresa me esperava na casa da piscina.

PATRICK

A viagem de volta demorou uma eternidade.

Assim que pousamos, liguei para Camille confirmando que eu


estaria lá às seis. Fui para casa, tomei banho, um comprimido para
a dor de cabeça e comi alguma coisa. Me arrumei e fui para a casa
da Jess.

Conforme o combinado, elas haviam saído e eu entrei direto


para a casa da piscina, onde Layla e a Camy haviam arrumado um
cenário maravilhoso. Tudo isso sem que Jess percebesse. Arrumei
a música e fiquei esperando pelo toque da Camille, avisando que
elas estavam entrando.
Quinze minutos depois meu celular vibrou com uma mensagem
dela.

Estavam chegando...

JÉSSICA

Abrindo a porta dei de cara com meu amor, lindo, me


esperando.

— Mãe, escuta o que ele tem a dizer. A culpa não foi dele.
Vamos deixar vocês a sós. Melhor ainda, vamos pegar o Erik e
vamos comer uma pizza. Vocês terão a casa só para vocês durante
algumas horas. — Agarrou a mão da Layla e saíram fechando a
porta atrás delas.

Ele tentou se explicar, mas eu o interrompi, dizendo que já tinha


entendido tudo e que ele tinha duas advogadas maravilhosas. Ele
ficou surpreso e colocou uma música linda, que eu adorava, “Far
away, de Nickelback”.

— Sério. Eu devia ter percebido, pois no início do vídeo você a


chamou de Anjo e perguntou como ela tinha conseguido chegar. Na
hora, não me liguei nos detalhes, porque meu sangue ferveu. Mas
depois, revi o vídeo com cuidado e percebi que o que eu estava
vendo era uma armação. Antes que eu pudesse te ligar, as meninas
apareceram. Me tiraram de casa. Isso tudo quem fez foi o Erik,
porque elas estavam comigo o tempo todo.
— Então tenho que agradecer a ele também. Anjo, eu quase
morri, em pânico ao ouvir suas palavras, dizendo que estava tudo
acabado. Tentei te ligar de novo, mas seu telefone estava desligado.
— Ele chegou pertinho e me enlaçou a cintura, colocando a testa na
minha. — Você sabe que eu te amo. Eu senti sua falta o tempo todo.
Eu sonho com você todas as noites. Eu preciso de você comigo o
tempo todo. Não consigo respirar direito longe de você. Como na
música, eu preciso ouvir você dizer ‘Eu te amo e te amei o tempo
todo’.

Que romântico que ele era. Meu corpo amoleceu quando ele me
beijou lentamente e eu aproveitei ao máximo o calor de seu corpo,
seu sabor, seu cheiro. Seus dedos se emaranharam em meu
cabelo, me puxando para mais perto. Coloquei as mãos em seu
peito, arranhando sua pele, fazendo-o tremer sob minhas mãos.

Isso o deixou louco e ele aprofundou o beijo, escorregou a mão


pelo meu corpo e agarrou minha bunda, me puxando para mais
perto de seu corpo e senti sua dureza em minha barriga. Sem fôlego
interrompemos o beijo e ele me olhou nos olhos. Instantaneamente
meus olhos ficaram marejados com o amor que vi nos dele.

— Você sente tudo isso? Ou é tudo só de minha parte? —Ele


perguntou ofegante.

Resolvi mostrar para ele meu talento mais escondido e cantei o


último refrão junto com a música, que eu amava e sabia decor.
“That I love you
I have loved you all along
And I forgive you
For been away for far too long
So keep breathing
Cause I’m not leaving you anymore
Believe and hold on to me and, never let me go
Keep breathing
Cause I’m not leaving you anymore
Believe it Hold on to me and, never let me go
Hold on to me and, never let me go
Hold on to me and, never let me go”
(Que eu te amo / Eu te amei o tempo todo / E eu te perdoo / Por ter ficado tão longe
por muito tempo / Então continue respirando / Porque eu não vou mais te deixar / Acredite
e segure-se em mim e nunca me deixe ir / Mantenha a respiração / Porque eu não vou
mais te deixar / Acredite, segure-se em mim e nunca me deixe ir / Segure-se em mim e
nunca me deixe ir / Segure-se em mim e nunca me deixe ir )

— Te amo, Rick, segure-se em mim e nunca me deixe ir.

O beijei, enterrando as mãos em seu cabelo, escorregando as


unhas pelo seu pescoço e peito. Sabia que isso mexia com ele.
Outra música maravilhosa, que mexia comigo, A thousand years, de
Christina Perri começou a tocar quando ele me pegou no colo e me
levou para cama que estava decorada com pétalas de rosa
vermelha. Me deitando desabotoou meu vestido, me beijando e
lambendo, me deixando louca.

Eu gemia baixinho, debaixo dele. Ele se afastou tirando a


camisa, revelando aquele peitoral delicioso, o abdômen cheio de
gominhos que me fazia querer lamber cada um deles. Quando ele
se livrou das calças e da boxer, minha respiração falhou e meu
coração pulou uma batida.

Deus, como ele era gostoso e todinho meu.

Deitou em cima de mim e suas mãos vagaram pelo meu corpo


enquanto me beijava, sem pressa, deixando minha pele arrepiada.
Sentia minha vagina apertando, umedecendo e meu clitóris
latejando.

— Rick, eu te quero dentro de mim. Por favor. — Pedi ofegante

— Já vai amor. Você sabe que sou muito grande pra você. Se
você não estiver preparada pra mim, posso te machucar.

— Não, Rick. Quero você agora, não me faça esperar mais.


Vem, vem pra mim, vem... —Implorei e ele, que pelo jeito não
resistiu ao meu pedido, se posicionando entre minhas pernas, me
penetrando lentamente. Vê-lo mordendo os lábios enquanto entrava
em mim, gemendo abafado, me deixou a beira do orgasmo. Meus
olhos seguiram os dele e ficaram presos onde nossos sexos se
encontravam. Olhar seu pau entrando em mim, apertado, era tão
erótico que junto com tudo, me fez gozar alucinadamente quando
ele meteu forte e fundo.

Um gemido alto saiu de meus lábios e agarrei meus seios,


apertando meus mamilos que latejavam de tanta excitação, meu
corpo estremecendo forte debaixo do dele, enquanto ele mesmo
gozava, gemendo e estremecendo. Achei que tudo havia terminado,
meu corpo ficando mole, mas ele continuou metendo firme, me
beijando tão carinhosamente, me amando com as mãos e boca.

De repente ele se virou, me colocando por cima. Ele ia tão


fundo dentro de mim desse jeito, meu orgasmo já construindo
novamente ou continuando, eu não sabia dizer o que estava
acontecendo comigo. Eu gemia baixinho e rouco enquanto olhava
em seus olhos.
Aqueles olhos eram uma janela para sua alma e as emoções
estampadas ali eram tão cruas, tão verdadeiras...

Os dedos dele foram para meu clitóris, fazendo meus gemidos


aumentarem, assim como a urgência dentro de mim, aumentando
meus movimentos. Me apoiei nos dois pés, plantados na cama,
subindo e descendo em seu pau, apertando meus músculos em
volta dele, que olhava fixamente para nossos sexos, gemendo alto.

Ele me puxou para cima dele e meus seios ficaram ao alcance


de sua boca. Graças a Deus ele abocanhou meu mamilo, que
estava latejando querendo, pedindo por sua boca. Era tudo o que eu
precisava e joguei a cabeça para trás, gozando novamente
enquanto ele me segurava e continuava entrando e saindo de mim,
prolongando meu orgasmo, até que me agarrou forte, gritando meu
nome, estremecendo sob mim.

—Nunca mais me faça achar que te perdi Anjo. Fica comigo pra
sempre. —Sussurrou um pouco depois.

—Nunca mais amor, nunca mais... — O beijei lentamente,


exausta. Ficamos deitados, escutando a música “Iris” que eu
adorava também. Parecia que ele tinha pesquisado minhas músicas
preferidas e colocado para tocar.

— Não podemos vacilar. Se eles chegarem e nos pegarem aqui,


assim...

— Eu sei, por mais que eles saibam o que aconteceu...

— Vamos tomar uma ducha e ir pra sala. Melhor assim.


Nos levantamos devagar e fomos para o banheiro, anexo ao
quarto da casa da piscina, onde os hóspedes ficavam. Tomamos
uma ducha e ele me lavou como sempre, com cuidado. Ele me fazia
sentir tão amada, cuidada como nunca fui antes. Coloquei meu
vestido de novo e ele veio abotoar, me beijando de leve. Nosso
relacionamento foi para outro nível, sem que percebêssemos.
Nunca nos dezoito anos de casada com Tony, eu senti tamanha
proximidade.

Ele era meu e eu era dele, como se fossemos almas gêmeas se


encontrando novamente. Tudo parecia ter sentido e era tão fácil e
gostoso entre nós. Fomos para a sala e nos sentamos no sofá. Uma
calmaria boa, depois da tempestade.

Mal sentamos e ligamos a TV quando os três entraram,


trazendo uma pizza e rindo de nós. Se largaram no chão da sala
para assistir a um filme, enquanto nós comemos no sofá.

— Você vai dormir aqui hoje de novo?

— Jess, fale baixo, eles vão nos ouvir. — Ele sussurrou.

— Ha ha! Tarde demais papito. Você não é tão ninja quanto


achou que fosse. Nós já sabemos que você dormiu aqui e, bem, não
nos importamos muito não, já que mamãe está tão feliz. Ela merece.

A Camy era tão debochada! Chamando ele de papito!

Senti ele respirando fundo e o olhei, querendo ver sua reação


ao papito. Ele estava sorrindo de orelha a orelha. Tinha gostado
daquilo! Se ele não tinha problemas com isso, eu é que não
estragaria a brincadeira. Porque, para ela estar brincando assim,
eles realmente estavam se dando bem.

Até o Erik estava bem com isso, eu tinha lá minhas dúvidas se


ele realmente chegou a escutar o que ela havia dito, de tão
enfeitiçado como ele estava pela Layla.

Ai ai ... Suspirei. Se as coisas continuassem assim, estava


muito bem. Eu duvidava que Tony ficaria quieto muito tempo, já que
ele estava por trás de todo o plano com a Cindy. Fiquei casada tanto
tempo com um homem que eu, sinceramente, não conhecia.

Estávamos tão esgotados quando fomos para a cama que


apenas tiramos nossas roupas e deitamos, nus e aconchegados.
Essa intimidade que tínhamos me deixava extasiada. Não havia
vergonha nenhuma de minha parte com ele. Ele me fazia sentir tão
bonita que eu sinceramente não duvidava mais de mim mesma.

—Colocou o despertador, Rick? Não vai se atrasar de novo?

—Anjo, não sou esperado na academia até sexta à tarde.


Amanhã serei todo seu, o dia todo. — Me deu um beijinho nos
lábios, me puxando para seu peito, descansando a cabeça na
minha.

—Mas amanhã tem aula de dança e eu gosto tanto! Não queria


perder.

—Anjo, aula de dança tem na sexta também, em horário


diferente. Amanhã você será minha o dia todo, inteirinho!

—Ok, se você está dizendo... Boa noite amor.


—Boa noite Anjo, sonha comigo.

Dei um beijo em seu peito e fechei os olhos.

Acordei com o meu celular despertando baixinho, como sempre.


Em seu sono, Rick me abraçava contra ele, sua ereção bem
apertada na minha bunda. Desvencilhei-me dele lentamente e o
olhei.

Meu homem.

Tudo aquilo era meu e ele era uma delicia. Meus olhos
percorreram seu corpo e ao ver sua ereção, minha boca encheu de
água. Como eu queria chupar ele...

Abaixei, com cuidado para não acordá-lo e lambi a cabeça de


seu pau. Humm, ele tinha um gosto tão bom! Ele gemeu dormindo e
se esticou. Segurei na base de seu sexo e o lambi, começando
embaixo até a ponta, que envolvi em meus lábios, chupando de
leve. Outro gemido escapou dele, mais alto e rouco agora. Esse
som me deixou arrepiada e o coloquei mais profundo em minha
boca, chupando mais forte.

Deixei sair da minha boca e soltei uma respiração quente sobre


a ponta úmida. Seu corpo estremeceu e o levei ainda mais fundo,
sugando, faminta. O levava dentro, fundo e quase o deixava
escapar de meus lábios, lambendo a ponta e o abocanhando de
novo. Senti que seus gemidos mudaram de tom e suas mãos foram
para meu cabelo. Ele havia acordado e agora estava consciente de
minha boca ordenhando seu pau. Sem trégua, aumentei o ritmo,
acompanhando com a mão o ritmo da minha boca sobre ele.
—Anjo... que delícia... — Disse, quase sem fôlego. —Chupa
meu pau. Me envolve com essa boquinha deliciosa... hummm. Mais
fundo Anjo, aaaah. Você me mata assim. — Estremeceu embaixo
de mim.

Essa voz rouca de sono e de tesão, me fez ficar molhada e


pulsando entre as pernas. Continuei, apertando mais minha boca
sobre ele, passando os lábios sobre os dentes, para não o
machucar. O levei bem fundo na minha boca e acariciei suas bolas,
levemente. O gemido que veio dele me deixou tonta de tesão.

—Eu quero sua bocetinha em volta do meu pau, Anjo. Quero


sentir você me apertando, me chupando pra dentro de você quando
você gozar. Vem, senta aqui. — Levantei minha cabeça e o olhei
nos olhos. Sua expressão era tão crua, tão cheia de desejo que
achei que morreria se não o sentisse dentro de mim.

Em vez de montar como ele pediu, me virei na cama, ficando de


quatro e olhei para ele.

—Vem aqui você. Me fode gostoso. Não suporto mais ficar sem
você dentro de mim. Vem... — Dei uma rebolada para ele, que se
moveu tão rápido, que em segundos senti sua língua em mim.

—Ahhh... Rick!

Deitei a cabeça na cama, empinando ainda mais minha bunda


para ele. Segurou meus quadris e chupou meu clitóris, me levando
para a borda do orgasmo que crescia dentro de mim, rápido,
matador. Ele sabia como usar aquela boca divina. Senti sua língua
indo para minha bunda, circulando e pressionando meu ânus. O
prazer me atingiu forte, um espasmo percorreu meu corpo e achei
que iria gozar, só sentindo sua língua em meu buraquinho perverso.

—Rick, quero você dentro de mim, metendo fundo, rápido e


forte. Agora... por favor... — Pedi choramingando. As sensações
tomavam conta de meu corpo, me deixando insana, querendo mais.

Ele se posicionou, colocando seu pau em minha entrada e


impulsionei-me para trás, levando ele para dentro de mim, de uma
só vez, até suas bolas baterem contra meu clitóris, que pulsava de
excitação.

Mordi a mão para não gritar de prazer. Tudo dentro de mim se


contorceu e apertou. Senti minha cabeça leve, meu corpo pulsando
e apertando contra ele. Suas mãos apertavam meus quadris e ele
gemia baixinho de tesão.

—Anjo, você está... tão... gostosa. —Disse enquanto metia


fundo em mim. —Que delicia de boceta apertadinha e quente... tão
quente... hummm... — ele gemeu.

Me pegando pelos cabelos, me fez ficar sobre os joelhos, me


encostando nele. Uma mão foi para meu seio, apertando meu
mamilo entre os dedos, enquanto com a outra ainda me segurava
pelos cabelos, virando meu rosto para ele, sua boca procurando a
minha em um beijo selvagem.

Minha umidade cresceu e sua mão largou meu seio, descendo


para meu clitóris, acariciando, circulando e pressionado. Gemíamos
baixinho um na boca do outro, enquanto ele metia mais rápido em
mim, seus dedos acompanhando a velocidade de suas estocadas.
Estávamos segurando e prolongando aquela sensação deliciosa
que nos percorria, ambos estremecendo de tesão.

— Não aguento mais Rick, eu vou gozar. —Sussurrei rouca em


seus lábios.

—Goza Anjo, me aperta e me leva com você. — Sussurrou de


volta. Ele prendeu meu clitóris entre seus dedos, deu um leve
apertão e gozei. Nossas bocas sufocando nossos gemidos
prolongados, nossos corpos estremecendo e convulsionando juntos
e senti ele se despejando, quente, dentro de mim.

Deitei, sem forças e o puxei para cima de mim. Isso era tão
bom. Ele se apoiou nos antebraços para não me esmagar e falou
em meu ouvido.

— Que delicia é acordar assim, com a sua boca em volta de


mim. Bom dia, Anjo.

—Bom dia, amor.

—É melhor você ir ver aqueles dois, antes que eles venham


bater na porta de novo. — Disse ele, se deitando no travesseiro e
massageando meus pés.

—Uhum... se eu conseguisse andar, era exatamente o que eu


faria, mas minhas pernas estão tremendo ainda. — Respondi rindo.

—Como eu vivi minha vida toda sem escutar seu riso, sua voz,
sem sentir seu corpo contra o meu? Você é totalmente minha!
—Sim, amor. Sou sua, para sempre. Assim como você é meu.
— Me empinei para trás, levantando, voltando a ficar em quatro
apoios, quando o escutei gemer.

—O que foi? — Olhei rápido para ele e o vi observando minha


bunda com aquele olhar safado.

—Ver sua bocetinha inchada e molhada, com a minha porra


escorrendo é tão erótico, tão... Preciso sentir isso. — Me penetrou
com dois dedos.

Gememos juntos.

— Rick. Pare com isso. Preciso colocar o despertador pra tocar


uma hora mais cedo desse jeito, assim você poderá abusar do meu
corpinho por mais tempo. — Eu disse, me apertando contra seus
dedos.

—Certo, está certo. Vá lá, mas volte logo. Quero você sentada
no meu rosto quando voltar.

—Rick! — Ri dele, me levantando e escapando de seus dedos


mágicos.

Fui tomar um banho. Quando voltei, Rick estava dormindo, de


bruços, nu e descoberto.

“A visão do paraíso!” disse o capetinha na minha cabeça. O


cobri com o lençol e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim.
Como sempre, acordei meus filhos e desci para fazer o café.
Logo eles estavam comigo na cozinha, tomaram o café da
manhã, animados. Essa era a última semana de aula, depois eles
estariam de férias e iriam viajar com os amigos de classe. Mais um
mês e seria a formatura deles. Meus bebês estavam crescendo tão
rápido! Logo eu estaria sozinha e eles longe de mim, vivendo a vida
deles, em seu apartamento e na faculdade.

Com esse pensamento, os levei até a porta. Me beijaram, se


despedindo.

— Te amo, mãe. —Disse Erik quando me beijou.

—Eu também! — Emendou Camy, me abraçando. — Tenha


uma boa manhã, mãe. — Balançou as sobrancelhas para mim. Essa
menina... Não tinha jeito mesmo.

—Eu também amo vocês.

Rindo, parada na porta, esperei que entrassem no carro.

Um minuto depois ambos saíram e voltaram para mim.

—O carro não deu nem sinal de vida. Deve ser algum problema
elétrico. — Erik falou, coçando a testa.

Olhei em volta e a chave do carro do Rick estava em cima do


aparador perto da porta. Sem pensar duas vezes, peguei e me virei
para o Chris, que estava em seu lugar habitual, mas de olho na
Camy.

—Chris, leve eles até o colégio, por favor? O Rick está comigo,
então não vou ficar desprotegida. E vocês, voltem de táxi. —
Estiquei o braço, mostrando a chave para ele. —Vá com o carro
dele, ele ainda está na cama e não vai precisar por enquanto.

— Sim, Senhora, volto em seguida.

E se foram. Fechei a porta atrás de mim e como Rick ainda


estava dormindo, resolvi adiantar as coisas para poder ficar o resto
do dia só com ele. Fui para a cozinha e comecei a lavar a louça do
café.

Estava cantarolando uma música quando ouvi passos atrás de


mim, eu me virei para dar bom dia para o Rick.

Mas tudo o que encontrei foi um pano fedido em meu nariz e um


braço me apertando pela cintura. Fiquei tonta na hora e não
consegui gritar pedindo ajuda.

E tudo ficou preto.


Capítulo Vinte e Dois
Nossa que dor de cabeça! Tentei abrir meus olhos, mas eles
estavam pesados, minha boca seca e meu nariz ardia, dificultando a
minha respiração. Tentei me mexer, mas meus membros não
respondiam. O que aconteceu comigo? Lembrava-me de estar
lavando louça...

Oh, meu Deus! O pano em meu nariz... Alguém me apertando


pela cintura... Eu tinha sido raptada!

Tentei com todas as minhas forças abrir os olhos. Eu precisava


pelo menos ter uma noção de onde estava. Consegui abri-los um
pouquinho, o suficiente para ver que eu estava em uma cama, em
um quarto escuro. A claridade que entrava através das cortinas era
pouca, e eu não podia afirmar que horas eram.

Isso só podia ser obra do Tony, aquele maldito. Ele tentou com
Rick, sem sucesso, e agora veio para cima de mim.

Tentei me mexer novamente e vi que estava com os pulsos


amarrados. Mais essa! Tentei gritar, mas não consegui. Alguma
coisa tampava minha boca!
Respirei fundo para que o pânico não tomasse conta de mim e
fiquei ali, deitada.

Não sei quanto tempo fiquei naquele quarto, até que ouvi
passos se aproximando da porta.

—Boa tarde, bela adormecida! —Escutei a voz de Tony ao abrir


a porta.

O olhei com ódio, querendo matá-lo. Juro que se meu olhar


tivesse esse poder ele já estava mortinho e seco, estirado no chão.

—Não me olhe assim, Jess. Eu disse para aquele marombado


que se eu não pudesse tê-la, ninguém mais teria. Estou cumprindo
minha palavra. Você é minha e vai ficar comigo, por bem ou por
mau. — Seu rosto estava sereno e me olhava com um amor que eu
não via nele há anos.

Senhor, onde eu me meti? Eu merecia isso? O que eu fiz de mal


nessa vida para merecer isso? Porque ele não aceitava que estava
tudo acabado entre nós e me deixava em paz?

—Prometa que não vai gritar e eu tiro a fita de sua boca. Quero
falar com você.

Ele sentou-se ao meu lado na cama e tirou a fita delicadamente


de minha boca e acariciou a pele sensível.

—Jess, me perdoa por tudo. Eu não consigo ficar assim, longe


de você e das crianças. Estou ficando louco ao ponto de ter
comprado a casa da frente da nossa, só para ficar observando
vocês. Preciso estar por perto.
—Tony, pelo amor de Deus, olha o que você fez! Você me
sequestrou, amordaçou e me amarrou! Como se perdoa isso? Sem
falar nas inúmeras traições, no decorrer da nossa vida juntos.

—Não, amor, vamos esquecer tudo isso e começar novamente.


Eu te amo tanto! É verdade o que dizem, que só damos valor ao que
temos quando perdemos.

—Para, Tony! — O cortei ríspida. —Você está louco, só pode


ser! Me solta!

—Fala baixo Jess, senão vou ter que tampar sua boca de novo.
Você vai ficar comigo até aprender a me amar novamente. Até me
perdoar por tudo. Vou ser um bom marido para você. Vou cuidar de
você, te alimentar, dar banho, vou fazer de tudo pra você.

—Me solta Tony, me deixe ir. Não gosto de ficar amarrada. —


Eu falei mais baixo agora, já que não queria aquela fita perto de
meu rosto nunca mais.

—Você bem que gostou quando o marombado te teve


algemada no nosso quarto. Vocês estavam tão empolgados que não
me escutaram e nem me viram. Melhor, ele não me viu, já que você
estava vendada. Não sabia desse seu lado... Mas te darei tudo o
que ele te deu e muito mais.

Agora sim o mundo estava perdido, eu estava perdida! Como


que ele entrou na casa? Ah! Foi quando o Chris saiu para ir até a
academia entregar a chave. Fechei meus olhos e respirei fundo.
Qual seria a melhor coisa a fazer? Rick com certeza tentaria vir
atrás de mim, mas quanto tempo, até me acharem?
—Ok, Tony, eu ficarei com você, mas você não vai me tocar. Eu
posso até perdoar sua traição e esse sequestro, essa coisa toda de
amordaçar e amarrar, mas estupro é imperdoável. Prometa que
você só vai me tocar se eu permitir. Prometa.

—Certo, amor, o que você quiser. Você é minha, Jess e de mais


ninguém. — Abaixou-se e beijou minha testa, passando as mãos
pelos meus cabelos.

—Preciso ir até o banheiro, você pode me desamarrar, por


favor?

—Você não vai tentar fugir de mim quando eu te desamarrar?


— Perguntou estreitando os olhos para mim.

—Não Tony, eu preciso fazer xixi, é sério.

—Está bem. — Me ajudou a sentar e me desamarrou.

Passei as mãos pelos pulsos doloridos. Tudo ficou rodando e


achei que iria desmaiar. Precisava chegar até o banheiro, quem
sabe eu conseguiria ver alguma coisa pela janela e saber onde
estava.

—Vou preparar alguma coisa para você comer. A janela está


trancada e vou trancar a porta também, por isso, nem tente escapar.
Você me deu sua palavra.

Levantou-se e estendeu a mão para mim, me ajudando a ficar


de pé. Fiquei tonta de novo e ele me amparou. Seu perfume me
enjoou e corri para o banheiro, vomitando tudo que tinha no
estômago. Ele correu atrás de mim, segurando meus cabelos,
enquanto eu vomitava no vaso sanitário.

—Não se preocupe, é efeito do formol que usei para poder te


trazer. Disseram que isso poderia acontecer.

Foi até a pia e molhou uma toalha de rosto, trazendo para mim,
passando em minha testa e limpando minha boca.

—Ali no armário tem tudo o que você precisa. Espero ter


comprado roupas do tamanho certo. Vou deixar você ter
privacidade. Volto logo com sua comida. — Se dirigiu a porta. —E
Jess, eu te amo, não se esqueça disso. — Com um sorriso no rosto,
saiu fechando a porta.

Maldito! Corri até ela e tranquei, me recostando, e escorreguei


até me sentar no chão, apoiando a cabeça nas mãos. Senti uma
coisa dura no meu bolso e suspirei, aliviada. Meu celular ainda
estava comigo! Ele não tinha se dado ao trabalho de revistar meus
bolsos. Peguei, feliz da vida, mas essa felicidade foi muito curta. Só
tinha um risquinho de bateria.

PATRICK

Acordei sobressaltado, sozinho na cama. Onde estava o meu


Anjo? Jogando o lençol para o lado, levantei, fui ao banheiro e tomei
um banho. Voltei para o quarto e nada da Jess. Coloquei minha
roupa. Eu precisava separar algumas peças e trazer para a casa
dela, enquanto ela não se mudasse para a minha.

Estiquei e arrumei a cama. Jess não tinha ninguém para ajudá-


la e a casa era muito grande. Peguei meu celular e liguei para casa.
Maria atendeu e eu perguntei por sua irmã Cida, que eu sabia estar
desempregada, se ela queria trabalhar aqui. Combinei para que ela
viesse à tarde para conversar com Jess. Menos uma coisa na lista.
Desci e a procurei por toda a casa.

Ao chegar na cozinha percebi que alguma coisa estava errada.


A torneira da pia estava aberta, a água transbordava e escorria pelo
chão.

Fechei a torneira, corri para a porta e chamei o Chris.

—Chris, você viu a Jéssica? Ela passou por aqui?

—Não sei, senhor, a senhora me mandou levar o Erik e a Camy


até o colégio, pois o carro deles não pegou pela manhã. Fui, porque
o senhor estava com ela e, como ela mesma me disse, não ficaria
desprotegida.

Passei as mãos por meus cabelos, exasperado. Eu tinha


certeza que algo havia acontecido com ela. Olhei para o relógio e já
eram quase onze horas. Se alguma coisa tivesse acontecido com
ela, já teriam umas quatro horas de vantagem.

Levaram Jess, e bem embaixo do meu nariz! Que ódio! Se eu


pegasse esse filho da puta! Com certeza isso era obra do maldito do
Anthony.
—Chris, entre em contato com o Marcelo e peça para ele
mandar mais uns dois ou três rapazes para cá. Agora!

—Sim, senhor. — Ele sacou o rádio do bolso e transmitiu o


recado. — Estarão aqui em breve, senhor.

—Entre, não tem mais sentido você ficar aqui fora. Avise para
entrarem assim que chegarem.

—Ok, Senhor.

—Fique à vontade, vou pegar um café para nós.

Entrei na cozinha, coloquei água e pó de café na cafeteira e


liguei. A água já havia escoado e agora só tinha algumas poças no
chão. Eu deveria secar ou deixar assim e chamar a polícia? Logo
Erik e Camy chegariam e eu conversaria com eles.

Por mim eu resolveria isso sozinho. Daria uma boa surra


naquele filho da puta. A polícia, para mim, não era uma opção, já
que ele saiu tão rápido da cadeia na outra vez.

Marcelo chegou com mais dois rapazes, quando o café ficou


pronto. Chamei todos para a cozinha e sentamos à mesa. Cada um
pegou um pouco de café e fizemos um plano de ação.

Dois deles ficariam de olho na construtora, esperando que o


maldito desse as caras por lá, Marcelo iria até o hotel onde ele
estava hospedado, para descobrir alguma coisa e Chris ficaria na
casa de Jess, vigiando Erik e Camille.
Não poderíamos fazer nada até que os dois voltassem do
colégio, porque eu precisava de uma foto do Anthony para mostrar a
eles.

Estávamos impacientes, quando Camille e Erik entraram.

—Ô de casa... o que é que aconteceu? Porque essas caras de


velório? Morreu alguém? — Olhou bem pela sala e completou. —
Cadê minha mãe?

—Calma, Camy. Sua mãe sumiu e não temos ideia de onde ela
possa estar. Mas todos suspeitamos de “com quem” ela está.
Precisamos de uma foto do seu pai, Camy, recente. Eles ficarão de
olho, para ver se ele aparece na construtora. Assim eles podem
segui-lo e achar sua mãe.

—Rick, por que tem que ser ele? Pode ter acontecido qualquer
coisa, ela pode ter ido comprar pão, ido no mercado, sei lá.

—Sério mesmo que você acha que não foi ele? Depois do que
ele fez comigo? Estamos aqui já faz um tempo e a casa ficou sem o
Chris por meia hora no máximo. Ela estaria no mercado por tanto
tempo? Sem falar que quando eu cheguei na cozinha a torneira
estava aberta e tinha água por todo lado. Vamos ser realistas,
Camy. Quanto mais cedo a gente agir, mais cedo teremos ela aqui,
de volta, sã e salva.

—Você tem razão. Aqui estão as fotos e o vídeo da festa.


Demoramos para voltar da escola, porque nós fomos até a
produtora pegar. — Me entregou um saco cheio de fotos, um álbum
e um DVD.
Achei as fotos do canalha e entreguei na mão dos rapazes.
Quando Chris pegou a foto e olhou, seus olhos se arregalaram e me
encarou, com cara de espanto.

—Senhor, esse homem é o vizinho da frente. Ele se mudou no


início da semana e fica sentado na sacada por horas, lendo todas as
manhãs.

—Você tá brincando comigo! Como é que nunca vi esse


desgraçado? — Se antes eu estava bravo, agora eu estava furioso!
—Filho da puta! Ficou assistindo de camarote, esperando a hora
certa pra agir! Eu vou lá, vou pôr a porta abaixo e trazer a Jess. — E
saí pela porta, com Camy e Chris me chamando.

—Rick, espere. Você não pode ir entrando assim na casa dos


outros. Rick, para.

—Senhor, Camy tem razão, vamos pensar e fazer as coisas do


modo certo. O senhor pode ser preso por invasão. — Disse Chris
entrando na minha frente e colocando as mãos em meu peito.

—Você quer que eu faça o quê? Chame a polícia, para que o


levem como aconteceu na academia e horas depois ele estar solto
aprontando novamente? Vou dar uma surra no filho da puta, que ele
nunca mais vai ter coragem de chegar perto da Jess outra vez.

—Pense bem. — Abaixando o tom de voz para que só eu


escutasse e continuou. —Senhor, vamos fazer a coisa bem-feita.
Eles não o perdoarão se virem o senhor batendo no pai deles.
Aceite meu conselho, senhor. — Retornando ao tom de voz normal
disse. —Vamos chamar a polícia e eles resolvem isso. Não acredito
que tenha alguém aí dentro, de qualquer maneira. Não ouve
nenhum movimento na casa depois que eu voltei. Além do mas, o
carro não está na garagem.

— E qual o carro que ele estava usando? Porque se fosse o


dele mesmo eu tenho certeza de que eles o teriam reconhecido. Ele
com certeza estava armando alguma, para ter feito tudo escondido.
— Voltei para dentro e passei as mãos nos cabelos, exasperado.

—Patrick, deixa comigo. Eu, como filho, acho que tenho o


direito de entrar lá. E estou indo agora. — Disse Erik, que estava
parado e calado como uma estátua desde que entrou.

—Eu vou ligar pra ele, como quem não quer nada e ver se ele
deixa escapar alguma coisa. — Disse Camy, já pegando o celular da
bolsa.

—Chris, vá junto com o Erik e o ajude se ele precisar.

—Ok, senhor. Erik, espere um minuto que vou pegar minhas


ferramentas no carro. Eu sei abrir uma porta sem deixar rastros. —
Os olhos de Camille correram para seu rosto, incrédula. — Fui da
polícia Camy, a gente aprende muitas coisas por lá.

E saiu pela porta, com Erik em seu encalço. Fui até Camy e a
abracei.

—Calma, vamos achar sua mãe. Calma. — Ela encostou-se no


meu peito e começou a chorar.

—E meu pai, Rick? O que vai acontecer com ele? Porque isso é
sequestro, sem falar naquela liminar da Júlia.
—Isso eu não posso te garantir. Toda ação tem uma reação e
ele deveria ter pensado antes de fazer o que fez. Você sabe disso,
não?

Ela fungou e limpou as lágrimas.

—É, eu sei, mas não posso deixar de me preocupar. Ele é meu


pai. Bem ou mal, ele é meu pai.

—Vamos nos preocupar quando chegar a hora. Agora temos


que achar sua mãe. — E virando para os rapazes que me olhavam
esperando uma ordem, eu disse: —Se o virem, o sigam e me ligue.
Estarei com vocês em um piscar de olhos. Marcelo, por favor,
busque alguma coisa para comer. O que você quer Camy? Um
lanchão daqueles, igual ao que comemos com sua mãe? Hum? O
mesmo pro seu irmão? — Perguntei esfregando suas costas,
tentando consolar a pequena. Coitada. A mãe sumida e o pai um
louco de carteirinha. Ela só confirmou com a cabeça e passei o
endereço e o pedido para o Marcelo.

Pouco tempo depois, Erik e Chris voltaram de mãos vazias.

—Rick, nada. Não tem nada pessoal lá dentro. Meu pai até
pode ter estado lá, mas não está mais. Olhamos a casa toda, cada
cômodo. E nada.

—Onde ele pode ter escondido ela? Ela disse que o auditor
tinha a lista de propriedades, mas isso também não é garantia de
nada. Ele tem dinheiro e pode alugar qualquer coisa, em qualquer
lugar.
—Ah! Tem a casa da vovó. Ele vai visitá-la toda semana.
Amanhã ele irá, com certeza. Se não descobrirmos nada até
amanhã, vamos esperar lá e o pegamos. — Disse Erik, mais
empolgado.

—Isso! Amanhã com certeza a gente pega ele. E ele vai ter que
se explicar. — Camy disse.

Marcelo chegou com a comida e olhei a hora. Já eram duas e


meia da tarde. Comemos todos quietos e pensativos.

Subi para o quarto da Jess e deitei na cama, sentindo seu


perfume no travesseiro.

Onde você está...

E como que atendendo meu pedido, meu celular tocou. Olhei e


“Anjo” estava escrito na tela. Atendi já perguntando: — Anjo, onde
você está? Está bem?

JÉSSICA

—Rick, o Tony me pegou em casa hoje de manhã. O carro das


crianças não pegou e eu pedi para o Chris levá-los, já que eu estava
com você em casa. Nisso, ele entrou e colocou um pano no meu
nariz e eu apaguei. O ruim é que eu não sei onde estou. Não faço
nem ideia.

—Jess, eu vou pensar em alguma coisa. Deixe o celular ligado,


vou tentar rastrear. Fique sossegada, que vou te achar. Não faça
nada para irritar o maldito.

—Rick, só tenho um risquinho de bateria no celular, você vai ter


que ser rápido. Te amo... É melhor eu desligar. Diga pras crianças
que os amo muito e que estou bem. Ele não vai me machucar.

—Está bem, Anjo. Vou te encontrar. Também te amo, beijo.

Desliguei e tentei olhar pela janela do banheiro. Era alta demais


e não consegui enxergar quase nada.

Usei o banheiro e tomei banho. Eu precisava aproveitar o meu


tempo sozinha. Coloquei minhas roupas de volta. Nem morta eu
ficaria só de toalha, com o Tony no mesmo quarto ou ele podendo
entrar a qualquer momento.

Abri o armário embaixo da pia e vi todo tipo de hidratante,


perfume, desodorante, sabonete, cera depilatória, aparelho de
barbear, shampoo e condicionador a dar com pau. Quanto tempo
será que ele pretende me deixar presa? Coloquei meu celular no
modo silencioso e tirei a vibração. Escondi lá no fundo do armário.

Abri a porta do banheiro e entrei no quarto. Fui olhar o guarda-


roupa e o que tinha de roupa ali não estava escrito! Camisetas,
calça jeans, vestidos, camisola, pijaminhas de seda, calcinhas e
sutiãs para uma vida toda. Sapatos de salto, chinelo, sapatilhas.
Puxa vida, ele pretendia me deixar trancada o resto da vida!

Pensa Jess! Você viu filmes de ação a vida toda e agora que
precisa de um plano sua cabeça dá branco? Pense, pense...
Estava olhando o conteúdo do armário do quarto, quando Tony
bateu na porta.

—Posso entrar? — Perguntou, ainda do lado de fora.

—Pode Tony, pode entrar. — Suspirei e me sentei na cama.

—Aqui está um lanchinho da tarde, espero que eu tenha feito


tudo o que você gosta. — Colocou uma bandeja cheia na mesa de
cabeceira. Tinha suco de laranja, uma variedade de pãezinhos
doces, bolo de chocolate, frutas...

—Tony, mesmo morrendo de fome eu não consigo comer tudo


isso.

—Tudo bem amor, coma o que conseguir. — Sentou-se em uma


poltrona no canto oposto e ficou me olhando.

—Você vai ficar olhando eu comer?

—Vou, ficarei todo o tempo com você. Passei muito tempo


longe, tempo suficiente para que você se esquecesse de mim.
Agora será o nosso tempo, para que possamos nos conhecer, para
que você volte a me amar.

—Tony, não fui eu que te esqueci. Como eu vou explicar... Foi a


sua atitude. Todos os dias que você me humilhava, tirava sarro de
mim ou me ignorava. Isso acabou com o amor que eu tinha por
você. Eu fazia de tudo para você, Tony. Eu cuidava, fazia a sua
comida preferida, lavava e passava sua roupa e mesmo assim nada
estava bom ou certo. Levava sua cervejinha gelada no sofá
enquanto você via seu futebol. Pelo amor de Deus, eu até cortava
suas unhas! Quando comecei a cuidar de mim, descobri as fotos e
as mensagens que você trocava com a Suzana. Percebi que eu não
merecia isso tudo. A traição foi à gota d’água.

—Não vamos ficar discutindo o passado, isso não importa mais.


O que importa é só o aqui e o agora.

—Tony, vamos ser honestos. Quanto tempo você pretende me


deixar presa nesse quarto? Você sabe que eu estou namorando
agora e que nunca vou voltar para você, não importa o que você
faça ou quanto tempo fique presa nessa casa. Ele me aceita como
eu sou e quando estamos juntos é tão certo, tão bom. Aceite Tony,
por favor, aceite que a gente não dá mais. Não pretendo te punir ou
te fazer sofrer com essas palavras, só quero que entenda que não
existe mais um nós, entre você e eu.

—Você é minha! E você vai ficar aqui o tempo suficiente para


voltar a me amar. E pare de falar essas coisas, Jéssica, você é
minha. MINHA! —Ele disse, elevando o tom de voz.

Resolvi ficar quieta e esperar. Logo alguém apareceria por aqui


para me livrar desse louco. Voltei minha atenção para a bandeja e
comi dois pãezinhos doces e tomei o suco de laranja. Assim que
acabei de beber, minha cabeça começou a rodar devagar, uma
tontura boba foi me pegando e segurei a cabeça com as duas mãos
e apoiei os cotovelos nos joelhos.

Tony se sentou ao meu lado na cama e eu me afastei. Ele veio


para perto e tentou me beijar. Virei o rosto, escapando dele.

—Pare Tony, eu não quero.


—Jess, eu te quero tanto. Faz tanto tempo que não tenho você,
que não te beijo. Eu quero você... — Ele segurou meu rosto com as
duas mãos e eu fechei a boca. Sua boca desceu na minha e ele
tentou me invadir com sua língua. Coloquei as duas mãos em seu
peito, tentando afastá-lo, mas ele era muito forte e eu estava cada
vez mais tonta.

—Vamos Jess, me beije, só um beijinho e eu te deixo em paz.


Por favor, eu sei que você me quer também. — Grudou seus lábios
nos meus outra vez. Um enjoo subiu pelo meu estômago e engoli
em seco. Juntando todas as minhas forças eu o empurrei e levantei,
cambaleando.

—Saia, Tony e não me toque mais. — Disse limpando minha


boca com a manga da camiseta. —E por favor deixe a chave da
porta, pois agora quem quer ficar presa, sou eu. Saia! — Falei,
tentando parecer brava, mas eu estava cada vez mais tonta e
enjoada.

Ele passou as mãos nos cabelos, tirou uma chave do bolso,


colocou em cima da cama, pegou a bandeja e saiu do quarto de
cabeça baixa.

Peguei a chave e fui cambaleando até a porta, fechei e


tranquei. Recostei na porta e escorreguei até o chão. A tontura
aumentou e apaguei, caindo de lado.
Capítulo Vinte e Três
Acordei morrendo de sede. Aquele maldito idiota tentou me
dopar para tirar vantagem de mim! Canalha! Não beberia mais nada
que ele me trouxesse.

Levantei, me sentindo um pouco tonta, mas ainda enjoada. Fui


até o banheiro, abri a torneira e tomei água. Senti a água fria
descendo pela minha garganta... Que delícia!

Minha bexiga estava me matando, então corri até o vaso


sanitário e mal deu tempo de abaixar minhas calças. Credo. O que
era isso! Que remédio será que ele colocou no meu suco?

Voltei para o quarto e tentei abrir a janela. Nada... Parecia


trancada por fora. Fui até a porta e destranquei devagar, abrindo
com todo o cuidado.

No meio do corredor, deitado em um colchão, Tony dormia um


sono solto. Será que ele pensou que se deitando ali, eu não tentaria
fugir? Esse homem tinha o sono mais pesado do mundo! Lembro-
me bem que, em casa eu me levantava para ver a Camy chorando à
noite e ele nem se mexia! Ultimamente eu saía da cama e ia dormir
no sofá, sem que ele percebesse.

Com todo o cuidado do mundo, passei por cima da cabeça dele.


Conforme o esperado ele nem se mexeu. Olhei em cada porta, cada
janela e nada. Tudo trancado! Ele devia manter as chaves com ele e
as janelas deviam estar trancadas por fora. Onde eu estava? Pelo
silêncio devia ser um lugar isolado.

Suspirando, fui até a cozinha, fiz um lanche e peguei uma Coca-


Cola. Hummm, que vontade que eu estava de tomar uma coca cola
gelada! Estava colocando no copo, quando um apito me chamou a
atenção. Era o celular do Tony, avisando que já estava carregado.

Peguei ele e fui para o banheiro mais distante do meu quarto.


Trancando a porta atrás de mim, desbloqueei o celular. A porcaria
da senha. Tentei a anterior e não era. Pensei bem e como a
obsessão dele agora era eu, tentei meu nome e pimba! Não perdi
tempo e liguei para casa.

PATRICK

Jess estava bem, pelo menos isso. Liguei para o Ethan, para
ver se ele poderia rastrear o celular dela. Ele ficou com o número e
prometeu me ligar se tivesse alguma informação. Eu tinha que
descer e dar a notícia para e Camy e o Erik. Desci correndo as
escadas.
—Camy, sua mãe acabou de me ligar. Ela está com seu pai, me
disse que ele a dopou e a levou para algum lugar que ela não faz
ideia de onde seja. Já pedi para um policial amigo meu tentar
rastrear o celular dela, o único problema é que ela está quase sem
bateria. Tenho certeza que logo a teremos aqui.

—Rick, isso me deixa feliz, mas ao mesmo tempo... meu pai...

—Eu sei querida, eu sei. Vamos aguardar, está bem? Ela


mandou eu dizer a vocês que ela os ama e que estava bem.

Liguei para Maria e pedi para adiar a entrevista da sua irmã, até
que a Jess fosse encontrada. Ela ficou preocupada.

—Senhor Patrick, quer que eu vá até aí para ajudar enquanto


isso? Me parece que o senhor não vai conseguir ficar em casa
mesmo.

—Ok, anote o endereço. Vai ser bom ter você por aqui.
Obrigado, Maria.

—Imagina, senhor, será um prazer. A senhorita Jéssica parece


ser muito especial. Boa tarde, senhor. — Disse ela desligando após
anotar o endereço. Ao menos teríamos boa comida enquanto
esperávamos.

—Falei com a minha governanta, e ela se ofereceu para ficar


aqui até sua mãe retornar. Ela é uma ótima cozinheira.

Os dois aceitaram, afirmando com a cabeça ao mesmo tempo.


E ficamos aguardamos... às seis da tarde os rapazes que
estavam na construtora, ligaram e disseram que ele não apareceu.
Esperamos Ethan ligar e nada. Já era quase hora do jantar.

—Me digam uma coisa, vocês se importariam se eu ficasse aqui


essa noite? Assim qualquer notícia que eu tiver, já passo pra vocês.

—Imagina, Rick, fica aí. Você já é de casa. —Me disse o Erik.

—Valeu, Erik. Vou pedir uma pizza pra nós então.

As pizzas chegaram e comemos. Meu Deus, a pizza tinha gosto


de papel para mim. Jess em algum lugar, presa com aquele
canalha... Só pedia a Deus que ele não a tocasse. Eu já quebraria a
cara do sujeito, mas se ele a tocasse, eu o mataria com minhas
próprias mãos.

Chris ficou após seu horário, e agora se despedia de Camy, do


lado de fora. Será que Jess sabia que alguma coisa estava
acontecendo entre eles?

Em silêncio subi para o quarto dela. Fechei a porta e fui tomar


uma ducha. Tirei minhas roupas e deixei em cima da pia. Entrei no
box, me lavei e saí. Peguei uma toalha que estava pendurada atrás
da porta e encontrei seu pijama de seda, embaixo dela. O peguei e
levei para a cama comigo.

Ainda tinha o cheiro dela.

Me deitei abraçado ao seu pijama e seu cheiro me acalmou.


Fiquei deitado ali, com seu cheiro por horas até que acabei pegando
no sono.
Tinha acabado de fechar os olhos, quando o telefone da casa
tocou. A essa hora da madrugada ninguém ligaria a não ser que
fosse urgente. Atendi meio sonolento, mas fiquei alerta em um
segundo quando escutei a voz do meu Anjo.

JÉSSICA

—Alô? — Rick atendeu com uma voz de sono.

—Rick, sou eu. Ah, Rick que saudade! — Sussurrei me


sentando no chão.

—Anjo... você está bem? Ele ainda está com você? Ele está te
tratando bem?

—Sim amor, ele ainda está comigo. E está me tratando bem, na


medida do possível. Você já tem uma ideia de onde estou? Tentei
abrir as portas e janelas pra fugir daqui, mas isso parece uma
fortaleza!

—Não, Anjo, nada ainda. O Ethan tentou rastrear seu telefone e


nada. Tentou no do Tony, mas o número é indetectável. Ele pensou
em tudo, esse canalha. A Camy disse que ele vai visitar a mãe
amanhã. Vamos ficar de olho e em último caso vamos fazer uma
armadilha, junto com a mãe e o pai dele. Pegando ele, chegaremos
até você. Enquanto isso o mantenha calmo.

—E meus filhos? Como estão? — Perguntei baixinho.


—Eles estão bem. Você sabia que tem uma coisa acontecendo
entre a Camy e o Chris? Eu estou sem saber o que fazer com isso.

—Sim amor, não se preocupe, já conversei com ela. Eu estou


com tanta saudade!

—Eu também Anjo. Me diz uma coisa, esse celular dele não
teria conexão com a internet, teria?

—Creio que sim. — Olhei para o visor e vi que estava


conectado. — Parece que está conectado.

—Acabei de ter uma ideia. Entre em sua rede social. Nós


vamos olhar de onde foi o último acesso e teremos por onde
começar a procurar. — Mudando seu tom de voz para um mais
íntimo, continuou. —Sem falar que tem chamada com vídeo e
poderíamos nos ver. Estou morrendo de saudade de você, Anjo.
Estou dormindo na sua cama, agarrado com o seu pijama que
estava atrás da porta do banheiro.

Um calor brotou no meio das minhas pernas e me senti


umedecendo, instantaneamente, um fogo vindo de lugar nenhum,
mas consumindo tudo pelo caminho.

—Rick... Vou me conectar e vou postar tentando adicionar uma


localização à postagem. Pode demorar um pouco, porque não sei se
já tem aqui, mas acho que tenho toda a noite para isso. Tony tem
um sono pesado demais. Melhor, pega uma caneta aí na mesinha
do lado da cama e anota meu usuário e a senha para você olhar
depois. Melhor prevenir. — Passei os dados para ele. —Vou desligar
e ver tudo isso. Se não der, amanhã de madrugada eu tento te ligar
de novo. Beijo, te amo muito.

—Eu também te amo, Anjo. Não queria desligar. Queria passar


a noite toda aqui falando com você, escutando sua voz. Mas vamos
fazer isso. Se não conseguir, boa noite e sonha comigo? — Ele
perguntou, sussurrando também.

—Vou sonhar amor, e você também? Sonha comigo?

—Sempre, Anjo. Boa noite.

—Boa noite, amor. — E desliguei.

Fui direto ao menu e achei o atalho da rede social e me


conectei. Postei, mas na hora de acrescentar uma localidade, não
carregava nunca. Esse telefone era realmente maravilhoso! Com
duas câmeras, eu poderia vê-lo enquanto ele me via. Como no note.
Me levantei e olhei no espelho. Bem, eu não estava lá essas coisas,
mas fazer o que? Presa nessa porcaria de casa, isso era o melhor
que eu poderia estar. Abri a janela do chat, cliquei para uma
conversa por vídeo e esperei.

Logo ele apareceu na tela. Lindo, com seu cabelo castanho


cheio de mechas, bagunçado.

— Que saudade de você, Anjo. Te ver é a melhor coisa que me


aconteceu hoje. — Seus olhos azuis ficaram marejados ao olhar
para mim. — Diga que você está bem. — Uma lágrima escorreu
pelo seu rosto.
—Estou sim amor, senti tanto a sua falta. — Senti meus olhos
se encherem de lágrimas também. Nunca pude ver ninguém chorar
sem chorar junto e a sensação gostosa que me percorreu ao vê-lo,
me fez querer chorar mais ainda.

Nós dois não tínhamos palavras e ficamos nos olhando por uns
longos minutos, absorvendo os detalhes um do outro, lágrimas
silenciosas escorriam por nossos rostos.

Enfim, ele quebrou o silêncio e limpou a umidade de seus olhos.

—Estou fazendo de tudo para te encontrar. Tenho detetives


atrás de você e a polícia está avisada.

—Eu sei, amor, e isso me dá forças para aguentar isso aqui.

—Ele realmente está te tratando bem aí? Ele não tentou nada
com você? — Seus olhos azuis me encaravam na tela.

Meu rosto deve ter demonstrado alguma coisa, pois ele


continuou.

— Filho da puta, eu mato esse canalha. O que ele fez?

—Ele colocou alguma coisa no meu suco e eu fiquei tonta.


Tentou me beijar e eu fiquei enjoada. Mas ele não conseguiu e
escapei dele. Acho que ele não vai tentar mais nada.

—Se ele sabe o que é melhor pra ele, vai manter as mãos bem
longe de você. — Seu rosto transformado em uma máscara de fúria.

—Está tudo bem, não aconteceu nada.


—Anjo, estou sentindo seu cheiro... isso não é justo. Tudo o que
eu mais queria agora era te abraçar e dormir agarradinho com você.
— Sua respiração pesada me fazia ter arrepios pelo corpo.

—Amor, assim que eu conseguir eu fujo daqui. Ou você me


resgata. O que vier primeiro.

—Aviso seus filhos que você pode ligar amanhã? Quem sabe
eles até possam te ver aqui.

—Com certeza. Quero sim, você faria isso por mim?

—Claro. Eu te amo e amo eles também. A Camy demonstra


mais, mas os dois estão preocupados com você, nas mãos desse
louco.

— Não quero mais ficar longe de você, dos meus filhos... —


Pedi fazendo beicinho.

—Ok, Anjo, vou entrar na sua conta e ver de onde foi a última
entrada. Lembre-se de apagar a ligação e a entrada aqui. Tente
guardar meu número, assim você liga direto pra mim, qualquer coisa
que acontecer. Eu te amo. — Me passou o número e percebi que
ele estava com uma expressão preocupada.

—Também te amo, Rick. Muito.

—Sonha comigo, Jess. — Me olhou nos olhos e sorriu.

—Você também. Beijo. Até amanhã. — Assoprei um beijo para


ele e finalizei a chamada.
Limpei o registro de ligações e apaguei minha entrada. Abri a
porta devagar e corri para colocar o celular conectado na tomada de
novo. Sentei para comer meu lanche e quando ia tomar um gole do
meu refrigerante, ouvi o barulho do Tony correndo.

—Jéssica! Quando você saiu do quarto? — Me perguntou sem


fôlego.

—Há uma hora, eu acho. Me deu fome. E sede. Vim procurar


alguma coisa pra comer. Quer que eu faça um lanche pra você
também? — Perguntei com a voz mais calma que eu consegui.

—Você não tentou fugir?

—Não Tony, não tentei. Pelo silêncio lá fora, a gente deve estar
em um lugar isolado ou coisa assim. Acha que eu sairia andando no
meio do nada, de madrugada e sozinha? — Eu tinha que ganhar
sua confiança, quanto mais ele relaxasse, mais cedo eu conseguiria
fugir. Mordi meu lanche, sossegada e tomei um gole generoso de
Coca-Cola. Humm, mesmo nessa temperatura estava muito boa.
Fiquei repassando mentalmente o número do Rick. Acho que até já
decorei...

Acabei de comer e olhei para ele, sentado na cadeira, apoiado


na mesa me olhando incrédulo.

—Boa noite, Tony, vou dormir um pouco agora que estou com a
barriga cheia.

Acenei com a mão e voltei para o quarto. Se eu tivesse


demorado mais cinco minutos no banheiro ele teria me pego no
flagra. Tranquei a porta, arranquei a roupa e deitei, pensando no
Rick e seus incríveis olhos azuis, caindo no sono pesado...
Capítulo Vinte e Quatro
PATRICK
Acordei cedo e bati na porta da Camy para acordá-la. Era o
último dia de aula, e, com certeza eles não gostariam de perder. Bati
na do Erik também, que estava arrumado para a aula.

—Eu não queria que vocês perdessem a hora do colégio. Último


dia hoje, né?

—É sim. Nem sei como a gente vai fazer, semana que vem tem
a viagem da turma e agora com o sequestro e essa coisa toda com
meu pai... — Erik passou as mãos nos cabelos, visivelmente
abalado.

—Acho que vocês deveriam ir, falei com sua mãe ontem de
madrugada. Ele está tratando ela bem. Não se preocupe, ele não
vai fazer nada contra ela. Daqui a pouco ele escuta a voz da razão e
a traz de volta. — Falei para ele, tentando amenizar a situação. Nem
eu mesmo acreditava em nada do que estava falando, mas
precisava acalmar o garoto.

—Vou ver com a Camy o que ela acha. Mas você tem razão.
Mamãe gostaria que nós fossemos. Ela falou várias vezes como
isso será importante pra nós no futuro, uma lembrança boa. — E um
sorriso apareceu em seu rosto. Bati mais uma vez na porta da
Camy, que gritou lá de dentro.

—Já to indooo!

Desci e fiz café e pão com manteiga no grill. O cheiro estava


uma delícia. Coloquei na mesa e abri a geladeira, pegando algumas
frutas e iogurte. É, isso ia dar.

Me sentei e comecei a comer meu pão, quando eles chegaram


na cozinha.

—Olha só, além de bonito sabe fazer café da manhã, hein?


Quem diria.

—Você e sua língua afiada... Senta e come, ou vocês se


atrasarão para o último dia. — Falei brincando para aliviar o
ambiente. Não estava sendo fácil para eles.

Enquanto eles comiam, minha cabeça estava com o meu Anjo.


Como ela teria passado a noite? Ia esperar até às nove horas e
ligaria para o Ethan. Se ele não mandasse uma equipe para tentar
localizá-la, eu mesmo faria isso. Ela estava lá, no sul do país, em
uma casa isolada. Iria ter uma equipe pronta em algumas horas se
ele não o fizesse.

—Estamos indo. Qualquer coisa me manda uma mensagem no


celular. — Camy me atirou um beijo enquanto Erik só balançou a
cabeça para mim e saíram. Ele estava pensativo de novo. Ia ligar
para Layla depois, quem sabe ela não o alegraria um pouco?
Como não tinha mais o que fazer, avisei ao Chris que Maria viria
para cuidar da casa e fui para a academia.

Chegando lá, fui fazer a ronda pelas lojas. Tudo me parecia


sem graça e morto sem meu Anjo. Uma dor sem tamanho apertava
meu peito e sentia que meus ombros estavam pesando 100 kg.

Quando isso acabaria? Sentei em uma das mesinhas e fiquei


olhando o movimento dos alunos. Lembrei o dia do showzinho com
o manequim e do nosso encontro na sala de manutenção, da
academia. Como eu amava aquela mulher!

Me assustei quando o celular vibrou em meu bolso. Peguei sem


olhar e atendi. Era o Ethan, dizendo que já tinha mobilizado duas
equipes de busca e salvamento da região e que logo teríamos uma
notícia. Isso me deixou mais calmo e fui para meu escritório. Abri
meus e-mails e um deles me deixou lívido. Era do canalha do
Anthony Mantovani, com um vídeo em anexo. Abri e juro por Deus
que eu ia quebrar aquele cara quando o encontrasse.

No vídeo, Jess estava deitada em uma cama, visivelmente


desmaiada, sem consciência do que ele estava fazendo. Ele
colocou a câmera em algum lugar e se aproximou dela. Passou a
mão pela perna dela, subindo devagar, passou pela bunda e deu
uma pegada. A fúria tomou conta de mim e me agarrei à cadeira. Eu
não podia parar de ver aquilo, para poder fazê-lo pagar por cada
coisinha que ele fizesse com meu Anjo indefeso. Ele continuou a
subir a mão pelo corpo dela e pegou seu seio. Abaixou-se e deu um
beijo na boca dela. Mesmo inconsciente ela fez um movimento com
a cabeça, de leve, tentando escapar dele.
Então ele levantou a cabeça e olhou para a câmera. “Ela é
minha! Achou que roubaria minha mulher? Eu a roubei de você e
bem debaixo do seu nariz. Idiota bombado.” Sorriu para a câmera
indo até ela e desligando.

Liguei para Ethan, contei sobre o e-mail do maldito e o


encaminhei. O cara era burro ou o quê? Enviar uma prova de que
ele tinha sequestrado a Jess? Idiota era ele, maldito. Esse era
realmente um bom apelido para ele.

Um pouco antes da hora deles chegarem do colégio, voltei para


casa da Jess para apresentar a Maria. Ela já havia preparado um
senhor almoço para nós e almoçamos todos juntos. Voltei para
academia e o resto do dia passou sem que eu percebesse.
Cabisbaixo e cansado fiz meu caminho de volta para aquela casa,
sabendo que não encontraria minha mulher, mas louco para que
chegasse a madrugada para enfim poder falar com ela.

JÉSSICA

Acordei, olhei em volta e levei alguns minutos para me lembrar


de onde estava. Poderia ser o último dia do meu cativeiro. Toda
sexta à tarde Tony ia até a casa da mãe. Era uma mania dele, creio
que essa era única pessoa à qual ele era fiel. A mãe.

Se Deus me ajudasse, assim que ele saísse eu sumiria, nem


que fosse preciso quebrar a janela a sapatadas!

Levantei da cama e fui correndo para o banheiro. Minha bexiga


não estava respondendo bem a essa coisa toda de estar
trancafiada. Acabei aproveitando que estava ali e coloquei a
banheira para encher. Tomaria um banho bem demorado, com
direito a tudo o que o Tony havia comprado. Quando estava quase
cheia, entrei no meio das bolhas...

Meu Deus, foi só entrar na água que meu corpo se acendeu,


meu pensamento voando como louco, direto e reto para o Rick.
Quando estivéssemos juntos novamente eu iria para a banheira com
ele. Aquelas mãos sabiam o que fazer com meu corpo... hummm.
Meus mamilos endureceram com o pensamento daquelas mãos em
torno deles...

Argh! Tinha que parar de pensar nisso, senão ficaria louca.

Uma coisa era certa. Eu não ficaria aqui presa com esse louco.
Fugiria e encontraria meu amor. Com esse pensamento saí da
banheira e tomei uma ducha. Fui até o quarto e resolvi colocar
algumas roupas que o Tony havia comprado. Peguei o conjunto
mais discreto de calcinha e sutiã da gaveta e como estava muito
calor, coloquei um vestido e um par de sapatilhas. Penteei o cabelo
e passei um pouco de perfume. Pronto. Estava pronta para aturar
aquele chato.

Saí do quarto e ele não estava mais lá no corredor e nem o


colchão. Ainda bem, porque passar por cima dele com vestido seria
um pouco constrangedor.

Caminhei até a cozinha e eu realmente havia perdido a noção


do tempo, porque ele estava lá, fazendo o almoço. Não é que o
homem sabia cozinhar? Pelo menos o espaguete à bolonhesa que
ele estava fazendo.
Fui até a geladeira e peguei uma latinha de refrigerante. Eu
estava morrendo de vontade de tomar Coca-Cola novamente. O
stress deve cobrar mais do corpo da gente e eu deveria estar com
falta de açúcar no organismo. Essa me parecia uma boa explicação
para essa vontade súbita.

—Bom dia, Bela adormecida. Dormiu bem?

—Sim, e você?

—Também. Me admirei que você não tenha tentado escapar


ontem à noite. Estou realmente espantado.

—Eu te disse, Tony. Não sou idiota. Não sei nem onde estou.
Como vou sair assim, sem mais nem menos? Falando nisso, onde é
que estamos?

—Estamos em uma fazenda de um amigo meu, longe de tudo.


Não temos vizinhos, somente plantações e mais plantações, por
toda a volta. Ele tinha caseiros e todo um pessoal que cuidava das
terras, mas paguei um bom dinheiro para ele largar tudo aqui por
alguns dias.

—Hum! No meio do nada é uma boa explicação. Em que


cidade? Em que estado?

—Isso você não precisa saber. Saber que vai ficar aqui comigo,
já é suficiente. Quando você resolver ceder a mim, a gente volta pra
civilização e retoma nossa vida. Juntos. — Disse me encarando com
aqueles olhos verdes, que um dia eu pensei amar.
Tony não era de se jogar fora e eu nunca pensaria em largá-lo
se ele fosse diferente. Se me respeitasse, me amasse e ligasse
para minhas necessidades, como eu sempre fui com ele. Mas
agora, nada que ele fizesse ou dissesse mudaria isso. Agora eu
tinha o meu Rick.

—Tony, eu quero ir pra casa. Estou com saudade dos nossos


filhos. Você sabe que eu nunca fiquei longe deles. Por favor, pare
com isso e me leve pra casa. — Implorei.

—Jess, não vou falar mais. Você sabe o que tem que fazer para
poder voltar. — Tony me olhou de um jeito que pela primeira vez,
durante meu cativeiro, fiquei com medo de que ele me machucasse.

—Tony, você sabe quantas vezes eu te quis e você me


esnobou? Sabe quantas vezes desejei que você viesse pra mim?
Que dissesse tudo isso que você me disse enquanto estou aqui?
Que me ama, que me quer, que tem saudade de meus beijos? Perdi
a conta. Sabe o que acontece quando a gente se decepciona? Uma
vez após a outra? Desistimos! Eu desisti de ter você, de ser sua e
viver por você. Agora eu vivo para mim. Eu cuido de mim e não vou
voltar atrás.

—Jess... — Tony começou a falar, mas o interrompi.

—Jess nada! Deu Tony! Pare de ser cabeça dura e me leve


embora. Isso tudo só me afasta cada vez mais de você.

Virei às costas e voltei para o quarto, trancando a porta. Ele


veio atrás e bateu na porta.

—Jess abra... vamos resolver isso, como adultos.


—Vá embora Tony e desista. Deixe-me em paz aqui. — Gritei
de dentro do quarto.

—Por agora acabamos Jess, mas vamos conversar quando


você estiver mais calma. — Ouvi seus passos se afastando.

O tempo passou e ouvi uma batida na porta.

—Jess, seu almoço. Você precisa comer. Abra a porta e venha.

Suspirei, resignada.

—Já vou, Tony.

Eu estava totalmente perdida. Tony estava me tirando do sério e


Rick me aconselhou a não irritá-lo. Me lembrei do olhar de Tony em
mim e troquei de roupa, achando melhor me cobrir o máximo
possível. Coloquei uma calça jeans, camiseta, meia e tênis.

Abri a porta e ele estava lá parado, só de calça jeans, sem


camisa. Ô Jesus amado, o que eu tinha que passar nessa vida! Ao
olhar seu peito magro não pude me conter e comecei a rir. Ele
pensava em me seduzir assim? Passei por ele e segui o cheiro da
comida, me lembrando da última vez que comi ou bebi alguma coisa
que ele me trouxe. Não cairia nessa de novo.

Sentei e observei o prato a minha frente.

—Só vou comer se você comer primeiro.

Ele se sentou na minha frente e começou a comer sua comida.


Fiquei observando. Ele misturava o macarrão ao molho pelo prato
todo... Então não devia ter nada, pelo menos na comida dele.
Levantei e levei meu prato para ele, trocando e pegando o dele
para mim.

—Come esse. — Me sentei em meu lugar novamente.

Vi ele engolir em seco e começar a comer. Bebeu um gole de


seu refrigerante e continuou comendo. Comi o restante da sua
comida rápido, eu estava realmente faminta. Ignorando o copo a
minha frente, fui até a pia e enchi um copo de água. Olhei para ele,
esperando que ele fizesse alguma observação.

— Quer ir dar uma volta? — Quase me engasguei com a água.

— Como?

— Uma volta, quer ir? Andar um pouco, respirar um pouco de ar


puro, aqui tem bastante.

— Ok, quero sim. — Uma mudança de ares me parecia muito


bom, e eu não tinha mais o que fazer mesmo. Meu corpo
acostumou-se com malhação e pedia por um pouco de ação. Ele
acabou de comer, recolheu os pratos, talheres e copos, limpou tudo
e colocou na lava louças.

—No seu banheiro tem protetor solar, vá pegar e passe. O sol


vai queimar sua pele.

Sem discutir fui pegar o protetor. Seria uma boa sair e dar uma
olhada em volta, assim saber para onde correr quando conseguisse
sair sozinha, mais tarde.
Passei o dito cujo e quando saí pela porta, seguindo Tony, meu
queixo caiu. Em todos os lugares só se via verde... Verde e mais
verde. Plantações e mais plantações e ao longe, mas bem longe
algumas árvores. Demos a volta na casa para ele me mostrar a
criação de frango do amigo e vi lá, mais longe ainda, umas
casinhas. Se fosse correr, tinha que ser para lá!

Um plano foi se formando em minha cabeça e se a polícia não


aparecesse hoje à noite, amanhã eu ia tomar uma atitude.

Andamos durante uma hora e o Tony tentava pegar em minha


mão a toda hora e eu me esquivando. Ele me mostrava as
plantações de soja falando sobre estatísticas e safras e eu só
concordando com a cabeça. Nunca falei tantos “Uhum” na minha
vida. Voltamos para a casa e ele perguntou se eu queria jogar
videogame com ele. Sério? Videogame? Eu não tinha mais idade
pra isso!

Ele se sentou e ligou o Wii. Tinha um monte de acessórios e eu


só fiquei olhando. Jogou uma partida de tênnis e deu o controle para
mim, dizendo que era minha vez. Peguei meio por obrigação, mas
acabou sendo divertido. Muito divertido. Cantamos, tocamos e
dançamos em um tapete esquisito e depois de horas estávamos
rindo e jogados no sofá, cansados pra caramba.

Enquanto a gente ria, ele me encarou e ficou sério, olhando


para minha boca. Minha boca e meus olhos, meus olhos e minha
boca e veio se chegando. Sacudi minha cabeça e coloquei as mãos
espalmadas em seu peito.

—Só um Jess, só um beijinho. Pelos velhos tempos.


—Não, Tony. O passado ficou para trás. Vamos viver bem um
com o outro, mas não juntos. Entenda. Por favor.

Ele levantou e passou as mãos pelos cabelos.

—Você está pensando naquele bombado, né? Nós fomos


felizes Jess, nós dois e as crianças, me dê só mais uma chance
para te mostrar que eu mudei.

—Desculpa, Tony. Não dá. Isso já está ficando chato, sabia?

—Chato? Então vai ficar péssimo. — Se atirou em cima de mim,


me prendendo sob seu peso, colando a boca na minha, me
lambendo desesperado, enfiando a língua na minha boca. Senti a
bile subindo em minha garganta e mordi sua língua enquanto
levantava um joelho, certeiro em suas bolas.

Ele escorregou meio de lado, gemendo e segurando seus


companheirinhos de trabalho com uma mão e com a outra verificava
o estrago em sua língua.

Levantei, colocando a mão em frente à boca e saí em disparada


para o banheiro mais próximo, despejando no vaso todo o meu
almoço. Eca!

Dei descarga, fui para meu quarto e escovei os dentes. Voltei


para a sala e ele ainda estava no chão, gemendo.

—Tony, nunca mais faça isso. Nunca mais! — Voltei para meu
quarto, passando antes pela cozinha, pegando uma faca e um
martelo que tinha visto na gaveta dos talheres. Me tranquei, passei
pelo banheiro de novo (o que estava acontecendo comigo???) e
comecei a trabalhar na janela com a faca. Ia levar um tempo
danado, mas eu conseguiria alguma coisa.

Logo cansei e desisti. Não estava fazendo nada à porcaria da


janela. Que ideia também... Mas momentos desesperados levam a
ações desesperadas.

Deitei e acabei adormecendo, estava muito cansada pela


caminhada e depois pelo jogo. Quando acordei já estava escuro, lá
fora somente os grilos e cigarras cantando. Levantei e fui até a
porta, abrindo devagar. Como na noite anterior, Tony estava
dormindo ali e roncava baixinho.

Tentei abrir as portas e janelas de novo. Nada. O desespero me


tomou, queria chorar, gritar e espernear! Não era possível! Tentaria
falar com Rick e contar para ele sobre a vizinhança. Isso ia me
acalmar. Ele de algum jeito sempre me acalmava. Eu precisava
dele... De qualquer jeito.

Saí procurando o celular do Tony e o encontrei perto do vídeo


game. Peguei e fui para o mesmo banheiro da noite passada. Olhei
o celular e não tinha conexão com internet. Falar também poderia
chamar a atenção de Tony. Mensagens! Vamos conversar por
mensagens hoje. Mandei uma para o celular dele.

Oi, amor. Como você está?

E esperei.
Anjo, achei que havia se esquecido de mim ou o maldito
tinha escondido o celular.

Hoje ele me levou em um passeio pelos arredores. Estou no


meio do nada, com plantações de soja para todos os lados.
Descobriu onde eu estou?

Sim, apareceu que você se conectou em algum lugar


remoto do Rio Grande do Sul. Já estamos com equipes te
procurando. Vou passar mais essas informações para o Ethan.
Pode ajudar.

Uhum. E as crianças? Estão bem?

Não se preocupe com eles. Estão bem. Estou ficando na


sua casa, cuidando deles.

Rick... Eu te amo tanto. Não sei quando vou conseguir fugir,


mas vou direto pra você.

I ssose eu não te achar primeiro. Esse lugar é muito grande,


muitas fazendas. Ethan está mobilizando um monte de agentes para
te achar.

Entendo.
Quem sabe amanhã estaremos juntos?

É o que eu mais quero... Você, seja como for. Boa noite


amor. Manda um beijo para meus filhos.

Boa noite. Anjo? Sonha comigo?

S empre, amor. Até amanhã.


Deletei todas as mensagens e as do Tony se foram também.
Saí do banheiro, fui até a sala e coloquei no lugar de novo. Peguei
uma maçã e uma Coca-Cola da geladeira e levei para o quarto
comigo. Passei por cima da cabeça do Tony de novo e ele só roncou
mais alto. Tranquei a porta atrás de mim com cuidado e me deitei na
cama, pensando no meu plano enquanto comia a maçã.

Sem conseguir ficar parada, me levantei e fiquei andando pelo


quarto. Quando dei por mim, tinha comido a maçã e tomado toda a
Coca-Cola. De repente bateu um cansaço e me deitei de novo,
dessa vez pensando no meu Rick. Ele deveria estar preocupado. Eu
o amava tanto, tanto que chegava a doer. Lágrimas começaram a
escorrer dos meus olhos e adormeci.

Eu estava na beira da piscina à noite, sentada na


espreguiçadeira, olhando as estrelas. A noite estava quente, e
resolvi dar um mergulho. Como estava sozinha em casa, tirei a
roupa e entrei nua na piscina. A sensação era estranha, mas
deliciosa.

Estava nadando, despreocupada quando percebi um vulto


próximo ao portão de acesso ao quintal. Forcei a vista, tentando
enxergar, pois estava tudo escuro.

—Não fique com medo, sou eu. — Rick foi chegando mais perto
da piscina, me olhando com fome.

—Você não deveria estar aqui, se alguém chega... — Minha voz


sumindo, à medida que olhava para aqueles olhos azuis.
—Ninguém vai chegar agora, eu estava olhando e vi quando
todos saíram. — Foi tirando a camiseta e perdi o fôlego quando ela
caiu sobre a espreguiçadeira. Seu peitoral era perfeito, seguido de
perto pelos músculos abdominais definidos, com os gominhos
saltando a perfeição em sua barriga. Ele não tinha um grama de
gordura sobrando naquele corpo delicioso. Tirou os sapatos com os
pés, largando-os por ali mesmo.

Quando ele abriu a calça e deixou cair a seus pés, não


consegui conter um gemido ao ver o V delicioso, formado por seus
músculos e sua ereção poderosa. Ele deu um mergulho na piscina e
em um piscar de olhos ele estava na minha frente, suas mãos
poderosas me pegando pela cintura, me esmagando contra ele, sua
ereção longa e grossa apertada contra minha barriga.

—Oi. —Um sorriso torto apareceu em lábios.

—Oi.

Foi tudo o que consegui dizer, pois seus lábios se apossaram


dos meus, roçando a língua na minha boca, pedindo passagem.
Entreabri os lábios, dando boas vindas a sua língua com a minha. O
beijo começou terno, mas à medida que nossas respirações foram
ficando mais ofegantes, o beijo foi mudando, consumindo. Minhas
mãos foram para seus cabelos, puxando-o mais perto de mim,
enquanto ele puxava minha perna até sua cintura.

Gemi em sua boca, quando senti sua mão descendo,


passeando pela minha cintura, meus quadris, apertando minha
bunda de encontro a ele, indo devagar para onde eu mais precisava
dele, acariciando lentamente por cima de meu sexo.
Despertei assustada e ofegante, olhando para os lados, sem
entender direito o que estava acontecendo. A realidade caiu sobre
mim como um balde de água gelada e comecei a chorar, com a
cabeça enterrada no travesseiro. Só um sonho, aquilo tudo foi só
um sonho e eu ainda estava muito distante do meu amor. Eu
precisava sair daqui.

Eu vou sair daqui e vai ser hoje. Disse para mim mesma,
baixinho.

Tenho que avisar meu amor do que estou prestes a fazer.

Arrisquei-me fora do quarto novamente, já estava quase


amanhecendo e meu caminho pela casa foi mais fácil. Fui até a sala
e roubei o celular do Tony uma última vez. Uma última mensagem.
Coloquei o número dele e escrevi:

Amor, hoje sonhei com você... Quero tanto você que chega a doer, quero
tudo, corpos suados, beijos, línguas provando pele, unhas arranhando,
mãos deslizando, acariciando... Respirações ofegantes, teu sabor, meu
gosto... Minhas mãos agarrando seus cabelos, te segurando contra mim
enquanto meu corpo treme de prazer embaixo do seu... Suas mãos me
juntando, agarrando e puxando meus cabelos, me guiando para seu prazer...
Você é meu e eu sou sua. Entre nós não existem limites, só o prazer e a
realização de nossas fantasias mais profundas... Entre quatro paredes
podemos tudo... Isso será nosso segredo. Só você e eu, em nosso quarto e
o mundo lá fora... por nós e contra nós... Saudade de você amor. Vou fugir
daqui a pouco. Entrarei em contato assim que possível. Minha caminhada
vai ser grande, não sei quanto tempo vou levar para atravessar tudo isso.
Não esqueça que te amo mais que a vida. Mil beijos. Seu Anjo.

Apertei em enviar. Apaguei e recoloquei o celular no lugar.


Agora eu teria que juntar suprimentos...

Fui até a cozinha e procurei nos armários.


Puxei a barra da minha camiseta para a frente e fui colocando
ali pacotes de biscoito, pacotinhos de bolo e algumas maçãs.
Peguei duas garrafas de água, uma caixa de fósforos e a lanterna
na gaveta da cozinha e era isso, não conseguia carregar mais nada.
Agora era rezar para que nada disso caísse na cabeça do Tony
quando eu passasse por ele.

Consegui passar e chegar em meu quarto sem problemas e


tranquei a porta atrás de mim. Remexi o armário até achar a bolsa
de viagem que havia visto da outra vez, coloquei algumas roupas
dentro, peguei o protetor solar, o repelente, um rolo de papel e
coloquei no bolso lateral junto com minha escova de dentes e o
creme dental. Coloquei a comida e a água no outro bolso e estava
pronto. Escondi a bolsa embaixo da cama e esperei. Ah, meu
celular! Corri até onde havia escondido e coloquei no meio das
roupas.

Amanheceu e o tempo foi passando devagar demais para mim.


Até que finalmente escutei Tony acordando, tirando o colchão do
corredor e seus passos se afastando. Troquei de roupa, colocando
um tênis, calça jeans e uma camiseta de manga comprida. Peguei a
manta, dobrei e coloquei por cima da bolsa embaixo da cama.

Pronto, agora sim. Destranquei a porta devagar e voltei para a


cama, me deitando. Quando ouvi os passos do Tony no corredor, dei
um grito, como se estivesse com muita dor e agarrei a barriga, bem
na hora que ele entrou correndo no quarto.

—Jess, o que foi? O que está acontecendo? — Ele perguntou


preocupado, passando as mãos em meus cabelos.
—Cólica, muito forte, isso não está certo Tony. — Gemi de dor.

—O que você precisa? — Seu rosto estava agoniado,


contorcido em uma careta de pânico.

—Um médico Tony, tenho um problema no útero, preciso de um


médico. — Gritei de novo.

—Fique aqui que eu já volto. Vou buscar um médico para você.


Calma, amor. — Me deu um beijo na testa e eu continuei a gemer
de dor, e gritando, enquanto ouvia ele correndo pela casa,
procurando as chaves do carro.

Quando ouvi o carro ligando e o barulho do cascalho nos pneus,


agarrei a mala. Como previ Tony saiu com tanta pressa que não se
lembrou de me trancar. Homem acredita em tudo quanto é dor
feminina mesmo! É só dizer a palavra cólica então que eles se
derretem. Chorando, gemendo e gritando de dor então? Eu sabia
muito bem disso, afinal, fui casada com ele por quase vinte anos,
não tinha como errar. Saí, correndo em direção aos fundos da casa,
rumo àquele monte de casinhas.

Caminhei o mais rápido possível, me embrenhando no meio das


árvores, sempre em frente. O tempo foi passando e aquelas árvores
não acabavam mais. Será que eu estava perdida? Continuei
andando até não aguentar mais e me sentei em um tronco de árvore
caído. Tomei um pouco de água e comi um bolinho.

Eu não podia ficar parada. E com esse pensamento, continuei


andando. Perdi a noção do tempo e de onde estava. Aqui era tudo
igual, mas eu tentava sempre ir em frente. Sem me desviar da rota
que eu achava que deveria seguir. O dia virou noite e me sentei no
chão perto de uma árvore grande. Estava escuro demais para
continuar. Juntei alguns gravetos e fiz um montinho. Acendi um
fósforo e coloquei próximo aos gravetos, que pegaram fogo
rapidamente. Juntei mais com a ajuda da lanterna, limpei a volta da
fogueirinha com um monte de folhas para que o fogo não se
alastrasse e me aconcheguei na manta. Comi uns biscoitos e tomei
mais água. Passei o repelente no rosto e braços e adormeci ao lado
do fogo.

Acordei com a claridade em meu rosto. A fogueira havia se


apagado durante a noite e eu não fazia ideia de que horas eram. Eu
tinha que me mexer, não sabia se o Tony tinha posto alguém atrás
de mim. Comi alguma coisa, escovei os dentes usando um pouco da
água mineral para limpar a boca e lavar o rosto. Guardei a garrafa
vazia na bolsa e rezei para encontrar um rio, uma nascente ou
qualquer coisa parecida para poder encher minha garrafa.

Comecei a caminhar novamente. Virou uma rotina, andar, parar


e descansar enquanto comia alguma coisa antes de continuar. A
noite chegou sobre mim, junto com o final das árvores. Resolvi
passar a noite escondida entre elas. A noite estava quente e não
acendi a fogueira dessa vez. Apenas me enrolei na manta e
adormeci, exausta.

Já fazia cinco dias que eu tinha fugido do Anthony. Estava fraca


e cansada, com bolhas nos pés e o corpo todo doendo. Estava em
campo aberto e não tinha onde me esconder do sol. Arrastava-me
mais do que andava. Graças a Deus avistei uma árvore e fui para lá.
Encostei-me nela desabando no chão.
Capítulo Vinte e Cinco
PATRICK
Estávamos todos na sala, desesperados, aguardando notícias.
Ethan que havia recebido uma denúncia, dizendo que um homem
mantinha uma mulher dentro de uma casa na fazenda, cujos
funcionários haviam sido afastados. Torcíamos para que fosse a
casa onde Jess estava e assim que ela não fugisse e se
embrenhasse no meio da mata fechada.

Foi quando o filho da puta do Anthony invadiu a sala dizendo


que eu havia roubado ela, exigindo saber onde ela estava.

—Você, seu marombado! — Apontou o dedo em minha direção.


—Me diga já, para onde você a levou? Como descobriu onde
estávamos? Cadê ela! —Partiu para cima de mim, com a mão
fechada, acertando meu rosto. Deixei ele me bater um pouco, afinal
os filhos de Jess estavam olhando e eu não podia espancar o pai
deles sem um motivo concreto. Só depois de alguns golpes, revidei
e despejei todo o meu ódio na fuça do maldito. Foi necessário que
Chris chamasse por reforços na academia para que conseguissem
me tirar de cima dele.
— Diga você filho da puta, para onde levou minha mulher! — Eu
disse, entre um soco e outro. E só quando ele infelizmente caiu no
chão totalmente incapaz de articular uma resposta eu me acalmei.

Peguei pesado, eu quebrei a mandíbula do desgraçado, que


pendia frouxa. Chris chamou uma ambulância e eu a polícia. Já
havia um mandado de prisão expedido em nome dele, por causa do
vídeo, prova do sequestro. Ele foi escoltado para o hospital, com
múltiplas fraturas. Em minha defesa eu tinha os filhos e as câmeras
de segurança com o início da agressão dele. Tendo alta no hospital
ele iria direto para a penitenciaria, onde aguardaria julgamento. Por
mim, poderia mofar lá que ainda seria pouco. A solução seria ir até o
cativeiro buscar pistas de onde Jess estava. E eu iria e só ficaria em
paz quando encontrasse minha mulher, meu Anjo, meu amor!

JÉSSICA

Tive a sensação de ser carregada, mas a realidade e a fantasia


ocupavam espaços iguais em minha cabeça, que latejava e doía
terrivelmente.

A escuridão tomou conta de mim outra vez e não senti mais


nada.

Uma mão em meu rosto me despertou e abri os olhos devagar.


Uma velha senhora me encarava de perto.

—Menina você está acordada. Bom, muito bom. A “véia” aqui


sabia que dentro dessa cabeça tinha alguém ainda. — Deu uma
risada cansada e saiu andando devagar, quase se arrastando pelo
quarto, foi até um jarro de barro e derramou água em um copo. —
Beba menina, você tinha um corte feio na cabeça e estava
sangrando muito quando meu neto te achou na campina. Me diga o
seu nome menina. — Encostou o copo em minha boca e tomei a
água com vontade.

Meu nome... Meu nome... Eu tinha um nome? Não conseguia


me lembrar de nada.

—Eu não sei, não lembro meu nome.

A velha me olhou e sorriu. Um sorriso banguela, mas amável.

Um homem alto entrou no quarto e olhou para mim. Olhos azuis


me encararam e me lembrei de outros olhos azuis, que me olhavam
com uma intensidade maluca. De quem eram os olhos em minha
mente?

—Você está bem moça? Fiquei preocupado quando te encontrei


desmaiada no pé da árvore solitária da campina. Você pode ficar
com a gente até se lembrar de tudo. Essas coisas podem acontecer
quando se bate a cabeça com muita força. Logo você se lembrará,
não se preocupe. — Disse o homem moreno de olhos azuis.

Olhos azuis... A lembrança de outros olhos azuis me deixou


quente por dentro. Isso tudo era tão estranho.

***
O barulho dos pássaros me acordou de um sonho estranho.
Será que era sonho ou uma lembrança?

Já estava aqui na casa da Velha Joana e de seu neto Gabriel há


quase uma semana e a única coisa que lembrei foi o meu nome. Eu
estava voltando do riacho quando ouvi me chamarem. Olhei em
volta, mas é claro não estavam falando comigo, afinal ninguém ali
sabia meu nome, nem mesmo eu, mas de algum jeito isso mexeu
comigo, e eu soube quem eu era.

Jéssica.

Estavam gritando no meio das árvores, chamando por alguém


perdido por ali eu acho.

Em meus sonhos eu via um par de olhos azuis, toda noite...


Números se repetiam em minha mente, mas o que seriam? Hoje eu
iria até o povoado com Gabriel e perguntaria se ele tinha
alguma ideia. Ele precisava ir buscar provisões e queria que eu
fosse junto, para passar no médico do povoado. Gabriel era muito
gentil, amável, preocupado comigo. Às vezes quando ele achava
que eu não estava prestando atenção, eu pegava ele me olhando e
quando eu retribuía, ele abaixava o olhar.

Dois dias antes, estávamos andando pela campina e


conversando. Paramos na beira do riacho e nos sentamos,
admirando a beleza da paisagem. Era tudo tão lindo! O verde das
árvores, as águas do riacho correndo, com o sol refletindo na
superfície, o céu azul e sem nuvens, as flores, a grama verdinha e
macia embaixo dos meus pés, o cheiro delicioso de natureza e de
terra úmida.
Gabriel sempre gentil, ofereceu para massagear meus pés
doloridos pela caminhada. Começou com um toque gentil
e amigável, mas foi aumentando de intensidade e sua mão foi
subindo pelas minhas pernas, ele absorto na tarefa parecia não
perceber que a simples massagem nos pés estava se tornando algo
mais. Fiquei sem reação quando ele veio se chegando e começou a
massagear minhas costas e meus ombros. Quando chegou em meu
pescoço e massageou uma área dolorida, um gemido escapou de
minha boca e ele aparentemente entendeu como um incentivo. Seus
olhos se prenderam aos meus e ele veio aproximando a boca da
minha. Seus lábios nos meus eram como as asas de uma borboleta,
leves e tentadores. Em seguida veio sua língua, encostando de leve
em minha boca, testando, provando, provocando. Eu queria aquilo?

Sua boca se apossou da minha com gentileza, nossas línguas


se tocando. Ele era tão doce... Mas aquilo não pareceu certo para
mim e me afastei, interrompendo o contato.

—Isso não é certo Gabriel, eu... eu não posso fazer isso. — Ele
apenas concordou com a cabeça e se afastou.

Eu sabia que alguém me esperava. Que eu precisava correr


para longe daqui, fugir, voltar para alguém, mas ir para onde? Para
quem?

Levantei, tomei banho e escovei meus dentes. Isso era a pior


parte para mim, pois o simples ato de escovar os dentes me enjoava
e me deixava mal. Desde que bati com a cabeça, eu tinha esses
enjoos e vômitos. Hoje enquanto estivéssemos comprando as
provisões, Gabriel me levaria ao médico da cidade.
Me troquei e fui para a cozinha ajudar a dona Joana com o café
da manhã.

—Bom dia, Jô. Que cheiro delicioso! — Realmente aquele


cheirinho de café e pão fresco me deixou com água na boca.

—Sente-se minha filha, vou pegar um pouco de café e uns


pãezinhos pra você.

Se afastou em direção a pia da cozinha onde o café estava


sendo coado. Pegou uma xícara e o serviu, adoçou e colocou na
minha frente junto com os deliciosos pezinhos caseiros que ela
fazia.

Tomei um gole. Essa mulher fazia um café divino, sem falar nas
comidas deliciosas.

—Bom dia, vó. Bom dia, Jéssica. — Disse Gabriel, entrando na


cozinha. Deu um beijo na avó e passou a mão na minha cabeça.
Isso já tinha virado um habito. Ele era muito tátil, sempre tocando
todo mundo e comigo não era diferente. Sentou-se ao meu lado e
Joana trouxe seu café. —Obrigado, vovó. E então, Jéssica, pronta
para ir ao médico ver o que você tem?

—É, isso é realmente muito estranho, vamos ver o que ele diz.
A propósito, eu queria falar uma coisa com você. Tenho sonhado
com uns números, sempre os mesmos se repetindo na minha
cabeça. Tem ideia do que seja?

—Pode ser tantas coisas. Escreve aqui, assim podemos pensar


no que pode ser. — Me alcançou um papel e uma caneta que
estavam próximos.
Escrevi os números e passei para ele. — Bem, me parece um
número de telefone. Vamos levar junto para a cidade e telefonar de
lá. Pode ser de algum conhecido seu ou parente. — Dobrou o papel
e guardou no bolso. —Sairemos assim que você acabar seu café.

Sentou-se e ao passar por mim, acariciou minha cabeça outra


vez. Ele era tão carinhoso. Mas mesmo sendo assim, não conseguia
sentir por ele nada além de uma grande amizade e o adorava como
a um irmão. Ele era muito bom comigo e nunca me esqueceria
desses dias aqui, perdida no meio do nada com essas pessoas
maravilhosas e hospitaleiras.

Terminei, levei a xícara e o prato até a pia e Joana me brindou


com um de seus sorrisos banguelas.

—Minha filha, hoje você terá uma boa notícia. E nos deixará em
breve. Meu neto está caidinho por você Jéssica. Mas ele sabe que
você é de outro. E você vai encontrar ele, logo. Véia sente isso aqui,
ó. — Colocou a mão do lado esquerdo do peito.

—Mesmo encontrando essa pessoa, eu sempre serei grata por


tudo o que vocês fizeram por mim.

—Vai filha, Gabriel está te esperando na carroça. — Me abaixei


e beijei seu rosto enrugado, saindo em seguida.

Lá fora, Gabriel me esperava.

— Venha, vou te ajudar a subir. — Pegou minha mão e me


ajudou, me apoiando pela cintura. Quando me apoiou, sua mão
escorregou em minha camiseta, se ajustando em meu seio,
segurando-o como a uma taça. Olhei para ele, assustada, e um
movimento em seu jeans me chamou a atenção. Olhei
disfarçadamente e me senti corando. Ele ostentava uma ereção
gigantesca, que se avolumava em direção ao bolso de sua calça.

Ai meu Deus, que situação! Engoli em seco e me sentei no


banco da carroça. Ouvi ele praguejar baixinho e se arrumar no
jeans. Sentou-se ao meu lado e não disse uma palavra durante a
hora seguinte, até chegarmos ao vilarejo.

O vilarejo era exatamente o que o nome dizia. Uma pequena


vila, com uma rua principal onde se via um mercado, farmácia,
algumas lojas de roupa, uma igreja, um bar de aparência desleixada
e um outro mais refinado, um café com bolos deliciosos na vitrine e
a clínica médica. A partir dali havia casas de todos os tipos e a
delegacia de polícia no final da rua.

Gabriel parou a carroça em frente à clínica e me ajudou a


descer. Passamos pelo médico, que me olhou, fez um exame
completo e confirmou minha gravidez, dizendo que era impossível
determinar o tempo de gestação somente pelo exame físico. O
choque foi tão grande que quase desmaiei ao saber.

Grávida? Eu estava grávida? Olhei para o Gabriel que apertou


minha mão, tentando me acalmar.
Capítulo Vinte e Seis

Saímos de lá e fomos ao mercado pegar as provisões e quando


ele estava colocando as compras na carroça, me lembrei do número
que ele disse achar ser de um telefone.

—Gabriel, você tem os números que te escrevi mais cedo?

—Sim Jéssica, vamos até o hotel e usamos o telefone deles


para confirmar. — Disse meio sem vontade. Acho que ele preferia
que eu tivesse esquecido e pela sua expressão tive a certeza.

Fomos então até uma casa grande, antiga, mas bem cuidada e
entramos.

—Olá, precisamos usar o telefone, por favor. —Gabriel disse ao


recepcionista do hotel.

—Por aqui, por favor. — O recepcionista apontou a uma sala


mais a frente e nos acompanhou.

—Aqui, fiquem à vontade.

—Você quer falar ou quer que eu fale?


—Não sei Gabriel, estou nervosa. Vai você, fala primeiro, se me
conhecerem, eu falo. — Disse, torcendo as mãos.

—Ok, lá vai. — Pegou o telefone, discando os números. —Olha


só, você escreveu até o código de área! — Disse ele, espantado. —
Com certeza é um número de telefone.

Levou o fone ao ouvido e ficou esperando.

—Alô, quem fala? — Esperou a resposta. —Patrick, sou Gabriel


e estou ligando porque há quase uma semana atrás encontrei uma
mulher na campina perto de casa, inconsciente e sangrando após
uma batida na cabeça. Ela não se lembra de nada, apenas
conseguiu lembrar o nome e esse número de telefone. — E escutou
mais um pouco. —Sim, ela diz que o nome dela é esse mesmo.
Uhum. Onde você está? Sei, fica bem perto daqui. Vou te passar a
direção e o esperamos no café da praça central.

A essa altura eu já não prestava mais atenção a nada. Patrick...


Ao ouvir esse nome, os olhos azuis dos meus sonhos voaram na
minha cabeça. Aqueles olhos pertenciam ao Patrick, com certeza.

—Jéssica, quer falar com ele?

—Ele está vindo? — Ele confirmou com a cabeça. —Então eu


espero pra falar pessoalmente.

“Covarde! Fale com ele!” disse uma voz na minha cabeça.

Meu diabinho! Lembrei-me do meu diabinho! Que fica falando


em minha cabeça... Que saudade do meu diabinho! Ri sozinha.
Gabriel desligou o telefone e olhou para mim.

— O que é tão engraçado? —Ele ficou sério.

—Nada, só meu diabinho que voltou a falar comigo! Deixa pra


lá, coisa de mulher, você não entenderia.

—Certas coisas é melhor a gente não saber mesmo. O cara no


telefone, Patrick sabia quem você era e está a te procurar pela área
esse tempo todo. Ele está perto daqui, deve chegar em vinte
minutos mais ou menos. Vamos até o café, podemos comer alguma
coisa enquanto esperamos. — Pegou minha mão, possessivo, como
se eu fosse dele e alguém fosse me levar para longe. E ia mesmo.
Fomos até a recepção e ele pagou pela chamada.

O dia estava quente lá fora, o sol forte e nenhuma sombra para


se esconder ou nuvens no céu.

Andamos até o café na praça e nos sentamos do lado de


dentro, embaixo dos ventiladores. Pedimos uma Coca-Cola gelada e
uma fatia de torta de limão para cada um.

Quando coloquei o primeiro pedaço da torta na boca, flashs de


uma mão grande acariciando um manequim na vitrine de uma loja
me vieram à cabeça. UAU! Continuei comendo devagar e as
imagens se formando em minha mente. Meu Deus!

Abri os olhos e vi que Gabriel me encarava, seu rosto estava


corado e olhava minha boca, fixamente. Lambi os lábios e olhei para
outro lado. Será que deixei transparecer minhas lembranças? Era
tudo o que eu precisava agora, ele me olhando como se fosse
pular em mim. Limpei a garganta e comecei a conversar sobre
qualquer coisa, na tentativa de mudar o clima entre nós. Deu certo e
em minutos estava tudo de volta ao normal.

Estávamos sentados há mais ou menos quinze minutos quando


a porta do café se abriu e um homem alto e musculoso entrou.

Meu coração bateu descompassado, minha respiração falhou e


todo o ar pareceu sumir.

Era ele.

O dono dos olhos azuis dos meus sonhos. Seu rosto lindo se
iluminou com um sorriso largo, mostrando uma fileira de dentes
brancos, seus olhos brilharam e ele correu até mim.

Eu estava hipnotizada por aqueles olhos. Azuis como o céu,


intensos, que me olhavam como se pudessem enxergar minha
alma. Parou próximo a mim e como um felino se aproximou,
segurou meu rosto entre suas mãos fortes e me olhou nos olhos.

— Que saudade, Anjo. — Ele falou baixinho.

Aquela voz me percorreu como uma corrente elétrica e meu


corpo amoleceu, esquentou e senti meu sexo pulsar. Quando sua
boca roçou a minha, meu corpo pegou fogo e minha mente anuviou,
não existia mais nada ali a não ser ele, aquela boca pressionando a
minha e aquelas mãos fortes segurando meu rosto.

Meu amor, minha vida, minha alma e todo meu ser pertenciam a
aquele homem. Isso eu não tinha dúvida alguma.
Quando dei por mim estava agarrada a ele em um beijo
obsceno. Ficamos abraçados como adolescentes. Apertando,
acariciando, nossas bocas coladas, nossas línguas em uma dança
erótica toda nossa. Rick! Meu Rick! Lágrimas tomaram conta de
meus olhos e escorreram pelo meu rosto.

Afastei-me olhando aquele rosto que eu tanto amava. Que


estava banhado pelas lágrimas como o meu.

—Rick! Eu me lembro de você! — E o abracei apertado. A


saudade chegando toda de uma vez sem aviso, junto com as
recordações de nossos momentos juntos, nosso amor, nossas
conversas, nossas danças, nossas músicas...

—Ah Jess, achei que tinha perdido você pra sempre! —Ele me
disse, acariciando meus cabelos, meu rosto, tocando onde seus
dedos alcançavam. —Você emagreceu muito, quando chegarmos
em casa vou te por na linha de novo. — Ele disse sorrindo para
mim.

Comecei a rir, feliz por tê-lo outra vez comigo, poder tocar, beijar
e sentir seu corpo junto ao meu.

Enfim eu estava segura e ao lado do homem que me aceitou,


do homem que me ensinou a me amar. E o fruto do nosso amor
estava crescendo em minha barriga. Qual seria sua reação ao saber
que seria papai? Nem imagino, mas isso, é uma outra história.

Ao lado de Rick, felicidade era meu nome.


PATRICK

Estávamos nos preparando para sair novamente, para mais um


dia de buscas quando meu celular tocou. Olhei o número e era local,
mas desconhecido para mim.

—Alô. É Patrick. Sim, você encontrou a Jéssica? Ah meu Deus,


eu não acredito. Ela está com você? Eu.. nós estamos no hotel
Cabala. Sim, sei. Uhum. Ok, creio que em vinte minutos
chegaremos aí. Sim, iremos o mais rápido possível. Obrigado
Gabriel. Você encontrou meu Anjo. Muito obrigado. Até breve.

— CAMY! ERIK! Encontraram a Jess! Vamos buscá-la agora! —


Gritei do meu quarto.

Nós estávamos hospedados em um hotel de beira de estrada


em quartos conjugados, então apenas uma porta nos separava. A
porta entre nossos quartos foi escancarada e os dois entraram
correndo, Camy com lágrimas nos olhos e Erik boquiaberto.

Chegamos lá em menos de quinze minutos. Pedi para os


gêmeos me esperarem do lado de fora enquanto eu ia verificar se
era realmente minha Jess dentro da lanchonete. E quando entrei
meu coração quase saiu na boca. Ela estava lá e por um momento
pareceu não me reconhecer. Eu a encarei por um longo instante e
então vi o brilho em seu olhar. Aproximei-me lentamente, mas
minha vontade era correr até ela e agarrá-la ali mesmo. Meu Deus,
que saudade. Nos beijamos, toda minha saudade expressa naquele
beijo, senti algo quente escorrer pelo meu rosto e percebi que
estava chorando. Abri os olhos e vi que Jess também chorava. Ela
se afastou e me encarou dizendo que se lembrava de mim. Ela
começou a rir e me apresentou ao rapaz que estava com ela.

— Rick, esse é Gabriel, ele me encontrou no meio da campina.


Com o tempo eu conto o que aconteceu.

—Oi, Gabriel, obrigado por encontrar meu Anjo e cuidar dela. —


Estendi a mão para o sujeito, que a olhava, sério e duro como uma
estátua. Jess o chamou de novo e o cara pareceu sair do mundo
das nuvens e pegou minha mão dizendo que não era nada.

Nada meu cacete! Ele estava apaixonado pela minha mulher!


Fiz um tremendo esforço para ser gentil, afinal ele estava me
devolvendo o amor da minha vida.

— Vamos até a casa da minha avó, Jéssica está hospedada


conosco. — O cara disse.

Agarrei a mão do meu Anjo, a puxei comigo até o caixa e


paguei a conta. Saímos do restaurante e o que aconteceu em
seguida eu jamais esquecerei.

Mãe e filhos se reencontrando foi lindo. Jess largou minha mão


e se atirou na direção deles e eles se agarraram na mãe, os três
chorando e os dois beijando e abraçando ela, juntos e ao mesmo
tempo como sempre fizeram. Camy começou a tagarelar, como era
do feitio dela enquanto Erik só olhava a mãe.

Jess beijou cada um e estendeu a mão para mim, me


chamando para me juntar a minha nova família. Eu estava completo
e tinha certeza que ao lado dela, minha vida seria repleta de
surpresas...

Continua em AMOR EM DOBRO


Amor
em dobro

KACAU TIAMO

Copyright © 2015 Kacau Tiamo


Sumário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Epílogo
Agradecimentos
Um agradecimento especial a todas as minhas leitoras pela
paciência na espera de Amor em Dobro, pelos comentários lindos
no wattpad.

Às minhas PIMENTINHAS e por toda a garra e ferocidade que


só as Pimentinhas têm! Vocês estarão eternamente em meu
coração!

Agradeço também a Karoline Gomes, Deisi Riewe, Alexsandra


Peres, Marina Peres (Cotinha), Dani de Mendonça, Kelly Faria,
Erica Pereira e Gisele Melo, Andreia Calegari, Graziela Lopes, Lilia
Britto, Luana Silva, Mônica Menezes, Diana Camêlo, Ionara
Carvalho, meus anjos lindos que sempre, seja dia ou noite, estão
comigo… apoiando, incentivando e, acima de tudo, me motivando a
nunca desistir.
Também às minhas parceiras que ajudam muito na divulgação
dos meus meninos, a vocês, obrigada de coração.

A todos, um beijo no coração e apreciem sem moderação :D


Capítulo Um
Estávamos do lado de fora do café, todos juntos e felizes por
termos encontrado a Jess, quando ela me olhou e percebi um brilho
diferente em seus olhos.

— Rick, tenho uma coisa pra te dizer, mas depois —virou-se


para os filhos. — Agora, vamos todos! Quero que conheçam a
Joana. Gabriel, esses são meus filhos, Camille e Erik.

Erik de repente pareceu encontrar a voz.

— Obrigado por cuidar de minha mãe, Gabriel — acenou com a


cabeça, sem largar de Jessica.

— Vamos crianças, não vou sumir de novo — ela falou,


afastando-se um pouco deles.

— Como vocês chegaram aqui? — Perguntei para o Gabriel.

— Estamos com a carroça da fazenda.

— Explique para o Marcelo o caminho, ele leva a carroça, você


vem com a gente de carro — apontei para o Marcelo, que estava no
carro de trás.

Enquanto Gabriel conversava com o Marcelo, eu abracei meu


Anjo e beijei seus cabelos.

Gabriel voltou, todos entramos no carro e nos dirigimos para a


casa da avó do rapaz. Demoramos cerca de vinte e cinco minutos
para chegar.

O lugar era simples, uma casa antiga cercada por uma varanda,
com redes penduradas, algumas galinhas ciscavam por perto, onde
uma velha senhora enrugada jogava farelo para elas.

Quando paramos, a velha senhora aproximou-se e esperou até


que todos estivéssemos fora do carro. Chegou bem perto de mim e
me olhou dentro dos olhos. Me senti invadido, como se os olhos
daquela velha senhora vissem minha alma.

— Sim, você é a outra metade da alma dela. Agora sim, estão


completos — me deu um sorriso banguela, os olhos brilhando,
sábios. — Vamos entrar, vocês são os filhos dela, né? Muito lindos
os dois. Você tem gêmeos, menina Jessica. Muito bom, muito bom
mesmo! E como são grandes seus meninos —a velha disse
passando a mão nos braços dos dois. Entramos todos na casa e a
velha nos conduziu até a cozinha. — Sentem todos, fiz almoço pra
todo mundo.

A mesa estava posta para o exato número de pessoas que nós


éramos. Como? No mundo havia muita coisa sem explicação, e
aquela era uma delas.
Nos apresentamos e nos sentamos à mesa. Um cheiro delicioso
tomou conta da cozinha quando a velha senhora abriu as panelas.
Jess se levantou e foi ajudá-la.

— Não, menina, pode deixar que faço isso. Vá se sentar com


seu amor e seus filhos. Me deixe ter esse prazer. Logo você vai
embora e vai demorar um pouco pra essa velha aqui te ver de novo.
Me deixe cuidar de você mais um pouquinho, minha menina.

A senhora passou uma mão enrugada pelos cabelos de Jess


com tanto carinho que cheguei a ficar com ciúmes.

Que coisa mais besta! Ter ciúmes de uma velha senhora. Mas
Jess era minha e meu instinto possessivo não admitia que ninguém
mais acariciasse meu Anjo.

Ela voltou para meu lado e agarrei sua mão.

Minha!

Ah! Meu Anjo estava comigo outra vez! A puxei para mim e ela
encostou a cabeça em meu ombro. Uma sensação de paz e calor se
apoderou de mim.

Enquanto comíamos, Camy começou a tagarelar de novo,


contando para a mãe como a havíamos procurado por toda a mata e
que havíamos chegado bem perto dali há uns dias atrás.

— Eu escutei chamando por Jessica perto do riacho, por isso


lembrei do meu nome! Então eram vocês! — Começou a rir, fazendo
com que todos nós ríssemos também.
Após o almoço, Camy e Erik ajudaram a senhora a arrumar a
cozinha.

—Rick, quer conhecer o riacho? — Jess disse baixinho em


meu ouvido.

Aquilo me arrepiou e senti meu pau latejando.

A agarrei pela cintura, moldando seu corpo no meu e sussurrei


em seu ouvido.

— Anjo, estou louco para conhecer esse riacho... —mordi o


lóbulo de sua orelha.

— Então vamos — com um sorriso safado, ela me puxou pela


mão.

Na varanda, ela pegou uma manta que estava na rede perto da


porta de entrada.
Capítulo Dois
Fomos andando e minhas mãos não obedeciam ao meu
comando, passeavam pelo corpo de Jess enquanto caminhávamos
pela trilha que levava ao riacho.

Eu já não aguentava mais de tanto tesão. Enquanto


andávamos, ela se esfregava em mim e eu já estava com
dificuldades para andar, por causa do tamanho de minha ereção.
Meu pau latejava e eu estava meio tonto já.

Não aguentaria chegar até esse maldito riacho!

De longe vi uma árvore grande que fazia uma boa sombra.


Peguei-a pela mão e a puxei para lá. Tirei a manta de seus braços e
estiquei no chão.

— Venha, Anjo, não aguento de saudade, depois a gente


chega nesse riacho. Agora, eu quero você.

Ela abriu um sorriso lindo naquele rosto magro. Isso não estava
certo, trataria disso depois, quando voltássemos para casa, mas
agora ...
Ela veio para perto de mim, devagar, me olhando nos olhos.
Primeiro encostou seus seios em meu peito e senti os mamilos
duros roçando em mim. Seus olhos se prenderam à minha boca,
senti sua língua contornando meus lábios e um arrepio de
antecipação percorreu meu corpo. Senti seu sorriso em minha boca
e minha língua foi de encontro à dela. Quando se tocaram, seu
sabor me invadiu e perdi o controle.

Nossas bocas se juntaram, selvagens, lambendo, provando,


consumindo. Gemidos baixos escapavam, uma confusão de mãos
se livrando de roupas se seguiu e em minutos estávamos no chão,
nus e desesperados.

Minha boca percorria seu rosto, beijava a pele, fosse onde


fosse. Desci para seus seios e, quando abocanhei seu mamilo, ela
gemeu alto.

— Ah, Rick, que saudade de sua boca em mim. Que delícia...


essa sua língua... hummm... — suas pernas me envolveram e meu
pau se aninhou em sua entrada.

Tínhamos o encaixe perfeito! Empurrei de leve e entrei só


alguns centímetros em sua boceta molhada. Ela gemeu e jogou a
cabeça para trás.

Deus, como senti falta disso, de vê-la alucinada em meus


braços e ouvir seus gemidos de prazer. Senti ela se apertando e
ordenhando a cabeça do meu pau. Parei tudo e a olhei. Seu rosto
era uma máscara de prazer, olhos quase fechados, boca
entreaberta, bochechas vermelhas.
— Anjo, você está me matando assim… Deus, como você é
gostosa — levantando um pouco seu quadril do chão, meti fundo e
de uma vez.

Nosso grito de prazer espantou os pássaros, que saíram


gritando em todas as direções. Perdendo totalmente o controle, nos
entregamos ao prazer, com estocadas rápidas e profundas.
Gemíamos, loucos de tesão, meu Anjo rebolando e vindo para mim,
com a mesma ferocidade em que eu me metia nela.

Nossas respirações ofegantes, nossos corpos suados, colados,


bocas se procurando, línguas se tocando, mãos apertando e nossos
quadris se chocando com força, palavras sem nexo eram ouvidas,
mas não entendidas, tremores nos percorriam, mas nenhum de nós
queria se entregar ao êxtase.

— Rick... eu preciso te dizer uma coisa... — disse ela, sem


fôlego.

— Anjo... ahhh, Anjo... diga.

Senti ela pulsando em minha volta e cerrei os dentes, me


segurando para não gozar diante daquela sensação maravilhosa.

— Você... eu... oh, Rick! — Meu Anjo jogou a cabeça para trás
e fechou os olhos.

Suas pernas me apertaram a cintura e sua boceta apertou forte


meu pau. Juro que vi estrelas e minha visão turvou.

— Diga Anjo, quero ouvir você.


Eu adorava ouvir ela dizer para eu ir mais rápido e mais fundo.

— Eu estou grávida, você vai ser papai.

Uma felicidade tomou conta de mim e não consegui mais conter


o orgasmo, gozando forte e gritando pelo meu Anjo, que se
entregou ao prazer comigo estremecendo em meus braços. Gozei
tão forte que por alguns instantes tudo ficou negro à minha volta,
luzes piscavam nessa escuridão e eu me ouvia repetir o nome do
meu Anjo.

Me apoiei, com as duas mãos no chão, e fechei os olhos até a


tontura passar. Eu não podia colocar meu peso em cima dela e do
bebê.

Pai! Eu ia ser pai!

— Rick, você está bem? — Meu Anjo colocou as mãos em


meu rosto e me puxou para um beijo.

— Estou mais do que bem, Anjo. Nunca gozei tão forte na


minha vida! Você está falando sério? Vamos ser pais?

— Sim, amor, estou falando sério. Fui ao médico hoje de


manhã e ele confirmou a gravidez.

— Ah, Anjo! Eu estou tão feliz! — A abracei forte, rolando com


ela na manta, a puxando para cima de mim. — Você vai ter que se
alimentar bem, viu? Está muito magra. Assim que chegarmos em
casa vamos ao médico de novo, fazer uma ecografia. Quero ver
meu filho, ouvir o coração batendo, quero tudo. Tudo — beijei seus
cabelos.
Ficamos deitados e abraçados, nossos corpos ainda ligados, e
senti sua boceta me apertando de novo. Meu pau respondeu na
hora e endureci dentro dela, sentindo cada reentrância de seu sexo,
crescendo e inchando em seu interior. Meu Anjo resfolegou em meu
peito, seu sexo se contraiu à minha volta e prendi a respiração.

Meu Deus, se continuasse assim, nós não sairíamos daqui


hoje...

Jess se sentou em mim, apoiou os joelhos no chão e se


balançou rebolando. Minhas mãos subiram para seus seios e os
segurei firme, sentindo seu peso e brincando com seus mamilos.
Seus olhos nos meus, brilhavam e um sorriso safado surgiu em
seus lábios.

Ela se abaixou e seus seios ficaram na altura da minha boca.


Ela os balançou em meu rosto e um mamilo túrgido roçou meus
lábios. Minha língua foi ao encontro daqueles picos duros e
mordisquei um deles de leve, ganhando um gemido rouco e baixo
em troca.

Aumentei um pouco a pressão e ela prendeu a respiração.

Mordi mais forte e ela gritou, se contraindo em meu pau. Passei


um braço pela sua cintura, a prendendo em cima de mim e comecei
a me mexer, entrando e saindo de seu corpo lentamente,
aumentando o ritmo ao mesmo tempo em que mamava em seus
seios, alternando chupadas e mordidas.

Ela fazia pequenos ruídos, enquanto eu aumentava as


estocadas, que me deixavam louco. A sentei em mim, apoiei a
palma da mão contra seu monte e a empurrei para trás,
aumentando o ângulo de penetração e provocando aquele pontinho
que ela gostava tanto, enquanto com a mão em sua bunda a trazia
para frente.

Ela levou as mãos ao cabelo e esse movimento fez seus seios


se empinarem. Minha boca se encheu de água com aquela visão.

Empinados e balançando, pedindo minha boca.

Aumentei a velocidade em que a empurrava e ela travou os


olhos nos meus, arregalados, e prendeu a respiração. Espalmei
meus dedos, com o polegar encontrei seu clitóris e o massageei.

— Goza Anjo, goza pra mim.

Ela abriu a boca em busca de ar, mas a única coisa que saiu foi
um “Ah”, rápido e agudo. Seu corpo convulsionou sobre o meu e ela
gozou, daquele jeito maravilhoso todo dela, sua boceta se
contraindo e me chupando para mais dentro dela, me prendendo.

Eu não queria gozar, queria aproveitar mais, ter mais dela, eu


estava insaciável, mas aquilo era demais para qualquer um e não
me aguentei. Joguei a cabeça para trás e gozei fundo dentro dela,
minhas mãos apertando-a contra mim.

Cristo, essa mulher ainda me mataria de tesão. A puxei para


meu peito novamente e a abracei. Minha!

— Amor, senti tanta saudade enquanto estava presa naquela


casa. Só pensava em você, só sonhava com você e mesmo depois
que perdi minha memória, eu sonhava com seus olhos, tão lindos e
azuis... e eu sabia que pertencia a alguém e que esse alguém me
esperava.

— Eu nunca perdi as esperanças de te encontrar, Anjo. Nessas


semanas ficamos andando por tudo, cobrindo cada pedaço dessa
mata. Encontramos algumas fogueiras e há alguns dias uma manta
no pé de uma árvore. Sabíamos que estávamos perto de te achar.
Só não sabíamos como você estaria. Vou ser eternamente grato a
essas pessoas que te encontraram e cuidaram tão bem de você e
de nosso bebê.

A deitei de costas na manta e beijei sua barriga. Ela colocou as


mãos em minha cabeça e ficou acariciando, enquanto eu distribuía
beijos por sua barriga.

— Você aí dentro, cresça forte e não tenha pressa de sair, viu.


Papai estará aqui, sempre beijando você e a mamãe. —Beijei mais,
meu Anjo rindo com cócegas.

Havia coisa melhor no mundo do que o som do riso do meu


amor?

— Vamos Anjo, vamos até aquele riacho, dar um mergulho —


me levantei, juntei nossas roupas e a abracei jogando a manta em
cima de nós dois.

Andamos mais um pouco e chegamos ao riacho, a água fria


aliviou o calor. Brincamos como duas crianças, rindo e jogando água
um no outro, mas logo nos abraçando e beijando.

— Vamos Anjo, está ficando tarde e quero ir pra casa ainda


hoje.
— Ok, vamos logo então — me deu um último beijo e se
afastou, indo até a borda do riacho. Fiquei admirando seu corpo, a
água escorrendo por seus cabelos, uma gota atrevida escorreu por
suas costas e se perdeu na fenda de sua bunda.

Que bunda, meu Deus!

Percebendo para onde estavam indo meus pensamentos,


sacudi a cabeça e afundei na água gelada.

Isso ia ter que servir…

Mas a água gelada nada fez para acalmar minha ereção. Saí e
me sequei com a camiseta, coloquei minhas roupas e joguei a
camiseta molhada no ombro. Meu Anjo tinha se secado na manta e
já estava vestida também. De mãos dadas, voltamos para a casa da
velha Joana.
Capítulo Três
Quando chegamos, Camy e Erik estavam deitados nas redes e
a velha Joana estava contando uma história para eles.

— Sente-se, escutem a história também —disse Joana.

Nos sentamos juntos na rede mais próxima e ficamos


escutando a velha senhora, que contava uma linda história de amor,
de um filme antigo.

— Moral da história? —Ela concluiu. — Não temos como fugir


do que nos espera. Por mais que se sofra durante o caminho, o
melhor está por vir. Tenham fé, mesmo que não entendam como as
coisas podem dar errado, quantos obstáculos terão que enfrentar.
Continuem em frente e acreditem que tudo vai dar certo. No final,
sempre dá. Como esses dois — disse ela apontando para nós. —
Sofreram, várias vidas separados. Encontraram-se nessa e estão
felizes agora. Passaram por algumas provações, mas o amor deles
é mais forte — disse a velha sorrindo para nós com sua boca
banguela.

Levantou-se e entrou na casa.


— Vamos embora crianças? — perguntei para os dois que se
balançavam na rede, bem sossegados.

— Vamos, papi. Tudo bem, mãe? — perguntou Camy, com


aquele jeitão dela.

— Tudo sim, vou juntar minhas coisas então. Vão se


despedindo deles, que eu já volto — e sumiu porta a dentro.

Ficamos sem saber o que fazer, mas entramos atrás e fomos


para a cozinha onde a velha estava.

— Obrigado, Joana, por cuidar do meu Anjo. Queria agradecer


a Gabriel mais uma vez, mas não sei onde ele está. Nós já vamos.

— Sim, meu filho. Não foi nada. Essa velha aqui adora aquela
menina. Desde que coloquei os olhos nela, percebi que ela era
especial. E tem também aquela coisa, que pela sua carinha, sei que
ela já te contou. Serão especiais para mim, sempre. Não esqueçam
dessa velha aqui, hein? Gabriel teve que resolver umas coisas por
aí, ele não é muito de despedidas —disse a velha Joana com um
sorriso no rosto, piscando um olho para mim.

É, o safado que se apaixonou pelo meu Anjo não conseguia


dizer adeus. Eu, no lugar dele, teria feito a mesma coisa. Em
situações assim o melhor é se afastar, já que você sabe que não
tem chances. Coitado.

As crianças foram se despedir da senhora e eu fui para a sala,


esperar por Jessica. Enquanto olhava as fotos na estante, escutei
uma conversa vinda do corredor. Seguindo a voz de Jessica
encontrei seu quarto, parei na porta e fiquei escutando.
— Gabriel, já te disse que isso não é certo. Me deixe, por favor.
Vou embora agora e sou muito agradecida por tudo o que você e
sua avó fizeram por mim e pelo bebê.

— Jessica, você sabe que eu estou apaixonado por você. Isso


nunca aconteceu comigo antes, o que me deixa ainda mais louco
por você. Vou te esperar. O tempo que for. Te aceito como você é e
cuidaria de seu filho como se fosse meu. Você sabe disso.

— É, mas não é seu. Ele tem pai, que por acaso sou eu. Se
afaste de meu Anjo, Gabriel — eu disse, invadindo o quarto e indo
direto para a frente de Jessica, ficando entre ela e Gabriel,
encarando-o.

Meu instinto possessivo chegou com tudo e, se não fosse pelas


mãos do meu Anjo segurando meus braços, acho que daria umas
belas porradas naquele sujeito safado.

Ele ficou lá parado, olhando para ela e me ignorando.

— Você sabe onde me encontrar, caso mude de ideia —virou


as costas e saiu do quarto.

Meu Anjo me abraçou por trás e encostou o rosto em minhas


costas. Aquilo foi o suficiente para que tudo passasse e me deixar
pronto para jogá-la na cama e amar cada pedacinho daquele corpo.

— Tudo pronto, meu Anjo? Precisa de ajuda em alguma coisa?

Me virei e a abracei bem forte, enterrando meu rosto em seus


cabelos. Que cheiro delicioso ela tinha. Eu já estava duro só por ela
encostar em mim e agora, com seu cheiro em meu nariz, sentia meu
pau latejando novamente. Deus, que saudade! Tínhamos que sair
logo dali e voltar para casa. Tê-la assim em meus braços era a
melhor coisa do mundo, mas em casa seria melhor ainda.

— Tudo pronto. Não tenho muita coisa aqui — apontou para


uma mala pequena.

— Certo, vamos então — peguei a mala, a mão dela e a puxei


comigo.

Na sala, os três esperavam por nós e nem sinal de Gabriel.


Ainda bem.

Demos um último adeus para a senhora e saímos. No lado de


fora, Marcelo já esperava com o carro ligado. Entramos no carro e
fomos até a cidade para pegar o outro, que tínhamos deixado no
café. Assim que tive sinal no celular, liguei para Armand deixar o
avião pronto para decolar em mais ou menos uma hora. Nesse
ritmo, à noitinha já estaríamos em casa.
Capítulo Quatro
Em quarenta e cinco minutos chegamos ao hotel e arrumamos
nossas coisas. Fui até a recepção e paguei a conta. Aí foi a vez de
Jessica ficar com ciúmes. A recepcionista se mostrou receptiva
demais e quando me devolveu o cartão de crédito, entregou junto
um cartão do hotel com seu telefone nele.

— Querida, ele não vai precisar disso, pode pegar de volta e


colocá-lo onde você bem entender — meu Anjo disse, tirando o
cartão da minha mão e entregando de volta à recepcionista, que
ficou vermelha na hora.

Um sorriso enorme tomou conta de meu rosto.

— Hum... a gatinha tem garras, hein? —Eu disse no ouvido


dela, dando uma mordidinha de leve na ponta.

— Vou te mostrar minhas garras quando a gente chegar em


casa, você vai ver — riu de mim, dando um tapa na minha bunda.

Olha só! Essa eu ia adorar ver.


Mais quinze minutos e estávamos todos a bordo.

— Anjo, esse é Armand, meu piloto. E essa é a senhorita


McKenna, nossa comissária de hoje.

— Seja bem-vinda a bordo, senhora Jessica. Estávamos todos


muito preocupados com a senhora.

— Obrigada, Armand — ela sorriu para ele e desarmou o pobre


homem.

Outro apaixonado pelo meu Anjo...

Teria que me acostumar com isso. Dei um beijo em seus


cabelos e a puxei para nossos lugares. A vontade que eu tinha era
de colocá-la em meu colo e não a deixar sair de perto de mim nunca
mais. Mas, por motivos de segurança, ela tinha que ficar em sua
própria poltrona, pelo menos até que decolássemos.

Olhei para trás e vi que todos já estavam sentados, esperando.

— Você está bem, Anjo? Não está enjoada nem nada? Nosso
bebezinho está bem aí? — Completei baixinho em seu ouvido e
passei a mão em sua barriga.

— Por enquanto está tudo bem, amor. Estou só de algumas


semanas. Ele está bem — ela colocou as mãos em cima da minha e
chegou mais perto, oferecendo os lábios para um beijo.

Apossei-me daquela boquinha linda e minha mão subiu para


seus cabelos. Quase gemi alto quando senti a mão dela chegando
devagar em meu pau. Jesus! Eu ia gozar em minha calça se isso
continuasse. Parecendo ler meus pensamentos, meu Anjo apertou
forte e gemi o mais baixo que consegui. Deixei sua boca e me
arrastei até seu ouvido.

— Anjo, se isso continuar vou te levar para o quarto lá atrás e


vamos foder o caminho de volta todinho.

— Sério que tem um quarto lá no fundo? — Os olhos de meu


Anjo brilhavam e ela estava tão louca de tesão quanto eu.

— Uhum. Um quarto com uma cama grande o suficiente pra


nós dois e um banheiro com chuveiro — acenei com a cabeça para
a porta nos fundos.

— Se as crianças dormirem, você me mostra esse quarto —


disse ela, apertando meu pau de novo.

Orei a Deus para que eles dormissem logo. Mas que nada.
Assim que o avião levantou voo, eles começaram a conversar com
Marcelo e o máximo que consegui foi roubar alguns beijos de meu
Anjo, mas sua mão não saiu da minha coxa, me provocando o
tempo todo.

Em duas horas chegamos na casa dela. As crianças entraram


primeiro e sumiram pela casa.

— Anjo, quer ir para a minha casa? Ou ficar aqui na sua? Não


sei se tem comida lá, nem aqui. Como não sabíamos quanto tempo
ficaríamos longe, não compramos mais nada. E não avisei a Maria
para que reabastecesse a dispensa.
— Vamos ficar aqui. A gente pede alguma coisa para comer
agora a noite e amanhã veremos as compras.

— Você está muito magra. Tem que comer e voltar à antiga


forma.

— Aham, com o bebê isso não será problema, posso te


garantir — ela disse entre risos.

—Te quero tanto, Anjo. Tanto que chego a estar tonto de


vontade de você — me abracei a ela e cheguei em seu ouvido para
que não nos escutassem. ―Eu estou louco pra sentir o seu sabor
de novo. Abrir suas pernas e me afundar nessa bocetinha gostosa,
te lamber e chupar, até você gozar na minha boca. Só então, bem
devagar, enfiar meu pau em você, até o fundo, todo dentro de você
e meter rápido e forte, chupando seus seios e mordendo seu mamilo
até você gritar de prazer —acabei de falar e coloquei a língua em
seu ouvido. Ela tremeu toda e gemeu baixinho.

— Ah, Rick, assim não vou durar nada. Vai ser você respirar
perto e eu vou estar gozando.

— Anjo, se isso acontecer, vou te chupar até você gozar de


novo. A noite inteira, se for preciso.

— Ei, vocês dois! Parem de se agarrar aí na parede. Venham,


vamos pedir uma pizza? — disse Camy, rindo de nós.

Só então me dei conta de que tínhamos parado próximo à porta


de entrada e que eu estava encoxando ela na parede, e ela
agarrada em mim.
Rimos e fomos para o sofá, enquanto Camy ligava e pedia a
pizza.

— Mãe, que bom que você está de volta. Isso aqui estava um
inferno. Papai entrou feito um louco alucinado, foi para cima do Rick
e deu umas porradas nele. Acho que Rick deixou ele bater um
pouco para não ficar feio pra ele na nossa frente e depois caiu de
pau em cima do papai e ensinou uma lição pra ele. Foi para o
hospital escoltado e de lá para a cadeia. Pode ficar sossegada que
ele não sai tão cedo de lá. Tinha um vídeo que ele fez e mandou pro
Rick do seu sequestro. Além de tudo, foi burro ainda.

— Sério, Rick? Você bateu nele? — Jess me olhou como se eu


fosse algum tipo de herói.

— É, Anjo, eu estava com tanto ódio dele, que acabei me


excedendo.

— Hum, acho que acabei de me dar conta que estou muito


cansada. Acho que preciso deitar um pouco. Vou subir. Você me
avisa quando a pizza chegar que eu desço — me olhou com
aqueles olhos brilhantes, subindo as escadas.

— Vou com você, Anjo. Depois que ele te tirou daqui, debaixo
do meu nariz, você não fica longe dos meus olhos. Não, senhora —
fui atrás dela.

Camy ficou no sofá e riu lá, sozinha. Menina esperta essa.

Chegando no quarto, entramos e tranquei a porta atrás de mim.


— Enfim, em casa — ela disse, se jogando na cama,
estendendo os braços para mim.

Fui até ela e me encaixei no meio de suas pernas, me deitando


em cima dela. Apoiei-me em meus cotovelos para não colocar meu
peso no bebê e enfiei as mãos em seu cabelo.

— Não temos tempo, amor. Então, vamos dar uns amassos.

— Hum, me parece uma ótima ideia.

Beijei seus olhos, seu nariz, desci para seu pescoço, traçando a
veia pulsante com a língua e subi para seu ouvido, lambendo seu
contorno e mordendo. Jess se arqueou embaixo de mim, gemendo
e se esfregando em meu pau. Tremi de desejo ao sentir o calor de
seu sexo em mim e comecei a responder do mesmo jeito, me
esfregando a ela, beijando sua pele, arrancando gemidos de prazer.

Abri seu jeans e coloquei minha mão dentro. Meus dedos


percorreram seus pelos curtos e gemi alto quando eles encontraram
sua umidade quente.

— Ah, Anjo... já está pronta pra mim. Não consigo resistir a


isso. Preciso da minha boca em você. Agora.

Me ajoelhei e puxei seu jeans, o jogando de lado. Afastei sua


calcinha e me abaixei, chegando bem perto.

Caralho, como eu adorava o cheiro dela!

Respirei fundo em sua boceta, ficando meio tonto de tesão, a


abri com os dedos e minha língua encostou em seu clitóris. Meu
Anjo estremeceu sob minha língua e me agarrou os cabelos.

— Rick! Ah, amor... mais. Quero mais — caí de boca,


lambendo e chupando, meu Anjo gemendo cada vez mais alto,
rebolando na minha cara.

Peguei a mão dela e coloquei em sua boca. Agarrei seu seio e


prendi o mamilo entre os dedos. Meu Anjo jogou a cabeça para trás
mordendo a mão e com a outra me puxou mais para sua boceta.

Que mulher gostosa! E toda minha!

Aumentei a pressão de minha língua e gemi de encontro a seu


clitóris. Sabia que aquilo provocava uma vibração e que ia levar meu
Anjo à loucura. Ela apertou as pernas em mim e começou a gozar.
Queria suas contrações em minha língua e continuei a massagear
seu clitóris agora com os dedos, e enfiei minha língua nela. Senti ela
me apertar e seu creme aumentar. A chupei toda, até a sentir mole e
trêmula em meus braços. Ela me puxou para um beijo e gemeu de
novo ao sentir seu gosto em minha boca.

— Você me deixa louca, amor. Quero tanto você dentro de


mim. Vem, vem pra mim, vem — ela me pediu, com a boca grudada
na minha, já abrindo o botão da minha calça.

Como dizer não a isso? Se era o que eu mais queria?

A deixei abrir minha calça e me tirar para fora. Eu estava


apoiado nas mãos e deixei ela fazer o que quisesse.

Ela abriu as pernas e colocou a cabeça de meu pau para


dentro. Gemi de tesão, aquele calor me abraçando, apertando,
consumindo centímetro a centímetro, até me ter todo dentro dela.
Ela se apertou a minha volta e quase gozei. Me segurei e comecei a
meter forte, minha vontade era demais para ir devagar. Ela segurou
embaixo dos joelhos, abrindo-se ainda mais para mim e fui mais
fundo ainda, gemendo, me segurando, beijando meu Anjo enquanto
fodíamos como animais, implacáveis, insaciáveis.

Senti o orgasmo chegando para ela e fui ainda mais rápido. O


barulho de nossos corpos se chocando aumentava meu tesão e os
gemidos dela me deixavam à beira da insanidade.

— Goza... pra mim... Anjo — minha respiração falhava, sentia


um arrepio percorrendo minha coluna, minhas bolas, e cerrei os
dentes.

Não ia gozar antes dela, o faríamos juntos. Com um gemido


abafado senti ela pulsando e se contraindo em meu pau, suas
pernas tensas, seus olhos nos meus, enevoados em êxtase e me
soltei, gozando forte dentro dela, um gemido estrangulado saindo de
mim e senti a mão dela em minha boca, me calando.

— Mãe! A pizza chegou! — Camy gritou lá de baixo.

Estávamos trêmulos e sem fôlego, mas felizes. Começamos a


rir do nada, como dois bobos.

— Vamos nos lavar e descer logo, antes que ela venha bater
na porta.

— Amor, minhas pernas não me aguentam agora. Estão que


nem gelatina.
— Então, eu te levo no colo. Vamos!

A levantei em meus braços. Ela estava muito magra.

O que ela deve ter passado no meio daquele mato para ficar
assim?

Só de pensar que era tudo culpa daquele maldito, eu pedia a


Deus que ele ficasse muito tempo na cadeia, tempo suficiente para
que eu não pensasse mais nisso.

Sentei-a na pia e com uma toalha molhada a limpei, e depois a


mim, a vesti de novo e descemos.

Chegando lá embaixo, a mesa estava posta e eles estavam nos


esperando, já sentados. Durante a janta, Camy contou tudo o que
tinha acontecido de novo, junto com Erik, que pareceu voltar à vida.
Logo após o jantar, fomos para a sala e nos deitamos todos no chão
para ver um filme. Logo eu e meu Anjo estávamos dormindo, um
nos braços do outro, ladeados pelas crianças.
Capítulo Cinco
Alguém mexendo em meu braço me despertou. Ainda estava
abraçado a Jess, mas estávamos no chão da sala.

— Papi, é melhor levar ela pra cama. Por mais fofinho que seja
o tapete, sabe como é — Camy sussurrou pra mim.

— Tá, você tem razão. Ela estava tão cansada que nem se
mexeu.

Me levantei e peguei Jessica nos braços. Subi as escadas sem


dificuldade. Ela estava tão leve, mas, de acordo com ela mesma,
isso não duraria muito tempo, com o bebê.

Meu filho, meu bebê, nosso bebê. Um pedacinho de nós,


crescendo dentro dela.

Cheguei ao quarto dela e a coloquei na cama. Tranquei a porta


e a olhei adormecida... tão linda! Desabotoei seu jeans e tirei com
cuidado para não a acordar. Tirei minha roupa e deitei ao lado dela.
Ao me sentir ao seu lado, ela se virou de costas para mim e
acompanhei o movimento, nos encaixando. Essa noite seria uma
tortura... meu corpo não estava nem aí se ela estava cansada. Ele a
queria e queria agora. Me ajeitei, acomodando minha ereção e me
afastando dos quadris dela.

Ela tinha que descansar. Por ela e pelo bebê.

Afundei meu rosto em seus cabelos e gemi baixo quando o


perfume dela me consumiu. Em seu sono, ela se mexeu e levantou
um braço, enfiando a mão em meus cabelos, me puxando ainda
mais para ela.

—Rick... — ela murmurou dormindo. — Te amo tanto...

—Também te amo, Anjo, durma.

— Humm — ela gemeu dormindo e grudou a bunda em mim.

Cerrei os dentes, pensei na academia e nos empregados, nas


lojas, nas contas. Estava quase me acalmando quando ela começou
a respirar mais pesado, ficar ofegante e gemer baixinho.

Deus, ela estava tendo um sonho erótico!

Tudo o que eu precisava para meu autocontrole. A mão dela


deslizou pela barriga e segurou um seio, apertando o mamilo. Meu
Anjo se contorceu em seu prazer e pressionou ainda mais seu
traseiro em minha ereção, que já estava pulsando.

O que fazer? Assistir ou participar?

Fiquei olhando seu rosto e rocei meus lábios em seu ouvido,


ganhando um ronronar delicioso. Ela jogou a perna por cima das
minhas e com a outra mão ela se acariciou, apertando sua carne, a
ponta de seu dedo se afundou por cima da calcinha e outro gemido
escapou de seus lábios. Ela começou a rebolar se esfregando em
mim.

Jesus! Que homem aguentaria isso sem fazer nada?

Me afastei um pouco e tirei meu pau para fora, o acomodando


entre suas pernas. O calor de seu sexo tomou conta de mim. Ela
estava tão molhada que a umidade ultrapassava o tecido de sua
calcinha, seu cheiro me enlouquecia e puxei sua calcinha de lado,
me afundando em seu corpo.

Isso era o paraíso! Aquela bocetinha em mim, quente, me


apertando... me grudei nela, fechei os olhos e gemi de tesão em seu
ouvido. Ela se arrepiou toda e me apertou ainda mais.

Comecei a bombear devagar e meu Anjo passou a gemer cada


vez mais, empinando a bunda para mim, aprofundando a
penetração, até que eu estava todo dentro dela.

— Rick... mais forte... — abri meus olhos e a encontrei me


olhando, com aquela cara de tesão, meio adormecida, meio
desperta.

Sua boca procurou a minha e nos perdemos em um beijo


delicado a princípio, apenas lábios se tocando, se encaixando.
Então eles se abriram e línguas se encontraram, se provando e
gememos um na boca do outro, movimentos se acelerando. Agarrei
seu seio e apertei seu mamilo, imitando seu movimento anterior.

Nossas respirações denunciavam nossa excitação, nossas


bocas contavam a história que estava sendo vivenciada em nossos
sexos e eu metia forte e rápido nela.

— Rick... surf —ela sussurrou em minha boca.

A ideia de me enterrar naquele rabinho gostoso me deixou


insano e saber que ela queria isso me deixou totalmente fora de
controle.

— Quer que eu coma sua bundinha, Anjo? — Disse, olhando


em seus olhos.

Sob minha mão, senti sua pele se arrepiar com minhas


palavras.

— Te quero. Quero sentir você entrando em mim, me abrindo, e


quero agora — ela me disse, sem fôlego.

Saí de dentro dela e espalhei sua umidade com meu pau,


segurando e pressionando naquele buraquinho apertado.

Entrei devagar enquanto ela rebolava contra mim. Continuei a


avançar aos poucos, parando quando estava todo dentro dela.
Estremecemos e comecei a me mover, incapaz de ficar imóvel por
mais um segundo.

Aquele cuzinho apertado era minha perdição.

Respirei fundo e, metendo como ela gostava, acariciei seu


clitóris. Com a outra mão tampei sua boca. Ela estava tão fora de si
que estava quase gritando de prazer.

Tirei a mão dela de meus cabelos e coloquei em sua boceta,


para que ela se acariciasse enquanto eu a penetrava com meus
dedos.

Ela afastou minha mão de sua boca e me pediu.

— Amor, quero ouvir você me xingando.

— Caralho, Anjo, eu não vou conseguir me segurar desse jeito.

— Vamos, gostoso...

— Minha putinha, você gosta de me sentir assim, comendo


esse seu rabinho gostoso — seu gemido e seus movimentos foram
toda a resposta que eu precisava. — Geme, vadia, me mostra que
está gostando, me deixe te ouvir.

— Mais rápido, meu tesão, me fode mais ...

— Rebola no meu pau, vagabunda — dei um tapa estalado em


sua bunda.

— Ah, Rick... essa sua mão me deixa louca... mais... estou


quase, ahhhh!

Segurei seu quadril, enterrando meus dedos naquela carne e a


puxei de encontro às minhas estocadas.

— Goza, minha putinha, goza gostoso pro seu macho — me


apossei de sua boca, abafando seus gemidos de êxtase, sentindo
ela gozando, seu corpo se contorcendo, convulsionando sob minhas
mãos e me derramei dentro daquele traseiro gostoso, meu gemido
se juntando ao dela, ambos ofegantes e satisfeitos. — Anjo, eu ia te
deixar descansar essa noite, mas você começou com esse sonho,
gemia e se acariciava, não resisti... desculpa me aproveitar assim
de você — disse acariciando seus cabelos.

Ela riu e me olhou dentro dos olhos.

— Rick, eu acordei quando você me levantou do chão da sala


— riu mais de mim.

Dei um tapa em sua bunda e ri junto com ela.

— Me enganando, é?

— Só um pouquinho. É que fiquei tanto tempo sem você, agora


quero recuperar todo o tempo perdido — me deu um beijo na boca e
se aconchegou em meu braço, sem nos separar, e adormecemos.

Acordei cedo e fiquei sem saber onde estava, meio perdida.


Virei para o lado, vi meu amor adormecido, e as lembranças do dia
anterior me invadiram.

Meu amor, que saudade!

Adormecido, ele parecia um anjinho, cabelos despenteados,


olhos fechados escondendo aquele azul lindo, a boca entreaberta,
respirando lentamente... deitado de lado, seus braços musculosos
pareciam ainda mais fortes e me segurei para não passar os dedos
pelos contornos dos músculos que me deixavam com água na boca.
Continuei percorrendo seu corpo com o olhar e me segurando. Seu
peitoral definido subia e descia conforme ele respirava e os
gominhos de seu abdômen pareciam dançar com o movimento.

Respirei fundo e continuei descendo o olhar, mas já sabia o que


encontraria. Ele estava totalmente ereto e seu tamanho era... uau!

Grande, grosso e todo meu!

Senti meu sexo palpitando, querendo ele urgentemente, me


abrindo, me invadindo devagar, me preenchendo como nenhum
outro... mas ele estava tão cansado de ter ficado me procurando por
tanto tempo que resolvi deixar ele dormir mais um pouco.

Me levantei devagar e fui tomar banho, sem fazer barulho, me


troquei e fui ver o café da manhã.

Poxa, não tinha nada em casa!

— Chris, vamos até a padaria comigo, não tem nada em casa.

—Senhora, por ordens do Sr. Swanson, não posso deixar a


casa sem ninguém e não posso deixar a senhora sair sozinha
também.

— Ok, eu entendo. Não concordo, mas entendo. Vou acordar


ele então.

— Desculpe, senhora, mas ordens são ordens.

— Não se preocupe, Chris —voltei para dentro da casa.

Coloquei meu celular para carregar e liguei. Apareceu a data


no visor e, nossa, amanhã já era véspera de Natal! Minha caixa
postal estava cheia de mensagens das crianças e do Rick, um
monte de mensagens de texto.

Subi correndo e acordei a Camy.

— Camy, acorda! Vamos às compras! Amanhã é Natal! Se


arruma, quando você estiver pronta eu vou acordar o Rick, sabe que
homem se arruma rapidinho. Vamos! — Dei mais um chacoalhão
nela e a puxei da cama.

Arrumei algumas coisas espalhadas, que ela insistia em deixar


sempre assim, e quando ela saiu do banheiro, fui para meu quarto.

Meu amor ainda dormia, do mesmo jeitinho que eu tinha


deixado. Não me aguentei e fui acordá-lo.

— Amor, acorda. Temos que sair e comprar os presentes de


Natal. Acorda, dorminhoco.

Abri os olhos e Jessica já estava de banho tomado e pronta pra


sair. Natal? Com toda essa coisa do sequestro, eu tinha esquecido
completamente.

Amanhã já era véspera de Natal!

—Estou indo, vou tomar um banho rápido e já saímos.


Levantei, tomei uma ducha rápida e me vesti. Em quinze
minutos, eu estava na sala esperando as donzelas.

Como podem demorar tanto?

— Ei, é pra hoje? — Chamei já na porta.

Camy veio correndo, seguida pelo meu Anjo.

— Vamos, amor — ela se chegou bem pertinho de mim, ficou


na ponta dos pés e me beijou na boca.

— Hã? Onde? — Eu disse, rindo e aprofundando o beijo,


agarrei-a pela cintura e a levantei do chão. Ela se agarrou em mim
com as pernas na minha cintura e a carreguei para o carro. — Para
o shopping? — Perguntei como se não soubesse.

—Yes! — Camy falou do banco de trás, eufórica. —Compras!


Parece que faz uma eternidade que não entro em um shopping.

— Ficamos só duas semanas fora, Camy, mas é verdade que


pareceu uma eternidade — peguei a mão da Jess e beijei.

No caminho do shopping, elas foram fazendo os planos para a


noite de amanhã e presentes.

— Mãe, você precisa comprar algumas roupas, está muito


magra e quase nada serve em você.

— Melhor esperar mais um pouco. Tenho a impressão de que


não vai demorar muito tempo para que minhas roupas voltem a me
servir — Jess respondeu rindo.
Ri junto e Camy ficou nos olhando, sem entender nada.

Chegamos ao shopping e Camy já saiu olhando as vitrines.

— Anjo, vou comprar um presente pra você. Não saia de perto


da Camy, não quero você sozinha, está bem?

— Pode deixar, amor. Qualquer problema, eu te ligo — me deu


um beijo de leve nos lábios e foi para junto da filha.

Meu coração ficou apertado, não queria que ela ficasse longe
de mim, mas também queria fazer uma surpresa para a noite de
amanhã.

Andei olhando as lojas e achei a de roupas de bebês. Entrei e a


vendedora veio me atender.

— Gostaria de ver o que você tem para recém-nascidos...

Saí da loja carregado de coisas. Elas não poderiam ver nada


daquilo. Liguei para Maria e disse para ela esperar na portaria que
chegaria uma entrega. Liguei para o Marcelo e pedi para ele vir
buscar os pacotes e deixar na minha casa.

Pronto! A surpresa deles estava pronta. Presentes... nunca fui


bom em escolher o presente ideal. Fui olhando, andando e me
deparei com o presente mais que perfeito para o meu Anjo. Comprei
e mandei junto com as outras coisas para minha casa.

Desci para onde eu as tinha deixado e lá estavam elas, com


algumas sacolas, mas ainda olhando as vitrines. Mulheres! Quer vê-
las felizes, leve-as às compras. Ri da minha piada machista e fui até
elas.

Cheguei devagar por trás de Jess e a agarrei pela cintura,


levantando-a do chão.

A reação dela não foi bem a que eu esperava.

Ela deu um grito e jogou a cabeça para trás, quase acertando


meu nariz e boca, mas pegando no meu queixo, enquanto me dava
uma boa cotovelada e um chute nas pernas.

—Wow... Calma, Anjo, sou eu — disse, beijando seu pescoço e


a soltando.

— Quase me mata do coração, Rick! — Me deu um soco no


braço.

— Desculpa, meu Anjo, fiz sem pensar.

— Estou um pouco sensível depois do que eu passei. Mas


pode me abraçar, amor, e bem forte — ela se agarrou ao meu
pescoço e me abraçou forte, beijando meu queixo, onde sua cabeça
tinha batido.

— Que cabeçada, meu Anjo! Muito bem, é assim mesmo que


tem que fazer. Já compraram tudo?

— Eu queria comprar uma coisa de bebê para dar pra eles de


Natal, para contar do bebê com uma surpresa — ela sussurrou para
mim.
— Já fiz isso, Anjo. Mandei lá pra casa, para vocês não verem.
Surpresa para todos — sussurrei de volta. — Vamos então? Estou
com fome, vamos achar um lugar e tomar um belo café da manhã —
soltei meu Anjo e dei um tapinha de leve em sua bunda, arrancando
risos de Camy.

Paguei o estacionamento e fomos até uma padaria onde


serviam um bom café da manhã. Chegando lá, fomos para o buffet.
Estava conduzindo meu Anjo, com a mão na base de suas costas e
senti quando ela estremeceu.

— Tudo bem, meu Anjo? — Sussurrei em seu ouvido.

— Não, Rick, vou esperar na mesa. Esse cheiro... urgh, está


me enjoando, e se eu sair correndo para o banheiro, Camy vai
perceber. Pegue um pouco de suco de laranja e uns pãezinhos pra
mim?

— Pego sim, Anjo. Vamos lá — fui com ela até uma mesa
próxima e esperei Camy voltar com seu café, depois fui pegar o
nosso.

O café transcorreu sem problemas e levei as duas de volta para


casa. Chris estava de guarda, o que me deixou mais sossegado,
mas ainda assim...

— Anjo, vem comigo pra academia? — Eu não queria me


afastar dela, estava traumatizado com o sequestro e a queria sob
minhas vistas.

— Ok, vou com você.


— Tchau, mãe. E você, papi, cuida bem dela, hein? — Camy
deu um beijo na mãe e foi em direção à porta da casa e quando
estava quase abrindo a porta, ela parou, foi até o Chris e deu um
beijo na boca dele, se virou e aí sim entrou na casa.

Jessica me olhou espantada.

— O que aconteceu enquanto eu não estava?

— Anjo, isso você vai ter que perguntar pra Camy. Não vou me
meter nisso não, mas, pelo visto, eles estão se entendendo —sorri
para ela e ela retribuiu um sorriso sincero, mas um pouco
preocupado.

Na academia, todos sabiam do sequestro de Jess e quando


entrei de mãos dadas com ela, todos olharam, sorrindo para nós,
cumprimentando, e os instrutores que a ajudaram quando o maldito
do ex-marido veio aqui para tentar tê-la de volta, vieram até nós.

Marcos e Juliano, pelo jeito, se achavam amigos íntimos de


Jess, pois chegaram, foram abraçando e perguntando como ela
estava, acariciando os braços dela.

Que ousadia! Saiam e larguem o que é meu!

Puxei Jess para trás de mim e encarei os dois.

— Meu Anjo está bem e sendo bem cuidada. Podem voltar


todos para seus afazeres. Garanto que todos têm mais o que fazer.

Peguei a mão da Jessica e a levei comigo para meu escritório.

Que coisa, bando de abusados!


Sentei em minha cadeira e a puxei para meu colo. Meu Anjo
ficou acariciando meus cabelos e me olhando.

— Não fique com raiva deles, nem bravo, amor. Eles só ficaram
preocupados e contentes por ver que deu tudo certo. Sou sua, amor.
Somos seus — pegou minha mão e colocou em cima de sua
barriga.

Meu filho estava ali, crescendo forte dentro do meu Anjo.

Minha mulher maravilhosa e gostosa. Só minha.

Esse pensamento me deixou duro dentro do jeans e, claro, ela


percebeu, já que estava sentada no meu colo.

— Humm, alguém também ficou contente — ela disse com uma


voz rouca que me deixou mais louco por ela.

Jesus, o poder dessa mulher sobre mim era insano! Minha mão
escorregou para baixo de sua camiseta e começou a subir, a se
arrastar em direção aos seios dela. Ela chegou mais perto de mim e
passou o nariz em meu ouvido, sua respiração me arrepiou e ela
passou a língua pelo lóbulo e mordeu.

Suguei o ar entre os dentes, tentando me controlar. Mas meu


Anjo tinha outras ideias em mente. Ela arrastou os lábios até minha
boca e lambeu.

―Te amo — ela sussurrou e aprofundou o beijo.

Peguei seu seio e apertei o mamilo, arrancando um gemido


rouco.
— Anjo, se você continuar me beijando assim, vamos acabar
fazendo amor em cima dessa mesa.

Ela me olhou nos olhos e se levantou.

Bem, vai ver ela não me queria tanto assim...

Suspirei desanimado e passei as mãos pelo cabelo.

Meu Anjo foi até a porta e trancou. Se virou para mim e,


enquanto voltava para meus braços, ela se livrou da camiseta.

— Um dia você já tinha me atentado com essa mesa —fiquei


olhando ela abrir o zíper da calça e chutar as sapatilhas para longe.
Só de calcinha e sutiã, meu Anjo parou na minha frente e eu fiquei
olhando, feito um bobo. — E então? Vai ficar só me olhando? — Ela
sorriu para mim, com cara de safada.

Meu instinto dominador assumiu e, com um rosnado, me


levantei da cadeira e a puxei para mim, com uma mão segurando
sua bunda e a outra emaranhada em seus cabelos, mantendo-a
presa.

— Você está pedindo por isso — beijei-a forte, a encostei na


mesa e puxei suas pernas para minha cintura. Ela apoiou as mãos
na mesa e rebolou, se esfregando em minha ereção.

— Anjo, eu queria ser delicado com você, mas você me tira do


sério...

— Não te quero delicado, amor, te quero selvagem, me


agarrando pelos cabelos e me batendo na bunda. Vem, vem forte —
me puxou para um beijo selvagem e começou a abrir meu jeans.

Que ninguém viesse bater na porta agora... AH! A câmera.

— Espere, Anjo — tirei minha camiseta, fui até a maldita coisa


e coloquei em cima. — Agora sim, você será minha e sem plateia.

Virei-a e empurrei de leve suas costas para que ela se deitasse


na mesa.

— Você fica tão gostosa assim, meu Anjo. Segure firme na


borda e são solte — lambi suas costas descendo para a borda de
sua calcinha.

Agarrei com os dentes e abaixei. Seu cheiro invadiu minha


cabeça e não me contive, lambendo meu caminho até sua bocetinha
suculenta. Os gemidos do meu Anjo mostravam seu grau de
excitação.

Eu precisava estar dentro dela!

Terminei de abrir minha calça enquanto a chupava e meu pau


pulou para fora, louco para se meter nas carnes a minha frente.

— Se for demais, meu Anjo, me fala que eu paro.

— Vem, amor, quero você dentro de mim, por favor — Jess


gemeu, rebolando aquela bunda para mim.

A abri com meus dedos e meti fundo de uma só vez, em seu


calor úmido e escorregadio. Meu Anjo gritou de prazer e sem
conseguir me conter comecei a meter forte e rápido.
— Oh, amor, eu não vou conseguir me segurar muito tempo
com você metendo assim. É tããão bom...ahhh!

A voz rouca dela me levou à beira do orgasmo, meu Anjo


falando desse jeito me deixava louco. Me inclinei sobre ela e
alcancei por entre suas pernas, acariciando seu clitóris enquanto
metia, forte e sempre.

— Goza pra mim, Anjo — acelerei as estocadas e senti meu


pau sendo apertado, ordenhado por aquela bocetinha gostosa, que
pulsava em torno de mim. Meu Anjo chamou meu nome e gemeu
baixinho... me deixei levar, gozando fundo naquele corpo que me
pertencia. Minha! Agarrei sua bunda, querendo deixar minha marca
naquela pele branca. — Minha — me escutei falando.

— Sua, amor, para sempre — ela respondeu, arfando e se


soltando em cima da mesa.

Peguei Jess no colo e a levei ao banheiro anexo do meu


escritório, a sentei no balcão da pia enquanto ligava o chuveiro. Dei
banho no meu Anjo, acariciando todo seu corpo... aqueles dias de
desespero, sem saber onde ela estava, me deixaram ainda mais
possessivo com ela. Me lavei rapidamente e sequei a nós dois. Ela
só me olhava e sorria, parecendo feliz em estar comigo. Ainda bem,
pois eu não tenho a menor intenção de deixar ela longe de mim!

Voltamos para meu escritório e colocamos as roupas,


destranquei a porta e voltamos para minha mesa, com ela sentada
no meu colo, mas dessa vez para trabalhar.
Liguei o computador e fui verificar meus e-mails. Lá estava o
comunicado da festa de Natal da noite seguinte, organizada pelo
Paolo.

— Anjo, será que tem problemas se a gente passar a noite de


Natal aqui? Paolo já organizou tudo.

— Por mim não, não fizemos nada mesmo. Até melhor assim,
que me sobra mais tempo para ficar com você.

Dei um beijo em sua boca e me lembrei de Layla. Ela já devia


ter voltado de sua viagem de férias.

— Vou ligar pra Layla, para ela vir também.

— Sei de alguém que vai ficar muito feliz em saber disso —ela
riu e afagou meu cabelo.

Respondi para o Paolo que seriamos em seis pessoas e


desliguei tudo.

— Bem, Anjo, vamos marcar seu médico. Quero ver e escutar


nosso filhotinho — coloquei-a de pé e dei um beijo em sua barriga.
Fiquei de pé e dei um beijo na mamãe também. — Nada me deixa
mais feliz do que saber que você é minha e que logo teremos nosso
bebezinho, fruto do nosso amor.

— Te amo, Rick. Amo mais que tudo na minha vida... — e me


abraçou forte.

Ah! Nada mais gostoso de se ouvir do que isso. Meu Anjo me


ama e eu amo meu Anjo.
Capítulo Seis

Em casa, liguei para marcar a consulta com minha


ginecologista.

— Marca para logo, Anjo, vê se tem para hoje ainda — ele


sussurrou perto de mim, me abraçando.

Por sorte, já conhecia todos no consultório, por frequentar há


tantos anos, e a recepcionista me encaixou no último horário.

— Ok, marquei pra hoje, às seis e meia da tarde.

— Será que já dá para ouvir o coraçãozinho? — Me perguntou


sorrindo e acariciando minha barriga.

— Amor, acho que ainda não dá não, é muito novinho ainda.

— Não me importo se não der, quero ver meu bebê na tela do


computador.

— Rick, não seja bobo, não vai dar para ver quase nada! Só
uma bolinha.
— Ainda assim, a bolinha é o meu bebê — ele riu e beijou
minha barriga.

Eu estava perdida! Pelo jeito, ele ia querer fazer ecografias a


cada duas semanas, só para ficar olhando o bebê. Ri alto desse
pensamento e ele riu junto, sem motivo.

Fizemos hora, vendo TV até dar o horário do médico e fomos,


sem avisar nada a ninguém.

Ficamos esperando na recepção e, quando me chamaram, ele


entrou atrás de mim.

— Boa noite, Jess! Então temos novidades, é? A recepcionista


me avisou que você está grávida e queria fazer uma ecografia para
verificar o tempo de gestação — concordei com a cabeça e fiquei
encarando a médica que falava comigo, mas olhava para o Rick. —
E quem seria esse? Seu irmão? — Ela disse já estendendo a mão
para cumprimentá-lo.

— Não, doutora, sou o pai do bebê — ele respondeu para ela,


sorridente, tirando o sorriso besta da cara da médica. Me abracei a
ele, sorrindo para ela.

— Bem, vamos às perguntas básicas então — disse ela,


esfregando as mãos e sentando-se atrás da mesa. Pegou meu
prontuário e começou uma série de perguntas. — Certo, agora
então, ao exame. Pode entrar ali e tirar a parte de baixo, incluindo a
calcinha, sim? Vamos fazer uma transvaginal, assim teremos uma
visão melhor do bebê.
Ela me conduziu à sala de exames. Já ia fechando a porta atrás
de mim, quando Rick se enfiou comigo na sala.

— Perdão, doutora, mas onde ela vai, eu vou junto — e fechou


a porta atrás dele.

Eu tive que rir da cara que a médica fez. Na certa esperava ficar
a sós com ele na sala, enquanto eu me preparava. Coitada.

Fiz como ela havia mandado e me deitei na maca ao lado do


aparelho. À minha frente, uma televisão pequena mostrava a
imagem da tela do aparelho, com números e mais nada

A médica entrou e sentou-se à frente do aparelho, pegou um


preservativo e colocou na ponta do sensor.

— Relaxe, Jess. Vamos lá, agora — e inseriu o aparelho entre


minhas pernas.

Rick me olhou meio contrariado, não gostando nada daquilo.

— Amor, olha lá — apontei para a tela à nossa frente.

Ele se posicionou atrás da minha cabeça a me segurou nos


ombros.

Na TV apareceu a imagem nítida de uma só bola, mas com


duas bolinhas dentro.

— Parabéns! São gêmeos e gêmeos idênticos.

— Gêmeos? — Rick disse, sem fôlego, seus olhos marejados.


— Anjo, são dois!
Abaixou a cabeça e me beijou de leve nos lábios, as lágrimas
caindo sobre meu pescoço, e chorei junto com ele, rindo também,
completamente abobalhada! Idênticos? Voltei a olhar para a tela e
para as duas bolinhas.

Olhei para Rick, que estava fascinado pela imagem na tela à


nossa frente, as lágrimas escorrendo, silenciosas, e um sorriso
incrédulo no rosto.

— Bem, Jess, é compatível com 4 semanas mais ou menos, só


poderemos afirmar, com certeza, mais para frente, quando der para
medir os bebês. Vocês querem uma foto deles?

— Sim — respondemos juntos.

— Não dá pra ouvir os corações ainda, mais algumas semanas


e será possível.

Eu comecei a rir e ele também, ambos acordando do transe de


ver nossos bebês na tela.

— Pode se limpar e vestir, Jess. Te aguardo na sala — saiu,


nos deixando sozinhos.

Rapidinho me aprontei e voltamos para a sala. A médica me


pediu um monte de exames, me passou um multivitamínico e ácido
fólico. Peguei a receita, a foto dos bebês, nos despedimos e fomos
embora.

— E aí, amor? Gostou de ver nossos bebês?

— Estou abobado ainda, Anjo. Me deixe ver a foto.


Ele ficou babando na foto e sorrindo como bobo, olhando para
ela, para mim e para minha barriga.

Enfiou a foto no bolso da camisa e me abraçou, girando comigo


nos braços e rindo como criança.

Meu amor estava feliz e eu também.


Capítulo Sete

Chegamos em casa e encontramos Camy, Erik e Layla na


piscina, Chris, encostado na casa da piscina, observando os três na
água.

— Chris, porque não dá um mergulho com eles? Relaxa,


homem, você não está de serviço hoje — ele, em vez de me
responder, olhou para Rick, que assentiu com a cabeça.

— Se não tiver problema, senhora...

— Imagina, acho que temos alguma coisa na casa da piscina


que pode servir em você. Tem algumas roupas de banho em um dos
armários. Fique à vontade.

Chris desapareceu pela porta do vestiário, Camy olhou para


mim e levantou o polegar.

— Joinha, mãe, eu estava tentando há tanto tempo que ele


entrasse na água. Você é demais! Valeu papi.
Rimos da carinha dela. Quando ele voltou para a piscina,
usando uma sunga preta, entendi a expressão no rosto da Camy.
Como Rick, Chris não tinha um grama de gordura sobrando no
corpo, magro, mas com a musculatura toda delineada.

Senti um cutucão no ombro e me virei.

— Anjo, quer um guardanapo?

— Hein? Para quê?

— Para limpar essa baba que está escorrendo.

Dei um tapinha no braço dele e ri. Meu amor ciumento.

— Para com isso, amor. Só estou admirando meu genro. Minha


filha tem bom gosto, assim como a mãe dela — agarrei seu ombro,
juntando nossas bocas.

Aquele calor que me tomava toda vez que nos encostávamos


se fez presente e aprofundei o beijo, colando meu corpo ao dele.

Deus, esse tesão não acabaria nunca?

Da piscina, vieram gritos, assovios e respingos de água. Eu


perdia a noção de onde estava quando meu corpo encostava no
dele, não podia me culpar.

Nos separamos e resolvemos colocar alguma carne na


churrasqueira para a janta. Foi um jantar animado, Chris se soltou e
acabou se enturmando. Eles eram tão bonitos juntos... Chris e
Camy; Erik e Layla. Bem, depois de tantas coisas dando erradas
pelo menos todos tínhamos encontrado o amor.
Mais tarde, Layla e Chris foram embora e as crianças subiram
para seus quartos. Ficamos sentados na beira da piscina admirando
a noite e conversando. De repente, ele se levantou e me estendeu a
mão.

Devia estar cansado, coitado. Dei a mão para ele e levantei.


Apaguei as luzes na casa da piscina e voltei até ele.

A escuridão da noite tomou conta e éramos iluminados apenas


pela luz da lua.

Fomos andando e. antes de entrarmos na casa, Rick me puxou


para um canto e me prensou na parede.

— Anjo, você não sabe a vontade que estou de te foder, aqui e


agora.

Agarrou meus cabelos e juntou sua boca na minha, em um


beijo possessivo, seus lábios forçando os meus, sua língua
invadindo, dançando com a minha, eu respondia com a mesma
intensidade, me agarrando a ele, trazendo ainda mais perto de mim.
Mordeu meu lábio e me olhou...

Deus, em seus olhos eu vi toda a vontade que ele estava de


mim e senti tudo abaixo da cintura se apertando, fogo invadiu meu
ventre e tudo o que eu mais queria era ele dentro de mim.

Lambi seus lábios e ele chupou minha língua, prendendo-a, e


derreti em seu peito. Eu estava entregue e ele poderia fazer o que
bem entendesse de mim. Sua boca escorregou pelo meu rosto,
mordendo, chupando, para meu pescoço, e sua mão foi para
debaixo da minha saia, enchendo a mão em minha boceta,
apertando, afagando...

Apertou minha bunda e me puxou mais para perto, roçando seu


pau em mim. Senti o calor dele, a dureza, pulsando de encontro ao
meu corpo.

Arrepios tomaram conta de mim. Sua boca passeava pelo meu


pescoço, meu ouvido, lambendo, sussurrando safadezas baixinho.

— Gostosa, vou me perder nessa boceta apertadinha. Minha


delícia... meter bem forte, te deixar louca. Quero teu gemido na
minha boca... — Afastando minha calcinha, me penetrou com um
dedo e gemi baixinho, estremecendo.

Seu dedo entrava e saia de mim, seu polegar brincando com


meu clitóris.

Ah, que coisa louca!

Quando eu estava pronta para gozar em sua mão, ele retirou o


dedo de mim e o colocou entre nossas bocas. Ele sabia que isso me
deixava louca de tesão.

O beijo ficou selvagem, enganchei uma perna em sua cintura e


abri sua calça, liberando seu pau, que saltou para fora, duro. Meus
dedos percorreram seu comprimento e o apertei de leve, ganhando
um gemido em minha boca. Continuei acariciando até senti-lo
estremecer.

Parou de me beijar e me olhou. O desejo, a luxúria e o amor,


estampados naquele azul, me roubaram o ar.
Suas mãos desceram pelo meu corpo, sumindo por debaixo da
minha saia e seguraram minha calcinha. Seus dedos se
engancharam nela e, com um puxão, o tecido se rasgou e ele puxou
a peça, guardando no bolso da calça. Me pegou pela bunda,
levantando, encaixando nossos sexos e parou.

Sabia o que ele estava esperando, pela expressão de seu rosto.

— Me fode Rick, me faça gozar — sussurrei para ele.

Com um gemido abafado, ele se enterrou em mim de uma vez.


Meu grito de tesão foi abafado pela sua boca, que se apossou da
minha. Seus movimentos rápidos e profundos me levaram a loucura,
gemíamos baixinho, um na boca do outro.

Eu não estava mais aguentando segurar o orgasmo, quando ele


se afastou um pouco de minha boca.

— Goza pra mim minha safada, goza... — grudou sua boca na


minha outra vez e aumentou o ritmo de suas estocadas, sua mão
em minha bunda escorregou mais para dentro e ele enfiou o dedo
em meu buraquinho apertado. Gozei forte, gemendo sem fôlego,
sentido ele estremecer, meu nome em sua boca como uma ladainha
e senti, dentro de mim, seu gozo quente.

— Anjo, assim você me mata.

— É um bom jeito de morrer. Mas te quero vivo e dentro de


mim. Do meu lado, na minha vida, comigo pra sempre.

— Você já me tem para toda a eternidade, Anjo — acariciou


minha barriga. — E nossos filhotinhos também — tentei me soltar e
colocar os pés no chão, mas ele não deixou. — Nem pense, meu
Anjo. Vou te levar pra cama assim, dentro de você.

Arrumou minha saia e foi entrando na casa, subindo as escadas


até meu quarto.
Capítulo Oito

Abri os olhos e minhas mãos já apalparam a cama, procurando


por ela. Ao sentir a cama vazia, levantei em um salto.

—Jess? Anjo? Cadê você? — Deus, queria poder gritar! Isso


era desesperador, depois de tudo o que nos aconteceu. Chamei
novamente, o mais alto que pude, sem correr o risco de acordar a
todos na casa. —Anjo?

Nada. Coloquei meu jeans e saí do quarto. Desci as escadas


correndo, o mais silencioso possível, afinal, ainda era madrugada.

Na sala ela não estava, fui procurar na cozinha, com o coração


aos saltos, quase saindo pela boca.

—Anjo! Quase morro do coração! —Jess estava na cozinha,


comendo um prato de alface americana picada, com cenouras
raladas. — Essa hora, comendo salada? —Fiquei olhando sem
entender, minha respiração ainda acelerada.

— Me deu uma vontade de comer isso... hummm — falou


baixinho, levando uma garfada à boca.
Eu teria que me acostumar com essas coisas de grávida. Iria
satisfazer cada desejo maluco que ela tivesse... fosse qual fosse.
Chegando perto dela, acariciei seus cabelos.

— Não faça mais isso, Anjo. Quando acordei e você não estava
ao meu lado, quase enfartei. Me avise das próximas vezes, por
favor — me abaixei dando um beijo em sua testa.

— Você estava dormindo tão gostoso e era só uma salada...

— Sem desculpas. Pode ser um copo de água ou uma


melancia inteira. Não importa, eu pego para você.

Ela me olhou sorrindo e continuou a comer com gosto. Parecia


muito boa mesmo. Peguei um garfo e provei. Quando aquilo tocou
minha língua, saí correndo até o lixo e cuspi lá dentro.

— Jess! Isso está doce!

Jess ria de mim, na realidade, ela estava gargalhando, quase


chorando de rir da minha cara. E pensar que quase fiquei sem esse
riso para sempre...

Seu riso era contagiante e comecei a rir junto.

— Coisa de grávida — ela conseguiu dizer, meio sem fôlego.

Limpando as lágrimas, ela respirou fundo e atacou seu prato de


salada... doce!

Fiquei olhando fascinado. Ainda bem que Maria tinha vindo e


abastecido tudo hoje!
Ela acabou de comer e me levantei para retirar seu prato.

— Quer mais alguma coisa?

— Não, amor.

—Então, de volta para a cama!

Peguei-a nos braços e ela passou os seus pelo meu pescoço.


Levei-a para o quarto e a deitei na cama, me aconchegando por trás
dela. Fiquei acariciando seus cabelos até que ela dormiu. Coloquei
a mão em sua barriga e adormeci também.

Acordamos próximo ao meio-dia. Acho que nunca tinha dormido


tanto! Tomamos banho e descemos.

A mesa estava posta e o cheirinho da comida de Maria tomava


conta da casa. Camy e Erik estavam na sala, ambos entretidos em
seus notes, nem perceberam nossa presença.

— Que horas vai ser a festa, Rick? Será que precisam de ajuda
com alguma coisa?

— Acho que não, Anjo. Em todo caso, se você me prometer


que ficará quietinha em casa, eu vou até lá ver como andam as
coisas — eu tinha uma ideia e precisaria da ajuda do meu amigo,
Theo. E que Deus me ajudasse!
Após o almoço, fui até a academia e direto para meu escritório.
Liguei para o Theo.

— E aí, cara! Beleza? Escuta, vou precisar da sua ajuda...

Contei meu plano para ele, que aceitou de pronto a me ajudar.


O que seria de nós sem os amigos! De resto, tudo corria às mil
maravilhas e fui arrumar os presentes para as crianças.

Caramba, dois bebês! Iguaizinhos!

As lojas ainda estavam abertas e comprei mais um presente de


cada. Passei em minha casa, peguei uma camisa, gravata—aquela
que Jess gostava-, calça social, meia e sapatos. Deixei os presentes
no carro.

Seria uma bela surpresa para eles.

Voltei para casa da Jess. As meninas já estavam em uma


sessão de beleza, enquanto Erik continuava no note.

— Você não vai à festa, Erik? Layla estará lá.

De um pulo, Erik ficou de pé e, fechando o note, já foi subindo


as escadas, de dois em dois degraus.

— Claro que eu vou, não tinha percebido a hora.

Adolescentes!

Me sentei no sofá e fiquei zapeando pelos canais. Jess estava


fazendo segredo sobre a roupa que usaria hoje para a festa e eu
estava louco para ver.
Bem, segredos atiçam a imaginação de um homem! Eu já
estava pensando em tirar o que ela ainda nem havia vestido!

Subi para o quarto de hóspedes, tomei banho e me troquei. As


duas estavam se arrumando no quarto da Jess há um bom tempo.

Quando desci, elas ainda não estavam prontas. Impaciente,


fiquei andando de um lado para o outro na sala. Em minutos, Erik
desceu também e se largou no sofá.

Estava quase subindo para bater na porta e chamá-las, quando


Camy apareceu na escada.

Desceu correndo, daquele jeito estabanado dela e se atirou ao


lado do irmão.

Meus olhos estavam presos no andar de cima. Eu não


aguentava ficar tanto tempo longe dela.

A visão que tive me roubou o fôlego. Ela apareceu ali, linda em


um vestido preto que se agarrava em seus seios. Me virei de costas
para eles, pois sentia meu pau pulsando de vontade. Respirei fundo
e fui para a beira da escada, esperar por ela. Estendi a mão e ela
pegou.

A fiz dar uma volta, babando por ela.

— Você está linda, Anjo — cheguei mais perto, dando um beijo


em seu rosto, sussurrando: — E muito gostosa.

Ela riu e me tascou um beijo na boca, se agarrando em meu


pescoço.
— Vamos embora, antes que eu suba essas escadas com você
em meu colo e te foda gostoso, até o ano novo —sussurrei.

Ela sorriu para mim e quase não me contive. Mas tínhamos que
ir e os dois esperavam pela gente a poucos metros.

— Vamos então?

Disse, me virando para os dois, colocando Jess na minha


frente. Eu seria um belo espetáculo se esses dois vissem meu
estado. Isso não passou despercebido por meu Anjo, que deu um
passo atrás e colou seu corpo no meu, se apertando em meu pau.
Olhando para mim, ofereceu seus lábios para um beijo, que aceitei
sem pestanejar.

— Vocês dois, deixem isso pra depois... vamos logo! — Camy


falou, rindo de nós.

Todos saímos, deixando Marcelo cuidando da casa.

Em minutos, chegamos na academia. Paolo havia feito um


excelente trabalho. Todos os equipamentos haviam sido colocados
ao fundo e o salão estava muito bem decorado. Havia uma pista de
dança, luzes, mesas e cadeiras espalhadas em torno dela. Uma
mesa enorme, cheia de comidas deliciosas estava em um dos
cantos. E, como não poderia faltar, um palco para a banda.

Hoje eu mostraria ao meu Anjo um de meus talentos. Com


certeza, a surpreenderia.

As crianças encontraram Layla e Chris e foram dançar.


— Anjo, quero te apresentar uns amigos — levei-a até perto do
palco, onde eles conversavam. — Esses são meus amigos, Theo,
Guilherme e Bruno.

Jess cumprimentou todos e, em minutos, estavam todos


abobalhados por ela.

— Se esse troglodita fizer alguma coisa a você, me diga. Acabo


com a raça dele em dois tempos — Theo disse, batendo uma mão
em punho na outra.

— Se fosse o Bruno a me dizer isso, eu acreditaria.

Disse, rindo alto do Theo. Bruno era mais alto que Theo e mais
encorpado. Era o mais alto de nós quatro.

Theo bufou e passou a mão pelos cabelos. Eu o tinha irritado!


Theo era o meu amigo mais chegado. Guilherme era médico e
Bruno enfermeiro, o que os deixavam bem ocupados. Theo, como
eu, era o seu próprio patrão e acabava fazendo seu próprio horário.

Ficamos conversando por mais alguns minutos e os técnicos de


som começaram a testar os instrumentos no palco.

Me despedi deles e levei Jess até os filhos, que estavam bem


em frente ao palco, impressionados com os instrumentos. Os olhos
de Erik estavam presos na guitarra. Olhei para Layla e coloquei o
dedo em frente aos lábios, pedindo silêncio a ela, que afirmou com
um gesto discreto.

— Já volto, Anjo. Não saia daqui — dei um beijo rápido nela.


Fui para trás do palco e Bruno já estava com os presentes dos
quatro.

— Valeu, cara.

— Tem certeza que você vai fazer isso? — ele me perguntou,


incrédulo.

— Absoluta. Tenho uma novidade para vocês também! — Ri da


cara que eles fizeram. — Mas só depois da surpresa do meu Anjo.

— Ok, cara. Vamos nessa!

—Nossa, há quanto tempo não fazemos isso! Mas é como


andar de bicicleta. Vamos lá. — Guilherme estendeu a mão e todos
batemos na dele.

Um arrepio me gelou o estômago. Eu estava apostando alto


nisso.

Eles subiram no palco e tomaram seus lugares.

Guilherme na bateria, Theo na guitarra e Bruno no baixo. Fiquei


atrás, esperando. Eles começaram a tocar, uma boa adaptação para
a música que pedi.

Chegou minha vez... levei o microfone próximo à minha boca e,


entrando no palco iluminado, soltei a voz...

— Eu te vi a já te quis... um amor que pra mim era sonho… —


comecei a cantar e meu Anjo, que falava com os filhos, virou rápido
em minha direção, seus olhos marejados. — Surpreendente provar,
do que eu só ouvi falar, e você resolveu me mostrar... logo eu, que
nem pensava, eu não imaginava, te merecer e agora sou o dono
desse amor... — meu Anjo me olhava admirada. Desci do palco e
cheguei perto dela. — Eu nem quero saber porque... eu só preciso
viver... o resto dessa vida com você... — terminei, frente a frente
com ela. Tirei a caixinha do bolso e, me ajoelhando, abri e estendi a
ela. — O resto da minha vida com você... não posso viver longe de
vocês. Casa comigo?

Meu Anjo resfolegou e com lágrimas nos olhos, disse:

— SIM.

Me levantei, coloquei o anel em seu dedo e a beijei.

Todos aplaudiram, assoviaram. Girei com ela nos braços, feliz


da vida. Alívio me tomou quando ela disse sim e até agora eu
estava meio sem acreditar.

— Continue cantando, amor. Sua voz é linda!

Os caras recomeçaram e eu voltei para o palco. Cantamos


várias músicas. Hoje estava sendo demais. Consegui reunir os
Lobos solitários, pedi meu Anjo em casamento e ela disse sim.

Agradecemos a todos e a música normal voltou a preencher o


salão, descemos do palco e a festa continuou.

Peguei os presentes e fui até eles.

— Esses são os seus presentes de Natal. Abram — eu disse


entregando a cada um deles, um presente para Erik, Camy e Layla.

Abracei meu Anjo e ficamos olhando a reação deles.


Erik abriu seu presente e ficou olhando, perplexo, para o
conteúdo, enquanto Camy e Layla gritavam histéricas com os
macacõezinhos nas mãos. Cada um tinha um par idêntico de
macacões para recém-nascidos nas mãos. Do Erik, escrito AMO
MEU IRMÃO MAIS VELHO, da Camy AMO MINHA IRMÃ
MALUQUINHA e da Layla, TITIA DO MEU CORAÇÃO.

A ficha do Erik parecia não ter caído. Ele olhava para o que
tinha nas mãos, olhava para nós e para eles novamente.

— Você está grávida! Dois bebês! — Camy e Layla vieram nos


abraçar. Erik era minha preocupação. Parecia não estar engolindo
aquilo.

Então, do nada, ele sorriu e nos olhou, com os olhos marejados.

— Vou ser irmão mais velho? De dois? Caraca! — Veio e se


juntou ao abraço, beijando a mãe e me dando um tapinha nas
costas.

Pedi emprestado os macacões da Layla e cheguei perto dos


caras.

— Bem, preciso falar uma coisa pra vocês — levantei os dois


macacõezinhos. ―Vocês vão ser titios!

— Cara, você não perde tempo mesmo! — Bruno disse,


levantando a mão para um cumprimento. Bati na mão dele.

— Dois de uma vez só? Parabéns, cara! — Theo me abraçou e


me deu uns tapinhas nas costas.
— Trabalho dobrado! Parabéns! — Guilherme deu um
daqueles abraços de homem dele, um apertão nos ombros e uns
tapas no peito.

— Tenho que voltar ao trabalho, a festa está demais e adorei a


notícia! Até mais, fui!— Bruno disse, despedindo-se.

Continuamos a conversar e então vi Pam, chegando com


alguns amigos. Não sabia se eles ainda se lembravam dela. Então
fiz sinal para que ela viesse até nós e logo ela chegou.

— Essa é minha prima, Pam. Ela se mudou para cá há uns


meses, é quem cuida da vigilância da academia. Precisando, já
sabem a quem chamar. Pam, você se lembra deles, né? Theo você
ainda não conhece — Ela estendeu a mão para cumprimentar Theo
e vi nos olhos do meu amigo, que ele estava cativado. Ai ai ai...

— Ei, grandão, o que é isso aí na tua mão? —Pam me deu um


murro no braço, como fazia sempre.

— Vou ser papai! — Disse com um sorriso enorme.

— E posso conhecer a pobre coitada que tem que te aturar? —


Pam ria, feliz pela notícia.

— Venha, vou te apresentar ao meu Anjo.

— Anjo, essa é minha prima Pam. Pam, conheça Jess, meu


Anjo e mãe dos meus filhotes — abracei Jess e dei um beijo em
seus cabelos.
Ela estendeu a mão e Pam a abraçou, dando três beijinhos.
Jess riu da impulsividade da Pam. Começaram a conversar e falar
dos bebês e fiquei só olhando...

