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Tradução: Fer

Revisão Inicial: Leah

Revisão Final: Keila

Leitura Final : Mih

Formatação: Gaby B.
Prólogo
Merda! Estou atrasada. Estou atrasada.

Alison Caldwell quase tropeçou em seus saltos altos enquanto subia os


degraus de sua casa recém-comprada, desesperada para chegar ao seu
segundo trabalho a tempo. Na noite anterior, a primeira em sua nova casa,
ela e seu noivo Rick passaram celebrando, e acabou se esquecendo de levar
suas roupas para seu segundo emprego quando saiu esta manhã.

Graças a Deus ela estava quase terminando com seu horário maluco,
sua vida finalmente estava indo no caminho certo porque Rick tinha
acabado de se formar na Faculdade de Odontologia e estava pronto para
começar seu primeiro emprego em uma clínica bem-sucedida.

— Posso fazer isso só um pouco mais — murmurou para si mesma,


colocando a chave na porta da casa de dois andares, uma casa que ela
mesma havia financiado porque o crédito de Rick não era grande e mesmo
que ela o tenha ajudado na faculdade nos últimos cinco anos, ele ainda
tinha alguns empréstimos estudantis significativos.

Seus saltos escorregaram novamente quando ela pisou no foyer, a


pedra lisa fez seus sapatos derraparem. Malditos saltos! Se ela não tivesse
que usar essas coisas estúpidas para se sentir mais alta ao lado de seu chefe
bilionário dos infernos, seus pés não doeriam tanto como agora.
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Ally arrancou o calçado indesejado de seus pés na sala de estar e


subiu a escada atapetada rapidamente, desabotoando sua blusa
conservadora e a parte de trás da saia enquanto corria, para economizar
tempo.

Esta era sua vida nos últimos anos, desde que arrumou um trabalho
extra para ajudar Rick com a faculdade. Mas seria recompensada. Ela sabia
que seria. Seu plano de vida era exatamente do jeito que deveria ser, e seu
pequeno casamento com Rick estava a apenas um pouco mais de um mês de
distância. Eles raramente se viam por causa de seu horário, mas ela sabia
que o sacrifício valeria a pena. Eles precisavam de mais renda, e ela tinha
conseguido, embora trabalhar em dois empregos estava quase a
matando. Em breve ela teria sua chance de voltar para a faculdade e
terminar o seu MBA. Esse era o plano, o acordo que tinham feito quando era
evidente que ela e Rick não podiam ir para a faculdade ao mesmo
tempo. Fazia sentido colocar a formação de Rick em primeiro lugar. Ele
ganharia mais dinheiro quando terminasse a faculdade, e seu trabalho na
Harrison Corporation pagava bem para uma mulher que não tinha
terminado seu MBA. Infelizmente, manter sua posição lá veio com um preço,
ela realmente tinha que trabalhar para Travis Harrison.

Soltou seu cabelo que estava preso com uma presilha quando estava
no corredor e indo para o quarto principal, Ally tentou tirar Travis da
mente. Eles discutiram durante o dia, e ele a despediu... Mais uma vez. Não
que ela tomasse essa ameaça seriamente mais. Travis Harrison a despedia
diariamente, e depois disso empilhava um monte de trabalho para ela
concluir no dia seguinte. Mas aquela parte do seu dia acabou, e ela
precisava chegar ao Sully‟s Oasis, seu trabalho noturno. E já estava
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atrasada, e Travis era irritante para cacete todos os dias. Não era como se
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fosse algo novo, ou algo que iria mudar a qualquer momento.

Quando Ally se aproximou da porta do quarto, ouviu vozes — uma voz


masculina que ela conhecia muito bem, e uma voz feminina que ela não
conhecia. Ela ouviu um gemido apaixonado de Rick, um som que nunca
ouviu antes, e um gemido feminino rouco respondendo. A porta não estava
completamente fechada, e ela empurrou seu pé contra a madeira, abrindo-a
totalmente.

Lá, no meio da nova cama king-size que ela e Rick tinham dormido
pela primeira vez na noite anterior, estava seu noivo. Sua cabeça estava
jogada para trás em abandono apaixonado, um olhar de êxtase em seu rosto
que ela nunca tinha visto antes. A mulher, nua e de mãos e joelhos na frente
dele, gemeu novamente, o casal ignorando sua presença. Obviamente, Rick
não tinha planejado que ela voltasse para a casa antes de ir para o segundo
emprego. Ela normalmente não fazia isso, pois ia direto da Harrison para a
Sully.

Ally olhava fixamente com um fascínio mórbido, observando como o


homem que ela estava envolvida e confiou nos últimos cinco anos matou sua
devoção com cada impulso de seu quadril, cada bofetada de sua virilha
contra a bunda nua daquela mulher. E, como cada pedaço de seu amor por
ele foi drenado, então veio à constatação de que, mesmo depois de cinco
anos, esse Rick era um completo estranho.

Quem era esse homem e o que aconteceu com seu noivo solene e
silencioso, que não fazia amor com frequência porque estava sempre
cansado? Ela não conseguiu muito mais do que um beijinho na bochecha
dele durante os últimos dois anos. E mesmo quando eles tinham uma vida
sexual, não era com este tipo de frenesi furioso que apareceu e o
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transformou em um homem que ela nunca tinha conhecido.

Ela sempre achava desculpas para as razões pelo qual seu


relacionamento não era incrível. Era apenas porque eles trabalhavam muito,
e as coisas mudariam uma vez que tivessem passado por essa parte difícil de
suas vidas.

Eu nunca o conheci.

Ally caminhou para frente, aturdida, tirando os olhos da cama,


cruzando o quarto para pegar o jeans, camiseta e tênis que usava para seu
trabalho na casa de Sully.

— Ally, — Rick ofegou pesadamente, finalmente notando sua presença.

Ally ergueu a mão.

— Não se preocupe comigo. Eu só preciso de minhas roupas para ir


trabalhar para apoiá-lo enquanto você está transando com outra
mulher. Continue. Eu ouvi dizer que um coito interrompido é terrivelmente
desconfortável. E ela deveria saber. Quantas vezes Rick ou tinha parado ou
deixado ela sem gozar quando eles transaram? Mais vezes do que poderia
contar, mas ela sempre tinha desculpas para suas ações. Depois de ver o
que acabara de testemunhar, ela sabia o quão idiota tinha sido. Não era que
ele não quisesse sexo; ele simplesmente não queria com ela.

Ally não voltou a olhar para Rick. Ela não queria vê-lo nem a beleza
esbelta em que ele estava enrolado. Com as roupas na mão, Ally saiu pela
porta do quarto, fechando-a atrás de si. Arrancando seu traje conservador,
que usava durante o dia, o mais rápido que podia, colocou seu traje de bar,
recolheu suas roupas sujas e as deixou cair no cesto do banheiro e seguiu
para as escadas, com seus tênis na mão.
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— Ally, espere.
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Ignorando a voz de Rick quando ele saiu do quarto, ela rapidamente


colocou os confortáveis sapatos de lona no foyer.
— Você não pode simplesmente sair assim. Eu posso explicar, — Rick
gritou desesperadamente de cima, se pendurando sobre o corrimão.

Como se houvesse alguma explicação razoável para o que ela tinha


acabado de testemunhar. Levantando a voz apenas alta o suficiente para ser
ouvida, ela respondeu:

— Saia. Eu quero que você tenha ido embora até o momento em que
eu chegar em casa do trabalho. Se não tiver ido, chamarei a polícia.

— Estamos juntos há cinco anos. Isso tem que contar para algo, —
apelou Rick.

Realmente valeu muito, e nada era agradável. Ally trabalhou muito


todos os dias, e perdeu a sua chance de terminar a faculdade, e por causa
desses cinco anos tortuosos trabalhou para se certificar de que Rick tivesse
uma carreira. Ela tinha feito um plano, presa a cada coisa que jurou fazer
para que junto com Rick pudessem ter a vida perfeita. Ela sempre tinha dito
a si mesma que poderia manter as coisas juntas enquanto ele estava na
faculdade, pois ela teria sua chance. E agora, esse esboço cuidadosamente
planejado tinha sido apagado como se nunca tivesse acontecido, deixando-a
sem nenhuma parte. Apenas anos de espaço vazio.

Ally não respondeu, nem olhou para o homem a quem tinha dado
cinco longos anos de sua vida. Ele não mereceu.

Tenho que continuar em frente. Eu sobreviverei.


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Saindo da casa, fechou a porta atrás de si. Foi para seu carro e tomou
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o caminho de Sully antes que pudesse ver Rick correr porta fora apenas
vestido de calça jeans, xingando porque ela já tinha saído.

Ally chegou a Sully dez minutos atrasada para o trabalho, mas


trabalhou a noite toda, ninguém nem mesmo suspeitou que seu mundo
inteiro tivesse acabado de desmoronar, que seus planos para o seu futuro
tinham sumido.

Quando ela chegou de volta em casa, exausta, Rick tinha ido


embora. Ela arrastou seu corpo cansado para um dos quartos extra, seu
corpo e mente completamente drenados. Ally sabia que se ela parasse por
um momento para pensar no que tinha acontecido se perderia inteiramente,
e isso não era algo que pudesse se dar ao luxo de fazer agora.

Suprimindo sua mente, empurrando todos os pensamentos do


passado de lado, ela deixou seu corpo desgastado sucumbir a um sono
entorpecente.

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Capítulo 1
Um mês depois

Ally Caldwell nunca precisou realmente ver seu chefe, Travis Harrison,
para saber que ele estava chegando ao escritório. Ele parecia com uma força
da natureza que todos fugiam em todo o andar superior do luxuoso edifício
Harrison, as atividades iam de zumbido para silêncio absoluto sempre
que Travis, o Tirano, entrava, todos os funcionários congelavam como um
cervo faz em relação aos faróis, até que ele faça sua passagem, cada um
suspirando de alívio enquanto se locomove entre eles sem que reconhecesse
suas presenças. Ninguém queria ser apontado por Travis Harrison, porque
geralmente significava problemas.

Ally suspirou atormentada. A maioria dos dias, ela prosperava em sua


batalha verbal com um dos homens mais desagradáveis do planeta. Mas
hoje apenas não foi um daqueles dias. Desde que seu mundo desmoronou
no mês passado, ela não tinha mais a energia ou o desejo de lutar com
Travis, mas mesmo assim ela discutiu, só porque ele poderia ser um idiota. 15
Empurrando os óculos em seu rosto e voltando para o computador,
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murmurou para si mesma:

— Cinco…
— Quatro…

— Três…

— Dois…

— Um…

— Café, Alison. — A voz de Travis retumbou exigindo que fosse


atendido prontamente enquanto caminhava através das portas automáticas
para seu espaçoso escritório privado, passando deliberadamente na área da
recepção sem sequer olhar para ela.

Ally revirou os olhos. Nos quatro anos que trabalhava para Travis, ela
não tinha ido buscar café nos últimos três, mas ele nunca deixou de tentar.

— Eu adoraria um também, Sr. Harrison, — ela respondeu, não


tirando os olhos da tela do computador. — Creme só, por favor, ela lembrou
educadamente, como fazia todos os dias em que trabalhava. Alguns dias ele
a amaldiçoava; em outros dias ele pegava de má vontade seu próprio café,
mas não dizia uma palavra. Ally se perguntou qual seria a reação de hoje.

Travis hesitou na porta de seu escritório, virando-se para olhá-la.

— Quatro malditos anos, e eu ainda não consigo tomar um café no


meu próprio escritório? — Queixou-se obstinadamente.

Ally girou na cadeira e dobrou as mãos sobre a mesa. 16


— Claro que você pode, — ela respondeu razoavelmente. — Eu fiz uma
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garrafa esta manhã. — Ela gesticulou para a pequena cozinha atrás dela. —
E eu parei de buscar para você como um cão obediente há três anos.

Talvez se você tivesse me agradecido apenas uma vez, eu ainda estaria


fazendo isso. Idiota!

Travis endireitou a gravata imaculada enquanto andava pela sala,


entrando na cozinha sem dizer mais nada. Ally se encolheu quando ouviu ele
bater a caneca enquanto se servia de café. Realmente, talvez ela não devesse
ter parado de lhe servir café anos atrás, suas habilidades desajeitadas na
cozinha custaram à Harrison muito dinheiro para substituir as canecas
quebradas. Mas ela parou, recusando-se a atendê-lo como uma serva
pessoal, porque era exatamente como ele a tratou. Ela trabalhou duro para
fazer um bom trabalho para Travis Harrison como secretária e assistente, na
esperança de que talvez pudesse usar essa experiência de trabalho na
Harrison para quando voltasse a fazer seu MBA, mas ela tinha um limite em
fazer tudo o que ele exigia. Ally aprendeu há muito tempo que se cedesse um
pouco a Travis, ele a empurraria até o limite e continuaria a tratá-la como
uma serva pessoal. E ela tinha muitas outras responsabilidades agora na
Harrison, e deveres mais importantes do que levar seu maldito café. Então,
ela parou de buscar para ele por completo, a menos que estivesse
relacionada a negócios e não a uma necessidade pessoal, ao invés de ficar
louca tentando agradá-lo. Nada era agradável em Travis Harrison, e as
palavras „por favor‟ e „obrigado‟ simplesmente não existiam em seu
vocabulário, mesmo quando lidava com seus amigos. Só o fato de que ainda
tinha esse trabalho provava seu valor aqui na Harrison Corporation, e ela
supôs que essa era uma afirmação que nunca iria receber. Ela pode não
estar em um programa de MBA, mas aprendeu o suficiente em seu trabalho
de graduação para saber exatamente como se tornar quase indispensável
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para Travis, e ela tinha feito isso em um ano. E no momento em que ela
percebeu o quão valiosa era como empregada, ela parou de aceitar um
monte de coisas que vinham dele.
Travis saiu da cozinha, batendo uma caneca na mesa ao passar.

— Você pode acrescentar seu próprio creme, — disse abruptamente,


indo em direção ao seu escritório com seu próprio café, enquanto
acrescentava: — Vou precisar de minha agenda.

— Sua agenda do dia está em seu computador, junto com as


informações que você pediu ontem, — ela terminou para ele.

— E eu tenho uma reunião...

— Com Jason Sutherland? Eu sei. Já está na sua agenda. Ele me


ligou. Ele é um bilionário atencioso. — Ally sorriu enquanto pegava sua
caneca de café e os dois pacotes de creme que Travis deixou em sua
mesa. Inclusive acrescentou uma colherzinha. Obviamente ele estava mais
atencioso hoje... Por enquanto. Ultimamente, ele fazia isso mais vezes. Não
quer dizer que ele era exatamente agradável. Hoje, ele estava obviamente em
um humor suave, o que significava que era apenas difícil de entender. Sem
dúvida, acabaria mostrando seu lado „bastardo‟. Ele sempre fazia isso.

— Sutherland ligou para você? — perguntou Travis, irritado.

— Esta manhã antes de você chegar. — Ally olhou diretamente para


Travis, algo que era mais difícil de fazer quando os dois estavam de pé. Ele
era muito alto, e ela normalmente ficava olhando para o seu peito maciço e
ombros, mesmo ela usando os saltos mais altos que poderia tolerar para que
ficasse um pouco mais alta. Qualquer vantagem que pudesse ter ao lidar
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com ele era outra arma em seu arsenal.


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Sua aparência era impecável, como de costume. O irmão gêmeo de


Travis, Kade, gostava de provocá-lo sobre seus ternos escuros e chatos, mas
ninguém podia preencher um terno de grife exatamente como Travis
Harrison. Claro, a roupa imaculada que ele usava era sempre escura,
exatamente como ele. Mas o terno cinza escuro que usava hoje se encaixava
perfeitamente, acentuando seus ombros largos e cobrindo o que Ally já sabia
— por já tê-lo visto com um traje mais casual ou sem o paletó do terno — ser
um físico perfeito. Ele não tinha um único cabelo preto fora do lugar, e seus
olhos escuros de chocolate eram muito afiados para seu conforto.

— Sutherland pensou que seria bom se eu soubesse sobre a reunião


que vocês dois marcaram desde que eu faço o seu horário diário. Achei
muito prestativo da parte dele me ligar, — Ally respondeu docemente, e seu
verdadeiro propósito do comentário era apontar como Travis não era
atencioso.

Ally conhecia a biografia de Jason Sutherland, mas nunca viu o ícone


de investimento bilionário em pessoa. Ele tinha sido muito gentil ao telefone
e disse que entrou em contato com Travis diretamente porque ele estava
interessado em doar e lidar com os investimentos para a nova instituição de
caridade que Travis estava começando para as mulheres que foram vítimas
de abuso doméstico. O amigo de Travis, Simon Hudson, falara da caridade
para seu colega de faculdade, Grady, um famoso filantropo da rica família
East Coast Sinclair. Grady se prontificou a participar e mencionara a
caridade ao seu amigo de infância — Jason — que por algum motivo se
interessou pelo projeto e queria fazer parte da nova fundação.

— Leve-o ao meu escritório assim que ele chegar. — Travis virou-se e


entrou em seu escritório, fechando a porta atrás dele.
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— Sim, senhor, — murmurou irritadamente para a porta fechada do


escritório de Travis, jogando a melhor saudação militar que podia em sua
direção zombeteiramente, sabendo muito bem que o gesto irritava muito o
seu chefe. Era bom fazer algo que o aborrecia, mesmo que ele não visse.

Ally sacudiu os dois pacotes de creme, abriu-os e despejou em seu café


com um olhar pensativo, perdida em seus próprios pensamentos, ela girava
a colherzinha no líquido quente.

Não é que ela não gostasse de Travis. Bem... Não exatamente. Esta era
uma palavra muito morna para se referir a Travis Harrison; ele inspirou
fortes emoções em seus funcionários, tudo, desde o terror até a
admiração. Nunca era realmente um homem simpático, Travis manteve uma
distância deliberada de todos, então Ally fez tudo que podia para sacudi-lo
de sua concha autocontida, o que o irritou muito. Às vezes, preferia sua
raiva à sua indiferença gelada. Travis era muito sério, muito sombrio e
completamente sem humor. Talvez ela não devesse perturbá-lo tão
frequentemente, mas era difícil não querer dar uma espiada no homem que
vivia sob seu exterior endurecido. Até agora, tudo o que conseguiu era a sua
indignação nos últimos três anos. Ela tinha passado o primeiro ano como
sua empregada e apenas grata por ter um trabalho, querendo agradá-lo para
que pudesse manter o salário fantástico que ele estava pagando, e
possivelmente usar a experiência de trabalho para algum dia aplicar em um
programa de MBA. Depois de um ano, sabia que ele nunca a despediria
porque precisava demais dela, embora nunca fosse admitir isso. Depois
disso, ela tinha como missão conseguir sacudir Travis Harrison
emocionalmente, qualquer coisa que tirasse o olhar assombrado de seus
olhos, que ela notava ocasionalmente, embora ele não estivesse ciente de que
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estivesse lá.
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Ele odiaria isso, saber que se alguém olhasse com força suficiente,
poderia ver que tinha vulnerabilidades.

— Quatro anos, e eu ainda não compreendo completamente esse


homem, — ela murmurou para si mesma, soprando seu café antes de tomar
um gole da bebida quente. Ele era sombrio e tinha uma cara de pôquer, a
menos que estivesse chateado. Pessoalmente, ela preferia sua ira à
infelicidade inquieta que sentia nele. Talvez a maioria das pessoas pensasse
que Travis Harrison tinha tudo, mas Ally não pensava assim, e ela nunca
desistiu de tentar ver quem era o homem que existia em seu interior.

Certamente, ele possuía qualidades admiráveis. Ele cuidava de suas


obras de caridade como fazia com sua empresa, exigente sobre quais
organizações ele colocaria sua fortuna. Mas Travis Harrison não faz nada
com indiferença. Uma vez que ele tinha decidido sobre as suas causas
dignas, ele trabalhou duro em fazer que essas organizações de caridade
tivessem sucesso como fez com seus negócios. Ally admirava isso em
Travis. Infelizmente, com demasiada frequência, ele também era um idiota
completo. Poderia qualquer homem realmente ser tão completamente
malvado como seu chefe, mas dar tanto para ajudar outras pessoas? Há
anos que fazia a mesma pergunta, mas não havia descoberto a resposta.

— Senhorita. Caldwell! — Travis berrou do escritório, sem se


preocupar em usar o interfone. Não que ele precisasse disso.

Ally levantou-se, resignada. Ela estava esperando por seu familiar


rugido de convocação, já sabendo o que ele queria. Arrumando sua saia lápis
marinho, muito apertada sobre seus quadris cujo comprimento era um
pouco acima dos joelhos, ela se amaldiçoou pela dieta e falta de
exercício. Sua programação louca estava começando definitivamente a ser
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mostrada em sua aparência, e ela não se considerava uma mulher bonita. A


saia era perfeita há alguns anos, e ela já não era exatamente tão
magra. Agora, cada item que possuía era muito apertado, e ela
definitivamente não tinha dinheiro para comprar roupas novas.
— Dieta — pronunciou enfaticamente, enfiando algumas mechas de
cabelo perdidas atrás de suas orelhas que escaparam da trança francesa
grossa e loira que pendia pelas suas costas. Ela colocou seus óculos de
leitura cuidadosamente em sua mesa, sabendo que não precisaria deles para
esse confronto com Travis.

Abrindo a porta, ela entrou, fechou e recostou nela.

— Você precisa de alguma coisa, Sr. Harrison? — Ela perguntou com


doçura.

— Que caralho é isso? — Ele estava acenando para uma folha de


papel, dando-lhe um olhar furioso.

— É um lembrete sobre minhas férias. Eu fiz o pedido há quase um


ano, — ela disse calmamente, aproximando-se de sua mesa.

— A resposta é não, — Travis falou com sua irritante voz de ditador,


rasgando o lembrete e jogando-o no lixo.

— Não foi um pedido. Solicitei há um ano. Estou apenas lembrando


que você vai ter um tempo de duas semanas para me substituir.

— Não é possível, — ele admitiu. — Eu estarei no Colorado em um


desses fins de semana, e eu preciso de você lá.

Ally cerrou os dentes.

— Eu coloquei nessa época por causa do meu casamento. Você sabe


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disso já faz um ano. — Ela se inclinou sobre a mesa, colocando as palmas


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das mãos na beirada, furiosa agora. — Eu não tenho um único dia de folga
em quatro anos que estou trabalhando aqui. Minhas férias tiro em
dinheiro. Apenas uma vez, eu realmente preciso de um tempo fora do
escritório. Vou tirar uns dias de férias.

Travis cruzou os braços com obstinação.

— Fazer o café pode não estar em sua atribuição de trabalho, Srta.


Caldwell, mas viajar comigo quando preciso de você definitivamente é uma
condição do seu emprego. E não precisei dessa ajuda nos quatro anos que
você trabalha para mim.

Travis estava certo. Ele nunca pediu a ela para viajar com ele,
e era parte de seu trabalho em caso de necessidade. Ele fez tudo
sozinho. Então por que ele precisava dela agora?

— Isso é importante, — ela murmurou.

Ally sabia que precisava de tempo livre para sua sanidade. Ela
precisava arrancar a casca de suas feridas e lidar com a bagunça que Rick
deixou para trás. Suas faturas de cartão de crédito tinham chegado ontem, e
ela foi lembrada que nunca se incomodou em cancelar os privilégios de
usuário do Rick. O bastardo usou em demasia os cartões imediatamente
depois que ela fechou a compra da casa e pegou o idiota traindo ela,
provavelmente para comprar presentes caros para sua nova namorada. Nem
em sua imaginação mais selvagem teria pensado que Rick faria isso com
ela. Claro, não pensou que iria encontrá-lo fodendo outra mulher em sua
casa também. E ela precisava vender a casa. Não precisava do lembrete de
seu noivado fracassado e cinco anos perdidos, e também não havia
nenhuma maneira que poderia pagar a hipoteca cara sem que ele
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contribuísse financeiramente. Não com a outra dívida que ele havia feito em
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seu nome. E ela não queria ser pobre e ter uma casa que precisava se matar
de trabalhar em dois empregos apenas para sustentá-la, sendo que não a
queria mais. Não era ali que deveria seguir sua vida. Ela devia ter um noivo
— para se tornar um marido — que iria finalmente trabalhar em sua
profissão, contribuindo para a vida juntos. Em vez disso, ela tinha uma
bagunça para resolver, seu sonho de finalmente ter uma vida normal foi
completamente destruído.

Não pense nisso agora. Você resolverá tudo quando tiver um minuto
para respirar. Foco no trabalho.

Travis bufou desagradavelmente.

— Você vai casar com um perdedor. Seria melhor se você não se


casasse. Você vai se divorciar dentro de um ano.

Ally cerrou os dentes, fumegando. Quantas vezes Travis disse isso? E


Deus, o fato dele estar realmente certo a irritou muito.

— Eu não vou me casar, — ela respondeu, sua voz cortada.

A cabeça de Travis se afastou de seu computador, dando-lhe um olhar


intenso.

— Desde quando?

— Há cerca de um mês, quando encontrei meu futuro marido fodendo


uma grande boneca Barbie jovem e atraente em nossa nova cama, — ela
respondeu em voz alta, suas palavras completamente sem censura. Travis a
deixava louca, mas pela primeira vez em quatro anos, ela se viu realmente
perdendo o controle. — Então, desculpe-me se eu precisar de algum tempo
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de férias em sua empresa para lidar com isso. Eu não tenho um segundo
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para respirar entre trabalhar aqui e no Sully's. Eu tenho coisas pessoais que
preciso cuidar. Tenho uma casa que agora preciso vender, e preciso me
livrar dos débitos do cartão de crédito e de outras dívidas que não tive parte
na criação. — Ally engoliu em seco e respirou fundo, o pânico começando a
inundá-la pela primeira vez. — Preciso de algum tempo para resolver tudo.
— O que ela faria agora? Sua vida inteira girava em torno de seu plano e dos
estudos de Rick há anos.

— Você não me disse nada, — Travis respondeu calmamente.

Ally jogou as mãos para cima, tentando não apertar a garganta de


Travis. Quando foi que ele deu espaço para uma conversa amigável e
cordial? Passava a maior parte do tempo ditando ordens a ela.

— Eu não percebi que precisava compartilhar minha vida pessoal com


meu bastardo e egocêntrico chefe. Eu guardo meus problemas para mim,
porque sei que é assim que você gosta. Você me paga para trabalhar, e eu
faço o meu trabalho. Agora quero tirar férias. — Será que ela realmente
chamou Travis de bastardo? Eles brigavam constantemente, e ela
certamente queria dizer essas palavras em sua cara cerca de um milhão de
vezes no passado, mas nunca tinha sido tão contundente ou não
profissional. Será que estava começando a perdê-lo? — Por favor. Dê-me um
tempo livre. Eu vou voltar uma pessoa melhor.

— Ele machucou você, — Travis disse neutro.

Ally caiu na cadeira em frente à mesa de Travis, esgotada.

— Por anos minha vida girou em torno de sua carreira. Eu parei de ir


à faculdade depois do meu bacharelado, em vez de tentar fazer meu MBA
para que ele pudesse terminar primeiro. Fazia sentido na época. Ou pensei
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que sim. Sacrifiquei tudo que queria, mas eu tinha um plano para fazer tudo
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funcionar. Eu trabalharia duro, o ajudaria a terminar a faculdade, e então


seria a minha vez. Exceto, agora que é suposto ser minha vez, não é — ela
respondeu calmamente, sua raiva se dissipando.
— Eu não sabia que você trabalhava em outro emprego. O que você
faz? — Travis se recostou na cadeira, mas ele não desviou o olhar dela, seus
olhos escuros a olhavam atentamente.

— Sou uma bartender. Trabalho no Sully's Oasis quase todas as noites


da semana. Comecei como uma garçonete de coquetel, e o proprietário me
ensinou a fazer bebidas. Eventualmente, eu consegui ser boa nisso. Ser
bartender paga melhor.

Travis levantou uma sobrancelha.

— Melhor do que eu pago para você?

— Não. Melhor do que ser uma garçonete de coquetel. Tive que


trabalhar duro para ser bartender. — Levou dois anos, mas ela tinha
conseguido um aumento no Sully's. — As gorjetas são boas. Você me paga
um salário muito bom. Eu nunca poderia comparar com o de bartender. Mas
o trabalho extra ajuda a pagar as contas. Preciso vender a casa, me livrar da
dívida que meu noivo me colocou e do trabalho extra para que eu possa
voltar para a faculdade em tempo parcial.

— Você parece cansada, Alison, — Travis observou, seus olhos


percorrendo seu rosto.

— Estou cansada há anos. Estou acostumada. — Ally riu, tentando


esclarecer a situação. Esta não era o tipo de conversa que costumava ter
com Travis, e estava se sentindo exposta e desajeitada. Ela ficava muito mais
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confortável brigando com ele.


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— É melhor que seja um bom trabalho temporário. — Travis


finalmente falou depois de um momento de silêncio. — Eu ainda preciso de
você no Colorado, mas você pode ter um tempo livre antes de sairmos. Tire
apenas uma semana de férias para que você volte antes que eu tenha que
viajar. Suponho que já que você não vai se casar, não vai ter problema com
relação à viagem.

Ally olhou para Travis, surpresa.

— Ele é um bom trabalho temporário, e isso significa que eu teria que


sair de férias na próxima semana.

Travis encolheu os ombros.

— O que iremos fazer no Colorado? — Perguntou ela, curiosa.

Travis fez uma careta.

— Uma angariação de fundos. Preciso de uma companhia.

Ally ficou boquiaberta.

— Eu não vou como sua companhia em uma angariação de


fundos. Isso é pessoal. Pensei que você tinha negócios lá.

— Eu tenho. E você não é tecnicamente minha namorada. Eu tenho


que ir a essa festa, e eu não quero ir sozinho, — Travis grunhiu. — Não é tão
difícil. Você vai ver. Você fala bem com as pessoas, é só tentar não as
chamar de bastardos egocêntricos. E então você come e bebe o que eles têm
para oferecer. Tate Colter tem sido um associado de negócios e um amigo
meu há anos. Ele concordou em fazer essa festa de caridade somente se eu
fosse ao Colorado porque eu não o visito há muito tempo. Ele quer que eu
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esteja lá. Ir sozinho seria... — Travis tossiu antes de terminar. — Esquisito.


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— Por quê? — Ally cruzou os braços na frente dela. Não havia nada de
estranho em ir a um evento de angariação de fundos sozinho. Tinha que
haver algo que Travis não estava lhe dizendo. — Você faz esses tipos de
coisas o tempo todo. Você não precisa de mim lá.

— Este é... Diferente, — disse Travis hesitante. — Eu só preciso de


você lá, Alison. É tecnicamente um negócio. Sua presença é necessária. Uma
trabalhadora temporária pode ser contratada e ajudar Kade a manter tudo
funcionando por aqui enquanto estivermos fora.

Ally olhou para Travis, curiosamente, perguntando o que ele não


estava dizendo.

— Eu não tenho um traje necessário para esse tipo de função. Nunca


precisei de nada, exceto roupa de escritório.

— Eu vou fornecer-lhe isso. Você está dispensada de seus deveres. —


Ele acenou uma mão para ela como se ela fosse um mosquito.

Deus, Ally odiava quando Travis fazia isso. Sentia-se como uma
colegial travessa.

— E quanto tempo ficaremos fora?

— Iremos sexta-feira, voltaremos segunda-feira. A festa é na noite de


sábado — respondeu distraído, como se já tivesse tirado esse assunto da
cabeça.

Ally se levantou, alisando rugas imaginárias em sua saia apertada e


arrumando-a nos quadris.

— Dieta, — ela se lembrou, virando-se para sair do escritório. Ela


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queria discutir com Travis, mas não podia. Nunca pediu para acompanhá-lo
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em uma viagem, e isso fazia parte do seu trabalho como assistente. O fato de
que Travis era um solitário e preferia ser dessa maneira foi uma das razões
que fez com que ela realmente fosse capaz de trabalhar em um segundo
emprego. Ele normalmente saia sozinho, e não sentia a necessidade de uma
comitiva. E ele nunca exigiu nada dela fora do expediente de trabalho. Ela
faria isso só porque ele nunca exigiu nada nesse sentido dela, o que poderia
muito bem ter sido diferente. De alguma forma, embora estivesse sendo
indiferente, isso parecia importante para ele, pois nunca pediu que ela
viajasse para acompanhá-lo nos eventos.

— Totalmente desnecessário, Alison, — Travis disse em uma voz grave,


muito baixa, que Ally quase não o escutou.

Ela se virou para ele.

— O que é desnecessário?

— Você não precisa fazer dieta. — Travis franziu o cenho para ela.

Ally revirou os olhos.

— Sim. Certo. Meu lindo corpo certamente não impediu meu noivo de
transar com outra mulher na nossa cama, — ela respondeu, rindo,
surpreendendo-se novamente pelas palavras que saíram de sua boca. Ela
poderia discutir com Travis com bastante frequência, mas nunca em sentido
pessoal.

Travis levantou-se lentamente, seu olhar feroz não a abandonou


enquanto atravessava a sala sem pressa, parando bem na frente dela. Ally
deu um passo atrás, aprisionando-se entre o corpo maciço de Travis e a
porta enquanto ele avançava novamente. Seu perfume másculo encheu o ar
29

e ela quase suspirou quando inalou o cheiro intoxicante. Ela não ficava perto
Página

dele muitas vezes, mas sempre que isso acontecia, seus joelhos ficavam
fracos devido ao cheiro almiscarado que emanava de seu corpo viril como se
os feromônios a chamassem para chegar perto e se afundar nele. Travis pode
ser um burro teimoso a maior parte do tempo, mas Ally não podia negar que
ele era um lindo e poderoso jumento sobrecarregado de testosterona.

Travis colocou a palma da mão em cada lado de sua cabeça,


inclinando-se para baixo até que Ally estremeceu quando seu hálito quente
acariciou sua orelha.

— Seu ex-noivo era e é um idiota. Você, Alison, tem o tipo de corpo


suave e feminino que qualquer homem quer debaixo dele quando afunda o
seu pau no corpo de uma mulher. Cada única coisa sobre você é perfeita. —
Sua voz estava rouca, quente e hipnotizante. — Se tivesse sido mais esperto,
ele teria feito você gozar muito, dado exatamente o que você queria até que
estivesse tão viciada nele que nunca iria embora, e ele nunca iria querer
outra mulher quando tinha você em sua cama.

Ally quase gemeu contra o ombro de Travis, a voz sedutora em seu


ouvido fascinando-a.

— Ele não fazia isso, — ela admitiu, inclinando a cabeça para trás,
contra a porta. Rick não deu à mínima se ela estava satisfeita ou não.

Travis se endireitou, olhando para ela de sua altura elevada, o rosto


mudando para uma máscara de indiferença.

— Então ele não te merecia. Na verdade, ele nunca mereceu. — Ele


deu um passo para trás, dando espaço para abrir a porta.

Ally atrapalhou-se com a porta, pois estava aturdida. Que porra


30

aconteceu com ela? Ela correu para fora, sem olhar para trás quando fechou
Página

a porta do escritório de Travis, com as mãos tremendo, seus mamilos duros


e sensíveis apenas devido ao puro erotismo da voz baixa e sedutora de
Travis, sussurrando palavras sujas em seu ouvido.
Ela sentou defronte sua mesa, tonta e confusa, sem saber se sua
imaginação hiperativa tinha acabado de conjurar aquele momento particular
no tempo. Travis Harrison nunca olhou para ela com outro sentimento senão
irritação. E ele certamente nunca disse nada que a fez se sentir quente e
incomodada em poucos segundos.

Bebendo o seu café morno, ela colocou seus óculos de leitura de volta
e se virou para o computador, dando-se um tapa mental para parar de
pensar em Travis. Afinal, ele não tinha sequer a tocado. Não aconteceu nada
para ela ficar imaginando coisas. Então, ele fez a ela um elogio muito
estranho, mas no final do dia, ele realmente não iria mudar nada. Travis
estava apenas ... Diferente hoje, e com um humor muito estranho.

Balançando a cabeça, ela voltou a trabalhar.

31
Página
Capítulo 2
Jason Sutherland estava de bom humor enquanto caminhava para o
escritório de Travis Harrison, e ele sorriu quando viu uma mulher bonita
loira sentada atrás de uma mesa à direita na sala de espera. Ela tinha que
ser Ally, assistente de Travis, com quem falou mais cedo naquela manhã.
Sua aparência era tão atraente quanto sua voz. Não que ele a notasse de
uma forma romântica. Mas ela parecia ser tão charmosa quanto soou ao
telefone.

— Sr. Sutherland? — A mulher se levantou da cadeira e deu-lhe


um sorriso amigável que o surpreendeu.

Ele estava acostumado a uma recepção falsa, artificialmente brilhante


das mulheres, que avaliavam ele e sua conta bancária ao mesmo tempo.
Hope Sinclair, irmã mais nova de Grady, era a única mulher que realmente o
tratou como uma pessoa e não como um bilionário. Na verdade, Hope
sempre o tratou com um pouco de indiferença, de maneira parecida ao
tratamento feito a um irmão mais velho para o seu gosto, até o incidente que
aconteceu no Natal, quando ele a viu em Amesport.

— Ally. — Ele sorriu de volta, cumprimentando-a quando ela lhe


ofereceu as boas-vindas. — É muito bom conhecê-la pessoalmente. Por
favor, me chame de Jason.
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Página

Ally pegou a mão dele e acenou com a cabeça quando respondeu.

— Também é um prazer te conhecer. Obrigada por ligar esta manhã. O


Sr. Harrison está à sua espera. Vou ligar para ele.
— Ele já está aqui, — um barítono baixo, falou do outro lado do
escritório. — Entre, Sutherland.

Jason olhou na direção da voz, sentindo-se malvestido quando viu


Travis Harrison, pois estava usando calça jeans e camisa. Grady já tinha
avisado a ele que Travis era um filho da puta intimidante, e agora Jason
sabia o porquê. Seu olhar sombrio era quase homicida, e Jason teve que
manter uma cara séria quando Travis olhou para Ally de uma maneira
própria e, em seguida, de volta para ele. Realmente, Jason não se importava
se Travis era abertamente um imbecil, e não estava nem um pouco
intimidado. Ele preferia lidar com um homem abertamente hostil do que
aquele que sorri e depois te apunhala pelas costas. Ele tinha a sensação de
que sempre saberia exatamente onde estava com Travis Harrison, e isso para
ele era uma coisa boa.

Ele piscou para Ally enquanto passava por sua mesa e caminhou até o
escritório de Travis.

— Ela está fora dos limites, — Travis rosnou para ele depois que
fechou a porta do escritório.

— Ela se casou? — Jason perguntou inocentemente, sentando em


frente à mesa de Travis.

— Não, — Travis retumbou, sentando-se atrás da mesa de carvalho


maciço. 33

— Envolvidos? — Ele perguntou, sorrindo enquanto Travis fez uma


Página

careta para ele.

— Não.

— Parentes? — Jason sabia muito bem que ela não estava relacionada
com Travis, mas ele realmente estava começando a se divertir puxando as
cordas de Harrison. Acreditava que ele estivesse interessado em Ally.

— Claro que não, — respondeu Travis, enojado. — Mas se você a tocar,


vou matar você. — Bingo. Jason sabia que ele atingiu um nervo.

— Ela é muito gentil, e muito bonita...

— Eu te disse.

— Mas não estou interessado, — Jason terminou com um sorriso.

— Você é gay? — Perguntou Travis, na verdade, olhando esperançoso.

Jason sacudiu a cabeça, quase odiando por ter que tirar o alívio de
Travis que ficou com dúvida que ele era heterossexual. Porra, Travis sentia
uma coisa real por Ally. Obviamente, o homem pensa que qualquer cara que
olhe para ela quer transar, porque ele está tão obcecado com a própria ideia.
E Jason sabia exatamente como ele se sentia.

— Não. Mas meus afetos estão envolvidos de outra maneira.

Travis pegou uma caneta e girou cuidadosamente entre os dedos,


examinando Jason tão completamente que quase o fez querer se contorcer.
Caralho, Jason teve reuniões com grandes empresários, às vezes mais de
uma vez, mas Travis estava em uma liga diferente. Não pior. Apenas
diferente.

— Eu não sabia que você estava envolvido, ou mesmo que tinha uma
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namorada, — Travis admitiu, deixando cair à caneta sobre a mesa.


Página

— Eu não estou. É... Complicado, — Jason confessou, inclinando-se


para trás na cadeira e dando a Travis um olhar descontente.
— Ah... desejo não correspondido. Você quer transar com ela, mas ela
não quer você. É chato, não é? — Travis finalmente compreendeu, dando a
Jason um olhar compreensivo.

Isso não era exatamente como era na realidade com Hope, mas perto o
suficiente para ele responder, „grande time‟, Jason afirmou, começando a
sentir uma afinidade estranha com Travis. O pobre rapaz tem um caso grave
de bolas azuis pela sua secretária, e essa situação era obviamente
desconfortável, porque Travis tinha que estar em estreita proximidade com
Ally o tempo todo.

— Então, o quão sério você quer gerenciar esta fundação conosco? —


Perguntou Travis, mudando de assunto, obviamente convencido de que
Jason não iria perseguir Ally.

— Meu tempo é valioso, e eu voei da Costa Leste. Isso para mim é


extremamente sério. Eu não estou apenas disposto a doar, mas trabalhar e
procurar investimentos para manter o projeto de caridade, desde que os
planos globais sejam viáveis. — Jason queria estar envolvido, precisava fazer
algo valioso. Ele tinha mais dinheiro do que jamais poderia gastar ao longo
de várias vidas, mesmo que comprasse tudo o que quisesse. Ele admitiu
para si mesmo que estava inquieto; precisava de algo mais importante para
trabalhar do que apenas aumentar sua riqueza.

— É viável. Eu elaborei a maioria dos planos, — Travis respondeu


arrogantemente, empurrando uma pasta grossa sobre a mesa. — Vamos
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para o escritório de Kade conversar com ele. Este é um projeto importante


Página

para ele e sua esposa, Asha.

Jason ficou de pé, pronto para começar e ficar ocupado. Ele precisava
da distração no momento.
— Kade Harrison. Ele foi um grande quarterback, — disse Jason,
seguindo Travis em direção à porta do seu escritório.

— Ainda é, — Travis respondeu, abrindo a porta, e voltando-se para


Jason. — Ele simplesmente não joga mais. É um excelente homem de
negócios, também.

Jason sorriu nas costas de Travis quando saíram do escritório. Travis


Harrison pode ser rude, mas ele obviamente é ferozmente protetor e
orgulhoso com aqueles que se preocupava. Tanto quanto Jason estava em
causa, esse tipo de lealdade era melhor do que o falso encanto, e raro nos
círculos que ambos viviam.

Ally sorriu para Jason enquanto passava por sua mesa, e ele sorriu de
volta, perguntando-se distraidamente se ela sabia que tinha um protetor tão
feroz, pois os sentimentos de Travis eram iguais aos seus por Hope, e não
eram sentimentos fraternais.

— Eu vou estar no escritório de Kade, — Travis virou-se para Ally.

A julgar pelo tratamento não tão suave de Travis para sua assistente,
Jason duvidava que ela soubesse de algo. Mas ele quase riu quando viu sua
atitude de desprezo, reconhecendo o comentário de Travis com um pequeno
aceno de cabeça, mas não parecia ter nenhum medo dele. Na verdade, ela
quase o ignorou, nem mesmo olhou para cima, continuando a fazer seu
trabalho no computador. 36

Ela o desafia.
Página

Jason sorriu enquanto seguia o outro homem pelo corredor para o


escritório de Kade, perguntando-se quanto tempo levaria para Travis se
declarar.
Ela não vai se casar. Ela rompeu com seu noivo idiota. Ela está
disponível. Ela está disponível. Ela está disponível.

O mantra martelava no cérebro de Travis enquanto dirigia seu


Hennessey Venom GT na pista pela primeira vez, testando a velocidade e
manuseio do novo veículo, que chegou no início do dia. Normalmente, ele
teria ficado ansioso para testar o veículo até a velocidade máxima,
completamente focado em analisar as suas capacidades, mas hoje não era
um dia normal.

Hoje é o dia que descobri que Alison Caldwell não está mais noiva.

Dirigir em alta velocidade e pensar em Ally Caldwell realmente não


combina, pois seu pênis estava duro, e não era por causa do motor latejante
do veículo que estava dirigindo atualmente. A culpa era dela; sua ereção era
por causa da ameaça loira em uma saia justa que estava solteira, pela
primeira vez, desde que começou a trabalhar para ele.

Seus dedos apertaram em torno do volante quando ele habilmente fez


uma curva, mal reduzindo a velocidade para pegar uma reta novamente.
Deus, o veículo era maravilhoso, mas tudo o que podia pensar era como
muito mais maravilhosa Ally estaria ofegando seu nome debaixo dele quando
ele a fizesse gozar mais e mais, até que pudesse pensar apenas nele.

Quatro anos e trinta e dois dias ele sonhou com esse cenário; um mil,
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quatrocentos e noventa dias torturantes de bolas azuis que nenhuma outra


Página

mulher poderia curar. Exceto ela. Ele ficou em apuros desde o dia em que
ela entrou em seu escritório para uma entrevista, um pouco ofegante e
nervosa. Seu pau contraiu em suas calças imediatamente, fazendo-o querer
estender a mão, puxá-la para o seu colo, e torná-la ainda mais ofegante, até
que ambos estivessem completamente satisfeitos. Por que ele a contratou,
nunca entendeu. Ele deve ter se sentindo masoquista, porque sua doce
beleza inocente lhe assombrou cada momento desde o dia em que a
contratou. E sua inteligência e língua afiada sempre o irritou e desafiou. Não
havia mais nada que ele quisesse do que domar a pequena tigresa e fazê-la
render-se a ele até que ronronasse.

Eu preciso apenas fode-la e tirá-la do meu sistema.

Completando a curva novamente, Travis acelerou, colocando o carro


em uma velocidade elevada, depois de se acostumar com a sensação de
manipulação. Ele tentou se concentrar em seu novo veículo. Tendo pagado
bem mais de um milhão de dólares pela porra da velocidade, ele deveria
estar mais entusiasmado em dirigi-lo. Ele tinha carros mais caros, mas
queria acrescentar este veículo em particular à sua coleção há algum tempo
e antecipou sua chegada, pois o queria rapidamente. Hoje, ele não estava
com o entusiasmo que sempre tinha ao adquirir um dos veículos mais
rápidos do mundo.

Por causa dela!

— Caralho! — Ele explodiu frustrado. Ele sabia que era melhor não
dirigir assim, quando não estava se concentrando. Ele diminuiu a velocidade
e, finalmente, colocou-o na garagem, um dos seus mecânicos estava
esperando por ele na porta.
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— Ela é rápida, chefe? — O mecânico perguntou animadamente.


Página

— Muito, — respondeu Travis, deixando o motor ligado quando saiu do


veículo. — Você pode guardá-la para mim, Henry? Pode levá-la para dar uma
volta se você desejar antes de desligá-la. — Ele tinha algumas pessoas em
quem confiava para dirigir seus carros, e Henry era um dos poucos
mecânicos que ele confiava com qualquer um de seus veículos.

— Obrigado, chefe, — o homem mais velho disse com entusiasmo. —


Você vai viajar?

— Sim. Eu provavelmente vou estar de volta amanhã à noite, — Travis


afirmou, dirigindo-se em direção ao seu F12 Ferrari, o carro que ele dirigia
nas pistas. A Ferrari era rápida, e confortável. Desde que ele geralmente não
alcançava velocidades suicidas fora da pista, ele podia apreciar a beleza da
Ferrari, mas não exigia a aceleração de alguns de seus outros carros na
pista. — Kade vai adorar este carro, — Henry comentou quando Travis se
afastava.

— Ele vai. Mas eu não vou deixá-lo dirigir, — Travis respondeu


maliciosamente, piscando para Henry e dando-lhe um sorriso maligno. Sabia
que Kade ficaria salivando sobre a Hennessey, mas ele tinha seus próprios
brinquedos. A garagem estava cheia de carros de corrida caros e
motocicletas. Talvez em alguns meses, Travis mude de ideia e deixe Kade
experimentá-lo, mas não na pista, e não a velocidades imprudentes. Kade
era um especialista em motos de manipulação, mas ele não era tão bom com
os carros. A última coisa que Travis queria era ver Kade ferido novamente.
Quase morreu quando seu irmão teve o acidente que acabou com sua
carreira profissional de futebol. Ele não podia ver seu irmão gêmeo sofrer
assim novamente. Kade passou por dois anos de reabilitação para ainda ter
uma vida funcional e ser capaz de andar sem depender de muletas. Kade
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Página

merecia cada bocado de felicidade que estava experimentando agora com sua
esposa, Asha que esperava seu primeiro filho.

Embora Travis não pudesse sequer começar a entender ter esse tipo de
relacionamento com uma mulher, a mesma relação de amor que sua irmã
Mia teve com o marido Max, mas isso o deixava bem, porque seus irmãos
estavam felizes.

— Ele vai ficar louco, — Henry advertiu.

Travis acenou quando entrou na sua F12.

— Ele vai ter que superar isso, — respondeu bruscamente, fechando a


porta da Ferrari e colocando o cinto de segurança. Viu como Henry entrou
no Hennessey e foi para a pista, manobrando com facilidade o veículo caro já
na primeira curva.

Eu não vou fazer isso. Eu não vou fazer isso.

