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EXERCÍCIOS 6.41
BIBLIOGRAFIA 6.44
Evaporação e Evapotranspiração
Lista de Figuras
Figura 6.1 – Evaporação e evapotranspiração. Fatores e tipos ......................................................... 6.5
Figura 6.2 – Ilustração do sinal da covariância entre vz e qv ............................................................. 6.9
Figura 6.3 – Perfil vertical do vento sobre a água (A) e sobre uma cultura com 2 m de altura (B)
..........................................................................................................................................................6.12
Figura 6.4 – Evaporação de superfícies de água (ΔE0 = 10 mm d-1). Fórmula do método
aerodinâmico de Penman (6.28).......................................................................................................6.16
Figura 6.5 – Ilustração das variáveis intervenientes no balanço energético de um lago.................6.17
Figura 6.6 – Peso da evaporação equivalente à energia radiante disponível à superfície. Fórmula do
método combinado de Penman (6.43) ..............................................................................................6.20
Figura 6.7 – Resistências do ar e da superfície evaporante (adaptada de Allen et al, 1998) .........6.24
Figura 6.8 – Tina da classe A do U. S. Weather Bureau.................................................................6.33
Figura 6.9 – Tina Colorado..............................................................................................................6.34
Figura 6.10 – Evaporímetro Piche ...................................................................................................6.35
Figura 6.11 – Abrigo meteorológico da estação meteorológica do IGIDL.....................................6.35
Figura 6.12 – Estação agrometeorológica da Herdade do Outeiro .................................................6.36
Figura 6.13 – Evapotranspirómetro ou lisímetro do tipo Thornthwaite-Matter .............................6.36
Figura 6.14 – Bateria de evapotranspirómetros (adaptada de Réméniéras, 1999) .........................6.37
Figura 6.15 – Distribuição da evapotranspiração real anual média em Portugal ...........................6.39
Figura 6.16 – Distribuição da evapotranspiração real anual média em Moçambique (adaptada de
Gonçalves, 1974)..............................................................................................................................6.40
Figura 6.17 – Distribuição da evapotranspiração potencial anual média em Moçambique (adaptada
de Gonçalves, 1974) .........................................................................................................................6.41
6.2
Evaporação e Evapotranspiração
Lista de Quadros
Quadro 6.1 – Comprimento de rugosidade para o ar (adaptado de Eagleson, 1970) .....................6.11
Quadro 6.2 – Radiação solar média diária no topo da atmosfera (MJ m-2 d-1) ...............................6.20
Quadro 6.3 – Insolação astronómica média diária (h) ....................................................................6.21
Quadro 6.4 – Nomenclatura utilizada para valores diários de grandezas meteorológicas (adaptado
de Doorenbos e Pruitt, 1977) ...........................................................................................................6.27
Quadro 6.5 – Evapotranspiração cultural durante o período vegetativo ou durante um ano (adaptado
de Doorenbos e Pruitt, 1977) ...........................................................................................................6.31
6.3
Evaporação e Evapotranspiração
6 EVAPORAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO
6.1 INTRODUÇÃO
E a v z q v (6.1)
onde
E representa a evaporação (kg m-2 s-1),
ρa, a massa volúmica do ar (kg m-3),
vz, a componente vertical da velocidade do ar (m s-1), e
qv, a humidade específica do ar (-).
A evaporação tem também sido definida, de um modo mais geral, como a massa de água no
estado de vapor, m, que passa de uma região da superfície do Globo de área A0 para a atmosfera
num determinado instante, por unidade de tempo e de área. Será
1 dm
E (6.2)
A 0 dt
e, fazendo
dm dt a v z q v dA
A0
percebe-se que a segunda definição corresponde ao fluxo médio de vapor de água numa região, por
unidade de área da região.
E t E dt
t
que tradicionalmente se representa pelo mesmo símbolo, E (kg m-2), é distinguido do fluxo pelos
adjetivos que determinam o intervalo de tempo. Assim, por exemplo, designa-se por evaporação
diária, evaporação mensal ou evaporação anual quando o intervalo de tempo é um dia, um mês ou
um ano, respetivamente.
Como se sabe, quando se considera que a massa volúmica da água líquida é 1000 kg m-3,
então, a altura de uma camada de água uniformemente distribuída sobre um plano horizontal
exprime-se em mm pelo mesmo valor que a massa dessa camada por unidade de área em kg m-2.
Nos estudos hidrológicos adota-se tradicionalmente a unidade de comprimento, mm.
6.4
Evaporação e Evapotranspiração
6.5
Evaporação e Evapotranspiração
Faz-se notar que a evapotranspiração, como acima se definiu, depende também, além dos
fatores anteriormente referidos, do tipo de solo e da sua cobertura vegetal, tanto em área como em
tipo de vegetação, e do estado de desenvolvimento atingido por essa vegetação.
O conceito de Thornthwaite tem sofrido alterações e correções de precisão que parece terem
por objetivo a aproximação da evapotranspiração potencial à evaporação de superfícies livres de
água com pequena profundidade e grande extensão em área ou a restrição do conceito a
determinado tipo de cultura vegetal. Assim, Penman (1956) sugeriu que a definição de
Thornthwaite fosse modificada de modo a incluir a especificação da vegetação que reveste o solo, a
qual deveria ser constituída por relva verde com altura uniforme cobrindo completamente o solo.