Minha vida estava nos eixos. Minha irmã, dançando com os


filhos da Jess, parecia feliz. Meus amigos bebiam e conversavam,
rindo. Minha prima, enturmada com meu Anjo.

Meu Anjo... meus filhotes...

É, a vida é boa demais!


Capítulo Nove

A festa tinha sido maravilhosa.

Todos chegamos em casa, mortos de cansaço. Nos despedimos


das crianças, que foram cada um para seu próprio quarto e nós
fomos deitar. Entramos no quarto e tranquei a porta.

— Anjo, venha aqui, me deixe tirar esse vestido. Desde antes


de te ver nele, eu já estava pensando em tirá-lo.

Ela veio e, jogando os cabelos por sobre o ombro, me ofereceu


suas costas. Devagar, abaixei o zíper e o vestido escorregou pelo
corpo dela. Prendi a respiração ao ver o que ela tinha por baixo
dele.

Calcinha, liga e meias 7/8 pretas.

Para acabar com o meu controle, que já estava por um fio, ela
balançou a bunda para mim e me olhou por cima do ombro com
cara de safada.
Grunhindo como um lobo faminto, ataquei meu Anjo, que riu,
feliz. Caímos na cama e nos perdemos em carícias…

Acordei com o despertador do celular, mas apenas desliguei.


Hoje a academia não funcionaria por causa da festa. Seria um dia
para limpeza e para recolocarem os equipamentos no lugar.

Olhei meu Anjo, adormecida ao meu lado. Ela dormia como um


bebê e acariciei sua barriga. Meus filhos. Um calor invadiu meu
peito. Cheguei mais perto dela e adormeci novamente.

Mais tarde acordei com meu Anjo me dando beijinhos pelo rosto
todo.

— Acorda, amor. Você não costuma dormir tanto.

— Hoje eu posso. Vou ficar de preguiça com você — a abracei.


— O que quer fazer hoje, Anjo? Vamos ficar na piscina, vamos
passear? Estou por você.

— Eu estava pensando... queria ir conhecer seus pais. Já que


aconteceu tudo aquilo e perdi o aniversário do seu pai — ela disse,
meio tímida. — E já aproveitamos e contamos as novidades.

— É uma ótima ideia, vou ligar para eles. Mas primeiro vamos
tomar um banho — a segurei mais firme e levantei com ela nos
braços.
Cuidar dela me deixava calmo.

O martírio dos dias em que ela esteve em cativeiro havia me


deixado ainda mais possessivo e protetor em relação a ela. Nem
pensar que ela ficaria longe de mim!

Depois do banho, nos arrumamos e liguei para meus pais, que


ficaram eufóricos com a ideia de conhecê-la.

Ao meio-dia, parei o carro em frente à casa deles.

— Preparada, Anjo?

— Uhum.

Acariciei seu rosto e beijei de leve sua boca.

— Não precisa ficar nervosa. São só meus pais. Vamos — saí


do carro e fui até seu lado, abrir a porta para ela. Ela já me conhecia
tão bem!

Estava fechando sua porta, quando minha mãe abriu a da casa


e veio correndo me abraçar. Pelo menos, eu achei que vinha me
abraçar, mas errei feio! Ela foi direto em Jess.

— Ah, minha filha, que bom que você está bem, nós ficamos
tão preocupados! — E aí veio a parte que eu tanto temia. Minha
mãe parou e encarou Jess. Passou a mão pelos seus cabelos e me
olhou, com cara de espanto. —Rick, ela é... — Jess sorria para
minha mãe e me olhou sem entender do que ela estava falando.

— Sim, mãe. Ela é meu Anjo. Jess, essa é minha mãe, Rosa.
— Prazer em conhecer a senhora — Jess abraçou minha mãe,
que continuava a me olhar com os olhos arregalados.

Quando Jess se soltou de seu abraço, minha mãe disfarçou e,


nos pegando pelos braços, nos levou para dentro.

— Alberto! Venha conhecer a namorada do Rick.

Nisso, meu pai apareceu e, como minha mãe, veio direto


abraçar a Jess, que retribuiu o abraço.

— Nossa, filho! Caramba! Uau!

Meu pai não conseguia terminar a frase, olhando para Jess e


me olhando também. Tadinha do meu Anjo, não devia estar
entendendo nada. Abracei Jess por trás e balancei negativamente a
cabeça para meu pai, que entendeu e mudou de assunto.

— Conhecemos seus filhos, Jess. São bons meninos!


Educados e muito amáveis. Você os educou bem.

— Obrigada, Sr. Alberto.

— Que é isso, menina! O Senhor está no céu. Me chame só de


Alberto...

—Então... — comecei dizendo. — Temos algumas coisas pra


contar para vocês... não sei se vão gostar...

—Ah, menino! Quando você começa assim... vai, desembucha!


— Minha mãe nos puxou para o sofá e peguei a mão da Jess,
estendendo para que ela visse.
Os olhos de minha mãe ficaram marejados e ela levou a mão à
boca.

— Não acredito! Vocês vão se casar! Meu menino tomou jeito!

— Parabéns, meu filho! Fico muito orgulhoso de você. Já era


hora de se ajeitar na vida — meu pai me deu um tapinha no ombro,
meio emocionado.

— Agora, pensem em me dar alguns netos... já estou ficando


velha e esses ossos estão loucos para segurar uns bebês! —Minha
mãe falou, apertando o joelho de Jess.

Tirei a foto dos bebês do bolso e estendi para ela.

— Ah, mamãe, não se preocupe, já cuidamos disso também!

Minha mãe pegou a foto e olhou. Arregalou os olhos


novamente. Deu um grito e começou a chorar copiosamente.

—Calma, mãe — puxei ela para meu ombro. Seu corpo


pequeno tremia com os soluços.

— Meu Deus, Rick, você quer nos matar de felicidade! Um


bebê...

— Não, mãe. Olhe direito.

Jess, ao meu lado, chorava silenciosamente, emocionada com


a reação dos meus pais.

Meu pai estava calado, visivelmente emocionado, tentando


esconder os olhos marejados, piscando várias vezes e respirando
fundo.

— São dois, dona Rosa. Gêmeos idênticos — Jess explicou.

Aí sim, a choradeira piorou. Fui até a cozinha e trouxe um copo


de água para minha mãe e Jess.

—Vai ser vovó, dona Rosa! Logo logo acaba o sossego de


vocês! Já pensou, duas menininhas correndo pela casa? —Brinquei
com minha mãe.

— Ou dois menininhos, lindos como você, amor — Jess


acariciou meu ombro.

Passado o susto com as notícias, a conversa ficou leve e em


torno de casamento e bebês. Eu tinha que levar Jess até meu
quarto e mostrar tudo para ela, antes que alguém mais da família
tivesse a mesma reação dos meus pais.

Pouco depois, minha mãe nos chamou para almoçar. Jess


adorou a comida dela e comeu com gosto. Ela estava precisando,
ainda mais depois de perder tanto peso nos dias que ficou com
aquele filho da puta e depois perdida no mato.

Após o almoço, fui mostrar a casa para ela. Comecei pelo


quintal, que era bem ao lado da cozinha, e aos poucos fui chegando
até meu quarto.

Parando na porta, a virei para mim.

— Anjo, você lembra daquele desenho que tinha na parede do


meu quarto?
— Sim, você me desenhou muito bem.

— Pois é. Vamos entrar, preciso te mostrar uma coisa. Não se


assuste.

Abri a porta e deixei que ela entrasse, entrando logo atrás.


Minhas paredes eram tomadas pelos desenhos que fiz dela, na
minha adolescência.

— Nossa, amor! Olha quantos desenhos! Sou eu? Em todos


eles? — Ela olhava, espantada, para tudo.

— Aham. Quero que olhe as datas em que foram feitos.

— Não pode ser — Jess chegou pertinho, olhando incrédula.

— Mas é. Meus pais, quando te viram, ficaram admirados.


Venha, sente-se aqui. Vou te contar tudo — sentei na cama e a
puxei para meu colo. — Quando eu tinha quatorze anos, comecei a
sonhar com você. Enchi tanto a coitada da minha mãe, até que ela
me colocou em um curso de desenho e comecei a te desenhar. Na
época, acharam que eu estava meio louco, por sonhar com uma
mulher mais velha. Cheguei até a fazer terapia, durante um tempo.
O desenho mais impressionante, para mim, está guardado. Vou
pegar para você ver.

A coloquei na cama. Ela me olhava, espantada, porém, quieta.


Abri o guarda-roupa e tirei uma pasta de lá. Procurei entre os
desenhos e entreguei para ela.

No desenho estavam nossos pés, na areia, e quatro pezinhos


menores, em cima dos nossos.
— Certas coisas, não têm explicação, Anjo — disse, colocando
uma mecha de seus cabelos para atrás da orelha. —Apenas são.
Estava escrito que você seria minha.

Ela, então, largou o desenho na mesa de cabeceira e,


montando em meu colo, me beijou apaixonadamente.

— Eu te amo. Te amo, te amo... — disse, entre beijos.

— Minha. Agora você é minha para sempre. Nunca vou te


deixar ir para longe de mim. Vou te amar, te cuidar e mimar, você e
nossos bebezinhos — acariciei sua barriga.

Meu Anjo riu, feliz.

Ah, não existe nada no mundo mais lindo do que o riso do MEU
Anjo.
Capítulo Dez

À noite, junto com as crianças, em casa, conversamos sobre a


data do casamento. Ficou combinado que casaríamos alguns dias
antes de eles irem para a faculdade, no final do mês. Faríamos uma
cerimônia só para os amigos e parentes.

Por mim, nos casaríamos no cartório mesmo e pronto, mas


meus pais nunca me perdoariam por isso. Jess tinha poucas
pessoas para convidar; os filhos, Júlia e aquelas pessoas que
salvaram sua vida depois do sequestro. O maldito do ex-marido
sempre a colocava para baixo, fazendo com que ela se sentisse mal
e ficasse em casa, tendo somente a Júlia como amiga íntima, ainda
que a contragosto do maldito.

Mas isso mudaria! Meu Anjo agora ficaria rodeada de pessoas,


amigas e leais. Seriamos uma grande família! Eu daria a ela tudo o
que ela não teve.

Daríamos entrada nos papéis, pela manhã.


— Então meninos, outra coisa que quero falar com vocês. Eu
pedi que a Júlia passasse um prédio de apartamentos para o nome
de vocês. Fica bem próximo à faculdade — os dois olharam para
Jess como se tivesse nascido um terceiro olho no meio da testa
dela. — Como eu disse aquele dia para vocês, seu pai tem uma
pequena fortuna em imóveis, em vários estados pelo país, e
escondeu de nós durante todo esse tempo. Assim sendo, vocês vão
receber os aluguéis dos apartamentos e ficarão com a cobertura
para vocês. Temos um contador cuidando disso. Também foi aberta
uma conta-corrente para cada um de vocês, onde o dinheiro será
dividido e depositado mensalmente. Quis fazer isso por três motivos.
Um, para minha própria paz de espírito, saber que onde vocês vão
morar é seguro; dois, para que vocês aprendam a lidar com o
dinheiro e ter responsabilidades; e três, para que possam se dedicar
aos estudos. Cuidem bem do dinheiro, pois não vou dar mesada
para nenhum de vocês — Jess riu, olhando para os dois, que
retribuíam o olhar, embasbacados. — Tenho certeza de que se
sairão bem, pois eduquei vocês para serem preocupados com o
futuro e, precisando de qualquer coisa, eu estou aqui, sempre.

Os dois saíram do transe e vieram abraçar a mãe,


emocionados. Isso era um voto de confiança sem tamanho da parte
dela. Dar tanto dinheiro assim na mão de dois adolescentes poderia
não surtir o efeito desejado, mas ela confiava que seria o melhor
para os dois.

— Na primeira semana do ano, vamos até lá ver o


apartamento. Júlia já mandou uma equipe pintar a consertar o que
tivesse que ser consertado. Vamos ver o espaço e comprar tudo
para a casa nova. Vou amar isso! — E, fazendo carinha de gatinho
perdido, ela completou: — Mas se vocês não quiserem, tudo bem,
fiquem à vontade para me dizer...

—Que é isso, mamãe! Endoidou? A gente não entende nada


de fogão, geladeira, essas coisas todas! Vamos adorar! — Camy,
toda eufórica, não conseguia parar quieta. — Ai, meu Deus, ai meu
Deus!

—Vocês só vão precisar levar as roupas, seus quartos ficarão


como estão. Assim, quando precisarem de colinho da mamãe, é só
vir.

—Mãe, você não existe! Pensou em tudo, mesmo com tanta


coisa acontecendo! — Erik abraçou a mãe, dando um beijo em seus
cabelos.

—Tudo isso eu já tinha pedido para ela fazer, antes da doideira


do seu pai —Jess disse, minimizando a importância do seu ato. Meu
Anjo era assim. Fazer o quê?

— Ah, me lembrei. Todos os anos, os pais do Theo fazem uma


ceia de ano novo na casa deles, na praia. Vamos? Tem fogueira,
todo mundo fica em volta com um violão, cada um toca o que quiser
e depois veremos os fogos, na virada. E aí? O que me dizem? —
Perguntei, mudando de assunto

— Por mim, fechado. Sua irmã vai? — Erik perguntou.

— Sim, a Layla vai. Tão dentro?

— Fechado — Erik respondeu depressa.


— Beleza, tô dentro — Camy emendou.

— E você, Anjo? Quer ir?

— Com você vou pra qualquer lugar, amor — ela se virou para
mim, oferecendo os lábios para um beijo, coisa que eu mais do que
depressa aceitei.

— Eca, vocês dois! Parem com isso, estamos aqui! — Camy


falou brincando e nós todos rimos.
Capítulo Onze

A semana passou em um borrão. Eu me dividia entre ficar com


Jess e a academia. Um dos instrutores, o Marcos, era especializado
em exercícios físicos para gestantes, e estava fazendo um treino
especial para ela, claro que sob minha supervisão constante.

Às vezes, eu ficava junto, outras, monitorava através das


câmeras. Eu não conseguia esquecer do incidente com o ex-marido,
há pouco tempo atrás, quando ele conseguiu entrar na academia e
a acuou, enquanto ela treinava.

Ainda bem que o maldito estava atrás das grades, mas com
alguém que tem dinheiro e influência, temos que ficar atentos a tudo
e a todos.

Eu ainda não estava convencido de que ele não tentaria mais


nada. Então, quando ela não estava comigo, estava sob os
cuidados de Marcelo ou Chris, que estavam sempre me passando
um relatório da situação.

Chris, coitado, ainda se sentia culpado por não ter percebido


que o vizinho da frente era o ex-marido da Jess e por ela ter sido
pega durante sua vigilância. Agora ele não desgrudava e qualquer
atividade minimamente suspeita era reportada.

Uma coisa me tirava o sono, o fato de Jess constantemente ter


pesadelos, me contando depois que eles eram sempre iguais, ela
perdida na mata, no escuro, sozinha e desolada, os bichos rasteiros
que não a deixavam dormir direito, embrenhando-se por seus
cabelos… coitadinha do meu Anjo. Acordava chorando e tremendo.
Eu tinha que dar um jeito de fazê-la perder esse medo…

Perdido em pensamentos, me sobressaltei quando Jess me


abraçou por trás e encostou o rosto em minhas costas. Uma paz me
invadiu e afaguei suas mãos.

— Estava tão lindo, olhando para o nada… estava pensando


no quê?

— Em você, em nós todos. No quanto te quero... — me virei e


levantei seu rosto para mim, beijando-a com toda a fome que eu
sentia por ela…

— Estão nos esperando lá fora… — Jessica tentou dizer, mas


eu precisava dela!

— Nós já vamos — fui beijando meu caminho e me ajoelhei a


sua frente. —Mas antes, preciso sentir você, seu sabor, seu
cheiro... — levantei a saia de seu vestido e a encontrei sem
calcinha. — Anjo… sempre tão pronta para mim... — ela afagou
meus cabelos e abocanhei sua boceta, gemendo ao sentir seu gosto
em minha língua.
— Uma menina pode sonhar… — ela disse, certamente se
lembrando da nossa primeira vez, quando me disse essas mesmas
palavras.

Me perdi em seu calor, a fazendo gozar em minha boca e meus


dedos.

O controle que ela me dava, a maneira como se entregava a


mim, me enlouquecia. Minutos depois estávamos no carro, a
caminho do mar.

A viagem à praia foi muito gostosa, e Layla, Erik, Camy e Chris


se divertiram à beira da fogueira. Eu ficava muito feliz por todos
estarem se dando bem e que meu Anjo estava se enturmando com
meus amigos, pois Theo, Guilherme e Bruno eram uma segunda
família para mim.

Hoje iríamos ver o apartamento deles e fazer as compras


necessárias.

— Vamos logo, senão chegaremos lá depois da hora do


almoço! Daí não vai dar tempo pra nada! — Gritei da porta,
chamando os dois. Jess estava ao meu lado, esperando.

Os dois apontaram na escada, descendo os degraus correndo.


— Eita, papi, já estamos aqui! Bora conhecer nosso cantinho —
Camy falou enquanto corria para a porta, com Erik logo atrás.

A viagem ao interior, onde eles morariam, levou cerca de uma


hora, e o tamanho do apartamento surpreendeu aos dois.

Jess estava cheia de ideias e foi anotando tudo o que precisaria


comprar enquanto eu e Erik tirávamos as medidas.

Com tudo anotado, partimos para as compras. Os quartos, cada


um decoraria como quisesse, já para o resto, meu Anjo tinha carta
branca.

Fomos a um shopping que tinha uma parte especializada, só


com lojas de móveis e todo o tipo de coisas para casa.

— Anjo, não abuse andando de um lado para o outro. Deixe


que o vendedor junte tudo o que precisa, apenas diga o que você
quer e como — eu a adverti assim que saímos do carro, mas quem
disse que ela parava?

Entramos em uma loja enorme, que tinha vários setores. Ali


com certeza encontraríamos tudo. Ela andava de setor em setor,
enchendo os carrinhos com tudo o que precisava. Eu ia empurrando
e dando umas pitadas aqui e ali. Depois de vários avisos, pedindo
que ela fosse mais devagar, ou se sentasse um pouco, dei um
ultimato.

— Jessica, vou te pegar no colo e te agarrar, se você não parar


de andar de um lado para o outro.
Ela se aquietava e sentava um pouco, mas quando menos se
esperava, lá estava ela andando de um lado para o outro. Então,
chamei o vendedor.

— Olha, aqui estão as medidas dos cômodos. Queremos uma


decoração completa, utensílios em inox para a cozinha. Precisamos
de tudo, de garfos até televisão. As especificações estão aqui, nos
esboços. Esse é nosso telefone. Qualquer dúvida, me ligue.
Queremos tudo para o mais rápido possível. Essas coisas que
separamos, as camas, roupas de cama e toalhas, preciso que seja
entregue ainda hoje, antes do final da tarde, assim como o sofá, a
geladeira e fogão instalados. Consegue fazer isso?

— Sim senhor, temos uma pessoa especializada em decoração


de interiores. E, quanto à entrega dos itens que mencionou, sem
problemas, será feita, não se preocupe.

— Certo, obrigado. Voltamos daqui a duas horas, para acertar


a compra. Tudo o que aqueles dois escolherem, vai junto, ok? —
Disse apontando para Erik e Camille, que estavam olhando as
camas.

O vendedor concordou e foi para perto deles, chamando a


decoradora pelo rádio.

Peguei Jessica pela mão e a levei para a área de alimentação.


Mandei um SMS para Erik, avisando onde estávamos. Jess me
olhava com uma cara feia.

— Anjo, não fique brava comigo. Quando formos pagar, você


dá seu ok para as peças escolhidas pela decoradora. Se quiser
trocar alguma coisa, você faz. Só tem que se lembrar que você está
grávida de gêmeos e que tudo é mais complicado. Não pode ficar
batendo perna desse jeito. E se acontece alguma coisa? Já pensou
nisso? Temos sorte de nada ter acontecido enquanto você estava
perdida no meio daquele mato. Não vamos dar sorte para o azar —
disse, acariciando seu rosto e a puxando para um abraço.

Ela suspirou.

— Está bem, você está certo. Só vou aceitar porque é a mais


pura verdade, tudo isso que você disse. Passei por muita coisa no
início da gravidez. Você tem razão. Eu só queria...

— Eu sei, Anjo. E você vai. A palavra final sobre tudo será sua
e eles vão se lembrar de você cada vez que andarem pela casa.

— É exatamente essa a minha intenção — ela respondeu,


sorrindo.

— Viu como te conheço? Vamos, se anime. Eles vão ficar bem,


o apartamento é enorme, bem localizado, seguro. Vou mandar Chris
pra cá com eles, para ficar de olho. O que acha? Assim também não
separamos os pombinhos e eles ficam protegidos.

— Vamos perguntar o que eles acham. Por mim, tudo bem. Vou
ficar mais tranquila em partes, mas preocupada em outras... se bem
que já são maiores de idade...

— Ei, não se preocupe com isso. Chris já passou por muita


coisa e ele não é besta. Conheço e confio nele, tanto que ele é um
dos responsáveis pela sua segurança, confio a ele meu bem mais
precioso — Dei um beijo de leve em seus lábios e ela se recostou
em meu peito.

— Vamos comer alguma coisa e pegar um cinema? Quando


sairmos, já vai ser hora de olhar as compras.

— Humm, agora que você falou em comida... — o estômago


dela roncou e rimos. — Estou morrendo de fome.

— Então não vamos deixar vocês três esperando, mortos de


fome. Vamos escolher o que comer.

Ela olhou em volta. Vi que os olhinhos dela brilharam e ela


engoliu, salivando. Caramba, nunca vou entender o fascínio daquela
rede de junk food. Mas se ela queria aquilo, era o que teria.

— Qual você vai querer? Já percebi que quer um lanchão


daqueles ali, né? Está literalmente babando para a foto! — Ri da
carinha que ela fez.

Meu Anjo... será que algum dia eu negaria alguma coisa para
aquela carinha?

— Quero o meu favorito! O número um, com batata grande e


suco de maracujá!

— Vamos lá, pegar seu lanchão!

Compramos o bendito número um para ela e, para mim, nada


daqueles lanches. Optei por outro restaurante e pedi um daqueles
pratos completos, com arroz, strogonoff de carne, batatas
gratinadas e salada. Para beber, um suco de laranja natural.
Depois do almoço fomos ao cinema e logo voltamos à loja. Jess
adorou as escolhas da decoradora. Confesso que fiquei aliviado!
Com tudo pago e acertado, fomos conhecer a cidade e, na hora
combinada, voltamos ao apartamento.

Os entregadores foram muito atenciosos e colocaram tudo no


lugar, conforme Jess ordenava. Dessa vez ela me escutou e ficou
quieta, só dando ordens. A primeira coisa que trouxeram foi o sofá e
foi ali que ela ficou. Fui para perto dela e dei um beijo em sua boca
e dois na barriga, como sempre fazia. Ela riu e fez cafuné em mim.

Ah, como eu a amava e também aquelas duas bolinhas, que


cresciam dentro dela.
Capítulo Doze

Jess fechava hoje sete semanas de gravidez e iríamos ouvir os


coraçõezinhos dos bebês pela primeira vez e ver se estava tudo
certo com eles. Nosso casamento seria no próximo final de semana
e ela estava agitada com os preparativos. Eu precisava disso para
minha paz de espírito.

Ela estava adormecida ao meu lado. Acordei-a com beijos.

— Anjo, acorde. Temos que ir para a clínica em quarenta


minutos.

Foi falar em clínica, ela despertou completamente. Tomamos


um banho rápido, café da manhã e logo estávamos entrando na
clínica e esperando ser chamados.

— Senhora Jessica De Lucca.

Pulamos da cadeira e, loucos de ansiedade, entramos na porta


indicada.

— Bom dia! Como está, Jessica?


A médica nos recebeu com um sorriso bem menor do que o da
última vez. Depois de responder às suas perguntas, foi a vez do
exame que seria, segundo a médica, para verificar se o colo do
útero estava fechado e outras coisas. Ela pegou um aparelho
parecido com o ultrassom e, espirrando um pouco de gel na barriga
de Jessica, encostou a ponta e ficou percorrendo de um lado para o
outro. De repente o som dos coraçõezinhos encheu a sala.

— Fortes e perfeitos — disse a médica.

Olhei para Jess que, como eu, estava emocionada com o som.
Tão alto e rápido! Pareciam com o som de cavalos galopando. Não
pude conter as lágrimas, que caíram silenciosas, como da primeira
vez que os vimos na tela.

— O som mais lindo que já ouvi, depois do seu riso — disse


beijando meu Anjo, de leve.

Jessica enxugou as lágrimas e sorriu para mim. Minha vontade


era de acariciar sua barriga, mas não podia, então passei os dedos
por seu rosto.

— Eu te amo, Anjo. E amo nossas bolinhas, como nunca


pensei que seria capaz.
Estávamos assistindo TV, quando me lembrei do que a médica
havia dito.

— Jess, estava pensando... vamos ter que viajar de carro para


nossa lua de mel, já que a médica disse ser perigoso você viajar de
avião nos primeiros meses.

— Amor, não me importo com lua de mel. Podemos ficar por


aqui mesmo e em uma outra ocasião nós vamos — ela sorriu.

— Nem pensar, Anjo. No seu primeiro casamento você já não


teve lua de mel. O nosso será diferente e teremos uma viagem
deliciosa e relaxante.

Seu sorriso aumentou e senti que eu tinha acertado em cheio.

— Então, sua prima está querendo fazer uma despedida de


solteira para mim. Falei pra ela que eu não tenho muitas amigas,
apenas a Júlia, mas ela disse que as amigas dela me adoraram e já
estão até ajudando nos preparativos. Sabe, aquelas que estavam no
aniversário dela, semana passada?

— Uhum, a Pam é uma ótima pessoa, Jess, e organização de


festas é com ela mesma. E questão de segurança certamente
também. Mesmo que você tenha que ficar algumas horas longe de
mim, vou ficar sossegado. Ela é responsável pela vigilância da
academia e sei que você estará bem —acariciei seus cabelos. ―Vai
sim, Anjo, divirta-se. Você merece ter tudo o que não teve com o
maldito.

— Certo, você tem razão. Confesso que fiquei um pouco


apreensiva com a ideia, por não conhecer direito as amigas dela.
Sabe como eu sou...

— Você só é assim porque foi podada por aquele ser


desprezível. Agora será diferente. Faça o que achar melhor, Anjo. A
escolha é sua e somente sua.

— Vou ligar para ela e confirmar. Se eu não der o primeiro


passo para a mudança, não vou mudar nunca.

Observei ela ligar para Pam e as duas conversaram por um


bom tempo. Ver meu Anjo se entrosando assim com minha família,
sendo ela mesma, me fazia muito feliz. Ela é uma pessoa tão boa
com todos, merece ser feliz, estar sempre rodeada por pessoas
amigas e não isolada de tudo, dentro de casa, cuidando das
crianças e dos afazeres domésticos. Quando penso em tudo o que o
maldito do ex marido fez ela passar, toda a privação, a humilhação
psicológica e verbal, eu dava graças a Deus por ele estar atrás das
grades.

— Bom, tudo acertado. Quinta a noite vamos nos reunir para a


minha despedida de solteira.

— E enquanto isso… — a abracei e puxei para meu colo. —


Vem usar e abusar de mim, vem.

Ela riu e me beijou, se ajeitando em meu colo, me montando.


Nossas línguas se tocando, a pressão de seus seios em meu peito e
o calor da sua boceta no meu pau, estavam me enlouquecendo.
Meu pau pulsava, e para melhorar a situação, ela começou a
rebolar, roçando ainda mais em mim.
— Quero você. Cada vez que te toco, o fogo me consome e só
você pode apagar. Quero você, amor, e quero agora — Jess
sussurrou em meu ouvido e voltou a me beijar.

— Ah, meu Anjo, sou todo seu...

Suas mãozinhas percorreram meu peito, arranhando, e não


pude impedir um gemido. Continuou para baixo e abriu meu jeans,
deixando meu pau livre, começou a acariciar de cima abaixo, seus
olhos nos meus, pedindo, implorando para ser comida.

Coloquei as mãos em suas coxas e fui subindo, por baixo de


sua saia até sua calcinha e passei os dedos pelo elástico,
levantando o tecido, percorri sua bocetinha.

— Ah, Anjo… sempre tão pronta — acariciei suas dobras,


encontrando seu clitóris, fazendo-a gemer.

Ficamos nos acariciando até que o tesão ficou insuportável e eu


precisava me enterrar naquele calor gostoso.

— Anjo, me leve para dentro de você — consegui falar, com a


voz rouca.

Quase perdi o controle quando ela me segurou e passou a


cabeça do meu pau por sua boceta molhada. Estremeci e cerrei os
dentes, juntando os resquícios do meu controle. Ela ficou sobre os
joelhos e, com uma rebolada deliciosa, fui entrando, centímetro a
centímetro para dentro dela. Devagar fui invadindo seu corpo, que
se agarrava à grossura do meu pau em um ajuste apertado.
Seu calor me envolveu e consumiu, seu corpo subindo e
descendo, sua boceta ordenhando meu pau deliciosamente. Tomei
o controle e, com as mãos em sua bunda, a trouxe para mais perto,
indo mais fundo. O gemido dela me enlouqueceu e comecei a meter
forte.

— Anjo, eu amo você.

— Rick, ah, amor... — Jess estremeceu e me apertou.

Seus seios estavam próximos a minha boca e abaixei a alça do


seu vestido, liberando um deles. Abocanhei, sugando e mordendo.

Em meu pau, eu senti que seu orgasmo estava próximo, pois


ela pulsava em torno de mim e seu aperto aumentou.

— Goza, meu anjo, goza pra mim — meu controle estava por
um fio, mas antes de me deixar levar, ela gozaria daquele jeito
delicioso…

— Rick!

Ela gritou e as contrações de sua boceta me levaram ao limite.


A abracei forte, indo mais fundo, me derramando dentro dela com
um gemido.

— Assim você me mata, Anjo...

Ela me olhou com a melhor cara de safada.

— Eu só comecei com você... — sorriu abertamente, usando


minhas próprias palavras.
— Só começou? — Ela fez que sim com a cabeça e mordeu de
leve meu lábio. — Hum… então vamos subir e pode fazer o que
quiser comigo.

Entre risos, eu a segurei firme e subi as escadas ainda dentro


dela e nos trancamos no quarto. A noite seria longa e deliciosa...
Capítulo Treze

Estava na sala, deitada com a cabeça na coxa do Rick, quando


a campainha tocou. Maria foi abrir a porta e Pamela, prima do Rick,
entrou toda eufórica.

— Ei, grandão, vou roubar sua mulher hoje — ela disse, nos
cumprimentando com um beijo no rosto.

— Você pode, Pam. Cuide bem do meu Anjo — Rick falou e


ganhou de Pam um murro no bíceps.

— Claro que eu posso! Vamos, Jess, as meninas já estão nos


esperando.

Borboletas invadiram meu estômago, diante da ideia de estar à


mercê delas. Olhei para Rick, que sorriu para mim, me acalmando.

— Vá com ela, Anjo. Vai ser bom pra você passar um tempo
com outras mulheres, se divertir um pouco — me beijou de leve. —
Eu estarei aqui quando você voltar.
Peguei minha bolsa e, depois de mais um beijinho de
despedida, saímos.

— Para onde vamos? — Perguntei como quem nada quer, já


que era tudo uma surpresa, olhando para os carros que passavam
da rua.

— Já disse que é surpresa. Você vai gostar. Estão todas doidas


já, me ligando de pouco em pouco —Pam sorriu e continuou. —
Relaxe, Jess, você merece uma despedida de solteira daquelas.
Não se esqueça que vai ter que aturar meu primo, então merece
coisa boa! — Balançou as sobrancelhas para mim.

A cara de safada dela me deu algumas ideias… não, ela não


seria capaz… não, sabendo como Rick era ciumento… Mas aquele
sorriso em seu rosto me dizia que sim, ela seria capaz!

Coloquei as duas mãos no rosto e ri feito uma boba.

— É isso aí, agora você pegou o espírito da coisa! — O sorriso


de Pam virou uma gargalhada gostosa. — O que acontecer na sua
despedida de solteira, permanecerá ali. Para sempre em nossa
memória!

Paramos em frente ao Café da avenida. Pam saiu do carro e fui


atrás dela.

— Esse é o café da Diana. Nós teremos ele só para nós! —


Pam disse, ao bater na porta de vidro da entrada.

Olhei para a fachada e todas os janelões estavam tampados por


dentro com panos pretos, não dando nem uma pista sequer do que
acontecia do lado de dentro.

Um arrepio me percorreu.

Agora não tinha mais jeito, eu teria que entrar e que Deus me
ajudasse.

Diana abriu a porta e tudo estava escuro do lado de dentro.


Assim que entrei, as luzes laterais se acenderam, as meninas
gritaram, batendo palmas, e a música tomou o ambiente. O café
estava lindamente decorado em tons de vermelho, as mesas haviam
sido empurradas para as laterais, deixando um espaço vazio no
meio do salão.

Passei cumprimentando todas, outras vinham até mim e me


abraçavam. Recebi tantos presentes que não conseguia segurá-los.
Então comecei a colocá-los sobre uma das mesas. Nos divertimos
muito abrindo todos eles, uma infinidade de produtos eróticos,
chocolates em formatos inusitados, lingeries sexies…

Eram tantas mulheres! E o impressionante é que eu já conhecia


a maioria pelo nome. Logo eu que nunca tive mais que uma amiga
na vida, hoje estava rodeada por pessoas que gostavam de mim! A
emoção me pegou, meus olhos ficaram marejados e tive que piscar
várias vezes para não chorar abertamente.

— Obrigada, meninas! Nunca recebi tamanha demonstração de


carinho. Obrigada por fazerem parte da minha vida.

— Ah, nem pense que é só isso! Eu e Diana ainda não demos


nosso presente! — Pam riu e fez sinal para Diana, que entrou
empurrando um carrinho com um bolo gigantesco.
A música mudou para uma batida hipnótica e, então, o bolo se
abriu revelando um homem musculoso com uma sunguinha
minúscula.

A gritaria começou e o homem iniciou sua dança, pegando as


meninas pelas mãos e dançando com elas, causando um alvoroço
total. Nunca ri tanto em minha vida.

Do nada, Pam empurrou um montinho de notas em minhas


mãos. Ela e Diana chegaram perto do rapaz e estenderam as mãos
com o dinheiro e ele chegou próximo a elas, rebolando, e as
safadas enfiaram algumas notas em sua sunga.

— Venha, Jess! Divirta-se mulher! Esse será nosso segredo!


Para de vergonha! Hoje você pode, é praticamente seu último dia de
solteira. Vamos, venha aqui!

Meio sem jeito, cheguei perto delas e repeti seus gestos. O


rapaz se aproximou e coloquei uma nota em sua sunga. Ele me
puxou pela mão e começou a dançar comigo. Senti minhas
bochechas queimando, mas não podia me negar a dançar com ele,
já que aquilo tudo era para mim.

Com um suspiro, me entreguei a bagunça, dançando, e logo


puxei Pam e Diana para junto de mim, trocando de lugar, deixando
que ele dançasse mais com elas do que comigo e fui puxando as
outras meninas, até que todas estavam no meio, dançando juntas.

Depois de algumas músicas, me sentei próximo aos presentes.


Drinks sem álcool e coquetéis de frutas decorados estavam sobre a
mesa, junto com uma variedade de quitutes deliciosos. Alcancei um
dos copos e, feliz, fiquei dançando na cadeira mesmo, observando a
minha festa, minha despedida de solteira, com minhas novas
amigas.

Lá pelas tantas, depois de muita dança, risos e bagunça,


Pamela me levou para casa.

— Jess, bem-vinda à família. Eu brinquei mais cedo quando


disse que você teria que aturar meu primo. Você não poderia ter
encontrado homem melhor no mundo. Quando meus pais morreram,
ele cuidou de mim como um pai. Amo muito aquele grandão e já
amo você também —Ela me abraçou e não contive as lágrimas. —
Se prepare porque eu grudo — Pam brincou, se afastando e
secando suas lágrimas também. — Vamos parar de choradeira,
senão Rick vai se assustar quando nos ver. Quem sai pra se divertir
e volta chorando? — Ela riu e abriu a porta do carro, saindo.

Pegamos as sacolas no porta-malas e entramos. Marcelo


estava em seu posto e percebi a troca de olhares dos dois…
interessante…

Rick estava adormecido no sofá, mas assim que nos escutou,


pulou de lá e veio me abraçar.

— Ah, Anjo! Você voltou… já estava a ponto de ir lá e te


arrancar da festa —Rick disse, me dando um beijo na boca.

— Voltamos! —Pam disse, divertida com a reação dele. —Aqui


estão os presentes, aproveitem bem todos eles — ela piscou para
nós. — Eu vou indo, boa noite pra vocês e para esses pequeninos
— Pam acariciou minha barriga, despediu-se de nós e foi embora.
— E então, Anjo, como foi? — Rick perguntou, sorrindo para
mim.

— Foi gostoso, realmente sua prima sabe fazer uma festa.

Ele ficou me olhando, me analisando e eu sorrindo, feliz.

— Tinha striper, né? — Ele perguntou, me olhando meio de


lado, mas ainda sorrindo.

Não me aguentei e caí na risada.

— Tinha! Tinha tudo o que você pode imaginar... — nos


sentamos no sofá e contei tudo para ele, como tinha sido, do início
ao fim.

— Ah, Anjo… que bom que se divertiu. Eu confio em você


cegamente. Sabia que se tivesse qualquer coisa do tipo, você me
contaria.

— Foi realmente divertido. Pam disse que seria nosso segredo,


portanto, nunca diga que eu te contei tintim por tintim do que houve
na festa — Olhei-o com minha pior cara de safada. — Mas o tempo
todo eu só lembrava daquela sua dança — e aproximei e distribui
beijos em seu rosto, muito próximo à boca.

— Hum, e você quer que eu dance pra você? — Ele passou a


língua por meus lábios.

— Quero. Quero tudo — sussurrei e logo após a música tomou


a sala e meu Rick se levantou, me olhando com aquela cara que
não deixava dúvidas do quanto ele me queria, levantando de leve a
camiseta, revelando seus gominhos…
Capítulo Quatorze
O dia havia chegado!

Pam e Diana estavam me ajudando, uma estava fazendo


cachos em meus cabelos, enquanto a outra fazia minha
maquiagem.

As crianças haviam chegado ontem pela manhã e estavam


mortos de saudades, assim como eu estava deles. Eles haviam
passado a semana no apartamento novo, dando o toque final e
pessoal deles, conhecendo a cidade e a faculdade. Logo as aulas
começariam e eles estavam eufóricos com tudo. Chris estava com
eles e isso me acalmava por saber que estavam seguros, mas, ao
mesmo tempo, saber que minha Camy estava sozinha o tempo todo
com ele me deixava apreensiva. Sei que eu tinha que aceitar a
palavra de Rick… mas coração de mãe não sossega. Agora com
eles aqui, no dia do meu casamento com o amor da minha vida, me
deixava extremamente feliz.

— Prontinha, Jess. Vamos colocar seu vestido — Pam disse,


indo pegar meu vestido que estava no closet.
Ah! Aquele vestido era a coisa mais linda que eu já havia visto.
Um clássico vestido de noiva, com decote princesa, mas com flores
em tons de azul-petróleo e outras pequenininhas bordadas, ele era
fabuloso.

Com o auxílio das duas, fiquei pronta em dois tempos.

Eu estava louca para ver o que elas haviam aprontado na área


da piscina, pois elas não me deixaram ver nada.

Pouco tempo depois, Guilherme bateu na porta do quarto.

—Vocês estão prontas? Vamos? — A voz dele chegou abafada


até nós, pela porta.

— Sim, pode entrar.

Guilherme entrou e assoviou.

— Uau, você está linda, Jess! Rick é um homem de sorte —ele


disse, brincando.

— Vamos? Já está tudo certo por lá? — Pam perguntou para


Guilherme.

— Rick está impaciente. Me pediu para vir buscá-la umas mil


vezes desde que amanheceu — riu com gosto. — Vamos?

— Obrigada por tudo, meninas. Vejo vocês daqui a pouco, né?


— Agradeci às duas.

— Claro, vamos bem atrás de vocês! Eu não perderia a cara de


bobo do meu primo por nada nesse mundo!
Saímos e logo estávamos parando em frente a minha casa… A
casa onde vivi infeliz por tantos anos, hoje irradiava felicidade.
Minha rua estava lotada de carros e fiquei apreensiva… conheceria
toda a família dele!

Guilherme saiu e veio abrir a porta para mim, estendeu a mão


em minha direção e eu agarrei com força. Só agora percebi o
quanto estava tremendo.

―Acalme-se, vai dar tudo certo. Isso tudo é só a concretização


de um amor lindo, que estava marcado para acontecer. Pense em
seus bebezinhos. O nervosismo passa para eles — Guilherme
piscou para mim, brincando depois de uma frase tão linda que me
deixou com os olhos marejados.

— Você é um anjo, Gui.

— Não deixe Rick ouvir isso — ele me abraçou quando saí do


carro. — Vamos lá, ou ele é capaz de vir te pegar aqui fora. Eu
mandei uma mensagem, avisando que estávamos chegando.

Assenti com a cabeça. A emoção não me permitia falar.


Respirei fundo e, de braços dados com ele, segui para a entrada de
casa. Marcelo a abriu para nós e me deparei com um lindo tapete
vermelho que se estendia desde a porta e se perdia pela passagem
da cozinha.

Fomos seguindo e, ao chegar na área da piscina, as lágrimas


inundaram meus olhos… O espaço estava irreconhecível! No final
do tapete vermelho, Rick me esperava com aquele sorriso torto que
tanto mexia comigo. Atrás dele estavam Theo e Pamela, Bruno e
uma mulher que eu sabia ser uma outra prima do Rick, que eram
seus padrinhos; do outro lado meus filhos, Júlia e Gabriel, que eram
os meus.

Guilherme apertou de leve meu braço no dele, e saí do transe.


Quase me debulhei em lágrimas quando nossa música começou a
tocar! Far away, em versão instrumental! Grávida já é chorona, com
tudo isso então, meu Deus!

Fui andando, meio cega pelas lágrimas que insistiam em cair e


cheguei até ele.

— Amo você, meu Anjo — Rick sussurrou quando Guilherme


me entregou para ele, na beirada do altar. Me deu um beijo singelo
na testa e, me tomando pelo braço, nos posicionamos para a
cerimônia.

Tudo estava lindo demais, as palavras que Rick disse após


repetirmos os votos de matrimônio nunca saíram e nunca sairiam de
minha memória.

— Um dia eu te disse que, se seu primeiro e o último


pensamento do dia forem sobre a mesma pessoa, e se o
pensamento de perder essa pessoa te apertar o coração, que
agradecesse aos céus por ter mandado o amor da sua vida… eu
agradeço todos os dias e todas as noites a Deus por ter permitido
que um de seus anjos viesse até mim e se tornasse a mulher da
minha vida. Amo você, Anjo.

— Pode beijar a noiva — disse o sacerdote que estava


realizando nosso casamento.
Aquele sorriso lindo retornou a seu rosto e, em meio as nossas
lágrimas, ele me beijou.

Uma salva de palmas se seguiu às palavras do sacerdote e ali


mesmo o pessoal começou a nos cumprimentar, uma fila enorme de
pessoas se formou pelo tapete vermelho, enquanto as cadeiras que
haviam sido posicionadas para a cerimônia eram realocadas e
mesas eram trazidas para o espaço.

À cerimônia, seguiu-se um jantar e logo depois as mesas foram


afastadas e a música tomou conta. Dançamos e nos divertimos a
valer. Já estava amanhecendo quando todos foram embora, Camille
e Erik foram para o apartamento de Rick, junto com Layla e assim
nos vimos sozinhos.

— Agora, a nossa primeira noite… como marido e mulher. Você


é minha, Anjo — Rick me pegou nos braços e me levou escada a
cima, para nossa cama.

Quando ele me colocou no chão, olhei em volta.

— Você mudou tudo! — Disse, rindo e cobrindo a boca com as


mãos.

Meu quarto estava redecorado, moveis novos tomavam o


ambiente, uma cama enorme e linda nos chamava…

— Hoje começa a nossa vida, juntos, Anjo. Nada mais certo do


que uma cama nova. O que acha de estrearmos? — Ele sacudiu as
sobrancelhas para mim, provocadoramente.
Pulei em seu pescoço e o beijei, demonstrando todo meu amor.
Suas mãos começaram a desabotoar a fileira gigantesca de botões
e eu as segurei.

— Não, amor. Aqui — redirecionei sua mão para baixo do meu


braço, onde um zíper invisível estava cumprindo seu papel de não
aparecer. — Os botões são reais, mas ele veio com esse detalhe...

Rick gemeu e, abaixando o zíper, devorou minha boca. O


vestido logo ornamentava o chão do quarto e ele me carregou para
a cama em seus braços e me amou gentilmente, beijando e
acariciando devagar cada reentrância de meu corpo, metendo
aquele pau delicioso devagar e fundo. Eu guardaria na lembrança
cada momento e cada gemido deliciado que saia de nossas bocas
em nossa noite de núpcias…
Capítulo Quinze

Acordei com Rick beijando meu ombro.

— Acorde, meu Anjo. Temos uma viagem para fazer... — falou


baixinho.

Me espreguicei.

— Para onde vamos?

— Passear por aí, espairecer, aproveitar um tempo juntos,


sozinhos... — sua boca passeava preguiçosamente pela minha pele.

— Se continuar assim, não vamos sair dessa cama — me virei


para ele, que me beijou de leve.

— Vamos lá, então, levantando — foi quando prestei atenção e


vi que ele já estava trocado e pronto. — Já fiz uma mala para nós.

— Vou tomar uma ducha e em dez minutos eu estarei pronta.

Levantei correndo e fui. Conforme prometi, fiquei pronta e


descemos.
Me despedi das crianças, que estavam nos esperando na sala.
Eles voltariam para o apartamento deles nessa tarde.

— Agora, feche os olhos — Rick ficou atrás de mim, e com as


mãos em minha cintura, me conduziu para fora de casa. Andamos
um pouco e ele me segurou, contendo meus passos. — Pode abrir
— ele disse, me abraçando e apoiando o queixo em minha cabeça,
depois de me dar um beijo nos cabelos.

Abri meus olhos e fiquei sem fala, estarrecida! Na minha frente,


um motorhome lindo nos aguardava. O motorista saiu e nos
cumprimentou.

— Sejam bem-vindos — fez um gesto teatral e me virei para


Rick.

— Amor, que lindo! Nunca andei em um desses!

— Vamos viajar por algum tempo, então vamos bem


confortáveis — ele colocou a boca em meu ouvido e sussurrou. — E
com uma cama grande, para eu me perder em você, meu Anjo —
Um arrepio me percorreu, diante da promessa naquelas palavras.
―Vamos.

Com um leve empurrão, ele me incitou a andar e entrei, subindo


as escadas, para soltar um gritinho de espanto.

Completamente lindo!

Uma cozinha completa, com uma mesa e cadeiras no estilo


daqueles bares americanos, com assentos acolchoados. Geladeira,
um pequeno fogão e pia. Passando isso tinha uma sala, com um
estofado requintado e uma televisão enorme. Meu ventre se
contorceu de desejo quando chegamos ao quarto. Lindo demais,
saído de um sonho! Essa era a descrição que mais fazia justiça ao
que eu estava vendo.

Uma cama de dossel, queen size tomava uma parte do espaço.


Ao fundo, uma porta levava ao banheiro, ricamente decorado.

— Nossa casa sobre rodas — seu sorriso lindo me deixou de


pernas bambas.

Pelo sistema de som ambiente, a playlist que ele havia feito


para nós quando teve o incidente do hotel, começou a tocar.

— Sente-se, Anjo. Vou dizer para o motorista que já podemos


partir.

Me sentei no estofado fofinho e logo escutei um click, da porta


divisória que dava acesso à parte da frente, se fechando.

Rick sentou-se ao meu lado e me puxou para seus braços e me


aconcheguei em seu peitoral durinho. Seus braços fortes me
abraçaram e me senti segura, amada e tranquila.

— Tão bom — suspirei.

Ficamos assim por um tempo, curtindo a companhia um do


outro, olhando pela janela a movimentação dos carros e logo a
paisagem mudou quando entramos na estrada e a velocidade se
estabilizou.
— Jessica — sua voz grave me deixou alerta e a excitação
correu em minhas veias.

Aquele tom, meu nome sendo dito daquela maneira, só queria


dizer uma coisa… Borboletas tomaram meu ventre, ao olhar para
seus olhos e encontrá-los quase negros, suas pupilas dilatadas de
tesão.

Meu corpo se amoleceu todo, pronto para ele, rendida aos seus
caprichos. Sua boca tomou a minha, nossas línguas dançando em
um ritmo frenético, Rick exigindo com lambidas firmes a minha
rendição total. Com um suspiro, me entreguei a ele.

— Quando você se entrega assim, meu Anjo, eu enlouqueço —


seus dedos apertaram meu mamilo e gemi em sua boca.

— Ah, Rick!

Ele levantou minha camiseta, passando pela cabeça, mas


deixando-a presa em meus braços, nas costas, restringindo meus
movimentos. Abriu minha calça e seus dedos se aventuraram dentro
da minha calcinha, apalpando e acariciando, me instigando a rebolar
contra sua mão, em um pedido mudo por mais.

Seus lábios deixaram os meus e desceram, mordiscando meu


queixo, sugando a pele delicada do meu pescoço, até meu mamilo e
olhando para mim, lambeu deliberadamente, de leve. O fogo já
havia se espalhado pelas minhas veias, tornando meu sangue em
lava ardente. Sentia minha pele quente, minha respiração
acelerada. Seus dedos agora me penetravam lentamente, só
atiçando, sem dar a satisfação ou a profundidade que eu queria.
Meu marido gostoso estava só brincando com seu brinquedo
preferido. Meu corpo.

Gemi mais alto quando ele mordeu o bico do meu seio. Então
ele entrou em ação para valer, se levantando e puxando minha
calça, levando junto a calcinha. Sua cabeça se enterrou entre
minhas pernas e, com um gemido rouco, ele atacou meu clitóris,
seus dedos me penetrando fundo, remexendo dentro de mim. Mordi
o lábio, contendo um gemido.

— Geme, meu Anjo. Nossa cabine tem isolamento acústico. O


motorista não nos ouve. Grita, meu Anjo. Eu gosto quando você
grita… quando você geme meu nome antes de gozar e me sugar
para dentro de você com essa boceta apertada.

Suas palavras mexeram comigo, minha pele se arrepiando. A


tensão em meu corpo cresceu quando ele fechou a boca em meu
botãozinho.

— Ah, eu não aguento mais Rick. Eu vou… — sua mão livre


apertou meu mamilo e não consegui nem terminar a frase, gozando
em seus dedos e sua boca.

Sem fôlego, ouvi o barulho de seu zíper abrindo.

— Não consigo me conter. Quero me enterrar em você, Anjo.

Ele meteu em mim, e eu gritei de prazer, seu pau grosso me


abrindo, me enlouquecendo.

Eu perdia a noção de tudo quando ele metia dessa maneira,


como se dependesse do calor do meu corpo para viver, seu corpo
reverenciando o meu. Sua boca acariciava minha pele enquanto seu
corpo investia sobre o meu, com força e vontade.

Senti um novo orgasmo chegando e o gemido de Rick


aumentou, grunhindo a cada contração da minha boceta.

Ele meteu mais forte, rebolando, pegando aquele pontinho


dentro de mim e gozei, sentindo o aperto do meu sexo sobre o pau
dele, chegando a doer de tão forte.

— Mais, meu Anjo. Mais...

Ele rolou me levando para cima dele, puxando minha camiseta,


liberando meus braços. Me abraçou, aumentando a velocidade de
suas estocadas deliciosas. Meus seios balançavam com a
ferocidade que ele me comia, batendo em seu rosto. Rick elevou o
rosto, enfiando-o entre meus seios, sugando e lambendo, mordendo
e gemendo.

Deus, que homem gostoso!

Me entreguei e então ele me olhou, enfiou o dedo em minha


boca. Suguei como faria com seu pau. Rick fechou os olhos e,
quando os abriu, gemi com o fogo que tomava seus olhos azuis.
Seu dedo foi direto para minha bunda e quando me penetrou, gritei,
jogando a cabeça para trás. Sua mão que me segurava pela cintura,
agarrou meus cabelos. Seu dedo em minha bunda, seu pau me
penetrando fundo e sua boca em meu mamilo, me levaram a
loucura…

— Anjo, eu vou gozar. Goza comigo — ele gemeu. — Agora —


sua boca sugou forte e seu dedo se aprofundou em minha bunda. O
excesso de sensações me levou a um orgasmo alucinante. Senti
seu jato quente dentro de mim e ele chamou meu nome,
estremecendo todo.

Fiquei em cima dele até nossas respirações se acalmarem. Foi


quando me dei conta de que eu estava nua e ele apenas com o pau
para fora.

— Você me enlouquece, Anjo.

Ele levantou, me levando com ele para o quarto.

Horas depois, o motorhome começou a sacolejar e abri meus


olhos. Olhei pela janela e a paisagem estava bem diferente.

— Vamos nos arrumar, estamos chegando — pouco tempo


depois fomos parando. — Não olhe pela janela, Anjo. É surpresa.

Sorri, o motorhome parou e me concentrei nele, que se levantou


e foi abrir a porta para sairmos.

Ele desceu e me estendeu a mão.

Quando saí, a luz do sol me cegou por alguns momentos, mas


logo me acostumei com a claridade.

— Rick, que coisa mais linda! — Ele me abraçou por trás e


disse ao meu ouvido.
— Todo nosso.

Abri um sorriso enorme e o abracei, beijando sua boca.

— Você é tudo o que eu podia querer e um pouco mais...


Capítulo Dezesseis

À nossa frente, uma paisagem paradisíaca nos brindava.

— Aqui será nosso refúgio. Quando quisermos ter sossego, ou


nos isolarmos do mundo, aqui será o local perfeito. Vou dar um jeito
na segurança, mas por enquanto vai servir.

— Mas demoramos tanto para chegar.

— É bem perto, Anjo. Eu só tinha combinado com o motorista


para ele dirigir sem rumo por algumas horas, porque eu queria ter
você na nossa casa sobre rodas… agora vou ter você no nosso
refúgio! — Rick me pegou nos braços e entrou comigo na casa. —
Bem-vinda ao lar, Anjo.

Ele me colocou no chão e fomos conhecer a casa.

— Quando você fez tudo isso? — Perguntei enquanto olhava


abobada para tudo.

— Theo achou o imóvel, olhou e cuidou da compra, assim


como do motorhome. Ele disse que tinha uma coisa especial nos
aguardando na suíte principal — ele disse enquanto andávamos
pela casa.

Tudo muito bem decorado, passamos por vários quartos até


chegar na suíte master. Meu coração pulou uma batida quando
meus olhos caíram sobre a cama king size, uma bandeja com
morangos, um recipiente com calda de chocolate e um frasco de
chantilly spray!

— Você contou pra ele!

— Apenas disse que nunca mais olharia para essas coisas com
os mesmos olhos, ele deve ter pego a insinuação — Rick disse
rindo.

— Pois é... — um tremor passou pelo meu corpo ao me


recordar de nossa primeira noite juntos.

— Venha, meu Anjo, vamos almoçar, já passou da hora e você


deve estar com fome.

Descemos para a sala de jantar, onde a mesa estava posta.


Maria estava de pé ao lado da porta da cozinha.

— Sejam bem-vindos. Vou servir o almoço em um minuto.


Os dias passaram lentamente, com caminhadas, passeios de
buggy pela propriedade, mergulhos no riacho próximo, e como
agora, um piquenique no meio da mata…

Rick havia acordado com essa ideia fixa. Desde meu sequestro,
eu não entrava na mata fechada desse jeito. Por vezes ele tentou
me levar, mas eu não fui. Nossa lua de mel estava acabando e
acabei cedendo.

— Vamos, Anjo. Se ficar com medo ou alguma coisa do tipo,


você me abraça. Prometo que não vou deixar que se sinta mal.
Estou aqui para te proteger.

Seu olhar sincero me fez ceder e agora estávamos entrando no


meio das árvores mais densas, de moto. Nosso almoço estava
acondicionado nas bolsas que pendiam dos lados de sua Harley-
Davidson negra reluzente.

Foi impossível não me lembrar dos dias em que caminhei sem


destino no meio das árvores, todas tão iguais e tão próximas. Olhei
para cima, observando as copas e uma tontura me tomou.
Instantaneamente fechei os olhos, me abracei mais a ele e encostei
meu rosto em suas costas largas, inspirando seu perfume, me
forçando a acalmar os batimentos do meu coração.

— Anjo, estou com você. Logo vamos chegar na clareira. Você


precisa enfrentar esse medo, para seguir sua vida de cabeça
erguida — pegou minha mão e beijou meus dedos.

Esse medo era irracional. Me forcei mais uma vez, ainda


agarrada a ele, a olhar para as copas.
A escuridão que tive que enfrentar naqueles dias, assombravam
meus sonhos, somente a luz da lua passava fraca por entre a
folhagem densa. Minhas fogueiras não eram boas o suficiente para
durarem a noite toda e o medo, a solidão e a desesperança eram
minhas companhias constantes…

Sacudi a cabeça para me livrar das lembranças.

Eu tinha que superar isso.

Rick tinha razão.

E eu tinha ele comigo.

Medo idiota!

Em minutos chagamos à clareira e meus músculos estavam


tensos.

Rick estendeu o braço para que eu me apoiasse, e desci.


Rapidamente ele desmontou da moto, me amparando.

— Desculpe, meu Anjo. Se tivesse uma maneira melhor de


arrancar esse medo de você, eu faria. Mas somente enfrentando-o
você vai superar — ele apoiou o dedo embaixo do meu queixo,
levantando minha cabeça, para encontrar seus olhos. — Você não
está sozinha. Nunca mais estará.

Seus lábios encontraram os meus por um instante, rápido


demais para meu gosto. Mas eu entendia o motivo. Eu estava
assustada e enquanto eu estivesse assim ele seria o meu apoio,
meu porto seguro, sem distrações.
— Amo você, Rick.

— Você é minha vida, Anjo. Vocês são.

Outro beijinho rápido se seguiu e então ele começou a tirar as


coisas dos bolsões.

Estendeu uma manta, muito parecida com a da velha Joana.


Olhei para o chão e então percebi que havia sido preparado e
varrido. Passei os olhos por toda a volta, prestando atenção nos
detalhes e rosas vermelhas haviam sido colocadas
estrategicamente à nossa volta.

Voltei meu olhar para ele, que sorria para mim. Ah, aquele
sorriso torto me deixava enlouquecida. Qualquer resquício de medo
em mim sumiu diante do tesão que me consumiu. Ao lado da manta
ele colocou uma toalha, com nosso almoço em cima.

Sentando-se, ele estendeu a mão para mim.

— Deite-se ao meu lado — obedeci. — Olhe as árvores. São


apenas isso, Anjo. Árvores.

— Amor… o que eu faria sem você? — Disse após alguns


minutos observando as copas densas, sem desviar o olhar.

Deitei minha cabeça em seu peito, as batidas de seu coração


acalmando o meu. Suas mãos grandes, acariciavam minhas costas
e meus braços, passeando pelos meus cabelos. Alguns instantes se
passaram até que me ajeitei em seus braços, para poder beijá-lo.

— Melhor? — Ele perguntou após um selinho rápido.


— Uhum — eu tinha certeza que meus olhos refletiam toda a
vontade que eu tinha nesse momento. — Só estou com muita
vontade de uma coisa.

Ele sorriu novamente e colocou alguns fios dos meus cabelos


atrás de minha orelha, seus olhos dançando nos meus.

— Vontade de quê?

— Vontade de você.

Encostei meus lábios nos dele, mas dessa vez o beijo foi
intenso. O desejo e a necessidade foram maiores que qualquer
coisa, nossas mãos trabalharam rápido, livrando partes necessárias
de roupas desnecessárias.

— Ah, Rick… — murmurei quando seu corpo se fundiu ao meu.

Somente nossos gemidos e as sacanagens gostosas que Rick


murmurava em meu ouvido eram ouvidos no silêncio da mata.

O êxtase incrivelmente forte me consumiu e fui incapaz de


conter um grito, que foi seguido pela barulheira dos pássaros. Meu
orgasmo puxou o dele e meu nome escapou de seus lábios.

— Jess, te amo tanto, tanto! — Suas mãos subiram pelas


minhas costas, fazendo com que me deitasse em seu peito.

— Meu lugar preferido no mundo — sussurrei.

— A mata? — Perguntou, zombeteiro.


— Não, seu bobo. Seu peito — me aconcheguei ainda mais a
ele.

— É onde você vai dormir todas as noites. E quando sua


barriga estiver grande demais para isso, meu braço será seu
travesseiro — meu estômago roncou e rimos. — Vocês estão com
fome. Vista minha camiseta, Anjo. Gosto de te ver com minhas
roupas.

Almoçamos alguns sanduíches e frutas, enquanto planejávamos


o que fazer quando voltássemos para casa. Rick queria redecorar
toda a casa, tirar de lá qualquer lembrança do maldito. Deixaríamos
apenas os quartos das crianças intocados, como eu havia
prometido.

O retorno foi sossegado. Eu havia vencido meu medo e isso


era a melhor coisa do mundo.

Graças a Rick e sua insistência.

À noite, passamos em casa apenas para pegarmos algumas


roupas. Ficaríamos no apartamento dele até a reforma estar pronta.
No dia seguinte, uma empresa especializada começaria a organizar
tudo.

A maior mudança seria nos quartos de hóspedes, que viraria


apenas um quarto, para os bebês.

Com um suspiro me despedi daquela casa, como ela era. Entrei


no carro e não olhei para trás.
Capítulo Dezessete
Dois meses e meio se passaram, nossa rotina estava
estabelecida e a felicidade era meu primeiro nome. Nunca em toda
minha vida eu tinha me sentido tão satisfeita. Erik e Camille vinham
nos visitar todo final de semana, estavam indo bem na faculdade,
haviam se adaptado bem ao apartamento e as responsabilidades
que vieram com os imóveis.

Minha barriga já estava grande, os bebês se mexiam bastante e


Rick estava fascinado com cada movimento que via e sentia em
seus dedos.

— Pronta, Jess? — A voz de Marcos me tirou dos meus


devaneios.

— Sim, vamos lá — sorri e posicionei as pernas na adutora,


para mais uma série de repetições.

Marcos colocou uma mecha de cabelos atrás da minha orelha e


devolveu o sorriso.

— Se você estiver cansada ou sentindo-se desconfortável,


podemos dar um tempo.
Um pigarrear o fez sobressaltar.

— Marcos, pode deixar que, daqui para frente, eu instruo minha


esposa. Está dispensado — Marcos ficou vermelho e retirou-se,
mas não sem antes acenar para mim. — Sujeitinho abusado! —
Rick estava possesso.

Eu não pude deixar de rir de seu ciúme infundado.

— Amor, ele só estava sendo solícito.

— Solícito, meu cacete! Tenho monitorado lá do escritório


desde a primeira aula. Você não percebe, mas ele se insinua para
você toda vez. Hoje foi a última gota da minha paciência.

Estendi os braços para ele, que veio para perto de mim,


abaixando-se para um beijo.

— Eu ainda me lembro daquele dia, nós dois aqui, sozinhos…


humm... — gemi, sussurrando para ele, arranhando seu peito por
cima da camiseta, fazendo-o puxar o ar entre os dentes. — Eu
quero de novo…

— Anjo, seu pedido é uma ordem. Hoje?

— Por enquanto, eu me contento com a mesa do escritório —


não pude impedir o sorriso safado que se formou em meus lábios.

Gemendo baixinho, ele me pegou nos braços, me levando para


dentro de seu escritório…
Capítulo Dezoito

Hoje, eu e Pam, iríamos olhar os móveis para o quarto dos


bebês e comprar algumas roupinhas. Rick sempre dizia que eu
precisava de um tempo de meninas e Pam era minha companhia
constante. Com dois, tudo tinha que começar a ser organizado
cedo, sem dizer que o risco de nascerem prematuros era enorme.

Às quatro da tarde, lá estávamos nós, seguidas por dois


seguranças. Hoje, Felipe estava fazendo companhia a Marcelo, que
andava atrás de Pam como um cachorrinho. Aquilo era engraçado e
riamos muito dele, sem que ele percebesse.

Passamos por algumas lojas e os seguranças viraram


carregadores. Enquanto tomávamos um lanche, Marcelo e Felipe
ficaram parados a alguns passos de nós, atentos a tudo.

Na loja de móveis infantis, enlouquecemos. O que era para ser


apenas uma visita à loja, para verificar modelos para uma futura
escolha, virou uma compra enorme. Tudo lindo demais, acabei
comprando o quarto deles todo. Cômodas, prateleiras, berços,
cestinhos de lixo, cadeiras de balanço para amamentação, tudo!
Feliz e realizada, me despedi de Pam em frente à loja.

— Até mais, Pam. Obrigada pela ajuda em tudo. Passe lá em


casa amanhã. Rick e eu queremos conversar com você. Assunto
sério!

— Vou sim. Peça para Maria preparar aquele strogonoff


delicioso. Vou para o jantar, hein?

Pam acariciou minha barriga, como sempre fazia, e me deu um


abraço desajeitado. Agora, com minha barriga desse tamanho, tudo
era desajeitado.

Ela se afastou e eles me ladearam, cheios de sacolas.

Próximo à porta que dava para o estacionamento, Felipe foi


pagar a taxa enquanto eu e Marcelo seguimos para o carro.

Ele destravou as portas e eu entrei. Marcelo deu a volta no


carro e, abrindo o porta-malas, guardou todas as sacolas. E então
bateu a porta traseira com muita força.

Olhei para ver o porquê, pronta para fazer um comentário


engraçadinho, mas ele não estava mais ali. Olhei em volta do carro
e nada. Então a porta se abriu, ele entrou e arrumou o espelho
retrovisor. Seu perfume me embrulhou o estômago e ele colocou o
carro em movimento.

— Não vai esperar pelo Felipe? — Perguntei, mas ele não


respondeu. — Marcelo! — Me soltei do cinto e toquei seu braço,
colocando a cabeça entre os bancos para olhar seu rosto.
Fiquei pálida e senti um aperto no estômago.

— Olá, Jess. Sentiu minha falta?

A voz de Tony me causou náuseas e voltei rapidamente para o


banco, atando o cinto de segurança.

Meu Deus! Estou nas mãos desse louco novamente!

— O que você fez com o Marcelo?

— O bombado caiu como uma jaca madura. Ele está lá,


desmaiado — Tony gargalhou, jogando a cabeça para trás.

Engoli em seco e peguei minha bolsa, discretamente. Eu tinha


que alcançar meu celular! Liguei para Rick e o deixei do meu lado.
Escutei a voz de Rick baixinho e tentei me fazer entender.

— Tony, você não vai conseguir sair do shopping! Precisa do


ticket do carro!

— Não seja ingênua, Jess. Eu tenho o meu próprio ticket.

— Quando você saiu da cadeia, Tony?

— Não interessa. Quando se tem bons advogados, tudo é


possível.

— O que você vai fazer comigo? Sabe que entre nós nunca
terá mais nada. Me deixe em paz, Tony. Siga sua vida!

— Jessica, você é minha vida! Sei que está grávida de


gêmeos. Dessa vez você fez certo, são iguais, né? — Ele retornou o
espelho para a posição normal e pude ver seus olhos. — Sei tudo
sobre você. Vou ficar com você. Seus filhos serão meus. Vou
esquecer esse seu deslize e seremos felizes.

— Tony, você enlouqueceu! Meus filhos têm um pai! E não é


você!

— Aquele seu marombado idiota vai ter o dele, logo. Já tenho


gente atrás dele! — Deu aquela gargalhada novamente.

Escutei Rick praguejando e falando com alguém.

Ele viria atrás de mim!

Chegamos na cancela de saída e Tony abriu a janela, inseriu


seu ticket ali e a cancela se abriu.

Estávamos na rua!
Capítulo Dezenove

Se não houvesse tanto risco para meus bebês, eu teria pulado


enquanto ele estava distraído colocando o ticket, mas quatro meses
era muito cedo, eles não aguentariam…

Rick… eu confiava que ele faria alguma coisa. Eu sentia isso


em meus ossos!

Tony estava fora de si. O tempo na cadeia deve ter perturbado e


acabado com o pouco de sanidade que ele tinha. Observando-o, ele
estava diferente, mais forte. Tanto que eu não tinha percebido que
não era Marcelo na direção.

Estávamos andando por mais de vinte minutos. Ele dirigia como


um alucinado, ultrapassando faróis vermelhos como se
estivéssemos sendo seguidos pelos cães do inferno.

Ajustei ainda mais o cinto em volta da minha barriga,


acariciando meus bebês, que se agitavam dentro de mim.

Fechei os olhos e orei a Deus para que enviasse anjinhos da


guarda para meus filhos, não deixando que nada acontecesse a
eles.

Assim, de olhos fechados, minha náusea parecia melhorar e


permaneci dessa maneira até que o carro foi parando. Olhei em
volta e vi que Tony havia parado para abastecer.

Olhei em volta e para trás, bem a tempo de ver homens se


aproximando e reconheci Felipe entre eles. Devagar, destranquei
minha porta, tossindo alto para que Tony não percebesse o barulho.

Tirei o cinto e aguardei.

O frentista começou a abastecer. Tony não poderia sair com o


carro. Isso me acalmou.

Olhei em volta novamente e vi o carro de Rick parando a uma


certa distância.

Então tudo aconteceu rápido demais. Tony, percebendo a


aproximação dos homens, ligou e arrancou com o carro a toda
velocidade, os pneus cantando. O frentista foi rápido o bastante
para arrancar a mangueira do carro.

Coloquei o cinto novamente, a apreensão me tomando.

— Aquele marombado idiota já está atrás de nós! Mas que


merda!

Coloquei a mão no vidro ao meu lado, olhando bem a tempo de


ver Rick praguejando e esmurrando o ar. Os homens estavam
voltando correndo para os carros, mas o de Rick já estava em nosso
encalço.
Rezei novamente pelos meus bebês. Isso era tudo o que eu
podia fazer…

Dirigindo como um louco, dizendo todos os palavrões possíveis


e imagináveis, amaldiçoando Rick de todas as maneiras, Tony
desviava dos carros, me jogando de um lado para o outro e me
agarrei ao banco e à porta, como uma gata.

De repente, a sirene da polícia se fez ouvir e olhei para trás. Um


dos carros estava agora com a luz em cima e um homem, de arma
em punho estava com quase metade do corpo para fora da janela.
Certamente ele tentaria acertar um dos pneus do carro, pois meu
carro era blindado, uma das exigências de Rick.

Rick… ah, meu amor, eu só dou trabalho…

Caramba, se acertassem o pneu a essa velocidade…

Mil coisas se passaram em minha cabeça ao mesmo tempo.


Fechei novamente os olhos, segurando as lágrimas que queriam
escapar. Eu tinha que confiar, afinal, esse era o trabalho deles.

As imprecações de Tony ficaram ainda piores e ouvi um tiro. Por


instinto, me abaixei, abraçando minha barriga.

Um dos veículos chegou ao nosso lado, chegando bem pertinho


e encostou, batendo na lateral, que sacudiu ainda mais, de um lado
para o outro, ziguezagueando pela rodovia. Tony se assustou, mas
não teve tempo para nada, pois do outro lado, outro carro fez o
mesmo. Ficamos prensados entre os dois, e então vi que Felipe
estava no veículo ao lado, um furgão, com a porta de correr aberta,
fazendo sinal para que eu abaixasse meu vidro. Tony estava muito
preocupado e assustado com os carros e a sirene da polícia, para
prestar atenção em mim, então abaixei o vidro e tirei meu cinto.
Felipe estendeu os braços, ficando com um pedaço do corpo para
fora. Dentro do carro, outro homem o segurava.

Como eu passaria pela janela do carro com esse barrigão? Isso


me parecia impossível!

Pedindo a Deus para que nada desse errado, me ajoelhei no


banco e, meio de lado, me estiquei para fora e ele me puxou forte.
Senti a pele do meu quadril sendo arranhada, mas Tony parecia
possuído, aquilo seria o melhor para mim…

Em segurança, no furgão, ele me sentou e colocou o cinto em


mim. Os carros se afastaram e Tony saiu em disparada, derrapando
um pouco na pista, livre outra vez.

O policial que estava armado, mirou e atirou no pneu.

Estarrecida, vi meu carro capotar e se arrastar de ponta cabeça.


O carro onde o policial estava, parou próximo ao meu e então
reconheci Ethan, que saiu já tirando as algemas do bolso.

Tony abriu a porta do carro, meio tonto, soltando o cinto e


caindo em uma mistura de braços e pernas. Ladeado por homens,
também armados, Ethan puxou Tony e, deitando-o de bruços no
chão, com o joelho em suas costas, o algemou.

A porta do furgão onde eu estava foi aberta e Rick apareceu.


Arranquei o cinto e me atirei em seus braços. Só então percebi que
eu estava tremendo como vara verde.
Capítulo Vinte

— Calma, Anjo. Estou com você — Rick segurou meu rosto e


me beijou de leve, transmitindo segurança. Comecei a chorar, a
adrenalina se esvaindo do meu corpo, me deixando mole e
desnorteada. Ficamos assim por alguns minutos, sentindo o calor do
corpo do outro e acalmando o coração. — Meu Deus, Anjo! Não
posso tirar meus olhos de você!

— Como me achou tão rápido? — Perguntei entre lágrimas.

— O carro tem rastreador, seu celular também. Ethan estava


de olho em tudo desde que soube que Tony tinha saído da cadeia,
cerca de um mês atrás — me beijou os cabelos e acariciou minhas
costas. — Estavam vigiando ele, mas há uma hora atrás ele
conseguiu escapar da vigilância. Na mesma hora, Ethan começou a
rastrear você.

— Felipe me salvou…

— Sim, Anjo. Se eu me aproximasse daquele carro, eu matava


o maldito.
Ri dele, por chamá-lo como eu.

— Amo você! — Ofereci meus lábios para um beijo.

— HEY, MAROMBADO! VOU TE PEGAR SEU DESGRAÇADO


E PEGAR DE VOLTA TUDO O QUE VOCÊ ROUBOU DE MIM E
UM POUCO MAIS! — Tony gritou.

Rick apenas olhou para ele.

Seus olhos como duas chamas, vi sua mandíbula se contrair e


ouvi seus dentes rangerem.

— Não dê ouvidos a ele, amor.

— Não vou não, Anjo. Tenho você comigo. Ele não importa
nada para mim. Que mofe na cadeia onde é lugar de gente ruim
como ele — pegou-me nos braços, me levando para o carro dele e
entrou no banco de trás comigo.

Felipe entrou, assumindo a direção do carro, e Marcelo entrou


no banco do carona, com um lado do rosto arroxeado. Ele virou-se e
entregou minha bolsa.

— Vou conduzir o carro de Pamela, senhor.

— Para meu apartamento, Marcelo.

Ele assentiu e saiu do carro, batendo a porta.

Olhei para Rick, sem entender como todos estavam ali.

— Pam estava pagando o estacionamento, no mesmo lugar


que Felipe. Marcelo o chamou pelo rádio e eles entraram em
contato comigo. Pam deu o carro para eles virem. Ela queria vir
junto, mas eles não permitiram. Ela está em nosso apartamento, nos
esperando. Fui passando tudo para eles, por rádio. Estávamos
seguindo vocês já há algum tempo, sem que o maldito percebesse,
esperando a melhor hora para retirar você das garras dele. Mas ele
nos viu e virou o inferno na terra. Ponha o cinto, Anjo. Por favor.

O olhar de Rick era preocupado ainda. O que será que ele não
estava me contando?

Fiz o que ele mandou. Não o estressaria mais ainda, à toa. O


carro entrou em movimento.

— As crianças estão bem? — Perguntei, tentando descobrir o


que era.

— Sim, ele não foi atrás deles. Em casa ligaremos para eles,
quando você estiver mais calma e a médica tiver passado lá para te
ver — ele apertou minha mão entre as suas e beijou meus dedos. —
Ela já está a caminho.

— Eu não sabia que ela atendia a domicílio.

— E não atende. Mas essa é uma situação extrema. Você foi


vítima de um sequestro relâmpago e de tudo isso. Grávida de
gêmeos. O perigo que você e os bebês correram, justifica a visita
dela.

— O que vai acontecer com meu carro? As coisas que comprei


para os bebês estão no porta-malas.
— Marcelo já passou tudo para cá. Os homens de Ethan já
chamaram um guincho e vão levar o carro para a perícia. Não se
preocupe, Anjo. Ethan vai resolver tudo.

Me recostei em seu ombro, ele me beijou os cabelos e ficou


assim, com a cabeça encostada na minha.

Quando o carro parou na garagem, Rick me pegou no colo.

— Posso andar, amor.

―Vou te levar, anjo. Não se sabe o que pode ter acontecido.


Você passou um nervoso sem tamanho.

— Por incrível que pareça, eu não fiquei muito nervosa não.


Bem, não no início. Tinha certeza que você faria alguma coisa. Que
me buscaria onde eu estivesse. Apenas respirei fundo e tentei me
manter calma, pelos bebês. Guilherme me disse que o que eu sentia
podia passar para os bebês, no dia do nosso casamento. Isso ficou
na minha cabeça. Fiquei foi enojada com o perfume dele, com sua
voz. Eca. Depois, com a adrenalina da perseguição e tudo mais, eu
fiquei um pouco sim. Mas só um pouco.

— Isso é bom, mas eu não vou te soltar, meu Anjo.

Passei os braços pelo pescoço dele e me recostei. Quando ele


queria, ele fazia. Não adiantava brigar e estar em seus braços,
depois de tudo, era bom demais.

Ele me levou para nosso quarto e me deitou na cama.

— Ele tocou em você, Anjo?


Rick deitou-se ao meu lado e passei a mão por seu rosto, o
tranquilizando.

— Não, amor. Falou uma dúzia de palavras e só. Você escutou


tudo o que ele disse.

— Você não sabe como fico aliviado em saber disso. Se ele


tivesse tocado em um fio de cabelo seu, eu…

— Calma. Não aconteceu nada.

— Da outra vez, quando você estava dopada, deitada naquela


cama… ele passou a mão em você, Anjo. Fiquei tão frustrado por
não ter podido te proteger dele. Hoje a mesma coisa. Mesmo com
Pam, Marcelo e Felipe de segurança extra, ele conseguiu te pegar
novamente!

— Shhh. Estou aqui. Não aconteceu nada, foi só um susto.

— Vou aumentar a segurança. Espero que entenda. Quando os


bebês nascerem, vou ter que tomar cuidado redobrado, pois
estaremos sempre prestando atenção neles. Se esse louco tenta
alguma coisa contra eles, não sei o que eu sou capaz!

— Faça tudo o que precisar, Rick. Desculpe por trazer esse tipo
de confusão para sua vida.

— Anjo, nunca mais diga isso. Por você, sou capaz de tudo!
Amo você mais do que a mim mesmo. Sua pele é uma extensão da
minha, você faz parte de mim. Respiro porque você respira, vivo
porque você vive. Sem você, nada tem graça — com lágrimas nos
olhos, o beijei. Intensamente. — Pare, Jess. Olhe como estou —
colocou minha mão em cima de sua ereção, que pulsava. — A
médica vai chegar logo, Pam estará aqui a qualquer momento, está
lá embaixo pegando a chave com Marcelo.

Como ficar quieta com ele pulsando em minha mão?

Foi pensar nisso, bateram à porta. Rick sentou-se e colocou um


travesseiro no colo. A porta se abriu e Pam colocou a cabeça para
dentro.

— Posso entrar?

— Entra, Pam. Estou esperando pela médica.

Ela veio para perto e sentou-se ao meu lado na cama.

— Que loucura! Passou o quê? Cinco minutos que te deixei e


tudo aconteceu! O doido estava atrás de você o tempo todo e
ninguém viu?

— Pam, o maldito já está sendo encaminhado para a cadeia.


Vamos esquecer tudo isso. Jess já está conosco novamente, é o
que importa.

— Certo. Felipe e Marcelo mandaram dizer que as sacolas


estão na sala. Para que você não se preocupe.

Outra batida na porta, dessa vez, Rick foi abrir. Ele fez sinal
para que Pam o seguisse, cumprimentou a médica e saíram.
Capítulo Vinte e Um
Sozinha com a médica, respondi suas perguntas e passei por
um exame físico completo.

— Eu estou bem, Doutora. O que senti foi nojo dele. Só isso.


Eu estou realmente bem. Ele não me faria mal algum e eu sabia, do
fundo do meu coração, que Rick faria alguma coisa. Por isso não
fiquei muito nervosa.

— Por via das dúvidas, fique em repouso por dois dias. É


melhor assim. Os bebês estão bem, o colo está fechado, sem
complicações. Qualquer sinal de contração você entra em contato
comigo, na mesma hora. Seus arranhões não são preocupantes, já
passei antisséptico, não vão causar problemas.

— Pode deixar, doutora. Qualquer coisa eu aviso — sorri e me


recostei nos travesseiros.

Com Tony na cadeia novamente, teríamos um pouco de


sossego…

Ela foi embora, fechando a porta atrás de si.


Suspirei e fechei os olhos. Tony havia passado dos limites…
poderia muito bem ter seguido com sua vida, uma vez que estava
fora da cadeia. Agora ele não sairia de lá tão fácil. Erik e Camille
ficariam arrasados em saber que o pai havia voltado para trás das
grades, mas ele era o único culpado por suas ações, e só
poderíamos lamentar… tão triste saber que aquilo refletiria em meus
filhos…

A porta se abriu e Rick entrou com Pam, carregando uma


bandeja com suco e frutas.

— Jessica, a médica conversou comigo. Coma um pouco. Vai


te fazer bem. Dois dias de repouso absoluto, hein?

Rick me chamando pelo nome, me lembrava de outras


situações… as quais eu fiquei louca para que acontecessem, tipo
agora. Mas eu sabia que não seria possível. Não tão cedo.

Ele passou a mão pelos cabelos, preocupado. Pam sorriu para


mim.

— O que precisar de mim, estarei à disposição. Quando não


aturar mais esse grandão e quiser conversar, é só chamar!

— Obrigada, Pam. Sabe o quanto você é importante para nós.

— Eu estava me esquecendo. Final de semana tem churrasco


na casa de seus pais, Rick. Layla me ligou há pouco para contar e
pediu para que chamasse vocês.

— Ok, nós vamos, se Jess estiver bem, sem problemas.


Rick deitou-se ao meu lado e, recostado nos travesseiros,
acariciou meus cabelos… meu rosto… aquele arrepio que me
tomava toda vez que ele tocava em mim apareceu e me vi louca por
mais. Mas Pam estava ali com a gente e com a recomendação da
médica duvidava muito que Rick fizesse alguma coisa. Suspirando,
resignada, comi as frutas, ofereci a Pam, que pegou um pedaço de
maçã. Começamos a contar para Rick sobre nossas compras e logo
o assunto “Tony” havia sido esquecido.

— Pam, lembra-se que eu disse que gostaria que você


passasse aqui depois, para um assunto sério? Acho que não
precisamos esperar por outra oportunidade. — Disse para Pam,
sorrindo. Estava sentada, recostada nos travesseiros, mas
precisava do apoio do Rick, então me encostei nele, que passou o
braço por minhas costas, me abraçando de lado.

— Eita! Chego a me preocupar com um assunto sério…

— Queríamos que você fosse madrinha dos bebês — Rick


disse e percebi que ele havia ficado emocionado e afaguei sua mão.

— Caramba! Vão querer uma comadre meio doidinha e


desbocada pra ser madrinha de seus filhos? Uau! Claro que aceito!
Amo tanto esses dois… e vocês! Sabem que são minha família,
depois do que aconteceu com meus pais... — Pam ficou com os
olhos marejados e senti o calor de uma lágrima pingando em meu
ombro. — Que bom que você também se emocionou, grandão.
Assim não pago mico sozinha! — Ela brincou, secando as lágrimas
que escorreram por seu rosto.

Passou a mão pela minha barriga, em um carinho nos bebês.


— É uma maravilha que tenha aceitado. O padrinho será o
Theo, se ele aceitar. Algum problema com isso? — Perguntei e Pam
sorriu. Mas não foi um sorriso normal, mas um bem safado.

— Problema nenhum — o sorriso de Pam só aumentou.

Ah, será que tinha alguma coisa rolando por ali? O assunto do
batizado dos bebês rendeu e depois de algum tempo, Pam
despediu-se e ficamos sozinhos.

— Que bom que vocês compraram tudo o que precisava, Anjo,


porque para eu te deixar sair assim novamente... — Ele suspirou e
uma ruga apareceu em sua testa.

— Ei… não pense mais nisso. Já passou — encostei minha


testa na dele.

— Ah, Anjo… quase morri quando escutei a voz dele através


do seu celular. Na mesma hora saí correndo, encontrando com
Ethan no caminho… os minutos em que seguimos seu carro… achei
que ele poderia bater o carro pela maneira como conduzia. Meu
Deus!

Eu tinha que fazer algo para tirar aquelas imagens da cabeça


dele. Sexo não era uma opção, então puxei a bata para cima,
expondo minha barriga.

— Eu estou bem, amor. Eles também. Veja, sinta como estão


pulando — peguei sua mão e a coloquei sobre a protuberância
causada por um dos bebês, que se ajeitava lá por dentro de mim.
Como sempre, Rick concentrou toda sua atenção para tentar
entender o que acontecia dentro de mim, fascinado com todo
movimento e cada ondulação. Ele conversava com os bebês, que
pareciam responder com movimentos, arrancando risadas de nós
dois.
Capítulo Vinte e Dois
Os dois dias se passaram, mas Rick ainda não me deixava
fazer nada. Voltamos para casa, a segurança reforçada.

Erik, Chris e Camille vieram para o final de semana, os móveis


chegaram, Rick chamou Theo para ajudar e todos fomos arrumar o
quarto dos bebês e eu, claro, fiquei comandando tudo da cadeira de
amamentação.

Na noite de Domingo, o quarto estava perfeito, todos


supersatisfeitos com o trabalho que haviam feito e eu fascinada com
o quartinho deles. Tudo estava tomando forma, o parto
aproximando-se… logo teria meus bebês nos braços. Os três se
despediram, com a promessa de que voltariam em breve, Camy e
Chris estavam se dando tão bem, Erik, sempre tão quieto, estava
feliz da vida e superempolgado com um projeto que eu não entendi
direito, mas, segundo ele, surpreenderia a muitos.

A sexta-feira chegou e com ela a noite quinzenal dos meninos.

Obviamente eu fiquei junto com eles, pois Rick não tirava os


olhos de cima de mim. Meu marido gostoso e superpreocupado
comigo e com os bebês precisava de um tempo com os amigos,
então peguei meu livro e me sentei em uma das espreguiçadeiras,
deixando que curtissem o tempo deles.

Theo, Guilherme e Bruno trouxeram carnes, carvão e cervejas.

— Hoje, todos podemos beber um pouco, amanhã esses dois


estão de folga, então vamos aproveitar! — Theo disse, todo feliz.

Após a comilança, Rick pegou o violão e, meio altos pela


bebida, soltaram a voz e cantaram músicas lindas! Todos eram
muito talentosos, pena não terem seguido com a banda. Hoje
estariam fazendo sucesso.

Theo perguntava da Pam, meio como quem não queria nada,


mas eu percebia em seu olhar um interesse mais… romântico! Pam
tinha me contado que havia acabado de terminar com Marcelo, por
ser grudento e um pouco grosso demais.

Para testar minha desconfiança, contei para ele, afinal não era
segredo algum. Seus olhos brilharam e um sorriso enorme surgiu,
apenas por alguns momentos, o suficiente para que eu soubesse
que ali havia um coração apaixonado.

Guilherme também estava com ares misteriosos, com certeza


ligado a alguma mulher, eu só não sabia quem, mas logo
descobriria.

O único que estava normal e brincando como sempre era


Bruno.
Esse era sossegado, com o cabelo comprido, barba por fazer e
seus mais de 2 metros de altura, não demonstrava querer se
amarrar a ninguém.

Esses meninos haviam se tornado como membros da nossa


família e isso era tão bom! Theo era mais chegado a Rick, talvez por
serem os próprios patrões e também por Guilherme e Bruno
trabalharem no hospital, com horários mais puxados. Guilherme era
oncologista e cirurgião, e Bruno, enfermeiro. Eram como irmãos
para Rick, e agora, para mim também.

Tarde da noite, todos foram embora e me deliciei, de leve, com


um Rick meio bêbado e tarado, mas nem assim, menos
preocupado...
Capítulo Vinte e Três

Acordei com Rick me beijando.

— Anjo, acorde. Temos que ir para a casa dos meus pais.

Me espreguicei e com a ajuda dele me levantei. Depois de um


banho gostoso, estávamos prontos para a viagem. Quando saímos,
o motorhome estava à nossa espera.

— Meu amor… — O abracei beijando onde alcançava. —


Pensando em tudo!

A última vez em que entramos na nossa casa sobre rodas foi


retornando de nossa lua de mel e quando nos acomodamos no sofá
as lembranças me tomaram, acendendo meu fogo.

— Amor… — o olhei e ele entendeu tudo, respirando fundo.

— Jessica, não há nada nesse mundo que eu queira mais do


que te foder nesse sofá novamente, com as mãos atadas e toda
minha... — Ele ajeitou o volume de sua ereção por cima do jeans. —
Mas já abusamos ontem à noite, Anjo. Não podemos…
Ele tinha razão… um tanto quanto frustrada, me contentei com
um beijo e me acomodei em seus braços. Nunca uma hora custou
tanto a passar!

Na casa de seus pais, fomos muito bem recebidos, Rick me


apresentando a todos que eu ainda não conhecia. Me senti muito
bem entre aquelas pessoas, e estava no quintal, conversando
animadamente com Pam e as primas dele, que já eram mães,
quando meu sexto sentido despertou.

Corri os olhos pela multidão e, próximo a porta da casa, Rick


conversava com uma ruiva, curvilínea, com peitos enormes mal
contidos dentro da regatinha preta agarrada, que tocava seu braço,
no que ao longe me parecia uma conversa um pouco intima demais.

Eu não tinha sido apresentada àquela ruiva.

Com a curiosidade despertada, perguntei à Raquel, prima dele.

— Quem é aquela moça com quem Rick está conversando?

— Ah, aquela é Madalena. É uma prima distante, que sempre


arrastou a asa pro lado dele.

— Uma biscate, na minha opinião. Ela atenta a qualquer um


que passe na frente dela. Olha lá, eu não disse? Cheia de dedos pra
cima dele. Descarada! — Pam exclamou.

— Bem, o homem é meu. Meninas, não reparem. Não sou tão


impulsiva, devem ser os hormônios da gravidez — me desculpei,
levantando e seguindo para onde eles estavam.
Quando cheguei bem perto, abracei Rick por trás, como deu por
causa do volume da minha barriga, colocando a cabeça ao lado do
braço dele, para ver seu rosto.

— Oi Amor, senti saudades — disse, beijando seu bíceps.

— Anjo, conheça a Lena. Ela chegou há pouco.

— Oi, Lena. Prazer em te conhecer — sorri para ela, sem


largar dele.

— Oi. Quem é você? Quem é ela, Rick? — Perguntou, a


confusão estampada em seu rosto, misturada com ciúmes, que a
fez enrugar a testa.

— Minha esposa — Rick contou, me puxando para sua frente,


me colocando de costas para ele, abraçando-me e colocando as
mãos sobre minha barriga. — E esses são meus filhos.

Eu sabia, mesmo sem poder ver seu rosto, que ele estava
dando aquele sorriso lindo, que sempre aparecia quando falava dos
bebês.

Madalena ficou olhando da minha barriga para meu rosto, de


boca aberta.

— Mas como é possível? Quando? — Ela não conseguia


disfarçar seu descontentamento.

— Sua mãe esteve presente em nosso casamento. Foi tão


lindo, meu Anjo vindo em minha direção toda linda de noiva… —
Inclinando-me, o olhei, oferecendo os lábios para um beijo.
Madalena bufou e, dizendo meia dúzia de palavras, saiu de
perto de nós.

— Acho que ela não gostou de mim — ri baixinho.

— Obrigado, Anjo. Minha prima às vezes exagera na atenção e


acaba passando uma impressão errada, mas é o jeito dela — beijou
meu pescoço e me arrepiei. — Não gosto de ser grosso com
ninguém, a menos que seja necessário, menos ainda com parentes.
Então sua chegada foi muito bem-vinda.

Me virei para ele, passando os braços por seu pescoço,


puxando-o para mais um beijo. A frustração ainda estava presente
em mim, assim como um fogo dos infernos, que aumentava a cada
beijo, cada carícia… estremeci, mordendo seu lábio.

— Quero você, amor — o arranhei de leve sobre a camisa.


Sabia que isso o deixaria louco.

— Só se for bem devagar, Anjo — sussurrou em meu ouvido,


me deixando louca. — Entrando e saindo lentamente dessa boceta
gostosa.

— Ah, Rick... — gemi baixinho, fechando os olhos.

Queria me esfregar nele, sentir seu cheiro, arrancar suas


roupas e pular em cima dele! Mas não podia me esquecer de onde
estávamos, além de ter a certeza de que aquela prima biscate dele
estava de olho em nós.

— Quer descansar um pouco agora? Poderíamos dar essa


desculpa e ir para meu quarto... — ele mordeu o lóbulo da minha
orelha e senti meu clitóris pulsando.

— Tem crianças aqui! Por favor, controlem-se! — Escutei


Madalena dizer e abri os olhos, encarando-a. Nem preciso dizer que
o sorriso mais sacana do mundo apareceu em meus lábios.

— É tão difícil… — Rick riu baixinho, ainda com a cabeça entre


meus cabelos.

— Diabólica... — ele sussurrou e senti sua língua em meu


ouvido.

Tesão em seu estado mais puro me invadiu e o arranhei com


mais força.

Ele então se aprumou e me colocou à sua frente, decerto para


esconder sua ereção, que eu sentia prensada em minha bunda e
costas.

A fulana saiu batendo o pé e ficamos abraçados assim, olhando


a movimentação das pessoas à nossa volta, esperando um pouco
para fugirmos dali. Mas Dona Rosa nos chamou para comer e nossa
escapada foi adiada.

Uma mulher grávida já fica louca por sexo, culpa dos


hormônios… eu havia passado do limite aceitável de excitação há
horas. Tudo em mim pulsava e se contraia ao mínimo toque de Rick.
Capítulo Vinte e Quatro

Estávamos terminando o almoço, quando precisei me levantar


pela centésima vez, para fazer xixi. Rick quis me acompanhar, mas
eu já havia decorado o caminho.

Minutos depois, eu estava lavando as mãos, quando a porta do


banheiro foi aberta. Olhei e não me surpreendi ao ver Madalena
parada com uma chave de fenda na mão.

— Já estou acabando, se puder esperar…

— Primeiro, não se faça de desentendida. Você roubou meu


Rick! Vadia! — Ela apontou a chave de fenda que tinha usado para
destrancar a porta e deu alguns passos para dentro. — E olha só
pra você. Acha que ele vai ficar quanto tempo com uma buchuda
como você? Dois ainda… em pouco tempo você vai ficar uma
jamanta atolada, de tão grande e pesada! Para quem ele vai correr?

Ela apontou para seu corpo, percorrendo-o com as mãos.

Mais uma louca apaixonada por meu amor…

Meneei a cabeça, sorrindo.


— Não se rebaixe assim, não se preste a esse papel. É muito
feio — ao ouvir minhas palavras ela veio para cima de mim,
alucinada, e não tive alternativa a não ser meter a mão em sua cara.
Ela desequilibrou e cambaleou para trás. — Não se meta comigo!
Estou com os hormônios em polvorosa e louca para acabar com
essa sua cara de vagabunda! — Ela partiu para cima de mim,
mostrando os dentes, e eu temi pelos meus bebês, pois a louca
estava com a chave de fenda na mão ainda.

— E eu ajudo! — Pam apareceu atrás dela. — Uoooou... — a


agarrou pelos cabelos. — Calminha aí!

Em segundos, o circo estava armado, pois Raquel havia


chamado várias pessoas, incluindo os primos, Rick e todos os tios
presentes. O banheiro ficou pequeno para tanta gente e levaram a
louca, arrastada para fora.

Rick me alcançou, seus braços protetores me enlaçando.

— Perdão, Anjo. Ela passou dos limites.

— Não importa, amor, você é meu e isso é o que importa.

Dona Rosa apareceu trazendo um copo de água com açúcar


para mim, me levando para a sala, fazendo com que eu me
deitasse, colocando os pés para cima.

— Relaxe, minha filha. Não sei como uma coisa dessas


aconteceu embaixo do meu teto.

— Acontece nas melhores famílias. Não lamente. A senhora


não tem culpa alguma pelos atos dela — afaguei sua mão, um
pouco enrugada pelo tempo. Rick, ao meu lado, copiou meu gesto.

— Obrigada, filha. Como estão as meninas aí dentro? Eu tenho


certeza de que são duas meninas!

— Tenho certeza de que são meninos, tia. Madrinha não se


engana! — Pam entrou na conversa.

As mulheres começaram a falar sobre simpatias para descobrir


o sexo dos bebês e com muita descontração a tarde passou e logo
era a hora de ir embora. Nos despedimos de todos e entramos no
motorhome.

Nos sentamos e o motorista partiu.

— Como você está, Anjo?

— Bem, amor.

— Então, vai ficar melhor!

Ele começou a me acariciar e me derreti em seus braços.


Capítulo Vinte e Cinco

Os meses passaram devagar, minha expectativa aumentando


a cada dia. Eu havia chegado ao oitavo mês de gestação dos
gêmeos e, segundo a médica, isso era raro.

— Anjo, o que acha de passarmos o dia no sítio? Um


piquenique no nosso lugar especial? Você gosta tanto de lá… Erik e
Camy não poderão vir esse final de semana mesmo. Vamos?

Eu podia ver nos olhos de Rick que ele estava aprontando


alguma e isso aguçou minha curiosidade, então concordei na
mesma hora. Ele abriu aquele sorriso lindo que tanto mexia comigo.
Logo estávamos a caminho, Maria seguia junto com os seguranças.
Nosso sítio havia virado uma pequena fortaleza, onde Rick ficava
completamente sossegado e devo confessar que eu também.

Para chegarmos ao nosso refúgio no meio da mata, tínhamos


que ir no quadriciclo. Rick foi devagar e com muito cuidado. Lá
chegando tudo estava arrumado, a cesta de piquenique estava no
gazebo, lindamente ornamentado por tecidos e uma cama repleta
de almofadas.
Rick me abraçou por trás, após me ajudar a desmontar,
sussurrando em meu ouvido.

— O que achou, Anjo?

— É lindo demais!

— Venha ver de perto — pegou minha mão, me levando para


dentro.

Ao lado da grande cama baixa, tinha um cantinho


especialmente feito para os bebês.

— Quando eles nascerem poderemos continuar vindo para


nosso lugar especial.

— Ah, Rick! — Sem palavras para expressar minha felicidade,


enlacei os braços em volta de seu pescoço, oferecendo meus lábios
para um beijo. Minhas mãos deslizaram pelo seu peitoral,
arranhando a pele por cima da camiseta que ele usava.

— Anjo, pare com isso… ou não respondo pelos meus atos.

— Quero você… — levantei sua camiseta e ele terminou de


tirar. — Aqui e agora.

Seu abdômen trincado me deixava enlouquecida. Lambi e


mordisquei, deixando-o sem folego, enquanto acariciava seu pau
por cima da calça.

Virei de costas, rebolando e roçando minha bunda contra ele.


Suas mãos levantaram a saia do meu vestido, explorando.
Apoiando-me sobre a lateral do gazebo, me inclinei, querendo mais.
Sua língua endiabrada percorreu o caminho feito por seus dedos e
Rick me deixou com as pernas trêmulas.

Levando-me para a cama, terminou de tirar meu vestido,


sugando e beijando minha pele, meu pescoço, colo e mamilos. Sua
mão se aventurando pelo vale entre minhas pernas, atentando
minha sanidade com investidas leves e lentas em minha boceta.

— Rick, quero mais…

— Anjo, não me atente. Sabe a vontade que eu estou de te


foder como um louco alucinado. Tenho me segurado tanto esses
últimos meses…

— Não se preocupe mais com isso. A médica tinha dito dois


dias de repouso e não quase 4 meses. Me fode, amor, do jeito que
você quiser, da maneira como eu quero… vem pra mim, não suporto
mais essa espera…

Rick gemeu derrotado e me olhando com fome, abriu a calça e,


fascinada, eu vi seu pau pular para fora, lindo, grande e grosso!

Me deitei de lado, empinando a bunda para ele, que se moldou


às minhas costas. Sua mão me segurando possessivamente pelo
quadril enquanto seu pau se alojava entre minhas pernas, roçando
minha umidade.

— Anjo, qualquer coisa me avisa. Nossa, que saudade que eu


estou dessa bunda gostosa — ele sussurrou em meu ouvido,
mordendo a pontinha.
Me arrepiei toda e quando ele levantou minha perna, me
penetrando em um movimento de quadril, gemi alto.

— Isso Jess, deixa eu te ouvir, estamos sozinhos aqui...

Em uma investida mais forte, Rick tocou aquele pontinho


delicioso que só ele era capaz, causando uma forte contração em
seu pau. Seu grunhido de prazer em meu ouvido, me deixou louca
de tesão. Passando o braço por baixo de meu pescoço, Rick virou
minha cabeça, me beijando, devorando minha boca.

— Rick, Surf — sussurrei, olhando em seus olhos.

— Anjo… — reconheci o tom de advertência em sua voz.

— Eu quero, amor. Muito… — rebolei contra ele.

Ele não respondeu, apenas senti seus dedos em minha boceta,


acariciando meu clitóris, na mesma velocidade insana que me
comia, me levando ao orgasmo em segundos.

Sua boca grudou na minha, em um beijo selvagem e


possessivo, interrompido apenas pelos dedos dele entre nossos
lábios. Meu gosto em nossas bocas era tão erótico, tão… não pude
completar o pensamento, pois seu pau escorregou, encostando em
meu buraquinho traseiro, pressionando… foi impossível conter o
gemido rouco que saiu de mim.

Um tapa estalado em minha bunda, me fez contrair e apertar a


cabeça de seu pau, que estava quase toda dentro.
— Jessica… vou te foder, com força. Não consigo mais me
segurar… você está tão gostosa!

Sem esperar mais, me forcei para trás, fazendo com que ele
entrasse todo. Um grito de puro tesão escapou de mim, fazendo
com que os passarinhos voassem aos berros.

Rick segurava forte meus quadris, metendo rápido e fundo… eu


delirava de prazer, gemendo… escutando os grunhidos deliciosos
dele… uma dorzinha gostosa provocada por seus dedos em minha
pele me enlouqueceu. O nome dele era como uma ladainha em
meus lábios… palavras desconexas saiam de mim, ele sussurrava
em meu ouvido, lambendo, sugando e beijando minha pele.

O orgasmo nos atingiu ao mesmo tempo, fazendo meu corpo


estremecer junto com o dele.

— Amo você, minha vida, meu tudo… não imagino minha vida
sem você… desculpa por me segurar por tanto tempo, Anjo. Eu só
queria…

— Shhh. Eu sei. Amo você também. Muito… muito… muito…


Capítulo Vinte e Seis

A comida foi esquecida e adormecemos um nos braços do


outro, felizes e satisfeitos.

Algum tempo depois, nos vestimos e comemos alguma coisa


voltando para a casa principal, onde tomamos banho e nos amamos
delicadamente embaixo do chuveiro.

Por volta das cinco da tarde, voltamos para casa. Felipe estava
de guarda na porta.

— Tive que dispensar o Marcelo, ele andou passando dos


limites com o Theo. Está no hospital — Rick explicou, com uma cara
séria.

Aquela notícia não me causou espanto. Ultimamente Marcelo


estava mesmo um pouco abusado, acho que em parte por seu
envolvimento anterior com Pam… principalmente quando ela estava
de visita.

Quando entramos, demos de cara com todos nossos


conhecidos, que gritaram SURPRESA!
Me emocionei com a surpresa, uma contração me atingiu em
cheio, disfarcei o grito de espanto pela dor, como se fosse surpresa,
o que não deixava de ser verdade, levando a mão a boca e a outra
segurando minha barriga. A sala estava linda, decorada com
balões… eu não deixaria ninguém preocupado, com um chá de
bebê começando…

— Espero que eu tenha conseguido te entreter o suficiente


essa tarde, Anjo…

— E como, Amor.

Inclinei-me para ele, pedindo um beijo. Só tivemos tempo para


um leve encostar de lábios e então Pam passou o braço pelo meu e
me puxou, levando-me para a área da piscina.

— Bem, como uma das organizadoras desse chá de bebê, vou


levar a mamãe à festa.

— Você não existe, minha comadre! E eu achando que meus


principezinhos não teriam um chá de bebê! Olha só que coisa mais
linda!

Fui obrigada a passar os dedos pelos enfeites da mesa, todos


os docinhos, potinhos e lembrancinhas ricamente decorados com
duas coroas pequeninas em tons de azul.

— Escolhemos azul porque é uma cor neutra. Não que


meninos não possam usar rosa...

Ri do jeitinho de Pam.
— Ficou lindo demais, Pam! Mal acredito no que estou vendo.
Até a piscina vocês decoraram! — Outra contração me atingiu e
segurei a barriga, sem pensar.

— Venha se sentar. Esse barrigão deve pesar uma tonelada —


Pam brincou e a segui.

Nos sentamos e os garçons começaram a servir canapés e


delicias variadas. As contrações estavam bem espaçadas e não me
preocupei muito, ficando sentada a maior parte do tempo. Rick
sentou-se ao meu lado e Guilherme veio até nós contando suas
novidades e ofereceu para, a qualquer momento que
precisássemos, agilizar tudo no hospital, para o nascimento dos
bebês. Agradeci de coração, pois eu sabia que em breve precisaria
disso…

As brincadeiras começaram e ri muito vendo os homens em


fila, tomando uma mamadeira de cerveja, quem acabasse primeiro
ganharia uma daquelas latonas enormes de cerveja. Muitas
brincadeiras se seguiram, e amei cada segundo daquela surpresa
deliciosa.

Se não fosse por essas contrações…

Elas agora estavam mais próximas e eu estava começando a


me preocupar.

Pouco tempo depois, Theo e os meninos foram para o palco e


me emocionei mais uma vez… pouco depois uma contração me fez
perder o ar.
Capítulo Vinte e Sete

Eu estava ofegante e olhava em volta à procura do Rick. Não


tinha forças suficientes para chamá-lo, pois estava um pouco
distante. Então escutei Pam me chamar.

— Ei, Jess. Você está bem?— Perguntou, chegando mais perto,


passando a mão em meus cabelos. Eu estava suando.— Meu Deus,
Jess, são os bebês? Eles estão nascendo?

Apenas confirmei com a cabeça.

— Acho que a emoção foi demais! Foi muito lindo!— Consegui


sussurrar.

Havia chegado a hora, meus bebês iriam nascer!

Pam gritou para Rick, mas ele não escutou. Ela pediu para que
eu tampasse os ouvidos e metendo os dedos na boca, deu um
senhor assovio. Na mesma hora, Rick olhou e veio correndo em
minha direção.

— Chegou a hora, Anjo?


— Amor, nossos principezinhos querem conhecer o papai e a
mamãe. Um pouco apressadinhos, mas... — parei no meio da frase,
uma contração muito mais forte me atingindo, minha barriga ficou
dura e perdi o fôlego. Ofegando, apertei a mão dele e senti o líquido
escorrer por minhas pernas...

— Porra, Anjo. Se essa força toda que me apertou for pela dor...

Olhei para ele com todo o amor que sentia, a emoção toda de
hoje, junto com a chegada dos nossos bebês, me deixando ainda
mais emotiva.

— Pegue as coisas deles. Minha bolsa estourou — sussurrei


novamente, ofegante.

Vi Rick olhando em volta e fazendo sinal para Guilherme que,


na hora, tirou o celular do bolso, creio que ligando para o hospital.

— Pam, Theo, corram até o quarto deles e peguem as malas,


sim? Estão ao lado da cômoda. Não tem como errar. Vou levando
meu Anjo para o hospital, me encontrem lá.

— Ei, eu vou também — disse Erik.

— Até parece que eu vou ficar aqui — Camy falou. — Galera,


todo mundo pro hospital, os bebês estão nascendo! — Ela gritou,
chamando a atenção de todos.

Rick me pegou no colo, Erik já estava com a chave do carro na


mão, com Camille em seus calcanhares.
Em minutos estávamos no carro, a caminho do hospital, Bruno
indo na frente com sua moto, como um batedor.

No hospital, Bruno subiu com a gente, uma vez que era


enfermeiro e, segundo ele, faria parte de uma das equipes
pediátricas. Fui levada direto para a sala de preparo, onde segui as
instruções da enfermeira, tirando meu vestido e colocando a
camisolinha do hospital, sem nada por baixo. Meus brincos, corrente
e aliança ficaram com Rick, que logo apareceu com a roupinha
verde do hospital ao meu lado, seguido de perto por Bruno.

— Vou ficar com você todo o tempo, Anjo.

— E eu vou ver se está tudo certo lá dentro e já volto.

A médica apareceu, me examinando, e não fez uma cara muito


boa.

— Jessica, tenho duas notícias. Vou começar com a boa. Você


está com 9 dedos de dilatação, seus bebês logo estarão em seus
braços, e a não tão boa, é tarde demais para uma peridural. Vamos
te levar para a sala de parto agora mesmo.

Ela fez sinal para a enfermeira, que começou a empurrar a


cama onde eu estava. Mais uma contração superforte e senti uma
vontade absurda de fazer força. Incontrolável. A pressão era tão
forte em minha pélvis que não tive como não empurrar, prendendo a
respiração, a dor quase me partindo em duas.

Assim que passou, percebi que estava esmagando os dedos de


Rick, que me olhava com os olhos arregalados.
— O que eu posso fazer, Anjo? Me diga…

Rick parecia desesperado, pálido e assustado.

— Nada amor, a coisa é assim mesmo… — outra dor lancinante


me tomou e, nesse momento, enfermeiros me transferiram para a
mesa de parto. Oxigênio foi colocado em minhas narinas e a médica
colocou minhas pernas em cima dos suportes, dois sensores foram
atados à minha barriga e escutei o som dos coraçõezinhos batendo.
A cada contração, os batimentos diminuíam e eu olhava assustada
para a médica.

— Calma, Jessica. É assim mesmo. Na próxima contração, faça


toda a força que conseguir, faça força aqui nos meus dedos — ela
não precisou falar duas vezes e obedeci na hora. — Vou te dar uma
anestesia local, pois preciso abrir espaço para o bebê.

— Doutora, isso é uma mãozinha? — Escutei Rick perguntando


e olhei para ele, que estava olhando para o meio das minhas
pernas, branco como cera.

— Sim, com a anestesia local, você não vai sofrer, Jessica.


Preciso colocar o bracinho para dentro novamente, pois primeiro
tem que passar a cabecinha.

Rick respirou fundo e voltou para perto da minha cabeça, onde


era seguro. Mais uma dor chegou e a médica fez um sinal positivo
com a cabeça, e mais uma vez, forcei. O barulhinho do choro do
meu bebê foi a coisa mais linda que eu poderia escutar. Olhei para
Rick que chorava, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto tão lindo,
olhando novamente para onde a cabecinha do bebê aparecia.
— Ponha a mão aqui, Jessica, sinta seu bebê.

A emoção me tomou e acariciei o que não conseguia ver, mas


era a coisa mais mágica que poderia acontecer. Na próxima
contração, empurrei e a médica levantou aquela coisinha minúscula,
que balançava os bracinhos, chorando.

Ainda conectado ao cordão umbilical, a médica puxou minha


camisola um pouco, expondo meu seio e o colocou sobre mim, pele
contra pele. O abracei, chorando.
Capítulo Vinte e Oito

— É um menino, Anjo. São meninos! — Rick me beijou na testa,


suas lágrimas, misturando-se às minhas.

Meu bebê era loirinho e me olhava com lindos olhos azuis, bem
abertos e espertos. Tal qual os olhos do pai.

— Ele é tão parecido com você, amor. Seu filho. Nosso filho.

A médica nos interrompeu, prendendo o cordão umbilical entre


duas pinças, estendendo a tesoura cirúrgica para Rick.

— Quer fazer as honras, papai?

Com mãos trêmulas, Rick cortou o cordão umbilical, e voltou a


me beijar na testa. Bruno chegou até nós, com um pano nas mãos e
começou a limpar o bebê, colocou a pulseirinha nele, no pulso e no
tornozelo, nela escrito bebê A. Fiquei admirada como um homem
tão grande podia ser tão delicado.

As dores recomeçaram e ofeguei.


— Vou levar esse pequeno para limpar, medir e pesar. Pode
ficar sossegada que vou cuidar dele.

Vi Bruno se afastar e logo eu estava sendo consumida por


dores novamente, fiz força novamente e dessa vez foi mais fácil.

O segundo bebê nasceu tão rápido!

Novamente Rick cortou o cordão e me admirei com a cor dos


olhos do pequenino. Tão iguaizinhos!

Rick agora tinha um sorriso de canto a canto.

— Parabéns, meu Anjo. Você foi demais!

Eu estava exausta. A médica ainda entre minhas pernas, mexia


por lá, mas eu não me importava. Um alívio gigantesco e um torpor
tomou meu corpo. Senti uma coisa grande saindo de mim e olhei
assustada para ela.

— Acalme-se, Jessica. É apenas a placenta.

Suspirei aliviada. Não me lembrava disso, do nascimento de


Erik e Camy… mas também, foi tudo tão diferente naquela vez, eu
tão nova e as dores… o desconhecido… Mas agora, com meu amor
ao meu lado, havia sido um momento mágico demais.

— Rick, venha olhar seus filhos, tirar fotos para a posteridade,


homem.

Ele me olhou e assenti.


— Vá lá, amor. Eu estou bem e acho que vai demorar um
pouquinho aqui.

Ele me beijou e, andando de costas, mandou muitos beijos.


Suspirei e fechei os olhos, descansando um pouco.

Deixar Jessica naquela mesa de parto, sozinha, foi muito difícil,


mas Bruno tinha razão. Todos estavam esperando na sala de
espera pelos meninos e então fui paparicar meus filhos.

Meus filhos!

Sorrindo como um bobo, tirei foto de todo jeito. Bruno dando


banho em um deles, enquanto outro enfermeiro banhava o outro,
pesando os dois, de seus rostinhos tão lindos.

Eu era um pai babão!

— Aqui, Rick, pegue seus filhos e vá se exibir com eles para o


pessoal lá fora.

Bruno colocou um bebê em cada braço meu e fui seguindo-o,


todo orgulhoso, carregando minha prole. Tão pequeninos e
enroladinhos daquela maneira pareciam tão frágeis!

Em frente ao vidro, vi todos amontoando-se para tirar foto dos


meninos e me senti o homem mais sortudo da face da terra, pois
tinha meu Anjo e agora meus filhos.

Meus sonhos tornaram-se realidade… é, a vida não poderia ser


melhor!

Epílogo

Um ano depois.

Hoje, estávamos comemorando o aniversário dos meninos.

Fred e Felipe estavam brincando felizes no enorme cercadinho


que havíamos montado na sala, lindos de viver, loirinhos e com
incríveis olhos azuis, eles eram o xodó de todos.

Rick havia escolhido o nome do bebê A, dando a ele o nome de


seu avô, Frederico, que chamávamos carinhosamente de Fred e eu,
superagradecida por Felipe ter me salvo das garras do maldito, o
homenageei colocando seu nome no bebê mais novo. Rick
concordou na hora, grato demais por ele ter me salvado não só
uma, mas duas vezes, a primeira sendo quando Tony entrou na
academia, tentando me forçar a falar com ele, aquele grosso, e
Felipe disse umas verdades para ele, ganhando tempo para que
Ethan fizesse seu trabalho.

Nunca mais havia tido notícias de Tony, mas sabia bem que
Rick estava de olho, a segurança reforçada me dava essa certeza.

Olhando minha casa hoje, nada lembrava a mesma casa de


anos atrás, onde eu ficava sempre solitária com Erik e Camille.
Cercada de amigos, crianças e muita alegria, nossa família tinha
crescido e eu estava muito orgulhosa da cumplicidade existente
entre todos nós. Não éramos irmãos de sangue, mas muito mais
unidos do que muitos que tinham o laço sanguíneo.

— O que está pensando, Anjo? — Rick sussurrou em meu


ouvido, me surpreendendo, abraçando-me pela cintura.

— Estava pensando em como a vida é boa.

— Sim. Lembra-se de quando começamos e eu disse que logo


você estaria rodeada por amigos? Pois bem, cumpri minha
promessa.

— Era exatamente isso que eu estava pensando. Que os


amigos são a família que o nosso coração escolhe. E eu não
poderia pedir nada melhor que isso.

Bruno e Guilherme, que estavam conversando em um canto,


levantaram-se sorrateiramente, esgueirando-se pela porta da
cozinha.
— Lá vão eles… os ladrõezinhos — Rick riu e me beijou os
cabelos.

Logo as meninas e Theo entraram disfarçadamente na cozinha


também.

— Vou lá dar um susto neles — dei uma última olhada nos


meninos que estavam ladeados por Erik, Layla, Camy e Chris.

— Já já eu vou atrás — Rick riu, me dando um tapinha de leve


na bunda.

— Amor, não me dê ideias… ou em vez de irmos ver o que


estão fazendo, vou te levar lá pra cima e ui ui ui.

Ele riu e me deu um beijo.

— Depois que todos forem embora, você será minha menina.

Todo meu corpo respondeu à menção daquela simples


palavrinha. A muito custo, obriguei-me a me afastar devagar,
respirando fundo para acalmar meu corpo.

Cheguei na cozinha, com ares de brava.

— Vi todo mundo se esgueirando pra cozinha, o que vieram


fazer aqui? — Perguntei, ainda na porta.

Rapidamente Bruno escondeu uma bandeja atrás da cadeira.

— Viemos roubar uns docinhos, mas quando chegamos aqui,


esses três já tinham acabado com todos os reservas — Pam disse,
rindo.
Fiz cara feia e fui pisando duro para perto deles. Abri um
armário e retirei mais uma bandeja de docinhos variados.

— Pronto. Depois de tantas festas com vocês, eu sabia que isso


aconteceria, então fizemos a mais — Abri um sorriso e todos
suspiraram aliviados.

— Ouvi falar em roubar docinhos? — Rick chegou, me


abraçando pela cintura, estendendo o braço e enchendo a mão de
brigadeiros.

— Ah, vocês são fogo, viu! Pega mais uma bandeja ali, amor.
Eu também vou querer! — Ri com eles.

Ficamos todos conversando e brincando com o assunto dos


doces. As crianças juntaram-se a nós e suspirei feliz.

Eu não lembrava em nada a mulher solitária, desanimada e


triste de alguns anos atrás. Me separar do maldito e cuidar de mim
foi sem dúvida a melhor coisa que eu fiz. Hoje eu era feliz, realizada,
amada e também amava incondicionalmente. Meus filhos
conversavam com nossos amigos, desinibidos, enturmados,
transpirando segurança e felicidade, cercados por amigos sinceros e
fiéis… eu não podia querer mais nada da vida!
Continua em Inevitável
INEVITÁVEL

KACAU TIAMO

Copyright © 2014 Kacau Tiamo


Agradecimentos
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Fernando Pessoa

Como dizem, o que sonhamos juntos vira realidade.

Obrigada às minhas amigas do peito, Diana Camêlo, Lilia Britto,


Graziela Lopes, Luana Silva, Luciana Rangel, Ionara Carvalho,
Helena Costa, Helena Solon, Talita Oliveira, Andréia Calegari,
Mônica Menezes, Edna Santana e Elania Silva que me aguentam
diariamente, sem vocês minhas lindas, não sei o que seria de mim.

A todas as minhas leitoras fiéis, que me apoiaram no decorrer


da criação de Inevitável, o meu muito obrigada!

Aos blogueiros parceiros, meu agradecimento especial, pelo


apoio, divulgação e amizade.
Meninas dos grupos do FB, obrigada pela participação,
comentários e incentivo diário.

Beijocas no coração de todos vocês.

Apreciem sem moderação :)


Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Epílogo
Capítulo 1

— Como assim o contrato não está pronto? Preciso dele nos


próximos 10 minutos! Dá um jeitinho Lili?

Pressionei os dedos nas têmporas, tentando diminuir a dor de


cabeça que me consumia. Olhei no relógio e ainda faltava meia hora
para acabar o expediente. Não via a hora de sair e dar uma
passadinha no Café da Avenida. O lugar me deixava relaxada só de
entrar e sentir os aromas que se misturavam no ambiente, o
cheirinho de café e especiarias...

Humm... Só de pensar já me dava água na boca. Sem falar do


Theo, que, com certeza, estaria lá.

Theo... Ele é tudo o que uma mulher pode querer. Simpático,


carinhoso, amigo e romântico como nenhum outro, mas
comprometido. O que, de certo modo, fazia nossa amizade mais
fácil, só que eu não podia negar que ele mexia comigo como
nenhum outro.

Seus cabelos castanhos claro, seus olhos que hipnotizavam e


que dependendo do seu humor mudavam a cor, uns dias verdes e
em outros azuis claros, sua boca carnuda que pedia para ser
beijada e que ficava ainda mais atraente quando aquele sorriso se
desenhava nela e suas covinhas apareciam.

Jesus que calor que me deu! Me abanei com um livro que


estava sobre minha mesa, a dor de cabeça indo embora como em
um passe de mágica. Theo agora acabava de ganhar mais um
adjetivo, meu melhor remédio.

Uma batida na porta me tirou dos pensamentos e Lilia, minha


secretária, entrou trazendo o contrato que eu estava esperando.

— Poxa mulher, por que tanta demora?

— Desculpa chefinha, problemas com a impressora. — Sorriu


tímida.

Essa menina valia ouro. Meu braço direito aqui dentro da


Solaris, minha empresa de vigilância automatizada.

A Solaris surgiu de uma ideia antiga, um trabalho da faculdade


que deu certo. Nossos programadores desenvolveram com
perfeição minha ideia e hoje monitorávamos mais de vinte mil
unidades entre residências, estabelecimentos comerciais e médicos.
A empresa funcionava vinte e quatro horas por dia, tínhamos que
ficar de olho permanentemente.
Esse contrato, que a Lilia me entregou, era para a empresa do
Theo, e isso queria dizer que hoje, com certeza, nos
encontraríamos. Nunca marcávamos nada, mas desde que nos
conhecemos na festa de final de ano da academia do meu primo em
parceria com a Solaris, nos encontrávamos todos os dias.

Ele sabia mais sobre mim, do que qualquer outra pessoa na


face da terra e eu sobre ele. Não tínhamos papas na língua e
conversávamos sobre tudo e qualquer coisa - exceto sobre Ella,
sempre dizia que um dia me explicaria sobre ela, que era um lance
complicado - , era somente ali, no nosso café e nada mais. Sem
telefonemas, sem encontros por fora, nada marcado. Tudo dependia
da vontade que tínhamos de nos ver.

Olhando novamente o relógio, percebi que já estava na hora.


Sei que, como dona, eu poderia sair na hora que bem entendesse,
mas gostava disso, de manter uma regularidade. Uma rotina.

Passei no banheiro anexo, escovei os dentes, refiz minha


maquiagem, alisei minha roupa e ajeitei o cabelo. Queria estar bem,
afinal, hoje falaríamos sobre negócios.

Desliguei o computador, arrumei minha mesa, peguei minha


bolsa e os envelopes com os contratos, fechei meu escritório e me
despedi da Lilia.

— Até amanhã lindona. Feche tudo direitinho. — Mandei um


beijinho para ela. Estava ansiosa para rever o Theo.

Fui andando até o café, que ficava apenas a algumas quadras


da Solaris. A essa hora as ruas estavam cheias com
congestionamento, carros buzinando, enfim, todos com pressa de
chegar em casa depois de um dia de trabalho, mas eu só pensava
nos olhos verdes que encontraria logo mais. Ou estariam azuis
hoje? Será que ele havia chegado? Empurrei a porta e o sininho
tocou, avisando a atendente de que mais um cliente estava
chegando.

Diana correu até mim e me deu um abraço apertado.

— Pam, já estava preocupada. Você é sempre tão pontual e


hoje está quinze minutos atrasada! — Disse ela, rindo de mim.

— Di, hoje tenho um encontro de negócios. — Abaixando o tom


de voz, perguntei. — Ele já chegou?

Percorri o salão com os olhos e não o vi.

— Ainda não Pam, creio que logo logo ele estará abrindo
aquela porta. Venha se sentar, não deixei ninguém pegar a mesa de
vocês.

Diana me levou até a mesa de canto, próximo a última janela do


salão e esperou eu me sentar. Para não demonstrar minha
inquietação, sentei de costas para a porta.

— O mesmo de sempre?

— Sim, Di, pode me trazer um mocaccino especial.

Ela concordou com a cabeça e se foi, me deixando sozinha com


meus pensamentos. Olhei pela janela, o entardecer estava lindo, as
nuvens coloridas do crepúsculo, o sol laranja no horizonte como
uma bola de fogo e fiquei olhando os carros passando, as pessoas
correndo, atarefadas.

O sininho da porta tocou e fiquei esperando. Será que era ele?

Senti um calor por trás e sabia que ele estava ali, seu perfume
me envolveu e sua voz rouca me arrepiou.

— Olá, desculpa linda, me atrasei hoje.

Virei-me, ele me deu um beijo na bochecha e acariciou meus


cabelos. Eu adorava isso. Deixou-se cair no banco a minha frente.

— Já pediu?

— Já Theo, deve estar chegando. — Seus olhos se prenderam


nos meus e entreabri os lábios para puxar o ar que pareceu fugir de
mim.

Aqueles olhos me deixavam fora do ar. De um verde meio


azulado... Jesus, eram lindos. Imprevisíveis. E essa gravata?
Caramba, ela atiçava minha imaginação...

Ele pegou minha mão por cima da mesa e acariciou meus


dedos.

— Senti sua falta Pam. Não via a hora de vir te encontrar.

Limpei a garganta, não queria que ele percebesse o efeito que


tinha sobre mim. Abri a boca para falar e Diana chegou trazendo
dois mocaccinos. Caramba, o que estava acontecendo comigo? Por
que eu estava tão nervosa?
— Olá Theo, me adiantei e trouxe o seu também. Espero que
gostem. — Foi se afastando e deu uma piscadinha para mim.

Essa Diana era terrível!

Provei, esperando que ajudasse a me acalmar e quando eu ia


falar de novo, senti os dedos de Theo em minha boca.

— Está suja de espuma do café. Deixa eu limpar pra você. —


Passou o indicador pelos meus lábios e chupou o dedo. — Humm,
está uma delícia.

Meus olhos caíram para sua boca, perfeita e bem desenhada,


ela se abriu em um sorriso devastador, mostrando as covinhas em
seu rosto.

— É, está sim... Bem, aqui está seu contrato Theo. É só assinar


que amanhã cedo meus homens instalarão o equipamento. —
Passei o envelope para ele, que tirou a caneta do bolso, puxou um
pouco as folhas de dentro, rubricou e assinou as duas vias. Puxou
uma e me entregou.

— Prontinho, aqui está. Só faço uma exigência. Quero que você


monitore minha sala. Não quero nenhuma outra pessoa fuçando
minha vida. Meu escritório, quem vai monitorar é você. Fechado?

Me engasguei com o café que estava tomando e tossi por um


bom tempo. Deus do céu, eu seria capaz de ficar olhando ele o dia
todo?

— Theo, você sabe que eu não trabalho no monitoramento.


Tenho funcionários especializados e muito confiáveis que fazem
isso.

— Sim, eu sei, mas eu quero você. — Disse em um tom de voz


sedutor e me encarou.

Aquilo soou mais como uma confissão do que como pedido.

Engoli em seco e tomei mais um gole de café. Estendi a mão


para ele, que pegou rapidinho.

— Fechado. — Disse, encarando-o.

Eu devia estar louca, em aceitar isso. Mas ia fazer e que Deus


me ajudasse.
Capítulo 2

Ela tinha aceitado minha proposta! Eu não estava acreditando,


achei que ela ia bater o pé e negar até a morte. Agora era começar
a planejar... Mas antes tinha que ter certeza de que ela poderia ser
minha e só minha.

— Pam, e o Marcelo? Como vocês estão? — Ela estava saindo


com um dos seguranças da academia do primo, Rick, e se aquele lá
em cima gostasse um pouco de mim, eles estariam de mal a pior.

— Não estamos saindo mais. Foi um lance passageiro, você


sabe. Tô solteirinha de novo, e hoje, eu e a Di vamos a uma casa
noturna nova, a Sanders. Quem sabe eu não encontro o novo
Senhor Príncipe Encantado? — Começou a rir, aquele riso rouco e
delicioso dela, que me deixava duro como pedra dentro do meu
terno.
Teria que comprar umas cuecas mais apertadas para usar
quando nos encontrássemos, ou seja, todo dia! Senhor, se eu
tivesse que me levantar agora, chamaria a atenção de todos pelo
volume da minha calça.

— Eu queria sair hoje também, mas levei Ella ao médico mais


cedo e ela está em casa me esperando.

— E você deixou ela sozinha em casa? Ela está doente? O que


ela tem para precisar ir ao médico? — Pam estava visualmente
abalada pelo estado de saúde de Ella.

— Nada, vamos mudar de assunto, uma outra hora eu te conto


tudo sobre a minha Ella.

Toda mulher gostava de adrenalina e o fato de eu ter esse


compromisso, sempre as deixavam doidinhas por mim. E eu me
aproveitava disso, não me orgulhava, mas jogava com as cartas que
tinha.

— Ok, mudando de assunto então. Não vai nem ler o contrato?


E se eu te prendi para o resto da vida comigo, em alguma cláusula
louca?

— Vou amar ficar preso a você por toda a eternidade. — Olhei


em seus olhos e puxei sua mão, levando a minha boca e roçando de
leve sua pele.

Senti que ela estremeceu e em seus olhos vi algo como desejo


cru passando rapidamente.
Ela me queria tanto quanto eu a queria... Humm. Era óbvio o
clima entre nós desde a festa de Natal da academia, onde nos
conhecemos e a cada dia eu percebia mais e mais seu interesse por
mim.

Desviando o olhar, olhou para seu café, que esfriava.

Ficamos conversando por mais um tempo, a cada oportunidade


eu pegava sua mão e ficava acariciando com o polegar. Sua pele
era tão macia e seu perfume de baunilha me deixava tonto.

O celular vibrou em meu bolso e eu sabia que era hora de ir.


Era tão bom estar com ela, tão calmo e tão certo, como se fossemos
feitos um para o outro... Eu não tinha vontade de sair de perto dela,
mas precisava. Minha Ella estava em casa e logo teria a troca de
turno das enfermeiras.

— Linda, tá na minha hora. — Levantei-me e contornei a mesa.


Abaixei-me colocando as mãos em seu rosto, segurando firme, olhei
em seus olhos e dei um beijo em sua bochecha, muito próximo a
boca. Senti que ela soltou a respiração quando meus lábios tocaram
sua pele. O que será que aconteceria se eu a beijasse na boca e
nossas línguas se tocassem? Afastei-me e me despedi. — Até mais.

Acenei para Diana que nos observava e fui pagar a conta. O


que essas duas aprontariam hoje à noite, hein? Duas mulheres
lindas soltas em uma casa noturna em plena sexta à noite...

Esfreguei o rosto afastando esse pensamento. Ainda não era da


minha conta o que ela fazia, mas logo seria. Um plano se formou em
minha cabeça e sorri. Sim, isso daria certo e ela seria minha!
Saí e fui andando até o estacionamento, entrei no carro e dei a
partida.

Cheguei em casa e fui ver minha Ella. Estava deitada em minha


cama, encolhida e abraçando os joelhos, em posição fetal.

— Você está bem, meu amor? Precisa de alguma coisa? Está


com dor? — Perguntei preocupado.

Ella estava pálida e com olheiras. O tratamento era muito forte,


mas era necessário.

— Estou bem, Theo. Fique sossegado. O que você vai fazer


hoje? Não fique em casa cuidando de mim, pelo amor de Deus! Vá
passear, dar uma volta... Basta eu, doente e entrevada nessa cama.

— Não querida, vou ficar com você. Vamos ver um filme, comer
pipoca... Uma sessão de cinema em casa.

— Podemos até fazer isso querido, mas após nossa sessão de


cinema, você vai sair e espairecer um pouco. — Ella me pediu com
aqueles olhos do gatinho do Shrek, que não dá para a gente negar
nada.

— Ok, você venceu. Eu vou, mas até lá você vai ficar comigo,
no meu colo ou bem pertinho de mim. Te amo muito, Ella. — Abracei
e beijei seus cabelos.

Ela despertava em mim um instinto protetor, queria proteger e


cuidar dela, como ninguém mais nesse mundo. Ella tinha todo o
meu amor e minha atenção.
Peguei-a no colo e levei para a sala, deitei-a no sofá com
cuidado, sentei e ajeitei sua cabeça em minha perna, selecionei um
canal de filmes na TV e ficamos assistindo. Acariciei seus cabelos
até que o filme acabou e ela dormia como um bebê.

Olhei no relógio e ainda tinha tempo de sobra para pegar as


meninas entrando na casa noturna e ficar de olho na Pam... Saí do
sofá devagar, coloquei uma almofada sob sua cabeça e fui tomar
banho. Faria o que ela queria, ia sair um pouco e quem sabe me
divertir... com a Pam! Eu mal podia esperar.

PAMELA

Falta de ar e tremor pelo corpo todo... Tive que respirar fundo


depois daquele beijo meio a meio. Papai amado, se ele me beijasse
na boca o que seria de mim? Gozaria na hora em que sua língua
encostasse na minha!

Ri da minha própria desgraça. Eu precisava arrumar alguém


para aplacar esse meu fogo, mesmo sabendo que a coisa só
pioraria com a monitoria que eu faria, pelo menos agora de início.
Logo arrumaria alguma desculpa e escaparia daquela tortura.

Isso só poderia ser chamado assim, passar o expediente todo


de olho na movimentação dele. Mas eu faria, não era mulher de
fugir de um desafio, e esse, com certeza foi um.

Fiz sinal para Diana vir até a mesa.

— Di, que horas eu passo na tua casa?


— Umas dez horas, a gente faz um esquenta lá e depois
vamos. Hoje promete! — esfregou as mãos, sorrindo.

Diana era uma irmã postiça para mim, sempre apoiando quando
eu precisava e dando um puxão de orelha, quando eu achava que
não precisava.

Fui pagar, porém Theo já havia acertado tudo, então me


despedi dela. Ele sempre fazia isso, por mais que eu reclamasse...
Fui andando de volta até a Solaris, pensando no que a noite
prometia...

Verifiquei se tudo estava bem fechado em meu escritório e se


todos estavam em seus lugares.

Entrei no carro e fui para casa, tomei um banho, passei perfume


em lugares estratégicos e escolhi um vestido preto, meias 7/8, ligas
e uma calcinha pequenininha. Para finalizar, brincos, uma pulseira e
sapato vermelho. Me olhei no espelho e BINGO! Hoje eu não ficaria
sozinha! Olhei para o relógio e já estava atrasada. Caramba, o
tempo passou e nem tinha percebido. Escovei os dentes e passei
maquiagem. Prontinha!

Peguei as chaves e fui para casa da Diana. Teríamos que pular


o esquenta essa noite. Queria chegar enquanto não estivesse muito
lotado para pegar uma mesa boa na área VIP, onde tinha os
melhores caras, mais lindos e gostosos! Hoje eu estava
necessitada...

Cheguei à casa da Diana e ela veio rapidinho.

— Poxa, Pam, podia ter ligado para avisar que ia se atrasar....


— Eu... atrasada.... Desculpe, perdi a noção do tempo.

— Hoje você está no mundo da lua mulher!

— Vamos Di, nossa noite vai começar bem, mesmo sem o seu
esquenta.

Fomos brincando e cantando até a Sanders, deixei o carro com


o manobrista e entramos. Nossa, isso ainda estava morto! Bem, era
essa mesmo a minha intenção ao não querer chegar muito tarde.

Já entramos dançando, Dance Again, bombando. Senti que


alguém estava me olhando e reparei em volta, olhando para alguns
caras, mas nada de especial. Fomos para área Vip e pegamos um
drink. As músicas e a bebida foram me deixando mais solta e fui
prestando cada vez menos atenção a minha volta, a música de Ne-
Yo — Let´s Go -, me consumindo e dançando como se não
houvesse amanhã.

THEO

Rapidinho fiquei pronto e fui para a Sanders. Entrei e arrumei


um lugar no bar, com visão perfeita para a entrada e meia hora
depois elas chegaram.

Cara, ela estava linda! Com os cabelos castanhos


avermelhados, rebeldes... sabia muito bem da maciez e do perfume
que eles exalavam... Fiquei louco para chegar nelas, mas ainda não
era hora. Pam estava com um vestido preto, que envolvia seu corpo,
meia calça e sapatos de salto, vermelhos, daqueles que só de olhar
já dava um tesão da porra... Me ajeitei na calça e continuei a olhar
para ela. Seus olhos verdes refletiam as luzes da pista, assim como
seus cabelos.

Ela sorria e conversava com Diana, olhava para os lados e


retribuía alguns olhares, outros, ignorava completamente. Foram
para a área VIP, que era bem em frente de onde eu estava. Pediram
uma bebida e começaram a dançar, tomaram um, dois, três drinks, a
dança ficando mais ousada, Pam jogava os cabelos enquanto
dançava e requebrava os quadris...

Porra, se na cama ela rebolasse metade daquilo eu seria um


homem feliz!

Fui andando devagar no meio da multidão e chegando perto


dela. Diana, que estava virada para mim, me olhou e coloquei o
dedo na frente dos lábios pedindo silêncio, ela só concordou de leve
com a cabeça e sorriu.

Aproximei-me por trás dela e a envolvi pela cintura, ao mesmo


tempo em que sussurrei em seu ouvido.

— Oi, Neném.
Capítulo 3

PAMELA

Antes mesmo de ouvir sua voz em meu ouvido e suas mãos em


meu corpo, eu já sabia que ele estava atrás de mim. Seu calor e seu
perfume me envolveram, deixando-me mais tonta do que eu já
estava.

Deus que delícia de voz... Neném... Me senti amolecer e


esquentar, a umidade entre minhas coxas cresceu, molhando minha
calcinha. Fechei os olhos, me encostei em seu corpo e estendi os
braços para cima, enfiando os dedos em seus cabelos e continuei a
dançar, roçando meu corpo no dele, sentindo sua ereção contra
mim, crescendo... Ele me acompanhava a cada rebolada, dançando
comigo.
A música mudou e começou a tocar uma muito gostosa, Mágico
de Mika Mendes, virei para ele, passei os braços pelo seu pescoço
e começamos com os movimentos sensuais da Kizomba, olhos
grudados e corpos também.

Vi quando ele entreabriu os lábios puxando o ar e o puxei mais


para mim, lambendo aquela boca como eu sempre quis fazer.
Contornei-a com a língua e testei, encostando a minha na dele.

Estremecemos juntos, uma corrente elétrica, percorrendo


nossos corpos. Sua mão subiu pelas minhas costas e agarrando
meus cabelos, aprofundou o beijo, me dominando, possuindo minha
boca com maestria.

Esqueci-me completamente de onde estava e me entreguei ao


beijo, ao roçar dos nossos corpos e ao tesão que me consumia. Ele
devorava minha boca com força e vontade... e eu só pensava
naquela boca em outra parte do meu corpo! Chupei sua língua e ele
gemeu, me puxando pela bunda, prensando-me de encontro a sua
ereção que pulsava.

Deus como eu queria esse homem! Queria ele, nu e mandando


ver em mim... na cama, prensada na parede, no chão, na mesa...
Hummm. Deixei escapar um gemido rouco e descendo as mãos
pelo seu peito, arranhei.

Theo se afastou um pouco quebrando o beijo e me olhou com


tesão, arregalando um pouco os olhos. Queria mais de seus beijos,
esperei tanto por isso...
O beijei de novo e meio andando, meio beijando, acabamos
chegando ao canto mais escuro do camarote VIP, onde ele me
prensou na parede e desceu os lábios pelo meu queixo, mordendo,
beijando e chupando seu caminho até meu pescoço, minha orelha,
onde lambeu e mordeu a pontinha.

Eu me esfregava nele, completamente entregue, gemendo


baixinho, beijando e lambendo onde eu conseguia. Ele gemeu em
meu ouvido quando minha mão escorregou e eu segurei sua
ereção.

Jesus, ele estava tão duro que dava para sentir seu contorno
através do jeans, seu pau estava grosso com a cabeça saliente e
delineada. Hummm, eu o queria em minha boca. O pensamento
tomou forma e sussurrei em seu ouvido.

— Theo, quero você em minha boca... profundamente, todinho.


— Para afirmar, o beijei chupando novamente sua língua, roubando
dele outro gemido rouco.

— Neném... Vem comigo. — Me puxou pela mão e fomos para o


estacionamento.

Ele acionou o controle, abrindo a porta do carro para mim. Entrei


rápido, o álcool não me deixando pensar. Eu só queria ele, o mais
rápido possível, em minha boca, em meus seios... dentro de mim!

Logo que ele entrou, mal esperei que fechasse a porta e já fui
atacando seu cinto, abrindo os botões da calça com um puxão,
tirando-o para fora. Que pau mais lindo, perfeito! Contornei a cabeça
rosada com a língua e o engoli todo de uma vez, acariciando com a
língua e o sentindo em minha garganta.

Fiquei parada, sugando, pressionando com os lábios e


passando a língua pela base. O gemido dele e o estremecimento de
seu corpo me fez sugar mais forte e apertá-lo com minha boca.
Comecei a me mexer, chupando o comprimento, dando atenção
especial a aquela cabeça protuberante e deliciosa. Joguei os
cabelos para o lado e, olhando para ele, mordi de leve. Sua cara de
tesão, de prazer era a coisa mais linda do mundo e fui engolindo ele
aos poucos.

O olhei o quanto pude, não querendo perder sua expressão,


seus olhos grudados em minha boca em seu pau. Por cima do
jeans, acariciava suas bolas e descendo um pouco mais pressionei
o períneo, descendo até sua bunda acariciando em movimentos
circulares enquanto o tinha entrando e saindo da minha boca. Theo
gemia e me agarrava pelos cabelos.

— Minha gostosa... vou gozar na tua boca. Você vai engolir


tudo. — Ele ordenou.

A partir daí ele tomou conta, segurando meus cabelos,


mandando em meus movimentos, socando gostoso em minha boca.
Eu queria mais, ele todinho e quando ele apertou minha cabeça de
encontro ao seu corpo, pressionei mais forte em sua bunda e
arranhei seu peito. Suguei forte, apertando com os lábios e
acariciando com a língua. Ouvi seu rosnado, ao mesmo tempo, que
seu pau pulsava em minha boca e ele gozava fundo em minha
garganta.
Continuei chupando e lambendo ele todinho. Era inevitável, eu
não conseguia parar. Como ele era gostoso!

Afastando-me dele, percebi que estava de joelhos em meu


banco.

— Pam, que boca maravilhosa você tem.

— Você meu gostoso, é que tem um pau delicioso. — Gente,


aqueles drinks eram bons mesmo! Cadê meu filtro entre o cérebro e
a boca? — Observe.

Fui subindo um pouco a saia, devagar, até que o escutei respirar


fundo. Minhas meias e ligas apareceram e seus olhos cresceram em
mim. Continuei a subir a saia, até mostrar minha calcinha para ele.

— Delícia, quero ver mais. — Sussurrou, meio sem fôlego.

Coloquei ambas as mãos embaixo da saia e desfiz os laços que


seguravam minha calcinha no lugar e a deixei cair no assento do
carro.

— Que bocetinha linda...

Aproveitando de minha desinibição, passei a mão pelo meu


sexo, acariciando-me diante de seus olhos. Enfiei um dedo dentro
de mim e olhando para ele, levei meu dedo à boca e chupei.

Ele veio me beijar, segurando minha nuca, perdi o equilíbrio e


encostei-me em seu peito. Theo se inclinou para frente e colocou o
banco todo para trás, mais uma mexida e o banco reclinou
totalmente.
Eu parecia uma boneca em suas mãos e em um movimento
rápido, me colocou deitada no banco e foi descendo a boca pelo
meu corpo, mordendo meus seios por cima do vestido, minha
barriga, até chegar onde queria. Levantou o rosto e me encarou.

Com a mão ele me acariciou de leve, me provocando com um


dedo, testando. Enfiou o dedo entre minhas dobras e o senti
escorregar em minha umidade. Outro dedo se juntou ao primeiro e o
senti me penetrando devagar. Nossos olhos colados, minha
respiração acelerando e, com os lábios entreabertos, gemi
arrastado. As sensações provocadas por seus dedos e o olhar em
seu rosto me deixaram insana.

— Quero sua boca em mim, meu gostoso. Me lambe, me morde,


me chupa. Sou sua.

Prazer se estampou em seu rosto, seus olhos verdes brilharam


e ele abriu minhas pernas. Fiquei exposta ao seu olhar. Seu dedo
encostou em meu clitóris e acariciou de leve. Me senti tonta com a
sensação de sua carícia, encostei a cabeça no banco do carro e
gemi baixinho... senti seu hálito em minha pele e o olhei novamente.

Me cheirou e gemeu. Sua língua tocou de leve meu botãozinho


e eu estremeci inteira. De repente ele me atacou, caindo de boca,
beijando, lambendo, pressionando a língua em meu clitóris,
sugando, esfregando seu rosto em minha boceta molhada... Sua
língua percorreu todo meu sexo, descendo e lambendo minha
bunda, me deixando louca. Voltando sua atenção para meu sexo,
me penetrou com a língua, subiu e sugou meu clitóris, mordeu de
leve e o apertou com os lábios.
Eu já estava a ponto de gozar, mas não queria acabar com
aquilo... Era tudo o que eu queria há tempos, cada vez que eu
olhava aquela boca, pensava em como seria ter ela no meio de
minhas pernas. O pensamento não era nada em comparação com a
realidade!

Minhas pernas começaram a tremer, meu corpo a se agitar e


senti ele me segurar mais forte, lambendo meu clitóris com vontade.

— Goza Neném... Quero seu suco, sua água, mata minha sede,
sacia minha vontade de você e goza na minha boca. — Disse a
centímetros de meu clitóris. — Goza Neném, treme em minhas
mãos... Agora você é minha, só minha, gostosa. — Voltou a me
lamber toda. — Deliciosa!

Meteu os dedos dentro de mim e apertou meu clitóris entre os


lábios, batendo nele com a língua. O orgasmo tomou conta de mim
como um tornado, gemi alto e gritei o nome dele.

— THEO! Ah...

Agarrei seus cabelos, meu corpo tremendo, convulsionando


enquanto ele me segurava com o braço sobre meu ventre e lambia
de leve minhas dobras, meu botãozinho e enfiava a língua em mim.
Deus, que coisa louca!

Quando meus tremores diminuíram, ele subiu pelo meu corpo e


me beijou na boca. Meu gosto em seus lábios me arrepiou e me vi
lambendo seu queixo, em volta da boca e ele sorrindo. Lambi
também suas covinhas e dei um beijo em cada uma. Coisa mais
linda esse homem...
Demos um pulo quando escutamos uma batida na janela.
Olhamos em volta e os vidros do carro estavam embaçados.

Outra batida e senti que ele puxava a saia do meu vestido para
o lugar e a camisa por cima da calça. Pulei para o banco do carona
e ele abriu a porta, já que as chaves só Deus sabe onde estariam.

— Vocês, por favor, encontrem outro lugar para isso, sim? Aqui
no estacionamento não pode. — Disse o manobrista da Sanders.

Comecei a rir da situação e Theo se juntou a mim. Ainda rindo,


ele respondeu ao manobrista e fechou a porta.

— Quer ir pra minha casa? Ou pra sua? — Ele me perguntou,


se chegando para me beijar mais uma vez.

— Sua Ella não está lá?

— Está, mas ela tem um sono pesado... Vamos?

— Ah, Theo, não vai dar, estou de carro e a Di está comigo.

— Humm, ok. Mas isso não acaba aqui. Estamos apenas


começando e nem pense em fugir de mim amanhã. Agora você é
minha. — Me beijou possessivo. Ah, delícia!

— Não se mexa. — Theo saiu do carro e deu a volta, abrindo a


porta para mim. Saí do carro e peguei minha calcinha.

— Toma, fique pra você. Para que não se esqueça dessa noite.
— Disse, com um sorriso safado.

Pegando-a, a aproximou do rosto e cheirou.


— Pam, vou guardar e dormir com ela pertinho de mim, sentindo
seu cheiro. — guardou no porta-luvas do carro e fechou a porta.
Passou o braço pelos meus ombros e beijou meus cabelos.

— Vamos pra dentro de novo, procurar a Diana. Ela deve estar


pensando onde diabos nós nos metemos.
Capítulo 4

Entramos e a música nos envolveu. Era mais fácil passar por


todos, dançando. Theo se postou atrás de mim e segurou minha
cintura com as duas mãos. Moldou seu corpo no meu e fomos
dançando e andando até o camarote VIP onde tínhamos deixado a
Diana.

Olhei em volta e não a encontrei.

Bem, logo ela apareceria.

Pegamos uma bebida, Theo insistiu para que eu pegasse uma


água, já que eu iria dirigir. Ficamos dançando, nos beijando e
curtindo.

Do nada, Diana chega perto de nós, bêbada, amparada por um


cara.
— Vocês dois hein, eu sempre soube que ia acontecer. — Diana
gritou e soluçou, colocando a mão na boca.

Agradeci o rapaz que estava com ela e a peguei pelo braço.

— Di, vamos embora, você não está bem. Me ajude aqui, Theo.

Ele a pegou por um braço enquanto eu a amparava pelo outro e


fomos saindo. Theo pegou nossas pulseiras e passou pelo caixa na
saída. Depois eu acertaria com ele, porque agora eu não podia
largar a Diana, que se recostava em mim e ria, de tudo e qualquer
coisa.

Eu ria junto e até mesmo o Theo não conseguia se conter.

— Amiga, já falei que te adoro? Você é a irmã que não tive. —


Me beijava no rosto e ria. — Cadê o gostoso que tava comigo? Ei
lindinho vem cá! — Dizia ela para todo cara que passava e ria
novamente, entre soluços.

— Você vai ter trabalho hoje à noite. Vai precisar de ajuda?


Posso ficar com vocês... — Disse Theo ao meu ouvido, passando a
mão pelas minhas costas de um jeito que não deixava dúvidas
sobre o tipo de ajuda que ele queria me dar.

— Theo! Com certeza apreciaria uma ajuda, mas não sei se


Diana vai aprovar isso amanhã. Por tê-la visto dessa maneira, já vai
ficar bem constrangida, quanto mais ajudar a cuidar dela.

Chegamos ao meu carro e enquanto procurava as chaves,


deixei Theo segurando Diana.
— Você sabe que Pam está caidinha por você, se não te
encontrasse hoje, ela ia te agarrar amanhã, ou depois... Acho até
que ela está apai... — Escutei Diana dizendo e me deu um frio na
barriga. Tratei de interromper logo aquilo.

— Eita, tá delirando já? Vamos, entre no carro Diana. — Ajudei


a colocá-la no carro.

Putz ela estava com a língua solta, caramba!

— Obrigada, Theo. Não se esqueça que amanhã meus rapazes


irão instalar o equipamento todo.

— Não se preocupe, Pam, estarei lá. E você não se esqueça do


que me prometeu. Ninguém mais vigia meu escritório a não ser
você.

Fechei a porta do carro e ele me puxou para perto, colando


nossos corpos e nossas bocas. Me beijou de um jeito que me
deixou de pernas bambas, roçando sua ereção em mim, me
segurando pela bunda e pela nuca. Minhas mãos foram para seus
cabelos e me entreguei totalmente à perícia daquele homem
gostoso. Queria a boca dele em mim novamente, mas Diana
esperava dentro do carro e já estava batendo no vidro, para chamar
minha atenção.

— Neném, você é minha. Não tente fugir de mim amanhã, ou


depois. — Sussurrou, nossos rostos ainda muito próximos.

Concordei com a cabeça, minha voz parecia ter saído para dar
uma volta e respirei fundo para retomar o controle sobre meu corpo.
Jesus, se ele dissesse “Vira, levanta a saia, que eu vou te
comer no capô do carro, aqui no estacionamento pra todo mundo
ver”, eu obedeceria. O que esse homem tinha?

Dei mais um beijinho nele e me despedi, dando a volta e


entrando no carro. Olhei para o lado, onde eu o havia deixado, mas
ele não estava mais ali, dei partida e saí do estacionamento, indo
para a casa da Diana.

Chegamos e a ajudei, pegando a chave na bolsa dela, abrindo a


porta e quando ia entrando com ela, escutei uma buzina e a voz do
Theo.

— Neném, tem certeza que não precisa de ajuda?

— Sim, Theo, já vamos entrar, vou ficar com ela essa noite.
Pode ir, ficaremos bem. — Nossa, ele era teimoso!

— Ok, só queria me certificar de que chegariam bem. Vim atrás


de você o caminho todo e não percebeu. — Enquanto falava,
desceu do carro e veio até nós. — Poderia ser um tarado ou coisa
pior, e você não teria visto.

Ele segurou a porta aberta enquanto entrava com Diana e a


deixava no sofá.

— Ei, Theo! — Disse Diana, meio sonolenta. — Fique à


vontade, eu só vou... — Se recostou em uma almofada e apagou.

— Essa não vai dar trabalho essa noite, já está ressonando


como um bebê!
— Verdade, Theo. Obrigada por zelar por nós o caminho todo.
— Cheguei perto dele, na intenção de dar um selinho, mas ele tinha
outras ideias.

Envolveu-me em seus braços e encostou os lábios nos meus,


suavemente, nossos olhos e corpos grudados, foi andando
lentamente, até me ter contra a parede. Enfiou as mãos em meus
cabelos, deixou minha boca e começou a distribuir beijos pelo meu
rosto todo, sem pressa. Nariz, testa, bochechas, boca novamente,
inspirou próximo de meu ouvido, me arrepiando, beijou meu
pescoço, mordeu meu queixo...

Passou para a outra orelha, lambeu e sussurrou.

— Te quero tanto minha gostosa, estou louco de tesão por você.


Te quero há tanto tempo...

Seus beijos suaves retornaram à minha boca e suas mãos


desceram pelo meu corpo, apalpando minha pele, enchendo as
mãos com meus seios, circulando meus mamilos, roçando...

Minha umidade foi crescendo, impossível de conter, meu desejo


louco por ele aumentando e minhas mãos passeando por seu corpo.
Passei as unhas por cima de seu comprimento, fazendo-o puxar o
ar, respirando em minha boca.

Seu controle foi para o espaço com minha carícia. Chupei sua
língua e ele atacou. O beijo ficou selvagem, bocas se consumindo,
línguas duelando, mãos se tornaram frenéticas e rudes, apertando,
apalpando. Gemíamos um na boca do outro, o tesão chegando a
níveis insuportáveis. Abri seu cinto e puxei a calça, fazendo os
botões se abrirem todos.

Tirei seu pau para fora, levantei minha saia e o encostei em


minha boceta molhada. Seria tão fácil! Um impulso e ele entraria
todo em mim.

Theo ficou insano, apertou minha coxa e foi deslizando a mão,


apalpando minha pele até minha bunda. Apertou, beliscando, e deu
um tapa. Aquilo teve contato direto com meu sexo, que se apertou
todo.

Homem delicioso! Tudo que pedi ao papai do céu. Gemendo


alto ele me encarou, segurou as bochechas da minha bunda, me
levantando e me abrindo. Passei as pernas por sua cintura e seu
pau se aninhou na minha entrada. Ele me olhava, como se
esperasse minha permissão. Sentia minha umidade escorrendo pelo
períneo, encostando nos dedos dele que pressionavam meu ânus.

Eu o queria mais do que qualquer coisa e concordei com a


cabeça. Senti ele me abaixando em seu pau, a cabeça
pressionando, pedindo passagem... Hummm...

— Urrrghhh...

O barulho da Diana vomitando no sofá, nos fez pular, nos


separando em um impulso, assustados. Tínhamos esquecido
totalmente de onde estávamos e da coitada da Diana, bêbada no
sofá, ali pertinho.

Fomos acudir à pobrezinha, corri para o banheiro peguei o


cestinho de lixo e voltei correndo, tentando salvar a situação.
— Theo, melhor você ir agora. Isso não vai ficar melhor. Já
passei por isso algumas vezes e a coisa não é bonita. Ela vai ficar
envergonhada amanhã. Vá, amanhã a gente conversa.

Ele se chegou pertinho de mim, cheirou minha nuca e mordeu


de leve.

— Está bem, Neném. Eu entendo. Me prometa que, se precisar


de mim, vai me chamar.

— Eu prometo, Theo.

— Ok. Até amanhã então, meu Neném lindo. Sonhe comigo.

— Boa noite e bons sonhos, meu gostoso.

Me beijou os cabelos e levantei a cabeça para um último


beijinho. Ele roçou os lábios nos meus e se foi, fechando a porta
atrás de si.

— Muito bem Di, vamos para o banheiro, tirar essa roupa e


tomar um banho. Você passou da conta hoje, mas obrigada. Teria
sido fácil demais, rápido demais.

— Ai, minha cabeça, meu estômago. — Reclamou Diana,


obedecendo e me ajudando a tirar a roupa suja.

Ajudei-a a chegar até o banheiro e liguei o chuveiro, colocando-


a embaixo, sem esperar a água esquentar. Assim era melhor, um
choque térmico ia ajudar a melhorar a bebedeira. Deu tão certo que
nem precisei ajudar mais, mas fiquei por perto caso ela vacilasse.
Um tombo no box só pioraria a situação.
Ficou algum tempo por ali e percebi alguma melhora em seu
estado geral. Coloquei creme dental na escova de dentes e deixei
na pia, entreguei uma toalha para ela e fui pegar um antiácido no
armário da cozinha.

Em meia hora estávamos conversando, quase dormindo na


cama dela. Não sei quem apagou primeiro, acordei assustada com o
barulho da campainha, olhei em volta e já estava claro. Fui atender
a porta, bocejando e me espreguiçando pelo caminho, alisando meu
vestido.

Abri a porta e havia um homem ali.

— No que posso ajudar? — Perguntei esfregando os olhos.

— Senhorita Pamela Swanson? — O homem perguntou.

— Sim, sou eu. — O que aquele sujeito queria comigo, na casa


da Diana?

— Só um minuto, Senhorita.

O homem se afastou pela garagem. Eu havia esquecido de


fechar o portão na noite anterior. Que perigo, cacete!

Fiquei olhando e meus olhos se arregalaram ao ver o tamanho


do buquê de rosas vermelhas que ele trazia.

— Aqui, Senhorita. Pode assinar o recibo de entrega?

Aquilo só podia ser obra de uma pessoa! Assinei e devolvi ao


homem, recebendo o buquê enorme em meus braços.
— Tenha um bom dia Senhorita. — E se foi.

Aproveitei e acionei o controle, fechando o portão da casa.


Entrei e cheirei as rosas. Ali, no meio delas tinha um cartão. Puxei e
abri.

“Neném,
Não se esqueça de que você agora é minha.
Beijos minha gostosa,
Seu Theo.”

Logo abaixo o número do celular dele.

Simples assim. Sou dele? Ah tá!

Comecei a rir da situação. Que homem mais louco! Ele era


comprometido, pelo amor de Deus! Agradeceria a Diana novamente
por ter interrompido na hora certa e me impedido de cometer uma
loucura que certamente me arrependeria depois.

Fui dar uma última espiada em Diana e ela dormia calmamente.

Juntei minhas coisas e escrevi um bilhete para ela. Peguei


minhas rosas, saí e fechei o portão por fora, colocando o controle na
caixa do correio, como fazia sempre.

Em casa, tomei um banho e caí na cama, dormi até o meio-dia.


Só passaria na Solaris perto das duas, quando acabariam de
instalar o equipamento do Theo e eu teria que fazer alguns ajustes
nas câmeras, ângulos e posições pelo servidor remoto.
Comi alguma coisa, me troquei e fui para o escritório. Estava
fazendo os ajustes e chegou à vez da sala do Theo.

Tomei um susto quando vi sua sala repleta de buquês de rosas


e ele parado no meio olhando para a câmera. Fiz um movimento
com a câmera para que ele soubesse que eu estava olhando, sem
me lembrar que poderíamos nos comunicar por ali mesmo. Ele foi
até sua mesa e digitou alguma coisa no note e apareceu em minha
tela.

Isso é uma coisinha minha, precisava de um meio de


conversar com você e assim poderemos nos falar a qualquer
hora.

Olhou para a câmera e atirou um beijo para mim.

Sorri e um pensamento me ocorreu. Ele não podia me ver, só


eu a ele. Meu sorriso cresceu ainda mais com a minha ideia para
provocá-lo. Eu iria adorar tudo isso!
Capítulo 5

Conversamos um pouco pelo computador. Ouvi um barulho


estranho e olhei em volta. Nada. Eu continuava sozinha em minha
sala. Voltei minha atenção para câmera e a conversa. Outra vez o
barulho!

Só que, dessa vez, percebi que era meu estômago roncando


de fome. Olhei o relógio e putz! Já eram sete da noite e, como
sempre acontecia quando estávamos juntos, perdemos a noção do
tempo.

Poxa, você já viu que horas são? Meu lindo, vou para casa.
Já está tudo certo e o equipamento funcionando perfeitamente.
Meu estômago me avisou que está na hora do jantar.
Se eu não tivesse que ir pra casa... Eu não quero, quero
ficar aqui com você, mas preciso ir.

Seu rosto era uma máscara de contrariedade e percebi que


suas palavras eram sinceras.

Tudo bem, eu entendo. Seu amor o espera. Vá para casa.


Até segunda.

Desliguei o monitor.

Bem, eu não tinha motivo para ficar brava ou irritada. Afinal ele
nunca havia mentido sobre Ella, entrei nessa sabendo muito bem o
que me esperava. Com um suspiro, liguei a tela e aproximei a
imagem. Ele olhava para a tela do computador, sem piscar, seus
dedos voando pelo teclado.

Até segunda, o caralho! Nem pense em me deixar sem você


amanhã o dia todo. Dê um jeito! Eu te adoro Neném, você é
minha e só minha.

Olhou para a câmera como se pudesse me ver.

— Quero você. Se você pudesse sentir como estou duro, chega


a doer de tanto que te quero, minha gostosa... depravada. Lembro
da sua boca em mim cada vez que fecho os olhos... — Sua voz
rouca me deixou louca.

Percebi que seu braço se mexia um pouco e mudei o foco,


mexendo a câmera seguindo pelo seu ombro, seus braços fortes
aparecendo pela manga dobrada. Ele afastou a cadeira e pude ver
que ele acariciava seu pau por cima da calça, fazendo com que ele
ficasse demarcado. Seu tamanho impressionante me deixou com
água na boca e querendo...

Cliquei no microfone da câmera e fiz a voz mais sexy que


consegui.

— Theo, você me deixa com água na boca. Eu quero você,


muito!

Ele olhou para os lados, sobressaltado e vi sua mão apertando


a ponta de seu pênis. Seus lábios se abriram e ele puxou uma
respiração.

— Menina má. Podia falar comigo esse tempo todo e sei que
pode me escutar também. Vai ganhar um castigo por isso. — Um
sorriso lindo apareceu marcando suas covinhas e seus olhos verdes
se iluminaram.

— Aham, pode me castigar meu gostoso, mas não hoje. Até


segunda. Ah, estou te mandando uma imagem, para você olhar
quando sentir saudades de mim. — Abri os botões da minha camisa
e tirei uma foto de meus seios fartos que quase escapavam do sutiã
de renda branca. Conectei o celular ao computador e mandei para
ele, através do chat.

— Safada, me atiça... — Sua voz estava ainda mais rouca,


baixa e provocou um arrepio em meu corpo.

— Beijos, Theo. Até mais.

— Boa noite, Neném, sonhe comigo e me conte amanhã.


Sorri e desliguei o computador. Deus, eu estava cansada e
morrendo de fome. Peguei o celular e liguei para Diana. Quem sabe
ela não queria sair para comer alguma coisa?

— E aí mulher, melhor?

— Que dia horrível! Você me paga por me deixar sozinha e


sumir com o Theo.

— Bem, você estava muito bem acompanhada quando nós


voltamos. Vamos comer alguma coisa?

— Humm... Você tem certeza disso? De que eu estava muito


bem acompanhada? Não me lembro de muita coisa...

— Vamos comer uma pizza, estou com uma fome de leão.


Estou passando aí. — Sem esperar resposta, desliguei. Fechei tudo
e fui direto para o Café.

Diana já me esperava do lado de fora e Eduardo, que era o


garçom, colocava a tranca na porta de correr.

— Ei Du, quer ir comer com a gente? Vamos devorar uma pizza!

— É vamos, vai ser legal. — Os olhos da Diana correram para


mim, como se perguntando se eu tinha percebido alguma coisa. Me
fiz de boba e esperei os dois entrarem no carro.

Paramos em frente à nossa pizzaria preferida, entramos e


escolhemos uma mesa.

— Diz aí Du, de que pizza você gosta? Vamos pedir uma


gigante com três sabores!
Comemos, conversamos e bebemos. Nenhum de nós era
chegado em cerveja, então pedimos batidas de morango com vinho.
Aquilo subia que era uma maravilha, mas nenhum de nós percebeu,
bem, eu, pelo menos, não percebi. Pagamos e quando me levantei
tudo rodou.

— Wow... Acho que passei da conta. — Olhei para os dois que


riram de mim.

— Hoje é o dia da vingança! — Diana falou entre risos.

— Credo Di, eu cuidei de você! — Tudo girava, mas eu me


sentia bem. Eu acho...

Cada um me abraçou de um lado e me levaram para casa.

— Di, fique com meu carro e leve o Du pra casa. Amanhã


quando der, você vem aqui e traz ele.

Dei tchau para eles e entrei, fechando o portão atrás de mim.


Digitei a sequência na trava eletrônica da porta e, com um clique,
ela se abriu. Essa era uma das vantagens em se trabalhar com
tecnologia e segurança. Desativei o alarme e bati a porta, o
suficiente para que o alarme ligasse sozinho novamente.

Fui arrancando a roupa e me atirei na cama, de calcinha e sutiã,


e fiquei pensando. O que será que o Theo estaria fazendo agora?
Na certa estava com Ella aos beijos e dando um jeito na vontade
que eu despertei nele. Será que eu teria coragem de ir até o fim com
ele, sabendo da outra?
Meu celular vibrou avisando que tinha recebido uma mensagem
de texto.

“Hoje à noite... Olhe para a lua e pense em mim... estarei


aqui, olhando para ela e pensando em vc... Se sentir uma
brisa... roçando seu rosto, seus lábios e seu corpo... Feche os
olhos e me sinta, pois são meus beijos que chegaram até
você... Boa noite, Neném.”

Eu, muito tonta, corri para abrir a janela. A brisa noturna bateu
em meu rosto levantando meus cabelos como dedos invisíveis. Não
é que o sem vergonha ordinário sabia o que estava fazendo?

Olhei para a lua, que estava cheia e brilhante, sorri e me larguei


na cama deixando a janela aberta. Adormeci olhando a lua e
pensando no meu Theo delícia, com a brisa fresca em meu corpo.

THEO

Fechei o escritório e fui para casa. Estava louco para saber


como minha Ella tinha passado o dia. Acima de qualquer coisa, Ella
era minha prioridade, meu bem mais precioso. E Pam também, de
um modo totalmente diferente. Ela mexia com meus sentidos, me
atiçava, fazia o fogo crescer dentro de mim.

Entrei em casa e fui logo chamando por Ella. Ela respondeu,


com uma voz fraca, que estava no quarto. Corri até lá.

Sentei-me ao seu lado na cama e acariciei seus cabelos.


— Oi princesa, cheguei. — Dei um beijo de leve em seus
cabelos e a olhei. Seu aspecto não era nada animador. — Como
passou o dia, amor?

Ela respondeu que havia só ido até a sala, visto um filme e


retornado ao quarto. A aninhei em meus braços e a embalei até ela
adormecer. Coloquei sua cabeça com cuidado nos travesseiros e fui
para sala.

Meu Deus, quando esse martírio acabaria? Vendo minha


princesa assim, com dor, passando por todo esse tratamento
terrível, com seus altos e baixos... Eu a queria bem e cheia de vida
como ela sempre foi!

Recostei-me e deixei a tristeza tomar conta de mim, chorei,


largado no sofá. Que vida coitadinha! Cabia a mim, fazer de seus
dias suportáveis e, na medida do possível, felizes.

Passei as mãos pelos cabelos e sequei as lágrimas. Fui até a


cozinha e fiz um lanche. Não tinha fome, mas sabia que teria que
comer para permanecer forte para Ella.

Comi e olhei pela janela... A lua cheia brilhava no céu e me


lembrei da minha gostosa. Pam. Peguei o telefone e soltando meu
lado romântico, escrevi uma mensagem para ela e enviei.

Que vontade de saber como ela estava! Bem, ela achava que
não me veria no dia seguinte, mas ela havia esquecido do churrasco
na casa do primo dela, Rick, que estava comemorando o oitavo mês
de gestação de sua esposa. Eu queria uma vida como a do meu
grande amigo. Paz, sossego, mulher e filhos a quem me dedicar e
pensar no futuro.

Com esse pensamento e Pam na minha cabeça, fui para cama


e relaxando, adormeci.
Capítulo 6
PAMELA
Domingo. Ah, que delícia ficar na cama sem nada para fazer,
dormir até não poder mais! Sossego...

Fechei os olhos e me espreguicei. O que será que Theo estaria


fazendo agora? No mínimo acordando Ella com beijinhos com
aquela boca deliciosa, que me deixava arrepiada só de lembrar do
que era capaz...

Suspirei e me levantei.

Estava a caminho da cozinha quando meu celular tocou.


Estranho, quem estaria me ligando em pleno domingo de manhã?

Corri para atender e vi que era Rick. O quê que o doido do meu
primo queria?
— Espero que seja alguma coisa importante... — Já fui brigando
de brincadeira.

— Bom dia pra você também. Implicante. Esqueceu do


churrasco, né? Vá já tomar um banho e traga essa bunda pra cá! Já!
— Disse ele, rindo do outro lado.

— Ok, ok, eu tinha esquecido mesmo, desculpa, já estou indo.


Beijo e manda um na barriga, para Jess. — Desliguei e corri para o
chuveiro. Jess era um amor e eu, como madrinha, não podia me
atrasar para um evento desses.

Rapidinho tomei um banho e coloquei um vestido leve. Apesar


de estarmos no primeiro dia de Agosto, estava quente e o céu
estava sem nuvens, perfeito para um churrasco. Rasteirinhas, uma
maquiagem leve... enfiei um biquíni na bolsa e fui.

Meu carro! Ah, estava na casa da Diana... Fiz sinal para um


táxi que estava passando e dei o endereço dela.

Lá chegando, toquei a campainha e fiquei olhando a rua.

— Ei, bom dia!

— Du? O que está fazendo aqui? Cadê a Di? — Perguntei,


sobressaltada. Wow... Será?

— Ela ainda está dormindo...

— Ok, ok, só passei para pegar meu carro...

— Certo, vou abrir o portão e pegar sua chave.


Assim que o portão se abriu, me esgueirei porta a dentro e o
que vi só confirmou minhas suspeitas. Eita, eita... Roupas
espalhadas pelo chão... Voltei para fora e fiquei ali esperando. Bem,
eles eram maiores de idade, portanto não era da minha conta.

— Aqui sua chave... — Eduardo disse, estendendo-a para mim.

Dei um beijo em seu rosto e desejei boa sorte. Entrei em meu


carro e saí de lá, deixando os pombinhos a sós.

O percurso até a cada de Rick passou despercebido, acho que


fiquei chocada em ver o Eduardo na casa da Diana, assim pela
manhã.

Cheguei e fui entrando.

— Ô de casa, olha quem está chegando... — Minha voz sumiu e


eu paralisei na porta da cozinha. Hoje era mesmo o dia das
surpresas...

Na área da piscina estava Theo, de sunga, óculos escuros e


uma lata de cerveja na mão, ao lado do meu primo que estava de
sunga também, exibindo seu corpo malhado, mas que me passou
quase despercebido. O que havia com esses homens que ficavam
de sunguinha agarradinha? Um bermudão e camiseta seria bem
melhor para minha concentração!

— Ei Pam, que bom que você chegou! — Jess falou atrás de


mim, me tirando do transe.

Ela estava linda com seu barrigão enorme. Uau!


— Jess, que saudade! Como estão meus afilhadinhos? — A
abracei e passei a mão em sua barriga, os bebês se mexeram lá
dentro e nós rimos.

— Eles já reconhecem sua voz e seu toque Pam. É incrível


como ficam pulando e se mexendo toda vez que você chega perto.
— Jess ria, sua barriga mexia e os bebês também, provocando mais
risos ainda.

— Oi, minha gostosa. — Theo sussurrou em meu ouvido, me


abraçando por trás, me assustando e mesmo assim senti meu corpo
respondendo a sua voz, meus mamilos enrijecendo.

Jess me olhou, arregalando os olhos em surpresa.

— Quando vocês iam contar para mim que tinha alguma coisa
acontecendo aí? — Ela perguntou, meio brava com a gente.

— Eles ficaram na sexta à noite Anjo, dá um desconto. É tudo


muito recente. — Rick passou o braço pelos ombros de Jess, a
puxando para perto e beijando seus cabelos. Passando a mão em
sua barriga, completou. — Viram pequeninhos? A dinda e o dindo
agora estão juntos... se forem rapidinhos como a mamãe e o papai
logo vocês terão um amiguinho vindo por aí. — Ele riu da minha
miséria.

Além de estarmos juntos há tão pouco tempo, ainda tinha Ella,


Rick sabia disso e ainda assim tirava com a minha cara. Fazer o
quê? Família!

— Vamos Anjo, venha tomar um pouquinho de sol enquanto


ainda não está muito forte. — Pegou a mão de Jess e a levou para
fora da cozinha.

Theo me puxou para um canto, me abraçou e olhou direto em


meus olhos.

— Bom dia, Neném. — Sua boca caiu na minha, devorando,


cheia de saudade.

Envolvi meus braços em seu pescoço e as mãos em seus


cabelos. Senti sua ereção quente, pulsando em minha barriga e o
fogo cresceu em meu corpo. Jesus!

Separando nossas bocas sussurrei.

— É nessa hora que você se arrepende de colocar uma


sunguinha tão apertada.

— Argh, você me deixa louco de tesão. — Atacou minha boca


de novo e começou a se roçar em mim, me deixando louca de
vontade...

— Ei vocês dois, façam o favor de virem para cá. Já já o povo


vai começar a chegar e por Deus, deixem o agarramento pra depois.
— Rick gritou lá de fora.

— Vai indo, vou pegar minha bermuda no quarto de hóspedes.


Não posso sair assim. — Ele apontou para sua sunga que já estava
com uma manchinha de umidade.

Aquele pau grosso e comprido... Aquela manchinha me deixou


com água na boca e eu estava prontinha para segui-lo até o
quarto...
— Pam, vem logo! — Jess gritou para mim.

— Vá lá. Hoje você não me escapa... — Theo disse ao meu


ouvido, dando uma mordidinha no lóbulo da minha orelha.

Concordei com a cabeça. Era inevitável que acontecesse algo.


Existia um fogo, um tesão, uma fome, uma vontade louca entre a
gente, que aparecia do nada, só com um olhar. Coisa louca.

Fui para beira da piscina, onde Jess estava recostada em uma


espreguiçadeira de biquíni, tomando sol, com o barrigão lindo
exposto.

— Tenho que aproveitar enquanto o resto do pessoal não


chega, Rick não vai me deixar ficar assim na frente de todos. — Ela
riu e acariciou os bebês.

— Tudo pronto pra eles?

— Tudo prontinho. Gravidez de gêmeos é complicada, mas


estou bem, eles estão crescendo bem mais do que o esperado.
Acho que vão ficar aqui dentro um bom tempo ainda. Rick não me
deixa fazer muita coisa. Só não está aqui grudado, porque você está
comigo. Mas amo isso nele, essa proteção, esse carinho... — Ela
disse, com lágrimas nos olhos.

— Ei, assim vou chorar também! Sabe como eu sou chorona...


Vamos mudar de assunto... E seu ex, não aprontou mais?

— Sabe que ele está preso e vai ficar ainda por um bom
tempo... depois da última então, só se complicou mais. Acho que
agora não tenta mais nada, mas com o Tony, nunca dá para ficar
sossegada.

Os filhos de Jess chegaram com minha prima Layla e vieram


para perto de nós, arrancaram a roupa e pularam na piscina. Theo
estava demorando para colocar aquela bermuda... As pessoas
começaram a chegar e o lugar estava ficando cheio.

Estava na casa da piscina me trocando no vestiário, já havia


colocado o biquíni e estava guardando minhas coisas, quando senti
mãos deslizando pela minha cintura. Eram mãos fortes, calejadas e
eu sabia muito bem a quem pertenciam.

— Marcelo, por favor, não fique com essas intimidades, tá? O


que existia entre nós acabou. — Peguei suas mãos e as afastei de
mim.

— Pam, você nunca vai deixar de ser minha cadelinha deliciosa.


— Marcelo sussurrou, se chegando por trás e vindo me beijar na
nuca.

— Ah, tá bem... Até parece. Eu já estou com outra pessoa


Marcelo. Acabou mesmo. Tudo. — Escapei de seu abraço e
juntando minhas coisas fui indo em direção a porta.

— Veremos. — Ele disse baixo e ameaçador.

O que ele estava pensando? Não dá atenção quando tem e


quando perde vem atrás? Olhei pela área toda a procura do Theo e
nada. Fui andando pelo meio das pessoas e cheguei perto do Rick.

— Ei Grandão, viu o Theo por aí?


— Aham, ele mandou avisar que ia buscar Ella. Ela estava
passando mal, mas melhorou, então resolveu vir.

— Foi buscar Ella? Não acredito!

E agora? Como eu ia olhar na cara da mulher! Olhar e sorrir


como se nada tivesse acontecendo?

— Ei Pam, não faça essa cara. O que tem demais ele ir buscá-
la? Ele já te falou dela? Pam, Ella é...

— Nem me fala! Não quero saber. Se alguém for me falar dela,


será ele. Não falou até agora, não vai ser você. Só não vou embora
porque Jess ficaria muito chateada comigo. — O cortei rapidinho.

Saí andando e fui para perto da Jess, ela seria meu escudo
humano contra os dois. Merda, eu não estava preparada para vê-los
juntos!

— Pam, que cara é essa mulher? Você está pálida feito um


fantasma.

— Nada não... Já já passa. — Me deitei e fiquei tomando sol


junto com ela, que já havia colocado um vestido, mas estava lá,
deitada ao sol.

Fechei os olhos e meu celular tocou na bolsa. Cacete, até eu


achar a merda do celular ele já teria parado de tocar, como sempre!
Comecei a fuçar até achar, lá no fundo de tudo. Tocou de novo e era
o Marcelo. Ele não ia desistir não? Olhei em volta e o achei parado
perto da casa da piscina, apontando para o celular, para que eu
atendesse.
— Diga Marcelo, o que você quer? — Disse ríspida.

— Calma cadelinha... Adoro você assim, brava. Não diga


nada... Só escuta... Sei que muitos te desejam, mas nenhum te
deseja com o carinho, com o amor, com a paixão que tenho por
você, o jeito que você me cativou, me conquistou... Queria muito
ouvir sua voz, você gemendo como uma putinha no meu colo,
sabia? Ah, que delícia! Um dia vou sentir de novo teu cheiro, te
beijar, te abraçar, passar a mão nesse cabelo que eu adoro, sentir
seus seios apertados contra meu peito, sentir sua respiração... Vou
ver essa bundinha rebolando na minha frente, essa bocetinha bem
molhadinha se encaixando no meu pau... Vou ter você outra vez
Pam, não precisa dizer nada, eu sei que agora você tem alguém,
mas isso não vai durar, você sabe e quando isso acontecer eu
estarei te esperando. Beijo, cadelinha. — Desligou o celular e fiquei
olhando incrédula para ele. Me atirou um beijo indo até a porta,
sumindo casa a dentro.

— Pam, você estava pálida, agora está corada. Você está


doente? É melhor você sair do sol. — Jess se levantou com alguma
dificuldade e me puxou para dentro da casa, com ela.

Quando entrei na cozinha, gelei, de cima abaixo. Theo estava


entrando, abraçado com Ella.

Theo me olhou, com um sorriso triste no rosto.

— Pam, esta é Ella. Ella, conheça a Pam, prima do Rick.

— Prazer em conhecê-la, Ella. — Aaaah tá, agora eu era a


prima do Rick. Cadê minha gostosa e meu Neném? Puto!
— Theo, Ella, fiquem à vontade lá na piscina, já estão servindo
o churrasco. Vou levar Pam para o meu quarto, ela não está muito
bem.

— Até mais... — Covarde, sou uma covarde! Virei e fui para a


escada, atrás da Jess.