Travis não queria nada mais do que ir ao Sully‟s Oasis e ver se Ally
estava bem. Sim, ela esteve bem durante alguns anos, mas isso foi antes
dele saber que ela trabalhava lá como uma bartender, sem um homem
decente em sua vida para cuidar dela. Agora, tudo o que podia pensar era
em outros homens salivando sobre ela enquanto servia as bebidas e eles
ficavam cada vez mais bêbados. Caras embriagados eram perigosos. Ally era
um tipo de mulher perigosa para homens alcoolizados. Porra! Ele desejou
que seu pênis explodisse em pequenos pedaços, pois não aguentava mais
estar sempre excitado. Ele colocou a mão sobre a protuberância por cima de
sua calça, achando que do jeito que estava ele poderia mesmo explodir. Noite
após noite tudo o que podia pensar durante os últimos quatro anos foi em
Ally indo para casa se encontrar com outro idiota, deixando-o tocá-la, fodê-la
até que gritasse. Aparentemente, isso não aconteceu. O bastardo nem sequer
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apreciou o que tinha com Ally, enquanto Travis teria dado suas bolas para
Página

tê-la em sua cama. Ela nunca falou muito sobre seu noivo, e agora sabia o
porquê disso. Cansada de trabalhar em dois empregos, ela provavelmente
não fez nada além de focar no trabalho. Deus sabia que ela era uma
trabalhadora. Ele fez com que sua vida fosse difícil ao longo dos anos, e ela
nunca reclamou sobre sua carga de trabalho, nunca deixou de ser atrevida
com as observações saindo daquela boca sexy. Agora, ele se arrependeu de
ser tão duro com ela, mas tinha sido sua maneira de criar algum tipo de
distância entre os dois.

Ele inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, revivendo o


incidente desta manhã, a fragrância deliciosa que ele inalou quando chegou
perto dela. Tudo o que ele queria era congelar esse momento, absorver sua
luz e o inebriante aroma floral de sua pele até que enchesse cada célula de
seu corpo. Ele a quis naquele momento desesperadamente. Talvez Ally fosse
uma mulher dura, mas ele tinha visto o flash de vulnerabilidade em seus
olhos, escondida sob seus comentários sarcásticos esta manhã. E ele não
gostou. Como ela não saberia que era, provavelmente, o sonho molhado de
cada homem? Ele sabia que ela era seu único sonho molhado, e sabia disso
nos últimos quatro anos e trinta e dois dias. Isso é o tempo que ele estava se
masturbando e fantasiando sobre Ally. Ele não tinha sido capaz de se
impedir de ficar perto dela depois que ela baixou sua guarda, de deixá-la
saber que estava bonita hoje cedo. Ally era uma lutadora, e ele odiava ver
aquele olhar de dor em seus belos olhos verdes, que ficavam atrás das lentes
daqueles óculos de bibliotecária sexy e impertinente que usava todos os dias
e o deixava louco. Os óculos alimentavam sua fantasia de despir Ally de
diversas formas que seu cérebro achava adequadas e fazê-la gozar até que
ela se tornasse uma mulher devassa precisando de nada, exceto dele. Eram
os óculos que ela normalmente usava durante a maior parte do dia que o
41
Página

impediu de notar as olheiras sob seus olhos, e como ela estava cansada. Ou
talvez fosse apenas o fato de que o pau dele ficava duro a cada momento que
ela estava na mesma sala que ele, e isso tinha feito com que ficasse difícil
para ele notar. A contragosto, ele admitiu que brigar com ela a mantinha à
distância, e que ele precisava disso. Mas, isso realmente não estava
funcionando mais.

Ele quase esmurrou Jason Sutherland hoje só porque o cara sorriu


para Ally. Sutherland era supostamente uma atração irresistível para as
mulheres por causa de sua boa aparência e dinheiro, e Travis não queria que
o homem, qualquer homem abaixo da idade de oitenta ficasse perto de Ally
nunca mais. Ela acabou de se livrar de um perdedor. Não que Sutherland
fosse um perdedor, e Travis tinha realmente gostado do cara. Mas ele não
gostava de Jason quando estava tocando Ally, e ele não gostou dela tocar
Sutherland também. O sorriso que ela deu a Jason esta manhã lhe bateu
bem no intestino, tornando-se a perguntar por que ele nunca tinha visto
aquele olhar relaxado, feliz, dirigido a ele.

Talvez porque eu sou um idiota quando ela está por perto? Na verdade,
ele era um idiota a maior parte do tempo. Ok... Talvez todo o tempo. Mas
nunca houve um momento que ele não se sentia fora de controle em relação
à Ally. Ele aprendeu a se controlar porque ela estava envolvida com outro
cara. Ele não tinha escolha. Mas se soubesse que ela não estava feliz, se
soubesse o que aquele bastardo estava fazendo, ele não teria sido tão
hesitante em caçar em território de outro homem. Na verdade, ele teria feito
isso e se sentiria muito feliz e sem remorso se soubesse que Ally não estava
sendo tratada da maneira que merecia. Ela poderia irritá-lo frequentemente,
mas ele odiava o pensamento dela não estar sendo tratada como deveria por
um homem que supostamente a amava.
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Página

Ele virou a ignição do carro, esperando que ele ligasse. Talvez tivesse
sido melhor se ele não soubesse de sua situação, se fosse completamente
ignorante em relação ao fato de que o idiota de seu ex a tivesse machucado.
Mas agora ele sabia, e isso estava deixando-o completamente insano. Ela
estava trabalhando demais, exigindo muito de si. Ela pode acabar ficando
doente, entrar em colapso por exaustão. Ou algum pau no bar poderia achar
que ela estava madura para a colheita. Ele estava com raiva de si mesmo por
que ele não notou antes, pois estava muito ocupado tentando se controlar
sempre que ela estava perto dele.

Eu não vou fazer isso. Eu não vou fazer isso.

Tudo o que ela estava passando no momento poderia ser facilmente


resolvido, suas contas poderiam ser pagas, e ele podia pagar por sua casa.
Travis fez uma careta. Bem... Talvez não aquela casa. Ele não queria que ela
vivesse em uma casa onde seu ex tinha fodido outra mulher. Bastardo
estúpido! Mas ele poderia levá-la para uma casa diferente. Caralho, ele
poderia até mesmo ajudá-la a entrar em um programa de MBA se isso é o
que ela queria. Ele poderia fazer isso com um simples telefonema. Por
alguma razão desconhecida, tudo o que ele realmente queria fazer era fazê-la
sorrir, queria que ela olhasse para ele como olhou para Jason esta manhã.

Eu não vou fazer isso. Eu não vou fazer isso.

Em breve, ele teria que passar quatro dias em sua companhia quase
que constante na viagem para o Colorado. Se ela soubesse exatamente por
que ele precisava dela lá, ele iria ganhar nada mais do que desprezo e
descrença. Ele nunca diria a ela. Nunca diria o que tinha sido decidido antes
dele insistir em sua presença lá. Ela nunca deveria saber.

Ele se perguntou irritado que porra aconteceu para deixá-la tirar duas
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semanas de folga. Ele não ficou mais do que alguns dias sem vê-la nos
Página

últimos quatro anos. O escritório provavelmente iria desmoronar enquanto


ela estava fora. Oh, caralho, quem ele estava enganando? Ele provavelmente
desmoronaria. Ser capaz de vê-la, mesmo se estivessem se insultando, tinha
sido a única coisa que o manteve equilibrado. E ela ainda estaria
trabalhando no bar todas as noites, com homens cheios de tesão,
embriagados babando em cima dela.

Eu não vou fazer isso. Eu não vou fazer isso.

Não. Ele não faria isso. Travis Harrison não faz nada para chamar a
atenção para si mesmo. Fez uma promessa a si mesmo e a seu irmão depois
que seus pais morreram, ele trabalhou duro para tirar o nome Harrison da
sarjeta e torná-lo respeitado novamente. E, na maior parte, ele conseguiu.
Pode haver um artigo ocasional nos tabloides, mas nenhum relacionado a
escândalo. Houve conversa depois que sua irmã retornou após ter
desaparecido por alguns anos, e também a notícia quando Asha foi
encontrada e reconhecida como meia irmã de Max. Mas ele deliberada e
cuidadosamente nunca dava motivo para falar na família Harrison. Não que
ele não fez nada que poderia possivelmente ser notícia após a morte de seus
pais, mas nada foi claro a ponto da imprensa. Fora isso, ele manteve seu
controle, e ele não estava prestes a perdê-lo.

Travis lançou um gemido frustrado e colocou o carro em marcha com


um pouco mais de força do que o necessário. Ele executou um giro de
precisão, os pneus guinchando quando deixou à calçada e começou a descer
a estrada de terra que levava à autoestrada.

Eu não vou fazer isso. Não vou. Não vou perseguir a mulher como uma
espécie de lunático com um pau que está prestes a explodir! Eu tenho controle.
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Eu sempre tive controle.


Página

— Foda-se! — Travis rosnou, parando o veículo enquanto pegou seu


telefone celular, olhou para a localização de Sully‟s Oasis, e programou o
endereço do bar em seu sistema de navegação. Cristo! Será que ela tem que
trabalhar nesse bairro? O bar não ficava longe da clínica Hudson, o mesmo
lugar onde a esposa de Simon, Kara, tinha sido atacada por viciados em
drogas. Ally não tem noção de perigo? E que caralho estava errado com seu
ex que a deixou trabalhar nessa área com homens bêbados?

Porra! É um lugar público. Eu posso parar para tomar uma bebida.

Travis iria fazer isso, e ele não dava a mínima para as repercussões.

45
Página
Capítulo 3
Estranhamente, embora Ally amasse o trabalho que fazia na Harrison,
muito mais do que misturar bebidas, ela se sentia mais confortável no
Sully‟s. Pode ser um trabalho tediosamente chato às vezes, mas era um
lugar onde ela poderia ser ela mesma, e não tinha que ficar pisando em
alfinetes e agulhas durante toda a noite como ela fazia em seu trabalho na
Harrison. Pode não ser tão interessante, mas era muito mais relaxante. Não
era no melhor bairro, mas a maioria dos clientes eram regulares, pessoas
que ela via quase todas as noites, pois o bar era pequeno. E Charlie Sullivan
era do tipo paternal. Seu chefe aqui no Sully era muito diferente do seu
chefe bilionário na Harrison. Se algum cara lhe faltasse com respeito,
Charlie chutaria sua bunda para fora da porta. Ele não aturava qualquer
pessoa assediando seus funcionários.

Estava ficando tarde, e a multidão no pequeno bar estava diminuindo.


Era quarta-feira, uma noite tipicamente lenta de qualquer maneira. Ela
limpou a bancada, sorrindo para vários dos clientes que conhecia que
estavam fazendo pedidos de bebida entre sua limpeza.

Ela não contou a ninguém no Sully sobre seu rompimento com Rick.
Ela nunca teve um anel de noivado, porque Rick nunca teve dinheiro extra,
por isso não era como Tina ou qualquer uma das outras mulheres aqui no
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Sully que poderia ter uma indicação de que alguma coisa aconteceu. E era
Página

muito humilhante compartilhar o fato de que seu noivo se enroscou com


outra mulher em sua cama. Ela manteve seus problemas para si mesma,
viria trabalhar aqui todas as noites e faria apenas seu trabalho.
A única pessoa que ela confiou era em Travis.

— Feliz aniversário, Ally! — Charlie Sullivan, um grande homem, que


parecia um urso, com cabelos avermelhados e uma voz potente, saiu da sala
de trás, carregando uma bandeja de bebidas.

— O que é isso? — Ally perguntou intrigada. Amanhã era o aniversário


dela, mas não queria ser lembrada de que estava fazendo vinte e oito anos de
idade, e que agora não tinha um plano de vida de qualquer tipo.

Seu chefe de meia-idade deu um tapinha em suas costas quando


trouxe as bebidas para uma mesa vazia.

— Você me disse outro dia que, apesar de fazer essas bebidas, nunca
tomou qualquer uma delas. Acho que você precisa de uma pequena surpresa
de aniversário. Hora para experimentar algo novo.

— Eu tenho que trabalhar amanhã. E tenho que ir para casa. — Ela


deu a Charlie um olhar duvidoso. Ela não se importava em beber cerveja, e
ocasionalmente bebia um copo de vinho, mas esse era o limite de sua
experiência com o álcool. Tendo sido a única filha de um alcoólatra, ela não
experimentava muitas bebidas. Talvez seja um pouco estranho o fato de ser
uma bartender e ainda assim nunca ter bebido. Mas nunca teve tempo para
respirar, muito menos ter uma ressaca.

— Vou levá-la para casa, — Charlie respondeu, tomando-a pelo braço


e levando-a na parte de trás do bar.
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— Vamos, Ally, — Tina, uma das garçonetes, incentivou quando se


Página

aproximou da mesa. — Viva um pouco. Experimente um pouco.

— Eu não terminei minha limpeza, — Ally protestou, rindo, enquanto


Charlie a levava para a mesa.

— Eu vou limpar. E fazer todas as bebidas que precisam ser servidas.


Experimente as misturas do seu instrutor — Charlie encorajou.

Ally olhou para a bandeja de bebidas, em seguida em torno do bar.


Havia apenas alguns clientes regulares, e eles já haviam se aglomerado ao
redor da mesa, dando-lhe tapinhas nas costas e vaiando para ela celebrar
seu aniversário.

Na bandeja tinha todos os tipos de Blow Jobs, uma bebida que ela fez
cerca de mil vezes, e viu as mulheres consumirem com grande prazer em
todos os fins de semana. Charlie havia colocado o chantilly sobre os copos
dos drinks, o que tornaria quase impossível para ela não fazer uma bagunça
ao bebê-los.

Viva um pouco.

Ally realmente nunca tinha vivido, nunca fez uma coisa que não fosse
cuidadosamente planejada. Custava alguma coisa tentar se divertir um
pouco, rir com alguns amigos? Não era como se fosse virar alcoólatra como
sua mãe apenas por tomar algumas bebidas. Amanhã era o aniversário dela,
e ela ia passar o dia inteiro aguentando Travis.

Faça, Ally. Pela primeira vez em sua vida, faça algo espontâneo. É uma
ocasião especial.

— Oh caralho, por que não? — Ela admitiu, estendendo a mão para


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um dos copos.
Página

— Oh, não, — Tina disse, rindo, dando um tapa de brincadeira na mão


de Ally. — Você tem que fazer isso da maneira certa.
Ally gemeu, mas complacente colocou as mãos atrás das costas
quando Charlie posicionou-os na frente da mesa. Ela só tentaria uma vez.
Tina colocou os copos de bebida em um guardanapo sobre a mesa.

Ally tinha visto isso ser feito por outras mulheres, muitas vezes, e elas
faziam parecer mais fácil do que realmente era. Abrindo sua boca, ela sentiu
a explosão de doçura de seda atingir seu paladar e fechou os lábios em torno
da borda do copo. Infelizmente, a bebida escorregou e ela só bebeu cerca de
metade, o resto caiu na frente de sua camiseta e o copo caiu de sua boca
indo para o chão.

Todos gemeram, e depois riram ruidosamente, incentivando-a a tentar


novamente. Tina veio para frente e deu-lhe instruções sobre a arte de beber
Blow Jobs e Ally tentou de novo, conseguindo beber todo o liquido. Era doce,
suave, e desceu com facilidade, seu sabor era delicioso. Ela lambeu o creme
de sua boca, beberia apenas mais um.

— Ally, se você fizer Blow Jobs tem que fazer direito. Incline a cabeça
para trás e engula.

Travis parou de caminhar, seu corpo congelou quando ouviu o


comentário no pequeno bar. Sua mão apertou a maçaneta da porta até que
seus dedos estivessem brancos.

Ally? Blow Jobs (Sexo Oral)? Engolir? Caralho, não!


49
Página

Travis sentiu a raiva aflorando de seu corpo, algo que quase nunca
aconteceu. Ele raramente deixava sua raiva atingir esse limite, pois tentava
bloqueá-la, exceto para seus desacordos normais com Ally. Mas não era o
mesmo tipo de raiva; era um muito mais perigoso. Seu estômago revirou com
o pensamento do que poderia encontrar quando ele entrou, e de repente
estava se sentindo homicida em relação ao pensamento de Ally tocar alguém
dessa forma, ou de qualquer jeito.

Ele ouviu vários homens rindo e uma voz feminina que não pertencia a
Ally. Que porra? Eles estavam fazendo uma orgia no bar?

Travis colocou todo o seu peso contra a porta enquanto girava a


maçaneta, o movimento para frente impelindo-o para a taverna de um
cômodo. Lá, no meio da sala, estava Ally. Havia um homem prendendo suas
mãos nas costas, e Ally tinha a cabeça tão inclinada para trás que Travis
estava surpreso por seu pescoço não se quebrar. Uma mulher e vários
homens de pé ao redor da mesa, todos eles sorrindo.

Bastardos!

— Que porra você está fazendo? — Travis gritou, fazendo com que a
cabeça de Ally voltasse para frente, e um copo caísse de sua boca. A julgar
pela quantidade de copos vazios já sobre a mesa, esse não foi o primeiro.

Ally olhou para ele com horror, sua língua serpenteando para pegar o
creme branco de seus lábios. A raiva estava pulsando em ondas de Travis
quando ele rosnou.

— Tire suas malditas mãos dela ou eu vou quebrar todos os dedos que
você tem. — Vendo o homem, qualquer homem, tocar Ally o fez perder o
controle. E o fato de que o homem estava segurando Ally em uma posição
50

submissa quase o fez pular em cima do cara e lhe dar uma surra.
Página

O homem mais velho se afastou dela.

— Olha cara, não estou querendo brigar. Ally é minha funcionária. Nós
só estávamos comemorando seu aniversário.

— Eles são todos meus amigos, — Ally confirmou, lambendo os lábios


novamente.

— Este é o seu noivo Ally? — O homem mais velho perguntou, olhando


para Ally.

— Não, — respondeu Ally, movendo-se perto de Travis. — O que você


está fazendo aqui? — Ela sussurrou ansiosamente.

— Sou Travis Harrison. E ela é minha funcionária, também. — Agora


por que caralho ele tinha dito isso? Ele odiava dizer às pessoas quem ele era.
Havia poucas pessoas que não reconheciam o nome. Ele olhou para Ally com
uma carranca. — Tem certeza de que eles não estavam machucando você?

— Certeza total, — ela respondeu, seus olhos verdes ligeiramente


vidrados.

Foi a única resposta que fez com que Travis não batesse em todos os
homens.

— Você está bêbada? — Ele perguntou surpreso.

Ela cobriu a boca e soluçou.

— Acho que posso estar um pouco tonta. Eu não costumo beber.

— Vou levá-la para casa. Ela não vai dirigir, — o homem mais velho,
51
que estava segurando as mãos de Ally atrás das costas acrescentou.
Página

Apenas em seus malditos sonhos, cara.

Travis encarou o cara ruivo com um olhar de advertência.


— Vou levá-la para casa, — ele informou a todos, seu tom desafiando-
os a discutir. Não havia nenhuma maneira que ele deixaria alguém perto
dela agora. Ela estava extremamente vulnerável em sua condição.

Ally colocou a mão em seu braço, e ele encarou seus olhos esmeralda,
e, em seguida, passou o olhar em seu corpo. A camiseta que ela estava
usando era de um tecido fino e estava molhada, e ele podia ver o contorno de
seus mamilos através do sutiã que, obviamente, estava úmido. Ela usava
jeans e tênis, e ele notou que pela primeira vez seu cabelo estava solto, a
massa de cachos loiros caia sobre os ombros.

— Eu estava apenas fazendo Blow Jobs. Eu nunca fiz antes. Gostaria


de Blow Jobs? — Ally perguntou para ele, lambendo os lábios novamente.

Travis quase gozou em sua calça jeans. Ally estava definitivamente um


pouco embriagada, e não tinha ideia do que estava dizendo. Não havia
malícia em seu rosto, nem expressão sedutora. Ela estava simplesmente
oferecendo-lhe uma bebida, porque estava em torpor de embriaguez. Mas
Cristo, ouvir essas palavras de seus lábios carnudos enquanto passava a
língua por eles, era uma de suas fantasias mais excitantes, e estava quase o
matando.

Ele agarrou a mão dela e puxou-a para a porta.

— Hora de ir para casa, Alison.

— Espere. — Ela puxou a mão da dele e se virou para Charlie. —


52

Obrigada, Charlie. Eu me... Diverti.


Página

Charlie pegou sua bolsa que estava embaixo do bar e entregou-lhe.

— Tenha um bom aniversário, Ally, — ele disse sinceramente.


Travis agarrou a mão dela, observando-a acenar alegremente para as
pessoas restantes no bar enquanto ele a arrastava porta afora.

— Acho que você não queria um Blow Jobs. Eles são realmente muito
bons — Ally disse a ele alegremente enquanto saiam do bar.

— Pelo amor de Deus... Pare de dizer isso, Alison. — Travis tentou


parecer calmo, tentou manter o desespero em sua voz. Se ela lhe
perguntasse sobre isso mais uma vez, o seu pau definitivamente iria
explodir.

Levou-a para o carro e prendeu-a no banco com o cinto de segurança,


antes de passar para o lado do motorista. Amanhã eles iriam ter uma
conversa muito séria sobre sua segurança. Ou talvez não houvesse
nenhuma conversa... Apenas ação. Isso era no que ele era bom, e ele
planejava fazer com que Ally ficasse bem de agora em diante. Obviamente,
ninguém parecia se preocupar com ela, e seu noivo idiota nunca se
preocupou.

Travis sabia que seus pais estavam mortos, e que ela não tinha
irmãos. Seu pai morreu quando ela era muito jovem, e sua mãe faleceu logo
após ela ter iniciado a faculdade. Não admira que tivesse sido suscetível ao
primeiro idiota que havia prometido a ela o para sempre. Ela tinha sido uma
presa fácil para um vigarista como seu ex e provavelmente ainda sofrendo.
Não que ela tinha compartilhado essas coisas com ele. A maior parte de sua
história ele descobriu por Kade, e por algum motivo, isso completamente o
53

irritou.
Página

Talvez ela fale com Kade, porque ele não é um idiota para ela como eu
sou.

Travis levou Ally para casa, falando muito pouco, exceto para
perguntar o caminho. Ele estava com medo de que, se falasse alguma coisa,
iria perder o controle. Não conseguia esquecer aquele momento em que a
tinha visto com as mãos mantidas atrás das costas por outro cara. Seus
instintos protetores tinham queimado, e ele estava pronto para estrangular o
bastardo apenas por tocar Ally, mesmo que a situação tinha sido inocente.
Ele não raciocinou, não pensou em nada... Ele apenas reagiu. As coisas não
funcionam dessa maneira para ele, normalmente não. Ele era um
planejador, um pensador, pesando os riscos e benefícios de cada ação. E ele
nunca, nunca fez qualquer coisa remotamente emocional ou escandalosa.

— Por que você foi ao bar esta noite? — Ally perguntou em voz baixa,
parecendo mais lúcida; claramente estava melhor no caminho de casa. — Eu
sei que não é definitivamente um dos seus lugares habituais.

— Eu queria ter certeza de que estava bem, — Travis respondeu


honestamente quando parou na entrada da casa de Ally.

— É porque eu quase tive um colapso em seu escritório antes?

Não. Realmente não. Ele fez isso porque não tinha sido capaz de ficar
longe depois que percebeu exatamente como estava sua situação na vida
agora. Como poderia explicar que de repente ele queria protegê-la, corrigir as
coisas para ela, além do fato de que estava morrendo de vontade de transar
com ela? Ele nem sequer compreendia a si mesmo. Mas ele respondeu:

— Sim. — Era a desculpa mais fácil. 54

— Eu ficarei bem.
Página

Porra! Sua voz soava hesitante e vulnerável, e Travis faria tudo o que
podia fazer para não encontrar seu ex e matar o filho da puta. Ele tinha
ferrado Ally, e deixou-a sozinha, em uma situação ruim, depois que ela tinha
dado tudo a ele. O idiota não sabe o quão valioso esse tipo de devoção de
uma mulher é? Será que ele se importa?

— Eu sei que você vai ficar bem. — Travis disse rispidamente. Ele
planejava ter essa certeza de que ela ficaria a partir de agora.

Ally parecia mais firme enquanto ele a ajudava a sair do carro. Ela
passou a mão carinhosamente sobre o capô de seu Ferrari.

— Bem, pelo menos eu andei em um de seus carros caros, — disse ela


em tom de brincadeira. — Este é bonito.

— Não é tão caro em comparação com alguns dos meus outros


queridos de pista, — admitiu. — Mas eu gosto para uma condução casual.

O riso encantado de Ally fluiu sobre Travis como um bálsamo para a


sua alma.

— Eu mataria para conduzir este F12, e você está falando sobre isso
como se fosse um carro familiar barato. — Ally bufou.

Travis sentiu os cantos sua boca começar a puxar.

— Eu simplesmente recebi um Hennessey hoje. Eu estava testando-o


antes de ir vê-la.

Travis realmente sorriu quando ouviu Ally suspirar quando ela disse:

— A GT Venom?
55

— Sim — respondeu surpreso que Ally soubesse tanto sobre carros.


Página

— Você conhece veículos.

— Cresci em Daytona Beach. Eu tinha permissão para ir à pista na


época da escola. Teria sido difícil não aprender alguma coisa sobre carros
rápidos, — ela respondeu, divertida. — Eu ainda presto atenção.

— Dirigi nessa pista mais de uma vez — Travis disse a ela enquanto
caminhava até a porta.

— Eu sei, — Ally respondeu, pegando as chaves de sua bolsa. — Você


nunca se arrependeu de ter desistido de uma carreira profissional como
piloto?

Travis sacudiu a cabeça.

— Não. Gosto de correr na Harrison. Acho que se corrida fosse minha


profissão em tempo integral, não seria mais divertido. — Harris Corporation
era quem ele era, e ele nunca iria deixá-la ser colocada nas mãos de alguém
para administrá-la enquanto ele estivesse nas pistas correndo.

Travis pegou a chave da mão dela, pois ela não estava conseguindo
colocá-la na fechadura. Ela podia estar menos bêbada, mas não estava
completamente sóbria ainda. Ele abriu a porta, entregando-lhe de volta as
chaves. Ela acendeu as luzes e o olhar cobiçoso de Travis se banqueteava
com a visão dela. Seus olhos ainda estavam brilhantes, mas ela estava
olhando para ele com atenção, como se nunca o tivesse visto antes. Seu
olhar se moveu sobre seu corpo com ousadia, o desembarque em seus lábios
com um olhar de saudade.

— Você poderia me beijar? — Ela perguntou hesitante, seu olhar ainda


56

encarando seus lábios. Travis olhou para ela, querendo dizer-lhe que era a
Página

mulher mais beijável e gostosa no planeta. Ele queria devorar sua boca mais
do que queria qualquer outra coisa no mundo naquele momento. Mas ele
ficou imóvel encostado no batente da porta para não a tocar.
— Você não está em seu juízo perfeito, Alison. Você não sabe o que
quer agora. Pegue um par de aspirinas e vá para a cama.

Puta merda... Isso dói. Travis quase engasgou com as palavras,


querendo outra coisa completamente, mas ele não estava disposto a tirar
proveito de Ally quando ela tinha bebido. Esta situação estava mais difícil do
que quando ela lhe ofereceu um Blow Jobs, provavelmente porque ela sabia
o que estava pedindo agora. Ela estava perguntando para ele.

Seu olhar deixou sua boca e ela balançou a cabeça.

— Sinto muito. Eu não sei por que eu perguntei isso.

Ele certo como esperava que fosse porque ela o queria, mesmo que
fosse só um pouco.

— Feche a porta e tranque-a. — Ele não sairia até que ouvisse o


barulho do ferrolho. Ele precisava sair de perto dela antes que mudasse de
ideia.

Ela assentiu, começando a fechar a porta, seus olhos não


desgrudando dos dele.

— Alison? — Ele disse rapidamente antes dela fechar a porta.

Ela fez uma pausa.

— Sim? 57
Não a beije. Não tire proveito dela. Você vai se odiar mais tarde.
Página

Travis agarrou a madeira um pouco mais forte.

— Eu venho buscá-la por volta das oito da manhã e vou enviar alguém
para pegar o seu carro. — Ele se afastou do batente da porta para que ela
pudesse fechá-la. — E se você estiver se sentindo bem, eu vou deixar você
dirigir o F12 na parte da manhã.

— Você vai? — Ela perguntou, parecendo chocada.

Travis deu de ombros. É apenas um carro. E não havia nada que ele
não fizesse para fazê-la sorrir para ele.

— É seu aniversário, — ele usou isso como uma explicação para suas
ações, para que não percebesse que isso era só porque ela queria. — Agora
entre, — ele falou. Ally fechou a porta obedientemente, e o ferrolho virou
imediatamente.

Boa menina.

O coração de Travis ainda estava disparado enquanto voltava para o


carro, entrou e ligou a ignição. Ele inclinou a cabeça contra o volante por um
momento, tentando recuperar o fôlego. Jesus! Não tocar Ally esta noite foi a
coisa mais difícil que já fez. Ele a queria muito, mas não dessa forma. Ele
precisava dela quente e disposta, consciente de tudo o que estava
acontecendo. E talvez houvesse uma pequena parte dele que não queria que
ela se arrependesse, não queria que o odiasse por ter se aproveitado dela.
Seu instinto para protegê-la era tão forte como o seu desejo de transar com
ela, e era muito, porque esse anseio estava quase o matando.

Ele já sabia quais seriam seus sonhos hoje à noite. Não havia
nenhuma maneira de não estar sonhando vividamente com Ally
58

perguntando-lhe se ele queria um boquete, lambendo os lábios melados


Página

quando pronunciou essas palavras, cada homem no mundo queria ouvir de


uma mulher isso. E em seus sonhos, Travis nunca iria recusar-se a beijá-la.
Caralho, ele provavelmente teria um ataque cardíaco e morreria em seu sono
quando respondesse a ela de forma diferente, faria exatamente o que queria
fazer, quando ela perguntasse isso em seus sonhos esta noite.

Travis esperou até que as luzes se acenderam no andar de cima antes


de ir embora, perguntando-se quando realmente desenvolveu uma
consciência, e odiando-se, porque quando se tratava de Ally... Ele realmente
tinha uma.

59
Página
Capítulo 4
Ally acordou tarde na manhã seguinte, com apenas 30 minutos para
ficar pronta para o trabalho. Não queria sair da cama, e ela não tinha certeza
se era realmente o álcool que consumiu na noite anterior, ou o fato de que
ela ia ter que enfrentar Travis.

Oh Deus, eu realmente pedi para ele me beijar?

Ela fez uma careta para si mesma no espelho enquanto rapidamente


reuniu seus cabelos em um clipe na parte de trás de sua cabeça, com muita
pressa para se preocupar em fazer uma trança ou um estilo mais intrincado.
Colocou uma quantidade mínima de maquiagem, apenas o suficiente para
que não assustasse qualquer um dos clientes da Harris Corporation.

Correndo para o armário pegou um par de sapatos e um cinto colorido


para combinar com o vestido cinza conservador que tinha vestido, ela olhou
nervosamente para o relógio.

Cinco minutos para as oito horas.

Ally não tinha dúvida de que Travis chegaria exatamente as oito,


pronto para ir ao escritório. Ele não tem nenhuma reunião de manhã cedo,
mas ela sabia a hora que Travis chegaria. Travis Harrison nunca chegou
tarde, chegava exatamente na mesma hora todos os dias.
60
Página

— Porra, — Ally amaldiçoou quando a porta do armário puxou um fio


de sua meia calça, começando com um furinho e se transformando em um
enorme. Ela ficou irritada quando viu um enorme rasgo que ia do joelho ao
tornozelo. Tirando seus saltos pretos, ela deixou-os cair no chão e amarrou
uma faixa preta, cinza e vermelho em sua cintura, para acrescentar um
pouco de cor ao vestido monótono. Pelo menos ela conseguia fazer seu
vestido ficar mais bonito. Ele tinha uma saia mais completa para acomodar
seus quadris curvilíneos.

Vasculhou a cômoda, desesperada para encontrar outra meia preta, a


única coisa que viu foi um par meias com cinta-liga preta.

— Porra, — disse ela, irritada consigo mesma por não ter mais meia-
calça. Ela olhou com cautela para o conjunto, preto sexy, que achou no
fundo de sua gaveta. Ela comprou-o por um capricho há alguns anos, e só
usou uma vez, quando ela e Rick foram supostamente sair para uma noite
romântica em comemoração ao Dia dos Namorados. Infelizmente, Rick ligou
e cancelou, alegando que tinha que estudar. Despiu-se e foi para a cama,
lavou a lingerie e nunca se preocupou em usá-la novamente, sentindo-se
tola em tentar apimentar sua vida sexual. Rick era muito ocupado, estava
cansado o tempo todo. Agora, Ally perguntava-se se seu ex-noivo era tão
cheio de afazeres assim mesmo. Esse pensamento fez com que Ally quisesse
jogar a lingerie no lixo, mas ela estava desesperada, então rapidamente
colocou as meias, cinta-liga, e a calcinha preta sensual que formavam o
conjunto. Não importava. Eram meias pretas, e ninguém jamais saberia que
eles estavam ligados a um conjunto de lingerie foda-me.

Ally se encolheu quando ouviu a campainha tocar, colocando os


sapatos com cuidado para não destruir o último par de meias que tinha. 61

— Como eu vou olhá-lo nos olhos depois de pedir para me beijar?


Página

Talvez ele não vá dizer nada. Ele sabia que eu tinha bebido, — ela sussurrou
para si mesma.

Na verdade, ela não estava bêbada quando pediu para Travis beijá-la.
O álcool havia diminuído suas inibições, mas ela queria desesperadamente
sentir como seria ter aquela boca pecaminosa na dela. Pedindo-lhe para
beijá-la era possivelmente a coisa mais impetuosa que já tinha feito. Ele era
o chefe dela, pelo amor de Deus, e um homem que poderia ter qualquer
mulher que quisesse. Ainda assim, esses fatos importantes não tinham
parado seu desejo de ver o que seu beijo lhe faria sentir pelo menos uma vez.
Desde que Travis disse a ela quão desejável ela era, Ally queria ver se seu
beijo reforçava suas palavras. Conhecendo Travis, ele provavelmente agiria
como se não se lembrasse, ou talvez nem sequer fosse importante o
suficiente para ele se lembrar. Ela desceu correndo as escadas, tão rápido
quanto seus saltos permitiam, e estava sem fôlego no momento em que abriu
a porta. Travis parecia impecável como de costume, mas sua postura era
casual, as mãos nos bolsos das calças do terno. A respiração de Ally falhou
quando o viu em seu terno de grife preto, o único alívio na escuridão da
roupa era a gravata listrada de cinza.

— Bom dia, Srta. Caldwell, — Travis disse com voz rouca. — Você está
recuperada? — Seus olhos escuros encararam-na completamente, como se
estivesse à procura de qualquer sinal de uma ressaca.

— E... Eu estou bem, — Ally respondeu nervosamente, abrindo mais a


porta para que ele pudesse entrar, odiando-se por estar ansiosa. Ela não
poderia mostrar qualquer fraqueza para Travis. O homem era como um
tubarão que podia cheirar sangue na água. Se ele soubesse que a deixou
agitada, ele iria para o abate. Era uma característica que o fazia um homem
62

bom de negócios, mas um adversário perigoso. — Deixe-me pegar a bolsa e


Página

uma xícara de café para levar comigo. Você gostaria de uma?

Travis caminhou para a sala, e Ally fechou a porta atrás de si.

— Não estou com pressa, — Travis disse casualmente. — Não se


apresse.

Ally olhou para Travis, pasma. Desde quando ele não tinha pressa? O
homem nunca perdeu tempo, trabalhando como um demônio a cada
momento do dia. Ela virou-se, um pouco confusa, e entrou na cozinha, os
saltos estalavam contra a madeira polida do chão enquanto pegava duas
canecas e servia o café que ela colocou no temporizador na noite anterior.
Acrescentando rapidamente creme para seu café, ela deixou o de Travis
preto, como ele gostava, e dirigiu-se rapidamente de volta para a sala de
estar. Travis estava de costas para ela, olhando para as estantes que
cobriam toda uma parede em sua sala de estar. Ela estava pensando em
mudá-las para um dos quartos vagos e usá-lo como biblioteca, mas isso não
a preocupava mais. Ela se mudaria desta casa de qualquer maneira.

— Aqui está. — Ally entregou-lhe sua caneca com cuidado.

Travis virou para ela e levantou uma sobrancelha.

— Você percebeu Srta. Caldwell, que realmente me trouxe café hoje?

— Não se acostume com isso, — ela murmurou sobre a xícara de café


antes de tomar um gole cuidadosamente.

Travis sorriu quando disse:

— Você tem gostos ecléticos de leitura. Acho que você tem de tudo,
desde os clássicos aos de livros de não ficção. 63
Ally deu de ombros, desconfortável.
Página

— Eu gosto de ler.

— O que é isso? — Travis perguntou curiosamente, puxando um


manuscrito de capa clara. Ela pulou para frente, tentando puxar as folhas
de seus dedos.

— Nada de interessante, — ela disse-lhe com firmeza. — Dê isso para


mim.

— Ele tem seu nome. Será que você o escreveu? — Não houve nenhum
desprezo em sua voz, só curiosidade, enquanto ele segurava o manuscrito
fora de seu alcance.

— Sim, — Ally respondeu irritada.

Colocando sua xícara de café em uma das prateleiras, ele folheou as


páginas.

— Você é uma escritora?

— Eu sou uma assistente e secretária. E eu sou uma bartender.


Escrever é apenas um sonho.

— Por quê? — O olhar de Travis travado no dela, seus olhos escuros a


questionando.

— Porque eu não escrevo suficientemente bem para publicar. Eu tenho


as cartas de rejeição para provar isso, — ela respondeu irritada. — Rick me
disse para parar de sonhar e trabalhar mais com o que realmente paga um
salário. E ele estava certo. Estávamos apertados com o dinheiro. Eu
precisava de um trabalho extra onde pudesse melhorar meus rendimentos.

— Trata-se de um romance? — Travis interrompeu sua concentração


64

no manuscrito.
Página

— Sim, — Ally admitiu. — Romance jovem adulto. É uma série. Nunca


terminei o segundo livro. — Não que ela não estivesse louca para escrever a
história, mas nunca houve um momento em que tivesse tempo para isso.
Algum dia ela iria terminar a série, mesmo que não pudesse publicá-la.

— Eu gostaria de lê-lo, — Travis disse pensativo, fechando o


manuscrito com cuidado e colocando-o ao lado de seu café. — Então o
bastardo, basicamente, afastou tudo de você, — Travis disse calmamente,
sua voz baixa e perigosa.

— O que quer dizer? — Perguntou Ally, confusa.

Travis cruzou os braços na frente dele e as sobrancelhas estreitaram-


se, dando a Ally um olhar sombrio.

— Ele te fez sair da faculdade para que ele pudesse terminar. Então fez
você desistir de escrever para trabalhar ainda mais horas em um maldito bar
em um bairro de merda. Ele te convenceu a fazer exatamente o que ele
precisava. Alguma vez ele deu a mínima importância para você, para saber o
que você queria? Obviamente que não, ou ele não teria sido pego na cama de
outra mulher.

Ally abriu a boca, querendo dizer-lhe que Rick não tinha tecnicamente
pulado na cama de outra mulher. Ele usou a deles. Mas ela não tinha tanta
certeza de que seu ex-noivo não pulou em outra cama também.

— Não foi culpa apenas dele, — ela admitiu relutantemente. — Eu


queria essa segurança também. Esse era o plano. Para finalmente ter uma
vida que não fosse um caos, uma vida em que não precisasse me preocupar
em poupar cada centavo que eu tinha.
65

— E sua vida era sempre tão caótica? — Travis perguntou adiantando-


Página

se, parando a poucos passos dela.

— Sim. Cresci com uma mãe, e ela era alcoólatra, estava


frequentemente mais bêbada do que sóbria. Então, sim, eu queria uma vida
normal. — O coração de Ally estava acelerado, e ela respirou fundo e soltou o
ar. Não era que não sabia que ela era uma bagunça e algumas vezes
dependente, mas não era um tópico que ela realmente queria discutir com
alguém como Travis. Na verdade, ela realmente não discutia isso com
ninguém.

— Então você se sacrificou para fazer o cara errado feliz, um homem


que não dá a mínima para o que realmente faz você feliz, — Travis afirmou
categoricamente. — Então, quando será a sua vez, Srta. Caldwell?

— Eu vou ter minha chance assim que endireitar tudo, — Ally


argumentou.

— Você poderá? Eu me pergunto? — Travis disse com voz rouca.

— Não posso mudar o passado. Sim... Fui estúpida. Sim... Fui


ingênua. Preciso aprender com os meus erros e seguir em frente, — Ally
disse hesitante.

— Você é uma organizadora pragmática por fora, mas uma sonhadora


por dentro, — observou Travis.

— Mas uma coisa que não entendo é por que você aguentou isso por
tanto tempo. Você não é o tipo de mulher que atura porcaria de ninguém. Eu
sei disso. Ele deve ter sido um grande manipulador.

Ally se mexeu desconfortavelmente. 66


— Ele era. Rick nunca foi abertamente hostil ou irritado. — Ally
Página

poderia ter lidado com isso dando joelhada nas suas bolas e ido embora.
Mas ele tinha um jeito de fazê-la se sentir culpada e responsável por tudo, e
também jogou com suas vulnerabilidades. — Ele era muito bom nisso. —
Ally suspirou. — Acho que eu queria o sonho, e tinha tudo planejado
perfeitamente. Isso só não deu certo exatamente como eu planejei. — Tinha
lidado com tudo que Rick jogou para ela apenas pela possibilidade de que
algum dia poderia ter uma vida normal, arrumando desculpas para ele como
fez com sua mãe alcoólica toda a sua vida. Ela disse a si mesma que a vida
iria melhorar, que Rick seria um homem melhor uma vez que ele não
estivesse sob muito stress. Isso foi até o momento em que o vira enroscado
com outra mulher, ali ela percebeu que tinha sido a única a viver uma
mentira. Ele sempre foi um idiota. Ao vê-lo com outra mulher finalmente
reconheceu a realidade.

— Você é uma mulher inteligente, esperta o suficiente para conseguir


tudo o que quiser, — Travis disse com voz rouca, pisando perto o suficiente
para dobrar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Você o amava?

Ally olhou para Travis, seus olhos se encararam, e ela era incapaz de
desviar o olhar. Sua expressão era estoica, mas seus olhos estavam
aquecidos com um olhar fixo de fascinação que fez cada pensamento, exceto
ele, voar para fora seu cérebro.

— E-eu não acho que já conheci o amor. Acho que amei a ideia de um
plano e uma vida normal. — Travis estava perto o suficiente para sentir seu
cheiro agora, e Ally deu um passo atrás para sua própria autoproteção,
batendo as costas na parede da sala. Ela já tinha feito feio na noite anterior.
Travis era seu chefe, o chefe bilionário, e ela precisava se lembrar
exatamente quem ele era. Por alguma razão, ela tinha problemas de memória
quando ele chegava perto, deixando seu corpo superaquecido e em curto-
67
Página

circuito.

Travis avançou e apoiou uma mão contra a parede ao lado de sua


cabeça, o dedo indicador da outra mão se movendo em um padrão de sua
orelha para sua bochecha.

— Pergunte-me se quero beijá-la novamente, Alison, — ele exigiu, seu


dedo traçando seus lábios.

Ally queria quebrar o contato visual, queria correr rápido e longe de


Travis o quanto pudesse. A expressão sombria em seu rosto estava em
desacordo com o calor em seus olhos escuros, um olhar que tanto assustava
quanto a encantava.

Ela não queria pensar em sua rejeição da noite anterior, ou por que ele
queria que ela perguntasse novamente. Finalmente, ela simplesmente
perguntou:

— Por quê?

Travis tomou o café de sua mão e coloque-o sobre uma pequena mesa
ao lado dele, seus olhos nunca a deixando quando ele inclinou o queixo dela
para cima, seu polegar acariciando sua pele enquanto ele respondia:

— Porque esperei toda a noite para você me perguntar de novo, desta


vez quando estivesse sóbria. Pergunte-me, — ele disse, sua respiração
entrando e saindo de seus pulmões como se tivesse acabado de terminar
uma longa corrida.

Oh, como Ally queria atender este comando de Travis. Queria sentir
aqueles lábios rígidos, exigindo dela mais do que ela queria sua próxima
respiração. Mas ela sussurrou:
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Página

— Eu não posso. Você é meu chefe. Eu sou sua empregada. Nós não
podemos fazer isso.

— O caralho que não podemos. Você está demitida, — ele resmungou.


Talvez essa fosse a única vez que Ally apreciou o fato de que Travis a
despediu, coisa que fazia diariamente.

— Tudo bem, — respondeu ela, agarrando a gravata escura e


impecável e puxando sua boca para a dela, incapaz de superar a tentação de
tocá-lo e fazer com que ele a tocasse. Seus olhos se fecharam, seus sentidos
imediatamente intoxicados pela sensação de sua boca quente e exigente
cobrindo o dela, sua língua insistente superando qualquer resistência ou
hesitação, ela podia ter tido isso antes. Ela abriu-se para ele, que a saqueou,
levando tudo o que queria, e ao mesmo tempo dando-lhe exatamente o que
precisava.

Ally gemeu em seu beijo, suas mãos segurando seus cabelos escuros,
tremendo ao sentir os fios por entre seus dedos. Ele segurou a bunda dela
com uma mão, trouxe-a com força contra seu corpo musculoso. Seus dedos
agarraram a presilha em seu cabelo e ele puxou, soltando uma cascata loira
pelas costas. Agarrou seu cabelo, puxando sua cabeça mais para trás,
permitindo-lhe acesso completo à sua boca.

Doce Jesus, estou em apuros!

Travis beijou como um homem possuído, e Ally respondeu, dando de


volta exatamente o que ele deu a ela, a luxúria caindo sobre seu corpo como
uma onda gigantesca. Seu núcleo se inundou de excitação, e ela esfregou
seu corpo contra ele na paixão frustrada, irritada porque precisava sentir
sua pele quente contra a dela. O paletó que ele usava impediu-a de tocar sua
69

pele nua, e ela queria que ele desaparecesse. Ela queria que tudo sumisse.
Página

Travis arrancou sua boca da dela, ofegante. Outro puxão no cabelo


dela deixou à mostra a pele sensível de seu pescoço, e sua boca explorou-a,
como se estivesse saboreando cada superfície exposta do seu corpo.
— Se você não parar de esfregar este delicioso corpo contra o meu, vou
te deixar nua e de costas dentro de segundos, — alertou-a
ameaçadoramente, sua voz baixa abafada contra a têmpora. — Ou nua
contra a parede, — acrescentou asperamente.

Por um momento louco e selvagem, Ally queria chamar o blefe de


Travis, pressionar-se contra sua grande ereção, pois ela já podia sentir seu
abdômen inferior. Mas sentia-se muito sensível, muita exposta. E abrindo-se
para Travis seria mais um erro estúpido. Ele era muito misterioso, muito
tentador, e muito imprevisível. A última coisa que ela precisava era ter um
caso com seu chefe e perder o emprego. Por mais que ela o quisesse — e
definitivamente o queria — estava aterrorizada com o que o resultado de um
caso com Travis poderia causar. Ele era um canalha sem coração. Talvez ele
quisesse jogar com ela agora, mas iria encontrar outro brinquedo em breve.
E ela estaria sem um trabalho.

— Vamos nos atrasar para o trabalho. — Ally tentou não choramingar.

— A empresa é minha. Não acho que teremos problemas, — Travis


respondeu preguiçosamente, beijando sua orelha.

Querido Deus, se ela não se afastar dele agora, irá rasgar suas roupas.
Ele afastou a cabeça para dar-lhe um olhar ardente, que quase fez com que
ela se despisse. Seu cabelo estava despenteado, como se tivesse acabado de
sair da cama — ou tivesse transado — e sua roupa estava torta. Este era um
novo visual de seu chefe, e caramba, ele estava realmente muito bem. Isso o
70

fez parecer mais acessível, e ainda mais sexy do que normalmente era.
Página

— Eu esqueci. Não tenho um emprego. Você me demitiu. — Ela puxou


seu cabelo de brincadeira.

— Eu poderia pensar em algumas coisas que provavelmente me


convenceriam voltar a contratá-la, — Travis respondeu com uma voz áspera,
sua mão apertando a bunda dela possessivamente.

Incapaz de lidar com a deliciosa tortura do toque de Travis por mais


um momento, Ally passou debaixo de seu braço e fugiu para longe dele.

— Você não deveria ter feito isso, — disse ela, infeliz.

Travis ajeitou a gravata e alisou o cabelo.

— Foi apenas um beijo, Alison. — Seus olhos fecharam e seu rosto


virou-se para a sua habitual expressão, de pedra.

Apenas um beijo? Desgraçado!

Seu tom era zombeteiro, irritante, e ela queria dar um tapa nele por
chamar o que eles tinham acabado de fazer simplesmente de um beijo. Para
ela, foi uma experiência que fez a terra tremer, pois ainda sentia seu corpo
derretendo com o calor de seu abraço.

Sem outra palavra, ela pegou sua bolsa, virando-lhe as costas.

— Certo. Apenas um beijo. Nada espetacular, — ela respondeu


calmamente, esperando que a dor que sentiu não pudesse ser detectada em
sua voz. Realmente, ela sabia como era um beijo quente normal? Talvez ele
não fosse nada de extraordinário. Ela teve muito pouco para compará-lo com
este beijo.

Ela virou-se a tempo de ver Travis pegando o manuscrito e dando o


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último gole em seu café. Por um momento, ela considerou discutir com ele
Página

sobre a tomada de seu livro, mas escreveu para que as pessoas pudessem ler
as histórias que ela tinha para compartilhar, por isso realmente não se
importou. Ele virou-se para levar a caneca para a cozinha, mas ela
interceptou-o levando-as para a pia ela mesma. Pegando a presilha do chão,
ela arrumou o cabelo para trás e apertou o fecho.

