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REDENÇÃO E
DESEJO
Ariela Pereira
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
1º Edição
2018
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
ÍNDICE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
Lowell
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XX
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXV
CAPÍTULO XXVI
CAPÍTULO XXVII
CAPÍTULO XXVIII
EPÍLOGO
PROMOÇÃO
AGRADECIMENTOS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PRÓLOGO
Lowell
minha derrota.
— O que você acha? Eu pareço precisar de
ajuda? — Ironizei, furioso e ao mesmo tempo com
medo.
— Puxa as rédeas. Você precisa mostrar a ele
quem manda. Faça-o parar agora mesmo.
— Ah, claro, como eu não pensei nisso antes?
Ele não está obedecendo ao comando. Se quer me
ajudar então faça alguma coisa antes que seja tarde.
Edward olhou para os dois lados, como se
procurasse uma alternativa. Nos aproximávamos
depressa dos limites da nossa propriedade, na
fronteira havia uma autoestrada pouco
movimentada, onde o cavalo só teria duas opções:
ou parava ou nos colocava em risco de sermos
atropelados.
— Pula agora! — Edward gritou, alarmado.
— Está louco? Não posso pular nessa
velocidade. Dá um jeito de parar essa fera. É você
quem entende como eles pensam.
Meu meio-irmão lançou um olhar para frente e
quando olhei novamente naquela direção
enxerguei, ao longe, a clareira que revelava a
autoestrada, na direção para a qual o cavalo seguia
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desenfreadamente.
Merda! Eu estava mesmo ferrado! Se o cavalo
não freasse, poderíamos bater em algum carro.
Maldito puro sangue árabe burro!
— Pula logo. Se não você vai morrer. —
Edward me alertou.
— Eu vou morrer se pular.
— Se pular você pode ter uma chance.
Não tive coragem de pular. Ainda fechei os
olhos e cogitei me atirar no chão, mas só conseguia
me imaginar com o pescoço quebrado, estendido
sobre o gramado. Foi então que Edward provou o
seu heroísmo, aproximou ainda mais o seu cavalo
do meu, e se jogou em cima de mim,
repentinamente, empurrando-me para o lado,
fazendo com que caíssemos juntos sobre o chão
forrado de grama, o impacto violento me deixando
meio zonzo, nos fazendo rolar bruscamente no
tapete verde imenso.
Sentei-me na grama completamente tonto pela
queda. Quando meus olhos buscaram os dois
cavalos, vi que ambos se aproximavam
rapidamente da autoestrada e não consegui
continuar olhando. Virei o rosto e no instante
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CAPÍTULO I
pouco.
Não se empolga, Lowell.
Fiquei surpreso ao descobrir que o interfone do
quarto funcionava e pedi mais vodka ao “Norman
Bates” da recepção, sem que ele soubesse que
Madison estava em meu quarto. Desta vez, veio
uma garrafa grande e passamos a consumir a
bebida com gelo e refrigerante, para amenizar o
gosto forte.
Talvez pelo efeito da vodka me deixar cada vez
mais solto, ou por ver a forma como Madison se
mostrava fascinada e feliz com as minhas histórias,
fui relaxando cada vez mais, me entregando a uma
rara espontaneidade. Quando dei por mim, ambos
estávamos quase que completamente bêbados,
rindo demais, de coisas bobas, de qualquer coisa.
Esqueci completamente que aquilo podia ser a
armadilha para um assalto e depositei toda a minha
confiança em Madison, como se fôssemos velhos
amigos e não duas pessoas que acabavam de se
conhecer.
Apesar da simplicidade do lugar, do
desconforto e das circunstâncias nas quais me
encontrava, eu estava me divertindo como há muito
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CAPÍTULO II
anterior.
— Fica em Wellington. Eu te convidei e você
aceitou. Estaremos de volta antes do final do dia.
— Eu não sei o que estava pensando quando
concordei em ir com você. Desculpe-me, mas não
posso. Tenho responsabilidades em casa e meu
turno começa ao meio-dia.
A decepção foi me tomando lenta e
amargamente. De súbito fui invadido por uma
insegurança estranha, um receio descabido de não
voltar a vê-la, algo completamente novo e
desconhecido para mim.
O que está acontecendo com você, cara? Ela é
só mais uma garota bonita.
— Me deixa pelo menos te levar em casa.
No caminho eu pego o seu telefone, gata.
Ela refletiu por um instante, como se hesitasse.
Será que tinha alguém em sua vida? Será que
era casada? Ela não mencionara nada sobre isso
durante a noite, até porque evitara ao máximo falar
sobre si mesma e agora eu estava me sentindo meio
tolo, interessado por uma mulher que podia ser
comprometida.
— Tudo bem. — Ela concordou e fiquei mais
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mentalmente.
— Custava ter dado um telefonema para
avisar?
— O celular estava sem sinal. Mas o
importante é que estou aqui agora. Então vamos ao
que interessa.
Tirei a papelada de dentro da pasta e mesmo
antes da empregada voltar com meu café
começamos a fatigosa discussão sobre os negócios.
Ele queria saber sobre todas as transações
realizadas e aquilo se perdurou por horas. Quando
por fim terminamos, estava tão tarde que acabei
concordando em ficar para o almoço.
Faltava meia hora para ser servido quando
deixei a residência para ir dar uma volta pelos
arredores, só para me livrar da companhia
sufocante do meu pai.
