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MODELOS DE AQUÍFEROS ANALÍTICOS

RODRIGO SANTOS DA SILVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE


LABORATÓRIO DE ENGENHARIA E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

MACAÉ - RJ
JULHO - 2021
Sumário

Nomenclatura

1 Introdução 1

2 Modelo de Van Everdingen & Hurst (1949) 4

2.1 Aquı́fero Radial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.2 Aquı́fero Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Modelo de Carter-Tracy (1960) 31

4 Modelo Aproximado de Fetkovich (1971) 34

Referências Bibliográficas 41
Lista de Figuras

1 Esquema tı́pico de um reservatório em produção associado a um aquı́fero.


Fonte: (OKOTIE; IKPORO, 2019). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2 Esboço de um reservatório com aqüı́fero radial. Fonte: (EZEKWE, 2011). 5

3 Gráfico de WeD vs tD para vários tamanhos de aquı́fero. Fonte: (ALLARD;


CHEN, 1988). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4 Modelo de aqüı́fero linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

5 Influxo adimensional WD para aqüı́fero linear em função do tempo adi-


mensional tD . Fonte: ROSA, 2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

6 Comparação do modelo aproximado de Fetkovich versus o modelo de


Van Everdingen e Hurst. Fonte: Dake, 1978. . . . . . . . . . . . . . . . 35
Lista de Tabelas

2 Índice de produtividade do aqüı́fero para os fluxos radial e linear. Fonte:


ROSA, 2011. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Nomenclatura

we influxo de água acumulado


ct compressibilidade total do aquı́fero
wi volume inicial de água do aqüı́fero
pi pressão inicial
p pressão no contato óleo/água
rD raio adimensional
tD tempo adimensional
pD pressão adimensional
U constante de influxo de água do aqüı́fero
WD influxo acumulado adimensional para uma queda de pressão constante no
contato
re raio externo do aqüı́fero
ro raio interno do aqüı́fero
xD comprimento adimensional
A área aberta ao fluxo
qD (tD ) vazão adimensional fornecida pelo aqüı́fero
We influxo dimensional
W D (u) denota a transformada de Laplace de WD (tD )
u variável de Laplace
J ı́ndice de produtividade do aqüı́fero
pa pressão média do aqüı́fero
ct compressibilidade total do aqüı́fero
Wi volume inicial de água
Wei influxo máximo que um aqüı́fero selado pode fornecer
pi pressão inicial
CA fator de forma de Dietz
γ exponencial da constante de Euler
WD (tD ) influxo de água acumulado adimensional
Nomenclatura

τ variável de integração
j discretização do tempo
1

1 Introdução

Na Engenharia de Reservatórios, o influxo de água também pode ser referido


como invasão de água ou influxo de aquı́fero. Este mecanismo de produção é com-
posto por uma camada subterrânea de rocha porosa contendo um ou mais fluidos que
podem permear para qualquer espaço disponı́vel nessa rocha reservatório. Neste con-
texto, um aquı́fero é referido como um grande volume de água subjacente ao acúmulo
de hidrocarbonetos na estrutura do reservatório (vide Figura 1), atuando como uma
fonte de energia significativa para a produção de óleo e/ou gás, uma vez que o poço é
perfurado (OKOTIE; IKPORO, 2019).

Figura 1: Esquema tı́pico de um reservatório em produção associado a um aquı́fero.


Fonte: (OKOTIE; IKPORO, 2019).
2

É importante destacar que no gerenciamento desses reservatórios existem muitas


incertezas associadas, principalmente quanto ao aquı́fero. Isso ocorre porque rara-
mente se perfuram poços exploratórios em aqüı́feros para a caracterização petrofı́sica
do mesmo, ou seja, conhecer os dados de porosidade, permeabilidade, espessura e
propriedades do fluido. Ainda mais incerto, entretanto, é a geometria e a continuidade
do próprio aquı́fero (AHMED, 2006). Com isso, vários modelos foram desenvolvidos
para estimar o influxo de água com base em suposições que descrevem essas carac-
terı́sticas do aquı́fero, levando em consideração principalmente os dados históricos de
desempenho do reservatório. A equação de balanço de materiais também pode ser
usada para determinar o influxo de água, desde que o volume de óleo original seja co-
nhecido a partir de estimativas de volume de poro da rocha. Isso permite a avaliação
das constantes nas equações dos modelos para que a taxa de influxo de água futura
possa ser prevista através do contato reservatório-aqüı́fero (AHMED, 2006).

O modelo mais simples para se estimar o influxo de água, we , baseia-se na equação


da compressibilidade (ROSA, 2011):

we = ct wi (pi − p) (1.1)

onde:

we : influxo de água acumulado;

ct : compressibilidade total do aquı́fero;

wi : volume inicial de água do aqüı́fero;

pi : pressão inicial;

p: pressão no contato óleo/água;

4p=pi − po : queda de pressão constante no contato o/a.

Esta equação, porém, só é aplicável a aqüı́feros muito pequenos, pois admite a
equalização imediata de pressões entre o reservatório e o aqüı́fero.

Para aqüı́feros maiores torna-se necessário um modelo matemático que inclua a


dependência do tempo, tendo em vista que demanda um certo tempo para o aqüı́fero
responder integralmente a uma mudança de pressão no reservatório (DAKE, 1983).En-
tre os vários modelos existentes na literatura, serão apresentados neste trabalho os
seguintes modelos:

Modelo de van Everdingen & Hurst (1949);


3

Modelo de Carter-Tracy (1960);

Modelo aproximado de Fetkovich (1971).


4

2 Modelo de Van Everdingen &


Hurst (1949)

As equações diferenciais que descrevem o fluxo no aqüı́fero são as mesmas que


descrevem o fluxo de fluidos no reservatório, diferindo-se apenas nos parâmetros da
rocha e dos fluidos. Os modelos de fluxo no reservatório normalmente consideram
como condição de contorno interna a vazão constante do poço. No caso do aqüı́fero,
entretanto, como não se tem controle sobre a vazão no contato reservatório-aqüı́fero,
a equação diferencial que rege o fluxo no aqüı́fero é resolvida considerando-se que a
pressão no contato se mantém constante (ROSA, 2011).

Na descrição do comportamento de um aqüı́fero há muito mais interesse no cálculo


da vazão que o aqüı́fero fornece (ou do influxo acumulado) em relação a queda de
pressão. Van Everdingen e Hurst (1949) apresentaram modelos clássicos de influxo
para dois tipos de aqüı́feros (DAKE, 1983):

• Aqüı́fero radial;

• Aqüı́fero linear.

