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INSTITUTO FEDERA DO MARANHÃO – IFMA – CAMPUS SÃO RAIMUNDO DAS

MANGABEIRAS

DISCIPLINA: Filosofia I - TURMA: Agro 10, Aqui 10 e Info 10,

PROF. Carlos Reis Ribeiro de Sousa

AULA IIIi

TEMA: FILOSOFIA E ESTRANHAMENTO

I - OBJETIVO:

a) Estabelecer as diferenças entre o processo de filosofar e a robotização dos


seres humanos.

II - AQUECIMENTO - Escute e leia com atenção a música Admirável Chip Novo


e crie uma coreografia a partir da letra e do ritmo e apresente para os colegas
da sua turma.

Admirável Chip Novo (Pity)

Pane no sistema, alguém me desconfigurou


Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo

Parafuso e fluído em lugar de articulação


Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado

Mas lá vem eles novamente


Eu sei o que vão fazer
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba


Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva

Pense, fale, compre, beba


Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga

Não senhor, sim senhor


Não senhor, sim senhor.
III – FILOSOFIA E ESTRANHAMENTO

Se tivéssemos absurdamente uma sala de aula (ou um mundo) composta de


robôs, não haveria obviamente necessidade de termos filosofia na grade
curricular. Mas, por se tratar de seres humanos há necessidade de exercício do
pensamento a fim de que os indivíduos se tornem cada vez mais pensantes e
autônomos
.
Sobre robôs e filósofos

O robô é uma máquina que embora faça as mesmas atividades que o ser humano
precisa ser controlado ou pré-programado pelo ser humano. Portanto, um robô é
autômato. De que forma o ser humano pode ser comparado a um robô?
Quando o indivíduo abre mão da sua autonomia. A palavra AUTONOMIA é
formada por AUTO (próprio) e NOMIA (vem de nomos = lei). Portanto, sujeito
autônomo é aquele que rege sua vida por leis próprias. Em outras palavras é o
indivíduo que age por si mesmo com pensamento, sentimentos e ideias próprias.
Mas a pessoa pode agir de acordo com o que outros querem, quando manipulam
e controlam pensamentos, desejos e ações. Atualmente também se usa o termo
“gado” para caracterizar pessoas que não tem pensamentos próprios; A música
Admirável Chip Novo aponta para um indivíduo programado por outrem: “nada
é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado”.

A filosofia tem como papel colaborar com o ser humano para que seja capaz de usar a
sua capacidade racional e se libertar do jugo de não pensar por si mesmo. O filosofar
começa com o estranhamento diante da realidade. Mesmo que uma ideia já dure
séculos, sendo reproduzida pela maioria das pessoas, a filosofia começa quando um
indivíduo estranha aquilo que parece óbvio para todos.

É possível que você já tenha ouvido expressões como: “a mulher é inferior ao


homem”, “o índio é preguiçoso”, “homossexual é imoral”. Um ser humano deixar-se-á
ser um robô se passar a repetir isso sem jamais pensar sobre os fundamentos ou
veracidade de tais frases. E mais do que repetir até agir conforme esses clichês. Ao
contrário, o sujeito autônomo questionará se tais frases são coerentes, qual a origem
delas, a quem elas servem e se fazem sentido. E tomará a decisão de repeti-las ou não,
de classifica-las como certa ou não e agir segundo elas ou não. Estará, portanto,
praticando a filosofia, ao PERGUNTAR sobre a realidade NORMAL. Aristóteles afirmou:

“[...] os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da


admiração, na medida em que, inicialmente, ficaram perplexos diante das dificuldades
mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar
problemas sempre maiores, por exemplo, os problemas relativos aos fenômenos da
Lua e aos do Sol e dos astros, ou problemas relativos à geração de todo o universo.
Ora, quem experimenta uma sensação de dúvida e de admiração reconhece que não
sabe [...]” (ARISTÓTELES APUD MELANI, 2016, p.12).

