Relatório 1: Caracterização de núcleos
ferromagnéticos
Lorraine Maíra do Nascimento Neto - 20203014947
Matheus Aroldo dos Santos Ramos - 20183011979
Palavras-chave—eletromagnético, núcleo, fluxo, campo,
material, etc.
O objetivo deste estudo é caracterização dos núcleos
ferromagnéticos usados nos indutores, transformadores,
máquinas rotativas e etc. Através de medições e simulação
computacional.
I. INTRODUÇÃO
Materiais ferromagnéticos são amplamente utilizados em
todos os tipos de equipamentos da tecnologia modern,
estando presentes desde em pequenos aparelhos como
telefones celulares, a grandes transformadores e máquinas
elétricas. Se tratando de dispositivos de conversão de
energia, a escolha do material utilizado representa grande
parte do projeto, uma vez que, idealmente, se deseja obter
níveis elevados de densidade de fluxo magnético, exercendo
pouca energia para magnetizá-lo.
Ao se aplicar uma força magnetizante a um material
ferromagnético, se observa que os domínios magnéticos do
material tendem a se alinhar no mesmo sentido da força
magnetizante, fazendo com que a densidade de fluxo gerada
aumente. Para isso, uma parcela da energia aplicada se
dedica exclusivamente a orientação destes domínios. Este
fenômeno ocorre até que todos os domínios estejam
orientados, e a partir deste ponto, o material não contribui
mais para o aumento da densidade de fluxo, e é tido como
saturado, ou seja, para que se observe um aumento na
densidade de fluxo, será necessária muito mais energia
aplicada no material ferromagnético do que antes.
Quando a energia aplicada a este material se torna nula,
a maioria dos domínios hora alinhados com o fluxo,
retornam naturalmente a suas orientações iniciais, enquanto
uma pequena parcela tende a permanecer no sentido do
fluxo. Isso significa que, ao excitar novamente o material,
uma menor parcela de energia será necessária para a
orientação dos domínios. Esse fenômeno é chamado de
histerese magnética do material, e é observado a partir da
curva de histerese.
Além disso, existem outras características do material
que são de suma importância para devidas aplicações em
máquinas elétricas, como a resistividade, a permeabilidade
magnética, a temperatura de operação, entre outros. A
seguir, apresentamos alguns materiais comumente
encontrados nesse meio, além de algumas características
ferromagnéticas:
● Ferro puro: Um material denominado de ferro puro
se refere a uma material com apenas ferro na sua
liga metálica, entretanto, é importante se observar
que não existe na natureza um material
quimicamente puro. O ferro puro necessita de uma
grande quantidade de energia de magnetização para
atingir a saturação, e possui também baixa
resistividade do material.
● FeSi: A adição de silício ao ferro aumenta sua
durabilidade e reduz a magnetização de saturação,
mas também diminui a anisotropia
magnetocristalina e a magnetostricção, enquanto
aumenta a resistividade elétrica. Essas ligas exibem
um comportamento anisotrópico para alto
desempenho, mas têm baixa ductilidade em
comparação com o ferro puro. Além disso, também
pode ser encontrado comumente em núcleos de
máquinas elétricas o FeSi com grão orientado, que
faz com que os domínios magnéticos já estejam
naturalmente alinhados com o fluxo, reduzindo
significativamente a energia necessária para
orientação dos domínios para a produção de um
determinado fluxo magnético. Além disso, uma vez
que os grãos já estão pré orientados, a histerese
magnética do material é mais sutil quando
comparada com outras ligas.
● Metal amorfo: São considerados materiais
metálicos, porém, diferente dos outros, não são
cristalinos, e sim, uma junção de ferro, níquel e/ou
cobalto com fósforo, silício, carbono ou boro. Estes
materiais possuem grande resistência á corrosão,
podendo ser facilmente magntizados ou
desmagnetizados, e apresentam curvas estreitas de
histerese, logo, baixas perdas por histerese.
Entretanto, são mais observados em aplicações
com elevados níveis de corrente, uma vez que
possuem baixa indução de saturação.
● Ferrite: É utilizado para aplicações em altas
frequências, uma vez que possui alta resistividade,
diminuindo assim as perdas por corrente de
Foucault. Devido a essa característica, diferente
dos outros materiais, o ferrite pode dispensar o
processo de laminação, que reduz as correntes de
Foucault ao inserir um entreferro entre as lâminas
do núcleo. O ferrite é obtido pela adição de óxido
de ferro e carbonetos em pó com outros óxidos, o
que o torna bem mais frágil mecânicamente do que
as outrs ligas metálicas.
● FeAl: Similar á liga de FeSi, entretanto, a liga com
alumínio aumenta sua coercividade, diminuindo as
perdas por histereze, além de diminuir a
magnetização de saturação. Também pode ser
observado uma liga de FeSi com alumínio, que
além de favorecer as características
ferromagnéticas da liga, aumenta a resistividade
mecânica da mesma. O custo do alumínio é maior
do que o do silício entretanto, fazendo com que sua
utilização seja observado em aplicações mais
restritas.