— Pam... — Theo me chamou, mas não dei atenção.

Meu estômago estava lá nos pés, uma tontura me tomou. Saco,


que reação era essa? Eu sabia da existência dela, por que isso
agora?

— Deita, vou pegar um antitérmico pra você. Descansa um


pouco, você não está com uma cara muito boa.

Jess nasceu para mandar mesmo, não me dando opção, me


deitei, tomei o remédio, mesmo sem precisar. Eu não explicaria para
ela a confusão que estava na minha cabeça. Jess passou a mão
nos meus cabelos e foi embora, me deixando ali, sozinha.

Fechei os olhos e percebi que estava realmente cansada. Devo


ter adormecido, pois a próxima coisa que percebi foi a cama
abaixando ao meu lado e um corpo se encaixando ao meu.

— O que foi Neném? O que você tem? — Perguntou


preocupado.

— Nada não... — Onde estaria Ella?

Bem, se ele estava comigo e eu com ele... Aproveitaria cada


momento, cada segundinho...
— Humm, ficou muito no sol... Tadinha do meu Neném lindo, tá
dodói. Vem aqui que você vai ganhar carinho, cafuné, mimo... —
Facilmente me virou e me puxou para seu peito. Enrosquei-me a
ele, não querendo mais nada no mundo do que seu abraço.

Theo começou a cantarolar uma música e fazer carinho em


meus cabelos, com uma mão, e em minhas costas, com a outra.
Beijou-me na testa, nos olhos, no nariz e roçou a boca na minha. Foi
me cheirando, esfregando seu rosto no meu e chegou ao meu
ouvido.

— Se estivéssemos em minha cama, você estaria nua agora,


em meus braços, estaria sentindo o calor de sua pele, de sua
boceta em minha perna, sua umidade... Fique boa logo minha
gostosa, quero você, louca, descarada, me xingando, me
arranhando, me mordendo... Agora, quietinha. Dorme, meu Neném.
— Voltou a cantarolar e reconheci a música. Uma Italiana linda,
Imbranato.

Mesmo depois de suas palavras pra lá de provocativas, seus


carinhos e a música me fizeram adormecer em seu peito.
Capítulo 7

THEO

Quando Pam adormeceu em meu peito, puxei o celular do bolso


e mandei uma mensagem para o Guilherme, médico de Ella e um
dos meus melhores amigos, pedindo para ele cuidar dela e a levar
para casa depois.

Mandei outra para o Rick, assim ele não ficaria preocupado e,


pegando Pam nos braços, fui embora dali com ela.

No carro, a coloquei delicadamente no banco, ela, em seu sono,


se aconchegou. Dirigi até minha casa com muito cuidado para que
ela não acordasse. Que remédio será que era esse que a Jess tinha
dado para ela?

Levei-a para dentro e a coloquei em minha cama. Fui ao


armário e peguei uns apetrechos... Será que era muito? Bem, só
tentando para saber...

PAMELA

Senti cócegas em meu rosto e quando fui espantar o que quer


que fosse, não consegui mexer os braços. Fui olhar para ver o que
estava me prendendo, mas meus olhos estavam vendados. Caraca,
o que estava acontecendo?
Outra vez, senti alguma coisa em meu rosto, mas não havia
nada que eu pudesse fazer. Respirei fundo e o perfume do Theo me
embriagou. Ele está aqui comigo.

— Quietinha, Neném. Falei que você não fugiria de mim. —


Theo sussurrou em meu ouvido.

Humm, ouvir a voz dele assim, o cheiro, o calor do corpo dele


ao meu lado... Ah, Deus, esse homem me enlouquecia...

— Vou tirar seu biquíni, minha gostosa... Vou te devorar todinha,


te beijar... —Escorregou a boca pelo meu pescoço e sua mão
começou a acariciar minha barriga. —Passar minha língua pelo teu
corpo, sentir teu sabor...

Senti a língua dele em minha pele, úmida e quente. Isso me


deixou arrepiada e querendo mais, mais de sua boca, de seu corpo
no meu...

— Você me quer, Neném?

Sua mão, que estava em minha barriga, escorregou para a


borda da minha calcinha e seus dedos roçaram sobre o tecido, me
roubando um gemido baixinho.

— Quer sentir o meu calor sobre sua pele, meu peso sobre seu
corpo, minha boca na sua...

Enquanto falava ele foi roçando e me cheirando, mordiscando


minha pele, meu queixo... Como um gato, ele montou sobre mim,
seu pau a centímetros de onde eu mais queria...
— Tenho sonhado com você minha gostosa, me enterrando em
seu calor...

Pressionou seu corpo no meu e senti seu membro duro, quente


e pulsando. O calor ultrapassando o tecido do meu biquíni, me
deixando louca. Theo mudou de posição, colocando suas pernas
entre as minhas, que se abriram para ele, sem resistência.

A sensação dele se esfregando, seu pau roçando meu sexo,


sua dureza contra meu clitóris, me fez gemer e arquear o corpo,
indo de encontro com suas investidas lentas e torturantes.

Às cegas, abri a boca e fui procurando por ele. Encontrei seu


pescoço, fui lambendo e beijando, sua barba por fazer arranhando
meu rosto, fui me roçando, chupando seu queixo, mordendo. Até
que encontrei sua boca e a contornei com a língua, sugando e
mordendo seu lábio inferior, trazendo-o para mim.

Nossas línguas se tocaram e um gemido escapou dele, me


deixando em chamas. As investidas aumentaram de intensidade,
alternando reboladas e estocadas. Nossas respirações ofegantes, o
calor em meu corpo atingindo níveis insuportáveis, meu corpo
formigava, meu sexo latejava, sentia minha umidade crescendo,
meus mamilos rijos, meus seios doloridos, querendo atenção... gemi
em sua boca, não aguentando aquela tortura...

— Theo... — Chamei quando sua boca escorregou da minha


para meu pescoço, me arrepiando o corpo todo. Ele atacou minha
orelha, lambendo, mordendo.
— Diz, Neném. — Sussurrou com aquela voz grossa, rouca e
gostosa.

— Te quero Theo, dentro de mim. Preciso de você. Por favor, te


quero agora... — Me arqueei, querendo fundir nossos sexos.

— Minha putinha linda... Vou te foder tão gostoso...

Sua boca percorreu minha pele deixando um rastro de fogo, até


meus seios. Senti que ele afastava o sutiã do biquíni e seu hálito
quente foi substituído por uma língua louca, girando sobre meu
mamilo. Uma mordida me fez gritar de tesão, seguido de uma
chupada que me deixou insana. Me contorcia embaixo dele, por
estar vendada, amarrada e sem poder me mexer, fazia tudo mais
intenso.

— Mas primeiro, quero te lamber todinha, sentir o gosto, o


cheiro dessa bocetinha deliciosa... Não penso em outra coisa...

Foi descendo pelo meu corpo, a antecipação me matando...

Seus dedos desfizeram o laço de minha calcinha e senti a pele


exposta se arrepiar.

— Delícia de bocetinha cheirosa... Humm, esse seu cheiro,


Neném... — Gemeu pertinho da minha carne quente, a vibração
como uma carícia... estava à beira do orgasmo e me segurando.
Mordi o lábio e me preparei para sua língua...

Mas ele se afastou, e suspirei, frustrada, ao mesmo tempo em


que ele removia minha venda.
— Observe.

Theo foi para meus pés. Levantou minha perna e começou a


chupar meus dedos, um por um. Beijou a planta do meu pé e me
mordeu o calcanhar. Que delícia! Arrepios percorreram meu corpo e
a boca de Theo em minha pele não dava trégua.

Foi subindo, beijando, cheirando minha pele, chegando às


coxas ele fechou minhas pernas, me olhou com aquela cara de
tesão e lambeu entre elas. Deus!

Chegando perto do V formado pela junção de minhas coxas,


seu nariz roçou minha pele, e seus dedos acariciaram bem de leve.
Um estremecimento tomou conta de mim, inclinei a cabeça para trás
e gemi baixinho. Olhando-me, abriu minhas pernas. Eu, louca de
tesão, não conseguia desviar o olhar do rosto dele, que me olhava
com fome. Seus olhos caíram para minha boceta, que agora estava
aberta para ele.

Com o dedo, ele acariciou meu clitóris, latejante.

— Esse botãozinho é meu. Lindo e vermelhinho... Meu lindo


botão de rosa... — Chegando perto, me cheirou. — Cristo e como é
cheirosa... seu cheiro me embriaga... Quero mais. — Colocando a
língua para fora encostou a ponta em meu clitóris e abriu ainda mais
minhas pernas, caindo de boca, lambendo, chupando, voltou ao
meu botão e mordeu de leve, chupando forte em seguida.

Eu gemia e me segurava, retardando o orgasmo que queria me


pegar de qualquer jeito. Theo veio para minha boca, me beijando
com selvageria, seus dedos me penetrando, socando dentro de
mim, acariciando por dentro, suas pernas mantinham as minhas
abertas, a tensão se tornando insuportável, arrepios me percorriam
e eu sabia que não ia aguentar muito tempo.

— Quero que goze na minha boca. Sacia minha vontade de


você. Goza, Neném. — Com aquela voz rouca me enlouquecendo,
ele se abaixou e me penetrou com a língua, com força. Quando
seus dedos beliscaram meu clitóris, não aguentei e gozei com sua
língua dentro de mim, espasmos percorreram meu corpo, minhas
pernas se agitaram e senti ele as segurando.

— AHHHH, THEO, hmmm — Gritei seu nome e estava louca


para enfiar os dedos no cabelo dele.

— Gozou gostoso, minha putinha safada? Vou te limpar todinha


com minha língua. — E continuou por ali, lambendo e me
penetrando devagar com aquela língua gostosa.

Respirando forte, ele se inclinou sobre mim e me soltou da


cama.

— Agora, você será realmente minha.

Tirou o pau para fora e entrou em mim, sem piedade,


arrancando outro grito de minha garganta.

— Neném, que bocetinha apertadinha! Humm... Me aperta tanto


que chega a doer... Delícia...

Theo bombeava dentro de mim, me agarrei a ele, minhas unhas


arranhando suas costas, mordi seu ombro, louca de tesão. Em
resposta, ele chupou meu pescoço, mordendo também.
Adorava aquilo e queria mais! Theo agarrou meus seios,
rolando os mamilos entre os dedos, eu ouvia gemidos e não sabia
dizer se eram meus ou dele. Em um impulso ele se afastou, saiu de
mim me virando de costas.

— Ah, que bunda gostosa.

Me colocou de quatro, abriu minha bunda e enterrou o rosto me


lambendo todinha.

— Sacana, me fode. Para de me atormentar assim. — Isso já


era demais. Queria ele enterrado em mim! E queria agora!

Rebolei em seu rosto e estremeci com a língua dele se enfiando


em mim. Língua endiabrada.

— Caralho, Theo. Quero você dentro de mim, agora.

Senti seu riso em minha pele e a próxima coisa que senti foi o
pau dele brincando em minha bunda. Só roçando. Não me aguentei
e empurrei para trás, fazendo ele entrar em meu rabinho,
deliciosamente forte.

Nosso grito de tesão ecoou pelo quarto e rebolei em seu pau,


arrancando um gemido dele. Comecei a me mover, querendo mais
dele, todo ele em mim. Mas o que ganhei foi um tapa estalado na
bunda.

— Filha da puta, me enganou é? Agora vai ganhar uma surra de


cacete.
Saiu de mim e começou a me bater com seu pau, mas não em
minha bunda, e sim em meu cuzinho e minha boceta.

— Ah... safado, descarado. Mais! Quero mais! Me fode com


força. — Eu gemia extasiada. Que delícia!

Meus cabelos foram agarrados e me senti sendo puxada de


encontro a ele.

— Você é minha Pamela, só minha.

Virou meu rosto e tomou posse de minha boca, enquanto seu


pau voltava para dentro de mim, em estocadas fortes! Arrepios me
percorriam, gemia na boca dele e ele na minha, meus cabelos ainda
agarrados por ele.

Uma vertigem me tomou, minhas pernas tremiam


incontrolavelmente enquanto nossos corpos se chocavam, o som de
nossas carnes se encontrando, me enlouquecendo. Sentia ele
entrando e saindo de mim; me apertava em volta dele, não
querendo que aquilo acabasse nunca. Ele me soltou, segurando-me
pelos quadris, enquanto se arremetia com mais força contra minha
bunda. Olhei por sobre o ombro e vi que ele jogava a cabeça para
trás, mordendo o lábio.

— Goza meu putão, goza pra sua gostosa. — Consegui falar


entre gemidos.

Theo meteu a mão por baixo de mim e apertou meu botãozinho.


A dor e o prazer foram demais e gozei forte, pontos de luz piscaram
em meus olhos, e me vi gritando o nome dele, gemendo e tremendo
o corpo todo. Theo, com um gemido estrangulado, tirou seu pau de
mim e gozou sobre minha bunda.

— Ah, Neném, você é uma delícia. — Disse espalhando seu


gozo sobre minha pele. —Agora você é toda minha, está marcada a
ferro e fogo. — Deu um último tapa em minha bunda molhada e eu
tive a certeza de que tinha deixado a marca da mão em minha pele.

Me larguei na cama, Theo desapareceu no banheiro e escutei


barulho de água correndo. Em pouco tempo, ele estava de volta, nu.

— Vou te dar banho, a banheira já está cheia. Vem Neném,


você está exausta.

Tirou o sutiã do meu biquíni, me pegou no colo e entrou comigo


na banheira e com uma esponja cheia de espuma cheirosa,
começou a esfregar suavemente meu corpo, dando atenção
especial à minha intimidade.

— Vou te lavar direitinho, lavar o objeto do meu desejo, deixar


essa bocetinha bem lavadinha. — Disse cumprindo sua promessa e
massageando meu corpo. — Pronto, já está bem limpinha. — Saiu
da banheira, me pegou no colo, me levou para a cama e me
envolvendo em um roupão fofinho se deitando ao meu lado, me
puxando para seu peito.

Começou a cantar novamente para mim, baixinho em meu


ouvido, beijando meus cabelos e no escurinho do quarto, ele
sussurrou.

— Adoro você. Dorme, meu Neném.


— Também adoro você, meu lindo. Sou sua, todinha sua. —
Fiquei quietinha abraçada nele, depois daquele banho cheio de
carícias eu não queria dormir, na realidade eu queria mais, mas
como ele parecia cansado, fiquei aconchegada em seus braços,
aproveitando aquele momento gostoso só nosso.

THEO

Não sei quanto tempo se passou desde que adormeci, mas


acordei com o barulho da porta de entrada batendo. Pam estava
adormecida em meus braços. Fui me mexer devagar, para sair da
cama, mas a mão dela não deixou. Ela tinha adormecido segurando
meu pau! E agora?

Eu não podia deixar que Ella nos pegasse assim,


aconchegados na cama. Com muito cuidado, retirei a mão dela, me
enrolei em uma toalha e fui para sala.

— Oi princesa, já chegou? — A abracei e dei um beijo em seus


cabelos.

— Nossa Theo, estava uma delícia, Guilherme é muito


engraçado e prestativo. O churrasco estava muito bom. — Disse
com a cabeça apertada em meu peito; acariciei seus cabelos. —
Vou tomar um banho e tirar esse cheiro de fumaça de mim.

Encostei minha testa na dela, feliz por ela ter tido um dia
gostoso e sossegado. Dei um beijinho em seu nariz e a deixei ir.
Quando voltei para o quarto, Pam estava acordada e de biquíni.
— Bem, já vou indo Theo, vou levar seu roupão, amanhã
mando te entregar. Tomei a liberdade de chamar um táxi, deve estar
chegando. — Pam estava diferente, ríspida e me olhava com uma
cara nada boa.

— Ella acabou de chegar, eu te levo, não precisa de táxi


nenhum.

— Theo, fique com sua princesa. Eu estou saindo. — Levantou


e saiu pela porta. Fui atrás dela, falando baixo para que Ella não
escutasse.

— Pam, volta aqui, deixe eu colocar uma roupa e já te levo.

— Olha aqui, você já fez muita coisa hoje. — Uma buzina a fez
se calar. — Estou indo. E não venha atrás de mim. — Ela disse no
mesmo tom baixo que eu, abrindo a porta da minha casa.

Fiquei puto com essa atitude dela. Ela era minha, eu a levaria
para casa. Pam me olhou e veio em minha direção.

— Tchau, Theo. — Deu um puxão em minha toalha e saiu


correndo a carregando com ela, me deixando pelado no meio da
sala e perplexo.
Capítulo 8

PAMELA
Acordei com Theo tirando minha mão devagar do corpo dele e
saindo de fininho. Me levantei e fui até a porta, olhar o que ele iria
fazer.

Ella tinha chegado e o vi abraçando-a com muito cuidado e se


abaixando, como que cheirando seus cabelos... e a chamando de
princesa. Como se isso não fosse suficiente, ele se abaixou e a
beijou? Fechei a porta do quarto e liguei para companhia de táxi que
eu sempre utilizava. Era óbvio que eu estava na casa do Theo, mas
não fazia ideia de como havia chegado aqui! Isso era de menos, eu
queria era ir embora e o mais rápido possível. Passei o endereço e
pedi urgência; peguei meu biquíni e o vesti.

Sentei para esperar.

Ele retornou, falei meia dúzia de palavras com ele e fui embora
levando sua toalha comigo, assim ele não viria atrás de mim. Entrei
no táxi e passei o endereço da casa do Rick.

Cafajeste, filho da puta, lazarento!

Era isso que ele era. Depois de me comer deliciosamente, me


dar banho todo carinhoso, me fazer dormir em seus braços - mesmo
contra a minha vontade, Theo era irresistível- , quando Ella chegou
ele a abraçou e beijou?

Assim, lavou tá limpo?

Se eu não tivesse visto ele abraçado e abaixando o rosto sobre


ela, eu não teria acreditado!

Sou um brinquedo? Usa, esconde e descarta?

Ódio!

Cheguei à casa do Rick e da Jess, toquei a campainha e fiquei


esperando. Logo Rick veio abrir.

— Ei Grandão, vim buscar minhas coisas, acabei deixando tudo


aqui, nem pude ir pra casa, porque a chave está aqui... — Fui
entrando e vi minha bolsa e minhas coisas em cima do sofá.

— Pam, calma, deve ser tudo um mal entendido... — Ele me


disse, cruzando os braços e se apoiando contra a porta de entrada.

— Rick, cale a boca, você não sabe o que vi, o que escutei.
Deixe os dois lá, felizes e sozinhos, eu tô fora. Não tenho estômago
pra isso não. Ele a chamou de princesa... me apresentou como “a
prima do Rick”. — Fui largando tudo em cima dele.

— Pam, claro que Ella é a princesa do Theo. Eles são...

— Pelo amor de Deus, Rick! Eu já disse que não quero saber!


— Juntei minhas coisas e fui procurando a chave do carro. — Diz
pra Jess que eu deixei um beijão pra ela e pros bebês.
— Pam, calma... Theo está vindo pra cá, ele vai te explicar tudo.
— Rick me abraçou e fiquei com vontade de chorar.

Onde eu tinha me metido! Isso que dá não pensar e se deixar


levar. Burra, isso que eu sou!

— Me deixe ir Rick, não vai ser bom pra Jess uma discussão
aqui na sua casa, tem os bebês. Eu vou embora. E vou manter
minhas perninhas bem fechadinhas daqui pra frente!

Dei um beijo em seu rosto e um murro em seu bíceps, como


sempre fazia.

— Está bem, se não fosse por Jess, eu não a deixaria ir embora


assim. Me liga quando chegar em casa. — Me deu um beijo na testa
e saiu da minha frente.

Saí e fui entrando em meu carro, com pressa. Liguei e saí a


toda, não queria encontrar com o Theo.

Quase em casa percebi um carro atrás de mim, dando luz alta.


Tinha certeza de que era ele, acelerei ainda mais e fui abrindo o
portão, já da esquina. Entrei direto e acionei o fechamento do
portão, mas Theo entrou atrás de mim e o portão fechou em cima do
seu capô.

— Pam, por favor, não fica assim, me escuta! Abre o portão


senão vai amassar tudo.

— Que amasse! Não tô nem aí! Me deixa, vá embora e volta pra


sua princesa. — Fui digitando o código na porta e quando ela se
abriu, Theo me alcançou e me segurou pelos braços.
— Neném, o que aconteceu? Por que está assim comigo? —
Me puxou para seus braços, abraçando forte.

— Theo só vá embora, por favor.

— Minha linda, me diga o que aconteceu, o que está se


passando nessa cabecinha?

Olhou bem dentro dos meus olhos, seu olhar intenso com
aquele tom verde lindo, me deixando mole e me fazendo esquecer
até do meu próprio nome. Me pegou por trás do pescoço, sua mão
me mantendo imóvel, apertando de leve minha nuca.

— Você é minha Pam, não fuja de mim outra vez!

Eu estava hipnotizada pelos olhos dele. Quando sua boca caiu


sobre a minha, não pude retrucar, estava completamente a mercê
dele.

— Entendeu? Minha! — Ele disse mais uma vez, ainda me


encarando, sério.

— Sim, eu sei que sou sua, mas…

— Nem mas, nem meio mas. Acostume-se com isso. — Me


beijando de leve completou. — Meu Neném lindo.

Sem quebrar o contato com meus olhos, Theo me apertou a


nuca outra vez e lambeu meus lábios. O beijo que se seguiu foi
selvagem e possessivo. Eu era dele, completamente entregue.

Seus dedos passeavam pelo meu corpo, minha pele arrepiava


sob suas carícias, leves como uma pluma, contrastando com o jeito
louco que nos beijávamos.

Estava tão envolvida que não o percebi soltando o roupão ou os


laços do meu biquíni. Ele afastou o tecido de meus ombros e
quando esse caiu, eu estava nua.
Capítulo 9

Me espreguicei e olhei em volta. Estava sozinha em minha


cama. E dolorida, deliciosamente dolorida. Fechei os olhos e me
lembrei daquele homem que não parava de me surpreender. Como
eu virava uma boneca em suas mãos!

Levantei-me e em meu tornozelo ainda estava o cordão do meu


biquíni, atado. Arrepios me percorreram ao recordar como ele me
amarrou e me fodeu com maestria...

Rapidamente tomei uma ducha e me troquei. Chegando à


cozinha, encontrei o café na mesa e um bilhete dele, me desejando
um bom dia e dizendo para comer direitinho.

Gostoso e preocupado.
Comi e fui trabalhar. Trabalho. Seria mais como diversão, já que
agora eu passaria meus dias observando ele trabalhar...

— Bom dia Lilia, como foi seu final de semana? —


Cumprimentei e lhe dei um beijo no rosto.

— Foi bom, mas pelo jeito o seu... ui, ui... viu passarinho verde,
foi? — Ela balançou as sobrancelhas para mim, sorrindo
provocativamente.

— Ah, foi uma coisa de louco! Loucura, loucura! — Caímos na


risada e deixei no ar, como uma brincadeira. Fechei a porta do
escritório, corri para ligar o computador e fazer o login para o acesso
às câmeras de Theo.

Seu escritório estava vazio. Deixei a imagem na tela e como era


segunda-feira, fui dar uma olhada no pessoal. Entre revisões de
contratos e alguns pagamentos, minha manhã passou voando...
Retornei à minha sala e no escritório de Theo nenhuma
movimentação.

— Pam, seu primo está atrás de você, já ligou umas dez vezes
e seu celular estava na caixa postal.

Caçando em minha bolsa, achei meu celular. Zero de bateria!


Com a correria de ontem esqueci de carregar essa porcaria. Deixei
carregando e fui almoçar com a Lilia.

— Vamos almoçar, quando eu voltar, ligo pra ele.

Fomos andando até o restaurante ao lado da Solaris.


— Então, novidades chefinha? — Ela perguntou enquanto
esperávamos por nossa comida.

— Bem, não é bem novidade, nem sei como definir o que está
me acontecendo...

— Caralho, mulher! Estou tentando te ligar desde manhã! Você


tem que vir comigo! — Rick chegou e foi me puxando pelo braço.

— Eita o que aconteceu? Jess está bem? Vamos, homem de


Deus desembucha! — Retruquei já nervosa. Rick era tão calmo
sempre!

— Não é Jess... meu Anjo está bem. — Ele respondeu me


olhando nos olhos. — Se acalme, respire fundo... é o Theo.

Senti uma vertigem ao ver em seus olhos a seriedade na


declaração. Deus, meu Theo!

— Ele sofreu um acidente, depois de deixar a sua casa, e está


no hospital. Seu estado não é nada bom. Assim que ele retornou à
consciência, chamou por você. E a cada vez que acorda, te chama.

Me agarrei em seus braços e minha visão ficou turva. Como


poderia ser? Meu Theo... Eu precisava vê-lo, mas meus pés
estavam presos ao chão, minha respiração bloqueada ... O pânico
me tomando... Não, de novo não... Eu não conseguiria passar por
tudo aquilo novamente...

Flashes de todo o tempo em que passei no hospital depois do


acidente de meus pais, UTI, o coma... as noites em espera por
notícias, por um sinal de melhora... o desespero...
— Calma, Pam... Lembro de tudo o que passamos, mas dessa
vez vai ser diferente. Respire, vamos. Olhe pra mim. — Ele segurou
meu rosto entre as mãos e me fez encará-lo. — Respire!

Puxei uma respiração e senti meus pulmões queimarem...


Tontura tomou conta de mim e inspirei novamente. Pontos pretos
piscavam em minha frente e senti que ia desmaiar, olhei em volta e
todos me olhavam. A vertigem piorou e a falta de ar junto com ela.

— Rick, leve-a daqui... — Escutei Lilia falar e a escuridão me


tomou.

Um cheiro horrível me fez acordar. Inspirei fundo e tudo doeu.


Meu peito doía terrivelmente a cada inspiração. Nãããão de novo
não... Pânico, ansiedade e com isso tudo um ataque de asma! Há
quanto tempo isso não acontecia! A vontade de chorar cresceu em
meu peito, fazendo com que minha respiração ficasse ainda mais
difícil...

— Aqui Pam, fique com isso sempre à mão. — A voz de Rick


me fez saltar.

— Que susto! — Consegui falar baixinho e entrecortado. Ele


estendia para mim uma bombinha, aquela que foi minha
companheira por tantos anos...

— Por sorte, me lembrei e te comprei essa aí.

Olhei em volta e percebi que estava no hospital. Aquilo me


gelou por dentro.
— Rick, como ele está? — Perguntei baixinho, a frase
entrecortada por inspirações profundas. Estava tão difícil respirar!

— Assim que você melhorar te levo até ele. Te deram uma


injeção e você tem que ficar no oxigênio até que sua pressão
respiratória e seus batimentos cardíacos voltem ao aceitável. Fora
as nebulizações... — Seus olhos refletiam toda a preocupação pelo
meu estado.

Por que, meu Deus? Por que me mostrar o que era bom e me
tirar desse jeito? Por que ele? Como ele estaria? Rick não revelava
nada! Só me olhava com aqueles olhos azuis preocupados.

Meu peito queimava a cada inspiração, minhas costas doíam


terrivelmente... Meu pensamento estava nele e eu só queria sair
correndo daquele lugar que me trazia as piores lembranças da
minha vida... Mas teria que ser forte e superar tudo aquilo. Por
Theo.

O tempo passou lentamente e comecei a melhorar e respirar


mais facilmente... Inalações intercaladas com oxigênio e, em três
horas, eu estava boa o suficiente para ser liberada, com a
recomendação de inalações periódicas e o uso da bombinha que eu
conhecia tão bem...

— Vamos Pam, vou te levar para ver o Theo. Está com a


bombinha na mão? Você vai precisar.

Apoiei-me nele e segui em frente. Minha bombinha tinha sido


minha companheira durante os meses que meus pais passaram ali
naquele mesmo hospital, antes de morrerem. Ela, de algum modo
era minha tábua de salvação, meu consolo e minha força, agora
seria novamente e Rick sabia muito bem disso.

— Grandão, o que eu faria sem você...

— Vamos Pam, você consegue... — Ele me deu um


empurrãozinho em direção à porta e respirando fundo, a abri.

Aquilo não sairia nunca mais de minha memória.

Theo estava deitado, com a cabeça enfaixada, um dos olhos


também tampado, o outro lado coberto por um hematoma horrível,
em seu peito a marca arroxeada do cinto de segurança, um dos
braços engessado e uma perna também. Um lençol cobria sua
cintura e a perna que estava boa. Ele dormia como um bebê... e ao
seu lado estava Ella. Sentada na cadeira ao lado da cama, ela
parecia abatida e cansada, olheiras profundas rodeavam seus
olhos...

— Oi, Pamela... — Ella me disse abrindo os olhos. — Theo só


faz te chamar, que bom que você pode vir. — Disse com um sorriso
cansado.

— Eu tive um problema de saúde e não pude vir imediatamente


quando soube... — Disse, balançando minha bombinha para ela e
guardando-a no bolso.

Aproximei-me da cama e acariciei de leve o rosto dele, que


mesmo dormindo, se virou em minha direção. Ella se levantou
também, ficando em pé ao meu lado, pegou a mão boa dele e
beijou.
— Ele teve sorte, muita sorte... um carro acertou o dele de lado,
no cruzamento, bem na porta do motorista. Ele estava quase
chegando em casa... — Ella contou não contendo as lágrimas. —
Meu irmão gosta muito de você Pamela, não disse mais nada, só
seu nome.

Para tudo! Irmão?!?


Capítulo 10

Ella tinha dito irmão??? Será que ouvi direito?

Então era isso que Rick queria me contar quando disse que ela
era sim a princesa do Theo...

Deus que confusão eu fiz na minha cabeça! Pensando bem, ele


nunca disse que Ella era namorada ou esposa, sempre se referindo
a ela como “minha Ella”, coisa óbvia já que eram irmãos. Ella olhava
alternadamente para nós dois e me lembrei que precisava dizer
alguma coisa! Cacetada!

— Theo é muito especial para mim também Ella, você não


imagina o quanto... — Essa declaração trouxe ao seu rosto abatido
uma luz e um sorriso se abriu em seus lábios.
— Fico tão feliz em saber disso Pam. Posso te chamar de Pam,
né? Já que vamos ser irmãs! — Ella me abraçou, feliz da vida. Seu
corpo frágil tremia em meus braços.

— Ella, você está bem? Está tremendo… — A afastei um pouco


para estudar seu rosto. Alguma coisa estava muito errada com ela,
e nesse momento percebi que ela estava doente, muito doente.

— Theo não te contou, né? Eu tenho LMA, um tipo de leucemia


e a químio acaba comigo. Estou na lista de transplante de medula,
mas até agora não acharam nenhum doador compatível.

Caramba! As revelações não iam acabar hoje?

— Deus, Ella! — A abracei forte e ela encostou a cabeça em


meu ombro.

Seu corpo sacudiu de leve e eu soube que ela estava chorando.


Afaguei seus cabelos como um incentivo para que ela soubesse que
eu entendia sua dor. Ficamos assim por um tempo até que ela falou,
baixinho.

— Meu medo era deixar Theo sozinho. Mas parece que ele
encontrou alguém para cuidar dele. Ele parece estar bem
apaixonado por você. — Essa última parte foi sussurrada ao meu
ouvido, como uma confidência. Ela se afastou e secou as lágrimas,
sorrindo constrangida. — Segredo. — Sussurrou e me deu uma
piscadinha. — Vou te deixar com ele, e vou comer alguma coisa. Ele
está fora de perigo, fique tranquila. Isso tudo assusta, mas ele não
chegou a quebrar nada, foram só alguns “trincados”. — Ela
balançou dois dedos de cada mão, enfatizando o “trincados”. — O
pior foi sua cabeça, tomou alguns pontos na testa e supercílio. Esse
teatro todo de bandagem é coisa de um enfermeiro engraçadinho.
Theo teve sorte por ter um carro alto. Já falei que ele teve muita
sorte né?

— Já sim... — Respondi retribuindo seu sorriso.

— Quando fico nervosa saio tagarelando, liga não. — Foi


abrindo a porta e continuou a falar. — Vou ver se encontro meu Dr.
Guilherme. — Balançou as sobrancelhas sugestivamente e se foi.

Suspirei aliviada.

Então ele não era comprometido! Menos mal. Voltei minha


atenção para ele e me sobressaltei ao ver que ele me observava.

— Minha Ella é cativante, não é? — Ele deu um sorrisinho


fraco, meio de lado.

— Sim amor, ela é. Por que me escondeu que ela era sua irmã?
E por que não me contou que ela estava doente? Não entendi isso
ainda, Theo. — Peguei sua mão entre as minhas em uma súplica.
Eu precisava saber disso, poxa!

— Não é que eu tenha escondido, só não queria que ninguém a


olhasse com pena, pela condição dela, ou que ficasse com pena de
mim, por ter minha irmã com câncer. Câncer esse que pode ser
fatal, se não acharmos um doador de medula rapidamente. Então,
não falo dela para ninguém. Já havia te dito que um dia eu te falaria
sobre ela. Só estava esperando a ocasião certa. — Suspirou e
apertou minha mão, me olhando com aquele olho verde lindo.
— Certo, Theo. — Me abaixei um pouco e encostei meus lábios
nos dele, em uma leve carícia.

— Seu cheiro me enlouquece Pam, me deixa tonto, fora de


mim. Olha o efeito. — Sem aviso colocou minha mão sobre sua
ereção.

— Theo! Você está em uma cama de hospital e pensando nisso!


— Ri dele. — Você não está tão mal assim mesmo!

— Bem, Neném, eu não estou morto ainda...

Alguém pigarreando me fez saltar e tirar correndo a mão dali.

— Bem, Senhor Theodoro, estou vendo que o senhor está


melhorando, não é? — Bruno, enfermeiro e outro amigo inseparável
deles, estava na porta de braços cruzados sobre o peito,
balançando a cabeça. — Nove horas desde o acidente e já está
com gracinhas.

— Você me conhece Brunão, nada me para e com uma coisa


gostosa como meu Neném, não tenho como me conter. — Theo
brincou com ele, que me estendeu a mão.

Escondi a mão que estava no pau do Theo segundos atrás e


ofereci a outra a ele.

— Não estranhe a brincadeira. Sabe como somos.

— Pois é.. — Respondi sem graça, sentindo minhas bochechas


corarem.
— Só vou conferir os sinais dele e já vou deixar vocês dois
sozinhos novamente.

Afastei-me para que ele pudesse ter acesso ao Theo, me sentei


na cadeira em que Ella estava quando eu cheguei e fiquei
observando meu Theo, que mesmo cheio de bandagens,
hematomas e gesso, continuava lindo.

— Até mais Pam. — Disse Bruno alguns minutos mais tarde e


se virou para Theo. — O senhor, sem gracinhas, por favor.
Comporte-se.

— Sim, mamãe. — Brincou Theo.

Com um aceno, Bruno se foi.

— Neném, o que você tem? Achei que sua respiração


acelerada era por minha causa, mas... — Ele me olhou preocupado.

— Quando Rick me contou que você tinha sofrido um acidente,


eu tive uma crise asmática. Não tinha uma há anos. — Tirei a
bombinha do bolso da jaqueta e balancei para ele.

— Neném, me perdoe...

— Para, Theo, você não teve culpa pelo acidente, isso não
podemos prever. — O acalmei. — Já estou bem, já fui medicada
antes de vir pra cá. Por isso demorei um pouco. — Sorri para ele.

Não contaria agora para ele sobre meus pais. Bem, ele sabia de
tudo, mas não sabia que era aquele o maldito hospital.
O encarei e ele estava olhando minhas pernas. Sua expressão
estava mais dura e tremi de excitação ao ouvir suas palavras.

— Pamela, tire a calcinha e me dê. — Ordenou.

Meio aturdida me levantei e, enfiando as mãos por baixo do


vestido que usava, tirei a calcinha e coloquei em sua mão.

— Seu cheiro... Humm. — Ele levou minha calcinha ao nariz e


inspirou fundo. — Vou ficar com ela, para que seu aroma diminua
minha dor. — Sua cara de tesão e suas palavras me deixaram
molhada.

— Coloque a cadeira virada de costas para a porta e sente-se.

Fiz o que ele mandou e o olhei, esperando.

— Levante a saia, devagar.

Meu Deus, no hospital? Inspirei fundo e entrei em seu jogo.

Lentamente fui puxando minha saia até que o V entre minhas


coxas ficou visível.

— Abra as pernas. Mais. — Ordenou novamente.

Sua voz rouca e seu comando já estavam me deixando


pulsando de tesão. Que controle era esse que ele exercia sobre
mim? Sem pensar mais nisso, obedeci e fui recompensada com um
gemido e um movimento de lençol em sua virilha.

— Delícia. — Theo lambeu os lábios. — Quero provar você


Pam. Coloque dois dedos dentro de você e me dê aqui, em minha
boca. — Seus olhos nos meus me mantinham sob seu poder e me
deixavam incapaz de lhe negar qualquer coisa, enfiei os dedos em
minha umidade, lambuzando-os com minha excitação.

Levantei e me aproximei dele, que segurou meu pulso, minha


calcinha repousava em seu peito.

— Imagine minha língua em você, lambendo cada dobrinha


dessa bocetinha deliciosa. — Levou meus dedos, próximo a boca, e
com a língua, percorreu lentamente a extensão e os enfiou na boca,
sugando forte, me roubando um gemido. — Gostosa. Deliciosa.
Cheirosa... — Suspirou ao cheirar meus dedos.

O que seria de mim? Ia gozar ali, naquele quarto de hospital, se


isso demorasse mais um pouco.

Uma batida na porta o fez bufar, contrariado.

Soltou-me e pegando minha calcinha, a escondeu embaixo do


lençol.

— Pode entrar. — Ele falou mais alto.

A porta se abriu e Rick colocou a cabeça para dentro.

— Tudo certo aí?

Jesus, tinha me esquecido que meu primo estava do lado de


fora da porta!

— Rick, entra aí cara!

Meu primo aqui e eu sem calcinha!


Não conseguia pensar em outra coisa, e me sentei com cuidado
na cadeira alisando a saia sobre os joelhos, esticando o tecido.

Conversamos por um tempo, Theo contou como foi o acidente e


do exagero de Bruno com as bandagens. Quando Rick não estava
prestando atenção, Theo me olhava e lambia os lábios. Safado, sem
vergonha!

Bem, esse era meu gostoso, o homem que eu estava


aprendendo a amar. Caramba, acho que esses remédios que eles
usaram na nebulização eram muito fortes e estavam mexendo com
minha cabeça…

Será?
Capítulo 11

Vendo os dois conversando animadamente sobre aquela coisa


que todos chamavam de futebol, uma ideia me passou pela cabeça.

— Vou até a recepção do hospital ver se está tudo certo com


meus documentos, afinal fui atendida agora a pouco. Já volto, tá? —
Rick abriu a boca para dizer alguma coisa e dei uma olhada para
ele, que o calou na hora.

Fui até Theo e lhe dei um beijo.

— Não demore Pam, não terminamos nossa conversa. — Ele


falou me olhando com uma cara de inocente, que convenceria quem
tivesse olhando, de que era apenas uma conversa mesmo.
— Ok. Não demoro. E Rick, se você quiser ir embora pode ir, eu
pego um táxi depois e volto para Solaris, deixei meu carro lá. —
Disse, pegando minha bolsa, já saindo e não esperando resposta.

Sabia que se desse tempo para ele responder, ele nunca


concordaria com aquilo.

Fechei a porta atrás de mim e procurei meu celular na bolsa.


Lilia havia trazido ele até o hospital, horas antes. Liguei para Diana,
que atendeu rapidinho.

— Ei, e aí?

— Oi, teve uma boa noite, ontem? — Provoquei.

— Calada. Até parece que você nunca fez uma loucura.

— Sei, falando em loucura, eu preciso que você venha ao


hospital, o mais depressa que conseguir. Quando chegar aqui eu te
conto tudo. E Di, é importante.

— Você está no hospital? No hospital? O que aconteceu? Por


que você está aí? Fala logo mulher!

— Venha o mais rápido que conseguir, te explico quando


chegar. — Desliguei o telefone, assim, com certeza, ela viria o mais
rápido mesmo.

Fui até o centro de enfermagem e avistando Bruno, fiz sinal


para que ele viesse até mim.

— Diga Pam, o que precisa?


— Bruno, eu quero saber onde eu devo ir para me cadastrar
como doadora de medula e fazer os testes para ver se sou
compatível com Ella.

— Pam, é só ir ao hemocentro do hospital. Lá eles colhem uma


pequena quantidade de seu sangue e você preenche uma ficha.
Mas as chances são pequenas, você sabe né?

— Sim eu sei, mas não custa tentar. Chamei também uma


amiga... — Dei o meu melhor sorriso para ele.

Sentia-me bem fazendo isso e se tudo desse certo, eu salvaria


uma vida. Se não desse certo com Ella, meus dados ficariam
armazenados e, quem sabe um dia, eu poderia ajudar à outra
pessoa...

Despedi-me dele e fui até a entrada principal do hospital,


esperar a Diana. Aguardei um pouco e lá estava ela.

— Quer me matar do coração, mulher doida? O que você faz


aqui?

Contei tudo para ela e minha ideia de ser doadora de medula.

— Te chamei aqui porque quero que você doe também. Duas é


melhor do que uma.

— Ha ha. Muito engraçado. Como se eu não soubesse que


você está morrendo de medo que te tirem sangue e só quer uma
alma caridosa como eu ao seu lado. — Ela riu de mim.

—É... Também. — Dei uma risadinha nervosa.


Qualquer procedimento hospitalar me deixava em pânico.

— Ok, Vamos lá.

Ela agarrou meu braço e juntas fomos até o hemocentro. Lá me


identifiquei e me passaram para uma enfermeira que já me
esperava com os papéis e a seringa pronta.

— Minha amiga precisa de tudo isso também, ela vai se


cadastrar comigo.

— O que você não me pede chorando, que eu não faço


sorrindo... — Disse Diana, apertando minha mão.

Meia hora depois, Diana me amparava pelos corredores até a


ala principal do hospital. Saímos e nos sentamos em um banco,
embaixo de algumas árvores. Ela sabia que eu precisava de ar puro,
depois de uma provação dessas.

— Cara, você deve estar apaixonadíssima por esse homem. Eu


sei o pânico, o pavor que você tem desse lugar e de qualquer coisa
relacionada a ele, e mesmo assim você foi de bom grado doar
sangue, para ser uma possível doadora de medula para a irmã dele.
Se só por isso você está desse jeito, já pensou se você for
compatível e tiver que doar realmente? — Ela me sacudiu de leve.
— Pam, você sabe como é feito isso?

Eu estava meio tonta com tudo aquilo ainda, mas balancei a


cabeça, afirmando.

— Sim, eu sei. Mas vou fazer, se isso puder salvar a vida dela.
Eu estava recostada em seu ombro, quando senti seu corpo se
enrijecer e sua postura mudar. Ai ai... Ela tinha avistado um gatinho!

Levantei a cabeça procurando o motivo daquele empertigo todo


e vi Bruno se aproximando.

— Ei Pam, está tudo bem? Me ligaram do hemocentro que você


tinha desmaiado e estava indo embora, não quis esperar melhorar,
lá dentro. — Virando-se para Diana, ele se apresentou. — Sou
Bruno. Se você é amiga da Pam, é minha também.

Senti a tensão no ar. Ui, ui, Diana, Diana!

— Coisa antiga... Tenho pavor de hospital.

— Não de qualquer hospital, mas desse hospital em questão.

Diana começou a conversar com Bruno e contar toda a história


que eu seria incapaz de reproduzir.

— Foi muito corajoso de sua parte, Pam. Theo ficará orgulhoso


de você.

— Hum, Bruno, não quero que ele saiba, tá? Se acontecer de


eu ser compatível, tudo bem, mas se não, não diga nada.

— Certo, você está no seu direito. Não direi nada, não se


preocupe.

— Quer que eu te leve até a Solaris, Pam?

— Quero sim. Vou me despedir do Theo e já volto. Bruno, você


fica um pouco com a Di? — Ouvi o suspiro de Diana e sabia que ela
tinha gostado disso.

Sorrindo, entrei novamente no hospital e fui até o quarto dele.

Abri a porta devagar, ele estava sozinho e dormindo. Parecia


um anjinho. Já estava sem toda aquela bandagem na cabeça,
apenas um curativo na testa, que descia até sua sobrancelha direita.
Cheguei perto e acariciei de leve seus cabelos.

Meu gostoso... Mesmo assim, na cama de um hospital


conseguia despertar em mim a vontade de ser dele. Só falando, e
sem ao menos encostar em mim, ele me tinha sob seu controle…
Capítulo 12

— Theo, acorda amor... eu estou indo embora... Theo... —


Chamei baixinho, mas ele não se mexeu. Abaixei-me chegando
mais perto. — Meu gostoso... Acorda... — Sussurrei em seu ouvido.

Com uma agilidade anormal para quem estava dormindo, ele


me agarrou pelo pescoço com o braço bom, virou a cabeça e me
beijou. Gemi de surpresa e ele se aproveitou para aprofundar o
beijo.

Eu fui me aconchegando a ele e me esquecendo


completamente sobre ir embora... Sua mão escorregou pelo meu
corpo, me apertando em direção à cama e quando dei por mim
estava deitada ao lado dele, nosso beijo cada vez mais intenso,
nossas respirações ofegantes, minha mão explorando seu peito
largo, sua mão passeando pelas minhas costas, descendo...
Ele foi puxando meu vestido devagar e deixei escapar um
gemido rouco quando senti sua mão quente em minha pele nua.

— Neném, como eu queria me enterrar em seu corpo. — Sua


boca escorregando pela minha pele, lambeu e mordeu a pontinha
da minha orelha, me arrepiando inteira. — Meter forte nessa
bocetinha toda minha, matar a fome que eu tenho de você... —
Sussurrou em meu ouvido.

— Trate de ficar bom logo. Por enquanto só beijos... — Me


afastei um pouco e o encarei, olhos nos olhos, e com o sorriso mais
safado que eu tinha continuei. — E minha boca, em você.

Sua cara de tesão foi tudo o que precisei. Pulei da cama e fui
trancar a porta do quarto. Quando me virei ele já segurava seu pau,
acariciando e me olhando com fome.

O beijei de leve, lambendo seus lábios, descendo, distribuindo


beijinhos pelo seu corpo todo, em direção ao que eu mais queria... E
o abocanhei, engolindo ele todo de uma vez. Que gosto bom ele
tinha... Escutei seu gemido e suguei mais forte. Ele me segurou pela
cintura, puxando minha bunda para mais perto dele e levantou
minha saia outra vez, apalpando minha carne, metendo a mão entre
minhas pernas, acariciando…

THEO

Que boca deliciosa! Me vi gemendo quando ela me levou mais


fundo, a língua endiabrada que fazia misérias com meu pau,
lambendo, pressionando... A virei para mim e a visão daquela bunda
branquinha me deixou louco de vontade de ver a pele alva se
enrubescer... Apertei um lado e a pele já mudou de cor...

Enfiei minha mão entre suas pernas, umedecendo meus dedos


em seu suco, a atormentando um pouco, massageando seu clitóris
durinho... Espalhei sua umidade até seu buraquinho de trás, que se
contraiu quando acariciei. Pamela gemeu com meu pau na boca e a
vibração me deixou louco. Que merda ter só uma mão liberada para
acariciar aquela bunda!

Eu estava preso na cama, sem poder me mover como queria,


mas aproveitaria o pouco que tinha.

Dei um tapa em sua bunda, com meus dedos úmidos, deixando


a minha marca naquela pele alva. Pam gemeu novamente, mas não
largou minha ereção, continuando a me chupar com aquela
boquinha mágica.

Voltei minha mão para o meio de suas pernas, meti dois dedos
dentro dela e pressionei o dedão em sua bunda, a penetrando
duplamente. Com os outros acariciava seu clitóris quando o
encontrava, entre as metidas em seus dois buraquinhos.

Ela acariciava minhas bolas lentamente, passeava os dedos


por ali, apertava meu pau, me masturbando e chupando ao mesmo
tempo. Sem aviso, ela enfiou um dedo em mim, me acariciando por
dentro. Deus, que tesão louco!

Aumentei a velocidade em que a fodia com meus dedos,


pressionando seu clitóris, o prendendo entre eles...
Senti que ela introduzia outro dedo em mim e agora eu estava
sendo realmente fodido por ela. Senti que me pressionou por dentro
e uma corrente elétrica percorreu minha coluna, minhas bolas, uma
tontura me tomou! Gemi chamando seu nome e gozei como nunca
havia gozado em minha vida, me derramando dentro daquela boca
quente, que engolia tudo, sem derramar uma gota.

Não parei de foder aquela bocetinha e sua bundinha linda


virada para mim, até que a senti tremendo, gemendo e gozando em
meus dedos, apertando e encharcando-os com seu mel.

Ela escapou de mim e olhou com aquela carinha satisfeita e me


beijou de leve.

— Adoro você amor, muito, muito...

Foi até o banheiro, retornando com a toalha molhada e


perfumada, limpando minha mão com cuidado.

— Está me dando um banho de gato, Neném? — Eu ri dela.

— É o jeito, né? Quer que o próximo enfermeiro que entre aqui


sinta o meu cheiro em você? Estamos no hospital ainda, Theo!

— Não Neném, seu cheiro é só meu, você é só minha.

— Theo, tenho que ir. A Diana está me esperando, daqui a


pouco Ella volta pra cá também. Você sai quando?

— Amanhã cedo, me querem aqui por 24 horas para


observação, por causa da minha cabeça. — Respondi fazendo uma
careta.
Eu não achava necessário, estava bem e me sentindo melhor
ainda. Não sentia nem dor, por causa dos remédios que haviam me
dado.

— Está bem, vou ver se consigo que a Grazi fique no comando


por alguns dias e vou ficar com você. Me quer como sua enfermeira
particular?

— Neném, depois do que você fez comigo agora, te quero mais


do que antes. Você me tem, sabia né? Sou seu, por inteiro... — A
puxei para mais um beijo, sem querer que ela se fosse.

Pam acariciou meus cabelos. Seus olhos brilharam e dando-me


mais um beijo leve, se foi, prometendo ligar-me assim que chegasse
em casa.

Minutos depois, Ella retornou com um sorriso no rosto e uma


aura de felicidade. Isso era bom, muito bom.

Vê-la feliz, fazia com que minha felicidade fosse ainda mais
completa.
Capítulo 13

PAMELA
Saí do quarto do Theo e fui encontrar Diana. Eles ainda
conversavam, sentados no mesmo banco. Fui chegando devagar,
mas não tinha jeito de não estragar o papo dos dois.

— E aí... voltei. — Disse sorrindo.

— Vamos? — Diana me perguntou já se levantando. — Até


mais então, Bruno. — Deu três beijinhos nele e um abraço que
demorou mais do que o normal.

Dei um tchauzinho com a mão, fomos andando até o carro dela


em um silêncio gostoso, a cumplicidade de duas amigas... Que não
durou muito tempo. Assim que o carro entrou em movimento, Diana
começou.
— Demorou, hein amiga? Pelo amor de Deus! Se bem que eu
ficaria conversando com aquele delicinha atéééé... — Diana riu e eu
me juntei a ela.

— Ah, pois é... quando chego perto do Theo, perco a noção de


tudo e fico completamente ligada a ele. Parece um magnetismo,
sabe? Quero ficar agarrada, deixar ele me cuidar, mimar...
acariciar... meu Deus aquelas mãos... — Fui falando e o riso
morrendo, dando lugar a um desejo absoluto por ele.

— Ei, ei, para tudo! Não comece a falar assim, esqueceu que
euzinha estou só e abandonada?

— Sei bem o quanto você está abandonada, eu passei na tua


casa... — Diana corou até a raiz dos cabelos.

— Ai, ai, Pam, você sabe, a carne é fraca... e Du é tão


bonitinho! Mas não vai mais acontecer. Foi só um deslize de uma
noite.

— Nossa Di, pela sua cara a coisa não foi muito boa.

— É, melhor não falarmos mais disso... tem coisas que é melhor


fingir que nunca aconteceram.

E assim mudei de assunto, mas depois com mais calma iria


querer saber detalhes dessa noite desastrada da minha miguxa.

Chegamos em casa e dei um beijinho em sua bochecha.

— Precisando conversar, sabe que estarei aqui. Até mais.


Saí do carro e fiquei olhando enquanto ele se afastava. Com um
suspiro entrei em casa e liguei para a Solaris.

— Lilia, passa a ligação para a Grazi, por favor? Preciso falar


com ela.

— Ok, chefinha, só um minuto.

Esperei um pouquinho e ela respondeu

— Graziela Lopes, boa noite.

— Ei, Grazi, sou eu, Pam. Será que você consegue dar conta
de tudo sozinha essa semana? Um amigo sofreu um acidente e
precisa de companhia...

— Imagina Pam, fica sossegada. Vá lá ajudar seu amigo, que


eu dou conta de tudo aqui.

— Você não existe, minha amiga... Obrigada. Qualquer coisa dá


um grito. Será que consegue alguém que possa trazer meu carro,
amanhã cedo? — Ela confirmou, nos despedimos e me larguei em
minha cama.

Foi fechar os olhos e a imagem de Theo invadiu minha mente...


Deus, eu estava bem ferrada! Deixando tudo de lado para cuidar
dele e sem pensar duas vezes!

Sei que ele faria tudo isso por mim, se eu precisasse. Meu
celular tocando, tirou-me dos devaneios.

— Pam, você está bem? — Rick já foi falando, sem ao menos


dizer oi.
— Oi pra você também, Grandão. Sim, estou bem e já estou em
casa.

— Quer que a gente passe a noite aí, com você? Ou você pode
vir pra cá, se quiser.

— Ei, estou bem, não se preocupem não. Todo caso estou com
minha bombinha pertinho de mim. Foi só o susto que desencadeou
tudo. Já não sinto mais nada.

— Está certo então, mas me promete que se você passar mal,


qualquer coisinha, me liga e vamos buscar você.

— Certo, prometo. E Jess? Os bebês estão bem?

— Eles estão bem, mexendo bastante... Fico bobo olhando a


barriga dela pulando. Está enorme! — Disse ele, todo babão. Até o
tom de voz mudava quando falava dela e dos bebês.

— Está bem, então. Não esquece que a qualquer momento eles


podem querer aparecer por aí! Poxa, são gêmeos e ela já entrou no
oitavo mês... Sabe o quanto é raro hoje em dia?

— Claro que sei! Mas cuido muito bem do meu Anjo. No que
depender de mim eles ficarão no forninho até a hora certa.

— Papai babão! Beijo e até mais.

— Se cuida e não esquece, qualquer coisa me liga. — Desligou


o telefone.

Pobre coitada da Jess. Se bem conhecia meu primo - e


conhecia muito bem - ele não devia estar deixando ela fazer nada.
Lembrei de como ele era autoritário quando eu estava mal, com a
asma ... Carinhoso, mas autoritário.

Fui tomar banho e quando tirei meu vestido percebi que ainda
estava sem calcinha. Isso até que tinha sido bom, ele havia tido
acesso total e irrestrito... O modo como ordenou que eu a retirasse...
Só de me lembrar, minha pele se arrepiou. Entrei no chuveiro e
tomei uma ducha rápida.

Quando tinha sido a última vez que comi? Nossa, estava morta
de fome! Ainda enrolada na toalha corri para a cozinha, fucei os
armários e só achei macarrão instantâneo.

Coloquei a panela com água no fogão e em alguns minutos,


minha janta estava pronta. Até que estava gostoso! Ou eu estava
com muita fome...

Enquanto comia, meus pensamentos vagaram para o Theo...


Eita! Eu havia me esquecido de avisar que havia chegado. O dia
tinha passado voando! Liguei para ele que atendeu rapidinho.

— Oi, meu gostoso, cheguei.

— Neném, não me diga que só chegou agora, não caio nessa.


— Disse ele, bravo.

— Theo, cheguei, tomei banho, estou comendo agora.

— Pamela, entenda que quando eu digo, me ligue quando


chegar, é quando chegar! Não meia hora depois!

— Theo! Para com isso...


— Pamela, você faz ideia do quanto me preocupei por você ter
demorado tanto? Ainda mais após meu acidente? Caralho mulher,
fiquei louco aqui.

— Ok, ok, entendi. Ajuda se eu disser que da próxima eu ligo


assim que colocar os pés em casa?

— É o que eu espero. Chego às 9 em casa amanhã. Esteja lá


às 9h10. Nem um minuto depois. Você é minha, Neném. Não se
esqueça disso. Tenho que desligar, Ella já está dormindo.

— Bem, se ela não acordou com essa bronca, não acorda por
mais nada nesse mundo!

— Não mude de assunto. Amanhã, 9h10.

— Está bem amor, não vou me atrasar. Beijo nessa boca linda.
Boa noite e bons sonhos.

— Adoro você, Neném. Boa noite.

Eita, se eu achava que o Rick era autoritário com a Jess,


cacete, o que era meu Theo então?

Mas não posso negar que adorei a possessividade e esse lado


mandão dele. Terminei meu jantar improvisado e fui me deitar, mas
não antes de abrir a janela para sentir a brisa em meu corpo...
Joguei a toalha no chão e adormeci nua sob a luz da lua.
Capítulo 14

Às 8h50 da manhã eu estava na esquina da casa dele, dentro


do meu carro, esperando que ele chegasse. Não esperei muito e o
vi saindo do carro, com a ajuda do Bruno, que o levou para dentro.
Exatamente às 9h10 eu toquei a campainha. Bruno abriu a porta.

— Bom dia, Pam. Theo está no quarto. Te esperando.

— Bom dia pra você também, Bruno. Como está o humor dele
hoje? — Perguntei, receosa. — Ontem ele estava com um mau
humor dos infernos!

— Confira por você mesma.

Confirmei com a cabeça e segui em direção ao quarto dele. Bati


na porta e entrei.
— Bem na hora. Pontual. Assim que eu gosto. — Ele disse
olhando para o relógio.

— Meu senhor ordenou, aqui estou. — Respondi petulante,


fazendo uma mesura exagerada e fingindo segurar a barra da saia,
como se fazia antigamente.

— Vai bancar a engraçadinha? — De repente ele ficou sério


demais. Eita que eu tinha exagerado na brincadeira. — Não sou
Senhor de ninguém. Nunca mais repita isso, Pamela.

— Eita amor, estava só brincando. — Sentei na beirada de sua


cama e dei um beijinho em sua bochecha. Sua mandíbula relaxou
visivelmente.

— Humm, seu cheiro me deixa louco, Neném... — Me abraçou,


puxando para cima de seu peito, enterrando o nariz em meu
pescoço e cabelos. — Nossa, que saudade do meu Neném lindo. —
Roçou os lábios na pele sensível do meu pescoço e um arrepio
tomou conta de mim, eriçando todos os pelos do meu corpo.

— Meu gostoso, se você continuar com isso, já sabe o que vai


acontecer. — Me afastei dele, provocando, apoiando a mão em sua
virilha, fazendo com que ele puxasse o ar entre os dentes.

—Shhh, provoca, bandida. — Em um movimento rápido, me


agarrou pelos cabelos e tomou posse da minha boca.

O beijo estava carregado de saudade, desejo, fome... Intenso,


avassalador. Meus mamilos intumesceram, me senti umedecer e
tudo lá por baixo se apertou. A mão dele foi para meu pescoço e
apertou minha nuca, circundando... e eu não era mais eu, naquele
momento eu era dele, para o que ele bem entendesse.

— Você é minha Pamela. — Ele sussurrou em minha boca,


antes de arrastar os lábios pelo meu rosto, mordiscando até chegar
a meu ouvido. — Eu quero te comer... Eu vou te comer, minha
putinha gostosa.

Estremeci visivelmente quando ele mordeu meu lóbulo. Ele


tinha ligado meu botão de puta. Deus, me chamar de putinha, me
deixava insana. Tomando cuidado com sua perna, o montei e rebolei
em cima de sua ereção.

— Ah, minha putinha gostosa... Como quero me enterrar em


você, beeem fundo, sentir você se apertando, ordenhando meu pau
com essa bocetinha molhadinha, quente... — A voz dele era
hipnótica, ele sussurrava entre beijos.

Endireitei-me em cima dele, sentindo o contorno de sua ereção


grossa. Seus olhos se prenderam nos meus, me subjugando e sua
mão subiu pelo meu corpo, acariciando minha barriga, meu seio,
parando em meu pescoço.

Não conseguia desviar o olhar e quando sua mão apertou meu


pescoço, gemi, deliciada. Ele tinha a minha total confiança e seus
olhos me passavam o controle absoluto da situação.

Fui ficando sem ar, sentindo o pulmão queimando, pedindo por


oxigênio. Theo rebolava devagar embaixo de mim, seu pau grosso
se esfregando... Puxou-me, inclinando meu corpo para perto de seu
peito e largou minha garganta, a mão voando para minhas costas,
descendo até minha bunda, me apertando contra ele, fazendo sua
ereção se esfregar em meu clitóris, que latejava.

Inspirei, e o ar entrando em meus pulmões depois da privação,


me levou à beira do orgasmo. Nossos rostos a centímetros de
distância, olhos nos olhos, presos em um mundo só nosso.

Theo lambeu minha boca de leve, sua língua contornando meus


lábios, sem quebrar nossa conexão, me olhando como se pudesse
ver minha alma e estivesse segurando-a com o olhar. Devagar
minha língua encostou na dele e gememos juntos.

— Geme pra mim, quero escutar você. — Sua voz grossa,


rouca, ordenou e meu corpo obedeceu.

Comecei a gemer baixinho cada vez que ele se esfregava em


meu clitóris. Theo espalhava beijos pelo meu rosto, pescoço e foi
aumentando a velocidade da esfregação... Caramba, eu estava
prestes a gozar, gemendo mais e mais... — Grita meu nome Neném,
goza, goza gostoso...

Eu estava tão conectada a ele, e tão fora de mim que quando


ele apertou meu corpo no dele, me senti explodir em êxtase e gritei
seu nome.

— Meu Neném lindo... Você é uma obra de arte quando goza.


Espere eu tirar essas talas e você vai ver o que te aguarda.

Eu estava ofegante.

Meu Deus... Com Theo até os amassos eram diferentes. Eu


estava sem entender ainda esse fascínio, esse domínio que ele
tinha sobre mim. Loucura. Quando eu estava com ele, me tornava
outra, uma mulher depravada... Depravada e obediente. Mentira,
nem precisava estar com ele... Ele tinha esse poder sobre mim...

— Estou escutando as engrenagens na sua cabeça... Seja lá o


que for que você esteja pensando, pare já. Hoje, você é minha.

— Theo! Bruno ainda está aqui. Será que ele ouviu... —


Coloquei a mão em frente à boca, minha voz morrendo...

— Pam, Bruno foi embora assim que você chegou. — Ele riu de
mim e me deu um beijo na ponta do nariz. — Acha que eu ia deixar
ele escutar você gozando? Seu gozo é todo meu, seus gemidos,
seus gritos, são meus.

Saí de cima dele e me aconcheguei em seu peito. Ficamos


conversando e rindo durante um tempão, até que minha barriga
roncou.

— Imperdoável. — Ele disse. — Como posso deixar minha


mulher com fome? — Com algum esforço, pegou o celular na mesa
de cabeceira e pediu comida para nós. Fui buscar na porta quando
a campainha tocou, meia hora depois.

Coloquei uma porção generosa em um prato, servi suco e levei


para o quarto.

— Olha a comidinha. — Sentei na cama, e levei uma garfada à


sua boca. Theo cerrou os lábios e não abriu por nada.

— Theo! Abre a boca, você precisa comer. Precisa se recuperar


rapidinho.
— Pam, eu sei comer sozinho.

— Ok, então vamos ver isso acontecer, já que você está com
um braço engessado.

Coloquei o prato na mesinha de cabeceira e fiquei observando.

Theo se esforçou para sentar. Graças a Deus aquele abdômen


trincadinho era forte o suficiente para que ele se sentasse sozinho.
Demorou, mas ele sentou e pegou o prato. Ainda bem que o lado
engessado era o esquerdo, assim ele tinha coordenação suficiente.
Fui me servir também e voltei para junto dele. Comeu tudo e me
olhou, orgulhoso.

Esse era meu Gostoso! Mesmo com as dificuldades, se saía


bem em tudo o que tentava fazer.

O clima entre nós era tão delicioso, uma cumplicidade... O fato


de sermos bons amigos antes de ficarmos juntos, fazia toda a
diferença.

— Muito bem, Theozinho! — Retirei seu prato e dei um beijinho


em seu rosto. Ele sorriu e se pavoneou todo. Homens! — Vou lavar
esses pratos e já volto.

— Só deixe em cima da pia. Não demore, Neném. Preciso do


seu cheiro, de seu calor comigo. Sem você... fico perdido. — A
sinceridade em seus olhos, me deixou sem palavras.

Na cozinha, me peguei pensando... Estávamos indo rápido


demais. Mas o pensamento de ficar longe dele me deixava sem
fôlego. Eu amava o Theo. Essa percepção me deixou realmente
ofegante e meio tonta... Sentei-me no chão e coloquei a cabeça
entre os joelhos. Meu Deus!

— Pam! — Theo me chamou. — Neném... vem logo...

Como sempre, eu não podia negar-lhe nada. Respirei fundo,


levantei-me e voltei para o quarto dele.
Capítulo 15

Acordei meio perdida e olhei em volta. Theo estava dormindo


como um anjinho. Coitado com todo aquele gesso devia ser tão
incômodo!

Hoje fazia exatamente uma semana que eu estava aqui com


ele. Como o tempo voa quando estamos felizes!

O celular dele tocando, me fez pular. Eita, quem seria a essa


hora da manhã? Dei uma sacudida nele e entreguei o celular em
sua mão. Ele, meio dormindo, atendeu sem olhar quem era.

— Alô... Oi mãe, bom dia. Aham, que horas são? Humm, tudo
bem mãe, até mais. — Desligou e me olhou. De repente ele
arregalou os olhos. — Pam, meus pais estão vindo. Você quer
conhecê-los?
Ainda bem que, pelo menos, ele me deu a escolha. Conhecer
os pais dele? Ai meu Deus... O pânico começou a me tomar, mas
respirei fundo. O que tinha demais nisso?

Theo me olhava preocupado, nunca fui muito boa em esconder


minhas emoções. Soltei o ar e sorri para ele.

— Sem problemas, vou adorar conhecer seus pais.

— Então pula Neném, eles chegam em meia hora. Me ligaram


da estrada.

— Meia hora? Quer tomar banho? — Perguntei, preocupada


com ele estar bem quando os pais chegassem.

— Não precisa Pam, comigo está tudo bem. Vá fazer o que


precisa fazer. Sei como as mulheres são. — Abriu aquele sorrisão
lindo para mim. — Se puder, chame Ella para mim? Ela precisa se
aprontar também.

Dei um beijinho nele e colocando um roupão, fui avisar Ella.

Bati de leve na porta de seu quarto.

— Ella, posso entrar?

— Pode, Pam. — Abri a porta e a encontrei sentada na cama,


com o note no colo. — O que foi, aconteceu alguma coisa com o
Theo?

— Não, ele está bem. Seus pais estarão chegando em 25


minutos mais ou menos. Ligaram da estrada. Theo disse pra você
se aprontar.
Ella colocou o note de lado e saiu correndo para o banheiro.

— Valeu, Pam. Corre você também. — Falou enquanto corria.


Ela colocou a cabeça para fora da porta. — Pam, eu agradeceria se
você não comentasse nada da minha doença perto deles. Sabe
como é, eles já têm tanto com o que se preocupar... — Seu olhar
era suplicante e não tive outra alternativa a não ser concordar.

— Sem problemas. Fique tranquila.

Dito isso, voltei para o quarto, ajudei Theo a colocar uma


bermuda e fui para o banho. Minutos depois quando saí, o quarto
estava vazio. Me arrumei e passei uma maquiagem leve. Não queria
parecer uma perua que fica maquiada às oito da manhã, mas
também não podia me apresentar a eles com a cara lavada. Queria
causar uma boa impressão.

Theo estava na porta, apoiado na muleta e pagava ao


entregador. Um monte de sacolas estava a seus pés. Peguei
algumas, sob o protesto dele e levei para a cozinha. Meu Deus, que
homem para reclamar! Não queria que eu fizesse nada, mas como
ele o faria? Voltei para pegar o restante, cheguei pertinho dele e
passei os braços pelo seu pescoço. Dei um beijo de leve em seus
lábios.

— Theo, vá se sentar, por favor. Deixe tudo aqui comigo. Vou


pôr a mesa e quando eles chegarem vão encontrar tudo bonitinho.
Me dê esse prazer? — Sabia que assim ele não negaria.

Ele ficou aturdido com minha atitude e, sem reação, retribuiu


meu beijo e foi se sentar.
Arrumei a mesa com tudo o que ele havia pedido. Um café da
manhã digno da família real. Essa preocupação do meu Gostoso, só
comprovava a educação, respeito e amor que ele tinha pelos pais.

Quando acabei de colocar o último guardanapo, escutei vozes


na sala. Eles haviam chegado. Respirei fundo e fui até lá.

— Mãe, Pai, conheçam a Pam, minha namorada. — Theo disse,


apontando para mim.

Cheguei perto e os cumprimentei, dando um beijinho em cada.

— É um prazer conhecer vocês. — Dei aos dois o meu melhor


sorriso.

Theo estava com a mão estendida para mim e me sentei ao seu


lado. Mais do que rápido ele agarrou minha mão e não soltou por
nada.

A mãe dele se sentou do outro lado, próxima ao gesso. Ela me


observava o tempo todo, falava com ele e me olhava. Era uma
mulher muito bonita e suas roupas impecáveis, demonstravam bom
gosto. Para quebrar o gelo, me levantei.

— Vocês estão com fome? Preparei a mesa para nós tomarmos


o café da manhã. — Fui até ela e estendi a mão, para ajudá-la a se
levantar.

Fiquei aliviada ao ver que ela aceitou a minha mão e ainda me


abraçou, indo até a sala de jantar, agarrada em mim e começou a
conversar. À mesa, sentou-se ao meu lado e acabou contando todos
os micos de infância do pobre Theo.
Rimos muito e qualquer tensão inicial, dissipou-se. O pai do
Theo era mais reservado, só concordando e me estudando. Eu
percebia o olhar dele em mim, mas quando eu o olhava, ele
desviava o olhar, ou então sorria para mim. Comecei a retirar a
mesa, quando eles se levantaram e voltaram para a sala.

— Neném, deixa aí, daqui a pouco a Cida chega e arruma tudo.


Vem ficar com a gente. — Fui para perto dele.

— Amor, vá lá e aproveite a companhia dos dois um pouco. Eu


já vou, tá? — Acariciei seus cabelos e o puxei para um beijo
profundo e delicioso.

— Neném, olha como fico quando você me beija assim... Eu te


quero tanto. Como vou chegar à sala agora, desse jeito? — Me
perguntou, enquanto distribuía beijinhos pelo meu rosto, boca e
pescoço.

— Amor, é sua mãe. Só em pensar nisso, já é um bom banho


de água gelada. Vá lá e fica um pouco com ela. — Dei um último
beijinho e me virei. Um gritinho escapou de mim quando ele me
acertou com a muleta, de brincadeira, na bunda. Ele riu e foi para a
sala.

Demorei mais do que o necessário, querendo dar privacidade


para pais e filhos.

Na hora do almoço, Cida nos presenteou com uma comidinha


deliciosa. Ela realmente cozinhava e cuidava da casa muito bem.
Ela era irmã de Maria, a governanta do Rick e quase trabalhou para
Jess no passado, mas acabou não precisando. Ela estava nos
ajudando enquanto Theo estivesse com o gesso.

A tardinha eles foram embora. Os levamos até a porta, o pai


dele me abraçou.

— Menina, você fisgou meu filho. Ele é um homem de sorte por


tê-la. — Me deu um beijo estalado na bochecha, deu um tchau para
os dois e se foram.

Theo fechou a porta e encostou-se nela, suspirando.

— Ufa! Você passou, Neném! Foi aprovada pelo meu pai e isso
é um grande feito! Sem falar na minha mãe... Ela nunca tinha
conhecido nenhuma das minhas namoradas.

Abri a boca, incrédula.

— E você não achou que seria legal da sua parte ter me


contado esse pequeno detalhe?

— Sossegue o coraçãozinho. Você teria ficado insegura se


soubesse. Você é e foi perfeita, Neném. — Me abraçou com o braço
bom e beijou meus cabelos.

— Venha amor, venha se deitar um pouco, seus dedos já estão


inchando. Você não descansou como devia...

— Só se você me fizer companhia... — Me olhou daquele jeito,


com fome e eu estava louca para ser pega pelo meu amor... Fomos
para o quarto, o mais rápido que aquelas muletas permitiram.
— Humm quer tomar um banho? Dar uma relaxada? — Eu
adorava a hora do banho dele... Naqueles minutos, ele era
completamente meu. Seus olhos brilharam em resposta e fui ligar o
chuveiro.

Dei um banho nele, bem gostoso e comportado. Theo ficou duro


o tempo todo, mas fingi não perceber. O ajudei a deitar, o cobri até a
cintura e me deitei ao seu lado. Ficamos conversando e vendo TV
até a hora do jantar, quando fiz o prato dele e o servi na cama. Ele
ficaria mal acostumado desse jeito, mas eu o mimaria enquanto eu
pudesse. Ele estava sempre no comando e quem era mimada e
acarinhada o tempo todo era eu, portanto aproveitaria cada
segundo...

A cada dia que se passava, Theo ficava mais inquieto com o


gesso, me deixava louca com aquela boca endiabrada e com
apenas uma mão... De pensar que ele estaria bom logo, totalmente
livre para me pegar de jeito, me dava arrepios de tesão, a hora que
fosse e onde quer que fosse.

Quando nos deitávamos para dormir, colocava o braço por


baixo de meu pescoço, me puxava para ele, apertado e fazia
promessas que arrepiavam todos os pelos do meu corpo.

Eu poderia me acostumar com isso. O amor que eu sentia por


ele só aumentava e conforme passava os dias, fui ficando cada vez
mais apreensiva, por que, com sua melhora, eu não teria mais
motivos para ficar ali com ele, 24 horas. E hoje, essa apreensão era
maior...
Meu celular tocou, me trazendo de volta à realidade.

— Alô?

— Pamela? Aqui é Bruno. Venha até o hospital hoje com o


Theo, quando ele for tirar o gesso, está bem? Ele precisa de você.

— Ok, vou com ele.

— E... Como está a sua amiga Diana?

— Você me ligou pra isso, né? — Ri da cara dele. — Por que


não liga pra ela?

Bruno riu também e disse que faria isso. Desliguei e fui passar o
restinho do tempo que ainda tinha com meu Gostoso, do melhor
jeito possível…

THEO

— Neném, o que você tem? Faz dias que você está meio
tristinha... — Perguntei assim que ela se sentou ao meu lado.

— Nada não. — Respondeu sorrindo e se abaixando para me


beijar.

Quando seus lábios tocaram os meus, qualquer pensamento


racional sumiu de minha cabeça, assim como o sangue com
certeza, já que meu pau ficou duro como pedra.

Eu a queria comigo, todo dia, toda hora, como nas últimas duas
semanas. Minha vontade era me meter naquele corpo delicioso,
corpo esse que eu queria embaixo do meu, mais do que tudo.
Nesse tempo todo em que estive com o gesso, não havíamos
consumado nada, mas em compensação eu já conhecia todas as
manhas e delícias de seu corpo, seus botões de tesão, loucura e
insanidade.

Éramos mais do que nunca um casal e eu queria que


continuasse assim. E se eu...

— Terra para Theo. Está tudo bem aí dentro? Volta pra mim
amor. — Ela pediu passando a mão em meus cabelos, seus olhos
nos meus. — Amo seus olhos Theo, são... tão expressivos e essa
cor louca deles, cada hora de uma tonalidade, demonstram seu
estado de espírito. Agora por exemplo, acabaram de escurecer, isso
quer dizer que está pensando em me deixar doidinha... Acertei?

— Neném, você quer... — Bateram na porta nos interrompendo.


Porra! — Entra. — Gritei mal humorado.

— Olha aí, os dois pombinhos. — Era Ella, que entrou e deu um


beijinho no rosto da Pam. — Theo, só passei para te lembrar que
daqui a uma hora você tem que ir ao Hospital. Quer que eu chame
um táxi?

— Não precisa, eu resolvi ir junto, vamos com meu carro.—


Pam respondeu.

Ella ficou conversando mais um pouco e minha ideia foi


amadurecendo... Sim, a interrupção havia sido providencial. Teria
que ser uma surpresa e com um monte de gente em volta, seria
mais difícil dela se esquivar. Que Deus me ajudasse.
Ella se foi e Pam entrou no banheiro, para ligar o chuveiro. Era
a hora que eu mais gostava, quando ela me dava banho. Sentia o
carinho e o cuidado dela comigo, sem falar que aquelas mãozinhas
eram minha perdição.

Por já me conhecer muito bem, Pamela apareceu na porta, nua


e me chamou. Ela sabia o quanto eu gostava de ser independente e
ficou ali, me observando levantar da cama com a ajuda da muleta e
ir ao seu encontro.

Deixei que tirasse minha calça, minha ereção dificultando as


coisas, enganchando no elástico. Pamela levantou a cabeça,
olhando-me, pois ela havia se ajoelhado para tirar a peça. Seus
olhos brilharam e uma língua me brindou, lambendo os lábios e logo
em seguida a cabeça do meu pau.

Um grunhido escapou de mim e agarrei seus cabelos, quando


ela me levou fundo em sua boca.

— Delícia Neném. Boquinha mágica. Deliciosa. Chupa safada...


minha putinha gostosa... — Eu gemia enquanto ela me sugava com
vontade. Separei um pouco mais as pernas e me apoiei na muleta,
por nada no mundo eu queria interrompê-la.

Foi quando senti seus dedos brincando em mim. Ela ia fazer de


novo... E eu queria! Nunca pensei que seria tão bom e talvez só
fosse bom porque era com ela. Quase gozei quando ela introduziu a
ponta do dedo em mim. Começou a retirar a pontinha, entrando
mais, sempre me sugando, sua cabeça indo e voltando, aqueles
olhos safados olhando-me, brilhando.
Dessa maneira eu era dela, de um jeito que nunca fui de
ninguém. Era um tesão louco. Eu gemia alucinado e metia em sua
boca. Quando ela pressionou e acariciou por dentro de mim, gozei
fundo em sua garganta, como ela gostava.

Seu sorriso de satisfação se igualava ao meu. Ela irradiava uma


aura de poder, um poder sobre mim. Eu tinha uma fome por essa
mulher... Meu Deus. Ela iria embora hoje.

Essa constatação me deixou tonto e arquejei em busca de ar.


Eu não posso e não quero ficar sem meu Neném que eu amo tanto!
Eu amo e como amo essa mulher pervertida! Minha pervertida
gostosa.

— Venha amor, vou te dar um banho gostoso e vamos lá


arrancar esse gesso de você!

Concordei e entrei no boxe, me sentei no assento que Bruno


havia providenciado no primeiro dia e me entreguei mais uma vez
em suas mãos, pensando no que faria com ela assim que tirasse
esse maldito gesso. Caralho, estava duro de novo, como aço.
Capítulo 16

Entrei na sala de curativos do hospital, sozinho. Pam ficou do


lado de fora conversando com Bruno.

Graças a Deus, logo estaria livre daquele gesso e teria minha


mobilidade de volta. Estava louco para pegar meu Neném de jeito!
Esses quinze dias de seca, só com brincadeirinhas me deixaram
louco para foder!

— Senhor Theodoro Torres? — O médico entrou na sala,


acompanhado de um enfermeiro. — Vamos retirar o gesso e refazer
seus raios-x. Se estiver tudo bem, o senhor será liberado, caso
contrário, recolocaremos o gesso ou tala, de acordo com a
necessidade.

Fiquei olhando o enfermeiro cortar meu moletom para ter


acesso ao gesso e chegar perto da minha perna com aquela serra
giratória... Sentia a vibração em meus membros. Um espirro do cara
e minha perna seria feita em pedaços!

Por sorte, nada aconteceu e com um suspiro de alívio, senti


minha perna livre. Agora, a vez do braço... Depois do que me
pareceu uma eternidade, o enfermeiro veio com um lencinho
umedecido, limpando onde antes havia gesso.

Que catinga! Um lencinho molhado não faria diferença naquilo


ali, nem em um milhão de anos. Ri sozinho da minha própria
desgraça...

Fizeram os raios-x, e eu estava bem, ossos fortes como de um


cavalo! Agora sim, o enfermeiro esterilizou com álcool em gel, as
partes onde tinha gesso. Fiquei com cheiro de hospital, mas, pelo
menos, a catinga tinha desaparecido.

Meu pé e meu joelho estavam um pouco rígidos por ter ficado


tanto tempo imobilizados, mas era um alívio tão grande estar livre,
que um pouco de incômodo não era nada. Coloquei o jeans, que
Pam fez questão de trazer, jogando fora o moletom rasgado.

Cheguei à sala de espera e quando meus olhos caíram sobre


minha Gostosa, e seu olhar se juntou ao meu, uma tensão tomou
conta do ambiente. Seus olhos brilhavam e eu entendia
perfeitamente a fome que via neles.

Como um predador fui chegando perto dela, devagar... A


respiração de Pamela foi ficando mais carregada, seus lábios se
abriram em busca de ar e ela umedeceu-os com a língua. Senti meu
pau latejando dentro do jeans, louco por ela.
— Vamos, Neném. Até mais, Bruno. — Coloquei a mão em seu
pescoço, apertando de leve sua nuca e a ouvi gemer baixinho. Essa
era minha Gostosa, sempre pronta para mim!

Fomos direto para minha casa. Durante o caminho não falamos


nada, nos comunicávamos por olhares. A eletricidade no ar era
palpável. Entrei com o carro na garagem, saí, dei a volta e abri a
porta para ela, que aguardou pacientemente.

Destranquei a porta de casa e dei espaço para que ela


entrasse. A safada esbarrou a bunda em meu pau quando passou
por mim e puxei o ar pelos dentes. Eu estava tão duro que chegava
a doer.

Entrei atrás dela e a ataquei, prensando-a com o rosto contra a


parede, me esfregando naquela bunda gostosa. Pam gemeu e
amoleceu contra meu corpo, jogando a cabeça para o lado,
oferecendo o pescoço para mim.

— Adoro o modo como se entrega a mim, como está sempre


pronta... — Disse ao enfiar a mão entre suas pernas e a encontrar
com a calcinha úmida. — Venha comigo Pam, vou te levar onde
ninguém nunca conseguiu... Ao paraíso... Meu Neném lindo. —
Sussurrei ao seu ouvido, apertando seu mamilo rijo e sua bocetinha
molhadinha. O gemido que escapou de seus lábios me deixou
alucinado.

Beijei seu pescoço, sugando a pele que se arrepiava sob meus


lábios. Pam procurou minha boca e a beijei, faminto por ela.
— Minha Gostosa. — Minha voz estava rouca de tanto tesão. —
Que rabo lindo você tem... — Passei a mão apalpando a pele de
sua bunda, levantando junto a saia do vestidinho rodado que ela
usava. — Vou comer esse rabinho, com força e agora.

Em resposta Pam gemeu alto, empinou a bunda e se esfregou


em mim.

— Safada... Eu te quero assim, louca rebolando no meu pau.

Agarrei os cabelos dela, enchi a mão com sua boceta e a


empurrei de encontro ao encosto do sofá, e a inclinei, aquela bunda
linda e branquinha ficou exposta, com a calcinha de renda branca
enfiada nela.

— Meu Neném do rabo lindo...

Pamela gemia em antecipação e tentava se esfregar em meu


corpo. Mas eu a mantinha ali, parada e inclinada para mim,
enquanto eu admirava o que era meu.

Sem poder esperar mais, agarrei as laterais da calcinha e puxei


com força e a peça se desfez. Renda era tão frágil...

— Não se mexa. Vou saciar minha sede de você... Não me


canso de chupar essa bocetinha deliciosa e toda minha, sou viciado
em seu sabor, Neném. — Fiquei de joelhos atrás dela, abri suas
pernas e separei bem sua bunda, dando uma lambida, desde o
clitóris até seu buraquinho apertadinho, que piscou ao contato com
minha língua. Não dei folga e a chupei com toda a fome que eu
tinha, meu pau quase explodindo de vontade de se enterrar naquele
buraquinho delicioso...
Pam tremia, estava na ponta dos pés e implorava.

— Amor, me come... Isso é tortura seu sacana. Faz o que


prometeu caralho e come meu rabinho. Vem, por favor...

Adorava quando ela perdia a compostura e virava uma


desbocada, me xingando e pedindo o que queria. A penetrei com
minha língua, entrando e saindo e a masturbei com os dedos até ela
gozar em minha boca. Me lambuzei em seu suco e espalhei com a
língua, mais para cima.

Abri o jeans e coloquei o pau para fora, me levantei e meti forte


em sua bocetinha.

—THEO! — Pam gritou com a invasão repentina.

— Toma, minha putinha. — Minha voz estava rouca, mas


imperativa. Ela era minha. MINHA!

Usei de todo meu controle para não gozar ao me enterrar nela.


Ela estava quente, molhada e me apertava de tal maneira que...
Ahhh...

— Delícia, Neném. Isso ordenha meu pau…

Mais umas estocadas e ela estava com as pernas tensas,


trêmulas, respiração ofegante demais, gemendo como uma doida,
como eu queria.

— Agora Pamela, vou comer esse rabo lindo. — Empunhei meu


pau e encostei em seu buraquinho, que piscava, me querendo. —
Quieta, Neném. — Ela rebolava e se forçava contra mim.
Para aumentar o tesão, forcei um pouquinho e circulei seu
ânus, sem entrar, apenas para que ela sentisse o que estava por vir.

Pincelei com meu pau e segurando sua bunda aberta para


mim, forcei e entrei somente a cabeça.

— Tudo Theo, quero meu gigante todo dentro de mim. — Com


esse pedido, não me contive e meti forte, entrando até as bolas
baterem em sua bocetinha, que se contraiu toda, em uma carícia
dupla. Pamela gritava de tesão, me xingando e rebolando em meu
pau.

Dei um tapa gostoso, deixando a pele marcada.

— Grita vadia, depravada e Gos-to-sa! — Agarrei seus cabelos


outra vez e a afastei do sofá, enterrado em sua bunda.

— Vamos dar uma voltinha, minha delícia.

Fomos andando pela sala, devagar até meu quarto, cada passo
mais perto do orgasmo. Parei em frente ao espelho e nossos olhos
se prenderam.

— Você é minha, Neném, só vai embora quando eu deixar,


quando eu quiser. Vai ficar comigo? — Perguntei me mexendo,
saindo um centímetro de seu rabinho e entrando de novo.

— Vou. — Respondeu quase sem fôlego, as bochechas


vermelhas, olhos brilhantes. Dei outro tapa em sua bunda, seu
rabinho apertando meu pau com uma contração involuntária.
— Humm... — Com uma mão em suas costas a abaixei. —
Mãos na cama, olhos no espelho. Quero que você assista eu te
foder. — Comecei a meter com força, nossos olhos, presos ao
espelho, observando meu pau entrar e sair dela, que começou a
gemer alto novamente e tremer descontroladamente.

— Minha safada... gostosa... descarada... — Eu grunhia entre


as estocadas. — Rebola, Neném, assim... Me mata de tesão, acaba
comigo... Hummm goza minha Gostosa, goza no meu pau!

Mais umas metidas e Pam gritou meu nome, rouca, tremendo e


fui com ela, gozando junto, fechando os olhos e jogando a cabeça
para trás, me entregando à delícia daquela mulher, que me tinha
nas mãos.

Nos largamos na cama e a puxei para meus braços,


acariciando seus cabelos.

Pam suspirou em meu peito.

— Como está sua perna amor?

— Não se preocupe comigo, eu estou bem.

— Uhum. Sei. — Ela me olhou. — Theo, isso de eu ficar com


você... Eu disse que ficaria, mas você sabe, tenho que trabalhar e
você também... Tenho minha casa que está sozinha esse tempo
todo...

— Pam, te quero comigo. Não importa como. Nós vamos


trabalhar e revezamos, um pouco na sua casa e um pouco aqui,
mas te quero comigo, todas as noites, dormindo em meus braços,
acordando com você todas as manhãs... — Beijei de leve sua boca,
que se abriu em surpresa. — Te amo Neném. Te quero comigo.
Simples assim.

Pam resfolegou e uma lágrima escorreu por seu rosto, direto


para meu peito. Sequei seus olhos com beijos, acabando em sua
boca, o desejo se acendendo entre nós novamente e nos
entregamos ao prazer ardente, que só dois amantes apaixonados
conhecem.
Capítulo 17

Eu estava em meu escritório, de olho na sala do Theo, vendo


ele sentado em sua mesa, digitando, falando ao telefone, pessoas
entrando e saindo... Ele passava as mãos pelos cabelos, exaltado.
Tadinho do meu amor. Aqueles dias em casa com o gesso estavam
cobrando seu preço.

Meu celular tocou e dei um pulo da cadeira, assustada. Cacete!


Corri até minha bolsa e o peguei. Ah, meu Deus! Será que o
Marcelo não ia desistir? Deixei tocar até cair na caixa postal. Quem
sabe assim, ele se tocava. Tocou novamente e eu apenas tirei o
volume e o joguei novamente na bolsa.

Voltei minha atenção para meu Gostoso. Eu tinha sido uma


covarde. Não consegui expressar meus sentimentos... Um pouco
por receio dele pensar que eu estava só dizendo para retribuir e
também porque, nesse quesito eu era travada. Nunca havia dito
para ninguém, além do que, nunca tinha amado ninguém. Até ele.

As últimas pessoas para quem eu dissera essas palavras foram


meus pais. E Rick, que cuidou de mim quando eles morreram. Fora
isso, nunca. Eu tinha que arrumar coragem para dizer isso a ele.
Mas como? Cada vez que eu tentava dizer, desde que me dei conta
que o amava, parecia que minha garganta fechava. Eu abria a boca
para falar, mas nada saia. Como eu ia fazer isso?!?

Voltei minha atenção para a tela e Theo estava encarando a


câmera. Cliquei para abrir o áudio entre as salas.

— Oi amor, o que foi? Por que está assim, olhando para a


câmera? — Essa curiosidade ainda ia me pôr em confusão.

— Estava aqui pensando se você estava aí, me olhando.


Imaginando você na sua sala... O que está fazendo?

— Trabalhando, ué! — Respondi rápido, e estava na cara que


era uma mentira.

— Neném, não minta pra mim...

— Ok, estava pensando em você, te olhando trabalhar. Está


muito complicado por aí? — Admiti. Era a verdade, mas não toda.

— Mais do que você imagina. Está vendo minha mesa como


está? — Ele abriu os braços, apontando em direção à mesa que
estava cheia de papéis, pastas, lápis e canetas, uma bagunça. Ele
passou a mão pelos cabelos, bufando.
— Tadinho do meu Gostoso... À noite eu te faço uma
massagem, o que acha?

Theo virou com um movimento rápido, olhando para a câmera


novamente e sua expressão mudou, passando de exasperação para
um tesão, que me deixou molhada e querendo na hora.

— Vamos ficar onde? Na minha casa ou na sua? — Perguntou


com um sorriso safado.

— Na minha. Nina está lá, dando uma geral. À noitinha a casa


estará prontinha, limpinha e cheirosa para nós.

— Uhum, eu levo o jantar então. Vou chegar um pouco mais


tarde, umas oito, tá? — Ele olhava para a câmera como se pudesse
me ver. Será? Olhei em volta, procurando por alguma coisa,
qualquer coisa que pudesse esconder uma câmera... Mas nada,
estava tudo normal.

— Neném?

— Está bem, amor. Estarei te esperando.

— Vou tentar terminar aqui o mais rápido possível.

— Ok. Beijo. Até mais então. — Me despedi dele, mas


continuei de olho na tela.

Ele mandou um beijo, se virou para a mesa outra vez e passou


as duas mãos pelos cabelos. Esse gesto demonstrava como as
coisas estavam complicadas, pois ele só fazia isso quando estava
muito irritado com alguma coisa.
Respirei fundo e resolvi me concentrar em outras coisas...
Trabalho, família... Caraca! O chá de bebê da Jess!

Peguei meu celular e liguei para as mulheres da família e


minhas amigas, que hoje eram amigas da Jess também, e Júlia,
para combinarmos como seria o chá dos gêmeos. Marquei com
todas no café, assim Diana participaria também. Teríamos que
correr se quiséssemos fazer antes deles nascerem!

Às 17h em ponto, abrimos a porta do café, o sininho fazendo


seu barulho característico, mas nada comparado à barulheira que
aquele bando de mulher estava fazendo. Diana havia juntado as
mesas e estavam todas lá, minhas primas, tias, a Júlia e minhas
miguxas lindas, Ionara, Edna, Mônica, Andréia e Luana. Grazi e
Lilia, que vieram comigo sentaram-se também e Diana veio juntar-se
a nós.

Não sei como, mas naquela bagunça geral e todo mundo


falando ao mesmo tempo, dando ideias e rindo, a coisa tomou forma
e cada uma ficou encarregada de uma coisa. Ia ser demais! Com
tudo organizado, nos despedimos e fui embora.

Cheguei em casa, louca de saudade do meu Gostoso. Logo


logo ele chegaria, eu havia me atrasado, a reunião com as meninas
demorou mais do que eu imaginava.

Minha cabeça, nada santa, fazia planos deliciosos. Fui tomar


uma ducha, coloquei um conjunto branco de renda, perfume em
áreas específicas, maquiagem leve... Camisa branca e uma saia
lápis, salto alto, fiz uma seleção de músicas para depois... Abri uma
garrafa de vinho, peguei as taças e levei para a sala, apaguei as
luzes, deixando só as luminárias...

Mais uns minutinhos e Theo me ligou, avisando que estava


chegando. Abri o portão e fiquei esperando na porta. Quando bati os
olhos nele, fiquei babando naquele homem gostoso e todo meu. De
terno, gravata frouxa, os cabelos revoltos, barba um pouco crescida,
humm... Um tesão ambulante. Engoli em seco quando nossos
olhares se prenderam. Que vontade de ser dele, aqui e agora!

Ele entrou, carregando a comida.

— Que saudade, Neném. — Theo disse, puxando-me para ele


e colando sua boca na minha.

— Venha, vamos comer e relaxar, amor. — Ele me seguiu até a


cozinha e ficamos conversando, eu peguei os pratos, ele os
talheres, e assim, servimos a comida.

Em minutos estávamos sentados à mesa. O clima era gostoso


entre a gente, a cumplicidade reinava, a conversa rolando solta.
Levamos os pratos para a cozinha, enquanto eu os limpava, ele ia
colocando na lava louças.

— Venha, vamos relaxar um pouquinho. — O puxei para a sala


e liguei a música, enquanto ele servia uma taça de vinho para nós.

Nos aconchegamos no sofá e ficamos ali, curtindo um ao outro,


o som de Sade pela casa toda... Quando Smoth operator iniciou,
Theo sussurrou em meu ouvido.
— Humm... Essa música dá uma vontade... Vamos dançar
Neném, quero sentir seu corpo roçando no meu.

Nos levantamos, Theo puxou-me, bem perto, passei os braços


pelo pescoço dele, sua mão em minha cintura.

A música mudou, essa um pouco mais lenta, Jezebel, e ele


olhou dentro dos meus olhos, os dele escurecendo, seu rosto era
puro tesão. Suas mãos emolduraram meu rosto e ele chegou mais
perto, sua língua percorreu meu queixo, subindo, contornando
minha boca, seus dedos acariciando meus cabelos, enquanto sua
boca dominava a minha em um beijo lento e sensual, fazendo com
que eu me arrepiasse toda, nossos corpos se movendo no ritmo da
música.

Eu estava molhada, pulsando, querendo aquele pau grande e


gostoso que se esfregava em mim... Ah, como eu queria! Mas a
expectativa deixa tudo mais gostoso. Outra música se seguiu, a que
eu estava esperando, Is it a crime.

— Essa é boa para um strip. Quer que eu tire a roupa pra


você? — Disse, quebrando o beijo.

— De você, eu quero tudo. — Respondeu rouco e ofegante. O


empurrei de leve e ele sentou-se no sofá.

De costas para ele, rebolei devagar, passei as mãos pelos


cabelos, virando-me, desabotoei minha camisa o suficiente para que
aparecesse o sutiã rendando e um pouco dos meus seios. Desci as
mãos pelo meu corpo, sempre dançando, comecei a levantar a saia
devagar.
Theo não desgrudava os olhos de mim, acompanhando cada
movimento. Ofegante, ele começou a acariciar o pau por cima da
calça.

— Caralho, Neném!

Cheguei mais perto, virei de costas e continuei subindo a saia


até aparecer o início da minha bunda.

— Delícia! — As palavras dele me deixavam com mais vontade


ainda... me deixando mais devassa.

Abaixei-me, tocando os pés, a saia subiu mais, minha bunda a


centímetros do rosto dele.

— Tira minha calcinha. — Pedi sussurrando e senti sua


respiração em minha pele e sua boca em mim. Ele mordeu a peça e
puxou. A calcinha escorregou pelas minhas pernas.

— Gostosa, cheirosa. — Gemeu de encontro a minha pele e


me lambeu.

Gemi de prazer com o contato de sua língua em minha carne


molhada. As mãos dele apertando minha bunda, me separando e
afundando o rosto em mim. Tremendo, me apoiei na mesinha de
centro.

— Theo! — Gritei quando ele mordeu a pele branca do meu


traseiro. Lambeu e beijou, diminuindo a dor, raspando os dentes em
mim, descendo... — Assim você me deixa louca. Louca de vontade
de você...
— Tão molhadinha...

— Só pra você, meu gostoso. Sou sua...

— Estou tão duro Neném, cheio de tesão. Quero socar em


você, te encher com meu pau, te fazer gozar lentamente... —
Começou a meter os dedos em mim. — Te deixar sem fôlego. Se
abra para mim, deixa eu te ver. — Se afastou e obedeci, separando
um pouco as pernas e me abrindo para ele com as mãos.

— Fico hipnotizado com essa bocetinha linda. — Passou os


dedos em mim, testando, me atiçando. De repente caiu de boca,
sugando com vontade, me lambendo. Eu rebolava em seu rosto,
aquilo estava bom demais!

Ele se levantou e o olhei por cima do ombro. Empunhou seu


membro e ficou massageando, seus olhos nos meus. Chegou perto
da minha entrada e passou o pau lentamente em mim. Gemi
deliciada.

Senti a ponta me invadindo, seu rosto uma máscara de prazer.


Eu não conseguia desviar o olhar enquanto ele me invadia
devagar... Quando entrou todo, parou, sua boca se abriu um pouco
e ele gemeu.

Começou a se movimentar devagar, entrando duro, saindo


lento, foi aumentando a velocidade, me agarrando pelos quadris, eu
rebolando de encontro a ele, gemendo, quase gritando de tanto
prazer. Aumentou o ritmo até que eu estava tremendo e sem
conseguir segurar mais, explodi em êxtase, gritando seu nome.

— Vou gozar em você.


— Goza tesão, espalha, faz bagunça, me lambuza toda.

Virou-me de frente para ele e ajoelhei, ficando a centímetros


daquele pau lindo, a cabeça delineada. Olhando para ele, abri a
boca, chegando perto e mordi.

— Deeeeeus do céu! Caralho Neném, morde, chupa meu pau.

Engoli todo e ele gemeu alto.

THEO

Aquela boca era minha perdição. Ela me olhava e chupava meu


pau com vontade. Aquela mordida foi deliciosa!

— Caralho, caralho... — Me escutei dizendo, olhos fixos em


sua boca, assistindo meu pau entrando e saindo. Ela brincava com
a língua enquanto me chupava, apertava contra a ponta, no
buraquinho, me deixando insano de tesão. Agarrei-a pelos cabelos,
meti devagar e inteiro. Parei quando estava todo metido em sua
boca e fiquei olhando seu rosto.

Pam foi ficando vermelha, mas seus olhos não saiam dos
meus. Aquilo era tesão demais! Saí lentamente e ela pode respirar
novamente.

— Que visão maravilhosa aqui de cima.

— Mais, eu quero mais de você. — Ela disse voltando a me


chupar. Porra, ela era tudo o que pedi a Deus.
— Vou gozar na tua cara, minha puta, engolidora de pau. — Ela
sorriu, me chupando forte e quando eu fui tirar de sua boca para
fazer o que prometi, ela me agarrou, segurando minha bunda, me
puxando, engolindo tudo e gozei gostoso, estremecendo da cabeça
aos pés.

— Paaaaaaaam, minha gostosaaaa. — Me ouvi dizendo, meio


gemendo, meio gritando.

Saí de sua boca e ela ficou me olhando, lambendo os lábios.

Eu devo ter sido muito bom, para o cara lá de cima me dar um


presente desses, uma mulher que era tudo o que eu sempre
procurei. Menina-mulher, sapeca, sensual, tarada, depravada. Tudo
isso e muito mais, em uma embalagem tão pequena e tão frágil.

A peguei nos braços, pisoteei minha calça e cueca me livrando


delas e a levei para o quarto. Minha vontade por ela não tinha dado
sinais de diminuir e a noite estava só começando.

Capítulo 18
Petrificada!

Essa palavra descreve perfeitamente como estou me sentindo


aqui, sozinha nesse hospital.

Fechei os olhos e me lembrei das palavras do Bruno, na


segunda-feira. “Então, eu pedi urgência nos seus exames e eles
ficaram prontos. Pedi para que você viesse junto, Pam, pois não
queria dar uma notícia dessas por telefone... Parabéns, você é
compatível com Ella! Quase um milagre, mas às vezes Deus coloca
as pessoas, uma no caminho das outras, por alguma razão. Está
pronta para ser doadora de medula?”

Se eu estava pronta? Nem em um milhão de anos, mas eu faria


isso, tentaria salvar Ella. Por isso eu estava aqui, para os exames
complementares, necessário para a cirurgia de retirada da medula.

Escutei chamarem meu nome, abri os olhos, mas não


conseguia me mexer. Força mulher, não vai amarelar agora! Ah, eu
devia ter pedido para alguém vir comigo!

Juntando forças não sei de onde, engoli o pânico e fui para


onde me chamaram. Entrei pela porta que a enfermeira segurava
aberta, tendo a certeza de que minha expressão me denunciava.

— Calma, menina, vou usar uma agulha bem fininha e flexível,


você não vai nem sentir. Bruno já me avisou que você tem
problemas com hospital. — A enfermeira tinha um sorriso meigo no
rosto; a sala que ela me levou, tinha uma iluminação suave e a
decoração em nada lembrava um hospital.
— Essa é a sala de descanso das enfermeiras. Fique à vontade
Pamela, já volto. Se quiser ligar a TV, o controle está em cima da
mesinha. — Apontou para ele e saiu.

Me sentei no sofá e peguei o controle. Estava passando Thor e


o martelo dos Deuses, e me lembrei do Rick. Deus, como ele
parecia com o cara do filme! Fiquei assistindo um tempão, até que a
enfermeira voltou.

— E aí? Passou?

— Uhum. Tudo bem, pode ir em frente.

— Certo, continue vendo seu filme e coloque o braço no apoio


do sofá. Só vai apertar um pouquinho aqui... — Foquei toda minha
atenção na TV e na história do filme. Minutos depois escutei a
enfermeira dizendo:

— Prontinho, só deixe pressionado aqui uns minutos, tá?

— Já foi? Já acabou? — Perguntei incrédula. Não tinha sentido


nada!

— Sim, menina. Viu? Não é tão ruim assim. E se quiser posso


ser a enfermeira assistente no seu procedimento. O bom de
trabalhar aqui há tanto tempo é que muitos me devem favores. —
Ela piscou para mim e sorriu.

— Ah, eu quero sim! — Disse já me levantando.

— Fique sossegada menina, que eu mexo meus pauzinhos.


Assim que tudo estiver marcado, Bruno entra em contato com você.
— Me deu um tapinha no ombro. — Vá com Deus, criança. Volte
amanhã para o eletrocardiograma. Pode deixar que a sala será bem
sossegada também.

Saí dali, leve como uma pluma, com a sensação de paz que há
muito tempo eu não sentia. Acho que acabei de exorcizar um de
meus demônios.

Agora era contar para os dois. Fui passear no shopping,


próximo ao hospital e vi na vitrine de uma das lojas um espartilho
lindo, com as meias e o fio dental. Theo iria gostar disso! Entrei,
comprei um para mim e também uma camisola para Ella, nada
extravagante e sim confortável. Afinal ela passaria algumas
semanas no hospital, após receber minha medula. Semanas que
seriam de expectativa...

Liguei para os dois e combinei de nos encontrarmos para um


happy hour. Se tudo desse certo eu mataria dois coelhos com uma
cajadada só!

Fiquei passeando e, meia hora antes da hora marcada com


eles, eu já estava na Steakhouse aguardando por eles. Já tinha
pedido um drink feito com kiwis e morangos batidos com suco de
cranberry e vodka. Isso me daria a coragem necessária.

Quando pedi o segundo eles chegaram. Levantei-me, abracei


Ella e quando me afastei um pouco, Theo me abraçou por trás.

— Boa noite, meu Neném lindo, quase morri de saudade de


você hoje. — Falou ao meu ouvido e me beijou o pescoço.
Ah, esse homem... Virei-me e não resisti, meus lábios se
juntaram aos dele em um beijo delicado... Pelo menos até eu sentir
aquela mão deliciosa em meu pescoço, e me entreguei, sem querer
saber onde estava. Ella pigarreou ao nosso lado e nos separamos,
rindo.

— Não temos como evitar! — Disse Theo, puxando a cadeira


para que eu me sentasse. Tão cavalheiro esse meu Gostoso.

— O que está bebendo Pam? — Disse Theo, já me olhando


com cara de quem não estava gostando nada.

— É só um drink de frutas. Hoje temos que comemorar! —


Peguei a camisola que havia comprado e entreguei a Ella.

— Olha só! Eu ganhando presentes! Por acaso é meu


aniversário e não estou sabendo? — Sorriu para mim, brincando.

— Bem, de certa maneira, sim.

Ella abriu o pacote e retirou a camisola de algodão, simples e


confortável. Olhou-me, sem entender nada.

— Bem, eu explico. Quando fui ver o Theo no hospital, no dia


do acidente e você me contou do LMA, Diana e eu nos cadastramos
como doadoras. Bruno ficou cuidando de tudo, agilizou as coisas.
Bem, eu sou compatível com você. — Disse em um fôlego, sem
saber direito a maneira correta de dar uma notícia dessas.

Os olhos de Ella se encheram de lágrimas e levou uma mão à


boca, incrédula. Levantei-me e me abaixei ao lado de sua cadeira.
— Bruno disse que é meio como um milagre. E você merece. —
A abracei e ela se encostou em meu ombro, chorando abertamente.
Olhei para o Theo e ele chorava, as lágrimas escorrendo pelo seu
rosto também. Aproveitei a oportunidade e olhando direto em seus
olhos, disse: — Eu te amo.

Um sorriso lindo iluminou seu rosto e ele juntou-se a nós,


agachando-se do outro lado, abraçando a mim e Ella ao mesmo
tempo.

— Nunca vou esquecer esse momento, passe o tempo que


passar. Meu Neném dizendo que me ama, e ao mesmo tempo,
descobrir que minha princesa tem uma chance de vencer essa
doença terrível. — Me deu um beijo na testa e encostou o nariz no
meu. —Obrigado. Obrigado por fazer parte de nossas vidas, de ser
a MINHA vida. — Um roçar de lábios se seguiu a esse
agradecimento emocionado.

— Bem, vamos parar de choro. É uma comemoração! — Rimos


e limpando as lágrimas, retornamos às nossas cadeiras. Theo
juntou a dele bem pertinho da minha, pegou minha mão e ficou
acariciando os nós de meus dedos com o dedão, o tempo todo.
Quando nossas porções chegaram, tentei soltar a mão da dele, mas
não teve jeito. Como comer com a mão esquerda?

— Não se preocupe, vou te alimentar, Neném. — Pegou uma


batata com queijo derretido e colocou em minha boca.

Olhei para Ella, que estava agarrada à camisola, com o mesmo


sorriso no rosto e um olhar sonhador.
Eu estava feliz pela minha decisão, ainda que isso implicasse
alguns dias internada naquele hospital terrível. Mas fazer o quê? Eu
estava salvando uma vida!

***

— Neném, estava aqui pensando... Quais são os riscos pra


você, nessa coisa toda? Claro que eu quero que Ella tenha uma
chance, mas se isso implicar um risco mínimo de te perder... — A
voz dele foi ficando embargada e não conseguiu terminar a frase.

Estávamos em minha cama, aconchegados e nus, para dormir.


Afastei minha cabeça de seu peito e o encarei, passando a mão por
seu rosto.

— Amor, não se preocupe. Bruno disse que é um procedimento


rápido, com anestesia geral sim, um pouco dolorido... Mas nada
perigoso. — O acalmei, porque nem eu mesma estava convencida
desse fato. Mas teria que confiar na palavra de Bruno e do Dr.
Guilherme.

Theo encostou os lábios em minha testa e foi distribuindo


beijinhos suaves por meus cabelos, orelha, rosto, nariz, queixo, meu
lábio inferior e o superior, contornando-os com a língua, fazendo
minha respiração acelerar.

Encostou seus lábios nos meus, em um beijo inocente. Senti o


calor daquela boca invadir minha alma. Então uma mão segurou
minha nuca, enquanto com a outra, meu queixo e então seus olhos
estavam nos meus. Me abrindo a boca, sua língua exigiu a minha,
em um beijo lento e profundo, que consumiu minha sanidade. Seus
dedos se emaranharam em meus cabelos, me puxando para mais
perto, me tomando para ele completamente... nossas línguas
dançando, explorando.

Minhas mãos contornaram seu rosto, minhas unhas roçando


sua pele, fazendo-o gemer em minha boca.

Meus dedos se enfiaram em seus cabelos e o puxei para mim


também, nossos corpos se roçando, a mão em meu queixo indo
percorrer um caminho sinuoso pelo meu corpo, até minhas pernas,
se perdendo na junção delas...

Meu corpo, um fantoche em suas mãos, sendo acariciado


lentamente, meu sangue, transformado em lava incandescente em
minhas veias.

Seus dedos brincavam comigo, me penetravam, saíam e


acariciavam meu clitóris, que latejava... Meu corpo tremia sob seu
domínio, o beijo me deixando tão louca quanto seus dedos.

Com cuidado ele se encaixou entre minhas pernas, penetrando-


me lentamente. O senti, centímetro a centímetro, me invadindo,
abrindo, até nossos corpos estarem completamente unidos.
Gememos deliciados e nos perdemos em carícias.

Depois, satisfeitos, ficamos conversando, largados na cama.


Theo começou a cantarolar para mim e dormi em seu peito.
— Theo, não precisa ir ao hospital comigo. Está tudo bem.

— Nem pensar, Pamela. Vou junto e acabou. Se acostume com


isso. — Eita, que quando ele me chamava pelo nome, a coisa era
séria.

— Bem, você quem sabe. — Sorri feliz por ele ir comigo. Iria
sozinha, assim como fui ontem, mas tê-lo comigo seria muuuito
melhor.

Na hora marcada estávamos lá e a enfermeira boazinha estava


me esperando.

— Vejo que trouxe companhia hoje, menina. Vamos lá, terminar


com seus exames.

Nos conduziu até uma sala tranquila e quando dei por mim, tudo
estava feito. Theo ficou ao meu lado o tempo todo e como sempre,
monopolizou minha atenção. Agora seria a vez de Ella, coitadinha.
Assim que meus resultados chegassem, ela faria os exames dela e
logo após, passaria por umas sessões de químio... Ia ser uma barra!
Mas nós estaríamos lá com ela, para apoiar e dar forças... Sempre.
Capítulo 19

Assim que acabei de fazer meus exames, Theo me deixou na


Solaris e foi para seu escritório. Passei na sala da Grazi para ver
como as coisas estavam, fiz uma ronda nas salas de vigilância e fui
para meu escritório. Liguei meu computador, fiz o login das câmeras
do Theo e lá estava ele, passando as mãos pelos cabelos,
exasperado. Levaria alguns dias para pôr tudo em ordem, mas,
ainda assim, ele fez questão de me acompanhar aos exames.

Bem, esse era meu homem.

O telefone tocou e quase caí da cadeira, tamanho foi o meu


susto.

— Solaris, bom dia.

— Pam, por que não atende o celular? — Era Rick e pelo tom
de sua voz, era alguma coisa séria.

— Desliguei quando entrei na sala de exames.


— Exames? O que você tem? Deve ser algo muito grave, para
você se submeter...

— Ei Grandão, é verdade, eu ainda não te contei! — Comecei a


falar, falar e falar, Rick só respondia com “humm” e “aham”. Quando
acabei de contar tudo, ele suspirou do outro lado.

— Pam, você está realmente apaixonada. Vocês estão firmes?


Pelo amor de Deus, me diga que não está fazendo isso por ele ou
por ele ter pedido! Juro que, mesmo ele sendo meu melhor amigo,
eu dou uma lição no aproveitador!

— Não Grandão, fique sossegado. Estou fazendo isso por mim


mesma. Pensei muito e é um ato de doação da minha parte. Mesmo
que eu não fosse compatível com Ella, eu faria do mesmo jeito, para
qualquer pessoa. Me sinto bem, como se estivesse exorcizando
meus fantasmas e de certa forma estou mesmo. Já não me dá
pânico entrar no hospital e estou sossegada com o fato de passar
por um procedimento com anestesia geral. Estou bem com tudo isso
e fazendo de coração. — Silêncio foi tudo o que ouvi. —Rick?

Uma fungada chegou até mim pelo telefone.

— Você está chorando, Grandão?

— Não conte isso para ninguém, senão está frita mocinha! —


Rick deu uma risadinha nervosa. — É muito bom saber disso, um
alívio, por assim dizer. Sabe que sempre me preocupei com esse
seu pavor do hospital.

— Sim, eu sei. De certo modo, acho que superei a morte de


meus pais. Ella, mesmo sem saber me ajudou também. Que eles
possam descansar em paz agora. Como dizem, eu os deixei ir,
depois de tanto tempo.

— Bom, vamos mudar de assunto, senão não vou poder sair do


meu escritório, com cara de choro! Imagina o que os garotos aqui
falariam. Zoam pouco, essas pestes. Como estão indo os
preparativos para o chá dos bebês? Vou tirar Jess de casa no
sábado e deixar o Marcelo avisado de tudo. Que horas eu trago ela
de volta?

— Traga ela lá pelas cinco e meia da tarde. Você consegue sair


antes do almoço e voltar esse horário? Acho que esse tempo é
suficiente para arrumar tudo e o povo chegar.

— Certo. Pode deixar que vou levar meu anjo para passear.
Não vejo a hora! Então tá. Cuide-se.

— Beijo e um na Jess e em meus afilhadinhos.

Desliguei e me dei conta de que eu ainda não havia comprado


minha parte para o chá! Que bela organizadora eu estava saindo.

Antes de sair à procura dos meus itens, passei a vigilância do


Theo para um dos funcionários mais antigos e que era de minha
total confiança. Não podia vacilar.

Corri até a loja de artigos para festa e comprei o material


necessário, passei na farmácia e comprei algumas fraldas e na loja
de bebê, um presente lindo para meus afilhadinhos! Bebês precisam
de tantas coisas! Quanto mais dois, tudo dobrado.
Voltando para casa, resolvi preparar uma surpresinha para o
Theo. Hoje ele iria ver uma coisa...

Parei na sex shop que tinha no caminho e comprei algemas,


venda, um estimulador duplo, bolinhas lubrificantes, um adstringente
íntimo e um vibrador spray.

Fui para casa, me preparei e deixei as coisas à mão, mas


escondidas dos olhos curiosos do meu amor, as algemas já presas
à cabeceira e enfiadas no vão do colchão.

Às sete horas, ele chegou e encontrou a mesa pronta com uma


salada, bifes suculentos e seu suco preferido. Eu era só sorrisos e a
antecipação me consumia. Após o jantar, ficamos escutando música
e conversando.

— Vamos deitar, amor? Estou tão cansada...

Meio a contragosto, ele me seguiu, afinal era muito cedo para


dormir.

— Vá se arrumando, vou tomar uma ducha. — Theo me olhou


desconfiado, pois antes de dormir, tomávamos uma ducha juntos e
íamos deitar nus.

Enfiei-me no banheiro e me troquei, colocando o espartilho, as


meias e a calcinha. Um pouquinho do perfume favorito dele e
pronto.

Abri a porta e o quarto estava na penumbra, somente o abajur


do lado dele estava ligado. Ele estava deitado, com os olhos
fechados. Será que eu tinha demorado tanto?
Cheguei devagar perto dele e ele ressonava baixinho. Peguei
seu pulso e meio que acariciando, o levei para debaixo do
travesseiro, puxei a algema e prendi nele.

Comecei a distribuir beijinhos em seu rosto para acordá-lo.

— Theo, acorda. Tenho uma surpresinha pra você...

— Não estou dormindo Neném, vai prender meu outro pulso


também? — Caramba, será que eu nunca ia pegá-lo de surpresa?

Ele foi para o meio da cama e o prendi. Puxei o lençol, ele


estava nu e pronto. Me afastei um pouco e seus olhos brilharam ao
contemplar meu corpo.

— Você está uma delícia com esse espartilho.

— Só para você, amor. Prepare-se, hoje você vai sofrer. — Um


sorriso safado tomou conta de meus lábios, enquanto Theo lambia
os dele.

— Me dê o seu pior, diabinha.

Comecei a me mover, sensual, fazendo uma dancinha particular


para ele, deixando que ele visse minha calcinha de renda
transparente.

— Neném, se masturba pra mim. — Theo pediu com a voz


rouca de excitação.

Comecei a passar as mãos pelo meu corpo, apertando meus


seios por cima do bojo do espartilho, que puxei para baixo,
deixando-os livres. Acariciei e apertei meus mamilos, gemendo
baixinho. Theo olhava para mim como um lobo faminto.

Escorreguei uma das mãos para dentro da minha calcinha,


lambuzando os dedos em minha umidade e os levando à sua boca e
ele gemeu ao sentir meu gosto.

— Arranca essa maldita calcinha Neném, quero ver o que é


meu. — A voz dele me deixou ainda mais excitada e obedecendo ao
seu comando, me virei de costas e fui abaixando devagar minha
calcinha, empinando a bunda para ele, que praguejava.

Peguei o estimulador duplo de clitóris e ponto G e comecei a


passar em mim, de leve. Sentei-me na poltrona ao lado da cama,
que hoje estava bem próxima, com as pernas fechadas, passando
as mãos pelas minhas coxas. Theo seguia meus movimentos, sem
desgrudar o olhar. Devagar fui abrindo, revelando a ele minha
bocetinha molhada.

— Que cheiro delicioso que você tem. Olha como eu fico. —


Imediatamente meu olhar foi para seu pau, que exibia uma gota
brilhante. Peguei o spray debaixo da cama, lambi aquela gotinha
safada, arrancando gemidos dele... E borrifei com o spray vibrador.

Os olhos dele se arregalaram.

— Caralho, Neném!
THEO

Estar preso à cama sem poder agarrar aquela delícia era uma
tortura. Quando senti seu cheiro, meu pau estremeceu e uma gota
brotou. Em seguida aquela língua endiabrada quase me mata de
prazer, mas esse spray foi uma surpresa. Aquilo meio que causava
uns pequenos choques e parecia que meu pau tinha vida própria,
tremendo involuntariamente, um calor subindo pelo meu corpo...
Gemi o nome dela, que se sentou e continuou a se masturbar,
gemendo e me olhando. Enfiou dois dedos em sua bocetinha e
colocou-os em minha boca. Jesus! Abaixou-se e me beijou enfiando
as mãos em meus cabelos. Quando ela se afastou, me peguei
implorando por mais.

— Humm, vamos preparar a casinha do gigante.

Subiu na cama e montou meu rosto. Chupei aquela boceta com


gosto, enfiando minha língua nela, forte. Pam rebolava em meu
rosto e gemia. Louca de prazer, ela apertou meu rosto de encontro
ao seu corpo. Eu estava no paraíso e mesmo não podendo respirar,
não dei trégua com minha língua naquele botãozinho vermelho.

Sem aviso ela voltou à cadeira e ligou o vibrador em forma de


U, enfiou uma parte dentro dela e a outra ficou vibrando em seu
clitóris. Aquilo era lindo demais de se olhar! Meu Neném se dando
prazer... Só para meus olhos! Ela gemia e se contorcia, mexia as
pernas, fechava apertadas e as abria. Seu cheiro estava me
deixando louco e aquele formigamento no meu pau só piorava as
coisas.
— Ah, vou gozaaar... — Ela gemeu alto e vi sua bocetinha se
contraindo e piscando em volta daquele brinquedo.

— Vem aqui Neném, deixa eu matar minha sede de você, vou


limpar essa bocetinha com minha língua. Vem...

Ela tirou o brinquedo e o largou no chão, vindo para cima de


mim novamente. Adorava sentir ela pulsando em minha língua. Ela
se abaixou pelo meu corpo, pegou um pouquinho de um creme que
estava ao lado da cama, com os dedos e os enfiou dentro dela.

Abocanhou meu pau e começou com aquela tortura deliciosa.


Que boquinha mágica! Quando eu estava quase gozando em sua
boca, ela se afastou e me olhou.

— Caralho, volta e termina de me chupar, minha safada.

Pam apenas sorriu e disse. — Não goze.

Montou-me e colocou a pontinha do meu pau para dentro.


Senhor, como ela estava apertadinha! Mais do que o normal e
ordenhava a cabeça do meu pau, de um jeito...

— Assim você me mata! — Foi eu falar e ela desceu forte, me


engolindo por inteiro.

Ela estava quente, úmida e apertada, a ponto de causar uma


leve dor. Gemi alto e ela também. Começou a me cavalgar como um
garanhão, cada vez mais alucinada, subindo e descendo,
rebolando... Me agarrei à cabeceira, segurando o gozo e mordendo
os labios. Gemia alto involuntariamente e a cada descida eu estava
mais perto de não aguentar mais.
Pam não tirava os olhos dos meus e quando ela percebia que
eu ia gozar, se levantava e me deixava com a visão do paraíso, para
recomeçar a cavalgada em seguida.

Quando eu estava com o suor escorrendo pelo meu corpo e


gritando de tesão, ela se abaixou sobre meu corpo e sussurrou em
meu ouvido.

— Goza amor, goza pro seu Neném do rabo lindo, goza. — Saiu
e se virou, de costas para mim e continuou sua cavalgada. Aquela
bunda branquinha era minha perdição! Aguentei o quanto pude e só
gozei quando ouvi Pam gritar meu nome, gozando no meu pau. E
me juntei ao grito dela, nossos nomes ecoando pelo quarto,
cantados por vozes roucas e ofegantes de paixão.

Ela me soltou e a agarrei, prendendo-a embaixo de mim,


enchendo-a de beijos.

— Pode me surpreender quando quiser. Meu Neném lindo, que


amo tanto.

Quando recuperamos o fôlego, foi minha vez de usar as


algemas nela. Uma vez só era pouco para mim e eu queria mais e
mais do meu amor.

— Neném, vou te foder a noite toda. Amanhã a cada passo que


der, vai se lembrar de mim, assim, enfiado em você até as bolas.

Ela me deu aquele sorriso safado que eu tanto adorava e horas


depois dormimos entrelaçados e exaustos.
Capítulo 20

Estava estacionando o carro em frente da casa do Rick, para


cuidarmos dos últimos preparativos da minha surpresa para Pam,
quando vi que o Marcelo estava de guarda. Ótimo. Assim resolveria
essa coisa de uma vez. Pela manhã, bem cedinho o celular da Pam
tocou e como ainda não era hora dela acordar, atendi. Era ele, que
quando ouviu minha voz, desligou. Aproveitei para dar uma fuçada
no celular dela e haviam muitas chamadas não atendidas. Todas
dele. Olhei as mensagens, ainda não lidas por ela, e um arrepio de
puro ódio subiu pela minha espinha. Safado. Eu teria uma conversa
com ele e seria agora.

Saí do carro batendo a porta com uma força desnecessária. Fui


andando em direção a casa, já encarando o filho da puta.

— Marcelo, acho que devemos ter uma conversa.

Ele só cruzou os braços e me olhou. Não disse nada.


— Atendi sua ligação mais cedo. Aproveitei e dei uma olhada no
celular dela. Não ligue mais, nem mande mensagens, não percebe
que ela está comigo? A fila andou meu camarada. Esqueça dela.
Fique longe.

Marcelo se empertigou todo e veio em minha direção.

— Sabe Theo, aquela cadelinha sempre quis ser fodida por dois
paus. Quem sabe a gente não pode conversar e fazer um ménage...
— Marcelo parou de falar quando meu punho atingiu seu nariz. Ele
desabou, desacordado no chão e Rick chegou ao meu lado.

— É... As aulas de boxe realmente deram resultado. — Disse


ele, batendo em minhas costas e olhando o sacana, largado no
chão.

Rick tirou o celular do bolso.

— Cris? Mande alguém para substituir o Marcelo e peça para


Paolo acertar as contas dele. Ele está fora. Peça também uma
ambulância aqui para minha casa, o mais rápido possível. —
Desligando o celular, Rick se abaixou e virou o Marcelo de lado,
para que ele não engasgasse no sangue que estava escorrendo de
seu nariz. Não muito tempo depois, a ambulância chegou e o
levaram embora.

Meu bom Deus, aquele puto me tirou do sério! Mas meu recado
estava dado. Eu ficaria de olho, se ele tentasse mais alguma coisa
com o meu Neném, eu não responderia pelos meus atos.

Entramos e fomos cuidar das coisas.


PAMELA

Sexta-feira... Depois de tanto tempo, hoje a Di e eu teríamos


uma noite das meninas. Íamos sair, como fazíamos antes do meu
relacionamento com Theo começar, ou seja, só nós duas e Deus!

Minha relutância em contar isso para o Theo é que me deixa


confusa. Eu sei que ele não vai gostar, ou aprovar isso. Mas eu
preciso de um tempo com minha melhor amiga.

Bem, o tempo estava se esgotando e eu tinha que fazer isso.


Liguei para ele.

— Oi, Neném.

Caramba, só sua voz pelo telefone já me deixava doidinha por


ele.

— Oi. Como você está? — Minha voz saindo doce demais, para
soar normal.

— Humm, o que você está me escondendo, Pam? Quando você


começa assim, alguma coisa tem.

— Você me conhece tão bem... Tá certo. Hoje à noite vou sair


com a Di, vamos até um barzinho novo. Sabe como é, uma noite
das meninas.

Silêncio foi tudo o que chegou até mim.

— Theo? Diz alguma coisa.


— Você quer que eu diga alguma coisa? Pamela, você tinha
que ter me pedido antes e não só chegar e comunicar. Não gosto
nada disso. Você é minha, não sabia disso não? Ou sai comigo ou
não sai, oooou se eu deixar.

— Tenho que pedir permissão?? — Perguntei surpreendida.


Sabia que ele não ia gostar, mas isso?

— Sim. Tenta, para ver o que acontece.

— Hum. Theo, Senhor de mim, posso sair com a Diana hoje? —


Perguntei zombeteira.

— Primeiro que, se me chamar de senhor de novo vai dormir


com a bunda vermelha. Segundo, onde você vai com ela? — Seu
tom era sério e ele estava ficando cada vez mais mal humorado.

— Nós vamos ao bar que abriu agora, não me lembro o nome.


Diana quem sabe.

— Ok, me mande por mensagem então, o endereço. E me ligue


assim que chegar em casa e não chegue tarde.

Cacete! Que homem mandão! O impressionante é que eu


estava amando isso! Ele assim, bravo e imperativo me deixava com
vontade de pular em cima dele, arrancar sua roupa e ui, ui, ui.

— Pamela, me escutou? — Theo falava comigo pelo celular e


me encarava pela câmera.

Engolindo em seco e tentando controlar meu tesão, respondi


rouca e ofegante.
—Sim, amor, entendido.

— Eu não acredito que você ficou com tesão por levar uma
bronca, Neném.

— É que quando você fica assim, meu Gostoso... A minha


vontade é de te atacar, agarrar, beijar...

— Se você se comportar, vai poder fazer tudo isso quando


chegar. Esteja em minha casa às dez da noite.

— Uhum, com esse incentivo, pode ter certeza.

— Certo. Então até as dez. Tchau.

Theo desligou e se levantou, foi até a câmera e tampou o visor


com alguma coisa.

Homem tinhoso! Mas gostoso demais! Isso e o fato de que eu o


amava mais do que qualquer coisa, além de eu ter descoberto que
ele bravo me excitava sobremaneira, o redimia da prepotência de
me fazer pedir permissão.

Já eram seis da tarde. Suspirei, arrumei minhas coisas e fui


para casa.

Abri a porta e a sensação de vazio, por saber que ele não


estaria ali hoje, me deixou sem vontade nenhuma de sair. Mesmo
assim, tomei banho, me arrumei e fiquei esperando a Diana, que por
sinal já estava atrasada.

Acabamos chegando ao barzinho, quase nove horas.


— Pam, você tem que provar o drink daqui! É uma delícia! — Já
foi chamando o garçom e pedindo por mim. — Se anime mulher,
cadê minha miguxa de sempre?

— Sua miguxa está é doida para chegar na casa do Theo e


pular no pescoço dele, beijar, agarrar...

— Pode ir parando. Você faz isso todos os dias. Hoje, a noite é


nossa. Vamos dançar, beber e fofocar.

— Ah, falando em fofocar, esqueci de te contar que eu vou doar


minha medula para Ella, somos compatíveis.

Diana me encarou, séria.

— Pam, você tem certeza disso? Isso tudo é muito nobre, mas
existem riscos, o procedimento é feito em centro cirúrgico, com
anestesia geral. Não é simples, como dizem. E ainda tem esse
pânico e a asma, além de você ter que ficar no hospital pelo menos
um dia, em recuperação.

— Sim, sim, eu tenho plena certeza. Eita que está todo mundo
preocupado. Eu me decidi e está sendo muito gratificante. Vamos
mudar de assunto. Olha aí nossos drinks.

Provei e realmente era uma delícia. Doce e descia suave. A


música, os drinks e todo o ambiente me distraíram e quando vi
estávamos na pista de dança, como nos velhos tempos. A única
diferença é que eu não estava à caça e não prestava atenção em
nenhum dos homens que nos cercava. Diana com certeza estava
querendo me ver bêbada, pois era meu copo estar quase vazio, ela
já fazia sinal para o garçom e outro chegava.
Enquanto dançávamos, alguns carinhas iam se chegando,
querendo dançar comigo, colocando as mãos em minha cintura.
Mãos essas que eu tratava de tirar e dizia que não estava a fim,
mas que se quisessem, minha amiga estava disponível. Os coitados
chegavam na Diana, só para tomarem outro toco e serem
dispensados. Quando isso acontecia, ríamos e dançávamos mais
ainda.

Começava uma música que nós gostávamos, uma olhava para


a outra e cantávamos a plenos pulmões. Então, lá pelo sexto drink e
já mais para lá do que para cá, eu avistei o Bruno parado no meio
da pista, atrás da Diana. Olhei rápido para ela, tentando avisar e vi
refletido em seu olhar a mesma surpresa que, com certeza, havia
nos meus.

— A senhorita viu a hora? — A voz do Theo em meu ouvido me


arrepiou.

CA-CE-TE! Eu havia esquecido completamente desse detalhe.

Virei-me para ele, que me olhava com uma carranca.

— Amor. O que faz por aqui?

— Como o que faço aqui? Vim buscar você, mocinha. E você


vai embora comigo, já.

— Hum, você e quem mais vai me obrigar a isso?

— Não me teste, Pamela. Minha paciência já acabou há horas


atrás. Vamos agora. A conta de vocês já está paga e Bruno vai levar
Diana, não se preocupe com ela. — Ele balançou a cabeça em
direção a ela e segui a indicação. Diana estava atracada com Bruno,
os dois se beijando e dançando sensualmente.

— Vamos agora ou vou ter que colocá-la em meu ombro? Você


escolhe. — De novo aquele tesão insano tomou conta de mim. Theo
estava muito bravo, sua voz dura e séria fazia misérias com minha
calcinha. — Neném, você é incorrigível. Vai precisar levar uns tapas
nesse rabo lindo, para aprender a não me desobedecer.

Olhei em seus olhos e coloquei meus braços ao redor de seu


pescoço, colei meu corpo no dele e me esfreguei ao ritmo da
música.

Theo se abaixou e me beijou. Me entreguei ao beijo. Ele


escorregou as mãos pelo meu corpo, colocando-as em minha
cintura. Do nada, ele me jogou para cima, em seu ombro.

— Eu avisei. — Foi tudo o que ele disse. Me segurou pelas


coxas com um dos braços e me deu um tapa na bunda.

Gritei e comecei a esmurrá-lo nas costas, mas eu estava tonta


demais para que isso o atingisse.

— Até mais Bruno, Diana. — Ouvi ele dizer e foi abrindo


caminho entre a multidão. Lá fora o carro esperava, já com a porta
aberta pelo manobrista. Ele me colocou lá dentro, fechou a porta e
deu a volta. Quando o carro entrou em movimento, adormeci.

Não sei quanto tempo depois, despertei com as mãos dele


jogando água em meus seios. Olhei em volta e estávamos na
banheira, nus e eu recostada em seu peito.

— Bebeu mais do que devia, né? Só está perdoada, porque


Bruno e eu havíamos chegado ao bar há muito tempo e estávamos
observando vocês dispensarem todos os caras. Estavam realmente
só se divertindo e perderam a noção do tempo.

Tentei falar alguma coisa, mas ele continuou.

— Shhhh. Quietinha, vou terminar de te dar banho e vamos


dormir.

E assim ele fez, secou-me e vestiu o robe em mim, me levando


para a cama. Aconchegou-me em seus braços, me deu um beijo na
testa e começou a cantarolar. Em paz e abraçada a ele, adormeci,
feliz.
Capítulo 21

Acordei com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Por que


eu tinha ido pela Diana? Ah, sim, porque ela sabe muito bem que
depois do segundo drink, eu já não penso mais.

Olhei em volta e vi à hora no relógio da cabeceira. Dez horas.


Me espreguicei e a realidade caiu sobre mim.

DEZ HORAS!

Pulei da cama e olhei em volta, procurando minhas roupas.


Encontrei roupas limpas dobradas na poltrona do quarto. Fui até o
banheiro, fiz o que tinha que fazer, escovei os dentes, me troquei e
saí à procura do Theo.

Ele estava fazendo nosso café da manhã.

— Sente-se Neném. Aqui, coma tudo e tome o suco. Sem


reclamar. — Me passou o prato e puxou a cadeira para que eu
sentasse.

— Theo, estou atrasada. O chá dos bebês da Jess; tenho que


ajudar a arrumar tudo. Como uma das organizadoras tenho o dever
de estar lá antes de todo mundo.

— Não me conhece mesmo, né? Já avisei o Rick, que deixará o


recado para a primeira que chegar. Calma. Coma.

— Meu amor controlador. O que seria de mim sem você?

Ele riu e me beijou.

— Você estava indo bem sem mim, mas comigo por perto será
ainda melhor.

Foi minha vez de rir. Prepotente e convencido... mas eu o


amava mais que tudo. O abracei e beijei com todo o amor que havia
em mim. O café da manhã foi esquecido e Theo me amou ali
mesmo, na mesa da cozinha. Ele fez o café da manhã para mim,
mas quem comeu foi ele! Hehe

Quando cheguei à casa do Rick já era quase meio-dia, pois


ainda tive que passar em casa para pegar as coisas e os presentes.

Todas já estavam lá e tudo estava bem adiantado. Ajudei a


posicionar as mesas e cadeiras, a arrumar a mesa principal,
distribuir os docinhos, os enfeites e as lembrancinhas. Leninha havia
se esmerado nelas e nos enfeites das mesas. Até a piscina tinha
decoração!
Estava tudo lindo e com certeza Jess ia amar. Corri para fazer
minha árvore de fraldas. Elas eram embaladas individualmente e em
cada uma havia um cartão em diferentes tons de azul e branco,
onde os convidados ao chegar, deixariam suas mensagens para os
papais e os bebês. Um lindo cestinho de remédios, com as canetas,
repousava em um aparador próximo ao painel da árvore.

Pronto. Tudo lindo. O pessoal do buffet já estava na cozinha, os


garçons estavam prontinhos e aguardando. Todas foram embora
para se arrumarem e logo voltariam. Subi para o quarto de
hóspedes, tomei um banho, me troquei e maquiei. Às cinco e vinte,
eu estava pronta, com Theo ao meu lado, Erik, Camy, as meninas
todas e seus respectivos maridos, namorados e afins, que quiseram
vir também, já estavam ali no fundo da sala, amontoados. Agora era
só esperar o Rick chegar com a Jess! Estava louca para ver sua
reação...

No horário marcado Rick chegou, Felipe, ex-instrutor da


academia de Rick deu uma batida na porta para avisar e um pouco
depois eles entraram. Rick tinha me contado o que acontecera entre
Theo e Marcelo.

Quando Jess colocou o pé para dentro da porta, todos gritaram


“SURPRESA”! Ela deu um gritinho, levando uma mão à boca e a
outra segurou a barriga, que estava enorme!

Rick a abraçou por trás, colocando as mãos em sua barriga e


falando alguma coisa no ouvido dela. Alguma coisa boa e safada,
pelo jeito que Jess sorriu e inclinou a cabeça, pedindo um beijo.
Meus olhos se encheram de lágrimas e Theo me deu um beijo
nos cabelos, afagando meus ombros.

— Bem, como uma das organizadoras desse chá de bebê, vou


levar a mamãe até a festa. — Enganchei meu braço no dela e a
levei para a área da piscina.

Quando Jess viu tudo aquilo, me olhou e vi as lágrimas


escorrendo em seu rosto. Abraçou-me e me deu um beijo no rosto.

— Você não existe, minha comadre! E eu achando que meus


principezinhos não teriam um chá de bebê! Olha só que coisa mais
linda! — Jess disse, dirigindo-se à mesa enfeitada, o tema
“príncipes” e duas coroas entrelaçadas em cada docinho, cada
potinho e cada lembrancinha, tudo em tons de azul. Ela passava a
mão de leve, como que não acreditando no que via.

Nos sentamos e os garçons começaram a servir. Um pouco


mais tarde, as brincadeiras começaram. Primeiro com os
convidados, cada uma fazendo uma brincadeira diferente.

Lilia havia preparado mamadeiras com cerveja para os homens


e quem acabasse primeiro ganhava uma lata, dessas enormes de
cinco litros que estava decorada com uma fralda, como se fosse um
bebê. Rimos muito com os homens todos lado a lado, tentando
mamar a cerveja.

Depois foi a vez da Luana passar com um rolo de papel


higiênico pelas mulheres, e cada uma cortava o tamanho que
achava suficiente para dar a volta no barrigão da Jess. Claro que
essa eu ganhei! Eu estava acostumada a ver aquele barrigão.
Mônica tinha um saco de fraldas, com frases, como “troque com
a pessoa ao seu lado”, ou “a sua frente”, “perdeu a vez”, “não foi
agora”, e uma delas tinha um cartão com o prêmio. Teriam que
pegar, ver o que estava escrito e quem tinha que trocar falaria
primeiro. Passou com o saco pelas mulheres e cada uma pegou
uma fralda. A minha era para trocar e me levantei, olhando a cara
de cada uma. Diana estava com uma cara... fui lá e troquei a minha
com a dela. Ah, como era bom conhecer bem as expressões de sua
amiga! Com a maior cara de decepção, voltei para o meu lugar...
com a fralda premiada! Por dentro, fiz uma dancinha feliz. Claro que
no final eu tive que contar que tinha ganho e adorei o prêmio. Um
vale-compras em uma das minhas lojas preferidas!

Ionara e Grazi comandaram a pintura da barriga, na descoberta


dos presentes. Acho que Jess errava de propósito, só para que as
meninas se divertissem. Tinha muita barriga ali para ser desenhada!

Depois disso, nos juntamos em volta dela e tiramos várias fotos.

Estávamos todas rindo e conversando quando escutei a voz do


Theo vinda das caixas de som.

— Neném, essa é para você.

Me virei e o vi com o microfone, Rick com um violão e Erik com


outro. Então eles começaram a tocar. Meu coração quase saiu pela
boca quando ele começou a cantar, com aquela voz deliciosa, que
eu ouvia toda noite.

“You sit in the bathroom and you pain your toes

I sit on the bed right now and i sing you a song


It's not always easy, but somehow our love stays strong

If i can make you happy, then this is where i belong”

Enquanto cantava, ele vinha andando devagar em minha


direção, seus olhos nos meus. Para mim, todos haviam
desaparecido e só havia nós dois.

“And i'd just like to say

I thank god that you're here with me

And i know you too well to say that you're perfect

But you'll see, oh my sweet love, you're perfect for me”

Na música ele dizia que conhecia todos meus segredos e eu os


dele, que queria ser mais forte e compartilhar tudo o que tinha. Que
nunca havia encontrado alguém como eu. E quando cantou:

“And i'd just like to say

I thank god that you're here with me”

Ele se ajoelhou à minha frente e abrindo uma caixinha disse:

— Neném, essa música falou por mim, tudo o que sinto por
você e agradeço a Deus todos os dias por ter te colocado em minha
vida. Você é tudo pra mim, o ar que eu respiro. Preciso de você
comigo todos os dias da minha vida. Casa comigo?

O silêncio reinava no ambiente, acho que ninguém respirava de


apreensão.
Atirei-me em seus braços, rindo e chorando ao mesmo tempo,
balançando a cabeça e repetindo: — Sim, sim, sim!

Ele me afastou, beijando meu rosto todo e por último minha


boca. A multidão começou a aplaudir, gritar e assobiar.

Ele colocou uma aliança e um anel em meu dedo anelar da mão


direita e eu uma aliança no dele.

Estava tão feliz! Theo me abraçava, beijava e me colocou


sentada em seu colo. Ella chegou ao meu lado e me deu um abraço
forte.

— Agora sim, você está mais perto de ser minha irmã mesmo!
— Riu e se afastando, deu lugar à próxima da fila. Assim todas
passaram por mim, dando os parabéns. Menos Jess.

Olhei para o lado, pois ela estava ali comigo, na mesma mesa.

Jess estava ofegante.

— Ei, Jess. Você está bem? — Perguntei me levantando,


cheguei mais perto e passei a mão em seus cabelos. Ela estava
suando.

— Meu Deus Jess, são os bebês? Eles estão nascendo?

Ela afirmou com a cabeça.

— Acho que a emoção foi demais! Foi muito lindo!

— RICK! — Gritei, tentando chamar a atenção dele, mas com a


música e todos conversando ele não me ouvia. Ah, não pensei duas
vezes. — Tampe os ouvidos Jess. — Coloquei dois dedos na boca e
dei um senhor assobio de macho.

Rick, que estava acostumado, me olhou rapidinho e ao ver Jess


daquele jeito veio em disparada.

— Chegou a hora, Anjo?

— Amor, nossos principezinhos querem conhecer o papai e a


mamãe. Um pouco apressadinhos, mas... — Parou no meio da
frase, ofegando e apertando a mão dele. Uma poça se formou
embaixo da cadeira.

— Porra, Anjo. Se essa força toda que me apertou for pela dor...
— Jess olhou para ele com o olhar mais doce que eu já tinha
presenciado.

— Pegue as coisas deles. Minha bolsa estourou.

— Pam, Theo, corram até o quarto deles e peguem as malas,


sim? Estão ao lado da cômoda. Não tem como errar. Vou levando
meu Anjo para o hospital, me encontrem lá.

— Ei, eu vou também. — Disse Erik.

— Até parece que eu vou ficar aqui. — Camy falou. — Galera,


todo mundo pro hospital, os bebês estão nascendo! — Ela gritou,
chamando a atenção de todos.

Rick pegou Jess no colo, Erik já estava com a chave do carro


na mão, com Camille em seus calcanhares.
Subi correndo a escada com Theo atrás de mim, pegamos tudo
e fomos em carreata para o hospital.

Nem preciso dizer que lotamos a sala de espera. Erik sentou


em um canto com Layla, Camy e Cris. As meninas se juntaram e
começaram a fazer apostas sobre quanto tempo levaria para eles
nascerem. Meu tio e minha tia estavam em um canto mais afastado
e acho até que ela estava rezando.

Jess era uma boa parideira, pois nem uma hora depois, Rick
apareceu na enfermaria, do outro lado do vidro, com os dois bebês
enroladinhos e aconchegados em seus brações, exibindo um sorriso
gigantesco, orgulhoso de seus filhos.

Flashs pipocavam, todo mundo com celular e tablets em punho


para tirar a primeira foto dos bebês.

Ele chegou perto do vidro, onde eu e Theo estávamos e disse


devagar, para que nós entendêssemos, já que o vidro era a prova
de som. “Vocês são os próximos.”

Theo me abraçou e beijou meus cabelos. Olhei para ele, que


estava com os olhos marejados.

— Nem tenha ideias, pois teremos muito trabalho ajudando eles


com nossos afilhados.

— Não se preocupe, Neném. Vamos fazer tudo certo. Vamos


nos casar logo, ter nossa lua de mel, vamos nos curtir um pouco...
Quando acharmos que é a hora certa, fazemos nosso bebê.
— Até lá, vamos treinando... pois a prática leva a perfeição. —
Dei um selinho nele e voltei minha atenção aos bebês. Fofuxinhos!

Bruno chegou ao lado do Rick e disse alguma coisa para ele,


que deu uma piscadinha para todos nós, pois estava com os braços
ocupados, e seguiu Bruno.

Minutos depois meu celular tocou.

— Pam, sou eu, Bruno. Vi vocês dois aí fora babando nos


pequeninhos e me lembrei que não avisei a nenhum de vocês que
foi marcada a data da cirurgia para a retirada da sua medula. Vai ser
daqui trinta e cinco dias. Seus exames deram todos ótimos. Esse
tempo será necessário para que cuidemos bem da saúde e da
nutrição da Ella, pois ela passará por uma quimio forte antes de
poder receber sua medula e quanto melhor estiver a saúde dela,
melhor.

— E quando eles saberão?

— Pode contar para o Theo, acho que o Guilherme vai contar


para Ella, hoje à noite ou amanhã. Fica a seu critério.

— Ok. Obrigada pela notícia Bruno. Só coisa boa acontecendo


hoje!

— Pois é, meus parabéns aos pombinhos. Rick me contou


agora, do pedido do Theo. Esse sacana não tinha me contado nada!

— Obrigada. Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Vou me


casar e meus afilhados nasceram! — Ri, feliz. Não conseguia
esconder minha felicidade.
— E eles são lindos, perfeitos e iguaizinhos! Bem, era isso.
Tenho que ir. Beijo. — Desligou sem esperar que eu respondesse,
mas nem liguei, ele estava ocupado com tudo lá dentro. Enquanto
falava com ele, escutava os resmungos, um chorinho gostoso de
bebê. Eu ia ser uma daquelas madrinhas babonas. Jess que me
aguentasse todos os dias! Se bem que eu acho que minha presença
iria ser muito bem aproveitada.

— Quero comer alguma coisa, Neném, estamos aqui faz um


tempão. Quando eles forem para o quarto, nós voltamos. — Theo
me olhou com aquela cara de safado e eu sabia muito bem o que
ele queria comer.

— Vamos. — Me virei para o povo todo. — Bem pessoal, acho


que agora eles vão precisar de um tempinho. Vamos embora,
quando forem liberadas as visitas eu aviso para todo mundo. Beijo.
— Mandei um beijo com a mão, apertei a do Theo, dei um
tchauzinho geral e ele me puxou para a saída.

Do carro, mandei mensagem para o Rick, pedindo que nos


avisasse quando as visitas estivessem liberadas. Em minutos
chegamos à minha casa.

— Não saia. — Theo deu a volta no carro, abriu minha porta e


me pegou no colo.

— Theo, isso é só depois, quando nos casarmos! — Ri dele, o


que não estava sendo novidade hoje. Eu era só sorrisos em
qualquer momento.
— Acostume-se a isso, Neném. Hoje você é um pouco mais
minha do que ontem e vou entrar em casa com você nos braços. —
Colou sua boca na minha, calando meu riso e acendendo meu fogo.

Digitou o código, abriu a porta e a fechou com o pé. Ainda me


beijando levou-me até meu quarto.

— Tenho fome de você. — Sussurrou entre beijos. — Você é


minha entrada, meu prato principal e minha sobremesa favorita.
Quero te devorar todinha, minha delícia.

Ele estava me enlouquecendo, passando a língua pela minha


pele, sugando, mordiscando, e Jesus, suas mãos sabiam onde e
como me tirar do sério. Abaixou a alça do meu vestido, liberando um
seio, só para cobri-lo com a boca.

Theo parecia estar possuído, só escutei seu zíper se abrindo.


Ele levantou minha saia, puxou minha calcinha para o lado e se
enterrou em mim, ali mesmo, contra a parede do quarto. A cama
somente a alguns passou de onde estávamos, mas tínhamos um
desespero, um fogo que não nos permitiu chegar até ela.

Eu me agarrava aos seus cabelos, minhas pernas em volta da


sua cintura e ele investindo contra mim com uma urgência... Minha
pele arrepiada, gemidos de prazer ecoando pelo quarto, suor
brotando e nossos corpos se chocando. Deus, isso tudo era demais
para meus sentidos.

— Theo... Meu Theo gostoso... Eu não vou aguentar... Ah,


amor...
— Vai aguentar sim. Tem muito mais pra você hoje. Você vai ser
minha refeição completa! Essa é a entrada. Goza pra mim, Neném.

Meu corpo era obediente e se quebrou em mil pedacinhos, no


êxtase forte que me consumiu. Ele segurou-me pela bunda e me
levou para a cama.

— Agora o prato principal. — Abriu minhas pernas e lambeu. Eu


não conseguia tirar os olhos dali, aquela visão era erótica demais.
Ele me olhava com uma cara de tesão que me deixava querendo
mais e mais.

Quando achei que gozaria de novo, ele parou e foi subindo pelo
meu corpo até minha boca. Enlouqueci ao sentir meu gosto em sua
língua. Ele me prendeu com o peso de seu corpo e me penetrou
forte.

— Minha... — Estabeleceu um ritmo doido e a cada estocada


ele repetia: — Minha... — Cada vez mais rouco e ofegante. —
Neném, vou gozar dentro de você. Você... é... minha... e... vai ser...
minha mulher! — Ele gritou e o senti pulsando, quente, dentro de
mim. Eu estava me segurando, esperando por ele e relaxei,
gozando de novo, meu corpo tremendo. Agarrei-me a ele, e as
lágrimas escorreram pelo meu rosto.

— O que foi Neném, te machuquei? Às vezes não me controlo...

— Não amor, é só que me emocionei com o que você disse.


Mulher é bicho besta mesmo.

— Não diga isso Pam, você não é besta... E eu só disse a


verdade. Muito em breve você será minha mulher, meu Neném lindo
que amo tanto! E para toda a eternidade.

Eu comecei a rir e chorar ao mesmo tempo. Quando eu iria me


acostumar com isso?

— Futura Senhora Theodoro Torres. — Ele completou me


beijando devagar e secando minhas lágrimas. Foi beijando meu
rosto, até chegar a meu ouvido. — E de sobremesa... vou querer
uma bela rabanada. Minha futura esposa do rabo lindo.

Esse era meu homem... Insaciável e agora cada vez mais meu!
Capítulo 22

Os dias estavam passando rápido demais. Theo e eu nos


dividíamos entre cuidar da alimentação de Ella, ajudar a cuidar dos
nossos afilhadinhos lindos e os detalhes do casamento.

Eu nunca quis um casamento grande, cheio de frescura.


Iríamos fazer uma festa para nossos amigos mais próximos e
família. Ele fazia questão que nos casássemos no civil e religioso.
Ainda me lembro da discussão que tivemos pela cisma dele.

— Neném, quero que, quando você entrar naquele hospital,


entre como Sra. Pamela Torres. Case comigo no civil antes da
cirurgia? Por favor?

— Theo, para que isso?

— Porque sim. Quero ser o responsável legal por você. Sendo


órfã, quem assumirá qualquer decisão, se houver necessidade? É
um risco que não quero correr. Por favor Neném, me deixe
sossegado e case-se comigo antes da cirurgia.

Bem, nem preciso dizer que aceitei. Por ele. Para sua paz de
espírito. Iríamos nos casar de qualquer maneira, então, que
diferença faria antecipar o civil? Eu já era dele, desde o dia em que
ele sussurrou em meu ouvido: “Oi, Neném.”

Então, estava tudo pronto para um jantar íntimo na casa do


Rick, amanhã. Comemoraríamos o primeiro mesversário dos bebês
e nossa união.

As meninas e eu estávamos no shopping, procurando um


vestido para a ocasião. Todas seriam minhas damas de honra, com
exceção da Diana e Jess que seriam minhas madrinhas.

Luana, Io, Mônica, Déia e Grazi estavam no time do vestido


colorido, já Lilia, Taiana, Edna, Naninha e Leninha queriam que eu
usasse um vestido branco. Depois de muitas lojas e de muitos
vestidos, foi escolhido um, e para minha surpresa, por unanimidade.

Era um vestido tomara que caia branco.

Com saia rodada, cinto preto, mas com um detalhe em renda


trabalhada e vazada, de flores, também em preto, que fazia às
vezes de um ombro e abraçava meu corpo, acabando na saia. Esse
vestido não exigia mais nada. Era simplesmente perfeito. E bem, já
que eu era a noiva, sapatos brancos de salto.

Se para o civil estava sendo assim, eu ficava só imaginando


como seria o casamento no religioso e o vestido de noiva. Elas iriam
pirar e me enlouquecer junto, mas não trocaria isso por nada!
Deixei meu vestido com a Jess, no dia seguinte eu iria para a
casa dela mais cedo e me arrumaria lá. Theo só o veria quando eu
estivesse pronta. Segundo as meninas, dava azar o noivo ver o
vestido da noiva antes do casamento e não mudaram de ideia por
nada, nem eu dizendo que isso servia somente para o casamento
religioso, elas teimavam em dizer que casamento era casamento e
que muitas pessoas não se casavam no religioso, somente no civil.
Então o certo era o certo.

Eu estava tão feliz!

Cheguei em casa e Theo já estava me esperando.

— Nossa Neném, você está um arraso. — Cheirou meu


pescoço e beijou a pele sensível atrás da orelha. — Humm e você
está com um cheiro delicioso.

— Não me atente Theo. Sabe que estou louca de vontade de


você. Acho isso uma coisa sem pé nem cabeça. Essas coisas de
não ver a noiva de vestido, não transar antes do casamento, isso
tudo é para o religioso! Eu quero você.

— Não Neném, agora só vou te tocar, só vamos fazer amor,


como marido e mulher.

— Theo... por favor... — Implorei enquanto ele beijava meu


pescoço. — Ah, amor... — Gemi deliciada, meu corpo todo
arrepiado.

— Isso é uma tortura pra mim também Neném, mas pense na


delícia que será nossa primeira vez como recém-casados. — Ele se
esfregou em mim e senti sua ereção dura como pedra. Isso só
serviu para me deixar ainda mais molhada e querendo. Sentia tudo
se apertando lá por baixo, pulsando...

— Não podemos fazer amor, mas podemos brincar? — Eu já


sabia a resposta que ele me daria. A mesma dos últimos dias.

— Nem pensar, Neném. Só beijos. — Theo estava me


enlouquecendo e tomou posse da minha boca, em um beijo
selvagem. Nossas bocas se devorando, nossos corpos se roçando...
Eu queria mais, muito mais dele.

— Meu Neném gostoso! — Ele sussurrou em meu ouvido,


mordendo o lóbulo.

— Mais amor, quero mais... — Pedi com a voz mais sexy que
eu consegui, sussurrada em seu ouvido, seguido de um gemidinho
rouco. Senti ele estremecer e se apertar ainda mais contra mim. —
Me morde amor, aqui, em meu seio, morde meu mamilo e chupa
bem gostoso... — Abaixei meu decote, expondo um seio para ele.
Passei o polegar em seus lábios, invadindo um pouco sua boca e o
passei em meu mamilo túrgido.— Vem Theozinho, meu corpo quer
tua boca.

Com um gemido ele se abaixou, abocanhando o que eu


oferecia, sugando e mordiscando meu seio. Elevei um pouco a
perna e pressionei contra sua ereção. Theo gemeu e mordeu mais
forte. Gritei de prazer.

— Você me deixa louco, Neném. — Voltou a devorar minha


boca e a roçar em meu corpo, seu pau se abrigando no meio de
minhas pernas, se esfregando em meu clitóris que latejava. Eu
estava à beira do orgasmo e, com certeza, ele também. Minhas
mãos percorriam o corpo dele, o apertando ainda mais contra o
meu.

Sua mão tomou meu seio e meu mamilo era um brinquedo entre
seus dedos. Quando ele apertou mais forte, gemi em sua boca, o
orgasmo chegando com força total, meu corpo estremecendo sendo
seguido pelo dele. Theo gemeu meu nome e se apertou ainda mais
contra mim.

—Apressada. Quase me fez mudar de ideia e mandar tudo


pelos ares. — Beijou-me mais uma vez e se afastou de mim. — Vou
tomar um banho. Por favor, ligue o ar-condicionado bem gelado e se
encha de roupa, Pam. De preferência gola alta, manga comprida,
calça jeans, meias e uma touca.

Ele entrou no banheiro e fiz exatamente o que ele queria. Não o


que ele pediu, mas o que ele queria. Coloquei uma camisola branca
de seda e me deitei. De bruços e ainda dei uma puxadinha na
camisola para aparecer o início da minha bunda. Seria uma noite
longa... muito longa.

THEO

Acho que nunca fiquei tanto tempo dentro do banheiro como


hoje. Eu não iria aguentar mais uma investida da Pam. Deus sabe o
quanto me segurei esses dias e que queria fazer o certo. Tinha
certeza que aquela diabinha não tinha feito o que eu havia pedido.

Com cuidado para não fazer muito barulho, abri a porta do


banheiro e fui andando devagar. O quarto estava escuro e eu não
queria tropeçar e derrubar alguma coisa.

Cheguei ao lado da cama e acendi o abajur.

— Caralho dos infernos! — praguejei.

Ela estava deitada com aquela bunda linda para cima e com a
barra da camisola puxada, para aparecer bem.

Puxei o lençol por cima dela, tampando a visão do paraíso.


Diabinha! Ela que me aguardasse amanhã.

Fiquei deitado, quase sem me mexer. Se me encostasse nela,


não responderia por mim. Embolei o lençol entre nós dois e fechei
os olhos. Que Deus me ajudasse!

***

PAMELA

— Pam, não fique nervosa mulher. Você só vai oficializar seu


amor. — Jess tentava me acalmar, mas nem eu mesma conseguia
entender meu nervosismo.

Camille fazia minha maquiagem e eu estava de calcinha e sutiã,


sentada no closet do quarto da Jess. —Tente não chorar, senão vai
borrar toda a maquiagem. — Camy brincava comigo.

Eu só pensava no meu Theo e que daqui a alguns segundos ele


seria oficialmente meu marido. E estava amando tudo isso!
— Prontinha, pode colocar seu vestido. Vou lá pra baixo ver se
está tudo pronto e já volto. — Camy saiu correndo. Eu adorava essa
menina, tão doidinha!

Quinze minutos depois ela batia na porta.

— Tudo pronto. O Juiz está lá embaixo, a sala está linda, seu


futuro marido a espera. Vamos descer.

Abriu a porta e segurou para mim. Quando apontei na escada,


Erik começou a tocar no piano a música All of me e meus olhos se
encheram de lágrimas. Aquele menino era quietinho, mas quando
se soltava... Ele tinha uma voz de anjo e quando começou a cantar
todos se calaram.

Theo me esperava, me olhando com adoração pura. Deus como


eu amava esse homem. Nunca tive dúvidas em me casar com ele,
mas agora, aqui, andando em sua direção eu tinha a certeza de que
era o certo a fazer. Erik continuava a tocar e cantar, só que agora
mais baixinho...

Cheguei perto dele, que me deu um beijo na testa e nos


viramos para o juiz. Eu olhava para ele, sem prestar muita atenção
no que o homem falava.

— Pam, responda. —Theo falou baixinho.

— Hein? — Respondi sorrindo, abobada.

— O juiz está perguntando se você aceita. Responda. — Theo


ria de mim e todos em volta também.
— Ah, sim. — Pisquei e balancei a cabeça. — Pode repetir, por
favor?

— Você Pamela Swanson, aceita Theodoro Torres como seu


legítimo esposo?

— Aceito. — Olhei para os olhos do Theo, estavam verdes,


lindos e marejados. — Eu te aceito como meu marido, meu gostoso.
— Sussurrei para ele. — Para todo o sempre. — Completei em voz
alta.

— E você Theodoro Torres, aceita Pamela Swanson como sua


legítima esposa?

— Aceito. — Imitando meu gesto, ele sussurrou. — Eu te aceito


como minha mulher, meu Neném do rabo lindo. — Deu uma piscada
pra mim. — Para toda a eternidade.

Coloquei a aliança nele e ele em mim. Seu sorriso me deixou de


pernas bambas.

— Eu os declaro casados. Pode beijar a noiva

Theo então me abraçou, me abaixou teatralmente para um beijo


de tirar o fôlego e disse baixinho em meu ouvido: — Não vejo a hora
de ter você só pra mim e te foder gostoso a noite inteira.

— O que estamos esperando, vamos já pra casa!

Ele riu, colocou-me de pé e me dei conta de que todos


aplaudiam. Menos Jess e Rick, que estavam abraçados, cada um
segurando um bebê, mas choravam silenciosamente, somente as
lágrimas escorrendo de ambos.

— Aí Grandão, tá emocionado, é? — Brinquei com Rick, ele


nunca chorava na frente de ninguém.

— É, estou pensando que seus pais ficariam muito orgulhosos


de ver tudo isso.

— E saiba que, estejam onde estiverem, estão, com certeza. —


Completou Jess.

Caramba, agora era eu quem estava chorando. Dei um murro


em seu braço livre, pois Jess havia soltado dele para tentar secar
suas lágrimas.

O Juiz estava esperando para que assinássemos o livro, assim


como Rick e Jess que foram as testemunhas. Ele nos entregou as
certidões, se despediu de todos e foi embora.

Estávamos oficialmente casados.

— Agora você é totalmente e somente minha, para o resto da


vida.

Passei as mãos em seus cabelos, trazendo-o para mim.

— E além dela. — Beijei de leve seus lábios, selando nosso


pacto.
Capítulo 23

O nosso jantar foi uma delícia, cantamos parabéns para os


bebês, que prestavam atenção em tudo. Antigamente os bebês com
um mês eram bobinhos, todos enfaixadinhos e tal. Hoje já nascem
com os olhos abertos, prestando atenção no mundo que os cercam,
alguns já firmam a cabecinha apenas algumas horas depois de
nascerem.

Eu só queria meu amor.

Uma semana!

Uma semana foi o tempo de espera que Theo nos impôs. Eu


estava louca de vontade do meu amor. Assim que conseguimos,
escapamos de lá.

Entramos no carro e Theo me passou uma venda.


— Coloque, Neném. — Coloquei e ele verificou se eu não
conseguia mesmo ver nada. —Sem trapacear. Confie em mim.

— Com a minha própria vida. — Respondi e ele colocou fones


em meus ouvidos e ligou a música.

O carro entrou em movimento. Uns quinze ou vinte minutos


depois o carro parou, ele saiu, abriu minha porta e me pegou no
colo.

Ele começou a andar e me deu um beijo na testa. Me abracei


ao seu pescoço. Sacudiu um pouco, parecendo subir alguns
degraus. Onde será que ele estava me levando?

Encostei minha cabeça em seu ombro e relaxei. Onde quer que


ele me levasse, se ele estivesse comigo, era onde eu queria estar,
para sempre.

Ele me sentou em uma cadeira fofinha mexeu em minha cintura,


colocou algo em meu colo e sentou-se ao meu lado, seus dedos
brincando com a minha aliança. Um pouco depois senti que
entrávamos em movimento outra vez e uma pressão me prendeu a
minha cadeira. Estávamos decolando!

Mais um pouco, ele me soltou, me ajudou a ficar de pé e virou-


me, de costas para ele. Tirou minha venda, puxou os fones e fiquei
boquiaberta.

— Presente dos nossos padrinhos.

Eu não acreditava no que via. Estávamos no avião do Rick, que


estava tomado de rosas vermelhas, com pétalas espalhadas pelo
chão, de onde estávamos até uma porta ao fundo.

Theo me abraçava forte pela cintura e olhei para ele, por cima
do ombro. Sua boca caiu sobre a minha, tomando posse do que era
dele. Uma de suas mãos subiu ao meu pescoço, enquanto a outra
descia para o meio de minhas pernas. Senti sua ereção, pulsando
de encontro a mim.

— Venha Neném, estou louco de tesão, doido para me enterrar


em você. Deus como eu te quero... minha mulher!

Pegou-me no colo novamente e me levou até a porta, pelo


caminho de pétalas. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Meu
marido. Meu e só meu.

Fui tirando sua gravata e abrindo os botões de sua camisa. Ele


abriu a porta e olhei o lugar. Estávamos em um quarto, também
decorado com pétalas de rosas vermelhas.

— Hoje, vamos nos juntar ao clube do sexo nas alturas, como


marido e mulher. Prepare-se para enlouquecer.

Fechou a porta atrás de si, abriu meu vestido, que caiu aos
meus pés. Afastou-se para me olhar e respirou fundo. Por baixo do
vestido eu só usava uma calcinha branca de renda transparente,
ligas e meias.

— Você quer me matar Neném, acabar comigo...

Sorri.
Ele afastou-se ainda mais e ligou o som interno do quarto, a
música de Tom Jones — Kiss tomou conta e começou a tirar a
roupa, dançando e sorrindo com aquela cara de sacana.

Fiquei lá, olhando aquela maravilha toda minha, se desnudando


e me atiçando. Puxou a gravata e a jogou em mim. Deixei que
caísse aos meus pés, por nada no mundo eu tiraria os olhos de
cima dele. Eu resolvi entrar no jogo e tirei sua camisa de dentro da
calça, devagar, segurei nas duas partes embaixo e puxei. A peça se
abriu e com movimentos de dar água na boca, ela se juntou ao meu
vestido e a gravata.

Então ele se virou de costas para mim, deu uma rebolada digna
dos dançarinos do clube das mulheres, puxou a calça e ela sumiu!
Safado tinha tido planejado e a roupa tinha velcro!

Jesus! Comecei a rir e a babar no meu homem, batia palmas


para ele e assobiava.

— Delícia!!!

Ele estava todo no personagem e veio dançando para perto de


mim, pegou minha mão e passou pelo peito dele. Meu sorriso
morreu e o tesão tomou conta. Meus seios estavam nus e meus
mamilos endureceram. Isso não passou despercebido por ele, que
chegou mais perto e roçou seu peito em mim. Puxei o ar entre os
dentes.

Ele levou minha mão mais para baixo.

— Puxe, moça bonita. Ganhe seu prêmio. — Disse, colocando


minha mão no cós da cueca. Puxei para baixo, e ela se abriu nas
laterais, saindo completamente em minhas mãos. Com movimentos
insinuantes de quadris, roçou aquele pau delicioso em mim. Entrei
na dança e coloquei uma perna em sua cintura, uma mão em seus
ombros e o acompanhei no movimento.

— Você é minha perdição. Perco a noção de tudo por você. —


Afastou minha calcinha e encaixou seu pau no meio de minhas
pernas e ficou ali, indo e vindo, só provocando, mas sem me
penetrar.

Levantou-me pela bunda e me levou até a cama.

— Vamos ter um pouco de turbulência nesse voo Neném, então


vou te prender à cama. — Aquela cara de safado não me enganava,
ele me queria imóvel mesmo. Sacana Gostoso.

Concordei com a cabeça e ele tirou amarras dos quatro cantos


da cama, prendendo meus pulsos e tornozelos. Eu estava nas mãos
dele e aberta a seus olhos. Segurou as laterais de minha calcinha,
enfiou os polegares na renda e puxou. A peça se partiu e ele jogou
de lado.

— Você é linda Neném, essa boceta carnuda me deixa com


tanto tesão... Sou louco por ela... — Passou os dedos pelo meu
corpo, chegando até ela e acariciou meu clitóris.

Gemi, deliciada com a sensação. Deus, eu estava sem sexo há


uma semana e ele brincava assim comigo?

— Você já está escorrendo de tão molhada... Delícia... —


Abaixou-se e se perdeu entre minhas pernas, me levando ao êxtase
com aquela língua endiabrada.
Eu estava arfando, em busca de ar, quando a boca dele
encostou na minha. Eu amava aquilo. Meu gosto nos lábios dele...
me deixava insana.

Theo se encaixou entre minhas pernas e meteu forte. Gritei de


prazer!

— THEO!

Meu homem metia em um ritmo furioso, sussurrando em meu


ouvido, o quanto me amava, me chamando de minha puta gostosa...
O êxtase me consumiu mais uma vez e ele mexeu nas amarras
fazendo com que elas corressem pela cama, fez o mesmo com os
tornozelos e me vi de bruços.

— Meu Neném do rabo lindo. — Me deu um tapa estalado na


bunda e beijou a pele que pinicava. Puxou minha bunda para cima,
colocando-me de quatro e me penetrou de novo.

Theo era incansável. Apertando minha bunda, voltou a se


mexer lentamente. Entrando e saindo. Repetidamente. Espalmou a
mão em minhas costas e foi descendo... acariciando e descendo até
que seu dedão encontrou a fenda da minha bunda e a seguiu...
encostou em meu ânus e pressionou.

— Ahh, amor!

Continuou com as estocadas duplas, seu dedo entrando e


saindo. Estava me segurando, o orgasmo ali, louco para chegar e
tomar conta.
— Hummm, me aperta Neném... goza minha safada. Goza no
meu pau! — Pediu ofegante.

Meu corpo explodiu em um clímax tão forte, que achei que ia


me partir em duas. Ele gritou meu nome e o olhei. Ele estava com
os olhos fechados e jogando a cabeça para trás, gemendo arrastado
e rouco.

— Te amo, minha mulher. Muito. Mais que a minha vida. —


Sussurrou em meu ouvido e se esticou para desatar meus braços,
fez o mesmo com as pernas e levou-me para o banheiro, me deu
um banho e colocou meu vestido de volta. Pegou uma roupa no
armário e se vestiu.

— Em breve vamos pousar, Neném. Temos que nos sentar


novamente. Vamos. — Acariciou meus cabelos, deu-me um beijo
nos lábios e me levou para fora do quarto.

Minutos depois fomos avisados que estaríamos pousando. No


aeroporto, um carro nos aguardava e nos levou até o Hotel de Rick.
Cláudio, o gerente do Hotel, já estava esperando. Nos
apresentamos e ele nos levou até nosso bangalô na praia, que era
todo decorado em branco e azul clarinho, afastado de tudo e todos.

Deixou-nos ali e voltou para o hotel.

— Mulher da minha vida, hoje te dou minha devoção e todo o


meu amor, por toda a eternidade. — Em cima da mesa tinha uma
caixa, que ele pegou e abriu. — Para você, como sinal do meu
amor.
Dentro da caixa tinha um colar com um T pendurado, em ouro.
Ele retirou do estojo e colocou em meu pescoço, distribuindo beijos
na pele sensível.

— Minha esposa linda! — Ficou na minha frente, me olhando e


sorrindo.

— O que foi Theo? — Sorri também.

— Nada, só meio que não acredito nisso tudo. Estamos


casados, Neném. — Pegou minha mão e beijou a aliança.

— Sim, seu bobo. Sou sua e você é meu. Como você diz,
acostume-se a isso. — Passei meus braços pelo seu pescoço.

Theo gargalhou, jogando a cabeça para trás, me abraçou e


rodou comigo nos braços.

— Vá trocar de roupa e vamos dar uma volta na praia. Coloquei


uns vestidinhos na sua mala. Acho que vai servir.

Meu mandão pensou em tudo. Fiz o que ele pediu e quando


voltei, ele estava só de calça jeans com a barra enrolada.

— Vamos molhar esses pezinhos lindos no mar. — Estendeu a


mão para mim.

Andamos de mãos dadas na praia, corremos fugindo das


ondas. Eu estava no céu e ele comigo.

THEO
Pam estava adormecida ao meu lado.

Eu não me cansava de observar minha esposa. Seus seios, sua


barriga, as pernas, seus pezinhos... Ah, eu amava os pés dela!

Ela era como um vício para mim. Eu estava nas nuvens, aqui,
sozinho com ela, no meio do nada, tendo-a exclusivamente para
mim, já há dois dias.

Em casa, todos os dias quando nos separávamos pela manhã e


ela ia trabalhar, eu ficava com um vazio no peito, uma sensação de
abandono, que só passava quando eu chegava em casa e a tinha
em meus braços, onde era seu lugar.

Eu a tocava o tempo todo. Se eu tinha que fazer algum trabalho


ou recebia alguma ligação importante, interrompia e dava um jeito
de dar um beijo, dizer que a amava, ou simplesmente pedia que
ficasse comigo, em meu colo ou por perto. Assim eu me sentia
completo, seguro e vivo.

— O que está pensando, amor? — Pam estava acordada e de


olho em mim.

— Desculpa se te acordei, Neném. Eu estava pensando em


quanto eu te amo e preciso de você. — Rocei meus lábios nos dela.
— Vamos conhecer as ilhas hoje? Rick providenciou uma lancha
para nós.

— Há alguns anos, eu tentei pilotar a lancha dele. Acho que ele


não se empenhou muito em me ensinar.
— Bem, prometo ser o professor mais atencioso e paciente do
mundo inteiro.

Beijei seus cabelos e ela se aconchegou em meus braços.


Nunca imaginei que existisse tamanha paz na face da terra. Isso é o
que eu sentia quando a tinha em meus braços. Uma paz infinita, que
me invadia e aquecia meu coração.

Meu Neném lindo era a minha vida, o ar que eu precisava para


respirar. Comecei a cantarolar a música que ela adorava e em
pouco tempo ela estava ressonando baixinho. Realmente era muito
cedo e eu não tinha dormido quase nada. Aconchegado ao calor
dela, adormeci também.

PAMELA

Estávamos deitados na rede, na varanda do bangalô, olhando o


pôr do sol. Eu, deitada no meio das pernas dele, encostada em seu
peito.

Foram os quatro dias mais felizes, relaxantes e deliciosos que


me lembro de ter passado na vida. Mas estava na hora de voltar à
realidade. Amanhã pela manhã seria a minha cirurgia. Theo, que
passou os dias tão feliz e brincalhão, hoje estava tristonho, me
olhando com aquela carinha de cachorro sem dono. Olhei para ele.

— Amor, não fique assim. Vou me lembrar pro resto da vida dos
nossos primeiros dias de casados. Mas temos que voltar para casa.
Você sabe, amanhã...
— Não pense em amanhã. — Me interrompeu, dando um
beijinho em minha boca. — Vai dar tudo certo, mas vamos deixar
para pensar nisso quando chegar à hora.

Nesses últimos dias ele pegou uma mania, pegava minha mão
e ficava brincando com minha aliança. E agora, com certeza, ele
nem percebia que fazia.

— Bem, Cláudio chegou, Neném. Vamos.

Levantei-me e ele me seguiu, peguei minha bolsa e fomos para


o carro, enquanto Cláudio pegava nossas coisas.

Na recepção trocamos de carro e fomos para o aeroporto.


Armand nos esperava na pista.

— Senhor Theodoro, Senhora Pamela, bem-vindos a bordo.


Chefe Patrick mandou que entregasse isso para vocês.

Entregou-nos um envelope e nos sentamos, colocando o cinto.


Theo abriu o envelope, que estava cheio de fotos dos gêmeos.
Rimos daquelas coisinhas lindas. Que saudade daqueles
pequeninos!

“Sei que vocês não levaram nem celular para essa lua de
mel relâmpago, então, aderindo à vontade de vocês, aqui estão
algumas das velhas fotos de papel. Esses pestinhas já estão
aprontando.

Até mais,

Rick.”
Theo leu em voz alta e voltamos a olhar as fotos. Eles estavam
com um pouco mais de um mês, mas já riam. Juro que nessa hora
me deu uma vontade louca de ter o meu próprio bebê. Bem, um dia
eu teria.

O voo foi tranquilo e quando percebemos, Armand já estava


avisando do pouso.

Descemos do avião e eles estavam nos esperando na pista.


Fomos direto mexer com os pequeninhos, que sorriram para nós.

— Neném, que tal um bebê para nós? — Ele sacudiu as


sobrancelhas para mim.

— Amor, eu pensei sobre isso durante o voo. Quem sabe?

Jess me abraçou e passou um deles para mim. Entramos todos


no carro e fiquei olhando para aquele pequeno milagre em meus
braços, pensando seriamente no que o Theo havia dito…
Capítulo 24

Acordamos cedo e fomos para o hospital. Eu estava sossegada


e pela segunda vez, eu entrei no hospital sem problema algum e
com meu Theo agarrado a mim.

Na sala de espera, nos encontramos com Bruno.

— Theo, despeça-se dela. Tenho que prepará-la para a cirurgia.


Não se preocupe, você sabe que será um procedimento simples e
não demorará muito. O centro cirúrgico é necessário por causa da
anestesia. Vou deixar vocês sozinhos e em cinco minutos volto para
te pegar, Pam. — Deu um sorriso para nós e se afastou.

— Neném, queria ir junto com você. Queria ficar o tempo todo


segurando sua mão. Mas sei que não posso. Vou ficar aqui o tempo
todo. Quando você sair de lá, serei o primeiro rosto que você verá.
— Sem esperar que eu respondesse, Theo me beijou daquele jeito
doido, possessivo, que me deixava louca.

— Está bem, amor. Está tudo bem e tudo vai dar certo. Se
acalma, homem! — Ri do nervosismo dele. — Até parece que quem
tem pânico de hospital é você. Tudo vai correr bem e daqui a pouco
eu serei toda sua novamente. — Dei um beijinho e o abracei forte,
encostando a cabeça em seu peito. Bruno retornou e Theo me
beijou os cabelos, afagando minhas costas.

— Bruno, cuide bem da minha esposa. Ela é o bem mais


precioso que eu tenho.

— Pode deixar Theo, ela está em boas mãos e estará aos


cuidados da equipe do Guilherme, que são os melhores.

— Até mais, amor. — Falei baixinho para ele, que só balançou a


cabeça em aceitação.

Theo passou as mãos pelos cabelos. Caramba! Ele só fazia


isso quando estava muito nervoso. Dei um tchau com a mão para
ele quando cheguei à porta que levava para a área restrita.

— Pam, arrumamos tudo para você aqui na sala de descanso


dos enfermeiros. Tire toda a roupa, tudo mesmo e coloque essa
camisola do hospital, com a abertura virada para trás. Espere
deitada naquela cama ali que logo a enfermeira do centro cirúrgico
virá te buscar. Tudo bem? — Bruno estava preocupado com meu
pânico, mas eu estava realmente relaxada.

— Estou bem, realmente bem Bruno. Entregue meu colar para o


Theo, esqueci de tirar antes de entrar. — Entreguei na mão dele.

— Nada mais? Me dê a aliança também, não pode entrar com


nada. — Retirei minha aliança e entreguei, junto com o colar. Me
senti nua sem ela.
— Então está bem. Até daqui umas horas. Coloque suas roupas
naquele saco ali. — Ele se despediu, me deixando sozinha.

Rapidamente tirei minhas roupas, dobrando e colocando no


saco do hospital que estava sobre a cama. Vesti aquela camisola
estranha, amarrei atrás do pescoço e me deitei na cama.

Minutos depois aquela enfermeira que havia feito meus exames


entrou.

— Bem menina, lá vamos nós. — Sorriu para mim e


empurrando a cama, me levou para a sala de cirurgia.

Lá chegando, o anestesista se apresentou, explicou o


procedimento, colocou uma agulha em meu braço, presa por
esparadrapos e pelo acesso foi colocando aos poucos um remédio
branco e pediu que eu contasse até dez. Comecei e quando cheguei
ao sete meus olhos ficaram pesados, a sala saiu de foco, me senti
flutuando e apaguei.

THEO

Olhei para o relógio pela milésima vez desde que Pam entrou
por aquela porta. Será que não viriam me dizer nada? Três horas
desde que ela tinha ido com o Bruno. Eu já estava me levantando
outra vez para perguntar para as enfermeiras sobre ela, quando a
porta se abriu e Guilherme veio em minha direção. E não estava
com uma cara boa.
— Theo, o procedimento acabou. Demoramos porque Pamela
sofreu uma parada cardíaca durante o procedimento, provavelmente
um choque pela anestesia. Ela está estável no momento, mas
precisamos esperar ela acordar.

— Como uma parada cardíaca? Bruno disse que era um


procedimento simples! — Esbravejei, elevando a voz.

— Calma, Theo. Foi uma coisa rápida.

— Não me importo se foi rápida ou não! O que importa é que


foi. Quero ver minha esposa e quero agora.

— Vou te levar até a sala de recuperação. Venha comigo, você


tem que colocar um traje por cima de sua roupa e sapatos. — Abriu
a porta para que eu passasse, pegou aquela roupa verde e me
passou. — Pode se trocar ali. Não precisa retirar suas roupas, só
coloque por cima.