Doorenbos e Pruitt (1977) sugerem o conceito de evapotranspiração cultural de referência, ET 0, que
definem como sendo a evapotranspiração de uma superfície extensa de relva verde, com uma altura
uniforme de 8 a 15 cm, crescendo ativamente, cobrindo completamente o solo e sem restrições de
água. Para uma determinada cultura, em função do seu estado de desenvolvimento e continuando a
supor que a água do solo não é restritiva, Doorenbos e Pruitt sugerem a designação de
evapotranspiração cultural, ET c. Pereira e Ferreira (1983) apresentam conceitos de base orientados
para as culturas regadas e sugerem nomenclatura apropriada em língua portuguesa na perspetiva de
criação de uma linguagem comum e seguindo sugestões da Food and Agriculture Organization das
Nações Unidas (FAO) e da International Commission on Irrigation and Drainage (ICID).
Em média anual, cerca de 57 por cento da água que precipita sobre os continentes e cerca de
112 por cento da água que precipita sobre os oceanos é evaporada e reintegrada na circulação
atmosférica.
6.6
Evaporação e Evapotranspiração
f f f
com
1
t t
f f t
t f dt 0
onde
f representa o valor médio de f num intervalo de tempo, Δt, suficientemente longo para que
o valor médio não dependa do instante inicial (média móvel constante), e
f , o desvio da média de f em cada instante.
Considere-se um referencial com o eixo dos z vertical e os eixos dos x e dos y num plano
horizontal e um movimento plano e uniforme de ar no sentido do eixo dos x (vy = 0). Dependendo
apenas da coordenada vertical , z, será
v x v x vx
v z v z vz
a a a
p a pa pa
q v q v qv
T T T
onde
vx representa a componente na direção x da velocidade do ar (m s-1),
vz, a componente na direção z da velocidade do ar (m s-1),
ρa, a massa volúmica do ar (kg m-3),
pa, a pressão a que o ar está sujeito (Pa),
qv, a humidade específica do ar (-), e
T, a temperatura do ar (K).
6.7
Evaporação e Evapotranspiração
O fluxo vertical por unidade de área do vapor de água, evaporação, de acordo com a
definição (6.1) será
E a v z q v a vz qv v z a qv q v a vz a vz qv (6.3)
a z a cte
pa z pa cte
vz z 0
será
Considere-se que a humidade específica média do ar, próximo da superfície, à cota z1,
diminui com a altitude (Figura 6.2):
dq v
0
dz z z1
vz 0
onde a humidade específica é maior, provocarão um aumento da humidade em z1, ou seja, darão
origem a
q v 0
vz qv 0
O resultado anterior também se aplica às parcelas que se desloquem para z1 vindas de cima.
Efetivamente, para tais parcelas, a velocidade vertical de agitação será negativa e o desvio da média
provocado na humidade específica em z1 será também negativo.
6.8
Evaporação e Evapotranspiração
vz 0
qv 0
z1
qv 0
vz 0
qv
qv
Assim, pode esperar-se que a média do produto dos desvios, que é igual à covariância entre
vz e qv, seja positiva:
vzqv 0
Pode também esperar-se, seguindo a metodologia anterior, que a média do produto dos
desvios cresça com o aumento do gradiente de decrescimento da humidade específica com a altura.
Esta hipótese coloca o fluxo do vapor de água, evaporação, no grupo de fenómenos descritíveis por
uma lei do tipo fickiano. Assim, pode escrever-se que
dq v
E a K v (6.5)
dz
onde
Kv representa o coeficiente de difusão vertical turbulenta do vapor de água na atmosfera
(m2 s-1).
De modo análogo obter-se-iam para os fluxos médios por unidade de área do mesmo plano
horizontal da quantidade de movimento na direção x, M zx (kg m-1 s-2), e do calor sensível, H
(W m-2), as expressões
onde
cpa representa a capacidade térmica mássica do ar (J kg-1 K-1),
T, a temperatura do ar (K),
6.9
Evaporação e Evapotranspiração
dv x
Mz x a K m (6.8)
dz
dT
H a cpa K h (6.9)
dz
onde
Km representa o coeficiente de difusão vertical turbulenta da quantidade de movimento na
direção x na atmosfera (m2 s-1) e
Kh, o coeficiente de difusão vertical turbulenta do calor sensível na atmosfera (m2 s-1).
t Mz x (6.10)
dv x dv x
t a l2 (6.11)
dz dz
dv x
K m l2
dz
resultado que tem sido criticado porque, como se evidencia experimentalmente, o fluxo da
quantidade de movimento não se anula quando a velocidade é máxima ou mínima, ou seja, quando
o seu gradiente vertical é nulo.
l kz (6.12)
dv x 1
t0
dz a k z
6.10
Evaporação e Evapotranspiração
t 0 1 z 2
v x 2 v x1 ln (6.13)
a k z1
2
v v x1
t 0 a k 2 x 2 (6.14)
z2
ln z
1
t 0 1
v x v x z
z
ln (6.15)
a k z0
A influência da rugosidade superficial no perfil do vento tem também sido expressa através
da utilização de um deslocamento d na origem das cotas, passando a escrever-se (6.15) do seguinte
modo
t0 1 z d
v x v x z ln (6.16)
a k z0
6.11
Evaporação e Evapotranspiração
Na equação anterior (6.16), a velocidade média anula-se para uma altura acima da
superfície z d z 0 . Allen et al. (1998) e Pereira (2004) indicam que para a maior parte das
culturas agrícolas com altura h se pode adotar
2
d h
3
z 0 0,123 h
Figura 6.3 – Perfil vertical do vento sobre a água (A) e sobre uma cultura com 2 m de altura (B)
Na Figura 6.3 apresentam-se perfis do vento sobre uma superfície livre de água (A),
calculado através de (6.15) com t 0 0,048 Pa e z 0 10 5 m , e sobre uma cultura agrícola com
2 m de altura (B), calculado através de (6.16) com t 0 0,5 Pa , d 1,3 m e z 0 0,25 m .
dq v
E K v dz
(6.17)
t K m dv x
dz
Kv v x 2 v x1
E a k2 2
qv1 qv2 (6.18)
Km z2
ln
z1
6.12
Evaporação e Evapotranspiração
Kv
1
Km
que corresponde a supor que os fluxos de vapor e de quantidade de movimento obedecem ao mesmo
mecanismo de transporte.