— Hora de ir, — disse ela, caminhando pela sala de estar e indo para a
porta, esperando que parecesse mais calma do que se sentia.

Travis alcançou-a na porta, segurando seu braço quando ela tocou a


maçaneta.

— Ele foi um tolo de te perder, Alison, — disse rispidamente. — E se


eu achasse que estivesse pronta e não se arrependeria, eu estaria comendo
você agora. Assistir você gozar seria uma das coisas mais gratificantes que já
fiz.

Ally ficou boquiaberta com ele por um instante, aturdida pelo quão
ardente ele poderia estar em um momento, e depois virar uma pedra de gelo.
Seu rosto corou, e ela podia sentir o fluxo de energia sensual entre eles,
sabendo que uma faísca extraviada poderia disparar uma grande chama.

— Eu duvido. E foi só um beijo, — ela lembrou-lhe com falsa doçura


em sua voz.

— Foi mais do que isso, — admitiu, com os olhos presos em seu rosto,
em busca de... alguma coisa.

Ally virou-se, incapaz de suportar seu escrutínio. Ela já tinha se


exposto demais. Abrindo a porta, ela esperou ele sair de sua casa antes de
trancá-la. Quando ela se virou, viu que ele estava segurando um conjunto de
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chaves na frente de seu rosto.


Página

— Fiz uma promessa, — disse, soando quase como se estivesse com


dor.
Ally pegou as chaves.

— Prometo que vou levar-nos a Harrison sem um arranhão no carro.

Travis deu de ombros.

— Não é com o carro que eu estou preocupado.

Ele a guiou até o lado do motorista e abriu a porta para ela entrar, e,
em seguida, tomou o seu próprio assento no outro lado.

— Você não está acostumada com o veículo.

Travis passou a dar suas instruções por todo o caminho para o


trabalho, mesmo Ally conduzindo o carro muito bem. Ela nunca dirigiu um
Ferrari, mas entendia tudo sobre que o carro tinha a oferecer.
Ocasionalmente, acelerava mais rápido, fazendo com que Travis rosnasse
para ela ir mais devagar. Quando finalmente estacionou o carro esportivo na
vaga pessoal de Travis, ele, a contragosto, admitiu que dirigiu bem, mas
minou o elogio, lembrando-lhe que dirigia muito rápido. Como se ela fosse
dirigir um Ferrari como uma avó. Se Travis não estivesse dando sermão pela
velocidade que dirigiu, ela teria gostado de exigir do motor um pouco mais,
embora houvesse poucos lugares onde ela poderia fazer isso na cidade.
Ainda assim, a experiência foi emocionante.

— Obrigada, — ela disse a ele sinceramente quando devolveu as


chaves fora do edifício Harrison. — Você me ajudou a completar uma coisa
na minha lista.
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Página

— Não creio que aos vinte e oito anos você tenha uma lista, Alison, —
falou Travis, endireitando a gravata, enquanto caminhavam para o prédio.
Ally deu de ombros quando entraram no elevador.
— Nunca se sabe. Eu poderia ser condenada a pena de morte depois
de matar o meu chefe bilionário, — ela respondeu suavemente, atirando-lhe
um sorriso maligno. — Você está com o celular?

Travis fez uma careta para ela.

— Sim. Por quê?

— Eu só queria acrescentar alguns lembretes. — Ela era uma


mentirosa, mas sempre que começava a agir como se tivesse um pau na
bunda, ela tinha pensamentos perversos.

Ele entregou a ela com um suspiro forte.

— Se você mudar o toque, você está demitida.

— Eu faria isso? — Ela colocou a mão no peito, dando uma falsa


expressão de horror e consternação. Travis olhou para ela.

— Sim, — ele rosnou.

Ally colocou os poucos lembretes enquanto estavam no elevador.

E então ela mudou o toque para uma canção popular e sexualmente


explícita, certificando-se que o volume ficasse no máximo.

Ela sorriu para ele inocentemente quando lhe devolveu o celular,


lembrando-se de chamá-lo durante uma de suas reuniões de hoje. Com esse
pensamento extremamente satisfatório em mente, ela saiu do elevador e
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caminhou para o escritório, seu sorriso alargando a cada passo que dava.
Página
Capítulo 5
— Você está demitida! — Ally teve que segurar o telefone celular longe
de sua orelha para diminuir o som da voz estrondosa de Travis. — Eu estava
em uma reunião muito tensa com um grupo de homens velhos quando você
me ligou. Pensei que eles fossem ter um ataque cardíaco.

Ally abafou uma risada quando levou o telefone de volta ao ouvido.

— Sinto muito, Sr. Harrison, mas eu estou almoçando agora. Sinta-se


livre para me repreender, logo que eu voltar para o escritório. — Ela clicou
no botão Off do celular, cortando o que estava certa de que seria outra longa
palestra de Travis.

— Ele me demitiu. — Ally suspirou e sorriu maliciosamente para Asha


Harrison. Ela e Asha se tornaram amigas desde que Asha casou com Kade,
as duas se reuniam sempre que podiam.

Hoje, Asha lhe trouxe um buquê de flores pelo seu aniversário, e


insistiu em levá-la para o almoço. Elas estavam atualmente sentadas em um
restaurante italiano casual, devorando massas pecaminosamente.

Asha estava radiantemente grávida e feliz, e esse fato fez Ally sorrir
genuinamente. Depois de tudo o que Asha passou, ela merecia a felicidade
que encontrou com Kade. Ao contrário de Travis, Kade era um homem muito
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simpático, e quase o completo oposto de seu irmão gêmeo. Enquanto Travis


Página

era escuro na aparência e personalidade, Kade era loiro e lindo, um ex-


jogador profissional de futebol que quase sempre estava sorrindo,
especialmente desde que se casou com Asha.
— Você sabe... não é como se Travis não pudesse simplesmente
verificar o seu celular e mudar qualquer toque que você tivesse colocado, —
Asha pensou, limpando a boca com o guardanapo. — Ele é um homem
brilhante, inteligente o suficiente para pensar em fazer isso todos os dias.

Ally tinha feito muitas vezes a mesma pergunta.

— Eu acho que ele gosta de uma razão para brigar. Ele é obstinado
dessa forma, — ela respondeu, tomando um gole de água para ajudar a
engolir o macarrão.

Coitada da minha dieta. Eu poderia muito bem aproveitar o fettuccini e


enviá-lo diretamente aos meus quadris.

— Eu acho que ele faz isso de propósito, — Asha respondeu. — Então,


ele tem uma razão para procurá-la.

Ally bufou.

— Eu duvido disso. Ele me evita como uma praga. Ele tem sido um
pouco... diferente. Só está um pouco menos idiota desde que eu terminei
com meu noivo. — Ela disse para Asha sobre seu rompimento no caminho
para o restaurante.

E agora ele me beijou até perdermos o fôlego!

Ally decidiu não compartilhar esse fato com Asha. Mais do que
provavelmente ela iria contar para Kade.
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— Diferente como? — Asha questionou com curiosidade.


Página

Ally deu de ombros.

— Ele me ouve de vez em quando. E ele me deixou dirigir seu Ferrari


hoje, porque era meu aniversário.

Asha soltou um assobio.

— Isso é importante, — disse ela com sinceridade. — Ele raramente


permite que Kade dirija seus veículos. — Ela colocou o garfo no prato e
pegou o copo de água. — Eu acho que ele tem tesão por você. E o meu belo
marido também acha.

Ally quase engasgou com a água, engolindo com dificuldade. Ela


realmente corou quando pensou sobre o beijo quente de Travis esta manhã.

— Eu sou sua assistente, e eu o irrito muito. Duvido que ele esteja me


cobiçando, — Ally negou, dando a Asha um olhar duvidoso. Ele poderia tê-la
beijado, e talvez ele realmente fosse transar com ela, mas Ally suspeitava que
fosse só porque estava solteira agora, era conveniente e ela estava acessível.

— Eu o vejo quando você está por perto. Ele está te desejando, — Asha
declarou com firmeza. — E nenhum dos homens Harrison são jogadores.
Kade tinha uma namorada de longa data, a quem foi fiel durante anos,
apesar de que a cadela o abandonou no momento em que ele deixou de ficar
fisicamente perfeito. E Kade disse que Travis nunca é visto com uma mulher.
Ele teve alguns breves relacionamentos na faculdade, mas nada mais desde
então.

Asha estava certa. Travis fazia tudo sozinho.

— Você está tentando me dizer que Travis Harrison nunca vai para a
77

cama? — Ela perguntou com curiosidade.


Página

— Se ele faz, ele é discreto sobre isso, — Asha respondeu pensativa. —


Travis gosta de jogar de mauzão, mas ele tem um coração bom. Ele tem feito
algumas coisas maravilhosas com suas instituições de caridade.

— Eu sei, — Ally admitiu. — Se ele não fosse tão idiota, eu


provavelmente iria adorá-lo, porque ele é um homem de negócios brilhante e
humanitário.

— Eu acho que por ser o mais velho, ele se sente totalmente


responsável por reparar o nome Harrison depois do escândalo com os pais.
Toda a família foi completamente humilhada e perseguida implacavelmente
pela imprensa. Sua vida foi um inferno durante muito tempo. — Apesar de
Ally não conhecer Travis naquela época, ela sabia sobre o escândalo
Harrison; sabia que o pai dos irmãos matou sua mãe e depois tirou a própria
vida.

— Deve ter sido horrível para todos eles, — Ally admitiu, com o
coração sangrando por um Travis mais jovem e mais vulnerável.

Asha assentiu.

— Isso foi. E Kade diz que Travis sempre teve o pior de seu pai, porque
estava sempre tentando protegê-los. — Asha visivelmente estremeceu. — O
homem era completamente louco, e eu só posso imaginar o tipo de abuso
que Travis sofreu. Eu sei o que Kade passou, mas ele jura que Travis
recebeu a maior parte.

O coração de Ally apertou em seu peito. O pensamento de um Travis


muito jovem sendo abusado por seu pai a fez cerrar o punho de indignação.
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Ela teve uma educação caótica e humilhante, mas suspeitou que a triste
Página

infância com sua mãe alcoólatra provavelmente não foi nada comparada ao
que Travis sofreu nas mãos de um louco. — E quanto a sua mãe?

Asha hesitou por um momento antes de responder.


— Não sei, mas pelo que Kade me disse, eu não tenho certeza que ela
estava junto com eles, mas ela tinha pavor de seu marido, e não fez nada
para proteger as crianças.

— Então todos estavam completamente ferrados, — Ally pensou em


voz alta.

— Falando de ficar ferrada, como você está se sentindo depois do que


aconteceu com o seu noivo canalha? — Asha perguntou em um tom abafado.
— Você está realmente bem, Ally?

Ally acenou para Asha enquanto brincava com sua massa.

— Estou. Tenho algumas coisas para resolver, mas vou sobreviver.

— Espero que o carma lhe morda a bunda, — Asha disse


venenosamente. — Você me diria se precisasse de qualquer coisa, certo?

Provavelmente não, porque ela raramente pedia algo a alguém, mas


para fazer Asha se sentir melhor, ela respondeu:

— Sim. Estou bem. Eu só preciso limpar a bagunça e seguir em frente.


Algumas coisas é minha culpa. Eu estava tão cega pelos meus planos e o
que queria para o nosso futuro que nunca vi os sinais de que ele era uma
cobra.

— Eu sinto muito que você foi ferida, Ally. Mas estou feliz que não
tenha se casado com ele. Desde que você está de férias na próxima semana,
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quer se encontrar com Maddie, Mia, Kara e eu? Nós almoçamos uma vez por
Página

semana. É muito divertido. Todas nós reclamamos sobre a dor de proteção


dos jumentos que são nossos maridos, e então nós suspiramos longamente
pelas doces coisas que eles fazem. — Asha riu suavemente. — Mas nós
poderíamos nos concentrar mais no homem dinossauro por você. — Ally riu.

— Gostaria disso. Eu não tive muito tempo para os amigos nos últimos
anos. — Ela não teve qualquer momento assim, mas ela queria. Embora ela
não estivesse bem familiarizada com as outras mulheres, ela gostava de
todas. Levantando da cadeira, ela pegou a bolsa para pegar o dinheiro para
pagar o seu almoço. — Acho que deveria voltar para o escritório para Travis
poder me dar sua palestra diária e me recontratar.

Asha agarrou o pulso de Ally.

— Hoje é por minha conta. É seu aniversário. — Asha entregou ao


garçom a pequena pasta cheia de dinheiro.

— Obrigada, Asha. E agradeça a Kade pelas flores no caso de eu não o


ver hoje. Elas são lindas. — Ela abraçou a mulher indiana magra, grata que
as duas se tornaram amigas.

— Não tenho dúvida de que você pode lidar com Travis. Você sempre
faz isso. Eu acho que você é a única que pode , — Asha respondeu, dando
um abraço apertado em Ally antes de deixá-la ir embora.

Ally queria dizer a Asha que suas habilidades em lidar com Travis
estavam um pouco turbulentas ultimamente, desde que ele tirou seu
equilíbrio com o seu comportamento estranho e beijos a ponto molhar sua
calcinha. Mas ela simplesmente se despediu de sua amiga, concordando em
chamá-la sobre o almoço na semana seguinte, e voltou para o prédio da
80

Harrison.
Página

Ela deu um suspiro de alívio quando entrou no escritório e percebeu


que Travis não estava, devia aparentemente estar em reuniões durante o
resto do dia de acordo com a nota breve que deixou para ela. Estava grata
pela trégua, e tentou negar a si mesma que estava também um pouco
desapontada. Como podia ser isso? Ela realmente perdeu uma de suas
palestras?

A tarde passou rapidamente. Com Travis fora do escritório, ela teve


que atender algumas chamadas que conseguiu lidar, além de terminar uma
montanha de papelada que precisava ser arrumada. Antes que percebesse,
olhou para o relógio e era hora de ir embora.

Preciso ir ao Sully’s!

Desligando rapidamente seu computador, ela abriu a gaveta inferior de


sua mesa e tirou algumas roupas que deixava no escritório apenas no caso
dela esquecer suas roupas casuais de bartender. Pegando um top vermelho,
jeans e seus tênis, ela hesitou por um momento antes de entrar no escritório
de Travis e fechar a porta. Ela trocaria de roupa em um minuto, pois não
queria ir pelo corredor até o banheiro porque estava com pouco tempo. As
persianas estavam abertas, mas o escritório era tão alto que ninguém podia
vê-la, a menos que estivessem no prédio ao lado e, mesmo assim, eles
provavelmente precisariam de binóculos.

Ela ficou descalça e rapidamente tirou o vestido, puxando a parte


superior por cima da cabeça. Estava pegando seu jeans quando a porta do
escritório de Travis abriu, levando cerca de dez anos de sua vida quando ela
soltou um grito de horror.

E então... houve um silêncio completo.


81
Página

Ally congelou, seu olhar sobre Travis, sua mão ainda na maçaneta da
porta enquanto olhava para ela, seus olhos famintos vagando sobre seu
corpo. Ela tinha planejado esconder a lingerie sexy que usava sob seu jeans,
e calçar seus tênis sobre as meias. Pensando sobre a imagem que ele estava
vendo naquele momento, ela corou todo o seu rosto queimando de vergonha.
A única coisa que ela estava usando era um top vermelho apertado, calcinha
preta sexy, cinta-liga e meia. E com os quadris cheios, estava bastante certa
de que não parecia exatamente uma gatinha do sexo.

— Sinto muito. Tive que mudar de roupa e achei que você não voltaria
hoje.

A tensão era palpável, e Travis não fez nenhuma tentativa para sair.
Ele apenas ficou lá, em seu terno impecável e gravata, seu rosto ilegível,
quase a queimando com o calor em seus olhos.

Sentindo-se desconfortável, Ally pegou seu jeans.

— Não, — Travis falou, fechando a porta atrás de si. Ele andou em


direção a ela, seus olhos escuros nunca a deixando, quase como se ele
estivesse com medo que ela fugisse.

Ally não podia se mover, não podia falar, não podia fazer nada além de
observá-lo enquanto ele se movia lentamente e deliberadamente do outro
lado da sala. Travis estava perseguindo-a, e era a coisa mais quente que já
tinha visto, mas também um pouco mais do que assustador. Ele era perigoso
quando estava assim, imprevisível. Ela poderia lidar com o Travis que era
um idiota, o chefe que discutia com ela diariamente. Mas este homem, este
macho convincente e bonito que parou na frente dela, com olhos famintos
encarando seu corpo seminu, era possivelmente mais do que ela poderia
suportar.
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Página

Ele estendeu a mão para a presilha em seu cabelo e soltou os cachos


enquanto rosnou.

— Ele te viu assim? Você usou isso para ele?


Ally engoliu antes de responder. Ela sabia o que Travis estava
perguntando.

— Não. Foi uma compra de impulso, algo que ele nunca viu e é o único
que tenho. Eu normalmente não uso lingerie assim. Eu não uso este tipo de
meia-calça, — ela divagava nervosamente.

— Bom. Você é linda, Alison, — ele retumbou, empurrando a mão em


seus cachos e segurou seu cabelo. — Eu não posso tolerar o pensamento de
alguém a ver desta forma, exceto eu.

Ally tremeu, mas não porque estava com frio. Os olhos de Travis
ficaram com uma cor chocolate escuro, quase negro, e sua ferocidade a
excitava de uma forma que nunca experimentou antes.

— Sinto muito por ter usado seu escritório. Tenho que ir. — Deus, ela
estava ao mesmo tempo fraca pelo desejo e mortificada. Ela pegou seu jeans
novamente, mas Travis pegou-a pelo pulso, detendo-a.

— Porra! Eu não posso deixar você ir. Não agora. — A voz de Travis
estava atormentada. Ele usou seu corpo para apoiá-la contra a mesa
enorme, uma mão em sua bunda e outra ainda segurando o cabelo dela. —
Vê-la assim me deixou louco. A única coisa que quero, quando olhar para
você agora, é fazer você gozar.

Ally engoliu em seco quando olhou em seus olhos, como se eles


estivessem tendo uma batalha particular, e Travis estava ganhando. Seu
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corpo traiçoeiro respondeu a suas palavras e sua proximidade, e ela não


Página

tinha certeza se poderia negar-lhe isso. O ar entre eles estava vibrando com
a tensão, e seu corpo estava gritando com a dor insuportável de ter um
pedaço desse homem, mesmo que fosse somente um caso. Apenas durante
um pequeno tempo, sim, Ally queria... muito. Travis queria. Ele deixou isso
muito claro. E Deus, como ela queria. Travis diminuiu o domínio sobre seu
cabelo, seus dedos alisando os fios emaranhados.

— Diga-me que você não quer isso, Alison. — Sua voz estava tensa,
dura. Ele estava desafiando-a mesmo com seu grande corpo prendendo-a
contra a mesa.

Ally balançou a cabeça.

— Não posso te dizer isso. Mas garanto que vamos nos arrepender
mais tarde. — Eles trabalhavam juntos. Ele era seu chefe. Isso faria sua
relação de trabalho ficar estranha. Mas nada disso parecia realmente
importar quando os mamilos de Ally endureceram dolorosamente quando
Travis passou o braço em volta de sua cintura trazendo seu corpo com força
contra ele.

— O caralho que iremos, Travis retumbou contra seus lábios enquanto


sua boca desceu sobre a dela. Eles se chocaram contra sua mesa, Travis
colocou seu poderoso braço atrás dela, colidindo no ato com o computador e
fazendo com que ele caísse provocando um grande barulho ao tocar o chão.
Suas mãos foram para seu traseiro quando ele a levantou sobre a mesa,
dando-lhe um melhor acesso à sua boca. Ele gemeu contra seus lábios, suas
mãos empurrando debaixo de seu frágil top para tocar sua pele nua.

Ally colocou os braços em volta de seu pescoço, deleitando-se com a


sensação de seus cabelos grossos entre os dedos. Intoxicado pelas
pinceladas magistrais da língua de Travis, ela tremeu e se abriu mais,
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dando-lhe acesso, e ele foi brutalmente exigente. Ele deslizou uma mão sob
Página

seu cabelo, acariciando a nuca dela, a ação tanto sensual e dominante


enquanto segurava a cabeça no lugar para sua áspera possessão.

Ela gemeu em sua boca enquanto ele acariciava a pele de seu


abdômen, e depois arrancou o sutiã deixando seu seio cair em sua mão. Ele
não era gentil, mas a última coisa que Ally queria agora era ternura. Seu
corpo estava em chamas, seu núcleo inundado com calor e apertando com
necessidade. O toque de Travis era o que ela precisava: duro, quente, e
inflexível. E ele deu a ela. Ele beliscou e acariciou primeiro um mamilo e
depois o outro, repetindo a ação, enquanto saqueava sua boca até que a
tensão no corpo de Ally estava quase a deixando louca.

Ele tirou sua boca da dela, sua respiração pesada. Ally estava tão
ofegante que deixou a cabeça cair para trás, dando-lhe acesso à pele sensível
em seu pescoço enquanto ele explorava com a língua, a mandíbula abrasiva
contra sua bochecha. Ela fechou os olhos, cada nervo em seu pulsante corpo
estava eletrificado.

— Por favor, — ela ofegou, implorando para Travis acabar com seu
tormento.

— Diga que me quer, — Travis ordenou, seu hálito quente acariciando


seu ouvido.

— Por favor, — ela repetiu incapaz de dizer qualquer outra coisa.

Travis estendeu a mão e agarrou seus braços, inclinando-a de volta até


que ela estava deitada, esparramada sobre a mesa.

— Você parece um sonho molhado, porra — ele rosnou, seu olhar


selvagem e feroz.
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Seus olhos encararam Travis enquanto ele inclinava para frente, seus
Página

braços descansando em ambos os lados dela. Para Ally, era como se o tempo
parasse completamente por apenas um instante, e ela podia ver sua própria
paixão refletida nos olhos escuros de Travis.
Ele desviou o olhar quando inclinou a cabeça para os seus seios, suas
mãos acariciaram seus mamilos antes dele chupá-los, mordendo
suavemente seus bicos sensíveis. A dor e o prazer quase à fez desmoronar, e
seu corpo debaixo dele estava sentindo um desejo insuportável.

Travis largou seu mamilo e deslizou seus dedos para dentro de sua
calcinha delicada, encontrando-a completamente molhada.

— Porra! Você está tão molhada, e tão quente, — Travis grunhiu em


uma voz estrangulada. Sua mão pegou a delicada calcinha e rasgou-a com
um puxão, jogando o frágil tecido no chão e colocando sua mão de volta para
sua vagina nua. — Eu posso cheirar sua excitação. Você me quer. Você quer
isso. — Ele separou suas coxas, o dedo indicador brincando sem piedade
com seu clitóris, movendo-se sobre seus nervos molhados com grande
facilidade.

Ally fechou os olhos e gemeu.

— Sim. — Ela não queria apenas; ela precisava. Seu corpo inteiro
estava rígido e firmemente pronto para ele desvendar.

Ele usou a outra mão para enterrar um dedo em seu canal.

— Jesus, você está apertada. — Ele colocou outro dedo dentro dela,
movendo-os até que Ally estava se contorcendo. Travis parecia saber
exatamente onde tocar, como manipular essas áreas sensíveis dentro dela
que a faziam estar pronta para pedir por alívio deste tormento.
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Seus quadris se levantaram, precisando de mais.


Página

— Mais. Por favor. — Ela levantou as mãos sobre a cabeça e agarrou a


extremidade da mesa até que os nós de seus dedos estivessem brancos, seus
gemidos ecoando contra as paredes do escritório.

Seus dedos entravam nela mais forte, mais rápido, enquanto ele
continuava a acariciar seu clitóris.

— Diga-me o que você quer, — ele exigiu grosseiramente. — Diga meu


nome. Diga-me que você quer que te faça gozar.

— Sim, por favor. Faça-me gozar. — Ally estava fora de si de tanto


desejo, a cabeça batendo contra a mesa enquanto suas pernas tremiam e
algo apertado e quente formava-se em sua barriga.

— Quem? — Ele empurrou nela profundamente, baixando a cabeça


para morder a pele macia que estava exposta na coxa acima das meias,
como se quisesse deixar a sua marca.

— Oh Deus. Sim. — Sua mordida não foi gentil. Foi apenas o


suficiente para levar Ally em espiral ao longo de uma maravilhosa sensação.
— Travis, — ela finalmente gemeu, seu corpo tremia quando seu clímax a
atingiu com força total.

— Goze para mim. Eu quero ver seu rosto enquanto goza, — Travis
ordenou quando ele se endireitou, seu olhar encarando-a, seu toque e dedos
firmes e inflexíveis.

— Travis, — ela gritou, se estilhaçando, todo o seu corpo tremendo de


sua liberação explosiva. 87
— Olhe para mim, — ele ordenou, alongando intencionalmente seu
Página

orgasmo, mantendo seus dedos em seu clitóris sensível.

Ally abriu os olhos, sem fôlego, seu olhar desfocado encontrando o de


Travis feroz, enquanto seu corpo ainda ondulava de êxtase.
— Travis? — ela ofegou, de repente se sentindo muito exposta e
vulnerável. Seu corpo nunca reagiu desta forma antes, e era um pouco
assustador perceber o quanto de desejo e paixão esse homem poderia tirar
dela. E ele ainda não tinha tirado suas roupas.

Ele puxou-a suavemente, envolvendo os braços em sua cintura e


segurando-a firmemente contra seu corpo, como se soubesse como estava
sentindo e que com esse gesto ele estava tentando acalmá-la.

— Eu tinha razão. Assistir você gozar é a coisa mais gratificante que


eu já vi, — Travis disse com voz rouca em seu ouvido enquanto ele
acariciava seu rosto.

Ally respirou fundo e soltou o ar lentamente. Ela deixou sua mão


deslizar para baixo para frente de suas calças e gentilmente segurou sua
ereção, que podia sentir sob o material fino.

— Eu quero sentir você dentro de mim, — ela admitiu em uma voz


trêmula.

— Não. — Ele agarrou a mão dela e trouxe-a ao redor de seu pescoço.


— Não tenho controle agora e não tenho um preservativo. Eu não carrego
nenhum comigo no caso de eu ter a chance de realizar uma fantasia com
minha assistente na minha mesa.

— Estou tomando pílula. E eu estou limpa. Fiz exames, apenas para


ter certeza, depois que terminei com Rick. — Estava mostrando seu
88

desespero por Travis, e ela odiava isso, mas não podia deixar de querer
Página

aliviar o pulsar e a necessidade de tê-lo profundamente dentro dela.

— Eu estou limpo, também. E se você disser mais uma palavra para


me convencer de que eu não tenho nenhuma razão para não te foder agora,
eu vou te inclinar sobre esta mesa num piscar de olhos, — Travis avisou em
voz feral. — E nós ficaremos aqui até amanhã.

Ally saiu do seu torpor com um flash da realidade.

— Amanhã? Oh Deus. Eu tenho que ir trabalhar. Estou atrasada. —


Ela se afastou de Travis, relutantemente, sentido instantaneamente a falta
do abrigo de seu corpo quente. Sully‟s desapareceu completamente de seu
cérebro, enquanto ela estava no meio do mais incrível clímax que já teve.

Ela rapidamente endireitou-se, puxando o sutiã para baixo e depois


seu top. Agarrando sua calça jeans, ela vestiu-a, franzindo o cenho para a
calcinha rasgada no chão. Ela abaixou-se para pegá-la, mas Travis foi mais
rápido, recolhendo o material esfarrapado e empurrando-o no bolso do
paletó.

— Você não tem que ir, — disse ele categoricamente.

— Eu tenho. É o meu trabalho, — argumentou, recuperando sua


presilha do chão.

— Não. Você não trabalha mais lá, — Travis disse com voz áspera.

Ally ficou boquiaberta com Travis, imaginando se ele bebeu antes de


voltar para o escritório, mas ela não sentiu cheiro de álcool.

— Eu não entendo.

— Você foi demitida, — explicou pacientemente, seu rosto um pouco


89

mais calmo, mas seu olhar estava frio. Lentamente ela compreendeu.
Página

— Você está me despedindo? — Ally perguntou confusa.

Travis inclinou um quadril contra a mesa e cruzou os braços.


— Eu não diria isso exatamente. Você estava tecnicamente demitida.
Eu tive uma pequena discussão com o Sr. Sullivan antes de voltar para o
escritório.

Ally sentiu ódio surgir dentro dela, uma raiva tão explosiva que seu
corpo começou a tremer.

— Como você conseguiu que ele concordasse? Você o ameaçou?

— Não precisei fazer isso. Dinheiro sempre ajuda, — Travis respondeu


friamente.

— Como você pode fazer isso comigo? Você sabia que eu precisava
desse trabalho. — Ally se odiaria para sempre por confiar em Travis. Ele
usou o que havia dito contra ela. — O que eu fiz para você fazer isso comigo?
Essa é a minha vida, a minha sobrevivência.

— Este trabalho é a sua sobrevivência, — Travis falou contrariando-a.


— E isso está exigindo bastante. Eu quero você livre no caso de eu precisar
de você.

O olhar frio em seu rosto, e sua admissão casual do que ele tinha feito,
deixou-a fora do ar naquele momento e Ally sentiu-se completamente
perdida.

90
Página
Capítulo 6
— Você não precisou de mim em quatro malditos anos. Por que essa
exigência súbita? — Ela olhou para ele. — Você não pode simplesmente jogar
com a vida das pessoas, Sr. Harrison. Eu não sou um brinquedo. Eu sou
uma pessoa que está respirando e que precisa desta renda agora. — Ela
andou até ele e cutucou um dedo em seu peito, o rosto corado de raiva.

— Não, você não precisa, — Travis respondeu com um sorriso. — E


acho que gostei mais quando você me chamou de Travis.

Ela tinha certeza de que sim, porque ela realmente gemeu seu nome
em êxtase. Ally explodiu.

— Seu desgraçado! Você é um idiota egoísta egocêntrico. — Lágrimas


encheram seus olhos, e era o resultado da ira ardente espalhando por todo o
seu ser. Ela acabou de ter um momento íntimo com este homem, o mesmo
homem que fez com que ela fosse demitida de um emprego que precisava só
porque era mais conveniente para ele. Ela levantou a mão e a deixou voar, a
satisfação de ouvir o crack de sua palma contra sua bochecha não foi o
suficiente para apaziguar a dor da traição. Ela confiou nele para falar sobre
sua vida em um momento de fraqueza, e ele usou essa informação para se
livrar de qualquer coisa que possa incomodá-lo.

— Agora eu não tenho mais nenhum trabalho, porque parei. Você não
91
Página

tem que me despedir desta vez. Eu não posso trabalhar mais para você. Você
é apenas outro homem que não pode ser confiável. — Com toda a dignidade
que ela poderia reunir com lágrimas escorrendo pelo rosto, Ally pegou seus
dois pares de sapatos e seu vestido e saiu do escritório de Travis, colocando
a presilha no bolso de sua calça jeans. Pegou sua bolsa, deixando tudo em
sua mesa para trás. Ela só queria sair daqui. Asha iria ajudá-la a recuperar
o resto de suas coisas mais tarde.

Ela fugiu do escritório principal e saiu para o corredor, literalmente,


correndo para o elevador.

Por favor, esteja lá. Por favor, esteja lá.

Ally não queria esperar que um dos elevadores chegasse ao piso


superior. Ela queria sair deste edifício e ficar longe de Travis. Agora!

Ela apertou o botão impacientemente, uma e outra vez, como se fosse


abrir a porta do elevador mais rápido. Sua visão estava turva pelas lágrimas
enquanto ela entrava no elevador e apertou o botão para o átrio.

— Ally! Droga! Espere! — Havia um desespero no grito rouco de Travis


que ela nunca ouviu antes, mas isso não derreteu o gelo que se formou em
torno de seu coração.

Travis era um bilionário, um homem manipulador que estava


acostumado a fazer tudo à sua maneira. E ele não tinha um pingo de
remorso por tirar um trabalho que ela precisava, para que pudesse estar
disponível, se ele precisasse dela, sempre que ele precisasse dela, e por
qualquer motivo que precisasse dela. Bastardo! Será que ele achava que ela
se tornaria sua amiga de foda e com isso poderia ligar a qualquer hora que
quisesse para transar? Pateticamente, tinha caído sob seu domínio, e talvez
92

ele pensasse que poderia fazer isso agora que estava separada de Rick.
Página

Durante o breve período de tempo em que Travis teve seu corpo sob seu
controle, ela pensou que tivesse sentido uma conexão, uma ligação mais
profunda entre eles. Oh, ela estava tão errada.
Ele estava correndo para o elevador enquanto as portas estavam se
fechando. Por um instante, seus olhos se encontraram, e Ally podia ver o
desânimo em seu olhar quando ele teve um vislumbre de seu rosto. Ou ela
pensou que tivesse visto. Mas isso realmente não importa. Ela virou a
cabeça, incapaz de olhar para ele, quando as portas do elevador se fecharam
totalmente!

— Ally — A voz de Travis retumbou através das portas fechadas.

Ela bateu no botão para o hall de entrada, desejando que o elevador se


movesse. Ele começou a se movimentar, mas parou em vários andares no
caminho, deixando as pessoas entrar e sair no caminho para o andar térreo.
Ally virou o rosto, limpando as bochechas para secar as lágrimas, esperando
que ninguém as notasse.

Ela saiu do elevador no lobby quando Travis tinha acabado de descer a


escada, seu cabelo estava bagunçado e a testa suada pelo fato de descer
vários degraus em tempo recorde.

— Ally. Preciso falar com você.

Ela não queria falar com ele. A última coisa que precisava agora era
uma palestra do Sr. Harrison. Ela voou para fora das portas automáticas e
para o calor da Flórida, correndo o mais rápido que pôde, tendo em vista que
segurava a roupa e os sapatos, e procurava ao mesmo tempo as chaves de
seu carro. Ela virou a cabeça, quando seus pés tocaram o estacionamento,
tentando ver se conseguiria entrar em seu carro antes de Travis alcançá-la.
93

Ele estava quase a alcançando, então ela cegamente correu mais, vendo um
Página

breve momento de horror no rosto de Travis quando seus pés deixaram o


chão em um salto em direção a ela. O impacto com seu poderoso corpo fez
com que eles rolassem e só parassem na calçada, e quando ela percebeu
Travis a segurava em cima dele. Ela balançou a cabeça, confusa, antes de
descansar a cabeça no peito dele, a queda mexeu com seus sentidos.

Ouviu vagamente Travis chamando seu nome com a voz rouca, o som
retumbando contra seu ouvido.

Estranhamente, a única coisa que sua mente processou foi que hoje,
pela primeira vez desde que o conhecia, Travis estava realmente chamando-a
de Ally.

— Você tem certeza que está bem? — Kade Harrison olhou desconfiado
para seu gêmeo quando ele entregou-lhe um saco cheio de Duoderm,
ataduras, e ibuprofeno. Ele deixou cair à mala que trouxe, a pedido de
Travis, para a casa de Ally.

— Nós podemos ficar com Ally, — Asha sugeriu em voz baixa, olhando
para Travis intrigado. — Eu vou ficar com ela, — Travis rosnou, não estando
disposto a abrir mão de cuidar de Ally, para ninguém, depois de observá-la
quase ser atropelada por um caminhão no estacionamento da Harrison. —
Isto é minha culpa. Fiz com que corresse na frente daquele caminhão. Eu
deveria ter explicado tudo para ela imediatamente.

Kade virou-se e cruzou os braços na frente dele.

— Eu não vou perguntar exatamente como isso aconteceu porque


94
duvido que você fosse me dizer, mas Ally teve sorte, pois tudo o que lhe
Página

aconteceu foram alguns arranhões. Tenho a sensação de que você pegou a


maior parte do impacto e conseguiu evitar que fossem esmagados por esse
caminhão. Então estou perguntando se você está bem?
Travis não estava prestes a dizer ao irmão que sua perna e costas
doíam muito. Depois do que Kade passou, as dores de Travis eram menores,
e o ligeiro aranhão em seu rosto iria se curar. Ally tinha ficado pior, seus
braços nus foram raspados pelo cascalho implacável e asfalto. Ele não tinha
sido capaz de salvá-la do impacto com o concreto quando seu corpo se
chocou com o dela. Desde que ele estava vestido do pescoço para baixo, tudo
o que tinha conseguido era a dor do impacto.

— Ela poderia ter morrido, — Travis disse a seu irmão com a voz
rouca.

Travis sabia que ele nunca iria esquecer o momento em que viu o
caminhão entrar no estacionamento, vindo em direção a Ally. Ele estremeceu
enquanto pensava sobre o que poderia ter acontecido, o que quase
aconteceu. Embora ele tenha conseguido desviá-los do caminhão, Ally ainda
tinha se machucado. Por causa dele.

— Isso não aconteceu, — Travis, Kade disse a seu irmão solenemente.


— Você estava lá.

Eu causei isso. Foi minha culpa.

Travis de repente queria descarregar sua consciência culpada, dizer


tudo a Kade, mas não o fez.

— Vou ficar por aqui para ajudá-la. Vocês dois podem ir para casa.
Não é como se nós nunca tivéssemos tido alguns arranhões uma vez ou
95

duas. — Isso era dizer o mínimo. Desde que eles eram viciados em dirigir em
Página

alta velocidade em qualquer coisa que tivesse motor, ambos já tiveram seu
quinhão de acidentes na infância e na idade adulta.

Kade deu a Travis um sorriso maroto.


— Eu trouxe tudo que você precisa.

Travis levou Ally para o hospital, e eles tinham limpado seus


ferimentos. Mas ele sabia por experiência que começariam a doer muito em
breve. Arranhões geralmente doíam mais tarde, porque as pequenas
terminações nervosas começam há protestar algumas horas após o impacto.

— Ligue para nós, — Asha insistiu. — Quero saber como vocês estão.
Ela andou até Travis e beijou-o no rosto, evitando a área arranhada.

Travis se mexeu desconfortavelmente, ainda não familiarizado com a


afeição aberta de Asha. Não era que ele não gostasse... exatamente. Ele
simplesmente não estava acostumado a isso. A única mulher que já tinha lhe
mostrado esse tipo de afeição era Mia, e a irmã de Tate, Chloe.

Travis pegou o sorriso de Kade e ele fez uma careta para ele. Kade
sabia muito bem que Asha estava em perigo quando o tratava como um
irmão. Ele era um bastardo frio, um idiota, e ele não sabia lidar muito bem
com carinho de forma aberta.

— Obrigado, — Travis resmungou para Asha, desajeitadamente, dando


a Kade outro olhar sujo.

— Eu vou cuidar das coisas na Harrison por um tempo. Só cuide de


Ally, — Kade sugeriu, envolvendo o braço em torno de sua esposa grávida. —
E devagar com essas coisas de bancar o herói. Você tirou dez anos da minha
vida hoje quando ouvi que você estava no hospital.
96

Travis atirou em seu irmão um olhar sombrio.


Página

— Agora você sabe como eu me senti, — admitiu, lembrando o dia do


acidente de Kade.
— Eu deveria ser o gêmeo selvagem — Kade disse a ele com uma
risada enquanto conduzia Asha para a porta. — Sério, me ligue se precisar
de alguma coisa. A Harrison vai sobreviver sem você por um tempo.

— Terá que sobreviver, — Travis respondeu, nem mesmo dando


importância aos negócios. Sua principal preocupação era Ally.

Travis fechou a porta atrás de si, pegando sua bolsa e os suprimentos


médicos e voltando para a sala de estar.

— Por que você ainda está aqui? — A voz oca de Ally veio do fundo das
escadas.

— Você está ferida. Eu não vou embora. Uma vez que esses arranhões
comecem a doer, você pode precisar de ajuda. — Ele atirou-lhe um olhar
obstinado, um aviso de que ele não ia a lugar nenhum.

— Sem ofensa, mas você parece pior do que eu, — ela respondeu com
naturalidade, caminhando até a sala, vestida com um manto grosso, verde
que a cobria do pescoço aos tornozelos.

Ela tomou banho, seu cabelo úmido começava a enrolar nas


extremidades.

— É apenas no meu rosto, e é superficial, — disse ele, descartando o


comentário dela.

Travis observou enquanto ela sentou-se com um estremecimento,


97
enrolando as pernas debaixo dela em uma cadeira. Ele trancou a porta,
Página

pegou o saco que Kade trouxe e o levou para a cozinha, vasculhando a


procura de ibuprofeno. Depois de agitar um pouco na palma da mão, ele
pegou uma lata de refrigerante da geladeira e levou-os para Ally.
— Tome isso, — ele exigiu, entregando-lhe a lata e soltando o
medicamento em sua mão aberta.

— Eu tenho apenas arranhões, Travis. Você pode ir agora, — disse-lhe


com firmeza depois que engoliu as pílulas. — Eu sou grata pelo que você fez
hoje. O motorista do caminhão disse que ele provavelmente teria batido em
mim se você não tivesse impedido. Então, obrigada por me salvar. Mas eu
prefiro que você vá embora.

Travis jogou a jaqueta arruinada de seu terno e arregaçou as mangas


de sua camisa, sentando-se em frente à Ally no sofá.

— Não tive a intenção de te machucar, Ally. E eu não vou deixar você


pedir demissão. — Ally bufou fracamente.

— O que você vai fazer Sr. Harrison? Algemar-me à minha mesa?

O pau de Travis se contraiu sobre essa observação, mas ele ignorou.

— Não.

— Desde que você me fez perder um trabalho que precisava me deu


motivo para não pôr os pés naquele escritório novamente. — Ally suspirou
profundamente. — Eu não posso trabalhar mais para você por que...

— Aumentei o seu salário com efeito imediato, — Travis confessou. —


Sabia que você não iria deixar o bar, e eu não podia vê-la trabalhando lá.
Perguntei ao Sullivan qual a média de salário desde que entrou no Sully‟s, e
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eu aumentei seu salário anual, por um pouco mais do que essa quantia.
Página

Você não precisa trabalhar mais lá. Pensei que era o que você queria. Achei
que você queria ter algum tempo para perseguir seus outros sonhos. Na
verdade, isso era para ser uma surpresa de aniversário. Quando voltei para o
escritório mais tarde, achei que você não estivesse mais lá. Eu queria levá-la
para um jantar de aniversário e dar-lhe algo que você realmente queria.
Quando eu te vi naquela porra de lingerie, eu esqueci de todo o resto.

Nem uma única outra coisa no mundo importava quando ele tinha
visto Ally em seu escritório olhando-o como uma fantasia erótica. Ele
precisou tocá-la, de tão louco que ficou com seu desejo naquele momento.
Havia muitas coisas que um cara poderia suportar, e ele chegou ao seu
limite quando a viu.

Ally ficou boquiaberta com ele por um momento antes de responder


hesitante.

— Então essa atitude não foi para a sua conveniência?

— Sim e não. É conveniente saber que você está mais segura e mais
feliz, mas não é por isso que fiz. Eu suponho que houve alguma motivação
egoísta envolvida. — Caralho, ele não poderia deixá-la pensar que ele era
altruísta, porque ele não era. — Mas a intenção não era realmente por
querer que você ficasse disponível para mim o tempo todo. Ally, quando foi
que exigi que você estivesse disponível depois do trabalho? Eu posso ser um
idiota, mas eu costumo ser durante o horário de trabalho.

— Então por que você fez isso? — Seus olhos verdes brilharam em
confusão.

— Porque sou um idiota? — Ele perguntou, tentando aliviar a


conversa.
99

Ally concordou.
Página

— Concordo. — Ela olhou para ele, seus olhos procurando seu rosto.
— Você está fazendo tudo isso por que estamos atraídos um pelo outro?
Ela quis dizer que ele estava fazendo isso, porque queria transar com
ela mais do que queria respirar? Talvez... ou talvez não ... ele não estava
muito certo. Tudo o que sabia era que ela tinha sido ferrada por seu ex, e ele
queria fazer sua vida mais fácil.

— Você merece o aumento. Você se tornou mais do que uma assistente


ou uma secretária ao longo dos anos, assumindo cada vez mais
responsabilidades.

Ela olhou para ele com ar de dúvida.

— Você já me paga o salário do topo da escala para a minha posição.

— Para uma posição de secretária. Promovi você a assistente


executiva, — disse-lhe calmamente. — Agora você está no alto dessa escala.

Ok... isso era exagero. Ela ainda era assalariada acima do topo da
escala, mas caramba, era sua empresa e Ally fazia o trabalho de uma
assistente e uma secretária. Ele nunca precisou de mais ninguém. Ela era
digna disso e muito mais.

Ela levantou a sobrancelha.

— Ainda é uma posição de secretariado, Travis. É apenas um título


soando mais importante. Por que você está realmente fazendo isso?

— Eu pensei que já tivesse explicado, — ele resmungou irritado.


Cristo! Não era possível a mulher apenas aceitar o aumento e a promoção
100
sem discutir sobre isso? — Você me atura por quatro anos. Antes disso, eu
Página

não conseguia manter uma assistente ou uma secretária. — Isso era


totalmente verdade. Ele era um perfeccionista total, e ninguém tinha
conseguido como Ally ser sua assistente ou secretária. Ela antecipava suas
necessidades antes mesmo que ele percebesse o que precisava, pelo menos
em um nível profissional.

— E você não poderia ter discutido tudo isso comigo primeiro? — Ela
perguntou em voz baixa.

— Não, pois isso não teria sido uma surpresa. — E ele não tinha
planejado deixá-la recusar.

— Você simplesmente não pode organizar a vida das pessoas, Travis.


Eu aprecio o que você estava tentando fazer, mas eu sou uma mulher
adulta, e tomo minhas próprias decisões.

— Desde quando? — Ele desafiou. — Toda decisão que você fez ao


longo dos últimos anos tem sido para o seu ex-idiota, e ele certamente nunca
se importou se era algo que você queria ou não. Era tudo para ele. Que porra
importa se eu estou lhe dando algo que você realmente quer?

Travis não estava acostumado a ser questionado quando realmente


fazia algo de bom, coisa que quase nunca fazia, e ele administrava a vida das
pessoas o tempo todo, normalmente porque elas não faziam isso muito bem.

Ela ficou em silêncio por um momento, dando-lhe um olhar


interrogativo.

— E quais são exatamente as minhas novas funções?

Caralho, Travis realmente não pensou sobre isso. Ela já fazia o


trabalho de dois funcionários.
101

— Nós vamos resolver isso à medida que avançarmos.


Página

— Eu não vou dormir com você, — Ally o advertiu com uma careta.

Travis cruzou os braços na frente dele com tristeza e olhou para ela.
— Você irá. Mas quando isso acontecer, não vai ser porque é parte de
sua descrição de trabalho. Você vai fazer isso livremente, porque quer.

Ally tomou um gole de seu refrigerante antes de responder:

— Não conte com isso.

— E você vai trazer meu café todas as manhãs como parte de suas
novas funções, — informou ele.

Ela abanou a cabeça.

— Absolutamente não.

Ele já sabia que ela ia dizer isso, mas não se importou. Enquanto ela
estivesse a salvo e pudesse convencê-la a voltar a trabalhar para ele, ele
poderia viver com isso.

102
Página
Capítulo 7
Quando Ally acordou no dia seguinte, era quase meio-dia. Quanto
tempo fazia desde que dormiu até tão tarde? Ela se esticou, fazendo uma
careta quando seu corpo protestou por causa do movimento repentino.
Como de costume, Travis estava certo: as áreas raspadas em sua pele doíam
mais agora do que no dia anterior.

Ele ainda estava aqui?

Ela saiu com cuidado da cama, pegando o robe para colocá-lo sobre
sua camisola pequena. Travis a enviou para a cama, dizendo que estaria lá
se precisasse de alguma coisa. Ele realmente ficou apenas para se certificar
que ela ficaria bem? O homem irritante a estava confundindo. Em um
momento ele era um idiota, e, em seguida, era maravilhoso, ele estava
deixando-a confusa. O fato de ele interferir em sua vida a incomodava. No
entanto, o que ele tinha feito era também uma das coisas mais bonitas que
alguém já fez para ela, mesmo ele sendo mandão e arrogante.
Estranhamente, ela acreditou quando ele disse que não tinha feito para si
mesmo. Mas as ações altruístas apenas não eram consistentes com o Travis
que ela conhecia. Certamente, ela o viu fazer algumas coisas surpreendentes
para sua família, coisas que eles provavelmente nem sequer tinham
conhecimento. No entanto, ela não era da família, e sim apenas uma
103
empregada valiosa.
Página

Curiosa, ela desceu a escada, passando pelas portas dos quartos e do


banheiro, que estavam abertas e os cômodos vazios. A mala de Travis estava
sobre a cama no quarto principal, o mesmo quarto que ela se recusava a
usar porque Rick tinha transado com sua namorada na cama. A prova da
presença de Travis naquele quarto deu-lhe uma espécie de perturbada
sensação de satisfação, o pensamento dele dormindo na cama de alguma
forma exorcizava algumas das imagens fantasmagóricas do passado.

Ally parou abruptamente quando entrou na cozinha, olhando as pilhas


de papéis sobre a mesa, Travis estava sentado em uma das cadeiras,
mexendo em papéis de uma pilha para a outra. Ele resmungou, em seguida,
despejou uma folha de papel em uma das pilhas, se deslocando para a
próxima com a intensa concentração que via em seu rosto todos os dias no
trabalho.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou perplexa, notando sua


caixa, onde ela arquivou todos os seus documentos, ao lado de seu cotovelo.

Travis olhou para ela, seus olhos escuros vagando sobre seu corpo e
descansando em seu rosto.

— Contemplando o quanto eu gostaria de colocar o seu ex no hospital


para uma estadia prolongada. Ele estaria lá agora se eu não achasse que iria
apenas causar mais problemas para você.