Aplicando o conceito de Transformada de Laplace, Van Everdingen e Hurst re-


solveram a equação da difusividade do sistema reservatório-aqüı́fero considerando a
pressão constante no contato. Na prática, entretanto, espera-se que a pressão no con-
tato seja decrescente com o tempo em função da depleção do reservatório. Com base
nos modelos clássicos de influxo, que consideram uma queda de pressão constante
no contato, pode-se, através do princı́pio da superposição de efeitos, obter a solução
de casos mais realistas onde se admite que a pressão no contato varie com o tempo
(EVERDINGEN; HURST, 1949; DAKE, 1983).

2.1 Aquı́fero Radial

O sistema reservatório-aqüı́fero para este caso está representado na Figura 2.


5

Figura 2: Esboço de um reservatório com aqüı́fero radial. Fonte: (EZEKWE, 2011).

Inicialmente definem-se as variáveis adimensionais do modelo:

raio adimensional:
r
rD = (2.1)
r0

tempo adimensional:
kt
tD = (2.2)
φµct r02

pressão adimensional:

pi − p pi − p
pD = = (2.3)
pi − p0 4p0

onde:

4p0 = pi − p0 : queda de pressão constante no contato, tomada como referência.

A vazão que o aqüı́fero fornece, isto é, a vazão no ponto r = r0 , é dada pela lei de
Darcy e pode ser escrita como:
6

 
2πf kh ∂p
q= r (2.4)
µ ∂r ro

onde:

f = θ/2π , θ (em radianos).

Usando as definições de variáveis adimensionais dadas pelas eqs. 2.1 e 2.3, a 2.4
pode também ser escrita em termos de variáveis adimensionais:

 
∂pD qµ
− rD = ≡ qD (tD ), (2.5)
∂rD rD =1 2πf kh4p0

onde:

qD (tD ): vazão adimensional fornecida pelo aqüı́fero, ou seja, a vazão adimensional


calculada no contato reservatório-aqüı́fero (ponto rD = 1).

É mais conveniente expressar a solução em termos do influxo acumulado (inte-


gral da vazão) do que em termos da vazão. Resolvendo a eq. 2.5 para a vazão e
integrando em relação ao tempo obtém-se:

Z t Z tD
2πf kh4p0 dt
We ≡ qdt = qD dtD (2.6)
0 µ 0 dtD

Da definição de tempo adimensional, dada pela eq. 2.2, tem-se que:

dt φµct r02
= (2.7)
dtD k

Substituindo a eq. 2.7 na eq. 2.6:

Z tD
We = 2πf φct hr02 4p0 qD dtD (2.8)
0

Finalmente, denominando a integral de qD em relação a tD por WD (tD ), a eq. 2.8


simplifica-se para:

We = U ∆p0 WD (tD ) (2.9)

onde:
7

U = 2πf φct hr02 (2.10)

Sendo que:

U : geralmente denominado constante de influxo de água do aqüı́fero;

WD : influxo adimensional acumulado para uma queda de pressão constante no


contato;

WD (tD ): pode ser obtido resolvendo-se o problema do fluxo no aqüı́fero.

Serão considerados três modelos de aqüı́fero radial:

a) aqüı́fero infinito

b) aqüı́fero com manutenção de pressão no limite externo

c) aqüı́fero selado no limite externo.

A diferença entre estes modelos está apenas na condição de contorno externa


(C.C.E.), isto é, na condição imposta no limite externo do aqüı́fero.

O problema do fluxo no aqüı́fero pode ser escrito matematicamente como:

E.D.P.:

∂ 2 pD 1 ∂pD ∂pD
2
+ = (2.11)
∂rD rD ∂rD ∂tD

C.I.:

pD (rD; tD = 0) = 0 (2.12)

C.C.I.:

pD (rD = 1; tD ) = 1 (2.13)

A eq. 2.11, denominada equação da difusividade hidráulica, é:

(E.D.P.): a equação diferencial parcial que rege o fluxo no meio poroso, e pode ser
obtida usando-se as definições das variáveis adimensionais na equação da difusivi-
dade hidráulica deduzida em termos de variáveis reais.

(C.I.): a condição inicial representa a condição de que inicialmente as pressões


8

em qualquer ponto do aqüı́fero estão em equilı́brio e iguais a pi .

(C.C.I.): a condição de contorno interna impõe a condição de queda de pressão


4p0 = pi − p0 constante no contato aqüı́fero-reservatório.

Consideram-se três opções para a condição de contorno externa (C.C.E.):

a) Aqüı́fero infinito:

p(rD → ∞; tD ) = 0 (2.14)

b) Aqüı́fero finito selado:

Neste caso não há fluxo no limite externo e a C.C.E. pode ser escrita como:

 
∂pD
=0 (2.15)
∂rD rD =re /ro

onde:

re : raio externo do aqüı́fero;

ro : raio interno do aquı́fero.

c) Aqüı́fero finito com pressão constante no limite externo:

pD (rD = re /ro ; tD ) = 0 (2.16)

Em qualquer dos casos o influxo pode ser calculado com a seguinte equação:

Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − rD dtD (2.17)
0 0 ∂rD rD =1

Os problemas matemáticos formados pelas eqs. 2.11 a 2.17 são normalmente


resolvidos aplicando-se o conceito de Transformada de Laplace (SILVA, 2005) e suas
soluções serão apresentadas no tópico de deduções. Como as soluções, neste caso,
são obtidas analiticamente apenas no campo de Laplace, algum tipo de inversão
numérica tem que ser utilizado para se obter o comportamento de WD em função
de tD . Para isto utiliza-se o algoritmo de Stehfest (STEHFEST, 1970), que normalmente
é utilizado para a inversão numérica da Transformada de Laplace.

É comum a apresentação dos valores de WD (ou WeD ) em função de tD na forma


de tabelas. Essas tabelas apresentam o resultado para o caso de aqüı́fero radial
9

infinito, apresentam o influxo acumulado adimensional WD em função de tD para o


caso de aqüı́fero finito para diferentes valores de raio externo adimensional reD (ou
rD ). Uma vez conhecido o influxo adimensional WD , o influxo dimensional We é obtido
com a eq. 2.9.

A Figura 3 mostra o comportamento do influxo adimensional WeD para o aqüı́fero


radial em função do tempo adimensional tD e do tamanho do aqüı́fero dado pelo
parâmetro (rD ). Inicialmente, independentemente da condição no seu limite externo,
o aqüı́fero se comporta como se fosse infinito. Quanto maior é o tamanho do aqüı́fero,
maior é o perı́odo em que o mesmo se comporta como aqüı́fero infinito.

Figura 3: Gráfico de WeD vs tD para vários tamanhos de aquı́fero. Fonte: (AL-


LARD; CHEN, 1988).