Designa-se por razão de Bowen, B (-), o quociente entre os fluxos médios de calor sensível e
de calor latente, o primeiro associado à temperatura das massas de ar difundidas verticalmente, e o
segundo, ao vapor de água que elas contêm. Será
H
B (6.19)
lw v E
Então, substituíndo os fluxos pelas suas definições (6.5) e (6.9) e as derivadas por diferenças
finitas, obtém-se
K h cpa T2 T1
B (6.20)
K v l wv q v 2 q v1
e
qv (6.21)
pa
então:
K h T2 T1
B (6.22)
K v e2 e1
com
cpa pa
(6.23)
lw v
Kv Kh
0,665 10 3 p a (6.24)
Nas restantes secções do texto, continuando embora a considerar os valores médios das
grandezas que intervêm nos fenómenos, para simplificar a simbologia utilizada omitir-se-ão as
barras com que nesta secção se representavam esses valores médios.
6.13
Evaporação e Evapotranspiração
Admitindo que a uma altura da superfície da água igual ao comprimento de rugosidade (z0)
a atmosfera está saturada, fazendo z1 = z0, considerando Kv = Km e introduzindo as tensões do vapor
de água do modo simplificado expresso por (6.21), obtém-se
2 vx 2
E 0 a k e T e2
2 sw 0
(6.25)
pa z2
ln
z0
onde
E0 representa a evaporação da superfície da água (kg m-2 s-1 ou mm s-1),
ρa, a massa volúmica do ar (kg m-3),
pa, a pressão atmosférica (Pa),
ε = 0,622, a razão das constantes dos gases para o ar seco e para o vapor de água (-),
k = 0,4, a constante de von Karman (-),
z2, a altura a que se mede vx2 e e2 (m),
vx2, a velocidade do vento à altura z2 (m s-1),
e2, a tensão do vapor de água à altura z2 (Pa)
z0 = 10-5, o comprimento de rugosidade sobre a água (m),
T0, a temperatura da superfície da água (K), e
esw, a tensão de saturação do vapor de água à temperatura indicada (Pa).
Designa-se por défice de saturação a diferença entre a tensão de saturação do vapor de água
à temperatura da superfície da água e a tensão do vapor de água à altura z2, esw(T0 ) e2 .
onde
E0 representa a evaporação da superfície da água (mm d-1),
vx2, a velocidade do vento à altura de 2 m (m s-1), e
esw(T0 ) e2 , o défice de saturação (hPa).
6.14
Evaporação e Evapotranspiração
cujos fatores foram explicitados por Dalton nos princípios do século XIX.
Harbeck (1962), com base em estudos de evaporação em numerosas albufeiras dos Estados
Unidos, com áreas inferiores a 120 km2, obteve
onde A0 (m2) representa a área da albufeira e com as restantes grandezas expressas nas unidades da
equação (6.26).
com as grandezas expressas nas unidades da equação (6.26). Na equação anterior utilizou-se o perfil
logarítmico do vento (6.15), desprezando os efeitos perturbadores da tina no referido perfil, para se
obter a velocidade do vento a 2 m a partir da velocidade à altura de 0,15 m do bordo da tina utili-
zada por Kohler.
6.15
Evaporação e Evapotranspiração
dU
R n Q H l w v E 0 (6.31)
dt
onde todas as grandezas, com excepção do tempo, se referem à unidade de área superficial do lago, e
6.16
Evaporação e Evapotranspiração
Rn H
lwv E0
Q
Hs
Faz-se notar que na equação anterior se desprezou no cálculo da energia do lago a energia
cinética de eventuais correntes lacustres e a energia potencial da massa de água do lago, as quais
variam ao longo do tempo. Efetivamente, a energia cinética das correntes variará com a variação
dos caudais afluentes e efluentes ao lago e, tanto a energia cinética como a potencial, com as
variações da cota da superfície do lago. Desprezaram-se também as trocas de calor com o material
exterior à fronteira submersa (Hs,
1
U
A0 v 0
w c w Tw dV (6.32)
onde
A0 representa a área superficial do lago (m2),
V0, o volume total de água no lago (m3),
ρw, a massa volúmica da água (kg m-3),
cw, a capacidade térmica mássica da água (J kg-1 K-1), e
Tw, a temperatura da água no elemento dV (K).
A energia térmica transportada por adveção é o fluxo de calor sensível através da superfície
total do lago (superfície livre e superfície da fronteira submersa) associado aos escoamentos de água
líquida de e para o lago, e incluindo, ainda, a energia perdida com a água evaporada, será
1
Q
A0
w cw Twi Qi w cw Tp I w cw T0 E0 (6.33)
i
onde
Qi representa o caudal de um escoamento superficial ou subterrâneo – positivo, se aflui ao
lago, e negativo, se eflui do lago, (m3 s-1),
I, a intensidade da precipitação sobre o lago (m s-1),
6.17
Evaporação e Evapotranspiração
E0
1
R n H (6.34)
lw v
R n
E0 (6.35)
1 B
onde
Rn
R n representa a água que, no sentido termodinâmico do termo, se evaporaria com a
l wv
energia radiante Rn (kg m-2 s-1).
dV0
Qi A0 I A0 E0 (6.36)
dt i
onde
V0 representa o volume total de água no lago (m3),
t, o tempo (s),
Qi, o caudal de um escoamento superficial ou subterrâneo – positivo, se aflui ao lago, e
negativo, se eflui do lago, (m3 s-1),
A0, a área superficial do lago (m2),
I, a intensidade da precipitação sobre o lago (m s-1), e
E0, a evaporação do lago (m s-1).
