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Stoodi

Questões dissertativas

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Matérias:
Filosofia
Física
Matemática
Literatura
Português
Biologia
Geografia
História
Química
Filosofia

1. Unicamp 2020

As reflexões de Aristóteles e Platão revelam uma descrença em relação ao regime democrático.


O cidadão, diz Aristóteles, é quem toma parte na experiência de governar e de ser governado.
Para o filósofo, o animal falante é um animal político. Mas o escravo, mesmo sendo falante, não
é um animal político. Os artesãos, diz Platão, não podem participar das coisas comuns porque
não têm tempo para se dedicar a outra atividade que não seja o seu trabalho. Assim, ter esta
ou aquela “ocupação” define competências ou incompetências para a participação nas
decisões sobre a vida comum.

(Adaptado de Flávia Maria Schlee Eyler, História antiga: Grécia e Roma. Petrópolis: Editora
Vozes/Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2014, p.15.)

A partir do texto e de seus conhecimentos sobre a Antiguidade Clássica, responda às


questões.

a) Segundo Aristóteles e Platão, como se define o “animal político” no contexto da cidadania


ateniense?

b) Identifique e explique uma crítica dos filósofos citados ao regime democrático.


Gabarito:

Resposta da questão 1:

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]

a) A democracia grega antiga era direta e participativa, a cidadania era limitada, excluía
mulheres, escravos e estrangeiros. Os próprios pensadores da época como Platão e Aristóteles
foram críticos da democracia. Aristóteles afirmava que o homem é um animal social e político,
capaz de governar e ser governado, integrar e participar da comunidade. O escravo era
considerado um ser inferior, daí que Aristóteles considerou justa a escravidão. Segundo Platão,
era preciso ser homem livre, com tempo livre para participar das decisões políticas. Assim,
pessoas pobres tinham que trabalhar, logo não tinham tempo livre para se envolver com as
coisas da polis.

b) Platão criticou a democracia por permitir a igualdade política entre os cidadãos. Esse filósofo
defendeu a sofocracia, ou seja, o governo dos sábios

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]

a) Na concepção da filosofia clássica produzida por Platão e Aristóteles, a atividade política é


própria dos homens livres, únicos aptos a participar da gestão da vida coletiva. Assim, a ideia
de “animal político” não está dissociada de uma concepção moral, pois a política está
relacionada ao ócio e às qualidades da virtude e da justiça. O ócio é considerado por esses
filósofos atividade considerada hierarquicamente superior ao labor, sendo esse último tipo de
atividade própria dos artesãos e dos escravos. Assim, o “animal político” seria o cidadão,
indivíduo com atribuições morais e intelectuais próprias para a prática política.

b) A crítica à forma de governo democrática está diretamente ligada a noção de “animal


político” descrita na letra [A], pois parte de uma concepção que hierarquiza as aptidões,
consideradas naturais, dos indivíduos, de modo que alguns seriam “naturalmente” aptos à
atividade de pensar e gerir a pólis, enquanto outros seriam “naturalmente” aptos à guerrear ou
a trabalhar. Para Aristóteles, a sociedade justa seria aquela em que cada indivíduo realiza a
atividade própria da sua “natureza”. A democracia, portanto, ao igualar os cidadãos, permitiria
que indivíduos sem as qualidades morais e intelectuais para exercer a atividade política o
fizessem. Portanto, Aristóteles defende que a melhor forma de governo seria uma aristocracia
em que a sociedade delega a atividade política àqueles “naturalmente” aptos para exercê-la.
Física
1. Fuvest 2021

Um plano de inclinação situa-se sobre uma mesa horizontal de altura conforme


indicado na figura. Um carrinho de massa parte do repouso no ponto A, localizado a uma
altura em relação à superfície da mesa, até atingir o ponto B na parte inferior do plano para
então executar um movimento apenas sob a ação da gravidade até atingir o solo a uma
distância horizontal D da base da mesa, conforme mostra a figura. Ao utilizarmos rampas com

diferentes inclinações (com o carrinho sempre partindo de uma mesma altura obtemos
diferentes alcances horizontais D.

a) Calcule o intervalo de tempo decorrido entre a partida do carrinho, situado inicialmente no

topo do plano inclinado, até atingir o solo, considerando o valor para a inclinação

b) Usando a conservação da energia mecânica e supondo agora uma inclinação qualquer,

obtenha o módulo do vetor velocidade com que o carrinho deixa a superfície do plano
inclinado.