Para aqüı́feros selados existe um valor máximo para o influxo acumulado. Esse
valor máximo é alcançado após a equalização das pressões do reservatório (no con-
tato) e do aqüı́fero. A partir da equação da compressibilidade (1.1), pode-se mostrar
10

que o influxo máximo é dado pela equação:

2
reD −1
WDmáx = (2.18)
2

2.1.1 Soluções clássicas para o aquı́fero radial (deduções)

As soluções dos problemas apresentados neste tópico foram obtidas utilizando o


método de Transformada de Laplace.

W D (u): denota a Transformada de Laplace de WD (tD );

u: variável de Laplace.

As soluções são escritas em termos das funções de Bessel modificadas de pri-


meira espécie, I0 e I1 , e de segunda espécie, K0 e K1 , de ordens zero e um, respecti-
vamente.

a) Aquı́fero Radial Infinito

Problema:

E.D.P:
∂ 2 pD 1 ∂pD ∂pD
2
+ = (2.19)
∂rD rD ∂rD ∂tD

C.I:
pD (rD; tD = 0) = 0 (2.20)

C.C.I:
pD (rD = 1; tD ) = 1 (2.21)

C.C.E:
pD (rD → ∞; tD ) = 0 (2.22)

Eq. geral do influxo acumulado:


Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − rD dtD (2.23)
0 0 ∂rD rD =1

Solução:

→ mesmo caso que os reservatórios de óleo.


11

 E.D.H. é a mesma, logo, passando por Laplace, chega-se à Bessel;

 C.I. é usada na E.D.H..

→ agora começa a diferença: a C.C.I., neste caso, é a queda de pressão no


contato constante.

→ no campo de Laplace:

E.D.H:

d2 pD 1 dpD
+ = upD (2.24)
drD rD drD

C.C.I:
1
pD (rD = 1; tD ) = (2.25)
u

C.C.E:
pD (rD → ∞; tD ) = 0 (2.26)

→ a solução da E.D.H. é a equação de Bessel Modificada:

√ √
pD (rD, u) = Ak0 (rD u) + BI0 (rD u) (2.27)

→ aplicando a condição de contorno externa (C.C.E.) fica igual para o óleo B = 0


por causa do comportamento dos gráficos dos argumentos:


pD = Ak0 (rD u) (2.28)

→ agora, utilizando a eq. 2.25:

√ 1
pD (rD = 1; u) = Ak0 ( u) = (2.29)
u

→ substituindo na solução:

1 √
pD (rD, u) = √ k0 (rD u) (2.30)
uk0 ( u)

→ utilizando a eq. do influxo acumulado:


12

Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − rD dtD (2.31)
0 0 ∂rD rD =1

→ passando a eq. 2.31 para o campo de Laplace:

 Z tD   
∂pD
L {WD (tD )} = L − rD dtD = W D (u) (2.32)
0 ∂rD

→ para resolver, é utilizada a seguinte propriedade:

Z τ 
1
L F(τ )dτ = F(u) (2.33)
0 u

→ assim, encontra-se:

 
1 dpD
− rD (2.34)
u ∂rD rD =1

→ aplicando essa nova condição na solução/eq. 2.30:

 −√uk (√u).uk(√
 
  :
dpD 1  0 u)
rD = r (2.35)
drD rD =1
√ 2  D
[uk0 ( u)]

  √ √
1 dpD − uk1 ( u)
− rD = √ (2.36)
u drD rD =1 uk0 ( u)

√ √
uk1 ( u)
WD = 2 √ (2.37)
u k0 ( u)


k1 ( u)
W D (u) = − 1 √ (2.38)
u 2 u2 k0 ( u)


k1 ( u)
WD (u) = 3/2 √ (2.39)
u k0 ( u)

b) Aqüı́fero Finito Radial Selado no Limite Externo

Problema:

E.D.P.:
∂ 2 pD 1 ∂pD ∂pD
2
+ = (2.40)
∂rD rD ∂rD ∂tD
13

C.I.:
pD (rD; tD = 0) = 0 (2.41)

C.C.I.:
pD (rD = 1; tD ) = 1 (2.42)

C.C.E.:  
∂pD
=0 (2.43)
∂rD rD =re /ro

Eq. geral do influxo acumulado:


Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − rD dtD (2.44)
0 0 ∂rD rD =1

Solução:

→ aquı́fero radial pseudopermanente.

→ partindo de Bessel:

√ √
pD (rD , u) = Ak0 (rD u) + BI0 (rD u) (2.45)

→ utilizando a condição de contorno interna (C.C.I.):

1
pD (rD = 1; tD ) = (2.46)
u

√ p 1
pD (1, u) = A.k0 ( u) + BI0 ( u) = (2.47)
u

→ utilizando a condição de contorno interna (C.C.E.):

√ √ √ √
 
∂pD
= − uAk1 (reD u) + uBI1 (reD u) = 0 (2.48)
∂rD reD

√ √ √> √
 uBI1 (reD u)
>
= 
uAk1 (reD u) (2.49)


Ak1 (reD u)
B= √ (2.50)
I1 (reD u)
14

→ substituindo 2.50 em 2.47:


√ Ak1 (reD u) p 1
Ak0 ( u) + √ I0 ( u) = (2.51)
I1 (reD u) u


√ k1 (reD u) √
 
1
A k0 ( u) + √ I0 ( u) = (2.52)
I1 (reD u) u


 √ √ √ √  I1 (reD u)
A k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u) = (2.53)
u


I1 (reD u)
A= √ √ √ √ (2.54)
u [k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u)]

→ sendo assim, pode-se encontrar B:

√ √
:
k1 (reD u)
I1 eD u)
(r 
B= h p √ √ √ i √
: (2.55)
u k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u) 
I1 eD u)
(r 


k1 (reD u)
B= √ √ √ √ (2.56)
u [k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u)]

→ substituindo 2.54 e 2.56 em 2.45:

√ √ √ √
I1 (reD u)k0 (rD u) + k1 (reD u)I0 (rD u)
pD = √ √ √ √ (2.57)
u [k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u)]

→ passando para W D (u):

 1º: derivar em relação a rD ;

 2º: multiplicar por − u1 ;




 3º: multiplicar por rD = 1.