Fiz o que ele mandou ali mesmo, tamanha era a minha pressa.
O segui até a sala de recuperação. E ela estava ali, em uma cama
de hospital, com as grades levantadas e muito, muito pálida. Meu
Neném lindo só estava assim por minha causa, por causa da minha
Ella. Se algo acontecesse com ela eu nunca iria me perdoar.

Cheguei ao seu lado e peguei sua mão.

Guilherme me trouxe uma cadeira e coloquei bem pertinho da


cama. Esperei e esperei, mas nada dela acordar. Me levantei e fui
atrás do Guilherme.
— Pamela não acorda, está pálida demais e muito fria. Venha
ver.

Guilherme chegou ao lado dela, começou a auscultar seu


coração e aferiu sua pressão. Olhou para mim e pediu para que eu
aguardasse.

Voltou com um bando de enfermeiras e equipamentos. A


colocou no oxigênio, ligou o monitor cardíaco, colocou alguma coisa
no soro e ligou ao acesso que estava em seu braço.

—Vamos ter que removê-la daqui para o CTI. A pressão


respiratória e sanguínea estão muito baixas.

Meu Deus! Pam!

Senti as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto. Eu seria


forte por ela e ficaria ao seu lado o tempo que fosse preciso.

Segui as enfermeiras e Guilherme até o Centro de Tratamento


Intensivo. Lá a colocaram em um daqueles quartos com divisórias
até o meio e o restante de vidro, sem portas. Ligaram-na ao monitor
cardíaco dessa sala e segundos depois começou a correria. O
monitor começou a apitar porque o seu batimento cardíaco zerou.

Afastei-me, colando ao vidro, enquanto Guilherme gritava


pedindo o desfibrilador, a enfermeira retirava o soro do acesso e
escutei Guilherme comandando tudo.

Nunca em minha vida me esqueceria daquilo!


Pam com o peito descoberto e Guilherme com aquelas pás
dando choque em meu Neném, o corpo dela saltando e voltando,
inerte naquela cama. Saltando e voltando. Até que depois do
terceiro choque percebi que seu peito se mexia. Reconectaram tudo
a ela, Guilherme cobriu o peito de Pam com o lençol e se afastou.

— Theo, a levaremos para a UTI. A respiração está fraca, seu


batimento também está lento e, como você viu, ela teve uma
segunda parada. Lá ela terá monitoramento 24 horas. Tenho que
supervisionar a preparação da medula para Ella.

— Faça o que você achar que deve, só quero minha mulher


comigo, bem e viva. O mais rápido possível.

— Fique aqui com Pamela, eu cuido de Ella. Vou cuidar de tudo,


não se preocupe.

Só concordei com a cabeça e acompanhei Pamela para a UTI.


Lá conectaram mais alguns aparelhos a ela. Comecei a rezar para
que meu Neném ficasse boa logo.

PAMELA

Me sentia leve... caminhando por campos verdes, o céu azul,


sem nuvens. Andei até umas árvores e me sentei à sombra delas.

— Oi, Pamela. — Ouvi uma voz dizendo meu nome e gelei. Isso
não podia ser verdade! Aquela voz pertencia a minha mãe. Virei-me
e lá estava ela, de mãos dadas com meu pai.
— Olá, filhota. Não se assuste. Estamos muito orgulhosos de
você. Você fez o que era certo. — Meu pai falou.

— Querida. — Meus pais vieram para perto de mim e me


levantei abraçando-os. — Filha, não sabe o quanto nos orgulhamos
pelo seu casamento.

— Tem a nossa benção. — Completou meu pai e colocando a


mão em meu ombro, ele disse. — Foi muito nobre de sua parte ter
enfrentado seu pânico e nos liberado filha. Agora fazemos o mesmo
com você. Volte para seu marido filhota. Ainda não é sua hora.

Tentei falar, mas não saía nada de minha garganta. Meus pais
me abraçaram e de repente tudo ficou escuro, meu corpo todo doía.
Principalmente meu peito e meu quadril.

Escutei a voz do meu Theo, que cantava baixinho, em algum


lugar próximo de mim.

— I won't give up on us, Even if the skies get rough, I'm giving
you all my love, I'm still looking up.

Sua voz rouca, cantando aquela música linda me emocionou e


senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Eu não conseguia abrir os olhos, mas só em saber que ele


estava ao meu lado já me deixava calma.

— Pam! Neném, não chore. Você está aí meu amor. Eu sabia!


— Apertou minha mão e tentei com todas as minhas forças retribuir
o aperto.
— Isso Neném, lute contra isso com todas as suas forças, volte
pra mim. — Theo disse e senti que ele me beijava no rosto, por
onde minhas lágrimas escorreriam. — Vou chamar o Guilherme.

Capítulo 25

—Pamela, você me ouve? Aperte minha mão se estiver


ouvindo. — Tentei apertar e consegui somente uma leve
movimentação de dedos.

Tudo continuava escuro, não conseguia abrir meus olhos.

— Pam, respire fundo, vou tirar o tubo que está em sua


garganta. — Guilherme informou exatamente na hora em que senti
minha garganta queimando e uma ânsia tomou conta de mim.
Graças a Deus foi rápido. Engoli com dificuldade, minha garganta
estava seca.

Senti que abriam meu olho e uma luz ofuscou minha visão, mas
tive tempo suficiente de vislumbrar a cabeça de Theo ao lado do
Guilherme. A escuridão voltou e ele repetiu o gesto no outro olho.
Meu Theo estava com olheiras e com a barba por fazer.
— Pam, não se preocupe, está tudo bem com você. Logo logo
tudo se ajeitará. Dê tempo ao tempo. — Senti sua mão em meu
ombro, dando um aperto leve. — Theo, ela está bem. Se acalme
homem. O pior já passou. Volto daqui a pouco para ver se tivemos
algum progresso.

Escutei passos e a porta se fechando. Theo pegou minha mão e


beijou. O que será que tinha acontecido comigo? Por que eu não
conseguia me mexer, ou abrir os olhos? Tentei falar, mas nada saiu.
Comecei a me irritar... Escutei o barulho da máquina ao meu lado
ficar mais rápido.

— Acalme-se Neném. Você deve estar confusa com tudo isso.


Você teve uma complicação na cirurgia, duas paradas cardíacas e
depois... — A voz dele ficou embargada e ele fungou baixinho. Ai
meu Deus, meu amor estava chorando! Duas paradas? Eu estive
morta por alguns segundos ou minutos... Isso explica meu sonho
estranho com meus pais... Será que tinha sido real?

— Depois você não acordava... — Outra fungada. Ah, como eu


queria, pelo menos, poder falar para ele que eu estava bem!

Tentei com todas as minhas forças, abrir os olhos. Mas a única


coisa que consegui foi me cansar. Esgotada, adormeci.

Não sei quanto tempo depois, despertei, com Theo segurando


minha mão e conversando comigo.

— Neném, sinto falta do seu cheiro, sinto falta de você na minha


cama, dormindo de conchinha e dizendo que me ama... — Beijou
meu rosto e sorri, feliz por ele estar ali comigo. — Pam, você está
sorrindo. Tente abrir os olhos, olhe para mim, meu Neném lindo.

Dessa vez foi mais fácil e com um pouco de esforço consegui


entreabrir os olhos. E vi aquele sorriso lindo na minha frente. Um
formigamento tomou conta do meu corpo e aquele frisson que eu
sentia, sempre que estava perto dele me despertou completamente.

Apertar sua mão foi mais fácil também e devagar consegui


levantar um pouco a mão da cama. Ele se abaixou e acariciei seu
rosto. Theo estava com os cabelos úmidos e recém-barbeado. As
olheiras estavam mais claras, mas ainda estavam ali. Meu Gostoso
estava tão lindo! Mas visivelmente abalado e cansado. Ele chegou
perto do meu ouvido e continuou a falar.

— Levante logo dessa cama minha mulher, sinto falta de nós


dois, no chuveiro, na cama, na parede, na sala, de beijar teu corpo
inteiro. Estou morrendo de saudade!

Meu corpo respondeu prontamente, ficando alerta. Cada


polegada da minha pele o queria. Mas eu estava fraca, muito fraca.
Consegui sussurrar “Eu te amo...” e fechei os olhos novamente.

Quando acordei, me senti mais forte, mais desperta realmente.


Abri os olhos, olhei em volta e Theo estava dormindo, no sofá do
quarto. Eu não estava mais com o soro. Consegui mexer os braços
e as pernas. Alcancei o interruptor que estava enrolado na grade da
minha cama e apertei. Segundos depois a enfermeira entrou no
quarto sem fazer barulho.
— Olha quem acordou... — Sussurrou a enfermeira, ao meu
lado. — Como você está? Sente alguma coisa? Precisa de algo?

— Sim, eu estou com sede. — Minha voz saiu rouca e baixa,


arranhando minha garganta.

— Certo, vou te trazer um pouco de água. Consegue se mexer?

Fiz que sim com a cabeça, levantando os braços e mexendo as


pernas.

— Ótimo. Vou remover a sonda e vamos tentar ir ao banheiro.


Vou te ajudar a tomar um banho.

— Quero escovar os dentes. — Falei baixinho.

— Claro que quer. — Ela riu de mim. — Relaxe, isso pode arder
um pouco. — Colocou as luvas, pegou uma gaze na gaveta ao lado
da minha cama, levantou o lençol e foi puxando a sonda.

— Ai! — Falei um pouco alto demais e Theo pulou do sofá.

A enfermeira parou e me cobriu.

— Quer que seu marido saia?

— Não, pode continuar. — Estendi a mão para ele, que veio


correndo me abraçar.

— Danadinha, acordou e não me chamou! — Chegou perto


para me beijar e levantei a mão, impedindo-o. — O que foi Neném?
Não quer que eu encoste em você? — Perguntou sentido, se
afastando.
— Não, amor. Eu estou com um bafo do cão.

Theo começou a rir, segurou minhas mãos e grudou sua boca


na minha. Tranquei os lábios e ele me abraçou, rindo de mim.

— Pronto, acabei. Vou te ajudar a chegar ao banheiro.

— Quer fazer isso sozinha? Posso te levar.— Theo ofereceu.

— Quero tentar. — Ele assentiu e me amparando nele,


consegui chegar até o banheiro. Me sentei no vaso sanitário, mas
nada saia. Eu morrendo de vontade e nada!

— Quer que eu saia, Neném?

— Amor, não é você. Tem alguma coisa errada comigo. Não sai
nada e estou morrendo de vontade...

— Isso é normal Pamela, logo depois que retira a sonda é difícil


mesmo. Acalme-se e relaxe. Talvez isso ajude. — A enfermeira
abriu a torneira e o barulhinho da água pareceu me relaxar e
quando vi, estava conseguindo. Deus que alívio!

Problema resolvido, Theo me ajudou a tirar a camisola do


hospital e me amparei nele novamente até o box. Me apoiei contra
ele, enquanto a enfermeira ligava o chuveiro e senti sua ereção em
mim. Olhei rápido para ele, que estava com um sorriso no rosto.

— Desculpe Neném, não consigo evitar. Certo ou não, isso tudo


é muito excitante. — Sussurrou em meu ouvido, bem baixinho para
que a enfermeira não ouvisse. Beijou meus cabelos e entrei
embaixo d’água.
Era disso que eu precisava. Tomei um banho e escovei os
dentes. Agora sim eu me sentia normal de novo. Theo não saiu dali,
nem por um segundo, sempre atento a tudo, pronto para me segurar
se eu precisasse. A enfermeira estendeu uma toalha para mim, mas
ele pegou e me enxugou. Outra vez, ela estendeu a camisola para
mim, mas quem apanhou foi ele, me vestindo.

Ela só olhou, muito séria, mas não disse nada.

— Agora eu vou te levar para a cama. Não precisa mais se


preocupar com bafo ou o que quer que seja. Preciso de você
comigo, em meus braços.

Pegou-me no colo e quando foi me colocar na cama, se deitou


ao meu lado.

— A senhora não fique olhando como se fosse o fim do mundo


eu cuidar da minha esposa. Se nunca viu uma coisa assim, só
lamento.

Ela olhou feio para ele, perguntou se eu precisava de mais


alguma coisa e disse que logo traria meu remédio para dor e o
multivitamínico, saindo em seguida.

— Theo, pra que falar assim com a pobre da mulher?

— Neném, são cinco dias, contando hoje, que estou aqui e essa
mulher mandando que eu me afastasse de você, que você
precisava melhorar e não conseguiria se eu ficasse ao seu lado
segurando sua mão o tempo todo. Já estava com isso engasgado
há dias!
Olhei fixo naqueles olhos lindos e sorri.

— Você ficou segurando minha mão o tempo todo?

Ele pegou minha mão e beijou.

— O tempo todo, meu Neném lindo. Eu dormia sentado na


cadeira, segurando sua mão e com a cabeça apoiada na cama.
Assim, se você acordasse, eu estaria ali. Hoje foi o único dia que eu
dormi naquele sofá ali, e só porque Guilherme me jurou que você
estava bem e só dormindo, que o coma tinha acabado. — Apontou
com a cabeça para o sofá-cama.

Ainda sorrindo, olhei para sua boca e para seus olhos


novamente. Deus que vontade de beijar aquela boca! Theo pareceu
ler meus pensamentos e chegou pertinho, juntando seus lábios nos
meus.

Meu corpo todo despertou e lambi seu lábio inferior, prendendo-


o entre meus dentes. Theo gemeu baixinho e aprofundou o beijo.
Enterrei os dedos em seus cabelos, puxando-o para mim.

Theo interrompeu o beijo.

— Neném, estou sem você há muito tempo. Não me atice. Você


está fraca ainda, se recuperando de tudo...

Não quis saber e enquanto ele falava, minha mão percorreu seu
peito e se fechou em cima de seu pau, fazendo com que ele
parasse de falar e puxasse o ar entre os dentes.
— Quero brincar amor... Posso não ter percebido o tempo
passar, mas minha vontade de você é tão grande... tão intensa...
que parece que foram semanas longe de você. — Minha mão
continuava a passear pelo seu comprimento, apertando a ponta de
leve.

A mão de Theo se fechou sobre a minha, apertando mais forte.


Sua boca veio sobre a minha, implacável e me senti flutuar, uma
tontura gostosa tomou conta de mim e gemi em sua boca. Deus,
meu homem sabia beijar!

Uma batida na porta nos fez pular, assustados. Mais uma


batida e Theo mandou que entrasse.

— Bom dia! Theo, acabei de receber uma reclamação da


enfermeira, de um marido possessivo, extremamente mandão e mal
humorado, deitado na cama da paciente. — Guilherme disse, rindo
da situação.

— É aquela enfermeira que eu tinha te falado. Desculpe, mas


não aguentei. — Theo me beijou na testa e me fez recostar em seu
peito.

— E você, Pamela? Como se sente?

— Perfeita. Depois de um banho eu me sinto muito bem.

— Certo, vamos observar você durante o dia de hoje e se


continuar bem, amanhã você pode ir para casa. Theo me dê uma
licença agora, tenho que conferir os sinais dela.
Theo saiu da cama e ficou ao meu lado, enquanto Guilherme
media a pressão, temperatura, os batimentos...

— Tudo está dentro dos conformes. Volto mais tarde para te ver
novamente.

— Guilherme. — Chamei e ele se virou. — Como está Ella?

— Está ótima, Pam. Recebeu sua medula e está passando


muito bem. Você salvou a vida dela. Ela vai ter que ficar mais um
tempo aqui no hospital, até recuperar a imunidade, mas está indo a
todo vapor! Até mais. — Despediu-se, fechando a porta atrás de si.

Theo pulou ao meu lado de novo e me recostei em seu peito.


Ele começou a cantarolar a minha música e adormeci, agarrada a
ele.
Capítulo 26

Na manhã seguinte tive alta. Theo me contou que todos vieram


me ver, as meninas, os pais dele, Rick e Jess, até os bebês!
Quando me levou para casa, ele não me deixou fazer nada. Eu
precisava saber como estava a Solaris, sabia que Grazi era capaz o
suficiente para cuidar de tudo na minha ausência, mas a empresa
era o meu bebê.

— Descanse, Neném. Depois peço para Grazi passar aqui e te


dar o relatório completo. Não tem necessidade de ir até lá hoje,
depois de tudo o que você passou. — Theo me disse quando lhe
falei da minha vontade. Ele estava certo. — Pam, temos que
começar a organizar a cerimônia religiosa, depois de tudo isso eu
quero ver você entrando pela igreja, vestida de noiva...

— Theo, não há necessidade disso. Já estamos casados...

— Pam, nem mais uma palavra sobre isso. Vamos nos casar no
religioso, sim senhora, com direito a vestido de noiva, véu, buquê,
padre, festa... e tudo o mais. Converse com suas meninas e
planejem o casamento mais lindo. Você tem três meses. Acos...

— Acostume-se a isso. Simples assim. — Completei sua frase,


subindo em seu colo.
— Isso mesmo. — Colou a boca na minha e nos perdemos em
carinhos. Como estava em seu colo, apenas mudei de posição,
montando-o e pressionando meu sexo no dele. — Neném safada.
Não podemos ainda. Você ouviu o Guilherme. Sem estripulias, só
mais uns dias.

— Quero brincar amor... Isso é tortura. Ficar perto de você e


não poder... é frustrante!

Ele riu de mim.

— Pam, eu sei que é. Te quero tanto quanto você me quer.


Estou tão duro que chega a doer, louco para me enterrar na minha
mulher. — Me agarrou os cabelos e tomou posse de minha boca
com selvageria, me deixando molhada.

—Vamos mudar de assunto então. Conte-me como foram as


coisas com Ella. — Se não poderíamos fazer nada, paciência. Me
ajeitei em seu colo, encostando a cabeça em seu ombro. —
Guilherme falou muito pouco...

—Você salvou a vida dela. Seremos gratos para sempre. Logo


ela estará conosco. — Ele disse brincando com meus cabelos.

—Ô de casa... Estamos entrando! — A voz de Rick chegou até


nós.

—Estamos aqui. — Falei alto. Eu estava com tanta saudades


deles e dos bebês!

—Olha quem está com saudade da dinda! — Jess chegou perto


de mim, balançando de leve a mãozinha do bebê em seu colo.
—Não, eu estou com mais saudade da minha dinda! — Rick
falou, imitando voz de criança e colocou o bebê em meu colo. Ri
deles e abracei aquela coisinha pequenina. Jess então colocou o
outro também em meus braços.

—Precisamos registrar esse momento! — Rick pegou o celular


e tirou uma foto nossa.

Eles eram tão cheirozinhos. Eu queria um para mim! Essa


constatação me deixou radiante e olhei para Theo, que estava com
os olhos brilhantes olhando para os bebês. Creio que ele estava
pensando a mesma coisa.

Os últimos meses passaram voando.

Theo era um marido atencioso, carinhoso e delicioso. Pelo


menos três vezes por semana íamos à casa do Rick e mimávamos
nossos afilhadinhos de todas as maneiras. Eles estavam com quatro
meses agora, fofinhos e espertos, eram o xodó de todos.

Compramos uma casa, próxima à deles e estava pronta


também, só nos aguardando.

Enlouqueci as meninas, com os preparativos para o casamento


e elas adoraram cada coisinha.

O vestido de casamento foi um achado. Estávamos rodando por


várias lojas. Quatorze mulheres dando opinião não era fácil. Mas
quando vesti aquele último vestido, soube que era ele.
Um lindo vestido branco com decote reto, tomara-que-caia,
rendado com detalhes de rosas, ajustado até a cintura de onde saía
uma saia ampla e cheia, com uma calda discreta.

Pequenos cristais Swarovski ornamentavam todo o vestido e


uma tiara de ouro branco trabalhada com mini rosas e ramos, com
os mesmos cristais e um véu não muito comprido completavam o
conjunto. Quando saí do provador e fui andando em direção a elas,
o choro silencioso foi coletivo e todas começaram a secar as
lágrimas, sorrindo pra mim e então eu tive a certeza. Era aquele.

Diana levou o vestido para a casa dela, que seria nosso QG no


dia do casamento. Tudo pronto, agora era só esperar o grande dia.

No sábado pela manhã, a sessão de embelezamento começou.


A sala da Diana parecia um salão de beleza. Maquiadores,
manicures e cabeleireiras estavam espalhados por todos os cantos.
Como não podia faltar, música e muita alegria completaram a nossa
bagunça.

Às 19 horas eu estava pronta. E nervosa.

Uma limusine me aguardava do lado de fora, e Rick, lindo de


viver em um smoking, veio me buscar na porta.

— Pronta?

— Prontíssima! — Respondi, mas senti borboletas em meu


estômago.

Ele me ajudou a entrar e esperamos todas as meninas entrarem


na van que as levariam para a igreja e deixamos que fossem na
frente, para tomarem seus lugares. Em seguida, foi a nossa vez.

Chegando em frente à igreja, a dimensão de tudo aquilo caiu


sobre mim. Estava toda decorada com rosas vermelhas e com um
tapete também vermelho, mostrando o caminho que eu deveria
seguir. Rick pegou meu buquê e me entregou.

— É a nossa hora. — Rick me encorajou, saindo do carro e me


estendendo a mão.

Agarrei sua mão, mas mesmo assim uma tontura me tomou.


Consegui me firmar, respirei fundo e ele tomou meu braço, me
conduzindo até a porta da igreja.

As meninas se posicionaram à minha frente, Diana e Ella


levavam os gêmeos na frente, como pajens, e começaram a andar
assim que a marcha nupcial começou a tocar.

Todas então tomaram seus lugares no altar e era a minha vez.


Assim que entrei no corredor ladeado de rosas, meus olhos se
prenderam aos do Theo. Ele estava sorrindo e visivelmente
emocionado.

Fui andando, sem perceber a multidão que lotava o recinto.


Quando cheguei próximo a escada que levava ao altar, Theo veio ao
meu encontro e Rick me entregou a ele.

— Te entrego minha princesa, minha irmã de coração,


basicamente minha filha. Cuide bem dela. — E abaixando o tom da
voz completou. — Ou irei atrás de você com esses dois. — Apontou
com a cabeça para os bebês e sorriu, quebrando a tensão.
Theo pegou minha mão e a levou aos lábios, beijando de leve.
Um arrepio me percorreu e estremeci.

Tomou-me pelo braço e subiu os degraus comigo. O padre fez o


seu sermão e dei graças a Deus por estarem filmando tudo, pois
não consegui prestar atenção em uma palavra. Só tinha olhos para
meu Theo, que sorria para mim.

Somente quando ele começou a repetir as palavras do padre é


que me dei conta de que tinha que prestar atenção. Não podia
cometer o mesmo erro do casamento civil. Ele colocou a aliança em
meu dedo e beijou-a. Repeti o juramento e coloquei a aliança nele,
repetindo seu gesto.

— Eu vos declaro, marido e mulher.

Uma lágrima escorreu pelo rosto dele quando me beijou. A


igreja irrompeu em palmas, assobios e uivos. Rimos e ainda nos
beijando, de mãos dadas fomos andando em direção a nossa nova
vida juntos e com a benção de Deus.

— Então Sra. Pamela Torres, como se sente? — Theo me


perguntou, enquanto dançávamos nossa primeira música juntos, na
festa.

— Amor, estou muito, muito feliz, você me faz a mulher mais


feliz desse mundo. — O puxei para um beijo.

— Olha que coisinhas mais lindas, aqueles dois brincando! —


Theo disse, referindo-se aos nossos afilhadinhos que estavam em
uma caminha improvisada no chão com toalhas, sentadinhos, sob a
supervisão do papai babão, Jess e vários convidados.

— Ahm, Theo... Eu tenho uma coisa para te dizer e acho que


não terá um momento mais propício... — Olhei fixo dentro de seus
olhos. — Sabe, esses dois ganharão um amiguinho ou amiguinha
para brincar, em breve.

Theo arregalou os olhos e parou de dançar, me afastou e olhou


para minha barriga. Olhou para meu rosto e novamente para minha
barriga. De repente ele me abraçou e começou a girar comigo, me
beijando onde conseguia.

— Meu Neném vai ter um bebê! Vou ser papai! — Continuou a


me girar, rindo.

— Te amo amor... Nós te amamos, para todo o sempre.

— Também amo vocês, minha mulher e nossa coisinha linda


que está crescendo dentro de você. Para toda a eternidade!
Epílogo

THEO

7 meses depois.

Não me canso de admirar minha linda esposa. Ela está ainda


mais linda com esse barrigão. Assim, adormecida, meio sentada,
recostada na cama, é uma obra de arte.

Pego meu celular e capturo a beleza do momento em uma foto.


Tenho tantas! De todas as maneiras possíveis e imagináveis. Se
com a gravidez dela eu fiquei assim, Deus me ajude quando nossa
princesinha nascer.

Já estávamos com tudo pronto, quarto decorado em tons de


rosa, uma das paredes pintadas por um pintor regional, retratando
uma ursinha no balanço, em meio às árvores, o bercinho, cômoda,
cadeira para amamentação... As malas das duas estavam prontas e
a espera. Hoje completamos 41 semanas. As palavras da obstetra
não saem de minha cabeça.

“Sua bebê está bem. Você já está com 4 centímetros de


dilatação. Se você quiser podemos fazer uma cesariana, mas se já
esperaram até agora, um dia a mais não fará diferença. Ainda mais
que você quer um parto normal, Pam. Então, caminhe bastante e
um pouco de sexo pode ajudar. Relaxe, minha linda. Qualquer
coisa, me liguem, a hora que for. Sua documentação está pronta
aqui no hospital, é só chegar e pronto.”

Qual a parte que eu adorei? Sexo! Fazer amor com ela assim, é
uma coisa de louco. Não sei se é pelos hormônios da gravidez, mas
não há tempo ruim para nós. Toda hora é hora e ela está louca por
sexo. Caramba, só de pensar nisso já fiquei duro. Então, vamos lá!
A recomendação médica é sexo, então é isso que teremos!

Afasto o lençol daquele corpo lindo e começo a beijar a barriga


dela e vou descendo. Passo os braços por baixo de seus joelhos e a
faço escorregar pela cama, mordiscando sua coxa, e subo em
direção de sua bocetinha deliciosa.

— Humm, alguém está querendo que a bebê nasça logo... —


Pam geme, acordando. Estico meu braço e aperto de leve seu
mamilo.

Pam geme alucinada. Ela está tão sensível! Responde


magnificamente ao mínimo estímulo.

Chupo e acaricio até tê-la gozando em minha boca.

Subo pelo seu corpo gostoso, beijando-a na boca,


demonstrando todo meu tesão. Ouvir os gemidos e assistir ela gozar
é tão gostoso, isso me deixa louco!

É então que acontece. No meio do beijo, Pam grita!


Assustado, paro na hora e a encaro.

— O que foi, Neném?

— Acho que chegou a hora amor. Ai! — Pam segura a barriga


por baixo, ofegante.

— Graças a Deus. Vamos lá, meu Neném lindo! Quer tomar


uma ducha? — Saio correndo, sem esperar por resposta e ligo o
chuveiro. Separo a roupa dela, a pego no colo e dou um banho
rápido. A cada cinco minutos ela fica tensa e ofegante, segurando a
barriga.

Coloco a roupa nela, pego as malas e as levo para o carro.


Volto para pegá-la e percebo que suor escorre pelo seu rosto.

— Respire, Neném.

— Ai Theo... A bolsa estourou.

A coloco no carro e saio a toda velocidade para o hospital.

Caramba! Ainda falta um bom tempo para chegarmos!


Aparentemente as dores estão aumentando rapidamente.

— Amor, to sentindo alguma coisa estranha... Corre, acho que


ela está nascendo!

Pego meu celular e ligo para o Bruno.

— Bruno, estou perto do shopping. Pam está tendo a bebê.


Acho que não vai dar tempo de chegar ao hospital. Mande uma
ambulância pra cá. E por tudo o que é mais sagrado, me ajude com
isso!

— Theo se acalma. Pare aí mesmo, estou mandando uma


ambulância e indo junto.

Escuto ele correr e paro junto ao meio-fio.

— Pegue a Pam e a coloque no banco de trás. — Saio do carro


e faço o que ele manda.

Por sorte eu havia colocado um vestido nela! Pam geme e se


agarra ao tecido do vestido, fazendo força.

— Amor, eu não consigo segurar isso. — Com um gemido mais


alto ela leva a mão à boca, mordendo e fazendo força de novo.
Tanta, que a veia de seu pescoço salta.

— Peça para ela respirar e se acalmar Theo. Tire a calcinha e


abra as pernas dela o máximo que conseguir... Estamos quase
chegando.

Atendi as ordens de Bruno na mesma hora que ele as deu.

— Meu Deus, Bruno! Está nascendo! Ai, meu Deus! Caralho!

Fico sem saber o que fazer, olho para Pam e para os cabelinhos
da bebê aparecendo.

Coloco no viva voz e largo o celular no chão do carro.

— Ponha a mão por baixo, para amparar a bebê. — Nesse


instante, Pam faz mais força e abafa um grito na mão. A cabecinha
da bebê sai toda. Automaticamente a pego e, lembrando de todos
os programas de nascimento que nós tínhamos visto, puxo e tiro o
cordão umbilical que está em volta do pescocinho dela.

— Respire, Neném. Ela é linda! — Sinto uma mão em meu


ombro e atrás de mim estão a obstetra e Bruno. Eles assumem dali
e eu corro para o outro lado, entro pela porta do passageiro e
amparo a cabeça de Pam em meu colo, beijo e acalmo minha
mulher guerreira.

Ela faz força mais uma vez, o rosto vermelho, as veias saltadas
e relaxa em meu colo. O chorinho de nossa filha toma conta de mim
e é o único som que eu ouço. Fico hipnotizado olhando aquele
rostinho, os bracinhos agitados e o pulmãozinho funcionado
plenamente.

— Parabéns, papais! A filhinha de vocês é linda! — Diz a


obstetra, colocando aquela coisinha minúscula em cima da Pam,
que abraça e nina a pequenina, que para com o berreiro e olha para
nós dois, piscando aqueles olhinhos verdes como esmeraldas.
Coloco o dedo em sua mãozinha e ela aperta. Aperta forte! Nesse
momento começo a chorar.

As portas se fecham e sinto que o carro entra em movimento,


mas estou muito alheio ao que acontece à minha volta.

— Parabéns, meu anjinho. Bem-vinda ao mundo! — Falo


baixinho e beijo Pam. — Amo você, minha mulher linda e guerreira...
Amo você e nosso pequeno anjinho... Para toda a eternidade...
Agora que você já viu o rostinho dela, já decidiu que nome vamos
dar a ela?
— Ela tem os olhos verdes como os da minha mãe. Podemos
dar o nome da minha mãe para ela? Giovanna?

— Sim, é um nome lindo, assim como nossa princesinha.

Pam sorri para mim e acalenta nossa pequena mais perto do


peito.

Um sentimento de paz toma conta de mim e nesse momento


me sinto realmente completo. Com minha família, agora completa e
em meus braços, eu estou preparado para enfrentar qualquer coisa
e tenho a certeza de ter encontrado a plena felicidade.

FIM
Incondicional

Kacau Tiamo
“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou,
descobriu um tesouro”
(Eclesiástico 6,14)
Sumário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois.
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Epílogo
Agradecimentos

Obrigada a todas as leitoras que me incentivaram com seus


comentários e leituras no wattpad. Em especial, às minhas “tops
comentaristas” Andreia Filipa (com direito a participação especial),
Susana Silva e Marisa Tiago, que mesmo morando em Portugal,
acompanharam e fizeram questão de comentar em todos os
capítulos!

Minhas amigas do peito não poderiam faltar aqui também.


Graziela Lopes, Andreia Calegari, Lilia Britto, Luana Silva, Mônica
Menezes, Ionara Carvalho, Karoline Gomes, F. Bittencourt, Deisi
Riewe, Dani de Mendonça, Kelly Faria e Gisele Melo, obrigada por
me aturarem dia e noite, vocês moram no meu coração.
Cely Vianna, um anjo em minha vida, minha revisora e amiga,
obrigada pelo apoio.

Pequenas, preparem-se!

Desejo a todas uma boa leitura e apreciem sem moderação.


Capítulo Um
Essa festa do melhor amigo do meu irmão chegou na hora
certa.

Estar aqui, no meio de um monte de gente se divertindo e


dançando, me faz esquecer um pouco do que eu tenho passado.

Desde que me lembro, estive doente de algum jeito. Ou fraca


demais.

Meu irmão é meu porto seguro. Meus pais? Eles precisam de


alguém que cuide deles, coitados. Eles não têm mais forças para
cuidar de mim, além do que, não tínhamos contado para eles. Meu
pai, já com seus setenta anos, tinha uma saúde frágil, devido ao
diabetes e outras complicações. Quando eu nasci, minha mãe já
tinha trinta e cinco anos e meu pai quarenta e dois. Foi uma
gravidez complicada, pois minha mãe era considerada muito velha
para ter um filho naquela época, há vinte e oito anos atrás. Hoje,
graças a Deus, tudo é diferente.

Procuro por Theo e o encontro dançando com uma morena


linda. Pelo jeito, ele está interessado nela. Isso é bom, muito bom.
Theo vai fazer quarenta anos e é um solteirão convicto, sempre
acompanhado por belas mulheres, ao mesmo tempo em que é um
lobo solitário. Não sei se é por mim ou, simplesmente, por não ter
encontrado a mulher certa ainda.

Ah, lá está meu Dr. Guilherme. Digo meu porque eu o quero.


Nunca quis ninguém em minha vida. Eu aqui, falando do meu irmão,
mas, para mim, é ainda pior. Tenho vinte e oito anos e sou ainda
mais sozinha. Sou escritora, escrevo romances tórridos e com lindos
finais felizes, mas isso tudo é devido à minha imaginação e meus
desejos, que expresso no papel, inventando personagens que
amam e são amados.

Uma coisa sobre mim? Sou virgem.

Como uma virgem pode escrever romances eróticos e cheios de


sensualidade? Caramba, sou uma mulher! Nunca tive um homem,
mas já namorei (apenas dois caras), experimentei orgasmos das
mais variadas maneiras, apenas nunca transei. Pode parecer
antiquado, mas quero “O” cara para isso. Quero amar de todo o meu
coração e me entregar para quem realmente merecer. E, puta que o
pariu, o meu Dr. Guilherme parece ser esse “cara”.

Sabe quando você pensa na pessoa e seu corpo desperta? Dá


aquela tonturinha gostosa, seus mamilos intumescem e você sente
tudo lá por baixo se contrair e umedecer? Pois é. Ele tem esse
poder sobre mim. Mas será que ele sabe? Quando penso em um
futuro com alguém, é com ele. O simples fato de eu pensar no futuro
com alguém, já é...

Devo estar dando muito na cara, pois ele está me olhando... Ai,
meu Deus, ele está vindo! E sorrindo. Humm, esse sorriso me mata!

Ele chega perto e se abaixa para me dar um beijinho no rosto.


Aproveito e inalo seu perfume. Nossa senhora das calcinhas
molhadas, proteja a minha!

― Boa noite, Ella. Por que está aqui, sozinha? Não está se
sentindo bem? ― Pergunta, preocupado.

― Estou bem, sim. Só não conheço muita gente, e quem eu


conheço está acompanhado. ― Sorrio para ele, o tranquilizando.

― Bem, eu não estou acompanhado. ― Olha em meus olhos e


dou graças a Deus por estar sentada. Aquela tonturinha gostosa
que falei, me tomou com força total. ―Quer dançar? ― Estende a
mão para mim. Tímida, estendo a mão e aceito a oferta.

Chegamos à pista de dança e ele me abraça, começando a


dançar. Nunca tinha ficado tão próxima a ele. Nós nos conhecemos
há muito tempo, ele era amigo do Theo, desde sempre, e eu sempre
achei que, para ele, eu fosse apenas a irmã doentinha do melhor
amigo e que minha paixonite por ele era unilateral... mas olha só!
Ou o celular dele era daqueles Motorolas super antigos, do tipo
“tijolões”, ou ele estava excitado. E wow! Tinha um senhor
equipamento!
Levanto o rosto para olhá-lo e sinto meu rosto queimando. Ele
está me olhando fixo e sorrindo, com cara de safado. É como se ele
tivesse lido meus pensamentos. Desvio o olhar e me afasto de leve.
O que eu posso fazer? Sou tímida demais. Minha mente é safada,
sexy e pervertida, mas, eu mesma, sou o contrário.

Meu Dr. Guilherme é uma mistura de Bad Boy com policial linha
dura. Só de você olhar, não diria que ele era um médico, mas sim
um detetive daqueles, que te faria confessar crimes inimagináveis.

Eu cresci com Theo, Rick, Guilherme e Bruno, amigos desde o


fundamental. Imagina o que era crescer no meio desses homens
lindos?

No ensino médio, eles haviam formado uma banda, com Theo


no vocal, Rick na guitarra, Guilherme no contrabaixo e Bruno na
bateria. Eles eram muito bons! Chegaram a fazer alguns shows na
escola e na faculdade, mas depois “ficaram responsáveis” e se
focaram em suas carreiras. No entanto, sempre relembravam os
velhos tempos, como estavam fazendo hoje.

Após a escola, frequentaram a mesma faculdade, porém,


cursos diferentes. Theo fez propaganda e marketing; Rick,
administração e hotelaria, por causa da sua herança; Guilherme,
medicina; e Bruno, Educação Física, depois resolveu cursar
enfermagem e aí está ele, feliz da vida. Eram quatro lobos solitários.
Rick, pelo jeito, achou a mulher de sua vida. Ah! Ele tinha sido tão
romântico em seu pedido de casamento, que presenciei
emocionada, e a notícia dos bebês foi a melhor de todas! Era bom
ver que ele estava feliz e que estava tomando jeito.
A música acaba e voltamos para a mesa, onde ficamos a
conversar até Theo vir me chamar para ir embora. Ele tinha que
trabalhar pela manhã.

― Não esqueça da sua consulta na quinta, Ella.

― Não vou deixar que ela esqueça, Guilherme. Vou levá-la. Até
mais. ― Theo responde por mim e eu só assenti com a cabeça.
Eles se despedem daquele jeito que os homens fazem, com tapinha
nas costas, em um abraço de macho. Dou um adeus com a mão e
sigo meu irmão.

Está se perguntando o porquê da minha consulta? É que eu


tenho câncer. Um tipo de leucemia chamada LMA, sigla para
Leucemia Mieloide Aguda. Guilherme é meu oncologista. Theo fez
questão, pois, como ele diz, “ele confia, até de olhos fechados”.

Como falei, sempre fui fraquinha, tendo anemias, infecções e


inflamações, sem um motivo aparente. Conforme fui ficando adulta,
os sintomas foram piorando e fui diagnosticada como reumática, por
causa das dores ósseas que eu tinha; depois, problemas hormonais
que faziam com que eu menstruasse demais, o que fazia os
médicos acharem esta ser a causa da minha anemia, entre outras
tantas.

Há um mês, fui diagnosticada com leucemia, o que me deixou


aliviada, por acharem finalmente o que eu tinha e ter a chance de
me tratar, e também apreensiva, por ser câncer. Eu não tinha medo
de morrer por isso, só não queria sofrer, pois passar por todo o
tratamento era um processo sofrido e doloroso, segundo a minha
pesquisa. Mas eu faria o que fosse necessário para vencer a
doença.

Chego em casa, Theo me dá um beijo na testa, pergunta se eu


preciso de alguma coisa, dá um boa noite e vai para seu quarto. O
coitado trabalhava demais e, no último mês, com a descoberta da
minha doença, ele estava meio recluso.

Vou para meu quarto. Quando começo a tirar o vestido, sinto o


perfume do Guilherme na peça. Coloco com cuidado ao lado do
meu travesseiro e vou tomar um banho antes de dormir. Uma de
minhas manias. Não consigo dormir sem tomar pelo menos uma
ducha.

Uma música me chama a atenção e vou atrás do som. Está


vindo do quarto do Theo. Ele está cantando! Uma felicidade sem
tamanho me invade. Ele estava apaixonado! Meu Theo estando
encaminhado, eu poderia partir em paz.

Tenho noção da gravidade da minha doença e de tudo que pode


vir com ela. Eu estou preparada para o pior, sempre fui assim. Acho
melhor me preparar para enfrentar um leão e me deparar com um
gatinho, do que o contrário.

Volto ao quarto, me deito e ligo meu note. Mais uma vez,


Guilherme seria meu personagem principal e, pelo menos ali,
naquelas linhas, ele seria meu, como e quantas vezes eu
quisesse…
Acordo com o note perigosamente na beirada da cama. Acabei
adormecendo com ele no colo. Outra vez. Meio sonolenta, fecho-o e
coloco no chão, voltando para o mundo dos sonhos.
Capítulo Dois

Até que essa sala é bem confortável, pensei enquanto


observava a sala de espera do setor de oncologia do hospital. Hoje
era a minha consulta e eu estava louca para ver o meu Dr.
Guilherme. Assim como Theo, eu confiava nele, além do fato de ser
completamente apaixonada por aquela coisinha linda, de 1,95m,
ombros largos, olhos acinzentados. Meu Dr. Tentação era realmente
uma bela visão.
Estava perdida em pensamentos, encarando um quadro que
enfeitava a sala, quando senti alguém atrás de mim.

― Bonito, né?

Respirei fundo sentindo seu perfume e me inclinei um pouco


mais para trás, como se estivesse observando melhor a gravura,
quando, na verdade, eu queria mais do calor do corpo dele.

― Impressionante. As linhas, as cores, em uma sintonia


perfeita. ― Respondi e me virei para ele, que me encarou sorrindo.

― Se interessa por arte? ― Ele perguntou, meio incerto.

― Me interesso por vários tipos de arte. ― Se ele soubesse que


minutos atrás eu estava pensando que ele era uma obra de arte!
Sorri com a cara mais lavada do mundo. Ele não podia nem
imaginar o que passava por minha cabeça... o quanto eu o queria.
Suspirei.

― Cansou de esperar? Demorei muito para te chamar? ―


Guilherme disse, olhando o relógio.

― Não, tudo bem. E você ainda não me chamou. ― Eu era


apenas sorrisos. Isso não era certo, afinal, eu estava prestes a ter
uma consulta sobre o mal que me acometia.

― Bem, então, vamos lá. ― Ele apontou para a porta, abrindo


os braços de maneira teatral.

Entrei em sua sala e ele apontou a cadeira em frente à sua


mesa. Me sentei e ele se sentou à minha frente; começando a fazer
as perguntas de praxe, pegou meus exames e olhou atentamente.
Pediu para que eu sentasse na maca, olhou minha garganta, meus
ouvidos, meus olhos... respirei fundo e prendi a respiração. Ele
estava tão perto. Abaixou o aparelho com o qual olhava meus olhos,
mas não se afastou, os olhos presos aos meus, dançando de um
para o outro. De repente, caíram para meus lábios e passei a língua
neles, umedecendo-os.

Guilherme então gemeu baixinho e, me surpreendendo, enfiou a


mão em meus cabelos, na nuca, me puxando mais para ele, e
grudou sua boca na minha.

Nem em mil anos eu estaria preparada para tudo o que senti


naquele beijo. Sua boca era exigente, me devorando. Sua língua
acariciava e explorava os recantos de minha boca, me deixando
doida. Então, quando ele se enfiou entre minhas pernas, se
encostando em mim, Jesus! Senti tudo lá por baixo pulsando, a
umidade crescendo, o fogo me consumindo.

Guilherme se esfregou em mim e sua ereção acariciou meu


clitóris. A mão livre dele foi para minha cintura, me apertando ainda
mais contra ele. Passando a surpresa, meu corpo pareceu reagir
sozinho e me vi agarrada a ele, acariciando seus cabelos,
escorregando as unhas por suas costas, arrancando um gemido
rouco dele. Não conseguia me conter. Meu corpo tinha vida própria
e respondia as investidas dele com igual ardor. Fomos de 0 a 100
em segundos.

Parecendo juntar forças, sabe Deus de onde, ele separou os


lábios dos meus e encostou a testa na minha, respirando ofegante,
de olhos fechados.

― Me perdoe, Ella. Eu não me contive. Você assim, tão perto...


seus olhos nos meus, sua boca tão tentadora, tão pertinho. ― Ele
suspirou, se afastando e ajustando o membro dentro do jeans.

― Guilherme...

― Você é o fruto proibido, Ella. É irmã do meu melhor amigo;


basicamente, te vi crescer...

― Guilherme, me escute...

― Mas eu sempre te quis. Era estranho, mas, mesmo sendo


mais nova que eu, era minha tentação, minha perdição... ― Ele
tagarelava, andando de um lado para o outro na minha frente. ―
Imagine minha surpresa quando você me deu aquele livro de
aniversário, alguns meses atrás. Algumas pessoas ignoram
completamente a ficha catalográfica, mas eu criei essa mania ainda
na faculdade, por causa de vários trabalhos que tinha que fazer... ―
Aquilo me gelou por dentro. Ele se virou para mim e veio mais perto,
colocando os dedos em meu queixo, levantando meu rosto para
olhar em meus olhos. ― Eu li o seu livro. E desde que percebi que
seu personagem principal era muito parecido comigo, minhas
fantasias em relação a você só pioraram.

Meu Deus! Nunca pensei que leriam a porcaria da ficha


catalográfica do livro! Cacetada! Lá tinha todas as informações
reais, nome completo e ano de nascimento. Engoli em seco e, sem
desculpas, o encarei.
― Ele... sou eu? ― Perguntou, próximo demais para que eu
pensasse em alguma coisa para dizer. Apenas assenti com a
cabeça. Não conseguia desviar o olhar; ele me mantinha, de alguma
forma, presa a ele.

― Você realmente pensa tudo aquilo de mim? Comigo? ― Ele


estava meio sem chão, perdido.

― O que eu mais quero em minha vida. ― Confessei em um


fiapo de voz.

― Por Deus, Ella. ― Ele me abraçou. Forte. Senti a ereção dele


em mim, enorme e pulsando. Com um suspiro, ele me beijou
novamente.

O que eu mais queria era que ele me fodesse. Forte. Ali


mesmo, sentada, daquele jeito. Caramba, eu nunca quis tanto uma
coisa dessas na minha vida e já havia esperado tanto tempo. Pelo
jeito, ele também queria, porque suas mãos vagaram pelo meu
corpo, explorando, me deixando mais louca por ele do que eu já
estava.

De repente, a realidade caiu sobre mim. Estávamos nos


agarrando ali, no consultório dele, com alguns pacientes esperando
do lado de fora.

― Guilherme... Eu quero muito, esperei tanto tempo, mas


estamos no seu consultório... pode entrar alguém. ― Fui falando
entre beijos.

Ele se afastou um pouco e deu uma última pressionada de seu


corpo contra o meu.
― Você está certa. Vamos continuar seu exame. ― Foi
auscultar meu coração. ― Humm, seu ritmo cardíaco está
acelerado... isso não é bom... ― Ele disse rindo, dissipando a
tensão. ― Pode se levantar.

Guilherme voltou para a mesa dele e o segui, sentando na


cadeira que ele havia me apontado antes. Me passou um remédio
para começarmos o tratamento, sem que houvesse a necessidade
da quimio. Se esse não adiantasse, então, não teria jeito.

― O que acha de nos encontrarmos no final de semana? No


sábado está bom pra você? Podemos pegar um cinema e depois
jantar. O que acha? ― Levantou-se e veio para meu lado, me
oferecendo a mão para que eu ficasse de pé.

― Acho ótimo. ― Guilherme me abraçou e me beijou de leve.

― Mal posso esperar. Te apanho às sete. ― Me afastei e ele


pegou minha mão, indo comigo até a porta do consultório. Nos
despedimos e, quando cheguei na calçada, Theo estava me
esperando. Passamos para comprar os remédios e que Deus me
ajudasse.
Capítulo Três
GUILHERME

Fechei a porta e me recostei nela, incrédulo.

Eu realmente a tinha beijado! Passei os dedos pelos meus


lábios, que ainda formigavam. Podia sentir a textura da pele dela em
minhas mãos.

Quantos anos aguardando pacientemente, mas louco por ela!

Caminhei até a cadeira em que eu me sentava todos os dias,


atrás daquela mesa, e abri a gaveta, retirando de lá uma foto antiga.

Nela estava Theo, Ella e eu. E meu amor estava no meio de nós
dois, abraçada aos nossos pescoços. Ali, ela tinha dezessete anos.
Confesso que foi a fase mais difícil para mim, pois Ella estava
desabrochando e começando a sair com as amigas. Ella sempre
teve a saúde frágil e tudo aconteceu tarde em sua vida... para minha
felicidade!

Ela teve apenas dois namorados sérios, mas esses não


duraram muito, pois todos os que tentavam acabavam desistindo,
porque nosso quarteto era implacável e os pobres coitados tinham
que nos aguentar constantemente. Eu, particularmente, era o pior.
Não me orgulho disso.

Quando ela teve seu primeiro namorado sério, eu surtei. Em


casa, sozinho, mas surtei. Quebrei tudo o que encontrei pela frente,
chorei e fiquei emburrado por dias, não falando com ninguém. Eu
sou assim. Quando fico contrariado, eu me fecho em meu mundo e
basicamente não falo muito, só o necessário e olhe lá. Eu tinha que
ser o primeiro. Aquele idiota ia tocar, beijar e sabe-se mais o que ele
faria com minha Ella.

Sacudi a cabeça, me livrando daquela lembrança. O importante


era que eu havia criado a coragem necessária para dar o primeiro
passo.

Jesus, quando eu abri aquele livro e li o nome dela como


autora, no verso da primeira página... Meu coração bateu
descompassado e comecei a ler... Devorei o livro em três horas,
com meus merecidos “tempos” sozinho, para baixar o tesão que a
leitura me deu. Tive que me aliviar muitas vezes, principalmente
quando percebi a semelhança brutal daquele cara, personagem
principal, comigo. Comecei a fazer mil suposições e pensei em
várias maneiras para chegar nela, mas como eu o faria, com Theo
sempre por perto?

Hoje tinha sido perfeito! E não ser rechaçado foi magnífico.


Saber que minhas suposições tinham fundamento e que ele era
realmente eu, me fez recordar as cenas do livro e o que ela queria
fazer comigo me deixou fora de mim. Se ela não tivesse me parado,
eu teria feito uma bobagem sem tamanho, a possuindo ali mesmo,
na mesa de exames, com todos os pacientes lá fora, aguardando.

Pacientes... eu ainda tinha muitos para atender hoje.


Suspirando resignado, guardei a foto, me levantei, abri a porta e
chamei o próximo.

Meu dia passou em um borrão e, quando percebi, já era hora de


ir para casa. Soltei o ar com força e passei as mãos pelos cabelos.

― O que eu vou fazer agora? Theo é capaz de me odiar, se


souber que eu beijei a irmã dele dessa maneira. Pior ainda se
souber que vamos sair ou o que eu sinto por ela. ― Falei baixinho
para mim mesmo. Eu estava em um mato sem cachorro...

Juntei minhas coisas e fui embora. Eu tinha que planejar a noite


de sábado.

***

No sábado, às 19h, lá estava eu, parado em frente à casa do


Theo. Se ele saísse, eu teria que abrir o jogo com ele. Dei uma
buzinada e a porta se abriu. Era minha linda Ella.
Jesus, ela estava um arraso, usando um vestido preto. Abriu a
porta do carro e entrou. Seu perfume me deixou louco.

―Oi. ― Ela disse sorrindo.

―Oi, minha linda. ― Peguei a mão dela e dei um beijo. Ella


abriu um sorriso devastador.

Liguei o carro e saí dali. Não que eu tivesse medo do Theo, mas
era melhor evitar um confronto direto. Pelo menos, por enquanto.

Fomos falando amenidades até chegar ao shopping. Parei o


carro no estacionamento e, quando desliguei o motor, olhei para ela.

― Não saia, vou abrir a porta pra você. ― Tirei a chave do


contato, saí, dei a volta rapidinho e abri a porta.

Ofereci a mão para que ela saísse. Quando a tive de pé na


minha frente, puxei-a para dentro do meu abraço e, olhando dentro
daqueles olhos verdes, encostei minha boca na dela. O simples
contato de nossas bocas me deixou duro. Gemi e aprofundei o beijo.
Ela colocou a mão em meu rosto e, devagar, enfiou os dedos em
meus cabelos, me arrepiando. Quebrei o contato, antes que a
jogasse no banco de trás e perdesse a cabeça.

― Vamos andando ou vamos perder o filme. ― Fechei a porta e


acionei o alarme.

ELLA

Hein? Com aquele beijo, quem queria ver filme?


Respirei fundo, tentando me acalmar. Ok, vamos assistir ao
bendito filme, afinal, era para isso que ele tinha me chamado para
sair, cinema e jantar. Quem sabe no jantar... eu poderia ser o prato
principal? Ri do meu pensamento idiota. Ele pegou minha mão e
fomos andando assim, de mãos dadas e bem distantes um do outro.

Lá dentro, ele comprou as entradas, pipoca e refrigerante para


nós dois. Entramos na sala de exibição e nos sentamos bem no
meio. Respirei fundo novamente. Não rolaria amasso no cinema.
Não, sentando nas poltronas do meio!

O filme começou, o tempo foi passando e nada... olhei para ele,


que estava realmente interessado no filme, comendo sua pipoca e
rindo das cenas mais engraçadas. Bem, se era para ser assim, que
fosse. Comecei a prestar atenção no filme e acabei me divertindo
bastante. Quando o filme acabou, ele me abraçou pela cintura e
fomos andando até a churrascaria, ali mesmo, no shopping.

Chegando lá, o maitre nos levou à mesa que já estava


reservada para nós. Ele puxou a cadeira para que eu me sentasse.

O jantar transcorreu bem, nós conversamos e ri de suas


piadas. Ele só pegou na minha mão quando a sobremesa chegou.
Aqueles olhos lindos, cinzas, me encararam.

― Preciso saber o que fazer. Vamos contar para o Theo que


estamos juntos?

Engoli em seco. O Theo seria um problema. Ele era muito


possessivo e não aceitaria essa coisa entre nós.
―Humm, acho melhor esperarmos um pouco. Vamos levando
por enquanto. ―Sorri para ele, na esperança de que ele aceitasse.

―Ok, eu estava pensando a mesma coisa. ― Puxou minha


mão e levou até a boca, beijando de leve.

Esse toque me causou um arrepio e me mexi na cadeira,


inquieta. Ah, como eu queria aquela boca em outra parte do meu
corpo. Entreabri os lábios, puxando um pouco mais de ar para meus
pulmões. Ele me deixava pegando fogo, sem esforço algum.

Suspirou e largou minha mão, colocando-a gentilmente na


mesa. Comemos a sobremesa, ele pagou a conta, depois o
estacionamento, e fomos de mãos dadas até o carro. Abriu a porta
para mim, esperou que eu entrasse e a fechou. Encostei a cabeça
no banco e suspirei. Acho que aquele beijo é tudo o que eu vou
ganhar hoje. Pensei, resignada.

Ele entrou, deu a partida e saímos. Em minutos, chegamos a


minha casa. Ele puxou minha mão e beijou novamente.

―Te vejo terça?

―Com certeza.

―Até lá então, minha linda. Espera.

Guilherme saiu e abriu a porta para mim. Me deu um beijo no


rosto e fui andando até a porta de casa. Coloquei a chave na
fechadura e olhei para ele. Me assustei, pois ele estava bem atrás
de mim. Abri a boca para gritar de susto e ele se aproveitou disso,
sua boca caindo sobre a minha.
Ele me apertou contra a parede e o beijo pegou fogo. Suas
mãos percorreram minha cintura e subiram, acariciando. Chegou até
minhas axilas e elevou meus braços. Prendeu minhas mãos,
segurando com uma só, enquanto a outra voltou a percorrer meu
corpo, moldando-se em meu seio. Gemi, deliciada pela sensação
daquela mão grande me apalpando. Guilherme pressionou seu pau,
deliciosamente duro, contra meu corpo. Senti minha calcinha
molhar, o calor em meu corpo tornando-se insuportável. Sua boca
liberou a minha e escorregou pelo meu rosto, mordiscando a pele,
até chegar à minha orelha.

― Passei a noite louco por isso. ― Sussurrou em meu ouvido.


―Não quero me aproveitar de você, minha linda. Prometo que eu
vou devagar.

E sempre! Completei em pensamento. Se ele soubesse o


quanto eu o queria... Ah, essa maldita timidez!

Soltou minhas mãos e massageou meus braços, me dando um


último beijo.

― Nos vemos na terça... E, por tudo que é mais sagrado,


coloque um biquíni enorme. ― riu baixinho. ― Até, bons sonhos.

Virou-se e foi até o carro, parando na porta, me mandando um


beijo com a mão. Abri a porta e entrei em casa. Só aí escutei o carro
ligando e partindo.

― Como foi seu encontro?

Dei um pulo e meu sorriso morreu. Theo estava ali, perto do


sofá, parado, me olhando com uma cara nada boa.
― Foi bom. ― Respondi, já indo para o meu quarto.

Não estava a fim de um papo cabeça com ele e, pelo que eu


conheço do meu irmão, era o que aconteceria a seguir. Entrei no
quarto, feliz por ter conseguido escapar da inquisição do Theo sobre
minha noite.

E essa do meu Dr. Tentação? Não querer se aproveitar de mim?


Eu queria mais que tudo que ele se aproveitasse e mais de uma
vez! Bem, tinha sido a primeira vez que saíamos juntos. “Paciência,
Ella! ”, disse para mim mesma. Mas será que eu tinha tempo para
ser paciente? Eu sabia o que me aguardava e em breve os
remédios fariam efeito sobre meu corpo... Não pensaria nisso.

No final, a noite tinha sido boa, tínhamos aproveitado a


companhia um do outro de uma maneira deliciosa. A coisa entre nós
era gostosa e a conversa fluía naturalmente. Nada daquele papo
clichê dos outros carinhas que passavam o tempo inteiro babando e
tentando me levar para a cama; bem pelo contrário, Guilherme fez
questão de que aproveitássemos a noite sem essa coisa de sexo
pairando sobre nós.

Tirei a roupa e minha blusa estava com o cheiro dele. Coloquei


ao lado do meu travesseiro. Dormiria agarradinha nela, sentindo o
perfume do meu Dr. Tentação. Isso já estava virando um hábito.
Pela segunda vez, em poucos dias, eu dormiria agarrada a uma
peça com o cheiro dele... Meu homem cheiroso.
Capítulo Quatro

Hoje acordei cedo para os preparativos da virada de ano. Tinha


hora marcada no salão, faria um pacote completo. Depilação,
unhas, corte e hidratação. Theo tinha me dado uma bronca por fazer
isso tudo para passar a virada do ano ao lado de uma fogueira, na
praia. Disse a ele que eu era uma mulher e, com tudo isso
acontecendo, eu queria estar bem comigo mesma. O que não era
mentira. Só omiti a parte de que meu Dr. Tentação poderia passar
as mãos em meus cabelos, em minhas pernas... se eu tivesse sorte,
em outra partezinha de meu corpo, que estaria muito bem depilada,
por via das dúvidas. Ri de mim mesma, mas a esperança é a última
que morre.
Depois de tudo, ele me buscou e fomos comer alguma coisa
rápida, antes de irmos às compras.
Rick, Jess, Camy, Cris, Erik e Layla chegaram às três da tarde.
Nossas coisas já estavam no carro. Theo perguntou por Pam e Rick
disse que ela passaria com as amigas, em alguma casa noturna. Ela
havia se mudado para cá há uns seis meses, quando transferiu a
matriz de sua empresa para nossa cidade. Ele ficou todo triste,
tadinho, creio que ele achava que passaria a virada com ela.
Guilherme logo chegou e partimos. Para completar o quarteto dos
lobos solitários, faltava Bruno, mas ele iria mais tarde, pois havia
sido escalado para dar plantão no hospital.
Algumas horas depois chegamos à praia, na casa dos meus pais,
que nos esperavam no portão.
― Meninos, que saudade! ― Minha mãe veio nos abraçar.
―Vocês estão lindos! ― Disse ela, se dirigindo a Rick e Guilherme.
―Vejo que você se ajeitou na vida hein, menino. ― Ela apertou a
bochecha do Rick, que se abaixou e deu um beijo na bochecha
dela.
― Vamos nos casar e teremos bebês. ― Ele falou todo feliz.
― Que felicidade, meu filho, que Deus abençoe. Bebês! Filhos é
uma dádiva.
Minha mãe e seu jeitão.
Rick riu com gosto e apresentou Jess, os meninos e Cris.
― Vamos entrando. Está faltando um, cadê o Bruno?
― Ele já vem, mãe, está trabalhando. Vai chegar pra fogueira. ―
Theo respondeu e começou a descarregar nossas coisas.
Cada um colocou suas coisas nos quartos. Guilherme e Bruno
ficariam no quarto antigo de Theo, com ele; Camy e Layla ficariam
comigo, em meu quarto; Cris e Erik na sala; Rick e Jess no quarto
de hóspedes.
Saí, me sentei na rede da varanda e fiquei observando o mar.
Aquela faixa de areia enorme, as ondas quebrando na praia em
uma espuma branquinha... ah, o barulho do mar era tão relaxante.
Os lobos foram armar a fogueira com a ajuda de Cris e Erik e, em
pouco tempo, ela estava pronta; eles levaram os bancos de madeira
e colocaram em volta.
Por volta das dez horas, meus pais chamaram todos para o
último jantar do ano.
Quando estávamos todos sentados à mesa, meu pai se levantou
e começou a falar.
― Bem, esse ano está acabando, mas terminando com grandes
novidades! Nosso Rick vai se casar e ter filhos. O apressadinho vem
logo com dois e, pelo que eu soube, são idênticos. Parabéns,
menino. Demorou, mas fez direitinho, hein? ― Todos rimos. Rick se
aproximou de Jess e deu um selinho rápido. ― Espero que mais de
vocês tomem jeito nesse ano que se inicia. ― Ele deu uma piscada
para meu irmão e Guilherme. Eu também queria que ele se
ajeitasse... comigo! ― Bem, vamos comer! E que Deus nos
abençoe. ― Ele completou, depois que minha mãe o olhou. Eles
sempre se comunicaram por olhares. Acho que isso acontece,
depois de tanto tempo juntos.
Como sempre, quando todos nós nos encontrávamos, o jantar foi
divertidíssimo. Logo depois, Theo pegou seu violão, Guilherme
pegou o cooler com as cervejas e fomos todos para a praia. Rick
acendeu a fogueira.
Nos sentamos em volta dela, Theo começou a dedilhar o violão.
Jorge e Mateus.
Ele devia estar sentindo falta de alguém, no mínimo da Pam,
prima do Rick. Ele parecia caidinho por ela.
― E pra deixar acontecer, a pena tem que valer, tem que ser com
você. ― Ele começou a cantar e Rick se juntou a ele, olhando para
Jess. Ah, era uma serenata! ― Nós, livres pra voar, nesse céu que
hoje tá tão lindo, carregado de estrelas, e a lua tá cheia, refletindo o
seu rosto... ― Nos juntamos a eles, não dava para estar à beira de
uma fogueira com um violão e não cantar! ―Dá um gosto de
pensar, eu, você e o céu e a noite inteira pra amar...
A essa se seguiram Duas metades, A gente nem ficou (essa, com
olhares muito significativos entre Layla e Erik), Logo eu, Jeito
carinhoso, Por que... Essa eu cantei para o meu Dr. Tentação.
―Eu acho que estou gostando de você, mas você não percebe,
por quê? Eu vejo o tempo passando e cada vez me apaixonando
mais, mas você não percebe. Por quê? Invente uma história, me diz
qualquer coisa, mas fala comigo. Gosto de ouvir tua voz, de olhar
teus olhos... tão lindos. ― Guilherme me olhava com olhos
brilhantes e fez um sinal com a cabeça, para que eu o seguisse.
Ele se levantou e foi andar pela praia. Esperei um pouco e me
levantei também. Chegando próximo a água, abaixei para pegar
uma conchinha e olhei para a fogueira... Estavam todos tão
envolvidos pela música que não notaram a nossa saída, então fui
atrás do meu Dr. Tentação.
Ele estava parado, alguns metros à minha frente. Cheguei perto e
ele estendeu a mão, que apertei entre as minhas.
― Oi, minha linda. ― Ele sussurrou e me puxou para um beijo.
Quando nossos lábios se tocaram, meu corpo todo respondeu,
ficando alerta. O beijo se aprofundou e meus dedos se perderam
nos cabelos dele. Guilherme me puxou para mais perto e suas mãos
percorreram minhas costas, em direções opostas, uma me
segurando pela nuca e outra em minha bunda, me apertando contra
ele.
― Estava louco para te beijar, te sentir pertinho de mim. Tava
doido de saudade.
Voltou a possuir minha boca, me deixando mole e quente. Muito
quente.
― Vamos para longe deles. Quero matar toda essa saudade...
Puxou-me pela mão e saímos correndo pela praia.
Corremos como duas crianças, Guilherme e eu, rindo felizes.
Quando estávamos em uma distância segura, paramos, sem
fôlego.
Ele emoldurou meu rosto com as mãos e juntou seus lábios aos
meus. Ah, como eu gostava dos beijos do meu Dr. Tentação. Nunca
eram iguais.
Enrolei meus dedos em seus cabelos e acariciei sua língua com a
minha. Ele me puxou para mais perto de seu corpo grande e me
senti totalmente protegida entre seus braços.
Seus lábios correram pelo meu queixo, distribuindo beijos pelo
meu rosto.
― Minha linda, ficar sem você é como ficar sem respirar. Preciso
de você, de seu cheiro... ― Ele roçou o rosto no meu e cheirou a
curva do meu pescoço. ― O que eu faço? Quero te ver todos os
dias, estar com você, sentir você assim, presa em meus braços,
coladinha em mim.
Um arrepio me percorreu. Eu queria tudo aquilo também. Sempre
quis e, agora que se tornou realidade, era como uma obsessão.
― Eu sempre quis estar assim. Durante anos, esse foi meu
desejo de ano novo. ― Confessei baixinho.
― Sério? E esse ano, qual vai ser seu desejo? Agora que já me
tem como queria? ― Disse, com uma risada.
Ri por dentro. Eu o queria muito mais do que apenas me
abraçando e beijando.
― Não te tenho como eu queria. Ainda. Você sabe disso. ― Olhei
em seus olhos e o divertimento sumiu de seu rosto, substituído por
um tesão puro.
― Ah, eu faço uma ideia. Li seus livros. ― Seus olhos brilharam
com uma emoção desconhecida e senti sua ereção pulsar em minha
barriga. Ele devia estar se lembrando das cenas que leu.
― Então? ― Perguntei esperançosa. Quem sabe...
― Então? Um dia você vai me ter como deseja. Como eu desejo.
Quero tudo.
Mal acabou de falar e me beijou possessivamente. Foi me
abaixando e deitamos na areia. Suas mãos percorreram meu corpo,
acariciando, sua boca na minha, me enlouquecendo. Sem fôlego,
gemi quando a mão dele se encaixou em meu seio e apertou de
leve.
― Seus seios foram feitos para minhas mãos. Se encaixam tão
bem. ― Sussurrou em minha boca.
Deus como eu queria esse homem! Sua boca escorregava pela
minha pele, arrancando pequenos gemidos de minha garganta,
gemidos que eu não conseguia conter. O tesão e a vontade em mim
eram tão grandes... A boca dele percorrendo meu pescoço, sugando
de leve, me consumindo em beijos deliciosos. E aquele corpo
grande sobre o meu, roçando sua ereção entre minhas pernas,
acariciava meu clitóris, que latejava. Uma tontura gostosa me
tomou, uma necessidade dele... Gigantesca! Enganchei minhas
pernas em sua cintura e o apertei mais contra mim.
― Ella... ― Guilherme gemeu meu nome. ― Ah, que delícia...
Guilherme me beijava sem pudores, com fome. Senti seu corpo
estremecer e sua postura mudou. Ele pareceu retomar o controle,
coisa que eu não queria que acontecesse, nem de longe. Ele
suspirou e seus beijos ficaram mais calmos.
―Temos que ir, minha linda. Já, já alguém vem nos procurar. ―
Deu um último beijo em minha boca e me deixei cair na areia,
frustrada. ―Não fique assim. Vai ser um inferno quando Theo
descobrir sobre a gente. Conhece seu irmão.
Nisso ele tinha razão. Fiquei calada e assenti com a cabeça. Se
eu abrisse minha boca, eu suplicaria para que ele não parasse e me
possuísse ali mesmo, na areia, e que se danasse o resto. Se ele
dissesse não, eu me arrependeria pelo resto da vida e não seria
capaz de encará-lo novamente.
Ele se levantou e me estendeu a mão. Levantei, tirei a areia da
roupa e sacudi os cabelos. O bom é que era noite, eu poderia me
deitar novamente próxima a fogueira e ninguém perceberia nada.
Voltamos para a casa dos meus pais. Fomos de mãos dadas um
pedaço do caminho.
― Minha linda, vou contornar a casa pela calçada. Assim, chego
pelo lado oposto. Feliz ano novo. Que seja o nosso ano e que você
fique curada o mais rápido possível. Ouvi dizer que seu médico é
um dos melhores. ― Ele piscou para mim.
― É sim, o melhor e mais gostoso, que tem um beijo que me tira
do sério. Nos vemos daqui a pouco. Feliz ano novo pra nós. ―
Outro beijinho e ele se foi.
Fiquei olhando-o andar, até ele sumir ao longe. Andei mais um
pouco e me sentei na areia. Comecei a pensar na vida, em minha
doença, em nós dois.
Eu tinha que dar um jeito de conseguir o que queria, antes que
fosse tarde demais. Então resolvi que, para o próximo ano, eu faria
dos momentos entre nós dois, os melhores possíveis. Tentaria ao
máximo. Uma hora, ele cederia.
Estava tão imersa em meus pensamentos, que não percebi Theo
chegando.
― Ei, princesa.
Dei um pulo e gritei, tamanho foi meu susto.
― Praga, quer me matar do coração! ― Joguei um punhado de
areia na direção dele e sorri.
― Achei que você tinha saído para andar com Guilherme, mas
ele chegou sozinho, vindo do lado oposto do que vi você indo e
disse que não tinha te visto. Fiquei preocupado. Está tudo bem?
― Está sim, Theo, só estava pensando na vida. ― Dei um sorriso
amarelo para ele.
― Venha, vamos voltar para a fogueira. Bruno já chegou e
perguntou por você. Vamos nos divertir. Nada de tristeza hoje.
Me levantei, tirei novamente a areia da roupa e o abracei pela
cintura. Meu irmão... O que seria de mim sem ele?
Fomos andando, abraçados, até a fogueira. Agora quem
comandava o violão era Rick. Adorava as músicas e o jeito que ele
tocava. Enquanto meu irmão era todo Brasil, Rick era internacional!
Ele estava tocando e cantando Nickelback ― Far Away. Jess
escutava com lágrimas nos olhos. Depois The Calling ― Wherever
You Will Go. Jess se levantou e foi para o lado dele. Ela o olhava
com tanto carinho, que o amor entre eles era palpável. Extreme ―
More Than Words, foi a última que ele tocou e passou o violão para
Erik. Puxou Jess para o meio de suas pernas, a abraçou por trás, e
ficou acariciando sua barriga. Eles eram tão lindos de se olhar!
Meu olhar correu para Guilherme, que conversava com Bruno.
Ele levantou os olhos e me encarou. Olhou para Theo, que estava
do meu lado e voltou a me olhar. Meu corpo acendeu.
Nesse momento, meus pais saíram da casa. Meu pai, carregando
um balde com espumantes, minha mãe, uma bandeja com taças.
― Meninos, está quase na hora! Bruno, vá lá para acender os
fogos! ― Meu pai disse alto.
Fogos! Teríamos fogos esse ano! Com certeza, obra do Bruno.
Ele era meio doido.
Cada um dos lobos recebeu um espumante, e o restante, taças.
Apenas Bruno correu para a praia com um isqueiro na mão.
― Contagem regressiva! ― Meu pai disse e olhou para o relógio.
― Preparem as garrafas, meninos! 5... 4... 3... 2... 1! Feliz Ano
Novo! ― Meu pai estourou a rolha de sua garrafa, seguido por mais
três estouros. Taças foram cheias e começou o foguetório. Lindo e
emocionante! Senti uma mão em minha cintura e era meu Dr.
Tentação.
― Que esse ano seus desejos se realizem. ― Disse ao meu
ouvido e deu um beijinho rápido em meu rosto.
Ficou parado ao meu lado, olhando os fogos, e eu achei que se
não tivesse aquele barulho todo, todos ouviriam meu coração
batendo descompassado e louco. Sim, esse ano meus desejos
seriam realizados. Aproveitei que todos estavam fascinados olhando
para o céu e, discretamente, apertei a bunda dele. Ele me olhou
surpreso.
― Que os seus se tornem realidade também. ― Falei sorrindo.
Os olhos dele brilharam. Sim, desejos seriam realizados. Voltei
minha atenção para os fogos e me perdi em pensamentos.
Após os brindes e felicitações de ano novo, Guilherme pegou o
violão e voltamos para a fogueira.
Começou com Turma do pagode ― Lancinho, a letra toda
sugestiva, passou para Grupo Revelação ― Relaxa. Depois, uma
música que eu nunca tinha escutado, que dizia “Você tá a fim de
mim, e eu a fim de você, mas pra tudo dar certo, ninguém pode
saber. Você vai se amarrar, confie no que eu digo, você vai pirar,
com o romance escondido... Romance escondido, vou te deixar
louca, você vai ver, quando eu beijar a sua boca. Romance
escondido, noite de mil beijos, lance sem limites, mas fica em
segredo”...
Era para mim! Eu era o romance escondido dele!
Meu reveillon nunca tinha sido tão bom! Esse ano prometia,
mesmo com toda minha doença, eu sentia, nos ossos, que seria o
meu ano.
Capítulo Cinco
8 meses depois.

O tempo realmente passa muito rápido. Meu desejo de ano


novo, até agora, não tinha passado disso mesmo. Um desejo.

Meu namoro com Guilherme era lindo. Nós saíamos,


passeávamos por todos os lugares, creio que havíamos jantado em
todos os restaurantes da cidade e visto todos os filmes que
entraram em cartaz nesses últimos meses. Mas nós ainda não
tínhamos saído do zero a zero.

Nesses meses, minha saúde havia tido altos e baixos.

Havia começado a quimioterapia, um tratamento alternativo com


Tirosina Quinase, para que meus cabelos não caíssem. O que era
ótimo para minha autoestima.
Hoje, eu estava particularmente ruim. Eu tinha uma enfermeira
particular, Ana, que ficava comigo enquanto Guilherme estava no
hospital e Theo trabalhando. Ela era uma alma boa, uma pessoa
carinhosa e extremamente cuidadosa.

Toda vez que passava por uma sessão de quimio, era isso. Eu
não aguentava mais as dores em meus ossos, nem vomitar como
uma louca. Acho que não tinha mais nada dentro de mim e vomitaria
minhas entranhas.

Ana já tinha me ajudado com o banho e eu estava na cama do


Theo (pois havia acontecido um pequeno acidente na minha),
curtindo minha miséria, quando ele chegou.

― Você está bem, meu amor? Precisa de alguma coisa? Está


com dor?

Se eu estava com dor? Caramba, parecia que meus ossos


eram de vidro e se partiriam a qualquer momento.

― Estou bem, Theo. Fique sossegado. O que você vai fazer


hoje? Não fique em casa cuidando de mim, pelo amor de Deus! Vá
passear, dar uma volta... basta eu, doente e entrevada na cama. ―
Tentei convencê-lo a sair. Ultimamente, ele estava muito
preocupado comigo e passava o tempo todo cuidando de mim. O
coitado merecia espairecer um pouco e hoje era sexta-feira.

Com um pouco de conversa e uma chantagenzinha emocional,


eu consegui, mas só depois que eu assistisse a um filme com ele.
Ele me pegou no colo sem esforço e me levou para o sofá, deitando
minha cabeça em seu colo. Colocou um filme e começou a
cantarolar, fazendo cafuné em meus cabelos. Logo, eu estava
adormecida.

O sábado foi um pouco menos cansativo. Guilherme passou o


dia me ligando, querendo saber como eu estava. Sinceramente, eu
não queria que ele me visse nesse estado deplorável.

À noite, eu estava me sentindo bem melhor. Tão melhor, que


mandei uma mensagem para ele.

Meu Dr. Tentação, você vai ao churrasco do Rick, amanhã?

Esperei alguns minutos e a resposta dele chegou.

Como você está se sentindo, minha linda? Só vou se você


for.

Eu estava me sentindo um pouco mal ainda, mas, com certeza,


amanhã eu estaria melhor. Assim eu esperava. Então respondi.

Amanhã vou estar melhor. Eu vou sim.

Nos encontraremos lá, então. Estou com tanta saudade de


você...

Daremos um jeito de matar essa saudade. Até amanhã.

Até. Boa noite e sonhe com os anjinhos.

Joguei o celular de lado e fui tomar o suco de graviola que Ana


tinha feito para mim. Segundo ela, era um santo remédio.

Voltei para meu quarto, me recostei na cama e peguei meu


note. Hoje teria meu Dr. Tentação do jeitinho que eu queria... pelo
menos em meu livro. Suspirei e comecei a escrever.

***

Espreguicei-me e bati o braço no note. Ai, Deus, eu havia


dormido enquanto escrevia, outra vez. Peguei o pobrezinho, fechei o
programa salvando as alterações e olhei a hora.

Caramba, eu estava atrasada!

Levantei e fui procurar por Theo.

Olhei a casa inteira, mas nem sinal dele. Ana estava na sala e,
então, perguntei para ela se tinha visto ele por aí. Ela me respondeu
que ele tinha saído já fazia algum tempo. Que saco!

Liguei para ele.

― Eita, nem para perguntar se eu ia junto! ― Já fui brigando


com ele, nem deixei que falasse direito. ―Vou me arrumar e pegar
um táxi.

― Nem pensar. Se arrume que dentro de quinze minutos estarei


passando aí para pegar você. ― E desligou. Bem típico dele.
Homem mandão!

Tomei um banho rápido, dispensei a enfermeira pelo resto do


dia e, quando ele chegou, eu já estava na sala, esperando.

Estava ansiosa para ver o Guilherme. Minhas mãos coçavam de


vontade de tocar nele... sem falar de outras partes de mim que
estavam latejando de vontade... um estado quase natural
ultimamente. Era pensar nele que sentia tudo lá por baixo se apertar
e umedecer.

A casa de Jess e Rick era próxima à nossa e em dez minutos


nós chegamos.

Fomos entrando e demos de cara com Jess e uma morena, que


eu sabia ser a prima do Rick, aquela que havia dançado com Theo
na festa. Ele nos apresentou e ela saiu meio atrapalhada, seguindo
Jess escada acima.

Saímos na área da piscina, onde acontecia o churrasco. Logo


avistei Guilherme, que estava conversando com Rick, próximo à
churrasqueira.

Jess chegou e sentou-se na cadeira ao lado de Rick, que


afagou o barrigão dela. Eles eram tão lindos juntos! Começamos a
conversar banalidades.

― Vocês me desculpem, vou ao banheiro. Acho que alguma


coisa não me fez bem. ― Theo falou, olhando para Rick, que sorriu.

― Você é de casa, já sabe onde fica tudo. Não fique com


vergonha homem, vá lá!

Theo me deu um beijo e foi entrando na casa.

Continuamos ali, o cheirinho da carne me deixando com fome!


Isso era um verdadeiro milagre. Comi alguns pedaços que Rick
colocou em meu prato.
Foi quando uma coisa estranha aconteceu. Rick e Guilherme
tiraram os celulares do bolso no mesmo momento. Olharam a tela e
se olharam, sorrindo um para o outro.

― Minha linda, tudo liberado. Theo está saindo e não volta.


Pediu para que eu te levasse para casa depois. ― Ele sorriu para
mim, um sorriso de molhar a calcinha. Como se a minha precisasse
disso para ficar encharcada. ― Quer passear?

Olhei para o Rick e para ele novamente. Apontei discretamente


para Rick.

― Não vai ter problemas? Com ele?― Sussurrei.

― Rick tem um detector de corações apaixonados bem ali, ao


lado dele. Não tem como esconder as coisas dela. ― Tornei a olhar
para eles. Jess sorriu para mim, Rick balançou a cabeça e levantou
as mãos.

― Aqui não passa nada! ― Disse ele, rindo.

― Bem, se é assim, o que estamos esperando? Vamos lá!

Levantei-me, dei um beijinho na Jess e no Rick. Guilherme me


estendeu a mão e eu a agarrei, feliz da vida.

Entramos no carro e saímos sem destino.

― Quer conhecer minha casa? ― Ele perguntou, incerto.

Aquela pergunta me gelou por dentro. Era o que eu mais queria.


Mas também temia. Balançando a cabeça, afirmativamente, sorri
para ele.
― Quero sim!

― Não vá reparar no lugar. Sou um homem sozinho... ― Ele


pegou minha mão e beijou meus dedos.

Fiquei sem palavras, só sorrindo como uma boba.

Chegando ao apartamento dele, percebi que era só papo sobre


reparar. O espaço era impecável. A sala ampla e bem decorada,
com uma sacada enorme.

― Sente-se, vou pegar um suco pra você. Graviola?

Eu ri e confirmei.

― Sim, lindinho, pode ser. ― A Graviola e seus poderes


curativos...

Sentei-me e fiquei esperando. Ele colocou um DVD para nós e


sentou-se ao meu lado, me entregando o copo.

Vi que ficaríamos só no filme e abraços. Então, tomei coragem


e falei.

― Guilherme, desculpa, mas eu preciso saber. Estamos saindo


já há alguns meses e o máximo que você tentou foi umas carícias
mais safadinhas aqui, pela parte de cima. Você não me quer? Não
que eu esteja me oferecendo, nada disso, mas somos adultos e isso
me faz pensar que eu devo ter alguma coisa muito errada... ―
Minha voz foi morrendo e abaixei o olhar, sem conseguir olhar para
ele.
Guilherme colocou os dedos embaixo de meu queixo e levantou
meu rosto, seu olhar se fixando no meu.

― Nada disso, minha linda. Eu te quero, muito! Deus sabe o


quanto. Mas eu te respeito. Não estou com você para me aproveitar.
Entende? Eu não quero ser mais um na sua vida. Eu quero ser o
cara. A pessoa certa para você, o homem que vai mudar a sua vida.
Quero você pra mim. Para sempre.

Aquelas palavras me emocionaram e eu não teria momento


melhor para contar para ele...

― Humm, Guilherme, você, de modo algum, seria mais um na


minha vida. Preciso te contar uma coisa e, Deus me ajude que você
não saia correndo. ― Respirei fundo, coloquei o copo na mesinha à
minha frente e larguei a bomba. ― Eu sou virgem.

Seus olhos se arregalaram e ele me encarou incrédulo.

― Como? Por quê? ― Ele engoliu em seco. ―Deus! Ella! ―


Guilherme me abraçou forte.

― Eu... você pode achar meio antiquado, mas eu sempre fui


apaixonada por você e os outros, não sei, não me parecia certo...

Ele me afastou e voltou a olhar em meus olhos. Os dele


brilhando com uma emoção desconhecida.

― Você é apaixonada por mim? ― Perguntou baixinho.

― Sempre fui. Você sempre esteve por perto e era meu sonho
adolescente... depois meu desejo adulto. Hoje, essa paixonite ficou
mais forte... Não, Gui, eu não sou apaixonada por você. ― A
decepção tomou conta de seu semblante. Sorri com a mudança. ―
Eu não sou apaixonada por você. Eu te amo. Muito.

Novamente, eu o deixei sem palavras e incrédulo. Um sorriso


enorme se formou naquela boca linda e seus olhos ficaram
marejados.
Capítulo Seis

GUILHERME

Quando você acha que tudo em sua vida está se ajeitando e


você já sabe todas as respostas, ela vem e te tira o chão, te
obrigando a rever tudo o que você achava certo!

Eu estava preparado para qualquer coisa vinda dela, mas


virgem? E saber que ela havia se guardado para mim, me deixou
sem chão, depois, saber que ela me amava... caramba!

E aqui estava eu, olhando para ela como um bobo, com os


olhos cheios de lágrimas.

― Se você soubesse, minha linda, o que EU sinto por você... é


mais do que paixão, do que amor... quando você estava com seus
quinze anos, eu percebi que era apaixonado por você, mas não
achava certo. Você era muito nova e a irmãzinha do meu melhor
amigo. Então, cuidei de você e, junto com Theo, afastava todos os
caras. Não me orgulho disso, mas tenho tomado conta de você à
distância esse tempo todo. Sou fascinado, obcecado por você. Amo
você mais do que a vida. ― A abracei forte, beijando a pele delicada
do pescoço. ― Se eu te contar uma coisa, não vai achar que eu sou
um louco e fugir de mim? ― me afastei, olhando dentro de seus
olhos. Ella estava boquiaberta, me olhando, com lágrimas
escorrendo pelo seu rosto lindo. ― Amor, não chore. Tudo isso,
esse amor todo, me parecia meio louco e impossível.

― Nós perdemos tanto tempo!

― Não, amor, não perdemos. Tudo acontece no tempo certo. ―


Beijei seus lábios de leve. Eu estava tão excitado que perderia o
controle se aprofundasse o beijo. ― Me deixe te mostrar uma coisa.
É um de meus segredos, o mais secreto. Espere aqui.

Levantei-me e fui até meu quarto. Peguei meu tesouro e voltei


rapidinho para a sala.

― Aqui, olhe. ― Entreguei para ela e fiquei observando.

Ella olhou para o álbum antigo que tinha nas mãos e me olhou,
incerta. Dei um sorriso encorajador e ela abriu.

Seus olhos se arregalaram ao ver a primeira foto. Era de nós


cinco. Ela, Theo, Rick, Bruno e eu. Até aí, tudo bem, mas nós
tínhamos dezoito anos e ela seis, ainda uma garotinha. Na época,
uma pentelha, que vivia atrapalhando nossos ensaios, mas o xodó
de todos. A partir daí eram fotos dela crescendo, sempre rodeada
por nós.

Ela olhava atentamente, sorria às vezes, me olhava incrédula


em outras. Como agora.

― Gui! Como você tem essa foto?

Era uma foto dela dormindo, como um anjo, que tirei no ano
passado.

― Foi um dia em que cheguei na casa de seus pais e você


estava dormindo no sofá. Estava tão linda! Então, rápido, para que
ninguém me pegasse, eu tirei a foto com meu celular. Você vai
encontrar várias desse tipo.

― Você é doido! ― Ela riu de mim e continuou a folhear o


álbum.

Eu tinha consciência desse meu lado Voyeur, mas eu não podia


evitar.

― Se eu não podia ter você, então teria fotos suas. ― me


desculpei.

― Lindinho, essa é a declaração de amor mais linda que já vi.


Nunca, nem em meus livros, eu imaginaria uma coisa assim. ― Ela
colocou o álbum na mesinha e se levantou. Fiquei olhando e prendi
a respiração quando ela montou em meu colo. O calor de sua
boceta em meu pau me fez estremecer. Ela encaixou nossos corpos
e se apertou contra mim.
Caralho, em quarenta anos eu nunca tinha ficado tão excitado.
Nem tão duro. Nem tão sem saber o que fazer, afinal, Ella era
virgem.

Ella olhou em meus olhos e depois para minha boca, que abri
para dizer que esperasse, mas ela colocou o dedo em meus lábios.

― Shhh. Não diga nada. Eu te amo, Guilherme Santos.

E me beijou. Um beijo avassalador. Seus seios em meu peito,


os mamilos duros roçando em mim... A abracei, colocando uma mão
em seus cabelos e a outra logo acima de sua bunda, a apertando
contra meu pau, que precisava de alguma fricção.

Parecendo ler meus pensamentos, Ella começou a rebolar bem


devagar. Sua boca não dava trégua e eu sentia minhas bolas
pesadas, retraídas. Meu pau doía de tão duro. Sentia a quentura e a
umidade da boceta dela em mim. Quando ela gemeu em minha
boca, meu controle foi para o espaço.

Puxando seus cabelos, fiz com que ela levantasse a cabeça e


ataquei seu pescoço, lambendo a pele alva e mordiscando a curva
de seu ombro.

― Eu te quero, Gui.

― Ella, depois que você for minha, realmente minha, não vou
esconder de mais ninguém nossa relação. Sou extremamente
possessivo. Esse foi um dos motivos por me segurar tanto com
você.
― Não tenho dúvidas quanto a te querer, te amar mais que
tudo. Sou sua há tanto tempo... quero ser totalmente e agora. Não
queria que Theo soubesse, pois não sabia o que sentia por mim e,
se não desse certo entre nós, não queria a amizade de vocês
abalada ou desfeita por minha causa. ― Ela falava, mas não parava
de se mexer e se esfregar em mim. Fechei minha boca em seu seio
por cima da blusinha que ela usava, fazendo-a gemer, ofegante.

― Te quero onde ninguém nunca esteve. Dentro de mim!

― Segure-se. ― Disse, antes de me levantar, com ela


enganchada em minha cintura.

Levei-a para meu quarto e a deitei na cama. Afastei-me e


arranquei a camiseta que vestia, jogando no chão. Arranquei os
tênis com os pés e a olhei, procurando qualquer vestígio de dúvida
em seus olhos. Mas o que vi foi uma mulher ofegante, sexy pra
caralho, que me observava com olhos cheios de fome.

Abri minha calça e puxei para baixo. Meu pau pulou, empinado
e duro, eu não usava cueca, nunca. Ella me olhou e lambeu os
lábios. Aquilo fez meu pau tremer e pulsar.

Ella engatinhou até a beirada da cama, ficando de quatro na


minha frente.

― Quero sentir seu sabor. Quero te chupar. Nunca fiz isso com
ninguém.

Eu tinha a mulher mais sensual do mundo! Como negar


qualquer coisa, com ela falando assim? De qualquer maneira, Ella
não me deu escolha e, mal acabou de falar, segurou meu pau pela
base e, me olhando, passou a língua pela cabeça. O prazer foi
tamanho, que tive que me segurar para não gozar. Contei até 10, de
trás para frente, tentando me concentrar.

Mas, então, ela me levou todo para dentro daquela boquinha


quente. Senti a garganta dela pressionar a ponta e gemi alto. Ela
ficou ali, brincando com a língua na base, me enlouquecendo. Me
tirou devagar e de olho em mim. Não podia fazer mais nada, além
de olhar meu pau sumindo e aparecendo naquela boca.

Não suportando mais aquela tortura, agarrei-a pelos cabelos e a


beijei. Minhas mãos vagaram por baixo de sua blusa e abri seu
sutiã, liberando seus seios. Retirei as duas peças, jogando em cima
da pilha de roupas no chão.

― Tão lindos. Feitos para as minhas mãos. Você foi feita pra
mim, todinha.

A deitei e abocanhei um seio, enquanto abria seu jeans e o


puxava para baixo. Fui beijando sua barriga e retirei o jeans,
deixando-a só de calcinha.

― Como eu queria guardar esse momento, para sempre. ―


Disse, me afastando e a comendo com os olhos.

― Pode tirar foto, se você quiser, para guardar com seus


tesouros. ― Ella colocou um dos braços embaixo da cabeça e
segurou o seio com a outra mão, fazendo pose.

Mais do que depressa, agarrei o celular e registrei o momento.


Não o guardei, apenas deixei ao lado, na cama.
Abaixei-me entre suas pernas e, chegando bem perto de sua
calcinha, inspirei seu cheiro. Ella gemeu e beijei sua coxa. Fui
lambendo a pele e chegando cada vez mais perto de sua boceta.
Deus, o cheiro dessa mulher devia ser engarrafado e vendido como
afrodisíaco.

Com a língua afastei a calcinha e lambi sua pele lisinha. Gemi,


ao perceber que ela era totalmente depilada.

Ella se entregava sem pudor, gemendo de prazer.

Levantei a cabeça e a encarei. Enganchei os dedos na peça


delicada e forcei, arrebentando a renda fina. Peguei o celular e ela
sorriu. Tirei uma foto da peça destroçada e afastei seus lábios,
revelando o botão de seu clitóris, inchado. Lambi e gememos juntos.

Que gosto delicioso ela tinha! Chupei e lambi até tê-la se


contorcendo embaixo de mim. Então, delicadamente, coloquei um
dedo dentro dela.

Ella resfolegou e prendeu a respiração. As paredes de sua


vagina apertaram meu dedo de uma maneira que senti, em meu
pau, o aperto. Coloquei mais um, a abrindo um pouco e senti a
barreira de sua virgindade.

― Rafaella Torres, prepare-se... você vai ser minha, agora e


para sempre. ― Disse, montando seu corpo e aninhando meu pau
em sua entrada apertadinha. ― Me avise se for demais, eu paro
quando você quiser.

Fui penetrando aquele corpo delicioso, que estremecia de tesão


em meus braços. Mordi o lábio, me segurando.
Ella tinha a boceta mais apertada do mundo.

Eu ia me retirando de seu corpo, para abri-la mais com meus


dedos, antes de continuar, mas minha capetinha tinha outras ideias.
Enlaçando meu corpo com as pernas, Ella me puxou contra o seu e
entrei todo de uma vez, escorregando em sua boceta molhada.

Senti quando sua barreira foi rompida. Ella gritou e sua boceta
se contraiu fortemente, me fazendo ver estrelas.

Quente como o inferno!

Gemeu, um gemido rouco e arrastado de puro tesão e gozou,


estremecendo embaixo de mim, me ordenhando e apertando de um
jeito, que gozei junto com ela. Nossos nomes, sussurrados no meio
do prazer absoluto que nos pegou de surpresa. Dei um tempo para
ela recuperar o fôlego, mas não saí de seu corpo, para que ela se
acostumasse com meu tamanho.

― Valeu a pena esperar por você, meu Dr. Tentação.

― Humm... Eu mal comecei, minha Pequena.― Com essas


palavras, me movi, saindo quase todo e entrando devagar. Ela devia
estar dolorida.

― Mais, me fode com força! ― Ela pediu, com aquela cara de


tesão.

Prendendo-a embaixo de mim, levantei seus braços e segurei


suas mãos acima da cabeça.
― Agora... você ... me ... pertence. ― Disse entre uma
estocada e outra.

Soltei suas mãos, elevei sua bunda e meti fundo, arrancando


um grito dela.

Um sorriso de satisfação surgiu em seus lábios.

― Você é tão gostoso... ― Arranhou minhas costas e gemi,


levando a cabeça para trás. Ella se aproveitou e mordeu meu
pescoço exposto.

― Puta que pariu, morde mais! ― Me ouvi pedindo.

Ella mordia meu pescoço, meu ombro... me elevei, apoiando as


mãos na cama, metendo mais rápido. Ella ronronou de prazer
embaixo de mim e lambeu meu mamilo, contornando com a língua e
mordendo de leve.

― Se continuar assim, Pequena, vou gozar antes do que eu


queria.

Suas unhas percorreram minha pele e prenderam meu mamilo,


causando uma dor leve e deliciosa, que foi direto para minhas bolas,
que se retesaram na hora.

― Goza, meu tesão. Goza em mim. Me leva com você. ― Ela


sussurrou em minha boca e me beijou.

Seu corpo tenso sob o meu, tremia. Sua boceta me apertava e


pulsava. Ela estava quase lá. Me afastei e, empunhando meu pau,
esfreguei a cabeça em seu clitóris.
― Goza, Pequena. Quero ver você gozando. ― Sussurrei em
seu ouvido.

Aumentei a intensidade das carícias e, quando a respiração


dela falhou, meti forte, fazendo-a gozar alucinadamente. Mais
algumas estocadas e eu estava feito. Tirei de dentro dela e gozei
sobre sua barriga.

― Todinha minha. ― Disse sem fôlego, espalhando minha porra


sobre a pele branquinha dela.

Me chame de homem das cavernas, mas vê-la assim, marcada


por mim, me deixava, além de satisfeito, completo e muito, muito
feliz.

― Muito melhor do que em meus livros...

Me deitei ao lado dela, puxando-a para perto de mim.

― Devo confessar que tenho ciúmes dos mocinhos dos seus


livros. ― Acariciei seus cabelos e prendi uma mecha entre os
dedos.

― Ei, sabe que sempre é você? Posso mudar o nome, a cor


dos olhos ou dos cabelos, mas eles sempre são e vão ser você...
assim como elas também, sempre foram e sempre serão... eu.

Me beijou e se recostou em meu peito. Logo sua respiração se


acalmou e fiquei ali, deitado ao lado dela, guardando seu sono.
Capítulo Sete

Estar aqui nua, recostada no peito do homem da minha vida,


era a melhor coisa do mundo.

Meu Deus, que delícia era fazer amor com ele. Se alguma
espera na vida tem sentido, essa havia sido uma delas. Com
certeza, havia sido a escolha certa, o meu homem, o meu momento.

Pensando bem agora, um fato estranho me passou


despercebido.

Eu gozei com a dor.

Será que eu tinha um “Q” de masoquista em mim? Ou a


plenitude do preenchimento, da penetração, foi o que me fez gozar?
Humm, eu teria que tentar muitas vezes mais para tirar essa dúvida
de mim. No meio de tantos pensamentos, adormeci, aquecida nos
braços do meu amor.

***

Toques suaves, como pluma em meus seios, me despertaram.

― Acordou, Bela Adormecida? ― Gui perguntou, passando a


língua pelo meu mamilo.

― Como não acordar desse jeito... AH! ― Gemi alto quando ele
apertou os dentes em volta.

― Você está muito dolorida?

― Só um pouco, quase nada. ― Respondi, mexendo as pernas.

― Isso pode ser resquício da morfina que você tomou para as


dores, depois da quimio. Não estranhe... amanhã você vai me sentir
em você a cada passo que der. Por agora, vamos aproveitar esse
efeito?

Meu Dr. Tentação desceu os lábios pela minha barriga,


chegando a meu sexo.

― Gui, não... deve estar uma bagunça aí embaixo.

― Bagunça? Está uma lambança, mas é só você e eu. Parte


minha e sua, misturadas. Isso incomoda você? ― Ele me
perguntou, já colocando a língua para fora, provando da lambança
em meu corpo.
Se eu me incomodava? De maneira alguma. Aquilo era
excitante demais. O tesão em seu rosto, a vontade e a fome em
seus olhos me enlouqueciam. Incapaz de responder, apenas sacudi
a cabeça.

Guilherme me brindou com um sorriso e sua língua endiabrada


me levou ao paraíso. Aquele homem era tudo o que pedi a Deus!

Ele foi subindo pelo meu corpo e grudou seus lábios nos meus.

― Diga que me quer dentro de você. ― Ele sussurrou, rouco,


em minha boca.

― Quero... te quero todinho em mim. ― Respondi sem fôlego.

Meu sexo ainda pulsava, com os resquícios do orgasmo,


quando ele me penetrou.

Todo.

De uma vez.

Gememos juntos. Os movimentos de Guilherme estavam longe


de serem gentis. Ele era um garanhão gostoso, todo meu!

― Vira essa bunda pra mim, minha Pequena.

Ele se deitou ao meu lado e, obediente, me virei. Gui puxou


minha perna por cima do corpo dele e voltou a se enterrar em meu
corpo. Ele era tão grande e forte... meu corpo parecia um brinquedo
em suas mãos.
Entrava e saía devagar, enquanto me beijava. Sua boca
escorregou pelo meu rosto e chegou ao meu ouvido.

― Pequena, prepare-se.

Sem me dar tempo para pensar, Gui colocou o braço sob meus
ombros e segurou meu pescoço, sua outra mão foi para meu sexo,
acariciando meu clitóris enquanto metia com força e em um ritmo
alucinante.

― Que coisa louca... minha Pequena gostosa... aperta meu pau


assim... ― Ele sussurrava ao meu ouvido enquanto me comia com
vontade, sua mão descendo e apertando meu seio.

Um orgasmo relâmpago me pegou desprevenida e gritei.

― GUI!

Agarrei-me em seu braço, meu corpo convulsionando,


tremendo. Nunca pensei que isso seria realmente possível, gozar
tão forte a ponto de perder o controle do meu próprio corpo.

Ele continuou dentro de mim, entrando e saindo devagar.

― Amo você, minha Pequena. Amo observar você gozar...


imaginei de mil maneiras, mas nenhuma chegou aos pés da
realidade... Mais uma vez...

― Não sei se eu consigo nem respirar, quanto mais gozar outra


vez... ― Deus, minha voz estava arrastada e meu corpo
completamente sem forças.

― Vou te provar que tudo é possível.


E, com muito amor e bem devagar, ele provou. Meu orgasmo foi
completamente diferente dos outros que tive, mas não menos
impressionante. Meu corpo era refém de suas vontades. Com ele,
eu me sentia viva, mesmo agora, exausta a ponto de não conseguir
mover meus braços, mas viva e completamente satisfeita.

***

Um celular tocando me acordou.

Eu estava sozinha na cama e do banheiro vinha um barulho de


água.

Gui apareceu na porta, completamente nu, andando


despreocupadamente. Veio até mim e me beijou, antes de pegar o
celular.

― Dr. Santos. ― Ele atendeu, sua voz firme e imperiosa. ― Ele


está indo para o Hospital? Ou já está aí? Certo, preparem o centro
cirúrgico, então. Estou indo.

Desligando o celular, ele me olhou triste.

― Acabou nosso tempo, Pequena. Venha, vamos tomar um


banho. O dever me chama.

Levantei-me e olhei para a cama, os lençóis manchados com o


sangue da minha virgindade perdida e a bagunça dos travesseiros.
Nunca me esqueceria daquilo. O que quer que fosse que o destino
tivesse me preparado, essa imagem nunca sairia da minha cabeça;
nem ele nu, ao meu lado, nem a maravilha da nossa primeira vez
juntos.

Gui, parecendo entender o que se passava pela minha cabeça,


deu alguns passos para trás e tirou uma foto da cama. Virou o
celular para mim.

― Sorria, minha Pequena. MINHA Pequena.

Aquele jeito possessivo dele falar me fez sorrir, um sorriso


safado, com certeza.

― Linda! ― Ele me estendeu a mão e jogou o celular sobre a


cama.

Peguei-a e o segui para o banheiro.

Pouco tempo depois estávamos em frente a minha casa.

― Amanhã eu venho aqui, quando sair do hospital, e teremos


uma conversa com o Theo. ― Me deu um beijo. ― Já estou com
saudade. Eu ficaria o resto do dia e a noite, e o resto da vida
agarrado a você... ― Ele cheirou meus cabelos e riu. ―Você devia
ter lavado os cabelos, está com cheiro de fumaça do churrasco
ainda.

― Não se preocupe com isso. Que dê tudo certo com a cirurgia.


― Dei mais um beijo e saí, fechando a porta do carro. Ele abriu o
vidro e me chamou.
― Ella... não esqueça que eu te amo... mais que a vida. ―
Mandou um beijo e fiquei ali, parada, olhando o carro se afastar.

Suspirei e entrei em casa. Estava fechando a porta quando


Theo apareceu, só de toalha e com cara de sono.

― Oi, princesa, já chegou? ― Ele me abraçou e me deu um


beijo na cabeça, como sempre fazia.

― Nossa, Theo, estava uma delícia. Guilherme é muito


engraçado e prestativo. O churrasco estava muito bom. ― O
abracei, feliz. Eu estava tagarelando, como sempre. Melhor fechar o
bico, antes que falasse algo que não devia. ― Vou tomar um banho
e tirar esse cheiro de fumaça de mim.

Escapei dele rapidinho e fui para meu quarto. Deitei-me e um


sorriso bobo apareceu em meus lábios. Como eu estava feliz. Não,
feliz não era a palavra. Estava radiante, realizada!

Puxei meu note e abri. Eu estava no clima para um belo capítulo


super hot. Minhas leitoras amariam, com certeza. Elas nem faziam
ideia da minha doença, poucas pessoas sabiam e assim seria. Para
elas, eu seria sempre a escritora doidinha e sem limites.

Estava começando a escrever quando Theo bateu em minha


porta.

― Maninha, vou ter que sair, não sei que horas volto. Fica com
o celular por perto. Se precisar de mim, é só ligar. Você está bem?

― Estou super bem, Theo. Vai sossegado. ― Atirei um beijo


para ele, que assentiu com a cabeça, saindo apressado. Credo, pela
cara dele, a coisa não era boa.

Aproveitando a interrupção, fui até a cozinha, fiz um lanche e


peguei um pouco de suco de graviola. Voltei para meu quarto e comi
enquanto escrevia mais um capítulo...
Capítulo Oito

A campainha tocando me acordou. Levantei meio tonta e olhei a


hora no celular. Cinco e quarenta da manhã. Quem seria a essa
hora? A campainha não parava de tocar.

― Estou indo! ― Gritei.

Abri a porta e me senti empalidecer. A polícia, na minha porta!

― Em que posso ser útil?

― Senhora Rafaella Torres?

Ai Jesus... meu nome completo. Isso nunca foi bom sinal.

― Sou eu.
― Precisamos que a Senhora venha conosco até a emergência.
Agora. Se a Senhora puder nos acompanhar...

― O que aconteceu? Quem está na emergência? ― Meu


Deus... será que alguma coisa aconteceu com Guilherme?

― O Senhor Theodoro Torres sofreu um acidente. Uma colisão.

Uma tontura me tomou e me segurei na maçaneta. Meu Theo!


Meu Theozinho estava machucado... Colisão... Mil imagens
passaram pela minha cabeça...

― Vocês me dão um minuto? Vou me trocar e já vamos. ―


Respirei fundo e reuni toda a coragem necessária para encarar o
que quer que fosse.

Troquei de roupa rapidinho, voltei para a sala e acompanhei os


policiais até a viatura. Em minutos, chegamos à emergência. Eles
me levaram, hospital a dentro, até uma saleta. Bateram na porta e a
abriram para que eu entrasse.

MEU DEUS!

Lágrimas quentes escorreram por meu rosto e, levando as


mãos à boca, sufoquei um soluço. Meu Theo estava em uma maca,
com a roupa toda rasgada e ensanguentada, em seu rosto um
punhado de gaze estava sobre seu olho, com sangue minando à
superfície. Meu irmão, minha rocha, daquele jeito, todo esfolado,
machucado, tão... frágil!

Cheguei perto dele e me abaixei para ver se ele respirava.


Alívio me invadiu ao sentir sua respiração. Fraca, mas presente.
― Não tem ninguém que possa me dizer como ele está, o que
ele tem, como vai ser? Preciso de informações! ― Falei, me virando
para o policial que estava parado na porta.

― Vou chamar alguém, Senhora. A Senhora está bem?

― Sim, na medida do possível. ― Puxei uma cadeira e me


sentei ao lado do Theo. Eu nem sabia se poderia tocá-lo, não dava
para saber a gravidade de seus ferimentos.

O policial saiu da sala e me lembrei de Guilherme. Minha nossa!


Como posso ter esquecido? Ele poderia me dizer seguramente o
estado de Theo. Cacei meu celular na bolsa e liguei para ele.

― Oi, Pequena, bom dia. Por que está me ligando tão cedo?
Caiu da cama?

Não consegui dizer nada e comecei a chorar.

― Onde você está, Ella? Diga pra mim, amor, o que está
acontecendo?

― Estou na emergência. Em uma saleta, no final do corredor. ―


Foi tudo o que consegui falar, meio entrecortado por fungadas e
soluços.

― Certo, eu estou chegando. Se acalme, Pequena. ― Sua


respiração estava pesada e dava para perceber que ele estava
correndo pelos corredores. A ligação caiu e encostei a cabeça na
cama de Theo, tentando me recompor.
Minutos depois, a porta se abriu e Guilherme entrou feito um
foguete, me abraçando.

― Ah, pequena, que susto! Achei que tinha acontecido alguma


coisa com você. ― Ele segurou meu rosto e me deu um beijo
rápido.

― Theo sofreu um acidente, ninguém me diz nada, a polícia


acabou de me buscar em casa...

Guilherme retirou o estetoscópio do pescoço e auscultou o peito


de Theo, de leve.

― Espere que vou pegar a ficha dele. Se acalme.

― Ah, se acalme! Bem que eu estou tentando... ― Murmurei


para mim mesma.

Guilherme saiu e retornou, trazendo vários envelopes e uma


prancheta. Tirou as chapas de raio-x dos envelopes e colocou em
um aparelho luminoso que tinha na parede oposta à maca onde
Theo estava e olhou para uma delas com atenção, tirando e
colocando outra em seguida. Repetiu o processo com outras e leu a
ficha médica dele.

― Ella, pode ficar sossegada. O estrago foi mínimo. Ele não


chegou a quebrar nada, só trincou a fíbula e o rádio. Fora alguns
esfolados e hematomas. O mais complicado é o corte em seu
supercílio. ― Ele olhou para mim e repetiu. ―Trincou só a perna e o
braço, não chegou a quebrar. Pode sossegar o coraçãozinho.
Ele me abraçou e me entreguei ao abraço do meu homem. Ele
acariciou meus cabelos, secou minhas lágrimas e me deu um
beijinho rápido na boca.

― Ei, eu vi isso! Será que alguém pode me explicar que cacete


tá acontecendo aqui?

A voz de Theo nos surpreendeu e nos afastamos, como se um


choque elétrico tivesse nos atingido.

― Guilherme, quer, por favor, me explicar? ― Theo nos olhava


com seu olho bom, mas todo seu espanto e irritação estavam
estampados ali.

― Eu a amo, Theo. Não tem o que explicar. ― Guilherme disse


com uma voz tranquila, passando o braço pelos meus ombros e me
puxando para ele.

― Guilherme, nós sabemos que você não ama ninguém, você


se aproveita das mulheres, transa com elas, as deixa apaixonadas
por você, para depois dar o fora nelas com a maior cara de pau.

― Sim, era o que eu fazia e não me orgulho disso. Mas fazia


porque elas não eram a minha Pequena aqui. Sempre fui louco por
ela e as outras nunca conseguiram ser nada, além de um prêmio de
consolação chinfrim. Eu tentava, mas o meu amor por ela me
impedia de me aproximar ou ficar muito tempo com alguém. Agora
que ela é minha, minha vida está completa e eu não vou deixá-la ir.
Nunca. ― A serenidade de Guilherme era assustadora. Bem,
estando nos braços dele, eu percebia que aquele tom era apenas
fachada. Meu amor estava quente e um pouco trêmulo. Creio que
era o piloto automático do médico dentro dele que se controlava
para dar as notícias para os pacientes...

Abracei-me a ele e recostei-me em seu peito, sorrindo para o


Theo.

― É isso aí maninho... e eu também não vou deixá-lo ir.

Theo passou a mão pelo rosto.

― Vocês dois são adultos. Para o seu bem, Guilherme, não


faça minha irmãzinha sofrer ou vai se ver comigo. Caralho, por que
não me contaram? Há quanto tempo isso está acontecendo?

― Desde um pouco depois do Natal. ― Eu disse, baixinho.

― NATAL! Porra! Vocês tão de brincadeira comigo. ― Ele


tentou se levantar e gemeu de dor. Me desvencilhei do abraço do
meu Dr. Tentação e corri até ele.

― Theo, você não está bem, fique quieto. Não se mexa.

― Tá bem, essa conversa não acabou, você teve sorte por eu


não poder me mexer ou eu teria voado em você antes de perguntar
qualquer coisa. ― Ele disse, apontando para Guilherme, e passei a
mão em seus cabelos, para acalmá-lo.

― Nós íamos te contar hoje, Theo, Gui ia passar lá em casa


mais tarde. ― Olhei para Guilherme pedindo ajuda, mas ele estava
parado, de braços cruzados, encarando Theo, que o encarava
também. ― Ah, não. Parem com isso os dois. Sem essa coisa de
macho Alpha. Sou bem grandinha para tomar minhas próprias
decisões.

― Hum, por enquanto, assunto encerrado. Por enquanto! Agora


me digam, cadê a Pam? Tô pedindo para ligarem pra ela desde que
acordei.

― Vou ligar para o Rick, ele vai achá-la rapidinho. ― Guilherme


respondeu.

― Certo. Quero meu neném comigo.

― Neném, é? ― Debochei dele.

― É, olha quem fala, minha Pequena. ― Ele retrucou, seu


humor melhorando um pouco. Guilherme riu e chegou por trás de
mim e me abraçou.

― É minha Pequena, porque ela é pequenininha... ― Disse,


beijando meus cabelos.

― Vocês até que formam um casal bonito. Meu melhor amigo e


minha irmã. Quem diria...

― Descanse, Theo, na sua ficha está anotado gesso para perna


e braço, além de alguns pontos no supercílio. Deixe-me ver como
está isso aí. ― Gui me soltou e se debruçou sobre Theo, tampando
meu campo de visão. ― Hum, está bem, isso foi feio. Vou conseguir
um cirurgião plástico para você ou a cicatriz vai ficar muito grande.
Vou mexer meus pauzinhos e já volto. ― Me deu um beijo nos
cabelos e um apertão no ombro do Theo e se foi.
Meu Dr. Tentação estava com uma cara de cansado, mas,
também, depois de tudo o que fizemos, ele veio direto para o
hospital e estava aqui até agora.

― Maninha, você tem certeza do que está fazendo? Guilherme


não é o docinho que aparenta. Eu sei do que ele é capaz, nós já
saímos e fizemos loucuras juntos. Ele é como eu, Rick e Bruno e
nós não somos normais. Não na cama com uma mulher ou em um
relacionamento.

― Theo, o que você está querendo me dizer? Diga logo.

― Nós temos gostos peculiares. ― Ele fechou os olhos e


confessou em um fiapo de voz. ―Nós somos Dominadores.
Mestres.

― Dominadores, do tipo chicote, venda e sexo bruto? ― Um


arrepio de excitação correu pelo meu corpo.

― Não é bem assim, mas sim. Somos possessivos, mandões e


queremos ser obedecidos. É isso que quer pra você, maninha? ―
Theo estava genuinamente preocupado.

― Seja lá o que ele for, eu o quero. Desde sempre, eu o quis.


Me apaixonei por ele durante a minha adolescência e o amo como
nunca amei ninguém. E Theo, eu sei o que quer dizer ser um
Mestre. Eu estudei sobre isso para um dos meus livros. E,
sinceramente, a ideia só me faz querê-lo ainda mais.

Theo respirou fundo e passou a mão pelo rosto, exasperado.


― Você não entende, Ella. Uma pesquisa em livros não é o
mesmo da coisa sendo vivenciada na carne. Temos necessidades e
queremos ser atendidos. Prontamente. Ou achamos uma maneira
de punir. De qualquer jeito. ― Ele me olhou e vi ali que ele estava
atormentado com a ideia.

― Obrigada por deixá-la a par disso tudo, Theo. ― Guilherme


estava parado na porta.

― Eu não podia deixar que ela entrasse nessa sem saber onde
estava pisando.

― Alguém avisou a Pam? Não. Alguém avisou a Jess? Não. E


sabe por quê? Isso é uma coisa que não se sai falando aos quatro
ventos. É íntimo e pessoal.

― Você não ia contar a ela? ― Os dois se encaravam,


pareciam dois boxeadores se encarando antes da luta.

― ELA já sabe de tudo, por ela mesma. ― Respondi.

Theo virou a cabeça rápido em minha direção e olhou para


Guilherme com fogo no olhar.

― Você já se aproveitou dela, seu filho da puta! Você comeu


minha irmã! ― Theo chegou a levantar as costas da maca para
partir para cima de Guilherme, mas entrei na sua frente.

― Acalme-se, Theo! Pelo amor de Deus, estamos dentro de um


hospital! E o que Gui e eu fizemos ou deixamos de fazer,
sinceramente, não é da sua conta. Caramba, eu já tenho quase
trinta anos, pare de me tratar como uma criança. E descanse, você
sofreu um acidente há pouco tempo. Olhe o que você fez!

O ferimento de seu supercílio estava sangrando muito agora, o


sangue escorrendo do curativo.

― Não se preocupe. Eu ajeito isso. O cirurgião já está vindo,


liguei pra ele. Em minutos, ele estará aqui. ― Gui abriu um armário,
retirou um saquinho de gaze, esparadrapo, algodão e, com um
líquido para limpar o ferimento, se enfiou na minha frente. ―Vou
trocar esse curativo e estancar o sangramento.

Tentei olhar o que ele fazia. Ele me olhou sério e disse: ― Não.

Aquilo foi suficiente para que eu me afastasse e não tentasse


mais olhar.

― Caramba! ― Theo falou baixinho, admirado.

― Cale a boca, Theo. ― Guilherme respondeu, sorrindo.

― Realmente, se a coisa está assim, eu realmente não


precisava dizer nada mesmo. Desculpe me meter. Só quero que ela
seja feliz.

― Eu também. E fique sossegado, vou me empenhar para isso


todos os dias.

― Eu sei. Seja bem-vindo à família, cunhado.

Me sentei e sorri feliz. Até que enfim ele tinha aceitado.


Capítulo Nove

O cirurgião plástico logo chegou e, depois de uma anestesia


local, ele mostrou a que veio. Logo depois chegou Bruno que, para
sacanear Theo, o enfaixou exageradamente. Eles brincavam, mas
Theo nos assustava às vezes, quando simplesmente apagava.

O médico responsável por ele resolveu deixá-lo em observação


por 24 horas, por conta dos desmaios. Deram remédios para a dor e
o pobrezinho só chamava pela Pam. Ele estava realmente
apaixonado por ela. O transferiram para o quarto e fiquei com ele.
Guilherme sempre comigo. A essa altura, eu estava exausta.

― Agora que estão todos bem e Theo acomodado, vou para


casa, mais tarde eu volto. Quer que eu traga alguma coisa? Vou
mandar trazerem comida e suco de graviola para você. ― Abri
minha boca para dizer que não precisava, quando ele me cortou. ―
Nem pense em recusar, essa semana tem mais uma sessão. Você
tem que ficar forte. ― E chegando bem pertinho, ele sussurrou em
minha orelha. ―Você tem que estar forte para mim também. ― Me
beijou e se foi.

Theo estava apagado na cama. Fui ao banheiro e depois de


usá-lo, lavei as mãos e me olhei no espelho. Olheiras enormes
circundavam meus olhos. Eu estava parecendo um zumbi. Voltei
para o quarto e me acomodei na cadeira. Não era muito confortável,
mas ficaria ali mesmo. Estava quase cochilando quando bateram na
porta e entraram com meu almoço.

― Senhorita, o Dr. Santos mandou entregar.

Agradeci e tirei a tampa da bandeja. O cheiro estava


maravilhoso! Aquilo abriu meu apetite, comi um bom bocado daquilo
tudo e tomei o suco.

― Pam? Maninha, conseguiram falar com ela? ― Farejando o


ar, ele disse: ―Opa, dá um pouquinho pra mim? Estou morrendo de
fome.

― Acordou, Bela adormecida? ― Brinquei com ele, me


lembrando que Guilherme me disse a mesma coisa apenas algumas
horas atrás.

― Por que estou aqui ainda? ― Perguntou.

― Você vai ficar em observação porque está desmaiando,


Theo. O médico ficou preocupado. ― Comecei a dar garfadas do
purê de batatas para ele.
― Só vou deixar você me dar comida na boca porque não
consigo levantar. ― Ele disse, com a boca cheia.

― Sim, sim, eu sei. ― Ri dele e continuei enchendo sua boca


com o que não consegui comer.

Eu sabia que, quando chegasse a comida dele, ele comeria


tudo também. Theo tinha um apetite de leão. Também, pelo que ele
gastava com os treinos, as aulas de boxe, as corridas com Rick,
além de cuidar de sua agência de publicidade, tinha que comer
muito bem mesmo.

Logo após devorar o restante da minha comida, ele dormiu


novamente. Os remédios para dor deviam ser fortes. À primeira
vista, ele parecia ter sido atropelado por um caminhão; as
bandagens exageradas do Bruno aumentavam em dez vezes a
dramaticidade da coisa. Com o olho bom arroxeado, o outro
totalmente tampado, com bandagens em sua cabeça, braço e perna
engessados, dava dó de olhar.

Me acomodei na cadeira de novo e cochilei. Algum tempo


depois, um barulho me acordou. Olhei em volta e Pam estava ao
lado da cama do Theo.

― Oi, Pamela... Theo só faz te chamar, que bom que você pode
vir. ― Sorri para ela.

Eu estava muito cansada e aquela cadeira não tinha ajudado


em nada para melhorar minha situação.

Ela me contou que queria ter podido chegar antes, mas, por um
problema de saúde, não conseguiu. Me mostrou uma bombinha
para asma e sorriu. Levantei-me e fui para o seu lado. Ela estava
visivelmente abalada com o estado do Theo.

― Ele teve sorte, muita sorte... um carro acertou o dele de lado,


no cruzamento, bem na porta do motorista. Ele estava quase
chegando em casa... ― Me emocionei ao imaginar o carro se
chocando contra o dele e deixei as lágrimas rolarem, silenciosas. ―
Meu irmão gosta muito de você, Pamela; não disse mais nada, só
seu nome. ― Uma aumentadinha na coisa não faria mal e eu não
contaria do arranca rabo que tinha acontecido entre Theo e
Guilherme.

Pamela me olhou, incrédula.

― Theo é muito especial para mim também, Ella, você não


imagina o quanto...

Nossa, saber que ele era correspondido me deixou muito, muito


feliz mesmo. Ele merecia a felicidade... e eu não sabia o que
poderia acontecer comigo daqui pra frente. Não me contendo, a
abracei.

― Fico tão feliz em saber disso, Pam. Posso te chamar de Pam,


né? Já que vamos ser irmãs! ― Eu estava tremendo, talvez pelo
cansaço... ou sei lá. Pam me perguntou se eu estava bem, depois
de me estudar por um momento. Eu estava nervosa e feliz com tudo
isso e comecei a tagarelar, como sempre acontecia.

― Theo não te contou, né? Eu tenho LMA, um tipo de leucemia,


e a quimio acaba comigo. Estou na lista de transplante de medula,
mas até agora não acharam nenhum doador compatível.
― Deus, Ella! ― Pam ficou super abalada, me puxou para um
abraço.

Eu não esperava por essa reação da parte dela e me emocionei


outra vez. Minhas emoções estavam a flor da pele!

― Meu medo era deixar Theo sozinho. Mas parece que ele
encontrou alguém para cuidar dele. ― Confessei. Certas coisas
eram melhores de serem ditas logo de uma vez. Sussurrei para ela.
― Ele parece estar bem apaixonado por você. Segredo. ― Pisquei
para ela. ―Vou te deixar com ele e vou comer alguma coisa. Ele
está fora de perigo, fique tranquila. Isso tudo assusta, mas ele não
chegou a quebrar nada, foram só alguns “trincados”. O pior foi sua
cabeça, tomou alguns pontos na testa e supercílio. Esse teatro todo
de bandagem é coisa de um enfermeiro engraçadinho. Theo teve
sorte por ter um carro alto. Já falei que ele teve muita sorte, né? ―
Caramba, eu estava tagarelando mais do que de costume. Ela
sorriu, divertida. ―Quando fico nervosa saio tagarelando, liga não.
― Fui andando em direção à porta. ―Vou ver se encontro meu Dr.
Guilherme. ― Dei um tchau e saí.

Dei de cara com Rick e Guilherme, conversando baixinho, do


lado de fora da porta.

― Ei, vocês dois! O que estão fofocando? ― Eles me olharam,


sérios. Ai caramba! ― Retificando, o que os Senhores estão
confabulando?

― Ella, pare com isso de Senhores, se não quiser ficar com a


bunda doendo de tanta palmada! ― Gui falou sorrindo e estendeu a
mão para mim.
― Esse Theo é um bocudo mesmo! Não tinha nada que ficar
falando da vida alheia.

― Tudo bem, Rick, não era nada que eu mesma já não tivesse
percebido, depois de tantos anos convivendo com quatro homens
mandões e possessivos. Relaxa. Isso não muda nada o que sinto
por vocês três e pelo meu Dr. Tentação aqui.

Rick começou a rir e Guilherme olhou feio para ele.

― Contenha-se homem, você está em um hospital! ― Ele


advertiu Rick.

― Esse apelido, meu Deus, tenho que contar pra Jess. Ela vai
adorar isso!

― Quer ir tomar um café com a gente? Já está na hora de


alimentar a minha Pequena aqui.

― Não, podem ir. Vou dar um tempo para os dois lá dentro e já


já eu entro, para ver como o Theo está e levar Pam pra casa.

― Até mais, então. ― Gui deu um aperto no ombro de Rick,


daquele jeitão deles, e eu dei um tchauzinho com a mão. Ele me
segurava firmemente pela cintura, meu corpo preso ao dele. Um
tesão sem tamanho tomou conta de mim, mas como estávamos no
hospital, me segurei.

― Está com fome? ― Ele me perguntou e eu só neguei com a


cabeça. Se falasse qualquer coisa, ele perceberia que eu estava
louca para ser fodida.
― Então, venha comigo para meu consultório. Tenho uma coisa
pra você.

― Certo. ― Caminhamos abraçados pelos corredores e logo


chegamos ao setor de oncologia, que estava vazio.

― Por que está tudo vazio assim?

― Minhas consultas foram remarcadas, por causa da cirurgia


que durou a noite toda. Venha. ― Ele me puxou para dentro e
fechou a porta.

Andamos pela recepção e entramos em seu consultório. Ele


acendeu a luz e fechou a porta atrás de si.

― Vem aqui, Pequena. ― Ele me puxou e perdi o fôlego, ao me


encostar nele. Seu pau estava duro como pedra e pulsando de
encontro à minha barriga. ― Eu posso sentir seu cheiro, você está
louca para ser fodida. E eu estou louco para te foder.

Olhei em seus olhos acinzentados e meu corpo incendiou. Ele


tomou posse de minha boca e amoleci em seus braços.

Ele abriu minha calça e colocou a mão por dentro, me


acariciando. Abriu os lábios de meu sexo e tocou minha carne, já
úmida. Gemeu em minha boca e abaixou minha calça. Tirei com os
pés, junto com a sapatilha.

― Eu te quero aqui. ― Ele me levantou e me sentou na maca,


que estava toda arrumada. ― Desde nosso primeiro beijo, eu não
penso em outra coisa. Abra as pernas pra mim.
Fiz o que ele pediu. Dando uns passos para trás, ele tirou o
celular do bolso. Esse lance das fotos era tão excitante. Me apoiei
nos braços e abri um pouco mais as pernas. Ele tirou a foto e, para
atiçá-lo, coloquei a mão em cima da calcinha, me acariciando. Ele
lambeu os lábios e tirou mais fotos.

Sorri e, me apoiando na parede, fechei os olhos, acariciando


meu seio, enquanto afastava a calcinha e enfiava um dedo em mim.
Ouvi seu gemido e o barulho do celular tirando as fotos. Segundos
depois, senti sua boca em meu clitóris. Ele retirou minha mão dali e
chupou meu dedo.

― Eu te quero amor, agora. Quero seu pau em mim, forte e


fundo.

― Ella, você me tira a paz. ― Ele disse, abrindo o zíper de sua


calça, sem deixar de me chupar. ― Me deixa louco.

Segurando por baixo de meu joelho, ele me puxou para frente e


se meteu em mim. Todo de uma vez.

Eu gemia, entregue à sua posse. Guilherme me beijava a boca,


sussurrava delícias em meu ouvido, que me faziam arrepiar, sem
perder o ritmo. Me fodia com maestria, as vezes rebolando, quando
metia fundo, me fazendo perder o fôlego, tocando partes dentro de
mim que me levavam à beira do êxtase.

― Ah, Gui, isso é tão boooom... ― Gemi, agarrada a seus


ombros. ― Me come. Mais rápido. Daquele jeito. ― Disse, entre
uma respiração e outra.
E ele fez. Começou a meter em mim naquele ritmo alucinante.
Agarrei minhas pernas em volta de sua cintura e senti meu corpo
ficar tenso, um arrepio por dentro me deixou insana e gozei,
gritando o nome dele.

Ele continuou a meter forte e rápido, fazendo meu orgasmo


durar até o dele chegar. Sua boca em meu ouvido e sua respiração
ofegante faziam minha pele ficar permanentemente arrepiada e,
com sua mão agarrando meus cabelos, ele urrou de prazer, se
derramando dentro de mim.

― Muito melhor do que em minha imaginação. ― Ele sussurrou


em meu ouvido e me beijou. Um beijo profundo e delicioso. ―Se
agarre em meus ombros.

Mal acabou de falar, ele me segurou pela bunda e saiu andando


comigo, ainda metido até as bolas dentro de mim. Me levou a um
banheiro anexo ao consultório. Era um banheiro completo, com
chuveiro!

― Como eu nunca vi esse banheiro, Gui?

― Ele é disfarçado. A porta de entrada é igual às portas dos


armários. Eu passo muito tempo aqui, então preciso de um lugar
para tomar um banho quando preciso. ― Tirou minha camiseta, a
calcinha e meu sutiã. Colocou uma touca em meus cabelos e ligou a
água. Ele estava totalmente vestido ainda, com exceção de seu pau
magnífico, que estava à mostra. Tirou rapidinho suas roupas e
entrou comigo no chuveiro, me lavando toda.
― Se você chegar naquele quarto com meu cheiro em você,
Theo é capaz de ter um ataque. Ele aceitou bem, mas tem coisas
que ele não precisa saber.

Deixei que ele me lavasse até que estivesse satisfeito. Depois


me secou e recolocou meu sutiã e camiseta.

― Acho que você terá que ficar sem calcinha. ― Ele pegou a
minha e enfiou no bolso.

― Vai guardar de recordação?

― Sim, vou guardar seu cheiro comigo. ― Ele disse na maior


naturalidade.

― Ok, então. ― Sorri, feliz.

Meu Dr. Tentação pervertido.

E gostoso.

E todo meu!

Ele saiu e foi buscar minha calça que ficou no chão do


consultório e colocou em mim também, assim como minhas
sapatilhas.

― Pronto?

― Pronto, agora está lavadinha e vestida. Minha Pequena. ―


Beijou minha boca e olhou fixo em meus olhos. ― Minha!

Então ele pegou uma toalha e se secou, colocando as roupas.


― Venha, tenho uma coisa pra você, não era mentira.

O segui para o consultório, ele abriu o armário atrás de sua


mesa e tirou uma caixa de dentro da sua maleta e estendeu para
mim.

Abri a caixa, com cuidado e dentro havia uma gargantilha em


ouro, com um pingente, um ponto de luz. Não, ele não estava me
dando um colar com um diamante. Não podia ser. Fiquei sem fala
diante da delicadeza da gargantilha.

― Uma pedra preciosa para a minha preciosa. Nada é mais


importante pra mim do que você, minha Pequena. Amo você.

― Gui, é lindo. Tão delicado e tão perfeito! ― Olhei para ele


com lágrimas nos olhos. Seu gesto me deixou sem chão. ―Coloca
pra mim?

Ele o colocou em meu pescoço.

― Oficialmente minha. ― Se abaixou e beijou a pedra em meu


colo. Me olhou sorrindo, um sorriso capaz de iluminar um estádio de
futebol.

― Obrigada, amor. É lindo.

― Quer descansar um pouco? Temos uma sala para os


médicos.

― Não precisa, vamos voltar para o quarto do Theo. Já faz


tempo que saí.
Voltamos abraçados até a porta do quarto. Ele me beijou
novamente.

― Fique bem. Qualquer coisa, me ligue.

Concordei com a cabeça e fiquei olhando ele se afastar. Entrei


no quarto com a certeza de estar com a palavra FELICIDADE
estampada em letras garrafais em minha testa. Theo me olhou e
sorriu também. Isso tudo estava indo muito bem.

Ele estava melhorando e graças a Deus não se machucou


muito com o acidente, já seu carro não tinha dado a mesma sorte,
havia sido perda total.

Cheguei perto dele e acariciei seus cabelos. A vida tinha muitas


surpresas, mas, com calma tudo se ajeitava. Me deitei no sofá-cama
que estava arrumado, afofei o travesseiro e, exausta, adormeci.
Capítulo Dez

Deixei Ella no quarto do Theo e desci para pegar meu carro. Só


trabalharia no outro dia pela manhã, passaria o tempo armando uma
cena para ela.

Já que Theo tinha dado com a língua nos dentes, eu poderia


soltar meu lado obscuro com Ella e, com certeza, a surpreenderia.
Minha Pequena tinha a mente aberta e, pelos livros que escrevia,
estava louca para provar de tudo.

E eu faria o meu melhor. Um sorriso sinistro surgiu em meu


rosto. Eu estava com saudade daquilo.

Estava absorto em meus pensamentos quando meu celular


vibrou.
― Dr. Santos. ― Atendi, já sabendo que poderia ser algo
urgente.

― Ei, Gui, beleza?

― Fala, Brunão. O que aconteceu?

― Sabe a Pam, do Theo? Então, ela e uma amiga, que é bem


gostosa por sinal, resolveram se cadastrar para serem doadoras de
medula. Falei pra ela que nós agilizaríamos o processo. Dá sua
carta branca?

― Pode fazer. Estou saindo do hospital...

― Então, passa aqui no hemocentro e já assina as


autorizações. Sei lá, vai que uma das duas é compatível? Pam
parecia tão certa nisso que... Sei lá...

― Estou indo. ― Desliguei, virei para o lado oposto e logo


cheguei ao hemocentro, onde ele me esperava com os papéis.

― Não custa, né? ― A chance de compatibilidade seria uma


em um milhão ou mais. Assinei os papéis e entreguei a ele.
―Mantenha-me informado.

― Vá descansar, você está com uma cara terrível. ― Disse ele,


dando um tapinha em meu ombro.

― Faça-me um favor, mande um prato especial para Ella, no


jantar. Ela precisa de nutrientes.

― Pode deixar, fique sossegado. Daqui a pouco meu plantão


termina, mas eu me encarrego disso.
Dei um tchau com a mão para todos e fui para casa. Eu estava
realmente esgotado, a cirurgia havia sido estressante e muito
complexa. Cheguei em casa, arranquei a roupa e me atirei na cama,
dormindo quase no mesmo instante que minha cabeça tocou o
travesseiro.

***

Cheguei ao hospital bem cedo, Theo teria alta por volta das oito.
Queria ter um tempo com minha Pequena e, quem sabe, acordá-la
com um beijo, um desejo que sempre tive.

Deus, quantas vezes eu a tinha visto adormecida e havia ficado


louco para acariciar seus cabelos, seus seios que subiam e desciam
ao ritmo de sua respiração... beijar aquela boca deliciosa e vê-la
despertar com um sorriso...

Meu pau latejou. Disfarçadamente, o ajeitei e continuei a


caminhar pelos corredores, ainda vazios devido ao horário.

Cheguei à porta do quarto e entrei sem bater, com todo o


cuidado. Não queria que Theo acordasse e melasse tudo.

O quarto estava à penumbra, vi Ella deitada no sofá-cama.


Devagar, a peguei no colo e saí com ela pelos corredores, até a sala
de descanso dos médicos. Entrei em um dos quartos, coloquei-a
delicadamente na cama e tranquei a porta. Não queria que ninguém
nos incomodasse.

Me deitei ao seu lado, acariciei seu corpo e beijei de leve sua


boca, mas ela não se mexeu. Então a cutuquei.
― Ei, minha Pequena... acorda. ― Ella só resmungou, como fez
durante todo o percurso até ali. ―Vou arrancar suas roupas e te
foder gostoso, até você gritar, se você não acordar.

Um sorriso safado surgiu em seus lábios, mas ela não abriu os


olhos.

― Você quer ser fodida, né?

― Uhum... ― Ela apenas murmurou, sorrindo.

Meti a mão entre suas pernas e apertei.

― Não brinque comigo, Rafaella. Sou bem capaz de fazer o que


disse.

― Eu acordo e você me fode forte, igual? Eu mordo a mão para


não gritar. ― Ela disse, abrindo os olhos minimamente.

― Minha Pequena, só quero que você acorde ao meu lado. ―


Apertei meu corpo ao dela, para que ela sentisse minha ereção,
dura como pedra. ― Mas não posso negar que a ideia de te foder
aqui, no quarto de descanso, me excita.

― Acordar sendo pega e saindo escondido do quarto do meu


irmão foi uma delícia. ― Ela riu de mim.

― Te quero pra mim. Ao meu lado. Acordando comigo,


dormindo em meus braços. Todos os dias.

― Um dia amor, um dia será assim. ― Me beijou de leve. ―


Não vou te beijar, estou com um hálito horrível.
―Tome, ando com isso no bolso sempre, por causa dos
pacientes. ― Retirei uma caixinha de lâminas refrescantes do bolso.
―Às vezes, fico horas sem comer e não posso atender os pacientes
com bafo de bicho morto.

Coloquei uma lâmina em minha boca e uma na dela.

―Isso me deu uma ideia. Não vou te foder, mas vou te


degustar, minha Pequena.― Arranquei sua calça, descendo-a até
os tornozelos, abri suas pernas e lambi.

ELLA

Ele me lambeu e gemi quando ele assoprou e gelou tudo por ali.
As lâminas eram mentoladas.

Com uma perícia que eu não queria saber de onde veio, ele me
levou ao êxtase. Subiu pelo meu corpo, puxando e recolocando
minha calça e me beijou a boca. Possessivamente.

― Não podemos demorar, Theo vai ter alta. Se você não estiver
lá, ele tem um treco. ― Me ajudou a levantar e me abraçou,
colocando o rosto em meus cabelos. ― E eu tenho que trabalhar.
Quando eu sair, passo na tua casa e te pego. Pode ser? Ficamos
juntos um pouco...

― Está bem, meu Dr. Tentação. Mande-me uma mensagem


quando estiver chegando.

― Fechado.
Fomos abraçados até o quarto do Theo. Chegando à porta, ele
me deu mais um beijo de arrepiar os cabelinhos da nuca e se foi.
Quando entrei, Theo já estava acordado e nosso café da manhã já
estava lá.

Comemos e logo ele teve alta. Recebi uma mensagem do Gui,


dizendo que era melhor que eu fosse para a casa dele e o
esperasse lá; Pam ficaria cuidando do Theo e Bruno nos aguardava
na frente do hospital.

Bruno ajudou Theo a sair da cadeira de rodas e o colocou no


carro. Entrei no banco de trás e ele deu a partida. Me deixou
primeiro na casa do Gui.

― Não pense que eu gosto disso, mas não há o que eu possa


fazer. Melhor com ele, que eu conheço desde sempre, do que com
qualquer um por aí. ― Theo disse com uma carranca, estendendo a
chave do apartamento.

― Não se preocupe, maninho, ele sabe cuidar de mim. ― Dei


uma piscada para ele e entrei no prédio, sem olhar para trás.

Cheguei ao apartamento dele e fiquei sem saber o que fazer.


Fui para o quarto e me atirei na cama. Os lençóis tinham o cheiro
dele. Liguei a TV e fiquei vendo um filme que estava passando.
Pouco depois, Bruno mandou uma mensagem para eu descer, pois
Theo havia mandado algumas roupas para mim e meu note.

Desci correndo.

― Seu irmão mandou. Disse que você está com essa roupa
desde ontem. ― Ele riu, ao me dar a bolsa.
― Ah, Bruno, você estava tão bonitinho com minha bolsa no
ombro! ― Ri junto com ele. Chegava a ser cômico, um homem
daquele tamanho, todo musculoso, com uma bolsa feminina.
―Valeu, eu preciso mesmo de um banho.

― Vá lá, suba e fique quietinha, Chaveirinho. Amanhã tem a


quimio. Descanse e coma direitinho. Até mais. ― Ele me deu um
beijo no rosto e bagunçou meus cabelos.

Eles todos eram assim, eu era a mascote do grupo dos lobos.


Entrei no prédio e só então Bruno se foi.

O que eles não sabiam é que eu tinha tomado um banho


delicioso com meu amor. Então, deitei na cama e continuei vendo o
filme. Deixaria o banho para mais tarde, antes do Gui voltar para
casa.

Na hora do almoço, Guilherme mandou que entregassem


comida para mim... com suco de Graviola. Ri quando vi o suco. Meu
Dr. Tentação, sempre preocupado.

Depois do almoço, abri meu note e comecei a escrever. Me


perdi na escrita e em meu mundo de fantasia. A preocupação com a
quimio e com minha doença, esquecida por enquanto. Ainda bem
que coloquei o celular para despertar ou então Gui chegaria e me
veria com a mesma roupa ainda. Eca. Isso não podia!

Fechei o note e corri para o banheiro. Como ainda tinha uma


hora para que ele chegasse, enchi a banheira e me larguei lá.

Humm, isso é tão bom!


Já estava com as pontas dos dedos enrugadas, quando escutei
um barulho vindo do quarto. Esvaziei a banheira e tomei uma ducha,
me lavando rapidamente.

Enrolei-me em uma toalha e fui devagar até a porta, abrindo


uma frestinha. O que eu vi, me deixou sem fôlego e com a boca
aberta!

GUILHERME

A ideia de trazer minha Pequena para meu mundo não saía da


minha cabeça. Atendi meus pacientes da melhor maneira possível,
mas sem muita conversa. Sempre deixava e incentivava que eles se
abrissem e conversava sobre seus medos e expectativas.

Mas hoje não.

Eu tinha alguém me esperando em casa!

A coisa toda começou a tomar forma em minha cabeça e, assim


que atendi o último paciente, fugi do hospital. Correndo.

Cheguei na sexshop em cima da hora, eles estavam quase


fechando. Por sorte, consegui entrar e comprei tudo o que
precisava. Eu estava eufórico com a perspectiva de dominá-la.
Fazia tanto tempo!

Cheguei em casa e estava um silêncio total.

Fui andando e olhando por todo lado. Enfim, cheguei ao meu


quarto e escutei o barulho de água no banheiro, não água corrente,
mas da banheira. Ela ficaria por lá algum tempo, o suficiente para
que eu arrumasse tudo.

Quando acabei de arrumar as coisas, tirei a roupa, coloquei


minha calça de couro preta e, de chicote em punho, esperei de pé,
em frente à porta do banheiro. Minutos depois, ela abriu a porta
devagar, espiando pela fresta da porta, que se abriu revelando uma
mulher espantada, de boca aberta.

Senti meu sorriso crescendo, assim como meu pau. Ela estava
linda, só enrolada na toalha com os cabelos molhados. Seus olhos
se prenderam em minha calça de couro negro. Vendo-a assim,
cabisbaixa, fez meu tesão ir às alturas.

Ella engoliu em seco e olhou para a cama e seus olhos se


arregalaram mais ainda.

***

ELLA

Meu Deus!

Lá estava ele diante de mim, só com uma calça preta de couro.

NOSSASENHORADASCALCINHASMOLHADAS!

Levantei a vista por seu corpo e a cama chamou minha


atenção. WOW!
Aquele não podia ser o mesmo quarto em que eu passei o dia
todo.

A iluminação ficou por conta de velas, grossas e baixas, com


laços de fitas vermelhas. A cama, arrumada com lençóis de cetim
negro e, por cima deles, pétalas de rosas. Um leve aroma de canela
se espalhava pelo ar.

― Vai me obedecer? ― A voz dele estava diferente, um tom


mais firme que me arrepiou.

Assenti com a cabeça e ele chegou perto de mim, levantando


meu rosto com um dedo em meu queixo. Seus olhos dançando nos
meus.

― Sim.

― Me dê suas mãos. ― Ele retirou algemas do bolso. Estendi


as mãos para ele, que fechou uma algema em cada pulso.

Abaixou-se e tomou posse da minha boca, me deixando tonta


de tesão. Sua língua invadindo, duelando com a minha e
explorando. Me senti ardendo de desejo, meu corpo todo alerta,
meus seios doloridos, com os mamilos duros... borboletas voavam
em meu estômago e sentia meu clitóris pulsando.

Deus, esse homem me deixava louca por ele com um único


beijo! Um beijo e aquela calça... Humm.

Com um puxão, minha toalha foi atirada para longe, deixando


meu corpo úmido e nu em seus braços. Então, me pegou no colo e
me levou para a cama, sem tirar a boca da minha. Colocou-me
recostada na cabeceira de ferro e levantou meus braços, prendendo
cada algema a uma barra decorativa.

Libertou minha boca e fiquei ofegante, olhando em seus olhos


acinzentados que estavam com um brilho diferente. Então, me
puxou para baixo, até eu ficar com os braços esticados e presos,
sem poder me mexer.

Sua boca voltou para a minha e escorregou pela minha pele,


chegando ao meu ouvido.

―Você fica tão gostosa assim, algemada à minha cama. ―


Sussurrou em meu ouvido.

Foi descendo aquela boca deliciosa, passando a língua pelo


meu seio, que se enrolou no bico e chupou forte. Tão forte que
cheguei a gemer de dor, uma dor gostosa que teve contato direto
com minha virilha, então ele o prendeu entre os dentes e me olhou.
Abri a boca para puxar mais ar para meus pulmões e ele mordeu.
Uma pontada de dor me fez gritar e gemer, deliciada.

Ele sorriu e continuou a descida pelo meu corpo, mordiscando o


caminho até meu sexo. Eu sentia a umidade escorrendo, minha
excitação indo a níveis inimagináveis.

Ajoelhou-se entre minhas pernas e as abriu. Levantou uma das


mãos e acariciou meu sexo. Seus olhos presos aos meus
evidenciavam o desejo e um lado obscuro em seu rosto me
enlouqueceu.

Eu não conseguia ficar parada diante daquele olhar e daquela


mão me acariciando. Eu queria mais e comecei a me contorcer em
busca de um contato maior.

Ele apenas riu de mim e continuou com a tortura. Apenas um


dedo escorregou entre minhas dobras e se afundou em meu corpo.
Tudo por dentro se apertou e quase gozei com a intromissão brusca.

Sem pressa, seu dedo entrou e saiu de mim, se retorcendo por


dentro, encontrando pontos que me faziam perder o fôlego e gemer
alto. Então, quando eu estava quase lá, ele retirou o dedo de mim e
o lambeu.

― Seu gosto é delicioso...

Instantaneamente, eu abri minha boca e ele atendeu, enfiando o


dedo nela. Chupei seu dedo como faria com seu pau, olhando para
ele com todo o tesão que eu estava sentindo. Só então ele esboçou
uma reação, respirando fundo.

Retirou o dedo da minha boca e escutei um click baixo em


algum lugar. Olhei em volta e ele explicou.

― Coloquei no automático, a cada pouco tempo uma foto é


tirada.

Ele se levantou e voltou com uma venda, colocando sobre meus


olhos.

― Apenas... sinta. ― Sua voz imperativa não dava lugar para


nada, então obedeci.

Senti um toque leve em meu pescoço, que seguiu o mesmo


caminho de sua boca... atormentando meus mamilos, meu umbigo...
descendo pelas minhas pernas e brincando com meus pés. Após
isso, um objeto frio passou pela minha pele, brincando em meu
sexo... e ele o introduziu dentro de mim. Eu me contorcia, gemia e
ronronava.

Então uma picada de dor em minha coxa, me fez gritar.

― Não se mexa ou vai ter que arcar com as consequências.

Tentei me segurar, juro por Deus que tentei.

Mas ele ligou o objeto dentro de mim, que começou a vibrar de


leve. Aquilo era uma tortura deliciosa.

Então ele começou a acariciar meu corpo, mais forte,


massageando meus músculos. Quando eu estava molinha e
relaxada, vieram as chicotadas em minha barriga... tão leves, que
me deixava formigando onde tocava. Sentia as pontas do chicote
em minha pele e me vi pedindo por mais.

― Gui... mais, mais forte... eu não vou quebrar...

Ele subiu e deu umas chicotadas leves em meus mamilos.


Aquilo fez com que eu gritasse de prazer e as paredes de meu sexo
se apertarem, expulsando o vibrador de dentro de mim.

― Nunca senti tanta inveja de um objeto... vou te foder tão


gostoso, Pequena.

Ele recolocou e aumentou a vibração e, o que apenas


formigava, começou a ficar insuportável de segurar, e o orgasmo ali,
se formando, aumentando ... eu gemendo alucinada, pedindo por
ele.

― Quero você... quero seu pau em mim... por favor...

Ele parou com os estímulos, retirando o vibrador de mim, e


também com as chicotadas. Meu peito arfava, minha boca estava
seca e eu já não sabia mais o que queria... se queria agarrar ou
bater nele.

Senti a cama balançar e ouvi seus passos no corredor.

Hein? Ele vai me deixar aqui, assim, amarrada e louca de


tesão?

― Guiii... ― Seu nome saiu de meus lábios como uma súplica.

Não demorou e ele voltou ao meu lado. Ouvi um barulho de um


papel sendo rasgado e pensei: Agora ele vai me comer!

Ledo engano!

Me beijou novamente e senti uma coisa gelada em minha pele...


rodeando meus mamilos, escorregando pela minha barriga e, enfim,
em meu sexo. Meu clitóris pulsava e o frio nada fez para amenizar
meu tesão. Ao contrário, ele só piorou quando colocou aquilo dentro
de mim.

Agora era real, eu desmaiaria de prazer.

O gelo entrava e saia, sentia-o derreter e escorrer pela minha


bunda... então ele retirou minha venda e olhou em meus olhos.
Levantou o gelo que passava em mim e vi que era um picolé,
cilíndrico. Enfiou na boca, chupando o picolé derretido.

― Hum, morango!

Puxou o que restava do palito e voltou para meu sexo, que


estava em chamas. Me chupou com aquele picolé na boca, me
olhando, colocando o pedaço para dentro de mim e chupando meu
clitóris.

― Goza pra mim, quero seu gozo em meus dedos... em minha


boca. Goza, Pequena.

Estar ali à mercê dele, com todos aqueles estímulos, era a coisa
mais deliciosa do mundo e, quando ele meteu dois dedos dentro de
mim, não me aguentei e gozei em sua boca, me contraindo contra
seus dedos, gritando de prazer.

Seu rosto era satisfação pura! Tão lindo!

Ele, então, lambeu todo meu corpo, limpando o doce do picolé


com a língua, enquanto eu recuperava o fôlego. Abriu a calça e seu
pau pulou para fora, duro e empinado. Lindo! Delicioso...

― Agora vou te comer, minha Pequena.

E se meteu em mim de uma só vez, fundo. O choque entre


nossos corpos me deixou louca de novo, ele entrava e saia devagar,
ajoelhado entre minhas pernas, elevando minha bunda para chegar
mais fundo. Eu me agarrava à grade da cama, louca para agarrar
ele.
― Que tesão... linda pra caralho... e toda minha... ― Ele
grunhia em meio às estocadas profundas.

Meu sexo apertava seu pau e eu podia sentir todo o contorno da


cabeça, empurrando dentro de mim. Minhas pernas começaram a
tremer...

Daquele jeito, devagar e fundo, era muito bom, mas me vi


querendo meu Dr. Britadeira outra vez. Aquilo devia estar na minha
cara, pois ele se abaixou sobre meu corpo e soltou minhas mãos,
acariciando meus ombros, sem parar de meter em mim. Então rolou,
me sentando sobre ele.

― Cavalgue meu pau. Ele é todo seu... ― Seus olhos


acinzentados pareciam estar em chamas... O desejo estampado em
seu rosto.

Instintivamente, comecei a rebolar e, quando dei por mim,


estava quase pulando em cima dele, que me puxou para cima de
seu peito, me prendendo em um abraço de urso, e o outro braço
sobre minha bunda.

― Pequena, prepare-se.

Ah, como eu adorava escutar isso!

Em seguida, meu Dr. Britadeira apareceu, metendo rápido e


fundo, me roubando o ar e a sanidade, me levando ao êxtase pela
segunda vez e se derramando em mim, urrando de prazer, com os
olhos fechados e apertando a cabeça para trás, no colchão.

Deitei em seu peito e a exaustão tomou conta do meu corpo.


Pouco depois, senti suas mãos acariciando meus cabelos e
levantei o rosto, para olhar em seus olhos. Ele me beijou a testa.

― Gostou, Pequena?

― Uhum. ― Foi a única coisa que consegui articular.

― Uhum é sim ou uhum é mais ou menos?

― Uhum é caraca, amei isso e quero de novo!

Ele riu e me deu um tapa na bunda. Instintivamente, meu sexo


se contraiu, o apertando.

― Meu Deus, assim você acaba comigo. ― Me puxou mais


para cima, desconectando nossos corpos. ― Não posso abusar
muito de você. Amanhã você tem...

Coloquei um dedo sobre sua boca. Não queria falar sobre


aquilo. Queria esquecer minha doença ou a quimio. E ele me fazia
esquecer de tudo quando estávamos juntos.

― Eu entendi. ― Me olhou concordando e eu escorreguei para


seu lado, me aconchegando nele.

― Estamos melados. Vamos tomar uma ducha. ― Ele disse,


pulando da cama e arrancando a calça.

Eu não tinha forças sequer para ficar em pé, então estendi os


braços para ele, que me pegou no colo e levou para o chuveiro. Me
lavou e tomou uma ducha rápida. Enrolou-me em uma toalha e me
pegou no colo novamente, me colocando sentada em uma poltrona.
Eu só admirava seu corpo nu, os músculos flexionando
enquanto ele trocava a roupa de cama por uma limpa.

Me pegou como uma boneca e deitou-me na cama, para só


então se enxugar e deitar ao meu lado. Adormeci aconchegada em
seu peito.

Pouco depois acordei e ele estava ali ainda, ao meu lado,


falando ao celular.

― Está bem, Theo, sem problemas. Fique sossegado, eu faço


qualquer coisa por ela. ― Ele sorriu e continuou. ― Sim, eu sei que
você não queria isso. Mas, como você mesmo sempre diz,
acostume-se a isso. ― Gui gargalhou e escutei Theo xingando do
outro lado. ― Até mais, Theo. Qualquer coisa que precisar... ligue
para o Bruno, vou estar ocupado. ― Gui riu alto e Theo esbravejou
do outro lado, o que serviu para que meu lindo risse mais ainda. ―
Tchau, Theo. Mande um beijo pra Pam.

Desligou e me olhou com aqueles olhos... senti o fogo se


espalhando por meu corpo outra vez.

― Theo perguntou se teria problema você dormir aqui em casa


hoje e eu te levar ao hospital amanhã. Ele está de cama e não tem
como te levar.

― Dormir aqui? ― Foi a minha vez de rir, feliz. ―Dormir em


seus braços? Oh, meu Deus, que esforço eu vou ter que fazer!

Rimos como duas crianças. Começamos a nos beijar


novamente e senti seu pau duro em meu corpo.
― Não posso me aproveitar mais de você... mais tarde. Está
com fome? Você precisa se alimentar bem...

― Gui, eu sei disso tudo. Sei o que vai ter amanhã, sei também
que o médico está falando mais alto e que você se preocupa com
meu estado. Mas eu quero ter uma noite normal, como todo mundo,
sem que minha doença paire sobre mim. Quero te amar e ser
amada, como se não houvesse amanhã. Você faz isso por mim? ―
Perguntei, fazendo minha melhor cara de súplica. ―Vamos jantar
uma pizza nada nutritiva e com muuuuito queijo, beber refrigerante
bem gelado... me entende? Eu quero aproveitar, com tudo o que
tenho direito, essa minha noite com você. Amanhã... vai chegar e,
realmente, não quero pensar nisso tudo.

Os olhos dele ficaram marejados e vi seu pomo de adão subir e


descer quando ele engoliu em seco. Então, apenas concordou com
a cabeça e me abraçou, beijando meus cabelos. Pegou o celular e,
pigarreando, pediu uma pizza, metade quatro queijos e metade
calabresa, com borda recheada com catupiry e um refrigerante.

― Pronto. Tudo pela minha Pequena. Vamos nos fartar com


essa pizza. ― Me olhando com a maior cara de safado, completou.
―E com esse corpo delicioso.

Pulou em cima de mim e eu ri feliz.


Capítulo Onze

Sempre depois da quimio eu caia durante um ou dois dias. Só


que dessa vez foi diferente. Meu Dr. Tentação ficou comigo,
cuidando de mim. Ele segurava meus cabelos sobre o vaso
sanitário, enquanto eu deixava meu estômago escapar pela minha
boca. Nojento demais.

Depois, me dando banho e me colocando na cama. O coitado


seguiu esse ritual algumas vezes durante o dia e a noite de hoje.
Meus ossos doíam terrivelmente, até minha pele estava dolorida e
sensível ao toque.

Ele me acariciava os cabelos e isso doía terrivelmente. Eu


queria e precisava de contato físico, de mimo, mas a dor era
insuportável. Eu estava tensa, todos os músculos do meu corpo
estavam retraídos, na esperança de que, assim, a dor pelo menos
diminuísse. Então me vi implorando por morfina.

― Pequena, o uso constante pode causar mais mal do que


bem. Pode afetar seu coração e causar outra doença. ― Disse
cauteloso, ainda acariciando de leve minha cabeça.

― Eu não aguento mais. Quero muito ficar perto de você,


aceitar seus carinhos e cuidados, mas é dolorido demais. Respirar
está doendo... Toda noite peço a Deus que coloque um anjo em
meu caminho, que seja compatível e que acabe com meu
sofrimento e minha dor... ― Disse, em um fiapo de voz.

Era perceptível que tudo isso mexia profundamente com ele.


Principalmente quando ele veio me dar a morfina. Vi que suas mãos
estavam trêmulas ao segurar a minha para achar minha veia,
colocando o acesso do soro. Em minutos, já estava recebendo meu
anestésico e sabia que mais um pouco e a dor sumiria... não os
enjoos. Eram horríveis, mas a dor era o que mais me incomodava.

― Pronto, meu amor, já vai aliviar. ― Me beijou no rosto e me


colocou no colo.

Observar o soro pingando tão devagar era angustiante, mas


tinha que ser assim, pois a morfina, aplicada muito rápido, causava
enjoos e eu já os tinha, sem precisar dessa ajuda extra... mas logo a
morfina fez efeito e as dores sumiram... Assim que relaxei, moleza e
exaustão tomaram conta de mim e adormeci em seus braços.
Algum tempo depois, acordei. Estava deitada na cama dele,
com ele ao meu lado, ressonando baixinho. Eu tinha perdido a
noção do tempo. Olhei em minha mão e o acesso do soro não
estava mais lá. Mexi minhas pernas, toquei minha pele e a dor
também não estava mais presente. Suspirei, aliviada.

Era um alívio danado saber que ele estava ao meu lado. Passar
por tudo isso ao lado de quem a gente ama... e que nos ama
também. Amor esse, demonstrado em cada carinho, cada gesto
paciente enquanto cuida de você. Isso realmente era incrível.

Hoje me dei conta de que poderia sempre contar com ele, em


cada momento de minha vida, sendo ele bom ou mau. Ele era forte
o suficiente para aguentar o meu pior sem desabar. Sabia cuidar de
mim como ninguém, afinal, essa era a sua especialidade.

Percorri seu corpo com o olhar. Ele estava só coberto pelo


lençol, aquele volume todo me deixou querendo. Mas eu tinha a
noção de que estava fraca demais para sexo. Acho que desmaiaria
facinho, se tivesse um orgasmo leve.

Devagar, saí da cama e fui ao banheiro fazer xixi. Lavei as


mãos e fui andar um pouco. Estava com um comichão pelo corpo,
precisava me mexer urgentemente. Parecia que, se não mexesse as
pernas, eu teria um treco.

Fui até a cozinha e abri a geladeira procurando por algo para


beber, sentia a boca seca, depois de tudo. Um sorriso gigante tomou
conta do meu rosto ao ver o suco de graviola.

Ele pensava em tudo!


Servi um copo e fui para a sala. Olhei pela sacada e a rede me
chamou a atenção. Não pensei duas vezes... me deitei ali com as
pernas soltas de cada lado da rede e fiquei olhando para o céu, que
estava limpo e lotado de estrelas.

Embalei a rede devagar e fiquei bebericando meu suco,


pensando na vida.

Eu, definitivamente, não quero morrer.

Sabia que, se não aparecesse um doador compatível


rapidamente, era o que acabaria acontecendo.

Eu tinha descoberto as delícias do sexo e do meu Dr. Tentação


Britadeira. Só de lembrar dele, metendo forte e rápido... Hummm...
meus pelinhos da nuca se arrepiaram.

Eu tinha que pensar em outra coisa. Ele não me comeria


enquanto não estivesse bem e mais forte. Precisava de descanso e
nutrientes, segundo suas próprias palavras. E um doador.

Meu Deus, pela milésima vez, eu imploro... Coloque um anjo em


meu caminho, um anjo compatível.

O comichão em minhas pernas diminuiu e me acalmei.


Terminei o suco, fui até a cozinha e lavei o copo, colocando-o no
escorredor. Voltei para o quarto e me acomodei em seus braços.
Fiquei olhando-o adormecido por um longo tempo, até que dormi
outra vez.

***
Duas semanas se passaram.

Minha amizade com Pam nasceu e floresceu. Ela era um amor


e muito preocupada. Não uma preocupação por eu ser a irmãzinha
doente do namorado, mas uma preocupação genuína. Nesses dias
em que ela ficou em casa, cuidando do Theo, conversamos muito e,
por várias vezes, eu a peguei me olhando como se quisesse me
contar alguma coisa e não conseguia. Será que ela e Theo tinham
aprontado? Será que ela estava grávida? Só com o tempo eu
saberia.

Hoje Theo retiraria os gessos e, por esse motivo, eu passaria o


dia com meu amor e deixaria os pombinhos a sós.

Fazia alguns dias que nós não ficávamos um tempo sozinhos...


Ele estava cheio de plantões e cirurgias. Coitado, trabalhava muito.
Teria que me acostumar com isso, se quisesse ficar com ele. Mulher
de médico é isso aí. Ri do meu pensamento. Para que a gente
pensasse no futuro, primeiro eu teria que ter um futuro. Essa
semana, eu não tinha feito a quimio, teria meus dias de descanso
daquela coisa toda...

Meu celular vibrou e era uma mensagem do Gui.

Pequena, coloque um biquíni. Vamos à praia curtir um dia


de preguiça. Te pego em meia hora.

Ah, eu adorava o mar! Rapidinho coloquei um biquíni e arrumei


uma bolsa com tudo o que precisaria. Se bem que, conhecendo o
Gui, ele certamente já estava com uma mala pronta com tudo o que
eu pudesse vir a precisar. Em meia hora, ele buzinou e eu saí.
Entrei no carro e tive que respirar fundo.

Ele estava lindo!

Óculos de sol, barba por fazer, camisa polo preta e bermuda


jeans. Minha boca ficou cheia d’agua. Eu não estava acostumada a
vê-lo assim, todo casual, pois ele era sempre tão sério.

― Me dê sua boca. Preciso sentir seu sabor. ― Ele se inclinou,


colocando os óculos na cabeça, seus olhos acinzentados estavam
quase negros. Ele entreabriu os lábios e esperou.

Um calor tomou conta de meu corpo. Jesus!

Me apoiei em sua perna, colocando a mão, perigosa e


propositalmente, perto de seu pau e me inclinei em sua direção.

Ele enfiou os dedos devagar em meus cabelos e gemeu de


leve, antes de tomar minha boca em um beijo terno, que foi
aprofundando até consumir cada resquício de lucidez da minha
mente. Sua mão em meu pescoço apalpava e apertava de leve.

Eu estava derretendo por ele, meu corpo pulsava de desejo, um


tesão louco tomando conta de mim. Meus seios pareciam que iam
explodir, meus mamilos virados em duas pontas duras que
empurravam o tecido do meu biquíni, meu sexo se apertava de
vontade, a umidade tomando conta e me preparando para ele...

Sem fôlego, ele se afastou de mim, encostando a testa na


minha.
― Que saudade que estou de você. ― Ele pegou minha mão e
colocou sobre seu pau.

Duro.

Pulsando.

Minha perdição.

Gemi e apertei de leve, passando as unhas por cima dele


todinho. Gui puxou uma respiração profunda.

― Vamos, antes que eu mude de ideia sobre dirigir até a praia.

Sorri e me ajeitei no banco.

O percurso até a praia foi muito gostoso, fomos cantando,


conversando, trocando carícias e olhares safados. Em pouco tempo
estávamos parando em frente a um hotel, lindo.

― Vamos passar a noite aqui. Amanhã, na hora do almoço, nós


voltamos.

― Ah! Que delícia! Vou dormir agarradinha em você. ― Disse


saindo do carro antes dele.

Eu adoro o mar!

Estava louca para ver as ondas quebrando na areia.

Rindo, ele saiu do carro, carregando minha bolsa de praia e


uma mala de mão. Entregou a chave do carro ao manobrista e
fomos fazer o check-in. Pegamos a chave e subimos para o quarto,
colocamos as coisas para dentro, pegamos o essencial e saímos
novamente.

― Vamos comer alguma coisa e depois vamos ver o mar. ― Ele


me conhecia tão bem!

Fomos até o salão de café da manhã. Nossa, quantas delícias!


Vários tipos de frutas e sucos, iogurtes, pãezinhos diversos e muitos
bolos. Hummm... hoje eu estava com fome, o que era uma raridade.
Ele me observou comendo, com um ar de triunfo no rosto.

― O que foi? Por que está com essa cara?

― Nada não, eu sabia que o ar marinho te faria bem. ― Disse,


colocando um pedaço de melão na boca. ― Isso aqui está
realmente uma delícia. ― Sorriu para mim, aquele sorriso safado
que, com certeza, fazia as mulheres quererem arrancar as calcinhas
e jogar para ele, gritando.

Acabamos de comer e saímos de mãos dadas até a praia


privativa do hotel.

Aquilo parecia um sonho!

A areia clarinha, o mar era como uma piscina, com a água


verdinha e com pequenas ondas quebrando na areia. O cheiro e o
barulho do mar me deixavam relaxada. Respirei fundo e Gui me
abraçou por trás.

― Obrigada, amor. Como eu precisava disso!


― É meu dever saber o que você precisa e garantir que esteja
satisfeita. ― O tom de sua voz me deixou molhada de novo. Era o
mesmo que ele usou comigo no dia da calça de couro.

― E o meu dever, qual é? ― Perguntei, divertida.

― Seu dever é respirar. Confiar que eu farei tudo por você. Seu
corpo e sua confiança são o que tenho de mais valioso. O melhor
presente que você pode me dar. ― Me beijou os cabelos e
pressionou o queixo em minha cabeça.

Ficamos olhando o mar, até que o rapaz do hotel terminou de


montar o guarda-sol e colocar as espreguiçadeiras para nós. Gui
começou a retirar minha roupa e aquele maldito tesão se apoderou
de mim novamente. Estávamos bem isolados na praia, haviam
poucas pessoas ali e bem distante de nós.

Ele passou protetor por todo meu corpo, incluindo o peito do pé


e minhas orelhas. Era tão eficiente no que fazia! Então me auxiliou a
deitar na espreguiçadeira, retirou da sacola um chapéu e óculos
escuros e me deu.

Ficou de pé na minha frente, tampando o sol. Retirei os óculos


que tinha acabado de pôr e olhei para ele, pronta para fazer um
comentário espertinho, quando percebi o que ele faria. Me olhando
com aqueles olhos lindos, ele retirou lentamente a camiseta,
revelando seus músculos bem trabalhados. Wow, eu tinha que
agradecer ao Rick por pegar no pé de todos eles e fazer com que
malhassem.
Fiquei salivando, louca para lamber aquele peitoral todinho. A
mão dele foi para o botão da bermuda e engoli em seco. Deixou a
bermuda escorregar pelas pernas, revelando uma sunga preta. Seu
pau estava todinho delineado na sunga. Queria me abanar, porque,
de repente, ficou muito abafado. Para piorar minha situação, ele
passou a mão pela extensão do pau, indo e voltando.

Com muito esforço, consegui parar de olhar para aquela delícia


e olhei para seu rosto. Satisfação era o que se via ali. Um sorriso e
uma cara de safado que acabavam comigo.

― Quer fazer amor no mar?

Opa! Só se for agora.

Me levantei na hora e ele riu de mim.

― Passa protetor em mim? ― Ele estava de brincadeira! Eu o


queria dentro de mim e já! E no mar! Um arrepio de antecipação
passou pelo meu corpo.
Capítulo Doze

Passei protetor em todo seu corpo, até em seus pés.


Guilherme tinha pés lindos! Deixei o pescoço e seu rosto sem, pois
pretendia lamber, beijar e mordê-lo enquanto me possuía no mar.

Assim que acabei, limpei as mãos na toalha. Fiquei frente a


frente com ele, que se abaixou, me abraçando pela cintura, e me
beijou. Sua língua na minha me deixou arrepiada. Me levantou nos
braços e o agarrei pelo pescoço, passando as pernas pela sua
cintura.

Um tesão gigante me consumia, meus mamilos pareciam que


furariam o biquíni. Dando vazão aos meus desejos, me aconcheguei
em seu pescoço e lambi. Gui gemeu baixinho e senti seu pau se
mexer. Comecei a rebolar devagarzinho, enquanto ele me levava
para o mar. Fui subindo e arrastando a língua em sua pele até
chegar em seu ouvido.

― Estou louca para te sentir dentro de mim, metendo forte.

Em resposta, gemeu e me beijou com desespero. Eu estava


tão doida com o beijo, que não percebi a água fria nos envolvendo.
Sua mão escorregou da minha cintura para minha bunda e
contornou a borda do biquíni, passando por baixo dele e roçando
meu ânus.

― Sou louco para comer sua bundinha tão linda, redondinha,


parece um coração invertido. ― Um arrepio de prazer me percorreu.

― Esse coração, assim como o meu, são seus. Quando


quiser... ― Olhei em seus olhos e o que vi neles foi tesão. Tesão em
seu estado mais puro. Seu pau confirmou, se mexendo, em
espasmos, apertado contra meu corpo.

Seu dedo rodeava e pressionava, sem me penetrar, me


deixando doida para que ele o fizesse. Se eu não estivesse na
água, minha excitação estaria escorrendo pelas minhas pernas.

Afastei-me, somente o suficiente para libertar seu pau, e o


aninhei entre minhas pernas, indo e voltando, sentindo-o se arrastar
pelo meu sexo. Meu olhar preso ao dele...

Gemi louca de tesão. Eu precisava dele dentro de mim, senão


enlouqueceria. Minha respiração ofegante denunciava minha
excitação. Se abaixando um pouco, Gui percorreu meu pescoço
com a boca, lambendo e mordiscando, até chegar em meus seios,
mordendo meus mamilos por cima do biquíni, um após o outro. Eu
só fazia gemer e rebolar nele, que, aproveitando a mudança de
posição, fez com que seu pau apertasse em minha entrada, por
cima do biquíni, penetrando minimamente, mas me fazendo salivar
por mais. Ele ia e vinha, pressionando...

Eu estava toda arrepiada. Seu dedo não dava trégua em minha


bunda, atiçando e me fazendo desejar. Com o nariz e a boca, ele
fuçou em meus seios até que um mamilo escapou e ele chupou com
força, me deixando insana.

― Me come, amor... não aguento mais essa tortura... preciso de


você... dentro de mim... por favor... ― Eu falava entre gemidos, me
apertando contra seu pau, querendo senti-lo fundo em mim.

Os dedos que estavam atiçando minha bunda afastaram o


biquíni, abrindo meus lábios, para que seu pau escorregasse para
dentro de mim.

― Você está tão apertada, Pequena. Um tesão... Ahh… ― Me


beijou intensamente, sua língua fodendo minha boca, como seu pau
fazia embaixo.

Aos poucos, ele foi entrando. A cada arremetida, ele ia um


pouco mais fundo. Fechei os olhos, entregue à sensação daquele
pau me preenchendo e me segurando para não gozar. Um orgasmo
gigantesco se formava, meu corpo queimava de prazer, minha
respiração ofegante em sua boca o fazia gemer.

Suas mãos foram para minha cintura e me puxaram para ele,


que entrou todo, fundo, me fazendo gritar de prazer e meu corpo
estremecer.
― Pequena, prepare-se.

Jesus, como eu adorava escutar isso!

Agarrei-me em seus ombros e abri meus olhos. Seus olhos


acinzentados estavam negros, a pupila dilatada ao extremo,
coroada por um halo cinza. Seu rosto, uma máscara de prazer.
Estremeci com a intensidade de seu olhar e suas mãos me
apertaram mais forte a cintura, me impulsionando contra ele. Forte,
rápido... muito rápido.

Ah... que delícia, meu Dr. Britadeira!

O orgasmo me atingiu como um raio, quase me partindo em


duas. Gritei seu nome com um gemido arrastado e rouco, meu
corpo todo estremecendo fortemente, meu sexo ordenhando-o,
implorando pelo seu gozo, que veio em seguida, me aquecendo por
dentro.

―Te amo... te amo... ― Ele sussurrou, me apertando a ele após


um orgasmo alucinante.

― Eu também amo você... mais do que eu consigo expressar.


― Senti meus olhos marejados. Wow aquilo foi bom demais...
intenso demais... simplesmente WOW!

Ficamos nos beijando por mais um tempo e ele saiu de dentro


de mim, arrumando meu biquíni e sua sunga.

Devagar, saímos da água. A praia, que tinha apenas algumas


pessoas bem distantes de nós, agora estava deserta.
― Vamos tomar uma ducha e almoçar? Conheço um
restaurante de frutos do mar que tem uns camarões gigantes!

Sorri abertamente e feliz. Ele me conhecia como a palma da


mão!

Juntamos nossas coisas e, de mãos dadas, voltamos para o


quarto. Uma ducha rápida e logo estávamos a caminho dos
camarões gigantes. Ops, do restaurante.

Chegando lá, o maitre nos levou a uma mesa perto das janelas,
de onde dava para ver o mar. Me sentia renovada pelo cheirinho da
praia, a proximidade do mar... e louca pelos camarões!

― Você está com uma cara hoje, amor... feliz, relaxado... O que
aconteceu?

Ele me olhou e sorriu. Felicidade pura iluminou seus olhos, que


estavam cinzas, clarinhos e radiantes.

― Estamos comemorando, Pequena. Comemorando a vida! ―


Segurou em minhas mãos e, levantando uma delas, levou aos
lábios e beijou meus dedos.

Sorri de volta. Realmente, hoje eu nem me lembrava de estar


doente. Estava feliz, me sentia bem e capaz de enfrentar o mundo,
desde que ele estivesse ao meu lado.

Gui fez nosso pedido, sabia muito bem que eu estava salivando
pelos camarões desde que ele os mencionou. Acho que, lembrando
do que eu disse outro dia, ele pediu um refrigerante para mim e uma
cerveja para ele. Nada de suco de Graviola hoje!
Logo chegou a comida e me esbaldei nos camarões, sob o
olhar atento de Gui, que observava e sorria. Hoje, ele estava
realmente de muito bom humor.

― Coma bem, Pequena. É tão bom ver você com esse apetite!

― Também, depois de um banho de mar delicioso... isso abre o


apetite de qualquer um. ― Sorri para ele.

― Coma. Depois vamos dar uma volta e descansar um pouco.


O que acha de dançarmos hoje à noite?

O olhei espantada! Caramba! Ele estava inspirado mesmo.

― Não me olhe com essa cara. Hoje não preciso me preocupar


em ser chamado às pressas para o hospital. Deixei um substituto no
meu lugar, para qualquer eventualidade. Sou só seu hoje, Pequena.
Todo seu.

Minha mente, nada santa, já formulou mil e uma ideias para


quando estivéssemos dançando a noite. Um sorriso safado
apareceu em meu rosto.

― O que essa cabecinha está pensando? Pela sua cara, deve


ser alguma coisa muito boa.

― Nem te conto, amor. Nem te conto! ― Rimos e continuamos


a devorar a comida, que estava deliciosa. Gui pediu a conta e fomos
andar à beira mar.

― Quero comprar um vestido lindo pra você, para hoje à noite.


O que acha? ― Ele perguntou enquanto andávamos abraçados pela
areia.

Um vestido deixaria minha ideia ainda mais gostosa. Aceitei e


voltamos para o hotel, pegamos o carro e fomos às compras.
Capítulo Treze

Passamos por várias lojas no shopping. Ele se deliciava ao me


ver provar as roupas. Acabamos comprando um vestido cinza-
escuro lindo e um sapato de salto alto preto. Quando eu provei,
percebi que ele olhava para meus pés, babando. Com certeza,
estava pensando em me comer só com eles. Se ele não pensou,
com certeza isso estava na minha cabeça. Aquele olhar foi o que
me fez escolhê-los.

Voltamos para o hotel.

Assim que entramos no quarto, ele me prendeu à parede e me


beijou. Seu beijo foi intenso e me deixou entregue e pronta. Minhas
mãos se embrenharam em seus cabelos e o puxei para mais perto,
aprofundando ainda mais nosso beijo.
Suspirei deliciada quando senti que ele abria meu jeans e metia
a mão dentro. Abrindo meus lábios, escorregou o dedo e o meteu
dentro de mim. Me apertei em volta dele e estremeci.

Sua língua e seu dedo começaram a me foder, devagar e


profundamente, me tirando do sério.

― Geme, Pequena. ― A voz dele, autoritária, me excitou e


senti minha umidade aumentar, banhando seu dedo, e outro se
juntou a ele. Apertei meus seios contra seu peito. Comecei a rebolar
em sua mão, gemendo baixinho em sua boca implacável.

Deus, eu beijaria aquela boca eternamente. Meu Dr. Tentação


sabia beijar!

Sua boca percorria minha pele, meu pescoço, mordiscando meu


queixo, enquanto me comia com os dedos.

― Amor...

― Diz, Pequena.

― Eu preciso... de seu pau dentro de mim. ― Gemi sem fôlego.


Estava quase gozando, mas queria gozar com ele metido bem
fundo.

― Me diz... como me quer...

― Te quero fundo, forte! Vem amor, me fode... por favor...


agora... eu preciso. Ahhh GUI!

Ele mexeu os dedos dentro de mim, me fazendo estremecer e


gritar de prazer.
Tirou os dedos e murmurei em protesto. Eu estava tão
alucinada que queria tudo. Aquela sensação de vazio era frustrante.

Abaixou minha calça junto com a calcinha e abriu seu zíper.

Apoiou as mãos em minha bunda, me levantando e me abaixou


em seu pau, de uma só vez, fazendo-nos gritar com a sensação.

― Prende as pernas em minha cintura. ― Ordenou e eu


obedeci.

Seus dedos vagaram pela minha bunda, acariciando e


chegando aos nossos sexos, acariciando-nos. Senti que ele
espalhou minha umidade até minha bunda e pressionou um dedo
em meu cuzinho, que piscou ao contato.

Ele gemeu e seu gemido rouco me levou à beira do orgasmo.


Ele não deu trégua e senti quando a ponta me penetrou. Um fogo
me consumiu e arfei, encostando a cabeça na parede.

Nossa!

Tesão puro me consumiu.

Gemi alto, extasiada.

Quando seu dedo saiu e entrou de novo, mordi meu lábio, me


segurando.

― Quer que eu pare? ― Ele sussurrou em meu ouvido.

Parar? Nunca!

― Não, amor. Põe mais. Quero mais, quero tudo.


Ele encostou a testa na minha e fechou os olhos diante do que
falei. Seu pau tremeu dentro de mim.

― Mais amor, mais rápido. Mete em mim. Sem dó.

Ele estremeceu todo e gemeu, seu dedo ia mais rápido em


minha bunda e seu pau mais fundo em meu sexo, me fazendo
delirar de prazer.

― Diz, amor. Diz o que eu amo ouvir.

Ele me olhou, nossos olhos se prenderam.

Ofegante, ele ordenou:

― Pequena, prepare-se.

Sorri e me segurei mais forte em seus ombros.

Ele meteu o dedo fundo em minha bunda e começou com seus


movimentos fortes, rápidos e super profundos, me levando a um
êxtase intenso, gritando e convulsionando em seus braços. Sentia
cada contorno de seu pau dentro de mim, enquanto meus músculos
internos se contraíam fortemente em volta dele.

― Ah, Pequena, vou gozar! ― Então, com um grunhido animal,


senti ele se derramando dentro de mim.

Ele continuou metendo em mim, mesmo após ter gozado


intensamente.

― Adoro meter em você. Quente, molhada e apertada. Meu


paraíso. ― Sussurrou em minha boca. Sorri, satisfeita.
Sem sair de mim, me levou para a cama.

― Descansa, para mais tarde.

Me aninhei em seus braços e adormeci...

Não sei quanto tempo eu dormi.

Despertei com o barulho da câmera do celular.

Sorri.

Meu Dr. Tentação Britadeira Pervertido estava tirando fotos!

―Vamos, Bela Adormecida. Um banho, um jantar e vamos nos


acabar de tanto dançar.

Ele me pegou no colo e me carregou para o banheiro.

Amava o jeito que ele me carregava. Me sentia protegida e


amada. E eu via, em seu olhar, a satisfação que ele sentia em fazer
isso.

Deixei que me lavasse.

Me excitasse com aquelas mãos passeando pelo corpo...

Me secasse delicadamente. Era visível o prazer que ele sentia


em fazer isso.

Quando ficamos prontos, eu estava tão excitada que jantar e


dançar eram as últimas coisas que passavam por minha cabeça.
Esse homem me deixa pegando fogo.
Fomos a uma cantina Italiana e comemos uma lasanha. Hoje a
comida tinha outro sabor e eu estava faminta. Como no almoço, ele
ficou me olhando comer com um sorriso no rosto.

Depois fomos a um barzinho com música ao vivo. Os caras


tocavam muito bem.

Gui pediu uma cerveja e eu uma caipirinha de Vodka.

― Caipirinha? Pequena, você tem certeza?

― Sim, Gui. Vou comemorar com você. ― Ele não ficou muito
feliz com isso, mas não me impediu.

Ficamos sentados, lado a lado, de mãos dadas, bebendo e


conversando. Acabei com minha caipirinha e me senti meio tonta,
mas estava feliz, rindo das bobagens do Gui.