Ally abriu a boca e fechou-a de novo, vendo o olhar frustrado no rosto


de Travis. Pela primeira vez, ele não parecia imaculado. Ele parecia
perigosamente desgrenhado, seu cabelo despenteado como se tivesse
passado a mão nele várias vezes. 104

— Estes são meus papéis pessoais?


Página

Travis deu de ombros.

— Quão pessoais são as contas?


— Por que você está olhando minhas contas? Como você se atreve? —
Sua indignação e curiosidade estavam em guerra enquanto ela falava
indignada.

— Você disse que precisava limpar a bagunça que seu ex tinha feito
em sua vida para que pudesse seguir em frente. Então, estou limpando. —
Travis declarou o fato com uma calma absoluta, dando-lhe um olhar
interrogativo, como se ele não entendesse o porquê de ela estar protestando.

— Você fez isso ficar muito fácil de verificar. Você é muito organizada.
Tudo está em ordem alfabética. Embora eu não tenha certeza, mas 'ex idiota‟
é definitivamente a maneira que você deveria marcar e arquivar certas
contas.

Ally respirou fundo e soltou o ar, sem saber se ria ou estrangulava


Travis.

— Eu disse que precisa verificar tudo. Não posso acreditar que você
está olhando minhas contas.

— Estou acabando, na verdade, — Travis disse calmamente, pegando


as pilhas de contas e colocando-as nas caixas de arquivos. — E se vocês
estavam noivos, porque o idiota nunca comprou um anel? Ou você
simplesmente não o usava?

— Ele não comprou. Ele disse que não podíamos pagar.


105
— Ele comprou um. — Travis deu-lhe um olhar preocupado. — Depois
que vocês se separaram. Por que diabos você não o tirou de suas contas?
Página

— Ele comprou para ela, — Ally disse categoricamente, náusea


começando a subir de seu estômago até a garganta, horrorizada, mais uma
vez porque ela tinha sido tão estúpida. — Eu só olhei para os saldos. Não
tive coragem de ver o que ele comprou. Ele nunca me comprou uma única
peça de joia durante todo o tempo em que estivemos juntos. No entanto, ele
usou os meus cartões de crédito para cobrar milhares de coisas para ela. —
Ally parou por um segundo controlar suas emoções. — Fui ingênua. Acho
que nunca me ocorreu que o homem com quem fiquei durante cinco anos
fosse fazer dívida em meu nome depois que já tinha me traído.

— Estúpido filho da puta, — Travis resmungou, fechando a caixa com


um gigantesco estrondo. Ally sentiu seus olhos se encherem de lágrimas,
uma enorme sensação de inutilidade deixando-a atordoada.

— Eu não era importante o suficiente. Não importa o que fiz, não foi o
suficiente.

— Não chore, — Travis disse ameaçadoramente. — Ele não vale a


pena. Acabou. Tudo será pago e você pode seguir em frete, Ally. Ele era um
oportunista, uma sanguessuga que não se preocupava com ninguém, exceto
com ele mesmo. Não tinha nada a ver com você. A maioria dos homens
mataria para ter uma mulher como você. O problema é ele, não você.

A voz de Travis era tão séria, tão sincera que fez Ally querer chorar
ainda mais.

— Eu tenho que te pagar de volta. Eu não sou sua família, Travis. Você
não pode simplesmente entrar e tomar conta da minha vida.

Ela queria dizer-lhe que ficou furiosa por ele ter se intrometido em
106

suas coisas. Mas, realmente, o que ele estava fazendo era uma das coisas
Página

mais doces que alguém já fez para ela, então estava sendo difícil ficar
chateada com a atitude dele. Travis era teimoso, e ele estava acostumado a
gerenciar tudo. Mas quando um homem realmente ouviu ou se importou
com o que ela queria, oferecendo — ou realmente exigindo — que o deixasse
ajudar para que seus sonhos se tornassem realidade?

— Achei que você quisesse que tudo ficasse no passado. — Travis


parecia confuso. — E não, eu não sou da família, o que é realmente um
pensamento muito nojento quando você leva em consideração o quão
desesperadamente te desejo. Isso seria estranho.

Ally suspirou, não tinha nenhuma dúvida de que Travis queria transar
com ela, mas não tinha ideia do motivo.

— Esse é o motivo pelo qual você está fazendo isso? — Os homens


simplesmente não pagam as contas de seus funcionários e organizam suas
vidas para tornar as coisas melhores se não tiver uma razão.

— Não, — Travis respondeu com voz rouca. — Eu acho que eu só


queria fazer você sorrir para mim.

Essa foi a resposta que deu encarando-a. Ela olhou para o rosto de
Travis, os arranhões que conseguiu por salvar sua vida no dia anterior ainda
estava evidente. Com seu cabelo despenteado, o rosto cheio de marcas
vermelhas, com as roupas que consistia de jeans casual preto e um pulôver
escuro, ele parecia quase... vulnerável.

Seus lábios tremeram por um instante enquanto ela prendia a


respiração, atônita. E então, ela simplesmente não podia ajudar a si mesma;
ela sorriu como uma louca. Sim, ela estava chateada que ele vasculhou seus
arquivos pessoais, mas seu desejo de agradá-la estava lá em seu rosto, e isso
107

fez seu coração se alegrar. Travis Harrison, bilionário extraordinário, tinha


Página

realmente tirado a manhã para ajudá-la, querendo nada mais do que a ver
feliz.

— Isso é bom o suficiente? — Perguntou, ainda sorrindo amplamente


quando ela se encaminhava para a cafeteira.

— E nós vamos conversar sobre como eu vou te pagar de volta e sobre


como é errado vasculhar documentos pessoais.

Travis se contorceu.

— Esse sorriso é bom o suficiente para um dia inteiro de tesão.

Ally riu enquanto se servia de uma xícara de café. Ela não podia
ajudá-lo.

— Mas você queria isso, — ela lembrou.

— Ainda quero. Mas será muito desconfortável. Eu acho que eu vou


ter que passar outra noite em sua cama me masturbando e tendo fantasias
de como transar com você, — disse ele sem rodeios — mas posso garantir
que minhas fantasias com você são melhores do que o sexo que seu ex fez
com aquela mulherzinha.

Ally quase engasgou com seu café. Seu corpo se aqueceu com
pensamentos de ver o corpo de Travis, nu, e ele acariciando-se em sua cama,
enquanto pensava em fazer coisas más para ela.

— Você não fez isso, — ela negou.

— Oh, eu fiz, — Travis respondeu maldosamente. — E foi muito


gratificante saber que eu estava tendo mais prazer na cama com minhas 108
fantasias com você do que ele já teve com sua namorada.
Página

Ok... talvez ele realmente fez. E isso deixou Ally ainda mais quente. Se
os fantasmas de seu ex se enroscando com outra mulher naquele quarto já
não tivessem sido exorcizados, eles certamente foram agora. Mudando de
assunto, ela se sentou ao lado dele na mesa.

— Podemos falar sobre meus novos termos a título do trabalho e de


reembolso? — Ela certamente não poderia passar mais um momento
pensando em Travis se tocando.

— Não, — ele respondeu simplesmente, pegando seu próprio café e


tomando um gole. — Considere um bônus. Embora eu não vá discutir se
você me deixar ser a primeira pessoa a ler o segundo livro de sua série de
fantasia. Você me deixou em expectativa.

— Você realmente leu o primeiro? — Ela perguntou, espantada. Ele


tinha que ter lido o manuscrito quase imediatamente para já ter terminado.

— Eu disse que queria lê-lo. É bom, Ally. Muito bom. Você precisa
terminá-lo. Será que o jovem herói, eventualmente, consegue ficar com sua
princesa?

Ele disse que queria ler o seu livro, mas as pessoas diziam essas
coisas o tempo todo. Eles não levavam isso a sério. Obviamente, ele leu a
história, pois sabia sobre o herói e a princesa.

— Meu herói é um pouco jovem para isso agora. — Ela tomou um


pequeno gole de café. — Você não me parece o tipo de cara que lê romance
jovem adulto.

— Cresci lendo fantasia, — Travis respondeu pensativo. — As Crônicas 109


de Narnia foi uma das minhas séries favoritas. Lembro-me de olhar em cada
armário que tínhamos, tentando encontrar uma porta secreta que pudesse
Página

sair com Kade e Mia para outro lugar depois de ler o primeiro livro.

O coração de Ally começou a sangrar por ele, pensando em um jovem


Travis tentando escapar de sua terrível infância.

— Eu amei essa série. — Tinha sido uma de suas favoritas também,


gostava pelas mesmas razões de Travis, para escapar de sua infância infeliz.

— Você precisa escrever Ally. Terminar os livros. Você é talentosa. Eu


não tenho ideia do por que o livro foi rejeitado, mas livros iluminam a vida de
muitos jovens. Eles podem escapar para um sonho, quando tudo o mais em
sua vida não é tão bom. — Travis olhou-a com uma expressão pensativa
antes de colocar a mão no bolso e tirar uma caixa de veludo. — Eu faltei em
seu aniversário, mas isso me fez pensar em você. Eu queria ter lhe dado
ontem.

Ally olhou para a caixa extravagante que Travis estava segurando por
um momento antes de pegá-la com a mão trêmula. Ela não estava
acostumada a receber presentes e, especialmente, não de homens.

— Por quê? — Ela perguntou nervosamente.

— É um lembrete para você seguir seus sonhos. E um presente de


aniversário atrasado. Não é nada, realmente, — Travis disse a ela, tenso,
como se estivesse se sentindo um pouco estranho.

Ally abriu a tampa, ofegante quando viu o conteúdo. Lá, aninhado em


uma cama de veludo vermelho, estava o colar mais requintado que já viu.
Mas não foram os diamantes ou as safiras que imediatamente chamaram
sua atenção, mas o design. Era um pequeno unicórnio, todo o corpo
110

brilhando com diamantes brancos, o chifre e olhos feitos de pequenas safiras


Página

azuis.

— Meu unicórnio, — ela disse sem fôlego, vendo que era quase uma
pequena réplica exata do unicórnio de seus livros.
— Ele não fala como o seu, mas espero que você se lembre de escrever
cada vez que você o usar, — Travis disse com voz rouca.

As lágrimas rolaram pelo rosto de Ally quando ela tocou o bonito e


delicado unicórnio na corrente de ouro.

— Eu não sei o que dizer. — E ela não disse. Ninguém nunca tinha lhe
dado um presente tão significativo.

— A primeira peça de joia que eu já ganhei como um presente, — ela


murmurou entre lágrimas. — É lindo. — Ela também sabia que era caro. —
Travis, é muito caro para que eu possa aceitar esse presente.

— Besteira. Eu disse que não era nada, — ele rugiu. — Eu não vou
pegá-lo de volta a menos que você não goste. Então eu vou te dar outra
coisa.

— Eu amei, — gritou ela, ansiosa. — Mas nunca recebi presentes


como este. É demais. Mas é incrível.

— Não é nada comparado ao que eu quero lhe dar, Ally. E eu ainda


quero ser o primeiro a ler o próximo livro, — ele falou.

Ally ergueu os olhos do unicórnio cintilante para olhar em seus olhos,


olhos que eram turbulentos e estavam desconfortáveis, como se ele não
tivesse certeza de como se expressar.

— Você acredita em minha escrita desse jeito?


111

— Não apenas na sua escrita. Eu acredito em você, — ele admitiu, em


Página

tom sincero.

Com seu coração prestes a pular de seu peito, Ally levantou-se e foi até
Travis, colocando os braços em volta dele suavemente e beijando-o de leve no
rosto.

— Obrigada, — sussurrou, incapaz de expressar o quanto sua fé


significava para ela. Queria dizer a ele, queria deixá-lo saber quanto seu
apoio significava para ela depois do que aconteceu com seu ex, mas o nó na
garganta não a deixava dizer mais nada. Então, apenas abraçou-o, ainda
com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Eu amei, e vou ficar com ele. Sempre me fará lembrar que uma
pessoa realmente gostou do meu livro, — ela disse alegremente, sabendo que
a emoção não era algo que Travis sabia tratar facilmente. — E nós vamos
falar sobre o reembolso para as contas. — Ela notou que ele estava relutante
e recostou-se na cadeira.

— Não, não vamos, — Travis respondeu com uma voz áspera. — E


aquele abraço foi bom para dar tesão por uma semana.

Ela riu, divertindo-se com o olhar descontente em seu rosto. Ela


duvidava que Travis tivesse ficado animado com um simples abraço, mas ele
era bom para seu ego maltratado. Travis Harrison poderia ter qualquer
mulher que quisesse, a qualquer hora. Mas ela deixou os elogios lhe
acariciar, deixou o fato de que ele a achava atraente aquecer sua alma.

— Eu não posso acreditar que você não vai ao escritório hoje. Iremos
trabalhar amanhã? — Ela perguntou, sabendo que Travis nunca perdeu um
dia de trabalho. 112

— De jeito nenhum. E eu vou medicar suas feridas novamente mais


Página

tarde. Você não vai se sentir bem para trabalhar por um tempo. Você está
começando com suas férias mais cedo. — Travis lhe lançou um olhar
obstinado.
Ally revirou os olhos.

— Estou bem. Você não precisa cuidar de mim.

— Eu vou, — ele respondeu irritado. — Então, se acostume com isso.

Ally cruzou os braços na frente dela, secretamente amando sua


proteção, mas confundida com sua atitude ao mesmo tempo.

— Por quê? Sou apenas uma empregada. Não é como se fosse Mia ou
Kade. Posso entender você se intrometendo na vida deles. Mas por que eu?

— Não me intrometo em suas vidas, — Travis respondeu irritado.

— Ah, então você realmente não fez Mia desaparecer por dois anos
para que seu ex não pudesse prejudicá-la, e não disse a uma única alma,
exceto à sua segurança? E você apenas viajou ao Colorado quando esse
mesmo ex teve um acidente fatal de carro? — Será que Travis pensava que
ela era completamente cega e surda? Ela era sua assistente. Ela viu e ouviu
tudo o que aconteceu em seu escritório na maior parte do tempo.

— Que diabos você sabe sobre isso? — Travis deu-lhe um olhar


mortal.

— Eu sei que Mia te ligou um dia antes de desaparecer e ela parecia


chateada. No dia seguinte, ela desapareceu. Todos os dias depois disso, você
teve uma reunião com a segurança de manhã cedo, algo que nunca tinha
feito antes. Você nunca deu a mínima para a sua própria segurança. E eu sei
113
que você se distanciou de Kade e Max. Acima de tudo, sei que você não ficou
Página

desesperado, como sei que ficaria se achasse que algo realmente aconteceu
com sua irmã.

— Todo esse tempo, você sabia? — Travis perguntou incrédulo. — E


nunca disse nada.

— Por que deveria? Eu percebi que você estava de alguma forma


tentando protegê-la, — falou Ally, perplexa. — Por que iria colocar em risco a
sua segurança? Eu sou sua assistente. Nunca lhe trairia.

— Como pode ter certeza que eu a estava protegendo? E se eu tivesse


feito algo para tentar me livrar dela? Eu poderia querer sua parte nas ações
da empresa.

Ally bufou. Obviamente Travis nunca tinha visto a si mesmo quando


olhava para Mia, seu amor por ela era nítido em seus olhos. Talvez ele não
soubesse expressar-se bem, mas o seu amor por sua irmã era evidente.

— Não é possível, — Ally respondeu com firmeza. — Eu não entendia


tudo o que estava acontecendo, mas sei o quanto você se preocupa com Mia,
e isso era tudo que eu precisava saber.

— Ele a agrediu, bateu nela, e a chantageou, — Travis admitiu com


voz rouca. — Quando finalmente o achei, ele fugiu. Eu segui. Ele
convenientemente caiu com o carro de um penhasco. Mas eu fiz isso
acontecer. Eu o matei. E nunca tive uma pontada de remorso. Estava
apenas contente que o bastardo estava morto para que ele não pudesse
matar a minha irmã.

— Estou feliz, também, — Ally afirmou.


114
— O fato de eu ser um assassino não te assusta? — Travis perguntou,
seu olhar escuro e insondável.
Página

— Não. Você fez o que precisava fazer para proteger Mia. Só lamento
que teve que carregar esse fardo sozinho.
— Precisei. Eu não podia arriscar Max e Kade dando sua localização,
— disse Travis, sua voz cheia de remorso.

Ally perguntou se Kade e Max realmente sabiam o preço que Travis


pagou para não dizer-lhes nada e assumindo a carga de conhecimento
completamente sozinho.

— Você ama seus irmãos, Travis. Eu sempre soube disso. Não acho
que você já perdeu um dos jogos de futebol de Kade. Será que ele sabia que
você estava sempre lá? — Ally sempre tinha sido a única a fazer os arranjos
para o jato de Travis levá-lo para onde quer que Kade estivesse jogando, e
trazê-lo de volta no mesmo dia.

Travis deu de ombros.

— Não queria deixá-lo nervoso. Só queria estar lá.

Só queria estar lá.

Ally de repente percebeu que a sua declaração realmente resumiu


apenas quem Travis era, um homem que queria apoiar seus irmãos e não se
importava se ele tivesse crédito por ser um irmão incrível para eles. Mais do
que provavelmente, nem Mia nem Kade perceberam o quão frequentemente
Travis tinha lhes ajudado sem eles sequer saberem sobre isso. Será que Mia
sabia o quanto Travis tinha feito e aguentado a fim de mantê-la escondida e
segura, quanto ele teve que isolar-se do seu próprio irmão e cunhado? Será
que ela sabe o quanto Max e Kade tinham ficado ressentidos pelo que ele
115

fez? Será que Kade percebeu que Travis tinha ido a todos os seus jogos, e
Página

como Travis ficou devastado pelo acidente de Kade? Passou quase todos os
momentos de vigília no hospital depois do acidente de seu irmão.

— Você é um irmão incrível, Travis Harrison, — Ally disse em voz


baixa. — Eu teria dado qualquer coisa para ter alguém como você.

— Ainda não quero ser seu irmão, — Travis respondeu


agressivamente. — Eu quero você muito. — Ele se levantou e foi até o balcão
da cozinha, pegando alguns ibuprofeno e entregando a ela. — Tome estes.
Nós vamos precisar trocar esses curativos.

Ally pegou os comprimidos de sua mão e tomou com um gole de café.

— São realmente apenas arranhões, Travis.

Ele fez uma careta para ela quando respondeu:

— Você tem que tomar cuidado para não ficarem infectados. — Ele fez
uma careta quando se sentou novamente.

— Você está com dor, — Ally comentou suspeita. — Será que você se
machucou? Pensei que não tivesse se machucado, pois estava de terno.

— Apenas hematomas por ter batido no concreto, — Travis respondeu,


atenuando sua preocupação. — Não é grande coisa.

— Você está com dor. Deixe-me ver, — disse ela em uma voz firme.

Travis obedientemente virou em sua cadeira e levantou a camisa. Ally


engasgou quando viu uma contusão do tamanho de sua mão na parte
inferior das costas. Ela estendeu a mão e tocou-o levemente com a ponta dos
dedos. 116
— Oh meu Deus, Travis. Eu sinto muito.
Página

— Aterrissei em um bloco no estacionamento quando caí no chão. Isso


vai curar, — ele respondeu rispidamente.
— Você pode precisar de um raio-X. E se você quebrou alguma coisa?

— Não quebrei. Já tive ferimentos suficientes para saber isso.

— Há mais? Onde estão? — Ally estava chocada e doente sobre o fato


de que ela não sabia que Travis estava ferido.

Travis virou a cabeça devagar e atirou-lhe o sorriso mais perverso que


já tinha visto.

— Querida, para mostrar-lhe todos eles eu teria que tirar minhas


calças. Mas eu ficaria mais do que feliz em mostrar-lhes se você tocar em
todos.

Ally engoliu em seco, dividida entre querer ver os hematomas e


sabendo que ela realmente não deve ver seu chefe bilionário sem calças.

— Eles estão ruins? — Ela resmungou.

— O das minhas costas é provavelmente o pior. É onde acertei o bloco


do estacionamento. Mas vou ficar feliz em lhe mostrar. — Ele começou a se
levantar.

— Não, não, — ela disse apressadamente. — Vou acreditar em sua


palavra. Mas se a dor piorar vou levá-lo para tirar um raio-X. Não posso
acreditar que você está preocupado com alguns arranhões pequenos em mim
quando você está todo machucado. Você está machucado em outro lugar?
117
Travis lentamente sentou-se novamente.
Página

— Meu pau está doendo. Você quer tocá-lo? — Perguntou


grosseiramente, mas seu olhar dizia que estava brincando, mas também
estava com ares diabólicos.
O rosto de Ally ficou vermelho, as palavras contundentes de Travis
deixando-a sem fala por um momento.

— Você tem uma mente suja, — ela repreendeu-o levemente. — E eu


estou realmente preocupada com você sofrendo.

— Estou sofrendo. E essa é a pior dor que tenho, — Travis disse a ela
sem rodeios enquanto a olhava com avidez.

Seu olhar predatório deixou-a ainda mais vermelha. Porra, ela não
corava assim desde que estava na escola. Travis mostrou outro lado de si,
que ela gostou, gostou muito. Mas seu olhar feroz a enervava de uma forma
que a fazia ficar quase ofegante para tocá-lo.

— Você está machucado e você ainda pode pensar nisso?

— Alison, eu teria que estar morto para não querer que você me toque,
— Travis respondeu gravemente. Ally estremeceu, seu núcleo pulsou, os
mamilos ficaram duros com a intensidade de seu olhar. O problema é que
ela se sentia exatamente da mesma maneira. Ela desviou o olhar, incapaz de
suportar o calor em seus olhos. Um segundo a mais, e estaria implorando-
lhe para deixá-la tocá-lo.

— Sem tocar, — ela disse a ele muito mais inflexível do que se sentia
naquele momento. — Você precisa se curar. Ally levantou-se e pôs a caneca
vazia na pia, embalando o presente precioso de Travis em sua mão.
118
— Eu estava com medo que você dissesse isso, — Travis respondeu
infeliz, levantando-se para colocar o seu próprio copo na pia.
Página

— Obrigada por isso, — Ally sussurrou, apontando para o colar. — É o


presente mais incrível que já recebi. Isso significa muito para mim. — Não
era o valor monetário, mas o significado do símbolo real, um sinal da crença
de Travis em sua escrita.

Ally caminhou em direção à entrada da cozinha, para ir ao chuveiro.

— Ally? — A voz de Travis parecia hesitante de onde o tinha deixado


na pia.

— Sim? — Ela virou a cabeça.

— Obrigado por não me trair, — disse ele com voz rouca.

— Você não precisa me agradecer por isso, Travis. Você sempre teve
minha lealdade. — E ele tinha. Poderia enfurecê-la, mas nunca duvidou da
integridade de Travis ou seu amor por sua família.

Ele balançou a cabeça abruptamente e afastou-se, deixando Ally


perguntando o que aconteceu entre eles. O relacionamento deles havia
mudado, deixando-a perguntando se era realmente possível para ela e Travis
se tornarem... amigos.

Travis a derreteu com apenas um olhar, a colocou no fogo com sua voz
sensual e seus comentários impertinentes. Mas ela tinha que ignorar ambos,
esperar até que ele encontrasse outro interesse amoroso. Ser qualquer outra
coisa para Travis, exceto sua empregada e amiga era perigoso. Ela já havia
ficado devastada quando pensou que tinha traído a sua confiança fazendo
com que fosse despedida do Sully‟s, quase correndo na frente de um
caminhão em movimento, porque estava muito perturbada. Ally só podia 119
imaginar quão ruim as coisas seriam se ela realmente se permitisse tornar
mais íntima do que já tinha estado com ele. Travis deixou-a exposta e
Página

vulnerável, eufórica, mas aterrorizada. Ficar muito perto dele seria um erro,
e não haveria como voltar atrás uma vez que permitisse isso. Sua
intensidade iria dominá-la, e ela seria deixada para pegar as peças da
devastação após o caso terminado.

— Não cair em tentação, Ally. Mantenha-o à distância, — disse a si


mesma com força enquanto subia as escadas.

Com seu senso de autopreservação de volta no lugar, ela foi tomar um


banho, esperando que conseguisse manter sua determinação.

120
Página
Capítulo 8
Travis ficou todo o fim de semana, nunca deixando a casa de Ally,
exceto para pegar algo que ele estava absolutamente certo de que ela
precisava. Partiu relutantemente na segunda-feira de manhã, depois de Ally
insistir que ficaria bem sem ele. Aquele fim de semana foi uma revelação
para ela, mostrando-lhe cada vez mais a pessoa incrível que Travis era em
uma atmosfera diferente do escritório. Eles assistiram a filmes durante
horas, jogaram várias vezes xadrez, um jogo que Ally sempre achou que se
destacava... até que jogou com um mestre como Travis. Ele a derrotou a
cada momento. E eles conversaram. Às vezes, discutiram por coisas
inconsequentes, mas ele falou um pouco sobre como foi sua infância, sendo
criado com um pai volátil e insano. E ela compartilhou algumas de suas
próprias memórias de ser criada por uma mãe alcoólica e como se sentia
isolada e fora de controle quando era mais jovem. No momento em que ele a
deixou na segunda-feira... começou a sentir sua falta logo que saiu pela
porta. A casa parecia estranhamente calma, e ela odiava ter que tomar seu
café sozinha na parte da manhã, não ter ninguém para conversar quando
tinha algo a dizer.

Terça e quarta-feira, Ally estava muito ocupada recebendo entregas


para pensar realmente sobre sua solidão. A campainha tocou quase sem
parar, trazendo tantas entregas que sua sala de estar estava com caixas
121

empilhadas, a maioria delas contendo itens, de marca, para um novo


Página

guarda-roupa que Travis forneceu. Claro, ela o chamou para protestar, e


Travis disse-lhe que isso se referia ao seu novo contrato de trabalho, que,
aparentemente, tinha uma cláusula sobre ele proporcionando roupas para
trabalho.

Ally olhou ao redor da sala e revirou os olhos. Vestimenta de trabalho?


O quarto continha mais roupas do que uma boutique, desde lingerie até
vestidos de baile. E cada peça lhe servia perfeitamente, até os sapatos e
botas. Caralho, como ele sabia exatamente o tamanho para comprar?

— Porque ele é Travis Harrison e ele não faz nada sem prestar atenção
a todos os detalhes, — ela sussurrou para si mesma, sentando-se no
pequeno espaço do seu sofá que ainda estava disponível. — Eu não posso
ficar com tudo isso. Não há uma coisa aqui que não foi feita por um designer
e terrivelmente caro.

Ally começou a levantar caixas, finalmente localizando seu telefone


celular sob uma lingerie pecaminosa.

Estou enviando este material de volta. Você só prometeu me pegar um


vestido para ir ao Colorado. Isso é mais do que suficiente.

Ela enviou o texto, determinada a decidir sobre um item para o baile


no Colorado que tinha que comparecer com Travis.

Ele respondeu momentos depois:

Não é possível. Tudo estava em liquidação e não podem ser devolvidos.


Você não gosta deles?

Ally suspirou, rindo alto na referência a estarem em liquidação. Não


122
muito criativo ou crível vindo de Travis. Ela mandou uma mensagem de
Página

volta.

É muito. Um vestido seria o suficiente.


Ela se assustou quando o telefone tocou, já sabendo que era Travis.

— Mulheres bonitas devem ter roupas bonitas, — Travis disse com voz
rouca no ouvido dela antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. — Posso
fornecer roupa para você. Leia o seu contrato.

— Existe alguma coisa nesse contrato que assinei, mas que não li, que
eu deveria saber? — Perguntou frustrada, desejando ter lido o contrato, que
Travis lhe pediu para assinar no fim de semana, mais a fundo. Mas ela
assumiu que era apenas um contrato corriqueiro, como os contratos de
trabalho que assinou para Harrison anteriormente. Travis sabia muito bem
que, quando dizia coisas assim, ele a jogava fora de equilíbrio. Ela não
estava acostumada a ser chamada de bonita ou mesmo remotamente
atraente.

— Você não viu a parte sobre eu ser capaz de foder você de qualquer
maneira que quiser e quantas vezes por dia nós quisermos? — Ele
perguntou preguiçosamente, como se estivesse tendo uma conversa de
negócios.

Todo o corpo de Ally se aqueceu. Cansada de deixar Travis sempre ter


vantagem com sua brincadeira sexual, respondeu-lhe com uma voz de foda-
me que não estava sequer ciente de que era capaz de produzir.

— Não. Eu só notei a cláusula que diz que posso cair de joelhos, puxar
seu pau, envolver meus lábios em torno dele quando quiser, sugando até 123
que você goze.
Página

Ouviu um assobio vindo do outro lado da linha, e ela sorriu com a


travessura.

Bang! Tome isso Sr. Fodão!


A linha ficou absolutamente em silêncio por um momento antes de
Travis responder com voz aflita.

— Eu vou fazer você pagar por isso, Alison.

— Você pode me castigar, mas consegue aguentar? — Perguntou ela


inocentemente.

— Vou me lembrar disso, — Travis respondeu sinistramente. — Jantar


esta noite, — ele falou. — Vou buscá-la por volta das sete.

— Eu tenho escolha? — Ela perguntou numa voz exasperada.

— Sim. Você pode vestir lingerie vermelha ou preta. Estou imaginado


fodê-la com ela, — ele respondeu com a voz rouca.

A linha ficou muda, Travis, obviamente, não estando disposto a dar-


lhe uma chance de discutir. Ela tinha realmente lhe sacudido, abalando-o
um pouco com a sua resposta.

Talvez devesse estar chateada por não convencê-lo a pegar algumas


roupas de volta, ou irritada porque tinha acabado de decidir que ela sairia
para jantar com ele. Mas a única emoção que sentia no momento era uma
vertigem que borbulhou dentro dela com o pensamento de ver Travis
novamente.

Ela riu e começou a procurar nas caixas algo para vestir naquela
noite.
124
Página

Travis recostou-se na cadeira do escritório e fechou os olhos, tentando


não olhar para a mesa e imaginando Ally esparramada em cima dela,
abandonada e desesperada. Ele tentou não ouvir seus gemidos roucos de
prazer quando ela gozou para ele.

Porra! Ele odiava essa mesa maldita. Era como tortura trabalhar em
seu escritório todos os dias, tentando não pensar sobre o que aconteceu em
cima desta mesa. Às vezes, ele mesmo jurou que sentia o cheiro dela de vez
em quando, um aroma fantasmagórico de sua excitação.

Suas palavras sobre chupá-lo passaram por sua mente uma e outra
vez, fazendo seu pau ficar duro, e seus punhos apertados em cima da mesa.

— Eu preciso de uma mesa nova, porra. — Ele disse duramente,


pensando que na realidade o que precisava era de um exorcismo. Ally
assombrava quase todos os minutos de seus dias. E estava pior desde que
ele passou o fim de semana com ela, percebendo o quanto adorava quase
tudo sobre ela. Ouvir sobre sua infância e suas vulnerabilidades apenas
deixou-o ainda mais protetor, mais determinado a lhe dar tudo o que
merecia.

— Você pagou uma fortuna por essa mesa. Por que você quer se livrar
dela? — A voz de Kade soou dentro do escritório de Travis.

Abrindo os olhos, Travis deu um olhar de desgosto ao seu irmão


gêmeo.

— Eu não.
125
— Vou ficar com ela se você deseja substituí-la, — Kade disse
casualmente, fechando a porta e sentando-se na cadeira em frente à mesa de
Página

Travis.

Oh, caralho, não.


De jeito nenhum Kade vai usar a mesa que Travis usou quando fez
Ally gozar pela primeira vez.

— Não, — ele respondeu irritado.

— OK. Tudo bem. — Kade levantou a mão em derrota. — Eu pensei ter


ouvido você dizer que queria uma mesa nova. Eu estava apenas oferecendo-
me para livrá-lo deste fardo. Eu queria saber como Ally está. Você sabe?

— Sim. Ela está bem, — Travis disse a seu irmão em um tom mais
suave. — Eu só queria que ela estivesse de volta. O escritório não é o mesmo
sem ela aqui.

— Você sente falta de brigar com ela, — Kade disse provocando.

— Sinto falta de tudo sobre ela, — Travis admitiu. — Ela é... Eficiente.

— Seu ex realmente foi um idiota. Asha me disse sobre isso, — Kade


respondeu, sua voz cheia de raiva.

— Eu gostaria de matá-lo, mas acho que iria perturbar Ally, — Travis


disse melancolicamente.

— Você gosta dela, não é? — Kade perguntou em voz baixa. — Não


negue Trav. Te conheço há muito tempo.

— Como você sabe? — Travis olhou seu irmão com cautela.

— Eu reconheço isso. Posso ver os sinais. Acho que você sempre lutou
126
com Ally para mantê-la à distância. Há quanto tempo?
Página

Travis suspirou, não queria admitir, mas precisava conversar com


Kade.

— Desde a porra do dia em que a contratei. Havia candidatos mais


experientes, pessoas que tinham melhores qualificações. Mas eu devo ser
um masoquista maldito, porque a contratei. Eu não podia suportar o
pensamento de não a ver novamente.

— Será que ela sabe? — Kade perguntou em voz baixa.

— Deveria. Eu digo a ela todos os dias que quero fodê-la, — Travis


resmungou.

Kade tossiu várias vezes antes de ofegar.

— Muito romântico e suave, Trav. É tudo o que quer dela?

Era isso? Travis não sabia exatamente.

— Eu não sou de romance, e tudo que eu sei é que a mulher me deixa


louco.

— Ela foi terrivelmente ferida, Travis. Ally pode tentar ser dura, mas
está frágil agora. Sua autoestima foi atingida. Se tudo que você quer é uma
foda, procure isso em outro lugar.

Travis bateu com o punho na mesa de madeira, fazendo tudo que


estava em cima chacoalhar.

— Você não acha que tentei? Eu não quero mais ninguém. Eu não
posso fazer isso com outra mulher. Só quero ela. Eu quero matar qualquer
homem que a olha, qualquer um que fizer algo para machucá-la. Eu quero 127
dar-lhe qualquer coisa e tudo o que ela quiser. Eu quero que ela seja feliz,
caramba.
Página

Kade sorriu para Travis.

— Por que você não tentou tirá-la de seu ex idiota antes?


— Porque eu não sabia que ele era um bastardo. Pensei que ela
estivesse feliz. Eu sou um idiota, Kade. Todo mundo sabe disso. Eu pensei
que ela estivesse melhor sem mim, com um cara legal.

— E agora que ela está solteira? — Kade perguntou.

— Ela é minha, — Travis rosnou. — Eu não vou lhe dar a


oportunidade de conectar-se com outro perdedor. Se ela quer um idiota, ela
pode apenas tomar isso de mim.

Kade riu antes de responder sério.

— É a sua vez, Travis. Você passou toda a sua vida cuidando do


negócio, dos funcionários, de Mia, e de mim. É hora de você descobrir o que
você precisa.

— Eu preciso dela. — Travis respondeu desesperadamente. — Cristo.


Eu não sei como fazer isso. O que fazer quando você precisa de uma mulher
para sobreviver?

Kade sorriu.

— Não faça nada, apenas tenha a certeza de ir buscá-la.

— Ela é teimosa, — Travis resmungou. — Ela não quer nem pegar as


roupas novas que comprei para ela. Isso está em seu maldito contrato.
Fornecer-lhe um novo guarda-roupa.
128
Kade fez uma careta.
Página

— As mulheres são engraçadas assim. Asha fez a mesma coisa.

— E o que você fez?

— Ignorei seus protestos. Com o tempo ela aceitou como sendo um


presente de sua irmã.

— Ally queixa-se bastante — Travis respondeu infeliz, sabendo ficaria


difícil para ele não a ouvir. Mas ainda ia tentar ignorá-la. Ele queria que ela
ficasse com as roupas. Cristo! Não era como se ele não pudesse pagar.

— Eu sei — Kade disse alegremente. — É uma das razões pelas quais


eu acho que ela é perfeita para você. — Ele hesitou antes de perguntar: — O
que você teria feito se Ally não tivesse descoberto que seu ex era um idiota?
E se ela tivesse realmente se casado?

— Eu não sei — Travis respondeu honestamente. — Tentei não pensar


nisso, tentei dizer a mim mesmo que não importava. Mas se chegasse aquele
dia, naquele momento, não tenho tanta certeza de que não teria feito
qualquer coisa para impedir que acontecesse. A única coisa que me parou foi
a possibilidade de arruinar sua felicidade. Porra! Eu não tenho nenhuma
ideia de como eu nunca percebi como estava cansada, ou como as coisas
eram miseráveis para ela. Eu não sabia que tinha que trabalhar em um
maldito bar para dar conta das despesas. Pensei que ela tivesse a vida
perfeita, o noivo perfeito, que se preparava para iniciar uma carreira
próspera. Eu a queria, mas eu não acho que seria a melhor coisa para ela. —
Ele era um assassino e um bastardo insensível. Ele queria que Ally tivesse
alguém melhor do que isso.

— E agora? — Kade perguntou solenemente.


129
— Agora ela é minha. Após a compreensão do que ela aturou durante
anos, mesmo estar comigo seria melhor do que isso. Eu a trataria bem,
Página

Kade. Daria o que ela quisesse.

— Ninguém sabia o que Ally estava passando. Ela escondeu isso muito
bem. Não é culpa sua. Eu não acho que qualquer um de nós podia ver nada
por baixo daquele exterior resistente, — Kade disse ao seu irmão, pensativo.
— Eu acho que só precisa de um homem que se preocupa com ela. Pelo que
Asha me diz, a autoestima de Ally tem estado muito baixa. Este idiota,
obviamente, derrubou-a mentalmente durante anos.

— Ele matou seus sonhos, — Travis disse duramente. — Não só ele a


traiu e a deixou presa com suas contas, mas ele não apoiava sua escrita
também.

— Ally escreve? — Perguntou Kade, surpreso.

— Sim. Histórias incríveis. Ela é talentosa, e eu não estou dizendo isso


só porque eu tenho tesão por ela. Ela tem dom, e ele nunca a incentivou. Ele
a fez desistir disso, manipulou-a para pensar que tudo era culpa dela ou sua
responsabilidade. Tudo o que o bastardo queria era um vale-refeição para
levá-lo durante os anos da faculdade. Tenho certeza de que ele realmente
não tinha intenção de se casar. Ele apenas jogou com os pontos fracos de
Ally para que ela o apoiasse. — Travis cerrou os punhos em cima da mesa,
desejando que ele tivesse as mãos em torno do pescoço do ex de Ally. — Ela
é tão inteligente e bonita. Não sei como ele conseguiu convencê-la de outra
forma. Mas ele fez isso. Desgraçado!

— Às vezes nem sempre nos vemos como os outros, Trav. Se alguém te


menospreza tempo suficiente, você começa a acreditar nisso, — Kade
respondeu tristemente. — Ally, obviamente, não vê seu próprio valor mais,
exceto por seu trabalho. Ela pode estar confiante em seu trabalho, mas não
130

em seu valor como pessoa. Veja o que aconteceu com Asha.


Página

Travis sabia que o que Kade estava dizendo era verdade, sabia o que
era se sentir menosprezado até que você não pudesse ver a realidade. Ele,
Kade, e Mia tinham experimentado isso durante sua infância e adolescência.
Felizmente, eles tinham um ao outro. Travis teve dificuldade em comparar
Ally a Asha, suas personalidades eram diferentes. Asha era mais calma,
mais tímida.

— Asha está ficando melhor.

Kade assentiu.

— Ela está. Mas você e eu sabemos que é preciso tempo para desfazer
anos de menosprezo. Asha e Ally têm personalidades muito diferentes, mas
acho que a razão pela qual elas se tornaram amigas é porque uma entende a
outra no que realmente importa.

— Como posso corrigir isso? — Travis perguntou com voz rouca.

Kade riu.

— Ela não é um carro, Travis. Ela é uma mulher. Elas são muito mais
complicadas.

— Não brinca. E você não é de muita ajuda. — Travis olhou para seu
irmão gêmeo.

— Eu acho que você vai descobrir isso. Se você realmente se importa


com ela, isso é tudo o que realmente importa. É muito mais do que ela teve
no passado. Kade levantou-se e caminhou até a porta. Ele se virou quando a
abriu, olhando primeiro para Travis e, em seguida, em sua mesa, e depois
sorriu. — Eu acho que eu descobri por que você tem uma relação de amor /
131
ódio com essa mesa.
Página

Travis observou como seu irmão saiu do escritório, deixando a porta


fechar-se silenciosamente atrás dele, ainda tentando descobrir exatamente o
que Kade quis dizer com esse comentário. Certamente, Kade não saberia...
Balançando a cabeça, Travis olhou para o relógio, convencido de que
Kade nunca poderia adivinhar por que ele estava realmente tendo o
problema de frustração com a secretária. Eram três horas. Porra! A maioria
dos dias ele não dava a mínima para isso, por qualquer razão que não fosse
compromissos. Agora, ele queria que o maldito relógio andasse mais rápido.

Irritado, ele puxou o celular do bolso e enviou um texto para Ally.

Seis horas ao invés de sete.

Certo. Isso era uma hora a menos que ele teria que esperar. Pelo
menos ele iria começar a vê-la mais cedo. Se Ally não estivesse pronta, ela
não teria visto a mensagem, então, ou ele tinha que esperar... Ou pensar em
outra coisa para preencher o tempo.

Ele colocou o telefone no bolso e olhou para o seu computador,


perguntando se ficou louco, pois ele era o cara mais desesperado, patético
sobre a face da terra. Qual a diferença que uma hora poderia fazer?

Seu telefone vibrou com a chegada de uma mensagem, e ele pegou-o


novamente, ansioso. Era de Ally, e não havia palavras, apenas uma imagem.
Ele tocou a imagem e apareceu em tela cheia uma foto de uma lingerie
vermelha delicada e uma cinta-liga da mesma cor. Travis quase deixou cair o
maldito telefone.

Ele gemeu baixinho e decidiu que uma hora iria fazer muita diferença.
132
Página
Capítulo 9
Ally estudou-se no espelho de corpo inteiro em seu quarto. Era apenas
cinco e meia, mas ela estava pronta para sair. O vestido vermelho era
simples, o decote um pouco profundo mais do que normalmente gostava, e
agarrou-se a seus quadris de forma que não tinha certeza que era
exatamente certo para a sua figura. Mas achou que estava razoável. Ela
gastou tempo com seu cabelo e maquiagem, deixando seus cabelos loiros
soltos para acariciar suas costas e ombros. A bainha do vestido estava quase
nos joelhos, e as mangas três-quartos escondiam as cicatrizações em seu
braço. Os saltos de dez centímetros faziam seu caminhar um pouco precário,
mas se andasse com cuidado tudo ficaria bem.

Ally desejou, não pela primeira vez, que fosse magra e bonita. Ela
suspirou enquanto se afastou do espelho, castigando-se pelo pensamento.
Ela iria sair apenas para jantar com o chefe. Travis olhava-a com fome em
seus olhos, mas ela era incrédula em acreditar que um homem como ele
realmente a queria, ou porque ele realmente a queria. Talvez ele estivesse tão
solitário quanto ela às vezes. Mesmo quando era noiva de Rick, ela se sentia
sozinha. Ela só não teve tempo para pensar sobre isso.

Tocando a corrente no pescoço enquanto andava com cuidado ao


descer a escada, com o coração mais leve enquanto pensava em Travis e na
133
fé que ele tinha nela quando lhe deu o unicórnio. Não podia acreditar muito
Página

na atenção que Travis estava dando a ela. Embora possa ser bom para seu
ego, não poderia ser algo mais do que seu comportamento para iluminar seu
espírito, e talvez uma sensação equivocada de responsabilidade por seu
acidente no estacionamento. Homens como Travis Harrison não estavam
interessados em mulheres como ela. Sim. Talvez a fodesse, pois era uma
mulher intermediária, mas ter um breve caso com ele não seria bom para
ela. Ele iria deixá-la, e sentiria um vazio ainda maior quando tudo estivesse
acabado. Ela precisava se lembrar disso.

A campainha tocou e seus olhos voaram para o relógio. Ele tinha vindo
vinte e cinco minutos mais cedo. Seu pulso acelerou enquanto caminhava
até a porta e segurou a maçaneta, se perguntando se realmente deveria ter
enviado aquela foto da lingerie vermelha que estava usando. Tinha sido um
impulso, um momento travesso, raro para ela. Agora, ela se perguntou o que
ele diria.

O rosto que a cumprimentou não era o que estava esperando, e o


ligeiro sorriso nos lábios transformou-se em uma careta quando viu seu ex-
noivo de pé em sua porta usando calça jeans e uma camiseta, parecendo
mais desgrenhado do que ela já tinha visto. Ally olhou em seu cabelo
castanho claro e em seu rosto, esperando que as emoções se manifestassem.
Mas ela não sentiu... Nada.

— O que você quer? — Ela perguntou-lhe calmamente, querendo que


ele fosse embora. — Eu quero voltar, Ally. — Rick enviou-lhe um olhar
atormentado.

— Não. — Ela respondeu simplesmente. Ele realmente achou que ela


ainda iria querê-lo de volta? Ela pode ser uma pessoa dependente, mas não
era patética.
134

Ele caminhou ao redor dela no hall de entrada.


Página

— Você fez com que eu fosse demitido. Acho que você, pelo menos, me
deve um lugar para ficar.
Ally fechou a porta e olhou para ele.

— Eu não fiz com que você fosse demitido. E você devia estar na
cadeia pelo dinheiro que está sendo cobrado de mim depois de transar com
alguém nesta casa e depois de nós termos terminado.

— Besteira. Meu chefe sabia exatamente o que aconteceu. Como ele


sabia disso? Ele não acha que era um comportamento apropriado para um
novo profissional na prática. Eles são todos homens de família. Como ele
teria descoberto se não fosse por você? Você, eu, e Amber éramos os únicos
que sabíamos, — Rick disse amargamente.

Ally apertou os dentes.

— Saia. Vá ficar com a sua nova namorada. Você não vai ficar aqui.

— Âmbar não quer que eu fique com ela. Ela disse que reconsiderou a
nossa relação e ela terminou comigo. — Seu tom ficou choroso e menos
irritado.

Talvez porque você é um mentiroso infiel!

Será que sua namorada sabia, ou Rick contou alguma história


fantástica que a mulher tinha acreditado porque era jovem e ingênua?

— Ela sabia que estávamos noivos?

— Eu disse a ela que estávamos tendo problemas. Nós estávamos Ally. 135
Você estava ganhando peso, e você chegava em casa todas as noites
cheirando a álcool, graxa e cigarro do bar. Não era exatamente bom para o
Página

nosso relacionamento romântico. Você nunca tinha tempo para mim. Eu


precisava de você, mas você nunca estava lá. Então eu escorreguei. Eu sei
que não deveria ter feito isso, mas estávamos juntos há cinco anos. Você
realmente quer dar tanta importância para um erro? Devemos tentar
novamente.

Seus olhos azuis estavam implorando a ponto de transmitir remorso.


Seu olhar foi calculado e assim foram suas palavras.

— Eu ia te pagar. Eu precisava de algo para sobreviver até começar a


ser pago. Eu estava pensando sobre nós de qualquer maneira. Acho que
poderíamos ter trabalhado isso. Nós planejamos isso há anos. Ficou muito
difícil ter você longe o tempo todo.

Desgraçado! Ele precisava do dinheiro para comprar coisas para


impressionar sua nova mulher. Sem dúvida, ele não pensou por um segundo
sequer sobre ela até que sua namorada começou a ter dúvidas. Quase
admitiu isso.

Ela deu um olhar longo, duro em Rick. Ele era fisicamente atraente,
mas a visão dele fez suas entranhas revirarem. Este homem, este idiota
infiel, tinha sido toda a sua vida por anos. Agora, ele queria que ela o
aceitasse de volta? Ele não era apenas um asno, ele era um sociopata.

— Então você veio correndo de volta para cá, até encontrar outro
emprego e outra mulher para estragar?

— Ally, preciso de você. Não tinha percebido quanto até que te perdi.
— Seus olhos percorriam seu rosto e corpo. — Você está bem. Você perdeu
peso?
136

Ela cerrou os punhos, tentando desesperadamente não deixá-lo chegar


Página

até ela. Este homem foi sua vida, sua razão de ser, até que ele arruinou
tudo.

Ele está tentando fazer você se sentir culpada. Ele está tentando chegar
até você, fazer você aceitar as desculpas pelo seu comportamento.

Talvez ela não estivesse lá toda vez que ele precisasse dela, mas ela
estava trabalhando para eles.

— Eu trabalhei para caramba para você, Rick. E eu não sou


responsável por você perder o seu emprego. E sim, não dei importância para
minha aparência porque precisava dormir mais do que eu precisava de um
corte de cabelo ou uma manicure. E sim, ganhei alguns quilos, porque eu
não tenho tempo para fazer uma dieta. Eu estava muito ocupada me
preocupando com você e o que você queria.

— Ally, eu lamento.

Ela ergueu a mão para silenciá-lo.

— A única coisa que eu lamento é desperdiçar cinco anos da minha


vida com você. — Ela abriu a porta. — Agora dê o fora da minha casa.

Rick lhe deu um olhar irritado, deixando de esconder por trás de sua
fachada de remorso.

— Você vai se arrepender por isso, Ally. Nós construímos uma vida
juntos. Você estava tentando se vingar, fazendo-me perder meu emprego.
Mas vou encontrar outro, e você vai se odiar por não nos dar outra chance.

— Saia, — ela cuspiu com raiva, a mão tremula sobre a maçaneta.


137
Rick lentamente saiu pela porta, atirando-lhe uma expressão
assassina.
Página

— Você está jogando tudo fora. Tudo o que trabalhou duro para
conseguir. Você não é mais tão jovem, e você nunca foi exatamente bonita.
Eu era o cara melhor sucedido que você poderia encontrar.