Observando a grandiosidade do lugar, com seu
imenso tapete de grama em vários tons de verde, o
cinturão de árvores bem podadas mais adiante, o
cheirinho de ar puro e o silêncio gostoso, lembrei-
me da época em que eu brincava por ali junto com
Madison. O quanto era feliz, o quanto gostava dela.
Os finais de semana, quando podia estar
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CAPÍTULO III
Madison
mal encarado.
Empertiguei-me na cadeira quando ele saltou e
se aproximou. Pelo menos desta vez estava
sozinho, sem os capangas que costumavam
acompanhá-lo.
— Boa tarde Madison. Tudo bem com você?
— Tudo bem, Jason. Quer se sentar?
Ele ocupou uma cadeira do outro lado da mesa.
— Fiquei sabendo que você foi demitida do
hotel e acredito que possa estar guardando o seu
pagamento para quitar parte da dívida que Jerry
tem comigo. Não que isso chegue a pelo menos dez
por cento do que ele me deve, mas ajuda.
Ele falava com tom firme e ligeiramente
ameaçador. Devia ser o jeito como costumava falar
com todos os seus devedores, já que emprestava
dinheiro para muita gente, para receber com juros
absurdos. Era a ele que Jerry recorria quando
estávamos nos maiores sufocos e não
encontrávamos outra saída. Sempre que participava
de alguma atividade ilegal e conseguia algum
dinheiro, grande parte desse dinheiro ia para as
mãos de Jason, só que devido aos juros, a dívida
nunca era totalmente quitada.
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CAPÍTULO IV
minhas entranhas.
— Nós só estamos atravessando uma fase
difícil. As coisas vão melhorar. Sua dívida será
toda paga. Agora se puder me dar licença, preciso
continuar procurando um emprego.
— Está me dizendo que devo ir embora, gata?
Minha presença te incomoda?
Ele aproximou-se mais um passo, colocando-se
tão perto de mim que o fedor do seu suor alcançou
minhas narinas, causando-me náuseas.
“Reage, Madison. Dá um chute nas bolas
desse idiota!” Eu não conseguia.
— Não foi isso que eu quis dizer. Só quero
trabalhar para conseguir logo o dinheiro para pagar
você. — Minha voz saiu trêmula, revelando minha
covardia e ele sorriu satisfeito ao perceber o quanto
conseguia me intimidar.
Nesse momento, outro carro se aproximou do
trailer e estacionou em meio a uma cinzenta nuvem
de poeira, um carro luxuoso, caríssimo, desses que
nunca se via por ali. Era o carro que Lowell Dixon
dirigia quando deixou o hotel naquela manhã. Meu
coração deu um leve salto no peito quando o vi
abrindo a porta e saindo. Seus olhos negros
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presença dele.
— Não é ninguém, meu querido. Só um
homem mau que já vai embora. Não precisa ter
medo dele.
— Eu não estou com medo, mamãe.
Ao ouvi-lo me chamando de mamãe, Lowell
estacou, observando o rosto do garoto com olhos
chocados, abismados, como se assistisse o
aterrissar de uma nave alienígena no solo terrestre.
— Ele disse mamãe?
— É, ele disse. Eu tenho um filho e um marido
também. — Pronunciar aquela segunda frase me
proporcionou um tipo de prazer meio perverso.
Lowell ficou ligeiramente pálido com a minha
revelação.
— E onde está seu marido agora?
Foi a minha vez de ficar pálida, de puro
constrangimento, não apenas porque apesar de ser
uma mulher casada, estava tão indefesa que por
duas vezes ele precisou me salvar de ser atacada
por um tarado, mas por ser a mulher de um
presidiário, de um bandido de quinta categoria. Eu
não admitiria aquilo. Então, lembrei-me da mentira
que contava a todos que não me conheciam, quando
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basta me telefonar.
Como se ele me deixasse sempre na defensiva,
cruzei meus braços na frente do tórax antes de
responder.
— Não vou mudar de ideia. De você não quero
nada além de distância. Se era só isso, pode ir
embora.
A puxa-saco da minha mãe veio por trás dele e
pegou o cartão da sua mão, garantindo-lhe que ia
me fazer mudar de ideia e que em breve eu
telefonaria.
Lowell lançou mais um olhar de pena pelo
quarto, olhou rapidamente para Lucas, que o
encarava enfezado ao meu lado, observou
atentamente meu rosto e, por fim, deu meia volta e
se foi. De dentro do quarto ouvi quando seu carro
deu a partida e se afastou.
Como eu já esperava, minha mãe veio me
encontrar, me observando com aquela cara de
reprovação, como se eu fosse a errada na história,
como se aquele maldito não fosse o responsável por
toda a nossa desgraça, por todas as tragédias que
nos aconteceu. Se não fosse por ele, eu não teria
passado quatro anos da minha vida sendo
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CAPÍTULO V
sua direita.
Como era de se esperar, vários olhares se
voltaram em minha direção e desceram pelo meu
corpo, escandalizados. Eu ia atear fogo naquele
vestido quando chegasse a casa e no dia seguinte
viria trabalhar com jeans e camiseta.
À medida que eu avançava pela sala grande, o
rangido do carrinho parecia ter se tornado mais
barulhento que o normal e a atenção das pessoas
parecia se voltar cada vez mais para mim, o que me
fez caminhar como um robô, toda dura e
embaraçada.