  √ √ √ √ √ √
dp − uI1 (reD u)k1 ( u) + uk1 (reD u)I1 ( u)
rD D = h p √ √ p i (2.58)
drD rD =1 u k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u)

√ √ √ √
−k1 (reD u)I1 ( u) + I1 (reD u)k1 ( u)
W D (u) = 3 √ √ √ √ (2.59)
u 2 [k0 ( u)I1 (reD u) + k1 (reD u)I0 ( u)]

→ reorganizando a eq. 2.59 e finalizando:


15

√ √ √ √
I1 (reD u)k1 ( u) − I1 ( u)k1 (reD u)
WD (u) = 3/2  √ √ √ √  (2.60)
u I0 ( u)k1 (reD u) + I1 (reD u)k0 ( u)

c) Aqüı́fero Radial com Pressão Constante no Limite Externo

Problema:

E.D.P.:
∂ 2 pD 1 ∂pD ∂pD
2
+ = (2.61)
∂rD rD ∂rD ∂tD

C.I.:
pD (rD; tD = 0) = 0 (2.62)

C.C.I.:
pD (rD = 1; tD ) = 1 (2.63)

C.C.E.:
pD (rD = re /ro ; tD ) = 0 (2.64)

Eq. geral do influxo acumulado:


Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − rD dtD (2.65)
0 0 ∂rD rD =1

Solução:

→ aquı́fero radial permanente;

→ pressão constante no limite externo;

→ realimentação.

E.D.P.:

∂ 2 pD 1 ∂pD
+ = upD (2.66)
∂rD rD ∂rD

C.I.:

pD (rD , u) = 0 (2.67)

C.C.I.:
16

1
pD (rD = 1, u) = (2.68)
u

C.C.E.:

 
reD
pD rD = ,u = 0 (2.69)
rD

→ a condição inicial é utilizada para chegar na E.D.P. no campo de Laplace;

→ sabe-se que da solução para a E.D.P. no campo de Laplace chega-se em Bes-


sel.

√ √
pD (rD , u) = Ak0 (rD u) + BI0 (rD u) (2.70)

→ utilizando a Eq. 2.68:

√ √ 1
Ak0 ( u) + BI0 ( u) = (2.71)
u

→ utilizando a Eq. 2.69:

√ √
Ak0 (reD u) + BI0 (reD u) = 0 (2.72)


BI0 (reD u)
A=− √ (2.73)
k0 (reD u)

→ substituindo 2.73 em 2.71, obtém-se:

√ √
−BI0 (reD u)k0 ( u) √ 1
√ + BI0 ( u) = (2.74)
k0 (reD u) u

→ calculando o M.M.C.:

√ √ √ √
−BI0 (reD u)k0 ( u) + k0 (reD u)BI0 ( u) 1
√ = (2.75)
k0 (reD u) u


 √ √ √ √  k0 (reD u)
B −I0 (reD u)k0 ( u) + k0 (reD u)I0 ( u) = (2.76)
u
17


k0 (reD u)
B= √ √ √ √ (2.77)
u [k0 (reD u)I0 ( u) − I0 (reD u)k0 ( u)]

→ após a descoberta de B, encontra-se A:

√
: √
k0 eD u)I0 (reD u)
(r 
A=− √ √

√ √ √
: (2.78)
u [k0 (reD u)I0 ( u) − I0 (reD u)k0 ( u)] 
k0
(r
eD u)



I0 (reD u)
A=− √ √ √ √ (2.79)
u [k0 (reD u)I0 ( u) − I0 (reD u)k0 ( u)]

→ substituindo na solução, chega-se em:

√ √ √ √
−I0 (reD u)K0 (rD u) I0 (rD u)K0 (reD u)
pD (rD , u) = √ √ √ √ + √ √ √ √
u [k0 (reD u)I0 ( u) − I0 (reD u)k0 ( u)] u [k0 (reD u)I0 ( u) − I0 (reD u)k0 ( u)]
(2.80)

→ organizando os sinais e unindo o denominador:

√ √ √ √
1 k0 (reD u)I0 (rD u) − I0 (reD u)k0 (rD u)
pD = − √ √ √ √ (2.81)
u I0 (reD u)k0 ( u) − I0 ( u)k0 (reD u)

→ agora, pasando o influxo para o campo de Laplace como foi feito no caso do
aquı́fero radial:

( Z )
tD  
∂pD
L {WD (tD )} = L − rD dtD = W D (u) (2.82)
0 ∂rD rD =1

→ pela proprieadade da Transformada:

Z τ 
1
L F(τ )dτ = F(u) (2.83)
0 u

→ assim:

  
1 dpD
W D (u) = − rD (2.84)
u drD rD =1
   √ √ √ √
dpD 1 1 k0 (reD u)I0 (rD u) − I0 (reD u)k0 (rD u)
rD − =− √ √ √ √ (2.85)
drD rD =1 u u I0 (reD u)k0 ( u) − I0 ( u)k0 (reD u)

→ derivando o lado direito, multiplicando por rD e igualando rD = 1:


18

  √ √ :√
 √ √ :√

1
7 dpD 1
7k0 (reD u)I1 (r
D u) u + I0 (reD u)k1
 (r
D u) u

− rD = − √ √ √ √ * (2.86)
rD
 u drD  u I0 (reD u)k0 ( u) − I0 ( u)k0 (reD u)

rD =1

  √ √ √ √ √
dpD [k0 (reD u)I1 ( u) + I0 (reD u)k1 ( u)] u
rD = WD = √ √ √ √ (2.87)
drD rD =1 I0 (reD u)k0 ( u) − I0 ( u)k0 (reD u)

→ obs.: não se pode cortar o − u1 , pois é preciso cortar o lado direito;

√ √ √ √
k0 (reD u)I1 ( u) + I0 (reD u)k1 ( u)
W D (u) = 3 √ √ √ √ (2.88)
u 2 [I0 (reD u)k0 ( u) − I0 ( u)k0 (reD u)]

→ reorganizando a eq. 2.88 e finalizando:

√ √ √ √
I0 (reD u)k1 ( u) + I1 ( u)k0 (reD u)
WD (u) = 3/2  √ √ √ √  (2.89)
u I0 (reD u)k0 ( u) − I0 ( u)k0 (reD u)

2.2 Aquı́fero Linear

A Figura 4 mostra um sistema reservatório-aqüı́fero para o modelo de fluxo linear.

Figura 4: Modelo de aqüı́fero linear.

Normalmente o comprimento do aqüı́fero, L, é utilizado como comprimento de


referência nas definições de variáveis adimensionais. Neste caso as variáveis adi-
19

mensionais são dadas por:

comprimento adimensional:
x
xD = (2.90)
L

tempo adimensional:
kt
tD = (2.91)
φµct L2

pressão adimensional:

pi − p pi − p
pD = = (2.92)
pi − p0 4p0

onde:

4p0 = pi − p0 : queda de pressão constante no contato, tomada como referência.

Obs.: Para o modelo de aqüı́fero infinito, L passa a ser apenas um comprimento


de referência arbitrário, sem qualquer significado fı́sico.