c) Encontre o valor do alcance D supondo que a inclinação do plano seja de

Note e adote:

Considere conhecido o módulo da aceleração da gravidade. Despreze o efeito de forças


dissipativas.
Gabarito:

Resposta da questão 1:

a) Para tem-se uma queda livre. Adotando origem no solo, orientando a trajetória

como sugere no enunciado e sendo o tempo pedido, vem:

b) Seja

c) Determinando os módulos das componentes da velocidade no ponto B, a partir do resultado


do item anterior:

Adotando novamente a orientação sugerida e sendo o tempo gasto do ponto B até o


solo, na direção vertical tem-se:

Mas Então:

Na direção horizontal:
Matemática
1. Unifesp 2022

A figura mostra um prisma reto regular ABCTQP, de bases triangulares. Sabe-se que
AC = 12 cm, que M é ponto médio de 𝑃𝑇 e que a medida de 𝐵𝑀 é igual a 20 cm.

a) Calcule a soma das áreas das bases do prisma, indicadas em azul na figura.

b) Calcule a área lateral do prisma.


2. Unicamp 2021

Durante a pandemia de Covid-19, a imprensa tem utilizado a “média móvel” para divulgar a
evolução do número de casos notificados da doença.

Para calcular a média móvel do dia d com respeito aos últimos k dias, somamos o número de
casos do dia d com o número de casos registrados nos k - 1 dias anteriores e dividimos por k.

Na tabela a seguir, indicamos, para uma dada cidade, a quantidade de casos notificados em
cada dia de um determinado mês, e também a média móvel de cada dia com respeito aos
últimos 4 dias. Alguns dados foram perdidos, e não constam na tabela.

Analisando a tabela, calcule

a) a média móvel do dia 18;

b) a quantidade de casos notificados nos dias 8, 10 e 11.


3. FGV 2020

Para celebrar uma festa, o centro acadêmico de uma faculdade escolhe entre dois lugares
cujos preços são:

A capacidade máxima de ambos os lugares é de 300 pessoas. O centro não tem ainda o
número de pessoas que irá à festa.

a) Para que número de pessoas é indiferente o salão a ser escolhido pelo centro acadêmico?

b) Represente graficamente em um mesmo par de eixos cada uma das duas funções que
expressa o preço de cada salão em função do número de pessoas que irá à festa. Que salão
deve ser escolhido caso o número de pessoas presentes na festa seja maior do que o número
obtido no item a)?
4. Fuvest 2022

Considere o conjunto C de pontos do plano cartesiano da forma (m, n), com m e n


pertencentes a {3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}.

a) Apresente todos os pontos (m, n) de C para os quais o produto m.n é maior do que 60.

b) Sorteando-se um ponto (m, n) de C, com iguais probabilidades para todos os pontos, qual é
𝑚
a probabilidade de que a fração seja redutível?
𝑛

c) Sorteando-se, com iguais probabilidades, dois pontos distintos de C, qual é a probabilidade


de que a distância entre eles seja igual a 13?
Gabarito:

Resposta da questão 1:
Resposta da questão 2:

a) A média móvel do dia é dada por


Resposta da questão 3:

a) Valores cobrados por cada salão em função do número de pessoas:


Salão A:

Salão B:

O número de pessoas que torna indiferente a escolha do salão é:

b) Para pessoas, os valores cobrados são:

Temos então os gráficos:

Como podemos observar, caso o número de pessoas seja superior a 160, o salão A deve ser o
escolhido.
Resposta da questão 4:

a) Os pontos que satisfazem a condição são:


(7, 9), (9, 7), (8, 8), (8, 9), (9, 8) e (9, 9)

b) Os pontos que formam a fração irredutível são:


(3, 3), (4, 4), (5, 5), (6, 6), (7, 7), (8, 8), (9, 9), (3, 6), (6, 3), (3, 9), (9, 3), (6, 9), (9, 6), (4, 6),
(6, 4), (4, 8), (8, 4), (6, 8) e (8, 6)

Ou seja, 19 pontos favoráveis.