Seguindo a etiqueta, servi cada um dos
executivos pelo lado direito, deixando Lowell por
último. Ao me aproximar dele, com a xícara de café
puro nas mãos, constatei mais uma vez o quanto era
bonito, de um jeito másculo, quase bruto. Tinha o
maxilar forte, coberto pela barba bem aparada, os
olhos eram negros, brilhantes e a pele morena. Seus
cabelos negros eram espessos e estavam bem
organizados em um topete no alto da cabeça.
A proximidade dele me perturbava demais,
mais do que eu me lembrava e minhas mãos
tremeram mais o que eu pudesse controlar. Foi
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CAPÍTULO VI
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CAPÍTULO VII
necessário falar.
— Eu sei que isso vai parecer ridículo, ou
quem sabe impertinente, mas preciso deixar claro
que talvez você tenha tido uma impressão errada de
mim naquela noite durante a tempestade, no hotel
onde eu trabalhava. — Esperei que ele me desse
uma de suas respostas grosseiras, porém ele apenas
continuou me observando silenciosamente, uma
ruga profunda se pronunciando entre suas
sobrancelhas grossas, o que só serviu para me
deixar ainda mais nervosa e me fazer sentir ainda
mais inconveniente — Aquela noite eu estava
meio... entediada, cansada e com medo do sujeito
que tentou me agarrar. Só quero esclarecer que não
sou o tipo de garota que sai por aí bebendo vodka e
dormindo no quarto de um estranho. Então, se você
me deu esse emprego e aquele apartamento caro,
esperando algo em troca, só quero dizer que não vai
acontecer.
— Deixa eu ver se entendi. Você acha que te
dei esse emprego, que deixei você e sua mãe
morarem naquele apartamento, esperando algo em
troca? — Ele parecia escandalizado e me senti
menor que um grão de areia. — Entenda uma coisa,
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desculpar.
— Está desculpada. Viu como é fácil perdoar?
Só não permita que se repita. E já que faz tanta
questão que sejamos apenas patrão e empregada,
como eu também faço questão, passe a me tratar
como tal e me chame de Sr. Dixon.
— Muito justo, Sr. Dixon. Espero que
tenhamos ficado esclarecidos.
— Ficamos. Se era só isso, já pode sair.
Parecia haver uma força sobrenatural que me
prendia naquela sala, ou àquele homem. Por mais
que eu soubesse que precisava odiá-lo, no fundo do
meu âmago havia uma necessidade latente de estar
próximo a ele e essa força me fazia relutar a deixar
aquela sala.
— Era só isso. Tenha uma boa noite.
Obriguei minhas pernas teimosas a darem meia
volta e me levarem para fora.
Como era horário de encerramento do
expediente, fui direto para a saída. O hall do
edifício estava lotado de pessoas, funcionários indo
para suas casas depois de um dia de trabalho.
Tão logo atravessei as portas e comecei a
caminhar pela calçada, em direção ao apartamento,
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CAPÍTULO VIII
discussão.
Com Lucas no colo e a minha bolsa pendurada
no outro ombro, deixei a enfermaria e parti pelo
corredor, com Lowell me seguindo de perto.
— Discussão! Esse menino podia ter me
machucado ali dentro.
— Ah, minha nossa! Lowell Dixon ferido por
um garoto de cinco anos. Já posso até ver as
manchetes nos jornais. — Falei, com sarcasmo.
— Você está debochando de mim?
— Para falar a verdade, estou sim.
— Vou me lembrar disso no seu próximo
expediente.
Droga! Para quê fui abrir a boca?
— Mamãe, o que é expediente?
— É o tempo que as pessoas passam
trabalhando, meu bem.
— Por que o homem mau está seguindo a gente
mamãe?
Lucas parecia tão cansado, que deitou a cabeça
em meu ombro e começou a chupar seu dedinho
polegar, como costumava fazer sempre que ia
dormir.
— Ele trouxe a mamãe até aqui querido. Acho
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movimentado.
— Eu não queria mesmo, seu feio! — Lucas
não dava o braço a torcer e por mais inesperado que
pudesse parecer, um sorriso muito suave se
manifestou no canto esquerdo da boca de Lowell.
— Para de chamá-lo de menino. O nome dele é
Lucas. — Protestei.
— Eu achei que sua mãe estivesse incumbida
de cuidar dele enquanto você trabalha.
— Seus detetives investigaram isso também?
— Ele continuou me encarando de um jeito
inquiridor, esperando a resposta para a sua
colocação. — E está. A professora disse que o
telefone do apartamento não chamou, por isso ligou
para a recepção da empresa.
— Por que para a recepção, e não direto para o
seu celular?
Senti minha face enrubescendo de
constrangimento. Era o cúmulo da miséria em
pleno século vinte e um, a pessoa não ter sequer um
celular.
— Não tenho celular. — Respondi depressa,
desviando o rosto para não ter que encará-lo.
— Como a mãe de um menino de cinco anos
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CAPÍTULO IX
Lowell
conseguia compreender.
Eu tinha tantas razões para detestá-la, que
sequer conseguia enumerar. Ela era frágil demais,
desastrada e estabanada demais, exatamente como
quando era criança e eu precisava estar sempre por
perto para protegê-la de tudo. Além disso, era mãe
do filho de um bandidinho de quinta categoria, a
quem não sabia educar. Como se não bastasse, me
culpava por toda a desgraça que aconteceu em sua
vida, por algo que fiz quando ainda era quase uma
criança e era inconsequente o bastante para não ser
responsabilizado por algo tão grave. Para completar
sua imensa lista de atitudes odiosas, ela estava
saindo por aí com o meu irmão, colocando-o na
mira do seu companheiro bandido.