Ally bateu a porta e trancou-a, enquanto ele saia. Ela ficou lá por um
momento, seu corpo todo tremendo de raiva.

Por que suas farpas ainda doem? Ela não sentia nada além de
desprezo por ele, mas sua mente estava atormentada com dúvidas.

Você ganhou peso.

Você nunca teve tempo para mim.

Você nunca foi exatamente bonita.

Eu precisei de você.

Você nunca teve tempo para mim.

Racionalmente, sabia que ele era um idiota, mas por alguma razão,
suas palavras negativas ainda embrulhavam seu estômago.

Uma lágrima rolou por seu rosto, e depois outra. E ela não tinha
certeza por que estava chorando. Talvez tenha sido por causa dos anos
vazios que viveu com Rick, ou talvez fosse por causa de seus comentários de
manipulação destinados a machucá-la o suficiente para aceitá-lo de volta.

Ela sentou no sofá, tentando fazer com que seus pensamentos


confusos fizessem sentido. Ela tinha ido de sua mãe alcoólica verbalmente
abusiva para Rick, e ela podia ouvir a voz dos dois em sua cabeça. Sua mãe
138
nunca teve algo de bom para dizer quando não estava em estado de coma,
Página

ela divagava sobre como seu pai morreu, e descrevia-a como uma criança
desagradável e feia que tinha que alimentar. Ally sabia que isso era a
divagação de uma alcoólica amarga, mas isso moldou a maneira como se
sentia sobre si mesma. E então ela conheceu Rick, e embora ele escondesse
suas críticas sob um verniz de manipulação, sua depreciação velada a feriu
muito.

Ela queria ser amada tão desesperadamente que estava disposta a


tomar o que Rick tinha a oferecer, porque era melhor do que nada?

Um soluço estrangulado deixou a boca de Ally, as lágrimas caindo


mais facilmente. Realmente, tudo se resumia ao fato de que ela queria ser
amada.

— Ele nunca me amou, — ela sussurrou em uma voz angustiada. — E


eu acho que nunca o amei.

Rick a usou, e de certa forma, ela usou-o também. Ela o queria para
preencher a dolorosa solidão dentro dela, e ela deixou enganar-se por
acreditar que se trabalhasse duro o suficiente, se ela se sacrificasse por
Rick, ele a amaria.

— Eu sou uma mulher estúpida, estúpida.

Ela não amou Rick. Ela acabou de se convencer de que talvez ele
estivesse certo. Talvez ela tivesse sentido que ele era o melhor com quem ela
conseguiria ficar ou que ele era tudo o que ela merecia.

Ally estava soluçando abertamente quando a campainha tocou.


Reprimindo suas emoções, ela rapidamente passou as mãos sobre seu rosto,
tentando esconder as lágrimas. 139
Travis.
Página

Qualquer emoção que sentira mais cedo sobre uma noite com seu
chefe, tinha fugido. Ela não queria sair com ele. Ela não queria ver ninguém.
Tudo o que precisava era de algum tempo para se reerguer. Ver Rick a
deixou uma bagunça, ficou emocionalmente vulnerável. Não poderia
enfrentar Travis agora. Suas emoções estavam muito perto da superfície.

Ela foi até a porta, mas ela não a abriu. Verificando pelo olho mágico,
pôde ver o rosto de Travis.

— Eu tenho que cancelar hoje à noite. Não estou me sentindo bem, —


ela falou através da porta na voz mais calma possível. — Eu sinto muito.

— Você está doente? — A voz de barítono de Travis parecia


preocupada. — Abra a porta, Alison.

— Não é possível. Pode ser contagioso. Eu te ligo quando estiver me


sentindo melhor. — Sua voz tremeu, e ela se amaldiçoou por permitir que
sua ansiedade influenciasse em seu tom.

— Você está chateada. Abra a porta agora. — Travis exigiu. — Eu não


vou embora até que eu veja que você está bem.

Droga. Por que Travis tem que ser tão persistente? E teimoso!

— Por que você não pode simplesmente ir embora? Eu não quero ver
ninguém agora. — Seu desespero para se livrar dele a fez quebrar sua
pretensão de parecer doente.

— Você não está doente. Você está chateada. Abra a porta ou eu vou
quebrar uma janela. — Travis ameaçou.
140
O problema é que Ally sabia que Travis nunca fazia ameaças vazias, e
a última coisa que ela queria era ter que substituir uma janela. Ele faria isso
Página

sem um pensamento. Parte dela estava com raiva porque ele estava
ameaçando-a, mas outra parte se sentiu tocada porque ele parecia realmente
preocupado. Nada disso foi culpa de Travis. O mínimo que podia fazer era
encará-lo, e deixá-lo saber que ela estava bem.

Passando a mão sobre o rosto mais uma vez, ela destrancou a porta.
Se ele ficasse convencido de que ela estava bem, ele iria embora. Ela abriu a
porta e a expressão preocupada no rosto dele a fez querer atirar-se em seus
braços e chorar até suas emoções se acalmarem. Mas em vez disso, ela virou
a cabeça e disse-lhe fracamente:

— Eu estou bem. Eu tive um dia ruim. Sinto muito que você teve que
dirigir até aqui.

Travis moveu-se facilmente atrás dela e fechou a porta. Alcançou-a,


inclinou o queixo dela para cima e a avaliou durante vários segundos antes
de falar.

— Você andou chorando. O que aconteceu? Não há nenhum problema


grande o suficiente para fazer você chorar, que eu não possa resolver.

Ally olhou para ele, então, passando por seu terno impecável e gravata.
Quando seu olhar caiu sobre seu rosto, ela foi surpreendida pelo ardor de
sua expressão. Mas isso era Travis. Ele resolvia e acalmava problemas,
grandes e pequenos. Infelizmente, ele não poderia acalmar sua agitação
emocional ou sua mente disfuncional.

— Rick esteve aqui. Ele quer que voltemos a ficar juntos. — Ela
afastou-se dele e entrou na sala de estar, com necessidade de fugir da
tentação de contar-lhe tudo. — Discutimos. Ele só me deixou um pouco
141

abalada. Eu vou ficar bem.


Página

Ela ficaria bem. Assim que conseguisse enterrar seus sentimentos de


inutilidade e culpa a uma profundidade suficiente onde ninguém poderia vê-
los.
Travis pegou-a pela cintura e virou seu rosto para ele.

— Ele machucou você? Ele tocou em você? Se ele fez isso, eu juro que
vou matá-lo.

— Não. Nós apenas tivemos um desentendimento. Não foi nada


realmente — ela respondeu, tentando manter a voz calma.

Travis agarrou-a pelos ombros.

— O que aconteceu? Diga-me que não considerou nem por um


momento voltar para aquele bastardo — disse ele com voz rouca, com notas
de demanda e desespero em sua voz.

— Eu não vou. Eu não faria isso. É só que... — Sua voz foi sumindo,
Ally sentiu-se perdida, sem saber como explicar. As lágrimas começaram a
se formar de novo, escorrendo pelo seu rosto em frustração e dor.

Travis a pegou em seus braços e se sentou no sofá, colocando-a em


seu colo.

— Diga-me. — Sua voz era baixa e persuasiva, e os braços


reconfortantes.

Ally se partiu como um galho de árvore quebrada balançando ao vento


que, finalmente, tinha dado lugar à pressão e caiu no chão. Ela disse a
Travis tudo entre soluços, purgando-se das emoções que carregava por tanto
tempo. Depois que ela lhe contou sobre seu encontro indesejado com Rick,
142
ela explicou como sua mãe tinha sido enquanto ela estava crescendo e como
Página

inadequada ela sempre se sentia.

— Por que não consigo parar de ouvir a sua voz na minha cabeça? Ela
está morta há anos. — Ally terminou, frustrada com ela mesma.
— Talvez, porque você escolheu o idiota como a próxima voz em sua
cabeça. Você acha que ele era tudo o que merecia Ally? Um homem que iria
prejudicá-la até a morte, tratá-la como uma merda, e te manipular? —
Perguntou Travis, cada músculo em seu corpo tenso. — Eu sei como é difícil
não acreditar em tudo o que foi dito e ensinado enquanto estava crescendo.
Mas acredite em mim quando digo que você não merece isso.

Ally olhou para Travis, sua mandíbula apertada e seus olhos selvagens
de raiva.

— Como você conseguiu Travis? Como você viveu com o que lhe foi
dado em sua vida e não foi afetado por isso? — Ele cresceu com um louco, e
algumas das experiências que compartilhou com ela a fez estremecer.

Ele enfiou uma mecha de cabelo suavemente atrás de sua orelha


quando respondeu:

— Eu não consegui. Isso me afetou. Mas eu tinha Mia e Kade. Todos


nós sabíamos que o que estava acontecendo não era normal. E eu cresci
enquanto estava na faculdade. Tinha que crescer. Meu pai não era mais
capaz de dirigir a empresa. No minuto em que terminei a faculdade, eu fiz
com que fosse deposto por incompetência e tomei seu lugar. A Harrison
estava começando a ficar confusa, e havia muitas pessoas que contavam
conosco para proporcionar uma vida para eles. A empresa não ia resistir ao
seu comportamento insano e decisões erráticas por muito tempo mais.
143
— Isso fez você se sentir vingado? Você estava livre? — Ela perguntou
calmamente.
Página

— Não doeu. — Admitiu Travis. — Eu não fiz isso por vingança. Eu fiz
isso para salvar a empresa do meu avô, que se sacrificou muito para
construí-la. Mas eu não vou dizer que parte de mim não estava satisfeito que
eu tinha finalmente sido capaz de tirar o meu pai do poder que ele teve sobre
todos nós por toda a nossa vida.

— Quando você parou de ter medo dele? — Ally perguntou


curiosamente.

— Assim que fui grande o suficiente para enfrentá-lo, — Travis


respondeu, sua mão distraidamente acariciando seu cabelo. — Ele foi o
monstro que aterrorizou cada um de nós por anos. Eu finalmente percebi
quando terminei o ensino médio que eu não tinha mais que ter medo dele.
Quando Kade e eu saímos para a faculdade, eu o avisei se ele alguma vez
pusesse uma mão em Mia ou na minha mãe de novo, eu o mataria.

— Você bateu nele? — Ela perguntou hesitante.

Travis encolheu os ombros.

— Eu não precisei. Naquela época, ele não passava de uma concha


com uma mente insana. Mas ele nunca tocou em Mia depois disso. Ou
minha mãe... até que ele realmente a matou.

— Você teria feito isso se você precisasse?

— Sim, — respondeu imediatamente. — Eu teria feito qualquer coisa


para impedi-lo de ferir o resto da minha família.

Ally estendeu a mão e acariciou sua bochecha, deixando seus dedos


vagarem em seu cabelo.
144

— Você foi tão incrivelmente corajoso. Eu sei que tudo o que você
Página

passou foi doloroso, mas você sobreviveu intacto.

Travis soltou um riso sem graça.


— Talvez não intacto, mas sim, eu sobrevivi.

— Sinto muito ter tido outro colapso. — Ally se sentiu um pouco tola
agora. Depois de tudo o que Travis passou em sua vida, sua história era leve
em comparação.

— Não, — disse Travis com voz rouca, com o braço apertado em volta
de sua cintura. — Não minimize suas emoções ou empurre-as em seu
subconsciente. Pare de ser tão dura com você mesma. Não é culpa sua, Ally.

Ally respirou fundo, seu olhar chocou-se com o de Travis.

— Preciso organizar minha vida.

Travis levantou-se, levando-a consigo.

— Você precisa começar a ouvir novas vozes. E ouvir a sua própria,


também.

— Vou tentar, — disse Ally com firmeza, decidida a romper com seus
velhos hábitos.

— Você está linda, Ally. — Ele deu um passo para trás. — Agora tire
seu vestido.

Os olhos de Ally dispararam para o rosto de Travis, seu olhar intenso e


implacável fazendo-a dar um passo para trás. Ela pensou que não tinha
ouvido corretamente. 145
— Tire. O. Vestido. Ou você o tira de bom grado ou eu vou fazer isso
Página

por você, e provavelmente não poderá vesti-lo novamente, — ele rosnou.

— Por quê? — Ela ouviu corretamente, e seu corpo inteiro inundou


com calor.
— Porque você vai começar a ouvir uma nova voz, e essa voz vai ser
minha enquanto eu faço você gozar. — Travis cruzou os braços na frente
dele e esperou.

146
Página
Capítulo 10
Ally hesitou quando olhou para Travis esperando arrogantemente, com
expectativa.

— Eu não vou tirar meu vestido. E você não vai rasgá-lo.


Provavelmente custou uma fortuna. — Ela cruzou os braços na frente dela,
os dois se encarando.

— Você vai, — Travis comentou sinistramente enquanto lentamente


desabotoava o paletó e deixou cair por seus ombros. — Eu não vim aqui
esta noite para te foder, Ally. Mas eu vou porque não posso esperar mais.
Seus dedos foram para o nó da gravata, e ele agilmente desatou-o e deslizou
ao redor de seu pescoço.

— E eu acho que você não quer esperar mais.

Ele começou a desabotoar sua camisa imaculada.

— Esperei quatro malditos anos, e não havia um único dia em que o


meu pau não endurecesse por você, que eu não quis afundar em você e te
fazer minha. Ele desabotoou os punhos da camisa e deixou que caísse por
seus ombros, pousando em uma pilha aos seus pés junto com seu paletó e
gravata. Esta noite você é minha. Completamente. Inequivocamente. Você
não vai ouvir qualquer outra voz, exceto a minha dizendo-lhe como você é
147

linda, o quanto eu quero você. E você não vai sentir nada, exceto prazer.
Página

Ally congelou, de boca aberta, enquanto observava o abdômen


rasgado de Travis e seus braços musculosos serem expostos a seus olhos
famintos. Meu querido Jesus, o homem era lindo. Ele era toda a graça
predatória e carne sólida que seus dedos coçaram para tocar.

— Você está atraído por mim há quanto tempo?

Ele a seguiu, movendo os poucos passos necessários para puxar seu


corpo contra o dele. Abaixando a cabeça, ele traçou sua orelha sensível
com a língua.

— Não atraído, Ally. Obcecado. — Ele respondeu asperamente, seu


hálito quente flutuando sobre sua orelha.

Ally estremeceu incapaz de se impedir de colocar as mãos em seu


peito, os dedos explorando a pele sedosa sobre os músculos de aço. Ele tinha
uma tatuagem, uma bela Fênix voando livre no lado direito do peito, o que só
o tornou ainda mais quente, mais imprevisível. Travis era o último homem
na Terra que ela poderia ver com uma tatuagem. Ela acariciou seu abdômen
rasgado e até suas costas, saboreando a sensação de sua pele quente sob
seus dedos.

Travis beliscou a pele sensível de seu pescoço quando disse com voz
rouca:

— Acabou o tempo de espera para tirar o vestido, querida.

Ally empurrou-o quando sentiu seus punhos apertar sobre o material.

— Não! Não. — Ela não tinha certeza se sua preocupação era


realmente o vestido. Pela primeira vez em sua vida, queria ser sexualmente
148
ousada. Podia ver o desejo nos olhos de Travis, e precisava confiar nele.
Página

Alcançando suas costas, baixou o zíper e começou a contorcer o material


sobre sua cabeça, revelando sua lingerie. Ela estava sem fôlego e ansiosa no
momento em que deixou o vestido cair no chão, ficando em pé na frente de
Travis em nada, além de sua minúscula calcinha e sutiã vermelho, uma
cinta-liga e meias de seda. Seus saltos agulha ainda estavam em seus pés,
mas mesmo assim Travis era bem mais alto que ela.

Ele devia estar segurando a respiração, e soltou um silvo antes de


dizer baixo e reverentemente.

— Minhas fantasias não chegavam nem perto de imaginar como você


é realmente sexy e bonita. Cristo! Você tem ideia de como está quente, Ally?

Seu núcleo estremeceu e sentiu que sua calcinha ficou encharcada


enquanto observava o tormento no rosto de Travis, e sentia sua fome
selvagem que era quase palpável no ar ao redor.

Travis finalmente deu um passo adiante, deslizando as alças do sutiã


de seus braços para colocar a boca sobre a pele de seus ombros. Ele
desabotoou-o tirando-o completamente, tendo cuidado com os esfolados em
sua pele que ainda não tinham se curado. Ele espalmou seus seios, seu
toque se tornou áspero e possessivo e ele observava seus dedos brincar com
seus mamilos, grunhindo com satisfação quando eles endureceram a picos
dolorosamente sensíveis.

— Meus, — ele rugiu. — Linda e minha.

Ally gemeu quando ele beliscou e rolou cada uma das pontas, seus
dedos explorando cada polegada de seus seios como se quisesse possuí-los.

— Travis, — ela engasgou quando ele deslizou uma mão atrás de seu 149
pescoço e tomou sua boca, colocando seus corpos juntos. Ally abriu-se para
ele, sua língua exigente adentrou seus lábios em um flagrante ato de posse.
Página

A sensação de estar pele a pele com Travis era requintado e sensual, seus
mamilos esfregando contra seu peito duro enquanto devorava sua boca com
movimentos eróticos de sua língua. Ele agarrou a bunda dela e puxou-a
contra ele, e sua boceta inundou ainda mais ao sentir sua enorme ereção
pressionando contra sua pélvis. Ela colocou os braços em volta do pescoço e
se rendeu, com as mãos acariciando as costas quando se derreteu nele.

A boca de Travis deixou a dela, deslizando para baixo de seus


ombros, e sugando um de seus mamilos, chupando e lambendo-o
cuidadosamente antes de se mudar para o outro. Agachou-se, caindo de
joelhos, sua língua traçando uma linha lentamente até sua calcinha.

— Eu vou fazer você gozar primeiro na minha boca, Ally. E então eu


vou transar com você e fazer você gozar de novo, — disse ele em voz baixa,
perigosa, um pouco abafada, pois estava contra o seu baixo ventre. Ally
olhou para ele e a visão de sua cabeça escura tão perto de sua boceta quase
a fez gozar pelo cenário erótico. Ela colocou as mãos em seus ombros
quando ele agarrou sua calcinha e a rasgou de seu corpo com um puxão
violento. Foi a coisa mais quente que já tinha visto, e o desejo de Travis por
ela era esmagador. Ela ficou perdida quando ele agarrou seus quadris com
força, e abriu suas pernas com um empurrão forte em suas coxas,
enterrando seu rosto e boca em seu montículo.

Travis não foi gentil. Ele usou sua boca e língua para separar à força
seus lábios vaginais, passando sua língua imediatamente em seu clitóris. O
pequeno feixe de nervos respondeu, ficando duro e sensível, reagindo a
cada golpe forte de sua língua. Ele bebeu de sua vagina como se fosse um
néctar, sua língua movendo-se com força contra seu clitóris, deixando-a 150
cada vez mais excitada, tornando seu desespero ainda maior do que o dele.
Página

— Oh Deus. Sim, — ela gemeu suas unhas cravando em seus


ombros. — Travis, por favor. — Todo o corpo de Ally tremeu, o calor
começou em sua barriga e foi direto para sua vagina.
Travis a arrebatou sem piedade, sem pausa, sua mandíbula raspando
a parte interna de suas coxas, uma sensação erótica que fez com que
agarrasse seus cabelos mantendo sua cabeça contra ela em um apelo
silencioso para mais.

Seus dentes beliscaram seu clitóris, sua língua sacudindo


implacavelmente, cada vez mais rápido. Ally se desfez com um gemido
torturado.

— Travis, — ela gemeu, agarrando seu couro cabeludo com força,


segurando-o contra sua vagina enquanto seu corpo endureceu e estilhaçou
em pequenos pedaços.

Ela engasgou enquanto ele continuava a chupar seu clitóris,


prolongando o prazer requintado, como se estivesse desesperadamente
sedento e necessitasse de cada gota de seu prazer.

Ally teria caído no chão se Travis não tivesse levantado e a agarrado


pela cintura, segurando-a firmemente enquanto a beijava, permitindo-lhe
provar-se em sua boca. O abraço foi embriagador e intoxicante, uma nova
experiência, pois Rick supostamente odiava realizar esse ato em particular,
com uma mulher, sendo que ela nunca experimentou. Ele foi seu único
amante até agora.

Ally se atrapalhou entre seus corpos, tentando desfazer o aperto de


Travis, desesperada para dar-lhe o mesmo prazer magnífico que ele acabou 151
de proporcionar a ela.
Página

Separando suas bocas, Travis agarrou seu pulso.

— Não, — respondeu asperamente. — Se você colocar esses belos


lábios no meu pau, eu não vou durar mais de cinco segundos. Ele deu um
passo para trás, seu olhar aquecido nunca a deixando enquanto tirava os
sapatos, as meias, a calça e sua cueca boxer.

— Deus, você é magnífico. — Ally não podia impedir-se de deixar os


olhos vaguear por seu corpo esculpido, seu olhar sedento em seu enorme
pênis, duro. Seu corpo nu tirou-lhe o fôlego. Ela lambeu os lábios
sensualmente, ansiosa para sentir o gosto dele.

— Porra, Ally! Não faça isso. Não há muita coisa que eu posso
aguentar agora, — Travis falou, agarrando-a pela mão e levando-a até uma
mesa, onde ela tinha plantas e bugigangas, cuja altura dava na sua cintura.
Ele colocou suas mãos sobre a mesa, fazendo-a curvar-se. — Neste
momento, tudo que eu preciso é de você. — Colocou suas mãos em concha
no seu traseiro, segurando as bochechas e acariciando-as. — Você tem
alguma ideia de como esta bunda tem me torturado ao longo dos últimos
quatro anos?

Ela não sabia, mas ouvir o anseio em seu tom a fez estremecer.

— Não, — ela respondeu com voz trêmula.

— Você sabe o quanto te quero Ally? — Ele enfiou a mão entre suas
coxas, deslizando o dedo e provocando através de sua umidade.

— Eu acho que sim, — ela respondeu com um gemido. Provavelmente


tanto quanto ela o queria.
152
Ele se inclinou para frente, cobrindo seu corpo com o dele, sua
boca ao lado da orelha.
Página

— Eu te quero tanto que mal posso respirar. Eu quero você há


anos. Você está ouvindo a minha voz, agora. Você pode entender como
você é linda para mim?

Ally podia sentir seu pênis ereto entre suas coxas quando ele
afastou os dedos e ela agarrou-o.

— Eu quero você também.

— Não tanto quanto eu a quero, — ele disse com voz rouca. — Você
vai ser minha agora, Ally. Vou saciá-la até que você não queira mais
ninguém. Ninguém nunca vai precisar de você como eu. Ninguém jamais irá
gostar de você como eu.

— Travis, por favor, — implorou Ally, querendo ele dentro dela.

Ele agarrou um punhado de seu cabelo e puxou sua cabeça para


cima.

— Olhe para você. Diga-me que você vê como é bonita agora.

Ally viu seu próprio rosto no espelho oval à sua frente, o rosto
devastado de desejo. Seus olhos encontraram os de Travis no espelho, sua
expressão crua e selvagem. Naquele momento, ele estava lindo revelando
seu desejo, e isso a fez se sentir da mesma maneira.

— Vejo como preciso ser fodida, — disse a ele sem fôlego. Ela
realmente não reconhecia a mulher atordoada e selvagem olhando para ela.

— Sim. Você precisa de mim dentro de você. E isso é a coisa mais 153
linda que eu já vi, — Travis disse com voz rouca.
Página

Ele segurou o olhar dela enquanto empurrava a invadindo,


enterrando-se até suas bolas com um gemido. Ally deixou escapar um grito
de alívio quando ele a preencheu, esticada até que não podia sentir mais
nada, exceto ele. Travis foi dominando seu corpo, enchendo seus sentidos, e
ela foi perdendo sua sanidade.

— Oh, Deus, — ela gemeu, incapaz de formar qualquer pensamento


coerente.

— Você está com muito tesão, Ally. Diga-me o que você quer, — ele
perguntou.

— Você. Só você, — ela respondeu ofegante, gemendo enquanto Travis


puxou quase inteiramente seu pênis para fora e empurrou novamente,
preenchendo cada espaço vazio dentro dela.

Ele bombeou seus quadris novamente.

— Você quer que eu faça você gozar, Ally? — Sua voz áspera soou ao
lado de sua orelha.

— Sim, Travis. Por favor.

— Peça isso. Tome o que você precisa de mim. Você merece ter
prazer. Você entende?

— Sim. Sim. — Travis a fez sentir como se merecesse o mundo. — Me


deixe gozar. Quero isso. Eu quero você, — ela disse avidamente, seu corpo
sentindo como se estivesse pronto para se desfazer.

— É isso mesmo, querida. Seja exigente. Tenha o prazer que você


merece. — Travis endireitou, mantendo os olhos no rosto dela quando eles 154
se encararam em transe no espelho. — Continue olhando para mim. Não
pare. — Ele soltou seu cabelo e agarrou seus quadris, seu pau batendo nela
Página

mais e mais quando ele agarrou seu quadril com uma mão e deslizou a
outra para baixo de seu abdômen, seu dedo deslizando em sua umidade.

Ally observava o rosto de Travis, hipnotizada, sua expressão


alternando entre agonia e êxtase quando ele enterrou dentro dela uma e
outra vez. Ela gemeu quando ele provocou seu clitóris, seus olhos
momentaneamente vibrando com a sobrecarga de sensação quando ela
empurrou seu quadril para trás com cada golpe de seu pênis, enterrando-o
ainda mais fundo.

— Olhe para mim, Ally. Goze para mim. Eu quero observar você. Se
entregue a isso. Se entregue a mim. Solte-se. — Era demais. Ela abriu os
olhos e foi atraída pelo olhar intenso e dominador de Travis. Ele meteu
impiedosamente, e seu clímax rasgou-a, cada terminação nervosa pulsando
enquanto ela gritava.

— Travis!

— Você sempre será minha, — Travis gemeu quando ele inclinou seu
corpo sobre o dela novamente. Movendo seu cabelo para o lado, sua boca
sugou a parte de trás de seu pescoço antes que ele lhe desse uma mordida
sensual que a fez gritar.

Não foi o suficiente para machucar a pele de Ally, mas a carnalidade


da ação intensificou seu orgasmo até que as paredes internas do seu canal
apertaram e contraíram firmemente em torno do pau de Travis, fazendo com
que ele quisesse mantê-lo dentro dela para sempre.

Os cotovelos de Ally cederam e sua cabeça caiu em cima de seus


braços enquanto ela observava a cabeça de Travis cair para trás, os 155
músculos de seu pescoço flexionavam enquanto ele gemia, inundando-a com
sua libertação quente enquanto ele segurava seu quadril firmemente contra
Página

ele.

— Minha, — ele rosnou, envolvendo os braços em torno de seu corpo e


puxando-a para cima e para trás para descansar contra ele. Ele recuou e
caiu no sofá, trazendo-a em cima dele, amortecendo sua queda. Girando seu
corpo para que eles ficassem de frente um para o outro, ele passou os braços
em volta dela, as pernas emaranhadas, a cabeça em seu ombro.

Ally ofegou enquanto saboreava a ascensão e queda da respiração de


Travis, sabendo que ele foi tão afetado pelo que aconteceu quanto ela.

— Você apenas balançou meu mundo, Sr. Harrison, — ela disse sem
fôlego. Nunca em sua imaginação mais selvagem poderia imaginar seu
solene e carrancudo chefe como um apaixonado e intenso amante
dominante.

Sua mão se conectou com seu traseiro em um sonoro tapa. Doeu, mas
não doeu.

— Travis, — insistiu. — Sr. Harrison se aplica a mais do que uma


pessoa. Eu não quero que você esqueça quem te fodeu sem sentido. — Ele
na verdade marcou-a completamente, mas ela respondeu atrevidamente.

— Você fez isso? Eu não percebi.

Ele bateu no traseiro dela novamente.

— Você percebeu. E você vai continuar a perceber até que a única voz
que ouça é a minha dizendo o quanto te quero.

Ally passou a mão em seu cabelo, acariciando as mechas grossas


entre os dedos.
156

— Obrigada. Eu nunca me senti assim antes, — disse.


Página

— Como?

— Sexy. Desejada. Bonita, — ela admitiu calmamente. — Eu nunca


vou esquecer esta noite.

— Não, você não vai. Porque nós vamos fazer isso todas as noites, —
Travis disse asperamente. — Eu quis dizer o que eu disse Ally. Você é minha
agora. Eu não vou deixar você ir.

Oh Deus. Ally queria ser sua, mas ela estava tentando ficar livre, não
queria ter o coração partido novamente. Travis Harrison pode querer ela
agora, e ajudou-a apenas dando-lhe uma mostra — ok talvez um banquete
de desejo. Mas ela era sua empregada, sua assistente.

— Travis, sou sua empregada. Não podemos apenas continuar a ter


um caso.

Travis sentou-se, fazendo com que Ally sentasse em seu colo.

— O caralho que não podemos. E não é um caso. Não é assim que


estamos ligados.

— Então como você chama isso? — Ally perguntou curiosamente.

— Uma fantasia que está realmente se tornando realidade, — Travis


disse obstinadamente.

— E quando a fantasia terminar? — Ally perguntou para ele.

— Não vai. Nunca, — Travis disse a ela teimosamente. — Cristo! Se


você pôde passar cinco anos com um homem que não deu a mínima para 157
você, por que não pode tentar ficar com um homem que se preocupa com
você e que você quer?
Página

Ally olhou para o rosto de Travis, a dor em seus olhos encarando-a.

— Eu sinto Muito. Acho que com você eu esperaria ser apenas a


secretária que depois de deixar de ser novidade seria descartada e me
magoaria novamente. Não é você. Sou eu, Travis. Estou com medo de
tentar de novo tão cedo.

— Eu morreria antes de te machucar, Ally, — ele disse com a voz


rouca, sua mão acariciando suas costas, distraidamente.

Um enorme caroço formou-se em sua garganta, quando de repente ela


considerou o porquê não daria ao que estava acontecendo entre ela e Travis
uma chance de crescer. Será que ela pensa que não merece um cara que se
importava? Será que ela acha que Travis não se importava? Seja qual for o
seu raciocínio, era autodestrutivo e ridículo. Ele era um homem como
qualquer outro. Sim... Ele era um dos homens mais ricos do mundo, mas
julgá-lo exclusivamente com base nesse fato era simplesmente estúpido.
Agora sabia que ele era um bom homem sob sua rude camada exterior. E
ela já se preocupava com ele. E ele lhe mostrou mais preocupação do que
qualquer outra pessoa que sua vida já teve. Talvez essa fosse a parte
realmente assustadora.

— Acho que eu não estou acostumada a alguém que se importe


comigo. Mas eu gostaria de me acostumar com isso, — admitiu hesitante. E
ela queria se preocupar com Travis em troca. Ele precisava iluminar-se, e se
admitisse ou não, precisava de alguém que se preocupasse com ele e não
com seu dinheiro. E isso era algo que podia lhe dar.

Não seria fácil fazer ele se abrir, e ela não iria ficar confortável em
158

mostrar sua vulnerabilidade a ele. Mas será que não valeria o risco? Ally
Página

levantou a mão e acariciou seu queixo áspero.

— Você vai deixar eu me preocupar com você, Travis? — Ela prendeu a


respiração, aterrorizada por se mostrar tão aberta e vulnerável a este
homem, mas querendo muito que ele quisesse correr o risco.

Ele pegou a mão dela e beijou a palma.

— Cuidado, Ally. Eu preciso de você.

Ally deixou escapar a respiração de alívio. Ao abrir-se para Travis,


inadvertidamente lhe permitiu revelar a sua vulnerabilidade para ela. Pois,
para um macho alfa intensamente orgulhoso como Travis, o risco era tão
grande quanto o dela.

— Eu tenho medo que seja tarde demais para começar. Eu já me


importo — ela sussurrou baixinho.

Seus olhos escuros demonstraram um olhar possessivo, mas algo


milagroso aconteceu ao mesmo tempo. Pela primeira vez desde que Ally o
conhecia, Travis Harrison deu-lhe o mais feliz, mais sincero e mais amplo
sorriso que já tinha visto, e ela sabia que estava completamente perdida.

E vendo sua expressão quase infantil, Ally decidiu que definitivamente


valeria a pena o risco.

159
Página
Capítulo 11
— Esse colar fica bonito em você, Ally. — Mia Hamilton disse
sinceramente, seus olhos encarando Ally por sobre a mesa do restaurante.

Todos os quatro pares de olhos do sexo feminino na mesa olharam


para Ally, murmurando sua concordância com apreço.

— Onde você conseguiu isso? — Maddie perguntou curiosa.

Ally se contorceu na cadeira, mexendo no lindo colar de unicórnio que


ela não removeu desde o dia que Travis lhe deu. A última semana tinha sido
a mais feliz de sua vida, e não havia uma noite em que Travis não esteve em
sua cama. Ele trabalhou até tarde todos os dias na última semana,
reclamando que não podia esperar até que ela voltasse a trabalhar na
quinta-feira. Travis encheu seus dias de riso com suas travessuras
impertinentes e piadas enigmáticas, e suas noites com desejo que nunca era
saciado totalmente.

— Foi um presente de Travis. — Mia respondeu por Ally antes que ela
pudesse decidir o que dizer.

— Uau. É lindo. — Asha estendeu a mão, afastando os dedos de Ally


para examinar o pequeno unicórnio. 160
— Foi um presente de aniversário. — Ally murmurou. Olhando para
Página

Mia, ela perguntou. — Como você sabia?

Mia tomou um gole de água e colocou o copo na mesa antes de


responder.
— Porque eu confeccionei. Travis pegou as pedras que eu precisava
para criá-lo. E ele me deu muito pouco tempo para fazer, porque ele queria
que você o tivesse naquele dia.

Ally ficou boquiaberta com Mia. O colar que ela usava era um projeto
de Mia Hamilton?

— Eu pensei que ele tivesse comprado em algum lugar.

Mia riu.

— Ele comprou no meu estúdio. Ele não conseguia encontrar


exatamente o que queria então eu tive que fazer isso para ele. Essas são as
joias da melhor qualidade disponível. Ele mostrou exatamente o que queria,
por isso não foi difícil projetar já que fez a maioria do trabalho para mim. Ele
sabia exatamente como precisava ser. É único. O unicórnio deve ter um
significado. Por quê?

O coração de Ally acelerou com o pensamento de Travis tendo todo


esse trabalho e despesa apenas para conseguir uma réplica exata do
unicórnio de seu livro, tornando a peça de joia muito mais preciosa para ela.

— Eu escrevo como um hobby. Ele gostou da primeira história e o


unicórnio é um dos personagens. Ele quer que eu termine os livros.

— E você vai? — Kara Hudson perguntou de seu assento ao lado de


Asha. — É um gesto muito romântico. 161
— Definitivamente. — Maddie acenou do outro lado da mesa.
Página

— Travis tem sido diferente ultimamente. Na verdade, ele me beijou


de volta no rosto quando eu o beijei para me despedir ontem. E ele está
sorrindo. Não aquela expressão detestável e cínica que ele usa, mas, na
verdade, sorrindo. Eu estava pensando o porquê dele estar assim. — Asha
deu a Ally um olhar malicioso. — Estou certa?

— Oh meu Deus! — Mia gritou. — Você e Travis estão queimando os


lençóis? Eu deveria ter percebido quando ele estava em pânico sobre o colar.
Mas eu pensei que você estava envolvida com outra pessoa.

Ally não teve a chance de dizer a qualquer uma das mulheres que ela
não estava mais envolvida com seu agora ex. Apenas Asha sabia. Ela
explicou o que aconteceu com Rick e que ela não estava mais envolvida, mas
ela não mencionou Travis. Talvez porque o relacionamento era tão novo que
ela não conseguia explicar o que um significava ao outro.

— Serpente!

— Idiota!

— Bastardo viscoso!

— Estúpido!

Cada mulher manifestou um nome depreciativo para Rick depois que


Ally falou o que aconteceu.

— Então você está livre, e Travis atacou. Homem inteligente o meu


irmão, — disse Mia com um sorriso enquanto dava uma enorme mordida em
seu sanduíche.
162
Ally abanou a cabeça.
Página

— Eu não diria que ele atacou exatamente.

— Quanto tempo levou para ele levá-la para a cama? — Perguntou


Asha, sorrindo. — Ele tem tesão por você há anos.
— Quem disse que eu dormi com ele? — Disse Ally com falsa
indignação. — Talvez estejamos apenas nos tornando amigos.

— Merda, — Kara observou enquanto ela estalou uma batata frita em


sua boca. — Você não negou então isso significa que você definitivamente fez
isso.

— Travis é quente, mas ele sempre foi tão misterioso e sisudo. Mas
aposto que ele é bom de cama. — Maddie disse pensativa.

— Pare! — Mia levantou a mão. — Há um fator 'eca' para mim aqui.


Ele é meu irmão. Eu absolutamente não quero saber se ele é bom de cama.

Todas as mulheres riram ruidosamente, e Ally sorriu.

Mia baixou a mão e inclinou-se ligeiramente sobre a mesa e perguntou


em um sussurro alto.

— Mas você fez com ele?

Havia algo realmente embaraçoso sobre ser questionada sobre sua


vida sexual, pela irmã do homem que abalou seu mundo cada vez que a
tocava, então ela apenas balançou a cabeça com relutância.

— Oh, graças a Deus, — Mia respondeu, endireitando-se para


continuar o seu almoço. — Não admiro que ele esteja sorrindo.

— Nós não estamos realmente em um relacionamento sério — Ally 163


disse nervosa para Mia. — Quero dizer, nós estamos apenas namorando,
conhecendo um ao outro.
Página

— Carnalmente, — Asha acrescentou com um sorriso.

Ally deu uma cotovelada em sua amiga.


— Não é nada sério.

As sobrancelhas de Mia se estreitaram e seus olhos mostraram


malícia.

— Você não conhece Travis bem o suficiente então. Mesmo quando era
um menino, se ele decidisse que queria alguma coisa, ele conseguia. Ele é
irritantemente persistente quando cobiça algo. Ele vai colocar um anel em
seu dedo dentro de um mês.

— Eu não acho que ele é assim comigo. Tenho certeza que ele não vai.
— Ally negou embaraçada.

— Ele vai, — Asha concordou com Mia ameaçadoramente.

— Você se importa com ele, Ally? — Mia perguntou, preocupada.

— Sim. Provavelmente mais do que deveria nesta fase do nosso


relacionamento. — Ally admitiu, sabendo que estava começando a se
preocupar demais, rápido demais. — Eu só estou um pouco assustada.
Acabei de sair de um relacionamento ruim.

— Travis não é assim, Ally. — Mia respondeu suavemente. — Quando


se importa, ele se preocupa profundamente. Sua afeição não pode ser
facilmente adquirida, mas uma vez que você a tem, ele nunca vai te trair. E
ele queria o unicórnio para te mostrar que se importa, porque ele não é bom
em dar e receber carinho. Honestamente, eu realmente nunca o vi se 164
preocupar com uma mulher dessa forma, e eu sabia que quando ele
finalmente caísse por alguém, ele cairia duro. Por favor, não o machuque.
Página

Ninguém merece ser amado mais do que Travis. E quando for a mulher
certa, ele vai amá-la obsessivamente e para sempre. É apenas a jeito como
ele é.
O coração de Ally ficou espremido dentro do peito, sabendo que ela
daria tudo para ser essa mulher. Durante a semana desde que ela e Travis
tinham feito amor pela primeira vez, seu carinho já estava mudando,
fazendo-a ouvir sua voz dentro da cabeça, em vez de todas as coisas
negativas que ela sempre acreditou sobre si mesma.

— Eu gostaria de poder dar-lhe alguma coisa, — ela meditou em


silêncio, pensando em seu apoio incansável, a sua fé nela.

— Eu acho que você já deu, — Asha assegurou a Ally. — Ele está feliz.

Mia balançou concordando e o grupo de mulheres começou uma


conversa geral. O almoço foi um interlúdio totalmente agradável, e Ally se
divertiu e conheceu Maddie e Kara melhor. Era óbvio para ela que todas as
mulheres na mesa amavam seus maridos macho alfa até a morte, ainda que
bem-humoradas reclamassem deles, sendo superprotetores e arrogante às
vezes.

O celular de Ally vibrou em sua bolsa quando elas estavam se


levantando para seguir caminhos separados. Pegando-o, ela sorriu quando
viu a mensagem de texto de Travis:

Preciso me livrar dessa maldita mesa!

Ele se queixou mais de uma vez que a mesa o distraia, por causa das
imagens que ele lembrava certo dia. Seu coração disparou com o
pensamento, que ela realmente podia ser uma distração para um homem
165

como Travis Harrison.


Página

Ela despediu-se de todas as mulheres, prometendo tornar-se um dos


membros regulares do seu clube de almoço. Uma vez que chegou a seu
carro, inclinou-se contra ele e mandou uma mensagem:
Como sua assistente, é o meu trabalho encontrar uma mesa nova, Sr.
Harrison.

Levou apenas um momento para receber uma resposta:

De jeito nenhum. Ninguém além de mim usará esta mesa. Acho que vou
ser um masoquista. Como está o seu dia?

Ela já sabia que ele ia veementemente se recusar a se livrar dela, mas


riu alto de qualquer forma, antes de responder:

Bom. Apenas almocei com as meninas. E quanto a você?

Ele respondeu simplesmente:

Sinto sua falta.

O coração de Ally derreteu e ela traçou as palavras em seu telefone


com um suspiro. Quando Travis dizia ou fazia coisas assim, todo o seu ser
ansiava por ele. Travis não era um tipo de pessoa que demonstrava o que
sentia ou ficava bobo por sentimentos. Essas palavras eram sinceras, uma
expressão de suas emoções naquele momento, e ela as acalentou, porque
sabia que ele não se expressava levianamente.

Ela respondeu:

Também sinto sua falta. Vou fazer o jantar.

Sua resposta veio rapidamente:


166

Ficaria mais feliz se você fosse o meu jantar.


Página

Ally mal conteve um gemido com esse pensamento. Ela precisava se


abanar, e não era por causa da umidade e calor do sol da Flórida. Não havia
nada mais quente do que a maneira que Travis dominava seu corpo no
quarto, exigente, mandão, um verdadeiro macho alfa. Mas ela lhe respondeu
descaradamente:

Eu me ofereço para cozinhar e tudo que você quer é sexo?

Demorou alguns minutos para chegar a sua resposta:

Eu quero muito mais do que sexo. E as mulheres não costumam


cozinhar para mim. Obrigado, Ally. Vejo você em torno das seis.

Ela franziu a testa para sua resposta, perguntando exatamente o que


ele queria dizer. As mulheres não cozinhavam para ele? Não... Elas
provavelmente não faziam isso. Ele fazia a maioria das coisas sozinho, e
quando tinha um encontro, ela estava bastante certa de que a mulher
esperava o melhor de Travis Harrison. Será que ele realmente acha que ela
estava castigando-o? Ela tinha brincado com ele. Ela não questionou se ele
estava ou não a usando apenas para o sexo, e sua resposta soou bastante
arrependida. E pela primeira vez ela percebeu que “obrigado” estava
realmente em seu vocabulário. E ela percebeu que ele estava agradecendo
por algo tão simples. Ela não queria vê-lo se desculpar por brincar com ela.
A verdade era, adorava vê-lo divertido e brincalhão, e sua conversa suja
sempre a excitava. Era duvidoso que qualquer outra pessoa o tenha visto
dessa maneira. Ela respondeu:

Seis está bem. E se você chegar cedo vou ser o seu aperitivo. Mas vou
alimentá-lo. Você vai precisar da energia. 167

Ela prendeu a respiração, esperando que ele fosse mandar uma


Página

resposta divertida. A última coisa que queria era que Travis não brincasse
com ela, porque ele levou seu comentário a sério. Ele já era muito solene,
muito sério, e seu lado mais leve era algo que ela queria ver mais.
Ele respondeu:

Se não tivesse uma reunião, estaria no meu carro agora.

Ally deixou escapar uma risada aliviada e digitou:

Não há necessidade. Eu tenho que cozinhar. Mas está quente hoje. Acho
que vou cozinhar nua. Pense sobre isso em sua reunião. Espero que corra tudo
bem.

Sua resposta veio quase instantaneamente:

Você vai pagar por isso, mulher!

Sorrindo, ela respondeu:

Estou contando com isso, lindo. Até logo.

Ally colocou o celular em sua bolsa e abriu a porta de seu veículo. Ela
dirigiu ao supermercado para pegar o que precisava para fazer um bom
jantar para Travis, com o coração mais leve do que há muito tempo
conseguia se lembrar.

Ela é minha!

Travis apertou seu telefone firmemente, olhando para as palavras que


Ally havia escrito.
168

Ela sente minha falta.


Página

Ele pensou que tinha fodido tudo, fazendo-a pensar que só queria
transar com ela. Bem... Ele queria transar com ela. Cada minuto do dia. Mas
Travis sabia que o seu desejo físico era apenas um produto de quanto queria
que ela pertencesse a ele. Sentia-se como um homem das cavernas, com o
desejo de arrastá-la para uma caverna isolada onde ninguém jamais a tiraria
dele.

Ele se recostou na cadeira e fechou os olhos, as imagens dele com Ally


durante a última semana flutuando através de sua mente. Ele tinha sido
objeto de vários de seus sorrisos doces e quentes, e cada um deles tinha
batido nele como uma pedra no estômago. Oh, não era como se eles ainda
não discutissem — como a discussão que tiveram sobre as roupas que ele
comprou para ela. Ele a ignorou enquanto ela listava sistematicamente
razões pelas quais não poderia aceitá-las. Ele ganhou quando a beijou até
ficar sem fôlego e lhe disse que provavelmente iria rasgá-las quando as
vestisse, eventualmente, de qualquer maneira. Porra, mas sua mulher era
teimosa. Travis queria dar-lhe o mundo, mas ela não iria deixar.

Se ela soubesse tudo sobre mim, será que ainda iria querer ficar
comigo?

As chances eram de ela correr como o diabo e, ele realmente não a


culparia. Ele tinha compartilhado um monte de coisas com Ally que nunca
tinha feito com outra pessoa. Mas havia algumas coisas que ele
simplesmente não conseguia dizer-lhe, com medo que ela olhasse para ele
com horror e fugisse. E Travis sabia que isso iria destruí-lo.

Preciso apenas aproveitar o tempo que tenho com ela, e não pensar no
futuro agora.
169

O problema era que ele não era o tipo de homem que apenas vivia o
Página

momento, e ele precisava muito de Ally.

Ele abriu os olhos, olhando para o teto. Ally deixava-o em êxtase e


feliz, e muito mais ferozmente territorial do que ele pensava que poderia ser.
Felizmente, ela não parecia se importar com o fato de que ele sempre foi
duro, rápido e áspero. Na verdade, ela parecia saboreá-lo. Mas ele queria
mais. Ele queria sua completa submissão, precisava saber que ela era
completamente dele, e ele não poderia começar seus desejos frenéticos,
precisava deixá-los sob controle. Ela sabia que o tinha completamente pelas
bolas cada minuto de cada dia e será que nunca o deixaria ir?

Acho que vou cozinhar nua.

Oh sim, ela definitivamente sabia, e fez tudo o que podia para deixá-lo
louco. Ele adorou e odiou. Era quase como se ela quisesse vê-lo quebrar, se
transformar em um verdadeiro homem das cavernas com ela.

— Querida, você não tem ideia exatamente de como eu poderia ser


exigente com você, — ele sussurrou com voz rouca, querendo deixá-la tão
desesperada como ele era por ela.

Não era que Travis não tivesse a certeza que Ally estava satisfeita cada
vez que eles ficavam íntimos. Ele tinha certeza. Mas ele queria que ela se
soltasse completamente, que se entregasse totalmente a ele e a paixão
incandescente que quase consumia ambos cada vez que estavam juntos. Ela
era tão responsiva e ficava tão linda excitada. Mas ele ainda sentia como se
ela estivesse segurando uma parte de si. E ele era ganancioso. Ele queria
tudo o que tinha.

Olhando para o relógio, Travis amaldiçoou quando percebeu que era 170
quase hora da reunião.
Página

— Grande. — Ele sussurrou asperamente. — Eu vou me sentar


durante toda a reunião perguntando se Ally realmente vai cozinhar nua,
meu pau está tão duro que não serei capaz de me concentrar.
Levantou-se da cadeira e ajeitou a gravata. Ele tinha advertido Ally
que iria fazê-la pagar por provocá-lo. O problema era que cada vez que ela o
tocava ele ficava perdido. Caminhando para fora do escritório e em direção a
sua reunião, ele sorriu, pensando em uma solução que pudesse resolver o
problema.

171
Página
Capítulo 12
Ally entrou em seu quarto, ainda úmida e completamente nua depois
do banho, gritando quando a porta do quarto que estava fechada abriu com
força atrás dela. Alívio inundou seu corpo quando ela viu Travis em pé na
sua frente, ainda vestido com seu traje de escritório.

Teve necessidade de respirar profundamente por causa do susto que


ele lhe deu, aparecendo do nada, ela corou enquanto seus olhos percorriam
se corpo com uma expressão feroz e faminta.

— Você chegou cedo, — ela suspirou, ainda sem estar completamente


confortável em pé, nua, na frente de Travis. Era quase cinco horas, e ela não
esperava que ele chegasse tão cedo. Ela deu a ele uma chave da casa, mas
ele normalmente não a usava.

— Fiquei com muita fome para o meu aperitivo, — ele respondeu com
a voz rouca. — E eu não podia esperar. Encontrar você assim, neste
momento, é extremamente conveniente.

Ally estremeceu quando olhou em seus olhos. Ele parecia diferente


esta noite, quase perigoso. Não que ela tivesse medo dele, seu corpo reagia
ao seu ardor, seu olhar de propriedade.