O total de escolhas possíveis é dado por:


7.7 = 49

Portanto, a probabilidade pedida vale:

c) Para que a distância entre os pontos valha 13, ela deve ser equivalente à diagonal de um
retângulo de lados 2 e 3. Com os pontos possíveis, formamos a figura abaixo:

Onde podemos determinar a quantidade de retângulos de dimensões como as do retângulo


destacado na figura:
Com o lado de tamanho 2 na horizontal, teremos:
4.5 = 20

Com o lado de tamanho 2 na vertical, obteremos o mesmo número de retângulos,


totalizando 40 retângulos possíveis. Como em cada retângulo há 2 diagonais, o total de
retângulos favoráveis é de:
40.2 = 80

E o total de maneiras de escolhermos 2 pontos dentre os 49 possíveis é de:

Portanto, a probabilidade pedida vale:


Literatura
1. Fuvest 2022

Sweet Home

Quebra-luz, aconchego.
Teu braço morno me envolvendo.
A fumaça de meu cachimbo subindo.

Como estou bem nesta poltrona de humorista inglês.

O jornal conta histórias, mentiras...

Ora afinal a vida é um bruto romance


e nós vivemos folhetins sem o saber.

Mas surge o imenso chá com torradas,


chá de minha burguesia contente.
Ó gozo de minha poltrona!
Ó doçura de folhetim!
Ó bocejo de felicidade!

Carlos Drummond de Andrade. Alguma Poesia.

a) Por que a expressão em inglês sweet home suscita, no título do poema, um teor de ironia?

b) Na circunstância do poema, os termos “bruto romance” e “folhetins”, como formas literárias,


representam diferentes visões de mundo, estabelecendo entre si um contraste simbólico.
Comente.
2. Fuvest 2021

Leia o texto para responder à questão.

Nessa mesma noite, leu-lhe o artigo em que advertia o partido da conveniência de não
ceder às perfídias do poder, apoiando em algumas províncias certa gente corrupta e sem valor.
Eis aqui a conclusão:
"Os partidos devem ser unidos e disciplinados. Há quem pretenda (mirabile dictu!1) que
essa disciplina e união não podem ir ao ponto de rejeitar os benefícios que caem das mãos dos
adversários. Risum teneatis!2 Quem pode proferir tal blasfêmia sem que lhe tremam as carnes?
Mas suponha mos que assim seja, que a oposição possa, uma ou outra vez, fechar os olhos
aos desmandos do governo, à postergação das leis, aos excessos da autoridade, à
perversidade e aos sofismas. Quid inde?3 Tais casos, – aliás, raros, – só podiam ser admitidos
quando favorecessem os elementos bons, não os maus. Cada partido tem os seus díscolos e
sicofantas. È interesse dos nossos adversários ver-nos afrouxar, a troco da animação dada à
parte corrupta do partido. Esta é a verdade; negá-lo é provocar-nos à guerra intestina, isto é, à
dilaceração da alma nacional. Mas, não, as ideias não morrem; elas são o lábaro da justiça. Os
vendilhões serão expulsos do templo; ficarão os crentes e os puros, os que põem acima dos
interesses mesquinhos, locais e passageiros a vitória indefectível dos princípios. Tudo que não
for isto ter-nos-á contra si. Alea jacto est4".
(...)
Rubião aplaudiu o artigo; achava-o excelente. Talvez pouco enérgico. Vendilhões, por
exemplo, era bem dito; mas ficava melhor vis vendilhões.
– Vis vendilhões? Há só um inconveniente, ponderou Camacho. É a repetição dos vv.
Vis vem... Vis vendilhões; não sente que o som fica desagradável?
– Mas lá em cima há vés vis...
– Vae victis. Mas é uma frase latina. Podemos arranjar outra coisa: vis mercadores.
– Vis mercadores é bom.
– Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.
– Então, por que não deixa vendilhões? Vis vendilhões é forte; ninguém repara no som.
Olhe, eu nunca dou por isso. Gosto de energia. Vis vendilhões.

Machado de Assis. Quincas Borba.