― Vamos dançar, Pequena.

Me levantei e, agarrada à mão dele, fomos para a pista. Eu me


sentia leve e com um fogo do cacete. Quando ele colou o corpo ao
meu, eu não pensava em mais nada, a não ser em fazer ele ficar tão
doido quanto eu.

Enquanto dançava, me roçava nele. Meus seios em seu peito,


minha barriga em sua ereção... eu não dava trégua e, na segunda
música, ele já estava ofegando de leve e me olhando com aqueles
olhos de lobo, querendo me comer.

Puxei-o para mim e nossas bocas ficaram a centímetros uma da


outra. De leve, percorri os lábios dele com a língua, chupando o
inferior. Com um gemido necessitado, ele atacou minha boca. Suas
mãos, até que enfim, percorreram meu corpo. A pista estava cheia e
à penumbra. Aproveitando-se disso, ele vagou a mão para baixo da
minha saia.

― Continue com essa provocação, Pequena. Continue e vai


pagar caro, aqui mesmo, no meio dessa gente toda. Te faço gozar
aqui. ― Seus olhos demonstravam seu tesão... sua boca, quando
se apossava da minha, demonstrava seu tesão... seu pau, pulsando
em minha barriga, atiçava o meu tesão.

― Continue a me beijar assim, dançando desse jeito comigo,


meu Dr. Tentação, que não será necessário nem que me toque para
eu gozar. Estou louca de tesão, de vontade de você. ― Disse, me
esfregando na mão dele ao ritmo da música.

― Meu Deus, eu criei um monstro. ― Voltou a possuir minha


boca.

Sua mão saiu de baixo da minha saia, subindo pela minha


cintura, me abraçando forte. Disfarçadamente, me enganchei em
sua perna, dançando e me esfregando em sua coxa.

― Rafaella, não me provoque. ― Sua voz imperativa me


arrepiou e estremeci.

Meu nome, dito daquele jeito... um fogo subiu pelo meu corpo,
senti meu clitóris latejando e minha umidade crescendo... gemi em
sua boca.

― Jesus, Ella! ― Ele parou de dançar e me puxou pela mão.


Chegamos ao bar e ele estendeu a mão para o barman.
― Henrique, a chave.

― Sim, senhor Santos.

Chave?!?

Estarrecida e muito, muito excitada, vi o barman colocar uma


chave negra na mão do Gui.

― Você pediu por isso, Pequena. Eu não esperava usar isso tão
cedo com você. Venha.

Me puxou até a porta ao lado do palco e entrou, me levando


com ele.

MEU DEUS!
Capítulo Quatorze

Eu olhava para tudo, estarrecida.

À minha frente, casais se beijavam e se tocavam sem o menor


pudor. Gui apertou de leve minha mão, me tranquilizando.

Tesão...

Fogo...

Olhava para os casais se pegando pelo corredor e tudo se


apertava dentro de mim. Meus olhos se acostumaram com a
semiescuridão do lugar e percebi que não era só um corredor...
haviam várias cortinas pelas paredes.
Gui, atento em mim, percebeu meu olhar. Parou em frente a
uma delas e abriu.

Lá dentro, três pessoas se acariciavam.

MEU DEUS!

Ele se abaixou e me beijou de leve.

― Bem-vinda, Pequena. ― Largou a cortina e continuou a me


levar pelo corredor.

Mais à frente havia portas no lugar das cortinas. Ele abriu uma
delas e me espantei com a decoração do lugar. Parecia com o
consultório dele. Apenas lembrava. A luminosidade fraca deixava
tudo com ar de sonho. Ali dentro, um casal brincava de médico e a
mulher gemia enquanto o homem a examinava intimamente.

Gui fechou a porta e mais à frente abriu uma outra. Nessa, o


cenário era diferente. Prosseguimos enquanto ele abria várias
portas e me mostrava o interior. Em cada uma um cenário diferente,
casais, trios e grupos realizavam suas fantasias por ali.

Eu estava tonta de tanto tesão. Sentia minha excitação


escorrendo pelas pernas, pensando no que me aguardava.

No final do corredor, paramos em frente de uma porta negra


como a chave dele. Ele colocou a chave e girou.

Engoli em seco.

Meu corpo tremia de leve, tamanha era minha excitação.


Antes de abrir a porta, ele se virou para mim e me olhou nos
olhos. Ah... aquela cara!

― Confia em mim? ― Incapaz de falar qualquer coisa, apenas


assenti. ― Feche os olhos, Pequena.

Obedeci e fechei meus olhos. Ele me pegou no colo e entrou


comigo. Escutei a porta se fechando e ele trancando.

― Bem-vinda ao nosso quarto do prazer. Abra os olhos. ― Ele


sussurrou em meu ouvido, mordendo a pontinha.

Respirei fundo, me segurando para não gozar. Abri meus olhos,


devagar, encontrando os seus bem próximos aos meus.

Uma luz tênue, direcionada apenas para as paredes, iluminava


o quarto de paredes negras. Ele me colocou no chão e me virou de
frente para o quarto.

Meus joelhos fraquejaram ao me deparar com tudo aquilo.

Gui riu baixinho e me abraçou mais forte pela cintura. Sua mão
subiu, me amparando contra ele e agarrou meu seio, apertando o
mamilo entre os dedos.

― Hoje, você é minha menina. Você quer isso? ― Ele disse,


lambendo meu pescoço.

Gemi em resposta e senti seu sorriso em minha pele.

― Responda.

― Sim. ― Consegui falar baixinho.


Ao meu lado, havia uma armação de ferro, em forma de X, com
as extremidades e o centro estofados em couro negro, com amarras
pendendo em todas as extremidades... do outro, um espelho tomava
a parede e, do teto próximo ao espelho, pendiam correntes.

À minha frente, uma cama com dossel estava arrumada com


lençóis brilhantes e negros. Algemas, ligadas à correntes,
descansavam em cada canto. Ao lado da cama havia uma prateleira
de onde pendiam vários tipos de chicotes, palmatórias, máscaras,
vendas e mordaças. Em cima dela, vários brinquedos sexuais, de
todos os tipos, cores e tamanhos.

― Todos são novos. Mandei que comprassem para você.

Meu corpo tremia incontrolavelmente. Estava louca por tudo


aquilo.

Tentei falar, mas minha boca tremia. Passei a língua pelos


lábios e olhei para ele. Em meu olhar, mil perguntas.

― Esse bar é meu e do Bruno. Essa parte é restrita. Apenas um


grupo seleto sabe sobre ela. Relaxe e não se assuste. Esse sou eu.

― Não estou tremendo por estar assustada, Gui. Estou excitada


e louca para ser sua menina. ― Minha voz, vinda não sei de onde,
estava rouca e sexy, mal a reconheci. Ele sorriu, aquele sorriso
safado, e seus olhos faiscaram. ― Tem carta branca. Confio em
você com a minha vida.

Então ele girou comigo e me mostrou a parede atrás de nós.


Estávamos no meio do quarto e gemi ao ver o balanço pendendo do
teto. No outro lado havia uma mesa retangular, forrada com couro
preto, que parecia ser acolchoada. Sobre ela, uma calça de couro
negra!

―Esse será nosso quarto do prazer. Só nosso. Quando


quisermos brincar, viremos pra cá.

Em um canto, sozinha e destoando completamente do


ambiente, estava uma cadeira de madeira. Respirei fundo ao vê-la.

― De todo o quarto, o que te fez suspirar foi a cadeira. Você


sabe para que ela serve?

Olhei para ele e confirmei com a cabeça.

― Você foi uma menina má? ― Ele me perguntou e meu corpo


ficou ainda mais trêmulo em seus braços. ― Quer ser castigada?

Arregalei os olhos e entrei em seu jogo.

Neguei.

Ele percebeu minha mudança e sua postura também mudou.

O jogo estava começando.

Ele me soltou e sentou-se na cadeira.

― Em meus joelhos, de bunda para cima.

Suspirei e tentei me controlar. Estendeu uma mão e me apoiei


nele. Afastou as pernas e me deitei ali. Meu tronco ficou pendendo,
meio que apoiado em uma de suas pernas e minha bunda,
empinada em seu colo.
Gemi, deliciada com o contato de sua mão em minha coxa,
levantando meu vestido. Eu sabia, apesar de não poder ver, que ele
estava olhando minha bunda. Sua mão puxou minha calcinha,
enfiando-a ainda mais.

―Tão linda! Vai ganhar seis tapas nessa bunda de coração.


Vou deixar ela vermelha. ― E então, veio o primeiro tapa.

Arqueei o corpo e a dor pinicou minha pele. Realmente, eu não


regulo muito bem. Senti que ele acariciava onde havia batido e logo
veio o próximo tapa, do outro lado. Ele acariciou e puxou minha
calcinha, rasgando-a. Abriu um pouco minhas pernas, tocando e
abrindo meus lábios.

― Pequena, você é realmente uma menina má. Está toda


molhada pra mim. ― Seus dedos acariciaram meu clitóris enquanto
a outra mão, descia com força em minha bunda.

Gemi alto e ele espalhou minha umidade até meu ânus.


Estremeci e segurei o orgasmo que queria me consumir. Outro tapa
se seguiu e então ele meteu os dedos em mim. Um em meu sexo e
outro no meu buraquinho de trás. Começou a me foder com os
dedos, duplamente.

Eu gemia a cada estocada de seus dedos. Mais um tapa se


seguiu e quase enlouqueci de prazer.

― Goza, Pequena. Dê pra mim. Goze em meus dedos.

Seu sexto e último tapa me atingiu forte e gozei com um grito de


puro êxtase.
Gui me pegou nos braços e me levou para a cama. Abaixou as
alças do meu vestido e abocanhou meu mamilo, chupando e
mordiscando.

Eu arfava, me recuperando do orgasmo devastador que


experimentei com os tapas.

Sua boca escorregou pelo meu corpo e, se detendo em meu


umbigo, enfiou a língua. Estremeci.

Meu tesão não dava trégua e a tonturinha da caipirinha me


deixava mais safada.

Gui pegou meu tornozelo e prendeu uma algema nele. Repetiu


o mesmo com minha outra perna... puxou e ajustou as correntes,
para me manter imóvel e aberta para ele.

― Fique sobre os cotovelos e observe. Vou te saborear,


Pequena. Adoro teu sabor... ― Chegando com o rosto perto do meu
sexo, ele inspirou. ― Seu cheiro me embriaga. Sou viciado em
você. ― Sua língua saiu para me cumprimentar.

Tocou minha pele e me arrepiei.

Com os dedos, ele abriu meus lábios, expondo meu clitóris à


sua exploração. Devagar, ele lambeu, chupou, mordiscou e
assoprou. Com o fogo crescendo em mim, gemidos escapavam sem
controle. Agarrei meus seios, apertando os mamilos como ele faria.

Deus, eu enlouqueceria!
Com o orgasmo apontando em meu corpo, minhas pernas
queriam se fechar, mas era impossível.

Estendeu o braço e alcançou um dos brinquedos, colocando-o


devagar dentro de mim. Ele era fino e estranho, mas com a minha
excitação no limite, eu não me importei. Ele deu uma lambida
molhada em minha bunda, levantou a cabeça e me olhou.

Retirou o brinquedo de dentro de mim e o escorregou até meu


buraquinho traseiro. Brincou com ele por ali, rodeando e pressionou,
entrando a pontinha. Sua outra mão foi para meu clitóris, circulando-
o. Seus olhos presos em meu rosto.

Eu arfava, louca de tesão. Ele pressionava e retirava um


pouquinho, entrando mais a cada tentativa, até que entrou todo.

― Agora vou te foder, Pequena. ― Abriu a calça, retirando seu


pau lindo e duro para fora. Ajoelhou-se na cama e, elevando meu
corpo, me penetrou devagar.

O brinquedo em minha bunda e ele se enfiando em mim...


fechei os olhos e mordi o lábio. Não existia sensação melhor no
mundo!

Ele se meteu todo. Saiu devagar, deixando a pontinha, e me


olhou.

― Eu não posso mais me segurar. Vou foder você com força.


Me avise se for demais. ― E se meteu todo de uma vez, me
fazendo gritar de prazer.
Ele ia tão fundo! Me pressionei contra ele e rebolei, fazendo
com que ele gemesse alto. Suas mãos me apertaram o quadril e me
puxaram de encontro às suas estocadas poderosas.

Abri a boca, pedindo um beijo. E lá veio ele.

Apoiou os cotovelos na cama, me prendendo entre seus braços,


tomando minha boca, possuindo e absorvendo meus gemidos.

Me contorcia, rebolava e gemia. Estava completamente fora de


mim.

― Pequena... ― Nossos olhos se prenderam e ele sorriu, com


cara de safado. ― Prepare-se.

Meu Dr. Britadeira!

Seus movimentos aceleraram e um orgasmo gigantesco tomou


conta do meu corpo. Gritei seu nome, chorando de prazer. Ele
mordeu meu ombro e gozou, o calor dele se espalhando dentro de
mim.

Devagar, ele voltou a se ajoelhar, retirou o brinquedo da minha


bunda e soltou meus tornozelos, massageando.

― Pequena, bem-vinda ao meu mundo. ― Ele disse, me


beijando o nariz e limpando minhas lágrimas.

― Nunca senti uma coisa assim.

― Eu sei. Venha cá. ― Se deitou, me puxando para ele.


―Estou aqui pra você, Pequena. Vou cuidar de você, te amar e te
satisfazer. Sempre. Descanse, minha Pequena. Te amo, mais que a
vida.

― Também te amo, muito, muito, muito! ― Saciada, como


nunca antes em minha vida, relaxei e, ainda de sapatos e com o
vestido embolado em minha cintura, adormeci em seus braços.
Capítulo Quinze
GUILHERME
Minha Pequena só me surpreende!

Juro que achei que ela ficaria surpresa com tudo aquilo, até um
pouco amedrontada, mas nunca achei que ela se excitaria com a
cadeira de castigo. Não com tantas possibilidades.

Com certeza, Ella era a mulher perfeita para mim. Há tempos


não me sentia tão satisfeito e feliz.

Cheguei mais perto de seu corpo. Corpo esse que agora me


pertencia. Eu a tinha de corpo e alma. Minha!

Como queria poder dar a notícia a ela. Mas não podia, eu havia
prometido. Suspirei, pensando no futuro.
No nosso futuro, juntos.

Meu celular tremeu, despertando. Já era hora de voltarmos para


o hotel. Passando os dedos pelo cabelo dela, a chamei.

― Bela adormecida... acorde. ― Sacudi levemente seu corpo.


―Vamos, Pequena...

Ella resmungou alguma coisa, me fazendo sorrir.

― Vamos... acorde, temos que voltar para o hotel.

Seus olhos se abriram devagar e um sorriso surgiu naquela


boca linda.

― Está bem, já acordei. Quando voltaremos pra cá?

― Quando você quiser. ― Seus olhos brilharam. ―E eu puder.

― Está bem. Então, assim que você puder, me avise. Quero


provar tudo aqui.

― Meu Deus! Vamos provar de tudo aqui sim, meu monstrinho


insaciável.

Ela riu. Seu riso tomou o quarto e tudo o que eu mais queria era
fazê-la provar de mais coisas. Mas eu já havia abusado muito dela
hoje. Mesmo com os cochilos e toda a comida. Não podia me
esquecer da condição da minha Pequena.

― Vamos, então. Prometo que voltaremos logo.

Nos levantamos e eu ajeitei o vestido dela. Quanto à calcinha,


essa ia para a coleção. Fui até a cadeira e, juntando os pedaços,
coloquei no bolso.

― Você está guardando minhas calcinhas destruídas?

― Aham. Todas bem guardadinhas, junto com as fotos. Em meu


cofre. Estão bem protegidas.

Ella riu novamente. Minha Pequena estava feliz e isso me fazia


muito mais feliz.

***

ELLA

Gui tinha me deixado em casa há apenas algumas horas, mas


já sentia uma falta tremenda dele.

Deitei-me e fiquei lembrando da noite anterior. Aquilo tudo


parecia ter saído de um sonho meu. Sempre tive um desejo secreto
de conhecer um lugar como aquele.

E o quarto? Tudo perfeito. Me senti tão bem lá. É, uma coisa


era certa. Ele era perfeito para mim. Cada detalhe dele. Suspirei,
completamente apaixonada.

Cida fez uma comida deliciosa hoje. Comi muito bem. Meu Dr.
Tentação ficaria orgulhoso.

Após o almoço, peguei meu note e me perdi no mundo da


fantasia, escrevendo meu livro.
De repente, um movimento me chamou a atenção e olhei para a
porta do quarto. Lá, meu lindo me olhava, com cara de apaixonado.

― Oi, Pequena. Você fica tão bonita assim, perdida em


pensamentos e escrevendo. Seus dedos voam pelo teclado.

Coloquei o note de lado e estendi os braços para ele, que veio


se deitar ao meu lado.

― Que coisa boa ter você assim, na minha cama. ― Disse, me


aconchegando ao seu peito.

― Hoje, podemos ficar sossegados. Theo tentou te ligar, para


avisar que dormiria na casa da Pam, mas você não atendia. Então
me ligou e pediu para que te avisasse. Achei que gostaria que eu
passasse a noite com você. O que acha?

― Uma ideia deliciosa. ―Falei beijando seu peito. Era ele


chegar perto de mim, o fogo me consumia.

― Certo, mas você precisa descansar, pequena. Abusamos


muito ontem. Só curtir e dormir.

― Só um pouquinho? Uma vez só... ― Fiz carinha de gatinho


carente.

― Quem sabe, se você se comportar, comer direitinho... ― Ele


passou a mão pelos meus cabelos. ―Me preocupo muito com você,
Ella. Te quero bem, o mais saudável possível. E vou te encher o
saco para que coma direito, tome seu suco... e não essas porcarias
açucaradas que tem por aí.
― Certo, eu sei disso.

Ele deu um sorriso e me beijou rapidamente. Liguei a televisão


e coloquei no canal de filmes. Nada mais gostoso do que poder ficar
com ele assim, só para mim. Pensei em fazer pipoca, mas ele não
gostaria disso. Se bem que pipoca é de milho e milho é saudável. Ri
de mim mesma.

― Gosto de te ver feliz assim, Pequena.

― É só ter você perto de mim. Não preciso de mais nada para


ser feliz. ― Levantei meu rosto, oferecendo meus lábios para um
beijo. Ele me deu um selinho e ajeitou meu corpo mais perto do
dele.

― O que você espera do futuro?

Caramba, essa pergunta me deixou sem saber o que dizer.

― Ah, eu procuro não pensar no futuro. Não no meu estado.


Pensar no futuro estando gravemente doente e sem perspectiva de
melhora não é uma coisa boa, Gui. Por isso, só penso no agora, no
presente. Se eu gostaria de casar, ter filhos e isso tudo? Claro que
sim, que mulher não gostaria? Mas hoje isso não faz parte dos
meus pensamentos. Fico muito feliz e agradeço a Deus a cada noite
quando me deito, pelo dia maravilhoso que tive e a cada dia em que
eu acordo, por estar viva.

― Uhum. Eu entendo. Mas, você se casaria comigo? ― Ele


perguntou e me encarou, esperando a resposta.
― Gui, não sei. Não seria certo eu me casar com você estando
assim...

― Ei, eu te amo do jeito que você é. Se está doente ou não,


não me importa. Eu te amo e quero você comigo, seja como for.

― Sim, eu sei, mas casamento é uma coisa que se espera que


seja para sempre, ter filhos, envelhecer juntos, ver os filhos
crescerem, estudarem, casarem, terem seus próprios filhos e então
babar nos netinhos... casar é fazer planos para um futuro... e já te
disse que meu futuro é duvidoso. Você, mais do que ninguém, sabe
disso.

― Não. O que eu sei é que morro de vontade de te ter perto de


mim 24 horas por dia, de saber que você é minha. Quero ter nossa
casa e chegar nela após trabalhar o dia todo e ver você ali. Poder te
abraçar e te beijar, sentar no nosso sofá e assistir a um filme assim,
abraçadinhos, conversando sobre nosso dia. O que tiver que
acontecer, vai acontecer, mas quero que aconteça com nós dois
juntos e com a minha aliança em seu dedo e meu nome no seu.

Meu Deus, para tudo! Meus olhos se encheram de lágrimas


com a declaração dele. Eu também queria tudo aquilo.

― Com você falando assim...

― Quero você pra mim, só pra mim. Quero que seja minha
mulher. ― Ele se levantou. ―Espere aqui um pouquinho.

Saiu pela porta e esperei, escutando com atenção o que ele


faria. Mas a única coisa que escutei foi a porta da casa batendo.
Ele tinha ido embora?

Será que eu tinha sido muito dura com ele, com esse papo de
futuro?

Me levantei e fui ao banheiro lavar o rosto. Olhei no espelho e vi


um rosto magro me encarando de volta. O que ele via em mim,
agora, para me querer? Enxuguei e voltei para meu quarto.

Dei de cara com ele, sentado em minha cama.

― Você me ama, Pequena? ― Perguntou, estendendo a mão


para mim e me puxando para o meio de suas pernas.

― Amo, Gui. Muito, muito. Sempre te amei, a minha vida toda a


única coisa que fiz foi te amar. Hoje, tendo você assim, amo mais e
mais.

Então ele colocou a mão atrás do corpo e, quando a estendeu


em minha direção, uma caixinha preta repousava em sua palma.

― Eu te amo mais que tudo na vida, Ella. Quero que seja minha
mulher e mãe dos meus filhos. ― Ele abriu a caixinha, revelando um
anel lindo, cheio de pedrinhas. ― Casa comigo, Pequena.

― Gui... é lindo! Tem certeza de que você quer se casar


comigo? Sabe que mal tenho um futuro...

― Absoluta. Não me importo se você tiver apenas seis meses


de vida, ou trinta, quarenta anos, desde que eles sejam ao meu
lado, dividindo comigo o seu melhor e seu pior. Quero você comigo,
sempre.
― Então sim, amor. Eu quero casar com você e quero tudo isso
que você falou! ― Com os olhos marejados, Gui pegou o anel e
colocou em meu dedo.

Me atirei em seus braços, o derrubando na cama, a caixinha


voando longe. Rimos, as lágrimas escorrendo pelos nossos rostos.
Felicidade me consumia e, com certeza, a ele também. Ficamos
abraçados e nos beijando um tempão, até que minha barriga
roncou.

― Acho que alguém está com fome. Venha, vamos comer


alguma coisa. ― Ele se levantou, pegando a chave do carro.

― Gui, a Cida deixou o jantar pronto. É só a gente esquentar. ―


O puxei para a cozinha e fiz nossos pratos, esquentando no
microondas.

Pegamos e fomos comer no sofá. Claro que, para beber, ele


insistiu no bendito suco milagroso. Não seria o meu Dr. Tentação se
não o fizesse.

Após o jantar, lavamos os pratos e ficamos vendo TV. Quando o


sono bateu, ele me pegou nos braços e levou para a cama. Tirou
minha roupa, me deixando de calcinha e sutiã; tirou sua roupa
também e se deitou ao meu lado. Puxou meu corpo, até que eu me
encaixasse nele.

― Boa noite, minha Pequena.

― Boa noite, amor.


Ele apagou o abajur e voltou a me abraçar. Em minutos, eu
estava adormecida.
Capítulo Dezesseis

Guilherme acordou super cedo. Olhei para o relógio e faltavam


quinze minutos para as seis da manhã. Tomou banho e se trocou.
Na noite passada, eu não tinha prestado atenção na mala de mão
que ele trouxera para meu quarto, mas, pelo jeito, ele pensou em
tudo...

― Até mais tarde, Pequena. Eu te ligo. Se Theo não vier para


casa hoje de novo, venho dormir com você.

― Está bem, vou esperar e torcer para que ele fique por lá.

Gui me deu um tapinha na bunda, um beijo e se foi. Era muito


cedo para eu levantar, então voltei a dormir.
O dia passou rápido. E quando deu cinco da tarde, Theo me
ligou, dizendo que Pam queria encontrar com nós dois hoje, que em
uma hora ele passava para me pegar.

Tomei um banho e coloquei uma roupa casual, para não dizer o


meu básico. Jeans, camiseta e sapatilhas.

Às seis horas, lá estava Theo, buzinando. Peguei minha bolsa


e, fechando tudo, entrei no carro.

― Tá moreninha, hein? Ficaram na piscina ontem? ― Theo foi


perguntando.

― Não, fomos à praia. ― O olhei.

Com certeza, ele sabia da existência do bar. E pela sua


expressão, ele sabia mesmo!

― Hum, e vocês fizeram o quê enquanto estavam lá?

― Entramos no mar, almoçamos, passeamos no shopping,


jantamos...

― E só isso? Não foram a nenhum outro lugar?

― Fomos a um barzinho depois do jantar, dançamos um pouco.

Theo bateu com as duas mãos no volante.

― Caralho! Não acredito que ele levou você lá!

― Relaxe, Theo. Somos maiores de idade. O que tem demais?


Estamos juntos faz um tempão...
― Mas, cacete, Ella! Aquilo não é lugar pra você.

― Ah, não? Pois saiba que eu adorei tudo aquilo.

― Me poupe dos detalhes, pelo amor de Deus! Saber que você


foi até lá já é perturbador demais.

― Pare de ser moralista, Theo. Isso não combina com você.


Não fui sozinha e nem participei dos joguinhos sexuais que estavam
tendo por lá. Só conheci o lugar, muito bem acompanhada com meu
Gui, que não me largou um segundo. Não faça disso uma coisa
maior do que ela é.

Theo bufou e passou as mãos pelos cabelos. Não disse mais


nada até chegarmos ao local onde Pam nos esperava.

Ah! O amor! Quando Theo avistou Pam, ele mudou totalmente.


O senhor ranzinza sumiu, dando lugar a um bobo apaixonado. Todo
o mau humor sumiu. Pam me cumprimentou e Theo a agarrou,
dando-lhe um beijo de tirar o fôlego. Fiz um “rum, rum” baixinho, e
eles se separaram, felizes.

Me sentei e Theo começou a implicar com o que Pam estava


bebendo, mas o que eu gostava naquela mulher era que ela não se
deixava intimidar por ele.

Então, ela me passou um presente, dizendo que era dia de


comemorar. Me lembrei do Gui dizendo a mesma coisa.

― Olha só! Eu ganhando presentes! Por acaso é meu


aniversário e não estou sabendo? ― Sorri para ela, brincando.
― Bem, de certa maneira, sim.

Abri o pacote e retirei uma camisola de algodão, simples e


confortável. Olhei para ela, sem entender nada.

― Bem, eu explico. Quando fui ver o Theo no hospital, no dia


do acidente, e você me contou do LMA, Diana e eu nos
cadastramos como doadoras. Bruno ficou cuidando de tudo, agilizou
as coisas. Bem, eu sou compatível com você.

Suas palavras foram um baque enorme para mim. Tudo o que


eu mais queria ouvir! Senti meus olhos se enchendo de lágrimas e
então ela estava abaixada ao meu lado.

― Bruno disse que é meio como um milagre. E você merece. ―


Quando ela me abraçou, não contive as lágrimas e chorei que nem
criança, em seu ombro.

Theo se abaixou ao nosso lado e abraçou a nós duas. Escutei


ele dizendo à Pam: “Nunca vou esquecer esse momento, passe o
tempo que passar. Meu Neném dizendo que me ama e, ao mesmo
tempo, descobrir que minha princesa tem uma chance de vencer
essa doença terrível. Obrigado. Obrigado por fazer parte de nossas
vidas, de ser a MINHA vida. ” É, meu irmão podia ser romântico
quando queria.

Pam, com seu jeito descontraído, se levantou e fez uma


brincadeira. Paramos de chorar e começamos a rir.

MEU DEUS, que notícia maravilhosa!


Pam foi o anjo que eu tanto pedia a Deus para colocar em meu
caminho. Fiquei olhando para a camisola e pensando no futuro.

Agora tudo fazia sentido!

A nossa viagem, a comemoração do Gui, sua curiosidade sobre


o que eu pensava sobre o futuro e seu pedido de casamento... Ele
já sabia de tudo! Eu estava alheia aos dois na minha frente, perdida
no meu mundinho particular. Olhava para a camisola e sorria feito
uma boba!

Agora eu teria uma chance!

Uma chance de viver!

Viver ao lado do meu Dr. Tentação, pensar em uma vida longa e


próspera, com tudo o que eu sempre quis... uma casa, filhos... vê-
los crescer... Nossa!

― Pam, faço minhas as palavras do meu irmão. Obrigada por


estar em nossas vidas. Obrigada, obrigada, obrigada! ― A abracei
outra vez e por pouco não recomeçamos com a choradeira.

Com o descanso da quimio, meu apetite estava voltando. Tudo


estava muito gostoso! O pãozinho, as costelinhas apimentadas...
Humm, de lamber os dedos!

Na saída, Theo me disse que passaria a noite com a Pam, se


não tinha problemas para mim. Ri por dentro, mas não deixei que
ele percebesse meu alívio por saber disso. Eles então me levaram
até em casa e se foram.
Ainda do lado de fora, mandei mensagem para o Gui, dizendo
que já estava em casa. Abri a porta e dei de cara com ele, parado
no meio da sala, com um buquê de rosas lilases nas mãos.

― Bem-vinda, Pequena! O que acha do futuro agora? ―


Perguntou com um sorriso enorme nos lábios.

Ele abriu os braços e corri para abraçá-lo, me agarrando em


seu pescoço e ele me beijou. Ah! Nossa senhora das calcinhas
molhadas, que beijo!
Capítulo Dezessete

Dormir agarrada com meu Dr. Tentação por três noites


seguidas, em minha cama, foi delicioso. Hoje, Theo avisou que
traria Pam para casa, pois ela tinha saído com uma amiga... então,
quando contei para o Gui, ele pediu para que eu fosse ao seu
apartamento e dormisse com ele.

Quando falei para o Theo que dormiria no Gui, ele ficou meio
aborrecido, mas logo aceitou e, em seguida, saiu com o Bruno. Ai ai,
ele estava com uma cara quando saiu, que meu Deus. Seria bom
mesmo estar longe quando ele chegasse com a Pam. Meu irmão é
a pessoa mais generosa da face da terra, mas quando se irrita, sai
de baixo.

Pouco tempo depois, Gui chegou e fomos para sua casa.


Confesso que eu estava com algumas ideias para essa noite, pois
desde que voltamos da praia, nós estávamos sem fazer amor. Meu
fogo estava no limite. Gui era muito controlado, mas hoje eu
quebraria esse controle.

Chegamos em seu apartamento e ele levou minha mala de mão


para seu quarto. Me sentei no sofá e liguei a TV. Fiquei zapeando
pelos canais, até encontrar um canal de filmes. Hum... 9 e ½
semanas de amor. Eu amava esse filme, na minha adolescência.

Ele veio se sentar aos meus pés. Tirou minhas sapatilhas e


puxou-os para o colo e começou a massagear... isso era tão bom
que deixei escapar um gemido. Suas mãos subiram, massageando
minhas panturrilhas, o calor se espalhando pelo meu corpo.

Por todo lugar em que ele passava as mãos, minha pele


latejava. Eu era uma massa de músculos amolecidos e ardentes,
esparramada no sofá, à mercê das mãos quentes dele, que agora
massageavam meus joelhos. Fechei meus olhos. As imagens da TV,
aliadas às mãos dele em meu corpo, não ajudavam em nada para
aliviar meu tesão, bem pelo contrário, só me deixavam querendo
mais e mais.

Meu vestido não foi barreira para suas mãos, que subiram mais,
massageando minhas coxas. Seus dedos varreram o elástico da
minha calcinha e gemi. Começou a música de Bryan Ferry, Slave to
Love e seus dedos passaram por baixo do elástico, tocando a pele
úmida do meu sexo. Abri as pernas para ele, sem que me pedisse.

Guilherme gemeu.
― Pequena, o que vou fazer com você? Toda molhada pra
mim... Amo quando se entrega dessa maneira...

Gui deitou-se ao meu lado no sofá e tomou posse da minha


boca. Aquela música me deixou com mais tesão. Me movi de
encontro à mão dele, rebolando e, silenciosamente, pedindo por
mais.

Seu dedo encontrou meu clitóris e começou a circulá-lo. Senti


minha umidade aumentando. Como não perder o controle com um
homem desses? Gemi baixinho em sua boca. Seu beijo me
enlouquecia, seus dedos, seu cheiro... Humm, meu homem era
cheiroso demais.

Minha mão foi para sua ereção e apertei, fazendo-o gemer.

― Ella, você tem que guardar suas forças, tem muitos exames
que vai precisar fazer antes do transplante. Começando amanhã
cedo... vamos parar por aqui. ― Ele me disse, respirando fundo e
visivelmente retomando o controle.

Levantou-se e sentou aos meus pés.

Fiquei sem reação, ofegante, deitada ali.

Caramba! Uma raiva danada tomou conta de mim. Como assim


parar por conta do meu cansaço?

Me levantei e saí pisando duro.

Ah! Ele veria uma coisa. Agora quem não queria era eu. E ele
sofreria essa noite! Ah, se ia! Eu o faria perder esse controle todo...
Peguei meu sabonete líquido, shampoo e condicionador, o
hidratante e entrei no banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a porta
aberta. Arranquei a roupa e, quando a água esquentou, entrei e
comecei a me ensaboar, fazendo bastante espuma para que o
perfume tomasse conta do banheiro. Fiquei atenta a qualquer
movimento na porta. Eu tinha certeza que logo ele viria me ver.
Lavei os cabelos, caprichando no shampoo. Queria que meu cheiro
se espalhasse pela casa e chegasse até ele.

Tomei meu tempo embaixo da água, aproveitando a sensação


da espuma em minha pele, a água quente me acalmando. Fechei o
chuveiro e puxei uma toalha para me secar.

Nisso, ele apareceu na porta e ficou olhando. Fingi que não o


tinha visto e continuei me secando, depois secando o cabelo,
penteando... e peguei o hidratante. Comecei a espalhar devagar
pelo meu corpo todo, sob o olhar dele. Me abaixei, de costas para
ele, para espalhar o creme pelas minhas pernas e escutei ele gemer
baixinho. Terminei de passar e fui para o quarto, tomando o cuidado
de esbarrar meu corpo nu, no dele, quando passei pela porta.

Apanhei uma camisola branca de renda, curta, e coloquei por


cima do corpo, sem mais nada embaixo, e fui até a cozinha, com ele
em meus calcanhares.

Lá chegando, abri a geladeira e, para mexer ainda mais com


ele, me abaixei novamente, a fim de procurar alguma coisa no fundo
de uma prateleira. Puxei meu suco de graviola e servi um copo.

Guilherme parecia um bicho bravo, de tão ofegante que estava.


Ri e meu subconsciente me parabenizou pela minha atuação.
Coloquei o copo na mesinha e já estava indo me sentar no sofá,
quando ele me agarrou e puxou para seu colo, me fazendo montá-
lo.

Tentei me soltar, sem dizer uma palavra. Ele me abraçou ainda


mais apertado e aspirou meu perfume, beijando meu pescoço.
Quase me rendi, mas fiquei forte, tentando escapar de seu aperto.

Aquilo tudo estava deixando-o mais excitado, o sentia pulsar no


meio das minhas pernas.

― Pare, Pequena. Você é minha. Não resista.

― Foi você quem disse que eu precisava descansar. Pare você,


Gui! ― Tentei com mais afinco, com braços e pernas, sair de seu
abraço.

Isso só serviu para deixá-lo ainda mais ofegante e doido para


me comer. O calor de seu pau em meu sexo, separado apenas pelo
tecido da calça, estava me deixando tonta. A dureza... Ai meu Deus!

Ele prendeu minhas mãos nas costas, segurando com apenas


uma mão. A outra desceu pelo meu corpo, levantando minha
camisola e se metendo entre as minhas pernas.

― Você está gostando disso tanto quanto eu. Está toda


molhada...

― É só porque eu tomei banho agora e não me sequei direito.


Me largue, senão eu vou gritar, Gui. Você não pode brincar comigo
assim.
Ele abriu a calça e tirou aquela delícia de pau para fora e ficou
pincelando em minha carne molhada.

― Me solte. ― Continuei me contorcendo em seu colo.

Eu estava adorando aquilo e ele sabia muito bem. Com a


movimentação toda, meu seio escapou do decote da camisola,
ficando bem na cara dele, que não se fez de rogado e abocanhou,
chupando e mordendo.

― Vou te comer, meu tourinho bravo. Aqui mesmo e agora.

Fez seu pau escorregar para minha abertura e me apertou a


ele, puxando minhas mãos para baixo, entrando todo e bem fundo
dentro de mim.

Pronto, a brincadeira tinha chegado ao fim e, quando a boca


dele tomou a minha, retribui com paixão ao seu beijo. Ele
comandava meus movimentos, me puxando para ele, me deixando
subir e me puxando novamente.

Estávamos fazendo um amor selvagem no sofá da sala,


completamente vestidos, o cheiro de nossos corpos juntos me
embriagando.

Então ele parou, metido bem fundo e me olhou. Meu sexo


latejava e o orgasmo estava bem ali... aquele sorriso safado
apareceu em seus lábios.

― Pequena... ― Mordeu meu lábio e continuou. ― Prepare-se.


Gemi em antecipação e fechei os olhos, tentando me controlar,
ou gozaria só com suas palavras.

Ele escorregou um pouco no sofá e começou a meter forte e


rápido. Muito rápido. Mordeu meu seio, me fazendo gritar de prazer.

― Goza, Pequena. Dê pra mim, goze.

Deus.... Me segurei, querendo que aquilo tudo durasse mais,


mas perdi a batalha para suas estocadas violentas. Com um gemido
arrastado e rouco, gozei intensamente. Ele continuou com seus
movimentos, gemendo, deliciado com as contrações de minha
vagina que ordenhavam seu pau e, chamando meu nome, se
derramou dentro de mim, me apertando a ele.

― Você é uma feiticeira, Pequena. Me tem nas mãos.

― Foi você quem pediu por isso. ― Ri dele, dando um beijinho


em seu queixo.

― Vamos comer e dormir. Amanhã cedinho você vai comigo


para o hospital, começar sua bateria de exames.

Concordei e deixei que cuidasse de mim.

Na manhã seguinte, ele me acordou antes das seis da manhã.


Levantei meio grogue e o segui para uma chuveirada. Sem café da
manhã para mim, por conta dos exames.

Às seis e meia estávamos entrando no hospital. Ele me levou


até sua sala e chamou uma enfermeira para colher meu sangue.
Logo ela chegou com uma frasqueira térmica e começou a retirar
coisas dos bolsos, colocando em cima da mesa de exame.

Acostumada às sessões de quimio, estendi o braço e deixei que


ela fizesse seu trabalho. Meu Dr. Tentação, ao meu lado, acariciava
meus cabelos, beijando de leve o topo da minha cabeça.

― Te amo. ― Murmurei, levantando minha cabeça, oferecendo


meus lábios para um beijo.

Meu lindo, mais do que depressa, me deu o que eu pedia. Um


beijo leve e rápido, mas que transmitiu todo o amor e cuidado que
ele tinha comigo.

Depois de coletar alguns frasquinhos, cheios com meu sangue,


a enfermeira conferiu meus sinais, como pressão sanguínea e
temperatura, anotou tudo e se despediu de nós.

― Agora, o eletro. Vamos Pequena, vou ficar ao teu lado o


tempo todo.

Saímos e andamos pelos corredores de mãos dadas. Eu estava


feliz por esse sonho estar se tornando realidade e apreensiva pelo
eletro. Tudo tinha que dar certo, todos os exames tinham que estar
bons, para que eu pudesse receber a medula da Pam.

Depois de andar por alguns minutos, chegamos à sala e ele me


passou um avental do hospital. Retirei meus brincos, minha
gargantilha e o anel, dando para que ele segurasse.

Me deitei e a enfermeira começou a grudar uns adesivos em


meu peito. Respirei fundo e, com ele ao meu lado, tudo foi muito
rápido, pois foquei minha atenção nele.

Recoloquei minha roupa e ele me levou para tomar um belo


café da manhã. Já passava das onze, quando ele disse:

― Vou te levar para casa. Fique na cama, tome bastante suco


de laranja e graviola hoje, coma carne no almoço e tudo o que for
vermelho e verde escuro. Vou mandar um almoço reforçado para
você com tudo o que você precisa. Tiraram muito sangue, hoje.
Vamos ajudar seu organismo a repor isso da melhor maneira
possível.

― Está bem, amor. ― Concordei, pois me sentia fraca mesmo.

Em pouco tempo, eu estava sendo depositada em minha cama


e coberta, gentilmente.

― À tardinha, eu volto para ficar com você.

Ele me deu um beijo na testa, no nariz e na boca, colocou meu


celular ao meu lado, na cama, e adormeci na mesma hora.
Capítulo Dezoito

Deixei Ella adormecida, em seu quarto e fechei a porta devagar.


Theo me esperava na sala.

― E aí? Como foram os exames? Tudo certo? ― Theo


perguntou, preocupado.

― Por enquanto, tudo bem. Vou ficar em cima para conseguir


os resultados logo. Ella tem que descansar um pouco e comer bem
hoje, por causa do sangue que tirou para os exames. Vou mandar
um almoço com tudo o que ela precisa, daqui a algumas horas. Ela
está dormindo agora.
― Você esqueceu do chá de bebê do Rick hoje, né?

― Cacete! É hoje? Que horas?

― Às cinco e meia, mas chegue antes. Levo Ella, quando eu


for. Pam já está lá, arrumando as coisas com as outras mulheres.

― E a gente tem que levar alguma coisa? Não entendo nada de


bebês, cara.

― Olha, meu conselho é você ir em alguma loja de coisas para


bebês, dizer que você vai em um chá desses e precisa de um
presente. Geralmente, as vendedoras sabem o que as pessoas dão
nessas festas. Não esquece que são dois iguais e que eles não
sabem o sexo dos gêmeos. Pam ficou na minha orelha com isso,
para eu não esquecer, então estou repassando. Eu fui naquela loja
que tem no térreo do shopping. Vai lá.

― Valeu, cara. Deixe Ella dormir, tá? ― Observei meu amigo


mais atentamente. Ele estava inquieto. ―O que foi, Theo?
Aconteceu alguma coisa? Por que você está suando?

― Vou fazer uma coisa hoje, importante pra caramba. Estou


nervoso. ― Ele me respondeu, passando as duas mãos pelo
cabelo. Isso, ele só fazia quando estava quase perdendo o controle.

― Se acalme, cara. Escute. Apenas peça. Não pense nas


consequências, se ela vai dizer sim ou não, apenas se empenhe
para fazer o seu melhor.

― Ah, tá! E você sabe o que, sobre isso?


Senti meu sorriso tomar conta do meu rosto, ao lembrar do
momento em que pedi minha Pequena em casamento.

― Olhe na mão de sua irmã. Você vai ver que eu sei do que
estou falando. ― Me empertiguei todo. Com certeza estava na pose
do pavão, me vangloriando de um feito extraordinário.

Os olhos de Theo se estreitaram em minha direção.

― Você pediu minha irmã em casamento? ― Ele fez aquele


tom ameaçador para mim, mas nem liguei. Minha felicidade era
tanta, que o que ele pensava sobre isso não fazia a mínima
diferença.

― Pedi. E depois de muito insistir, ela disse sim. ― Aquele


sorriso não saía do meu rosto. ― Vamos ser cunhados em breve.

― Caralho, Guilherme! Eu não acredito! Você, mais do que


ninguém, sabe da condição dela.

― Theo, eu a farei feliz pelo tempo que for. Se a medula não


pegar e ela tiver apenas seis meses de vida, eu farei desses meses
os melhores da vida dela. E se tiver vinte, trinta anos, a farei mais
feliz ainda...

― Você a ama mesmo, né?

― Sim, Theo, tanto que daria minha vida por ela. Meu objetivo
nessa vida é fazê-la feliz e realizada. ― Respondi a ele, com toda a
sinceridade.
― Se é assim... Bem-vindo à família, em definitivo dessa vez.
― Ele chegou perto e me deu aquele abraço de homem dele, ou
seja, um apertão no ombro e um tapa no peito.

― Valeu, Theo. Relaxe, dará tudo certo. Até depois. ― Me


despedi dele com um tapinha no ombro.

Bem, aquilo não tinha sido tão difícil.

Entrei no carro e fui direto para o shopping. Caramba, comprar


presente para bebês não era a minha praia. Mas o que não fazemos
pelos amigos!

No shopping, andei o andar térreo todo, até que encontrei a loja


que Theo falou.

Meu Deus!

Olhei a vitrine e vi um monte de roupinhas minúsculas. Meu


coração se aqueceu e, em minha cabeça, vi Ella grávida e barriguda
como a Jess.

Uma certeza me invadiu!

Eu queria um filho também, com minha Pequena. A quimio


podia deixar a mulher estéril, mas daríamos um jeito. Não abriria
mão de ela passar por essa fase tão especial.

Respirando fundo, entrei na loja.

― Em que posso ajudá-lo, senhor? ― Uma vendedora, com um


sorriso enorme no rosto, me atendeu.
Falei do que precisava e ela logo foi me mostrar um monte de
itens.

― Faça um favor? Acho que uma cesta com dois itens de cada
um desses que você me mostrou seria perfeito. Mamadeira,
chupeta, mordedor, essas coisas todas. Para presente.

A moça então fez um embrulho bem bonito e, junto com a nota


para pagamento, ela me entregou seu cartão.

― Se precisar de mais alguma coisa, é só me ligar. ― Disse,


toda sorridente.

Agradeci e fui pagar. No caixa, entreguei meu cartão de débito


e, depois de colocar a senha, empurrei o cartão que a vendedora
havia me dado.

― Acho que deveria conversar com a sua vendedora. Junto


com a nota, ela me passou um cartão com seu nome e número de
celular. Isso não é ético. Obrigado.

Odeio mulher oferecida!

Além do que, sou muito bem comprometido com minha


Pequena. Mas a pobre coitada não tinha como saber, já que eu não
usava uma aliança. E, pelo empenho dela, duvido que isso fizesse
alguma diferença. O que havia com essas mulheres de hoje?

Saindo dali, passei na joalheria e comprei um par de alianças.


Eu já havia pedido e dado um anel a ela, mas agora ela usaria
minha aliança junto com o anel. Se as mulheres se atiravam, o que
se poderia dizer dos homens?
Mais relaxado, com as alianças bem guardadas em meu bolso,
fui para o hospital. Tinha que ficar em cima, para obter os resultados
o mais rápido possível.

Pedi que entregassem o almoço para minha Pequena e me


entreguei ao trabalho. Quando percebi, já estava quase na hora da
festa.

Eu precisava de um dia com vinte e cinco horas!


Capítulo Dezenove

Cheguei um pouco atrasado, mas com uma ótima notícia para


minha Pequena!

Fui direto para onde Rick e Jess estavam e entreguei o


presente em meu nome e no de Ella.

― Hum, como estamos hein, Gui? Já entregando presentes em


nome dos dois... ― Jess brincou, rindo.

― Estamos noivos. ― Contei, orgulhoso.

― Ai, meu Deus... e o Theo? Falou o que? ― A expressão de


Jess passou de empolgada para apreensiva em instantes.

― Conversei com ele hoje. Está tudo bem, não se preocupe.


Ele também está com a cabeça meio cheia... ― Olhei para Rick,
que entendeu e mudou de assunto.

― O presente de vocês será muito bem aproveitado! Pelo que


li, eles vão usar muito tudo isso.

― Andou lendo livros de bebês, Rick? Caramba, como a


paternidade muda um homem. ― Ri da cara dele.

― Ah, seu belo filho da puta. Ria da minha cara! Quero ver
quando chegar a sua vez. Sabia que se você cospe pra cima a coisa
volta e cai na sua cara? Espere e verá.

― Calma, cara. Estou só brincando.

― Eu sei que está, mas eu não. Quando chegar a sua hora, eu


vou te zoar também.

― Eu estava pensando nisso hoje. Mas acho que teremos um


problema, pois, a quimio, na maioria das vezes, causa infertilidade.
― Comentei, meio chateado,

Jess chegou perto de mim e colocou a mão no meu ombro.

― Não fique assim. Vá conversar com Ella, eu tenho a


impressão de que tem algo que vocês precisam conversar sobre
isso. Vá lá... olha, lá está ela. ― Jess apontou em direção à casa da
piscina, onde a maioria das mulheres estavam juntas, conversando.

― Vou lá, dar um oi para a minha Pequena. Parabéns pelos


bebês. Precisando é só me avisar que eu agilizo tudo no hospital
com apenas um telefonema. ― Dei um tchau com a mão para eles e
me virei, indo em direção à Ella.
Cheguei por trás e a agarrei pela cintura, dando um beijo em
seu pescoço. Ela se encolheu toda e se virou para me dar um beijo
na boca, que me deixou duro na hora.

― Preciso conversar uma coisa com você. Vamos para um


canto mais sossegado.

A puxei pela mão e fomos nos sentar, afastados de todos.

― Primeiro, eu quero lhe dar isso. ― Tirei a caixinha do bolso.


―Hoje fui comprar os presentes para os bebês do Rick e a
vendedora foi muito, como vou dizer... atirada, cheia de sorrisos e foi
logo me dando o cartão com seu nome e telefone. ― Ella fechou a
cara, mas não disse nada. ― Então pensei que, se isso estava
acontecendo comigo, poderia acontecer com você também e resolvi
que precisamos mostrar ao mundo que somos comprometidos.

Abri a caixinha e retirei a aliança dela. Pegando sua mão, juntei


a aliança ao anel. Dei a minha aliança na mão dela e estendi a
minha.

― Quer colocar em mim? ― Com um sorriso gigantesco, Ella


colocou a aliança em meu dedo e me abraçou forte. Seu corpo
pequeno se sacudia levemente.

― Não chore, Pequena. Eu te amo. Tudo vai dar certo. ―


Afastei sua cabeça de meu ombro e, segurando com as duas mãos,
beijei de leve sua boca enquanto limpava suas lágrimas com os
polegares. ― Isso me leva à notícia número dois. Fiquei no hospital
até agora e em cima do pessoal do laboratório. Os resultados dos
seus exames foram bons, mas no limite. Então, marquei a cirurgia
para retirada da medula da Pam, para daqui a trinta e cinco dias.

Ella empalideceu.

― Já? Nossa! ― Sua respiração ficou ofegante e seus olhos


mais abertos.

― Calma, vou ficar com você o tempo todo. Exceto na hora da


cirurgia dela, pois serei eu quem coletará o material.

― Eu... ― Ella olhou para o chão e juntou as mãos, brincando


com os polegares. ― Eu vou ficar careca, Gui?

― Pequena, olhe para mim. Eu sei que você ama seus cabelos,
mas cabelos crescem novamente. Você sempre vai ser linda para
mim, com cabelos ou não. O que importa é você ficar boa. Te amo
tanto, minha pequena. Meu amor por você é incondicional. ― A
abracei e deixei que ela chorasse. Era normal e até esperada essa
reação. ― Ei, vamos ficar felizes por tudo isso estar próximo ao fim,
e um final feliz. ― Afastei seus cabelos do rosto, colocando-os atrás
da orelha. Ela mexeu na bolsa e retirou uma embalagem de lenços
e secou o rosto e o nariz.

― Preciso arrumar minha maquiagem, devo estar toda borrada.

Beijei de leve seus lábios, para confortá-la. Eles ficavam tão


macios quando ela chorava... sem me conter, aprofundei o beijo e
ela se entregou totalmente. Caramba, isso me deixava louco de
tesão.
Estava pensando seriamente em fugir com ela dali quando
escutei a voz do Theo nos alto-falantes. Uma comoção geral se
seguiu, pois ele cantou e pediu Pam em casamento no meio da
festa. Rick e o filho da Jess estavam no palco improvisado, tocando,
enquanto Theo se ajoelhava aos pés de Pam e fazia o pedido.

Fomos até lá, parabenizar os noivos.

― Agora sim, você está mais perto de ser minha irmã mesmo!
― Escutei Ella dizendo à Pam.

Nos afastamos um pouco, para que as outras pessoas os


cumprimentassem, quando escutei um assobio ensurdecedor. Olhei
em volta e vi Pam abaixada ao lado de Jess, que suava e sorria.

Nisso, Rick chegou correndo como um louco. Havia rompido a


bolsa da Jess!

Rick me olhou, apreensivo, e fez um sinal afirmativo para mim,


com a cabeça. Peguei o celular e liguei para a emergência do
hospital.

― Aqui é o Dr. Guilherme Santos, por favor, preparem a sala de


parto com duas equipes de enfermeiros, nascimento de gêmeos.
Paciente Jessica De Lucca Swanson, chegando em mais ou menos
dez minutos. Avisem também à obstetra dela, ela está aguardando.
Nome e telefone estão na ficha dela, na recepção. Obrigado.

Rick começou a distribuir ordens e pegou Jess no colo. Erik, ao


seu lado, já estava com as chaves do carro na mão. Camy, então,
fez uma chamada geral e fomos todos em carreata para o hospital.
Liguei para Bruno e avisei que Rick estaria chegando, mas ele já
estava com o pessoal escalado para o parto à espera.

Fomos para a sala de espera da maternidade e, mais ou


menos, uma hora depois, Rick apareceu todo orgulhoso com dois
montinhos de gorro azul nos braços.

Tive que me segurar para não chorar com a mãe e o pai do


Rick. Esse momento era muito emocionante... eu só pensava em
quando fosse minha vez. Caramba, logo eu que no ano passado só
queria curtir, agora estou para casar e louco para ter um filho!

Passei a mão pelo rosto e respirei fundo. Isso não passou


despercebido por Ella.

― Olha só, ficou todo bobo com os bebês. ― Ela passou a mão
pelos meus cabelos, bagunçando.

― É, quero ter os meus um dia.

― Então. ― Ela suspirou. ―Eu acho que tenho que te contar


uma coisa. Quando me contaram que eu tinha câncer, a primeira
coisa que me veio à cabeça foram as coisas que ouvi sobre a
quimio e radioterapia, que acabavam deixando as mulheres
inférteis. Então fui a uma clínica de reprodução humana e congelei
alguns dos meus óvulos. Assim, a possibilidade ainda existiria em
um futuro distante. ― Ella me deu um sorriso radiante. ― Essa sua
vontade pode vir a ser realidade.

O QUÊ?

Fiquei olhando para ela de boca aberta, apalermado.


Como assim?

― Você fez isso?

Ela confirmou com a cabeça, o sorriso crescendo ainda mais


em seu rosto. A abracei e beijei com vontade. Não estava nem aí
para quem estivesse perto ou olhando. Não sei por que, mas isso
mexeu comigo, lá dentro.

Eu queria tanto assim ter filhos?

A resposta foi uma onda de calor em meu peito. Sim, eu queria!

― Pequena, agora temos que te deixar bem, para o transplante.


Não vai ser fácil. Mas tenho fé em Deus que tudo dará certo e,
então, teremos nossos filhos. Juntos veremos eles crescerem, irem
para a faculdade, se casarem e terem os próprios filhos.

Nos abraçamos e chegamos mais próximos ao vidro, para olhar


os gêmeos.
Capítulo Vinte

Duas semanas depois, estávamos todos nos revezando e


ajudando Jess com os bebês. Cuidar de gêmeos não era fácil e eu
achava lindo o esforço dela em amamentar os dois. Digo esforço
porque, realmente, era, pois, quando um acabava de mamar no
peito, ela complementava com uma mistura em pó para bebês e
logo pegava o outro e repetia a operação.

Hoje eu estava de ajudante. Jess estava dormindo e um dos


pequeninhos estava dormindo com ela, após mamar. O outro estava
bem acordadinho e, não me aguentando, peguei ele do bercinho. O
aconcheguei no meu colo.

Tão pequenininho! Peguei sua mãozinha e ele apertou meu


dedo. Cheguei pertinho e aspirei seu cheirinho... existe coisa mais
gostosa do que um bebezinho?

Ele me olhava com aqueles olhos azuis, prestando atenção em


mim. Então me sentei na cadeira e o segurei, entre meus braços,
meio de pezinho.

― Oi, bebezinho. Sou sua titia emprestada, mas amo muito


você, pequeninho, como se fosse meu sobrinho de verdade. Quem
é a coisa mais linda da titia? ― Brinquei com ele, que mexia os
bracinhos fazendo barulhinhos como se me respondesse, fazendo
biquinho.

Sempre achei besteira as pessoas fazerem voz diferente para


falar com os bebês, mas era simplesmente impossível não fazer
gracinha para aquelas coisinhas.

― Você gosta dessa titia bobona? É, meu lindinho? ― Ri e


queria tanto que o Gui estivesse comigo para ver como ele tentava
conversar.

Fiquei brincando com ele e, de repente, subiu um cheirinho


nada agradável.

Caramba, eu trocaria minha primeira fralda!

Com cuidado, me levantei e o levei até o trocador ao lado do


berço. Ali tinha tudo. Separei o lenço umedecido, uma fralda e
creme para assaduras... e comecei a tirar o macacão que ele usava.

Jesus, como uma criaturinha tão pequeninha podia fazer uma


sujeira daquelas? A coisa vazou da fralda e estava por toda parte!
E agora?

Peguei vários lenços umedecidos e tentei limpar o que tinha


vazado antes de tirar a fralda.

Ele balançava as perninhas e os bracinhos, não me ajudando


em nada na tarefa de limpar todo aquele cocô. Com algum esforço,
tirei a roupinha dele e, embolando, coloquei em um cantinho. Peguei
mais lenços e consegui limpar as costinhas e as pernas dele.

Abri a fralda e aquilo sim era uma sujeira total!

―Você é uma coisinha tão linda e tão pequeninho, mas,


realmente, mostrou ao mundo a que veio hein?

Puxei minha camiseta sobre o nariz e, com a ajuda de mais


lenços, consegui limpar ele todo. Coloquei a fralda embaixo dele e
passei a pomadinha para assaduras. Eu tinha que ser mais rápida
ou o bebê ficaria doente, tanto tempo pelado, tadinho. Fechei a
fralda e, pegando ele no colo, fui até a cômoda pegar outro
macacão e uma camisetinha.

Ele assim, peladinho, parecia tão frágil em meus braços!

Achei rapidinho e o levei até o trocador novamente. Que medo


de quebrar os bracinhos dele ou sei lá. Era tudo em miniatura ali!

Com mais cuidado do que tive em toda a minha vida, consegui


colocar a roupa nele.

Levantei-o como um troféu!


― Viu, bebezinho? Tia Ella conseguiu! Você está cheirosinho
outra vez!

― Muito bem, maninha! Isso foi legal de se ver! ― A voz de


Theo chegou até mim. Ele estava parado na porta, me olhando.

― Que susto, seu praga! ― Disse, abraçando o bebê.

― Ah, vem com o dindo, vem, pequenino! ― Ele estendeu os


braços e entreguei o pacotinho a ele. ― O dindo troca fralda como
ninguém, né? Diz pra tia Ella, diz? Meu dindo lindo já me deu até
banho, deu sim! ― Theo brincava com ele e dava beijinhos no bebê.

Theo pegou a chupeta que estava no esterilizador em cima da


cômoda e deu para o bebê, que logo foi fechando os olhinhos.
Então ele, com uma perícia que eu ainda não tinha, o aconchegou e
ninou de leve. Em minutos, ele estava adormecido.

Theo se sentou na cadeira de balanço com ele nos braços.

― Ei, não vai colocá-lo no berço? ― Sussurrei.

― Até parece que você não presta atenção, Ella. Se eu colocar


ele agora no berço, ele acorda. Tem que ficar um pouquinho no colo,
ele é assim. Alcança aquela mantinha que está no berço. Assim fica
mais fácil para colocar ele lá depois, pois o calor fica no cobertor e
ele não percebe.

― Está prontinho para ter os seus, hein? ― Entreguei a manta


e observei o cuidado com o qual ele enrolava o bebê, sem afastá-lo
de seu peito.
― Eu estou sim, mas Pam parece não estar muito empolgada.
Falei pra ela que vamos com calma. Mais duas semanas e ela será
oficialmente minha mulher. A partir daí... é tentar e tentar... uma
hora, ela aceita. E com essas duas fofurinhas, quem não fica
babando?

― É verdade, Theo, mas você tem que ver o lado dela também.
É uma mulher que teve que ser independente muito cedo...

― Sei disso. E é um dos motivos pelo qual sou perdidamente


apaixonado por ela. Não quero que ela vire bibelô em casa. Ela é
dona do próprio negócio, não deve satisfação a ninguém do que faz
ou deixa de fazer. Um filho mudaria a rotina, mas mudanças são
boas. Vou dar tempo ao tempo. ― Ele me olhou, daquele jeito que
ele fazia sempre quando ia me perguntar alguma coisa séria.
―Maninha, como você está com a coisa toda do transplante? Quer
conversar? Sabe que estou sempre aqui pra você, seja a hora que
for.

― Eu já fiquei abalada, quando Gui me deu a notícia, por eu ter


que ficar careca durante um tempo. Mas ele me ama, acima de
qualquer coisa e tenho certeza disso. Então, estou bem. Sei que
parece meio fútil da minha parte pensar só em meus cabelos, mas é
o que pega, o que preocupa mesmo. Não tenho controle de nada
sobre o que vai acontecer, tudo depende da genética da coisa. Só
não queria, além de tudo, ter que ficar internada e isolada, ficar feia.

Ele se levantou e colocou o bebê no berço, cuidadosamente, e


veio me abraçar.
― Maninha, você é linda. E nós amamos você, pelo que você é,
e não pelos seus belos cabelos. ― Me deu um beijo na testa. ―
Pare de besteiras. Tudo vai dar certo, confie. Você vai ficar curada e
será uma titia babona de seus sobrinhos reais.

― Você escutou essa parte também?

― Sim, a baba eletrônica estava ligada e eu escutei tudo lá de


baixo.

Ah! A babá eletrônica! Ri baixinho e me abracei a ele.

― Pode ter certeza que serei. Vou treinar com os bebês do Rick
e serei uma tia exemplar para seus rebentos!

Saímos devagar e encostamos a porta.

É, se Deus quiser, tudo dará certo. E eu confio nisso.


Capítulo Vinte e Um

À noite, deitada com Gui em sua cama, eu fiquei pensando...


Ele estava tão empenhado na minha nutrição e bem-estar físico,
que tinha medo de me cansar.

Isso incluía o sexo.

A última vez que fizemos amor, foi bom, mas uma coisa morna,
sem aquela parte selvagem e deliciosa que eu tanto amava. Nada
de “Pequena, prepare-se”. Que saudade que eu estava de escutar
ele dizendo isso, com aquela voz cheia de tesão...

― Gui, posso pedir uma coisa? ― Perguntei, acariciando seu


peito.
― Claro que pode. ― Ele se ajeitou e virou para mim, me
encarando.

― Quero ir ao bar, antes do transplante. Quero sentir você


puxando meus cabelos enquanto mete em mim, bem fundo e rápido.

A expressão dele mudou e senti seu pau pulsando de encontro


ao meu corpo.

― Pequena, você tem que estar bem e descansada...

― Eu sei que vou ficar sem um fio de cabelo por um tempo.


Quero uma boa lembrança e recente. ― Não pude evitar que um
sorriso safado aparecesse em meu rosto.

― Hummm... Uma viagem até a praia e depois o ambiente do


bar seriam muito cansativos pra você. Vou pensar em alguma coisa.
Agora durma, Pequena.

Ele ficou acariciando meus cabelos até que adormeci.

Não sei quanto tempo eu dormi, quando senti a boca de Gui na


minha. Sem querer saber que horas eram ou o porquê, me
entreguei ao beijo, arqueando o corpo como uma gata, querendo
proximidade, pele com pele.

Foi quando percebi que eu estava nua.

Mas... hein?
Seu pau duro em minha coxa me tirou qualquer dúvida da
cabeça. O fogo me consumiu, os dedos dele acariciavam de leve
meus seios, como asas de borboleta, fazendo com que meus
mamilos se enrijecessem.

Um gemido escapou de minha boca quando a dele escorregou


pelo meu rosto, mordiscando o caminho até meus mamilos.

Ele observava minhas reações, seus olhos ardendo de desejo.


Suas mãos que acariciavam tão de leve, ficaram mais brutas,
apalpando a pele, apertando meu mamilo enquanto sua boca
tomava o outro, chupando forte, me deixando louca de tesão.

Meu corpo parecia ter vida própria, tremendo e se arqueando


em direção a ele. Quase gozei quando ele mordeu a pontinha do
meu mamilo. Quando ele repetiu o gesto no outro, gritei
enlouquecida. Ele era tão bom no que fazia! Sua mão deixou meu
seio e se encaixou entre minhas pernas, apertando meu sexo,
apalpando.

Sua boca em meu seio não dava trégua e eu nem queria que
desse... queria mais, mais e mais.

Um dedo se aventurou em meu sexo, encontrando meu clitóris.


Com a pressão e delicadeza exatas, ele circulou, acariciou meu
botãozinho, fazendo tudo dentro de mim se contrair.

Sua boca passeava no caminho entre meus seios, colo e


pescoço, sugando a pele de leve. Tomou minha boca com paixão.
Nossas línguas dançando um balé erótico só delas.
― Te quero tanto, minha Pequena. Te amo tanto. ― Sussurrou
em meu ouvido, contornando-o com a língua.

Me arrepiei toda, gemendo deliciada.

Meu clitóris latejava, minha vagina pulsava, sentia a umidade


aumentar e a tensão começou a tomar conta do meu corpo. Eu
gozaria, só com o dedo dele me acariciando.

― Quer gozar? ― Assenti com a cabeça, emitindo um


murmúrio baixo, que nem eu mesma entendi. ― Ah, pequena... não
vai não. Não agora.

Então ele fez uma coisa que nunca tinha feito antes. Agarrou
meus cabelos e minha nuca, me fazendo ajoelhar na cama.

Uau!

Ficou de pé ao lado da cama e pegou uma caixinha na


mesinha de cabeceira. Colocou um pouco daquilo na ponta de seu
pau.

― Você tem que estar bem alimentada... Esquecemos da


sobremesa.

Caramba! Olhando para ele, coloquei a língua para fora e lambi.


Ai, meu Deus... era leite condensado! Contornei a cabeça de seu
pau, tirando todo o doce com a língua, fazendo-o gemer e
estremecer.

― Mais... ― Sussurrei. Meu tesão era tanto que minha voz


estava rouca e sentia minha umidade escorrendo em minha coxa.
Ele apertou a caixinha e agora uma quantidade maior do doce
escorreu pelo seu comprimento. Ele segurava meu cabelo e
restringia meus movimentos, mas permitiu que me abaixasse para
lamber toda a base. Sem me conter mais, lambi todo seu
comprimento, enfiando a ponta na boca e chupando mais forte.

Gui estava para perder o controle, então eu o tomei dele,


agarrando-o pela bunda, fazendo com que entrasse todo na minha
boca. Ele gemeu alto e eu me arrepiei com o som rouco. Ele tentou
me puxar para trás, para liberar seu pau, mas fiquei firme,
agarrando-o e chupando, brincando com a língua em toda a
extensão. Deixava que ele pensasse que eu largaria, tirando-o um
pouquinho e o apertava contra mim novamente.

― Pequena, não quero gozar na tua boca. Pare.

Ele dizia as palavras, mas seu corpo me dizia outras. Seus


movimentos de quadris, entrando e saindo de minha boca e sua
mão em meus cabelos, me diziam que ele queria e muito!

Continuei assim, deixando sair e entrando fundo. Gui gemia


baixinho. Me afastei um pouco, só lambendo, para olhar o rosto
dele.

De olhos fechados, Gui jogou a cabeça para trás. Seu peitoral


estava todo contraído, seu abdômen trincado estava brilhando,
coberto por uma fina camada de suor.

Ah! Eu o queria dentro de mim!

O larguei e me virei de bunda para ele, me apoiando nas mãos.


Era um convite mudo, que ficou mais evidente quando rebolei
devagar.

― Pequena, sabe o que está me pedindo?

― Sei. E quero você todo dentro de mim. ― O olhei por sobre o


ombro e vi meu amor, em seu estado mais cru e selvagem. Seus
olhos cinza brilharam na semiescuridão do quarto.

Pela minha ousadia, ganhei um tapa na bunda, rápido e


estalado.

Senti sua língua em minha bunda e quase desabei na cama.


Sua língua era macia e firme, me lambendo, e estremeci da cabeça
aos pés quando a língua dele forçou entrada em meu ânus. A
sensação era intensa e proibida... deliciosa.

Ele me abria com as mãos e me lambia com fome, grunhindo


como um animal faminto. O quarto estava tomado por gemidos
baixos. Eu, assim como ele, não conseguia contê-los.

Quando meu corpo começou a tremer incontrolavelmente, ele


se ajeitou para me penetrar. Achei que ele comeria minha bunda,
mas não, quem entrou ali foi seu dedo, enquanto ele se enterrava
em mim.

Fundo.

Forte.

― Gui, mais... mais rápido... ― Um novo tapa e gritei. ― GUI!

Ele pegou o leite condensado e despejou um pouco em minha


bunda. Senti o líquido escorrendo e mais um dedo me penetrou. Me
apertei contra ele, querendo mais.

Implorando por mais.

Seus dedos entravam e saiam de minha bunda, enquanto seu


pau fazia o mesmo em meu sexo.

― Vou comer essa bundinha deliciosa.

Seus dedos me deixaram e seu pau encostou em meu cuzinho,


que se contraiu todo com o toque.

Eu estava tão excitada, já aberta pelos seus dedos e


escorregadia do leite condensado, que não senti nada, além de uma
sensação de plenitude, um preenchimento total, e me senti absoluta
e irrevogavelmente dele.

Ele se meteu todo em mim e gemi deliciada, encostando o rosto


no colchão, me empinando para ele em uma entrega total.

Ele foi saindo devagar... entrando devagar...

Eu queria mais!

― Mais Gui... ― Comecei a me balançar de encontro a ele,


aumentando a velocidade em que ele me comia.

Ele se abaixou, sobre minhas costas e me agarrou os cabelos,


virando meu rosto para ele. Grudou sua boca na minha, em um beijo
possessivo e devastador.

O tremor em meu corpo aumentou. Ele arrastou a boca até meu


ouvido e sussurrou.
― Pequena, prepare-se.

Gemi arrastado... AAhhhhh... Era aquilo que eu tanto queria...


Mas será que eu aguentaria?

Sua mão passou pela minha barriga, procurando até encontrar


meu clitóris, e então meu Dr. Britadeira chegou! Metendo rápido e
fundo, ele me levou a um êxtase arrebatador.

Sem fôlego, um grito escapou de mim e meu corpo


convulsionou embaixo do dele.

― Pequena.... Você.... Me.... Mata.... De tesão. ― Ouvi ele dizer


enquanto se metia em mim, outra e outra vez, aproveitando ao
máximo as contrações de meu corpo. ― Ahhh... que delícia,
Pequena... eu vou... uhmmm... ― Senti ele estremecer e tirar seu
pau de mim, gozando em cima da minha bunda.

Ele puxou uma toalha úmida e me limpou.

Deitou-se e me puxou para ele. Acariciou meus cabelos e


suspirei, recostada em seu peito.

― Satisfeita, Pequena? Eu estava louco pra comer essa


bundinha há tanto tempo...

― Muito, muito satisfeita. ― Bocejei como um gato. Satisfeita


era pouco, eu estava me sentindo plena.

Escutei seu riso e senti seu peito sacudir de leve, mas adormeci
na mesma hora.
Capítulo Vinte e Dois

Minha vida agora era comer direito, tomar multivitamínicos e


descansar. Tinha três babás: Theo, Pam e Guilherme. Todos super
preocupados e empenhadíssimos. Havia um nervosismo e uma
apreensão no ar, que se intensificava conforme os dias iam
passando.

Logo chegaria o casamento civil de Theo e Pam, e também o


transplante de medula óssea ou TMO, como chamavam. Eles iriam
para uma lua de mel relâmpago, enquanto eu me prepararia para o
transplante.

As amigas da Pam faziam de tudo para me incluir nos


preparativos e eu aproveitava cada brechinha para poder sair de
casa. Era super cansativo ficar sem fazer nada; entediante, na
verdade.

Nem escrever eles estavam me deixando, pois diziam que meu


cérebro consumia minha energia também enquanto eu criava, assim
como meus dedos, que voavam pelo teclado; mesmo que eu o
fizesse sentada em minha cama. Mas, sempre que eu estava com a
Pam, eu escrevia. Ela tinha ótimas ideias e nos divertíamos muito
construindo a história.

Mas tudo o que eu queria era ficar boa e eu só pedia a Deus


que tudo desse certo e que a medula pegasse.
Capítulo Vinte e Três

Os últimos dias passaram voando.

Hoje havia sido o casamento de Theo e Pam, no civil. Foi


emocionante de se ver. Fizeram um altar na sala da casa do Rick,
com o juiz de paz. Pam estava linda, descendo as escadas
enquanto meu irmão babava por ela. Erik, o filho da Jess,
surpreendeu muita gente, tocando All of me, de John Legend, no
piano. Muito lindo! E que voz aquele menino tinha, por Deus! Com
certeza, não teve uma só pessoa que não tenha ficado com os olhos
marejados.

Logo após a cerimônia íntima, seguiu-se um jantar


animadíssimo, pois além do casamento civil, estávamos
comemorando o primeiro mês dos gêmeos.
Assim que Theo e Pam saíram para sua lua de mel relâmpago,
Guilherme me trouxe para casa.

Agora eu estava morando sozinha.

Sozinha em termos, pois Guilherme ficaria todo o seu tempo


livre comigo, o que incluía as noites.

Mal entramos e Gui me abraçou, acariciando meus cabelos.

― Vamos tomar um banho bem gostoso de banheira e depois


cama. Quero segurar seu corpo nu, bem agarrado ao meu. Vou te
lavar, te secar e te abraçar até você dormir. E então ficar te
observando, ouvindo sua respiração, até que nossos corações
batam no mesmo ritmo e eu adormeça, abraçado a você, sentindo
seu perfume... ― Sussurrou em meu ouvido.

― Gui, isso não se faz. Eu estava bem quietinha e aceitando


essa coisa toda imposta por você, de não me cansar, mas, com
você falando assim, a única coisa que eu quero é que você me faça
sua e sussurre em meu ouvido, “Pequena, prepare-se”. ― Disse,
mordendo seu queixo.

― Bem, Pequena, você tem se comportado bem, se alimentado


como deve, sem reclamar. Acho que merece uma recompensa. ―
Aquele sorriso safado apareceu em seus lábios e seus olhos
escureceram, suas pupilas dilatadas ficando com apenas um halo
cinza.

Eu conhecia aquela cara. Ui ui ui...


Passei os braços por seu pescoço, oferecendo minha boca para
um beijo, que foi prontamente aceita. O beijo começou suave, um
roçar de lábios, olhos nos olhos... sua língua contornou meus lábios,
antes de encostar na minha. Estremeci em antecipação ao que me
aguardava.

Com a casa só para nós, Gui começou a tirar minha roupa ali
mesmo, na sala. Foi levantando minha blusa, apalpando minha
barriga, meus seios, tomando-os em suas mãos, brincando com
meus mamilos por cima da renda do sutiã.

Levantei os braços e ele tirou a peça, jogando-a no chão. Fiz a


mesma coisa com ele, e, com um movimento ágil, ele abriu meu
sutiã e o fez escorregar pelos meus braços.

Pronto, sua atenção que estava toda em minha boca, passou


para meus seios e segurei um gemido quando ele sugou meu
mamilo, me fazendo arrepiar.

Deus, ele sabia como me deixar louca só com aquela boca


deliciosa! Meus dedos se enfiaram em seus cabelos, instigando-o a
continuar.

Minha calça e calcinha ficaram pelo caminho e quando me dei


conta estávamos atracados na parede, próximos ao meu quarto, eu
totalmente nua, à sua mercê, e ele ainda vestido com a calça meio
aberta.

― Me deixe cuidar de você, Pequena. Quero seu gosto em


minha língua, seu cheiro impregnado em mim. Minha Pequena
deliciosa, que me deixa louco de tesão. ― Se esfregou em mim e
senti seu membro duro como pedra em minha barriga.

Eu já não comandava nem meus próprios movimentos. Estava


totalmente na dele, para que fizesse de mim o que bem entendesse.
Ele me tinha nas mãos com tão pouco esforço... e eu confiava
totalmente nele e queria que fizesse mais, fizesse tudo...

Sua boca em minha pele deixava um rastro de fogo por onde


passava, minha respiração era tão ofegante que já estava meio
tonta. Um calor tomou conta de mim. Um que somente ele poderia
aplacar. Nos beijávamos com selvageria, a urgência transparecendo
em cada toque, cada gemido incontido e em cada arrepio.

― Pequena, essa sua entrega total acaba comigo, me deixa


além de tesudo e louco para te comer. Você satisfaz plenamente
meu lado dominador e meu eu apaixonado. Quero que isso nunca
acabe. Não me canso de ouvir seus gemidos, pelo contrário, quero
arrancar gemidos mais roucos e mais altos dessa boca linda. Te
fazer perder o controle. ― Lambeu o contorno do meu ouvido,
arrepiando tudo. Sua boca passeava pela minha pele... ― Diz pra
mim, pequena. Diz que você é minha. ― Sussurrou, mordendo meu
lábio.

Eu não me sentia capaz de formular uma só frase. Juntando o


resquício de sanidade, encostei a cabeça na parede e respondi,
enquanto ele sugava a pele do meu pescoço e mordiscava
devagar...

― Sou sua, só sua e pra sempre sua...


― Sim, você é minha, pra caralho! ― Sem aviso, ele meteu a
mão entre minhas pernas, me penetrando com dois dedos.

― GUI! ― Gritei, sentindo meus músculos se contraírem em


volta de seus dedos longos.

Começou a mover os dedos dentro de mim de uma maneira


deliciosa, encontrando um ponto nunca antes descoberto.
Engasguei com a sensação e senti meus joelhos fraquejarem. Ele
me agarrou com um braço pela cintura, me levantando, sem retirar
os dedos de dentro de mim, que continuavam a me enlouquecer.

― Você vai experimentar um orgasmo alucinante, minha


pequena. Quero seu gozo, todo pra mim. Só para mim. ― Me deitou
na cama, nunca me deixando.

Me segurei ao máximo e prendi a respiração. Não queria gozar,


não queria que aquilo acabasse. Mas Gui movia os dedos de uma
maneira...

Meu Deus, aquilo me racharia em duas!

Uma tensão tomou conta de minhas pernas que, ao mesmo


tempo, tremiam incontrolavelmente. Uma vontade louca, sem
limites, meu peito subia e descia rapidamente, minha respiração
curta e ofegante, a boca dele na minha, consumindo cada gota de
sanidade, bebendo meus gemidos e me dando os dele.

― Gui, ahhhh, amor... ― Gemi, sem saber o que falava.

Então ele pressionou alguma parte dentro de mim e eu explodi


em um êxtase devastador. Senti alguma coisa espirrando em
minhas coxas, enquanto meu corpo convulsionava de prazer. Perdi
totalmente o controle do meu corpo e creio que da consciência,
ainda que por alguns segundos, pois quando dei por mim, ele
estava com a cabeça entre minhas pernas, me lambendo devagar.
Então me dei conta de que eu havia tido a tão falada ejaculação
feminina. UAU!

― Você é tão doce, adoro seu sabor, seu cheiro... Hummm...

Esse tempo todo de espera valeu a pena, pois, pelo jeito, ele
estava apenas começando.

― Vou te comer a noite toda, de todas as maneiras imagináveis.


Estou tão louco por você. Eu preciso de você, como o ar que
respiro. ― Escutei sua voz rouca, e tudo começou a voltar, meu
corpo construindo um novo orgasmo. ― Quero você gozando no
meu pau. Ele ficou com inveja dos meus dedos. Quer todas as
contrações dessa bocetinha gostosa só pra ele.

Desvencilhou-se da calça e escalou meu corpo, se afundando


em mim. Cada investida de seu corpo grande e musculoso me
levava mais perto da borda do abismo. Saiu de mim e ajeitou-se ao
meu lado, puxando minha perna por sobre as dele e me penetrou
novamente. Abraçado a minha perna, me abriu mais e mais.
Colocando uma mão em meu seio e a outra por baixo do meu
pescoço, ele apertou.

Os dois ao mesmo tempo.

A privação do oxigênio e a pressão em meu seio, quase me


mataram de tanto prazer. Sensações desconhecidas e urgentes
tomavam conta de mim... seus olhos comandavam os meus, me
diziam o que fazer, silenciosamente.

Então, o que eu tanto esperava, toda vez que fazíamos amor,


aconteceu. Ele encostou a boca em meu ouvido e sussurrou: “
Pequena, prepare-se! ” Soltou meu seio, escorregando a mão pela
minha barriga e mais para baixo, seus dedos começaram a acariciar
meu clitóris, na mesma velocidade em que seu pau me penetrava.

Senti as contrações de meus músculos internos e a tensão


tomar conta, me preparei para aquele orgasmo, que estava ali, tão
perto...

Ele tirou os dedos de mim e parou com seus movimentos


alucinantes. Olhou em meus olhos, com aquela expressão que não
deixava dúvidas do quanto ele queria ser obedecido.

― Ainda não. Só quando eu deixar.

Assenti com a cabeça e respirei fundo, tentando me controlar.


Recomeçou os movimentos lentamente e, de repente, meu Dr.
Britadeira estava de volta.

Eu não aguentaria muito, aquilo era a coisa mais deliciosa da


face da terra! Me vi implorando para que me deixasse gozar, com
palavras e olhares. O suor começou a escorrer de nossos corpos e
só então ele fez que sim com a cabeça e me deixei consumir pelas
sensações... escutei seu gemido e seus dentes se fecharam em
meu ombro, enquanto me penetrava fundo e seu gozo quente se
espalhava por dentro de mim.

Meu Dr. Tentação era tudo o que eu sempre quis e muito mais.
Pela manhã, eu estava exausta. Hoje, eu começaria a quimio de
condicionamento para o transplante. Após uma soneca, Gui me
acordou e me carregou para o banho. Atendendo ao seu pedido de
ontem à noite, deixei que me cuidasse e segurasse meu corpo junto
ao dele o quanto quis. Depois nos arrumamos e fomos para o
hospital.

Apenas quando me sentei na cadeira reclinável, para começar a


quimio, foi que me dei conta do plano dele. Cansada como eu
estava, adormeceria logo e nem me daria conta do tempo que ficaria
ali.

― Você pensa em tudo, Gui. ― Disse, quando ele me cobriu. A


quimio me dava um frio terrível.

Ele me deu um sorriso meio triste.

― Apenas confie em mim, Pequena. Eu sei o que faço e faço


sempre o melhor para você. ― Me deu um beijo na testa.
―Descanse, quando acabar, eu te acordo. ― Acariciou meus
cabelos até que eu adormeci e não vi mais nada.

Horas depois, escutei a voz dele me chamando.

― Ei, acorde, já acabou. Vamos para casa.

Olhei para minha mão e não estava mais com o acesso. Me


espreguicei. Essa noite seria difícil, como todas as outras após a
quimio.
Guilherme me ajudou a levantar e, abraçada a ele, fomos
embora.
Capítulo Vinte e Quatro

Passei a noite meio grogue, por causa do antialérgico que me


deram antes da quimio. Até que não foi a pior noite da minha vida,
pois Guilherme tinha o arsenal preparado, não queria que eu me
esgotasse, precisava estar bem para o transplante, daqui há alguns
dias.

Levantando da cama, devagar para que ele não acordasse, fui


até o banheiro do Theo. Ele ainda não tinha levado suas coisas para
a casa da Pam e rapidinho encontrei a máquina de cortar cabelo,
que ele utilizava para aparar os pelos do peito. Peguei e levei para o
meu banheiro, juntamente com uma tesoura.

Já que eu ficaria sem cabelos, não passaria pela angustia de


vê-los cair.
Fechei a porta e, pegando a tesoura, fiquei em frente ao
espelho me encarando e peguei uma mecha entre os dedos.
Respirei fundo e levei a tesoura até ela. Meus olhos ficaram
marejados, um peso no peito me impediu de respirar, o pânico me
tomando.

Caramba, como eu era covarde.

Deixei tudo ali em cima e voltei para a cama. Me aconcheguei a


ele, que suspirou e me abraçou, moldando seu corpo ao meu.

Despertei com ele me beijando de leve.

― Bom dia. ― Resmunguei, sonolenta.

― Pequena, você pode me explicar o que são essas coisas? ―


Ele perguntou, mostrando a máquina de cortar cabelo e a tesoura.

― Eu fiquei pensando que, já que eu ficaria careca, era melhor


cortar logo de uma vez, em vez de vê-los cair. ― Dei de ombros,
mas já sentindo o nó se formando em minha garganta. ―Mas não
tive coragem. ― Senti meus olhos arderem e sabia que começaria a
chorar se continuasse falando naquilo.

― Quer que eu faça pra você?

Arregalei os olhos e o encarei.

― Você faria isso por mim?

Vi quando ele engoliu em seco e confirmou com a cabeça.


― Sim, Pequena. Sei como é frustrante para meus pacientes
verem os cabelos caindo. Não vai ser fácil pra nenhum de nós. Mas,
se você quer, eu faço.

Me joguei em seus braços, chorando como um bebê.

― O que seria de mim sem você? ― Falei, quando consegui


controlar o choro. ― Você é meu anjo de uma só asa. Deus te
enviou para cuidar de mim e, assim, quando nos abraçamos, eu
com minha asa e você com a sua, nos equilibramos e nos
completamos, para juntos voarmos para onde quisermos. Amo você
com todo o meu ser, Gui. Agradeço a Deus por ter te colocado em
meu caminho. ― Beijei aquela boca linda, demonstrando todo meu
amor. A máquina e a tesoura foram parar no chão e ele me abraçou,
acariciando meu corpo...

Horas mais tarde, tínhamos acabado de almoçar quando Gui


puxou o assunto novamente. Na manhã seguinte eu me internaria, e
aí sim o bicho ia pegar.

― Pequena, vamos lá? Está preparada?

Aquela palavra, independente da frase onde ele a usava, me


causava arrepios pelo corpo todo.

― Preparada para? ― O olhei com a minha melhor cara de sem


vergonha.

― Não se empolgue. Pode tirar esse sorriso safado do rosto. ―


Pegou em meu queixo, erguendo meu rosto para um beijo rápido. ―
Vamos cortar seu cabelo.

Aquilo causou um outro tipo de arrepio em mim e olhei em seus


olhos.

― Gui, vou ficar parecendo uma bola de boliche...

― Pequena, eu já disse que o melhor de você é o que está aqui


dentro. Seus cabelos são lindos, mas são apenas um adereço, te
amo de qualquer jeito. Vamos lá. ― Ele me virou e deu uma
palmadinha em minha bunda, me impulsionando.

Fui andando devagar. Parecia que estavam me mandando para


a forca. Era idiotice minha, vaidade pura, mas, no fundo, eu tinha
medo da reação dele. Chegamos ao quarto e ele pegou um pacote
de dentro da sua mala de mão.

― Olha o que comprei pra você. ― Estendeu o pacote para


mim e peguei, apertando para ver o que poderia ser. ― Ei, e se é de
comer e você está apertando assim? ― Ele riu de mim. ― Abra.

Rasguei o pacote e dentro tinha um lenço lindo, em uma


estampa escura.

― Achei que uma hora você precisaria. ― Me abraçou,


beijando de leve em minha boca.

Fiquei sem fala, olhando para o lenço. Que gesto mais lindo!

― As enfermeiras me ensinaram um jeito de amarrar que


parece uma trança de lado. Vamos lá, depois que cortarmos o seu
cabelo eu te ensino. ― Entramos no banheiro e ele olhou em volta.
―Espere só um pouco, vou buscar o banco que eu mandei para o
Theo, deve estar no banheiro dele.

Gui havia mandado um banco para que Theo pudesse tomar


banho enquanto estava engessado, Bruno havia trazido e realmente
havia sido de grande valia.

― Pronto. Sente-se aqui. Vou cortar bem rente e podemos


mandar fazer uma peruca pra você, ou então podemos doar para as
crianças que fazem quimio. Você quem sabe. Pronta?

Eu estava muda. Um nó em minha garganta me impedia de


dizer uma palavra que fosse. Caramba, eu nunca fui uma mulher
covarde, mas agora... Só assenti com a cabeça e ele pegou a
tesoura e uma mecha de meus cabelos. Me olhou no espelho à
minha frente e assenti novamente.

Então ele fechou a tesoura, ficando com a mecha na mão.


Estendeu-a para mim e eu peguei. Não queria chorar, mas meus
olhos ardiam, dentro do meu nariz queimava... meu pulmão parecia
não querer funcionar direito. Pisquei algumas vezes, espantando as
lágrimas que teimavam em se juntar ali.

E então outra mecha se juntou a primeira ... e mais uma... e


outra. Não contive as lágrimas e chorei silenciosamente. Uma dor,
uma tristeza sem igual tomou conta de mim, a cada mecha que se
juntava às outras em meu colo. Em pouco tempo, todo meu cabelo
estava em minhas mãos. Só então eu levantei os olhos e me
encarei no espelho. Eu ainda tinha um pouco de cabelo, curto, mas
eu tinha. Então Gui colocou uma toalha no chão e outra sobre meus
ombros e ligou a máquina. Quando ele encostou o metal frio em
minha nuca, um soluço escapou de minha garganta e deixei aquela
dor toda escapar de mim e transbordar pelos meus olhos.

Olhei para ele através do espelho e vi que ele também chorava,


as lágrimas escorrendo pelo seu rosto lindo, mas em nenhum
momento sua mão fraquejou.

E então eu estava careca. Ele me deu um beijo em cima da


cabeça, que estava lisinha, e apoiou o queixo nela.

― Não disse que você é linda de qualquer jeito? ― Sorriu para


mim.

Bem, estava feito. E o resultado não era de todo ruim, e ainda


tinha o lenço que ele havia me dado.

― Pense, Pequena, agora não precisa se preocupar com


shampoo, condicionador, chapinha, nem secador. ― Ele fez
gracinha, para me fazer rir. Ah, como eu o amava! ― Vamos tomar
um banho para tirar esses cabelinhos de você e então eu te ensino
a usar o lenço.

Ele tirou minha roupa e, como eu sabia que ele gostava, deixei
que me lavasse. Quando se deu por satisfeito, se lavou
rapidamente, me secou e me levou para a cama. Aquilo não tinha
sido fácil para nenhum de nós, como ele havia previsto, mas era
uma coisa a menos.

Eu ainda não havia dito uma palavra. Passava a mão pela


minha cabeça, agora lisinha, incrédula, tentando aceitar aquilo. Eu
sabia que esse dia chegaria. Enfim, suspirei e olhei para ele.
― Obrigada, amor. ― O abracei, realmente grata por tê-lo
comigo.

― Bem, vamos ao lenço. ― Gui pegou o pedaço de pano


brilhante e macio, o dobrou, juntando ponta com ponta, formando
um triângulo.

E colocou sobre a própria cabeça.

Levei a mão à boca, para que ele não visse meu sorriso, que
acabou se tornando uma risada gostosa.

― Você dá um nó apertado meio de lado, com as duas pontas


do mesmo tamanho. ― Eu não sabia se ele estava achando graça
de mim ou dele mesmo, mas ele ria no meio das palavras, meio sem
jeito. ― Ajusta, une a ponta de trás com as duas do nó e trança,
como você faria com o cabelo, só que dá um nó na ponta e pronto.
Estou bonito?

― Você é muito habilidoso na trança, amor.

― Só Deus sabe o quanto eu treinei. Tinha que estar craque


mesmo.

― Obrigada, nunca vou agradecer o bastante.

― Agora, a sua vez. ― Ele tirou, desfez tudo e entregou o lenço


em minhas mãos. Foi realmente fácil a parte da trança, mas a parte
de ajustar o lenço liso em minha cabeça, também lisa, foi barra!

― E então?
― Linda! Você é ainda mais habilidosa do que eu. ― Brincou,
pegando minhas mãos, dando um beijinho em meus dedos. Ele
precisava me tocar, estar perto e eu também precisava mais dele do
que o ar que eu respirava.
Capítulo Vinte e Cinco

Nunca ganhei tantos carinhos e beijos na cabeça como hoje.

Quando nos deitamos para dormir, Gui me abraçou como


sempre fazia, só que em vez de enfiar os dedos em meus cabelos,
ele ficou acariciando minha cabeça careca. Algumas vezes, durante
a madrugada, eu acordei com ele me dando beijinhos na cabeça.

― Gui, você tem que dormir. ― Resmunguei, sonolenta.

― Sabe quando você está com o bebê do Rick nos braços e o


encaixa no ombro? Sabe aquela sensação? É a que estou sentindo.
Eu te amo tanto, minha Pequena. E sua cabeça fofinha e macia fica
me chamando a noite toda. Não consigo tirar minhas mãos dela. ―
Enquanto falava, distribuía beijinhos pelo meu rosto todo. Ri do que
ele disse. Me comparando com um bebê!
― Vamos, amor, você tem que dormir. Vem aqui. ― O puxei
para baixo e acomodei sua cabeça em meus seios. Comecei a fazer
cafuné em seus cabelos e ele me abraçou pela cintura. Em minutos,
ele estava ressonando baixinho e eu caí no sono novamente.

Pela manhã, coloquei a camisola que Pam me deu na mala e


mais algumas outras mais fresquinhas, algumas calcinhas, sutiãs e
um chinelinho confortável.

E era isso.

Havia chegado a hora de me internar para o transplante. Seriam


uns dias de quimio para “parar” meu sistema imunológico e, então,
após a retirada e preparação da medula, eu a receberia.

Que Deus me ajude, que a medula pegue e que dê tudo certo


com a Pam também, pois, nesse caso, quem vai para a sala de
cirurgia é ela. O transplante em si ocorre através de uma bolsa de
sangue, como se fosse uma transfusão de sangue.

Suspirei e fechei a mala, passando a mão em minha cabeça.

Gui chegou por trás de mim e me deu um beijo na careca. Ah!


Ele está adorando a minha carequinha!

― Acho que vou aderir a esse novo corte, Gui. Estou ganhando
tantos beijos! ― Me virei e o abracei, sorrindo.

― Amo você de qualquer jeito. Pegou tudo? Vamos?

― Uhum. Vamos lá. Chegou a hora. Você vem dar uma olhada
aqui, nesses dias que eu vou ter que ficar no hospital?
A preocupação com minha casa sozinha era o de menos, eu
queria que ele tivesse algo para fazer fora do hospital, pois, pelo
que eu conhecia dele, ficaria comigo dia e noite, o que não faria
bem para ele.

― Prometo que venho, Pequena. ― Me deu um tapinha na


bunda e pegou minha mala de mão. ―Vamos.

Amarrei o lenço em minha cabeça e fomos. Em menos de vinte


minutos, estávamos dando entrada no hospital. Respirei fundo
novamente. Seriam vinte dias, no mínimo, internada nesse lugar.

― Não fique nervosa. Vou estar com você sempre. As visitas


serão liberadas apenas para a família, portanto, você não vai ficar
sozinha. ― Guilherme acariciou minhas costas e recostei minha
cabeça em seu peito.

― Parece que a coisa é mais... real agora.

― É assim mesmo, Pequena. Mas dará tudo certo. Vou ficar em


cima o tempo todo, de olho nos resultados. Assim que houver a
pega da medula, eu te tiro daqui.

― Certo, meu Dr. Tentação. ― Elevei a cabeça, oferecendo


meus lábios para um beijo. Ah! Eu sentiria saudade daquela boca.
Os beijos não seriam liberados tão cedo.

Nesse momento, a enfermeira chegou até nós.

― Bom dia, Dr. Santos. Olá, Rafaella, sou Andreia Filipa, a


enfermeira do setor. Vamos? Vou te levar até seu quarto e logo mais
começamos os procedimentos.
Seguimos a enfermeira até meu quarto.

― Deite-se, Rafaella. Vou conferir seus sinais e buscar o


medicamento.

Andreia era uma morena sorridente, cabelos cacheados, com


uma expressão tão cálida que me acalmou na hora.

Obedeci e deixei que ela medisse minha temperatura e aferisse


minha pressão sanguínea. Gui só olhava de longe, mantendo sua
postura de médico, com os braços cruzados sobre o peito e uma
carranca séria, enquanto prestava atenção em como a enfermeira
realizava os procedimentos. A cada momento, ele procurava por
alguma coisa, próximo ao pescoço, e apostaria minha mão direita
que ele estava louco para ele mesmo auscultar meu pulmão e
coração.

Andreia anotou os resultados na ficha em sua prancheta e se


despediu, dizendo que voltava em breve.

― Não se preocupe, Pequena. Andreia é a melhor aqui e pedi


pessoalmente que ela cuidasse de você e, quando ela não pudesse,
que mandasse alguém experiente.

Ele se aproximou e, como se estivesse se segurando há algum


tempo, me abraçou, tomando minha boca com urgência. O beijo foi
louco e selvagem. Meu Deus, se não houvesse o risco de a
enfermeira entrar por aquela porta, eu o montaria aqui e agora, sem
querer saber onde estava.

― Só em saber que não vou poder te beijar, te amar durante


todos esses dias, me deixa querendo ainda mais. ― Ele confessou
baixinho, próximo à minha boca e me beijou novamente.

― Amor, vai passar rápido. Você vai ver. ― O acalmei. Bem,


pelo menos tentei, pois minha voz saiu rouca de desejo.

― Promete que, assim que você estiver bem, vamos atrás dos
seus óvulos e vamos tentar ter nosso bebê? ― Ele pediu sorrindo,
seus olhos acinzentados, bem clarinhos, o sorriso chegando até
eles.

― Gui! Vamos pensar nisso quando chegar a hora. ― Ri dele e


daquela carinha linda.

―Eu não te disse, mas até que Theo e Pam retornem, eu estou
de folga. Deus sabe que, o que eu mais tenho nesse hospital, são
horas sobrando! Vou ficar com você o tempo todo.

Sorri abertamente. Bem que eu desconfiei, até porque ele se


identificou como acompanhante e não médico, na recepção. Nisso,
Andreia voltou, com o saquinho da quimio e os apetrechos todos.
Gui deu a volta na cama e, como quando ela conferia meus sinais,
ele ficou de olho em como ela colocava o acesso e tudo mais.
Ficaria vinte e quatro horas com a quimio, fraquinha, mas constante.

Assim que estava tudo em seu lugar, ela se despediu


novamente e Guilherme se deitou ao meu lado. Acomodei-me em
seu peito e ele me beijou a cabeça.

Com ele ao meu lado, eu enfrentaria o que quer que fosse.


Capítulo Vinte e Seis

Minha vida, nesses dias, se resumia a uma máscara sobre o


nariz e a boca. Ainda bem que meu note não foi confiscado e, pelo
menos, escrever eu podia.

Chegando aos capítulos finais do meu livro, a sensação de


dever cumprido estava ficando cada vez mais forte. Logo que o
terminasse, mandaria para a revisão e publicaria no site de vendas
de e-books. Minhas leitoras estavam ficando ansiosas e algumas
não entendiam a demora pela postagem dos capítulos. Eu nunca
diria pelo que estava passando, pois queria que gostassem e me
acompanhassem por amor à leitura.

Estava acabando de escrever um capítulo particularmente


tenso e estava compenetrada, quando percebi um movimento ao
meu lado. Gui estava ali, parado e me observando.
― Não escutei você entrar, amor.

― Já estou aqui há algum tempo, Pequena. Você fica linda


assim, escrevendo. Qualquer hora, vou tirar uma foto sua assim,
toda envolvida com o teclado e sua história. ― Passou a mão pela
minha cabeça e me beijou na testa.

Ah, como eu queria outro tipo de beijo. Um daqueles


consumidores, apaixonados, que me deixam mole e querendo ele
sussurrando em meu ouvido “Pequena, prepare-se.” Um arrepio me
percorreu e ele me olhou com um sorriso naquela boca linda.

― Esse olhar e esse estremecimento... Pequena, controle sua


mente. Você sabe que não podemos e é muito arriscado...

― Sim, eu sei, mas não posso me ajudar nisso. Você assim, tão
próximo, sua boca na minha pele, evoca meu lado safado e, bem,
você sabe. Estava pensando em como eu quero você sussurrando
em meu ouvido, com aquela voz rouca... o que eu mais gosto.

Um estremecimento o percorreu e, com uma olhada rápida,


percebi que ele ostentava uma bela ereção. Não pude evitar sorrir,
mesmo que ele não pudesse ver, por causa da máscara.

― Bom saber que sou o culpado por esse sorriso lindo que
chegou aos seus olhos. Meus lindos olhos verdes, minha Pequena
linda. ― Ele chegou perto e, por cima da máscara, encostou seus
lábios nos meus. Senti seu calor e todo o sorriso se transformou em
lágrimas frustradas. Eu estava tão sensível!

― Bem, Pequena, passei aqui para dizer isso que você quer
tanto escutar. Prepare-se. ― Ele sorriu para mim. ―Logo mais será
seu transplante. Já colhi a medula e ela está sendo preparada.
Chegou a hora.

― Como a Pam está?

― Ela está se recuperando, surgiram alguns contratempos no


centro cirúrgico, mas tudo foi controlado. Theo está com ela agora,
então, ele não poderá vir aqui. Eu disse a ele que te avisaria. Ele
não poderá ficar, mas eu vou. O tempo todo. Só vou sair para ver
como está a Pam e voltar. Sou responsável por ela. ― Ele estava
sério em seu modo médico.

― Certo, espero que logo ela possa vir me ver.

― Pequena, ela tem que se recuperar, vai ficar alguns dias


internada também.

― Está bem. Ah, Gui, essa espera é terrível! Essa coisa toda é
demais. Eu estou uma pilha de nervos, com as emoções
descontroladas. Uma hora eu choro, em seguida estou rindo, e logo
chorando outra vez. Que merda isso! ― Desabafei, pois aquilo
estava me matando.

― Olha essa boca... E eu sei que é assim mesmo, mas é uma


espera pela cura, tenha paciência. Chegamos até aqui. Falta muito
pouco para tudo acontecer. ― Ele pegou minha mão e roçou a boca
sobre meus dedos. ― O mais difícil aconteceu, você achou um
doador, a medula está sendo preparada, e agora é só colocar em
seu corpo. Um pedaço da Pam em você, um pedaço que pode
salvar sua vida, Pequena. Tenha um pouco mais de paciência.
Pense que em alguns dias a medula vai pegar, se Deus quiser, e
poderemos viver nossa vida, casar e começar a planejar nossos
filhos...

Ele foi distribuindo beijos pelo meu braço, subindo devagar, até
meu pescoço. Ele sabia muito bem, como mudar meu foco, minha
atenção agora toda voltada a ele e seus beijos embriagadores.
Suspirei quando ele roçou os lábios em minha orelha e gemi de leve
quando senti sua respiração em minha pele sensível e me arrepiei
toda.

O celular dele vibrando fez com que se afastasse de mim.

― Tenho que ir ver a Pam. Volto já, já, para te levar para o
transplante. ― Deu um beijo rápido em minha testa e se foi.

Recostei a cabeça no travesseiro, fechando o note. Respirei


compassadamente, tentando me acalmar. Eu estava impaciente.

Minutos mais tarde, Andreia entrou no quarto com uma cadeira


de rodas, dizendo que me levariam para a preparação, que o Dr.
Santos me encontraria mais tarde. Fechou o acesso e retirou o soro,
me ajudando a sentar na cadeira.

Logo chegamos a uma sala estéril. Na antessala, ela me


auxiliou no banho e me passou uma daquelas camisolas de hospital,
trocou minha máscara e eu estava pronta. A porta da sala se abriu e
outra enfermeira me auxiliou, me sentando em uma poltrona e,
achando minha veia, conectou a bolsa de sangue a mim. Pela
vidraça que havia na sala, pude ver Gui me observando. Sua
presença me acalmou e relaxei.
Estava feito. A bolsa de sangue chegou ao fim. Agora era
esperar que pegasse e que minha medula voltasse a produzir
sozinha.

Os dias passaram lentamente. Todos os dias, eu recebia uma


bolsa de sangue intravenoso, pois eu precisava de hemoglobina,
plaquetas, leucócitos... e tudo isso estava baixo demais. Não sei
quanto sangue eu recebi, por isso, desde o dia do transplante,
comecei uma campanha em minha rede social para a doação de
sangue, tentando conscientizar as pessoas.

No décimo dia, Pam veio me visitar e me contou tudo o que


aconteceu com ela. Caramba, coitadinha! Quase morreu enquanto
tentava me salvar. Foram cinco dias desacordada e havia tido duas
paradas cardíacas! Guilherme só me olhava e nada dizia. Eles
haviam combinado assim e eu fiquei todos esses dias sem saber de
nada!

― Acalme-se, eu estou bem, não está vendo? Tudo já passou.


O importante agora é você ficar bem também. ― Pam me
assegurou, com um sorriso.

Ah, ela era mesmo um anjo! Tinha me dado a vida e estava


fazendo meu irmão feliz também. Não podia ter chegado em hora
melhor. Realmente, Deus escreve certo por linhas tortas…
Capítulo Vinte e Sete

Hoje é o décimo quarto dia após o transplante e eles estavam


aqui, colhendo uma amostra de meu sangue para conferir meus
números. Guilherme estava confiante de que teríamos alguma
melhora em meus resultados... Ele pediu urgência no resultado, era
um hemograma completo e, normalmente, não demorava muito,
mas, ainda assim, ele insistiu.

Como meu Dr. Tentação era mandão e controlador! E eu amava


isso nele...
Horas depois, após uma breve batida na porta, Andreia entrou
trazendo meu exame.

― Aqui, Dr. Santos, o resultado do exame que o senhor


solicitou. ― Entregou o papel na mão dele e veio verificar como eu
estava e saindo em seguida. Gui ficou quieto, me olhando com
aquela cara de paisagem, até que ela se foi.

― Pequena, caramba... não sei como dizer isso a você... ―


Chegou perto de mim e passou a mão pelos cabelos.

Aquilo me gelou de cima abaixo, me arrepiando.

Então ele me abraçou e encaixou a cabeça em meus ombros,


chorando como criança.

― Ai, meu Deus, Gui, não me assusta assim! ― Entrei em


pânico, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

― Minha Pequena linda, meu amor, minha vida... ― Ele


distribuiu beijos pelo meu rosto todo. ― Está pegando amor, sua
medula está pegando e já está começando a produzir sozinha.
Muito pouco, mas é um início promissor. ― Voltou a chorar, me
abraçando, e chorei abertamente, mas, agora, de felicidade. Eu
ficaria bem! ― Nem precisaremos te dar sangue hoje. Vamos
refazer o exame amanhã e ver como sua medula reage. ― Ele me
brindou com aquele sorriso lindo.

― Nem sei o que dizer, estou tão feliz! Não, feliz é pouco, estou
radiante!
O futuro agora tinha uma cor diferente para mim... de tons de
cinza ele passou a ter todas as cores do arco-íris, nuances únicas e,
pela primeira vez, desde que ele falou em filhos, isso me parecia
realmente possível.

Liguei para Theo e contei a novidade. Ele ficou exultante e


disse que mais tarde viria me visitar com a Pam.

― Ok, Pequena... deu de estripulia! Se acalme e descanse. É


primordial que se resguarde. Vou diminuir a claridade para que
descanse. ― Fechou as persianas e o quarto ficou na penumbra. ―
E vai descansar em meu peito. Venha aqui... ― Se deitou ao meu
lado e me aconchegou em seus braços.

Despertei com Gui beijando meu rosto.

― Pequena, você tem visita. ― Abri os olhos e vi que Theo


estava com a cabeça apontando na porta. Sorri, feliz em ver meu
irmão.

Então a porta se abriu e ele entrou, trazendo um bolo com a


vela já acesa.

― Parabéns pra você... ― Ele começou a cantar, entrando no


quarto seguido de Pam, Rick, Jess, os bebês e Bruno.

Caramba que coisa mais linda!

― Assopre a vela, maninha, e faça um pedido. Hoje é o


primeiro dia de sua nova vida. Daqui pra frente, você terá dois
aniversários por ano!

Secando as lágrimas que insistiam em cair, respirei fundo e pedi


uma vida de paz e muito amor com meu Dr. Tentação, que os
desejos dele se concretizassem e que conseguíssemos ter, pelo
menos, um filhinho para amarmos. Assoprei a vela, super
emocionada. Hoje era o dia de surpresas, de boas surpresas!

Eles ficaram por algum tempo, mas logo Rick e sua família
foram embora, pois não era permitido tanta gente assim de uma só
vez e fiquei sendo paparicada pelos três anjos da minha vida. Meu
irmão, que sempre me apoiou, meu amor e minha anjinha
salvadora.

Mais tarde, quando me preparei para dormir, comecei a sentir


uma dor na lombar que seguiu noite adentro. No meio da
madrugada, enquanto Gui dormia no sofá-cama, me virei de costas
para ele, enfiei o rosto no travesseiro e deixei as lágrimas caírem
silenciosamente. Essa dor, segundo ele, era minha medula
produzindo leucócitos, o que indicava a pega da medula. Se fosse
assim, que doesse! Era uma dor, mais do que bem-vinda...

Uma mão em minha testa me fez sobressaltar e quase ter um


ataque cardíaco.

― Está chorando, Pequena. Por que não me avisou? A dor está


forte demais?

― Uhum. ― Apenas resmunguei, não tinha forças para articular


uma palavra.
― Espera um pouco, já volto. Vou acabar com isso, você não
precisa passar tanta dor. ― Me beijou a testa, enfiou os sapatos e
saiu, porta afora.

Em minutos, Bruno entrou com a prancheta nas mãos, verificou


meus sinais, injetou alguma coisa no soro e conectou ao acesso em
minha mão, deixando que pingasse bem lentamente.

― Ella, coloquei você na morfina. Já sabe que tem que pingar


lentamente, para que você não passe mal. Se for rápido demais,
você vai ter ânsias e pode vomitar. Não queremos arrumar uma
coisa estragando outra. Juro que, se eu pudesse, colocaria para ir o
mais rápido possível, para acabar sua dor. O Gui aqui pode
confirmar tudo isso. ― Bruno apontou para Guilherme, que estava
na sua postura de médico, costas eretas e braços cruzados sobre o
peito. ―Já já isso passa.

Bruno afagou minha mão e se virou para ir embora.

― Qualquer coisa, estou de plantão até de manhã, não hesitem


em me chamar. ― Deu um tchau com a mão e fechou a porta atrás
de si.

Gui tirou os sapatos com os pés e se deitou ao meu lado. Ficou


acariciando minha cabeça até que eu parasse de chorar.

― Sua cabeça está parecendo um tapetinho macio, com os


cabelinhos nascendo. Melhorou um pouco a dor?

Fiz que sim com a cabeça. O cansaço batendo forte quando


percebi a dor diminuindo... um relaxamento em meus músculos fez
com que eu começasse a tremer incontrolavelmente. Guilherme me
abraçou mais forte.

― Esse tremor também vai passar, Pequena, é só agora, com o


efeito inicial da morfina.

Cerrei os dentes para que eles não batessem tanto e perdi a


batalha para a exaustão, adormecendo em seus braços.
Capítulo Vinte e Oito

Depois de muitos dias de altos e baixos, hoje, vinte e oito dias


após o transplante, eu estava indo para casa. Com várias
recomendações, exames agendados, mas em casa.

Deitar em minha cama, em meu quarto... ah! Isso não tem


preço!

Ainda não posso sair fazendo aula de zumba, mas estou


liberada para viver minha vida normal e sem sinal da leucemia.

Amanhã, Guilherme voltará ao trabalho, o que quer dizer que é


minha última noite com ele só para mim. E imagina se eu não
aproveitaria cada segundo ao lado dele?
Em casa, todos me esperavam com uma festinha surpresa de
boas vindas. Como eu amava cada um deles! Os bebês do Rick
estavam tão lindinhos e tão crescidos! Essa recepção em casa foi
uma delícia e só demonstrou o carinho que eles tinham por mim.
Depois do jantar improvisado, Pam e Jess se enfiaram na cozinha e
lavaram a louça. Falei para largarem tudo ali que depois daríamos
um jeito, mas não me deixaram nem terminar.

― Ei, não senhora. Você acabou de voltar do hospital. Nem


pense que deixaremos toda essa bagunça pra você arrumar. Vá lá
pra sala e deixe tudo com a gente. Você teve alta, mas nada de
abusar.

Não tive escolha, a não ser dar razão a elas. Um pouco depois
de acabarem de arrumar a cozinha, elas vieram para a sala e, com
jeitinho, levaram seus maridos embora.

― Bem, já vamos. Amanhã, eu venho ficar com você, tá? Na


hora do almoço venho te fazer um pouco de companhia. ― Pam
disse, empurrando Theo porta afora. Rick e Jess, cada um com um
bebê no colo, se despediram e seguiram os dois.

― Bem, Pequena, depois de um dia como hoje, precisamos


dormir, né? Vamos lá. Banho e cama. ― Me deu um tapinha na
bunda, me incentivando a andar.

Ri e fomos para o quarto. Tiramos os sapatos e, como ainda


eram nove da noite, ligamos a TV e nos deitamos.

Estávamos na cama, deitados, minha cabeça em seu ombro.


Meus cabelos estavam crescidinhos e ele ficava acariciando, dizia
que parecia um tapete fofinho. Aproveitando o momento, e
esquecendo totalmente o que se passava na televisão, deixei meus
dedos percorrerem seu peito, desabotoando sua camisa lentamente.
Devagar, para não chamar muita atenção, fui passando os dedos
nos pelos de seu peito, descendo por seu abdômen e mais para
baixo um pouco, brincando com o cós da calça. Guilherme suspirou
e me beijou a testa.

Olhei para ele, nossos olhos se prendendo. Ele abriu a boca


para dizer alguma coisa, provavelmente para que eu não tivesse
ideias, mas não deixei ele dizer nada e colei minha boca na dele.

Ah! Que saudade daquele beijo! Nossas línguas também


estavam com saudade e se tocavam enlouquecidas, dançando
juntas, explorando... montei sobre ele, sem desgrudar nossas
bocas. Rebolei lentamente sobre seu pau duro, fazendo-o gemer.
Eu não deixaria que ele viesse com o papo de que não devemos.

Sem vergonha e tarada.

Duas palavras que me descreviam nesse momento,


perfeitamente. Arrastei minha boca pela mandíbula dele, em direção
ao seu ouvido.

― Estou com tanta saudade de você. Louca pra te sentir dentro


de mim. Sou sua Pequena, Senhor. Farei o que mandar.

O pau dele, entre minhas pernas, reagiu instantaneamente ao


que eu disse e, então, o jogo mudou. Em um movimento ágil, ele
nos girou, ficando por cima de mim; agora era sua boca que
percorria minha pele.
― Você não sabe o poder que essas palavras têm sobre mim,
Pequena. ― Sussurrou enquanto mordia o lóbulo da minha orelha,
me arrepiando. Seu tom, rouco, provocou uma pequena inundação
em minha calcinha.

― Sou sua, Senhor.

Ele gemeu baixinho, lambendo meu pescoço.

― Minha pequena, minha vontade de você é tamanha, que


tenho medo de gozar quando a cabeça do meu pau entrar em seu
calor...

― Não tema, Senhor, porque, do jeito que estou hoje, terá seu
pau ordenhado até a última gota pelas contrações do meu orgasmo.

― Ella, não fale essas coisas! Mal me aguento estando assim,


aninhado no calor do seu corpo, com esse monte de pano entre nós.
Não quer que isso dure? Pois, se continuar assim, meu apelido vai
mudar de Dr. Tentação para Papa-léguas ou Ligeirinho.

Não me contive e ri de sua ideia absurda.

― Gui, arranque minha roupa, me lamba, me chupe, me coma


de todas as maneiras que você souber. Não aguento mais de
vontade e não me importo se da primeira vez você for o Ligeirinho.
Sei muito bem do que é capaz. Não me deixe assim, sofrendo com
vontade de você.

Com um grunhido, ele arrancou minhas roupas, abriu a calça e,


sem cerimônias, se meteu em mim, me fazendo gritar de tesão e
meu corpo todo estremecer. Puxei o ar pela boca e tentei conter o
orgasmo.

― Gui... Ah, amor! ― Meu Dr. Britadeira apareceu sem avisos e


me levou ao delírio. Todo o papo de Ligeirinho, pura conversa fiada.

Guilherme sussurrava palavras safadas em meu ouvido,


elogiava meu corpo, chupava minha pele, desesperado pelo meu
gosto. Perdi a conta de quantos orgasmos eu tive. Estava
supersensível após todo esse tempo de espera. Meu corpo era um
brinquedo em suas mãos. Ele me posicionava como queria, fazendo
meu prazer chegar a níveis inimagináveis.

Apenas quando eu estava quase sem forças, ele se permitiu


gozar, apertando meus seios e chamando meu nome.

― ELLAAAA! Você me deixa louco, Pequena. Louco e


imensamente satisfeito. Nunca, antes de você, eu havia me sentido
assim. Te amo tanto. ― Confessou, agarrado a mim, ainda dentro
de meu corpo.

Ficamos assim por um tempo, nossas respirações se


acalmando.

― Quer comer alguma coisa? Eu trago pra você.

― Para de se preocupar com isso, amor. Eu só quero ficar


assim, grudada em você, sentindo seu cheiro, seu calor...

― Sabe quando eu vou parar de me preocupar com você?


Nunca, Pequena. Você é minha e é minha obrigação te fazer feliz,
não deixar que nada te falte. Então, como seu irmão diz, acostume-
se a isso. ― Me beijou carinhosamente na testa.

Sorri e uma sensação de plenitude me tomou...

***

Horas mais tarde, acordei com o cheirinho do café.

Me levantei e olhei pela janela. O céu estava começando a


clarear, devia estar na hora do Gui ir para o hospital. Passei no
banheiro e, depois de fazer xixi e lavar as mãos, fui até a cozinha,
descalça.

Como era bom não me preocupar com nada e estar curada!

Lá estava ele, colocando o café nas xícaras. Cheguei por trás, o


abracei e dei um beijo em suas costas.

― Bom dia, amor.

― Bom dia, Pequena. Eu ia levar o café pra você, na cama. ―


Ele virou e me beijou na cabeça. ―Vamos, venha comer.

Depois que comemos, Gui me pegou no colo, feliz, rindo e me


fazendo cócegas, me levando para o quarto. Me deitou na cama e
me cobriu.

― Durma um pouco mais. Vou tomar banho e me trocar. Tenho


que estar no hospital em meia hora. Mais tarde, a Cida chega e te
acorda. Não se esqueça das recomendações do seu médico.
Descanso e nada de abusar mais por hoje. Você ainda está se
recuperando, seu corpo precisa de repouso. Durma.

Com um beijo e uma carícia leve em meu rosto, ele entrou no


banheiro.

Hoje começaria a nossa vida pra valer. Sem a sombra da


doença pairando sobre nós, como seria a rotina agora?
Capítulo Vinte e Nove

Estávamos acabando de almoçar quando Pam bateu a mão na


testa.

― Caramba, Ella. Esqueci de te falar! Você conhece bem o


controlador que seu irmão é. No dia em que eu saí do hospital,
estávamos em casa e ele veio com a história de que tínhamos que
nos casar na igreja. Me deu três meses para arrumar tudo. Agora
que você saiu do hospital também, podemos começar a planejar! Os
três meses acabam dia doze de janeiro. Será que dá tempo? Ele
quer igreja, festa, vestido de noiva, tudo isso. Temos dois meses e
pouquinho...

― É, eu sei como ele é. E sempre soube que ele queria isso.


Casamentão, festança... não se preocupe, eu te ajudo. E também
tem as suas amigas. Me passe o telefone delas, que eu dou uma
coisa para cada uma procurar e, em um piscar de olhos, estará tudo
encaminhado. Vou ter que ficar de molho um pouco mesmo. Gui diz
que posso fazer de tudo, mas não me deixa fazer nada.

― Pois é, ele e Theo conversaram um dia desses e Theo


insistiu para que a Cida viesse cuidar da casa e que cozinhasse pra
você. Na realidade, ele não deu opção, disse que ela viria e pronto.
Naquele jeitão dele. ― Pam riu e seus olhos brilharam ao falar do
meu irmão.

Os lobos estavam encaminhados. Quase todos. Ainda faltava


Bruno, mas aquele lá acho que nunca vai se aquietar. Até hoje, ele
nunca teve uma namorada duradora. Todas as mulheres que ele
apresentava para nós durava tempo suficiente para que a gente
guardasse o nome dela e, quando percebíamos, a mulher já havia
rodado e ele já estava nos apresentando outra, e assim ia...

― Estava pensando em Bruno. Dos quatro, ele é o único que


continua sozinho.

― Então, ele estava de olho na minha amiga, a Diana. Acho até


que rolou alguma coisa entre os dois, mas ele não ligou mais pra
ela. Até dei uma perguntada para o Theo, um dia desses, mas ele
disse que com o Bruno é assim, né?

― É. Bruno é, como eles dizem, indomável. Coração de pedra.


Amante das mulheres. Quem sabe um dia ele encontra alguém, né?
Por que, pensando bem, agora ele está sozinho. E tem o bar. Theo
já te contou sobre o bar que Bruno e Guilherme têm na praia?
― Não, ele nunca disse nada. Mas, pela sua cara, é um
superlugar. ― Pam se empertigou na cadeira, curiosa.

― Pam, acho melhor você perguntar pra ele. Se ele abrir o jogo
com você, eu conto mais. ― Não consegui conter o riso e um fogo
se apoderou de mim ao me lembrar do bar. ― Estou louca pra voltar
lá. Faz assim, vamos programar uma visita à casa dos meus pais.
Nós quatro. Jess ainda está com os bebês pequeninhos demais,
não sei se Rick vai querer ir, mas, quem sabe? Podemos convidar
também. Uma vez que já vamos estar na praia, nós pedimos para
eles nos levarem ao bar. Theo vai entender e não vai ter como
escapar. Eu acho que você vai adorar o lugar. Tem música ao vivo e
outras coisinhas mais.

Pam estreitou os olhos.

― Nem pense em me deixar com a pulga atrás da orelha.


Começou, agora termina. Me conta, como é o bar deles?

― Ah, é um lugar muito gostoso. Todo escurinho, tem o palco


para as bandas que tocam lá, uma pista de dança grande, onde a
gente pode dançar até não aguentar mais. Os garçons tratam a
gente muito bem, afinal, querem mostrar serviço. Você vai gostar do
lugar.

― Pela sua cara, achei que tinha alguma coisa a mais. Sei lá,
alguma sacanagem rolando. A cara que você fez quando falou que
estava louca para voltar lá me fez pensar isso.

Pam se recostou na cadeira, o entusiasmo dando lugar a uma


leve decepção. Mas eu não podia sair contando tudo. A brecha já
estava aberta. Pam precisava conhecer aquele lugar. Eu precisava
falar de tudo aquilo com alguém que entendesse, que estivesse
passando pela mesma experiência que eu. E não tinha ninguém
melhor do que ela.

Continuamos a falar sobre os planos para o casamento e fomos


para meu quarto, procurar na internet por algum site que nos desse
algumas ideias e, quem sabe, até conseguir achar um salão para a
recepção.

À noitinha, já tínhamos uma porção de nomes e telefones de


vários lugares para a recepção. No dia seguinte, eu telefonaria para
marcar uma visita em cada um deles.

― A lista de convidados, vocês já fizeram? Porque isso, nós


temos que agilizar.

― Vou ver com o Theo, hoje. Nossa, quanta coisa! Decoração,


convite, salão, buffet, flores... Meu Deus!

― Não se desespere, Pam. Rick disse que Jess fez uma festa,
lembra? Acho que para o ex-marido. Ela deve saber dessas coisas
todas. Vamos falar com ela. Não custa perguntar.

― Eu já deixei a Solaris sozinha por muito tempo. Theo não me


deixou voltar a trabalhar; logo que saí do hospital, me fez ficar uns
dias em casa. E, antes, teve a lua de mel e tudo o mais. Eu tenho
que dar atenção à minha empresa, afinal, é o olho do dono que
engorda o gado.

― Ei Pam, você fez mais do que qualquer pessoa poderia ter


feito por mim. Fica tranquila, vou ver isso tudo.
Nesse momento, a porta de casa bateu e ouvimos as vozes de
Theo e Guilherme nos chamando.

― Aqui no quarto! ― Gritamos juntas e rimos.

Eles vieram e se deitaram conosco. Começamos a mostrar para


eles o que tínhamos procurado.

― Vá vendo mesmo, Pequena, pois logo logo é o nosso


casamento que vocês estarão planejando.

― Neném, você não tinha visto nada ainda? Te dei três meses
para nosso casamento e até agora não viu nada? Caralho, eu não
acredito.

― Ah, pode parar, Theo. Ella estava no hospital, você acha


justo eu ficar procurando por salão e tudo o mais com ela lá?

― Certo, mas fique sabendo que eu já reservei a igreja. Dia


doze de janeiro, às 19h. Você estará lá, linda e toda de branco, me
dizendo sim no altar, em frente ao padre.

― Não disse? Controlador. Total! ― Pam riu e todos rimos


juntos.

Assim era Theo. Mandão. Mas o homem mais doce e romântico


que eu conhecia, com exceção do meu Dr. Tentação.

Cida tinha deixado o jantar pronto e os meninos se


encarregaram de aquecer e servir. No meio do jantar, Pam soltou a
bomba.
― O que acham de visitarmos seus pais final de semana que
vem? Até lá, Ella já estará bem recuperada. Eles vão gostar de
rever vocês.

Caramba, ela não perdia tempo. Fiz minha melhor cara de


paisagem.

― Verdade, Theo. Vamos? ― Me virei para o Gui e falei


baixinho. ― Vamos, amor? Tô louca para voltar à praia.

Guilherme me olhou com uma cara que, se Pam tinha suspeitas


de que o bar tinha alguma sacanagem escondida, agora ela teria
era certeza.

― Tudo bem. Por mim, sem problemas. Vou pegar plantão esse
final de semana, assim no outro estou livre.

Theo me fuzilou com o olhar, pois ele sabia muito bem que não
teria como escapar.

― Ok, ok, vou avisar que vamos para lá, então.

― E eu nem vou perguntar o que está rolando aqui. ― Pam riu,


fazendo com que o olhar fulminante de Theo ficasse mais intenso.

Eu balancei a cabeça de leve e ele suspirou aliviado. Ele teria


que se virar para contar a ela. Ou não, sei lá, isso já era com ele.

Mais tarde, eles se despediram e se foram. Mal fechei a porta e


Gui me agarrou, me encostando a ela.

― Então, minha Pequena está armando para voltar à praia... ―


Me olhou nos olhos e me perdi naquele cinza intenso. ― Quer voltar
ao nosso quarto?

Ele me segurou pela bunda e me levantou, a saia do meu


vestido subiu e suas mãos se embrenharam por baixo, acariciando
minhas coxas e puxando minhas pernas para sua cintura, me
mantendo presa entre seu corpo e a porta. Senti seu pau duro em
mim e estremeci.

Em vez de responder, grudei minha boca na dele. Meu corpo


amoleceu e me moldei ao dele, em um abraço delicioso, enfiando
meus dedos em seus cabelos e aprofundando o beijo.

― Diga, Pequena. Diga que me quer. ― Sussurrou em meu


ouvido e desceu a boca sobre a pele sensível do meu pescoço,
lambendo e sugando de leve.

― Eu quero, te quero sempre, amor. ― Puxando-o pelos


cabelos, o fiz me olhar. ― Te quero aqui e agora.

― Ah, Pequena! Não sabe quantas vezes fantasiei em te comer


aqui, de pé, encostada nessa porta. ― Ele se afastou um
pouquinho, o suficiente para abrir o zíper e deixar seu pau pular,
duro e pronto para brindar meu corpo. Afastou minha calcinha para
o lado e segurou seu pau, pincelando a cabeça em minha abertura,
subindo, roçando meu clitóris e repetindo, me deixando louca e
gemendo baixinho, pedindo por mais.

― Amor, não judia de mim... ― Supliquei, mordendo o lábio.

Ele me beijou, puxando meu lábio e mordendo de leve enquanto


entrava em mim, lentamente, centímetro a centímetro, indo e
voltando e entrando mais um pouquinho a cada arremetida. Eu
estava agarrada aos seus ombros, meu corpo tenso e trêmulo, à
beira do orgasmo. A boca dele em minha pele me tirava do sério,
seu pau me preenchendo tão completamente me levava ao delírio.
O orgasmo ali tão perto e Gui metendo devagar e fundo, meu Deus!

― Não, Pequena, não goze. Estou louco pelo seu sabor, não
pensei em outra coisa hoje. Você vai gozar na minha boca.

Um estremecimento forte me percorreu e senti meu sexo se


contrair fortemente em torno dele, a tonturinha gostosa me
tomando... fechei os olhos, encostei a cabeça na parede e gemi.
Como parar aquilo? A sensação me consumia... um tapa estalado
em minha bunda me fez gritar e abrir os olhos.

― Em minha boca, Pequena. ― Me segurou mais forte e andou


alguns passos, me sentou no braço do sofá e escorregou pelo meu
corpo, caindo de boca entre minhas pernas. Aquela boca quente,
me chupando e lambendo, me tirou o restante do pingo de controle
que eu ainda tinha e gozei agarrada aos cabelos dele.

― Mais, eu quero mais de você. ― Seus dedos me invadiram,


sua língua ficou mais suave, mas não parou de circular meu clitóris.

Colocou uma mão sobre meu púbis e, então, ele começou a


mexer os dedos, a mão e eu fiquei sem ar. Pela primeira vez, eu
soltei um palavrão e senti o riso dele em minha pele molhada. Em
menos de um minuto, ele me levou a um orgasmo tão forte que meu
corpo convulsionou e perdi o controle de minhas pernas. Teria caído
no chão se não fosse pelos braços dele me segurando. Sentia as
contrações da minha vagina, tão intensas! Eu estava fora de
controle. E tudo isso com ele usando apenas dois dedos em mim!
Sem deixar de me segurar, ele agarrou minhas pernas e voltou
para dentro de mim, no meio desse turbilhão de sensações. Seus
olhos presos aos meus, eu vi seu rosto se transformar em uma
máscara de prazer, sua respiração ofegante o obrigou a abrir a boca
e um gemido delicioso saiu dela, junto com um estremecimento.
Sentia meu corpo o ordenhando forte. Tão forte que chegava a doer.
Ele cerrou os dentes e fechou os olhos, visivelmente segurando o
orgasmo, mas não se aguentou e senti seu gozo quente me
tomando por inteira e escorrendo pela minha bunda.

― Meu deus, Gui, o que foi isso! ― Perguntei quando consegui


coordenação suficiente para juntar as letras e formar as palavras.

― Essa é a Yoni. A massagem tântrica do orgasmo. Nunca


tinha sentido em mim. É uma coisa louca. ― Ele respondeu, ainda
ofegante.

― Não se mexa, Gui, ou vou gozar de novo. ― Gemi baixinho.


As sensações não paravam, minha vagina ainda estava pulsando.

― Posso te fazer gozar assim de novo. ― Falou rindo e me


beijando.

― Ah, amor, eu não duvido...

Sem esforço, ele ficou de pé, me levando com ele para o


banheiro, onde me deu banho, me enxugou e depois nos deitamos,
exaustos, e dormi em seus braços.
Capítulo Trinta

Passei a semana procurando um salão para o casamento da


Pam e, enfim, achei o lugar perfeito. Com o assunto resolvido,
partimos para outras questões. Dividi com as amigas dela todos os
afazeres.

No final de semana, fui com Theo e Pam para a casa do Rick,


em mais um de seus churrascos divinos. A casa deles era muito
aconchegante e ali eu me sentia em casa, já estava mais
familiarizada com os bebês e a troca de fraldas já não era mais um
bicho de sete cabeças. Eu queria ficar craque em cuidar dos bebês,
para poder, então, ter os meus próprios. Demoraria um pouquinho,
mas um dia eles viriam.

Gui estava de plantão esse final de semana e eu não via a hora


de chegar o próximo; meus pais já estavam avisados e tudo estava
acertado. Somente um sentimento me definia: ansiedade!

Já era quase noite quando Gui chegou com Bruno. Era tão raro
dar certo de todos eles se encontrarem!

Sentamos em volta da piscina e o papo ficou animado.

― Final de semana que vem vamos todos pra casa dos meus
sogros. Vamos também, grandão? Vamos levar meus afilhadinhos
para conhecer o mar! Eles vão adorar, e o mar lá é tão calminho…
― Pam comentou.

― O que você acha, Anjo? Vamos?

― Eu adoro o mar! Vamos sim. ― Jess respondeu, toda


animada.

Theo olhou para Rick com uma cara nada boa e olhou para
Pam. Depois os dois olharam para Guilherme, que assentiu com a
cabeça. Rick passou as mãos pelo rosto e olhou para Jess. Meu
Deus, tudo isso por causa do bar? Como se as mulheres não
soubessem os maridos que tinham!

― Na noite do sábado, nós poderíamos sair, ir dançar um


pouco, sei lá... ― Joguei a isca, só para ver Theo e Rick suarem
frio.

― Ah! Quanto tempo eu não saio pra dançar... Vamos, amor! Eu


quero dançar a noite toda! ― Jess se entusiasmou.

Rick deu uma olhada para Guilherme, como que dizendo:


Controle sua mulher! Eu comecei a rir e me recostei no peito do
meu amor.

― Amor, o que você tem? De repente ficou com essa cara


amarrada. ― Pam perguntou para Theo, que estava com aquela
cara emburrada.

― Nada não, Neném. Vai ser muito bom sair pra dançar um
pouco, não acha? ― Theo abraçou Pam e lhe beijou os cabelos.

Coitado do meu irmão, não tinha escapatória. E nem Rick.

― Ah, se todos vão, vou dar um jeito de ir também! ― Bruno


era o mais animado dos três.

Meu Gui, nem preciso dizer, estava louco com a perspectiva de


me levar para nosso quarto novamente. Eu sentia o pau dele em
minhas costas, duro e pulsando. Fingi arrumar minha camiseta, só
para passar a mão nele. De repente, me deu uma vontade de ir para
casa... O calor do pau dele em mim estava me deixando em brasa.

Senti seu hálito quente em minha orelha e o escutei sussurrar.

― Chegando em casa, vou te dar uma prévia do final de


semana. ― Beijou de leve meu pescoço e apoiou o rosto em meu
ombro, como se não tivesse me deixado à beira do orgasmo com
aquela insinuação. Senti tudo dentro de mim revirar, meu estômago
se encheu de borboletas e minha vagina pulsou. Meu Deus!

Conversamos mais um pouco, mas, depois do papo da dança,


os homens ficaram mais possessivos e sérios, abraçando suas
mulheres, sempre as tocando, e logo Theo se levantou, levando
Pam com ele.
― O papo está bom, mas já estamos indo.

Mais do que depressa, Gui se levantou também e, em minutos,


todos estávamos indo embora.

― Você é uma capetinha, mexendo com eles daquele jeito. ―


Gui me disse, ao entrarmos no carro.

― Uhum, sei muito bem o que está se passando pela cabeça


deles nesse exato momento. ― Não me contive e caí na
gargalhada.

― Malvada. Você sabe muito bem o que vai acontecer. Elas vão
se surpreender, assim como você, quando virem tudo lá. ― Sei que
a intenção de Gui era me dar uma bronca, mas nem ele conseguia
ficar sério.

― Quem vão se surpreender, serão eles. Já conversei muito


com as duas e sei que vão se amarrar em tudo. As duas são
chegadas na coisa...

Eu estava doida para tê-lo só para mim e pousei minha mão em


sua perna.

Meus dedos foram traçando pequenas carícias por cima do


jeans, chegando cada vez mais perto do que eu queria. Então, meus
dedos vagaram para sua ereção e ele deixou escapar um suspiro.
Abri a calça dele e seu pau delicioso escapou de seu confinamento,
duro e com a cabeça rosada. Me abaixei rápido, para que ele não
pudesse me impedir e abocanhei, deixando-o entrar todo de uma
vez. Gui soltou um palavrão e diminuiu a velocidade.
Continuei chupando até que chegamos em casa. Assim que ele
parou o carro na garagem e o portão se fechou, ele saiu e andou até
minha porta. Eu estava hipnotizada e muito excitada, vendo ele
andar com o pau para fora, todo empinado. Ele me deu a mão e eu
saí. Fechou a porta e me levou com ele, mas não chegamos até a
porta de casa. Ele me agarrou pela nuca e me beijou. Um beijo
possessivo e nada delicado. Seus olhos cinza faiscavam. Sua
postura mudou e então meu jeans foi aberto e puxado para baixo,
junto com a calcinha. Me apoiou no capô do carro e, deixando
minhas pernas presas na calça, levantou-as colocando meus pés
em seu ombro. Sua mão se aventurou pelas minhas dobras, seus
dedos me testando.

― Diga que você é minha, Pequena. ― Sua voz estava rouca e


ele lambia os lábios.

― Sou sua, meu Senhor.

Vi seu corpo estremecer e ele empunhou seu pau, me


penetrando, arrancando de mim um grito de puro tesão. Ele
levantou minha camiseta e subiu meu sutiã, agarrando meus seios.

Segurando minhas pernas, ele me rolou, deixando-me de


bruços, sem sair de dentro de mim.

― Você foi uma pequena muito má, me pegando de surpresa


no carro. ― Então, sua mão desceu em minha bunda, estalando.

Me fodia forte e batia na minha bunda.

Meu corpo todo pulsava, meus seios inchados, com os mamilos


duros, se esfregavam contra o metal do capô do carro e, a cada
investida, eu sentia meu sexo pulsar e apertar contra ele.

Minha pele pinicava e eu estava doida para gozar, mas sabia


que só aconteceria quando ele mandasse. Meu corpo sabia e
aguardava a ordem.

Gui grudou seu corpo no meu e, com a boca em meu ouvido,


falou todo tipo de safadeza deliciosa.

― Quer gozar, Pequena?

Eu não conseguia falar, tamanha a minha concentração


segurando o orgasmo e apenas assenti com a cabeça.

― Então, goza no meu pau. Goza, pequena, me ordenha com


essa bocetinha deliciosa.

Meu corpo, obediente, relaxou e gozei. Fiquei ali parada,


tentando recuperar o fôlego. Ele saiu de mim e me pegou no colo,
levando-me para dentro de casa.

― Eu não acabei ainda. ― Disse, com um sorriso safado.

Estremeci, os resquícios do orgasmo ainda em meu corpo.

Ai ai, eu não poderia querer mais nada nessa vida! Meu


homem, delicado, amoroso, possessivo e insaciável...
Capítulo Trinta e Um

― Mamãe, eu estou bem agora!

Havíamos chegado à casa dos meus pais há mais ou menos


meia hora e, quando minha mãe me viu, quase enlouqueceu.

― Olhe seus cabelos! Eu tinha que estar junto! Vocês dois


mereciam umas boas palmadas! Como assim, minha filha quase
morre e ninguém me conta nada! Não só vocês dois, vocês todos!
― Minha mãe estava muito brava.

― Mãe, fizemos isso para não preocupar você e o papai. ―


Tentei argumentar.

― Que nada. A família tem que ficar junto em um momento


desses. Nós fomos ver a Pam; então, foi por isso que ela ficou tão
mal. Vocês são desalmados! Nossa Ella estava ali também e
ninguém falou nada. NADA! ― Minha mãe se sentou no sofá e,
colocando os cotovelos no joelho, enfiou as mãos nos cabelos,
inconformada.

― Mãe. Eu estou bem. E cheia de vida! ― Me arrisquei a


chegar perto dela e me sentei ao seu lado. ―Eu pedi que não
contassem nada. A saúde do papai já é frágil, o diabetes dele é
emocional, mamãe, já pensou o que poderia acontecer se
soubesse? Eu estou curada, graças à Pam. Gui cuidou de mim o
tempo todo e Bruno era o enfermeiro mais atencioso do mundo... ―
A abracei e encostei a cabeça em seu ombro.

― E você, Guilherme, vocês dois estão juntos... ah, é muita


coisa pra minha cabeça...

― Então, quero aproveitar que estamos aqui e pedir a mão de


Ella em casamento oficialmente para vocês. A ela eu já pedi. ― Gui
pegou minha mão e mostrou aos meus pais. ― Ella já carrega meu
anel e em breve levará meu nome no dela. O que me dizem, Seu
Sérgio, Dona Sirley, me concedem a mão de Ella em casamento?

― Menino, eu já lhe tenho como filho há anos. Seja bem-vindo,


oficialmente, à família. ― Escutei meu pai dizer, sorrindo. Minha
mãe, que estava toda brava, ficou com os olhos marejados. A
braveza, esquecida.

Nisso, Theo entrou na conversa.

― Ótimo, vamos todos sair hoje para comemorar.


Só em me lembrar que iríamos ao bar, minha pulsação
acelerou. E isso não passou despercebido por Gui, que segurava a
minha mão.

― Isso. Nós ficamos com os bebês, Rick. Pode ficar sossegada,


Jess, que eu tenho muita habilidade com bebês. Criei esses dois! ―
Minha mãe brincou, secando as lágrimas. ― Tem a minha benção,
meu filho. ― Minha mãe se levantou e abraçou Guilherme.

Graças a Deus, Guilherme mudou o foco da conversa. Sei que


fiz errado em não contar aos meus pais, mas errei tentando acertar
e, no final, foi o melhor para eles.

À tarde, fomos passear na praia e as lembranças do nosso


mergulho me atingiram com força total. Hoje à noite descontaria
todo meu tesão quando estivéssemos em nosso quarto...
Hummm.... Um estremecimento percorreu meu corpo e meu Dr.
Tentação me abraçou mais forte, me puxando para seu corpo.

― Está com frio, Pequena?

Olhei para ele, que sorria descaradamente.

― Vai ver o meu frio hoje à noite... ― Me virei e mordi de leve


seu peitoral.

― Ella, não seja má, conte pra nós duas o que tem de tão
especial nesse bar, para que nossos maridos ficassem tão arredios
a cada vez que perguntamos sobre isso! ― Pam tentou saber, pela
milésima vez, hoje!
Eu ri e balancei a cabeça.

― Se eles não disseram nada, eu é que não vou abrir minha


boca. Já dei um jeito para que vocês conhecessem, agora é com
eles. ― O sorriso idiota que surgiu em minha boca, assim que
comecei a me arrumar, continuava presente.

― Rick me deu uma dicazinha. Disse que hoje eu serei sua


menina. ― Jess falou, ficando com as bochechas rosadas ao tentar
disfarçar a excitação em sua voz.

― O quê? Rick também é assim? ― Pam arregalou os olhos,


encarando Jess no espelho.

Eu não me contive e caí na gargalhada.

― Pam, você nunca percebeu o jeito que Rick a mantém em


rédea curta? Como faz tudo por ela e está sempre em cima?

― Eu sempre percebi que meu primo era mandão, mas um


Dom? Cacete! Theo não gosta que eu o chame de Senhor. Uma vez
eu o chamei assim, ele só faltou espumar de raiva. Mas de resto...
― Pam contou, rindo também.

― Gui fica doido. E se eu falo umas coisinhas a mais então, ui


ui ui! ― Eu estava gostando daquela brincadeira. Jess era a mais
tímida para falar sobre isso, Pam já era mais solta.

― Uma vez, logo que começamos, eu me algemei, coloquei


uma venda e fiquei esperando por ele só de sapatos de salto. ― As
bochechas de Jess ficaram ainda mais vermelhas.
Pam arregalou ainda mais os olhos.

― Não acredito!!! Você, com essa carinha, Jess! Cacete!

― Acho que, porque eu estava doente, ele nunca pegou pesado


mesmo comigo, mas eu percebo que ele está cada vez mais intenso
e mandão. Quem sabe... ― Me calei antes que eu revelasse tudo,
sem perceber.

Pam piscou para nós duas, com uma cara de safada que
cheguei a ficar com dó do pobre do meu irmão. Bem, quase.

― Bem, então eles que nos aguardem.

― Vou amamentar os pequenos. Se a coisa vai ser assim hoje,


não quero ficar como uma vaca leiteira. ― Jess deu uma ajeitada
nos cabelos, verificando sua maquiagem no espelho.

― Se precisar de uma mão, logo que eu acabar aqui vou lá te


ajudar. ― Pam ofereceu.

― Eu vou também, já, já.

Jess saiu e ficamos só nós duas no banheiro dos meus pais,


terminando a maquiagem.

― Não vai abrir mesmo? ― Ela tentou novamente.

Eu apenas fechei minha boca e fingi passar um zíper nela.

― Você vai amar o lugar. Sei disso.

Terminamos e fomos ajudar com os gêmeos. Em três, o


trabalho de amamentar e trocar os bebês foi finalizado rapidinho e
deixamos os dois dormindo como anjinhos.

― Bem, vamos logo, aqueles três devem estar andando de um


lado para o outro na sala. ― Pam disse baixinho, nos empurrando
em direção à porta.

Chegamos na sala e PUTA QUE O PARIU! Os três estavam em


suas calças de couro negro e camisa branca. Um suspiro coletivo se
seguiu a essa visão.

Gostoso! Meu Dr. Tentação estava.... Uau!

Sem palavras.

Meu tesão foi às alturas, só de olhar àquela calça. Qualquer


dúvida sobre o que aconteceria depois, certamente estava
descartada. Não, definitivamente, descartada.

― Vamos, Pequena. ― Escutei meu Dr. Tentação dizer e foi


seguido por um Vem, Anjo. E um Você tá uma delícia, meu Neném
lindo.

Nós nos olhamos e nenhuma conseguiu dizer uma palavra,


apenas pegamos as mãos estendidas para nós.

Fomos, cada casal em seu carro, mas chegamos juntos ao bar.

Entramos e, como todos já estávamos bem quentes, fomos


direto para a pista. Logo o garçom chegou trazendo nossas bebidas.

― Já tinha deixado avisado o que iríamos querer, para poupar


um pouco de tempo. Estou louco para te levar ao nosso quarto. ―
Gui falou em meu ouvido.
Olhei em volta e Rick e Jess estavam bem envolvidos na dança,
assim como Theo e Pam.

Bruno chegou, acompanhado por uma loira de cabelos


compridos, enfiada em um vestido vermelho justíssimo. Nos
apresentou e percebi o olhar de Gui para ele, como se perguntando
Tenho que guardar o nome? , Bruno apenas sacudiu a cabeça
negando. Bruno era mesmo indomável.

Dançamos umas três músicas e eu aproveitava cada momento


para atiçá-lo ainda mais. Sentia seu pau roçando em mim e já
estava quase pedindo por favor, que me levasse, quando ele pegou
minha mão. Olhou para Rick, que cutucou Theo. Fomos todos até o
balcão do bar e Gui estendeu a mão.

― Henrique, as chaves.

― Sim, Senhor Santos.

Logo três chaves, uma negra e duas coloridas, foram entregues


em sua mão.

Gui se virou e entregou uma chave para Theo e outra para Rick.

Bruno não se deu ao trabalho de pegar uma chave e estava


sussurrando alguma coisa para a loira.

Arrisquei uma olhada para as meninas, que estavam olhando


para seus maridos com os olhos arregalados.

Fomos andando pela multidão até a porta ao lado do palco e


entramos, Bruno à nossa frente e com os quatro atrás de nós. Eu
queria ver a reação das meninas, então parei de lado e segurei a
mão do Gui. Ele percebeu e deixou que eles passassem.

Jess assumiu uma postura submissa na hora e Rick pareceu


crescer ainda mais, ficando ereto, a olhando de uma maneira que
ateavam fogo no ar, tamanho o tesão que havia entre eles. Theo e
Pam eram um pouco diferentes. Ele abria as cortinas e olhavam lá
dentro, abraçando-a por trás e falando alguma coisa em seu ouvido.
Bruno, que havia entrado primeiro, conduziu a loira pela cintura e
seguiu direto para um dos quartos dos fundos, aqueles com
cenários. Com ele era assim, pá pum!

Rick era todo senhor da situação, conduzindo Jess pela nuca,


apontando para as cortinas e seguindo em frente, acho que devia
estar explicando, como Gui fez comigo. Meu irmão, nem olhei muito,
eca. Depois, eu ia querer saber o que elas tinham achado do lugar.
Mas agora, eu queria meu Dr. Tentação. Muito. E de todas as
maneiras!

― Vamos, Pequena, estou morrendo um pouco aqui, parado.

Gui me colocou à sua frente e me segurou pela cintura.

― Você já sabe o caminho. Vamos para o nosso quarto, minha


pequena e doce menina.

Foi me guiando, desviando dos casais que se beijavam ou


procuravam um lugar por ali, até que chegamos ao final e em frente
da porta negra. Ele passou os lábios pelo meu pescoço e se inclinou
atrás de mim, esticando a mão e colocando a chave na fechadura;
girou, empurrando a porta.
― Bem-vinda, Pequena, ao nosso quarto. ― Andou, me
levando com ele para dentro...
Capítulo Trinta e Dois.

Caminhei até o meio do quarto enquanto Gui trancava a porta.

Eu tremia toda, em antecipação ao que aconteceria. Como seria


hoje, sem o fantasma da doença pairando sobre mim?

Guilherme se virou e seus olhos brilhavam. Ele estava com


aquela cara de quem não estava de brincadeira. Seu olhar me
deixou em chamas.

Tesão...

Arrepios...
Uma tonturinha gostosa tomou conta de mim e ali, naquele
momento, eu não era capaz de lhe negar nada. Eu estava
totalmente entregue a ele, somente com a força daquele olhar.

Veio em minha direção, todo senhor de si, parecendo ainda


maior em sua postura Dominante. Chegou bem pertinho e passou
os dedos pelo meu rosto. Segurando com a mão em concha em
meu queixo, ergueu meu rosto e encostou os lábios nos meus.

Leve, muito leve... se afastou e me prendeu com seu olhar.

― Tire a roupa pra mim. ― Seu tom de voz, imperativo e rouco,


não dava lugar para nada e, sob seu olhar atento, retirei minhas
roupas, ficando de calcinha e sutiã.

Guilherme não mexeu um músculo.

― Tudo, Rafaella.

Meu corpo todo tremia incontrolavelmente, mas obedeci.

Por um tempo que me pareceu uma eternidade, ele me


observou e eu ali, parada e tremendo, esperando sua próxima
ordem.

― Muito bem, minha Pequena. Paciência e obediência. Duas


coisas fundamentais. Agora vou foder você nesse balanço,
amarrada. ― Seus olhos brilhavam na semiescuridão do quarto.

Meu tesão subiu às alturas. Minha boca ficou seca.

Ele abriu as algemas que estavam conectadas em cima, bem


no meio do balanço, e as dos tornozelos. Me pegou no colo e
sentou-me entre as tiras de couro acolchoado, elevou meu braço e
prendeu uma algema em meu pulso; fez a mesma coisa ao outro e
em meus tornozelos. Atou uma faixa pela minha barriga, prendendo-
me as faixas laterais.

Me rodou no balanço e me senti leve... Ri, deliciada. Agarrando


uma das tiras, ele me puxou e tomou minha boca, em um beijo
possessivo. Me inclinei para frente, querendo mais, mas ele apenas
se afastou e me girou novamente. Parando, sua boca agora chupou
meu mamilo. Gemi com a sensação. Outro giro e sua boca foi para
meu outro seio, sua mão deslizando pela minha pele, até o meio das
minhas pernas.

Eu estava com os braços para cima, com as mãos atadas e


com as pernas abertas, presas pelos tornozelos, sem conseguir
fechá-las, completamente aberta para ele.

Ele impulsionou o balanço e, cada vez que eu chegava perto


dele, eu era penetrada por seu dedo. Então ele abriu o zíper da
calça e seu pau pulou, duro. E o que me recebeu, desta vez, foi ele.

Gritei com a investida, na altura exata, rápido e profundo,


nossos corpos se chocaram uma, duas, cinco vezes... A sensação
de flutuar fazia com que meu fogo se alastrasse sem contenção e,
saber que ele estava ali, me amparando e cuidando, fazia com que
eu me entregasse totalmente às suas vontades.

― Confia em mim, Pequena?

― Com a minha vida, Senhor.

Gui puxou o ar entre os dentes e me arrepiei.


Ele prendeu uma outra faixa pela minha frente, abaixo dos
meus seios, e outra acima deles, e entre meus tornozelos ele
prendeu uma barra. Com um mexer de cordas, o balanço virou, me
deixando na horizontal, olhando para o chão. Me assustei, mas
sabia que ele não me deixaria cair.

― Você é perfeita, Pequena. Nem um grito. Perfeita. ―


Acariciou minha bunda.

A próxima coisa que senti foi sua boca em mim. Em minha


bunda! Gemi, incapaz de conter. Eu não podia ver o que ele fazia
em mim, mas, olhando por baixo, eu via seu pau lindo, empinado,
grosso... eu o queria em minha boca. Eu poderia pedir? Ou deveria
deixar com que ele fizesse o que bem entendesse comigo?

Minha vontade foi esquecida quando ele meteu dois dedos em


mim e começou com aquela massagem do outro dia. Em minutos,
eu estava gozando alucinadamente. Ele tirou os dedos de dentro do
meu corpo.

― Pequena, prepare-se.

Mal tive tempo de pensar e ele se meteu em mim; segurando


pelas faixas laterais do balanço, ele começou a meter forte e rápido.
Ah, o meu Dr. Britadeira!

Meu orgasmo não tinha fim. Gemia, choramingava..., mas não


queria que aquilo acabasse.

― Rafaella, vou comer sua bundinha. Esse rabo gostoso está


me atentando. Você quer? ― Guilherme perguntou enquanto
passava o polegar em meu ânus, pressionando, me deixando com
vontade.

Eu não tinha me recuperado do orgasmo devastador que sua


massagem tinha me proporcionado e, realmente, eu não me via
capaz de articular uma palavra.

Um tapa ardido em minha bunda me fez voltar à realidade.

― E como eu quero... não demore, Senhor. Te quero de todas


as maneiras. ― Ele saiu de mim e abaixou um pouquinho mais o
balanço. ― Mas antes, eu o quero em minha boca.

Guilherme gemeu. Um gemido rouco, torturado. Então, ele deu


a volta e ajustou a altura, para que eu o chupasse, arrastando as
algemas pelas tiras, deixando meus braços abertos, e me segurei
nas faixas laterais.

Como uma criança que recebe seu pirulito preferido, lambi


aquele pau delicioso. Comecei a me balançar sozinha, me
impulsionando lentamente, ele indo cada vez mais fundo em minha
boca. Ele ali parado e eu, mesmo amarrada àquele balanço, o tive
para mim e aproveitei cada instante daquela chupada deliciosa.

Quando eu o coloquei todo em minha boca, Gui parou o


balanço. Fui ficando sem ar, flutuando naquele balanço, um calor se
apoderou de mim, senti meu rosto esquentando... e então ele saiu
da minha boca. Respirei fundo e quase gozei novamente. Meu
Deus, amei aquilo.

― Outra vez, Senhor. Faça outra vez. Por favor. ― Implorei.


― Eu criei uma monstrinha...

Encostou seu pau em meus lábios e foi entrando devagar,


movendo o balanço lentamente, fodendo minha boca, até que ficou
todo dentro dela e fez novamente. Eu seria capaz de gozar daquela
maneira. Ele tentou sair da minha boca, mas suguei mais forte,
deixei que saísse apenas o suficiente para que eu conseguisse
respirar novamente e impulsionei o balanço. Continuei até que ele
me parou, gemendo.

―Tem certeza de que quer isso? ― Sua voz estava rouca e a


respiração ofegante.

Para confirmar, suguei novamente. Com a língua acariciei a


base de seu pau. O balanço recomeçou seu movimento e, quando
ele estava novamente todo dentro da minha boca, gemeu meu
nome, gozando fundo em minha garganta.

Acariciando meu rosto, ele se afastou, se abaixou e me beijou a


boca com paixão.

― Você testa todos os meus limites, Pequena.

Recolocou o balanço em posição normal e começou a me


soltar. Me pegou no colo e me levou para a cama. Alcançou um
hidratante na prateleira e massageou meus braços e pernas, até
que eu estava molinha e sonolenta.

Então se deitou ao meu lado e me abraçou.

― Te amo tanto, Pequena... você me completa. Parece que foi


feita para mim, em todos os sentidos. Aceita tão bem esse meu lado
louco... suas reações, suas vontades, apenas complementam quem
eu sou.

― Também te amo, meu Dr. Tentação. Muito, muito.

Ele levantou meu rosto, fazendo que o encarasse. Ele estava


muito sério, mas seus olhos brilhavam divertidos.

― Rafaella, você sabe que vou ter que te punir, não sabe?

Estremeci. Não por medo, mas de tesão. Me lembrei da cadeira


e do que aconteceu da outra vez e aquela bobeira e sonolência
fugiram para as montanhas...

Meu olhar correu para a cadeira. Guilherme riu de mim.

― Não, Pequena, essa não é a única maneira de punição,


embora eu perceba que, pela sua reação, seria muito bem
absorvida e aproveitada. ― Seus olhos se estreitaram e o cinza
quase sumiu. ― Hoje, você vai aprender um pouco mais sobre
punições.

Cacete! Minha pele se arrepiou com seu tom de voz ameaçador.

Foi até a prateleira e voltou com umas fitas e começou a


prender meus braços, juntos, em uma variedade de nós intrincados.

Eu observava seus músculos se mexendo ali, tão perto, que


fiquei com vontade de lambê-lo. Aquilo acrescentaria um pouco
mais à minha punição? Louca para atiçá-lo, coloquei a língua para
fora e lambi a pele exposta.
― Rafaella! Não queira aumentar ainda mais seu castigo. ―
Seu tom de voz estava realmente muito sério.

Resolvi obedecer e respirei fundo. Ele pegou a ponta da fita e


prendeu-a na cabeceira da cama.

Retornou à prateleira e, de costas para mim, começou a mexer


por ali e escutei um clique. Um cheiro gostoso de canela tomou
conta do quarto... Ele se virou para mim e em suas mãos estavam
um chicote de camurça e um recipiente de vidro com uma vela
acesa dentro.

Um sorriso safado surgiu em seu rosto e creio que o medo no


meu era visível também.

― Está pronta para sua punição, Rafaella?

Engoli em seco, antes de responder.

― Sim, Senhor.

Minha voz saiu rouca, meu corpo traindo meu medo, excitado
ao extremo.

― Olhe sempre em meus olhos.

Assenti com a cabeça e, vendo sua cara de desaprovação,


emendei.

― Sim, Senhor. ― Eu havia começado com essa coisa de


Senhor e teria que levar adiante.

Concentre-se Ella! Ordenei a mim mesma, em pensamento.


Ele começou a passar o chicote por minha pele e a excitação
cresceu em mim. Então, sem aviso, ele deu uma chicotada em meu
seio, repetindo no outro. A partir daí uma saraivada de açoites
percorreu meu corpo todo... eu estava preparada para a dor, mas o
que senti foi como uma massagem pelo meu corpo, que começou a
formigar em todos os lugares tocados pelas pontas.

Seus olhos escurecidos me encaravam, atentos à minha


reação. Um sorriso malvado surgiu em seu rosto e engoli em seco.
Minhas paredes internas contraíram-se.

Ele ficava muito gostoso dessa maneira! Meu Deus!

Virando o chicote ao contrário, ele girou a base, que vibrava, e


encostou alternadamente em meus mamilos, até me ter gemendo e
me contorcendo na cama. Desceu―o pela minha barriga e o
encostou no V entre minhas pernas.

― Abra as pernas para mim, Rafaella.

Como negar? Meu corpo obedeceu antes que eu tomasse


consciência das palavras. O cabo do chicote escorregou entre
minhas dobras e meu corpo estremeceu fortemente.

Quando eu estava a segundos de um poderoso orgasmo, ele


parou, colocou o chicote ao meu lado, na cama, e pegou a vela que
já estava bem derretida dentro do recipiente. Assoprou, apagando a
chama.

Se abaixou e lambeu meus lábios. Minha boca foi seca por um


beijo, mas esse beijo não aconteceu. Gemi frustrada.
Foi descendo e senti sua língua em meu mamilo, rodeando e
sugando um após o outro... ergueu o recipiente com a vela, me
mostrando, e aquele sorriso malvado voltou aos seus lábios.

Cara de safado. Meu safado!

Olhando-me nos olhos, ele virou um pouco de cera derretida em


meu mamilo. Puxei o ar entre dentes e seu sorriso cresceu. Fez
uma trilha de gotas até meu outro mamilo, onde derramou mais uma
porção de cera. Aos poucos, foi deixando uma trilha de cera pelo
meu corpo e, levantando a vela bem alta, deixou cair uma cachoeira
de gotas entre minhas pernas, deixando que apenas uma pequena
quantidade encostasse em meu clitóris...

O calor me consumiu, junto com um orgasmo delicioso. Gemi


seu nome e me entreguei às sensações.

Estava recuperando o fôlego quando o som de um clique me


chamou a atenção. Ah! Meu Dr. Tentação e seu fetiche por fotos. A
câmera devia estar ligada desde o início... sorri, incapaz de conter.
Fazia algum tempo que ele não tirava fotos assim e eu já estava
começando a estranhar.

― Aqui está a segunda parte da punição. ― Ele retirou a cera


endurecida de meus seios e, onde antes estava morno, ficou
gelado; me arrepiei.

A cera endurecida virou um molde perfeito dos meus seios. Gui


os colocou sobre a prateleira, como troféus. Retirou toda a cera de
meu corpo e comecei a tremer, pela sensação de abandono do calor
sobre a minha pele. Sobre meu sexo se formou um molde também,
que foi parar ao lado dos outros na prateleira.

Novamente me soltou e desfez os nós de meus braços. Outra


massagem em meus ombros e ele se deitou ao meu lado. Sem uma
palavra, ficamos abraçados, presos em uma magia só nossa, no
nosso momento, em nosso quarto do prazer.
Capítulo Trinta e Três

Horas depois, saciados e felizes, saímos do nosso quarto e


voltamos para a casa dos meus pais. Aparentemente, fomos os
primeiros a voltar. As meninas deveriam estar doidas lá ou
adormecidas, como eu, na minha primeira vez.

Eu queria saber tudo o que elas sentiram, se gostaram do lugar,


enfim, TUDO!

Fomos direto dormir. Gui me deixou na porta do meu quarto e


foi para o sofá da sala. Meus pais eram meio antiquados e, por não
sermos casados, não podíamos dormir juntos enquanto
estivéssemos aqui, na casa deles. Guilherme já os conhecia bem, já
que frequentava a casa desde a adolescência.
Encostei a cabeça no travesseiro e adormeci no mesmo
instante.

Pela manhã, tomei um banho, coloquei o biquíni, um vestidinho,


chinelos e fui para a cozinha tomar café. Quando cheguei à porta da
cozinha, dei de cara com a bagunça de todos conversando,
sentados à mesa, comendo. Os bebês estavam no carrinho,
mexendo as perninhas e os bracinhos.

Fui para a cadeira vazia, ao lado de Guilherme, que se abaixou


em minha direção, encostando os lábios nos meus, me olhando de
um jeito cúmplice.

― Bom dia, Pequena.

― Bom dia, amor. Bom dia para todos! ― Sorri e olhei para as
meninas, com cara de quem diz Eu sei o que vocês fizeram ontem à
noite! ”

As duas enrubesceram e voltaram a atenção para a comida em


seus pratos. Eu ri baixinho e Guilherme apertou minha perna por
baixo da mesa, me advertindo.

Comemos e falamos banalidades, mas eu estava louca para


irmos logo à praia. Eu queria saber! Ah, essa minha curiosidade!

Cerca de meia hora depois do café, estávamos saindo em


direção à praia, os homens carregados de coisas, pois tinham que
levar as cadeirinhas de descanso dos bebês, guarda-sóis, cadeiras
e cooler, entre outras coisas, enquanto nós, mulheres, íamos atrás.
Jess e Pam seguravam os bebês e eu ia sem nada.

Que mania de acharem que eu ainda estava doente.

“Você está em recuperação, Ella. Não vai carregar peso, na


realidade, não vai levar nada, me dê isso aqui. ” Foi o que minha
mãe me disse quando estávamos saindo e colocou minha bolsa no
ombro do Gui. Como eu não queria contrariar, pois estava me
sentindo culpada por não ter contado nada para ela sobre minha
doença, deixei. Guilherme sorriu para mim, aceitando e entendendo
o que minha mãe havia feito, então, paciência.

Os rapazes colocaram as cadeiras, esteiras e os guarda-sóis de


forma em que todos ficássemos na sombra, principalmente os
bebês.

Caramba, esses homens estavam possessivos demais hoje! Eu


queria uma brechinha para poder conversar com as meninas, mas
eles estavam terríveis! Não saíam de perto um segundo, sempre
cuidando, trazendo coisinhas, comidinhas, sucos, em um paparico
daqueles. Nós três querendo conversar e nossos respectivos
Senhores não deixavam.

Estavam em modo ela é minha e ninguém toca. Rick estava


mais do que todos, pois ele tinha seus filhos também e estava em
modo homem das cavernas, tocando Jess o tempo todo, parecia um
gavião em volta deles.

Theo assumiu seu posto ao lado de Pam, de mãos dadas; ele


acariciava o dedo dela o tempo todo e os olhares estavam mais do
que quentes. Pensei “é... acho que a noite deles foi boa, para
estarem desse jeito hoje”. Pam, que normalmente era faladeira e
toda dona da situação, estava dócil e nas mãos de Theo.

Meu Gui também estava assim, mas ele era o tempo todo,
então, não era surpresa para mim.

A tarde passou e a noite chegou. Todos jantamos a comida


maravilhosa da minha mãe e, de repente, todos resolveram dormir
mais cedo. Eu não queria me afastar de Gui e fomos passear pela
cidade. Passamos em uma sorveteria e compramos um pote de
sorvete e calda de chocolate. Ele pediu colheres extras e fomos
embora.

Continuamos com nosso passeio e então ele parou o carro.

― O que aconteceu, Gui? Por que estamos aqui? ― Olhei em


volta e estávamos em frente ao hotel em que ficamos da outra vez
que fomos ao bar.

― Porque vamos tomar esse sorvete. E você vai ser minha


taça. ― Tomou minha boca com uma paixão que me vi rendida a ele
em um instante.

Tão rápido quanto começou, o beijo acabou e ele saiu do carro,


vindo abrir minha porta. Saí e ele entregou a chave para o
manobrista. Chegou na recepção, se apresentou e pegou a chave.
Fiquei olhando, abobada para ele, que se explicou.

― Eu já havia ligado e reservado. Vamos, Pequena, não


aguento mais de vontade de te ter só para mim.
Ah, aquele fogo de ontem me consumiu e me vi querendo tanto
quanto ele.

Pegamos o elevador e ele me puxou pela mão até o quarto,


abrindo a porta com pressa.

***

― Pequena, vamos tomar um bom banho de banheira. ―


Guilherme disse, rindo, horas depois. Estávamos totalmente
melecados de sorvete e calda de chocolate. A cama então, meu
Deus! Teríamos que pagar um adicional só para reposição da roupa
de cama!

― Uhum. ― Lambi seu peitoral, pegando um pouco da calda


que estava ali.

Guilherme riu mais alto e me deu um tapa na bunda.

― Insaciável.

― Culpa sua. Eu era uma anjinha. ― Brinquei com ele, me


espreguiçando.

― Sim, eu sei. Agora eu tenho uma diabinha, uma monstrinha.


― Se abaixou e me beijou na boca. ―Vamos, Pequena. Levante-se.

Gui foi até o banheiro e escutei o barulho da água enchendo a


banheira. Então, ele voltou e, vendo que eu não havia me levantado,
me pegou no colo. Já no banheiro, entrou na banheira comigo ainda
em seus braços e se sentou, me colocando entre suas pernas. Me
lavou com cuidado e me entreguei ao seu carinho, me recostando
em seu peito.

― Isso, Pequena. Você é minha e vou te cuidar sempre, zelar


pelo seu bem-estar, pela sua felicidade.

― Sim, amor, sou sua e só sua.

Nesse momento, felicidade era meu nome.


Capítulo Trinta e Quatro

O tempo voou com todos os preparativos e hoje o dia seria de


princesa para todas nós. Estávamos na casa da Diana, sua sala
tinha sido transformada em um salão de beleza e estávamos nos
arrumando para o casamento de Theo e Pam. Os bebês estavam
sendo cuidados pela minha mãe e os filhos de Jess, só os veríamos
na igreja.

Jess, Diana e eu ficamos junto com Pam até a hora em que


Rick veio buscá-la. Estávamos todas de vestidos lilases bem
clarinhos, pois éramos as madrinhas. Pam estava linda em seu
vestido de noiva, branco de decote reto, tomara que caia, rendado
com detalhes de rosas, que era ajustado até a cintura, de onde saia
uma saia ampla e cheia, com uma calda discreta. Cristais Swarovski
ornamentavam todo o vestido. Os cabelos estavam presos, com
cachos emoldurando seu rosto e com uma tiara de ouro branco toda
com detalhes de minirosas e ramos e um véu não muito longo. Ela
estava deslumbrante! A coitada passou mal o dia todo, nós
sabíamos muito bem o motivo daquilo tudo, mas ainda bem que
tinha passado.

Na hora combinada, a campainha tocou e era Rick com a


limusine. Fomos para a igreja com Diana, seguindo-os.

Quando chegamos à igreja, Camy e Erik estavam nos


esperando com os pequenos. Diana e eu nos postamos à frente de
todos, pois entraríamos carregando os bebês, que eram os pajens.

A porta se abriu e a marcha nupcial começou a tocar.


Entramos, seguidas por todas as amigas de Pam e, ao final da fila,
ela e Rick.

A cerimônia foi linda e emocionante. Logo após, fomos para o


salão, onde seria a recepção. O salão estava primorosamente
decorado.

Os noivos chegaram bem depois de todos e foram recebidos


com palmas. Eles estavam radiantes e felizes. Sei que meu irmão
ficaria exultante em pouquíssimo tempo!

― Minha Pequena, me dá a honra dessa dança? ― A voz de


Guilherme me surpreendeu.

― Claro, meu Dr. Tentação. ― Dei a mão para ele, que me


conduziu até a pista, me prendendo em seus braços.
― Logo mais seremos nós, dançando nossa primeira música
como marido e mulher. ― Sussurrou em meu ouvido.

Olhei em seus olhos.

― Te amo, Guilherme Santos. Com cada fibra do meu ser, eu te


amo. Pode marcar a data, que me caso com você quando quiser.

― Bem, então vamos nos casar no dia dos namorados. Doze


de Junho. Está bom? Dará tempo para seus cabelos crescerem
mais um pouco, como você queria, para providenciar tudo o que
precisa, sem pressa... ― O interrompi com um beijo e escutamos o
riso de Pam, e olhamos para os dois.

Theo a girava nos braços, beijando todo o rosto dela.

― O que está acontecendo ali?

― Pam contou a novidade para meu irmão.

― Ela e ele vão ter... ― Ele olhava com a boca aberta para os
dois.

― Sim, seremos titios em breve.

― Ah, eu quero os nossos também! ― Ele me pegou nos


braços, imitando meu irmão, me rodando, rindo.

― Logo após nosso casamento, começaremos a tentar. ― Me


beijou com paixão.

― Até lá, vamos treinando... ― Disse entre beijos.


― E muito. A prática leva à perfeição! ― Me prendeu entre seus
braços, em um abraço delicioso.

― Eu também te amo, minha Pequena, minha menina, minha


vida, meu tudo!

Olhei em volta. Todos estavam felizes e dançando. Até Bruno


estava acompanhado da loira do bar. A doença e a morte não me
rondavam mais e, em seu lugar, a felicidade imperava.

Nos braços de meu Dr. Tentação, o futuro agora tinha uma


perspectiva ...
Epílogo

Nove meses depois.

Há um mês atrás, fizemos nossa primeira sessão de fertilização.


Hoje faríamos a ecografia, para ver se eu estava grávida.

Eu sentia borboletas em meu estômago e estava muito


apreensiva.

― Calma, Pequena. O que tiver que ser, será. Sua menstruação


está atrasada. Eu tenho certeza de que seremos papais em breve.
― Guilherme aparentava estar calmo, mas não me convenceu.

― Essa calma toda vem de onde?


― Vem de anos de prática. ― Ele riu, demonstrando seu
nervosismo. ― Vamos tomar um banho e nos aprontar. Já, já vamos
ver nosso pontinho na TV, igual a ecografia da pequena Gigi.

Deixei que me levasse para o banheiro e me lavasse, como ele


gostava de fazer. Em meia hora estávamos prontos e no carro, a
caminho da clínica.

Eu não tinha comido nada, apenas tomado água para poder


fazer a ecografia, pois, se estivesse mesmo grávida, já faríamos os
exames necessários para o pré-natal. Estava louca de vontade de
fazer xixi, mas teria que esperar, já que era uma exigência para a
realização da eco.

Suspirei. Será que eu estava grávida? Será que tinha dado


certo? Dúvidas infindáveis ecoavam em minha cabeça...

― Calma, Pequena. Respire fundo e conte até dez. Estamos


chegando e em menos de quinze minutos teremos a confirmação.―
Pegou minha mão e beijou minha aliança.

Chegamos e Guilherme estacionou o carro, na maior lerdeza da


terra! Eu queria sair correndo, entrar na clínica e ir direto e reto para
a sala de exames.

Entramos, a recepcionista pegou nossos dados e nos


encaminhou para a sala de espera da eco. Nos sentamos e a
vontade de fazer xixi aumentou ainda mais. Fiquei ali, balançando
as pernas cruzadas, até que nos chamaram.

― Senhora Rafaella Santos.


Nos levantamos e entramos na sala.

― A Senhora pode se trocar, por favor. Tire toda a roupa, da


cintura para baixo, e se deite ali. Pode se cobrir com o lençol.
Coloque uma perna em cada lado, aqui em cima. O doutor já vem.
― A enfermeira nos disse, saindo.

Rapidamente fiz o que me foi dito e me deitei na mesa, ao lado


da máquina, de frente para uma televisão.

Meu corpo tremia de nervoso.

Guilherme se postou atrás de mim e começou a massagear


meus ombros.

― Calma, eu estou aqui com você.

Ele me deu um beijo na testa e a porta se abriu.

― Bom dia! Como estamos hoje? Prontos para o que der e


vier? ― O Dr. César era um homem grisalho e sempre muito bem-
humorado. ― Lembrem-se, se não for dessa vez, tentaremos
novamente. A chance de sucesso é alta, foram implantados cinco
embriões.

Ele se sentou à frente da máquina e começou a digitar os dados


no computador e eles foram aparecendo na tela.

― Vamos lá? Relaxe, isso não vai doer nada. ― Chegou com a
sonda, revestida com um preservativo, no meio das minhas pernas.

Uma imagem desfocada e cheia de ranhuras apareceu na tela


da TV a nossa frente.
― Uau! Parabéns! Vocês vão ser papais! Estão muito bem
implantados.

O ar me faltou e tive que respirar fundo.

― Como é, doutor? Implantados?

Guilherme apertou meus ombros e uma gota pingou em meu


rosto. O olhei e ele chorava, olhando a tela da TV.

― São três, Pequena! ― Ele disse, emocionado, com a voz


embargada.

― Isso mesmo. Três embriões se implantaram perfeitamente.


Você vai ser mamãe de trigêmeos. Parabéns!

Óbvio que sabíamos da possibilidade de uma gravidez de


múltiplos, mas aquilo me pegou de surpresa e comecei a chorar e rir
ao mesmo tempo. Guilherme deu a volta e me deu um beijo na
boca.

―Três! Passamos a perna no Rick e no Theo! Yes! ― Ele deu


um soco no ar, feliz da vida.

Dr. César imprimiu a foto dos nossos pontinhos e nos entregou.

― Pode se limpar e se vestir, Rafaella. Espero vocês no meu


consultório.

Saiu, nos deixando sozinhos.

Guilherme estava com um sorriso de orelha a orelha. Meu


Deus, três bebês de uma só vez! Que Deus nos ajudasse!
Fim
Indomável

KACAU TIAMO
Copyright © 2015
Agradecimentos

Agradeço especialmente às minhas Pimentinhas, pois sem


vocês nosso Leãozinho demoraria muito para sair, o empenho de
vocês nesse presente lindo (que uso muito) foi de um valor
inestimável. Nunca me esquecerei do que fizeram por mim. Esse
gesto de amor e união ficará para sempre em meu coração e em
minha memória.

À Sheila Pereira, me incitando a continuar sempre com suas


montagens lindas...

À Cássia Maria, com suas artes maravilhosas... e à todas que


me incentivam diariamente com seus comentários lindos!

Meu obrigada mais que especial para minhas miguxas do


coração, sempre comigo em todas as horas... F. Bittencourt,
Karoline Gomes, Deisi Riewe, Alexsandra Peres, Marina Peres
(Cotinha), Dani de Mendonça, Kelly Faria, Erica Pereira, Luciana
Ferreira e Gisele Melo, Andreia Calegari, Graziela Lopes, Helena
Costa, Lilia Britto, Luana Silva, Luciana Rangel, Mônica Menezes,
Diana Camêlo, Ionara Carvalho, obrigada por me aturarem dia e
noite, vocês moram no meu coração.
Agradeço também a minha capista, The Flash, que nunca me
deixa na mão, super paciente e talentosíssima Jessica Gomes e ao
cuidado todo especial da minha revisora Ana Aguiar, que aprontou
nosso Leãozinho em tempo recorde e tão próximo às festas de final
de ano.

Meu muito obrigada a todas vocês também que prestigiarão


meu trabalho, lendo e apaixonando-se por Bruno, o mais solitário
dos quatro lobos...

Bem, depois de tantos agradecimentos, vamos começar nossa


história!

Como sempre, apreciem sem moderação! :D


Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 1

Estar aqui, entre meus amigos e suas famílias, me faz pensar


em ter a minha própria.

Os gêmeos de Rick e Jess estão fazendo um ano, Theo e Pam


estão babando na pequena Giovanna que está com duas semanas.
Bem, não só eles, todos estão babando na pequenina. Os gêmeos
têm um pouco de ciúmes da bebezinha, pois eles eram os únicos
bebês entre todos e isso está sendo divertido de se ver.

Adoro crianças e esses três são a minha paixão. Vi todos


nascerem. O que também é esquisito, pois já vi “as partes” das
mulheres dos meus amigos, que são como irmãos para mim, o que
me faz tio dos pequenos.

Tio... Isso remete à família. A minha está muito longe e não nos
falamos há tanto tempo que não faz mais sentido ir atrás. Quem
sabe um dia quando eu tiver a minha própria, eu os leve para
conhecer meus pais e o resto do pessoal. E lá estou eu, pensando
em ter minha família novamente.

Exasperado com essa constatação, passei a mão pelo rosto e


prendi meus cabelos em um coque.

Essa coisa de amor não é para mim. Nunca senti nada a mais
por ninguém. A não ser por essas pessoas que hoje são minha
família, e faria qualquer coisa por eles, nunca senti nada. Acho que
a minha menina perfeita não existe.

Preciso de um tempo no clube. Dominar é minha outra paixão.


Ter uma mulher ao meu dispor e saber que ela fará o que eu
mandar, me deixa com muito tesão. Amo as mulheres, seus corpos,
seus gemidos, suas bocetas macias e molhadinhas... Mulheres de
todos os tipos, desde que tenha uma boceta e um par de seios...
não esquecendo da boca... Quando estão ajoelhadas na minha
frente, chupando meu pau e me olham com aquele olhar carente e
suplicante, como se dissessem: ”Me dê sua porra, quero cada
gota.”... Caralho, isso é demais! Sou um safado, sem vergonha e
tarado. Amo dominar essas capetinhas.

Porra, por que fui pensar nisso? Agora estou com uma ereção
do caralho, no meio de uma festa infantil! ! !

Uma coisa era certa, na minha primeira folga, eu iria ao bar.

— Ei, Brunão, tudo bem? — Guilherme perguntou, sentando-se


ao meu lado.

— É, tudo indo. Como está indo com a fertilização?


Guilherme e Ella tinham ido ver os detalhes para ter um bebê,
com os óvulos congelados dela e eu me preocupava muito com o
lado emocional dos dois, pois não era fácil enfrentar essa situação.

— Vamos fazer o primeiro implante em alguns dias. Sempre tem


aquele nervosismo, sem saber como vai ser...— ele entrelaçou os
dedos, brincando com os polegares.

Dei um tapa em seu ombro.

— Relaxa, vai ser o que tiver que ser. Vocês merecem ter
sucesso nessa empreitada e vão ter. E já sabe que, precisando
desabafar, eu estou aqui.

— Valeu cara, eu sei que posso contar com você. Queria ter a
sua certeza. Mas vamos tentar mesmo com medo do que possa
acontecer ou no caso, não acontecer.

— Eu estava pensando em ir ao bar na minha próxima folga. O


que acha de chamar todos? Faz tempo que não nos reunimos e
bem, você sabe, as mulheres de vocês adoram.

—Não sei, cara, Pam ainda está no resguardo e, com certeza,


não poderá ir. Só se conversarmos com Theo e Rick e marcamos
para depois que ela for liberada. O pobre do Theo deve estar
subindo pelas paredes!

Foi impossível não rir, só em pensar no coitado, esse tempo


todo só no cinco contra um.

— Fechado. Fala com eles e depois me avisa. Será que falta


muito para cortarem esse bolo? Estou louco pra atacar os doces!
— Cara, você só tem tamanho! Devia tomar juízo, cortar esses
cabelos, arrumar uma boa mulher e se casar. Só falta você.