— É? — Ela respondeu inocentemente. Parecia que quanto mais


172

desesperadamente Travis a queria, mais quente ela se tornava.


Página

— Muito, — respondeu ele casualmente enquanto tirava o paletó de


seu terno. — Você sabe o que é ficar sentado durante uma reunião enquanto
eu a visualizava nua o tempo todo? Eu não consegui produzir nada. E eu
avisei que você pagaria por sua provocação.

Ele avisou. E não havia nada que Ally quisesse mais do que sua
vingança.

— Sinto muito, — ela respondeu sem sinceridade, porque realmente


não estava muito triste com isso.

— Não se mova! — Travis ordenou com voz baixa e exigente. — Essa


reunião foi muito desconfortável, Ally. E sei que o que normalmente faria é
fodê-la sem sentido, mas não vou fazer isso agora.

Ally foi inundada com decepção, seguida por curiosidade. Ela


observou-o com cautela enquanto ele lentamente tirou a gravata preta.

— Então me deixe pegar um robe...

— Não. — Travis se moveu, não parando até que estava bem na frente
dela. — Acho que não. Prometi que te faria pagar. O problema é que toda vez
que você me toca, eu não consigo pensar direito e acabo transando com você
duro e rápido. Você gosta disso?

Ally olhou para ele, confusa.

— Você sabe que sim, — ela respondeu calmamente.

— Mas eu realmente nunca tive a chance de explorar você, descobrir


exatamente do que você gosta. — Ele se moveu atrás dela, e antes que Ally 173
percebesse o que ele tinha em mente, ele apertou o laço em torno de seus
pulsos. — A única maneira que eu posso pensar em não perder o controle é
Página

mantê-la sem poder me tocar, — disse suavemente.

Ally puxou as mãos. Elas estavam unidas em suas costas, não


apertadas o suficiente para machucar, mas confortável o suficiente para que
ela não pudesse movê-las.

— Travis, o que você está fazendo?

— Fazendo você pagar primeiro. E, em seguida, descobrir o que você


realmente gosta. Explorando você. Explorando o seu prazer.

Ally sentiu um momento de pânico quando sua visão ficou escura, e


ela podia sentir Travis amarrando algo na parte de trás de sua cabeça.

— Eu não posso ver. — O desamparo era ao mesmo tempo


desconcertante e excitante.

Os braços de Travis foram ao redor da cintura dela, puxando-a contra


ele.

— Você confia em mim, Ally? — Suas mãos percorriam de barriga até


seus seios. — Você não precisa ver. Você só precisa sentir.

Ela relaxou contra Travis, a sensação de seu corpo vestido em suas


costas fazendo-a querer ele nu agora.

— Eu confio em você.

Ele beliscou seus seios, fazendo seus mamilos ficarem duros e


dolorosamente sensíveis. Sua boca explorou seu pescoço, beliscando a pele e
acariciando-a com a língua. Sua vagina inundou e ela se contorcia
desconfortavelmente com um gemido impotente. Ela estava completamente à 174
mercê de Travis, e essa sensação a excitava mais do que ela jamais imaginou
ser possível.
Página

— Você sabe que no momento que saí daquela reunião, tive que me
masturbar e fiquei pensando em como iria me vingar? — Perguntou-lhe em
um sussurro rouco, seu hálito quente acariciando seu ouvido.

Ally tremeu com o pensamento de Travis masturbando-se ao pensar


em sua tortura erótica.

— Eu gostaria de poder ter visto, — ela admitiu em uma voz ofegante,


sua falta de visão tornando-a mais ousada.

Travis tirou os braços de sua cintura e colocou uma mão em seu


pescoço, inclinando seu corpo.

— Isso me fez querer fazer isso. — Ele moveu as mãos amarradas para
o lado com uma mão e acariciou seu traseiro com a outra.

Tapa!

Sua mão se conectou com a carne da bunda dela, sacudindo-a. Ela


estava esperando que ele fosse levá-la por trás, e ela estava mais do que
pronta. Mas a picada de sua mão em sua bunda enviou um choque de
energia elétrica através de seu corpo inteiro.

Tapa!

Ele deu o segundo tapa antes de Ally sair do seu torpor erótico e
perceber que ele estava, na verdade, espancando-a.

— Você vai jogar de agora em diante? — Travis perguntou em voz


controlada. Caralho! Sua bunda formigava, mas ele não estava batendo com 175
força suficiente para realmente machucar. Era apenas uma dor erótica. Seu
domínio e controle eram excitantes, sedutor.
Página

— Não, — ela respondeu com ousadia, querendo mais.

Tapa. Tapa. Tapa.


Toda vez que a mão conectava com sua bunda, ela soltava um
ofegante gemido de desejo. Doce Jesus, ela estava impotente, e sentia que
por Travis estar no controle total de seu corpo, estava prestes a gozar, e ele
mal a tinha tocado.

— Por favor — ela murmurou desesperada para que ele a possuísse.

Ele acariciou seu traseiro, e depois entre as coxas.

— Eu acho que você gosta de ser impertinente. Cristo! Você está


molhada. Diga-me o que você gosta Ally. O que realmente te excita?

Qualquer coisa com Travis, tudo com Travis.

— Você. Tudo que você faz. — Ele estava brincando com o dedo em seu
clitóris, deslizando facilmente porque ela estava muito excitada. — Está tudo
maravilhoso. Você é o primeiro homem que me fez gozar. O primeiro homem
que já colocou sua boca em mim. Tudo que você faz me deixa louca.

Ele colocou um braço em volta dos ombros para estabilizá-la.

— Isso é realmente verdade? — Ele parecia irritado e atônito.

— Sim. Meu ex foi meu primeiro e único antes de você, e ele nunca me
provou, nunca me fez chegar ao clímax.

Talvez fosse porque ela não podia ver seu rosto, ou porque todo o seu
corpo tremia de desejo, mas ela sentiu como se pudesse dizer-lhe qualquer 176
coisa, tudo.
Página

— Gosto de ser o primeiro. — Seu dedo aumentou a sua pressão sobre


o feixe de nervos que ele estava brincando, sua outra mão deslizou por suas
costas e para baixo na curva de seu traseiro. — Você gosta disso, de ficar
impotente, confiando em mim com o seu prazer?

— Sim, — ela respondeu com um grunhido gutural.

A mão na bunda dela se moveu entre suas pernas, molhando os dedos


em sua vagina úmida e voltando-se sensualmente para a área entre as
bochechas de seu traseiro, lubrificando a área antes de passar suavemente o
dedo indicador em seu ânus.

O corpo de Ally ficou tenso, em conflito entre o prazer que ele estava
dando a ela acariciando seu clitóris, e a apreensão de uma sensação
proibida que nunca experimentou.

— Relaxe, querida. Eu não vou te machucar. Estou apenas te


explorando, — Travis sussurrou, puxando o dedo e depois o colocando com
cuidado. — Dói?

Não doía, e Ally deixou-se relaxar, começando a desfrutar do suave


movimento dentro e fora. Ela quase gemeu em decepção quando ele tirou a
mão de sua vagina. Mas quase imediatamente, sua boca tomou o lugar de
seus dedos, e Ally sabia que ele devia ter caído de joelhos.

Sua cabeça começou a girar enquanto ele continuava a deslizar o dedo


dentro e fora de seu traseiro, enquanto sua boca e língua devoravam sua
vagina.

— Oh Deus. Travis. Por favor. Eu não acho que posso aguentar mais. 177
— Ela estava ofegante, tentando recuperar o fôlego enquanto seu clímax era
construído, pela língua e boca de Travis que estavam deixando-a louca. Seu
Página

aprisionamento erótico fez sua excitação mais nítida, quaisquer inibições


que ela tinha desapareceram completamente. Havia apenas o prazer lavando
seu corpo como uma cachoeira, devastando-a até que ela já não tinha um
pensamento coerente.

Seu clímax rasgou através de seu corpo no momento que Travis


enterrou dois de seus dedos em seu canal vazio, seu corpo tão cheio dele que
ela implodiu. Seu canal apertou em torno de seus dedos, e Ally jogou a
cabeça para trás e gemeu.

— Travis, Travis, Travis.

Ele estava lá para pegá-la antes que ela caísse no chão, pois suas
pernas estavam muito fracas para permanecer de pé. Travis levou-a, ainda
tremendo na sequência do seu orgasmo, até a cama e colocou-a no meio
dela. Ela ouviu o farfalhar de suas roupas enquanto ela ofegava, tentando
recuperar o fôlego.

Ela soltou um suspiro audível quando sentiu seu corpo nu descer


sobre o dela, a sensação de sua pele aquecida fazendo-a gemer debilmente.
Ela sentiu os laços em suas mãos serem soltos, só para ser preso novamente
sobre sua cabeça e, obviamente, amarrado a cabeceira da cama.

— Por favor. Eu preciso te tocar Travis. — Ela queria envolver os


braços ao redor de seu corpo quente, absorver a sua essência.

— Não desta vez. Você está linda assim, Ally. Eu só quero que você
sinta. Quero que isso dure, — ele rugiu. — Você pode ser a única amarrada,
mas eu estou tão impotente como você. Eu quero que você precise de mim
tanto quanto eu preciso de você.
178

O coração de Ally disparou, espantado de que ele simplesmente não


Página

entendesse que ela precisava dele tanto quanto ele precisava dela.

— Eu preciso.
— Diga-me o que você quer, — ele perguntou, envolvendo suas pernas
em volta da cintura.

— Eu quero que você me foda. Por favor. Eu preciso de você.

Travis soltou um rosnado baixo de satisfação e provocou seu clitóris


com a cabeça sedosa de seu pênis duro. Ele revirou os mamilos entre os
dedos, brincando com eles.

— Você é minha, Ally. Diga-me, você é minha.

— Eu sou toda sua Travis. E você é meu. — Ally sentiu os mesmos


instintos possessivos crescendo dentro dela, a necessidade dele pertencer a
ela tanto quanto ela pertencia a ele. — Eu quero que você seja meu. E eu
quero que você jamais toque outra mulher, — ela disse-lhe ferozmente,
levantando seus quadris para cima, implorando-lhe com o seu corpo para
levá-la. — Agora me foda.

— Porra, eu adoro quando você diz isso, — ele murmurou.

Ally nunca teve a chance de perguntar a ele qual a parte que ele
gostava. Ele empalou rapidamente, seu pau afundando profundamente
dentro dela, enchendo-a.

— Sim, — ela sibilou. — Foda-me, Travis. Eu sinto que vou morrer se


você não o fizer.

Ela continuou a balbuciar incentivos, qualquer coisa para tentar fazê-


179
lo entender que ela tinha as mesmas necessidades ferozes, carnais que ele.
Página

Travis agarrou seus quadris, começando com duros golpes, profundos


de seu pênis, e cada vez que a preenchia ele falava:

— Minha. — Ally estava frenética, seu desespero por sentir Travis


deixando-a mais louca. Ela colocou as mãos atadas em torno do laço e
puxou, sentindo que as ripas baratas da cabeceira da cama cederem. Com
suas mãos ainda unidas, ela se inclinou para cima e colocou-as em torno do
pescoço de Travis, trazendo-o para baixo em cima dela, seus lábios em busca
de sua boca.

— Beije-me, — ela ofegava, sua paciência chegando ao fim.

— Caralho! Eu não aguento mais. Toque-me! — Travis exclamou


irritado, seus lábios caindo em cima dela e seu pênis começando a golpear
dentro dela enquanto se uniam.

Ally saboreou a sensação de seu corpo sobre o dela, sua língua


exigindo, invadindo sua boca. Isto é o que ela precisava, estava exigindo, sua
fervorosa paixão estava prestes a fazê-la gozar muito. Apertando suas pernas
ao redor de seus quadris, ela exigiu mais, encontrando Travis a cada
impulso com uma urgência própria.

Ela detonou, desmoronando quando puxou sua boca da dele, gritando


seu nome quando gozou, cravando suas unhas em seus ombros enquanto
seu corpo pulsava.

— Oh, porra, sim. Marque-me. — Travis disse quando sua libertação


quente a inundou profundamente.

Ele arrancou a venda de seus olhos, e jogou-a no chão, observando-a


estremecer no rescaldo do seu clímax.
180

Ele rolou para o lado dela, e rapidamente desamarrou suas mãos. Ally
Página

colocou os braços em torno dele, encostando-se contra o calor de seu corpo.


Por mais erótico que foi ser amarrada e vendada, sentiu falta de ser capaz de
tocá-lo.
Eles prenderam a respiração com suas pernas entrelaçadas, seus
corpos úmidos de suor. Quando Ally finalmente foi capaz de se mover, ela
olhou para a cabeceira.

— Eu a quebrei, — disse ela, mortificada.

Travis olhou para cima e seu rosto abriu um sorriso largo.

— Vou comprar outra. Isso é bom para o meu ego. Suponho que isso é
outra primeira vez?

— Definitivamente, — ela concordou com um suspiro. — Eu acho que


toda mulher deve se sentir bem para conseguir quebrar uma cabeceira pelo
menos uma vez em sua vida.

Travis a beijou suavemente na testa.

— Querida, você pode quebrar quantas cabeceiras quiser. Eu não vou


reclamar.

E então, para surpresa de Ally, na verdade ele riu, e era um som tão
contagioso e raro, que ela encontrou-se rindo com ele, ambos gargalhando
até que eles estavam sem fôlego novamente.

Quando eles finalmente chegaram à cozinha, o jantar de Ally era


patético, mas Travis jurava que era a melhor refeição que já havia comido.
Ally sabia que ele estava mentindo, mas foi a mentira mais doce que já
ouviu.
181
Página

Mais tarde naquela noite, Ally foi acordada de um sono exausto


quando sentiu Travis de repente sentar-se em um movimento tão rápido
que fez seu corpo sacudir tão forte que sua cabeça, que estava em seu
ombro, caiu no travesseiro. Sentando rapidamente, ela podia ouvir sua
respiração irregular e havia luar apenas o suficiente para ela poder
distinguir seu rosto.

— Travis? — Ela disse suavemente, querendo saber se ele estava


bem. — O que aconteceu? — Ela acariciou o cabelo úmido em sua testa,
sua preocupação transparecendo em sua voz.

Ele gemeu e bateu as palmas das mãos sobre o rosto.

— Algo está errado com Kade. — Saindo da cama, ele rapidamente se


vestiu, abotoando a camisa amarrotada quando falou. — Eu tenho que ir.

Ele pegou o telefone do bolso de sua calça, atravessou o quarto para


ligar o abajur. Ele clicou um botão em seu telefone, falando imediatamente,

— Que porra aconteceu? — Ally sabia que ele estava falando com
Kade. Olhando para o relógio, ela percebeu que era quase duas horas da
manhã, mas Kade tinha, obviamente, respondido quase que imediatamente.

— Por que você não me ligou? — Perguntou Travis, passando a mão


pelo cabelo já amarrotado. — Eu estou indo. Houve uma pausa enquanto ele
ouvia antes de acrescentar: — Não importa. Estou indo. — Ele desligou e
guardou o telefone de volta no bolso.

— O que aconteceu? — Ally podia ver a expressão torturada de Travis 182


agora que ele acendeu a luz, e isso amargurou seu coração.
Página

— Asha caiu da escada em sua casa mais cedo hoje. Kade disse que
ela e o bebê estão bem. Mas eles estão mantendo-a durante a noite no
hospital em observação. — Sua voz era irregular e quebrada. — Eu vou para
lá no caso dele precisar de alguma coisa.

— Eu vou com você. — Ally saltou para fora da cama, sua


preocupação com Travis, Kade, e Asha fez com que saísse imediatamente da
cama.

— Não. Não. — A expressão de Travis era implacável. — Ela está bem.


Eu só preciso ficar lá caso Kade precise de algo.

— Como você sabia? — Ally perguntou curiosamente. Travis queria


estar lá para Kade, mas Ally queria estar lá para Travis. Ele parecia
devastado.

— Eu gostaria de ter ficado sabendo antes, — Travis rosnou. — Tudo


começou com os meus pais... — Sua voz definhou, e ele hesitou.

Ally foi ao lado dele e colocou uma mão reconfortante em seu braço.

— Com seus pais? — Os olhos de Travis ficaram escuros e frios


enquanto dizia em um tom gelado. — Eu os matei. — Ele deu de ombros,
tirou a mão de seu braço, pegou o paletó e saiu do quarto sem dizer mais
nada.

Ally ficou ali por um momento, todo o corpo tremendo. Ela ouviu a
porta bater no andar de baixo quando Travis saiu, e ela ficou lá por um
momento em choque quando ouviu sua Ferrari sair cantando pneus.

Correndo para fora do quarto, desceu as escadas, ela alcançou a porta


183
e abriu-a apenas a tempo de ver as luzes traseiras do carro deixando sua
Página

casa.

Ela fechou a porta e trancou-a, movendo-se mecanicamente para subir


as escadas e rastejando entre o lençol que ainda cheirava a sexo... E Travis.
Sua mente girou sobre o que tinha acontecido, e a dor que ela viu no
rosto de Travis. Como peças do quebra-cabeça se encaixando, ela escondeu
o rosto no travesseiro de Travis e chorou.

Ally não conseguiu dormir naquela noite, desesperadamente querendo


estar junto de Travis, mas sabendo que precisava de tempo e que o hospital
não era o lugar para um confronto. Quando ela finalmente recebeu a notícia
de Asha no dia seguinte, foi da própria Asha. Ela ligou para Ally, queixando-
se sobre o comportamento de Kade, e sobre o fato de que ele queria mudar o
seu quarto para o andar de baixo, para que ela não tivesse que subir as
escadas novamente. Toda vez que subia ou descia as escadas, Kade estava
bem atrás ou na frente dela, para impedi-la de cair. Ally sorriu enquanto
Asha continuava falando, obviamente descontente. Além de algumas dores
no corpo, Asha estava bem. Mas Kade estava atrás dela a cada minuto do
dia.

— Kade te ama, e acho que você o assustou. Você está grávida, Asha.
Dê-lhe tempo, — disse a Asha pacientemente.

— Eu sei. — Asha suspirou através da linha telefônica. — Ele vai


acalmar-se, eventualmente, quando me ver subir e descer as escadas com
segurança algumas vezes.

Ally riu, sabendo que Asha adorava Kade, e sua queixa era mais por
184
preocupação com Kade do que com sua própria inconveniência.
Página

Depois de desligar o telefone, Ally terminou de ler um dos livros sobre


filhos adultos de pais alcoólatras, incrédula sobre como ela tinha todos os
comportamentos negativos que pareciam se desenvolver em crianças que
crescem nesse ambiente. Ela estava lendo tudo o que podia para tentar
aprender mais sobre seu comportamento e como se libertar de sua
autoimagem negativa.

— E então eu saí e peguei o pior homem que poderia ter escolhido


como parceiro, — ela murmurou infeliz para si mesma.

Estranhamente, ela sentiu como se já tivesse começado a quebrar


alguns de seus maus hábitos, recusando-se a acreditar nas vozes negativas
em sua cabeça, e ela iria trabalhar sobre o resto. Ou talvez não fosse tão
estranho, uma vez que ela percebeu que Travis começou o processo, e a
ajudou a começar a desviar seus pensamentos, normalmente negativos,
sobre si mesma.

Ally desejava que Travis ligasse, mas talvez ele estivesse em casa
dormindo, embora ela duvidasse. O mais provável é que ele estava se
escondendo, fugindo. Era seu último dia de férias. Ela iria vê-lo no trabalho
amanhã.

Com esse pensamento gratificante, ela foi até seu computador para
escrever.

185
Página
Capítulo 13
Travis obviamente chegou ao andar superior, o silêncio habitual
caindo sobre os funcionários enquanto ele caminhava para o seu escritório.

Ally fez a sua contagem regressiva de costume:

— Cinco...

— Quatro...

— Três...

— Dois...

— Um...

Travis atravessou as portas exatamente no tempo, mas ele não disse


uma palavra. Ele lançou um olhar de esguelha para ela, fez uma careta e
entrou em seu escritório sem dizer uma droga de palavra para ela.

De alguma forma, Ally já esperava essa reação. Ela ficou de pé,


alisando seu vestido e suéter de cashmere cor creme, amando a sensação do
material sob seus dedos. Era perfeitamente profissional, com um cinto na
cintura e a saia caia confortavelmente em seus quadris. Mas era um pouco
mais curta do que o seu estilo normal, a bainha ficava um pouco acima dos 186
joelhos, e o material agarrava-se às suas curvas. O sapato de salto era
Página

simples, mas elegante, e ela adorou a roupa toda. Só tentou não se encolher
quando imaginou que o conjunto devia, provavelmente, custar muito caro.

Ela balançou a cabeça enquanto ia até a cozinha e pegava uma caneca


de café. Travis nunca iria deixá-la devolver qualquer roupa que ele comprou
para que ela usasse.

Sem se preocupar em bater, Ally abriu a porta do escritório de Travis,


trancou-a silenciosamente atrás dela, e colocou a caneca sobre a mesa.

— Seu café, Sr. Harrison.

Seus olhos nunca deixaram a tela do computador.

— Tudo bem, — ele resmungou.

Ela estava certa. Travis estava se escondendo, e fazendo um péssimo


trabalho. A consciência que um tinha do outro dava para sentir pela
eletricidade no ar. Tempo para medidas mais drásticas.

— Você deixou algo na minha casa, — ela disse a ele em voz baixa,
sensual.

Ele olhou para cima, seus olhos escurecendo quando viu a gravata
preta pendurada em seus dedos. Inclinando-se para frente, ele tentou
alcançá-la com uma carranca, mas Ally afastou-a de seu alcance. Movendo-
se em torno da mesa, ela se posicionou atrás de sua cadeira.

— Eu não penso assim, Travis. — Ela puxou os ombros dele contra o


encosto da cadeira e passou a gravata em volta dele, prendendo-o e fazendo
um nó apertado que restringia seu corpo na altura dos cotovelos.

Ele poderia facilmente ter lutado, mas apenas ficou lá atônito 187
enquanto ela se moveu para sua frente e ronronou.
Página

— Acho que desde que lhe dei seu aperitivo, você pode me pagar
dando-me o café da manhã. — Ela inclinou-se para baixo antes que ele
pudesse dizer uma palavra, passou os dedos pelos cabelos e beijou-o,
agarrando-o com firmeza. Ele respondeu imediatamente, sua língua duelou
com a dela quando ela o beijou profundamente, languidamente, removeu as
mãos de seu cabelo e começou a desabotoar a camisa imaculada, tirando-a
de dentro da calça e abrindo todos os botões enquanto ainda o beijava. Ela
abriu todos os botões, exceto o que estava restrito por sua gravata, ela parou
de beijá-lo e se endireitou. Colocando um pé que estava calçado com sapato
de salto alto entre suas pernas, deu um forte empurrão na cadeira, e ele
rolou para trás apenas o suficiente para permitir que ela ficasse de joelhos.

Uma coisa que sempre a incomodava era o fato de que Travis nunca a
deixava tocá-lo desta forma, muito preocupado em perder o controle antes
que ele a satisfizesse.

Ele não sabia que ela precisava tocá-lo tanto quanto ele precisava
tocá-la?

— Ally, que porra você está fazendo? — A voz de Travis estava rouca e
demonstrava um profundo excitamento.

— Estou... Explorando, — disse ela, retribuindo as próprias palavras


dele. — Eu quero saber do que você gosta. Diga-me o que você gosta. — Ela
afastou a camisa e passou a língua sobre a majestosa Fênix em seu peito.
Ele disse a ela por que e como ele tinha conseguido isso, que simbolizou sua
dedicação para enfrentar a tempestade da controvérsia após a morte de seus
pais. — Você é tão forte, Travis.

Ela mordeu um de seus mamilos e depois acalmou-o com a língua. 188


Seu corpo ficou tenso, mas ele não se moveu, não lutou. Ela repetiu a ação
sobre o outro, e depois arrastou a língua para baixo de seu abdômen,
Página

gemendo com a sensação de sua pele enquanto seus dedos percorreram o


mesmo caminho. Seus dedos ágeis desfizeram seu cinto, abriram o botão da
calça e abaixaram o zíper. Ela puxou sua cueca boxer preta, liberando seu
pênis, que parecia que estava se contorcendo ansiosamente e totalmente
ereto. Ela colocou os dedos em torno do membro inchado e suspirou quando
olhou para ele, com a cabeça inclinada para trás, os músculos de seu
pescoço esticado pelo esforço.

— Deus, você é o homem mais quente que eu já vi. E você é meu,


Travis. — Ela apertou seu pau levemente. — Isso é meu. — Já tinha
descoberto que ele gostava que ela o reivindicasse.

— Caralho, Ally. Se você não parar de me tocar, eu vou explodir, —


Travis murmurou sua cabeça baixando para olhar para ela.

Seus olhos se encontraram no choque de vontades, mas Ally estava


determinada a vencer desta vez.

— Essa é a ideia, garotão. — Ela lambeu os lábios avidamente. — Eu


quero o meu café da manhã. E eu quero te provar até que você perca a sua
mente.

— Já perdi, — respondeu sombriamente.

— Ainda não. Mas você vai perder. Eu queria fazer isso desde a
primeira vez que você me beijou. É uma das minhas fantasias. E eu estou no
comando agora. — Ela sabia que realmente não era verdade, ele estava
deixando-a fazer isso, mas isso não importava.

— Minha fantasia, também, — Travis rosnou. 189


Ally queria perguntar por que ele nunca iria deixá-la fazer isso, mas já
Página

sabia a resposta. Travis era totalmente altruísta quando lhe dava prazer. O
que ele não sabia era que a agradava lhe dar esse mesmo êxtase.

Abaixando a boca para ele, Ally girou sua língua sobre a cabeça
sensível de seu pênis, lambendo uma gota de umidade salgada que estava
na ponta, sugando-a.

— Você vai me matar, — Travis gemeu, enfiando as mãos nos cabelos


dela, fazendo que sua presilha caísse no chão.

Ela deixou a ponta do seu pênis sair de sua boca.

— Você gosta disso? — Ela perguntou inocentemente, imitando o que


ele tinha feito com ela algumas noites atrás.

— Porra, sim. Eu só não entendo nada disso, — ele ofegava.

— Você não precisa. Apenas sinta. — Ally colocou os lábios em torno


de seu pênis e levou-o profundamente em sua boca, deixando sua garganta
relaxar. Travis era grande, mas ela o levou até onde possivelmente poderia,
apertando os lábios em torno do eixo enquanto o deslizava para dentro e
para fora de sua boca.

— Cristo. Estou morrendo, — Travis grunhiu enquanto puxava seu


cabelo e bombeava seu quadril. Ally saboreava cada gemido que saiu da
boca de Travis enquanto gentilmente tocava suas bolas, tentando colocar
seu pênis ainda mais profundo em sua boca. Ela lentamente aumentou sua
velocidade, Travis se tornando mais exigente com seus quadris empurrando
para cima para encontrar sua boca.

Ally não parou quando ela inclinou os olhos para cima, observando 190
Travis enquanto a olhava, como se estivesse hipnotizado ao vê-la chupando-
o.
Página

— Porra. Porra. Porra. Vou gozar, Ally, — Travis disse a ela em um tom
gutural.
E ele gozou, seu pau derramou sua libertação quente na parte de trás
de sua garganta enquanto seu corpo tremia e ele gemia seu nome repetidas
vezes. Ally manteve a boca sobre ele, saboreando cada gota de seu prazer,
sua língua brincando com a cabeça de seu pênis até que ele caiu na cadeira,
obviamente satisfeito.

Ela gentilmente colocou-o de volta em sua cueca e arrumou sua


roupa. Seus olhos ainda estavam fechados quando ela se moveu para a parte
de trás da cadeira e tirou o nó na gravata.

— Por quê? — Travis perguntou em voz confusa.

— Porque eu queria, — ela respondeu docemente. Ela se inclinou e


pegou o grampo de cabelo do chão.

— Porra. O que você está vestindo? — Travis explodiu.

Ally sorriu para ele.

— Um dos vestidos que você me comprou. Eu não tinha nenhuma


lingerie correspondente, então eu comprei. Ela sabia que ele tinha visto sua
calcinha sensual e a parte superior de sua liga. Ela fez isso de propósito.
Levantando a bainha do vestido, ela lhe deu a chance de dar uma olhada no
conjunto branco que usava. — Não é um doce? — Era bastante modesto,
branco com pequenos detalhes rosa.

Travis ficou boquiaberto com sua atitude quando ela baixou a bainha 191
do vestido e arrumou o cabelo em um pequeno espelho decorativo na parede.
Página

Dirigindo-se para a porta, ela jogou a gravata e os reflexos rápidos de


Travis, pegou-a no ar.

— Para a próxima vez que eu ficar impertinente. — Ela destrancou e


abriu a porta, e olhando para ele disse. — Aproveite seu café, Sr. Harrison.
Mas só para constar, eu ainda não estou trazendo-lhe seu café todos os dias.
Hoje foi especial.

Ela saiu do escritório, fechando a porta silenciosamente. Seu coração


ainda estava batendo, joelhos fracos, sabendo que o que ela acabou de fazer
tinha sido um risco. Mas ela já tinha decidido que uma vida sem algum risco
não valia a pena viver. Com o risco veio à esperança. E ela iria manter suas
esperanças vivas por Travis até que toda a sua crença nele sumisse, até que
não houvesse nenhuma chance para eles. Ele valia a pena. Ele viveu na
escuridão por muito tempo, e precisava derrotar seus demônios ou deixá-los
destruir sua vida. Ele estava lá quando ela precisou de alguém para
acreditar nela, e ela queria fazer o mesmo por ele. Porque, a verdade era que
ela confiava nele mais do que qualquer outra pessoa na Terra. Agora, ele só
precisava confiar em si mesmo.

Ally foi ao banheiro e limpou-se antes de retornar à sua mesa.

Ela olhou para a porta do escritório de Travis por um longo tempo


antes de voltar ao trabalho.

Travis sentou totalmente imóvel por um longo tempo, atordoado


quando olhou para a porta, onde Ally saiu.
192
O café estava morno, mas ele tomou-o de qualquer maneira, tentando
descobrir se o que aconteceu era realmente verdade ou se era apenas uma
Página

fantasia muito vívida que tinha evocado por causa de sua necessidade de
Ally.
Por que ela não está correndo de mim?

Seu primeiro choque veio quando descobriu que Ally estava no


escritório hoje. Ele não esperava que ela viesse. Não depois do que disse na
noite em que a havia deixado e ido ao hospital. Será que ela estava tão
cansada que não havia conseguido entender o que ele lhe disse? Ele poderia
facilmente ter parado o que aconteceu esta manhã, mas não quis, e não foi
sequer capaz de convencer sua mente de que não estava experimentado
algum tipo de fantasia surreal. Ele tocou a gravata em sua mesa, prova de
que ela esteve realmente aqui. Parte dele queria apenas ver o que
aconteceria agora, não ter que enfrentar qualquer realidade. Caralho... A
realidade os engoliria. Preferia preservar o sonho. Mas seu relacionamento
com Ally nunca iria progredir até ele enfrentá-la, descobrir o que estava
acontecendo naquele cérebro complicado dela.

Ele apertou o botão do intercomunicador.

— Alison, preciso de você. — Quando ele soltou o botão, admitiu para


si mesmo que palavras mais verdadeiras que essa nunca foram ditas.

Esperou ela entrar em seu escritório, seu pênis endureceu na hora


quando a viu novamente naquele vestido de aparência inocente, mas que na
realidade era um dispositivo de tortura para pau. Ele abraçava o corpo dela
em todos os lugares certos, e caramba... Era muito curto. Seria realmente
uma das roupas que comprou para ela? Odiava isso. Não... Ele realmente
adorou, mas não queria que outro homem visse seu corpo bem torneado pelo
193

vestido. E ele com certeza não queria que ninguém mais visse o que ela
Página

estava usando por baixo. A lingerie era branca, pelo amor de Cristo. Mas
Travis acabou de decidir que lingerie branca com detalhes rosa era a coisa
mais quente que já tinha visto. Talvez isso estivesse falando com seu homem
das cavernas: a cor virginal doce fazendo-o querer arrastar Ally e corrompê-
la o mais rapidamente possível.

Ally sentou-se na frente de sua mesa, com uma xícara de café na mão.
Arrumou seu cabelo, e se portou como uma assistente extremamente
comportada. Porra... Isso o deixava louco.

— Você me queria Sr. Harrison? — Ela perguntou educadamente.

Sim. Ele a queria muito. Mas ninguém jamais saberia que a mulher
sentada na frente dele há alguns minutos tinha sido uma deusa sexual que
ficou de joelhos chupando seu pau até sua cabeça quase explodir. Ele
limpou a garganta e perguntou:

— O que aconteceu aqui esta manhã, Alison?

— Eu já te disse que odeio o nome Alison? Minha mãe costumava me


chamar assim, e eu não gosto de ser chamada por esse nome, e é por isso
que eu prefiro que as pessoas me chamem de Ally, — ela respondeu com voz
calma. — E quanto ao que aconteceu, acredito que você entrou no escritório
sem dizer uma palavra. Em seguida, trouxe seu café... Quase nunca faço
isso. Então amarrei meu obstinado chefe bilionário à sua cadeira e comecei a
dar-lhe um boquete até que ele teve um orgasmo. Acho que fiz algo que eu
queria fazer a muito tempo, realizando minhas fantasias de tocar-lhe do jeito
que realmente queria. Fiz isso certo? — Ela perguntou. — Oh, então lhe
devolvi a gravata que você deixou em minha casa após usá-la para me dar
orgasmos múltiplos, — acrescentou casualmente e tomou um gole de café, 194
levantando uma sobrancelha em questionamento para ele. Travis quase
engasgou com o último gole de seu café.
Página

— Que porra deu em você? — Perguntou Travis, contorcendo-se em


sua cadeira por ouvir Ally falar sem rodeios o que houve esta manhã.
— Não deu nada em mim. Eu dei-lhe um boquete, mas você não deu
nada para mim.

Caralho! Ela estava tentando deixá-lo louco. Ele sabia que estava.

— Eu nunca vou chamá-la pelo seu nome completo novamente se você


odeia isso. Você deveria ter me dito. — Ele fez uma pausa antes de
perguntar: — Você se lembra do que eu disse quando saí para ajudar Kade?
Você ouviu o que eu disse?

— Eu ouvi, — ela afirmou.

— Por que você ainda está aqui?

— Por que não estaria? Eu trabalho aqui. — Ela colocou sua xícara na
mesa e colocou as mãos sobre a superfície de madeira levantando-se e
dando-lhe um olhar obstinado. — Suponho que o que você quis dizer é que
naquela noite você teve um sonho premonitório com seus pais, e ignorou,
pensando que era apenas um pesadelo. Portanto, se culpa, pois você não
pôde parar o que aconteceu. Você não matou seus pais, Travis. Seu pai
matou sua mãe e depois se suicidou. Ele estava mentalmente doente. É hora
de você parar de se torturar, porque você não sabia que o sonho iria
realmente se tornar realidade. Não foi culpa sua.

Travis ficou boquiaberta com Ally, sua ferocidade atordoando-o. Seu


olhar era selvagem e feroz, e extremamente protetor. E toda essa proteção
estava centrada nele.
195

— Foi a primeira vez que isso aconteceu, — admitiu. — Eu me odeio


Página

por não salvar minha mãe. Se eu tivesse prestado atenção...

— Você. Não. Sabia. — Ally enfatizou cada palavra. — Quando


aconteceu de novo depois disso?

Travis olhou para ela, surpreso.

— Isso não acontece com muita frequência. E às vezes ainda não


acredito nisso, mas tomo iniciativa quando sonho com alguém que morre ou
fica ferido. Premonição não é aceita na ciência convencional, por assim dizer,
não é suposto acontecer. Não há nenhuma prova de que ela exista.

— E não há nenhuma prova de que isso não aconteça, — Ally disparou


de volta para ele.

— Você acredita nisso?

Ally sentou-se lentamente em sua cadeira.

— Você me disse uma vez que eu era pragmática na superfície e uma


sonhadora por dentro. Eu escrevo fantasias porque acredito que tudo é
possível, que ainda há tantas coisas neste mundo que não podemos
explicar. Então eu tento não desacreditar de tudo. Não, eu não acredito em
um monte de coisas. Coisas como premonição não podem ser provadas ou
refutadas. — Ela suspirou e deu-lhe um olhar sério. — Mas posso te dizer
que eu absolutamente acredito em você. Diga-me sobre isso, Travis. Por
favor.

A compreensão de Ally, seu olhar compassivo fez Travis esmorecer. Ele


enterrou o rosto nas mãos e falou. 196
— Como eu disse, isso realmente não acontece muitas vezes. Você está
Página

certa sobre o que aconteceu com meus pais. Olhando para trás, não é difícil
não lamentar que não prestei atenção, mas eu pensei que era apenas um
pesadelo. Então comecei a ter sonhos recorrentes com Mia. A primeira vez
sonhei que estava sendo abusada. Ela ainda estava na escola, e eu voei lá
apenas para tranquilizar-me de que ela estava bem. Mas os sonhos estavam
recorrentes. Ela estava com um namorado abusivo, o mesmo idiota que
tentou feri-la uma vez quando ele saiu da prisão depois que eu o coloquei lá
por abusar dela. Ela era casada com Max quando ele saiu da prisão e foi
atrás dela pela segunda vez, e tive um sonho que ela estava fugindo, Max e
Kade encontraram-na, e seu ex matou todos eles.

— Então foi por isso que você a escondeu e não disse a Kade e Max? E
você a salvou do namorado abusivo quando ela estava na escola. Seus
sonhos realmente a salvaram duas vezes, — Ally disse sem fôlego. — Isso é
incrível.

— Eu nunca soube que o acidente de Kade ia acontecer. Desejava ter


podido saber. Mas a noite que te acordei, tinha acabado de ter um sonho
que ele estava em uma sala de espera do hospital, perturbado. Eu sabia que
algo estava errado, mas eu não sabia o que tinha acontecido. Infelizmente,
não foi um aviso. Os sonhos só acontecem, e às vezes não dá tempo de evitar
qualquer coisa. Eu tinha um sonho vago sobre Asha, que seu ex-marido
tentava matá-la. É por isso que perguntei a Tate se queria ficar perto dela
enquanto sua perna quebrada estava curando. Eu tive o mesmo sonho vago
novamente na noite anterior que ela foi atacada por seu ex-marido.

— E Tate salvou sua vida, — Ally terminou, tendo já ouvi essa história
de Asha.

— Sim, — Travis admitiu.


197

— Então, sua família sabe?


Página

— Não, — Travis respondeu irritado. — O que vou dizer a eles, Ally?


Eles vão pensar que sou tão louco quanto o meu pai.
— Não, eles não vão, — Ally respondeu com a voz enfurecida. — Eles
nunca pensariam isso. Travis, você tem um dom, um presente que salvou
tanto a vida de Mia quanto a de Asha. Não há nada para se envergonhar.

Ele olhou para ela em dúvida.

— Meu pai tinha atestado de insanidade, Ally. E não é um dom. Eu


acho que é uma praga maldita. Não é previsível. Nem sempre ajuda...

— Tem ajudado. Eu compreendo a sua frustração por não ter controle


sobre isso. Mas ele salvou sua irmã e sua cunhada.

— Isso me faz diferente. Diferente de todos os outros. Sempre odiei, —


Travis rosnou. — Mas sim, uma vez que ajudou a Mia e Asha, prefiro tê-lo e
ser diferente do que ver qualquer um deles prejudicado.

— Isso faz você ser especial. E você permitiu que isso o separasse
especialmente de sua família, — Ally argumentou. — Eu não estou dizendo
que você tem que dizer ao mundo inteiro, mas as pessoas que se preocupam
com você vão entender. Eu acho que eles aceitariam melhor do que você
pensa.

Realmente? Travis pensou sobre o que ele imaginava ser a reação de


Ally, e ele estava totalmente errado. Seria possível que estava com tanto
medo, achando que as pessoas iriam pensar que ele era tão louco como seu
pai, será que ele estava exagerando?
198
— Eu vou pensar sobre isso, — ele resmungou.
Página

— Obrigada, — disse Ally, seu rosto iluminando-se num sorriso.

Travis sentiu como se tivesse acabado de receber um soco no


estômago. Queria dizer a Ally o quanto significava o fato de ela aceitá-lo
como ele era, mas não sabia como.

— Estou feliz que você não me deixou, — disse ele com voz rouca.

Não era exatamente o que queria dizer, mas queria dizer aquelas
palavras também. Realmente, ele estava mais do que feliz. Todo o seu mundo
desmoronou quando pensou que nunca iria vê-la novamente, que nunca
mais veria seu doce sorriso. Sua atitude impertinente esta manhã e suas
palavras deixaram-no fora de controle, ela estava realmente se tornando
uma chupadora de pau, e ele amava isso. Enquanto que o único pau que ela
chupasse fosse o dele. Ally estava começando a reconhecer sua própria
sexualidade, e ele achou essa ousadia erótica para caralho. O fato de que ela
não o rejeitou por causa de sua capacidade peculiar de premonição, e tinha
de fato aceitado isso facilmente, selou seu destino. Ela era sua para sempre.
Ela só não percebeu isso inteiramente.

— Vale a pena lutar por você, Travis, mesmo que isso fizesse testar
meus limites um pouco.

Ele odiava a vulnerabilidade em sua voz.

— Baby, não há fronteiras entre nós. Você pode cruzar todas as linhas
comigo a qualquer momento. Especialmente como você fez esta manhã, —
ele murmurou, tentando não lembrar, pois ficaria com um tesão
desenfreado.

— Quero que você confie em mim, — disse ela, um pouco tímida.


199

— Eu confio. É em mim que não confiava. Perdoe-me?


Página

Travis viu como ela fingiu contemplar suas palavras por um minuto,
um período de tempo que ele sequer respirou.
— Mmmm... Está bem. Mas isso pode custar alguma coisa de você. —
Ela lhe deu um sorriso sensual.

— Pode falar, — ele concordou com entusiasmo, finalmente, tomando


fôlego. Não havia nada que ele não estivesse preparado para dar para Ally.

Ela puxou um manuscrito encadernado que estava ao lado da cadeira


em que estava sentada.

— Leia o próximo livro e me dê sua opinião honesta. Eu tive tempo


para terminá-lo enquanto estava de férias. — Travis não tinha sequer
percebido que ela havia trazido algo junto com ela em sua sala,
provavelmente porque estava muito ocupado percebendo o dispositivo de
tortura de pau, que era seu vestido. Agarrou-o ansiosamente, animado que
ela tinha terminado o próximo livro.

— Isso não vai me custar nada querida. Isso será um prazer.

— Então posso pedir mais uma coisa? — Ela perguntou hesitante.

— Peça.

— Você vai me deixar tocar em você como fiz esta manhã, mais vezes
de agora em diante?

Travis quase gemeu em voz alta. Ally iria matá-lo, mas em um bom
sentido. Ele daria a ela tudo o que quisesse, e seu único pedido foi para ser
capaz de tocá-lo mais? Ele era um maldito bilionário, capaz de realizar
200
qualquer sonho, mas tudo o que ela parecia querer era... Ele.
Página

— Se você fizer isso, é melhor estar pronta para uma rapidinha, —


alertou ele perigosamente.

— Não há problema, — disse ela com um sorriso perverso — você se


recupera rapidamente.

Isso era verdade quando se tratava de Ally. Ele teve outra ereção em
menos de cinco minutos depois de ter transado com ela.

— Eu vou tentar, — ele resmungou.

Seu rosto se iluminou alegremente e Travis decidiu que iria deixá-la


fazer qualquer coisa que quisesse com ele, enquanto ela olhasse para ele
exatamente dessa forma para o resto de sua vida.

Ela pode ser a morte dele, mas ele morreria um homem muito feliz.

201
Página
Capítulo 14
A viagem para o Colorado no dia seguinte foi sem intercorrências, mas
para Ally, foi espetacular. Ela nunca viajou no jato particular de Travis, e o
luxo da aeronave era inacreditável para ela. É claro que Travis queria passar
a maior parte do seu tempo de voo mostrando-lhe o quarto, que ela
prontamente apreciou junto com ele.

Ela recostou-se no assento de couro da BMW que alugou para ele,


incapaz de encontrar-lhe a Ferrari que havia solicitado.

— Desculpe, mas você tem que ficar com a BMW, — disse a ele em tom
de brincadeira.

— Acho que vou ter que ser um cara normal, — ele respondeu com um
sorriso.

Ela riu, sabendo que Travis Harrison nunca seria apenas um homem
normal.

— Sim, apenas um homem protetor e amoroso, — ela concordou,


balançando a cabeça. — Com dois veículos de segurança nos seguindo desde
o minuto que saímos do jato de luxo.

— Rapazes de Tate, — disse Travis descontente, manobrando em meio 202


ao tráfego, quando deixaram os limites da cidade de Denver. — Você vai ficar
Página

bastante segura quando chegar a Rocky Springs.

— Eu? Não é a mim que eles estão protegendo, Travis.

— Claro que é. Essa é a única razão pela qual eu disse a Tate para
enviar mais de um veículo para nos proteger. Eu queria ficar sozinho no voo,
então deixei sua segurança no aeroporto na Florida, e disse a Tate para
enviar alguns de seus homens para o aeroporto aqui. Eu não me preocupo
muito com minha própria segurança. Preocupo-me com a sua.

— Eu nunca tive segurança antes. — Ela olhou para ele, intrigada.

— Querida, sua bela bunda está sendo vigiada desde que o seu ex
apareceu em sua casa. Você simplesmente não sabia disso.

— Por quê?

— Porque você é minha mulher, e se eu gosto ou não, eu sou um


homem de alto padrão. Eu quero me certificar de que você está segura. —
Ele atirou um olhar que significava não discuta comigo.

— Eu não sabia, — ela murmurou, não sabia como se sentia em


relação a ser vigiada o tempo todo, mas ficou emocionada por ele estar
pensando em sua segurança. — Tenho certeza de que não é necessário.

— É! — Travis respondeu asperamente. — Não discuta comigo sobre


isto, Ally. Eu quero que você fique segura.

Decidindo que ela podia lidar com a segurança porque era apenas
parte de quem Travis era, ela respondeu:

— Ok. — Ela observou a paisagem pela janela, maravilhada com os


altos picos das montanhas, no topo que ainda tinham neve. — Meu Deus.
203
Aqueles são carneiros selvagens? — Ela perguntou animadamente, olhando
Página

para o terreno rochoso ao lado da estrada.

— Sim, — respondeu Travis. — Você nunca viu um?

— Nunca, — Ally respondeu com entusiasmo. — Raramente tenho


saído da Flórida. — Ela remexeu em sua bolsa, pegou seu celular para tirar
uma foto.

— Não se preocupe, — Travis falou. — Você está muito longe. Você


verá uma abundância de vida selvagem aqui.

— Você sabe, isso é uma das coisas que estava realmente animada
quando comecei a trabalhar. Eu queria viajar, ver outros lugares. Fiquei
desapontada quando percebi que você nunca iria me levar. Mas acho que
tudo funcionou bem porque eu precisava do meu outro trabalho. — Ela
colocou o celular de volta em sua bolsa.

— Eu queria, — Travis respondeu com voz rouca. — Mas eu não podia


Ally. Não era possível. Eu queria transar com você. E tê-la tão perto de mim
teria me matado.

— É tão difícil de acreditar que você estava realmente atraído por mim
há tanto tempo. Travis há tantas mulheres que...

— Não importa. Eu não fodi outra mulher desde que te conheci. Eu


não queria nenhuma delas, — disse irritado.

Ally ficou boquiaberta.

— Você não teve relações sexuais em quatro anos?

— Não. Só eu e minhas fantasias sobre como fazer gozar a única


mulher que queria. Mas elas eram fantasias muito quentes, — disse ele em
204
tom de brincadeira, tentando aliviar a conversa.
Página

— Por que eu não percebi? — Ally murmurou para si mesma.

— Porque eu não queria que percebesse. Você estava noiva de outro


homem. Achei que você realmente tinha uma vida perfeita. Mas se eu
soubesse que ele era um idiota, que ele não estava fazendo você feliz, teria
começado a te conquistar, — ele respondeu irritado. — Eu teria feito tudo
em meu alcance para te levar longe dele.

Ally sentiu lágrimas nos olhos, o conhecimento de que Travis esteve lá


todo esse tempo, querendo-a, emocionou-a. Ela sabia o que sentia por ele
agora, e se ele sentiu até mesmo uma pequena parte do que sentia por ele,
deve ter sido difícil.

— Eu não estava feliz. Rick e eu não tínhamos sequer tentado fazer


sexo em dois anos. Ele dava desculpas, mas eu sabia...

— Não, Ally. Não pense assim, — Travis falou.

— Eu não ouço a voz dele mais, Travis. E sou realmente grata por ele
ter me feito deixá-lo. Não dói mais, — disse a ele honestamente.

— Que voz você ouve? — Ele perguntou em uma voz embargada de


emoção.

— Minha. — Ally olhou para o seu perfil, sua mandíbula apertada com
força. Ele, obviamente, ainda não podia suportar pensar sobre o seu ex. — E
às vezes ouço a sua. Especialmente as coisas impertinentes. — Ela viu
quando ele relaxou em seu assento, suavizando sua face.

— Eu queria matar o bastardo pelo que ele tinha feito. Ele teve sorte
por ter perdido seu emprego e sua mulher, se você ainda pode chamá-la 205
assim. Cristo! Ela tinha apenas dezoito anos, — Travis resmungou.
Página

— Como você sabe disso? — Ally perguntou um pouco atordoada que


Travis sabia sobre a outra mulher na vida de Rick.

