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Cuidar por cuidar ou cuidar por amar?

Por Norma Barradas

Uma das coisas que gosto de fazer é cuidar de plantas, seja em canteiros, vasos e até
mesmo nas latas que reaproveito. É desafiador lançar a semente na terra, molhar
todo dia com a quantidade adequada de água (para não matar a sementinha
afogada), e esperar, esperar... Talvez dias e dias sem nenhum resultado, até que,
vencendo toda terra colocada sobre si, superando todos os obstáculos, começa a
surgir na superfície uma pequenina e tenra, mas vitoriosa folhinha! Que prazer saber
que em parte somos responsáveis por tamanha transformação.

No momento da germinação, muitos remexem a terra em volta da plantinha e


quebram aquele precioso broto. Entendo que não é por maldade que o fazem,
curiosidade talvez, impaciência sempre, porque acham o processo muito demorado.
Acabam misturando a terra, atrapalhando o processo natural, assim, ora matam por
excesso de zelo, ora por descuido.

Infelizmente, muitos de nós tratamos nossos filhos como plantamos as sementes ou


mudas: mexemos na terra de vez em quando (só pra ver se plantou), ficamos
ansiosos querendo os resultados rápidos, como se num piscar de olhos eles se
transformassem, como se da semente pudéssemos logo pegar os frutos, esquecendo-
nos do lento processo de crescimento que exige persistência, paciência e
perseverança.

Às vezes, esquecemos de molhar essa ''plantinha'', com elogios e palavras de


afirmação (há tantas tão esturricadas que esfarelam com um simples toque).
Também não investimos em tempo de qualidade, ao invés disso, gastamos horas em
frente à televisão ou desenvolvendo qualquer outra atividade que julgamos
importante.
Muitas dessas “plantinhas” estão clamando dentro das casas, nas ruas, nas escolas:
“ai de mim que estou perecendo”, e ninguém as ouve, ou se as escutam, não têm
tempo nem disposição para atender ao pedido de socorro. No momento não é sua
prioridade, mas quando será?

Grande parte da rebelião, desobediência e insucesso de nossas crianças é pela falta


de pai: pai que se importe, pai que suporte, pai que surpreende, pai que se
arrepende, pai que perdoa, pai que reconhece suas falhas, que chora, que ora... Ah,
pai que ora!

Um pai presente, amigo, cúmplice, pai autoridade, pai provedor, um herói sem capa
ou super-poderes, mas cumpridor dos seus deveres. Um pai que dá “nó em pingo
d'água” e faz de tudo para ser achado fiel, não se esquecendo jamais que Deus lhe
pedirá contas.

Um pai como o Pai, que faz brotar em nós o desejo de semear, cuidar e colher os
frutos do amor.

*Norma Barradas
Diretora do Ministério Educação de Filhos – GFI
Universidade da Família

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