Por si só, o balanço expresso pela equação (6.36) permite a obtenção da evaporação quando
todas as outras grandezas forem conhecidas. Será
6.18
Evaporação e Evapotranspiração
1 1 dV0
E0
A0
Qi I A (6.37)
i 0 dt
A equação anterior mostra que para uma tina evaporimétrica, com paredes laterais de
geratriz vertical, se pode escrever:
dh
E0 I (6.38)
dt
Penman (1948), tendo por objetivo o cálculo da evaporação com base nas medições
normalmente efetuadas em estações meteorológicas, estabeleceu a base para o método combinado
aerodinâmico-energético.
T0 T2
B
esw T0 e2
ou, multiplicando e dividindo pela diferença entre as tensões de saturação do vapor de água às
temperaturas T0 e T2,
T0 T2 e sw T2 e 2
B 1
e sw T0 e sw T2 e sw T0 e 2
Então, recordando a fórmula geral do método aerodinâmico (6.27) e multiplicando o
numerador e o denominador da fração entre parênteses por f(vx2), obtém-se
Ea
B 1 (6.39)
E 0
onde
E a f (v x 2 )e sw (T2 ) e 2 se designa por poder evaporante do ar (kg m-2 d-1 ou mm d-1), e
Δ representa a razão incremental da tensão de saturação do vapor de água com a
temperatura sobre a superfície (hPa K-1).
6.19
Evaporação e Evapotranspiração
17,67T 273,15
e sw 6,112 exp hPa (6.40)
T 29,6
obtém-se
esw T2
4 304
hPa K 1 (6.41)
T2 29,6 2
E0 R n Ea (6.43)
onde
R n representa o integral diário da evaporação equivalente à energia radiante disponível à
superfície da água (kg m-2 d-1 ou mm d-1).
Quadro 6.2 – Radiação solar média diária no topo da atmosfera (MJ m-2 d-1)
Lat Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
60 3,48 8,29 16,82 27,36 36,31 40,55 38,33 30,51 20,17 10,60 4,43 2,26
55 6,18 11,29 19,65 29,39 37,25 40,83 38,94 32,14 22,76 13,58 7,21 4,77
50 9,09 14,30 22,34 31,24 38,10 41,11 39,50 33,63 25,19 16,51 10,15 7,58
45 12,11 17,26 24,87 32,89 38,79 41,28 39,93 34,92 27,42 19,35 13,16 10,56
40 15,15 20,15 27,21 34,32 39,28 41,29 40,17 35,99 29,46 22,08 16,16 13,61
35 18,18 22,91 29,35 35,50 39,54 41,09 40,20 36,82 31,27 24,65 19,13 16,68
30 21,14 25,54 31,26 36,43 39,57 40,66 39,99 37,40 32,84 27,06 22,00 19,71
25 24,00 27,99 32,95 37,09 39,34 40,00 39,54 37,72 34,17 29,28 24,77 22,67
6.20
Evaporação e Evapotranspiração
20 26,74 30,25 34,38 37,49 38,85 39,10 38,84 37,78 35,24 31,29 27,39 25,52
15 29,32 32,31 35,55 37,61 38,11 37,96 37,89 37,57 36,04 33,07 29,84 28,24
10 31,72 34,13 36,46 37,46 37,11 36,58 36,70 37,09 36,57 34,60 32,11 30,80
5 33,92 35,71 37,09 37,02 35,86 34,97 35,27 36,34 36,83 35,89 34,16 33,18
0 35,91 37,04 37,43 36,32 34,36 33,14 33,60 35,33 36,80 36,91 35,99 35,36
-5 37,66 38,10 37,50 35,35 32,64 31,10 31,72 34,07 36,50 37,66 37,58 37,31
-10 39,17 38,89 37,28 34,12 30,70 28,87 29,64 32,56 35,92 38,14 38,91 39,03
-15 40,41 39,40 36,78 32,63 28,56 26,47 27,37 30,83 35,06 38,33 39,98 40,51
-20 41,40 39,63 36,00 30,91 26,24 23,93 24,94 28,87 33,94 38,25 40,79 41,73
-25 42,12 39,57 34,95 28,97 23,76 21,25 22,36 26,72 32,57 37,88 41,33 42,69
-30 42,57 39,24 33,63 26,81 21,13 18,48 19,67 24,38 30,95 37,24 41,60 43,40
-35 42,76 38,63 32,07 24,47 18,40 15,64 16,88 21,89 29,09 36,33 41,60 43,86
-40 42,71 37,76 30,26 21,95 15,58 12,77 14,04 19,25 27,02 35,16 41,35 44,07
-45 42,42 36,64 28,22 19,29 12,72 9,91 11,19 16,50 24,74 33,75 40,86 44,07
-50 41,93 35,29 25,97 16,51 9,85 7,12 8,36 13,68 22,28 32,10 40,17 43,89
-55 41,29 33,74 23,53 13,63 7,04 4,48 5,64 10,81 19,66 30,25 39,31 43,59
-60 40,60 32,03 20,93 10,70 4,37 2,12 3,13 7,95 16,89 28,23 38,36 43,30
Lat Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
60 6,5 8,8 11,5 14,3 16,9 18,3 17,6 15,2 12,4 9,6 7,1 5,6
55 7,6 9,4 11,6 13,9 15,9 17,0 16,5 14,6 12,4 10,1 8,0 7,0
50 8,4 9,8 11,6 13,6 15,2 16,1 15,6 14,2 12,3 10,4 8,7 7,9
45 9,0 10,2 11,7 13,3 14,7 15,4 15,0 13,8 12,3 10,6 9,3 8,6
40 9,5 10,5 11,7 13,1 14,2 14,8 14,5 13,5 12,2 10,9 9,7 9,2