Se eu tivesse mandando investigá-la e ficado
sabendo que ela era mãe do filho de um criminoso,
antes de lhe fazer aquela proposta, talvez sequer
tivesse ido procurá-la naquele trailer horrível, onde
vivia no subúrbio da cidade. Ou talvez tivesse ido
mesmo assim, porque quando se tratava de
Madison, eu não mais ditava as ordens dentro de
mim.
Por mais que eu tentasse odiá-la, tudo o que
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pés à cabeça.
Subitamente, a máquina parou de funcionar e o
silêncio reinou entre as paredes brancas, manchadas
de marrom, da copa enorme, ao passo em que
Madison e eu caíamos na gargalhada sem sabermos
exatamente do que estávamos sorrindo. Por mais
inusitada que parecesse, a situação não deixava de
ser engraçada e de repente tive a sensação de que o
tempo não havia passado, de que tantas desgraças
não havia nos separado, de que ainda éramos duas
crianças despreocupadas, sorrindo do nada, felizes
pelo simples fato de estarmos juntos.
Mas o tempo tinha passado, ela era uma mulher
agora e eu um homem. Dois adultos que se
desejavam. O que aconteceu em seguida deixou
essa certeza ainda mais clara.
Ainda estávamos sentados no chão, eu
mantinha minhas costas apoiadas na parede
enquanto Madison permanecia toda desajeitada
entre os meus braços, sentada sobre minhas pernas,
com seu corpo colado ao meu. Tão repentinamente
quanto a máquina cessou seu barulho, o calor do
corpo dela pareceu atravessar suas roupas e as
minhas e me atingiu de forma avassaladora,
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CAPÍTULO X
Madison
quase assustadora.
— Você não me parecia nem um pouco
insatisfeita quando a beijei, Srta. Oliveira, muito
pelo contrário.
— Talvez a sua capacidade de julgar os
sentidos de uma mulher esteja comprometida.
Ele continuou encarando-me com seus olhos
reluzentes de ira, por um longo momento de
silêncio.
— É verdade. Talvez esteja. Agora que
estamos conversados pode ir.
Vasculhei minha mente em busca de algo mais
que pudesse dizer, apenas para ter um pretexto para
ficar mais um pouco em sua sala, em sua
companhia, como se uma força magnética,
desconhecida, me puxasse para aquele homem,
como se uma âncora pesada me prendesse perto
dele. Só que nenhuma palavra mais precisava ser
dita. Tudo estava claro entre nós. Ele me
desprezava e eu precisava ignorar o turbilhão de
sentimentos dentro de mim e desprezá-lo de volta.
Então, sem mais nada dizer, levantei-me e
deixei a sala.
Naquele mesmo dia, enquanto almoçávamos,
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CAPÍTULO XI
e calça social.
— Você também não está nada mal. São para
mim? — Falei, recebendo as flores da mão dele.
— São sim. Embora não seja nada perto do que
você mereça.
Ai, minha nossa! Aquilo soou quase como uma
cantada e eu só esperava que Lowell não estivesse
certo sobre Jasper estar dando em cima de mim.
Pedi que o porteiro guardasse minhas rosas e
avançamos pelas ruas da cidade, mais
movimentadas que o habitual, àquela hora da noite,
devido ao início do final de semana. No interior do
carro tocava Halo da Beyoncé, em volume
confortável.
Fiquei deslumbrada quando entramos no clube
onde acontecia a comemoração. Parecia uma dessas
boates noturnas que se via em filmes e séries na
televisão, só que muito mais sofisticada. O salão
era enorme, com um lustre gigantesco ao centro, o
qual espalhava luzes azuladas por todo o ambiente
e embora não iluminasse muita coisa, deixava-o
com um aspecto meio exótico. Havia mesas com
assentos estofados espalhadas por todos os lugares;
de um dos lados, estava o bar muito bem abastecido
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CAPÍTULO XII
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Lowell
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CAPÍTULO XIII
ainda pior.
— Eu te levo antes do dia clarear. Não tem
problema.
— Obrigada por tudo. Vou aceitar que você
pague o vestido também, mas será apenas um
empréstimo. Assim que tiver condições eu
devolverei o dinheiro a você.
— Não se preocupe com nada.
Ao chegarmos ao meu apartamento, em
Windermere, Madison se mostrava deslumbrada
com tudo, desde a decoração até o tamanho do
lugar.
— Quer dar uma olhada por aí? — Perguntei,
ao perceber a admiração com que ela observava
tudo.
— É lindo aqui, mas acho melhor eu trocar
logo de roupa e ir para casa, antes que o dia
amanheça Ivone perceba que eu ainda não cheguei.
— Espera aqui que vou procurar uma roupa de
Rose no quarto dela.
Ainda bem que era a noite de folga da minha
governanta e ela não se encontrava em casa. Ao
entrar em seu pequeno quarto, fui direto para o
armário embutido na parede, fuçando tudo à
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— Te machuquei?