— Porque filtrei a informação certa para o seu chefe demiti-lo, e então


subornei a mulher para deixá-lo. Ela era jovem, e deslumbrada pelo fato de
que um homem educado estava interessado nela. Ele a alimentou sobre
alguma besteira sobre você, e ela acreditava porque era jovem e sem noção.
Ela nunca soube a verdade sobre você. Ela ficou mortificada, Ally. Eu não
queria que ela destruísse sua vida com um imbecil. Ela era, também,
extremamente jovem. Eu paguei sua taxa de matrícula para ir para a
faculdade, desde que ela ficasse longe dele. Ela aceitou o negócio, e me disse
que nunca iria vê-lo novamente de qualquer maneira.

Ally olhou para Travis, por um momento, completamente fora de si.


Foi difícil para ela se sentir triste por Rick desde que ela trabalhou duro
durante anos por ele. Para que conseguisse outro emprego. Conseguiu, só
que um não tão prestigiado como conseguiu depois da faculdade. Mas o fato
de que Travis salvou uma jovem do comportamento manipulador de Rick
tocou-a.

— Eu sabia que ela era jovem, mas não tão jovem. Obrigada. Ele a
teria destruído. — Rick quase a destruiu, e ela era mais velha e mais sábia.
Ela podia imaginar o dano que ele poderia fazer para uma mulher tão jovem
e ingênua.

— Você não está chateada?

— Não. Rick vai arranjar outro emprego, mas ele pode ter que
trabalhar um pouco mais para isso. Eu não posso estar triste por este
motivo. Talvez ele vá ficar muito ocupado para ir atrás de mulheres. Mas o
206

que você fez para essa menina é incrível. Você é incrível, — ela respirou
Página

suavemente, sabendo que esta não era a primeira mulher jovem que ele
resgatou. Ele também ajudou duas jovens mulheres indianas a escapar de
um destino ruim quando estava ajudando Asha.
Travis deu de ombros, parecendo quase envergonhado.

— Eu pensei que era a coisa certa a fazer.

— Foi. — Ally concordou, com seu peito apertado quando olhou para
Travis. Ele tinha muita integridade, muita compaixão escondida dentro dele.
E ele nunca procurou nada em troca, nunca quis reconhecimento pelas boas
coisas que fazia. Na verdade, ele evitava atenção. Travis Harrison fazia o que
achava que era certo, por causa do seu senso de honra. — Você é um homem
maravilhoso, Travis Harrison.

— Eu sou um idiota, Ally. E todo mundo sabe disso. Mas se você acha
isso, eu estou feliz que esteja delirando, — disse ele com um sorriso. — Farei
tudo o que for preciso para mantê-la assim, — acrescentou em um tom mais
sério.

Ally revirou os olhos.

— E você acha que eu sou delirante? — Mas todo o seu corpo estava
inundado com prazer. — Veja! Estamos chegando ao Túnel Eisenhower, —
exclamou ela, vendo o sinal de que estavam chegando perto.

Travis sacudiu a cabeça e sorriu.

— Eu não sabia que você ia ficar excitada por um grande buraco em


uma montanha.

Ally deu-lhe um olhar de censura.


207

— Você é cínico, porque você já viajou por todo o mundo. O túnel é


Página

incrível. Vai levar-nos bem abaixo da Divisão Continental. E chega a até


mais de três mil metros de altura. É um dos maiores e mais longos túneis
veiculares do mundo, Travis.
— Você pesquisou.

— Claro que sim. E não foi pesquisa. Foi divertimento. Eu nunca vim
ao Colorado. Aqui é lindo.

— Você não vai pensar assim quando a neve começar a cair, — Travis
respondeu ironicamente.

— Eu nunca vi neve, — Ally respondeu melancolicamente.

— Você verá. Você irá para todos os lugares comigo a partir de agora.
— Sua declaração soou quase como um aviso.

Ally se emocionou com o tom possessivo da voz de Travis quando


entraram no Túnel Eisenhower.

— Isto é incrível. Estamos mesmo andando dentro de uma montanha,


— ela meditou, pensando em como surreal que parecia estar em outra parte
do país, em uma área tão diferente da Flórida. — Como é em Rocky Springs?
Quão grande é o rancho?

Ela só tinha visto Tate Colter algumas vezes, de passagem, ocasiões


onde parou no escritório para ver Travis. Ele era loiro, grande, e lindo. Mas a
única coisa que ela realmente lembrava era de seus incríveis olhos cinzentos
e como educado ele sempre tinha sido com ela. — Ranchos, Travis corrigiu.

— A cidade é pequena, mas os Colter possuem mais de mil acres à


direita fora da cidade. Todos eles têm um rancho lá. E depois há uma
208
fazenda para os convidados, um SPA e resort de esqui. Eles têm nascentes
Página

de água quente que percorrem a área.

— Exatamente quantos Colter existem? — Ally nunca conheceu os


irmãos de Tate.
— O pai de Tate está morto. Mas sua mãe ainda vive na antiga fazenda
herdada, perto do resort com sua irmã. E ele tem outros três irmãos.

— Todos ricos, estou supondo, — Ally meditou.

— Os Colter são ricos por gerações. Seus ancestrais estabeleceram-se


na cidade durante a corrida do ouro, e todos eles foram inovadores e
começaram a surgir alguns empreendimentos muito prósperos. Então, sim,
todos eles são obscenamente ricos. — Ele hesitou por um momento antes de
acrescentar: — Mas eles são grandes pessoas, também.

Ally estava nervosa. Este não era um mundo que ela tinha entrado em
contato fora do escritório de Travis.

— Eu espero que eles gostem de mim, — disse ela, hesitante. — Mas


pelo menos eles pensam que sou apenas sua assistente.

— Isso não é o que eu disse a Tate. E você não é apenas minha


assistente, — Travis respondeu irritado enquanto saía da estrada e
começava a dirigir em uma cidade de montanha pitoresca.

— Então o que você disse? Que estamos apenas... Namorando.

— Eu disse a ele que eu estava trazendo a minha mulher, — ele


respondeu à pergunta com naturalidade. — Ele nos colocou em uma das
casas de hóspedes em sua propriedade para que pudéssemos ter
privacidade. Eu acho que Sutherland ficará em outra. 209
Ally não sabia que Jason estava participando, mas estava mais
Página

preocupada com o que Travis havia dito a seus amigos.

— Mas eu realmente não sou sua mulher. Na verdade, não.

— Se você disser isso mais uma vez, eu vou puxar o veículo fora da
estrada e mostrar-lhe o quanto você pertence a mim, — Travis disse
perigosamente, deixando a pequena cidade e pegando uma estrada de duas
pistas, dirigindo com grande destreza. — Não diga isso, Ally. Isso não é uma
ameaça vazia. Estou mais do que pronto para mostrar-lhe exatamente o que
quero dizer, aqui e agora.

Oh Deus. Ally nunca quis tanto fazer ele cumprir uma ameaça quanto
agora. Seu corpo doía por ele, e ela o queria dentro dela tão
desesperadamente que sua calcinha estava encharcada. Mas não era
exatamente uma área segura para ele estar estacionando fora da estrada. E
ela não tinha dúvida de que ele faria.

— Mostre-me mais tarde, — ela disse a ele sem fôlego.

— Conte com isso, — alertou ele sombriamente.

Ally estava sem palavras, e pensamentos sobre o que exatamente


Travis faria com ela mais tarde passaram por sua mente. Ela inclinou a
cabeça para trás e fechou os olhos, visualizando o corpo poderoso de Travis
sobre o dela, o olhar feroz de desejo que ele sempre teve em seus olhos
quando estava dentro dela.

— O que você está pensando? — Travis perguntou curioso.

— Nada, — ela respondeu sentindo-se culpada. — Apenas planejando


meu terceiro livro.
210
Mentirosa. Mentirosa. Não estou pensando em uma trama jovem adulta
no momento.
Página

— Quando é que vai ser feito? Você me deixou pendurado de novo, —


ele resmungou. Seus olhos se abriram.
— Você já leu o segundo livro?

— Ontem. E é fantástico, mas você precisa acabar com isso com uma
trilogia ou você vai me deixar louco.

— Estou pensando sobre isso. E acho que você é tendencioso. Os


editores odiaram, — ela respondeu com um suspiro, mas satisfeita por
Travis parecer realmente gostar da história.

— Eu não dou a mínima para o que eles disseram. É fantástico, — ele


resmungou. — Eu sou um leitor. Assim, a minha opinião é muito mais
importante, — disse ele arrogantemente. — Você precisa de um bom agente
para que ele possa enviar para editoras maiores. Ou você pode publicá-los
você mesma. Eu sei de um bom homem de negócios que ficaria mais do que
feliz em ajudar.

Ally já sabia quem era aquele bom homem de negócios, e ela sorriu.

— Então, você deixaria Kade me ajudar?

Ela riu quando ouviu o rosnado previsivelmente infeliz de Travis que


ela esperava. Quando ela parou de rir, ela disse a ele mais sério.

— Só o fato de que você acredita em mim é suficiente. Eu acho que


isso é algo que eu preciso realizar por conta própria.

— Mulher teimosa, — reclamou. Ele acenou com a cabeça para a


direita. — Há uma manada de alces.
211

Ally ficou maravilhada com o campo cheio de alces.


Página

— Eles são enormes. — Alguns estavam ao lado da estrada, e Travis


diminuiu a velocidade para evitar bater em alguns dos animais.
Depois de passarem pelo rebanho, Ally perguntou a Travis
curiosamente.

— Então, por que você estava tão insistente que eu viesse com você
para o Colorado? Você se sente obviamente confortável com a multidão aqui.
Você conhece bem os Colter. Por que isso é diferente de qualquer outra
função de caridade? — Ela estava se perguntando isso por um tempo.

— É um leilão e um baile, — Travis respondeu severamente.

— Então? Você participa de leilões, — ela respondeu para ele.

— Não é um leilão típico. Tate achou que seria interessante ter um


leilão bilionário para levantar mais dinheiro. Desgraçado! E ele tem as
conexões para reunir uma multidão de pessoas muito ricas.

— Então apenas bilionários vão estar lá? — Ally perguntou confusa.

— Não. Bilionários são os itens do leilão. As mulheres estão oferecendo


ao bilionário de sua escolha sua companhia para o baile. — Travis
visivelmente estremeceu. — Eu não posso acreditar que Sutherland vai vir.
Pobre coitado. Espero que ele saiba no que está se metendo. Os irmãos de
Tate convenientemente tinham que estar fora da cidade.

— Então você vai ser leiloado?

— De jeito nenhum. Estou isento, porque tenho uma mulher. Apenas


os homens solteiros vão participar.
212

— Então você me trouxe apenas como seu disfarce? — Perguntou Ally,


Página

reprimindo uma risada, sabendo que provavelmente era inicialmente a razão


que ele precisava dela.
Ele hesitou por um momento e então respondeu:

— Sim. Eu não vou participar de um leilão como uma antiga maldição


ou um cavalo premiado.

Ally riu.

— Bem, você é impagável e um garanhão. Isso é hilário. E acho que é


muito original. Eu acho que vai ser divertido. E os homens que estão
participando são pessoas boas? Tate vai participar do leilão?

— Sim. Uma mulher desavisada vai ter que aturá-lo toda a noite, —
Travis resmungou. — Ele tem um número surpreendente de homens que se
voluntariaram. Devemos levantar um monte de dinheiro.

— Então, eu vou estar no mesmo lugar com muitos dos solteiros mais
cobiçados do mundo? — Ally perguntou provocativamente.

— Não. Você vai estar lá comigo, — Travis disse a ela gravemente.

— Jason Sutherland vai conseguir um lance alto, assim como Tate.


Conheço mulheres que dariam qualquer coisa para passar uma noite com
qualquer um deles. E eu imagino que haverá mulheres lá com bolsos muito
recheados.

— E você é uma daquelas mulheres que gostaria de passar uma noite


com Tate ou Jason? — Travis questionou sua voz áspera, mas um pouco
vulnerável. Ele saiu da rodovia e entrou em uma estrada asfaltada que tinha
213
um uma placa que estava escrito Welcome to Rocky Springs Resort.
Página

Ally olhou para Travis, surpresa. Ele estava falando sério? Não existia
outro homem para ela. Jason era certamente bonito, e também Tate. Mas
não havia outro homem no mundo como Travis. Ela achou incrível que ele
pudesse até mesmo fazer essa pergunta, que ele ainda tinha dúvidas. Ela
ofegava atrás dele como uma mulher em um estado perpétuo de calor. Era
surpreendente que Travis tinha quaisquer inseguranças, mas
aparentemente... Ele tinha.

Assim como eu.

— Não. Eu não sou. — Ela estendeu a mão e acariciou seu queixo


áspero. — Já estou vivendo minha fantasia com você, e tenho a sorte que
tem sido mais do que apenas uma noite. — Ela suspirou enquanto
acariciava o cabelo em sua nuca. — Algumas vezes, me pergunto por que
você me quer. Você é um homem brilhante, incrivelmente bonito, que ajuda
os outros sem qualquer reconhecimento por isso. Eu sou apenas uma
mulher regular, e não sou nada especial. Minha bunda é muito grande, sou
muito cheia de curvas, e não sou nada fora do comum, mas você ainda me
quis. Às vezes eu tenho medo de acordar e perceber que tudo o que
aconteceu com você foi apenas um sonho molhado e muito quente. Portanto,
não... Eu não sonho ou fantasio com qualquer outro homem além de você.

Travis pegou sua mão e levou-a aos lábios, beijando sua palma com
reverência.

— Porra, Ally. Às vezes me sinto exatamente da mesma maneira.

O tempo parou por um momento, como se apenas o dois existissem. A


respiração de Ally ficou presa em seus pulmões, Travis se abrindo para ela 214
fez seu coração bater mais forte em seu peito. Sua conexão com ele era tão
forte, tão certa, que ela queria chorar pela alegria que sentia em estar com
Página

ele.

— Nunca vou te machucar novamente, Travis. Não por querer. — Ela


soltou a respiração trêmula que ela estava segurando. — E vou fazer o que
for preciso para convencê-lo disso. Mesmo se eu tiver que usar a sua gravata
de menino impertinente e tiver que amarrá-lo e abusá-lo até que você esteja
completamente convencido.

Travis sorriu maliciosamente.

— De repente estou me sentindo incrivelmente inseguro.

Ela lançou um sorriso igualmente impertinente.

— Então eu acho que nós vamos ter que trabalhar nisso.

Travis entrou na garagem de uma enorme mansão bonita, com uma


entrada circular quando ele respondeu:

— Eu vou levar muito tempo para ser convencido.

Apesar de Ally sentir borboletas em sua barriga com a perspectiva de


conhecer tantos amigos de Travis, ela sorriu.

215
Página
Capítulo 15
— Acho que você vai estar confortável aqui. Travis já ficou aqui antes,
então ele sabe onde está tudo. Certifique-se de estar bem hidratada e ficar
calma esta noite. Estamos há um pouco mais de oito mil pés, e você mora na
planície. Você pode sentir os efeitos da altitude por um tempo, — disse Tate
para Ally com um sorriso carismático. — Estou feliz que esteja aqui, Ally.
Espero que você goste.

Tate Colter era provavelmente o que Travis chamaria de seu melhor


amigo, além de seu irmão Kade, mas ele ainda queria socá-lo cada vez que
sorria em admiração para Ally.

— Estamos bem. Você pode sair agora, — Travis disse-lhe


bruscamente, olhando em volta da pousada. Ele ficou aqui muitas vezes
antes, e era um lugar agradável. Mas tudo o que ele queria era que Tate
saísse. Um rancheiro trouxe suas malas anteriormente, enquanto eles
conversavam com Tate durante o jantar. Agora tudo o que Travis queria era
ficar sozinho com Ally.

— Fico feliz em saber que você sentiu minha falta, amigo. — Tate deu
um tapa na parte de trás da cabeça de Travis com um sorriso.

Travis olhou para ele, sabendo que Tate estava apenas tentando 216
empurrar seus botões. Não levou muito tempo para Tate perceber que Travis
Página

estava sendo territorial em relação à Ally, e ele imediatamente começou a


prestar tanta atenção a ela quanto possível apenas para irritar Travis.
Desgraçado!
Ally se adiantou e ofereceu a Tate sua mão.

— Muito obrigada por me receber. Aqui é lindo.

— Estou muito feliz por ter você aqui, — Tate respondeu, colocando a
ênfase na palavra “ter” intencionalmente quando ele apertou a mão de Ally
muito mais tempo do que precisava.

— Se você não sair, vou te matar, — Travis rosnou.

Tate soltou a mão de Ally e soltou uma risada abafada.

— Está bem, está bem. Estou indo. — Tate, obviamente, observou que
Travis estava ficando perto de seu ponto de inflexão.

Travis deu-lhe um forte empurrão, para que Tate ficasse mais perto da
porta, mas não era uma tarefa fácil, pois ele e Tate eram aproximadamente
do mesmo tamanho. Mas Travis teve a irritação ao seu lado. Abrindo a porta,
ele fez sinal e Tate impacientemente saiu e Travis trancou-a ruidosamente
atrás dele. Ele podia ouvir a risada estrondosa de Tate enquanto ele se
afastava da pousada.

— Filho da puta!

— Travis. Ele estava apenas lhe instigando. Ele não está interessado
em mim, — disse Ally suavemente atrás dele. — Mostre-me a casa. É linda.

— Eu sei o que ele estava tentando fazer. Juro que vou retribuir o 217
favor algum dia. — Ele não podia esperar até Tate ter um interesse amoroso
sério.
Página

A pousada era um rancho extenso, de um andar. Ele tomou Ally pela


mão e levou-a nas várias salas, parando quando ele finalmente alcançou o
quarto principal e abriu a porta de correr para o pátio fora do quarto.

— Minha parte favorita da casa.

Ally saiu e suspirou um som que deixou Travis de pau duro, querendo
ouvir isso enquanto se enterrava dentro dela.

— É adorável. E o céu é tão claro aqui. As estrelas estão incríveis, —


disse com admiração. — O que é isso? — Ela acenou em direção a uma
pequena piscina com uma cascata que escorria por várias saliências das
rochas.

— São as fontes termais. Eles têm um fluxo incrível nesta terra, que
lhes permite desviá-la para vários lugares. O maior deles é no resort e SPA.

Ally fungou ruidosamente.

— Tem um cheiro diferente.

— São os minerais. Estas são fontes termais naturais. Tem catorze ou


quinze minerais naturais diferentes.

— É lindo. É quente?

— Sim. — Travis disse casualmente quando ele agarrou a bainha de


sua camisa e puxou-o sobre a sua cabeça. — E relaxante.

Travis quase gemeu quando viu o olhar de desejo no rosto de Ally


enquanto seus olhos percorriam seu peito.
218

— Vou buscar um pouco de água. Tate está certo. Você precisa se


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hidratar.

— Eu vou buscar, — ela respondeu rapidamente, lambendo os lábios


enquanto o observava virar o botão superior da calça jeans. Ela voltou-se
lentamente e se dirigiu para a cozinha, como se não quisesse tirar os olhos
dele.

Travis rapidamente tirou sua calça jeans e cueca e entrou na piscina,


gemendo quando a água mineral quente tocou seu corpo. Ele submergiu,
deixando o calor acalmá-lo quando mergulhou a cabeça e, em seguida,
sentou-se em uma das bordas de pedra mais baixas, recostando-se
enquanto a água escorria sobre ele, relaxando seus músculos.

Quantas vezes ele sentou neste exato lugar, sonhando com Ally? Ele
tinha apagado a luz do pátio, deixando acessa somente a luz do quarto. Ele
olhou para o céu, maravilhado pelo milagre de que ela estava finalmente
aqui com ele. Inconscientemente, ele agarrou seu pau duro, pulsante,
acariciando-o enquanto olhava para o céu, alegre e apavorado com a forma
como Ally mudou sua vida. Sinceramente, ele não era um cara que tinha
muita felicidade em sua vida, e isso era intoxicante. Mas ainda tinha medo
de perder Ally. E sabia que agora ele nunca iria sobreviver a essa perda.

Um pequeno gemido veio do lado da piscina, e Travis olhou para cima


para ver Ally com duas garrafas de água gigantes na mão, olhando para ele
com tanto desejo que seu coração acelerou como um carro de corrida pronto
para a partida. Finalmente percebendo que ele estava acariciando seu
próprio pênis, ele congelou.

— Não pare, — Ally pediu-lhe em voz baixa. — Por favor. Você está tão
sexy. — Ela colocou as águas ao lado da piscina e puxou a camisa delicada
219

de manga curta sobre sua cabeça em um movimento lento, sedutor.


Página

Naquele momento, Travis não poderia ter parado nem se ele quisesse.
Ele observou enquanto ela lentamente se despia para ele, seu sutiã saindo
com movimentos lânguidos e sensuais da parte superior do corpo de Ally. A
mão de Travis movia-se para cima e para baixo em seu eixo, agarrando-o
firmemente enquanto a observava, sabendo que cada movimento era para
excitá-lo, e ele estava excitado. Dolorosamente. Seus movimentos sensuais
descaradamente o deixaram louco.

— Deus, você é linda, — ele disse com a voz rouca, seus olhares se
encontraram.

Ela cobriu os seios, passando os polegares sobre os mamilos, ofegando


enquanto o observava sacudindo a mão para cima e para baixo em seu
pênis.

— Deus, sim. Toque-se, Ally. — Observá-la dar prazer ao seu próprio


corpo quase o destruiu.

Viu-a morder o lábio inferior, tentando segurar seus gemidos de


prazer. Ela estava de pé em frente à luz que vinha do quarto, e ela parecia
uma deusa.

Ela moveu as mãos e lentamente desfez o botão e o zíper de sua calça


jeans, dançando fora dela, revelando seu corpo lentamente, tirando a
calcinha junto. Por fim, ela ficou na frente dele com ousadia e lindamente
nua, sem aquela vergonha de revelar-se a ele completamente.

— Venha, — Travis ordenou incapaz de suportar mais um segundo


sem tocá-la.
220
Ela deslizou para dentro da piscina em silêncio, a água ondulando
sobre seus seios. Colocando as mãos sobre as coxas quando ela chegou à
Página

frente dele, ela deslizou as mãos para cima e para baixo, massageando-o.

Travis moveu a mão de seu pênis e estendeu a mão para ela.


— Monte em mim, Ally. Convença-me de que você está realmente aqui
comigo, — disse-lhe em voz suplicante, mas em forma de comandando.

Pela primeira vez, ele não iria apressar o momento. Era muito mágico,
e ele queria saborear Ally do jeito que sempre precisou, mas nunca tinha
sido capaz de realizar.

— Eu queria ver você gozar. Você estava tão incrível, — ela disse a ele
sem fôlego.

O coração de Travis pulou uma batida, sua excitação crescendo ainda


mais. Que mulher dizia algo parecido? Apenas Ally. E isso o fez querer
agradá-la ainda mais.

— Você vai gozar comigo, baby, — ele disse a ela com firmeza quando
a levantou sobre em seu colo. Ela montou nele, e ele se deleitava com o
escorregadio calor de sua vagina enquanto empurrou seus quadris em sua
virilha. Travando seus braços ao redor da cintura dela, ele colocou os lábios
em seu pescoço, mordiscando e acariciando sua pele com a língua. Tomou
seu tempo, saboreando-a, sentindo seu corpo tremer em seus braços
enquanto ele sugou um de seus mamilos e depois dando ao outro a mesma
atenção. Levantando a cabeça, ele exigiu: — Beije-me. — Ele colocou uma
mão atrás de seu pescoço e guiou a boca para a dele.

Ele explorou sua boca com a língua lentamente, amando o jeito que
ela seguiu seu exemplo, enredando a língua dela com a dele, trazendo-os 221
mais próximos do que nunca tinham sido antes. Movendo a mão para seu
pênis, ele gemeu em sua boca quando separou suas dobras e seus dedos
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encontraram sua necessidade quente, úmida entre suas coxas. Ele guiou
seu pênis para seu canal apertado, pressionando seus quadris para cima
para entrar nela. Ela mudou-se, caindo sobre seu pênis até que ele estava
completamente enterrado dentro dela.

Ela gemeu em seu abraço e enfiou as mãos pelo seu cabelo, nenhum
deles se movendo por um momento. Travis se deliciou com a sensação de
seus lábios nos dele, seus músculos internos enluvando seu pênis com o
calor. A água mineral quente fluindo sobre eles enquanto eles se perdiam em
sensações.

Ally girou seus quadris lentamente enquanto apertava seu cabelo,


parando o beijo e ofegando ao lado de sua orelha. Travis agarrou seus
quadris, empurrando para cima, querendo preencher Ally tão
completamente que ela o almejaria para sempre. Naquele momento, Travis
percebeu que ele não estava mais na merda; ele estava fazendo amor com a
mulher que se fundia com ele tão perfeitamente que ele nunca queria que
acabasse. A verdade era que sempre fazia amor com Ally, e sempre era
maravilhoso. Ela era perfeita.

— Faça amor comigo, Ally. Eu não posso acreditar que você está
realmente aqui.

— Sim, — ela gemeu quando girou seus quadris mais rápido. — Eu


sempre faço amor com você. E nunca quero parar.

Travis puxou seu corpo contra o dele, sentiu seu coração batendo no
mesmo ritmo que o dele, seus corpos cada vez mais unidos.

Eles gozaram ao mesmo tempo, ambos gemendo enquanto seus lábios


222

estavam juntos, Travis a sentiu ordenhar seu pênis enquanto explodia


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profundamente dentro dela, balançando seu mundo total e completamente.

Eles ficaram unidos, ofegando enquanto se recuperavam do amor de


abalar a terra que tinham acabado de experimentar juntos. Finalmente,
Travis deslizou para dentro da água, sentando em uma pedra menor,
colocando Ally entre suas pernas. Ela descansou a cabeça no seu ombro e
ele apertou os braços ao redor da cintura.

— Você nasceu para ser minha, Ally. — Ele sussurrou em seu ouvido
com voz rouca.

— Eu sei, — ela respondeu simplesmente, olhando para o céu. —


Olha, é uma estrela cadente. Faça um pedido, Travis.

Ele nunca tinha sido o tipo de cara que fizesse algo tão bobo como
pedir um desejo a uma estrela. Ele era pragmático, um imbecil. Ele não
acreditava que qualquer desejo pedido a uma estrela se tornaria realidade.
Mas um desejo veio imediatamente à mente:

Desejo que Ally se apaixone por mim e fique comigo para sempre.

Ok... Talvez ele fosse realista, mas poderia usar toda a ajuda que
pudesse conseguir.

— Você fez um pedido? — Ela perguntou animadamente.

— Eu fiz. Mas você não pode dizer. Você só pode me dizer se o seu
desejo se tornar realidade.

— Eu fiz, — ele confirmou. — Você fez?

— Sim, — ela respondeu calmamente. 223


Ele se perguntou o que ela desejou, e ele fervorosamente esperava que
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um dia fosse capaz de dizer a ela que seu desejo foi concedido.
— Hope vai casar. — Jason Sutherland bebeu outro gole de sua
bebida, sua voz cheia de desespero. — Que porra? Voltou para o mesmo
idiota que estava com ela em Aspen. Pensei que estava dando-lhe tempo
para curar, e ela voltou para o bastardo. Tudo o que ele quer é o dinheiro
dela. Ela não entende isso? Cristo! Eu deveria ter lhe pressionado depois do
que aconteceu conosco no feriado.

Travis realmente sentia pelo pobre rapaz. Ele tinha ido à casa de Tate
depois de colocar Ally na cama, porque estava cansada e tinha uma dor de
cabeça leve, provavelmente o resultado da altitude. Ele teria que voltar em
breve e ver como ela estava. Mas ele e Tate estavam tentando acalmar
Sutherland, que estava meio perturbado.

Tate mal conhecia Sutherland, mas ele disse simpaticamente.

— Então o que você vai fazer? Se você está louco por essa mulher há
anos, você não acha que é hora de fazer a sua jogada?

— É complicado. Seu irmão Grady é um dos Sinclair da Costa Leste. E


um dos meus melhores amigos. Conheço Hope há anos e nenhum dos
irmãos Sinclair sabe que eu quero sua irmã. Isso é ruim. — Ele respondeu
com tristeza. — Tivemos uma incrível noite junto nas férias... E então nós
tivemos um desentendimento. Eu ia apenas esperar meu tempo, esperar até
que ela estivesse pronta. Mas estou cansado de esperar. Eu vou atrás dela.
Ela não vai se casar com aquele imbecil.
224
Tate assobiou baixinho.
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— Os Sinclair são uma família muito poderosa. Tem certeza de que


quer confusão com um deles?

Jason deu a Tate um olhar descontente.


— Eu quero fazer mais do que ter um caso com ela.

Travis não podia deixar de sentir pena de Sutherland. Ele esteve no


mesmo tipo de barco com Ally quando ela estava noiva de outro homem.

— Tenho certeza que seus amigos preferem vê-la com você que com
um cara que só a quer para drenar sua conta bancária.

— Honestamente, não importa o que eles pensam mais. Hope é a


única que importa, — Jason confidenciou com raiva.

— Você acha que ela está realmente apaixonada por esse cara? —
Travis perguntou curiosamente, relacionando a situação de Ally com Hope, e
isso o irritou muito. Obviamente, alguns perdedores estavam se agarrando a
Hope Sinclair pelo seu dinheiro, usando-a como o ex de Ally a usou.

— Não. Mas Hope tem um coração enorme. Ela se apaixona


praticamente por qualquer história triste.

Travis observou um sorriso leve no rosto de Tate, um sorriso que ele


tinha visto antes, e isso o assustou muito. Tate estava formulando um
plano, e era provável que desse problema.

— Eu tenho uma ideia, — Tate confirmou. — Mas é questionavelmente


ilegal e muito tortuoso. Até que ponto você está disposto a ir para conseguir
essa mulher?

Jason deu de ombros.


225

— Até onde precisar ir. Não importa.


Página

— Ela pode acabar odiando você, — Tate avisou.

— Melhor do que ela ser indiferente e se casar com outro cara. Vamos
ouvir sua ideia.

Travis ouviu quando Tate esboçou um plano tão ultrajante que até ele
se surpreendeu. A coisa louca era... Isso simplesmente poderia funcionar.
Tate era militar das Forças Especiais, e ele tinha que ter bolas de titânio, por
vezes, nas coisas que ele estava disposto a fazer. Mas ele também era um
excelente planejador estratégico.

— Você está pronto para correr esse tipo de risco? — Tate perguntou a
Jason bruscamente.

— Sim. Ele me daria exatamente o que quero, — Jason respondeu em


um tom perigoso.

Isso convenceu Travis. Jason realmente estava apaixonado por esta


mulher. Ou isso ou ele era tão louco como Tate.

— Eu vou ajudá-lo de qualquer maneira que puder. — Se o cara


amava a mulher tanto assim, ele faria tudo o que pudesse para ajudar
Jason. Deus sabia que ele poderia se simpatizar com sua situação.

— Vou precisar de um favor, — Jason respondeu devagar.

— O que é?

— Eu vou ter que sair de manhã. E estou agendado para o leilão. Eu


não posso deixá-los pendurados agora. Você pode tomar o meu lugar?
226
Travis se recusou a pensar.
Página

— Eu não posso. Estou aqui com Ally. — Ele não se importaria com a
humilhação para ajudar Sutherland, mas ele não podia fazer isso com Ally, e
ele não queria estar com qualquer outra mulher por uma noite inteira,
exceto ela.

— Eu ficaria mais do que feliz em entreter Ally para você, — Tate disse
maliciosamente.

— Você terá seu próprio encontro. E se você tocá-la, eu vou matar


você, — Travis grunhiu, apenas o pensamento de deixar Ally sozinha
durante a noite o irritava.

— Basta ela dar um lance em você e vencer, — Jason sugeriu. — Eu


darei respaldo a ela.

Isso poderia funcionar. Travis pode passar por alguns momentos de


humilhação, mas Ally faria isso.

— Eu vou dar respaldo a ela. Eu pagaria qualquer coisa por uma noite
com Ally.

— Obrigado. Devo-lhe uma Travis, — Jason disse-lhe agradecido.

— Não, não deve. É só pegar a mulher e me considerarei pago.


Nenhuma mulher merece se casar com alguém que a quer apenas para usá-
la, — ele falou, pensando em Ally. Ele queria que Sutherland saísse bem
sucedido, tanto por causa do cara, como por Hope Sinclair.

Travis levantou-se, pronto para voltar para a pousada.

— Eu preciso voltar e verificar Ally. 227


— Eu lhe disse para ter calma por causa da altitude, Trav. Você fez
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algo para deixá-la sem fôlego? — Tate perguntou com voz inocentemente
fingida.

Travis pensou sobre sua vida amorosa e o sexo de abalar a terra na


piscina de fontes termais. Ele olhou para Tate enquanto respondeu:

— Pode ter certeza que sim. — Virando-se para Sutherland,


acrescentou. — Boa sorte. Espero que tudo dê certo. — Ele apertou a mão de
Jason e se dirigiu para a porta, em silêncio, esperando que esta mulher que
Jason se importava fosse inteligente e tivesse um coração tão grande quanto
Jason falou que ela tinha. Ela definitivamente iria precisar dele.

228
Página
Capítulo 16
Ally não se lembrava de uma ocasião em que estivesse tão nervosa em
toda sua vida. Ela alisou seu vestido de coquetel preto de seda, perguntando
se deveria mudar. Era sexy e vistoso, era curto e seu comprimento terminava
no meio da coxa, deixando exposta grande parte de suas pernas, coisa que
não estava acostumada a mostrar. Os sapatos de salto agulha eram
extremamente elevados, e o decote profundo ia até o vale de seus seios,
tornando impossível o uso de sutiã. Felizmente, a parte superior que cobria
seus seios tinha um material mais pesado e pregas que cobriam tudo. Ainda
assim, ela se sentia nua sem sutiã.

Ela deu um último olhar no espelho, murmurando para si mesma:

— Você pode fazer isso. São apenas pessoas.

Mas essas pessoas estariam olhando-a, porque ela estaria dando


lances para Travis. Ele explicou a ela esta manhã sobre o que aconteceu com
Jason Sutherland, e o que ele precisava que ela fizesse. Ela não estava
exatamente confortável com o dinheiro de Travis, mas ele parecia tão
vulnerável que faria qualquer coisa para tirá-lo de uma obrigação que
obviamente odiava. E ela ficou tocada por ele estar fazendo isso por Jason.

Eles tiveram um dia calmo, Travis cuidou dela fazendo com que 229
ingerisse fluídos e comesse carboidratos, exatamente o que seus quadris não
Página

precisavam, para ajudá-la a enfrentar a questão da altitude. Ela


honestamente sentia-se muito bem desde a manhã, sua reação, foi
obviamente, leve, mas a preocupação de Travis tinha sido um pouco
exagerada. Estranhamente, ela não se importou, e achou o comportamento
dele mais doce do que irritante.

— Caralho! Por favor, me diga que isso não é o que você vai vestir essa
noite. — Grunhiu Travis entrando no quarto.

Ally olhou para o descontentamento no rosto de Travis e seu coração


caiu aos seus pés.

— Eu não estou bem? Sabia que deveria ter escolhido outra coisa, —
disse ela, desanimada.

— Não, querida, você não está bem. Você parece à fantasia de cada
homem, uma deusa sensual. Eu não tenho certeza se meu coração pode
aguentar. — Andou até ela, virou-a para ele e tomou-lhe a mão. Ele
acariciou sua palma com o polegar, seus olhos vagando sobre seu corpo e,
finalmente, parando em seu rosto. — Não haverá um homem na sala que
não vai querer transar com você. Não quis ferir seus sentimentos com esse
comentário, ou a sua confiança. É a minha confiança que está em perigo.
Como vou manter uma horda de homens com tesão longe de você?

Ally revirou os olhos.

— Não é tão revelador, e o único homem que me deixa excitada


quando olha para mim é você, — assegurou calmamente, contente que ele
achou que ela estava sexy. — E você está incrivelmente bonito, Sr. Harrison.
— E ele estava. Ela via Travis de terno o tempo todo, mas em um smoking,
ele era absolutamente devastador. Sem dúvida, ele teria mulheres ofegantes
230

em cima dele. E ela definitivamente seria uma das muitas. — Como é que eu
Página

vou manter as mulheres longe de você?

— Tudo o que elas têm que ver é a maneira que olho para você, assim
vão receber a mensagem alta e clara, — respondeu ele, beijando a palma da
sua mão com ternura.

Ally quase derreteu formando uma poça ali mesmo, no chão do quarto.
Deus, este homem poderia fazê-la sentir como a mulher mais desejável do
planeta. E ela sabia que sua avaliação não estava nem perto. Mas ainda a fez
querer uivar de alegria.

— Porém, eu não gosto de seus brincos, — Travis disse pensativo.

Ally tocou os pequenos brincos em suas orelhas. Eles eram o melhor


par que possuía, colocou-os desejando que tivesse um mais bonito. — Eu
sinto Muito. Não pensei em pegar...

— Penso que estes ficariam melhor. — Ele colocou a mão no bolso e


tirou uma pequena caixa de veludo.

— Travis... Você não. — Ela pegou a caixa com a mão trêmula,


suspirando ao abri-la. No interior do veludo havia a pulseira e brincos mais
requintados que ela já vira. Eram únicos e belos, e ela instantaneamente
suspeitou de quem os tinha feito. — Mia?

— Sim. Ela torna cada item exclusivo e eu queria que eles fossem
diferentes do que qualquer outra mulher estaria usando, — Travis
respondeu rispidamente. — Coloque-os.

Ally estava emocionada. Ela não queria rejeitar nada que Travis lhe
desse, mas quando olhou — para as opalas negras e diamantes — ela sabia 231
que eles eram muito valiosos e raros. Ela olhou para Travis, os olhos cheios
de expectativa e ansiedade, e pegou as joias da caixa. Será que ele realmente
Página

acha que ela não gosta deles? Ela pegou primeiro os brincos que tinham
duas hastes longas, alternando entre opalas negras e diamantes e colocou-
os. Silenciosamente, entregou a pulseira para Travis para que colocasse em
torno de seu pulso.

— Queria pegar o colar, também...

— Não, — ela disse enfaticamente, dedilhando o unicórnio de


diamantes em volta do pescoço. — Não tirei desde que você me deu, e nunca
vou tirá-lo.

— Achei que você ia dizer isso, — disse Travis com um sorriso de


menino.

Ally olhou-se no espelho, a pulseira sofisticada e brincos combinando


com o vestido perfeitamente.

— Eu não sei o que dizer agora, Travis. — Ela ficou sem fala, incapaz
de expressar-se após o enorme nó na garganta. Ninguém nunca lhe deu algo
tão bonito ou tão exclusivo... Exceto, Travis. — Eles são tão bonitos e estou
com tanto medo de perdê-los.

Travis deu de ombros.

— Apenas me diga que você gosta deles. E se você perdê-los, te darei


outros. São apenas joias, Ally.

— Qualquer coisa que você me da é especial. — Ela virou-se e


acariciou sua bochecha. — E eu quero dar-lhe algo em troca. Mas o que você
dá para um bilionário?
232
Ele tomou sua mão delicadamente e colocou-a sobre o seu pênis
protuberante.
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— Você me dá isto. E isso é muito especial, — ele disse com um


sorriso travesso.
Ela não pôde evitar. Começou a rir de sua ação inesperada.

— Pervertido, — ela o acusou.

— Você fez com que eu ficasse assim, Ally. E você me deu sua fé. Você se
deu a mim, querida. Junto a isso, peças de joias significam muito pouco.
Portanto, pegue os presentes que desesperadamente quero te dar, — disse
ele com voz rouca. — Só quero te fazer feliz.

Ela ficou na ponta dos pés e beijou-o ternamente.

— Você já faz.

— Eu posso ver seus seios. Ele puxou o tecido da parte superior de


lado. — Puta merda! Tenho que pensar em você estar quase nua sob o
vestido durante toda a noite? — Ele estendeu a mão e, lentamente, levantou
a bainha da saia, assobiando quando viu as meias e calcinha pretas. Ele
gemeu e deixou cair à saia. — Não vou conseguir enfrentar esta noite.

— Claro que você vai, — respondeu ela, seu corpo inundado de prazer.

— Cuidado quando se sentar. E não deixe ninguém perto o suficiente


para ver até o decote deste vestido, — Travis ordenou com voz áspera.

— Isso inclui você? — Ela perguntou inocentemente.

— Claro que não, — ele explodiu. — Eu vou olhar de soslaio como um


degenerado com tesão em todas as oportunidades que eu tiver. 233
Ally riu suavemente e pegou sua bolsa preta.
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— Hora do show para você, o bilionário solteiro garanhão.

— Você sabe o que fazer? — Travis perguntou a centésima vez naquele


dia.

— Sim. Isso foi uma coisa muito gentil que você fez por Jason, — ela
respondeu enquanto Travis a conduzia para fora da porta do quarto de mãos
dadas.

— Eu gostaria de ter mantido minha maldita boca fechada, — disse


irritado.

Ally sorriu, sabendo que ele não queria falar uma palavra do que ele
acabou de dizer. Travis referiu-se a si mesmo como um idiota, e talvez
houvesse muitos que tinham medo de seu exterior, por vezes, gelado. Mas
ela conhecia-o bem. Travis Harrison tinha um coração enorme. Era apenas
lamentável que a maioria das pessoas não o viam do mesmo jeito que ela.

— Dê um lance alto e acabe logo com isso, — ele exigiu quando fechou
a porta do lado de fora e trancou-a. — E pelo amor de Deus, não fique muito
perto de alguém ou se curve. Ou vou ter um ataque cardíaco.

Ally estremeceu com o tom possessivo em sua voz, sua preocupação


com relação a alguém vendo suas roupas de baixo era maior do que o
desconforto que ele estava prestes a experimentar.

— Você gostaria que eu colocasse um casaco? — Ela perguntou-lhe em


tom de brincadeira. Quando ele abriu a porta do carro para ela, seu rosto se
iluminou esperançoso.
234
— Você colocaria?
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— Estava brincando, Travis, — ela disse sorrindo desleixadamente.

— Droga! — Exclamou com tristeza. — Eu não estava.

Ally riu quando Travis afivelou seu cinto de segurança e fechou a


porta, caminhando para o lado do motorista e entrando.

— Obrigada pelo belo presente, Travis. — Tocou a pulseira na


penumbra, ainda sobrecarregada pelas coisas que Travis fez para ela e que
parecia normal para ele. — Diga-me o que eu posso fazer por você em troca.

— Eu não quero nada, — ele disse simplesmente quando ligou o


motor. — Eu só quero você. Mas se você me deixar rasgar esse vestido e
examinar sua lingerie sexy depois, eu seria um homem feliz.

— Feito, — ela concordou prontamente, seu corpo já aquecendo com


este pensamento.

— O melhor presente de sempre, — ele respondeu com tanta emoção e


entusiasmo que soava como uma criança no Natal.

Quando eles estavam na estrada para o resort, Travis agarrou a mão


dela e colocou-a em sua coxa, como se ele só precisava sentir seu toque. Ally
deixou escapar um suspiro feliz e relaxado e recostou no banco de couro,
pensando que talvez sua introdução no mundo de Travis não seria tão difícil
apesar de tudo.

Quando o leilão chegou perto de seis dígitos, Ally começou a ter


palpitações. Sim... Era o dinheiro de Travis que estava oferecendo, mas ele já
tinha dado tanto para esta obra de caridade, e estava generosamente
235
administrando-a, juntamente com Jason Sutherland e Kade.
Página

O salão de festas no resort era magnífico, mas todo mundo estava


atualmente lotando o entorno do pequeno palco no canto, as mulheres
praticamente empurrando-se para chegar mais perto da plataforma. Travis
se levantou, parecendo calmo com as mãos nos bolsos da calça, mas seus
olhos nunca deixaram os dela. Ele continuou balançando a cabeça
sutilmente, encorajando-a a continuar.

Será que ele sabia que os lances seriam tão altos? Ele acabou por ser
o primeiro homem a ser leiloado, de modo que Ally não tinha ideia do
montante que o evento iria levantar, ou quanto cada encontro ia custar.

Dê um lance alto e acabe logo com isso.

Isso é o que Travis havia lhe pedido para fazer. Mas o quão alto era
alto?

As mulheres participavam furiosamente do leilão dando um lance após


o outro, Ally levantava sua placa cada vez que a velocidade dos lances era
reduzida, esperando por uma oferta mais elevada. Ela olhou rapidamente
para as mulheres, cada uma delas usando pedras preciosas, mostrando que
realmente pertenciam a este lugar.

Travis alcançou-lhe um olhar um pouco desconfortável e irritado,


dizendo que ele queria que isso se resolvesse rapidamente.

Vamos, Ally. Não é como se Travis não pudesse permitir isso. Não pense
sobre isso. Apenas o resgate.

— Duzentos mil, — ela gritou com confiança, elevando a aposta sobre


o que pensava ser o maior lance das mulheres. 236
Todos os olhos estavam sobre ela, à maioria das mulheres dando-lhe
Página

um olhar de nojo, mas Travis apenas sorriu um pouco e seus olhos


dançaram com aprovação.

A maioria das mulheres parou de tagarelar e baixaram suas placas,


olhando para Ally como se ela fosse algum tipo de criminosa. Os lances
diminuíram consideravelmente, as únicas que estavam na corrida era Ally e
mais duas mulheres. Ela estava levantando a placa, os lances aumentavam
minimamente a cada vez. Travis estava lhe dando uma expressão de dor,
então ela gritou novamente. — Trezentos mil. — Ela fez força para não
hiperventilar.

As outras duas mulheres baixaram as placas e deram-lhe olhares


cortantes. Mas Ally as ignorou, porque Travis parecia feliz quando o leiloeiro
fez uma última chamada.

— Um milhão de dólares. — A voz feminina veio de trás de Ally, e ela


se virou para ver uma bela morena dando-lhe um olhar presunçoso.

Confusa, Ally olhou de volta para Travis, mas ele não estava olhando
para ela. Ele estava sorrindo para a bela morena atrás dela. E a mulher
estava olhando de volta para Travis agora com um largo sorriso.

Ally esperou toda a sala em silêncio enquanto a mulher bonita e Travis


sorriam um para o outro. Quando os olhos de Travis finalmente focaram-se
novamente nela, ele sacudiu a cabeça, e Ally olhou para ele em choque.
Obviamente, ele queria que essa mulher ganhasse o leilão.

Dor irradiou através do peito de Ally e ela tentou respirar fundo, mas
descobriu que tudo o que podia fazer era respirar forte e rápido, enquanto
assistia o leiloeiro conceder Travis à linda morena. 237

A mulher passou por Ally, indo para frente do palco, não parecendo se
Página

importar com quem ela havia chateado no processo. Quando Travis deixou o
palco, a mulher se jogou em seus braços, e Ally recuou quando viu que
Travis não a rejeitou. Ele se inclinou para sussurrar algo em seu ouvido, e a
mulher riu e beijou-o na bochecha, ainda agarrada ao seu braço.

Ele a quer. Ele não está se afastando dela. Ele queria que ela ganhasse
o leilão. Ele vai passar a noite inteira com ela.

Ally virou-se e deixou cair sua placa no chão, incapaz de assistir


Travis e a outra mulher por mais tempo. Naquele momento, tudo o que ela
queria fazer era fugir.

Com dificuldade passou pela multidão, procurando desesperadamente


um caminho para escapar de tudo isso. Seu rosto queimava com a
humilhação e seu coração se apertou com mágoa.

Poderia ter me enganado tanto sobre Travis?

Atravessando a porta exterior do resort, ela vagou cegamente,


terminando na enorme piscina de águas quentes que agora estava fechada.
Não havia outra alma ao redor, então se sentou em uma das cadeiras de
madeira ao lado da piscina, o cheiro de minerais trazendo de volta imagens
dela e Travis fazendo amor na piscina da pousada. Ela pensou que eles
estavam muito conectados, como se não houvesse outra pessoa no mundo
para qualquer um deles.

Ela tentou dar sentido ao que aconteceu, como Travis tinha se


afastado dela tão facilmente, mas ela não conseguia. E quem era a mulher?
Ela era alguém de seu passado? Ally nunca a tinha visto antes, e se fosse
uma mulher de seu passado o que estaria fazendo no Colorado?
238

Ele vem muito aqui. Talvez ele a conheceu em uma viagem anterior.
Página

Seja qual for o caso, Ally sabia que as coisas nunca mais seriam as
mesmas entre eles, e ela estava devastada. Ele escolheu outra mulher sobre
ela, e a dor era tão intensa que queria se enrolar em posição fetal de tanta
agonia que sentia. Lágrimas escorriam por seu rosto, e ela deixou escapar
um soluço estrangulado quando ouviu o toque distinto de seu telefone.

Ela quase ignorou, mas pegou-o de sua bolsa, observando na


penumbra que era uma chamada vinda de casa, do departamento de polícia.
Ela clicou aceitando a chamada.

A conversa que se seguiu transformou todo o pensamento de Ally, que


ficou de cabeça para baixo, deixando-a sentindo-se crua e completamente
destruída depois que desligou o celular. Seu corpo inteiro estremeceu e ela
congelou na cadeira, tão chocada que não conseguia se mexer.

— Ally? — Tate Colter se sentou ao lado dela, mas Ally mal o notou. —
Você está bem?

Ela abriu a boca para falar, mas a única coisa que saiu foi:

— Não, acho que não.

Tate se inclinou para frente e colocou os cotovelos sobre os joelhos,


esperando pacientemente.

— Você quer falar sobre isso?

Ela queria dizer a alguém, mas mal podia compreender a coisa toda
sozinha.

— Minha casa desapareceu. Aparentemente, havia um buraco que se 239


abriu embaixo dela. Eles disseram que não era muito grande, mas foi o
suficiente para destruir a fundação e causar um vazamento nas tubulações.
Página

O gás vazou e a casa explodiu. Desapareceu... Inteiramente. — Dizer as


palavras tornou o fato mais real. — Eu acho que Travis...