1
“Coisa admirável de dizer.”
2
“Contereis o riso.”
3
“O que então?”
4
“Á sorte está lançada.

a) Segundo Camacho, os partidos possuem entre os seus membros “díscolos e sicofantas, isto
é, dissidentes e caluniadores. De que modo a retórica do político constitui um artifício para
persuadir o seu ouvinte quanto aos erros de alguns correligionários?
b) A expressão latina Vae victis! (“Ai dos vencidos!”) lembra ao leitor a máxima da filosofia que
Quincas Borba apresenta a Rubião no início do romance. Como essas duas frases se
contrapõem na trajetória do protagonista?
Gabarito:

Resposta da questão 1:

a) A expressão em inglês sweet home suscita, no título do poema, um teor de ironia, pois
contrasta com as sensações expressas ao longo do poema e pelas apóstrofes dos últimos
versos. Tais expressões são reveladoras do tédio de uma vida burguesa confortável, mas sem
o entusiasmo de grandes paixões ou aventuras: “Ó gozo de minha poltrona!/Ó doçura de
folhetim!/Ó bocejo de felicidade!”.

b) Os termos “bruto romance” e “folhetins”, como formas literárias, representam diferentes


visões de mundo em uma época em que romances se estruturavam em torno de grandes
conflitos, às vezes violentos, vivenciados pelos personagens. Ou ainda na forma de folhetins,
narrativas publicadas de forma sequenciada em periódicos como jornais e revistas, tratando de
amenidades da vida da classe média ou pequenas desavenças sentimentais que, quase
sempre, tinham final feliz.
Resposta da questão 2:

a) Camacho é um político oportunista, demagogo e de retórica excessiva que critica os seus


adversários por, entre outros, usarem sofismas, argumentos ou raciocínios aparentemente
lógicos, mas na verdade falsos e enganosos. No entanto, ao defender que esses artifícios
enganosos podem ser usados quando favorecem os elementos bons, Camacho acaba por
adotar o método que inicialmente critica.

b) A expressão latina Vae victis! (“Ai dos vencidos!”) exprime compaixão pelos perdedores, ao
contrário da frase “Ao vencedor, as batatas”, máxima da filosofia que valoriza os vencedores e
Quincas Borba apresenta a Rubião no início do romance. A máxima do Humanitismo, “Ao
vencedor, as batatas”, era considerada adequada por Rubião enquanto usufruiu da riqueza e
prazeres de recém-milionário, mas, no final de vida, depois de perder tudo o que possuía,
incluindo a própria razão, a expressão torna-se cruel, já que o personagem é objeto de
compaixão.
Português
1. Unicamp 2022

“Lygia é uma escritora que trabalha com mistérios e pequenas revelações. Porém não se
entenda errado: sua escrita não é religiosa, nem mística. Se há religiosidade, é no modo como
ela escava a banalidade em busca de seu miolo. Se há misticismo, ele se esconde em sua
inclinação para valorizar as zonas subterrâneas da existência.”
(José Castello, “Lygia na penumbra” in Seminário dos Ratos. São Paulo: Companhia das Letras,
2009, p. 170.)

“Etimologicamente, o grego alegoria significa ‘dizer o outro’, dizer alguma coisa diferente do
sentido literal. Regra geral, a alegoria reporta-se a uma história ou a uma situação que joga
com sentidos duplos e figurados, sem limites textuais (pode ocorrer num simples poema como
num romance inteiro), pelo que também tem afinidades com a parábola e a fábula.”
(Adaptado de Carlos Ceia, E-dicionário de termos literários. Disponível em
https://edftl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/alegoria. Acessado em 18/08/2021.)

a) No conto “Seminário dos ratos”, há um fato banal que se torna extraordinário no percurso
narrativo. Descreva esse fato e apresente dois elementos do enredo que colaboram para a
construção do conflito narrado.

b) Há, no conto de Lygia Fagundes Telles, a elaboração de uma alegoria. Identifique qual é o
elemento central dessa alegoria e explique seu sentido, considerando o período em que o
conto foi publicado.
2. Fuvest 2022