A vazão que o aqüı́fero fornece, isto é, a vazão no ponto x = 0 é dada pela lei de
Darcy para o fluxo linear:

 
kA ∂p
q= (2.93)
µ ∂x x=0

onde:

A: área aberta ao fluxo, ou seja, A = wh.

Usando as definições dadas pelas eqs. 2.90 e 2.92, a 2.93 pode ser escrita em
termos de variáveis adimensionais como:

 
∂pD qµL
− = ≡ qD (tD ) (2.94)
∂xD xD =0 kA4p0

onde:

qD (tD ): vazão adimensional fornecida pelo aqüı́fero, isto é, a vazão adimensional
calculada no contato reservatório-aqüı́fero (ponto xD = 0).

Como o interesse está na solução em termos do influxo acumulado (integral da


vazão), resolvendo a eq. 2.94 para a vazão e integrando em relação ao tempo resulta
em:
20

Z t Z tD
kA4p0 dt
We ≡ qdt = qD dtD (2.95)
0 µL 0 dtD

Mas da eq. 2.91 tem-se que:

dt φµct L2
= (2.96)
dtD k

Finalmente, substituindo a eq. 2.96 na eq. 2.95 obtém-se:

Z tD
W e = wLhφct 4p0 qD dtD (2.97)
0

ou ainda:

We = U ∆p0 WD (tD ) (2.98)

onde:

U = wLhφct (2.99)

Sendo que:

WD : influxo acumulado adimensional para uma queda de pressão 4p0 constante


no contato e é obtido resolvendo o problema do fluxo no aqüı́fero para os modelos de
interesse.

Consideram-se aqui também três modelos de aqüı́fero linear (associados às mes-
mas opções para a condição de contorno externa utilizadas no modelo de aqüı́fero
radial):

a) aqüı́fero linear infinito

b) aqüı́fero linear com pressão constante no limite externo

c) aqüı́fero linear selado no limite externo.

Utilizando as definições de variáveis adimensionais e a equação da difusividade


hidráulica em termos de variáveis reais, neste caso o problema do fluxo no aqüı́fero
pode ser escrito matematicamente como:

E.D.P.:
21

∂ 2 pD ∂pD
2
= (2.100)
∂xD ∂tD

C.I.:

pD (xD; tD = 0) = 0 (2.101)

C.C.I.:

pD (xD = 0; tD ) = 1 (2.102)

A condição de contorno externa (C.C.E.) depende do modelo considerado:

a) Aqüı́fero infinito:

pD (xD → ∞; tD ) = 0 (2.103)

b) Aqüı́fero finito com pressão constante no limite externo:

pD (xD = 1; tD ) = 0 (2.104)

c) Aqüı́fero finito selado no limite externo:

 
∂pD
=0 (2.105)
∂xD xD =1

O influxo acumulado adimensional pode ser calculado com a seguinte equação:

Z tD Z td  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − dtD (2.106)
0 0 ∂xD xD =0

As soluções para os problemas formados pelas eqs. 2.100 a 2.106 são também
obtidas aplicando-se o conceito de Transformada de Laplace (SILVA, 2005) e as suas
soluções serão apresentadas no tópico de deduções. Neste caso, existe solução
analı́tica no campo real para o modelo de aqüı́fero infinito. As soluções dos outros
modelos são obtidas analiticamente apenas no campo de Laplace. Novamente o
algoritmo de Stehfest (STEHFEST, 1970) é utilizado para inverter numericamente as
soluções e obter tabelas de WD versus tD .
22

Uma vez conhecido o influxo adimensional WD , o influxo dimensional We é obtido


com a eq. 2.98. O comportamento do influxo acumulado adimensional em função do
tipo de condição de contorno externa é mostrado na Figura 5.

Figura 5: Influxo adimensional WD para aqüı́fero linear em função do tempo adimen-


sional tD . Fonte: ROSA, 2011.

2.2.1 Soluções clássicas para o aquı́fero linear (deduções)

As soluções dos problemas apresentados neste tópico foram obtidas utilizando o


método de Transformada de Laplace.

W D (u): denota a Transformada de Laplace de WD (tD );

u: variável de Laplace.

a) Aquı́fero Linear Infinito

Problema:
23

E.D.P.:
∂ 2 pD ∂pD
2
= (2.107)
∂xD ∂tD

C.I.:
pD (xD; tD = 0) = 0 (2.108)

C.C.I.:
pD (xD = 0; tD ) = 1 (2.109)

C.C.E.:
pD (xD → ∞; tD ) = 0 (2.110)

Eq. geral do influxo acumulado:


Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − dtD (2.111)
0 0 ∂xD xD =0

Solução:

→ difere dos outros métodos também na condição de contorno externa (C.C.E.);

C.C.I.:
1
pD (xD = 0, u) = (2.112)
u

C.C.E.:
pD (xD → ∞; u) = 0 (2.113)

→ relembrando a solução:

√ √
pD = C 1 e uxD
+ C2 e − uxD
(2.114)

→ pela C.C.I., eq. 2.112:

1
C1 = − C2 (2.115)
u

→ pela C.C.E., eq. 2.113:


24

√ √
pD = C 1 e u.∞
+ C2 e−∞. u
(2.116)

→ o segundo termo já é zero, e para o primeiro termo ser adota-se C1 = 0. Sendo
assim:

1
C
>=
1 − C2 (2.117)
u


1
C2 = (2.118)
u

1 −√uxD
pD = e (2.119)
u

√ √
ux
− ue− D
   
∂pD 1 1
− = − (2.120)
∂xD xD =0 u u u

1
W D (u) = (2.121)
u3/2

→ pela tabela de Transformada de Laplace, pode-se trazer novamente para o


domı́nio de tempo:

r
tD
WD (tD ) = 2 (2.122)
π

b) Aqüı́fero Linear com Pressão Constante no Limite Externo

Problema:

E.D.P.:
∂ 2 pD ∂pD
2
= (2.123)
∂xD ∂tD

C.I.:
pD (xD; tD = 0) = 0 (2.124)

C.C.I.:
pD (xD = 0; tD ) = 1 (2.125)
25

C.C.E.:
pD (xD = 1; tD ) = 0 (2.126)

Eq. geral do influxo acumulado:


Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − dtD (2.127)
0 0 ∂xD xD =0

Solução:

→ realimentado;

→ permanente.