— Salvou sua vida. — Tate terminou por ela casualmente. — Tenho


certeza que ele sabia, pois foi insistente em trazê-la para cá.

— Você sabe? — Ally olhou para Tate, surpresa.

— Eu sei há algum tempo. Ele salvou minha vida, também. Quando eu


estava na ativa, Travis me avisou para não ser voluntário nas missões em
que eu não estivesse designado. Pensei que ele estivesse louco, pois sabia
muito pouco sobre o que eu estava fazendo. Ninguém sabia. Não era algo
que realmente podia falar. Tudo o que eu posso dizer é que sua advertência
me fez hesitar quando outro piloto ficou doente e alguém precisava tomar o
seu lugar. Hesitei por causa do que Travis me disse, porque não estava
atribuído a esta missão. Pelo fato de levar uma fração de segundo para
pensar no que Travis disse alguém falou antes de mim e tomou o lugar do
indivíduo doente. — Ele hesitou por um momento antes de acrescentar
solenemente: — Todo mundo que foi para a missão morreu, Ally. Quando ele
me contou a respeito de seu sonho sobre Asha, eu o levei a sério, e fiquei
mais do que feliz em ficar perto dela. Eu não tinha dúvidas de que ela estava
em algum tipo de perigo se Travis sonhou com isso. — Tate colocou a mão
trêmula na sua. — Sinto muito sobre a sua casa, Ally. Mas estou feliz por
você estar aqui. — Ele acariciou seus dedos levemente. — Travis está
procurando por você. Ele está preocupado.

— Ele tem outro encontro, — Ally disse dolorosamente, seu mundo


todo ainda balançando deste choque.

— A mulher que o comprou é minha irmã, Chloe, que está noiva. Ela
240

queria doar de qualquer maneira, então ela disse que ia tentar chegar a
Página

tempo para dar um lance por Travis desde que não teria que passar a noite
com ele. Ela não vai ficar muito tempo desde que odeia esses tipos de festas.
Ela não o vê há algum tempo e ele a considera como uma irmã. Ela não
sabia sobre você, Ally. Eu não mencionei você. Eu apenas disse a ela que
Travis estava ajudando um amigo e não estava emocionado sobre o fato de
ser leiloado. Ela disse que se chegasse a tempo daria um lance. Eu nunca
tive a chance de dizer a ela que você provavelmente estaria dando lances
também. Não é culpa dele. Ele nunca faria isso com você. Conheço Travis
desde a faculdade, e ele nunca se importou com uma mulher da maneira
como se preocupa com você. Ele está frenético agora, porque não pode
encontrá-la.

Lágrimas de alívio rolaram pelo rosto de Ally, e ela começou a soluçar


abertamente. Tate estendeu a mão para ela e colocou os braços em volta de
seus ombros, confortando-a enquanto chorava.

— Você vai ter outra casa, Ally. Tudo vai ficar bem, — ele sussurrou
baixinho para ela. — Eu sei que isso é muita coisa para assimilar, e você
perdeu tudo, mas pode ser substituído. Você ainda está viva, e isso é o que
importa.

— É apenas uma casa, e eu não perdi tudo o que importa. Eu ainda


tenho Travis. — Ela fungou contra seu ombro. A casa foi um choque, como
foi o fato de que ela poderia muito bem estar morta agora. Quais eram as
chances de abrir um buraco debaixo de sua casa? Ela agora estaria em casa,
provavelmente na cama. Foi uma sensação muito estranha. Mas saber que
Travis não a tinha traído era tudo o que importava agora. As lágrimas agora
eram de alívio ao invés de tristeza.

— Eu não acho que você poderia perder Travis mesmo se tentasse, —


241

disse Tate com uma risada. — Ele está rasgando o salão de baile procurando
Página

por você.

Ally se afastou e deu a Tate um sorriso fraco.

— Vá dizer a ele que você me encontrou. Vou entrar. Só preciso de


alguns minutos. Estou meio que uma bagunça.

Tate se levantou e sorriu maliciosamente.

— Vou dizer a ele que acabamos de ter um encontro no escuro.

— Eu não faria isso, — Ally advertiu Tate.

— Direi. Nunca vi Travis assim antes. É muito divertido, — Tate


respondeu maliciosamente, assobiando baixinho enquanto se afastava.

Ally abanou a cabeça, perguntando-se se Tate era suicida, enquanto


via ele se afastar. Então, seu celular tocou novamente.

242
Página
Capítulo 17
Travis estava frenético, pronto para virar o salão de baile de cabeça
para baixo, quando Tate apareceu, fazendo sinal com o polegar em direção à
porta que levava para fora enquanto se aproximava.

— Ela está lá fora perto das fontes termais. Ela disse que precisava de
alguns minutos.

Caralho! Por que ela tinha ido lá fora? Travis franziu o cenho para
Tate, mas não disse uma palavra, indo a passos largos para a porta, mas ele
não andou muito antes de Tate agarrar seus bíceps com um punho de ferro.

— Você precisa se acalmar Trav. Algo ruim aconteceu com ela esta
noite. Sua casa foi destruída, queimada até o chão. Ela está chateada, —
Tate disse solenemente.

As palavras de Tate bateram em Travis como uma tonelada de tijolos.

— Isso realmente aconteceu. Porra! Seu grande corpo estremeceu


quando percebeu que seu sonho realmente tinha sido premonitório, e Ally
provavelmente estaria morta se não a trouxesse para o Colorado. Não que ele
não trazer ela fosse uma hipótese, mas era uma sensação estranha e terrível,
que enviou um calafrio em sua espinha. Ele puxou o braço se
desvencilhando do aperto de Tate e correu para a porta, seu coração
243

trovejando no peito.
Página

Ela está bem. Ela está bem.

Racionalmente, sabia que ela estava viva. Tate tinha acabado de vê-la.
Ainda assim, ele precisava ver seu rosto bonito com seus próprios olhos. E
ela precisava dele. Ele podia sentir isso.

Ele a viu em pé ao lado das fontes termais, apenas segurando o


telefone na mão e olhando para a água. Jesus! Ela parecia tão perdida e
sozinha, e tão vulnerável, com os braços envolvidos em torno da parte
superior de seu corpo, o rosto marcado com linhas escuras. Ela obviamente
esteve chorando e sua maquiagem delineava as marcas de lágrimas. Mas ela
nunca pareceu mais bonita porque ela estava bem ali, ainda viva e
respirando.

Ela é minha. Ela sempre será minha.

Travis nunca teve tanta certeza em toda sua vida. Ele não era o tipo de
homem que acreditava em destino, sempre acreditou que todos faziam seu
próprio destino. Agora, ele não acreditava nisso. Não quando se tratava de
Ally. Realmente era apenas ela, e ele quase a perdeu.

— Ally, — disse com a voz rouca enquanto caminhava para ela


lentamente, abrindo os braços quando ela se virou ao som de sua voz. Ela
jogou todo o seu corpo em direção a ele, e ele fechou os olhos enquanto
agarrava-a firmemente em seu abraço. — Tudo vai ficar bem, querida. Eu
vou fazer tudo ficar bem. — Ele acariciou seu cabelo, segurando a cabeça
com força contra seu ombro. — Tudo o que importa é que você está bem.
Todo o resto, incluindo a casa, pode ser substituído.

— Tate disse? — Ally perguntou suavemente. 244

— Sim.
Página

— Você sabia que ia acontecer, não é? É por isso que você queria que
eu viesse com você? Não tinha nada a ver com evitar o leilão. Você estava
tentando me salvar.
— Eu tive o mesmo sonho muitas vezes, mas era tão vago. Eu
reconheci o resort e o salão de baile, quando recebi uma chamada que falava
que você tinha... — Travis teve que forçar a palavra para fora de sua boca em
um tom gutural quando ele terminou — morrido. Eu não sei como ou por
quê. Eu não sei quando. A única coisa que fazia sentido era que, se alguma
coisa ia acontecer, iria ocorrer enquanto eu estava no Colorado.

— Por que você não me contou? — Ela perguntou em voz confusa.

— Cristo, Ally. Eu não tinha certeza que nada ia acontecer. E eu não


poderia pensar nisso, muito menos falar sobre isso. Eu não queria assustá-
la sem motivo. Mas eu ia ter certeza de que você estaria no Colorado comigo,
mesmo que eu tivesse que sequestrá-la.

— Você não faria isso, — exclamou ela, afastando-se para olhar seu
rosto. — E eu poderia estar casada.

Travis apertou as mãos nas costas dela. Era hora de parar de enganar
a si mesmo e os outros.

— Você não teria se casado com ele. Eu teria feito tudo o que precisava
fazer para me certificar de que você não se casasse. — Ele finalmente disse,
admitiu isso para si mesmo. Não importava o quanto ele queria deixá-la ser
feliz com outro homem. Ele simplesmente não teria conseguido. Ele a queria
muito, precisava muito dela. Ele a teria jogado por cima do ombro no dia do
casamento, se necessário, e a levado para longe. — Eu não poderia ter 245
esperado muito mais tempo. Eu teria feito tudo que estivesse ao meu alcance
para você ser minha. Sua convicção de que ela pertencia a ele tinha sido
Página

muito forte, muito poderosa para ignorar. Quanto mais próximo o seu
casamento chegava, mais desesperado ele ficava. Não havia nenhuma
maneira que ele a deixaria dizer „sim‟ para outro homem sem primeiro lutar
com todas as armas disponíveis para fazê-la pertencer a ele. Talvez tivesse
lutado com essa vontade até o último momento, mas ele não tinha dúvida de
como as coisas teriam acabado, e ela não teria terminado casada com outra
pessoa. Ele teria lutado sujo se precisasse, e era perfeitamente capaz de
fazer exatamente isso. — Caralho, e eu pensei que Sutherland fosse louco
por colocar em prática o plano que está fazendo com a ajuda de Tate. Eu
teria feito algo tão louco ou pior.

— Você nunca disse que eles estavam planejando algo. Você só disse
que Jason estava indo atrás da mulher que amava, — Ally murmurou.

— Acredite em mim, você não vai querer saber, — Travis disse


enfaticamente, mudando logo de assunto. — Diga-me o que aconteceu com a
casa.

Ally explicou o que aconteceu, que havia falado com a polícia duas
vezes, e a casa deu perda total.

— Não acho que ela realmente vai afundar até que eu a veja —
terminou tristemente. — E eu vou ter que encontrar um lugar para viver.
Não posso acreditar que estou atualmente sem teto.

— Você vai morar comigo, — Travis rosnou, seus instintos de proteção


afiados e quase dolorosos.

— Aprecio você me dar um lugar para ficar por um tempo, mas vou
encontrar algo tão rapidamente quanto puder — assegurou agradecida.
246

Porra! A mulher iria deixá-lo louco.


Página

— Permanentemente, Ally. Sem encontrar outro lugar.

Travis ficou olhando enquanto ela mordia seu lábio inferior, as


manchas escuras de rímel ainda sob seus olhos. Ela ficou em silêncio por
um momento, o mais longo maldito minuto que Travis já tinha sofrido antes
dela responder:

— Eu não tenho certeza que posso fazer isso, Travis.

Ele explodiu.

— Caralho que você não pode. Por que não?

— Porque estou apaixonada por você, — ela respondeu, sem fôlego. —


Eu não queria que isso acontecesse, mas eu te amo. Quando percebi há
pouco, que se não fosse por você, estaria morta, tudo que conseguia pensar
era que eu teria lamentado não ter lhe dito isso. Então tenho que dizer. Mas
também sei como me senti quando aquela linda morena venceu o leilão, e eu
sabia que você queria que ela tivesse ganhado quando a abraçou. Bastou vê-
lo com outra mulher assim para me sentir destruída. Eu sei quem ela é
agora, porque Tate explicou, mas percebi que com você tem que ser tudo ou
nada para mim. Eu te amo tanto que dói — ela terminou em um soluço.

Travis agarrou ambos os lados de sua cabeça e cobriu sua boca com a
dele, beijando-a com brutalidade, sua língua tomando posse da dela,
unindo-os enquanto sua cabeça girou com sua confissão.

Ela o amava.

Ele não queria parar para pensar, agora não. Agora ele queria marcá- 247
la como sua, para que ela soubesse que eles nunca iriam se separar.
Finalmente, ele puxou a boca da dela e murmurou.
Página

— Você acha que eu não sinto a mesma coisa que você sente, Ally? Eu
não posso acreditar que você pensou por um segundo sequer que eu poderia
ou iria traí-la. Você pode sentir o que eu sinto. Sei que pode. Você realmente
acha que eu te deixaria ir? Você vai se casar comigo, e então vou mostrar-lhe
todos os dias o quão sortudo me sinto por ter você como minha. — Ele
moveu suas mãos para seu traseiro de forma possessiva, precisando
desesperadamente enterrar seu pênis dolorido dentro dela. — Eu não tenho
certeza se o amor explica como me sinto. Caramba... Eu te amo, mas é mais
do que isso. Eu sabia, há quatro anos, que a partir do momento em que você
entrou no meu escritório e me olhou com esses lindos olhos verdes, que eu
estava completamente ferrado, e não em uma boa maneira. Então me
coloque para fora da minha miséria depois de anos de inferno. Diga que você
vai se casar comigo, ele murmurou, uma de suas mãos deslizando em sua
calcinha sexy, seus dedos imediatamente ficando encharcados.

Ally gemeu baixinho e respondeu:

— Mas nós ainda não falamos sobre casamento, — ela protestou


fracamente.

— Diga, — Travis exigiu com voz rouca, com a necessidade de ouvi-la,


finalmente, dizer que ficaria com ele para sempre. Se ela não fizesse isso, ele
iria enlouquecer. Ele brincou com seu clitóris, colocando mais pressão sobre
o feixe de nervos. — Diga isso agora.

— Travis. — Seu nome deixando seus lábios com um suspiro. — Eu te


amo.

Ok... Ele amava isso, e queria sempre ouvi-la dizer isso, mas ele queria 248
mais.
Página

— Diga que você vai se casar comigo. Sua paciência chegou ao fim, ele
pegou a calcinha e rasgou-a de seu corpo, colocando-a as pressas no bolso,
enquanto empurrava suas costas contra a parede do edifício, em um canto
escuro isolado onde não seriam vistos.

— Travis, não podemos fazer isso aqui — Ally protestou fracamente. —


E sim, vou casar com você. Eu te amo.

Ah... As duas coisas que ele queria ouvir. Adrenalina bombeou através
dele, seu corpo e mente em um êxtase que nunca queria que acabasse. Não
havia nenhuma maneira que ele não ia enterrar seu pênis dentro dela agora.
Ele brincou com o clitóris um pouco mais, acariciando a carne escorregadia
entre as coxas dela para fazê-la ficar ainda mais excitada enquanto libertava
seu pênis da calça.

— Neste momento, Ally. Quero enterrar meu pau dentro de você tão
profundo que você não vai poder pensar em nada além de eu te foder e fazer
você gozar.

— Deus, sim — ela gemeu. — Foda-me, Travis.

Porra. Ele adorava ouvir essas palavras de seus lábios quando dizia
seu nome. Ele agarrou a bunda dela e prendeu-a contra a parede enquanto a
levantava.

— Enrole suas pernas em volta da minha cintura.

Ela obedeceu imediatamente, agarrando seu cabelo enquanto dizia em


uma voz sensual.

— Você é meu, Travis.


249

Travis empalou-a com um impulso de seu pênis, gemendo, amando o


Página

jeito que ela afirmou isso a ele. Sua possessividade aquecia seu sangue, fazia
suas próprias emoções de posse ainda mais frenéticas. Não havia nada que
queria mais do que ela se sentir segura o suficiente, feroz o suficiente para
reivindicá-lo.

— Diga que você me ama — ele falou, querendo ouvir essas palavras o
tempo todo, agora que ela já as tinha dito.

— Eu te amo. Agora foda-me — ela ordenou, envolvendo os braços


firmemente em torno de seus ombros.

Travis perdeu-se com suas palavras, golpeava profundamente e duro


uma e outra vez, a besta escura dentro dele tomando o controle.

Preciso que ela seja minha. Preciso que ela seja minha.

— Diga que você vai ficar comigo para sempre, — ele ordenou
enquanto seu pênis ia cada vez mais fundo, mais forte, mais rápido.

— Sim. Para sempre, — ela respondeu ferozmente quando seu corpo


começou a tremer, seu canal apertando o pênis dele.

Travis podia sentir o clímax rasgando seu corpo, seu canal pulsando e
apertando seu pênis. Ele agarrou a bunda dela com mais força, levantando
os quadris para receber os golpes de seu pênis.

E então, ela o mordeu, os dentes afundando na carne de seu ombro,


que ele sabia que era para ela se abster de gritar. Mas a sensação de sua
erótica marcação foi como apertar um detonador, e ele moveu a cabeça
capturando sua boca, os dois gemendo no beijo enquanto gozavam juntos,
seus sons abafados com uma mistura de satisfação quando seus corpos
250
foram saciados.
Página

Soltando a boca de Ally para que ela pudesse respirar, Travis enterrou
o rosto em seu cabelo enquanto ela descansou a cabeça em seu ombro,
ambos ofegantes. Ele baixou os pés dela no chão, puxando a saia curta de
volta ao redor de suas coxas e fechando suas calças rapidamente antes de
alcançá-la novamente, mantendo-a presa contra ele.

— Meu desejo se tornou realidade, — disse ele com uma voz rouca.

— Que desejo? — Ally perguntou curiosamente, ainda um pouco sem


fôlego.

— Aquele que eu fiz nas águas termais na outra noite.

— Você desejou me foder contra uma parede? — Ela perguntou


provocando-o. — E o meu desejo se tornou realidade, também.

Bem... Talvez se tivesse pensado nisso, ele poderia ter desejado


também. Teria sido muito surpreendente. Mas o que desejou era muito mais
importante.

— Não. Eu queria que você me amasse e ficasse comigo para sempre.

Ela olhou para ele, seus olhos luminosos se encheram de lágrimas.

— Esse foi o meu desejo. Eu queria que você me amasse.

As palavras de Ally ecoaram no coração de Travis, e quando ele a


olhou, prometeu dar-lhe todo o amor que ela nunca teve em sua vida até
agora. Ela queria tão pouco enquanto ele queria dar-lhe tudo.

— Eu amo. Eu queria que você me amasse também, baby. — Ele


limpou as lágrimas que rolavam pelo seu rosto, fazendo uma confusão ainda
251
maior com sua maquiagem. Ele colocou a mão no bolso, sorrindo quando
Página

tocou primeiro a calcinha rasgada, e indo cavar mais fundo para pegar a
pequena caixa que ele estava esperando para dar a ela esta noite. Ele abriu a
tampa, o diamante cintilante capturou cada raio de luz fraca. — Eu não vou
nem lhe pedir para se casar comigo de novo, porque você já disse que sim e
você não pode mudar de ideia, — ele resmungou, não querendo sequer ter
essa chance. Ele tirou o anel da caixa, colocou o recipiente de volta no bolso
e pegou sua mão, deslizando o diamante em seu dedo.

Minha.

Caralho, ela olhou o lindo anel, uma declaração física que ela era
finalmente dele.

— Travis, eu não sei o que dizer, — ela murmurou, seus olhos


viajando do anel para o rosto de Travis. — Droga. Tudo o que eu tenho feito é
chorar a noite toda. Eu quase nunca choro. — Mas seus olhos estavam
brilhantes de lágrimas.

— Nada, — respondeu Travis rapidamente. — Não diga nada. Você já


disse que sim. Não recue agora. — Ela já tinha concordado em se casar com
ele. Não havia nada mais a dizer. — Apenas me beije, — sugeriu
esperançosamente, esperando que ela não chorasse novamente. — Eu não
quero ver você triste mais, — ele admitiu, com voz entrecortada.

Ally acariciou sua bochecha e, em seguida, colocou a mão atrás do


pescoço para lhe dar o beijo mais doce que ele já recebeu. Ele saboreou-o,
recebendo um abraço que estava cheio de ternura e amor, uma conexão que
era muito mais do que paixão. Ela se afastou lentamente e sussurrou com
voz rouca:

— Eu não estou triste. Estou surpresa.


252

— Eu sei. Sua casa...


Página

— Não é a casa, — ela interrompeu, dando-lhe um pequeno sorriso. —


Eu estou surpresa por você, por nós. Eu nunca estive tão feliz e é quase
assustador.

— Então, se acostume a ficar aterrorizada, porque eu pretendo mantê-


la feliz todos os dias, — ele respondeu com um sorriso diabólico, sabendo
exatamente como se sentia. Para um homem que vivia em isolamento e
escuridão por tanto tempo, ser feliz assim era aterrorizante, mas ele iria
arriscar. — Você vai se acostumar com isso eventualmente.

Ally deu um sorriso calmo, passando as mãos por seu rosto.

— Preciso limpar meu rosto. Eu sei que estou uma bagunça. E estou
curiosa para ver quem arrematou Tate para a noite.

Travis não estava curioso, mas ele sorriu enquanto esperava que o
outro homem tivesse acabado com a mulher mais irritante no evento de
caridade. Serviria de certa forma para se vingar do bastardo pela forma que
Tate havia lhe torturado por causa de Ally.

Ele colocou o braço em volta dela e levou-a até o banheiro das


mulheres, esperando lá fora depois que usou o banheiro dos homens para se
limpar, apoiando um ombro contra a parede, enquanto observava a
multidão. O baile estava em pleno andamento, o leilão aparentemente tinha
acabado. Seus olhos passaram na pista de dança, à procura de Tate, mas ele
não o viu em qualquer lugar.

— Acho que estou tão bem quanto consigo ficar sem maquiagem, —
disse Ally, em voz baixa, ansiosa atrás dele.
253

Travis virou-se e olhou para ela.


Página

— Você está deslumbrante. — E ela era a mulher mais bonita que ele
já tinha visto.
Ally revirou os olhos para ele.

— Eu estou como uma mulher que chorou a noite toda. Meus olhos
estão inchados, estou sem maquiagem, e meu nariz está vermelho. Não sou
uma visão atraente.

Travis pensou que ela estava errada. Ele olhou para o anel em seu
dedo e depois para seu rosto, pensando que ela parecia incrível.

— Você parece que é minha, — ele disse a ela simplesmente, pensando


que isso a fazia mais do que atraente. Parecia um milagre para ele. — Dance
comigo, ele perguntou, estendendo a mão para a dela.

Ela colocou a mão na sua com um sorriso, aproximando-se dele para


sussurrar.

— Não esqueça que minha bunda está nua. Algum bárbaro arrancou
minha calcinha e eu duvido que possa vesti-la novamente. — Não poderia.
Travis a destruiu. Ele verificou sua saia, certificando-se de que estava tudo
certo. — Pelo amor de Deus, não se curve, — ele falou duramente, puxando-
a para uma área mais isolada da pista de dança, dividido entre o desejo de
tê-la em seus braços e sua necessidade territorial para se certificar de que
ele não a exporia. Quando a puxou em seus braços, ele resolveu o problema,
colocando uma das mãos na bunda dela, em vez de suas costas, tendo a
certeza de que sua saia não subiria.

— As pessoas estão olhando, — Ally disse a ele em uma voz divertida,


254

enquanto seguia sua liderança perfeitamente.


Página

— Eu não dou a mínima, — respondeu, surpreendendo a si mesmo,


pois realmente não se importava. Era uma ocasião formal, e talvez não fosse
adequado mantê-la dessa maneira, mas se sentia bem. — Se eles não
gostam disso, não tem que olhar.

— Travis Harrison, você está realmente disposto a fazer algo um pouco


escandaloso? — Ally brincou. Ele olhou em seus profundos olhos verde, sua
expressão intensa.

— Não há nada que eu não faria quando se trata de você, — ele disse a
ela em uma voz rouca, sabendo que realmente quis dizer cada palavra. —
Diga que você me ama de novo, — disse insistentemente, sabendo que soava
patético, mas não se importava com isso.

— Eu te amo. — Ela respondeu imediatamente.

Travis sentiu seu pênis endurecendo apenas por ouvir o tom sensual
de suas palavras. Incapaz de se conter, ele parou de dançar e a beijou, não
retendo nada, enquanto tentava dizer a ela sem palavras o quanto apreciava
esse amor. Ally o amava exatamente como ele era, idiota e tudo. Ela não se
importava com a sua riqueza, seus esquisitos sonhos premonitórios, ou o
seu comportamento indiscreto, às vezes. Ela só se preocupava... Com ele.

Flashes brilharam, e Travis sabia que iria ver uma imagem


arrebatadora sua e de sua nova noiva na pista de dança de um baile de
caridade nas páginas da coluna social de manhã. E ele realmente iria
saborear a notícia. Ele esperou Ally por anos, e ele queria que cada homem
no mundo soubesse que ela agora pertencia a ele. Na verdade, ele ficaria feliz
em olhar para a foto amanhã, porque tinha absoluta certeza que ele iria 255
emoldurá-la.
Página
Capítulo 18
Uma semana depois, Ally observava o rosto de Travis enquanto
dolorosamente explicava a sua família a verdade sobre seus sonhos
premonitórios, sabendo o quão difícil isso era para ele. Seu coração doeu
quando ela se sentou no braço da poltrona em sua sala de estar, sua família
toda ouvindo atentamente, como se pudessem sentir o quão difícil era para
ele, também.

Max e Mia estavam sentados no sofá, Kade e Asha também, todos eles
completamente em silêncio por alguns momentos, depois que Travis parou
de falar.

— Eu sabia, — Kade disse finalmente, sua voz baixa e estranhamente


triste — eu não sabia que você estava tendo sonhos, e eu não poderia
realmente descobrir tudo, mas eu sabia que tudo o que aconteceu foi mais
do que uma coincidência. Você estava lá quase todas as vezes que precisava
de você. Caralho, por que você não me contou toda a verdade? Isso é um
fardo imenso para suportar sozinho, Trav.

— Eu não poderia lhe dizer, — Travis respondeu com uma voz


torturada, esfregando o rosto com as mãos. — Você e Mia eram tudo que eu
tinha, e nosso pai era louco. Não queria que ninguém pensasse que eu era
tão louco como ele. Eu só queria que todos nós fôssemos normais de novo.
256

— Ele parou por um minuto antes de acrescentar: — Eu não sonhei com o


Página

seu acidente, Kade. Sinto muito.

Kade se levantou seu rosto em uma expressão sombria. Ele caminhou


até a poltrona de Travis e disse veementemente:

— Levante-se.

Ally se encolheu, esperando que não se arrependesse por falar para


Travis contar tudo à sua família. Esta situação foi sua ideia. Ela amava
Travis tanto, e queria que ele superasse a distância com seus irmãos. Ally
sabia que eles o amavam tanto quanto ele os amava, embora Travis nunca
demonstrasse isso por causa de seu isolamento, e agora precisava de
garantias desse amor. Só queria que Travis fosse feliz, para perceber o quão
especial ele era, e ela estava contando com a ajuda de seus irmãos para isso.

Ela observou como Travis lentamente ficou de pé, olhando para o rosto
sombrio de seu gêmeo, sua expressão incerta. Kade demorou menos de um
segundo para embrulhar seu irmão mais velho em um dos mais ferozes
abraços de urso que Ally já tinha visto.

— Eu amo você, seu idiota, — Kade disse ferozmente, abraçando


Travis firmemente com seus braços musculosos. — E você nunca poderia ser
como nosso pai. Você é a cola que mantinha a família unida cada vez que
era necessário. Eu não dou à mínima se você não poderia me dizer sobre o
acidente. Eu não ficaria com a mulher que eu amo mais do que a vida se
isso não tivesse acontecido. Às vezes, a dor que passamos na vida vale a
pena.

Ally observava, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto enquanto 257
Travis lentamente respondeu, e ela viu seu grande corpo estremecer
enquanto também abraçava Kade, os dois presos juntos em um abraço
Página

fraternal. Ela não precisava ser informada de que era a primeira vez que
Kade se sentiu livre para realmente expressar o quanto se preocupava com
seu gêmeo porque Travis sempre manteve todos a uma certa distância no
passado.

— Eu também te amo, irmãozinho, — Travis respondeu calmamente,


batendo nas costas de Kade enquanto se separaram.

O coração de Ally se apertou, enquanto observava o rosto de Kade se


transformar em um sorriso feliz quando Mia veio logo atrás dele e se jogou
nos braços de Travis, com o rosto molhado de lágrimas.

— Sinto muito, Travis. Então desculpa por tudo. Se eu não tivesse me


metido em problemas, você e Kade não teriam ficado tão distantes um do
outro enquanto eu estava escondida em Montana. Max e Kade tinham um ao
outro. Você não tinha ninguém, — ela engasgou com um soluço, agarrando-
se ao seu irmão mais velho como uma tábua de salvação.

— Eu tinha Mia, — Travis sussurrou, segurando sua irmã e


balançando-a. — Eu tinha você. Pelo menos sabia que você estava viva. Eu
não tive que lidar com o inferno em que coloquei Kade e Max, porque eles
achavam que você estava morta.

— Eu estaria se você não tivesse me escondido e mantivesse isso em


segredo, — Mia respondeu, finalmente olhando-o, e beijando Travis na
bochecha. — Max, Kade e eu estaríamos todos mortos. Você já sabe que te
amo, mas eu acho que você nunca vai saber o quanto. Eu te causei muitos
problemas, mas sei que você se importa comigo. — Mia enxugou as lágrimas
quando deu um passo atrás, olhando para o rosto de seu irmão. 258

— Eu amo você, Mia. Eu sempre amei. E eu sou seu irmão mais velho.
Página

É o meu trabalho mantê-la longe de problemas, — Travis disse a ela meio


arrogante, mas ele estava sorrindo.

Asha foi a próxima a abraçar e beijar Travis, e Max se adiantou e


apertou sua mão dando-lhe um abraço e uns breves tapas em suas costas.
Afastando-se de Travis, Max disse com remorso:

— Devo-lhe um pedido de desculpas, Travis. Eu me odeio por isso,


mas me ressentia desde que descobri que você escondeu Mia de mim.

Max voltou a tomar seu assento ao lado de Mia, e Travis sentou-se


novamente. Ally estendeu a mão e Travis apertou-a, trazendo a palma da
mão sobre os lábios e beijando-a ternamente antes de trazer suas mãos
unidas para descansar no braço da poltrona.

— Eu sabia disso, Max. Sabia que até hoje você ainda estava
ressentido. Mas eu não culpo você, — Travis respondeu honestamente.

— Eu não estou mais ressentido, Travis. Estou eternamente grato, e


eu não sei como dizer obrigado por ter salvado cada um de nós. — Max
respondeu pensativo.

— Eu não posso acreditar que todos vocês estão aceitando isso, que
vocês acreditam em mim. — Travis disse com voz rouca.

Ally apertou sua mão, sabendo que a aceitação incondicional de sua


família significava tudo para ele.

— Por que não iríamos? — Asha perguntou curiosamente. — Quando


Tate me resgatou, ele me disse que você mandou uma mensagem para ele.
Como você sabia que eu precisava dele? 259
— Tive um sonho vago na noite anterior, — Travis admitiu. — E eu
Página

não estava me sentindo bem com a situação. — Ele deu de ombros. — Às


vezes acontece assim.

— Você tem um dom incrível, Travis. Eu acho que há muitas coisas


espirituais que nós não entendemos, mas isso não significa que elas não
existam, — Asha murmurou. — Sou mais grata do que você jamais saberá
pelo fato de você ter mandado uma mensagem para Tate naquele dia. Eu não
teria vivido nem mais alguns minutos sem a sua ajuda.

Ally queria abraçar a amiga por tranquilizar Travis, por tentar torná-lo
mais confortável com ele mesmo.

— Ele salvou Tate, também.

Mia se inclinou para frente, com uma expressão de espanto no rosto.

— Conte-nos.

— Ele te disse? — Travis perguntou, olhando para ela com uma careta.

— Sim. Quando minha casa foi destruída, ele me contou a sua história
porque eu disse a ele que achava que você sabia que ia acontecer.

Ally explicou rapidamente o que tinha acontecido com Tate para o


resto da família. Travis já havia lhes dito sobre seus sonhos recorrentes
sobre Ally, e por que ele a levou para o Colorado.

— Porra, Trav. Isso é incrível, — Kade exclamou, de boca aberta para


Travis.

— É peculiar. E eu também acho incrível. — Travis retumbou sem


jeito, mas não muito enfaticamente. 260
Ally suspirou, sabendo que levaria tempo para Travis aceitar
Página

completamente quem ele era, mas ter sua família sabendo sobre isso e o
apoiando foi um passo importante.

— Você tem um dom. — Asha argumentou.


— Especial — Mia disse com um aceno de cabeça.

— Eu nunca quis ser dotado ou especial, — Travis disse asperamente.


— Depois de nossa infância louca e nosso pai louco, eu só queria ser normal.

— Você nunca foi normal, — disse Kade com um sorriso. — Você


sempre foi um idiota. E o que aconteceu com o irmão que me disse que não
tinha encontrado uma mulher que valia a pena perder seu senso comum?
Você viu a foto de vocês no jornal, em que está agarrando a bunda de Ally e
beijando-a como se tivesse perdido a cabeça no meio de um baile?

— Sim. Eu emoldurei e a foto está na minha mesa no trabalho, — ele


admitiu não se desculpando — eu me juntei ao clube dos homens doidos. Na
verdade, eu poderia me tornar o presidente da organização.

— Ainda quer se livrar daquela mesa? — Perguntou Kade com um


sorriso.

— De jeito nenhum. Não mais. Tornou-se a minha peça favorita de


mobiliário em todo o edifício, — ele respondeu enfaticamente.

Ally corou, sabendo exatamente por que Travis costumava odiar


aquela mesa. Mas eles tiveram mais algumas aventuras no escritório na
superfície de madeira particular, e agora ele jurou que iria mantê-la para
sempre, mesmo que o fizesse se distrair às vezes. Mas ela sabia que ele
estaria esbravejando sobre a mesa novamente se ela não estivesse por perto.
261
Os homens riram e as mulheres ficaram impressionadas com seu
comentário. Ally olhou para Travis, finalmente dando um suspiro de alívio.
Página

Hoje foi transposto um grande obstáculo, e ela sabia que ele realmente não
queria lidar com isso. Mas ela tinha fé suficiente em sua família e sabia que
eles sempre aceitariam Travis incondicionalmente, e ela queria que ele
soubesse e que acreditasse nisso. Então ela o empurrou, incentivou,
esperando que nada pudesse dar errado. Algum dia estaria mais confortável
com seus traços especiais e únicos, mas ele vivia com o seu dom sozinho por
tanto tempo que isso não aconteceria da noite para o dia.

Ela ficou com ele desde que haviam retornado do Colorado, e embora a
sua casa fosse enorme e tinha uma segurança incrível, não era ostensiva.
Claro, ela deveria saber que não seria, porque isso não era o estilo de Travis.

Ele tinha ido à sua casa destruída com ela, mas quase nada foi
recuperado. Estranhamente, ela não estava realmente triste. Houve alguns
itens pessoais que ela teria gostado de ter, mas era quase como se ela ainda
não tivesse realmente começado a viver até que caiu de amor por Travis. E
parecia que tudo o que aconteceu antes em sua vida foi para levar a isso...
Para ele. Travis a fez sentir-se amada, completa e perfeita. Duvidava que
deixassem de brigar às vezes, mas era quase como se fossem preliminares.
Além disso, Travis não era o tipo de homem que precisava de uma esposa
que não pudesse desafiá-lo. E ela adorava e amava seu macho alfa, sua
personalidade protetora. Isso a fazia se sentir segura, e nunca houve um dia
em que ela não se sentisse amada, mesmo se ele estava chateado com ela
por alguma coisa.

— Então, quando é o casamento? — Asha perguntou curiosa, olhando


animadamente para Ally.

— Logo. — Travis disse irritado.


262

— No próximo ano. — Ally respondeu ao mesmo tempo. Eles se


Página

entreolharam e franziram a testa.

Travis passou um braço em volta da cintura e puxou-a para o seu


colo.

— Eu não vou esperar até o próximo ano, — informou ele


teimosamente, sua voz segurando uma nota de aviso.

— Nós não definimos uma data ainda, — disse a Asha com uma
piscadela.

— Mas com certeza não será no próximo ano, — Travis respondeu


obstinadamente.

Kade olhou para Max.

— Devemos começar a fazer apostas sobre quem vai ganhar este


argumento?

— Não. — Max respondeu com um sorriso. — Isso não iria funcionar.


Ambos apostaríamos em Travis.

Asha, Kade, Max, e Mia riram enquanto levantavam-se para sair.

— Eu acho que nós vamos deixar vocês dois discutirem esse assunto,
— disse Kade, batendo nas costas de Travis enquanto passava por ele.

Ally tentou sair do colo de Travis para despedir-se de todos, mas ele a
segurou firmemente por um minuto a mais, sussurrando com voz rouca em
seu ouvido:

— Não vamos esperar todo esse tempo, mesmo se eu tiver que usar a
263
minha gravata impertinente.
Página

Ally estremeceu com o pensamento, sabendo que quando Travis queria


algo, ele sempre conseguia. Quando Travis realmente queria ser mau, ele
sabia exatamente como chegar a ela.
— Vamos discutir isso, — ela disse com firmeza quando se levantou.

— Não por muito tempo, — Travis disse ameaçadoramente, com um


sorriso feliz no rosto.

Ally sorriu de volta, mais do que pronta para brigar com ele, porque
sempre terminava com a mais deliciosa compensação sexual.

Finalmente Travis fechou a porta atrás de sua família e olhou para ela
com uma expressão de alívio no rosto.

— Foi muito difícil? — Ally perguntou-lhe com ternura, sabendo que


tinha sido, e perguntando se ele queria falar sobre isso.

— Você estava certa. Eu precisava fazer isso — ele respondeu com


uma voz rouca de emoção. Puxou-a contra ele, envolvendo os braços
firmemente em torno dela e enterrando o rosto em seu cabelo. — Obrigado
por devolver a minha família, Ally. Sua voz era grossa e crua com emoção.

Ally tentou engolir o nó que estava se formando na garganta quando


Travis segurou-a firmemente, com o corpo tremendo. Ela acariciou seus
cabelos, envolvendo seu outro braço em volta do pescoço, sabendo o quanto
tudo isso significava para ele. Ele ficou sozinho por muito tempo, tinha uma
família, mas não estava completamente conectado a ela desde a morte de
seus pais. Ally ficou agradecida por todos na família de Travis terem tentado
convencê-lo de que as mortes de seus pais não foi culpa dele.
264
— Eu te amo, — ela disse suavemente, continuando a acariciar seu
cabelo para confortá-lo.
Página

— Eu te amo tanto que acho que isso poderia me matar — disse Travis
em uma voz abafada, ainda não afrouxando o aperto sobre ela. — Precisamos
nos casar em breve, acrescentou em uma voz exigente, mas pungente.

— Vamos falar sobre isso — disse Ally, sabendo que ela cederia.
Sentia-se da mesma maneira que Travis e ela não queria esperar.

Travis afastou e encontrou seu olhar, sua expressão intensa.

— Certamente nós iremos — Travis resmungou.

E então ele a beijou, e Ally sabia exatamente quem ganharia este


argumento, pois ela sentia a mesma paixão volátil que ele, os dois
completamente perdidos um no outro.

265
Página
Epílogo
Dois meses depois.

Ally sabia que Travis estava chegando, e ela sussurrou sua contagem
regressiva de costume.

— Cinco...

— Quatro…

— Três…

— Dois…

— Um…

Ela suspirou enquanto observava seu marido atravessar a porta de


seu escritório, vestido com um de seus ternos escuros favoritos, e atirando-
lhe um sorriso perversamente lindo que sempre fez seu coração começar a
fazer cambalhotas dentro do peito.

— Bom dia, linda — ele disse rispidamente, seus olhos vagando sobre
ela possessivamente.

— Bom dia, Sr. Harrison — ela respondeu maliciosamente. — Deixe-


me pegar um pouco de café. — Ally estava sempre disposta a ir buscar seu
266

café quando ele a cumprimentava assim, o que ele não deixou de fazer desde
Página

que haviam retornado do Colorado.

A maioria dos dias, eles vinham trabalhar juntos, mas Travis teve uma
reunião de manhã cedo, assim Ally tinha ido trabalhar dirigindo seu novo
veículo. Travis deu a ela uma Ferrari F12 como presente de casamento, uma
surpresa que até agora estava embasbacada, embora eles tivessem se casado
há um mês em uma pequena cerimônia em sua casa. Mesmo o casamento
sendo pequeno, tinha sido o mais belo evento de sua vida, o dia que se
juntou ao homem que ela sabia que amaria para sempre e além. Asha, Mia,
Maddie, e Kara ajudaram para que o planejamento fosse rápido, e toda
família e amigos mais próximos estavam presentes na cerimônia e recepção,
que era tudo o que Ally sempre quis ou sonhou para um casamento. Claro,
Travis quis ter o melhor de tudo para o casamento, e chocou-a mais tarde
com um novo F12.

Ally tinha certeza de que ele ainda estava preocupado com ela
dirigindo um carro rápido, e mandou mensagem duas vezes para se certificar
de que tinha feito isso com segurança enquanto ia trabalhar, lembrando-a
para diminuir sua velocidade. Se fosse honesta, ela não tinha sido capaz de
resistir usando um pouco do enorme poder do veículo, mas apenas
razoavelmente, porque ela ainda estava um pouco nervosa para dirigir um
carro que era extremamente caro. Travis a levou para sua pista, mas Ally
ainda não o tinha visto usar as habilidades de corrida soberbas que sabia
que era capaz de exibir quando estava junto no carro. Ela brincou com ele
por estar dirigindo como um velhinho em alguns de seus carros mais
rápidos, mas como resposta teve apenas um resmungo dizendo que não
estava arriscando sua vida, correndo a velocidade suicida quando ela estava
com ele. Mas ela adorava a sensação emocionante de velocidade quando 267
Travis estava fazendo suas corridas na pista, mesmo se soubesse que ele
Página

dirigia muito mais rápido quando ela não estava por perto.

Ally pegou a ambos uma xícara de café e levou ao escritório de Travis


para que eles pudessem ter sua discussão matinal sobre o negócio. Ela
olhou para ele, sua expressão pensativa.

— Você está bem? — Perguntou Ally, preocupada. Ele parecia tão feliz
há poucos minutos.

— Tenho algo para você — disse ele lentamente, sua voz baixa e séria
quando ele acrescentou: — Por favor, não fique brava.

Ally arqueou uma sobrancelha, perguntando se ele estava se referindo


a algumas de suas palestras sobre a compra de coisas que ela não precisava.
Depois que sua casa foi destruída, Travis comprou, comprou e comprou
coisas para ela, mesmo quando soube que tinha feito um acordo com o
seguro para substituir os pertences que realmente eram necessários. E ele
ainda não parou, estava comprando muito mais do que ela precisava.

— Provavelmente não vou ficar brava — Ally disse-lhe pacientemente,


embora sempre deixasse algum espaço de manobra no caso dele passar dos
limites.

— Você pode ficar — Travis a alertou, segurando um envelope. — Isto


é para você.

Um pouco alarmada com a expressão séria no rosto, ela pegou o


envelope, olhando imediatamente no endereço de retorno, reconhecendo o
nome imediatamente.

— Por que estaria recebendo algo deste tipo? — Ela perguntou em voz 268
baixa, perplexa quando abriu o envelope, e colocou seus óculos de leitura.
Página

Quando ela começou a ler a carta, seus joelhos cederam e ela teve que
se sentar para ler o resto da correspondência.

— Meu Deus. Isso não é real. É uma farsa. Era uma notificação de que
o primeiro livro de sua série de fantasia para jovem adulto tinha ganhado
um dos mais prestigiados prêmios possíveis para um manuscrito inédito. —
Não inscrevi meu manuscrito.

— Eu inscrevi. — A voz de Travis era baixa e ansiosa. — Fiz isso por


você, Ally. Nenhum dos juízes sabia a quem o manuscrito pertencia e eu juro
que não interferi em nada. Eu só os inscrevi. O que a carta diz?

Os olhos de Ally voaram para seu rosto, espantada.

— Diz que ganhei o primeiro lugar, o livro do ano para um manuscrito


inédito. — Suas mãos tremiam quando ela se levantou e entregou-lhe a
carta, vendo-o examinar a breve notificação.

Ele sorriu para ela.

— Eu sabia que você ganharia.

Se Travis estava dizendo a ela que não tinha feito isso acontecer, que
ganhou por seu próprio mérito, ela sabia que era verdade. Se havia uma
coisa que Travis nunca fazia, era mentir descaradamente. Ele podia ter
ocultado a verdade no passado, mas nunca mentiria para ela sobre algo
assim.

— Você entregou por mim? — Ally disse com voz rouca, sua voz
embargada pelas lágrimas. Só o fato de Travis pensar em fazer algo como
isso era incrível. Ela sabia que ele tinha fé nela, mas isso foi incrível. 269
— Você está com raiva? — Ele parecia nervoso. — Sei que deveria ter
Página

perguntado primeiro, mas eu não acho que você iria fazer isso. E eu sabia
que você ia ganhar.

— Provavelmente não teria feito — Ally admitiu, sabendo que ela


cresceu emocionalmente desde que rompeu seu relacionamento com Rick.
Ainda assim, inscrever seu manuscrito para um prêmio tão prestigiado teria
sido assustador e, honestamente, provavelmente não teria sequer pensado
em fazer isso.

— Eu queria que você tivesse a validação oficial de que seu trabalho é


fantástico, por pessoas que não seriam tendenciosas. Outras pessoas além
de mim.

Ally levantou-se e contornou a mesa, e jogou os braços em volta do


pescoço de Travis. Ele agarrou seu corpo imediatamente, puxando-a em seu
colo.

— Não estou brava — ela lhe disse, entre lágrimas, ainda espantada
com a força e a delicadeza do homem que havia se casado.

— Eu só quero que seja feliz Ally. Eu sei que disse que ainda queria
ficar aqui e trabalhar comigo, mas eu quero que você faça o que quiser, para
realizar quaisquer sonhos que tiver. Você pode terminar o seu MBA, ou
escrever mais romances premiados agora que todas as editoras vão querer
publicar os seus livros. Eu não me importo com o que é preciso para te fazer
feliz. Vou fazer, — Travis disse ferozmente, apertando sua cintura —
contanto que você seja sempre minha.

— Eu já estou em êxtase de felicidade, Travis, porque você me ama. —


Ela tirou uma mecha errante de cabelo de sua testa. — E eu não quero 270
voltar para a faculdade para o meu MBA mais. Acho que estava estudando,
porque era seguro. Quero escrever, e quero estar com você e te fazer feliz.
Página

Esses são meus dois únicos sonhos agora. E algum dia eu gostaria de ter
um filho.

— Querida, eu já estou feliz. E estou mais do que disposto a fazer


horas extras para trabalhar nesse sonho de um filho, — ele disse com
entusiasmo.

Ally sorriu, sabendo que se ele trabalhasse mais duro, ela estaria
esgotada. Travis já era insaciável. E realmente, ela amava seu trabalho na
Harrison agora que o marido não era mais a porra de seu chefe bilionário.

— Eu gostaria de ficar, a menos que queira outra assistente. Eu posso


escrever à noite e fins de semana quando você está ocupado. E você
prometeu que me levaria a qualquer lugar com você. Sou capaz de escrever
em qualquer lugar.

— Graças a Deus, — Travis respondeu com fervor, colocando sua testa


no ombro dela, aliviado. — Eu duvido que possa encontrar alguém que me
ature, e não tinha certeza de como eu iria fazer sem você o dia inteiro aqui.
Eu preciso de você, Ally.

O coração de Ally apertou, sabendo que significava que ele precisava


dela não apenas como uma assistente. E ela precisava dele, também. Talvez
porque os dois se acostumaram a sua relação intensa que afastou o
sentimento de vulnerabilidade e juntos se sentiam de forma diferente. Mas
agora, Ally estava exatamente onde queria estar.

— Eu nunca conseguiria outro emprego com tais grandes benefícios —


Ally disse provocando-o. — E seria triste se você começasse a odiar sua mesa
novamente. — Ela estendeu a mão e a passou sobre a madeira polida. 271

Travis rosnou e levantou-se, levantando-a sobre a mesa na frente dele.


Página

— Eu acho que preciso de um lembrete de quanto eu a amo. — Sua


expressão era má quando ele começou a desabotoar sua blusa.

— Sr. Harrison, você tem uma reunião em breve — Ally lembrou-lhe


severamente.

— Eles podem esperar. Eu sou o chefe — ele murmurou.

Ally estendeu a mão e começou a desabotoar sua camisa, o desejo de


tocar sua pele era enorme.

— Preciso te tocar — ela murmurou o coração tão cheio de amor que


tinha medo que estourasse.

— Porra. Então provavelmente chegarei para a reunião na hora —


disse ele asperamente. — Você sabe o que acontece quando faz isso.

— Então me beije — ela falou docemente.

Travis olhou para ela, seus olhos escuros cheios de emoção.

— Eu amo você, Ally.

Seu coração acelerou quando viu a intensidade em seus olhos quando


ela respondeu:

— Eu te amo. — Ela colocou os braços em volta de seu pescoço,


abandonando seus botões para afundar-se no abraço apaixonado de Travis.

Ele ainda estava atrasado para a reunião, mas quando finalmente


chegou, chocou seus empregados por entrar na sala de conferências com um
enorme sorriso no rosto. No meio da reunião, o celular de Travis explodiu
um tom musical forte, otimista. Cada rosto em torno da mesa de conferência
272
ficou chocado quando, em vez de ficar irritado com Ally por mudar o toque
Página

em seu celular... Travis Harrison realmente riu.

Fim

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