II. METODOLOGIA
Para melhor entendimento do comportamento de
materiais ferromagnéticos, foi feita uma montagem prática
utilizando o quadro de Epstein indicado na Figura 1, a fim
de se obter a curva de magnetização e a curva de histerese
do material do núcleo.
uma vez que se fosse feita a medição no enrolamento
primário, estaríamos medindo as perdas no núcleo.
O circuito equivalente ao quadro de Epstein, com
indicações dos equipamentos utilizados, é indicado na
Figura 2.

Fig. 2. Circuito equivalente ao quadro de Epstein

E finalmente, μ que relaciona a indução magnética e a

intensidade de campo, é a permeabilidade do meio, medida
em [Tm/A].

Os dados medidos em laboratório para obtenção da

curva de magnetização são mostrados na Figura 8. A curva
de magnetização obtida a partir dos dados medidos é
mostrafo nas curvas (E(i), B(H), u(H), Phf(B).
Fig. 1. Quadro de Epstein

Para a análise dos parâmetros ferromagnéticos do

material, serão realizadas medidas em grandezas elétricas,
que são relacionadas com os valores magnéticos, e poderão
ser calculados posteriormente. As grandezas magnéticas
utilizadas serão as seguintes:
𝑁𝐼
𝐻= 𝐿
(1)

Em que H é a intensidade do campo magnético, medido

em [A/m], N é o número de espiras, I é a corrente que passa
pelo circuito, medida em [A], L é o comprimento do circuito
magnético do quadro de Epstein medida em [m].

𝐸
𝐵= 4,44𝑁𝐴𝑓
(2)

Sendo B a indução magnética, ou densidade de fluxo,

medida em [T] ou [Wb/m²], E é o valor da tensão induzida
medida em [V], A é a área da seção transversal do núcleo,
medida em [m²], e f é a frequência da rede, medida em [Hz].
𝐵
μ= 𝐻
(3)

E finalmente, μ que relaciona a indução magnética e a

intensidade de campo, é a permeabilidade do meio, medida
em [Tm/A].
Foi realizada uma medição indireta para a obtenção
destes parâmetros, a intensidade de campo H foi obtida a
partir da medição de corrente de alimentação do circuito.
Nota-se que o valor calculado de H é o valor eficaz, uma
vez que a corrente I medida também estava em valor eficaz.
Portanto, para traçar uma curva com o valor eficaz de
densidade de fluxo B, se faz necessário dividir a equação (2)
por 2.
Observa-se que a medição de tensão pelo wattímetro no
circuito é feita no enrolamento secundário do quadro de
Epstein, a fim de garantir maior fidelidade do dado medido,
 desmagnetização. Esse comportamento é representado
graficamente. Para obtenção do laço de histerese em
laboratório é utilizado o mesmo diagrama de ligações usado
para obtenção da curva de magnetização, mostrado na
Figura 1. Então, alimenta-se o quadro de Epstein com uma
determinada tensão (a 60 Hz) e faz-se a aquisição da
corrente no primário e da tensão no secundário por meio de
um osciloscópio. A Figura 3 mostra a forma de onda de
tensão e corrente para uma alimentação em 220,2 Vef —
com tratamento do offset dos dados.

Fig. 3. Forma de onda da tensão e corrente.