Existe o Rio de Janeiro, o Rio de Janeiro e o Rio de Janeiro. O primeiro Rio é aquele que ainda
anseia por Ipanemas perdidos, de um tempo em que os amores eram recatados e silenciosos, o
povo sorridente e polido, a água do mar cristalina e tépida e a música suave e gingada. O
segundo Rio é a terra de ninguém, trombeteada nos noticiários de TV, em que cada esquina é
um Vietnã ou Iraque e não há lugar seguro para correr. Uma cidade de favelas que cercam os
redutos de cidadania, favelas dominadas por traficantes e demais bandidos que cada vez mais
transbordam para o asfalto a sua violência. Mas há ainda um terceiro Rio de Janeiro. Aquele de
quem anda de ônibus, compra nas bancas os jornais populares, zanza pelo camelódromo,
permite-se um churrasquinho de gato com cerveja na esquina e sabe que existem muitos
matizes entre o preto e o branco, a favela e o asfalto, a lei e o crime. Cidade de pessoas que,
seja qual for a cor e a classe social, andam pra lá e pra cá com celulares, ródios minúsculos,
CDs piratas ou não e DVDs idem. É uma cidade que pode ir do samba de roda ao techno music,
da umbanda ao padre pop, do grito para a casa da vizinha à internet num microinstante. É o Rio
de Janeiro que, musicalmente, não cabe mais no compasso da bossa nova – por mais que
alguns tenham tentado aditivar eletronicamente o seu balanço – e nem no chamado samba de
raiz, cultuado por setores jovens da classe média, mas definitivamente trocado pela grande
massa pelo flexível pagode romântico, que assume sem preconceitos as formas úteis de toda a
música popular, seja ela o rock, o sertanejo, o pop negro americano.

Silvio Essinger. Batidão. Uma história do Funk. Rio de Janeiro: Record, 2005. Adaptado.

a) Aponte a figura de linguagem utilizada para descrever o “segundo Rio” e explique como o
seu uso contribui para a caracterização em curso no texto.

b) Com base no texto, explique em que consiste o “terceiro Rio de Janeiro”.


3. Fuvest 2021

Leia os textos para responder à questão.

TEXTO 1

TEXTO 2

Uma dentre as várias equações que fundam o Brasil enquanto país é: governar é produzir
incêndios. Marcado por uma ideia de modernidade impulsionada pela crença de que
modernizar é tomar posse de um terreno baldio, amorfo, pretensamente sem culturas
autóctones ditas desenvolvidas, a fim de torná-lo “produtivo”, o Brasil foi criado por incêndios.
Diante das queimadas que agora retomam, devemos nos lembrar que a destruição pelo fogo é
nossa maior herança colonial.

V. Safatle, "Governar e produzir incêndios". Adaptado.

a) Reescreva o fragmento “pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas”,


substituindo as palavras sublinhadas por outras de sentido equivalente.

b) Explique por que tanto o enunciado “É fogo”, no texto 1, quanto “governar é produzir
incêndios”. no texto 2, apresentam mais de um sentido no contexto em que foram empregados.
4. (Fuvest 2022)

Quem ficava mais vezes de castigo era ele, Miguilim; mas quem apanhava mais era a Chica. A
Chica tinha malgênio – todos diziam. Ela aprontava birro, encapelava no chão, capeteava;
mordia os pessoas, não tinha respeito nem do pai. Mas o pai não devia de dizer que um dia
punha ele Miquilim de castigo pior, amarrado em árvore, no beirado do mato, Fizessem isso, ele
morria do estrangulação do medo? Do mato de cima do morro, vinha onça. Como o pai podia
imaginar judiação, querer amarrar um menino no escuro do mato? Só o pai de Joãozinho mais
Maria, na estória, o pai e a mãe levaram eles dois, para desnortear nomeio do mata, em
distantes, porque não tinham de-comer para dar a eles. Miguilim sofria tanta peno, por
Joãozinho mais Maria, que voltava o vontade de chorar.

João Guimarães Rosa. Campo Geral.

A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a História. A estória,
às vezes, quer-se um pouco parecida à anedota.
A anedota, pelo etimologia e para a finalidade, requer fechado ineditismo. Uma anedota
é como um fósforo: riscado, deflagrado, foi se o serventia. Mas sirvo talvez ainda o outro
emprego a já usada, qual mão de indução ou por exemplo instrumento de análise, nos tratos da
poesia e da transcendência. Nem será sem razão que apalavra “graça” guarde os sentidos de
gracejo, de dom sobrenatural e de atrativo.