35 9,9 10,7 11,8 12,9 13,8 14,3 14,1 13,3 12,2 11,1 10,1 9,7
30 10,3 11,0 11,8 12,7 13,5 13,9 13,7 13,0 12,1 11,2 10,5 10,1
25 10,6 11,2 11,9 12,6 13,2 13,5 13,4 12,8 12,1 11,4 10,8 10,5
20 10,9 11,3 11,9 12,5 13,0 13,2 13,1 12,7 12,1 11,5 11,0 10,8
15 11,2 11,5 11,9 12,3 12,7 12,9 12,8 12,5 12,1 11,6 11,3 11,1
10 11,5 11,7 11,9 12,2 12,5 12,6 12,5 12,3 12,0 11,8 11,5 11,4
5 11,7 11,8 12,0 12,1 12,2 12,3 12,3 12,2 12,0 11,9 11,8 11,7
0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0 12,0
-5 12,3 12,2 12,0 11,9 11,8 11,7 11,7 11,8 12,0 12,1 12,2 12,3
-10 12,5 12,3 12,1 11,8 11,5 11,4 11,5 11,7 12,0 12,2 12,5 12,6
-15 12,8 12,5 12,1 11,7 11,3 11,1 11,2 11,5 11,9 12,4 12,7 12,9
-20 13,1 12,7 12,1 11,5 11,0 10,8 10,9 11,3 11,9 12,5 13,0 13,2
-25 13,4 12,8 12,1 11,4 10,8 10,5 10,6 11,2 11,9 12,6 13,2 13,5
-30 13,7 13,0 12,2 11,3 10,5 10,1 10,3 11,0 11,9 12,8 13,5 13,9
-35 14,1 13,3 12,2 11,1 10,2 9,7 9,9 10,7 11,8 12,9 13,9 14,3
-40 14,5 13,5 12,3 10,9 9,8 9,2 9,5 10,5 11,8 13,1 14,3 14,8
-45 15,0 13,8 12,3 10,7 9,3 8,6 9,0 10,2 11,7 13,4 14,7 15,4
-50 15,6 14,2 12,4 10,4 8,8 7,9 8,4 9,8 11,7 13,6 15,3 16,1
-55 16,4 14,6 12,4 10,1 8,1 7,0 7,5 9,4 11,6 13,9 16,0 17,0
-60 17,5 15,2 12,5 9,7 7,1 5,7 6,4 8,8 11,6 14,4 16,9 18,4
Como se sabe do capítulo sobre radiação solar, a energia radiante disponível pode ser
decomposta na soma da energia de pequeno comprimento de onda, Rs, com a energia de grande
comprimento de onda, Rl:
6.21
Evaporação e Evapotranspiração
R n R s R1
onde
I g representa a radiação global incidente sobre a superfície da água (W m-2),
I0, a radiação solar no topo da atmosfera (W m-2),
rH, a razão de insolação (-), e
a e b são os coeficientes de Ångstrom.
No Quadro 6.2 apresentam-se valores médios mensais da radiação solar diária no topo da
atmosfera em função da latitude e do mês.
R1 T24 0,56 0,08 e2 0,10 0,90 rH (6.45)
onde
σ = 5,670 10-8 W m-2 K-4 representa a constante de Stefan-Boltzmann,
T2, a temperatura do ar em z2 (K),
e2, a tensão do vapor de água a esse nível (hPa), e
rH, a razão de insolação (-).
ETP f E 0 (6.46)
onde o fator f tem o valor 0,8 nos meses de verão (maio, junho, julho e agosto), o valor 0,6 nos
meses de inverno (novembro, dezembro, janeiro e fevereiro) e o valor 0,7 nos restantes meses
(março, abril, setembro e outubro).
6.22
Evaporação e Evapotranspiração
T I g
'
ETP 0,013 50 (6.47)
T 15 0,042
onde
ETP representa a evapotranspiração potencial (mm d-1),
T, a temperatura média no período (C), e
I g a radiação global média diária incidente na superfície (MJ m-2 d-1).
50 U
1
70
Thornthwaite (1948), para o clima de Nova Jérsia, costa oriental dos Estados Unidos,
estabeleceu a seguinte fórmula, que se baseia essencialmente na temperatura média mensal e que
tem tido utilização muito divulgada em regiões onde a temperatura média mensal é positiva:
a
10 Tm
ETPm 16 N m , Tm 0
I (6.48)
0 , Tm 0
onde
ETPm representa a evapotranspiração potencial no mês m (mm),
Nm, um fator de ajustamento em função do número de dias do mês e da insolação
astronómica média diária no mês (-),
Tm , a temperatura média mensal no mês m (C),
I, o índice térmico anual, e
a, um expoente função do índice térmico anual.
H0m Dm
Nm
360
onde
Dm representa o número de dias do mês m (d), e
H0m, a insolação astronómica média diária no mês m (h), definida no Quadro 6.3.
12
I im
i 1
onde
6.23
Evaporação e Evapotranspiração
1,5
T
im m representa o índice térmico mensal
5
e
a 6,75 10 7 I 3 7,71 10 5 I 2 1,792 10 2 I 0,49239
Quintela (1986) refere que as fórmulas de Thornthwaite e de Turc, fornecendo valores que
são cerca de 50 por cento e 70 por cento da evaporação observada em tinas da classe A, parecem
conduzir a estimativas respetivamente bastante por defeito e ligeiramente por excesso da
evapotranspiração potencial em Portugal.