— Haha, até parece. Não tem aquelas mulheres que ficam pra
titias? Eu vou ficar pra titio, só curtindo. A minha vida e os filhos de
vocês. Isso não é pra mim, cara.

Eles sempre implicaram com meus cabelos, mas eram parte de


mim e eu adorava. Com meus dois metros de altura e minha
cabeleira selvagem, as mulheres enlouqueciam. Ainda mais quando
eu andava sem camisa. Eu passava muito tempo trabalhando e o
restante eu dividia entre malhar, cuidar do bar e fazer sexo, muito
sexo. Minha cabeleira era um chamariz para mulheres. Diziam que
eu parecia selvagem e tentavam me domar. Mas como os caras
insistiam em dizer, eu era o indomável do grupo.

— Vamos lá na cozinha, roubar uns doces? — eu sabia que


Guilherme estava louco para atacar também, os doces da Jess
eram viciantes!

Fomos andando disfarçadamente até a cozinha e encontramos


uma bandeja de brigadeiros, separada das demais. Atacamos os
doces e pegamos um pouco de suco na geladeira.

— Bonito, hein? — Ella falou alto atrás de nós e, no susto, nos


engasgamos com o brigadeiro.

Ella começou a rir de nós e depois de alguns tapas nas costas,


rimos também. Ella sentou-se no colo de Guilherme e nos ajudou a
acabar com a bandeja de docinhos.
— Caramba, não guardaram pra gente?— Pam chegou na
cozinha, escoltada pelo Theo. — A Gigi dormiu. Vim repor as
energias com alguns docinhos. A Jess faz doces como ninguém!

— Vi todo mundo se esgueirando pra cozinha, o que vieram


fazer aqui?— Jess perguntou, da porta. Rapidamente escondi a
bandeja atrás da cadeira.

— Viemos roubar uns docinhos, mas quando chegamos aqui


esses três já tinham acabado com todos os reservas. — Pam nos
dedurou.

Jess fez cara feira para nós e veio pisando duro. Abriu um
armário próximo e retirou mais uma bandeja de docinhos variados.

— Pronto. Depois de tantas festas com vocês, eu sabia que isso


acabaria acontecendo, então fizemos a mais — ela abriu um sorriso
e todos suspiramos aliviados.

— Ouvi falar em roubar docinhos? — Rick chegou, abraçando


Jess pela cintura, estendendo o braço e enchendo a mão de
brigadeiros.

— Ah, vocês são fogo viu! Pega mais uma bandeja ali, amor. Eu
também vou querer!

Estávamos todos conversando e brincando com o assunto dos


doces. Olhei para cada um dos meus irmãos, que estavam
agarrados em suas mulheres, elas entraram de mansinho em minha
vida e me aceitaram como eu sou. Eu amava essas pessoas!
Capítulo 2
Depois de cantarmos parabéns para os meninos e de mil e uma
fotos, chegou a hora de ir embora. Relutei em deixar todos, mas
eles tinham suas casas para voltar e suas mulheres para mimar.
Então fui para minha casa também.

Chegando, tomei um banho, a bagunça e o barulho da festa


ainda estavam em meus ouvidos, contrastando com o silêncio do
ambiente. Eu precisava de conforto e carinho, alguém que se
importasse realmente comigo e que fosse uma boa companhia. Só
consegui pensar na Anne. Se os caras imaginassem uma coisa
dessas, eu seria zoado pelo resto dos meus dias. Respirando fundo,
liguei o note. Eu precisava dela hoje à noite.

Entrando na rede social, a luzinha dela estava verde.

Suspirei, mandando uma mensagem.

— Boa noite, Anne.

Logo veio a resposta.


— Boa noite, Leãozinho. Como você está?

— Indo. Como foi seu dia?

— Tudo certo, mas você não me parece bem — ela sempre


parecia perceber meu estado de espírito, somente com algumas
palavras minhas.

— Estou me sentindo sozinho, nesse apartamento enorme… —


desabafei.

— Bem, eu estou aqui pra você — e colocou uma carinha feliz.

Essa carinha feliz, me fez imaginar que ela estava fazendo


exatamente essa carinha e isso já me fez sorrir.

Conversamos um pouco por ali e era como se ela estivesse ao


meu lado, uma coisa meio louca de se entender. Com Anne, eu
podia ser eu mesmo, contar meus segredos, minhas conquistas,
fossem elas no trabalho ou com as mulheres mesmo, ela ria e se
divertia comigo. Me incentivava ou me puxava a orelha e eu adorava
tudo isso. Se era possível ter amizade com uma mulher? Bem, há
anos eu e Anne éramos amigos virtuais. Eu me preocupava com ela
e ela comigo. Uma amizade gostosa.

— Pimentinha, que bom ter você em minha vida — mandei


mensagem de voz, algumas horas mais tarde. — Vou dormir,
amanhã entro cedo no trabalho. Bons sonhos.

— Ok, beijos Leãozinho. Ah, não some. Eu me preocupo.


— Pode deixar. Beijos e até mais. Amanhã à noite eu entro de
novo.

Desliguei o note. Acho que se fosse para ter uma mulher


comigo todos os dias seria a Anne. Com ela eu conversava por
horas, sem ao menos perceber o tempo passar. Coloquei o note no
chão e pensando nela, dormi.

Acordei suado, no meio da noite. Que sonho filho da puta! Eu e


Anne transando como animais, eu ouvia seus gemidos ainda, meu
pau duro estava latejando. Não tive alternativa, a não ser bater uma
pensando nela.

Caralho, como isso? A punheta mais deliciosa da minha vida,


imaginando a Anne, gordinha montada em mim. Deus! Me limpei
com a camiseta e joguei no chão. Isso não era certo. Não com
Anne. Ela estava acima disso tudo. Ou não?

Fiquei tão perturbado com isso que não consegui mais dormir.
Liguei o note e reli algumas de nossas conversas.

Quente como o inferno!

Como eu nunca percebi? Será que ela me queria? Não, eu não


posso pensar nela assim. Arranquei a cueca e fui tomar um banho.
Gelado!

Fui mais cedo para o hospital, faria uma hora por lá e pegaria
alguma daquelas enfermeiras que viviam me dando bola, eu
precisava de sexo real, depois daquele sonho maldito.
Chegando à sala de descanso dos enfermeiros, a Dani estava
por ali, sentada em um sofá, com uma xícara de café nas mãos.
Ignorando todos os sofás disponíveis, me sentei ao lado dela, meu
corpo enorme tomando todo o espaço restante, ficando encostado
da coxa aos ombros dela. Então abri meu braço, estendendo no
encosto do sofá.

— Ei, como foi a noite?— perguntei, puxando papo.

— Uma correria daquelas, estou estressada! — ela respondeu.


— E exausta — suspirou.

— Encoste aqui — ofereci meu peito.

Ela sorriu e se recostou em mim. Comecei a acariciar seus


cabelos e fui descendo, acariciando seu braço, massageando, até
que ela soltou um gemido leve. Com a outra mão, elevei seu rosto,
pelo queixo, para que me olhasse. Encarei aqueles olhos lindos e
cheguei perto.

Bingo! Ela entreabriu os lábios, pedindo para ser beijada.

Encostei minha boca na dela e a beijei, acariciando seu corpo


todo. Ela estava entregue e não se opôs a uma carícia mais ousada,
quando minha mão escorregou para dentro de sua calça. A puxei
para cima de mim e ela se encaixou em meu corpo, enfiando as
mãos em meus cabelos, aprofundando o beijo. Ela era pequenininha
e me levantei com ela em meu colo, levando-a para um dos quartos
de descanso.

Realizei meu sonho, mas com a Dani.


Chupei, acariciei e fodi aquela bocetinha com vontade e a fiz
gozar diversas vezes até que eu estivesse satisfeito.

A limpei e lhe dei um beijo de adeus. Juntei as camisinhas


descartadas e fui para o vestiário, tomei um banho e coloquei meu
uniforme. Agora sim, eu estava pronto para mais um dia de trabalho.

Mas a sombra de Anne ainda estava em minha mente.

Eu adorava meu trabalho na oncologia. Por vezes angustiante,


mas a parte da oncologia infantil era realmente gratificante, ainda
mais quando fazíamos recreação com as crianças. A faculdade de
educação física era muito útil ali. Adorava ver a felicidade naqueles
rostinhos tão sofridos.

O câncer era uma doença ingrata e, na minha opinião, as


crianças não deviam passar por isso, um dos motivos pelo qual
escolhi ser enfermeiro pediátrico e também da oncologia.

Aquelas pestinhas me adoravam e toda vez que eu ia aplicar a


medicação, o sorriso em seus rostos aparecia, pois se lembravam
das brincadeiras da hora da recreação. Com meu tamanho e com a
minha cabeleira, eu era inconfundível e sempre fazia jus ao apelido
que Anne me deu, de leãozinho e deixava a juba solta durante a
hora da brincadeira.

Anne novamente, rondando minha cabeça.

Suspirei e entrei no centro de enfermagem da oncologia,


verificando o quadro e as fichas.
Tentaria não pensar mais nela e ficaria uns dias sem falar com
ela também. Quem sabe com essa distância, ela saísse da minha
cabeça.

Assim, meti a cara no trabalho e me dediquei aos pacientes.

À noite quando cheguei em casa, o silêncio me envolveu e


minha mão coçou para pegar o note e falar com ela. Aquilo tinha se
tornado um vício e eu nem havia percebido.

Passei a mão pela minha barba que estava comprida demais.


Prendi meus cabelos em um coque, peguei uma cerveja, meu violão
e fui para a rede, na sacada.

Bem longe do note e de Anne.

Comecei a dedilhar as cordas do violão e quando percebi


estava tocando a música tema de Game of Trones... eu estava
mesmo pra baixo... Terminei a cerveja e toquei mais algumas,
observando o céu estrelado. O balanço da rede e a cerveja, me
deixaram sonolento. Me levantei bocejando e me larguei na cama,
do jeito que estava.
Capítulo 3

Acordei cedo. Hoje só trabalharia à noite, mas não tinha jeito de


dormir até mais tarde. Arrumei minha mochila para a academia.

Olhei em volta, procurando as luvas que usava para treinar e


meus olhos caíram sobre o note. Será que ela tinha entrado ontem?
Eu havia prometido falar com ela. Não me aguentando de
curiosidade e de vontade de ter algum contato com ela, peguei o
notebook e liguei. Entrei na rede social, mas tomei o cuidado de
ficar invisível para todos. Abri o chat e tinha uma mensagem dela.
Na hora já marquei como não lida, para que ela não percebesse que
eu tinha visto.

Oi leãozinho, fiquei te esperando até agora. Vou dormir,


estou com saudades. Beijo e espero que você entre amanhã e
me explique o porquê de ter me deixado na mão. Adoro você.
Até mais.
Que vontade de responder! Mas não, eu precisava de distância
disso. Quem sabe eu não respondendo a coisa esfriasse e até
mesmo que ela me esquecesse. Se bem que quanto mais eu
tentava ficar longe, ficava mais importante saber dela. O que eu
mais queria era passar horas conversando com ela. Caralho, ela
fazia eu me sentir tão bem...

Esperaria mais uns dias. Isso passaria, essa vontade louca de


falar com ela passaria. Suspirei, fechando o note. Olhei a hora e já
eram quase dez da manhã. Peguei minha mochila e fui para a
academia, sem a luva mesmo, essa merda devia ter saído andando,
não era possível.

Em minutos cheguei na Swanson Fitness Club, a academia que


de certo modo era minha também. Uma pequena parte, mas era.
Rick, quando resolveu abrir a academia, me chamou e ofereceu
uma porcentagem de tudo, em troca de meu nome como sócio, pois
para abrir uma academia, você precisa ser formado em Educação
Física e como eu era, entrei nessa. Ele era um irmão para mim e
nunca negaria uma coisa dessas a ele, eu não queria parte
nenhuma, mas ele fez questão. Além do que, confiava em seus
instintos para os negócios e realmente eu não havia me enganado.
A academia era um sucesso.

Lá estava eu, treinando, quando Jess e Rick chegaram. Jess


deu um beijo em Rick, que ficou acariciando o rosto dela, dando
pequenos beijinhos enquanto falava alguma coisa que a fez sorrir.
Então ele foi para o escritório e Jess foi para a esteira, começar seu
aquecimento. Aquela demonstração de carinho, me deixou com o
peito doendo, e um vazio dentro de mim. Eu sabia muito bem do
que estava sentindo falta.

Minha Anne era como Jess, toda cheinha, pele branquinha... as


duas poderiam ser irmãs, de tão parecidas. A diferença estava nos
cabelos, os de Anne eram mais compridos e com umas mechas
douradas.

Por que essa fixação com Anne agora? Éramos amigos há tanto
tempo, por que agora, cacete!

Descontei a minha frustração no exercício, me acabando de


tanto treinar. Cheguei em casa, comi alguma coisa e, depois de um
banho, me atirei na cama.

Acordei com o despertador. Já estava na hora de ir para o


hospital, eu tinha apagado por horas!

Coloquei uma roupa e fui para o trabalho, no pior mau humor do


mundo.

Assim foi, durante uma semana. Quando não estava no


trabalho, estava me acabando na academia. Olhava as mensagens
de Anne, que estava ficando cada vez mais irritada com meu
sumiço. E preocupada. Nunca fiquei tanto tempo sem falar com ela.
O que me pareceu uma boa ideia, estava se mostrando um enorme
erro.

Como sempre, eu acordei e abri o note, para olhar se tinha


alguma mensagem dela. E não gostei do que encontrei.
Eu nunca virei as costas pra você! Quando você precisou
eu estive aqui. Todas as vezes. A hora que fosse! Quantas
madrugadas passei com você, trocando mensagens ao celular?
No computador? Quantos conselhos? Quantas conversas nós
tivemos e eu te apoiei, ajudei, estive ali pra você? E você
simplesmente some assim? Você dá valor ao que temos? Não,
porque você só quer o que você não pode ter! Quanto mais
impossível, mais você quer e luta por isso. Acho que eu vou
fazer isso também. Ficar inacessível! Quem sabe, né? Estou
indo embora... quando você entender que eu gosto de você
pelo que você é e não pelo seu físico, dinheiro ou sei lá mais o
que, você sabe onde me encontrar! Como dizem, você um dia
vai ver que perdeu a lua, enquanto admirava estrelas. Adeus,
Bruno.

Sua Pimentinha

Eu tinha ido longe demais. Fechei o note com força e larguei ele
por ali.

Que vontade de quebrar tudo!

Coloquei minha roupa, agarrei a mochila e fui para a academia.


Me entreguei ao treino. Quase no final, Rick chegou perto de mim e,
com uma cara preocupada, me encarou e disse: Cara, vai transar.
Você vai acabar se machucando, com tanto exercício. Me deu um
tapa no ombro e se foi. Ele tinha razão. Desde que peguei a Dani no
hospital, eu não tinha feito nada.
Voltei para casa e liguei para o serviço de acompanhante. Eu os
usava como delivery. Ligava, fazia meu pedido, especificava como
queria e um pouco depois, a comida chegava na minha porta.

Hoje eu queria alguém como Anne. E me mandaram a Karol,


uma morena de seios fartos e quadris largos. Ela mal chegou, já
agarrei, encostando-a na parede. Eu estava louco para foder e
aquela gordinha gostosa era tudo o que mais queria. Fui subindo
seu vestido, passando as mãos pelas suas coxas roliças,
desvendando sua barriguinha e finalmente seus peitões. Caí de
boca neles, sem pensar duas vezes. Karol gemeu e se entregou
completamente a mim. A comi ali mesmo, encostada na parede,
depois no sofá, apoiada no encosto, virada com a bunda para mim.
Depois de satisfeito, a ajudei colocar sua roupa, paguei e ela se foi.

Meu corpo estava satisfeito, mas minha mente não. Eu ainda


queria o que não podia ter!

Frustrado, fui trabalhar. Pelo menos no trabalho eu não pensava


nela, pois tinha que me concentrar nos pacientes. Eu não podia
cometer nenhum erro, nunca. Vidas dependiam de mim e eu me
entregava ao que fazia.
Capítulo 4

Saí do trabalho, ainda frustrado e fui direto para um barzinho,


que ficava cheio sempre. Encostei no balcão e pedi uma cerveja. Me
sentei em um dos bancos e fiquei olhando o povo chegando,
conversando, rindo, indo embora e eu ali, no balcão, enchendo a
cara.

Depois de não sei quantas cervejas, me levantei para ir ao


banheiro e percebi que estava muito bêbado, o bar todo estava
girando. Por sorte consegui chegar lá e fazer o que tinha que fazer,
com uma mão apoiada na parede, para não cair. Lavei as mãos e
joguei água no rosto, para ver se eu melhorava. Voltei para o salão
do bar, meio cambaleante e Rick estava ali, apoiado no balcão.

—Cara o que você está fazendo? Mandei você ir transar, não


encher a cara!

—Como você me achou? — as palavras saíram da minha boca


de forma estranha.
Ri com o som delas. Eu estava falando engraçado.

— O Marcos, lá da academia, te reconheceu e me ligou. Ele


ficou prestando atenção e quando viu que você pediu a décima
cerveja, me ligou.

— Eu sou forte, sou grande, aguento mais que isso!

Caralho eu estava realmente bêbado.

— Vamos lá, eu te levo pra casa. Veio de moto? — Rick


estendeu a mão pedindo a chave.

Cacei em meus bolsos a porra da chave.

— Não, tô de carro — fui colocar a chave na mão dele, mas


tudo se borrou e sei lá como, ele pegou a chave de minha mão.

— Bora Tigrão, a bebedeira acabou — ele se enfiou embaixo do


meu braço e me apoiei nele, deixando que me levasse.

— Tigrão não, Leãozinho. Sou um leãozinho! — eu ria sozinho.


—Minha Anne me chama assim... Leãozinho.

— Cara, você não tá falando coisa com coisa.— Rick abriu a


porta do meu carro e me colocou para dentro. — Que leão e que
Anne?— Ele perguntou, dando partida no carro.

— Deixa pra lá — encostei a cabeça no banco, tudo rodava —


Tá tudo girando — falei rindo.

— Brunão, você é um bêbado chato. O que aconteceu pra você


encher a cara assim?
— Sei lá. Eu não sei o que fazer da minha vida. Não sei o que
quero. Não, eu sei o que quero, mas não sei se é certo — tagarelei,
sem nem saber do que falava. Fiquei olhando os carros que
passavam ao nosso lado até que Rick disse:

— Chegamos. Vou te levar lá pra cima.

Rick me ajudou a sair do carro e a entrar em meu apartamento.

— Valeu cara. Volta pra sua casa. Manda um beijo pra Jess e
para os pestinhas. Eu estou bem, vou ficar legal — fiz um sinal com
a mão, levantando o dedão. Bem coisa de bêbado mesmo, pensei,
rindo novamente.

—Vou levar seu carro. Amanhã eu mando alguém trazer. Tem


certeza de que vai ficar legal?

—Estou bem, cara. Pode ir.

Rick saiu e me larguei na cama. O note estava ali e eu não


resisti.

Abri e como eu tinha virado um stalkeador, a página dela estava


aberta e o chat também. Tinha uma música para mim, da Cristina
Perri, Jar of Hearts. Meu peito doeu ao ouvi-la, com uma emoção
que eu não soube nomear. Sem pensar, mandei uma mensagem.

— Oi, Pimentinha — não precisei esperar pela resposta.

— Até que enfim apareceu. Eu já estava a ponto de ir bater na


sua porta, só para ter a certeza de que você não tinha morrido.

—Você nem sabe onde eu moro.


— Coisa mais fácil de descobrir — ela colocou uma carinha
zangada no final da frase.

Coisa mais linda! Sorri e meus dedos voaram pelo teclado.

—Eu quero você, Pimentinha. Te quero na minha cama, quero


arrancar suas roupas e lamber teu corpo inteirinho.

—Tá louco? Ou brincando comigo? Porque isso não tem graça.


Você está bem? Porque está falando essas coisas?

—Porque eu quero, quero muito te pegar de jeito mulher! Você


não quer minha cabeça enfiada no meio de suas pernas? Não quer
enlouquecer, agarrada em meus cabelos, pedindo para que eu não
pare de te chupar? — só em pensar isso, já fiquei duro. O jeans
apertava meu pau e abri o botão e o zíper, aliviando um pouco a
pressão.

—Leãozinho, você tá de brincadeira... você bebeu, só pode!


Quanto você bebeu?

—Um pouco. Caralho, eu não tô brincando. Eu quero provar


você, sentir sua carne tremendo no meu pau, sentir ele todo enfiado
em você, você sentada nele mexendo gostoso, de costas para mim,
esse rabão lindo, meus dedos todos dentro dele, enquanto meu pau
se delicia nessa boceta molhada, socando o pau e dedos, virar você
de frente pra mim, minha puta safada, olhar sua cara de descarada,
rindo pra mim, oferecendo essa língua e eu chupando... — não sei
como escrevi tudo isso com uma mão só, porque a outra estava
acariciando meu pau, que já estava para fora da calça.
— Leãozinho, só de ler isso já fiquei molhada e querendo. Se
você estiver de brincadeira comigo, não vou te perdoar nunca.

— É sério, me dei conta de que te quero pra caralho.

— Você deve estar bêbado. Eu quero tudo isso, mas quero você
me dizendo isso tudo quando estiver sóbrio.

Continuei com a sacanagem até ela entrar na minha e


responder com vontade. Se achei que aquela punheta sozinho,
pensando nela foi a melhor da minha vida, eu estava muito
enganado. Liguei a câmera e deixei ela ver o efeito que tinha sobre
mim. Eu me masturbei, em um show particular para minha
Pimentinha. Ela me fez gozar só escrevendo putarias deliciosas.
Depois, me fez prometer que dormiria.

— Até amanhã, meu Leãozinho, agora você é um pouquinho


meu.

— Até, Pimentinha — falei, ainda meio tonto e desliguei a


câmera.

Virei para o lado e com um sorriso satisfeito no rosto, caí no


sono.

Ah! Que sonho bom eu tive!

Me espreguicei e bati o braço no note. Olhei em volta. Eu


estava com o pau para fora, todo sujo de porra seca.
CARALHO!!! Aquilo não tinha sido um sonho! Peguei o note e
olhei a conversa toda. Puta que pariu! Eu tinha falado tudo aquilo!
Cacete! E ela me queria também. Isso não estava certo. Como eu
pude fazer isso?

Mas estava feito. Eu não me lembrava muito bem o que tinha


feito, mas pelo que ela tinha escrito eu tinha me mostrado para ela.

Eu precisava de um banho e também trocar a roupa de cama.


Não sei como o note tinha ficado ileso, sem nenhum resquício de
porra nele, porque o resto...

O que eu faria agora?

Eu estava bem fodido!

Quem mandou eu beber?

Me levantei, tirei a roupa da cama, a minha roupa e fui colocar


para lavar. Não deixaria a Eliane, a moça que cuidava da limpeza do
meu apartamento, ver o estado daquilo. Voltei para meu quarto e fui
tomar banho. Aquela porra seca deu um trabalho terrível para sair.

Não posso mais fazer isso, não bêbado. Ri da minha desgraça.

Pelo menos uma coisa boa eu tinha conseguido com tudo


aquilo. Bêbado não tem filtro entre o que pensa e o que diz, falando
sempre a verdade, assim eu tive a coragem necessária para dizer
tudo o que estava preso em minha garganta. Minha cabeça estava
latejando. Enrolado na toalha, fui até a cozinha e, pegando a caixa
de suco de laranja na geladeira, tomei um pouco. Levei a caixa
comigo e me deitei na rede.
O que eu faria agora? Entraria para falar com ela na maior cara
de pau? Jesus, eu não sei o que fazer. Meu celular tocou e fui
atender.

— Cara como você está?— Rick foi logo falando.

— Estou bem, com um pouco de dor de cabeça, mas só isso.

— Estou com seu carro, caso não se lembre. Fiquei intrigado


com o lance do leão e da tal da Anne. Conversei com Jess e ela
acha que você está apaixonado. Meu Anjo é um detector de
corações apaixonados.

— Não me lembro de quase nada de ontem. Não sei o que


disse, mas...

— Te chamei de tigrão e você disse que era um leãozinho, que


sua Anne te chamava assim. Olha, Jess é boa com conselhos... se
quiser conversar com a gente, estamos aqui, cara, pra qualquer
coisa.

— Não sei o que fazer, mas vou pensar nisso. Deixa o carro aí,
vou andando pra academia e pego as chaves com você. Uma
caminhada vai me fazer bem.

— Você quem sabe. Pensa aí no que te disse, tá bem?

— Pode deixar. Até mais.

Desliguei e terminei de tomar o suco da caixa. Coloquei a roupa


lavada no varal e uma limpa na cama. Eu estava acostumado a
fazer as coisas em casa. A diarista vinha duas vezes por semana,
mas nesse meio tempo eu mantinha as coisas em ordem. Deixando
tudo arrumado, peguei a mochila e fui andando devagar.

Será que eu deveria conversar com Jess e Rick? Eu sou um


tonto, pareço criança, com medo de mim mesmo.. .
Capítulo 5

Caminhando devagar pelas ruas, fui pensando no que eu havia


feito.

Acho que já é hora de me encontrar com Anne ou, pelo menos,


vê-la. Pode ser que nossa química não combine e que, vendo-a ao
vivo e a cores, a coisa toda desmorone como um castelo de cartas.
A vida tem dessas coisas, pode ser tudo ilusão de minha parte,
causada pela carência que venho sentindo nos últimos dias. Ela
nunca escondeu seu endereço e eu devo ter anotado em algum
lugar, de quando mandei flores em seu aniversário. Isso mesmo! Eu
vou, fico de longe e sinto o clima.

Resolvido, apressei o passo e logo cheguei à academia. Fui


direto ao escritório do Rick. Bati na porta e esperei. Ele gritou para
que eu entrasse.

— E aí? — cumprimentei-o com o punho fechado.


Sentei na cadeira à sua frente. Ele estava sentado, mexendo
no computador.

— Melhor?

— Aham, tudo certo.

— Brunão, eu estou com a pulga atrás da orelha. Por que


leãozinho?

Para responder essa, soltei meus cabelos e olhei para ele, que
riu alto.

— Entendi, Jess vai adorar isso! Agora, e a sua Anne? O que


mais me intrigou foi o fato de você dizer que ela era sua. Você
nunca nem disse o nome dela pra nós. Quer me contar, pelo amor
de Deus? A curiosidade do meu Anjo é contagiante.

Bem, que mal tinha, né? Eu já havia aberto a minha boca


mesmo.

— Certo. Eu a conheci em uma rede social, há cerca de dois


anos atrás. Sabe, conversa online? Pois bem, começamos a
conversar e, quando dei por mim, estávamos nos falando todos os
dias, por horas. Eu falo de qualquer coisa com ela, rimos das
mesmas piadas, gostamos das mesmas coisas, ela me entende
como ninguém, sabe de tudo da minha vida. Coisas que eu não
conto pra ninguém, ela sabe, e eu sei dela também. Era só amizade,
eu nunca tinha visto a coisa toda como nada a mais do que isso. Ela
é como a sua Jess, fofinha, cabelos castanhos com algumas
mechas douradas, compridos, olhos como os da Pam — Rick me
olhava, sério, prestando atenção em tudo o que eu dizia.
— E vocês já saíram, já foram para os finalmente? — ele
balançou as sobrancelhas, provocadoramente.

— Aí que tá! Nós nunca nos vimos. Por fotos claro que já e ela
acabou vendo algumas partes de mim pela câmera do note ontem
— parei de falar, passei a mão pelo rosto e prendi meus cabelos em
um coque. Eu tenho essa mania quando estou nervoso.

— Caramba! Nunquinha? Nada? — ele estava surpreso. — E


você está assim, com os quatro pneus arriados por causa dela, sem
nunca a ter visto?

— Nunca. Eu tive a porra de um sonho com ela, que só de


lembrar eu fico duro. É uma merda. Enquanto eu vinha pra cá, fiquei
pensando... vou até onde ela mora e vou vê-la. Não sei se vou falar
com ela ou só ficar de olho... Você sabe que eu nunca me amarrei
em ninguém. Já tive mulheres de todos os tipos, das mais gostosas,
se arrastando atrás de mim. Isso tudo está me assustando. Quero
saber o que sinto realmente.

Rick se levantou e deu a volta na mesa, ficando ao meu lado,


recostado contra ela.

— Essa é uma boa ideia, mas, e se for real? Se você estiver


apaixonado por ela? E o pior, se ela não estiver na mesma? Isso é
uma cilada. Rapaz, você está fodido — ele deu um tapa em meu
ombro.

— Eu sei. Mas tenho a esperança de que não dê em nada. E se


for real, ela vai ser minha. Totalmente minha.
— Boa sorte, meu irmão. Você vai precisar. Se quiser que a
gente vá com você, é só dizer.

— Você tá é doido pra ver ela! — ri da cara dele.

— Estou mesmo. Curioso pra cacete, para saber quem


conseguiu te domar. E sem nem chegar perto! Nosso indomável
está sendo adestrado à distância! — ele riu de mim.

Mas o que eu podia fazer, se era verdade? Abri minha carteira e


mostrei a foto dela para ele. Eu havia imprimido há uns dias atrás.

— Aqui, essa é a Anne.

— Porra, ela é gostosa. Não diga ao meu Anjo que eu disse


isso.

— Eu sei. E juro que iria pra cima de você, por esse seu
comentário, se não soubesse que você ama a Jess mais do que a si
mesmo.

— Foi só uma observação. Você sabe disso. Vá lá, observa,


chega perto, sente o perfume, se der para esbarrar nela, esbarre. O
tato e o olfato são as melhores coisas para você descobrir o que
sente.

— Eu vou, já me resolvi — me levantei. — Cadê a chave do


carro? Perdi tanto tempo caminhando até aqui, que nem adianta eu
treinar hoje. Daqui a pouco começa meu turno.

Ele pegou a chave e me deu. Me despedi dele e fui embora.


Olfato e tato. Eu não podia negar que ele tinha razão. Assim,
comecei a bolar um plano de ação em minha mente. Eu tinha que
tirar isso da minha cabeça!

Uma hora depois, eu estava na oncologia pediátrica, com meu


violão, tocando cantigas de roda para as crianças que estavam
sentadas à minha frente, cantando e sorrindo. Isso era bom demais,
poder levar um pouco de alegria para elas. Fazia com que me
sentisse feliz, leve, uma sensação de estar fazendo o que era certo.
Pobres criancinhas, passariam pela quimio hoje e não seria nada
fácil... Ao menos, eu saberia que fiz com que, por uma hora, elas
esquecessem da doença e da dor.

Mais tarde, consegui uma folga de dois dias para o início da


próxima semana. Era só esperar. Voltei ao trabalho com as energias
renovadas.

Agora vai ou racha!

Passei no centro de enfermagem e, verificando o quadro, fui dar


as medicações dos pacientes.

Cheguei em casa e bati a porta, suspirando. Eu estava


acabado. Aquela bebedeira tinha cobrado seu preço, além do meu
plantão. Eu precisava dormir, meus olhos estavam pesados de tanto
sono. Abri o note, mas ela não estava online a essa hora. Procurei
na internet uma foto de um casal se beijando e mandei, dormindo
quase que na mesma hora.
Capítulo 6

Acordei com o barulho das mensagens do chat.

— Leãozinho? Você está aí? — várias mensagens iguais, uma


embaixo da outra.

Esfreguei os olhos, tentando afastar o sono.

— Estava dormindo. Como você está?

— Eu estou bem. A pergunta é, como você está? Como ficou,


depois da bebedeira de ontem?

— Fiquei com um pouco de dor de cabeça. Só isso — eu não


tocaria no assunto do meu show de ontem. Queria ver o que ela
diria e se diria alguma coisa.

— Acho que realmente deve ser pouco, perto do que poderia ter
sido. Você se lembra do que me disse ontem?
— Mais ou menos. Mas saiba que tudo o que eu escrevi é real.
Eu reli a conversa toda e não me arrependo de uma só letra.

— Caramba. Foi uma delícia. E você me surpreendeu. Tá certo


que você sempre disse ser alto e tal, mas eu não tinha ideia que seu
pau era proporcional à sua altura. Ele é enorme! — ela colocou uma
carinha espantada, com a boca aberta após a mensagem.

Aquilo inflou meu ego. Um sorriso enorme apareceu em meu


rosto e não tinha jeito de tirar.

— Ele é todo seu, Pimentinha.

— Meu para fazer o que quiser? Posso pegar na mão e


admirar? — só em imaginar ela segurando meu pau, concentrada
somente nele, perto… — Posso te olhar e ir chegando pertinho dele,
suspirar por pensar que não vai caber em minha boca, mas querer
tentar mesmo assim?

Minha imaginação estava a milhão. Bem que dizem que o


cérebro é a parte mais erótica do corpo de uma pessoa.

— Pode… — eu estava respirando pesado e, mesmo sem


pensar, minha mão já estava acariciando meu pau por cima do
jeans.

— Abrir minha boca, pôr a língua para fora e encostar na


pontinha, sentindo seu sabor?

Caralho, gemi e juro que consegui sentir sua língua em meu


pau. Não me aguentei e abri a calça.
— Continua, Pimentinha... o que mais você quer fazer com ele?

— Rodear a ponta e morder de leve.

— Morde, chupa, faz o que quiser...

Ela continuou a escrever o que faria comigo e o tesão tomou


conta de mim. Eu imaginava aquilo tudo acontecendo. Eu era doido
por um boquete. Sentir a boca quente e molhada em meu pau,
observar ele entrando e saindo. Caralho! Quando isso tudo se
tornasse real, eu a viraria do avesso! Entraríamos em coma, de
tanto sexo.

— Eu estou quase gozando, Anne. E tudo culpa sua. Você é


gostosa demais — confessei.

— Me deixa ver de novo?

Se eu deixava? Nem pensei e cliquei no botão da chamada por


vídeo. Ajustei para que ela tivesse uma visão privilegiada e
continuei. Ela escrevendo e eu falando, gemendo e gozando.

— Vou ser o rei das punhetas, desse jeito — ri, feliz.

— Se todas elas forem para mim, pode ser. Eu adoro saber que
sou a responsável por te excitar dessa maneira. Um dia, eu quero
você pra mim. Em mim.

— Ah, isso você pode ter certeza. Vou te comer gostoso.


Espera aí que vou me limpar. Não foge — desliguei a câmera e corri
para o banheiro, retornando o mais rápido que pude.
— Pronto. Limpinho — mandei, mas não tive resposta. —
Anne?

— Voltei. Se estivéssemos juntos, você não precisaria ir se


limpar... eu teria te deixado limpinho.

Um estremecimento passou pelo meu corpo. Ela estava mesmo


dizendo que engoliria tudo? Ah, essa eu gostaria de ver!

Continuamos a conversa, contando nosso dia, rindo de


bobeiras. Eu amava conversar com ela, mesmo que fosse por
mensagens. Parecia que só assim meu dia estaria completo.

— Vou dormir, tenho que trabalhar amanhã cedo — ela disse


depois de um tempo. — Bruninho, essa semana eu vou estar meio
ocupada, não sei se vou conseguir entrar todo dia.

— Tudo bem, quando der, me chama.

— Certo, boa noite e bons sonhos — e a luzinha dela apagou.

Continuei deitado com aquele sorriso besta na cara. Ela me


deixava ligado em minutos. Eu queria foder como um animal agora.
Dominar, prender as mãozinhas dela e tomar posse daquele corpo
fofinho. Já que eu não poderia tê-la ainda, iria ao clube aqui da
cidade e mataria minha vontade com outra, pensando nela. Eu não
poderia viver de punheta. Não me satisfaço com uma vez só. Meu
sono tinha ido pro saco.

Sem alternativas, tomei um banho e, dando vazão ao tesão


causado pelas mensagens com Anne, fui ao clube. Privado, como
quase todos os clubes do gênero, estava cheio. Passei pelo bar e
comprei uma cerveja. Escolhi meu alvo e ataquei. Uma morena
cheinha como minha Anne. Cheguei perto e puxei conversa. Seu
nome era Gisele e tinha um sorriso meigo. Em dez minutos de papo,
ela estava na minha. Então ofereci minha mão para ela.

Esse era o sinal utilizado no clube, um convite à sacanagem.


Quando ela colocou sua mão na minha, um sorriso sacana surgiu
em meu rosto e ela olhou para baixo, em uma leve reverência.
Nunca fui rechaçado e também nunca me enganei quanto a uma
sub. Beijei sua mão e a conduzi pela nuca, até a porta que dava
acesso à parte onde a ação acontecia. Dois seguranças estavam a
postos na frente da porta e me cumprimentaram assim que me
viram, um deles a abrindo para que entrássemos. Casais abraçados
e se pegando pelos cantos, encostados nas paredes, envolvidos em
seus jogos de sedução. Eu não queria saber de sedução e fui direto
para um dos quartos disponíveis.

— Porta aberta ou fechada?

— Aberta, Senhor.

Essa era das minhas. A porta estando aberta, era um convite


para que outros se juntassem a nós.

— Tire a roupa.— ordenei e fiquei observando. Gisele era uma


submissa obediente e rapidamente ficou nua. —Existe alguma coisa
que você não queira?

— Meu único limite é dor intensa, Senhor.

— Ok. De joelhos, menina. Abra a boca.— abri o zíper e deixei


meu pau pular para fora. Aquela postura submissa me excitava
muito. Cheguei próximo e encostei meu pau em sua boca. — Mãos
para trás. Chupe. Faça o seu melhor, menina. Se me fizer gozar, eu
saberei agradecer.

Aqui era dominação crua. Sexo por sexo, pelo prazer de


dominar e ser dominado. Gisele fez um bom trabalho com a boca.
Ela chupava, lambia, gemia e engolia. E me olhava. Um olhar de
gatinha manhosa pedindo pelo seu leitinho, que me deixava louco.
Comecei a foder sua boca com vontade e gozei gostoso. A safada
engoliu tudo e continuou chupando. Me afastei, retirando meu pau
de sua boca. A coloquei de pé e a levei para uma das camas.
Algemei suas mãos, prendi em um dos pilares da cabeceira e a
vendei. Comi com gosto, fazendo com que ela gozasse várias
vezes, sentindo sua boceta me ordenhando. Pessoas entravam,
observavam e saiam. Alguns casais usavam as camas ou os
aparelhos espalhados pelo quarto. Era muito excitante estar ali,
fodendo e observando os outros casais. Usei várias camisinhas com
ela e, quando me dei por satisfeito, a soltei e agradeci pelo presente
da sua submissão.

Novamente, meu corpo estava satisfeito, mas eu queria minha


Anne. Isso tudo era como você estar louco por um bifão suculento e
comer um ovo frito. Por hora servia, mas não te satisfazia
completamente.

Em casa, mandei uma foto de um buquê de rosas lilases para


minha Pimentinha. Já era tarde e eu sabia que ela gostaria de abrir
seu chat no dia seguinte e se deparar com as rosas. Outro banho
para retirar qualquer vestígio da noite que tivesse ficado em mim e
fui para a rede, até o sono chegar.
Capítulo 7

Durante essa semana, minhas conversas com a Anne estavam


cada vez mais gostosas. Digo gostosas, porque era tão fácil
conversar com ela e, mesmo as coisas estando em um outro nível
agora, não era só sacanagem que rolava. Existia um carinho e um
cuidado que estavam além da minha compreensão. Nunca tinha
sido assim comigo antes.

Uma coisa me intrigava, o fato de ela não entrar todos os dias


ou ter que sair de uma hora para outra. Ela nunca tinha sido assim.

Havia chegado o dia da minha viagem para vê-la. E eu ainda


tinha dúvidas quanto a me mostrar realmente a ela.

Acordei cedo, aparei os pelos do meu corpo e minha barba.


Nada pior do que um saco peludo na hora do rala e rola. Não sei se
seria para tanto, mas era melhor estar tudo lisinho. Coloquei alguns
itens de primeira necessidade e algumas mudas de roupas, para
qualquer eventualidade, em uma mala, e eu estava pronto.

Uma hora de carro nos separava.

Munido de coragem e algumas dúvidas, peguei a estrada.


Cheguei próximo ao prédio em que ela morava e parei meu carro,
ficando de olho. Estava perto da hora de ela sair para o trabalho.

Não tive que esperar muito para que o carro dela saísse da
garagem. Mas ela não estava sozinha no carro. No banco do
passageiro havia um cara todo sorridente que estava conversando
com ela.

O monstro do ciúmes colocou suas garras em mim.

Liguei meu carro e segui os dois à distância. Ela parou na frente


de um shopping e o cara se inclinou para se despedir dela. Aquilo
me deixou puto de raiva! Ele saiu, bateu a porta e ficou olhando-a se
afastar. Guardei bem a cara do filho da puta. Segui seu carro até a
loja onde ela trabalhava.

Esperei um pouco, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo


baixo e coloquei um boné. Saí do carro e entrei na loja.

Comecei a olhar as roupas expostas e, disfarçadamente, me


aproximei dela e inspirei seu perfume. Meu Deus, ela tinha um
cheiro maravilhoso! Meu pau pulsou e agradeci silenciosamente por
estar com uma camisa solta por cima do jeans. Ela estava
arrumando e colocando algumas roupas no cabideiro. Fui pegar o
cabide que ela estava colocando e nossas mãos se esbarraram. Um
arrepio me tomou e entendi perfeitamente o que Rick havia dito.
Eu era apaixonado pela minha Pimentinha sim, disso eu não
tinha dúvida alguma.

Aquele arrepio foi fodástico.

Fiquei louco para agarrar aquele corpo gostoso, beijar aquela


boca deliciosa e tirar todo aquele batom clarinho e brilhante. Me
contive e saí da loja. Eu tinha que descobrir qual era a daquele cara.

Quem era ele?

O que fazia tão cedo na casa da minha Anne?

Por que tinha ficado todo cheio de sorrisos para ela?

Será que ele era o motivo pelo qual ela não pôde ser minha a
semana toda?

Fui arrumar um hotel para passar a noite. Agora eu queria


saber! Voltaria para acompanhar quando ela saísse do trabalho.

Depois de fazer o check-in no hotel, fui para o shopping. Quem


sabe eu esbarrava com o safado por lá? Afinal, cidade do interior
em um dia de semana pela manhã não devia ter muita gente lá.
Andei um pouco, procurando com cuidado. Em pouco tempo
encontrei o cara sentado em uma das mesas em frente a um café.
Claro que, pelo meu tamanho, chamei a atenção rapidinho. Parei
próximo a ele e olhei em volta, como se procurasse por alguma loja,
me fazendo de perdido.

— Ei, você sabe onde tem uma loja de operadora telefônica por
aqui? Preciso comprar um chip...— perguntei, como quem não quer
nada.

— É por ali — ele apontou para o corredor, por onde eu tinha


vindo.

—Eu acabei de passar por ali e não encontrei. Você pode me


mostrar? — juntei meus cabelos e os prendi em um coque.
Caramba, eu estava começando a ficar nervoso.

Os olhos do cara se prenderam aos meus bíceps. Ele engoliu


em seco.

— Claro, eu já acabei aqui.

Ele se levantou. Não chegava nem aos meus ombros, o


baixinho.

— É sempre vazio assim aqui? Estou a passeio e não conheço


nada.

— Eu também não sou daqui, estou na casa de uma amiga


enquanto faço algumas entrevistas de trabalho. A cidade é muito
boa, sabe?

Caralho, ele estava na casa da minha Anne mesmo. Passei a


mão pelo rosto e contei até dez. Juntando toda a minha força de
vontade, sorri para o cara.

— Amiga, é? Sei como é ficar na casa de amigas… — deixei a


sugestão solta. Nós, homens, gostamos de nos mostrar,
principalmente no que diz respeito a conquistas.
— Por enquanto é, mas acho que hoje a coisa pode mudar.
Vamos jantar para comemorar o emprego que consegui.

Puta que pariu! Ele daria o bote hoje? Ah, mas eu não deixaria
mesmo, nem por cima do meu cadáver!

— Poxa, parabéns pelo emprego e obrigado por me mostrar


onde fica a loja.

Dei um tapa no ombro dele com um pouco de força demais. Eu


estava espumando de raiva! Ele disse alguma coisa que não
consegui entender. A ira tomando conta de mim.

Eu tenho que sair de perto dele ou vou quebrar a cara do


sujeito.

Entrei na loja e comprei o tal do chip, na saída, fui comer


alguma coisa. Eu estava bufando como um touro bravo e meu
estômago roncando. Eu precisava comer, me acalmar e pensar.

Enquanto almoçava, comecei a pensar em um plano de ação.


Nem ferrando que eu deixaria aquele tampinha tentar alguma coisa
hoje com minha Pimentinha.

A parte de não me mostrar estava descartada.

Completamente!

Mas também não chegaria agarrando e levando para meu hotel,


por mais que essa fosse minha vontade. O que eu sentia era real e
queria que fosse da parte dela também. Iria com calma e ela seria
minha. Ah, seria!
Capítulo 8

Às sete e meia da tarde, lá estava eu, de banho tomado, roupa


impecável e perfumado. Parei meu carro bem na frente da loja e
esperei. Em pouco tempo, ela saiu junto com uma mulher mais
velha. Abri a porta e saí. Apoiei-me no teto do carro.

— Pimentinha — disse um pouco alto demais. Anne tomou um


susto e levou as mãos à boca. Dei a volta no carro e cheguei perto
dela. — Oi, Pimentinha — olhei em seus olhos e passei a mão pelo
contorno do seu rosto. Sorriu.

— Você é doido — disse, antes de pular no meu pescoço.

A abracei e aspirei seu perfume. Minha. Hummm, que


sentimento mais gostoso!

A segurei firme e agora estávamos na mesma altura, nossos


olhos presos, nossas bocas a centímetros de distância. O sorriso foi
morrendo aos poucos e o tesão... caralho, o tesão bateu forte.
Encostei minha boca na dela e meu corpo estremeceu. Porra,
isso com um beijo santinho?

— O que veio fazer aqui? — a voz dela, rouca, fez meu pau
pulsar.

— Vim te ver. Eu disse que um dia eu apareceria.

— Como é bom te ver! — passou a mão em meus cabelos. —


Você é tão... grande — os olhos dela brilharam e um sorriso safado
surgiu naquela boca linda. Me lembrei do comentário que ela fez no
outro dia e sorri também.

— Minha pimentinha linda! Estava doido pra te ver — a beijei de


novo, rapidamente, e enfiei o rosto em seus cabelos. Cheirosa! E,
em breve, totalmente minha. — Está indo pra casa? — eu sabia que
não, mas precisava ouvir da boca dela.

— Não, vou encontrar meu primo, vamos comemorar hoje. Vem


comigo. Você vai gostar de conhecer o Diego.

O sorriso dela era sincero e por que não? Queria ver a cara do
safado do tal primo. Sem vergonha, safado e ordinário!

— Eu tenho certeza de que vou adorar. Está de carro?

— Sim, está bem ali. Me segue, o restaurante é aqui perto —


disse, mas não me soltou.

A abaixei e ela ficou ali, me olhando de cabeça erguida. Minha


Pimentinha era baixinha. Bem, como dizem, toda baixinha precisa
de um grandão, e não seriamos exceção à regra.
— Nem acredito que você está aqui e que é real — me abraçou
de novo e encostou o rosto em meu peito. — Eu ficaria aqui no meio
da rua abraçada em você até não poder mais...— se afastou um
pouco e depositou um beijo em cima do meu coração.

Aquilo me aqueceu por dentro. Me deixou tonto. Com um tesão


dos infernos.

— Vamos então. Quero conhecer seu primo — dei outro


beijinho santo e ela se foi.

Um vazio tomou meu peito. Eu a queria comigo.

Suspirei e entrei no carro. Ajeitei meu pau dentro do jeans. Isso


seria uma tortura, ficar tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Eu
queria ver a cara do tampinha quando me visse com ela. Safado!

A segui até o restaurante e parei ao lado dela. Ela saiu do carro,


veio direto para mim e me abraçou de novo. Ela também não queria
ficar longe de mim e isso era bom. Muito bom. Pelo menos, para o
meu ego.

Entramos no restaurante abraçados.

— Quero ficar com seu cheiro em mim — ela falou baixinho, se


apertando contra mim.

Ah, eu também queria que ela ficasse com meu cheiro... assim
o tampinha safado não teria dúvidas quanto a quem ela pertencia.
Dei um beijo no topo de sua cabeça, a estreitando contra mim.
Quando entramos, o cara estava sentado no bar, tomando uma
caipirinha. Ao me ver, ficou branco como cera.
— Diego, esse é Bruno. Bruno, esse é o Diego, meu primo —
ela nos apresentou sorrindo.

— Ah, você é o cara do shopping! Cadê a sua amiga?

Eu sei que fui sacana, mas ele merecia.

— Você está abraçado nela — ele respondeu, sério.

— Vocês não são primos? — sorri para ele, a colocando na


minha frente, abraçando e colocando minha cabeça sobre a dela.

— Somos.

— Ah! Bem, prazer, eu sou o namorado dela — estendi a mão


para o cara.

Minha Pimentinha virou a cabeça tão rápido para mim que achei
que ela tinha virado a menina do exorcista.

— Meu namorado? — perguntou sorrindo.

— Uhum. Sou seu. — disse, depositando um beijo em seus


lábios. O sorriso dela ficou ainda maior.

—Isso me faz sua também — seus olhos brilharam ao dizer


isso.

Me abaixei e sussurrei em seu ouvido.

— Mais tarde, quem sabe — seu corpo estremeceu em meus


braços e me deixou ainda mais doido.

— Vocês já se conheciam? — ela perguntou.


—É, fui almoçar no shopping quando cheguei e acabei pedindo
uma informação para seu primo, que tava tomando café por lá. Ele
foi muito gentil.

—É bem do Diego mesmo, sempre muito solícito.

ANNE

Meu primo estava muito sério, encarando meu Leãozinho...

Ah! Meu Leãozinho...

Quase tive um ataque cardíaco quando ele me chamou. Mal


acreditei quando ele chegou perto de mim... meu coração parecia
que sairia pela boca. Quando ele encostou seus lábios nos meus,
Jesus! Me arrepiei toda e o que mais queria era passar minhas
pernas pela cintura dele, sentir aquele pau enorme, que eu sabia
que estava escondido ali, roçando em mim! Só não o fiz porque
estávamos na rua e em frente a loja em que trabalho. E agora ele
não me soltava e nem eu queria que ele fizesse isso.

O jantar foi legal, mesmo meu primo estando com aquela


carranca. Realmente, não me preocupei com isso, porque eu estava
com Bruno. Gigante, cheiroso e todo meu. E ainda com aquela
promessa...

— Bem, acho que vou pular a sobremesa — Bruno disse e me


olhou.
Peguei minha bolsa e cacei a chave do meu carro.

— Diego, você pode levar meu carro? Vou ficar um pouco com
Bruno e acho que vou chegar tarde — sem esperar pela resposta,
coloquei a chave na frente dele.

— Espere um pouco, já volto — Bruno se levantou e foi em


direção a um garçom.

— Esse é o cara da internet? Você é doida? Já pensou em


como ele te encontrou? — Diego mal esperou que Bruno virasse as
costas e começou a esbravejar.

— Sim, ele é o cara da internet, eu não sou doida e ele me


achou porque dei meu endereço. Nós conversamos há muito tempo
e, se quer saber, confio mais nele do que em qualquer pessoa. E
outra coisa, cuide da sua vida. Eu não me meto em seus
relacionamentos ou na falta deles. Sou adulta, pago minhas contas
e não venha me dar lições de com quem eu saio ou deixo de sair.
Você acha que é melhor eu sair à noite e ficar com alguém que
acabei de conhecer ou alguém com quem converso já há dois anos?

— Acho melhor você ficar comigo — ele respondeu na maior


cara de pau.

— O quê? Você enlouqueceu. É meu primo! Eca. Eu nunca


ficaria com você, Diego. E se você tem essas intenções comigo,
faça o favor de chegar na minha casa e juntar suas coisas. Deixe as
chaves do meu carro e do apartamento na portaria. Eu tinha toda a
intenção de te ajudar, mas depois dessa, cuide de você mesmo. Vá
para a casa da Tia Débora, que é aqui perto; ela não vai se opor.
Diego ficou branco como cera pela segunda vez na noite e seu
olhar se fixou em um ponto atrás de mim. Olhei e vi que Bruno
estava voltando.

Agarrei minha bolsa e me levantei.

— Vou pagar a conta e não se esqueça. Quando eu chegar em


casa, não quero encontrar você lá — me levantei e Bruno já estava
ali.

— Paguei a conta. Vamos? — ele falou e me encarou. — O que


foi, Pimentinha?

— Nada, vamos sair daqui antes que eu cometa um primocídio


— eu estava muito brava. Me virei para Diego. —E você, não se
esqueça.

Bruno pegou minha mão e fui com ele. Chegando no carro, ele
abriu a porta para mim e eu entrei.

— Ei, se acalme. Venha aqui — ele disse assim que entrou no


carro e me abraçou, meio torto, mas fez o seu melhor.

— Diego é um idiota.

— Hum. Calma, Pimentinha. Você sabe que é muito estourada.


Respire fundo.

Bruno acariciava meus cabelos, meu braço e logo o assunto


Diego estava esquecido. Eu tinha plena consciência dos dois metros
de homem delicioso que eu tinha ao meu lado. Ele ligou o carro,
uma música linda começou a tocar, um piano e um homem
cantando. Então me lembrei da música, era Down - Jason Walker.

Seus olhos se prenderam aos meus e seus dedos percorreram


meu rosto, se embrenhando em meus cabelos. Sua língua
contornou meus lábios e ele mordeu o inferior. Estremeci e um
gemido baixinho escapou de minha garganta. Sua boca escorregou
pelo meu rosto, espalhando fogo pelo meu corpo. Logo senti ele
mordendo a pontinha da minha orelha.

— Se eu te beijar como eu quero, não vou conseguir parar.


Tenho um tesão sem limites por você — e lambeu minha orelha,
respirando pesado.

MEU DEUS! Senti a umidade crescer entre minhas pernas, tudo


pulsando... A voz grossa dele em meu ouvido me arrepiou toda. Eu
o queria mais que tudo. Então, eu percebi que estava em minhas
mãos. Se eu o beijasse como eu também queria, seria o sinal verde
para tudo mais.

Tanto tempo esperando, fantasiando, e tudo aquilo poderia ser


real com apenas um beijo. Ele escorregou os lábios para meu
pescoço e foi a minha vez de embrenhar meus dedos em sua juba.
Meu Leãozinho, hoje você será meu!

Devagar, fui puxando-o para cima, em direção à minha boca.


Então ele parou e nos olhamos novamente. Imitando seu gesto,
contornei sua boca com a língua e fui além. Quando nossas línguas
se encostaram, gememos juntos e aí o beijo pegou fogo...
consumindo toda a minha sanidade.
Que beijo, meu Deus…

Minhas mãos passearam por seus braços fortes, senti seus


músculos se enrijecendo sob meus dedos e não parei por ali.
Escorreguei pelo seu peitoral e mais para baixo... As mãos dele
estavam paradas, agarradas aos meus cabelos. Eu não esqueceria
aquela música e aquele momento nunca.

— Pimentinha... Se eu largar seus cabelos, vou rasgar sua


roupa e te comer aqui, no estacionamento do restaurante. Quer ir
para meu hotel? — me perguntou com a voz rouca e ofegante.

Eu apenas concordei com a cabeça, sorrindo. Ele me olhou com


uma cara de safado e fez hummm... Me beijou rapidamente e,
engatando a ré, colocou o carro em movimento.
Capítulo 9

Chegamos ao hotel e, de mãos dadas, entramos no elevador.


Eu não tirava meus olhos dele. Tentei, mas era impossível. Ele
olhou para cima e, ao ver a câmera, passou a mão pelos cabelos.

A porta se abriu e ele se apressou em sair, me puxando pela


mão. Sorri e o acompanhei. Ele abriu a porta e se afastou para que
eu entrasse.

— Anne, você sabe o quanto esperei por isso? — ele me


prendeu contra a parede, assim que fechou a porta.

Caramba, me senti pequena e protegida naquele espaço


diminuto entre a parede e seus braços.

— Estou sem saber o que fazer com você — ele se abaixou e


juntou a testa na minha. — Meu pau está a ponto de explodir, louco
para se meter em você, no seu calor... Estou louco para te lamber
inteira, te beijar, morder ... para ter você pra mim, só para mim. Mas
tenho medo de te assustar ou estar indo rápido demais. Você é
importante demais para eu te perder por causa da intensidade do
que quero fazer com você.

Meu corpo estremeceu e fechei os olhos, suspirando.

— Seja apenas você mesmo. Eu sei do seu lado dominador e


estou pronta para qualquer coisa que você quiser — sussurrei,
minha voz rouca demais para ir um tom acima.

Com um gemido torturado, Bruno tomou posse da minha boca,


senti suas mãos em minha bunda e ele me levantou. Me agarrei aos
seus cabelos e passei minhas pernas em torno de sua cintura. Ele
se esfregava em mim e eu nele, loucos de tesão.

Suas mãos grandes percorriam meu corpo, apertando e


apalpando. Interrompemos o beijo apenas tempo suficiente para ele
tirar minha blusa, jogando-a no chão. Meu corpo todo tremia em
antecipação. Meu sutiã foi ao chão e ele me abraçou forte, meus
seios se esmagando contra seu peito.

— Segure-se, Pimentinha — foi todo o aviso que tive, antes de


ele me carregar pelo quarto, como se eu não pesasse nada.

Me colocou na cama e, sem tirar os olhos de mim, começou a


tirar a roupa, desabotoando a camisa, seus músculos foram
aparecendo e minha boca secando. Ele era tão perfeito! Seu
peitoral, os gominhos de sua barriga... seus braços. Começou a tirar
o cinto e meus olhos se prenderam ali. Eu o veria ao vivo e a cores!

Sua calça caiu e fiquei sem fôlego.


Uau! Queria tocá-lo, descobrir a textura de sua pele, seu
sabor...

Seus olhos percorreram meu corpo e a insegurança me pegou.


Ele era tão perfeito e eu... Eu não era nada perfeita. Meus peitos
grandes demais, minha barriga e minhas coxas, grandes demais...
sem falar na minha bunda... Com esse pensamento, cobri meus
seios com as mãos.

Como um felino, ele subiu na cama. Meu peito subia e descia,


minha respiração ofegante. Seus olhos nos meus falavam
silenciosamente, exigindo minha rendição. Eu precisava me
acalmar. Fechei os olhos e respirei fundo.

— Olhe para mim, Pimentinha. Se você não quiser fazer nada,


nós paramos. Você manda aqui — me beijou de leve.

Abri os olhos e vi sua expressão preocupada.

—Eu quero. Quero muito. Só... Você é tão... e eu não… — as


palavras se confundiam e se misturavam, eu não conseguia me
expressar.

Pegou minhas mãos, erguendo-as acima da minha cabeça. Seu


corpo se ajustou ao meu quando ele deitou por cima de mim.

— Você é perfeita pra mim. Não percebe o quanto te quero?


Mulher nenhuma me tirou do sério como você faz, Pimentinha.
Nunca perdi o controle ou fiquei sem saber o que fazer — para
afirmar sua declaração, pressionou sua ereção em mim.

Suspirei.
Ele começou a me beijar devagar, acariciando meu rosto, meus
cabelos.

— Te quero, Pimentinha... Tanto...— sua boca escorregou pelo


meu rosto e mordeu de leve meu queixo. — Gostosa, fofinha e
cheirosa.

Sorri e me entreguei às suas carícias e, quando dei por mim,


estava nua e ele novamente de pé. Pegou meu cinto.

— Me dê suas mãos.

Juntei as mãos e estendi, juntas, na direção dele. Um sorriso


safado surgiu em seu rosto e não pude me impedir de sorrir
também. A brincadeira começaria.

Vindo para o meu lado, ele prendeu o cinto em minhas mãos e


o enlaçou na cabeceira da cama.

— Ainda com vergonha de mim?

— Um pouco...

Ele acendeu a luz do quarto e aquilo me ofuscou. Eu estava


completamente nua e presa.

Ele ficou ali, parado me olhando. Engoli em seco e senti minhas


bochechas esquentando. Por que ele estava fazendo aquilo?

—Deixe-me ver o que tanto você tem vergonha e vamos parar


com isso. Entre nós não pode ter nada para atrapalhar. Quero você
leve e solta em meus braços, Pimentinha — se aproximou pela
lateral da cama e ajoelhou-se ao meu lado. — Tem vergonha de
seus seios? — sua mão passou por um, depois pelo outro,
apertando meu mamilo, que se enrijeceu. Sua boca percorreu o
caminho de suas mãos e gemi ao sentir sua língua rodeando o bico
e ele mordeu de leve. — Vergonha da sua barriga? — ele foi
lambendo o caminho até meu umbigo e enfiou a língua nele.

Ah, ele vai descer mais...

— Vergonha de suas coxas? — ele engatinhou pela cama, me


lambendo e beijando. — Vergonha desses pezinhos lindos?

Chupou meus dedos do pé e um tesão sem tamanho se


apoderou de mim, meu corpo estremecendo novamente. Todo e
qualquer resquício de vergonha ou timidez sumiu de mim e eu só
queria que ele acabasse com aquele tormento e me comesse.

Sua boca percorreu minha pele, chupando e mordiscando


minhas coxas, chegando cada vez mais próximo de onde eu o
queria.

— Vergonha dessa boceta… — senti que a umidade ali


aumentou com suas palavras e ele encostou o nariz, inspirando
profundamente. — Cheirosa... — e então sua língua percorreu meu
sexo. — Deliciosa... eu sabia que você seria assim, docinha. Já
sentiu seu gosto, Pimentinha? — voltou a me lamber e então sua
boca estava a centímetros da minha. — Prove-se em minha boca —
sua língua se enroscou na minha e quase tive um treco ao sentir
meu gosto ali e seu pau se esfregando em meu sexo.

— Por favor... eu quero você... preciso de você dentro de mim...


— me vi implorando.
— Já já... Preciso de um pouco mais de você... — escorregou
pelo meu corpo e grudou sua boca em mim, sugando meu clitóris e
contornando-o com a língua, sua mão agarrou meu seio no mesmo
instante que seus dedos me penetraram. Gritei de prazer e meu
corpo todo sacudiu com o orgasmo que me atingiu como um raio.

BRUNO

Vê-la gozar, sentir suas contrações em meus dedos, ouvir seus


gemidos quase me fez perder o controle.

Quase.

Cerrei os dentes, usei de toda a minha concentração e me


mantive firme. Aquilo não acabaria antes mesmo de começar.
Nunca em minha vida me senti tão completo e com tão pouco. Juro
que estava até com medo de me enterrar naquela bocetinha quente.

Queria que fosse perfeito.

Queria que fosse inesquecível.

Queria que fosse para sempre.

Deus, como eu queria que ela sentisse um terço do que eu


estava sentindo por ela.

Jogando todas as minhas incertezas para o espaço, escalei seu


corpo e soltei. Ela não me deu trégua, e aproveitou que eu estava
ali, em cima dela, e sugou meu mamilo, me pegando de surpresa.
Meu pau pulou e senti seu sorriso em minha pele.
— Minha safada, está brincando com fogo…

Ela riu e o som de seu riso mexeu com alguma coisa dentro de
mim. A necessidade de dominar se esvaindo por completo. Eu
queria e estava pela primeira vez prestes a fazer amor, no sentido
mais cru da palavra. Essa constatação não me assustou, apenas
confirmou o que eu já desconfiava.

Que o que eu sentia era mais do que paixão... Eu amava minha


Pimentinha!
Capítulo 10

Massageei seus pulsos e seus ombros, ganhando um gemido


diferente dos outros. Eu queria todos os gemidos dela…

Meus, só meus.

Me deitei ao seu lado. Eu a enlouqueceria antes de


enlouquecer também. Olhei em seus olhos, estavam brilhantes e
anuviados pelo gozo.

Beijei a pontinha de seu nariz e ela suspirou. Tomei sua boca


lentamente e a puxei para mim. Meu pau se aninhou entre suas
coxas e aprofundei o beijo, começando com investidas rasas,
apenas roçando. Minha mão deslizou pelas suas costas, segurando
sua bunda, trazendo-a para mais perto. Estávamos grudados, mas
eu queria meu pau roçando seu calor, sua boceta molhada.
— Minha Pimentinha... Gostosa — sussurrei enquanto beijava
seu pescoço, seu ouvido, sugando e mordiscando. Em pouco
tempo, eu a tinha gemendo baixinho e investindo contra mim,
respondendo na mesma intensidade.

Eu a queria em cima de mim. Eu abriria mão do controle só


para ter aquele sonho delicioso sendo realizado. Eu queria minha
Pimentinha me montando, como um garanhão selvagem.

— Bruno, não me atice mais. Sabe o quanto fantasiei com o


momento em que teria você em mim, penetrando meu corpo,
devagar... Quero sentir você me abrindo, entrando centímetro a
centímetro desse pau enorme em mim — ela sussurrou em meu
ouvido e lambeu.

Estremeci e me arrepiei.

Era eu quem falava.

Era eu quem excitava.

Nunca dei oportunidade para que fizessem isso comigo, mas


era bom pra caralho.

Me entreguei em suas mãozinhas. Escorregou a boca pelo meu


pescoço e chupou a pele.

Anne tomou as rédeas nas mãos e me empurrou para a cama,


com um sorriso safado naquela boca deliciosa. Desceu a língua pelo
meu corpo, sugou e mordeu meus mamilos, um após o outro. Seus
olhos presos aos meus demonstravam seu tesão. Subiu novamente
e montou meu corpo, roçando os seios em meu peito, me beijando
com fome. Sua boceta molhada se alojou no comprimento do meu
pau, beijando-o, percorrendo-o, rebolando.

Me peguei gemendo e entregue às suas carícias.

Caralho! Eu gemendo desse jeito!

Minhas mãos percorreram seu corpo fofinho, meus dedos se


enterrando em suas carnes, naquela bunda deliciosa, aumentando o
ritmo de suas reboladas.

Eu estava prestes a gozar, sem ao menos tê-la penetrado.

E então aconteceu e agarrei o lençol.

Forte.

Tão forte que ouvi o som do tecido se rasgando quando Anne


empinou a bunda e empunhou meu pau, colocando a cabeça em
sua entrada e foi descendo.

O calor e a maciez me deixaram meio doido.

Fora de mim.

Ela me apertava como nada no mundo e nossos gemidos se


misturaram no silêncio do quarto.

— Que pau delicioso, Leãozinho... Grosso... ahhh... Me


enchendo de um jeito... Ah, BRUNO!— Ela gritou ao descer e me
colocar para dentro dela de uma vez.

Fui obrigado a segurar sua bunda ali, imóvel.


Eu precisava recuperar um mínimo de controle. Minha
Pimentinha me levou muito perto do limite, apenas me colocando
para dentro dela.

Ela tomou posse do meu corpo e eu era dela.

Não poderíamos ficar assim, por mais que eu quisesse, e me vi


pedindo, mal reconhecendo minha voz.

— Mexe, Pimentinha. Me come, me tome para você. Mexe,


pelo amor de Deus, mexe!

Ela sorriu e, colocando seus seios na altura da minha boca,


começou a mexer, subir e descer, rebolar e gemer. Suguei e mordi,
não aguentando mais aquela tortura, tomei o controle de suas mãos.
Aumentei o ritmo das estocadas, segurando-a agarrada a mim.

Coloquei um de meus dedos em sua boca e ela o chupou,


molhando com sua saliva, e desci para sua bunda, pressionando
seu cuzinho apertado. Seu corpo estremeceu visivelmente e me
brindou com um gemido delicioso quando a ponta a penetrou.

Minha, minha, minha... Isso ressoava em minha cabeça a cada


metida profunda que dava naquela boceta suculenta.

Sentia seus sucos descendo pelo meu pau... A tensão de seu


corpo aumentando, seus gemidos se intensificando, e eu sabia que
ela estava perto.

— Olhe para mim, Pimentinha.


A empurrei de leve e coloquei a mão em sua barriga,
escorregando-a até que meu dedão encostou em seu clitóris e
comecei a circulá-lo, pressionando na medida certa.

— Fala que você é minha e que só eu te como assim... fala.

Ela se agarrou em meus braços e seus olhos se abriram um


pouco mais.

— Sou sua, meu Leão, só você... — sua respiração falhou e


comecei a rebolar devagar. —BRUNO! Ahhh... — em segundos ela
gritou meu nome, seu corpo todo sacudido pelo orgasmo
avassalador que a atingiu.

Sua boceta me ordenhou duro, contraindo e escorrendo. Não


queria que acabasse, mas não me aguentei e gozei com ela, a
puxando para um beijo cheio de tesão, intercalado por nossos
gemidos.

Eu nunca tinha gozado tão forte ou me sentido tão ligado


emocionalmente.

Nunca.

Ela tinha literalmente acabado comigo em uma única foda.

Foda não, o que tínhamos feito estava mais para


transcendental. Sensacional. Delicioso. E eu queria mais.

Muito mais!

— Você acabou comigo, Pimentinha. Me tem aqui — peguei


sua mão e a beijei. — Amarrado na pontinha do seu dedo mindinho.
Ela riu e me beijou, feliz. Ficou ali, deitada em cima de mim e
aquilo era tão bom.

— Tenho que confessar que, antes de você, homem nenhum


tinha conseguido me fazer gozar. Então, quem me tem amarrada no
dedo mindinho é você — ela beijou meu pescoço e senti meu pau
pulsar, ainda dentro dela. — Quer mais? — me perguntou com
aquele sorriso safado.

— Quero, vou te comer a noite toda... a noite toda...

Ela riu e comecei a me mexer... Eu seria capaz de ficar ali


dentro dela eternamente...

Horas mais tarde, despertei, assustado.

CAMISINHA!

Puta que o pariu! Eu tinha esquecido completamente! Como


pude ser tão irresponsável? Nunca tinha transado sem camisinha na
vida.

Outra primeira vez com minha Pimentinha.

Tinha sido delicioso sentir o calor e a umidade de sua bocetinha


apertada em meu pau. Jesus! Um detalhe que poderia ter uma
consequência.
Consequência que seria boa ou ruim, dependendo do que ela
estivesse pensando ou sentindo, eu não fazia ideia de nada disso.

Se nosso amor hoje tivesse dado a vida a um serzinho, eu seria


o homem mais feliz do mundo!

Hoje eu tinha encontrado e descoberto que amava minha


Pimentinha, tinha aberto mão do controle e me deliciado com isso,
feito amor pela primeira vez na vida e, para completar, poderia ter
dado início à minha família.

Um sorriso gigante tomou conta de meu rosto e acariciei a


barriga dela.

Um filho.

Eu seria responsável, minha Anne não fugiria de mim e eu


cuidaria dela e do bebê. Uma miniatura da minha Pimentinha, seria
a coisa mais perfeita do mundo!

Se ela não estivesse, eu tentaria até conseguir!

Comecei a rir desse pensamento e ela se mexeu em meus


braços.

Devagar, para não acordá-la, passei a mão delicadamente pelo


seu corpo, enfiando minha mão entre suas pernas. Ela murmurou
em seu sono e fiquei com a mão ali. Ela estava toda pegajosa por
causa da minha porra. Fui juntando e colocando para dentro de
novo.

Nadem, meninos, vão procurar sua casinha. Para o outro lado!


Segurando suas carnes, me aconcheguei e adormeci
novamente.

ANNE

Acordei com Bruno todo possessivo em cima de mim. Me


abraçando agarrada a ele e com a mão enfiada no meio das minhas
pernas. Em vez de me sentir acuada e presa, me senti
perfeitamente segura e feliz.

Tão feliz, como eu nunca havia me sentido antes.

Pena que ele iria embora à noite. Hoje era meu dia de folga e
não haveria nenhum problema em ficar com ele o tempo todo.
Teríamos que dar uma passada em casa para ver se o idiota do
Diego tinha feito o que eu havia mandado. Onde já se viu!

Não estragaria meu dia delicioso ao lado do meu Leãozinho


pensando nisso.

Virei a cabeça para observá-lo adormecido.

Eu me lembrava perfeitamente da intensidade do verde lindo


que se escondia atrás de suas pálpebras, seu nariz, sua boca linda
e aquela barba baixinha e macia... ainda podia senti-la roçando as
partes internas das minhas coxas. Isso me acendeu, tudo por dentro
se contraiu e senti o sêmen saindo de mim. Me desvencilhei dele
devagar e fui ao banheiro.

Usei o banheiro e liguei o chuveiro. Entrei e vi no canto do box


o shampoo e condicionador dele. Também, com aquela cabeleira,
tinha que cuidar bem mesmo.

Me ensaboei e ele entrou no banheiro, bem sossegado,


levantou a tampa do vaso e começou a fazer xixi. Ele estava bem à
vontade comigo. Tive que rir, pois estávamos juntos mesmo a
menos de um dia. Ele deu descarga e foi lavar as mãos.

Pegou toalhas, pendurou ao lado do box e entrou.

— Bom dia, minha Pimentinha deliciosa — chegou atrás de


mim e colou seu corpo no meu.

— Bom dia — virei e ofereci minha boca para um beijo.

Ah, seus beijos eram consumidores!

Meu corpo se aqueceu, estremeceu e eu estava entregue.


Suas mãos escorregaram pela minha pele ensaboada, apertaram
meus mamilos e eu não podia fazer nada para conter meus
gemidos.

— Leãozinho, você me alucina — encostei a cabeça na parede


e a dele escorregou pelo meu pescoço, até meus seios.

Me levou para debaixo do chuveiro, retirando a espuma de meu


corpo e, sem aviso, me levantou, encostou-me na parede e se
meteu de uma vez em meu corpo, me fazendo gritar de tesão. Ele ia
fundo a cada estocada.

— Você é minha, Anne. Diz de novo que ninguém mais te fez


sentir como eu...— sua voz em meu ouvido me arrepiava e levava
às alturas. Um lance sem explicação.

— Só você, Bruno — respirei fundo, me contendo. —Só você,


meu Leãozinho faminto, me faz gozar — olhei em seus olhos. — E
está quase lá... Ahhh! Quase lá de novo.

— Só você, Pimentinha... só você chegou onde nenhuma outra


foi capaz — me beijou a boca e aumentou as estocadas de uma
maneira que me fez ver estrelas e quase desmaiar de prazer. — No
meu coração.

Essa declaração, sua voz rouca de paixão e seu olhar sincero


cheio de fome por mim, combinados com uma estocada mais forte
me levaram ao êxtase e chamei seu nome, como um mantra,
estremecendo da cabeça aos pés.

Senti seu corpo se enrijecer e foi a vez de ele gemer gostoso,


um gemido rouco que me deixou tonta. Tonta por saber que eu era a
culpada daquele gemido, daquele tesão todo.

Eu e meu corpo gordinho, do qual nem eu mesma gostava


muito, mas que ele parecia adorar.

Sem querer me largar, me levou novamente para debaixo da


água, me limpando onde conseguia, eu ainda agarrada, com as
pernas em sua cintura e ele dentro de mim. Quando não tinha mais
onde alcançar sem que me abaixasse, ele o fez e continuou a me
limpar, lavou meus cabelos e aplicou o condicionador. Depois fez
nele mesmo e eu fiquei ali, babando como uma boba, ensaboando
seu corpo enquanto, com um sorriso, ele terminava de lavar os
cabelos. Tudo isso intercalado com beijos e brincadeirinhas bobas.

Eu estava realmente me apaixonando por ele. Achava que era


uma paixonite, causada pelas nossas conversas, mas era real.

Eu já estava completamente abobalhada por ele.

Acabamos o banho e nos enrolamos nas toalhas fofinhas do


hotel. Em pouco tempo estávamos descendo para tomar o café da
manhã, abraçados, e depois passearíamos.

Parecia que, se eu o largasse ou ele me largasse, um dos dois


sumiria, pois ficamos o tempo todo nos tocando, segurando as
mãos, abraçados ou, como enquanto comíamos, nossos pés
ficaram entrelaçados por debaixo da mesa.

O apelido que dei a ele não podia ser melhor!

Além da sua juba, ele comia como um leão. Uma grande


quantidade de frutas, iogurte, leite, alguns pães e pedaços de bolo.
Caramba! E eu ali, com uma xícara de café com leite, uns pedaços
de mamão cortadinhos e morangos.

Fascinada.

Abobalhada.

Apaixonada.
Tudo isso e mais um pouco, era como eu me sentia nesse
momento. Quando ele estava quase acabando de comer tudo
aquilo, me olhou com um sorriso bobo.

— Você fica linda sorrindo assim.

Ele se levantou e, pegando o celular no bolso, se agachou ao


meu lado.

— Sorria de novo, Pimentinha. Vou eternizar nosso momento.

Sorri, sem poder negar. Com a câmera frontal ativada, ele tirou
várias fotos nossas; nós dois sorrindo, ele me beijando no rosto, nos
beijando. O celular foi para cima da mesa e nosso beijo cresceu. Era
encostar a boca dele na minha, que eu ficava insana. Doida para
senti-lo dentro de mim novamente. Molhada e com os mamilos
durinhos. Meu Deus!

— Pimentinha, minha gostosa, acho que nosso passeio vai ter


que esperar um pouco. Estou louco pra te comer de novo. Faminto
por você.

— Ah, ainda bem, pois estou louca para ser comida pelo meu
leão faminto — disse baixinho, olhando dentro de seus olhos, para
que ele sentisse o quanto eu o queria, enquanto os dele me
deixavam perceber sua vontade de mim.

— Vamos, então. Agora — se levantou me puxando pela mão e


rimos como aqueles casaizinhos apaixonados.

Chegando ao quarto, ele me abraçou gentilmente, me


levantando do chão.
—Te quero. Te adoro. Amo seu cheiro. Amo me perder em suas
curvas — ele dizia, intercalando com beijos de tirar o fôlego.
Capítulo 11

Horas depois, fomos para nosso passeio.

Ele era insaciável e eu ficaria mal acostumada quando ele se


fosse. Ainda não pensaria nisso.

Estávamos na fila do cinema quando seu celular tocou.

Ele atendeu e colocou no viva voz.

— E aí, Gui, tudo bem? Espera só um pouco — ele disse, meio


rindo. Me pegou pela mão, pediu para que a moça de trás
guardasse nosso lugar na fila e ela, mais do que rápido, disse que
sim, mas não tirava os olhos do Bruno. Fomos para um canto mais
reservado. — Pronto, pode falar.

— Onde você se meteu, cara? Está sumido desde ontem! Você


não é de ficar sem dar notícias.
— Calma, estou com minha Pimentinha.

— Não acredito! Você teve a cara de pau de viajar atrás dela e


não dizer nada? Nós iríamos junto, estamos loucos para conhecer a
mulher que domou o nosso indomável.

Eu tive que rir. Até parecia que Bruno seria domado um dia. Eu
que era uma tonta apaixonada por um homem que não amava
ninguém. Mas eu estava muito boba com tudo para querer estragar
meu dia pensando nisso.

Eu o amaria por nós dois e pronto.

— Um dia vocês a conhecerão. Quando ela quiser, eu a levo.


Mas vai depender só dela.

— Deixa eu falar logo, antes que me esqueça. Falei com os


caras, tá tudo certo para, não nesse final de semana, no próximo,
descermos para a praia.

— Hum. Tá certo — ele ficou sério e me olhou. Achei que queria


um pouco de privacidade.

— Vou voltar para a fila, vamos perder nossos lugares —


sussurrei para ele.

Mas ele não me soltou, em vez disso, me puxou para um


abraço.

— Vou ver com ela, se ela vai junto.

— Caralho, eu nunca achei que esse dia chegaria. Ela está aí


do lado?
— Claro. E você está no viva voz.

— Pimentinha, parabéns! Você conseguiu o inimaginável. O tem


amarrado no dedinho mindinho — Gui disse, com um tom de
diversão na voz, mas, ainda assim, parecendo sincero.

— Que nada. O lance aqui está empatado. Vamos ver, acho que
poderei ir sim — respondi

— Bem, então vou avisar os caras. As mulheres estão loucas


para conhecê-la também.

— Falou então, Gui. Temos que ir. Até.

Ele desligou e me beijou de leve.

— Você me tem, Pimentinha. Amarrado a você — encostou a


testa na minha, se abaixando. —Vamos voltar para aquela bendita
fila, ou não respondo por mim.

Assistimos ao filme e fomos jantar. O dia já estava acabando e


logo ele iria embora.

— Tenho que ver se Diego fez o que mandei.

— E o que foi, Anne?

— Eu o mandei sair do meu apartamento e deixar as chaves na


portaria. Ele foi muito idiota.

— Ele queria você. Chegou a me dizer isso no shopping, que


daria o primeiro passo com você naquela noite. Não disse seu
nome, disse que era uma amiga, mas, no restaurante, ele confirmou
que era você.

— Pois é, eu ouvi essa parte. Depois ele disse que eu não


deveria ir com você, mas ficar com ele. Pode isso? — eu estava
bufando de ódio novamente.

— Ei, calma. Caramba, mulher, respire! — acariciou meus


cabelos. — Eu subo com você, quando te levar pra casa. Se ele
tentar alguma coisa, ou não te obedeceu, eu dou um jeito nele.

— Sem violência.

— Eu sou um cara pacato. Qualquer coisa, eu dou um susto


nele. Não vou sair batendo nele, por mais que o tampinha mereça.

— Tampinha, é? — eu disse sorrindo.

— É. Tampinha! — Bruno passou a mão pelo rosto e prendeu


os cabelos em um coque.

Ui! Aquilo era sexy demais. Lá estava eu pensando em


sacanagem novamente. Meu Deus do céu!

— Anne, se continuar a me olhar desse jeito, vamos ter que ir


conhecer o banheiro desse lugar — ele elevou as sobrancelhas.

Estremeci visivelmente com a ideia dele me comendo dentro do


cubículo do banheiro do restaurante.

— A ideia te excitou, né?— sua voz rouca não me ajudou em


nada a tirar aquela imagem da cabeça.—Passei a língua pelos
lábios, que ficaram secos de repente.— Em breve, Pimentinha. Me
aguarde! — sua ameaça só piorou as coisas.

Respirei fundo e tomei um gole do meu suco. Pare com isso,


Anne, você não é uma leoa no cio.

— Me conte como é trabalhar com as crianças no hospital.

Ele sorriu e começou a contar. Ele amava o que fazia e isso era
óbvio. Cheguei a ficar com ciúmes daquelas crianças que o tinham
todos os dias.

Acabamos de comer e fomos para minha casa.

Chegando lá, minhas chaves estavam na portaria, conforme eu


tinha mandado que ele fizesse.

Subimos e entramos. Tudo na mais perfeita ordem e nem sinal


de Diego.

— Ainda bem que ele obedeceu e sumiu daqui — suspirei, me


sentando no sofá.

— Em todo o caso, amanhã cedo, antes de ir trabalhar, peça


para que troquem o miolo da fechadura. Ele pode ter feito uma cópia
ou coisa assim. Mesmo sendo seu primo, não confie. Ele tinha
segundas e terceiras intenções com você. E, se ele fizer alguma
coisa, qualquer coisa, me ligue que em uma hora no máximo eu
chego aqui.

— Certo, vou fazer isso. Que horas você vai embora?


— Depois de uma despedida beeemmmm gostosa… — e me
beijou daquele jeito consumidor, possessivo, de arrepiar os
cabelinhos do corpo todo.

Ele me levantou e me carregou em seus braços, sem


dificuldades, até meu quarto.

Nos amamos de uma maneira totalmente diferente das outras,


com calma, carinho, sem querer que acabasse. Perdi as contas de
quantos orgasmos tive, antes de ele se soltar e vir comigo, gozando
com aquele gemido gostoso que me arrepiava.

Depois de ficarmos abraçados, conversando banalidades e,


rindo, fomos tomar uma ducha. Ao entrarmos no banheiro, ele
congelou e me puxou para ele. Um rosnado subiu de seu peito, seu
corpo tremendo de raiva.

No espelho em cima da pia, tinha um recado do Diego, escrito


com o meu batom.

Eu não vou desistir, você vai ser minha .

— Você tem o número do chaveiro? Não vamos esperar até


amanhã.

— Devo ter na sala, na gaveta do móvel, próximo à porta.

— Certo, vá tomando um banho, vou resolver isso — me deu


um beijo rápido e se foi.

Me senti gelada sem seu calor e também por causa daquele


recado. Ele esteve ali, em meu quarto, no meu banheiro. Um arrepio
nada bom percorreu meu corpo. Tomei uma ducha rapidinha, me
enrolei no roupão e fui até ele, que ainda falava ao celular.

— Veja se consegue para mim, Gui. Vai me quebrar um galhão,


não, vai quebrar uma árvore inteira. Não posso deixá-la aqui assim,
com esse doido — e ele escutou e suspirou. — Valeu mesmo, cara.
Até mais. Quando conseguir manda uma mensagem — desligou o
celular e veio me abraçar. — Guilherme está vendo se consegue o
resto da semana de folga para mim no hospital. Eu trabalho muito e,
assim como ele tinha horas a mais quando precisou, eu também
tenho. Quer que eu fique com você?

Se eu queria? Cacete.

— Claro que eu quero! — alívio me invadiu duplamente!

Ele não iria embora e eu não ficaria sozinha com aquele imbecil
do Diego por aí. Suspirei e beijei seu peitoral. Ele estremeceu e me
abraçou.

— Vai lá, tomar sua ducha, vou preparar alguma coisa para a
gente comer.

— Já volto.

Suspirando e bem feliz da vida, fui até a cozinha e abri a


geladeira, pegando alguma coisa para fazer um lanchinho para meu
Leãozinho.
Capítulo 12

Depois que o chaveiro foi embora, nos sentamos no sofá e


comemos os lanches que Anne havia preparado. Bem, eu comi,
porque ela ficou enrolando, dando mordidinhas no dela.

— Está preocupada, Pimentinha? — acariciei seus cabelos e a


olhei nos olhos.

— Um pouco, mas estou mais triste do que preocupada. Poxa,


ele é meu primo, não devia pensar essas coisas de mim, crescemos
juntos — ela desabafou, balançando a cabeça negativamente.

Puxei-a para meu peito e ela me abraçou.

— Às vezes, as pessoas são assim mesmo. Fazem uma coisa e


pensam outra, fantasiam com alguém a vida toda. Isso passa. Tudo
o que é desencorajado um dia acaba. Logo ele encontra alguém de
verdade e para de bobeira. Aquele recado deve ter sido mais uma
coisa de momento — a tranquilizei, mas, em minha cabeça, eu já
estava esganando o filho da puta.

— Tomara. Ele está passando por um momento ruim, pode ser


que não esteja pensando com clareza. Amanhã vou ligar para minha
tia e contar o que ele fez. Assim fico mais sossegada e eles ficam
de olho nele também.

— Isso, quanto mais pessoas souberem o que ele fez, menos


coragem de tentar alguma coisa ele vai ter — e eu também vou dar
um susto naquele tampinha metido a besta! — Vamos dormir?
Amanhã você trabalha, né? — ela sorriu e concordou com a cabeça.
— Espere aqui.

Levei o prato dos lanches e nossos copos para a cozinha e


voltei até ela.

— Vem, minha Pimentinha, para seu lugar. Em meus braços —


a peguei no colo e a levei para a cama. Tirei nossas roupas e nos
deitamos, nus e abraçados. — Boa noite. Sonhe comigo e com os
anjinhos. E não se preocupe. Você é minha e eu cuido do que é
meu.

Anne deu um sorriso lindo e ofereceu os lábios para um beijo. A


beijei de leve e o fogo acendeu em mim, mas eu não faria nada
agora, apenas dormiríamos. Teríamos muito tempo para o amor, já
que eu ficaria o resto da semana com ela. O que ela precisava
nesse momento era de carinho, dengo e mimo.

E ela teria.

Grandes doses de cada.


A encaixei em meu corpo, sua bunda bem agarrada em minha
ereção e suas costas grudadas em meu peito. A noite seria uma
tortura, mas uma tortura deliciosa. Acariciei seus cabelos até que
ela adormeceu. Fiquei admirando e velando seu sono, até que
também adormeci.

Na manhã seguinte, acordei na mesma hora de sempre, com as


galinhas, mas não precisaria trabalhar hoje. Me espreguicei e Anne
estava dormindo ainda.

Tão linda!

Não pude me ajudar, meu pau criou vida, pulsando e duro como
pedra. Um rabo daqueles na minha frente era uma perdição! Me
encostei nela e ela gemeu, rebolando a bunda em mim, se ajeitando
contra meu corpo. Testei sua umidade e ela estava pronta.

Gemi, derrotado.

Encostei a cabeça do meu pau em sua entrada e investi,


devagar. Ela se apertou toda em volta de mim e sussurrei em seu
ouvido.

— Bom dia, minha Anne.

Ela gemeu e se agarrou ao travesseiro, puxei sua perna para


cima de meu corpo e comecei a comer aquela boceta gostosa.
Anne era meu paraíso! A minha primeira em muitas coisas...
meu amor.

— Ahh, bom dia... Leãozinho.

Sua voz rouca pelo sono e pelo tesão me enlouqueceu, senti


minha pele se arrepiar. Essa mulher fazia coisas comigo que nem
eu mesmo entendia.

ANNE

— Que maneira deliciosa de me acordar — escondi meu rosto


em seus cabelos, beijando seu pescoço.

— Posso te acordar assim todos os dias... — Bruno me abraçou


forte e beijou meus cabelos. — Vamos, vou te dar um banho, vamos
tomar café e vou te levar para o trabalho.

Olhei para ele sem entender direito.

Ele me daria banho?

— Anne, não se espante comigo. Eu sou assim. Você é minha e


eu cuido do que é meu, já te disse. Vou te mimar o quanto eu puder,
enquanto estiver aqui. Quando eu me for, você vai ter muito o que
se lembrar de mim. Quero que você me queira, que precise de mim.
Assim como EU te quero e como EU preciso de você.
Me emocionei com aquelas palavras e segurei as lágrimas.
Para disfarçar, me abracei a ele de novo.

Minutos depois ele levantou, me pegou no colo e cumpriu sua


palavra. Me senti uma princesa em seus braços. Eu sentiria, e
muito, a falta dele. Mesmo que ele não fizesse nada, eu já sentiria,
me tratando assim, então... Suspirei. Sou uma boba apaixonada...

BRUNO

Depois de um beijo delicioso, deixei-a na porta da loja e fiquei


olhando-a entrar. Voltaria na hora do almoço para pegá-la.

Liguei o carro e saí procurando um mercado. A surpreenderia à


noite com um jantar e também, já que eu ficaria o resto da semana,
precisava abastecer a geladeira. Eu tenho noção do quanto como.

Encontrei e parei no estacionamento. Perdi uma hora


comprando tudo, incluindo uns itens que usaria essa noite, com
certeza. Ela ainda não conhecia meu lado dominador; ainda que ela
tivesse pedido para que eu me soltasse, não tive a mínima vontade
de dominar. Queria apenas amar e ser amado, como nunca fui na
vida, e minha Anne deu conta do recado.

— Ah, Pimentinha... essa noite você será minha por inteiro —


sussurrei para mim mesmo e sorri. Sim, hoje ela seria MINHA!
Voltei para a casa dela e guardei tudo em seu devido lugar.
Minha Pimentinha era muito organizada. Arrumei o quarto para a
noite. Estava tudo certo.

Fui buscá-la para o almoço. Cheguei e fiquei esperando,


encostado no carro. Logo ela apareceu. A estreitei em meus braços
e a beijei.

Meu Deus, como eu conseguiria ficar sem ela quando voltasse


para casa? Sem seu sorriso, sem seus beijos?

— Vamos? Onde você costuma almoçar?

Ela sorriu e me deu a direção. Fomos a um restaurante calmo e


aconchegante, bem perto da loja em que ela trabalhava. Ficamos
conversando enquanto comíamos e o tempo passou voando.

Levei-a de volta e fui resolver outro assunto. O tampinha!

No shopping, foi fácil encontrá-lo. Ele estava parado na porta da


loja, creio que por ser seu primeiro dia, ele estava se sentindo meio
perdido. Quando me viu, se empertigou todo e entrou.

Ah! Ele achava mesmo que eu me intimidaria por ter plateia?


Idiota!

O macho possessivo dentro de mim tomou conta. Entrei sem


olhar para o lado. Uma moça veio correndo me atender.

— Olá, boa tarde. Posso ajudar em alguma coisa?

— Sim, eu preciso falar com o Diego. Acho que ele deve ter
entrado para algum lugar aí por trás.
— Ah, sim. Só um minuto — entrou por uma porta e pouco
depois ele apareceu.

— O que quer falar comigo? — ele perguntou, todo cheio de


marra.

—Eu quero provar aquela camisa ali, tamanho 4. Creio que será
necessário alguns ajustes. Você me acompanha até o provador?

A vendedora, mais do que depressa, entregou a ele uma


pulseira com uma almofada cheia de alfinetes. Ele não poderia
negar. Recebeu da mão dela e pegou uma camisa do meu tamanho.

No provador, retirei a camiseta que estava usando e flexionei


meus músculos de propósito, ao colocar a camisa. Ele tinha que ter
uma noção de onde estava se metendo.

Vi o tampinha engolir em seco e pareceu querer sumir. Sorri.


Isso era bom. Assim ele pensaria duas vezes antes de se meter
com Anne.

Quando ele veio medir o colarinho, peguei-o por debaixo dos


braços e o levantei, sem esforço, para que eu o olhasse nos olhos.
A ira me atingiu de um jeito que tive que contar até dez antes do
começar a falar.

— Eu vi aquele recado descabido no banheiro dela. Pense no


que poderá acontecer a você, se algo acontecer com ela. Fique
longe. Se você for esperto, vai ficar. Se você se meter a besta, o
pessoal da ambulância vai precisar de uma pá de lixo para recolher
seus pedaços. Estamos conversados?
Ele ficou pálido e senti um cheiro de amônia. Olhei para baixo e
havia uma pequena poça embaixo dele, pingando de seus sapatos.
O tampinha safado havia se mijado! Covarde!

— É, percebo que você entendeu — cerrei os dentes e ouvi o


ranger deles. Afastei-o e dei um passo atrás.

Não queria me sujar com aquilo. Nojento e patético.

Coloquei-o no chão, peguei minha camiseta e fui para o


provador ao lado, para tirar a camisa. Entreguei à vendedora e fui
embora. Pronto, ele não causaria problemas e, se acaso causasse,
eu cumpriria minha promessa.

Passei no hotel, peguei minhas coisas e paguei a conta. Agora


era pôr mãos à obra com o jantar da minha Pimentinha!
Capítulo 13

E lá estava eu, pilotando o fogão. Fucei nas gavetas e encontrei


um avental estampado com uma mulher toda malhada e siliconada.
Coloquei e fui olhar no espelho da sala.

Que coisa mais bizarra!

Eu parecia uma rata de academia que abusou nos esteroides e


ganhou uma bela barba e voz grossa. Tirei uma foto com o celular,
fazendo uma pose mais bizarra ainda, e mandei para Anne.

Olha o que achei na gaveta da cozinha! Fiquei lindão ou não?

Você achou meu avental de cozinheira gostosona!

Você é gostosona sem ele. É a minha gostosa. Às sete e meia eu passo aí


pra te pegar.

Tá... Eu estou com saudade... muita. <3 Até mais.

Voltei para a cozinha.


Cebola picada, temperos, azeite... Tudo na panela... Agora
abaixar o fogo, farinha, colocar o leite... mexer... engrossar... E aqui
tá pronto. Cortar o frango em tiras, jogar na panela com azeite...
temperos... O que mais... Ah, o arroz! Outra panela... caramba! Mais
azeite, tempero, arroz... mexer... água... Pronto.

Deixei o arroz lá e fui tomar meu banho.

Teria que comprar algumas roupas. Hoje eu não usaria cueca.


Será que minha pimentinha estranharia?

Saí enrolado na toalha e fui olhar o arroz. Tampei e desliguei o


fogo.

Fiquei fazendo hora, escutando música, pensando no que faria


com minha Anne mais tarde... E, graças a Deus, o tempo passou.
Enfiei o jeans, uma camiseta, os sapatos e fui buscar minha
Pimentinha.

Eu estava ansioso!

Creio que passei alguns faróis vermelhos, mas eu não estava


nem aí. Eu queria minha Pimentinha! Parei o carro e ela veio.
Lasquei um beijo daqueles nela. Que saudade do sabor daquela
boca, da maciez de seus lábios... Duro era pouco para o estado em
que me encontrava.

Caralho! Eu jantaria primeiro minha Anne e depois aquela


comida toda que eu havia feito.

Quando chegamos na porta do apartamento dela, a peguei no


colo.
— Minha Pimentinha, feche os olhos. Só abra quando eu
mandar — ela sorriu e fechou seus lindos olhos esmeralda. A
carreguei para o quarto. — Vai ser minha essa noite? Totalmente
minha? — minha voz tinha aquele tom imperativo e eu sentia o
poder tomando conta de mim ao vê-la ali, obedientemente de olhos
fechados.

— Sim, Senhor — ela respondeu, abaixando o rosto.

Puta que o pariu! Minha pimentinha era perfeita. Olhei para


suas mãos que instintivamente ela tinha colocado para trás.

Estremeci.

Tesão puro.

— Tire a roupa. Não abra os olhos.

Ela estremeceu visivelmente e obedeceu. Quando ela começou


a tirar a calcinha, avisei.

— Deixe a calcinha — sou tarado por mulher com calcinha.


Ainda mais a que ela estava usando, de renda branca.

Na hora, ela parou e recolocou as mãos para trás.

Respirei fundo e o perfume de sua excitação me deixou louco


de tesão. Porra, que mulher deliciosa! Cheirosa... e MINHA!

ANNE
Por que eu não parava de tremer?

Me sentia vulnerável assim, de olhos fechados e só de


calcinha, mas a excitação estava me matando.

O que ele faria?

Eu nunca estive assim, tão nas mãos de alguém. Ainda mais


esse alguém sendo um Dom assumido.

Estava perdida em meus pensamentos quando senti seu hálito


quente em meus mamilos. A língua úmida passou sobre eles, que
ficaram durinhos. Ele soprou, resfriando um deles, e logo após
abocanhou, chupando forte. Não pude segurar um gemido. Meu
estômago se encheu de borboletas e ele abocanhou o outro,
deixando o primeiro formigando.

Queria que ele me tocasse. Que me pegasse forte, me


agarrasse, queria seu corpo no meu!

Mas o que veio a seguir foi seu nariz em meu pescoço. Ele
estava me cheirando... logo após sua língua, sorrateira, me lambeu
a pele sensível.

Meu Leão!

Encostou a testa na minha e me beijou. Senhor! Que beijo...

— Olhos fechados, senão vou te vendar — sorri e continuei de


olhos fechados.

Ele foi se abaixando pelo meu corpo, lambendo seu caminho...


Sua respiração acompanhava o traçado úmido de sua língua e me
arrepiava toda.

Agora eu sentia sua respiração em minha barriga, quase lá... E


então sua língua pressionou a renda da minha calcinha, forte,
encostando em meu clitóris.

— Seu gosto e seu cheiro... são meus. Só meus — ele


sussurrou antes de afastar o tecido. —Abra as pernas para seu
Dono.

Caraca. Meu dono…

O tesão que senti me deixou de pernas trêmulas, mas obedeci.

Era incontestável.

Eu era dele.

Abri um pouco as pernas. E esperei. Esperei por um contato


que não veio.

— Você é tão linda aqui — sua língua me percorreu. — Tão


doce, tão cheirosa — seu dedo me penetrou e dançou dentro de
mim, me fazendo contrair tudo por dentro, agarrando-o. — Tão
quente e tão apertada — gemeu de encontro a minha carne
molhada e quase desabei.

Nunca tinha sentido uma coisa assim, um tesão tão louco que
me tirava a sanidade.

Então, me tomando de surpresa, ele me pegou nos braços. Foi


difícil ficar calada e não abrir os olhos, mas fiz. Ele tinha que
perceber que eu confiava nele.
BRUNO

Porra!

Nem um grito!

Ela estava tão entregue... isso me fez ficar mais louco por ela.

— Braços para cima — ordenei quando a deitei na cama e fui


obedecido.

Quantas vezes eu me surpreenderia com ela essa noite?

Tinha deixado uma meia calça passada pelas grades da


cabeceira da cama e amarrei seus punhos.

Eu queria minha Pimentinha se contorcendo de prazer,


gemendo, implorando por mim. Beijei de leve sua boca, uma, duas
vezes, até que ela, às cegas, procurou a minha. Raspei de leve
minha barba em seu pescoço, desci e passei o queixo pelos seus
mamilos, mordi e soprei, lambi e suguei. Ela suspirava e arqueava o
corpo em minha direção, gemia, mas eu queria mais. Desci mais e
enfiei a língua em seu umbigo. Ela sorriu e eu mordi sua barriga,
arrancando um gemido de puro prazer dela.

Hum, ela gostava disso.

Desci mais e raspei a barba no interior de suas coxas e ela


estremeceu.
Lambi sua boceta de cima a baixo e ela arqueou o quadril
pedindo mais.

Mordi aquela boceta fofinha e ela gemeu alto.

Voltei para seu clitóris e me esbaldei naquela boceta suculenta.


Minha Pimentinha estava prestes a gozar. Eu podia afirmar pelos
seus gemidos e pelos espasmos de seu corpo. Meti dois dedos nela
e mordi mais forte o gordinho daquela boceta gostosa, fazendo ela
gozar em meus dedos, com um grito delicioso.

Ela gostava de um pouco de dor e mordidas! Caralho!

Olhei para a marca dos meus dentes em sua boceta lisinha.


Minha! Tão linda! Fiquei olhando admirado para minha obra de arte.

— Pimentinha. Me olhe. Diz o que você quer.

Ela arfava, seus seios subiam e desciam rápido. Fiquei


hipnotizado pelo movimento.

—Eu quero seu caralho gostoso em mim.

Que desbocada! Levantei sua perna, virando um pouco e bati


em sua bunda. Seu sorriso cresceu. Não resisti e a beijei com toda a
fome que eu tinha.

Me afastei e abri a calça, deixando meu pau pular para fora,


duro como aço.

— Pimentinha, boca suja — escorreguei o corpo pelo dela e a


boca pelo seu rosto, sussurrando em seu ouvido. — Fala mais do
meu caralho.
— Ah, esse caralho enorme, grosso, gostoso, que quando entra
em mim me deixa de pernas bambas e meu corpo tremendo... —
disse olhando em meus olhos.

Sem pudor.

Safada! Ahh.. se isso não mexeu comigo, nada mais mexeria!


Meu corpo estremeceu. ESTREMECEU! Jesus!

— Seu desejo é uma ordem.

Me encaixei e meti sem dó naquela boceta que era minha!

Seus olhos se arregalaram com a investida e, enquanto eu a


comia, ela continuava a falar.

— Meu tesão, meu dono, sou sua... assim… Hummm... você


me come tão gostoso...

E, entre gemidos, eu me perdi no corpo delicioso da minha


Pimentinha desbocada, que mexia comigo como ninguém.

Deixei minha Pimentinha descansando, mas ainda amarrada à


cama. A meia era flexível, ela poderia se mexer, mas não sair de lá.

Minha e completamente minha!

Completamente nu, fui esquentar o jantar. Coloquei uma porção


generosa no prato, servi um copo de suco, peguei a caixinha e levei
tudo para o quarto. Coloquei sobre a cômoda e a olhei. Ela estava
tão linda, adormecida e atada à cama... se meu estômago não
estivesse roncando de fome, eu a acordaria como pela manhã...
Humm, só o pensamento já me deixou em ponto de bala. Mas
primeiro eu cuidaria dela.

— Pimentinha, acorde — sussurrei em seu ouvido. — Vamos,


dorminhoca... eu trouxe comida...— disse, distribuindo beijos em
seu pescoço e colo.

Ela se espreguiçou e me olhou com aqueles olhinhos verdes e


sonolentos.

— O cheiro está tão bom.

— Sente-se — peguei o prato e me sentei ao seu lado. Ela fez


menção de pegar, mas não deixei. — Você é minha, Pimentinha.
Vou te alimentar. Mãos para trás.

Com muito cuidado, coloquei um pouco de tudo no garfo e levei-


o à sua boca. Ela, obedientemente, abriu e aceitou que eu a
alimentasse. Aquilo mexeu com uma parte dentro de mim, intocada.
Um calor tomou meu peito e uma sensação de plenitude me invadiu.

Minha Pimentinha...

Dei mais algumas garfadas para ela e então levei o copo à sua
boca. Ela sorriu e tomou um gole.

— Muito bem. Quer mais?

— Quero. Mas você não vai comer?


— Vou sim, logo depois que eu acabar de te alimentar. Aqui,
mais um — levei o garfo novamente à sua boca e repeti até que ela
estivesse satisfeita.

Dei o restante do suco para ela, ganhando outro sorriso lindo.

— Satisfeita? — ela respondeu, afirmando com a cabeça. —


Então, agora eu vou comer. Recoste-se aqui — arrumei os
travesseiros sob suas costas, fui me servir e voltei.

Me sentei aos pés da cama para jantar.

— Você fica tão linda assim, nua, atada à cama e me olhando


desse jeito... Abra as pernas, Anne. Deixe-me ver o que é meu —
seu rosto enrubesceu, mas, mesmo assim, ela obedeceu.

Perfeita.

ANNE

Ah... Meu Leãozinho quer me olhar enquanto come? Vou fazer


ele ficar com vontade de comer outra coisa!

Olhando para ele, levei um dedo à boca. Foi impossível não


sorrir diante do que eu estava planejando fazer.

Nunca fiz isso na minha vida, mas com ele é diferente. Com ele
eu sou capaz de qualquer coisa.
Dando início ao meu plano, continuei com a mão levantada,
passando os dedos pelos lábios, para que a outra pudesse ter mais
movimento, já que eu estava amarrada com a meia calça.

Passei a mão pelo meu seio, segurando e apalpando,


acariciando meu mamilo com os dedos. Suas pupilas se dilataram e
ele inalou profundamente. Ele parecia não querer dar o braço a
torcer, mas seu pau cresceu visivelmente, tampando seu umbigo.
Meu sorriso cresceu ainda mais. Coitado do meu Leãozinho...

Desci a mão pela minha barriga e continuei... Cheguei pertinho


do meu sexo, mas desviei, acariciando minha coxa até o que a meia
limitou meu movimento. Os olhos dele seguiam minha mão e então
voltei, passando os dedos de leve em cima da marca de sua
mordida.

Ele se mexeu, engolindo em seco. Deu mais uma garfada e


deixei que ele comesse um pouco. Elevei meus joelhos, plantando
os pés no colchão, separando um pouco mais as coxas.

Eu sabia perfeitamente o que fazer para tirá-lo do sério.

Afastei os lábios do meu sexo e acariciei meu clitóris com o


dedo indicador. Escorreguei o dedo e me penetrei, lentamente,
gemendo baixinho, recostando a cabeça na cabeceira.

A sensação de estar me mostrando para ele, me masturbando


para seus olhos, era tão erótica... Eu estava molhada, sentia meu
dedo sendo apertado pelas paredes de minha vagina. Escutei o
gemido dele e o olhei. Seu pau estava tendo pequenos espasmos e
uma gota brilhante surgiu na ponta. Lambi os lábios diante daquela
visão e minha umidade aumentou.

Meu Deus, como eu queria sentir o gosto dele!

Continuei a me masturbar para ele. O prato foi esquecido e ele


chegou mais perto, mas sem me tocar, apreciando meu show.

— Isso é tortura, Pimentinha. Meu pau está chorando de


vontade de se meter em você — sua voz rouca me fez estremecer.

Eu estava à beira do orgasmo quando ele chegou perto, com o


nariz quase tocando meus dedos. Não consegui me segurar quando
a língua dele se juntou aos meus dedos e gemi, minhas pernas
tremiam tanto... A única coisa que me impedia de fechá-las eram os
ombros dele entre elas. Agarrei seus cabelos e cruzei minhas
pernas sobre seus ombros. Eu gemia de prazer e ele respondia a
eles com seus próprios, abafados em minha carne.

Meu Leãozinho me levou a um orgasmo incrível, meu corpo


convulsionando embaixo do dele. Seus lábios beijaram minha
barriga, meus seios, pescoço e chegaram em minha boca.

Eu nunca me cansaria dele... mas sentiria sua falta...

Será que eu estava destinada a ele e por isso nunca ninguém


conseguiu me levar ao orgasmo?

Um monte de “serás” se passaram pela cabeça...

— Ei, Pimentinha. Onde está essa cabecinha? — Bruno


perguntou, passando as mãos pelos meus cabelos e olhando em
meus olhos, ele parecia preocupado.

— Eu só estou pensando que vou ficar com saudade de você


quando voltar para casa. Passei o dia todo querendo que o tempo
voasse para poder te ver. Como vai ser? Vou sentir falta de seus
beijos, de suas mãos em mim, do calor do seu corpo no meu
durante a noite, de sua voz sussurrando em meu ouvido... — uma
lágrima besta escorreu pelo meu rosto.

— Não chore. Eu volto pra casa, mas você vai continuar sendo
minha. No final de semana você vai ficar comigo e assim vamos
levando.

Ele soltou minhas mãos e me puxou para um abraço. Me senti


protegida e um pouco reconfortada com o que ele disse.

Tempos depois, ele se levantou, colocou o jeans, pegou um


pijama na gaveta do armário e me vestiu.

— Venha, vamos assistir um pouco de TV e namorar no sofá?


— estendeu a mão para mim e fui com ele.

Não havia lugar melhor para ficar do que em seus braços e


guardaria seu cheiro em minha memória. Conhecendo Bruno como
eu conhecia, isso tudo poderia ser apenas mais um passatempo
para ele e eu poderia perder tudo de uma hora para outra, como
todas as outras mulheres que passaram por sua vida nesse tempo
todo. Mas entrei nessa, sabendo o que poderia acontecer.

Por que comigo seria diferente?


Respirei fundo e me abracei mais a ele... não prestei atenção
nenhuma no que se passava na TV, me concentrando apenas nele
e no que estávamos vivendo, durasse o quanto durasse...
Capítulo 14
Acabei de deixar Anne no trabalho e minha meta hoje seria
achar uma boa academia. Meu corpo estava acostumado com um
treino diário, pesado, e eu precisava me exercitar. Ficar o dia todo
de pernas para o ar não era para mim.

Depois de passar em frente de muitas e dar uma olhada pela


fachada, encontrei uma que parecia ser o que eu precisava. Nada
dessas academias de modinha. Queria treinar sem ser interrompido.

Estacionei e fui direto ao balcão de informações. A


recepcionista só faltou arrancar a blusinha que usava, de tanto que
puxava para baixo o tempo todo, a fim de me mostrar seu decote.
Acho que teria que fazer como Guilherme e andar com uma aliança
no dedo.

Quantos caras não deveriam dar em cima da minha Anne


enquanto ela os atendia?
Passei a mão pelo rosto e prendi meus cabelos. Porra! Eu teria
que tomar uma atitude e logo, nem que fosse apenas para aliviar
minha cabeça.

Fiz a matrícula e paguei o mês. Ali mesmo tinha uma lojinha e


comprei uma bermuda e camiseta para o treino, me troquei e
comecei a treinar. Um homem chegou perto e ficou me olhando.
Aquilo foi enchendo o saco e me irritando a tal ponto que parei o
que estava fazendo e me virei para ele.

— Posso ajudar em alguma coisa? — perguntei, cruzando os


braços sobre o peito.

— Err... Eu estava aqui te olhando, cara, mas não me leve a


mal. Você é muito parecido com um cara da faculdade. Você não
seria o Bruno, né?

— Sou eu mesmo — fiquei intrigado.

Eu não me lembrava dele, mas se ele sabia meu nome...

— Sou Andréas, eu era bem magrinho — ele disse sorrindo e


me lembrei dele.

— Caramba, como você mudou! Claro que me lembro. O que


você anda fazendo?

— Depois que acabei a faculdade, voltei pra cá e abri essa


academia. Como você pode ver, é bem rústica. O galpão que era da
minha família estava abandonado e, bem, espaço é tudo o que
precisamos e temos de sobra aqui. E você?
— Eu? Sou enfermeiro — prestei atenção no que ele diria.

— Poxa, é uma profissão gratificante. Mas vejo que você não


parou de treinar. Eu também, sempre que posso... — ele se olhou
no espelho, flexionado os músculos, antes de continuar. — treino
um pouco. Você está aqui a passeio?

— Estou na minha namorada. Mas no final de semana eu volto


para casa.

— Ah, vamos sair um dia desses. Tem um barzinho bem legal


aqui perto, o que acha?

— Vou ver com ela e amanhã te falo.

— Certo. Desculpa atrapalhar seu treino.

Nos despedimos com tapas no ombro e continuei treinando


pesado.

Depois de voltar para casa e tomar um banho, busquei Anne e a


levei para almoçar. Deixei-a no trabalho novamente, fui comprar
umas roupas e dar uma olhada em Diego. Ele continuava na mesma
loja; pelo visto, o incidente não o havia prejudicado. Menos mal. Eu
não gostava dele, mas também não queria que perdesse o
emprego. Passei o resto do dia na casa dela, esperando a hora
passar, me entretendo.

À noite, busquei Anne no trabalho e a levei para jantar.

— Não estou arrumada para ir ao um restaurante, Bruno.


— Você está linda, mas fique sossegada, vamos apenas em
uma pizzaria que eu vi aqui perto e parece bem aconchegante, um
lugar onde a gente pode ficar bem juntinho. Fiquei com tanta
saudade de você — peguei a mão dela, beijei seu pulso e dei uma
leve mordida.

Ela deu um risinho nervoso e meus olhos foram atraídos como


um ímã para seus mamilos, que ficaram durinhos.

— Assim você vai me fazer mudar de ideia quanto a pizza,


Pimentinha — beijei de novo e suguei a pele, lambendo devagar.

Ela gemeu baixinho e me deixou louco de vontade de comer


ela, em vez da pizza.

Agora.

Aqui no carro.

Ela parecia cansada, então me segurei. Hoje eu cuidaria bem


dela.

Sorri e quando paramos no semáforo, puxei-a para um beijo


delicioso.

Será que ela estava muito cansada mesmo? Enquanto eu


achava que sim, meu pau achava que não. Sossega garoto.

Na pizzaria, pedimos uma pizza grande, de quatro sabores


diferentes. Eu estava com fome! Só não sabia qual fome era maior,
por comida ou minha fome por ela.

Meu Deus, como eu queria essa mulher!


Comigo, onde quer que fosse, para ficarmos assim,
aproveitando a noite em uma pizzaria, como ontem, deitados no
sofá e assistindo a um filme ou fazendo amor deliciosamente até
ficarmos cansados demais para nos mexermos. Eu a amava
demais! Tanto que só em pensar que eu teria que deixá-la no
domingo, me dava uma coisa estranha, um aperto no peito.

— Hoje me matriculei em uma academia e encontrei um colega


de faculdade. Ele quer sair um dia desses, ir em um barzinho. O que
você acha?

— Ah, tudo bem. Vamos sim, quando você quiser — respondeu


com um lindo sorriso.

— Vou ver pro final de semana então. Amanhã falo com ele.

Nossa pizza chegou e estava muito boa. Ou eu estava com


muita fome... Conversamos sobre o dia dela e ela quis saber mais
sobre as mulheres do Theo e Rick. Sobre Ella, Anne já sabia, pois
contei para ela tudo o que aconteceu durante o transplante e que
ela era nossa chaveirinho desde sempre.

— Pam é esposa do Theo, tem uma empresa de vigilância e


eles têm uma bebezinha, a pequena Giovanna, que está com um
mês. Ela é prima do Rick, marido da Jess. Eles têm dois meninos,
gêmeos, que fizeram um ano. Você vai gostar delas e sei que elas
vão amar você — Por que eu amo você. Queria falar para ela o
quanto eu a amava, mas meu medo de espantá-la com a
intensidade do meu sentimento me impedia. — Vem sentar aqui do
meu lado, para eu poder te abraçar. Estou com saudade do teu
calor, do teu cheiro... preciso de você bem pertinho de mim. Vem?
Com um sorriso safado no rosto, ela veio para junto de mim, me
abraçou e encostou a cabeça em meu ombro.

Todo o resto do mundo foi esquecido.

O cheiro dela me embriagou e eu precisava sentir sua boca na


minha, a maciez dos seios em meu peito... o calor da sua boceta em
meu pau. Meu Deus...

— Vamos pedir a conta e vamos para casa. Eu quero você. De


sobremesa — eu juro que tinha a intenção de deixá-la descansar,
mas aquilo era maior do que eu, me consumia.

Pouco tempo depois, estávamos entrando na casa dela.

— Uau! Você contratou uma diarista para limpar minha casa? —


ela olhou admirada para tudo.

— Claro que não, eu só não queria deixar nada bagunçado pra


você. Só dei uma ajeitada, não tinha nada para fazer a tarde toda…
— passei as mãos por seus cabelos e a beijei de leve. Meu tesão
era tanto, que minha vontade era rasgar as roupas que ela estava
vestindo e fazer amor com ela ali, contra a porta da sala. — Venha,
está cansada? Trabalhou muito? — a puxei para o quarto.

— Um pouco... — respondeu, incerta.

Ela me olhou, erguendo a cabeça, não resisti àquela boca e a


beijei. Minhas mãos começaram a tirar as roupas dela e logo eu a
tinha nua, na minha frente.
— Deite-se de bruços. Vou fazer uma massagem em você, para
relaxar.

— Humm, casa arrumada, beijos, massagem... assim você me


acostuma mal — se deitou, como mandei.

— Feche os olhos.

Arranquei minhas roupas, peguei o óleo de massagem que eu


havia encontrado no banheiro e coloquei um pouco nas palmas das
mãos.

— Tire os cabelos das costas.

Outra vez, me obedeceu. Respirei fundo e comecei a espalhar o


óleo pelo corpo dela. Nas costas, em sua bunda, nas coxas,
panturrilhas e pés. Quando ela estava bem escorregadia, eu
comecei a massagem. Esfreguei e massageei seus ombros,
desfazendo nódulos e ganhando gemidos... fui descendo até que
cheguei em sua bunda. Pulei direto para as coxas dando atenção
especial para as panturrilhas e pés. Quando ela estava bem
relaxada, espalhei óleo em meu peito, abdômen e coxas. Passei as
mãos em sua bunda e meu corpo se arrepiou.

Ajoelhei-me entre suas pernas, afastando-as, e comecei a


massagear, escorregando meus dedos até seu cuzinho, que se
contraiu com meu toque. Aquele aperto rápido fez meu pau pulsar.

Acariciei, espalhando o óleo em sua bocetinha gostosa, que já


estava molhada. Escorreguei um dedo para dentro dela e gemi de
tesão. Coloquei outro e ela empinou a bunda para mim, em um
pedido mudo.
— Esse óleo corporal é beijável. Tem gostinho de morango — a
voz dela estava rouca de tesão.

Como eu não tinha percebido isso?

Mais do que rápido, dei vazão ao meu desejo e meti o rosto em


sua bunda, sentindo aquela contração em minha língua. Minha
Pimentinha gemia e se esfregava em meu rosto. Passei a língua em
toda sua bunda, mordiscando de leve, lambendo sua boceta
suculenta e seu buraquinho apertado, circulando seu clitóris com os
dedos.

Quando ela estava trêmula sob minhas mãos, fui subindo pelo
seu corpo, esfregando meu peitoral em sua bunda e costas.

— Seu Leãozinho vai te comer, Pimentinha — sussurrei em seu


ouvido, meu corpo se moldando ao dela, a cabeça do meu pau
encontrando a entrada úmida de sua boceta.

Devagar fui invadindo seu calor, meio que enlouquecendo com


a sensação, com o aperto e a maciez de sua boceta. A agarrei pelo
pescoço, sufocando-a por alguns segundos enquanto me metia todo
dentro dela. Fiquei imóvel, sua boceta ordenhando meu pau.

A soltei e virei seu rosto para um beijo consumidor, assim como


meu desejo por ela.

Lambendo, beijando, mordiscando e metendo forte. Seus


gemidos de prazer eram como a bebida mais forte, me
embriagando, me deixando tonto de tanto tesão.
— Me olhe, Anne — virei sua cabeça e segurei seus cabelos,
puxando-a para mim. Com a outra segurei seu pescoço.

A apertei de leve. Um pouco mais, até que ela começou a ficar


vermelha. Mordi seu ombro, olhando-a. O prazer estampado em seu
rosto me levou à beira do precipício. Eu não aguentaria muito.
Larguei seu pescoço e, passando a mão por baixo de sua barriga,
cheguei ao seu clitóris e a masturbei enquanto fodia sua boceta,
sem dó.

Anne gritou, chamando meu nome e, puta que pariu, vi estrelas


quando sua boceta começou a contrair em meu pau. Gemi como um
animal e escorreguei pelo seu corpo.

Eu queria seu gozo em minha boca, sentir o gosto doce do mel


de sua boceta.

Eu era um depravado, mas ela era minha, toda minha. Lambi e


suguei até que ela estava novamente gemendo e rebolando.

Essa mulher foi feita pra mim!

Aquela bunda ali, na minha cara, estava me deixando doido. Eu


precisava fazê-la minha, totalmente.

Me posicionei entre suas pernas e encostei meu pau em seu


buraquinho apertado. Ele contraiu com o contato e estremeci. Fui
avançando, o óleo ajudando. O gemido rouco de Anne quase me fez
gozar ali mesmo, logo na entrada.

Centímetro a centímetro, vi meu pau ser engolido por aquele


rabo gostoso. Era lindo demais. Tirei um pouco e voltei a me meter
nela, que começou a acompanhar meus movimentos. Nossos
gemidos se confundiam e se misturavam no quarto, insanos e
perdidos no prazer absoluto. Anne gozou de novo e, dessa vez, me
deixei levar, gozando junto, nossos corpos estremecendo de prazer,
nossos nomes sendo ditos por vozes roucas de tesão, exaustas
pelo prazer.

— Você é minha, Pimentinha. Diz pra mim — olhei em seus


olhos.

— Sou sua, Bruno. Sua e só sua, enquanto me quiser.

— Te quero pra sempre, minha Anne — beijei sua boca com


paixão, demonstrando minha posse total. — Minha...

Escorreguei para fora de seu corpo e me deitei ao seu lado,


puxando-a para mim.

— Descanse, minha Anne. Durma nos braços do seu Dono.

Senti seu sorriso em meu peito e meu coração de pedra se


amoleceu.

Abraçada em mim estava a mulher da minha vida. A única que


chegou em meu coração... Senti uma lágrima escorrer pelo meu
rosto e tive a certeza absoluta de que tinha encontrado alguém para
o resto da minha vida...
Capítulo 15
Os dias passavam lentos demais e o tempo que eu ficava com
ela passava voando.

Hoje já era sábado e amanhã à noite eu iria embora. Tristeza e


um vazio sem explicação começaram a tomar conta de mim.

Verificando o relógio, vi que estava quase na hora de passar no


shopping para pegar o presente dela. Será que ela gostaria?

Teria que dar uma última olhada em Diego também. Tampinha


safado.

Deixei tudo arrumado e fui ao shopping antes de buscá-la. Já


conhecia aquele shopping como a palma da minha mão. Fui direto
na loja e o presente havia ficado perfeito! Passei em frente a loja na
qual o tampinha trabalhava, mas como não tinha nem sinal dele,
entrei e perguntei por ele.
— Ah, sim. O Diego não passou na experiência, foi dispensado
pela manhã — me informou a moça do caixa.

— Obrigado.

Saí de lá pensando onde o tampinha poderia estar e o que


estaria fazendo. Coisa boa é que não devia ser. Agora eu iria
embora preocupado com minha Pimentinha.

Já no carro, coloquei a caixa do presente dela no porta-luvas,


joguei fora a sacola para que ela não desconfiasse e fui buscá-la.
Parei em frente ao trabalho dela e a impaciência me tomou.

Me sentia como um leão enjaulado, louco de fome, sabendo


que um bifão apetitoso estava do outro lado da grade.

Eu queria sair correndo do carro, entrar onde ela trabalhava, a


jogar no ombro e levar embora, amarrá-la na cama e não deixá-la
sair de lá, até que minha fome tivesse passado. Saí do carro e fiquei
esperando, andando de um lado para o outro.

Minutos depois ela apareceu, e quando me viu abriu aquele


sorriso lindo. Agarrei e a levantei do chão, dando um beijaço nela,
mas nem assim aquela coisa em mim diminuiu. Pelo contrário,
agora eu a queria ainda mais. Seu cheiro, sua pele, seus cabelos...

— Vamos para casa, Leãozinho. Passei o dia querendo ser sua


leoa...— falou baixinho, sussurrado, com uma voz sensual que me
deixou ainda mais louco para me perder nela.

Em menos de dez minutos, eu estava fechando a porta da casa


dela atrás de mim, nossas bocas coladas, mãos ansiosas
percorriam pele, arrancando roupas, apalpando, apertando,
arranhando... humm, quando ela arranhava minhas costas eu
enlouquecia. Ah, minha Pimentinha insaciável... A recostei no braço
do sofá e matei um pouco da sede e da minha fome por ela.

Uma hora e meia depois estávamos entrando no bar, próximo à


academia. O lugar era bem legal, parecido com o meu bar da praia.
Até o palco e a pequena pista eram parecidos. Andréas e sua
namorada nos esperavam. O cara era gente boa.

— E aí? Anne, esse é Andréas e sua namorada.

Anne estendeu a mão para ele e deu três beijinhos na garota.

— Essa é Alessandra. Prazer em conhecer você, Anne —


Andréas disse, olhando para minha Pimentinha de cima a baixo.

Não gostei disso e Anne, pelo jeito, também não, pois se


abraçou a mim, como para se proteger.

Nos sentamos e Anne começou a conversar com Alessandra.


Em pouco tempo, aquele clima desconfortável passou e pedimos
bebidas e uns petiscos.

— Qual é a do palco ali? Qualquer um pode cantar? Ou só


bandas?

— Eles têm um karaokê aqui e bandas também se apresentam.


Vamos perguntar ao garçom. Você ainda toca? Lembro que fazia
parte de uma banda na faculdade.

— Às vezes matamos a saudade dos velhos tempos e nos


juntamos. Ainda sai alguma coisa legal.

Continuamos o papo e, depois de algumas cervejas, achei que


era a hora. Me levantei, dando a desculpa de ir ao banheiro.

— Anne, tudo bem você ficar aqui? Eu já volto — ela assentiu


com a cabeça. — Ok, não saia daqui. Entendeu? — dei um beijo
nela e fui até o carro. Antes de sair, perguntei ao barman se tinham
algum violão, pois eu estava querendo tocar.

ANNE

Bruno já tinha saído há uns 10 minutos. Eu olhava impaciente


para o lado dos banheiros, na esperança de vê-lo voltando. Andréas
me olhava de um jeito que estava me deixando desconfortável.
Alessandra foi ao banheiro também, deixando nós dois sozinhos na
mesa. Ele se levantou e sentou-se ao meu lado.

Perto.

Muito perto para o meu gosto.

Colocou a mão sobre minha perna e chegou perto do meu


ouvido.
— Sabe, quero te comer. Você deve ter uma boceta de ouro,
para que Bruno esteja assim, de quatro por você.

Me senti ultrajada por suas palavras, mas completamente sem


reação. Ele se aproveitou disso e escorregou a mão pela minha
coxa, muito perto da minha virilha. Aquilo me deixou enojada e me
afastei tão rápido, que quase caí da cadeira.

— Calma gata, eu não mordo. A menos que me peçam.

— Você é repugnante. Fique longe de mim… — eu ia dizer mais


umas verdades para ele, mas Alessandra retornou, dizendo que a
fila do banheiro estava muito grande.

Nisso, a estática do microfone sendo ligado chamou nossa


atenção e olhamos para o palco.

E lá estava meu Leãozinho, sentando em uma banqueta alta,


com um violão no colo. Ele deu três tapinhas no microfone.

— Essa é para minha Pimentinha — seus olhos se grudaram


aos meus e o assunto Andréas foi esquecido completamente. Minha
atenção presa a ele.

Os acordes do violão encheram o bar e todos ficaram quietos,


prestando atenção no som que ele produzia no violão, e então ele
começou a cantar.

“Acredita em anjo, pois é, sou o seu... Soube que anda


triste, que sente falta de alguém, que não quer amar ninguém...
Por isso estou aqui, vim cuidar de você, te proteger, te fazer
sorrir, te entender, te ouvir e quando tiver cansada... cantar pra
você dormir. Te colocar sobre as minhas asas, te apresentar as
estrelas do meu céu, passar em Saturno e roubar o seu mais
lindo anel. Vou secar qualquer lágrima que ousar cair, vou
desviar todo mal do seu pensamento, vou estar contigo a todo
momento sem que você me veja... Vou fazer tudo que você
deseja. Mas, de repente você me beija, o coração dispara e a
consciência sente dor... E eu descubro que além de anjo, eu
posso ser seu amor.”

Lágrimas quentes rolavam pelo meu rosto, borrando minha


visão e novamente fiquei sem reação, olhando para ele, que se
levantou colocando o violão ao lado da banqueta, vindo em minha
direção.

O bar todo aplaudiu e o barulho dos clientes aumentou


novamente.

— Pimentinha, eu te amo. Muito — ele disse, tirando uma


caixinha de dentro do bolso, estendendo em minha direção.

Incrédula, me levantei e fiquei olhando para ele, que sorriu e


abriu a caixa. Dentro tinha uma gargantilha, com um pingente.
Comecei a rir, nervosa e completamente abobalhada.

O pingente era um leãozinho com uma pimentinha na boca.

Me atirei em seu pescoço, beijando-o.

— Eu vou embora amanhã, mas vou ficar sempre com você —


ele colocou a caixinha na mesa e pegou a gargantilha. Levantei
meus cabelos e ele prendeu a gargantilha em meu pescoço. —
Minha, definitivamente minha.
— Repete que me ama — pedi olhando em seus olhos. Ele
secou minhas lágrimas e me beijou de leve.

— Amo você, minha Pimentinha, minha Anne.

— Eu também amo você, Bruno — e, tocando o pingente,


continuei. — Meu Leãozinho.

— Vamos para casa... — ele sussurrou em meu ouvido, me


abraçando e rodando comigo nos braços.

Nos despedimos de Andréas e Alessandra. Bruno me puxava


pela mão em direção à saída, impaciente. Novamente chegamos em
casa em tempo recorde, deixando as roupas espalhadas pelo
caminho até o quarto.

Com a língua, a boca, as mãos e com seu corpo todo, ele me


provou o quanto me amava e, em seus braços, me senti a mais
amada e a mais linda das mulheres...
Capítulo 16
Acordei na mesma hora de sempre, com minha Pimentinha em
meus braços. Me embrenhei em seus cabelos e aspirei seu
perfume.

Como eu ficaria sem ela?

Suspirei, resignado.

Eu precisava ir e ela precisava ficar...

Hoje eu queria que o dia fosse especial e inesquecível, já que à


noite, eu teria que ir embora.

Devagar, saí da cama e fui para a cozinha fazer o café da


manhã. Um pouco depois, com tudo em uma bandeja, levei para o
quarto. Ela estava dormindo de bruços, abraçada ao travesseiro, o
lençol mal cobrindo sua bunda, fazendo com que eu pensasse mil e
uma safadezas. Coloquei a bandeja em cima da mesa de cabeceira
e, subindo na cama, comecei a beijar suas pernas.

— Vamos acordar, Pimentinha...

Ela se espreguiçou e virou para mim, abrindo os braços, me


chamando. Mais do que rápido, me deitei em cima dela, que me
abraçou. Forte.

O café da manhã ficou esquecido e ficamos nos beijando,


nossos corpos colados...

***

— Vamos comer, Pimentinha, fiz café para nós — me sentei e


puxei a bandeja para meu colo. Peguei um pedaço de pão. — Abra
a boca.

Ela obedeceu na hora, já acostumada a ser alimentada por


mim. Como eu amava isso, poder cuidar da minha Anne. Desse
modo, acabamos com tudo com o que eu havia preparado e
recoloquei a bandeja em seu lugar.

— O que você quer fazer hoje? — perguntei, puxando-a para


meus braços.

— Eu poderia ficar assim, abraçada em você o dia todo... — ela


colocou a cabeça para trás, olhando em meus olhos. — Eu já estou
com saudade.
— Eu também, Pimentinha. Mas tenho que voltar, o hospital me
espera. Sexta à noite eu venho te buscar e então vamos para a
praia. Eu não vejo a hora de te levar ao bar e ver a tua carinha
quando olhar para tudo aquilo.

— Querer também consola — ela respondeu triste, apertando a


cabeça em meu peito.

— Não vamos pensar nisso, tá? A semana vai passar tão rápido
que, quando percebermos, já será sexta... e também, não é tão
longe, quem sabe eu não apareça por aqui durante a semana? Sei
que não vou conseguir ficar sem teu calor, sem seu cheiro, sem
seus beijos... — puxei-a para cima de mim. Eu precisava senti-la em
mim, meu corpo precisava da memória de suas curvas, meu pau
necessitava memorizar o calor de sua boceta. — Eu preciso estar
dentro de você. Só ficar, quieto e metido em seu calor… — tomei
posse de sua boca, enquanto ela, em um movimento de quadril, me
levou para dentro.

Fiquei quieto, só sentindo aquela boceta molhada me


apertando. Segurei sua bunda firmemente contra mim, impedindo
que ela se movesse também. Mas minha Anne era uma capetinha e
começou com uma série de contrações, pressionado e soltando
seus músculos internos. Fui incapaz de conter o gemido animal que
saiu de mim. Ataquei sua boca com mais vontade, o beijo
consumindo o resto da minha sanidade.

Onde ela havia aprendido aquilo?

Eu estava perdendo o controle sobre meu corpo, sendo sugado


e ordenhado sem dó por aquela boceta deliciosa. Tentei sair, mas
estava preso a ela. Eu estava ofegante e louco de tesão, tive que
interromper o beijo para poder respirar. Anne desceu os lábios pelo
meu pescoço e ficou lambendo e sugando, sua língua subiu,
contornando o lóbulo da minha orelha.

— Meu Leãozinho gostoso... seu pau é tão grande... vai tão


fundo... ahhh... — ela gemeu quando meu pau pulsou dentro dela.
— Meu Deus, Leãozinho... faz de novo...

Eu estava em êxtase, meu pau tinha vida própria e eu estava


quase gozando, ali, parado! Que coisa louca! Com o pedido dela,
ele obedeceu sozinho, pulsando uma vez após a outra. Anne
levantou a cabeça e nossos olhos se prenderam, arregalados,
surpresos pela intensidade do que estava acontecendo. Gemidos
escapavam de nós, nossos corpos conectados e trêmulos, à beira
do orgasmo.

— Bruno, eu não aguento mais…

Seus seios, com os mamilos durinhos, pressionavam meu peito,


e então tudo aconteceu. Anne estremeceu, gemendo meu nome, e
aquelas contrações aumentaram de velocidade com o orgasmo
dela, puxando o meu. Vi estrelas, minha visão escureceu e apertei a
cabeça contra o travesseiro, chamando minha Anne, sem fôlego.

Caralho! Nunca imaginei uma coisa assim. Passei meus braços


pelas costas dela, sem forças, abraçando-a.

Senhor, obrigado por ter posto essa mulher em meu caminho.

Ficamos algum tempo assim, abraçados e quietos, para não


estragar a magia do momento. Depois, a peguei nos braços e levei
para o chuveiro, lavando todo seu corpo, seus cabelos, cuidando e
mimando minha mulher.

Mais tarde, fomos almoçar em um restaurante, passeamos no


zoológico e ela fez questão de tirar fotos de mim em frente à jaula
do leão. Rimos e nos divertimos a valer, além de tirar muitas fotos
de nós dois. À noitinha, quando voltamos, passamos no drive-thru
de uma lanchonete, compramos lanches e fomos para casa.
Jantamos em frente à TV, assistindo a um filme.

A hora de ir embora se aproximou rápido demais. Não levaria


nada do que trouxe, deixaria tudo aqui para a próxima vez. Peguei
minha carteira, o celular e a chave do carro.

— Anne, pegue a caixa do colar que te dei.

Ela foi até o quarto e retornou com a caixa nas mãos.

— Tire a calcinha — ordenei.

Seus olhos correram para os meus e ela retirou, estendendo-a


para mim. Peguei e cheirei. O tesão estampado em meu rosto e no
sorriso safado que não consegui impedir. Dobrei a calcinha e,
retirando a parte acolchoada da caixinha, a guardei.

— Meu tesouro. Vou levar comigo — ela me abraçou e seu


corpo tremeu. — Não chore, Pimentinha. Prometo que na primeira
oportunidade, eu volto.

— Está bem, leve a cópia da chave com você. Assim, se você


puder vir e eu ainda estiver trabalhando, pode entrar.
Ela buscou e estendeu-a para mim. Guardei a cópia da chave
dentro da caixa, junto com a calcinha.

— Está bem. Eu tenho que ir. Você vai ficar bem? — segurei
seu rosto, olhando em seus olhinhos verdes cheios de lágrimas. —
Tome cuidado, não confie em ninguém e não abra a porta para
nenhum desconhecido. E nem pro tampinha safado do seu primo.
Eu não confio nele.

— Está bem, pode deixar que vou me cuidar. Quando você


chegar na sua casa, você me avisa?

— Sim, Pimentinha. Vai ser a primeira coisa que vou fazer,


assim que parar o carro na garagem, eu te ligo.

Nos beijamos e descemos pelo elevador, abraçados.

Chegando na garagem, abri a porta, me enfiei dentro do carro e


guardei a caixinha no porta-luvas. Saí, a abracei forte e beijei de
novo, acariciando seus cabelos.

Foi a despedida mais sofrida de toda minha vida.

Entrei e dei a partida. Anne ficou ali, parada, acenando


enquanto o carro se distanciava.

Coloquei Spoke in the whell para tocar, a música bem alta, e me


afundei em autopiedade, meu coração havia ficado lá, com ela.

Mal estava prestando atenção na estrada, dirigindo meio que no


piloto automático, quando um carro bateu de leve atrás de mim.
Olhei pelo retrovisor e vi um furgão preto, que se distanciou e
acelerou para cima do meu carro. Sem pensar, meti o pé no
acelerador, desviando dos carros à minha frente, um olho na estrada
e outro no furgão que continuava em meu encalço.

Mas que caralho!

Um motorista distraído mudou de faixa sem dar seta, se


enfiando em minha frente. Para não bater nele, virei o volante com
tudo e perdi o controle do carro. Tudo virou uma bagunça, o carro
derrapou e capotou não sei quantas vezes.

Tudo voava, minha cabeça sacudia para todo lado. Meti os dois
pés fortemente na embreagem e no freio e segurei no volante
firmemente, para minimizar o sacolejo do meu corpo, mas em vão.

Quando ele finalmente parou, senti tudo rodando à minha volta.


Minha visão falhava e minha cabeça latejava. Passei a mão pelo
meu pescoço, procurando por alguma lesão e pela minha têmpora.
Senti o sangue quente, escorrendo pelo meu rosto. À minha frente,
fumaça estava saindo do capô do carro.

Eu precisava sair dali!

Uma dor lancinante tomou conta de mim, quando tentei mexer


as pernas e a escuridão me engolfou.
Capítulo 17

ANNE

Acordei banhada de suor.

Que sonho idiota!

Levantei e fui até a cozinha beber um copo de água com açúcar,


para ver se acalmava meu coração, que parecia querer sair pela
boca. Peguei meu celular na mesinha da sala e verifiquei se tinha
alguma mensagem de Bruno. Nada.

Cadê você, quando eu mais preciso?

Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nadinha de nada. Meu


coração se apertou. Já era para ele ter ligado...

— Será que você não vai dar sinal de vida? Cadê você? —
resmunguei sozinha.
Ele pareceu tão verdadeiro em sua declaração, em seus gestos...
O que será que eu devo fazer?

Fiquei andando pela sala e pensando no que fazer. Ligar para


ele? Mandar uma mensagem pelo note? Esperar ele ligar?

— Será que aconteceu alguma coisa? Ou esse sumiço é apenas


o que eu devo esperar de você? — agora eu estava ficando doida,
falando sozinha.

Completamente perdida e desanimada, me sentei no sofá e liguei


a televisão. Fiquei passeando pelos canais, comecei a ver um filme,
mas as cenas românticas me fizeram mudar novamente os canais.
De repente, meu coração acelerou outra vez ao ver um carro
capotado no noticiário.

Ai, meu Deus! Ai MEU DEUS!!!

Era o carro dele ou um muito igualzinho. Agarrei o celular e liguei


para ele. Caiu direto na caixa postal. E agora? Eu precisava avisar
alguém, mas eu não tinha o telefone de nenhum dos amigos dele...

Recomecei a andar pela sala, minha cabeça pegando fogo, meu


coração acelerado. Claro! O Guilherme, que era médico no mesmo
hospital! Se eu desse sorte, ele estaria de plantão ou alguém me
daria o contato dele. Corri para meu quarto à procura do papel em
que Bruno havia escrito seus números. Eu tremia tanto que mal
conseguia apertar as teclas do maldito celular.

Respirei fundo tentando me acalmar. Logo uma mulher atendeu.


— Eu gostaria de falar com o Dr. Guilherme, da oncologia. É
urgente.

— Qual seu nome, Senhora? — a atendente respondeu com uma


lerdeza que só por Deus.

— É Anne. Diga que é da parte do Bruno. E é urgente — se não


dissesse isso seria capaz da moça me colocar na espera infinita.

— Ok, só um segundo.

A musiquinha da espera começou a tocar na linha e quase


enfartei. Qual a parte de urgente que aquela mulher não
entendeu?!?

— Oncologia, boa noite.

— Boa noite, preciso falar com o Dr. Guilherme, é urgente.

— Dr. Guilherme está em cirurgia. Quer que peça para ele entrar
em contato?

— Por favor, peça para que ele me ligue assim que sair da
cirurgia. É superurgente. Você pode anotar um recado? Para ele
entrar em contato com Anne, é sobre o Bruno. Realmente é urgente.

— Sobre o Bruno? O Bruno, amigo dele e enfermeiro aqui do


hospital? O que tem ele?

A mulher ficou aflita e o monstro do ciúme me pegou. Essa devia


ser uma das que já tinham provado do meu Leãozinho. Mas não era
hora de pensar em mim, com a vida dele podendo estar em risco.
Engoli em seco e respondi.
— Ele pode ter sofrido um acidente. Preciso realmente falar com
o Guilherme.

— Pode deixar, Anne. Me passa seu número que, assim que a


cirurgia acabar, eu entrego pessoalmente pra ele.

Passei o número para ela, agradeci e já ia desligar quando me


lembrei de um detalhe.

— Ah, qual é seu nome?

— É Dani. Fique sossegada, Anne, eu prometo dar o recado.

— Ok. Obrigada então, Dani.

Desliguei o celular. Caramba, eu estava tão nervosa que dormir


era impossível, inimaginável. Troquei de roupa, peguei minha bolsa,
celular e as chaves e saí. Eu iria para onde tinha sido o acidente, a
alguns quilômetros daqui. Lá, com certeza, eu teria alguma notícia.

Entrei no carro e saí cantando o pneu.

GUILHERME

Graças a Deus tudo saiu bem na cirurgia, mas, caramba como


demorou! Estou louco de saudade da minha Pequena, quero chegar
em casa e me aconchegar em seu corpo, que deve estar quentinho
em nossa cama... Senti meu amigo se empolgando em minhas
calças... eu não estava tão cansado assim, afinal.

Saí da sala de cirurgia e estava indo para minha sala tomar um


banho, quando escutei alguém me chamar.

— Dr. Santos. Espere! Tenho um recado urgente para o senhor.

E lá vinha a enfermeira baixinha correndo desabalada em minha


direção.

— Uma mulher chamada Anne ligou. Ela disse que pode ter
acontecido alguma coisa com o Bruno, um acidente, e estava muito
nervosa. Esse é o número dela, seria bom entrar em contato o mais
rápido possível — ela falou tão rápido que não entendi metade do
que disse.

Esse Bruno não tinha jeito mesmo. Pelo nervosismo da


enfermeira, ele já devia ter pego ela também... será que tinha uma
mulher aqui no hospital que ele não tinha levado para algum canto?

— Calma, fale devagar. O que tem a Anne e o Bruno? Respire,


mulher!

A coitadinha respirou fundo e repetiu um pouco mais devagar. Aí


foi a minha vez de ficar nervoso. Caralho de asa! Para a Anne ligar
para mim aqui no hospital deveria ser algo muito importante.

— Obrigado. Vou ligar agora mesmo — ela virou nos pés e já


estava indo embora, quando se virou e me chamou novamente.
— Dr. Santos, sei que é muita petulância minha, mas aqui está o
meu número. Se puder me dar notícias quando as tiver, eu ficaria
muito agradecida — me estendeu um papel com o seu nome e
telefone.

— Pode deixar, Dani. Eu aviso sim.

— Obrigada, Doutor.

Ela colocou o cabelo atrás da orelha e me deu um sorriso tímido.


Não esperei ser chamado novamente e corri para minha sala. Lá
chegando, peguei meu celular e liguei para Anne, que logo atendeu.

— Anne, é o Guilherme. Recebi seu recado, o que aconteceu?

— Graças a Deus que você me ligou. Estou meio desesperada.


Bruno saiu daqui era umas dez horas. Fiquei esperando ele ligar,
como disse que faria, e acabei adormecendo no sofá. Tive um
sonho lazarento, onde ele estava machucado e sozinho. Acordei
com o coração pulando pela boca. Daí fiquei assistindo televisão e
trocando os canais. No noticiário local estavam mostrando um
acidente, um carro capotou e, juro por Deus, é muito parecido com o
carro do Bruno. Estou quase chegando no local, quando eu ver o
carro, vou ter certeza e, quem sabe, alguma notícia.

— Onde foi o acidente?— ela me passou e anotei. — Acho que


consigo chegar em quarenta minutos mais ou menos. Se for
mesmo, me ligue confirmando. Vou passar na casa dele e dar uma
olhada se ele está por lá. Mas, se ele prometeu que te ligaria, com
certeza ele faria isso. Guarde o meu número aí e se acalme.
Qualquer coisa que tenha acontecido, eu, como médico, consigo os
detalhes. Logo eu chego. Desculpe, Anne, mas como eu vou saber
quem é você?

— Eu vou ser a mulher desesperada e chorando, não tenha


dúvidas — ela deixou escapar um riso de puro nervosismo.

— Já estou vendo o porquê do encantamento do Bruno. Você


tem um humor invejável. Se acalme, estou indo.

Desliguei e liguei para o Theo.

— Theo, parece que o Bruno sofreu um acidente. Vou direto para


o local do acidente, a Anne me passou. Não vou ligar agora para
casa, porque Ella deve estar dormindo. Fica de olho nela pra mim?

— Tá certo, pode deixar, pela manhã eu passo lá e dou a notícia


para ela, com jeito. Vá lá e me ligue quando chegar, para dizer como
ele está.

— Avise o Rick também. Vou tomar uma ducha e ir, acabei de


sair do centro cirúrgico. Acho que em mais ou menos uma hora eu
chego e te ligo logo em seguida. Até.

Desliguei sem esperar resposta e fui arrancando a roupa. Uma


ducha rápida e em cinco minutos eu estava saindo do hospital.
ANNE

— COMO ASSIM O CARRO ESTAVA VAZIO? — gritei com o


policial.

— Acalme-se, senhora. Quando chegamos ao local, o carro


estava com a porta aberta e não tinha ninguém dentro. Encontramos
sangue no banco e no chão do veículo, mas só isso. Estamos
esperando a chegada dos cães farejadores, para ver se encontram
o rastro do motorista, para saber se ele se embrenhou na mata ou
se retornou à estrada.

Sentei em um pedaço de árvore, só o toco, e agarrei meus


cabelos, desesperada.

Como assim? Será que ele estava perdido no mato?

Tomara que ele tenha retornado para a estrada e alguém o tenha


socorrido... Não consegui conter as lágrimas e deixei que saíssem
descontroladas. Bem que o Guilherme poderia chegar logo e
descobrir alguma coisa a mais...

Meu Leãozinho, cadê você?

Peguei meu celular para ligar, avisando ao Guilherme que era


mesmo o carro do Bruno, mas a porcaria estava sem bateria.

Droga, droga droga!

E agora? O certo é que eu não sairia daqui enquanto não


tivessem alguma notícia, pelo menos a direção que ele tinha
tomado, pois, se ele tivesse se embrenhado no mato não estaria
longe e os cachorros seguiriam seu rastro, encontrando-o.

Estava ali, sentada naquele toco de árvore, sei lá por quanto


tempo, quando uma mão em meu ombro me tirou dos pensamentos.

— Você é a Anne. Acertei?

Olhei para o dono da voz e soube na hora que era o Guilherme.


Quase tão alto quanto o Bruno, dono de olhos incomuns, cinzentos.

— Sou eu. Você deve ser o Guilherme. Tentei te ligar, mas fiquei
sem bateria — continuei falando, deixando-o a par da situação. As
lágrimas reapareceram quando eu disse que eles não tinham ideia
de onde ele poderia estar.

— Calma. Não vamos nos desesperar. Isso não aconteceu há


muito tempo. Vamos deixar meu número com os policiais e,
qualquer novidade, eles ligam para nós. Enquanto isso, vamos
trabalhar com a possibilidade de ele ter ido para a estrada e
conseguido uma carona. Ele já foi paramédico, saberia o que fazer
em uma situação dessas e sair para procurar ajuda, se não
estivesse ferido demais — ele me abraçou e continuei chorando em
seu peito.

Que patético! Mas no momento aquilo era tudo o que eu


precisava.

— Só um minuto, Anne. Sente-se aqui, já volto — ele disse


quando o celular começou a tocar. Se afastou e atendeu.
GUILHERME

Tive que deixara pobrezinha ali, para a tender ao celular. Ela


estava realmente abalada. Atendi sem olhar quem era.

—Dr. Santos.

— Ei, Gui, é o Rick. Saia daí agora, leve Anne para a casa dela e
me mande uma mensagem com o endereço. Estou mandando
alguns seguranças.

— Como assim, seguranças?

— Acabei de receber um e-mail do maldito do ex-marido da Jess.


Ele está com o Bruno. Já mandei todos para um lugar seguro; Jess,
as crianças, Theo, Pam e Ella. Meus homens levarão vocês para lá.

— Porra, aquele cara não desiste? — exasperei e passei a mão


pelos cabelos.

— O filho da puta mandou uma foto de Bruno anexada ao e-mail.


Ethan, o investigador que ajudou no caso da Jess, já está atrás de
rastrear o IP. Logo teremos o maldito.

— E como ele está?

— Na foto, ele está desacordado, um machucado na testa, com


um pedaço de metal enfiado na perna. Fora isso, ele parece normal.
Não dá para saber. Mas o fato é que o maldito está fora de si. Disse
que roubei a família dele e que agora ele vai pegar a minha e todos
os que amo.

— Cara, eu não sei o que dizer...

— Não diga nada, saia daí e vá para a casa da Anne. Fique lá até
que Cris chegue com os outros. Ele veio com os filhos da Jess,
mandei buscá-los de helicóptero. Com esse louco por aí, não dá pra
deixar ninguém de fora, e como Cris era policial, ele saberá
perfeitamente como agir. Eles já saíram daqui.

— Minha Pequena está bem? — eu precisava ter paz, para


continuar.

— Está sim, todos já estão em segurança, incluindo meus pais e


Layla.

— E você? Vai ficar bem?

— Só vou ficar bem quando colocar minhas mãos naquele


maldito, filho da puta...

— Tá certo, estou indo. Até. Cuide bem da minha Pequena.

— Vou esperar sua mensagem com o endereço dela. E, cara,


explique a situação para Anne. Ela, estando com o Bruno, é mais
uma na mira do maldito. Convença-a a vir junto com você. Bruno
não nos perdoaria se a deixássemos desprotegida. Boa sorte e até
mais — desligou e eu alonguei os músculos do pescoço, fechando
os olhos enquanto a ira me consumia.
Ah, se eu pegasse esse cara... imagino o que Rick deve estar
sentindo.

Eu precisava tirar Anne daqui. Rick tinha razão, nenhum de nós


estava a salvo com esse maluco solto por aí. Mas ele estava
preso…

Caralho, tudo só se complica...

— Anne, precisamos ir. Vamos para sua casa — me abaixei e


sussurrei em seu ouvido. —Sabemos onde e quem está com o
Bruno. Alguns seguranças estão vindo nos pegar. Não reaja, por
favor. Precisamos ir.

Aparentando uma calma que eu não tinha, me despedi dos


policiais, deixando meu número, como havia dito que faria.

— Deixe seu carro aqui, depois alguém vem buscar. O mais


importante é que cheguemos em sua casa o mais rápido possível —
abri a porta do meu carro para ela, que entrou meio atônita. Entrei e,
dando a partida, coloquei o carro em movimento. — Pegue aqui.
Mande seu endereço por SMS para o Rick.

A coitadinha tremia visivelmente, mas obedeceu e logo me


devolveu o celular, encostando a cabeça no banco, fechando os
olhos.

— Calma, Anne, ninguém vai fazer nada com o Bruno. Vamos


chegar até ele antes que qualquer coisa aconteça. Já temos uma
equipe procurando por ele.
Ela permaneceu calada e só começou a falar quando chegamos
próximo à entrada da cidade. Foi me dando a direção e logo
chegamos em sua casa. Estacionei e subimos.

— Faça uma mala para alguns dias.

— Eu não posso sair assim, eu trabalho! — ela retrucou meio


exaltada.

— Anne, entenda. Estamos lidando com um homem


desequilibrado que foi capaz de sequestrar a ex-esposa por duas
vezes, há um tempo atrás. Ele está totalmente fora de si, a ponto de
cometer o mesmo ato agora, só para mostrar que pode. Você,
sendo mulher do Bruno, é mais uma para a lista desse louco. Todos
estão protegidos, Rick já providenciou isso. Você seria uma presa
fácil se ficasse sozinha. Pense, Anne. Pense no Bruno. Ele nos
conhece, sabe que cuidamos uns dos outros, somos assim.

Ela ficou quieta, me olhando, medindo minhas palavras. Então


soltou um longo suspiro e baixou o olhar, vencida.

— Está bem, você tem razão. Já volto, fique à vontade.

Ela juntou os cabelos, prendendo em um coque, exatamente


como Bruno fazia...

Como será que estavam tratando o meu amigo?

Ele precisava ser tratado, se estava com um pedaço do carro


enfiado em sua perna... se tentassem tirar, ele poderia sangrar até a
morte... Um monte de “e se” passaram pela minha cabeça. Que Rick
o encontrasse logo, antes que fosse tarde demais...
Capítulo 18

BRUNO

Abri os olhos e olhei em volta.

Mas que porra de lugar é esse? Eu não estou ficando louco, sei
que acabei de capotar com o carro. O que diabos eu estou fazendo
deitado em uma cama? Isso aqui não tem nem cara, nem cheiro de
hospital!

Minha perna!

Olhei para baixo e um pedaço de metal estava fincado,


transpassando minha panturrilha, mas não parecia ter atingido
nenhum osso. A tontura e aquela sensação de náusea tinham
sumido. Meu corpo estava dolorido, mas nada que eu já não tivesse
sentido pior, com os treinos. Tirei meu cinto e prendi firmemente um
pouco acima de onde o metal estava. Aquilo sim doeria
terrivelmente. Tirei a camiseta também, dobrei e enfiei na boca, para
que meu grito não fosse ouvido e, respirando fundo, puxei o metal.

Ahhhhhh, que dor filha da puta!

Pontos negros surgiram em frente aos meus olhos, tamanha foi


a dor que senti. Sem fôlego, me obriguei a rasgar minha camiseta e
amarrar sobre o ferimento, pressionando para que parasse de
sangrar.

Agora, eu tinha que descobrir onde eu estava!

Me levantei devagar. Sons abafados chegavam até mim e fui


até a porta, colando o ouvido na madeira.

— Fique de olho nessa porta. Ele está todo ferrado, apagado há


dias, não conseguirá fazer mal a você. E pare de tremer, rapaz.
Você foi de grande valia, nos entregando o momento em que esse
marombado aí saiu da casa da sua gordinha. Eu tenho a minha
também, e ela foi roubada de mim pelo outro marombado idiota,
amigo desse aí. Aqui, fique com esse celular. Qualquer coisa, você
me liga e eu mando mais homens para te ajudar.

— Certo, senhor Anthony.

Aquela voz! Tampinha dos infernos! Apagado há dias? O que


tinha acontecido comigo? Olhei para meu braço e havia sinais de ter
estado com um acesso para soro ou outra coisa do tipo. Se eu fui
atendido por um médico, por que não tiraram o ferro da minha
perna?
Ouvi o barulho de passos se afastando e o sangue me subiu à
cabeça! Eu acabaria com a raça daquele tampinha desgraçado.
Querendo me tirar do caminho, ele havia colocado Anne em perigo,
na mira daquele escroto que me chamou de marombado.

Esperei mais um tempo para ter certeza de que não haveria


ninguém por perto. Levantei a cama e coloquei perto da porta, me
sentei nela, para não colocar meu peso na perna ferida, e meti o pé
na porta, com toda a força que consegui.

A porta caiu por cima do tampinha, que se estabacou de cara


no chão. Sem cerimônias, pisei em cima da porta e me agachei
próximo do rosto dele. Na queda, um pouco mais da metade de seu
corpo havia ficado embaixo da porta.

— O tal Anthony estava enganado. Eu não estou tão ferrado


assim — fechei meu punho e desci na cara do tampinha, que ficou
ali desacordado, com sangue saindo pelo canto de sua boca. Devo
ter quebrado alguns de seus dentes, mas ele mereceu. Caído, um
pouco mais à frente estava o celular que Anthony havia dado para
ele. Peguei e liguei para o Guilherme.

— Dr. Santos.

— E aí, Gui — sussurrei ao celular.

— Bruno, onde você está?

— Não faço ideia, mas tinha um cara aqui, Anthony, que ficou
falando de marombados e gordinhas. Sabe alguma coisa sobre
isso?
— É o louco do ex-marido da Jess. Deixe eu falar. Anne está
com a gente. Esse cara aí foi o que sequestrou a Jess das outras
vezes. Falou que pegaria a todos. Então, estamos todos juntos e
protegidos. Como está a perna?

— Porra, até isso você sabe? Eu improvisei um torniquete e


amarrei. Estou bem. Conseguem rastrear esse número?

— O Ethan está vendo isso agora mesmo. Ele estava pronto


para tentar isso se o Tony ligasse. Mais um pouco e ele consegue.

— Minha Pimentinha está por perto?

— Está aqui do lado. Cara, se cuida. Não vai dar uma de louco
e querer quebrar tudo sozinho. Aguenta aí, que logo nós chegamos
com a polícia.

— Uhum. Minha Pimentinha. Agora.

— Certo. Até.

Não respondi nada. Ele me conhecia muito bem para saber que
aquele aviso serviu apenas para me irritar.

— Leãozinho? Como você está? — a voz de Anne chegou até


mim, preocupada.

— Ah, que bom ouvir sua voz... estou bem, não se preocupe.
Faça o que eles disserem, fique com as outras mulheres e não se
preocupe comigo. Eu sei me virar. Amo você.

— Também amo você... muito. Quase morri de preocupação


quando vi seu carro na TV e já faz quase uma semana.... — ela
fungou do outro lado da linha.

— Não fique assim. Não chore. Logo estarei com você — vinda
do outro lado da linha, escutei a voz do Rick, dizendo que tinham
conseguido, que em dez minutos estariam ali e a polícia já estava a
caminho. — Diga que eu escutei. Preciso ir. Se comporte, minha
Pimentinha. Ah, quebrei a cara do seu primo, desculpe por isso.

— Diego? Ele está aí?

— Sim, ele me entregou para o cara aqui.

— Não me importo, ele fez por merecer. Por causa dele você foi
machucado e está aí, preso. Não faça loucuras. Te quero bem e
perto de mim.

— Certo, você pedindo assim… — eu estava ficando duro


ouvindo a voz dela assim ao meu ouvido. Porra! — Pimentinha,
quando eu te pegar, vou te foder gostoso... essa sua voz assim
preocupada e toda chorosa... tá me deixando louco aqui..

— Uhum. É tudo o que mais quero. Não faça loucuras e venha


pra mim. Vivo.

— Tenho que ir. Até mais — coloquei o celular no bolso, sem


desligá-lo.

Alguém estava vindo!

Esgueirei-me por uma outra porta e aguardei.

Um cara dobrou o corredor e, vendo a porta caída e o tampinha


também, com sangue escorrendo de seu rosto, correu e se abaixou
ao lado dele, colocando dois dedos em seu pescoço.

— Desacordado — o cara sussurrou e colocou a mão para trás,


ainda agachado, tentando alcançar o celular no bolso traseiro da
calça. Nesse momento saí e agarrei seu braço, torcendo-o para trás,
coloquei o joelho em suas costas e o forcei em direção ao chão.

— Nem um pio ou quebro seu braço. Como eu saio daqui?

— Daqui você só sai morto — ele disse, presunçoso.

— Uhum, e morto eu iria em qual direção?

— Direto para o inferno.

— Estou vendo que não vai cooperar... — puxei mais para cima
o braço dele. Um pouco mais e deslocaria o ombro do trouxa. —
Última chance.

— Por ali — apontou com a cabeça para o lado oposto ao qual


ele apareceu, gemendo de dor.

— Obrigado por nada, idiota — imitando o que fiz com o


tampinha, desci o punho na têmpora do sujeito, que desmaiou, e
larguei ele ali, em cima do outro.

Se ele me mandou para a direita, eu iria para a esquerda.


Devagar, fui andando com minha perna latejando e o sangue
escorrendo lentamente pela minha panturrilha. Cheguei próximo a
grade de ferro e escutei vozes bem próximas, vindas do andar de
baixo. Uma das vozes, reconheci como sendo a do Anthony.
Observei por entre as grades de proteção e vi dois homens
sentados despreocupadamente no sofá, conversando. Fiquei
esperando por uma chance de chegar até eles, pois teria que descer
as escadas e seria impossível fazer isso sem que me vissem.

— Foi uma sacada de mestre dos meus pais terem mandado


meu irmão me visitar. Ele é meio louco das ideias, nunca bateu
muito bem da cabeça. Achou o máximo brincar de polícia e ladrão.
É meu gêmeo, mas eu fiquei com toda a esperteza na divisão dos
genes — e riu alto.

Esse homem era mesmo um crápula nojento, sem falar nos


seus pais; submeter um filho deficiente a uma coisa dessas.

Nesse momento, vários carros chegaram, parando na frente da


casa. Aproveitando o barulho, desci as escadas. Os dois foram para
a janela, olhar lá fora, cheguei por trás deles e, rapidamente, bati
uma cabeça na outra.

Lembrando do celular em meu bolso, peguei.

— Ei, alguém aí?

— Tô aqui —respondeu Guilherme.

— Já dei um jeito nos caras aqui. Avise que temos quatro


desmaiados, sendo dois feridos. Vou abrir a porta.

Desliguei o celular e abri a porta, me afastando do caminho.

Policiais entraram correndo, com Rick, Theo e Guilherme atrás


deles, que vieram direto em minha direção.
— Cara, olhe pra você! Está todo estropiado! — Theo não
perdeu a oportunidade de zoar comigo.

— Ah, engraçadinho. Capota com o carro para você ver se não


fica pior.

— A ambulância está lá fora pra você. Tem que ver essa perna,
Brunão — Guilherme disse, preocupado, olhando o curativo
improvisado que estava encharcado de sangue.

— Anne está realmente bem?

— Chorando um pouco e muito preocupada, mas está bem.


Quando saímos, ela estava ao telefone com a dona da loja e,
sinceramente, eu entendi o porquê de você chamá-la de
Pimentinha. Vamos, vamos para o hospital. Do caminho ligamos
para um dos seguranças levar a Anne para lá.

Rick, que estava de olho nos movimentos dos policiais, passou


a mão pelos cabelos e pude vê-lo contraindo o maxilar.

Ethan entrou e veio falar com ele.

Anthony e seu comparsa estavam recobrando a consciência.


Em um movimento ágil, Tony pegou a arma do policial que estava
abaixado e apontou para Rick.

— Rick, Cuidado!

Mal acabei de falar, ouvi o disparo de uma arma e senti o braço


de Guilherme me puxando para baixo.
Quando levantei a cabeça para ver o que tinha acontecido, vi
Ethan de arma em punho e Anthony largado no chão, em meio a
uma poça de sangue que ia aumentando de tamanho.

— Rick! — corremos até ele, a dor da minha perna esquecida


completamente pela adrenalina da situação.

— Eu estou bem. Devo minha vida a você, Ethan — Rick estava


de olhos arregalados, olhando para Ethan e para o Tony.

— Que é isso, é apenas meu trabalho. Às vezes, isso acontece.


É matar ou morrer. Podem ir — Ethan nos disse, enquanto
paramédicos entravam na casa, mas nada puderam fazer por Tony.

Ele estava morto.


Capítulo 19
Chegando ao hospital, Guilherme cismou em fazer exames,
tomografia e outras coisas, ficando incrédulo por eu não ter
quebrado nada.

Graças a Deus e aos exercícios constantes, meus ossos são


fortes e meus músculos uma capa forte em torno deles. Hematomas
eu tenho aos montes e, tirando alguns poucos pontos na panturrilha,
eu estou forte como um cavalo. E louco para ver minha Anne.

Me deram alguns dias a mais de folga no hospital, por conta do


acidente e da minha perna. Agora eu teria que convencer Anne a
ficar cuidando de mim. Por mim, ela sairia do trabalho e viria morar
comigo, eternamente minha. Mas, conhecendo seu humor ferino, eu
arrumaria uma encrenca dos diabos se insinuasse que ela deveria
sair de seu emprego. Minha Anne é uma espoleta, brava que só ela.
Eu iria com jeitinho.
As mulheres não deixaram que ela viesse para o hospital e ela
já estava bem brava, se sentindo presa. E eu aqui, preso a essa
cama de hospital, também.

— Guilherme, eu quero minha Anne e quero agora. Com o Tony


morto, ninguém precisa ficar em lugar seguro nenhum. Quero ela
comigo e mais ninguém. Pode dar um jeito de tirá-la das garras da
mulherada. Onde já se viu, elas não deixarem ela vir me ver aqui?
— desabafei, exasperado.

Prendi meus cabelos em um coque e passei a mão pelo rosto.


Que merda!

— Vou te levar pra lá. Todas estão preocupadas com você, os


pais do Theo e do Rick também, e estão uma pilha de nervos. Estão
todos juntos. Você não vai querer todo mundo na sua casa, vai?

— Sinceramente, eu não quero ver ninguém, só minha Anne —


cruzei os braços e o encarei.

— Cara, isso não é comigo. Você conhece muito bem os pais


do Theo, estão loucos de preocupação. Os do Rick já são um pouco
menos preocupados, acostumados a cada filho em um canto. E
todos te consideram como um filho. Não tem jeito. A gente passa lá,
eles te veem, você pega a Anne e vão pra casa. É o melhor a fazer,
se você quiser ficar sozinho por algum tempo.

— Caramba, Gui. Depois de tudo o que passei, eu só quero me


perder na minha Pimentinha — bufei como um touro bravo,
apertando a cabeça no travesseiro.
— Bem, você vai ter alta. Seus exames não deram nada, só
confirmaram o que a gente já sabia. Que você é um cabeça dura! —
ele riu de mim. — Vou ver os papéis da alta e já volto para te pegar.

— Ok, mas vamos logo com isso, tá? Sem rodeios lá, não quero
ficar muito tempo no meio de todo mundo, eu só quero... — Gui me
cortou.

— Sim, eu sei. Você só quer sua Pimentinha — riu de mim outra


vez. — Já volto.

— Lá no meu armário têm algumas roupas limpas, que guardo


para alguma emergência. Você pega pra mim?

— Ok. E a senha?

— 26/10.

— Hum, deixe-me tentar descobrir o motivo desses números...


Dia que conheceu sua Anne.

Eu só confirmei com a cabeça. Essa senha eu já tinha há tanto


tempo... como eu tinha sido tão idiota em não perceber o que eu
sentia por ela?

— Descanse um pouco mais. Já volto — e saiu, fechando a


porta atrás de si.

Quase uma hora depois, eu estava entrando no carro dele e


meia hora depois chegamos ao sítio do Rick. Aquilo parecia mais
uma fortaleza do que um sítio. Completamente rodeado de muros
altos e câmeras de segurança, além dos dois portões internos com
seguranças armados.

— Cara, o Rick viajou quando construiu isso aqui. Parece coisa


de filme.

— Você não sabe, mas o Tony estava ameaçando pegar


alguém há muito tempo. Por isso os pais dele tinham segurança
24h, a Jess, os meninos dela... por isso os carros dele são
blindados. Não era paranoia ou mania de grandeza.

Eu olhei para ele, realmente admirado.

— E por que ele não falou pra gente?

— Você ficaria quieto se ele dissesse que tinha um louco atrás


dele? Ou da família dele? Ameaçando da cadeia? Ele fez o que
achava certo. Nenhum de nós deixaria isso quieto e viraria uma
caça às bruxas, sem falar que todos nos encrencaríamos por pegar
o maldito. Até eu estou chamando o finado assim, agora.

— Você está certo. Ainda bem que acabou tudo bem, pelo
menos para nós. Os filhos da Jess devem estar arrasados, né?
Caramba, não pensei neles.

— É, estão sim. Ainda estamos quebrando a cabeça para saber


como Tony saiu da cadeia sem ninguém perceber.

— Se forem ver, ele ainda está lá. Os pais mandaram o irmão


para trocar de lugar com ele, uma coisa assim. Ele tinha um irmão
gêmeo, que sofre de algum distúrbio mental. Foi o que eu escutei
ele dizendo.
— Cacete! Se for assim, os meninos perderam mais do que o
pai, perderam os avós e o tio também. Você tem certeza disso?

— Absoluta. Eu escutei, Gui. Escutei ele se gabando por ser o


mais inteligente e ter ficado com os genes bons.

— Vamos falar com Rick, ver o que devemos fazer. Logo vão
perceber que o cara continua na cadeia, mesmo depois de ter sido
morto, e descobrirão tudo.

O assunto morreu, pois chegamos em frente ao casarão do


sítio. Mal paramos o carro, a porta principal se escancarou e minha
Pimentinha saiu correndo. Abri a porta e saí para pegá-la. Eu
precisava sentir seu corpo no meu, ainda que algumas roupas
estivessem entre a gente.

Abri os braços e ela pulou no meu pescoço. A abracei forte


enquanto ela rodeava as pernas na minha cintura. O calor de sua
boceta, se espremendo contra a cabeça do meu pau me deixou
louco. Meu Deus, como eu queria estar sozinho com ela! Rasgaria
suas roupas e a comeria ali mesmo, contra o carro.

— Meu filho, que susto você nos deu! — ouvi a voz da Dona
Sirley e deixei que minha Pimentinha voltasse ao chão, mas bem
perto de mim. A mãe do Theo veio e me abraçou, chorando, seguida
por Dona Rosa, mãe do Rick. Pam estava com a pequena Giovanna
no colo, Jess e Ella com Fred e Felipe no colo. Rick, seu pai e o pai
do Theo, estavam ao lado delas, quietos.

— Estou bem, graças a Deus. Forte como um cavalo! —


brinquei com elas.
— Venha, meu filho, você deve estar morto de fome. Eles te
deram de comer lá onde você estava? — a mãe do Theo era assim,
sempre querendo que a gente comesse.

E realmente eu estava faminto. E não só de comida!

— Me deram um chá com biscoitos no hospital. Estou indo —


respondi, retribuindo o sorriso.

— Ah, Meu Deus! Só um chazinho com biscoitos? Isso não é


nada para um homem do seu tamanh...

Ela continuou a falar, mas eu não escutava mais nada, pois o


perfume da minha Pimentinha e o calor de seu corpo junto ao meu,
ligou todos os meus alarmes e meu mundo se resumiu àquelas
curvas suntuosas em meus braços. Me abaixei e sussurrei em seu
ouvido.

— Lembra o que te disse naquele dia no restaurante? Quem


sabe, daqui a pouco... na primeira oportunidade… — aproveitei e
dei uma mordida de leve em seu lóbulo.

Minha Pimentinha se arrepiou e se encolheu toda.

— Vou esperar por essa oportunidade... ansiosamente — me


olhou com aquela cara...

Humm, eu mal podia esperar!

Entramos e um gemido frustrado escapou de mim. Teria que


esperar um tempo para tê-la só para mim.
Todos juntos na sala! Aquilo estava parecendo um pandemônio!
Mas um pandemônio divertidíssimo. Anne não saia do meu lado,
estava bem entrosada com todos, parecia que todos se conheciam
há anos.

Eu estava deitado no sofá, com várias almofadas embaixo da


minha perna ferida. A mãe do Theo não me deixava mexer um
músculo. Anne ria ao meu lado e isso já era o suficiente para que
qualquer zanga da minha parte, por estar sendo tratado como um
bebê, se esvaísse.

Dona Rosa, mãe do Rick, me trouxe uma bandeja de delícias


feitas por ela e pela mãe do Theo. Duas matriarcas, com seus filhos,
noras e netos. Acho que nunca havia me sentido assim, tão bem no
meio de todos.

Agora eu tinha minha Anne e não a perderia por nada no


mundo.

— Anne, você não está preocupada com o Diego? — perguntei


quando comecei a comer.

— Digamos que eu estou mais brava do que preocupada. Ele


escolheu o caminho a seguir. O que ele encontrou foi somente as
consequências para seus atos. Ele poderia ter sido responsável pela
sua morte! Não, na realidade, se eu o encontrasse agora, acho que
ainda daria uma surra nele.

— E comigo? — perguntei fazendo cara de cachorro


abandonado.
— Ah... com você eu estou — respondeu, rindo. — Diz onde
está doendo que eu dou um beijinho para sarar — ela completou,
em um tom mais baixo.

— Onde eu quero a sua boca, é um dos únicos lugares em mim


que não está doendo... Mas se eu demorar muito para ter você, vai
doer pra caramba.

Os olhos dela brilharam e percorreram meu corpo, olhando


descaradamente para o meu pau. Safada, gostosa e toda minha!

Segurei sua mão e olhei para os lados. Uma vez que ninguém
estava olhando, levei sua mão à minha boca, beijando de leve a
ponta de seu dedo e depois sugando de leve. Minha Anne
entreabriu os lábios e vi seu rosto corando. Quase pirei quando ela
lambeu os lábios, devagar.

— Acho que você precisa ir ao banheiro, Pimentinha —


sussurrei, deixando claro a minha intenção. — Vá e espere com a
porta destrancada. Eu estou louco de saudade dessa boceta
suculenta, dessa boca gostosa… — eu mal podia conter o tesão
que me consumia, minha voz rouca de vontade, minha boca
salivando.

Anne apenas assentiu com a cabeça e engoliu em seco.

Olhar ela se afastando, com aquela bunda rebolando


discretamente enquanto andava, fez misérias com meu controle.
Como eu chegaria ao banheiro ostentando uma ereção monstruosa,
é o que eu queria saber. Passar por dez pessoas assim, sem
chamar a atenção de nenhuma, seria um milagre.
Anne saiu disfarçadamente e sumiu pelo corredor lateral, que
levava aos quartos, onde tinha também dois lavabos, um próximo à
sala e outro mais distante.

Todos conversavam animadamente, prestando atenção nas


gracinhas dos gêmeos e me aproveitei disso para escapulir dali.
Quando eu estava chegando ao corredor, olhei para trás, dando
aquela conferida no pessoal, e Guilherme estava me olhando. Pela
cara dele, ele sabia muito bem o que aconteceria e só moveu a
cabeça devagar, como que mandando eu ir logo.

Nada como ter amigos!

Apressei o passo o máximo que minha perna permitiu e,


segundos depois, eu fechava a porta do lavabo atrás de mim. Anne
me olhou, ofegante, corada e se atirou em meus braços. O beijo que
se seguiu foi insano, ela agarrando meus cabelos e eu os dela,
corpos se roçando... Minhas mãos percorreram aquele corpo
gostoso e apertei sua bunda, apertando seu corpo contra minha
ereção. Delícia! Gostosa!

— Estou louco para sentir o calor da sua boceta, apertando meu


pau… — sussurrei em seu ouvido.

Nossas bocas se encontraram novamente e mãos entraram em


ação, desabotoando botões, descendo zíperes, em uma fome louca.
Meu pau pulou para fora, espasmos faziam com que ele parecesse
ter vida própria. Quando a mãozinha dela se fechou em torno da
minha grossura, não pude deixar de gemer. Enlouqueci de tesão
quando ela começou a punheta dos deuses.
Encostei a cabeça na porta e ela foi se abaixando, sua boca
escorregando pelo meu peitoral, abdômen, até que senti a umidade
quente de sua língua percorrer a ponta do meu pau. O calor irradiou
dali para meu corpo todo, quando ela me tomou em sua boca,
sugando, lambendo. Meu corpo estremeceu e perdi a noção de
tudo, meu mundo resumido a ela. Agarrei meus próprios cabelos
tentando controlar o tesão que me consumia. Olhei para ela e
nossos olhos se prenderam. O olhar em seu rosto, ela ali de joelhos,
meu pau sumindo em sua boca...

O restante do meu controle foi por água abaixo, no momento


em que seus dedinhos de fada acariciaram minhas bolas, leves
como penas em contraste com a chupada deliciosa. Sua língua
contornava a cabeça, se apertando contra o buraquinho... Deus do
céu!

— Anne — segurei sua cabeça com as duas mãos. — Se não


parar, vou gozar em sua boca — involuntariamente, minhas mãos a
incentivaram a continuar mesmo com o meu aviso, e meu corpo se
moveu em um pedido mudo.

Ela sorriu e continuou. Aquela cara de safada me matou e ela


sugou forte. Me peguei chamando o nome dela baixinho,
resfolegando e gozando em sua garganta.

Ela então me deixou escapar de sua boca, lambendo todo o


comprimento e depois os lábios.

— Você é como aquele iogurte... gostoso... cremoso... e quando


acaba, a gente quer de novo.
A olhei espantado e admirado pela comparação. Para dar mais
enfoque em suas palavras, ela lambeu e chupou a ponta
novamente.

— Safada... Vou me lembrar disso toda vez que passar o


comercial e vou querer sua boca...— contornei seus lábios com os
dedos e a puxei para cima. — Agora vou te comer.

— Que saudade de você, meu Leãozinho. Eu estou tão feliz em


você estar vivo... e com esse fogo todo — ela completou quando a
levantei em meus braços, colocando-a em cima da pia. Abri suas
pernas e olhei para aquela boceta suculenta e toda minha, que
brilhava, molhada de excitação.

A beijei, esfregando nossos sexos. Mesmo após ter gozado, eu


continuava duro e doido por ela. Precisava do calor dela, só dela, o
mais perto possível. Escorreguei para dentro, fundo e de uma vez.
Anne mordia o lábio inferior, tentando abafar seus gemidos
enquanto observava nossos corpos se chocando, o barulho
molhado daquela foda escondida no banheiro e a adrenalina por
estarmos fazendo aquilo escondidos, nos levava ao limite do prazer,
e quando pressionei seu clitóris, acariciando, ela mordeu meu
ombro, seu corpo tremendo incontrolavelmente. O orgasmo da
minha Pimentinha, ordenhando duro, me levou ao êxtase
novamente e me derramei dentro de seu corpo.

Ficamos ali, ofegantes e satisfeitos por alguns minutos, apenas


curtindo a proximidade deliciosa. Saí de dentro dela e a limpei.
Fechei minha calça e tudo o que eu mais queria era colocar a roupa
nela, mas não podia abusar da minha perna mais do que já tinha, só
pude observá-la esconder seu corpo suntuoso com aquela calça.

Era loucura ter ciúmes de suas roupas? Pois eu tinha. Beijei-a


mais uma vez e deixei que ela saísse primeiro.

— Vá para seu quarto, eu já vou também.

Dei uns minutos e fui para o quarto, tomando o cuidado de


deixar a porta aberta. Eu conhecia muito bem as matriarcas que
estavam na sala e logo elas nos procurariam.

Deitei e Anne colocou almofadas embaixo da minha perna


ferida, vindo se aconchegar em meu peito. Nada mais relaxante
para mim do que tê-la em meus braços. Minha Pimentinha... Minha
e só minha!
Capítulo 20
— Ei, meu filho, acorde. Venha comer alguma coisa, fizemos
seu prato preferido. Costelinhas! Venha logo, você precisa comer,
depois de tudo o que te aconteceu — dona Rosa, estava
cochichando ao lado da cama. — Deixe Anne dormir um pouco
mais, ela só fez chorar esse tempo todo. Vai esfriar — apertou meu
ombro e foi embora.

Minha Pimentinha dormia como um bebê. Ah, um bebê... Será


que eu tinha conseguido? Ela se mexeu e virou para o outro lado,
ainda adormecida. Beijei de leve seus cabelos e me levantei. Traria
comida para ela depois, deixaria que ela descansasse, por hora.

— Bruno... Onde você vai? — minha Pimentinha perguntou,


esfregando os olhos.

— Estou indo jantar, ia trazer alguma coisa para você quando


voltasse. Dona Rosa disse que você não dormiu direito.
— E nem quero, se não tiver você comigo — disse, levantando-
se. Passou a mão pelos cabelos. — Estou com a cara amassada?

— Você está linda, como sempre — abraçado a ela, fomos


comer.