João Guimarães Rosa. "Aletria e hermenêutica", Tutaméia.

a) Por que Miguilim, ao recordar as personagens do conto de fadas, se comove tanto e tem
vontade de chorar?

b) Considerando as ideias do autor em torno das palavras história, História e anedota, pode se
dizer que Campo Geral é uma estória? Desenvolva a sua resposta com base na leitura da obra.
Gabarito:

Resposta da questão 1:

a) No conto “Seminário dos ratos”, há uma reunião que é perturbada por pequenos ruídos, o
que, a princípio, pode ser algo banal, mas que, ao longo da narrativa, vai se tornando
extraordinário. Isso porque os ruídos vão ficando cada vez mais altos e logo vão tomando
outras proporções: o telefone deixa de funcionar e o cozinheiro avisa que todos os alimentos
foram devorados por ratos, assim como os fios (e consequentemente a linha de telefone).
Assim, os responsáveis pelos ruídos passam a ser identificados: os inúmeros ratos, que tomam
tudo, deixando os seres humanos sem espaço.

b) “Seminário dos ratos” pode ser lido como uma alegoria ao governo da ditadura militar,
regime que vigorava quando Lygia escreveu e publicou o conto. A imagem da reunião com uma
discussão que não chega, de fato, a uma solução carrega uma crítica ao governo ineficiente e
os ratos tornam-se elemento central dessa alegoria: animais comumente associados à sujeira,
destroem tudo e revelam a ineficiência do seminário e, portanto, de todo o governo que, no
fundo, é também equiparado aos ratos.
Resposta da questão 2:

a) “O segundo Rio é descrito através de metáforas, como terra de ninguém”, “trombeteada nos
noticiários de TV”, “cada esquina é um Vietnã ou Iraque”, ou seja, uma cidade violenta onde
impera o banditismo do narcotráfico que faz com que todo o cidadão tem a sensação de viver
em plena guerra. Esta imagem, bastante divulgada pela mídia sensacionalista, contrasta com o
primeiro Rio retratado no início do texto: uma cidade com belas praias, cidadãos educados e
afáveis, ambiente celebrado nas músicas suaves da bossa nova.

b) O “terceiro Rio de Janeiro” alude à diversidade que caracteriza a população da cidade e que
não se encaixa na visão estereotipada do primeiro, idealizado e romântico, nem do segundo,
violento e hostil. Este último Rio é a cidade verdadeira onde circulam e vivem pessoas de
diversas etnias, classes sociais e gostos artísticos.
Resposta da questão 3:

a) No segmento, pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas, os termos


sublinhados poderiam ser substituídos por supostamente ou hipoteticamente e tidas como ou
julgadas, respectivamente: supostamente (hipoteticamente) sem culturas autóctones ditas
(julgadas) como desenvolvidas.

b) As expressões ‘É Fogo!”, do primeiro texto, e “governar é produzir incêndios”, do segundo,


podem ser entendidas de forma literal ou com sentido conotativo. Em sentido literal, aludindo
a queima de mato, vegetação e arvoredo, para preparar o solo para o plantio e em sentido
conotativo, como expressão popular para designar problema difícil de resolver em um país.
Associando imagem e texto de Safatle, podemos perceber a crítica à estratégia de
desenvolvimento produtivo do Brasil que remonta ao período colonial e se estende até hoje,
alicerçada em desprezo por culturas autóctones e destruição do meio ambiente para atender a
interesses dos oligopólios, nacionais e estrangeiros.
Resposta da questão 4:

a) Perante a ameaça do pai de castiga-lo, amarrando-o a uma árvore no meio do mato,


Miguillim lembra do conto infantil Joãozinho e Maria, abandonados pelos pais no meio da
floresta. Ás emoções desencadeadas pela lembrança do triste destino dos personagens
soma-se a angústia e o medo que Miguilim tem que lhe aconteça o mesmo, provocando-lhe
enorme vontade de chorar.

b) Sim, Campo Geral é uma estória, pois relata episódios da infância de Miguilim, em um
processo simbólico de crescimento e entrada no mundo adulto, diferente de História, cujos
relatos se apresentam em linguagem denotativa e baseados em fatos documentados. Criança
inteligente e sensível, a narrativa vai revelando o crescimento interior de Muiguilim através da
sua perspectiva subjetiva, em linguagem poética, imprimindo um ar mágico, transcendente,
que, nas palavras de Guimarães, serve de “instrumento de análise, nos tratos da poesia e da
transcendência”, o que a aproxima também da anedota.
Biologia
1. Unicamp 2020