Allen et al. (1998) referem que a fórmula de Penman-Monteith da FAO, que adiante se
deduz, é atualmente recomendada como único método-padrão para a definição e cálculo da
evapotranspiração de referência (ET 0).
Monteith sugeriu que a resistência ao fluxo do vapor de água poderia ser bastante diferente
da resistência ao fluxo do calor, rh, e que no fluxo do vapor de água haveria que considerar para lá
da resistência aerodinâmica, ra, a resistência da superfície evaporante: solo, cutícula, estomas,
folhagem (Figura 6.7). Assim, quando a superfície evaporante não fosse uma superfície livre de
água, dever-se-ia considerar que K v K h . Então, exprimindo as resistências aos fluxos como
variando inversamente com os coeficientes de difusão:
z
rh ra
Kh
z
rv
Kv
6.24
Evaporação e Evapotranspiração
e admitindo que a resistência ao fluxo de vapor, rv, seria igual à resistência ao fluxo de calor, rh,
adicionada a uma resistência característica da superfície evaporante, rs:
rv rh rs ra rs
pode obter
rv Ea
B 1 (6.49)
ra rv
ET
ra
com
1 e sw (T2 ) e 2
Ea a c pa (6.50)
l wv ra
R n E a
ET (6.51)
r
1 s
ra
A expressão (6.51), quando aplicada a um solo bem humedecido, com o qual há trocas de
energia, completamente recoberto por relva crescendo ativamente com uma altura h = 0,12 m, com
uma resistência rs = 70 s m-1, um albedo para a radiação solar As = 0,23 e uma resistência
208
aerodinâmica ra s m-1, conduz à fórmula de Penman-Monteith da FAO para a
v x2
evapotranspiração cultural de referência
v x 2 e sw (T2 ) e 2
90
(R n G )
T2
ET0
1 0,34 v x 2 (6.52)
onde
ET0 representa a evapotranspiração cultural de referência (mm d-1),
R n , a evaporação equivalente ao balanço de energia radiante (mm d-1),
G , a evaporação equivalente ao fluxo de energia para o solo (mm d-1),
T2 , a temperatura média diária do ar a 2 m da superfície evaporante (K),
v x 2 , a velocidade média do ar (m s-1),
e sw e e 2 , as tensões do vapor de água (hPa), e
e , os fatores de ponderação já utilizados por Penman (hPa K-1).
6.25
Evaporação e Evapotranspiração
R 'n
1
lw v
0,77 a b r
H I 0 T24 0.34 0,044
e 2 0,1 0,9 rH (6.53)
1
'
R 'n 0,77 I 'g T24 0.34 0,044 e 2 1,35 I g 0,35 (6.54)
lw v Ig
A evaporação equivalente ao fluxo de energia para o solo, que pode ser desprezada quando o
intervalo de tempo é pequeno, 10 dias ou menos, é calculável para maiores intervalos de tempo por
c s Ti Ti1
G z (6.55)
l wv t
onde
-3 -1
cs representa a capacidade térmica volúmica do solo (J m K ),
Ti e Ti-1, a temperatura nos instantes limites do intervalo de tempo (K),
t , o intervalo de tempo considerado (d), e
z , profundidade do solo afectada pela variação de temperatura (m).
-3 -1
Quando não se disponha de melhor informação, pode considerar-se cs = 2,1 MJ m K e,
para intervalos de tempo da ordem do mês, z 2 m. A temperatura do solo pode ainda ser
considerada aproximadamente igual à do ar.
I0
ET0 0,0023 ( T 17,8) (Tmax Tmin ) 0,5 (6.56)
l wv
onde
ET0 representa a evapotranspiração cultural de referência (mm d-1),
Tmax Tmin
T , a temperatura média diária (ºC),
2
Tmax , Tmin , as temperaturas máxima e mínima diárias (ºC),
I 0 , a radiação solar no topo da atmosfera (MJ m-2 d-1), e
l wv 2,45 MJ kg-1, o calor latente de vaporização.
e alertam para o facto de que (6.56) tende a subestimar a evapotranspiração cultural de referência,
quando o vento é forte (vx2 > 3 m/s), e a sobrestimar, quando a humidade relativa é alta.
No texto restante desta secção, seguir-se-á a metodologia indicada por Doorenbos e Pruitt
(1977) e por Frevert, Hill e Braaten (1983). As fórmulas que serão referidas, embora atualmente
com utilização desaconselhada, tiveram larga utilização no passado e estão de acordo com as
versões apresentadas por esses autores.
6.26
Evaporação e Evapotranspiração
onde
ET0 representa a evapotranspiração cultural de referência (mm d-1),
p, insolação astronómica média diária em percentagem da insolação astronómica anual
(percentagem),
T, temperatura média diária no mês considerado (C), e
aB e bB, os coeficientes de ajustamento dependentes da humidade relativa mínima, da razão
de insolação e do vento diurno.
H0m
p 100 (6.58)
12 365
onde os valores de H0m (h) se apresentam no Quadro 6.3 em função da latitude do lugar e do mês.
6.27
Evaporação e Evapotranspiração
a B 0,0043 x1 x 2 1,41
onde
x1 representa a humidade relativa mínima (por cento),
x2, a razão de insolação (-),
x3, a velocidade diurna do vento a 2 m da superfície (m s-1),
x4 = x1 x2 , e
x5 = x1 x3 .