— Não... Me fode gostoso... Sou toda sua…
As palavras escapavam desconexas dos seus
lábios, incentivando-me a continuar. Então puxei
meus quadris e novamente me arremeti contra os
dela, firmemente, alcançando-a muito fundo,
enquanto mais uma vez ela gritava, em um misto de
prazer e medo. Mas eu não a machucaria, ela estava
tão excitada quanto eu e isso era o bastante para
que o meu tamanho apenas a satisfizesse sem
causar qualquer dor.
Continuei me movendo entre suas pernas,
entrando e saindo, chocando minha pélvis contra
seu corpo, sem em nenhum momento conseguir
desviar os meus olhos dos seus, tudo em mim
fascinado com o prazer estampado em seu
semblante, com a forma como ela gemia e gritava,
com suas unhas crescidas enterrando-se em minha
pele, de maneira desgovernada e principalmente
com as contrações da sua vagina apertando
deliciosamente o meu pau.
— Puta merda, Madison... Você é gostosa
demais... Já estou viciado nessa bocetinha...
Sem sair de dentro dela, inverti nossas posições
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CAPÍTULO XIV
Madison
***
— Mamãe, não quero entrar no carro do
homem mau. — Lucas falou emburrado,
encarando, com uma carranca, a limusine de
Lowell, estacionada no acostamento diante da
calçada do prédio onde morávamos.
Ao seu lado, Ivone só tinha olhos para Lowell.
Gostava tanto dele que ficava deslumbrada na sua
presença. Um afeto descomedido, originado pelo
fato de que o vira nascer e acompanhara o seu
crescimento até os seus doze anos, quando foi
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CAPÍTULO XVI
Lowell
aprender a cavalgar.
Estendi a mão para o garoto e fiquei surpreso
quando ele a segurou. Apesar de pequena, a mão
dele tinha um aperto firme. Além do mais, sua
atitude provava que não era um garoto tão terrível
assim. Sabia desculpar, mesmo sem que eu tivesse
pedido desculpas, por ainda não ter tentado me
tornar seu amigo.
Ao conduzi-lo para a cocheira, onde ficavam os
pôneis, Madison veio conosco e o meu objetivo de
tê-la apenas para mim, bem longe do meu meio
irmão, estava cumprido, sem que o preço a pagar
fosse tão alto assim.
Na cocheira selei um dos pôneis e ajudei Lucas
a montar. Surpreendi-me ao me flagrar invadido
por uma imensa satisfação ao ver o rosto infantil
dele se iluminando de alegria, pela primeira vez
desde que o conheci e cheguei à conclusão de que
talvez ele fosse um garoto triste, que não se divertia
tanto quanto um menino na sua idade deveria. Algo
em que eu poderia dar um jeito. Podia aproveitar o
próximo final de semana para levá-lo à
Disneylândia, ou para dar uma volta de iate nas
praias de Miami. Ver aquele seu sorriso de
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CAPÍTULO XVII
Madison
pelos terminavam.
O pensamento me causou um formigamento
abaixo do umbigo.
O rosto de Lowell estava inchado, como se ele
tivesse acabado de acordar e seus cabelos estavam
completamente emaranhados.
— Estou atrapalhando você? — Indaguei, com
o coração na mão, temendo que ele estivesse
acompanhado.
— Claro que não. Você nunca atrapalha. Vem
aqui.
Ele fechou sua mão sobre meu pulso e me
puxou de encontro ao seu corpo masculino, fechou
a porta atrás das minhas costas e me estreitou em
seus braços fortes, apertando-me, fazendo-me sentir
ao mesmo tempo acolhida e excitada.
— Como foi lá? Tudo resolvido? — Lowell
indagou.
— Tudo resolvido. — Soltei, sem pensar,
encontrando dificuldade em fitá-lo no rosto, quando
ele afastou-se para me encarar. — Não existe mais
nada entre mim e Jerry.
Eu não queria mentir, mas não tive coragem de
dizer que não havia terminado com Jerry.
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garganta.
Então, ele trouxe sua boca novamente para a
minha intimidade, fechou os lábios sobre o meu
clitóris e sugou suavemente, ao mesmo tempo em
que continuava penetrando-me com os dedos,
movendo-os cada vez mais depressa, levando-os
muito fundo em meu canal e foi assim que alcancei
a libertação, gozando , gritando e chamando pelo
nome dele, pela primeira vez sem culpa e sem
remorso.
Quando me aquietei, Lowell trouxe sua boca
para a minha e me beijou com uma fome absurda,
chupando minha língua, me fazendo chupar a dele.
— Não há nada que eu possa apreciar mais que
o seu sabor. — Sussurrou, na minha boca,
reacendendo o tesão dentro de mim.
— Lowell... Quero você inteiro...
— Então peça.
— Faça-me sua hoje.
— O dia inteiro?
— Sim... O dia inteiro.
Com isto, ele ergueu-me em seus braços fortes
e carregou-me para o seu quarto, onde me entreguei
sem reservas, com a certeza de que não estava
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CAPÍTULO XVIII
ficava.
— Namorada? Achei que você não quisesse
um relacionamento sério.
— Eu nunca disse isso. Foi você quem colocou
essas palavras na minha boca.
— Então agora somos oficialmente
namorados?
— Oficialmente namorados. Você é somente
minha e eu sou todo seu.
Minha nossa! Ele estava sendo um fofo, mais
que isso, estava se mostrando apaixonante,
enquanto que eu me comportava como uma
verdadeira megera, inventando mentiras, me
acovardando em romper minha relação com Jerry.