O Ministério da Saúde divulgou em 2018 o boletim epidemiológico que informa a taxa de


detecção de AIDS na população brasileira. Os gráficos abaixo apresentam a taxa de detecção
por 100 mil habitantes em distintas faixas etárias de homens e mulheres. No período entre
2007 e 2017, a taxa de detecção média da AIDS no Brasil apresentou redução de
aproximadamente 9,4%. O Ministério da Saúde destacou, porém, a estatística referente a
homens adolescentes e jovens adultos de até 29 anos.

a) O que é a AIDS? Considerando os dados apresentados nos gráficos, justifique o destaque


estatístico feito pelo Ministério da Saúde.

b) Na AIDS, as células mais atingidas são os linfócitos T do tipo CD4. Qual é a relação entre
medula óssea, timo e linfócitos T? Medicamentos utilizados no tratamento da AIDS podem
envolver distintos mecanismos de ação. Explique por que os inibidores da enzima integra-se
são alvos farmacológicos no tratamento da AIDS.
Gabarito:

Resposta da questão 1:

a) A AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – é uma doença (virose) causada pelo HIV,
que ataca os linfócitos T auxiliadores (CD4), responsáveis pela defesa contra infecções; essas
células perdem a capacidade de defender o corpo, que passa a contrair infecções. O Ministério
da Saúde destaca o aumento da virose entre adolescentes e jovens adultos do sexo masculino,
indicando a redução do uso de preservativos no grupo em questão.

b) Os linfócitos T são originados na medula óssea e migram para o timo (órgão situado sobre o
coração) onde terminam seu amadurecimento. A enzima integrase atua na incorporação do
DNA viral ao DNA do linfócito T auxiliador, para que ocorra a replicação do HIV, assim, os
inibidores da integrase impedem o ciclo de replicação do vírus.
Geografia
1. Fuvest 2021

Considerado um dos programas de infraestrutura mais ambiciosos já concebidos, a Nova Rota


da Seda chinesa foi anunciada pelo presidente Xi Jinping, em 2013. O programa inclui diversos
projetos de desenvolvimento e investimento e envolve regiões da Ásia, Europa, África e
América Latina. Lauren Johnston, pesquisadora da Escola de Estudos Orientais e Africanos da
Universidade de Londres, acredita que a maioria dos acordos de investimento da Nova Rota da
Seda tem beneficiado as partes envolvidas. "Para os governos que precisam de acesso ao
financiamento, seja para novas infraestruturas ou para o desenvolvimento social, os benefícios
continuam superando os custos potenciais".

BBC News Brasil: https://www.bbc.com/. Adaptado.


Custos dos projetos que integram a Nova Rota da Seda chinesa

Projeto Custo Descrição


*

1. Ferrovia Londres ND Linha cargueira entre China e Inglaterra.

2. Ferrovia Laos 5,9 Transporte de passageiros em trens de alta


velocidade.

3. Túnel Uzbequistão 1,9 Túnel mais longo da Ásia Central conectado à


malha ferroviária.

4. Ferrovia Rússia 16,7 Trens de passageiros conectando Moscou a


Pequim.

5. Ferrovia Tailândia 12,0 Transporte de passageiros entre China e Tailândia.

6. Corredor de Dutos da Ásia 7,3 Gasodutos do Cazaquistão para a China.


Central

7. Corredor de Infraestrutura - 54,0 Rodovias, ferrovias, gasodutos, oleodutos e redes


Paquistão de telefonia e internet até a Caxemira.

8. Ferrovia Etiópia - Djibuti 4,0 Ferrovia projetada para cargas e passageiros.

9. Ferrovia Budapeste - Belgrado 2,9 Primeiro trecho de trajeto que deverá chegar a
Atenas.

*Em bilhões de dólares (US$) / ND = Não Divulgado

Disponível em https://super.abril.com.br/. Adaptado.