Através da figura 3 podemos observar , mesmo que

III. MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA OBTENÇÃO DA CURVA
DE MAGNETIZAÇÃO
Além do teste de Epstein, existem outros métodos
padronizados por normas para se obter a curva de
magnetização e as perdas magnéticas de um material.
Dentre as técnicas utilizadas na caracterização, tem-se o
Teste de Lâmina Única (Single Sheet Tester, SST) [6] e o
método utilizando transformadores de núcleo toroidal. O
SST consiste em um equipamento onde é introduzida apenas
uma lâmina de material. O circuito magnético é fechado por
um núcleo interno ao aparelho. No teste de dispositivos com
núcleos na forma de toróides, as amostras previamente
preparadas são envolvidas por enrolamentos homogêneos
em toda sua circunferência.
estejam plotadas separadas, é possível aferir uma
defasamento entre a corrente e a tensão, sendo a
corrente atrasada em relação a tensão como previsto.
Isso é facilmente observado, pelo pico da tensão ser
alcançado em um tempo anterior ao da corrente .
Para calcular o fluxo B para traçar a curva de histerese,
esse deve estar em fase com a corrente. Por isso,
realizando a integração de forma correta, esse problema
já é resolvido. Por isso, a integração foi realizada
tomando o intervalo de integração iniciando e
terminando nos valores de pico da tensão. Uma vez que
o valor inicial dessa integral seria zero. A Figura 4
ilustra a identificação dos valores de pico da forma de
onda da tensão medida — sem o tratamento do offset
dos dados.

IV. LAÇO DE HISTERESE

O processo de magnetização e desmagnetização de um
material ferromagnético sob uma alimentação com ciclo
simétrico é caracterizado pelo laço de histerese. Nesse
processo, a energia é armazenada e devolvida parcialmente.
Ou seja, parte da energia entregue ao sistema é utilizada
para orientar os domínios magnéticos do material e não é
retornada. Por isso, durante cada meio ciclo de
magnetização, a energia total armazenada no campo
magnético é maior do que aquela que é devolvida durante a
 Fig. 6. Laço de histerese com filtro de corrente.
Fig. 4. Identificação dos picos da forma de onda da tensão Aplicando-se o mesmo procedimento, mas agora para
medida. diferentes tensões de alimentação aplicadas ao quadro
de Epstein, obtém-se uma comparação dos laços de
Então, realizando a integração e calculando B e H a histerese para diferentes pontos de operação do
partir das Equações 1 e 2, obtém-se a curva de histerese equipamento na Figura 7.
mostrada na Figura 5.

Fig. 7. Laço de histerese para diferentes pontos de

Fig. 5. Laço de histerese sem filtro de corrente. operação.

Aplicando-se um filtro na corrente medida para Para valores da corrente magnetizante im

melhorar os resultados, obtém-se o laço de histerese
mostrado na Figura 6.
sucientemente elevados para levar o núcleo à saturação,
os pontos de operação no plano BH seguem o laço mais
externo apresentada na Figura 7. que representa o limite
dessa condição de operação. Quando a amplitude da
corrente magnetizante máxima im é menor, laços
menores, também simétricos em relação à origem do
plano BH, são gerados.
 V. HARMÔNICOS DA CORRENTE DE MAGNETIZAÇÃO VII. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS

[1] UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed.

Porto Alegre: AMGH, 2014. 708 p.
[2] Material didático fornecido pelo professor.
[3] Notas de aula.
[4] Grandezas Magnéticas Fundamentais. Disponível em:
https://www.drb-m.org/magnetismo/GrandezasMagneticasFundament
ais.htm. Acesso em 03/09/2023
[5] Geologia e Metalurgica. Disponível em:
http://sites.poli.usp.br/geologiaemetalurgia/Revistas/Edi%C3%A7%C
3%A3o%2011/artigo11.18.pdf. Acesso em 03/09/2023
[6] IEC – International Electrotechnical Commission. Magnetic materials
- Part 3: Methods of measurement of the 3 magnetic properties of
magnetic sheet and strip by means of a single sheet tester, IEC 404-3.
2002-2.1

Fig. 8. Harmônicos da corrente de magnetização.

Observando a figura 08, temos a fundamental com uma

porcentagem de aproximadamente 61% do total.Então o
3º e 5º harmônicos em 31% da amplitude e em cerca de
8%, o 7º harmônico torna-se virtualmente
zero;Finalmente, o 9º e o 11º serão zero. Desta forma
nós.Os harmônicos mais influentes na forma de onda
são:Instruções 3 e 5, ênfase na terceira.

VI. RESULTADOS E ANÁLISES

A partir das medições de tensão, corrente, e perdas de
histerese e Foucault, foram calculados os valores
equivalentes de intensidade de campo, densidade de fluxo e
permeabilidade magnética do material. A tabela mostra os
resultados obtidos.

Fig. 9. Tabela de resultados obtidos