Se essa mentira algum dia fizesse com que Lowell
me deixasse, eu jamais me perdoaria. Mas eu não
permitiria que isso acontecesse, assim que criasse
coragem, diria a verdade, não deixaria que nada nos
separasse.
— Confesso que estou surpresa. Não achei que
você fosse o tipo de homem que assume um
compromisso sério.
— Na verdade, eu não era até conhecer você.
— Ele soltou o garfo sobre o prato com a comida,
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de Lowell.
— O que você quer para o café da manhã? —
Perguntou, após me cumprimentar.
— Não precisa se incomodar. Eu preparo
alguma coisa, rapidinho.
— Imagina, não é incômodo algum. Esse é o
meu trabalho só diga o que quer e eu preparo.
— Você prepararia qualquer coisa que eu
pedisse? — Eu estava estupefata com tantas
regalias.
— Desde que você não peça alguma coisa cujo
ingrediente não existe nesse país, eu dou conta de
tudo.
Sorri para ela, contagiada com seu bom humor.
Pedi que preparasse apenas algumas panquecas
e café fresco. Estava na metade da refeição quando
a campainha tocou e Rose foi atender a porta.
Quando voltou, informou-me que as pessoas das
lojas de roupas haviam chegado. Minha surpresa
foi colossal quando adentrei a sala e encontrei um
verdadeiro shopping Center montado ali. Estava
abarrotada de pessoas que arrastavam carros-
cabides triplos, cheios de roupas, de diferentes
modelos e estilos. Traziam também acessório,
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motorista.
— Não precisa de nada. O voo é particular. O
avião é propriedade da agência.
Nossa! A agência deles devia ser ainda maior
do que eu havia imaginado, para que tivesse
inclusive avião particular para transportar uma
modelo que ainda nem havia feito os testes.
Sinceramente eu esperava não desapontá-los.
No aeroporto, passamos por alguns setores e
seguimos para uma pista de pouso destacada da
pista convencional, onde havia vários aviões de
porte pequeno e apenas um de porte grande, para o
qual nos dirigimos. Diante da gigantesca aeronave,
havia um grupo de homens reunidos, os quais
pareciam nos esperar.
— Madison, esses são Larry, Jordan e Bradley.
Eles vão te acompanhar até Miami. Rapazes, essa é
a garota nova de quem falei.
— A garota do Dixon? — Um dos homens
perguntou, um sujeito com cerca de trinta e poucos
anos, com os cabelos lambuzados de gel e um
bigode escuro que marcava seu rosto rechonchudo.
As palavras dele despertaram-me um tipo de
mau pressentimento que não consegui decifrar. Era
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CAPÍTULO XIX
prostitutas? É isso?
— Eu sabia que você era esperta. Mas não
precisa usar esse termo chulo. Chame de
acompanhante de luxo, ou garota de programas.
Eu preferia uma morte rápida, a me tornar
prostituta de qualquer homem que ele escolhesse.
Simples assim.
— Não vou fazer isso. Então se minha punição
for a morte, pode cortar minha garganta ou enfiar
uma bala na minha cabeça agora mesmo.
Novamente ele sorriu daquele jeito macabro
que fazia os pelos da minha nuca se arrepiarem.
— Se você se recusar a colaborar, não
tiraremos a sua vida, nós vamos atrás de Lucas e de
Ivone.
Processei suas palavras e tive a impressão de
que um abismo se abria sob mim e me engolia,
levando-me a um escuro poço de agonia. Eu podia
suportar tudo nessa vida, só não podia suportar que
meu filho e minha mãe fossem machucados por
causa da minha estupidez.
— O que foi que você disse? — Minhas
palavras saíram concomitantes as lágrimas que
brotavam dos meus olhos.
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nos meus.
— Seja minha e eu colocarei o mundo a seus
pés. Te darei uma boa casa, roupas caras e tudo
mais que você desejar.
— A única coisa que eu quero de você é
justamente o que você está me tirando.
Nesse momento, ouvi a voz de Lowell em
minha cabeça:
Estou tentando te dizer que se eu
fosse uma garota de onze ou doze anos e
um cara tentasse passar a mão em mim,
eu esperaria ele dormir, pegaria a faca
da cozinha e cortaria a garganta dele.
Simples assim.
Foi o que ele disse sobre eu ter sido molestada
pelo meu maldito padrasto. Eu precisava ser forte,
reagir como devia ter reagido naquela época.
Lowell estava certo, eu não podia permitir que me
fizessem mal e deixar por isso mesmo. Então,
seguindo a um impulso incontrolável, peguei o
garfo de sobre o meu prato, segurei firmemente em
seu cabo e fiz uso de todas as forças físicas que
havia em meu corpo para cravá-lo na coxa daquele
maldito, quando então ele me soltou e levou as
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CAPÍTULO XX
havia acontecido.
À medida que o caminhão se movimentava, o
vento batia em meu rosto, me ajudando a voltar a
respirar normalmente.