Resolvendo a E.D.O.:

∂ 2 pD
− upD = 0 (2.128)
∂x2D

→ para resolver, é utilizada a técnica dos polinômios caracterı́sticos:

p2D − u = 0 (2.129)

p2D = u (2.130)


pD = ± u (2.131)

→ utilizando a solução para a E.D.O.:

√ √
p D = C1 e u.xD
+ C2 e − u.xD
(2.132)

→ agora, utilizando a eq. 2.125 no campo de Laplace:

1
pD (xD = 0, u) = (2.133)
u

1
C1 + C2 = (2.134)
u
26

→ agora, utilizando a eq. 2.126:

pD (xD = 1, u) = 0 (2.135)

√ √
C1 e u
+ C2 e − u
=0 (2.136)


C2 e− u
C 1 = − √u (2.137)
e

1
C1 = − C2 (2.138)
u

→ então:


1 C2 e − u
− C 2 = − √u (2.139)
u e


1 C2 e − u
− C2 + √ =0 (2.140)
u e u

√ 
e− u

1
C2 −1 + √u + = 0 (2.141)
e u

 √  1
C2 e−2 u − 1 + = 0 (2.142)
u

1
C2 = − √  (2.143)
u e−2 u −1

→ reorganizando a eq. 2.143 e multiplicando a mesma por (−1):

1
C2 = √  (2.144)
u 1 − e−2 u

→ sendo assim, pode-se encontrar C1 :


C1 = −C2 e−2 u
(2.145)
27


e−2 u
C1 = √  (2.146)
u 1 − e−2 u

→ substituindo 2.146 e 2.145 na eq. 2.132:

√ √
−e−2 u √
uxD e− uxD
pD = √ e + √  (2.147)
u 1 − e−2 u u 1 − e−2 u

√ √
e− 1 + e−2
uxD u

pD = √  (2.148)
u 1 − e−2 u

→ após a descoberta da pressão adimensional, é preciso encontrar o influxo;

→ para isso, será utilizado o mesmo método utilizado para o aquı́fero radial;

→ passando o influxo acumulado para o campo de Laplace:

Z tD  
∂pD
WD = − dtD (2.149)
0 ∂xD xD =0

(Z )
tD  
∂pD
L {WD (tD )} = L − dtD (2.150)
0 ∂xD xD =0

→ utilizando a propriedade da Transformada:

Z 
1
L F = − F(u) (2.151)
u

→ chega-se em:

 
∂pD 1
− (2.152)
∂xD xD =0 u

→ aplicando na equação 2.148:

√ −√  √ 
1 + e−2 u
:

uxD
− u
 
∂pD e 
= √  (2.153)
∂xD xD =0 u 1 − e−2 u

" √  #
1 + e−2 u
 
∂pD 1 1
− = √  (2.154)
∂xD xD =0 u u u3/2 1 − e−2 u
28


1 + exp(−2 u)
WD (u) = 3/2  √  (2.155)
u 1 − exp(−2 u)

c) Aqüı́fero Linear Selado no Limite Externo

Problema:

E.D.P:
∂ 2 pD ∂pD
2
= (2.156)
∂xD ∂tD

C.I:
pD (xD; tD = 0) = 0 (2.157)

C.C.I.:
pD (xD = 0; tD ) = 1 (2.158)

C.C.E.:  
∂pD
=0 (2.159)
∂xD xD =1

Eq. geral do influxo acumulado:


Z tD Z tD  
∂pD
WD ≡ qD (tD )dtD = − dtD (2.160)
0 0 ∂xD xD =0

Solução:

→ pseudopermanente;

→ como nos métodos do aquı́fero radial, de um tipo de regime para o outro o que
muda é apenas a condição de contorno externa (C.C.E.).

C.C.I.:
1
pD (xD = 0, u) = (2.161)
u

C.C.E.:  
∂pD
=0 (2.162)
∂xD xD =1

→ recapitulando a solução:
29

√ √
pD = C 1 e uxD
+ C2 e − uxD
(2.163)

→ usando a eq.2.161:

1
C1 1 + C2 1 = (2.164)
u

1
C1 = − C2 (2.165)
u

→ usando a eq.2.162:

√ √
 
∂pD √ √
= uC1 e u
+ (− u)C2 e− u = 0 (2.166)
∂xD xD =1

√ u
√ √> −√u
 uC1 e
>
= 
uC2 e (2.167)


C2 e − u √
C1 = − √u C2 = C2 e−2 u (2.168)
e


C1 = C2 e−2 u
(2.169)

→ com C1 podemos encontrar C2 na eq. 2.165:

√ 1
C2 e−2 u
= − C2 (2.170)
u

1 √
C2 = − C2 e−2 u (2.171)
u

√ 1
C2 + C2 e−2 u
= (2.172)
u

 √  1
C2 1 + e−2 u = (2.173)
u

1
C2 = √  (2.174)
u 1 + e−2 u
30

→ assim:


e−2 u
C1 = √  (2.175)
u 1 + e−2 u

→ substituindo 2.174 e 2.175 em 2.163:

√ √
e−2 u √
uxD e− uxD
pD = √ e + √  (2.176)
u 1 + e−2 u u 1 + e−2 u

√ √
e− e−2 u + 1
uxD

pD = √  (2.177)
u 1 + e−2 u

→ aplicando o influxo acumulado no campo de Laplace:

√ √
− u e−2 u + 1
   
∂pD 1 1
− = √  − (2.178)
∂xD xD =0 u u 1 + e−2 u u


1 − exp(−2 u)
WD (u) = 3/2  √  (2.179)
u 1 + exp(−2 u)
31

3 Modelo de Carter-Tracy (1960)

Este método é uma solução aproximada para a equação da difusividade. Ele pode
ser combinado convenientemente com uma equação de balanço de materiais ade-
quada para prever o desempenho de reservatórios de água. Além disso, destaca-se a
sua aplicabilidade em aquı́feros de ação finita e infinita, assim como àqueles identifi-
cados como radiais e lineares (OKOTIE; IKPORO, 2019).

O modelo de Carter-Tracy é aplicável a qualquer geometria de fluxo, desde que se


conheça a solução para a pressão adimensional em função do tempo na geometria
de aqüı́fero considerada. Esta abrangência de tipos de aqüı́fero contemplados é uma
grande vantagem sobre o modelo de Van Everdingen e Hurst. Salienta-se também
que o modelo de Carter-Tracy, assim como o de Fetkovich, não requer a aplicação do
princı́pio da superposição de efeitos no cálculo do influxo (ROSA, 2011).

O influxo acumulado de água desse modelo pode ser expresso através da integral
de convolução (CARTER; TRACY, 1960) :

tDj
dWD (tD − τ )
Z
We (tDj ) = U 4p(τ ) dτ (3.1)
0 dτ
onde:

tD : tempo adimensional definido para cada geometria de aqüı́fero;

U : constante de influxo de água e que também depende da geometria do sistema;

4p(tD ) = pi − p(tD ): queda de pressão no contato;

WD (tD ): influxo de água acumulado adimensional;

τ : variável de integração;

j: discretização do tempo.

