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A CIGARRA E A FORMIGA

Autor: Osopo (escritor da Grécia Antiga)


Adaptação dramatúrgica e direção: Fábio Sena
PERSONAGENS / ELENCO:

CIGARRA:
FORMIGA:

Cortinas são abertas.


O cenário é uma floresta.
A Cigarras toca violinos, ao fundo do palco.
MÚSICA: Orquestra – 45”.

NARRADORA: Manhã clara de verão. Céu sem nuvens; azulado. A velha mangueira florida.
E um formigueiro ao seu lado. Saindo de lá do fundo, das galerias do chão, a cantiga
das formigas mais parece um (...).
NARRADOR: Vejam quem está cheganto! A Formiga!

MÚSICA: 1, 2, 3...
Entra a Formiga, carregando sacos de alimentos, conforme música.

MÚSICA: Um, dois, três / sacos de farinha / Quatro, cinco, seis / sacos de feijão //
Trabalhando / todas formiguinhas / enchendo, aos poucos, o seu porão // (REPETE) //

NARRADOR: E a Formiga leva sua comidinha, para sua casa. No formigueiro.

Formiga sai.

NARRADORA: Entretanto, bem do alto, lá da mangueira florida, uma Cigarra, feliz, canta a
alegria da vida.
NARRADOR: A Cigarra é talentosa. E, também, toca “chocalho”.

Cigarra pega chocalho, e toca, na introdução.


MÚSICA: A cigarra (Bia Bedran)

MÚSICA: Quando a tarde cai / dourando o fim do dia / E a Cigarra faz / a sua cantoria / é
sinal que o verão chegou / ou está para chegar // O verão está no ar / na voz da
Cigarra / Na voz da Cigarra / O verão está no ar // Zi zi zi zi zi zi Zá / Zi zi Zá zá zá zá
/ (REPETE MAIS 5 VEZES) // (REPETE TUDO) //

NARRADOR: E a Cigarra sai, alegrando o outro lado da floresta, também.

Cigarra sai.

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NARRADORA: E neste contraste, assim, o verão foi-se passando. A Cigarra nas cantigas...
A formiga, trabalhando.
NARRADOR: Olha a Formiga, aí, de novo! Não para de trabalhar.

MÚSICA: Formiga Bossa Nova (Adriana Calcanhoto).


A Formiga trabalha, carregando suas comidas.

MÚSICA: Minuciosa formiga / Não tem que se lhe diga / Leva a sua palhinha / Não tem que se
lhe diga / Leva a sua palhinha / Asinha, asinha // Assim devera eu ser / (REPETE MAIS
3 VEZES) // Assim Devera eu ser / E não esta cigarra / Que se põe a cantar / E não esta
cigarra / Que se põe a cantar / E me deita a perder // Assim devera eu ser / (REPETE
MAIS 3 VEZES) // Assim devera eu ser / De patinhas no chão / Formiguinha ao trabalho /
De patinhas no chão / Formiguinha ao trabalho / E ao tostão // (INTRUMENTAL) // Assim
devera eu ser / De patinhas no chão / Formiguinha ao trabalho / De patinhas no chão /
Formiguinha ao trabalho / E ao tostão // (Assim devera eu ser / (REPETE MAIS 3
VEZES) // Se não fora / Não querer.

NARRADORA: E, um dia, chegou o inverno.


NARRADOR: Corre, Formiga! Um frio muito forte está chegando.

Som de ventania.
Máquina de fumaça.
Contra-Regra passa, jogando isopor ralado, para o alto.
Formiga sai correndo e com frio.

NARRADORA: Flocos de neve, no chão. Deixa a Formiga o trabalho... Cala a Cigarra a


canção. A formiga, precavida, recolheu-se ao formigueiro. Pois, trabalhando no estio,
havia enchido o celeiro.

Som de vento.
Entra a Formiga, com sacos de alimentos e vai à frete do palco, do lado
esquerdo, onde é o ambiente de sua casa, no formigueiro.
A Cigarra também entra, com frio, à frente do palco, do lado direito.

NARRADORA: Mas a Cigarra que havia cantado todo verão, ficou sem roupa, pro frio, e
sem migalha de pão. E, na sua ingenuidade, julgando ter uma amiga, desceu do ramo
mais alto... Foi procurar a formiga.
NARRADOR: Vai lá, Cigarra! Bata na porta, antes que você congele.