A partir dos elementos apresentados, responda:

a) O que foi, originalmente, a chamada Rota da Seda?


b) Cite e explique um objetivo econômico da China com a implementação desse projeto.
c) Explique um impacto econômico negativo e um impacto social positivo em apenas um dos
seguintes projetos:
2- Ferrovia Laos; 7- Corredor de Infraestrutura- Paquistão; 8- Ferrovia Etiópia - Djibuti.
Gabarito:

Resposta da questão 1:

a) Foi uma das maiores rotas comerciais utilizada nos primeiros séculos até o início da Idade
Moderna, integrando Ásia, Europa e África.

b) Ao recuperar e modernizar a rede criada pela Rota da Seda, a China objetiva ampliar seu
domínio comercial, intensificar seus acordos de produção e fornecimento de bens e consolidar
sua hegemonia econômica e política.

c) Os projetos da 2-Ferrovia Laos, 7-Corredor de Infraestrutura Paquistão; 8-Ferrovia


Etiópia-Djibuti tem em comum serem projetos de infraestrutura modernizando a circulação dos
produtos e serem realizados em países subdesenvolvidos.
Perante esse cenário comum, dentre os impactos negativos, pode-se citar: o aumento do
endividamento dos países; o aumento da dependência comercial com a China; a queda da
produção comercial desses países perante a entrada dos produtos chineses; a consolidação da
condição de fornecedores de matéria-prima na economia mundial.
Dentre os impactos sociais positivos, pode-se citar: inserção de seus mercados na economia
mundial; integração territorial e econômica ampliando as trocas comerciais; maior
empregabilidade para os países nas obras de infraestrutura; maior dinamismo econômico;
melhoria e modernização da infraestrutura de transportes e comunicações.
História
1. Fuvest 2017

Durante as obras relativas ao projeto urbanístico Porto Maravilha, na zona portuária do Rio de
Janeiro, foram encontradas, na escavação da área, as lajes de pedra do antigo Cais do
Valongo. Esse cais de pedra foi construído no local que era utilizado para o desembarque de
africanos escravizados desde o século XVIII. Quase um quarto de todos os africanos
escravizados nas Américas chegou pelo Rio de Janeiro, podendo esta cidade ser considerada
o maior porto escravagista do mundo.

a) Considerando as atividades econômicas importantes do século XVIII que utilizavam


predominantemente mão de obra escravizada, escreva, na legenda do mapa a seguir, duas
dessas atividades e as localize no mapa utilizando os números I e II.

b) Indique dois motivos que explicam por que, no Brasil, durante o período colonial, a mão de
obra escravizada dos indígenas foi substituída pela mão de obra escravizada dos africanos.
Gabarito:

Resposta da questão:

a) Podemos citar a mineração (indicando no mapa os estados de Minas Gerais ou Mato Grosso)
e o ciclo do açúcar (indicando no mapa os estados de Pernambuco ou Bahia).

b) Podemos citar como motivos:

1. a oposição dos jesuítas à escravidão indígena;


2. o lucro português com o tráfico negreiro.
Química
1. Fuvest 2022

Para se obter o café descafeinado, sem que ocorra a perda dos compostos de sabor e aroma,
pode ser realizada a extração seletiva. Para promover essa extração, pode-se, por exemplo,
utilizar um solvente concentrado com os compostos que não se desejam extrair. Um dos
procedimentos para a descafeinação do café por extração seletiva é apresentado no diagrama
a seguir:

Com base nas informações do texto, do diagrama e em seus conhecimentos, responda:

a) Entre as soluções A, B, C e D, qual(is) pode(m) ser considerada(s) descafeinada(s)?


b) Os grãos de café (I) estão descafeinados? Por que eles não são aproveitados para preparar
café?
c) Na etapa de extração dos compostos do café a partir dos grãos crus é feito o cozimento.
Sabendo-se que o comportamento de solubilidade dos compostos do café é similar ao da
maioria dos compostos orgânicos, qual a relação entre a temperatura da água e a eficiência
da extração? Justifique sua resposta.
Gabarito:

Resposta da questão 1:

a) As soluções B e D podem ser consideradas descafeinadas, pois com o cozimento (elevação


da temperatura) se obtém grãos de café e a solução A. Esta mistura é filtrada em carvão
ativado o qual retém a cafeína dando origem à solução B (descafeinada).
Como a solução B é adicionada a grãos de café crus para que absorvam os “aromas” e
substâncias que interessam à fabricação do produto, o processo se repete obtendo-se a
solução D, também livre de cafeína.

b) Sim, os grãos de café (I) estão descafeinados. Eles não são aproveitados, pois durante o
processo de extração e filtração em carvão ativado perderam substâncias características que
dão sabor e aroma ao café.

c) Quanto maior a temperatura da água, maior a solubilidade da cafeína e de outras


substâncias presentes nos grãos, ou seja, o processo de extração ocorre com maior rapidez e
eficiência.

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