Eu estava livre, mal podia acreditar que
realmente havia conseguido. Mas ainda faltava
muito, eu precisava me afastar o mais depressa
possível daquele lugar, desaparecer do alcance das
vistas daquele bando de bandidos e o caminhão de
lixo era lento demais, parava a cada cinco metros
rodados. Eu precisava sair dali. Então, em uma de
suas paradas, escalei a lateral da caçamba e saltei,
quando vários olhares curiosos, de pedestres,
voltaram-se em minha direção, o que me fez checar
se o turbante feito com a fronha ainda estava no
lugar e respirei aliviada ao constatar que sim. As
pessoas podiam dizer aos sequestradores que
tinham visto alguém saindo da caçamba de um
caminhão de lixo, mas esse alguém era um homem,
portanto, por enquanto, eu ainda estava segura,
restava saber para onde ir agora.
Vá para a Embaixada Americana, mesmo que
haja um exército te perseguindo, lá você estará
protegida. Por favor, Madison, me diz que vai para
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meus pulmões.
— Está em meu apartamento, cercado por
seguranças como te prometi.
— Ele disse que está jogando videogame com
o parrudão.
O canto da boca de Lowell se dobrou em um
sorriso torto e precisei de muito esforço para conter
o impulso de me atirar nos braços dele de novo e
morder aqueles lábios deliciosos.
— Deve ser o Josh. Ele gosta de crianças, mas
é muito bem treinado para proteger. Pode confiar.
— Lowell observou-me em silêncio por um longo
momento, antes de perguntar. — Não quero te
chatear, mas preciso saber. Por que você saiu da
empresa com aquela mulher? Por que não me disse
que o trabalho de modelo é importante para você?
Eu teria entendido e dado todo o meu apoio.
— Como você sabe que deixei o prédio com
uma mulher, para seguir a carreira de modelo?
— Há câmeras na recepção e nas proximidades
do edifício. Foi a primeira coisa que averiguamos
quando você sumiu. Sem mencionar que o
recepcionista ouviu toda a conversa de vocês. Por
que fazer isso escondido de mim, Madison? Será
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CAPÍTULO XXI
minha memória.
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CAPÍTULO XXII
falar.
Lowell deslocou seu olhar feroz para o rosto de
Lucas, depois de Lucas para Jerry, até que por fim
respirou fundo e cedeu, acompanhando-me para a
sala.
— Eu ia te perguntar por que não está
atendendo às minhas ligações, mas acho que já
tenho a resposta. — Disse ele, com amargura.
— Vem comigo. Precisamos conversar em
outro lugar.
Com o coração apertado de medo, continuei
puxando-o, tentando persuadi-lo a me seguir para
fora do apartamento, para o mais longe possível de
Jerry.
— Por que não podemos conversar aqui?
— Lá fora eu te explico. Confia em mim e vem
comigo. — Eu começava a me desesperar e,
percebendo o meu estado, Lowell por fim me
seguiu.
Levei-o para o mais longe que pude do
apartamento, até a recepção do prédio, onde ele nos
fez parar.
— Já chega. Você vai me dizer o que está
acontecendo, agora mesmo. Por que esse cara está
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aqui?
Respirei profundamente, devagar e várias
vezes, fazendo um esforço quase inumano para
sufocar a paixão voraz que eu nutria por aquele
homem e ao mesmo tempo demonstrar uma frieza
que não existia. Eu precisava de muito sangue frio
para proferir aquelas palavras sem que elas
parecessem tão cruéis quanto eram.
— Eu decidi continuar com Jerry. — Comecei,
forçando meu olhar a manter-se fixo no dele. — Eu
realmente queria terminar tudo, quando disse a
você que o faria, mas mudei de ideia. Jerry me fez
perceber que ainda o amo e que será melhor para
mim e Lucas se ficarmos todos juntos.
Lowell fitou-me em silêncio por um instante
durante o qual quase parei de respirar, esperando
pela sua reação.
— Não acredito em você. — Disse ele.
— O quê?
— Olha pra você. Está nervosa, se tremendo
toda. Eu te conheço, Madison, sei quando está
apavorada. O que esse cara fez com você? Ele te
ameaçou?
— Claro que não. — Minha nossa! De onde eu
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CAPÍTULO XXIII
Lowell
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(***)
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CAPÍTULO XXIV
soluço e outro.
Foi então que desconfiei de que ela estava me
escondendo algo.
— O que eu não mereço saber? Fala Madison!
— Exigi.
Ela limpou o rosto com o torso da mão, antes
de tirar um pedaço de papel, completamente
amassado, do bolso da sua calça e o atirar com fúria
em cima de mim.
— Eu não tirei Jerry da cadeia e tampouco
escolhi ficar com ele.
Abri o papel embolado e quase tive um mini-
infarto ao ver o cheque de dez mil dólares que
havia lhe dado para tirar o marginal da cadeia. Ela
não precisou dizer mais nada para que eu
entendesse tudo e naquele instante me senti o mais
baixo e vil do seres, um verdadeiro verme
rastejante, por tê-la tratado daquela forma, sem que
ela merecesse.
— Eu fiquei com ele porque ele ameaçou te
matar caso eu não te deixasse. Eu sacrifiquei a
minha felicidade para salvar a sua vida. — Ela
soltou um soluço alto, as lágrimas correndo soltas
pelo seu rosto.
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CAPÍTULO XXV
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CAPÍTULO XXVI
Madison.
vomitando.
— Oh, querida você está bem? — A senhora
Dixon perguntou.
— É claro que não estou bem. A senhora acaba
de me dizer que Lowell é meu irmão?
Minha cabeça girava, o ar ameaçando me
faltar. Como assim eu havia tido um caso com o
meu próprio irmão?