2 rv
v xd vx
1 rv
De um modo geral, pode considerar-se que a velocidade diurna do vento é igual ao produto
da velocidade média diária por 1,33, o que corresponde a considerar que a velocidade diurna é o
dobro da velocidade noturna.
x1 100 %
x 2 0,0
x 3 0 m s 1
obtém-se
a B 0,98
bB 0,41
e para
x1 0 %
x2 1
x 3 10 m s 1
obtém-se
a B 2,41
6.28
Evaporação e Evapotranspiração
bB 2,55
I0
E T0 a R a b rH bR (6.59)
lw v
onde
ET0 representa a evapotranspiração cultural de referência (mm d-1),
I0, a radiação solar média diária no topo da atmosfera, (MJ m-2 d-1), Quadro 6.2,
lwv = 2,45 MJ kg, o calor latente de evaporação,
, o peso da radiação equivalente à energia radiante (-), Figura 6.6,
+
rH, a razão de insolação (-),
a e b, os coeficientes de Ångstrom, e
aR e bR, os coeficientes de ajustamento dependentes da humidade relativa média e do vento
diurno.
bR = 0,3
onde
x 1 representa a humidade relativa média (por cento),
x 2 , a velocidade diurna do vento (m s-1),
x 3 x1 x 2 ,
x 4 x12 , e
x 5 x 22 .
x1 100 %
x 2 0 m s 1
obtém-se
a R 0,62
e para
x1 10 %
x 2 10 m s 1
6.29
Evaporação e Evapotranspiração
obtém-se
a R 1,37
E T0 c R n Ea (6.60)
Contudo, dado que se trata da evapotranspiração de uma superfície de relva e não de uma
superfície de água, é necessário considerar em R n o albedo e a emissividade da relva e, em Ea, o
comprimento de rugosidade da relva.
Assim, será
R 'n
1
lw v
0,75 a b r
H I0 T24 0.34 0,044
e2 0,1 0,9 rH
e
onde
x 1 representa a humidade relativa máxima (percentagem),
x 2 , a evaporação equivalente à radiação solar global incidente na relva (mm d-1),
x 3 , a velociade diurna do vento (m s-1),
x 4 , a relação entre as velocidades do vento diurno e noturno (-),
x5 x3 x 4 ,
x 6 x1 x 2 x 3 , e
x 7 x1 x 2 x 4 .
x1 30 %
x 2 3 mm d 1
6.30
Evaporação e Evapotranspiração
x 3 9 m s 1
x4 1
obtém-se
c 0,34
e para
x1 90 %
x 2 12 mm d 1
x 3 9 m s 1
x4 4
obtém-se
c 1,36
A evapotranspiração cultural varia ao longo do período vegetativo das culturas, sendo usual
considerarem-se quatro estádios bem diferenciados em algumas espécies. Assim, por exemplo, para
o trigo considera-se um estádio inicial, desde a sementeira até que o terreno apresente uma pequena
cobertura (de cerca de 10 por cento) e a evapotranspiração é pequena, um estádio de desenvolvi-
mento, até que o terreno apresente uma cobertura completa (de cerca de 70 por cento a 80 por
cento), um estádio intermédio, até ao início da maturação e durante o qual a evapotranspiração
atinge o valor máximo, e um estádio maduro, até à ceifa.
E Tc K c ET0 (6.61)
Quadro 6.5 – Evapotranspiração cultural durante o período vegetativo ou durante um ano (adaptado
de Doorenbos e Pruitt, 1977)
6.31
Evaporação e Evapotranspiração
Para a definição dos coeficientes culturais e cálculo de dotações de rega, remete-se o leitor
para o Capítulo 13.
Os evaporímetros mais utilizados são constituídos por tinas ou tanques, dos quais se
destacam a tina da classe A do U. S. Weather Bureau, a tina Colorado, o tanque GGI3000 e tinas
flutuantes.
A tina da classe A (Figura 6.8) tem uma forma cilíndrica, é feita de chapa de aço
galvanizado, e assenta numa grade de madeira colocada sobre o solo, em geral arrelvado. A tina
deve ser colocada a uma distância não inferior a quatro vezes a altura de qualquer obstáculo vertical
que se encontre na sua proximidade. A grade de madeira impede trocas de calor entre a tina e o solo
e permite uma fácil deteção de eventuais fugas de água. O diâmetro da tina é 121,9 cm (4 pés) e a
altura é 25,4 cm (10 polegadas). A água na tina deve ser mantida de modo a que a sua superfície
fique entre 5 e 7 cm do bordo da tina. Na sua vizinhança devem estar instalados um udómetro e um
anemómetro. A medição do nível da água no seu interior é em geral feita com utilização de um
hidrómetro provido de nónio, para maior rigor na medição, e a temperatura da superfície da água
deve ser registada com utilização de um termómetro flutuante.
6.32
Evaporação e Evapotranspiração
As medições efetuadas com as tinas da classe A são diferentes das estimativas da evaporação
de um lago de pequena profundidade e grandes dimensões. Efetivamente, o efeito de oásis, a
radiação nas paredes laterais da tina e o efeito de bordo condicionam a evaporação da água da tina.
De modo diverso do que ocorre num lago, as trocas de energia numa tina da classe A
ocorrem não só à superfície mas também nas paredes laterais e no fundo da tina. Nestas diferenças,
assume relevância a radiação sobre as paredes laterais, que conduz a um aquecimento adicional da
água e favorece a evaporação.
Designa-se por coeficiente da tina, C, a relação entre a evaporação média que ocorre num
lago de grandes dimensões e pequena profundidade, E, e a evaporação medida na tina, Et, ambos nas
mesmas condições e num dado intervalo de tempo:
E
C (6.62)
Et
6.33
Evaporação e Evapotranspiração
Segundo Lencastre e Franco (1984), o coeficiente mensal da tina da classe A tem um valor
médio de 0,7 e uma variação mensal entre 0,6 e 0,8. Para Portugal referem que se utilizam os
seguintes coeficientes mensais: outubro e novembro: 0,7; dezembro a março: 0,6; abril e maio: 0,7;
junho a setembro: 0,8.