CONCLUSÃO

A filosofia pode ser uma ferramenta decisiva para evitar o processo de


robotização dos seres humanos, o seja, o processo de manipulação de pessoas nas
diferentes dimensões da vida: econômica, política, religiosa e midiática. Formar
“rebanhos” de pessoas pode ser algo lucrativo. Foi assim nos mais de 300 anos de
escravidão negra no Brasil, onde dominar, escravizar pessoas era considerado algo
normal, legal e legítimo. A robotização de pessoas pode ser útil também para o
consumo irracional de produtos muitas vezes não saudáveis, mas que geram lucro
para alguns; pode ser útil ainda a mídia que precisa das massas para legitimar seus
interesses, a grupos políticos que precisam do voto ou grupos religiosos que muitas
vezes até exploram a fé de pessoas. Então, como você está se comportando diante da
realidade? Simplesmente aceita ou a estranha (faz perguntas)?

IV – ALONGAMENTO
O Mito da Caverna

Vejamos o que nos diz Platão, através da boca de Sócrates: Imaginemos homens que vivam
numa caverna cuja entrada se abre para a luz em toda a sua largura, com um amplo saguão de
acesso. Imaginemos que esta caverna seja habitada, e seus habitantes tenham as pernas e o
pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de posição e tenham de olhar apenas
para o fundo da caverna, onde há uma parede. Imaginemos ainda que, bem em frente da
entrada da caverna, exista um pequeno muro da altura de um homem e que, por trás desse
muro, se movam homens carregando sobre os ombros estátuas trabalhadas em pedra e
madeira, representando os mais diversos tipos de coisas. Imaginemos também que, por lá, no
alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que a caverna produza ecos e que os homens que
passam por trás do muro estejam falando de modo que suas vozes ecoem no fundo da
caverna. Se fosse assim, certamente os habitantes da caverna nada poderiam ver além das
sombras das pequenas estátuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das
vozes. Entretanto, por nunca terem visto outra coisa, eles acreditariam que aquelas sombras,
que eram cópias imperfeitas de objetos reais, eram a única e verdadeira realidade e que o eco
das vozes seriam o som real das vozes emitidas pelas sombras. Suponhamos, agora, que um
daqueles habitantes consiga se soltar das correntes que o prendem. Com muita dificuldade e
sentindo-se freqüentemente tonto, ele se voltaria para a luz e começaria a subir até a entrada
da caverna. Com muita dificuldade e sentindo-se perdido, ele começaria a se habituar à nova
visão com a qual se deparava. Habituando os olhos e os ouvidos, ele veria as estatuetas
moverem-se por sobre o muro e, após formular inúmeras hipóteses, por fim compreenderia
que elas possuem mais detalhes e são muito mais belas que as sombras que antes via na
caverna, e que agora lhes parece algo irreal ou limitado. Suponhamos que alguém o traga para
o outro lado do muro. Primeiramente ele ficaria ofuscado e amedrontado pelo excesso de luz;
depois, habituando-se, veria as várias coisas em si mesmas; e, por último, veria a própria luz do
sol refletida em todas as coisas. Compreenderia, então, que estas e somente estas coisas
seriam a realidade e que o sol seria a causa de todas as outras coisas. Mas ele se entristeceria
se seus companheiros da caverna ficassem ainda em sua obscura ignorância acerca das causas
últimas das coisas. Assim, ele, por amor, voltaria à caverna a fim de libertar seus irmãos do
julgo da ignorância e dos grilhões que os prendiam. Mas, quando volta, ele é recebido como
um louco que não reconhece ou não mais se adapta à realidade que eles pensam ser a
verdadeira: a realidade das sombras. E, então, eles o desprezariam.... (Fonte: Instituto Holos).

Debate – responda as seguintes questões

a) O que o texto nos ensina sobre o papel da Filosofia? (3 pontos)


b) Na sua interpretação, o que representa as seguintes imagens que aparecem no texto:
caverna, correntes, sombras, luz do sol, o prisioneiro que sai da caverna e o
instrumento que liberta o prisioneiro. (4 pontos)
c) Cite situações concretas vividas no cotidiano pelas pessoas que podem ser
comparadas a situação vivida na caverna (3 pontos).

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011.

MELANI, Ricardo. Diálogos: primeiros estudos em filosofia. São Paulo: Moderna, 2016

O Mito da caverna. Instituto Holos. Disponível em: TEXTO O Mito da Caverna.doc


(holos.org.br). Acesso em: 03 mar. 2024.
i
Aula elaborada pelo professor Carlos Reis Ribeiro de Sousa, mar. 2024

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