Som de 8 batidas na porta e porta se abrindo.

NARRADOR: Até que em fim, a Formiga resolveu abrir a porta.

CIGARRA: Bom dia, Dona Formiga!


FORMIGA: Com quem falo, por favor?
CIGARRA: Uai! Eu sou a Cigarra. Gosto do Sol... do calor... Não vê que eu sou friorenta? O
inverno está de doer!

NARRADOR: Mas a Formiga estava com pressa e queria que a Cigarra falasse rápido.

FORMIGA: Fale depressa, Cigarra! Não tenho tempo a perder!


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CIGARRA: Eu sei que há bondade em você! Trabalha bastante! Vim lhe pedir alimento e
abrigo, em sua lareira.
FORMIGA: Mas, o que você fez, durante todo o verão?
CIGARRA: Cantei! Você, acaso, não ouviu minha canção?

NARRADOR: Cante, para a Formigar lembrar, Cigarra!

Cigarra canta.
Vocalize da Cigarra.

NARRADOR: Mas a Formiga tem mais o quê fazer. Não é, Formiga?

FORMIGA: Tenho mais o que fazer! Se cantou... agora dance! Porém, noutra freguesia!
CIGARRA: Bem!... Queira me perdoar! Se acha que eu não valho... pensei que a minha
cantiga alegrasse o seu trabalho.
FORMIGA: Ora! Essa é muito boa! Cantava pra me alegrar? As formigas também cantam,
sem parar de trabalhar.
CIGARRA: Perdão! Mas é diferente! O seu canto é muito triste! E se eu deixar de cantar,
nem você resiste.

NARRADOR: Veja só que desaforo, Formiga! Ouça o que a Cigarra preguiçosa está
dizendo.

FORMIGA: Vejam só! Que desaforo! Não acredito no quê uma Cigarra preguiça está
dizendo!
CIGARRA: Eu só disse que meu canto torna o trabalho mais leve. Posso provar, se
quiserem.
FORMIGA: Está bem! Mas, seja breve!
CIGARRA: É fácil! Cantem, primeiro, sozinhos, sua canção.

NARRADOR: Se prepare, Formiga, para cantar!

FORMIGA: Formigas! (...) ao trabalho! Voz clara e boa audição!

MÚSICA: 1, 2, 3...

MÚSICA: Um, dois, três / sacos de farinha / Quatro, cinco, seis / sacos de feijão //
Trabalhando / todas formiguinhas / enchendo, aos poucos, o seu porão // (REPETE) //

NARRADOR: Mas a Cigarra acha, mesmo, a canção da Formiga muito triste.

CIGARRA: Estão vendo como é triste? De cortar o coração. Vejam só, que diferença,
juntando a minha canção.

NARRADOR: E a Formiga, finalmente, deu razão à Cigarra.

MÚSICA: 1, 2, 3... junto à Vocalize da Cigarra.


Entra a Formiga, carregando sacos de alimentos, conforme música.

MÚSICA: Um, dois, três / sacos de farinha / Quatro, cinco, seis / sacos de feijão //
Trabalhando / todas formiguinhas / enchendo, aos poucos, o seu porão // (REPETE) //
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FORMIGA: Eu acho que tem razão, minha cigarra querida! Vivo juntando mil coisas e
desperdiçando a vida. Quem trabalha, como nós, dia e noite, noite e dia, precisa, de
vez em quando, de quem lhe traga alegria. Pode entrar! Fique conosco! E, assim,
juntemos, amiga, a cantiga da Cigarra ao trabalho da Formiga.

NARRADOR: E foi uma festa, aquele inverno, na casa da Formiga. Todos quentinhos e
alimentados. Um completando o outro.

MÚSICA: 1, 2, 3... junto à música da Cigarra.

FORMIGA: Um, dois, três / sacos de farinha / Quatro, cinco, seis / sacos de feijão //
Trabalhando / todas formiguinhas / enchendo, aos poucos, o seu porão // (REPETE) //
CIGARRA: Sou feliz / Cigarra cantadeira / Canta a vida / Canta a luz / Mas quem canta /
canta a vida inteira / Até os sonhos / mais azuis // De quê vale / um tesouro / Junto às
flore / (...) // Quem quiser / que junto todo o ouro / Eu prefiro a luz do Sol //

Mesura.

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