As definições de tD e de U variam para os casos de fluxo radial e linear. Os valores


de WD (tD ) idem.
32

No modelo de Carter-Tracy o valor do influxo acumulado We é aproximado pela


expressão:

We (tDj ) = We (tDj−1 ) + aj−1 (tDj − tDj−1 ) (3.2)

onde:

aj−1 : é uma constante.

Esta equação admite que no intervalo entre tDj−1 e tDj o influxo varia linearmente
com o tempo.

Combinando-se as eqs. 3.1 e 3.2 obtém-se:

tDj
dWD (tD − τ )
Z
U 4p(τ ) dτ = We (tDj−1 ) + aj−1 (tDj − tDj−1 ) (3.3)
0 dτ
Aplicando-se a Transformada de Laplace em relação ao tempo adimensional a eq. 3.3,
obtém-se:

We (tDj−1 ) − aj−1 tDj−1 aj−1


U u4p(u)WD (u) = + 2 (3.4)
u u
onde:

u: variável de Laplace.

Para o problema em questão é possı́vel provar que (Van Everdingen e Hurst, 1949):

1
= upD (u)WD (u) (3.5)
u2
onde:

pD (tD ): solução para a pressão adimensional na face interna de um aqüı́fero pro-


duzindo com vazão constante;

WD (tD ): influxo adimensional para o caso de pressão constante no contato.

Substituindo-se a eq. 3.5 na eq. 3.4 e explicitando-se a transformada da queda de


pressão no contato óleo/água, obtém-se a equação:

1  
4p(u) = We (tDj−1 ) − aj−1 tDj−1 upD (u) + aj−1 pD (u) (3.6)
U
cuja inversão resulta em:
33

1 
We (tDj−1 ) − aj−1 tDj−1 p0D (tDj ) + aj−1 pD (tDj )

4p(tDj ) = (3.7)
U
onde p0D (tDj ) é a derivada da pressão adimensional em relação ao tempo adimensio-
nal.

Explicitando-se a constante aj−1 na eq. 3.7:

U 4p(tDj ) − We (tDj−1 )p0D (tDj )


aj−1 = (3.8)
pD (tDj ) − tDj−1 p0D (tDj )
e substituindo a expressão resultante na eq. 3.2, obtém-se:

U4p(tDj ) − We (tDj−1 )p0D (tDj )


We (tDj ) = We (tDj−1 ) + (tDj − tDj−1 ) (3.9)
pD (tDj ) − tDj−1 p0D (tDj )

que é a equação para o cálculo do influxo acumulado.

Conforme mencionado anteriormente, a função pD (tD ) representa a pressão adi-


mensional na face interna de um aqüı́fero produzindo com vazão constante. No caso
de um aqüı́fero linear infinito, isto é, de um aqüı́fero que se comporta ainda no regime
transiente de fluxo, a pressão adimensional é determinada pela expressão:

r
tD
pD (tD ) = 2 (3.10)
π
e no caso de um aqüı́fero radial infinito essa expressão é, aproximadamente:

1
pD (tD ) = [ln(tD ) + 0, 80907] (3.11)
2
34

4 Modelo Aproximado de
Fetkovich (1971)

Fetkovich (1971) propôs um modelo para simplificar ainda mais os cálculos do


influxo de água. Este método usa um ı́ndice de produtividade do aquı́fero (J) em
estado pseudopermanente e um balanço de materiais do aquı́fero para representar a
compressibilidade do sistema (OKOTIE; IKPORO, 2019).

Como o método Carter-Tracy, o modelo de Fetkovich elimina o uso de superposição


de efeitos e, portanto, é muito mais simples do que o método de Van Everdingen e
Hurst, pois o cálculo do passo seguinte não necessita dos cálculos dos passos ante-
riores. No entanto, como Fetkovich negligencia o perı́odo de tempo transitório inicial
nesses cálculos, o influxo de água calculado será sempre menor do que os valores
previstos pelos outros dois modelos (OKOTIE; IKPORO, 2019).

Conseqüentemente, a aplicação é muito mais fácil e este método também é fre-


quentemente utilizado em modelos de simulação numérica (AHMED, 2006), apresen-
tando resultados muito similares ao de van Everdingen e Hurst, como representado na
Figura 6.
35

Figura 6: Comparação do modelo aproximado de Fetkovich versus o modelo de Van


Everdingen e Hurst. Fonte: Dake, 1978.

Fetkovich admite o cálculo do fluxo do aqüı́fero para o reservatório através da


seguinte equação (FETKOVICH, 1971):

dWe
q= = J(pa − p) (4.1)
dt
onde:

J: ı́ndice de produtividade do aqüı́fero;

pa : pressão média do aqüı́fero;

p : pressão no contato reservatório-aqüı́fero.

A partir do balanço de materiais no aqüı́fero pode-se escrever que:

We = ct Wi (pi − pa ) (4.2)

onde:

ct = cw + cf : compressibilidade total do aqüı́fero;

Wi : volume inicial de água.


36

Rearranjando a eq. 4.2 tem-se:

 
We
p = pi 1− (4.3)
ct W i p i

Seja Wei o influxo máximo que um aqüı́fero selado pode fornecer, correspondente
à expansão da água do aqüı́fero ao ser despressurizada de pi para a pressão zero.
Da eq. 4.2,

Wei = ct Wi pi (4.4)

Substituindo a Eq. 4.4 na Eq. 4.3 obtém-se:

 
We
pa = pi 1− (4.5)
Wei

cuja derivada em relação ao tempo é dada por:

dpa pi dWe
=− (4.6)
dt Wei dt

Substituindo a eq. 4.1 na eq. 4.6 obtém-se:

dpa pi
=− J(pa − p) (4.7)
dt Wei

ou

Z pa
Jpi dpa
− dt = (4.8)
Wei pi pa − p

após separar as variáveis. Esta equação pode ser integrada de t = 0 (quando


We = 0 e pa = pi ) a t, isto é, pode-se escrever:

Z t Z pa
Jpi dpa
− dt = (4.9)
Wei 0 pi pa − p

Resolvendo as integrais, a eq. 4.9 simplifica-se para:

 
Jpi pa − p
− t = ln (4.10)
Wei pi − p

ou ainda:
37

 
Jpi
pa − p = (pi − p)exp − t (4.11)
Wei

Substituindo a eq. 4.11 na eq. 4.1:

 
Jpi
q = J(pi − p)exp − t (4.12)
Wei

A eq. 4.12 é a equação da vazão com que a água flui do aqüı́fero para o reser-
vatório em função do tempo e da queda de pressão no contato, (pi − p). Esta equação
é geral e independe da geometria do aqüı́fero. A eq. 4.12 pode ser integrada para se
obter o influxo. Assim,