Na sala de jantar, todos estavam à mesa. Fred e Felipe estavam


em suas cadeirinhas, Jess e dona Rosa tentavam dar comida para
eles, mas os pequenos estavam a fim de brincar em vez de comer.
A pequena Giovanna dormia no carrinho ao lado de Pam e Theo,
alheia a todo o barulho, a mesa repleta de comida...

— Até que enfim vocês acordaram! Já íamos atacar! —


Guilherme brincou.

O jantar estava delicioso e me admirei mais uma vez com a


desenvoltura da Anne, conversando e brincando com todos,
principalmente com os gêmeos.

— Você gosta de crianças, é? — falei, chegando mais perto.

— Adoro essas pestinhas — nesse momento, Fred esticou os


bracinhos para ela, pedindo colo.

— Pode pegar, Anne, ele não vai comer mais do que já comeu
— Jess disse, derrotada.

Anne, com um sorriso enorme, pegou o pequeno do cadeirão.


Ele então passou os bracinhos pelo pescoço dela e deitou a cabeça
em seu ombro.

— Ah, como ele é fofinho. Tão gostoso de segurar...


— Você quer ter filhos, Pimentinha? — perguntei, incerto.

— Claro que quero. Quero dois, um casal. Primeiro o menino e


depois a menina, assim ele cuidaria da irmã e a protegeria no
colégio e dos meninos, quando crescesse — ri desse comentário.
Ela me olhou, acariciando os cabelinhos do bebê em seu colo. — E
você?

— Quero tantos quanto você quiser.

Suas bochechas ficaram vermelhas e ela sorriu abertamente.

— Hum, bom saber.

— Vamos para minha casa?

— Anne, você tem o dom! Olha só, ele está quase dormindo! —
Jess falou baixinho, chegando perto de nós. —Isso é quase um
milagre! E você, Bruno, nem pense que elas deixarão você ir
embora hoje, sem terem a certeza de que você está bem.

— Caramba, Jess. Não estou acostumado com isso. Quero o


sossego do meu apartamento.

— Se você for, amanha cedo elas estarão lá, para preparar seu
café — ela disse, rindo da minha miséria.

— O que vocês estão cochichando? — Rick abraçou Jess, se


metendo na conversa.

— Ele quer ir embora — Jess disse, se recostando a ele.


— Boa, quero ver você tentar. Minha mãe estava enlouquecida
por você estar sumido, e ela é bem calma, sempre. Você sabe que
aquelas duas ali têm você como um filho. Melhor aceitar e tentar
isso amanhã.

Rick me olhou, sério, e meu olhar seguiu para as duas velhas


senhoras que estavam servindo a sobremesa. Suspirei, resignado.
Eles tinham razão, seria muita falta de consideração da minha parte
partir assim.

— Deixe que elas cuidem de você, pelo menos, hoje — Jess


completou e fiquei sem ação.

— Ok, mas amanhã eu vou.

— Certo. Vamos comer o pudim delicioso da dona Rosa...

— Aqui, meu filho, um pedaço generoso para você.

— Obrigado, Dona Rosa.

— Esse aqui é para você, Anne.

— Dona Rosa, vou passar a sobremesa. Acho que abusei das


costelinhas.

— Você, negando doce, Pimentinha? Está se sentindo bem?

— Estou sim, só meio enjoada. Deve ser do nervoso que passei


com você lá, preso com aqueles loucos — seus olhos ficaram
marejados. — Desculpe, estou meio sentimental esses dias.
Normalmente choro fácil, mas nem tanto.
YES! Meu subconsciente me cumprimentou com um soco no ar.
Será? Bem, era muito cedo para saber. Mais algumas semanas...

— Vamos colocar esse dorminhoquinho no berço, Anne. Venha


— fiquei olhando as duas se afastarem. A imagem da minha
Pimentinha, grávida de um filho meu, encheu meus pensamentos...

O restante da noite foi tranquilo, ficamos na sala, Rick e Theo


revezando-se no violão e conversando, apenas curtindo o momento.
Um friozinho começou a bater e me arrepiei. Estranho isso, sempre
fui calorento, e para eu começar a sentir frio todos já estariam de
casaco... E eu também estava com sono, bocejando já há alguns
minutos.

— Pimentinha, vamos dormir? Estou cansado — ela assentiu e


demos boa noite para todos.

No quarto, abri o guarda-roupa, tirei um edredom e coloquei


sobre a cama. Tomamos uma ducha e, como sempre, eu sequei
minha Anne e me deitei abraçado a ela, nos cobrindo até o pescoço.
Que saudade daquele corpo fofinho junto ao meu. Enfiei meu rosto
em seus cabelos e o sono me consumiu.

ANNE

No meio da noite acordei morrendo de calor. A sensação era de


estar dentro de uma sauna a vapor. Me mexi e me dei conta de que
eu estava abraçada a um corpo ardente. Meu Leãozinho ardia em
febre! Me desvencilhei de seu abraço. Já era madrugada. O que eu
devia fazer? Fui ao banheiro e molhei uma toalha de rosto na água
fria e voltei, colocando-a dobrada em sua testa. Ele estremeceu,
mas não acordou.

Caramba!

Peguei o celular e liguei para o Guilherme. Não bateria na porta


do quarto dele essa hora...

— Dr. Santos.

— Guilherme, sou eu, a Anne. Não sei o que fazer, Bruno está
com um febrão daqueles. Você pode vir aqui dar uma olhada nele?

— Estou indo — desligou o celular.

Corri para vestir alguma roupa e estava quase terminando de


colocar a boxer nele, quando bateram na porta. Com muito esforço
consegui terminar minha tarefa e fui abrir a porta.

— Demorei um pouco porque fui pegar um termômetro com a


Jess.

— Tudo bem, Guilherme. Ele não acorda, e isso é o que mais


me preocupa. Coloquei pano úmido em sua testa, a boxer, e ele só
resmungou — expliquei enquanto Guilherme media a temperatura
do Bruno.

Fiquei ali de braços cruzados, roendo as pelezinhas em volta


das unhas. Febre, depois de tudo o que ele tinha passado, não era
um bom sinal.
— Muito alta. Vamos ter que levá-lo ao hospital. Preciso de
exames. Pode ser alguma infecção causada pelo metal em sua
perna — Guilherme levantou o edredom e conferiu o ferimento. —
É, temos que levá-lo. Vou chamar os rapazes e o colocaremos no
carro. Já volto, esteja pronta. É bom que você vá com a gente, ele
vai te chamar assim que acordar.

Cobriu novamente a perna ferida dele e se foi.

Subi na cama e acariciei seus cabelos. Meu Leãozinho parecia


tão frágil assim, tremendo de febre... Logo Rick, Theo e Guilherme
voltaram. Colocaram uma camiseta em Bruno.

— Anne, pegue o edredom e traga junto. Aqui, pegue a chave e


abra o carro quando chegarmos — Guilherme disse.

Rick e Theo pegaram Bruno pelos ombros e Guilherme pelas


pernas. Logo chegamos na sala, onde todas as mulheres estavam
esperando.

— Assim que soubermos alguma coisa, eu ligo — disse para


Jess e saí atrás deles.

Abri o carro e a porta traseira. Entrei e Rick colocou Bruno para


dentro, com a cabeça em meu colo. Juntando forças, Deus sabe de
onde, consegui puxar o corpo dele, abraçando-o como um bebê,
apoiando sua cabeça em meu peito. Rick entrou também, ajeitando
as pernas de Bruno como deu, em seu colo. Meu Leãozinho era
muito grande, dois metros de homem gostoso. Pare Anne, não é
hora de pensar nessas coisas!
Rick jogou o edredom por cima do Bruno e eu ajeitei em seus
ombros. Tirei alguns fios de cabelo que se prenderam ao seu rosto e
observei seus traços. Como eu o amava! Bruno tremia
incontrolavelmente e eu fazia de tudo para esquentá-lo. Ele suspirou
e aconchegou-se ao meu peito e isso me deixou um pouquinho mais
sossegada.

Em meia hora chegamos ao hospital e uma maca já nos


aguardava na entrada de emergência. Não gostei nem um pouco da
cara da enfermeira baixinha que aguardava junto a outro enfermeiro.
Ela nem tomou consciência da minha existência.

Uma tontura me tomou e meu estômago embrulhou quando


entrei no hospital e o cheiro dali me atingiu. Voltei para fora e
respirei fundo, o ar frio da noite me acalmando um pouco.

Theo voltou e me abraçou.

— Anne, fique sossegada. Aqui vão cuidar dele como um rei.


Ele é muito querido por todos — confirmei com a cabeça. —Venha,
enquanto fazem os primeiros atendimentos, vamos até a cafeteria.
Quer um chocolate quente? Logo Guilherme ou Rick nos darão
notícias.

Assim, fomos para a cafeteria que, graças a Deus, tinha entrada


separada do hospital.

Depois do chocolate quente, meu estômago se acalmou. Uma


hora e meia depois de termos chegado, Rick apareceu dizendo que
já estavam levando Bruno para um quarto. Ele estava com uma
séria infecção e teria que ficar internado, tomando antibiótico
intravenoso e de olho no ferimento de sua perna.

Jesus, dias nesse hospital? O importante era que ele ficasse


bom. Então, junto com eles, subimos para o quarto em que Bruno
estaria.

— Vamos dar um tempo aqui fora, pode entrar e conversar com


ele — Rick disse e eu agradeci.

Abri a porta devagar e entrei. PUTA QUE PARIU!

Aquela enfermeira baixinha estava deitada agarrada a ele, que


dormia. AH! Que vontade de arrancar ela dali pelos cabelos!

Pigarreei e ela levantou a cabeça.

— Boa noite. Posso saber por que você está agarrada ao meu
homem?— perguntei de braços cruzados, para me impedir de dar
vazão à minha vontade de partir para cima dela. O sangue subiu e
que Deus me ajudasse!

— Desculpa, você é quem? — ela perguntou, com um sorriso


no rosto.

— Sou a mulher dele. Você pode sair daí antes que eu mesma
a tire pelos cabelos? — a raiva cresceu ainda mais em mim e meu
tom de voz se elevou. — Agora mesmo!

Nisso, a porta se abriu e Rick, Theo e Guilherme entraram.

— Anne, o que acontec... — Guilherme parou de falar e


arregalou os olhos para a cena à sua frente.
A enfermeira pulou da cama assim que viu o Guilherme.

— Dani, aguarde do lado de fora, por favor, e se desculpe com


a mulher do Bruno. Isso foi totalmente antiético — o tom de
Guilherme foi tão duro e seco que quase fiquei com dó dela. Quase.

Ela saiu, cabisbaixa, sem dizer uma palavra.

— Desculpe por isso. Muitas enfermeiras aqui são apaixonadas


por ele — ele se desculpou pelo comportamento dela.

— Certo. Como ele está?

— Vai dormir agora, ficar sonolento por algum tempo, demos


alguns medicamentos fortes para combater a infecção. Ontem ele
não tinha nada, eu mesmo verifiquei os exames...— Guilherme
esfregou a testa.

Theo e Rick estavam atônitos, olhando para mim, para Bruno e


para a porta.

— Vou ficar com ele. Já avisaram as garotas?

— Vamos ligar. Você está bem? — Guilherme perguntou,


preocupado.

Eu deveria estar com minha carranca de raiva. Respirei fundo e


me recompus. Eu tinha que me acostumar com essas mulheres se
atirando e dando em cima dele. Afinal, até pouco tempo atrás, ele
era o garanhão do hospital e um homem sozinho.

— Já já eu me acalmo — sorri para ele.


— Eu não pensei que ela faria uma coisa dessas...

— Tudo bem, a culpa não é sua. Eu sei como ele era. Antes de
qualquer coisa, nós éramos amigos e ele me contava tudo. Fique
sossegado, Guilherme.

— Ele contava tudo? — Theo perguntou, curioso e alarmado.

— Uhum — confirmei com a cabeça também.

— Tudo, TUDO? — Rick perguntou, se aprumando e ficando


ereto.

Ri da cara daqueles três. Como se fosse segredo de estado o


que eles eram. Qualquer uma que ficasse uma hora perto deles com
suas mulheres, saberia perfeitamente...

— Sim, senhores — brinquei com eles.

Uma série de palavrões se seguiram e eu não pude me impedir


de rir. Eu estava com as emoções à flor da pele.

— Outro linguarudo — Rick resmungou.

— Fique sossegado, Rick. Tenho vocês todos como meus


amigos. O fato de eu saber de tudo não muda em nada o meu
respeito por vocês ou por suas mulheres. Afinal, meu Bruno também
é assim, e eu o amo com todo meu coração.

Os três respiraram aliviados. Bobos...


Capítulo 21
Estava adormecida no sofá-cama quando bateram na porta e
um vulto entrou.

Ah, se fosse aquela enfermeira novamente, juro que eu...

— Anne? — a voz de Guilherme chegou até mim.

— Oi, estou acordada.

Ele acendeu a luz lateral do quarto.

— Eu trouxe algumas roupas para você. As meninas tinham


feito uma malinha, quando voltei com notícias — ele colocou a mala
ao lado da cadeira de descanso próxima à cama do Bruno. —Ele
não acordou ainda?

— Nada ainda... eu já fui verificar se ele estava respirando


umas dez vezes. Nem se mexeu — passei a mão pelos cabelos,
prendendo-os em um coque, como Bruno fazia.
— Não se preocupe... a febre cedeu, foi feita uma assepsia
profunda no ferimento da perna e os remédios ministrados são
fortes o suficiente para combater a infecção. Adormecido assim, a
recuperação vai ser mais rápida. Na hora certa, ele acordará — o
olhei tentando entender. — E, conhecendo-o como eu conheço, vai
acordar faminto — brincou.

Se ele não estava preocupado, era um bom sinal. Sentou-se ao


meu lado e falou baixinho.

— Jess está preocupada com você. Não sei como dizer isso,
mas eu contei para elas que você passou mal quando entrou no
hospital. Na realidade, Theo contou. Tem alguma possibilidade de
você estar grávida?

— Grávida? Não, nem pensar. Você é médico, acho que posso


contar pra você e vai entender o porquê. Eu tenho três miomas no
útero, um deles do tamanho de uma bola de tênis. Minha
ginecologista me disse que eles são um dos fatores de infertilidade
feminina e que eu não engravidaria. Devo estar assim por conta de
tudo isso que aconteceu com ele, a costelinha de ontem estava
muito temperada, eu não sou acostumada com temperos fortes.
Bem que eu gostaria de ter filhos, mas já me acostumei com a ideia
de que será meio impossível... só com tratamento forte, segundo
minha médica — meneei a cabeça, derrotada. — E outra, faz muito
pouco tempo que estamos juntos...

— Isso que sua ginecologista te disse... sinto muito, mas a


informação que ela lhe deu não está correta. Você pode engravidar
como qualquer outra mulher.
— Como assim? — perguntei alarmada.

Óbvio que eu adoraria ter um bebê, mas não assim, de supetão!


Caramba! Pensando bem, eu deveria ter menstruado ontem ou hoje.
Caramba!

— Vamos esperar, Guilherme. Não diga nada para o Bruno, por


favor.

— Fique sossegada. Não direi nada. Daqui a pouco, as meninas


o visitarão e seria bom que você conversasse com Jess sobre isso.
Se quiser, podemos fazer um exame de sangue para tirar as
dúvidas, se elas existirem. Se você estiver, e com os miomas, terá
que ser acompanhada de perto, desde cedo. Ter alguns cuidados a
mais que o normal, talvez até mesmo um repouso. Mas, lembre-se,
não é impossível. Vocês tomaram precauções quanto a uma
gravidez?

— Não, Guilherme, te disse que nem imaginava que podia


engravidar, ela tinha sido tão enfática... — um mal-estar me obrigou
a parar de falar e respirar fundo.

— Pois pense. Posso conseguir um exame de sangue em dois


minutos. Está bem?

— Certo. Se nada acontecer... — fiz movimentos com a mão,


apontando para minha pélvis. —... até de tarde, eu quero sim.

— Ok, vou deixar tudo certo para que seja colhido o material
hoje à tarde. Me avise se esse “algo” acontecer e eu desmarco.

— Obrigada, Guilherme — eu não sabia o que pensar.


Eu queria um filho? Sim, mais que tudo na vida, afinal, eu já
estava com vinte e nove anos. Não queria ter meu bebê muito tarde,
queria ser uma mãe presente e ativa. Não que alguns anos
mudassem esse fato! Ah, meu Deus, que confusão!

Guilherme se levantou e foi verificar Bruno. Ajustou o soro, que


passou a gotejar mais devagar, auscultou seu peito e mediu sua
temperatura.

— Volte a dormir, Anne. Não são nem seis horas ainda. Mais
tarde eu volto. Ah, e não se preocupe com a Dani. Ela foi
substituída, quem vai atender esse setor será a Sheila. Você vai
gostar dela. Até mais.

Ele apagou a luz e saiu.

Dormir??

Quem conseguiria dormir com essa coisa de gravidez? Comecei


a fazer contas, a tentar lembrar do lance todo de dias férteis...

Caramba, caramba, CARAMBA!

O que meu Leãozinho pensaria disso tudo? Será que aceitaria


numa boa ou acharia que eu estaria dando o golpe da barriga? Ah,
meu Deus! Ele era tão independente, tão... tão sozinho sempre e
me lembro bem que ele dizia adorar ser assim, sem ninguém
pegando no seu pé, indo e vindo quando bem entendesse... Uma
criança, um filho mudaria tudo.

Não sei quanto tempo fiquei perdida em pensamentos... até que


um movimento fraco na cama, me chamou a atenção. Levantei
correndo e rapidinho eu estava lá, ao lado dele.

— Pimentinha... — ele sussurrou.

— Oi, amor, eu estou aqui. Está se sentindo bem? — passei a


mão em seus cabelos e olhei em seus olhos, preocupada.

— O que aconteceu? Porque estou no hospital... outra vez? E


por que tudo isso? — ele disse, olhando em volta e levantando o
braço onde estava o soro.

— Você teve uma febre superalta e chamei o Guilherme. Eles te


trouxeram pra cá, fizeram alguma coisa no seu ferimento da perna e
te colocaram no soro. Deram antibiótico também, ou está no soro,
eu não entendi direito, mas foi isso — saí tagarelando como uma
doida.

— E você, está bem? Eu te conheço, Pimentinha... quando você


começa a falar sem controle, é porque alguma coisa está te
preocupando.

— Claro que estou preocupada com você. No meio da noite,


você estava queimando em febre... — as malditas lágrimas
apareceram de novo. Ai meu Deus!

— Calma, minha Anne. Eu sou forte como um cavalo. Logo


estarei bem e fora dessa cama — ele me puxou para um abraço. —
Venha cá, se deite comigo.

Subi na cama e ele me ajeitou contra seu corpo.


— Falando em se deite comigo, quando eu cheguei aqui no
quarto, uma enfermeira baixinha, lazarenta, safada... — respirei
fundo. — Então, a tal da enfermeira estava deitada aqui, agarrada
em você. Eu teria arrancado ela pelos cabelos e arrastado para fora
do quarto, se os três não estivessem do lado de fora. O que eles
pensariam de mim, né? — ele riu e me abraçou mais forte. — Por
sorte, Guilherme abriu a porta e os três entraram, a fulaninha saiu
com o rabinho no meio das pernas. Você pegou meio hospital, né?

— Não... eu devo ter pego uns ¾ das funcionárias desse


hospital. Você sabe como eu era —disse rindo.

— Ainda bem que você disse era — Brinquei com ele.

— Sim, porque agora eu sou seu e só seu, minha Anne, minha


Pimentinha malagueta.

Me aconcheguei em seu peito e a imagem de um bebezinho,


um mini Leãozinho tomou meus pensamentos.

Acordei e saí devagar do abraço dele... precisava dar um


passadinha no banheiro.

Devagar, fechei a porta atrás de mim. Abaixei minha calça e a


calcinha, de olhos fechados. Ai, caramba! Nunca fui covarde, mas
nesse momento era tudo o que eu estava sendo.

Abri um olho só e olhei para minha calcinha.

Nada!
Fiz xixi e me sequei. Olhei o papel e nada!

Caramba, caramba, CARAMBA! Meu Deus, eu estava ficando


meio lesada da cabeça, pois caramba era a única palavra que eu
repetia.

Era certo que eu estava grávida. Tínhamos feito amor por


incontáveis vezes.... E não usado proteção em nenhuma. Também,
a médica tinha sido tão enfática dizendo que eu não engravidaria
sem um belo tratamento e que, mesmo assim, seria difícil. E, antes
de Bruno, bem... antes dele, meu único parceiro sexual, nos últimos
tempos, havia sido meu vibrador.

Não esperaria até a tarde. Terminei meus negócios e, resolvida,


saí do banheiro, peguei meu celular e mandei mensagem para o
Guilherme.

Guilherme, será que dá para fazer o exame agora? Bruno


ainda está dormindo e acho que não vai ter hora melhor para
fazer sem que ele perceba.

Mandei e logo veio a resposta.

Tudo bem, venha até minha sala. Pegue o elevador, suba


para o quarto andar, setor de oncologia. Vou chamar uma
enfermeira de confiança para colher seu exame.

Respirei fundo.

Era isso aí. Nada a temer, o que estava feito, não tinha jeito. Se
eu estivesse realmente grávida, teria que me cuidar, como
Guilherme disse, seria uma gravidez meio arriscada, com muitos
cuidados. Mas ninguém melhor para cuidar de mim do que meu
enfermeiro gostosão!

Pelo que ele havia dito na noite anterior, ele queria tantos filhos
quantos eu quisesse... isso podia significar que ele queria também...
Peguei minha bolsa e, com o mínimo de barulho possível, saí do
quarto e segui as orientações de Guilherme.

Logo eu estava batendo na porta de seu consultório.

— Entre — abri a porta e entrei. — Sente-se, Anne. Andreia


logo estará aqui.

Eu cruzei os dedos das mãos, para que elas parassem de


tremer. Confirmei com a cabeça e olhei para elas.

— Anne, acalme-se. Não é uma coisa do outro mundo, se você


estiver grávida. Bruno ama crianças e vai ficar enlouquecido se
souber que vai ser pai. Vai por mim. Primeiro, ele, mais do que
ninguém que eu conheça, se preocupava com o uso de
preservativos. Você sabe como ele era. Se ele não usou com você é
porque ele também não estava preocupado com o fato.

— Guilherme, a gente conversava e muito, sobre tudo. Ele sabe


dos meus miomas, sabe que não posso ter filhos. Vai ser um baque
para ele, ainda mais sendo independente como ele é... — as
palavras morreram em minha boca. Eu não podia mais pensar
nisso. Não me preocuparia com o fato antes mesmo de ele
acontecer.

Uma batida na porta fez com que eu estremecesse por inteira.


A enfermeira entrou e sorriu para mim. Uma expressão tão
cálida que me acalmou na hora.

— Olá, sou Andreia Filipa. Vou colher o material para seu


exame e a pedido do Dr. Santos, vou trazer o resultado direto para
ele, o mais breve possível.

— Ok. Sou toda sua — brinquei e estendi o braço, arregaçando


a manga da minha blusa.

Com mãos de fada, Andreia tirou meu sangue e eu mal percebi.

— Prontinho. Pressione o algodão no local por alguns minutos.


Assim que eu tiver o resultado, eu trago — ela apertou meu ombro
de leve e se foi.

— Bem, está feito. Vou voltar para o quarto, antes que ele
acorde e perceba que eu saí. Obrigada, Guilherme.

— Imagina, Anne. E se eu estiver certo, uma consulta com o


ginecologista precisará ser agendada. Vou cuidar disso também. Um
de confiança e que saiba bem o que faz — ele piscou e sorriu para
mim.

Não tive outra alternativa a não ser retribuir o sorriso, saindo de


seu consultório.

Dei uma volta enorme... eu precisava pensar. Fui até a cafeteria


e pedi um chocolate quente para viagem. Logo me lembrei que
Bruno não tinha comido nada e pedi um para ele também. Paguei e
peguei os dois copos de isopor, saindo de lá.
Bem à minha frente, a loja de presentes chamou a atenção. Um
lindo par de sapatinhos, um mini leãozinho... entrei e comprei,
guardando na minha bolsa.

Então, mais conformada com a situação, voltei para o Bruno.

No quarto, ele ainda dormia. Cheguei ao seu lado, coloquei os


copos sobre a mesinha e passei a mão por seus cabelos.

— Amor, acorda, trouxe um chocolate quente para você.

Ele abriu os olhos e senti o ar escapando de meus pulmões.


Como ele era lindo... tomara que nosso mini leãozinho puxasse a
ele.

— Humm, bom dia, Pimentinha. Estou louco de fome.

Foi ele dizer isso, seu estômago roncou.

— Não comprei nada a mais, por não saber o que você poderia
comer, mas leite sempre pode, né?

Sorriu e sentou-se na cama. Ele parecia bem melhor. Entreguei


o copo para ele, que tomou com vontade, estendendo o copo vazio
para mim. Beberiquei o meu; o que parecia tão gostoso, agora me
enjoava.

— Aqui, tome o meu também. Meu estômago não está me


ajudando hoje.

Novamente ele sorriu como se tivesse ganho na loteria. Tudo


isso por um copo de chocolate quente!
— Guilherme passou aqui mais cedo e disse que logo mais as
mulheres. Estão todas muito preocupadas — puxei as mangas da
minha camiseta para baixo. Se ele visse meu braço, quereria saber
o que eu fiz... e ainda não era a hora.

Fiquei na cama com ele um pouco e Sheila entrou, para conferir


os sinais dele e aplicar a medicação. Fiquei observando a perícia
dela, fechando o acesso para o soro e conectando a seringa com o
antibiótico pelo outro lado.

— Pode arder um pouco. Sei que você sabe disso tudo, mas
hoje você é o paciente — Sheila brincou com ele. Terminou e voltou
a mexer no trequinho, fazendo com que o soro voltasse a pingar.
Deu um adeus para nós e se foi. Assim que ela saiu eu pulei
novamente na cama com ele.

— Anne, preciso falar uma coisa com você que está me


preocupando. Seu emprego. Será que você consegue uns dias para
ficar comigo?

— Eu já falei com eles enquanto você estava preso com


aqueles homens horríveis. Adiantei minhas férias e tenho o mês
para ficar com você.

Ele me abraçou e cheirou meus cabelos.

— Que notícia maravilhosa! Nós iríamos esse final de semana


para o clube, mas Guilherme mudou tudo para o próximo. Vai dar
tudo certo, minha Anne. Você vai conhecer minha casa, pois não
adianta eles quererem me levar de volta para o meio do mato, eu
quero minha casa. Quero você só pra mim — pegou minha mão e
beijou. E a colocou sobre seu pau.

— Humm, ficou todo animado com isso...

Ele cheirou meu pescoço, beijando a pele sensível.

— Eu lembrei do que você disse, sobre o iogurte... aquela


musiquinha não sai da minha cabeça...

— E eu louca para provar o SEU iogurte novamente...

A boca dele pousou sobre a minha e sua mão se perdeu pelo


meu corpo...

— Bruno, estamos no hospital... comporte-se — sussurrei entre


beijos.

Ele começou a rir.

— E eu não sei? Passo mais tempo nesse hospital do que em


qualquer outro lugar — me deu um último beijinho. — Acho que
preciso usar o banheiro. Não saia daqui.

Bruno então pulou da cama, como se fosse a coisa mais normal


do mundo estar com o soro grudado em seu braço e usar aquela
camisolinha de hospital. Sem falar que parecia forte como um touro,
não lembrando em nada o homem desmaiado e ardendo em febre
da noite anterior.

Alguns minutos se passaram e então escutei o barulho da


descarga, da água correndo, ele devia estar lavando as mãos. Foi
então que eu ouvi ele me chamando.
— Pimentinha, pode me dar uma ajudinha, por favor?

Pulei da cama e fui ver o que ele queria.

Quase enfartei ao vê-lo nu e de pau duro, alisando-o de cima a


baixo. Ele tinha tirado o soro! Quase me preocupei com isso, mas
ele, sendo enfermeiro... o movimento de sua mão me hipnotizou e
me esqueci disso. Minha boca se encheu de água ao ver seus
músculos esculpidos... e tudo aquilo era meu! Entendi direitinho o
que ele queria...

Entrei no banheiro e tranquei a porta atrás de mim.

Ele veio andando com aquele jeitão, me olhando com fome... o


fogo cresceu em mim, meu corpo respondendo ao chamado de seu
dono. Sem palavras, ele chegou bem perto de minha boca, mas não
tocou. Cheirou meu pescoço, tirou minha camiseta e meu sutiã de
uma só vez e passou o nariz pelos meus mamilos, que se
enrijeceram em expectativa, desceu pelo meu corpo e levou minha
calça e calcinha junto.

— Ah, o cheiro da minha mulher. Não tem cheiro melhor no


mundo — passou e me cheirar toda, sem me tocar. Eu ardia de
tesão, mas não me mexia, esperando seu próximo movimento.
Sentia minha vagina latejando, escorrendo de vontade, pronta para
ele.

Ele se agigantou à minha frente, dois metros de homem


gostoso. Pegou meu queixo e elevou meu rosto para ele.

— Segure-se, Pimentinha.
Ele disse segundos antes de se abaixar e me agarrar pela
bunda, prendendo-me a ele. Passei as pernas pela sua cintura e
agarrei seu pescoço.

Seu pau abriu caminho em meu corpo, escorregando para


dentro de mim, arrancando de nós dois um gemido de puro tesão.
Com as mãos em minha bunda, ele controlava as metidas, eu subia
e descia, agarrada a ele.

Estava tão louca por ele, o fogo me consumia de uma maneira...

— Minha Pimentinha gostosa, que saudade dessa boceta,


sempre pronta pra ser fodida pelo seu Leão...—Aquilo sussurrado
em meu ouvido causou uma contração involuntária dos meus
músculos internos, fazendo-o gemer.— Essa sua boceta apertada,
Pimentinha, me enlouquece. Acaba comigo...

Uma de suas mãos subiu para meus cabelos e com a outra ele
continuou me elevando... eu já estava no ritmo e agarrada a ele, eu
mesma impulsionava... percebendo isso, ele relaxou seu aperto em
minha bunda e seu dedo brincou por ali. Espalhando a umidade, ele
enfiou o dedo em mim. Meu corpo estremeceu todo com a dupla
penetração. Outro dedo se juntou e ele começou a me puxar para
ele com mais força, aumentando o ritmo. O orgasmo abrindo
caminho através de gemidos e metidas deliciosamente rudes
daquele pau grosso e de seus dedos.

— Goza, Pimentinha, geme pra mim, em minha boca... quero


beber seus gemidos...—Tomou posse da minha boca em um beijo
avassalador, que derrubou meus últimos esforços para me manter
sã e gozei, ordenhando e sugando toda a porra quente que me
preencheu, segundos depois. Sua boca na minha não parou,
mesmo com nossos gemidos de êxtase.— Minha, só minha... essa
boceta gostosa, essa boca deliciosa... esses peitos, essa bunda...
Você é toda minha — ele se agarrava a mim e sussurrava, abraçado
fortemente ao meu corpo. — Vamos tomar um banho e voltar para a
cama antes que meu médico irado chegue.

Ainda comigo no colo, ele ligou o chuveiro e nos levou para


debaixo do fluxo da água. Me lavou e só então me colocou no chão.
Ensaboei suas costas e então me lembrei do meu braço. Voltei para
debaixo da água e, dando um beijo nele, saí do chuveiro, me sequei
e enfiei minha roupa.

Abri a porta devagar e olhei para o quarto, que continuava


vazio. Peguei roupas limpas na mala que Guilherme me trouxe e
voltei para o banheiro. Primeiro troquei minha blusa, graças a Deus
estava friozinho e todas as roupas que estavam ali eram de manga
comprida. Mal tinha acabado de colocá-la, ele saiu do banho.

— O que foi, Pimentinha?

— Nada, só achei que tínhamos que ser rapidinhos para que


ninguém nos pegasse — o que também não deixava de ser
verdade.

— Tá certo. Tem razão. Já já o batalhão todo chega e adeus


sossego — ele me abraçou e beijou meu pescoço.

O remorso por esconder o exame me corroeu, mas de que


adiantava eu preocupá-lo com uma coisa que não era certa? Logo
mais isso acabaria, quando Guilherme me dissesse o resultado.
Ele recolocou a camisola do hospital, pegou o suporte do soro e
voltou a se deitar. Acabei de me trocar, peguei a escova na minha
bolsa e fui cuidar da juba do meu Leão.

— Sente-se, me deixe pentear essa juba — ele riu e sentou-se.


Enquanto eu penteava seus cabelos ele dava pequenos
gemidinhos, adorando aquilo. — Está gostando?

— Uhum. Está tão gostoso... — ele me olhou com uma carinha


dengosa.

Ele era tudo o que uma mulher podia querer... carinhoso,


possessivo e acessível. Totalmente meu e eu totalmente dele.

Nisso a porta se abriu e todos entraram, conversando, as


crianças da Jess querendo vir no meu colo, jogando os bracinhos
para mim.

— Vem com a tia Anne, pequeninho — peguei um deles e o


outro foi para o colo do Bruno, que tomou o cuidado de se cobrir
direitinho.

O bebê se deitou em meu ombro, me abraçando.

— Você tem jeito com crianças. Eu já disse isso, né? — Jess


falou, dando uma piscadinha.

Apenas sorri e embalei o bebê em meus braços, acariciando


suas costas.

— Bruno, você é terrível! Por que tirou o soro? Vou chamar a


Sheila agora mesmo para recolocar. Isso não se faz! — Guilherme
ralhou com Bruno, que riu e olhou para mim com cara de quem
aprontou e amou ter aprontado.

Guilherme saiu e o burburinho começou, com todos


conversando, as crianças resmungando na linguagem toda delas, a
bebê da Pam querendo mamar... Aquilo era tão gostoso!

Um pouco depois, meu celular tocou, avisando que havia


chegado uma mensagem. Entreguei o pequeno para a Jess e fui
pegá-lo.

Desbloqueei e tive que me apoiar na parede, diante do


conteúdo da mensagem.

Parabéns, mamãe!

Procurei Guilherme com o olhar e ele sorriu. Olhei para os


outros e todos estavam com aquele sorriso no rosto. Caramba, será
que todos já sabiam?

Parecendo poder ler meus pensamentos, Guilherme negou com


a cabeça. Eu teria um pouquinho de tempo para poder contar ao
Bruno.

De repente, a realidade daquilo tudo me invadiu!

Eu iria ser mãe!

Um sorriso enorme quase rasgou meu rosto ao meio e levei a


mão à minha barriga.

Um bebê... um mini leãozinho estava a caminho...


Capítulo 22
Com todos ali, foi fácil escapar para o banheiro. Eu precisava
me recompor antes de encarar qualquer um e poder ter uma
conversa razoavelmente decente com alguém.

Fechei a porta atrás de mim e recostei a cabeça nela.

Como eu contaria isso para o Bruno? Verifiquei se tinha


realmente trancado a porta e me sentei no vaso sanitário, coloquei
os cotovelos nos joelhos, segurando a cabeça com as duas mãos.

Que situação!

Me recostei na parede, passando a mão pela minha barriga. Um


bebê. O meu bebê. Deveria ser tão pequenininho agora, lutando
pela vida no meio dos meus miomas.

Força, meu filhotinho. Fique ai, cresça e lute pela vida. Mamãe
fará o mesmo por você, aqui de fora. Sussurrei para minha barriga.
Pelo jeito, eu conversaria muito com ela pelos próximos 8
meses e pouco. Pensando nisso... era tão pouco tempo! Guilherme
pediu para que eu conversasse com Jess, mas ela só teve gêmeos!
Caramba, será que eu estava passando mal assim, no início, por
serem dois?

Me levantei e olhei no espelho.

Eu devo estar ficando louca. Preciso colocar a cabeça no lugar.

Joguei água no rosto e lavei as mãos. Sequei-me e respirei


fundo. Daquele momento em diante, eu teria que pensar e me
preocupar por dois, nunca mais seria sozinha. Acariciei novamente
minha barriga e voltei para o quarto, que continuava cheio com os
sons dos bebês e das conversas paralelas. Olhei para o Bruno, que
estava de olho em mim, com uma cara preocupada. Fui para perto
dele.

— Aconteceu alguma coisa, Pimentinha?

— Nada, por quê?

— Você mexeu no telefone, depois se enfiou no banheiro... —


ele deixou no ar, esperando que eu dissesse alguma coisa.

— Não foi nada. Não se preocupe — beijei de leve seus lábios.

Eu queria gritar que ele seria pai, me atirar em cima dele e amá-
lo deliciosamente. Mas não poderia fazer nada agora, com o quarto
lotado.
Logo a enfermeira abriu a porta e entrou. Todos se acalmaram e
abriram espaço para que ela atendesse o Bruno.

— Não acredito que você retirou o acesso! E molhou todo o


curativo da perna... ai ai ai! — Sheila ralhou com Bruno. — Me dê o
outro braço. Você ainda tem medicação para fazer, não pode ficar
sem o soro ainda. Comporte-se — ela disse, pegando o outro braço
dele e colocando o acesso, ajustando o gotejamento do soro. Logo
após, ela trocou o curativo da perna. Mesmo tendo estado úmido,
estava bem. Os pontos me causaram calafrios e dei graças a Deus
por não ter passado mal com aquilo.

Do jeito que chegou, ela se foi.

— Bem, já vimos que você está bem, Brunão. Amanhã, volto


para buscá-lo —Rick disse.

— Rick, agradeço por tudo o que fizeram, mas eu vou para


minha casa. Anne tomará conta de mim.

Rick o encarou por algum tempo. Jess ficou olhando também,


mas não disse nada.

— Está bem. Nada como a casa da gente, né? Mas vou mandar
dois seguranças para ficar na sua porta. Mesmo com Tony morto,
ainda acho prudente termos cuidado por um tempo.

— Tudo bem. Eu entendo sua preocupação.

— Então, eu mando as suas coisas, Anne. Mas, Bruno, saiba


que minha mãe e a mãe do Theo irão na sua casa — disse rindo. —
E todo o batalhão vai também.
— Adoro vocês todos. Sabem que minha casa está aberta a
qualquer um de vocês — fez sinal para que Rick se aproximasse. —
Mas, pelo amor de Deus, avise, assim, umas duas horas antes.

Rick caiu na gargalhada.

— Bruno! — dei um tapa em seu ombro.

— Claro, né? Eu e você sozinhos em casa... — ele balançou as


sobrancelhas para mim, fazendo com que Rick risse mais ainda.

— Pode deixar. Vou levar todos embora agora. Você precisa


descansar. Até mais.

Deu um apertão no ombro de Bruno, veio para perto de mim e


me deu um beijo de adeus. Todos fizeram o mesmo e se foram.

— Enfim, sós — Bruno disse, me puxando para a cama.

— Espera, preciso da minha bolsa — peguei e me deitei ao lado


dele.

— Você está toda preocupada hoje. Me diga o que está


acontecendo, Anne — ele pediu, sério.

Respirei fundo e levantei a manga da blusa que eu vestia.

— Hoje pela manhã, fiz um exame de sangue. Não queria que


ficasse preocupado.

— O que você tem? — ele acariciou meus cabelos e meu rosto.


— Me diga, Pimentinha — beijou de leve meus lábios, preocupado.
— Um mini leãozinho — disse de uma vez. Peguei a mão dele e
levei à minha barriga. — Aqui.

Bruno arregalou ao olhos e olhou incrédulo para onde sua mão


estava.

— Eu consegui... — ele sussurrou, em um fiapo de voz. —


Você... eu... vamos ter um bebê! — lágrimas escorreram dos olhos
dele, que se fixaram nos meus.

— Uhum — eu estava sem palavras diante da emoção


estampada no rosto dele. — Um filhote de leão — sorri, chorando
também.

— Ah, Pimentinha... eu te amo tanto — sua mão subiu para


meus cabelos e segurou meu rosto, enquanto sua boca se
apossava da minha. — Um filho... — voltou a me beijar. — Sou o
homem mais feliz na face da terra! — ele gritou e me puxou para
cima dele, rindo.

— Também te amo, meu Leãozinho. E também amo essa


coisinha minúscula que já está me dando algum trabalho.

— Um médico. Você precisa de um médico, Anne! Seus


miomas... eu tinha me esquecido disso — ele ficou sério de repente.

— Não se preocupe. Guilherme ficou de marcar um


ginecologista para mim ainda hoje; segundo ele, um bom que saiba
o que faz.

— Claro, o Guilherme. Se ele não fosse um irmão pra mim, e se


eu não soubesse o quanto ele ama Ella, eu ficaria muito possesso
com essa intimidade toda de vocês.

— Bruno! Não é assim... — contei a história toda, o que


Guilherme havia me dito pela manhã e tudo o que havia acontecido.

— Entendi. Bem, então, se é assim, menos mal. Tenho que


agradecer à Jess e ao Guilherme. Mas venha aqui, Pimentinha —
voltou a me deitar na cama e levantou minha blusa, expondo minha
barriga. — Você aí dentro. Não judie de sua mãezinha, viu. Cresça
forte e não se preocupe com nada. Papai está aqui para proteger
você — beijou minha barriga, fazendo com que eu chorasse ainda
mais, emocionada. — E você também. Vou proteger você de tudo.
Vou te cuidar, te amar e proteger, todos os dias. Vocês dois —
deitou a cabeça em minha barriga e acariciei seus cabelos.

Puxei minha bolsa que estava quase caindo da cama e peguei o


pacote.

— Aqui. Comprei isso mais cedo — ele abriu o pacote e riu. O


sapatinho de bebê tinha a carinha de um leãozinho na ponta, em
couro. — Não pude deixar de comprar.

— É lindo. Já te vejo andando pela nossa casa, grávida, nosso


filho se mexendo aqui dentro — voltou a se deitar em minha barriga
e ficou acariciando. — Vou ser o pai mais babão do mundo!

— E eu a mulher mais sortuda do mundo, tendo o homem mais


carinhoso do universo.
BRUNO

Uma batida na porta e um cheiro delicioso me despertaram. Abri


os olhos e vi Guilherme com uma bandeja enorme de comida ao
meu lado.

— Trouxe o almoço de vocês.

— Já não era sem tempo. Eu estou doido de fome!

Anne acordou também, ao ouvir a conversa. Nos sentamos e


Guilherme puxou a mesinha para perto de nós.

— Anne, pelo que eu acompanhei de Jess e Pam, uma salada


temperada com limão pode melhorar seu enjoo. Limão em tudo. Era
o que elas diziam. Chegavam a chupar limão. Limão sozinho, limão
com sal, limão, limão... — disse Guilherme.

Percebi que Anne olhou para Guilherme e desviou o olhar, com


aquela carinha que ela fazia ao ver um doce gostoso. Ela ficou com
vontade disso tudo que ele havia falado. Eu teria que ficar atento às
suas mudanças, pois ela não era de pedir as coisas e eu não
deixaria minha Anne passar vontade durante sua gravidez.

Caralho, eu sou demais! Foi pá e pum!

— Por que está com esse sorriso?

— Cara, eu vou ser pai! Isso é motivo para eu nunca mais parar
de sorrir!
Guilherme sorriu também, estendeu a mão para mim e fizemos
nosso comprimento.

— Parabéns, Brunão! Você vai ser o melhor pai do mundo.

— Minha Pimentinha não poderia ter me dado presente melhor


na vida! — a abracei com cuidado. Afinal, ela tinha um bebezinho
dentro dela, lutando por um espaço e pela vida. Eu teria uma
conversa séria com o médico sobre tudo! Minha Anne deu um
sorriso tímido. — E vocês? Como estão indo?

— Aguardando. Essa espera é de matar.

— Vai dar tudo certo.

— Guilherme, sobre o médico. Você chegou a marcar?

— Ah, sim. Te encaixaram hoje a tarde, às 16h.

— Eu vou junto! Não quero saber se estou internado ou não —


fechei a cara e cruzei os braços, me recostando na cama.

— Fica frio. Eu venho buscar vocês. Até porque já vão fazer


uma ecografia lá mesmo, para ver como estão os miomas e o bebê
— apontou para Anne. — Fique com a bexiga cheia. Uma das
vantagens de trabalharmos no hospital é que sempre tem alguém
que te deve um favor e, no nosso caso, que sempre demos a vida
nesse hospital então, nem se fala — Guilherme riu.

— Sério que já vamos poder ver o bebê hoje? — perguntei, já


me alegrando novamente.
— Brunão você está parecendo uma criança no dia do
aniversário! — Guilherme riu de mim.

— Aniversário nada, pra mim é como o Natal! — abracei Anne


novamente e beijei seus cabelos. —Bem, vamos comer. Obrigado,
Gui. Pela comida, pela consulta, por tudo.

— Até mais tarde então. Aqui é o resultado do seu exame


impresso — ele entregou para Anne em um envelope. — Não
esqueça de levar junto, na consulta.

Deu um adeus com a mão e saiu do quarto, nos deixando com


a comida. Coloquei um pouco de tudo no garfo.

— Abra a boca, Pimentinha. Vamos alimentar vocês dois


primeiro.

Ela obedeceu, mas não comeu muito.

— Desculpa, Bruno. Acho que vou ficar só na salada mesmo—


fez uma carinha que, juro por Deus, eu queria colocá-la em meu
colo e niná-la. Acariciei seu rosto.

— Hoje conversaremos com o médico sobre esse seu mal estar.


Você não vai poder ficar sem se alimentar direito.

— Não se preocupe, amor. Tudo vai dar certo. Você vai ver.

Assenti com a cabeça e observei ela comer toda a salada. Acho


que Guilherme tinha razão sobre o limão. Comi tudo o que tinha na
bandeja e me senti muito bem. Um tanto sonolento, mas bem.
Anne bocejou ao meu lado. Afastei a mesinha da cama, apaguei
as luzes do quarto, pelo painel ao lado da cama e a puxei para
meus braços. Coloquei o despertador do celular para às 15h e
deixei o sono me levar.

ANNE

Um pigarrear me tirou do mundo dos sonhos. Sheila estava ao


lado da cama.

— Sei que ele é mandão, mas você não pode ficar na cama
com ele — ela disse baixinho, mas séria.

— Ok — fui me levantar, mas os braços de Bruno me apertaram


a ele.

Abriu os olhos e olhou em volta.

— Onde você vai? — perguntou sonolento.

— A Sheila vai cuidar de você. Fazer tudo aquilo, estou só


abrindo espaço — disse, colocando as pernas para fora da cama.

Ele olhou para Sheila e sorriu. Aquele sorriso que desarmava


qualquer mulher. E realmente não foi diferente com ela.

— Ah, Sheila, vem aqui pelo outro lado. Minha Pimentinha está
meio ruim do estômago, deixe ela aqui, deitadinha comigo.
— Está doente? — Sheila perguntou, colocando a mão em
minha testa.

— Desde quando gravidez é doença? — Bruno contou, feliz da


vida, me puxando de volta para ele.

— Uau! Parabéns! Se é assim, está bem, pode continuar


deitada.

Sheila pareceu realmente feliz com a notícia. Ou com o sorriso


matador que ele deu para ela. Mas, seja lá qual fosse o motivo, o
bom foi que ela esqueceu sobre me tirar da cama.

— Bruno, você não teve mais febre, mas, mesmo assim, terá
que fazer o tratamento completo, você sabe. Não tire o acesso. Vou
dar outra dose do antibiótico agora e por mais duas vezes, fechando
as 24h. Sua prescrição é para começar com o antibiótico oral por
mais 6 dias. Novamente, eu sei que você já sabe de tudo isso, mas
se você não tomar direito, na hora certa, a infecção volta e você não
vai sair daqui até ficar curado. Nós temos mania de achar que nada
pode acontecer conosco, pois sabemos como cuidar... — ela
meneou com a cabeça, deixando a frase incompleta, injetando o
remédio no acesso do soro.

Com certeza, pela cara dela, ela já tinha cometido esse erro.
Percebendo que eu a observava, ela sorriu para mim, mas um
sorriso triste, o que só confirmou minha suspeita.

— Pode deixar, Sheila. Prometo fazer ele tomar direitinho.

Seu sorriso ficou melhor, mais alegrinho e então ela se foi. Mas
não tivemos muito sossego, meu celular despertou e Bruno o
desligou. Logo em seguida Guilherme bateu na porta e entrou.

— E aí? Como estamos?

Rimos e ele entregou algumas roupas para Bruno. Desconectou


o soro do acesso, fechando-o.

— Vá lá, trocar de roupa. Quando você voltar, recolocamos o


soro.

— Todo mundo preocupado com essa coisa. Ele acabou de


tomar uma bronca da Sheila, por ter tirado antes.

— Tirei por um bom motivo — ele se agigantou por cima de mim


e me beijou com vontade.

— Ei ei! Parou com a saliência. Vá se trocar — Guilherme o


apressou, batendo palmas.

— Certo, tô indo...

Bruno fez que ia sair e voltou, dando um beijo rápido em minha


barriga. Saiu pulando da cama e foi andando com a bunda à mostra
até o banheiro.

—Ele é assim mesmo. Parece que não sente dor. Se fosse,


qualquer outra pessoa estaria, no mínimo, mancando. Incrível! —
Guilherme comentou.

Esse era meu homem, o pai do meu filho. Um leão em todos os


sentidos.
Capítulo 23
Fomos caminhando pelo corredor; eu, ladeada por Bruno e
Guilherme, me sentia uma formiguinha. Eles eram altos pra
caramba!

Bruno não me largou, o tempo todo com o braço sobre meu


ombro. As enfermeiras me olhavam de um jeito estranho... com
certeza eram as que ele já havia pego. Ah, queridinhas... a mamata
acabou. Ele tem dona! Ri do meu pensamento possessivo.

— Tá feliz, Pimentinha?

— Demais— me abracei a ele.

— Logo logo vamos ver nosso filhotinho.

— Ele não deve passar de uma bolinha na tela. É muito pouco


tempo.

— Mas, mesmo assim, será nossa bolinha.


Ele era todo sorriso e isso era muito bom. Meu medo todo,
completamente infundado, graças a Deus. Pegamos o elevador e
chegamos ao andar do consultório do Guilherme e chegamos ao
setor de ginecologia e obstetrícia.

— Esperem aqui, vou dizer que chegamos. —Guilherme foi até


a recepção.

—Podem entrar. Dr. César os atenderá — A recepcionista me


entregou uma ficha e um cartão da gestante.

— Fique tranquila, Pimentinha. Dr. César é o cara. Já


instrumentei muitos partos com ele — Bruno sussurrou para mim e
apertou minha mão. Eu estava suando e nem tinha percebido.

— Meu medo são os miomas.

— Não se preocupe. Daremos um jeito em tudo — beijou meus


cabelos e se levantou, me levando com ele.

— Vou esperar vocês aqui — Guilherme sentou-se e pegou


uma revista.

— Já voltamos.

Bruno então bateu na porta e a abriu.

— Olha só! De instrumentador e parte da equipe a papai! — Dr.


César brincou com Bruno.

— Existe uma primeira vez para tudo!

Bruno puxou a cadeira para mim e sentou-se ao meu lado.


— Sou César, ginecologista e obstetra há mais de 20 anos. Me
conte, qual foi o dia da sua última menstruação? — ele foi me
enchendo de perguntas e anotando tudo na ficha. — E Guilherme
havia dito que você tem alguns miomas — contei tudo o que a outra
médica havia me dito. — Vamos até a outra sala e teremos a
dimensão real do problema. Por aqui — ele se levantou e abriu a
porta lateral. — Tire tudo da cintura para baixo, deite-se na maca e
cubra-se com esse lençol. Eu já venho. Fiquem à vontade.

Me entregou o lençol e fiz o que ele ordenou.

— Hum, você assim me dá ideias.

Ri da cara de tarado que ele fez.

— Contenha-se — entreguei o lençol para ele me cobrir.

Ele estendeu por cima de mim e o médico entrou. Me


posicionou, colocando minhas pernas sobre os suportes de ferro
nas laterais da maca.

— Vamos fazer uma ecografia transvaginal. Respire fundo e


relaxe — com cuidado, ele introduziu a ponta do instrumento em
mim.

Logo qualquer desconforto foi esquecido, pois a tela à nossa


frente ganhou vida.

Três bolas grandes e uma bolinha pequena, diferente das


maiores.
— Aqui estão seus miomas — ele marcou e mediu as bolas
maiores. Deu um zoom na bolinha menor. — E aqui, o bebê.

Olhei para Bruno, que olhava a tela com atenção e com um


sorriso enorme. Ele estava imensamente feliz.

— Doutor, e os miomas com o bebê?

— Por enquanto, não teremos problemas. O saco gestacional


está bem implantado — ele circulou com o mouse para que eu
pudesse entender e ver o que ele estava falando. — Mais para o
meio da gravidez o cuidado deverá ser maior e as ecografias mais
frequentes. Por enquanto, vida normal, mas sem exageros.

Ele fez mais algumas medições e retirou a coisa de dentro de


mim. Suspirei aliviada. Aquilo era uma tortura! Ele ficava virando e
enfiando aquela coisa em mim e, ainda por cima, eu estava louca
para fazer xixi. Mas tudo pelo meu filhotinho!

— Limpe-se e pode se vestir. Quando estiver pronta, venha


para minha sala.

— Pimentinha, importa-se se eu ir antes para perguntar uma


coisa pra ele?

— Não, pode ir. Eu termino aqui — sorri e ele saiu.

Corri para o banheiro.


BRUNO

— Dr. César, em todos esses anos como enfermeiro, eu já vi


muitas ecografias. Tem alguma coisa diferente no saco gestacional.
Não está normal. Parece ser...

— Pois é — ele me interrompeu. — Eu vi isso, mas não


podemos dar uma notícia dessas para uma mãe sem poder
confirmar, ainda mais uma mãe com miomas. Vamos confirmar isso
na próxima ecografia, daqui a quatro semanas.

— Pelo amor de Deus, me diga que vi coisas.

— Não, você não viu coisas. Mas, como eu disse, só


poderemos confirmar na próxima ecografia. Se dermos uma notícia
dessas, ela pode ter problemas de pressão, que acarretaria em
muitos problemas. Vamos com calma. Mas se prepare, pois o que
você pensou, pode realmente ser verdade. Por hora, se realmente
for o que pensamos, não mudará em nada o quadro clínico dela.

— Certo — passei as mãos pelos cabelos. — E o sexo? Alguma


restrição?

— Ah, quanto a isso nenhuma. Está liberado. Quando e se


houverem restrições, eu te digo.

Ela entrou na sala sorrindo.

— Então, mamãe, vou te passar uma receita de vitaminas e


ácido fólico, essenciais para o primeiro trimestre e alguns exames
de rotina.
Entregou as receitas a ela e se levantou.

— Bem, é isso. Aqui a foto do bebê. Assim que tiverem os


resultados dos exames, retornem. Boa sorte a vocês e parabéns!

Nos levantamos e nos despedimos, pegando a foto.

Ao sairmos, Guilherme levantou e veio até nós.

— E aí?

— Tudo certo. Olha a foto do seu afilhado! — falei e coloquei


Anne na minha frente, abraçando-a.

Quando ele pegou a foto, arregalou os olhos e fiz sinal para que
ele não dissesse nada.

— Parabéns! As mulheres tinham razão mesmo! — ele nos


abraçou, deu um beijo em Anne. —Cara, superparabéns! E obrigado
por me fazer padrinho do seu filho! Nem sei o que dizer!

— Você é meu melhor amigo, sabe disso. Ninguém melhor do


que você pra isso.

— Sei que te conheço há pouco tempo, mas o apoio que tem


nos dado está sendo demais. Fico muito feliz que você aceite —
Anne confirmou.

— Ah, Pimentinha, desculpa, nem falei com você e já fui


chamando...

— Não se desculpe. Não tem ninguém melhor do que


Guilherme para ser o padrinho do nosso filhotinho.
O sorriso dela me contagiou. A preocupação, pelo que a
ecografia poderia estar mostrando, foi esquecida. Mas não por muito
tempo.
Capítulo 24

ANNE

Sheila não se importou mais com o fato de dormirmos na


mesma cama. Agora ela até cuidava de mim também, preocupada
se eu estava enjoada ou qualquer outra coisa.

Depois da consulta com o médico, Bruno se mostrou o homem


mais cuidadoso do mundo comigo e não cansava de acariciar minha
barriga. Dizia que me amava a cada dez minutos! Os remédios que
eram ministrados no soro davam muito sono e ele agora estava
adormecido, abraçado a mim, com a mão sobre a minha barriga. E
eu com medo da reação dele... Pelo jeito, ele seria um ótimo pai
para meu bebê. Nosso bebê.

Tudo estava acontecendo rápido demais... Tivemos dias


maravilhosos juntos, mas agora, pensando bem, eu fui muito
imprudente. Ele poderia ter me usado, descartado como todas as
outras que vieram antes de mim e hoje eu estaria em casa, grávida
e sozinha. Se isso tivesse acontecido, eu estaria em maus lençóis.
Por sorte, ele me amava e me queria com ele, assim como ao nosso
filho que, mesmo sendo uma bolinha meio disforme e que mais
parecia um monte de bolinhas juntas, já era muito amado.

Se há um mês atrás alguém me dissesse que eu estaria


namorando e grávida em tão pouco tempo, eu provavelmente riria
na cara da pessoa. Mas agora, aqui deitada nos braços do meu
homem, eu me sentia a mulher mais feliz e realizada do mundo.
Como a vida da gente é imprevisível!

Fiquei acariciando seus cabelos e logo já era hora da Sheila


aplicar a última dose do antibiótico. Quando ela saiu, me deixei
adormecer também.

— Pimentinha, acorda. Está na hora de irmos — Bruno


sussurrou e abri os olhos.

No sofá-cama, Rick e Guilherme estavam sentados, esperando


pacientemente. Sorri para eles, que me deram bom dia. Levantei,
usei o banheiro, lavei as mãos, o rosto e escovei os dentes. O gosto
do creme dental me embrulhou o estômago e tive que correr para o
vaso sanitário.

Enquanto eu deixava um pouco de mim ali, a porta do banheiro


foi arrombada e Bruno entrou correndo, vindo direto para mim,
segurando meus cabelos e colocando a mão em minha testa.
— Calma, meu amor, já vai passar. Respire — ele sussurrou
para mim.

Fiz o que ele disse e respirei fundo. Aos poucos, aquela


sensação passou e me levantei.

— Você está melhor?

— Uhum — fui até a pia, lavei a boca com antisséptico. —


Porcaria de creme dental.

—Isso é normal, Pimentinha. Muitas mulheres passam mal até o


terceiro mês de gravidez, ainda mais ao escovar os dentes. Vamos
ter que ir testando os cremes dentais para ver qual não te causa
enjoos — acariciou minhas costas. — Quer tomar uma ducha?
Ajuda a melhorar também.

— Bruno, você arrebentou a porta! Como vou tomar banho? —


sorri para ele.

— Mando eles esperarem do lado de fora e cuido para que


ninguém mais entre enquanto isso — olhou em meus olhos,
colocando meus cabelos atrás da orelha.

— Ok — peguei uma mexa do meu cabelo. — Eca, preciso


mesmo de um banho.

Dessa vez, foi ele quem riu de mim.

— Espere um pouco então, vou me livrar daqueles dois ali e já


volto. Vou te dar um banho bem gostoso.
Ah! Aquela cara... Meu corpo se acendeu e fiquei ali parada,
esperando, a ansiedade e antecipação me corroendo. Os banhos do
meu leãozinho nunca eram simples banhos...

Ouvi a porta do quarto fechando e ele apareceu na porta, seu


corpo enorme tomando o espaço. Ficou ali parado, me olhando com
fome. Engoli em seco e senti meu corpo umedecendo e se
preparando para ele.

Ele sorriu e relaxou. Tirou a camiseta que vestia e colocou


sobre a pia.

— Vamos ao seu banho… — andou em minha direção e


começou a tirar minha roupa. Fiquei parada deixando que ele me
despisse, como ele gostava. Quando me deixou nua, abriu o
chuveiro, retirou o restante de sua roupa e entrou comigo. Lavou
meus cabelos e ensaboou meu corpo com cuidado.

— Olha o que você faz comigo. Me deixa louco com esse corpo
gostoso — me encostou na parede e me beijou, esfregando seu pau
duro em mim.

Gemi de tesão em sua boca, quando ele se abaixou um pouco,


se aninhando entre minhas pernas e ficou roçando em minha
umidade.

— Ah, minha Anne... eu queria tanto te comer aqui e agora. Mas


vou ficar na vontade, temos que ir.

— Só um pouquinho, Leãozinho. Me deixe te sentir dentro de


mim só um pouquinho... — eu estava tremendo de tanta vontade.
— Se eu me meter no seu calor, não vou conseguir parar.

Ele sussurrava entre beijos, mas não parava de se roçar entre


minhas pernas.

— Por favor, só um pouquinho... Eu quero você dentro de


mim... — sussurrei em seu ouvido, lambi e mordi.

Ele estremeceu e, com um gemido, me levantou e me agarrei


em seu pescoço, seu pau escorregando para dentro de mim. Ele me
preencheu de uma maneira e foi tão fundo que tive que morder seu
ombro, para conter o grito que escapou de mim. Senti o orgasmo
me tomando e meu corpo todo estremeceu, enquanto eu o
ordenhava.

— Ah, Pimentinha... Anne... eu... ahh! — sussurrou e senti seu


gozo quente me preenchendo e escorrendo pela minha bunda. —
Só você para me fazer perder o controle tão rápido. Você me tira do
sério...

Sorri, satisfeita, beijando-o onde eu alcançava.

— Você é meu afrodisíaco, basta um olhar e já me tem pronta


— dei um beijo em sua boca. —Vamos logo, antes que eles
decidam entrar e ver porque estamos demorando tanto.

— Não são nem loucos de entrar aqui. Arranco os olhos dos


dois se fizerem uma coisa dessas.

Entrou comigo novamente embaixo da água, me colocando no


chão e em pouco tempo estávamos prontos para ir embora.
Dei uma última verificada no quarto, para ver se não estávamos
esquecendo nada e saímos.

— Está melhor, Anne? — Rick perguntou, assim que me viu.

—Estou sim, obrigada — senti minhas bochechas esquentando.

— Ei, não fique envergonhada por passar mal. Você está


grávida, e isso é supernormal — Guilherme disse, sorrindo.

Ah, se eles soubessem que o meu vermelhão era por ter dado
uma rapidinha no banheiro enquanto os dois esperavam aqui fora...
Capítulo 25
Rick parou o carro em frente a um prédio lindo e acionou o
controle para entrar na garagem. Fiquei olhando admirada para a
fachada. Uau! Logo entrou e estacionou. Descemos do carro e
Bruno pegou minha mão.

— Seja bem-vinda ao seu novo lar. Agora sim, pela primeira


vez, eu posso chamar minha casa de lar, um lugar onde vou ter e
cuidar da minha família, minha mulher linda e meu filhotinho —me
abraçou e beijou meus cabelos.

Fiquei com os olhos cheios de lágrimas, mas não choraria


assim, com o Rick ali. De fiasco, bastava eu ter vomitado as tripas
com os dois no quarto.

Me abracei a ele e dei um beijo em seu peito. Senti ele


estremecer e, quando o olhei, ele estava com os olhos marejados
também.
— Te amo. Muito — ele se abaixou e beijou meus lábios de
leve.

— O elevador chegou. Vamos? — Rick falou e sua voz estava


meio embargada. Ele deveria ter ouvido o que Bruno disse e estava
emocionado também.

Entramos no elevador e Bruno me puxou para ele, me


colocando à sua frente e me abraçando. Senti seu pau duro em
minhas costas, pressionando de leve, e estremeci. Caramba,
tínhamos transado no banho há menos de meia hora atrás e eu já
estava com esse fogo novamente? Olhei para Rick, que estava à
nossa frente, alheio a tudo, olhando para a porta do elevador. Logo
a porta se abriu e Rick se adiantou, caminhando à nossa frente e,
abrindo a porta do apartamento, entrou.

— A casa é toda sua. Entre — Bruno disse e estendeu a mão,


teatralmente. — É casa de macho, mas você pode mudar o que
quiser — ele riu, entrando atrás de mim e fechando a porta.

Eu olhava para tudo, impressionada. Era lindo e realmente era


um apartamento bem masculino. Sala enorme com uma televisão
maior ainda, mas muito bem decorado.

— Brunão, abastecemos a geladeira e os armários, seus


remédios estão aqui, junto com a receita. Vou deixar meu carro com
você até sair o lance do seguro. Seus itens pessoais, que estavam
no carro, estão todos no seu quarto. Cida vai dar uma geral aqui pra
você. Dia sim, dia não, ela passa por aqui e sem reclamações —
Rick foi falando e Bruno sorriu.
— Obrigado por tudo, cara. Assim que estivermos prontos,
vamos dar a notícia da gravidez pessoalmente para todos.

— Sossega e se cuida. Não vamos falar nada — Rick deu um


tapinha nas costas de Bruno, um beijinho na minha bochecha e, se
despedindo, foi embora.

— Bruno, como ele vai embora, se deixou o carro aqui? —


perguntei.

— Ele pega um táxi. Fazemos isso sempre que um precisa do


outro. Quer conhecer o restante?

Bruno me pegou pela mão e foi me mostrando a cozinha,


apontou a área de serviço, mas disse que eu não chegaria nem
perto de lá, portanto, não precisava conhecer. Me levou para a sala
novamente e me mostrou a sacada, e assim foi indo pelos vários
cômodos do apartamento até chegarmos próximo a uma porta
fechada.

— E aqui é onde vou te levar às estrelas, qualquer hora do dia


ou da noite.

Abriu a porta e perdi o fôlego. Seu quarto era enorme, uma


cama king size dominava o quarto, a decoração sóbria, mas como
tudo no apartamento de muito bom gosto. Sobre a recamier, tinha
uma bandeja com morangos, duas taças e um balde onde só a
ponta da garrafa com a rolha estava aparente, coberta por um
guardanapo de pano. Um bilhete estava ao lado.
Para um bom início, nada melhor do que champanhe e
morangos. Mas, como sabemos que a mamãe não pode tomar
nada alcoólico, fizemos um ajuste. Desejamos tudo de melhor
para vocês.
Bom retorno, parabéns pela família e pelo novo membro que
logo chegará.
De todos nós.

Retiramos o guardanapo e ali no balde estava uma champanhe


sem álcool, dessas para crianças. Rimos e Bruno pegou a garrafa,
abrindo teatralmente. Coloquei a taça embaixo para que não
pingasse no chão e ele encheu as duas. Brindamos e ele me olhou,
supersério.

— Anne. Vem aqui — fez com que colocasse minha taça junto
com a dele na bandeja e que me sentasse na cama, sentando-se ao
meu lado. —Nossa vida agora tomou outro rumo, com nosso
filhotinho a caminho. Eu quero vocês comigo, para sempre. Não
quero que você vá embora quando acabarem suas férias — ele se
levantou e foi até onde estava a sacola com as coisas que estavam
no seu carro. Mexeu lá dentro, pegou alguma coisa e voltou a se
sentar ao meu lado. —Casa comigo? — abriu a caixinha e estendeu
em minha direção.

Olhei abobalhada e emocionada para o anel mais lindo que já


tinha visto em minha vida. Um lindo coração brilhava, solitário, no
anel de ouro. Estiquei a mão para tocá-lo, Bruno segurou-a e
colocou o anel em meu dedo. Levou até a boca e beijou o anel.

— Sim, sim, siiiiim! — pulei em seu colo e o enchi de beijos.

Ele riu e retribuiu meus beijos com um de tirar o fôlego.


— Vamos buscar todas as suas coisas. Pode mudar o que
quiser aqui. Quero que se sinta em casa.

Olhei para a cama em que estávamos deitados agora.

— Quantas mulheres você já trouxe pra essa cama?

Ele riu e seus olhos dançaram nos meus. Não achei graça
nenhuma naquilo e fechei a cara, já tentando me desvencilhar de
seus braços e me levantar.

— Calma, Pimentinha. Uma ou duas só.

— Só? — respondi muito brava com sua cara de pau, rindo de


mim.

— Sim. Só. Se nosso filhotinho for uma filhotinha, então serão


duas, se for um filhotinho, então é só uma.

Minha braveza se esvaiu na hora em que entendi sua


brincadeira e o riso todo. Ele me puxou para cima dele e bati onde
deu, distribuindo tapas e rindo junto.

— Isso não se faz, não pode brincar assim comigo. Até parece
que não me conhece.

— Desculpa, amor, eu não resisti. Nunca trouxe uma mulher pra


minha cama.

— Então teremos que trocar o sofá, a mesa, as bancadas da


cozinha, redecorar os banheiros... — brinquei com ele.
— O sofá sim, agora o resto não. Ninguém nunca passou do
sofá.

— Eu estava brincando, mas gostei de saber que você era


assim. Que preservava sua privacidade, mesmo não precisando.

— Você sabe, Pimentinha, que quando eu queria alguma coisa


ia atrás, em clubes, essas coisas. Nunca escondi isso de você.

— Eu sei — beijei sua boca, calando-o.

Eu não precisava lembrar das centenas de mulheres que ele já


havia tido. E ele, com todo o carinho, me fez esquecer de tudo
aquilo. Com beijos, carícias e palavras sacanas sussurradas em
meu ouvido, sua barba por fazer roçando minha pele...

Os dias passaram e a rotina com meu Leãozinho era uma


delícia. Passeávamos, saíamos para jantar ou simplesmente
ficávamos assistindo a um filme, deitados no sofá. Quando eu
estava distraída, ele chegava e me beijava a barriga. Todos os dias
pela manhã, ele me dava bom dia e também para nosso filhotinho.

O final de semana chegou e com ele a nossa viagem para a


praia. Às onze da manhã, o celular de Bruno tocou.

— Já estamos aqui embaixo — Rick falou, mesmo antes do


Bruno dizer qualquer coisa.

— Ok, já estamos indo.


Bruno desligou, me abraçou por trás e eu estremeci. A
expectativa de ir ao bar e conhecer o outro lado dele, me deixava
arrepiada, e eu já me sentia superexcitada. Me arrepiei realmente
quando senti tudo dentro de mim se apertando e a umidade me
tomando.

— O que aconteceu, Pimentinha? Está com medo? — ele


sussurrou em meu ouvido. Seu corpo pressionado às minhas costas
me tirava o juízo.

— Não...

— Está com frio? — perguntou, mordendo a pontinha da minha


orelha.

— Não — sussurrei de volta e estremeci novamente.

— Então, o que acontece? Por que estremeceu desse jeito e


está toda arrepiada... — sua voz em meu ouvido e sua boca em
minha pele estava me enlouquecendo.

— Tesão. Puro Tesão... — virei a cabeça e sua boca caiu sobre


a minha.

— Eu também estou assim. Louco para que a noite chegue para


te levar ao nosso quarto —para dar maior veracidade às suas
palavras, ele se esfregou em minha bunda e não contive um
gemido. — Guarde esse fogo todo para mim, mais tarde.

Peguei sua mão e a coloquei entre minhas pernas.

— Só em pensar, eu já estou assim.


— Vai ser uma tortura viajar por horas pensando nessa boceta
gostosa toda molhadinha pra mim.

Ele abriu o botão da minha calça, enfiou a mão por dentro e


afundou os dedos em mim. Amoleci e me recostei em seu peito, o
fogo me consumindo. Gemi baixinho e me apertei sobre seus dedos.

— Tão pronta... tão gostosa... tão cheirosa... — sua boca


escorregava pelo meu pescoço e seus dedos não davam trégua em
minha carne molhada.

— Leãozinho... Eles estão esperando... — sussurrei sem forças,


rebolando em seus dedos.

— Depois eu dou uma desculpa, agora vou te comer,


Pimentinha.

Gemi alto quando ele puxou minha calça para baixo e me


debruçou sobre o encosto do sofá. Em segundos, senti a cabeça
acetinada de seu pau explorando minhas dobras e gritei de prazer
quando ele se meteu todo de uma vez, bem fundo em mim. O ritmo,
a força de suas estocadas e as carícias em meus seios estavam me
deixando louca, mas perdi o controle quando ele agarrou meus
cabelos e me puxou para ele, sua boca na minha e um tapa gostoso
que estalou na minha bunda me fizeram gozar alucinadamente. As
contrações do meu orgasmo puxaram o dele, que gemeu meu
nome, mordendo meu ombro de leve.

— Eu amo você, minha Pimentinha.

— E eu amo você também, meu Senhor — não resisti, depois


daquela pequena demonstração do que seria a noite.
Outro tapa estalou na minha bunda e ele riu.

Depois de uma passada no banheiro para nos limparmos, Bruno


pegou nossa mala e descemos. Quando saímos com o carro, eles
estavam parados do lado de fora dos deles, esperando.

— Caralho, que demora! Achei que teríamos que subir para


pegar vocês dois — Theo reclamou quando nos viu.

— Sabe como é mulher grávida — escutei Bruno dizendo e


senti minhas bochechas queimarem. Ele saiu do carro e saí
também, indo até eles.

— Ah, eu sei bem. Não tem hora para passar mal. Um cheiro
diferente já embrulha o estômago da gente, né? — Pam, que estava
ao lado de Theo, falou e me deu um beijo no rosto.

— Pois é. Uma hora eu me acostumo com isso — ah, se eles


soubessem...

Demos oi para todos e voltamos para o carro, seguindo viagem.

— Mãe, chegamos! — Theo gritou e abriu a porta para que nós


entrássemos.

— Aqui na cozinha — escutamos a mãe do Theo dizer.

Entramos todos na cozinha ampla e a senhora estava ao fogão,


mexendo um doce. O cheiro me tomou e, em vez de me embrulhar
o estômago, me fez salivar. Humm.

— Que cheiro bom, mãe! — Ella disse e foi abraçar a mãe.

— Desculpem por eu não os receber na porta, mas brigadeiro


tem que mexer o tempo todo, senão desanda — dona Sirley se
desculpou com um sorriso. — Meus netinhos lindos. Dormindo como
anjinhos. Filho, coloque-os lá na cama; você também, Theo, coloque
a pequeninha na sua cama, já deixei arrumado com cobertores,
para ela não cair.

Todos passamos por ela, dando um beijinho, e eles foram


colocar as crianças na cama.

Meu Deus, que cheiro delicioso! Minha vontade era de pegar


uma colher e encher de brigadeiro ainda quente, ir soprando e
comendo pelas bordinhas... ou então... Olhei para Bruno e ele
entendeu na hora o que eu queria. Sorriu para mim e me pegou pela
mão, me puxando novamente para o lado dela.

— Você sabe que te tenho como minha mãe, né? — Bruno


disse a ela, me abraçando por trás e colocando o queixo sobre
minha cabeça, como sempre fazia, segurando minhas mãos e
acariciando.

— Claro, meu filho! — ela olhou para Bruno. — Ai, essa carinha,
me diga logo o que você está aprontando.

Rick, Jess e Theo voltaram e se sentaram à mesa. Ele então


levantou minha mão e mostrou para ela.

— Em breve, teremos mais um casamento — ele disse sorrindo.


A senhora desligou o fogo na hora e largou a colher de pau com
que mexia o brigadeiro.

— Meu Deus, vai chover canivete aberto! Nunca imaginei que


esse dia chegaria! — ela disse já com as lágrimas rolando.

Nos abraçou e chorou como criança, encostada ao ombro do


Bruno.

— E tem mais... — eu disse e ela se afastou um pouco, olhando


para mim. — Vamos ter um filhotinho.

Bruno abraçou a senhora com um braço e colocou a mão sobre


minha barriga, depositando um beijo em meus cabelos.

— Vai ser vovó de novo.

Achei que a pobrezinha teria um treco de tanto que chorava.


Ouvi umas fungadas e olhei para a mesa. Todas as mulheres
estavam chorando e os homens olhavam para seus sapatos,
disfarçando a emoção.

— Pois é, e tem alguém salivando pelo seu brigadeiro — Bruno


riu de mim.

— Ah, minha filha, então tome aqui. Grávida não pode passar
vontades. Vocês sabiam que na gravidez do Theo eu fiquei com
vontade de comer torta de morango e ele nasceu com uma
manchinha vermelha na nuca? Um moranguinho perfeito — ela
enxugou as lágrimas em guardanapo de papel e pegou a colher da
panela, estendendo-a para mim. — Trate de satisfazer todas as
vontades dela, por mais estranhas que sejam — ela disse para
Bruno, com o dedo em riste.

— Pode deixar, vou cuidar bem da minha Pimentinha.

— Cadê o papai? — Ella perguntou; levantando-se, ela foi até a


geladeira e se serviu de água gelada. — Alguém quer água?

Percebi o nervosismo de Ella. O que será que estava


acontecendo? Olhei para Bruno. Eu amava essa coisa que nós
tínhamos, essa comunicação muda, só por olhares. “Eles estão
tentando.” Ele sussurrou em meu ouvido. Ah, tava explicado!

Fui me sentar enquanto todos conversavam e Bruno foi guardar


nossas coisas. Fiquei ali saboreando meu brigadeiro e tive um outro
desejo devastador! Nossa, eu estava virando uma ninfomaníaca! Ri
de mim mesma. Eu hein!

À tarde, fomos todos passear na praia, uma calmaria gostosa


sentindo a areia nos pés, ouvindo as ondas quebrando na praia. Um
contraste absurdo com a agitação que eu sentia por dentro,
sabendo que logo mais eu experimentaria o lado dominador dele, o
bar e tudo mais. Olhava para as mulheres e sentia nelas essa
mesma energia, essa coisa que parecia que explodiria a qualquer
momento.

Quando retornamos, Bruno foi logo dizendo que eu precisava


descansar por causa da gravidez e dos miomas. Aproveitei e fiz um
pedido.

— Rouba um pouco daquele brigadeiro e traz para o quarto.


Quero comer brigadeiro com banana.
— Banana? Vou ver se tem — ele disse, enrugando a testa.

— Não, Leãozinho, não é uma banana qualquer... é a sua —


sorri descaradamente. O observei passar a mão pelo rosto e
prender os cabelos em um coque.

— Não me pressione, Anne. Já estou a ponto de te roubar daqui


e te levar para nosso quarto no clube antes da hora — voltei a sorrir
descaradamente e baixei o olhar. Escutei quando ele puxou o ar
entre os dentes. — Vá se deitar. Eu já vou e com o seu brigadeiro.

Ele estava no limite. Até sua maneira de falar estava diferente.


Mais sério, mas duro. Sua postura também estava diferente. Meu
Deus! Só de olhar para ele, eu tinha a sensação de que logo
entraria em combustão espontânea.

Fiz o que ele mandou e fui me deitar. Eu realmente estava


cansada e acabei adormecendo sem perceber.

— Pimentinha... acorde... — escutei a voz dele me chamando e


abri os olhos. Ele estava deitado ao meu lado, passando os lábios
pelo meu rosto e pescoço. — Deixei você dormir um pouco, mas
estou louco aqui te olhando, adormecida... seus seios subindo e
descendo conforme você respirava... — seus dedos passearam de
leve por sobre meus mamilos, fazendo-os virar dois pontinhos
duros. Sua língua explorou a pele sensível do meu pescoço e gemi
baixinho. — Trouxe o que me pediu.

Gemi mais alto quando seus dedos apertaram de leve meu


mamilo. Meu fogo se alastrando por todo meu corpo.
— Eu estava sonhando com isso — me ajoelhei na cama e
peguei o potinho onde estava o brigadeiro e a colher que estava ao
lado.

Bruno estava só de boxer, seu pau duro louco para escapar dali,
pulsava visivelmente.

Libertei-o e peguei um pouco do doce na colher e coloquei


sobre a cabeça rosada.

— Brigaralho... ah... como eu quero esse seu caralho gostoso


na minha boca...— Bruno gemeu e segurou meus cabelos.

— Essa boca suja me deixa doido. Fala mais do meu caralho,


fala.

Comecei a elogiar aquele pau grosso e gostoso. Bruno apertou


a cabeça contra o travesseiro e gemeu, quando eu dei uma lambida
contornando toda a ponta.

Lambuzei todo de brigadeiro e chupei com vontade, levando-o


fundo em minha garganta. Eu estava gulosa e queria mais dele.
Acariciei, pressionando de leve um ponto um pouco abaixo de suas
bolas. Ele ficou tenso embaixo de mim e gemeu novamente.

— Vou gozar, Pimentinha.— sussurrou com aquela voz rouca e


tudo o que eu queria agora era provar o sabor dele novamente.
Deixei ele sair da minha boca e ele me olhou. Nossos olhos se
prenderam e lambi, contornando a cabeça, pressionando logo
abaixo da glande com a língua e aumentei a pressão de meus
dedos. Ele abriu um pouco mais os olhos e prendeu a respiração
por um momento, e eu soube que ele não aguentaria muito mais.
Em um movimento ágil, o engoli todinho, sugando.

Seus dedos apertaram meus cabelos e meu nome saiu de sua


boca, enquanto a minha era inundada. Meu homem gostoso e
saboroso!

Um sorriso satisfeito surgiu em meu rosto. Fui incapaz de contê-


lo.

— Bom saber que eu consigo te deixar tão satisfeita assim.


Mas, você sabe... uma hora é da caça, outra do caçador. Me
aguarde!

Ah... eu não via a hora...

Mais tarde, Bruno me entregou um vestido e uma sacola com


sapato e roupa íntima.

— Pimentinha, agora você só vai me ver na hora em que


sairmos. Vá se arrumar com as outras mulheres. — ele me abraçou
e começou a arrastar o nariz pela minha pele, seus lábios roçando
de leve. — Eu estou com fome de você, uma vontade de te ter sob
minhas mãos que mal posso me conter — pressionou seu corpo no
meu e mordeu meu lábio inferior. Respirou fundo. — Vai lá. Não
demore muito.

Me deu um tapinha na bunda e fui, muito contrariada, pois


queria ficar com ele, para junto das meninas. Quando entrei no
quarto, elas estavam superanimadas, rindo e se arrumando em
frente ao espelho.

— Anne, bem-vinda à nossa loucura — Jess me cumprimentou


assim que entrei.

— Você já foi em algum lugar parecido? — Ella me perguntou.

Neguei com a cabeça, meio intimidada pela intimidade toda que


elas compartilhavam. Estavam de calcinha e sutiã. Pam arrumando
o cabelo de Jess e Ella se maquiando ao lado, e eu me sentia um
peixinho fora d’água.

— Fique à vontade. Cacete, eu estou louca para voltar ao bar —


Pam falou.

— Está preparada? — Ella me perguntou, sorrindo.

— Mais ou menos. Eu sei como é e o que acontece lá, Bruno já


me falou muito do lugar, durante esse tempo todo em que
conversávamos.

— Então, acho que você não se surpreenderá como eu, da


primeira vez em que Guilherme me levou lá — Ella continuou e vi
em seu rosto a excitação, suas bochechas coraram e as outras
compartilharam do sorriso safado dela.

— Você vai ver, quando descermos, o que estará nos


esperando. É apenas um aperitivo. Me lembro quando descemos da
primeira vez em que fomos todos juntos. Quase enfartamos ao vê-
los daquele jeito.
— Pam, não conte — Ella riu e eu me senti mais à vontade,
rindo também.

— Tá bem, vamos ao que interessa. Bruno me entregou essa


roupa, não sei quando ele comprou isso, mas...

— Menina, que coisa mais linda! — Pam passou a mão pelo


vestido que eu tinha nas mãos.

Realmente, o vestido era lindo, nude com um tecido rendado


bem trabalhado, em um intrincado mais fechado de desenhos que
se sobrepunham. Tirei a sacolinha da lingerie e senti minhas
bochechas queimando. Um sutiã preto rendado, calcinha fio dental,
e uma parte rendada com ligas, meias e um sapato maravilhoso.

— Uau! Bruno vai enlouquecer quando te ver nessa roupa! —


Jess comentou.

— Que nada, vai enlouquecer quando tirar! — Pam caiu na


gargalhada e a acompanhamos no riso. — Vá colocar a roupa e
volte aqui, vou arrumar seu cabelo e Ella fará sua maquiagem.

Entrei no banheiro e respirei fundo. Olhei novamente para as


peças de renda em minhas mãos. Um arrepio de antecipação me
percorreu...

BRUNO

— Ei, Brunão — Rick me chamou. — Se acalma, cara.


— Fácil falar. Você sabe que eu nunca amei ninguém. Não
consegui dominá-la ainda, ela demonstra tanto amor que eu só
quero tê-la em meus braços, acariciar e cuidar. Quando estamos na
cama, ela me tira do sério. Me tira a concentração — passei as
mãos no rosto e prendi os cabelos em um coque. — Estou nervoso.
Hoje vai ser a nossa primeira vez.

— Brunão tá com medinho. Relaxa, homem de Deus. Você faz


isso basicamente a vida toda. Quando estiver no seu ambiente, com
tudo a favor, a coisa acontece. Com a Pam foi assim também. Eu
estava uma pilha de nervos, mas quando chegamos na frente da
porta, o instinto foi maior e foi a melhor noite de todas.

Respirei fundo. Elas estavam demorando para descer. Parei em


frente à janela e fiquei olhando o mar, mas nem isso me acalmava.
Eu queria minha Pimentinha! Escutei risos e olhei para trás e lá
estava ela, maravilhosa como eu imaginei quando vi aquele vestido.
Meu pau ganhou vida e chegou a doer, preso dentro da calça de
couro. Que Deus me ajudasse!

Cada um pegou sua mulher e eu não consegui mexer minhas


pernas, apenas a olhando.

Ela sorriu e baixou o olhar.

Puta que pariu, ela era perfeita para mim. Só fui capaz de
estender a mão para ela, que veio com aquele jeito inocente e com
as bochechas em brasa.

— Pronta para ser minha, realmente minha? — sussurrei.

— Sim, Senhor. Pronta para o que meu Senhor quiser.


Engoli em seco.

— Vamos logo, estou criando raízes aqui — falei alto o


suficiente para que todos ouvissem.

Saímos todos e, como sempre, cada um foi em seu carro.


Minutos depois estávamos entrando no bar. Os garçons me
cumprimentavam, assim como alguns frequentadores mais
assíduos.

Fomos para a pista. Theo tinha razão. Eu já não me aguentava


de vontade de tê-la submetendo-se a mim em nosso quarto.

Lean on — Major Lazer começou a tocar e deixei que o ritmo


me embalasse, junto ao corpo dela. Outras músicas se seguiram e,
quando mudou para o ritmo hipnótico de The hills - The weeknd, eu
só conseguia pensar em minha Pimentinha rebolando no meu pau,
seguindo as batidas da música.

Olhei para Rick, Guilherme e Theo que entenderam meu sinal


mudo.

— Chegou a hora, minha Anne — sussurrei em seu ouvido e


mordi o lóbulo. Ela estremeceu e seus olhos se prenderam aos
meus.

Seguimos para o caixa; pela primeira vez, eu liderava a coisa


toda.

— Henrique, as chaves.

— Sim, senhor Riewe.


Estendi a mão e Henrique me entregou as quatro chaves.
Peguei a Lilás e entreguei as outras para Guilherme. A mão de
Anne tremia e ela se agarrava à minha.

— Pimentinha, hoje eu vou te foder.

Em resposta, vi seus lábios entreabrirem e dali saiu um gemido


rouco.

Sorri satisfeito.

Passei os dedos por suas costas e a segurei pela nuca. Com


um leve impulso, ela começou a andar na minha frente, eu a
conduzindo para a porta que dava acesso ao clube. Os seguranças
abriram para que nós entrássemos e a levei direto à porta de nosso
quarto. No caminho, ela olhava para tudo, mas não hesitou em
nenhum momento.

Quando chegamos em frente à porta, a virei para mim. Senti


meu lado Dominador aflorar. Com um toque em seu queixo, ela
elevou a cabeça e tomei sua boca. Meu corpo pressionou o dela
contra a porta e ela se rendeu a mim. O beijo foi selvagem,
possessivo. Minhas mãos percorreram suas curvas e, naquele
momento, ela era minha para o que eu bem entendesse.
Capítulo 26
Eu sentia uma necessidade urgente de possuí-la, de tê-la se
entregando de corpo e alma.

— Anne, quando cruzarmos essa porta, você será minha no


sentido mais cru da palavra. Vou foder você com força e de todas as
maneiras que eu quiser — seus olhos brilharam e vi sua garganta
mexer, como que engolindo em seco. — A qualquer momento,
podemos parar com tudo e ir embora, se você não quiser basta
dizer e tudo acaba. Mas, se você quiser e aceitar cruzar essa porta,
eu não serei seu Leãozinho, serei seu Senhor, Dono de suas
vontades — eu mal me aguentava dentro das calças, meu pau
pulsava, louco de tesão, querendo se enterrar no calor gostoso
daquele corpo suntuoso. Com um último aviso, continuei. — Vou
submetê-la a mim e às minhas vontades. Vou foder sua bocetinha
suculenta e comer seu cuzinho gostoso e eu não serei gentil com
você.
Mal acabei de dizer as palavras e pude sentir o cheiro de sua
excitação. Seus seios subiam e desciam com sua respiração rápida.
Anne fechou os olhos e respirou fundo, passando a língua pelos
lábios, umedecendo-os. Quando retornou a abri-los, pude ver
estampado neles todo o seu tesão.

— Tudo o que mais quero é ser sua menina, meu Senhor.


Conhecer o peso de suas mãos em minha pele, e ser sua como
nunca fui de ninguém. Confio em meu Senhor, cegamente. Quero
satisfazer suas vontades, seu prazer será o meu prazer. Sou sua,
faça de mim o que quiser.

Um sorriso satisfeito e convencido surgiu em meu rosto. Enfiei a


chave na fechadura e abri a porta.

— Entre.

ANNE

Virei de costas para ele e olhei para dentro do quarto. Prendi a


respiração. O quarto estava na penumbra e apenas a cama estava
iluminada, indiretamente. Senti uma pressão de leve em minhas
costas e andei para dentro do quarto.

— Não se vire. Tire seu vestido e a calcinha. Ajoelhe-se sobre a


almofada e mantenha a cabeça baixa — sua voz dura e me dando
ordens mexeu com meu interior. Senti uma excitação tão grande
que arfei, puxando o ar que parecia me faltar.

Obedeci e coloquei a mão para trás, descendo o zíper do meu


vestido lentamente, dando um showzinho particular para ele. Deixei
o vestido cair ao chão e passei os dedos pelo elástico da calcinha,
puxando-a para baixo, me abaixando, empinando a bunda para ele,
que puxou o ar por entre os dentes. Deixei a calcinha cair dentro do
vestido que formava uma poça de tecido aos meus pés e fiz o que
ele ordenou e, de cabeça baixa, me ajoelhei sobre a almofada roxa
que estava próxima aos pés da cama.

De onde eu estava, só conseguia ver os pés dele, descalços.

— Olhe para mim — ele disse depois de alguns minutos.

Fui subindo lentamente o olhar por suas pernas musculosas,


que estavam cobertas pela calça de couro negra. Tudo dentro de
mim se apertou ao ver a protuberância de seu pau dentro da calça,
aquele volume todo parecia que tinha vida própria e pulsava
visivelmente. Levantei o olhar para ele.

Seu rosto estava duro, sério, compenetrado. Um pouco cruel


até, o que o deixava ainda mais gostoso. Eu queria me beliscar para
ter certeza de que aquilo tudo estava acontecendo realmente.

Ele abriu a calça e libertou seu pau, que apareceu empinado à


minha frente. Ele acariciou-se de cima a baixo e senti minha boca se
encher d'água.

— Mãos nas costas. Não toque, senão eu a amarrarei.


Obedeci e, nessa nova postura, meus seios se empinaram
ainda mais. Senti o olhar dele queimando minha pele.

— Abra a boca — ele ainda se acariciava, indo da base à


cabeça e voltando. Então se aproximou e, empunhando seu pau
grosso, encostou a ponta em meus lábios. — Abra mais.

Abri mais e senti uma de suas mãos segurando meus cabelos,


enquanto com a outra ele pressionava seu pau contra meus lábios e
meus dentes. O olhei, indefesa e ajoelhada aos seus pés, com seu
pau em minha boca e, com uma atitude atrevida, lambi a ponta
acetinada.

Sem aviso, ele pressionou minha cabeça para a frente, me


fazendo abocanhar boa parte de seu comprimento. Me segurou ali e
puxou minha cabeça para trás.

— Sugue.

Chupei seu pau com o maior prazer, já esperando pelo


momento em que ele me seguraria novamente.

Ansiosamente.

Eu estava tão excitada por aquela atitude dele, que sentia a


umidade escorrendo pelas pernas. Ele ia e vinha, cada vez mais
rápido e mais fundo, até estar todo metido em minha boca, e ai veio
a pressão de sua mão em minha cabeça. A privação levou minha
excitação às alturas e sentia meu íntimo pulsando. Seus olhos
demonstravam sua satisfação.
— Sua boca é tão macia, tão quente! — a voz dele estava rouca
e então ele saiu completamente de minha boca, me deixando
respirar. Puxando meus cabelos, ele me fez olhá-lo. — Vou gozar
em sua boca.

Jesus amado, como eu queria sentir o gosto dele. Apenas abri a


boca e coloquei a língua para fora, em um pedido mudo. Com um
gemido torturado, ele enfiou o pau em minha boca, continuando a
comandar meus movimentos. E então, novamente ele segurou
minha cabeça, todo dentro, e senti seu gozo em minha garganta, ao
mesmo tempo em que ele gemia alto. Segurou-me de encontro a
seu corpo enquanto gozava, meu nariz encostado em sua pele.
Quando me liberou, lutei pelo ar, senti meus olhos marejados e
engoli repetidamente.

Dentro de mim, alguma coisa se quebrou e eu não percebia


mais nada à minha volta, a não ser ele. Meu mundo, minha
realidade se resumia a ele e senti lágrimas escorrendo por meu
rosto.

Ele me levantou e secou minhas lágrimas com beijos. Foi


descendo os lábios pelo meu rosto e me beijou a boca em um beijo
feroz, selvagem, exigindo minha entrega. Suas mãos desceram
pelos meus braços e ele prendeu minhas mãos novamente às
minhas costas, passando alguma coisa em volta dos meus pulsos,
que era fofinho como plumas, mas me impedia de mexer as mãos.
Voltou a acariciar meus braços e sua boca deixou a minha. Seus
olhos brilhavam, na semiescuridão do quarto.
Escorregou os dedos pelo meu colo ate o meio dos meus seios
e, me pegando de surpresa, puxou a renda, que se partiu, liberando
meus seios, roubando de minha garganta um grito de espanto.

Seus dedos apertaram meus mamilos, causando uma leve dor.


Arfei e sua boca cobriu a minha novamente, com força. Sua língua
invadindo a minha enquanto seus dedos castigavam meus mamilos
de uma forma deliciosa. Eu tremia, mal conseguindo me manter em
cima dos saltos, o fogo consumidor de seus beijos e seus dedos me
levaram à beira do êxtase. O cheiro da minha excitação era
perceptível até mesmo para mim.

— Goza, minha Anne — apertou com mais força meus mamilos


e o orgasmo me tomou. Gemi seu nome e senti meu corpo amolecer
em seus braços. — Perfeita. Mas mal comecei. Venha, vou cuidar
de você.

Pegou-me nos braços, me levando para a cama, me deitando


em cima de seu peito. Por um momento, ele me abraçou e me senti
a mais realizada das mulheres, suas mãos me acariciando os
cabelos, meu rosto.

— Agora vou foder essa boceta gostosa — como uma boneca,


ele me levantou. — De joelhos.

Seus dedos percorreram minhas costas e roçaram meu pulso,


para então segurá-los. Me deitou devagar e encostei a cabeça no
lençol escorregadio e frio abaixo de mim.

Escorregou os dedos para baixo, percorrendo o caminho até


minha vagina, brincando e espalhando a umidade pela minha
bunda.

— Não posso me conter, minha Anne. A minha vontade de você


é maior do que tudo. Me deixe saber se for demais para você.

Senti suas mãos apertando a lateral de meus quadris e, no


momento seguinte, seu pau se aconchegou na carne inchada de
minha vagina, que ainda pulsava com os resquícios do orgasmo.

Em um movimento rápido, me puxou para si, entrando todo,


minha bunda batendo em sua pélvis. Nossos gemidos se fundiram e
ele aumentou as estocadas, agora me puxando pelas minhas mãos
atadas. Novamente, o mundo à minha volta se resumia a ele, ao seu
poder e controle sobre mim. Me senti caindo em um poço sem fim, o
prazer, a euforia me consumindo e tomando minhas veias como
uma droga. Muito longe eu ouvia gemidos, as sensações táteis
exacerbadas e gritei de prazer ao sentir sua mão pesar em um tapa
na minha bunda. Nada se comparava ao formigamento que tomou
conta de minha pele, sentia minha vagina pulsando em torno
daquele pau duro e quente que se metia cada vez mais rápido e
mais fundo… Senti que ele me puxava pelos cabelos e sua voz
chegou até mim.

— Vou comer esse seu cuzinho, com força.

Como que consumido por um choque elétrico, meu corpo


estremeceu sob o dele, com a expectativa de tê-lo em minha bunda.

A cabeça acetinada passou por meu ânus e pressionou. Sem


poder esperar mais, pressionei meu corpo para trás, o tomando
completamente. O gemido que escapou dele me deixou quente e
pulsando.

Satisfeita além do possível.

Os tapas continuavam, esparsos e, de uma maneira que não sei


explicar, me deixavam mais aberta e empinada para ele. Seus
dedos encontraram meu clitóris e o estremecimento aumentou, a
tensão característica do orgasmo me tomou, a tontura pela
intensidade dos sentimentos me fez voar às estrelas...

— Anne, goza pra mim, em meu pau. — Ele disse entre


gemidos — Agora!

Meu corpo obediente ao seu comando se liberou e me senti


flutuando, as sensações fortes demais… A voz dele me chamando
ao longe e a quentura gostosa em minha bunda me levaram ao
limite, as contrações dos meus músculos sobre aquele pau duro…
Ahhhhh

— Bruno... — ouvi minha voz, distante e tudo ficou escuro.

BRUNO

Seu corpo mole e inerte em meus braços me fez o homem mais


feliz e realizado do mundo. Satisfeito além do imaginável. Nunca,
em toda a minha vida, me senti tão completo.
Eu havia soltado seus pulsos e aguardava que ela recobrasse a
consciência enquanto acariciava seus cabelos e nuca. Um leve
estremecimento em suas mãos, me deixou alerta e olhei para seu
rosto.

— Bem-vinda, minha Pimentinha — sussurrei, beijando a


pontinha de seu nariz.

Ela piscou, meio perdida, o que era normal, visto que ela havia
se entregado de corpo e alma e estava naquele estado entorpecido,
pós-dominação. Ela ficaria assim, desprotegida, por um tempo e
cabia a mim sua segurança e a de nosso filhotinho.

— Está com sede, amor? Precisa de alguma coisa? —


perguntei, solícito. Ela apenas negou com a cabeça e deitou em
meu peito. Senti as lágrimas quentes molhando meu peito. — Anne,
não fique assim. É normal se sentir crua após uma sessão intensa
como a nossa, ainda mais sendo sua primeira vez. Eu estou aqui
para te acolher, proteger e amar. Sou seu, assim como você é
minha. Amo você e preciso de você mais do que tudo nessa vida.
Esse sou eu, Pimentinha — acariciei seus cabelos e suas costas até
que toda aquela sensação fosse embora e ela parasse de chorar. —
Você se sente assim porque houve uma descarga muito grande de
adrenalina e seu corpo está exausto. Suas emoções à flor da pele.
Mas estou aqui pra você. Sempre.

Ela me abraçou apertado e seu corpo se aquietou. Sua


respiração tornou-se cadenciada e percebi que ela havia
adormecido.
Agora, tudo estava como devia ser. Minha Pimentinha nunca
mais me deixaria e nem eu a ela. Estávamos ligados por um elo
indestrutível, além do amor, uma ligação de almas.

Deixei que ela descansasse um pouco. Mas não muito.

— Anne, acorde. Quero mais de você, não consigo me conter e


nem quero.

Com essas palavras, Anne despertou totalmente e seus olhos


se prenderam aos meus. Sem dizer uma palavra, ela estendeu as
duas mãos para mim. Pulsos voltados para cima, lado a lado. Esse
gesto me deixou louco e, a pegando no colo, a coloquei de pé ao
lado da cama.

Minha fome por ela não tinha comparação com nada que senti
até hoje. Nossas bocas se colaram e nossos corpos se roçaram
com uma urgência sem limites. Com uma leve sugestão, um impulso
mínimo do meu corpo, ela começou a andar lentamente para trás,
sem quebrar o beijo.

Ergui seus braços e prendi seus pulsos no alto. Anne gemeu


quando desci as mãos por seus braços. Interrompi o beijo e mordi
seu lábio forte o suficiente para causar uma leve dor, lambendo em
seguida, fazendo-a suspirar.

Ela gostava disso e eu sabia.

A playlist de Weeknd tocava, enchendo o quarto com seu ritmo


erótico, e mostrei para minha Anne a quem ela pertencia.
Já era dia quando chegamos à casa dos pais do Theo,
esgotados e satisfeitos. A casa estava em total silêncio e fomos
andando devagarinho para não acordar ninguém, mas dona Sirley já
estava acordada. Anne quase gritou de susto quando ela colocou a
cabeça pela porta da cozinha e nos deu bom dia.

— A noite foi boa, né? Para estarem chegando essa hora! —


ela sorriu para nós. — Todos chegaram há muito tempo e estão
dormindo ainda. Venham tomar café, depois vocês vão dormir um
pouco. Menina, você tem que comer bem, não se esqueça do seu
bebê.

— Nem por um minuto — Anne respondeu, retribuindo o sorriso.

Nos sentamos à mesa, que estava repleta das delícias da dona


Sirley. Alimentei meus amores, sob os olhos atentos da mãe do
Theo, que suspirou em aprovação.

— Bruno, nunca pensei em ver esse dia chegando, você se


acalmando, com mulher e filhos. Deus existe, meu filho! E ouviu
minhas preces, por esses anos todos. Minha querida, esse rapaz
era indomável, e eu o conheço desde que era adolescente. A
mulherada se jogando aos pés dele e ele nem aí. A cada temporada
que ele passava aqui, deixava um bando de mulher chorando
quando ia embora.

— É que meu coração sabia que tinha uma pessoa especial em


algum lugar. Eu estava quase perdendo as esperanças, quando me
dei conta de que a dona do meu coração estava na minha frente e
fui atrás.

— Dona Sirley, isso tudo que a senhora disse, eu sei e faz


tempo. Antes de ficarmos juntos, éramos amigos e ele me contava
cada coisa cabeluda, que só por Deus — ela riu e ri com ela.

Saber que ela confiava em mim, a ponto de não sentir ciúmes


do meu passado, nem das mulheres que passaram por ele, me
deixava muito satisfeito. Satisfeito e realizado!

— Vocês não sabem como me fizeram feliz com essas notícias.


Que Deus abençoe e proteja vocês — ela pegou nossas mãos
enquanto falava e uma lágrima escorreu por seu rosto. Afaguei
aquela mão que sempre cuidou de mim com tanto carinho. — Agora
que já comeram, vão dormir um pouco, vão... aproveitem enquanto
está tudo silencioso. Daqui a pouco a bagunça começa, todo mundo
falando, as crianças brincando e vocês não conseguirão descansar
— ela disse, disfarçando e secando as lágrimas.

— Obrigada por sempre cuidar do meu Leãozinho, dona Sirley.


Pelo que ele me contou, só é o homem que é hoje, porque a
senhora e seu marido o mantinham na rédea curta.

— Imagina, eu o considero como meu filho. Eu meio que o


adotei, já que a mãe dele... — nesse momento olhei para ela, que
entendeu que eu não tinha chegado nessa parte com minha Anne
ainda. — Bem, deixa pra lá. Vão descansar — ela deu um abraço
em cada um de nós e fomos para nosso quarto.
Me admirei por Dona Sirley ter deixado que dormíssemos
juntos. Afinal, Theo e Guilherme nunca puderam dormir com as
namoradas quando vinham para cá com elas. Poderia ser por causa
do bebê, mas quem sabe, né?

No quarto, fechei a porta atrás de mim e puxei Anne para meus


braços, beijando-a. Comecei a abaixar o zíper de seu vestido e ela
estremeceu.

— Nem tenha ideias, Pimentinha. Só estou tirando seu vestido


para colocar sua camisola. Abusamos muito e agora você vai
descansar. Te quero agarrada em mim, dormindo em meu peito.
Qualquer coisa que precisar estarei ali, ao seu lado. Amo você e
nosso filhotinho — dei um beijo de leve em seus lábios e, descendo
seu vestido, me abaixei, beijando sua barriga.

— Não posso me conter. Meu corpo se acende quando você


está perto de mim. Ainda mais depois dessa noite e com você
estando com a boca aí, tão perto...

Ri dela e depositei um beijo rápido por cima de sua calcinha.


Tive que usar de todo meu controle para levantar e terminar de
colocar a roupa nela. Essa mulher me deixava louco!

Com cuidado a deitei na cama e a cobri, tirei minha roupa e me


deitei ao seu lado, puxando-a para meu peito. Ela suspirou e
aconchegou-se a mim. Em minutos, sua respiração se acalmou e
adormeceu. Observei seu sono por alguns momentos e deixei que
ele me levasse também.
Capítulo 27
As duas semanas de afastamento do hospital acabaram, eu
estava como novo, somente com uma pequena cicatriz na perna.
Ter que deixar minha Pimentinha sozinha na cama foi a coisa mais
difícil que já fiz em toda a minha vida.

Aqui estava eu, entrando no hospital, o que sempre me


acalmou, mas que hoje era como uma tortura. Queria sair correndo
e voltar para ela. Passando a mão pelo rosto e prendendo meus
cabelos, me preparei para enfrentar um turno longo demais para
mim. Fui direto me trocar, mal dando bom dia para quem passava,
com um mal humor do caralho.

Estava em frente ao meu armário, guardando meus objetos


pessoais, quando alguém se abraçou a mim.

— Que saudade de você, achei que não voltaria nunca — uma


voz feminina, abafada, chegou até mim.
Porra, no humor que eu estava, isso não deveria acontecer.
Respirei fundo e segurei aquelas mãos que se esgueiravam para
meu peito, com uma intimidade absurda. Afastei-as do meu corpo e
me virei. Dani… essa daria problema.

— Dani, eu sou um homem comprometido agora, por favor, não


fique com essa intimidade toda. Achei que você tinha entendido
naquele dia em que o Guilherme falou com você. O que aconteceu
entre nós ficou lá atrás, no passado, e é onde vai continuar.

Ela ficou muda, me olhando de boca aberta. Dei as costas para


ela novamente e terminei o que estava fazendo.

— O que você viu naquela gordinha? Com tanta mulher gostosa


por aí, que faz qualquer coisa por você? Você é burro ou o quê? —
ela esbravejou.

Aquilo quase me tirou do sério. Quase.

— Dani, aqui é nosso local de trabalho, vamos nos cruzar por


um número incontável de vezes... O que faço ou deixo de fazer, ou
quem, ou porque escolho alguém, creio que não lhe diz respeito.
Nós dois tivemos um lance. UM lance. Como tive com mais da
metade das funcionárias desse hospital nesses anos todos —
segurei seu queixo e olhei em seus olhos. — E eu amo aquela
gordinha, como você disse. Sim, ela é gordinha, gostosa e fofinha.
Aquela gordinha chegou onde nenhuma mulher, por mais gostosa
que fosse, conseguiu. Chegou ao meu coração. Por favor, ponha-se
em seu lugar.
— Quem diria, o indomável foi amansado — ela comentou,
sarcasticamente.

Ri e mostrei minha mão com a aliança para ela.

— Amansado, domado e algemado!

Essa foi boa. Eu não imaginava que a maneira como Guilherme


se referia a mim, de brincadeira, tinha se espalhado pelo hospital.
Ah, eu tinha sido domado e estava amando isso tudo!

Minha mão estava coçando para ligar pra casa e saber como
ela estava. Mas ela deveria estar dormindo ainda… Respirando
fundo mais uma vez, me atirei no trabalho.

ANNE

Acordei e passei a mão na cama, onde ele deveria estar.


Levantei a cabeça do travesseiro, esfregando os olhos, olhando em
volta à procura dele, mas só encontrei o silêncio.

Me deixei cair novamente no travesseiro ao me lembrar de que


hoje ele voltou a trabalhar.

Afastei o lençol com os pés e levantei. Depois de um banho e


de escovar os dentes com creme dental infantil, pois era o único que
não me enjoava, resolvi ligar para minha mãe. Eu ainda não havia
contado da gravidez para ela, esperaria mais um pouco, pelo
menos, até a próxima ecografia e depois disso contaríamos
pessoalmente para ela e meu pai. Eu estava falando cada vez
menos com ela, para não cair em tentação, pois minha vontade era
contar tudo! Ela ficaria louca com a notícia!

Peguei o telefone e após alguns instantes ela atendeu.

— Oi, mãe.

— Anne! Como você está, minha filha? Não me liga mais, fico
numa apreensão sem notícias suas. Por que faz isso comigo, hein?
Quando vou conhecer esse seu namorado? — ela foi perguntando,
sem ao menos respirar direito.

— Calma, mãe. Tá tudo bem, se acalma. Semana que vem ou


na próxima nós vamos até aí e você vai conhecer o Bruno. Ele é
enfermeiro, sabe como é, trabalha bastante.

— É, você me disse. Está certo, então, mas me conta, filha,


como você está? Vai ficar todos os dias de suas férias aí com ele?
— perguntou, insatisfeita.

— Vou sim, mãe. Quando a gente for te ver, eu te explico


direitinho. Aqui está tudo bem, ele me trata como uma rainha.

— Menos mal…

Ela continuou querendo saber como eu estava e, para amenizar


um pouco, falei que a chamaria pelo note e mostraria o apartamento
para ela. Desliguei e esperei um pouco, para que ela ligasse o
computador.

Logo a chamei e seu rosto preocupado apareceu na tela.


— Oi, mãe. Mais calma agora que tá me vendo? — perguntei
sorrindo.

— Muito. Ver sua carinha assim, feliz, é muito melhor e acalma


meu coração. Sabe como sou preocupada, e você aí, longe, na casa
de um homem que conheceu pela internet...

— Ei, mãe, pode ir parando. Nos conhecemos pela internet sim,


mas somos amigos há muito tempo. E desde que nos encontramos
não nos largamos mais. Ele é meu, estava escrito assim. Para de
pensar besteira.

— É que a gente escuta cada coisa! Mas estou vendo sua


felicidade e vou ficar bem agora. Vai me mostrar a casa?

— Vou sim — ri e virei o note para que ela pudesse ver tudo.

— Minha filha, que casa enorme — ela comentou quando voltei


para a sala. — Como ele consegue tudo isso sendo enfermeiro?

— Ele é sócio de uma academia também, mãe, uma


superacademia, com um amigo dele. É assim que ele ganha o
suficiente para poder ter o que tem.

— Eu tenho que confessar, filha, que quando disse que ele era
enfermeiro, eu achei que ele era um aproveitador que estava atrás
do seu dinheiro.

— Mãe, pelo amor de Deus! Eu nunca disse nada disso pra ele,
apenas comentei por cima. Depois que herdei o dinheiro da vovó, eu
continuei com minha vida do jeito que sempre foi, continuei no meu
apartamento, no meu emprego, você sabe. Nunca mexi naquele
dinheiro! Vai ficar lá onde está; se um dia eu precisar, ele está lá, e
até esse momento chegar, ele continuará lá. Que criatividade, mãe!

— Anne, não é criatividade, é preocupação. Eu falei pra você


que o Diego estava com segundas intenções quando pediu pra ficar
na sua casa, mas achei que ele te roubaria, não que tentaria te
conquistar. Mas acertei, de qualquer maneira, que ele não estava
indo de coração aberto e a procura de emprego, como ele disse.

— Diego foi um caso sério. Tem notícias dele?

— Nenhuma novidade, está preso, esperando julgamento.


Aquele lá é fruta podre. Já tinha alguma coisa na ficha dele;
estelionato, se não me engano. Ele não vai sair fácil, não se
preocupe.

—Está bem. Qualquer novidade, você me avisa — sorri para


ela. — Vou sair agora, mãe, fazer umas comprinhas para um jantar
especial para meu Leãozinho.

— Que apelido mais ridículo, minha filha. Chamar um homem


de leãozinho? No diminutivo? Ele não se ofende, não?

Caí na risada quando percebi onde ela queria chegar.

— Ah, mãe, ele não liga não, porque nele não existe nada de
pequeno — meu riso virou uma gargalhada ao ver minha mãe corar.

— Ok, ok, eu entendi — ela riu também. — Então vá lá, minha


filha, vá preparar tudo para seu jantar. Agora estou sossegada. Você
está em um lugar bom e está feliz. Tirou um peso dos meus ombros.
— Está bem, mãe. Até mais então, assim que eu souber
quando vamos até aí, eu aviso. Beijos.

Terminei a chamada, comecei a fuçar no meu perfil da rede


social e acabei passando algumas horas por ali, conversando com
algumas amigas. Estava compenetrada atualizando minhas
postagens, quando o interfone tocou.

— Senhora, algumas mulheres estão na portaria querendo


subir. Posso deixar? São Jessica, Pamela e Ella.

— Pode sim, sem problemas.

Abri a porta e fiquei esperando por elas.

— Viemos te roubar para almoçar! — Pamela disse, abrindo os


braços, pedindo um abraço.

— Ah, está bem. Entrem, eu só tenho que me trocar e avisar o


Bruno.

— Não se preocupe, eles vão atrás de nós rapidinho — Ella riu


e me abraçou.

Jess entrou por último, e, quando fui fechar a porta, vi os


seguranças postados do lado de fora.

— Eles não entram? — perguntei fechando a porta e apontando


para ela.

— Não. Depois do que aconteceu comigo e com o Bruno, eles


ficam em alerta o tempo todo. Rick não relaxa e eu entendo ele.
Mesmo Tony estando morto, tem a coisa toda dos pais que trocaram
ele com o irmão na cadeia e todo o processo que está rolando. Rick
acha que eles podem estar pensando que tudo é culpa minha e
tentar alguma coisa, já que a ideia da troca, pelo jeito, foi deles —
Jess disse, meio desanimada.

— Vou me trocar, então. Fiquem à vontade.

Fui para o quarto, a ideia do jantar teria que ficar para outro dia.
Me troquei rapidinho, passei uma maquiagem leve e voltei para a
sala. Encontrei as três conversando animadamente e rindo.

— Vocês não estão saindo escondidas, né?

— Se você se refere a não contar para nossos maridos que


estamos indo almoçar fora, sim estamos. Eles são muito protetores,
você já deve ter percebido — Pam disse.

— Somos crescidinhas, né? Deixamos as crianças com as avós


e seguras, estamos com os seguranças também, não tem nada
demais sairmos juntas para almoçar — Jess respondeu e Ella
concordou com a cabeça.

— Precisamos de um momento só das meninas — Ella riu,


sapeca.

— Ok, vamos lá — isso seria interessante.

— Vamos ver quanto tempo demora para eles chegarem no


restaurante — Pam riu também.

— Ai ai, não vejo a hora de chegar a noite! — Jess falou e ficou


corada.
— Ah, agora tô entendendo tudo! — caí na gargalhada. —
Alguém vai ficar com a bunda vermelha essa noite.

— Alguém não, todas nós!— Pam se levantou, ainda rindo e


abriu a porta. — Vamos indo, se quisermos conversar um pouco e
sossegadas.

Ao me lembrar da noite em que ganhei uns tapas na bunda, lá


no clube, estremeci. Agora eu também não via a hora da noite
chegar...

Entramos no elevador, nós quatro e os dois seguranças, ficando


espremidas atrás deles. Quando o elevador chegou ao térreo, eles
saíram primeiro e se postaram, cada um de um lado da porta. Do
lado de fora, dois carros já nos esperavam, com os seguranças
mantendo as portas abertas. Jess me pegou pelo braço e pediu
para que eu fosse com ela, enquanto Pam e Ella entravam no outro
carro. Os homens que estavam junto conosco no elevador se
dividiram entre os carros, tendo assim, um segurança para cada
uma de nós. Caramba! Rick não estava para brincadeiras! Eles não
ficariam bravos com nenhuma de nós, afinal, estávamos protegidas.

— Para onde, senhora? — o segurança que estava na direção


perguntou.

— Quer comer o que, Anne? Massa ou carne?

— Humm, acho que carne — só em pensar em uma picanha


com alho no espeto, fiquei com água na boca. — Churrasco?

Jess sorriu para mim.


— Vamos para o Grill — ela disse ao motorista, que confirmou
com a cabeça, colocando o carro em movimento. — É uma
churrascaria ótima que tem aqui perto, costumo ir lá com o Rick e as
crianças, quando eles vêm me visitar.

Em minutos chegamos ao restaurante e entramos, escoltadas


pelos seguranças. Três deles sentaram-se na mesa ao lado da
nossa enquanto um deles permaneceu de pé um pouco distante,
próximo à parede.

O maitre nos levou a uma mesa para oito pessoas, certamente


ele já estava acostumado com elas chegando sozinhas e eles
deveriam chegar sempre depois.

Pedimos as bebidas e começamos a conversar amenidades, e


eu estava me sentindo muito à vontade com elas.

— E então, Anne. Nos diga o que você achou do bar — Pam


perguntou.

Senti meu rosto esquentar e elas começaram a rir.

— Não fique constrangida. Todas nós passamos por isso — Ella


ficou vermelha também. —Esses nossos maridos são assim.
Possessivos, ciumentos, e deliciosamente depravados.

— Foi muito bom. Mais do que bom. Nunca tinha sentido aquilo
tudo, tão crua, tão exposta… tão dele.

Todas concordaram com a cabeça.


— Falou tudo! Olha aí, chegaram nossos drinks — Jess disse
sorridente. — Pode tomar sossegada, são apenas coquetéis de
frutas, sem álcool.

Provei e realmente era muito gostoso. Passamos pelo buffet de


saladas e logo começaram a passar as carnes. Ao sentir o cheiro da
picanha com alho, quase chorei de vontade. Bem passadinha e
deliciosa! Estava tão concentrada na minha carne apetitosa que não
percebi a mudança nas meninas, que ficaram quietas de repente.

— Estou vendo que vou ter que comer uma dessas também.
Assim ficamos os dois com bafinho de alho.

Quase pulei da cadeira ao ouvir a voz do Bruno em meu ouvido.

— Caramba, Leãozinho, quer me matar do coração? — disse,


deixando o garfo em cima da mesa e colocando a mão no peito.

— Eu sabia que na primeira oportunidade vocês a trariam junto


para seus almoços escondidos! — Bruno riu, sentando-se ao meu
lado. Pegou minha mão e beijou, vindo me dar um selinho. — É,
definitivamente, eu tenho que comer um pedaço disso aí.

Ele abriu a boca e peguei um pedaço da minha carne,


colocando em sua boca.

— Humm… está muito boa mesmo — disse ele, fazendo sinal


para que o passador trouxesse mais.

Olhei para as meninas e todas estavam voltadas para seus


maridos.
— Bruno, você não está bravo por eu ter vindo com elas, né? —
perguntei incerta.

— Ah, não. Eu até achei que demorou para elas fazerem isso —
ele disse, colocando meus cabelos para atrás da minha orelha. —
Mas não pense que isso ficará sem punição.

Seu tom de voz e seu olhar penetrante, me deixaram tonta de


desejo, a lembrança do clube e do meu Leãozinho dominador
chegou com força total. Fechei os olhos e suspirei.

— Não faça essa cara, Pimentinha, ou então teremos que fazer


uma visitinha ao banheiro feminino — ele sussurrou em meu ouvido.

Não pude deixar de gemer baixinho. Ai meu Deus, esse almoço


seria uma tortura. A picanha foi esquecida e eu não queria mais
comer, queria era ser comida!

Bruno riu e atacou seu prato, mas antes pegou minha mão e
colocou sobre sua coxa, tão perto de seu pau que eu podia sentir
seu calor.

Percebendo que eu não comeria mais nada, ele começou a me


alimentar de seu próprio prato, até que eu recusei, dizendo não
aguentar mais. Todos começamos a conversar animadamente, até
que Rick se levantou e disse que tinha que ir embora, para não nos
preocuparmos com a conta, que estava tudo certo. Esse era o jeito
dele e todos já o conheciam bem.

— Você vai voltar para o hospital?


— Não, meu turno já acabou. Conversei com o pessoal do
hospital e diminuíram minhas horas. Vou para casa com você.

Nos despedimos e todos saímos juntos.

Bruno abriu a porta do carro e entrei, estava tentando colocar o


cinto, quando ele entrou. Do nada, suas mãos seguraram meu rosto,
seus dedos se embrenhando em meus cabelos, me puxando para
ele. Sua boca caiu sobre a minha, em um beijo selvagem. Senti
meus seios pesados e meus mamilos enrijeceram, meu corpo todo
preparado para ele em segundos.

— O que acha de darmos uma volta antes de ir para casa? —


ele me olhou, divertido.

— Não, eu quero você. Vamos para casa agora mesmo — eu


estava em um estado de excitação tão grande, que queria montar
nele, ali mesmo no estacionamento.

— Humm, a espera faz parte da sua punição. Vamos passear


no shopping — mal acabou de falar, ligou o carro e colocou-o em
movimento.

Durante o resto da tarde, seus beijos quase acabaram com meu


controle. Quando voltamos para casa, já era noite, e eu estava
literalmente subindo pelas paredes.

Ele me pegou pela mão e me levou para a sacada. Tirou meu


vestido e a brisa morna lambeu minha pele. Fiquei só de calcinha na
frente dele, mas ele tinha ideias e se abaixou, retirando a peça de
mim.
— Me dê suas mãos — ele ordenou.

Estendi os braços, juntando os pulsos, e ele os atou com minha


calcinha, elevando meus braços, me empurrando levemente para
trás, até me encostar na parede, e enroscou a calcinha no gancho
da rede.

BRUNO

Ela estava tão linda assim, nua e ao meu dispor.

Beijei sua boca e deslizei, lambendo sua pele até seu queixo.
Desci mordiscando a pele sensível de seu pescoço, mordendo a
curva de seu ombro e sua respiração se agitou. Continuei até seus
seios deliciosos e mordi o bico duro. A olhei e ela estava mordendo
o lábio, contendo um gemido.

— Quero te ouvir. Minha Anne — mordi o outro e ela gemeu


alto. — Seus gemidos me enlouquecem — mordi abaixo de seu
seio, na curva da cintura, e ela se contorceu. Me afastei para olhá-
la.

Linda.

Perfeita.

Suas coxas roliças, sua boceta suculenta e o rachinho lindo a


mostra.
Contornei seus lábios com o dedo, escorregando-o até seus
seios e continuei até o rachinho, afundando-o ali.

Incapaz de conter um gemido, me afastei, provando seu mel em


meu dedo.

— Saborosa.

Me afastei e tirei a camiseta e a calça. Afastei suas pernas e


seu sexo estava brilhante de excitação.

Cheguei a centímetros de sua boca e a cheirei. Arrastei meu


nariz por sua pele, fazendo-a estremecer. Rocei de leve meus lábios
nos dela e lambi. Minhas mãos passeavam por sua pele, apalpando
cada vez mais bruscamente, pegando-a, puxando-a para meu
corpo. Elevei uma de suas pernas para acariciar seu cuzinho,
espalhando a umidade de sua boceta para aquele buraquinho
gostoso, que se contraiu com o contato. Brinquei por ali até tê-la
gemendo e se contorcendo, querendo mais. Sem aviso, me afastei.

— Espere, minha Anne.

Fui até o quarto e peguei uma joia anal que havia comprado
para ela, um vibrador, e retornei.

Seus seios subiam e desciam, denunciando sua excitação.


Mostrei a joia para ela, colocando o vibrador na rede e seus olhos
se prenderam aos meus, seus lábios se abriram e ela passou a
língua por eles.

Encostei a ponta, que logo estaria enterrada em seu rabo lindo,


por seus lábios.
—Me mostre sua língua.

Ela colocou a língua para fora e encostei a minha, passando a


ponta da joia entre elas, umedecendo. Arrastei meus dedos por seu
corpo e brinquei com a joia em sua boceta, Arrastei até seu cuzinho,
pressionando até que ele escorregou para dentro, prendendo. Minha
Anne gemeu e sua cabeça pendeu para trás.

Ataquei seu pescoço, lambendo e sugando, me abaixando para


que meu pau se enterrasse fundo em sua boceta, fazendo-a gritar.

— Segure-se.

Agarrei suas pernas e a levantei do chão, empalando-a mais


fundo, rebolando e metendo fundo. Logo eu a tinha trêmula em
meus braços, sua boceta me apertando tão forte que tive que usar
toda a minha força de vontade para não explodir dentro dela. Seu
gemido rouco era um afrodisíaco para meu ego. Quando senti que
ela gozaria, saí de seu corpo e me afastei.

Ela ficou ali, parada, me olhando e ofegante.

Esperei que se acalmasse e com um sorriso safado comecei a


me masturbar para ela.

— Gosta do que vê?

Anne lambeu os lábios. Estremeci, me lembrando do que


aquela boca era capaz.

Voltei para perto dela e rocei meus lábios novamente nos dela.
Meti a mão entre suas pernas, que ela abriu de bom grado. Rodeei
seu clitóris com o dedo, pressionando acima dele, jamais tocando-o
diretamente.

Incitando.

Excitando.

Torturando lentamente até que seu corpo estivesse novamente


entregue às minhas carícias. Escorreguei os dedos até a joia e a
girei, puxando um pouco, para que a pressão a deixasse louca.
Novamente me afastei quando ela estava à beira do clímax.

Apenas percorri seus lábios com a língua.

Perto e distante.

Dando e tomando.

Alcancei o vibrador e o liguei. Mostrei a ela e encostei na ponta


do meu pau, a vibração me deixando louco de vontade, mas,
primeiro, ela enlouqueceria.

Passei por seus mamilos, barriga e, quando cheguei em sua


boceta e encostei em seu clitóris, ela chamou meu nome, gemendo.

— Bruno... Senhor, acaba com isso, não aguento mais, eu


quero... eu preciso...

Dei um tapa em sua bunda.

— Sei do que você precisa. E vou te dar tudo.

Passei o vibrador em sua boceta, entrando um pouco,


encostando-o à joia. Anne arfava, gemendo, suas pernas tremiam.
Soltei suas mãos, mantendo-a presa com a calcinha e a
abracei. Levei-a para a cama, depositando-a de bruços. Ajeitei a
calcinha, prendendo seus braços atrás das costas, a colocando
sobre os joelhos, cabeça encostada no colchão.

Sua bunda arrebitada, ornamentada pela joia que se movia a


cada contração daquele cu gostoso, me chamava. Sem pensar,
agarrei suas mãos e meti meu pau sem dó.

Anne gemia sem pudor.

— Me aperte, Anne. Aperte meu pau daquele jeito.

Fui prontamente atendido com contrações ritmadas, me


puxando, engolindo. Dei um tapa estalado em sua bunda e ela
gritou. Puxei a joia de seu rabo lindo e tirei meu pau de sua boceta
gostosa, mirando em seu cuzinho, agora dilatado pela joia. Pincelei,
espalhando seu suco e pressionei, entrando devagar. Enlouquecida,
Anne rebolava e se apertava contra mim. Eu a sentia tensa,
segurando o orgasmo. Ainda metido em sua bunda a levantei,
puxando-a para meu peito.

— Quem você ama.

— Amo você, meu Senhor — sua voz saiu rouca, respirando


com dificuldade.

— A quem você pertence?

— Ao meu Senhor.

— Quer gozar?
Seu corpo estremeceu todo.

— Sim, Senhor.

— Boa menina.

Escorreguei minha mão por sua barriga, chegando ao rachinho


de sua boceta e o abri, acariciando seu clitóris. Aumentei a
velocidade das estocadas enquanto a masturbava no mesmo ritmo.

— Goza, minha Anne.

Seu corpo me obedeceu e com um grito de prazer, convulsionou


colado ao meu e enterrei os dentes em seu ombro, marcando-a.

As contrações de seu orgasmo puxaram o meu e tirei meu pau;


deitando-a novamente, gozei sobre seu cuzinho e sua bunda... e
suas costas. Ver minha porra escorrendo sobre sua pele, marcando-
a como minha, acendeu uma parte desconhecida de mim.

Um prazer total, aquela satisfação que senti no clube se


apossou de mim.

Soltei suas mãos, massageei seus pulsos, subi pelos braços,


até seus ombros.

— Amo você, minha Anne.

— Também amo você... — ela disse em um sussurro.

— E nosso filhotinho — me aconcheguei às suas costas,


fazendo uma lambança, e a virei de lado, acariciando sua barriga.
O amor era tão grande em mim que senti meus olhos ardendo.
Como eu amava aquele corpo, que eram vários ao mesmo tempo, a
coisa mais perfeita do mundo. Minha mulher, minha e só minha.
Capítulo 28
ANNE

— Achei que ganharia umas palmadas no traseiro — peguei


sua mão e beijei.

— Existem outras formas de punição, Pimentinha. A espera, a


ansiedade e expectativa, depois a privação do orgasmo também são
uma forma de punição.

— Ah, isso eu percebi. Sofri querendo você. Minha vontade era


de forçar meus pulsos contra a calcinha e te agarrar, derrubar você
no chão e montar em cima, só saindo quando estivesse satisfeita —
ri e ganhei uma palmada na bunda.

— Eu sei, estava em seu olhar, em seu rosto essa vontade toda


— me beijou na curva do pescoço.
— Sabe, falei com minha mãe hoje pela manhã e fiquei com
uma coisa na cabeça. Eu te contei sobre o dinheiro que minha avó
me deu, como parte da herança?

— Você disse alguma coisa sobre uma doação em vida. Já faz


algum tempo, não faz?

— Sim, faz. O fato é que ela fez essa doação em valor igual
para todos os netos, que acabaram torrando tudo, como o Diego
fez. Eu guardei e investi, não vou tocar em nada, a menos que
realmente necessite. Sempre fui contra isso e, se um dia ela
precisar, o dinheiro estará lá, muito bem guardado. O negócio é que
minha mãe achou que o Diego só veio com essa história de ficar lá
em casa para me roubar. Sabe como é família, o fato de eu ter
guardado o dinheiro correu pelos ouvidos de todos e ficam
especulando quanto eu posso ter guardado.

— Eu não sei bem como é isso, basicamente fui criado sozinho


e depois pela mãe do Theo, e lá eles são muito sossegados. Mas eu
faço uma ideia — ele me abraçou mais forte e se aconchegou ao
meu pescoço. — O tampinha pode mesmo ter pensado isso e
assim quis me tirar do caminho.

— Pois é, ela disse também que ele tem passagem pela polícia
por estelionato. A gente nunca conhece bem uma pessoa, né?
Nunca pensei isso dele, crescemos juntos...

— Cada um tem um caráter diferente. Às vezes entre irmãos,


criados da mesma maneira, com o mesmo amor e atenção, um
acaba indo pelo caminho do crime ou fazendo alguma coisa errada.
Acontece, Pimentinha. Mas não se preocupe com isso, ele está
onde merece, atrás das grades.

— Verdade. Tomara que fique lá por um bom tempo. Falei para


ela também que nós faríamos uma visita um dia desses. Temos que
contar para ela sobre o bebê.

Ele acariciou minha barriga.

— Acha que ela vai gostar? De ser vovó?

— Ela vai ficar louca com a notícia!

— Quando formos na casa dela, passamos na sua e já


trazemos suas coisas pra cá.

— Você já tem tudo aqui. Vou apenas pegar minhas roupas,


fotos antigas, coisas assim. Vou deixar o apartamento fechado por
enquanto. Depois, se for preciso, eu alugo, sei lá. Desse jeito não
precisaremos dormir na minha mãe quando formos pra lá.

— Você é quem sabe, Pimentinha. O que decidir está bem para


mim. O que me importa é que você esteja aqui, comigo. Todos os
dias, todas as noites, sempre.

— Vou estar, Leãozinho, vou estar — virei e ofereci meus lábios


para um beijo.

— Vamos tomar um banho, comer alguma coisa... — seu


estômago roncou e nós dois rimos.

— Ok, vamos lá — tentei me desvencilhar de seu abraço, para


me levantar.
— Mas antes eu quero um beijo — ele disse já muito próximo à
minha boca e me perdi em seus carinhos.

Horas depois estávamos na cozinha, eu fazendo um arroz com


brócolis e ele temperando filés de frango. Funcionávamos tão bem
juntos!

Havíamos deixado a TV ligada em um canal de músicas e


nesse momento começou a música da Ana Carolina, Encostar na
Tua. Ele largou o frango e lavou as mãos, me abraçou por trás e
cantarolou em meu ouvido…

— Eu quero te roubar pra mim, eu que não sei pedir nada, meu
caminho é meio perdido, mas que perder seja o melhor destino…
Agora não vou mais mudar, minha procura por si só, já era o que eu
queria achar … Você, minha Pimentinha é tudo o que eu queria para
mim e nem sabia. Eu amo você — me beijou o pescoço daquele
jeito que me deixava tonta e retornou para seus filés de frango,
cantarolando o restante da música.

Meu Leãozinho era todo possessivo, dominador, mas muito,


muito romântico e carinhoso. Suspirei, tampando a panela do arroz,
indo ajudá-lo com seu trabalho. Em pouco tempo estávamos
sentados à mesa, saboreando uma comida gostosa e saudável.
Segundo ele, ali tinha quase tudo o que eu precisava, carboidrato,
proteína e o brócolis, de que eu nunca fui fã, mas que preparado
daquela maneira não era tão ruim assim, e eu tinha que admitir que
até estava bem gostoso.
Acabamos de comer, tiramos a mesa e fiquei observando-o
lavar a louça. O que eu poderia querer mais nessa vida? Foi pensar
nisso, ele enxugou as mãos e veio até mim, me abraçou e levantou-
me em seus braços.

— Agora, a sobremesa… — sussurrou contra meus lábios e me


levou para o quarto.

Na manhã seguinte, Bruno me deu um beijo antes de sair para


trabalhar. Como ainda estava escuro, voltei a dormir. Despertei
horas depois, bem-humorada e me sentindo muito bem. Coloquei
uma roupa confortável, tênis e fui andar um pouco pela vizinhança.
Encontrei uma loja de materiais para artesanato e pintura. Sem
pensar, separei alguns materiais para pintura, tintas especiais sem
componentes tóxicos por causa do bebê, pinceis, telas e um
cavalete. Corri até em casa, peguei meu cartão do banco e retornei
até a loja, paguei tudo e passei o endereço para entregarem.
Pintaria para passar o tempo e também, assim, já faria alguns
quadrinhos para o quartinho do bebê.

Feliz, continuei com minha caminhada até encontrar uma


padaria com sonhos de creme na vitrine, rodeado de carolinas,
pudins e brigadeiros! Agindo no impulso, entrei e pedi um daqueles
sonhos enormes que pareciam ser tão deliciosos e um suco. Me
sentei e logo a moça que me atendeu trouxe meu pedido. Minha
boca se encheu d'água e dei uma mordida generosa no sonho…
MEU DEUS! Era a coisa mais deliciosa, gostosa e tentadora do
mundo.

— Você vai gostar dessas gordices, né, meu filhotinho? —


conversei com minha barriga, acariciando de leve.

Nunca tive tanta vontade de comer alguma coisa a ponto de


salivar dessa maneira. Com certeza, era coisa de grávida, elevada à
décima potência. Devorei o doce e terminei o suco. No dia seguinte,
eu voltaria e provaria uma outra gordice daquele lugar! Retomei
minha caminhada, agora com uma sensação estranha de ser
observada. Olhei para todos os lados enquanto voltava para casa,
mas não vi nada fora do normal.

Pouco depois de entrar em casa, vieram entregar o material de


pintura.

Tirei a rede da sacada e montei ali meu cavalete, apoiando as


tintas e pinceis na mesinha que havia ali e puxei uma cadeira para
perto. Comecei a pintar e me entreguei ao prazer de dar vida à
minha imaginação, na tela em branco.

Depois de não sei quanto tempo ali, fui até a cozinha pegar um
copo de suco e ouvi meu celular tocando. Corri a casa toda atrás
dele, sem me lembrar onde o tinha deixado. O encontrei no chão, ao
lado da cama, e o peguei. Caramba, trinta ligações do Bruno! Liguei
para ele, que atendeu rapidamente.

— Caramba, por que não atendeu o telefone? — Bruno


vociferou assim que atendeu.
— Ei! Oi pra você também. Eu estava pintando e não me
lembrei de levar o celular junto, ficou no quarto, carregando.

— Nunca mais faça isso, leve-o sempre com você, onde quer
que vá. Mas, espera, pintando como?

— Fui caminhar um pouco e encontrei uma loja, então comprei


algumas coisas para passar o tempo.

— Saiu sozinha, Pimentinha? É perigoso, não faça isso. Estou


vendo que vou ter que contratar alguém para ficar com você
também, se você quer dar umas voltas sozinha.

— Não seja tão pessimista — retruquei.

— Não é questão de ser pessimista, e sim de ser realista. Você


já viu o que fizeram com a Jess e até mesmo comigo. Esse povo
não está pra brincadeira. Vou falar com a Pam e conseguir alguém
para te proteger enquanto eu não estiver por perto. Me diga que
aceita, para minha paz de espírito — ele pediu, bem mais calmo.

— Eu acho que é exagero, mas se você quer assim, tudo bem.

Continuamos a conversar por alguns minutos e contei para ele


dos doces deliciosos que eu havia descoberto.

— Promete que só volta lá se eu estiver juntou ou se já tiver o


segurança?

— Ok. Eu prometo.

— Então está bem, já já estarei em casa.


— Vai vir cedo para casa hoje?

— Não, vou na mesma hora. Você perdeu a noção do tempo


enquanto pintava, minha Anne.

Afastei o celular e verifiquei a hora. Eita!

— Caramba, perdi mesmo. Não demore — nos despedimos e


desliguei.

Já eram quase seis da tarde! E eu passei o dia todo só com


aquele sonho… mas também ele era tão grande!

Voltei para a varanda, guardei as tintas e deixei a tela no


cavalete para secar. Olhei admirada para meu trabalho. Estava
ficando realmente bom! Sempre desenhei muito bem na escola e
não tinha perdido a mão!

Estava na cozinha, lavando os pinceis na pia, quando ele


chegou.

— Olha o que eu trouxe! — olhei para a porta e ele entrou na


cozinha lotado de caixas e sacolas.

— O que tem aí? — larguei tudo dentro da pia e sequei as


mãos.

Cheguei perto e ele abriu uma das caixas e foi abrindo tudo. Ali
estavam diversas variedades de doces e o pudim da padaria.

— Tudo o que minha Pimentinha ficou babando. Vamos guardar


na geladeira, algumas coisas podem ser congeladas, a atendente
marcou com um C as embalagens que podem.
— Amor, não precisava.

— Não quero você saindo atrás dessas coisas enquanto eu não


estiver em casa — puxou um dos doces e mostrou para mim. Um
canudo de chantilly. — Esse aqui eu não resisti. Tive visões do seu
corpo coberto com o chantilly em algumas partes... — ele deixou o
doce ali e veio como um gato para cima de mim, me beijando a boca
com vontade.

Gemi deliciada ao sentir sua ereção em minha barriga. Comida,


pinceis, pintura e qualquer coisa perdeu a significância diante do
tesão que me consumiu. Me puxando para cima, agarrei seu
pescoço e enlacei as pernas em sua cintura. Ele foi andando e me
levando com ele, mas antes pegou o doce.

— Não posso esquecer disso aqui — ele riu e me levou para a


cama.

— Me deixou toda melada, Leãozinho — eu disse rindo, depois


de um tempo, passando a mão pelos meus seios e entre minhas
pernas.

— Foi o doce mais gostoso que eu já provei. Estava louco para


fazer uma coisa dessas, desde o brigaralho — ele chupou o bico do
meu seio e gemeu. — Hummm, docinha — riu e continuou. —
Vamos tomar uma ducha, ou então vou te dar outro banho de gato.
Garanto que dessa vez eu tiro todo esse doce de você.
Levantou-se e eu estendi os braços para ele. Eu estava com as
pernas trêmulas ainda, resquícios dos orgasmos deliciosos que ele
me proporcionou com aquela boca deliciosa e depois com seu
corpo...

— Venha, Pimentinha — me pegou nos braços e me levou com


ele.

Todos os outros dias foram assim, ele me beijava antes de sair


e eu dormia até mais tarde. Banho, arrumar a cama, pintar e comer.
A moça da limpeza vinha dia sim, dia não e eu não precisava me
preocupar com a casa ou com comida. Nunca fui de ficar parada e
isso já estava me incomodando.

Agora eu tinha um guarda-costas, Allan, que ficava postado do


lado de fora da porta. Toda vez que ia andar, ou até a loja de
materiais de pintura, ele ia atrás, como uma sombra. Com a cara
sempre fechada e muito sério, ele era intimidador até para mim. Um
dia eu me acostumaria com isso. Já havia conversado com Jess
sobre o assunto e ela me afirmou que somente no início seria assim
tão estranho, que não havia nada nesse mundo que não nos
acostumássemos.

Quando Bruno chegava era uma festa, eu estava sempre com


saudades e louca por ele. Os hormônios da gravidez estavam me
transformando em uma ninfomaníaca, mas ele não reclamava, muito
pelo contrário, atacava fogo com fogo.
Na quarta-feira, estávamos no sofá, curtindo um filme com
pipoca, quando ele veio com a notícia.

— Pimentinha, vamos ver sua mãe nesse sábado?

Eu estava com muita saudade dela e aceitei na hora. Em três


dias eu veria minha querida mãezinha!

— Vou avisar então, amanhã cedo eu ligo pra ela. Ela vai amar.

— O importante é te fazer feliz, minha Anne. O resto é


consequência.

Me aconcheguei em seus braços e ficamos ali, de bobeira…


não cheguei a ver o final do filme e adormeci…
Capítulo 29

A sexta-feira chegou e eram quase cinco horas da tarde,


quando Bruno me ligou.

— Anne, você pode vir até aqui? Peça para Allan vir com você,
pegue um táxi, eu aguardo vocês na entrada do hospital.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim, aconteceu! Eu consegui antecipar a consulta da


semana que vem e vamos ver nosso filhotinho e quem sabe
conseguir uma foto melhor para mostrar à sua mãe amanhã.

— Vou tomar um banho rápido e logo estarei aí, ligo quando


estiver saindo.

— Certo, não demore. A consulta é em meia hora.


Nos despedimos e desliguei, pulando de alegria. Eu estava
doida para rever meu bebê, saber se havia crescido, como ele
estava!

Tomei uma ducha relâmpago e coloquei o primeiro vestido que


achei, pois era mais prático, tanto para eu pôr agora quanto para eu
tirar depois no consultório. A ansiedade me consumia.

Quando abri a porta de casa, Allan estava ao telefone,


confirmando o táxi.

— Já estão nos aguardando lá embaixo, senhora — ele tinha


um vozeirão que me assustava.

— Que bom, Allan, obrigada — ele era muito prestativo e


segurou a porta do elevador para eu entrar, e depois a porta traseira
do táxi também, entrando no banco da frente, ao lado do motorista.

Liguei para Bruno, que já nos aguardava no local combinado.


Quando ele avistou o táxi chegando, já se adiantou para abrir a
porta para mim e me abraçou forte, assim que meus pés tocaram o
chão.

— Vamos, minha Anne. Ansiosa?

— Demais!

— Então vamos, já me biparam e estão nos esperando.

Allan veio atrás de nos, ficando a uma certa distância, só de


olho. Chegamos no setor de ginecologia e obstetrícia e logo
chamavam pelo meu nome.
Bruno abriu a porta e entramos.

— Sejam bem-vindos. Como está se sentindo, Anne?

Falei para ele que os enjoos haviam diminuído um pouco, ele


me perguntou sobre as vitaminas, me pesou e nos levou para a sala
de exames, onde a ecografia seria feita.

— Já sabe, né? Tire tudo da cintura para baixo, deite-se e


coloque esse lençol sobre as pernas. Já volto.

Fiz o que me pediu e Bruno se prostrou atrás de mim,


segurando meus ombros. Ele parecia muito mais ansioso do que eu,
seus dedos estavam inquietos sobre minha pele.

— Ei, está tudo bem? Se acalma, logo veremos nosso bebê.

— Vamos poder escutar o coraçãozinho dele, ver muito mais do


que da outra vez. Estou louco para ver e ouvir nosso filhotinho.

— Nosso baby, Leãozinho, vai estar forte, você vai ver. É um


pedaço de você. E olhe só pra você, grande, forte… só pode gerar
bebês como você. Quero que ele tenha seus olhos, lindos.

Abaixou-se e beijou minha boca de leve. Ele estava suando de


tão nervoso. Coloquei minhas mãos sobre as suas e apertei de leve.

— Ok, vamos lá? — disse o médico sentando-se em frente ao


aparelho, pegando a sonda e colocando um preservativo sobre ela e
uma boa quantidade de gel sobre a ponta. — Relaxe… isso mesmo,
pronto. Vocês querem ouvir os batimentos cardíacos? —
respondemos em uníssono, um sim bem articulado. Ele mexeu em
alguma coisa lá no aparelho e o som encheu a sala, alto e rápido. —
Esse é o coração do bebê… vamos olhar como ele está — virou a
sonda dentro de mim e meu coração pulou uma batida ao ver a
imagem na tela. — Uau! Estão vendo aquilo? Parabéns!!!

Pingos quentes caíram sobre meu colo e arrisquei uma olhada


furtiva para Bruno. Ele chorava silenciosamente, tentando impedir
que as lágrimas caíssem sobre mim, mas elas eram mais rápidas do
que ele conseguia secar.

Eu estava em estado de choque e meus olhos retornaram para


a tela à minha frente. Puta que o pariu! Meu coração estava
acelerado e eu estava meio tonta com a percepção de que seria
mãe de três bebês. Não era possível, eu devia estar vendo coisas.

— Bruno, me belisca. São três? Doutor, é isso mesmo?

— Sim, são três bebês. Lembra-se que na primeira vez haviam


várias bolinhas? Não pude afirmar quantos eram no início como
estava, pois existem as vesículas vitelinas e elas se desenvolvem
precocemente, mas se tornam vestigiais algumas semanas depois.
Agora, com os trigêmeos um pouco mais desenvolvidos, é fácil
distingui-los. Vamos chamá-los de bebê 1, bebê 2 e bebê 3 —
Enquanto falava, ele ia marcando em cima dos bebês. — Trigêmeos
idênticos! Isso é bem raro de acontecer — o médico olhou para mim
e puxou um aparelhinho que colocou em meu braço. Eu devia estar
pálida como cera.

— Acalme-se, Anne. Respire fundo e relaxe. Não entre em


pânico — Bruno sussurrou em meu ouvido. Seus cabelos tamparam
minha visão dos bebês e eu fechei meus olhos.
Era óbvio que eu estava exultante de felicidade, mas a
preocupação com meus miomas e tudo o que poderia acarretar era
grande demais. Dando voz aos meus pensamentos, perguntei para
o médico.

— Doutor, minha preocupação maior não está em ter três


bebês, mas sim no que os miomas podem fazer de ruim na minha
gestação — passei a mão sobre minha barriga, acarinhando meus
filhotinhos, como se isso os protegesse dos miomas intrusos.

— Na realidade, Anne, os miomas só atrapalharão se migrarem


para a boca do útero. Nesse caso, teremos que intervir, mas não é
coisa para você se preocupar no momento. Faremos ecografias
mais seguidas e acompanharemos de perto o desenvolvimento dos
bebês. Deixe que eu me preocupe com seus miomas. Curta sua
gravidez, tenha seus momentos de lazer, leve a vida normalmente.
Mais tarde teremos que entrar com um pouco de repouso, mas nada
que tenha que se preocupar por hora. Vou aumentar sua ingestão
de vitaminas e ácido fólico, faremos um cardápio equilibrado para
que não falte nada nem para você, nem para eles.

Suspirei aliviada e deixei que a felicidade tomasse conta de mim


enquanto o médico ia medindo e ouvindo o coração de cada um
deles. Meu riso virou choro de alegria e Bruno me dava vários
beijinho a cada número que o médico nos passava…

— Eles estão se desenvolvendo bem, em tamanho normal para


a idade gestacional — ele imprimiu algumas imagens para nós e
terminou o exame. — Pode se secar, Anne, espero vocês no
consultório assim que estiver pronta.
Ele saiu e me sentei na maca. Olhei para Bruno, que estava
com um sorriso de orelha a orelha.

— Como você conseguiu guardar esse segredo por tanto


tempo? — perguntei, dividida entre ficar brava com ele e a felicidade
arrebatadora que me tomava.

— Se lembra que saí da sala de exame logo depois da


ecografia? Fui perguntar exatamente isso para o médico, o que
significava o que eu havia visto. Ele explicou que não tinha certeza e
que, se déssemos a notícia a você naquele momento, sua pressão
poderia subir e fazer algum mal aos bebês, até porque não
tínhamos a certeza de quantos eram.

— Eu te amo tanto. Vem cá, meu leãozão fodão. Três em uma


tacada só, hein?

Ele se empertigou todo, orgulhoso, jogando os cabelos para


trás.

Um leão se exibindo.

Eu não podia ter colocado um apelido melhor nele. Leão o


definia.
Capítulo 30
Fomos para casa com a recomendação de me alimentar bem,
mais vitaminas…

— Eu estava pensando, teremos que reformar esse


apartamento. Acho que transformar os dois quartos extras em um
só, ou então vendemos esse e compramos um maior, com mais
espaço para eles crescerem e brincarem — Bruno falou, quando
entramos em casa e nos largamos no sofá.

— Se você tiver algum apego a esse apartamento, a reforma é


uma boa ideia. Vai dar um trabalhão danado. Agora, se não,
procuramos outro — me estiquei e beijei de leve sua boca.

— Acho melhor procurarmos outro, então. Assim que voltarmos


da casa da sua mãe, vamos procurar um que se encaixe na nossa
nova vida — ele se abaixou e encheu minha barriga de beijos.
Ficamos fazendo planos, pensando no que gostaríamos de ter
no apartamento novo.

— Acho que deveríamos ter um quarto, com isolamento


acústico, e fazer uma réplica do nosso quarto no bar, para eu poder
te fazer gritar de prazer sem incomodar as crianças.

Cheguei mais perto dele, esse papo de me fazer gritar de prazer


me deixou com vontade.

— É, com três de uma vez só… essa é uma boa ideia. Mas
quando eles crescerem um pouco irão querer saber o que tem por
trás da porta, criança é curiosa pra caramba. Acho então que
deveríamos ficar com esse apartamento aqui, assim teríamos como
escapar de tudo.

— Mulher, você é genial! E falando em te fazer gritar, estou


louco de vontade de ver se sou capaz...

Ele avançou em minha direção, mas escapei dele, rindo. Ele


veio à caça e correu atrás de mim pelo apartamento. Óbvio que eu
queria que ele me pegasse e pegasse com gosto, então fugi para o
quarto e deixei que ele me alcançasse quando entrei. Ele me
agarrou e atacou minha boca, com fome. Gemidos escapavam de
nossas bocas, à medida que nossas roupas caiam espalhadas pelo
chão. Sua mão deslizou pelo meu corpo, apalpando, apertando
meus seios, rolando os bicos duros entre os dedos, me
enlouquecendo. Depois foi descendo e segurou meu sexo, um dedo
se aventurou por minhas dobras e ele gemeu quando encontrou
minha umidade. Eu estava louca por ele e meu corpo demonstrava
isso, se preparando para abrigar todo seu tamanho dentro dele.
— Eu fico louco de tesão quando meus dedos escorregam
nessa bocetinha deliciosa.

— Impossível não ficar molhada perto de você. É só te olhar e


já fico doida — nesse momento ele enfiou alguns dedos em mim e
meu corpo estremeceu.

— Quer meu pau todo em você... — ele sussurrou em meu


ouvido, lambendo e descendo a boca pelo meu pescoço.

Seus dedos não davam trégua em meu sexo e minhas pernas já


estavam trêmulas, pelo orgasmo que se aproximava.

— Uhum... — consegui murmurar.

Sua boca em minha pele, seu corpo junto ao meu, seu cheiro,
seus dedos me penetrando e contorcendo-se dentro de mim,
tomavam toda minha sanidade, me fazendo esquecer de tudo ao
meu redor.

— Quer minha boca em você? — ele lambeu minha pele,


descendo e abocanhando meu mamilo, sugando com força,
arrancando um gemido rouco de mim. Desceu ainda mais… — Quer
minha língua atormentando essa bocetinha doce?

Afastei minhas pernas e senti a maciez e a quentura de sua


língua em minha pele molhada. Ele soprou meu clitóris, provocando
um arrepio em meu corpo todo e chupou, enquanto seus dedos
faziam sua mágica dentro de mim. O orgasmo chegou forte,
sacudindo meu corpo. Minhas pernas cederam e ele me segurou,
me levantando em seus braços e me deitando em nossa cama.
— Tenho que dar o que você quer, Pimentinha, você não pode
passar vontade. Me diga o que você deseja? — sussurrou com a
voz rouca de tesão.

— Quero que me prenda e me foda. Com força — minha voz


estava rouca por causa da avalanche de sensações provocadas por
ele…

— Você me mata, Pimentinha. Espere, comprei uma coisa pra


você — correu até o outro quarto e voltou com um par de algemas,
um vibrador roxo e uma venda nas mãos. — Seu desejo é uma
ordem.

Um sorriso cresceu em meu rosto, juntei os pulsos, oferecendo-


os a ele que puxou o ar entre os dentes, antes de prendê-los. Me
vendou e recomeçou com a tortura, elevando meus braços.

— Segure-se, minha Anne. Não abaixe os braços.

Senti o cheiro de sua pele, seu calor tão próximo e estremeci. A


primeira coisa que senti foi sua barba, arranhando de leve minha
pele, acompanhada do calor da sua respiração. Quando sua língua
entrou em ação, deixando um rastro úmido pelo meu corpo, me
arrepiei toda. Minha respiração estava pesada, como se eu tivesse
corrido uma maratona, gemidos escapavam de mim, impossíveis de
conter quando ele encostou o vibrador na minha pele molhada e me
penetrou. Sua boca cobriu a minha, consumindo, exigindo tudo de
mim. Eu me contorcia, o prazer que ele me proporcionava era
tamanho que eu não conseguia controlar meu corpo.

— Quero você… por favor… — sussurrei em sua boca.


Ele estremeceu e jogou longe o vibrador, vindo para cima de
mim. A cabeça larga do seu pau se acomodou entre minhas pernas
e suas mãos seguraram as minhas, seu corpo pressionando e
aprisionando o meu.

— Eu te amo, Pimentinha.—E me penetrou, todo de uma vez,


me fazendo gritar de prazer. Seus movimentos fortes e bruscos me
levaram à loucura. — Gostosa, tão apertadinha! — ele gemia em
meu ouvido. — Toda minha, minha!

Gritei seu nome quando o prazer tomou conta de mim e me


agarrei a ele, com minhas pernas, fazendo com que ele entrasse
ainda mais fundo.

Escutei seus dentes rangendo e a venda foi arrancada de mim.

— Essa boceta gostosa ordenhando meu pau assim… — me


agarrou, seus dedos apertando meu ombro, me mantendo presa a
ele. — Me olhe, Pimentinha. Olhe o que só você faz comigo.

Ele levantou minha bunda com uma das mãos, ajeitando o


ângulo da penetração e aumentou o ritmo, metendo forte, cravando
os dedos em minha bunda.

Seus olhos estavam escuros, pupilas dilatadas, seus lábios


entreabertos, ofegante. Seu corpo todo se contraiu e seus olhos
perderam o foco quando ele gemeu alto e gozou forte dentro de
mim.

— Você é meu mundo, Pimentinha. Não sei viver sem você —


seu olhar me dizia a mesma coisa.
— E você não vai, amor. Sou sua.—Ele retirou as algemas,
acariciando meus braços e o abracei. — E você é todo meu. Meu
leãozinho gostoso — ele abriu aquele sorriso satisfeito. — Amo
você.
Capítulo 31
Olhando Bruno carregar nossa mala para o final de semana, eu
imaginava a reação da minha mãe quando o visse. Comecei a rir
sozinha.

Bruno, à primeira vista, era intimidador. Com sua barba por


fazer, sua cabeleira rebelde e seus dois metros de altura, tudo isso
aliado aos seus músculos muito bem esculpidos, ele chamava a
atenção de quem quer que fosse. Primeiro assustava, mas, olhando
bem, não tinha quem não babasse por ele, fosse homem ou mulher,
os olhares se prendiam a ele.

— O que foi, Pimentinha? — ele me olhou com aquela cara de


safado. — Você tá com aquela cara de tesão.

— Nada não, Bruno. Vamos?

— Vamos, minha Anne — ele largou a mala perto da porta e


veio me beijar.
Me abraçou pela cintura e me puxou para fora de casa.
Pegamos o elevador, a mão dele acariciando minhas costas.
Chegamos na garagem, ele abriu a porta para que eu entrasse,
colocou nossa mala no porta-malas e entrou. Ele ocupava muito
bem o espaço destinado ao motorista com seu corpo delicioso. Eu
não me cansava de admirá-lo.

Me olhou e abriu um sorrisão, engatou a ré e saiu da garagem,


logo estávamos na estrada, ele cantava e tamborilava os dedos na
direção, fazendo às vezes de bateria, imitando a música. Eu não
podia me esquecer que ele tinha uma banda com os outros caras e
também da sua voz potente. Eu estava me segurando no banco
para não atacá-lo enquanto dirigia, pois de pouco em pouco ele
pousava a mão em minha perna, acariciando, fazendo círculos com
os dedos em minha coxa, me atentando.

— Sei que você tá louca de tesão, Pimentinha… estou vendo


em seu rosto — a voz dele estava rouca e me arrepiou.

— Estou. Você fica tão sexy dirigindo assim, cantando e


brincando com o volante… — me remexi no assento, tentando
acalmar o fogo que me consumia. — O pior é que meus pais estão
nos esperando…

— Não tem nada que me impeça de te fazer gozar aqui e agora.

Seus olhos estavam azuis, como labaredas… Engoli em seco.


Entreabri os lábios, minha boca ficando seca de repente.

Ele colocou a mão entre minhas pernas e puxou uma para seu
colo. Fiquei meio torta no banco, quase recostada na porta. Seus
dedos se aventuraram por baixo da saia do meu vestido e puxaram
minha calcinha de lado… continuaram sua exploração…
lentamente, eles me exploraram, brincaram com meu clitóris e
aprofundaram-se em meu corpo. Gemi baixinho, segurando meus
seios, que estavam sensíveis, meus mamilos estavam durinhos,
queria a boca dele ali…

Bruno dividia sua atenção na estrada e em minhas reações. Ele


segurou o volante com a perna e tirou minha sapatilha, apertando
meu pé contra seu pau duro, e senti a pulsação dele contra minha
sola. Fiquei acariciando seu comprimento enquanto ele me
masturbava lentamente.

Sua respiração ofegante me deixava ainda mais acesa… Foi


quando ele parou o carro no acostamento e caiu de boca em mim.
Me agarrei em seus cabelos e quando eu estava quase gozando,
ele me puxou para seu colo, fechou os vidros e abriu o zíper.

Em segundos, ele estava dentro de mim. Fundo e forte. Meu


corpo ondulava contra o dele e nossas bocas se encontraram.
Minha sanidade se esvaiu quando ele gemeu meu nome, gozando
forte dentro de mim, me apertando contra ele, em uma penetração
superprofunda, me fazendo gozar como louca.

Nem me passou pela cabeça que alguém pudesse nos ver. Eu


queria seu pau em mim desde que tinha acordado. Foi a coisa mais
exibicionista da minha vida.

— Só você para me fazer perder a cabeça no meio da estrada,


minha Anne — ele riu. — Vamos ter que dar uma passadinha no seu
apartamento para tomar um banho, estamos com cheiro de sexo. O
que seu pai diria se eu o fosse cumprimentar e sentisse seu cheiro
em minha mão?

— Tem razão. Mas está tão bom aqui — rebolei em seu colo e
ele pulsou dentro de mim.

— Não brinque, Pimentinha. Ou passamos o final de semana no


seu apartamento — ri e desmontei de seu colo. — Trouxe algumas
coisas aqui — ele se abaixou e retirou do porta-luvas um pacote de
lenços umedecidos, ainda fechado. — Eu tinha a intenção de te
comer no carro há dias — ri de seu planejamento e meu riso virou
um gemido quando senti sua porra saindo de mim. Seus olhos se
grudaram em meu sexo e foi a vez de ele engolir em seco. — Anne,
estou mudando de ideia. Vamos ficar no seu apartamento. Essa
visão me deixou de pau duro de novo.

— Nada disso. Vamos passar por lá, tomar uma ducha e ir ver
minha mãe, antes que ela coloque a polícia atrás da gente.

— Eu não posso encontrar seus pais assim — ele apontou para


o pau que estava duro para fora da calça ainda.

— Prometo que vamos dormir em meu apartamento e então


serei toda, toda sua — eu nunca me cansaria dele. Era olhar para
seus olhos e o fogo me consumia.

Ele me limpou e, suspirando, acomodou seu pau com


dificuldade de volta dentro da calça, fechando o zíper. Uma hora
depois, de banho tomado e com a maior cara lavada, chegamos na
casa da minha mãe, que nos aguardava na porta de casa.
Saí do carro, mal esperando parar completamente, e me joguei
nos braços da minha mãe. Girei com ela, para que não visse Bruno
saindo do carro. Queria ver a reação dela.

— Que saudades, minha filha! — ela me abraçou forte. — Cadê


seu namorado? Quero ver quem foi capaz de agarrar seu coração
dessa maneira.

Sorrindo para ela, eu vi Bruno se aproximando e a virei de


frente para ele, que veio andando com aquele jeito felino, jogando
os cabelos para trás. Minha mãe resfolegou e soltou um palavrão.

— Prazer em conhecer a senhora — Bruno disse para ela.

— Jesus, Maria e José! — minha mãe levou a mão à boca e me


olhou. — Tá explicado o porquê de você não querer sair da casa
dele para vir me ver. Meu Deus! — minha mãe pareceu cair em si
quando Bruno gargalhou. — Desculpa, meu filho, mas, caramba!
Você é lindo!

— Eu disse que ela ficaria muito feliz em nos ver — ri junto com
ele.

Soltando minha mãe, fui até o lado dele, que me abraçou e


beijou meus cabelos.

— Agora já percebi de onde veio a beleza da minha Anne.

Minha mãe ficou vermelha como um pimentão, o que fez com


que eu risse ainda mais.
— Ah, para. Seja bem-vindo, Bruno — minha mãe respirou
fundo e se mexeu. — Vamos entrando, venham.

Virei para ele com um sorriso enorme no rosto.

— Ela gostou de você.

— Eu causo esse efeito nas mulheres… — ele se empertigou


todo, orgulhoso.

— Aham. Espere até conhecer meu pai e ele descobrir que


você se aproveitou da filhinha dele e a engravidou.

A expressão dele foi impagável! O sorriso sumiu e ele ficou


sério.

— Vamos lá então, vamos enfrentar a fera.

Me tomou pela mão e me puxou, indo atrás da minha mãe. Eu ri


muito e entrei na casa em que cresci. Foi assim que meu pai me viu.
Feliz, rindo e brincando com Bruno, que sorria novamente para mim,
com os olhos cheios de amor. Foi tudo o que ele precisou para
aceitar meu Leãozinho. Saber que ele me fazia feliz. Muito feliz.

Meu pai recebeu Bruno como a um filho e, durante o almoço, eu


percebia o olhar dele em Bruno, estudando-o. Em um acordo mudo,
não tocamos no assunto bebês, por hora. O baque de conhecerem
Bruno já havia sido grande o suficiente.

Acostumado, Bruno me dava garfadas de seu próprio prato e


ficava muito satisfeito quando eu abria a boca de bom grado ao vê-
lo fazer isso. Meu pai elevou uma sobrancelha para mim, mas eu
apenas sorri. Bruno nem percebeu, pois quando ele se focava em
me alimentar, não tinha o que mexesse com ele. Continuei comendo
de meu próprio prato, mas ele complementava, me dando mais.
Apenas quando eu neguei com a cabeça, ele parou e começou a
comer.

— Me diga, Bruno, o que você faz? Trabalha com o quê? —


meu pai perguntou, puxando conversa com ele.

Bruno então começou seu discurso acalorado sobre o hospital,


as crianças da oncologia, sobre a recreação e seu amor pela
profissão.

— Você parece gostar muito de crianças.

— Sim, Senhor — Bruno respondeu pegando minha mão e


beijando.

— Sei que é muito cedo para isso, mas vocês pretendem


casar? Sou muito observador e vi uma aliança na mão de vocês —
meu pai meio que fechou a cara.

— Com certeza, senhor. Eu planejava pedir a mão dela mais


tarde — Bruno deu um de seus sorrisos para meu pai e desarmou o
pobre coitado.

— Está bem então, não vou estragar os planos de vocês. Mas


estou intrigado. Como você consegue, com seu salário de
enfermeiro, ter um carro daqueles lá fora?

— Pai! — o repreendi, um pouco alto demais.


— Pimentinha, se acalme — ele me olhou, lembrando-me dos
bebês. — É simples. Eu, além de trabalhar no hospital, sou sócio de
uma academia de ginástica de última geração e também de um
estabelecimento na praia. Ambos super rentáveis. O trabalho como
enfermeiro é mais como uma ajuda a quem precisa. Faço tudo pelos
pacientes por que gosto, me sinto útil ajudando, levando um pouco
de alegria a quem está debilitado por uma doença e aos seus
familiares. Não faço pelo dinheiro.

Novamente, a paixão com que ele falava do seu emprego como


enfermeiro, deixou meu pai sem reação.

Olhei para meu pai, como que perguntando satisfeito?

Meu pai continuou a comer, minha mãe, muda, ainda sob efeito
da magia do Bruno. Ela olhava para ele, para mim e sorria… quando
eu percebia, ela estava novamente olhando para ele.

— Bom. Muito bom. A humanidade está perdida, um querendo


acabar com o outro, essa competição absurda, um querendo passar
por cima do outro, custe o que custar. É muito bom saber que
existem pessoas como você, que doam seu tempo e disposição
para ajudar a quem precisa. É louvável.

— Minha filha tirou a sorte grande. Lindo, alto, cuida dela como
uma princesa e ainda pensa nos outros, em ajudar quem precisa.

— Mãe! — a repreendi novamente.

— Querida! — meu pai a repreendeu ao mesmo tempo.


— Ah, qual é! Não falei nenhuma mentira. Olhe para o rapaz,
Mauro! Alguém que cuida tão bem de si mesmo, é mais do que
capaz de cuidar de nossa filha.

— Bruno, pelo amor de Deus, releve — olhei para ele,


preocupada com o que pudesse estar pensando dos meus pais,
mas em seus olhos vi apenas diversão.

— Claro, a senhora está coberta de razão. Cuido da Anne como


a uma princesa, pois ela é a coisa mais preciosa para mim.
Satisfazer os desejos dela é minha prioridade número um.

Meus pais se olharam e eu senti minhas bochechas queimarem.


Bruno me deu um beijo na testa e continuou a comer. O resto do
almoço correu muito bem, meus pais não fizeram mais perguntas
constrangedoras e mudaram para um assunto mais ameno,
corriqueiro.

Estava com minha mãe, lavando os pratos e Bruno estava na


sala com meu pai. Quando eu estava enxugando o último prato, eles
entraram na cozinha.

— Filha, vou roubar seu namorado um pouco. Vou levá-lo até o


lago, quem sabe pegar alguns peixes para o jantar...

Bruno veio até mim, me abraçou pela cintura e me deu um


beijinho na boca.

— Não se preocupe, Pimentinha. Voltaremos logo.

Retribui o beijinho casto e eles se foram. Quando estavam


cruzando a porta da cozinha, escutei meu pai perguntar.
— Por que você chama ela de Pimentinha?

Fechei os olhos e balancei a cabeça. Esse meu pai e sua


curiosidade!

— O senhor já viu o gênio dessa mulher? — Bruno respondeu e


meu pai riu. Bem, eles estavam se entendendo…

Escutamos o carro se afastando.

— Filha. Agora entendi o que você quis dizer com não tem nada
de pequeno nele — rimos e então ela me olhou, séria. — Anne, seja
sincera. O que você não está me contando? Por que ele te olha
daquela maneira? Tem coisa aí. Eu o vi acariciando sua barriga e,
com certeza, não é por ele gostar de sua fofurice.

— Nada escapa de você, né, mãe? — fui até ela e a abracei. —


A senhora está certa. Tem coisa sim. Lembra quando me dizia que
eu só entenderia certas coisas quando eu fosse mãe? Bem, eu acho
que vou começar a entender agora.

Ela me olhou com os olhos rasos d'água.

— Vou ser vovó? — uma lágrima solitária escorreu pelo seu


rosto.

— Uhum — eu disse, confirmando com a cabeça. —Mas tem


um problema.

— Ah, minha filha, não se preocupe com seu pai, ele vai aceitar.

— Não, mãe, o problema não é o papai. É que eu e o Bruno


somos dois. Vai faltar braços para nossos bebês. Estou grávida de
trigêmeos.

Minha mãe me olhou estarrecida. Depois levantou três dedos.

— Trê... três bebês? — ela balbuciou.

— Sim. Três e iguaizinhos.

Ela começou a chorar copiosamente e eu a abracei. Deixei que


chorasse o quanto quisesse. Eu mesma havia chorado quando
descobri meus filhotinhos.

— Anne, temos que comemorar! — ela disse, exultante, ainda


fungando. — Vamos comprar um champanhe! Pegamos o carro do
seu pai e voltamos antes de eles voltarem dessa pescaria. Sabe
como demora quando seu pai resolve ir ao lago.

— Será que papai deixou a chave? — fui até a sala, onde ele
deixava a chave pendurada. — Está aqui. Vamos?

Estendi a mão para ela, que pegou a bolsa e veio ao meu


encontro. Peguei a minha e o celular, colocando-o entre os seios
para não perdê-lo dentro da bolsa. Sabia que logo Bruno ligaria.

Pegamos o carro e partimos, rumo ao mercado. Lá chegando,


deixei minha mãe na porta e fui estacionar o carro.

BRUNO
Estava no lago, com o pai da Anne, naquela tranquilidade total,
sentados na beirada da água, segurando nossas varas, quando meu
celular tocou.

— Alô — do outro lado eu só ouvia a respiração de alguém.


Verifiquei o número, mas era desconhecido para mim. — Alô? Quem
fala?

— E aí, cara, quanto tempo!

Aquela voz! Eu não havia me esquecido da voz do tampinha


safado.

— Diego. O que você quer comigo? Não estava na cadeia? — o


pai de Anne me olhou e começou a prestar atenção na minha
conversa.

— Isso não vem ao caso. Eu vou pegar sua boneca. Vou fazer o
que devia ter feito desde o início.

— Você está mentindo. Como conseguiu meu número?

— Seu idiota! Eu não estou mentindo. Não acredita em mim?


Estou te mandando um vídeo. Vou pegar essa gorda idiota de jeito.
Vocês vão me pagar por terem me colocado na cadeia!

— Ninguém, além de você mesmo, é responsável por isso, seu


merda.

A ligação ficou muda e apareceu uma notificação do meu


aplicativo, que eu havia recebido um vídeo.
Cliquei no atalho e senti o sangue se esvaindo do meu rosto. No
vídeo, Anne estava dirigindo e deixando a mãe em frente ao
mercado, e estava procurando por uma vaga, cada vez mais
próxima da câmera.

Tentei ligar para Anne, mas só chamava e caia na caixa postal.


O pai de Anne ligou para a mãe dela e pediu que ela fosse para o
carro, ele ficou ao telefone com ela, não prestando mais atenção em
mim.

Alguns minutos se passaram e meu celular tocou novamente.

— Viu? Eu não estava brincando. Diga adeus a ela.

O barulho de uma explosão fez com que quase deixássemos


nossos celulares caírem.

—Adeus, babaca! — escutei Diego dizer e então o telefone


ficou mudo.

Continua em AMOR INFINITO


AMOR
INFINITO

KACAU TIAMO
Copyright © 2018
Agradecimentos
Preciso começar agradecendo as minhas Pimentinhas pelo
presente magnífico que me deram enquanto estava escrevendo o
primeiro livro do nosso Leãozinho, Indomável. Nunca me esquecerei
do que fizeram por mim. Esse gesto de amor e união ficará para
sempre em meu coração e em minha memória.

Obrigada também por não desistirem de mim. Essa continuação


demorou um pouco mais que o normal, como disse em
Inesquecível: algumas coisas acontecem em nossas vidas de tal
maneira que fogem do nosso controle e só podemos aprender a
conviver com o novo... Esse aprendizado foi complicado, mas não
há mal que perdure e aqui está um pouco mais da história de Bruno
e Anne, espero de coração que gostem assim como eu amei
escrever cada letra dessa linda história de amor.
As minhas leitoras, por cada puxão de orelha, ameaça de morte
(que não foram poucas nesses dois anos de espera, rs), cobrança
pelo livro, comentário e mensagem inbox de incentivo. Vocês me
deram forças para continuar, quando eu pensei em desistir. A cada
uma de vocês, o meu muito obrigada. <3

As leitoras do wattpad por estarem sempre junto; as madrinhas


Pimentinhas, a família DR, minhas pimentinhas inesquecíveis do
zap, as meninas dos grupos do facebook e WhatsApp e as
blogueiras e Ig's literários parceiros, por cada divulgação e
mensagem de carinho e apoio.

Meu agradecimento mais que especial para minhas miguxas do


coração, sempre comigo em todas as horas... Andreia Calegari,
Karoline Gomes, Alexsandra Peres, Kelly Faria, Erica Pereira,
Gisele Melo, Graziela Lopes, Lilia Britto, Luana Silva, Mônica
Menezes, Diana Camêlo, Ionara Carvalho, obrigada por me
aturarem dia e noite, vocês moram no meu coração. Minhas
companheiras de profissão, Bya Campista, Sue Hecker, Middian
Meireles e Evy Maciel, sempre comigo, mandando mensagens a
qualquer hora do dia ou da noite. Vocês são demais!

Agradeço também, pelo cuidado todo especial com nossos


meninos, da minha revisora Andrezza Santana e pela mensagem
linda — que acalmou meu coração às vésperas do lançamento —
no retorno da revisão do arquivo. Você é minha anjinha-pimentinha.

A capista talentosíssima Joice Dias pela paciência que teve


comigo, que sabemos ter sido gigantesca!
Meu muito obrigada também, a todos vocês que prestigiarão
meu trabalho, lendo e apaixonando-se novamente por Bruno, o mais
solitário dos quatro lobos… A todas, aquele abraço especial por
participarem de mais esse momento em minha vida.

Bem, depois de tantos agradecimentos, vamos começar nossa


história!

Como sempre, apreciem sem moderação! :D


Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Epílogo
A autora
Contato
Prólogo
BRUNO

Entrei no elevador, pensativo. Estávamos indo contar aos pais


de Anne sobre os bebês…

O pai dela vai querer me matar!

Tirando esse fato, eu estava exultante pelos bebês! Três


iguaizinhos!

Chegamos à garagem, abri a porta do carro para Anne e


coloquei as malas no bagageiro. Entrei no veículo e sorri.

Caralho, eu estava muito feliz! Enquanto dirigia eu tamborilava


os dedos no volante e observava minha Pimentinha se remexer no
banco ao meu lado e conhecendo-a como eu conhecia, ela estava
com fogo naquela bunda deliciosa.

— Sei que você tá louca de tesão, Pimentinha… estou vendo


em seu rosto. — Minha voz saiu rouca, o tesão me pegando
também.
— Estou. Você fica tão sexy dirigindo assim, cantando e
brincando com o volante… O pior é que meus pais estão nos
esperando…

— Não tem nada que me impeça de te fazer gozar aqui e agora


— coloquei a mão entre suas coxas e puxei uma perna para meu
colo. Ela virou-se, recostando-se na porta.

Deixei meus dedos se aventurarem por debaixo da saia de seu


vestido, puxando a calcinha de lado e se enterrarem em seu calor.
Fiquei acariciando seu clitóris até vê-la ofegante.

Dividindo minha atenção entre ela e a estrada, estava difícil de


me concentrar. Segurei o volante com a perna e retirei sua
sapatilha, apertando seu pé contra meu pau. Ela precisava saber
que estava me deixando louco. Não me contive e parei o carro no
acostamento, caindo de boca naquela boceta suculenta.

Puxei-a para meu colo, fechando os vidros do carro. Libertei


meu pau do confinamento do jeans e escorreguei para dentro dela.
Quente e macia como nada mais no mundo! Em minutos eu estava
perdido no prazer que ela sentia e me deixei gozar junto com ela.

— Só você para me fazer perder a cabeça no meio da estrada,


minha Anne. — Ela riu. — Vamos ter que dar uma passadinha no
seu apartamento para tomar um banho, estamos com cheiro de
sexo. O que seu pai diria se eu o fosse cumprimentar e sentisse seu
cheiro em minha mão?

Anne riu e fez uma gracinha. Abri o porta-luvas e peguei um


pacote de lenços umedecidos. Eu tinha a intenção de transar com
ela no carro já tinha algum tempo, então tinha deixado tudo à mão.
Nos limpamos e fomos direto para o apartamento dela. Depois de
um banho delicioso juntos, fomos enfrentar a fera.

A casa de sua mãe era perto e logo chegamos. A pobre


senhora quase enfartou ao me ver. Era muito divertida e seu marido
também não era o bicho de sete cabeças que pensei ser.

Durante o almoço, Mauro começou a conversar e muito atento a


tudo, percebeu que já usávamos alianças. Disse a ele que planejava
pedir a mão de Anne mais tarde, o que era a mais pura verdade,
afinal tínhamos ido até ali com alguns propósitos, e, esse era um
deles.

Após o almoço, ele me chamou para pescar em um lago


próximo. Nada melhor do que um lugar silencioso e apenas nós
dois, para aproximar um cara de seu futuro sogro! Me despedi de
minha Pimentinha, deixando-a com sua mãe, que pelos olhares que
nos dava, já tinha sacado tudo sobre a gravidez.

Mauro pegou os apetrechos de pesca na garagem, colocamos


no bagageiro do meu carro e ele foi de co-piloto, passando as
coordenadas. Paramos em um posto e compramos algumas
cervejas e logo chegamos ao lago.

Descemos e ele me levou para conhecer o lugar. A paz reinava


naquele pedaço do céu e me surpreendi por ser tão próximo da
cidade e mesmo assim tão limpo e silencioso. Pegamos as varas no
bagageiro e nos sentamos à beira da água, colocamos a isca e
arremessamos para dentro do lago. Estávamos assim há uns dez
minutos quando meu celular tocou.
Atendi e do outro lado eu só ouvia a respiração de alguém.
Verifiquei o número, mas era desconhecido para mim. Continuei a
perguntar quem era e então o tampinha safado respondeu com a
maior cara de pau.

— E aí, cara, quanto tempo!

— Diego. O que você quer comigo? Não estava na cadeia? —


O pai de Anne me olhou e começou a prestar atenção na minha
conversa.

— Isso não vem ao caso. Eu vou pegar sua boneca. Vou fazer o
que devia ter feito desde o início.

— Você está mentindo. Como conseguiu meu número?

— Seu idiota! Eu não estou mentindo. Não acredita em mim?


Estou te mandando um vídeo. Vou pegar essa gorda idiota de jeito.
Vocês vão me pagar por terem me colocado na cadeia!

— Ninguém, além de você mesmo, é responsável por isso, seu


merda.

A ligação ficou muda e apareceu uma notificação do meu


aplicativo, que eu havia recebido um vídeo. Me levantei e comecei a
andar de um lado para o outro, Mauro levantou-se também,
recolhendo nossas varas, deixando-as próximas ao carro. A
pescaria estava terminada.

Cliquei no atalho e senti o sangue se esvaindo do meu rosto. No


vídeo, Anne estava dirigindo e deixando a mãe em frente ao
mercado, procurava por uma vaga, cada vez mais próxima da
câmera.

Tentei ligar para Anne, mas só chamava e depois caía na caixa


postal. Mauro ligou para a sua esposa, pediu que fosse até o carro e
ficou ao telefone com ela, não prestando mais atenção em mim.

Alguns minutos se passaram e meu celular tocou novamente.

– Viu? Eu não estava brincando. Diga adeus a ela.


Capítulo 1
BRUNO

O barulho da explosão e a consciência do que aquilo significava


fez meu estômago se contorcer e me abaixei, deixando todo o
conteúdo aos meus pés.

Olhei para meu futuro sogro e o coitado estava desolado,


olhando para baixo, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e
pingando no chão de terra.

Fui até a beirada do lago e lavei minha boca, o gosto amargo da


bílis agarrado em minha língua. Cheguei perto de Mauro e passei o
braço por seus ombros. Ele se encostou em meu peito e um soluço
fez seu corpo sacudir.

— Vamos até lá. Talvez possamos fazer alguma coisa. A


ambulância não vai demorar para chegar. — Todo meu treinamento
como enfermeiro estava valendo a pena e consegui conter minha ira
e meu desespero, em vista do sofrimento do homem.

Joguei as varas de pescar no bagageiro e amparei o pobre


coitado, que estava parado no mesmo lugar, até o carro. O ódio que
me tomava estava pau a pau com o desamparo, um vazio que me
deixava sem palavras, sem vontade de viver, querendo estar junto
com ela naquele carro, minutos atrás. Entrei e dei a partida,
cascalhos voaram para todos os cantos quando acelerei e saí em
alta velocidade.