Peguei a lixeirinha e vomitei de novo.
— E esses enjoos. Por acaso você está grávida?
Ah, minha nossa! Eu andava com a cabeça tão
cheia ultimamente, com sumiço de Lowell, depois
sua vingança patética e com as ameaças de Jerry,
que nem me dei conta de que estava com os
mesmos sintomas de quando engravidei de Lucas.
Meus enjoos eram constantes, meus seios estavam
maiores e doloridos e meu apetite estava estranho.
Já fazia quase um mês que Lowell e eu tivemos
relações sexuais sem proteção, no banheiro do
avião. Sem dúvidas eu havia engravidado, meu
corpo todo dizia isso.
E o mais terrível nessa história, era que, pelo
que a Sra. Dixon acabara de falar, estava esperando
um filho do meu próprio irmão.
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— Evitar o quê?
Eu havia acabado de proferir a pergunta,
quando uma porta no lado oposto do quarto, que até
então parecia ser de um closet, se abriu e para a
minha mais completa perplexidade, Meg passou
por ela, como se estivesse escondida no quarto ao
lado.
Minha mente se anuviou com os pensamentos,
um calafrio na espinha alertando-me do perigo.
— Eu queria dizer que é bom te ver de novo,
mas estaria mentindo. — Meg falou, fuzilando-me
com olhos frios e mortais.
Naquele instante, tive quase certeza de que
havia sido ela quem mandou me sequestrar, só
ainda não sabia até aonde a mãe de Lowell tinha
participado disso.
— O que está acontecendo aqui? — Indaguei,
sobressaltada, enquanto alternava meu olhar entre
as duas mulheres.
— Está acontecendo que você pediu pra morrer
quando se meteu entre mim e Lowell. — Disse
Sara.
— Se existisse algo entre vocês ele não teria
ficado comigo. — Rebati.
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CAPÍTULO XXVII
Lowell.
dentro.
Madison lançou a cabeça para trás, com os
olhos fechados e soltou um profundo suspiro de
alívio, as lágrimas banhando seu rosto, lágrimas de
emoção. Quando voltou a me encarar, havia uma
frieza dolorosa, misturada à tristeza em sua
expressão, o que contribuiu para que o medo de
perdê-la aumentasse dentro de mim.
— O que estou fazendo aqui? Por que me
trouxe para o seu apartamento?
— Lucas e Ivone também estão aqui. Estão
almoçando. Mas não foi só por eles que eu a
trouxe. Nós precisamos conversar, Madison. Eu
preciso do seu perdão. Eu sei que não mereço, sei
que errei feio com você, sei que agi como o pior
verme rastejante da face da terra, mas ainda assim,
imploro que você me perdoe, por tudo o que te fiz,
por mentir quando era adolescente e causar a
demissão da sua mãe, por maltratar você dentro da
empresa, por marcar o seu corpo daquela forma.
Tudo o que fiz foi por causa desse ciúme que me
deixa louco quando outro homem chega perto de
você, mas posso mudar isso, só preciso de uma
chance.
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CAPÍTULO XXVIII
Madison.
serenidade.
– Eu só quero que saiba que se você precisar de
qualquer coisa, de um médico para fazer pré-natal,
de remédios para enjoo, de dinheiro para qualquer
coisa, não hesite em me procurar. Não pense na sua
raiva agora, e sim na criança que você está
carregando. Pelo bem dela, você precisa deixar as
mágoas e as picuinhas de lado.
Então era assim que ele chamava tudo que
tinha me feito? De mágoas e picuinhas? Era mesmo
um imbecil!
– Ele está certo, filha. Não é hora de pensar nas
mágoas e sim nessa criança.
– Já entendi. – Rebati, sem conseguir encarar
minha mãe.
– Os seguranças já foram dispensados, pois não
são mais necessários, mas a limusine continua aí na
porta, à sua disposição. Use-a para fazer a
mudança, se assim desejar.
Não respondi, apenas abri a porta, esperei que
Lucas se despedisse dele e saí, junto com minha
mãe e meu filho. Eu não teria aceitado a limusine,
mas como não tinha dinheiro nem para o táxi, pedi
que o motorista parasse no banco e saquei algum
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de fugir.
— Por favor, não fique agitada. Tudo o que fiz
foi por amor a você e ao nosso filho. Eu não podia
te deixar desamparada então subornei Consuelo
para mentir para você, dizendo que a casa onde
você está morando é do primo dela, mas na verdade
é minha. O carro e esta imobiliária também.
Arranjei tudo para que você ficasse bem.
No fundo, eu já desconfiava disso, aliás tinha
quase certeza, apenas me neguei a admitir.
— Lowell, Lowell. O que faço com você?
— Me diz que não está com raiva.
Eu deveria estar, afinal ele havia mentido e me
enganado, mas como afastá-lo de novo se meus
dias sem ele foram uma verdadeira tortura?
— Não estou com raiva.
Um sorriso largo se abriu no rosto dele, seus
olhos negros brilhando ainda mais.
— Sério?
— Você não acreditou realmente que me
enganaria com um emprego que paga setenta
dólares por hora para não fazer quase nada, além de
uma casa enorme e um carro de luxo, não é?
Ela deslizou os seus lábios da minha orelha até
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EPÍLOGO
Lowell
FIM
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PROMOÇÃO
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AGRADECIMENTOS
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