A tina Colorado (Figura 6.9) é do tipo enterrado, é feita de aço galvanizado e tem a forma de
um paralelepípedo com 91,4 cm de lado e 46,2 cm de altura. A tina deve instalar-se de modo a que
o bordo fique a 10 cm da superfície do solo. O coeficiente anual de uma tina Colorado varia entre
0,80 e 0,95.
A tina GGI-3000 é do tipo enterrado, tem uma forma cilíndrico-cónica, e a parte cilíndrica
2
tem uma altura de 60 cm com uma área de 3000 cm na secção transversal. O valor médio do
coeficiente anual de uma tina GGI-3000 é 0,80.
As tinas flutuantes são utilizadas para medir em condições mais próximas das reais a
evaporação em lagos, mas apresentam vários problemas, dos quais se destacam a amarração da tina,
os movimentos associados à ondulação da superfície da água no lago e a eventual entrada ou saída
de água em momentos de vento e ondulação acentuados. Segundo Quintela (1984), o coeficiente
anual de uma tina flutuante aproxima-se da unidade.
Segundo Quintela (1984), a relação entre valores médios anuais da evaporação medida num
mesmo local, em evaporímetros Piche e em tinas da classe A, varia entre cerca de 0,8 e 1,2.
6.34
Evaporação e Evapotranspiração
6.35
Evaporação e Evapotranspiração
Embora não visíveis na Figura 6.12, a estação dispõe ainda de sensores de temperatura da
relva e do solo a várias profundidades.
6.36
Evaporação e Evapotranspiração
6.37
Evaporação e Evapotranspiração
6.38
Evaporação e Evapotranspiração
6.39
Evaporação e Evapotranspiração
6.40
Evaporação e Evapotranspiração
EXERCÍCIOS
6.1 Sobre uma superfície de água líquida, a covariância entre a componente vertical da
-5 -1
velocidade do ar e a humidade específica é 8 10 m s , o ar apresenta uma temperatura
6.41
Evaporação e Evapotranspiração
média de 18 ºC, e a pressão atmosférica é 1,1 bar. Calcule o fluxo médio de vapor de água e
a evaporação diária que corresponde a tal fluxo.
6.2 Num pátio fechado, onde o ar ocupa um volume de 500 m3, à pressão de 1000 mbar e à
temperatura de 15 ºC, existe uma fonte da qual se evapora num dia um determinado volume
de água. Com a energia utilizada na mudança de estado da água, calcula-se que a
temperatura do ar do pátio poderia baixar cerca de 1 ºC. Nessas condições, estime o volume
de água da fonte que se evapora.
6.3 Em determinado dia evaporam-se de um lago 3 mm de água. Sabendo que a área superficial
do lago é 1 ha, que a sua profundidade média é 1 m, que a temperatura média da água do
lago no início desse dia era de 20 ºC, que se pode considerar que a razão de Bowen é 0,5 e
que o balanço da energia radiante de todos os comprimentos de onda teve o valor médio de –
142 W m-2, estime a temperatura média da água do lago no fim desse dia.
Considere que não ocorreu precipitação e que não ocorre transporte de energia por adveção
em afluentes, por percolação subterrânea ou por condução através do fundo do lago.
6.4 Numa central térmica captam-se de um rio 40 m3 s-1 de água para condensação do vapor
utilizado nas turbinas. A jusante da central, para que na restituição a temperatura seja igual
à da captação, instalou-se uma lagoa de arrefecimento.
Estime a área superficial da lagoa, sabendo que nas condições mais desfavoráveis a
temperatura da água na captação é 21 ºC, à saída da central é 35 ºC, o balanço da radiação
de pequeno comprimento de onda é Rs = 280 W m-2, o balanço da radiação de grande
comprimento de onda é Rl = –132 W m-2, a temperatura do ar é T 2 = 20 ºC, a humidade
relativa do ar é U2 = 60 por cento, e a velocidade do vento é vx2 = 2,5 m s-1.
Sugestões:
- Considere a energia interna da água na lagoa (U) constante e correspondendo a uma
distribuição uniforme de temperatura, suposta igual à média das temperaturas da água à
entrada e à saída da lagoa.
- No cálculo da energia transportada por adveção (Q), considere apenas os caudais de
entrada e saída da lagoa, supostos iguais, mas com temperaturas diferentes.
- Despreze os fluxos de calor através do material do fundo da lagoa.
- No cálculo da água evaporada, utilize a fórmula de Penman para o método
aerodinâmico.
Q1T1 Q 2 T2
T3
Q3
Q2, T2
Q1, T1 Q3, T3
6.42
Evaporação e Evapotranspiração
6.6 O ar que circula a 2 m de uma superfície de água, com uma velocidade média de 2 m s-1,
apresenta uma temperatura de 25 ºC e uma humidade relativa de 40 por cento. Sabendo que
o balanço global de energia radiante sobre a superfície é de 360 Ly d-1 e que a pressão
atmosférica é de 1000 mbar, estime pelo método combinado de Penman a evaporação diária
dessa superfície.
Mê Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov De
s z
T 5,1 6,0 8,5 10, 14, 18, 21, 21, 18, 13, 8,0 5,1
(ºC) 6 3 6 7 0 0 6
n 3,9 5,2 5,7 7,8 10, 11, 12, 12, 7,8 6,2 4,6 3,2
(h) 0 6 8 0
6.8 O balanço de energia radiante e o ar que circula a 2 m de uma superfície de relva com uma
altura de 12 cm apresentam as características do problema 6.6. Estime pelo método de
Penman-Monteith da FAO a evapotranspiração diária dessa superfície.
6.43
Evaporação e Evapotranspiração
BIBLIOGRAFIA
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6.44
Evaporação e Evapotranspiração
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Eng. Civil, 1986.
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6.45