Como ela estaria? Minha pimentinha e meus filhotes … Uma


explosão daquelas… eu nem queria pensar…

Lágrimas turvaram minha visão quando entrei na estrada de


volta à cidade. Consegui entender as coordenadas de Mauro e logo
vimos a fumaça ao longe. Pisei fundo e logo chegamos.

Aquilo estava virado no caos total. Ambulância, polícia e


bombeiros, além da multidão que se aglomerava em volta,
impediam que chegássemos perto do carro. Aproveitei do meu
tamanho e me embrenhei no meio do povo, abrindo caminho para
nós.

Tentei chegar até o carro e um policial me segurou.

— Não pode chegar mais perto, senhor.

— Mas é minha mulher que está ali! Eu preciso vê-la.

— É minha filha! — Mauro gritou para o policial.

— O estado dela é crítico, ninguém pode chegar mais perto.


— Não posso o caralho! Quero ver quem vai me segurar, minha
mulher está agonizando naquele carro e vocês querem me impedir
de vê-la?

O policial, ao ver meu estado, deixou que passássemos.

— Seria melhor se vocês não vissem isso. Mas, realmente, eu


não posso impedir a família. — O policial disse, com a voz triste.

Meu Deus, me dê forças.

Cheguei próximo ao carro e alguns bombeiros estavam


apagando o fogo enquanto outros tentavam abrir a porta para retirá-
la de dentro. Mauro foi amparar a esposa que chorava. Realmente,
não tínhamos o que fazer a não ser esperar que os bombeiros
fizessem seu trabalho.

Fiquei atento ao trabalho deles e, assim que conseguiram


arrancar a porta, eu me adiantei, mas o cheiro de carne queimada
era tão grande que quase desmaiei. Cambaleei e caí sentado no
chão, minhas esperanças de tê-la viva e bem em meus braços se
esvaindo ao observar seu corpo inerte sendo retirado do carro, um
cobertor molhado foi colocado sobre seu corpo e a levaram para a
ambulância.

— Senhor, quer acompanhar na ambulância? — O paramédico


me perguntou e levantei do chão, me forçando para colocar um pé
após o outro até as portas traseiras que aguardavam abertas.

Estendi a chave do carro para o policial e pedi que entregasse


para Mauro, que estava abraçado com a esposa, olhando para mim.
Com um sinal positivo, ele disse para que fôssemos.
Me sentei ao lado da maca e o paramédico entrou atrás de mim.

Olhei para Anne, seu corpo estava coberto de fuligem, as


roupas tornaram-se farrapos queimados. Seus cabelos, seu rosto
tão lindo, completamente queimados, a pele cheia de bolhas que
deviam estar doendo demais... Com todo o meu conhecimento, eu
sabia que só um milagre faria minha Pimentinha voltar para mim…

O caminho até o hospital foi torturante. Saí da ambulância e


deixei que a levassem. Fui com eles, correndo atrás e me barraram
na entrada para a sala onde a atenderiam.

— O senhor tem que aguardar aqui. Logo o médico virá com


notícias.

Essa era a pior parte.

A espera.

Passei a mão pelo rosto, secando as lágrimas e prendendo


meus cabelos em um coque.

Estava disperso em pensamentos quando uma mão pousou em


meu ombro. Era a mãe da Anne, com minhas chaves na mão.

— Meu filho, ela me contou dos bebês. Eu imagino o que você


está passando — e, sentando-se ao meu lado, me abraçou.
Encostei em seu ombro e deixei todo o desespero que sentia sair
junto com as lágrimas.

Perdi a noção do tempo e de quanto eu andei de um lado para o


outro naquela sala de espera diminuta. De repente, a porta pela qual
ela tinha entrado se abriu e o médico saiu.
— Familiares de Anne Brunetti.

Corri até ele, que trazia alguma coisa nas mãos.

— Sou o namorado. — Ele me olhou com pesar.

— Somente os familiares, senhor.

— Somos os pais. — A mãe dela chegou ao meu lado,


acariciando meu braço.

— Bem, ela está em estado gravíssimo. Está sendo levada para


a UTI, sofreu queimadura nas vias aéreas e inalou muita fumaça,
além de estar basicamente com quarenta por cento do corpo
queimado. Suas chances são mínimas. Aqui está o que sobrou dos
pertences que estavam com ela. Daqui a pouco, um de vocês
poderá vê-la.

A mãe dela pegou o embrulho e abraçou, chorando e


enterrando o rosto no peito do marido.

— Devemos contar para a polícia sobre o telefonema do Diego.


Eles precisam ir atrás dele — Mauro disse e ele estava certo. —
Esse marginal deveria estar na cadeia! Como foi capaz de uma
coisa dessas? Tem merda na cabeça, o lazarento!

— Calma Mauro, estamos no hospital.

— Calma o cacete! Minha filha está morrendo lá dentro por


causa desse lunático e você quer que eu tenha calma? Você ouviu o
médico! Por Deus, não me peça para ter calma!
Mauro se afastou e a pobre mulher me olhou. Abri os braços
para ela, que me abraçou.

— Ele tem razão. Fique aqui, meu filho. Nós vamos até a
delegacia. Como ele te ligou, é capaz de você ter que ir também,
mas deixe isso pra depois. Você precisa acalmar seu coração.
Fique, vá ficar com ela e com seus filhos. O médico não disse nada
sobre os bebês, então não deve ter acontecido nada com eles.

Suas palavras me deram o consolo que eu necessitava no


momento. Deu um aperto no meu braço e se foi para junto do
marido e saíram, porta afora.

Suspirei e me sentei, esperando que me chamassem para que


eu pudesse vê-la.

Mais uma eternidade se passou até que me permitiram subir.

Meu coração ficou apertado ao vê-la deitada naquela cama.

Mas alguma coisa estava errada. Eu sentia uma apreensão


dentro de mim, uma coisa que me dizia que aquela mulher ali,
naquela cama, não era minha Anne.

Bem, deve ser algum tipo de recusa em aceitar uma tragédia


como essa…

Ela estava com a cabeça enfaixada, apenas seus olhos, a


pontinha do nariz e a boca eram visíveis, ainda assim, bastante
machucados. Nem sua mão eu podia pegar, pois estava queimada
também.
— Estou aqui com você, minha Anne. Lute, lute minha
Pimentinha e volte para mim.

Fiquei velando seu sono.

A sensação de que alguma coisa estava errada não saía de


mim.
Capítulo 2
BRUNO

Quanto mais eu olhava para a mulher adormecida naquela


cama, mais aquela sensação se apossava de mim. O tamanho, o
tom dos cabelos que insistiam em sair das bandagens, eram
iguais… o restante não dava para avaliar, já que ela estava com
queimaduras pelo corpo todo. Passado os minutos que eu poderia
ficar com ela, saí e fui até o centro de enfermagem.

— Quero ver a ficha médica da minha mulher — exigi à


enfermeira-chefe.

— Não posso deixar que mexa senhor. Além do mais, não


entenderia o que está escrito. Aguarde até o médico chegar e
converse com ele. É o melhor a fazer.

— Sou enfermeiro e sei ler muito bem uma ficha médica. Quero
saber sobre meus filhos! Alguma coisa está muito errada! Eu sinto
isso. Só quero a confirmação. Quero saber sobre os bebês!
A enfermeira me olhou como se eu fosse um lunático. Pegou o
telefone e ligou para o médico, pedindo sua presença o mais rápido
possível.

— Não posso te passar a ficha dela, nem dizer nada no


momento, mas o médico está a caminho.

Passei a mão pelo rosto, exasperado.

Minutos depois, o médico chegou, apressado, dirigindo-se à


enfermeira.

— O que aconteceu? Por que estava tão aflita ao telefone?

Não esperei que explicasse, minha cabeça entrando no lugar e


ligando fatos e palavras!

— Aquela mulher não é a minha Anne. Eu sinto. Quero saber


sobre os bebês. Minha mulher está grávida de trigêmeos. Quero
saber sobre eles.

O médico alcançou a ficha e leu, levantou a folha, leu embaixo,


virou, releu.

— Sinto muito, mas não tem nenhum bebê. Ela não está
grávida, nem nunca esteve. Foi feita uma ressonância e não tem
traços de gravidez.

— Filho da puta! — Me virei e fechei o punho contra a parede.


Ah, tampinha dos infernos! Quando eu colocar as minhas mãos
naquele safado! — Vocês, continuem a cuidar dessa moça com a
certeza de que ela não é minha Anne. Qualquer sinal de melhora,
me avisem. Esse é meu número.
Puxei uma folha em branco, peguei uma caneta que estava
sobre o balcão e rabisquei o número do meu celular. O safado já
tinha muitas horas de vantagem! Devia estar rindo da minha cara!

Liguei para a mãe da Anne e pedi para que me encontrassem


na casa deles. Desliguei e fiz uma chamada para o Rick.

— E aí, Brunão.

— Cara, eu preciso da sua ajuda. Aquele tampinha filho da puta


está com minha Anne. Tenho o número dele. Preciso daquele seu
amigo da polícia e urgentemente.

— Calma, comece do começo. O que aconteceu e como ele


está com Anne? — expliquei tudo e quando acabei, ele estava
estarrecido. — Pode deixar, Brunão. Vou ligar para o Ethan e vamos
para aí. Me dá o endereço da casa dos pais dela.

— Vai vendo com ele, Rick. Eu não faço a mínima ideia da porra
do endereço. Sei chegar. Me dá dez minutos que estou indo pra lá e
já te mando. Tenho que ir. Cada minuto é um tempo a mais que ele
tem para fugir com ela.

— Mande o número por mensagem assim que puder, dessa


maneira o Ethan vai tentando rastrear.

— Valeu.

Desliguei e abri a porta do carro, entrei e saí cantando pneu.

Eu estava louco de vontade de ligar e encher aquele tampinha


de merda, falar tudo o que eu estava pensando e o que eu queria
fazer com ele.
Dei um soco no volante, frustrado.

Eu não o alertaria, não daria a arma na mão do bandido.


Enquanto ele pensasse que eu não sabia de nada, não se
precaveria, achando que tinha todo o tempo do mundo!

Passei faróis vermelhos e não estava nem aí para a velocidade,


eu queria era chegar logo até a casa dos pais dela para passar o
endereço para o Rick e então esperar que chegassem e começar a
montar um plano de ação.

Mandei o endereço e o telefone do tampinha para Rick. Estava


esperando já há uns quinze minutos quando os pais dela chegaram.

— O que aconteceu, meu filho, por que estava tão nervoso?


Aconteceu alguma coisa com a Anne? — A mãe dela perguntou,
impaciente.

— Preciso ter uma conversa séria com vocês. Tem uma coisa
muito errada e preciso começar a contar do início. Podemos entrar?

Eles me olharam sérios e dona Isabel destrancou a porta,


mantendo-a aberta para nós.

— Sentem-se. Será melhor assim — sentaram-se e ficaram me


olhando.

Caramba, isso é difícil! Juntei meus cabelos e os prendi em um


coque.

— Vai rapaz, diga logo!

Respirei fundo.
— Mauro, nós viemos até aqui hoje para dar uma notícia à
vocês. Como eu disse, eu pediria a mão da Anne em casamento. —
Ele confirmou com a cabeça e prossegui. — Também iríamos contar
que vocês seriam avós. Minha Anne está grávida. — Mauro
arregalou os olhos e Isabel começou a chorar.

— Grávida? — Mauro perguntou, espantado.

— E de trigêmeos, querido — Isabel colocou a mão na perna do


marido, confortando-o. — Por isso fomos ao mercado, eu queria
comprar uma garrafa de champanhe para comemorarmos quando
vocês retornassem. A culpa é toda minha... — Ela caiu em um choro
copioso. O marido a abraçou.

— Aí é que a coisa aperta. A mulher que está no hospital não


está grávida e nem nunca esteve. O corpo da mulher muda quando
dá a luz, ainda que seja um aborto espontâneo. Aquela mulher não
é a nossa Anne. Diego ainda está com ela, em algum lugar...

Mauro se levantou tão depressa que quase derrubou sua


mulher, que estava amparada em seu ombro.

— Como assim? Essa coisa toda foi mentira? — Mauro passou


a mão pela careca. — Meu Deus, aquele seu sobrinho é uma
aberração! Olha o que ele fez a uma pessoa inocente! Quem será
aquela pobre coitada queimada no hospital?

— Não tenho ideia. Acho que o pessoal do hospital está


tentando descobrir. Ela está com as digitais queimadas, vai ser
difícil, mas eles têm meios de conseguir. Pedi que me avisassem
qualquer coisa que acontecesse — respondi.
— Precisamos avisar a polícia!

— Calma, Mauro, acabamos de sair da delegacia! — Isabel


tentou acalmar o marido.

— Tenho amigos que são como irmãos para mim. Eles estão
vindo com um investigador da polícia junto. Ele ajudou o Rick
quando sequestraram sua mulher e também quando o ex-marido
dela me sequestrou há algumas semanas atrás. Liguei para eles
depois que liguei para vocês. Eu confio neles. Cuidaram muito bem
da minha Anne quando eu estava no cativeiro.

— Vou ligar para minha irmã ver se ela sabe alguma coisa
sobre Diego. — Isabel disse, preocupada, se adiantando até o
telefone.

— Não, dona Isabel. Precisamos do elemento surpresa. Ele não


pode saber que já descobrimos sobre a troca. Enquanto ele está
pensando que é muito esperto, nós estaremos agindo.

— Ah, meu filho! Não sei se sou muito egoísta de estar aliviada
por não ser minha filha naquela cama de hospital… mas estou.
Diego quer o dinheiro que ela tem guardado. Não a matará.

— Espero que a senhora tenha razão. Minha mulher e meus


filhos estão nas mãos daquele tampinha lunático — segurei minha
boca para não xingar aquele mequetrefe de todos os nomes
possíveis e imagináveis. — No que depender de mim, ele só vai
conseguir uma cela, em uma penitenciária de segurança máxima.
Aquele safado só conseguiu aumentar a pena dele. Vamos pegá-lo,
tenho confiança nisso. Vamos pegá-lo... — abracei a velha senhora
que soluçava em meus braços enquanto olhava para meu futuro
sogro, que carregava uma carranca no rosto, mas, mesmo assim,
balançou a cabeça afirmativamente, concordando comigo.

Momentos mais tarde, estávamos todos ansiosos, esperando


pela chegada de Rick e os outros, quando Isabel resolveu fazer um
café para nós.

Fiquei sozinho com Mauro, na sala.

— Três então, é? — Ele falou, sua expressão menos carregada


agora. — Vocês vão me fazer avô de um bando de crianças de uma
só vez! Poxa, rapaz, estou muito revoltado com essa situação toda,
mas muito feliz por vocês. Devo estar ficando louco.

— Mauro, eu te entendo perfeitamente… Não paro de


agradecer a Deus por não ter sido ela na cama daquele hospital.
Minha Pimentinha é guerreira, vai dar conta daquele tampinha
safado. E também por tudo isso estar acontecendo agora, no início
da gravidez… ela estava sendo bem cuidada e por um médico
competente. Mais para a frente teria sido uma coisa trágica. Anne
vai ter que ficar de repouso depois, segundo o médico. Agora ela
está liberada para qualquer coisa. Pensar nisso me dá um certo
alívio.

— Realmente, minha filha tem um gênio terrível, ele vai pastar


em suas mãos — riu, nervoso.

Isabel colocou a cabeça para fora da porta e nos chamou,


dizendo que o café estava pronto.

— Venham. Logo eles chegarão… um café sempre vai bem.


Fui para a cozinha, seguido pelo meu futuro sogro. Em minha
cabeça, eu só pensava que a Anne estava presa em algum lugar e
eu indo tomar café. Isso não era justo! Mas, no momento, era tudo o
que eu poderia fazer… esperar por ajuda.
Capítulo 3
ANNE

Abri os olhos, meio tonta, sem saber onde estava. Olhei em


volta e fiquei ainda mais perdida. Eu estava no estacionamento do
mercado esperando minha mãe e agora estava em uma sala, que
me lembrava muito a sala da chácara da minha avó. Olhei em volta
e me dei conta de que eu realmente estava na chácara. Mas como?

— Acordou, finalmente. Achei que tinha exagerado e te matado,


mas ainda estava respirando...

— Diego! Como? O que estou fazendo aqui? Cadê minha mãe?

— Eu te roubei deles.

— Você está louco! Bruno vai derrubar a cidade atrás de mim!


Rapaz, você estará em maus lençóis quando ele te pegar...

— Eles não virão atrás de você. EU mexi meus pauzinhos.


Nesse momento, estão velando seu corpo em um hospital ou em um
cemitério...
— Olha, eu achava que você não batia bem, agora tenho
certeza de que é completamente louco, um caso para internação!

— Ah, priminha, você fica tão linda contrariada! — riu de mim.

— Contrariada? Eu não estou contrariada, estou muito puta com


você. Vá se tratar, Diego. Você está precisando.

— Anne, Anne, Anne, eu te sequestrei, peguei uma mulher bem


parecida com você por sinal, coloquei no seu lugar e explodi o carro
do seu pai. Algum motivo eu tenho pra tudo isso, não está curiosa
pra saber o que é?

Safado, filho de um jumento! E burro! Logo descobririam que a


mulher do hospital não era eu. Respirei fundo, podando a vontade
de pular em cima dele e quebrar todos os dentes daquela boca
sorridente.

— Sinceramente, Diego? Não tô nem aí para seus motivos,


pode pegar todos eles e enfiar onde você bem entender — sentei
novamente, pensando nos meus bebês.

Eu não posso me estressar, tenho que me acalmar. Queria


acariciar minha barriga, para confortá-los lá dentro, mas Diego
parecia não saber da existência deles e assim continuaria.

Pegar uma mulher parecida comigo, não enganaria Bruno por


muito tempo. Ainda mais se realmente fosse verdade o que ele
disse sobre ter havido uma explosão! A segunda coisa que Bruno
faria era pedir para que vissem como os bebês estavam.
As palavras de Rick, quando Bruno estava no cativeiro com o
doido do Tony, rodavam em minha cabeça. “Que ele tenha paciência
e não faça nenhuma besteira. Logo o acharemos, não vai demorar.”
Jess me dizia a mesma coisa, e que a pior coisa que ela fez foi ter
fugido do Tony. Mas ela estava sozinha em um lugar desconhecido.
Eu conseguiria escapar desse tonto facinho e sabia muito bem onde
estava, tendo passado muito tempo da minha vida aqui na chácara
da minha avó. Eu precisava ganhar tempo. Com certeza, logo Bruno
e os outros estariam colocando a porta abaixo para me buscar.

Diego estava tagarelando alguma coisa que eu nem prestei


atenção. Me levantei e ele me olhou com os olhos arregalados.

— Onde pensa que vai?

— Penso não, eu vou. Preciso fazer xixi. Quer que eu faça


aqui? No sofá? — virei as costas para ele e fui ao banheiro.

Estava sentadinha no vaso, quando meus seios vibraram,


quase me matando de susto.

Meu celular! Eu havia enfiado ele entre meus peitos, para o


caso do Bruno ligar me procurando! Bati os pés, em uma dancinha
alegre, pegando o bendito de dentro do meu sutiã. Obrigada, meu
Deus, pelos meus seios enormes!

Liguei para o Bruno.

— Pimentinha? — Ele atendeu no primeiro toque.

— Oi, amor. Estou na chácara da minha avó. Esse doente me


trouxe pra cá — sussurrei.
— Como você está? Ele fez alguma coisa com você? Os restos
da sua bolsa foram encontrados no carro, como está com seu
celular?

— Calma, Leãozinho, eu estou bem. Eu coloquei o celular entre


meus seios, para não ter que fuçar na bolsa, caso você ligasse.
Diga para minha mãe que estou na chácara da minha avó, ela sabe
onde é. Venha logo… ficar longe de você... — suspirei. — É uma
tortura.

— Logo estaremos aí. Vou com a polícia para darem um jeito


nesse tampinha dos infernos. Aguente firme, já estou chegando.
Amo você. Dê um carinho nos nossos filhotes. Você está bem
mesmo? — perguntou preocupado.

— Estou sim. Também te amo. Vou desligar e voltar pra sala.

— Ok. Até daqui a pouco, Pimentinha.

— Até, amor.

Desliguei o celular e apaguei a ligação do registro de


chamadas. Se, por acaso, ele achasse, não saberia de nada. Tirei o
alerta de vibração, deixando no silencioso. Diego se achava muito
esperto, mas eu era mais!

Terminei, lavei as mãos e voltei para a sala, um cheiro de


comida fez meu estômago roncar.

— Será que não tem nada pra comer aqui? Estou louca de
fome!
— Vamos para a cozinha. Enquanto você não acordava, eu fiz o
jantar.

O segui, pela janela eu vi que já estava escuro lá fora, e eu


realmente estava faminta.

Diego retirou duas embalagens de lasanha do forno.

— Que belo jantar você fez! — ri dele.

— Eu me lembrei que você gostava dessas lasanhas, comprei


várias. — Ele disse como se fosse um feito grandioso. — Anne, eu
estava tentando te dizer lá na sala, mas você pareceu não ouvir
uma palavra. Eu deixei aquele recado no seu banheiro quando fui
embora, e eu não estava mentindo. — Ele esticou a mão,
colocando-a em cima da minha.

— Diego, eu não tenho nenhuma intenção romântica com você,


você é meu primo, isso é meio nojento.

— Eu sempre fui apaixonado por você.

— Mentira. Você é apaixonado por dinheiro. Você não quer a


mim, você quer o meu dinheiro. — Ele me olhou, estreitando os
olhos. — Quando você foi preso, sua fichinha criminal veio à tona.
Você é um trambiqueiro, que vive de enganar as pessoas. Tome
vergonha, homem de Deus, e vá trabalhar como qualquer pessoa
honesta!

— Você não entende. Eu não paro em lugar nenhum, não


consigo emprego. O que me resta é conseguir dinheiro do jeito que
dá.
— Se você consegue planejar esses seus jeitos de ganhar
dinheiro, consegue empregar essa esperteza toda em alguma coisa
lícita. Deve dar um trabalho danado armar situações, mentiras e
tudo mais para conseguir dinheiro dessa maneira.

— A primeira vez foi sim, mas depois acabou virando hábito. —


Ele começou a comer. — Pode comer, deixei fechada para que não
tivesse nenhuma desconfiança da sua parte — colocou mais uma
garfada na boca e continuou a falar e comer, contando o que já
havia feito.

Isso, come, pois vai ser sua última refeição decente, seu
crápula.

Retirei o plástico da embalagem e o cheiro me deu água na


boca. Coloquei uma garfada na boca e estava realmente deliciosa.

Será que Bruno demoraria muito ainda? Aguentar Diego como


se tudo estivesse bem, estava custando meus nervos. Continuei a
conversar com ele, como se estivesse prestando atenção em tudo.

Levantei e fui olhar na geladeira se tinha alguma coisa para


beber. Peguei uma caixinha de suco e voltei a me sentar. Diego
seguia cada movimento meu, como se eu fosse fugir a qualquer
momento.

Enfiei o canudinho e tomei um gole. Diego continuou a


tagarelar.

Ah, Leãozinho, não demore!


BRUNO

— Isabel, Mauro, esses são meus amigos, meus irmãos Rick,


Guilherme e Theo. Este é Ethan, o policial que ajudou a me
encontrar. Se tiver alguém capaz de achar minha Anne, é ele.

Apresentei todos, assim que chegaram. Ethan os cumprimentou


com um gesto de cabeça.

— Prazer em conhecê-los, gostaria que tivesse sido sob outras


circunstâncias, mas, às vezes, as coisas saem do nosso controle —
explicou Guilherme, estendendo a mão para meus futuros sogros.

Rick e Theo repetiram o gesto de Guilherme e Ethan sentou-se


à mesa, abrindo o notebook.

— Fiquem à vontade, meninos, tem café na cozinha. A casa é


de vocês. Não sei quanto tempo isso vai durar, então, se quiserem
descansar, já arrumei camas para todos, entrando pelo corredor,
são os dois primeiros quartos. — Isabel disse e foi para o lado do
Ethan. — Por favor, encontre minha filha.

— Sim, senhora, essa é minha prioridade.

Ethan sorriu para ela, que apertou de leve seu ombro, em


agradecimento.

Meu celular tocou e minha respiração falhou, meu coração


pulou uma batida, quando vi o nome na tela.

— Pimentinha? — atendi, todos ficaram em silêncio e me


olharam.
Anne me relatou onde estava, tudo muito rápido, mas tentei
passar para ela todas as instruções que me lembrei, para que não
corresse perigo quando chegássemos.

— Era ela, meu filho? O que foi que ela disse? Está tudo bem?
—Isabel quis saber.

Mauro ficou me olhando, sem dizer uma palavra, apreensivo.

— Isabel, ela falou que está na chácara da avó, que a senhora


sabe como chegar lá. Está bem sim, ela tinha guardado o celular no
sutiã. Muito esperta a minha Anne! — disse eufórico.

— Não é muito longe daqui, uns vinte a vinte e cinco minutos.

— Esse seu sobrinho, além de tudo, é burro! Está na chácara?


Verdade? Tão perto!

— Sim, Mauro, está. Bem, vamos lá. Ethan, consegue reforços?


Não quero deixar brechas para que ele escape. Desculpe, dona
Isabel, mas eu quero que aquele tampinha mofe na cadeia.

— Pois eu quero a mesma coisa, não precisa se desculpar —


comentou, rindo.

Toda a tensão dos acontecimentos anteriores e da espera foi


substituída pela euforia. Queríamos ir para lá o mais rápido possível
e resgatá-la. Era um sentimento coletivo, todos estavam sorrindo, eu
e Rick ficávamos estalando os dedos das mãos, ansiosos, só
aguardando que os policiais que iriam junto conosco, chegassem.
Um mandado de prisão já havia sido expedido e eu não via a hora
de pôr minhas mãos naquele tampinha. O pior é que eu não poderia
quebrar cada dente daquela boca e cada osso daquele corpo como
eu queria, mas já sabia muito bem como punir o filho da puta.

Assim que avistei as luzes das viaturas se aproximando, abri a


porta e todos saíram, já entrando nos carros, com Isabel ao meu
lado, para me dar a direção da chácara. No meio do caminho, ela
colocou a mão em meu braço, chamando minha atenção.

— Meu filho, não vá fazer nada que possa se arrepender


depois. Você é grande, forte, por isso eu peço, por favor, contenha-
se. Não quero que seja preso por conta desse meu sobrinho louco.

— Não se preocupe, dona Isabel. Eu sei bem o que vou fazer e


não vou quebrar ele todo, apesar dessa ser minha maior vontade.
Mas antes de querer ver aquele tampinha safado virar pó, quero
minha Anne e meus filhos em segurança e, melhor que isso, sob a
minha proteção. Fique sossegada.

Ela me deu um sorriso cansado. Acho que não acreditou muito


no que eu disse, minha carranca devia estar denunciando meu
desgosto e minha raiva. Juro que a ira me consumia nesse
momento, mas também a necessidade de proteger o que era meu,
contrabalanceava o resto.

Quase chegando, as viaturas desligaram suas luzes e todos


apagaram os faróis, sendo guiados apenas pela luz da lua, que,
graças a Deus, brilhava forte no céu.

Ethan estava no mesmo carro que nós, então me virei para ele.

— Posso ter um minuto ou dois com Diego, antes de você o


levar? Prometo que não vou fazer nada demais.
— Ok. Por tudo o que você já passou e por causa do histórico
de vocês, terá isso.

Satisfeito com sua resposta, abrimos as portas com cuidado,


deixando-as abertas, para não chamar a atenção de Diego lá
dentro.

Os policiais fizeram uma fila dupla atrás de Ethan e, então, ele


deu um pontapé na porta, que se escancarou.

— Parado, é a polícia! — Ethan gritou.

Eu sempre quis dizer isso minha vida toda, mas ouvir assim
matou um pouco esse meu desejo. Entrei atrás dele, percorrendo o
lugar com os olhos, à procura da minha Anne.

Anne estava sentada, comendo de uma embalagem de papel,


enquanto Diego estava em pé perto da pia. Quando ela me viu, veio
correndo para mim. Diego tentou alcançá-la, mas, pela surpresa,
seu tempo de reação foi demorado demais, fazendo-o apenas cair
por cima da cadeira em que ela estava.

— Eu sabia que você viria! Eu sabia! — Anne comentou, me


abraçando e beijando todo meu rosto enquanto falava.

— Sempre, minha Anne. Tampinha nenhum no mundo vai me


separar de você! Vou atrás de você onde estiver! — beijei aquela
boca deliciosa, nem ligando para quem estivesse por perto.

Os policiais caíram em cima dele, Ethan o algemou e o colocou


de pé. Mauro chegou próximo e meteu um soco no meio do nariz do
tampinha.
— Isso é pelo que nos fez sofrer.

Os policiais fizeram um meio círculo em volta dele. Rick,


Guilherme e Theo estavam ao meu lado. Dei um beijo nos cabelos
da minha Anne e Ethan se afastou de Diego.

— Todo seu, Bruno.

Encarei o tampinha dos infernos com todo meu ódio, meus três
irmãos vieram atrás de mim enquanto eu me aproximava. Parei bem
à sua frente, olhando-o fixamente nos olhos, com a certeza de que o
inferno estava estampado nos meus. Cerrei o maxilar, contendo
minha ira e o peguei pelo colarinho da camisa que usava e o
levantei, deixando-o cara a cara comigo.

Novamente o cheiro de amônia subiu e eu o afastei de mim.


Tampinha frouxo, se mijou de medo novamente. Ele olhou para
meus irmãos que, com certeza, o encaravam com tanto ódio quanto
eu, e escutei o barulho característico de dedos estalando. Então, o
fedor aumentou. O recoloquei no chão.

Às vezes, o medo é o pior pesadelo de uma pessoa, no caso do


tampinha, o medo foi maior que tudo, fazendo que ele perdesse o
controle sobre suas funções biológicas.

— Todo seu, Ethan.

— Caramba, Bruno. Agora vamos ter que levá-lo assim, todo


borrado na viatura até a delegacia. — Ethan fez uma cara de nojo e
levantou a camiseta que usava, cobrindo o nariz.
Sorri e voltei para minha Pimentinha, abraçando-a fortemente e
girando-a em meus braços, grudando nossas bocas em um beijo
delicioso e cheio de saudade. Meus futuros sogros, que antes
choravam abraçados a ela, sorriram ao ver nossa felicidade.

Nem tínhamos ficado tanto tempo assim distantes um do outro,


mas, por tudo o que passei achando que ela estava à beira da
morte, e, depois, toda a apreensão por não saber onde estava, eu
precisava dela bem junto a mim.

— Vamos direto para o hospital ver como você e os bebês


estão. Vai saber como aquele tampinha fez para te carregar.

— Estamos bem, meu Leãozinho. Ele não nos machucou. —


Anne agarrou meu pescoço e a ergui, pegando-a. Suas pernas se
entrelaçaram em minha cintura e eu a levei para fora.

— Só vou ter sossego quando o médico me disser isso —


beijei-a novamente, o tesão tomando conta de mim, quase fazendo
com que eu aceitasse a vontade dela e em vez do hospital, eu a
levasse para outro lugar…

— Minha filha, depois de tudo o que passamos, precisamos


saber se vocês estão bem. — Mauro disse, com um sorriso no rosto.

Anne me encarou com os olhos verdes arregalados.

— Você contou? — olhava para mim e para o pai, apreensiva.

— Contei, Pimentinha, foi preciso. Vou te contar tudo o que


aconteceu no caminho. Agora vamos direto e reto para o hospital.

— Que cara frouxo! Ele se mijou e se borrou de medo!


Guilherme, Rick e Theo vinham atrás de nós e riam da miséria
de Diego. Ri também, mas de felicidade, por ter meus tesouros em
meus braços.
Capítulo 4
ANNE

Depois de um exame físico completo, Bruno insistiu em saber


como estavam os bebês e fomos fazer uma ecografia.

— Mãe, pai, querem entrar junto e ver os bebês?

Meu pai me olhou, sorrindo e meio ressabiado.

— Podemos?

— Claro, Mauro. Vamos lá. — Bruno disse, passando o braço


pelos meus ombros. — Vamos ver seus netos!

Eu e minha mãe entramos na sala de exames e quando estava


preparada, pronta para a ecografia, os homens entraram. Bruno
posicionou-se atrás de mim com as mãos em meus ombros, meus
pais abraçados ao meu lado e então o médico começou com a eco.
A imagem apareceu na tela a nossa frente e lá estavam as três
bolinhas. Depois de confirmar que eles estavam bem, olhei para
meus pais.

Meu pai, com aquele jeito de machão, estava chorando, com a


mão cobrindo a boca, olhando incrédulo para a tela, minha mãe
sorria, abraçada a ele.

— Nossos filhotinhos estão bem, Pimentinha. Graças a Deus


nada aconteceu à vocês.

Me beijou de leve e o médico encerrou o exame, entregando-


me a imagem impressa dos três bebês, a qual entreguei para meu
pai.

— Aqui pai, guarde de recordação. Mesmo não sendo um dia


bom para se lembrar, por causa de tudo o que Diego aprontou, foi a
primeira vez que o Senhor viu os bebês. Sei que não vai se
esquecer disso e aqui está a prova de que tudo é real.

— Realmente filha, eu acreditei quando Bruno contou, mas


agora vendo assim, caramba, foi emocionante demais! — Ele disse,
pegando a foto, mostrando para minha mãe.

— Vamos esperar lá fora. — Bruno saiu com meu pai para que
eu me limpasse e me vestisse.

Minutos depois saímos da sala e os encontramos sentadinhos


na sala de espera, conversando.

— Vamos passar lá em casa para comer alguma coisa, depois


vocês vão descansar no seu apartamento. — Meu pai comentou.
Uau! Seu Mauro realmente tinha aceitado a situação! No final, a
cagada de Diego tinha servido para aproximar os dois. Bruno
chegou perto de mim e me beijou de leve.

— Estou louco pela sobremesa, vou comer bem devagar,


degustando, sentindo o sabor, lambendo, mordendo... — Bruno
sussurrou em meu ouvido e um tremor me percorreu.

— Ah, Pai… acho que estou muito cansada…

— Anne, Bruno deve estar faminto. Um homem desse tamanho


come muito e o coitado só almoçou e comeu um lanchinho de tarde.
— Minha mãe retrucou.

Bruno me abraçou por trás e fingindo dar um beijinho no meu


pescoço, sussurrou de novo.

— E como eu como… Adoro uma pimentinha com chantilly.

Estremeci ao me lembrar de sua boca em minha pele, querendo


mais do que tudo sentir novamente.

—Ok, está certo então. Vamos lá!

—Isso aí. Vamos!

Quanto antes fôssemos para a casa dos meus pais, mais cedo
sairíamos para nosso apartamento e então… Nossa que calor que
me deu, só em pensar em nós dois em minha cama… Minha mãe
me chamou e saí dos meus pensamentos libidinosos. Bem que me
disseram que grávida tem um fogo daqueles, de três ainda, tudo
triplicado!
Na casa da minha mãe, ela fez um macarrão rápido e o cheiro
me trouxe tantas lembranças de quando eu ainda morava com eles,
que fui obrigada a comer um pouco também. Jantar terminado, meu
pai nos chamou na sala.

— Sentem-se aqui. Vocês querem casar antes ou depois dos


meus netos começarem a aparecer?

— Ah, pai, nem pensamos em uma data.

— Filha, você está grávida de três bebês. Sua barriga vai


crescer três vezes mais rápido. Já pensou nisso? Bruno me disse
que mais para frente você precisará fazer repouso. Tem que pensar
nisso.

— Por mim, casamos logo. Não vou te deixar, Pimentinha.


Casados ou não, você é minha. Fica por você.

Percebi que Bruno não queria me pressionar, mas que


concordava com meu pai.

— Está bem, vamos nos casar logo então, antes que os bebês
apareçam.

Bruno deu um soco no ar e meu pai levantou a mão para ele,


que bateu com o punho fechado.

— Vocês combinaram isso? — estreitei os olhos, olhando de um


para o outro.

Meu pai sorriu, mostrando todos os dentes e Bruno me abraçou,


me recostando no sofá, me dando um beijo de arrepiar os
cabelinhos da nuca.
— Não vale voltar atrás!

— Vocês dois, pelo amor de Deus! Bela dupla, viu — ri e


abracei meu Leãozinho.

— O que acha de casarem-se na chácara da minha mãe? O


lugar é lindo, grande, vai caber muita gente. — Minha mãe sugeriu.

— Eu pago pela festa. Vocês, pensem apenas nas roupas que


vão usar. O resto deixe comigo — disse meu pai.

— Pai…

— Nem pense em recusar ou dizer qualquer coisa. Eu faço


questão. Se quiser alguma coisa especial é só dizer para sua mãe.
Bem, vocês duas escolham o que quiserem.

Minha mãe me olhou com lágrimas nos olhos. Levantei e


abracei os dois, Bruno veio por trás de mim e abraçou a todos nós.

Sequei minhas lágrimas e nos despedimos dos meus pais,


garantindo que pela manhã voltaríamos.

Entramos no carro e assim que as portas foram fechadas,


Bruno me puxou para um beijo consumidor, nossas línguas
dançando, as mãos dele percorreram meu corpo, uma se fechando
sobre meu sexo, apertando.

— Estou louco por você, minha Anne. Quis ter a certeza de que
nossos bebês estão bem, porque eu estou doido para foder você e
não serei gentil. Quero te pegar de jeito, assim que entrarmos pela
porta do seu apartamento — disse com a voz carregada de tesão,
sua boca percorrendo meu pescoço... — Amo o jeito que se
entrega, como seu corpo se prepara para o meu, toda molhada. —
Ele se afastou, respirando fundo. — Vamos logo antes que eu
cometa uma loucura aqui mesmo na frente da casa dos seus pais.

Fui incapaz de dizer uma palavra, apenas assenti com a


cabeça.

Bruno então ligou o carro e o pôs em movimento…


Capítulo 5
ANNE

Bruno abriu a porta do apartamento e a manteve aberta para


mim. Entrei e coloquei a bolsa no sofá, enquanto ele a trancava.
Virei-me e engoli em seco… ele estava ereto e me olhando de uma
maneira que me deu vontade de arrancar minhas roupas… e
implorar por ele.

Com aquele jeito felino, chegou perto de mim, seus dedos


acariciaram meu pescoço, embrenhando-se em meus cabelos e se
fecharam, agarrando-os, causando uma leve dor. Arfei e entreabri
os lábios. Tomou minha boca em um beijo selvagem, sua outra mão
foi para minha bunda e me puxou mais para si, esfregando sua
ereção em minha barriga. Gemi, a intensidade do beijo me
enlouquecendo.

Afastando-se, começou a tirar suas roupas, seus olhos


ordenando para que eu fizesse o mesmo. Sob seu olhar atento
fiquei nua, babando em seu corpo perfeito, nos relevos e
reentrâncias de seus músculos, em seu abdômen definido e cheio
de gominhos… Abaixando meu olhar, estremeci em antecipação ao
me deparar com seu pau duro, escondendo seu umbigo… meu
Leãozinho era grande… deliciosamente grande! Umedeci meus
lábios, louca para sentir o seu gosto. Sem dizer uma palavra, me
ajoelhei e abri a boca.

Ele grunhiu, se encostou em meus lábios e passei a língua pela


cabeça rosada e macia. Foi minha vez de gemer e abocanhá-lo.
Estava faminta por ele e queria mais e mais…

Bruno gemia baixinho e enfiava as mãos em meus cabelos, me


incitando a continuar, fodendo minha boca com maestria, buscando
seu prazer, no meu. Passei a língua pelas veias de seu pau grosso,
acariciando de leve suas bolas, sendo brindada com seu gemido
delicioso.

— Não quero gozar na sua boca… eu quero sua boceta


gostosa, sentir você me apertando, seu calor… — Bruno disse, me
puxando pelos cabelos, saindo da minha boca. — Pensar em te
perder, me deixou louco.

Virando-me de costas para ele, me encostou no apoio do sofá.


Suas mãos abriram minha bunda e senti seu pau roçando por
tudo… eu queria mais, qualquer coisa… então empurrou contra mim
e senti a cabeça de seu pau separando minhas carnes... me abrindo
e estremeci, meu corpo todo querendo aquela estocada poderosa e
profunda.

Seus dedos se enterraram em meus quadris, me puxando de


encontro a seu corpo, ao mesmo tempo que investia contra mim,
gritei de tesão e escutei o rosnado dele.
— Oh, Pimentinha, me aperta assim… — Bruno gemeu,
pedindo.

Comecei a pressioná-lo, contraindo meus músculos vaginais,


soltando e contraindo, fazendo-o gemer a cada estocada. Eu me
segurava para não gozar, ele metia tão gostoso, seus gemidos me
faziam sentir poderosa e cada vez mais entregue.

Quando Bruno apertou meus seios, indo fundo em mim, não


aguentei e me deixei levar pelas ondas de prazer que me
consumiram, gritando o nome dele. Senti quando seu jato quente
me preencheu, forte e estremeci. Bruno me agarrou pelos cabelos,
chupando a pele sensível do meu pescoço enquanto se derramava
dentro de mim.

Abri os olhos e olhei em volta. O tesão foi tamanho que só


então me dei conta de que arrastamos o sofá pela sala, até a
parede que dava para a cozinha.

— Vamos, minha Anne. Não vou te dar descanso essa noite.


Vou te foder de todas as maneiras e só parar quando um de nós não
aguentar mais — anunciou, me pegando no colo e levando para o
quarto.

***

Meu Leão cumpriu o que prometeu!

Espreguicei-me, meu corpo deliciosamente dolorido e levantei,


morta de sede. O dia já estava claro, o sol alto no céu. Peguei uma
caixa de suco no armário e coloquei um pouco no copo.
Aquele suco nunca teve um gosto tão bom!

Passei no banheiro, fiz o que tinha que fazer, lavei o rosto e


escovei os dentes. Aquela sensação horrível que eu sentia toda
manhã no início, com o creme dental, já não existia mais, graças ao
empenho de Bruno em achar um no meio de tantas marcas.

Voltei para seu abraço, nem um pouco preocupada com a hora.


Não sentia a mínima vontade de sair da minha cama. Hoje, como
todo domingo na casa de meus pais, o almoço sairia bem tarde.
Aconchegada a ele, adormeci novamente.
Capítulo 6
ANNE

— Mãe, chegamos! — falei alto quando abri a porta e vi a sala


vazia.

De repente a gritaria começou.

Primas, tios, parentes de todos os cantos começaram a


aparecer na sala e dei um passo atrás, batendo contra o corpo de
Bruno, que me enlaçou em seus braços e me arrepiei ao sentir sua
boca em meu ouvido.

— Surpresa, minha Pimentinha.

Rindo, feliz, Bruno encostou o queixo no topo da minha cabeça


e ali ficou, enquanto um por um dos meus parentes, vinham nos
cumprimentar.

Meus pais ficaram afastados, mas eu via no rosto da minha mãe


a emoção que tentava esconder, assim como meu pai.
Quando todos haviam nos abraçado e cumprimentado, meus
pais nos chamou para o quintal, onde estava sendo feito o
churrasco.

Estávamos sentados à mesa e como sempre Bruno me


alimentava de seu próprio prato, o que ainda chamava a atenção de
meus pais, quando minha tia chegou e puxou uma cadeira,
sentando-se ao meu lado.

— Parabéns novamente pelo casamento, Anne! Eu peço


desculpas pelo comportamento do meu filho. Ele nunca foi muito
certo, mas te sequestrar foi um pouco demais. Estou triste por tudo
o que aconteceu e me sinto frustrada por não poder fazer nada para
mudar ou remediar a situação…

— O que é isso, tia, não pense assim. Nada do que a senhora


fizesse mudaria o jeito dele. Infelizmente algumas pessoas têm essa
coisa ruim com eles e não importa o quão bons nós sejamos, nada
mudará o que está por dentro. Não sinta que falhou de algum modo.
A culpa de tudo é somente dele, tia. Diego é um homem adulto e
responsável por seus atos.

Bruno apertou de leve minha coxa e sorriu para minha tia, que o
olhou fascinada. Então ela pigarreou e levantou-se.

— Ah, Anne… filho é filho e uma mãe vai se sentir eternamente


responsável por tudo. Um dia você vai entender, quando tiver o seu.
Mas fico feliz que não tenha nenhum ressentimento por mim. Desejo
à vocês toda a felicidade do mundo.
Ela se abaixou, me beijou no rosto e abanando a mão para
Bruno, voltou para onde estava antes.

— Coitada da sua tia, Pimentinha. —Bruno falou baixinho.

Concordei com ele… e então uma preocupação veio a minha


mente.

— E o que será daquela moça que está no hospital? Será que


descobriram alguma coisa?

Ele sacudiu a cabeça.

— Não me ligaram ainda, minha esperança era que Diego


desse com a língua nos dentes e contasse a polícia exatamente
quem era a garota. Pode ter acontecido isso. Acabando aqui,
daremos uma passada no hospital para saber notícias, está bem?

Com um beijo rápido ele me acalmou e acabei curtindo o resto


do encontro familiar. Meus parentes eram divertidíssimos e logo
começaram a se formar grupos onde alguns contavam piadas,
arrancando gargalhadas histéricas de minha prima, o que contagiou
a todos, que acabaram rindo de sua risada… outros começaram
com cantorias, um violão surgiu e começaram a tocar e cantar…

Bruno me abraçou, dedilhando minha barriga como se fossem


as cordas do violão, me fazendo cócegas… Me beijou a pele
sensível do pescoço e o tesão me tomou, forte, quando ele
sussurrou em meu ouvido.

— Imagine meus dedos mais abaixo, Pimentinha. Amo os


acordes que tiro de seu corpo, seus gemidos, as sacanagens
deliciosas que você fala quando está alucinada em meus braços…
os arquejos e estremecimentos causados pelos meus dedos, minha
boca…

— Covardia falar essas coisas assim, quando estamos no meio


dessa gente toda, do lado dos meus pais… — inclinei-me para o
lado, olhando em seus olhos, oferecendo minha boca.

— Sempre tem um banheiro por aí… — Ele sorriu de encontro a


minha boca.

— Hummm… me lembro bem disso… Cremoso, gostoso…


quando acaba eu quero de novo...— Falei, lembrando do dia que
estávamos no sítio do Rick, logo após seu sequestro. — Nossa,
Leãozinho, fiquei com água na boca.

— Não posso deixar você passar vontade, minha Anne.

Ele se levantou e, com a desculpa de dar uma volta entre as


pessoas, deixamos meus pais ali e depois de uma perambulada
entre todos, nos esgueiramos para dentro da casa… meu quarto foi
a próxima parada e tranquei a porta.

O olhei e senti meu corpo todo derretendo de tesão sob a


intensidade do azul que me brindava… Sua boca tomou a minha e a
sanidade me deixou…

Com a maior cara lavada, voltamos para a festa, cerca de uma


hora depois de termos dado a desculpa esfarrapada. Felizes,
satisfeitos e na realidade loucos voltar a nossa rotina. Uma simples
visita havia rendido muita dor de cabeça, preocupação e custado
uma vida, pois por mais que a garota se recuperasse, sua vida
nunca mais seria a mesma.

À noitinha, nos despedimos de todos.

— Vamos passar no hospital antes de irmos embora, para


sabermos mais sobre a garota — justificou para meus pais.

— Filha, não vá vê-la… vai ficar impressionada…

— Não se preocupe, dona Isabel. Eu cuido disso.

— Certo, deem notícias assim que chegarem, está bem?

— Fique sossegada, mãe. Avisaremos.

— Boa viagem, meus filhos…

Entramos no carro e partimos rumo ao hospital…


Capítulo 7
BRUNO

O pessoal do hospital já me conhecia e fui direto ao posto de


enfermagem, já que de nada adiantava esperar pelo médico.

— Olá, vim saber da paciente com queimaduras. Como ela


está?

A enfermeira chefe me olhou e seus olhos correram para Anne,


que estava ao meu lado.

— Percebo que já encontrou sua esposa. Realmente as duas


são bem parecidas fisicamente —suspirando continuou. — Não
sabemos de nada sobre sua identidade ainda, alguns detetives
estiveram aqui a procura de digitais, ainda que parciais e estão
fazendo o que podem.

— E ela está aguentando bem?

— Está se mantendo, como estava quando você saiu daqui —


respondeu, sem dar muitas informações, o que eu já esperava.
— Posso vê-la?

A enfermeira piscou e olhou de mim para Anne, antes de


responder.

— Infelizmente não posso permitir a entrada de ninguém no


quarto. Desculpe.

Anne recostou-se em mim, suspirando entristecida e olhei para


a enfermeira agradecendo silenciosamente. Com certeza ela se
lembrou do circo que armei por minha Anne estar grávida e a
paciente não.

— Vocês tem meu número, por favor me avise caso acontecer


ou descobrirem alguma coisa.

— Fiquem descansados. Avisaremos, com certeza — concordei


com a cabeça e abracei ainda mais minha Anne, que se recostava a
mim, desolada. Na certa, esperava poder ver a mulher e deveria ter
suas expectativas, que foram frustradas ante a negativa da
enfermeira chefe. Calados, caminhamos assim, até o carro. Abri a
porta para ela e a ajudei a entrar, depositando um beijo em seus
lábios. — Não fique assim, Pimentinha. Não tem o que possamos
fazer além de aguardar. Talvez, quem sabe, o Tampinha abra o bico
e diga aos policiais o nome dela. Vamos nos apegar a isso.

Ela assentiu e a beijei novamente, de leve.

Entrei no carro e o coloquei em movimento. Durante o caminho


para casa, a acalentava com carinhos e mudei o rumo de seus
pensamentos, falando sobre a procura do novo apartamento.
Quando chegamos em casa, o humor dela já era outro e
agradeci aos céus por isso. No que dependesse de mim, não ficaria
pensando muito na mulher que estava no hospital, o que não faria
bem algum para ela ou para os bebês. A manteria feliz e ocupada
com outras coisas…

Em casa, depois de um banho relaxante e um amor gostoso,


minha Pimentinha adormeceu em meus braços.

A semana passou e fiz o meu melhor para distraí-la.


Preparativos para o casamento e a procura do novo apartamento
encheram nossos dias. Enquanto eu trabalhava, as mulheres faziam
companhia à ela. Quando eu chegava em casa, sempre tinha uma
delas com Anne, que estava cada dia mais radiante e linda.

Hoje não foi diferente. Jess estava com Anne no quarto, com
Fred e Felipe brincando na cama com as duas. Foi impossível não
pensar que em alguns meses seriamos nós com nossos bebês…
Fiquei parado na porta, observando a cena. Fred estava nos braços
da minha Anne e ela brincava, fazendo cócegas e rindo com ele,
que levava as mãozinhas a boca, em uma gargalhada deliciosa, que
puxava a delas também. Até Felipe ria das gargalhadas do irmão.

Rick bateu em meu ombro, fazendo sinal para que eu o


seguisse até a sala.

— Brunão, Ethan me ligou há pouco. Diego finalmente contou


quem era a mulher, abriu o jogo e estão indo atrás dos familiares.
Ele não sairá tão fácil da cadeia dessa vez. Disse que se inspirou na
história de vocês e encontrou a mulher na internet, como você e
Anne fizeram. Já vasculharam tudo e logo seus familiares serão
avisados. A notícia ruim é que houve um agravamento no quadro
clínico da mulher e acham que não aguentará por muito tempo. Pelo
menos ela não estará sozinha nessa hora.

— Como é que eu vou contar para Anne uma coisa dessas? Ela
está tão feliz com os pequenos lá no quarto…

— Olha, conta um pouco por vez. Dá a notícia boa, estende


bem e a ruim rapidamente.

Assenti e me virei para contar a ela. Rick veio atrás e deu apoio
enquanto eu contava. Anne ficou feliz por terem descoberto
identidade da mulher, mas as lágrimas vieram à tona ao saber que
ela não tinha muito tempo de vida.

— Pobre coitada, tudo isso porque o louco a achou parecida


comigo. Me sinto muito culpada por tudo o que aconteceu.

— Nem pense nisso, Anne. — Jess disse, embalando Felipe


nos braços. — Somente ele pode ser responsabilizado pelo que fez.

— Nisso Jess tem toda a razão, Pimentinha. É uma fatalidade o


fato dela estar tão mal, mas essas coisas de internet, são um jogo
de xadrez. Com a gente deu certo, mas são poucos os casos onde
tudo acaba bem, como conosco. A maioria dos casos são
desequilibrados, psicopatas ou interesseiros, golpistas.

— Eu dei sorte. — Ela brincou, fungando e acariciando as


costinhas de Fred, que se aconchegou em seu ombro.

Sequei suas lágrimas.

— Deu — sorri, beijando-a de leve.


— Pelo menos a família estará com ela nessa hora. — Rick
completou e Anne concordou.

Olhei para ele, pedindo silenciosamente para que mudasse o


assunto.

— Bem, já pensaram no que teremos para o jantar? —


comentou esfregando as mãos. — Meu estômago tá reclamando
aqui — sorriu e Jess brincou com ele, o assunto anterior sendo
esquecido e escolhemos um lugar para jantar. — Vamos então! E
rezem para não pegarmos fila. Viro um leão quando estou com
fome.

— Escolha outro animal, Rick. Leão já está sendo utilizado.

— Ah, verdade tigrão. Essa vocês duas não conhecem. Certa


vez, há pouco tempo atrás, fui buscar esse aí em um bar…

E assim o assunto foi deixado para trás. Eu devia muitas ao


Rick…
Capítulo 8
BRUNO

Olhando Anne adormecida, meu coração parecia não caber


dentro do meu peito. Agora eu tinha minha família. Não era
oficialmente minha mulher ainda, mas era apenas questão de
tempo.

Minha família…

Mais cedo ou mais tarde eu teria que contar a ela tudo sobre
minha família. E sobre Belmiro.

Devagar me levantei e saí do quarto, fechando a porta


lentamente para não acordá-la. Passei a mão pelo rosto, coçando
devagar meu queixo sob a barba, pensativo.

Caramba, tanto tempo sem ter notícias de todos… será que ele
ainda se parecia comigo?

Fui até a cozinha e peguei uma cerveja na geladeira, indo me


deitar na rede.
Miro e eu éramos gêmeos idênticos, mas parecidos somente
até aí.

Ele era o meu oposto em tudo.

Na adolescência, ele era o nerd, eu era da turma do fundão…


ele todo introspectivo, e eu, o mais popular da escola. Usávamos o
mesmo corte de cabelo e todos nos confundiam, o que era muito
legal para nós, adorávamos essa coisa de ninguém saber nos
diferenciar. Até a Fabiana entrar na minha vida, o que acabou sendo
um inferno.

Vinda de outra cidade, uma vez que o seu pai havia transferido,
veio morar no nosso bairro. Estávamos terminando o ensino médio
e ela também, mas em uma outra escola, particular, paga pela
empresa do pai. Eu fazia curso de guitarra e todas as vezes que ia
para a aula, passava em frente à casa dela, onde ela ficava lendo,
sentada embaixo de uma árvore, sobre um cobertor quadriculado.

Linda, cabelos longos e loiros, olhos azuis, chamava a atenção.


Acabei indo falar com ela em um desses dias e começamos a
conversar, a chamei para sair mas mantive segredo de meu irmão.
A insegurança me pegou e eu a queria só para mim.

Inventava desculpas para Miro e saía sozinho, para encontrar


Fabiana.

Um dia os amassos passaram do ponto e acabamos transando,


mas eu tomava o cuidado de usar preservativo todas as vezes. Eu
achava que a amava, mas tinha planos para o futuro, e, ser pai não
estava nesses planos. Sempre, após o sexo me certificava de que o
preservativo estivesse intacto, um cuidado que eu tomava sempre,
religiosamente. E foi exatamente isso que me fez duvidar quando
me contou que estava grávida.

Lembro-me como se fosse hoje, da conversa descabida dela.

— Gato, muitas vezes não usamos preservativo! Como você diz


que não é seu? — perguntou, lívida de raiva.

— Nunca, Fabiana! Nem uma única vez transei com você sem
preservativo e ainda tomava o cuidado de verificar se não tinha
rasgado ou furado após. Nunca! Esse filho não pode ser meu!

Ela chorava copiosamente, indignada com a minha reação. E eu


indignado com a sua cara de pau, jurando de pé junto, que o filho
era meu. A deixei falando sozinha, embaixo da mesma árvore onde
a conheci e fui para casa.

Lá chegando, contei para minha mãe o ocorrido, discretamente,


enquanto ela lavava a louça do jantar, e meu pai entrou na cozinha
exatamente na mesma hora.

— Bruno, venha até a sala por favor. Tem uma moça com os
pais lá e o que me disseram não foi uma coisa muito boa. Como
você foi capaz? Por causa do seu jeitão descolado, eu sempre o
ensinei sobre preservativos, meu filho. Sempre!

— Pai o que ela está dizendo não é verdade! Sempre usei e


tomei cuidado de verificar o estado depois. Sempre! Não é meu!

— Bem, venha e explique aos pais dela o que aconteceu. Eles


tem um exame de sangue atestando a gravidez da filha.
Saí bufando e fui para a sala, seguido de perto por meu pai e
minha mãe.

A discussão foi acalorada, até que a porta se abriu e Miro


entrou.

Quando viu o circo armado, ele pigarreou e todos olhamos em


sua direção. Fabiana ficou branca como cera, olhando para mim e
para ele, incrédula.

— Oi, Fabiana. O que está fazendo aqui? — Miro perguntou,


sem entender o que estava acontecendo e em minha cabeça, tudo
se encaixou.

Fabiana nunca me chamava pelo nome. Nunca! Eu era sempre


“Gato”.

—Você a conhece? — Eu e meu pai perguntamos ao mesmo


tempo.

—Claro, ela é minha namorada! — respondeu, surpreso.

—Não, ela é minha namorada! — respondi, muito puto da vida.

Os pais dela se entreolharam, meu pai levou as mãos à cabeça


e minha mãe deu um gritinho, enquanto Fabiana desmaiava e caía
no sofá.

Fiquei mal com tudo aquilo, nossa amizade de uma vida,


abalada por uma mulher! Tive que abrir mão do meu amor
adolescente e foi como se a vida tivesse acabado pra mim.
Miro teve que se casar com Fabiana, meus pais e ele nunca
mais confiaram em mim em relação a ela, me acusavam de coisas
que eu não fazia, deixei a cabeleira crescer para que a confusão
entre nós dois nunca mais acontecesse, e foi assim que acabei
cortando relações com todos, quando entrei para a faculdade.

Quando o pai dela foi transferido, meus pais que se tornaram


muito amigos deles e babavam no neto e em Miro, foram junto.
Fiquei sozinho e minha amizade com Guilherme, Rick e Theo
cresceu muito, eles se tornaram meus irmãos e suas mães
basicamente me adotaram.

Quando comecei a sociedade com Rick, pedi a ele que se


certificasse de que, pelo menos dez por cento do rendimento que
cabia a mim, fosse depositado na conta pessoal de minha mãe, o
que ele fazia desde então. Não fiz com o intuito de que fosse uma
compensação, mas por saber que as coisas nunca foram boas
financeiramente para nenhum deles. Se ajudo até quem não
conheço, porque não o faria com minha mãe?

Eu não tinha a menor vontade de ir atrás de nenhum deles.


Nunca, em todos esses anos eles me procuraram, não mostraram
interesse nenhum em saber como eu estava ou deixava de estar…
mas eu deveria privar meus filhos, do convívio com os avós? Teria
que conversar com Anne sobre isso…
Capítulo 9
BRUNO

— Um beijo pelos seus pensamentos — ouvi ela dizer.

— Estava aqui pensando em você nesse momento.

— Me diz, Leãozinho, o que está pensando? Não é nada bom,


se for reparar nessa ruga em sua testa.

— Estava pensando em minha família. Você acha que devo ir


atrás deles, agora que teremos nossos filhos? — perguntei, abrindo
espaço para ela entre minhas pernas na rede e ajudando a se deitar
ali comigo.

Fiquei acariciando seus cabelos, esperando a resposta.

— Você nunca fala deles. Vai me contar o que aconteceu entre


vocês? Eu faço suposições mirabolantes, mas não sei a história
real.

Suspirei e contei tudo a ela, que ouviu calada. Apenas se


ajeitou em mim, para poder me olhar diretamente.
— Caramba, que história! Seu irmão foi o errado e ainda assim
seus pais ficaram do lado dele?

— Ah, minha Anne… Hoje, pensando bem em tudo o que


aconteceu, não teve um certo na história. Claro que ele errou em
não usar camisinha, mas eu também errei querendo-a só para mim,
assim como ele. Se eu tivesse aberto o jogo com desde o início,
dizendo que tinha um irmão gêmeo, ele não teria chegado nela, ou
ela saberia que eu não era ele ou ele não era eu. Nós dois erramos,
mas dou graças a Deus por meu pai ter me ensinado tão bem a me
cuidar. Mas aí que tá, meu pai também errou achando que eu, por
ser mais atirado, precisava saber mais sobre sexo do que Miro. Às
vezes eu penso que, se tivesse dado a mesma atenção para nós
dois, teríamos ficado com Fabiana por muito mais tempo, sem ter a
menor ideia disso. Às vezes o destino trabalha bem e foi
providencial que isso tivesse acontecido. Já fiquei muito tempo
chateado, com tudo. Mas me fez ser o que sou, fez com que minha
amizade com os caras ser mais coesa, fez com que eles se
tornassem meus irmãos de coração, assim como os pais deles, que
considero meus pais também.

— Então, faz o seguinte: esquece. Nossos filhos terão três


pares de avós por parte do pai, avós que os amarão como se
fossem deles mesmos, que te amam pelo que você é. Azar dos
seus pais que tenham tomado essa decisão, de irem embora e não
olharem para trás. Quem perdeu foram eles.

Ela sorriu para mim e tudo o que disse fez sentido e aliviou meu
coração. Acariciei sua barriga, que já estava começando a crescer.
— Logo vão começar a se mexer aí dentro. Está ansiosa pelo
casamento?

— Nem tanto. Já sou sua, e você é meu, Bruno. Será apenas


uma formalidade.

— Uma formalidade na igreja, com vestido de noiva e eu no


altar, esperando por você — estreitei os olhos e a puxei mais para
cima de mim, deixando-a quase montada sobre mim, mas com os
olhos bem próximos aos meus.

— Tá bem, tá bem. Eu confesso, estou sim! — riu e se ajustou


sobre meu pau.

Seu riso fez com que seus seios balançassem, chamando


minha atenção para eles. Meu pau já tinha se atiçado pelo calor de
sua boceta, que estava me deixando louco, agora com mais isso,
não aguentei e a acariciei por cima do short doll que ela usava.

— Do jeito que eu gosto… sem calcinha e sem sutiã, toda


minha…

A beijei e o assunto “pais”, foi esquecido completamente. Duro


como pedra, tirei meu pau para fora e foi só afastar um pouquinho
seu short, para que a coisa toda esquentasse. Anne rebolava sobre
ele, me dando um beijo de boceta enquanto me beijava
intensamente.

Agarrei sua bunda, escorregando a mão, metendo dois dedos


nela, testando sua umidade. Dei um tapa em sua bunda fazendo-a
gemer em minha boca, rebolando mais, fazendo com que eu a
penetrasse. Meus dedos deram lugar a meu pau, apenas os
escorreguei, espalhando a umidade penetrando seu cuzinho
apertado, devagar e sempre.

— Esse seu caralho gostoso, meu enlouquece, Leãozinho… vai


tão fundo, me estica de uma maneira… me sinto completa quando
você está dentro de mim...

— Essa boca suja me deixa doido… fala mais do meu caralho,


fala… — gemi, abocanhando seu mamilo por cima da blusinha fina
que ela usava.

Sem perder tempo, ela livrou-se da peça, sentando em mim,


levando-me mais fundo dentro dela e em sua bunda também, o
movimento da rede tornando tudo mais fácil. Logo ela oferecendo-os
para mim, segurando os dois, alternando-os em minha boca
enquanto eu metia duplamente naquele corpo gostoso.

A rede auxiliava na foda, mas plantei meus pés no chão e


aumentei o ritmo. Anne gemia, sua boceta apertava meu pau e eu
sabia que ela estava perto.

— Goza, Pimentinha, geme pra mim, em minha boca… — A


beijei, querendo tudo. Eu a penetrava com meus dedos, com meu
pau e minha língua. Ela não podia ser mais minha do que nesse
momento e seu corpo obedeceu ao meu comando, estremecendo e
se contraindo em meu pau. — Minha Pimentinha gostosa!

Levantei-me, carregando-a nos braços até nossa cama…


Capítulo 10
ANNE

Pam, Jess e Ella queriam uma despedida de solteira. De


qualquer maneira.

— Estar grávida não é desculpa! — Jess falou e apontou para


Pam. — Aquela ali armou uma baita despedida pra mim e eu estava
como você, bem gravidinha!

— Verdade! Vamos… deixe que nós fazemos tudo. Os meninos


podem sair juntos também. Pense em nós três aqui, precisamos de
uma diversãozinha… — Ella fez biquinho e Pam, a carinha do gato
do ogro do desenho animado.

As três me olhando com aquelas carinhas, eu não tive como


negar.

— Ok, está certo. Mas vamos perguntar o que eles acham?

— Não se preocupe quanto a isso. Se Rick não disse nada


quando levei Jess para a dela, mesmo eu sendo solteira na época,
não vai dizer nada agora. Tenho certeza de que ficará do nosso
lado. Estamos todas casadas, somos muito responsáveis. — Pam
riu e se jogou entre Jess e Ella no sofá, fazendo as duas rirem. — E
umas anjinhas…

Theo colocou a cara na porta da varanda, olhando para nós.

— Não escutei isso… Você, neném, não tem nada de anjinha —


falou entrando na sala, vindo até o sofá.

Ella se afastou, dando lugar para o irmão sentar. Os outros


entraram também, Rick sentou no braço do sofá, próximo a Jess,
enquanto Guilherme sentou-se no outro, ao lado de Ella.

— Realmente, aqui, a única anjinha é meu Anjo.

— O que era tão engraçado que fez vocês rirem desse jeito? —
Bruno perguntou, me abraçando por trás.

As três se calaram e foi minha vez de rir.

— Elas querem fazer uma despedida de solteira para mim. —


virei-me um pouco, oferecendo a boca para um beijo.

— Nem pensar! — expressou Theo.

— Por mim, tudo bem. — Rick respondeu na maior calma.

— Como tudo bem? Você enlouqueceu? Sabe bem o que tem


nessas festas loucas.

— Pam fez a da Jess e foi bem sossegado. Vocês tinham que


ver os presentes que ela ganhou… só isso já valeu a pena!
Jess ficou vermelha e deu um tapinha de leve em Rick. Theo e
Guilherme se entreolharam e olharam para Bruno, à espera da
opinião dele sobre o assunto.

— Você quer, Pimentinha? — perguntando-me, e, o encarei, a


procura de qualquer sinal de que ele não quisesse que eu aceitasse,
mas só achei carinho e amor em seus olhos.

— Seria legal — disse, incerta.

— Ok, se você quer, não vejo problema também.

Theo e Guilherme bufaram, mas não falaram nada.

Pam deu um soco no ar, dizendo um “YES!” mudo.

Ri, e Bruno sussurrou em meu ouvido.

— Nem aconteceu e estou louco para testar seus presentes…


tô só imaginando o que um monte de mulher dá para a noiva em
uma festa dessas!

Meu riso morreu e meu corpo se acendeu. Coisa louca!

O timer tocou e Bruno me deu um beijo no pescoço e foi para a


cozinha.

— A comida está pronta! — expôs minutos depois, vindo para a


sala com a travessa de carne assada com batatas e na outra uma
travessa de arroz branco.

Colocou na mesa, ao lado da salada e todos nos sentamos. Nos


servimos e eles começaram a nos alimentar, de seus próprios
pratos, mesmo nós mulheres, tendo os nossos também, com
comida a nossa frente. Qualquer um que visse a cena, acharia
estranhíssimo, mas todos eram extremamente possessivos com
suas mulheres e era tão natural para nós! Um dos motivos para
sempre jantarmos em casa, quando nos reuníamos assim.

A conversa correu em torno do casamento, dos preparativos e,


é claro, da despedida de solteira. Os homens iriam para um
barzinho, juntos, enquanto nós iriamos para o café da Diana, onde
Pam garantiu não ter problema nenhum em fazer.

— Na realidade, Anne, já está tudo meio certo. Nós tínhamos


certeza que você iria querer. Faremos na quinta, já que o casamento
será no sábado.

— Meu Deus, vocês não perdem tempo! — Guilherme


exclamou, contrariado.

— Despedida de solteira, acontece enquanto a pessoa está


solteira, oras! — Ella brincou, sorrindo para o marido.

— Sei. — Todos riram da carranca dele, que logo se desfez. —


Não vai ter aquela coisa de homem tirando a roupa, né?

Pam que estava tomando um gole de seu suco, se engasgou,


rindo ao mesmo tempo.

— Preocupem-se com vocês. Não vamos fazer nada de errado.

— Só vamos dar pasto para os olhos! — Pam alegou,


recuperando-se do acesso de tosse.

Rick foi o único que riu do que Pam dissera, os outros três se
entreolharam, bufando ao mesmo tempo, fazendo Rick e nós,
mulheres, rirmos ainda mais.

— Estou dizendo, é tranquilo. Não confiam em suas mulheres?

— Claro que sim, mas você só está assim porque já passou por
isso. — Bruno apontou para Rick.

— E vocês acham que, se tivesse algum problema eu deixaria


meu Anjo ir?

— Está bem, você está certo. — Guilherme concordou e Ella


deu um beijinho em seu rosto.

— Ganhou a noite, meu Dr. Tentação. E vocês não riam do


apelido. Ele realmente foi minha tentação por muito tempo.

Com as travessas de comida, agora vazias, os homens retiram


tudo e Guilherme trouxe a sobremesa.

Era tão gostoso quando nos reuníamos assim! Eu gostava


quando as crianças vinham também, ver o cuidado com que Bruno
tinha com cada uma, era inspirador e reconfortante. Hoje estavam
com os avós e os pais tinham um descanso. Ainda bem que os
meus teriam vários pares de avós, afinal eram três ao mesmo
tempo!

Depois que assistimos a um filme, eles se despediram.

— Não se esqueça, ficamos combinadas para quinta. — Pam


comunicou, seguida por Jess.

— Viremos te buscar aqui.


— Até lá então. Prepare-se! — Ella comentou e ganhou um leve
tapa na bunda, de Guilherme e uma reprimenda com o olhar. Ella
ficou vermelha e acenou, indo embora com ele.

Fechamos a porta e me recostei nela, olhando para Bruno.

— Agora Pimentinha, você será toda minha! — Bruno se


agigantou sobre mim, seus olhos nos meus e tomou minha boca.

Estremeci sob seu olhar e me entreguei aos seus beijos.


Capítulo 11
ANNE

Quinta-feira chegou e enquanto eu me arrumava, Bruno me


olhava, um tanto misterioso e com um sorriso safado nos lábios.

— O que você está aprontando?

Seu sorriso cresceu ainda mais e ele me abraçou, beijando


minha boca de leve. Encostou o nariz no meu e ficou roçando.

— Nada. É bom te ver feliz.

— Não vem com gracinhas não. Te conheço!

— Só isso, sério mesmo.

Nunca me acostumaria com o tesão louco que me invadia


quando estava perto dele.

Como agora.

Agarrei-me em seu pescoço, trazendo-o para mais perto.


— Te quero.

— Eles já estão chegando, Pimentinha…

— Te quero, meu Leãozinho. Estar com você assim, todo


gostoso, cheiroso, tão perto… — rocei minha boca na dele,
atiçando. — Só penso em te ter dentro de mim... — esfreguei meus
seios em seu peito e ele gemeu, mordendo meu lábio.

— Grávida não pode passar vontade… — sussurrou, em minha


boca, abrindo seu jeans, me levantando e me encostando na
parede, levantando a saia do meu vestido...

***

Os resquícios do orgasmo ainda percorriam meu corpo, quando


o interfone tocou.

—Vá lá, Pimentinha. Nós vamos buscar vocês. — O encarei e


abri a boca para dizer uma gracinha, mas ele me cortou. — Nem
pense… Às dez estaremos lá na porta. Estejam prontas.

Concordei com a cabeça, ainda meio fora de mim e um tanto


quanto trêmula, estendi a mão para ele e descemos juntos. Na rua
em frente ao nosso prédio, dois carros estavam parados. Em um, o
segurança da Jess aguardava do lado de fora e no outro estavam
Rick, Guilherme e Theo.
Na porta do carro, me despedi novamente, com um beijo e ele
ficou ali, parado olhando o carro se afastar. Me deu um aperto no
coração!
Capítulo 12
BRUNO

— Ainda não sei como concordei com essa ideia. Deixar Pam ir
a uma despedida de solteira! — Theo bufou, batendo o copo de
cerveja na mesa do bar, onde estávamos.

— Relaxa, mais meia hora e vamos buscá-las. Está tudo pronto,


Rick?

— Aham. O motorista já está aí fora esperando.

— Vocês são meio doidos! Eu nunca fiz uma coisa dessas! —


Guilherme passou a mão no rosto, visivelmente nervoso.

— Agora é minha vez de dizer: Relaxa! — Theo riu e bebeu o


restante de sua cerveja.

— Acho melhor irmos. — Rick disse, conferindo o celular.


ANNE

O carro parou em frente ao Café da Avenida, o café de Diana,


que estava com as cortinas abaixadas, o que não permitia que
víssemos seu interior.

— Pronta para sua despedida? — Pam perguntou. — Relaxe


mulher! Vai ser gostoso, você vai ver!

Pam pegou minha mão e só então percebi que estava com elas
apertadas, apreensiva. Respirei fundo e então a porta próxima a
Jéssica foi aberta e saímos do carro. O segurança nos acompanhou
até a porta e se postou ao lado dela.

— Feche os olhos, Anne.

Fiz o que me pediu enquanto Jéssica e Ella me conduziram


para dentro.

Estava tudo tão silencioso!

— Pode abrir — escutei Ella dizer e então comecei a rir


descontroladamente, enquanto todo mundo presente gritava
“Surpresa”!, e entre elas um rapaz de terno e gravata borboleta
segurava um buquê de rosas.

O rapaz caminhou até a minha frente e com uma mesura me


entregou o buquê. Pam me olhou e piscou, fazendo sinal com as
mãos para que eu pegasse. Entrei na brincadeira e recebi o buquê,
cheirando as flores.

Todas bateram palmas e eu já estava pensando que o papel


daquele moço na brincadeira havia acabado, ou que fosse um
garçom quando ele se virou e começou a caminhar para o meio das
meninas, mas uma batida hipnótica começou a tocar e ele se virou
para mim com a maior cara de safado.

A mulherada presente começou a gritar e o rapaz, a mexer os


quadris sedutoramente, livrando-se do casaco do terno, dando um
showzinho particular.

Minha crise de riso que já havia parado voltou quando ele tirou
a camisa em um puxão, ficando só de gravatinha e calça. Quando
com uma requebrada puxou as calças, revelando a tanguinha, não
me contive e caí na gargalhada!

As meninas ao meu lado riam comigo e então um maço de


notas pequenas foi colocado em minhas mãos.

— Vá lá, Anne! A brincadeira tem que continuar! — certificou


Jéssica.

Aproximei-me e aquele homem ficou bem pertinho. Cheiroso e


todo esculpido ... era de babar, mas não chegava aos pés do meu
Leãozinho. Peguei uma nota e passei por seu ombro, fui
escorregando a pontinha dela por seu abdômen quando ele deu
uma esticadinha no elástico da sunga, para que eu a colocasse ali.

O barulho que todas faziam era ensurdecedor, o que significava


que estavam gostando da brincadeira!

Coloquei a nota em sua sunga e então fiz sinal para que as


meninas se aproximassem… O pobre rapaz foi engolido pela
mulherada!
Dancei um pouco e fui beber alguma coisa. Na lateral havia
uma mesa ricamente decorada em tons de vermelho e preto, assim
como todo o Café. Um garçom vestido apenas com calça preta e
uma gravata borboleta, me serviu um coquetel de frutas sem álcool
e já ia me afastando quando Ella me pegou pela mão.

— Nem pense em se enfiar em um cantinho. A nossa noiva tem


um lugar especial! Venha receber seus presentes!

Conduziu-me até uma mesa maior no lado oposto a de bebidas,


onde tinha uma cadeira de madeira, toda trabalhada, linda, em estilo
vitoriano.

Aos poucos uma por uma veio me dar um beijo e desejar uma
boa noite de núpcias, me entregando os presentes que haviam
levado.

Meu Deus cada coisa linda! E os brinquedos sexuais?


Caramba!

Jéssica e Ella me ajudavam, colocando-os em cima da mesa ao


meu lado. No final era tanta coisa que ocupou duas mesas e eu
tinha a certeza de que poderia abrir uma sexshop com aquilo tudo!
Dancei mais um pouco com elas e voltei a me sentar pois não podia
abusar, por causa da gravidez.

Agora aqui, olhando o striper dançando no meio das minhas


amigas e das meninas, eu sorria, feliz.

Me surpreendi com a quantidade de gente que estava presente.


Elas haviam trabalhado bem e com a ajuda da minha mãe, minhas
amigas de coração também estavam aqui!
A mesa próxima a nós estava cheia de sacolas e mais sacolas
de presentes inusitados. Rick tinha razão quanto a eles.

Meu celular, que estava em cima da mesa, vibrou. No mesmo


instante, os das meninas também e Pâmela que estava sentada ao
meu lado, com um drink nas mãos, levantou-se e foi até o DJ.

— Meninas, divirtam-se! Nós temos que ir, nosso passe noturno


expirou! — riu e devolveu-o ao DJ.

Começaram as despedidas, com a promessa de nos vermos


todas em breve no casamento.

Saímos e demos de cara com um ônibus de turnê, daqueles


que os cantores utilizam, completamente negro. Segurando a porta
aberta, estava Felipe, o segurança pessoal de Jéssica e nem sinal
do meu Leãozinho. Quando nos viu, Felipe fez uma mesura
exagerada para que entrássemos, indo pegar as sacolas de
presentes que carregávamos.

Quando entramos, demos um grito de espanto coletivo, ao


encontrar nossos homens em suas calças de couro.

A porta atrás de nós foi fechada e os acordes de Hurricane


tomaram o espaço onde estávamos. Os sussurros na voz de Jared
Leto me arrepiaram, ainda mais ao ver meu Leãozinho andando até
mim, daquele jeito felino, seus músculos abdominais contraindo-se a
cada passo, me olhando com fome, de uma maneira que me deixou
molhada.

Olhei rapidamente em volta e cada marido fazia a mesma coisa


com sua mulher.
Jesus!

Ele chegou perto de mim e me enlaçou pela cintura, exatamente


quando o ônibus começou a mover-se. Respirei fundo, sentindo a
garganta seca. Ele começou a se mover, sensualmente, esfregando-
se em mim, me cheirando, me fazendo gemer baixinho. O fogo me
consumiu e tentei beijá-lo, mas ele fugiu de mim, mantendo uma
distância mínima do meu rosto, mas grudado ao meu corpo.

Virou-me de costas para si e acariciou meu corpo,


despudoradamente, me apalpando sem dó. Elevei um dos braços e
enfiei os dedos em seus cabelos, querendo mais, querendo
qualquer coisa!

Mas ele estava apenas me excitando, me enlouquecendo.


Sentia seu pau duro em minha bunda quando se abaixava o
suficiente e me apertava contra ele.

Sua boca percorreu meu ombro, sugando a pele até meu


pescoço, onde raspou os dentes, mordiscando. Juntou meus
cabelos em sua mão e me puxou, tomando posse de minha boca,
em um beijo consumidor.

Eu não me importava mais com nada, queria ser dele aqui e


agora.

Seu braço passou por baixo de meus seios e sua mão se


enterrou entre minhas pernas, me levantando do chão e me
carregando para dentro do ônibus, em um corredor lateral,
passando por portas coloridas, parando em frente da porta lilás,
como a do clube e repetindo as palavras que me disse a primeira
vez que me levou lá, sussurrou em meu ouvido:

— Anne, hoje eu vou te foder.

Dei graças a Deus que ele estava me segurando, pois meu


corpo estremeceu e naquele momento eu era dele, para o que meu
Senhor quisesse.

***

Perdi a noção do tempo, entregue à loucura e ao prazer que só


meu Leãozinho era capaz de me proporcionar. Quando seu lado
dominador aflorava eu me sentia em um mundo totalmente
inexplorado e novo, mas que parecia ter sido feito para mim. Me
submeter às suas vontades era excitante, louco e erótico!

Quando as luzes auxiliares do pequeno quarto ficaram mais


fortes, Bruno me ajudou a recolocar minha roupa, com certeza um
sinal entre eles de que estávamos chegando ao fim da noite.

Saímos do quarto, nos dirigindo a antessala, passando pelas


portas ainda fechadas e nos sentamos no sofá fofinho que tinha ali.
Logo ele parou e Felipe apareceu na porta, abrindo-a apara nós.

— Boa noite. — Felipe despediu-se de nós e descemos, em


frente ao nosso prédio.
— Espero que tenha gostado da sua despedida de solteira. —
Bruno sussurrou em meu ouvido, enquanto passávamos pelo portão
do prédio, abraçados.

— Não vou me esquecer, jamais!

— E ainda temos que provar seus presentes! Já estão lá em


cima.

Ri, feliz. Meu leãozinho era insaciável e logo, oficialmente meu


marido!
Capítulo 13
BRUNO

— Bom dia, minha Pimentinha — beijei-a na boca de leve e ela


se espreguiçou. Fui descendo, sugando de leve a pele até seus
seios, fazendo com que Anne ronronasse como uma gata. Desci
ainda mais, até sua barriga que já aparecia mesmo estando deitada.
— Bom dia, filhotinhos.

Enchi sua barriga de beijos, fazendo com que risse, mas o riso
virou um gemido gostoso quando desci ainda mais e me perdi entre
suas pernas…

***
— As manhãs são tão gostosas! Acordar com você assim, é
uma delícia, Leãozinho.

— E serão sempre assim… amo você, minha Anne.

— Também te amo muito…

— Venha, vamos tomar um banho, café da manhã e ver a casa.

A puxei para o banheiro e após uma hora estávamos entrando


no carro, a caminho da nossa nova casa. Eu tinha certeza de que
Anne adoraria. Próximo à casa de Pâmela e Jéssica, seria até
mesmo providencial.

— Feche os olhos, Pimentinha. Senão vai perder toda a graça!

Anne riu e os fechou. Então peguei o caminho mais rápido para


lá.

— Estamos chegando? A curiosidade está acabando comigo!

— Quase… se aguente, minha Pimentinha. — Minutos depois


parei o carro em frente à casa. — Ainda não os abra, ok?! Vou abrir
a porta para você.

Saí e dei a volta, abrindo a porta para ela, ajudando-a a descer.

— Abra os olhos, minha Anne. Essa é uma opção, mas tenho


quase certeza de que você vai amar.

E então abriu um dos olhos, ressabiada e espiou. Abriu o outro


também e sua boca caiu, aberta.
— Meu Deus! Essa casa é linda! — Foi quando olhou em volta,
reconhecendo o lugar. — E ali na outra rua é a casa da Jess!
Nossos pequenos poderão brincar juntos!

Ri de sua empolgação e a abracei, beijando seus cabelos.

— Que bom que não me equivoquei! Vamos entrar e aí sim


você vai ficar de boca aberta.

Entramos e começamos a percorrer os cômodos. A cada novo


ambiente, Anne suspirava ou comentava alguma coisa, admirada.

— Bruno essa casa é grande demais!

— Pense que logo seremos cinco, mais alguém para ajudar


com as crianças. Precisamos de espaço e acho que é perfeita.

— Sim, é perfeita sim. Meu Deus! Preciso me lembrar sempre


de que seremos muitos e em pouco tempo.

— Seremos uma família grande e feliz, junto aos que nos


amam. — A abracei e seus olhos se encheram de lágrimas. — Ei,
não fique assim.

— É que se há pouco tempo atrás me dissessem que isso


estaria acontecendo em minha vida eu provavelmente riria da cara
da pessoa. É tudo rápido demais, mas maravilhoso.

— Então essa é a escolhida?

—Sim, meu Leãozinho, essa será nossa casa, nosso lar.

A abracei e rodei-a em meus braços.


Nesse momento seu celular tocou e deixei que atendesse,
aproveitando para enviar a mensagem de confirmação ao corretor
de imóveis responsável. Quando levantei o olhar, minha Anne
chorava silenciosamente.

— O que aconteceu? Por que está chorando, meu amor?

A abracei, encostando sua cabeça em meu peito.

— Era minha mãe. A garota do hospital piorou muito e os


parentes estão com ela — levantando o olhar para mim, meu
coração se derreteu ao ver seus olhos cheios de lágrimas. — Temos
que ir até lá, falar com os parentes dela. Me sinto na obrigação,
Bruno. Ela está morrendo no meu lugar! Eu gostaria de estar lá e
oferecer ajuda. Pelo que o pessoal do hospital comentou com minha
mãe, eles não têm muitos recursos.

— Não pense assim, fique tranquila, nós iremos. Vamos para


casa, arrumamos algumas coisas e então vamos para lá.

Suspirei, resignado. Todos nós sabíamos que essa hora


chegaria e por assim ser, Anne estava triste, mas conformada.
Capítulo 14
BRUNO

Horas mais tarde estávamos entrando no hospital.

— Não se estresse, Pimentinha. Eu entendo tudo o que você


está passando e sentindo, mas nós não temos culpa — senti que
me interromperia, mas continuei. — Você não tem culpa, pela
doideira que seu primo fez.

— Eu sei, mas isso só vai sair da minha cabeça quando


terminar e eu tiver a certeza de que fiz tudo que estava ao meu
alcance.

— Anne, você já passou por tudo com seu primo e ele abusou
da sua boa vontade, acampando na sua casa e fazendo tudo o que
fez, por achar que você era ingênua o suficiente para que ele se
aproveitasse sem você perceber. Eu estou aqui, contigo e não vou
permitir que pessoas que não conhecemos, se aproveitem também
por você estar fragilizada com a situação.

A abracei e ela recostou-se em meu peito, suspirando


entristecida. Ouvi o barulho da porta se abrindo, mas o que me fez
virar para olhar o que estava acontecendo foi o gritinho baixo, de
espanto, da minha Anne e seu aperto em meu braço.

— Mas que diabos! — resmunguei.

A minha frente estava Belmiro, que me olhava incrédulo,


retribuindo meu olhar. Nos estudamos por um minuto inteiro até que
Fabiana, que conversava com o médico, logo atrás, esbarrou nele.

— O que aconteceu? — Ela perguntou a ele, que continuou


calado, me encarando.

Belmiro não podia se parecer menos comigo nesse momento.


Magro, de cabelos cortados ao estilo militar, suas feições eram
duras e parecia bem mais velho que eu.

Em contraste a sua carranca, Fabiana me olhava com fome,


mal escondendo a admiração em seu olhar.

Anne me cutucou de leve e desviei o olhar para ela, que fez um


gesto de cabeça em direção a eles.

— Fale com ele, é seu irmão.

Ela tinha razão, mas em minha cabeça eu só lembrava de tudo


o que fui privado.
Retornei a olhar para eles e então prestei atenção em Fabiana.
A vida não tinha sido boa para nenhum dos dois. Seus cabelos
estavam presos em um rabo de cavalo e pareciam tão opaco e sem
vida quanto ela mesma. A única coisa que parecia brilhar era seu
olhar para mim.

Então a surpresa deu lugar a preocupação. O que estariam


fazendo ali?

— Aconteceu alguma coisa com nossos pais? — A frase


escapou de mim e a incredulidade de Belmiro deu lugar a um sorriso
sacana.

— Agora você se preocupa? — Miro zombou de mim. — Mas


não, estamos aqui pela prima de Fabiana que está morrendo. Um
lunático explodiu o carro com ela dentro.

Ah, merda! Eles eram os parentes da mulher! Caralho!

— Estamos aqui pelo mesmo motivo — suspirei. Aquilo iria


demorar.

— Como assim? — Fabiana perguntou.

— Era para ser eu no lugar dela… — Anne falou baixinho e


seus olhos se encheram de lágrimas.

— Viemos oferecer apoio para o que precisarem. Não se


preocupem com a conta do hospital, eu estou acertando com a
administração a cada semana.

— O destino é um filho da puta sacana, não é? — Belmiro falou,


me encarando com os olhos queimando em fúria.
— Isso não pode ser chamado de destino e sim uma fatalidade.
Todos podemos cometer erros por mais instruídos que sejamos,
merdas acontecem. — O encarei e continuei. — Nada mais do que
as consequências de nossos atos e escolhas.

Aquilo fez com que ele apertasse o maxilar a ponto de ranger os


dentes, pois do mesmo jeito que me cutucou eu o alfinetava
também, muito mais sutilmente, mas o fazia.

— E o inteligente era eu. — Ele riu, sarcasticamente.

Anne e Fabiana assistiam a nossa discussão, caladas. Ambas


sabiam que o confronto era necessário e não interferiam.

Enquanto discutíamos, um senhor abriu a porta que dava


acesso à parte interna, perguntaram pelos parentes da moça e
informaram a sua morte.

Fabiana se abraçou e lágrimas silenciosas escorreram por seu


rosto enquanto Belmiro se afastava dela. Canalha! Sua esposa em
prantos e nem para oferecer o ombro para a pobre coitada!

Em contrapartida, eu abraçava minha Anne e afagava seus


cabelos, dando a ela todo meu carinho em um momento tão crítico.

— Pimentinha, nós sabíamos que esse momento chegaria. Ela


estava muito mal.

— Eu sei, mas ouvir uma notícia dessas e ver a reação de


quem a amava mexe demais comigo. Os hormônios não ajudam —
deixou escapar uma risadinha nervosa e a fiz se sentar. Peguei sua
bolsa e tirei de lá um pacotinho de lenços.
— Aqui, coloquei isso na sua bolsa, sabia que precisaria —
agachei-me à sua frente. — Não fique assim, vou conversar com
Belmiro.

— Sem competição pra ver quem tem o pau maior? — brincou


comigo, entre lágrimas.

— Pode deixar Pimentinha. Sabemos que o que importa não é o


tamanho, mas o prazer que o proprietário é capaz de propiciar.

— Se não fosse inapropriado eu riria, mas aquele seu irmão


parece que vai pular na sua jugular a qualquer momento.

— Não se esqueça que o Leão é o rei da floresta — pisquei


para ela, que sorriu. Eu precisava fazer com que aquela tristeza se
esvaísse da minha Anne e faria de tudo para que isso acontecesse.
— Avise sua mãe, ela estava preocupada. Vou conversar com ele.

Anne concordou com a cabeça e me aproximei de Belmiro.

— Sei que estávamos no meio de um bate-boca, mas devido às


circunstâncias, creio que é melhor deixarmos nossas diferenças de
lado, por agora — passei a mão pela barba e enquanto falava prendi
meus cabelos em um coque, como fazia quando estava nervoso. —
Vocês têm condições para o funeral, precisam de ajuda?

Os olhos de Belmiro brilharam novamente e o sarcasmo estava


presente em sua face.

— Creio que o melhor a ser feito é que os responsáveis arquem


com as despesas mesmo.
— O responsável está preso no momento. Estou oferecendo
uma ajuda, por estar comovido com a situação. Eu presenciei os
bombeiros abrirem o carro e a retirarem de lá, eu velei o corpo dela
acreditando ser o de minha Anne, pois aquele lunático me fez
acreditar que era minha mulher que estava ali, naquela cama,
morrendo com queimaduras gravíssimas. Então espero que entenda
o motivo da minha oferta.

Belmiro fechou a cara e me encarou.

— Tá certo. Eu deixo você pagar pelo funeral. — Um sorrisinho


sonso apareceu naquela cara, o que me fez cerrar os dentes, para
me conter e não voar para cima dele quando continuou. — Papai e
mamãe iriam adorar te ver, vão estar no funeral. Pelo jeito você está
muito bem de vida.

— Você não perde uma oportunidade não é mesmo, Miro? —


disse, abaixando o volume de minha voz, para que Anne não nos
ouvisse.

— Você roubou minhas oportunidades, roubou a chance que eu


tinha de viver a vida que eu queria.

— Você escutou o que acabou de dizer? Sua inteligência se


reverteu? Você foi idiota em não usar preservativos, você e ninguém
mais é e foi responsável pela gravidez de Fabiana.

— Mas se você não tivesse escondido o relacionamento de


vocês, ela saberia que eu era eu e não teria me abordado no meio
da rua, eu não teria nem chegado perto dela.
— Você está louco. Não se pode e nem se deve colocar a culpa
de seus atos em outra pessoa. E outra! Sabe que existe divórcio?
Sabe que ninguém tem que viver atrelado a outra pessoa por pesar
ou qualquer outro sentimento que não seja amor? — fiz um
movimento de cabeça em direção a Anne. — Ela é minha outra
metade, a mulher que me completa de todas as maneiras. Demorei
uma eternidade para perceber, mas a partir do momento que tomei
consciência eu fiz de tudo para tê-la só para mim. Porque eu a amo.

— Você fala isso porque ela não está grávida e você não é
obrigado a se casar. Eu nunca quis me casar com aquela outra ali,
fui obrigado por causa de uma criança, e eu culpo você por isso.

— Aí que você se engana. Primeiro que eu não tenho culpa,


sempre deixei as camisinhas no mesmo lugar e você sabia disso,
poderia ter pego ou até mesmo comprado e antes que diga qualquer
coisa, elas são baratas. E outra, minha Anne está grávida e vou me
casar porque a amo. E teremos três filhos! Não uma criança, mas
três! E não faço por obrigação, porque ninguém é obrigado a nada,
existe o livre arbítrio nesse mundo de Deus. Faço por amor. Seja
homem uma vez na vida e tome uma atitude em vez de ficar se
lamentando e jogando a culpa nos ombros de outra pessoa.
Somente você é o culpado por suas escolhas. Arque com as
consequências como um homem! — Belmiro pareceu afundar
dentro do próprio corpo, caindo na real. — Vou providenciar para
que essa moça receba um funeral justo.

O deixei ali, atônito e assimilando minhas palavras, voltando


para perto de Anne.
— Falou com ele? Ele parece meio vazio agora…

— Certas pessoas precisam de um choque de realidade as


vezes — passei os dedos pelo meu rosto, alisando a barba. —
Vamos? Temos que providenciar tudo para o funeral, pegar os
dados dela na recepção…

Parei de falar e Anne assentiu, levantando-se. Cheguei perto de


Belmiro novamente, que estava parado onde eu o havia deixado.

— Sua mulher está desolada. Vá consolá-la. Ela é outra que


não tem culpa por você ter sido a anta que foi, e, pelo que me
lembro também foi obrigada a se casar com você. Pense nisso, os
dois estão no mesmo barco há anos. Deviam achar uma maneira de
se darem bem ou cada um ter a chance de viver a vida que sempre
quiseram — falei baixo para que Fabiana não escutasse e continuei.
— Eu aviso ao hospital quando tudo estiver pronto.

Acenei com a cabeça para Fabiana, Anne murmurou um adeus


e saímos dali.

Na recepção, falamos com o encarregado e fui informado que o


hospital tinha um setor apropriado e também que os parentes
haviam escolhido a cremação e o velório deveria ser realizado com
o caixão lacrado, devido aos ferimentos.

Nunca na minha vida pensei em passar por uma situação


dessas, mas Anne estava emocionalmente abalada e eu faria
qualquer coisa para vê-la bem novamente.

Com tudo acertado ali mesmo, pedi para que passassem o


horário da cremação para os familiares da vítima e fomos embora.
Anne suspirava, entristecida e eu a amparava de encontro a meu
corpo enquanto caminhávamos até o carro.

No estacionamento, após me certificar de que Anne estava bem


acomodada, fechei a porta e dei a volta, entrando e ligando o carro.
Ao olhar pelo retrovisor, avistei Miro e Fabiana se aproximando de
um carro velho e desbotado. Andavam distantes um do outro,
ambos meio aéreos, ela pela perda e ele certamente ainda
pensando no que eu havia dito.

— Ele ainda me culpa pela vida que tem. Não é uma loucura?

— Deus sabe o que faz, Leãozinho. Ele tem seus planos e


mesmo que não pareçam bons a princípio, lá na frente tudo se
ajeita. Creio que você deu muito para ele pensar.

— Você ouviu o que eu disse a ele?

— Não exatamente. Estou sempre prestando atenção em você,


esteja onde estiver. Leitura labial é muito útil em momentos como
aquele.

— Leitura labial, é? — sorri e um alívio me invadiu ao ver que


ela sorria também. — Você tem razão. Sempre. É triste olhar para
ele e ver o que se tornou. Um homem interesseiro, mesquinho e
com aquela cara emburrada.

— Você deu a ele uma nova perspectiva. Às vezes as pessoas


ficam presas a uma única informação e se negam a perceber que há
alternativas, preferindo ficar remoendo pequenos rancores e
culpando a outros pelas coisas que não aconteceram. Pense, seu
irmão poderia ter sido o que quisesse, mesmo se casando. Não o
fez porque era mais cômodo colocar a culpa em você do que
assumir os próprios atos, se mexer e tentar algo novo. Ele falou que
seus pais estarão no funeral. Você quer vê-los? — olhou para mim.
Essa era uma boa pergunta. — Eu gostaria de ir, mas se você não
quiser, tudo bem. Já fizemos tudo o que tínhamos que fazer.

— Vou pensar nisso. Quer passar na casa da sua mãe? Ela


ficará muito feliz.

Seu sorriso cresceu e coloquei o carro em movimento, me


dirigindo para a casa de dona Isabel. Isso me daria um tempo para
resolver o que fazer em relação aos meus pais.
Capítulo 15
ANNE

Minha mãe estava triste pela morte da moça, mas, ao mesmo


tempo, feliz pois amanhã seria o grande dia. O vestido de noiva já
estava em meu quarto, ela o levaria para a casa do sítio na manhã
seguinte, onde acompanharia a montagem do altar, de toda a
decoração enfim, de todos os detalhes.

Meu coração se apertava ao olhar para Bruno, que estava


sentado no sofá, pensativo. Aproximei-me, sentando ao seu lado,
me aconchegando em seus braços.

— Um real pelos seus pensamentos — brinquei.

— Estou pensando se devo ao menos dar a chance de eles se


reaproximarem. Nunca fugi de situação nenhuma e não vou deixar
de ir a esse funeral e encarar meus pais.
— Se você acha que deve, irei com você. Minha mãe tem
alguns convites sobrando, ela garantiu que é bom guardar vários de
recordação. Vou pegar um e você entrega e a partir daí é com eles.

— Se eu não fizer isso, vou ficar pensando para o resto da vida


que poderia ter sido diferente, que eu poderia ter ao menos os
chamado para nosso casamento e dado essa oportunidade de
reaproximação.

— Sim, Leãozinho. Mas não se sinta mal se não aparecerem,


certo? Toda história tem dois lados e do mesmo jeito que você ficou
magoado, eles podem estar também por algum motivo só deles. Só
Deus sabe o que se passa em suas cabeças.

— Eu sei — afirmei, me estreitando em seus braços e beijando


meus cabelos. — Miro achava que toda culpa era minha e o fiz ver
que não era bem assim. Não sou o dono da verdade e eles podem
achar que eu, por ser filho, tinha o dever de segui-los por todo lado
e acatar suas decisões como minhas também. Mas eu escolhi
cursar uma faculdade e não ficar à sombra de tudo o que tinha
acontecido, aceitando as desconfianças que seriam eternas. Por
entender que eles também podem estar pensando como o Miro, é
que eu acho que devo ir a esse funeral.

— A essa hora eles já devem ter dado início. Vou buscar o


convite e vamos — beijei de leve sua boca e tentei levantar, mas ele
não permitiu.

— Já falei que te amo? Não sei o que seria de mim, sem você,
minha Pimentinha. Você faz de mim um ser racional e irracional ao
mesmo tempo. Me acalma e me atiça de uma maneira… — disse
cheirando meus cabelos, me puxando para seu colo. — Mesmo com
toda essa conversa e estando na casa dos seus pais com eles ali na
cozinha, só em sentir seu cheiro e seu calor, olha como eu fico —
sussurrou, apertando-me contra seu corpo e senti sua dureza em
minha coxa.

— Guarde esse fogo para amanhã. Nossa noite de núpcias —


balancei as sobrancelhas maliciosamente.

— Ah, minha Pimentinha em breve será minha de todas as


maneiras — beijou minha boca com fome e só se afastou quando
escutamos meus pais se aproximando, conversando. Pulei para o
sofá e joguei uma almofada em seu colo.

Bruno riu e para disfarçar me deitei, com a cabeça na almofada.


Eu sabia que ele estava com uma ereção daquelas e tinha que dar
um tempo para se acalmar. Com uma calma fingida perguntei a
minha mãe:

— Tem convite sobrando, né? Me dá um?

— Claro filha, espere que vou buscar. — Logo retornou


segurando alguns e estendendo-os em minha direção.

— Bem, já vamos então. Temos algumas coisas para fazer.


Amanhã nos veremos.

— Certo, cheguem cedo.

Assim, nos despedimos deles e fomos direto ao crematório


central.
***

— Amor, qual deles são seus pais? Não estou vendo seu irmão
por aqui.

Um caixão lacrado ocupava o centro do grande salão e algumas


pessoas choravam próximas a ele. Bruno percorria o lugar com o
olhar e senti a tensão em seu corpo quando os viu. Segui seu olhar
e em um canto mais afastado vi um senhor um pouco mais baixo
que Bruno e uma senhora cheinha, com os olhos vermelhos por
causa do choro recente.

— Vamos lá — Bruno pegou minha mão e eu o segui.

BRUNO

Uma emoção estranha tomou conta de mim enquanto me


aproximava de meus pais, por trás. Um misto de alegria e
desconforto, eu sentia saudades deles.

— Boa noite — disse baixo para não chamar a atenção das


outras pessoas para nosso drama pessoal.

Minha mãe virou tão rapidamente que me surpreendeu. Levou a


mão a boca e seus olhos marejaram novamente. Em segundos eu
tinha seus braços envolvendo meu pescoço. Retribui o abraço
enquanto encarava meu pai.
— Bruno! Quando seu irmão falou que tinha te encontrado no
hospital e que você estaria aqui, quase não acreditei! — Se afastou,
segurando meu rosto e olhando em meus olhos. — Você sumiu meu
filho!

— Não sumi mãe, vocês tinham meu endereço — estendi a


mão para meu pai e ele tentou me puxar para um abraço.

— O tempo foi generoso com você meu filho! Olha só esses


braços! E essa barba! Está parecendo um homem das cavernas.
Muito bem vestido, mas ainda assim… dê um abraço no seu pai!

Deixei que me abraçasse. Minha mãe estava as lágrimas


novamente e Anne observava a tudo.

Dei uns tapinhas nas costas de meu pai e me afastei, o


suficiente para minha mãe me agarrar novamente.

— Que saudades meu filho! — Minha mãe repetia entre


soluços.

Olhei para Anne que sorria, com os olhos marejados também.

— Mãe, essa é minha noiva, Anne — apresentei estendendo a


mão para que minha Pimentinha se aproximasse. — Amanhã será
nosso casamento. Viemos convidar vocês para a cerimônia.

— Casamento? — Se afastou de mim, secando as lágrimas em


um lencinho de papel que segurava. Ela percorreu minha Anne com
o olhar — Meu Deus! Me perdoe a falta de jeito, minha filha. Fazia
anos que não via esse menino! Parabéns!
Assim, minha mãe me abraçou novamente e fiquei ali, sem
reação abraçado pelas duas. Anne estava certa. Depois de alguma
conversa com os dois, descobri que nunca receberam a carta que
eu havia escrito, dizendo que estava indo para a faculdade e com o
meu endereço, que quando retornaram encontraram a casa vazia e
nem sinal de mim.

— É tão bom te ver novamente meu filho! Fiquei com o coração


apertado todos esses anos. Seu irmão dizia que você devia estar
muito bravo conosco por termos ido ajudar a ele e a Fabiana
quando se mudaram.

— Como ajudá-los? Vocês se mudaram para a casa deles e me


deixaram sozinho…

— Claro que não meu filho. Ficamos alguns meses com lá


porque os dois iriam trabalhar e precisavam de ajuda com o
pequeno. Nós íamos voltar e voltamos.

— Mas Miro disse…

E então eu entendi tudo. Se tinha uma pessoa podre ali, era


meu irmão!

— Belmiro disse o que a você, Bruno?

— Nada mãe. Deixe assim — passei a mão pela minha barba e


prendi os cabelos em um coque. — Deixe ele lá onde é o lugar dele.
Longe de mim, por favor.

Anne, que sabia de toda a história, juntou uma coisa com a


outra e acariciou meu braço, devagar, me acalmando.
— Sempre aprontando! Se a culpa de você ter sumido for
dele… — Meu pai começou a falar, sua carranca denunciando seu
desgosto.

Só encarei meu pai e não falei nada. Eles que se entendessem


depois. Eu iria me casar, teria meus filhos e a última coisa que eu
queria era Belmiro de volta em minha vida. Ainda mais agora
sabendo de tudo!

— Filho, o dinheiro que entra em minha conta todo mês, está


guardado viu? — Minha mãe falou baixo.

— É seu mãe. É para ajudar vocês.

— É muito dinheiro!

Sorri, feliz. Meus pais sentiram minha falta por todo esse tempo
e minha mãe continuava a mesma pessoa bondosa que sempre
havia sido.

— Sim, mas é seu — peguei suas mãos entre as minhas e as


beijei. — Eu não estava por perto, mas sempre pensei em vocês.
Mesmo imaginando que me queriam longe pelo que aconteceu entre
eu e Fabiana e sabendo que não confiavam mais em mim.

— Meu filho, nunca foi assim. Não confiamos é em Fabiana.


Como nunca percebeu as diferenças entre você e seu irmão? —
Meu pai levantou essa questão, passando a mão pelos cabelos. —
Claro que tínhamos que apoiar aqueles dois cabeças ocas, a pobre
criança não tinha culpa de nada. O pequeno Gustavo foi jogado no
meio dessa situação toda e tínhamos que ajudar a criar a criança.
— Mas como? Eu via a maneira como vocês olhavam para mim
e como se comportavam quando eu estava perto dela.

— Você era muito novo para entender tudo aquilo, filho.


Devíamos ter conversado mais e explicado tudo à você, mas
achamos que você entendia o que estava acontecendo. Desculpe
seus velhos pais por isso. Era muita coisa acontecendo de uma hora
para a outra.

Nesse momento, avistei meu irmão entrando, junto com


Fabiana. Perguntei se Anne tinha uma caneta na bolsa e quando me
entregou, anotei meu celular atrás do convite.

— Preciso ir embora. Miro está chegando e aqui não é lugar


para eu me encontrar com ele. O convite é para vocês dois. Não
quero vê-lo tão cedo. — A ira me consumia ao ver a cara de sonso
do meu irmão se aproximando.

Despedi-me dos meus pais e fomos embora sem olhar para


trás.
Capítulo 16
No carro, dei um murro no volante.

— Porra! Como não pensei que aquele filho da puta pudesse


estar por trás de tudo?

— Não tinha como você saber de nada. Você o amava e ele era
seu gêmeo.

— Agora é tudo tão claro pra mim! Ele me disse que meus pais
estavam se mudando para ficar perto do neto que tanto amavam. E
eles estavam apenas indo ajudar por causa do bebê! Me senti um
pedaço de lixo que ninguém queria, largado às traças, quando na
realidade magoei meu pai e minha mãe... esse tempo todo
pensando que fugi de casa! Não duvido nada que o Miro tenha um
dedo no sumiço da carta que deixei — esmurrei o volante
novamente, meus cabelos voando em torno do meu rosto, devido a
minha fúria.
Respirei fundo e olhei para Anne. Ela era a calma em pessoa e
me olhava com um sorriso nos lábios.

— Estou muito errada em querer pular no seu colo e te beijar


até você perder o controle? Você fica tão sexy, bravo desse jeito…
um leão feroz… — lambeu os lábios involuntariamente e a fera rugiu
dentro de mim.

Sorri e meneei a cabeça. Só ela para me fazer ir da ira ao tesão


em segundos! Me inclinei e tomei sua boca. Minha Pimentinha não
estava brincando quando disse querer pular em mim! Em segundos
escalou o banco em que estava, vindo para cima de mim com
vontade.

Enterrei os dedos em seus quadris quando Anne em um


movimento ágil, abriu o zíper da calça que eu usava, colocando meu
pau para fora, alojando-o entre suas pernas sob seu vestido,
roçando em todo o comprimento.

— Pimentinha, estamos no estacionamento e estão velando um


corpo lá dentro.

— O único corpo que me importo é o seu… e quero dentro de


mim — olhando-me nos olhos, continuou. — Por favor…

Como não atender a essa súplica? Puxando sua calcinha de


lado, deixei que me levasse para dentro de seu corpo com uma
rebolada. Gememos juntos com a força do tesão que nos apossou.
Anne subia e descia em meu colo, me levando ao limite em minutos.

Seus dedos apertavam meus ombros e eu não conseguia


desviar o olhar de seu rosto. O tesão estampado ali era a coisa mais
linda do mundo! Minha mulher linda!

— Esse caralho gostoso… ah! — sussurrou em meu ouvido e


tomou minha boca.

Quando senti as contrações de sua boceta no meu pau, me


deixei levar pelas sensações deliciosas, gozando junto com ela.

Durante algum tempo permanecemos parados, testas úmidas


de suor, cabelos emaranhados e respiração acelerada. Foi Anne
quem rompeu o silêncio.

— Dê graças a Deus pelos vidros escuros — sussurrou.

— E pela suspensão de primeira.

Rimos e toda a tensão anterior não existia mais.

—Amo você — beijou minha boca de leve. — Vamos para


casa? — E ficou acariciando meus cabelos, a espera de uma
resposta.

Concordei e dei um tapinha em sua bunda, enquanto ela voltava


para seu banco.

— Está querendo que eu te ataque de novo? — riu, me olhando


com aquela carinha linda de tesão.

— Sempre, Pimentinha! Sempre!

Ri novamente, enquanto tentava controlar os tremores de


minhas pernas.
Eu nunca esqueceria aquele momento… minha Pimentinha
tomando as rédeas de minhas mãos, cavalgando em meu corpo,
alucinada de tesão em busca de seu prazer… e nem do grande filho
da puta que meu irmão era!

***

Essa era nossa última noite como noivos. Amanhã estaríamos


nos casando e saindo em lua de mel por uma semana e estávamos
colocando as últimas coisas na mala.

— Para que isso, Anne? — tirei de dentro da mala uma malha


de lã.

— Nunca se sabe se vai fazer frio ou não — deu de ombros. —


Coloquei uma pra você também e pares de meia para nós dois.

— Mas vamos a praia! Nordeste! Nunca faz frio, Pimentinha.

— Prefiro ter do que passar frio. Odeio o frio — comentou e


continuou arrumando suas coisas.

Recoloquei a malha na mala e estendi a mão para ela.

—Venha cá — sentei na cama e Anne aproximou-se, se


encaixando entre minhas pernas, ainda de pé. — Sabe que te amo
mais que tudo na vida, né? E que o casamento e a lua de mel é
apenas um bônus em nossa relação. Você sempre foi minha e
continuará sendo, com casamento ou não. Não fique nervosa por
conta disso tudo. Vamos aproveitar a festa e a viagem para relaxar
— beijei de leve sua boca, acariciando seus braços.

— Sei disso, mas a barriga já está começando a aparecer e


eu…

— Ei! Nada disso. Você é linda e está ficando exuberante


grávida. Cada contorno do seu corpo vai ficar evidenciado. Seu
corpo é um templo, que está gerando três bebês ao mesmo tempo.
Percebe a maravilha que é isso? — Ela sorriu e percebi a
apreensão diminuir. A peguei e a deitei na cama, levantando sua
camiseta. — Aqui está a nossa família. Nosso legado. Éramos duas
pessoas sozinhas, cada uma no seu canto, cada um vivendo sua
vida, até que tudo aconteceu e viramos apenas um corpo... e agora
somos cinco! — enchi sua barriga de beijos, fazendo-a suspirar. —
Você vai estar deslumbrante naquele vestido de noiva, com seu pai
te levando para meus braços, entregando-a aos meus cuidados.
Minha vida, meus amores — ajeitei os travesseiros. — Fique aqui
deitadinha olhando o profissional terminar de arrumar a mala.

Ela ficou rindo e dizendo o que pegar. Obviamente não me


esqueci de colocar alguns dos presentes que Anne havia ganho em
sua despedida. Eu já tinha planos para todos eles.
Capítulo 17
ANNE

— Não se preocupe, filha. Sei que seu pai colocou isso na sua
cabeça, com aquele comentário de “se casar antes que a barriga
aparecesse”, mas foi apenas um modo de conseguir o que ele
queria, porque sempre teve o sonho de te levar ao altar. Você sabe
disso.

— Sei sim, Bruno já me acalmou sobre isso. Mas fiquei


pensando, fiquei nervosa… já passou.

— Você ganhou na loteria com esse seu noivo. Qualquer um


que olhe para vocês juntos percebe o amor dele — sorri, e na
realidade o que eu mais queria era que tudo ficasse pronto logo
para que eu pudesse encontrar com ele lá naquele altar e depois
que nós fugíssemos dali. — Sem falar que ele é lindo!
— Ah sim! Eu me lembro bem do dia em que o levei para
conhecer vocês — ri, pois seu rosto ficou vermelho.

— Não me lembre daquele dia. Foi um dia maravilhoso, mas


também o pior da minha vida! —fez o sinal da cruz e arrancou risos
das cabeleireiras.

— Pronto Anne, seu penteado e maquiagem estão prontinhos.


— Raquel, a maquiadora, falou, apertando de leve meu ombro, em
um gesto carinhoso.

— A senhora também, dona Isabel. Podem ir se trocar. A hora


da noiva está chegando!

Nos levantamos e fomos até o quarto de hóspedes, onde


estavam nossos vestidos. Com todo o cuidado do mundo, entrei
naquele vestido maravilhoso, escolhido a dedo. Era um modelo
tomara que caia, que segundo a estilista iria tirar o foco da minha
barriga para meus seios, com um decote em V, com uma ótima
sustentação, de onde saía uma saia em evasê que ia até o chão,
com detalhes drapeados. Apenas um leve brilho em um detalhe no
decote, dava um charme a mais para aquela obra-prima. Ao me
olhar no espelho, já vestida, suspirei apaixonada.

Aquele era o meu vestido dos sonhos, no casamento que eu


sonhava, mas achava que nunca aconteceria… com um noivo que
era mais do que eu sempre pedi a Deus.

— Você está divina, Anne!

— Você também mãe — disse ao olhá-la. — Mãe! Não vá


chorar agora! Estamos magníficas com nossas maquiagens
perfeitas — brinquei, fazendo-a rir e secar os olhos, dando suaves
batidinhas com o lenço de papel.

— A maquiadora sabia bem o que fazia ao me dar um pacotinho


desses lenços para guardar na bolsa e com a recomendação de ter
um sempre à mão. Filha, sempre imaginei esse momento… Toda
mãe, principalmente a de uma menina imagina ver a filha de noiva,
subindo ao altar com o amor da sua vida, tendo uma vida feliz ao
lado de quem ama… seu pai a entregando a ele… é um sonho
antigo, não tem como não me emocionar.

— Esqueceu de comentar sobre o detalhe triplo que trago bem


aqui — acariciei minha barriga, que estava invisível por baixo de
tanto pano.

— A melhor parte! Ser vovó de três bebezinhos de uma só vez


nunca me passou pela cabeça, mas você sempre me surpreendeu!
Não seria diferente agora! Estou no céu com tudo isso e
principalmente por ter você aqui comigo e poder fazer parte dessa
felicidade.

A abracei. Eu amava minha mãe, minha amiga de todas as


horas. Dando uma olhada no relógio na cabeceira da cama, beijei
minha mãe de leve no rosto.

— Está na hora. Vamos? — calcei um par de sapatos baixos,


bordados com pequenos cristais. Isso evidenciaria ainda mais a
altura de Bruno e eu não correria o risco de enfiar os saltou na
grama.
Peguei o buquê de rosas vermelhas, que tinha três rosas
brancas pontilhadas entre elas e, de mão dada com minha mãe, fui
em direção ao meu pai, que nos aguardava na porta de entrada da
casa.

— Vim buscá-las. Seu noivo já está nervoso, olhando para o


relógio a toda hora.

Um calafrio me percorreu ao imaginá-lo de terno no altar.

Tinha observado o gramado antes de começarem a me arrumar


e ele estava tão lindo, um altar havia sido montado próximo as
árvores mais distantes, um tapete vermelho foi estendido e estava
ladeado por arranjos de flores e por várias cadeiras brancas. A
decoração do altar era uma coisa maravilhosa de se ver. E agora
estaria ainda mais divino, com meu Leãozinho ali, parado nele, à
minha espera.

— Bem, Seu Mauro, a hora chegou. Pronto para me entregar ao


meu futuro marido?

Meu pai olhou para cima, piscando várias vezes.

— Sim, minha filha. Vamos logo com isso antes que eu mude de
ideia e resolva dar um coça naquele safado que engravidou minha
menina — brincou e todos rimos.

Estendi a mão para ele, que postou o braço daquele jeito que
todos os pais fazem, todo orgulhoso. Segurei ali e acompanhados
de minha mãe, seguimos em direção a onde tudo aconteceria.
BRUNO

Eu estava nervoso, dentro de um terno, no altar ricamente


decorado, sendo encarado por um número enorme de pessoas. No
altar também estavam Rick e Jess, Theo e Pam, Guilherme e Ella,
que eram nossos padrinhos, e meus pais.

Os caras haviam ficado de boca aberta quando os viram e eu


apenas disse que explicaria depois, que tudo estava bem. Eu sabia
que eles tinham suas reservas para com eles mas eu não podia
fazer nada nesse momento. Não iria explicar a canalhice do meu
irmão. Não. Eu não me estressaria com isso no dia do meu
casamento. Conferi as horas pela milésima vez nos últimos dez
minutos.

Estava para ir atrás de Anne, quando o murmurar das pessoas


aumentou, evidenciando a aproximação da noiva. A marcha nupcial
começou a tocar e me arrepiei dos pés à cabeça.

Dona Isabel veio caminhando pela lateral e se postou em seu


lugar no altar, me dando um sorriso reconfortante. E lá estava Anne,
parada a vários metros de distância de mim, de braço dado com o
pai.

Seu rosto se iluminou ao me ver. Seus lábios formaram as


palavras TE AMAMOS e meus olhos marejaram quando a vi
acariciar a barriga de leve. Sua preocupação havia sido em vão, sua
pequena barriga não era aparente, por causa do modelo do vestido,
mas eu sabia bem o que estava por baixo daquele monte de pano e
me orgulhava da minha Pimentinha guerreira.
Começaram a caminhar em minha direção e o mundo a minha
volta perdeu a definição, meu foco todo era na mulher que
caminhava em minha direção.

Mauro disse alguma coisa quando colocou a mão dela sobre a


minha, que não consegui entender, mas pelo riso de Anne deve ter
sido algo divertido.

A cerimônia passou despercebida para mim, estava vidrado na


beldade ao meu lado e embevecido com o amor que me invadia.
Caí em mim quando o padre pediu para que eu repetisse o
juramento sagrado do matrimônio.

Sim, ela era minha.

Oficialmente minha esposa!

Depois de um beijo demorado, que selou nossa união,


caminhamos pelo tapete vermelho sobre o gramado, recebendo
uma chuva de pétalas de rosas de todos os presentes.

***

— Ei Brunão, que tal dar aquela fugida agora? Felipe já está a


postos, quando quiserem é só dizer que ele os levará para o
aeroporto. O avião também já está esperando por vocês, Armand já
tem tudo pronto. — Rick falou em um tom baixo, para que só nós
ouvíssemos. — Mandei prepararem uma cabana especial para
vocês — piscou afastando-se.

A festa havia sido deliciosa e sossegada. Tínhamos dançado


nossa primeira música juntos, como marido e mulher, Anne já tinha
jogado o buquê e a filha de Jess o havia pego. Pela cara do
namorado dela, logo teríamos mais uma festa.

Meus pais estavam felizes da vida e não tinham tocado no


nome de Belmiro, o que me deixou ainda mais feliz. Tê-los ali,
depois de tantos anos, com tudo finalmente esclarecido era mais um
sonho, tornado realidade.

Eu já estava cansado de dividir minha Pimentinha com tanta


gente e a queria só para mim. A olhei e ela assentiu com a cabeça.
Anne foi se despedir de seus pais e quando voltou, dei umas
batidinhas na minha taça, tentando chamar a atenção das pessoas.
Rick deu um assobio e então todos olharam para mim. Ri sem
graça.

— Bem, meu povo, estamos indo. Aproveitem a festa!

Não dei tempo para que todos se despedissem de nós, fiz um


adeus geral, saindo correndo com Anne.
Capítulo 18
BRUNO

Depois de mais ou menos uma hora e vinte chegamos ao


aeroporto. Felipe nos deixou em frente ao avião de Rick, onde
Armand nos aguardava.

— Sejam bem-vindos, Senhor e Senhora Riewe. Nosso voo


será de aproximadamente três horas. Qualquer coisa que
precisarem, a senhorita McKenna os atenderá.

— Obrigado, Armand.

— Não por isso senhor — colocou seu quepe e estendeu o


braço, apontando para que subíssemos a bordo.

Nos acomodamos em nossas poltronas e Anne suspirou,


olhando em volta.
— Caramba como é lindo aqui dentro! Nunca estive em um
avião particular!

— Lá no fundo tem um quarto —sussurrei em seu ouvido,


mordendo o lóbulo de leve. — Se quiser descansar um pouco
depois…

Fomos interrompidos pela comissária de bordo e o avião entrou


em movimento.

— Lá vamos nós…

As horas passaram voando e quando nos demos conta, fomos


avisados de que o pouso seria em minutos. Logo estávamos
descendo do avião e indo em direção ao carro que nos aguardava
na pista do aeroporto. A noite quente e úmida nos brindou, dando
boas-vindas a nossa primeira noite como marido e mulher.

O motorista abriu a porta traseira para nós e partimos em


direção ao hotel de Rick.

— Uau! Eu não imaginava que era tão grande! — Anne


murmurou, assim que paramos em frente ao resort.

Ri e a abracei, enquanto os carregadores pegavam nossa


bagagem no porta-malas.

Um homem de terno nos aguardava e se apresentou como


Cláudio, um dos braços direitos de Rick ali.

— Vou levá-los até sua cabana. Me sigam por favor.


O seguimos hotel a dentro e Anne murmurou admirada
novamente ao sairmos por uma porta lateral. À nossa frente, haviam
vários caminhos sinuosos, cada um levando a uma cabana, bem
distante umas das outras, em meio ao mar calmo.

— Sejam bem-vindos e boa estadia. Qualquer coisa que


precisarem, não hesitem em me chamar, meu número pessoal está
ao lado do telefone. — Com uma mesura, nos apontou a porta de
entrada. — Boa noite.

Anne já ia entrando, olhando abobada e de boca aberta para


tudo.

— Nem pense, Pimentinha. Entrará em meus braços — dito


isso a peguei no colo, arrancando-lhe um gritinho de felicidade.

Passei com ela pela porta e foi minha vez de murmurar,


admirado.

A decoração da cabana era de alto luxo, rústica porém tudo de


primeira e muito bom gosto.

Colocando Anne no chão, caminhamos pela sala, realmente


admirados com tudo e, conforme adentrávamos ainda mais, a
admiração só aumentava.

No quarto uma cama de dossel tomava conta do ambiente. A


janela do quarto tinha vista para o mar e uma porta lateral levava a
uma parte do oceano, iluminada por luzes submersas, que formava
uma piscina natural privativa, protegida dos olhos alheios. O
banheiro contava com uma jacuzzi enorme e toalhas super macias.
Foi então que percebi uma cesta de boas-vindas, com produtos
de higiene, sobre a bancada da pia, com um cartão apoiado nela.
Peguei-o e li em voz alta.

Aceitem nosso presente de casamento. Essa


cabana é e será exclusiva de vocês, sempre que
quiserem fugir um pouco do mundo, para um
todo particular. Essa chave abre a porta lateral.
Aproveitem, sem moderação, sempre que
quiserem.

Felicidades aos pombinhos.


O cartão era assinado por todos, Rick e Jess, Theo e Pam e
Guilherme e Ella. Peguei a chave que estava na bancada ao lado do
cartão e, sorrindo para minha Pimentinha, peguei sua mão, enfiando
a chave na fechadura, girando-a.

Abri e se possível, me surpreendi ainda mais. Ali a nossa frente


estava a réplica perfeita do nosso quarto no bar, com todos os
apetrechos e detalhes.

— O que acha de começarmos estreando esse quarto?

Um sorriso safado surgiu em seu rosto.

— Tudo o que meu Senhor quiser.

Ah! Ela era perfeita para mim!


***

Foi uma semana digna de um sonho bom... Nadamos com os


golfinhos, passeamos de barco, ficamos de bobeira ao sol,
aproveitamos cada segundo da companhia um do outro. Éramos
como um só corpo, um conhecia bem os gostos do outro,
contemplávamos a lua sobre o oceano todas as noites, nos braços
um do outro, deitados sob as estrelas.

Infelizmente, a hora de retornar a civilização e a nossa rotina


chegou. O carregador veio pegar nossa bagagem e nos despedimos
de Cláudio, na recepção do resort, agradecendo pela gentileza
diária.

O carro nos aguardava e nos levou diretamente para a pista do


aeroporto, onde Armand e a comissária nos aguardavam, a postos.
A viagem de volta foi sossegada e logo estávamos em nossa casa.

— Vida nova, casa nova. Venha Pimentinha, para meus braços


novamente.

Entrei no meu lar, carregando tudo o que era mais importante


para mim, junto ao coração. Minha mulher e meus filhos!

— Te amo, Leãozinho.

— Também amo você, Pimentinha, mais do que imaginava ser


capaz de amar alguém um dia. E nossos filhotinhos também. — A
coloquei no chão, abaixando-me para beijar sua barriga. — Vamos
ver como ficou tudo?
— A equipe de decoração foi rápida, hein? — Anne disse,
surpresa ao olhar em volta. — Nossa casa está demais!

Ela tinha razão. A sala ampla era dividida em três ambientes,


sala de estar com um sofá em L, a mesa de centro com duas
poltronas e um tapete magnífico complementando o layout, a de
jantar com uma mesa de dez lugares para não faltar lugar para
ninguém, com um aparador onde estavam guardados o aparelho de
jantar e os faqueiros, toalhas de mesa e todos os apetrechos que eu
nem sabia o nome, que havíamos ganhado de casamento, e a de
tevê com uma grande televisão em frente a um sofá aconchegante
decorado com almofadas coloridas, ladeado por mesinhas e pufs
sob o painel da TV.

Lindos espelhos e quadros decoravam todo o espaço. Cortinas


leves e brancas emolduravam as janelas e portas de correr que
davam para a sacada, com vista para o jardim. Estava tudo lindo
demais!

— Vamos ver a parte de cima.

Subimos as escadas. Um dos quartos era bem grande, onde


mais tarde arrumaríamos as coisas dos bebês. No momento estava
vazio. Só o decoraríamos mais perto do nascimento.

— Ficou bem como queríamos. Vai ter espaço de sobra para os


três berços e tudo mais.

— Perfeito! — peguei sua mão e continuamos a exploração.

Nosso quarto estava magnífico também, exatamente como no


projeto que nos foi apresentado por videoconferência, com uma
cama kingsize monopolizando o ambiente, ladeada por mesinhas de
cabeceira e um recamier aos pés, poltronas em um dos lados,
próximo a janela formavam um ótimo canto de leitura e relaxamento,
perfeito também para que Anne pudesse amamentar ali se
quisesse. O closet estava impecável, exatamente como havíamos
planejado! Rick e Theo acompanharam tudo de perto enquanto
estávamos viajando. Eu devia muito a eles!

Anne fungou e a olhei. Ela chorava baixinho.

— Não chore Pimentinha.

— É tudo tão lindo! E está tudo dando tão certo ultimamente


que me dá até medo.

— Passamos por muita coisa, mas não há mal que persista.

— Deus te ouça — disse se aproximando de um dos móveis,


dando três batidas na madeira.

— Não sabia que era supersticiosa, Pimentinha.

— É aquela coisa… Não acredito em bruxas, mas também não


duvido — riu e a abracei.

— Seremos felizes aqui. Eu sinto isso. Essa casa tem uma


vibração boa, uma energia toda própria. Vamos ser muito felizes,
com nossos filhos. — A beijei de leve nos cabelos. — Agora um
banho e descansar. Amanhã tudo recomeça.

Ela assentiu e tirei suas roupas, lentamente. A levei para o


banheiro e estreamos o cômodo. O faríamos por todos os cantos,
nos próximos dias!
Capítulo 19
ANNE

Duas semanas se passaram, desde que voltamos da lua de


mel. O trabalho me fazia falta, pois desde muito nova era uma rotina
para mim, acordar, me arrumar e sair para trabalhar. Mas meus
filhos eram minha prioridade, minha casa e meu marido também.
Minha vida havia mudado drasticamente e por causa dos miomas,
eu tinha que tomar um cuidado a mais, ficar mais quieta e o trabalho
externo não cabia mais nela.

Passava meus dias pintando, cuidando do jardim, caminhava


pelo bairro, sempre acompanhada pelo meu segurança, Alan. Às
vezes Jess se juntava a mim e conversávamos por horas, durante a
caminhada e após, no café que se seguia. Às vezes eu a
acompanhava à academia deles que era bem próxima. Havíamos
nos tornado grandes amigas.
Pam trabalhava e levava a pequena Giovanna com ela todos os
dias para a Solaris, sua empresa de segurança.

Guilherme e Ella estavam exultantes com a gravidez. Eu e Ella


tínhamos algumas semanas de diferença na gestação. Ela também
teria trigêmeos, pois a fertilização havia sido um sucesso e
superado as expectativas.

Em alguns meses, teríamos nove crianças no total. Meus três,


os três de Ella, os gêmeos de Jess e a pequena Giovanna. Seria
uma loucura quando todos começassem a andar e brincassem
todos juntos! Ella e Guilherme estavam se mudando para uma casa
próxima também, assim seriamos em breve uma grande família.

Hoje minha mãe viria me visitar, conhecer a casa nova e


montaríamos a nossa árvore de Natal, traria alguns enfeites que eu
havia feito para ela durante toda minha infância. Segundo ela, havia
guardado para que eu um dia mostrasse aos meus filhos e agora
era a hora de voltarem para mim.

Não a via desde o casamento e estava com muitas saudades.

Fui até o quarto de hóspedes e estava começando a arrumar a


cama, para o caso de meus pais quererem passar a noite, quando
Branca me interrompeu.

— Senhora, deixe que eu faço isso. Sua mãe está chegando,


ligou e pediu para esperá-la lá fora para poder encontrar a casa.

— Ok, obrigada, Branca.


Desci as escadas com cuidado e fui aguardá-la na porta. Logo o
carro de meu pai apareceu na esquina. Sorri feliz. Assim que o carro
parou em frente, minha mãe saiu correndo e veio até mim, de
braços abertos.

— Meu Deus que saudades, filha! E olha essa barriga, como


cresceu!

— Né? Estão crescendo bem e já os sinto mexer.

— Tudo tão rápido! Mauro venha ver essa barriga!

Sorri. Meus bebês estavam felizes lá dentro, tinham bastante


espaço por enquanto, mas logo eles disputariam cada centímetro e
aí sim seria uma verdadeira festa dentro de mim.

Meu pai colocou a caixa que trazia, no chão, me abraçou e


acariciou minha barriga.

— Entrem, venham ver a casa. Sei que estão ansiosos para


isso. Pai, coloque a caixa ali no canto, depois vamos montar a
árvore!

A cada cômodo a felicidade da minha mãe aumentava e meu


pai fechava a cara. Quando chegamos a área externa, onde tinha a
piscina, churrasqueira e uma área gramada com algumas mesas de
ferro ladeadas por cadeiras do mesmo material, minha mãe
começou a tagarelar sobre como tudo era lindo, meu Deus isso,
meu Deus aquilo. Mas meu pai não dizia uma palavra. Me aproximei
dele e o abracei.

— O que foi pai? Sei que alguma coisa te incomoda.


— Olhe para essa casa, Anne. É gigantesca! E os móveis, tudo
novo e planejado! Isso deve ter custado uma fortuna! Esse seu
marido deve ter algum negócio obscuro, para ganhar tanto dinheiro
assim. Por Deus, ele é enfermeiro! Sei que falou que tem parte em
uma academia, mas quanta gente faz exercícios lá para pagar uma
casa dessas? Um luxo desses? — Ele meneou a cabeça,
preocupado. — Não. Aí tem!

— Não tem nada não, pai. Fica sossegado. Vamos conhecer a


academia? É aqui pertinho.

Ele concordou e assim que saímos, Alan postou-se logo atrás


de nós.

— Olhe isso, Isabel. Ela tem segurança particular — completou,


falando mais baixo. — Ele deve ser da máfia….

Não me aguentei e ri com gosto. Alan abriu a porta traseira do


carro para nós, mas meu pai quis ir na frente e eu não me importei.
Entrei atrás com minha mãe, ele fechou a porta e logo estávamos a
caminho.

— Filha, perdoe seu pai pelo que disse. Ele apenas se


preocupa com você.

— Tudo bem mãe. Ele tem uma ideia sobre academia e quero
ver a cara dele ao se deparar com a academia — sussurrei,
piscando para ela.

Poucas quadras de distância, Alan parou e descemos em frente


a Swanson Fitness Club, que tomava a quadra toda. Já na frente
haviam dois seguranças, de terno ladeando a porta de entrada.
A recepcionista já me conhecia e liberou o acesso para todos
nós. Fui mostrando tudo para eles, na lateral da parte térrea ficavam
os equipamentos de musculação, que estava cheia de pessoas se
exercitando; ao centro, uma área de descanso decorada com uma
lareira e algumas poltronas fofinhas de couro preto rodeando uma
mesinha de centro de vidro, onde descansavam várias revistas e um
vaso com flores.

Logo após a área de descanso, ficava a lanchonete e, em frente


ao deck onde estavam as mesas, havia uma loja de roupas e uma
farmácia. Nos sentamos ali e pedi um pedaço da torta de limão que
Jess tanto gostava, para todos nós e suco de laranja para
acompanhar.

— E então, pai? Gostou da academia?

— Isso não é só uma academia! É um mini shopping!

Eu ri da sua empolgação. Minha mãe olhava para ele como se


dissesse: Eu falei!

— Pois é. É um clube fitness. Tem um estúdio de pilates lá em


cima e vários outros serviços.

— Quando ele falou academia eu pensei que fosse um


daqueles galpões como a gente vê lá na cidade, nunca imaginei
uma coisa assim! — olhou em volta e assentiu. — Nunca mais vou
duvidar daquele rapaz. Se ele chama isso aqui de academia, deve
chamar a casa de vocês de choupana. — riu com gosto e
visivelmente aliviado.
Eu entendia perfeitamente a confusão de meu pai, motivo pelo
qual eu os havia trazido para conhecer, pois existem coisas que a
gente contando não tem o mesmo impacto.

A Swanson Fitness Club era gigantesca e eu mesma havia


ficado admirada ao conhecer. Mas todos eles eram assim, não se
gabavam do que tinham e nem ficavam se exibindo. Isso era o que
mais me agradava neles, a humildade e a gentileza com que
tratavam as pessoas ao redor.

Comemos, conversamos bastante, levei-os para conhecer o


restante do lugar e voltamos para casa.
Capítulo 20
ANNE

Meu pai ajudou a montar a grande árvore de Natal artificial


como eu tinha na infância, ao lado da lareira, que ficava no centro
da sala. Essa tinha mais de 1,80m de altura, linda e com os galhos
cheios, era de se admirar. Estávamos colocando os enfeites que eu
havia comprado, os laços de fitas, quando minha mãe pegou a caixa
que havia trazido. As lembranças a emocionaram e meu pai só
observava, sentado no sofá, pensativo.

Um barulho na porta chamou minha atenção e então, Bruno


tomou conta da abertura e aquele típico arrepio me tomou, ao vê-lo.

— Boa tarde! Que bom chegar em casa e ver uma cena dessas!
— Seu sorriso era contagiante, veio direto me dar um beijo e logo
depois cumprimentou meus pais.
Bruno ficou ajudando-nos com os enfeites e rindo dos meus
desenhos e frases nos cartões.

— Vai uma cervejinha, Mauro? — Bruno ofereceu.

— Rapaz, vai cair como uma luva. Aceito sim.

— Aliviado, né pai? — brinquei com ele que suspirou, colocando


a mão no coração.

— Você não faz ideia!

— Meu pai achou que você era ligado a máfia quando viu a
casa.

— Verdade. Me perdoe rapaz, por duvidar do seu caráter. Você


tinha dito academia… como poderia ter uma casa dessas sendo
enfermeiro e sócio de uma academia? Mas aí Anne levou a gente
para conhecer aquele mini shopping de vocês! Meu Deus que coisa
enorme! Nunca tinha visto um lugar como aquele! Não vou duvidar
nunca mais de nada nessa vida.

— Ah sim e ainda tem o bar na praia. — Bruno começou a dizer,


rindo, enquanto voltava com a cerveja para meu pai. — É como uma
casa noturna, com pista de dança e tudo mais.

Suspirei aliviada. Era óbvio que ele não iria contar a eles sobre
o que acontecia por trás daquelas portas...

— O que acham de fazermos um churrasco? Não fizemos nada


em casa ainda e seria uma boa oportunidade! — Bruno sugeriu, um
pouco mais tarde.
— É uma boa! — Meu pai se empolgou.

— Vou ligar para Jess e as meninas, para virem também.


Enquanto vocês compram as carnes, eles todos se arrumam e
iremos inaugurar nossa casa com todos nossos amigos, juntos.

— Maravilha. Vamos, sogrão?

De forma rápida, meu pai se despediu da minha mãe com um


beijo na testa e um aceno para mim. Bruno aproximou-se,
sussurrando em meu ouvido.

—Vi sua carinha, Pimentinha. Está louca para voltar lá no bar,


né?

Senti um arrepio percorrer meu corpo todo e meus olhos


dançaram nos dele. Não precisei responder. Apenas roçou os lábios
nos meus, em uma promessa velada, virou-se e despediu-se de
minha mãe, saindo com meu pai em seus calcanhares.

— Filha, esse seu marido é um anjo. Achei que ele ficaria super
irritado com seu pai, mas apenas riu e ainda resolveu fazer um
churrasco! Caiu do céu, direto para em seus braços. — Minha mãe
falou, enquanto se abanava.

— Você não tem jeito mãe! — peguei o celular e liguei para


Jess. — Espera só um pouquinho — fiz sinal e nesse momento a
ligação foi completada. — Oi minha linda, é a Anne. O que acha de
fazer um churrasco, pra comemorar a casa nova? Meus pais estão
aqui também. — Jess se empolgou do outro lado da linha e garantiu
que chamaria os outros, para eu curtir minha mãe um pouquinho. —
Certo, Bruno já foi comprar as coisas. Venham assim que der.
Nos despedimos e então, vi minha mãe me observando, com
um sorriso no rosto.

— Você não sabe o quanto me deixa feliz e aliviada em te ver


se dar tão bem com seus novos amigos. Parecem que se conhecem
há anos.

— São boas pessoas, mãe. De bom coração, sabe? Jess e Rick


passaram por tantas coisas também… Ela era casada com um
traste, mas graças a Deus se separou! E foi em grande estilo! —
contei para minha mãe tudo o que eu sabia sobre a festa que Jess
havia feito para o marido, onde havia entregado os papéis do
divórcio e de quebra desmascarado a traição dele. — Após isso
começou um relacionamento com Rick, foi sequestrada pelo ex
marido louco, fugiu dele, se enfiando na mata próxima a casa onde
ele a mantinha em cativeiro, caiu, bateu a cabeça, perdeu a
memória… vixi! A coisa foi complicada! Mas o destino, né? Quando
resolve agir, não tem jeito. As pessoas que a encontraram, cuidaram
dela e tudo acabou bem. Ela descobriu a gravidez, já tinha um casal
de gêmeos que hoje estão cursando faculdade em outra cidade.

— E o ex marido? Que fim levou? Por onde anda?

— Então. Essa parte não é muito bonita, mas… — dei de


ombros, meneando a cabeça. — Ele tomou uma coça do Rick, foi
preso e deu um jeitinho de sair da cadeia. Sequestrou Bruno, logo
que a gente começou a sair e no final foi morto.

— Nossa Senhora! Morreu? Deus me livre — deu três tapinhas


na boca. — A justiça divina tarda mas não falha!
Minha mãe e seus trejeitos! Me sentei ao seu lado, abraçando-
a.

— Eu estava com saudades desse seu jeitão, mãe.

— Eu também, filha — beijando-me nos cabelos. — E nós não


temos que fazer nada? O que acha daquele vinagrete?

Só de escutar, minha boca encheu d'água. Aceitei a sugestão


na hora e fomos para a cozinha.

Fiquei observando minha mãe picar tomates, cebolas, salsinha,


misturar tudo e temperar com orégano, limão, azeite e mais outras
coisas que ela encontrou por ali. Não me aguentei e roubei um
bocado, fazendo-a rir.

— Sabe, quando eu estava grávida de você, adorava chupar


limão com sal.

— Ah, mas eu adoro fazer isso! Não faço sempre, mas as vezes
dá uma coisa…

— Ô de casa! Estamos entrando! — escutei Jess, na sala.

Fui recebê-la e junto estava Pam, com Giovanna nos braços,


Ella carregando Fred e Felipe nos braços da mãe.

— Ah, quando os nossos chegarem, Ella, vai faltar colo!

— Vamos ter que recrutar todos os braços disponíveis. Viu


Dona Isabel, fique atenta, porque vão chegar mais seis bebês em
breve. — Ella disse, passando a mão em sua própria barriga.
— Que povo mais fértil! — Minha mãe brincou. — Você também
está esperando três?

— Sim, mas no meu caso, não foi a natureza não, mas são
meus milagres — sorriu e contou tudo o que havia acontecido com
ela para minha mãe, que ouviu a tudo com os olhos marejados.
Principalmente na parte em que Ella contou sobre a doadora da
medula ter sido a mulher do irmão, Pam, que era apenas namorada
na época. — Deus colocou esse anjo em nossas vidas. Por causa
dela, estou aqui hoje.

— Vocês todas são guerreiras. Merecem muito a felicidade que


estão tendo. Parabéns por terem passado por tudo isso e estarem
bem psicologicamente hoje, com suas famílias e filhos. Muita gente
enlouquece com muito menos!

— É a vida, né Dona Isabel? A gente colhe o que planta.


Sementinhas de amor, que germinam e trazem felicidade a todos.

Minha mãe já estava quase chorando, sempre foi superemotiva,


mas disfarçou quando escutou mais barulho vindo de fora. Os
homens haviam chegado, trazendo as carnes, carvão e tudo mais.
Minha mãe já foi levantando para ajudar, mas segurei sua mão.

— Mãe, nessa casa os homens trabalham e nós ficamos


olhando, conversando e bebendo um suquinho.

— Ah, sim! E eles ainda trazem comida para nós! A senhora vai
ver.

— Mas seu pai não sabe fazer nada sem mim!


— Nem se preocupe, dona Isabel. Eles darão um jeito no seu
marido — disse Pam, rindo e piscando para ela.

Bruno veio até nós, chamando para nos juntarmos a eles, na


parte externa. À dez mãos, as coisas começaram a ficar prontas
rapidamente. Rick, Theo, Guilherme, Bruno e meu pai fizeram um
belo churrasco! O aroma da carne dava água na boca!

Minha mãe fez menção de levantar-se para ajudar, era a


natureza dela pois, em casa as coisas eram diferentes, onde os
homens se sentavam e conversavam enquanto as mulheres
trabalhavam e corriam de um lado para o outro trazendo pratos,
lavando louça e ajeitando tudo. Em situações como a de hoje não
pararia um segundo. Apenas coloquei a mão em sua perna e a
acalmei.

— Fique aqui, mãe. Papai não te chamou até agora e não o


fará. Ele já percebeu e aceitou que as coisas são diferentes. Apenas
aproveite. Permita-se — pisquei para ela e mandei um beijo para
Bruno, que mesmo no comando da churrasqueira estava de olho em
mim.

Observei-os servirem cinco pratos e então cada um deles pegou


um, Bruno entregou um ao meu pai e fez sinal para que ele o
seguisse. Como sempre, sentaram-se ao lado de suas mulheres e
começaram a alimentá-las.

Meu pai olhou em volta, para tudo o que acontecia e imitou os


outros homens, para o espanto da minha mãe, que me olhou de
olhos arregalados. Apenas sorri. Como dizem, macaco vê, macaco
faz!
No final do dia, o homem possessivo tomou conta do meu pai.
No fundo acho que aquilo fazia parte dele, pois estava muito à
vontade com tudo, mas o que o prendia era a vergonha de agir
daquele modo. No seu tempo, demonstração de afeto não era bem
vista. Na hora da despedida, minha mãe demorou um pouco mais
para me dizer adeus.

— Minha filha, vou passar a vir mais vezes. O instinto protetor


desses homens contagiou seu pai! Meu Deus! Nunca me tratou tão
bem na frente de outras pessoas.

— Mãe, como falei antes, permita-se. Deixe que ele demonstre,


que seja romântico.

— Vou fazer isso — assentiu com a cabeça, sorrindo. — Vou


fazer. Se cuide. — Me deu um beijo no rosto e se foi.

Fiquei na porta, com Bruno abraçado a mim, observando todos


partirem.

— Agora, o que acha de um banho relaxante? — Bruno


sussurrou em meu ouvido e levantei a cabeça, oferecendo meus
lábios para um beijo.

— Só se você entrar comigo.

Fechei a porta e me entreguei aos seus beijos. Bruno me pegou


nos braços e subiu as escadas, os banhos com ele nunca eram
iguais…
Capítulo 21
ANNE

A semana passou voando e, conforme prometido, descemos


para a praia na manhã de sábado. Havia uma certa excitação no ar,
as mulheres estavam avoadas, com um olhar sonhador e todos os
homens estavam mais tensos, em uma postura mais séria e ereta.

Eu estava louca para que a noite chegasse, só para ver meu


Leãozinho em suas calças de couro preto. Minha pele se arrepiava
só em pensar no que me aguardava naquele quarto…

— Chegamos, Pimentinha. — Bruno avisou, me tirando daquele


estado de torpor.

Apenas balancei a cabeça, afirmativamente. Os pais de Theo e


Ella já estavam do lado de fora, aguardando-nos. Eram pessoas
muito especiais. Após nos acomodarmos no quarto de hóspedes,
dona Sirley serviu o almoço.
— Meu filho, sei que não tenho nada a ver com isso, mas
preciso perguntar — limpou a boca com um guardanapo, mais para
juntar coragem de verbalizar o que guardava para si por esse
tempo. — Por que cargas d'água seus pais estavam no altar, no seu
casamento? — Ela elevou as mãos, exasperada.

— Pois é cara. Você falou que iria contar pra gente depois, mas
até agora nada. — Guilherme falou, olhando para os outros e então
todos olharam para ele.

Acariciei sua coxa, dando apoio e lembrando a ele que eu


estava ali para o que der e viesse.

Então ele começou a contar toda a história.

— Vocês se lembram do motivo pelo qual saí de casa, né? Pois


acabou que nada era como parecia ser... — e foi relatando tudo o
que havia acontecido, como tinha reencontrado o irmão da maneira
mais inesperada do mundo, os pais no funeral da moça queimada e
o motivo de ter dado o convite para eles. — E foi assim. Semana
que vem eles irão na festa de Natal da academia, convidei e
adoraram a ideia — deu de ombros, como se não fosse nada
demais, mas eu sabia muito bem que estava apreensivo com o
reencontro pois, aí sim, eles iriam conversar e colocar os pingos nos
is.

— E o que você vai fazer com esse filho da puta do seu irmão?
— Rick perguntou e Jess deu um cutucão nele. — O quê? Ele é
mesmo! Onde já se viu um negócio desses?
— Pensei muito e não vou fazer nada. Ele é um infeliz e já está
pagando por tudo o que fez. Tem plena consciência das cagadas
que cometeu, isso eu tenho certeza. E a consciência pesada é a
pior coisa, pois nem conseguir dormir ele deve. Falei umas verdades
em relação ao seu casamento e vou deixar que meus pais façam o
resto, conversando com ele. Meu pai é um cara maravilhoso, mas
quando é pra dar bronca, brigar e fazer com que a gente se
arrependa de ter nascido, ele é o melhor. Miro já está pagando, sem
que eu tenha que me meter.

— Se você acha... o que podemos fazer? Mas avise se mudar


de ideia! Vou querer ser o primeiro a dar um susto nele. Ainda me
lembro do mequetrefe que sequestrou a Anne. — Guilherme disse e
foi a vez de Ella o repreender.

— Conte sempre com a gente, Brunão. — Theo que estava


sentado ao lado de Bruno se manifestou, levantando a mão fechada
para que ele batesse, em um comprimento todo deles.

— Entendi. — Dona Sirley comentou, voltando a comer. — Eu


estranhei, mas agora entendi. Não tem motivo para que vocês
fiquem afastados, bem pelo contrário, os coitados devem ter sentido
a sua falta.

E como devem. Bruno é uma pessoa muito fácil de se amar. E


como eu o amava! Abracei-me a seu braço e ele beijou meus
cabelos. O resto do dia passou sem mais perguntas e conforme a
noite se aproximava a tensão aumentava.

Dona Sirley ficaria com os três pequenos, sozinha. Jess deixou


os dois dormindo em seus bercinhos de viagem e saiu pisando leve,
do quarto. Pam fez a mesma coisa.

— Vamos para seu quarto, pra gente poder se arrumar. Eles


dormiram! — Jess sussurrou, feliz.

A excitação estava no ar, todas sabíamos bem o que


aconteceria em breve e não víamos a hora de nos divertirmos um
pouco e da melhor maneira possível!

Em meia hora estávamos prontas e fomos andando pé ante pé,


para que os bebês não acordassem, rindo baixinho e sussurrando.

—Shh… fala baixo porque se Fred ou Felipe acordarem a noite


já era pra mim. — Jess falou bem baixinho e Pam concordou.

— O mesmo serve pra mim.

Chegamos na sala e Guilherme foi o primeiro a falar.

— Até que enfim!

Um SHHHHH coletivo se seguiu e ele tampou a boca. Os outros


riram, baixinho, obviamente.

— Parece que estamos saindo como um bando de fugitivos —


Bruno comentou.

— Acostume-se a isso! Logo vão ser vocês! — Theo respondeu,


apontando para Bruno e Guilherme, enquanto Rick abria a porta e a
segurava aberta para que saíssemos.

Os rapazes haviam deixado os carros um pouco distantes da


casa por causa do barulho. Assim que entramos no carro, Bruno me
puxou para um beijo.
— Você está linda, Pimentinha.

— E você está delicioso nessa calça de couro. Chega a me dar


até uma coisa…

— Guarde esse fogo para daqui a pouco, minha Anne.

Escutar sua voz dizendo meu nome dessa maneira me deixou


trêmula.

No bar, eles pediram uma cerveja e todas nós ficamos no suco,


porque quem não estava grávida, estava amamentando.

— Quer dançar, Pimentinha? — Bruno perguntou, bem perto do


meu ouvido.

— Se eu puder escolher, não. — Meus olhos dançavam nos


dele.

— Ansiosa?

— Desde a semana passada — confessei.

— Certo.

Ele terminou calmamente sua cerveja. Rick e Jess se


levantaram e sumiram pela porta atrás do palco. Minutos depois foi
a vez de Theo e Pam… e nada do Bruno se mexer. Ele
acompanhava meus movimentos com o olhar e eu já estava
inquieta, mal conseguindo terminar meu suco, mexendo o canudo
de um lado para o outro.

— A espera é uma tortura, não é mesmo? — sussurrou em meu


ouvido, mordendo o lóbulo e me arrepiei.
Tudo dentro de mim pulsava e me sentia quente, louca de
tesão.

Não respondi. Ele sabia a resposta.

Quando Guilherme se levantou, Bruno resolveu se mexer


também. Levantou-se e estendeu a mão para mim.

— Fique atrás de mim, Pimentinha.

O lugar estava lotado e andando assim, colada a suas costas


ninguém encostaria em minha barriga. Logo atrás de mim, vinham
Ella e Guilherme por último, completando a fila. Uma vez no caixa,
Bruno pegou sua chave e Guilherme a dele. Passamos pelos
seguranças que ladeavam a porta do paraíso.

Uma vez lá dentro, os lugares se inverteram. Bruno me segurou


e conduziu pela nuca, me colocando a sua frente, até a nossa porta,
lilás.

Ele a abriu e entramos. Sem dizer uma palavra.

O quarto estava igual, apenas com uma única diferença, uma


pequena cortina preta cobria uma janela que não me lembrava de
estar ali antes. Da primeira vez, apenas a cama estava levemente
iluminada, mas hoje era a bendita cortina.

Posicionou-se atrás de mim e me puxou para si, fazendo com


que sentisse seu pau, duro. Ele me conduziu até ela e a abriu.

— Observe.
No outro lado daquela janela um casal trocava carícias. Eu
nunca tinha visto nada assim, ao vivo. O choque inicial foi
substituído por um tesão absurdo ao sentir as mãos de Bruno
percorrerem meus braços e tomarem meus seios.

Levemente ele desceu as alças do meu vestido e abriu o zíper


lateral. O tecido se prendeu no contorno da minha barriga e ele o
puxou para baixo. Senti sua barba roçando a pele da minha bunda e
estremeci. Ele agora estava agachado, para retirar meus sapatos.

— Olhos na janela, Anne.

Rapidamente olhei para a cena a minha frente e suspirei. O


casal estava na cama, o homem com a cabeça entre as pernas da
mulher, que agarrava seus cabelos.

Parecendo saber o que acontecia, Bruno contornou meu corpo,


ficando de frente para mim e afastou minha calcinha, lambendo
minha boceta deliciosamente. Sua língua se metia em minhas
dobras, a procura do meu centro de prazer e gemi ao sentir o calor
dela em meu clitóris.

Suas mãos me mantinham imóvel, segurando minhas coxas de


encontro a ele. Meu corpo começou a tremer. Os estímulos visuais e
táteis eram fortes demais e quando eu estava prestes a gozar, ele
parou.

Não olhei para ele novamente, obedecendo a sua ordem. Só o


senti atrás de mim outra vez e logo após, seu pau roçando minha
bunda, agora nu, pele com pele.
Pelo vidro eu observava o casal em uma transa frenética, a
frustração pelo orgasmo negado e a excitação pela cena a minha
frente, me davam a sensação de vazio e calor, de tudo e nada.
Gemi sem saber o que era mais forte em mim.

Então a escuridão tomou meus olhos e senti a maciez da seda


em minha pele. Ele havia me vendado.

Pegando-me no colo, me levou para a cama. O frio da seda dos


lençóis arrepiou minha pele em brasa. Senti suas mãos passando
pelo meu corpo, me livrando do que restava das roupas e em
seguida sua língua em meus mamilos. Levemente, mordeu a
pontinha deles. Um após o outro.

Suas mãos percorreram meus braços e prendeu meus pulsos a


algo metálico. Crazy in love, na voz da Beyoncé começou a tocar e
agora além de me lembrar do casal transando no quarto ao lado, eu
ainda me lembrava do filme que havíamos visto.

Minha excitação só aumentou quando um vibrador tocou meus


mamilos úmidos. Desceu pelo meu corpo e tocou meu clitóris. Gemi
deliciada e ele retirou o brinquedo. Instintivamente levantei os
quadris a procura e ganhei um tapa na bunda.

— Quieta.

Respirei fundo, tentando retomar o controle, que foi as favas


quando ele o meteu em mim. Mordi os lábios para conter os
gemidos que queriam escapar e, como se não bastasse, sua língua
voltou a atormentar meu juízo.
— Por favor… — implorei por alguma coisa que nem eu mesma
sabia o que era.

— Minha Anne. Não aguento mais também.

Quando ele me possuiu, entrando fundo, me senti flutuar e perdi


a noção do meu corpo e de tudo ao meu redor, meu mundo se
resumiu a ele, a seu corpo que se colava ao meu e se afastava, em
um vai e vem cada vez mais frenético. Meu corpo se apertou, a
tensão tomando conta de todo o meu ser.

— Goza, Anne. Pra mim.

Ao comando de sua voz a tensão se rompeu e gozei como


nunca na vida. Uma sensação de prazer absoluto, me fez gritar,
extasiada.

— Amo você, Anne. Com todo meu coração.— sussurrou


enquanto soltava as algemas e delicadamente tirava a venda que
ainda cobria meus olhos.

Pisquei e Bruno secou as lágrimas que escorreram. Me abracei


a ele, como um náufrago se agarra a um pedaço de madeira em
alto-mar. Ficou acariciando meus cabelos até que a sensação
passasse e eu voltasse ao meu normal.

— O que achou, Pimentinha?

— Foi espetacular. Frustrante e ao mesmo tempo delicioso e


depois… não tenho palavras para descrever o que senti.

— Como eu disse da primeira vez, estou aqui para te acolher,


proteger e amar. Sempre vou cuidar de você, meu amor, a mulher
que escolhi para ser minha esposa e mãe dos meus filhos. Sempre
— acariciou minha barriga e as lágrimas voltaram a escorrer pelo
meu rosto. — Calma, meu amor. Estou aqui.

Fiquei abraçada a ele não sei quanto tempo e comecei a beijar


seu peito de leve…

— Agora é minha vez — disse estendendo seu braço e


fechando a algema em torno de seu pulso.

Bruno sorriu e estendeu o outro braço.

— Sou todo seu.


Capítulo 22
ANNE

— Está pronta, Pimentinha?

Bruno perguntou, na porta do quarto. Há uma hora atrás, seus


pais haviam chegado para a festa de Natal que aconteceria na
Swanson Fitness Club. Hoje era a primeira vez que tinha os pais só
para ele, depois de anos. Aproveitei a deixa e subi para tomar
banho e me arrumar, deixando-os sozinhos para colocar a conversa
em dia.

— Estou. Como foi com eles? — perguntei, abraçando-o.

— Tenso a princípio, mas me contaram tudo o que aconteceu.


Eles colocaram Miro contra a parede e ele contou tudo; que havia
inventado que estavam me deixando, que sumiu com a carta que
deixei para que não tivessem como me encontrar. Ele os lembrava
sempre que possível que os eu havia abandonado e que não devia
amá-los como ele. Miro não ficou nada feliz quando meus pais
disseram que passariam o Natal conosco.

— Esse seu irmão vai ter que se acostumar a dividir seus pais.
Então, está tudo bem entre vocês três?

— Sim, graças a você, tenho meus pais de volta — expôs


olhando-me nos olhos.

— Não, graças ao mequetrefe do meu primo e seu plano


ridículo. Mas como te falei um dia, Deus escreve certo por linhas
tortas. As coisas acontecem para nos ensinar alguma coisa e
quando aprendemos e assimilamos, elas se ajeitam. Ou, pelo
menos, é assim que eu gosto de pensar — sorri e me aconcheguei
em seu peito.

Bruno me beijou os cabelos e elevou meu rosto, segurando-o


com as mãos em concha.

— Te amo, minha Pimentinha — beijou levemente meus lábios.


— Vamos lá?

Desvencilhei-me de seu abraço e peguei minha bolsa,


retornando para ele e descemos. Seus pais estavam conversando
no sofá e se levantaram assim que chegamos à sala. Empolgados
com a festa e por terem o filho definitivamente de volta a suas vidas,
seguiram-nos até o carro, sentando-se no banco traseiro.

Poucas quadras nos separavam da academia e logo chegamos.


Os equipamentos de musculação haviam desaparecido e em seu
lugar estava um grande salão, ricamente decorado com motivos
natalinos, mesas com enfeites magníficos no centro, uma pista de
dança em frente a um palco onde uma banda tocava músicas
temáticas. Todos estavam lá e foi uma noite emocionante. Os quatro
subiram ao palco e me admirei com a habilidade de Bruno. Ele vivia
me surpreendendo.

Quando voltamos para casa já era tarde e seus pais ficaram no


quarto de hóspedes.

— Boa noite, meu filho. Esse natal entrará para a história. Foi
uma delícia ter você com a gente depois de tanto tempo. Sabe que
a gente te ama muito, né?

— Sim, mãe. Depois de tanto tempo achando que eu era o cocô


do cavalo do bandido, eu sei que tudo foi uma armação e que vocês
nunca deixaram de me amar.

— A senhora sabe que o ano que vem será uma loucura, com
os três dando trabalho a todos, né?

—Ah, minha filha, nós vamos amar ainda mais! Aproveite e


durma bastante enquanto eles estão aí dentro, porque quando
saírem! Será um Deus nos acuda! — sorriu para mim e puxou Bruno
para dar um beijo de boa noite. — Durmam bem.

Com um adeus ela fechou a porta e nós fomos para cama.

***

O quarto estava na penumbra, apenas a luz fraca da luminária


estava acessa. Estávamos deitados, nus como sempre dormíamos,
eu com a cabeça apoiada em seu ombro e ele me abraçava meio de
lado. Distraidamente, Bruno acariciava meu mamilo, ateando fogo
no palheiro.

— Já transou com seus pais no quarto do lado? — sussurrei,


obviamente sabendo a resposta, mas querendo mexer com sua
cabeça.

—Nunca. Não podíamos levar garotas para casa — respondeu,


virando-se para mim. — O que está se passando por essa
cabecinha?

— Que sempre tem que existir uma primeira vez para tudo… —
Minha mão percorreu seu abdômen, arranhando a pele de leve,
fazendo com ele estremecesse.

— Eles vão nos escutar… — roçou seus lábios nos meus e


envolveu meu seio, brincando com meu mamilo novamente.

— Vamos ficar quietinhos...— sussurrei, descendo ainda mais a


mão, acariciando seu pau de leve.

Bruno gemeu e tomou minha boca em um beijo consumidor,


fazendo com que eu gemesse baixinho.

— Pimentinha, se com um beijo você já está gemendo assim,


imagine com meu pau enfiado todo nessa bocetinha deliciosa.

— Prometo ficar quietinha, vou morder a mão, o travesseiro…


— Sua boca escorregava por minha pele, roçando os dentes na pele
sensível do meu pescoço. — Eu já estou com tanto tesão…

Coloquei sua mão entre minhas pernas e foi a vez dele gemer.
— Você é uma Pimentinha muito tarada!

Bruno me virou, colocando-me deitada de costas na cama,


descendo a boca até meus mamilos, sugando-os e mordendo de
leve, me deixando em chamas. Distribuiu beijos pela minha barriga
e tive que cumprir com o prometido, mordendo as costas da minha
mão quando ele abriu minhas pernas e lambeu de leve meu clitóris.
Seu gemido baixinho em minha carne úmida me fez estremecer.
Quando seus dedos me penetraram, seguindo o ritmo de sua língua,
agarrei o travesseiro, tentando me conter. Meus quadris rebolavam
contra seu rosto e o clímax estava quase me tomando...

— Te quero gozando no meu pau.

Posicionando-se entre minhas pernas, ajoelhado, ele elevou


meus quadris me puxando de encontro ao seu corpo, penetrando
fundo. Observei-o morder os lábios para conter um gemido que eu
sabia bem como seria. Metendo devagar, apoiou minhas pernas
contra seu peito, beijando a lateral interna da minha panturrilha,
mordiscando, usando-me para abafar seus gemidos.

E lá estávamos nós, na transa mais quietinha de todos os


tempos, nos contendo nos movimentos e gemidos, mas sentindo ao
máximo cada roçar de pele, o suor brotando, os tremores
aumentando… Bruno fechou os olhos, mordendo o lábio,
continuando com aquela dança erótica, seus cabelos balançando
levemente a cada estocada, cada vez mais ritmada e forte.

A devassa tomou conta de mim e me virei, ficando de bunda


empinada para ele, assim eu poderia morder o travesseiro e gemer
a vontade.
— Que vontade de dar um tapa nessa sua bunda, Pimentinha!
— Sua mão apertou a carne da minha bunda e empinei ainda mais,
contraindo minha boceta em seu pau. — Deus, você me
enlouquece. — Sua mão desceu sobre meu traseiro em um tapa
seco, quase sem barulho mas com muito efeito.

Não consegui segurar o orgasmo, nem o gemido rouco que


ficou preso no travesseiro. Bruno caiu sobre mim, mordendo meu
ombro enquanto gozava, apertando-se deliciosamente contra minha
bunda, penetrando fundo.

Nos deitamos de lado no colchão, ainda conectados e


abraçados, ofegantes.

— Temos que fazer com que nos visite mais vezes. O proibido é
hummm… — sussurrei, rindo baixinho.

— Amo você Pimentinha, Feliz Natal. Foi o melhor da minha


vida.

— Teremos muitos natais juntos, meu amor. E o próximo será


uma loucura!

—Nós daremos conta! — beijou em cima da marca da sua


mordida e, levantando-se, caminhou até o banheiro, ligando o
chuveiro para o nosso banho.
Capítulo 23
Três meses e meio meses depois.

— A gente não vai dar conta! — Bruno falou, meio


desesperado.

Eu estava na mesa de parto, meus três meninos vieram ao


mundo, lindos e saudáveis, medindo 45 centímetros cada e pesando
entre 2,100 e 2kg. Só que quando tiraram o terceiro bebê, o médico
gritou pedindo uma equipe extra de emergência.

— Temos um quarto bebê! — O médico informou.

— Como um quarto bebê? Como ninguém nunca viu o quarto


bebê? — Bruno perguntou, espantado.

— No início não tínhamos certeza de quantos eram, se lembra?


Esse se desenvolveu por trás e ficou oculto. Às vezes acontece.
— Calma, Leãozinho. Tudo vai dar certo! Vamos dar conta sim!
— olhei para o lado, onde as equipes cuidavam dos meus bebês. —
Ele está bem, doutor?

Uma nova equipe neonatal entrou e posicionaram-se ao lado,


aguardando o nascimento.

— Vamos saber já já.

A ansiedade me tomou.

Não por ter quatro filhos em vez de três, mas sim a


preocupação por seu estado de saúde, já que não teve
acompanhamento algum para ele. O choro forte me deixou um
pouco mais aliviada e então o médico entrou no meu campo de
visão, segurando o bebê pela nuca e pelo bumbum.

— É uma menina! Parabéns!

O choro que já havia cessado voltou com força total e Bruno


soluçou ao meu lado. Eu estava presa naquela maca e não podia
abraçá-lo, mas ele o fez.

— Obrigado, minha Pimentinha! Por me dar essas riquezas!


São tudo o que eu poderia querer de uma só vez! Temos uma mini
Pimentinha também! Isso tudo é muito perfeito! — disse entre
lágrimas.

Com a única mão livre, as enxuguei e beijei-o.

— Você acertou quando falou que seria uma menina, lá no


início. Seu desejo foi realizado. Vamos ter que fazer algumas
mudanças na decoração do quarto — brinquei.
— Caramba, são quatro! — Ele chorava e ria ao mesmo tempo.
Nesse momento o médico trouxe-a, a colocando nos braços de
Bruno, como havia feito com os outros três.

Nossa pequena parou de chorar assim que se aconchegou nos


braços do pai e abriu os olhinhos. Verde-azulados como os dele,
mas era a minha cara.

—Ah! Ela é a minha cara! Pelo menos uma saiu a mim! —


exclamei, exultante! — Os meninos são a sua cara, sem tirar nem
por. — A pequenina mexeu os bracinhos e ele a encostou em mim.
— Bem-vinda, minha pequena! Mamãe já te ama tanto!

— Eu disse que teríamos uma menina e que ela seria a sua


cópia.

— Pobrezinha, com três irmãos mais velhos! Vão azucrinar a


vida dela!

— Você esqueceu um nessa conta! Eu! Nenhum gavião vai dar


em cima da minha princesinha.

Ri com gosto e nem percebi que, por trás daquela cortina,


estavam me dando pontos…
Capítulo 24
BRUNO

Precisei da ajuda de dois enfermeiros para mostrar os bebês


para o pessoal que aguardava na sala de espera da maternidade.
Pelo vidro, percebi o espanto de todos ao mostrar os quatro bebês.

Em meus braços estavam a nossa pequena surpresa e um dos


meninos, enquanto os outros dois estavam cada um com um
enfermeiro. Não teve um que não ficou com os olhos marejados ao
verem meus filhos. Eu, mais do que nunca, era um Leão orgulhoso
de sua ninhada.

Deixei que tirassem fotos, eu mesmo já tinha várias em meu


celular. Havia ajeitado os quatro sobre a minha Pimentinha e tirado
uma self linda de nós seis. Pequeninos, mas fortes e cheios de
saúde, nenhum deles teve que ir para a incubadora e, assim que
Anne pode ir para o quarto, os bebês foram junto. No pulso de cada
um estava uma pulseirinha escrito: recém-nascidos de Anne Brunetti
Riewe, seguido das letras A, B, C para diferenciá-los e D na da
princesinha.

Recebemos muitas visitas durante o dia e inúmeros presentes.


Mas o presente mais lindo e inesperado de todos, havia sido a
menina do papai aqui, um presente do outro papai, aquele lá de
cima que devia gostar muito de mim. Em menos de um ano eu tinha
passado de um solteirão convicto e safado, certo de que ficaria para
titio, a um marido responsável, fiel e pai orgulhoso de quatro
crianças lindas, sem falar que tinha de volta os meus pais.

— Um real pelos seus pensamentos. — Anne falou baixinho,


pois os quatro estavam adormecidos.

— Estou pensando em como a vida é boa. Em quanto eu mudei


em tão pouco tempo! Você foi a melhor coisa que me aconteceu em
toda a minha vida — acariciei seu rosto. — Te amo tanto! Já falei
isso hoje?

— Sim, amor. Todos os dias quando acordamos, seu te amo é


meu bom dia mais lindo. Também te amo. Muito.

— Durma um pouco enquanto eles estão dormindo também. —


Ela assentiu, fechando os olhos.

Beijei seus cabelos e ajeitei seu travesseiro, apagando a luz em


seguida para que pudesse descansar. Por mais que eu quisesse
ajudar e até ajudasse, tinha um momento em que todos queriam a
ela, que se revezava entre os quatro.
Anne estava cansada, pálida e cheia de dores, mas trazia
consigo um sorriso no rosto.

Cada vez que olhava para mim, nossos filhos ou os pegava no


colo, seu sorriso crescia.

Os bebês estavam mamando bem e recebiam um complemento


em pó restituído, em um copinho. Era fascinante ver como eles, tão
pequenos, sorviam o líquido sem se engasgarem. Eram um milagre
da natureza, nossos pequenos milagres.

***

Em dois dias estávamos em casa com os quatro. Minha mãe e


a mãe de Anne estavam nos ajudando, ficariam por aqui nas
primeiras semanas. Logo entramos na rotina e toda ajuda era bem-
vinda.

Contratamos duas babás para ajudarem quando nossas mães


se foram e assim tínhamos um tempinho para dormir um pouco.

Anne fazia questão de amamentar os bebês e eu achava isso o


máximo.

Fui trabalhar, contrariado pois Anne precisava de ajuda com as


crianças. O tempo pareceu se arrastar… mas a hora de voltar
chegou e foi muito bem-vinda. Em tempo recorde cheguei em casa,
louco para vê-los.

Abri a porta e o silêncio absoluto reinava em casa.

Estranhei, pois com quatro recém-nascidos isso era uma coisa


inusitada. As babás estavam na cozinha junto com Branca.
Subi as escadas correndo e fui direto para o quarto das
crianças. Vazio. Corri para o meu e quase enfartei com a cena a
minha frente. Rapidamente retirei o celular do bolso e registrei o
acontecimento de uma vida!

Anne estava deitada, com dois bebês aninhados ao seu corpo


de um lado e dois no outro, ela os amparando com os braços, todos
dormindo como anjos.

Olhando para as razões do meu viver ali, meu peito foi tomado
por tanto amor que ele transbordou pelos meus olhos, me fazendo
sentir um homem completo e realizado, exatamente o oposto de
quase um ano atrás.

Secando as lágrimas, retirei os sapatos sem fazer barulho e me


deitei ao lado deles, adormecendo junto, feliz.
Epílogo
ANNE

Os bebês estavam completando um mês hoje e faríamos um


bolo para comemorar o primeiro mesversário.

Estávamos nos saindo bem com os quatro. Eram as coisas


mais lindas do mundo! Com os cabelos castanhos e olhos verde-
azulados como os do pai, Dimitri, Nicolai, Yuri e Natasha eram
calminhos na maior parte do tempo, mas quando resolviam que
estavam com fome, botavam a boca no trombone! Tínhamos
acostumado os quatro a ter horários diferentes para comer, assim
conseguíamos alimentar todos e nunca nos equivocávamos
alimentando o bebê errado, o que era um dos meus maiores medos.

A sala estava decorada em azul e rosa, os bebês estavam em


dois carrinhos duplos, as babás estavam de olho neles enquanto
recebíamos nossos pais e amigos.
Cantamos parabéns para eles, tiramos fotos para o álbum,
colocando os quatro deitadinhos em torno de um montinho de
fraldas que formavam o número 1, sobre uma caminha improvisada.
Eles olhavam a tudo, atentos.

Natasha era a mais espoletinha e mexia os bracinhos e as


perninhas o tempo todo, enquanto os meninos se aquietavam
apenas por estarem próximos.

***

Nossos pais já tinham ido embora, todas as crianças estavam


dormindo, o que dava a nós, os pais, um pouco de sossego. Fomos
para a sala de TV, assistir a um filme e descansar.

O filme mal havia começado, quando Ella se levantou para ir ao


banheiro. Quando chegou perto da porta, parou e nos olhou,
espantada.

— Errrr... gente, um minutinho aqui! Acho que minha bolsa


estourou! — avisou, com uma calma absurda.

— Alguém falou em descansar? Pára tudooo! — Pam disse, já


levantando-se. — Theo, liga pra sua mãe e avisa que os bebês
estão nascendo, Bruno liga pra maternidade. Guilherme corre na
sua casa e pega a mala dela e dos bebês! — Todo mundo olhava
para Ella ainda parada na porta. Pam bateu palmas. — Bora meu
povo!

Como que saindo do transe, todos se levantaram e a correria


recomeçou.
Ah! Sossego era para os fracos! Aí vinham mais três bebês!

Fim
A autora

A paulistana Kacau Tiamo tem 42 anos e atualmente mora


no interior de São Paulo. Mãe de três filhos, ela se divide entre
cuidar deles, da casa e escrever histórias de amor e superação,
superquentes e envolventes.
Formada em educação física em Porto Alegre, começou a
escrever no final de 2013 o livro Calor Latente onde conta a história
de Jéssica, uma mulher madura, gordinha e mãe. Jessica nasceu do
desejo de ter uma personagem mais “real”, com problemas reais,
mostrando que é possível superar qualquer coisa, basta dar o
primeiro passo e continuar sempre em frente… sem falar de Rick,
que a ama exatamente como ela é… Ah, Rick! * suspiros* :D
Voltando à autora, Kacau acredita que o amor vence barreiras,
distâncias e preconceitos… sonha e corre atrás da realização de
seus sonhos…
Contato
E ntre em contato com a autora em suas redes sociais para
saber mais sobre os projetos e próximos lançamentos:

www.facebook.com/livroskacautiamo

kacautiamo@gmail.com

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indicando-o para futuros leitores.
Obrigada.
Conheça outros romances da
autora:

PROJETO HISTÓRIAS CURTAS


Disponível em e-book amazon e Kindle Unlimited
Projeto 1
UMA NOITE LOUCA!

U m baile de máscaras…
Uma noite para cometer loucuras…
Sem pensar nas consequências…
Sem arrependimentos!
Emanuelly Hernanes é uma veterinária que leva uma vida sem
muitas emoções, cuidando de seus pacientes e mantendo seus pais
adotivos calmos e felizes. Manu, como os amigos a chamam, vive
para o trabalho, até que uma cliente dá a ela convites para um jantar
beneficente seguido por um baile de máscaras. Sem ter como
negar, ela se vê envolta a magia dos preparativos e fascinada com
todo o ambiente e clima da festa completamente fora dos padrões
para ela…
Roger Medina, um homem de negócios, exigente e centrado, é
uma máquina de conquista e demolição. Conhecido como “a
Rocha”, nunca ninguém havia transposto suas barreiras. Até aquele
maldito jantar beneficente, onde uma morena misteriosa abalou seu
mundo…

CHANTAGEM
Segundo livro de Uma noite louca!
N em tudo na vida é um mar de rosas e nossas ações geram
consequências… maravilhosas ou devastadoras!
Após viver aquela noite louca com Roger Medina, Emanuelly é
surpreendida pela consequência de seu ato impensado… o que traz
felicidade e dor a sua vida.
Em Chantagem, venha viver com Manu e Roger, as
desventuras que o destino reservou a eles.

SEGUNDA CHANCE
Terceiro livro de Uma noite louca
A dor da perda ainda está no coração e mente de Emanuelly
Taborda quando, após quatro anos, o destino coloca Roger Medina
novamente em seu caminho, em um reencontro inesperado.
Quantas pessoas tem a dádiva de uma segunda chance de ser
feliz? Essa pergunta se repete na mente de Emanuelly enquanto
observa Roger…
Descubra o que o destino tem reservado a esses dois em
Segunda chance!

ETERNAMENTE
Quarto livro de Uma noite louca
A pós um reencontro inesperado, a paixão aflora entre
Manu e Roger, e as coisas esquentam!
Vivendo intensamente a segunda chance em suas vidas, surge
uma proposta… irrecusável! O destino unindo dois corações...
Eternamente!

Projeto 2
INTENSO
Parte 1

I ntenso traz a história de Mônica, uma artista plástica que


se encanta por Eduardo... e seus olhos intensos e incomuns.
Perdida em seu encanto, ela aceita o convite para
complementar a decoração de seu novo empreendimento com suas
obras, segundo ele, magníficas.
Eduardo é um homem de negócio astucioso, determinado e um
excelente cirurgião plástico. Acostumado desde sempre a ser
observado, graças a um presente genético, a heterocromia, Eduardo
possui de um autocontrole férreo, que vai enlouquecer Mônica...

INTENSO – parte 2

A felicidade toma conta de Mônica ao ver o projeto de sua

vida sendo aceito por Eduardo. Mas para a realização deste projeto,

eles terão que viver basicamente sob o mesmo teto, o que pode

mudar totalmente a vida desses dois… que se veem enredados em

um clima de romance, impossível de resistir…

Descubra o que acontecerá na segunda parte desse romance

delicioso!
INTENSO

Parte 3

C omo acontece com todo casal, uma hora o amor toma


conta e encontra uma maneira de vir à tona. Assim acontece com

Eduardo e Mônica, que se veem enredados pela paixão, que

floresce de uma maneira deliciosa… Será que esse amor trará

surpresas? Descubra na terceira parte de INTENSO o que o destino

separou para esses dois pombinhos apaixonados!

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V ocê acredita em amor à primeira vista? Nem eu, mas


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Após um grave acidente, ele desperta, machucado, sem
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Encontros -
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CAMINHOS DO CORAÇÃO -

O primeiro de uma série de contos hot, que vão mexer com


seu coração.
Um único encontro, pode transformar duas vidas?
Luana é uma mulher solitária, que vive para seu trabalho.
Um dia, Roberto entra em sua vida, de maneira nada convencional.
Através de uma rede social, eles se tornam amigos e se falam
diariamente.
A amizade cresce e um dia, Roberto aparece. Após um dia
maravilhoso e uma noite melhor ainda, eles se descobrem
apaixonados.
Mas o destino tem outros planos para esse amor...
Descubra em caminhos do coração!
Um conto romântico, hot e emocionante.

PAIXÃO ANTIGA
Segundo livro
A pós sair de sua vida e nunca mais dar notícias, Will
reaparece repentinamente, fazendo o coração de Carla balançar.
Dono de suas lembranças mais quentes, a simples presença dele
em seu escritório a faz desejá-lo novamente… mas ela não o
receberia de braços abertos, ela o faria implorar… Ah, faria sim!
Willian Degrossi… o homem que fez com que Carla Laurentino
se tornasse uma mulher fria e voltada somente aos negócios,
ressurge para mostrar a ela que também é quem a faz estremecer…

ETERNO AMOR
Terceiro livro

O que você seria capaz de fazer por amor?


Até onde você iria para reconquistar o amor da sua vida?
Kelly Silvastrano é uma arquiteta bem-sucedida que, após a
morte de seu pai, resolve realizar seu maior desejo: ser mãe. Com a
ajuda de sua tia Rubi, especialista em fertilização in vitro, esse
desejo vira realidade, mas Rubi tem uma surpresa para Kelly… será
que ela conseguiria viver com este segredo?
Laurence Hill teve seus amores arrancados de seus braços por
um homem intransigente e arrogante e nunca superou a perda de
sua amada e seu bebê. Por anos tentou aproximação, mas todas as
vezes esse crápula o impedia. Agora seu caminho estava livre... e
ele faria o inimaginável para tê-la de volta…
Um plano arriscado... e perfeito!

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