Z t Z t  
Jpi
We ≡ qdt = J(pi − p) exp − t dt (4.13)
0 0 Wei

Finalmente, resolvendo a integral da eq. 4.13 chega-se a:

  
Wei Jpi
We = (pi − p) 1 − exp − t (4.14)
pi Wei

A eq. 4.14 fornece o influxo do aqüı́fero em função do tempo para uma queda
de pressão constante, (pi − p), no contato. Algumas observações podem ser feitas a
respeito das equações do modelo de Fetkovich:

(a) Observação 1

Com o passar do tempo, a vazão fornecida pelo aqüı́fero, eq. 4.12, decresce
exponencialmente tendendo a zero. Ou seja, o influxo dado pela eq. 4.14 tende a um
valor máximo. Tomando o limite da eq. 4.14 para t → ∞ e usando a eq. 4.4, o influxo
máximo pode ser escrito como:

Wei
Wemáx = (pi − p) = ct Wi (pi − p) (4.15)
pi

(b) Observação 2

Na prática a queda de pressão no contato não é constante e a Eq. 4.14 não é


diretamente aplicável. Fetkovich mostrou uma forma de utilizar a Eq. 4.14 quando a
pressão varia no contato, sem fazer a superposição de efeitos.

O influxo durante o primeiro intervalo de tempo (4t1 ) pode ser expresso por:
38

  
Wei Jpi
4We1 = (pi − p) 1 − exp − 4t1 (4.16)
pi Wei
onde p1 é a média das pressões no contato no intervalo de tempo 4t1 .

Para o segundo intervalo de tempo (4t2 ):

  
Wei Jpi
4We2 = (p − p2 ) 1 − exp − 4t2 (4.17)
pi a1 Wei
onde pa1 é a pressão média do aqüı́fero no final do primeiro intervalo de tempo e é
calculada a partir da equação de balanço de materiais no aqüı́fero, eq. 4.7,

 
4We1
pa1 = pi 1 − (4.18)
Wei

e p2 é a média das pressões no contato no intervalo de tempo 4t2 .

Para um intervalo de tempo 4tn ,

  
Wei Jpi
4Wen = (pan−1 − pn ) 1 − exp − 4tn (4.19)
pi Wei

onde:

n−1
!  
1 X Wen−1
pan−1 = pi 1− 4Wej = pi 1 − (4.20)
Wei j=1 Wei

pn−1 + pn
pn = (4.21)
2

Fetkovich mostrou para diferentes geometrias que o seu método produz resultados
semelhantes aos do modelo de Van Everdingen e Hurst para aqüı́feros finitos.

(c) Observação 3

Ao utilizar o ı́ndice de produtividade do aqüı́fero, J, para fluxo permanente, admite-


se que o aqüı́fero seja realimentado de modo que a pressão no seu limite externo se
mantém constante e igual a pi . A condição de fluxo permanente implica que não há
limite para o influxo máximo, isto é, Wei é infinito. Neste caso, a vazão do aqüı́fero, eq.
4.12, reduz-se a:
39

dWe
q≡ = J(pi − p) (4.22)
dt
cuja integral é o influxo acumulado:

Z t
We = J (pi − p)dt (4.23)
0

A eq. 4.23 é um caso particular do modelo de Fetkovich e foi apresentada por Schilthuis
(SCHILTHUIS, 1936).

(d) Observação 4

A Tabela 2 apresenta o ı́ndice de produtividade do aqüı́fero, J, para os modelos de


aqüı́feros radial e linear, regimes de fluxo permanente e pseudopermanente.

Tabela 2: Índice de produtividade do aqüı́fero para os fluxos radial e linear. Fonte:


ROSA, 2011.
Condição de fluxo Aquı́fero radial Aquı́fero linear
2πf kh 3khw
Pseudopermanente J= 
r2 2 −1
3r 4 −4r 4 lnreD −2ro
 J= µL
eD ln re
µ
r 2 −1
( )−
ro
eD eD
4(r 2 −1)2
eD eD
2πf kh khw
Permanente J= µln( rre )
J= µL
o

Para outras geometrias, o ı́ndice de produtividade para o regime pseudoperma-


nente pode ser definido como:

2πkh
J=   (4.24)
µ 4A
2
ln γCA r2 o

onde:

CA : fator de forma de Dietz (1965);

A: área do aqüı́fero;

γ: exponencial da constante de Euler ( γ = 1,78108 );

ro : raio do reservatório circularizado.

O tempo adimensional tDA é definido como:

kt
tDA = (4.25)
φµct A

Quando re >> ro a equação do ı́ndice de produtividade para fluxo radial pseudo-


40

permanente, mostrada na Tabela 2, simplifica-se para:

2πf kh
J= h   i (4.26)
µ ln rroe − 43
41
42

Referências

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ALLARD, D.; CHEN, S. Calculation of water influx for bottomwater drive reservoirs.
SPE Reservoir Engineering, Society of Petroleum Engineers (SPE), v. 3, n. 02, p.
369–379, may 1988.

CARTER, R.; TRACY, G. An improved method for calculating water influx. Transactions
of the AIME, Society of Petroleum Engineers (SPE), v. 219, n. 01, p. 415–417, dec
1960.

DAKE, L. fundamentals of reservoir engineering. [S.l.]: ELSEVIER SCIENCE B.V.,


1983.

EVERDINGEN, A. V.; HURST, W. The application of the laplace transformation to


flow problems in reservoirs. Journal of Petroleum Technology, Society of Petroleum
Engineers (SPE), v. 1, n. 12, p. 305–324, dec 1949.

EZEKWE, N. Petroleum reservoir engineering practice. [S.l.]: Pearson Education, Inc.,


2011.

FETKOVICH, M. A simplified approach to water influx calculations-finite aquifer


systems. Journal of Petroleum Technology, Society of Petroleum Engineers (SPE),
v. 23, n. 07, p. 814–828, jul 1971.

OKOTIE, S.; IKPORO, B. reservoir engineering. [S.l.]: Springer International


Publishing, 2019.

ROSA, A. J. engenharia de reservatorios de petroleo. [S.l.]: Editora Interciencia Ltda.,


2011.

SCHILTHUIS, R. J. Active oil and reservoir energy. Transactions of the AIME, Society
of Petroleum Engineers (SPE), v. 118, n. 01, p. 33–52, dec 1936.

SILVA, P. Nunes da. Equacoes Diferenciais Ordinarias. [S.l.]: Fundacao Biblioteca


Nacional/MinC 350.448, Livro 646, folha 108, 2005.

STEHFEST, H. Algorithm 368: Numerical inversion of laplace transforms [d5].


Communications of the ACM, Association for Computing Machinery (ACM), v. 13, n. 1,
p. 47–49, jan 1970.

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