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A GRANDE
TITLE OF MAGIA
THIS CHAPTER
SHALL GO HERE
O Arthur Albert ficou tão encantado pela música africana que decidiu gravar
parte da apresentação na fita cassete para poder mostrar para o mundo a
beleza da música africana. E essa ideia de gravar a música africana quase
custou a vida do próprio Arthur, um nativo quando ouviu sua própria voz
saindo do gravador, quis matá-lo, alegando que ele tinha roubado a sua língua.
Se não fosse o Arthur Albert mostrar no espelhinho que a língua dele ainda
estava lá, o nativo tinha matado o Arthur. Só podia ser magia negra.
Mas pensa só comigo, estamos no final dos anos 40, por que é que seria
possível gravar a voz? A voz não tem consistência, não tem forma, não tem
cheiro. Aliás, quando a voz surge, ela some imediatamente! Como é que
poderia a voz ser algo físico? Algo físico para poder estar em algo físico como
uma fita cassete? Então para a gente poder gravar a voz, a gente ia precisar de
uma máquina bem sensível capaz de identificar as pequenas variações da
compressão do ar.
E essa máquina mega avançada tem nome, microfone, que por sinal estava lá
embutido no gravador de som do Arthur Albert. Aliás, essa máquina mega
avançada, o microfone, é usada todos os dias por milhares de pessoas no
mundo todo. Seja gravando música nos estúdios, seja nas rádios ou até mesmo
no nosso celular existe um microfone que vai capturar a nossa voz, vai
identificar essas variações da compreensão do ar e vai colocar em algo físico,
mas quando Arthur Albert executou a música ficando no gravador, todos
pensaram: “Só pode ser magia negra”.
O grande problema é que no nosso dia a dia a gente às vezes vai reagir
igualzinho aquela tribo. Quando alguém comenta que o pensamento está no
cérebro, imediatamente as pessoas questionam, né? “Como que poderia a
emoção e o pensamento está decodificado na matéria? Ninguém pega o
pensamento, o pensamento é instantâneo!” Pois é, assim como a voz, o
pensamento também é produzido pela matéria física! E o engraçado é que
quando a gente conta essa historinha da tribo africana as pessoas reagem
assim: “Ah mas é claro que dá para gravar a voz”, mas quando a gente fala que
os nossos pensamentos e nossas emoções estão no cérebro, as pessoas se
negam a compreender.
A gente sabe que nossos pensamentos, nossas emoções, nossas memórias, são
todas produzidas pelo nosso cérebro e a gente já tem muitas evidências que
até mesmo pequenos danos no tecido cerebral já são mais do que suficientes
para a pessoa ter vários problemas cognitivos. Problemas envolvendo suas
atitudes, seus pensamentos e as suas emoções. Imagina que você tá cortando o
pão, aí sem querer você faz um leve corte no dedo, você vai ficar triste, vai doer
e tal, mas rapidinho esse tecido vai se recuperar, talvez você nem coloque
remédio, nem coloque band-aid nem nada mas o machucado rapidinho já
sarou, já tá ótimo, mas se esse mesmo corte acontecesse no seu cérebro,
grandes seriam as chances de você nunca mais ser o mesmo, como Phineas
Gage!
Phineas Gage nunca mais foi a mesma pessoa! Ele abandonou todos seus
projetos de médio e longo prazo, começou a ficar impulsivo, agressivo, não
aceitava conselho de ninguém, começava a atacar as mulheres na rua.
Antes do caso Phineas Gage, os cientistas consideravam que o lobo frontal não
tinha nenhuma função no ser humano, afinal, Phineas Gage falava
normalmente, andava normalmente, ele só não era mais o mesmo. Então
qualquer dano no nosso cérebro, de acordo com a região que tivesse esse
dano, poderia afetar nossa habilidade de entender música, entender idiomas,
de conversar, de interagir com as pessoas, de reconhecer o rosto das pessoas.
Qualquer dano no nosso cérebro pode trocar inclusive a nossa personalidade,
foi o que aconteceu com o Phineas Gage!
Para você ter uma ideia em uma pesquisa bem recente, pegaram vários
homens para participar de experimentos que seria o seguinte, olhar para uma
foto de uma mulher e falar se ela era bonita ou não, se ela era atraente ou não,
moleza né? Mas sem que os homens soubessem metade das fotos foram
alteradas no Photoshop, colocaram a pupila maior artificialmente no
programa de computador! Então quando os homens foram testados colocavam
as mesmas fotos das mulheres mais variando apenas as pupilas, ou seja, a
mesma mulher aparecia tanto com a pupila grande, quanto com a pupila
pequena.
Por algum motivo os homens que faziam certas escolhas acabaram sendo
escolhidos e deixaram mais descendentes. Claro, existem questões culturais na
atração? Claro que existem! Por exemplo homens ou mulheres serem mais
magros ou mais gordos vai ser uma questão muito cultural. Na Coreia, por
exemplo a mulher bela é aquela que tem a perninha super fina, já no ocidente
não! O ocidente valoriza mais a mulher que tem a perna maior, mas existem
elementos que são comuns a todas as regiões do mundo, simetria, por
exemplo.
Aliás, hoje existe essas cirurgias, né? De harmonização facial, cara esse negócio
de mexer no rosto não sei como esse povo anima, enfim, a harmonização facial
é justamente isso, é buscar a simetria.
A consciência vai tomar decisões baseadas numa série de processos que vão
acontecer antes e que ela não tem controle nenhum, independentemente se a
gente tá falando de pupilas mais dilatadas, nossas crenças, nossas emoções,
essa aula, grande parte disso foi criado por processos que eu não tenho menor
controle. Nossa consciência vai funcionar em grande parte do tempo no modo
de piloto automático como se fosse espectadora daquilo que já foi decidido.
Observa que quando atleta vai descrever o seu desempenho, a sua execução,
ele frequentemente vai dar a clara noção que ele não teve tempo para pensar,
o corpo reage antes.
Assim como quando você dirige, você tá dirigindo o carro e parece uma
criança com uma bola e você pisa direto no freio, a consciência não tem tempo,
a consciência vai pensar depois, “Nossa ainda bem que eu parei o carro”. Assim
como quando você tá cozinhando, né? Aí você coloca a mão na panela quente,
você tira a mão para depois sentir a dor e depois pensar sobre a queimadura, o
seu corpo reage antes! Como diz um grande filósofo contemporâneo, Roger
Waters do Pink Floyd, “Tem alguém na minha cabeça, mas não sou eu.”.
Bom, mas o objetivo aqui nessa aula do nosso curso não é criar um problema
filosófico, se existe livre arbítrio, se não existe, tipos de livre-arbítrio. Aliás, é
um tema que eu adoro! A gente pode até discutir lá nos grupos depois, no
grupo secreto do Facebook, mas o objetivo é outro, se o cérebro está decidindo
tudo isso, será que a consciência, será que esse pedacinho aí da consciência
que sobrou, será que ele consegue mudar alguma coisa, como controlar a
ansiedade?
Essa ideia da consciência como espectadora fica muito clara quando a gente
pensa numa síndrome do pânico, no ataque de pânico, a pessoa claramente
sabe, “não corro risco algum”, mas ela acha que vai morrer, ela acha que vai
morrer porque o cérebro dela já soltou essa informação e ela acaba tendo que
lidar com isso.